apostila - direito societÁrio

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    A capitalizao dos valores aportados ocorria por autorizao da Assembleia Geral, conforme

    determinavam os artigos 108 e 110 do Decreto-Lei 2.627/40:

    Art. 108. Depois de integralmente realizado o capital social, lcito assemblia geral

    aument-lo.

    Pargrafo nico. Toda proposta de aumento deve ser acompanhada de exposio

    justificativa, e somente aps parecer do conselho fiscal pode ser submetida apreciao da

    assemblia geral.

    Sobre a incorporao dos investimentos ao capital das sociedades annimas, a Lei 6.404/76

    dispe o seguinte:

    Art. 6. O capital social somente poder ser modificado com observncia dos preceitos

    desta lei e do estatuto social (arts. 166 a 174).

    Art. 12. O nmero e o valor nominal das aes somente podero ser alterados nos caos de

    modificao do valor do capital social ou da sua expresso monetria, de desdobramento ou

    grupamento de aes, ou de cancelamento de aes autorizados nesta Lei.

    Art. 166. O capital social pode ser aumentado:

    I por deliberao da assemblia geral ordinria, para correo da expresso monetria de

    seu valor (art. 167);

    II por deliberao da assemblia geral ou do Conselho da Administrao, observado o

    que a respeito dispuser o estatuto, nos casos de emisses de aes dentro do limite

    autorizado no estatuto (art. 168);

    III por converso, em aes, de debntures ou partes beneficirias e pelo exerccio de

    direitos conferidos por bnus de subscrio, ou de opo de compra de aes;

    IV por deliberao da assemblia geral extraordinria convocada para decidir sobre

    reforma do estatuto social, no caso de inexistir autorizao de aumento, ou se estar a

    mesma esgotada.

    Como se v, o aumento de capital tem que decorrer necessariamente de deciso assemblear,ou do Conselho de Administrao, quando este autorizado a tal.

    Alm disso, os recursos oriundos das integralizaes de investimentos angariados durante o ano

    no compunham de imediato o patrimnio lquido da empresa, conforme expressa disposio da

    Telebrs, que, enquanto rgo do Poder Concedente, determinava expressamente, a partir do

    chamado Plano de Contas Padro, institudo pela Portaria 1.378/78, que os valores recebidos

    ttulo de participao financeira deveriam ser destinados conta contbil especfica, diversa do

    Patrimnio Lquido, denominada como Outros Valores Recursos para Aumento deCapital.

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    Como se v, do referido Plano de Contas Padro, que balizava o agir contbil das concessionrias

    do servio pblico de telefonia, clara a determinao de que os valores oriundos das

    participaes financeiras no deveriam compor desde logo o patrimnio lquido. Permaneciam

    apartados em conta destinada especificamente a posterior capitalizao, denominada Recursos

    para Aumento do Capital Social.

    Os tipos de contratos e peculiaridades variam de acordo com as datas dos aportes, os tipos de

    Portarias que regulavam os contratos, a forma com que os aportes era realizados, entre outros.

    3. DOS TIPOS DE CONTRATO E DAS PORTARIAS QUE OS REGIAM

    a. Portaria 415/72 reguladora das avenas firmadas de 23/08/1972 at 1974;

    b. Portaria 1.181./74 regradora dos contratos firmados de 01/01/1975 at 14/12/1976

    c. Portaria 1.361/76 reguladora dos contratos discutidos a partir de 15/12/1976 at

    07/11/1990.

    d. Portaria 881/90 com perodo de vigncia a partir de 08/11/1990 e at 09/07/1991

    (era da correo monetria)

    e. Portaria 86/91 Vigente entre 18/07/1991 e 20/08/1996 (balano posterior);

    f. Portaria 1028/96 Vigente entre 21/08/1995 at 30/04/1997 (mdia dos preges);

    i. Das ofertas pblicas de aes (devoluo dos valores investidos em

    decorrncia da impossibilidade de subscrio acionria, considerando a

    privatizao)

    g. Da Portaria 117/91 dos contratos de Planta Comunitria de Telefonia

    (empreendimento privados mediante terceirizao): eram como associaes que

    tinham por fim auferir o servio de telefonia, onde as pessoas pagavam pela

    construo da rede e esta era entregue a cia, para que esta ltima pudesse prover os

    servios.

    i. Com aes dao ttulo de participao financeira

    ii. Sem aes - doao

    h. Portaria 261/97 Vigente de 30/04/1997 at nossos dias (STEL): TARIFA DE

    HABILITAO DE SERVIOS SEM DIREITO A AES obrigatrio a partir

    de 30 de junho de 1997.

    4. DOS CASOS DE CAPITALIZAO DO INVESTIMENTO NO MESMO ANO DA

    INTEGRALIZAO DOS VALORES:

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    - vp do balano anterior ao aporte

    5. DOS CLCULOS DAS AES E A CONVERSO PARA MOEDA

    a) Cr$ 1.000.000,00 = CR$ 1.000,00 (corte de trs casas decimais: cruzeiro para cruzeiro real)b) R$ 1 = CR$ 2.750,00

    c) Cr$ 1.000.000 = CR$ 1.000,00 = R$ 0,36 (cada real era dividido por 2.750 cruzeiros reais)

    d) 1 ao CRT = 48, 564 aes BRT 04

    e) as aes tratadas nas demandas so PREFERENCIAIS

    d) AES DA VIVO: toma-se o resultado e divide por 100, pois os lotes acionrios da Vivo se

    dividem em lotes de 100 e no de 1000 como os da BRT

    6. DAS TESES DISCUTIDAS JUDICIALMENTE: balancete mensal

    a. TESE DO VALOR PATRIMONIAL ANTERIOR VP ANTERIOR VPA:

    Consiste na aplicao do valor patrimonial da ao fixado na ltima assembleia geral

    realizada antes da data da integralizao do capital

    O nmero de aes obtido a partir da diviso do valor integralizado pelo valor patrimonial

    fixado na assembleia. Deste nmero so subtradas as aes j emitidas pela Cia, chegando-

    se a diferena de aes que deveriam ter sido emitidas na poca.

    Esta diferena multiplicada pelo fator de converso das aes CRT em BRT (1 ao CRT =

    58, 56495196 aes BRT) chegando-se a quantidade de aes BRT devidas.

    A quantidade de aes BRT ser multiplicada pelo valor da cotao fixada na bolsa de

    valores, conforme a data determinada pelo juiz

    Critrio de Liquidez: deve ser SEMPRE lquida

    b. TESE DO G8

    chamada assim por ter sido criada por 8 juzes e se assemelha muito com a VPA.

    Nesta tese, o VP utilizado para o clculo das aes devidas pela Cia tambm aquele fixado

    na assembleia ordinria anterior a data da integralizao.

    Entretanto, a quantidade de aes CRT obtidas a partir da diviso da quantia integralizada

    pelo VP anterior multiplicado pelo valor da ao vigente a poca, obtendo-se o valor a ser

    indenizado. Tal quantia atualizada com juros e correo monetria at a data do efetivo

    pagamento.

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    Portanto, neste caso no ocorre a converso de aes CRT para BRT, e o valor da ao no

    o atual fixado pela bolsa de valores e sim aquele que estava vigente na data da integralizao

    do capital.

    Critrio da Liquidez: esta tese ser SEMPRE illquida.

    c. TESE DO VP NA DATA DA INTEGRALIZAO:

    a tese mais genrica e admite diversas formas de interpretao. Neste caso, o juiz apenas

    determina que o clculo das aes CRT seja realizado com base no valor patrimonial da

    ao vigente na data da integralizao, a partir deste critrio podem surgir interpretaes

    diversas: 1) de que o valor vigente seja aquele fixado na assembleia anterior (interpretao

    dos autores), 2) que o valor vigente seja aquele obtido a partir do balancete no ms da

    integralizao (interpretao da Cia).

    Critrio de Liquidez: esta tese ser SEMPRE ilquida

    d. TESE DO BALANCETE VP BALANCETE BALANCETE MENSAL

    Esta a tese arguida nas contestaes e recursos apresentado pela Cia atualmente, trata-se de

    uma tese que diminui substancialmente o valor das indenizaes, chegando diversas vezes a

    inexistir diferena de aes a ser complementada ou at mesmo a concluso de que houve

    emisso de aes a maior.

    Com base nesta tese, o vp utilizado para fins de clculo da quantidade de aes aquele

    obtido a partir dos balancetes mensais, utilizando-se o balancete do ms do aporte de capital.

    Divide-se o valor integralizado pelo VP obtido no balancete, chegando-se a quantidade de

    aes CRT que deveriam ser emitidas. Convertem-se as aes CRT em BRT (conforme

    clculo suprareferido) e posteriormente multiplica-se pelo valor da ao de acordo com a

    cotao da bolsa de valores na data determinada pelo juiz (vide tpico sobre cotaes)

    Para os casos de pagamentos parcelados (vrias datas de aporte) requeremos a utilizao dobalancete correspondente ao ltimo pagamento.

    Critrio da Liquidez: esta ser sempre Lquida.

    e. TESE DA MTRIKA

    Tese que leva este nome por ter sido criada por uma assessoria contbil com tal nome que

    prestava servios Cia.

    bastante semelhante tese do balancete. A forma de apurao do nmero de aes CRT omesmo da tese anterior, contudo, esta quantidade de aes multiplicada pelo valor da ao

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    1.Cotao na data do trnsito em julgado da demanda: defendida pela Cia, pois facilita a

    apurao do valor e o pagamento da condenao

    2. Cotao na data do pagamento: dificulta a previsibilidade do valor a ser pago e o

    encerramento da demanda, pois sempre existir um lapso temporal entre a apresentao do

    clculo e o efetivo pagamento

    3. Maior cotao atingida: critrio que deve ser fortemente combatido, pois com base nele o

    autor ser indenizado utilizando-se o valor da maior cotao j atingida pelas aes desde a

    data que deveria ter sido emitidas.

    8. DIVIDENDOS E JUROS SOBRE CAPITAL PRPRIO

    Ambos so espcies de remunerao dos acionistas em empresas sobre a forma de S.A.

    DIVIDENDOS: so uma parte do lucro da empresa que distribudo aos acionistas, de acordo

    com a proporo de aes de cada um.

    JSCP: ao contrrio dos dividendos, no so pagos de acordo com o desempenho da empresa no

    perodo (lucro). Eles se baseiam no capital investido na empresa, remunerando o acionista com

    juros sobre este capital investido. Geralmente esta espcie de remunerao utilizada quando as

    empresas no apresentam lucro a ser distribudo, mas no apenas nestes casos.

    Ambos possuem um tratamento tributrio diferenciado, fato que pode levar as empresas a optar

    por uma ou outra forma de remunerao.

    Contudo, estas duas formas so absolutamente distintas, desta forma, se o pedido inicial requerer

    apenas uma delas, no pode o Juiz condenar a r ao pagamento de ambas, uma vez que no

    houve pedido neste sentido (sentena extrapetita).

    Portanto, importante verificar nos casos de condenao ao pagamento de dividendos e jscp, se a

    inicial possuir pedidos neste sentido ou apenas uma destas espcies de remunerao.

    9. ILEGITIMIDADE ATIVA DO CESSIOCIONRIO

    A discusso acerca da legitimidade do cessionrio do contrato nasceu a partir de decises do STJ que

    determinavam que somente o contratante originrio era o legitimado para pleitear eventual

    reposio acionria.

    Os caso em que se alega ilegitimidade ativa por cesso de contrato so aqueles em que o autor da

    ao no quem contratou com a Cia, mas que adquiriu de outrem as aes e o direito de uso do

    telefone.

    Nestes casos, deve ser alegada a ilegitimidade ativa do cessionrio, pois quem tem legitimidade para

    pleitear eventual reposio acionria aquele que efetivamente integralizou capital junto a Cia.