apostila de redação - orientações gerais · conhecendo a banca estrutura clássica o parágrafo...

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Apostila de Redação - Orientações Gerais

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SUMÁRIO

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1.1.1

1.1.2

1.1.2.1

1.1.2.2

1.1.2.3

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APRESENTAÇÃO

Conhecendo a banca

Estrutura clássica

O parágrafo

Introdução, desenvolvimento e conclusão: FCC em foco

A introdução

O desenvolvimento

A conclusão

A gramática e a linguagem

INFORMAÇÕES BÁSICAS

Apresentação, legibilidade, margens e parágrafos: hora de caprichar

Apresentação

Legibilidade e margens

Translineação

Limite de linhas

MODALIDADE TEXTUAL

Dissertação expositiva

Dissertação argumentativa

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Conteúdo

Estrutura

Expressão

Como tirar zero com a FCC?

RESUMINDO

CESPE: CONHECENDO A BANCA

CESPE e a organização textual: mais uma vez a objetividade

ESTUDOS DE CASO - FCC E CESPE: OBJETIVIDADE

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Apostila de Redação - Orientações Gerais

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Orientações gerais para questões discursivas

Aluno,

Devo esclarecer que o objetivo das próximas e poucas páginas é traçar em linhas gerais o que aguarda você nas provas de redação ou nas questões discursivas, especialmente em se tratando da Fundação Carlos Chagas e do CESPE.

Tais bancas estão em sintonia em muitos pontos, notadamente os mais básicos para uma produção textual, como a importância da fundamentação e da articulação e encadeamento de ideias, além da clareza e objetividade.

Todavia, distanciam-se um pouco quando o assunto é a correção, assumindo a FCC uma postura mais subjetiva, enquanto o CESPE tem demonstrado mais objetividade para valorar as redações.

Começarei pela FCC. Em seguida serão levantados os aspectos que caracterizam o CESPE. Entendendo essas bancas, duas das principais do país, por meio de muitos exercícios, não me restam dúvidas de que você estará em perfeitas condições de atingir pontuações bem elevadas em concursos organizados por qualquer outra instituição.

Em suma, é preciso que você tenha em mente toda a orientação para a FCC antes de esmiuçar os aspectos específicos do CESPE. Acredite, você vai ganhar tempo!

Trabalhemos, pois.

1 – FCC: CONHECENDO A BANCA

Com base em editais de certames anteriores é possível delinear o comportamento da banca examinadora. Esperar o edital para começar a estudar – desnecessário dizer – é pura perda de tempo.

Neste momento, é necessário que já saibamos o que fazer e o que não fazer nas provas discursivas elaboradas pela Fundação Carlos Chagas e CESPE. Em minha opinião, trata-se de uma banca no mínimo mais coerente do que a tal da CONSULPLAN (o pessoal que prestou o concurso do TRE-MG sabe disso), todavia com critérios de correção mais subjetivos.

Sim, trata-se de uma banca mais rígida nas correções, na medida em que privilegia redações com elevado teor argumentativo, fundadas em ideias claras, bem expostas e logicamente concatenadas de forma coerente e coesa.

Não é meu intuito assustar você. É importante conhecer o desafio que nos aguarda em breve para que possamos nos preparar adequadamente. Nossa missão, então, é produzir

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um texto à altura do que esperam de um candidato bem preparado. Em suma, a busca é pelo texto perfeito.

E não nada de impossível nisso.

Ajuda muito o fato de você ser porventura um exímio redator. Todavia, o fator preponderante para excelentes notas, pelo que se percebe dos concursos anteriores, é a informação. Manter-se bem informado (de assuntos relevantes, claro!) é fundamental.

Como lá em cima mencionei, os critérios de correção da FCC se mostram subjetivos simplesmente porque a banca não explicita pormenorizadamente como é corrigida a redação, como o faz a CONSULPLAN, por exemplo. Nem mesmo aquilo que “teria mais peso” como aspecto de correção é informado pela examinadora.

Os editais até trazem a divisão dos critérios em conteúdo, estrutura e expressão, subdividindo-os em outros quesitos, mas, convenhamos, mais complica que explica. Trataremos deles mais adiante.

Considerando a forma de trabalho bem sucedida e diferenciada nos últimos projetos que realizamos e segundo feedback dos companheiros naquelas jornadas, faremos aqui também a simulação de situações reais de prova, submetendo a você temas da própria FCC, CESPE ou bem similares, assim como a correção acompanhada de orientações bem direcionadas e individualizadas, a fim de que o texto tenha conteúdo pertinente, estrutura e expressão adequados e em consonância com o que se tem exigido atualmente nas correções.

Vamos lá, então?

Como disse há pouco, manter-se bem informado é fundamental. A FCC, por exemplo, gosta de pedir o desenvolvimento da redação acerca de um tema atual que envolve a sociedade, o cotidiano. Assim, no mar de informações em que hoje infelizmente estamos inseridos, vale dar atenção especial aos assuntos relacionados ao meio ambiente e sustentabilidade, à corrupção, à segurança pública, a crises político-econômicas, a relações de trabalho, ao comportamento humano, à efetividade das leis, à ética, ao sistema de cotas para ingresso em universidades e cargos/empregos públicos, às correntes migratórias no mundo, à influência da arte na sociedade etc.

1.1 – Estrutura clássica

Para a FCC, o equilíbrio evidenciado na paragrafação do texto assim como frases curtas e diretas são fatores observados na obtenção de boa pontuação na avaliação da redação. Percebe-se que a banca ainda mantém a preferência pela estrutura clássica (um parágrafo introdutório, três parágrafos para o desenvolvimento e um parágrafo

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conclusivo), não poupando de alguma penalização aqueles que desenvolvem o texto em apenas um ou dois parágrafos. São poucos os casos em que houve excelentes notas, mesmo os textos sendo desenvolvidos em dois parágrafos.

1.1.1 – O parágrafo

É por meio do parágrafo que se veicula a ideia central (ideia-núcleo) vinculada diretamente ao tema proposto pela questão discursiva. Trata-se de um bloco de texto que se inicia em recuo em relação à margem normal do texto. A tia do primário costumava dizer que era um espaço de “dois dedos”, que devia ser seguido nos demais parágrafos.

Se na sua época não era tia, sentimos por nossa velhice. Assim, lembre-se da professora do ensino fundamental, que certamente deu essa dica também.

Não estenda muito seu parágrafo. É bom que a ideia-núcleo seja transmitida numa frase direta sem rodeios, conhecida também como tópico frasal. Ela será o primeiro período do parágrafo. Depois dele, use no máximo mais dois períodos, usando devidamente os pontos continuativos (por continuar na mesma linha) para separá-los.

É bom lembrar, na verdade é uma dica, que o parágrafo, assim como o texto em sua totalidade, pode também ser dividido em introdução (tópico frasal), desenvolvimento (um período para causas e consequências, por exemplo) e conclusão (um período para reafirmação da tese inicial). Conseguindo isso, você terá um parágrafo bem desenvolvido dentro daquilo a que se propõe, seja um parágrafo de introdução do texto, seja de desenvolvimento, seja de conclusão.

Alguns colegas chamam esse parágrafo de parágrafo-padrão.

O examinador da FCC gosta de parágrafos de tamanho médio. Assim escreva parágrafos entre quatro e sete linhas de extensão. Nem mais nem menos que isso, ok?

1.1.2 - Introdução, desenvolvimento e conclusão: FCC em foco

Alerto que de forma reiterada trataremos dessas três partes – essenciais – do texto ao longo de nossa caminhada. A avaliação da FCC as situa no aspecto “Conteúdo”, via de regra.

No momento em que você receber a proposta de redação, muitas ideias virão à cabeça, ainda que de forma desordenada. Aproveite o rascunho, no cantinho, para anotá-las assim mesmo bagunçadas. Fatos, exemplos, informações, críticas, opiniões, tudo é importante. Essa é a fase do fluxo de ideias.

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Em seguida, uma forma interessante de organizar essa “zona” de ideias é agrupá-las por semelhanças, como ideias de causa (origem), consequências e soluções. É claro que nem todas as ideias anotadas serão usadas. Isso é absolutamente normal.

Boa dica de captação de ideias é fazer a pergunta “por quê?” ao tema e também aos argumentos obtidos como resposta. Isso pode ser útil no desenvolvimento.

Vamos às partes do texto.

1.1.2.1 – A introdução

É o cartão de visita da sua redação. No parágrafo de introdução basicamente você deve apresentar o tema que será desenvolvido nos parágrafos subsequentes. Nesse parágrafo inicial não são dadas explicações sobre a tese apresentada, mas apenas uma sinopse do assunto a ser tratado no texto. Assim, não se deve antecipar a argumentação antes do momento certo, que será o do desenvolvimento.

Algumas bancas têm adotado nos concursos que organizam a apresentação do tema por meio de tópicos. Nesse caso, é suma importância que você SIGA A ORDEM em que são apresentados, para que, ao ler seu texto, o examinador, digamos, “fique mais simpático”, afinal a tábua de correção deverá seguir a mesma ordem.

Nas provas da FCC, a introdução da redação também deve ser bem objetiva. Para isso, deve haver uma delimitação precisa do tema a fim de se evitarem extrapolações no momento inicial do texto. Dessa maneira, aquela conduta de expor históricos ou contextos muito prévios na introdução sobre algum assunto torna-se um grande risco.

Vá diretamente ao assunto, sem rodeios! Aborde o tema de forma objetiva e, inclusive, já se posicione de forma clara, se assim for exigido pela banca por meio do comando da proposta. A forma, no nosso entender, mais apropriada de iniciar uma redação é com uma frase direta, uma afirmação, uma constatação. Isso mesmo: direto “na canela”.

1.1.2.2 – O desenvolvimento

Nos parágrafos de desenvolvimento, faça o que o nome diz: desenvolva. Explore o assunto, introduzindo exemplos, artigos de lei ou doutrina. Nessa parte do texto busque responder, explicar o tema nos termos propostos no comando da questão (vamos sempre repisar aqui a importância do comando da questão!) e já apresentado na introdução.

O desenvolvimento também é chamado de fase de argumentação do texto. É o corpo do texto. Aquelas ideias (“ganchos”) colocadas no parágrafo introdutório devem ser

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ampliadas aqui na ordem em que foram apresentadas. É o momento da defesa do ponto de vista sobre o tema que lhe foi proposto.

Cuide para não deixar de abordar nenhum item previamente apresentado na introdução, senão teremos um texto, digamos, com “propaganda enganosa”, já que disse que ia falar e não falou. O ideal é que cada item ou tópico do desenvolvimento seja feito em parágrafos distintos.

Em se tratando de FCC, você deve privilegiar informações mais objetivas. Assim, é preciso que você leia bastante sobre aqueles assuntos acima mencionados, anotando informações importantes para uma eventual fundamentação na redação, tais como dados estatísticos, exemplos, opiniões de sujeitos renomados no assunto.

Segundo o entendimento da banca, fundamentar sem usar essas informações mais objetivas e concretas torna o texto pobre, baseado em divagações ou digressões pessoais. Assim, como resultado, há severa punição pelo examinador. Quanto mais o texto se desenvolve baseado em impressões e conceitos de ordem pessoal, mais pontos são perdidos. Por óbvio, mormente quando é pedido um posicionamento, colocamos nossa opinião, mas, mesmo assim, espera-se que o candidato dê informações de outras fontes, bem fundamentadas, hábeis a demonstrar seu afastamento de uma visão limitada do mundo.

Fundamente sempre suas informações! A banca precisa entender que você não é um inventor de informações.

Pelo que se nota nas correções da FCC, valoriza-se mais os textos fundados em argumentos oficiais, legais, filosóficos e doutrinários, bem assim exemplos pertinentes e relevantes. Nota-se o privilégio a textos de cunho mais formal, o que não se confunde com rebuscamento da linguagem.

Para exemplificar essa “formalidade” valorizada, ao citar no texto um exemplo de comportamento ou fato para fundamentar uma dada informação, é melhor fazê-lo com algo veiculado numa mídia séria e com algum grau de relevância do que citar algo ocorrido no “Big Brother Brasil” ou em alguma novela da TV.

Leia sobre aqueles assuntos que citei. Pesquise. Anote. Esteja em alerta.

Aproveitando o ensejo, coloco aqui algumas técnicas (não são as únicas, são apenas sugestões) de desenvolvimento argumentativo, ou seja, formas de ampliar ideias. Mesmo usando tais técnicas, vale as dicas de captação com o uso do porquê (busca do motivo do argumento a ser desenvolvido) e do relacionamento com a sociedade e/ou reflexos no meio social:

a) causas e consequências: podem estar distribuídas em 2 ou 3 parágrafos (para redações de 30 linhas de limite). Pode-se agrupar uma causa a sua consequência num

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mesmo parágrafo, ou, sendo mais de 1 causa, pode-se agrupar as causas num parágrafo e a(s) consequência(s) noutro;

b) prós e contras (dissertações expositivas): aplica-se o mesmo raciocínio das causas e consequências, adotando preferencialmente 1 parágrafo para argumentos prós e outro para argumentos contrários;

c) viés histórico: faz-se uma comparação do passado com o presente, revelando motivos e consequências das transformações. Nessa técnica, basta ter cuidado ao citar datas, nomes de que não se tenha absoluta certeza;

d) comparação: Usam-se duas ideias centrais que serão relacionadas no decorrer do texto. Essa relação pode ser de identificação, vantagens e desvantagens ou as duas simultaneamente.

Se pudesse resumir todo esse assunto de técnica de desenvolvimento, gostaria que você guardasse bem guardado que, ao escrever um texto dissertativo, mormente para concursos, é muito importante mostrar lados, posicionamentos divergentes acerca da mesma questão, ressaltando o caso da dissertação argumentativa (tratada mais adiante), em que você deve se posicionar e seguir com tal posicionamento até o fim, sem ressalvas e concordância com argumentos contrários.

1.1.2.3 – A conclusão

A conclusão é o fechamento do texto. Nela pode haver uma reafirmação ou retomada do tema acrescido do posicionamento caso solicitado.

A FCC valoriza a conclusão clássica, ou seja, aquela que traz um resumo dos principais argumentos apresentados no texto. Não coloque em seu texto o coração, pois a banca penaliza conclusões acaloradas, em que se apresentam perguntas em aberto ou soluções radicais para o tema proposto.

Basta retomar a tese apresentada na introdução (não é copiar!) e resumir as informações desenvolvidas. Nessa retomada, é altamente recomendável não copiar o tópico frasal, mas sim trazê-lo à tona na forma de paráfrase, ou seja, com outras palavras evidenciar a mesma ideia.

1.2 - A gramática e a linguagem

Vamos combinar? Se quisermos ter sucesso no certame, não podemos ter erros gramaticais numa redação para concurso público. Para a FCC, a gramática no texto deve ser irretocável, o que inclui letra legível, acentuação, pontuação, concordância, regência, etc.

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Como já abordado, a linguagem deve possuir aspecto mais formal (sem excessos), mas afastando-se do rebuscamento, na medida em que pode comprometer a clareza das ideias. Por isso, opte por uma linguagem simples, leve e objetiva.

Nada de algo do tipo: “Pouco se me dá que a azêmola claudique; o que me apraz é acicatá-la.” Traduzindo: não me importa que a mula manque, o que eu quero é rosetá-la (rosetar: machucar com a espora).

2 – INFORMAÇÕES BÁSICAS

2.1 - Apresentação, legibilidade, margens e parágrafos: hora de caprichar

O candidato deve se preocupar com a boa apresentação estética de sua produção textual, com letra legível, respeito às margens inicial e final (escrever fora desses espaços além de ser muito feio fará você perder pontos!), bem assim com a divisão adequada dos parágrafos.

2.1.1 Apresentação

Nada mais desagradável do que um texto com rasuras, borrões, setinhas ou outros recursos estranhos que abrem espaço onde não existe para inserção/encaixe de uma palavra.

Em caso de erro, apenas risquem a palavra ou frase. Não use parênteses para marcar o erro. Muito menos reescreva sobre o erro. Uma vez riscado o erro, basta logo após escrever corretamente.

Exemplo:

O Atlético é o melhor. O Cruzeiro é o maior e o melhor time do Brasil.

Claro que o exemplo constitui unanimidade em nossa equipe. Fique à vontade para alterar o exemplo, se for o caso. Falando nisso, vamos falar sobre TÍTULO.

Na questão discursiva, é necessária a criação de um título?

Não, exceto se a banca assim exigir no comando da questão: “Dê um título à sua resposta/redação”.

E se for colocado mesmo sem o comando pedir?

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Você talvez não perca pontos por isso, mas certamente perderá preciosas linhas para seu texto. Lembre-se de que o ideal é escrever entre 20 e 30 linhas. É simples: não pediu, não coloque.

2.1.2 - Legibilidade e margens

Sua letra não precisa ser bonita, basta ser legível. Não há um tipo de letra correto a ser usado, mas seu texto tem que ser possível de ser lido. Temos certeza de que nenhum examinador irá empreender esforço hercúleo para compreender ou mesmo decifrar um garrancho.

Deixe bem claro o uso das maiúsculas, acentos, vírgulas e pontos. Às vezes pode ocorrer de um acento agudo colocado numa palavra na linha de baixo ser confundido com uma vírgula da linha de cima. Cuidado.

Quanto às margens, mantenha-as alinhadas. É um fator estético muito importante. Não ultrapasse os limites.

A FCC implicitamente considera o capricho.

2.1.3 – Translineação

No caso da margem direita, ao se chegar ao final da linha com uma palavra maior para o espaço que se tem, não diminua a letra ou estique a palavra anterior. Não tenha medo e faça corretamente a divisão silábica usando o hífen.

Atenção! Basta apenas um único hífen na sílaba anterior. É errado repetir o hífen na próxima sílaba na linha de baixo. Outra coisa: hífen é um tracinho que é colocado na metade da altura da letra, logo, não se confunde com aquele traço colocado abaixo da sílaba ou rente à linha. No teclado do computador o conhecemos por “underline”.

Vejamos:

Uma das maiores dificuldades no estudo da corrupção é, justajustajustajusta-mentementementemente, a sua conceituação. A corrupção abrange uma gama de atos

que incluem desde suborno, nepotismo a tráfico de influências,

condutas estas que na maioria das vezes tem relação intrínseca com

o desvio de função da posição pública em benefício de favorecimentos

privados.

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Percebeu? A palavra “justamente” está dividida corretamente. Estaria errado se estivesse assim:

justa

mente

ou

justa_

mente

ou

justa-

-mente

Se a palavra a ser dividida ao final da linha for uma palavra composta (couve-flor, por exemplo) e a divisão recair justamente sobre o hífen, excepcionalmente você irá repetir o hífen na linha de baixo.

Por fim, ao separar sílabas no fim de linha, não deixe letras sozinhas, seja no início, seja no final. Não as deixe "órfãs" (Ex.: u-ma).

Entendido?

2.1.4 – Limite de linhas

Normalmente a FCC delimita o número de linhas na redação, sendo o mínimo de 20 (vinte) linhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos. A previsão editalícia acerca desse limite deve ser cumprida à risca.

Considerando as últimas correções, em que se verificaram bons textos de 25 linhas sendo penalizados (aparentemente só por isso. Vai entender a cabeça do examinador...), sugiro que seu texto não tenha menos que 26 linhas. Tente escrever o máximo de linhas, sem enchimento de linguiça, claro.

3 – MODALIDADE TEXTUAL

Via de regra, vem assim nos editais: “Na Prova Discursiva - Redação o candidato deverá desenvolver um texto dissertativo a partir de uma única proposta, sobre

assunto de interesse geral”.

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Se for esse o caso do edital do seu concurso, você já saberá que o tema abarcará atualidades ou conhecimentos gerais.

Quando se refere a “texto dissertativo”, A FCC deseja uma redação que se caracterize por um texto de análise, um texto de cunho informativo. A banca costuma cobrar a dissertação expositiva ou a dissertação argumentativa.

Para ambas modalidades, evite empregar formas verbais e pronominais de 1ª pessoa, seja do singular (eu, mim, meu) seja do plural (nós, nos, nosso), mesmo que seja solicitado o seu posicionamento.

Exemplo: Em vez de “Nosso país enfrenta uma crise política”, escreva “O Brasil enfrenta uma crise política”.

Em vez de “Sou a favor do sistema de cotas” para se posicionar no texto, escreva “O sistema de cotas é viável e mais condizente com a realidade social do país”.

Use sempre a 3ª pessoa na sua dissertação. É a pessoa que marca impessoalidade e também força persuasiva do discurso.

3.1 – Dissertação expositiva

Também chamada dissertação informativa, a expositiva dispensa posicionamentos e opiniões persuasivas diante de temas polêmicos. A FCC apenas apresentará um tema (muitas vezes antecedidos de fragmentos de textos, os chamados textos motivadores) e solicitará a produção de uma dissertação sobre ele.

Dessa forma, você deverá estruturar seu texto de modo a expor o conhecimento acerca do assunto proposto, sempre de modo bem fundamentado, claro e objetivo. E, nessa situação, em que se mostra evidente que a modalidade textual é a expositiva, você NÃO DEVE DISCORDAR DO TEMA!

Entender isso faz muita diferença. Muitos candidatos perdem pontos por não compreenderem a modalidade de texto. Há situações em que o candidato, diante da proposta de produção de uma simples dissertação expositiva, já vai se posicionando e bombardeando a proposta temática em clara discordância. O coitado sem dúvidas perderá muitos pontos, quiçá não zerará a prova.

3.2 - Dissertação argumentativa

Também conhecida como dissertação opinativa, a argumentativa é um texto de cunho analítico em que se explicita a posição de seu autor diante de temas polêmicos e/ou

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controvertidos, visando ao convencimento do leitor. Para a FCC, esse posicionamento deve ser prévio à análise a ser efetivada.

E como você vai saber se FCC deseja um posicionamento ou não? Não se desespere, pois a banca deixa isso muito claro no comando da proposta.

Devo alertar que, normalmente, quando o a proposta temática vem em forma de pergunta, o texto a ser produzido é uma dissertação argumentativa, na medida em que será desenvolvida uma resposta fundada no posicionamento claro e bem fundamentado do candidato.

Quando se fala em posicionamento numa redação para a FCC, entenda como posicionamento firme e sem ressalvas capazes de abalá-lo. Nada de ficar “em cima do muro” ou com algum reconhecimento positivo extremo de argumentos contrários. E essa posição já deve vir na introdução do seu texto.

Por exemplo, se você se posiciona favoravelmente à efetivação do sistema de cotas raciais para acesso a cargos públicos, a argumentação nesse sentido deve ser mantida até o final. Para a FCC, nesse exemplo, não valem aquelas ideias de ressalva do tipo: “em que pese de fato haver pessoas brancas economicamente menos favorecidas...”, seguidas de fundamentos contundentes.

Particularmente até gosto dessa estratégia argumentativa, qual seja, a de reconhecer alguma legitimidade em argumento contrário ao meu posicionamento, a fim de demonstrar lucidez, equilíbrio e justeza do meu julgamento.

Todavia, a FCC andou tirando pontos de algumas redações em que as ressalvas se mostraram como verdadeiros argumentos hábeis a desconstituir aquilo que o candidato defendia.

É caso de contradição, logo, de incoerência argumentativa.

Para a FCC, não se deve CONCORDAR com posições ou argumentos contrários ao que você está defendendo.

Nos concursos em geral tem se exigido essa conduta sob o argumento de que é necessário construir com clareza e objetividade a chamada tese textual, que nada mais é do que o ponto de vista que o autor vai expor e que deve ser sustentado por todo o texto e confirmado no fechamento, na conclusão.

4 – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

4.1- Conteúdo – até 40 (quarenta) pontos:

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a) perspectiva adotada no tratamento do tema;

A perda de pontos no aspecto “conteúdo”, via de regra, ocorre em função de abordagem inapropriada do tema, seja de forma tangencial ou parcial e, ainda, entremeada por assuntos marginais que não guardam a relação sugerida no comando da questão ou na proposta temática.

A forma de se iniciar o texto já conduz o examinador a mais da metade do caminho para dar a nota. Na introdução, ele já irá ver se você compreendeu a modalidade de texto a ser produzido, uma dissertação expositiva ou argumentativa, bem assim se você assimilou a proposta temática.

Assim, com a objetividade necessária, na introdução, retome o tema proposto (vale a transcrição das palavras-chave) sem lhe subtrair o sentido original. Sendo o caso de dissertação argumentativa (proposta com tema polêmico), posicione-se de forma clara também nesse parágrafo introdutório, junto com a retomada do tema.

Saindo da introdução, passemos aos itens “b” e “c” do aspecto “conteúdo”, que já fazem parte do desenvolvimento do texto:

b) capacidade de análise e senso crítico em relação ao tema proposto;

É preciso sair do maldito “senso comum”. Para isso é necessária uma análise bem fundamentada (lei, doutrina, exemplificação), relacionando-a, por exemplo, ao contexto sócio-político-econômico do país, bem assim apontando eventuais efeitos/resultados, positivos e/ou negativos.

c) consistência dos argumentos, clareza e coerência no seu encadeamento.

Argumento consistente é argumento bem fundamentado. Todavia, mesmo bem fundamentados, os argumentos devem se encadear com clareza e coerência. A dica de ouro para não se perder nesse subaspecto nem no conteúdo em geral é SEGUIR O COMANDO DA QUESTÃO. Guarde essa dica!

Como já dissemos, a FCC propõe regularmente temas que abordam aspectos atuais. Assim, construída a tese explicitada na introdução, nos parágrafos seguintes a sustentação dessa tese deve se fundar em estratégias argumentativas seguras que consolidem a argumentação. Seja qual for a modalidade dissertativa, essa conduta deve ser empregada, quer para somente expor informações, quer para a exposição de ideias e tomada de posição pelo autor.

Para o pessoal do Direito, há uma expectativa de que possa também ser cobrado estudo de caso nos concursos futuros, para a avaliação discursiva. Vamos aguardar para ver se isso se concretiza. Nesse caso vale a valiosa sequência de fundamentação: Constituição,

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leis, doutrina, jurisprudência, princípios e, por fim, as regras do bom senso (razoabilidade).

Lembre-se de que se basear apenas na experiência pessoal pode caracterizar mera digressão, o que é prontamente penalizado pela banca. Não se perca em divagações. Seu texto tem que ser objetivo.

É mais ou menos assim: expôs um argumento? Comprove-o.

A comprovação de ideias apresentadas fornece ao texto consistência argumentativa necessária e o afasta do senso comum, logo, evidencia-se nele o valorizado senso crítico.

Vale repetir: para mostrar que algumas afirmações não são oriundas do senso comum (ou invenção sua), é altamente recomendável que o candidato fundamente suas assertivas. Para isso, há algumas formas de fundamentar, como a citação de artigos de lei, autores renomados da doutrina, o entendimento jurisprudência, a exemplificação, etc.

Tal conduta expõe a origem do conhecimento em si e, claro, a capacidade argumentativa do candidato.

Sempre que possível, mencione a norma e seus artigos.

Cite também doutrinadores, professores renomados para fundamentar alguma tese inserida no texto. Quando fazemos isso, inserimos no texto o chamado “discurso de autoridade”, o que é bem valorizado pela FCC, repita-se.

Você pode fundamentar ainda seu discurso, o que valida o argumento feito, usando uma prova concreta, baseada em números, estatísticas de conhecimento geral. Se não souber o valor exato, vale mencionar “aproximadamente”.

Exemplo: “Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, aproximadamente 20% dos eleitores não votaram ou votaram em branco ou anularam seus votos nas eleições de 2014.”

A exemplificação também é outra forma de fundamentar o discurso valorizada pelas bancas, na medida em que se baseia em fatos ocorridos e de amplo conhecimento. Tem-se valorizado ainda mais a exemplificação quando, por meio dela, o candidato demonstra estar “antenado” com novidades institucionais.

Exemplo: “Um exemplo de projeto institucional voltado para a cidadania é o ‘Eleitor do Futuro’, de responsabilidade do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, direcionado a alunos da rede regular de ensino.”

De todas as formas de fundamentação (ou comprovação), a mais usada é a do discurso de autoridade, notadamente quando se trata de conhecimento específico do Direito. Aí,

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como abordado acima, vale a citação de lei e respectivos artigos, doutrinadores, professores de renome, etc.

Exemplo: “Segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, princípio é mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele. Essa posição é acompanhada pela doutrina majoritária nos estudo relativo a princípios e regras jurídicos.”

4.2 - Estrutura – até 30 (trinta) pontos:

a) respeito ao gênero solicitado;

Tem sido a regra nos últimos certames da FCC a solicitação de uma dissertação, variando entre a expositiva e a argumentativa. Perceba que não escrever a modalidade correta vai fazer você perder pontos de conteúdo e também aqui em estrutura.

Ao escrever a sua dissertação tenha o cuidado com a exposição longa de fatos com verbos no passado. Caso ocorra um parágrafo inteirinho ocupado por verbos assim, a banca penaliza com a perda de pontos, pois caracterizaria uma narração, outro tipo textual.

Entenda: não é proibido escrever com verbos no passado. Não é isso, certo?

b) progressão textual e encadeamento de ideias

Um bom texto deve progredir calcado no encadeamento de ideias. Nada mais desagradável do que um texto que se assemelha a um cachorro que corre atrás da própria cauda. É o chamado “texto enceradeira”: roda, roda e roda, mas não sai do lugar.

Dar progressão ao texto é dar-lhe uma estrutura, um esquema de raciocínio que o faça avançar, desenrolar-se, mais ou menos assim “desenhado”:

§1º – TESE (com ou sem posicionamento, conforme a modalidade dissertativa)

§2º – ARGUMENTO 1 + POR QUÊ? + COMPROVAÇÃO

§3º – ARGUMENTO 2 + POR QUÊ? + COMPROVAÇÃO

§4º – ARGUMENTO 3 + POR QUÊ? + COMPROVAÇÃO

§5º – CONCLUSÃO: REAFIRMAÇÃO DA TESE + RESUMO DOS ARGUMENTOS

Perceba que esse “desenho” pode lhe ser útil antes de iniciar seu texto, após aquela fase de fluxo de ideias.

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O encadeamento das ideias se dá por meio de mecanismos de progressão textual, tais como a abertura apropriada de parágrafos e composição de períodos. Para isso, é comum usar elementos conectores entre períodos e parágrafos, no início deles:

a) De ordem: Em primeiro lugar, Em segundo... b) De paralelismo: Por um lado, Por outro... c) De acréscimo: Ademais, Além disso, Outrossim...

De ressalva (valor concessivo): Em que pese, Embora, Não obstante, Ainda que, Contanto...

d) De oposição: Todavia, Porém, No entanto, Entretanto... a) De conclusão: Portanto, Por conseguinte, Assim,..., Por isso,... etc. no início

deles

Observação: a locução “posto que” tem valor concessivo, tal qual “embora”, “ainda que”. Deixe somente o Vinicius de Moraes, por sua licença poética, usá-la com valor causal, idêntico a “uma vez que”, “porque”.

“Amor: que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

c) articulação de frases e parágrafos (coesão textual).

A coesão textual nada mais é do que uma “amarração”, que mantém o texto firme, fechadinho, ficando cada período bem vinculado ao que lhe antecedeu, a fim de se evitarem “buracos coesivos”, detectados de longe pelos examinadores.

Relaciona-se basicamente com o bom uso de articuladores coesivos, notadamente os pronomes demonstrativos que retomam algo já mencionado (pronomes anafóricos).

4.3 - Expressão – até 30 (trinta) pontos:

Neste quesito, a FCC não avalia de forma mecânica, levando em consideração a relação com o desenvolvimento do conteúdo. Assim, a banca ao avaliar considera:

a) desempenho linguístico de acordo com o nível de conhecimento exigido;

b) adequação do nível de linguagem adotado à produção proposta e coerência no uso;

Vale repetir que a linguagem da redação deve ser clara e simples. Evite o uso de vocabulário rebuscado e os modismos linguísticos. Evite também termos informais do cotidiano, próprios da oralidade. Lembre-se de que sua linguagem, além de simples e clara, deve ser formal.

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O uso de clichês também é mal visto pela FCC. Fuja do lugar comum.

c) domínio da norma culta formal, com atenção aos seguintes itens: estrutura sintática de orações e períodos, elementos coesivos; concordância verbal e nominal; pontuação; regência verbal e nominal; emprego de pronomes; flexão verbal e nominal; uso de tempos e modos verbais; grafia e acentuação.

A pergunta natural que surge é: vão cobrar as novas regras do acordo ortográfico?

Para o edital que vai sair, penso que você poderá adotar a escrita antiga ou a nova. Graças a um decreto da sua Presidenta Dilma, as regras valerão só a partir de janeiro de 2016.

Assim, na sua redação, você poderá escrever “geléia” (antiga regra) ou “geleia” (nova ortografia); “européia” (antiga regra) ou “europeia” (nova ortografia); “vôo” (antiga regra) ou “voo” (nova ortografia) ; “microondas” (antiga regra) ou “micro-ondas” (nova ortografia).

TODAVIA, MUITO CUIDADO!! A FCC não admite mistura de regras. Se começar a escrever de acordo com a regra nova e, no mesmo texto, por exemplo, você escrever “heroico” e depois “estóico”, a banca considerará erro uma delas, tendo em vista o contexto predominante de regra nova ou antiga. Portanto, CUIDADO!

Cabe a você avaliar seu grau de segurança quanto a essas regras, a fim de que seja usada uma só. Erros ortográficos acarretam a perda de pontos fundamentais para sua aprovação/classificação.

A partir das correções da FCC, é possível constatar que cada erro gramatical ou de linguagem detectado corresponde a 2,5 pontos perdidos. Não é difícil, então, concluir que o estudo do conteúdo de Língua Portuguesa não é importante apenas para a prova objetiva.

4.4 – Como tirar zero com a FCC?

Sim. A FCC zera prova, entretanto normalmente mostra no edital o que o candidato deve fazer para alcançar tal façanha. Sei que você não deseja isso, mas é importante saber e conhecer. Via de regra, outras bancas também atribuem zero por tais motivos. Vejamos:

a) fugir à modalidade de texto solicitada e/ou ao tema proposto;

b) apresentar textos sob forma não articulada verbalmente (apenas com desenhos, números e palavras soltas ou em versos) ou qualquer fragmento de texto escrito fora do local apropriado;

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c) for assinada fora do local apropriado;

d) apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato;

e) for escrita a lápis, em parte ou em sua totalidade;

f) estiver em branco; e

g) apresentar letra ilegível e/ou incompreensível.

5 – RESUMINDO

Vamos resumir o que vimos para começarmos a trabalhar?

a) Se a modalidade da dissertação for argumentativa, opte por um posicionamento firme, o qual já deve fazer parte da introdução;

b) Se for a expositiva, não discorde da ideia do tema. Discorra sobre ele, abordando a sua essência na introdução (vale a transcrição de palavras-chave);

c) Use três parágrafos no desenvolvimento do seu texto; d) Comprove as ideias/informações de cada parágrafo (CF/88, leis, doutrinadores,

dados estatísticos, exemplos etc.); e) Apresente argumentos hábeis de fato a fundamentar seu ponto de vista.

Pesquise; f) Use a terceira pessoa do discurso; g) Conclua reafirmando o tema e o ponto de vista, bem assim resumindo as

informações apresentadas; h) Não ultrapasse três linhas para escrever uma única frase; i) Escreva parágrafos com extensão de quatro a sete linhas;

6 – CESPE – CONHECENDO A BANCA

A palavra de ordem para o CESPE é sem dúvida alguma a OBJETIVIDADE. E esse aspecto não se limita à postura que se espera do candidato submetido aos exames aplicados pela banca, mas também à forma de correção dos textos, como veremos adiante. Isso inclusive já foi assunto do informativo interno da banca. Saiba mais em <http://www.cespe.unb.br/JornalCESPE/PDFs/018.pdf>.

Nos últimos certames, o CESPE tem exigido conhecimentos específicos em suas provas discursivas. Naturalmente, isso não nos impede uma análise do comportamento da banca numa eventual exigência de temas mais voltados para a atualidade,

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normalmente propostos em concursos para provimento de cargos de nível médio de escolaridade.

A pontuação total também varia conforme o certame (10, 13, 15, 20, 25 ou 40 pontos), mas o cálculo da nota final da discursiva se mantém o mesmo. Em nosso treinamento de discursivas, o padrão será a nota total de 10,00 (dez) pontos.

A fórmula usada pelo CESPE tem sido a NPD como sendo igual a NC menos duas vezes o resultado do quociente NE / TL:

NPD = NC – 2(NE/TL) onde:

NPD – Nota da prova discursiva

NC – Nota de conteúdo

NE – Número de erros gramaticais (ortografia, morfossintaxe e propriedade vocabular)

TL – Total de linhas efetivamente escritas

Essa fórmula também será aplicada nas nossas correções.

6.1 CESPE e a organização textual: mais uma vez a objetividade

Aqui você vai entender o porquê do meu pedido de que você tenha compreendido bem a Fundação Carlos Chagas. A partir de uma providencial comparação, você será capaz de compreender bem o que deseja o CESPE, bem assim será capaz de ativar seu “bom-senso” diante de uma situação conflituosa que porventura envolva a abordagem de muitos subtemas que possa inviabilizar a tradicional estrutura introdução -desenvolvimento - conclusão.

De antemão já aviso: caso esteja numa situação com essa, prefira sempre a objetividade, que se manifesta por meio do atendimento aos comandos da proposta, veiculados por meio do tema e dos subtemas apresentados, seguindo ainda preferencialmente a ordem em que aparecerem.

Como já mencionei, a objetividade é característica do CESPE, diferentemente da FCC, em que há traços notórios de subjetividade na correção. Assim, abordar o que é expressamente pedido é ter a certeza de ter uma boa avaliação. Por óbvio, essa abordagem deve ser, além de objetiva, pertinente, fundamentada e clara.

Tudo o que foi escrito sobre a FCC acerca da estrutura interna do parágrafo (parágrafo-padrão), fundamentação (discurso de autoridade, leis, exemplos), informações básicas

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(tópico 2) e modalidade textual (tópico 3) deve ser aplicado para uma produção textual num contexto CESPE.

Ademais, em relação aos critérios de avaliação (tópico 4) da FCC, com exceção da forma de correção e cálculo, os aspectos relativos a CONTEÚDO, EXPRESSÃO e ESTRUTURA também serão muito úteis para sua produção textual, ainda que diferentemente avaliados.

Voltemos àquela situação conflituosa, mencionada ali em cima. Neste momento, pode-lhe surgir o questionamento: “mas há situações em que será difícil estruturar o texto nos tradicionais quatro ou cinco parágrafos, para marcar a introdução, o desenvolvimento e a conclusão?”

A resposta é “claro que sim!”. Por óbvio, desejo a você toda a criatividade do mundo para escrever abordando todos os temas e subtemas dentro do esquema tradicional. Todavia, se não for possível, adote a OBJETIVIDADE. Faça um texto dividido e organizado em parágrafos abordando todos os quesitos temáticos propostos.

Vou exemplificar para ficar mais claro.

Em 2013 para o TRT da 10ª Região, o CESPE propôs como tema o nosso famoso LIMPE da seguinte forma:

A Constituição Federal de 1988 elenca os princípios inerentes à administração pública, cuja função é a de dar unidade e coerência ao direito administrativo, controlando as atividades administrativas de todos os entes que integram a federação brasileira (União, estados, Distrito Federal e municípios). Esses princípios devem ser seguidos rigorosamente pelos agentes públicos, sob pena de estes praticarem atos inválidos e exporem-se à responsabilidade disciplinar civil ou criminal, a depender do caso. Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Ao elaborar seu texto, faça, necessariamente, o que se pede a seguir. > Nomine os princípios constitucionais expressos da administração pública. [valor: 3,50] > Descreva o significado de cada um dos referidos princípios constitucionais. [valor: 6,00]

Não há dúvidas de que se trata de uma proposta para a qual qualquer candidato medianamente ou mesmo pouco preparado sabe a resposta. Eis mais uma característica das discursivas do CESPE: temas relativamente fáceis, mas com organização textual aparentemente difícil.

Considerando a quantidade (cinco) de princípios constitucionais expressos da Administração Pública, já deu para notar que, seguindo o esquema tradicional com introdução, desenvolvimento e conclusão, as trinta linhas poderiam ser insuficientes.

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Estamos, pois, diante da situação em que o candidato deve privilegiar a objetividade, já abordando desde o parágrafo inicial o tema proposto e, nos seguintes, cumprindo as determinações dos subtemas.

Ressalto que mencionei “privilegiar” a objetividade em relação àquele esquema tradicional. Não sugeri abandono da estrutura, pois algum aspecto dela ainda será aproveitado, notadamente a parte do desenvolvimento, bem assim a estrutura interna do parágrafo.

Diante desse exemplo de 2013, alguns comportamentos são possíveis. Vamos a dois deles:

1 – O candidato faz a redação com três parágrafos: o primeiro de introdução com o viés da importância dos princípios; o segundo com a nominação de todos os princípios expressos na CF/88; o terceiro com a descrição e explicação de todos os princípios abordados.

Está errado? Não. Todavia, certamente o candidato seria penalizado em 0,5 ponto

relativo ao aspecto “apresentação”, na medida em que o último parágrafo ficará bem mais

extenso do que os antecedentes. Considerando o assunto, é possível imaginar os dois

primeiros parágrafos com no máximo 5 linhas cada, ao passo que o resto da folha seria

ocupado pelo último. Sim, o CESPE observa o “visual” da sua discursiva.

2 – O candidato faz a redação com seis parágrafos. No 1º traz a enumeração dos princípios e expõe resumidamente a importância deles. Depois disso, no 2º, 3º, 4º, 5º e 6º parágrafos, ele descreve em cada um os princípios enumerados na ordem em que os menciona, fundamentando com exemplos e doutrina. Não faz a conclusão.

Está errado? Também não. Aliás, dessa forma, o candidato se pouparia da inevitável

repetição de palavras, na medida em que se trata de assunto bastante específico, não

havendo tantos sinônimos para serem usados, especialmente em relação aos princípios.

Penso ainda que, além de não ser penalizado pela falta de conclusão, não perderia

pontos quanto ao aspecto visual da discursiva, já que haveria equilíbrio no tamanho dos

seis parágrafos.

E se o candidato fizer a discursiva para essa proposta do exemplo, organizando-a nos termos tradicionais e, ainda, evitando-se a repetição de palavras, bem assim a análise superficial, alcançará boa pontuação? Ora! Isso seria ótimo!

O exemplo só serviu para mostrar que o CESPE, sob o viés da objetividade, tende a buscar o que foi pedido por meio dos temas e dos subtemas que lhes acompanham. Em suma, se o candidato cumprir a proposta de forma adequada, não será a estrutura textual que o jogará no buraco. Obviamente, não estou defendendo aqui uma dissertação de 30 linhas toda em um único parágrafo. Bom-senso é a chave.

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Estamos inseridos num contexto em que muitos candidatos sabem sobre os também muitos assuntos propostos pelas bancas. A questão é selecionar aqueles mais preparados e capazes de tornar um assunto, ainda que específico, inteligível para qualquer leitor. Estou certo de que é esse o perfil buscado pelo CESPE.

Reforço, por fim, que o CESPE, numa correção de discursivas, volta seu olhar para a objetividade em primeiro lugar, seguida de clareza, fundamentação e propriedade vocabular.

7 – ESTUDOS DE CASO. FCC E CESPE: OBJETIVIDADE!

Estudos de caso costumam ser a preferência dos candidatos quando assunto é redação.

Seja para o CESPE ou para a FCC, no estudo de caso, não é necessária a introdução e é só ir direto ao assunto, como se você fosse direto ao desenvolvimento, para responder OBJETIVA e FUNDAMENTADAMENTE às questões propostas.

Normalmente o limite é de até 20 linhas de extensão.

Alerto para o fato de quando for disponibilizado o limite de 30 linhas, o candidato deve fazer um breve resumo do caso no parágrafo introdutório, mas sempre se preocupando em cumprir as determinações do comando da questão.

Responda cada questão em um parágrafo, fazendo a devida articulação linguística entre eles. Mantenha as respostas na mesma ordem em que foram propostas as perguntas ou os comandos.

Obedeça aos limites mínimo e máximo de linhas para a produção textual. Isso também enseja a perda de pontos, seja na FCC ou no CESPE.

São essas nossas orientações gerais para nortear o trabalho que desenvolveremos

Abraços,

Roberto Ronison e Fabiano Pereira.