apostila direito do consumidor professora fernanda theophilo carmona kincheski

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1 APOSTILA DE DIREITO DO CONSUMIDOR Ementa Código de Defesa do Consumidor. Política nacional das relações de consumo. Conceitos e relação entre consumidor e fornecedor. Prevenção e reparação de danos. Responsabilidade por fato e vício do produto e serviço. Garantia legal e contratual dos produtos e serviços. Oferta e publicidade. Sanções. Carga Horária - 20 horas Objetivos Proporcionar ao participante do curso uma compreensão geral acerca dos direitos do consumidor Promover conhecimento sobre a responsabilidade civil dos fornecedores nas relações de consumo Proporcionar atividades que sensibilizem o participante a perceber a forma correta de informar e ofertar produtos e serviços aos consumidores Promover conhecimento sobre as formas de sanções e suas conseqüências para os fornecedores Conteúdo programático 1. Introdução 2. Breve relato histórico 3. Panorama do direito do consumidor no Brasil 4. Conceitos 4.1. Consumidor 4.2. Fornecedor 4.3. Relação de consumo 5. Prevenção e reparação dos danos 5.1. Direitos básicos 6. Responsabilidade civil no CDC

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    APOSTILA DE DIREITO DO CONSUMIDOR

    Ementa Cdigo de Defesa do Consumidor. Poltica nacional das relaes de consumo. Conceitos e relao entre consumidor e fornecedor. Preveno e reparao de danos. Responsabilidade por fato e vcio do produto e servio. Garantia legal e contratual dos produtos e servios. Oferta e publicidade. Sanes. Carga Horria - 20 horas Objetivos

    Proporcionar ao participante do curso uma compreenso geral acerca dos direitos do consumidor

    Promover conhecimento sobre a responsabilidade civil dos fornecedores nas relaes de consumo

    Proporcionar atividades que sensibilizem o participante a perceber a forma correta de informar e ofertar produtos e servios aos consumidores

    Promover conhecimento sobre as formas de sanes e suas conseqncias para os fornecedores

    Contedo programtico

    1. Introduo

    2. Breve relato histrico

    3. Panorama do direito do consumidor no Brasil

    4. Conceitos

    4.1. Consumidor

    4.2. Fornecedor

    4.3. Relao de consumo

    5. Preveno e reparao dos danos

    5.1. Direitos bsicos

    6. Responsabilidade civil no CDC

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    6.1. Responsabilidade pelo fato do produto e do servio

    6.2. Responsabilidade pelo vcio do produto e do servio

    7. Garantias

    7.1. Garantia legal de adequao

    7.2. Garantia contratual

    8. Oferta e publicidade

    8.1. Princpios e requisitos da oferta

    8.2. Publicidade enganosa

    8.3. Publicidade abusiva

    9. Sanes

    10. Concluso

    METODOLOGIA

    Aulas terico-expositivas. Apresentao e discusso de casos e

    jurisprudncias. Seminrios.

    CRITRIOS PARA AVALIAO Avaliaes sistemticas, trabalhos escritos e seminrios. O grau total que pode ser atribudo ao aluno obedecer seguinte ponderao: 50% avaliao individual - 14/01 (sexta) 50% por meio de organizao, apresentao em seminrio e trabalhos em grupo dia 15/01 (sbado) BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

    ALMEIDA, Carlos Ferreira de. Negcio jurdico de consumo: caracterizao, fundamento e regime jurdico. Boletim do Ministrio da Justia, Lisboa, v.347, jun.1985. BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcelos. O conceito jurdico de consumidor. So Paulo: Revista dos Tribunais, v. 628, p. 69. BRASIL. Cdigo brasileiro de defesa do consumidor. Comentado por Ada Pellegrini Grinover et al. 7, ed. rev. amp. e atual. So Paulo: Forense, 2002. CAVALIERI FILHO. Srgio. Programa de responsabilidade civil. 5. ed. rev. aum. e atual. So Paulo: Malheiros, 2003.

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    COMPARATO, Fbio Konder. A proteo do consumidor: Importante captulo do direito econmico. So Paulo: Revista de direito mercantil industrial, econmico e financeiro, v.13, n.15/16, 1974. DIREITO. Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Srgio; TEIXEIRA, Slvio de Figueiredo (Coord.) Comentrios ao novo Cdigo Civil: da responsabilidade civil, das preferncias e privilgios creditrios. Rio de Janeiro: Forense, 2004, v. XIII. FILOMENO, Jos Geraldo Brito. Manual do direito do consumidor. So Paulo: Atals, 1991 GAMA, Hlio Zaghetto. Curso de direito do consumidor. Rio de Janeiro: Forense, 2000. GRINOVER, Ada Pelegrini et al. Cdigo brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2004. GUIMARES, Paulo Jorge Scartezzini. Vcios do produto e do servio por qualidade, quantidade e insegurana: cumprimento imperfeito do contrato. So Paulo: revista dos Tribunais, 2004. MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antnio Herman V.; MIRAGEM, Bruno. Comentrios ao cdigo de defesa do consumidor. 2. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. MARQUES, Claudia Lima. Contratos no cdigo de defesa do consumidor. 5. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. MICHAELIS 2000: Moderno dicionrio da lngua portuguesa. Rio de Janeiro: Reader's Digest; So Paulo: Melhoramentos, 2000. NOVAS, Alinne Arquette Leite. A teoria contratual e o cdigo de defesa do consumidor. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. NUNES, Rizzato. Curso de direito do consumidor. 2. ed. rev. modif. e atual. So Paulo: Saraiva, 2006. VENOSA, Silvio de Salvo. Teoria geral das obrigaes e teoria geral dos contratos. 3. ed. v. 2. So Paulo: Atlas, 2003.

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    CURRCULO RESUMIDO PROF ESP. FERNANDA THEOPHILO CARMONA KINCHESKI Fernanda Theophilo Carmona Kincheski advogada graduada pela Universidade de Cuiab, desde 2002, com MBA em Direito Empresarial e Docncia no Ensino Superior pela Fundao Getlio Vargas-RJ, Especialista em Direito do Consumidor pela Universidade Gama Filho-RJ, Membro da Comisso de Defesa do Consumidor da OAB-MT, Assessora Jurdica e Revisora da Cartilha do Consumidor da OAB-MT. Atualmente advogada no escritrio Carmona & Carmona Advogados Associados, professora na Universidade de Cuiab na Faculdade de Administrao de Empresas nas disciplinas de Introduo ao Direito, Direito Empresarial e Direito do Consumidor.

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    O DIREITO DO CONSUMIDOR

    PROF. FERNANDA THEOPHILO CARMONA KINCHESKI

    1. INTRODUO: considerado consumidor toda pessoa ou empresa que numa relao de consumo, adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final, ou seja, para satisfazer suas prprias necessidades.

    considerado fornecedor todo aquele que produz, distribui ou comercializa produtos ou presta servios.

    A Constituio Federal de 05 de outubro de 1988 em seu artigo 170, V, assegura a todos a defesa do consumidor e, em 1990 foi criado o Cdigo de Defesa do Consumidor, que o conjunto de normas que estabelece os direitos do consumidor, as responsabilidades de quem vende os produtos, regulamenta as prticas de comrcio e a publicidade, probe prticas abusivas e estabelece punies para o desrespeito ao consumidor. Se a pessoa no estiver satisfeita com o que adquiriu, poder pedir a substituio do produto por outro em boas condies, a devoluo da quantia paga ou o abatimento no preo. proibido aos fornecedores a venda de produtos fora do prazo de validade ou que estejam estragados, alterados ou falsificados. No caso de a prestao de servios no ter sido satisfatria, o consumidor poder exigir a reexecuo do servio sem nenhum custo adicional, a devoluo da quantia paga ou o abatimento no preo.

    O consumidor tem o direito de ser protegido dos riscos de produtos perigosos, de ser informado sobre o consumo adequado dos produtos e de se saber a especificao correta de sua quantidade, caractersticas, composio, qualidade e preo, de ser protegido contra a publicidade enganosa e de ter acesso Justia para pedir a reparao de qualquer prejuzo e defender seus direitos.

    O crescimento do nvel de conscincia dos consumidores no Brasil o exemplo mais claro, e mostra que a democracia est cada dia mais sedimentada. O Cdigo de Defesa do Consumidor, Lei n 8.078 de 11 de setembro de 1990 e o Decreto 2.181, de 20 de maro de 1997 so invocados a

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    cada dia, em todas as partes do pas. Poucas leis brasileiras se mostraram to eficientes e populares. E mesmo com dados to positivos, ainda sabemos que, 90% da populao no reclama seus direitos, mesmo tendo conhecimento deles. Somente com o desenvolvimento amplo da conscincia cidad de cada um dos brasileiros para erguer os pilares de sustentao de uma nao forte, soberana e democrtica. 2. A HISTRIA DO CONSUMO E A PROTEO AO CONSUMIDOR: Os dicionrios brasileiros do vrias definies sobre a palavra consumidor, como exemplo citaremos o Michaelis 2000 - Moderno Dicionrio da lngua Portuguesa, p.569, que diz: "consumidor aquele que compra para o prprio gasto".

    Todos em resumo abordam que consumidor qualquer pessoa que compra produto ou contrata um servio para satisfazer suas necessidades pessoais ou familiares, independente da idade, condio social ou econmica.

    Para que algum possa adquirir um produto ou contratar um servio

    necessrio a existncia de fornecedores. Essa relao se toma cada dia mais intensa medida em que o mundo vai se modernizando e as pessoas vo ansiando por novos produtos e servios.

    Durante sculos as pessoas consumiam somente para satisfazer suas necessidades bsicas de alimentao, vesturio, produtos agrcolas e remdios. No havia produo em srie, estoque ou grandes pontos de vendas, os produtos eram feitos de forma artesanal e em pouca quantidade. No Brasil a situao no era diferente, at as primeiras dcadas do sculo XIV muitos produtos eram feitos apenas por encomendas. As mudanas em relao ao consumo comearam com a vinda da famlia real portuguesa ao Brasil em 1808. Nossos portos foram abertos para o progresso e chegavam desde alimentos, vesturio, objetos, especiarias da Europa e principalmente da ndia. Proteger o consumidor uma preocupao bem antiga. Alguns livros datam que desde o sculo XIII, a.C., o cdigo de Mass da ndia estabelecia sanes para os casos de adulteraes aos falsificadores.

    No sculo XVIII a.C., na Babilnia Antiga, existia o Cdigo de Hamurabi, que continha regras para tratar questes de cunho patrimoniais, assuntos relativos ao preo, qualidade e quantidade de produtos.

    No sculo XVII, o microscpio passou a ser um grande aliado dos

    consumidores no auxlio da anlise da gua, alimentos e adulteraes, principalmente de especiarias.

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    No final do sculo XIX, o movimento de defesa do consumidor, j

    sendo tratado com essa denominao, ganhou fora nos Estados Unidos em virtude do avano do capitalismo. Com o surgimento das indstrias e a variedade dos produtos a preocupao com a relao entre produtor e consumidor ficou ainda maior.

    3. PROTEO AO CONSUMIDOR NO BRASIL: A legislao brasileira sempre contemplou dispositivos e normas legais para a proteo do consumidor. Em 1850 foi institudo o Cdigo Comercial, que em seus artigos 629 a 632 estabelecia direitos e obrigaes dos passageiros em embarcaes, e uma das clusulas determinava o seguinte: "Interrompendo-se a viagem depois de comeada por demora de conserto do navio, o passageiro pode tomar passagem em outro, pagando o preo correspondente viagem feita. Se quiser esperar pelo conserto, o capito no obrigado ao seu sustento; salvo se o passageiro no encontrar outro navio em que comodamente se possa transportar, ou o preo da nova passagem exceder o da primeira, na proporo da viagem andada" .

    Nos anos seguintes foram estabelecidas novas normas que beneficiavam o consumidor. Em 1916 o Cdigo Civil, tambm em seu artigo 1.245 estabelecia critrios de responsabilidade aos fornecedores determinando que: "Nos contratos de empreitada de edifcios ou outras construes considerveis, o empreiteiro de materiais e execuo responder, durante cinco anos, pela solidez e segurana do trabalho, assim em razo dos materiais, como do solo, exceto, quanto a este, se no o achando firme, preveniu em tempo o dono da obra".

    Nos anos 50, no perodo ps Guerra, o Brasil d uma arrancada rumo

    ao progresso e as novas tecnologias. Lojas de departamento e grandes magazines so construdos, o consumo aumenta e a preocupao com a proteo ao consumidor tambm. So criadas novas leis e critrios que deviam ser respeitados pelos fornecedores.

    O marco na proteo ao consumidor nos anos 60 foi promulgao da Lei Delegada n 4 de 1962 que vigorou at 1993 e visava assegurar a livre distribuio de produtos. Na dcada de 70 chega ao Brasil as grandes redes de supermercados criando uma mudana no comportamento social, aumenta o acesso a informao e o consumo impulsionado por grandes campanhas publicitrias no rdio e na televiso colorida, que, comea a ser um dos bens de consumo mais cobiados na poca.

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    Os anos 80 foram marcados por profundas transformaes polticas no Pas. volta da democracia e vrios planos polticos marcaram essa dcada e com isso aumentou a participao popular nas questes envolvendo o consumo. Regulamentaes setoriais, normas tcnicas e de boa prtica, difundiam direta e indiretamente a proteo aos consumidores. Diversas entidades civis comearam a se organizar e despontar em seguimentos especficos, tais como: Associao de Inquilinos, Associao de Pais e Alunos e muitas outras. Em 1980 instituda a Comisso de Defesa do Consumidor da OAB em So Paulo e em 1987 foi criado o IDEC, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Finalmente em 1990, no dia 11 de setembro foi sancionada a Lei n 8.078, conhecida como Cdigo de Defesa do Consumidor que tambm criou o Departamento de Proteo e Defesa do Consumidor, da Secretaria do Direito Econmico do Ministrio da Justia. Outras entidades civis passam a atuar na proteo e defesa dos interesses dos associados, exemplo a Associao das Vtimas de Erros Mdicos, ANDIF - Associao Nacional dos Devedores de Instituies Financeiras, a BRASILCON - Instituto Brasileiro de Poltica e Direito do Consumidor e muitas outras. Os artigos 4 e 5 do Cdigo de Defesa do Consumidor tratam especificamente sobre a poltica nacional de relaes de consumo, reconhecendo as necessidades especiais que os consumidores possuem, atravs da aplicao dos seguintes princpios: a) da vulnerabilidade do consumidor O consumidor a parte mais fraca da relao de consumo, merecendo especial proteo do Estado. b) do intervencionismo do Estado Para garantir a proteo ao consumidor, no s com a previso de normas jurdicas, mas com um conjunto de medidas que visam o equilbrio das relaes de consumo, coibindo abusos, a concorrncia desleal e quaisquer outras prticas que possam prejudicar o consumidor. c) da harmonizao de interesses Visa garantir a compatibilidade entre o desenvolvimento econmico e o atendimento das necessidades dos consumidores, com respeito sua dignidade, sade e segurana. d) da boa-f e equidade Garante o equilbrio entre consumidores e fornecedores, buscando a mxima igualdade em todas as relaes, com aes pautadas na veracidade e transparncia. e) da transparncia - Garantido pela educao para o consumo e, especialmente, pela informao clara e irrestrita ao consumidor e ao

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    fornecedor sobre seus direitos e obrigaes. 4. CONCEITOS E RELAO DE CONSUMO O Cdigo de Defesa do Consumidor define em seu art. 2 o consumidor como toda pessoa fsica ou jurdica que adquira ou utiliza produto ou servio como destinatrio final. Existem muitas correntes doutrinrias que buscam explicar tal conceito, especialmente a expresso destinatrio final dada pelo legislador, entretanto a interpretao deve ser dada da forma mais ampla possvel, atendendo os princpios e as finalidades do Cdigo de Defesa do Consumidor. Destinatrio final ento ser aquele que adquirir a ttulo gratuito ou oneroso ou aquele que, mesmo no tendo adquirido, utilizou ou consumiu o produto ou servio, sendo este o fim da cadeia produtiva. Assim, quando um produto ou servio for adquirido ou utilizado dentro ainda dentro da cadeia de produo, o direito a ser aplicado ser o direito comum e no o Cdigo de Defesa do Consumidor. O Cdigo de Defesa do Consumidor ainda trs a figura do consumidor por equiparao conforme se destacam no pargrafo nico do artigo 2 e nos artigos 17 e 29, casos em que se aplicam as disposies do Cdigo para aqueles que efetivamente no se adquiriram produto ou servio, mas os utilizaram ou simplesmente esto expostos a estes.

    PADRO/REAL o destinatrio final que retira o

    produto ou servio do mercado de consumo atravs de sua

    aquisio ou utilizao (art.2)

    Consumidor EQUIPARADO coletividade que haja intervindo na

    relao de consumo (pargrafo nico do art.2), vtimas do

    evento danoso (art.17), coletividade (art.29)

    CONSUMIDOR Concessionria

    de automvel

    Direito comum CDC

    Montadora

    de automvel

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    Sem maiores dificuldades o conceito de fornecedor est definido do artigo 3 do Cdigo de Defesa do Consumidor como toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios. Assim, qualquer pessoa fsica ou jurdica que pratique atividade econmica (almeja lucro) de forma habitual, mesmo despersonalizada (massa falida e camel) ser fornecedor. Entretanto, o Cdigo de Defesa do Consumidor apesar de no mencionar explicitamente faz diferenciao de tipos de fornecedores ao trat-los diversamente nos artigos 12 e 18, sendo necessrio esclarecer quais so eles: REAL participa da cadeia produtiva

    PRESUMIDO coloca sua logomarca no produto,

    Fornecedor mesmo sem produzi-lo

    APARENTE o comerciante, o importador (so

    intermediantes)

    Diante os conceitos supracitados, existir relao jurdica de consumo sempre que puder identificar num dos plos da relao o consumidor, no outro, o fornecedor, ambos transacionando produtos ou servios. 5. PREVENO E REPARAO DE DANOS: O Cdigo de Defesa do Consumidor, artigo 6, estabelece os direitos bsicos do consumidor: a) Proteo vida e sade - Antes de comprar um produto, ou utilizar um servio, o consumidor deve ser avisado pelo fornecedor, dos possveis riscos que ele possa oferecer sua sade ou segurana. b) Educao para o consumo - Todo o consumidor tem direito a receber orientao sobre o consumo adequado e correto de cada produto ou servio. c) Escolha de produtos e servios - O consumidor deve ter assegurado a liberdade de escolha dos produtos e servios e a igualdade das contrataes.

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    d) Informao - Ao entrar em um estabelecimento comercial ou contratar alguma empresa de servios, o consumidor tem o direito de ser informado de maneira clara e objetiva dos diferentes produtos e servios oferecidos, com especificaes correta quanto: a quantidade, caracterstica, qualidade e preo, bem como sobre os riscos que eles possam apresentar decorrente do uso inadequado. e) Proteo contra a publicidade enganosa ou abusiva - O Cdigo garante proteo ao consumidor contra mtodos comerciais, desleais, prticas e clusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e servios. f) Proteo contratual - O Cdigo tomou possvel fazer mudanas em clusulas contratuais que estabeleam prestaes desproporcionais ou reviso em razo de fatos posteriores que possam causar dificuldade no cumprimento do mesmo por ter se tomado excessivamente oneroso. g) Indenizao - Caso haja algum descumprimento ou falha nos servios prestados o consumidor tem o direito de ter a reparao de danos patrimoniais, morais, individuais, coletivos e difusos. h) Acesso justia - O Cdigo garante ao consumidor o acesso justia atravs dos rgos judicirios, administrativos e tcnicos e assegura a proteo jurdica aos necessitados. i) Facilitao da defesa de seus direitos - O Cdigo facilita a defesa dos direitos do consumidor permitindo at, que em certos casos, seja invertido o nus da prova dos fatos. j) Qualidade dos servios pblicos - Existem normas no Cdigo de Defesa do Consumidor que asseguram a prestao de servios pblicos de qualidade, assim como o bom atendimento ao consumidor pelos rgos pblicos ou empresas concessionrias desses servios. 6. RESPONSABILIDADE CIVIL: A responsabilidade civil do fornecedor definida no Cdigo de Defesa do Consumidor, nos artigos 12 e 18, objetiva, ou seja, independente de culpa o fornecedor responsvel pelo fato e pelo vcio de seus produtos ou servios, isto porque a teoria do risco integral, hoje adotada excepcionalmente no Novo Cdigo Civil , aqui se aplica como regra, pois inerente atividade econmica, ademais associam-se a esse conceito todos os princpios e finalidades do Cdigo de Defesa do Consumidor.

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    Excepcionalmente, o Cdigo definiu a responsabilidade dos profissionais liberais de forma diversa, sendo esta conferida mediante a verificao de culpa dos profissionais liberais, a chamada responsabilidade subjetiva, que se caracteriza pela comprovao de negligncia, imprudncia ou impercia. O vcio aquele que compromete a qualidade ou a quantidade do produto ou do servio que os tornem imprprios ou inadequados para o consumo a que se destinam e tambm lhes diminuam o valor, aplicando-se a responsabilidade solidria a todos os tipos de fornecedores de cadeia de produo do bem ou do servio, nos termos do artigo 18. O vcio pode ser aparente, de fcil constatao, aparecendo no singelo uso ou consumo do produto ou servio, ou pode ser oculto, quando s aparecem algum ou muito tempo aps o uso e/ou que, por estarem inacessveis ao consumidor, no podem ser detectados na utilizao ordinria. Conforme prev o 1 do artigo 18, o fornecedor tem direito de tentar sanar o problema no prazo de 30 dias, ou outro entre 7 a 180 dias se acordado com o consumidor, caso contrrio o consumidor escolher uma das alternativas do mesmo dispositivo para a soluo do vcio. Portanto, a chamada assistncia tcnica oferecida pelos fornecedores se aplica justamente nesse momento, quando lhes dada a oportunidade de resolver o problema. Entende-se por fato do produto ou servio o defeito que atinge a essncia da coisa, um vcio acrescido de um problema extra, algo intrnseco ao produto ou servio, que causa dano maior que simples mau funcionamento, a quantidade errada, perda do valor pago j que o produto ou servio no cumpriu o fim ao qual se destinava, impondo, como regra, a responsabilidade do fornecedor real, conforme determina o artigo 12, casos em que o acidente de consumo ser resolvido com o pagamento de indenizao por danos morais e ou materiais. De forma sucinta os quadros abaixo fazem uma comparao, abordando as diferenas entre vcio e fato dos produtos ou servios:

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    7. GARANTIAS: O Cdigo de Defesa do Consumidor deu ao consumidor uma proteo legal buscando impor a qualidade nos produtos e servios ofertados no mercado de consumo e, assim, atribuiu uma garantia legal para todos os produto e servios, independentemente de concordncia do fornecedor ou qualquer termo expresso. A chamada garantia legal esta prevista no artigo 26 do Cdigo de Defesa do Consumidor, sendo de 30 dias para produtos e servios no durveis e 90 dias para produtos e servios durveis. Entretanto muitos fornecedores reais tambm oferecem garantias aos seus produtos e servios, numa tentativa de demonstrar a qualidade e durabilidade dos mesmos, essa garantia denominada garantia contratual deve ver conferida mediante termo expresso, conforme orienta o artigo 50 do Cdigo. Vale ressaltar que os dispositivos legais supracitados trazem regras para aplicao das garantias, ressaltando-se que o artigo 50, conforme interpretao

    Fato

    Art. 12/17

    Ofende a integridade fsica

    ou psquica

    Conceito: acidente de

    consumo

    Consumidor real a vtima

    Prazo prescricional 5 anos

    (art. 27)

    Responsabilidade do

    fornecedor real.

    Fornecedor aparente ser

    responsvel nos casos do

    art. 13

    Direito: indenizao pelos

    danos materiais e morais

    Vcio

    Art. 18/25

    Ofende a integridade econmica

    Conceito: problema de

    qualidade/quantidade

    Consumidor padro

    Prazo decadencial: 30 dias

    para no durveis e 90 para

    durveis (art. 26)

    Responsabilidade solidria

    de todos os fornecedores

    da cadeia de produo

    Direito: opes do 1

    art. 18 e incisos do

    art. 19

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    do STJ, determina a adio da garantia contratual aps esgotado o prazo da garantia legal. 8. OFERTA E PUBLICIDADE: A oferta o meio pelo qual o fornecedor expe seus produtos e servios no mercado de consumo, de forma a atrair o consumidor para que o mesmo adquira ou os utilize. A publicidade uma das formas mais comuns de oferta, ocorrendo atravs de anncios nos meios de comunicao escritos, televiso, rdio, folhetos, rtulos, embalagens. Mas a oferta no se restringe a publicidade, sendo mais ampla atinge qualquer informao prestada ao consumidor, seja ela dada pela gerente do banco, pelo funcionrio do atendimento telefnico, ou seja qualquer informao prestada ao consumidor, por qualquer meio de comunicao escrita, verbal, gestual etc. Dessa forma, toda informao suficientemente precisa integra o contrato, vinculando, obrigando o seu cumprimento ao fornecedor, conforme determina o artigo 30 do Cdigo de Defesa do Consumidor, sob pena do seu cumprimento forado de acordo com as alternativas do artigo 35. O artigo 31 do Cdigo exemplificativo, mas determina os elementos obrigatrios mnimos para apresentao e oferta de produtos e servios, sendo crime punvel nos termos do artigo 63. justamente pela maioria das ofertas serem veiculadas atravs de publicidades que o Cdigo definiu nos pargrafos 1 e 2 do artigo 37 os conceitos de publicidade enganosa e abusiva, condutas que constituem ato ilcito, punveis nos termos dos artigos 66 ao 68.

    enganosa qualquer modalidade de informao ou comunicao de carter publicitrio, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omisso, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, caractersticas, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preo e quaisquer outros dados sobre produtos e servios.

    abusiva, dentre outras a publicidade discriminatria de qualquer natureza, a que incite violncia, explore o medo ou a superstio, se aproveite da deficincia de julgamento e experincia da criana, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa sua sade ou segurana.

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    importante destacar que erros podem ocorrer na oferta de produtos e servios, mas estes s eximem sua obrigatoriedade quando forem erros escusveis, patentes, de fcil constatao, como exemplo o preo de uma televiso de LCD 32 anunciada por R$ 150,00, sendo que o valor correto R$ 1.500,00 ou quando ocorrer a retificao da oferta em tempo hbil para no ocorrer a legitima expectativa do consumidor ou qualquer dano. A responsabilidade pela veracidade da informao e da publicidade ser de quem as patrocina, conforme artigo 38 do Cdigo de Defesa do Consumidor, mas a Lei especfica (9.294/96) tambm reconhece a responsabilidade solidria do anunciante, da agncia de publicidade e do veculo de divulgao utilizado, na medida de sua participao e ou poder decisrio, pelos danos que o planejamento, criao, execuo e veiculao do anncio tenham causado. O tema atraente sendo recomendado entre outras a leitura da Constituio Federal (artigo 220 4) e da Lei 9.294 de 15 de julho de 1996, que dispe sobre restries ao uso e publicidade de produtos fumgenos, bebidas alcolicas, medicamentos e terapias. 9. PUNIO AOS FORNECEDORES: Alm da responsabilidade civil e penal, o Cdigo de Defesa do Consumidor impe penas para o fornecedor que no obedecer as Leis. Essas penas so chamadas de sanes administrativas que podem ser aplicadas em forma de: multas, apreenso do produto, cassao do registro do produto em um rgo competente, suspenso temporria do fornecimento ou do servio, suspenso temporria das atividades, cassao da licena do estabelecimento, interdio total ou parcial do estabelecimento, interveno administrativa, imposio da contrapropaganda e indenizao ao consumidor. Alm da aplicao de todas essas sanes, o fornecedor que no agir corretamente poder ser preso dependendo da gravidade do caso. Os rgos pblicos de defesa do consumidor so obrigados pelo Cdigo a ter um cadastro das reclamaes feitas pelo consumidor contra determinados fornecedores que podem ser consultados a qualquer momento pelos interessados e devem ser publicados todos os anos.

    11. CONCLUSO: 12.

    Desde os sculos passados, j existia a necessidade de estabelecerem

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    normas, direitos e deveres nas relaes entre consumidores e fornecedores. Com o passar dos anos estas relaes exigiram maiores detalhes, j que o consumo no Brasil arrancava rumo ao progresso. Aps varias transformaes polticas, progressos tecnolgicos e grandes investimentos no comrcio e em campanhas publicitrias, as preocupaes com a relao entre produtores e consumidores cresceu inevitavelmente. Por fora maior, a proteo ao consumidor foi promulgada nos anos 60 e vigorou at 1993, visando a livre distribuio dos produtos, com a regulamentao tcnica e de boa prtica j difundiam direta ou indiretamente a proteo ao consumidor. Em 1980 instituda a Comisso de Defesa ao Consumidor da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em So Paulo. At que em 11 de Setembro de 1990, foi sancionada a Lei n 8.078 denominada: Cdigo de Defesa do Consumidor.

    O consumidor tem que lutar pelos seus direitos. Segundo pesquisas,

    ainda hoje 90% (noventa por cento) dos brasileiros no reclamam. Talvez por falta de conhecimento, pelo fato de existirem processos burocrticos, gastos com aes que muitas vezes superam o valor do bem/servio adquirido. Preferem ficar com o prejuzo, Isso faz com que desta maneira aconteam mais falsificaes, deslealdade e publicidades enganosas e explorem cada vez mais o consumidor de forma abusiva e indiscriminada.

    No basta conhecer seus direitos, mas sim que eles sejam respeitados.

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    ANEXOS

    Cdigo de defesa do Consumidor

    Texto: O Recall

    Jurisprudncias

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    LEI N 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990.

    Regulamento

    Regulamento

    Dispe sobre a proteo do consumidor e d

    outras providncias.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA, fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

    TTULO I Dos Direitos do Consumidor

    CAPTULO I Disposies Gerais

    Art. 1 O presente cdigo estabelece normas de proteo e defesa do consumidor, de ordem pblica e interesse social, nos termos dos arts. 5, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituio Federal e art. 48 de suas Disposies Transitrias.

    Art. 2 Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final.

    Pargrafo nico. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indeterminveis, que haja intervindo nas relaes de consumo.

    Art. 3 Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios.

    1 Produto qualquer bem, mvel ou imvel, material ou imaterial.

    2 Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria, salvo as decorrentes das relaes de carter trabalhista.

    CAPTULO II Da Poltica Nacional de Relaes de Consumo

    Art. 4 A Poltica Nacional das Relaes de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito sua dignidade, sade e segurana, a proteo de seus interesses econmicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparncia e harmonia das relaes de consumo, atendidos os seguintes princpios: (Redao dada pela Lei n 9.008, de 21.3.1995)

    I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

    II - ao governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:

    a) por iniciativa direta;

    b) por incentivos criao e desenvolvimento de associaes representativas;

    c) pela presena do Estado no mercado de consumo;

    d) pela garantia dos produtos e servios com padres adequados de qualidade, segurana, durabilidade e desempenho.

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    III - harmonizao dos interesses dos participantes das relaes de consumo e compatibilizao da proteo do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econmico e tecnolgico, de modo a viabilizar os princpios nos quais se funda a ordem econmica (art. 170, da Constituio Federal), sempre com base na boa-f e equilbrio nas relaes entre consumidores e fornecedores;

    IV - educao e informao de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas melhoria do mercado de consumo;

    V - incentivo criao pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurana de produtos e servios, assim como de mecanismos alternativos de soluo de conflitos de consumo;

    VI - coibio e represso eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrncia desleal e utilizao indevida de inventos e criaes industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuzos aos consumidores;

    VII - racionalizao e melhoria dos servios pblicos;

    VIII - estudo constante das modificaes do mercado de consumo.

    Art. 5 Para a execuo da Poltica Nacional das Relaes de Consumo, contar o poder pblico com os seguintes instrumentos, entre outros:

    I - manuteno de assistncia jurdica, integral e gratuita para o consumidor carente;

    II - instituio de Promotorias de Justia de Defesa do Consumidor, no mbito do Ministrio Pblico;

    III - criao de delegacias de polcia especializadas no atendimento de consumidores vtimas de infraes penais de consumo;

    IV - criao de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a soluo de litgios de consumo;

    V - concesso de estmulos criao e desenvolvimento das Associaes de Defesa do Consumidor.

    1 (Vetado).

    2 (Vetado).

    CAPTULO III Dos Direitos Bsicos do Consumidor

    Art. 6 So direitos bsicos do consumidor:

    I - a proteo da vida, sade e segurana contra os riscos provocados por prticas no fornecimento de produtos e servios considerados perigosos ou nocivos;

    II - a educao e divulgao sobre o consumo adequado dos produtos e servios, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contrataes;

    III - a informao adequada e clara sobre os diferentes produtos e servios, com especificao correta de quantidade, caractersticas, composio, qualidade e preo, bem como sobre os riscos que apresentem;

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    IV - a proteo contra a publicidade enganosa e abusiva, mtodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra prticas e clusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e servios;

    V - a modificao das clusulas contratuais que estabeleam prestaes desproporcionais ou sua reviso em razo de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

    VI - a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

    VII - o acesso aos rgos judicirios e administrativos com vistas preveno ou reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteo Jurdica, administrativa e tcnica aos necessitados;

    VIII - a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critrio do juiz, for verossmil a alegao ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincias;

    IX - (Vetado);

    X - a adequada e eficaz prestao dos servios pblicos em geral.

    Art. 7 Os direitos previstos neste cdigo no excluem outros decorrentes de tratados ou convenes internacionais de que o Brasil seja signatrio, da legislao interna ordinria, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princpios gerais do direito, analogia, costumes e eqidade.

    Pargrafo nico. Tendo mais de um autor a ofensa, todos respondero solidariamente pela reparao dos danos previstos nas normas de consumo.

    CAPTULO IV Da Qualidade de Produtos e Servios, da Preveno e da Reparao dos Danos

    SEO I Da Proteo Sade e Segurana

    Art. 8 Os produtos e servios colocados no mercado de consumo no acarretaro riscos sade ou segurana dos consumidores, exceto os considerados normais e previsveis em decorrncia de sua natureza e fruio, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hiptese, a dar as informaes necessrias e adequadas a seu respeito.

    Pargrafo nico. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informaes a que se refere este artigo, atravs de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.

    Art. 9 O fornecedor de produtos e servios potencialmente nocivos ou perigosos sade ou segurana dever informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuzo da adoo de outras medidas cabveis em cada caso concreto.

    Art. 10. O fornecedor no poder colocar no mercado de consumo produto ou servio que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade sade ou segurana.

    1 O fornecedor de produtos e servios que, posteriormente sua introduo no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, dever comunicar o fato imediatamente s autoridades competentes e aos consumidores, mediante anncios publicitrios.

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    2 Os anncios publicitrios a que se refere o pargrafo anterior sero veiculados na imprensa, rdio e televiso, s expensas do fornecedor do produto ou servio.

    3 Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou servios sade ou segurana dos consumidores, a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios devero inform-los a respeito.

    Art. 11. (Vetado).

    SEO II Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Servio

    Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricao, construo, montagem, frmulas, manipulao, apresentao ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua utilizao e riscos.

    1 O produto defeituoso quando no oferece a segurana que dele legitimamente se espera, levando-se em considerao as circunstncias relevantes, entre as quais:

    I - sua apresentao;

    II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

    III - a poca em que foi colocado em circulao.

    2 O produto no considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.

    3 O fabricante, o construtor, o produtor ou importador s no ser responsabilizado quando provar:

    I - que no colocou o produto no mercado;

    II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

    III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

    Art. 13. O comerciante igualmente responsvel, nos termos do artigo anterior, quando:

    I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador no puderem ser identificados;

    II - o produto for fornecido sem identificao clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;

    III - no conservar adequadamente os produtos perecveis.

    Pargrafo nico. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poder exercer o direito de regresso contra os demais responsveis, segundo sua participao na causao do evento danoso.

    Art. 14. O fornecedor de servios responde, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos prestao dos servios, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua fruio e riscos.

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    1 O servio defeituoso quando no fornece a segurana que o consumidor dele pode esperar, levando-se em considerao as circunstncias relevantes, entre as quais:

    I - o modo de seu fornecimento;

    II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

    III - a poca em que foi fornecido.

    2 O servio no considerado defeituoso pela adoo de novas tcnicas.

    3 O fornecedor de servios s no ser responsabilizado quando provar:

    I - que, tendo prestado o servio, o defeito inexiste;

    II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

    4 A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais ser apurada mediante a verificao de culpa.

    Art. 15. (Vetado).

    Art. 16. (Vetado).

    Art. 17. Para os efeitos desta Seo, equiparam-se aos consumidores todas as vtimas do evento.

    SEO III Da Responsabilidade por Vcio do Produto e do Servio

    Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo durveis ou no durveis respondem solidariamente pelos vcios de qualidade ou quantidade que os tornem imprprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicaes constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitria, respeitadas as variaes decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituio das partes viciadas.

    1 No sendo o vcio sanado no prazo mximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e sua escolha:

    I - a substituio do produto por outro da mesma espcie, em perfeitas condies de uso;

    II - a restituio imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuzo de eventuais perdas e danos;

    III - o abatimento proporcional do preo.

    2 Podero as partes convencionar a reduo ou ampliao do prazo previsto no pargrafo anterior, no podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adeso, a clusula de prazo dever ser convencionada em separado, por meio de manifestao expressa do consumidor.

    3 O consumidor poder fazer uso imediato das alternativas do 1 deste artigo sempre que, em razo da extenso do vcio, a substituio das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou caractersticas do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

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    4 Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do 1 deste artigo, e no sendo possvel a substituio do bem, poder haver substituio por outro de espcie, marca ou modelo diversos, mediante complementao ou restituio de eventual diferena de preo, sem prejuzo do disposto nos incisos II e III do 1 deste artigo.

    5 No caso de fornecimento de produtos in natura, ser responsvel perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.

    6 So imprprios ao uso e consumo:

    I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;

    II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos vida ou sade, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricao, distribuio ou apresentao;

    III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.

    Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vcios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variaes decorrentes de sua natureza, seu contedo lquido for inferior s indicaes constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitria, podendo o consumidor exigir, alternativamente e sua escolha:

    I - o abatimento proporcional do preo;

    II - complementao do peso ou medida;

    III - a substituio do produto por outro da mesma espcie, marca ou modelo, sem os aludidos vcios;

    IV - a restituio imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuzo de eventuais perdas e danos.

    1 Aplica-se a este artigo o disposto no 4 do artigo anterior.

    2 O fornecedor imediato ser responsvel quando fizer a pesagem ou a medio e o instrumento utilizado no estiver aferido segundo os padres oficiais.

    Art. 20. O fornecedor de servios responde pelos vcios de qualidade que os tornem imprprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicaes constantes da oferta ou mensagem publicitria, podendo o consumidor exigir, alternativamente e sua escolha:

    I - a reexecuo dos servios, sem custo adicional e quando cabvel;

    II - a restituio imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuzo de eventuais perdas e danos;

    III - o abatimento proporcional do preo.

    1 A reexecuo dos servios poder ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor.

    2 So imprprios os servios que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que no atendam as normas regulamentares de prestabilidade.

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    Art. 21. No fornecimento de servios que tenham por objetivo a reparao de qualquer produto considerar-se- implcita a obrigao do fornecedor de empregar componentes de reposio originais adequados e novos, ou que mantenham as especificaes tcnicas do fabricante, salvo, quanto a estes ltimos, autorizao em contrrio do consumidor.

    Art. 22. Os rgos pblicos, por si ou suas empresas, concessionrias, permissionrias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, so obrigados a fornecer servios adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contnuos.

    Pargrafo nico. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigaes referidas neste artigo, sero as pessoas jurdicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste cdigo.

    Art. 23. A ignorncia do fornecedor sobre os vcios de qualidade por inadequao dos produtos e servios no o exime de responsabilidade.

    Art. 24. A garantia legal de adequao do produto ou servio independe de termo expresso, vedada a exonerao contratual do fornecedor.

    Art. 25. vedada a estipulao contratual de clusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigao de indenizar prevista nesta e nas sees anteriores.

    1 Havendo mais de um responsvel pela causao do dano, todos respondero solidariamente pela reparao prevista nesta e nas sees anteriores.

    2 Sendo o dano causado por componente ou pea incorporada ao produto ou servio, so responsveis solidrios seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporao.

    SEO IV Da Decadncia e da Prescrio

    Art. 26. O direito de reclamar pelos vcios aparentes ou de fcil constatao caduca em:

    I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de servio e de produtos no durveis;

    II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de servio e de produtos durveis.

    1 Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do trmino da execuo dos servios.

    2 Obstam a decadncia:

    I - a reclamao comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e servios at a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequvoca;

    II - (Vetado).

    III - a instaurao de inqurito civil, at seu encerramento.

    3 Tratando-se de vcio oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

    Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretenso reparao pelos danos causados por fato do produto ou do servio prevista na Seo II deste Captulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

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    Pargrafo nico. (Vetado).

    SEO V Da Desconsiderao da Personalidade Jurdica

    Art. 28. O juiz poder desconsiderar a personalidade jurdica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito ou violao dos estatutos ou contrato social. A desconsiderao tambm ser efetivada quando houver falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao.

    1 (Vetado).

    2 As sociedades integrantes dos grupos societrios e as sociedades controladas, so subsidiariamente responsveis pelas obrigaes decorrentes deste cdigo.

    3 As sociedades consorciadas so solidariamente responsveis pelas obrigaes decorrentes deste cdigo.

    4 As sociedades coligadas s respondero por culpa.

    5 Tambm poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores.

    CAPTULO V Das Prticas Comerciais

    SEO I Das Disposies Gerais

    Art. 29. Para os fins deste Captulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinveis ou no, expostas s prticas nele previstas.

    SEO II Da Oferta

    Art. 30. Toda informao ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicao com relao a produtos e servios oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

    Art. 31. A oferta e apresentao de produtos ou servios devem assegurar informaes corretas, claras, precisas, ostensivas e em lngua portuguesa sobre suas caractersticas, qualidades, quantidade, composio, preo, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam sade e segurana dos consumidores.

    Pargrafo nico. As informaes de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, sero gravadas de forma indelvel. (Includo pela Lei n 11.989, de 2009)

    Art. 32. Os fabricantes e importadores devero assegurar a oferta de componentes e peas de reposio enquanto no cessar a fabricao ou importao do produto.

    Pargrafo nico. Cessadas a produo ou importao, a oferta dever ser mantida por perodo razovel de tempo, na forma da lei.

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    Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereo na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transao comercial.

    Pargrafo nico. proibida a publicidade de bens e servios por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Includo pela Lei n 11.800, de 2008).

    Art. 34. O fornecedor do produto ou servio solidariamente responsvel pelos atos de seus prepostos ou representantes autnomos.

    Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou servios recusar cumprimento oferta, apresentao ou publicidade, o consumidor poder, alternativamente e sua livre escolha:

    I - exigir o cumprimento forado da obrigao, nos termos da oferta, apresentao ou publicidade;

    II - aceitar outro produto ou prestao de servio equivalente;

    III - rescindir o contrato, com direito restituio de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.

    SEO III Da Publicidade

    Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fcil e imediatamente, a identifique como tal.

    Pargrafo nico. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou servios, manter, em seu poder, para informao dos legtimos interessados, os dados fticos, tcnicos e cientficos que do sustentao mensagem.

    Art. 37. proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

    1 enganosa qualquer modalidade de informao ou comunicao de carter publicitrio, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omisso, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, caractersticas, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preo e quaisquer outros dados sobre produtos e servios.

    2 abusiva, dentre outras a publicidade discriminatria de qualquer natureza, a que incite violncia, explore o medo ou a superstio, se aproveite da deficincia de julgamento e experincia da criana, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa sua sade ou segurana.

    3 Para os efeitos deste cdigo, a publicidade enganosa por omisso quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou servio.

    4 (Vetado).

    Art. 38. O nus da prova da veracidade e correo da informao ou comunicao publicitria cabe a quem as patrocina.

    SEO IV Das Prticas Abusivas

    Art. 39. vedado ao fornecedor de produtos ou servios, dentre outras prticas abusivas: (Redao dada pela Lei n 8.884, de 11.6.1994)

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    I - condicionar o fornecimento de produto ou de servio ao fornecimento de outro produto ou servio, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

    II - recusar atendimento s demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;

    III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitao prvia, qualquer produto, ou fornecer qualquer servio;

    IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorncia do consumidor, tendo em vista sua idade, sade, conhecimento ou condio social, para impingir-lhe seus produtos ou servios;

    V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

    VI - executar servios sem a prvia elaborao de oramento e autorizao expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de prticas anteriores entre as partes;

    VII - repassar informao depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exerccio de seus direitos;

    VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou servio em desacordo com as normas expedidas pelos rgos oficiais competentes ou, se normas especficas no existirem, pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Conmetro);

    IX - recusar a venda de bens ou a prestao de servios, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediao regulados em leis especiais; (Redao dada pela Lei n 8.884, de 11.6.1994)

    X - elevar sem justa causa o preo de produtos ou servios. (Includo pela Lei n 8.884, de 11.6.1994)

    XI - Dispositivo includo pela MPV n 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da convero na Lei n 9.870, de 23.11.1999

    XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigao ou deixar a fixao de seu termo inicial a seu exclusivo critrio.(Includo pela Lei n 9.008, de 21.3.1995)

    XIII - aplicar frmula ou ndice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. (Includo pela Lei n 9.870, de 23.11.1999)

    Pargrafo nico. Os servios prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hiptese prevista no inciso III, equiparam-se s amostras grtis, inexistindo obrigao de pagamento.

    Art. 40. O fornecedor de servio ser obrigado a entregar ao consumidor oramento prvio discriminando o valor da mo-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condies de pagamento, bem como as datas de incio e trmino dos servios.

    1 Salvo estipulao em contrrio, o valor orado ter validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.

    2 Uma vez aprovado pelo consumidor, o oramento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociao das partes.

    3 O consumidor no responde por quaisquer nus ou acrscimos decorrentes da contratao de servios de terceiros no previstos no oramento prvio.

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    Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de servios sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preos, os fornecedores devero respeitar os limites oficiais sob pena de no o fazendo, responderem pela restituio da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir sua escolha, o desfazimento do negcio, sem prejuzo de outras sanes cabveis.

    SEO V Da Cobrana de Dvidas

    Art. 42. Na cobrana de dbitos, o consumidor inadimplente no ser exposto a ridculo, nem ser submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaa.

    Pargrafo nico. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito repetio do indbito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correo monetria e juros legais, salvo hiptese de engano justificvel.

    Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrana de dbitos apresentados ao consumidor, devero constar o nome, o endereo e o nmero de inscrio no Cadastro de Pessoas Fsicas CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica CNPJ do fornecedor do produto ou servio correspondente. (Includo pela Lei n 12.039, de 2009)

    SEO VI Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores

    Art. 43. O consumidor, sem prejuzo do disposto no art. 86, ter acesso s informaes existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

    1 Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fcil compreenso, no podendo conter informaes negativas referentes a perodo superior a cinco anos.

    2 A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo dever ser comunicada por escrito ao consumidor, quando no solicitada por ele.

    3 O consumidor, sempre que encontrar inexatido nos seus dados e cadastros, poder exigir sua imediata correo, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias teis, comunicar a alterao aos eventuais destinatrios das informaes incorretas.

    4 Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os servios de proteo ao crdito e congneres so considerados entidades de carter pblico.

    5 Consumada a prescrio relativa cobrana de dbitos do consumidor, no sero fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteo ao Crdito, quaisquer informaes que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crdito junto aos fornecedores.

    Art. 44. Os rgos pblicos de defesa do consumidor mantero cadastros atualizados de reclamaes fundamentadas contra fornecedores de produtos e servios, devendo divulg-lo pblica e anualmente. A divulgao indicar se a reclamao foi atendida ou no pelo fornecedor.

    1 facultado o acesso s informaes l constantes para orientao e consulta por qualquer interessado.

    2 Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no artigo anterior e as do pargrafo nico do art. 22 deste cdigo.

    Art. 45. (Vetado).

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    CAPTULO VI Da Proteo Contratual

    SEO I Disposies Gerais

    Art. 46. Os contratos que regulam as relaes de consumo no obrigaro os consumidores, se no lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prvio de seu contedo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreenso de seu sentido e alcance.

    Art. 47. As clusulas contratuais sero interpretadas de maneira mais favorvel ao consumidor.

    Art. 48. As declaraes de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pr-contratos relativos s relaes de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execuo especfica, nos termos do art. 84 e pargrafos.

    Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou servio, sempre que a contratao de fornecimento de produtos e servios ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domiclio.

    Pargrafo nico. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer ttulo, durante o prazo de reflexo, sero devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.

    Art. 50. A garantia contratual complementar legal e ser conferida mediante termo escrito.

    Pargrafo nico. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os nus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instruo, de instalao e uso do produto em linguagem didtica, com ilustraes.

    SEO II Das Clusulas Abusivas

    Art. 51. So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios que:

    I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vcios de qualquer natureza dos produtos e servios ou impliquem renncia ou disposio de direitos. Nas relaes de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurdica, a indenizao poder ser limitada, em situaes justificveis;

    II - subtraiam ao consumidor a opo de reembolso da quantia j paga, nos casos previstos neste cdigo;

    III - transfiram responsabilidades a terceiros;

    IV - estabeleam obrigaes consideradas inquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatveis com a boa-f ou a eqidade;

    V - (Vetado);

    VI - estabeleam inverso do nus da prova em prejuzo do consumidor;

  • 30

    VII - determinem a utilizao compulsria de arbitragem;

    VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negcio jurdico pelo consumidor;

    IX - deixem ao fornecedor a opo de concluir ou no o contrato, embora obrigando o consumidor;

    X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variao do preo de maneira unilateral;

    XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;

    XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrana de sua obrigao, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;

    XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o contedo ou a qualidade do contrato, aps sua celebrao;

    XIV - infrinjam ou possibilitem a violao de normas ambientais;

    XV - estejam em desacordo com o sistema de proteo ao consumidor;

    XVI - possibilitem a renncia do direito de indenizao por benfeitorias necessrias.

    1 Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que:

    I - ofende os princpios fundamentais do sistema jurdico a que pertence;

    II - restringe direitos ou obrigaes fundamentais inerentes natureza do contrato, de tal modo a ameaar seu objeto ou equilbrio contratual;

    III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e contedo do contrato, o interesse das partes e outras circunstncias peculiares ao caso.

    2 A nulidade de uma clusula contratual abusiva no invalida o contrato, exceto quando de sua ausncia, apesar dos esforos de integrao, decorrer nus excessivo a qualquer das partes.

    3 (Vetado).

    4 facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministrio Pblico que ajuze a competente ao para ser declarada a nulidade de clusula contratual que contrarie o disposto neste cdigo ou de qualquer forma no assegure o justo equilbrio entre direitos e obrigaes das partes.

    Art. 52. No fornecimento de produtos ou servios que envolva outorga de crdito ou concesso de financiamento ao consumidor, o fornecedor dever, entre outros requisitos, inform-lo prvia e adequadamente sobre:

    I - preo do produto ou servio em moeda corrente nacional;

    II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;

    III - acrscimos legalmente previstos;

  • 31

    IV - nmero e periodicidade das prestaes;

    V - soma total a pagar, com e sem financiamento.

    1 As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigaes no seu termo no podero ser superiores a dois por cento do valor da prestao.(Redao dada pela Lei n 9.298, de 1.8.1996)

    2 assegurado ao consumidor a liquidao antecipada do dbito, total ou parcialmente, mediante reduo proporcional dos juros e demais acrscimos.

    3 (Vetado).

    Art. 53. Nos contratos de compra e venda de mveis ou imveis mediante pagamento em prestaes, bem como nas alienaes fiducirias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as clusulas que estabeleam a perda total das prestaes pagas em benefcio do credor que, em razo do inadimplemento, pleitear a resoluo do contrato e a retomada do produto alienado.

    1 (Vetado).

    2 Nos contratos do sistema de consrcio de produtos durveis, a compensao ou a restituio das parcelas quitadas, na forma deste artigo, ter descontada, alm da vantagem econmica auferida com a fruio, os prejuzos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.

    3 Os contratos de que trata o caput deste artigo sero expressos em moeda corrente nacional.

    SEO III Dos Contratos de Adeso

    Art. 54. Contrato de adeso aquele cujas clusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou servios, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu contedo.

    1 A insero de clusula no formulrio no desfigura a natureza de adeso do contrato.

    2 Nos contratos de adeso admite-se clusula resolutria, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no 2 do artigo anterior.

    3o Os contratos de adeso escritos sero redigidos em termos claros e com caracteres

    ostensivos e legveis, cujo tamanho da fonte no ser inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreenso pelo consumidor. (Redao dada pela n 11.785, de 2008)

    4 As clusulas que implicarem limitao de direito do consumidor devero ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fcil compreenso.

    5 (Vetado)

    CAPTULO VII Das Sanes Administrativas (Vide Lei n 8.656, de 1993)

    Art. 55. A Unio, os Estados e o Distrito Federal, em carter concorrente e nas suas respectivas reas de atuao administrativa, baixaro normas relativas produo, industrializao, distribuio e consumo de produtos e servios.

  • 32

    1 A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios fiscalizaro e controlaro a produo, industrializao, distribuio, a publicidade de produtos e servios e o mercado de consumo, no interesse da preservao da vida, da sade, da segurana, da informao e do bem-estar do consumidor, baixando as normas que se fizerem necessrias.

    2 (Vetado).

    3 Os rgos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais com atribuies para fiscalizar e controlar o mercado de consumo mantero comisses permanentes para elaborao, reviso e atualizao das normas referidas no 1, sendo obrigatria a participao dos consumidores e fornecedores.

    4 Os rgos oficiais podero expedir notificaes aos fornecedores para que, sob pena de desobedincia, prestem informaes sobre questes de interesse do consumidor, resguardado o segredo industrial.

    Art. 56. As infraes das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, s seguintes sanes administrativas, sem prejuzo das de natureza civil, penal e das definidas em normas especficas:

    I - multa;

    II - apreenso do produto;

    III - inutilizao do produto;

    IV - cassao do registro do produto junto ao rgo competente;

    V - proibio de fabricao do produto;

    VI - suspenso de fornecimento de produtos ou servio;

    VII - suspenso temporria de atividade;

    VIII - revogao de concesso ou permisso de uso;

    IX - cassao de licena do estabelecimento ou de atividade;

    X - interdio, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;

    XI - interveno administrativa;

    XII - imposio de contrapropaganda.

    Pargrafo nico. As sanes previstas neste artigo sero aplicadas pela autoridade administrativa, no mbito de sua atribuio, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo.

    Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infrao, a vantagem auferida e a condio econmica do fornecedor, ser aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabveis Unio, ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteo ao consumidor nos demais casos. (Redao dada pela Lei n 8.656, de 21.5.1993)

    Pargrafo nico. A multa ser em montante no inferior a duzentas e no superior a trs milhes de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referncia (Ufir), ou ndice equivalente que venha a substitu-lo. (Pargrafo acrescentado pela Lei n 8.703, de 6.9.1993)

  • 33

    Art. 58. As penas de apreenso, de inutilizao de produtos, de proibio de fabricao de produtos, de suspenso do fornecimento de produto ou servio, de cassao do registro do produto e revogao da concesso ou permisso de uso sero aplicadas pela administrao, mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando forem constatados vcios de quantidade ou de qualidade por inadequao ou insegurana do produto ou servio.

    Art. 59. As penas de cassao de alvar de licena, de interdio e de suspenso temporria da atividade, bem como a de interveno administrativa, sero aplicadas mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando o fornecedor reincidir na prtica das infraes de maior gravidade previstas neste cdigo e na legislao de consumo.

    1 A pena de cassao da concesso ser aplicada concessionria de servio pblico, quando violar obrigao legal ou contratual.

    2 A pena de interveno administrativa ser aplicada sempre que as circunstncias de fato desaconselharem a cassao de licena, a interdio ou suspenso da atividade.

    3 Pendendo ao judicial na qual se discuta a imposio de penalidade administrativa, no haver reincidncia at o trnsito em julgado da sentena.

    Art. 60. A imposio de contrapropaganda ser cominada quando o fornecedor incorrer na prtica de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus pargrafos, sempre s expensas do infrator.

    1 A contrapropaganda ser divulgada pelo responsvel da mesma forma, freqncia e dimenso e, preferencialmente no mesmo veculo, local, espao e horrio, de forma capaz de desfazer o malefcio da publicidade enganosa ou abusiva.

    2 (Vetado)

    3 (Vetado).

    TTULO II Das Infraes Penais

    Art. 61. Constituem crimes contra as relaes de consumo previstas neste cdigo, sem prejuzo do disposto no Cdigo Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes.

    Art. 62. (Vetado).

    Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invlucros, recipientes ou publicidade:

    Pena - Deteno de seis meses a dois anos e multa.

    1 Incorrer nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendaes escritas ostensivas, sobre a periculosidade do servio a ser prestado.

    2 Se o crime culposo:

    Pena Deteno de um a seis meses ou multa.

    Art. 64. Deixar de comunicar autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior sua colocao no mercado:

    Pena - Deteno de seis meses a dois anos e multa.

  • 34

    Pargrafo nico. Incorrer nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo.

    Art. 65. Executar servio de alto grau de periculosidade, contrariando determinao de autoridade competente:

    Pena Deteno de seis meses a dois anos e multa.

    Pargrafo nico. As penas deste artigo so aplicveis sem prejuzo das correspondentes leso corporal e morte.

    Art. 66. Fazer afirmao falsa ou enganosa, ou omitir informao relevante sobre a natureza, caracterstica, qualidade, quantidade, segurana, desempenho, durabilidade, preo ou garantia de produtos ou servios:

    Pena - Deteno de trs meses a um ano e multa.

    1 Incorrer nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.

    2 Se o crime culposo;

    Pena Deteno de um a seis meses ou multa.

    Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva:

    Pena Deteno de trs meses a um ano e multa.

    Pargrafo nico. (Vetado).

    Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua sade ou segurana:

    Pena - Deteno de seis meses a dois anos e multa:

    Pargrafo nico. (Vetado).

    Art. 69. Deixar de organizar dados fticos, tcnicos e cientficos que do base publicidade:

    Pena Deteno de um a seis meses ou multa.

    Art. 70. Empregar na reparao de produtos, pea ou componentes de reposio usados, sem autorizao do consumidor:

    Pena Deteno de trs meses a um ano e multa.

    Art. 71. Utilizar, na cobrana de dvidas, de ameaa, coao, constrangimento fsico ou moral, afirmaes falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridculo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:

    Pena Deteno de trs meses a um ano e multa.

    Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor s informaes que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros:

  • 35

    Pena Deteno de seis meses a um ano ou multa.

    Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informao sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:

    Pena Deteno de um a seis meses ou multa.

    Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com especificao clara de seu contedo;

    Pena Deteno de um a seis meses ou multa.

    Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste cdigo, incide as penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou gerente da pessoa jurdica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta, exposio venda ou manuteno em depsito de produtos ou a oferta e prestao de servios nas condies por ele proibidas.

    Art. 76. So circunstncias agravantes dos crimes tipificados neste cdigo:

    I - serem cometidos em poca de grave crise econmica ou por ocasio de calamidade;

    II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;

    III - dissimular-se a natureza ilcita do procedimento;

    IV - quando cometidos:

    a) por servidor pblico, ou por pessoa cuja condio econmico-social seja manifestamente superior da vtima;

    b) em detrimento de operrio ou rurcola; de menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficincia mental interditadas ou no;

    V - serem praticados em operaes que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos ou servios essenciais .

    Art. 77. A pena pecuniria prevista nesta Seo ser fixada em dias-multa, correspondente ao mnimo e ao mximo de dias de durao da pena privativa da liberdade cominada ao crime. Na individualizao desta multa, o juiz observar o disposto no art. 60, 1 do Cdigo Penal.

    Art. 78. Alm das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, observado odisposto nos arts. 44 a 47, do Cdigo Penal:

    I - a interdio temporria de direitos;

    II - a publicao em rgos de comunicao de grande circulao ou audincia, s expensas do condenado, de notcia sobre os fatos e a condenao;

    III - a prestao de servios comunidade.

    Art. 79. O valor da fiana, nas infraes de que trata este cdigo, ser fixado pelo juiz, ou pela autoridade que presidir o inqurito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bnus do Tesouro Nacional (BTN), ou ndice equivalente que venha a substitu-lo.

  • 36

    Pargrafo nico. Se assim recomendar a situao econmica do indiciado ou ru, a fiana poder ser:

    a) reduzida at a metade do seu valor mnimo;

    b) aumentada pelo juiz at vinte vezes.

    Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste cdigo, bem como a outros crimes e contravenes que envolvam relaes de consumo, podero intervir, como assistentes do Ministrio Pblico, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais tambm facultado propor ao penal subsidiria, se a denncia no for oferecida no prazo legal.

    TTULO III Da Defesa do Consumidor em Juzo

    CAPTULO I Disposies Gerais

    Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vtimas poder ser exercida em juzo individualmente, ou a ttulo coletivo.

    Pargrafo nico. A defesa coletiva ser exercida quando se tratar de:

    I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste cdigo, os transindividuais, de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato;

    II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste cdigo, os transindividuais, de natureza indivisvel de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrria por uma relao jurdica base;

    III - interesses ou direitos individuais homogneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.

    Art. 82. Para os fins do art. 81, pargrafo nico, so legitimados concorrentemente: (Redao dada pela Lei n 9.008, de 21.3.1995)

    I - o Ministrio Pblico,

    II - a Unio, os Estados, os Municpios e o Distrito Federal;

    III - as entidades e rgos da Administrao Pblica, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurdica, especificamente destinados defesa dos interesses e direitos protegidos por este cdigo;

    IV - as associaes legalmente constitudas h pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este cdigo, dispensada a autorizao assemblear.

    1 O requisito da pr-constituio pode ser dispensado pelo juiz, nas aes previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimenso ou caracterstica do dano, ou pela relevncia do bem jurdico a ser protegido.

    2 (Vetado).

    3 (Vetado).

  • 37

    Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este cdigo so admissveis todas as espcies de aes capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

    Pargrafo nico. (Vetado).

    Art. 84. Na ao que tenha por objeto o cumprimento da obrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutela especfica da obrigao ou determinar providncias que assegurem o resultado prtico equivalente ao do adimplemento.

    1 A converso da obrigao em perdas e danos somente ser admissvel se por elas optar o autor ou se impossvel a tutela especfica ou a obteno do resultado prtico correspondente.

    2 A indenizao por perdas e danos se far sem prejuzo da multa (art. 287, do Cdigo de Processo Civil).

    3 Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficcia do provimento final, lcito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou aps justificao prvia, citado o ru.

    4 O juiz poder, na hiptese do 3 ou na sentena, impor multa diria ao ru, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatvel com a obrigao, fixando prazo razovel para o cumprimento do preceito.

    5 Para a tutela especfica ou para a obteno do resultado prtico equivalente, poder o juiz determinar as medidas necessrias, tais como busca e apreenso, remoo de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, alm de requisio de fora policial.

    Art. 85. (Vetado).

    Art. 86. (Vetado).

    Art. 87. Nas aes coletivas de que trata este cdigo no haver adiantamento de custas, emolumentos, honorrios periciais e quaisquer outras despesas, nem condenao da associao autora, salvo comprovada m-f, em honorrios de advogados, custas e despesas processuais.

    Pargrafo nico. Em caso de litigncia de m-f, a associao autora e os diretores responsveis pela propositura da ao sero solidariamente condenados em honorrios advocatcios e ao dcuplo das custas, sem prejuzo da responsabilidade por perdas e danos.

    Art. 88. Na hiptese do art. 13, pargrafo nico deste cdigo, a ao de regresso poder ser ajuizada em processo autnomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciao da lide.

    Art. 89. (Vetado)

    Art. 90. Aplicam-se s aes previstas neste ttulo as normas do Cdigo de Processo Civil e da Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inqurito civil, naquilo que no contrariar suas disposies.

    CAPTULO II Das Aes Coletivas Para a Defesa de Interesses Individuais Homogneos

    Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 podero propor, em nome prprio e no interesse das vtimas ou seus sucessores, ao civil coletiva de responsabilidade pelos danos

  • 38

    individualmente sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes. (Redao dada pela Lei n 9.008, de 21.3.1995)

    Art. 92. O Ministrio Pblico, se no ajuizar a ao, atuar sempre como fiscal da lei.

    Pargrafo nico. (Vetado).

    Art. 93. Ressalvada a competncia da Justia Federal, competente para a causa a justia local:

    I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de mbito local;

    II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de mbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Cdigo de Processo Civil aos casos de competncia concorrente.

    Art. 94. Proposta a ao, ser publicado edital no rgo oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuzo de ampla divulgao pelos meios de comunicao social por parte dos rgos de defesa do consumidor.

    Art. 95. Em caso de procedncia do pedido, a condenao ser genrica, fixando a responsabilidade do ru pelos danos causados.

    Art. 96. (Vetado).

    Art. 97. A liquidao e a execuo de sentena podero ser promovidas pela vtima e seus sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.

    Pargrafo nico. (Vetado).

    Art. 98. A execuo poder ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vtimas cujas indenizaes j tiveram sido fixadas em sentena de liquidao, sem prejuzo do ajuizamento de outras execues. (Redao dada pela Lei n 9.008, de 21.3.1995)

    1 A execuo coletiva far-se- com base em certido das sentenas de liquidao, da qual dever constar a ocorrncia ou no do trnsito em julgado.

    2 competente para a execuo o juzo:

    I - da liquidao da sentena ou da ao condenatria, no caso de execuo individual;

    II - da ao condenatria, quando coletiva a execuo.

    Art. 99. Em caso de concurso de crditos decorrentes de condenao prevista na Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985 e de indenizaes pelos prejuzos individuais resultantes do mesmo evento danoso, estas tero preferncia no pagamento.

    Pargrafo nico. Para efeito do disposto neste artigo, a destinao da importncia recolhida ao fundo criado pela Lei n7.347 de 24 de julho de 1985, ficar sustada enquanto pendentes de deciso de segundo grau as aes de indenizao pelos danos individuais, salvo na hiptese de o patrimnio do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela integralidade das dvidas.

    Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitao de interessados em nmero compatvel com a gravidade do dano, podero os legitimados do art. 82 promover a liquidao e execuo da indenizao devida.

  • 39

    Pargrafo nico. O produto da indenizao devida reverter para o fundo criado pela Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985.

    CAPTULO III Das Aes de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Servios

    Art. 101. Na ao de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e servios, sem prejuzo do disposto nos Captulos I e II deste ttulo, sero observadas as seguintes normas:

    I - a ao pode ser proposta no domiclio do autor;

    II - o ru que houver contratado seguro de responsabilidade poder chamar ao processo o segurador, vedada a integrao do contraditrio pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hiptese, a sentena que julgar procedente o pedido condenar o ru nos termos do art. 80 do Cdigo de Processo Civil. Se o ru houver sido declarado falido, o sndico ser intimado a informar a existncia de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ao de indenizao diretamente contra o segurador, vedada a denunciao da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsrcio obrigatrio com este.

    Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste cdigo podero propor ao visando compelir o Poder Pblico competente a proibir, em todo o territrio nacional, a produo, divulgao distribuio ou venda, ou a determinar a alterao na composio, estrutura, frmula ou acondicionamento de produto, cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso sade pblica e incolumidade pessoal.

    1 (Vetado).

    2 (Vetado)

    CAPTULO IV Da Coisa Julgada

    Art. 103. Nas aes coletivas de que trata este cdigo, a sentena far coisa julgada:

    I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficincia de provas, hiptese em que qualquer legitimado poder intentar outra ao, com idntico fundamento valendo-se de nova prova, na hiptese do inciso I do pargrafo nico do art. 81;

    II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedncia por insuficincia de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hiptese prevista no inciso II do pargrafo nico do art. 81;

    III - erga omnes, apenas no caso de procedncia do pedido, para beneficiar todas as vtimas e seus sucessores, na hiptese do inciso III do pargrafo nico do art. 81.

    1 Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II no prejudicaro interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.

    2 Na hiptese prevista no inciso III, em caso de improcedncia do pedido, os interessados que no tiverem intervindo no processo como litisconsortes podero propor ao de indenizao a ttulo individual.

    3 Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, no prejudicaro as aes de indenizao por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste cdigo, mas, se procedente o pedido, beneficiaro as vtimas e seus sucessores, que podero proceder liquidao e execuo, nos termos dos arts. 96 a 99.

  • 40

    4 Aplica-se o disposto no pargrafo anterior sentena penal condenatria.

    Art. 104. As aes coletivas, previstas nos incisos I e II e do pargrafo nico do art. 81, no induzem lit