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AGORA+ | http://www.apostilasagora.com.br 215 Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013 Entendendo o programa Em concursos da área de segurança pública do estado do Rio Grande do Sul, especialmente nos últimos anos, a exigência de conhecimentos gerais para os candidatos, nas áreas de história, geografia, política, economia e cultura do nosso estado, vem se intensificado com o aparecimento de questões bem elaboradas, com um nível de dificuldade, muitas vezes, muito superior ao exigido nos cursos de formação do Ensino Médio. Certamente a pretensão da comissão organizadora do Concurso da Polícia Civil é a seleção, entre as centenas de candidatos a esses honrosos cargos, de um aprovando que possua uma ampla visão social possibilitada pela consciência da realidade e das repercussões históricas para o nosso cotidiano. Uma das preocupações que deve nortear a formação do candidato é o volume de informações que, aparentemente, pode ser abstraído da seleção proposta para a área de conhecimentos gerais. Quando o edital menciona “contextos históricos, geográficos, políticos, econômicos e culturais do Brasil e do Rio Grande do Sul” parece que estamos diante de um conhecimento enciclopédico, com centenas de ramificações e perspectivas, num contexto extremamente subjetivo, dificultando o reconhecimento objetivo das intenções da banca examinadora. Nessa situação o que fazer? Como se preparar para as questões previstas para o concurso em tela? Para tentar responder a essas perguntas, nos debruçamos em dois elementos importantes para a elaboração de provas de concursos públicos: I) bibliografia recomendada e II) provas anteriores de concursos. Acreditamos – mesmo com a generalidade perigosa do exigido nesse concurso – que a banca apresentará questões que tenham por base o reconhecimento da unidade desses conhecimentos. Por isso mesmo a banca menciona o termo CONTEXTOS para se referir ao exigido na prova. Contexto é uma palavra proveniente do latim e, segundo o dicionário Aurélio, remete a um “encadeamento das ideias dum escrito” e o imaginário de “conjunto; todo, totalidade”. Assim, os professores que irão elaborar a prova devem ter em mente essa “costura” que os conhecimentos gerais exigem: a “decoreba” cederia o lugar ao reconhecimento e interpretação dos fatos contextualizando com nosso espaço, na nossa atualidade. Dada a essa necessidade, queremos apresentar ao candidato que se prepara uma rápida recapitulação dos conhecimentos gerais procurando, quando possível, sistematizar as matérias buscando o encadeamento dos fatos e aproximando a matéria ao nosso espaço geopolítico, o Rio Grande do Sul 1 . Questões aplicadas pela FDRH-RS no certame anterior (PC-RS 2010) 1. [Inspetor – PC/RS 2010 (FDRH)] Os Sete Povos das Missões, fundados pelos jesuítas a partir de 1682, tinham como atividades econômicas básicas (A) o ensino religioso e a fiação e tecelagem. (B) a agricultura de subsistência e a arte da escultura. (C) a extração mineral e a prática da música. (D) a criação de gado e a produção de erva-mate. (E) a extração da madeira e a metalurgia 1 Bibliografia consultada: PRADO JÚNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006. VESENTINI, José William. Geografia: Um mundo em transição. São Paulo, Ática, 2010. BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,1999. PESAVENTO, Sandra. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1980. MAGNOLI, Demétrio; OLIVEIRA, Giovana; MENEGOTTO, Ricardo. Cenário Gaúcho: representações históricas e geográficas. São Paulo: Moderna, 2001. SANTOS, Milton e SILVEIRA, María Laura. O Brasil: território e sociedade no início do Século XXI. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica do Brasil. São Paulo: Editora Nova Geração, 1992. VERDUM, Roberto, BASSO, Alberto e SUERTEGARAY, Dirce. (orgs) Rio Grande do Sul - Paisagens e Terr. em Transformação. Porto Alegre: UFRGS, 2004. VESENTINI, José William. Brasil: sociedade e espaço. São Paulo: Editora Ática, 2001.

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215Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Entendendo o programa

Em concursos da área de segurança pública do estado do Rio Grande do Sul, especialmente nos últimos anos, a exigência de conhecimentos gerais para os candidatos, nas áreas de história, geografia, política, economia e cultura do nosso estado, vem se intensificado com o aparecimento de questões bem elaboradas, com um nível de dificuldade, muitas vezes, muito superior ao exigido nos cursos de formação do Ensino Médio.

Certamente a pretensão da comissão organizadora do Concurso da Polícia Civil é a seleção, entre as centenas de candidatos a esses honrosos cargos, de um aprovando que possua uma ampla visão social possibilitada pela consciência da realidade e das repercussões históricas para o nosso cotidiano.

Uma das preocupações que deve nortear a formação do candidato é o volume de informações que, aparentemente, pode ser abstraído da seleção proposta para a área de conhecimentos gerais. Quando o edital menciona “contextos históricos, geográficos, políticos, econômicos e culturais do Brasil e do Rio Grande do Sul” parece que estamos diante de um conhecimento enciclopédico, com centenas de ramificações e perspectivas, num contexto extremamente subjetivo, dificultando o reconhecimento objetivo das intenções da banca examinadora. Nessa situação o que fazer? Como se preparar para as questões previstas para o concurso em tela? Para tentar responder a essas perguntas, nos debruçamos em dois elementos importantes para a elaboração de provas de concursos públicos: I) bibliografia recomendada e II) provas anteriores de concursos.

Acreditamos – mesmo com a generalidade perigosa do exigido nesse concurso – que a banca apresentará questões que tenham por base o reconhecimento da unidade desses conhecimentos. Por isso mesmo a banca menciona o termo CONTEXTOS para se referir ao exigido na prova. Contexto é uma palavra proveniente do latim e, segundo o dicionário Aurélio, remete a um “encadeamento das ideias dum escrito” e o imaginário de “conjunto; todo, totalidade”. Assim, os professores que irão elaborar a prova devem ter em mente essa “costura” que os conhecimentos gerais exigem: a “decoreba” cederia o lugar ao reconhecimento e interpretação dos fatos contextualizando com nosso espaço, na nossa atualidade.

Dada a essa necessidade, queremos apresentar ao candidato que se prepara uma rápida recapitulação dos conhecimentos gerais procurando, quando possível, sistematizar as matérias buscando o encadeamento dos fatos e aproximando a matéria ao nosso espaço geopolítico, o Rio Grande do Sul1.

Questões aplicadas pela FDRH-RS no certame anterior (PC-RS 2010)

1. [Inspetor – PC/RS 2010 (FDRH)] Os Sete Povos das Missões, fundados pelos jesuítas a partir de 1682, tinham como atividades econômicas básicas

(A) o ensino religioso e a fiação e tecelagem. (B) a agricultura de subsistência e a arte da escultura. (C) a extração mineral e a prática da música. (D) a criação de gado e a produção de erva-mate. (E) a extração da madeira e a metalurgia

1 Bibliografia consultada:

PRADO JÚNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006. VESENTINI, José William. Geografia: Um mundo em transição. São Paulo, Ática, 2010. BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,1999. PESAVENTO, Sandra. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1980. MAGNOLI, Demétrio; OLIVEIRA, Giovana; MENEGOTTO, Ricardo. Cenário Gaúcho: representações históricas e geográficas. São Paulo: Moderna, 2001. SANTOS, Milton e SILVEIRA, María Laura. O Brasil: território e sociedade no início do Século XXI. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica do Brasil. São Paulo: Editora Nova Geração, 1992. VERDUM, Roberto, BASSO, Alberto e SUERTEGARAY, Dirce. (orgs) Rio Grande do Sul - Paisagens e Terr. em Transformação. Porto Alegre: UFRGS, 2004. VESENTINI, José William. Brasil: sociedade e espaço. São Paulo: Editora Ática, 2001.

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216Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

2. [Inspetor – PC/RS 2010 (FDRH)] Sobre a distribuição de sesmarias no Rio Grande do Sul, na terceira década do século XVIII, analise as afirmações abaixo.

I. A Coroa portuguesa distribuiu terras aos tropeiros, que se sedentarizaram, e aos militares, que se afazendaram. II. As sesmarias distribuídas entre os militares foram concedidas como retribuição aos serviços prestados. III. As sesmarias constituíram-se em estâncias com criação extensiva do rebanho e utilizaram peões como mão de

obra assalariada. IV. A mão de obra escrava não foi utilizada no desenvolvimento da atividade econômica nas propriedades que se

formaram nas sesmarias. Quais estão corretas? (A) Apenas a I e a II. (B) Apenas a II e a III. (C) Apenas a III e a IV. (D) Apenas a I, a III e a IV. (E) Apenas a I, a II e a IV.

3. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)] “Em dias de bom tempo, áreas como o centro de Porto Alegre, cobertas por edifícios elevados, armazenam quantidades maiores de calor do que os bairros com prédios mais baixos e casas intercaladas por pequenos jardins e praças.” (VERDUM e outros, 2004). Esse fenômeno é denominado de

(A) inversão térmica (B) ilha de calor (C) efeito estufa (D) chuva ácida (E) pressão atmosférica

4. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)]

Ao se analisar Porto Alegre, é possível discutir a qualidade do ar e, consequentemente, a qualidade de vida de sua população. (VERDUM et al, 2004) Pode-se apontar como principal responsável pela poluição atmosférica em Porto Alegre,

(A) as queimadas na zona sul do município (B) as atividades industriais no município (C) a inversão térmica (D) o desmatamento nas áreas de ocupação irregular (E) os veículos automotores

5. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)] Analise as afirmações abaixo sobre as migrações no Brasil.

I. Os migrantes gaúchos provocaram transformações relevantes no espaço rural do interior do Brasil na segunda metade do século XX.

II. Os gaúchos levaram consigo para outros estados uma nova dinâmica econômica, por meio da moderna indústria, associada à produção de soja.

III. A migração dos gaúchos caracterizou-se pela implantação de um modo de vida cultural e político, além de econômico.

IV. Os migrantes gaúchos oriundos das áreas de campos instalaram-se em grandes propriedades onde implantaram a criação de gado bovino.

Quais estão corretas?

(A) Apenas a I e a IV. (B) Apenas a II e a III. (C) Apenas a III e a IV. (D) Apenas a I, a II e a III. (E) Apenas a I, a II e a IV.

6. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)] O confinamento espacial, em distintos momentos históricos, tem sido a forma encontrada, ao longo do tempo, para lidar com questões de difíceis soluções nos diferentes territórios. NÃO são exemplos desse contexto no território brasileiro somente os

(A) leprosos e os leprosários. (B) servos e os quilombos (C) criminosos e os presídios (D) escravos e as senzalas (E) doentes mentais e os hospícios

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217Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

7. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)] A disputa entre estados e municípios pela presença de empresas, em razão da sua busca de lugares para se instalarem lucrativamente, é considerada, sobretudo, em seus aspectos

(A) locacionais (B) produtivos (C) físicos (D) climáticos (E) fiscais

8. [Escrivão – PC/RS 2005 (FDRH)] Numere a segunda coluna de acordo com a primeira:

1. Planalto Meridional 2. Campanha 3. Litoral 4. Depressão Central 5. Serras do Sudeste

( ) O traço principal é o Rio Jacuí onde encontram-se jazidas de carvão mineral. ( ) Sequencia de morros arredondados, cortados por rios e vegetação de campos. ( ) Área constituída por rochas basálticas onde ocorrem as maiores altitudes do estado e também as temperaturas

mais baixas. ( ) Área de campos com pequenas ondulações de relevo e baixas altitudes. ( ) Área de planície com dunas, solo arenoso e vegetação rasteira.

A numeração correta da segunda coluna, de cima para baixo é:

(A) 1 – 2 – 3 – 4 – 5 (B) 5 – 4 – 3 – 2 – 1 (C) 4 – 5 – 1 – 2 – 3 (D) 2 – 3 – 1 – 4 – 5 (E) 4 – 2 – 5 – 1 – 3

9. [Escrivão – PC/RS 2005 (FDRH)] As imagens abaixo são consideradas zonas turísticas do Rio Grande do Sul, tanto por suas belas paisagens naturais como sua cultura e sua história. Identifique a alternativa correta.

I.

II.

III.

(A) I. Torres; II. Gramado; III. Missões. (B) I. Tramandaí; II. Bento Gonçalves; III. Missões. (C) I. Torres; II. Bento Gonçalves; III. Alegrete. (D) I. Tramandaí; II. Gramado; III. Alegrete. (E) I. Torres; II. Caxias do Sul; III. Alegrete.

10. [Escrivão – PC/RS 2005 (FDRH)] “O Laçador” é considerado o monumento que simboliza o gaúcho e marca uma das entradas de Porto Alegre. Foi esculpido por Antônio Caringi e teve como modelo um dos fundadores do movimento tradicionalista juntamente com sete colegas da Escola Estadual Júlio de Castilhos em 1947. Quem é ele?

(A) Barbosa Lessa (B) Paixão Cortes. (C) Jaime Caetano Braum. (D) Darcy Fagundes. (E) Luiz de Menezes.

Gabarito: 1. D; 2. A; 3. B; 4. E; 5. D; 6. B; 7. E; 8. C; 9. A; 10. B.

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218Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

A História do Brasil é um domínio de estudos de História focado na evolução do território e da sociedade brasileiros que, canonicamente, se estende desde a chegada dos portugueses, em 1500, até os dias atuais. No entanto, este artigo também contém informações sobre a pré-história do Brasil, ou seja, o período em que não houve registros escritos sobre as atividades aqui desenvolvidas pelos povos indígenas.

A periodização tradicional divide a História do Brasil normalmente em quatro períodos gerais: Pré-Descobrimento (até 1500), Colônia (1500 a 1822), Império (1822 a 1889) e República (de 1889 aos dias atuais).

Ocupação e povoamento Sociedades indígenas

Essa terra tem dono?!? Antes da chegada dos portugueses ao Brasil, os povos ameríndios já haviam ocupado todo território latino-americano em 9000 a. C., sendo que em 2000 a. C. já se praticava a agricultura em todos os cantos do país. Na região onde hoje é o estado de São Paulo, se encontravam as famílias indígenas dos tupis, guaranis e dos jês, famílias estas compostas de vários troncos linguísticos e inúmeros dialetos. Com a chegada dos portugueses, iniciou-se um processo de genocídio dos indígenas, pois dos 3,5 milhões de ameríndios nos idos do século XVI, temos hoje um pouco mais de 200 mil indivíduos.

Além deste extermínio em massa, temos também a escravização (subjugando-os à exploração colonial), a expulsão de suas terras, o desrespeito à sua cultura e linguagem (em paralelo ao processo de catequização), além das inúmeras mortes por doenças trazidas pelos colonizadores. A visão portuguesa do Brasil era uma imensa terra sem dono, em eterna primavera e inocência. O gesto de batizarem a todos os lugares com o nome dos santos dos dias (Todos os Santos, São Sebastião, São Vicente, Monte Pascoal) confirma sua ideia de propriedade da terra, enquanto construção sociopolítica que hoje conhecemos.

Origem dos povos ameríndios Os habitantes do continente americano descendem de populações advindas da Ásia, sendo que os vestígios mais antigos de sua presença na América, obtidos por meio de estudos arqueológicos, datam de 11 a 12,5 mil anos. Todavia, ainda não se chegou a um consenso acerca do período em que teria havido a primeira leva migratória. Os povos indígenas que hoje vivem na América do Sul são originários de povos caçadores que aqui se instalaram, vindo da América do Norte através do istmo do Panamá, e que ocuparam virtualmente toda a extensão do continente há milhares de anos. De lá para cá, estas populações desenvolveram diferentes modos de uso e manejo dos recursos naturais e formas de organização social distintas entre si.

Não existe consenso também, entre os arqueólogos, sobre a antiguidade da ocupação humana na América do Sul. No passado, o ponto de vista mais aceito sobre este assunto era o de que os primeiros habitantes do continente sul-americano teriam chegado há pouco mais de 11 mil anos. No Brasil, a presença humana está documentada no período situado entre 11 e 12 mil anos atrás. Mas novas evidências têm sido encontradas na Bahia e no Piauí que comprovariam ser mais antiga esta ocupação, com o que muitos arqueólogos não concordam. Assim, há uma tendência cada vez maior de os pesquisadores reverem essas datas, já que pesquisas recentes vêm indicando datações muito mais antigas.

Como viviam antes da ocupação europeia Organizados em pequenas comunidades ou tribos, com culturas diferentes, - os antigos - viviam da caça, da pesca e da coleta de produtos da floresta. Tendo desenvolvido técnicas para o cultivo de milho, feijão, abóbora, batata, mandioca, abacaxi domesticavam, também, pequenos animais. A divisão das tarefas diárias era feita tendo como critérios básicos sexo e idade, onde todos ajudavam.

O conhecimento, as práticas, história, religião e tradição dos rituais ligados ou não a religião eram transmitidos de geração para geração por via oral. Os chefes das tribos eram os mais velhos, e eram eles que resolviam os problemas relacionados a doença, morte, desavenças familiares, atritos entre as tribos vizinhas, guerras e paz.

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219Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Tratado de Tordesilhas (1494) O Tratado de Tordesilhas, celebrado por Espanha (Castela) e Portugal em 7 de junho de 1494, fixou critérios de partilha entre os dois países, das terras descobertas além-mar por Colombo e outros navegadores posteriores.

Já anteriormente, em 1493, o Papa Alexandre VI expedira bulas fixando uma linha de fronteira (meridiano) de polo a polo a cem léguas do arquipélago de Cabo Verde. A Espanha teria o domínio exclusivo sobre as terras a oeste da linha e Portugal sobre aquelas a leste. Nenhuma outra potência poderia ocupar territórios que já se encontrassem sob um soberano cristão. O Tratado de Tordesilhas definiu as áreas de domínio do mundo extraeuropeu. Demarcando os dois hemisférios, de polo a polo, deu a Portugal o direito de posse sobre a faixa de terra onde se encontrava o Brasil: ficou Portugal com as terras localizadas a leste da linha de 370 léguas traçadas a partir de Açores e Cabo Verde, e a Espanha com as terras que ficassem do lado ocidental desta linha. O Tratado de Tordesilhas impediu um conflito entre as duas nações ibéricas e consagrou o princípio da livre movimentação de conquista e exploração, desses dois países, nos domínios reservados.

O direito de posse de Portugal sobre a faixa de terra onde se encontrava o Brasil foi produto de crescentes rivalidades entre Portugal e Espanha pelas terras do Novo Mundo, durante a segunda metade do século XV. A proximidade das datas do Tratado de Tordesilhas (1494) e do “descobrimento” (1500) faz supor que Portugal já sabia da existência das terras brasílicas antes mesmo da expedição cabralina.

Chegada dos portugueses (1500) No dia 22 de abril de 1500, o português Pedro Álvares Cabral, saindo de Lisboa, iniciou viagem para oficialmente descobrir e tomar posse das novas terras para a Coroa, e depois seguir viagem para a Índia (contornando a África para chegar a Calicute). Levava duas caravelas e 13 naus, e de 1.200 a 1.500 homens - entre os mais experientes Nicolau Coelho, que acabava de regressar da Índia; Bartolomeu Dias, que descobrira o cabo da Boa Esperança, e seu irmão Diogo Dias. As principais naus se chamavam Anunciada, São Pedro, Espírito Santo, El-Rei, Santa Cruz, Fror de la Mar, Victoria e Trindade .

A terra, a que os nativos chamavam Pindorama (“terra das palmeiras”), foi a princípio chamada pelos portugueses de Ilha de Santa Cruz e nela foi erguido um padrão (marco de posse em nome da Coroa Portuguesa). Mais tarde, a terra seria rebatizada como Terra de Vera Cruz e posteriormente Brasil. Estava situada 5.000km ao sul das terras descobertas por Cristóvão Colombo em 1492 e 1.400 quilômetros aquém da Linha de Tordesilhas. O período pré-colonial: a fase do pau-brasil (1500 a 1531) A expressão “descobrimento” do Brasil está carregada de eurocentrismo por desconsiderar a existência dos índios na terra antes da chegada dos portugueses. Portanto, será mais correto o termo “chegada” dos portugueses ao Brasil. Outros autores preferem dizer “achamento” do Brasil. A data em que ocorreu, 22 de abril de 1500, inaugura a fase pré-colonial. Neste período não houve colonização, pois os portugueses não se fixaram na terra.

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220Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Após os primeiros contatos com os indígenas, muito bem relatados na Carta a El-Rei D. Manuel de Pero Vaz de Caminha, os portugueses começaram a explorar o pau-brasil da mata Atlântica. O pau-brasil tinha grande valor no mercado europeu, pois sua seiva avermelhada era muito utilizada para tingir tecidos e fabricação de móveis e embarcações.

Inicialmente os próprios portugueses cortavam as árvores, mas devido ao fato destas não estarem concentradas em uma região, mas espalhadas pela mata, aqueles passaram a utilizar mão-de-obra indígena para o corte. No princípio, os índios não eram escravizados, eram pagos em forma de escambo, ou seja, simples troca. Apitos, chocalhos, espelhos e outros objetos utilitários foram oferecidos aos nativos em troca de seu trabalho (cortar o pau-brasil e carregá-lo até às caravelas). Os portugueses continuaram a exploração da madeira, erguendo toscas feitorias no litoral, apenas armazéns e postos de trocas com os indígenas.

Apesar do pau-brasil ter o seu valor, o comércio de especiarias com as Índias ainda era muito mais lucrativo. Neste período Portugal sofria de escassez de mão-de-obra e recursos, de forma que investir na extração de pau-brasil significava deixar de ganhar dinheiro nas Índias. Assim a Coroa reservou aos principais nobres os privilégios de explorarem as Índias, e à nobreza do “segundo escalão” as concessões para a exploração de pau-brasil sob sistema de estanco (o pau-brasil, considerado monopólio da Coroa portuguesa, era concedido para exploração a particulares mediante o pagamento de impostos).

Durante 30 anos, a costa foi também explorada por holandeses, ingleses e principalmente franceses. Embora essas nações não figurassem no Tratado de Tordesilhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu em 1494, terras recém descobertas) enviavam ao Brasil navios empenhados em explorar o Atlântico e recolher a preciosa madeira, pois consideravam que tinha direito à posse das terras o país que as ocupasse.

A costa brasileira era terra aberta para os navios do corso (os «corsários»), pois inexistiam povoações ou “guarda costeira” que a defendesse. Para tentar evitar estes ataques, Portugal organizou e enviou ao Brasil as chamadas expedições guarda-costas, com poucos resultados.

De qualquer forma, os franceses se incomodaram com as expedições de Cristóvão Jacques, encarregado das expedições guarda-costas, achando-se prejudicados; e sem que suas reclamações fossem atendidas, Francisco I (1515-1547), então Rei da França, deu a Jean Ango, um corsário, uma carta de marca que o autorizava a atacar navios portugueses para se indenizar dos prejuízos sofridos. Isso fez com que D. João III, rei de Portugal, enviasse a Paris Antônio de Ataíde, o conselheiro de Estado, para obter a revogação da carta, o que foi feito, segundo muitos autores, à custa de presentes e subornos.

Logo recomeçaram as expedições francesas. O rei francês, em guerra contra Carlos V, rei do Sacro Império Romano, praticamente atual Alemanha, não podia moderar os súditos, pois sua burguesia tinha interesses no comércio clandestino e porque o governo dele se beneficiava indiretamente, já que os bens apreendidos pelos corsários eram vendidos por conta da Coroa. As boas relações continuariam entre França e Portugal, e da missão de Rui Fernandes em 1535 resultou a criação de um tribunal de presas franco-português na cidade de Baiona, embora de curta duração, suspenso pelas divergências nele verificadas.

Henrique II, atual rei da França, filho de Francisco I, iria proibir em 1543 expedições a domínios de Portugal. Até que se deixassem outra vez tentar e tenham pensado numa França Antártica, uma colônia tentada no Rio de Janeiro, em 1555 ou numa França Equinocial.

A falta de segurança da terra é a origem direta da expedição de Martim Afonso de Sousa, nobre militar lusitano, e a posterior cessão dos direitos régios a doze donatários. Em 1530, D. João III mandou organizar a primeira expedição com objetivos de colonização. Esta tinha como objetivos: povoar o território brasileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil. Exploração do pau-brasil e a mão-de-obra escrava Durante o período pré-colonial (1500 – 1530), os portugueses desenvolveram a atividade de exploração do pau-brasil, árvore abundante na Mata Atlântica naquele período. A exploração dessa matéria-prima foi possibilitada não só pela sua localização, já que as florestas estavam próximas ao litoral, mas também pela colaboração dos índios, com os quais os portugueses desenvolveram um tipo de comércio primitivo baseado na troca – o escambo. Em troca de mercadorias europeias baratas e desconhecidas, os índios extraíam e transportavam o pau-brasil para os portugueses até o litoral.

A partir do momento em que os colonizadores passam a conhecer mais de perto o modo de vida indígena, com elementos desconhecidos ou condenados pelos europeus, a exemplo da antropofagia, os portugueses passam então a alimentar uma certa desconfiança em relação aos índios. A colaboração em torno da atividade do pau-brasil já não era mais possível e os colonos tentam submetê-los à sua dominação, impondo sua cultura, sua religião – função esta que coube aos jesuítas, através da catequese – e forçando-os ao trabalho compulsório nas lavouras, já que não dispunham de mão-de-obra.

A escravidão no Brasil segue assim paralelamente ao processo de desterritorialização sofrido por estes. Diante dessa situação, os nativos só tinham dois caminhos a seguir: reagir à escravização ou aceitá-la. Houve reações em todos os grupos indígenas, muitos lutando contra os colonizadores até a morte ou fugindo para regiões mais remotas. Essa reação indígena contra a dominação portuguesa ocorreu pelo fato de que as sociedades indígenas sul-americanas desconheciam a hierarquia e, consequentemente, não aceitavam o trabalho compulsório. Antes dos estudos etnográficos

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221Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

mais profundos (fins do século XIX e, principalmente, século XX), pensava-se que os índios eram simplesmente “inaptos” ao trabalho, tese que não se sustenta depois de pesquisas antropológicas em suas sociedades sem o impacto desestabilizador do domínio forçado. Os índios assimilados, por sua vez, eram superexplorados e morriam, não só em decorrência dos maus-tratos recebidos dos portugueses, mas também em decorrência de doenças que lhes eram desconhecidas e que foram trazidas pelos colonos europeus, como as doenças venéreas e a varíola.

Diante das dificuldades encontradas na escravização dos indígenas, a solução encontrada pelos colonizadores foi buscar a mão-de-obra em outro lugar: no continente africano. Essa busca por escravos na África foi incentivada por diversos motivos. Os portugueses tinham interesse em encontrar um meio de obtenção de altos lucros com a nova colônia, e a resposta estava na atividade açucareira, uma vez que o açúcar tinha grande aceitação no mercado europeu. A produção dessa matéria-prima, por sua vez, exigia numerosa mão-de-obra na colônia e o lucrativo negócio do tráfico de escravos africanos foi a alternativa descoberta, iniciando-se assim a inserção destes no então Brasil colônia. Convém ressaltar que a escravidão de indígenas perdura até meados do século XVIII.

Colônia (1532 - 1822) e Império (1822 - 1889): Administração, economia, política, sociedade e cultura

Capitanias Hereditárias (1532 - 1549) Na década de 1530, Portugal começava a perder a hegemonia do comércio na África Ocidental e no Índico. Circulavam insistentes notícias da descoberta de ouro e de prata na América Espanhola. Então, em 1532, o rei decidiu ocupar as terras pelo regime de capitanias, mas num sistema hereditário, pelo qual a exploração passaria a ser direito de família. O capitão e governador, títulos concedidos ao donatário, teria amplos poderes, dentre os quais o de fundar povoamentos (vilas e cidades), conceder sesmarias e administrar a justiça. O sistema de capitanias hereditárias implicava na divisão de terras vastíssimas, doadas a capitães-donatários que seriam responsáveis por seu controle e desenvolvimento, e por arcar com as despesas de colonização. Foram doadas aos que possuíssem condições financeiras para custear a empresa da colonização, e estes eram principalmente “membros da burocracia estatal” e “militares e navegadores ligados à conquista da Índia” (segundo Eduardo Bueno em “História de Brasil”). De acordo com o mesmo autor, a sugestão teria sido dada ao rei por Diogo de Gouveia,

ilustre humanista português, e respondia a uma “absoluta falta de interesse da alta nobreza lusitana” nas terras americanas.

Foram criadas, nesta divisão, quinze faixas longitudinais de diferentes larguras que iam de acidentes geográficos no litoral até o Meridiano das Tordesilhas, e foram oferecidas a doze donatários. Destes, quatro nunca foram ao Brasil; três faleceram pouco depois; três retornaram a Portugal; um foi preso por heresia (Tourinho) e apenas um se dedicou à colonização (Duarte Coelho em Pernambuco).

• Primeira capitania do Maranhão: entregue a João de Barros e Aires da Cunha; • Segunda capitania do Maranhão: entregue a Fernando Álvares de Andrade; • Capitania do Ceará: entregue a António Cardoso de Barros; • Capitania do Rio Grande: entregue a João de Barros e Aires da Cunha; • Capitania de Itamaracá: entregue a Pero Lopes de Sousa; • Capitania de Pernambuco ou Nova Lusitânia: entregue a Duarte Coelho; • Capitania da Baía de Todos os Santos: entregue a Francisco Pereira Coutinho; • Capitania dos Ilhéus: entregue a Jorge de Figueiredo Correia; • Capitania de Porto Seguro: entregue a Pero de Campos Tourinho; • Capitania do Espírito Santo: entregue a Vasco Fernandes Coutinho; • Capitania de São Tomé: entregue a Pero de Góis; • Capitania do Rio de Janeiro: entregue a Martim Afonso de Sousa; • Capitania de Santo Amaro: entregue a Pero Lopes de Sousa; • Capitania de São Vicente: entregue a Martim Afonso de Sousa; • Capitania de Santana: entregue a Pero Lopes de Sousa

Das quinze capitanias originais, apenas as capitanias de Pernambuco e de São Vicente prosperaram. As terras brasileiras ficavam a dois meses de viagem de Portugal. Além disso, as notícias das novas terras não eram muito animadoras: na viagem, além do medo de “monstros” que habitariam o oceano (na superstição europeia), tempestades eram frequentes; nas novas terras, florestas gigantescas e impenetráveis, povos antropófagos e não havia nenhuma riqueza mineral ainda descoberta. Em 1536, chegou o donatário da capitania da Baía de Todos os Santos, Francisco Pereira Coutinho, que fundou o Arraial do Pereira, na futura cidade do Salvador, mas se revelou mau administrador e foi morto pelos tupinambás. Tampouco tiveram maior sucesso as capitanias dos Ilhéus e do Espírito Santo, devastadas por aimorés e tupiniquins.

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Governo-Geral (1549 - 1580)

Tomé de Sousa Após o fracasso do projeto de capitanias, o rei João III unificou as capitanias sob um Governo-Geral do Brasil e em 7 de janeiro de 1549 nomeou Tomé de Sousa para assumir o cargo governador-geral. A expedição do primeiro governador chegou ao Brasil em 29 de março do mesmo ano, com ordens para fundar uma cidade para abrigar a sede da administração colonial. O local escolhido foi a Baía de Todos os Santos e a cidade foi chamada de São Salvador da Baía de Todos os Santos. As condições favoráveis da terra, o clima quente, o solo fértil, a excelente posição geográfica, fizeram com que o rei decidisse reverter a capitania para a Coroa (expropriando-a do donatário Pereira Coutinho).

As tarefas de Tomé de Sousa eram tornar efetiva a guarda da costa, auxiliar os donatários, organizar a ordem política e jurídica na colônia. O governador organizou a vida municipal, e sobretudo a produção açucareira: distribuiu terras e mandou abrir estradas, além de fazer construir um estaleiro. Desse modo, o Governo-Geral centralizou a administração colonial, subordinando as capitanias a um só governador-geral que tornasse mais rápido o processo de colonização.

O governador também levou ao Brasil os primeiros missionários católicos, da ordem dos jesuítas, como o padre Manuel da Nóbrega. Por ordens suas, ainda, foram introduzidas na colônia as primeiras cabeças de gado, de novilhos levados de Cabo Verde. Ao chegar à Bahia, Tomé de Sousa encontrou o velho Arraial do Pereira com seus moradores, e mudaram o nome do local para Vila Velha. Também moravam nos arredores o náufrago Diogo Álvares “Caramuru” e sua esposa Paraguaçu (batizada como Catarina), perto da capela de Nossa Senhora das Graças (hoje o bairro da Graça, em Salvador). Consta que Tomé de Sousa teria pessoalmente ajudado a construir as casas e a carregar pedras e madeiras para construção da capela de Nossa Senhora da Conceição da Praia, uma das primeiras igrejas erguidas no Brasil. Duarte da Costa Em 1553, a pedidos, Tomé de Sousa foi exonerado do cargo e substituído por Duarte da Costa, fidalgo e senador nas Cortes de Lisboa. Em sua expedição foram também 260 pessoas, incluindo seu filho, Álvaro da Costa, e o então noviço José de Anchieta, jesuíta basco que seria o pioneiro na catequese dos nativos americanos. A administração de Duarte foi conturbada. Já de início, a intenção de Álvaro em escravizar os indígenas, incluindo os catequizados, esbarrou na impertinência de Dom Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil. O governador interveio a favor do filho e autorizou a captura de indígenas para uso em trabalho escravo. Disposto a levar as queixas pessoalmente ao rei de Portugal, Sardinha partiu para Lisboa em 1556 mas naufragou na costa de Alagoas e acabou devorado pelos caetés antropófagos.

Durante o governo de Duarte da Costa, uma expedição de protestantes franceses se instalou permanentemente na Guanabara e fundou a colônia da França Antártica. Ultrajada, a Câmara Municipal da Bahia apelou à Coroa pela substituição do governador. Em 1556, Duarte foi exonerado, voltou a Lisboa e em seu lugar foi enviado Mem de Sá, com a missão de retomar a posse portuguesa do litoral sul. Mem de Sá O terceiro Governador-Geral, Mem de Sá (1558-1572), deu continuidade à política de concessão de sesmarias aos colonos e montou ele próprio um engenho, às margens do rio Sergipe, que mais tarde viria a pertencer ao conde de Linhares (Engenho de Sergipe do Conde).

Para enfrentar os colonos franceses estabelecidos na França Antártica, aliados aos Tamoios na baía de Guanabara, Mem de Sá aliou-se aos Temiminós do cacique Araribóia. O seu sobrinho, Estácio de Sá, comandou a retomada da região e fundou a cidade do Rio de Janeiro a 20 de janeiro de 1565, dia de São Sebastião.

União Ibérica (1580 - 1640)

Com o desaparecimento de D. Sebastião, Portugal ficou sob união pessoal com a Espanha, e foi governada pelos três reis Filipes (Filipe II, Filipe III e Filipe IV, dos quais se subtrai um número quando referentes a Portugal e ao Brasil). Isso virtualmente acabou com a linha divisória do meridiano das Tordesilhas e permitiu que o Brasil se expandisse para o oeste.

Várias expedições exploratórias do interior (chamado de “os sertões”) foram organizadas, fosse sob ordens diretas da Coroa (“entradas”) ou por caçadores de escravos paulistas (“bandeiras”, donde o nome “bandeirantes”). Estas expedições duravam anos e tinham o objetivo principalmente de capturar índios como escravos e encontrar pedras preciosas e metais valiosos, como ouro e prata. Foram bandeirantes famosos, entre outros, Fernão Dias, Bartolomeu Bueno da Silva (Anhanguera), Raposo Tavares, Domingos Jorge Velho (estilizado na pintura acima), Borba Gato e Antônio Azevedo.

A União Ibérica também colocou o Brasil em conflito com potências europeias que eram amigas de Portugal mas inimigas da Espanha, como a Inglaterra e a Holanda. Esta última atacou e invadiu extensas faixas do litoral, fixando-se principalmente em Pernambuco e na Paraíba por quase vinte anos.

Estado do Maranhão e Estado do Brasil (1621-1640) Das mudanças administrativas durante o domínio espanhol, a mais importante sucedeu em 1621, com a divisão da colônia em dois Estados independentes: o Estado do Brasil (de Pernambuco a atual Santa Catarina) e o Estado do Maranhão (do atual Ceará à Amazônia). A razão se baseava no destacado papel assumido pelo Maranhão como

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223Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

ponto de apoio e de partida para a colonização do norte e nordeste. O Maranhão tinha por capital São Luís, e o Estado do Brasil sua capital em Salvador.

Quando o rei Filipe III (IV da Espanha) separou o Brasil e o Maranhão, passaram a existir três capitanias reais: Maranhão, Ceará e Grão-Pará, e seis capitanias hereditárias. Em 1737, com sua sede transferida para Belém, o Maranhão passou a ser chamado de Grão-Pará e Maranhão. Tal instalação era efeito do isolamento do extremo norte do Estado do Brasil, pois o regime de ventos impedia durante meses as comunicações entre São Luís e a Bahia. No século XVII, o Estado do Brasil se estendia do atual Rio Grande do Norte até Santa Catarina, e no século XVIII já estariam incorporados o Rio Grande de São Pedro (atual Rio Grande do Sul) e as regiões mineiras. Economia colonial A economia da colônia, iniciada com o puro extrativismo de pau-brasil e o escambo entre os colonos e os índios, gradualmente passou à produção local, com os cultivos da cana-de-açúcar e do cacau. O engenho de açúcar (manufatura do ciclo de produção açucareiro) constituiu a peça principal do mercantilismo português, organizadas em grandes propriedades.

Estas, como se chamou mais tarde, eram latifúndios, caracterizados por terras extensas, abundante mão-de-obra escrava, técnicas complexas e baixa produtividade. Para sustentar a produção de cana-de-açúcar, os portugueses começaram, a partir de meados do século XVI, a importar africanos como escravos. Eles eram pessoas capturadas entre tribos das feitorias europeias na África (às vezes com a conivência de chefes locais de tribos rivais) e atravessados no Atlântico nos navios negreiros, em péssimas condições de asseio e saúde.

Ao chegarem à América, essas pessoas eram comercializadas como mercadoria e obrigados a trabalhar nas plantações e casas dos colonizadores. Dentro das fazendas, viviam aprisionados em galpões rústicos chamados de senzalas, e seus filhos também eram escravizados, perpetuando a situação pelas gerações seguintes.

Nas feitorias, os mercadores portugueses vendiam principalmente armas de fogo, tecidos, utensílios de ferro, aguardente e tabaco, adquirindo escravos, pimenta, marfim e outros produtos.

Até meados do século XVI, os portugueses possuíam o monopólio do tráfico de escravos. Depois disso, mercadores franceses, holandeses e ingleses também entraram no negócio, enfraquecendo a participação portuguesa.

Gilberto Freyre comenta:

O Brasil nasceu e cresceu econômica e socialmente com o açúcar, entre os dias venturosos do pau-de-tinta e antes de as minas e o café o terem ultrapassado. Efetivamente, o açúcar foi base na formação da sociedade e na forma de família. A casa de engenho foi modelo da fazenda de cacau, da fazenda de café, da estância. Foi base de um complexo sociocultural de vida.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. São Paulo: Global, 2006. Houve engenhos ainda nas capitanias de São Vicente e do Rio de Janeiro, que cobriam cem léguas e couberam ambas a Martim Afonso de Sousa. Este receberia o apoio de João Ramalho e de seu sogro Tibiriçá. No Rio, funcionava o engenho de Rodrigo de Freitas, nas margens da lagoa que hoje leva seu nome. Ao entrar o século XVII, o açúcar brasileiro era produto de importação nos portos de Lisboa, Antuérpia, Amsterdã, Roterdã, Hamburgo. Sua produção, muito superior à das ilhas portuguesas no Atlântico, supria quase toda a Europa. Gabriel Soares de Sousa, em 1548, comentava o luxo reinante na Bahia e o padre Fernão Cardim exaltava suas capelas magníficas, os objetos de prata, as lautas refeições em louça da Índia, que servia de lastro nos navios: “Parecem uns condes e gastam muito”, reclamava o padre.

Em meados do século XVII, o açúcar produzido nas Antilhas Holandesas começou a concorrer fortemente na Europa com o açúcar do Brasil. Os holandeses tinham aperfeiçoado a técnica, com a experiência adquirida no Brasil, e contavam com um desenvolvido esquema de transporte e distribuição do açúcar em toda a Europa. Portugal foi obrigado a recorrer à Inglaterra e assinar diversos tratados que afetariam a economia da colônia. Em 1642, Portugal concedeu à Inglaterra a posição de “nação mais favorecida” e os comerciantes ingleses passaram a ter maior acesso ao comércio colonial. Em 1654 Portugal aumentou os direitos ingleses; mas poderiam negociar diretamente vários produtos do Brasil com Portugal e vice-versa, excetuando-se alguns produtos como bacalhau, vinho, pau-brasil).

Em 1661 a Inglaterra se comprometeu a defender Portugal e suas colônias em troca de dois milhões de cruzados, obtendo ainda as possessões de Tânger e Bombaim. Em 1703 Portugal se comprometeu a admitir no reino os panos dos lanifícios ingleses, e a Inglaterra, em troca, a comprar vinhos portugueses. Data da época o famosíssimo Tratado de Methuen, do nome de seu negociador inglês, ou tratado dos Panos e Vinhos. Na época, satisfazia os interesses dos grupos dominantes mas teria como consequência a paralização da industrialização em Portugal, canalizando para a Inglaterra o ouro que acabava de ser descoberto no Brasil.

No nordeste brasileiro se encontrava a pecuária, tão importante para o domínio do interior, já que eram proibidos rebanhos de gado nas fazendas litorâneas, cuja terra de massapê era ideal para o açúcar. Estuda-se bem o açúcar no item dedicado à invasão holandesa.

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A conquista do sertão, povoado por diversos grupos indígenas foi lenta e se deveu muito à pecuária (o gado avançou ao longo dos vales dos rios) e, muito mais tarde, às expedições dos Bandeirantes que vinham prear índios para levar para São Paulo. A esse respeito, consultar o extenso capítulo sobre Entradas e Bandeiras. Ciclo do ouro No final do século XVII descobriu-se ouro nos ribeiros das terras que pertenciam à capitania de São Paulo e mais tarde ficaram conhecidas como Minas Gerais. Descobriram-se depois, no final da década de 1720, diamante e outras gemas preciosas. Esgotou-se o ouro abundante nos ribeirões, que passou a ser mais penosamente buscado em veios dentro da terra. Apareceram metais preciosos em Goiás e no Mato Grosso, no século XVIII. A Coroa cobrava, como tributo, um quinto de todo o minério extraído, o que passou a ser conhecido como “o quinto”. Os desvios e o tráfico de ouro, no entanto, eram frequentes. Para coibi-los, a Coroa instituiu toda uma burocracia e mecanismos de controle. Quando a soma de impostos pagos não atingia uma cota mínima estabelecida, os colonos deveriam entregar joias e bens pessoais até completar o valor estipulado — episódios chamados de derramas.

O período que ficou conhecido como Ciclo do Ouro iria permitir a criação de um mercado interno, já que havia demanda por todo tipo de produtos para o povoamento das Minas Gerais. Era preciso levar, Serra da Mantiqueira acima, escravos e ferramentas, ou, rio São Francisco abaixo, os rebanhos de gado para alimentar a verdadeira multidão que para lá acorreu.

Assim, o eixo econômico e político se deslocou para o centro-sul da colônia e o Rio de Janeiro tornou-se sede administrativa, além de ser o porto por onde as frotas do rei de Portugal iam recolher os impostos. A cidade foi descrita pelo padre José de Anchieta como “a rainha das províncias e o empório das riquezas do mundo”, e por séculos foi a capital do Brasil.

Conflitos na História do Brasil

- Período Colonial - Movimentos Nativistas

• Aclamação de Amador Bueno: 1641 Ocorrida em 1641, em São Paulo, foi a primeira manifestação de caráter nativista da Colônia. Amador Bueno não aceitando a coroa, foi perseguido pelos paulistas e se refugiou no mosteiro de São Bento, em São Paulo.

• Revolta da Cachaça: 1660-1661 Revolta da Cachaça é o nome pelo qual passou à História do Brasil o episódio ocorrido entre final de 1660 e começo do ano seguinte, no Rio de Janeiro, motivado pelo aumento de impostos excessivamente cobrados aos fabricantes de aguardente. Também é chamada de Revolta do Barbalho ou Bernarda.

• Conjuração de "Nosso Pai": 1666 A Conjuração de Nosso Pai, também conhecida por Revolta contra Mendonça Furtado nomeado governador da Capitania de Pernambuco (apelidado pejorativamente de Xumberga (ou, nalgumas outras versões, Xumbregas) - referência ao general alemão Von Schomberg, mercenário que lutara na Guerra da Restauração, por ter um bigode semelhante ao dele) teve lugar em Recife e Olinda, em 1666.

• Revolta de Beckman: 1684 A Revolta de Beckman, também Revolta dos Irmãos Beckman ocorreu no então Estado do Maranhão, em 1684.

• Guerra dos Emboabas: 1708-1709 A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado de 1707 a 1709, pelo direito de exploração das recém-descobertas jazidas de ouro, na região das Minas Gerais, no Brasil. O conflito contrapôs, de um lado, os desbravadores vicentinos, grupo formado pelos bandeirantes paulistas, que haviam descoberto a região das minas e que por esta razão reclamavam a exclusividade de explorá-las; e de outro lado um grupo heterogêneo composto de portugueses e imigrantes das demais partes do Brasil, sobretudo da Bahia, liderados por Manuel Nunes Viana – pejorativamente apelidados de “emboabas” pelos vicentinos –, todos atraídos à região pela febre do ouro. Em novembro de 1708 Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, foi um dos palcos do sangrento conflito envolvendo os direitos de exploração de ouro na futura Capitania de Minas Gerais.

• Revolta do Sal: 1710 A chamada revolta do sal foi uma revolta nativista ocorrida na Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, no Brasil, em 1710. À época, sal, gênero de primeira necessidade para as pessoas e o gado, era explorado a título de monopólio pela política econômica mercantista da Coroa Portuguesa. O seu comércio era praticado por um reduzido número de pessoas que arrematavam contratos para a exploração e venda do produto, geralmente por um período de três anos. A estes negociantes da Coroa associavam-se outros que viviam nas colônias.

• Guerra dos Mascates: 1710-1711 A Guerra dos Mascates que se registrou de 1710 a 1711 na então Capitania de Pernambuco, é considerada como um movimento nativista pela historiografia em História do Brasil. Confrontaram-se os senhores de terras e de engenhos

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pernambucanos, concentrados em Olinda, e os comerciantes reinóis (portugueses da Metrópole) do Recife, chamados pejorativamente de mascates. Quando houve as sedições entre os mascates europeus do Recife e a aristocracia rural de Olinda, os sectários dos mascates se apelidavam Tundacumbe, cipós e Camarões, e os nobres e seus sectários, pés rapados - porque quando haviam de tomar as armas, se punham logo descalços e à ligeira, para com menos embaraços as manejarem, e assim eram conhecidos como destros nelas, e muito valorosos, pelo que na história de Pernambuco, a alcunha de pés rapados é sinônimo de nobreza.

• Motins do Maneta: 1711 Os Motins do Maneta foram duas sublevações ocorridas no Brasil Colônia em Salvador contra o monopólio da comercialização do sal e aumento de impostos, ocorridos, respectivamente, em: 19 de outubro de 1711 - primeiro motim; 2 de dezembro deste mesmo ano - segundo motim.

• Revolta de Felipe dos Santos: 1720 A Revolta de Felipe dos Santos ou Revolta de Vila Rica, que se registrou em 1720, na então Real Capitania das Minas de Ouro e dos Campos Gerais dos Cataguases, na Colônia do Brasil, pertencente a Portugal; considerada um movimento nativista pela historiografia brasileira, e um dos precursores da chamada Inconfidência Mineira, foi uma reação contra o aumento da exploração colonial. Ocorreu na Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto, como era então denominada a atual cidade de Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, tendo por um de seus líderes o idealista Filipe dos Santos Freire, que muitas vezes dá nome à revolta. Entre suas causas diretas estavam a criação das casas de fundição, proibindo a circulação de ouro em pó e o monopólio do comércio dos principais gêneros por reinóis (lusitanos), e que obteve do Governador, o Conde de Assumar, uma enérgica reação que culminou com a execução do principal líder, Filipe dos Santos.

Movimentos Emancipacionistas

• Conjuração Mineira: 1789 A Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi uma tentativa de revolta de natureza separatista abortada pela Coroa portuguesa em 1789, na então capitania de Minas Gerais, no Estado do Brasil, contra, entre outros motivos, a execução da derrama e o domínio português.

• Conjuração Carioca: 1794 A chamada Inconfidência Carioca foi o nome pelo qual ficou conhecida a repressão a uma associação de intelectuais que se reuniam, no Rio de Janeiro, em torno de uma sociedade literária, no fim do século XVIII. Fundada desde 1771, sob o nome de Academia Científica do Rio de Janeiro, a sociedade se reunia desde o governo de Luís de Vasconcelos e Sousa (1779-1790). Na academia se discutiam assuntos filosóficos e políticos, à semelhança do que estava em voga na Europa. Em suas últimas reuniões, a figura de destaque era Manuel Inácio da Silva Alvarenga, poeta e professor de Retórica, formado na Universidade de Coimbra.

• Conjuração Baiana: 1798 A Conjuração Baiana, também denominada como Revolta dos Alfaiates (uma vez que seus líderes exerciam este ofício), foi um movimento separatista de caráter emancipacionista, ocorrido no ocaso do século XVIII, na antiga Capitania da Bahia, na colônia do Brasil, então parte do Império Português. Diferentemente da Inconfidência Mineira (1789), reveste-se de caráter popular. Os revoltosos pregavam a libertação dos escravos, a instauração de um governo igualitário (onde as pessoas fossem vistas de acordo com a capacidade e merecimento individuais), além da instalação de uma República na Bahia e da liberdade de comércio e o aumento dos salários dos soldados. Tais ideias eram divulgadas sobretudo pelos escritos do soldado Luiz Gonzaga das Virgens e panfletos de Cipriano Barata, médico e filósofo.

• Conspiração dos Suaçunas: 1801 A chamada Conspiração dos Suaçunas, também conhecida por sua grafia arcaica – Conspiração dos Suassunas –, foi um projeto de revolta que se registrou em Olinda, na então Capitania de Pernambuco, no alvorecer do século XIX. Influenciada pelas ideias do Iluminismo e pela Revolução Francesa (1789), algumas pessoas, entre as quais Manuel Arruda Câmara - membro da Sociedade Literária do Rio de Janeiro - , em 1796, fundaram a loja maçônica Areópago (Areópago de Itambé), da qual não participavam europeus.

• Revolução Pernambucana: 1817 A chamada Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, eclodiu em 6 de março de 1817 na então Província de Pernambuco, no Brasil. Dentre as suas causas destacam-se a crise econômica regional, o absolutismo monárquico português e a influência das ideias Iluministas, propagadas pelas sociedades maçônicas.

Guerras indígenas

• Confederação dos Tamoios: 1555-1567 A Confederação dos Tamoios é a denominação dada à revolta liderada pela nação indígena Tupinambá, que ocupava o litoral do que hoje é o norte paulista, começando por Bertioga e litoral fluminense, até Cabo Frio, envolvendo também tribos situadas ao longo do Vale do Paraíba, na Capitania de São Vicente, contra os colonizadores portugueses, entre 1556 a 1567, embora tenha-se notícia de incidentes desde 1554.

• Guerra dos Aimorés: 1555-1673

• Guerra dos Potiguares: 1586-1599

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• Levante dos Tupinambás: 1617-1621

• Confederação dos Cariris: 1686-1692 Confederação dos Cariris, também chamada de "Guerra dos Bárbaros", foi um movimento de resistência de indígenas brasileiros da nação Cariri (ou Kiriri) à dominação portuguesa, ocorrido entre 1683 e 1713. Os cariris viviam em vastas áreas dispersas entre os rios São Francisco (Bahia) e Parnaíba (Piauí). Supõe-se que tenham migrado do norte, em busca de terras mais adequadas à sua cultura neolítica.

• Revolta de Mandu Ladino : 1712-1719 A chamada Revolta de Mandu Ladino foi um conflito que opôs os indígenas do interior da então capitania do Piauí aos colonizadores portugueses, tendo se estendido de 1712 a 1719.

• Guerra dos Manaus: 1723-1728 A Guerra dos Manaus foi uma guerra entre os portugueses e os índios da tribo dos Manaus que habitavam nas imediações da povoação de Santa Isabel, no rio Negro e eram liderados por Ajuricaba. Essa guerra se estendeu de 1723 a 1728.

• Resistência Guaicuru: 1725-1744

• Guerrilha dos Muras: todo o século XVIII A Guerrilha dos Muras foi uma guerra que envolveu os portugueses e a Nação dos Muras, resistiu durante séculos aos portugueses que penetraram na região Amazônica entre os rios Madeira e Negro.

• Guerra Guaranítica: 1753-1756 Guerra Guaranítica é o nome que se dá aos violentos conflitos que envolvem os índios guaranis e as tropas espanholas e portuguesas no sul do Brasil após a assinatura do Tratado de Madri, em 1750. Os índios guaranis da região dos Sete Povos das Missões recusam-se a deixar suas terras no território do Rio Grande do Sul e a se transferir para o outro lado do rio Uruguai, conforme ficara acertado no acordo de limites entre Portugal e Espanha.

Com o apoio parcial dos jesuítas, no início de 1753 os índios guaranis missioneiros começam a impedir os trabalhos de demarcação da fronteira e anunciam a decisão de não sair da região dos Sete Povos. Em resposta, as autoridades enviam tropas contra os nativos, e a guerra eclode em 1754. Os castelhanos, vindos de Buenos Aires e Montevidéu, atacam pelo sul, e os portugueses, enviados do Rio de Janeiro sob o comando do general Gomes Freire, entram pelo rio Jacuí. Juntando depois as tropas na fronteira com o Uruguai, os dois exércitos sobem e atacam frontalmente os batalhões indígenas, dominando Sete Povos em maio de 1756. Chega ao fim a resistência guarani.

Um dos principais líderes guaranis é o capitão Sepé Tiaraju. Ele justifica a resistência ao tratado em nome de direito legítimo dos índios em permanecer nas suas terras. Comanda milhares de nativos até ser assassinado na Batalha de Caiboaté, em fevereiro de 1756.

Conflitos coloniais A época colonial foi marcada por vários conflitos, tanto entre portugueses e outros europeus, e europeus contra nativos, como entre os próprios colonos. O maior deles, sem dúvida, foi a Guerra contra os Holandeses (ou Guerras Holandesas, de 1630 a 1647, na Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

A insatisfação com a administração colonial provocou a Revolta de Amador Bueno em São Paulo e, no Maranhão, a Revolta de Beckman. Os colonos enchiam os navios que aportavam no Brasil, esvaziando o reino, e foram apelidados “emboabas” porque andavam calçados contra a maioria da população, que andava descalça. Contra eles se levantaram os paulistas, nas refregas do início do século XVIII que ficariam conhecidas como Guerra dos Emboabas e paulistas e ensanguentaram o rio que até hoje se chama Rio das Mortes. Em Pernambuco, a disputa política e econômica entre mercadores e canavieiros, após a expulsão dos holandeses, levou à Guerra dos Mascates. Os escravos negros que fugiam das fazendas se refugiavam nas serras do agreste nordestino e lá fundavam quilombos, dos quais o mais importante foi o de Palmares, liderado por Ganga Zumba e seu sobrinho Zumbi. A campanha para destruí-lo foi chamada de Guerra de Palmares (1693-1695).

No sul, a tentativa de escravizar indígenas levou a confrontos com os missionários jesuítas, organizados nas “reduções” (missões) de catequese com os guaranis. As Guerras Guaraníticas duraram, intermitentemente, de 1650 a 1757.

Já com o Ciclo do Ouro, a capitania de Minas Gerais sofreu a Revolta de Filipe dos Santos e a Inconfidência Mineira (1789), seguida pela Conjuração Baiana em Salvador dez anos mais tarde.

Inconfidência Mineira (1789) A Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi uma tentativa de revolta abortada pelo governo em 1789, na então capitania de Minas Gerais, no Brasil, contra, entre outros motivos, a execução da derrama e o domínio português.

Na segunda metade do século XVIII a Coroa portuguesa intensificou o seu controle fiscal sobre a sua colônia na América do Sul, proibindo, em 1785, as atividades fabris e artesanais na Colônia e taxando severamente os produtos vindos da Metrópole. Desde

1783 fora nomeado para governador da capitania de Minas Gerais D. Luís da Cunha Meneses, reputado pela sua arbitrariedade e violência. Somando-se a isto, desde o meado do século as jazidas de ouro em Minas Gerais começavam a se esgotar, fato não compreendido pela Coroa, que instituiu a cobrança da derrama na região, uma

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taxação compulsória em que a população deveria completar a cota imposta por lei de 100 arrobas de ouro (1.500 quilogramas) anuais quando esta não era atingida. Estes fatos atingiram expressivamente a classe mais abastada das Minas Gerais (proprietários rurais, intelectuais, clérigos e militares) que, descontentes, começaram a se reunir para conspirar. Entre esses descontentes destacavam-se, entre outros, os poetas Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, os coronéis Domingos de Abreu Vieira e Francisco Antônio de Oliveira Lopes, o padre José da Silva e Oliveira Rolim, o cônego Luís Vieira da Silva, o minerador Inácio José de Alvarenga Peixoto e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de Tiradentes.

A conspiração pretendia eliminar a dominação portuguesa das Minas Gerais e estabelecendo ali um país livre. Não havia a intenção de libertar toda a colônia brasileira, pois naquele momento uma identidade nacional ainda não havia se formado. A forma de governo escolhida foi o estabelecimento de uma República, inspirados pelas ideias iluministas da França e da recente independência norte-americana.

Destaque-se que não havia uma intenção clara de libertar os escravos, já que muitos dos participantes do movimento eram detentores dessa mão-de-obra.

Entre outros locais, as reuniões aconteciam em casa de Cláudio Manuel da Costa e de Tomás Antônio Gonzaga, onde se discutiram os planos e as leis para a nova ordem, tendo sido desenhada a bandeira da nova República, – uma bandeira branca com um triângulo e a expressão latina Libertas Quæ Sera Tamen, cujo dístico foi aproveitado de parte de um verso da primeira égloga de Virgílio e que os poetas inconfidentes interpretaram como “liberdade ainda que tardia”.

O governador da capitania de Minas Gerais, Visconde de Barbacena, estava determinado a lançar a derrama, razão pela qual os conspiradores acertaram que a revolução deveria irromper no dia em que fosse decretado o lançamento da mesma. Esperavam que nesse momento, como apoio do povo descontente e da tropa sublevada, o movimento fosse vitorioso.

A conspiração foi desmantelada em 1789, ano da Revolução Francesa. O movimento foi traído por Joaquim Silvério dos Reis, que fez a denúncia para obter perdão de suas dívidas com a Coroa.

Os líderes do movimento foram detidos e enviados para o Rio de Janeiro onde responderam pelo crime de inconfidência (falta de fidelidade ao rei), pelo qual foram condenados. Cláudio Manuel da Costa faleceu na prisão, ainda em Vila Rica (hoje Ouro Preto), onde acredita-se que tenha sido assassinado, suspeitando-se, atualmente, que a mando do próprio Governador. Durante o inquérito judicial, todos negaram a sua participação no movimento, menos o alferes Joaquim José da Silva Xavier, que assumiu a responsabilidade de chefia do movimento.

Em 18 de abril de 1792 foi lida a sentença no Rio de Janeiro. Doze dos inconfidentes foram condenados à morte. Mas, em audiência no dia seguinte, foi lido decreto de D. Maria I pelo qual todos, à exceção de Tiradentes, tiveram a pena alterada para degredo. Consequências A Inconfidência Mineira transformou-se em símbolo máximo de resistência para os mineiros, a exemplo da Guerra dos Farrapos para os gaúchos, e da Revolução Constitucionalista de 1932 para os paulistas. A bandeira idealizada pelos inconfidentes foi adotada pelo estado de Minas Gerais. Posteriormente, Tiradentes foi elevado, pela República Brasileira, à condição de um dos maiores mártires da independência do Brasil, tornando-se herói nacional.

Sete Povos das Missões

A instalação dos Sete Povos das Missões, a partir de 1682, resultou da confluência entre os interesses dos religiosos e os da Coroa espanhola. Os jesuítas queriam catequizar os índios e retomar a influência perdida com a destruição da Redução de Tape pelos ataques bandeirantes. A Coroa espanhola visualizava no empreendimento missionário uma forma de reagir aos avanços territoriais portugueses pelo litoral meridional e, sobretudo, à fundação da Colônia do Sacramento.

O foco das negociações do Tratado de Madri consistiu na permuta entre a Colônia do Sacramento e os Sete Povos das Missões. Entregando a Colônia fortificada, um enclave isolado em meio a uma área povoada pelos espanhóis, Portugal começava a desistir do seu antigo projeto de controlar a margem esquerda do Rio da Prata. Desistindo da região dos Sete Povos, a Espanha abandonava de uma vez o Meridiano das Tordesilhas e aceitava o conceito de fronteiras naturais. Assim, naquele trecho, o Rio Uruguai tornava-se o suporte do segmento de limites entre as coroas ibéricas.

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228Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Os Sete Povos conheceram o desastre nas Guerras Guaraníticas, entre 1754 e 1756, e entraram em decadência definitiva após a expulsão dos jesuítas, ordenada por Pombal em 1759. Mas a disputa entre a região reativou-se, provocando novos conflitos e negociações diplomáticas. O Tratado de El Pardo, de 1761, anulou o de Madri. Em seguida, um ciclo de confrontações militares redundaram, por duas vezes, em ocupações parciais da capitania do Rio Grande de São Pedro por forças espanholas. O Tratado de Santo Idelfonso, de 1777, concluído em conjunto de fraqueza dos portugueses, devolveu a região dos Sete Povos à Espanha. Finalmente, em 1801, pelo Tratado de Badajós, as coroas ibéricas concordaram em retomar a divisória negociada em 1750.

O conflito consolidou a presença portuguesa no sul, em áreas que não estavam delimitadas pelo Tratado de Tordesilhas. Mudança da Corte e Abertura dos Portos (1808) Em novembro de 1807, as tropas de Napoleão Bonaparte obrigaram a coroa portuguesa a procurar abrigo no Brasil. Dom João VI (então Príncipe-Regente em nome de sua mãe, a Rainha Maria I) chegou ao Rio de Janeiro em 1808, abandonando Portugal após uma aliança defensiva feita com a Inglaterra (que escoltou os navios portugueses no caminho).

Os portos brasileiros foram abertos às nações amigas (designadamente, a Inglaterra). A abertura dos portos se deu em 28 de janeiro de 1808 por outra carta régia de D. João, influenciado por José da Silva Lisboa. Foi permitida a importação “de todos e quaisquer gêneros, fazendas e mercadorias transportadas em navios estrangeiros das potências que se conservavam em paz e harmonia com a Real Coroa ou em navios portugueses. Os gêneros molhados (vinho, aguardente, azeite) pagariam 48%; outros mercadorias, os secos, 24% ad valorem. Podia ser levado pelos estrangeiros qualquer produto colonial, exceto o pau-brasil e outros «notoriamente estancados» (produzidos e armazenados na própria colônia).

Era efeito também da expansão do capital; e deve-se recordar a falência dos recursos coatores portugueses e a tentativa de diminuir, abrindo os portos, a total dependência de Portugal da Inglaterra. No Reino, desanimaram os que se haviam habituado aos generosos subsídios, às 100 arrobas de ouro anuais, às derramas, às tentativas de controle completo.

D. João, sua família e comitiva (a Corte), distribuídos por diversos navios, chegaram ao Rio de Janeiro em 7 de março de 1808. Foram acompanhados pela Brigada Real da Marinha, criada em Portugal em 1797, que deu origem ao Corpo de Fuzileiros Navais brasileiros. Instalaram-se no Paço da Cidade, construído em 1743 pelo Conde de Bobadela como residência dos governadores. Além disso, a Coroa requisitou o Convento do Carmo e a Cadeia Velha para alojar os serviçais e as melhores casas particulares.

A expropriação era feita pelo carimbo das iniciais PR (de Príncipe-Regente) nas portas das casas requisitadas, o que fazia o povo, com ironia, interpretar a sigla como “Ponha-se na Rua!”.

A abertura foi acompanhada por uma série de melhoramentos introduzidos no Brasil. No dia 1 de abril do mesmo ano, D. João expediu um decreto que revogava o alvará de 5 de janeiro de 1785 pelo qual se extinguiam no Brasil as fábricas e manufaturas de ouro, prata, seda, algodão, linho e lã. Depois do comércio, chegava “a liberdade para a indústria”. Em 13 de maio, novas cartas régias (decretos) determinaram a criação da Imprensa Nacional e de uma Fábrica de Pólvora (até então, a pólvora brasileira era fabricada na Fábrica de Pólvora de Barcarena, desde 1540). Em 12 de outubro foi fundado o Banco do Brasil para financiar as novas iniciativas e empreitadas. Tais medidas do Príncipe fariam com que se pudesse contar nesta época os primórdios da independência do Brasil.

Em represália à França, D. João ordenou ainda a invasão e anexação da Guiana Francesa, no extremo norte, e da banda oriental do rio Uruguai, no extremo sul, já que a Espanha estava então sob o reinado de José Bonaparte, irmão de Napoleão, e portanto era considerada inimiga.

O primeiro território foi devolvido à soberania francesa em 1817, mas o Uruguai foi mantido incorporado ao Brasil sob o nome de Província Cisplatina. Em 9 de fevereiro de 1810, no Rio de Janeiro, foi assinado um Tratado de Amizade e comércio pelo Príncipe Regente com Jorge III, rei da Inglaterra.

Enquanto isso, na Espanha, os liberais (ainda acostumados com certa liberdade econômica imposta por Napoleão enquanto ocupara o país, de 1807 a 1810) se revoltaram contra os restauradores Bourbon (dinastia à qual pertencia a Carlota Joaquina, esposa de D. João) e impuseram-lhes a Constituição de Cádiz em 19 de março de 1812. Em reação, o rei Fernando VII (irmão de Carlota), dissolveu as cortes em 4 de maio de 1814, mas a resposta viria em 1820 com a vitória da Revolução Liberal (ou constitucional). Por isso, D. João e seus ministros se ocuparam das questões do Vice-Reinado do Rio da Prata, tão logo puseram o pé no Rio, e daí surgiria a questão da incorporação da Cisplatina. Elevação a Reino Unido (1815) No contexto das negociações do Congresso de Viena, o Brasil foi elevado à condição de Reino dentro do Estado português, que assumiu a designação oficial de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 16 de dezembro de 1815. A carta de lei foi publicada na Gazeta do Rio de Janeiro de 10 de janeiro de 1816, oficializando o ato. O Rio de Janeiro, por conseguinte, subia à categoria de Corte e capital, as antigas capitanias passaram a ser denominadas províncias (hoje, os estados). No mesmo ano, a rainha Maria I morreu e D. João foi coroado rei como João VI. Deu ao Brasil como brasão-de-armas a esfera manuelina com as quinas, encontradas já no século anterior em moedas da África portuguesa (1770).

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229Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Mudanças ocorridas Algumas mudanças que ocorreram com a vinda da Família Real para o Brasil:

• A fundação do Banco do Brasil, em 1808; • A criação da Imprensa Régia e a autorização para o funcionamento de tipografias e para a publicação de jornais

também em 1808; • A abertura de algumas escolas, entre as quais duas de medicina – uma na Bahia e outra no Rio de Janeiro; • A instalação de uma fábrica de pólvora e de industrias de ferro em Minas Gerais e em São Paulo; • A mudança de denominação das unidades territoriais, que passaram a denominar-se ‘’Províncias” (1821).

BRASIL IMPERIAL Período Monárquico (1822 - 1889)

Partida do Rei Pressionado pelo triunfo da revolução constitucionalista, o soberano retornou com a família real a Portugal, deixando como Príncipe-regente no Brasil o seu primogênito, D. Pedro de Alcântara.

Não se pode compreender o processo de independência sem pensar no projeto recolonizador das Cortes portuguesas, a verdadeira origem da definição dos diversos grupos no Brasil. Embora o rompimento político com Portugal fosse o desejo da maioria dos brasileiros, havia muitas divergências. No movimento emancipacionista havia grupos sociais distintos: a aristocracia rural do sudeste partido brasileiro, as camadas populares urbanas liberais radicais e por fim, a aristocracia rural do norte e nordeste, que defendiam o federalismo e até o separatismo. Dom Pedro ‘decide’ ficar A situação do Brasil permaneceu indefinida em 1821 em 9 de dezembro, chegaram ao Rio de Janeiro os decretos das Cortes que ordenavam a abolição da regência e o imediato retorno de D. Pedro a Portugal; a obediência das províncias a Lisboa e não mais ao Rio de Janeiro; a extinção dos tribunais do Rio. O Príncipe Regente D. Pedro, começou a fazer preparativos para seu regresso. Mas estava gerada enorme inquietação. O partido brasileiro ficou alarmado com a recolonização e com a possibilidade de uma explosão revolucionária. A nova situação favoreceu a polarização: de um lado o partido português e do outro, o partido brasileiro com os liberais radicais, que passaram a agir pela independência.

Na disputa contra os conservadores, os radicais cometeram o erro de reduzir a questão à luta pela influência sobre o Príncipe Regente. Era inevitável que este preferisse os conservadores. Ademais, os conservadores encontraram em José Bonifácio um líder bem preparado para dar à independência a forma que convinha às camadas dominantes.

Sondado, o príncipe se mostrou receptivo. Foram enviados emissários a Minas e São Paulo para obter a adesão à causa emancipacionista, com resultados positivos. No Rio de Janeiro foi elaborada uma representação (com coleta de assinaturas) em que se pedia a permanência de D. Pedro de Alcantara. O documento foi entregue a D.Pedro de Alcântara a 9 de janeiro de 1822 por José Bonifácio de Andrade e Silva, presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro. Em resposta, o Príncipe Regente decidiu desobedecer às ordens das Cortes e permanecer no Brasil: era o Fico. Declaração de Independência No final de agosto, D. Pedro viajava para a província de São Paulo para acalmar a situação depois de uma rebelião contra José Bonifácio. Apesar de ter servido de instrumento dos interesses da aristocracia rural, à qual convinha a solução monárquica para a independência, não se deve desprezar seus interesses próprios. Tinha formação absolutista e por isso se opusera à revolução do Porto, liberal. Da mesma forma, a política recolonizadora das Cortes desagradou à opinião pública brasileira. E é nisso que se baseou a aliança entre D. Pedro e o Partido Brasileiro. Assim, se a independência do Brasil pode ser vista, objetivamente, como obra da aristocracia rural, é preciso considerar que teve início como compromisso entre o conservadorismo da aristocracia rural e o absolutismo do príncipe. Ao voltar de Santos, parando às margens do riacho Ipiranga, D. Pedro de Alcântara recebeu uma carta com ordens de seu pai, para que ele voltasse para Portugal, se submetendo ao rei e às Cortes. Vieram juntas duas cartas, uma de José Bonifácio, que aconselhava D. Pedro a romper com Portugal, e a outra da esposa, Maria Leopoldina, apoiando a decisão do ministro. D. Pedro I, impelido pelas circunstâncias, pronunciou as famosas palavras Independência ou Morte!, rompendo os laços de união política com Portugal, em 7 de setembro de 1822. Ao chegar na capital, Rio de Janeiro, foi aclamado Imperador, com o título de D. Pedro I.

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230Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Consequências da Independência À semelhança do processo de independência de outros países latino-americanos, o de independência do Brasil preservou o “status” das elites agroexportadoras, que conservaram e ampliaram os seus privilégios políticos, econômicos e sociais. Ao contrário do ideário do Iluminismo, e do que desejava, por exemplo, José Bonifácio de Andrada e Silva, a escravidão foi mantida, assim como os latifúndios, a produção de gêneros primários voltada para a exportação e o modelo de governo monárquico.

Para ser reconhecido oficialmente, o Brasil negociou com a Inglaterra e aceitou pagar indenizações de 2 milhões de libras esterlinas a Portugal. Inglaterra saiu lucrando, tendo início o endividamento externo do Brasil. Quando D. João VI retornou a Lisboa, por ordem das Cortes, levou todo o dinheiro que podia, apesar de ter deixado no Brasil sua prataria e a enorme livraria, com obras raras que compõem, hoje, o acervo básico da Biblioteca Nacional. Em consequência da leva deste dinheiro para Portugal, o Banco do Brasil, fundado por D. João VI em 1808, faliu em 1829. Primeiro Reinado (1822 - 1831) Após a declaração da independência, o Brasil foi governado por Dom Pedro I até o ano de 1831, período chamado de Primeiro Reinado, quando abdicou em favor de seu filho, Dom Pedro II, então com 5 (cinco) anos de idade.

Logo após a independência, e terminadas as lutas nas províncias contra a resistência portuguesa, foi necessário iniciar os trabalhos da Assembleia Constituinte. Esta havia sido convocada antes mesmo da separação, em julho de 1822; foi instalada, entretanto, somente em maio de 1823. Logo se tornou claro que a Assembleia iria votar uma Constituição restringindo os poderes imperiais (apesar da ideia centralizadora encampada por José Bonifácio e seu irmão Antônio Carlos de Andrada e Silva). Porém, antes que ela fosse aprovada, as tropas do exército cercaram o prédio da Assembleia, e por ordens do imperador a mesma foi dissolvida, devendo a constituição ser elaborada por juristas da confiança de Dom Pedro I.

Foi então outorgada a Constituição de 1824, que trazia uma inovação: o Poder Moderador. Através dele, o imperador poderia fiscalizar os outros três poderes.

Surgiram diversas críticas ao autoritarismo imperial, e uma revolta importante aconteceu no Nordeste: a Confederação do Equador. Foi debelada, mas Dom Pedro I saiu muito desgastado do episódio. Outro grande desgaste do Imperador foi por o Brasil na Guerra da Cisplatina, onde o país não manteve o controle sobre a então região de Cisplatina (hoje, Uruguai). Também apareciam os primeiros focos de descontentamento no Rio Grande do Sul, com os farroupilhas.

Em 1831 o imperador decidiu visitar as províncias, numa última tentativa de estabelecer a paz interna. A viagem deveria começar por Minas Gerais; mas ali o imperador encontrou uma recepção fria, pois acabara de ser assassinado Líbero Badaró, um importante jornalista de oposição. Ao voltar para o Rio de Janeiro, Dom Pedro deveria ser homenageado pelos portugueses, que preparavam-lhe uma festa de apoio; mas os brasileiros, discordando da festa, entraram em conflito com os portugueses, no episódio conhecido como Noite das Garrafadas.

Dom Pedro tentou mais uma medida: nomeou um gabinete de ministros com suporte popular. Mas desentendeu-se com os ministros e logo depois demitiu o gabinete, substituindo-o por outro bastante impopular. Frente a uma manifestação popular que recebeu o apoio do exército, não teve muita escolha, assim criou o quinto poder.

Mas, não deu certo a ideia, e não restou nada ao Imperador a não ser a renúncia, no dia 7 de abril de 1831. Período Regencial (1831 - 1840) Durante o período de 1831 a 1840, o Brasil foi governado por diversos regentes, encarregados de administrar o país enquanto o herdeiro do trono, D. Pedro II, ainda era menor. A princípio a regência era trina, ou seja, três governantes eram responsáveis pela política brasileira, no entanto com o ato adicional de 1834, que, além de dar mais autonomia para as províncias, substituiu o caráter tríplice da regência por um governo mais centralizador.

O primeiro regente foi o Padre Diogo Antônio Feijó , que notabilizou-se por ser um governo de inspirações liberais, porém, devido às pressões políticas e sociais, teve que renunciar. O governo de caráter liberal caiu para dar lugar ao do conservador Araújo Lima, que centralizou o poder em suas mãos, sendo atacado veementemente pelos liberais, que só tomaram o poder devido ao golpe da maioridade. Destacam-se neste período a instabilidade política e a atuação do tutor José Bonifácio, que garantiu o trono para D. Pedro II.

Teve início neste período a Revolução ou Revolta Farroupilha, em que os gaúchos revoltaram-se contra a política interna do Império, e declararam a República Piratini. Não demorou muito para que esta revolta se estendesse pelo sul do país, chegando até Santa Catarina, local em que foi aclamada a República Juliana, a qual contou com a ajuda de Davi Canabarro, por terra, e Giuseppe Garibaldi – líder revolucionário naturalizado italiano –, por mar, transformando sua participação no movimento em um feito heroico para a história catarinense.

Também neste período ocorreram a Cabanada, de Alagoas e Pernambuco; a Cabanagem, do Pará; a revolta dos Malês e a Sabinada, na Bahia; e a Balaiada, no Maranhão.

Imigração e colonização

Imigrar, no sentido da palavra propriamente dita, significa entrar em um país que não é o seu de origem para ali viver ou passar um período de sua vida. O intenso processo de imigração no Brasil deixou fortes marcas de mestiçagem e hibridismo cultural, constituindo um importante fator na demografia, cultura, economia e educação deste país.

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231Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Podemos considerar o início da imigração no Brasil o ano de 1530, pois a partir deste momento os portugueses vieram para o nosso país para dar início ao plantio de cana-de-açúcar. Porém, a imigração intensificou-se a partir de 1818, com a chegada dos primeiros imigrantes não-portugueses, que vieram para cá durante a regência de D. João VI. Devido ao enorme tamanho do território brasileiro e ao desenvolvimento das plantações de café, a imigração teve uma grande importância para o desenvolvimento do país, no século XIX.

Em busca de oportunidades na terra nova, para cá vieram os suíços, que chegaram em 1819 e se instalaram no Rio de Janeiro (Nova Friburgo), os alemães, que vieram logo depois, em 1824, e foram para o Rio Grande do Sul (Novo Hamburgo, São Leopoldo, Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul), Santa Catarina (Blumenau, Joinville e Brusque), os eslavos, originários da Ucrânia e Polônia, habitando o Paraná, os turcos e os árabes, que se concentraram na Amazônia, os italianos de Veneza, Gênova, Calábria, e Lombardia, que em sua maior parte vieram para São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os japoneses (São Paulo e Paraná), entre outros.

O maior número de imigrantes no Brasil são os portugueses, que vieram em grande número desde o período da Independência do Brasil. Após a abolição da escravatura (1888), o governo brasileiro incentivou a entrada de imigrantes europeus em nosso território. Com a necessidade de mão-de-obra qualificada, para substituir os escravos, milhares de italianos e alemães chegaram para trabalhar nas fazendas de café do interior de São Paulo, nas indústrias e na zona rural do sul do país.

Todos estes povos vieram e se fixaram no território brasileiro com os mais variados ramos de negócio, como por exemplo, o ramo cafeeiro, as atividades artesanais, a policultura, a atividade madeireira, a produção de borracha, a vinicultura etc.

Rio Grande do Sul

Existem vestígios arqueológicos que atestam a existência de grupos indígenas na região desde 12 mil anos a.C., entre os principais grupos destacamos os minuanos e os guaranis.

No século XVI, com a descoberta do Novo Mundo, o Rio Grande do Sul passou a fazer parte do reino espanhol pelo Tratado de Tordesilhas. Em 1627, jesuítas espanhóis criaram missões, próximas ao rio Uruguai, mas foram expulsos pelos portugueses, em 1680, quando a coroa portuguesa resolveu assumir seu domínio, fundando a Colônia do Sacramento. Os jesuítas espanhóis estabeleceram, em 1687, os Sete Povos das Missões.

Em 1737, uma expedição militar portuguesa comandada pelo brigadeiro José da Silva Pais foi enviada para garantir aos lusitanos a posse de terras no sul, objeto de disputa entre Portugal e Espanha. Para efetuar essa posse militarmente, José da Silva Pais construiu nesse mesmo ano um forte na barra da Lagoa dos Patos, que é a origem da atual cidade de Rio Grande, primeiro marco da colonização portuguesa no Rio Grande do Sul.

Em 1742, os colonizadores portugueses iniciaram uma vila que viria a ser Porto Alegre. As lutas pela posse das terras, entre portugueses e espanhóis, tiveram fim em 1801, quando os próprios sul-riograndenses dominaram os Sete Povos das Missões, incorporando-os ao seu território. Em 1807, a área foi elevada à categoria de capitania.

O município de Viamão antecedeu Porto Alegre como sede do governo. Durante o período colonial a região foi palco de inúmeros conflitos entre hispano-americanos e luso-brasileiros. No século XIX, com a formação do Império do Brasil, a região seria elevada ao status de província e teve grande importância nos conflitos entre o recém formado império e as jovens repúblicas platinas, iniciando pela Guerra da Cisplatina. Foi no Rio Grande do Sul onde deflagrou uma das mais significativas revoltas durante o período regencial, a Guerra dos Farrapos (1835-1845), que perdurou até os

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primeiros anos do Segundo Reinado, sendo também um dos primeiros marcos na história, cultura e identidade da região. A província foi também importante na luta contra Juan Manuel de Rosas (1852) e na Guerra do Paraguai (1864-70). As disputas políticas locais voltaram a aflorar no início da República e só no governo de Getúlio Vargas (1928) o estado foi pacificado.

Grupos de alemães começaram a chegar a partir de 1824 e de italianos após 1875. O objetivo era ocupar o espaço do estado, a fim de fortalecer as fronteiras, formar batalhões estrangeiros e fomentar a economia. Em meados de 1880, o estado apresentava uma economia de caráter fundamentalmente agropecuário, dividida em duas matrizes socioeconômicas: a atividade ligada à pecuária e ao charque na região da Campanha (sul do estado) e a agricultura e o artesanato colonial na Serra (norte do estado).

Atualmente, o Rio Grande do Sul é uma das 27 unidades federativas do Brasil e continua como referência em economia agrícola, apesar da relevante industrialização. Milicianos, portugueses e espanhóis Anteriormente, no século XVIII, o Rio Grande do Sul era uma região disputada entre portugueses e espanhóis. A ocupação iniciou-se de fato com os milicianos, que eram tropeiros de São Paulo e Minas Gerais, sendo reforçada com a vinda de casais açorianos na década de 1750. Essa imigração açoriana foi promovida pela Coroa Portuguesa, para estabelecer o domínio português na região. Os espanhóis introduziram a criação de gado, que rapidamente se tornou a economia predominante no Rio Grande do Sul. A população se concentrava nos pampas, tendo havido uma fusão de costumes espanhóis, portugueses e indígenas, que deram origem ao tipo regional gaúcho. Embora o gaúcho fosse mais português que espanhol, a influência cultural vinda dos países vizinhos tornaram os gaúchos dos pampas bastante hispanizados, a ponto de falarem um dialeto que misturava elementos espanhóis e portugueses. Povos ameríndios No estado existiu a presença de três grandes grupos indígenas: guaranis, pampeanos e gês. Antes e mesmo depois da chegada dos europeus, esses grupos indígenas empreenderam movimentos migratórios característicos de seu modo de vida seminômade.

Os guaranis ocupavam as margens da Lagoa dos Patos, o litoral norte do Rio Grande do Sul, as bacias dos rios Jacuí e Ibicuí, incluindo a região dos Sete Povos das Missões. Apesar da variedade de dialetos, o tupi-guarani era o tronco linguístico comum a esses grupos indígenas. Os pampeanos constituíram um conjunto de tribos que ocupavam o sul e o sudoeste do estado. Os gês possivelmente eram os mais antigos habitantes da banda oriental do rio Uruguai. É provável que essas tribos começaram a se instalar na região por volta do século II a.C. Os gês foram dizimados pelos bandeirantes, guaranis missioneiros, colonizadores portugueses e ítalo-germânicos. Ainda hoje existem pequenos grupos que vivem nas reservas de Nonoai, Iraí e Tenente Portela, e que lutam para manter suas identidades. São eles os mbyás-guaranis e os caingangues. Escravos africanos Africanos e afrodescendentes escravizados foram levados para os territórios do atual Rio Grande do Sul desde os momentos iniciais da ocupação luso-brasileira do litoral, no início do século XVIII. Esse processo se acelerou com a produção de trigo e, a seguir, de charque, a partir de 1780. A produção pastoril e a urbana apoiaram-se também fortemente no trabalho do negro escravizado. Inicialmente, os africanos escravizados no Rio Grande do Sul foram trazidos, em grande número, da costa da atual Angola, em geral desde o porto do Rio de Janeiro. O Rio Grande permaneceu sempre como capitania e província com forte população escravizada, tendo conhecido forte exportação de cativos nascidos no Sul para São Paulo, na segunda metade do século XIX. Fato singular no processo demográfico do Brasil, a população escravizada rio-grandense continuou-se expandindo, mesmo após o fim do tráfico transatlântico de trabalhadores escravizados, em 1850. Foi também muito forte a resistência dos trabalhadores escravizados no Rio Grande do Sul, através de fugas sistemáticas, com destaque para o período da Guerra dos Farrapos, formação de pequenos quilombos, resistência ao trabalho, organização de insurreições. Alemães A população do Rio Grande do Sul não passava de 100 mil pessoas no ano da Independência do Brasil, composta por estancieiros e seus escravos, sendo a grande maioria concentrada na região dos pampas ou na região de Porto Alegre. Preocupado com a escassez de habitantes e a cobiça dos países vizinhos sobre o Sul do Brasil, o Imperador Dom Pedro I resolveu atrair imigrantes para a região. Casado com a princesa austríaca Dona Leopoldina, o imperador optou pelos imigrantes alemães, conhecidos por serem trabalhadores e guerreiros. O major Antonio Schaffer foi mandado para a Alemanha e ficou responsável por encontrar pessoas que estivessem dispostas a imigrar para o Brasil. Nos arredores de Hamburgo, o major agrupou 9 famílias, ao todo 39 pessoas que, após vários dias de viagem, chegaram ao Rio de Janeiro e mais tarde foram encaminhadas para o Rio Grande. Os primeiros alemães chegaram ao que seria atualmente o município de São Leopoldo, a 25 de julho de 1824. Foram-lhes prometidos 50 hectares de terra para cada família, além de porcos, cavalos e sementes para que pudessem se desenvolver. Apenas as terras foram dadas, sendo os alemães prontamente abandonados à própria sorte nos primeiros anos. Italianos Em 1870, o governo do Rio Grande do Sul criou colônias na região das Serras gaúchas e esperava-se atrair 40 mil imigrantes alemães para que ocupassem a região. Porém, as notícias de que os alemães estavam enfrentando problemas no Brasil fizeram com que cada vez menos imigrantes viessem da Alemanha. Isso obrigou o governo a procurar por uma nova fonte de imigrantes: os italianos. Em 1875, chegou o primeiro grupo, oriundo da Lombardia, que

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233Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

se estabeleceu em Nova Milano. Mais grupos, vindos principalmente da região do Vêneto, mas também do Trentino e do Friuli, se instalaram na região onde atualmente estão as cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves, Farroupilha e Caxias do Sul. Depois alguns grupos se deslocaram para as regiões de Encantado, Guaporé, Veranópolis, Serafina Corrêa e Casca e, posteriormente, para a região de Santa Maria, Vale Vêneto, Nova Treviso e Silveira Martins. Ali eles passaram a viver da plantação de milho, trigo e outros produtos agrícolas, porém, a introdução do cultivo de vinho na região tornou a vinicultura a principal economia dos colonos italianos. De 1875 a 1914, cerca de 100 mil italianos foram introduzidos no Rio Grande do Sul. A colonização italiana foi efetuada no alto das serras, pois as terras baixas já estavam ocupadas pelos alemães. Assim, nas regiões altas do Rio Grande do Sul, a cultura de origem italiana predomina. Judeus e árabes A comunidade judaica do Rio Grande do Sul é a terceira maior do Brasil, depois das de São Paulo e Rio de Janeiro. A comunidade judaica gaúcha forma uma minoria inserida e integrada na sociedade rio-grandense. Este grupo social está concentrado, em sua grande maioria, em Porto Alegre, e é composto de um grande número de profissionais liberais, empresários e diversos membros que se destacam nas áreas culturais, artística e acadêmica. Existem comunidades organizadas no interior do estado, as maiores se encontram nas cidades de Santa Maria, Passo Fundo, Erechim e Pelotas.

Os primeiros imigrantes árabes que chegaram por aqui deixaram o Oriente Médio por volta de 1860. Tinham basicamente a nacionalidade sírio- libanesa, e em menor número os palestinos. Eles deixavam suas pequenas aldeias e povoados, localizados na região da atual Síria e Líbano, chamada naquele momento de Monte Líbano. Os registros oficiais apontam a chegada significativa desses imigrantes aos portos de Montevidéu, Buenos Aires, Rio de Janeiro e Santos. Posteriormente, nas décadas de 1870, 1880 e 1890 essa movimentação iria se acentuar, sendo que muitos desses imigrantes acabaram fixando residência na faixa de fronteira gaúcha, em especial nas cidades de Santana do Livramento e Rivera, Barra do Quaraí, Bagé, Quaraí, Artigas e Chuí.

Ocupação do território rio-grandense

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234Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

A ocupação do território gaúcho ocorreu em várias etapas. As reduções jesuíticas, fundadas a partir de 1626, foram os primeiros núcleos estáveis no espaço rio-grandense. Por volta de 1640 os jesuítas abandonaram a área e passaram para a outra margem do rio Uruguai. Cerca de 40 anos depois, começaram a retornar organizando a estrutura comunitária dos Sete Povos das Missões. Estes se tornaram centros econômicos importantes, dedicando-se à produção de erva-mate, à extração de couro e à atividades criatórias. No século XVIII, a estratégia adotada pela Coroa Portuguesa para garantir a posse e defesa das terras localizadas ao sul de sua colônia foi a instalação de acampamentos militares e a construção de fortes e presídios, bem como a distribuição de sesmarias a pessoas de prestígio e/ou militares. Até a metade do século XIX, desenvolveu-se no Rio Grande do Sul uma pecuária voltada à produção de charque, ciclo responsável pela prosperidade do sul e de suas cidades. Os açorianos vieram a partir de 1752, fixando-se em Rio Grande, Mostardas, São José do Norte, Taquari, Santo Amaro (próximo a Rio Pardo), Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, Cachoeira do Sul e Conceição do Arroio (Osório). Receberam terras para desenvolver atividades agrícolas, principalmente a produção de trigo, e dessa forma abastecer a Colônia. Essa ocupação originou "pequenas propriedades rurais", e também criou a base para o surgimento de inúmeros núcleos urbanos nestes locais. Durante todo o século XIX o Rio Grande do Sul foi influenciado pelo processo de assentamento da imigração europeia, inicialmente alemã (1824), e posteriormente italiana (1875), localizadas principalmente na região nordeste do Estado. Como resultado esta área tornou-se mais dinâmica, embora a pecuária continuasse sendo um forte setor econômico e político. A diversificação industrial e a crescente urbanização do eixo Porto Alegre - Caxias do Sul, tornou esta região diferente da área de agricultura diversificada do norte do Rio Grande do Sul, tornando-a mais atrativa aos empreendedores. O norte do Estado foi povoado basicamente através da expansão das áreas coloniais alemãs e italianas, e da chegada de novos grupos étnicos. A produção diversificada das pequenas propriedades criou uma distribuição de renda menos concentrada resultando uma rede urbana formada por pequenos núcleos próximos entre si. A ocupação do território rio-grandense explica, em parte, as diferenças de distribuição da população no Estado. No sul ela está predominantemente nas cidades de porte médio, refletindo a atividade extensiva das grandes propriedades que criaram espaços rarefeitos. Nas regiões de pequena propriedade, em especial no norte do Estado, o parcelamento da terra gerou uma estrutura político-administrativa mais pulverizada. Esta distribuição fundiária resulta em maior densidade demográfica no norte em contraposição ao sul. Transformações do território gaúcho: as fronteiras flutuantes

O Rio Grande do Sul encontra-se na faixa de fronteiras do Brasil com a Argentina e o Uruguai. O seu território atual consolidou-se com a delimitação desses dois segmentos de fronteiras internacionais, situados no sul e no oeste do estado. Sua divisória setentrional foi definida a partir de um suporte natural - o Rio Uruguai - que serviu também para a delimitação com a capitania de Santa Catarina. O Oceano Atlântico funciona como limite oriental.

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235Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

O segmento de fronteira ocidental, que separa o Rio Grande da Argentina, foi delimitado no período colonial, depois de demoradas disputas entre as coroas ibéricas. Essas disputas envolveram a Colônia de Sacramento e as missões jesuíticas espanholas do alto vale do Rio Uruguai.

O Tratado de Madri (1750) foi a primeira tentativa de delimitação entre os territórios portugueses e espanhóis no Novo Mundo, foi provocado pelos conflitos em torno dessa faixa de limites.

A instalação dos Sete Povos das Missões, a partir de 1682, resultou na confluência entre os interesses dos religiosos e os da Coroa Espanhola. Os jesuítas queriam catequisar os índios e retomar a influência perdida com a destruição da Redução de Tape pelos ataques bandeirantes. A Coroa Espanhola visualizava no empreendimento missionário uma forma de reagir aos avanços territoriais portugueses pelo litoral meridional e, sobretudo, à fundação da Colônia do Sacramento.

O foco das negociações do Tratado de Madri constituiu na permuta entre a Colônia do Sacramento e os Sete Povos das Missões. Entregando a Colônia fortificada um enclave isolado em meio a uma área povoada pelo espanhóis, Portugal começava a desistir do seu antigo projeto de controlar a marquem esquerda do Rio da Prata. Desistindo da região dos Sete Povos, a Espanha abandonava de vez o Meridiano de Tordesilhas e aceitava o conceito de fronteiras naturais. Assim, naquele trecho, o Rio Uruguai tornava-se o suporte do segmento de limites entre as coroas ibéricas.

Os Sete Povos conheceram o desastre nas Guerras Guaraníticas, entre 1954 e 1756, entrando em decadência definitiva após a expulsão dos jesuítas, ordenada por Pompal em 1759. Mas a disputa sobre a região reativou-se, provocando novos conflitos e negociações diplomáticas.

O Tratado de El Pardo (1761), anulou o Tratado de Madri. Em seguida um ciclo de confrotações militares redundaram, por duas vezes, em ocupações parciais da capitania do Rio Grande de São Pedro por forças espanholas.

O Tratado de Santo Idelfonso (1777), no contexto de enfraquecimento português, devolvou a região dos Sete Povos das Missões à Espanha. Finalmente, o Tratado de Badajós (1801), as coroas ibéricas concordaram em retomar a divisória negociada em 1750.

O segmento de fronteira meridional, que separa o Rio Grande do Sul do Uruguai, foi delimitado pelo Estado imperial, depois de prolongados conflitos em torno da questão da soberania uruguaia. No cerne desses conflitos encontrava-se o equilíbrio de poder entre o Brasil e a Argentina e o estatuto do Uruguai como país independente.

Após os conflitos que eclodiram na moldura das guerras de independência das colônias espanholas. Em 1815, o caudilho Artigas derrotava forças espanholas e argentinas e entrava vitorioso em Montevidéu, proclamando uma república independente na Banda Oriental do Rio da Prata. A vitória da revolução artiguista provocou a intervenção das tropas luso-brasileiras, enviadas por D. João VI ao Uruguai com dupla motivação: de um lado, eliminar o regime republicano e popular de Artigas, que assustava a dinastia portuguesa transferida para o Rio de Janeiro; de outro, incorporar toda a Banda Oriental, realizando o velho projeto de estender os domínios portugueses até a margem esquerda do Rio da Prata. A ocupação durou 13 anos. Depois da independência brasileira, as forças ocupantes luso-brasileiras foram substituídas por forças imperiais brasileiras e o Império anexou a Banda Oriental, sob a denominação de Província Cisplatina. Durante a ocupação, um Tratado imposto a Montevidéu modificou a linha divisória do Rio Grande do Sul, deslocando-a mais para o sul, de modo a usar o Rio Arapeí como seu suporte.

Com a ‘mediação’ britânica, Brasil e Argentina encerraram o conflito e o Uruguai torna-se-á um país formalmente independente (1828). Entretanto, apenas em 1851o território foi definido utilizando como base o Tratado de Badajós, fixando a divisa tendo como base o Rio Quaraí.

No trecho oriental do segmento, o império brasileiro aceitou a linha divisória reivindicada pelo governo uruguaio aliado, que tornava o Rio Jaguarão como suporte. Contudo, manteve o controle sobre a navegação nesse rio e na Lagoa Mirim. Muito mais tarde, em 1909, o Barão do Rio Branco concedeu o condomínio da navegação solicitado pelo Uruguai, complementando a delimitação do segmento fronteiriço.

Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul A Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul foi uma divisão administrativa do Brasil colonial. Foi criada em 19 de setembro de 1807, sucedendo à Capitania do Rio Grande de São Pedro (1760), que era subordinada à Capitania do Rio de Janeiro. A nova capitania, que tinha estatuto de capitania-geral, era independente e abrangia um território de limites pouco precisos em terras antes sob domínio espanhol e já ocupada de facto por gaúchos, militares, e no final do século XVIII, por colonos portugueses, sobretudo açoreanos que ali receberam glebas (pedaços) de terra e sesmarias. O governo de Santa Catarina lhe era subordinado. O primeiro capitão-general da capitania foi Diogo de Sousa.

Em 28 de fevereiro de 1821 torna-se a província de São Pedro do Rio Grande do Sul, que viria a ser o atual estado do Rio Grande do Sul, após a proclamação da República brasileira.

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236Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Revolução Farroupilha (1835 - 1845) e a República Juliana (1839) Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecida uma revolução ou guerra regional de caráter republicano contra o governo imperial do Brasil, a então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Durou de 1835 a 1845.

A revolução, que originalmente não tinha caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a Revolução Liberal que viria ocorrer em São Paulo em 1842 e para a Revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da época, moldado nas Lojas Maçônicas. Inspirou-se na recém finda guerra de independência do Uruguai, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como

Corrientes e Santa Fé. Chegou a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages. Teve como líderes: Bento Gonçalves, General Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, Davi Canabarro, Vicente Ferrer de Almeida, José Mariano de Mattos, além de receber inspiração ideológica de italianos carbonários refugiados, como o cientista Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além de Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália. A questão da abolição da escravatura também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam liberdade. Antecedentes e causas do conflito A justificativa original se centrava no conflito político entre os liberais que propugnavam um modelo de Estado com maior autonomia às províncias, e o modelo imposto pela constituição de D. Pedro I de caráter unitário. Além disso, havia uma disseminação de ideais separatistas, tidos por muitos gaúchos como o melhor caminho para a paz e a prosperidade, seguindo o exemplo da Província Cisplatina.

Entretanto o movimento também encontrou forças na posição secundária, tanto econômica como política, que a Província de São Pedro do Rio Grande ocupava nos anos que se sucederam à Independência. Diferentemente de outras províncias, cuja produção de gêneros primários se voltava para o mercado externo, como o açúcar e o café, a do Rio Grande do Sul produzia principalmente para o mercado interno. Seus principais produtos eram o charque e o couro. As charqueadas produziam para a alimentação dos escravos africanos, indo em grande quantidade para abastecer a atividade mineradora nas Minas Gerais, para as plantações de cana-de-açúcar e para a região sudeste, onde iniciava-se a cafeicultura. A região, desse modo, encontrava-se muito dependente do mercado brasileiro de charque, que com o câmbio supervalorizado, e benefícios tarifários, podia importar o produto por custo mais baixo. Além disso, instalava-se nas Províncias Unidas do Rio da Prata, uma forte indústria saladeiril, da qual participava Rosas, e que, junto com os saladeros do Uruguai (que deixara de ser brasileiro) competiria pela compra de gado da região, pondo em risco a viabilidade econômica das charqueadas sul-riograndenses. Consequentemente, o charque rio-grandense tinha preço maior do que o similar oriundo da Argentina e do Uruguai, perdendo assim competitividade no mercado interno. A tributação da concorrência externa era uma exigência dos estancieiros e charqueadores. Esta tributação não era do interesse dos principais compradores brasileiros que eram os que detinham as concessões das lavras de mineração, os produtores de cana-de-açúcar e os cafeicultores, pois veriam reduzida a lucratividade das mesmas, por maior dispêndio na manutenção dos escravos.

Há que considerar, ainda, que o Rio Grande do Sul, era região fronteiriça aos domínios hispânicos situados na região platina. Devido às disputas territoriais nesta área, nunca fora uma Capitania Hereditária no período colonial e, sim, parte de seu território, desde o século XVII ocupado por um sistema de concessão de terras a chefes militares. Estes dispunham de capacidade de opor-se militarmente ao fraco exército imperial na região. Ainda mais, na então ainda recente e desastrosa Guerra da Cisplatina, que culminou com a perda da área territorial do Uruguai, anteriormente anexada ao Brasil, as posições dos militares e caudilhos locais foram sobrepujadas por comandos oriundos da corte imperial (como o Marquês de Barbacena). Além disso, a imposição de presidentes provinciais por parte do Governo imperial que ia contra o direcionamento político da Assembleia Legislativa Provincial do Rio Grande do Sul, era mais um motivo de desagrado da elite regional.

Também é preciso citar o conflito ideológico presente no Rio Grande do Sul, a partir da criação da Sociedade Militar, no Rio de Janeiro, um clube com simpatia pelo Império, e até mesmo suspeito de simpatizar com a restauração de D. Pedro I. Um dos seus líderes foi o Conde de Rio Pardo, que ao chegar a Porto Alegre em outubro de 1833, fundou ali uma filial. Os estancieiros rio-grandenses não viam com bons olhos a Sociedade Militar e pediam que o governo provincial a colocasse na ilegalidade. Entre os protestos eclodiu uma rebelião popular, liderada pelos majores José Mariano de Matos e João Manuel de Lima e Silva que foi logo abafada e seus líderes punidos. Início da Revolta No ano de 1835 os ânimos políticos estavam exaltados. O descontentamento de estancieiros, liberais, industriais do charque, e militares locais promoviam reuniões em casas de particulares, destacando-se a figura de Bento Gonçalves.

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237Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Naquele ano foi nomeado como presidente da Província Antônio Rodrigues Fernandes Braga, nome que apesar de inicialmente ter agradado aos liberais, aos poucos se mostrou pouco digno de confiança. No dia em que tomou posse, Fernandes Braga fez uma séria acusação de separatismo contra os estancieiros rio-grandenses, chegando a citar nomes, o que praticamente liquidou as chances de conviver em paz com os seus governados.

Na noite de 18 de setembro de 1835 em uma reunião onde estavam presentes José Mariano de Mattos (um ferrenho separatista), Gomes Jardim (primo de Bento e futuro Presidente da República Rio-Grandense), Vicente da Fontoura (farroupilha, mas antisseparatista), Pedro Boticário (fervoroso farroupilha), Paulino da Fontoura (irmão de Vicente, cuja morte seria imputada a Bento Gonçalves, estopim da crise na República), Antônio de Sousa Neto (imperialista e farroupilha, mas simpatizava com as ideias republicanas) e Domingos José de Almeida (separatista e grande administrador da República), decidiu-se por unanimidade que dali a dois dias, no dia 20 de Setembro, de 1835 tomariam militarmente Porto Alegre e destituiriam o presidente provincial Fernandes Braga. Em várias cidades do interior as milícias estavam alertas para deflagrarem a revolta. Bento comandava uma tropa reunida em Pedras Brancas, hoje cidade de Guaíba.

Gomes Jardim e Onofre Pires eram os comandantes farroupilhas aquartelados, com cerca de 400 homens, no morro da Azenha, o atual Cemitério São Miguel e Almas. Mantinham, no dia 19 de setembro de 1835, um piquete nas imediações da ponte da Azenha, com orientação para interceptar quem por ali transitasse, evitando que se alertasse o presidente de suas presenças.

Estavam, portanto, os farroupilhas, a uma prudente distância da vila. O piquete avançado, com 30 homens, posto nas imediações da ponte da Azenha era comandado por Manuel Vieira da Rocha, o Cabo Rocha e aguardava o amanhecer do dia 20 para investir, junto com o restante da tropa, contra os muros da vila. Porém Fernandes Braga ouvira comentários e insinuações. Desconfiado, mandou uma partida de 9 homens sob o comando de José Gordilho de Barbuda Filho, o 2° Visconde de Camamu, fazer um reconhecimento, mesmo à noite. Descuidados e inexperientes, os guardas se fizeram notar. Alertas e de prontidão, o piquete republicano atacou os imperiais, que fugiram em desabalada correria, resultando 2 mortos e cinco feridos. Um dos feridos, o próprio Visconde, alertou Fernandes Braga da revolta. Eram 11 horas da noite de 19 de setembro de 1835. Braga não dormiu. Logo ao amanhecer estava junto ao arsenal de guerra, hoje Ponta do Gasômetro, Porto Alegre, tentando reunir homens para a resistência. Porém, até o meio da tarde somente 17 homens se apresentaram para defender a cidade. Vendo armas e munição escassa, Braga resolve fugir a bordo da escuna Rio-Grandense, seguido pela canhoneira 19 de Outubro, indo parar em Rio Grande, então maior cidade da Província. Não sem antes voltar ao palácio do Governo, pegar alguns documentos e todo o dinheiro dos cofres da Província.

Os farroupilhas adiaram a investida combinada, devido ao inusitado da noite anterior. Somente ao amanhecer o dia 21 de setembro de 1835, chegam às portas da cidade, Bento Gonçalves da Silva e demais comandantes, seguidos por suas respectivas tropas. Porto Alegre abandonada, sem resistência, entregou-se aos revolucionários. Estava praticamente cumprida a missão. Apenas alguns focos de resistência em Rio Pardo e São Gabriel, além de Rio Grande, mantinham os farroupilhas ocupados.

A Câmara Municipal reúne-se extraordinariamente para ocupar o cargo de Presidente. Na ausência dos vices imediatos, assume o quarto vice, Dr. Marciano Pereira Ribeiro. Logo expedem uma carta ao Regente Imperial Padre Diogo Antônio Feijó explicando os motivos da revolta e solicitando a nomeação de um novo Presidente. Proclamação da República Rio-Grandense Destacado por Bento Gonçalves da Silva, Antônio de Sousa Neto desloca-se, no início de setembro de 1836 a região de Bagé, onde o imperial João da Silva Tavares, vindo do Uruguai, faz grande alarde. A Primeira Brigada de Neto, com 400 homens atravessa o Arroio Seival e encontra as tropas de Silva Tavares (560 homens) sobre uma coxilha. Era a tarde de 10 de setembro de 1836. Observam-se por minutos, e Silva Tavares desce a coxilha em desabalada carga. Neto ordena também a carga de lança e espada, sem tiros. As forças se encontram em sangrento combate. Silva Tavares foge e seus homens são derrotados. Os farrapos ficam quase intactos, enquanto do outro lado há 180 mortos, 63 feridos e 100 prisioneiros.

Donos do campo, os farroupilhas comemoram vibrantemente a vitória. Cresce a ideia separatista de conquistar e manter um país rio-grandense independente, entre as nações do mundo. À noite as questões ideológicas são revistas. Lucas de Oliveira, Joaquim Pedro, Teixeira Nunes cercam Neto. Não há outra saída a não ser enveredar pela senda da independência, não há outro desejo popular a não ser o desejo de liberdade, de abolição da escravatura e de democracia sob o sistema republicano. Se tivesse que acontecer, a hora era aquela, a hora da vitória, do júbilo, da afirmação. Neto é simpático à ideia, mas resiste diante de uma provável reprovação de seus pares. Pensa que tal proclamação de uma nova República deveria partir de Bento Gonçalves, o grande comandante de todos os farrapos. Contraporam que Bento já se decidira pela República e que hierarquia rígida era coisa do Império. O sistema republicano centra-se no povo, suas vontades e necessidades, e não na elite governativa. Finalmente, aquiescendo o Coronel Neto, passaram a escrever a Proclamação da República Rio-Grandense que seria lida e efetivada por ele, perante a tropa perfilada, em 11 de setembro de 1836.

Após a cerimônia de Proclamação, irrompem todos em gritos de euforia, liberdade, e vivas à República, com tiros para o alto e cantorias. Foi adotada uma constituição republicana conclamando as demais províncias brasileiras a unirem-se como entes federados no sistema republicano, um hino nacional e bandeira própria do novo estado, até hoje cultivados pelo estado do Rio Grande do Sul, também estabelecida a capital na pequena cidade de Piratini, donde surgiu uma nova alcunha, República de Piratini.

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238Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

República Juliana (1839) República Juliana, também conhecida como República Catarinense, foi um estado republicano proclamado dentro do território do atual estado de Santa Catarina, em 24 de julho de 1839, e que perdurou até 15 de novembro do mesmo ano. Foi uma extensão da Revolução Farroupilha, iniciada na província vizinha do Rio Grande do Sul, onde havia sido proclamada a República Rio-Grandense.

A República Juliana, proclamada por Davi Canabarro e Giuseppe Garibaldi, formou uma confederação com a república vizinha, porém, sem condições de expandir-se pela província de Santa Catarina, não conquistando a Ilha de Nossa Senhora do Desterro, sede provincial do governo imperial, em novembro do mesmo ano - quatro meses após sua fundação, propiciaram-se condições para que as forças do Império retomassem Laguna, cidade-sede do governo republicano. No planalto, Lages aderiu à revolução, mas submeteu-se no começo de 1840. Antecedentes A Marinha Imperial Brasileira controlava os principais meios de comunicação dos farrapos, a Lagoa dos Patos, entre Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande e a maior parte dos rios navegáveis. Foi preciso engendrar uma manobra incomum para conquistar um ponto que pudesse ligar o Rio Grande dos farrapos com o mar. Este ponto era Laguna, em Santa Catarina.

O primeiro passo era constituir a Marinha Rio-Grandense. Giuseppe Garibaldi conhecera Bento Gonçalves da Silva ainda em sua prisão, no Rio de Janeiro, e obteria dele uma carta de corso para aprisionar embarcações imperiais.

O plano era criar um estaleiro em Camaquã, trazer os barcos pela Lagoa dos Patos até o Rio Capivari, e dali, por terra, sobre rodados especialmente construídos para isso, até a barra do Tramandaí, onde os barcos tomariam o mar.

Foram construídos, os lanchões Seival e Farroupilha, que após pouco tempo na Lagoa dos Patos, eram fustigados pela retaguarda pelo temível John Grenfell, Comandante da Marinha Imperial na Província. Despistando conseguem enveredar pelo estreito do Rio Capivari, iniciando o caminho difícil por terra, por causa das chuvas invernais, que havia tornando o chão um grande lodaçal.

Os combates da Guerra dos Farrapos se davam mais intensamente, no Rio Grande do Sul, desde 1836 e os insurgentes meridionais detinham controle da região da campanha, interior da província, com sua capital na vila de Piratini. No entanto, o porto de Rio Grande, principal acesso marítimo da província, permanecia sob domínio imperial. Desta maneira, “bloqueados na zona lacustre, onde a marinha nacional não lhes permitia o menor avanço, procuravam aqueles com os catarinenses do altiplano um porto de mar para desafogo.

Foram elaborados planos para avançar sobre a província de Santa Catarina com o objetivo de tomar a vila de Laguna, que como vimos constituía um importante ponto no litoral sul da Província de Santa Catarina no período. Isso se dava pela necessidade do porto, e também, pelo elemento político mencionado anteriormente, de se avançar em direção a outras províncias e de se formar de uma federação de estados autônomos.

As intenções farroupilhas de levar a rebelião à província vizinha de Santa Catarina são percebidas já a partir de 1838 quando a vila de Lages no planalto catarinense foi ocupada pela primeira vez por forças farroupilhas. A reação do governo provincial à ocupação de Lages se fez sentir com a sanção de lei proibindo o comércio com Lages. Essa lei visava prejudicar a economia lageana que dependia do sal para a criação do gado. Em março de 1839 foi proclamada a adesão da população de Lages à revolta, e declarada a incorporação da vila à República Rio-Grandense. A tomada de Laguna (22 de julho de 1839) A 14 de julho de 1839 os lanchões rumavam a Laguna, sob o comando geral de David Canabarro. O Seival era comandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como “João Grandão”, e o Farroupilha comandado por Garibaldi. Em julho de 1839, os farrapos tomaram a vila sem muita resistência. Logo em seguida, foi proclamada a República Juliana.

Com a tomada de Laguna logo foi proclamada a República Catarinense, tornando-se um estado federado à República Rio-Grandense. Após ter conquistado esse ponto estratégico, os “farrapos” tentaram chegar, por terra, também em Desterro, capital da província catarinense. Depois de obterem controle de Laguna as forças farroupilhas continuaram avançando para o norte em perseguição das tropas imperiais que se retiraram de Laguna. Os farrapos avançaram cerca de 70 quilômetros até a planície do rio Massiambú. O avanço dos farroupilhas só foi contido devido a um entrincheiramento das forças imperiais protegido pela geografia do Morro dos Cavalos, que dificultava o acesso das tropas farrapas e lhes bloqueava o avanço para o ataque à Desterro. Com a proclamação da independência, praticamente metade da província catarinense ficou em mãos republicanas. Laguna abrangia toda a região sul da província e com a incorporação da vila de Lages, também sob controle rebelde, ao novo estado, o território da República Juliana se estendia do extremo meridional até o planalto catarinense.

Foram convocadas eleições para constituição do governo republicano. Canabarro ficou à frente do governo da nova república até que em 7 de agosto de 1839 foi convocado o colégio eleitoral. As eleições foram censitárias, seguindo os moldes da Constituição de 1824. Segundo a ata da eleição, foram convocados eleitores suplentes para substituir aqueles que ou se recusaram a votar ou então que haviam se retirado da vila devido à chegada das forças farroupilhas, demonstrando claramente que não apoiavam os rebeldes, como foi o caso do senhor Manoel José de Bessa que deixou Laguna em 22 de julho.

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239Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Muitos outros permaneceram na vila e destes, vinte e uma pessoas votaram na eleição para presidente. Compunham o colégio eleitoral: Antônio José Machado, Domingos José da Silva, Américo Antônio da Costa, Luciano José da Silva, Bartholomeu Antônio do Canto, José Pacheco dos Reis, Francisco Gonçalves Barreiros, entre outros. Iniciou-se então a organização da República através de eleições. O Tenente-Coronel Joaquim Xavier Neves tomou o cargo de presidente e o padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro o de vice. Devido a problemas de locomoção, já que Xavier não se encontrava em Laguna, o padre Vicente ocupou o seu posto. O governo da nova república passou por grandes dificuldades como problemas econômicos, políticos e militares, além do bloqueio da marinha ao porto de Laguna. Para contornar os problemas financeiros, foi pedido um empréstimo para a República Rio-Grandense. No dia 15 de novembro, as tropas imperiais já reorganizadas e com reforços fez uma grande ofensiva contra os farroupilhos. Houve ataque por mar e terra, as forças revoltosas já enfraquecidas abandonaram Laguna. A República Rio-Grandense durou até o dia 1º de março de 1845.

Guerra do Paraguai (1864 - 1870)

A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. Estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870. É também chamada Guerra da Tríplice Aliança (Guerra de la Triple Alianza) na Argentina e Uruguai e de Guerra Grande, no Paraguai.

O conflito iniciou-se quando o governo imperial brasileiro, com a concordância da Confederação Argentina, após um ultimato, interveio militarmente no Uruguai, a fim de consolidar sua posição hegemônica na região e impor um governo uruguaio colorado transigente com os fortes interesses dos criadores rio-grandenses no norte daquele país. A reação militar do Paraguai a essa intervenção gerou o desencadeamento da guerra.

O Paraguai, que antes da guerra atravessava uma fase marcada por grandes investimentos econômicos em áreas específicas, encontrava-se, então, sob a presidência de Francisco Solano López, que reagiu à interferência brasileira no Uruguai declarando guerra ao Brasil, já que a deposição do governo uruguaio autonomista “blanco” significava a hegemonia brasileira e argentina plena sobre o Prata, pondo fim nos fatos à autonomia nacional paraguaia, com o condicionamento da sua saída ao mar, através do rio Paraná.

Brasil, Argentina e Uruguai, aliados, derrotaram o Paraguai após mais de cinco anos de lutas durante os quais o Brasil enviou em torno de 150 mil homens à guerra (os “voluntários da pátria”). Cerca de 50 mil não voltaram - alguns autores asseveram que as mortes no caso do Brasil podem ter alcançado 60 mil se forem incluídos civis, principalmente nas então províncias do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. Argentina e Uruguai sofreram perdas proporcionalmente pesadas - mais de 50% de suas tropas faleceram durante a guerra - apesar de, em números absolutos, serem menos significativas. Já as perdas humanas sofridas pelo Paraguai, são calculadas até em 300 mil pessoas, entre civis e militares, mortos em decorrência dos combates, das epidemias que se alastraram durante a guerra e da fome. Abolição da Escravatura (1888) A escravidão no Brasil consolidou-se como uma experiência de longa duração a marcar diversos aspectos da cultura e da sociedade brasileira. Mais que uma simples relação de trabalho, a existência da mão-de-obra escrava africana fixou um conjunto de valores da sociedade brasileira em relação ao trabalho, os homens e às instituições. Nessa trajetória podemos ver a ocorrência do problema do preconceito racial e social no decorrer de nossa história.

Os primeiros movimentos contra a escravidão foram feitos pelos missionários jesuítas, que combateram a escravização dos indígenas mas toleraram a dos africanos.

O fim gradual do tráfico negreiro foi decidido no Congresso de Viena, ainda em 1815. Desde 1810, a Inglaterra fez uma série de exigências a Portugal e passou a reprimir violentamente o tráfico a partir de 1845, com a Lei Aberdeen. Em 1871, o Parlamento Brasileiro aprovou e a Princesa Isabel assinou a Lei 2.040, conhecida como Lei Rio Branco ou Lei do Ventre Livre, determinando que todos os filhos de escravos nascidos desde então seriam livres a partir dos 21 anos.

Em 29 de setembro de 1885, promulgou-se uma outra lei, a Lei dos Sexagenários (Lei Saraiva–Cotegipe) que determinava que escravos a partir de 60 anos poderiam ser livres, mas na verdade era uma ironia, pois os escravos raramente passavam dos 45 anos. Desde 1880, havia sido criada a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão que, juntamente com a Associação Central Abolicionista e outras organizações, passou a ser conhecida pela Confederação abolicionista liderada por José do Patrocínio, filho de uma escrava negra com um padre. Em 1884, os governos do Rio Grande, Ceará e do Amazonas resolveram abolir a escravidão, no que foram pioneiros.

As fugas de escravos prosseguiam. O exército se negava a perseguir os negros fugidos. Há que lembrar ainda os Caifases, liderados por Antônio Bento, que promoviam a fuga dos negros, perseguiam os capitães-de-mato e ameaçavam os senhores escravistas. A abolição definitiva era necessária.

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240Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Diz-se que havia 720 mil escravos para população de 13,5 milhões habitantes: cerca de 5%.

Finalmente, o primeiro-ministro conservador João Alfredo promoveu a votação de uma lei que determinava a extinção definitiva da escravidão. Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que já havia sido aprovada pelo Parlamento, abolindo toda e qualquer forma de escravidão no Brasil.

A aristocracia escravista, oligarquia rural arruinada com a abolição sem indenização, culpou o governo e aderiu ao Partido Republicano na oposição ao regime: uma das consequências da abolição seria a queda da Monarquia. A economia cafeeira paulista, porém, quando comparada à de outras regiões, não sofreu abalos, pois já se baseava na mão-de-obra livre, assalariada.

Muitos escravos negros permaneceram no campo, praticando uma economia de subsistência em pequenos lotes, outros buscaram as cidades, onde entraram num processo de marginalização. Desempregados, passaram a viver em choças e barracos nos morros e nos subúrbios. O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão.

A escravidão no Brasil e as leis antiescravistas

A escravidão, também conhecida como escravismo ou escravatura, foi a forma de relação social de produção adotada, de uma forma geral, no Brasil desde o período colonial até o final do Império. A escravidão no Brasil é marcada principalmente pelo uso de escravos vindos do continente africano, mas é necessário ressaltar que muitos indígenas também foram vítimas desse processo. A escravidão indígena foi abolida oficialmente por Marquês do Pombal, no final do século XVIII. Os escravos foram utilizados principalmente na agricultura – com destaque para a atividade açucareira – e na mineração, sendo assim essenciais para a manutenção da economia. Alguns deles desempenhavam também vários tipos de serviços domésticos e/ou urbanos.

No Brasil, a escravidão começou na primeira metade do século XVI, com a produção de açúcar. Os

portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como mercadorias no Brasil. Os mais saudáveis, chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos. Também era mais valorizados os negros vindos de Angola e Moçambique, chamados Bantos, para o trabalho na lavoura, e os negros vindos do porto de Mina, hoje Elmina na atual Gana, eram mais valorizados na mineração de ouro em Minas Gerais. Os negros “Minas”, muito comuns na Bahia (por esta ficar mais próxima de Gana do que de Angola), já trabalhavam na mineração de ouro na África Ocidental.

Em São Paulo, na época chamada Capitania de São Vicente, dada a extrema pobreza dos seus moradores, não era possível a aquisição de escravos africanos por serem estes muito caros, por isso, os bandeirantes recorriam à mão de obra indígena. O transporte dos escravos era feito, da África para o Brasil, nos porões do navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.

A escravidão só foi oficialmente abolida no Brasil com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. No entanto, o trabalho compulsório e o tráfico de pessoas permanecem existindo no Brasil atual, a chamada escravidão moderna, que difere substancialmente da anterior. Vejamos as leis antiescravistas e suas repercussões no Brasil. Leis antiescravistas No Período Regencial, desde 7 de novembro de 1831, a Câmara dos Deputados havia aprovado e a Regência promulgado um lei que proibia o tráfico de escravos africanos para o país, porém esta lei não foi aplicada.

• Bill Aberdeen | Aberdeen Act (1845) • Lei Eusébio de Queirós (1850) • Lei Nabuco de Araújo (1854) • Lei do Ventre Livre | Lei Rio Branco (1871) • Lei dos Sexagenários | Lei Saraiva-Cotegipe (1887) • Lei Áurea (1888)

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241Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

República - o ideal republicano A partir de 1870, com o fim da Guerra do Paraguai, antigos problemas e contradições que não haviam sido resolvidos voltaram à tona com toda a intensidade. Ao mesmo tempo, a incapacidade do Império em resolvê-los tornava se cada dia mais patente. Com o fim da escravidão, importante parte da elite brasileira, deixa de apoiar o Imperador e “torna-se” republicana de última hora. Com o crescimento do Brasil. temos as condições históricas para o movimento republicano.

República ‘Velha’ (1889 – 1930) República Velha é a denominação convencional para a história republicana que vai da proclamação (1889) até a ascensão de Getúlio Vargas em 1930. O traço mais saliente dessa primeira fase republicana encontra-se no fato de que a política esteve inteiramente dominada pela oligarquia cafeeira, em cujo nome e interesse o poder foi exercido.

Antecedentes A crise econômica, a reação dos escravagistas, a questão religiosa e o crescimento dos republicanos paulistanos, podem ser levantados como fatores da crise da monarquia e a proclamação da República. A relativa estabilidade política do Império, no Brasil, veio a ser abalada definitivamente a partir da década de 1870, como consequência da Guerra da Tríplice Aliança ou Guerra do Paraguai (1864-1870). A crise foi o resultado de vários fatores de ordem econômica, social e política que, somando-se, conduziram importantes setores da sociedade à conclusão de que a monarquia precisava ser superada para dar lugar a um regime político, mais adequado aos problemas da época. Agravada pela Guerra da Tríplice Aliança, houve uma grande crise econômica, que trouxe

grandes despesas financeiras ao Império, cobertas por capitais britânicos. Os empréstimos brasileiros elevaram-se de 3 milhões de libras esterlinas em 1871 para quase 20 milhões em 1889, o que causava inflação no plano interno.

Frente às medidas adotadas pelo Império quanto à questão do fim do regime escravista, a elite agrária brasileira reivindicou indenizações proporcionais ao número de escravos alforriados. Negando-se a indenizar os grandes proprietários rurais, o Império acabava de perder seu último pilar de sustentação. Chamados de republicanos de última hora, os proprietários de escravos aderiram à causa republicana e o advento da República se tornara inevitável. A questão religiosa Desde o período colonial, a Igreja Católica era uma instituição submetida ao Estado. Isso significava, entre outras coisas, que nenhuma ordem do Papa poderia vigorar no Brasil sem que fosse aprovada pelo Imperador, ao que se dava o nome de Padroado. Ocorre que, em 1872, Dom Vidal e Dom Macedo, bispos de Olinda e Belém respectivamente, resolvem seguir as ordens do Papa Pio IX (não ratificadas pelo Imperador), punindo religiosos ligados à maçonaria. D. Pedro II, influenciado pelos maçons, decidiu intervir na questão, solicitando aos bispos que suspendessem as punições. Estes se recusaram a obedecer ao imperador, sendo condenados a quatro anos de prisão. Em 1875, graças à intervenção do Duque de Caxias, os bispos receberam o perdão imperial e foram colocados em liberdade. Contudo, o império foi perdendo a simpatia da Igreja. Governo Provisório (1889-1891) Proclamada a República, na mesma noite de 15 de novembro de 1889 formou-se o Governo Provisório, com o Marechal Deodoro como chefe de governo Primeiras medidas do novo governo O Governo Provisório, assim formado, decretou o regime republicano e federalista e a transformação das antigas províncias em “estados” da federação. O Império do Brasil chamava-se, agora, com a República, Estados Unidos do Brasil - o seu nome oficial. Em caráter de urgência, foram tomadas também as seguintes medidas: a “grande naturalização”, que ofereceu a cidadania a todos os estrangeiros residentes; a separação entre Igreja e Estado e o fim do padroado; a instituição do casamento e do registro civil. Porém, dentre as várias medidas, destaca-se particularmente o “encilhamento”, adotado por Rui Barbosa, então ministro da Fazenda. O “encilhamento” Na corrida de cavalos, a iminência da largada era indicada pelo seu encilhamento, isto é, pelo momento em que se apertavam com as cilhas (tiras de couro) as selas dos cavalos. É o instante em que as tensões transparecem no nervosismo das apostas. Por analogia, chamou-se “encilhamento” à política de emissão de dinheiro em grande quantidade que redundou numa desenfreada especulação na Bolsa de Valores.

Para compreender por que o Governo Provisório decidiu emitir tanto papel-moeda, é preciso recordar que, durante a escravidão, os fazendeiros se encarregavam de fazer as compras para si e para seus escravos e agregados. E o mercado de consumo estava praticamente limitado a essas compras, de modo que o dinheiro era utilizado quase exclusivamente pelas pessoas ricas. Por essa razão, as emissões de moeda eram irregulares: emitia-se conforme a necessidade e sem muito critério.

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A situação mudou com a abolição da escravatura e a grande imigração. Com o trabalho livre e assalariado, o dinheiro passou a ser utilizado por todos, ampliando o mercado de consumo. Para atender à nova necessidade, o Governo Provisório adotou uma política emissionista em 17 de janeiro de 1890. O ministro da Fazenda, Rui Barbosa, dividiu o Brasil em quatro regiões, autorizando em cada uma delas um banco emissor. As quatro regiões autorizadas eram: Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. O objetivo da medida era o de cobrir as necessidades de pagamento dos assalariados - que aumentaram desde a abolição - e, além disso, expandir o crédito a fim de estimular a criação de novas empresas. Todavia, a desenfreada política emissionista acarretou uma inflação incontrolável, pois os “papéis pintados” não tinham como lastro outra coisa que não a garantia do governo. Por isso, o resultado foi muito diverso do esperado: em vez de estimular a economia a crescer, desencadeou uma onda especulativa. Os especuladores criaram projetos mirabolantes e irrealizáveis e, em seguida, lançaram as suas ações na Bolsa de Valores, onde eram vendidas a alto preço. Desse modo, algumas pessoas fizeram fortunas da noite para o dia, enquanto seus projetos permaneciam apenas no papel. Em 1891, depois de um ano de orgia especulativa, Rui Barbosa se deu conta do caráter irreal de sua medida e tentou remediá-la, buscando unificar as emissões no Banco da República dos Estados Unidos do Brasil. Mas a demissão coletiva do ministério naquele mesmo ano frustrou a sua tentativa. Os primeiros tempos da República foram pontuados por crises políticas e, cada vez mais, ficavam evidentes as incompatibilidades entre posturas arbitrárias de Deodoro e posições assumidas pelos ministros. O pedido de demissão coletiva do Ministério, em janeiro de 1891, teve como causa imediata concessões de crédito a amigos do presidente para a realização de obras públicas, sob protesto geral capitaneado por Rui. A saída dos grandes nomes que o cercavam representou enorme perda de prestígio e credibilidade para Deodoro, enfraquecendo o governo do Marechal. A Constituição de 1891 Logo após a proclamação da República, foi convocada uma Assembleia Constituinte para elaborar uma nova Constituição, promulgada em 24.02.1891. A nova Constituição inspirou-se no modelo norte-americano, ao contrário da Constituição imperial, inspirada no modelo francês. Segundo a Constituição de 1891, o nosso país estava dividido em vinte estados (antigas províncias) e um Distrito Federal (ex-município neutro). Cada estado era governado por um “presidente”. Declarava também que o Brasil era uma república representativa, federalista e presidencialista. A Consolidação da República (1891-1894) Em vez de quatro poderes, como no Império, foram adotados três: Executivo, Legislativo e Judiciário. Executivo, exercido pelo presidente da República, eleito por voto direto, por quatro anos, com um vice-presidente, que assumiria a presidência no afastamento do titular, efetivando-se, sem nova eleição, no caso de afastamento definitivo depois de dois anos de exercício. Legislativo, com duas casas temporárias Câmara dos Deputados e Senado Federal que, reunidos, formavam o Congresso Nacional (...). Judiciário, com o Supremo Tribunal Federal, como órgão máximo, cuja instalação foi providenciada pelo Decreto n.° 1, de 26 de fevereiro de 1891, que também dispôs sobre os funcionários da Justiça Federal. Os três poderes exercer-se-iam harmoniosa, mas independentemente. Civis e militares A República foi obra, basicamente, dos partidos republicanos - notadamente o de São Paulo -, unidos aos militares de tendência positivista. Porém, tão logo o grande objetivo foi atingido, ocorreu a cisão entre os “republicanos históricos” e os militares. As divergências giraram em torno da questão federalista: os civis defendiam o federalismo e os militares eram centralistas, portanto partidários de um poder central forte. A eleição de Deodoro Conforme ficara estabelecido, a Assembleia Constituinte, após a elaboração da nova Constituição, transformou-se em Congresso Nacional, encarregado de eleger o primeiro presidente da República. Para essa eleição apresentaram-se duas chapas: a primeira era encabeçada por Deodoro da Fonseca para presidente e o almirante Eduardo Wandenkolk para vice, a segunda era constituída por Prudente de Morais para presidente e o marechal Floriano Peixoto para vice. A eleição realizou-se em meio a tensões muito grandes entre militares e civis, pois o Congresso Nacional era francamente contrário a Deodoro. Prudente de Morais tinha a maioria. Teoricamente seria eleito. Contudo, os militares ligados a Deodoro fizeram ameaças, pressionando o Congresso a elegê-lo. E foi o que aconteceu, embora por uma pequena margem de votos. O vice de Deodoro, entretanto, foi derrotado por ampla diferença por Floriano Peixoto.

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A renúncia de Deodoro Deodoro, finalmente eleito presidente pelo Congresso, não conseguiu governar com este último. Permanentemente hostilizado pelo Congresso, buscou o apoio dos governos dos estados. Na oposição estavam o mais poderoso dos estados - São Paulo - e o mais influente dos partidos - o PRP (Partido Republicano Paulista). Em 3 de novembro de 1891, a luta chegou ao auge. Sem levar em conta a proibição constitucional, Deodoro fechou o Congresso e decretou o estado de sítio, a fim de neutralizar qualquer reação e tentar reformar a Constituição, no sentido de conferir mais poderes ao Executivo. Porém, o golpe fracassou. As oposições - tanto civis como militares - cresceram e culminaram com a rebelião do contra-almirante Custódio de Melo, que ameaçou bombardear o Rio de Janeiro com os navios sob seu comando. Deodoro renunciou, assumindo em seu lugar Floriano Peixoto. Floriano Peixoto (1891-1894) A ascensão de Floriano foi considerada como o retorno à legalidade. As Forças Armadas - Exército e Marinha - e o Partido Republicano Paulista apoiaram o novo governo. Os primeiros atos de Floriano foram: a anulação do decreto que dissolveu o Congresso; a derrubada dos governos estaduais que haviam apoiado Deodoro; o controle da especulação financeira e da especulação com gêneros alimentícios, através de seu tabelamento. Tais medidas desencadearam, imediatamente, violentas reações contra Floriano. Para agravar ainda mais a situação, a esperada volta à legalidade não aconteceu. O manifesto dos treze generais Contra as pretensões de Floriano, treze oficiais (generais e almirantes) lançaram um manifesto em abril de 1892, exigindo a imediata realização das eleições presidenciais, como mandava a Constituição. A reação de Floriano foi simples: afastou os oficiais da ativa, reformando-os. A revolta da Armada Essa inabalável firmeza de Floriano frustrou os sonhos do contra-almirante Custódio de Melo, que ambicionava a presidência. Levadas por razões de lealdade pessoal, as Forças Armadas se dividiram. Custódio de Melo liderou a revolta da Armada estacionada na baía de Guanabara (1893). Essa rebelião foi imediatamente apoiada pelo contra-almirante Saldanha da Gama, diretor da Escola Naval, conhecido por sua posição monarquista. A revolução federalista No Rio Grande do Sul, desde 1892, uma grave dissensão política conduzira o Partido Republicano Gaúcho e o Federalista ao confronto armado. Os partidários do primeiro, conhecidos como “pica­paus”, eram apoiados por Floriano, e os do segundo, chamados de “maragatos”, aderiram à rebelião de Custódio de Melo. Floriano, o Marechal de Ferro Contra as rebeliões armadas, Floriano agiu energicamente, graças ao apoio do Exército e do PRP (Partido Republicano Paulista), o que lhe valeu a alcunha de Marechal de Ferro. Retomando o controle da situação ao reprimir as revoltas, Floriano aplainou o caminho para a ascensão dos civis. A “Política dos Governadores” e a Constituição da República Oligárquica - A hegemonia dos cafeicultores. A República tornou-se possível, em grande parte, graças à aliança entre militares e fazendeiros de café. Esses dois grupos tinham, entretanto, dois projetos distintos em relação à forma de organização do novo regime: os primeiros eram centralistas e os segundos, federalistas. Os militares não eram suficientemente poderosos para impor o seu projeto nem contavam com aliados que pudessem lhes dar o poder de que precisavam. Os cafeicultores, ao contrário, contavam com um amplo arco de aliados potenciais e compunham, economicamente, o setor mais poderoso da sociedade. A partir de Prudente de Morais, que, em 1894, veio a suceder Floriano, o poder passou definitivamente para esses grandes fazendeiros. Mas foi com Campos Sales (1898 - 1902) que uma fórmula política duradoura de dominação foi finalmente elaborada: a chamada “política dos governadores”. A “política dos governadores” Criada por Campos Sales (1898-1902), a “política dos governadores” consistia no seguinte: o presidente da República apoiava, com todos os meios ao seu alcance, os governadores estaduais e seus aliados (oligarquia estadual dominante) e, em troca, os governadores garantiriam a eleição, para o Congresso, dos candidatos oficiais. Desse modo, o poder Legislativo, constituído por deputados e senadores aliados do presidente - poder Executivo -, aprovava as leis de seu interesse. Estava afastado assim o conflito entre os dois poderes.

Em cada estado existia, portanto, uma minoria (oligarquia) dominante, que, aliando-se ao governo federal, se perpetuava no poder. Existia também uma oligarquia que dominava o poder federal, representada pelos políticos paulistas e mineiros. Essa aliança entre São Paulo e Minas - que eram os estados mais poderosos -, cujos lideres políticos passaram a se revezar na presidência, ficou conhecida como a “política do café com leite”. A Comissão de Verificação As peças para o funcionamento da “política dos governadores” foram, basicamente, a Comissão de Verificação e o coronelismo. As eleições na República Velha não eram, como hoje, garantidas por uma justiça eleitoral. A aceitação dos resultados de um pleito era feita pelo Poder Legislativo, através da Comissão de Verificação. Essa comissão, formada por deputados, é que oficializava os resultados das eleições.

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O Presidente da República podia, portanto, através do controle que tinha sobre a Comissão de Verificação, legalizar qualquer resultado que conviesse aos seus interesses, mesmo no caso de fraudes, que, aliás, não eram raras. O coronelismo O título de “coronel”, recebido ou comprado, era uma patente da Guarda Nacional, criada durante a Regência. Geralmente, o termo era utilizado para designar os fazendeiros ou comerciantes mais ricos da cidade e havia se espalhado por todos os municípios. Durante o Segundo Reinado, os localismos haviam sido sufocados pela política centralizadora, mas eles renasceram às vésperas da República. Com a proclamação e a adoção do federalismo, os coronéis passaram a ser as figuras dominantes do cenário político dos municípios.

Em torno dos coronéis giravam os membros das oligarquias locais e regionais. O seu poder residia no controle que exerciam sobre os eleitores. Todos eles tinham o seu “curral” eleitoral, isto é, eleitores cativos que votavam sempre nos candidatos por eles indicados, em geral através de troca de favores fundados na relação de compadrio. Assim, os votos despejados nos candidatos dos coronéis ficaram conhecidos como “votos de cabresto”. Porém, quando a vontade dos coronéis não era atendida, eles a impunham com seus bandos armados - os jagunços -, que garantiam a eleição de seus candidatos pela violência.

A importância do coronel media-se, portanto, por sua capacidade de controlar o maior número de votos, dando-lhe prestígio fora de seu domínio local. Dessa forma, conseguia obter favores dos governantes estaduais ou federais, o que, por sua vez, lhe dava condições para preservar o seu domínio. O Crescimento do Mercado Interno: O mercado consumidor Na última década do século XIX, o mercado de consumo se expandiu e se transformou estruturalmente devido à implantação do trabalho livre.

Conforme já mencionamos, na época da escravidão, os senhores concentravam o poder de compra, já que eles adquiriam os produtos necessários não apenas para si e sua família, mas também para os escravos. Assim, antes da maciça imigração europeia, a parte mais importante do mercado de consumo era representada quase exclusivamente pelos fazendeiros.

A implantação do trabalho livre emancipou não apenas os escravos, mas também os consumidores, pois a intermediação dos fazendeiros, embora não desaparecesse completamente, começou, gradativamente, a perder importância. Consumidores, com dinheiro na mão, decidiam por si mesmos o que e onde comprar. Com isso, o mercado de consumo se pulverizou. Conforme veremos adiante, esse crescimento e segmentação do mercado de consumo exerceu uma pressão poderosa no sentido da modernização da economia brasileira. A tradição da monocultura Entretanto, o principal setor da economia - a cafeicultura - continuava crescendo dentro de padrões coloniais. Na verdade, a cafeicultura não apenas precisava preservar o caráter colonial da economia brasileira, mas também ajudava a mantê-lo. Como no passado, a economia cafeeira estava inteiramente organizada para abastecer o mercado externo, no qual, por sua vez, adquiria os produtos manufaturados de que precisava. Esse padrão econômico tinha como consequência o fraco desenvolvimento tanto da produção de produtos manufaturados, mesmo os de consumo corrente, quanto da agricultura de subsistência. Com o crescimento do mercado de consumo que se seguiu à abolição, as importações aumentaram, pois até produtos alimentícios eram trazidos de fora. O endividamento externo As exportações, todavia, não cresceram na mesma proporção, de modo que, para financiar as importações, o governo começou a se endividar continuamente. Esses empréstimos eram contratados sobretudo na Inglaterra, que, assim, tornou-se a maior credora do Brasil. Enfim, chegou-se a um ponto em que as dívidas se acumularam a ponto de desencadear uma crise por falta de capacidade de o país saldar as suas dívidas externas. O estímulo à industrialização Diante de tal situação, o governo federal adotou uma política para desestimular as importações. Acontece que, com a República, a arrecadação dos impostos fora dividida do seguinte modo: os estados ficavam com os impostos sobre as exportações, e o governo federal com os impostos sobre as importações. Ora, desestimular as importações significaria diminuir as suas receitas. Por essa razão, o governo federal recorreu ao imposto de consumo, que já havia sido instituído, mas até então não tinha sido cobrado.

Observemos que a simples instituição do imposto de consumo indicava que o mercado de consumo já havia atingido dimensões significativas e revelava a expectativa do governo em relação ao seu crescimento. E isso testemunhava a importância já adquirida pelo mercado interno.

Devido aos problemas gerados pelo aumento do consumo, o governo federal foi obrigado a estimular a produção interna a fim de diminuir as importações. Esse problema não existiria se as exportações, principalmente do café, fossem suficientes para cobrir todos os gastos com as importações. Não era esse o caso. Entretanto, para que o modelo agroexportador fosse preservado, era necessário criar condições para o abastecimento através da produção nacional própria. Foi por esse motivo que a industrialização começou a ser estimulada no Brasil.

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245Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

A Política de Valorização do Café: a organização da economia cafeeira As fazendas de café estavam espalhadas pelo interior, distantes dos grandes centros urbanos onde a produção era vendida. Com as precárias condições de transporte, aliadas ao fato de que os fazendeiros administravam diretamente as suas propriedades, os cafeicultores acabaram delegando a terceiros (os chamados comissários) a colocação de sua produção no mercado.

A decisão dos exportadores em negociar a safra diretamente com os fazendeiros modificou também a forma de atuação dos importadores que, não dispondo mais do comissário que intermediava as compras para o fazendeiro, tiveram de espalhar agentes e representantes de vendas pelo interior. O mercado ficou mais segmentado mas, em compensação, mais livre. A crise de superprodução Contudo, desde 1895, a economia cafeeira não andava bem. Enquanto a produção do café crescia em ritmo acelerado, o mercado consumidor europeu e norte-americano não se expandia no mesmo ritmo. Conseqüentemente, sendo a oferta maior que a procura, o preço do café começou a despencar no mercado internacional, trazendo sérios riscos para os fazendeiros. Nos primeiros dois anos do século XX, o Brasil havia produzido pouco mais de 1 milhão de sacas acima da capacidade de consumo do mercado internacional. Essa cifra saltou para mais de 4 milhões em 1906, alarmando a cafeicultura. O Convênio de Taubaté (1906) Para solucionar o problema, os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de janeiro reuniam-se na cidade de Taubaté, no interior de São Paulo. Decidiu-se então que, a fim de evitar a queda de preço, os governos estaduais interessados deveriam contrair empréstimos no exterior para adquirir parte da produção que excedesse o consumo do mercado internacional. Dessa maneira, a oferta ficaria regulada e o preço poderia se manter. Teoricamente, o café estocado deveria ser liberado quando a produção, num dado ano, fosse insuficiente. Ao lado disso, decidiu-se desencorajar o plantio de novos cafezais mediante a cobrança de altos impostos. Estabelecia-se, assim, a primeira política de valorização do café. O governo federal foi contra o acordo, mas a solução do Convênio de Taubaté acabou se impondo. De 1906 a 1910, quando terminou o acordo, perto de 8,5 milhões/ sacas de café haviam sido retiradas de circulação. O acordo não foi propriamente uma solução, mas um simples paliativo. Revoltas na República Velha Concentração de terras e poder, exclusão social e extrema miséria provocaram no primeiro período republicano, diversas revoltas, levantes e movimentos sociais de toda ordem. Os mais significativos são: a Revolta de Canudos (1893 - 1897), a Guerra do Contestado (1912 - 1916), a Revolta da Chibata (1910) e a Revolta da Vacina (1902 - 1906). Movimentos Sociais na República Velha Além das guerras, revoltas e levantes populares, a primeira fase da república, denominada “República Velha”, engendrou inúmeros movimentos sociais na sua aguda estrutura. Podemos citar, a título de exemplificação, o Cangaço no sertão nordestino; o Tenentismo, sendo observados três momentos: Revolta do Forte de Copacabana (1922), as Revoltas no Rio Grande do Sul e São Paulo (1924), e a Coluna Prestes (1924 - 1926); as Greves Operárias; o Modernismo, impulsionado pela Semana de Arte Moderna (1922). Política externa na República Velha No início do século XX, após anos de estreita aliança com a Grã-Bretanha, a República brasileira voltou suas atenções para os Estados Unidos. Essa radical mudança de eixo em nossas relações exteriores, estabelecida durante a gestão do barão do Rio Branco no Itamarati (1902-1912), foi além do plano político-diplomático. Também no tocante às relações econômicas internacionais, que envolvem tanto o comércio como as relações financeiras, os Estados Unidos substituíram a Inglaterra como principal parceiro do Brasil. Crise de 1929 A depressão que afetou a economia mundial entre 1929 e 1934 foi a mais longa e profunda recessão econômica já experimentada até hoje. Ela se anunciou, ainda em 1928, por uma queda generalizada nos preços agrícolas internacionais. Mas o fator mais marcante foi a crise financeira detonada pela quebra da Bolsa de Nova Iorque. Desde 1927, a economia norte-americana vinha experimentando um boom artificial, alimentado por grandes movimentos especulativos nas bolsas e pela supervalorização de ações sem a cobertura adequada. Em 24 de outubro de 1929 - a chamada “quinta-feira negra” -, um movimento generalizado de vendas levou à brusca queda nos preços das ações e ao pânico generalizado. Crise do café O marco da crise foi a queda das ações das grandes empresas importadoras na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Como as ações perderam quase todo o seu valor, empresas e bancos foram à falência e milhões de trabalhadores norte-americanos foram dispensados. Sem poder vender, os comerciantes norte-americanos também deixaram de comprar. Isso afetou gravemente a economia dos países que dependiam de exportações para os Estados Unidos. Foi o caso do Brasil que deixou de vender milhões de sacas para o mercado norte-americano. O preço da saca despencou, caindo em mais de 50% entre 1929 e 1930. Foi um desastre que levou muitos cafeicultores à falência.

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246Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Em 1931, já na vigência da “Era Vargas”, foi destruído, na baixada santista, milhares de sacas de café e espalhando no ar de toda a região o característico e intenso aroma do café torrado.

A decisão do governo de destruir os estoques de café excedentes, para forçar a elevação dos preços do produto no mercado internacional (que tinham caído a um terço do valor em que eram cotadas pouco antes da crise econômica mundial de 1929) foi bastante criticada na época, provocando a demissão do então ministro da Fazenda, José Maria Whitaker, em novembro de 1931, por não concordar com a queima do café.

Ele foi sucedido por Oswaldo Aranha, que decidiu prosseguir na queima de mais 9 milhões de sacas de café, além dos 3 milhões de sacas já queimadas nos meses anteriores. No total, foi contabilizada a queima de 71.068.581 sacas de café, suficientes para garantir o consumo mundial do produto durante três anos. Revolução de 1930 Enfraquecida pela crise econômica advinda do caos da Bolsa de Valores de Nova Iorque, que desgastou sobremaneira os barões do café de São Paulo, um dos pilares do regime - a República Velha, com a desestruturação do acordos políticos entre mineiros e paulistas, sofrera o seu golpe final com o advento do levante de 1930, liderado por Getúlio Vargas. Antecedentes O problema da sucessão presidencial Na República Velha (1889-1930), as eleições para Presidente da República ocorriam em 1º de março e a posse do presidente eleito ocorria em 15 de novembro, de quatro em quatro anos. A eleição para escolha do sucessor do Presidente Washington Luís, que governava desde 1926, estava marcada para 1º de março de 1930. A posse do sucessor de Washigton Luís deveria ocorrer em 15 de novembro de 1930.

Na República Velha, vigorava, no Brasil, a chamada “política do café-com-leite”, em que os governadores (na época, se dizia presidentes) de São Paulo e de Minas Gerais alternavam-se na Presidência da República. Assim, de acordo com esta “Política do café-com-leite”, Washington Luís deveria indicar o Presidente de Minas Gerais para seu sucessor. Porém, no início de 1929, o presidente da República, Washington Luís, fluminense radicado em São Paulo, já tendia a apoiar o Presidente de São Paulo Júlio Prestes.

Washington Luís, então, consultou os presidentes dos estados e indicou o nome do presidente do estado de São Paulo, Júlio Prestes de Albuquerque, paulista, como seu sucessor, no que foi apoiado pelos presidentes de 17 estados.

Os 3 estados que negaram apoio a Júlio Prestes foram: Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. A Aliança Liberal Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba uniram-se a políticos de oposição de diversos estados, inclusive do Partido Democrático de São Paulo, para se opor à candidatura de Júlio Prestes, formando, em agosto de 1929, a Aliança Liberal, que lançou em 20 de setembro seus candidatos às eleições presidenciais: Getúlio Dornelles Vargas para presidente da República e João Pessoa, presidente da Paraíba, para a vice-presidência da República. Washington Luís tentou convencer os presidentes gaúcho e mineiro de desistirem dessa iniciativa. Em carta dirigida a Andrada, argumentava que 17 estados apoiavam a candidatura oficial.

Getúlio Vargas enviou o senador Firmino Paim Filho para dialogar em seu nome com Washington Luís e Júlio Prestes. Em dezembro de 1929, formalizou-se um acordo, em que Getúlio Vargas comprometia-se a aceitar os resultados das eleições e, em caso de derrota da Aliança Liberal, a apoiar Júlio Prestes. Em troca, Washington Luís comprometia-se a não ajudar a oposição gaúcha a Getúlio. A Aliança Liberal teve o apoio de intelectuais como José Américo de Almeida, João Neves da Fontoura e Lindolfo Collor, Virgílio Alvim de Melo Franco e Afrânio de Melo Franco, de membros das camadas médias urbanas e da corrente político-militar chamada “Tenentismo”. Destacavam-se, entre os tenentes: Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes, Antônio de Siqueira Campos, João Alberto Lins de Barros, Juarez Távora, Luís Carlos Prestes, João Cabanas e Juracy Magalhães e ainda o general reformado Miguel Costa. O presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos, disse em um discurso, interpretado como um presságio e uma demonstração do instinto de sobrevivência de um político experiente, ainda em 1929, ao implantar o voto secreto em Belo Horizonte:

Façamos serenamente a revolução, antes que o povo a faça pela violência. A eleição de Prestes e a morte de João Pessoa A campanha eleitoral ocorreu relativamente calma, dentro dos padrões de violência da República Velha, sendo que o episódio mais grave foi o “Atentado de Montes Claros”, quando uma passeata de adeptos de Júlio Prestes foi dissolvida a tiros por elementos aliancistas daquela cidade. A eleição para a presidência da república foi realizada no dia 1º de março de 1930 e vencida por Júlio Prestes, com 1.091.709 votos contra apenas 742.797 dados a Getúlio. Júlio Prestes foi eleito para governar de 1930 a 1934. Houve acusações de fraude eleitoral, de ambas as partes, como sempre houvera, em todas as eleições brasileiras desde o império. A Aliança Liberal recusou-se a aceitar o resultado das urnas.

No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa, então presidente da Paraíba, foi assassinado por João Dantas, em Recife, por questões de ordem pessoal. Apesar de totalmente desvinculado da eleição de Júlio Prestes, o episódio do assassinato de João Pessoa foi o estopim que deflagrou a mobilização armada dos partidários de Getúlio. O Presidente da República fora avisado repetidas vezes pelos seus assessores que havia um movimento subversivo em marcha, mas Washington Luís não tomou nenhuma medida preventiva para impedir a revolução.

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247Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

A revolução Em 25 de setembro de 1930, foi determinado, pelo comando revolucionário, que a revolução começaria em 3 de outubro.E no dia marcado, no período da tarde, em Porto Alegre, iniciou-se a Revolução de 1930 com a tomada do Quartel-General da 3º Região Militar. A revolução se alastrou por todo o país. Oito governos estaduais, no nordeste, foram depostos pelos tenentes, sendo que os tenentes enfrentaram, na Bahia e em Pernambuco, resistência notável. Em Minas Gerais, inesperadamente, houve resistência, pois o 12º Regimento de Infantaria de Belo Horizonte não aceitou o golpe. No dia 10, Getúlio Vargas partiu, por ferrovia, rumo ao Rio de Janeiro, capital federal na época. Em meados de outubro, a revolução já dominava quase todo o país. Mantinham-se leais ao governo federal os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

A revolução avançava sobre Santa Catarina e o Paraná, seguindo para a região de Itararé, na divisa do Paraná com São Paulo, onde as forças do governo federal e tropas paulistas estavam acampadas para deter o avanço das tropas revolucionárias. Esperava-se que ocorresse uma grande batalha em Itararé.

Não houve a esperada Batalha de Itararé, porque em 24 de outubro, antes que ela ocorresse, os generais Tasso Fragoso e Menna Barreto e o Almirante Isaías de Noronha depuseram Washington Luís através de um golpe militar e formaram uma Junta Militar Provisória que governaria o Brasil até à chegada de Getúlio ao Rio de Janeiro. Washigton Luís foi deposto apenas 22 dias antes do término de seu mandato presidencial que se encerraria em 15 de novembro de 1930. Jornais que apoiavam o governo deposto foram destruídos (na época, se dizia: empastelados). Júlio Prestes, Washington Luís e vários outros próceres políticos da república velha foram presos e exilados.

Era Vargas (1930 - 1945)

Como vimos, Getúlio Vargas chegou à Presidência da República em 1930 e permaneceu no poder até 1945. Ocupou novamente a Presidência entre 1950 e 1954, desta vez, eleito pelo voto popular. Vargas foi, provavelmente, a principal personalidade da política brasileira contemporânea. O Brasil que conhecemos, urbano, industrial, centralizado, entre todas as outras características da atualidade, teve na Era Vargas o seu projeto. Nacionalismo, populismo, estatização econômica, autoritarismo, paternalismo político, CLT, controle sindical são alguns temas relacionados a esta época.

Governo Provisório (1930 - 1934)

Uma república nova Às 3 horas da tarde de 3 de novembro de 1930, a junta militar passou o poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Vargas, (que vestia farda militar pela última vez na vida), encerrando a chamada República Velha. Na mesma hora, no centro do Rio de Janeiro, os soldados gaúchos cumpriam a promessa de amarrar os cavalos no obelisco da avenida Rio Branco, marcando simbolicamente o triunfo da Revolução de 1930. Getúlio tornou-se Chefe do Governo Provisório com amplos poderes. Os revolucionários não aceitavam o título “Presidente da República”. A Constituição de 1891 foi revogada e Getúlio governava por decretos. São nomeados interventores para os

governos estaduais, na maioria tenentes que participaram da Revolução de 1930. Getúlio Vargas cumpriu as principais promessas da Revolução de 1930:

• Anistiou os revolucionários dos anos 1920 (Levante do Forte de Copacabana de 1922, Revolução de 1924 e da Coluna Prestes}.

• Criou o voto secreto e o voto feminino, o Código Eleitoral e a Justiça Eleitoral, o que fez diminuir muito a fraude eleitoral.

• Ampliou os direitos trabalhistas, formalizando-os pela CLT, instituída mais tarde em 1943. • Criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (1930) e o Ministério da Educação e Saúde. A Revolução de 1932 e a eleição de 1933 Em 9 de julho de 1932, eclodiu a Revolução Constitucionalista em São Paulo. O Partido Republicano Paulista e o Partido Democrático de São Paulo, que antes apoiara a Revolução de 1930, uniram-se na Frente Única para exigir o fim da ditadura do “Governo Provisório” (Getúlio Vargas havia revogado a Constituição de 1891 e governava através de decretos) e a promulgação de uma nova constituição.

Governo Constitucional (1934-1937)

Em novembro de 1933 foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte que promulgou uma nova Constituição em 16 de julho de 1934. Nesta constituinte participou pela primeira vez uma mulher deputada, Carlota Pereira de Queirós que curiosamente representava o estado derrotado em 1930: São Paulo, e houve a presença de deputados eleitos pelos sindicatos: os deputados classistas. Constituição tida como progressista para uns; e para Getúlio:- Impossível de se governar com ela!. Nesse mesmo dia, 16 de julho, o Congresso Nacional elegeu, por voto indireto, Getúlio Vargas como Presidente da República, derrotando Borges de Medeiros e outros candidatos.

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248Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Neste período cresceu a radicalização política, especialmente entre a Ação Integralista Brasileira (AIB), de inspiração fascista, liderada por Plínio Salgado, e a Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento dominado pelo Partido Comunista do Brasil (PCB). Em 11 de julho de 1935, após a leitura de um manifesto de Luís Carlos Prestes, que havia ingressado no Partido Comunista, o Governo, com base na Lei de Segurança Nacional, fechou a ANL, considerando-a ilegal. O fechamento da ANL, determinado por Getúlio Vargas, bem como a prisão de alguns de seus partidários, precipitaram as conspirações que levaram à Intentona Comunista de 27 de novembro de 1935, movimento ocorrido nas cidades de Natal, onde os comunistas chegaram a tomar o poder naquela cidade, sendo depois derrotados por tropas de sertanejos vindos do interior, Recife e Rio de Janeiro. A partir daí, seguiram-se os “estado de sítio” e a instabilidade política, que levaram Getúlio a implantar o Estado Novo.

Estado Novo (1937-1945) O golpe de estado de 1937 Em 1937, quando se aguardavam as eleições presidenciais marcadas para janeiro de 1938, a serem disputadas por José Américo de Almeida e Armando de Sales Oliveira, ambos apoiadores da revolução de 1930, foi denunciada, pelo governo, a existência de um suposto plano comunista para tomada do poder. Este plano ficou conhecido como Plano Cohen, e depois se descobriu ter sido forjado por um adepto do integralismo, o capitão Olympio Mourão Filho, o mesmo que daria início à Revolução de 1964.

Com a comoção popular causada pelo Plano Cohen, com a instabilidade política gerada pela Intentona Comunista, com o receio de novas revoluções comunistas e com os seguidos estados de sítios, foi sem resistência que Getúlio Vargas deu um golpe de Estado e instaurou uma ditadura em 10 de novembro de 1937, posteriormente chamada de Estado Novo, através de um pronunciamento transmitido por rádio a todo o País.

O último grande obstáculo que Getúlio Vargas enfrentou para dar o golpe de Estado foi o bem armado e imprevisível interventor no Rio Grande do Sul, Flores da Cunha, mas este não resistiu ao cerco de Getúlio e se refugiou no Uruguai, antes do golpe do Estado Novo (1937). O Estado Novo foi instaurado no Brasil ao mesmo tempo em que uma onda de transformações varria a Europa, instalando governos autoritários e reforçando a versão de que a democracia liberal estava definitivamente liquidada. Mussolini chegou ao poder na Itália em 1922 e aí implantou o fascismo; Salazar se tornou primeiro-ministro (presidente do Conselho de Ministros) de Portugal em 1932 e inaugurou uma longa ditadura; Hitler foi feito chanceler na Alemanha em 1933 e tornou-se o chefe supremo do nazismo. A guerra civil espanhola, que se estendeu de 1936 a 1939, banhou de sangue a Espanha antes que Franco começasse a governar o país com mão de ferro.

O governo do Estado Novo foi centralizador, ou seja, concentrou no governo federal a tomada de decisões antes partilhada com os estados, e autoritário, ou seja, entregou ao Poder Executivo atribuições anteriormente divididas com o Legislativo. Sua ideologia recuperou práticas políticas autoritárias que pertenciam à tradição brasileira, mas também incorporou outras mais modernas, que faziam da propaganda e da educação instrumentos de adaptação do homem à nova realidade social. Era esse o papel do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), destinado não só a doutrinar, mas a controlar as manifestações do pensamento no país.

A Segunda Guerra Mundial e o fim do Estado Novo em 1945 O Brasil na Segunda Guerra Mundial Com o início da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1939, Getúlio Vargas manteve um posicionamento neutro até 1941. No início de 1942, durante a conferência dos países sul-americanos no Rio de Janeiro, estes países, a contragosto de Getúlio, decidiram condenar os ataques japoneses aos Estados Unidos da América em 7 de dezembro de 1941, e romper relações diplomáticas com a os países do Eixo: Alemanha, a Itália e o Japão. Getúlio, suspeito de ser simpatizante das ideias fascistas, profetizou em seu Diário, publicado em 1997, que, se houvesse rompimento de relações diplomáticas com a Alemanha, esta atacaria o Brasil. Assinalou também Getúlio, no seu Diário, no dia 12 de janeiro de 1942 que: “Parece-me que os americanos querem nos arrastar à guerra, sem que isso seja de utilidade, nem para nós, nem para eles”.

A opinião pública se dividia: havia forte simpatia pelos países do Eixo entre os imigrantes daqueles países e entre os integralistas, e, por outro lado, os comunistas, com grande poder de mobilização e influência na imprensa pediam apoio aos EUA. Logo em seguida, ainda em 1942, submarinos alemães atacaram navios mercantes brasileiros, pondo um fim à neutralidade brasileira. Após estes ataques, Getúlio declarou a guerra à Alemanha e à Itália.

Brasil e Estados Unidos assinaram um acordo pelo qual o governo norte-americano se comprometeu a financiar a construção de uma grande usina siderúrgica brasileira - Companhia Siderúrgica Nacional - em Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro, em troca da permissão para a instalação de bases militares e aeroportos no Nordeste e em Fernando de Noronha. Os norte-americanos precisavam muito de borracha, pois não tinham mais aceso a borracha da Ásia. Então houve, no Brasil, uma grande migração de nordestinos para a Amazônia para extrair o látex da borracha, (“o soldado da borracha”), que mudou a história da região. Industrialização e urbanização na Era Vargas (1930 - 1945) Chamam-se de populismo uma série de movimentos políticos que propõem-se a colocar, no centro de toda ação política, o povo enquanto massa, desqualificando a idéia da democracia representativa. No Brasil, o líder histórico que melhor representa esta ideologia é Getúlio Vargas. Sua popularidade entre as massas é atribuída à sua liderança carismática e ao empenho na aprovação de reformas trabalhistas que favoreceram ao operariado. Entretanto, alegam alguns, suas medidas apenas minaram com o poder dos sindicatos e de seus líderes, tornando-os dependentes do

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249Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Estado. Getúlio Vargas, opositor e refém durante sua vida política do oligarquismo rural, encontrou no populismo a ideia de superação deste modelo político tradicional, investindo na industrialização e na urbanização das cidades. Industrialização A Era Vargas representou uma transição daquilo que poderíamos chamar de economia rural para uma economia capitalista, fincando as raízes do capitalismo brasileiro nascido sob o signo da mais absoluta tutela do Estado. Até o início da década de década de 1930, predominava em nosso país uma economia agrária e rural, com ênfase na cultura cafeeira voltada para a exportação. Tal tipo de economia era praticamente uma continuidade da economia do séc. XIX, exceto talvez pela ausência do escravismo. A maioria da população brasileira habitava o meio rural, mas as grandes cidades já davam os primeiros sinais de mudança. A entrada de um número significativo de imigrantes europeus, principalmente em São Paulo dinamizava o ambiente das grandes cidades e introduzia lentamente as primeiras indústrias, gerando uma incipiente burguesia industrial e um nascente proletariado urbano, dando o pontapé inicial na formação do capitalismo brasileiro, que, nesta fase inicial, se afirmou com quase nenhum apoio ou interferência estatal. Principais empreendimentos industriais da Era Vargas (1930 - 1945)

• Criação do Conselho Nacional do Petróleo, em 1938; • Fundação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, em 1941, estimulado a

chamada “Indústria de Base”; • Instalação da Fábrica Nacional de Motores (FNM), no Rio de Janeiro, em 1943, obtendo financiamento norte-

americano; • Inaugurou, em 1942, também, a Companhia do Vale do Rio Doce (CVRD), com o objetivo de explorar minérios; • Instalou o Serviço Nacional da Indústria (SENAI), em 1942, e o Serviço Social da Indústria (SESI), em 1943, para a

aprimoramento da mão-de-obra; • A criação, em 1945, da Companhia Hidrelétrica do rio São Francisco (CHESF), empresa geradora de eletricidade. Urbanização é um fenômeno relacionado ao processo de desenvolvimento da esfera urbana em determinadas sociedades, em oposição ao desenvolvimento da esfera rural. Também pode ser definida como o aumento da população urbana frente à população rural. Está historicamente ligada à evolução do capitalismo, especialmente em sua fase industrial.

No Brasil, nas décadas de 1930 e 1940, fez-se a travessia do mundo rural para o mundo urbano industrial, com profundas repercussões em vários aspectos da vida do país. Uma das mais importantes, do ponto de vista político, foi a emergência do populismo como recurso de poder para autoritários e democratas, e a incorporação ao processo político de toda a população alfabetizada maior de 18 anos. A urbanização cresceu de forma acelerada, facilitando a expansão desordenada das cidades. O Brasil vivia o que se chamava então de um intenso processo de “modernização” política e econômica e sofria todos os impactos, positivos e negativos, daí decorrentes.

O Brasil pós-segunda guerra República Liberal-Conservadora (1946-1964)

Com o fim do Estado Novo, realizaram-se eleições gerais em todo o país. Para a presidência da República, foi eleito o General Eurico Gaspar Dutra. Foram eleitos também deputados e senadores constituintes, com a missão de elaborar a nova Constituição. Com o fim da ideologia estadonovista, houve anistia aos crimes políticos e reabertura democrática. O período é marcado pela implementação de uma nova ideologia denominada de nacional-desenvolvimentismo, no qual Vargas (1951-1954) e Kubitschek (1956-1961) foram seus principais representantes. Governo Eurico Gaspar Dutra (1946 - 1951) O General Eurico Gaspar Dutra, eleito com 3.351.507 votos, assumiu a presidência no dia 31 de janeiro de 1946. Dutra aproximou-se dos setores conservadores, incluindo aqueles representados pela UDN, através do chamado Acordo Interpartidário, o que acarretou a marginalização de Vargas e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que acabaram por romper com o presidente. O governo Dutra foi marcado, ainda, por uma política econômica conduzida a partir de postulados liberais, pelo rápido esgotamento das reservas cambiais acumuladas durante a guerra e por uma severa política de arrocho salarial. Afastou o país do bloco socialista leste-europeu, inclusive colocando na ilegalidade o Partido Comunista do Brasil (PCB) e rompendo relações diplomáticas com a União Soviética. Definitivamente deve-se a Dutra boa parte da predominância que os Estados Unidos exerceram sobre o Brasil nas décadas seguintes. No âmbito interno, elaborou o plano SALTE que foi a primeira tentativa de planejamento econômico governamental no Brasil. Governo Getúlio Vargas (1951 - 1954) Getúlio foi eleito em 3 de outubro de 1950, derrotando a UDN que tinha como candidato novamente Eduardo Gomes, e o Partido Social Democrático, que abandonou seu candidato Cristiano Machado e apoiou Getúlio. Fundamental para sua eleição foi o apoio do Governador de São Paulo Adhemar Pereira de Barros, que tinha sido nomeado por Getúlio como interventor em São Paulo, durante o Estado Novo, entre 1937 e 1941. Adhemar transferiu a Getúlio Vargas um milhão de votos paulistas, mais de 25% da votação total de Getúlio. Esperava que, em troca desse apoio em 1950, Getúlio o apoiasse, nas eleições de 1955, para a presidência da república.

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250Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Uma administração polêmica Getúlio tomou posse na presidência da república em 31 de janeiro de 1951, sucedendo o presidente Eurico Dutra. Seu mandato presidencial deveria se estender até 31 de janeiro de 1956. Getúlio teve um governo tumultuado, devido a medidas tomadas e a acusações de corrupção, chamado na época de “mar de lama”. Um polêmico reajuste do salário mínimo em 100%, ocasionou o “Manifesto dos Coronéis” (um protesto público, em fevereiro de 1954, dos militares contra seu governo - um dos coronéis se chamava Golbery do Couto e Silva), seguido da demissão do ministro do trabalho João Goulart.

Foram também polêmicas: • a lei sobre restrição da remessa de lucros das empresas estrangeiras para o exterior; • a lei sobre crimes contra a economia popular e; • a lei sobre o monopólio estatal da exploração e produção de petróleo. O “Petróleo é nosso” A campanha pela autonomia brasileira no campo do petróleo foi uma das mais polêmicas da história do Brasil republicano, de 1947 a 1953 o país dividiu-se entre aqueles que achavam que o petróleo deveria ser explorado exclusivamente por uma empresa estatal brasileira e aqueles que defendiam que a prospecção, refino e distribuição deveriam ser atividades exploradas por empresas privadas, estrangeiras ou brasileiras. Governo Jucelino Kubitschek (1956 - 1961) Modernização e desnacionalização Completado o período de governo dos substitutos constitucionais de Vargas, foram realizados novas eleições presidenciais em 1955. Os vencedores foram Jucelino Kubitschek de Oliveira e João Goulart para vice-presidente - amplos candidatos pela coligação PTB-PSD, partidários de origem getulista. Mais uma vez, a UDN, adversária do getulismo havia sido derrotada.

Pela aliança PSD-PTB, Juscelino foi eleito Presidente da República em outubro de 1955 com 36% dos votos — na época as eleições se realizavam em turno único. Obteve 500 mil votos a mais que o candidato da UDN, Juarez Távora e 700 mil votos a mais que o terceiro colocado, o governador de São Paulo Adhemar de Barros. A UDN tentou impugnar o resultado da eleição, sob a alegação de que Juscelino não obteve vitória por maioria absoluta. A posse de Juscelino e do vice eleito João Goulart só foi garantida com um levante militar liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, que em 11 de novembro de 1955 depôs o então presidente interino da República Carlos Luz, que teria tentado impedir a posse do presidente eleito. Aspectos marcantes do seu mandato Juscelino foi o último presidente da República a assumir o cargo no Palácio do Catete em 31 de janeiro de 1955. Em seu mandato presidencial, Juscelino lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento, também chamado de Plano de Metas, que tinha o célebre lema “Cinquenta anos em cinco”. O plano tinha 31 metas distribuídas em seis grandes grupos: energia, transportes, alimentação, indústria de base, educação e a construção de uma nova capital para a República - Brasília. Com a construção visava estimular a diversificação e o crescimento da economia, baseado na expansão industrial e na integração dos povos de todas as regiões com a capital no centro do território brasileiro. Governo Jânio Quadros (31/01/1961 - 25/08/1961) Jânio Quadros foi eleito presidente em 3 de outubro de 1960, para o mandato de 1961 a 1966, com 5,6 milhões de votos - a maior votação até então jamais obtida no Brasil - vencendo o marechal Henrique Lott de forma arrasadora, por mais de dois milhões de votos. Porém não conseguiu eleger o candidato a vice-presidente de sua chapa, Milton Campos (naquela época votava-se separadamente para presidente e vice). Quem se elegeu para vice-presidente foi João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro.

A renúncia Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara, - o derrubador de presidentes - percebendo que Jânio fugia ao controle das lideranças da UDN, mais uma vez se colocou como porta-voz da campanha contra um presidente legitimamente eleito pelo povo (como havia feito com relação a Getúlio Vargas e tentado, sem sucesso, com relação a Juscelino Kubitschek). Não tendo como acusar Jânio de corrupto, tática que usou contra seus dois antecessores, decidiu impingir-lhe a pecha de golpista. Em um discurso no dia 24 de agosto de 1961, transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão, Lacerda denunciou uma suposta trama palaciana de Jânio e acusou seu Ministro da Justiça, Oscar Pedroso Horta, de tê-lo convidado a participar de um golpe de estado. Na tarde de 25 de agosto, Jânio Quadros, para espanto de toda a nação, anunciou sua renúncia, que foi prontamente aceita pelo Congresso Nacional. Especula-se que talvez Jânio não esperasse que sua carta-renúncia fosse efetivamente entregue ao Congresso. Pelo menos não a carta original, assinada, com valor de documento. A crise da sucessão e a campanha da Legalidade Era voz corrente, na ocasião, que os congressistas não dariam posse ao vice-presidente, João Goulart, cuja fama de “esquerdista” agravou-se após Jânio tê-lo enviado habilmente em missão comercial e diplomática à China. Essa fama de “esquerdista” fora atribuída a Jango quando ele ainda exercia o cargo de Ministro do Trabalho no governo democrático de Getúlio Vargas (1951-1954), durante o qual aumentou-se o salário mínimo a 100% e promoveu-se reforma agrária – atitudes essas consideradas suficientemente “comunistas” pelos setores conservadores na época. Por outro lado especula-se que Jânio estaria certo de que surgiriam fortes manifestações populares contra sua renúncia, com o povo clamando nas ruas por sua volta ao poder - como ocorreu com Charles de Gaulle. Por isso Jânio

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251Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

permaneceu por horas aguardando dentro do avião que o levaria de Brasília a São Paulo. Tudo indica, entretanto, que algum tipo arranjo foi feito, nos bastidores da política, para impedir que a população soubesse em que local Jânio se encontrava nos momentos mais cruciais - imediatamente após a divulgação de sua carta de renúncia.

Jânio Quadros alegou a pressão de “forças terríveis” que o obrigavam a renunciar, forças que nunca chegou a identificar. Com sua renúncia abriu-se uma crise, pois os ministros militares vetavam o nome de Goulart. Assumiu provisoriamente Ranieri Mazzili, enquanto acontecia a Campanha da Legalidade; nesta campanha destacou-se Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Jango. Com a adoção do regime parlamentarista, e consequente redução dos poderes presidenciais, finalmente os militares aceitaram que Goulart assumisse. O primeiro Primeiro-Ministro do Brasil foi Tancredo Neves. A experiência parlamentarista, contudo, foi revogada por um plebiscito em 6 de janeiro de 1963, depois de também terem sido primeiros-ministros Brochado da Rocha e Hermes Lima. Governo João Goulart (1961 - 1964) Após a realização do plebiscito, Jango assumiu a presidência e reforçou sua linha de governo nacionalista e reformista, mas eram muitos os problema que precisam enfrentar. Sua estratégia socioeconômica foi formalizada por meio do Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, organizado por Celso Furtado, ministro do planejamento.

Esse plano objetivava: • promover melhor distribuição das riquezas nacionais, desapropriando os latifúndios improdutivos para defender

interesses sociais; • encampar as refinarias particulares de petróleo; • reduzir a dívida externa brasileira; • diminuir a inflação e manter o crescimento econômico sem sacrificar exclusivamente os trabalhadores.

A inflação e o custo de vida não paravam de subir. As despesas com as importações aumentavam, e caíam os preços das exportações. Diminuía o ritmo de crescimento da indústria. Os grandes empresários nacionais e estrangeiros, reduziam os investimentos na produção, pois desconfiavam das intenções políticas de Jango.

O governo foi marcado por intensa mobilização social e política de diversos setores da sociedade brasileira: estudantes, ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE) e à Juventude Universitária Católica (JUC); operários, ligados à Central Geral dos Trabalhadores (CGT); camponeses, ligados às Ligas Camponesas, que se difundiam principalmente pelo nordeste, tendo entre seus líderes o advogado socialista Francisco Julião. Surgiram, em oposição aos movimentos sociais, algumas associações políticas, como o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES), financiadas por empresários brasileiros e pelo governo e empresários dos Estados Unidos. Milhões de dólares eram gastos em propaganda contra o governo, por meio de livros, jornais, revistas, rádio e televisão. Reformas de base Em 13 de março de 1964, João Goulart, falando a mais de 300 mil pessoas num comício em frente à estação da Central do Brasil, expôs as dificuldades de seu governo e anunciou a necessidade de um conjunto de reformas de base para o país. O Golpe de 1964 O golpe militar foi deflagrado na madrugada do dia 31 de março, com a movimentação de tropas comandadas pelo general Olímpio Mourão Filho, no estado de Minas Gerais, que saíram em direção ao Rio de Janeiro. A falta de reação do governo e dos grupos que lhe davam apoio foi notável. Não se conseguiu articular uma reação dos militares legalistas.

Também fracassou uma greve geral proposta pelo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) em apoio ao governo.

João Goulart, em busca de segurança, viajou no dia 1o de abril do Rio, onde se encontrava no momento do golpe, para Brasília, e em seguida para Porto Alegre, onde Leonel Brizola tentava organizar a resistência, com apoio de oficiais legalistas, a exemplo do que ocorrera na Cadeia da Legalidade, em 1961. Apesar da insistência de Brizola, Jango desistiu de um confronto militar com os golpistas e seguiu para o exílio no Uruguai, de onde só retornaria ao Brasil para ser sepultado, em 1976.

Nesses primeiros dias após o golpe, uma violenta repressão atingiu os setores politicamente mais mobilizados à esquerda no espectro político, como a União Nacional dos Estudantes, a Confederação Geral dos Trabalhadores, as Ligas Camponesas e grupos católicos como a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Ação Popular (AP). Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. O líder comunista Gregório Bezerra, por exemplo, foi arrastado amarrado pelas ruas de Recife.

O golpe militar foi saudado por importantes setores da sociedade brasileira. Grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da Igreja Católica, governadores, e amplos setores de classe média pediram e estimularam a intervenção militar, como modo de pôr fim à ameaça do que chamavam de ‘esquerdização’ do governo e de se controlar a crise econômica. O golpe também foi recebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito de ver que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba. Os Estados Unidos acompanharam de perto a conspiração e o desenrolar dos acontecimentos, principalmente através de seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, e do adido militar, Vernon Walters, e haviam decidido, através da secreta “Operação Brother Sam”, dar apoio logístico aos militares golpistas, caso estes enfrentassem uma longa resistência por parte de forças leais a Jango.

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252Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Os militares que apoiaram o golpe justificaram seus atos afirmando que seu objetivo era restaurar a disciplina e a hierarquia nas Forças Armadas e destruir o “perigo comunista” que, imaginavam, pesava sobre o Brasil. Eles também acreditavam que o regime democrático instituído no Brasil após 1945 não fora suficiente para se contrapor a esse inimigo. Os militares, no entanto, sempre enfatizaram, com razão, o fato de que “não estavam sós”, isto é, que o golpe de 1964 não foi de sua exclusiva iniciativa, e sim resultado da confluência e do apoio de importantes segmentos da sociedade civil, apoiados pela CIA americana preocupados com a possibilidade de que a esquerda conquistasse o poder no Brasil realizando reformas sociais e aproximando-se de países comunistas.

A falta de resistência ao golpe não deve ser vista como resultado da derrota diante de uma bem-articulada conspiração militar. Foi clara a falta de organização e coordenação entre os militares golpistas. Mais do que uma conspiração única, centralizada e estruturada, a imagem mais fidedigna é a de “ilhas de conspiração”, com grupos unidos ideologicamente pela rejeição da política pré-1964, mas com baixo grau de articulação entre si. Não havia um projeto de governo bem definido, além da necessidade de se fazer uma "limpeza" nas instituições e recuperar a economia. O que diferenciava os militares golpistas era a avaliação da profundidade necessária à intervenção militar. A Ditadura Militar Entre 1964 e 1985, o Brasil viveu sob a doutrina de um regime de exceção, fruto de um golpe militar que suspendeu direitos individuais e a possibilidade de escolha de representantes através do sufrágio universal. A ditadura militar estabeleceu rígido controle dos meios de comunicação, governando o país através dos chamados Atos Institucionais, estabelecendo censura sob as informações divulgadas.

Entre 1964 e 1985, o Brasil viveu sob a doutrina de um regime de exceção, fruto de um golpe militar que suspendeu direitos individuais e a possibilidade de escolha de representantes através do sufrágio universal. A ditadura militar estabeleceu rígido controle dos meios de comunicação, governando o país através dos chamados Atos Institucionais, estabelecendo censura sob as informações divulgadas. Governo Castelo Branco (1964 - 1967) No dia 11 de abril de 1964, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco era ‘eleito’ Presidente da República, prometendo a entrega do poder a um civil em 1966. Durante o seu mandato (estendido até março de 1967) foram baixados três Atos Institucionais, ocorrendo cassações de mandatos federais e estaduais, transferência ao Congresso para escolha do presidente, além de dissolver os partidos políticos. Assim, somente os partidos da Arena (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), de oposição, estavam autorizados a funcionar, instituindo-se o bipartidarismo.

No primeiro governo ditatorial criou-se o SNI (Serviço Nacional de Informações) –organismo ligado diretamente ao presidente – dirigido, então, pelo general Golbery do Couto e Silva. O SNI realizava em segredo todas as investigações sobre pessoas, instituições e movimentos que pudessem trazer qualquer tipo de problema ou perigo para o sistema em vigor.

Com o Ato Institucional n.º 4, o governo adquiriu poderes para a aprovação de uma nova Constituição foi aprovada para o país. A Constituição de 1967 normatizava a ditadura, a fim de manter o princípio constitucional da legalidade, o que deveria ser respaldado pelos militares através de suas idéias e ações, que fizesse necessários para um regime totalitário.

Na economia, o governo Castelo Branco, apresentou o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG), cujo objetivo era o combate à inflação mediante o favorecimento do capital estrangeiro, as restrições de crédito e a redução dos salários dos trabalhadores.

Ao final do governo Castelo Branco, o Alto Comando Militar escolheu como novo Presidente Marechal Arthur da Costa e Silva, ministro da Guerra. A escolha foi referendada pelos membros da ARENA no Congresso Nacional. Para registrar seu protesto, os integrantes do MDB retiraram-se do local de votação. Governo Costa e Silva (1967 - 1969) De 1967 a 1969, Arthur da Costa e Silva assumiu o país, eleito indiretamente pelo Congresso. No primeiro ano o marechal tentou governar dentro de um sistema constitucional, mas isto acabou não acontecendo devido ao escancaramento ditatorial, em consequência do crescente movimento de oposição ao regime.

A UNE (União Nacional dos Estudantes) promoveu, no Rio de Janeiro, em meados de 68, a manifestação de luta pelas liberdades públicas chamada de Passeata dos Cem mil. Partindo da Cinelândia, a passeata era formada por jovens, artistas, padres e deputados, formando a maior vitória da oposição desde as eleições de 1965. Ao mesmo tempo estavam acontecendo greves operárias em Contagem (MG) e Osasco (SP).

Pressionado pelos militares da linha dura, Costa e Silva, decretou o Ato Institucional n.° 5 (AI-5), em dezembro de 1968 começando no Brasil o mais longo período ditatorial de sua história. Foram 10 anos de violenta repressão política. O presidente determinou o fechamento do Congresso, a cassação de mandatos parlamentares, a suspensão do direito a habeas corpus em casos de crimes contra a segurança nacional e o fim da liberdade de imprensa. Governo Emílio Garraztazu Médici (1969 - 1974) Foi no governo do General Emílio Garrastazu Médici, que o governo militar viveu os anos de chumbo da ditadura, devido à violentíssima repressão promovida à oposição durante seu governo. Prisões, torturas e grupos de extermínios foram fatos comuns em seu governo, que lhe deram o apelido de “Carrasco Azul”, devido ao seu sobrenome,

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Garrastazu. Já na versão dos partidários de Médici, que obtiveram maciça vitória eleitoral em 1970 e 1972, Médici livrou o país da guerrilha comunista e do terrorismo.

Pelo menos dois fatos fizeram de Médici um dos mais incomuns presidentes do regime militar inaugurado em 1964: a utilização maciça de campanhas propagandísticas para promover o regime e ter feito o deputado e ex-chefe da polícia política da era Vargas, Filinto Müller presidente do Congresso e da Arena. Data da época deste governo a famosa campanha publicitária cujo slogan era: “Brasil, ame-o ou deixe-o” (amar o país correspondia a não ser opositor ao regime militar). O sistema repressivo Quando o presidente Médici assumiu o governo, todos os órgãos que compunham o sistema repressivo da ditadura militar se encontravam em pleno funcionamento. De 1964 até 1968, o trabalho de repressão política ficou sob exclusiva jurisdição civil, destacando-se neste período as atuações do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em cada estado, Secretarias Estaduais de Segurança Pública (SESPs) e Departamento de Política Federal (DPF). A partir de 1969, entraram em funcionamento os Centros de Informações de cada ramo das Forças Armadas: CIE no Exército, SISA na Aeronáutica e CENIMAR na Marinha. Também foram criados o Destacamento de Operações e Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) e de órgãos paramilitares clandestinos como a Organização Bandeirantes (OBAN). Governo Ernesto Geisel (1974 - 1979) Quarto presidente do ciclo militar, Ernesto Geisel começou um lento processo rumo à democracia, com o desmonte da ditadura entre 1974 e 1979. O fim do Milagre Econômico, o aumento da inflação e a crise do petróleo deram início ao governo do general. Com a abertura política a oposição ganhou espaço, vencendo nos Estados e cidades mais importantes do país – em 1974 o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) conquistou 59% dos votos para o Senado, 48% na Câmara dos Deputados e venceu as prefeituras da maioria das cidades -. Insatisfeitos com o governo Geisel, militares da linha dura promoveram ataques a membros da esquerda. Em 1975 foi suspensa a censura prévia à imprensa. Três anos depois Geisel acabou com o Ato Institucional n.° 5 (AI-5), restaurou o habeas corpus e criou condições para a abertura política rumo à redemocratização. Principais realizações • o reatamento de relações com a China; • o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND); • a busca de novas fontes de energia, realizando o acordo nuclear com a Alemanha, criando os contratos de risco com

a Petrobras e incentivando a utilização do álcool como combustível; • início do processo de redemocratização do país, embora tal processo tenha sofrido alguns retrocessos durante seu

governo, como bem exemplifica o Pacote de Abril, em 1977 . Geisel afirmou que a redemocratização seria um processo “lento, seguro e gradual”.

Governo João Batista Figueiredo (1979 - 1985) João Baptista de Oliveira Figueiredo assumiu o país em 1979, até 1985. O último general-presidente a comandar o Brasil, Figueiredo decretou a Lei da Anistia (1979), dando o direito de retorno ao Brasil para artistas, políticos e demais cidadãos brasileiros exilados por crimes políticos. Insatisfeitos com os benefícios dados aos terroristas, militares da linha dura continuam desempenhando a repressão clandestina.

O pluripartidarismo foi restabelecido durante o governo Figueiredo, no ano de 1979, trazendo os partidos de volta. A ARENA (Aliança Renovadora Nacional) passou a ser PDS (Partido Democrático Social) e o MDB ((Movimento Democrático Brasileiro) tornou PMDB, apenas acrescentando a palavra partido à sigla. Outros partidos foram criados, como PT (Partido dos Trabalhadores) e PDT (Partido Democrático Trabalhista). Colapso do regime O descontrole da dívida externa brasileira, os recordes dos índices inflacionários, superando a cifra de 200% ao ano durante o governo Figueiredo, além da intenção insatisfação popular, especialmente de setores da classe média que sempre apoiaram o regime, são fatores que levaram ao colapso do Regime Militar.

Um episódio bastante marcante durante o governo de João Figueiredo, foi o atentado ao Riocentro (1981). Onde ocorreu um atentado frustrado que poderia vitimar milhares de pessoas que assistiam um show, em comemoração ao dia do trabalhador, porém a bomba que seria utilizada explodiu momentos antes no carro de seus autores. Redemocratização O cenário do Brasil era de uma inflação alta, como de uma recessão também. Partidos de oposição começaram a surgir e os sindicatos se fortaleceram. O movimento das Diretas Já ganhou forma em 1984, com a participação de artistas, políticos de oposição e milhões de brasileiros, mas a Emenda Dante de Oliveira (que garantia as eleições diretas) não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.

No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheu o primeiro presidente civil, após 21 anos de ditadura. O deputado Tancredo Neves era eleito indiretamente presidente, mas, por motivos de uma diverticulite aguda perfurada quem acaba vestindo a faixa presidencial é o seu vice José Sarney.

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Brasil contemporâneo (1985 - 2012) “Que país é esse?”

O Brasil há décadas é perpassado por cruéis diferenças sociais. O nosso país é simplesmente o país mais injusto do mundo: temos a pior distribuição de renda do planeta, isto é, em nenhum lugar os ricos têm tantos bens e renda e os mais pobres ganham tão pouco. Alguns dos milionários brasileiros estão entre os mais ricos da Terra e muitos dos milhões de pobres vivem numa situação bem parecida com a dos famintos dos países mais pobres. Violência urbana, miséria, baixa qualidade na educação, desassistência na saúde (...). Esse país injusto também é o conseguiu superar de maneira impressionante os mais diversos problemas e desponta com uma das grandes potências econômicas no século XXI. Rico em contradições e paradoxos, o Brasil é a síntese histórica do momento atual do desenvolvimento do capitalismo moderno. Diretas Já! Em 1984, o País mobilizou-se na campanha pelas “DIRETAS JÁ”, declarando apoio à emenda constitucional do deputado federal Dante de Oliveira que permitia a eleição direta para a Presidência da República. Mas a emenda foi derrotada na Câmara dos Deputados em votação realizada em 25 de abril: não alcançou número mínimo de votos para ser aprovada.

Em 15 de janeiro de 1985, o governador de Minas Gerais Tancredo Neves foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral, com José Sarney como vice-presidente, derrotando o candidato da situação, o deputado federal Paulo Maluf, por 480 a 180 votos e 26 abstenções. Tancredo, porém, foi internado em Brasília, um dia antes da cerimônia de posse. Foi submetido a várias cirurgias mas seu estado de saúde só se agravou. Até que, para grande pesar e comoção dos brasileiros, Tancredo faleceu em 21 de abril de 1985 em São Paulo. Sarney assumiu a Presidência no dia 15 de março, dando fim a 21 anos de ditadura militar no Brasil. Mas a redemocratização só foi completa com a promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988. Governo José Sarney (1985 - 1990) O governo Sarney se caracterizou pela consolidação da democracia brasileira, mas também por uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de hiperinflação histórica e moratória. Também se notabilizaram as acusações de corrupção endêmica em todas as esferas do governo - sendo o próprio Presidente José Sarney denunciado, embora as acusações não tenham sido levadas à frente pelo Congresso Nacional. Foram citadas suspeitas de superfaturamento e irregularidades em concorrências públicas, como a da licitação da Ferrovia Norte-Sul. Plano Cruzado Na área econômica, o governo Sarney adotou uma política considerada bastante heterodoxa. Entre as medidas de maior destaque estão o Plano Cruzado, em 1986: congelamento geral de preços por 12 meses, e a adoção do “gatilho salarial” (reajuste automático de salários sempre que a inflação atingia ou ultrapassava os 20%). O Plano Cruzado a princípio teve efeito na contenção dos preços e no aumento do poder aquisitivo da população. Milhares de consumidores passaram a fiscalizar os preços no comércio e a denunciar as remarcações, ficando conhecidos como “fiscais do Sarney”.

No decorrer do ano o Cruzado foi perdendo sua eficiência, com uma grave crise de abastecimento, a cobrança de ágio disseminada entre fornecedores e a volta da inflação. O governo manteve o congelamento até as eleições estaduais de 1986, tentando obter os maiores dividendos políticos possíveis do plano. Governo Fernando Collor de Mello (1990 - 1992) Fernando Affonso Collor de Mello, conhecido simplesmente como Fernando Collor, (Rio de Janeiro, 12 de agosto de 1949) é um empresário e político brasileiro, atualmente filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro. Foi o primeiro presidente da República eleito pelo voto direto após o Regime Militar, em 1989, tendo governado o Brasil entre 1990 e 1992. Seu governo foi marcado pelo Plano Collor, pela abertura do mercado nacional às importações e pelo início do Programa Nacional de Desestatização. Renunciou ao cargo em razão de um processo de impeachment fundamentado em acusações de corrupção. Teve seus direitos cassados por 8 anos, e só seria eleito para cargo público novamente em 2006, tomando posse como senador por Alagoas em 2007. A eleição do “caçador dos marajás” Em 1989, depois de 29 anos da eleição direta que levou Jânio Quadros à Presidência da República, o alagoano Fernando Collor de Mello (lançado pelo pequeno PRN) foi eleito por pequena margem de votos (42,75% a 37,86%) sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em campanha que opôs dois modelos de atuação estatal: um pautado na redução do papel do Estado (Collor) e outro de forte presença do Estado na economia (Lula). A campanha foi marcada pelo tom emocional adotado pelos candidatos e pelas críticas ao governo de José Sarney. Collor se autodenominou “caçador de marajás”, que combateria a inflação e a corrupção, e “defensor dos descamisados”. Lula, por sua vez, apresentava-se à população como entendedor dos problemas dos trabalhadores, notadamente por sua história no movimento sindical. Confisco Um dia depois de assumir a Presidência, Collor anunciou uma série de medidas que visavam reorganizar a economia nacional. Elaborado pela equipe da ministra Zélia Cardoso de Mello, o Plano Brasil Novo, mais conhecido como Plano Collor, determinou:

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• a extinção do cruzado novo e a volta do cruzeiro como moeda nacional; • o bloqueio, por dezoito meses, dos depósitos em contas correntes e cadernetas de poupança que ultrapassassem os

50.000 cruzados novos; • o congelamento de preços e salários; • o fim de subsídios e incentivos fiscais; • o lançamento do Programa Nacional de Desestatização; • a extinção de vários órgãos do governo, entre eles: Instituto do Açúcar e do Álcool, Instituto Brasileiro do Café,

Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste, Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS). CPI da Corrupção: denúncias levaram à queda Por trás do jeito Collor, montava-se um esquema de corrupção e tráfico de influência que veio à tona em seu terceiro ano de mandato. O chamado esquema PC teria como beneficiários integrantes do alto escalão do governo e o próprio presidente. No mês seguinte, o Congresso Nacional instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso. Durante o processo investigatório, personagens como Ana Accioly, secretária de Collor, e Francisco Eriberto, seu ex-motorista, prestaram depoimento à CPI confirmando as acusações e dando detalhes do esquema. Um dos expedientes utilizados por PC era abrir contas “fantasmas” para realizar operações de transferência de dinheiro arrecadado com o pagamento de propina e desviado dos cofres públicos para as contas de Ana Accioly. Além disso, gastos da residência oficial de Collor, a Casa da Dinda, eram pagos com dinheiro de empresas de PC Farias. Aprovado por 16 votos a 5, o relatório final da CPI constatou também que as contas de Collor e PC não foram incluídas no confisco de 1990. Foi pedido o impeachment do presidente. Em agosto, durante os trabalhos da CPI, a população brasileira começou a sair às ruas para pedir o impeachment. Governo Itamar Franco (1992 - 1995) Em 1992, Collor foi acusado de corrupção e sofreu um processo de impeachment pelo Congresso Nacional e se licencia do governo. Itamar assume, interinamente a presidência em 2 de outubro de 1992, sendo formalmente aclamado presidente em 27 de dezembro de 1992, quando Collor renunciou à presidência. Plano Real O Brasil estava no meio de uma grave crise econômica, tendo a inflação chegado a 1100% em 1992, e alcançado quase 6000% no ano seguinte. Itamar trocou de ministros da economia várias vezes, até que Fernando Henrique Cardoso assumisse o Ministério da Fazenda. Em fevereiro de 1994, o governo Itamar lançou o Plano Real, elaborado pelo Ministério da Fazenda a partir de idealização do economista Edmar Bacha, que estabilizou a economia e acabou com a crise hiperinflacionária.

O Plano Real foi um plano de estabilização econômica conduzido sob o governo de Itamar Franco e desenvolvido pela equipe econômica do Ministério da Fazenda, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, posteriormente eleito presidente em 1994. Em seus primeiros dias, o plano foi denominado pela equipe econômica “Plano Bacha” e “Bacha 2”, devido ao nome de seu principal idealizador, o economista Edmar Bacha, por muitos considerado o pai do Plano Real. Seu objetivo primário era controlar a hiperinflação, um problema brasileiro crônico. Combinaram-se condições políticas, históricas e econômicas para permitir que o Governo brasileiro lançasse, ainda no final de 1993, as bases de um programa de longo prazo. Organizado em etapas, o plano resultaria no fim de quase três décadas de inflação elevada e na substituição da antiga moeda pelo Real, a partir de primeiro de julho de 1994. Plebiscito Em abril de 1993, cumprindo com o previsto na Constituição, o governo realiza um plebiscito para a escolha da forma e do sistema de governo no Brasil. Quase 30% dos votantes, não compareceram ao plebiscito ou anularam o voto. Dos que comparecem às urnas, 66% votaram a favor da república, contra 10% favoráveis à monarquia. O presidencialismo recebeu cerca de 55% dos votos, ao passo que o parlamentarismo obteve 25% dos votos. Em função dos resultados, foi mantido o regime republicano e presidencialista. Governo Fernando Henrique Cardoso (1995 - 2003) O Governo Fernando Henrique, também chamado Governo FHC, teve início com a posse da presidência por Fernando Henrique Cardoso, em 1º de janeiro de 1995, e terminado em 1º de janeiro de 2003, quando assumiu Luiz Inácio Lula da Silva. Fernando Henrique Cardoso foi presidente por dois mandatos consecutivos (de 1995 a 1998 e de 1999 a 2002). Suas principais marcas foram a consolidação do Plano Real, a introdução do programas de transferência de renda como o Bolsa Escola, além profundas reformas econômicas e privatizações de empresas públicas. Crises econômicas FHC enfrentou diversas crises mundiais durante seu governo, como a crise do México em 1995, a crise asiática em 1997-98, a crise russa em 1998-99 e, em 2001, a crise argentina, os atentados terroristas nos EUA em 11/9/2001, a falsificação de balanços da Enron/Arthur Andersen. Internamente, enfrentou uma crise em 1999, quando houve uma forte desvalorização do real, depois de o Banco Central abandonar o regime de câmbio fixo e passar a operar em regime de câmbio flutuante. Em 2002, a própria eleição presidencial no Brasil, em que se previa a vitória de Lula, causou mais uma vez a fuga de hot-money, elevando o preço do dólar a quase R$ 4,00, devido ao medo do mercado financeiro em aplicar em um país prestes a ser governado por um personagem pertecente a um partido de passado de esquerda radical, que teve postura aguerrida contra o Plano Real e as reformas econômicas. Porém, Lula manteve a política do antecessor depois de eleito. A taxa média de crescimento do PIB do período FHC foi de 2,3% ao ano.

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Aumento da dívida pública Quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência da República, a dívida pública federal interna e externa somavam cerca de R$ 153 bilhões e as dívidas de estados e municípios permaneciam descontrolados. No seu governo, a dívida pública do Brasil, que era de US$ 60 bilhões em julho de 1994, saltou para US$ 245 bilhões em nov. 2002. Lei de Responsabilidade Fiscal Criada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, a Lei de Responsabilidade Fiscal provocou uma mudança substancial na maneira como é conduzida a gestão financeira dos três níveis de governo. Até então, o governo federal não tinha mecanismos para medir o endividamento total do país, pois a hiperinflação maquiava perdas e ganhos. Como medida de contingenciamento para a implantação da LRF, o governo tomou para si as dívidas públicas estaduais e municipais (o que, obviamente, gerou o aumento nominal da dívida pública federal), tornando-se credor dos estados e municípios altamente endividados. Com a LRF, impediu que os prefeitos e governadores endividassem novamente os estados e municípios além da capacidade de pagamento. Ao final dos oito anos de mandato, o Estado passou a ter um controle muito mais elaborado das dívidas dos governos federal, estadual e municipal. Crise do ‘Apagão’ Após toda uma década sem investimentos na geração e distribuição de energia elétrica no Brasil, na passagem de 2000 para 2001, um racionamento de energia foi elaborado às pressas e atingiu diversas regiões do Brasil, principalmente a Região Sudeste do Brasil. Legado do governo FHC As opiniões a respeito do Governo FHC são divergentes: seus opositores o acusam de corrupção por uma suposta compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional para aprovar a Emenda da Reeleição. Também se colocam contra a privatização de empresas estatais como a Vale do Rio Doce e o sistema de telefonia. Governo Luís Inácio LULA da Silva (2003 - 2011) Após 22 anos de existência do partido, três derrotas e oito anos de oposição quase sistemática a Fernando Henrique Cardoso (com críticas ao modelo econômico e ao legado na área social), o ex-torneiro mecânico Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chegou à Presidência da República. Lula venceu o economista José Serra, 60, candidato oficial, duas vezes ministro de FHC e uma das principais lideranças do PSDB. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Lula obteve cerca de 53 milhões de votos - 61% dos votos válidos para o 1º mandato. Economia Na gestão de Lula, optou-se por manter um modelo de política econômica e fiscal similar ao do Governo FHC. Henrique Meirelles, deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás em 2002, foi escolhido para a direção do Banco Central do Brasil e o médico sanitarista e ex-prefeito de Ribeirão Preto Antônio Palocci, foi nomeado Ministro da Fazenda. A economia no governo Lula foi caracterizada pela baixa inflação, taxas sustentáveis de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), pequena redução do desemprego. Como contraponto, reduziu drasticamente os investimentos públicos no intuito de gerar recursos para o pagamento de juros da dívida interna até 2006. A partir de então, o superávit primário começou a declinar (em 2005, ele havia sido de 4,8% e, em 2006, ele passou para 4,32%, segundo o antigo método de cálculo do PIB), sendo que, no primeiro trimestre de 2007, os investimentos foram os maiores desde os de 2002 (ainda segundo o antigo método de cálculo, o superávit primário em 2007 será de 4,25%, sendo que até 0,5% desse valor serão destinados para o PPI - Plano Plurianual de Investimentos). A atual gestão promoveu o incentivo às exportações, a diversificação dos investimentos feitos pelo BNDES, estimulou o microcrédito e ampliou os investimentos na agricultura familiar através do PRONAF (Programa Nacional da Agricultura Familiar). São exemplos da recuperação econômica do país sob a gestão do presidente Lula o recorde na produção da indústria automobilística, em 2005; e o maior crescimento real do salário mínimo, que passou, em oito anos, de 200 para 545 reais. Em 2006, foi anunciada a liquidação da dívida ativa dos juros da dívida externa. Fome Zero O programa Fome Zero começou como uma tentativa do Presidente da República de mobilizar as massas em favor dos pobres em estado de extrema miséria ainda muito presente no Brasil. O programa fez com que os olhos dos governos internacionais se voltassem para o Brasil, sendo Luiz Inácio muito elogiado em seus primeiros discursos internacionais. Em decorrência de problemas de implantação, denúncias de desvio de verbas e implementações de outros programações como o Bolsa Família, o “Fome Zero” acabou desmobilizado. PAC, o ‘Minha Casa, Minha Vida’ e crescimento exponencial da economia O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 28 de janeiro de 2007, é um programa do governo federal brasileiro que engloba um conjunto de políticas econômicas, planejadas para os quatro anos seguintes, e que tem como objetivo acelerar o crescimento econômico do Brasil, prevendo investimentos totais de R$ 503,9 bilhões até 2010, sendo uma de suas prioridades o investimento em infraestrutura, em áreas como saneamento, habitação, transporte, energia e recursos hídricos, entre outros. O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida 1, lançado em 2009 com o objetivo de reduzir o déficit habitacional no Brasil, superou a meta de financiar um milhão de moradias e atingiu a marca de 1.005.028 unidades habitacionais em fevereiro deste ano. Os investimentos somaram mais de R$ 50 bilhões. Entretanto, o número de unidades entregues, até o momento, foi de somente 253 mil.

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257Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Governo Dilma Rousseff (2011 - atualidade) O Governo Dilma Rousseff (2011 - atualidade) se inicia com a posse de Dilma Vana Rousseff à presidência, em 1º de janeiro de 2011, em sua primeira tentativa de chegar ao cargo presidencial, após derrotar o candidato do PSDB, José Serra, nas eleições de 2010, com 56,05% dos votos válidos, em segundo turno. O período é marcado por fato histórico, pois representa a primeira vez que uma mulher assumiu o poder no Brasil no posto mais importante do país. Dilma Rousseff fazia parte do Governo Lula, tendo sido Ministra de Minas e Energia e, mais tarde, Ministra-Chefe da Casa Civil do Brasil. Sua estada na presidência está prevista até o dia 1º de janeiro de 2015, podendo se estender por mais quatro anos, caso se candidate novamente e consiga se reeleger na eleição de 2014.

A gestão Dilma Rousseff iniciou dando segmento à política econômica do Governo Lula. O novo governo começou com a saída de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central, depois de oito anos à frente da instituição. Para o lugar de Meirelles, foi escolhido o ex-diretor do BC Alexandre Tombini, que, em discurso de posse, defendeu um sistema financeiro sólido e eficiente como condição para crescimento sustentável. Para outro local de destaque da equipe econômica do governo, o Ministério da Fazenda, Dilma optou pela permanência de Guido Mantega.

Cortes no Orçamento Em fevereiro de 2011, o governo anunciou um corte recorde de R$ 50 bilhões no Orçamento federal do mesmo ano, o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). A justificativa para a decisão foi a de que o bloqueio de gastos era uma maneira de o governo tentar combater as pressões inflacionárias, e, com isso, permitir uma política “mais suave” para a taxa básica de juros. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou também que a medida fazia parte também do processo de reversão de todos os estímulos feitos para a economia brasileira entre 2009 e 2010 para evitar os efeitos negativos da crise financeira internacional.

Depois de receber do governo anterior o País com um valor total recorde de US$ 288,575 bilhões em reservas internacionais, a gestão Dilma Rousseff atingiu, no início de fevereiro, um total de US$ 300 bilhões em reservas, o que representou nova marca histórica. Política Externa O Governo Dilma começou a gestão da política externa com algumas mudanças de posição em relação ao governo anterior. Uma delas foi relacionada às questões dos direitos humanos do Irã, já que no governo anterior o representante do país na ONU se abstinha de votar a favor de sanções. Dilma deixou claro que estaria disposta a mudar o padrão de votação do Brasil em resoluções que tratassem das violações aos direitos humanos no país do Oriente Médio. Relações comerciais com o exterior Em abril de 2011 viajou para a China e realizou ampliação nos negócios com aquele país. Possibilitou a produção de aeronaves da Embraer em território chinês, além de ganhar aval inédito para a exportação da carne de suínos, com a habilitação de três unidades frigoríficas. Ao todo foram assinados mais de 20 acordos comerciais. A Huawei anunciou investimentos de US$ 350 milhões no Brasil. Numa rápida visita ao Uruguai em maio de 2011, Dilma e Mujica assinaram acordos envolvendo nano, TI e biotecnologia. Estabeleceu projetos para a instalação de uma linha de transmissão de 500 quilowatts entre San Carlos, no Uruguai, e Candiota, no Brasil, além da adoção, pelo governo uruguaio, do padrão de TV Digital nipo-brasileiro. Popularidade Nos primeiros três meses no poder, o Governo Dilma Rousseff recebeu aprovação de 47% da população brasileira com o conceito de “ótimo” ou “bom”, conforme pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha em março de 2011, que também registrou 7% das pessoas considerando a gestão Dilma como “ruim” ou “péssima” e outros 34% com a classificação de “regular”. O resultado positivo igualou tecnicamente (segundo a margem de erro de 2 pontos porcentuais) a marca recorde para um início de governo, de 48%, obtida pela gestão de Luiz Inácio Lula da Silva nos primeiros três meses de 2007, referentes ao segundo mandato do ex-presidente. Também superou em popularidade todos os antecessores de Lula, quando se considera esta fase inicial do mandato, de acordo com a série histórica iniciada pelo Datafolha em 1990. No levantamento, a população entrevistada respondeu que as áreas de melhor desempenho do Governo Dilma nos primeiros três meses foram a Educação e o combate à fome e à miséria. Quanto às áreas de pior desempenho, os entrevistados citaram a Saúde e a parte ligada à violência e à segurança.

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258Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Sob a denominação “Espaço Brasileiro”, reunimos um conjunto de questões abordando elementos políticos, naturais, humanos e econômicos presentes no contexto de formação do nosso país. Verificamos que a banca costuma ser extremamente generalista, sem se ater a aspectos muitos específicos que poderiam redundar em recursos e anulações.

Aspectos políticos: posição geográfica, fronteiras e limites do País e dos Estados Coordenadas Geográficas O Brasil está situado entre os paralelos 5°16’19" de latitude norte e 33°45’09" de latitude sul e entre os meridianos 34°45’54” de longitude leste e 73°59’32” de longitude oeste. O país é cortado simultaneamente ao norte pela linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio; por isso, possui a maior parte do seu território situado no hemisfério sul (93%), na zona tropical (92%), e a menor parte no hemisfério norte (10%).

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259Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Localização O Brasil se encontra nos hemisférios sul, norte e inteiramente no hemisfério ocidental do planeta Terra. Está localizado no continente americano, situando-se na porção centro-oriental da América do Sul, entre as latitudes +5º16’20” N e -33º44’32” S e entre as longitudes -34º45’54”L e -73º59’32” O. O Brasil é cortado ao norte pela Linha do Equador, que atravessa os estados do Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, e pelo Trópico de Capricórnio, que passa pelos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, aos 23º27’30” de latitude sul. A maior parte do território brasileiro fica no hemisfério sul (93%) e na zona tropical (92%). Fronteiras O Brasil situa-se na porção centro-oriental da América do Sul e limita-se com a maioria dos países sul-americanos, exceto com o Equador e o Chile. Ao norte faz fronteira com a Guiana, Guiana Francesa, Suriname e a Venezuela; a noroeste com a Colômbia; a oeste com o Peru e a Bolívia; a sudoeste com o Paraguai e a Argentina; e ao sul com o Uruguai. Toda a sua extensão nordeste, leste e sudeste são banhadas pelo Oceano Atlântico.

O espaço geográfico do Brasil é considerado excepcionalmente privilegiado, já que é quase inteiramente aproveitável, não apresentando desertos, geleiras ou cordilheiras - as chamadas áreas anecúmenas, que impossibilitam a plena ocupação do território, como ocorre com a maior parte dos países muito extensos da Terra.

O Brasil possui 23.127 km de fronteiras, das quais 15.719 km são terrestres e 7.408 km são marítimas.

Os países que possuem maiores fronteiras com o Brasil são: Bolívia (3.126 km), Peru (2.995 km) e Colômbia (1.644 km). As menores fronteiras com o Brasil pertencem aos seguintes países: Suriname (593 km), Guiana Francesa (655 km) e Uruguai (1.003 km). País Extensão Argentina 1.261 km Bolívia 3.423 km Colômbia 1.644 km Guiana 1.606 km Guiana Francesa 730,4 km Paraguai 1.365 km Peru 2.995 km Suriname 593 km Uruguai 1.068 km Venezuela 2.200 km

Total 16.886 km Equidistância Como o Brasil tem o formato aproximado de um gigantesco triângulo, mais precisamente de um coração, é mais extenso no sentido leste-oeste do que no sentido norte-sul. Entretanto, como essas distâncias são quase iguais, costuma-se dizer que o Brasil é um país equidistante.

• Distância Leste-Oeste: (em linha reta) 4.328 km. • Distância Norte-Sul: (em linha reta) 4.320 km. Fuso horário A Lei Federal n.º 11.662, 24 de abril de 2008 reduziu a quantidade de fusos horários do Brasil para 3 (três). São eles:

• UTC-2: Arquipélago de Fernando de Noronha e Ilha de Trindade. • UTC-3 (horário de Brasília): regiões Sul, Sudeste e Nordeste, estados de Goiás, Tocantins, Pará e Amapá, e o Distrito

Federal. • UTC-4: estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima.

Especulou-se que houve este movimento por pressões das redes de televisão para que assim facilitasse a implantação de redes alternativas como o caso da chamada Rede Fuso, para outros fusos horários, havendo apenas dois fusos cobrindo o território (terras contínuas) nacional. Anterior à mencionada lei, um quarto fuso horário existia no território nacional brasileiro:

UTC-5: estado do Acre e porção oeste do estado do Amazonas.

Em relação ao estado do Acre, o Decreto Legislativo n.° 900/2009 convocou referendo, a ser realizado juntamente com as eleições de 2010, para verificar a alteração do horário legal promovida no estado. O TRE-AC definiu que o pleito fosse realizado no dia 31 de outubro de 2010, juntamente com o segundo turno das eleições. Além disso, também anterior à dita lei, o estado do Pará possuía dois fusos horários diferentes, cabendo à parte oriental do estado o atual fuso de todo o estado de UTC-3, enquanto à parte ocidental cabia o fuso UTC-4.

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260Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Horário de verão Desde 1985 o Brasil adota o horário de verão, no qual os relógios de parte dos estados são adiantados em uma hora num determinado período do ano. No período de outubro a fevereiro, é estabelecido o horário de verão nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Nesses lugares, durante o verão, a duração do dia é significativamente maior do que a duração da noite, pois a mudança de horário retarda a entrada elétrica, quanto ao pico de consumo de energia elétrica, quando as luzes das casas são acesas. Com isso o governo espera diminuir em 1% o consumo nacional de energia. Nos outros estados a pequena diferença de duração entre o dia e noite em todas as estações do ano não favorece a adoção do novo horário.

Pontos extremos

• Norte: nascente do rio Ailã no monte Caburai, Roraima, fronteira com a Guiana. O monte possui 1456 metros de altitude e integra os Planaltos Residuais Norte-Amazônicos, conforme recente classificação de nosso relevo.

• Sul: uma das curvas do arroio Chuí, Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai; • Leste: Ponta do Seixas, Paraíba; • Oeste: nascentes do rio Moa, na serra de Contamana ou do Divisor, Acre, fronteira com o Peru.

Observe que o limite norte não é o Oiapoque, como creem muitos. Na verdade, a foz do Rio Oiapoque constitui o extremo norte de nosso litoral, cerca de 100 quilômetros abaixo de uma linha paralela ao Equador traçada sobre a nascente. Em linha reta, a distância de um ponto ao outro é de cerca de 1000 quilômetros.

Brasil político

O Brasil, oficialmente República Federativa do Brasil, é o maior país da América do Sul e o quinto maior do mundo em área territorial (equivalente a 47% do território sul-americano) e população, com mais de 190 milhões de habitantes. É o único país falante da língua portuguesa nas Américas e o maior país lusófono do mundo, além de ser uma das nações mais multiculturais e etnicamente diversas do planeta, resultado da forte imigração vinda de muitos países. Delimitado pelo oceano Atlântico a leste, o Brasil tem um litoral de 7 491 km. É limitado a norte pela Venezuela, Guiana, Suriname e pelo departamento ultramarino francês da Guiana Francesa; a noroeste pela Colômbia; a oeste pela Bolívia e Peru; a sudoeste pela Argentina e Paraguai e ao sul pelo Uruguai. Vários arquipélagos formam parte do território brasileiro, como Fernando de Noronha, Atol das Rocas, Penedos de São Pedro e São Paulo e Trindade e Martim Vaz. O país faz fronteira com todos os outros países sul-americanos, exceto Equador e Chile.

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261Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Principais informações sobre as 27 unidades federativas do Brasil As unidades federativas do Brasil são entidades subnacionais autônomas (autogoverno, autolegislação e autoarrecadação) dotadas de governo e Constituição próprios que juntas formam a República Federativa do Brasil. Atualmente o Brasil é dividido política e administrativamente em 27 unidades federativas, sendo 26 estados e um distrito federal. O Poder Executivo é exercido por um governador eleito quadrienalmente. O Poder Judiciário é exercido por tribunais estaduais de 1ª e 2ª instância que cuidam da justiça comum. Cada estado possui uma Assembleia Legislativa unicameral com deputados estaduais que votam as leis estaduais. As Assembleias Legislativas fiscalizam as atividades do Poder Executivo dos estados e municípios. Para isto, possuem um Tribunal de Contas com a finalidade de prover assessoria quanto ao uso de verbas públicas. Apenas dois municípios (São Paulo e Rio de Janeiro) possuem Tribunais de Contas separados e ligados às suas Câmaras de Vereadores, sendo vedada a criação de novos tribunais de contas municipais. O Distrito Federal tem características comuns aos estados-membros e aos municípios. Ao contrário dos estados-membros, não pode ser dividido em municípios. Por outro lado, pode arrecadar tributos atribuídos como se fosse um estado e, também, como município.

Cidades mais populosas do Brasil Censo 2010

Aspectos naturais

Estrutura geológica A estrutura geológica brasileira é constituída por bacias sedimentares (64%) e escudos cristalinos (36%). Por encontrar-se no meio da placa tectônica sul-americana, o Brasil não possui cadeias montanhosas ou dobramentos modernos. Os escudos cristalinos foram muito desgastados pela erosão, apresentando altitudes modestas e formas arredondadas. Nosso país é muito rico em recursos minerais metálicos, principalmente nos 40% do território formados por escudos da era Proterozóica. Embora extensas, as bacias sedimentares continentais são pouco exploradas economicamente, apresentando pequena produção de petróleo. As bacias carboníferas do Sul do país, em estágios inferiores de transformação geológica, produzem carvão com menor valor energético que as bacias carboníferas do hemisfério norte. Na plataforma continental, a alguns quilômetros da costa, explora-se petróleo em quantidades significativas. RELEVO Relevo são as formas do terreno, sua modelagem, as unidades ou compartilhamentos que um território apresenta: os vales, as montanhas e as serras, as depressões, os planaltos e as planícies etc.

O relevo se origina e se transforma pela ação de dois tipos distintos de agentes:

• os internos ou endógenos, que resultam da energia do interior do planeta e se manifestam pela dinâmica das placas, que formam os continentes e o assoalho dos oceanos, o que origina as grandes estruturas do relevo terrestre: cadeias de montanhas; bacias sedimentares; planaltos ou depressões de áreas cristalinas, etc.;

• os externos ou exógenos, em geral, associados ao clima da área (chuvas, rios, ventos, geleiras, etc.), que criam as formas esculturais ao relevo mediante um processo erosivo, que pode ser resumido em três fases:

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262Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

EROSÃO: desgaste das rochas superficiais realizado pelos rios, pelas chuvas, pelas geleiras, pelos ventos, etc. Esse processo é antecedido e auxiliado pelo intemperismo, também conhecido como meteorização, corresponde a transformações sofridas pelas rochas por causa do calor e das chuvas, podendo ser físico ou químico. TRANSPORTE: dos detritos ou sedimentos resultantes da erosão até outros locais; SEDIMENTAÇÃO: também denominado acumulação é a deposição dos detritos, construção de novas camadas rochosas (sedimentares) sobre camadas anteriores, RELEVO BRASILEIRO No Brasil, como o território é predominantemente tropical, com elevadas temperaturas, chuvas em geral abundantes e reduzida atividade geológica (vulcanismo, terremotos, dobramentos), os agentes que provocam maiores modificações no relevo, com exceção do ser humano, são o clima (chuvas, temperatura) e a hidrografia (rios).

Relevo do Brasil segundo classificação de Jurandyr Ross

Fonte: VESENTINI, J. William. Brasil: sociedade e espaço. 31ª ed.

Classificação recente | Jurandyr Ross PLANALTOS 1. Amazônia Oriental 2. Planaltos e chapadas da Bacia do Parnaíba 3. Planaltos e chapadas da Bacia do Paraná 4. Planalto e chapada dos Parecis 5. Planaltos residuais norte-amazônicos 6. Planaltos residuais sul-amazônicos 7. Planaltos e serras de leste-sudeste 8. Planaltos e serras de Goiás-Minas 9. Planaltos e serras residuais do alto Paraguai 10. Borborema 11. Sul-Rio-Grandense. DEPRESSÕES 12. Amazônia Ocidental 13. Norte-Amazônica 14. Sul-Amazônica 15. Araguaia-Tocantins 16. Cuiabana 17. Alto Paraguai-Guaporé 18. Miranda 19. Sertaneja-São Francisco 20. Tocantins 21. Periférica da Borda Leste da bc. do Paraná 22. Periférica Sul-Rio-Grandense. PLANÍCIES 23. Rio Amazonas 24. Rio Araguaia 25. Pantanal do Rio Guaporé 26. Pantanal Mato-Grossense 27. Lagoas dos Patos e Mirim 28. Planícies e tabuleiros litorâneos.

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263Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Existem inúmeras classificações do relevo brasileiro, feitas a partir de diferentes critérios. A partir o Projeto RADAM, realizado entre 1971 e 1986, onde houve um grande levantamento dos recursos naturais brasileiros, os geógrafos e pesquisadores começaram a convergir para classificações de relevo que pudessem estabelecer comparações e estudos avançados.

Para efeitos didáticos (especialmente observando o interesse em provas de concursos) podemos dividir o território brasileiro em 3 (três) tipos de relevos:

• os planaltos; • as planícies; e • as depressões. PLANALTOS - Os planaltos, que são circundados ou cercados por depressões, podem ser de duas principais modalidades, de acordo com o terreno (a estrutura geológica) sobre o qual se encontram: os de bacias sedimentares típicos; e os que se encontram em intrusões e coberturas residuais de plataforma (isto é, coberturas sedimentares de diversos ciclos de erosão, pontilhados de serras e morros isolados associados a intrusões graníticas ou derrames vulcânicos antigos, juntamente com os de cinturões orogênicos (ou seja, os planaltos e serras situados a ígneas) e os planaltos de núcleos cristalinos, que estão em áreas de dobramentos soerguidos em forma de abóbodas.

PLANÍCIES - As planícies constituem terrenos de deposição (sedimentação) recente, de origem fluvial, marinha ou lacustre. As principais planícies do relevo brasileiro, estão associadas a áreas de sedimentação de rios (Amazonas, Paraguai e afluentes, Madeira), lagoas (dos Patos e Mirim) e do mar (planícies litorâneas).

DEPRESSÕES - As depressões existem em grande quantidade no país, sendo todas, com exceção da Amazônia ocidental, resultado de intensos processos erosivos nas bordas das bacias sedimentares. A depressão da Amazônia ocidental é uma área de baixas altitudes (ao redor dos 200 m) que margeia a planície amazônica e, no passado, era identificada com ela. Mas essa depressão não é uma área de planície e sim de uma forma de relevo aplainada onde predominam as baixas colinas.

Relevo no Rio Grande do Sul O relevo gaúcho é bastante variado, com um planalto ao norte, depressões no centro e planícies costeiras. Ao norte, ultrapassando os 1000 metros e podendo chegar a menos de 100 metros no Vale do Taquari. O ponto culminante do estado é o Pico do Monte Negro, em São José dos Ausentes, nos Campos de Cima da Serra, com 1410 metros, à beira da Serra Geral.

O Rio Grande do Sul tem 4 (quatro) unidades morfológicas:

• Planalto Norte-Riograndense (ou Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná ou Planalto meridional),

• Depressão Central; • Escudo Sul-riograndense (Serras de Sudeste) e • Planície Costeira.

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264Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Planalto sul-riograndense (ou planalto meridional) Formado por rochas basálticas da era mesozoica, essa área fica a nordeste do estado, onde se encontram as partes mais altas do estado, podendo chegar aos 1000 metros. O ponto mais alto é o Pico do Monte Negro, no município de São José dos Ausentes, com 1410 metros. O relevo rio-grandense é caracterizado por coxilhas suaves e vales rasos. Sem transição, as ondulações suaves dão lugar à paredões verticais e rochas basálticas.

Com uma altitude média de 950 metros, nos dias claros pode-se divisar o Oceano Atlântico desde as bordas dos cânions, bem como diversas cidades próximas da costa, como Praia Grande (SC) ou Torres (RS). Formado a partir de intensas atividades vulcânicas havidas há milhões de anos, sucessivos derrames de lava vieram originar o Planalto Sul brasileiro, coberto por campos limpos, matas de araucárias e inúmeras nascentes de rios cristalinos. Ao leste, este imenso platô é subitamente interrompido por abismos verticais que levam à região litorânea, daí originando-se o nome de Aparados da Serra. Em alguns pontos, decorrentes de desmoronamentos, falhas naturais da rocha e processos de erosão, encontram-se grandiosos cânions, tais como o Itaimbezinho.

O Itaimbezinho é um cânion (ou desfiladeiro) situado no Parque Nacional de Aparados da Serra, a cerca de 170 quilômetros ao norte-nordeste de Porto Alegre, próximo à fronteira do estado de Santa Catarina. O cânion tem uma extensão de 5,8 quilômetros, com uma largura máxima de dois quilômetros e uma altura máxima de cerca de 700 metros, sendo percorrido pelo arroio Perdizes. Dentre estes, existem outros como Churriado, o Malacara e o Fortaleza.

Cuesta do Haedo: constituído predominantemente de áreas de campos limpos e pastagens; campos subarbustivos e zona agrícola de uso intensivo de verão. Estende-se de Uruguaiana e Alegrete a Santana do Livramento, na fronteira com a República Oriental do Uruguai. A região abriga as nascentes do Rio Ibirapuitã, que corta Alegrete, além da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Ibirapuitã, a área de preservação ecológica mais extensa do Estado.

Depressão Central Ao centro do estado fica a Depressão Central, que são terrenos de baixa altitude ligados de leste a oeste, beirados por terras baixas, não passando de 400 metros de altitude, onde se encontram importantes cidades como Porto Alegre, Santa Maria e São Gabriel.

Escudo Sul-Riograndense Logo ao sul localiza-se o Escudo Sul-Riograndense, também conhecido como Serras de Sudeste, que é formado de rochas do período Pré-Cambriano e, por isso, desgastado pela erosão. O ponto mais alto não ultrapassa os 600 metros de altitude. Abrange cidades como Camaquã e Canguçu.

Planície Costeira Abrange toda a faixa litorânea do Rio Grande do sul e algumas áreas da Grande Porto Alegre, onde os terrenos estão em baixa altitude. Corresponde a uma faixa arenosa com mais de 622 quilômetros de extensão, com grande ocorrência de lagunas e lagos. As lagunas são lagos de águas salgadas, portanto ligadas ao mar. As mais famosas são: Laguna dos Patos, Lagoa Mirim e Lagoa da Mangueira. No município de Torres, se localiza a única ilha oceânica do estado, a Ilha dos Lobos. Abrange o porto mais importante do estado, o de Rio Grande, e cidades como Torres e Capão da Canoa.

CLIMA

Clima, num sentido restrito é geralmente definido como tempo meteorológico médio, ou mais precisamente, como a descrição estatística de quantidades relevantes de mudanças do tempo meteorológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O período clássico é de 30 anos, definido pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). Essas quantidades são geralmente variações de superfície como temperatura, precipitação e vento.

O clima do Brasil é, em grande parte, tropical, mas o sul do país apresenta clima subtropical.

A região Norte, que compreende os estados do Amazonas, Acre, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Amapá tem clima equatorial, que confere à região uma boa distribuição anual de chuvas, com temperaturas elevadas, e baixa amplitude térmica anual. A região Nordeste tem clima diverso, variando de equatorial (Maranhão e parte do Piauí) a semiárido (a região da Caatinga, compreendendo o coração do Nordeste), e tropical, no centro e sul da Bahia. Os estados da região são: Maranhão, Piauí, Bahia, Pernambuco, Ceará, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba.

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265Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

A região Centro-Oeste, com os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, além do Distrito Federal, apresenta clima tropical semiúmido, com destaque para o período de chuvas, que alimenta o Pantanal Mato-Grossense.

Na região Sudeste, que compreende os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo predomina, nas regiões mais altas, um clima tropical ameno, com quatro estações bem distintas. Já no noroeste do estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro predomina o clima tropical semiúmido semelhante ao do cerrado do Centro-Oeste.

A região Sul do país possui clima subtropical, com baixas temperaturas nas serras gaúchas e serras catarinenses, sendo frequente a formação de geadas e a ocorrência de neve na região durante o inverno e compreende os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Equatorial Ocorre na região Amazônica, ao norte de Mato Grosso e a oeste do Maranhão e está sob ação da massa de ar equatorial continental – de ar quente e geralmente úmido. Suas principais características são temperaturas médias elevadas (25°C a 27°C); chuvas abundantes, com índices próximos de 2.000 mm/ano, e bem distribuídas ao longo do ano; e reduzida amplitude térmica, não ultrapassando 3°C. No inverno, essa região pode sofrer influência da massa polar atlântica, que atinge a Amazônia ocidental ocasionando um fenômeno denominado “friagem”, ou seja, súbito rebaixamento da temperatura em uma região normalmente muito quente. Tropical Abrange todo Brasil central, a porção oriental do Maranhão, grande parte do Piauí e a porção ocidental da Bahia e de Minas Gerais. Também é encontrado no extremo norte do país, em Roraima. Caracteriza-se por temperatura elevada (de 18°C a 28°C), com amplitude térmica de (5°C a 7°C), e estações bem definidas – uma chuvosa e outra seca. Apresenta alto índice pluviométrico, em torno de 1.500 mm/ano. A estação de chuva é o verão, quando a massa equatorial continental está sobre a região. No inverno, com o deslocamento dessa massa diminui a umidade e então ocorre a estação seca.

Tropical de altitude: Encontrado nas partes mais elevadas, entre 800m e 1000m, do planalto Atlântico do Sudeste. Abrange trechos dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, norte do Paraná e o extremo sul de Mato Grosso do Sul. Sofre a influência da massa de ar tropical atlântica, que provoca chuvas no período do verão. Apresenta temperatura amena, entre 18°C e 22°C, e amplitude térmica anual entre 7°C e 9°C. No inverno, as geadas acontecem com certa frequência em virtude da ação das frentes frias originadas da massa polar atlântica. Tropical atlântico ou tropical úmido: Estende-se pela faixa litorânea do Rio Grande do Norte ao extremo leste de São Paulo. Sofre a ação direta da massa tropical atlântica, que, por ser quente e úmida, provoca chuvas intensas. O clima é quente com variação de temperatura entre 18°C e 26°C e amplitude térmica maior à medida que se avança em direção ao Sul -, úmido e chuvoso durante todo o ano. No Nordeste, a maior concentração de chuva ocorre no inverno. No Sudeste, no verão. O índice pluviométrico médio é de 2000 mm/ano.

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266Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Subtropical Acontece nas latitudes abaixo do Trópico de Capricórnio: abrange o sul do estado de São Paulo, a maior parte do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o extremo sul de Mato Grosso do Sul. É influenciado pela massa polar atlântica, que determina temperatura média de 18°C e amplitude térmica elevada (10°C). As chuvas são pouco intensas, 1000mm/ano, mas bem distribuídas durante o ano. Há geadas com frequência e eventuais nevadas. Apresenta apenas duas estações do ano bem marcadas. O verão é muito quente, podendo ultrapassar os 30°C de temperatura. O inverno é muito frio, com temperatura inferior a 0°C. Muitas pessoas confundem o Clima Subtropical com o Clima temperado, em que há quatro estações bem definidas.

Os pontos mais altos do planalto onde cai neve durante vários dias nos anos de inverno mais rigoroso são os municípios de São Francisco de Paula (RS), São Joaquim (SC) e Palmas (PR). Semiárido Típico do interior do Nordeste, região conhecida como o Polígono das Secas, que corresponde a quase todo o sertão nordestino e aos vales médio e inferior do rio São Francisco. Sofre a influência da massa tropical atlântica que, ao chegar à região, já se apresenta com pouca umidade. Caracteriza-se por elevadas temperaturas (média de 27ºC) e chuvas escassas (em torno de 750 mm/ano), irregulares e mal distribuídas durante o ano. Há períodos em que a massa equatorial atlântica (superúmida) chega no litoral norte de Região Nordeste e atinge o sertão, causando chuva intensa nos meses de fevereiro, março e abril.

Rio Grande do Sul: temperatura e precipitação

O clima do Rio Grande do Sul é temperado do tipo subtropical, classificado como mesotérmico úmido. Devido à sua posição geográfica, entre os paralelos 27°03'42'' e 33°45'09'' latitude sul, e 49º42'41'' e 57º40'57'' longitude oeste, apresenta grandes diferenças em relação ao Brasil. A latitude reforça as influências das massas de ar oriundas da região polar e da área tropical continental e Atlântica. A movimentação e os encontros destas massas definem muitas de nossas características climáticas. As temperaturas apresentam grande variação sazonal, com verões quentes e invernos bastante rigorosos, com a ocorrência de geada e precipitação eventual de neve. As temperaturas médias variam entre 15 e 18°C, com mínimas de até -10°C e máximas de 40°C.

Com relação às precipitações, o Estado apresenta uma distribuição relativamente equilibrada das chuvas ao longo de todo o ano, em decorrência das massas de ar oceânicas que penetram no Estado. O volume de chuvas no entanto é diferenciado. Ao sul a precipitação média situa-se entre 1.299 e 1.500mm e, ao norte a média está entre 1.500 e 1.800mm, com intensidade maior de chuvas à nordeste do Estado, especialmente na encosta do planalto, local com maior precipitação no Estado.

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267Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

HIDROGRAFIA De acordo com os órgãos governamentais, existem no Brasil 12 (doze) grandes bacias hidrográficas, sendo que 7 (sete) têm o nome de seus rios principais: Amazonas, Paraná, Tocantins, São Francisco, Parnaíba, Paraguai e Uruguai; as outras são agrupamentos de vários rios, não tendo um rio principal como eixo, por isso são chamadas de bacias agrupadas. Veja abaixo as doze macro bacias hidrográficas brasileiras:

• Região hidrográfica do Amazonas; • Região hidrográfica do Atlântico Nordeste Ocidental; • Região hidrográfica do Tocantins; • Região hidrográfica do Paraguai; • Região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental; • Região hidrográfica do Parnaíba; • Região hidrográfica do São Francisco; • Região hidrográfica do Atlântico Leste; • Região hidrográfica do Paraná; • Região hidrográfica do Atlântico Sudeste; • Região hidrográfica do Uruguai; • Região hidrográfica do Atlântico Sul. O Brasil possui uma das mais amplas, diversificadas e extensas redes fluviais de todo o mundo.

O maior país da América Latina conta com a maior reserva mundial de água doce e tem o maior potencial hídrico da Terra. A maior parte dos rios brasileiros é de planalto, apresentando-se

encachoeirados e permitindo, assim, o aproveitamento hidrelétrico.

As bacias Amazônica e do Paraguai ocupam extensões de planícies, mas as bacias do Paraná e do São Francisco são tipicamente de planalto. Merecem destaque as quedas-d’água de Urubupungá (no rio Paraná), Iguaçu (no rio Iguaçu), Pirapora, Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso (no rio São Francisco), onde estão localizadas usinas hidrelétricas. Hidrografia gaúcha No Rio Grande do Sul distinguem-se, basicamente, dois grandes grupos de cursos d’água, os que correm para o Atlântico e os que correm para o Rio Uruguai, conforme mostra o mapa. Três regiões hidrográficas ficam caracterizadas: Região hidrográfica do Uruguai; Região hidrográfica do Guaíba e Região hidrográfica litorânea. As duas últimas compõe o sistema hidrográfica do Atlântico Sul.

A Bacia Hidrográfica do Uruguai, ocupando uma área de 178.235 km2 está representada pelo Rio Uruguai, seus formadores e afluentes até a confluência com o Rio Quaraí, na fronteira do Brasil com o Uruguai.

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268Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

O Rio Uruguai, bem como seus afluentes, a montante de Porto Lucena (RS), está muito encaixado, apresentando-se sinuoso e com curvas meandrantes. Apresenta, também, dois estreitamentos no leito, um a jusante de Marcelino Ramos (RS), onde o rio apresenta um leito rochoso, bastante largo que só é todo ocupado em épocas de cheia e outro, que ocorre na reserva do Parque Estadual do Turvo, em Tenente Portela (RS), onde o rio concentra suas águas em um lado do leito, cuja margem esquerda é rebaixada. Nesse trecho, o Rio Uruguai recebe, entre outros, pela margem direita, os Rios do Peixe, Irani, Chapecó, das Antas e Peperi-Guaçu e, pela margem esquerda, os Rios Forquilha, Ligeiro, Passo Fundo, da Várzea, Guarita e Turvo. Todos se apresentam encaixados, com corredeiras e quedas d'água em seus leitos, possuindo elevado potencial energético, em grande parte já utilizado.

Bacia Hidrográfica do Alto Jacuí A bacia hidrográfica do Alto Jacuí abrange uma área de 14.130,26 km2 e está localizada na região do Planalto Médio. Limita-se ao norte e a oeste com os divisores de água da bacia do Uruguai; ao sul com o divisor do Rio Jacuí; e a leste com os divisores de água da bacia do Taquari-Antas. Esta bacia é drenada por rios encravados em vales profundos, como o Rio Jacuí, Jacuí Mirim, Jacuizinho, Rio dos Caixões, Ivaí e Soturno, onde foram construídas diversas barragens hidrelétricas. O principal tipo fitogeográfico desta bacia é a Floresta Estacional Decidual. Ocorre, também, algumas áreas de Floresta Ombrófila Mista, a qual constitui o limite inferior de sua ocorrência natural.

Bacia Hidrográfica do Apuae-Inhandaua A bacia hidrográfica do Apuae-Inhandaua ocupa uma área de 13.391,87 km² e localiza-se na região dos Campos de Cima da Serra e Alto Uruguai, no extremo nordeste do Rio Grande do Sul, limitado ao norte pelo Rio Pelotas, ao sul pelas nascentes do Rio das Antas, ao leste pelos cânions dos Aparados da Serra e a oeste com o divisor d’água do Rio Apuae. Os principais cursos d’água desta bacia são: os Rios Apuae, Paraçucé, Inhandaua, Bernardo José, Socorro, Santana, dos Touros e Cerquinha, formadores do Rio Pelotas, nascentes do Rio Uruguai. A vegetação característica desta bacia é a Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Decidual e Savanas.

Bacia Hidrográfica do Baixo Jacuí A bacia hidrográfica do Baixo Jacuí ocupa uma área de 15.249,25 km² e está localizada nas regiões da Depressão Central e Encosta Inferior do Nordeste. É delimitada ao norte pela Encosta da Serra Geral, no vale do Rio Pardo; ao sul com a Serra do Sudeste no divisor d'água com o Rio Camaquã; a leste com os divisores d'água dos Rios Caí, Sinos, Gravataí e Guaíba; a oeste com o divisor d'água do Rio Vacacaí. A maior parte desta bacia está localizada na Depressão Central, na planície do Baixo Jacuí, região onde predomina o cultivo do arroz. A vegetação característica desta bacia é a Floresta Estacional Decidual, Savanas e Áreas de Tensão Ecológica.

Bacia Hidrográfica do Caí A bacia do Caí possui uma área de 4.935,56 km². Está localizada nas regiões da Encosta Superior do Nordeste, partes dos Campos de Cima da Serra e da Encosta Inferior do Nordeste. Limita-se ao norte e oeste com os divisores de água da bacia do Taquari-Antas; ao leste e sul com a bacia do Sinos e Baixo Jacuí-Pardo. A região é constituída por vales profundos formadores dos Rios Caí, Cadeia e Afluentes. A vegetação característica da bacia do Caí é a Floresta Estacional Decidual, Floresta Ombrófila Mista e Savanas.

Bacia Hidrográfica do Camaquã A bacia do Camaquã possui uma área de 25.996,11 km² e ocupa parte das regiões fisiográficas da Serra do Sudeste, Encosta do Sudeste e Campanha. Limita-se ao norte com a Depressão Central na bacia do Jacuí; ao sul com a bacia do Mirim-São Gonçalo; a leste com a bacia do Litoral Médio; e a oeste com as nascentes do Rio Santa Maria. Os principais

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cursos d'água componentes desta bacia são: Rio Camaquã e os Arroios Sutil, da Sapata, Evaristo, dos Ladrões, Maria Santa, do Abrânio, Pantanoso, Boici e Torrinhas. A área drenada pela bacia do Rio Camaquã é de 24.000 km². O modelado colinoso e os vales largos condicionam um escoamento normal do Rio Camaquã. A vegetação característica desta bacia pertence aos tipos fitogeográficos Savana, Floresta Estacional Decidual e alguns pequenos fragmentos de Floresta Ombrófila Mista.

Bacia Hidrográfica do Gravataí A bacia do Gravataí é uma das menores do Estado, com 2.293,99 km² e está situada integralmente na Encosta Inferior do Nordeste. Limita-se ao norte com a bacia dos Sinos; ao leste com a bacia do Litoral Médio; e ao sul e oeste com a bacia do Guaíba. É a bacia sobre a qual está assentada a porção nordeste da região metropolitana de Porto Alegre, incluindo os municípios de Porto Alegre, Gravataí, Esteio, Cachoeirinha, Santo Antonio da Patrulha e Glorinha. O principal curso d'água é o Rio Gravataí com seus afluentes. A vegetação característica desta bacia é classificada como Áreas de Tensão Ecológica.

Bacia Hidrográfica do Guaíba A bacia do Guaíba, com 3.127,16 km², está situada na Depressão Central e Encosta do Sudeste. Limita-se ao norte com as bacias do Caí e do Gravataí; ao sul com a bacia do Camaquã; ao leste com a bacia do Litoral Médio; e a oeste com a do Baixo Jacuí. Os principais cursos d'água são o Lago Guaíba e os Arroios Petim, Ribeira e Araçá. A vegetação característica desta bacia é classificada como Áreas de Formações Pioneiras, Floresta Estacional Semidecidual e Savanas.

Bacia Hidrográfica do Ibicuí A bacia do Ibicuí é a maior de todas, com 36.397,69 km², está situada na fronteira oeste do Estado, e compreende parte das regiões fisiográficas da Campanha, Missões e Depressão Central. Limita-se ao norte com a bacia do Ijui-Piratinim-Icamaquã; ao sul com as bacias do Quarai e do Santa Maria; a leste com as bacias do Alto Jacuí e Vacacaí-Vacacaí Mirim; e a oeste com com o Rio Uruguai na divisa com a Argentina. Os principais cursos d’água desta bacia são os Rios Ibicuí Mirim, Jaguari, Itu, Toropi, Jaguarizinho, Ibirapuitã e Ibirapuitã Chico e os Arroios Caverá, Miracaru, Pai Passo, Inhandai, Ibirocai, Touro Passo e Bororé. Conforme VIEIRA (1984), esta bacia tem características um pouco diferenciadas das demais, tendo em vista a natureza do relevo. Boa parte do Rio Ibicuí tem seu curso em terrenos paleozóicos da bacia sedimentar do Paraná (Depressão Central). O curso médio inferior ocorre no capeamento basáltico, de pouca consistência. O alagamento das margens, várzeas e campos de pastagens é uma conseqüência do escoamento mais lento, face à gradientes de declives menores. Nos períodos de cheias, o rio se torna navegável em quase toda a extensão. A vegetação característica da bacia do Ibicuí é composta por formações de Estepes e Savana Estépica. Além dessas, há ocorrência de Savanas, Floresta Estacional Decidual e Áreas de Tensão Ecológica.

Bacia Hidrográfica do Ijuí-Piratinim-Icamaquã A bacia do Ijuí-Piratinim-Icamaquã, com 27.979,52 km², está situada na região das Missões e parte oeste do Planalto Médio. Limita-se ao norte com a bacia do Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo; ao sul com a bacia do Ibicuí; ao leste com a do Alto Jacuí; e a oeste com o Rio Uruguai, fronteira com a Argentina. Os principais cursos d'água desta bacia são os Rio Ijuí, Piratinim, Icamaquã, Caxambu, Potiribu, Ijuizinho, Piraju, Inhacapetum, Comandai e os Arroios Urubucaru e Itacorobi. A vegetação característica desta bacia é composta pela Floresta Estacional Decidual, Savanas e Áreas de Tensão Ecológica.

Bacia Hidrográfica do Litoral Médio Possui uma área de 11.164,87 km² e está situada na região fisiográfica do Litoral, entre Osório e Rio Grande. Limita-se ao norte com as bacias do Gravataí e do Tramandaí; ao sul com a bacia do Mirim-São Gonçalo; a oeste com as bacias do Camaquã e Guaíba; e a leste com o Oceano Atlântico. É formada por inúmeras lagoas, principalmente a dos Patos e dos Barros. A vegetação característica é de Formações Pioneiras.

Bacia Hidrográfica do Mampituba É a menor bacia do Estado, com 555,26 km2. Localiza-se no extremo norte do litoral gaúcho. Limita-se ao norte com o Estado de Santa Catarina; ao sul e oeste com a bacia do Tramandaí; e a leste com o Oceano Atlântico. É formada apenas pelo Rio Mampituba. A vegetação característica desta bacia é composta por Áreas de Formações Pioneiras.

Bacia Hidrográfica do Mirim-São Gonçalo A bacia do Mirim-São Gonçalo, com 31.160,23 km², está localizada no extremo sul do Estado, ocupando partes das regiões fisiográficas Serra do Sudeste, Encosta do Sudeste, Litoral e Campanha. Limita-se ao norte com a bacia do Camaquã; ao sul com a República Oriental do Uruguai; a oeste com a bacia do Negro; e a leste com o Oceano Atlântico. É composta pelos Rios Piratini, Jaguarão e Canal de São Gonçalo e os Arroios Turuçu, Pelotas, Jaguarão, Candiota, Mau, Telho, Chasqueiro, Grande, Bretanha e Juncal. A vegetação característica é composta por Savanas, Estepes, Floresta Estacional Semidecidual e Áreas de Formações Pioneiras.

Bacia Hidrográfica do Negro A bacia do Negro, com 3.485,28 km², está localizada na região fisiográfica da Campanha. Limita-se ao norte com a bacia do Camaquã; ao sul com a República Oriental do Uruguai; ao leste com a bacia do Mirim-São Gonçalo; e a oeste com a bacia do Santa Maria. É composta pelo Rio Negro e seus Afluentes, entre eles, o Arroio Pirai. A vegetação característica desta bacia é a Estepe.

Bacia Hidrográfica do Pardo A bacia do Pardo ocupa uma área de 3.494,34 km². Está localizada nas regiões fisiográficas Depressão Central e Planalto Médio. Limita-se ao norte e a oeste com a bacia do Alto Jacuí; ao sul com a bacia do Baixo Jacuí; e a leste com a bacia do Taquari-Antas. Esta pequena bacia é composta exclusivamente pelo Rio Pardo e Afluentes.

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A vegetação característica é a Floresta Estacional Decidual, podendo apresentar pequenos fragmentos de Áreas de Tensão Ecológica.

Bacia Hidrográfica do Passo Fundo-Várzea A bacia do Passo Fundo-Várzea abrange uma área de 14.687,25 km2. Está situada na região fisiográfica Alto Uruguai. Limita-se ao norte com o Rio Uruguai (Estado de Santa Catarina); ao sul com a bacia do Alto Jacuí; a leste com a bacia do Apuaé-Inhandaua; e a oeste com a bacia do Turvo-Santa Rosa- Santo Cristo. É composta pelos Rios Passo Fundo, Erechim, Dourado e da Várzea. O Rio Passo Fundo, de maior destaque, tem como afluentes mais importantes da margem direita os Arroios do Butiá, Inhupacã, Timbó e o Lajeado Sepulinia; e os da margem esquerda o Arroio do Cedro e o Lajeado Sarandi. Em relação aos afluentes, a drenagem apresenta um padrão sub-dendrítico, caracterizando um paralelismo com o tributário principal, sendo que este apresenta um acentuado controle, desde sua nascente até a sua barragem (VIEIRA, 1984). A vegetação característica desta bacia é a Floresta Estacional Decidual, a Floresta Ombrófila Mista e a Savana.

Bacia Hidrográfica do Quaraí A bacia do Quarai ocupa uma superfície de 7.119,20 km². Está localizada na região fisiográfica da Campanha. Limita-se ao norte, leste e oeste com a bacia do Ibicuí; e ao sul com o Rio Quarai (República do Uruguai). É composta pelo Rio Quarai e os Arroios Espinilho, Sarandi, Cati, Quarai Mirim, Garupá, Vertentes e Caiboaté. O Rio Quaraí tem nível muito baixo e pode, eventualmente, secar revelando um leito pedregoso. A vegetação característica desta bacia é a Estepe e Parque Espinilho.

Bacia Hidrográfica do Santa Maria A bacia do Rio Santa Maria possui uma superfície total de 15.550,51 km². Está localizada na região da Campanha. Limita-se ao norte e oeste com a bacia do Ibicuí; ao sul com a República do Uruguai; e a leste com as bacias do Vacacaí-Vacacaí Mirim, do Camaquã e do Negro. É composta pelos Rios Santa Maria, Cacequi, Ibicuí da Armada, Ibicuí da Cruz, Cipamaroti; Arroios Saicã, Pirajacã, Ponche Verde e o Banhado dos Duarte. A vegetação característica é a Estepe, a Savana e a Savana Estépica.

Bacia Hidrográfica do Sinos A bacia dos Sinos possui uma superfície de 4.369,20 km². Ocupa partes da região dos Campos de Cima da Serra, da Encosta Superior do Nordeste e da Encosta Inferior do Nordeste. Limita-se ao norte e a oeste com a bacia do Caí; ao sul com a bacia do Gravataí; e ao leste com a bacia do Tramandaí. É composta pelos Rios dos Sinos, Rolante e Taquara. A vegetação desta bacia é caracterizada por um encontro de diversas formações fitogeográficas, onde ocorrem a Floresta Ombrófila Mista nas nascentes do Rio Rolante (Floresta Nacional de São Francisco de Paula), Savana, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual e Áreas de Tensão Ecológica.

Bacia Hidrográfica do Taquari-Antas A bacia do Taquari-Antas abrange uma superfície de 26.277,09 km². Localiza-se em partes das regiões do Planalto Médio, Campos de Cima da Serra, Encosta Superior do nordeste e Encosta Inferior do Nordeste. Limita-se ao norte com a bacia do Apuae-Inhandaua; ao sul com as bacias do Caí e Baixo Jacuí; a oeste com a bacia do Alto Jacuí e Pardo; e a leste com o Estado de Santa Catarina. É composta pelos Rios Taquari, das Antas, Buriti, Tainhas, Camisas, da Telha, Ituim, Turvo, da Prata, Carreiro, Guaporé, Forqueta e o Arroio de Fão. O Rio Taquari e seu principal formador, o Rio das Antas, oriundo do extremo nordeste, recebe em sua bacia grande volume de água proveniente de índices pluviométricos superiores a 2.000 mm. Possui declives muito acentuados, com seu leito escavado em vales apertados, nas regiões mais elevadas do Estado. As nascentes do Taquari-Antas estão a mais de 1.200 m de altitude. A vegetação característica desta bacia é composta pela Floresta Ombrófila Mista, Savana e Floresta Estacional Decidual.

Bacia Hidrográfica do Tramandaí A bacia do Tramandaí ocupa uma área de 1.930,05 km2. Está localizada nas regiões fisiográficas Litoral e Encosta Inferior do Nordeste. Limita-se ao norte com as bacias do Mampituba e Taquari-Antas; ao sul com a do Litoral Médio; a oeste com a bacia dos Sinos; e a leste com o Oceano Atlântico. Os principais componentes desta bacia são os Rios Maquiné, Três Forquilhas, as Lagoas Itapeva, dos Quadros e Pinguela. A vegetação característica desta bacia é a Floresta Ombrófila Densa e Áreas de Formações Pioneiras.

Bacia Hidrográfica do Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo A bacia do Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo ocupa uma superfície de 8.512,20 km2. Localiza-se na região fisiográfica do Alto Uruguai, estendendo-se em pequena área da região das Missões. Limita-se ao nortee oeste com o Rio Uruguai (fronteira com a Argentina); ao sul com a bacia do Ijuí-Piratinim-Icamaquã; e ao leste com a bacia do Passo Fundo Várzea. É composta pelos Rios Turvo, Guarita, Ogarantin, Buricá, Santa Rosa, Santo Cristo, Amandaú e Comadaí. A vegetação característica é composta pela Floresta Estacional Decidual e alguns fragmentos de Áreas de Tensão Ecológica.

Bacia Hidrográfica do Vacacaí-Vacacaí Mirim A bacia do Vacacaí-Vacacaí Mirim ocupa uma área de 10.872,81 km². Está localizada nas regiões fisiográficas da Depressão Central e Campanha. Limita-se ao norte com as bacias do Alto Jacuí e Ibicuí; ao sul com as bacias do Santa Maria e do Camaquã; ao leste com a bacia do Baixo Jacuí; e a oeste com a bacia do Santa Maria. É composta pelos Rios Vacacaí, Vacacaí Mirim, dos Corvos, São Sepé e os Arroios Arenal e Acangupa. A vegetação característica desta bacia é composta por Savana, Estepe, Floresta Estacional Decidual e Áreas de Tensão Ecológica.

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VEGETAÇÃO Vegetação é o conjunto de plantas nativas de certo local que se encontram em qualquer área terrestre, desde que nesta localidade haja condições para o seu desenvolvimento. Tais condições são: luz, calor, umidade e solos favoráveis, nos quais é indispensável a água. Além de possibilitar a existência da vegetação, esses fatores também condicionam suas características.

A vegetação natural ou original de uma área constitui, geralmente, o primeiro elemento da paisagem que o ser humano modifica. Assim, o estudo sobre vegetação original sempre será relativo a algo que quase não existe mais ou encontra-se em franco processo de transformação.

No Brasil, podemos reconhecer 8 (oito) tipos de vegetação natural no território brasileiro:

• Floresta Amazônica ou floresta latifoliada equatorial; • Mata Atlântica ou floresta latifoliada tropical; • Caatinga; • Mata de Araucária ou floresta aciculifoliada; • Cerrado; • Complexo de Pantanal; • Campos; • Vegetação Litorânea.

Vegetação do Rio Grande do Sul

A descrição da vegetação do Estado do Rio Grande do Sul, aqui apresentada, está baseada no trabalho desenvolvido pelo Projeto RADAMBRASIL, atualmente incorporado ao IBGE. Segundo esse sistema, a vegetação do Rio Grande do Sul é classificada em florestal e não-florestal. Considera-se vegetação florestal aquela, ombrófila ou estacional, cujas formações são constituídas por comunidades arbóreas mais ou menos estáveis e compatíveis com o clima atual. São consideradas vegetação não-florestal todos os demais tipos de formações, que por diversas causas não alcançaram os níveis de desenvolvimento e organização tidos como em equilíbrio com o clima. Trata-se de vegetação xeromorfa e xerofítica e das formações pioneiras.

Para os autores acima mencionados, a vegetação do Estado do Rio Grande do Sul compreende nove regiões fitoecológicas ou fitogeográficas (mapa fitogeográfico). Foi incluído, também, por tratar-se de formação típica no Estado, a vegetação do Parque do Espinilho:

• Região da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica); • Região da Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária); • Região da Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Subcaducifólia); • Região da Floresta Estacional Decidual (Floresta Caducifólia); • Região da Savana (Cerrado e Campo); • Região da Estepe (Campanha Gaúcha); • Região da Savana Estépica (Campanha Gaúcha); • Áreas das Formações Pioneiras de Influência Marinha (Restingas e Dunas); • Área de Tensão Ecológica (contatos); • Parque do Espinilho.

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A maioria dos pesquisadores divide o Estado do Rio Grande do Sul em duas formações vegetais, a do campo e a da floresta. Da área total do Estado, cerca de 131.896 km² (46,26%) eram campos, 98,327 km² (34,47%) matas e o restante, atribuído à vegetação litorânea, banhados inundáveis e outras formações. Portanto, dois terços da área do Estado foram originalmente ocupados pela formação campestre, uma paisagem de estepe, isto é, formação semi-xerofítica, porém num ambiente de clima característico por umidade alta. Para o mesmo autor, as variações climáticas

das diversas partes do Estado não são suficientes para explicar a presença dessas duas formações, uma vez que a formação climática conveniente no Estado do Rio Grande do Sul é a da Floresta Alta Subtropical.

Outras formações ou subformações florestais, de maior ou menor importância, podem ainda ocorrer no Estado, no interior das diferentes regiões fitogeográficas, como Matas de Restinga, Matas Insulares, Matas de Galeria, entre outras. Para o autor a distribuição atual das formações vegetais do sul do Brasil resulta de um processo histórico, cujo entendimento remete a abordagens multidisciplinares, em diferentes momentos de sua evolução, principalmente aqueles ocorridos a partir do final do Terciário.

Os Domínios Morfoclimáticos do Brasil O conceito de Domínios Morfoclimáticos, proposto por Aziz Ab’Saber, é utilizado para o tratamento das diferentes paisagens naturais existentes no Brasil. Esse conceito gerou uma classificação que combina fatos geomorfológicos (das formas de relevo ), climáticos, hidrológicos, botânicos e pedológicos (referentes ao solo), estabelecendo padrões regionais. Como pode ser observado no mapa abaixo, a classificação dos domínios de paisagem apresenta 6 (seis) áreas homogêneas centrais associadas com faixas de transição, onde as características da paisagens não apresentam uma definição tão marcante e, frequentemente, associam elementos das paisagens ao seu redor.

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Biomas do Rio Grande do Sul O Rio Grande do Sul possui dois biomas: o do Pampa e o da Mata Atlântica. O Bioma Mata Atlântica, abrange 13,04% do território brasileiro com uma área de 1.110.182 km² e ocupa toda a faixa continental leste brasileira, estendendo-se para o interior no sudeste e sul do país, sendo definido pela vegetação florestal predominante e relevo diversificado. O Bioma Pampa, possui uma área de 176.496 km², ou seja 2,07% do território brasileiro. Este Bioma é restrito ao Rio Grande do Sul e se define por um conjunto de vegetação de campo em relevo de planície.

Ecossistemas e Problemas Ambientais

O Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta: uma entre cada cinco espécies encontram-se nele. Foi o primeiro signatário da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), e é considerado megabiodiverso – o país é responsável por aproximadamente 14% da biota mundial – pela Conservation International (CI). A biodiversidade pode ser qualificada pela diversidade em ecossistemas, em espécies biológicas, em endemismos e em patrimônio genético. Devido a sua dimensão continental e à grande variação geomorfológica e climática, o Brasil abriga 6 biomas, 49 ecorregiões, já classificadas, e incalculáveis ecossistemas.

Os biomas são: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Pampa e Caatinga.

A biota terrestre possui a flora mais diversa do mundo, com até 56.000 espécies de plantas superiores já descritas; mais de 3.000 espécies de peixes de água doce; 517 espécies de anfíbios; 1.677 espécies de aves; e 530 espécies de mamíferos; pode ter até 10 milhões de insetos.

Vejamos algumas características: Ecossistema Amazônico O ecossistema amazônico, considerado o mais rico do mundo, apresenta modelos terrestres e aquáticos diferenciados: Podem citar a Floresta ombrófila densa (a chamada Floresta Amazônica); a Floresta ombrófila aberta; Floresta estacional decidual e semidecidual; Campinarana; Formações pioneiras; Refúgios montanos; Savanas amazônicas; Matas de terra firme; Matas de várzea; Matas de igapós; Flora e Fauna. Estes ecossistemas estão distribuídos em 23 ecorregiões, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena parte do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Inclui também zonas de transição com os biomas vizinhos, cerrado, caatinga e pantanal. Ecossistema Cerrado O ecossistema cerrado (ou cerrado strictu sensu) aparece no bioma Cerrado e em outras formações vegetais do Brasil, geralmente quando o solo é mais pobre que o circundadante, no caso dos domínios da mata Atlântica e da Amazônia. Caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas e tortuosas, de tronco fino, com ramificações irregulares e retorcidas, geralmente com evidências de queimadas, e presença de grande quantidade de gramíneas no sub-bosque. Ecossistema da Mata Atlântica A Mata Atlântica originalmente percorria o litoral brasileiro de ponta a ponta. Estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, e ocupava uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Tratava-se da segunda maior floresta tropical úmida do Brasil, só comparável à Floresta Amazônica. O grande destaque da mata original era o pau-brasil, que deu origem ao nome do nosso país. Alguns exemplares eram tão grossos que três homens não conseguiam abraçar seus troncos. O pau-brasil hoje é quase uma relíquia, existindo apenas alguns exemplares no Sul da Bahia.

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Atualmente da segunda maior floresta brasileira restam apenas cerca de 5 % de sua extensão original. Em alguns lugares como no Rio Grande do Norte, nem vestígios. Hoje a maioria da área litorânea que era coberta pela Mata Atlântica é ocupada por grandes cidades, pastos e agricultura. Porém, ainda restam manchas da floresta na Serra do Mar e na Serra da Mantiqueira, no sudeste do Brasil. Ecossistema da do Pantanal Um dos ecossistemas mais ricos do Brasil, o Pantanal, estende-se pelos territórios do Mato-Grosso (região sul), Mato-Grosso do Sul (noroeste), Paraguai (norte) e Bolívia (leste). Ao todo são aproximadamente 228 mil quilômetros quadrados. Em função de sua importância e diversidade ecológica, o Pantanal é considerado pela UNESCO como um Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.

Problemas ambientais do Brasil

Desde o descobrimento, as atividades econômicas adotadas no Brasil são prejudiciais ao ambiente. No início foi a exploração do pau-brasil, seguida pela derrubada sem critério de amplas extensões de mata para a instalação de pastagens ou monoculturas, como a cana-de-açúcar e o café. Dessa forma, instalou-se uma tradição de práticas danosas, como as queimadas e o corte de árvores sem o cuidado de garantir a reposição das espécies. Atualmente, agricultores e madeireiras continuam a devastar grandes áreas da floresta Amazônica, da Mata Atlântica, do cerrado e da caatinga. O país sofre com outros problemas ambientais graves, como o aumento da emissão de monóxido de carbono, que afeta a saúde da população das grandes cidades, as queimadas – que contribuem para o aquecimento global e para as alterações climáticas. Uma das consequências da intervenção humana sobre o meio ambiente é a elevação da temperatura média global, provocada pela intensificação do efeito estufa. Esse fato está na raiz de problemas que vão do degelo nas regiões polares à desertificação em países da África e da Ásia. Um aumento de 1 °C na temperatura média pode parecer insignificante, mas é suficiente para alterar todo o clima de uma região e afetar profundamente sua biodiversidade. Principais problemas ambientais brasileiros » escassez de água pelo mau uso, pela contaminação e por mau gerenciamento das bacias hidrográficas; » contaminação de corpos hídricos por esgotos sanitários e por outros resíduos; » degradação dos solos pelo mau uso; » perda de biodiversidade devido ao desmatamento e às queimadas; » degradação da faixa litorânea por ocupação desordenada; » poluição do ar nos grandes centros urbanos.

Os problemas ambientais são consequência direta da intervenção humana nos diferentes ecossistemas da Terra, agravados pela globalização, causando desequilíbrios no meio ambiente e comprometendo a qualidade de vida. A seguir, veremos os principais problemas que ocorrem na atualidade:

Chuva ácida A chuva ácida é provocada pela produção de gases lançados na atmosfera. Há agentes naturais que fazem isso, como, por exemplo, os vulcões. A atividade humana, contudo, é a principal causadora do fenômeno. Indústrias, usinas termoelétricas e veículos de transporte (que utilizam combustíveis fósseis) produzem subprodutos que se agregam ao oxigênio da atmosfera e que, ao serem dissolvidos na chuva, caem no solo sob a forma de chuva ácida. Desmatamento O desmatamento é uma das intervenções humanas que mais prejudicam o planeta. Pode causar sérios danos ao clima, à biodiversidade e às pessoas. Desmatar prejudica os ecossistemas e leva à extinção de centenas de espécies. Efeito Estufa É um mecanismo atmosférico natural que mantém o planeta aquecido nos limites de temperatura necessários à preservação da vida. Se não houvesse a proteção do efeito estufa, os raios solares que aquecem o planeta seriam

refletidos para o espaço e a Terra apresentaria temperaturas médias abaixo de -10oC. O efeito estufa ocorre quando uma parte da radiação solar refletida pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera, entre os quais o gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e o

vapor d’água (H2O).

O agravamento do efeito estufa é chamado de aquecimento global. Para se discutir o problema e encontrar soluções, várias reuniões internacionais têm sido realizadas. O principal documento aprovado até agora é o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, que estabelece metas de redução dos gases para diferentes países. Com a proximidade de vencer o Protocolo, os países signatários tentam ampliar sua duração ou estabelecer um novo acordo ambiental. Buraco na camada de ozônio O gás ozônio envolve a Terra na forma de uma frágil camada que protege a vida da ação dos raios ultravioleta (emitidos pelo Sol). Os raios ultravioletas causam mutações nos seres vivos, modificando as moléculas de DNA. Em seres humanos, o excesso de ultravioleta pode causar câncer de pele e afetar o sistema imunológico. Nos

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275Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

últimos anos, contudo, cientistas detectaram um “buraco” na camada de ozônio, exatamente sobre a Antártida, o que deixa sem proteção uma área de cerca de 30 milhões de km2. Pesquisadores acreditam que o gás clorofluorcarbono (CFC) é o principal responsável pela destruição da camada de ozônio. Esse gás é utilizado em aparelhos de refrigeração, sprays e na produção de materiais como, por exemplo, o isopor.

Os problemas ambientais são causados por muitos fatores, sendo a ação antrópica a mais relevante nos dias atuais:

• Urbanização descontrolada: ocupação de encostas, leitos de rios, lagos e arroios causando poluição, inundações e deslizamentos. Adensamento populacional causando falta de saneamento (esgoto e falta de tratamento do lixo);

• Uso predatório do solo causando desertificação, secas, pragas e supressão da mata ciliar etc; • Aumento descontrolado de áreas para agricultura e pecuária causando desmatamento e perda da diversidade de

florestas nativas e ecossistemas. • Inversão térmica: fenômeno climático ocorre principalmente nos grandes centros urbanos, regiões onde o nível de

poluição é muito elevado. A inversão térmica ocorre quando há uma mudança abrupta de temperatura devido à inversão das camadas de ar frias e quentes. A camada de ar fria, por ser mais pesada, acaba descendo e ficando numa região próxima a superfície terrestre, retendo os poluentes. O ar quente, por ser mais leve, fica numa camada superior, impedindo a dispersão dos poluentes. Nas grandes cidades, podemos observar no horizonte, a olho nu, uma camada de cor cinza formada pelos poluentes. Estes são resultado da queima de combustíveis fósseis derivados do petróleo (gasolina e diesel principalmente) pelos automóveis e caminhões.

• Ilhas de calor: o nome que se dá a um fenômeno climático que ocorre principalmente nas cidades com elevado grau de urbanização. Nestas cidades, a temperatura média costuma ser mais elevada do que nas regiões rurais próximas.

Poluição atmosférica é a contaminação da atmosfera por resíduos ou produtos secundários gasosos, sólidos ou líquidos, que podem ser nocivos à saúde dos seres humanos, causar danos em plantas, atacar diferentes materiais, reduzir a visibilidade e produzir odores desagradáveis. A cada ano, os países industrializados geram milhões de toneladas de contaminantes. Os contaminantes mais comuns e amplamente dispersos são o monóxido de carbono, o dióxido de enxofre, os óxidos de nitrogênio, o ozônio, o dióxido de carbono ou as partículas em suspensão. O nível de poluição é medido pela concentração de contaminantes (microgramas por metro quadrado de ar ou, no caso dos gases, o número de moléculas de contaminantes por milhão de moléculas de ar).

Lixo no Brasil Atualmente, vivemos num ambiente onde a natureza é profundamente agredida. Toneladas de matérias-primas, provenientes dos mais diferentes lugares do planeta, são industrializadas e consumidas gerando rejeitos e resíduos, que são comumente chamados lixo. Seria isto lixo mesmo? Lixo é basicamente todo e qualquer material descartado, proveniente das atividades humanas. É importante lembrar que o lixo gerado pelo homem é apenas uma pequena parte da montanha gerada todos os dias, composta pelos resíduos de outros setores.

Os diferentes tipos de lixo se classificam de acordo com sua origem: • dos espaços públicos: como ruas e praças, o chamado ‘lixo de varrição’, com folhas, terras, entulhos. • dos estabelecimentos comerciais: com restos de comida, embalagens, vidros, latas, papéis. • das casas: com papéis, embalagens plásticas, vidros, latas, restos de alimentos, rejeitos. • das fábricas: com rejeitos sólidos e líquidos. É de composição variada, que depende dos materiais e processos usados. • dos hospitais, farmácias e casas de saúde: um tipo especial de lixo, contendo agulhas, seringas, curativos; o chamado

“lixo patogênico”, o que produz inúmeras doenças.

Como se percebe, em todo o lugar sai lixo. E se a este for dado um destino final inadequado?

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276Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

O Brasil Recicla » Aproximadamente 1,5% do lixo sólido orgânico urbano; » Dos 900 mil metros cúbicos de óleo lubrificante consumido anualmente, 18% é refinado; » 15% da resina PET; » 10% das 300 mil toneladas de sucata disponíveis para obtenção de borracha regenerada; » 15% dos plásticos rígidos e filmes, o que equivale a 200 mil toneladas por ano; » 35% das embalagens de vidro, somando 280 mil ton/ano, incluído o resíduo pós-industrial (pré-consumo); » 35% das latas de aço, o que equivale a cerca de 250 mil toneladas / ano; » 64% da produção nacional de latas de alumínio; » 71% do volume total de papel ondulado; » 36% do papel e papelão, totalizando 1,6 milhão de toneladas de produto reciclado.

Disposição final dos resíduos Cada brasileiro produz 1,1 quilograma de lixo em média por dia. No País, são coletadas diariamente 188,8 toneladas de resíduos sólidos. Desse total, em 50,8% dos municípios, os resíduos ainda têm destino inadequado, pois vão para os 2.906 lixões que o Brasil possui.

Em 27,7% das cidades o lixo vai para os aterros sanitários e em 22,5% delas, para os aterros controlados, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE).

Apesar desse quadro, o Brasil alcançou importantes avanços nos últimos anos na opinião do diretor da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério de Meio Ambiente, Silvano Silvério. “Para se ter uma ideia, em 2000, apenas 35% dos resíduos eram destinados aos aterros. Em 2008, esse número passou para 58%”, destacou ele.

No mesmo período, o número de programas de coleta seletiva mais que dobrou. Passou de 451, em 2000, para 994, em 2008. A maior concentração está nas regiões Sul e Sudeste, onde, respectivamente, 46% e 32,4% dos municípios informaram à pesquisa do IBGE que possuem coleta seletiva em todos os distritos. Política para o lixo A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em agosto de 2010, disciplina a coleta, o destino final e o tratamento de resíduos urbanos, perigosos e industriais, entre outros. A lei estabelece metas importantes para o setor, como o fechamento dos lixões até 2014 - a parte dos resíduos que não puder ir para a reciclagem, os chamados rejeitos, só poderá ser destinada para os aterros sanitários - e a elaboração de planos municipais de resíduos.

Aspectos humanos Dinâmica demográfica A demografia do Brasil é um domínio de estudos e conhecimentos sobre as características demográficas do território brasileiro. O Brasil possui 190.755.799 habitantes (Censo 2010) o que representa uma das maiores populações absolutas do mundo, destacando-se como a quinta nação mais populosa do planeta. Ao longo dos últimos anos, o crescimento demográfico do país tem diminuído o ritmo, que era muito alto até a década de 1960. As razões para uma diminuição do crescimento demográfico relacionam-se com a urbanização e industrialização e com incentivos à redução da natalidade (como a disseminação de anticoncepcionais). Embora a taxa de mortalidade no país tenha caído bastante desde a década de 1940, a queda na taxa de natalidade foi ainda maior. A pirâmide etária brasileira ainda apresenta-se fortemente triangular, com larga base e estreito cume demonstrado que existem muitas mortes entre os jovens nos primeiros anos de vida. A população jovem (até 19 anos) constitui mais de um terço do total. Somada a uma pequena população de idosos (menos de um décimo), esse contingente constitui a população economicamente inativa, que precisa ser mantida pela população economicamente ativa. População brasileira cresce quase 20 vezes desde 1872 Como vimos, a população do Brasil alcançou a marca de 190.755.799 habitantes na data de referência do Censo Demográfico 2010 (noite de 31 de julho para 1º de agosto de 2010). A série de censos brasileiros mostra que a população experimentou sucessivos aumentos em seu contingente, tendo crescido quase vinte vezes desde o primeiro recenseamento realizado no Brasil, em 1872, quando tinha 9.930.478 habitantes.

Até a década de 1940, predominavam altos níveis de fecundidade e mortalidade no País. Com a diminuição desta última em meados dos anos 1940 e a manutenção dos altos níveis de fecundidade, o ritmo do crescimento populacional brasileiro evoluiu para quase 3,0% ao ano na década de 1950. No começo dos anos 60, os níveis de fecundidade começaram lentamente a declinar, queda que se acentuou na década seguinte. Esse fato fez com que as taxas médias geométricas de crescimento anual da população subsequentes também caíssem. Em comparação com o Censo 2000, a população do Brasil apresentou um crescimento relativo de 12,3%, o que resulta em um crescimento médio geométrico anual de 1,17%, a menor taxa observada na série em análise:

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278Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Distribuição populacional

A distribuição populacional no Brasil é bastante desigual, havendo concentração da população nas zonas litorâneas, especialmente do Sudeste e da Zona da Mata nordestina. Outro núcleo importante é a região Sul. As áreas menos povoadas situam-se no Centro-Oeste e no Norte.

O IBGE classifica a rede urbana brasileira em uma hierarquia de acordo com o tamanho e importância das cidades. As categorias de cidades mais importantes são:

• Metrópoles globais: São Paulo, Rio de Janeiro. • Centros metropolitanos regionais: A distribuição populacional no Brasil é bastante desigual, havendo concentração

da população nas zonas litorâneas, especialmente do Sudeste e da Zona da Mata nordestina. Outro núcleo importante é a região Sul. As áreas menos povoadas situam-se no Centro-Oeste e no Norte.

• Centros submetropolitanos ou centros regionais: Aracaju, Campo Grande, Cuiabá, Feira de Santana, João Pessoa, Joinville, Juiz de Fora, Londrina, Maceió, Natal, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Sorocaba, Teresina, Uberlândia, São Luís

• Centros subrregionais: Uberaba, Franca, Bagé, Blumenau, Campina Grande, Corumbá, Chapecó, Criciuma, Crato, Dourados, Guarapuava, Itajaí, Juazeiro do Norte, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, Sobral, Parnaíba, Três Lagoas.

Em 2050, população brasileira deve chegar a 260 milhões de pessoas A população brasileira deve crescer, em pouco mais de 40 anos, 39%, atingindo aproximadamente 260 milhões de pessoas em 2050. A estimativa faz parte de um levantamento apresentado hoje (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Síntese de Indicadores Sociais apresenta um conjunto de informações demográficas e sociais para traçar uma radiografia da realidade brasileira. O estudo foi realizado com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006. Densidade demográfica O Brasil apresenta uma baixa densidade demográfica — apenas 22 hab./km² —, inferior à média do planeta e bem menor que a de países intensamente povoados, como a Bélgica (342 hab./km²) e o Japão (337 hab./km²). O estudo da população apoia-se em alguns fatores demográficos fundamentais, que influenciam o crescimento populacional. Média de moradores por domicílio cai para 3,3 No Brasil, a densidade domiciliar, relação entre as pessoas moradoras nos domicílios particulares ocupados e o número de domicílios particulares ocupados, apresentou um declínio de 13,2% no último período censitário, mais acentuado que os 9,6% observados entre os Censos de 1991 e 2000, passando de 3,8, em 2000, para 3,3, em 2010. Esse comportamento persistiu tanto na área urbana quanto na área rural. A região Norte tem a maior densidade domiciliar, enquanto a Sul apresenta a menor, sendo que a tendência de declínio é uma característica geral e está diretamente relacionada à redução da fecundidade. Das cinco regiões, apenas a Norte apresenta média de moradores por domicílio igual a 4,0. Nas demais, esse valor já se situa entre os 3,1 da região Sul e os 3,5 do Nordeste. No contexto estadual, as médias oscilam entre 3,0, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, e 4,3, nos estados do Amazonas e Amapá. ETNIAS: composição da população A população atual do Brasil é muito diversa, tendo participado de sua formação diversos povos e etnias. De forma geral, a população brasileira foi formada por cinco grandes ondas migratórias:

• Os diversos povos indígenas, autóctones do Brasil, descendentes de grupos humanos que migraram da Sibéria, atravessando o Estreito de Bering, aproximadamente 9.000 a.C.

• Os colonos portugueses, que chegaram para explorar a colônia desde a sua descoberta, em 1500, até a sua independência, em 1822.

• Os africanos trazidos na forma de escravos para servirem de mão-de-obra, em um período de tempo que durou de 1530 à 1850.

• Os diversos grupos de imigrantes vindos principalmente da Europa, os quais chegaram ao Brasil entre o final do século XIX e início do século XX.

• Imigrações recentes de diversas partes do mundo, sobretudo Ásia e Oriente Médio.

Acredita-se que o Continente Americano foi povoado por três ondas migratórias vindas do Norte da Ásia. Os indígenas brasileiros são, provavelmente, descendentes da primeira leva de migrantes, que chegou à região por volta de 9.000 a.C. Os principais grupos indígenas, de acordo com sua origem linguística, eram os tupi-guarani, jê ou tapuia, aruaque ou maipuré e caraíba ou caribes.

A imigração europeia no Brasil iniciou-se no século XVI, sendo dominada pelos portugueses. Neerlandeses (ver Invasões holandesas do Brasil) e franceses (ver França Antártica) também tentaram colonizar o Brasil no século XVII, mas sua presença durou apenas algumas décadas. Nos primeiros dois séculos de colonização vieram para o Brasil cerca de 100 mil portugueses, uma média anual de 500 imigrantes. No século seguinte vieram 600 mil, em uma média anual de dez mil colonos. A primeira região a ser colonizada pelos portugueses foi o Nordeste. Pouco mais tarde, os colonos passaram a colonizar o litoral do Sudeste. O interior do Brasil só foi colonizado no século XVIII. Os portugueses foram o

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279Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

único grupo étnico a se espalhar por todo o Brasil, principalmente graças à ação dos bandeirantes ao desbravarem o interior do país no século XVIII.

A população indígena original do Brasil (entre 3 - 5 milhões) foi em grande parte exterminada ou assimilada pela população portuguesa. Os mamelucos (ou caboclos, mestiços de branco com índio) se multiplicavam às centenas pela colônia.

Um outro elemento formador do povo brasileiro chegou na forma de escravo. Os africanos começaram a ser trazidos para a colônia na década de 1530, para suprir a falta de mão-de-obra. Inicialmente, chegaram escravos de Guiné. A partir do século XVIII, a maior parte dos cativos era trazida de Angola e, em menor medida, de Moçambique. Na Bahia, os escravos eram majoritariamente oriundos do Golfo de Benin (atual Nigéria). Até o fim do tráfico negreiro, em 1850, entre 3-5 milhões de africanos foram trazidos ao Brasil-37% de todo o tráfico negreiro efetuado entre a África e as Américas.

O grande fluxo imigratório em direção ao Brasil foi efetuado no século XIX e início do século XX. Para se ter uma idéia do impacto imigratório nesse período, entre 1870 e 1930, entraram no Brasil um número superior a cinco milhões de imigrantes. Esses imigrantes foram divididos em dois grupos: uma parte foi enviada para o Sul do Brasil, onde se tornaram colonos trabalhando na agricultura. Todavia, a maior parte foi enviada para as fazendas de café do Sudeste.

Os colonos mandados para o Sul do país foram, majoritariamente, alemães (a partir de 1824, sobretudo da Renânia-Palatinado, Pomerânia, Hamburgo, Vestfália, etc) e italianos (a partir de 1875, sobretudo do Vêneto e da Lombardia). Ali foram estabelecidas diversas colônias de imigrantes que, ainda hoje, preservam os costumes do país de origem. Para o Sudeste do país chegaram, majoritariamente, italianos (sobretudo do Vêneto, Campânia, Calábria e Lombardia), portugueses (notadamente oriundos da Beira Alta, do Minho e Alto Trás-Os-Montes), espanhóis (sobretudo da Galiza e Andaluzia), japoneses (sobretudo de Honshu e Okinawa) e árabes (do Líbano e da Síria).

De acordo com o Memorial do Imigrante, entre 1870 e 1953, entraram no Brasil cerca de 5,5 milhões de imigrantes, sendo os italianos (1.550.000), portugueses (1.470.000), espanhóis (650.000), alemães (210.000), japoneses (190.000), poloneses (120.000) e 650.000 de diversas outras nacionalidades.

Atualmente, o IBGE utiliza para fins censitários 5 (cinco) categorias no Brasil, baseado na raça e cor da pele: branco, índio, negro, pardo e amarelo (asiático). Raça e cor pelo IBGE O critério usado pelo IBGE para esta classificação é a autodeclaração, o que, segundo alguns, gera distorções na estatística pois existe preconceito contra o negro no país, sendo que muitos negros geralmente se declaram “pardos” e também há casos de “pardos” que se declaram “brancos”. Este termo “pardo”, utilizado pelo IBGE, na prática acaba englobando todos os que se consideram não-brancos mas que também não se identificam como negros, indígenas ou amarelos (asiáticos). Isto tem gerado controvérsia, uma vez que muitos dos contrários às políticas afirmativas (entre elas a política de cotas raciais) não consideram todos os “pardos” como afrodescendentes, algo que o governo tende a fazer.

BRASIL

Cor da pele ou raça Porcentagem (%)

2000 2010

Brancos 53,7% 47,3% Pretos 6,2% 7,6% Pardos 38,5% 43,1% Amarelos 0,4% 2,1% Ameríndios 0,4% 0,3% Não declarados 0,7% 0%

RIO GRANDE DO SUL

Cor/Raça Porcentagem (%)

Brancos 82,3% Pretos 5,9%

Pardos 11,4% Amarelos e ameríndios 0,4%

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280Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Evolução demográfica do estado do Rio Grande do Sul

Setores de atividade - ocupação A força de trabalho brasileira é estimada em mais de 100 milhões, dos quais 10% são ocupados na agricultura, 19% no setor da indústria e 71% no setor de serviços.

O desemprego é um dos menores da história com 5,5%. Segundo a FGV, a renda dos mais ricos cresceu 10% nos últimos anos e 68% do mais pobres.

Um total de 29,3 milhões de brasileiros deixou a base da pirâmide econômica (baixa renda) nos últimos 18 anos. O número equivale à população do Peru, de acordo com a pesquisa “Os Emergentes dos Emergentes”, divulgada em 26.06.2011, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O levantamento mostra que a população pertencente às classes D e E (com renda familiar de até R$ 1.200) caiu de 92,8 milhões em 1993 para 63,5 milhões em 2011. No mesmo período, a classe C (renda familiar entre R$ 1.200 e R$ 5.174) saltou de 45,6 milhões de brasileiros para 105,4 milhões, enquanto as classes A e B (renda familiar maior que R$ 5.174) juntas tiveram crescimento de 8,8 milhões para 22,5 milhões.

A pesquisa mostra que a renda média dos brasileiros cresceu 2,7% entre maio de 2002 e maio de 2008, depois desacelerou para 0,5% entre os mesmos meses de 2008 e 2009, já descontados os efeitos sazonais. Em seguida, voltou a acelerar o crescimento para 4,6% entre maio de 2009 e maio de 2010, até chegar a alta de 6,1% entre os mesmos meses de 2010 e 2011. Distribuição de Renda A desigualdade no Brasil atingiu, no ano passado, o menor nível da história, segundo o estudo “Desigualdade e Renda na Década”, divulgado em 2011 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro. O Índice de Gini chegou a 0,5304 em 2010, superando o patamar da década de 60 (quanto mais o índice se aproxima de 1, mais desigual é o país).

A partir de dados do Censo 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou que 16.267.197 de pessoas vivem com renda per capita mensal de até R$ 70 no Brasil.

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281Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Entre 2010 e maio de 2011, a classe média é a única do estrato social brasileiro que continuou em expansão, segundo estudo divulgado em 2011 pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). No período, 3,6 milhões de pessoas migraram para a chamada classe C, apontou a entidade, que usou como base os dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostras a Domicílio), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Além do crescimento populacional de cerca de 1,6 milhão de pessoas, apontado na diferença das amostras da FGV entre 2010 e 2011, a classe C recebeu a maior parte de sua população de classes mais pobres - 1,4 milhão saíram da classe E e 356 mil saíram da classe D.

No entanto, as classes A e B apontaram um pequeno recuo no período, o primeiro desde 2003. Segundo a FGV, 237 mil pessoas deixaram as camadas mais abastadas rumo à classe média. As classes A e B representam atualmente 11,76% da população brasileira, ou 22,5 milhões de pessoas. CRESCIMENTO

O inchaço da classe C é um fenômeno crescente desde 1992, mas sua expansão acontece de maneira mais acentuada desde 2003. Hoje, são 105,4 milhões de pessoas, ou 55,05% da população nesta faixa.

O encolhimento das classes D e E, que em 1992 representavam juntas 62,13% da população, também seguiu a mesma velocidade. Em 2003, 54,85% dos brasileiros eram pobres. Hoje, somadas, as classes D e E representam 33,19% dos 191,4 milhões de habitantes do país. Mesmo assim, a desigualdade do país ainda é expressiva: enquanto 22,5 milhões de pessoas estão no topo da pirâmide social, 24,6 milhões de brasileiros ainda ocupam a classe E, ou seja, vivem com renda familiar mensal de até R$ 751.

A maioria dos integrantes da classe E também estão abaixo da linha da pobreza extrema definida pelo governo federal. São 16,2 milhões de pessoas vivendo com até R$ 70 mensais. O IBGE divide as categorias das classes sociais de acordo com a renda familiar mensal. Estão na classe E as pessoas com renda de até R$ 751. Na classe D figuram as famílias que recebem entre R$ 751 e R$ 1.200 por mês. A classe C é composta de famílias com renda entre R$ 1.200 e R$ 5.174. Já a classe B inclui pessoas com renda familiar entre R$ 5.174 e R$ 6.745. Qualquer família que ganhe mais do que isso por mês é considerada classe A pelo IBGE.

Dados populacionais do Rio Grande do Sul

Área 281 748,5 km² População 10.695.532 (2010) Densidade 38,9 hab./km² (2000) Crescimento demográfico 1,2% ao ano (1991-2006) População urbana 80,8% (2004) Domicílios 3 464 544 (2005) Carência habitacional 281 800 (2006) Acesso à água 84,6% (2005) Acesso à rede de esgoto 80,7% (2005) IDH 0,814 (2005) Número de Municípios 496 Taxa média de crescimento anual 0,49% (2010)

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282Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

O estado do Rio Grande do Sul tem densidade populacional irregular, indo de regiões densamente povoadas, como a Região Metropolitana de Porto Alegre com munícipios chegando aproximadamente aos 3000 habitantes/km², até regiões fracamente povoadas, como a Mesorregião do Sudoeste Rio-Grandense com valores até 25 habitantes/km². Além desses extremos, regiões com importante densidade populacional incluem o trecho que começa no Vale do Taquari em direção ao oeste até Santa Maria, a Microrregião de Caxias do Sul, o litoral norte na Microrregião de Osório, os municípios de Pelotas e Rio Grande, e municípios da Mesorregião do Noroeste Rio-Grandense, incluindo municípios como Passo Fundo, Erechim e Santo Ângelo.

Os vazios demográficos mais significativos do estado incluem os Campos de cima da Serra, na região de Vacaria e Lagoa Vermelha, toda a fronteira com o Uruguai, do Chuí até Uruguaiana (com a exceção de Bagé) e a Microrregião de Santiago, nos entornos do Vale do Jaguari. Observa-se também uma relação direta entre o tamanho maior dos municípios dessas regiões com a fraca densidade demográfica.

Municípios mais populosos do Rio Grande do Sul (censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

MIGRAÇÕES e URBANIZAÇÃO No Brasil, migrações, urbanização e desigualdades sociais estão intrinsecamente interligados. Existem dados estimativos, sem comprovação oficial, que apontam uma população urbana no Brasil no final do Império (1890) com 6,8% para o início da República (1920) já com 16,55%, 4.552.000 habitantes nas cidades e nas vilas mais próximas, de um universo de 27.500.000 brasileiros. A Região Centro-Oeste tinha apenas uma cidade com mais de 20.000 habitantes, a capital de Mato Grosso, Cuiabá.

Conforme o censo de 1920 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, as Regiões Sul com 2 e Norte com 3 cidades acima de 20.000 habitantes, também eram pouca urbanizadas, enquanto as regiões Leste com 18 e Nordeste com 20 já demonstravam áreas mais urbanizadas, com o Estado de São Paulo possuindo, sozinho, 20 cidades com mais de 20.000 pessoas.

Somente em 1940 inicia-se o processo de contagem de população com separação entre urbanas – cidades e vilas – e zona rural. A população existente nas cidades era de 10.891.000 pessoas (26,35%) de um total de 41.326.000 habitantes. Acredita-se que os dados anteriores a 1940 não possuíam uma metodologia confiável do número de pessoas que habitavam as cidades em relação ao total. Em seu livro “Urbanização Brasileira”, o Geógrafo Míltom Santos destaca:

“Entre 1940 e 1980, dá-se verdadeira inversão quanto ao lugar de residência da população brasileira. Há meio século atrás (1940), a taxa de urbanização era de 26,35%, em 1980 alcança 68,86%. Nesses quarenta anos, triplica a população do Brasil, ao passo que a população urbana se multiplica por sete vezes e meia”(SANTOS, 1996, p. 29).

População total e urbana no Brasil

O acréscimo de quase 23 milhões de habitantes urbanos resultou no aumento do grau de urbanização, que passou de 81,2% em 2000, para 84,4% em 2010. Esse incremento foi causado pelo próprio crescimento vegetativo nas áreas urbanas, além das migrações com destino urbano. A região Sudeste continua sendo a mais urbanizada do Brasil, apresentando um grau de urbanização de 92,9%, seguida pelas regiões Centro-Oeste (88,8%) e Sul (84,9%), enquanto as regiões Norte (73,5%) e Nordeste (73,1%) têm mais de 1/4 dos seus habitantes vivendo em áreas rurais. Rio de Janeiro (96,7%), Distrito Federal (96,6%) e São Paulo (95,9%) são as Unidades da Federação com maiores graus de urbanização. Os estados que possuem os menores percentuais de população vivendo em áreas urbanas estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste, sendo que Maranhão (63,1%), Piauí (65,8%) e Pará (68,5%) apresentam os índices abaixo de 70%.

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283Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Urbanização no Brasil: falta de planejamento e desigualdade social Analisando o crescimento da urbanização no Brasil podemos verificar que o crescimento da população urbana no Brasil ocorre de forma descontrolada e diante da atual realidade de investimentos econômicos, sociais e na infraestrutura urbana nas cidades e por outro lado, a inexistência de uma política competente que objetive a reforma agrária fica fácil deduzir que este crescimento urbano irá continuar até que se haja uma política nacional de investimentos no campo.

Se o país possuía um caráter extremamente rural nos anos 40 e 50, com uma população rural em torno de 2/3 do total, verifica-se um equilíbrio nos anos 60, mas, já nos anos 70 e 80 houve uma verdadeira corrida para as cidades e o país

virou esta proporção para 1/3 na zona rural. Esta realidade somente se acentuou dos anos 90 para os dias atuais onde hoje temos praticamente 90% da população brasileira vivendo nas cidades e apenas 10% no campo.

“Mapa da Violência 2011” aponta causas de homicídios entre jovens no Brasil

A violência entre jovens na faixa etária de 15 anos aos 24 anos cresceu no período 1998/2008. Nesta década, enquanto 1,8% das mortes entre adultos foram causadas por homicídios, no grupo jovem a taxa chegou a 39,7%. Este é apenas uma das informações contidas na pesquisa “Mapa da Violência 2011 – Os jovens do Brasil”, elaborado pelo Instituto Sangari, em parceria com o Ministério da Justiça. O estudo traz um diagnóstico sobre como a violência tem levado à morte brasileiros, especialmente os jovens, nos grandes centros urbanos e também no interior do país.

O estudo coordenado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz servirá de subsídio a políticas públicas de enfrentamento à violência. Esta pesquisa, que tem como fonte os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, aponta o crescimento das mortes de jovens por homicídio, acidentes de trânsito e suicídio.

Trata-se de uma minuciosa radiografia da evolução da mortalidade no Brasil com parâmetros estabelecidos pelas Organizações Pan-Americana de Saúde (OPS) e Mundial de Saúde (OMS). A pesquisa apurou informações no âmbito nacional e também aponta o cenário que inclui as grandes regiões, os 27 estados, 10 regiões metropolitanas, 27 capitais e 5.564 municípios.

Este projeto, que incluiu diferentes levantamentos, foi realizado pelo FBSP no período de janeiro de 2009 a fevereiro de 2011 com recursos do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). A iniciativa do governo federal oferece subsídios para a formulação de políticas públicas de prevenção da criminalidade entre adolescentes e jovens, além de construir referenciais metodológicos para auxiliar nas intervenções do poder público em territórios com elevados níveis de violência.

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284Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

O mapa da violência Segundo a pesquisa, a proporção de jovens no Brasil já foi maior há algumas décadas: “…para o ano de 2008 o país contava com um contingente de 34,6 milhões de jovens na faixa dos 15 aos 24 anos de idade. Esse quantitativo representa 18,3% do total dos 189,6 milhões de habitantes que a instituição projetava para o país. A proporção já foi maior. Em 1980, existia menor quantidade absoluta de jovens: 25,1 milhões mas, no total dos 118,7 milhões de habitantes, representavam 21,1%”

O documento relata ainda que os jovens da década de 80 tinham as epidemias e doenças infecciosas como as principais ameaças às suas vidas. Atualmente, essas causas foram substituídas pelas chamadas “causas externas” representadas, principalmente, pelos acidentes de trânsito e homicídios. Esses fatores externos têm números alarmantes se ligados à população jovem:

“Em 1980, as ‘causas externas’ já eram responsáveis por aproximadamente a metade (52,9%) do total de mortes dos jovens do país. Vinte e oito anos depois, em 2008, dos 46.154 óbitos juvenis registrados no SIM/SVS/MS, 33.770 tiveram sua origem em causas externas, pelo que esse percentual elevou-se de forma drástica: em 2004, quase ¾ de nossos jovens (72,1%) morreram por causas externas.”

O estudo informa ainda que 62,8% das mortes de jovens em todo o país ocorreram por homicídios, acidentes de transportes e suicídios. O mesmo documento aponta que, em 2004, foi detectada queda expressiva, por dois anos consecutivos, nos índices de homicídios e atribui essa baixa significativa ao “Estatuto e à Campanha do Desarmamento” lançados naquele ano.

Alguns estados também tem reduzido a média de homicídios nas respectivas regiões, com tendência a diminuir seus índices, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, enquanto Pará, Alagoas e Goiás praticamente dobraram os seus números. A pesquisa sugere que essa inversão nos índices dos estados possa ter sido provocada pelo Plano Nacional de Segurança Pública e pelo Fundo Nacional de Segurança que canalizaram seus recursos para o aparelhamento das regiões de maior incidência, o que dificultou a ação e provocou a migração para locais de menor risco, provocando o aumento de homicídios na região.

Alguns acontecimentos observados em pesquisas anteriores continuam intactos como a quase totalidade das vítimas de homicídios ser do sexo masculino e ainda os elevados níveis de vítimas de cor preta nesses casos, morrendo mais que o dobro de cor branca. • Baixe a versão completa do Mapa da Violência 2011: http://bit.ly/h8ttMm • Assista vídeo no YouTube sobre o Mapa da Violência 2011: http://youtu.be/io9mmw-t15A

Aspectos econômicos Já vimos que a globalização econômica, transformou, radicalmente, as relações produtivas no Brasil e no mundo. Ao passo que o país começou a acessar bens e serviços até então não disponíveis, essas transformações provocaram uma reestruturação do espaço produtivo e, consequentemente, impacto na população. Ampliação da concentração de renda, precarização das relações de trabalho, formação de cultura de massa, além do rápido esgotamento das fontes de recursos naturais disponíveis, são fatores que definem o momento que vivemos.

Aspectos econômicos relevantes na atualidade

Como vimos anteriormente, o capitalismo alcançou uma notável hegemonia em todas as estruturas sociais da modernidade. Com o fim da URSS (1991), os EUA tornaram-se a inquestionável superpotência mundial, com controle quase absoluto de todos os processos produtivos e sistemas de comércio nos quatro cantos do mundo. Entretanto, nos últimos anos, com uma contínua crise de credibilidade e com o avanço de países como a China, o Brasil, Índia e Rússia, os EUA dividem – relutantemente – o controle multipolar do processo econômico mundial.

Economia brasileira | contexto

A economia do Brasil tem um mercado livre e exportador. Medido por paridade de poder de compra, seu produto interno bruto é próximo de 2,5 trilhões de dólares (R$ 3.675 trilhões), fazendo-lhe a 8ª maior economia do mundo, fazendo-a segunda maior do continente americano, atrás apenas dos Estados Unidos.

O Brasil é membro de diversas organizações econômicas, como o Mercosul, a UNASUL, o G8+5, o G20 e o Grupo de Cairns. Seu número de parceiros comerciais é na ordem das centenas, com 60% das exportações principalmente de commodities, manufaturados e semimanufaturados. Os principais parceiros comerciais do Brasil em 2008 foram: Mercosul e América Latina (25,9% do comércio), União Europeia (23,4%), Ásia (18,9%), Estados Unidos (14,0%) e outros (17,8%).

Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil foi o país que mais melhorou em competitividade em 2009, ganhando oito posições entre outros países, superando a Rússia pela primeira vez e fechando parcialmente a diferença de competitividade com a Índia e a China, as economias BRIC. Importantes passos dados desde a década de 1990 para a sustentabilidade fiscal, bem como as medidas tomadas para liberalizar e abrir a economia, impulsionaram significativamente os fundamentos do país em matéria de competitividade, proporcionando um melhor ambiente para o desenvolvimento do setor privado.

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285Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Proprietário de um sofisticado setor tecnológico, o Brasil desenvolve projetos que vão desde submarinos a aeronaves e está envolvido na pesquisa espacial: o país possui um centro de lançamento de satélites e foi o único país do Hemisfério Sul a integrar a equipe responsável pela construção do Estação Espacial Internacional (EEI).

É também o pioneiro em muitos outros campos econômicos, incluindo a produção de etanol.

O Brasil, juntamente com o México, tem estado na vanguarda do fenômeno das multinacionais latino-americanas, que, graças à tecnologia superior e organização, têm virado sucesso mundial. Essas multinacionais têm feito essa transição, investindo maciçamente no exterior, na região e fora dela, e assim realizando uma parcela crescente de suas receitas a nível internacional.

O Brasil também é pioneiro nos campos da pesquisa de petróleo em águas profundas, de onde 73% de suas reservas são extraídas. De acordo com estatísticas do governo, o Brasil foi o primeiro país capitalista a reunir as dez maiores empresas montadoras de automóvel em seu território nacional.

O setor de serviços é o maior componente do PIB com 66,8%, seguido pelo setor industrial, 29,7% (2007 est). A agricultura representa 3,5% do PIB (2008 est).

A força de trabalho brasileira é estimada em mais de 100 milhões, dos quais 10% são ocupados na agricultura, 19% no setor da indústria e 71% no setor de serviços.

O desemprego é um dos menores da história com 5,5%. Segundo a FGV, a renda dos mais ricos cresceu 10% nos últimos anos e 68% do mais pobres.

Um total de 29,3 milhões de brasileiros deixou a base da pirâmide econômica (baixa renda) nos últimos 18 anos. O número equivale à população do Peru, de acordo com a pesquisa “Os Emergentes dos Emergentes”, divulgada em 26.06.2011, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O levantamento mostra que a população pertencente às classes D e E (com renda familiar de até R$ 1.200) caiu de 92,8 milhões em 1993 para 63,5 milhões em 2011. No mesmo período, a classe C (renda familiar entre R$ 1.200 e R$ 5.174) saltou de 45,6 milhões de brasileiros para 105,4 milhões, enquanto as classes A e B (renda familiar maior que R$ 5.174) juntas tiveram crescimento de 8,8 milhões para 22,5 milhões.

A pesquisa mostra que a renda média dos brasileiros cresceu 2,7% entre maio de 2002 e maio de 2008, depois desacelerou para 0,5% entre os mesmos meses de 2008 e 2009, já descontados os efeitos sazonais. Em seguida, voltou a acelerar o crescimento para 4,6% entre maio de 2009 e maio de 2010, até chegar a alta de 6,1% entre os mesmos meses de 2010 e 2011.

PIB – Produto Interno Bruto

• O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano etc);

• O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.

Agricultura e produção de alimentos O desempenho da agricultura brasileira põe o agronegócio em uma posição de destaque em termos de saldo comercial do Brasil, apesar das barreiras comerciais e as políticas de subsídios adotadas pelos países desenvolvidos. Em 2010, a ONU apontou o país como o 3º maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas dos EUA e União Europeia.

Principais produtos (commodities agrícolas): Café, soja, trigo, arroz, milho, cana-de-açúcar, cacau, citrinos, carne, algodão. No mercado externo, responde por 25% das exportações mundiais de açúcar bruto e açúcar refinado, é o líder mundial nas exportações de soja e é responsável por 80% do suco de laranja do planeta e, desde 2003, teve o maior números de vendas de carne de frango, entre os que lidam no setor. Recursos minerais As reservas de recursos minerais são extensas. Grandes reservas de ferro e manganês são importantes fontes de matérias-primas industriais e receitas de exportação. Depósitos de níquel, estanho, cromita, urânio, bauxita, berílio, cobre, chumbo, tungstênio, zinco, ouro e outros minerais são explorados. Recursos energéticos O Brasil é um dos principais produtores mundiais de energia hidrelétrica, com capacidade atual de cerca de 108.000 megawatts. Hidrelétricas existentes fornecem 80% da eletricidade do país. Dois grandes projetos hidrelétricos, a 15.900 megawatts de Itaipu, no rio Paraná (a maior represa do mundo) e da barragem de Tucuruí no Pará, no norte do Brasil, estão em operação. O primeiro reator nuclear comercial do Brasil, Angra I, no Rio de Janeiro, está em operação há mais de 10 anos. Angra II foi concluída em 2002 e está em operação também. Angra III tem a sua inauguração prevista para 2018.

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286Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Energia - Matriz energética brasileira

Dados de janeiro de 2010 mostram que a energia brasileira é produzida nas seguintes proporções:

• Hidrelétrica: 73,63% (838 usinas que produzem 78.793.231 KW) • Gás: 11,27% (125 usinas que produzem 12.055.295 KW) • Biomassa: 5,82% (356 usinas que produzem 6.227.660 KW) • Petróleo: 5,36% (829 usinas que produzem 5.735.637 KW) • Nuclear: 1,88% (2 usinas que produzem 2.007.000 KW) • Carvão mineral: 1,43% (9 usinas que produzem 1.530.304 KW) • Eólica: 0,62% (37 usinas que produzem 659.284 KW) • Solar: menos de 0,01% (1 usina que produz 20 KW)

Total: 107 mil MW produzidos em 2.197 usinas. Etanol: tecnologia e vanguarda brasileira

O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, o maior exportador mundial, e é considerado o líder internacional em matéria de biocombustíveis e a primeira economia em ter atingido um uso sustentável dos biocombustíveis. Juntamente, o Brasil e os Estados Unidos lideram a produção do etanol, e foram responsáveis em 2008 por 89% da produção mundial e quase 90% do etanol combustível. Em 2008 a produção brasileira foi de 24,5 bilhões de litros, equivalente ao 37,3% da produção mundial de etanol. A indústria brasileira de etanol tem 30 anos de história e o país usa como insumo agrícola a cana de açúcar, além disso, por regulamentação do Governo Federal, toda a gasolina comercializada no país é misturada com 25% de etanol, e desde Julho de 2009 circulam no país mais de 8 milhões de veículos, automóveis e veículos comerciais leves, que podem rodar com 100% de etanol ou qualquer outra combinação de etanol e gasolina, e são chamados popularmente de carros “flex”. Transportes O sistema de transportes adotado no Brasil define-se basicamente por uma extensa matriz rodoviária, sendo também servido por um sistema limitado de transporte fluvial (apesar do numeroso sistema de bacias hidrográficas presentes no país), ferroviário e aéreo. O intuito de criar uma rede de transportes ligando todo o país nasceu com as democracias desenvolvimentistas, em especial as de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck. Àquela época, o símbolo da modernidade e do avanço em termos de transporte era o automóvel. Isso provocou uma especial atenção dos citados governantes na construção de estradas. Desde então, o Brasil tem sua malha viária baseada no transporte rodoviário. Apesar de ter as rodovias como principal forma de trânsito a nível nacional, estas não compreendem uma rede eficaz, segura e moderna. Grande parte das ligações interurbanas no país, mesmo em regiões de grande demanda, ainda se dão por estradas de terra ou estradas com pavimentação quase inexistente. Durante a época de chuvas, a maioria das estradas enche-se de buracos, sendo comuns, ainda que em menor quantidade, deslizamentos de terra e quedas de pontes, provocando muitas vezes prejuízos para o transporte de cargas bem como acidentes e mortes. As rodovias do país que se encontram em boas condições geralmente estão sujeitas a pedágios, tais como a Rio-Juiz de Fora e a Régis Bittencourt. O transporte rodoviário de passageiros do país compreende uma rede extensa e intrincada, sendo possíveis viagens que, devido à sua duração, em outros países, só são possíveis por via aérea. A partir dos últimos anos, com o advento de obras de infraestrutura do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal, foram iniciadas muitas obras viárias, começando um processo de recuperação da malha federal. Deficiências Apesar do alto custo e das deficiências das estradas, é o principal meio de transporte do país. Em 1998 havia haviam 1,7 milhões de quilômetros de estradas, sendo que apenas 161 mil deles eram asfaltados (aproximadamente 9,5%), segundo informações do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). De acordo com a 4ª Pesquisa Rodoviária Nacional, realizada pela CNT em 1999, o estado geral de conservação, pavimentação e sinalização das rodovias federais foi considerado deficiente em 72,8% da área analisada. Foram considerados 38.188 km de estradas federais pavimentadas (74,3% do total) e 4.627 km de rodovias estaduais. Além disso, as rodovias apresentam falhas estruturais, como o predomínio de pistas simples em regiões de topografia acidentada, dentre outras. Concessões Com a transferência das rodovias para o setor privado, cresce o número de pedágios e o valor das tarifas. Nos últimos quatro anos, no Estado de São Paulo, as viagens para o interior e outros estados que se utilizam de rodovias estaduais e federais teve um aumento do custo para os usuários em torno de 45%. Entretanto, por outro lado, as condições de segurança, sinalização e estado do piso são realmente bem superiores à média nacional e de outras rodovias que não dispõem do sistema de pedágios, visto que os valores ali arrecadados são para manutenção da sua própria malha viária. Roubo de cargas Outro grande problema das rodovias brasileiras, tem sido o roubo de cargas (US$ 32 milhões anuais, em média, segundo a CNT).

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287Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Comércio e Serviços Basicamente o setor terciário é o setor que recebe as matérias do setor secundário e os distribui para o consumidor. Atualmente o setor terciário encontra-se extremamente diversificado. Responsável por absorver um grande número de trabalhadores, o setor permanece extremamente aquecido, com crescimento importante no PIB brasileiro.

No que diz respeito ao Brasil, o setor de serviços, no sentido mais amplo, teve participação de 60% a 62% do PIB no período 1994-2006, o que é compatível, em linhas gerais, com o observado em outros países. É importante, entretanto, ressaltar, mais uma vez, a extrema densidade do setor, que abrange, na classificação do IBGE, os seguintes subsetores:

• comércio; • alojamento (por exemplo, hotelaria) e alimentação (por exemplo, restaurantes); • transportes; • telecomunicações; • intermediação financeira; • seguros e previdência privada; • atividades imobiliárias; • serviços de informática; • administração pública; • pesquisa e desenvolvimento; • educação; • saúde e serviços sociais; e • serviços pessoais e domésticos;

Novos empreendimentos são diariamente instalados, gerando emprego e renda na economia local. Turismo O Brasil atraiu, em 2005, cerca de 5 milhões de turistas estrangeiros. Da Argentina vieram 991 mil, dos Estados Unidos 792 mil e de Portugal 373 mil turistas. Os visitantes deixaram US$ 4 bilhões no país, tornando o turismo uma importante atividade econômica para o Brasil, gerando 678 mil novos empregos diretos. Os estados mais visitados pelos turistas foram Rio de Janeiro (34,7%), Santa Catarina (25,1%), Paraná (20,3%), São Paulo (16%), e Bahia (15,5%). As cidades mais visitadas foram Rio de Janeiro (31,5%), Foz do Iguaçu (17%), São Paulo (13,6%), Florianópolis (12,1%) e Salvador (11,5%). O setor ainda sofre com a falta de infraestrutura e, mais recentemente, com a crise aérea. Biotecnologia A biotecnologia é um processo tecnológico que permite a utilização de material biológico de plantas e animais para fins industriais.

Engenharia genética, clonagem, transgenia, bioética, enfim, são os temas relacionados com este nova tecnologia global. O Brasil é responsável por 20% da biodiversidade do planeta. Biocombustíveis Os biocombustíveis são fontes de energias renováveis, derivados de produtos agrícolas como a cana-de-açúcar, plantas oleaginosas, biomassa florestal e outras fontes de matéria orgânica. Em alguns casos, os biocombustíveis podem ser usados tanto isoladamente, como adicionados aos combustíveis convencionais. Como exemplos, podemos citar o biodiesel, o etanol, o metanol, o metano e o carvão vegetal. Biodiesel No que tange ao biodiesel, apenas recentemente esse biocombustível entrou na agenda do governo brasileiro. Apesar da primeira patente do biodiesel no mundo ter sido registrada em 1980, por um professor da Universidade Federal do Ceará, somente em dezembro de 2004 é que foi lançado, oficialmente, pelo governo brasileiro o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.

A introdução do biodiesel na matriz energética brasileira foi estabelecida pela Lei 11.097 de janeiro de 2005, que determina a adição voluntária de 2% de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final até 2007; já a partir de 2008, essa adição de 2% será obrigatória. A mistura de 5% de biodiesel ao óleo diesel será voluntária no período de 2008 até 2012, passando a ser compulsória a partir de 2013.

O uso do biodiesel traz uma série de benefícios associados à redução dos gases de efeito estufa, e de outros poluentes atmosféricos, tais como o enxofre, além da redução do consumo de combustíveis fósseis. Porém, no processo de fabricação, uma série de resíduos e subprodutos industriais é gerada, os quais podem, quando adequadamente geridos, contribuir para a viabilidade econômica da produção de biodiesel. Esses resíduos de natureza líquida e sólida possuem potencial para uso na indústria de alimentos e para a nutrição animal, bem como na indústria químico-farmacêutica, mas há uma grande carência de estudos de análises de viabilidade técnica e financeira, que possam apontar as melhores alternativas de custo-benefício para o processamento e tratamento desses resíduos, os quais podem agregar valor e reduzir os custos de produção de biodiesel, com o aproveitamento e venda destes produtos e seus derivados.

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288Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

RIO GRANDE DO SUL Divisões políticas e regionais

Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA A Região Metropolitana de Porto Alegre é a área mais densa do Estado concentrando 37% da população, em 31 municípios. Nela encontram-se nove entre os 18 municípios do Estado com mais de 100 mil hab. A densidade demográfica é de 480,62 hab/km².

Aglomeração urbana Além da RMPA, o RS possui outras concentrações denominadas aglomerações urbanas: Nordeste, Sul e Litoral Norte.

Principais centros urbanos • Porto Alegre. • Canoas e Novo Hamburgo, nas proximidades da capital, destacam-se com centros industriais. • Pelotas, perto da lagoa dos Patos, é a terceira cidade do Rio Grande do Sul. Sua economia baseia-se na

industrialização da carne e de produtos agrícolas, e em atividades comerciais. • Rio Grande encontra-se a 56km ao sul de Pelotas. Tem o maior porto marítimo da Região Sul do Brasil, responsável

pela importação de grande parte da produção agropecuária do estado. A cidade destaca-se também pelas numerosas indústrias que possui.

• Santa Maria, no centro do estado, é a quinta cidade do Rio Grande do Sul. Importante centro universitário e entroncamento ferroviário, Santa Maria conta ainda com indústrias ligadas ao beneficiamento de produtos agrícolas, principalmente arroz e trigo.

• Caxias do Sul, a capital da serra Gaúcha e grande produtora de uva, possui um diversificado parque industrial, destacando-se as indústrias de vinho e as metalúrgicas.

• Passo Fundo, no norte do estado é a cidade mais importante, concentrando muitos produtos alimentares.

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289Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Economia do RS Com uma população de 10,6 milhões de habitantes, o Rio Grande do Sul é a 4ª economia do Brasil pelo tamanho de seu Produto Interno Bruto (PIB), que atingiu a cifra de R$ 193,5 bilhões, correspondendo a 6,82% do PIB nacional, superado apenas pelos estados de São Paulo (35%), Rio de Janeiro (10,5%) e Minas Gerais (9%).

Na relação entre o PIB e a população (PIB per capita) o Estado se mantém em uma posição privilegiada, com um valor de 17.281,45, o que o coloca bem acima da média nacional que está em torno de 13.720,00 reais. A economia gaúcha possui uma associação com os mercados nacional e internacional superior a média brasileira. Desta forma, a participação da economia gaúcha tem oscilado conforme a evolução da economia nacional e também de acordo com a dinâmica das exportações.

Metade sul x Metade norte Os dados do crescimento recente do PIB mostram que algumas regiões do Estado vêm sofrendo perdas significativas, enquanto outras crescem a taxas bem superiores a média estadual. Considerando a evolução do PIB no período 1990 a 2002, dos 24 COREDEs, quinze apresentaram evolução superior à média estadual que foi de 2,36% a.a.. Destacaram-se o Vale do Caí com um crescimento de 4,21%, Produção com 4,16%, Nordeste com 3,92%, Norte 3,45% e Serra com taxas de 3,36%. Por outro lado, no período, os COREDEs que tiveram menor crescimento foram o Litoral com um crescimento negativo de -1,45%, o Sul com 0,85 e o Missões com 0,94%. No que se refere a distribuição espacial regional, considerando os dados de 2002, destacam-se os COREDEs Metropolitano Delta do Jacuí, Vale do Rio dos Sinos e Serra, que juntos respondem por cerca de 50% do PIB Gaúcho. A maior parte dos municípios que apresentam maior PIB, em 2005, são predominantemente industriais e estão concentrados no eixo Caxias do Sul - Porto Alegre - Santa Cruz do Sul. Destacam-se Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Triunfo, Novo Hamburgo, Gravataí e Santa Cruz do Sul. Juntos estes sete municípios respondem por 42,3% do PIB do Estado.

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290Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Agricultura O Rio Grande do Sul, tradicionalmente, apresenta-se como um estado que se destaca pela sua produção agrícola e pecuária. O setor agropecuário, apresentou em 2004, uma participação de 15,9% no Produto Interno Bruto do estado. No entanto, sabe-se que esta participação é ainda maior se considerada a repercussão na cadeia produtiva que o setor movimenta. Na estrutura do Valor Bruto da Produção Agropecuário destaca-se a lavoura que responde por 61,34% da produção, seguida pela produção animal com 33,98%.

Pecuária O Brasil, considerando a média dos anos 2004 a 2006, tem o maior rebanho bovino comercial e o segundo maior em efetivos do mundo com 205,9 milhões de cabeças, perdendo apenas para a Índia. O Rio Grande do Sul contribui com o 6º maior rebanho brasileiro, o que representa 6,9%, com 14,3 milhões de cabeças. A participação gaúcha nessa criação vem caindo comparado com os anos 1998 a 2000. Naquele triênio, era de 8,2% do total e baixou para 7,7% na média 2001 a 2003, chegando, no período 2004 a 2006, a 6,9% do total nacional. A maior concentração do rebanho está no oeste e sul do Estado, associado à presença dos campos ou integrado com a produção de arroz. As três regiões que apresentam maior percentual do rebanho são: Fronteira Oeste (24,2%), Sul (12,7%) e Campanha (10,6%). Destacam-se os municípios de Alegrete com 625.113 cabeças, Santana do Livramento com 579.413 cabeças, São Gabriel com 415.405 cabeças e Dom Pedrito com 410.534 cabeças. Indústria Os dados da estrutura do PIB estadual mostram que a indústria responde por cerca de um terço da economia gaúcha, sendo a maior fatia desta participação responsabilidade da indústria de transformação, já que a indústria extrativa mineral possui uma participação pouco expressiva dentro da economia gaúcha. O RS apresenta uma indústria diversificada que se desenvolveu a partir das agroindústrias e de outros segmentos ligados ao setor primário. A matriz industrial estruturou-se sobre quatro complexos básicos: o agroindustrial, que inclui as indústrias de alimentos, bebidas e as que utilizam insumos agrícolas; o complexo coureiro-calçadista; o complexo químico; e o complexo metal-mecânico.

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291Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Comércio e Serviços O setor de Serviços, durante a década de 90 apresentou um crescimento um pouco abaixo da média nacional, tendo uma participação nacional em torno dos 7%. Os principais centros urbanos do Estado concentram tradicionalmente as funções de comércio e serviços mais especializados. Porto Alegre, como centro urbano de maior hierarquia, possui uma área de influência que abrange todo o Estado, extrapolando, em muitos casos, suas próprias fronteiras. Além de Porto Alegre, os principais municípios da Região Metropolitana também têm destaque nas atividades terciárias, como é o caso de Canoas, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Gravataí, Cachoeirinha e Sapiranga. Recursos minerais O estado do Rio Grande do Sul apresenta variada configuração geológica, apresentando rochas que registram boa parte da história do planeta, com idades que vão de cerca de 2 bilhões a 500 milhões de anos, agrupadas no chamado Escudo Sul-Rio-grandense, que é a área que possui a maior presença de ocorrências de minerais com importância econômica. Na Depressão Periférica estão depositadas as rochas sedimentares do Carbonífero e Triássico (300-200 milhões de anos), que constituíram os grandes depósitos carboníferos gaúchos. No planalto basáltico, resultado de derrames fissurais de lava ocorridas no Cretáceo, a riqueza mineralógica não é tão grande, com exceção das áreas de presença de gemas como ametistas e ágatas. Na região litorânea estabeleceram-se os sedimentos mais recentes, que formam a Planície Costeira. Carvão O carvão constitui o principal bem mineral, com recursos totais da ordem de 28 bilhões de toneladas, que correspondem a 88% dos recursos de carvão do país. Atualmente, as maiores perspectivas para seu uso estão na geração termoelétrica e na extração de frações de carvão coqueificável para uso metalúrgico. O Rio Grande do Sul é, juntamente com Santa Catarina, o maior produtor de carvão mineral do Brasil, estando a produção anual em torno de 3,4 milhões de toneladas. Na região da Campanha, onde estão localizadas as maiores jazidas, as pesquisas realizadas para o aproveitamento da argila que ocorre junto a estas jazidas, mostraram um grande potencial de utilização econômica para fabricação de cerâmica.

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292Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Complexos regionais Como bem sabemos, o Brasil é dividido em cinco regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, além disso, o país também é regionalizado em três macrorregiões econômicas: Centro-Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás), Nordeste (Bahia, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí e Maranhão) e Amazônia (Mato Grosso, Tocantins, Pará, Amapá, Rondônia, Amazonas, Acre e Roraima).

Cada macrorregião possui características distintas devido a vários fatores, como história, desenvolvimento, população, economia.

A região Centro-Sul, de todas as macrorregiões, é a mais desenvolvida, não só economicamente, mas também em indicadores sociais (saúde, educação, renda, mortalidade infantil, analfabetismo entre outros).

Apresenta uma economia dinâmica e diversificada em atividades, que varia desde a indústria de base até tecnologia de ponta, grande parte das indústrias está estabelecida nesse complexo, a malha urbana é complexa e interdependente, a agropecuária em geral apresenta elevado índice tecnológico, além de contar com um grande setor terciário (prestação de serviços, mercado varejista, etc.), infraestrutura de transportes superior às demais áreas e um amplo sistema de telecomunicação (emissoras de TV, telefone fixo e móvel, internet, entre outros).

A macrorregião da Amazônia abrange praticamente todos os Estados com cobertura vegetal amazônica. Nas últimas décadas o Norte, como um todo, vem sofrendo grandes alterações em sua paisagem natural. Essa região ainda é pouco povoada e a atividade industrial é restritamente desenvolvida, de uma forma

geral todos os Estados que compõe a macrorregião são desprovidos de infraestrutura e serviços sociais, como acesso à educação, saúde, segurança, emprego, transportes e muitos outros, até por que nessas áreas há uma enorme ausência do estado, e muitas vezes, como no Pará, o poder é centrado nas mãos de grandes fazendeiros e madeireiros que agem segundo os seus interesses, por conta própria e na base da força.

A ocupação sem planejamento e presença do Estado contribui para o surgimento de impactos profundos no ambiente, no qual os principais agentes de devastação são a extração de madeira, extração de minérios como o garimpo e principalmente a crescente expansão de áreas agrícolas e pastoris.

No Nordeste o clima, em grande parte, é composto pelo clima semiárido, principalmente no sertão e no agreste. Essa foi uma das áreas mais exploradas no período colonial, pois o nordeste do Brasil foi explorado durante muito tempo com destaque para a produção do açúcar utilizando de mão-de-obra escrava, os fatores coloniais geraram uma herança marcada por sérios problemas estruturais, econômicos. As concentrações de terras e a hegemonia da elite no poder foram alguns dos fatores da elevada desigualdade social.

Apesar das adversidades a partir dos anos 1980 as principais cidades nordestinas (Salvador, Recife e Fortaleza) e outras microrregiões conseguiram se elevar economicamente, destacando os setores do turismo, indústria e agricultura de precisão.

Recentemente algumas áreas do Brasil tiveram acesso a investimentos por parte do Governo Federal e capital estrangeiro, os recursos arrecadados serviram para melhorar os serviços sociais e infraestrutura de transportes e comunicação, permitindo que o desenvolvimento alcançasse áreas do Nordeste e Amazônia isoladas, dessa forma atingiram prosperidade. Em suma, à medida que novas áreas se inserem no contexto da economia nacional e mundial, as fronteiras das áreas econômicas regionais são reformuladas.

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293Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

1. [Soldado - BM/RS 2009 (AOCP]

Em relação à economia do Rio Grande do sul, assinale a alternativa correta.

(A) É baseada apenas na produção de grãos e de seus derivados industriais. (B) É baseada especificamente na produção de carne e de seus derivados industriais. (C) É baseada na agropecuária e em indústrias em áreas como couro, calçados, mas também metalúrgica e química. (D) É baseada na agropecuária e em indústrias em áreas como couro e calçados apenas. (E) É baseada na agropecuária e não há indústrias.

2. [Soldado - BM/RS 2009 (AOCP]

Em relação à cultura do Rio Grande do Sul, assinale a alternativa correta. As origens de seu povo

(A) são basicamente indígena, espanhola, alemã e italiana. (B) são basicamente russa, espanhola, alemã e suíça, entre outras. (C) são basicamente portuguesa, espanhola, russa e alemã. (D) são basicamente portuguesa, indígena, alemã e italiana, entre outras. (E) são basicamente portuguesa, espanhola, paulista e paranaense.

3. [Soldado - BM/RS 2009 (AOCP]

Assinale a alternativa INCORRETA. O Rio Grande do Sul

(A) apresenta o maior PIB do sul do Brasil. (B) encontra-se, atualmente, entre os 5 maiores PIBs brasileiros. (C) encontra-se, atualmente, entre os 6 estados mais populosos do Brasil. (D) encontra-se, atualmente, entre os 10 melhores estados em Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. (E) encontra-se, atualmente, entre os 2 maiores PIBs brasileiros.

4. [Soldado - BM/RS 2009 (AOCP]

Assinale a alternativa correta.

(A) O Rio Grande do Sul é um Estado com muita expressão no país. Já tivemos gaúchos na presidência da República de tal importância que chega-se a organizar a História da República por conta de um nome natural deste Estado.

(B) O Rio Grande do Sul é um Estado com muita expressão no país. No entanto, nunca houve um gaúcho ocupando a presidência da República. Embora a própria História da República seja marcada por nomes intimamente ligados a este Estado.

(C) O Rio Grande do Sul é um Estado com pouca expressão no país. Embora alguns gaúchos tenham chegado à chefia do Estado, nenhum deles teve proeminência.

(D) O Rio Grande do Sul é um Estado com muita expressão no país. O Estado destaca-se principalmente pelo carisma de seus líderes em todos os tempos do Brasil, desde o Império até a República, todos os líderes gaúchos, em nível nacional, estiveram sempre ligados à democracia civil.

(E) O Rio Grande do Sul é um Estado com muita expressão no país. O Estado destaca-se especialmente por ser agrário e esportivo. Os índices de população rural do Estado são os maiores do país e não há iniciativas de desenvolvimento tecnológico.

5. [Soldado - BM/RS 2009 (AOCP]

Assinale a alternativa correta.

(A) No Brasil, as diferentes etnias originais misturaram-se. Assim, desde a chegada dos portugueses até hoje, o país segue a formação de uma sociedade não miscigenada.

(B) No Brasil, as diferentes etnias originais misturaram-se. Assim, desde a chegada dos portugueses até hoje, o país segue a formação de uma sociedade miscigenada.

(C) O Brasil é um dos poucos países do mundo, de seu porte, onde não ocorreu miscigenação na formação de sua população. Assim, mesmo com mais de 500 anos de história, ainda podem-se encontrar etnias bem definidas por todo o país.

(D) O Brasil é um dos poucos países do mundo, de seu porte, onde não ocorreu miscigenação na formação de sua população. Assim, mesmo com mais de 300 anos de história, ainda podem-se encontrar etnias bem definidas especialmente nos Estados do centro-oeste do país.

(E) O Brasil é o único país do mundo, de seu porte, onde não ocorreu miscigenação na formação de sua população. Assim, mesmo com mais de 700 anos de história, ainda podem-se encontrar etnias bem definidas especialmente nos estados do sul do país.

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294Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

6. [Soldado - BM/RS 2009 (AOCP] Assinale a alternativa INCORRETA.

(A) A economia do Brasil mudou muito no século XX. (B) A economia do Brasil não é apenas agrária. (C) A economia do Brasil cresceu fortemente durante todo o século XX. (D) A economia do Brasil ganhou centros urbanos durante o século XX. (E) A economia brasileira tem uma distribuição de renda desigual.

7. [Soldado - BM/RS 2009 (AOCP]

Assinale a alternativa que apresenta considerações verdadeiras a respeito da cultura brasileira.

(A) O Rádio chegou no país no início do século XIX e iniciou uma transformação na vida cultural do país. (B) Durante todo o século XIX, o Brasil teve compositores e pintores muito importantes. No século XX, nenhum músico ou

artista plástico obteve o mesmo alcance. (C) Durante todo o século XVIII, o Brasil teve compositores e pintores muito importantes. No século XIX, nenhum músico ou

artista plástico obteve o mesmo alcance. (D) O Rádio chegou no Brasil no início do século XX e iniciou uma transformação na vida cultural do país. (E) O Rádio chegou no Brasil no início do século XXI e iniciou uma transformação na vida cultural do país.

8. [Soldado - BM/RS 2009 (AOCP]

Em relação à História do Brasil, assinale a alternativa correta.

(A) O país teve apenas duas formas de governo: imperial e republicana. (B) O país passou por diversos períodos marcados por diferentes modos de governo. Em ordem cronológica, são eles: os

estados imperial, republicano e socialista. (C) O país passou por diversos períodos marcados por diferentes modos de governo. Em ordem cronológica, são eles:

os estados republicano, colonial e imperial. (D) O país passou por diversos períodos marcados por diferentes modos de governo. Em ordem cronológica, são eles:

os estados imperial, colonial e republicano. (E) O país passou por diversos períodos marcados por diferentes modos de governo. Em ordem cronológica, são eles: os

estados colonial, imperial e republicano. 9. [Soldado - BM/RS 2009 (AOCP]

Em relação à História do Rio Grande do Sul, assinale a alternativa correta.

(A) No século XVIII, esse Estado foi alvo de disputas entre lusitanos e espanhóis. (B) No século XVI, esse Estado foi alvo de disputas entre portugueses e espanhóis. (C) No século XVIII, esse Estado foi alvo de disputas entre portugueses e holandeses. (D) No século XVIII, esse Estado foi alvo de disputas entre franceses e espanhóis. (E) No século XV, esse Estado foi alvo de disputas entre portugueses e espanhóis.

10. [Soldado - BM/RS 2009 (AOCP]

Em relação à Geografia do Rio Grande do Sul, assinale a alternativa INCORRETA.

(A) O clima do Estado é bastante variado. Há regiões muito frias, mas também há regiões quentes. (B) O relevo gaúcho é pouco variado, não há montanhas ou depressões. Basicamente, há enormes planícies chamadas

pampas. (C) Por sua localização no atlântico-sul, o Estado é muito atingido por ventos fortes e tornados. (D) A Planície Costeira do Estado é uma faixa arenosa com mais de 600 km. (E) A hidrografia do Estado, em algumas regiões, está intimamente ligada à economia.

11. [Soldado BM/RS 2002]

A maior parte da província rio-grandense não tinha sofrido diretamente as consequências da guerra farroupilha, mesmo assim os estragos foram grandes onde a luta foi mais sentida, como no caso da atividade charqueadora, base da economia gaúcha daqueles tempos. Sobre esse aspecto, pode-se dizer que

I. as charqueadas estavam concentradas na zona sul da província, principalmente na região de Pelotas, reduto principal da indústria saladeira da época.

II. a produção das charqueadas, no final da guerra, estava em franco declínio, em consequência da séria escassez da matéria-prima: o gado, importante fator na logística da luta. Os farroupilhas, com ele, haviam sustentado seus exércitos, mandando rebanhos para que fossem vendidos em Montevidéu, em troca recebendo armas, munições, roupas e até comida.

III. o gado encontrado no campo pelos farroupilhas, quando não podia ser apresado, era inutilizado por mutilações cruéis ou pelo morticínio para que não pudesse ser aproveitado pelos imperiais.

IV. os abates nas charqueadas, no último ano da luta, mal beiravam as 100 mil cabeças, um terço do que era abatido em anos normais.

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295Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Quais afirmações estão corretas?

(A) Apenas I e II (B) Apenas I e III (C) Apenas II e III (D) Apenas III e IV (E) I, II, III e IV

12. [Soldado - Bombeiro PM/MG 2008]

A respeito da sociedade colonial brasileira, durante o auge da atividade açucareira, é CORRETO afirmar que:

(A) A população se concentrava, principalmente, na região interiorana do Brasil. (B) Os mais pobres apresentavam uma significativa mobilidade social. (C) O trabalho era predominantemente realizado pela mão-de-obra compulsória do indígena. (D) Eram comuns as relações verticalizadas de compadrio entre senhores de engenho e homens livres menos abastados.

13. [Soldado - Bombeiro PM/MG 2008]

Fazem parte do processo de emancipação política do Brasil, EXCETO:

(A) As transformações ocorridas no Brasil relacionadas à transferência da coroa portuguesa a partir do primeiro decênio do século XIX.

(B) As pressões exercidas sobre o Brasil pelas forças políticas liberais lusitanas após a Revolução Constitucional do Porto.

(C) A participação ampla e intensa da sociedade nos debates e práticas emancipatórias. (D) O apoio da Inglaterra visando a maior interferência econômica sobre o Brasil.

14. [Soldado - Bombeiro PM/MG 2008]

Podem ser apontadas como características da República Velha (1889-1930):

(A) Predominância do poder político das classes médias e dos militares de alta patente da marinha. (B) Voto secreto e poder executivo federal forte. (C) Emergência de conflitos sociais apenas nas regiões urbanas do país. (D) Forte mandonismo local, marcado pela prática do “voto de cabresto”.

15. [Soldado - Bombeiro PM/MG 2008]

Sobre o período da ditadura militar no Brasil (1964-1985), pode-se dizer que:

(A) Aprofundou a desigualdade social através de instrumentos político-econômicos como o arrocho salarial. (B) Foram utilizados diversos estratagemas publicitários para exaltar os valores cívicos e desenvolver o pensamento

crítico-social. (C) Foi um fenômeno político restrito ao Brasil, nada correlato a outros países. (D) Ocorreu um desenvolvimento econômico constante, em função do milagre econômico brasileiro.

16. [Vestibular UFRGS 2008]

Considere as seguintes afirmações sobre o processo histórico da Guerra dos Farrapos.

I. A oposição de estancieiros e charqueadores ao império foi motivada pela elevada tributação do charque gaúcho e da importação de sal, que beneficiava a importação do charque platino.

II. O poderio militar dos farroupilhas, sustentado pelos armamentos provenientes dos Estados Unidos, foi demonstrado ao império nos combates de Fanfa, Batovi e Porongos.

III. A Paz de Poncho Verde, em 1845, permitiu ao Império o apoio militar da Província e o uso de seu território como base de operações para enfrentar os conflitos com o Prata que se avizinhavam.

Quais estão corretas?

(A) Apenas I. (B) Apenas I e II. (C) Apenas I e III. (D) Apenas II e III. (E) I, II e III.

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296Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

17. [PUC 2003]

A área destacada no mapa refere-se às ondulações mais baixas, chamadas de coxilhas. A vegetação predominante são os campos limpos, sendo que em áreas mais úmidas encontramos os campos sujos. Aqui ocorre um processo de arenização. Estamos falando

(A) do Planalto Sul-Rio-Grandense. (B) da Depressão Periférica. (D) do Planalto Norte-Uruguaio. (C) da Planície Costeira. (E) da Cuesta do Haedo.

18. [PUC 2003]

O rio destacado com o número 1 no mapa anterior é o ________, e o local de sua foz é ________.

(A) Ibicuí - a Laguna dos Patos (B) Caí - a Lagoa da Mangueira (C) Jacuí - o Lago Guaíba (D) Taquari - a Lagoa Mirim (E) Gravataí - a Lagoa Itapeva

19. [Soldado - BM RS 2002] Analisando a área do litoral gaúcho, de norte a sul, é correto afirmar que

(A) apresenta uma economia semelhante à do litoral nordestino, caracterizada pelo desenvolvimento do turismo e o cultivo de cana-de-açúcar.

(B) nela se encontra a Planície Costeira, de formação geológica recente, com a presença de restingas ao sul e falésias no extremo norte.

(C) está encoberta, em grande parte, por Mata Atlântica, idêntica à existente no Nordeste, graças aos verões secos e aos invernos chuvosos.

(D) observa-se um aumento da concentração humana diretamente proporcional ao aumento da latitude. (E) cultiva-se o soja no inverno, graças à maritimidade, que favorece temperaturas mais altas do que a registrada nas

áreas de planalto. 20. [Soldado - PM/PR 2005]

As áreas numeradas no mapa da questão 18 (1, 2 e 3) correspondem, respectivamente, à produção de

(A) café, soja, algodão. (B) pecuária, fumo, uva. (C) algodão, café, trigo. (D) trigo, soja, algodão. (E) café, uva, pecuária.

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297Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

21. [PUC 2007] A Amazônia tem sofrido agressões ambientais incontestáveis, desde desmatamentos para a produção de madeiras até uma quase incontrolável biopirataria. Embora seja necessário promover o desenvolvimento, também é preciso distribuir as riquezas de forma justa e conservar o patrimônio para as gerações seguintes. Para isso, o caminho mais recomendado tem sido o planejamento regional com investimento em políticas públicas qualificadas, o qual deverá considerar, sobretudo,

(A) a criação de novas zonas francas, como a de Manaus. (B) o incentivo para as políticas agroindustriais facilitadoras do ingresso de grupos estrangeiros com capital próprio e

portadores de tecnologia moderna. (C) o ecoturismo de massa nas áreas de fácil acesso. (D) a criação de novas fronteiras agrícolas. (E) o desenvolvimento sustentável, com a participação das comunidades locais.

22. [Agente de Portaria e Comunicação - TJ/SC 2005]

Quanto aos impactos ambientais causados pelo desmatamento todas as alternativas estão corretas, EXCETO:

(A) Erosão dos solos (B) Aquecimento da Terra (C) Redução da fertilidade do solo (D) Aumento da biodiversidade

23. [Agente de Portaria e Comunicação - TJ/SC 2002]

Quanto à Região Sul do Brasil, assinale a opção incorreta:

(A) É a região menos subdividida em unidades - é composta por três estados: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

(B) É a menor das cinco macrorregiões. Ocupa 6,8% do território nacional. (C) É a mais importante macrorregião brasileira, con-centrando 42% da população e participando com mais de 75%

da renda nacional. (D) A economia industrial da Região Sul, assim como a agropecuária, desenvolve-se com a utilização de tecnologias

avançadas e aplicação de grande volume de capital, refletindo em um padrão social mais elevado e tornando o Sul uma das regiões mais desenvolvidas do país.

24. [Soldado - BM RS 2002]

De uns tempos para cá, acostumou-se a falar do Rio Grande do Sul como um estado partido em duas metades: uma ao sul e outra ao norte. Diz-se, também, que a metade norte caracteriza-se pela prosperidade econômica, enquanto o sul é caracterizado pelo baixo desenvolvimento e pela pobreza das populações. Isto, segundo se afirma, é resultado de a metade sul ser um longo domínio

(A) do latifúndio pastoril improdutivo, ou de baixa produtividade, apoiado em estruturas sociopolíticas arcaicas. (B) da pecuária intensiva e da monocultura de minifúndios, voltadas para os mercados externos. (C) de zona ainda coberta pela Mata Atlântica que possibilita a coleta e o extrativismo vegetal em grande volume. (D) da pequena e da média propriedades em mãos de imigrantes, dedicadas às policulturas e à criação de animais de

reduzido porte. (E) de uma mentalidade capitalista interiorana, voltada para agrobusiness de compensadores resultados.

25. [UCS]

A vegetação das pradarias, típica de climas temperados, ainda cobre parte do território do Rio Grande do Sul e é necessária em uma atividade econômica de grande importância em nosso estado. Essa vegetação é característica da região chamada:

(A) planalto (B) depressão central (C) campanha gaúcha (D) litoral norte (E) serra geral

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298Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

26. [PUC] Responder à questão com base no quadro abaixo, referente a áreas geográficas gaúchas, relacionando-as à economia, localização e centro comercial. Pela análise do quadro, conclui-se que a relação correta entre os dados está na alternativa

(A) I, II e III (B) I, II e V (C) I, III e IV (D) II e IV (E) IV e V

27. [Polícia Civil/RS]

O crescimento industrial há muito tempo deixou de significar geração de empregos no Brasil. Essa realidade deve-se a muitos fatores que caracterizam a sociedade atual. A alternativa que apresenta um desses fatores é:

(A) A força de trabalho está coerente com o novo paradigma tecnológico exigido, porém é excedente. (B) Os trabalhadores estão pouco preparados para tarefas específicas, sendo que a indústria necessita de pessoas

ágeis, que evitem mudanças frequentes nas funções fabris. (C) A indústria tardia se automatizou lentamente, não conseguindo absorver o trabalhador rural, vítima da

desorganização agrária. (D) A exigência de mão-de-obra criativa, técnica, organizada, com grande capacidade de aprendizado, não condiz

com a realidade do sistema educacional brasileiro. (E) A indústria de bens de consumo não-duráveis exige mão-de-obra altamente qualificada, o que encarece os preços

finais dos produtos. 28. [PUC]

A área em negrito no mapa corresponde

(A) ao cinturão carbonífero. (B) à produção de fumo. (C) aos espaços de concentração industrial. (D) à exploração de minério de ferro. (E) à produção do soja.

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299Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

29. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)] Os sete povos das Missões, fundados pelos jesuítas, originaram as seguintes cidades gaúchas: ,

(A) São Sepé e Santo Antônio da Patrulha. (B) São Miguel das Missões e São Francisco de Paula. (C) São Luís Gonzaga e Santo Ângelo. (D) São Francisco de Assis e São Borja. (E) Santana do Livramento e Bom Jesus.

30. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)]

Analise as afirmações abaixo sobre as migrações no Brasil.

I. Os migrantes gaúchos provocaram transformações relevantes no espaço rural do interior do Brasil na segunda metade do século XX.

II. Os gaúchos levaram consigo para outros estados uma nova dinâmica econômica, por meio da moderna indústria, associada à produção de soja.

III. A migração dos gaúchos caracterizou-se pela implantação de um modo de vida cultural e político, além de econômico.

IV. Os migrantes gaúchos oriundos das áreas de campos instalaram-se em grandes propriedades onde implantaram a criação de gado bovino.

Quais estão corretas?

(A) Apenas a I e a IV. (B) Apenas a II e a III. (C) Apenas a III e a IV. (D) Apenas a I, a II e a III. (E) Apenas a I, a II e a IV.

31. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)]

Analise as afirmações abaixo sobre a urbanização do Brasil no Período Colonial.

I. As maiores cidades formaram-se no litoral e nos seus arredores, como resultado da dependência do exterior. II. O crescimento das cidades ocorreu de forma igualitária no território do Brasil, como consequência do planejamento

da metrópole. III. A organização da urbanização nesse período reflete os propósitos da colonização. IV. As cidades planejadas, como Belo Horizonte, Goiânia e Aracaju, foram implantadas no período anterior à

Proclamação da República.

Quais estão corretas?

(A) Apenas a I e a III. (B) Apenas a I e a IV. (C) Apenas a II e a IV. (D) Apenas a I, a II e a III. (E) Apenas a II, a III e a IV.

32. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)]

O confinamento espacial, em distintos momentos históricos, tem sido a forma encontrada, ao longo do tempo, para lidar com questões de difíceis soluções nos diferentes territórios. NÃO são exemplos desse contexto no território brasileiro somente os

(A) leprosos e os leprosários. (B) servos e os quilombos (C) criminosos e os presídios (D) escravos e as senzalas (E) doentes mentais e os hospícios

33. [Inspetor – PC/RS 2010 (FDRH)]

Sobre a distribuição de sesmarias no Rio Grande do Sul, na terceira década do século XVIII, analise as afirmações abaixo.

I. A Coroa portuguesa distribuiu terras aos tropeiros, que se sedentarizaram, e aos militares, que se afazendaram. II. As sesmarias distribuídas entre os militares foram concedidas como retribuição aos serviços prestados. III. As sesmarias constituíram-se em estâncias com criação extensiva do rebanho e utilizaram peões como mão de obra

assalariada. IV. A mão de obra escrava não foi utilizada no desenvolvimento da atividade econômica nas propriedades que se

formaram nas sesmarias.

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300Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

Quais estão corretas?

(A) Apenas a I e a II. (B) Apenas a II e a III. (C) Apenas a III e a IV. (D) Apenas a I, a III e a IV. (E) Apenas a I, a II e a IV.

34. [Inspetor – PC/RS 2010 (FDRH)]

Os Sete Povos das Missões, fundados pelos jesuítas a partir de 1682, tinham como atividades econômicas básicas

(A) o ensino religioso e a fiação e tecelagem. (B) a agricultura de subsistência e a arte da escultura. (C) a extração mineral e a prática da música. (D) a criação de gado e a produção de erva-mate. (E) a extração da madeira e a metalurgia

35. [Inspetor – PC/RS 2010 (FDRH)]

Com relação à organização territorial brasileira, apontam-se distintos momentos relevantes e suas decorrências. Considere as afirmações abaixo a respeito desses momentos

I. O primeiro momento, da colonização até a Segunda Guerra Mundial, caracterizou-se por uma economia fragmentada, constituindo ilhas de povoamento.

II. O segundo momento, a partir da Segunda Guerra Mundial até os anos 70, caracterizou-se por uma economia cuja dinâmica ainda estava sustentada no setor primário, embora a industrialização fosse presente.

III. O terceiro momento, dos anos 70 até hoje, caracterizou-se pela supremacia da informação e dos serviços resultantes do processo de globalização.

IV. Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília apresentaram, ao longo do tempo, uma condição de centralidade que se reduziu em razão de as tomadas de decisão no mundo globalizado, muitas vezes, estarem fora de suas competências territoriais, reduzindo as margens de escolha.

Quais estão corretas?

(A) Apenas a I e a II. (B) Apenas a II e a IV. (C) Apenas a I, a II e a III. (D) Apenas a I, a III e a IV. (E) A I, a II, a III e a IV.

36. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)]

A disputa entre estados e municípios pela presença de empresas, em razão da sua busca de lugares para se instalarem lucrativamente, é considerada, sobretudo, em seus aspectos

(A) locacionais (B) produtivos (C) físicos (D) climáticos (E) fiscais

37. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)]

Analise as afirmações abaixo sobre as migrações no Brasil.

I. Os migrantes gaúchos provocaram transformações relevantes no espaço rural do interior do Brasil na segunda metade do século XX.

II. Os gaúchos levaram consigo para outros estados uma nova dinâmica econômica, por meio da moderna indústria, associada à produção de soja.

III. A migração dos gaúchos caracterizou-se pela implantação de um modo de vida cultural e político, além de econômico.

IV. Os migrantes gaúchos oriundos das áreas de campos instalaram-se em grandes propriedades onde implantaram a criação de gado bovino.

Quais estão corretas?

(A) Apenas a I e a IV. (B) Apenas a II e a III. (C) Apenas a III e a IV. (D) Apenas a I, a II e a III. (E) Apenas a I, a II e a IV.

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301Conhecimentos Gerais | PC-RS 2013

38. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)] Analise as afirmações abaixo sobre a urbanização do Brasil no Período Colonial.

I. As maiores cidades formaram-se no litoral e nos seus arredores, como resultado da dependência do exterior. II. O crescimento das cidades ocorreu de forma igualitária no território do Brasil, como consequência do

planejamento da metrópole. III. A organização da urbanização nesse período reflete os propósitos da colonização. IV. As cidades planejadas, como Belo Horizonte, Goiânia e Aracaju, foram implantadas no período anterior à

Proclamação da República.

Quais estão corretas?

(A) Apenas a I e a III. (B) Apenas a I e a IV. (C) Apenas a II e a IV. (D) Apenas a I, a II e a III. (E) Apenas a II, a III e a IV.

39. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)]

“O território é revelador de diferenças, às vezes agudas, de condições de vida da população.” (SANTOS e SILVEIRA, 2004) Considerando esse contexto e as ideias dos autores, analise as afirmativas abaixo e assinale a INCORRETA.

(A) A expansão do meio técnico-cientifico-informacional, aliada à industrialização e à mecanização da agricultura, foi responsável pelo aumento das demandas de energia do País como um todo.

(B) Dentre os objetos técnicos, a geladeira só se tornou uma presença significativa nos lares do nordeste brasileiro, em áreas urbanas e rurais, nos anos 90, quando atinge percentuais acima de 60%.

(C) A partir dos anos 90, a atividade turística contribuiu, particularmente, para as diferenciações territoriais, sendo um de seus exemplos as cadeias hoteleiras globais que, estimuladas pelo ambientalismo, vêm implantando grandes estruturas na região Norte do Brasil.

(D) Apesar da disseminação da televisão e da internet, o radio é, ainda hoje, o objeto técnico mais presente nos lares brasileiros, em especial na região Sul do Brasil, tanto nas áreas urbanas como rurais.

(E) A presença de sulistas na região Centro-Oeste do Brasil a partir dos anos 70 disseminou não só a modernização tecnológica, como também a ideia de uma pretensa superioridade sulista.

40. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)]

Analise as afirmativas abaixo.

1. A disseminação da ciência e das inovações tecnológicas gerou, no território brasileiro, um conjunto de mudanças, ampliando o volume dos fixos e dos fluxos.

2. A complexidade da organização territorial hoje, nas áreas agrícolas, é também resultante das ações realizadas a partir da década de 60, com a criação de programas, órgãos e regulamentações legais.

Acerca dessas asserções, é correto afirmar que

(A) as duas são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa adequada da primeira. (B) as duas são proposições verdadeiras, e a segunda não pe uma justificativa adequada da primeira. (C) a primeira é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. (D) a primeira é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. (E) as duas são proposições falsas.

41. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)]

O confinamento espacial, em distintos momentos históricos, tem sido a forma encontrada, ao longo do tempo, para lidar com questões de difíceis soluções nos diferentes territórios. NÃO são exemplos desse contexto no território brasileiro somente os

(A) leprosos e os leprosários. (B) servos e os quilombos (C) criminosos e os presídios (D) escravos e as senzalas (E) doentes mentais e os hospícios

42. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)]

Ao se analisar Porto Alegre, é possível discutir a qualidade do ar e, consequentemente, a qualidade de vida de sua população. (VERDUM et al, 2004) Pode-se apontar como principal responsável pela poluição atmosférica em Porto Alegre,

(A) as queimadas na zona sul do município (B) as atividades industriais no município (C) a inversão térmica

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(D) o desmatamento nas áreas de ocupação irregular (E) os veículos automotores

43. [Escrivão – PC/RS 2010 (FDRH)] Analise as afirmações abaixo relativas ao transporte aéreo no Brasil.

I. A primazia de São Paulo, no contexto aéreo brasileiro, resultou da consolidação do seu comando econômico no território nacional.

II. O forte fluxo aéreo no estado de São Paulo é resultado dos deslocamentos para outras cidades, como São José dos Campos, Campinas e Ribeirão Preto, as quais se constituem em polos científicos e tecnológicos.

III. Na região Norte do Brasil, apesar de ter ocorrido, nas últimas décadas, o aumento do transporte de passageiros e cargas, este está centrado nas capitais dos estados.

IV. O Centro-Oeste corresponde à região do Brasil onde a aviação agrícola apresenta o maior número de empresas aéreas, pois essa região possui uma extensa área agrícola.

Quais estão corretas?

(A) Apenas a I e a II. (B) Apenas a III e a IV. (C) Apenas a I, a II e a III. (D) Apenas a I, a III e a IV. (E) Apenas a II, a III e a IV.

44. [Inspetor – PC/RS 2010 (FDRH)]

Com relação à organização territorial brasileira, apontam-se distintos momentos relevantes e suas decorrências. Considere as afirmações abaixo a respeito desses momentos

I. O primeiro momento, da colonização até a Segunda Guerra Mundial, caracterizou-se por uma economia fragmentada, constituindo ilhas de povoamento.

II. O segundo momento, a partir da Segunda Guerra Mundial até os anos 70, caracterizou-se por uma economia cuja dinâmica ainda estava sustentada no setor primário, embora a industrialização fosse presente.

III. O terceiro momento, dos anos 70 até hoje, caracterizou-se pela supremacia da informação e dos serviços resultantes do processo de globalização.

IV. Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília apresentaram, ao longo do tempo, uma condição de centralidade que se reduziu em razão de as tomadas de decisão no mundo globalizado, muitas vezes, estarem fora de suas competências territoriais, reduzindo as margens de escolha.

Quais estão corretas?

(A) Apenas a I e a II. (B) Apenas a II e a IV. (C) Apenas a I, a II e a III. (D) Apenas a I, a III e a IV. (E) A I, a II, a III e a IV.

45. [Inspetor – PC/RS 2010]

Os brasileiros que migraram, na década de 80 do século XX, para o Paraguai, em busca de terras para a realização da prática agrícola, e que hoje se sentem ameaçados pelas reivindicações dos camponeses paraguaios, na luta pela posse da terra, são denominados

(A) brasilianos. (B) missioneiros. (C) caiçaras. (D) transumantes. (E) brasiguaios.

46. [Inspetor – PC/RS 2010 (FDRH)]

“Em dias de bom tempo, áreas como o centro de Porto Alegre, cobertas por edifícios elevados, armazenam quantidades maiores de calor do que os bairros com prédios mais baixos e casas intercaladas por pequenos jardins e praças.” (VERDUM e outros, 2004). Esse fenômeno é denominado de

(A) inversão térmica (B) ilha de calor (C) efeito estufa (D) chuva ácida (E) pressão atmosférica

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47. [Inspetor – PC/RS 2010] Milton Santos propõe uma divisão regional do Brasil baseada na difusão diferencial do meio técnico-científico e informacional e nas heranças do passado. Assinale, dentre as alternativas abaixo, a que representa a divisão regional por Milton Santos.

(A) Complexos: Amazônico, do Nordeste e do Centro-Sul. (B) Regiões: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste. (C) Regiões: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste (D) Regiões: a Região Concentrada, o Brasil do Nordeste, o Centro-Oeste e a Amazônia. (E) Regiões: Amazônica, da Caatinga, dos Mares de Morros, das Pradarias e do Cerrado.

48. [Inspetor – PC/RS 2010]

Analise as afirmativas abaixo.

1. O rápido desenvolvimento das comunicações e das telecomunicações contribuiu para a reorganização das atividades econômicas em escala mundial, separando as bases materiais e unificando os comandos.

2. A implantação das redes de comunicação foi uma demanda das grandes empresas, que exigiam uma comunicação em tempo real, e não das estruturas governamentais, pois essa modernização excluiu a maioria da população.

Acerca dessas asserções, é correto afirmar que

(A) as duas são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa adequada da primeira. (B) as duas são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa adequada da primeira. (C) a primeira é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. (D) a primeira é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. (E) as duas são proposições falsas.

49. [Inspetor – PC/RS 2010]

A cidade, inicialmente construída como espaço de proteção intramuros, hoje está mais associada a situações de perigo. De acordo com Bauman (1999), “os medos urbanos (...) concentram-se no inimigo interior”. Com base nessa assertiva, é INCORRETO afirmar que

(A) os muros hoje, ao contrário do passado, cortam o interior das cidades, constituindo espaços de isolamento. (B) os espaços públicos são privilegiados, na medida em que favorecem o encontro, reduzindo a sensação de

insegurança. (C) os planificadores das cidades, atualmente, devem levar em consideração que a organização da cidade não pode

estar apoiada somente na estética e na ordem predeterminada. (D) as cidades, historicamente, organizaram-se direcionando para fora de sua paisagem todas as pessoas que não se

enquadravam no modelo proposto, como os doentes e os delinquentes. (E) o enfrentamento entre a diversidade humana e a aparente homogeneidade socioespacial favorece o temor em

relação ao outro, ao desconhecido. 50. [Inspetor – PC/RS 2010]

“As metrópoles são lugares de concentração, lugares complexos, manifestações particulares do fenômeno urbano”. Sobre o tema metrópoles no Brasil, estão corretas as afirmativas abaixo, EXCETO uma delas. Assinale-a.

(A) A diversidade de funções desenvolvidas pelas metrópoles gera a disseminação financeira e cultura, consolidando hábitos e lugares.

(B) As metrópoles contêm os subespaços de pobreza, presentes também nos seus centros e não só nas periferias. (C) A presença diferenciada dos equipamentos técnicos nas metrópoles reforça a economia hegemônica da sociedade,

acentuando um complexo conjunto de relações complementares. (D) As metrópoles brasileiras, em geral, caracterizam-se por políticas públicas que viam na arquitetura e no urbanismo

a possibilidade de alteração dos contextos sociais. (E) A organização espacial das metrópoles é caracterizada por uma segmentação socioespacial, na qual a população

excluída impõe-se no território.

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