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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP Interpretação e Produção de Texto Campus Jundiaí 1 INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTO Profa. Ms. Cristina Tischer Ranalli

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Apostila de IPT - Prof. Cristina

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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP Interpretação e Produção de Texto

Campus Jundiaí

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INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTO

Profa. Ms. Cristina Tischer Ranalli

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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP Interpretação e Produção de Texto

Campus Jundiaí

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

CURSO: _____________________________________ SÉRIE: 1o semestre TURNO:Noturno DISCIPLINA: INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS CARGA HORÁRIA SEMANAL: 02 horas/aula. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1) Conscientização da importância da leitura como fonte de conhecimento e

participação na sociedade;

2) As diferentes linguagens: verbal, não verbal; formal e informal;

3) Noções de texto: unidade de sentido;

4) Textos orais e escritos;

5) Estilos e gêneros discursivos: jornalístico, científico, técnico, literário, publicitário

entre outros;

6) Interpretação de textos diversos e de assuntos da atualidade;

7) Qualidades do texto: coerência, coesão, clareza, concisão e correção gramatical;

8) Complemento gramatical;

9) Produção de textos diversos.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristóvão. 11ª ed. Prática de texto para estudantes

universitários. Petrópolis: Vozes, 2003.

FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo:

Ática, 2004.

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UNIDADE I – Conscientização da importância da leitura como fonte de conhecimento e participação na sociedade

Curiosidade

Cor de burro quando foge Corro de burro quando foge

Máxima latina

Repetitio est mater studiorum A repetição é a mãe dos estudos

Cassiodoro

Termo latino Ante meridian – antes do meio-dia

Post meridian – depois do meio-dia INTRODUÇÃO:

Uma primeira reflexão necessária nos leva a pensar sobre o que é um texto, como ele se estrutura e como interagimos com ele nos diversos momentos de nossas vidas. O texto e sua interpretação faz parte do SER HUMANO, uma vez que o SER HUMANO é um ser racional. Podemos dizer, pois, que é impossível viver em sociedade sem interpretar textos, sejam eles escritos, falados, representados pela pintura ou pela escultura, manifestados no teatro, no cinema ou na televisão.

Na história da Aquisição da Linguagem Humana observamos que várias fases foram estabelecidas e aprimoradas pelo Homem, a fim de comunicar-se com o seu semelhante de maneira cada vez mais eficaz. A primeira grande conquista foi a FALA, a organização de sons para transmitir uma ideia, um conceito. A segunda conquista

foi a escrita nas cavernas, pintura rupestre, pois o Homem sentia necessidade de registrar seu conhecimento e perpetuá-los para as próximas gerações. Da pintura rupestre o Homem dá o terceiro passo, registra seu conhecimento em argila com forma de tabletes. É a escrita cuneiforme. É da escrita cuneiforme que o alfabeto começou a ser formado, uma vez que havia a necessidade de simplificar tantos símbolos criados. Os símbolos, então, passaram a representar sílabas e o próximo passo, o quarto, havia sido dado: o hieroglifo. Hieroglifo significa a escrita do sagrado e enquanto os símbolos representavam conceitos os desenhos representavam objetos. Quando o hieroglifo passa a representar apenas ideias toma a forma de ideogramas, que em sua evolução indicará os valores fonéticos. A quinta fase de evolução da linguagem é a era dos papiros, mecanismo que agilizava a escrita e possibilitava o registro do sagrado e da vida em sociedade.

Dos papiros há um grande salto na evolução da representação da linguagem com os gregos. Os gregos foram reponsáveis por acrescentarem as vogais na representação escrita, por simplificarem o número de símbolos utilizados para as representações das ideias e por indicarem a direção de escrita e leitura – da esquerda para a direita e de cima para baixo.

Com os gregos chegamos ao alfabeto conhecido atualmente e com o

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alfabeto chegamos às inúmeras possibilidades de representação do pensamento humano. A escrita era elitizada, mas com a criação da prensa de Gutenberg o conhecimento passa a ser compartilhado com todos, o que causa uma revolução social. Gutenberg abre as portas para várias revoluções do pensamento humano e hoje temos várias maneira de comunicar textos, sejam eles quais forem. Temos rádio, televisão, cinema, teatro, jornais, revistas, livros, internet, MSN, Facebook, Twitter, torpedos, placas, outdoors, embalagens, sites etc. Impossível pensar hoje numa situação em que o texto não esteja inserido, não esteja representado ou que não seja interpretado. O texto e suas relações com a História

Todos conhecem as aventuras do

Super-homem. Ele não é um terráqueo,

mas chegou à Terra, ainda criança, numa

nave espacial, vindo de Crípton, planeta

que estava para ser destruído por uma

grande catástrofe. É dotado de poderes

sobre-humanos; seus olhos de raio X

permitem ver através de quaisquer

corpos, a uma distância infinita; sua força

é ilimitada, possibilitando-lhe escorar

pontes prestes a desabar e levantar

transatlânticos; a pressão de suas mãos

submete o carbono a temperaturas tão

altas que o transforma em diamante; sua

apurada audição permite-lhe escutar o

que se fala em qualquer ponto. Pode voar

a uma velocidade igual à da luz e, quando

ultrapassa essa velocidade, atravessa a

barreira do tempo e transfere-se para

outras épocas; pode perfurar montanhas

com o próprio corpo; pode fundir metais

com o olhar. Além disso, tem uma série de

qualidades: beleza, bondade, humildade.

Sua vida é dedicada à causa do bem.

O Super-homem vive entre os

homens sob a aparência do jornalista

Clark Kent, que é um tipo medroso,

tímido, pouco inteligente, míope. Clark

Kent namora Louise Lane, sua colega,

que, na verdade, o despreza e ama

loucamente o Super-homem.

Todo texto é um pronunciamento so-

bre uma dada realidade. Ao fazer esse

pronunciamento, o produtor do texto

trabalha com as ideias de seu tempo e da

sociedade em que vive. Com efeito, as

concepções, as ideias, as crenças, os

valores não são tirados do nada, mas

surgem das condições de existência.

Todo texto assimila as ideias da

sociedade e da época em que foi

produzido. Neste momento, você poderia

estar dizendo que o texto do

Super-homem prova exatamente o

contrário, pois nada tem ele a ver com a

realidade histórica, onde não existem

super-homens. Quando se afirma que os

textos se relacionam com a história, não

se quer dizer que eles narram fatos

históricos de um país, mas que revelam

os ideais, as concepções, os anseios e os

temores de um povo numa determinada

época. Nesse sentido, a narrativa do

Super-homem mostra os anseios dos

homens das camadas médias das

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sociedades industrializadas do século XX,

massacrados por um trabalho monótono e

por uma vida sem qualquer heroísmo.

Esse homem, mediocrizado e

inferiorizado, nutre a esperança de

tornar-se um ser todo-poderoso assim

como Clark Kent, que se transforma em

Super-homem.

Como se vê, as ideias produzidas

num determinado tempo, numa dada

época estão presentes no texto. Cabe

lembrar, no entanto, que uma sociedade

não produz uma única forma de ver a

realidade. Como ela é dividida pelos

interesses antagônicos dos diferentes gru-

pos sociais, produz ideias contrárias entre

si. A mesma sociedade que gera as ideias

racistas produz ideias anti-racistas. Por

isso constroem-se nessa sociedade textos

que fazem pronunciamentos antagônicos

com relação aos mesmos dados da

realidade.

Há algumas ideias que predominam

sobre suas contrárias numa dada época.

Elas refletem os interesses dos grupos

sociais dominantes. Fazer uma reflexão

pessoal é analisar essas ideias de

maneira crítica, verificando até que ponto

elas têm apoio na realidade.

Para entender com mais eficácia o

sentido de um texto, é preciso verificar as

concepções correntes na época e na

sociedade em que foi produzido. Cabe

lembrar ainda que as ideias de uma época

são veiculadas por textos, uma vez que

não existem ideias puras, ou seja, não

transmitidas linguisticamente. Assim,

analisar as ideias presentes num texto é

estudar o diálogo entre textos, em que um

assimila ou registra as ideias presentes

nos outros.

Comentário Teórico:

O texto pode ser concebido como resultado parcial de nossa atividade comunicativa,

que compreende processos, operações e estratégias que têm lugar na mente humana, e

que são postos em ação em situações concretas de interação social. Defende-se, portanto,

a posição de que:

a. a produção textual é uma atividade verbal, a serviço de fins sociais e, portanto,

inserida em contextos mais complexos de atividades;

b. trata-se de uma atividade consciente, criativa, que compreende o desenvolvimento de

estratégias concretas de ação e a escolha de meios adequados à realização dos objetivos;

isto é, trata-se de uma atividade intencional que o falante, de conformidade com as

condições sob as quais o texto é produzido, empreende, tentando dar a entender seus pro-

pósitos ao destinatário através da manifestação verbal;

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c. é uma atividade interacional, visto que os interactantes, de maneiras diversas, se

acham envolvidos na atividade de produção textual.

KOCK, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2003.

ESCREVA CORRETAMENTE:

CORRETO ERRADO

Com certeza concerteza

De repente derrepente

Por isso porisso

Comigo com migo

O que oque

A partir apartir

sozinho sózinho

Exercícios:

Os animais que eu treino não são obrigados a fazer o que vai contra a natureza deles.

(Gilberto Miranda, na Folha de São Paulo, 23/2/96)

01. O sentimento que melhor define a posição do autor perante os animais é: a) fé b) respeito c) solidariedade d) amor e) tolerância

02. O autor do texto é: a) um treinador atento b) um adestrador frio c) um treinador qualificado d) um adestrador consciente e) um adestrador filantropo

03. Segundo o texto, os animais: a) são obrigados a todo tipo de treinamento. b) fazem o que não lhes permite a natureza. c) não fazem o que lhes permite a natureza. d) Não são objeto de qualquer preocupação para o autor. e) São treinados dentro de determinados limites.

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Estou com saudade de ficar bom. Escrever é consequência natural. (Jorge Amado, na Folha de São Paulo, 22/11/96)

04. Segundo o texto: a) o autor esteve doente e voltou a escrever. b) o autor está doente e continua escrevendo. c) o autor não escreve porque está doente. d) o autor está doente porque não escreve. e) o autor ficou bom, mas não voltou a escrever.

05. O autor na verdade tem saudade: a) de trabalhar b) de conversar c) da doença d) da saúde e) de escrever

06. “Escrever é consequência natural”. Consequência de: a) voltar a trabalhar. b) recuperar a saúde. c) ter ficado muito tempo doente. d) estar enfermo. e) ter saúde

Níveis de leitura de um texto

Ao primeiro contato com um texto

qualquer, por mais simples que ele

pareça, normalmente o leitor se defronta

com a dificuldade de encontrar unidade

por trás de tantos significados que

ocorrem na sua superfície.

Numa crônica ou numa pequena

fábula, por exemplo, surgem personagens

diferentes, lugares e tempos

desencontrados e ações as mais diversas.

Na primeira leitura, parece impossível

encontrar qualquer ponto para o qual

convirjam tantas variáveis e que dê

unidade à aparente desordem.

Mas, quando se trata de um bom

texto, por trás do aparente caos, há

ordem. Quando, após várias leituras,

encontra-se o fio condutor a primeira

impressão de desorganização cede lugar

à percepção de que o texto tem harmonia

e coerência.

Para exemplificar o que acaba de ser

dito, vamos ler uma pequena fábula de

Monteiro Lobato e tentar demonstrar que,

a partir da observação dos dados

concretos da superfície, pode-se chegar à

compreensão de significados mais

abstratos, que dão unidade e organização

ao texto.

O galo que logrou a raposa

Um velho galo matreiro, percebendo

a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou consigo: “Deixe estar, seu malandro, que já te curo!”... E em voz alta: - Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinhas, todos os bichos andam agora aos beijos, como

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namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.

- Muito bem! - exclama o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, crueldades e traições! Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas... como lá vêm vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que também eles tomem parte na confraternização.

Ao ouvir falar em cachorro, Dona Raposa não quis saber de histórias, e tratou de pôr-se ao fresco, dizendo:

- Infelizmente, amigo Có-ri-có-có, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra vez a festa, sim? Até logo.

E raspou-se. Contra esperteza, esperteza e meia.

(LOBATO, Monteiro. Fábulas. 19. ed. São Paulo,

Brasiliense, s. d. p. 47.)

Num primeiro nível de leitura,

podemos depreender os seguintes

significados:

- um galo espertalhão, consciente de que

a raposa é inimiga, coloca-se sob

proteção, fora do alcance das suas garras;

- a raposa tenta convencer o galo de que

não há mais guerra entre os animais e

que se instaurou a paz;

- o galo finge ter acreditado na fala da

raposa, mostra-se alegre e convida-a a

esperar três cães para que também eles

participem da confraternização;

- a raposa, sem negar o que dissera ao

galo, alega ter pressa e vai embora.

Num segundo nível, podemos

organizar esses dados concretos num

plano mais abstrato:

- um dos personagens do texto (o galo) dá

mostras de ter consciência de que os

animais estão em estado de guerra;

- outro personagem (a raposa) dá mostras

de que os animais estão em estado de

paz;

- no nível do fingimento, isto é, da

aparência, ambos percebem ter entrado

em acordo, mas, no nível da realidade,

isto é, da essência, os dois continuam em

desacordo.

Num terceiro nível, podemos

imaginar uma leitura ainda mais abstrata,

que resume o texto todo:

- afirmação da belicosidade (da

guerra) - negação da belicosidade

- afirmação da pacificação.

Tudo isso, como se viu, no nível

apenas do fingimento, ou seja, do

faz-de-conta. A esperteza do galo

manifestou-se exatamente no fato de ter

dado a impressão de estar de acordo com

a raposa, quando na realidade continuou

em desacordo e com isso preservou sua

vida.

Os três níveis de leitura, como se

pode notar, distinguem-se um do outro

pelo grau de abstração: o primeiro nível

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depreende os significados mais

complexos e mais concretos; o terceiro

nível depreende os significados mais

simples e abstratos.

As diversidades se manifestam no

nível da superfície do texto, e a unidade

se encontra no nível mais profundo.

Desse modo, pode-se imaginar que o

texto admite três planos distintos na sua

estrutura:

1) uma estrutura superficial, onde afloram

os significados mais concretos e

diversificados. É nesse nível que se

instalam no texto o narrador, os

personagens, os cenários, o tempo e as

ações concretas;

2) uma estrutura intermediária, onde se

definem basicamente os valores com

que os diferentes sujeitos entram em

acordo ou desacordo;

3) uma estrutura profunda, onde ocorrem

os significados mais abstratos e mais

simples. É nesse nível que se podem

postular dois significados abstratos que

se opõem entre si e garantem a

unidade do texto inteiro.

Após o que ficou exposto, pode-se

concluir que o leitor cumpre o trajeto que

parte da estrutura da superfície, passa

pela intermediária e, por fim, chega à

estrutura profunda. Parte dos significados

dispersos na superfície para ir atingindo

significados cada vez mais abstratos.

Recado ao senhor 903

Vizinho — Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser meia-noite - e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita: pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito, a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 - que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis: nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro

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dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas - e prometo silêncio. ... Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou”. E o outro respondesse: “Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela”. E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os

amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.

BRAGA, Rubem. - ln: ANDRADE, Carlos Drummond de et alii. Para gostar de ler; crônicas.

São Paulo, Ática, 1975. v. 1, p. 74-5.

Faça a análise dos três níveis estruturais do texto de Rubem Braga. (superficial, narrativa e profunda)

PROBLEMAS GERAIS DA LÍNGUA PORTUGUESA

A / Há - A = indica que ainda vai acontecer – tempo futuro - Há = indica o que já aconteceu – tempo passado, decorrido. Há algum tempo, ele deixou de ser meu amigo. Daqui a algum tempo, pretendo fazer um curso de Alemão.

Aonde / Onde - Aonde = equivale a para onde e acompanha verbos que indicam movimento. - Onde = acompanha verbos que não dão ideia de movimento (verbos estáticos). Aonde você vai com tanta pressa? Onde você mora?

Afim / a fim - Afim = significa igual, semelhante, transmite ideia de afinidade. - A fim = faz parte da locução a fim de e indica finalidade. Suas ideias eram afins, entretanto o namoro não ia bem. Marcos estudava muito, a fim de passar no vestibular.

Mas / Mais / Más - Mas = é conjunção coordenativa adversativa (indica oposição) - Mais = é advérbio de intensidade (indica adição) - Más = é o plural de má, pessoa malvada. O menino era insaciável, queria mais sorvete. A prova começou às 19:00, mas alguns alunos não compareceram. Aquelas meninas más foram ao baile de formatura.

Vier / Vir - Vier = é forma verbal do futuro do subjuntivo do verbo vir. - Vir = é forma verbal do futuro do subjuntivo do verbo ver. Se você vier a São Paulo não deixe de comer pizza no Bexiga. Quando você vir o professor de matemática, diga-lhe que logo estarei de volta.

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Mal / Mau - Mal = advérbio (antônimo de bem). - Mau = adjetivo (antônimo de bom). O mau aluno não fez a atividade novamente. Antenor estava muito mal.

Demais / de mais - Demais = muito, indica intensidade - De mais = de menos Elas falam demais. Não havia feito nada de mais.

À toa / À-toa - À toa = a esmo, sem razão - À-toa = impensado, inútil, desprezível Ninguém lhe dava valor: era uma pessoa à-toa. Andava à toa pelas ruas da cidade.

Cessão / Sessão / Secção / Seção - Cessão = ato de ceder, dar - Sessão = reunião, assembléia - Secção ou Seção = subdivisão, repartição Ele fez a cessão de seus bens. Assistimos a uma sessão de cinema Lemos a notícia na seção de esportes.

Por que / Por quê / Porque / Porquê - Por que = significa por que motivo, por que razão. É usado em frases interrogativas e declarativas. - Por quê = significa por que motivo, por que razão. É usado em final de frases, interrogativas ou não, ou quando estiver isolado em uma frase. - Porque = é conjunção causal e explicativa usada em respostas. Equivale a uma vez que, pois. - Porquê = é substantivo e equivale a motivo, a razão e vem sempre antecedido por um determinante (artigo ou pronome indefinido) Por que você está tão aborrecida? Nem eu mesma sei por que estou assim. Por quê? Você sabe por quê? Porque ele não me ligou hoje. Você sabe o porquê de ela estar tão preocupada?

ACENTUAÇÃO GRÁFICA Segundo o último Acordo Ortográfico de 2009, a acentuação recai sobre a sílaba tônica que pode ser: Última – oxítona = café Penúltima – paroxítona = lápis Antepenúltima – proparoxítonas = número

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Os acentos gráficos da Língua Portuguesa são: agudo ( ‘ ); circunflexo ( ^ ); e grave ( ` ). O til ( ~ ) é apenas sinal ortográfico. Recebem acentuação gráfica os vocábulos:

REGRA EXEMPLOS

Os monossílabos terminados em a, e, o, seguidos ou não de “s”

pá, pé, pó

As oxítonas terminadas em a, e, o , seguidas ou não de “s” e as terminadas em ém, éns

Pará, café, paletó também, parabéns

Todas as proparoxítonas sem exceção. Árabe, público, último

As paroxítonas terminadas em i, is, u, us, ã, ãs, ao, aos, um, uns, l, n, r, x, ps, ditongos.

júri, lápis, vírus, ímã, órfã, bênção, álbum, amável, hífen, açúcar, fênix, bíceps, fáceis, séria

O ditongo aberto éu. chapéu

O i e u tônicos dos hiatos quando estiverem sozinhos na sílaba ou forem seguidos de “s”, ou ainda quando não estiverem seguidos pelo dígrafo “nh”.

baú, Itaú, saída, saúva Heloísa, rainha

Acento diferencial (classes gramaticais diferentes). Somente em três casos:

pôr (verbo) – por (preposição) / pode (presente) – pôde (passado) / fôrma - forma

Os verbos TER e VIR são acentuados na terceira pessoa do plural, já seus derivados, receberão acento agudo na terceira pessoa do singular e acento circunflexo na terceira pessoa do plural.

Ele tem / Eles têm – Ele vem / Eles vêm Ele mantém / Eles mantêm

OBS:

O til ( ~ ) é um sinal ortográfico que indica a nasalização de um fonema. Irmão, anão, casarão, irmã, órfã

O trema ( “ ) é um sinal ortográfico que foi abolido da ortografia da Língua Portuguesa a partir de 01/01/2009. Permanece apenas em nomes estrangeiros.

O alfabeto incorporou na última reforma ortográfica as letras: K, W, Y.

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UNIDADE II – As diferentes linguagens: verbal, não-verbal, formal e informal E

UNIDADE IV – Textos Orais e Escritos

Curiosidade

Cuspido e escarrado Esculpido e encarnado

Quem não tem cão caça com gato

Quem não tem cão caça como gato

Máximas latina

Quod scripsi, scripsi O que escrevi está escrito

Pôncio Pilatos

Dosis facit venenum A dose faz o veneno

Paracelso (1493-1541)

Termo latino Ad infinitum

Ao infinito

Carpe diem Aproveite o dia

INTRODUÇÃO A linguagem é um

instrumento com que o homem pensa e sente, forma estados de alma, aspirações, volições e ações, o instrumento com que influencia e é influenciado, o fundamento último e mais profundo da sociedade humana.

L. Hjelmslev

A linguagem humana nasce da necessidade que o Homem tem em se comunicar, em interagir com o mundo que o cerca. Para satisfazer seu desejo de comunicação o Homem criou várias maneiras de representação do pensamento durante sua história. A representação do pensamento humano se dá através de signos, uma forma convencional de representação do pensamento. Há o signo linguístico que são as palavras, há o signo pictórico que são os desenhos formados por traços, cores e jogo de luz, por exemplo.

A leitura que fazemos dos textos que nos cercam divide-se em duas grandes áreas: a linguagem verbal e a linguagem não-verbal.

Texto não-verbal

Quando se fala em texto ou

linguagem, normalmente se pensa em

texto e linguagem verbais, ou seja,

naquela capacidade humana ligada ao

pensamento que se concretiza numa

determinada língua e se manifesta por

palavras (verburn, em latim).

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Mas, além dessa, há outras formas

de linguagem, como a pintura, a mímica, a

dança, a música e outras mais. Com

efeito, por meio dessas atividades, o

homem também representa o mundo,

exprime seu pensamento, comunica-se e

influencia os outros. Tanto a linguagem

verbal quanto as linguagens não-verbais

expressam sentidos e, para isso, utilizam-

se de signos, com a diferença de que, na

primeira, os signos são constituídos dos

sons da língua (por exemplo, mesa, fada,

árvore), ao passo que nas outras

exploram-se outros signos, como as

formas, a cor, os gestos, os sons

musicais, etc.

Em todos os tipos de linguagem, os

signos são combinados entre si, de

acordo com certas leis, obedecendo a

mecanismos de organização.

Há semelhanças entre os processos

da linguagem verbal, que encontram

correspondência em linguagens não-

verbais. Semelhanças e diferenças

Semelhanças e Diferenças:

Uma diferença muito significativa

encontra-se no fato de que a linguagem

verbal é linear. Isto quer dizer que seus

signos e os sons que a constituem não se

superpõem, mas se sucedem

destacadamente um depois do outro no

tempo da fala ou no espaço da linha

escrita. Em outras palavras, cada signo e

cada som são usados num momento

distinto do outro. Essa característica pode

ser observada em qualquer tipo de

enunciado linguístico, como neste verso

de Drummond:

T/e/u/s o/m/b/r/o/s s/u/p/o/r/t/a/m

o/m/un/d/o.

(Teus ombros suportam o mundo)

Na linguagem não-verbal, ao

contrário, vários signos podem ocorrer

simultaneamente.

Se, na linguagem verbal, é

impossível conceber uma palavra

encavalada em outra, na pintura, por

exemplo, várias figuras ocorrem

simultaneamente. Quando contemplamos

um quadro, captamos de maneira

imediata a totalidade de seus elementos

e, depois, por um processo analítico,

podemos ir decompondo essa totalidade.

O texto não-verbal pode, em

princípio, ser considerado

dominantemente descritivo, pois

representa uma realidade singular e

concreta, num ponto estático do tempo.

Uma foto, por exemplo, de um homem de

capa preta e chapéu, com a mão na

maçaneta de uma porta é descritiva, pois

capta um estado isolado e não uma

transformação de estado, típica da

narrativa.

Mas podemos organizar uma

sequência de fotos em progressão

narrativa, por exemplo, assim:

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a) foto de um homem com a mão na

maçaneta da porta;

b) foto da porta semiaberta com o mesmo

homem espreitando o interior de um

aposento;

c) foto de uma mulher deitada na cama,

gritando com desespero.

Como nessa sequência se relata uma

transformação de estados que se

sucedem progressivamente, configura-se

a narração e não a descrição. Essa

disposição de imagens em progressão

constitui recurso básico das histórias em

quadrinho, fotonovelas, cinema, etc.

Sobretudo com relação à fotografia,

ao cinema ou à televisão, pode-se pensar

que o texto não-verbal seja uma cópia fiel

da realidade. Também essa impressão

não é verdadeira. Para citar o exemplo da

fotografia, o fotógrafo dispõe de muitos

expedientes para alterar a realidade: o

jogo de luz, o ângulo, o enquadramento,

etc.

A estatura do indivíduo pode ser

alterada pelo ângulo de tomada da

câmera, um ovo pode virar uma esfera,

um rosto iluminado pode passar

impressão de alegria, o mesmo rosto,

sombrio, pode dar impressão de tristeza.

Mesmo o texto não-verbal, recria e

transforma a realidade segundo a

concepção de quem o produz. Nele, há

uma simulação da realidade, que cria um

efeito de verdade.

Os textos verbais podem ser

figurativos (aqueles que reproduzem

elementos concretos, produzindo um

efeito de realidade) e não-figurativos

(aqueles que exploram temas abstratos).

Também os textos não-verbais podem ser

dominantemente figurativos (as fotos, a

escultura clássica) ou não-figurativos e

abstratos. Neste caso, não pretendem

simular elementos do mundo real (pintura

abstrata com oposições de cores, luz e

sombra; esculturas modernas com seus

jogos de formas e volumes).

Como ler um texto não-verbal?

A leitura de textos não-verbais exige

muitas competências, das quais não é

possível tratar numa só lição. Entretanto,

muitos conceitos podem ajudar na

compreensão desse tipo de texto; por

exemplo, os conceitos de figuras, temas,

reiteração de traços semânticos, estrutura

fundamental, estrutura narrativa,

denotação, conotação, metáfora,

metonímia, etc.

Vamos demonstrar a utilidade de

alguns desses conceitos, explorando-os

na análise de casos concretos de

linguagem não-verbal.

Os conceitos de tema e figura são

úteis para analisar, por exemplo, fotos,

quadrinhos, novelas, filmes.

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Como um filme pode passar para o

espectador temas abstratos, como a

despersonalização do operário, por

exemplo? Charles Chaplin, no filme

Tempos modernos, usou figuras

expressivas e simples para exprimir esse

tema: projetou na tela um rebanho de

carneiros em filas compactas e, logo a

seguir, um grande número de operários a

caminho da fábrica na mesma disposição

dos carneiros. As figuras são claramente

alusivas ao tema da despersonalização,

da perda da individualidade, da

desumanização do homem num mundo de

máquinas. Ao confrontar operários e

carneiros, usou ainda um recurso muito

comum da linguagem verbal, a metáfora,

e transferiu para o conjunto humano a

conotação desairosa que culturalmente é

evocada pela figura dos carneiros.

Todo o Brasil assistiu à novela

Roque Santeiro, de Dias Gomes, que,

através do relato de acontecimentos que

ocorrem na pequena cidade de Asa

Branca, figurativiza muitos temas da

realidade brasileira. Nesse pequeno

cenário de província, que é a figura do

próprio Brasil, aparecem várias outras

figuras: o padre velho que ainda usa

batina figurativiza a igreja tradicional; o

padre jovem que usa jeans figurativiza a

nova igreja; Sinhozinho Malta, poderoso e

rico coronel, figurativiza o poder

econômico; o Prefeito Florindo Abelha

figurativiza a submissão da política ao

poder econômico. Assim, quase todos os

personagens concretizam um tema da

realidade nacional.

Toda texto narrativo é constituído

de fases da sequência narrativa: a

manipulação, a competência, a

performance, a sanção.

O cinema, o teatro e a televisão são

linguagens complexas que exploram,

simultaneamente, várias formas de

linguagem (a verbal na fala dos

personagens, a música, as imagens, etc.).

Neste caso, todas as linguagens devem

concorrer harmoniosamente para

expressar o mesmo sentido.

A linguagem não-verbal não explora

obviamente os recursos fônicos próprios

da linguagem verbal tais como aliterações,

rima, ritmo, assonância. Num texto não-

verbal, como os signos são de outra

natureza, vamos encontrar oposições de

cores, formas (linhas retas x linhas curvas;

horizontais x verticais), oposições de luz e

sombra, etc.

A título de ilustração, pode-se

imaginar um filme cujo tema seja a

oposição entre a tristeza e a depressão da

velhice x a alegria e a euforia da infância.

O cineasta pode escolher a oposição de

cor entre cenas para reforçar o contraste.

Assim, todas as cenas que se referem à

velhice são sombrias, com baixa

iluminação; as cenas da infância são

claras e carregadas de luz. Nesse caso, o

contraste entre claro e escuro, que

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pertence ao plano da expressão, foi

explorado para manifestar as noções de

alegria X tristeza, que pertencem ao plano

do conteúdo.

Assim como a linguagem verbal, a

não-verbal tem uma sintaxe, uma

morfologia e um léxico. No entanto, a

sintaxe, a morfologia e o léxico de cada

linguagem têm suas peculiaridades.

Num texto de história em quadrinhos,

por exemplo, o discurso direto é indicado

por um balãozinho dotado de um apêndice

que aponta para o personagem que está

falando; se esse apêndice é constituído

por uma série de bolinhas, é sinal de que

ele está pensando e não falando. Esses

recursos podem ser considerados como

uma morfologia própria da história em

quadrinhos.

No cinema, a montagem

(combinação organizada das cenas)

constitui uma verdadeira sintaxe dessa

linguagem.

Segundo essa sintaxe, o diretor

combina as imagens para obter certo

significado: pode, por exemplo, opor uma

cena de um mendigo catando restos do

lixo a outra em que um rato revira os

detritos de uma lata. O significado dessa

montagem é claro: o homem reduzido à

condição de rato.

Para concluir, vamos destacar que,

assim como existem mecanismos para

montar um texto verbal e organizar seus

significados, existem mecanismos para

montar textos não-verbais. Muitos desses

mecanismos são comuns a ambos os

tipos de textos, mas não todos.

Como se aprende a ler um texto

verbal, também se pode aprender a ler um

texto não-verbal.

TEXTOS ORAIS E TEXTOS ESCRITOS:

A linguagem se materializa por meio de textos, sejam eles orais ou escritos. Embora as duas formas de representação da linguagem tenham um suporte único – a língua – tais formas são representadas de maneiras diferentes respeitando suas materialidades. Para Kock (1992), linguista renomada, as características distintivas mais frequentes entre as modalidades da fala e da escrita são:

FALA ESCRITA

1. contextualizada 1. descontextualizada

2. não planejada 2. planejada

3. redundante 3. condensada

4. fragmentada 4. não fragmentada

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5. incompleta 5. completa

6. pouco elaborada 6. elaborada

7. predominância de frases curtas, simples ou coordenadas

7. predominância de frases complexas com subordinação abundante

8. pouco uso de passivas 8. emprego frequente de passivas

9. pouca densidade informacional 9. densidade informacional

10. poucas nominalizações 11. abundância de nominalizações

11. menos densidade lexical 11. maior densidade lexical

LINGAGEM FORMAL E LINGUAGEM INFORMAL:

A linguagem oferece aos seus usuários várias formas de comunicação. As formas de comunicação estão relacionadas a vários fatores como idade, geografia, classe social, contexto comunicativo etc. Para cada situação elegemos um determinado vocabulário, uma determinada estrutura comunicativa para atingirmos nossos objetivos. Assim sendo, temos:

NÍVEL CARACTERÍSTICA

Médio Linguagem informal ou coloquial.

Familiar Vocabulário mais simples devido à intimidade dos interlocutores.

Relaxado Uso de gírias, palavras de baixo calão e desvios da língua padrão.

Elevado Linguagem culta ou literária. Há o uso correto da língua padrão.

Técnico Léxico específico para cada área do conhecimento e que nem sempre é de conhecimento dos falantes de forma geral.

Além dos níveis de linguagem apresentados acima, há ainda as variedades linguísticas. Há, portanto:

Diferenças regionais Características fonéticas próprias de cada região.

Nível social do falante Domínio da língua padrão.

Diferenças individuais Dicção, problemas de fala...

ESCREVA CORRETAMENTE:

Entraram (passado) Entrarão (futuro)

Fala-se (sujeito indeterminado) Falasse (pretérito do subjuntivo)

Eu tinha chegado. (correto) Eu tinha chego. (não existe)

Ele vendera (pretérito mais que perfeito) Ele venderá (futuro)

Está (verbo ser) Esta (pronome demonstrativo)

É (verbo ser) E (conjunção coordenativa aditiva)

Exercícios

A função do artista é esta, meter a mão nessa coisa essencial do ser humano, que é o sonho e a esperança. Preciso ter essa ilusão: a de que estou resgatando esses valores.

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(Marieta Severo, na Folha de São Paulo)

01. Segundo o texto, o artista: a) leva alegria às pessoas. b) valoriza o sonho das pessoas pobres. c) desperta as pessoas para a realidade da vida. d) não tem qualquer influência na vida das pessoas. e) trabalha o íntimo das pessoas.

02. Segundo o texto: a) o sonho vale mais que a esperança. b) o sonho vale menos que a esperança. c) sonho e esperança têm relativa importância para as pessoas. d) não se vive sem sonho e esperança. e) têm importância capital para as pessoas tanto o sonho quanto a esperança. 03. A expressão “meter a mão”: a) pertence ao linguajar culto. b) pode ser substituída, sem alteração de sentido, por intrometer-se. c) tem valor pejorativo. d) é coloquial e significa, no texto, tocar. e) é um erro que deveria ter sido evitado.

Passei a vida atrás de eleitores e agora busco os leitores. (José Sarney, na Veja, dez/97)

04. Deduz-se pelo texto uma mudança de vida: a) esportiva b) intelectual c) profissional d) sentimental e) religiosa

05. O autor do texto sugere estar passando de: a) escritor a político b) político a jornalista c) político a romancista d) senador a escritor e) político a escritor

Não existe essa coisa de um ano sem Senna, dois anos sem Senna.... Não há calendário para a saudade.

(Adriane Galisteu, no Jornal do Brasil)

06. Segundo o texto, a saudade: a) aumenta a cada ano. b) é maior no primeiro ano. c) é maior na data do falecimento.

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d) é constante. e) incomoda muito.

Observe a figura abaixo. Quais as possibilidades de leitura que ela desperta?

CRASE

É a união da preposição A com o artigo A, ou os demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo.

à – àquele – àqueles – àquela – àquelas – àquilo

NÃO se usa crase Exemplo

1. antes de palavras masculinas 2. antes de pronomes que não admitem artigo 3. antes de verbos 4. antes de numerais cardinais 5. antes de substantivos femininos no plural 6. antes de locuções formadas com palavras repetidas

Não irei a teatro que não possua ar-condicionado. Revelou a alguém seu segredo. Referiu-se a essa pessoa com felicidade. Ela começou a rir descontroladamente. Deu a oitenta crianças presentes de Natal. Não vai a cerimônias nem a festas religiosas. Os dois rivais ficaram cara a cara.

Usa-se crase

1. antes de palavra feminina regida pela preposição a 2. antes de pronomes que admitem artigo feminino 3. antes de pronome de tratamento Senhora e Senhorita 4. indicação de horas 5. quando o numeral for precedido de artigo 6. quando o artigo A estiver no plural e a regência pedir a preposição A

Iremos à Igreja no domingo. Iremos às outras apresentações do grupo. Recorreu novamente à senhora? Chegarão às cinco horas de sábado. Entregaram às duas alunas vencedoras o troféu. Não vai às cerimônias nem às festas religiosas.

Casos Especiais

1. palavra “casa” a) quando vier determinada – com crase b) no sentido de “lar, domicílio”- sem

Chegamos à casa de Antônio.

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crase 2. palavra ‘terra” a) oposição a bordo – sem crase b) sentido de terra natal, solo – com crase 3. locução adverbial – à noite, às pressas, à medida que, à exceção de 4. nomes masculinos quando estiver subentendido as palavras “moda, estilo, maneira” – com crase 5. nomes próprios geográficos (quando admitem artigo) – com crase 6. se o nome próprio vier especificado – com crase

Retornaram a casa após 20 anos. Dirigiram-se a terra, após 3 meses em alto-mar. O agricultor tem apego à terra. Saíram de casa às pressas. Veste-se à Giorge Armani. Escreve à Machado de Assis. Irei à Itália no próximo verão. (volto da Itália) Voltarei a Lisboa no próximo ano. (volto de Lisboa) Retornamos à Roma dos Césares.

Uso Facultativo

1. diante de possessivos 2. diante de nomes próprios femininos de pessoas 3. depois de preposição ATÉ

Referiu-se à (a) sua mãe durante a viagem. Dirigiu-se à (a) Maria durante a palestra. Foi até à (a) porta, parou e acenou.

UNIDADE III – Noções de Texto: unidade de sentido

Curiosidade

Quem tem boca vai a Roma Quem tem boca vaia Roma

Máxima latina

Somnus imago mortis

O sono é uma imagem da morte Cícero

Termo latino

A priori Antes de

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INTRODUÇÃO: Quando se pretende comunicar algo é preciso obedecer a determinadas formas de enunciação a fim de garantir que a mensagem pretendida realmente seja entedida corretamente. É preciso organizar o pensamento para garantir a clareza das declarações. Além da organização do pensamento é preciso, também, observar as regras de coesão e coerência da mensagem a ser transmitida e tais regras só são obtidas mediante o uso correto da norma padrão estabelecido por uma determinada língua. Antes de produzir um texto é preciso ter conhecimento sobre o tipo de texto a ser produzido tendo em vista o possível leitor de tal texto. Cada tipo de texto tem suas características próprias de construção e de desenvolvimento conceitual.

Considerações sobre a noção de texto

Sem dúvida alguma, a palavra texto

é familiar a qualquer pessoa ligada à

prática escolar. Ela aparece com alta

frequência no linguajar cotidiano tanto no

interior da escola quanto fora de seus

limites. Não são estranhas a ninguém

expressões como as que seguem: "redija

um texto", "texto bem elaborado", "o texto

constitucional não está suficientemente

claro", "os atores da peça são bons, mas o

texto é ruim", "o redator produziu um bom

texto", etc. Por causa exatamente dessa

alta frequência de uso, todo estudante tem

algumas noções sobre o que significa

texto. Vamos fazer duas considerações

fundamentais sobre a natureza do texto:

Primeira consideração: o texto não é um

aglomerado de frases. A revista Veja de

1o. de junho de 1988, em matéria

publicada nas páginas 90 e 91, traz uma

reportagem sobre um caso de corrupção

que envolvia, como suspeitos, membros

ligados à administração do governo do

Estado de São Paulo e dois cidadãos

portugueses dispostos a lançar um novo

tipo de jogo lotérico, designado pelo nome

de " Raspadinha". Entre os suspeitos

figurava o nome de Otávio Ceccato, que,

no momento, ocupava o cargo de

secretário de Indústria e Comércio e que

negava sua participação na negociata.

O fragmento que vem a seguir,

extraído da parte final da referida

reportagem, relata a resposta de Ceccato

aos jornalistas nos seguintes termos:

Na sua posse como secretário de Indústria e Comércio, Ceccato, nervoso, foi infeliz ao rebater as denúncias. “Como São Pedro, nego, nego, nego –, disse a um grupo de repórteres, referindo-se à conhecida passagem em que São Pedro negou conhecer Jesus Cristo três vezes na mesma noite. Esqueceu-se de que São Pedro, naquele episódio, disse talvez a única mentira de sua vida. (Ano 20, 22:91.)

Como se pode notar, a defesa do

secretário foi infeliz e desastrosa,

produzindo efeito contrário ao que ele

tinha em mente. A citação, no caso, ao

invés de inocentá-lo, acabou por

comprometê-lo.

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Sob o ponto de vista da análise do

texto, qual teria sido a razão do equívoco

lamentável cometido pelo secretário? Sem

dúvida, a resposta é esta: ao citar a

passagem bíblica, o acusado esqueceu-se

de que ela faz parte de um texto e, em

qualquer texto, o significado das frases

não é autônomo.

Desse modo, não se pode isolar

frase alguma do texto e tentar conferir-lhe

o significado que se deseja. Como bem

observou o repórter, no episódio bíblico

citado pelo secretário, São Pedro,

enquanto Cristo estava preso, foi

reconhecido como um de seus

companheiros e, ao ser indagado pelo

soldado, negou três vezes seguidas

conhecer aquele homem. Segundo a

mesma Bíblia, posteriormente Pedro

arrependeu-se da mentira e chorou

copiosamente.

Esse relato serve para demonstrar de

maneira simples e clara que uma mesma

frase pode ter significados distintos

dependendo do contexto dentro do qual

está inserida. Isso nos leva à conclusão

de que, para entender qualquer passagem

de um texto, é necessário confrontá-la

com as demais partes que o compõem

sob pena de dar-lhe um significado oposto

ao que ela de fato tem.

Em outros termos, é necessário

considerar que, para fazer uma boa

leitura, deve-se sempre levar em conta o

contexto em que está inserida a

passagem a ser lida.

Entende-se por contexto uma

unidade linguística maior onde se encaixa

uma unidade linguística menor. Assim, a

frase encaixa-se no contexto do

parágrafo, o parágrafo encaixa-se no

contexto do capítulo, o capítulo encaixa-se

no contexto da obra toda.

Uma observação importante a fazer é

que nem sempre o contexto vem

explicitado linguisticamente. O texto mais

amplo dentro do qual se encaixa uma

passagem menor pode vir implícito: os

elementos da situação em que se produz

o texto podem dispensar maiores

esclarecimentos e dar como pressuposto

o contexto em que ele se situa.

Para exemplificar o que acaba de ser

dito, observe-se um minúsculo texto como

este:

A nossa cozinheira está sem paladar.

Podem-se imaginar dois significados

completamente diferentes para esse texto

dependendo da situação concreta em que

é produzido.

Dito durante o jantar, após ter-se

experimentado a primeira colher de sopa,

esse texto pode significar que a sopa está

sem sal; dito para o médico no

consultório, pode significar que a

empregada pode estar acometida de

alguma doença.

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Para finalizar esta primeira

consideração, convém enfatizar que toda

leitura, para não ser equivocada, deve

necessariamente levar em conta o

contexto que envolve a passagem que

está sendo lida, lembrando que esse

contexto pode vir manifestado

explicitamente por palavras ou pode estar

implícito na situação concreta em que é

produzido.

Segunda consideração: todo texto

contém um pronunciamento dentro de um

debate de escala mais ampla.

Nenhum texto é uma peça isolada,

nem a manifestação da individualidade de

quem o produziu. De uma forma ou de

outra, constroi-se um texto para, através

dele, marcar uma posição ou participar de

um debate de escala mais ampla que está

sendo travado na sociedade. Até mesmo

uma simples notícia jornalística, sob a

aparência de neutralidade, tem sempre

alguma intenção por trás.

Observe-se, a título de exemplo, a

passagem que segue, extraída da revista

Veja do dia 1o. de junho de 1988, página

54.

CRIME

TIRO CERTEIRO

Estado americano limita porte de

armas.

No começo de 1981, um jovem de 25 anos chamado John Hinckley Jr. entrou uma loja de armas de Dallas, no Texas,

preencheu um formulário do governo com endereço falso e, poucos minutos depois, saiu com um Saturday Night Special - nome criado na década de 60 para chamar um tipo de revólver pequeno, barato e de baixa qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no dia 30 de março daquele ano, acertou uma bala no pulmão do presidente Ronald Reagan e outra na cabeça de seu porta-voz, James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady desde então está preso a uma cadeira de rodas. ( ... )

Seguramente, por trás da notícia,

existe, como pressuposto, um

pronunciamento contra a venda de arma

para qualquer pessoa,

indiscriminadamente.

Para comprovar essa constatação,

basta pensar que os fabricantes de

revólveres, se pudessem, não permitiriam

a veiculação dessa notícia.

O exemplo escolhido deixa claro que

qualquer texto, por mais objetivo e neutro

que pareça, manifesta sempre um

posicionamento frente a uma questão

qualquer posta em debate.

Resumindo:

a) Uma boa leitura nunca pode basear-se

em fragmentos isolados do texto, já que

o significado das partes sempre é

determinado pelo contexto dentro do

qual se encaixam.

b) Uma boa leitura nunca pode deixar de

apreender o pronunciamento contido

por trás do texto, já que sempre se

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produz um texto para marcar posição frente a uma questão qualquer.

TIPOS DE TEXTOS POSSÍVEIS (quanto à organizaçãoe função)

Modo de Organização

Função Princípio de Organização

DESCRITIVO Indicar os seres, objetos do mundo de maneira objetiva ou subjetiva.

Nomear, localizar, qualificar e quantificar.

NARRATIVO Construir uma sucessão de ações de uma história no tempo em torno de uma busca e de um conflito, com personagens.

Qualificação da ação e estatudo do narrador. Lógica narrativa – personagens, processos e funções da narrativa.

ARGUMENTATIVO Explicar uma verdade, numa visão racional, para influenciar o interlocutor (convencê-lo ou persuadi-lo).

Organização da lógica argumentativa.

EXPOSITIVO Informar o leitor sobre um dado referente.

Demonstrar a solução de um determinado problema ou explicar um fenômeno.

OPINATIVO Apresentar o ponto de vista do autor sobre determinado tema.

Dar uma opinião e estabelecer uma argumentação objetiva e consistente sobre dada questão.

INJUNTIVO Exprime uma ordem ao interlocutor para que ele execute ou não uma determinada tarefa.

Texto basicamente no imperativo, exposição do objetivo da ação e apresentação da sequência de ações a serem realizadas.

ESCREVA CORRETAMENTE:

Bebedor (aquele que bebe) Bebedouro (local onde se bebe)

Estada (permanência de pessoas) Estadia (permanência de veículos) Comprimento (extensão) Cumprimento (saudação) Soar (produzir som) Suar (transpirar) Concerto (apresentação musical) Conserto (reparo) Cerrar (fechar) Serrar (cortar) Tráfego (trânsito) Tráfico (comércio ilegal) Fio dental (usado para higiene bucal) Fio-dental (modelo de biquíni) Dama (mulher elegante) Damas (jogo)

EXERCÍCIOS

Separatistas do Quebec mudam estratégia.

Em uma desafiante mudança de estratégia, os separatistas do Quebec anunciaram ontem que permanecerão no Parlamento Federal – apesar de sua recente derrota no referendo sobre a secessão – a fim de lutar contra as propostas que sejam apresentadas com o objetivo de manter o Quebec como parte integrante do Canadá.

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Gazeta do Povo, 3 nov. 1995.

01. O pronome possessivo SUA, que aparece no fragmento, refere-se ao antecedente: a) secessão b) recente derrota c) Parlamento Federal d) desafiante mudança de estratégia e) separatistas do Quebec 02. Assinale a única alternativa que pode substituir o termo em destaque, no trecho abaixo:

Vencera meu pai; dispus-me a aceitar o diploma e o casamento, Virgília e a câmara dos deputados. — As duas Virgílias, disse ele num assomo de ternura política. Aceite-os; meu pai deu-me dois fortes abraços.

(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.)

a) Virgília e o casamento b) Virgília e ternura política c) o diploma e a câmara dos deputados d) ternura política e o casamento e) o diploma e o casamento Leia o texto e responda às perguntas: A mulher foi passear na capital. Dias depois o marido dela recebeu um telegrama: “Envie quinhentos cruzeiros. Preciso comprar uma capa de chuva. Aqui está chovendo sem parar.” E ele respondeu: “Regresse. Aqui chove mais barato.”

(ZIRALDO, in As Anedotas do Pasquim)

03. A resposta do homem se deu por razões: a) econômicas b) sentimentais c) lúdicas d) de segurança e) de machismo “Uma nação já não é bárbara quando tem historiadores.”

(Marquês de Marica, in Máximas)

04. O texto é: a) uma apologia à barbárie b) um tributo ao desenvolvimento das nações c) uma valorização dos historiadores d) uma reprovação da selvageria e) um canto de louvor à liberdade.

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“A maior alegria do brasileiro é hospedar alguém, mesmo um desconhecido que lhe peça pouso, numa noite de chuva.”

(Cassiano Ricardo, in O Homem Cordial)

05. Segundo as ideias contidas no texto, o brasileiro: a) põe a hospitalidade acima da prudência. b) hospeda qualquer um, mas somente em noites chuvosas. c) dá preferência a hospedar pessoas desconhecidas. d) não tem outra alegria senão a de hospedar pessoas, conhecidas ou não. e) não é prudente, por aceitar hóspedes no período da noite.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Os pronomes pessoais do caso oblíquo, em Língua Portuguesa, desempenham a função de complementos verbais, por isso vêm sempre ligados ao verbo. Eles podem ocupar três posições em relação às formas verbais que acompanham. São elas próclise, ênclise ou mesóclise. Os pronomes pessoais do caso oblíquo, também classificados como átonos são: me,

te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes.

REGRA EXEMPLO

Próclise – pronome antes do verbo

1) Após palavras de sentido negativo. 2) Após pronomes relativos e indefinidos. 3) Após advérbios ou locuções adverbiais. 4) Após conjunções subordinativas. 5) Nas orações optativas. 6) Nas orações exclamativas. 7) Nas orações iniciadas por palavras interrogativas 8) junto a gerúndio precedido da proposição “em”.

Jamais te faltarão amigos. Todos me consideraram irresponsável? Talvez me liberem no próximo final de ano. Mauro pediu que lhe mostrassem a loja. Que Deus o proteja, meu filho. Como nos enganaram com palavras doces! Quem te disse semelhante barbaridade? Em se tratando de grosseria, Ana ganha de todos.

Mesóclise – pronome no meio do verbo

Ocorre somente com o verbo no futuro do presente e no futuro do pretérito. OBS.: para que a mesóclise possa ocorrer, é necessário que não haja nenhum caso obrigatório de próclise.

Encontrar-se-á a solução para tão grave problema? Dar-me-ia água para lavar as mãos? Não lhe daremos crédito, pois todos o conhecemos bem.

Ênclise – pronome depois do verbo

1) Após verbos em início de períodos. 2) Após verbos no imperativo afirmativo. 3) Após verbos no gerúndio não antecedidos da preposição “em”. 4) Após verbos no infinitivo impessoal regido das preposições “a” e “de”.

Falaram-me sobre as provas bimestrais. Decida-se logo. Estou com pressa. Aproximando-me da sala pude perceber a festa que estava preparada. Amanda gostava de encontrá-lo à tarde.

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Casos Facultativos (próclise ou ênclise)

1) Com pronomes pessoais do caso reto. 2) Com pronomes demonstrativos. 3) Com substantivos. 4) Com infinitivo antecedido da preposição “para”, mesmo que haja palavras que exijam a próclise.

Ele lhe negou a revisão da prova. Ele negou-lhe a revisão da prova. Isto me faz sentir relaxado. Isto faz-me sentir relaxado A história as deixou atônitas. A história deixou-as atônita. Calei-me para não o magoar. Calei-me para não magoá-lo.

UNIDADE V – Gêneros Discursivos: jornalístico, científico, técnico, literário, publicitário entre outros

Curiosidade Hoje é domingo, pé de cachimbo (...) Hoje é domingo, pede cachimbo (...)

Máxima latina

Varium et mutabile semper femina Sempre inconstante e mutável é a mulher

Virgílio

Termo latino Vade retro, Satana!

Vai-te daqui, satanás! Jesus

INTRODUÇÃO:

A palavra “Gênero” refere-se a um termo do léxico que remete à ideia de origem. “Conceito geral que engloba todas as propriedades comuns que caracterizam um dado grupo ou classe de seres ou de objetos.” (HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, p. 1441).

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Os gêneros, então, são empregados em várias áreas do conhecimento a partir do momento em que se classifica um dado objeto observando-se as semelhanças existentes em sua estruturação básica.

Para a produção textual o termo gênero designa a variedade que um texto pode assumir. A base de sustentação de um texto é o tipo (narração, descrição, dissertação, opinativo, expositivo, injuntivo), e a variedade de apresentação do texto é o gênero (romance, conto, poesia, teatro, cinema, carta, bula......). Portanto:

TIPOS GÊNEROS

Narração Romance, conto, crônica, epopéia....

Descrição Romance, conto, bula, conversação....

Dissertação Argumentação, tese, artigo científico...

Opinativo Carta ao leitor, crônica, editorial....

Expositivo Bula, enciclopédia, dicionário...

Injuntivo Bula, receita, manual de instrução....

Gênero Científico Observe os dois enunciados abaixo:

a) A inflação corroi o salário do operário.

b) Eu afirmo que a inflação corroi o salário

do operário.

Qualquer enunciado pressupõe que

alguém o tenha produzido, uma vez que

nenhuma construção linguística surge

sem que alguém tenha elaborado. Os dois

enunciados acima pretendem transmitir o

mesmo conteúdo: a inflação corroi o

salário do operário. Há, no entanto, uma

diferença entre eles. No primeiro, o

enunciador (aquele que produz o

enunciado) ausentou-se do enunciado,

não colocando nele nem o eu, que indica

aquele que fala, nem um verbo que sig-

nifica o ato de dizer. No segundo, ao

contrário, ao dizer "eu afirmo", o

enunciador inseriu-se no enunciado,

explicitando quem é o responsável por

sua produção. No primeiro caso,

pretende-se criar um efeito de sentido de

objetividade, pois se enfatizam as

informações a serem transmitidas; no

segundo, o que se quer é criar um efeito

de sentido de subjetividade, mostrando

que a informação veiculada é o ponto de

vista de um indivíduo sobre a realidade.

Usa-se um ou outro modo de

construir os enunciados em função dos

efeitos de sentido que se quer criar. Há

textos que são mais convincentes se

forem elaborados de maneira a criar

efeitos de sentido de objetividade. Outros

persuadem melhor se mostrarem um efei-

to de subjetividade.

O discurso dissertativo de caráter

científico deve ser elaborado de maneira a

criar um efeito de sentido de objetividade,

pois pretende dar destaque ao conteúdo

das afirmações feitas (ao enunciado) e

não à subjetividade de quem as proferiu

Page 30: Apostila de IPT

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30

(ao enunciador). Quer concentrar o debate

nesse foco e por isso adota expedientes

que, de um lado, procuram neutralizar a

presença do enunciador nos enunciados

e, de outro, põem em destaque os

enunciados, como se eles subsistissem

por si mesmos. É claro que se trata de um

artifício linguístico, porque sempre, por

trás do discurso enunciado, está o

enunciador com sua visão de mundo.

Para neutralizar a presença do

enunciador, isto é, daquele que produz o

enunciado, usam-se certos procedimentos

linguísticos, que passaremos a expor:

a) Evitam-se os verbos de dizer na

primeira pessoa (digo, acho, afirmo,

penso, etc.) e com isso procura-se

eliminar a ideia de que o conteúdo de

verdade contido no enunciado seja

mera opinião de quem o proferiu, e

sugerir que o fato se impõe por si

mesmo. Não se diz, portanto:

Eu afirmo que os modelos científicos devem ser julgados pela sua utilidade.

Mas simplesmente:

Os modelos científicos devem ser julgados pela sua utilidade.

b) Quando, eventualmente, se utilizam

verbos de dizer, são verbos que

indicam certeza e cujo sujeito se dilui

sob a forma de um elemento de

significação ampla e impessoal,

indicando que o enunciado é produto de

um saber coletivo, que se denomina

ciência. Assim, o enunciador vem

generalizado por um nós em vez de eu

ou indeterminado, como nos casos que

seguem:

Temos bases para afirmar que a agricultura constitui uma alternativa promissora para a nossa economia.

ou ainda,

Pode-se garantir que a agricultura...

Constata-se que a agricultura...

Em geral, não se usa a primeira

pessoa do singular no discurso científico.

c) A exploração do valor conotativo das

palavras não é apropriada ao

enunciado científico. Nele, os vocábulos

devem ser definidos e ter um só

significado. Num texto de astronomia,

lua significa satélite da Terra e não uma

sonora barcarola ou o astro dos loucos

e enamorados.

d) Como nesse tipo de discurso deve

usar-se a língua padrão na sua

expressão formal, não se ajusta a ele o

uso de gírias ou quaisquer usos

linguísticos distanciados da modalidade

culta e formal da língua.

Page 31: Apostila de IPT

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31

Além de procurar neutralizar a figura

do enunciador, o discurso dissertativo de

caráter científico procura destacar o

conteúdo de verdade dos enunciados.

Esse valor de verdade é criado pela

fundamentação das ideias e pela

argumentação.

Vejamos, agora, alguns

expedientes que podem desqualificar um

texto de caráter científico.

a) Pode-se desqualificar o enunciado

científico atribuindo-o à opinião pessoal

do enunciador ou restringindo a

universalidade da verdade que ele

afirma. Sirvam de exemplos casos

desse tipo:

Roberto da Mata supõe que o espaço social brasileiro se divide em casa, rua e outro mundo.

Como se pode notar, ao introduzir o

enunciado por um verbo de dizer (supõe)

que não indica certeza, reduz-se o

enunciado a uma simples opinião.

b) Um outro modo de desqualificar o

enunciado alheio é atacá-lo nos seus

expedientes de argumentação. E isso

pode ser processado por meio do uso de

vários dispositivos:

- citando autores renomados que

contrariam o conteúdo afirmado no

enunciado ou evidenciando que o

enunciador não compreendeu o

significado da citação que fez;

- desautorizando os dados de realidade

apresentados como prova ou

mostrando que o enunciador, a partir

de dados corretos, por equívoco de

natureza lógica, tirou conclusões

inconsequentes.

Vejamos, a título de exemplo, como

se pode refutar e desqualificar o que se

diz num enunciado:

Enunciado:

O controle demográfico é uma das soluções urgentes para o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos: as estatísticas comprovam que os países desenvolvidos o praticam.

Desqualificação:

O dado estatístico apresentado é

verdadeiro, mas o enunciado é

inconsistente, pois pressupõe uma relação

de causa e efeito difícil de ser

demonstrada, isto é, que o controle

demográfico seja capaz de produzir o

desenvolvimento. O mais lógico é inverter

a relação: o desenvolvimento gera o

controle demográfico, e não o contrário.

ESCREVA CORRETAMENTE:

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Dedo duro (dedo que não se articula) Dedo-duro (delator)

Câmara (local onde funciona uma assembleia)

Câmera (máquina)

Larva (invertebrado) Lava (magma de vulcão)

Espinho (flor) Espinha (peixe)

Duzentas gramas (relva) Duzentos gramas (quilo)

Casa geminada (ligada, duplicada) Casa germinada (brotada)

Chuva de granizo (gelo) Chuva de granito (pedra)

EXERCÍCIOS O neurônio

“Partindo da unidade básica de funcionamento do cérebro, que é uma célula conhecida como neurônio, e comparando-a com a memória de um computador, percebe-se que as diferenças entre este e aquele são muitas. Isto porque o computador é um processador determinístico, operando sempre de acordo com as entradas. Já o cérebro humano é uma espécie de computador probabilístico, que funciona através de associações.”

01. De acordo com o texto: a) o computador, ao contrário do cérebro humano, determina as entradas de informações. b) o cérebro humano tem seu funcionamento determinado pela entrada de informações na memória. c) a semelhança entre o computador e a memória humana está em que ambos funcionam de acordo com as probabilidades das informações nelas armazenadas. d) a diferença fundamental entre o cérebro humano e o computador reside nos princípios básicos de funcionamento de um e de outro. e) o cérebro humano e o computador, apesar de muitas diferenças entre eles, funcionam com a mesma unidade básica, o neurônio. 02. Infere-se do texto que: a) o computador poderá funcionar como um cérebro humano, se se conseguir acoplar neurônios a ele. b) o cérebro e o computador são igualmente aptos a processar informações, ainda que a partir de comportamento diferentes.

c) o neurônio iguala, em seu funcionamento, a memória de um computador. d) o cérebro humano, diferindo do computador em sua constituição, funciona, no entanto, da mesma maneira que este. e) é possível criar máquinas copiando o funcionamento do cérebro humano.

03. “Os corações também têm orelhas; e estai certos que cada um ouve, não conforme tem os ouvidos, senão conforme tem o coração e a inclinação.”

De acordo com o texto: a) as pessoas interpretam o que ouvem mais de acordo com sua própria personalidade do que segundo uma análise objetiva b) cada um tem sua própria verdade, à qual novas informações nada acrescentam c) o músculo cardíaco pulsa em harmonia com as ondas sonoras que nele incidem

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d) inclinamo-nos a acreditar mais no que dizem os outros que na própria voz que ouvimos no íntimo e) cada qual tende a julgar mais segundo a evidência dos fatos do que pelos dados da consciência.

Gênero Jornalístico

Jornal é um meio de comunicação

impressa (os vários títulos, como por

exemplo: Folha de S. Paulo, O Estado

de S. Paulo, O Globo etc. são chamados

de "veículos de comunicação"), e tem

como característica: o uso de "papel de

imprensa" - mais barato e de menor

qualidade que os utilizados pelas revistas

-, as folhas geralmente não são

grampeadas, sendo usado os grampos

com frequência em cadernos especiais

e/ou edições destinadas a coleção, e as

capas não usam papel mais grosso (de

maior gramatura), como acontece com as

revistas, e os mais importantes possuem

periodicidade diária. Os jornais diários da

chamada "grande imprensa" possuem

conteúdo genérico, pois publicam notícias

e informações de interesse público. Mas

há também jornais diários com conteúdo

especializado em economia e negócios, e

outros com periodicidade semanal,

quinzenal, mensal, tanto de conteúdo

genérico, como também voltados a

assuntos específicos destinados a

públicos segmentados.

Para cada público há um nível de

linguagem diferenciada, a fim de que o

objetivo principal deste meio de

comunicação seja cumprido: informar.

Seções

Editorial - artigos que expressam

a opinião institucional e apócrifa

(sem assinatura individual) do

jornal

Expediente - listagem da equipe

da redação (pelo menos a direção,

as chefias e os editorias), dados de

tiragem e circulação, mais

endereços e telefones para

contato, assinaturas, números

atrasados, etc.

Cartas dos leitores - cartas

selecionadas pela redação,

comentando temas abordados ou

sugerindo pautas para novas

matérias

Obituário - falecimentos de

personalidades, geralmente

agrupados junto aos anúncios

fúnebres

Coluna Social - notas e fotos de

personalidades em festas e

eventos sociais

Tempo e Clima - previsões

meteorológicas

Horóscopo - previsões

astrológicas

Page 34: Apostila de IPT

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Efemérides e curiosidades - fatos

históricos na data corrente e

informações de almanaque e

cultura geral

Charge - geralmente, fazem

caricaturas políticas ou de

personagens do noticiário

Quadrinhos ou Banda

desenhada - geralmente

publicados em tiras de três ou

quatro quadros

Classificados, Imóveis e

Empregos - anúncios pequenos,

geralmente pagos por indivíduos.

Gêneros Literários

Há várias maneiras de organização da palavra para representar a arte literária e por

isso toda obra literária expressa um conteúdo arranjado numa FORMA.

Verso

FORMA

Prosa

CONTEÚDO:

► Épico = fatos grandiosos e heroicos (poemas = epopeia).

► Lírico = vem de LIRA (instrumento musical), corresponde à expressão de sentimento, de

emoção, de estado de alma.

► Satírico = obra irônica, sarcástica, destinada a ridicularizar pessoas, instituições ou

costumes (Paródia = ironia de uma obra séria, clássica).

► Narrativo → variante do gênero épico, mas em prosa

→ subdivide-se em: ♦ romance

♦ novela

♦ conto (um episódio da vida)

♦ fábula, apólogo, parábola (transmitir lição de

Moral

► Dramático → composições teatrais em VERSO ou PROSA.

→ é composto de atores, diretores, cenógrafos, além de roteiristas.

→ subdivide-se em: ♦ tragédia (provocar compaixão e terror)

♦ comédia (riso para criticar os Costumes)

♦ tragicomédia

♦ farsa (caráter caricatural com o objetivo de

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ridicularizar)

Gênero Publicitário

Propaganda também "vende" ideias e sugere atitudes Celina Bruniera

Os textos publicitários são de alta

circulação social e tendem a se tornar

mais e mais comuns em virtude das

características da sociedade em que

vivemos, baseada na produção e no

consumo de mercadorias. São textos que

atuam justamente no sentido de

convencer o público a comprar

determinado produto ou, ainda, no sentido

de despertar a consciência do público

para a destruição do nosso planeta, para

problemas sociais, entre outros.

Neste último caso, os textos

publicitários procuram "vender" uma ideia,

uma forma de conceber as coisas ou,

então, buscam estimular os leitores a

mudar seu comportamento, suas atitudes.

Assim, temos textos publicitários que

visam a convencer o leitor a parar de

fumar, a levar uma vida mais saudável, a

conservar o patrimônio cultural de uma

cidade, a usar adequadamente o

transporte público, etc

Gênero Virtual:

A característica do gênero virtual é a comunicação entre duas ou mais pessoas

mediadas pelo computador. É uma modalidade que surgiu com o advento da internet e das

possibilidades que os aparatos tecnológicos proporcionam. Os principais gêneros virtuais

são:

e-mail Bilhetes, mensagens ou cartas.

Sala de bate-papo ou chats Diálogo entre duas pessoas em tempo real.

Weblogs ou blogs Diário virtual público

Webquest Tem seu fundamento na aprendizagem cooperativa e nos processos investigativos na construção do saber. É

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um site que apresenta a seguinte estrutura: introdução, tarefa, processo, recursos, avaliação e conclusão.

Forum Sala de discussão sobre algum tema proposto por um moderador.

Os suportes dos Gêneros Textuais podem ser:

CONVENCIONAL INCINDENTAL

Livros Para-choques

Livros didáticos Embalagens

Jornal Muros

Revista Roupa

Revista Científica Estação de metrô

Rádio Calçadas

Televisão Ônibus

Teatro Taxi

Cinema

Telefone

Outdoor

Luminosos

ESCREVA CORRETAMENTE:

O cabeça (chefe, líder) A cabeça (parte do corpo)

O capital (dinheiro, bens) A capital (cidade principal)

O rádio (aparelho receptor) A rádio (estação transmissora)

O moral (ânimo) A moral (parte da filosofia)

O lotação (veículo) A lotação (capacidade)

O grama (quilo) A grama (relva, vegetação)

O caixa (pessoa) A caixa (objeto)

O guia (pessoa que orienta) A guia (formulário)

O cura (padre) A cura (restabelecimento)

Hífen

1) Liga palavras compostas sexta-feira 2) Liga pronomes oblíquos ao verbo vende-se 3) Separa sílabas sis-te-ma

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4) Indicar translineação = separação de sílaba no final da linha. 5) Separa alguns prefixos de seus radicais (além, aquém, ex, co, pós, pró, recém, sem) ex-marido sem-terra OBS: Alguns prefixos só são ligados por hífen de acordo com a letra que a palavra posposta é iniciada.

Prefixo Usa hífen Não usa hífen

Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi, sobre, supra, tele, ultra...

Quando a palavra seguinte começa com H ou com vogal igual à última do prefixo: auto-hipnose, anti-imperalista, micro-ondas

Em todos os demais casos: autorretrato, autoanálise, autocontrole, antissocial, minissaia, ultrassom

Hiper, inter, super Quando a palavra seguinte começa com H ou com R: super-homem, inter-regional

Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico

Sub Quando a palavra seguinte começa com B, H ou R: sub-base, sub-reino, sub-humano

E, todos os demais casos: subsecretário, subeditor

Vice Sempre: vice-rei, vice-presidente

Pan, circum Quando a palavra seguinte começa com H, M, N ou vogais: pan-americano, circum-hospitalar

Em todos os demais casos: pansexual, circuncisão

UNIDADE VI – Qualidades do texto: coerência, coesão, clareza, concisão e correção gramatical

Curiosidade Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão (...)

Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão (...)

Máxima latina Ut sementem feceris, ita metes

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Segundo preparares a semente, assim colherá Cícero

Termo latino Anno Domini

No ano do Senhor INTRODUÇÃO: Todo texto, seja ele falado ou escrito, precisa ser organizado de tal modo que o interlocutor (leitor/ouvinte) possa compreender seu significado. Assim é preciso cuidar da lógica das ideias através do que se chama de coerência e também das partículas que unem as ideias expressas, chamadas de coesão. Todo texto é, portanto um tecido, uma rede de signo que estão organizados de maneira a privilegiar a ideia do enunciador.

Coesão e Coerência Textuais

O texto consiste em qualquer

passagem falada ou escrita que forma um

todo significativo independente de sua

extensão.

I- Coesão: (organização do texto)

É um conceito semântico referente

às relações de sentido que se estabelece

entre os enunciados que compõem o

texto; assim, a interpretação de um

elemento depende da interpretação do

outro. O sistema linguístico está

organizado em três níveis: o nível

semântico (significado), o léxico-

gramatical (formal) e o fonológico-

ortográfico (expressões). A coesão

manifesta-se no nível microtextual e

refere-se aos modos como os

componentes do universo textual estão

ligados entre si dentro de uma sequência.

Observe:

“Meu filho não estuda nessa Universidade. Ele não sabe que a primeira Universidade do mundo românico foi a de Bolonha. Essa Universidade possui imensos viveiros de plantas. A Universidade possui também um laboratório de línguas.”

Universidade é item lexical;

Não há coerência (lógica) entre os

enunciados;

Há relação de coesão aparente;

O texto surge na conectividade

entre coesão e coerência.

ELEMENTOS BÁSICOS DE COESÃO:

- Pronomes relativos = O homem que

fuma vive menos.

- Pronomes substantivos = José trabalha

nesse edifício. Ele é advogado.

- Advérbios = João mora em São Paulo.

Ali vive-se melhor.

- Pronomes possessivos = Paulo e eu

deixamos nossos filhos em casa.

Page 39: Apostila de IPT

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- Pronomes demonstrativos = Comprei

uma saia e uma bermuda. Esta será mais

útil que aquela.

A coesão textual depende de três

categorias básicas de procedimento:

referência, substituição e elipse.

A coesão referencial é aquela em que

um componente da superfície do texto faz

remissão a outros elementos do universo

textual. Ela constitui o primeiro grau de

abstração, pois o leitor/receptor deve

relacionar determinado signo a um objeto

tal como ele o percebe dentro da cultura

em que vive.

Paulo e José são excelentes

advogados. Eles se formaram na

UNIP.

A substituição é a troca de um termo já

mencionado por algum termo a ele

equivalente. É representada

principalmente pelos pronomes

relativos. O processo de coesão por

substituição dá-se, muitas vezes,

concomitantemente com a coesão

referencial.

O texto que estou lendo versa sobre

coesão textual. (pronome relativo)

Maria é excelente amiga. Ela sempre

me deu provas disso. (pronome

pessoal do caso reto)

Passamos as férias em Goiás. Lá as

pessoas são prestativas. (advérbio de

lugar)

A elipse, neste caso, é uma

substituição por zero. Omite-se um item

lexical, um sintagma, uma oração ou todo

um enunciado, facilmente recuperado pelo

contexto.

- Carlos vai ao baile sábado?

- Vai.

II- Coerência: (significação do texto)

A coerência é manifestada pela

macroestrutura. Refere-se aos modos

como os componentes do universo

textual, isto é, os conceitos e relações

implícitas ao texto de superfície, se unem

numa configuração, de maneira

reciprocamente acessível e relevante. É o

resultado de processos cognitivos

operantes entre os usuários e seu

princípio é a interpretabilidade, a

compreensão. Ela depende também do

contexto, pois para haver coerência há de

ter continuidade de sentido.

Observe:

“ Maria está na cozinha. A cozinha tem paredes de azulejo. Os azulejos são branco. Também o leite é branco.”

Há descontextualizacão do último

enunciado, o que quebra a

sequência da coerência.

Page 40: Apostila de IPT

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“ Luís estuda na Cultura Inglesa. Fernanda vai todas as tardes no laboratório de Física. Mariana faz 90 pontos no vestibular da FUVEST. Todos os meus filhos são muito estudiosos.”

o último enunciado dá a coerência

e traz os outros enunciados a um

mesmo fator comum.

TIPOS DE COERÊNCIA

A coerência deve ser entendida

como unidade do texto. Ela se dá com a

harmonização das partes de um texto, a

fim de que não haja nada destoante, nada

ilógico, nada contraditório, nada

desconexo. A análise da coerência

permite uma análise mais profunda do

texto, já que trabalha com processos

cognitivos. Ela está caracterizada como o

nível de conexão conceitual, de

estruturação do sentido, constituindo a

macroestrutura do texto. Os três principais

níveis de coerência são:

1) Coerência Narrativa:

A coerência narrativa é obtida

através da obediência às quatro principais

fases da narração: manipulação,

competência, performance e sanção. A

manipulação é a fase em que alguém é

induzido a querer ou dever realizar uma

ação. A competência é a fase em que

esse alguém adquire um poder ou um

saber para realizar aquilo que ele quer ou

deve. A performance é a fase em que de

fato se realiza a ação. A sanção é a fase

em que se recebe a recompensa ou o

castigo por aquilo que se realizou. Assim

sendo, um sujeito só pode fazer alguma

coisa se souber ou puder fazê-la.

Observe:

Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das avenidas de São Paulo. Era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu a direção. O carro capotou e ficou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um carro e levou o homem para o hospital. Assim, salvou-lhe a vida.

(como pode um menino tão fraco carregar

um homem corpulento?)

Outros tipos de incoerência podem

ocorrer. Se um personagem não tem um

determinado objeto, perdeu-o ou foi-lhe

roubado, não poderá portá-lo em

nenhuma passagem da narrativa. Para

que não ocorra a incoerência é preciso

explicitar uma passagem que diga ao

leitor que o objeto foi adquirido, achado ou

recuperado.

Outra incoerência, ainda, se dá

quanto à personalidade da personagem.

Não podemos atribuir ações incompatíveis

às qualidades da personagem. Se ela é

tímida, não podemos atribuir a ela o papel

de líder revolucionário. Para que o texto

Page 41: Apostila de IPT

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Campus Jundiaí

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mantenha a coerência é preciso justificar

a transformação por que passou a

personagem.

2) Coerência Figurativa:

A coerência figurativa constitui-se da

articulação harmônica das figuras do

texto, com base na relação de significado

que mantêm entre si. Essa articulação

harmônica das figuras deve garantir um

único bloco temático.

Observe:

TEMA: despreocupação

Figuras possíveis: pessoas deitadas à

beira de uma piscina, drinques gelados,

passeios pelo shopping....

Figuras incoerentes: pessoas indo

apressadas para o trabalho, fábrica

funcionando em pleno vapor, trânsito.....

TEMA: Pólo Norte

Figuras possíveis: neve, trenó, pessoas

vestidas com roupas de pele....

Figuras incoerentes: palmeiras, cactos,

camelos, floresta tropical....

3) Coerência Argumentativa:

A coerência argumentativa é

adquirida através das relações de tese,

pressuposto e argumentação. Uma vez

estabelecida a tese (a ideia a ser

defendida no texto) os pressupostos

devem apresentar-se de forma harmônica

com a argumentação (ideias que

comprovam a tese).

Quando se defende o ponto de vista

de que o homem deve buscar o amor e a

amizade, não se pode dizer em seguida

que não se deve confiar em ninguém e

que por isso é melhor viver isolado.

É incoerente defender ponto de vista

contrário a qualquer tipo de violência e ser

favorável à pena de morte, a não ser que

não se considere a ação de matar como

uma ação violenta.

CONCLUSÃO:

Um texto não é em si coerente ou

incoerente: ele o é para um leitor/ouvinte

numa determinada situação. A falta de

conhecimento, por parte do leitor/ouvinte

sobre determinado assunto não torna o

texto incoerente. A incoerência textual se

dá entre o conflito de ideias, conceitos e

significados. Um texto de medicina

nuclear pode ser incoerente para a

maioria dos leitores, mas com certeza não

o será para os médicos que trabalham na

área. Antes de classificar um texto de

coerente ou incoerente é preciso analisar

o estilo e o público-alvo deste texto. Só

assim poderemos julgar a questão de

coerência de forma sensata.

ESCREVA CORRETAMENTE: (formas variantes)

Page 42: Apostila de IPT

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Aluguel Aluguer

Assobiar Assoviar

Cãibra Câimbra

Infarto Enfarte

Catorze Quatorze

Porcentagem Percentagem

Chinelos Chinelas

Bujão Botijão

Relampejar Relampear

Exercícios:

I- A leitura literal do texto abaixo produz um efeito de humor.

“As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas fitas de sexo explícito. A decisão atende a uma portaria de dezembro de 91, do Juizado de Menores, que proíbe que as casas de vídeo aluguem, exponham e vendam fitas pornográficas a menores de 18 anos. A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a motéis e rodeios sem a companhia ou autorização dos pais.”

(Folha Sudeste)

a) Transcreva a passagem que produz efeito de humor.

b) Qual a situação engraçada que essa passagem permite imaginar?

c) Reescreva o trecho de forma a impedir tal interpretação.

AS QUALIDADES DE UM TEXTO:

Não existe uma fórmula mágica

para se produzir um texto, já que a

produção de texto é um exercício

contínuo, aliado à prática da leitura de

bons autores, e à reflexão, elementos

indispensáveis para a produção de um

texto de qualidade. Porém há quesitos

que devem ser considerados ao

redigirmos um texto:

01. A concisão

Ser conciso significa que não

devemos abusar das palavras para

exprimir uma ideia. Deve-se ir diretamente

ao assunto, não ser prolixo (ficar

enrolando). Significa, enfim, eliminar tudo

aquilo que é desnecessário. Observe:

Correio do Povo

Maria Joana Knijnick, solteira, procura pessoa do sexo oposto para fins de casamento. O interessado deverá ser pessoa sensível e que tenha o hábito de oferecer flores.

02. A correção

A linguagem utilizada na produção

de um texto deve estar de acordo com a

norma culta, ou seja, deve obedecer aos

Page 43: Apostila de IPT

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Campus Jundiaí

43

princípios estabelecidos pela gramática.

Para não cometer erros quanto à

estruturação gramatical de um texto,

devemos ter em mente o público-alvo do

texto, bem como o gênero textual com o

qual estamos trabalhando. Textos

científicos requerem a norma culta,

histórias em quadrinhos requerem

linguagem coloquial, uso de

onomatopeias, e assim por diante.

03. Clareza

A clareza consiste na expressão

da ideia de forma que possa ser

rapidamente compreendida pelo leitor. Ser

claro é ser coerente, não contradizer-se,

não confundir o leitor.

Homônimos e Parônimos

Homônimos Homófonos e homógrafos = mesmo som e mesma grafia. (são = verbo / são =

santo / são = saudável)

Homônimos Homófonos Heterógrafos = mesmo som e grafia diferente. (acender = pôr fogo

/ ascender = subir)

Homônimos homógrafos e heterofônicos = mesma grafia e sons diferentes. (almoço =

substantivo / almoço = verbo)

Parônimos são palavras com grafias semelhantes, mas significados bem diferentes.

Sortir = abastecer / surtir = originar

Absolver = perdoar / absorver = aspirar

Arrear = pôr arreios / arriar = descer, cair

Emigrar = deixar o país / imigrar = entrar num país

Eminente = elevado / iminente = prestes a ocorrer

Estada = permanência de pessoa / estadia = permanência de veículo ou animal

Mandado = ordem judicial / mandato = procuração

Ratificar = confirmar / retificar = corrigir

Tráfego = trânsito / tráfico = comércio ilegal

Recrear = alegrar / recriar = criar novamente

Inflação = alta de preços / infração = violação