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06/04/2017 1 PROCESSO PENAL SERGIO MELO 1. (CESPE/PRF/2013) No que concerne às disposições preliminares do Código de Processo Penal (CPP), ao inquérito policial e à ação penal, julgue os próximos itens. 75 Tratando-se de lei processual penal, não se admite, salvo para beneficiar o réu, a aplicação analógica. Art. 3º, CPP: "A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito."

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PROCESSO PENAL

SERGIO MELO

1. (CESPE/PRF/2013) No que concerne às disposiçõespreliminares do Código de Processo Penal (CPP), aoinquérito policial e à ação penal, julgue os próximositens.

75 Tratando-se de lei processual penal, não se admite,salvo para beneficiar o réu, a aplicação analógica.

Art. 3º, CPP: "A lei processual penal admitiráinterpretação extensiva e aplicação analógica, bemcomo o suplemento dos princípios gerais de direito."

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Obs: Interpretação extensiva ≠ interpretação analógica≠ analogia

- Interpretação extensiva: amplia-se o alcance danorma. É utilizada quando a lei disse menos do quequeria. Ex: crime de bigamia (art. 235, CP).

- Interpretação analógica: após uma fórmula casuística,segue-se uma fórmula genérica. Ex: art. 121, §2º, III, CP.

- Analogia: a rigor, não se trata de interpretação, masde autointegração da norma. Consiste em aplicar a umahipótese não prevista em lei a disposição legal relativaa um caso semelhante. No direito penal não se admitea analogia “in malam partem” (para prejudicar).Somente se admite a analogia “in bonam partem” (parabeneficiar). No processo penal, a analogia pode serusada contra ou a favor do réu, pois não se trata denorma penal incriminadora.

76 Após regular instrução processual, mesmo que seconvença da falta de prova de autoria do crime queinicialmente atribuíra ao acusado, não poderá o MinistérioPúblico desistir da ação penal.

Art. 42, CPP: "O Ministério Público não poderá desistir daação penal".

Obs: Princípio da indisponibilidade da ação penal pública.

Obs: Embora não possa desistir da ação penal, nada impedeque o MP peça a absolvição do réu, pois ele também atuacomo fiscal da lei ("custos legis").

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77 O Ministério Público pode oferecer a denúncia aindaque não disponha do inquérito relatado pelaautoridade policial.

Obs: O IP é dispensável.

78 É condicionada à representação da vítima a açãopenal por crime de dano praticado contra ônibus detransporte coletivo pertencente a empresaconcessionária de serviço público.

Obs: Art. 24, § 2º: "Seja qual for o crime, quandopraticado em detrimento do patrimônio ou interesse daUnião, Estado e Município, a ação penal será pública."

Obs: O crime de dano ao patrimônio público é de açãopenal pública incondicionada.

2. A respeito das espécies de prisão e do habeascorpus, julgue os itens que se seguem.

79 O habeas corpus pode ser impetrado, perantequalquer instância do Poder Judiciário, por qualquerpessoa do povo em favor de outrem, podendo, ainda, aautoridade judicial competente concedê-lo de ofício.

Art. 654, CPP: "O habeas corpus poderá ser impetradopor qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bemcomo pelo Ministério Público.“

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Art. 654, § 2º CPP: "Os juízes e os tribunais têmcompetência para expedir de ofício ordemde habeas corpus, quando no curso de processoverificarem que alguém sofre ou está na iminência desofrer coação ilegal."

Obs: Não se exige capacidade postulatória paraimpetrar HC, podendo ser interposto por qualquerpessoa, inclusive menor, estrangeiro, analfabeto etc.

Obs: A ordem de HC pode ser concedida de ofício. Issonão significa dizer que o juiz, no exercício da função,tenha legitimidade para a impetração do HC.

Obs: O MP tem legitimidade para impetrar HC em favordo réu, pois ele atua também como fiscal da lei ("custoslegis").

80 O juiz poderá substituir a prisão preventiva porprisão domiciliar sempre que a agente for gestante.

Obs: Hoje o gabarito da questão está correto, tendoem vista a alteração do art. 318 ocorrida em 2016.

Art. 318, CPP: "Poderá o juiz substituir a prisãopreventiva pela domiciliar quando o agente for

I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº12.403, de 2011).

II - extremamente debilitado por motivo de doençagrave; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

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III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoamenor de 6 (seis) anos de idade ou comdeficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de2016)

V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idadeincompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

VI - homem, caso seja o único responsável peloscuidados do filho de até 12 (doze) anos de idadeincompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá provaidônea dos requisitos estabelecidos neste artigo."

81 A prisão temporária só poderá ser decretada medianterepresentação da autoridade policial ou a requerimento doMinistério Público, vedada sua decretação de ofício pelojuiz.

Art. 2° da Lei 7.960/89: "A prisão temporária serádecretada pelo Juiz, em face da representação daautoridade policial ou de requerimento do MinistérioPúblico, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável porigual período em caso de extrema e comprovadanecessidade."Obs: A prisão temporária só pode ser decretada na fase deIP e não pode ser decretada de ofício pelo Juiz.Obs: Prazo- Regra 5 + 5 (Para crimes hediondos eequiparados o prazo é de 30 + 30)

Com base no disposto no CPP e na jurisprudência doSuperior Tribunal de Justiça, julgue os seguintes itens.

82 A prova declarada inadmissível pela autoridadejudicial por ter sido obtida por meios ilícitos deve serjuntada em autos apartados dos principais, nãopodendo servir de fundamento à condenação do réu.

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Art. 157 CP, CPP: "São inadmissíveis, devendo serdesentranhadas do processo, as provas ilícitas, assimentendidas as obtidas em violação a normasconstitucionais ou legais.“

Obs: A rigor, a Constituição Federal proíbe tanto asprovas ilícitas quanto as ilegítimas. Logo, a doutrinafala em provas proibidas, sejam ilícitas (que violamregras de direito material) ou ilegítimas (que violamregras de direito processual).

Obs: Também são vedadas as provas proibidas porderivação (teoria dos frutos da árvore envenenada –“fruits of the poisonous tree”): são provas que, em si,são válidas, mas que estão contaminadas por umaprova obtida anteriormente.

83) Em processo por crime de responsabilidade defuncionário público, o juiz pode rejeitar a denúnciaoferecida pelo Ministério Público caso se convença, apósanálise dos documentos apresentados pelo acusado emresposta à denúncia, da inexistência do crime apurado.

Art. 516 CPP: "O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, emdespacho fundamentado, se convencido, pela resposta doacusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou daimprocedência da ação."

Obs: Trata-se do Procedimento Especial dos crimesafiançáveis imputados a funcionário público (arts. 513-518,CPP)

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Obs: A peculiaridade desse procedimento é a existênciada defesa preliminar, isto é, o funcionário é notificadopara apresentar uma defesa no prazo de 15 dias antesde o juiz receber ou não a acusação (art. 514, CPP).

Obs: Após o recebimento da ação, segue-se o ritoordinário.

Obs: Súmula 330, STJ-"É desnecessária a respostapreliminar de que trata o artigo 514 do Código deProcesso Penal, na ação penal instruída por inquéritopolicial". Contudo, o STF não tem aplicado essa súmulado STJ (Inf. 546) e entende necessária a defesapreliminar.

84) Compete à justiça federal processar e julgar acontravenção penal praticada em detrimento de bens eserviços da União.

Art. 109, CF: “Aos juízes federais compete processar e julgar:

(…)

IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas emdetrimento de bens, serviços ou interesse da União ou desuas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídasas contravenções e ressalvada a competência da JustiçaMilitar e da Justiça Eleitoral;

(...)”

Obs: Súmula nº 38, STJ: " Compete à Justiça EstadualComum, na vigência da Constituição de 1988, o processopor contravenção penal, ainda que praticada emdetrimento de bens, serviços ou interesse da União ou desuas entidades.

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Prova Dissertativa

Nas regiões brasileiras de fronteira, o crime de contrabando,tipificado no art. 334 do Código Penal, no capítulo referenteaos crimes praticados por particular contra a administraçãogeral, ao lado do tráfico de entorpecentes e drogas afins, é oque mais importuna a atividade dos poderes públicos, tantode prevenção e fiscalização quanto de repressão ouapuração das responsabilidades penais. O Brasil tem umapeculiaridade em relação a esse crime, devido ao fato depossuir milhares de quilômetros de fronteira seca, muitodifíceis de fiscalizar. Enivaldo Pinto Pólvora. Internet: (comadaptações).

3. Considerando que o fragmento de texto acima temcaráter unicamente motivador, redija um textodissertativo que atenda, necessariamente, ao que sepede a seguir:

- defina o crime de contrabando e indique, em linhasgerais, as circunstâncias que integram esse tipo penal;[valor: 4,00 pontos]

- comente acerca das principais mercadorias e cargascontrabandeadas no território brasileiro; [valor: 3,00pontos]

- explane a respeito dos problemas decorrentes docontrabando de mercadorias e cargas para a economianacional e para a saúde pública; [valor: 6,00 pontos]

- sugira medidas e ações efetivas das forças públicaspara o combate ao contrabando de mercadorias ecargas no país. [valor: 6,00 pontos]

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4. (CESPE/Agente de Polícia/PC-GO/2016) A respeitodo IP, assinale a opção correta.

a) O delegado de polícia, se estiver convencido daausência de elementos suficientes para imputar autoriaa determinada pessoa, deverá mandar arquivar o IP,podendo desarquivá-lo se surgir prova nova.

b) O IP é presidido pelo delegado de polícia sob asupervisão direta do MP, que poderá intervir aqualquer tempo para determinar a realização deperícias ou diligências.

c) A atividade investigatória de crimes não é exclusivada polícia judiciária, podendo ser eventualmentepresidida por outras autoridades, conforme dispuser alei especial.

d) O IP é indispensável para o oferecimento dadenúncia; o promotor de justiça não poderá denunciaro réu sem esse procedimento investigatório prévio.

e) O IP é peça indispensável à propositura da açãopenal pública incondicionada, sob pena de nulidade, edeve assegurar as garantias constitucionais da ampladefesa e do contraditório.

* Características do IP

a) Procedimento escrito (art. 9º, CPP)

b) Sigilosidade (art. 20, CPP)

Obs: Sigilo do IP e o advogado (Súmula Vinculante 14) –"É direito do defensor, no interesse do representado, teracesso amplo aos elementos de prova que, jádocumentados em procedimento investigatóriorealizado por órgão com competência de políciajudiciária, digam respeito ao exercício do direito dedefesa.”

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c) Oficialidade

d) Oficiosidade

e) Autoritariedade

f) Indisponibilidade (art. 17, CPP)

g) Dispensabilidade

h) Inquisitividade

Obs: Alguns autores citam a "discricionariedade" comocaracterística do IP, pois o art. 6º do CPP seria meramenteexemplificativo.

Obs: Em regra, vícios ou irregularidades no IP nãocontaminam a futura ação penal, "salvo quando houverviolações de garantias constitucionais e legais expressas enos casos em que o órgão ministerial, na formação daopinio delicti, não consiga afastar os elementosinformativos maculados para persecução penal em juízo,ocorrendo, desse modo, a extensão da nulidade à eventualação penal ("Operação Satiagraha" - Inf. 476 do STJ – HC149250/SP, STJ, 07/06/11 )

* Arquivamento do IP

Obs: Art. 28, CPP: “Se o órgão do Ministério Público, aoinvés de apresentar a denúncia, requerer oarquivamento do inquérito policial ou de quaisquerpeças de informação, o juiz, no caso de considerarimprocedentes as razões invocadas, fará remessa doinquérito ou peças de informação ao procurador-geral,e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão doMinistério Público para oferecê-la, ou insistirá nopedido de arquivamento, ao qual só então estará o juizobrigado a atender.”

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Obs: No âmbito da União a questão é resolvida pelaCâmara de Coordenação e Revisão (art. 62 da LC75/93).

Obs: Se o juiz determina o arquivamento, não cabeação penal privada subsidiária da pública, que só cabeno caso de inércia ou omissão do MP.

5. (CESPE/Escrivão de Polícia/PC-GO/2016) Acerca deaspectos diversos pertinentes ao IP, assinale a opçãocorreta.

a) O IP, em razão da complexidade ou gravidade dodelito a ser apurado, poderá ser presidido porrepresentante do MP, mediante prévia determinaçãojudicial nesse sentido.

b) A notitia criminis é denominada direta quando aprópria vítima provoca a atuação da polícia judiciária,comunicando a ocorrência de fato delituosodiretamente à autoridade policial.

c) O indiciamento é ato próprio da autoridade policial aser adotado na fase inquisitorial.

d) O prazo legal para o encerramento do IP é relevanteindependentemente de o indiciado estar solto oupreso, visto que a superação dos prazos de investigaçãotem o efeito de encerrar a persecução penal na esferapolicial.

e) Do despacho da autoridade policial que indeferirrequerimento de abertura de IP feito pelo ofendido ouseu representante legal é cabível, como único remédiojurídico, recurso ao juiz criminal da comarca onde, emtese, ocorreu o fato delituoso.

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6. (CESPE/Agente de Polícia/PC-GO/2016) A respeitodo IP e da instrução criminal, assinale a opção correta.

a) O juiz é livre para apreciar as provas e, de acordocom sua convicção íntima, poderá basear a condenaçãodo réu exclusivamente nos elementos informativoscolhidos no IP.

b) Como a perícia é considerada a prova maisimportante, o juiz não proferirá sentença que contrarieconclusões da perícia, devendo a prova técnicaprevalecer sobre os outros meios probatórios.

c) Uma vez arquivado o IP por decisão judicial, aautoridade policial poderá proceder a novas pesquisas,se tiver notícia de uma nova prova.

d) O ofendido e o indiciado não poderão requererdiligências no curso do IP.

e) O IP, peça informativa do processo, oferece o suporteprobatório mínimo para a denúncia e, por isso, éindispensável à propositura da ação penal.

* Sistemas de Apreciação das Provas

a) Livre convencimento motivado (persuasão racional)- É o sistema adotado no Brasil;

b) Íntima convicção (certeza moral do juiz)

Obs: Excepcionalmente, esse sistema foi adotado noJúri;

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c) Prova legal ou prova tarifada (certeza moral dolegislador)

Obs: Existem resquícios desse sistema de prova tarifadano art. 155, parágrafo único e art. 158, ambos do CPP.

“Art. 155. (...) Parágrafo único. Somente quanto aoestado das pessoas serão observadas as restriçõesestabelecidas na lei civil."

"Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, seráindispensável o exame de corpo de delito, direto ouindireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.”

7. (CESPE/Escrivão de Polícia/PC-GO/2016) Quanto àprova pericial, assinale a opção correta.

a) A confissão do acusado suprirá a ausência de laudopericial para atestar o rompimento de obstáculo noscasos de furto mediante arrombamento, prevalecendoem tais situações a qualificadora do delito.

b) O exame de corpo de delito somente poderárealizar-se durante o dia, de modo a não suscitarqualquer tipo de dúvida, sendo vedada a sua realizaçãodurante a noite.

c) Prevê a legislação processual penal a obrigatóriaparticipação da defesa na produção da prova pericial nafase investigatória, antes do encerramento do IP e daelaboração do laudo pericial.

d) Os exames de corpo de delito serão realizados porum perito oficial e, na falta deste, admite a lei que duaspessoas idôneas, portadoras de diploma de cursosuperior e dotadas de habilidade técnica relacionadacom a natureza do exame, sejam nomeadas para talatividade.

e) Em razão da especificidade da prova pericial, o seuresultado vincula o juízo; por isso, a sentença nãopoderá ser contrária à conclusão do laudo pericial.

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