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Apostila de Redação para ajudar no enem

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Page 1: Apostila de Redação

APOSTILA DE REDAÇÃO

PLANEJANDO O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

Page 2: Apostila de Redação

O texto dissertativo-argumentativo estrutura-se em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Todavia, difere do dissertativo-expositivo por apresentar na introdução uma tese, em seu desenvolvimento, argumentos e, na conclusão, a confirmação da ideia principal (tese).

A tese exposta pelo argumentador pode apresentar uma certeza, uma opinião ou uma dúvida. A1ém disso, representa uma tomada de posição diante do tema que, por sua vez, supõe sempre uma discussão, ou seja, a possibilidade de mais de uma opinião sobre o mesmo ponto de debate. Já os argumentos em que se apoia a tese podem ser sustentados por dados, exemplos, experiências pessoais ou conhecimentos alheios a que atribuímos valor indiscutível.

Existem três etapas pelas quais um bom produtor de textos deve passar: o planejamento, a produção e a revisão textual. Contudo, na maioria das vezes, as pessoas sequer as conhecem e acreditam que escrever significa apenas "colocar no papel tudo que passa em suas cabeças", de maneira aleatória.

Na primeira das etapas referidas, a do planejamento redacional, o produtor deve filtrar suas ideias e organizá-las de maneira coerente. Assim, haverá uma progressão textual, uma vez que as partes obrigatórias do texto dissertativo-argumentativo - introdução, desenvolvimento e conclusão - estarão concatenadas entre si.

Entretanto, existem muitas maneiras de se planejar um texto, já que, como veremos mais adiante, podem-se utilizar diferentes técnicas argumentativas para se defender uma tese. Veremos agora a maneira mais simples que se tem para "esboçar" um texto.

Observe um exemplo de planejamento redacional sobre o tema "Internet: uma aliada nas relações amorosas?":

INTRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO CONCLUSÃOA Internet auxilia na paquera entre homens e mulheres.

1° ARGUMENTO: A rede mundial de computadores quebra a barreira da distância e do tempo, facilitando a aproximação das pessoas.

As pessoas devem usar esse meio para paquerar.

2° ARGUMENTO: O uso desse meio de comunicação torna o relacionamento mais romântico.

3° ARGUMENTO: O namoro virtual leva ao namoro real.

Agora, veja como o texto se concretizou:Namoro na internet

A internet é a mais nova aliada nas relações amorosas, uma vez que auxilia na paquera entre homens e mulheres do mundo inteiro.

A rede mundial de computadores possibilita o contato virtual entre pessoas em longa distância, permitindo que até mesmo pessoas sem uma disponibilidade de tempo tenham uma "aventura amorosa”. Assim, pode-se falar com qualquer pessoa do mundo, aumentando a possibilidade de se encontrar uma "alma gêmea”.

Pode-se dizer que o uso desse meio de comunicação é um retorno ao romantismo de antigamente, já que casais ficam horas diante do computador conversando e trocando juras de amor, sem poder sequer tocar na pessoa amada.

O namoro virtual pode ser um meio eficaz para se ter um relacionamento real, pois, por intermédio dessa nova forma de paquerar, ocorre, muitas vezes, a consolidação de um namoro de verdade. Com isso, os namorados passam a se encontrar e, com isso, podem até se casar.

Devido a toda essa facilidade que a internet proporciona aos relacionamentos as pessoas devem utilizar esse meio de comunicação para paquerar e, quem sabe, namorar realmente.

Como se pode ver, ao planejarmos um texto, este fica mais organizado, pois o planejamento nos permite filtrar nossas ideias. É importante que, logo na introdução, deixemos clara a tese que vamos defender e, através dessa técnica básica de argumentação, utilizemos no desenvolvimento argumentos que justifiquem a nossa opinião sobre o tema e tese a ser definida.

Assim, ao produzirmos um texto dissertativo-argumentativo, utilizando a técnica padrão, o planejamento redacional pode ser estruturado da seguinte maneira:

INTRODUÇÃO Apresentação do tema + teseDESENVOLVIMENTO Argumentos que justifiquem a tese

defendida:1º argumento2º argumento3º argumento

CONCLUSÃO Conclusão do tema e reafirmação da tese defendida.

EXERCÍCIOS

Page 3: Apostila de Redação

Redação 1:

O poder da televisão

A televisão é um meio de comunicação com grande poder em formar opinião. Logo, seu principal objetivo seria a transmissão de conhecimento, conscientização e diversão da população.

No entanto, muitas vezes, a televisão é usada pelas elites (governantes, empresários e outros) como “arma” de alienação. Isso fica evidente quando a televisão prioriza fins comerciais e políticos. Ou seja, deixa em segundo plano a comunicação informativa, optando pela manipulação do povo. Podem-se citar as propagandas eleitorais em que maus candidatos fazem promessas, porém não as cumprem. Outro fator predominante é a excessiva quantidade de propagandas, para promover produtos de qualidade duvidosa.

Embora ocorram esses equívocos, ela é também uma fonte de conhecimento. É através desse veículo que o homem se conecta a todos os fatos que acontecem no mundo. Na medida em que são expostos aos programas jornalísticos, educativos e shows, passam a ter acesso instantâneo a esses eventos.

Sendo assim, dependendo de sua utilização, a televisão pode ser, sim, de grande importância para seus usuários, desde que esse “mundo” televisivo não apresente interesse de “terceiros”.

INT

RO

DU

ÇÃ

O

De que fala o texto?

Assunto1º

par

ágra

foTelevisão

Tema O poder da televisão

Para que é escrito o texto? / O que fala o texto?

Objetivo do texto / Tese

(Mostrar que) o principal objetivo da televisão deveria ser transmitir conhecimento, conscientizar e divertir as pessoas

DE

SE

NV

OL

VIM

EN

TO

Que provas sustentam a tese?

Argumentos

2º p

arág

rafo NO ENTANTO, “a televisão prioriza fins comerciais e políticos.

Ou seja, deixa em segundo plano a comunicação informativa, optando pela manipulação do povo”.

3º p

arág

rafo

A televisão é “também uma fonte de informação e conhecimento”.

CO

NC

LU

O

A que conclusão se chega?

Conclusão

4º p

arág

rafo A televisão, dependendo de sua utilização, pode ser de grande

importância.

Essa redação apresenta um grave problema em sua macro-estrutura, uma vez que os parágrafos 2 e 3 apresentam argumentos que se excluem mutuamente. Como é possível que “a televisão (deixe) em segundo plano a comunicação informativa” e seja “uma fonte de informação e conhecimento” em que “o homem se conecta a todos os fatos que acontecem no mundo”?

Agora, você mesmo irá revisar a macroestrutura de suas redações. Para tanto, preencha os quadros que se encontram após os textos e, em seguida, faça comentários sobre os mesmos, apontando possíveis problemas em suas macro-estruturas.

Page 4: Apostila de Redação

Redação 2:

A gramática e sua utilidade

A natureza é fabulosa, e antes mesmo que as pessoas aprendam a escrever, já possuem a gramática internalizada que as permitem comunicar-se. No entanto o conhecimento da gramática normativa é fundamental.

Há pessoas que possuem um dom muito especial. Elas desenvolvem um texto com muita facilidade. Não necessitam permanentemente da norma padrão. Sabem jogar e brincar com as palavras. Conseguem se comunicar e agradar ao leitor.

Não obstante, outras pessoas, não privilegiadas, precisam estar atentas à norma culta, pois se não possuem talento para escrever, podem fazê-lo certo e com técnicas que irão encontrar na gramática normativa.

É possível que a gramática seja dispensável para alguns, entretanto é importantíssima para a maior parte das pessoas.

INT

RO

DU

ÇÃ

O

De que fala o texto?

Assunto

1º p

arág

rafo

____________________________________________________________________________________________________________________________________

Tema

____________________________________________________________________________________________________________________________________

Para que é escrito o

texto? / O que fala o texto?

Objetivo do texto / Tese

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

DE

SE

NV

OL

VIM

EN

TO

Que provas sustentam a

tese?Argumentos

pará

graf

o

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3º p

arág

rafo ____________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

CO

NC

LU

O

A que conclusão se

chega?Conclusão

4º p

arág

rafo

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Redação 3:

Page 5: Apostila de Redação

A gramática

O conhecimento da gramática é fundamental no desenvolvimento de uma escrita eficiente tendo em vista que a mesma possibilita a solução de problemas recorrentes no uso do português.

A primeira questão a ser utilizada seria a falta de clareza textual. Neste quesito, as regras gramaticais seriam muito mais úteis, pois possibilitariam suportes gramaticais para que o escritor não se tornasse repetitivo ou usasse referentes (pronomes) de maneira equivocada.

Outro ponto importante é a liberdade de expressão. O escritor deve conhecer a norma, visto que só é possível explorar a liberdade poética quando se tem o conhecimento das regras gramaticais básicas. Não é possível escrever um texto genial quando se desrespeita a norma.

Portanto, o conhecimento da gramática de uma língua é necessário, porque evita uma dualidade nos textos, possibilita uma maior clareza na transmissão das ideias e também “liberta” o escritor, uma vez que torna viável a criação de um estilo próprio.

INT

RO

DU

ÇÃ

O

De que fala o texto?

Assunto1º

par

ágra

fo

____________________________________________________________________________________________________________________________________

Tema

____________________________________________________________________________________________________________________________________

Para que é escrito o

texto? / O que fala o texto?

Objetivo do texto / Tese

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

DE

SE

NV

OL

VIM

EN

TO

Que provas sustentam a

tese?Argumentos

pará

graf

o

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3º p

arág

rafo ____________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

CO

NC

LU

O

A que conclusão se

chega?Conclusão

4º p

arág

rafo

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Indique argumentos que justifiquem as teses abaixo. Em seguida, faça conclusões coerentes:

Page 6: Apostila de Redação

a) Pais devem equilibrar a influência da TV sobre os filhos. Argumentos:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Conclusão:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) O vestibular é um momento de extrema importância na vida de um adolescente.Argumentos:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Conclusão:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) O sistema penitenciário do país deve sofrer modificações.Argumentos:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Conclusão:___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

d) O diálogo entre pais e filhos é extremamente importante.Argumentos:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Conclusão:___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Escolha um dos planejamentos redacionais do exercício 2 e produza um texto dissertativo-argumentativo. Não esqueça de copiar o esboço feito e entregá-lo juntamente com a redação.

O TEXTO DISSERTATIVO

A dissertação é o tipo de texto no qual se analisa, interpreta, explica e avalia os dados da realidade. Ao contrário do texto narrativo e do descritivo, é temático, ou seja, não trata de episódios ou seres concretos e particularizados, mas de análises e interpretações genéricas válidas para muitos casos concretos e particulares.

Na dissertação, não existe uma progressão temporal entre os enunciados. Nesse tipo de texto, no entanto, existe uma relação de natureza lógica, isto é, relações de implicação (causa e efeito; um fato e sua condição; uma premissa e uma conclusão; etc) entre esses enunciados. (FIORIN, José Luís & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2003, p.297)

O texto dissertativo pode ser expositivo ou argumentativo. No primeiro, expõe-se a opinião sem combater às ideias das quais se discorda. Já na dissertação-argumentativa, além de expor as ideias, busca-se persuadir, convencer e influenciar o leitor, expondo a razão e a verdade em uma das proposições.

Page 7: Apostila de Redação

Vale ressaltar, ainda, que em uma dissertação-argumentativa deve haver um tema polêmico e argumentos que comprovem ou combatam a tese.

Argumentação

A argumentação consiste em qualquer tipo de procedimento usado pelo produtor do texto que tem como objetivo levar o leitor a aderir às teses defendidas pelo texto. Assim, a argumentação está sempre presente em qualquer texto.

Existem alguns procedimentos argumentativos importantes para fazer o leitor concordar com aquilo que se diz num texto. Um deles é evitar um texto dispersivo, cheio de informações desencontradas. É importante que o texto trate de “um só objeto”, “uma só matéria”. Lembre-se: o texto que fala de tudo acaba não falando de nada.

Outro recurso argumentativo que pode ser utilizado é a comprovação das teses defendidas com citações de outros textos autorizados. Um texto ganha mais credibilidade quando se apoia em outros textos que tratam do mesmo tema.

Além disso, pode-se confirmar com exemplos adequados as afirmações que se faz. Uma idéia geral e abstrata ganha mais credibilidade quando vem acompanhada de exemplos concretos.

Um ultimo recurso argumentativo relevante para convencer o leitor é a refutação de argumentos contrários. Na verdade, sobretudo quando se trata de um tema polêmico, há sempre opiniões contrárias sobre ele. Um texto, para convencer, não pode desprezar as opiniões opostas. Ao contrário, deve expor com clareza as objeções conhecidas e refutá-las com argumentos sólidos.

NO VESTIBULAR...

1. Dissertação

1.1. Característica do texto dissertativo

Quando se pede a alguém que disserte por escrito sobre um determinado tema, espera-se um texto em que sejam expostos e analisados, de forma coerente, alguns dos aspectos e argumentos envolvidos na questão tematizada. Não há escrita sem leitura, sem reflexão, sem a adoção de um ponto de vista e, pode-se mesmo dizer, sem um desejo, por parte de quem escreve, de se manifestar a respeito de um determinado tema. Assim, é especialmente importante que, em uma dissertação, sejam apresentados e discutidos fatos, dados e pontos de vista acerca da questão proposta. Ora, para que você consiga desincumbir-se dessa tarefa de forma adequada (especialmente em uma situação como a de um exame vestibular em que há uma certa tensão, o tempo é controlado...), a universidade coloca à sua disposição, sob a forma de uma coletânea, diversos elementos que devem ser levados em conta para a discussão do tema proposto. Garantimos, assim, que você não tenha de “partir da estaca zero” para construir sua redação. Essa é uma função importante da coletânea de textos que acompanha o tema para dissertação.

Do que foi dito acima, você deveria concluir imediatamente que escrever um texto dissertativo não é apenas tecer comentários impessoais sobre determinado assunto, tampouco limitar-se a apresentar aspectos favoráveis e contrários e/ou positivos e negativos da questão.

Mas vamos tentar ajudá-lo um pouco mais, uma vez que tal conclusão pode não ser tão imediata assim. Consideremos duas instruções que muito frequentemente acompanham “definições” de dissertação: (1) que nela não se deve “falar” em 1ª pessoa; (2) que devem, em um texto dissertativo, ser apresentados argumentos favoráveis e contrários à(s) ideia(s) sobre a(s) qual(is) se está escrevendo.

A primeira das “instruções” é, de fato, pertinente, mas costuma-se exagerar o seu valor – esse cuidado não é suficiente para garantir que se está, realmente, dissertando. Sempre será verdade que enfraquecem a força do texto dissertativo expressões como eu acho que e na minha opinião, mas o problema está muito mais no caráter opinativo e no “achismo” nelas contido do que no uso da 1ª pessoa do singular. Contudo, saiba que a postura mais adequada para se dissertar é mesmo escrever impessoalmente, como se autor daquele texto fosse o próprio bom senso, a própria lógica, a razão, ou ainda, a verdade. Da mesma forma, uma dissertação não se dirige a um interlocutor específico ou a um grupo deles; dirige-se, isto sim, a um “leitor universal”, algo que poderia ser definido como: todos os seres humanos alfabetizados e dotados de raciocínio.

Quanto à segunda “instrução”, essa sim é um completo equívoco. Em uma dissertação, deve-se defender uma tese, ou seja: organizar dados, fatos, idéias, enfim, argumentos, em torno de um ponto de vista definido sobre o assunto em questão. Uma dissertação deve, na medida do possível, concluir algo. Portanto, não tem cabimento ficar simplesmente elencando argumentos favoráveis ou contrários a determinada idéia. Só se trazem ao texto argumentos contrários à tese defendida para destruí-los, para anulá-los... e, mesmo isso, quando for pertinente fazê-lo.

2. Texto Argumentativo /Persuasivo

2.1 Características do texto argumentativo/persuasivo

Além de uma dissertação, a prova de Redação pode propor também uma carta argumentativa. O que diferencia a proposta da carta argumentativa da proposta de dissertação é o tipo de argumentação que caracteriza cada um desses tipos de texto. Como se viu na seção 1.1., o texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal. Por outro lado, a proposta de carta argumentativa pressupõe um interlocutor específico para quem a argumentação deverá estar orientada. Essa diferença de interlocutores deve necessariamente levar a uma organização argumentativa diferente, nos dois casos. Até porque, na carta argumentativa, a intenção é frequentemente a de persuadir um interlocutor específico (convencê-lo do ponto de vista defendido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de vista por ele defendido e que o autor da carta considera equivocado).

Page 8: Apostila de Redação

É importante justificar por que se solicita que a argumentação seja feita em forma de carta. Acredite, essa é uma opção estratégica feita em seu próprio benefício. O pressuposto é o de que, se é definido previamente quem é seu interlocutor sobre um determinado assunto, você tem melhores condições de fundamentar sua argumentação.

Vamos tentar exemplificar, mais ou menos concretamente, algumas situações argumentativas diferentes, para que fique claro que tipo de fundamento está por trás desta proposta. Imagine-se um defensor ardoroso da legalização do aborto. Perceba que sua estratégia argumentativa seria necessariamente diferente se fosse solicitado a :

escrever uma dissertação sobre o assunto, portanto, escrever para o nosso “leitor universal”; escrever ao Papa, para demonstrar a necessidade de a Igreja Católica, em alguns casos, rever sua postura frente ao aborto; escrever a um congressista procurando persuadi-lo a apresentar um anteprojeto para a legalização do aborto no Brasil; escrever ao Roberto Carlos procurando persuadi-lo a incluir, em seu LP de final de ano, uma música em favor da

descriminação do aborto.

Você não concorda conosco? Não fica mais fácil decidir que argumentos utilizar conhecendo o interlocutor? É por isso que é tão importante que você, durante a elaboração do seu projeto de texto, procure representar da melhor maneira possível o seu interlocutor, uma vez conhecido.

Embora o foco desta proposta seja um determinado tipo de argumentação, o fato de que o contexto criado para este exercício é o de uma carta implica também algumas expectativas quanto à forma do seu texto. Por exemplo, é necessário estabelecer e manter a interlocução, usar uma linguagem compatível com o interlocutor (por exemplo, não se dirigir ao Papa com um jovial E aí, Santidade, tudo em cima?, muito menos despedir-se de tão beatífica figura com Pô, cara, tu é do mal!). Mas que fique bem claro: no cumprimento da proposta em que é exigida uma carta argumentativa, não basta dar ao texto a organização de uma carta, mesmo que a interlocução seja natural e coerentemente mantida; é necessário argumentar.

A CONSTRUÇÃO DO PARÁGRAFO DISSERTATIVOTodo texto – seja narrativo, descritivo ou dissertativo – é construído por parágrafos, que são as estruturas superiores às

frases. Em cada parágrafo é desenvolvida uma única ideia núcleo localizada, que vem, geralmente, no início, conhecida como tópico frasal. Essa ideia núcleo pode vir, ainda, diluída no parágrafo ou, até mesmo, sob forma de declaração ou pergunta.

Um texto é formado por parágrafos ou raciocínios progressivos. Na construção do parágrafo padrão, o escritor deve observar a organização das ideias, que devem ter unidade, coerência e consistência.

Os parágrafos dividem informações ou pensamentos que servem para facilitar a compreensão e a leitura do texto. É possível termos um texto sem parágrafo, mas a leitura torna-se cansativa e de difícil compreensão. O entrelaçamento de um parágrafo com outro, ou a ligação de um raciocínio com outro, dá coesão ao texto.

Observando as normas para construção do parágrafo padrão, o escritor obterá um texto bem organizado, uniforme e claro, capaz de manter a atenção e boa vontade do leitor.

Observe o parágrafo a seguir:“Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o primeiro, ligado à razão supõe ordenar ideias, justificá-las e

relacioná-las; o segundo, referente à paixão, busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e perssuadi-lo. Assim, argumentar é uma operação delicada, já que é necessário construir ideias e não realidades.”

(In: CARNEIRO, A. D. Redação em Construção. São Paulo, Moderna, 1993.)

O parágrafo acima é constituído pelo tópico frasal “Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos”, que possui a ideia central. A partir dele, desenvolvem-se as ideias secundárias. E, por fim, apresenta-se a conclusão, através de um período introduzido pelo conector assim, que dá coesão interna ao parágrafo.

Como se pode observar, o desenvolvimento é formado pelo esclarecimento da ideia central. E, como se sabe, a explanação detalhada de uma ideia pode ser feita de muitas maneiras, como, por exemplo, por definição, por comparação e confronto, por causa e efeito, por detalhes específicos, por fatos, por classificação e, por fim, por análise.

Observe o esquema a seguir feito com as partes do parágrafo destacado anteriormente:

Introdução Tópico Frasal Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos

Desenvolvimento 1ª ideia secundária o primeiro, ligado à razão supõe ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las

2ª ideia secundária o segundo, referente à paixão, busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo

Conclusão Desfecho Assim, argumentar é uma operação delicada, já que é necessário construir ideias e não realidades

EXERCÍCIOS

Page 9: Apostila de Redação

1 – Observe o parágrafo abaixo e retire o tópico frasal, os detalhes ou explicações (desenvolvimento) e a conclusão:

“A autoridade de meus pais, quando eu tinha dezessete anos, era demasiadamente protetora. Cada vez que eu saía de casa, tinha de detalhar para minha mãe o que eu ia fazer, aonde e com quem eu ia, que horas retornaria. Antes de eu cruzar a porta, ela fazia várias recomendações, de como atravessar a rua, evitar lugares perigosos e telefonar se algo ocorrer fora do previsto. Eu achava tudo ridículo, sentia-me tratada como criança. Além do mais, contar todos os meus planos e passos a meus pais me deixava irritada. Todas as vezes, jurava que jamais trataria meus filhos da mesma maneira.”

2 – Para cada um dos temas a seguir, redija o tópico frasal pedido:

a) “Televisão – sua influência nos padrões de comportamento humano.”TF:generalização da opinião sobre o assunto______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) “Homem e mulher se complementamTF: questionamento sobre o assunto______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) “O ensino da Língua Portuguesa no Brasil.”TF: divisão do assunto______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 – Os parágrafos abaixo apresentam duas das três partes constituintes de um texto.Complete-os:a) É evidente que há necessidade das provas do vestibular par o ingresso na Universidade, pois com elas pode-se avaliar o nível de conhecimento do candidato, conhecimento capaz de entender as matérias dentro da Universidade e capaz de medir sua preparação intelectual para enfrentar um curso superior. Dessa forma, (…)Construa a conclusão do parágrafo:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) O trabalho é uma atividade importantíssima na vida do homem. Sem ele, (…).Assim, uma política governamental que não tem como objetivo amenizar seu problema do desemprego do país torna-se uma política perversa e descabida.Construa o desenvolvimento do parágrafo:___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A I N T R O D U Ç Ã OÉ importante que um texto tenha uma introdução eficiente, ou seja, que o leitor saiba qual o seu tema.Analisemos os exemplos a seguir:

(1) “Essa ação revigora o ser humano, fazendo-o confiar cada vez mais em si próprio. Com isso a pessoa também dá um bom exemplo para toda a comunidade e torna mais fortes os pensamentos de todos; portanto, devemos praticar esse ato com todo carinho possível.”

(2) “A adoção de uma criança é um ato de grande estima para o ser humano. Através desse ato, um casal demonstra um valor importante para a boa convivência humana: a solidariedade; e é através da solidariedade que a humanidade pode erguer esse mundo tão carente de exemplos valorosos.”

SANTANA, Luiz Claudio. Redardo: Cursinho, Vestibular e Concursos Públicos. p. 47)

Na introdução, deve ficar bem claro o que vai ser tratado no texto. Como podemos notar, no exemplo (1), não conseguimos sequer imaginar qual o tema discutido, uma vez que a ausência do tópico frasal não nos permite compreender a ideia central do parágrafo. Já no exemplo (2), sabemos que o autor está falando do ato de adotar uma criança.

Existem diversas técnicas para se iniciar uma redação. Entre as principais temos:

Page 10: Apostila de Redação

a) Declaração afirmativa ou negativaEssa parece ser o tipo de introdução mais comum nas redações. Faz-se uma declaração afirmativa ou negativa,

que será justificada no texto. Ao construirmos este tipo de introdução, temos a intenção de criar uma polêmica a ser analisada no desenvolvimento. Veja:

(3) “A hora de escolher a profissão requer estudo do jovem. É necessário avaliar desde a sua aptidão para desempenhar certas funções, até a expansão ou estabilidade da profissão escolhida no mercado. Essa é a escolha mais importante do jovem”.

O autor abriu o parágrafo com uma declaração afirmativa, que será fundamentada no desenvolvimento.

(4) “No Brasil, as pessoas não têm o hábito de ler romances e poesia, sobretudo os clássicos. Vário são os fatores que contribuem para a carência de um público leitor.”

Como você pode ver, às vezes, a declaração inicial pode vir sob a forma negativa, como fez o autor do exemplo 4.

b) Questionamento sobre um assuntoNesse tipo de introdução, é lançada uma interrogação que questiona um determinado ponto a ser discutido. Veja o

exemplo a seguir:

(5) “Analisando a sociedade atual, é impossível negar que o relacionamento entre pais e filhos tornou-se mais liberal. Décadas atrás, os pais limitavam-se a proibir ou castigar, sem nenhum espaço para o diálogo. Então, como podemos justificar o fato de as realidades dos pais e filhos estarem cada vez mais distantes? Por que, agora que os pais estão tecnicamente mais abertos, os jovens preferem apenas conversar com pessoas da sua idade?”

Vale ressaltar que, quando se introduz um texto com um questionamento, é necessário que se desenvolva uma discussão dando resposta às perguntas feitas.

c) Divisão de um assuntoUma introdução pode dividir o tema em partes, em que virão discriminadas as ideias a serem desenvolvidas. Com

isso, temos uma ideia central distribuída em itens menores que se completam. Quando fazemos este tipo de introdução, devemos discutir todas as particularidades de cada uma das partes em que foi dividida a ideia principal.

(6) “Muitos são os argumentos sob a pena de morte que têm dividido a sociedade. Uns se posicionam a favor da pena de morte, enquanto outros se posicionam contra.”

Os que defendem a pena de morte argumentam que...Já os que são contra, argumentam que...

d) Referências a frases, provérbios, cenas e fatos conhecidosPode-se iniciar uma redação, fazendo referência a fatos, frases e ditados conhecidos. Esse tipo de introdução

nos ajuda logo a definir o nosso posicionamento sobre o tema. Veja:

(7) “O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar ignorar os incríveis avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não terão reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente impossível.”

(Jayme Sirotsky, Folha de São Paulo, 5 dez. 1995.)

Ao usar esse recurso, não se deve apenas escrever o provérbio. Faça um comentário para quebrar a ideia de lugar-comum trazida pelo mesmo. Quando, no exemplo acima, o autor diz "o corriqueiro adágio" demonstra que está partindo de algo conhecido por todos.

OUTRAS FORMAS DE SE COMECAR UM TEXTO

e) DefiniçãoMuito usada em textos dissertativos, a introdução por definição pode ocupar só a primeira frase ou todo o

parágrafo.

(8) “O preconceito é tanto uma questão étnica quanto sócio-econômica, visto que este é sempre o desencadeador de desigualdades tanto entre diferentes raças como entre classes sociais.”

f) Oposição

(9) “De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores e outros recursos tecnológicos. É este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.”

As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado/de outro) que estabelecerá o rumo da argumentação.

Page 11: Apostila de Redação

g) Alusão históricaO conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no tempo e pode ter uma

melhor dimensão do problema.

(10)“Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.”

h) Uma frase nominal seguida de explicação

(11)“Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e Informação Educacional do Ministério de Educação e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3º ano do 2° grau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4° série e da 8° série do 1 ° grau em todas as regiões do território nacional.”

(Folha de São Paulo, 27 nov. 1996.)

i) AdjetivaçãoA adjetivação, neste caso, serve de base para desenvolver o tema.

(12)Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política educacional do governo.(Anderson Sanches, Infocus, n. 5, ano 1, out. 1966. P. 2)

O autor deverá dizer, nos parágrafos seguintes, por que acha a política , educacional equivocada e pouco racional.

j) CitaçãoA citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela palavra comentário da segunda frase.

(13) “ ‘As pessoas chegam a um ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora.’ O comentário, do fotografo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo.”

(DI FRANCO, Carlos Alberto. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro, Vozes, 1995)

l) Citação de forma indiretaEsse recurso deve ser usado quando não se conhece textualmente a citação. É melhor citar de forma indireta que

de forma errada.

(14)“Para Marx a religião é o ópio do povo. Raymond Aron deu o troco: o marxismo é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos o ópio do povo é o mesmo que ir às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata.”

(Claudio de Moura e Castro, Veja, 13 nov. 1996.)

m) Exposição do ponto de vista opostoAo começar um texto com a opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual a posição dos autores. Seu objetivo

será refutar os argumentos do opositor, numa espécie de contra argumentação.

(15)“O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação.”

(Orlando Silva Junior e Eder Roberto Silva, Folha de Sao Paulo, 5 nov. 1996)

n) Comparação

(16)“O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição, existiam elementos favoráveis e contrários à escravidão, também hoje há os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária no Brasil.”

(OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo, Atiça, 1991. P. 101)

o) IlustraçãoPode-se começar narrando um fato para ilustrar o tema.

(17) “O Jornal do comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem de dezoito anos, já mãe de duas filhas, dizia estar grávida mas não queria a criança. Ela entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligação de

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trompas. Preferia dar o filho a ter que fazer um aborto.”O tema é tabu no Brasil. (...)

(Antonio Carlos Viana, O Quê, edição de 16 a 22 jul. 1994.)

Veja que a coesão do parágrafo seguinte se faz de forma fácil: a palavra tema retoma a questão que vai ser discutida.

p) Uma sequencia de frases nominaisO que se deve observar nesse tipo de introdução são os paralelismos que dão equilíbrio às diversas frases

nominais. A estrutura de cada frase deve ser semelhante.

(18)“Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio. Meia centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru. Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajás. Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam impunes.”

q) Alusão a um romance, conto, poema ou filme

(19) “Quem assistiu ao filme ‘A rainha Margot’, com a deslumbrante Isabele Adjani, ainda deve ter os fatos vivos na memória. Na madrugada de 24 de agosto de 1572, as tropas do rei de França, sob ordens de Catarina de Médicis, a rainha-mãe e verdadeira governante, desencadearam uma das mais tenebrosas carnificinas da História. (...)

Desse horror a história do Brasil está praticamente livre. (...)”(Veja, 25 out. 1995.)

r) Descrição de um fato de forma cinematográfica

(20) “Madrugada de 11 de agosto. Moema, bairro paulistano de classe média. Choperia Bodega - um bar da moda, frequentado por jovens bem-nascidos. Um assalto. Cinco ladrões. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: Adriana Ciola, 23, e José Renato Tahan, 25. Ela estudante. Ele, dentista.”

(Josias de Souza, Folha de São Paulo, 30 set. 1996.)

O parágrafo é desenvolvido por "flashes", o que dá agilidade ao texto e prende a atenção do leitor. Depois desses dois parágrafos, o autor fala da origem do movimento "Reage São Paulo".

s) Omissão de dados identificadores

(21) “Mas o que significa, afinal, esta palavra que virou bandeira da juventude? Com certeza não é algo que se refira somente à política ou às grandes decisões do Brasil e do mundo. Segundo Tarcísio Padilha, ética é um estudo filosófico da ação e da conduta humanas cujos valores provêm da própria natureza do homem e se adaptam às mudanças da história e da sociedade.”

(O Globo, 13 set. 1992.)

As duas primeiras frases criam no leitor certa expectativa em relação ao tema que se mantém suspenso até a terceira frase. Poderia, também, construir todo o primeiro parágrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas no parágrafo seguinte.

EXERCÍCIOS

1. Abaixo apresentamos os argumentos e a conclusão de um raciocínio. Prestando atenção na argumentação pretendida pelo autor, escreva três tipos diferentes de introdução para o texto:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Língua Portuguesa é ú t i l por que é sabendo ler, entender e escrever que conseguimos compreender o mundo onde vivemos. Também é útil para a gente aprender a falar corretamente; aí a gente consegue se comunicar com os outros e trocar ideias. Isso é muito bom para nosso conhecimento.

Matemática. Poxa, com ela a gente aprende a mexer com os números e com as operações. E com ela que todos fazemos as contas do mercado, pedimos descontos nas compras, calculamos juros, impostos, uma porção de coisas.

Ciências é também importante, pois, com ela, podemos conhecer as doenças, as plantas, o corpo humano, os animais e o universo. Tudo isso é útil, pois é para o bem de todos.

História fala das coisas do passado, do comportamento dos homens. Por isso estudar história é também importante: conhecendo o passado, os homens podem pensar mais sobre seus erros e, aí, não cometer tudo de novo.

Já em Geografia, a gente estuda os rios, os mares, os continentes, os países; aprende como se orientar; aprende sobre as pessoas e hábitos culturais. Isso ajuda a gente a não ficar perdido, sem saber o que se passa no mundo.

Como vemos, esse lance de dizer que estudar é chato e ruim é só conversa de gente que não quer nada na vida.(Aluna de 8a serie do Ensino Fundamental)

O DESENVOLVIMENTO

Observe o exemplo a seguir:

INTRODUÇAO:“A falta de diálogo entre pais e filhos, na sociedade de hoje, aumentou nas duas últimas décadas e é o principal problema

do chamado conflito de gerações.”

DESENVOLVIMENTO:

Argumento 1:“A sociedade capitalista dificulta a relação entre pais e filhos.”

Argumento 2:“O individualismo afasta as famílias.”

CONCLUSÃO:“O diálogo é o caminho para uma relação familiar sadia.”

Falta diálogo, sobra conflitoA falta de diálogo entre pais e filhos, na sociedade de hoje, aumentou nas duas últimas décadas e é o principal

problema do chamado “conflito de gerações”.A sociedade capitalista, da qual fazemos parte, exige, cada vez mais, que as horas de trabalho superem não só as horas

de lazer, mas sobretudo os momentos que poderíamos estar com a família. Isto, dentre outras coisas, acaba dificultando a relação familiar, mais precisamente o relacionamento entre pais e filhos. Enquanto aqueles estão sempre envolvidos em seus negócios; estes, por sua vez, estão envolvidos em “multiatividades” para evitar o ócio. Logo, o encontro em família dificilmente acontece.

O individualismo, tão característico também dessa sociedade capitalista, contribui bastante para um afastamento entre as pessoas. Cada pessoa vive em seu mundo particular e de difícil acesso a terceiros. Tal fato, impossibilita o diálogo não só através de palavras, como também de gestos, olhares, contatos, etc. Assim, o choque é inevitável, ninguém se entende e o conflito é instaurado.

O conflito de gerações, desse modo, nada mais é do que a falta de tempo para a troca de experiências, atenção e carinho entre os pais e filhos. É preciso que haja uma conscientização de que o diálogo é o caminho mais adequado e saudável para uma próspera relação familiar.

No exemplo dado, vê-se que todo o desenvolvimento da redação foi baseado no “esqueleto”: há uma ideia-núcleo na introdução e dois itens devidamente explicados que justificam a tese da introdução. O “esqueleto” é um elemento essencial para a redação de um bom texto. Por isso, é importante sempre utilizá-lo antes de começar a escrever a redação.

A CONCLUSÃO

Há muitas maneiras de se concluir um texto. Entre as mais comuns podemos destacar o “encerramento com resumo”, o “encerramento com comentário” e o “encerramento com resposta”.

a) Encerramento com resumo:Nesse tipo de conclusão, recapitulamos as principais ideias discutidas no desenvolvimento da redação, dando

possibilidade ao leitor de rever um pouco do assunto discutido. Ao fazermos uma conclusão com resumo, devemos ter o cuidado para não copiar as frases já ditas, quer dizer, resumimos os pontos discutidos, mas não com as mesmas palavras, pois, se assim o fizermos, teremos uma mera repetição de discurso.

b) Encerramento com comentário adicional sobre o que se discutiu:A conclusão com um comentário adicional nos dá possibilidade de acrescentarmos informações à mensagem

contida no corpo da redação, mesmo na conclusão.

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Obviamente, essas informações não podem negar nada do que foi dito no desenvolvimento, nem tão pouco podem ser desvinculadas das ideias discutidas.

Com a conclusão desse tipo você pode aproveitar os pontos abordados no desenvolvimento e inserir consequências ou causas para os fatos abordados por você.

Na conclusão procure adicionar comentários que insiram: Consequências daquilo que foi avaliado; nesse caso, pode entrar uma avaliação para o futuro: Causas para o fato avaliado; Explicação mais ampla para os itens avaliados como argumento; etc.

c) Encerramento com resposta:Quando iniciamos nossa redação com um questionamento, é boa conduta concluí-la, respondendo, de maneira

indireta, a indagação feita na introdução. Nesse caso, nossa resposta deve ser dada em função da análise feita no desenvolvimento da redação.

EXERCÍCIOS

2. Faca uma conclusão para o parágrafo:“Toda mulher deve se emancipar. Ela deve estudar, formar-se e ter um emprego que lhe dê condições de

sobreviver sozinha. Dessa forma...”_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Há, a seguir, redações com introdução e argumentação. Dê-lhes continuidade, acrescentando uma conclusão:

a) “Hoje há uma necessidade muito grande de que a mulher tenha um emprego e com isso, receba uma remuneração compensadora.

Seja ela solteira ou casada, o mundo exige dela uma situação econômica que lhe permita viver hem. Se casada, precisa de um salário que sirva como complementação da renda familiar, normalmente, por tradição machista, deixada a encargo do marido: se solteira, necessita de independência financeira, isto é, um salário que lhe dê condições reais de viver a sua cidadania de mulher participativa.

(...)”(Aluna de 3ª série do Ensino Médio)

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b) “Em todos os setores da vida, o homem tem sempre importância como exemplo para outros homens. E, no esporte, essa regra não é exceção.

Ele possui um aspecto educativo, pois, ao competir, um atleta transmite a outros homens sentimentos que serão úteis na formação destes, tais como a solidariedade, o amor à Pátria, o respeito ao próximo, a paciência, o reconhecimento, etc.

Ora, quando um atleta é derrotado e sabe se conduzir dignamente na adversidade, torna-se um exemplo para todos, pois mostra um caráter nobre - bem mais nobre do que a conduta de mostrar dignidade somente nos momentos em que for o vencedor. Em outras palavras, aceitando a derrota como ensinamento pessoal, o atleta ilustra sua auto-estima, dando uma enorme contribuição para a formação da consciência de todos aqueles que o cercam.

(…)”(Aluna de 3a série do Ensino Médio)

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TÉCNICAS ARGUMENTATIVAS

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Como se sabe, a maneira mais simples de se fazer um texto dissertativo-argumentativo é defender uma determinada tese, ou seja, tomar uma posição diante de um tema e apresentar argumentos que justifiquem essa tese. Nesse caso, deve-se estruturar a redação da seguinte maneira:

TÉCNICA ARGUMENTATIVA PADRÃO1º parágrafo Apresentação do TEMA e da TESE

defendidaIntrodução

2º parágrafo 1º argumento Desenvolvimento3º parágrafo 2º argumento Desenvolvimento4º parágrafo 3º argumento Desenvolvimento5º parágrafo Conclusão do TEMA + reafirmação da

TESE defendidaConclusão

Porém, essa não é a única técnica de argumentação existente. A partir de agora, estudaremos outras técnicas que podem ser utilizadas para se fazer um bom texto dissertativo-argumentativo.

1. Técnica de argumentos favoráveis e contráriosMuitas vezes, deparamo-nos com temas que, por serem muito polêmicos, dividem opiniões de tal modo que

dificilmente chegamos a um posicionamento capaz de satisfazer a grande maioria das pessoas.

Vejamos um exemplo de tema polêmico, que gerou uma redação elaborada por um aluno:“Dar esmola pode trazer um enorme prejuízo à sociedade, já que o número de pedintes só tende a aumentar. Mas,

por outro lado, pode ser a única forma de se ajudar a quem precisa.”

Ao lermos o tema antes proposto, percebemos imediatamente que as opiniões se dividem no exame dessa proposição. Muitos encontrariam argumentos favoráveis ao ato de dar esmola . Da mesma forma que inúmeros outros poderiam posicionar-se contrariamente à mesma ideia. A princípio, não é importante que se concorde ou não com esse ato. Deve-se, de modo imparcial, tentar observar quais os argumentos favoráveis, apresentados por quem compartilha dessa ideia, e quais os argumentos contrários, apresentados por quem não compartilha da mesma. Dessa maneira, teria-se uma visão global do problema, abordando os diferentes aspectos da questão para, na conclusão, expor-se um posicionamento pessoal em relação ao tema. No entanto, caso não se tenha uma posição definida, deve-se afirmar que, em vista da complexidade do problema, torna-se difícil chegar a uma conclusão definitiva.

Veja, agora, o esquema de dissertação que pode ser feito para utilizarmos essa técnica argumentativa:

TÉCNICA DE ARGUMENTOS FAVORÁVEIS E CONTRÁRIOS1º parágrafo Apresentação do TEMA polêmico Introdução2º parágrafo Análise dos aspectos favoráveis Desenvolvimento1

3º parágrafo Análise dos aspectos contrários Desenvolvimento4º parágrafo Posicionamento pessoal em relação ao

TEMA + observação finalConclusão

Observe como seria feito o esboço sobre esse tema:

Introdução (TEMA) “Dar esmola pode trazer um enorme prejuízo à sociedade, já que o número de pedintes só tende a aumentar. Mas, por outro ludo, pode ser a única forma de se ajudar a quem precisa.”

Argumentos favoráveis “Não se pode negar o enorme número de pedintes, apesar de estar vinculado ao aumento da pobreza.”

Argumentos contrários “Não se pode continuar movendo esta 'máquina viciosa ' de se pedir esmola, pois muitas pessoas preferem pedir dinheiro a trabalhar.”

Conclusão “Os indivíduos precisam se ajudar mutuamente, até que surja uma política fundamentada no amparo e desenvolvimento social.”

A partir desse esboço bem elaborado, veja como o aluno fez a redação:

Esmola: uma faca de dois gumesAtualmente, muito se discute sobre o ato de dar esmolas. Algumas pessoas são radicalmente contrárias a essa

ação, enquanto outros defendem essa prática, por achá-la necessária.A parcela da população que se opõe à prática de dar esmolas tem enfatizado o fato de estar ocorrendo um aumento

progressivo do número de pedintes que, hoje, transitam nas grandes cidades. Diz-se que as pessoas deixam seus empregos

1 O desenvolvimento, composto por dois parágrafos, pode ser ampliado para três, caso haja mais argumentos favoráveis e/ou contrários.

Page 16: Apostila de Redação

fixos, já que pedir dinheiro é, além de ser mais cômodo, muito lucrativo. Além disso, vincula-se o grande número de meninos que pedem esmolas à facilidade de se ter uma vida sem responsabilidades.

Há também pessoas que são a favor do ato de dar esmolas. Estas, porém, vão além da discussão sobre o número de miseráveis que pedem esmolas em vias públicas. Acredita-se que, ao invés de evitar esse ato, é necessário que se discuta a falta de políticas públicas de amparo de desenvolvimento social, para que haja uma diminuição dos índices de pobreza do país.

Assim, percebe-se que cabe aos indivíduos uma ajuda mútua, até que surja uma política fundamentada no amparo e no desenvolvimento social, pois negar ajuda é ‘virar as costas’ ao próximo. É necessário, portanto, que a sociedade se conscientize de que ajudar ao próximo é somente o primeiro posso para que todos tenham uma vida melhor.

EXERCÍCIOS

1. Há, a seguir, alguns temas polêmicos. Procure encontrar aspectos favoráveis e contrários a cada proposição dada-:a) O aumento vertiginoso do índice de criminalidade, em nossos dias, deve-se basicamente às péssimas condições de vida da maioria do povo brasileiro. Aspectos favoráveis:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Aspectos contrários:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Muitos acreditam que a televisão deixa de desempenhar um papel educativo na difusão da arte e da cultura nacionais.Aspectos favoráveis:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Aspectos contrários:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________