apostila seguranca trabalho
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Apostila utilizada na disciplina de Higiene e Segurança do Trabalho do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Autoria: Prof. Gerson Luiz Apoliano Albuquerque.TRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAU UVA
Engenharia Civil
CURSO
Higiene e Segurana do Trabalho
DISCIPLINA
Gerson Luiz Apoliano Albuquerque
PROFESSOR
Fevereiro/2011
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SUMRIO
1. Fundamentos da Segurana no Trabalho
1.1 - Introduo
1.2 Histria da Segurana e Sade no Trabalho
1.3 - Termos e Definies
2. Acidente do Trabalho
2.1 Taxa de Freqncia
2.2 ndice de Avaliao da Gravidade
2.3 - Classificao dos Acidentes do Trabalho
2.4 - Conseqncias dos Acidentes do Trabalho
2.5 - Causas dos Acidentes do Trabalho
2.6 - Custos dos Acidentes do Trabalho
2.7 - Estatstica de Acidentes
2.8 - FAP e NTEP
3. Condies Ambientais de Trabalho
4. rgos de Segurana e Medicina do Trabalho nas Empresas(SESMT e CIPA)
5. Equipamentos de Proteo Individual (EPI)
6. Equipamentos de Proteo Coletiva (EPC)
7. Atividades e Operaes Insalubres (Insalubridade)
7.1 Adicionais de Insalubridade
8. Atividades e Operaes Perigosas (Periculosidade)
8.1 Adicional de Periculosidade
9. Normas Regulamentadoras
10. PCMAT
11. Segurana em Canteiro de Obras
12. Programas de Preveno
13. Fundamentos de Ergonomia
14. Gesto de Segurana e Sade no Trabalho
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ASO Atestado de Sade Ocupacional LISTA DE SIGLAS
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3 ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas BSI British Standards Institution (Instituto Britncio de Normalizao - rgo ingls, responsvel por segurana e
sade do trabalho naquele pas)
CA Certificado de Aprovao CAT Comunicao de Acidente do Trabalho CBO Classificao Brasileira de Ocupaes CIPA Comisso Interna de Preveno de Acidentes CLT Consolidao das Leis do Trabalho CNAE Classificao Nacional de Atividades Econmicas CNEN Comisso Nacional de Energia Nuclear DORT Doena Osteomuscular Relativa ao Trabalho EPC Equipamento de Proteo Coletiva EPI Equipamento de Proteo Individual FAP Fator Acidentrio Previdencirio FISPQ Ficha de Informaes de Segurana de Produtos Qumicos FUNDACENTRO Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana e Medicina do Trabalho INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial ISO International Organization for Standartization (Organizao Internacional de Normalizao)
LER Leso por Esforos Repetitivos MTE Ministrio do Trabalho e Emprego NB Norma Brasileira elaborada pela ABNT NBR Norma Brasileira elaborada pela ABNT e registrada no INMETRO.
NR Norma Regulamentadora NTEP Nexo Tcnico Epidemiolgico OIT Organizao Internacional do Trabalho OSHA Occupational Safety and Health Administration (rgo americano responsvel por segurana e sade
do trabalho naquele pas)
OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series (Srie de Avaliaes de Segurana e Sade
Ocupacional)
OMS Organizao Mundial da Sade PAIR Perda Auditiva Induzida pelo Rudo
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4 PAT Programa de Alimentao do Trabalhador PCMAT Programa de Condies e Meio Ambiente de Trabalho na Indstria da Construo PCMSO Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional PGR Programa de Gerenciamento de Riscos PPP Perfil Profissiogrfico Previdencirio PPRA Programa de Preveno de Riscos Ambientais SAT Seguro de Acidentes do Trabalho SESMT Servio Especializado em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho SIPAT Semana Interna de Preveno de Acidentes do Trabalho SSO Segurana e Sade Ocupacional SSST Secretaria de Segurana e Sade do Trabalhado
(rgo do Ministrio do Trabalho e Emprego,
responsvel pela segurana e sade no Brasil).
SST Segurana e Sade do Trabalho TST Tribunal Superior do Trabalho
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SEGURANA E SADE DO TRABALHO
1.0 1.1 -
FUNDAMENTOS DA SEGURANA DO TRABALHO
Acidentes do Trabalho s trazem prejuzos, nenhum benefcio. O Trabalhador o
maior patrimnio da empresa.
INTRODUO
Acidentes do Trabalho so eventos indesejveis que surgem no decorrer do processo
produtivo. O ser humano, para satisfazer as suas necessidades, precisa utilizar diversos
bens materiais que, em grande parte, no so encontrados na natureza. Assim, para
conseguir esses bens, precisa da realizao de uma srie de processos de trabalho, atravs
do uso de mquinas, ferramentas, equipamentos e da sua prpria fora de trabalho, para
transformar essas matrias-primas existentes na natureza em bens que satisfaam as suas
necessidades.
No passado, principalmente com o advento da Revoluo Industrial, o homem, em
favor da produo e da mquina, era tratado em aspecto secundrio. Com o passar do
tempo e aps muitas lutas, o trabalhador comea a ser o centro de ateno do processo
produtivo.
lamentvel que, em pleno sculo vinte e um, ainda se discute se devem ou no
pagar os adicionais de insalubridade ou de periculosidade; se gera ou no aposentadoria
especial para determinados trabalhadores sujeitos a determinados agentes ambientais de
riscos.
Dever-se-ia estar discutindo a necessidade da existncia desses agentes de riscos no
ambiente de trabalho, a necessidade de eliminlos, neutraliz-los ou atenuar os seus
efeitos. Mas o que se percebe que o interesse econmico fala mais alto. O trabalhador e
suas lideranas optam por expor a sade por uma nfima compensao financeira.
Sabe-se, por razes bvias, que no tarefa fcil eliminar a exposio do trabalhador
a esses agentes de riscos, bem como melhorar as condies de trabalho. Isto envolve uma
srie de interesses sociais, econmicos e polticos, chegando ao extremo, por parte de
alguns, de temer perder o poder de barganha existente entre patro, sindicatos e
trabalhadores. O que se v no Brasil a existncia de ms condies de trabalho, o que
serve de pano de fundo para a luta de grande parte da classe trabalhadora por melhores
compensaes econmicofinanceiras, o que deveria ser a luta pela eliminao ou
atenuao dos agentes de riscos que causam ou que podem causar acidentes e por
melhores condies de trabalho.
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6 Alm disso, as estatsticas oficiais no Brasil que servem de ponto de partida para as
polticas governamentais para a preveno de Acidentes do Trabalho so reconhecidamente
subdimensionadas, uma vez que elas contemplam apenas:
os casos legalmente reconhecidos, ou seja, os acidentes com vtimas (no levando em
conta os acidentes com apenas perda de tempo e/ou de materiais);
praticamente, apenas os acidentes urbanos (no mostrando os acidentes ocorridos em
reas rurais);
os acidentes registrados (ignorando aqueles que no so notificados ao INSS).
A Engenharia de Segurana e a Medicina do Trabalho, custa de muito esforo, vm
consolidando sua posio como fonte geradora das aes preventivas no cotidiano da
produo e representa um importante avano para a proteo da sade e da vida dos
trabalhadores. No entanto, muito h o que se fazer em nosso pas, dado que as estatsticas
apontam para uma triste e terrvel realidade, verdadeira chaga social, que requer a
mobilizao de toda a sociedade brasileira em busca de sua erradicao.
1.2 Desde seu aparecimento na Terra, o homem est exposto a riscos. Como ele no tem
controle sobre esses riscos, ocorre sobre ele todo tipo de acidente. O homem inventou a
roda dgua, os teares mecnicos, as mquinas a vapor, a eletricidade e at os
computadores. um longo aprendizado tecnolgico. No entanto, se por um lado o
progresso cientfico e tecnolgico facilitam o processo de trabalho e produo, por outro
trazem novos riscos, sujeitando o homem a acidentes e doenas decorrentes desse
processo (CAMPOS, 2001).
HISTRIA DA SEGURANA E SADE NO TRABALHO
Pelo que se sabe, a preocupao com os Acidentes e Doenas decorrentes do
trabalho humano surgiu na Grcia Antiga, quando Hipcrates (considerado o Pai da
Medicina) fez algumas referncias aos efeitos do chumbo na sade humana.
Posteriormente, outros estudiosos, como Plnio (o Velho) e Galeno, descreveriam algumas
doenas a que estavam sujeitas as pessoas que trabalhavam com o enxofre, o zinco e o
chumbo. No Antigo Egito e no mundo greco-romano j existiam estudos realizados por
leigos e mdicos, relacionando sade e ocupaes.
Este campo de conhecimento volta a progredir aps a Revoluo Mercantil (sculo
XIV), graas aos estudos de mdicos, como Ulrich Ellenbog (que detecta a ao txica do
monxido de carbono, do mercrio e do cido ntrico), Paracelso (que estuda as molstias
dos mineiros), George Bauer e Ysbrand Diemerbrock.
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7 1 Livro: O primeiro livro a abordar a questo surgiu em 1556, da autoria de Georgius Agrcola, que publicou seu trabalho De Re Metlica, onde eram estudados
diversos problemas relacionados extrao e fundio do ouro e da prata, enfocando,
inclusive, os acidentes de trabalho e as doenas mais comuns entre os mineiros.
Primeira monografia: a abordar especificamente a relao trabalho e doena foi publicada em 1567, por Paracelso, e versava sobre vrios mtodos de trabalho e inmeras
substncias manuseadas, dedicando especial ateno s intoxicaes ocupacionais por
mercrio.
Pai da Medicina do Trabalho: no ano de 1700, o italiano Bernardino Ramazzini publica seu livro De Morbis Artificum Diatriba (As Doenas dos Artesos), com a descrio
de 53 tipos de enfermidades profissionais, sendo que para algumas delas eram
apresentadas formas de tratamento e at mesmo de preveno. Por esta obra, Ramazzini
passou a ser considerado como o Pai da Medicina do Trabalho a estabelecer
definitivamente a relao entre sade e trabalho.
Contudo, apesar dos trabalhos consagrados de Agrcola, Paracelso e Ramazinni, o
interesse pela proteo do operrio no seu ambiente de trabalho s ganharia fora e nfase
no sculo XIX com o impacto da Revoluo Industrial (MIRANDA, 1998).
Com o surgimento crescente de inventos mecnicos que multiplicaria
consideravelmente a produtividade do trabalho, uma nova formao capitalista mercantil
surgia e dava origem a uma nova classe dirigente, interessada na aplicao de capitais em
sistemas fabris de produo em massa, utilizando a nova tecnologia que surgia. A questo
da fora de trabalho tomava um novo enfoque, pois tornava possvel e vantajosa a
converso de toda a mo-de-obra, inclusive a escrava, em fora de trabalho assalariado.
Primeira mquina a vapor: surgiu em 1785 na Inglaterra.
Com o advento da Revoluo Industrial e a expanso do capitalismo industrial, o
nmero de acidentes do trabalho (quando se fala em acidentes do trabalho, normalmente se
refere tambm s doenas decorrentes do trabalho humano) cresceu assustadoramente,
devido s pssimas condies de trabalho existentes. A situao ficou to grave, que se
temeu pela falta de modeobra, tal era a quantidade de trabalhadores mortos ou
mutilados (RODRIGUES, 1993).
As fbricas eram instaladas em galpes improvisados, estbulos e velhos armazns,
notadamente nas grandes cidades, onde a mo-de-obra era abundante, constituda
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8 principalmente de mulheres e crianas. A situao era dramtica, provocando indignao
na opinio pblica, o que acabou gerando vrias comisses de inqurito no Parlamento
Ingls.
1 Lei: Segundo RODRIGUES (1993), nesse nterim, o conhecimento acumulado at ento comeou a ser utilizado para formao de leis de proteo sade e integridade
fsica dos trabalhadores, numa tentativa de preservar o novo modo de produo, como:
a Lei da Sade e Moral dos Aprendizes (1802), na Inglaterra, que estabelecia o
limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho noturno e tornava
obrigatria a ventilao do ambiente e a lavagem das paredes das fbricas duas
vezes por ano;
a Lei das Fbricas (1833), tambm na Inglaterra, considerada a primeira norma
realmente eficiente no campo da proteo ao trabalhador, e que fixava em 9 anos a
idade mnima para o trabalho, proibia o trabalho noturno para menores de 18 anos
e exigia exames mdicos de todas as crianas trabalhadoras.
Primeiro Inspetor Mdico de Fbrica: No ano seguinte, em 1834, o governo britnico nomeia o primeiro Inspetor Mdico de Fbricas, o Dr. Robert Baker; e em 1842,
na Esccia, a direo de uma fbrica txtil contratou um mdico que deveria submeter os
menores trabalhadores a exames mdicos admissionais e peridicos. Surgiam, ento, as
funes especficas do mdico de fbrica.
Portanto, as leis de proteo ao trabalhador surgiram, inicialmente, em 1802 na
Inglaterra. Na Frana foi em 1862, com a regulamentao da segurana e higiene do
trabalho. Em 1865, na Alemanha, e em 1921 nos Estados Unidos (CAMPOS, 2001).
J no sculo XX, em parte decorrente do desenvolvimento da administrao cientfica,
a preocupao com os acidentes do trabalho passou a ser incorporada pelos gestores dos
estabelecimentos industriais, que lanaram mo de tcnicas de engenharia para a criao
de sistemas de preveno ou controle de infortnios, tais como equipamentos de proteo
individual, sistema de ventilao industrial, etc.
No Brasil, durante os primeiros trs sculos de nossa histria, as atividades industriais ficaram restritas aos engenhos de acar e minerao.
1 Fbrica: em 1840 surgiram os primeiros estabelecimentos fabris no Brasil.
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9 Primeira mquina a vapor no Brasil: a primeira mquina a vapor surgiu em 1785 na Inglaterra, enquanto no Brasil surgiu em 1869 na Provncia de So Paulo, numa fbrica
de tecidos de Itu, a Fbrica So Luiz. Portanto, 84 anos depois.
Em 1890 criado pelo governo o Conselho de Sade Pblica, que comeava
timidamente a legislar sobre as condies de trabalho no Brasil, que j comeavam a
preocupar.
No entanto, desde o fim do Imprio at o ano de 1930, a organizao capitalista
brasileira era praticamente agroexportadora, especialmente de caf. A partir de 1930, ento,
com uma poltica governamental de substituio das importaes, portanto, com 145 anos
de atraso em relao ao surgimento da primeira mquina a vapor no mundo, iniciou-se a
passagem do modelo agroexportador para a industrializao, o que se consolidou nos anos
50.
1 Lei Brasileira: em 1919 surge a primeira lei de acidentes do trabalho, com o Decreto Legislativo n. 3.724, de 15 de janeiro, como ponto de partida da interveno do
Estado nas condies de consumo da fora de trabalho industrial em nosso pas. Essa lei
no considera acidente de trabalho a doena profissional atpica (mesopatia). Exige
reparao apenas em caso de molstia contrada exclusivamente pelo exerccio do
trabalho, quando este for de natureza a s por si caus-la. Institui o pagamento de
indenizao proporcional gravidade das seqelas. Abre, ento, a possibilidade de as
empresas contratarem o SAT, junto s seguradoras da iniciativa privada. O SAT ficaria
exclusivo da iniciativa privada at 1967, quando passou a ser prerrogativa da Previdncia
Social, reforando a obrigatoriedade do SAT, que at ento estava sob a responsabilidade
de seguradoras privadas.
1 Mdico do Trabalho brasileiro: em 1920 surge o primeiro mdico de empresa brasileira, quando a Fiao Maria Zlia, situada no bairro do Tatuap, na Cidade de So
Paulo, contrata um mdico para dar ateno sade dos seus trabalhadores (MIRANDA,
1998).
Como parte das reformas conduzidas por Carlos Chagas, em 1923, promulga-se o
Regulamento Sanitrio Federal, que inclui as questes de higiene profissional e industrial no
mbito da Sade Pblica, criando a Inspetoria de Higiene Industrial, rgo regulamentador e
fiscalizador das condies de trabalho.
O Decreto No. 19.433, de 26 de novembro de 1930, criou o Ministrio do Trabalho,
Indstria e Comrcio, passando as questes de sade ocupacional para o domnio deste
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10 ministrio, ficando sob sua subordinao, at hoje, as aes de higiene e segurana do
trabalho.
2 Lei Brasileira: em 1934 surge a segunda lei de acidentes do trabalho, com o decreto n. 24.637, de 10 de julho, que modificou a legislao anterior. criada a Inspetoria
de Higiene e Segurana do Trabalho, que se transformaria ao longo dos anos em Servio,
em Diviso, em Departamento, em Secretaria e, mais recentemente, novamente em
Departamento de Segurana e Sade no Trabalho. Amplia-se o conceito de doena
profissional, abrangendo um maior nmero de doenas at ento no consideradas
relacionadas ao trabalho, mas que passam a s-lo. reconhecida como acidente do
trabalho a doena profissional atpica (mesopatia).
1. CLT: o Decreto - Lei n. 5.452, de 1 de abril de 1943, aprovou a CLT, elaborada pelo Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio e que elaborou tambm o primeiro projeto
de Consolidao das Leis da Previdncia Social. Foi com o advento da CLT, em 1943, que
no Brasil as atividades destinadas a prevenir acidentes do trabalho e doenas ocupacionais
foram realmente institucionalizadas.
3 Lei Brasileira: em 1944 surge a terceira lei de acidentes do trabalho no Brasil, com o Decreto Lei 7.036, de 10 de novembro, que, no seu artigo 82, reformou a legislao
sobre o seguro de acidentes do trabalho.
1. CIPA: esta foi a primeira lei a tratar especificamente do assunto, quando obrigou as empresas a organizarem comisses internas com o objetivo de prevenir acidentes.
Determinou que as empresas com mais de 100 funcionrios constitussem uma comisso
interna para represent-los, a fim de estimular o interesse pelas questes de preveno de
acidentes.
Essa Comisso foi ento regulamentada, pela primeira vez, pela Portaria 229,
baixada pelo ento Departamento Nacional do Trabalho, de onde recebeu sua denominao
utilizada at hoje: Comisso Interna de Preveno de Acidentes (CIPA).
Normalmente, as empresas que instalavam uma CIPA deixavam-na sob os cuidados
do Departamento de Pessoal ou da Assistncia Social da empresa. O Servio Social da
Indstria - SESI e a Associao Brasileira para Preveno de Acidentes - ABPA
destacaram-se em colaborar com as empresas na instalao da CIPA e nos seus primeiros
passos.
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11 Ainda sem grandes conhecimentos prevencionistas e quase sempre no bem
orientadas, as CIPAs cometiam srios erros administrativos, como o de assumir toda a
responsabilidade pela preveno de acidentes nas empresas, deixando gerentes e
supervisores comodamente fora da responsabilidade pela soluo dos problemas de
segurana que existissem, o que era inconcebvel, pois hoje se sabe que uma poltica de
segurana sria deve ter o envolvimento no s da CIPA ou do SESMT, mas de toda a
empresa, inclusive do seu alto escalo.
Como era mais difcil atuar na soluo de problemas de segurana nas reas de
trabalho, pois no havia envolvimento da alta direo das empresas, as CIPAs dedicavam-
se mais a alguns tipos de treinamento que existiam na poca e a divulgar o assunto entre os
trabalhadores, por exemplo, por ocasio das palestras de integrao de novos empregados,
realizando concursos, caixa de sugestes e outros recursos propostos pela sua
regulamentao.
Por isso, embora cometendo alguns erros, a CIPA tem o mrito de ter sido pioneira na
integrao de novos empregados no trabalho e de levar os empregados a fazerem
sugestes para melhoria das condies de trabalho, mesmo vrias dessas sugestes
fugindo de sua alada pela dificuldade de acesso s decises ocorridas na cpula das
empresas.
Foi com a atuao da CIPA, embora incipiente, que muitas empresas perceberam a
importncia da preveno de acidentes, notadamente quando visualizavam a possibilidade
de ganhos de produtividade e eliminao de perdas. Sentiram a necessidade de ampliar as
aes preventivas de acidentes, criando a funo do inspetor de segurana, que foi o
primeiro profissional com tempo integral nas empresas que se dedicava segurana do
trabalho.
Porm, muitos desses profissionais comearam a trabalhar na esteira da CIPA, ou
seja, cometendo o mesmo erro de assumir toda a responsabilidade pela segurana do
trabalho. Mesmo assim, as CIPAs que tiveram melhor sucesso foram aquelas cujas
empresas contrataram um inspetor de segurana ou instalaram uma seo de segurana,
dando grande impulso s atividades prevencionistas.
1. Estatstica de Acidentes no Brasil: nos anos 50, com a instalao de fbricas de automveis e o uso intenso da eletricidade, lvaro Zochio foi o grande lder em segurana
no Brasil. Em 1965, surgiu a primeira estatstica de acidentes, quando se viu que se gastava
mais com acidentes do que arrecadava. A preveno ento passou a ser a ordem do dia.
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12 Em 1953, a Portaria n. 155 regulamenta a atuao das Comisses Internas de
Preveno de Acidentes (CIPA) no Brasil.
4 Lei Brasileira: em 1967, surgiu a quarta lei de acidentes do trabalho no Brasil, com o Decreto-Lei N. 293, de 28 de fevereiro. Teve curta durao, porque foi totalmente
revogada pela Lei n. 5.316, de 14 de setembro do mesmo ano. Integrou o seguro de
acidentes do trabalho na Previdncia Social, retirando-o da iniciativa privada.
5 Lei Brasileira: A Lei n. 5.316, de 14 de setembro de 1967, foi a quinta lei de acidentes do trabalho no Brasil. Restringiu o conceito de doena do trabalho, excluindo as
doenas degenerativas e as inerentes a grupos etrios. O Decreto N. 61.784, de 28 de
novembro de 1967, aprovou o novo Regulamento do Seguro de Acidentes do Trabalho.
Em 1967, as principais alteraes na legislao acidentria brasileira foram: o SAT
passou a ser prerrogativa da Previdncia Social, ou seja, passou a ser estatal, reforando a
obrigatoriedade do SAT por parte das empresas, o qual at ento estava sob a
responsabilidade de seguradoras privadas; introduziu o conceito de acidente de trajeto;
promoveu a preveno de acidentes e reabilitao profissional.
O DecretoLei n. 564, de 1o de maio de 1969, estendeu a Previdncia Social ao
trabalhador rural.
Incio das Aes Governamentais: A rigor, o incio das aes de Governo, em matria de Segurana e Sade no Trabalho, surgiu no Brasil a partir de 1970, sob presso
do Banco Mundial, pois o Brasil possua mais de 1 milho de acidentes por ano. E como
exigncia para concesso de novos emprstimos, o governo Mdici comeou a criar leis de
segurana e sade do trabalho.
A Lei n. 5.890, de 11 de dezembro de 1972, incluiu os empregados domsticos na
Previdncia Social.
Por volta de 1974, com o fim do perodo de expanso econmica e iniciada a abertura
poltica lenta e gradual, novos atores surgem na cena poltica (movimento sindical,
profissionais e intelectuais da sade, etc.), questionando a poltica social e as demais
polticas governamentais. Neste ano, duas medidas muito importantes acontecem no campo
da sade: a implementao do Plano de Pronta Ao PPA, com diversas medidas e
instrumentos que ampliariam ainda mais a contratao de servios mdicos privados, antes
de responsabilidade da Previdncia Social; e a criao do Fundo de Apoio ao
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13 desenvolvimento Social FAS, destinado a financiar subsidiariamente o investimento fixo
de setores sociais (BRAGA & PAULA, in ANDRADE, 2001).
Em 1974, a Lei n. 6.195, de 19 de dezembro, estendeu a cobertura especial dos
acidentes do trabalho ao trabalhador rural.
6 Lei Brasileira: Em 1976, 1,25% do FAS fica destinado preveno de acidentes. Surge a sexta lei de acidentes do trabalho, com a Lei n. 6.367, de 19 de outubro de 1976,
que amplia a cobertura previdenciria de acidente de trabalho, e o Decreto n. 79.037, de 24
de dezembro de 1976, que aprova o novo Regulamento do Seguro de Acidentes do
Trabalho. Ficam sem proteo especial contra acidentes do trabalho o empregador
domstico e os presidirios que exercem trabalho no remunerado. Alm disso, a lei
identifica a doena profissional e a doena do trabalho como expresses sinnimas,
equiparando-as a acidente do trabalho somente quando constantes da relao organizada
pelo Ministrio da Previdncia e Assistncia Social.
A Lei. No. 6.439, de 1o de setembro de 1977, instituiu o Sistema Nacional de
Previdncia e Assistncia Social SINPAS, orientado, coordenado e controlado pelo
Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, responsvel pela proposio da poltica de
previdncia e assistncia mdica, farmacutica e social, bem como pela superviso dos
rgos que lhe so subordinados e das entidades a ele vinculadas.
Em 1977, a Lei No. 6.514, de 22 de dezembro, deu redao ao artigo 200 da CLT,
dizendo que o Ministro de Estado do Trabalho estabeleceria disposies complementares s
normas consolidadas, para dar cumprimento s disposies relativas segurana e sade
no trabalho. Para tanto, o Ministro de Estado do Trabalho expediu portaria com as normas
regulamentadoras. Essa lei altera o captulo V do ttulo II da CLT, relativo segurana e
medicina do trabalho. O artigo 163 torna obrigatria a constituio de CIPA, de
conformidade com instrues expedidas pelo Ministrio do Trabalho.
1as . Normas Regulamentadoras NRs: em 1978, a Portaria 3.214, de 8 de junho, aprova as Normas Regulamentadoras NR (28 ao todo) do captulo V do ttulo II da CLT,
relativas segurana e medicina do trabalho.
Embora no sendo obrigatrio por lei at o incio da dcada de 70, as sees de
segurana do trabalho e seus profissionais foram adotados espontaneamente por algumas
empresas. Nessa dcada foram criados, por fora de lei, os atuais Servios Especializados
em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho SESMT, e reconhecidos os
seus profissionais. Isto veio consagrar a iniciativa de muitas empresas e valorizar os
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14 profissionais que j vinham se dedicando preveno de acidentes e doenas
ocupacionais.
Divisor de guas: na opinio de alguns profissionais de segurana e medicina do trabalho, e com o qual concordamos, a lei que criou o SESMT foi o divisor de guas entre o
ontem e o hoje das atividades destinadas segurana e sade no trabalho em nossa terra.
Com a globalizao, o Brasil, no por opo prpria, mas por no poder se omitir junto
aos seus parceiros comerciais externos, abre suas portas a esse movimento imperioso de
competio internacional, onde a nfase dada segurana e sade do trabalho muito
grande.
Pouco antes disso, o Brasil, inicialmente atravs das empresas multinacionais e
depois das empresas nacionais, entra na era da qualidade, com a apresentao da Teoria
Z, da formao dos CCQ Crculos de Controle de Qualidade e das sries de normas para
certificao ISO.
Esse momento histrico causou incertezas preveno de acidentes e doenas
ocupacionais, pois no se sabia se se aproveitava a oportunidade ou se se tratava apenas
de mais um modismo. A estabilizao da economia brasileira, atravs do controle da
inflao, foi definitiva para que as empresas de mdio e grande porte, impulsionadas pela
necessidade de diminuir seus custos, aderissem segurana e sade do trabalho,
conscientizando-se de que isso fazia parte do processo produtivo e no era um apndice
indesejvel no interior das empresas (PIZA, Conhecendo e eliminando riscos no trabalho,
1997).
Em 1988, a Portaria No. 3.067, de 12 de abril, aprova as Normas Regulamentadoras
Rurais NRR (5 ao todo), relativas segurana e higiene do trabalho rural.
Em 1991, a Lei No. 8.213, de 24 de junho expede o Regulamento dos Benefcios da
Previdncia Social.
Em 1992, o Decreto-Lei n. 611, de 21 de julho, da Presidncia da Repblica, de
acordo com a Lei n. 8.213, d nova redao ao Regulamento dos Benefcios da
Previdncia Social. A empresa responsvel por medidas individuais e coletivas de
proteo, sendo contraveno penal, punvel com multa, a empresa deixar de cumprir as
normas de segurana e higiene do trabalho (artigo 173), bem como negligenciar as normas-
padro de segurana e higiene do trabalho, indicadas para a proteo individual e coletiva
dos trabalhadores.
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Aes Regressivas: o INSS tem o direito de promover aes regressivas contra empresas ou pessoas que, pela no observncia das normas de segurana, sejam
responsveis por acidentes e doenas do trabalho que venham a gerar dispndios para o
INSS (artigo 176). assegurada a estabilidade no emprego ao acidentado por um perodo
mnimo de 12 meses aps a cessao do auxlio-doena acidentrio, independentemente do
percebimento de auxlio-acidente (artigo 169).
O governo, atravs do Ministrio do Trabalho, visando atender s convenes da OIT,
passou a revisar as Normas Regulamentadoras que foram editadas a partir de 1978,
propondo-se a revolucionar a rea de segurana e sade do trabalho com discusses de
forma tripartite com representantes dos empregados, empregadores e governo.
PCMSO e PPRA: com o surgimento da Qualidade do Produto, da era da globalizao e da estabilizao econmica, a rea de segurana e sade do trabalho passou por uma
reviso das normas regulamentadoras. O incio dessa revoluo se deu com o advento da
NR-7, que trata do Programa de Controle Mdio de Sade Ocupacional, e da NR-9, que
trata do Programa de preveno de Riscos Ambientais, normas estas que foram editadas
em dezembro de 1994.
Em 1994, pela Portaria n. 5, de 8 de abril, feita nova alterao na NR-5, com a
implantao das metodologias do mapeamento de riscos e da rvore de causas. Essa
alterao da NR-5 resultou da primeira experincia brasileira de um trabalho tripartite, onde
uma comisso formada por representantes do governo, empregadores e trabalhadores se
sentaram mesa para propor alteraes nas normas regulamentadoras. No entanto, essa
alterao no chegou a se concretizar, pois o Ministrio do Trabalho optou por novas
rodadas de negociaes (CAMPOS, 2001).
NR zero: Mas foi principalmente com a publicao da Portaria 393/96, de 09 de abril de 1996, que se desencadeou um processo moderno de preveno de acidentes e doenas
e implantao de programas de eliminao de riscos nos ambientes de trabalho. Essa
portaria, corriqueiramente chamada de NR-Zero, estabelece metodologia para elaborao
de novas Normas Regulamentadoras e reviso das existentes. O princpio deste trabalho
a utilizao de um sistema tripartite de discusso, compreendendo a formao de uma
CTPP -Comisso Tripartite Paritria Permanente, com 6 representantes dos trabalhadores,
6 dos empregadores e 6 do governo. Todas as normas, a partir de ento, so discutidas a
partir desta CTPP. No entanto, mesmo antes da publicao desta norma, quando da reviso
da NR-18, ocorrida a partir de 10 de junho de 1994, foi criada, em 1995, uma comisso
-
16 tripartite e paritria para concluso da reviso da NR-18. Este fato contribuiu para a
publicao da NR-Zero.
PPP: Em 1997, o Decreto n. 2.172, de 5 de maro, da Presidncia da Repblica, aprova o Regulamento de Benefcios da Previdncia Social, de acordo com a Lei n. 8.213.
Mantm basicamente o texto do Decreto-Lei n. 611, de 21 de julho de 1992. Estabelece
que a empresa deve elaborar e manter atualizado um perfil profissiogrfico das atividades
desenvolvidas pelo trabalhador e, quando da resciso de contrato, a empresa dever
fornecer ao trabalhador cpia autenticada deste documento (pargrafo 5. do artigo 66). A
empresa est sujeita a penalidades, caso assim no o proceda.
Em 1997, atravs da Portaria n. 53, de 17 de dezembro, aprovada a NR-29, que
trata de segurana e sade do trabalho porturio.
Em 1998, o pargrafo 100 do art. 201, com redao dada pela Emenda Constitucional
No. 20, estabelece que a lei disciplinar a cobertura do acidente do trabalho, a ser atendida
concorrentemente pelo regime geral de previdncia social e pelo setor privado.
Perodos do SAT: Portanto, em 1998 iniciou-se, pelo menos teoricamente, o terceiro perodo da Legislao Brasileira relativo ao SAT Seguro de Acidentes do Trabalho. O
primeiro perodo, o perodo de responsabilidade da iniciativa privada, iniciou-se em 1919
com a criao do SAT e foi at 1967, quando o SAT passou a ser de responsabilidade
estatal. De 1967 at 1998 ocorreu o segundo perodo, quando a cobertura do acidente do
trabalho seria atendida unicamente pelo Estado. Em 1998 estabeleceu-se um regime misto
concorrencial, necessitando de regulamentao pelo Congresso Nacional, o que at hoje
no foi feito. Permanece, assim, uma nica seguradora de acidentes do trabalho: o INSS.
Independentemente se ficar com o setor privado, estatal ou ser um misto dos dois
regimes, o certo que as empresas continuaro com a obrigatoriedade do SAT. Outra
discusso a ser feita se continuar um SAT indenizatrio to somente, uma seja, como
uma compensao financeira, ou se haver incentivos ou mesmo iseno para as empresas
que conseguirem a reduo dos acidentes do trabalho.
Em 1998, a Lei n. 9.732, de 1 de dezembro, da Presidncia da Repblica, altera os
dispositivos das Leis n. 8.212/91 e 8.213/91, que dispem, respectivamente, sobre
organizao da seguridade social, notadamente custeio, e sobre benefcios da Previdncia
Social. Assim, as empresas que oferecem maior risco de exposio ao trabalhador a
agentes nocivos tero de pagar um prmio mais alto.
-
17 Em 1998, a Portaria n. 8, de 23 de fevereiro, da SSST, altera a NR-5, mudando
bastante a antiga redao.
Em 1999, atravs da Portaria n. 5.051, de 26 de fevereiro, aprovado o novo
formulrio de CAT.
NBR 14.280: em fevereiro de 1999, a ABNT edita a norma NBR-14.280 cadastro de acidentes de trabalho: procedimento e classificao, em substituio NB-18 cadastro de
acidentes, de 1975. Estabelece uma ntida diferena entre acidente e leso e entre acidente
e acidentado.
Em 7 de abril de 2000 publicada no Dirio Oficial da Unio a proposta de alterao
da NR-4. At 2010, o grupo tripartite continua a discutir essa alterao.
Em 2000, atravs do Decreto n. 3.597, de 12 de setembro, da Presidncia da
Repblica, so promulgadas a conveno 182 e a Recomendao 190 da OIT, sobre
proibio das piores formas de trabalho infantil e ao imediata para sua eliminao, que
foram concludas em Genebra, na Suia, em 17 de junho de 1999.
Em 2000, atravs da Resoluo n. 176, de 24 de outubro, da Agncia Nacional de
Vigilncia Sanitria, do Ministrio da Sade, publicada a Orientao Tcnica sobre
Padres Referenciais de Qualidade do Ar Interior em Ambientes Climatizados Artificialmente
de Uso Pblico e Coletivo.
Em 2001, atravs da Instruo Normativa N. 42, de 22 de janeiro, do INSS, so
disciplinados procedimentos a serem adotados quanto ao enquadramento, converso e
comprovao do exerccio de atividade especial, ou seja, sobre aposentadoria especial.
Em 2001, atravs da Portaria N. 6, de 5 de fevereiro, da Secretaria de Inspeo do
trabalho, do Ministrio do Trabalho e Emprego, estabelecida a proibio do trabalho do
menor de 18 anos nas atividades constantes do anexo dessa Portaria.
Em 16 de maio de 2001, o Ministrio da Sade, atravs do Gabinete do Ministro, edita
a Portaria No. 737/GM, que trata da Poltica Nacional de Reduo da Morbimortalidade por
Acidentes e Violncias, a ser seguida pelo setor de sade.
A histria da proteo legal ao trabalhador contra acidentes e doenas ocupacionais
no Brasil mais recente, quando se compara com os pases mais desenvolvidos, que
possuem uma trajetria de industrializao que se iniciou muito antes que o Brasil. Na
-
18 verdade, no Brasil, ela vem se desenvolvendo ao longo dos ltimos cinqenta anos e num
ritmo acelerado, em resposta necessidade urgente de diminuio das estatsticas, que so
uma verdadeira tragdia nacional.
1.3 Acidentes ocorrem desde tempos imemoriais, e as pessoas tm se envolvido, tendo em vista a sua preveno por perodos comparavelmente extensos. Lamentavelmente, apesar de o assunto ter sido discutido continuamente, a terminologia relacionada ainda carece de clareza e preciso. Do ponto de vista tcnico, particularmente frustrante tal condio, pois da mesma resultam desvios e vcios de comunicao e compreenso, que podem se adicionar s dificuldades, na resoluo de problemas. Qualquer discusso sobre riscos ou anlise de riscos deve ser precedida de uma explicao da terminologia, seu sentido preciso e inter-relacionamento (HAMMER in PIZA, 1998).
TERMOS E DEFINIES
ACIDENTE: um evento sbito e inesperado que interfere nas condies
normais de operao e que pode resultar em danos ao trabalhador, propriedade
ou ao meio ambiente. (NR-32, Glossrio).
ACIDENTE DO TRABALHO:
Sob o aspecto legal: De acordo com a Lei 8.213 / 91:
Art. 19. Acidente do trabalho o que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa ou pelo exerccio do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte ou a perda ou reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho. 1 A empresa responsvel pela adoo e uso das medidas coletivas e individuais de proteo e segurana da sade do trabalhador. 2 Constitui contraveno penal, punvel com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurana e higiene do trabalho. 3 dever da empresa prestar informaes pormenorizadas sobre os riscos da operao a executar e do produto a manipular. 4 O Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social fiscalizar e os sindicatos e entidades representativas de classe acompanharo o fiel cumprimento do disposto nos pargrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento. (Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, Lei Bsica da Previdncia Social, captulo II, Seo I, artigo 19).
Sob o aspecto tcnico: a) De acordo com a NBR 14280, ABNT:
-
19 Acidente do Trabalho a ocorrncia imprevista e indesejvel, instantnea ou no,
relacionada com o exerccio do trabalho, de que resulte ou possa resultar leso
pessoal. (NBR 14280, ABNT, item 2.1). Notas:
1. O acidente inclui tanto ocorrncias que podem ser identificadas em relao a um
momento determinado, quanto ocorrncias ou exposies contnuas ou intermitentes, que
s podem ser identificadas em termos de perodo de tempo provvel. A leso pessoal
inclui tanto leses traumticas e doenas, quanto efeitos prejudiciais mentais,
neurolgicos ou sistmicos, resultantes de exposies ou circunstncias verificadas na
vigncia do exerccio do trabalho. (NBR 14280, ABNT, item 2.1).
2. No perodo destinado a refeio ou descanso, ou por ocasio da satisfao de outras
necessidades fisiolgicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado
considerado no exerccio do trabalho. (NBR 14280, ABNT, item 2.1).
b) De acordo com a NR-32:
um evento sbito e inesperado que interfere nas condies normais de operao e que
pode resultar em danos ao trabalhador, propriedade ou ao meio ambiente. (Glossrio da NR-32).
Sob o aspecto prevencionista: Refere-se toda ocorrncia imprevista e indesejvel, inesperada ou no
programada, que interfere no desenvolvimento normal de uma tarefa e que pode
causar individualmente ou simultaneamente:
- perda de tempo e/ou;
- danos materiais ou ambientais e/ou;
- leses fsicas, doenas ou a morte do trabalhador.
Nova conceituao de acidente do trabalho: - so fenmenos socialmente determinados, previsveis e preveneis;
- os fatores provocadores dos acidentes do trabalho so multicausais.
ACIDENTE TPICO OU TIPO: o acidente decorrente da caracterstica da
atividade profissional desempenhada pelo acidentado. o acidente sofrido pelo
trabalhador no local e no horrio do trabalho, durante as atividades normais do
trabalhador ou mesmo fora do local ou horrio de trabalho, desde que pelo exerccio
do trabalho a servio da empresa.
-
20 ACIDENTE DE TRAJETO:
a) De acordo com a Lei 8.213/91:
aquele que ocorre no percurso da residncia para o local de trabalho ou deste
para aquela, qualquer que seja o meio de locomoo, inclusive veculo de
propriedade do segurado.(Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, Lei Bsica da Previdncia Social, captulo II, Seo I, artigo 21, inciso IV, alnea d).
b) De acordo com a NBR 14280, ABNT:
o acidente sofrido pelo empregado no percurso da residncia para o local de
trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoo, inclusive
veculo de propriedade do empregado, desde que no haja interrupo ou alterao
de percurso por motivo alheio ao trabalho. (NBR 14280, ABNT, item 2.3) Nota: Entende-se como percurso o trajeto da residncia ou do local de refeio para o trabalho ou deste para aqueles, independentemente do meio de locomoo, sem alterao
ou interrupo por motivo pessoal, do percurso do empregado. No havendo limite de prazo
estipulado para que o empregado atinja o local de residncia, refeio ou de trabalho, deve
ser observado o tempo necessrio compatvel com a distncia percorrida e o meio de
locomoo utilizado. (NBR 14280, ABNT, item 2.3).
Portanto, o acidente ocorrido no trajeto entre a residncia e o local de
trabalho do segurado e vice-versa. equiparado ao acidente do trabalho. O
percurso e o tempo devem ser sempre os mesmos.
ACIDENTE COM AFASTAMENTO: tambm chamado de acidente com leso incapacitante, o acidente em que o acidentado sofre uma incapacidade temporria ou permanente que o impossibilita de retornar ao trabalho no mesmo dia ou no dia
seguinte ao acontecido. Pode at mesmo ocorrer a morte do trabalhador.
Impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do acidente ou de
que resulte incapacidade permanente. (NBR 14280, ABNT, item 2.9.1.6)
ACIDENTE SEM AFASTAMENTO: tambm chamado de acidente com leso no incapacitante, o acidente em que o acidentado pode exercer sua funo
normal, no mesmo dia do acidente ou no dia seguinte, no horrio regulamentar, ou
seja, o retorno ao trabalho se d at o horrio normal do incio da jornada no dia
seguinte.
-
21 No impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do
acidente, desde que no haja incapacidade permanente. (NBR 14280, ABNT, item 2.9.1.7)
AGRAVO: a leso, doena, transtorno de sade, distrbio, disfuno ou
sndrome de evoluo aguda, subaguda ou crnica, de natureza clnica ou
subclnica, inclusive morte, independentemente do tempo de latncia. (Decreto 6042, de 12.02.2007, Art. 337, 4o )
AMBIENTE: tudo o que se refere ao meio, desde a atmosfera do local de
trabalho at as instalaes, equipamentos, substncias utilizadas e mtodos de
trabalho empregados. (NBR 14280, ABNT, item 2.8.3)
APOSENTADORIA ESPECIAL: um tipo de aposentadoria, benefcio da
Previdncia Social, devida a alguns trabalhadores, dependendo da exposio a
agentes de riscos fora do limite de tolerncia, que d direito a se aposentarem com
15, 20 ou 25 anos de contribuio. Atualmente somente as atividades relacionadas
no Anexo IV do Decreto No. 3.048 / 99 tm direito aposentadoria especial. Muitas
pessoas confundem aposentadoria especial com insalubridade. Acreditam que o fato
de estarem recebendo adicional de insalubridade ou mesmo de periculosidade lhes
garante o direito aposentadoria especial. Isto no verdade. Insalubridade e
Periculosidade esto inseridos dentro do ramo do Direito do Trabalho, enquanto
Aposentadoria Especial est inserido dentro do ramo do Direito Previdencirio. A
seguir, temos as atividades e operaes que tm direito ao Adicional de
Insalubridade, mas no tm direito aposentadoria especial:
- atividades e operaes com umidade;
- atividades e operaes em cmaras frigorficas ou similares (frio);
- atividades e operaes com radiaes no ionizantes.
ATO INSEGURO: ao ou omisso que, contrariando preceito de segurana,
pode causar ou favorecer a ocorrncia de acidente. (NBR 14280, ABNT, item 2.8.2).
a fonte causadora de acidentes dependentes das aes dos homens.
um termo tcnico utilizado em preveno de acidentes que, conforme a
escola, possui definies diferentes, porm com o mesmo significado. Entendem-se
como atos inseguros todos os procedimentos do homem que contrariem as normas
de preveno de acidentes. As atitudes contrrias aos procedimentos e/ou s
-
22 normas de segurana que o homem assume podem ou no ser deliberadas.
Normalmente, quando essas atitudes no so propositais, o homem deve estar
sendo impelido por problemas psicossociais.
Atualmente, o termo ato inseguro, em investigaes de acidentes
Exemplos de atos inseguros:
, no mais
utilizado. Os profissionais preferem descrever o ato inseguro cometido, o que facilita
em muito a anlise dos acidentes, aos invs de generaliz-lo.
- no seguir normas de segurana;
- no inspecionar mquinas e equipamentos com que vai trabalhar;
- usar caixotes como escada;
- deixar de usar EPI;
- fazer brincadeiras ou exibio;
- ingerir bebidas alcolicas antes ou durante o trabalho;
- permanecer sob cargas suspensas;
- operar mquinas sem estar habilitado ou autorizado
- remover protees de mquinas;
- entrar em reas no permitidas etc.
CANTEIRO DE OBRA: a rea do trabalho fixa
e temporria, onde se
desenvolvem operaes de apoio e execuo construo, demolio ou reparo de
uma obra. (NR-1, item 1.6, f)
CAUSA: qualquer fator que, se no for removido a tempo, conduzir ao
acidente. a origem, de carter humano ou material, relacionada com o evento
catastrfico (acidente), pela materializao de um risco, resultando danos. (PIZA,
1998). Fundamentalmente, por muito tempo, se classificou as causas dos acidentes
como sendo por Atos Inseguros ou Condies Inseguras. Isso no mais
admissvel, mas uma das maneiras de se buscar as verdadeiras causas dos
acidentes a utilizao da tcnica conhecida como rvore de Causas ou espinha
de peixe que busca as causas e a causa das causas que levou ao acidente.
CIPA: uma comisso interna composta de forma paritria, por empregados
representantes eleitos pelos empregados e por empregados representantes
designados pelo empregador, que procura proteger as pessoas, isto , os
empregados, no desempenho de suas atividades, apontando os atos inseguros dos
mesmos e as condies de insegurana. regulamentada pela NR-5.
-
23 Tem como objetivo a preveno de acidentes e doenas decorrentes do
trabalho, de modo a tornar compatvel permanentemente o trabalho com a
preservao da vida e a promoo da sade do trabalhador. (NR-5, item 5.1)
COMUNICAO DE ACIDENTES DO TRABALHO - CAT: um documento
que deve ser preenchido obrigatoriamente quando da ocorrncia de um acidente do
trabalho, acidente de trajeto ou de uma doena ocupacional, mesmo no caso em
que no haja afastamento do trabalho, devendo ser encaminhado Previdncia
Social e se destina ao registro do tratamento mdico do acidentado, bem como para
fins estatsticos oficiais.
A empresa dever comunicar o acidente do trabalho Previdncia Social at o
primeiro dia til seguinte ao da ocorrncia e, em caso de morte, de imediato,
autoridade competente, sob pena de multa. (Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, Lei Bsica da Previdncia Social, captulo II, Seo I, artigo 22 caput). Na falta de comunicao por parte da empresa, podem formaliz-lo o prprio
acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o mdico que o
assistiu ou qualquer autoridade pblica
Considera-se como dia do acidente, no caso de doena profissional ou do
trabalho, a data do incio da incapacidade laborativa para o exerccio da atividade
habitual, ou o dia da segregao compulsria, ou o dia em que for realizado o
diagnstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro. (Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, Lei Bsica da Previdncia Social, captulo II, Seo I, artigo 23).
, no prevalecendo nestes casos o prazo
acima previsto. (Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, Lei Bsica da Previdncia Social, captulo II, Seo I, artigo 22, 2.)
Acidentes Com CAT Registrada corresponde aos acidentes cuja Comunicao de Acidentes do Trabalho CAT foi cadastrada no INSS. No contabilizado o reincio de tratamento ou afastamento por agravamento de leso de acidente do trabalho ou doena do trabalho, j comunicado anteriormente ao INSS. Acidentes Sem CAT Registrada corresponde aos acidentes cuja Comunicao de Acidentes Trabalho CAT no foi cadastrada no INSS. O acidente identificado por meio de um dos possveis nexos: Nexo Tcnico Profissional/Trabalho, Nexo Tcnico Epidemiolgico Previdencirio NTEP ou Nexo Tcnico por Doena Equiparada a Acidente do Trabalho. Esta identificao feita pela nova forma de concesso de benefcios acidentrios.
A CAT apresentada em trs tipos, a saber:
Tipo 1 Inicial: quando corresponder ao registro do evento acidente do trabalho,
tpico ou de trajeto, ou doena profissional ou do trabalho
-
24 Tipo 2 Reabertura: a correspondente ao reincio de tratamento ou afastamento
por agravamento de leso de acidente do trabalho ou doena profissional ou do
trabalho, j comunicado anteriormente ao INSS.
Tipo 3 Comunicao de bito: a correspondente a falecimento decorrente de
acidente ou doena profissional ou do trabalho, ocorrido aps a emisso da CAT
inicial.
As CATs de Reabertura e de Comunicao de bito vinculam-se, sempre,
s CATs iniciais, a fim de evitar-se a duplicao na captao das informaes
relativas aos registros.
CONDIES DE TRABALHO: so as circunstncias postas disposio dos trabalhadores para a realizao de suas atividades laborais, representadas pelo
meio ambiente existente, mquinas e equipamentos, processos produtivos
desenvolvidos, bem como treinamentos especficos recebidos. Normalmente so
classificados em:
condies ambientais de segurana
: quando as situaes em que os trabalhos
so realizados esto livres da probabilidade da ocorrncia de acidentes;
condies ambientais de insegurana
ou condies inseguras: quando as circunstncias externas de que dependem as pessoas para realizar seu trabalho so
incompatveis com ou contrrias s Normas de Segurana e Preveno de
Acidentes.
CONDIO INSEGURA: So fontes causadoras de acidentes dependentes
das condies do ambiente de trabalho. Exemplos de condies inseguras: - piso escorregadio;
- instalaes eltricas precrias;
- iluminao inadequada;
- falta de ordem e limpeza;
- mquinas sem protees adequadas;
- ventilao inadequadas;
- ferramentas em mau estado de conservao;
- temperaturas elevadas etc.
Condio Insegura a condio do meio que causou o acidente ou contribuiu para a
sua ocorrncia. (NBR 14280, ABNT, item 2.8.3)
Como essas condies esto nos locais de trabalho,
podemos deduzir que foram instaladas por deciso e/ou mau
-
25 comportamento de pessoas que permitiram o desenvolvimento de
situaes de risco queles que l executavam suas atividades.
Conclui-se, portanto, que as Condies Inseguras existentes so,
via de regra, geradas por problemas comportamentais do homem,
independente do seu nvel hierrquico dentro da empresa (PIZA,
Informaes bsicas sobre sade e segurana no trabalho, 1997).
DANO: a severidade da leso, ou perda fsica, funcional ou econmica, que
podem resultar se o controle sobre um risco perdido. (PIZA, 1998).
DOENA OCUPACIONAL: doena adquirida, produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho. Pode ser doena do trabalho ou doena profissional. Possui
como caracterstica uma ao lenta e paulatina, diferentemente do acidente do
trabalho, que um infortnio com conseqncias imediatas. Por fora da legislao,
so equiparados.
DOENA DO TRABALHO: adquirida ou desencadeada em funo de condies especiais em que o trabalho realizado e com ele se relacione
diretamente, desde que constante do Anexo II do Regulamento da Previdncia
Social RPS, aprovado pelo Decreto No. 3.048, de 6 de maio de 1999, relao
elaborada pelo Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social. (Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, Lei Bsica da Previdncia Social, captulo II, Seo I, artigo 20, inciso II). Doena decorrente do exerccio continuado ou intermitente de atividade
laborativa capaz de provocar leso por ao mediata. (NBR 14280, ABNT, item 2.9.1.4.1).
No so consideradas como doena do trabalho:
a) a doena degenerativa;
b) a inerente a grupo etrio;
c) a que no produza incapacidade laborativa;
d) a doena endmica adquirida por segurado habitante de regio em que ela
se desenvolva, salvo comprovao de que resultante de exposio ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho. (Lei 8.213, de 24 de julho de
1991, Lei Bsica da Previdncia Social, captulo II, Seo I, artigo 20, 1 ).
DOENA PROFISSIONAL: a doena produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho peculiar a determinada atividade e constante do Anexo II do
Regulamento da Previdncia Social RPS, aprovado pelo Decreto No. 3.048, de 6
-
26 de maio de 1999, relao elaborada pelo Ministrio do Trabalho e da Previdncia
Social. (Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, Lei Bsica da Previdncia Social, captulo II, Seo I, artigo 20, inciso I).
Exemplos: PAIR (Perda Auditiva Induzida pelo Rudo), LER (Leso por
Esforos Repetitivos), DORT (Doena Osteomuscular Relativa ao Trabalho),
Asbestose, Silicose, Bissinose, etc.
Doena do trabalho causada pelo exerccio de atividade especfica, constante
de relao oficial. (NBR 14280, ABNT, item 2.9.1.4.2).
EMBARGO: importar na paralisao total ou parcial da obra
EMPREGADO: empregado, a pessoa fsica que presta servios de natureza
no eventual a empregador, sob a dependncia deste e mediante salrio. (NR-1, item 1.6, b).
. (NR-3, item 3.3).
EMPREGADOR: a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos
da atividade econmica, admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de servios.
Equiparam-se ao empregador os profissionais liberais, as instituies de
beneficncia, as associaes recreativas ou outras instituies sem fins lucrativos,
que admitem trabalhadores como empregados. (NR-1, item 1.6, a).
EMPRESA: o estabelecimento ou o conjunto de estabelecimentos, canteiros
de obra, frente de trabalho, locais de trabalho e outras, constituindo a organizao
de que se utiliza o empregador para atingir seus objetivos. (NR-1, item 1.6, c)
ESTABELECIMENTO: cada uma das unidades da empresa, funcionando em
lugares diferentes, tais como: fbrica, refinaria, usina, escritrio, loja, oficina,
depsito, laboratrio. (NR-1, item 1.6, d).
EMBARGO: importar na paralisao total ou parcial da obra
. (NR-3, item 3.3).
ENGENHARIA DE SEGURANA DO TRABALHO: a cincia dedicada preservao da integridade fsica e da sade do trabalhador realizando a preveno
de acidentes atravs da anlise de riscos dos locais de trabalho e das operaes
neles realizadas. A sua atuao na preveno de acidentes do trabalho. de sua
competncia, por exemplo, quantificar os agentes existentes no ambiente de
-
27 trabalho que servir para subsidiar o estudo do risco a que se expem os
trabalhadores.
EQUIPAMENTOS DE PROTEO CONTRA ACIDENTES: representam
todos os dispositivos empregados com a finalidade de se evitar a ocorrncia de
acidentes do trabalho ou minimizar os seus efeitos. Dividem-se normalmente em:
Equipamento de Proteo Coletiva EPC
: dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou
mvel, de abrangncia coletiva, destinado a preservar a integridade fsica e a sade
dos trabalhadores, usurios e terceiros. (NR-10, Glossrio, item 8). So dispositivos
utilizados no ambiente laboral destinados proteo de grupos de trabalhadores
contra a ocorrncia de acidentes do trabalho ou doenas profissionais, podendo ser
representados por protees das mquinas e equipamentos, barreiras e
sinalizadores, detectores de gases e fumaas, cones de advertncia, exaustores,
corrimes, guarda-corpos, etc.
Equipamento de Proteo Individual EPI
: todo dispositivo ou produto, de uso
individual utilizado pelo trabalhador, destinado proteo de riscos suscetveis de
ameaar a segurana e a sade no trabalho. (NR-6, item 6.1)
Equipamento Conjugado de Proteo Individual EPI CONJUGADO
: todo aquele
composto por vrios dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um ou
mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetveis de
ameaar a segurana e a sade no trabalho. (NR-6, item 6.1.1).
FATOR PESSOAL DE INSEGURANA (fator pessoal): causa relativa ao
comportamento humano, que pode levar ocorrncia do acidente ou prtica do
ato inseguro. (NBR 14280, ABNT, item 2.8.1).
Nome dado s falhas humanas decorrentes, na maior parte das vezes, de
aspectos psicossociais, problemas de ordem psicolgica (depresso, tenso,
excitao, neuroses, etc), social (problemas de relacionamento, preocupaes com
necessidades sociais, educao, dependncias qumicas, etc), congnitos ou de
formao cultural que alteram o comportamento do trabalhador, permitindo que ele
cometa atos inseguros.
FRENTE DE TRABALHO: a rea de trabalho mvel
e temporria, onde se
desenvolvem operaes de apoio e execuo construo, demolio ou reparo de
uma obra. (NR-1, item 1.6, g).
-
28 GRAU DE RISCO: o grau de risco de uma empresa um nmero que varia
de 1 a 4, dependendo da atividade da empresa, constante da Classificao Nacional
de Atividades Econmicas CNAE. Significa que, quanto mais a atividade
econmica oferece riscos que podem proporcionar doena ou acidente do trabalho,
maior o seu grau de risco. O Quadro I da Norma Regulamentadora NR-4 do
Ministrio do Trabalho e Emprego traz o Grau de Risco por tipo de atividade
econmica.
HIGIENE OCUPACIONAL: um conjunto de cincias e tecnologias dedicado
atuao na preveno tcnica das doenas ocupacionais, atravs do estudo dos
agentes ambientais existentes no ambiente de trabalho. Busca a preveno e o
controle da exposio ocupacional aos riscos ambientais. Sua ao de carter
multidisciplinar e seu objetivo bsico envolve a identificao, o estudo, as avaliaes
e o gerenciamento dos riscos qumicos, fsicos e biolgicos presentes nos locais de
trabalho.
INCAPACIDADE PERMANENTE TOTAL: a invalidez incurvel para o trabalho. quando o acidentado perde a capacidade total para o trabalho, no
podendo exerc-la em nenhuma funo.
a perda total da capacidade de trabalho, em carter permanente, sem morte. (NBR 14280, ABNT, item 2.9.3). Nota: Causam essa incapacidade as leses que, no provocando a morte,
impossibilitam o acidentado, permanentemente, de trabalhar ou da qual decorre a perda
total do uso ou a perda propriamente dita, entre outras, as de:
a) ambos os olhos;
b) um olho e uma das mos ou um olho e um p; ou
c) ambas as mos ou ambos os ps ou uma das mos e um p. (NBR 14280, ABNT, item 2.9.3).
INCAPACIDADE PERMANENTE PARCIAL: a diminuio, por toda a vida, da capacidade de trabalho em razo de um acidente. Neste caso, o trabalhador
sofre reduo parcial e permanente da sua capacidade laborativa. Exemplos: perda
de um dos olhos, perda de um dos dedos, etc.
a reduo parcial da capacidade de trabalho, em carter permanente que,
no provocando morte ou incapacidade permanente total, causa de perda de
qualquer membro ou parte do corpo, perda total do uso desse membro ou parte do
-
29 corpo, ou qualquer reduo permanente de funo orgnica. (NBR 14280, ABNT, item 2.9.4).
INCAPACIDADE TEMPORRIA TOTAL: a perda total da capacidade de trabalho por um perodo limitado de tempo, nunca superior a um ano. aquele em
que o acidentado, depois de algum tempo afastado do servio devido ao acidente,
volta empresa, executando as suas funes normalmente, como fazia antes do
ocorrido.
a perda total da capacidade de trabalho de que resulte um ou mais dias
perdidos, excetuadas a morte, a incapacidade permanente parcial e a incapacidade
permanente total. (NBR 14280, ABNT, item 2.9.5). Nota: Permanecendo o acidentado afastado de sua atividade por mais de um ano, computado comente o tempo de 360 dias. (NBR 14280, ABNT, item 2.9.5).
INCIDENTE: um evento sbito e inesperado que interfira na atividade normal
do trabalho sem dano ao trabalhador, propriedade ou ao meio ambiente. (Glossrio da NR-32).
INDSTRIA DA CONSTRUO - o conjunto das atividades de construo,
demolio, reparos e manuteno de empreendimentos como: usinas, edifcios,
pontes, estradas, indstrias, barragens, casas, etc.
Consideram-se atividades da Indstria da Construo as constantes do
Quadro I, Cdigo da Atividade Especfica, da NR 4 - Servios Especializados em
Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho e as atividades e servios de
demolio, reparo, pintura, limpeza e manuteno de edifcios em geral, de qualquer
nmero de pavimentos o u tipo de construo, inclusive manuteno de obras de
urbanizao e paisagismo. (NR-18, item 18.1.2).
INSALUBRIDADE: o instituto da insalubridade pressupe o alto risco de
contrair doenas e/ou acidentes com atividades relacionadas aos agentes
insalubres. Estes agem de forma lenta e gradual, trazendo prejuzos sade do
trabalhador, podendo lev-lo morte, paulatinamente, num longo perodo de tempo.
As atividades e operaes consideradas insalubres esto consignadas na NR-15.
INTERDIO: importar na paralisao total ou parcial do estabelecimento,
setor de servio, mquina ou equipamento
. (NR-3, item 3.2).
-
30 LOCAL DE TRABALHO: a rea onde so executados os trabalhos. (NR-1,
item 1.6, h).
MAPA DE RISCOS: so mapas elaborados, por estabelecimento,
obrigatoriamente pelas empresas que possuem CIPA, e fixados na entrada de cada
ambiente de trabalho com os seguintes objetivos:
a) reunir as informaes necessrias para estabelecer o diagnstico da situao de
segurana e sade no trabalho na empresa;
b) possibilitar, durante a sua elaborao, a troca e divulgao de informaes entre
os trabalhadores, bem como estimular sua participao nas atividades de
preveno. (Anexo Portaria No. 25, de 29.12.1994, do MTE).
MEDICINA DO TRABALHO: a cincia dedicada atuao no indivduo,
atravs de aes predominantemente preventivas, como, por exemplo, o estudo dos
produtos existentes no ambiente de trabalho, com o objetivo de avaliar o poder que
estes possuem de contaminar ou provocar doenas nos trabalhadores.
MORBIDADE: relao entre o nmero de casos de molstias e o nmero de
habitantes de um dado lugar e momento. Portanto, a relao entre os nmeros de
doentes e sos.
MORTALIDADE: conjunto de mortes ocorridas num espao de tempo. Relao,
em determinado agrupamento humano, entre o nmero de mortos e o de habitantes,
para todas as molstias em conjunto ou para cada uma delas em particular.
Portanto, a relao entre nmeros de mortos e de pessoas ss.
OBS.: A diferena entre morbidade e mortalidade que morbidade se refere ao
nmero de doentes e mortalidade ao nmero de mortos.
NVEL DE RISCO: expressa a probabilidade de possveis danos dentro de um
perodo especfico de tempo ou nmero de ciclos operacionais. Pode ser indicado
pela probabilidade de um acidente multiplicada pelo dano em reais, vidas ou
unidades operacionais (PIZA, 1998).
NORMAS REGULAMENTADORAS (NR): so normas complementares s
disposies de segurana e sade do trabalho. So emitidas pelo Ministrio do
Trabalho e Emprego, atravs de portaria, conforme lhe assegura o art. 200 da CLT
(com redao dada pela Lei No. 6.514, de 22.12.77).
-
31
OBRA: considera-se obra todo e qualquer servio de engenharia de
construo, montagem, instalao, manuteno e reforma. (NR-3, item 3.3.1).
PERIGO: situao ou condio de risco com probabilidade de causar leso fsica ou dano sade das pessoas por ausncia de medidas de controle. (NR-10, Glossrio, item 18).
a fonte, condio ou situao com potencial de provocar acidentes, com
potencial que indica a possibilidade ou a probabilidade de ocorrncias indesejveis
de conseqncias graves aos trabalhadores, ao patrimnio ou ao meio ambiente.
Portanto, a situao potencial que pode causar conseqncias graves. Expressa a
exposio relativa a um risco que favorece a sua materializao em danos.
Podemos dizer que Perigo = Risco + Exposio.
PERICULOSIDADE: o instituto da periculosidade pressupe o alto risco de acidente com atividades relacionadas a explosivos, inflamveis, radiaes ionizantes
ou energia eltrica. Os agentes perigosos agem de forma imediata, trazendo
prejuzos integridade fsica do trabalhador, podendo lev-lo morte
instantaneamente. As atividades e operaes perigosas esto consignadas na NR-
16 e na Lei 7369/85.
PREVENO DE ACIDENTES DO TRABALHO: representa todos os procedimentos e comportamentos adotados no sentido de se evitar a ocorrncia de
acidentes do trabalho.
QUASE ACIDENTE: um evento no previsto que tinha o potencial de gerar
acidentes. (OHSAS-18001)
RISCO: capacidade de uma grandeza com potencial para causar leses ou danos sade das pessoas. (NR-10, Glossrio, item 22)
a combinao da probabilidade e das conseqncias de ocorrer um evento
perigoso, ou seja, funo da probabilidade e das conseqncias.
R = F(p x c) Assim o risco um adjetivo que caracteriza os perigos, ou seja, um perigo pode ter
um risco baixo ou alto.
-
32 a situao em potencial que indica a possibilidade ou a probabilidade de
ocorrncias indesejveis que causem danos aos trabalhadores, ao patrimnio ou ao
meio ambiente. Portanto, uma situao potencial que pode causar danos.
Segundo PIZA (1998), risco uma ou mais condies de uma varivel, com o
potencial necessrio para causar danos. Esses danos podem ser entendidos como
leses a pessoas, danos a equipamentos ou estruturas, perdas de material em
processo ou reduo da capacidade de desempenho de uma funo
predeterminada. Havendo um risco, persistem as possibilidades de efeitos adversos.
Um risco pode estar presente, mas pode haver baixo nvel de perigo pelas
precaues tomadas. Risco, por exemplo, uma subestao em operao,
enquanto perigo a aproximao de uma pessoa que no est protegida,
subestao. Sempre se deve procurar eliminar, diminuir ou neutralizar os riscos, e no o perigo, pois a existncia do risco pode se tornar um perigo para as pessoas.
SADE: Estado de bem estar fsico, mental e social e no meramente a
ausncia de doenas ou enfermidades. (OMS)
SADE OCUPACIONAL: a cincia do ramo da sade pblica que dedica ateno sade e segurana do trabalhador no seu ambiente laboral, atravs de
aes predominantemente preventivas contra a ocorrncia de acidentes ou doenas
no trabalhador. So citadas como cincias correlatas, dentre outras: a Engenharia
de Segurana do Trabalho, a Higiene Ocupacional e a Medicina do Trabalho.
SEGURANA: freqentemente definida como iseno de riscos. Entretanto,
praticamente impossvel a eliminao completa de todos os riscos. Segurana ,
portanto, um compromisso acerca de uma relativa proteo da exposio a riscos.
o antnimo de perigo. (PIZA, 1998)
o estado de estar livre de riscos inaceitveis de danos.
SADE E SEGURANA NO TRABALHO: o estado de estar livre de riscos
inaceitveis de danos nos ambientes de trabalho, garantindo o bem estar fsico,
mental e social dos trabalhadores.
-
33 SETOR DE SERVIO: a menor unidade administrativa ou operacional
compreendida no mesmo estabelecimento. (NR-1, item 1.6, e).
SMULAS: So manifestaes interpretativas que revelam a opinio dominante nos tribunais superiores.
TRABALHADOR PROFISSIONAL QUALIFICADO
: aquele que comprovar
concluso de curso especfico na rea, reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino.
TRABALHADOR PROFISSIONAL LEGALMENTE HABILITADO
: aquele
previamente qualificado e legalmente registrado no competente conselho de classe.
TRABALHADOR PROFISSIONAL CAPACITADO
a) receba capacitao sob orientao e responsabilidade de profissional habilitado e
autorizado; e
: aquele que atenda s
seguintes condies simultaneamente:
b) trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado.
TRABALHADOR PROFISSIONAL AUTORIZADO
: aquele qualificado ou
capacitado e os profissionais habilitados, com anuncia formal da empresa.
2.0 - ACIDENTE DO TRABALHO Definies Sob o aspecto legal:
:
Ver acima item 1.3 - Termos e Definies.
Sob o aspecto tcnico: Ver acima item 1.3 - Termos e Definies.
Sob o aspecto prevencionista: Ver acima item 1.3 - Termos e Definies.
Diferenas entre conceitosA diferena entre os conceitos acima reside no fato de que, no aspecto legal e no
aspecto tcnico da NBR 14280, da ABNT, necessrio haver leso fsica ou
perturbao funcional, enquanto no aspecto prevencionista e no aspecto tcnico
da NR-32 so levados em considerao: i) a leso fsica ou perturbao funcional do
:
-
34 trabalhador; ii) a perda de tempo e iii) os danos materiais ao trabalhador,
empresa, propriedade e ao meio ambiente; ou as trs coisas simultaneamente.
EquiparaoEquiparam-se ao Acidente do Trabalho:
:
a) acidente tpico; b) acidente de trajeto; c) a doena ocupacional, compreendendo a doena profissional e a doena do trabalho. Conforme Art. 20 da Lei 8.213/91: Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mrbidas: I - doena profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relao elaborada pelo Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social; ... II - doena do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em funo de condies especiais em que o trabalho realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relao mencionada no inciso I. 1 No so consideradas como doena do trabalho: a) a doena degenerativa; b) a inerente a grupo etrio; c) a que no produza incapacidade laborativa; d) a doena endmica adquirida por segurado habitante de regio em que ela se desenvolva, salvo comprovao de que resultante de exposio ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. 2 Em caso excepcional, constatando-se que a doena no includa na relao prevista nos inciso I e II deste artigo resultou das condies especiais em que o trabalho executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdncia Social deve consider-la acidente do trabalho. Tambm equiparam-se ao Acidente do Trabalho, conforme Art. 21:
Art. 21. Equiparam-se tambm ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora no tenha sido a causa nica, haja contribudo diretamente para a morte do segurado, para reduo ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido leso que exija ateno mdica para a sua recuperao; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horrio do trabalho, em conseqncia de:
-
35 a) ato de agresso, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa fsica intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudncia, de negligncia ou de impercia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razo; e) desabamento, inundao, incndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de fora maior; III - a doena proveniente de contaminao acidental do empregado no exerccio de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horrio de trabalho: a) na execuo de ordem ou na realizao de servio sob a autoridade da empresa; b) na prestao espontnea de qualquer servio empresa para lhe evitar prejuzo ou proporcionar proveito; c) em viagem a servio da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitao da mo-de-obra, independentemente do meio de locomoo utilizado, inclusive veculo de propriedade do segurado; d) no percurso da residncia para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoo, inclusive veculo de propriedade do segurado. 1 Nos perodos destinados a refeio ou descanso, ou por ocasio da satisfao de outras necessidades fisiolgicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado considerado no exerccio do trabalho. 2 No considerada agravao ou complicao de acidente do trabalho a leso que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha s conseqncias do anterior. 2.1 - TAXA DE FREQUNCA - TF
:
Tambm chamado de coeficiente ou ndice, mede a freqncia de acidentes ocorridos em
um determinado perodo, em geral, durante um ms.
No. de Acidentes c/ afastamento X 1.000.000
T F = ------------------------------------------------------------------ Total de homens-horas trabalhadas Obs.: a) Em geral, acidentes com afastamento;
b) 1.000.000 = 500 homens x 250 dias teis x 8 horas/dia;
c) Total de homens-horas trabalhadas o mesmo que total de horas de exposio ao risco;
d) Alguns autores, tendo em vista a dificuldade de obter o total de homens-horas
trabalhadas, recomendam multiplicar o total de trabalhadores por 7,3 horas, pois uma
jornada de 44 horas / 6 dias = 7,3 horas. Excluir domingos.
2.2 - NDICE DE AVALIAO DA GRAVIDADE - IAG
:
Mede a gravidade dos acidentes ocorridos em um determinado perodo, em geral um ms.
-
36
(No. de Dias Perdidos + Dias Debitados ) X 1.000.000 I A G = -------------------------------------------------------------------------------------- Total de homens-horas trabalhadas Observaes:
a) No. de dias perdidos = No. de dias de afastamento.
b) No. de dias debitados = mdia de dias que o trabalhador no mais exercer suas
atividades, devido diminuio da sua capacidade para o trabalho, motivado por uma
seqela. Obtm-se pela Tabela de Dias Debitados.
(Portaria No. 33, de 27.10.1983 do M T E)
QUADRO 1-A
Natureza
TABELA DE DIAS DEBITADOS Avaliao Percentual
Dias Debitados
Morte 100 6.000 Incapacidade total e permanente 100 6.000 Perda da viso de ambos os olhos 100 6.000 Perda da viso de um olho 30 1.800 Perda do brao acima do cotovelo 75 4.500 Perda do brao abaixo do cotovelo 60 3.500 Perda da mo 50 3.000 Perda 1. quirodtilo (polegar) 10 600 Perda de qualquer outro quirodtilo (dedo) 5 300 Perda de dois outros quirodtilos (dedos) 12 750 Perda de trs outros quirodtilos (dedos) 20 1.200 Perda de quatro outros quirodtilos (dedos) 30 1.800 Perda 1. quirodtilo (polegar) e qualquer outro quirodtilo (dedo) 20 1.200 Perda 1. quirodtilo (polegar) e dois outros quirodtilos (dedos) 25 1.500 Perda 1. quirodtilo (polegar) e trs outros quirodtilos (dedos) 33 2.000 Perda 1.quirodtilo (polegar) e quatro outros quirodtilos (dedos) 40 2.400 Perda da perna acima do joelho 75 4.500 Perda da perna no joelho ou abaixo dele 50 3.000 Perda do p 40 2.400 Perda do pododtilo (dedo grande) ou de dois outros ou mais pododtilos (dedos do p)
6 300
Perda 1. pododtilo (dedo grande) de ambos os ps 10 600 Perda de qualquer outro pododtilo (dedo do p) 0 0 Perda da audio de um ouvido 10 600 Perda da audio de ambos os ouvidos 50 3.000
2.3 - CLASSIFICAO DOS ACIDENTES DO TRABALHO
a)
QUANTO NATUREZA Acidente tpico
- o
, podendo ser:
acidente pessoal
- o
(por atos inseguros ou condies inseguras) ou
acidente impessoal
b)
, ou seja, o imprevisvel, por exemplo, por inundao,
terremoto, maremoto etc;
Acidente de trajeto
c)
;
Doena ocupacional
-
, podendo ser:
doena profissional (peculiar a determinadas atividades)
-
37 - doena do trabalho
(adquirida em decorrncia do trabalho, no peculiar
atividade do trabalhador)
- Acidente material: com danos ou sem danos;
QUANTO AOS DANOS E LESES
- Acidente pessoal: sem leso ou com leso;
- Acidente material e pessoal.
- Acidente com afastamento (com leso incapacitante).
QUANTO AO AFASTAMENTO
- Acidente sem afastamento (com leso no incapacitante).
Ver item 1.3 Termos e Definies
a) Acidente com incapacidade temporria;
QUANTO INCAPACIDADE PARA O TRABALHO
b) Acidente com incapacidade permanente:
b.1) TOTAL = mais de 75% da capacidade laborativa;
b.2) PARCIAL = at 75% da capacidade laborativa.
c) Morte.
2.4 - Os Acidentes do Trabalho s trazem prejuzos, nenhum benefcio. Os empregados,
empregadores, governo, que o legtimo representante da nao, profissionais de
segurana e sade do trabalho, enfim, os atores sociais sabem dessa realidade. O que falta
conscientizao.
CONSEQNCIAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO
As perdas, conseqncias dos acidentes do trabalho, podem ser:
Humanas: leso imediata (ex.: queimaduras, cortes, contuses, etc.);
leso mediata (ex.: surdez, tendinites, lombalgias, silicose, etc.);
Materiais: matria-prima, equipamentos, mquinas, instalaes, etc.);
Tempo: paralisao do processo produtivo.
As conseqncias dos acidentes podem ser:
impacto emocional; sofrimento fsico (dor, ferimentos, doenas, etc.); despesas mdicas;
incapacidade para o trabalho; desamparo para a famlia; reduo do seu salrio, quando
afastado por mais de 15 dias, visto que o auxlio doena do INSS corresponde a 91% do
seu salrio; impossibilidade de realizar horas extras; prejuzos morais; traumas
para o Trabalhador:
-
38 psicolgicos; seqelas ou invalidez; morte, mesmo aps meses ou anos de ocorrido o
acidente; distrbios familiares.
impacto emocional para os outros funcionrios; despesas mdicas; gastos com primeiros
socorros e transporte do acidentado; tempo perdido para substituio do acidentado e para
comentar o fato; tempo perdido no trabalho, para a anlise do acidente por parte da CIPA e
do SESMT; danificao ou perda de mquinas, ferramentas, matria prima, etc; atraso na
prestao de servios ou na produo, que poder causar possvel descontentamento dos
clientes ou multas contratuais; pagamento do salrio do acidentado nos primeiros 15 dais
sem o funcionrio produzir; salrios pagos a outros trabalhadores, na hora do acidente e
aps o mesmo; salrios adicionais pagos por trabalhos de horas extras em razo do
acidente; diminuio da eficincia do acidentado ao retornar ao trabalho; despesas com
treinamento do substituto; perda de lucros por servios paralisados / interrompidos; reflexos
negativos no ambiente de trabalho; diminuio da produtividade dos trabalhadores devido
ao imposto emocional (risco psicolgico); prejuzos para a imagem da empresa perante a
sociedade; problemas com o meio ambiente; problemas com o sindicato; problemas com a
famlia; espantam os consumidores; atraem a ateno das autoridades que tm a
responsabilidade de zelar pelo cumprimento dos padres de segurana.
para a Empresa:
despesas sociais; perda temporria ou permanente de elementos produtivos; dependncia
do INSS; acmulo de encargos assumidos pela Previdncia Social; despesas mdicas,
hospitalares e farmacuticas; despesas com reabilitao profissional atravs de fisioterapia
e equipamentos, se necessrios; possveis aumentos das taxas de seguros e impostos para
cobrir os gastos do governo; aumento do custo de vida; pagamentos de benefcios ao
trabalhador acidentado ou a seus dependentes, como: auxlio - doena, auxlioacidente,
aposentadoria por invalidez e penso por morte.
para a Nao:
2.5 - Um indivduo lesionado ou lesiona outro durante a execuo de uma tarefa com certo
material em determinado ambiente (meio). O conjunto, composto dos quatro elementos, ou
componentes: indivduo-tarefa-material-meio, define uma unidade de anlise denominada
atividade. A atividade corresponde parte do trabalho desenvolvida por um indivduo no
sistema de produo considerado (uma fbrica, uma oficina ou um canteiro de obras), e a
cada indivduo corresponde uma atividade. Assim, um acidente pode envolver vrias
atividades, desde que elas estejam estreitamente ligadas. Isso se d particularmente no
caso de trabalho em equipe (BINDER et al, 1996).
CAUSAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO
-
39 Ento, para que ocorra um acidente, quatro coisas so necessrias:
a) o indivduo;
b) a tarefa (atitudes do indivduo);
c) o material (matria-prima, peas, produtos, mquinas,
equipamentos, ferramentas ou outro objeto;
d) o meio (meio ambiente de trabalho).
No Brasil, durante muito tempo as causas de acidentes eram to somente atos inseguros ou condies inseguras, principalmente depois de estudiosos americanos terem analisado 75.000 acidentes industriais e concludo que 88% estavam ligados a fatores humanos e 10%
a fatores materiais, ou seja, s condies ambientais (CAMPOS, 2001).
Estudos realizados por Heinrich concluram que: Num universo de 75.000 acidentes, 88%
eram causados por atos inseguros, 10% por condies inseguras e os 2% restantes por
causas imprevisveis.
Tecnicamente, de acordo com a Norma Brasileira NB-18 da ABNT (Associao Brasileira de
Normas Tcnicas), j substituda, existiam trs causas de acidentes: atos inseguros,
condies inseguras e o fator pessoal de insegurana, ou fator pessoal causa relativa ao
comportamento humano, que leva prtica do ato inseguro. De acordo com a NB-18,
existem vrios aspectos que decorrem dessas causas. Mas poderamos dizer que o
acidente ocorre como resultado da soma das condies inseguras e dos atos inseguros, em
que ambos so oriundos de aspectos psicossociais denominados Fatores Pessoais de
Insegurana, que o nome dado s falhas humanas decorrentes, na maior parte das vezes,
de problemas de ordem psicolgica (depresso, tenso, excitao, neuroses, etc), social
(problemas de relacionamento, preocupaes com necessidade sociais, educao,
dependncias qumicas, etc), congnitos ou de formao cultural que alteram o
comportamento do trabalhador, permitindo que ele cometa atos inseguros.
Em fevereiro de 1999, a ABNT cancelou e substituiu a NB-18 pela NBR 14.280, mas
manteve as trs causas de acidentes: fator pessoal de insegurana (causa relativa ao
comportamento humano, que pode levar ocorrncia do acidente ou prtica do ato
inseguro), ato inseguro (ao ou omisso que, contrariando preceito de segurana, pode
causar ou favorecer a ocorrncia do acidente) e condio ambiente de insegurana
(condio ambiente do meio que causou o acidente ou contribuiu para sua ocorrncia)
(CAMPOS, 2001).
A partir de 1994, quando a Portaria n 5 do Ministrio do Trabalho, relativo CIPA,
introduziu a metodologia da rvore de causas, que o uso do termo ato inseguro ficou
-
40 obsoleto. Hoje, alguns autores falam em atos inadequados, dentre outras terminologias.
Constatar ato inseguro sempre foi um meio, no Brasil, de se achar um culpado pelo
acidente (CAMPOS, 2001).
Por essa razo que, durante uma investigao e anlise de acidentes, os profissionais
envolvidos no devem utilizar os termos atos inseguros ou condies inseguras. Ou seja, na
busca das causas dos acidentes, no procurem classific-los em atos inseguros ou
condies inseguras, mas descrever o risco sem que haja essa necessidade de
classificao (PIZA, Informaes bsicas sobre sade e segurana no trabalho, 1997).
Deve-se, portanto, procurar falhas no processo de trabalho e no identificar se o acidente foi
causado por um ato inseguro ou por condies inseguras. O ato inseguro no deixou de
existir. Ele a ponta do processo, e neste existem muitas variveis.
Todo acidente tem causas imediatas, causas bsicas (ou raiz) e, principalmente, causas
gerenciais. As imediatas so o ato inseguro e as condies inseguras. As bsicas tm, em
geral, origem administrativa e, quando corrigidas, previnem por um longo perodo um
acidente similar. Exemplos de causas bsicas: falta de conhecimento ou de treinamento;
posto de trabalho inadequado; falta de reforo em prticas seguras; falhas de engenharia
(projeto e construo); uso de equipamento de proteo individual inadequado; verificaes
e programas de manuteno inadequados; compra de equipamentos de qualidade duvidosa;
sistema de recompensa inadequado; mtodos ou procedimentos inadequados (CAMPOS,
2001).
Segundo CAMPOS (2001), as causas gerenciais existem porque segurana deve ser
encarada de forma sistmica contingencial, ou seja, como conjunto ordenado de meios de
ao visando um resultado, sempre pronto para prever ou atender eventos indesejveis, tais
como acidentes ou doenas ocupacionais. Afinal, segurana no prioridade, pois ela no
acaba nunca, mas ela faz parte do negcio da empresa. Em outras palavras, se aes
gerenciais que possam prever ou atender eventos indesejveis no existem na empresa,
ento fatalmente h causas de acidentes ou doenas ocupacionais.
Vale ressaltar que a maioria dos acidentes do trabalho ocorrem no por falta de legislao,
mas devido ao no cumprimento das normas de segurana, as quais visam a proteo da
integridade fsica do trabalhador no desempenho de suas atividades, como tambm o
controle de perdas. Somem-se ao descumprimento das normas a falta de fiscalizao e a
pouca conscientizao do empresariado (VENDRAME, 2001).
-
41 Est nas mos do homem a reduo dos infortnios, no s atravs de atitudes
individuais, mas tambm por uma soluo coletiva de mudanas das regras do sistema
capitalista que impera no mundo de hoje. A globalizao, o aumento da competio, a
acelerao da produo, a conseqente reduo do tempo do processo produtivo, ou seja, a
diminuio do tempo entre a concepo do produto e a sua colocao n