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revista do iPt 1

Nasceu!Bem-vindo às páginas do primeiro número da Revista do IPT - Pesquisa & Tecnologia. Nascida como veículo de comunicação do instituto de Pesquisas tecnológicas, a revista tem o objetivo de informar nossos clientes, fornecedores, funcionários e colegas de serviço público estadual sobre o que estamos produzindo.

Nesta primeira edição, uma reportagem especial retrata a trajetória do iPt em 110 anos, completados em 24 de junho. Mais do que uma história, é a confirmação de que o instituto tornou-se uma coluna de sustentação ao desenvolvimento tecnológico paulista e nacional.

Pela linha do tempo, o leitor pode conferir que o iPt foi essencial nos anos 20 para o avanço da indústria paulista, pesquisando materiais para a construção de estradas de ferro e usinas hidrelétricas. Já na década de 40, passou a estudar produtos de madeira para aviões e planadores. Nos anos 70, foi a vez do Metrô paulista. e nos 80, da rodovia dos imigrantes e das hidrelétricas sobradinho e itaipu. a Revista do IPT - Pesquisa & Tecnologia não para por aí. o projeto de modernização diz a que veio, os novos laboratórios são detalhados, e mostramos quem está participando do projeto que leva pesquisadores a capacitarem-se no exterior. da inglaterra, amarilis Gallardo conta sua experiência no pós-doutorado em avaliação ambiental estratégica. a revista traz ainda reportagens sobre o que há de novo nos centros técnicos e até a atriz vera Holtz, falando de sua passagem pelo iPt, no anos 70. você tem uma história boa para contar? Faça suas sugestões de reportagem, avalie o material, critique pelo e-mail [email protected].

Boa leitura.

Editorial

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2 revista do iPt

José Serra Governador do estado de são Paulo

Alberto Goldman vice-Governador do estado de são Paulo

Geraldo Alckmin secretário de desenvolvimento do estado de são Paulo

João Fernando Gomes de Oliveira diretor Presidente

Altamiro Francisco da Silva diretor Financeiro e administrativo

Walter Furlan diretor de Processos e ti

Álvaro José Abackerli diretor de operações e Negócios

Fernando José Gomes Landgraf diretor de inovação

a Revista do IPT - Pesquisa & Tecnologia é uma publicação do instituto de Pesquisas tecnológicas - iPt, distribuída gratuitamente. seu conteúdo é informativo, e sua venda, proibida. www.ipt.br

Impressão e Acabamento

expediente

RevIsTa do IPT issN 2175-3245

Gerente de Relações CorporativasMariana N. Zanatta inglez

Gerente de MarketingGabriela Monteiro da silva Pereira

Produção Editorialatelier de imagem e Comunicação

Coordenação Editorialteresa Cristina Miranda Mtb 12.170

EditorLucia reggiani Mtb 11.479 Editor Assistentedanilo vicente

TextosFlavio Freitas Helder Lima João GarciaMariana Passos

Projeto Gráfico e Diagramaçãoanibal sá design

Produção Fotográficarita PariseGuilherme Mariotto Fotografiaacervo Comitêagência Luzarquivo iPtClovis deangeloCreative Commonsdivulgação/rede GloboLuiz antonio Pereira de souzaLuiz PradoLuludiMariana MarchesiMariana PassosMarcelo GramaniMarcelo soaresMateus iglesiasMilton MansilhaNasaraquel amaral sérgio Brazolin

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revista do iPt 3

índice

6Modernização total

13Em construção, o LEL

16IPT de cara nova

19Sem fronteiras

23No rigor do método científico

30Em busca do melhor remédio

35Prumo e Progex ajudampequenas empresas a crescer

39Os salva-vidas na terra

77Em alto estilo

78Navegar com precisão

81Ao construir, recicle

87Com o vento a favor

89Pronto-socorro de árvores

92Um tesouro bem aqui

Nanotícias 4

Tecnologia em quadrinhos 4

Artigo 94

Você sabia? 96

seÇÕes

esPeCIaL

110 anos bem vividosas realizações do iPt em suas onze décadas de dedicação à pesquisa tecnológica

43

27

85

Vera Holtz: do IPT aos palcos

Um robô superprodutivo

Divisor de águas para o meio ambiente

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4 revista do iPt

t e C N o L o G i a E M q u A D R I N h O S

N a N o T í C I A S

Dá PARA PLANTAREUCALIPTO NO NE?

o iPt iniciou em maio estudo para

o cultivo de eucalipto no Nordeste

brasileiro, em parceria com o Ban-

co do Nordeste Brasileiro (BNB). o

projeto irá orientar o investimen-

to em implantação de florestas

de usos múltiplos, reduzindo a

pressão de desmatamento da ca-

atinga na região, sem prejuízo à

dinâmica do crescimento das ati-

vidades econômicas. o escritório

técnico de estudos econômicos do

banco financia o projeto. os pes-

quisadores realizarão o zonea-

mento e a caracterização do setor

de produção florestal de eucalipto

no Nordeste, com levantamento

de dados, pesquisa com plantio,

tecnologias de produção, análise

das cadeias produtivas e mapea-

mento de cobertura vegetal.

Evolução da tEcnologia é tEma dE palEstras

Transformação foi o tema do ciclo

de palestras realizado em maio

no iPt. ronaldo Mota, assessor

especial do Ministério da Ciência

e tecnologia, abriu a programa-

ção, em 7 de maio, e abordou a

produção de conhecimento, fa-

zendo um resgate histórico dos

acontecimentos e pensadores que

tiveram mais destaque na evolu-

ção da Ciência. o professor titular

de Ética e Filosofia Política da UsP,

renato Janine ribeiro, na segun-

da palestra (em 19 de maio), fa-

lou sobre evoluções tecnológicas.

João Fernando Gomes de oliveira,

diretor presidente do iPt, fechou

o ciclo com palestra sobre o futuro

do instituto e as mudanças que já

estão em andamento.

WORkSHOP DISCUTEDIfRAçãO DE RAIO-X

as aplicações da difração de raios-

X na indústria mineral foram dis-

cutidas no workshop realizado

nos dias 11 e 12 de maio pelo iPt,

em parceria com a PaNanalyti-

cal, fornecedora de instrumentos

analíticos e software. a difrato-

metria é uma técnica utilizada

para determinar a estrutura físi-

ca de minerais, por exemplo. No Móveis de eucalipto ensaiados no CT-Floresta

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revista do iPt 5

processo, as substâncias do com-

ponente analisado agem quando

expostas a um feixe de raios.

projEto prumovai à Brasilplast

o aniversário de 10 anos do Projeto

Prumo e a divulgação de casos de

sucesso marcaram a participação

do iPt na 12ª edição da Brasilplast,

feira internacional da indústria de

plástico, em maio. o iPt dividiu

estande com o instituto Nacio-

nal do Plástico (iNP), divulgando

duas experiências bem-sucedidas

do Prumo: a CartaPlast e a san-

daplast. Fabricante de sacolas, a

CartaPlast não reciclava as apa-

ras – a ação do iPt voltou-se ao

uso desse material em produtos

de segunda linha. Na sandaplast,

a questão era otimizar o processo

de produção por monofilamento,

multifilamento e chapas finas flat

die. “antes eles utilizavam so-

mente matéria-prima virgem, e

oferecemos a alternativa do uso

de material reciclado”, afirma

Brasil santiago, especialista em

processos plásticos do iPt.

MAIS RUíDOEM AEROPORTO

o iPt finalizou laudo sobre o ba-

rulho do aeroporto Leite Lopes,

em ribeirão Preto (sP). os técnicos

constataram que o nível de ruído

encontrado no entorno foi maior

que o apresentado em 2007, mas

menor que o limite legal. a exis-

tência de casas e escolas nas pro-

ximidades, por sua vez, mostrou

que não foi seguido um plano de

zoneamento, como manda a lei.

compEtitividadErEgistrada

o livro Competitividade da Indús-

tria Paulista: Propostas de Políti-

cas foi lançado pelo iPt. a obra,

encomendada pela secretaria de

desenvolvimento, traz uma sín-

tese dos resultados obtidos em

27 estudos setoriais e temáticos e

duas rodadas de seminários, reali-

zados em 2007 e 2008, em parceria

com a Federação das indústrias do

estado de são Paulo. os trabalhos

envolveram especialistas e exe-

cutivos com propostas para me-

lhorar a competitividade da eco-

nomia paulista. a publicação está

disponível para download no site

da secretaria de desenvolvimento:

www.desenvolvimento.sp.gov.br.

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6 revista do iPt

o iPt investe 150 milhões de reais na ampliação de sua capacidade de desenvolvimento tecnológico

modernizaçãoM

odernização tornou-se a palavra-chave do IPT nos últimos dois anos. desde 2008,

o instituto traz na pauta diária de discussões

e ações a modernização de suas instalações.

infraestrutura, novos equipamentos e recursos humanos

receberão investimentos de cerca de 150 milhões reais

até 2010. o objetivo é fortalecer os projetos de maior va-

lor agregado em pesquisas avançadas, sem deixar de lado

o atendimento às demandas tecnológicas das empresas.

atualizado e equipado, o instituto poderá trabalhar com

maior capacidade no desenvolvimento tecnológico, bus-

cando antever as demandas industriais.

Microscópio eletrônico de varredura: um dos novos equipamentos do Laboratório de Corrosão Interna de Dutos

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revista do iPt 7

ToTaL

Para atingir seu objetivo, o iPt

quer fortalecer os setores nos

quais atua, além de ingressar em

novas áreas, como a pesquisa em

materiais compósitos do Labora-

tório de estruturas Leves (leia mais na pág. 13), em implantação na

cidade de são José dos Campos,

e o Centro de Bionanotecnologia,

em são Paulo, que será especiali-

zado em pesquisas sobre nano e

biotecnologia de forma integrada.

a capacitação laboratorial, que

oferecerá respostas rápidas e pre-

cisas às demandas das empresas,

é um dos componentes importan-

tes do projeto de modernização,

que contempla também a gestão

dos recursos humanos – o pro-

jeto inclui a contratação de cerca

de 200 colaboradores por concur-

so público (realizado em 2008), o

envio de pesquisadores para trei-

namento no exterior e o estudo

de plano de cargos e salários.

o dEstino dos rEcursos

a maior parte dos 150 milhões de

reais destinados à modernização

do iPt vem do governo do estado

de são Paulo (80%), e, o restan-

te, de instituições como o Ban-

co Nacional de desenvolvimento

econômico e social (BNdes), a Fi-

nanciadora de estudos e Projetos

(Finep), a Fundação de amparo à

Pesquisa do estado de são Paulo

(Fapesp) e a Petrobras.

somente para 2009 estão previs-

tos investimentos do governo es-

tadual de 57 milhões de reais: 27

milhões de reais para a importa-

ção de equipamentos (12 milhões

de reais já estão cotados) e 30

milhões de reais para obras civis.

as obras incluem a construção dos

três novos laboratórios – ensaios

Pesados, Bionanotecnologia e

Compatibilidade eletromagnética

–, que consumirão 20 milhões de

reais. os 10 milhões de reais res-

tantes para obras serão repartidos

entre as melhorias dos acessos

das vias dentro da própria sede,

sanitários (juntos, eles ocupam

uma área de 3 mil metros quadra-

dos), escritórios dos centros técni-

cos, restaurante, área de recursos

humanos, entre outros locais.

No esforço de oferecer respostas

rápidas às demandas do mercado

e trabalhar com mais propriedade

na pesquisa avançada, o projeto

de modernização do iPt enfatiza

as novas capacitações laborato-

riais dos seguintes centros:

>> CETIM (Centro Tecnológico da Indústria da Moda) – a oferta de

serviços no âmbito do CetiM vem

crescendo nos últimos anos, re-

fletindo a variedade de serviços

e empresas envolvidas na cadeia

de produção de roupas e calçados

no Brasil. os ensaios com produ-

tos têxteis são tradicionais no iPt

– os primeiros testes remetem à

época da fundação do instituto,

quando chamava-se Laboratório

de resistência dos Materiais –,

mas a necessidade de atualização

é constante. o projeto ampliação

e Modernização da Capacitação

analítica Metrológica do Labora-

tório têxtil vem sendo realizado

com apoio da Fapesp, da Finep e

de recursos do próprio instituto.

a inauguração da reforma do la-

boratório de têxteis será realizada

no segundo semestre;

>> CINTEq (Centro de Integridade de Estruturas e Equipamentos) –

dois projetos estão em desenvol-

vimento no âmbito desse centro.

Um deles refere-se à instalação do

Laboratório de Corrosão interna

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8 revista do iPt

de dutos (LaCid), com conclusão

prevista para novembro de 2010.

outro projeto trata da ampliação

da infraestrutura do Laborató-

rio de Corrosão e Proteção (LCP),

inaugurado em 8 de julho. assim,

a área de corrosão do CiNteQ terá

sua infraestrutura física dobrada,

com mais 1,5 mil metros quadra-

dos de instalações.

Com os novos equipamentos de

microscopia, a escala do trabalho

mudará, passando de micro para

nano. Haverá ainda equipamen-

tos para a análise da corrosão a

altas temperaturas, que permiti-

rão aplicações práticas na indús-

tria petroquímica, sobretudo na

pesquisa de revestimentos resis-

tentes a altas temperaturas.

outra linha de investigação que

se fortalece com o projeto é a de

corrosão em armaduras de con-

Teste de manchamento de tecido realizado no CETIM

Pesquisador trabalha no laboratório de

corrosão do CINTEQ

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revista do iPt 9

creto. essa é uma área em que o

iPt tem competência estabeleci-

da, mas que passa a atuar com o

que há de mais moderno. os no-

vos equipamentos permitirão, por

exemplo, que o prazo dos ensaios

de corrosão sob tensão seja redu-

zido de um mês para dois dias.

Boa parte das novas capacitações

destina-se a atender às novas

demandas no setor de petróleo e

gás, com a exploração da camada

pré-sal, uma vez que o trabalho

com óleo bruto e derivados ocorre

a altas temperaturas.

os equipamentos de microscopia,

por sua vez, vão permitir estabe-

lecer novas fronteiras na pesquisa

de corrosão, pois os estudos do

Brasil nessa área ainda são pou-

cos em comparação às pesquisas

mais desenvolvidas.

>> CMF (Centro de Metrologia de Fluidos) – Na área de mecânica

dos fluidos, estão em desenvolvi-

mento cinco projetos importantes

de capacitação laboratorial:

1) Construção e montagem de la-

boratório de teste e ensaios de

sistemas de medição de óleo e

derivados líquidos de petróleo:

esse laboratório fará parte da

rede temática de metrologia da

Petrobras. o aporte de recursos é

da ordem de 7 milhões de reais,

proveniente de parceiros como a

Finep, o governo do estado de são

Paulo e a própria Petrobras;

2) Laboratório de sistemas de ar

Comprimido e Gases (LasaG): será

o primeiro laboratório do país para

equipamentos de compressão de

ar e gases, avaliando compresso-

res, filtros e secadores, entre ou-

tros equipamentos. Por meio do

desenvolvimento desse projeto,

será possível certificar a qualida-

de do ar comprimido em sistemas

hospitalares e industriais;

3) ampliação da capacidade do

Laboratório de Óleo, com o apoio

da Petrobras e da Finep, prevista

para o mês de novembro;

4) Modernização do Laboratório

de vazão de Gás: trata-se de um

projeto de fomento, que garanti-

rá a expansão e a atualização da

tecnologia desse laboratório, em

operação desde 1994;

5) implementação de melhorias

no túnel de vento: esse equipa-

mento do iPt foi construído há

cinco anos. o projeto de moder-

nização permitirá que o túnel

seja atualizado e instrumentado.

Nessa nova fase, serão realizadas

simulações com modelos de pla-

taformas de petróleo, sobretudo

para definir o estudo de layout de

plataformas. os recursos inves-

tidos são de 3 milhões de reais,

incluindo a instrumentação com

novos analisadores e obras civis.

tais melhorias farão a Petrobras

deixar de usar um túnel de ven-

to na dinamarca, atualmente o

único em condição de atender à

demanda. Com o processo de na-

cionalização, os ensaios ficarão

mais acurados, uma vez que ha-

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10 revista do iPt

verá mais tempo disponível para

as investigações. o equipamento

também é usado nas simulações

dos esforços de vento sobre a es-

trutura de edificações.

>> CNAVAL (Centro de Engenha-ria Naval e Oceânica) – o plano

de capacitação desse centro, de-

nominado Projetos de Navios de

Grande Porte: incremento, Ca-

pacitação Laboratorial e implan-

tação de Centro Multiusuários,

conta com o apoio da Finep e da

Petrobras. o programa permitirá

uma maior eficiência e agilida-

de na construção de modelos de

navios, propulsores e apêndices

de cascos. o centro multiusuários

atuará nas áreas de hidrodinâmi-

ca de cascos, propulsão e mano-

bra de embarcações.

esse projeto terá impacto em di-

ferentes segmentos da indústria

naval, como a fabricação de má-

quinas e equipamentos de uso

específico; construção e repara-

ção de embarcações e estruturas

flutuantes; transporte marítimo

de cabotagem e de longo percur-

so, e pesquisa e desenvolvimento

das ciências físicas e naturais.

Haverá também benefícios sob a

perspectiva do impacto ambien-

tal, uma vez que o projeto irá co-

laborar para mitigar os acidentes

com embarcações. além disso,

facilitará o desenvolvimento de

estudos e de modelos hidrodinâ-

micos, de sistemas computacio-

nais e de métodos de medição de

parâmetros físicos, sem contar a

confecção com agilidade de mo-

delos de navios e de propulsores.

Um importante equipamento que

dá suporte a esses objetivos é um

robô aplicado na usinagem de

modelos (leia mais na pág. 85),

que reduz a produção de até 45

dias para até cinco dias. o siste-

ma usa blocos de poliuretano com

camadas de fibra de vidro para

dar resistência aos objetos de

ensaio. o robô, de origem sueca,

tem 3,2 metros de braço e alcança

essa distância na mesma circun-

ferência. as novas instalações de-

vem funcionar em setembro;

>> CTPP (Centro de Tecnologia de Processos e Produtos) – a mo-

dernização no centro começou

na metade de 2008, por meio do

planejamento de investimentos

de 9 milhões de reais, na primei-

ra fase. os recursos foram direcio-

nados para as áreas de nanotec-

nologia, compósitos, bioenergia

e microtecnologia. dos projetos

de capacitação, dois são desta-

que: o desenvolvimento do pro-

cesso tecnológico de laminação

automatizada (fiber placement) em estruturas aeronáuticas, e a

modernização da capacitação do

instituto em caracterização mi-

croestrutural de materiais.

os investimentos atualizarão o

CtPP, em especial o Laboratório de

Biotecnologia industrial (LBi) e o

Laboratório de Processos Químicos

e tecnologia de Partículas (LPP),

com equipamentos de ponta. eles

serão aplicados principalmente

no desenvolvimento de produtos

e materiais, empregando ou não

o conceito de intensificação de

Teste de avaliação de medidores de gás: informação garante a eficiência do parque de medidores da concessionária paulista

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revista do iPt 11

processos (microtecnologia). está

em planejamento também um

edifício para abrigar o novo par-

que de equipamentos.

Para as pesquisas de bionano-

tecnologia e microtecnologia, por

exemplo, estão sendo adquiri-

dos cromatógrafos de fase líqui-

da e gasosa de alta performance;

microscópios eletrônicos de alto

desempenho; plantas piloto ins-

trumentadas; biorreatores e má-

quinas de microusinagem de pre-

cisão, entre outros.

>> CETAC (Centro Tecnológico do Ambiente Construído) – No âmbi-

to desse centro, estão em desen-

volvimento dois projetos de capa-

citação laboratorial:

1) Caracterização da reação ao fogo

de materiais: o projeto conta com

o apoio financeiro da Finep. o in-

Ensaio de modelo em escala reduzida de plataforma de petróleo no tanque de provas do CNaval

vestimento total previsto atinge

570 mil reais;

2) Laboratório de Chuveiros: rece-

be investimento de 700 mil reais

para ampliar sua capacidade me-

trológica, permitindo testes de

maior confiabilidade e rapidez.

a importância da pesquisa se dá

principalmente porque o chuveiro

é o equipamento de maior con-

sumo de energia elétrica nas resi-

dências dos brasileiros.

gEstão do projEto

Como parte do suporte à capaci-

tação laboratorial, o iPt criou, no

mês de julho de 2008, a Célula de

Gestão do Processo de Moderniza-

ção. Constituída por uma equipe

composta de colaboradores de

todas as diretorias do instituto,

a missão da célula é tornar mais

ágeis os processos de contratação

de bens, serviços e obras.

“a denominação ‘célula’ deve-se

ao fato de ela ser uma reunião de

colaboradores de diversos setores

que, juntos, conseguem tornar

os processos de construção e de

compras e importações mais rápi-

dos. Não deixamos de seguir a lei

8.666, que institui normas para

licitações e contratos da adminis-

tração pública, mas conseguimos

reduzir os processos internos”, diz

Wilson shoji iyomasa, responsável

pela Gerência de Modernização da

infraestrutura (GMi), criada no úl-

timo mês de abril para coordenar

os recursos e a execução das obras

de instalação dos novos equipa-

mentos laboratoriais.

“antes, o pesquisador elaborava

um pedido e entregava-o ao dire-

tor do centro, que o encaminha-

va à diretoria, ou seja, havia uma

longa circulação por vários depar-

tamentos. agora, as solicitações

saem da diretoria do centro para a

diretoria de operações e Negócios

e são encaminhadas para a Célula

de Gestão”, explica iyomasa.

a GMi tem ainda sob sua respon-

sabilidade a inserção dos dados

das obras civis nos laboratórios

em um cronograma unificado no

sistema de gestão de projetos Ms

Project, que cruza essas infor-

mações com as das chegadas de

equipamentos: “o objetivo é não

deixar equipamentos parados.

isso pode trazer problemas não só

de produtividade, mas também de

perda da garantia do fabricante”.

Para cumprir essa meta, reuniões

Page 14: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

12 revista do iPt

são realizadas todas as semanas

para a programação de ações do

período, envolvendo profissionais

do iPt das áreas de projeto, in-

fraestrutura, célula do projeto de

modernização e diretoria.

o Ms Project recebe as solicitações

das áreas técnicas, que contêm as

requisições de compras de equi-

pamentos e detalhes sobre custo,

prazo, instituições para o finan-

ciamento etc. após a conclusão

da compilação dos dados, a etapa

seguinte é a definição de quais

equipamentos serão adquiridos

em 2009, para acelerar as obras

e evitar que as máquinas fiquem

paradas quando chegarem ao

instituto. “devemos combinar as

ações de compras e obras, pois as

primeiras são muito mais rápi-

das”, explica iyomasa.

a Gerência de Modernização da

infraestrutura realizou em seu

Boilers residenciais durante teste no laboratório de aquecimento de água do CETAC

primeiro mês de trabalho o le-

vantamento das necessidades de

reformas e construções dos cen-

tros técnicos. “em cada local, ve-

rificamos quais ações precisam ser

tomadas e listamos os materiais;

vamos aproveitar dados coletados

pelo departamento de infraestru-

tura do instituto com propostas

de projetos”, afirma iyomasa.

primEiro Balanço

a ideia do gestor é fazer uma ca-

racterização das necessidades dos

centros, das áreas administrativas

e das áreas de apoio, para então

discutir essas questões. as infor-

mações colhidas estão em pro-

cesso de inserção no Ms Project

e serão compiladas com os dados

(ainda em coleta) provenientes

das avaliações de outras áreas,

como o restaurante e a Coordena-

doria de recursos Humanos (CrH).

o levantamento das atuais condi-

ções dos centros técnicos mostrou

aos pesquisadores a necessidade

da execução de pequenas obras,

como troca de pisos e de posições

de tomadas, além de repensar a

destinação de áreas ocupadas por

móveis e caixas de documentos.

“Há muitos documentos em papel

que poderiam ser microfilmados

ou transformados em arquivo di-

gital. Não podemos esquecer que

muitos deles precisam ser guar-

dados, mas outros poderiam ser

armazenados de forma magné-

tica”, explica iyomasa. esse seria

um próximo passo do projeto, no

qual haveria a discussão sobre a

construção de um prédio para o

armazenamento dos documentos

ou a terceirização da guarda deles.

a destinação mais adequada dos

equipamentos em desuso ou de-

satualizados, encontrados pela

equipe do GMi em suas visitas aos

centros de pesquisa, seria, na opi-

nião de iyomasa, a doação para

institutos voltados ao ensino téc-

nico ou universidades.

a participação dos pesquisadores

passará agora a ser fundamental

para alterar o quadro encontrado.

“eles podem nos ajudar repensan-

do o uso dos espaços e otimizando

as áreas ocupadas com estações de

trabalho, por exemplo, para que

sobre mais espaço para os colabo-

radores”. Para essas ações, a ge-

rência de modernização está am-

pliando sua equipe. entre as novas

contratações estão um arquiteto

e um tecnólogo em edificações,

além de um estagiário.

Page 15: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 13

em construção,

o LEL

Page 16: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

14 revista do iPt

A cidade de São José dos Campos pode se preparar. até o final de

2009, o primeiro labo-

ratório de materiais compósitos

(que mesclam dois ou mais tipos

de substâncias) do Brasil chegará

à cidade, coração do setor aero-

náutico nacional. será o Labo-

ratório de estruturas Leves (LeL),

nova unidade do instituto no in-

terior de são Paulo.

Com investimentos de 90,4 mi-

lhões de reais, provenientes do

governo do estado, da embraer

e do Banco Nacional de desen-

volvimento econômico e social

(BNdes), o LeL pretende ajudar o

Brasil a dominar tecnologias es-

senciais à competitividade inter-

nacional no setor aeroespacial,

desenvolvendo, principalmente,

novos materiais capazes de redu-

zir o peso de aeronaves.

o iPt, que possui uma unidade

em Franca, além da sede na ci-

dade de são Paulo, será respon-

sável pela operação, pelo plano

de negócios e pela manutenção

das instalações, no Parque tec-

nológico de são José dos Campos.

o BNdes já liberou o repasse de

27,6 milhões de reais ao iPt e à

Fapesp, para viabilizar a instala-

ção de equipamentos e o finan-

ciamento de pesquisas. a área do

laboratório foi cedida pela prefei-

tura de são José dos Campos. aos

recursos repassados pelo BNdes,

por meio do Fundo tecnológico

(Funtec) – destinado a financiar

projetos voltados para o desen-

volvimento tecnológico e a ino-

vação de interesse estratégico –,

somam-se 4,7 milhões de reais

da Fapesp, 7,3 milhões de reais do

iPt, 8,8 milhões de reais da Finep

e 42 milhões de reais da embraer

(calculados em homens/hora).

de acordo com o diretor do Cen-

tro de integridade de estruturas

e equipamentos - CiNteQ do iPt,

Luiz eduardo Lopes, o LeL deverá

ser concluído dentro de três anos,

mas já em 2010 haverá áreas em

condição de operação.

cOMO RedUZiR O peSO dA AeROnAVe?

“embora o laboratório nasça com foco na indústria aeronáutica, será capaz de desenvolver tec-nologias transversais com aplica-ção, por exemplo, nas indústrias automobilísticas e de autopeças, petróleo e gás, naval, bélica, de geração e transporte de energia elétrica, construção civil e bens de capital. além dos compósitos, o laboratório trabalhará com ma-

teriais metálicos”, afirma Lopes.

segundo o diretor do CiNteQ, o

laboratório terá importância vi-

tal para a indústria aeronáutica.

“a maior preocupação do setor

na atualidade é o peso das no-

vas aeronaves. Há uma tendência

mundial de aumento da utiliza-

ção de compósitos nas estruturas

que suportam a carga de vôo. o

Brasil está ligeiramente defasado

no desenvolvimento dessas tec-

nologias, mas o laboratório virá

em um bom momento para fe-

charmos essa lacuna”, diz.

o laboratório irá pesquisar, por

exemplo, aumento na resistência

dos materiais estruturais das ae-

ronaves. isso permite a amplia-

ção da pressão e da umidade re-

lativa do ar dentro da aeronave,

melhorando o conforto durante

a viagem. o desafio é conseguir

essa maior resistência sem au-

mentar o peso da estrutura.

“Para unir as placas de metal que

formam a estrutura são utilizados

rebites. isso exige a sobreposição

das placas, o que aumenta o peso

da aeronave. Para mudar esse

paradigma, é preciso incorporar o

desenvolvimento tecnológico em

um processo de fabricação dife-

renciado. o LeL terá equipamen-

tos para testar e construir esses

materiais e será capaz de fazer

modelagens e simulações para

que essas tecnologias possam ser

integradas em processos produti-

vos”, destaca Lopes.

outra novidade do LeL será o

assessoramento de um comitê

composto de pesquisadores bra-

sileiros e estrangeiros. “Criamos,

em acordo com a Fapesp, um

conselho consultivo encarregado

de manter a compatibilidade da

iPt instala o primeiro laboratório de estruturas leves do país em são José dos Campos ainda este ano

Page 17: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 15

agenda de desenvolvimento tec-

nológico do laboratório com o que

é feito nas principais instituições

do mundo nessa área”, diz o di-

retor do CiNteQ.

Luiz eduardo Lopes afirma que,

assim como os outros laborató-

rios do iPt, o LeL ficará disponível

para iniciativas de pesquisadores

de outras instituições e centros

industriais de pesquisa e desen-

volvimento. será instalado em

uma planta térrea de cerca de 4

mil metros quadrados. os equipa-

mentos, todos de alta tecnologia,

já estão encomendados.

a aplicação de fibra de carbono

na fabricação de uma peça para a

indústria aeronáutica, por exem-

Luiz Eduardo Lopes, diretor do CINTEQ, apresenta o modelode operação do LEL em palestra em São José dos Campos

plo, não pode ser feita a mão. Por

isso, o laboratório necessitará de

máquinas de comando numérico

que garantam a replicabilidade e

a qualidade dos produtos.

“o LeL terá ainda duas grandes

máquinas que permitirão a depo-

sição automática, robotizada, da

fibra de carbono para fabricação

de peças para diversos tipos de

aplicação”, diz Lopes.

QUAtRO pROjetOS

o LeL surge com quatro projetos.

o primeiro é desenvolver conheci-

mento e capacitação para o uso de

tecnologias de fabricação de es-

truturas de materiais compósitos

e dominar a concepção, o projeto

e o desenvolvimento de estruturas

para reduzir de 10% a 15% o peso

e em 10% o custo do material me-

tálico utilizado em aeronaves.

outros dois projetos estruturantes

do laboratório, encampados pela

embraer, irão investigar procedi-

mentos de fabricação e a aferi-

ção de desempenho de estruturas

metálicas produzidas a partir de

ligas e de processos de conforma-

ção avançados.

o quarto projeto terá foco em no-

vas tecnologias para a fabricação

de fuselagens com o equipamento

de fiber placement, que depõe au-

tomaticamente camadas de fibras

para composição do material.

Page 18: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

16 revista do iPt

de c

ara

novaO

IPT está mudando. a cada dia fica mais moderno, an-tevê tendências, amplia sua área de atuação. Para tra-

duzir essa nova fase, no mês de ju-lho, o instituto ganhou novo portal na internet (www.ipt.br) e logomarca repaginada, totalmente alinhados às recentes transformações.

a ideia de uma nova marca para o iPt foi lançada em 2008, em estudo da M. stortti. Por meio de uma pesqui-sa qualitativa, a marca foi avaliada e reformulada. decidiu-se, então, por um novo posicionamento de ações de comunicação e marketing. Mis-são, visão e valores foram redefinidos (leia mais na pág. 17).

“diagnosticamos que a marca ante-rior já não representava seu potencial na criação de soluções tecnológicas nem era capaz de transmitir a nova imagem, que começa a surgir com esse processo de transformação”, afirma Gabriela Pereira, responsável pelo Marketing Corporativo.

Para comunicar ao público a mudan-ça, foi necessária uma nova identida-de que, além de fortalecer os atribu-tos positivos que a marca já possuía, transmitisse o novo posicionamento da instituição. a construção da nova marca do instituto passou pela defi-nição dos valores que deveriam ser

transmitidos: evolução, energia, arti-culação e Criatividade.

“o desafio foi criar uma imagem contemporânea, mas que guardas-se relação com a forte credibilida-de construída durante os 110 anos de existência do iPt”, diz Guilherme Mariotto, designer e criador da logo-marca. as mudanças são sutis, mas bastante importantes.

o site do iPt também passou por uma transformação. Para desenvolver um novo produto e desenhar a estrutura de conteúdo do portal, a empresa v6 trabalhou em conjunto com a equipe do Marketing Corporativo, o que faci-litou a organização, a hierarquização e a padronização das informações. a ideia foi, sempre, proporcionar um acesso mais estimulante, claro e agradável, com um layout atrativo, para potencializar a navegação.

o grande desafio do site é mostrar as competências do iPt. Por isso, a nova arquitetura tratou de proporcionar ao usuário a facilidade de encontrar conteúdos de acordo com seu inte-resse. a forma de apresentação das soluções tecnológicas transversais permite ao navegante conhecer a multidisciplinaridade do iPt.

assuntos relacionados são agora oferecidos em destaque, e as novas

Portal na internet e logomarca traduzem as transformações em curso no instituto

Page 19: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 17

funcionalidades agilizam o acesso a seções como: notícias, vídeos, galerias de imagens, casos de su-cesso, colunas e artigos técnicos, eventos e cursos relacionados. Na página principal, o site traz os cinco links mais procurados (top 5), acesso às áreas dos centros tecnológicos do iPt, dos segmen-tos de mercado nos quais o insti-tuto atua, do mestrado profissio-nal, além da opção de ver o site em inglês ou em espanhol.

“aproveitando os 110 anos de ani-versário, temos uma oportunida-de enorme de mostrar a cara do iPt: moderno e gerador de conhe-cimento”, afirma João Fernando Gomes de oliveira, diretor-presi-dente do instituto.

Tela da página de abertura do novo site do IPT, com notícias, busca interna e o ranking das cinco áreas mais acessadas

a equipe do Marketing Corporativo se reuniu com as áreas técnicas do iPt para discutir o melhor acesso ao conteúdo gerado pelos quatro laboratórios de cada um dos doze centros tecnológicos, que produ-zem 270 soluções para o mercado. esse trabalho durou sete meses, entre planejamento, execução, especificação, estruturação e cria-ção de conteúdo.

“Claro que deu trabalho, mas a colaboração dos membros técnicos do iPt e da equipe da Coordena-doria de ti foi fundamental para chegarmos ao resultado alcança-do. o instituto sai à frente com um portal e uma logomarca mo-dernos, condizentes com seu novo perfil”, diz Gabriela.

MISSãO

Criar e aplicar soluções

tecnológicas para au-

mentar a competitivi-

dade das empresas e

promover a qualidade

de vida.

VISãO

Ser instituição líder

nacional e atuar inter-

nacionalmente no de-

senvolvimento de tec-

nologias avançadas.

VALORES

1. Integridade: ética,

probidade, honesti-

dade, isenção.

2. Excelência: com-

petência técnica e

qualidade em proce-

dimentos com busca

contínua de melhoria.

Missão, visão e valores do iPt

Page 20: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

18 revista do iPt

o significado do novo logotipo

da movimentação do pingo do “i” para o canto

superior direito nasce um grafismo que traduz o

pensamento, a criação e a ação transformadora.

o segundo quadrado ascendente representa a

solução tecnológica, resultado da atuação do iPt.

o elemento em azul mais claro traz força para o

movimento ascensional e marca a multidiscipli-

naridade do instituto. o grafismo guarda relação

com o “t” de tecnologia, que funciona como base

de lançamento para a atuação transformadora.

Na tipografia, a mistura de extremidades retas e

curvas representa a união da precisão e da técnica

com o pensamento criativo, necessários para a

superação dos desafios tecnológicos.

a evoLuÇão da maRCa IPT

2009

1994 - 1996

1996 – 2009

1999

Modernizado, o logotipo agrega um box

o box sai de cena, e a marca se mantém em preto

a cor das iniciais muda para azul

Marca comemorativa do centenário do iPt, usada

por um ano

a marca representada pelas iniciais iPt começa a

ser usada oficialmente

1980 - 1993

1979 - 1980

Page 21: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 19

Pesquisadores falam da experiência internacional proporcionada pelo programa de capacitação no exterior promovido pelo iPt

Sem fronteirasRichard Pahl e família em Portugal, no período em que se especializou em engenharia têxtil

A oportunidade de estudar no exterior levou tempo para aparecer, mas valeu

a pena esperar. richard Pahl, responsável

pelo Laboratório de têxteis e Confecções

do Centro tecnológico da indústria da Moda - Ce-

tiM, embarcou para Portugal no mês de outubro de

2008 e ficou por lá durante seis meses, especiali-

zando-se em engenharia têxtil. Pahl foi o primei-

ro pesquisador do iPt a participar do Programa de

desenvolvimento e Capacitação no exterior (PdCe).

trazer para o estado de são Paulo os mais avan-

çados conhecimentos tecnológicos do mundo é o

objetivo do PdCe, que desde o ano passado envia

pesquisadores e técnicos para aprimoramento téc-

nico no exterior. Quatro especialistas do iPt foram

estudar fora, em Portugal, estados Unidos, itália e

inglaterra e tiveram experiências únicas e mais co-

nhecimento. outros estão com viagens agendadas.

a meta é enviar cem pesquisadores para aperfei-

çoamento até o fim de 2010.

richard Pahl especializou-se em tecnologias em-

pregadas na avaliação de conforto sensorial e

termo-fisiológico dos materiais têxteis na Univer-

sidade do Minho, no campus da cidade de Gui-

marães. “No Brasil não existe pós-graduação em

engenharia têxtil. a única maneira que eu tinha de

me especializar era participando de um curso no

Page 22: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

20 revista do iPt

exterior. sem a ajuda do institu-

to, eu não poderia ter alcançado

esse objetivo”, afirma o especia-

lista do CetiM.

Para participar do programa, Pahl

e seus colegas passaram por vá-

rias etapas. o profissional precisa

manifestar sua vontade e indicar

a pesquisa a ser produzida ao di-

retor responsável pelo centro de

pesquisa. Passada essa etapa, o

projeto aprovado segue ao diretor

de operações e negócios. se con-

firmada a viabilidade, a proposta

é enviada ao setor de relações in-

ternacionais para finalizar os trâ-

mites de viagem – vistos, parceria

com o centro de estudos, locais de

passagem, entre outros.

o iPt fornece ajuda de custo a

treinamentos, cursos e estágios,

baseada nas tabelas do Conse-

lho Nacional de desenvolvimen-

to Científico e tecnológico (CNPq)

e da Coordenação de aperfeiço-

amento de Pessoal de Nível su-

perior (Capes). também custeia

despesas de viagem para o pes-

quisador e seu cônjuge, auxílio

estadia, seguro-saúde e auxí-

lio instalação, o que proporcio-

na mais equilíbrio, qualidade de

vida, segurança e empenho para

o pesquisador fazer seus estudos.

Um ponto importante: sempre

as atividades desenvolvidas pelo

funcionário no exterior devem

estar alinhadas com as áreas de

atuação e interesse do instituto. o

vínculo empregatício do pesqui-

sador é mantido, garantindo seu

salário mensal e outras vantagens

estabelecidas em lei.

“a viagem foi ótima. o aprendi-

zado foi fundamental para mi-

nhas pesquisas. É uma forma

de ganharmos conhecimento e

contribuirmos para o avanço do

iPt”, afirma Pahl. além de desen-

volver pesquisa, ele contribuiu

para a assinatura de um contrato

entre a Universidade do Minho,

um centro de pesquisa em na-

notecnologia de Portugal, o iPt e

uma empresa brasileira que quer

contribuir com o desenvolvimen-

to de fibra têxtil produzida com

a utilização de bactérias a partir

da cana-de-açúcar. “o polímero

do futuro promete ser ecológico e

sustentável, favorecendo o Brasil

e são Paulo, dada a sua enorme

plantação de cana.”

Viagem de estudos dá frutos ao IPT: um contrato de pesquisa em fibra produzida com bactérias da cana

os pesquisadores antonio Luiz Pa-

cífico, do Centro de Metrologia de

Fluidos (CMF), e sandra Lúcia de

Moraes, do Centro de tecnologias

ambientais e energéticas (Cetae),

também participam do programa.

Pacífico embarcou para a itália

em abril deste ano para estagiar

no Centro di ricerca interuniver-sitario di aerodinamica delle Cos-truzioni in ingegneria del vento (Criaciv). sandra foi para os esta-

dos Unidos em janeiro fazer um

treinamento no Center for Funda-mental studies of advanced sus-tainable iron and steel Making. o

próximo pesquisador a deixar o

Brasil será ramon valls Martin, do

Centro de Metrologia Mecânica e

elétrica (CMe). em junho, ele fará

estágio na Physikalisch technis-che Bundesanstalt, da alemanha.

outros pesquisadores já manifes-

taram interesse em participar do

programa, como rachel arduin,

do CetiM, que pretende trabalhar

na Universidade stuttgart (alema-

nha) em análise do ciclo de vida

de produto aplicado à área têxtil,

avaliando impactos ambientais, e

Bruna Petreca, também do CetiM,

que quer desenvolver estudo de

percepção na avaliação sensorial

de têxteis voltado à indústria da

moda nos estados Unidos.

devido à importância do progra-

ma, o iPt continua em busca de

novas parcerias. Já foram assina-

dos dois convênios de cooperação

técnica com institutos alemães

de tecnologia em março passado,

com vigência de cinco anos. Com

diferentes formas de cooperação

e intercâmbio, os acordos podem

incluir a troca de informações

técnicas, científicas e de mer-

cado, além do desenvolvimento

conjunto de novos projetos.

Uma das parcerias foi assinada por

Hans-Jörg Bullinger, presidente

do FhG (Fraunhofer Gesellschaft), entidade que atua no desenvol-

vimento de pesquisa tecnológica

com uma comunidade de 13 mil

cientistas e engenheiros. Nes-

se acordo, serão contempladas

Page 23: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 21

áreas como a de materiais para

ferrovias de alta velocidade, bio-

nanotecnologia, realidade virtual,

gaseificação e energia solar.

outra parceria, assinada com o

instituto de pesquisa BaM (Bun-desanstalt Für Materialforschung und Prüfung), contemplará a troca

de informações em biodeteriora-

ção de madeira, instrumentação

de estruturas, resíduos de cons-

trução civil e embalagens de pro-

dutos perigosos.

Marcando a parceria, Maria He-

lena ambrosio Zanin, do Cen-

tro de tecnologia de Processos e

Produtos (CtPP), será a primeira

pesquisadora a fazer intercâmbio

para uma entidade alemã. Quan-

do viajar, em setembro, pretende

capacitar-se no desenvolvimen-

to de novos produtos, tais como

materiais autolimpantes, reves-

timentos antimicrobiais e tintas

anticorrosivas, com o grupo do

Fraunhofer institut für Chemische technologie, na cidade de Pfinzta,

que acumula experiência na área.

Com a parceria, o engenheiro Pe-

dro dolabella Portela, diretor e

professor da BaM, espera desen-

volver soluções para novas aplica-

ções, otimizando-as para a situa-

ção específica do Brasil.

Para Martin richter, do instituto

Fraunhofer, o iPt é “um parceiro

promissor num país como o Bra-

sil, com destaque no mercado de

energia. também em áreas como

microfluídica, bio e nanotecnolo-

gia poderemos gerar ideias e pro-

jetos importantes”, afirma.

doutorado à portuguesa

a adaptação à alimentação e à temperatura foi mais dura para richard Pahl do que a rotina da universidade

substituir o arroz pelas batatas

e trocar a carne bovina pelo

peixe foram algumas das mu-

danças que o pesquisador ri-

chard Pahl teve de fazer para

se adaptar aos costumes por-

tugueses, durante a especiali-

zação na Universidade do Mi-

nho. o trabalho diário envolvia

atividades laboratoriais, ini-

ciadas às 9 horas, a uma tem-

peratura média de três graus

Celsius. ironicamente, sentiu

falta do trânsito paulistano,

além dos panetones.

engenheiro têxtil com especia-

lização em segurança do tra-

balho, Pahl iniciou o doutora-

do no exterior no fim de 2008.

sua orientadora é ana Cristina

Broega, também engenheira

têxtil, com mestrado e douto-

rado em padrões de conforto

para tecidos de lã com foco na

indústria. ela fez trabalhos na

inglaterra, austrália e Portugal

e tem pedidos de registro de

patentes nessa área, em que o

CetiM pretende atuar.

Richard Pahl prevê terminar em 2011 o doutorado iniciado em Portugal no ano passado

a Universidade do Minho, em

que estudou, dispõe de equi-

pamentos de alto valor agre-

gado. seu departamento de

engenharia têxtil possui pro-

fessores doutores e três mes-

tres, além de um grupo eclé-

tico de engenheiros têxteis,

químicos, mecânicos e eletrô-

nicos que trabalham com mul-

tidisciplinaridades.

“a rotina dessa universidade

é muito semelhante à do tra-

balho no CetiM”, diz Pahl. seu

doutorado tem término previs-

to para 2011, pois foi dispensa-

do de cumprir os créditos das

disciplinas por ter ingressado

em um programa especial.

Page 24: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

22 revista do iPt

vontade de conti-

nuar a pesquisa de

doutorado sobre

instrumentos de

gestão ambiental.

essa foi a princi-

pal motivação de

amarilis Gallardo,

pesquisadora do

Centro de tecno-

logias ambientais

e energéticas (Ce-

tae), para entrar

no programa de

capacitação no

exterior. escolheu

a inglaterra como

destino para os

estudo por ser um

país com grande

tradição na pes-

quisa em sua área

de interesse.

“a oportunidade de interagir e

aprender com pesquisadores de

renomadas instituições no exte-

rior é única e trará grandes be-

nefícios. o contato para futuras

parcerias, o aprendizado para

aplicação em trabalhos do insti-

tuto e o conhecimento de como

as questões relevantes vêm sen-

do abordadas pela comunidade

de outros países é um estímulo

à carreira do pesquisador”, diz a

treinanda do programa.

Para seu orientador, alan Bond,

diretor do Interdisciplinary Re-

search in Environmental Assess-

ment and Management, “novos

métodos que identificam, ava-

liam e administram impactos am-

bientais muitas vezes podem ser

transferidos de um ambiente ins-

titucional para outro”.

a pesquisadora do iPt está fazen-

do pós-doutorado em avaliação

ambiental estratégica e avaliação

de sustentabilidade (Strategic En-

vironmental Assessment e Sustai-

nability Assessment) na School of

Environmental Sciences (escola de

Ciências ambientais) da University

of East Anglia e es-

colheu como estudo

de caso a aplicação

desse instrumento

de gestão ambien-

tal na expansão do

setor sucro-alcoo-

leiro paulista para

produção de bio-

etanol. essa escola

possui centros téc-

nicos e grupos de

pesquisa em diver-

sas áreas.

alan Bond é total-

mente favorável à

iniciativa do iPt.

“Há sempre muito

a ser aprendido por

intermédio da ex-

periência de dife-

rentes culturas de investigação e

da exposição a outras literaturas.

É uma oportunidade de adqui-

rir conhecimento que beneficia

o pesquisador, a instituição que

o recebe, e a instituição de ori-

gem”, afirma o orientador.

Um pesquisador nunca pode pa-

rar de estudar, acredita amari-

lis. “somente a busca contínua

de aperfeiçoamento e a soma de

conhecimentos pode tornar um

profissional do meio técnico mais

apto a solucionar os diversos pro-

blemas que são apresentados ao

iPt diariamente pela sociedade,

pela indústria e pelo estado”,

ressalta a pesquisadora.

amarilis vai à InglaterraPesquisadora busca aperfeiçoamento na área de gestão ambiental

Amarilis Gallardo e seus filhos na escola inglesa em que a pesquisadora do CETAE faz pós-doutorado

Page 25: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 23

No rigor do método científico

dissertações de mestrandos abrem novas frentes de atuação

Douglas Barreto, coordenador do curso de mestrado profissional em Habitação

No acervo de conheci-mentos técnicos pro-duzidos pelo IPT, as

dissertações dos alunos

do mestrado profissional come-

çam a ganhar cada vez mais im-

portância. Criado em 1998, o mes-

trado já formou 549 estudantes,

que, com seus temas de pesquisa,

têm colaborado para expandir as

frentes de atuação do instituto.

“o mestrado profissional é um

canal para a sociedade se apro-

priar do conhecimento”, afirma

douglas Barreto, coordenador do

curso de Habitação e pesquisador

do CetaC. ele acredita que os alu-

nos têm papel de interlocutores

da sociedade e, por isso, devem

ser qualificados para diminuir o

hiato que ainda hoje existe entre

tecnologia e mercado. esse tema,

aliás, é recorrente no institu-

to, que o escolheu para uma das

palestras comemorativas dos 110

anos do iPt, em maio, com abor-

dagem do professor de filosofia da

UsP, renato Janine ribeiro.

No caso do estudante do mestrado

profissional, a apropriação do co-

nhecimento é realizada com base

na incorporação do método cien-

tífico. “esse é um diferencial do

mestrado profissional do iPt; nós

preparamos o aluno para a abor-

dagem científica e para que os

problemas sejam encarados com

visão crítica”, afirma Barreto.

o mestrado profissional é relati-

vamente recente na história da

educação no país. sua possibili-

dade foi dada por um decreto da

Coordenação de aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível superior (Ca-

pes), órgão do Ministério da edu-

Page 26: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

24 revista do iPt

cação (MeC), em 1995. Foi então

criada uma modalidade stricto sensu, denominada mestrado

profissionalizante, atualmente

regulamentada pela portaria nº

80, de dezembro de 1998.

os cursos têm validade legal equi-

valente ao mestrado acadêmico.

a diferença reside nos programas

de conteúdo, que perseguem a

aplicação do conhecimento com

finalidade profissional e vocacio-

nal, considerando a fundamenta-

ção científica. a formalização do

mestrado no iPt é de 1998, mas,

na prática, foi criado cinco anos

antes, na vigência do convênio

com a Jaica (Japan international Cooperation agency – agência Japonesa de Cooperação interna-cional) para cursos sobre temas

profissionais em habitação.

Barreto explica que, de 1993 a

1995, foi mantido o curso em-

brionário, com características

internacionais, uma vez que era

destinado também a alunos de

língua espanhola e mantinha

professores da américa Latina e

de países africanos de língua por-

tuguesa. “No fim desse período,

montamos uma proposta de curso

que culminou com a portaria da

Capes”, diz o professor. ele conta

que a proposta inicial incorporou

também o curso de engenharia

de Computação, porque, na épo-

ca, havia uma forte demanda de

alunos para essa área.

o mestrado profissional do iPt foi

se consolidando e, atualmente,

conta com 485 alunos matricu-

lados nos quatro cursos stricto sensu (leia mais na página 25). Há

ainda o curso de especialização

em tecnologia de Fundição, com

uma nova turma que começou as

aulas em 8 de maio.

os dEsafiosdo curso

de acordo com Mario Myiake, co-

ordenador geral do mestrado pro-

fissional e do curso de engenharia

de Computação, um dos desafios

para dar maior visibilidade ao

trabalho do mestrado é abrir os

canais para publicações de traba-

lhos dos alunos em periódicos e

anais de congressos. “Falta ainda

uma cultura para que as publica-

ções não fiquem restritas às áreas

acadêmicas”, afirma. Myiake diz

que a divulgação dos cursos tam-

bém será reforçada pela internet.

“até o fim do ano, teremos um

site para cada curso. o de Habita-

ção já está no ar”, diz.

Uma das definições da Capes para

essa modalidade de mestrado é

que os cursos sejam autossusten-

táveis, o que, na prática, signi-

fica que não há possibilidade de

bolsa-auxílio. assim, os cursos do

instituto têm mensalidades que

variam de 875 reais a 1.150 reais

no período de dois anos.

durante esse tempo, o aluno as-

siste às aulas duas vezes por se-

mana no período noturno – esse

é um dos diferenciais do mes-

trado profissional, que permite

que ele continue trabalhando – e

também se dedica dois dias por

semana à sua pesquisa dentro

das dependências do iPt.

PErfiL do mEstrado ProfissionaL do iPt

CUrso aLUNos ForMados aLUNos MatriCULados

engenharia de Computação 210 200

tecnologia ambiental 122 141

Processos industriais 53 48

Habitação 164 96

Total 549 485

Fonte: coordenadoria de ensino tecnológico do ipt

Para obter mais informações

sobre os cursos de mestrado

profissional consulte:

www.ensino.ipt.br - página

da Coordenadoria de ensino

tecnológico (Cet) com

informações gerais

www.mestrado.habitacao.ipt.br - página do curso de

Habitação: Planejamento e

tecnologia

na internet

Page 27: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 25

AlUnO deSenVOlVeMAtéRiA-pRiMA pARA ciMentOProduto passa por estudo de viabilidade de produção industrial

de 2003 a 2006, Fabiano Ferreira Chotoli, pesquisador do Laboratório de Mate-

riais de Construção Civil, do Centro de tecnologia de obras de infraestrutura (Ct-

obras), foi aluno do curso de Habitação no mestrado profissional. Na pesquisa

para a dissertação, Chotoli desenvolveu tecnologia para a obtenção de clínquer

de cimento a partir de escória de aciaria a oxigênio modificada, num projeto de

pesquisa da equipe do Ct-obras em parceria com o Laboratório de Metalurgia e

Materiais Cerâmicos do Centro de tecnologia de Processos e Produtos (CtPP).

o trabalho foi feito com o apoio da Financiadora de estudos e Projetos, da side-

rúrgica arcelorMittal e do iPt, que participou com a infraestrutura laboratorial. “a

pesquisa já gerou um depósito de patente, e a siderúrgica estuda a viabilidade

de implementação do desenvolvimento em escala industrial”, afirma.

Na produção do aço, a escória é reaproveitada com limitações. toda a fração

metálica tem retorno imediato na própria aciaria, porém, somente parte do res-

tante do material é utilizada, por exemplo, como lastro de pavimentação.

a pesquisa de Chotoli consistiu em utilizar os subprodutos gerados a partir de es-

cória de aciaria, por meio da redução do teor de ferro em reações a temperaturas

elevadas (pirometalurgia), tornando-a compatível com o processo produtivo do

cimento. o clínquer é a principal matéria-prima que confere ao cimento a ca-

pacidade de endurecer com a presença de água. tradicionalmente, ele é obtido

com a fusão de argila e calcário em forno com temperatura em torno de 1.400

graus Celsius, o que gera emissão de gás carbônico.

Nas últimas décadas, o clínquer tem sido substituído parcialmente por adições

minerais, visando diminuir cada vez mais o uso de materiais não-renováveis e

reduzir o impacto ambiental pelo uso do calcário. desse modo, a pesquisa de

Chotoli cria mais uma possibilidade de obtenção do cimento. “e também confere

um destino diferenciado à escória de aciaria”, afirma.

Conheça os cursos do mestrado profissionalEngenharia de Computaçãooferece duas áreas de concentração – engenharia de software e redes de Computadores. o objetivo é preparar o aluno para lidar com questões te-óricas e práticas que envolvam pro-jeto, operação, implantação e manu-tenção de sistemas computacionais.

Processos Industriaisvisa à formação de profissionais ap-tos a elaborar novas técnicas e pro-cessos. o curso oferece 12 disciplinas, das quais três são obrigatórias. Para obter o diploma, o aluno deve cursar também três disciplinas eletivas. Na composição dos créditos-aula estão incluídas ainda visitas técnicas, estu-dos e trabalhos extraclasse.

Tecnologia Ambientalo aluno desenvolve habilidades para tratar questões ambientais relacio-nadas a empreendimentos e para lidar com a problemática territorial urbana e rural. o programa é apoiado na solução de problemas ambientais colocados pela demanda pública e privada e em pesquisas e serviços em dimensões de escala local e regional.

habitaçãotem como objetivo a promoção da pesquisa aplicada, integrando co-nhecimento tecnológico e ativida-de profissional na área. Compartilha com o aluno a cultura tecnológica e os conhecimentos técnicos na sua área específica de trabalho e enfati-za, no processo de aperfeiçoamento, o trato de suas questões práticas pro-fissionais.

Especialização em Tecnologia de Fundição (Lato Sensu)o aluno encontra qualificação e atu-alização na área de fundição de ligas metálicas, tornando-se apto a lidar com problemas que exijam relacio-nar variáveis de processo e proprie-dades de produto com influência no desempenho produtivo da empresa.

Fabiano Ferreira Chotoli, pesquisador do CT-Obras

Page 28: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

EVOLUÇÃOENERGIA

CONEXÃOCRIAÇÃO

www.ipt.br

A nova marca do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas foi

desenvolvida para expressar o papel do Instituto na criação de soluções tecnológicas e

marca um momento de grande transformação.

Consolida uma nova fase da vida do Instituto, mais moderno e integrado,

sintonizado com as oportunidades e demandas do desenvolvimento tecnológico.

anuncio1.pdf 1 17/06/09 15:09

26 revista do iPt

Page 29: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 27

vera Holtz: do ipt aos palcos

atriz global brilhou como desenhista do instituto, 34 anos atrás

As informações colhi-das em campo pelos geólogos chegavam à prancheta da dese-

nhista num rascunho de mapa.

sobre o mapa, ela colocava um

papel transparente, vegetal ou

de acetato, e, com a régua, usa-

va o normógrafo para desenhar

as letras e os símbolos, tudo em

preto-e-branco. Cópias heliográ-

ficas desse trabalho compunham

os relatórios da divisão de Minas e

Geologia aplicada (dMGa) do iPt.

em 1975, esse era o trabalho de

vera Lúcia Holtz.

aos 23 anos, a filha de José Carlos

Holtz e de terezinha Fraletti Holtz,

nascida em 7 de agosto de 1952 na

cidade de tatuí, interior de são

Paulo, nem sonhava que seria a

famosa atriz vera Holtz, com par-

ticipação em mais de 22 telenove-

las, 14 filmes, minisséries, além de

peças de teatro e direção.

vera, ex-rainha da Primavera de

tatuí, formou-se em desenho em

sua cidade e em artes plásticas

na escola de artes dramáticas da

Universidade de são Paulo. entre

os prêmios que ganhou em sua

carreira no teatro, destacam-se

o shell e o Mambembe, por sua

atuação na peça Pérola, de Mau-

ro rasi, e pelo espetáculo infantil

Astrofolias. Na tv, ganhou os ho-

lofotes na novela Que Rei Sou Eu?

Na sala de desenhos do prédio 59

da dMGa, vera trabalhou ao lado

de desenhistas como Luiz anto-

nio ribeiro (Luizinho H1), damaris

rodrigues Marins, Jaime virgílio,

Belmiro arias de Miranda, Mirna

Mangini, Juan antonio e arturo

enrique Piero (o Panhol), chefe da

equipe. todos estão aposentados.

Page 30: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

28 revista do iPt

vera trabalhava em período inte-

gral e, à noite, fazia a faculdade

de teatro na UsP. “eu convivia

com um universo diferente do

meu. sinto saudades desse tempo

em que trabalhava diariamente

com heróis no momento histórico

que o Brasil vivia. Foi na sala de

desenhos que pude liberar o meu

processo criativo. Por isso, consi-

dero fundamental a criatividade

para se fazer tecnologia”, afirma

a desenhista e atriz.

a tinta utilizada para os mapas era

o nanquim, e vera assume que só

tinha familiaridade em desenhar

linhas retas. a atriz considera

seu trabalho no instituto “como

o primeiro olhar amoroso sobre

a evoLuÇão do deseNHo

assim como a carreira de vera

Holtz, o desenho também evoluiu

no iPt, passando de um processo

analógico para digital. No lugar

de prancheta, caneta nanquim,

normógrafos, réguas t e paralela,

entraram a mesa digitalizadora e

os softwares de Cad para a elabo-

ração dos produtos cartográficos

dos relatórios técnicos.

o primeiro projeto utilizando

geoprocessamento por meio da

tecnologia de sistemas de infor-

mações Geográficas (siG), do ins-

tituto, foi o diagnóstico de erosão

e assoreamento nas bacias dos

rios tietê e Pinheiros, em 1992.

Nele, utilizou-se o sGi/sitiM, sof-

tware de geoprocessamento de-

senvolvido pelo iNPe, que per-

mite o processamento de dados,

gerando novas informações que

resultam nos produtos cartográfi-

cos dos relatórios técnicos.

a metodologia foi aprimorada e,

atualmente, a entrada de dados

se dá por meio de um scanner e

softwares com módulo de vetori-

zação semiautomática, que pos-

teriormente serão manipulados

para a geração das novas infor-

mações necessárias para o desen-

volvimento dos projetos e produ-

tos cartográficos.

a informatização permitiu que

os mapas de edição demorada,

correção limitada, difícil atuali-

zação e quase sempre em preto-

e-branco, passassem a ser co-

loridos, com recursos de edição

e atualização infinitos. além de

melhorar a visualização dos pro-

dutos, a digitalização possibilitou

também a agilidade dos proces-

sos de confecção dos mapas e,

principalmente, a associação de

dados alfanuméricos.

atualmente a tecnologia é aplica-

da em todos os projetos por meio

dos softwares Mapinfo, arcGis,

arcinfo, autoCad, entre outros.

“o trabalho, que era artesanal,

hoje pode ser corrigido e edita-

do diversas vezes. além disso, os

softwares possibilitaram o pro-

cessamento de informações com

muita rapidez e precisão”, ressal-

tam ana Candida M. Cavani, Má-

rio otávio Costa e Nivaldo Paulon,

pesquisadores do iPt.

Ficha funcional de Vera Lúcia Holtz no instituto

Page 31: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 29

a seção de desenho, que fazia

parte da divisão de Minas e Geo-

logia aplicada do iPt, chegou a ter

17 desenhistas. em 1975, a divisão

contava com cerca de 140 técnicos

de nível superior, geólogos e en-

genheiros, refletindo a diversida-

de de atuação e a demanda pelos

serviços de geologia de engenha-

ria e mecânica das rochas.

em 1989, a área foi re-estruturada

em duas unidades: divisão de Ge-

ologia e Mecânica das rochas (di-

gem) e divisão de Geologia e re-

cursos Minerais (dGrM). três anos

depois, foi unificada como divisão

de Geologia (digeo), com atua-

ção em geologia aplicada a obras,

meio ambiente, recursos minerais

e em engenharia de rochas, di-

vidida em quatro agrupamentos,

que por sua vez eram compostos

de 16 seções e laboratórios.

Marcos significativos da atuação

do iPt em 1970 foram os estudos

gerais sobre a correlação entre

chuvas e escorregamentos no Bra-

sil, e a elaboração da Carta Geo-

técnica dos Morros de santos e são

vicente, executada em 1978 para

a defesa Civil do estado e dirigida

para o problema de escorrega-

mentos em encostas ocupadas por

habitações em áreas de risco.

em 2006, parte da digeo transfor-

mou-se no Centro de tecnologias

ambientais e energéticas (Cetae)

composto por quatro laboratórios,

que atuam com os setores públi-

co e privado na busca de soluções

tecnológicas para os grandes de-

safios ambientais e urbanos.

a seção de desenho não existe

mais, foi substituída pelo núcleo

de geoprocessamento.

o caminhodos mapas

Damaris, Edna e Vera Holtz em viagem ao Rio de Janeiro

a carreira” e sente saudades do

convívio com os colegas, que se

tornaram amigos e compareciam

aos seus espetáculos.

em 1996, vera Holtz voltou ao iPt

para reviver os velhos tempos,

numa matéria gravada pelo pro-

grama Vídeo Show, da tv Globo,

que destacava os momentos da

atriz antes da fama. Nessa visita,

foi caricaturizada por um dos co-

legas, o Luizinho.

damaris Marins, a dadá, acom-

panhou ativamente a carreira de

vera após terem trabalhado cer-

ca de um ano no iPt. ela, que se

aposentou no instituto em 2004,

conta que vera sempre foi muito

alegre e extrovertida, com um ta-

lento excepcional para a arte.

“a vera animava o ambiente; si-

tuações sérias eram impossíveis.

Graças a ela, deixei minha timidez

um pouco de lado. em nossa con-

vivência, percebi que eu deveria

me preocupar mais comigo do que

com o que os outros iriam pensar

de mim”, diz dadá. as duas não

levavam trabalho para casa, se-

gundo damaris, mas fizeram hora

extra em finais de semana para

não deixar nada atrasado.

Luizinho conta que vera era meio

caipira e tinha talento também

para o canto, principalmente nas

músicas de Noel rosa e Paulo van-

zolini. ele relembra as divertidas

idas ao refeitório, e vera elogiou o

cardápio da época.

a atriz, que sempre quis morar no

rio de Janeiro, saiu do iPt para

trabalhar numa empresa carioca

de engenharia consultiva, a enge-

vix, e lá ficou por quase dois anos

também na área de desenhos.

“depois, minha carreira no teatro

se consolidou, e nunca mais pa-

rei”, conclui vera.

Page 32: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

30 revista do iPt

Em busca domelhor remédio

o iPt contribui para a melhoria de medicamentos comprojetos de caracterização de princípios ativos

Microcápsulapara fármacodesenvolvidapelo instituto

Page 33: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 31

Os escritores brasileiros Castro Alves, Álvares de Azevedo e José de Alencar são algumas ví-

timas famosas da tuberculose. No

romance A Dama das Camélias,

de alexandre dumas, a enfermi-

dade torna-se a doença do amor

– a personagem Marguerite Gau-

tier a contrai por ser obrigada a

desistir de seu amado. Felizmen-

te, os óbitos e o livro são do século

XiX. Mas infelizmente, apesar de o

controle da tuberculose no Brasil

ter melhorado nos últimos anos,

os números consolidados, divul-

gados em março, mostram que

ainda há muito a ser feito: em

2007, foram notificados 72 mil no-

vos casos, e 4,5 mil pessoas mor-

reram em decorrência da doença.

Para o tratamento da tuberculo-se, os medicamentos produzidos e distribuídos pelo governo federal nem sempre dão os resultados es-perados dada a baixa qualidade das matérias-primas utilizadas na fabricação. É aí que entra o iPt. oportunidade-chave para o ins-tituto legitimar o papel de apoio tecnológico ao governo no desen-volvimento de remédios de uso popular foi a realização do proje-to de caracterização dos princípios ativos – os chamados tuberculos-táticos –, utilizados nas fórmulas para o tratamento da doença.

o primeiro projeto sobre o tema do Laboratório de Processos Quí-micos e tecnologia de Partículas foi financiado pelo Conselho Na-cional de desenvolvimento Cientí-fico e tecnológico (CNPq) e contou

com a participação do instituto de tecnologia em Fármacos (Farman-

guinhos), unidade técnico-cien-tífica da Fundação oswaldo Cruz (Fiocruz). “a caracterização dos princípios ativos buscou a criação de especificações técnicas mais rí-gidas, de maneira que os órgãos públicos pudessem adquirir ma-térias-primas de qualidade ade-quada para os medicamentos”, explica Maria inês ré, coordena-dora do projeto e pesquisadora do Centro de tecnologia de Processos e Produtos (CtPP) do iPt.

o Farmanguinhos forneceu ao iPt amostras dos três principais tuberculostáticos utilizados no país para o tratamento da doen-ça (isoniazida, pirazinamida e, o mais comum e problemático, a rifampicina) e mapearam-se os problemas das matérias-primas – todas elas importadas, pois no Brasil não há produção destes

insumos. os pesquisadores cons-tataram uma grande variação em suas características físicas e físi-co-químicas, como o tamanho da partícula, a velocidade de disso-lução e a solubilidade.

Para a realização do projeto, o iPt desenvolveu internamente novas competências com a aquisição de um equipamento de medida de tensão interfacial e ângulo de contato, que permite mensurar a energia de superfície de um só-lido ou ângulo de contato – em outras palavras, a capacidade do líquido “molhar” o sólido. “Para resolver esse problema com base científica, todas as alterações que fizemos nos tuberculostáticos fo-ram medidas, e não interessava apenas saber se o princípio ativo ‘molhou’ mais ou menos, e sim o

quanto”, explica Maria inês.

Microencapsulação de princípios ativos: método aplicado pelo IPT protege o remédio, envolvendo-o numa membrana

Page 34: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

32 revista do iPt

a capacidade do fármaco de ser “molhado” pelo fluido biológi-co é importante para acelerar a sua velocidade de dissolução, um dos parâmetros in vitro de previ-são da absorção do medicamen-to pelo organismo. os resultados trouxeram como principal be-nefício aos laboratórios públicos o conhecimento para exigirem especificações mais rígidas das matérias-primas nas licitações e a consequente produção de me-dicamentos de melhor qualidade.

sEgunda fasE

Concluída a primeira fase do pro-jeto, a segunda etapa contou com a inclusão da Fundação para o remédio Popular (FUrP), fábrica de medicamentos oficial do es-tado de são Paulo. ampliou-se a gama de matérias-primas a ana-lisar, com a inclusão do etambu-tol, e o escopo do programa de modificação da rifampicina.

a equipe de pesquisadores con-centrou o trabalho nesse tuber-culostático por ser um fármaco cuja forma de fabricação resulta em um produto de baixa solubili-dade e difícil absorção.

“No caso da rifampicina, o Bra-sil é obrigado a comprar a maté-ria-prima de países como Índia, China e Malásia, de diversos for-necedores. existe uma variação grande de oferta e um controle de qualidade duvidoso na ori-gem. No final, acabamos por ad-quirir com o insumo do remédio todo um problema tecnológico a ser resolvido”, afirma Maria inês.

Uma das alternativas tecnológicas propostas pelos pesquisadores para resolver a questão foi reves-tir o cristal da rifampicina com um material que absorvesse o líqui-do, ou seja, modificar o estado de superfície do sólido.

“Nunca havíamos falado sobre energia de superfície de sólidos, então desenvolvemos uma ferra-menta metodológica para resolver o problema por meio do equipa-mento de medida de tensão”, diz a coordenadora. “isso transfere conhecimento para as empre-sas. elas podem até não possuir o equipamento, mas sabem o que fazer. acredito que vamos precisar mais desse conhecimento, porque o problema da ‘molhabilidade’ tende a crescer, já que os novos fármacos têm, em geral, essa ca-racterística hidrofóbica, que difi-culta a dissolução no organismo.”

a segunda fase do projeto inclui estudo da recristalização da ri-fampicina, para alterar as pro-priedades do fármaco por meio da mudança do solvente. Quando o cristal é dissolvido em solvente e realiza-se uma recristalização, explica Maria inês, um sólido de tamanho e formato novos é cria-do. “isso afeta as características do fármaco. Nosso objetivo é tes-tar o efeito de diferentes solven-tes para checar a possibilidade de os laboratórios públicos con-seguirem um produto de maior qualidade a partir de outro barato e de qualidade inferior”, diz ela.

segundo a pesquisadora, a na-notecnologia é um caminho im-portante para a indústria farma-

cêutica em virtude de os novos fármacos serem drogas cada vez mais potentes. assim, a segun-da fase do projeto contempla a transformação do cristal em uma escala nanométrica para avaliar suas características de superfície, e dá continuidade aos bons resul-tados obtidos com a conversão do cristal em escala micrométrica.

Page 35: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 33

Biorreator de células: aplicado na produção de fatores de coagulação sanguínea para novos fármacos

a hemofilia é uma doença que

atinge, no mundo, uma criança

do sexo masculino em cada 10 mil

nascimentos, no caso do tipo a, e

uma em cada 50 mil nascimen-

tos, no caso do tipo B, segundo a

Federação Mundial de Hemofilia

(WFH). No Brasil, a estimativa é da

existência de sete mil pacientes.

Mas o suprimento dos medica-

mentos necessários ao tratamento

ainda não é suficiente, e os doen-

tes acabam recebendo quantida-

des inferiores às adequadas.

tal situação poderá mudar bre-

vemente com o projeto realizado

pelo Laboratório de Biotecnologia

industrial do iPt, em parceria com

o Hemocentro de ribeirão Preto

(sP), financiamento da Financia-

dora de estudos e Projetos (Finep)

e de empresa do setor farmacêu-

tico, para o desenvolvimento dos

processos de produção dos fatores

de coagulação sanguínea viii e iX,

em escalas de bancada e piloto.

Por meio de células recombinantes

(modificadas geneticamente) e de

testes pré-clínicos em animais, os

pesquisadores têm como meta o

estabelecimento de um protocolo

de produção, ou seja, a sequên-

cia das etapas desde o preparo

dos reagentes até a purificação do

produto. “a criação de um proto-

colo é a etapa inicial da transfe-

rência de tecnologia para o setor

privado, enquanto os testes em

camundongos hemofílicos com-

põem a primeira fase do processo

de aprovação de qualquer biofár-

maco”, explica elisabeth augusto,

coordenadora do projeto.

entre os 14 fatores que compõem

o sangue humano, a deficiência

do fator viii causa a hemofilia do

tipo a, ou clássica, que é a mais

comum, enquanto a deficiência

do fator iX causa a hemofilia do

tipo B, também conhecida como

doença de Christmas.

Na primeira fase do projeto, ini-

ciada em janeiro de 2008, os

pesquisadores dedicaram-se à

adaptação de uma linhagem ce-

lular construída geneticamen-

te pelo Hemocentro de ribeirão

Preto para a síntese do fator viii.

as atividades começaram com

esse produto por ele possuir mais

mercado, maior valor agregado e

complexidade na fabricação.

o Hemocentro de ribeirão é res-

ponsável não apenas pelo de-

senvolvimento das linhagens

celulares, todas elas células trans-

fectadas para produzir as chama-

das proteínas de interesse (fato-

res viii e iX), mas também pelos

testes em animais. “a célula não

produz originalmente o produ-

to que temos interesse, então foi

necessário ‘inserir’ uma codifica-

Projeto de biotecnologia industrial desenvolve processos de produção de fatores de coagulação

Biofármacos para hemofílicos

Page 36: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

34 revista do iPt

ção genética dentro dela para que

fosse fabricado o que queríamos.

a partir da célula modificada, o

iPt começou a trabalhar a am-

pliação de escala para um proces-

so industrial”, diz elisabeth.

o uso de meios de cultura isen-

tos de proteína animal foi uma

condição especial do desenvol-

vimento, explica a pesquisadora,

pois os órgãos de regulação têm

exigido que os processos produ-

tivos ocorram preferencialmente

na ausência de materiais de ori-

gem animal para reduzir o risco

de contaminação por agentes pa-

togênicos. “existem duas fontes

para o medicamento, a purifica-

ção a partir de plasma humano

ou a síntese de produto recombi-

nante em sistemas de cultivo de

células”, explica elisabeth. “em-

bora o segundo apresente menor

risco de transmissão de doenças e

não esteja sujeito a questões de

sazonalidade, praticamente todo

medicamento empregado no país

pertence ao primeiro tipo e é to-

talmente importado.”

célula humana crEscE com soro

Para resolver a questão, uma das

grandes novidades do projeto é

justamente a utilização de uma

célula humana: células de fígado

foram individualizadas, e proce-

Combate à anemiaUm dos projetos do iPt de maior re-

percussão na área da saúde no iní-

cio da década foi o desenvolvimento

de micropartículas de sulfato ferro-

so modificadas para uso em estudo

clínico de combate à anemia ferro-

priva em pré-escolares. o sulfato é

um composto barato para combater

a desnutrição, mas que não pode ser

incorporado a diversos alimentos por

apresentar uma alta reatividade.

em um projeto desenvolvido em

parceria com a Faculdade de Ciên-

cias Farmacêuticas da UsP, os testes

foram realizados primeiramente in

vitro pela Unifesp, em seguida em

animais, e finalmente na alimen-

tação humana em um grupo de 90

crianças, na incorporação do com-

posto à farinha. o projeto de com-

bate à anemia recebeu o prêmio iPt

de inovação em Ciência e tecnologia.

outra pesquisa importante, ainda

em andamento, é o desenvolvimen-

to de partículas para a produção de

uma vacina contra a leishmanio-

se com administração via nasal. a

parceria do iPt com a Universidade

Federal do rio de Janeiro (UFrJ) faz

parte de um projeto sobre doenças

negligenciadas, que tem como desa-

fio a obtenção de partículas com ca-

racterísticas específicas de superfície

para fornecer uma alternativa não-

invasiva à administração de vacina e

otimizar os processos produtivos.

identificados os problemas e apre-

sentadas as soluções, o próximo

passo é a incorporação pelos labora-

tórios das novas técnicas.

dimentos específicos permitiram

adaptá-las para crescer fora do

organismo, em um meio de cultu-

ra com água e todos os nutrientes

necessários ao seu crescimento.

“isso chama a atenção porque a

maioria dos produtos similares a

este é fabricada a partir de células

animais, geralmente de hams-

ters – por exemplo, as células CHo

(Chinese Hamster ovary). o hams-

ter tem características diferentes

das de um ser humano, e a prote-

ína produzida nesse sistema pode

trazer diferenças identificadas

pelo sistema imunológico huma-

no, gerando reações adversas”,

afirma a pesquisadora.

o projeto deve ser concluído em

2010, mas alguns resultados já

foram alcançados. o primeiro foi

o sucesso no crescimento isolado

da célula, pois originalmente ela

se desenvolvia aderida a um su-

porte, como os frascos emprega-

dos no cultivo. Para que as células

conseguissem crescer livres, em

suspensão, a equipe testou vários

meios de cultura. Primeiramente,

testou-se o crescimento da célula

aderida, com soro; em seguida, a

célula em suspensão, ainda com

soro, e, por fim, a redução grada-

tiva do soro até total eliminação.

“escolhemos o meio de cultura

com os melhores resultados para a

produção da proteína; no entanto,

os testes ainda foram executados

em sistemas com pouco controle.

Partiremos agora para o sistema

de biorreatores, que deve ser uti-

lizado na escala de produção in-

dustrial”, conclui elisabeth.

Page 37: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 35

Como o IPT, os projetos Prumo e Progex fazem aniversário em junho. em seus dez anos de exis-

tência, os dois serviços coordena-

dos pelo Núcleo de atendimento

tecnológico à Micro e Pequena

empresa (NtMPe) demonstram ter

alcançado a maturidade: foram

responsáveis pelo bom atendi-

mento a 3 mil empresas e a mil

produtos, respectivamente.

tanto o Progex (Programa de

apoio tecnológico à exportação)

quanto o Prumo (Projeto Unidades

Móveis) auxiliam micro, pequenas

e médias empresas a crescer. os

dois programas oferecem recur-

sos tecnológicos para o aprimo-

ramento de processos e a melho-

ria dos produtos, obrigatórios na

busca pela competitividade in-

dustrial, aos quais essas empresas

dificilmente teriam acesso.

o iPt começou a operar em 1999

o Prumo, baseado no conceito

de unidades móveis. a atuação

do serviço está voltada para sete

setores (transformação de plás-

tico, transformação de borracha,

tratamento de superfícies, cou-

ro e calçados, madeira e móveis,

cerâmica e confecções). essa é

uma das principais diferenças em

comparação ao Progex, lembra

Mari Katayama, coordenadora dos

Projetos completam dez anos de melhoria de processos e produtos

Prumo e Progex ajudam pequenas empresas a crescer

Equipamentos hospitalares da Fanem, que procurou o Progex para ensaiar incubadora pediátrica

Page 38: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

36 revista do iPt

Técnico do IPT opera uma das unidades móveis do Projeto Prumo

dois projetos: “o Prumo funciona como um pronto-socorro rápido e é setorial, enquanto o Progex atende a todos os segmentos em um trabalho de longa duração, que pode chegar a seis meses”.

as empresas que buscam o auxílio do Prumo são visitadas por equi-pes formadas por um engenheiro e um técnico, em veículos utilitá-rios montados com equipamen-tos laboratoriais portáteis. Cada atendimento realizado pelo Pru-mo tem a duração de dois dias, período em que a equipe procura resolver os principais problemas técnicos da empresa visitada.

o processo produtivo é verifica-do no atendimento in loco, ten-do como orientação os resultados dos ensaios e análises feitos para a identificação de eventuais defi-ciências na organização do fluxo de produção e de processos, como aconteceu em 2003 na retenrol.

tEmpo dE produção no prumoFabricante de peças como ve-dadores industriais, retentores, gaxetas e raspadores em diver-sos tipos de borracha, a retenrol enfrentava até aquele ano pro-blemas em seus processos fabris: o excesso de rebarbas e o desco-nhecimento das normas a serem seguidas na produção resultavam muitas vezes em falhas precoces dos produtos finais e em durabi-lidade menor do que a esperada.

segundo Milton rossi Júnior, só-cio-diretor da empresa, peças como vedadores seguem, em ge-ral, normas estabelecidas no ex-terior, uma vez que um número

significativo dos equipamentos nos quais serão instalados tem origem estrangeira. Falhas em sua composição, ocasionadas pela formulação incorreta, podem in-terromper o ciclo de produção da máquina. além disso, os vedado-res são considerados peças espe-ciais, em razão de sua fabricação seguir as necessidades específicas dos equipamentos nos quais se-rão instalados, nos segmentos de mineração, papel e celulose, ali-mentício, petrolífero etc.

“Não enviávamos as peças de-feituosas para os clientes: elas ficavam na fábrica e acabávamos

arcando com os prejuízos. Não conseguíamos atender a todas as demandas dos diferentes seg-mentos e chegou um momen-to em que precisávamos de um apoio técnico para suprir essas necessidades”, explica rossi, que em 2003 entrou em contato com o Prumo pela primeira vez para verificar a possibilidade de pres-tação de serviços.

a parceria iniciada em 2003 já completou seis anos, e os 15 aten-dimentos realizados pelos téc-nicos do instituto para a reten-rol desde então cobriram grande variedade de produtos. Um dos

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revista do iPt 37

casos mais significativos dos ga-nhos alcançados pela empresa com o Prumo, lembra rossi, foi a diminuição do tempo gasto para a produção de um vedador. em função de a peça ter grandes di-mensões, um molde nas mesmas características é necessário para a sua fabricação, e a empresa não conseguia especificar o comporta-mento da massa de borracha du-rante o processo fabril.

a utilização pela equipe do Prumo de um reômetro (equipamento capaz de medir os níveis de tensão e de deformação de materiais uti-lizados na composição da massa) permitiu a determinação da curva de vulcanização da borracha e a especificação de um novo ciclo de produção da peça. “a fábrica le-vava 40 minutos para a conclusão de uma única peça. após os testes realizados pelo laboratório móvel do Prumo, conseguimos dimi-nuir esse tempo para dez minu-tos. ainda foi possível a redução dos custos de mão-de-obra e da energia elétrica necessários para o funcionamento das máquinas de vulcanização”, diz rossi.

“Nesses seis anos, com a ajuda das equipes do Prumo, consegui-mos não apenas reduzir as per-das em processos, mas aumentar o rendimento e o faturamento, melhorar o conhecimento técni-co-operacional dos funcionários e tornar mais seguro o processo produtivo”, completa rossi.

progEx Ensaia incuBadora

o Progex foi criado com a intenção de promover a adequação tec-nológica de produtos às normas, regulamentos técnicos e demais

aspectos legais de um determina-do país, além de outras exigên-cias do importador. sua atuação engloba desde a geração de novos exportadores até a ampliação da capacidade de exportação de mi-cro, pequenas e médias empresas já em atuação no mercado in-ternacional, em atividades como apoio à certificação de produtos e obtenção de marcações (como a marcação Ce), melhoria da quali-dade dos produtos e do processo produtivo, superação de barreiras técnicas, desenvolvimento de tra-balhos de design e adequação das embalagens dos produtos.

o apoio tecnológico é realizado em duas etapas: na primeira delas, o dtPex (diagnóstico técnico de Pro-duto para exportação), os profis-sionais das instituições executoras inicialmente visitam a empresa e fazem o diagnóstico dos proble-mas, enquanto a segunda etapa, a atPex (adequação técnica de Produto para exportação), é des-tinada à execução de ensaios e testes dos produtos. os resultados são analisados pelos profissionais em conjunto com a empresa, para então decidirem pelas soluções mais adequadas dos problemas diagnosticados.

Uma das primeiras empresas a buscar o auxílio do Progex, a Fa-nem, atua no ramo médico-hos-pitalar-laboratorial com produtos voltados às linhas neonatal (incu-badoras, unidades de cuidado in-tensivo e sistemas de fototerapia), laboratorial (estufas, centrífugas e câmaras de conservação de va-cinas), de biossegurança (auto-claves e aspiradores cirúrgicos) e diagnóstica. segundo djalma Luiz rodrigues, diretor industrial da Fanem, as exportações da empre-

sa começaram no início da déca-da de 1970, e a aproximação com o Progex aconteceu no momento em que a empresa necessitou da qualificação dos produtos, espe-cificamente da linha neonatal, que era uma exigência compulsó-ria para as vendas ao exterior.

“o primeiro produto de expor-tação ensaiado e avaliado pelo Progex, em 2001, foi a incuba-dora estacionária, submetida a ensaios referentes às normas de compatibilidade eletromagnética, a ieC60601-1-2, que possui como requisito a capacidade de blo-quear possíveis interferências que o equipamento pode sofrer ou emitir”, explica rodrigues.

Posteriormente, a mesma incuba-dora foi submetida aos ensaios da norma básica de segurança elé-trica para os equipamentos ele-tromédicos, a ieC60601-1, e à ieC 60601-2-19, que é específica para o desempenho e a segurança de incubadoras. todos os casos fo-ram de sucesso, conseguindo-se a certificação necessária.

outro produto que contou com a participação do Progex em seu desenvolvimento foi o Bilitron, um sistema de fototerapia que utiliza luz emitida por diodo (Led) em vez da lâmpada fluorescente para o tratamento de icterícia em recém-nascidos.

em um formato que cabe na pal-ma da mão, o equipamento teve os primeiros ensaios da fonte de Led realizados dentro do iPt em 2003 para verificar as emissões dos comprimentos de onda. os testes comprovaram que a fon-te de irradiação concentrava-se principalmente na emissão do

Page 40: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

38 revista do iPt

mais atendimentos

o Prumo e o Progex registraram

um aumento de 6% no núme-

ro de atendimentos em 2008 em

comparação a 2007. Foram ade-

quados 135 produtos para expor-

tação e realizados 600 atendi-

mentos em unidades móveis no

ano passado. os projetos contam

com a colaboração de diferentes

centros técnicos do iPt, que pres-

tam principalmente serviços de

ensaios laboratoriais, atuando de

forma complementar às ativida-

des conduzidas pelo NtMPe.

Papéis importantes também são

desempenhados por parcerias

externas. além das agências de

fomento (sebrae-sP, secretaria

de desenvolvimento do estado

de são Paulo, Finep, Ministério

da Ciência e tecnologia, Ministé-

rio do desenvolvimento agrário),

há parcerias com institutos que

realizam ensaios laboratoriais e

atividades tecnológicas não de-

senvolvidas pelo instituto.

espectro azul, fundamental para o tratamento da doença, e não eram emitidos raios nos compri-mentos de onda do infravermelho e tampouco ultravioleta.

Lançado no mercado em 2004, o equipamento representou um avanço importante no portfólio da Fanem e já tem depositadas duas patentes nacionais e uma internacional. a obtenção dos certificados recebidos por meio dos ensaios e avaliações junto ao Progex colaborou para a Fanem abrir uma série de mercados no-vos. a prova dos bons resultados está no crescimento de 650% nos últimos seis anos em exportações, enquanto no mercado interno os negócios da empresa aumenta-ram 25% no mesmo período.

da américa do sul para a EuropaProdutora de sensores inteligen-tes (ieds) e sistemas para monito-ração online de transformadores, reatores, disjuntores e demais equipamentos de subestações de energia elétrica, a treetech ini-

ciou os trabalhos com o Progex em 2003 para ampliar as expor-tações, concentradas, até o início da década, na américa do sul.

“era uma empresa de pequeno porte naquela época, mas, devido aos ensaios realizados no Progex, garantimos que a linha de sen-sores atendesse aos padrões de mercados como américa do Norte e europa, onde as exigências téc-nicas diferiam das solicitadas nos mercados atendidos”, informa Gilberto amorim, gerente comer-cial da treetech.

o regulador de tensão, um dos primeiros produtos que passaram pelo Progex, recebeu um módu-lo com inteligência artificial para definir uma melhor parametriza-ção de regulagem da tensão de maneira autônoma, e a conse-quente melhoria da qualidade da energia entregue aos clientes. o resultado foi o início das expor-tações para países como estados Unidos, Portugal, Qatar e Ucrânia.

segundo amorim, a primeira eta-pa do apoio tecnológico (dtPex)

recebeu uma grande atenção por conta de os mercados-alvo para os produtos da treetech serem tradicionais fornecedores de tec-nologia para o sistema elétrico mundial: “Coube aos profissionais do Progex e da empresa determi-nar as necessidades relacionadas às exigências técnicas, como nor-mas de segurança, climáticas e de compatibilidade eletromagnética, além de design para a introdução nos novos mercados”.

atualmente, a empresa conta com mais de 30 mil equipamentos ins-talados em 30 países e, embora o objetivo do Progex seja auxiliar as empresas na adequação dos produtos às exigências do merca-do externo, os resultados alcan-çados com o programa também resultaram em novos negócios no Brasil. “o atendimento às normas internacionais propiciou equipa-mentos mais robustos ao mercado nacional, permitindo a aplicação da tecnologia em grandes empre-endimentos do setor elétrico na-cional, como as usinas de tucuruí e itaipu, e as subestações de Fur-nas”, completa amorim.

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revista do iPt 39

Novembro de 2008, dias 22 e 23. O Bra-sil parou diante da tevê, comovido com

o que acontecia em Santa Ca-tarina. Cidades como Navegantes

e Blumenau sofreram com a ele-

vação do leito dos rios e os desli-

zamentos de terra, que romperam

estradas e dutos, provocando caos

na região. Cerca de 130 pessoas

morreram e 30 mil ficaram de-

sabrigadas. Cenas das enchentes

mobilizaram o país. Brasileiros

de todo canto mandaram para os

catarineneses alimentos, roupas,

calçados e remédios. o iPt, acio-

nado pela defesa Civil do estado

de são Paulo, enviou especialistas

em áreas de risco.

três pesquisadores do Centro de

tecnologias ambientais e energé-

ticas (Cetae) desembarcaram em

Florianópolis: os geólogos Marcelo

Gramani e Fabiana Checchinato e

o geotécnico Luiz antonio Gomes,

todos do Laboratório de riscos

os salva-vidas na terraespecialistas em áreas de risco evitam acidentes por avalanches de lama em santa Catarina

Marcelo Gramani, geólogo do IPT, entre os tenentes Betânia e Carvalho da Defesa Civil de SP

Page 42: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

40 revista do iPt

ambientais. tinham a missão de

definir as áreas de risco e orien-

tar a remoção de pessoas desses

locais, na força-tarefa constituída

pelo governo catarinense.

os profissionais do iPt auxiliaram

a defesa Civil local e as prefei-

turas. Concentraram-se esforços

na região do Complexo do Baú,

nas cidades de ilhota, Gaspar,

Luis alves e Jaraguá do sul, áreas

muito castigadas pelas chuvas. o

problema principal foram os es-

corregamentos e as avalanches de

lama. Para os técnicos do iPt, não

havia tempo para relatórios; as

recomendações eram feitas ver-

balmente, para ação imediata.

as chuvas eram constantes em

santa Catarina desde o mês de

agosto, o que deixou o solo satu-

rado, favorecendo os deslizamen-

tos. a situação piorou no final de

novembro. em dois dias caíram

quase 500 milímetros de chuva

– mais da metade do acumula-

do no mês até então. de acordo

com Marcelo Gramani, a cidade

de Blumenau quase alcançou o

recorde de volume de chuvas no

país. “em 1967, Caraguatatuba,

no litoral de são Paulo, registrou

570 milímetros de água em dois

dias de precipitações. Blumenau

marcou cerca de 500 milímetros

em dois dias, conforme os dados

do instituto de Pesquisa ambien-

tal da Furb”, aponta.

dEsliZamEntosaos milharEs

segundo Gramani, o Morro do

Baú, na região da cidade de Luis

alves, foi o mais afetado pelo

deslocamento de terras. ele esti-

ma que houve 4 mil deslizamen-

tos naquele morro. as “escapa-

das” de terra foram responsáveis

por cerca de 90% das mortes na

região. Houve relatos impres-

sionantes de grandes ondas de

lama, de solos fragilizados que

se dissolviam, como na área do

Gasoduto Brasil-Bolívia, que se

rompeu em dois pontos.

a experiência e o conhecimento

acumulados pelos técnicos do iPt

foram decisivos em santa Catari-

na. eles liberavam a entrada de

bombeiros em locais com condi-

ções e coordenavam as escava-

ções onde havia corpos soterra-

dos. Uma equipe de reportagem

da tv Globo, alertada pelos técni-

cos do iPt, retirou-se de uma casa

em situação crítica onde gravava

imagens e a viu desabar cinco

minutos depois.

o trabalho foi marcante. “os dias

começavam às 6h e só termina-

vam à meia noite e meia. o que

Geóloga avalia deslizamento de terra em razão de chuvas constantes em Santa Catarina

Page 43: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do iPt 41

nos impressionou foi a dimen-

são dos escorregamentos. Muitos

atingiram centenas de metros de

largura por dezenas de metros de

profundidade”, relata Gramani.

Na noite de sábado, 29 de no-

vembro, quando o tempo acenava

com alguma melhora, Gramani,

Fabiana e Gomes participaram de

uma reunião no auditório do ae-

roporto de Navegantes, na qual

estavam pilotos, defesa Civil e o

governador de santa Catarina,

Luiz Henrique da silveira. “Um te-

nente-coronel comandou o início

da reunião e apresentou os pre-

sentes. o governador me abraçou

e agradeceu ao iPt”, diz Gramani.

ao todo, o instituto enviou seis

pesquisadores em três equipes,

incluindo Claudio Luiz ridente

Gomes, Fabricio araujo Mirando-

la e agostinho tadashi ogura. Na

avaliação dos técnicos, o trabalho

mais importante para enfrentar

riscos ambientais é o preventivo,

e deve ser realizado o ano inteiro.

Consideram fundamental o ma-

peamento de riscos, intervenções

pontuais e informação de alta

qualidade técnica.

ação prEvEntiva Em são paulo

decisiva para a redução de danos,

a ação do iPt em santa Catarina

não foi a primeira. em março de

2008, a cidade de Jales, no Noro-

este de são Paulo, recebeu uma

equipe do instituto, desta vez so-

licitada preventivamente.

Foi realizado o mapeamento das

áreas com risco de erosão no pe-

rímetro urbano do município,

que abriga cerca de 50 mil pes-

soas. Foram também estabeleci-

das diretrizes para a recuperação

do solo em processo erosivo no

bairro santo expedito. Com base

nos estudos realizados pela equi-

pe técnica do Cetae já em 2007, a

secretaria de obras do município

executou medidas de contenção

do processo erosivo. o relatório

transformou-se em instrumento

para o planejamento da expansão

da cidade e para fixar diretrizes

também para a área rural.

a cidade paulista de taboão da

serra é outra que utilizou o serviço

do iPt, também preventivamente.

Foi realizado no ano passado o

mapeamento de áreas de risco e

elaborado o plano de prevenção

para o município. os trabalhos

foram desenvolvidos com a parti-

cipação de técnicos da prefeitura.

Na conclusão do relatório estão

indicadas as áreas para aplicação

das medidas de intervenção. o iPt

pode atuar na continuidade dos

Técnico fotografa região catarinense com lamaçais provocados pelas chuvas de novembro

Page 44: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

42 revista do iPt

trabalhos, que foram concluídos

em março de 2009, com a entrega

do relatório que contém os resul-

tados da audiência pública.

Na cidade paulista de itapevi, o

mapeamento ocorreu entre outu-

bro e novembro de 2008, com a

vistoria de áreas de risco acom-

panhada pela defesa Civil local.

o trabalho faz parte dos Planos

Municipais de redução de ris-

cos (PMrr), do Ministério das Ci-

dades. a prefeitura de itapevi

preparou uma lista de 58 áreas

públicas prioritárias para reava-

liação. “vistoriamos as áreas para

verificar a dimensão dos riscos e

orientar a remoção de pessoas.

ocorreram alguns escorregamen-

tos em áreas já mapeadas, com

indicação de muito alto risco”,

ressalta o geólogo Gramani, co-

ordenador dos trabalhos. equi-

pes do iPt também estiveram em

Águas de Lindóia e Cubatão.

apoio àdEfEsa civil

o iPt realiza atividades de apoio

à defesa Civil de são Paulo des-

de 1988. o principal projeto nes-

sa área é conhecido como Plano

Preventivo de defesa Civil (PPdC).

trata-se de um contrato de pres-

tação de serviços firmado entre a

Casa Militar do Gabinete do go-

vernador (defesa Civil estadual) e

o instituto. o trabalho de apoio à

defesa Civil baseia-se na possi-

bilidade de antecipar a ocorrên-

cia de deslizamentos em áreas

de risco, utilizando informações

de meteorologia, acumulados de

chuvas e vistorias de campo.

o sistema é referência para outros

implantados em grandes cidades

brasileiras, como Belo Horizonte,

rio de Janeiro e recife. No esta-

do de são Paulo, o sistema está

implantado em 66 cidades. o iPt

participa dos atendimentos e é

co-responsável pelo treinamento

das equipes técnicas. espera-se,

como resultado, a inexistência de

vítimas fatais em deslizamentos

nas áreas de risco.

os trabalhos de prevenção vêm

sendo replicados nas cidades

paulistas desde o começo do pro-

jeto, iniciado com oito cidades.

Hoje compreende as regiões do

litoral, vale do Paraíba, Campi-

nas, sorocaba e aBC. o projeto é

permanente, e suas metas de-

pendem de questões naturais,

principalmente chuvas, e políti-

cas, dado que as prefeituras mo-

dificam suas equipes, algumas

delas já estruturadas e treinadas.

esse programa é desenvolvido em

parceria com o instituto Geológico

da secretaria do Meio ambiente.

diagnóstico para cEntrais Elétricas

Nos últimos anos, em razão da de-

ficiência de oferta de energia elé-

trica no país, houve um aumen-

to de construções das chamadas

Pequenas Centrais elétricas no

estado de são Paulo, grande con-

sumidor de energia. Com isso, o

iPt vem sendo acionado, para que

averigúe processos de assorea-

mento de reservatórios de abas-

tecimento, hidrelétricas e hidro-

vias. Na Pequena Central elétrica

de anhanguera, no rio sapucaí,

noroeste do estado, o iPt já diag-

nosticou e monitora processos

erosivos da elevação induzida no

lençol freático no entorno.

Reunião de técnicos do IPT com a Defesa Civil e militares para a definição de ações preventivas

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revista do ipt 43

110 anosConheça as realizações do iPt em suas onze décadas de dedicação à pesquisa tecnológica no Brasil

bem vividos

Quando começou a atuar, em 1899,

o Gabinete de resistência dos Ma-

teriais, embrião do iPt, buscava o

conhecimento das propriedades

mecânicas dos materiais ensaia-

dos. Com o tempo, a engenharia

passou a exigir a determinação de

mais e mais características, como

composição química, estrutura e

resistência à corrosão. o cresci-

mento da demanda por conhe-

cimento alimentou um processo

de busca de informações que não

para de crescer e já permitiu ao

instituto entrar na era da biona-

notecnologia. Nesses 110 anos, o

iPt enfrentou vários desafios e

foi capaz de grandes realizações,

destacados nas próximas páginas.

Edifício Martinelli: estudos do IPT, de 1925, orientaram a construção

Page 46: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

44 revista do ipt

No fim do século XiX, o Brasil

toma o rumo da industrialização,

deixando para trás a agricultu-

ra escravista. são Paulo é a seara

que os novos caminhos aponta-

vam. Nesse contexto, é criada a

escola Politécnica, em 1893, para

atender às necessidades técnicas

da construção industrial.

o mesmo grupo de professores

que ajudou a fundar a Poli, lide-

rado pelo engenheiro e político

antônio Francisco de Paula sou-

za, passa também a se preocupar

com a pesquisa de resistência dos

materiais de construção. Nasce o

Gabinete de resistência dos Ma-

teriais, que se tornaria o iPt.

1899

O começo do século XX é marcado por grandes invenções tecnológicas. O telefone, o automóvel, o cinematógrafo e o rádio são novidades que adentram a nova época, alimentando o imaginário popular. No Brasil, no entanto, a distância dos eventos do Primeiro Mundo era grande, e a República, apesar de esboçar um novo tempo, desnudava uma situação de muitos desafios a encarar para desenvolver o país.

1900 – 1909

1901santos dumont voa ao redor da

torre eiffel, em Paris, com o balão

dirigível n° 6.

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revista do ipt 45

os primeiros resultados das pes-

quisas realizadas no Gabinete são

divulgados no Manual de resis-

tência dos Materiais. o livro passa

a ser a bíblia dos construtores e

fabricantes de materiais de cons-

trução, garantindo a qualidade e

o uso correto de cimento, tijolos,

telhas e outros insumos. a pes-

quisa com materiais resulta na

produção do primeiro cimento

nacional, o rodovalho.

1904

1907o Gabinete introduz a

Metalografia Microscópica

no Brasil para a análise da

composição de ligas metálicas.

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46 revista do ipt

1909estudos comparativos (ensaios de

flexão e elasticidade) de vários ti-

pos de trilhos para a estrada de

Ferro sorocabana. essa iniciativa

foi uma das que impulsionaram

o embrião do iPt a integrar o co-

nhecimento científico à constru-

ção nacional.

1910 – 1919São Paulo começa a manifestar sua vocação industrial. A infraestrutura urbana, aliada à instalação de grandes usinas de geração de energia elétrica, dá o aporte necessário para a industrialização. Paula Souza, à frente do Gabinete, antevendo a formação do Laboratório de Ensaios de Materiais, gera conhecimentos práticos para a evolução da indústria, ainda emergente.

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revista do ipt 47

1911estudos metalográficos e

de tratamentos térmicos

relativos à fabricação in-

dustrial de tubos de fer-

ro fundido centrifugado.

1913 estudos dos elementos es-

truturais do prédio Guin-

le, primeiro grande edifício

de concreto armado de são

Paulo, na rua direita, região

central da cidade.

eclosão da Primeira Guerra

Mundial, que acabou em 1918.

1914estudo comparativo de tecidos de

pita e de juta.

1917

estudo experimental de um tipo

de galeria para águas pluviais a

ser construído na cidade de Jaú.

1910

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48 revista do ipt

1920 – 1929

A crescente demanda por serviços tecnológicos obriga o Gabinete de Resistência de Materiais a promover reformas que ampliem sua capacidade de atuação. Ary Frederico Torres, na chefia da instituição, executa o projeto de remodelação, aplicando conceitos apreendidos em sua experiência em Zurique, a maior cidade da Suíça.

1925início do estudo dos materiais que

seriam empregados na construção

do edifício Martinelli, em são Pau-

lo, o primeiro arranha-céu do Brasil.

inaugurada em 1929 com 12 andares,

a construção seguiu até 1934, finali-

zando com 30 andares.

ensaio em trilho: as empresas ferro-

viárias em construção, como Paulis-

ta, Mogiana e sorocabana, utilizam-

se das pesquisas do IPT.

ensaio em cimento gera a primeira

fábrica de Cimento Portland do país.

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revista do ipt 49

1926o engenheiro ary Frederico torres

transforma o Gabinete no Labora-

tório de ensaios de Materiais. suas

dimensões físicas triplicam para

atender à indústria e à engenharia

paulistas.

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50 revista do ipt

1927o Laboratório testa as tubulações

da Usina Hidrelétrica de Cubatão,

construída pela Light na vertente

da serra do Mar para vencer um

desnível de 700 metros.

1929Crash da Bolsa de Nova

York, em outubro.

1930 – 1939

O Brasil é atingido pelo crash da Bolsa de Valores americana. A crise atravessa a década de 30, exigindo maior controle de qualidade nos processos produtivos. A queda no comércio exterior leva à substituição das importações, e a indústria diversifica produtos.

Um dos grandes desafios da engenharia era garantir a resistência dos condutores de aço que lançam, até hoje, as águas de dois rios na vertente da serra do Mar, alimentando a usina de Cubatão.

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revista do ipt 51

1931inicia-se o estudo das madeiras

brasileiras para conhecer cada

espécie e a variedade botânica e

abrir campos de aplicação.

a revolução Constitucionalista, decorrente do levante do go-

verno paulista contra o governo federal, transforma o estado

num campo de batalha. as forças constitucionalistas recorrem

ao Laboratório para produzir suas armas. Projetam-se trens

blindados, carros de combate, morteiros, milhares de grana-

das, periscópios e mapas detalhados das frentes de combate.

1932

surgem as primeiras aplicações

dos estudos de madeiras: tacos

para assoalho, colas, vernizes, e

as primeiras soluções aeronáuti-

cas, em planadores.

1933

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52 revista do ipt

1934Nasce o iPt. No dia 3 de abril, o governo do estado bai-

xa decreto, transformando o Laboratório no instituto de

Pesquisas tecnológicas, liderado pelos engenheiros ary

torres e adriano Marchini (foto), com apoio de professo-

res da escola Politécnica.

a nova instituição herda cinco laboratórios: • Laboratório de aglomerantes e Concreto• Laboratório de ensaios Mecânicos e Metais• Laboratório de Metalografia Microscópica• Laboratório de ensaios Mecânicos de Madeiras• Laboratório de identificação Micrográfica de

Madeiras

Foi criada a seção de Metrologia e, depois, a de Normas

técnicas, para dar apoio aos grandes compradores ins-

titucionais, produzindo textos de especificações de ma-

teriais e métodos de ensaio.

Novas unidades de pesquisa:

• Laboratório de análises

Correntes (química)

• Laboratório de análises

espectográficas

• Laboratório de Modelos e

de verificação de Grandes

estruturas

1935

1936É criada a seção de Geologia e Mi-

nas, que realiza um extenso es-

tudo sobre os granitos da serra da

Cantareira.

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revista do ipt 53

entra em operação o Laboratório

de Cerâmica.

1937

1938são criadas mais unidades:

• Laboratório de Borracha

• Laboratório de solos

(rodovias e Fundações)

• Laboratório de Caracterização

de Óleos Combustíveis e de

Lubrificantes

inauguração do túnel 9 de Julho,

em são Paulo, construído com o

apoio do iPt na realização de en-

saios de controle de concreto.

Criação do Laboratório de tintas e

vernizes.

Começa a segunda Guerra Mun-

dial e a corrida de estados Unidos

e alemanha pela bomba nuclear.

1939

Page 56: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

54 revista do ipt

1940 – 1949

No período de 1941 a 1945, o IPT desenvolve mais de 20 mil conversores de gás para veículos movidos a gasolina, racionada durante a Segunda Guerra Mundial. O instituto dá assistência à construção de armas para o conflito.

A necessidade de medidas de precisão para a produção industrial leva o IPT a liderar estudos dos primeiros padrões do metro e do quilograma importados pelo Brasil. O instituto elabora uma legislação metrológica, adotando o metro como medida padrão, e supervisiona sua aplicação.

O desenvolvimento de protótipos e de produção semi-industrial em madeira permite ao IPT projetar, construir e experimentar planadores e aviões desse material, como Bichinho, Planalto e Paulistinha. O instituto desenvolve hélices com freijó, por exemplo. Seu desempenho serve de apoio para a Companhia Aeronáutica Paulista, que construiu cerca de 800 aviões Paulistinha.

Page 57: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do ipt 55

1941entra em funcionamento a

Fundição experimental do

iPt, aprovada em 1937.

1942o instituto supervisiona os tra-

balhos geotécnicos e o controle

de concreto nas vias anhangue-

ra, anchieta e rio-santos.

1943apoio a empresas para o desen-

volvimento de eixos ferroviários

e aços para ferramentas.

assistência tecnológica à cons-

trução de aeroportos nas regiões

sul, sudeste e Nordeste.

Criação da associação Bra-

sileira de Metais (aBM),

com suporte do iPt.

1944

1940Fundação da associação Bra-

sileira de Normas técnicas

por iniciativa do iPt e do

instituto Nacional de tecno-

logia.

o instituto participa da cons-

trução da Companhia side-

rúrgica Nacional, em volta

redonda (rJ), onde realizou

estudos de solo para o pro-

jeto das fundações da usina.

Page 58: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

56 revista do ipt

Prova de carga para a manutenção de ferrovias

1945o instituto presta 10 mil consultas

formais à indústria, triplicando o

volume de 1939 e evidenciando o

crescimento da demanda durante

a guerra. No dia 2 de setembro, a

vitória aliada põe fim ao conflito.

o iPt começa a dar apoio técnico

ao projeto e à construção de bar-

ragens de usinas hidrelétricas.

Page 59: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

Usina de Paulo afonso: o iPt reali-

za medições das deformações das

paredes de túneis em rocha.

revista do ipt 57

1949o governador adhemar de Barros inaugura a usina de

preservação de madeira nas novas instalações do iPt

na Cidade Universitária, no Butantã, com uma área de

240 mil metros quadrados.

1950 – 1959

O IPT mantém participação ativa no desenvolvimento da indústria brasileira, cujo valor de sua produção supera pela primeira vez o da agricultura. Nessa década, o instituto analisa gás, para abastecimento e iluminação da cidade de São Paulo, e gasolina, para verificar a conformidade com as especificações do Conselho Nacional do Petróleo. Atua também na construção da primeira hidrelétrica subterrânea brasileira e da primeira hidrelétrica estatal do país, a Paulo Afonso. Participa de projeto fluvial em Goiás e atua em projeto de pesquisa de combustíveis nucleares.

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58 revista do ipt

1956estudo de escorregamentos nos

morros de santos.

a Marinha Nacional faz convênio

com o iPt para o estabelecimento

do Laboratório de engenharia Naval,

incluindo um tanque de provas.

1955

1954o iPt faz ensaios comparativos

entre produtos nacionais e de

outros países para a definição de

restrições de importação.

Fundação da Petrobras, que deci-

de apoiar a indústria nacional de

equipamentos. desde então, o iPt

faz pesquisas na área de petróleo.

1953

1951Criado o primeiro computador

com semicondutores.

instituído o Conselho Nacional

de Pesquisa (CNPq).

o iPt publica o Boletim nº 40

(Metalografia Macrográfica e

Micrográfica dos Produtos si-

derúrgicos Comuns), de au-

toria de Hubertus Colpaert,

chefe do Laboratório de Me-

talografia. a obra é até hoje

considerada como referência.

Page 61: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do ipt 59

identificação de componentes

mineralógicos de argilas es-

trangeiras de interesse tecno-

lógico. realizadas suas deter-

minações físico-químicas para

servirem de referência na pes-

quisa de argilas brasileiras.

1958

1957o instituto firma convênio com a

Comissão Nacional de energia Nu-

clear para a instalação e a opera-

ção das centrífugas destinadas à

separação dos isótopos de urânio.

entra em órbita o primeiro satéli-

te, o soviético sputnik.

são criados os primeiros compu-

tadores com circuitos integrados.

aterrissa na Lua a primeira sonda

espacial, a soviética Lunik.

1959

Page 62: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

60 revista do ipt

1960 – 1969

Em plena Guerra Fria (1947-1991), marcada por disputas estratégicas e confrontos indiretos entre Estados Unidos e União Soviética, ganha importância no mundo todo a relação custo/benefício nos projetos, e os economistas começam a participar das políticas de ciência e tecnologia, inspirando os modernos métodos de gestão.

No Brasil, a instabilidade política culmina no golpe militar em 1964. Apesar do modelo autoritário, o país vive uma expectativa de crescimento, marcada pelos avanços científicos e tecnológicos. Nesse período, a Divisão de Engenharia Civil do IPT presta assistência técnica a grandes empresas:

inauguração do túnel de Cavi-

tação do iPt.

descoberta do raio laser.

1960

Petrobras: estudos geológicos e geotécnicos na barragem de Saracuruna e da monoboia para descarga de petroleiros no mar. Esse estudo foi pioneiro na área de offshore no Brasil e um dos primeiros do mundo;CESP: apoio tecnológico na linha de transmissão de Jupiá a Cabreúva;DAEE: estudos em geologia aplicada e de solos nas obras da barragem de Ponte Nova e no Alto do Tietê;Metrô-SP: ensaios de resistência e adensamento da linha Norte-Sul.

O instituto realiza ainda estudos geológicos e geotécnico para a implantação da Rodovia dos Imigrantes e das hidrelétricas de Ilha Solteira, Jupiá e Itaipu.

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revista do ipt 61

1961a União soviética coloca em órbi-

ta o astronauta Yuri Gagarin, pri-

meiro homem a deixar a terra.

É lançado o primeiro satélite de

televisão, inaugurando a era das

telecomunicações.

a Primavera silenciosa, livro da

escritora rachel Carson, denun-

cia o aspecto nocivo de pesticidas

agrícolas para a saúde e torna-se

um best seller mundial, marcando

as primeiras críticas ao desenvol-

vimento tecnológico e científico.

1962

1963o instituto presta assistência téc-

nica à Petrobras no projeto do

terminal oceânico flutuante da

refinaria alberto Pasqualini (rs).

iniciam-se no país os cursos de

pós-graduação em engenharia,

organizados pela Coppe, órgão

pertencente à Universidade Fe-

deral do rio de Janeiro.

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Medição de deformação no Laboratório de Ensaios Mecânicos

62 revista do ipt

1969os astronautas americanos Neil

armstrong e edwin aldrin tornam-

se os primeiros homens a andar

na Lua. a apollo 11 pousou na su-

perfície lunar no dia 20 de julho.

1967início da parceria com o Me-

trô de são Paulo para a exe-

cução de ensaios especiais de

campo e de laboratório.

É fundado em são Paulo o

Conselho estadual de tecno-

logia, que mais tarde se tor-

nará o Conselho estadual de

Ciência e tecnologia.

Criada a Financiadora de estudos

e Projetos - Finep, o principal

agente financeiro do sistema de

Ciência e tecnologia Nacional.

descoberta a fibra óptica.

1965Criação do Laboratório de Máqui-

nas-Ferramenta no iPt.

1968

Page 65: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do ipt 63

1972a organização das Nações Unidas,

em estocolmo, apresenta as pri-

meiras medições científicas sobre

o efeito estufa e a destruição da

camada de ozônio.

início de parcerias no iPt, volta-

das às inovações tecnológicas nas

empresas. a primeira é feita com o

exército Nacional e a engesa, para

o desenvolvimento de chapa de

blindagem para carro de combate.

Projetos de gestão de recursos

hídricos em são Paulo para dar

apoio à preservação de bacias.

A década do “milagre brasileiro” é marcada pelo expansionismo, um objetivo do governo militar. Organiza-se uma infraestrutura tecnológica no país, com a criação de instituições como o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

1970 – 1979

1970Criado o Centro de Pesquisas

informáticas, que começa a in-

formatizar o instituto.

o governo americano institui a

agência de Proteção ambien-

tal (environment Protection agency – ePa).

1971Pioneirismo no controle de

qualidade de aparelhos de

apoio elastoméricos, utilizados

em defensas portuárias.

expansão da divisão de Meta-

lurgia do iPt, com o Laborató-

rio de Fundição de Precisão e o

Laboratório de Corrosão e trata-

mento superficial de Metais.

Nasce o instituto Nacional de

Propriedade industrial.

Kenbak-1, primeiro computador

pessoal, chega às lojas.

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64 revista do ipt

1976Firmado convênio com estatais

para a construção de grandes

obras, tais como a rodovia dos

imigrantes e a ponte rio-Niterói.

em busca de opções energéticas

durante a crise do petróleo, o iPt

realiza pesquisas e ensaios em

motores de combustão interna,

chegando ao uso de óleos vegetais

em motores diesel. destaca-se o

desenvolvimento do metanol, do

biogás e do gás natural.

o iPt atua no planejamento de

trabalho das equipes técnicas de

quatro instituições norte-ameri-

canas, cumprindo acordo fecha-

do entre o governo dos estados

Unidos e o Conselho estadual de

tecnologia, de são Paulo.

Logo após o impacto do primei-

ro choque do petróleo, é criado o

Programa de energia.

Criado o sistema Nacional de Me-

trologia, Normas técnicas e Quali-

dade industrial (sinmetro).

1973

1974Convênio entre o Ministério do

Planejamento, o CNPq e o Bid,

destinado a modernizar as ins-

tituições de tecnologia, permi-

te que o iPt desenvolva vários

projetos, como a expansão do

Programa de Máquinas-Ferra-

menta e a ampliação dos labo-

ratórios de Papel e Celulose.

É desenvolvida a tecnologia de

dNa recombinante.

instalação da primeira filial na ci-

dade de Lorena.

a divisão de Química incorpora o

Centro de análises Químicas ins-

trumentais.

o governo do estado de são Pau-

lo cria a secretaria de estado de

Ciência, tecnologia e Cultura, à

qual o iPt passa a ser vinculado.

a assembleia Legislativa autoriza

o executivo a mudar o estatuto do

instituto, que passa de autarquia

a empresa pública.

apoio ao Pró-Álcool, com pesqui-

sas voltadas à melhoria da indús-

tria sucro-alcooleira e o uso do

álcool nos automóveis.

1975

Page 67: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do ipt 65

1977 estudos experimentais por meio

de modelo reduzido em micro-

concreto da estrutura de desvio

da barragem de itaipu.

Criação do Núcleo tecnológico de

Couros, Calçados e afins na cidade

de Franca.

segundo choque do petróleo. o

governo federal cria a Comissão

Nacional de energia, para a qual o

iPt passa a prestar assessoria.

Parceria com a Cosipa para o de-

senvolvimento de chapas de aço

com baixo teor de enxofre.

Levantamento das necessidades

de transportes fluviais na amazô-

nia e elaboração de plano de pre-

venção e monitoramento de riscos

geológicos no Brasil.

experiências para obter o biodie-

sel a partir do babaçu.

1979

Page 68: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

66 revista do ipt

1980 – 1989

Delineia-se um novo padrão de industrialização, atendendo à necessidade dos setores público e privado, sem perder de vista as questões gerais da modernização industrial e da preservação do meio ambiente.

O IPT atua com a Petrobras na nacionalização da engenharia de obras na plataforma marítima. Em parceria com a Cosipa, desenvolve uma injetora de cálcio silício para a dessulfuração de aços para tubulações de petróleo e de gás natural.

Com o Departamento de Águas e Energia Elétrica, o Centro Tecnológico de Hidráulica e Recursos Hídricos, a Eletropaulo e o Instituto Agronômico foram realizadas pesquisas sobre os processos erosivos e formas de mitigar ou controlar seus impactos.

Outros projetos que o IPT desenvolve na década:• Segurança contra incêndio, apoiando os setores

público e privado • Energia solar • Embalagem de gelatina para sementes, destinadas

ao plantio na Serra do Mar• Galvanoplastia – plasma• Biodigestor• Assistência à indústria cerâmica no interior do

Estado

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revista do ipt 67

1980Convênio com a organização Lati-

no-americana de energia, visan-

do desenvolver fontes alternati-

vas de energia e implantação de

pequenas centrais hidrelétricas.

acordo com o Project develop-ment institute da Nigéria para dar

treinamento e assessoria técnica

em projetos de energia, geologia

e metalurgia.

Laboratório de veículos e Compo-

nentes: é o primeiro do país cre-

denciado pelo inmetro para en-

saios de capacetes.

1982

Page 70: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

68 revista do ipt

acidente ecológico de Chernobyl,

na Urss: defeito em usina nuclear

espalha poluição radioativa.

o iPt realiza o Primeiro simpósio

internacional sobre economia de

Água de abastecimento Público.

1986

1987Primeira fusão de aço reali-

zada na américa Latina, utili-

zando tocha de plasma e for-

no desenvolvidos pelo iPt.

Criação da Companhia de desenvolvimento Habi-

tacional e Urbano (CdHU). apoio do iPt se dá por

meio da avaliação do desempenho de elementos

construtivos.

Queda do muro de Berlim.

1989

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revista do ipt 69

Na década da globalização, o IPT fortalece seu relacionamento com a indústria e desenvolve importantes projetos em parceria:

. Manual de gerenciamento integrado de lixo municipal, distribuído a todas as prefeituras de São Paulo;. Liga de titânio para implantes ortopédicos;. Válvula de tripa de porco para o coração;. Software para fila de espera de transplante;. Laser – Óptica;. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Livro e Imobiliários.

1990 – 1999

1990Com a acesita, o iPt transfor-

ma um forno elétrico a arco

em um forno a arco enriqueci-

do por plasma térmico, visan-

do à economia de insumos.

É lançada a série iso 14000, de

normas industriais para o meio

ambiente, que passa a influenciar

o comércio internacional.

o iPt celebra com a Cia. siderúrgi-

ca Nacional o primeiro acordo de

parceria no âmbito do programa

para a inovação tecnológica, da

1994em parceria com a adiboard, o

iPt desenvolve um catalisador

para a fabricação de placas de

circuito impresso.

desenvolvimento de concreto

projetado para utilização em

túneis urbanos.

1995

Fapesp. o objetivo é o desenvol-

vimento de chapas de aço elétrico

de média eficiência para a fabri-

cação de motores elétricos com

menor consumo de energia.

Para a Companhia Brasileira de

Metalurgia e Mineração, o iPt de-

senvolve um processo alternativo

na fabricação do ferro-nióbio,

aplicado em aços especiais. a em-

presa investe 44 milhões de dóla-

res no novo sistema.

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70 revista do ipt

1996Criado o Centro de informática e te-

lecomunicações.

Construção da primeira centrífuga

para ensaios em modelos reduzidos

no país, com a qual foram feitos es-

tudos dos taludes do reservatório de

Porto Primavera.

a trikem, empresa do pólo petro-

químico de Camaçari (Ba), fecha com

o iPt um contrato de apoio técnico,

cujos trabalhos resultam em um ga-

nho de produtividade de 78% em seu

reator utilizado na produção de PvC.

1997

o instituto desenvolve para o se-

tor de fundição da Ford um ca-

beçote com uma liga especial de

alumínio, tecnologia com a qual

a empresa vence concorrência da

Ford international para uma nova

série de motores. em consequên-

cia, a subsidiária brasileira inves-

te 4,5 milhões de dólares para re-

abrir a fundição em taubaté (sP).

1998

Page 73: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

1999

revista do ipt 71

Parceria entre o iPt, o institu-

to de Ciências Biomédicas da

Universidade de são Paulo e a

Copersucar busca o desenvolvi-

mento do plástico biodegradá-

vel a partir da cana-de-açúcar.

Monitoramento da qualidade

dos combustíveis em cidades

paulistas com coleta das amos-

tras, análise e envio dos resul-

tados para verificação de não

conformidades pela aNP.

em parceria com a Japan in-ternational Cooperation agency

(Jica), atua no desenvolvimen-

to de superligas de níquel, que

viabilizam aços com resistência

à oxidação muito próxima de

seu ponto de fusão, o que per-

mite a aplicação em turbo jatos

e turbinas a gás para geração

de energia.

Page 74: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

72 revista do ipt

2000 – 2009

O IPT ingressa no novo século mantendo seu apoio aos setores público e privado, tanto em questões relativas à tecnologia industrial básica quanto em geração de novas tecnologias. Uma das linhas estratégicas atuais é o desenvolvimento de projetos de maior valor agregado em pesquisas avançadas.

2000 apoio tecnológico à explo-

ração de petróleo e gás em

águas profundas, inclusive na

camada pré-sal, reservatório

de petróleo que está localiza-

do abaixo das rochas salinas.

desenvolvimento de bioinseti-

cida, um produto natural con-

tra larvas de insetos, dentre

eles o da dengue.

2002 software para o dispositivo do

sem-Parar, para rodovias com

sistema de pedágio.

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revista do ipt 73

diagnóstico não invasivo da

ocorrência de cupins e fungos

que atacam o lenho da madei-

ra e análise de risco de queda

de árvores nas áreas urbanas.

2003

Microencapsulação de sulfato

ferroso – enriquecimento da fa-

rinha de trigo para uso no com-

bate à anemia ferropriva.

2004 Pesquisa de processos de cor-

rosão por corrente alternada

em dutos enterrados.

Page 76: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

74 revista do ipt

2006 desenvolvimento de um siste-

ma web para o gerenciamento

e a logística de distribuição de

órgãos para transplante.

término da elaboração das

normas nacionais de avalia-

ção de desempenho das edi-

ficações habitacionais para

verificar se a forma como fo-

ram construídas e projetadas

atende às necessidades dos

usuários do ponto de vista

de segurança, habitabilidade

e sustentabilidade. os méto-

dos de trabalho desenvolvidos

desde a década de 80 serviram

de base para as primeiras nor-

mas da aBNt sobre o assunto.

Metrô-sP: investigação do aci-

dente na linha amarela.

2007

2005Programa de apoio ao de-

senvolvimento de medica-

mentos de uso popular para

o tratamento da tuberculose.

Page 77: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do ipt 75

Moderniza: projeto de capa-

citação laboratorial traz para

o instituto investimento de

150 milhões de reais até 2010

e criação de célula de gestão

para agilizar esses trabalhos.

2008 trecho sul do rodoanel: apoio

do iPt para a mitigação do im-

pacto ambiental.

Page 78: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

76 revista do ipt

Laboratório de estruturas Le-

ves no Parque tecnológico de

são José dos Campos para o

desenvolvimento de materiais

compósitos que serão aplica-

dos na indústria aeronáutica e

em outras áreas produtivas.

Projeto de envio de pesquisa-

dores ao exterior para treina-

mento por meio de convênios

com institutos internacionais.

túnel de vento: projeto de ins-

trumentação amplia aplicações

desse equipamento.

Pesquisa na área siderúrgica

proporciona a obtenção de

cilindros de laminação mais

eficientes. o programa Centro

de desenvolvimento de Ci-

lindro (CdC) foi conduzido em

parceira com a escola Politéc-

nia da UsP e empresa do setor.

2008

inauguração de unidades de apoio à

indústria, como o laboratório de pro-

dução de protótipos navais, o centro

de microscopia de alto desempenho e

o laboratório de realidade virtual.

Novo prédio para o Laboratório de

Bionanotecnologia.

2009

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revista do ipt 77

em alto estilo

Goldman, João Fernando, Alckmin e Serra cumprimentam o pequisador Marcio Nahuz

Sábado, 27 de junho, a Sala São Paulo recebeu uma plateia diferente. o mais moderno espaço de con-

certos da américa Latina acolheu cerca de 800 pessoas, entre cien-tistas, autoridades, clientes, for-necedores e funcionários do iPt, que compareceram à comemora-ção dos 110 anos do instituto.

o professor João Fernando Gomes de oliveira, diretor-presidente do iPt, abriu a solenidade com uma retrospectiva histórica, desde a fundação, em 1899. ressaltou a importância de ver a história pelo aspecto da tecnologia e contou fatos curiosos sobre a atuação do instituto, como o desenvolvimen-

to do concreto, a fabricação de armas e os primeiros passos da indústria aeronáutica no país.

três autoridades do governo pau-lista discursaram. o governador José serra destacou o papel nacio-nal do instituto e apoiou o projeto de construção de uma planta-pi-loto para a gaseificação de bagaço de cana em Piracicaba, que será articulada pelo iPt. “o que nós queremos é aumentar a produção de etanol, mas sem aumentar a área plantada”, disse.

o secretário de desenvolvimento, Geraldo alckmin, deu destaque às áreas estratégicas para o proje-to de modernização do instituto, como nanotecnologia e microsco-pia eletrônica. Já o vice-governa-dor, alberto Goldman, disse que a história do iPt se confunde com a história do desenvolvimento do país. “o iPt é um grande instru-mento do crescimento”, afirmou.representando toda a comuni-dade ipeteana, o pesquisador

Comemoração dos 110 anos reúne cientistas e autoridades em cerimônia solene na sala são Paulo

Cliff Korman, ao piano, e Paulo Moura encerram a comemoração do IPT com show de MPB

Marcio Nahuz, que atua no Ct-Floresta desde 1969, foi homena-geado pelo governador José serra com uma placa comemorativa. a solenidade foi encerrada com um show de música popular brasileira com Paulo Moura, no clarinete, e Cliff Korman, ao piano. ao final, Moura convidou o professor João, saxofonista diletante, para tocar com ele. o público aplaudiu de pé ao final da apresentação.

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78 revista do ipt

Deslizar com segurança sobre a superfície de um grande rio é pos-sível e envolve tecnolo-

gia de ponta. Prova disso são os estudos realizados por uma das maiores autoridades brasileiras em investigações de ambientes

submersos, o geólogo Luiz anto-nio Pereira de souza, o Laps, pes-quisador do Centro de tecnologias ambientais e energéticas (Cetae) do iPt. No primeiro semestre deste ano, Laps fez levantamentos ex-perimentais no rio araguaia, nos trechos de aruanã (Go), Conceição

do araguaia (to) e Couto de Maga-lhães (Pa). Foram realizados cerca de 500 quilômetros de perfis eco-batimétricos e sonográficos, que determinam a profundidade entre a superfície da água e o leito do canal, além de medições de vazão e velocidade de corrente.

Navegar com precisãosonar de última geração ajuda a mapear o fundo dos rios, proporcionando uma navegação mais segura

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revista do ipt 79

Nesses estudos foram utilizados equipamentos especiais, como um ecobatímetro digital de du-pla frequência, capaz de informar com precisão o perfil do fundo do rio, sistemas digitais de medição de vazão do rio e um sonar de varredura lateral digital de última geração, apelidado de Peixinho. Quando analisados em conjunto, os dados obtidos contribuem para a solução de questões relacionadas à investigação geológica e geotéc-nica em projetos hidroviários.

o sonar Peixinho possui alcance lateral de alta resolução, que pos-sibilita examinar, em tempo real, mais de uma centena de metros de cada lado da embarcação à medida que ela se desloca pelo rio, o que propicia uma ampla vi-sualização da área estudada. “É importante para a navegação co-nhecer o fundo do rio para evitar

Luiz Antonio Pereira de Souza (à esq.) prepara o sonar Peixinho para mapear o fundo do rio Araguaia

Em áreas submersas, o sonar Peixinho identifica trechos de risco, minas, pessoas afogadas e embarcações naufragadas

que barcaças com toneladas de cargas se choquem com aflora-mentos ou encalhem em bancos de areia, causando enormes pre-juízos”, afirma Laps.

em investigação de áreas submer-sas, o Peixinho possibilita o ma-peamento de recifes e afloramen-tos rochosos, a identificação de estruturas sedimentares, a deli-mitação de áreas de risco e a inte-gridade de estruturas. em aplica-ções militares, permite identificar em detalhes objetos como minas, que oferecem riscos à navegação costeira ou portuária. operações de busca e salvamento de afoga-dos, navios naufragados e arque-logia subaquática também fazem parte do escopo de aplicação des-sa ferramenta geofísica.

Mais de 100 gigabytes de dados de alta qualidade foram gerados

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80 revista do ipt

nessa primeira pesquisa de campo e encontram-se agora em fase de processamento e interpretação. todos os obstáculos à navegação serão identificados, mapeados com precisão e sincronizados com um sistema de posicionamento global GPs. a sincronização viabi-lizará o posicionamento espacial de qualquer característica iden-tificada na superfície de fundo de rio, gerando informações que podem ser utilizadas no planeja-mento das rotas de navegação.

o rio araguaia cruza praticamen-te de ponta a ponta a região Centro-oeste do Brasil, correndo paralelamente ao rio tocantins. Por isso, explica Laps, apresenta forte potencial como alternati-va de baixo custo para o escoa-mento da produção agropecuária das regiões Centro-oeste e Nor-te. Países como estados Unidos e China utilizam hidrovias como modal principal para transporte de carga, em especial de grãos, o que resulta em preços compe-titivos no mercado internacional.

“o objetivo desse projeto é de-

monstrar a importância de estu-

dar hidrovias, utilizando ferra-

mentas com tecnologia de ponta,

como as que usamos, para viabi-

lizar a navegação no rio araguaia

com segurança e sustentabilida-

de ambiental. Planeja-se, numa

próxima etapa, viabilizar com os

órgãos competentes a ampliação

desse estudo para toda a exten-

são do rio araguaia e também

para o rio tocantins”, diz Laps.

parcErias E pEsquisas

o projeto tem o suporte operacio-

nal da administração das Hidro-

vias tocantins e araguaia – ahitar

e financiamento do Ministério da

Ciência e tecnologia, por meio do

programa Ct-aquaviário da Fi-

nanciadora de estudos e Projetos

(Finep). No iPt, o estudo envolveu

o Cetae e o Centro de engenharia

Naval e oceânica - CNaval, que

tem tradição em atuações técni-

cas na região Norte do país.

a equipe do iPt foi treinada para

usar em campo o Peixinho em

novembro de 2008. “treinamos

na represa Billings com Garry Ko-

zac, um dos maiores especialistas

do mundo nessa área”, diz Laps.

a experiência da equipe e a preci-

são dos equipamentos emprega-

dos poderão ser úteis para desen-

volver outras hidrovias de grande

potencial no país. “em são Paulo,

por exemplo, o rio tietê poderá

ser completamente navegável, e

o Peixinho será útil na investiga-

ção desse rio. Nesse sentido, te-

mos uma profícua interação téc-

nica com a diretoria de Hidrovias

da secretaria dos transportes, que

é o órgão que administra a hidro-

via tietê”, afirma o geólogo.

a área de investigação de am-

bientes submersos do iPt está

sendo reequipada por meio do

projeto Moderniza. a partir de

agosto de 2009, se tornará uma

das únicas entidades no país a

estar devidamente capacitada

para desenvolver projetos de in-

vestigação nesse campo.

além dos equipamentos para me-

dição de vazão (adP) e GPs de alta

precisão, o Laboratório de riscos

ambientais vai receber da Finlân-

dia um perfilador sísmico, siste-

ma com três fontes acústicas, no

valor de 600 mil reais. esse novo

equipamento permitirá a investi-

gação da espessura das camadas

de sedimentos em áreas submer-

sas, parâmetro fundamental para

a identificação de problemas re-

lacionados ao assoreamento de

reservatórios, de rios e de áreas

portuárias.

Equipamento de análise de fundo de rio em uso pelo IPT

Page 83: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do ipt 81

quando se fala em re-ciclagem, logo vem à mente aquela latinha de refrigerante, o pa-

pel amassado do escritório e a

garrafa de plástico. Mas reciclar é

muito mais. Na construção civil,

por exemplo, o aproveitamento

de resíduos vem se tornando uma

necessidade. e é exatamente nes-

se setor que o apoio do iPt pode

ser fundamental. sobras de maté-

rias-primas cada vez mais pesam

no bolso de gestores da constru-

ção civil em todo o mundo.

No Brasil, o consumo anual de

agregados, como britas e areias, é

de cerca de 300 milhões de tone-

ladas. em média, são produzidos

todos os anos no país em torno de

500 quilos de resíduos de cons-

trução por habitante. somente na

região metropolitana de são Paulo

são aproximadamente 9 milhões

de toneladas anuais de sobras e

rejeitos. É muita coisa. e se as em-

presas não tiverem formas de rea-

proveitamento, é dinheiro jogado

no lixo. ou é iPt pesquisando.

Com a equipe do Laboratório de

Materiais de Construção Civil no

Centro de tecnologia de obras de

infraestrutura (Ct-obras), o insti-

tuto define procedimentos mais

adequados para a separação de

resíduos na demolição ou no can-

teiro de obras, procurando favo-

recer a reciclagem, descontaminar

o material e minimizar o impacto

ambiental da atividade.

ao construir,

recicleLaboratório define procedimentos para a separação e a descontaminação de resíduos na demolição e no canteiro de obras

Aterro ilegal com resíduos de construção que poderiam ser reciclados, reduzindo custos da obra e impacto ambiental

Page 84: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

82 revista do ipt

“Precisamos desenvolver méto-

dos tecnológicos para a separação

de materiais e o reaproveitamen-

to no próprio local. Contrapisos

feitos de resíduos para o cantei-

ro de obras ou para calçadas das

prefeituras de pequenos e médios

municípios são soluções de me-

nor custo, inclusive ambiental”,

afirma o pesquisador sergio Cirelli

angulo, do Ct-obras.

a metodologia para cada caso é

importante. “o instituto encon-

tra respostas sobre como proceder

na demolição e aplicar o material

lá mesmo, sem passar pela usina.

o desafio é pegar o resíduo, sa-

ber se há alguma contaminação,

reciclar e desenvolver a técnica

adequada para sua aplicação na

construção. sem esses cuidados,

corre-se o risco de o tiro sair pela

culatra, não obtendo a qualidade

compatível e gerando impactos

ambientais indesejados. temos

modelos para a produção de cada

agregado técnica e ambiental-

mente seguros”, diz angulo.

o iPt pode dar apoio tanto às

prefeituras quanto às empresas,

ajudando-as a gerenciar a reci-

clagem. o Ct-obras atua desde a

gestão nos canteiros e nas demo-

lições, reformas, triagem e carac-

terização dos resíduos e até em

sua transformação e aplicação. a

tecnologia de transformação do

agregado pode ter menores cus-

tos e impactos ambientais para

prefeituras e pequenos caçam-

beiros. em alguns casos, dispen-

sa-se o britador para a produção

do agregado reciclado.

“Usinas podem desenvolver agre-

gados reciclados exclusivamen-

te para pavimentos ou mistos,

para concretos e pavimentação.

as tecnologias podem ser combi-

nadas para melhorar a qualidade

do produto que se quer. Hoje, o

agregado reciclado pode ter uma

qualidade muito próxima à do

produto natural, tanto no uso

em estruturas usuais de concreto

quanto na fabricação de blocos”,

ressalta o especialista.

a área de reciclagem de resíduos

da construção é multidisciplinar e

pode atender desde o gerencia-

mento de sobras até o desenvol-

vimento de uma planta industrial

para processamento, aplicações

e suas formulações mais apro-

priadas. e a demanda, tanto no

setor público quanto no privado,

aumenta. angulo diz que os resí-

duos de construção são matéria-

prima secundária que pode ser

Latas, pedaços de ferro, de calhas e outros rejeitos recicláveis acabam indo para o lixo

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revista do ipt 83

reaproveitada, fechando

um ciclo produtivo com

valor de mercado.

apesar de gerar poucos

materiais perigosos, em

todo o mundo a constru-

ção civil consome mui-

ta matéria-prima e gera

igualmente muitos resí-

duos em que predomi-

nam brita, areia, cimen-

to e cerâmica vermelha,

com participação de mais

de 90% do total. o con-

creto é o material mais

consumido no planeta,

presente nas estrutu-

ras de edifícios, indús-

trias, pontes e viadutos,

entre outras aplicações.

“Quanto mais consumo, mais re-

síduos sólidos urbanos são gera-

dos e, embora menos patológicos

do que os resíduos domésticos, do

ponto de vista ambiental o seu

controle não é menos importan-

te. e estamos falando apenas do

consumo de recursos naturais e da

geração de resíduos, sem entrar

no terreno do consumo de ener-

gia e geração de Co2”, diz angulo.

a tendência é de crescimento da

reciclagem na construção civil,

impulsionada por custos menores

e demandas ambientais. “esta-

mos numa zona de transição na

qual o mercado já demanda, mas

não se decidiu pela implementa-

ção dos novos projetos. Mas uma

hora o gatilho da balança dos

custos dispara. vai custar tão caro

o aterro, que reciclar será a gran-

de solução, e poderemos fechar

esse ciclo de produção. os em-

preendedores descobrirão que as

usinas podem ganhar duas vezes,

na entrada do resíduo e na saí-

da do material processado. e o iPt

está pronto para dar suporte às

demandas”, acrescenta.

transtornos urBanos

a expansão das cidades demanda

volumes gigantescos de agregados

que vêm das pedreiras nos res-

pectivos entornos. À medida que

a cidade cresce, as pedreiras ficam

cada vez mais distantes, compli-

cando a logística do transporte e

encarecendo os materiais. atual-

mente, em são Paulo, a areia na-

tural percorre distâncias superio-

res a 150 quilômetros e custa cerca

de 60 reais por metro cúbico.

além dos desperdícios que ocor-

rem nos processos construtivos,

há uma demanda acele-

rada por materiais para

a renovação urbana. Por

exemplo, edifícios proje-

tados para durar 50 anos

perdem sua função muito

antes disso e são demoli-

dos. Há ainda as reformas

comerciais e residenciais,

que envolvem troca de

pisos, azulejos e novas

paredes. são todos casos

exemplares da geração

intensiva de resíduos. se

não houver aproveita-

mento, seu destino será

fatalmente o aterro.

estima-se um custo me-

nor para areia ou brita

reciclada na construção.

o custo do transporte corresponde

a dois terços do valor do produto

natural e não incidirá sobre o que

já se encontra na cidade. isso ex-

plica em boa parte por qual razão,

em vários países europeus, o uso

de brita e de areia de resíduos re-

ciclados chega a 90%.

outro problema enfrentado pelas

grandes e médias cidades bra-

sileiras é a falta de áreas dispo-

níveis para aterros. essas áreas,

quando existem, ainda geram

passivos ambientais.

“o problema fica apenas adiado,

pois num aterro não se fecha o ci-

clo da produção industrial. Como

os recursos naturais são limitados,

sua volta ao ciclo produtivo é es-

sencial. Neste ponto, a reciclagem

faz todo o sentido, uma vez que

material não reutilizado vira pas-

sivo ambiental”, avalia angulo.

Deposição irregular de resíduos de construção em área de manguezais causa danos ambientais facilmente evitáveis

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84 revista do ipt

Para o especialista, qualquer tipo

de resíduo, mesmo os que não re-

presentam ameaça, corre o risco

de se misturar a outros poluentes

e, aí sim, potencializar o risco. “o

gesso também merece atenção,

pois, além de interferir na degra-

dação natural dos materiais orgâ-

nicos nos aterros, altera o pH da

água e, sendo extremamente so-

lúvel, pode alcançar o lençol fre-

ático. Gesso também interfere em

outros materiais, como o concreto

e os tijolos”, afirma angulo.

trEinamEnto dEmão-dE oBra

Na avaliação do especialista, é

preciso investir em treinamento

da mão-de-obra, especialmente

a do mercado informal, que é o

pedreiro contratado para as pe-

quenas reformas particulares. são

importantes a observação de as-

pectos técnicos e ambientais, o

conhecimento de ecopontos das

prefeituras, como a da capital

paulista, que permitem o descar-

te administrado dos resíduos.

“Grandes construtoras são res-

ponsáveis pela coleta e a destina-

ção de seus resíduos às áreas de

triagem e reciclagem. esse tipo de

material processado, basicamen-

te mineral, além de ser utilizado

como brita ou areia, pode ser uti-

lizado na regularização geotéc-

nica em substituição à terra para

preenchimento das áreas degra-

dadas”, diz.

além de treinamento da mão-

de-obra do mercado informal e

do reaproveitamento dos resí-

duos, angulo defende a adoção

de critérios técnicos para as ar-

gamassas e os contrapisos, en-

tre outros agregados. “Há ainda

muito pouco controle técnico nos

setores de demolição e de peque-

nas reformas, importantes gera-

dores de resíduos e que precisam

de critérios específicos”, afirma

o pesquisador do Ct-obras. Para

o especialista, o gerenciamento

público que já existe para esses

setores é, sem dúvida, um avan-

ço. “Mas podemos avançar ain-

da mais, participando na cadeia

produtiva como um todo.”

QuaTRo CLassesde ResÍduos

em 2002, o Conselho Nacional do Meio ambiente (Conama), órgão vinculado ao Ministério do Meio ambiente, editou a resolução número 307. o do-cumento legal classificou os materiais utilizados na cons-trução civil para definir as diversas rotas de aproveita-mento e reciclagem. Confira as quatro classes de resíduos:

Classe d (não recicláveis) – tintas, resinas e cimento amianto

Classe C (parcialmente recicláveis) – placas de gesso acartonado

Classe B (recicláveis) – resíduos orgânicos com destinação específica para cada setor

Classe a (recicláveis) – concreto, argamassa, cerâmica, entre outros materiais

Material reciclado em usina na Alemanha

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revista do ipt 85

um sistema que permi-tisse a rápida fabri-cação de simuladores de navio e plataformas

de petróleo em alto-mar era o

objeto de desejo de muitos dos

pesquisadores do iPt. este ano,

o desejo tornou-se realidade.

o Centro de engenharia Naval e

oceânica (CNaval) agregou um

sistema automatizado com braço

robótico que propicia a constru-

ção de modelos para simulação,

em poliuretano ou madeira, em

pouco tempo – o que antes dura-

va até mais de um mês, agora sai

pronto na mesma semana.

Com o robô, apelido do sistema,

o iPt tornou-se pioneiro em usi-

nagem robotizada de modelos de

navios na américa Latina. ele tra-

balha em conjunto com o tanque

de provas naval e oceânico, uma

estrutura aquática com 280 me-

tros de comprimento por 6,6 me-

tros de largura e 4 metros de pro-

fundidade. É um dos conjuntos de

teste mais evoluídos do mundo.

No tanque, cascos de navios, de-

pois de produzidos pelo sistema

robótico, são monitorados e ar-

rastados sobre a água para a ava-

liação do desempenho hidrodinâ-

mico e propulsão mais adequada

a cada tipo de embarcação. No

caso de plataformas offshore, as

avaliações de desempenho moni-

toradas são feitas sob a simulação

de ondas em alto-mar.

o robô faz parte de um processo

de renovação das instalações la-

boratoriais iniciado há três anos.

Laboratórios e oficinas já estão

quase prontos para atuar com

um robô superprodutivo

sistema automatizado acelera a construção de modelos para simulação na água

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86 revista do ipt

elevados padrões de eficiência e

dar suporte tecnológico ampliado

à indústria nacional ligada aos

setores naval e de petróleo e gás,

segundo Carlos daher Padovezi,

diretor do CNaval.

a modernização do CNaval se in-sere num contexto mais amplo. Com a criação dos fundos seto-riais, destinados a financiar a inovação, intensificou-se a par-ticipação das grandes empresas nacionais em projetos de pesqui-sa e desenvolvimento. a legis-lação estabeleceu que empresas sob concessão, como as dos se-tores elétrico e de petróleo e gás, aplicassem 1% do faturamento em pesquisas, sendo pelo me-nos metade disso em instituições

científicas e tecnológicas.

“tais recursos permitiram, num

primeiro momento, um verdadei-

ro upgrade em nossas instalações

laboratoriais. o desafio que temos

pela frente, a partir de agora, é

melhorar as condições de traba-

lho, com mais eficiência e me-

nores custos. estamos investindo

firme em treinamento de pesso-

al para atender às demandas da

Marinha e de empresas como a

Petrobras, estaleiros, projetistas e

às embarcações fluviais e de ca-

botagem”, afirma Padovezi.

o diretor do CNaval acredita que

os investimentos, tanto dos fun-

dos setoriais quanto do governo

paulista, produzirão inovações.

“isso leva tempo, mas a tendên-

cia é que ocorram grandes saltos

na pesquisa tecnológica aplicada

nacional”, estima Padovezi, lem-

brando das fases pelas quais o

instituto passou, acompanhando

a evolução do mercado.

altos E Baixos da indÚstria naval

do final dos anos 60 até o início

dos 80, o país fabricava grandes

navios, e o iPt ensaiava seus cas-

cos em escala reduzida. No final

dos anos 70, a Petrobras explora-

va petróleo no mar, e o instituto

dava assistência em tecnologia

offshore. No final dos anos 80, a

indústria naval brasileira decli-

nou, e os ensaios de modelos de

navios também caíram, enquanto

os de offshore cresceram, junta-

mente com os estudos de embar-

cações menores para transporte

fluvial. “Nos últimos cinco ou seis

anos, verificou-se uma retoma-

da na construção naval nacional,

os investimentos voltaram, e o

iPt está retomando as ativida-

des nessa área, refletindo o que

de importante acontece no país”,

afirma o diretor do CNaval.

Ensaios dE modElos Em rEdE

existem outros tanques de provas

nacionais para ensaios de mode-

los de plataformas de petróleo,

como o da escola Politécnica, na

UsP, e o da Universidade Federal

do rio de Janeiro. Mas o tanque

do iPt é o único adequado para

ensaios com modelos de navios

na américa Latina. segundo Pa-

dovezi, a formação de grupos de

excelência no Brasil, nas chama-

das redes temáticas do Cenpes/

Petrobras, amplia as compe-

tências tecnológicas nacionais.

as instituições brasileiras não

concorrem entre si, mas juntam

aquilo que cada uma tem de me-

lhor para atender às demandas e

responder aos desafios técnicos.

os concorrentes diretos do iPt es-

tão em outros países, que também

montaram suas competências.

“alguns países, como Noruega,

Holanda e itália, têm buscado

parcerias no Brasil. atualmente, a

capacidade do iPt na área de hi-

drodinâmica experimental pode

atender à demanda por ensaios

de países latino-americanos, com

Modelo de navio ensaiado no tanque de provas do CNaval, que passa a ser produzido com o novo sistema robotizado

Page 89: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do ipt 87

custos menores do que os euro-

peus e com a mesma qualidade”,

afirma Padovezi. em sua avalia-

ção, os grupos de excelência na-

cionais têm muita consistência.

“Quem é bom experimentalmente

busca parceria com seus equiva-

lentes teóricos e, juntos, damos

conta de trabalhos de grande

complexidade.” o CNaval tem ca-

pacitação em ensaios em campo

de plataformas e navios, necessá-

rios para a aferição dos métodos

experimentais em escala reduzida

e dos métodos teóricos de avalia-

ção de desempenho.

Com as perspectivas abertas pe-

las grandes jazidas petrolíferas na

camada pré-sal, os investimen-

tos visando à produção offshore

foram retomados. vêm com eles

a volta da produção de navios de

grande porte, impulsionada pela

decisão da transpetro de nacio-

nalizar a construção de sua frota.

“Um grande estaleiro, o maior da

américa Latina, está em construção

em recife (Pe). Pode-se dizer que

os recursos de petróleo e gás da

camada pré-sal produzem um re-

desenho da indústria naval e oce-

ânica no Brasil”, diz Padovezi.

o túnel de vento, ferramenta do

iPt para ensaios de edificações,

incorporou recentemente dois

equipamentos de ponta: o ras-

treador de hidrocarbonetos e o

sistema Óptico Piv. Com o rastre-

ador, é possível determinar a dis-

persão de poluentes de chaminés

da indústria e de plataformas de

petróleo ou dos escapamentos dos

carros. Uma vez determinada a

dispersão, pode-se propor alter-

Com o vento a favor

Novos equipamentos de ponta transformam o túnel do IPT num dos melhores do mundo

nativas para melhorar a dispersão

e a qualidade do ar.

Já o sistema Óptico Piv (sigla em

inglês para velocimetria por ima-

gem em Partículas) permite de-

terminar o comportamento do

escoamento em um determinado

local, como todo o campo de ve-

locidades, os vórtices formados, a

turbulência do local, entre outros.

Com esses e outros instrumentos

adquiridos recentemente, o túnel

de vento do iPt torna-se um dos

mais bem equipados do mundo.

inaugurado em meados de 2002,

o túnel de vento do iPt é robusto.

Mede 40 metros de comprimento

com seções de testes de 3 metros

de largura por 2 metros de altu-

ra e duas mesas giratórias. Uma

das mesas posiciona-se na seção

atmosférica, onde são ensaia-

Page 90: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

88 revista do ipt

dos modelos em escala reduzida

de edificações e plataformas de

petróleo, e outra na seção ae-

rodinâmica, onde são ensaiados

protótipos de aerodesign, en-

tre outros. Um ventilador de 180

cavalos-vapor (cv) de potência e

3 metros de diâmetro gera ventos

de até 90 quilômetros por hora

nas seções de teste do túnel. “al-

gumas pessoas dizem que essa

instalação do iPt possui nome e

sobrenome”, diz o pesquisador

Gilder Nader, do Centro de Metro-

logia de Fluidos do iPt. “trata-se

de um túnel de vento de Camada

Limite atmosférica.”

entre as principais aplicações do

túnel de vento atmosférico es-

tão estudos de cargas de vento

estáticas e dinâmicas em diver-

sas estruturas. “Podemos avaliar

as ações do vento em torres de

transmissão de energia elétrica,

fazer medições da dispersão de

contaminantes no ar. também

conseguimos visualizar o escoa-

mento do ar ao redor de estru-

turas e com isso melhorar, por

exemplo, perfis aerodinâmicos ou

posicionamento de helipontos,

uma vez que determinados perfis

de edificações podem gerar tur-

bulências e colocar em risco ope-

rações de pouso e decolagem”.

outro trabalho desenvolvido no

túnel de vento relaciona-se com

o conforto e a sustentabilidade

ambiental, visando melhorias na

ventilação em ambientes fecha-

dos e abertos como, por exemplo,

em ruas e em residências ou pré-

dios comerciais.

segundo Gilder Nader, as apli-

cações aerodinâmicas do túnel

de vento do iPt são realizadas

principalmente com equipes das

escolas de engenharia, como por

exemplo, de aerodesign. “a en-

vergadura e as velocidades de

cruzeiro e decolagem dos aerode-

signs são compatíveis com o túnel

de vento do iPt. assim, são reali-

zados ensaios nos protótipos para

determinação dos coeficientes de

arrasto e sustentação.”

outro tipo de projeto ponderado

por Gilder é a possibilidade de

uma edificação na marginal do

rio Pinheiros, em são Paulo. “a

norma pode prever, por exemplo,

rajadas de ventos de 110 km/h e

de curta duração. o ensaio no

túnel do iPt será constante, e os

dados coletados, comparados às

estatísticas do local, permitirão a

projeção para a escala real. Novos

fatores, como a mudança climá-

tica, podem trazer ventos mais

fortes, e os cálculos estruturais

também serão alterados. trocan-

do os valores que são constantes,

pode-se fazer a projeção.”

entre os ensaios realizados no túnel

de vento, o pesquisador destaca

os realizados na igreja do padre

Marcelo, em são Paulo, e a ponte

estaiada sobre o rio Potengi, em

Natal (rN). “Com o ensaio no túnel

é possível dimensionar os materiais

de construção na medida exata.

sem ele, a obra poderia custar três

ou quatro vezes mais”, diz Nader.

Gilder Nader,pesquisador doCentro de Metrologiade Fluidos

Page 91: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do ipt 89

Pronto-socorro de árvores

tecnologias reduzem risco de queda por ataque de insetos e temporais

Técnico faz prospecção não destrutiva do estado da árvore com tecnologia desenvolvida no IPT

Page 92: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

90 revista do ipt

Acidentes com quedas de árvores durante vendavais ou tempo-rais são um problema

recorrente nas cidades brasi-leiras. Para ajudar as adminis-

trações municipais a reduzi-los,

o Centro de tecnologia de recur-

sos Florestais (Ct-Floresta) do iPt

desenvolveu ferramentas para

diagnóstico e gestão de árvores

urbanas. a aplicação dessas tec-

nologias permite que as espécies

tenham uma vida mais saudável,

mantendo sua condição estru-

tural, e harmonizem-se com as

áreas do entorno.

o diagnóstico envolve critérios de

análise externa da espécie arbó-

A pesquisadora Raquel Amaral coleta dados que irão alimentar o software de gestão de árvores

Page 93: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

revista do ipt 91

rea, análise do tronco para a iden-

tificação de fungos, cupins ou bro-

cas, além do estudo biomecânico.

trata-se de um modelo de cálculo

estrutural que reúne conceitos de

biologia e mecânica e foi elabora-

do pelo pesquisador takashi Yojo.

Para a gestão das árvores, as

equipes do Ct-Floresta e do Cen-

tro de tecnologia da informação,

automação e Mobilidade (CiaM)

desenvolveram um software que

permite organizar dados para ge-

rar um histórico individual. inse-

rem-se nele dados como locali-

zação e condição biológica, além

das inspeções realizadas. “Cada

espécie tem um tempo de vida,

e esses dados são essenciais para

planejar as ações preventivas”,

afirma raquel amaral, enge-

nheira agrônoma do Ct-Floresta.

o diagnóstico é fundamental para

classificar o risco de queda de

uma árvore e estabelecer níveis de

alerta. “Fazemos uma análise ex-

tensa, procurando sinais que in-

diquem risco”, explica raquel. os

sinais podem ser detectados pelo

corte de raízes, por rachaduras

no tronco, pelo tamanho da área

interna deteriorada, entre outras

observações. No que se refere às

podas, aquelas feitas sem critério

também podem alterar o centro

de gravidade da árvore, fazendo

com que ela perca a condição ori-

ginal de estabilidade estrutural.

a operação Árvore saudável, rea-

lizada pela Prefeitura de são Pau-

lo entre 2003 e 2005 com o apoio

tecnológico do iPt, foi um marco

na atuação do instituto na área.

Foram diagnosticadas 7.050 árvo-

res da cidade, utilizando método

de prospecção não destrutiva, de-

senvolvido no ano de 2002 e pa-

tenteado por raquel amaral, em

seu trabalho de mestrado.

em setembro de 2008, o Ct-Flo-

resta foi contratado pela Compa-

nhia Urbanizadora da Nova Capi-

tal – Novacap, de Brasília, para

transferir conhecimento em diag-

nóstico de árvores urbanas. a em-

presa tinha um problema sério.

as árvores do distrito Federal fo-

ram atacadas por insetos e fungos

apodrecedores e, em consequên-

cia, estavam perdendo sustenta-

ção. algumas até tiveram que ser

removidas emergencialmente.

curso para EngEnhEiros

o iPt ministrou um curso para os

engenheiros da Novacap, com o

objetivo de capacitá-los para a

tomada de decisões quanto ao

risco de queda das árvores. além

de aulas teóricas, o curso envol-

veu análise em campo nos pontos

mais críticos, incluindo o método

que permite analisar as árvores

internamente sem danificá-las.

a capacitação do instituto com

foco em árvores urbanas também

chamou a atenção do secretá-

rio municipal do Meio ambiente

e desenvolvimento sustentável,

Frederico Luiz de Freitas Júnior, da

prefeitura de Campo Grande, no

Mato Grosso do sul. Freitas buscou

no iPt a parceria tecnológica para

a elaboração do Plano diretor de

arborização Urbana de Campo

Grande, o PdaU. “o secretário co-

nheceu melhor o trabalho e ma-

nifestou grande interesse pelo

auxílio do iPt”, informou raquel.

o software de gestão de árvores

também vem chamando a atenção

e já virou notícia divulgada inter-

nacionalmente pelo serviço britâ-

nico da rádio BBC. em entrevista

ao apresentador Gareth Mitchell,

raquel amaral destacou a possi-

bilidade de adaptação do softwa-

re a características locais, uma vez

que nas diferentes regiões há uma

diversidade de espécies de árvo-

res e de ataques biológicos. o sof-

tware foi feito sob medida para a

cidade de são Paulo, mas poderá

atender a outras administrações

municipais sem problemas.

o Ct-Floresta há 40 anos solu-

ciona problemas com insetos

que se alimentam de madeira

em edificações. iniciou um his-

tórico de atuação no campo de

árvores urbanas no ano 2000 e

intensificou suas pesquisas após

um acidente com vítima, ocorri-

do na capital paulista em 2004,

devido à queda de uma árvore.

as árvores urbanas que têm diag-

nósticos adequados e são bem

cuidadas ajudam a melhorar o

conforto térmico e a amenizar os

efeitos da poluição do ar. ajudam

também a diminuir impactos am-

bientais, criando barreiras para

ruídos e fixando o solo para con-

trole de enchentes.

Page 94: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

92 revista do ipt

O arquivo de madei-ras do Centro de Tec-nologia de Recursos Florestais (Ct-Floresta)

guarda um precioso tesouro: Flo-ra Brasiliensis, uma obra antiga e rara, referência para o estudo de espécies botânicas no país.

trata-se da produção do médico e botânico alemão Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), que reúne a descrição de 22.767 espécies nativas do Brasil e traz 3.811 desenhos de plantas com absoluta riqueza de detalhes.

a coleção – composta de 40 livros, dos quais o iPt possui 29 – ainda hoje é ferramenta de trabalho para botânicos, que estimam em 50 mil as espécies existentes no Brasil. somente em 2004, a im-portância da Flora Brasiliensis como o maior projeto de flora na história da botânica foi ultrapas-sada pelo estudo Flora da Repú-blica Popular da China.

segundo Geraldo José Zenid, di-retor do Ct-Floresta, o estudo é útil para a taxonomia, que classi-fica as plantas segundo variáveis

tais como classe, ordem, família, gênero e espécie.

Martius, o autor, realizou expedi-ções pelo Brasil a partir de 1817, acompanhado de um grupo de naturalistas e cientistas. Na épo-ca, dom João vi reinava direta-mente do Brasil, gerando viagens de europeus ao país, incluindo a missão artística francesa, que trouxe os pintores taunay e de-bret, entre outros nomes de peso.

a equipe de Martius percorreu 10 mil quilômetros durante mais de

Um tesouro bem aqui

Alguns dos 29 volumes da Flora Brasiliensis, coleção sob a guarda do CT-FlorestaFlora Brasiliensis, obra rara e de

referência para os estudos de botânica, faz parte do nosso acervo

Page 95: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

Tela do projeto Flora Brasiliensis na internet, que conta com um enorme banco de dados

revista do ipt 93

três anos e reconheceu boa parte dos tipos de vegetação existentes em solo brasileiro.

Martius dedicou boa parte de sua vida ao estudo da flora do país e, a partir de 1840, organizou os volumes, que foram publicados sucessivamente, até 1906. o texto original é escrito em latim. É difícil precisar a chegada da co-leção ao iPt. segundo Cristiane alves de sousa, histo-riadora do acervo téc-nico, a obra teria fica-do com o instituto no momento da separa-ção da escola Politéc-nica, em 1944. Curio-sa quanto à origem da coleção, Cristiane procurou documentos que atestassem sua procedência e des-cobriu que uma par-te da coleção está na biblioteca da Poli, e outra, na Faculdade de educação da UsP. Um levantamento dos volumes será feito em cada setor para verifi-car se as partes com-põem a coleção toda.

a colEçãona intErnEta Fundação de amparo à Pesquisa do estado de são Paulo (Fapesp) lançou em março de 2006 um am-plo projeto para produzir a versão digital da Flora Brasiliensis, que já pode ser consultada no ende-reço http://florabrasiliensis.cria.org.br. Para viabilizar um proje-to desse porte, foi montado um enorme banco de dados, que está

sob o gerenciamento do Centro de referência em informação am-biental (Cria). outro colaborador importante é o Jardim Botânico do Missouri, dos estados Unidos, que se encarregou da digitali-zação das imagens para o site.

as imagens são reproduzidas em alta resolução para exibir toda a sua riqueza de detalhes. atual-mente, está sendo desenvolvido um banco de imagens de plantas

vivas e de amostras para serem associadas às imagens do acer-vo online. outra frente do pro-jeto prevê a elaboração de um catálogo atualizado das plantas do país. o botânico George she-pherd, da Universidade estadual de Campinas (Unicamp), coordena um estudo-piloto para atualizar a nomenclatura das famílias de vegetais. assim, o projeto online representa os passos iniciais para

que mais tarde se possa conhecer todo o universo de plantas exis-tentes no Brasil. somente o pro-cesso de atualização da nomen-clatura do Flora Brasiliensis deve demorar cerca de cinco anos.

Concebido para ter uma natureza dinâmica e colaborativa, o Flo-ra Brasiliensis online deverá ser mantido sob constante atualiza-ção, utilizando as tecnologias de compartilhamento de informa-

ções. os pesquisadores acreditam que o pro-jeto na internet deva atrair a atenção de outros países da amé-rica Latina, uma vez que as plantas desco-nhecem as fronteiras geopolíticas.

No primeiro módulo de desenvolvimento do projeto, as 3,8 mil pranchas que com-põem a obra foram digitalizadas por meio de processo fotográ-fico, criando imagens com resolução de 300 por 300 pixels e arqui-vos de 90 MBytes cada. Para o carregamento das fotos na internet,

é utilizado um visualizador Flash, que permite minimizar o tráfego de dados na rede por meio da re-cuperação de partes das imagens.

o sistema adota algoritmos para determinar as partes que devem ser carregadas para o usuário. ou-tro recurso de destaque é a ado-ção do banco de dados hierárqui-co, que guarda os metadados de cada um dos volumes da obra.

Page 96: Revista IPT 110 anos.pdf (17 MB)

94 revista do ipt

o ano de 2011 será um divisor de águas para a po-

lítica estadual de recursos hídricos. até lá, devido

à lei estadual n° 12.183, de dezembro de 2005, que

dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recur-

sos hídricos no estado de são Paulo, os usuários de

água em geral, tais como municípios, indústrias e

empresas como a sabesp, que promovem a capta-

ção de água para diversos fins, passarão a pagar

por esse uso, gerando receitas que podem chegar

aos 600 milhões de reais por ano. os recursos serão

destinados ao Fundo estadual de recursos Hídricos

(Fehidro), que atualmente conta com receita anual

de cerca de 55 milhões de reais. a lei está em fase

de regulamentação e implementação.

Com esse aumento, os projetos de gestão de bacias

hidrográficas do estado ganharão uma nova pers-

pectiva. os recursos financeiros serão investidos na

melhoria da qualidade do meio ambiente no es-

tado, permitindo o desenvolvimento de projetos,

como os de recomposição florestal, recuperação de

rios, melhoria na qualidade da água, combate à

erosão, tratamento de resíduos sólidos, combate

a enchentes e obras de saneamento, entre outros.

devem ganhar novo impulso também a pesqui-

sa básica e a pesquisa aplicada nas mais diversas

áreas de interesse para a gestão dos recursos hí-

dricos superficiais e subterrâneos.

Um dos aspectos importantes da cobrança pelos

recursos hídricos é que a decisão sobre o que fazer

com o dinheiro será da alçada da própria região

em questão, por meio de cada um dos 21 comitês

de bacias hidrográficas (CBHs) que existem atual-

mente no estado, com representação dos governos

e da população. Há uma série de estudos técnicos

e debates para viabilizar a cobrança, tão logo ela

se consolide na legislação do estado. Cada comitê

desenvolverá seu sistema de cobrança, que em úl-

tima instância será autorizado pelo Conselho esta-

dual de recursos Hídricos (CrH).

o instituto de Pesquisas tecnológicas tem um pa-

pel triplo na Política estadual de recursos Hídricos.

atua como apoio tecnológico, por meio de pesqui-

sas e serviços; como representante da secretaria de

desenvolvimento do estado nos comitês de bacia

de Franca (CBH-sMG), Piracicaba (CBH-PCJ) e são

Paulo (CBH-at), e como agente técnico para todos

os colegiados, ao lado de instituições como Cetesb,

daee, Cati, CPLa e FF.

divisor de águas para o meio ambiente

O pesquisador José Luiz Albuquerque Filho e o mapa dos recursos hídricos de São Paulo

a r t i g o

José Luiz Albuquerque Filho

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revista do ipt 95

a política de águas do estado foi definida em 1991

por meio da lei n° 7.663, configurando pioneiris-

mo no país, já que a lei federal n° 9.433 foi ins-

tituída somente em 1997. os comitês de bacias,

os instrumentos de gestão – planos, relatórios de

situação, outorga pelo uso da água, entre outros

– e o suporte financeiro do Fehidro resultaram da

legislação estadual, compondo assim um tripé que

viabiliza a melhoria conti-

nuada, a conservação e a

preservação dos recursos.

o iPt foi nomeado agen-

te técnico do Fehidro em

2004. o convênio envolve

cerca de 20 pesquisadores

de diferentes áreas tecno-

lógicas dentro do instituto, que acompanham atu-

almente cerca de 170 projetos dos vários comitês,

totalizando 38 milhões de reais em investimentos.

PROJETOS ATUAIS

em convênio com a Cooperativa de serviços e Pes-

quisas tecnológicas e industriais (CPti), o iPt ela-

borou oito planos de recursos hídricos das bacias

paulistas, quais sejam: turvo/Grande (são José do

rio Preto); rio são José dos dourados (Jales); Bai-

xo Pardo/Grande (Barretos); sapucaí-Mirim/Grande

(Franca); Pardo (ribeirão Preto); tietê/Jacaré (ara-

raquara); sorocaba/Médio tietê (sorocaba); e Lito-

ral Norte (Caraguatatuba). essas regiões abrangem

224 dos 645 municípios paulistas.

Por meio desses planos, realizou-se diagnóstico

dos setores usuários de água – municipal, agrícola

e industrial – e foram analisadas suas demandas.

Consideraram-se diversos fatores, como caracte-

rização ambiental, potencialidade de aquíferos e

rios, situação da erosão, vulnerabilidade dos aquí-

feros, demografia, qualidade das águas, monito-

ramento de chuvas, vegetação, destinação do lixo

urbano, entre outros.

a partir do diagnóstico, foram identificadas e dis-

cutidas com os comitês de bacia as ações e recursos

necessários para conservar, recuperar e proteger a

água e o ambiente em curto, médio e longo pra-

zos, considerando o período 2008 – 2020.

outro projeto de relevância é o de desenvolvi-

mento de indicadores ambientais para a avaliação

dos recursos hídricos.

de caráter metodológi-

co, esse projeto permi-

tiu que em 2008 fosse

montada uma matriz

básica de indicadores,

discutida preliminar-

mente com todos os co-

mitês. assim, serão ge-

rados anualmente relatórios para cada bacia, que

trarão o estado das águas e as ações prioritárias a

serem executadas.

o iPt atuou ainda no estudo regional das bacias

dos rios Cubatão, Mogi, Quilombo e Jurubatuba.

Foram diagnosticados os processos erosivos e de

contaminação para subsidiar o planejamento e a

gestão da bacia hidrográfica da Baixada santista.

esse estudo também está servindo de base para a

escolha de locais para a implementação da base

operacional da Petrobras na bacia de santos.

Por fim, o iPt está trabalhando no Plano de desen-

volvimento e Proteção ambiental do sistema aquí-

fero Guarani, que é o maior manancial de água

doce subterrânea da américa do sul, com área de

1,2 milhão de quilômetros quadrados. aqui a meta

é estabelecer um plano de gestão para a área de

recarga no estado de são Paulo. o projeto abrange

cerca de 90 municípios.

José Luiz Albuquerque filho é pesquisador do IPT desde 1981 e geólogo com doutorado em Geociências e Meio Ambiente pela Universi-dade Estadual Paulista (Unesp, Rio Claro).

aumento da receita do Fehidro vai ampliar projetos de recursos hídricos no estado

“ “

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96 revista do ipt

?primEiros tEmpos

Foi notícia em 1933. os estudos sobre madeiras

brasileiras desenvolvidos pelo iPt, o uso possível

e mais consciente, com tratamento técnico ade-

quado, resultaram nas primeiras aplicações tecno-

lógicas da madeira, como na fabricação de tacos e

assoalhos, além de abrir espaço para o desenvolvi-

mento de produtos, como colas e vernizes.

primEira mulhEr a ocupar cargo dE dirEçãodenise rodrigues, diretora de Gestão estratégica de

março de 2007 a maio de 2009

os PResIdeNTes1899 - 1903 antônio Francisco de Paula souza

1903 - 1906 Wilhelm Fischer

1906 - 1917 Hippolyto Gustavo Pujol Jr.

1917 - 1926 oscar Machado de almeida

1926 - 1939 ary Frederico torres

1939 - 1949 adriano José Marchini

1949 - 1968 Francisco João Humberto Maffei

1968 - 1985 alberto Pereira de Castro

1985 - 1989 Henrique silveira de almeida

1989 - 1990 Luiz Carlos Martins Bonilha

1990 - 1994 Francisco de assis souza dantas

1994 - 1997 Milton de abreu Campanário

1997 - 2001 Plínio asmann

2001 - 2006 Guilherme ary Plonski

2006 - 2007 vahan agopyan

2008 - João Fernando Gomes de oliveira

voCê saBIa??

camisinhas: tEstadas E rEprovadas

No dia 1º de outubro de 1992, a secretaria da Justiça do estado de são Paulo apresentou publicamente os

resultados dos testes feitos pelo iPt em 13.500 unidades de preservativos masculinos. as marcas que compu-

nham a amostra, coletadas no mercado paulista pelo instituto de Pesos e Medidas, atendiam à época 95%

da demanda brasileira. Nove marcas foram analisadas e apenas duas aprovadas, obedecendo a critérios

baseados em normas internacionais e diretrizes do Procon. Foi um dos primeiros testes de preservativos

feitos no país e ajudou a ampliar a proteção à saúde dos cidadãos, com destaque para a prevenção à aids.

por dEntro do ipt

InfraestruturaÁrea construída: 96.596 m²

unidades técnicasCentros: 12

Laboratórios: 30

seções técnicas: 10

FuncionáriosPesquisa: 1.000

administração: 275

estagiários/bolsistas: 160

Produção científica em 2008documentos técnicos emitidos: 35.900

As unidades do IPT fora da capitalFranca e, em breve, são José dos Campos e Piracicaba

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