apostila desenvolvimento mineiro

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REV 2

A MINERAO NO BRASIL

Relatrio final

Eng Darcy Jos Germani Rio de Janeiro, maio de 2002

SUMRIO Apresentao 122.1Retrospecto histrico da minerao no Brasil 4 5

Comparao entre os mtodos de lavra que se aplicam no Brasil e no 11 exterior Mtodos de lavra a cu aberto Perfurao Desmonte Escavao e carga Transporte Equipamentos auxiliares Mo de Obra 11 12 13 14 15 17 17 18 21 21

2.1.12.1.2 2.1.3 -

Minas de encosta e de cava Mtodo de lavra em fatias Lavra por dissoluo

2. 2 2.2.1-

Mtodos de lavra subterrnea Mtodos com Realces Auto-portantes

22 23 23 24 25

2.2.1.1- Cmaras e Pilares 2.2.1.2- Mtodo dos Sub-nveis 2.2.1.3- Recuo por Crateras Verticais (VCR Vertical Crater Retreat)

2.2.2-

Mtodos com Suporte das Encaixantes

25 26 27 27

2.2.2.1- Recalque 2.2.2.2- Corte e Enchimento (Corte e Aterro) 2.2.3Mtodos com Abatimento

2.2.3.1- Abatimento por Sub-nveis (Sublevel Caving) 2.2.3.2- Abatimento por Blocos (Block Caving) 2.2.3.3- Longwall

28 28 28

33.13.23 33.43.5-

Operaes Unitrias e Servios Auxiliares Perfurao e Desmonte Carga e Transporte Contenes Perspectivas Futuras Planejamento de Mina e Disciplinas Correlatas Situao no Brasil

29 31 32 33 33 35

44.14.2-

Comparao entre o contexto internacional e a situao do Brasil Referncias no contexto internacional

37 37

A minerao subterrnea no Brasil em uma perspectiva internacional - 39 referncias da indstria

5-

Sugestes de linhas estratgicas de pesquisa e de cursos/eventos de 39 formao e aperfeioamento de pessoal

6-

Sade e higiene no trabalho e segurana na minerao

45

7-

Relao das instituies e empresas lderes nacionais envolvidos com o 47 desenvolvimento de mtodos de lavra

8-

Principais minas brasileiras (e tabelas)

48

APRESENTAOO presente trabalho , patrocinado pelo Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PNUD, prope a levantar o estgio em que o Pas se encontra com relao s tecnologias aplicadas na minerao local e identificar as suas principais deficincias, a fim de torn-la mais competitiva. Os recursos do PNUD foram negociados pelo Ministrio da Cincia e TecnologiaMCT por intermdio de um programa especfico do Fundo Setorial de Minerao. Est sendo apresentado tambm um retrospecto histrico da minerao no Brasil, onde se procura indicar as origens dos aportes de tecnologia at agora introduzidos em nossas minas. Esto apresentadas, de modo tambm geral, as principais caractersticas das prticas de minerao a cu aberto e subterrnea, comparadas com o que se faz na Amrica do Norte, Austrlia,Chile, Escandinvia e frica do Sul. Descreve-se com mais detalhes a aplicao dos mtodos de lavra a cu aberto e subterrneos, mostrando os principais avanos tecnolgicos ocorridos nessa rea.. Foi tambm dado um destaque s operaes para extrao de rochas ornamentais, pelo potencial que esto tendo no presente. Descreve-se os recursos de que dispomos no Brasil para a formao e treinamento e as necessidades que precisaremos atender, ressaltando uma maior participao da indstria de minerao no aumento de vagas na concesso de estgios de frias e curriculares para estudantes e tcnicos de grau mdio. Aponta -se tambm a necessidade de se treinar os mineiros, de forma mais eficaz, a fim de que se possa tirar o maior benefcio do seu trabalho com resultados mais positivos para a indstria. Devido a importncia que est sendo dada na atual conjuntura foram feitos alguns comentrios sobre Higiene e Segurana no Trabalho. Apresenta-se tambm as planilhas das principais mineraes brasileiras a cu aberto e subterrneas com comentrios sobre a adequao dos equipamentos aplicados. Foram listadas todas as minas com produo anual superior a 3 milhes de toneladas, quando a cu aberto e 600 mil toneladas quando subterrneas. O trabalho foi elaborado com base na experincia de mais de 42 anos do autor na atividade mineral, utilizando-se a cooperao de tcnicos especializados, visitas feitas algumas minas, entrevistas e consultas pessoais e literatura existente. Em especial, o trabalho teve a cooperao do EngRuy Lacourt Rodrigues na rea da minerao subterrnea.

1 - RETROSPECTO HISTRICO DA MINERAO NO BRASIL

Enquanto se lavraram as ocorrncias das diversas substncias minerais encontradas na superfcie do solo brasileiro nos primrdios da nossa colonizao, as massas retiradas eram sempre muito pequenas e adotava m-se mtodos rudimentares na sua extrao. Por outro lado, as necessidades de produtos de origem mineral eram, naquele tempo, ainda muito pequenas. As argilas, areia e cascalho para construes constituam a principal demanda. As ferramentas utilizadas para a extrao desses materiais eram rudimentares e pouco resistentes, feitas normalmente de ferro caldeado. At o sculo XIX, era tambm muitssimo pequena a produo do ferro no Brasil, existindo apenas algumas forjas catals em Minas Gerais. Era bastante tmido o desenvolvimento tecnolgico que ocorria na extrao das rochas para os trabalhos de cantaria, a fim de atender aos artfices trazidos pelos colonizadores. Os diversos materiais de construo eram principalmente retirados dos aluvies e, quando de afloramentos rochosos, eram cuidadosamente desagregados com cunhas, acompanhando-se as clivagens e amarroados ou cortados com ponteiros e marretas e, quando necessrio, perfurados e detonados com plvoras caseiras. Ainda se encontram, hoje em dia em Diamantina, Ouro Preto e outras cidades histricas, construes e calamentos com lajes de rocha retiradas de pedreiras desta maneira. Esses trabalhos que hoje designamos como lavra na atividade mineira eram tarefas ligadas construo. As primeiras catas ou garimpos foram feitos em So Paulo, em So Vicente, no Vale da Ribeira, e os bandeirantes paulistas espalharam-se depois por Minas Gerais, Gois e Mato Grosso. O ouro e os diamantes dos aluvies eram retirados manualmente com ps, lanando-se em calhas, depois bateados, sendo que os rejeitos eram lanados manualmente em locais prximos. Os veios que penetravam nas encostas eram perseguidos por galerias perfuradas com ponteiros e malhos e, quando necessrio, eram detonados tambm com plvoras caseiras. O minrio era em seguida carregado igualmente por ps em carrinhos de mo. Os poos verticais ou inclinados, que se faziam necessrios para acompanhar as camadas ou veios, eram perfurados da mesma forma, sendo o minrio iado em baldes de madeira por sarilhos manuais. O transporte mais longo era feito em carroes por trao animal. As aberturas eram sempre de sees acanhadas, pouco iluminadas, dificultando o trabalho e causando danos sade dos operrios (a maioria escravos) que nelas trabalhavam. A falta de conhecimento geolgico dificultava sobremaneira o trabalho. As primeiras lavras mais sofisticadas foram as de ouro, que apareceram com a abertura da Mina da Passagem, em Mariana , em 1819, pelo Baro de Echewege,

seguida por vrias outras; a principal delas foi a Mina Velha da Saint John Del Rey Mining Co., em Nova Lima, em 1834, em Minas Gerais. Essas duas minas citadas, mas principalmente a Mina Velha de Morro Velho, eram consideradas na poca como exemplos no emprego de tecnologia e serviam de referncias mundiais, no que dizia respeito a lavras subterrneas. Supe-se que essas minas tenham sido implantadas com a melhor tcnica existente na poca, trazida pelos engenheiros, seus capites de mina e mineradores ingleses (provavelmente de Cornwall) e de alemes, treinados nos seu pases de origem. Naquele tempo, tudo era muito rudimentar, sendo a perfurao das rochas sempre feitas com ponteiros e marretas e utilizando-se plvora caseira at alm do ltimo lustro do sculo XIX. Compare-se a abertura de galerias com o que se fazia nos Estados Unidos na abertura dos tneis ferrovirios, para atravessar as Montanhas Rochosas, nos anos da dcada de 1860, onde o avano por fogo no ultrapassava 30cm! Impressionante verificar que, com tamanha precariedade de recursos, essas minas tenham sobrevivido alm de meados do sculo XX. A Mina Velha em Nova Lima, funciona em ritmo muito reduzido e a Mina de Passagem foi paralisada por razes econmicas, embora pudesse ter tido maior vida, caso houvessem sido aplicados os recursos em bombeamento necessrios para drenar um novo horizonte , que se mostrara com teores bastante elevados. A indstria cimenteira comeou lavrando as ocorrncias de calcrio nos arredores de So Paulo, que alimentaram a primeira fbrica em Perus. Deslocou-se depois para Minas Gerais e o Nordeste e est presente hoje em quase todos os estados do Brasil. As primeiras lavras de carvo foram iniciadas na dcada de 1860 por famlias de ingleses trazidas pelo engenheiro de minas James Johnson, que obteve a primeira concesso abrindo a mina de Arroio dos Ratos no Rio Grande do Sul. As mineraes de Scheelita no Nordeste foram implantadas pelos engenheiros americanos da Vachang, atendendo ao esforo de guerra. A US Steel Co. lavrou todo mangans de sua mina de Lafaiete, em Minas Gerais, com o mtodo glory hole, exportando todo o minrio pelo Porto do Rio de Janeiro. Outras pequenas lavras de mangans foram implantadas no quadriltero ferrfero, e ainda deixam marcas indelveis nas encostas de Minas. A lavra das piritas de Ouro Preto era a nica fonte de enxofre existente para abastecer a fbrica de explosivos do exrcito. A partir de 1942 foi iniciada, ainda de forma muito rudimentar a lavra de hematitas roladas nas encostas do Cau, da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em Itabira, assistidas por tcnicos americanos impostos pelo Banco Mundial, desde a constituio da empresa. Mas os melhores exemplos de introduo de lavra em fatias da dcada de 40 ocorreram na mina de carvo de Siderpolis, em Santa Catarina , a cargo da Cia Siderrgica Nacional - CSN - e na mina de Treviso. As minas eram destinadas a

abastecer o Lavador de Capivari em Tubaro, para a produo de carvo metalrgico e para alimentar os modernos fornos da CSN. Na mina de Siderpolis, seguindo um projeto americano, foi implantada a Dragline Marion (skid mounted) de 32jc que foi por muito tempo a mquina de maior porte operando em minas brasileiras. Quase ao mesmo tempo foi absorvida pela CSN, via desapropriao, a mina de Casa de Pedra, em Congonhas, que havia sido implantada por mineradores escandinavos. Ela foi modernizada em seguida, produzindo minrio bitolado e lump para os fornos Siemens Martins daquela Siderrgica. Na dcada de 1950, foi implantada pela ICOMI, associada Betlehem Steel, a mina de mangans, no Amap, e iniciada tambm a nova fase de modernizao das minas de Itabira, j com tcnicos brasileiros e americanos, tendo-se introduzido a perfurao com Churn Drills de 9,desmonte com ANFO, Escavadeiras Bucyrus Eltricas de 2 1/2jc e caminhes fora de estrada de 22, 27 e 34t. A partir da, a CVRD continuou sendo pioneira nas dcadas de 1960 e seguintes introduzindo, a partir de 1963, a perfurao down the hole de 6 e rotativas de 9 7/8. Em 1968, foi testada a u tilizao de lamas explosivas mas optou-se, posteriormente, pelo ANFO, por ter velocidade de detonao mais compatvel com as rochas. Foram incorporadas as escavadeiras eltricas de 6 e 9jc e caminhes fora de estrada de 45, 65 e caminhes diesel eltricos de 100 e 120t, cujo desenvolvimento era recente na Amrica do Norte. A CVRD, com seu corpo tcnico brasileiro, foi pioneira tambm na aplicao de planejamento informatizado, controle de qualidade na lavra, com aplicao de geoestatstica, mecnica de rochas aplicadas estabilidade de taludes, deposio controlada de rejeitos, rebaixamento de lenol fretico em minas, transporte de minrio e estril por correias em ambos os sentidos e aproveitamento de minrios de baixo teor. A CVRD tinha ento a cobertura via contrato guarda chuva com empresa externa, o qual possibilitava solicitar a consultoria mais apropriada conhecida no mundo, para ajudar e incentivar seus tcnicos na aplicao da melhor tecnologia existentes para as situaes e problemas registrados em suas minas. Neste mesmo perodo, a lavra de pedreiras urbanas teve grande desenvolvimento, para atender ao crescimento do pas, sendo modelar o exemplo do que se fez em Mairipor, na zona sul de So Paulo, depois de abandonadas as lavras nas regies mais povoadas dos bairros. Os demais projetos que se seguiram passaram a adotar a mesma linha. As lavras dos aluvies com dragas de alcatruz, tanto no Rio das Velhas como no Rio Jequitinhonha, em Mi nas Gerais, firmaram no Brasil esta tecnologia de minerao. Estas dragas foram importadas quase que integralmente das antigas lavras em operao na Califrnia na dcada de 1930. Uma importante melhoria aconteceu na dcada de 1960, nas lavras subterrneas nas minas do Grupo Penarroya de Boquira, na Bahia, e Plumbum, em Panelas, no Paran. Nessas, foram aplicadas com sucesso as tcnicas francesas de lavra em veios estreitos utilizando o mtodo de lavra por sub-nvel com posterior enchimento

por rejeitos secos da concentrao, obtendo-se com isto elevadas taxas de recuperao na lavra. Ao mesmo tempo, as minas de Camaqu , no Rio Grande do sul, foram melhor conduzidas com a cooperao tcnica trazida por engenheiros de minas japoneses da Mitsubishi. Na lavra dos aluvies ricos de estanho de Pitinga, Amazonas, na dcada de 1980, foram introduzidas na minerao brasileira, as dragas do tipo Elicot. A partir dos anos de 1950, as pequenas operaes e extrao de argilas e areias puderam ser lavradas com mais seletividade devido ao uso de pequenas retroescavadeiras e ps carregadeiras. O Projeto da Minerao Rio do Norte , no Par, no final dos anos 70, foi liderado inicialmente pela Aluminium Company of Canad- Alcan. Evitando-se a sua desistncia, a CVRD assumiu a gesto da joint venture internacional e fez dele um exemplo de moderna implantao de lavra por fatias com draglines e retroescavadeiras de grande porte, a partir de um projeto nacional. Outro exemplo importante, foi a implantao do projeto da lavra subterrnea de calcrio da mina de Santa Helena em Sorocaba, So Paulo, hoje paralisado. Este projeto recebeu contribuio de tecnologia finlandesa e constitui-se ainda na nica operao subterrnea de calcrio para cimento no Brasil. Enquanto as operaes de lavra a cu aberto ocorriam ainda em escala reduzida, eram pequenas as agresses ao ambiente , somente a minerao da Aluminium Company of Amrica- Alcoa em Poos de Caldas, Minas Gerais, foi destaque na introduo de tcnicas de recuperao de reas mineradas. Foi seguida depois pela Cia Brasileira de Minerao e Metalurgia CBMM em Arax, Minas Gerais, mas s a partir do ltimo lustro do sculo passado foi imperativo que as lavras atendessem nova regulamentao, dedicando um maior cuidado s questes ambientais. Um grande nmero de pequenas lavras de aluvies e, especialmente, a desorganizao devido proliferao dos garimpos - o de ouro, de Serra Pelada, e o de cassiterita em Ariquemes, Rondnia - continuam agredindo o meio ambiente ainda hoje, desrespeitando as autoridades constitudas, que tm sido incapazes de coibir esta indisciplina. A primeira experincia de aplicao de mtodo de lavra subterrneo de alta produtividade como sub level caving (abatimento por sub-nveis) foi feita pela Ferbasa no Oeste Baiano no final dos anos 70, recebendo a contribuio dos engenheiros de minas finlandeses. Outro exemplo de moderna mina subterrnea, aplicando o mtodo de cmaras e pilares, a mina de Taquari-Vassouras, implantada pela Petrobrs e assistida por tcnicos franceses no incio dos anos 80, estando presentemente arrendada para a CVRD, que a modernizou colocando-a em nveis de produtividade internacional.

Quase ao mesmo tempo, foi implantada a Mina Caraba, na Bahia, com apoio inicialmente de tcnicos americanos. Posteriormente, uma empresa de planejamento chilena encarregou-se da reviso do projeto da mina subterrnea, que previa produzir na fase final 6000t/dia, mas que nunca alcanou tal capacidade. Em Minas Gerais foi reaberta e modernizada a mina subterrnea de So Bento de ouro, em Baro de Cocais, por tcnicos sulafricanos, tendo recebido tambm uma contribuio importante de tcnicos canadenses na sua expanso. Mais recentemente, na Mina Caraba, na Bahia, no final dos anos 90, foi implantado um projeto arrojado, no aprofundamento da mina subterrnea de 500 para 800m abaixo da superfcie, prevendo uma capacidade de 4000t/dia. Este projeto teve na fase final importante contribuio de consultoria canadense, aplicando-se pela primeira vez no Brasil os mtodos VCR (vertical crater retreat) e VRM (modified vertical retreat) que proporcionam o aproveitamento dos pilares fazendo-se o enchimento com pasta de rejeito com 5% de cimento, permitindo recuperao alm de 83%. A lavra de rochas ornamentais de mrmores e granitos em geral desenvolveu-se localmente e os grandes projetos, que se implantaram principalmente no norte do Estado do Esprito Santo, receberam a contribuio principalmente dos tcnicos italianos, portugueses e espanhis fazendo a utilizao de equipamentos mais modernos. Neste retrospecto apresentado, pode-se verificar que as novas tecnologias de minerao no Brasil quase sempre foram trazidas por empresas que tinham suas bases no exterior, atravs de consultorias externas para a maioria delas, e mesmo de empresas de engenharia brasileira como Promon Engenharia, Paulo Abib Engenharia e outras. Assim, foi natural que os tcnicos estrangeiros, que aqui vieram trabalhar nas minas, tenham trazido o que de melhor se conhecia nos seus paises de origem. A informao mais atualizada era tambm complementada pela comunicao por eles mantida com suas bases. Muito freqentemente tambm eram assistidos por consultores que faziam visitas peridicas s operaes externas. O espectro das empresas que aqui aportaram tecnologia nas reas da pesquisa geolgica foi muito mais amplo, devido ao grande nmero delas que veio pesquisar nosso territrio. Inicialmente procuraram aplicar os mesmos mtodos com os quais tiveram sucesso nas suas pesquisas externas, adaptando-os, depois, de forma mais satisfatria s nossas condies, ou abandonando-os por serem inaplicveis aqui. Os tcnicos brasileiros que trabalharam nas empresas estrangeiras que para c migraram, tendo absorvido suas prticas, serviram como divulgadores dessas novas tecnologias. As empresas de minerao brasileiras proporcionaram sempre estgios de frias para os estudantes de engenharia de minas de nossas escolas e estes estudantes puderam absorver, mais at do que seus prprios mestres, o que havia sido introduzido de novo nas minas.

As consultorias independentes trazidas pelas empresas de minerao agregaram conhecimentos importantes, que se tornaram prticas correntes nas minas brasileiras. A comunicao entre os tcnicos das minas brasileiras ajudou a transferir o conhecimento, seja nas visitas mtuas que se faziam, ou por meio de seminrios e congressos de minerao, cada vez mais freqentes, a partir da dcada de 1970, com a criao do IBRAM- Instituto Brasileiro de Minerao. Algumas empresas tambm promoveram seminrios internos em suas minas, convidando muitas vezes outros tcnicos para participarem. A CVRD, em especial, patrocinou vrios cursos com consultores estrangeiros para estudos especficos de suas minas, e para ministrar cursos nas Escolas de Ouro Preto e Belo Horizonte para seus tcnicos, convidando tambm engenheiros de outras minas da regio do Quadriltero Ferrfero. As Escolas sempre cooperaram com essas iniciativas, incluindo muitas vezes seus prprios mestres nesses cursos. O Instituto Brasileiro de Minerao - IBRAM, Fundao Gorceix de Ouro Preto e algumas outras universidades tambm coordenaram vrios cursos de curta durao, ministrados por profissionais estrangeiros, muito prticos, os quais foram freqentados por muitos engenheiros de suas empresas associadas. Esses cursos, no entanto, tm sido pouco numerosos, havendo necessidade de serem repetidos com freqncia . As visitas feitas por tcnicos brasileiros s minas do exterior, onde so muitas vezes auxiliados pelos representantes de fabricantes de equipamentos, foram importantes para se agregar novos conhecimentos e tecnologias engenharia de minas brasileira. O desconhecimento da lngua estrangeira dificultou bastante uma maior absoro das novidades, mas mesmo assim as viagens foram muito proveitosas. Em muitos casos, as novas prticas foram trazidas por nossos tcnicos que tiveram oportunidade de estagiar ou trabalhar em minas fora do Brasil. Em outros casos, tcnicos brasileiros fizeram cursos de ps-graduao em universidades fora do pas e divulgaram, depois, ao retornar, os seus conhecimentos. Nas Escolas de Engenharia de Minas foram realizadas vrias teses de mestrado e de doutorado. Muitas delas receberam o apoio das empresas de minerao, que, com interesse direto nos resultados dessas teses e para maior eficcia dos estudos, facilitaram as visitas s suas minas, cooperando com o fornecimento de dados. Muito importante foi a contribuio dada pela nova gerao de gelogos que, a partir do ano de 1961, promoveu a introduo das modernas tcnicas de explorao e avaliao dos depsitos minerais e da geologia de mina, preenchendo uma lacuna no Brasil ao fornecer maior suporte geolgico s operaes das nossas minas. Como exemplo importante de uma consultoria trazida do exterior poder-se -ia citar a expanso e modernizao do Projeto Cau da CVRD em Itabira, no final da dcada de 1960, quando se planejava passar da escala de 20 milhes t/a para 40 milhes t/a. Naquela ocasio, necessitava-se preparar um plano de lavra que contemplasse esta produo por um perodo mnimo de 20 anos. No se tinha conhecimento e

nem recursos tcnicos para elaborar na empresa um projeto desta envergadura, pois a gerao de tcnicos era ainda jovem e sem grande experincia. Foi ento contratado um consultor de planejamento de mina americano, que orientou a construo de um modelo de blocos feito de madeira e com ele pode-se manualmente simular com sucesso a lavra nesta escala. Causou surpresa o fato de somente naquela poca poder-se introduzir aqui esse mtodo simples, j aplicado desde longa data no exterior, mas que, apesar das visitas tcnicas feitas s minas externas, ningum havia apreendido. Devido aos poucos recursos de computao que se dispunha na poca, esse mtodo teve aplicao generalizada em outras minas brasileiras.

2 - COMPARAO ENTRE OS MTODOS DE LAVRA QUE SE APLICAM NO BRASIL E NO EXTERIOR2.1 - Mtodos de lavra a cu abertoAs mineraes a cu aberto fora do Brasil, notadamente nos Estados Unidos, Canad, frica do Sul e Australsia, tiveram um desenvolvimento, de modo geral, mais harmnico por terem tido muitas delas uma deciso arrojada, desde sua implantao, de utilizar equipamentos mais adequados em menor nmero e de maior porte. No Brasil, sempre fomos muito limitados nas decises para equipar as minas desde o seu incio, tendo em vista os elevados investimentos necessrios para se adquirir os equipamentos mais adequados e pouca capacidade de se levantar os emprstimos externos a juros mais baixos. Quase todas as nossas minas foram sendo modernizadas com o tempo, convivendo-se por longos perodos com os equipamentos existentes, muitas vezes inadequados para a nova escala de lavra estabelecida. Com rarssimas excees foram introduzidos equipamentos de ltima gerao nas minas brasileiras, sem que antes tenham sido testados em minas no exterior. Tem-se generalizado a prtica de guardar para futuro aproveitamento, estocando-se separadamente, as massas mais pobres, sem a utilizao no presente, para uso de futuras geraes. Muitas empresas contratam as operaes de mina a cu aberto com empreiteiras, as quais possuem ampla liberdade de aplicar os equipamentos que iro utilizar, e que no so, muitas vezes, os mais adequados, mas atendem aos preos da concorrncia. So raras as parcerias nas quais o empreiteiro compra o equipamento adequado para operar num contrato a longo prazo. Com esta prtica, a empresa de minerao no investe no equipamento de mina. Tem-se um exemplo de uma empresa importante que, para reduzir os seus custos, garantindo sua sobrevivncia em funo da queda do preo do metal, depois de muitos anos naquele regime de mina contratada, foi forada a investir em equipamentos prprios, adequados, para poder alcanar mais produtividade e custos mais baixos na fase de lavra. No Brasil, bastante comum a cesso do Decreto de Lavra por arrendamento para terceiros, persistindo nestas situaes algumas prticas inadequadas na conduo

de muitas operaes, que so depois paralisadas em estado de abandono. Isto pode ainda ser visto nas encostas da BR-040, nas proximidades de Belo Horizonte. Quando h um novo projeto, no qual so exigidos equipamentos modernos, devido s dificuldades de manuteno, tem sido corrente a contratao temporria desses servios de manuteno com os fabricantes. Com isto a empresa concentra-se na operao propriamente dita. Para efeito deste trabalho pode-se classificar por critrio emprico, como indicado seguir, as mineraes a cu aberto quanto ao porte da sua produo diria, incluindo minrio e estril (TAB.1).

TABELA 1 Tamanho das minas PORTE Grande Porte - GP Mdio Porte - MD Pequeno Porte - PP PRODUO DIRIA (t/dia) > 30.000 de 3.000 a 30.000 < 3.000

Os comentrios que seguem aplicam-se a todos os tipos de minerao a cu aberto:

PerfuraoS recentemente nossa maior mina a cu aberto, em Carajs, da CVRD, aumentou o dimetro da perfurao primria de 9 7/8 para 12 . Nas outras mineraes da Regio Sul, o dimetro mximo utilizado de 10, predominando 9 7/8. As principais mineraes da Austrlia, USA e Canad j adotaram, h muitos anos, os dimetros de 12 e de 15 nas suas grandes minas. A utilizao de grandes dimetros na perfurao primria de rochas duras, comumente encontradas nas minas do exterior, reduz substancialmente o custo de perfurao devido vida maior das brocas, reduzindo tambm o custo de minerao resultante do aumento da malha de perfurao, um menor nmero de furos e menor consumo de explosivos para desmontar a mesma massa. Felizmente , no Brasil, as minas de GP ocorrem mais comumente em rochas brandas e friveis, como as que se implantaram nos minrios de ferro do Quadriltero Ferrfero e em Carajs. Em Carajs, excetuam-se as ocorrncias de jaspelito intercalado que muito duro, havendo tambm no Sul ainda algumas ocorrncias de hematita dura, muito itabirito duro e algumas rochas ss que tambm exigem maior

cuidado e so as causas de maiores custos no desmonte e desgaste dos equipamentos. Mesmo nas minas de rochas brandas, a utilizao de maior dimetro melhora substancialmente a produtividade da operao tendo em vista o menor deslocamento de mquinas e o menor nmero de furos a serem feitos. A proximidade das cidades inibe a adoo de maiores dimetros em algumas de nossas minas, devido intensidade das vibraes. J as nossas minas de MP e PP utilizam sempre na perfurao primria dimetros abaixo de 6, predominando os dimetros de 4 e 21/2. Isso tambm prtica comum nas minas do exterior de mesmo porte. A perfurao secundria de mataces e reps pouca ou inexiste nas minas do exterior, sendo utilizado, quando necessrio, martelos quebradores eletro-hidrulicos montados sobre esteira e que esto sendo introduzidos aqui tambm em algumas minas, mas o mais comum ainda utilizar-se nas nossas minas a perfurao secundria com marteletes pneumticos.A maioria das pedreiras urbanas j possuem rompedor, que tem sido impostos pelos rgos ambientais, mas um equipamento caro Muito raramente nossos operadores de mina do a ateno devida marcao topogrfica dos furos e obedecem s profundidades estabelecidas para que se tenha um melhor desmonte. Atualmente, existem mtodos mais modernos para esta finalidade, mas o elevado custo de aquisio tem limitado seu uso.

DesmonteNas minas do exterior utiliza-se, com freqncia, no desmonte primrio, as emulses, via caminhes de explosivos, especialmente preparados para permitir o carregamento dos furos para detonao de maneira mecanizada, possibilitando tambm a realizao das misturas de emulso atendendo s vrias densidades requeridas. No Brasil, por sua vez, utiliza-se mais comumente o ANFO, algumas vezes feito de maneira improvisada nas minas. As emulses so mais utilizadas em furos molhados. O pequeno consumo de explosivos nas minas brasileiras causou a demora na produo local de nitrato de amnia explosive grade, mas j se fabrica aqui o Nitrato Prill Poroso, que se compara e atende bem maioria das situaes. Existem hoje trs empresas instaladas de bom porte atuando no Brasil e esto sendo estabelecidas outras parcerias locais de mdias e pequenas empresas deste setor com multinacionais de grande porte. Com isso, os avanos tecnolgicos externos tero maiores possibilidades de chegar com rapidez ao Brasil. Em muitas minas brasileiras ainda persiste a tendncia de se economizar nos explosivos, procurando manter baixas as razes de carregamento, o que se justificaria pelo alto custo do explosivo, sem se atentar para o conjunto de efeitos benficos causados pelo desmonte adequado, com uma taxa maior de carregamento, na produtividade da escavao, transporte, reduo do desgaste das

caambas das mquinas de carregamento e dos caminhes, assim como dos engaiolamentos dos britadores primrios, que, na maioria das vezes, so sempre menores do que o indicado. Na mina de Carajs, que vinha desmontando no mximo cerca de 30% com explosivos, est se revendo a prtica para desmontar alm de 70%, tirando partido da economia global mencionada. Nas pedreiras, o consumo de explosivo moderado, propositadamente para diminuir a produo de finos e evitar lanamentos. Outro resultado positivo ser a maior generalizao da aplicao do chock blast no desmonte de filas mltiplas, detonadas sobre material desmontado, sem a limpeza prvia, o que resulta em maior altura do material desmontado, facilitando o carregamento com as escavadeiras, provocando menor lanamento e melhorando a fragmentao, alm de resultar em maior produtividade na perfurao, carregamento e transporte. Esta prtica muito raramente aplicada no Brasil. Para ser utilizada exige-se muito bom pla nejamento de mina, boa continuidade e conhecimento do material a desmontar, assim como correta execuo da perfurao. No Canad, h alguns anos vrias empresas de minerao associaram-se e promoveram uma pesquisa conjunta, objetivando melhorar as tcnicas de desmonte para possibilitar o maior aproveitamento da energia das detonaes, considerando o elevado dispndio que se faz nesse item. No Brasil, seguramente, estamos usufruindo desses resultados introduzidos pelas empresas de explosivo. Foi, igualmente, introduzido em muitas de nossas minas o monitoramento sistemtico dos desmontes com ssmica, processo que necessita, no entanto, ser generalizado, especialmente nas pedreiras urbanas e ainda em muitas outras minas para se evitar danos com os equipamentos e preservao dos taludes finais. A introduo de espoletas de tempo eletrnicas tipo IKON vem minimizando esses problemas. As perfuraes e detonaes nos limites finais das bancadas das nossas minas a cu aberto necessitam ser estudadas com maior cuidado, para que se possa ter melhor regularidade na geometria final. Nesse particular, a empresa lder de explosivos local desenvolveu uma tcnica que otimiza essas situaes, e que vem sendo introduzida nas pedreiras urbanas. Nessas pedreiras preciso que o desmonte direto com rompedores hidrulicos seja testado com maior insistncia, eliminando-se o mximo possvel a perfurao e detonaes. Existem exemplos dessa prtica na Europa.

Escavao e CargaA excavao e carga feito por escavadeiras a cabo, escavadeiras hidrulicas, retroescavadeiras hidrulicas, carregadeiras sobre pneus ou esteira,moto scrapers, dragas e monitores hidrulicos, equipamentos tambm utilizados nas minas do exterior. Nas minas externas, equipamentos de maior porte so encontrados com maior freqncia, existindo, assim, um nmero superior de escavadeiras a cabo de grande porte. Para se obter melhor produtividade no carregamento , imperativo que as escavadeiras sejam sempre operadas fazendo o carregamento dos caminhes de ambos os lados, o que ainda , nas minas do Brasil, prtica pouco comum. A razo

principal que no se toma o cuidado de manter a adequada largura das bancadas e no se garante fcil acesso aos dois lados da mquina, devido posio do cabo eltrico. So muito pouco utilizadas as calhas metlicas que so colocadas no piso, prximo das escavadeiras para proteo do cabo, facilitando a manobra dos caminhes. Essa dificuldade criada para o desempenho do trabalho tem sido a desculpa freqente de no se carregar pelos dois lados. Tal prtica, apesar de aconselhvel, torna-se invivel, na maioria das vezes, em funo da cultura de desenvolvimento de mina estabelecida em nosso pas, no permitindo praas adequadas para essa operao. Os cabos de escavao fabricados no Brasil j possuem a n ecessria qualidade para permitir um nmero maior de horas de trabalho , como acontece nas minas externas. Apesar de possurem menor custo de aquisio do que os similares importados, os cabos nacionais nem sempre esto disponveis, obrigando a aquisio de similares importados. Ser necessrio ainda que, no planejamento de nossas minas, se faa maior opo pelas escavadeiras hidrulicas que poderiam em muitas situaes ser mais aplicadas, permitindo a renovao de mquinas a cabo de menor porte, muitas vezes inadequadas, com menor investimento. Por serem mais leves, podem trabalhar em terrenos de menor resistncia compresso, sendo tambm de mais fcil locomoo. Felizmente , crescente o nmero dessas mquinas nas minas do Quadriltero. As retroescavadeiras so especialmente indicadas nas operaes de pedreiras, por terem suas caambas mais compatveis com as aberturas dos britadores primrios instalados, e serem mais baratas. Em algumas pedreiras, a retroescavadeira trabalha sobre a pilha desmontada, carregando os caminhes com ciclo menor. Nas operaes contratadas, a utilizao de retroescavadeiras e ps carregadeiras mais freqente por se adequarem melhor aos caminhes menores. Uma aplicao tambm adequada delas feita na minas de fatias do Par e Rio Grande do Sul. Somente em Carajs e Itabira est sendo seguida uma tendncia muito moderna de instalao de GPS e pesagem nas escavadeiras, o que permite um controle em tempo real da quantidade e qualidade lavrada. Carajs tambm a nica mina que utiliza escavadeira PH 2800, a de maior porte no Brasil. As ps carregadeiras L1800 existentes em Itabira e Carajs j possuem tambm os recursos de pesagem. Um novo projeto de cobre est sendo implantado em Carajs, onde est sendo prevista a aquisio de escavadeira tipo PH 4100 de 42jc, para movimentao do estril. Na mina da Fosfrtil, em Tapira, como aconteceu em muitas situaes, desde o incio foram utilizadas as escavadeiras Marion 151M, caambas fabricadas em ao especial, que permitiram aumentar o volume para 13jc. Recentemente, tambm nessa mina, a troca das caambas de ao fundido das escavadeiras PH 1900 adquiridas, por outras fabricadas em chapa especial permitiu passar a caamba original de 12jc para 18 jc, melhorando a produtividade por exigir menor nmero de passes para carregar o caminho de 190t. Como os caminhes cresceram mais rapidamente do que as escavadeiras em termos de capacidade, muitas minas ainda convivem com uma combinao

inadequada escavadeira x caminho, resultando num ciclo de carregamento maior (mais passes por carga). A componente econmica a principal determinante desta prtica.

TransporteDe modo geral, a atividade transporte interno concentra o maior custo operacional das nossas minas. A tendncia de se utilizar sempre maiores unidades em menor nmero, permite minimizar estes custos. Essa afirmativa tem sido contestada por muitos, quando se analisa a diminuio da capacidade resultante ao se paralisar uma unidade de grande porte, comparada com o efeito causado pela paralisao de uma unidade menor. Somente a CVRD em Itabira e Carajs introduziu caminhes fora de estrada com capacidade nominal de 240st, que foram aumentadas para 278st (toneladas curtas), diesel ou diesel eltricos. Estes caminhes possuem clulas de pesagem. Todos os caminhes das outras minas brasileiras so menores do que 190t. A populao de caminhes existentes no Brasil acima de 95t ultrapassa uma centena de unidades. Os raios de curva das estradas necessitam ser sempre bem estudados nas nossas minas por melhorarem a vida dos pneus dos caminhes. Dever ser dada muita ateno tambm s drenagens e manuteno das estradas eliminando-se totalmente as poeiras. Uma vez que h poucas britagens nas cavas, o transporte por caminhes nas nossas minas tem sido muito longo, o que encarece nossas operaes. At agora no tivemos nenhum projeto que justificasse o uso de caminhes diesel eltricos com trolley nas vias permanentes. A operao da Samarco em Mariana, Minas Gerais, ainda o melhor exemplo de lavra a custo baixo utilizando correias transportadoras nas frentes. Este exemplo precisa ser mais aplicado nas minas brasileiras. (ver Fig.1). FIGURA 1 Lavra com correias

VISO GERAL LAVRA COM CORREIAS

TRATOR

CARREGADEIRA

CARREGADEIRA

CORREIAS COLETORAS

CARREGADOR

CORREIA DE BANCADA

Mining Management

Quase todas as nossas minas de GP e MP j esto equipadas com sistemas modernos de direcionamento ( dispatching) de caminhes para escavadeiras nas minas, com destaque para Itabira e Carajs que possuem os tipos mais modernos, o que vem permitindo significativa reduo no nmero de unidades necessrias. Para os caminhes fora de estrada de capacidade supeior a 190t, no h disponibilidade de pneus adequados localmente e depende-se sempre da importao, com desvantagens. Os caminhes modernos possuem muitos elementos de controle de que ainda no se tem fabricao local, gerando as mesmas dificuldades. Um ponto importante a ressaltar e que j vem sendo feito em algumas minas brasileiras a disposio de se modernizar os caminhes eltricos mais velhos, o que poder prolongar sua vida til, com economias significativas. importante salientar ,ainda, que estes equipamentos de grande porte precisam sempre de uma manuteno rigorosa, sem improvisaes. Necessariamente no nosso clima, estes caminhes fora de estrada de capacidade superior a 100t precisam ter cabines climatizadas, para dar maior conforto aos operadores.

Equipamentos auxiliaresAs minas brasileiras possuem, de maneira geral, os mesmos equipamentos que as suas congneres do exterior. A exceo que se faz a falta ainda em algumas minas de quebradores de matacos eletrohidrulicos, montados em braos de retroescavadeiras hidrulicas, e caminhes tanques irrigadores de grande

capacidade. Convive-se, ainda, em algumas minas de MP E GP, com pequenos carros-pipa alugados de terceiros. As motoniveladoras de grande porte so ainda pouco numerosas nas nossas operaes de MP e GP, o que dificulta a melhor manuteno das estradas. Os quebradores de matacos j esto em uso de forma mais generalizada nas pedreiras urbanas das grandes cidades, evitando-se os lanamentos e diminuindo tambm o nvel dos rudos do desmonte. Os rompedores, por terem operao continuada, podem causar, inclusive, maior incmodo. Em muitas frentes, eles podero at substituir o desmonte por explosivo, aplicao que tambm est sendo considerada no momento em operaes no exterior. Outra aplicao importante dos quebradores hidrulicos ser sua utilizao para regularizar os taludes finais dos bancos lavrados. Muitas de nossas minas no se modernizaram ainda o suficiente a ponto de terem j adquirido os instrumentos mais modernos para levantamentos topogrficos e softwares para planejamento.

Mo de ObraDe modo geral, as operaes de mina a cu aberto externas utilizam reduzida mo de obra se comparado com o que se pratica no Brasil. Tem sido correta a poltica das empresas de utilizar mo de obra somente onde ela necessria. A aplicao nas minas dos equipamentos de maior porte traz economia para as operaes, uma tendncia da atividade no mundo e que tambm est sendo seguida aqui no Brasil, na medida do possvel. Procura-se tambm aqui dar mo de obra empregada as melhores condies de segurana e higiene no trabalho. s vezes, na nsia de economizar mo de obra, contudo, prejudica-se o custo da operao. Cita-se, como exemplo a falta de catadores de pedras soltas nas vias e muitas vezes tambm nas praas de lanamento de estril. Um acidente provocado por pedras soltas poder resultar na perda total de pneus de caminhes fora de estrada, de custo elevado. Nossos operadores de caminhes e de outros veculos que circulam nas minas nem sempre possuem a determinao de parar o veculo e remover as pedras ou chamar assistncia para atender s situaes que se apresentam, apesar de treinados para tal. Todas as atividades envolvendo pessoas precisam ser muito bem monitoradas, exigindo freqente treinamento no trabalho por meio de instrutores muito bem preparados. J vm sendo utilizadas com sucesso em muitas minas as modernas tcnicas de comunicao visual, servindo como ferramentas bastante teis no treinamento dos operadores. A mo de obra de manuteno mecnica e eltrica tem um papel importante na minerao quando se visa alcanar as disponibilidades exigidas nestes equipamentos modernos de alto custo. A sua capacitao demanda a cooperao

dos fabricantes e deve fazer ser integrante das condies de aquisio dos equipamentos. Os seguintes mtodos de lavra a cu aberto sero discutidos a seguir: Encosta Cava Fatias Lavra por dissoluo

2.1.1 - Minas de encosta e de cavaNeste trabalho esto sendo agrupados os dois tipos de lavra acima citados porque, com o progresso da lavra, ser comum que as minas de encostas se transformem em cavas, necessitando de abertura de rampas encaixadas para acesso aos bancos inferiores. Enquanto as minas de encosta possuem drenagem natural, as minas em cava exigem bombeamento, a partir de uma bacia preparada no banco mais inferior, ou atravs de poos adjacentes, ou de galerias. A abertura de rampas uma atividade demorada e trabalhosa uma vez que, forosamente, preciso escavar em caixo. Algumas minas brasileiras, como aconteceu na Caraba, j adotaram a prtica de realizar a perfurao com detonao de toda a extenso da rampa, chegando a alcanar cerca de 200m. Est sendo tambm seguida aqui no Brasil a tendncia de limitar em 15 metros a altura das bancadas. Bancadas mais altas somente so encontradas em pedreiras. No se observa muita diferena entre as minas brasileiras, tanto de encosta como em cava, quando comparadas com o que se faz no exterior, exceto pela menor freqncia no Brasil de minas de grande porte (GP) e por um nmero menor de operaes em cava ou que necessitaram desde o seu incio de se fazer o acesso em rampa para a abertura do primeiro banco, seja para lavra de minrio ou, o que tem sido mais comum nas minas do exterior, para se fazer o descapeamento de estril nos depsitos cegos. A deficincia registrada no passado na obteno de maior rigor na aderncia ao planejamento est sendo grandemente revertida nas minas brasileiras e constata-se hoje que j se est conseguindo sempre mais do que 80% de conformidade com o planejado. Dedicou-se um esforo enorme para que fosse mudado este comportamento nas minas. Para garantir um bom planejamento, necessria a realizao da melhor estimativa relativa aos teores dos bancos a serem lavrados, o que s se consegue com melhor controle de geologia de mina, seja por levantamentos rotineiros das frentes e/ou

sondagens adicionais mais freqentes. O modelamento do depsito tem sido uma imposio permanente nas minas para se obter os melhores resultados. Algumas minas brasileiras j introduziram tambm o britador na cava (in pit crushing), modernizao que foi iniciada pelas Mineraes Brasileiras Reunidas MBR, sendo seguida pela CVRD, em Itabira. Mais recentemente, foram instaladas, em Carajs, 2 unidades semi-mveis com britadores Krupp 1600x1400mm e capacidade de 7500 t/h. Nenhuma mina ainda instalou britagens mveis de grande porte montadas sobre sapatas ou esquis, para permitir maior mobilidade, que esto se generalizando nas minas externas. Na mina do Cau, em Itabira, foram tambm instaladas britagens na mina, sendo que uma unidade possui alimentador de esteira que descarrega no britador giratrio e parece ser o projeto mais econmico que se conhece. So tambm a cu aberto todas as lavras brasileiras de rochas ornamentais. Existem cerca de 1300 frentes de lavra. As operaes de rochas ornamentais mais desenvolvidas esto nos Estados do Esprito Santo e da Bahia. Na maioria das operaes, a extrao de blocos no ultrapassa 300 a 400m3/ms e as mais modernas, que utilizam o corte com cabos adiamantados, alcanam cerca de 1000m3/ms. A maior operao alcana a produo de 2500 m3 por ms. A recuperao de blocos comerciais de dimenses 2,80x1,60x1,60m, quando no granito, da ordem de 80%, sendo menor de at 40% no caso de blocos de mrmore. De modo geral, as lavras maiores esto equipadas convenientemente com o que existe de melhor no mundo, mas existem muitas pequenas operaes precrias que necessitam melhorias, especialmente no aproveitamento melhor das sobras da lavra. As pedreiras para agregados que se implantaram no pas e cujo nmero deve ultrapassar a 500, esto passando por uma crise devido de maneira geral ao pequeno numero de obras. As maiores possuem produo inferior a 100.000 m3/ms. As mais bem instaladas possuem esquemas de produo e beneficiamento onde foram introduzidas tcnicas avanadas para produo de produtos bitolados e de enfoque diferente das minas de MP e GP. De modo geral as operaes em So Paulo foram implantadas com melhor tcnica. A indstria cimenteira possui cerca de 55 minas de encosta e cava, todas de PP, exceto uma, bem providas de equipamentos menores e suas operaes so muito bem conduzidas, seja por equipes prprios ou com operao contratada e o setor possui recursos. Nossos depsitos de sedimentos mineralizados at agora valorizados possuem recursos pequenos, por isto no se justificaram, ainda, as grandes dragas conforme se conhece na Malsia e Tailndia, Austrlia e Nambia. O melhor desenvolvimento em dragagem de aluvies no consolidados ocorreu com a utilizao de bombas injetoras (jet pumps) que tiveram grande desenvolvimento na Inglaterra no incio dos anos 1980, mas que at agora no teve aplicao no Brasil. Nessas dragas, a gua da bacia bombeada em alta presso para o fundo da formao, passando por um venturi que retorna com as areias ou cascalho podendo ser descarregado alm de 500m.

As operaes com dragas de alcatruz esto restritas s exploraes de diamante do Vale do Jequitinhonha, mas esses equipamentos possuem uma escala de produo pequena, alm de serem bastante antigos, operando h mais de 30 anos. Nos aluvies de estanho de Pitinga, no Amazonas, esto sendo utilizadas as dragas menores tipo Elicot, em seguida bastante difundidas. Essas so dragas que revolvem o cascalho dirigindo-os para a suco da bomba. Apesar de terem sido feitas pesquisas exaustivas nos paleovales de Santa Brbara, em Rondnia, onde, semelhana da Malsia, poder-se-ia aplicar grandes dragas, no se encontraram depsitos econmicos para implant-las. As formaes de areias ilmenticas existentes em grande extenso para Norte, a partir de Prado, na costa da Bahia, que ainda no foram devidamente pesquisados podero gerar alvos possveis de dragagem no futuro. Atualmente est sendo impla ntado um grande projeto moderno com draga (wheel dredge) IHC da Holanda, com uso de tecnologia australiana na unidade de beneficiamento nos depsitos de ilmenita de Mataraca, no Rio Grande do Norte, em substituio lavra seca convencional das dunas com trator e correias transportadoras. A produo dessa draga ser da ordem de 10 milhes de t/a(1500t/h). Outros estudos esto sendo feitos nos depsitos de areias pesadas da costa do Rio Grande do Sul, que podero justificar novas implantaes de dragagens . As operaes a cu aberto utilizando desmonte hidrulico tm ocorrido agora em pequena escala por permitir pouca seletividade, alm de serem de alto custo devido ao elevado consumo de energia. Esse mtodo considerado muito poluidor, exigindo cuidados muito especiais em sua aplicao. Os exemplos mais antigos no Brasil de desmonte hidrulico so as lavras de cassiterita e tantalita em So Joo Del Rey, em Minas Gerais. Ele muito utilizado nos garimpos ilegais. As maiores operaes foram implantadas na lavras de estanho da Amaznia, algumas delas iniciadas com tcnicos da Malsia e Bolvia, que introduziram tambm a tcnica de construo das pequenas barragens chinesas. Em Santa Brbara, Rondnia, foram utilizados monitores com controle automtico para alimentao do minrio nas plantas a partir de estoques formados pela lavra seca (caminhes e retroescavadeiras), seguindo as prticas existentes na Malsia. Com a direo de engenheiros ingleses, a substituio do desmonte hidrulico por lavra seca foi muito bem sucedida, devido ao melhor planejamento da operao e preparao antecipada das pistas para permitir o trfego de caminhes durante a estao chuvosa. A introduo do mesmo mtodo de lavra seca de aluvies fora tentada no passado por tcnicos da Malsia mas no se obteve resultados. Glory Hole um esquema de se lavrar as minas de encosta com grande economia de transporte ao se descarregar os caminhes de minrio numa chamin recolhendo-o depois, atravs de tnel no nvel inferior. Na mina de Canania, no Mxico, foi instalado o britador primrio no fundo deste poo passagem de minrio, retirando-se o produto por correias.

No havendo restries de degradao e elevada umidade e atentando-se para uma adequada fragmentao, o mtodo, que foi aplicado com sucesso no Morro da Mina em Lafaiete, Minas Gerais, poder ser ainda utilizado com vantagens em algumas pedreiras urbanas. Desconhece-se a existncia atualmente de alguma aplicao local.

2.1.2 - Mtodo de lavra em fatiasDiferentemente dos outros pases, notadamente USA, Canad, Austrlia e frica, o Brasil possui poucas minas em formaes sedimentares e, por esta razo, aplica-se pouco o mtodo de lavra em fatias. O melhor exemplo brasileiro de aplicao do mtodo para grandes produes so as operaes da Minerao Rio do Norte no Par que foram bem concebidas, possuindo draglines de 26jc e 17jc para remoo do estril e retroescavadeiras 3 hidrulicas de 14m , carregando a bauxita em caminhes fora de estrada mecnicos de 100t. Por razes econmicas, a expanso deu-se com a aplicao de tratores tipo D-11 de grande capacidade que fazem o descapeamento, evitando-se com isso a compra de novas draglines de custo elevado. Utiliza-se, naturalmente, mais mo de obra, mas a soluo torna-se mais econmica no seu todo. Essa tendncia tambm est sendo incorporada nas minas de fatias americanas. A principal inovao foi a utilizao do equipamento calibrador MMD siser prximo da frente, diminuindo o transporte por caminhes, do minrio escavado e descarregando em correias transportadoras . Este equipamento foi considerado como o mais importante desenvolvimento dos anos 1980, mas s foi introduzido no Brasil cerca de 18 anos depois! A mina de Candiota da CRM, no Rio Grande do Sul a que opera, atualmente, com a maior dragline BE de 38 cj. Uma vez que as draglines so equipamentos de custo muito alto, h uma tendncia mundial de se utilizarem unidades paradas de menor custo, reformando-as e modernizando-as com resultados econmicos positivos. Por esta razo, deveremos estar atentos para esta possibilidade no futuro. Um novo projeto importante a ser implantado com uso do mtodo de lavra em fatias, elaborado por consultoria americana para lavra de vrias camadas do carvo de Candiota em Seival, no Rio Grande do Sul, prev a lavra com minerao contnua utilizando escavadeira de rodas de caamba (BWE) e transporte por correia. Ser uma operao semelhante s que se tem nos linhitos de Colnia, na Alemanha, porm em menor escala, e espera-se a sua difuso no Brasil.

2.1.3 - Lavra por dissoluoEste mtodo de lavra muito bem desenvolvido no Nordeste Brasileiro, onde utilizado para a extrao de salgema encontrado nos sedimentos perfurados pela Petrobrs na pesquisa de petrleo. A partir de poos de 1200m de profundidade e 6 de dimetro injeta-se gua doce que dissolve o sal numa rea de influncia de 160

m, trazendo a soluo com 25% de salinidade e transportando para as plantas de evaporao, distantes cerca de 60 km. As duas operaes produzem 700.000 e 2.000.000 t/ ano. As tecnologias so muito fechadas havendo possibilidade potencial de se aplicar o mtodo para a lavra dos depsitos de potssio de Nova Olinda AM, para diminuir nossa dependncia externa. A lavra por dissoluo pode tambm ser considerada uma operao subterrnea, mas foi preferido menciona -la juntamente com os mtodos a cu aberto , porque feita a partir da superfcie.

2.2 - Mtodos de lavra subterrneaA escolha de um mtodo de lavra d-se em funo de dois grupos de condicionantes: a geometria do corpo (inclinao e espessura) e caractersticas de resistncia e estabilidade dos macios que constituem o minrio e suas encaixantes. No fcil, portanto, comparar a aplicao de mtodos de lavra em uma ou outra regio; a comparao entre o padro tecnolgico como um todo mais fcil, o que se desenvolve a seguir. Alguma comparao pode ser feita a partir dos grupos de mtodos citados. Em geral, os mtodos com realces auto-portantes so empregados sempre que possvel, tanto no Brasil como no contexto internacional, dado seu menor custo de lavra e baixa diluio. No Brasil, as restries ambientais ainda no so to severas, os custos com manuteno de rejeitos em superfcie no so muito elevados, de maneira que as tcnicas de enchimento com rejeitos so menos populares. Ao mesmo tempo, os rejeitos gerados na minerao a cu aberto e no processamento dos bens aproveitados representam um volume muito maior do que aquele gerado pelo processamento dos bens aproveitados atravs de tcnicas de lavra subterrnea, onde os rejeitos de estril de lavra no costumam vir superfcie. Considerando-se o contexto da disposio dos rejeitos de beneficiamento, pode-se dizer que os mtodos com o uso de enchimento sejam um pouco mais populares no contexto de pases com maiores restries ambientais que o Brasil. Estes mtodos so, no entanto, empregados no Brasil, quando as condies de aplicao esto dadas. Vale lembrar, por exemplo, que os Estados Unidos da Amrica so o segundo maior produtor mundial de ouro e quase toda a sua produo se d a cu aberto. No Canad, onde a minerao subterrnea mais expressiva, muito difundido o uso de sistemas com enchimento, principalmente do tipo backfilling ou rejeito pastoso, tipo paste fill, que est se tornando comum. As condies de geometria e estabilidade assim o exigem. Na Escandinvia, esses sistemas so tambm comuns em minas de sulfetos, mas no nas maiores minas, Kiruna e Malberget, minas de ferro, porque no h material para enchimento. Na Austrlia onde, de um modo

geral, as restries ambientais so muito menos severas que as brasileiras, h intenso uso de enchimento quando requerido. A aplicao de mtodos com abatimento das encaixantes depende de condies, muito especficas, dadas pela geometria da lavra e de resistncia do macio do minrio e suas encaixantes. So aplicados nos prfiros de cobre chilenos, na lavra de diamantes na frica, na lavra do carvo em vrias partes do mundo e na lavra de ouro na frica do Sul, onde as minas so muitas profundas, no permitindo aplicar outros mtodos. Os mtodos de lavra subterrneos so classificados em trs grupos: mtodos com realces auto-portantes mtodos com suporte das encaixantes mtodos com abatimento

2.2.1 - Mtodos com Realces Auto-portantesDentre os mtodos com realces auto-portantes mais comuns esto os mtodos abaixo, sendo que os dois primeiros so os mais difundidos no Brasil: cmaras e pilares mtodo dos sub-nveis VCR, vertical crater retreat

So mtodos que costumam exigir, para a sua aplicao, elevada continuidade e homogeneidade da qualidade do minrio. So, em geral, mtodos de alta produtividade, face simplicidade das operaes conjugadas empregadas. So empregados na lavra de minrios de menor valor unitrio, pois a recuperao bastante comprometida pelo abandono dos pilares. A diluio costuma ser baixa, dada a estabilidade das encaixantes e o fato de no se trabalhar com material de enchimento.

2.2.1.1-Cmaras e Pilares um mtodo que se presta bem mecanizao, desde que a espessura da camada permita a operao de equipamentos em seu interior - cerca de 1,8m - com diluio aceitvel. A perfurao, quando em rochas duras, pode ser feita atravs de carretas de perfurao tipo jumbo ou de marteletes pneumticos. Em geral so utilizados furos

com dimetros entre 40 a 45mm (marteletes) ou 45 a 51mm (jumbos). Nas rochas brandas como no carvo utilizada perfurao rotativa. O carregamento do minrio pode ser feito com carregadeiras rebaixadas tipo LHD (load, haul and dump) a diesel, ou eltricas e carregadores, rastelos. As carregadeiras rebaixadas podem ter de 0.75 m3 at 9 a 11m3. O transporte pode ser feito a partir dos prprios realces, por shutle cars descarregando em correias transportadoras ou por vias de transporte abertas na lapa para este fim atravs de caminhes ou trens que podem receber o material desmontado. Os caminhes so rebaixados e articulados e variam em capacidade, normalmente de 15t a 50t. O mtodo empregado no Brasil em algumas minas metlicas: Urucum, mangans, da CVRD, em Corumb, no Mato Grosso do Sul; Morro Agudo, zinco-chumbo, da Companhia Mineira de Metais, em Paracatu, Minas Gerais; Parte da mina de Crixs, ouro, da Anglogold/TVX-Normandy, em Crixs, Gois, operada a partir deste mtodo. O mtodo tambm empregado na mina potssio de Taquari-Vassouras, da CVRD, em Rosrio do Catete, Sergipe, onde o desmonte feito atravs de mineradores contnuos, o carregamento por shuttle cars e o transporte por correias que levam o minrio por distncias de at 7km. Esta a mais produtiva e mais moderna mina subterrnea brasileira, operando com equipamentos de ltima gerao. Devido a problemas de segurana dos tetos, a recuperao infelizmente no ultrapassa 46%. O mtodo de cmaras e pilares est extensivamente aplicado no carvo de Santa Catarina, em profundidades que variam de 70m a 300m. A recuperao mxima de 50%, porque no est sendo feita a recuperao de pilares para evitar-se a subsidncia. A economia do carvo muito frgil e as minas permanecem com equipamentos do incio da dcada de 1980, sendo que algumas minas fabricam localmente as mquinas para suas necessidades.

2.2.1.2-Mtodo dos Sub-nveisEsse mtodo permite grande variao em sua aplicao, razo da sua ampla utilizao no Brasil. Uma variante bastante popular a conhecida como a do mtodo dos sub-nveis com furos longos, LHOS (long hole open stope), onde so usados furos de dimetro largo, 115mm ou 150mm, em geral descendentes e se tem entre dois e trs subnveis (um no piso e os demais no topo). No utilizado no Brasil.

Outra variante muito utilizada dos arranjos longitudinais a dita sublevel retreat method, onde aberto um acesso central e a lavra feita em recuo das extremidades do corpo em direo a este acesso. Em outra variante, a lavra feita atravs de uma das formas acima e, posteriormente, as escavaes so enchidas com estril ou rejeitos do beneficiamento (backfilling), permitindo a sua disposio no interior da mina e os trabalhos com menores vos expostos, evitando-se abatimentos de grandes propores, e aumentado a recuperao na lavra. A perfurao pode ser descendente, ascendente ou radial, em torno dos sub-nveis, os dimetros variam de 51mm a 150mm, com perfuratrizes de topo ou de fundo de furo, eletro-hidrulicas ou pneumticas. A carga e transporte so feitos atravs de LHDs e caminhes, com preferncia para os equipamentos de maior porte, sempre que possvel. No caso de arranjos longitudinais sem pontos de extrao, necessrio o uso de equipamentos dotados de controle remoto para a carga do material desmontado. O mtodo empregado no Brasil em vrios locais: Fazenda Brasileiro, ouro, da CVRD, em Teofilndia, Bahia, na variante sublevel retreat; Fortaleza de Minas, nquel, do grupo Rio Tinto, em Passos, Minas Gerais, na variante sublevel retreat So Bento, ouro, da Eldorado, em Baro de Cocais, onde aplicado com enchimento posterior dos realces; Minas da Minerao Vale do Jacurici, cromita, em Andorinhas, Bahia, utilizando sublevel retreat. O mtodo por sub-nveis clssico foi empregado nos painis I e II da Mina Caraba, de cobre, da Minerao Caraba, em Jaguarari, Bahia, com arranjos clssicos longitudinais dotados de estruturas com pontos de carga na base dos painis, sendo que os realces alcanavam dimenses de at 90x35x80m. A operao no era muito bem controlada devido aos desplacamentos que aumentavam a diluio at 35%. Foi tambm empregado na Mina de Joo Belo, do grupo Anglo American, em Jacobina, tambm na Bahia, hoje paralisada, igualmente em arranjos clssicos longitudinais e nas minas da Plumbum - Paran, Boquira- Bahia e Camaqu- Rio Grande do Sul. Verses no mecanizadas foram empregadas at a dcada de 1970 nas minas de scheelita do Rio Grande do Norte e Paraba.

2.2.1.3 - Recuo por Crateras Verticais (VCR Vertical Crater Retreat)Esse mtodo teve uma grande importncia na minerao por ter permitido, pela primeira vez, a recuperao de pilares aumentando as recuperaes na lavra. Exige, antes, que os realces sejam suportados com enchimento de rocha ou pasta com cimento. A perfurao neste mtodo feita sempre descendente, exigindo que se faam furos, acima de 115mm, bem direcionados utilizando-se martelos de fundo de furo. A carga e transporte so feitos com equipamentos semelhantes aos anteriormente citados. Na aplicao do mtodo, cria-se uma face livre ho rizontal e fazem-se as detonaes de cargas esfricas proporcionando a formao de efeitos crateras. Este mtodo desenvolvido pela INCO no Canad, foi experimentalmente aplicado na mina Caraba com consultoria sul-africana. comum uma variante (VRM Vertical Retreat Mining) em que a face livre aberta atravs de crater blasting, ao longo de toda a extenso vertical do realce e os demais furos so detonados por inteiro, como no LHOS . O mtodo e sua variante tipo LHOS so empregados na Mina Caraba, de cobre, da Minerao Caraba, em Jaguarari, na Bahia. Os realces so enchidos com rejeito cimentado (at 5% de cimento), tipo pasta (paste fill), aps a sua lavra. Os realces so pequenos, permitindo alta velocidade de lavra e melhores condies de estabilidade, a seqncia de lavra em tabuleiro de xadrez, provendo maior recuperao graas ao uso do enchimento. Este tipo de enchimento permite recuperaes acima de 83%, e s se tem uma nica operao no Brasil.

2.2.2 -Mtodos com Suporte das EncaixantesDentre os mtodos mais comuns esto: recalque (shrinkage) corte e enchimento

O suporte pode ser dado pelo minrio, que pode ser deixado em recalque, ou por material externo, que pode ser trazido aos realces. So mtodos de menor produtividade quando comparados com mtodos com aberturas auto -portantes em condies similares. A menor produtividade se justifica em funo dos desmontes menores (possibilitando trabalhar com menores vos), de um maior nmero de operaes conjugadas e da dificuldade prpria de manuseio do minrio em recalque ou do enchimento. Em geral, so empregados em minrios de alto valor unitrio, pois os custos com enchimento e manuteno do minrio em recalque so altos e a produtividade baixa, onerando a lavra. A diluio costuma ser baixa, o que depende muito da qualidade das encaixantes, do controle do desmonte e da contaminao pelo

material de enchimento. A recuperao costuma ser alta, dado que a quantidade de minrio deixada em pilares normalmente baixa.

2.2.2.1- Recalque um mtodo que no se presta bem mecanizao. A relao entre as dimenses dos equipamentos de perfurao e a espessura e inclinao da camada definem a diluio: desde que a espessura da camada permita a operao de equipamentos em seu interior, opera-se com diluio aceitvel. um mtodo possvel de ser aplicado em realces de pequena espessura. A perfurao costuma ser feita atravs de carretas de perfurao tipo jumbo ou mini jumbos, carretas tipo wagon drill, eletro-hidrulicas ou pneumticas ou de marteletes pneumticos. Em geral so utilizados furos com dimetros entre 40 a 45mm (marteletes) ou 45 a 51mm (jumbos e wagon drills). O carregamento do minrio pode ser feito com carregadeiras rebaixadas tipo LHD a partir dos pontos de carga, quando so usados caminhes em sistemas sem chutes ou a partir de chutes ou carregadeiras tipo overshoot loader, quando se utilizam trens. O transporte pode ser feito por caminhes ou trens com vages de pequeno porte. Quando so usados caminhes, estes so rebaixados e articulados e variam em capacidade, de 15t at 20t a 25t. Quando so usados trens, os vages costumam ser do tipo gramby com 4t a 8t de capacidade, em trens com 8 a 12 vages por composio. O mtodo foi empregado no Brasil em algumas minas metlicas: vrias minas de Morro Velho, ouro, hoje da Anglogold, na regio de Nova Lima, Minas Gerais, atualmente em reviso dos projetos; So Bento, ouro, da Eldorado, em Santa Brbara, Minas Gerais; Itapicuru, da Anglo American, em Jacobina, Bahia, hoje paralisada. So todas minas semi-mecanizadas.

2.2.2.2-Corte e Enchimento (Corte e Aterro) um mtodo que permite lidar com variaes quanto continuidade e homogeneidade da qualidade do minrio, provendo diluio e recuperao aceitveis. Caso o material de enchimento seja estril (do desenvolvimento ou outra fonte), configura-se o enchimento dito mecnico, que pode ser feito com ou sem a adio de cimento. Quando o material de enchimento o rejeito do beneficiamento (backfill), cimentado ou no, configura-se o rejeito hidrulico.

um mtodo que permite bom grau de mecanizao. A relao entre as dimenses dos equipamentos e a espessura e inclinao da camada definem a diluio: desde que a espessura da camada permita a operao de equipamentos em seu interior, opera-se com diluio aceitvel. O grau de mecanizao e o tamanho dos equipamentos so definidos a partir da geometria do corpo, sendo usados sistemas mecanizados sempre que a espessura e inclinao o permitirem; nesses casos, utilizam-se equipamentos de pequeno ou mdio porte. Nos sistemas semi-mecanizados costuma-se utilizar marteletes para a perfurao e pequenas LHDs ou rastelos para a limpeza. A perfurao normalmente feita por carretas de perfurao tipo jumbo ou carretas tipo wagon drill, eletro-hidrulicas ou pneumticas ou de marteletes pneumticos. Em geral so utilizados furos com dimetros que variam de 40mm a 45mm (marteletes) ou 45mm a 64mm (jumbos e wagon drill). O carregamento do minrio pode ser feito com carregadeiras rebaixadas tipo LHD, cuja capacidade varia desde pequenas unidades com capacidade de at 0.4m3, usualmente eltricas, at unidades com at 3m3 , raramente maiores. O transporte pode ser feito por caminhes ou trens com vages de pequeno porte, tal como se utiliza para o recalque. Quando se usa enchimento hidrulico, necessrio drenar e bombear de volta para a superfcie a gua utilizada no transporte dos rejeitos. Em sistemas semimecanizados so montadas estruturas de drenagem cuja construo trabalhosa e onerosa. Em sistemas mecanizados estas estruturas costumam ser mais simples. A utilizao de rejeito pastoso (paste fill) permite contornar a questo da drenagem de forma engenhosa, porm o custo elevado. O mtodo empregado no Brasil em algumas minas metlicas: Cuiab, ouro, da Anglogold, em Sabar, Minas Gerais, onde se utiliza enchimento mecnico; So Bento, ouro, da Eldorado, em Santa Brbara, Minas Gerais, com enchimento por backfill; Maior parte da mina de Crixs, ouro, da Anglogold/TVX-Normandy, em Crixs, Gois, onde se faz o enchimento com areia. So todas minas mecanizadas. Os sistemas semi-mecanizados caram em desuso no Brasil em meados da dcada de 1980.

2.2.3- Mtodos com AbatimentoDentre os mtodos mais utilizados, encontram-se:

abatimento em sub-nveis (sublevel caving) abatimento por blocos (block caving) longwall

So mtodos que exigem, para a sua aplicao, continuidade e homogeneidade da qualidade do minrio e que a capa seja sempre suficientemente instvel para desmoronar, enchendo o espao do minrio que foi retirado. So, em geral, mtodos de alta produtividade, face simplicidade das operaes conjugadas a serem empregadas. Normalmente, esses mtodos so empregados em minrios de menor valor unitrio, pois a diluio costuma ser alta. A recuperao freqentemente comprometida pelo abandono de parte do minrio onde a diluio maior.

2.2.3.1- Abatimento por Sub-nveis (Sublevel Caving)A perfurao ascendente, feita, em geral, com furos de dimetro mais largo, entre 76mm e 102 mm. A carga e o transporte so feitos por equipamentos semelhantes aos utilizados no mtodo dos sub-nveis, com preferncia para os de maior porte, sempre que possvel. No Brasil, o emprego desse mtodo ocorre nas minas de cromita da Minerao Vale do Jacurici, em Andorinhas, Bahia. Foi adotado na Mina de Fazenda Brasileiro, de ouro, da CVRD, em Teofilndia, tambm na Bahia, na poro mais superficial, onde se usou a variante com recalque. O mtodo vem sendo aplicado em algumas situaes na Mina Caraba.

2.2.3.2- Abatimento por Blocos (Block Caving)A carga e o transporte so feitos por equipamentos semelhantes aos utilizados no mtodo dos sub-nveis, com preferncia para os de maior porte. um mtodo pouco popular, sendo usado por excelncia nos prfiros de cobre do Chile. No foi at agora empregado no Brasil. o mtodo que est sendo adotado nas maiores minas do mundo como Palabowra, na frica do Sul, e El Teniente, no Chile, lavrando-se minrios com teores de 0,7 a 1,0% de cobre.

2.2.3.3- Longwall um mtodo comum na lavra de carvo e de potssio para profundidades maiores do que 300m. H casos de utilizao em minerao de ouro em rocha dura.

Este mtodo s foi experimentalmente utilizado na lavra de carvo de Leo I, no Rio Grande do Sul. Est havendo uma grande restrio dos rgos ambientais no momento de autorizar a aplicao do mtodo devido a no se permitir subsidncias. Em outros pases, inclusive Estados Unidos, a aplicao do mtodo tem sido permitida fazendo-se as protees necessrias. O desmonte feito com mineradores contnuos ou a fogo, com o uso de equipamentos de perfurao de pequeno porte. A carga feita por transportadores de correntes que operam junto face, alimentando correias transportadoras ou shuttle cars dispostas nas travessas.

3- OPERAES UNITRIAS E SERVIOS AUXILIARESO padro de operao unitria em subsolo condicionado por dois grandes grupos: aquelas caractersticas de rochas duras e aquelas caractersticas de rochas moles. Na minerao de rocha dura, o desmonte feito a fogo, sendo necessrio perfurar o material a ser desmontado, carregar estes furos e proceder ao desmonte, para, ento, fazer a carga e limpeza. Os equipamentos utilizados para a minerao de rocha dura eram divididos, at meados da dcada de 1970, nos sistemas sobre trilhos e os ditos trackless. Assim, os sistemas sobre trilhos, semi-mecanizados, eram caracterizados pelo uso de marteletes pneumticos, rastelos, carregadeiras pneumticas tipo overshoot loader e trens de pequeno porte, com gramby cars. Os sistemas tipo trackless se caracterizam pelo uso de carretas de perfurao tipo jumbo, carregadeiras rebaixadas tipo LHD e caminhes rebaixados. Esta distino est perdendo o sentido, dado que os sistemas sobre trilhos esto caindo em desuso, seja pela baixa produtividade, seja pelas piores condies de segurana dos trabalhos e, mais comumente, por uma combinao destes fatores. O tipo de equipamento que utilizado tem relao com a espessura do minrio e a escala de produo e define a produtividade da operao. Em escalas menores, so utilizados equipamentos menores, que podem ser acomodados em aberturas de, no mnimo, 2x2 m2. A perfurao para desenvolvimento feita por carretas de perfurao tipo jumbo, usualmente de um brao, que fazem furos de 45mm a 51mm at 3m de extenso ou marteletes pneumticos, utilizando-se dimetros em torno de 40mm e extenso entre 1,60m e 2,40m. O uso de marteletes tem sido cada vez menos comum, a perfurao de produo feita atravs de carretas tipo wagon drill, em dimetros de 51mm a 64mm. A carga costuma ser feita atravs de carregadeiras tipo LHD com capacidades que varia de 0,4 m3 at, no mximo, 4 m3. O uso de rastelos cada vez menos comum. O transporte feito por caminhes de 7t a 10t ou 15t, a depender do tamanho das vias, ou por trens, especialmente composies com vages tipo gramby car com 4t a 8t de capacidade, sendo usados 8 a 12 vages por trem. Os trens deste porte esto caindo em desuso.

Em escalas intermedirias, utilizam-se vias de acesso com 4x4 m2 e os equipamentos de perfurao so carretas de perfurao tipo jumbo com dois braos, que fazem furos de 45mm a 51mm com 3m at 4m de extenso. Os marteletes pneumticos so usados para atividades auxiliares; a perfurao de produo costuma ser feita por equipamentos especficos para este fim e os dimetros variam entre 76mm at 150mm. A carga se processa por meio de carregadeiras tipo LHD com capacidade entre 4,5m3 e 7m3 . O transporte feito por caminhes desde 20t at 25t a 30t. Em uma escala maior, utilizam-se vias de acesso de 5x5 m2 ou um pouco maiores e os equipamentos de perfurao so carretas de perfurao tipo jumbo com dois braos, raramente trs braos, similares s anteriores; a perfurao de produo tambm feita por equipamentos especficos. A carga costuma ser feita por carregadeiras tipo LHD com capacidades entre 9m3 e 11m3. O transporte feito por caminhes de 40t a 50t, raramente maiores. Os sistemas empregados para rocha mole consistem, em geral, em mineradores contnuos para o desmonte e carga, shuttle cars e correias transportadoras para o transporte; por vezes utilizam-se os mineradores contnuos ou mesmo carretas tipo jumbo em combinao com carregadeiras tipo LHD e caminhes. Os equipamentos principais utilizados no contexto mais moderno, como carretas de perfurao tipo jumbo, carregadeiras rebaixadas tipo LHD, caminhes de baixo perfil, mineradores contnuos e equipamentos de transporte tipo shuttle cars, so, em geral, encontrados ao menos nas minas citadas como referncia. Ocorre, todavia, que todos, sem exceo, so importados. No h escala para sua fabricao no Pas. Somente nas minas de carvo de Santa Catarina, pequenos equipamentos esto sendo feitos localmente, sempre copiados. A falta de disponibilidade de um mercado eficiente para o fornecimento de servios de manuteno - peas e partes - gera custos muito altos de manuteno dos equipamentos, baixa disponibilidade e queda de produtividade. Devido pequena escala da minerao subterrnea no Brasil, o fornecimento de servios, seja pelo representante, seja pelo mercado em geral, muito deficiente. Os operadores das minas assumem, ento, essas atividades, perdendo o foco de sua ateno com relao ao negcio principal. A manuteno mecnica e eltrica passa a ser uma atividade igualmente responsvel pela produo. A falta de disponibilidade de peas e partes importadas e as dificuldades com logstica e desembarao aduaneiro induzem os operadores das minas a arcar com altos custos de almoxarifado. Tendo em conta o alto custo das peas, seja intrnseco, seja pela alta carga tributria, seja ainda pelo baixo giro do estoque e a dificuldade em adquiri-las, so comuns tentativas de nacionalizar componentes, tirando o minerador de seu foco principal e transformando-o em um dos estimuladores do desrespeito s patentes na tentativa de manter competitividade. O mercado local de equipamentos fixos especficos para minerao, tais como ventiladores e bombas, pouco desenvolvido, havendo uns poucos fornecedores,

alguns deles ainda desenvolvendo seus produtos em parceria ou, em outros casos, custa da produtividade dos mineradores. Os equipamentos eletro-eletrnicos necessrios so comuns da indstria de base, sendo encontrados sem problemas. O mercado local ainda pouco desenvolvido para o fornecimento de equipamentos auxiliares, como equipamentos mveis de apoio, para reforo e para desmonte de rocha. Tendo em vista o alto custo dos equipamentos importados enfrentado pelas mineradoras, uma srie dessas atividades no mecanizada ou se utilizam adaptaes de baixo desempenho. Em algumas minas, principalmente de veios estreitos, ainda co-existe a operao mecanizada com elementos dos sistemas semi-mecanizados, o que, de resto, tambm ocorre no exterior. Alguns dos fatores condicionantes da defasagem de padro tecnolgico entre as operaes brasileiras e as operaes de ponta num contexto internacional referemse s operaes auxiliares. A mecanizao parcial das operaes, principalmente das atividades de apoio, praticada face ao baixo custo da mo-de-obra menos qualificada no Pas e o alto custo dos equipamentos importados. A questo que este meio termo entre a operao mecanizada e a semi-mecanizada prejudicial ponta tecnolgica, isto , o nivelamento feito, muitas vezes por baixo. A mecanizao s surte resultado quando adotada integralmente, o que exige o uso de equipamentos modernos, tambm para as atividades de apoio. Esse quadro nem sempre se verifica, comprometendo os resultados em termos de segurana e produtividade.

3.1 - Perfurao e DesmonteA perfurao frontal para o desenvolvimento de galerias e rampas feita, sempre que possvel, com o uso de carretas de perfurao tipo jumbo, provendo qualidade e produtividade. Outra geometria de carreta utilizada para furos de produo, permitindo a perfurao paralela ou em leques. A perfurao eletro-hidrulica vem se tornando cada vez mais popular para o desenvolvimento e furos de produo de menores dimetros, at cerca de 76mm, utilizando-se martelos de topo de furo. Acima desses dimetros, prevalece o uso de perfurao pneumtica, sempre que possvel com o uso de martelos de fundo de furo, com menores desvios. O uso de perfurao descendente de dimetro mais largo (