apostila - teoria neurocronaxia
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A Produção Vocal em Altas Intensidades: uma revisão da Teoria Neuro – Cronáxica de Raoul Husson. Silvia Davini e Sulian Vieira CEN-IdA/UnB
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Universidade de Brasília Instituto de Artes Departamento de Artes Cênicas
A Produção Vocal em Altas Intensidades: uma revisão da Teoria Neuro – Cronáxica de Raoul Husson. Silvia Davini e Sulian Vieira. Brasília, 2004
A Produção Vocal em Altas Intensidades: uma revisão da Teoria Neuro – Cronáxica de Raoul Husson. Silvia Davini e Sulian Vieira CEN-IdA/UnB
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SUMÁRIO
Apresentação. pág. 01 Introdução. pág. 02 A Teoria Neuro-Cronáxica. pág. 03
O Mecanismo das Aberturas Glóticas e a Definição da Freqüência da Voz pág. 03
Os Registros Vocais. pág. 04 Primeiro e Segundo Registros pág. 04 Terceiro e Quarto Registros pág. 05
Classificação das Vozes pág. 06 A Cronáxia: único fator fisiológico que
determina as classificação das vozes por sua extensão pág.06 Vozes masculinas, femininas e infantis. pág. 06
Os Mecanismos Protetores das Pregas Vocais na Produção das Altas Intensidades Vocais. pág. 08
Primeiro Mecanismo Protetor das Pregas Vocais, ou regulagem homeoestática da excitabilidade das pregas vocais para a realização da corbertura das vogais abertas. pág. 08 Segundo Mecanismo Protetor das Pregas Vocais, ou condicionamento fisiológico para a realização das altas intensidades. pág. 09
Descrição do fenômeno da impedância nos pavilhões faringo-bucais. pág. 11
Funcionamento acústico do pavilhão faringo–bucal no canto a baixas freqüências e intensidades (Inferiores à passagem). pág. 13 Comportamento das vogais quando a freqüência aumenta (passagem do registro central ao agudo). pág. 14 Comportamento das vogais quando a intensidade Aumenta (do piano ao forte). pág.14 Comportamento das vogais quando a intensidade da emissão da voz chega a 110 decibéis (a 1 metro da boca). pág.14 Comportamento das vogais quando a intensidade Aumenta (do piano ao forte). pág.14 Quando a intensidade aproxima-se dos 130 decibéis. pág.14
As Diversas Técnicas Vocais. pág. 15 As sensações fonatórias do cantor e suas funções. pág. 15 Dupla função das sensações de origem fonatória. pág. 17
As principais técnicas vocais de canto. pág. 18 Tipologias para as Técnicas Vocais, segundo Husson. pág. 18
Técnicas vocais de baixa impedância projetada. pág. 18 Técnicas de alta impedância projetada. pág. 19
Fonte Bibliográfica e Gráficos. pág. 21
INTRODUÇÃO
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Desde o início do século XX tem surgido diversas teorias que tentam explicar a fisiologia da
fonação. Conceituada por Ewald em 1898, a teoria Mio- Elástica é ainda aceita por muitos. A
teoria Mio- Elástica supõe que as pregas vocais contraídas opõem resistência à pressão de ar
sub-glótica, que acaba separando-as deixando passar uma coluna de ar em movimento. Assim,
durante a expiração, as pregas voltariam periodicamente à sua posição inicial devido à sua
própria elasticidade.
Segundo esta teoria, o influxo nervoso intervém somente na contração dos músculos
aritenoideos. Consequentemente, supõe-se que as pregas vibram e que este fenômeno seja
decorrente da elasticidade das mesmas. Assim, a contração muscular e a pressão de ar
aumentariam de forma proporcional à freqüência do som produzido. Porém, o Dr. Juan Carlos
Garde comprovou que esta relação é falsa, já que a freqüência do som vocal independe da
pressão sub- glótica.
Em 1962, o Dr. Raoul Husson publica os resultados de uma pesquisa realizada por ele com 120
cantores de ópera, atuantes em Paris naquela época. Husson formula a Teoria Neuro-
Cronáxica, que reconhece o papel preponderante do sistema endócrino e do sistema nervoso na
produção das altas intensidades vocais.
Também 1962, o Dr. Jorge Perelló propõe a Teoria Muco-Ondulatória, que problematiza as
mencionadas Teorias Mio-Elástica e Neurocronáxica. Perelló denomina ‘vibração’ à ondulação
da superfície da mucosa que recobre as pregas vocais. Esta ‘vibração’ seria gerada pelo ar
expirado que, de acordo com Perelló, desliza sobre a mucosa de consistência pouco firme que
recobre o tracto vocal. O ar produz ondas similares às do vento agitando uma superfície líquida,
que tem uma direção ascendente, recomeçando sucessivamente durante a fonação. Segundo
Perelló, esta ondulação é mais lenta no grave, porque os músculos estariam mais relaxados. Da
mesma forma, no agudo, a ondulação adquiriria velocidade em decorrência da tensão muscular.
Porém, Perelló concorda com Husson quando afirma que a intensidade vocal depende da
velocidade do ar expirado, e é completamente independente do grau da tensão do músculo
vocal. Cabe ressaltar que, dentre as teorias da fonação conhecidas, a Neuro- Cronáxica é a
única que aborda especificamente o estudo da produção de voz em altas intensidades, exigência
para o trabalho do ator e do cantor; enquanto as outras focalizam nas patologias vocais surgidas
da produção ‘coloquial/não- profissional’ de voz e palavra.
A relevância das informações surgidas das pesquisas de Husson para quem, a produção de voz
e palavra são um requerimento primordial na vida profissional, como é o caso do ator, do
cantor ou do professor, justificam a breve síntese das mesmas que apresentamos a seguir.
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A TEORIA NEURO – CRONÁXICA.
O Mecanismo das Aberturas Glóticas e a Definição da Freqüência da Voz. Husson nota que em posição de repouso as cordas ou pregas vocais encontram-se unidas na sua
inserção anterior, próxima à cartilagem Tiróides, e separadas na inserção posterior, onde se
encontram as cartilagens Aritenóides, pequenas e móveis. Já em posição fonatória normal, as
Aritenóides se aproximam e as pregas vocais juntam-se na sua inserção posterior, no ponto
oposto ao da inserção anterior, enquanto que as bordas interiores das mesmas produzem
oclusões periódicas, que determinam uma fenda glótica em forma de fuso estreito. Quanto
maior o número de oclusões por segundo, mais agudo o som vocal produzido.
O Dr. Kurt Goertler comprovou em 1950 que as fibrilas neuromusculares das pregas
vocais, que inserem-se na superfície glótica interna formando dois sistemas entrecruzados,
são responsáveis pelas suas oclusões periódicas. Quando elas contraem-se
simultaneamente, cada ponto O da borda livre é separado para o exterior pela resultante
OR, ao mesmo tempo em que as projeções OL e OL’ movimentam as pregas
longitudinalmente (Husson 1965 pp. 05-6).
Figura 1 Esquema da glote em atividade fonatória. Na parte superior, a cartilagem Tiróide, na inferior, as cartilagens Aritenóides. Trabalho das fibras musculares das pregas vocais durante a fonação. Em (a): Duplo sistema de fibrilhas musculares de cada prega vocal. Em (d): Durante a contração das fibrilhas musculares, cada ponto O da borda livre da prega vocal é tensionado longitudinalmente pelos componentes opostos OL e OL', e lateralmente pela resultante OR.
Cada contração do sistema de fibrilas neuromusculares das pregas vocais é resultado de uma
descarga de impulsos nervosos que chega às pregas vocais através do nervo motor da laringe, o
Recorrente. Cada descarga de impulsos nervosos propicia a contração simultânea das fibrilas
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neuromusculares provocando oclusões e aberturas fusiformes periódicas das mesmas (Husson
1965 p. 06).
Através do espaço definido periodicamente entre as pregas, em decorrência de suas oclusões e
aberturas periódicas, circula uma coluna de ar impulsionada pela pressão de ar sub-glótica. A
coluna de ar, cuja pressão aumenta graças ao bloqueio periódico imposto ao ar pelo mecanismo
das oclusões periódicas da glote, produz a voz. Porém, as aberturas rítmicas da glote são
independentes desse ar. Elas são resultado de um mecanismo neuro-muscular completamente
diverso ao da circulação de ar. Em conseqüência, Husson afirma que a produção de voz não é
um fenômeno vibratório, mais um mecanismo neuro-muscular das pregas vocais. Porém, se
bem a pressão de ar não causa o movimento das pregas, sem ela não se produzirá voz (Husson
1965 pp. 07-8).
Os Registros Vocais. Primeiro e Segundo Registros.
Segundo Husson, o Primeiro Registro caracteriza-se pelo progresso dos impulsos nervosos em
fase nos axônios em atividade do nervo Recorrente, nervo motor das pregas vocais que
encaminha seus impulsos às fibrilas neuro-musculares. Assim, o Primeiro Registro é também
chamado registro monofásico. As vozes masculinas adultas respondem no primeiro registro
(Husson 1965 pp. 08-9).
Para poder ultrapassar a freqüência máxima de condução de impulsos recorrenciais do Primeiro
Registro, e assim passar ao Segundo Registro, é necessário que os axônios do Recorrente se
dividam em dois grupos. Dentro de cada subdivisão, os impulsos continuam progredindo em
fase, mas de um grupo para o outro os impulsos progridem com uma diferença de fase de um
semiperíodo, duplicando assim o alcance das freqüências máximas do Primeiro Registro. O
Segundo Registro, ou registro bifásico, corresponde à voz da mulher adulta e das crianças
(Husson 1965 pp. 09-11).
Terceiro e Quarto Registros.
Alguns indivíduos, mais freqüentemente as sopranos, realizam a divisão dos axônios do nervo
Recorrente em três grupos. Os impulsos então progridem em fase em cada grupo de axônios
isoladamente, com diferença de fase de l/3 de período de um grupo para outro. As freqüências
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máximas neste Terceiro Registro, ou registro agudo, situam-se uma 5a justa ascendente das
freqüências máximas do segundo registro (Husson 1965 pp. 11-2).
São raras as pessoas que conseguem realizar uma condução quadrifásica no Recorrente,
dividindo os axônios do mesmo em quatro grupos, que agem em fase em si mesmos, mais com
uma diferencia de ¼ de período entre cada grupo. As freqüências máximas deste Quarto
Registro situam-se numa 4a justa ascendente em relação ao limite superior do Terceiro
Registro, ou seja, à distancia de uma 8a justa acedente do limite superior do Segundo Registro
(Husson 1965 p. 12).
Figura 2 Esquema dos quatro tipos de condução recorrencial durante a fonação característica dos quatro registros da voz humana.
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Classificação das vozes. A cronáxia: único fator fisiológico que determina as classificação das vozes por sua extensão.
Chama-se período refratário prático ao período de inexcitabilidade de um nervo após a
transmissão de um impulso nervoso. Em um nervo Recorrente de excitabilidade média, este
período estende-se aproximadamente por dois milésimos de segundo (Husson 1965 pp. 08-9).
Esta duração depende da excitabilidade do nervo e é medida pela cronáxia, unidade de medida
definida por Louise Lapique em 1926. A cronáxia de um axônio é o tempo que um impulso
nervoso leva para propagar-se um centímetro ao longo do mesmo. A cronáxia é, portanto, uma
medida de fração de milésimo de segundo. Quanto mais rápido é um nervo menor é a sua
cronáxia (Husson 1965 pp. 50-1).
A excitabilidade de todos os grupos musculares do corpo humano estabiliza-se no seu valor
definitivo em torno dos quatro anos de idade. Mas durante a mudança da voz, processo que
pode se estender por vários meses, a cronáxia recorrencial apresenta variações anárquicas e
freqüentemente aumenta. Porém, uma vez finalizado o processo ela retorna ao seu valor
anterior. Husson ressalta que a cronáxia é uma característica singular de cada indivíduo
(Husson 1965 p. 59).
A cronáxia recorrencial constitucional de um indivíduo somente se altera de acordo com
um reduzido número de fatores, dentre os quais, o aumento ou diminuição dos hormônios
sexuais e/ou córtico- supra-renais, da adrenalina, dos estimulantes comuns do córtex
cerebral ou da formação reticulada, da idade e do treinamento vocal quando bem orientado
(Husson 1965 p. 60).
Vozes masculinas, femininas e infantis.
Partindo da mesma excitabilidade recorrencial, um homem e uma mulher adultos não produzem
sons iguais, mas cantam em freqüências situadas a uma distância de uma 8a justa entre si. Qual
é a causa desta diferença? Durante séculos justificou-se pelo tamanho das laringes, colocação
que podemos descartar após uma simples observação sistemática. Segundo Husson, a causa
fisiológica desta diferença está no comportamento do sistema endócrino, que propicia que o
homem produza voz normalmente no registro monofásico e a mulher no registro bifásico
(Husson 1965 pp. 12-3).
As vozes infantis respondem no Segundo Registro, de forma similar às vozes femininas adultas.
Antes da muda, as vozes infantis apresentam cronaxias recorrenciais distribuídas por toda a
escala de valores encontrada nos adultos. Durante a muda, da voz, que pode durar por muitos
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meses, a cronaxia reocrrencial apresenta variações anárquicas e freqüentemente aumenta.
Porém, uma fez finalizado este período, tende a retomar o seu valor anterior, que pode ser
considerado como característica constitucional do individuo (Husson 1965 pp. 59-60).
O processo endócrino que acontece na puberdade tem resultados mais drásticos em relação à
voz no adolescente do sexo masculino, deslocando o registro infantil a uma 8a descendente, ou
seja respondendo no Primeiro Registro. No caso das meninas, este processo somente acarreta
uma ligeira modificação no timbre, na extensão e na intensidade da voz (Husson 1965 pp. 13-
4).
Figura 3 Classificação fisiológica das tessituras cantadas em função das medições da cronáxia do nervo recorente.
Se o homem e a mulher tem a mesma cronaxia recorrencial emitirão a uma distancia de uma 8a justa (Husson 1965 p. 55).
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Os Mecanismos Protetores das Pregas Vocais na Produção das Altas Intensidades Vocais. Primeiro Mecanismo Protetor das Pregas Vocais, ou regulagem homeoestática da excitabilidade das pregas vocais para a realização da cobertura das vogais abertas.
Se um tenor canta uma vogal aberta em sentido de freqüência ascendente, a partir do Do#3 e
até o Mi 3, começará a sentir sensações penosas de tensão, constrição e até espetadas na altura
da laringe. Cobrindo esse som aberto o cantor experimentará uma sensação de distensão e
poderá atingir o final do seu Primeiro Registro e passar ao Segundo (Husson 1965 p. 14).
O mecanismo laríngeo, vulgarmente chamado de cobertura, consiste em um deslocamento
descendente do bloco laríngeo, através do qual os músculos crico-tireóideos contraem-se
provocando um balanço na direção antero-posterior da cartilagem tireóidea, cujo ponto fixo
encontra-se em O (Ver Figura 4). Assim, as pregas vocais se alongam e aproximam, assumindo
uma posição mais retilínea, enquanto a laringe em sua totalidade distende-se (de AB para
A´B´). No plano transversal observa-se uma enorme dilatação da faringe e às vezes, um
deslocamento descendente da laringe. (Husson 1965 pp. 15-6).
Figura 4 Vai-e-vem da cartilagem Tiroides sobre a cartilagem Cricoides durante a execução da cobertura dos sons abertos. Os músculos crico-tiroideos CT e CT' se contraem. A cartilagem Tiróide gira sobre o pivô A prega vocal AB se desloca ate AB' e fica necessariamente alongada.
Husson lembra o estudos de Lapicque e Dumont, que já registraram que ao emitir um Do 2, as
fibrilas transversais das pregas vocais contraem-se 129 vezes por segundo; no Do 3, 258 vezes
por segundo; no Fa3, 345; etc. As freqüências que provocam a fusão tetânica1 das pregas
vocais acontecem, em média e dependendo da excitabilidade das fibrilas, quando elas
1 Efeito de paralisação do músculo pela , similar ao produzido pela bactéria do tétano.
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contraem-se em torno de 300 vezes por segundo para baixos e pouco mais de 300 vezes por
segundo para os tenores. Ao atingir esta freqüência crítica, as descargas de impulsos não
separam mais as pregas vocais e, assim sendo, o som não acontece (Husson 1965 pp. 16-7).
Husson indica que ao alongar-se, as pregas vocais elevam sua excitabilidade [tônus] tornando
possível uma maior freqüência de oclusão sucessiva da musculatura glótica. Deste modo, a
excitabilidade das pregas vocais é controlada no momento em que o ritmo das aberturas
glóticas aproxima-se perigosamente à freqüência de fusão tetânica de sua musculatura. (Husson
1965 p. 17).
Figura 5 Vistas de uma laringe em fonação antes e depois de executar a cobertura do som.
Segundo Mecanismo Protetor das Pregas Vocais, ou condicionamento fisiológico para a realização das altas intensidades.
Cada coluna de ar que sai da laringe durante um período de abertura fusiforme da glote possui
uma massa e uma velocidade. A massa de ar varia pouco do grave ao agudo e do piano ao forte,
mas a velocidade com a qual o ar abandona os pulmões, chamada ‘velocidade de fuga’, varia
notavelmente (na proporção de l a l.000.000.000 de vezes). A velocidade de fuga depende da
diferença de pressão que existe de um lado e do outro do orifício glótico, e não da superfície do
mesmo. Assim sendo, podemos afirmar que a sobre-pressão sub-glótica, responsável pela
velocidade de fuga, é o fator definidor da intensidade da voz. Portanto, quanto menor seja o
orifício glótico, maior pressão sub-glótica gerará, propiciando assim uma velocidade de fuga
maior. Podemos concluir então que o aumento da intensidade da voz é proporcional ao aumento
do tônus das pregas vocais em movimento (Husson 1965 pp. 20-1).
Husson indica que a produção das altas intensidades vocais requer uma série de
condicionamentos respiratórios, laríngeos, extra-laríngeos, metabólicos e neurológicos
detalhados a seguir.
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Antes Depois
Figura 6 Perfis de um pavilhão faringo-bucal antes e depois da execução da cobertura de um som aberto.
Respiratórios- Para as fortes compressões sub-glóticas:
1) Ventilação pulmonar adequada;
2) Musculatura expiratória potente.
Fonatórios – Para a realização de um tônus glótico elevado:
1) Musculatura glótica desenvolvida [condição anatômica];
2) Funcionamento perfeito da formação bulbar reticulada [condição neurológica];
3) Metabolismo excelente das pregas vocais [condição enzimática dos tecidos] (Husson
1965 p. 26).
Extra-laríngeos:
1) Musculatura abdominal forte.
2) Bom desempenho cardíaco.
3) Constituição endócrina [hiper- córtico- supra-renal] adequada.
No caso das grandes intensidades vocais prolongadas e reiteradas devemos acrescentar a estes
condicionamentos fisiológicos as condições adquiridas através da técnica vocal que o
profissional implementa.
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Neste ponto é necessário mencionar o papel do pavilhão faringo-bucal, particularmente em
relação à impedância projetada2, entendendo por esta a resistência que a propagação das ondas
encontram nas membranas do pavilhão faringo-bucal (Husson 1965 pp. 26-7).
Descrição do fenômeno da impedância nos pavilhões faringo-bucais.
A impedância é um qüoeficiente que surge do cálculo do tipo de resistência que se opõe à
propagação da onda sonora. No caso da fonação, esta resistência é exercida pelas membranas
dos pavilhões faringo- bucais. O efeito principal desta resistência é a diminuição da amplitude
da onda sonora que se propaga, sem nenhuma alteração sensível na sua freqüência (Husson
1965 pp. 26-7).
Assim, a fonte sonora S fornece a energia destinada à propagação, que deverá vencer todas as
impedâncias encontradas em cada pavilhão, maiores para P2 do que para P1. Assim sendo,
dizemos que o pavilhão P2 projeta sobre a fonte S uma impedância maior do que P1. Deste
modo, em igualdade de condições, nota Husson, a fonte S subministrará mais energia vibratória
em P2 do que em P1, por isso dizemos que P2, por causa de sua impedância projetada,
estimula melhor o mecanismo de ataque do som produzido por S (Husson 1965 p. 28).
Figura 7 0 pavilhão P2 projeta sobre a fonte S uma impedância mais elevada que Pl.
Husson se refere a uma série de fatores que aumentam a impedância projetada sobre a laringe
pelo pavilhão faringo-bucal, dentre os quais cita:
Diminuição do orifício buco-labial.
Posicionamento baixo da laringe, ampliando assim o tamanho do pavilhão.
Emissão das quatro vogais abertas, na seguinte ordem: È, A; O, EU; numa mesma altura.
2 Do inglês impedance [(to) impede, 'impedir', + ingl. -ance (v. –ância)]
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Emissão de uma vogal fechada seguidamente de uma aberta, numa mesma altura.
Emissão das seis vogais fechadas na seqüência i; é; eu; u; o; ou; sobre uma mesma altura.
‘Escurecimento’ do timbre mantendo a mesma altura e vogal.
Emissão de intervalos ascendentes.
Aumento da reverberação do ambiente.
Percepção de um estado ressonancial em algum ponto do pavilhão, geralmente na região
anterior.
Posicionamento baixo do céu da boca e decorrente nasalização do som e aumento da
impedância projetada de proporções consideráveis (Husson 1965 pp. 28-30).
Figura 8 Diferentes perfis do pavilhão faringo-bucal nasal. Em (a): Vogal A, pavilhão faringo-bucal somente. Em (b): Vogal nasalizada AN, pavilhão faringo-bucal. Em (c): Som nasal N, excluindo a boca, pavilhão faringo nasal somente.
Considerando o acima exposto, Husson detecta algumas modificações do comportamento
glótico sob o efeito de uma crescente impedância projetada, que se constituem no Segundo
Mecanismo Protetor das pregas vocais. Eles são:
1) A laringe se distende ligeiramente, em sua totalidade.
2) A duração da fase da união das pregas vocais diminui, e os deslocamentos laterais das
mesmas aumentam, o que resulta em uma ligeira queda do tônus da musculatura que
une as pregas vocais (Husson 1965 p. 31).
As pregas vocais trabalham durante a fase de separação, contraindo simultaneamente suas
fibrilas musculares. O tempo de contração é tão breve que provoca uma ligeira percussão na
finíssima inserção das fibrilas com a borda interna das pregas. A impedância projetada diminui
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a rigidez das pregas vocais, provocando assim uma diminuição correlativa do trabalho de cada
fibrila muscular que uma prega vocal deve realizar durante cada período para assegurar a
fonação. Isto resulta em um eficaz mecanismo protetor das pregas vocais para a produção de
voz em altas intensidades (Husson 1965 p. 32).
Funcionamento acústico do pavilhão faringo–bucal no canto. A baixas freqüências e intensidades (Inferiores à passagem).
O timbre das vogais cantadas também tem uma forte repercussão no funcionamento da laringe.
(Ver Fig. 9). A laringe produz um som inicial (fundamental) muito complexo, o mesmo para
todas as vogais. Ao atravessar o pavilhão faringo-bucal a partir da glote até os lábios, o som
inicial modifica seu timbre adquirindo a cor vocálica que possui ao sair da boca (Husson 1965
p. 34).
Na produção de voz a baixas freqüências e intensidades reconhecem-se as seguintes funções do
pavilhão faringo-bucal:
Função absorvente: por causa de suas paredes, sinuosas e moles, e das viscosidades ali
localizadas, no interior das cavidades sub-glóticas a absorção de energia vibratória é enorme.
Função impedancial: A impedância é uma relação variável de acordo com a configuração
circunstancial dos pavilhões faringo- bucais. A impedância projetada desempenha um papel
protetor eficaz para os finos mecanismos neuro-musculares glóticos. Demonstra-se também que
a intensidade vocal máxima realizável a cada instante por um sujeito determinado aumenta
proporcionalmente ao grau dessa impedância projetada.
Função de receptor interno e proprioceptivo: as sensações que nascem nas paredes do
pavilhão durante a fonação elevam, por via reflexa, o tônus da musculatura laríngea,
propiciando também que o sujeito aprecie e controle sua própria conduta fonatória.
Função acústica de diferenciação de timbres vocálicos: Ao sair da boca, toda vogal cantada
é produzida por dois harmônicos3 preponderantes que a caracterizam: um acentuado na
cavidade faríngea e outro na bucal. As vogais ficam caracterizadas de modos diversos na voz
cantada e na voz falada, devido à rápida variação da forma do pavilhão faringo- bucal durante
as articulações da palavra (Husson 1965 pp. 34-7).
3 [Do lat. harmonicu < gr. harmonikós.] Fenômeno periódico cuja freqüência é um múltiplo inteiro da freqüência de outro, no caso do som, cada um dos múltiplos da freqüência fundamental.
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Comportamento das vogais quando a freqüência aumenta (passagem do registro central ao agudo). O som emitido torna-se mais volumoso e obscuro por causa das alterações sofridas no
comportamento do pavilhão faringo- bucal, em relação à função acústica antes citada.
Ao efetuar a cobertura na passagem, a vogal torna-se fechada perto do É ou do EU, em
conseqüência do enorme aumento de tamanho da faringe e do estreitamento dos lábios.
Acima da passagem, o efeito de escurecimento da vogal continua, chegando a outorgar à
mesma certo brilho ou estridência (Husson 1965 pp. 37-8).
Comportamento das vogais quando a intensidade aumenta (do piano ao forte). Com o aumento da intensidade o funcionamento acústico da cavidade faringo-bucal varia
enormemente, ao mesmo tempo que o funcionamento acústico da laringe varia relativamente
pouco.
As absorções observadas no interior do pavilhão aumentam rapidamente. A partir dos 80
decibéis aproximadamente a estrutura acústica do som vocal se desloca cada vez mais para os
harmônicos agudos, mesmo que a forma do pavilhão permaneça invariável, o que tende a
clarear o timbre vocálico.
A partir dos 100 decibéis há um enriquecimento da parte aguda dos espectros vocálicos, em
detrimento da parte grave, que confere ao timbre vocálico um brilho suplementar e pode chegar
a distorcer a freqüência (Husson 1965 pp. 40-1).
Comportamento das vogais quando a intensidade da emissão da voz chega a 110 decibéis (a 1 metro da boca).
Na prática acontecem as seguintes fusões tímbricas:
A e O tendem a fusionar-se.
É e EU também.
É aproxima-se de I.
U aproxima-se de EU.
O e OU quase não se distinguem (Husson 1965 pp. 41-2).
Quando a intensidade aproxima-se dos 130 decibéis
Somente podem ser diferenciados três timbres:
Um aberto, brilhante, para o qual confluem A, O, É e EU.
Um fechado e estridente, para o qual tendem I e É.
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Um fechado e escuro para o qual tendem EU, U, O e OU.
Figura 9 Pirâmide vocálica geral da voz humana cantada.
Podemos concluir então que somente nas baixas freqüências [inferiores a 270 ciclos] e
intensidades baixas e médias [inferiores a 90 decibéis] as vogais podem ser diferenciadas com
toda clareza. À medida em que o fundamental laríngeo se eleva e que a intensidade aumenta o
número de vogais susceptíveis de serem formadas diminui. A Pirâmide Vocálica geral da voz
humana explicitada por Hellwag em 1781 representa graficamente este fenômeno (Husson
1965 pp. 43-5).
As Diversas Técnicas Vocais. As sensações fonatórias internas do cantor e suas funções (Ver Fig. 10).
Pavilhões faringo-bucais (1, 2, 3): os pavilhões palatal anterior (1), palatal posterior (2) e o
véu faríngeo (3), são estimulados pela pressão acústica e pelas turbulências aerodinâmicas de
forma proporcional à intensidade dos sons emitidos. Esta estimulação provoca por via reflexa
(trigêmeo/retículo/bulbo/recorrencial) uma elevação do tônus do esfíncter laríngeo e, portanto,
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um aumento na definição tímbrica (foco) da voz. O pavilhão palatal anterior especificamente
em torno do ponto M (ponto de Mauran), é a mais eficiente e sua estimulação em princípio não
deve cessar nunca, quaisquer que sejam as vogais, as alturas e as intensidade emitidas (Husson
1965 p.74).
Região naso-facial e craniana (5): As sensações internas percebidas nesta região óssea e
cartilaginosa são decorrentes da energia vibratória absorvida, portanto, perdida. Elas parecem
inibir ligeiramente o tônus laríngeo. Mesmo sendo inevitáveis não devem ser procuradas ou
acentuadas (Husson 1965 pp.74-5).
Região Laríngea (4): Na região laríngea não se registram senão sensações geralmente fracas e
difusas. Nas técnicas vocais de alta impedância projetada a elevação da intensidade aumenta
um pouco essas sensações. Mesmo mantendo seu caráter difuso, elas provocam uma certa
sensação de euforia no cantor. Nas técnicas vocais de baixa impedância projetada, a elevação
da intensidade faz com que estas sensações difusas se transformem progressivamente em
sensações epicríticas intensas (opressão, coceira, espetadas, etc) localizadas na região das
pregas vocais, que transmitem dor aos músculos mais próximos. Constituindo-se em sinais de
alarme, essas sensações devem ser severamente evitadas (Husson 1965 pp.75-6).
Pavilhão intratraqueal (6): Nas grandes intensidades a parte superior da traquéia distende-se
ligeiramente e registra sensações introceptivas fracas e ligeiramente euforisantes. Parece
perceber-se então a coluna de ar (Husson 1965 p.76).
Região torácica (7): Aqui se dão dois tipos diferentes de sensações, dificilmente dissociáveis
para quem canta. A) No caso das primeiras, os músculos que abaixam a laringe transmitem
energia vibratória ao esqueleto torácico. Esta energia, que aumenta um pouco em relação à
intensidade do som, é absorvida ali mesmo, gerando sensações muito difusas. B) O segundo
tipo de sensações torácicas são decorrentes da contração da musculatura torácica. O trabalho
respiratório origina fortes sensações cinestesicas4 ou de movimento e estato- cinéticas ou
posturais, de caráter difuso e euforizante, que ativam poderosamente o tônus da musculatura
laríngea e são fortemente percebidas por quem canta (Husson 1965 pp.76-7).
Região da pélvis e do períneo (8 e 9): sensações musculares da mesma categoria daquelas
decorrentes da contração da musculatura torácica localizam-se indistintamente na pélvis e
períneo com o mesmo efeito de ativar o tônus glótico (Husson 1965 pp.77).
4 . Sentido pelo qual se percebem os movimentos musculares, o peso e a posição dos membros.
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Figura 10 Localização das sensações de origem fonatória durante o canto.
Dupla função das sensações de origem fonatória.
Todas as sensações internas descritas de origem muscular e introceptivo, com exceção de um
pequeno contingente de origem vibratória, têm as seguintes funções:
1) São transmitidas à formação reticu1ada bulbar chamada ativatriz, a partir de onde se produz
o efeito reflexo da elevação do tônus da musculatura glótica, mantendo ou elevando assim a
definição tímbrica da voz (foco).
2) Elas também chegam às áreas receptoras somestésicas do córtex cerebral, de onde afloram
para a consciência do indivíduo, e alcançam:
As áreas do córtex temporal, onde se inserem na memória do indivíduo;
As áreas somatognósticas do córtex parietal onde se integram ao esquema corporal
vocal;
A região hipocâmpica do rinencéfalo (córtex arcaica), onde são objeto de uma
apreciação afetiva, seja euforisante ou desagradável.
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Graças ao registro dessas sensações o cantor experiente observa sua própria emissão vocal, a
corrige e a adequa, se possível, às suas necessidades fonatórias do momento (Husson 1965
pp.77-9).
As principais técnicas vocais de canto. Segundo Husson, a fonação não é uma função, no sentido estrito da palavra, senão um
comportamento, uma conduta. Como todo comportamento (locomotor, alimentar, sexual,
agressivo, etc) a fonação pode adotar uma infinidade de modalidades, adaptada cada uma delas
a um fim definido e caracterizada por um rendimento determinado, em termos de freqüência,
intensidade, timbre e fadiga. Husson define cada uma dessas modalidades como condutas
fonatórias. Uma técnica vocal define-se assim como uma conduta fonatória (Husson 1965
p.80).
Husson define uma técnica vocal como uma maneira de utilizar o conjunto dos órgãos que
possibilitam a fonação, estabilizada por um treinamento neurológico senso- motor apropriado,
com a finalidade de permitir que o indivíduo tenha o desempenho desejado em termos de
altura, intensidade, timbre e ausência de fadiga (Husson 1965 p.80).
Tipologias para as Técnicas Vocais, segundo Husson. Técnicas vocais de baixa impedância projetada.
Caracterizam-se por um pavilhão faringo- bucal encolhido e, portanto também por uma laringe
alta (em posição próxima à de repouso), que freqüentemente eleva-se mais ao cantar uma frase
de freqüência ascendente. A abertura vertical da boca é pequena e a horizontal larga, com um
retrocesso dos vértices dos lábios. A faringe, contraída, ocupa um espaço reduzido, e é
obstruída pelo retrocesso da massa da língua (Husson 1965 p. 83).
Esse tipo de técnica apresenta uma laringe fortemente contraída, parcialmente coberta pela
epiglote, e um deslocamento lateral mínimo das pregas vocais e bandas ventriculares próximas
ao plano médio. As pregas estreitam-se, ficando afinadas em sua borda livre e apresentando
uma fase longa de união em cada oclusão (Husson 1965 p. 83).
A voz produzida deste modo possui um timbre claro e fino, às vezes fixo e freqüentemente
estridente no agudo. As intensidades que realizam são sempre reduzidas, porque a impedância é
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muito baixa e assim não permite aumentar a pressão sub-glótica adequadamente para a
produção das altas intensidades vocais (Husson 1965 p. 83).
As sensações proprioceptivas5 palatais posteriores se localizam no fundo da boca. A atividade
respiratória é baixa. Percebem-se freqüentemente sensações de constrição na laringe. É clara
também a sensação de estar projetando os sons em direção à raiz do nariz ou até o vértice da
mesma, numa escala ascendente (Husson 1965 pp. 83-4).
Técnicas de alta impedância projetada.
Caracterizam-se por um pavilhão alongado, portanto por uma laringe baixa (mais baixa do que
na posição de repouso), que baixa mais ao cantar uma frase de freqüência ascendente. A
abertura bucal desenvolve-se em sentido vertical, nunca horizontal. Os vértices dos lábios
sempre projetam-se para frente. As técnicas de alta impedância projetada apresentam a faringe
e o espaço entre a língua e o céu-da-boca muito dilatados em todas suas dimensões. A laringe
se encontra muito menos contraída que nas técnicas de baixa impedância projetada e a epiglote
levantada (Husson 1965 p. 84).
Os deslocamentos laterais das pregas vocais são mais amplos. Elas se apresentam
sensivelmente mais grossas e menos apertadas uma contra a outra, ao mesmo tempo que as
bandas ventriculares estão mais separadas, o que denota uma distensão geral da laringe e da
faringe. A voz apresenta um timbre obscuro e denso no qual os harmônicos agudos são
atenuados. As intensidades realizadas são muito mais elevadas, às vezes enormes, já que a alta
impedância projetada nos pavilhões faringo- bucais expandidos aumenta proporcionalmente a
pressão sub- glótica (Husson 1965 p. 84).
5 Sensações decorrentes de estímulos originados no interior do próprio organismo.
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As sensações propioseptivas palatais do indivíduo são fortemente percebidas na parte anterior
da boca, o consumo de ar sofre um grande aumento e a atividade respiratória aumenta
proporcionalmente. Nesta situação, a atividade da musculatura abdominal inferior (apoio da
respiração) é claramente percebida. Não se registram sensações na região laríngea, mas o
conjunto de sensações difusas experimentadas em toda a região laringo-
Figura 11 Evolução comparada das sensações fonatórias de duas vozes iguais do grave ao agudo em uma técnica vocal de alta impedância projetada (a) e baixa impedância projetada (b).
faringo- bucal (especialmente na parte anterior da boca), produz uma euforia similar à euforia
produzida nas práticas do atletismo. Finalmente ao realizar uma frase de freqüência ascendente
aparece a sensação de estar projetando os sons sempre horizontalmente, nunca em sentido
vertical (Husson 1965 p. 84).
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Figura 12 Esquemas corporais comparados da fonação no canto de acordo com técnicas vocais de baixa (a) e alta (b) impedância projetada sobre a laringe pelo pavilhão faringo-bucal.
FONTE BIBLIOGRÁFICA e GRÁFICOS: HUSSON, Raoul –El Canto – Editora Universitária de Buenos Aires- 1965.