apostila complementar de fundamentos juridicos da atividade policial

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 POLÍCIA MILITA DO ESTADO DE SERGIPE FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA ATIVIDADE POLICIAL  ADILSON DO ESPÍRITO SANTO LIMA Tenente da Polícia Militar de Sergipe - Bacharel em Segurança Pública. Bacharel em Direito. Pós graduando em Direito Penal e Processo Penal. Julho de 2014

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  • POLCIA MILITA DO ESTADO DE SERGIPE

    FUNDAMENTOS JURDICOS DA ATIVIDADE POLICIAL

    ADILSON DO ESPRITO SANTO LIMA

    Tenente da Polcia Militar de Sergipe - Bacharel em Segurana Pblica. Bacharel em Direito. Ps graduando em Direito

    Penal e Processo Penal.

    Julho de 2014

  • UNIDADE I

    1. NORMAS CONSTITUCIONAIS

    1.1 CONCEITO DE POLCIA MILITAR

    a Instituio Pblica, organizada com base na hierarquia e

    disciplina, incumbida da preservao da ordem pblica e da polcia ostensiva,

    nos respectivos Estados, Territrios e no Distrito Federal.

    A palavra polcia encontra-se ligada ao vocbulo poltica, pois

    ambas vm do grego plis(= cidade, estado), e indicou entre os antigos

    helnicos a constituio do estado, o bom ordenamento.

    O exerccio da atividade policial funo to antiga que se perde

    na noite dos tempos. Nos seus primrdios, a polcia confundia-se com a

    magistratura estatal, tanto que seus juzes eram investidos de poderes de

    capito, e seus capites, antes de sua integrao pelo prprio Estado,

    investidos de poderes de juiz, numa certa quadra da evoluo da Histria

    Universal ambos, juzes e capites prendiam e julgavam, sendo certo, porm,

    que a manuteno do condenado em calabouo dependia, sempre do capricho,

    ou da vontade imperial, de prncipes e de reis, supostos depositrios divinos de

    ilimitados poderes de vida e de morte sobre seus sditos.

    A Polcia Militar possui suas origens na Guarda Real, tendo

    inclusive incorporado a sua esttica militar, fundamentada na hierarquia e

    disciplina. Como instituio passou por toda uma evoluo, mas sempre

    mantendo a sua importncia na preservao da ordem pblica, essencial para

    a existncia do estado e dos direitos e garantias fundamentais do cidado.

  • 1.2 A POLCIA MILITAR E A CONSTITUIO

    A Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1967, em seu

    artigo 13, pargrafo 4, institua o seguinte:

    4 - As polcias militares, institudas para a manuteno da

    ordem e segurana interna nos Estados, nos Territrios e no Distrito Federal, e

    os corpos de bombeiros militares so considerados foras auxiliares, reserva

    do Exrcito. (Brasil, Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1967,

    art. 13)

    A Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, no

    Ttulo V, Da Defesa do Estado e Das Instituies Democrticas, Captulo III, Da

    Segurana Pblica, responsabiliza o Estado e a sociedade como um todo, alm

    de distinguir cinco rgos policiais responsveis pela segurana pblica em

    seu artigo 144:

    Art. 144. A segurana pblica, dever do Estado, direito e

    responsabilidade de todos, exercida para a preservao da ordem pblica e

    da incolumidade das pessoas e do patrimnio, atravs dos seguintes rgos:

    I - polcia federal;

    II - polcia rodoviria federal;

    III - polcia ferroviria federal;

    IV - polcias civis;

    V - polcias militares e corpos de bombeiros militares. (Brasil, Constituio da

    Repblica Federativa do Brasil, 2011) (grifo nosso)

    Depreende-se da referida norma constitucional que a Polcia

    Militar, apontada no caput do art. 144, inciso V, um dos rgos responsveis

    pela segurana pblica, juntamente com a Polcia Federal, Polcia Rodoviria

    Federal, Polcia Ferroviria Federal, Polcias Civis e Corpos de Bombeiros

    Militares.

    A devida competncia da Polcia Militar definida no 5 do

    mesmo artigo:

  • [...]

    5 - s polcias militares cabem a polcia ostensiva e a

    preservao da ordem pblica; aos corpos de bombeiros militares, alm das

    atribuies definidas em lei, incumbe a execuo de atividades de defesa civil.

    (Brasil, Constituio da Repblica Federativa do Brasil, art. 144)

    Seguindo a Constituio da Repblica Federativa do Brasil, a

    Constituio do Estado de Sergipe, coloca o seguinte:

    Art. 126. A Polcia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar,

    soforas auxiliares e reserva do Exrcito, so instituiespermanentes e

    regulares organizadas com base na hierarquia edisciplina militares,

    competindo-lhes, respectivamente.

    I - planejar, dirigir, coordenar e fiscalizar, atravs de seus rgos

    prprios, dentre outras, as atividades de polcia ostensiva de segurana, de

    trnsito urbano e rodovirio;

    II - executar atividades de polcia ostensiva, relacionadas com

    apreveno criminal, preservao da ordem pblica;

    III - garantir o exerccio do poder de polcia dos rgos

    pblicos,especialmente os da rea fazendria, sanitria, de proteoambiental,

    de uso e ocupao do solo e de outras cujas atividadesinteressam segurana

    pblica;

    IV - atuar de maneira preventiva, como fora de dissuaso em

    locais ou reas especficas;

    V - atuar de maneira repressiva em casos de perturbao da

    ordempblica.

  • 2. LEGISLAES INTERNACIONAIS

    2.1 DECLRAO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

    No contexto atual de segurana pblica, devemos frisar que o

    policial um cidado qualificado e, quando exercendo sua funo de

    funcionrio encarregado da aplicao da lei, est em constante relacionamento

    com outros cidados, inclusive aqueles eventuais cidados infratores.

    Devemos portanto, sempre lembrar que nossa misso principal servir e

    proteger a populao, apresentando-se de forma preventiva, ostensiva e

    disposto a garantir a ordem e a paz social.

    O cidado policial militar se torna diferenciado dos demais

    cidados pela sua qualificao e misso de servir e proteger, devendo respeitar

    e defender a dignidade humana, garantindo que os direitos de todos os

    cidados sejam respeitados, sem qualquer distino. Necessrio portanto, para

    o bom desempenho de suas atribuies profissionais, cumprir e fazer cumprir a

    lei, respeitar e proteger e defender a dignidade humana, colocando-se

    verdadeiramente como um essencial PROMOTOR DOS DIREITOS

    HUMANOS.

    Pela autoridade legtima que o policial possui para usar a fora e

    arma de fogo, deve se basear nos princpios da legalidade, necessidade,

    proporcionalidade, comprometido com uma doutrina tica que garanta sua

    utilizao apenas de forma extremista e estritamente necessria para a defesa

    da sua prpria vida ou de terceiros.

    Como agente pblico encarregado pela aplicao da lei, sua

    atuao no se resume em conhecer e aplicar as normas durante os

    servios, deve garantir que todos os cidados cumpram a lei, respeitando

    a todos, na certeza que as pessoas tm direito a um tratamento digno,

    inclusive quando na condio de eventual cidado suspeito ou infrator.

    A Declarao Universal dos Direitos Humanos DUDH,

    instrumento de direitos humanos de maior importncia adotada pela

    Assemblia Geral da Organizao das Naes Unidas ONU, em 1948, deve

  • ser fundamento para suas aes profissionais. Entre seus 30 (trinta) artigos,

    todos importantes, tenha sempre em mente que:

    III Toda pessoa tem direito vida, liberdade e segurana

    pessoal.

    V Ningum ser submetido tortura, nem a tratamento ou

    castigo cruel, desumano ou degradante.

    IX Ningum ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

    X Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma

    audincia justa e pblica, independente e imparcial, para decidir seus

    direitos e deveres do fundamento de qualquer acusado criminal contra

    ele.

    XI Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito

    de ser presumida inocente, at que sua culpabilidade tenha sido provada

    de acordo com a lei, em julgamento pblico no qual lhe tenham sido

    asseguradas todas as garantias sua defesa .

    Nossa Constituio Federal, assegura aos cidados conhecerem

    a identidade do policial que efetua sua priso, portanto sempre que estiver

    atuando operacionalmente exponha sua identificao pessoal de maneira clara

    e ostensiva, use sempre sua tarjeta de identificao de forma visvel e

    esclarea seu nome e funo caso seja perguntado. Este um direito de

    qualquer cidado, portanto um direito tambm seu, enquanto membro da

    sociedade. Um policial profissional no se omite e nem teme por seus atos.

    2.2 CDIGO DE CONDUTA PARA OS ENCARREGADOS PELA

    APLICAO DA LEI

    A Assembleia Geral das Naes Unidas, no dia 17 de dezembro

    de 1979, adotou um Cdigo de Conduta para os Encarregados pela Aplicao

    da Lei CCEAL, ou seja, incluindo a ns policiais militares, estabelecendo que

    respeitar, proteger e defender os direitos humanos de todas as pessoas

    dever daqueles que desempenham poderes de polcia, recomendou aos

  • Governos que estudassem o uso do cdigo dentro do quadro da legislao

    nacional.

    Uma resoluo estabelecendo o CCEAL (n 34/169) declarou que

    a natureza e a maneira como as funes de polcia eram exercidas em defesa

    da ordem pblica, tem um impacto direto na qualidade de vida dos indivduos e

    da sociedade como um todo. A assemblia destacou a importncia das tarefas

    que os agentes policiais realizam, porm, tambm ressalta o potencial para o

    abuso do exerccio desses deveres.

    Alm de convocar todos os policiais a defender os direitos

    humanos o CCEAL, entre outras coisas, probe a tortura, determina o uso da

    fora apenas quando estritamente necessrio e exige proteo total para a

    sade das pessoas detidas.

    O CCEAL um instrumento que oferece normas que orientam os

    Governos nas questes relacionadas com direitos humanos e justia criminal.

    Esses padres de conduta no tem valor prtico se o seu contedo e

    significado no fizerem parte da convico de cadaencarregado de aplicao

    da lei atravs da educao, treinamento e acompanhamento individual.

    O CDIGO DE CONDUTA CONTEM OITO ARTIGOS DESTACANDO-SE:

    Artigo 2 No cumprimento do dever, os funcionrios

    responsveis pela aplicao da lei devem respeitar e proteger a dignidade

    humana, manter e apoiar os direitos humanos de todas as pessoas.

    Artigo 3 Os funcionrios responsveis pela aplicao da lei s

    podem empregar a fora quando estritamente necessria e na medida para o

    cumprimento do seu dever.

    Artigo 5 Nenhum funcionrio responsvel pela aplicao da lei

    podem infligir, instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outro

    tratamento ou pena cruel, desumana ou degradante, nem nenhum destes

    funcionrios podem invocar ordens superiores ou circunstanciais excepcionais,

    tais como estado de guerra ou uma ameaa de guerra, uma ameaa a

    segurana nacional, instabilidade poltica interna ou qualquer outra emergncia

    pblica, como justificao para torturas ou outros tratamentos ou penas cruis,

    desumanas ou degradantes.

  • Artigo 7 Os funcionrios responsveis pela aplicao da lei no

    devem conter qualquer ato de corrupo. Tambm se devem opor

    rigorosamente e combater todos esses atos.

    3. ATUAO POLICIAL

    A segurana pblica uma preocupao da populao, na

    maioria das vezes mais importante que o desemprego. No adianta estar

    empregado e ser assaltado na volta do trabalho, ou ser morto quando se est

    na fila da padaria da esquina, por meninos que se tornaram assaltantes, e

    procuraram dinheiro para adquirirem novas pedras de crack.

    A polcia militar uma instituio que essencial para a

    manuteno da ordem pblica, da tranquilidade, da paz social e da salubridade

    pblica, que no decorrer dos tempos tem se mostrado como a instituio

    responsvel no s pela manuteno da ordem pblica, mas tambm pelo

    cumprimento das decises administrativas e judiciais. O Estado no pode ser

    omisso no exerccio de suas funes, e a corporao policial militar por meio

    do uso legtimo da fora garantem a efetividade das decises e a integridade

    fsica e patrimonial dos cidados.

  • Deve-se, por meio de seus componentesimpor limites livre ao

    dos particulares, que esto sujeitos ao cumprimento da lei, disciplina exigida

    para a vida em sociedade.

    A presena da fora policial militar significa a preservao da

    ordem pblica, o respeito aos direitos fundamentais do cidado, que so

    essenciais para a existncia do estado democrtico de Direito. A violao

    desses princpios, o uso indevido da fora, ao lado do abuso, levam a

    responsabilidade do estado e de seus agentes (Art. 37, 6, da CF). A

    corporao policial militar deve inspirar no cidado confiana, para a efetiva

    aplicao da lei, e cumprimento das decises judiciais e administrativas.

    A fora policial no pode ser omissa no exerccio de suas

    atividades, sob pena de responsabilidade do Estado. O uso da fora para a

    manuteno ou restabelecimento da ordem deve ser legtimo, sendo que o

    abuso, ou arbitrariedade, trazem como consequncia a obrigao de indenizar

    o administrado, que dever provar o nexo de causalidade entre o fato e a

    leso.

    A Polcia militar possui competncia ampla na preservao da

    ordem pblica que engloba inclusive a competncia especfica dos demais

    rgos policiais, no caso de falncia operacional deles, a exemplo de suas

    greves e outras causas, que os tornem inoperantes ou ainda incapazes de dar

    conta de suas atribuies, pois a Polcia militar a verdadeira fora pblica da

    sociedade. Por isso as Polcias militares constituem os rgos de preservao

    da ordem pblica para todo o universo da atividade policial em tema de ordem

    pblica e, especificamente, da segurana pblica, o administrado que venha a

    sofrer uma leso decorrente das atividades desenvolvidas pela polcia militar

    estar legitimado com fundamento no Art. 37, 6, da CF, a propor uma ao

    de indenizao por danos materiais e morais perante uma das varas cveis, ou

    perante uma das varas da Fazenda Pblica, para pleitear a indenizao do

    dano suportado.

  • 3.1 PODER DE POLCIA

    O poder de polcia destina-se assegurar o bem estar geral,

    impedindo, atravs de ordens, proibies e apreenses, o exerccio anti-social

    dos direitos individuais, o uso abusivo da propriedade, ou a prtica de

    atividades prejudiciais coletividade. Expressando-se no conjunto de rgo e

    servios pblicos incumbidos de fiscalizar, controlar e deter as atividades

    individuais que se revelem contrrias higiene, sade, moralidade, ao

    sossego, ao conforto pblico e at mesmo tica urbana. Visando propiciar

    uma convivncia social mais harmoniosa, para evitar ou atenuar conflitos no

    exerccio dos direitos e atividades do individuo entre si e, ante o interesse de

    toda a populao, concebida por um conjunto de atividades de polcia que

    fazem parte dos diversos rgos da Administrao e que servem para a defesa

    dos vrios interesses especiais comuns.

    Tem como compromisso zelar pela boa conduta em face das leis

    e regulamentos administrativos em relao ao exerccio do direito de

    propriedade e de liberdade. A funo do Estado restringir o direito dos

    particulares, devendo organizar a convivncia social a partir da restrio a

    direitos e liberdades absolutas em favor do interesse geral. Todas essas

    funes so exercidas pelos seus rgos que tem a tarefa de estabelecer as

    restries e limites ao particular a partir da realizao de atividades concretas

    que observem o interesse geral.

    3.2 FUNDAMENTAO DO PODER DE POLCIA

    O poder de polcia administrativa se fundamenta no principio da

    predominncia do interesse pblico sobre o do particular, dando a

    Administrao Pblica uma posio de supremacia sobre os particulares.

    Supremacia esta, que o Estado exerce em seu territrio sobre todas as

    pessoas, bens e atividades, revelando-se nos mandamentos constitucionais e

    nas normas de ordem pblica, em favor do interesse social.

  • UNIDADE II

    1. ASPECTOS JURDICOS RELACIONADOS A ABORDAGEM

    POLICIAL

    A condio inicial para que a autoridade, concretizada pela ordem

    do policial competente, seja legal, a atuao adequada do agente. A lei deve

    estabelecer cada funo pblica com as respectivas competncias e

    atribuies de cada rgo.

    importante mencionar que o simples fato da conferncia do

    poder ao membro do rgo representante do Estado no permite que ele

    cometa atos sem o amparo legal. Cabe a ele agir conforme os princpios da

    administrao pblica, dentre eles legalidade, moralidade, eficincia,

    impessoalidade e publicidade. Somente assim as ordens da autoridade

    competente tero carter de obrigatoriedade.

    Cada policial militar um representante da Corporao na

    comunidade, logo, sua responsabilidade de agir de acordo com a lei aumenta

    cada vez mais no exerccio de sua funo.

    Quando um policial militar comete qualquer ato que

    arbitrariamente atente contra a dignidade humana, responde por sanes nas

    esferas administrativa, civil e penal. Apesar do infrator ser individualmente

    responsabilizado, toda a Corporao tem sua imagem maculada diante da

    sociedade, e isso refletir negativamente no trabalho dos outros milhares de

    companheiros.

    1.1 ABUSO DE PODER/ABUSO DE AUTORIDADE

    A Lei federal n 4.898/65 prev penas para aes de quem, no

    exerccio da atividade pblica, abusa da autoridade que lhe foi conferida.

    O policial militar como autoridade deve estar atento ao disposto

    nessa lei, pois em regra, ela criminaliza todas as condutas que desrespeitem

    os direitos da pessoa.

  • Pela citada lei, constitui abuso de autoridade qualquer conduta

    que atente contra a liberdade de locomoo, a inviolabilidade do domiclio, o

    sigilo de correspondncia, a liberdade de crena ou religio, a incolumidade

    fsica e outros direitos inerentes pessoa.

    Comete abuso de autoridade quem pratica ao ou deixa de

    tomar providncias que tire a liberdade de locomoo de algum, ou deixa de

    pr em liberdade, quem por lei a ela faa jus.

    A lei confere s autoridades pblicas um limite de competncia.

    Quem age fora desse limite legal est abusando da autoridade que lhe foi

    confiada pelo poder pblico.

    O desempenho de um bom trabalho policial perfeitamente

    compatvel com o respeito cidadania das pessoas. Por isso o policial militar

    deve tratara todos, inclusive praticantes de infrao penal, dentro dos preceitos

    do respeito pessoa.

    1.2 O CRIME DE TORTURA

    A Constituio Federal j proibia expressamente a tortura, e o

    Estatuto da Criana e Adolescente, tambm, previa pena para essa prtica,

    mas por meio da Lei federal n 9.455 de 07/04/97, a tortura passou a ser um

    crime autnomo.

    A tortura uma prtica que afronta os direitos da pessoa, pois a

    coloca numa situao degradante.

    A tortura caracterizada por qualquer ato que cause sofrimento

    fsico ou mental a algum, com a finalidade de obter informao ou confisso

    sobre algum fato, ou por mera discriminao racial ou religiosa.

    A lei tambm considera tortura qualquer conduta que cause

    intenso sofrimento fsico ou mental a algum que esteja preso, ou sobre a

    guarda ou poder do agente.

    Prev punio para quem se omite diante da tortura, quando tinha

    o dever de evit-la ou apur-la.

  • O crime de tortura inafianvel e no d direito graa ou

    anistia, e sua condenao implica na perda do cargo, funo ou emprego

    pblico e a interdio para o seu exerccio pelo dobro do prazo da pena

    aplicada.

    1.3 A LEGALIDADE DO USO DE ALGEMAS

    Smula Vinculante 11 (STF)

    S lcito o uso de algemas em casos de resistncia e de

    fundado receio de fuga ou de perigo integridade fsica prpria ou alheia, por

    parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob

    pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e

    de nulidade da priso ou do ato processual a que se refere, sem prejuzo da

    responsabilidade civil do Estado.

    III - ningum ser submetido a tortura nem a tratamento

    desumano ou degradante (CF/88)

    "O uso legtimo de algemas no arbitrrio, sendo de natureza

    excepcional, a ser adotado nos casose com as finalidades de impedir, prevenir

    ou dificultar a fuga ou reao indevida do preso, desde quehaja fundada

    suspeita ou justificado receio de que tanto venha a ocorrer, e para evitar

    agresso dopreso contra os prprios policiais, contra terceiros ou contra si

    mesmo. O emprego dessa medida temcomo balizamento jurdico necessrio os

    princpios da proporcionalidade e da razoabilidade." (HC89.429, Rel. Min.

    Crmen Lcia, julgamento em 22-8-06, DJ de 2-2-07)

  • Observemos os artigos 284 e 292 do Cdigo de Processo Penal,

    in verbis:

    Art. 284. No ser permitido o emprego de fora, salvo a

    indispensvel no caso de resistncia ou tentativa de fuga do preso.

    Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistncia

    priso em flagrante ou determinada por autoridade competente, o executor

    e as pessoas que o auxiliarem podero usar dos meios necessrios para

    defender-se ou para vencer resistncia, do que tudo se lavrar auto subscrito

    tambm por duas testemunhas. (grifamos)

    Os artigos acima no disciplinam, especificamente, o uso de

    algemas. Eles impem limites ao uso da fora pelo policial. Entretanto,

    amparam o policial em caso de resistncia ou tentativa de fuga do preso, e

    ainda, permitem o uso dos meios necessrios (no arbitrrios) para a defesa

    ou vencer a resistncia.

    O Cdigo de Processo Penal Militar em seu artigo 234, pargrafo

    1,aborda especificamente o assunto, mas no elimina todas as dvidas sobre

    o emprego de algemas. Assim dispe, ipsis litteris:

    Art. 234, pargrafo 1. O emprego de algemas deve ser

    evitado, desde que no haja perigo de fuga ou de agresso da parte do preso,

    e de modo algum ser permitido, nos presos a que se refere o art. 242.

    (grifamos)

    Vejamos o artigo 242 do Cdigo de Processo Penal Militar, in

    verbis:

    Art. 242. Sero recolhidos a quartel ou a priso especial,

    disposio da autoridade competente, quando sujeitos a priso, antes da

    condenao irrecorrvel:

    a) os ministros de Estado;

    b) os governadores ou interventores de Estado, ou Territrios,

    o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretrios e

    chefes de polcia;

  • c) os membros do Congresso Nacional, dos Conselhos da

    Unio e das Assemblias Legislativas dos Estados;

    d) os cidados inscritos no Livros de Mrito das ordens

    militares ou civis reconhecidas em lei;

    e) os magistrados;

    f) os oficiais das Foras Armadas, das Polcias e dos

    Corpos de Bombeiros, Militares, inclusive os da reserva,

    remunerada ou no, e os reformados;

    g) os oficiais da Marinha Mercante Nacional;

    h) os diplomados por faculdade ou instituto superior de

    ensino nacional;

    i) os ministros do Tribunal de Contas;

    j) os ministros de confisso religiosa. (grifo nosso)

    1.4 USO DE ARMA DE FOGO

    Art. 234 do CPPM 2 O recurso ao uso de armas s se justifica quando

    absolutamente necessrio para vencer aresistncia ou proteger a incolumidade do executor da priso ou a de auxiliar seu.

    1.5 O USO DA FORA

    O Cdigo Penal, Decreto-Lei 2.848/1940, na segunda seo deste

    captulo, aponta as excludentes de ilicitude como elementos indispensveis

    para o embasamento legal do uso da fora pelos policiais militares. Alguns

    exemplos fticos, explicitados pela doutrina, so apresentados, visando melhor

    ilustrar a temtica abordada.

    A Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988

    direciona a prioridade ao respeito integridade fsica, moral e psicolgica do

    cidado, s liberdades individuais e coletivas, sendo assim a vida como bem

    maior tutelado pelo Estado.

  • Reforam ainda a necessidade de respeitar tais direitos,

    consagrados na Constituio da Repblica Federativa do Brasil, mesmo que

    seus propsitos confrontem-se com a realidade social de violncia e barbrie

    daqueles que desconhecem qualquer regra de convivncia social.

    a) Legtima Defesa Conceito e Exemplos Fticos

    Legtima defesa uma excludente de ilicitude onde o agente

    repele injusta agresso, atual e iminente, a direito prprio ou alheio, usando os

    meios necessrios de maneira moderada.

    b) Estado de Necessidade

    Situao de perigo que ameaa direito do agente ou de terceiro,

    tem que ser atual e inevitvel, alm de ter que ser inexigvel o sacrifcio do bem

    ameaado, consideradas as circunstncias.

    O Ministrio da Justia (2006), ao tratar sobre o uso progressivo

    da fora, traz baila artigos do Cdigo de Processo Penal. Nesse salienta os

    artigos 284 e 293 que permitem o emprego da fora pelos policiais no exerccio

    profissional.

    Art. 284 No ser permitido o emprego de fora, salvo a

    indispensvel, no caso de resistncia ou tentativa de fuga de preso. [...].

    Art 293 Se o executor do mandado verificar, com segurana, que

    o ru entrou ou se encontra em alguma casa, o morador ser intimado a

    entrega-lo, vista da ordem de priso. Se no for obedecido imediatamente, o

    executor convocar duas testemunhas e, sendo dia, entrar a fora na casa,

    arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimao

    ao morador, se no for atendido, far guardar todas as sadas, tornando a casa

    incomunicvel, e logo que amanhea, arrombar as portas e efetuar a priso.

    (CDIGO DE PROCESSO PENAL, 2010).

  • Destaca-se ainda o art. 292 da mesma legislao que tambm se

    refere ao uso da fora por parte dos agentes pblicos.

    Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistncia

    priso em flagrante ou determinada por autoridade competente, o executor e

    as pessoas que o auxiliarem podero usar dos meios necessrios para

    defender-se ou para vencer a resistncia, do que tudo se lavrar auto subscrito

    tambm por duas testemunhas. (CDIGO DE PROCESSO PENAL, 2010).

    O Cdigo de Processo Penal Militar (BRASIL, 2011) tambm

    citado pela apostila do Ministrio da Justia (2006, p. 12). Os artigos 231, 232 e

    234 relacionam-se com o emprego da fora na ao policial. O artigo 234

    expressa o seguinte:

    Art 234-O emprego da fora s permitido quando indispensvel,

    no caso de desobedincia, resistncia ou tentativa de fuga. Se houver

    resistncia da parte de terceiros podero ser usados os meios necessrios

    para venc-la ou para defesa do executor e seus auxiliares, inclusive a priso

    do defensor. De tudo se lavrar auto subscrito pelo executor e por duas

    testemunhas.

    1.6 CRIME DE DESACATO

    O crime de desacato considerado, por fora da Lei N 9.099/95,

    Juizados Especiais Criminais (JECRIM), crime de menor potencial ofensivo, a

    partir da vigncia da Lei 10.259/01 que trata dos Juizados Especiais Criminais

    Federais e que alterou o entendimento dessa categoria de crimes.

    O objeto jurdico protegido no caso do crime de desacato o prestgio

    e a dignidade da Administrao Pblica, imprescindveis para o desempenho

    regular da atividade administrativa.

    Quanto ao sujeito ativo trata-se de crime comum, ou seja, qualquer um

    pode cometer esse crime. Existe discusso quanto possibilidade do

    cometimento do referido crime por outro funcionrio pblico.

  • 1.7BUSCA PESSOAL/ BUSCA EM VECULOS

    A busca pessoal e de veculos autorizada com o nascimento da

    fundada suspeita, e essa fundamentao deve ser material, real, e justificvel.

    Fsico, contextos sociais, cor, preferncias sexuais, vestes,

    tatuagens ou cicatrizes, entre outros elementos que individualizam o homem,

    no podem, de maneira alguma, servir de fundamentao para suspeita.

    Pois, diferente dessa escolha "lombrosa" de suspeio natural, o

    ponto de anlise da fundada suspeita incide na conduta humana que aponte a

    realizao de ato criminoso, ou melhor, na suspeita da realizao de algum ato

    ilcito, que pode ser exposto por denncia de terceiros, ou atravs do prprio

    policial quando, avista um volume que poderia ser uma arma, independente de

    contextualizaes externas ao indivduo. Seja qual for a suspeita, indiscutvel

    a necessidade de sua materialidade e que, utilizar-se de esteretipos

    socioeconmicos ou raciais, como filtragem tnica, no representa autorizao

    para o ato, mas sim, abuso de autoridade.

    No h que se falar em ilegalidade da busca pessoal prevista em

    lei, pois esta legitimada socialmente e possui previso legal, quando

    realizada conforme proposto pela lei, a fim de resguardar os cidados. Neste

    conflito, os direitos individuais cedem espao segurana da coletividade,

    bastando que, o policial, que o instrumento de realizao do ato de abordar,

    siga o padro legitimado pela sociedade.

    Desta maneira, justifica-se a busca pessoal, devido a sua

    regulamentao por lei e sua finalidade de promover a segurana dos

    cidados, desde que seja realizada respeitando os princpios que orientam o

    ordenamento jurdico, entendendo a limitao e o controle da busca pessoal

    consoante sua existncia em um contexto de leis que prezam, primeiramente,

    pela pessoa humana.

    Tal procedimento previsto pelo artigo 244 do Cdigo de

    Processo Penal (CPP).

  • Art. 244 - A busca pessoal independer de mandado, no caso de

    priso ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de

    arma proibida ou de objetos ou papis que constituam corpo de delito, ou

    quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.

    1.8 BUSCA PESSOAL EM MULHERES:

    No caso de busca pessoal em mulheres, o artigo 249 do Cdigo

    de Processo Penal dita que:

    Artigo 249 A busca em mulher ser feita por outra mulher, se

    no importar retardamento ou prejuzo da diligncia.

    Significa que se houver fundada suspeita, e no havendo policiais

    mulheres, uma mulher poder ser revistada por policiais do sexo masculino,

    desde que no ocorram abusos, tudo com o devido respeito e discrio por

    parte do policial. Na ocorrncia de abusos por parte do policial, e se ele agir

    sem respaldo legal poder seu ato ser considerado abusivo, sendo

    caracterizado crime de abuso de autoridade, previsto na Lei 4.898/65.

  • UNIDADE III

    1. PARAMETROS JURDICOS QUE BALIZAM A AO POLICIAL

    DIANTE DE ALGUNS TIPOS DE CRIMES

    O crime e a contravenoso desordens na vida social, e cabe

    polcia prevenir as suas ocorrncias, e reprimi-los quando necessrio, para a

    preservao do Estado de Direito e das Garantias Fundamentais do cidado.

    A violncia possui suas origens em questes como o

    desemprego, a falta de oportunidades, a baixa renda, o analfabetismo, entre

    outros, sendo o crime o resultado dessas ingerncias.

    Crime: toda a ao tpica, antijurdica, culpvel e punvel, a que

    a lei comina pena de recluso ou de deteno, quer isoladamente, quer

    alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.

    Contraveno: a infrao penal a que a lei comina

    isoladamente pena de priso simples, ou de multa, ou ambas, alternativa ou

    cumulativamente.

    1.1 CRIMES DE AO PBLICA E DE AO PRIVADA

    a) Como regra, a ao penal pblica.

    b) Somente quando a lei expressamente declara, ser privativa do

    ofendido.

    c) Quando o crime for de ao privada, constar abaixo do Artigo

    ou Captulo a expresso: "S se procede mediante queixa".

    d) H ainda a chamada Ao Pblica Condicionada, que

    depender de uma representao do ofendido e, em certos casos, de

    requisio do Ministro da Justia. Nestes casos, tambm constar a expresso:

    ."Representao" ou "Requisio", abaixo do Artigo ou Captulo.

    e) Nos crimes de ao privada, o PM no pode forar uma

    situao, que privativa do ofendido; ele pode orientar a vtima a

    proceder a queixa ou a representao.

    Ex.: comum o PM, ao atender a uma ocorrncia de desavena

    entre marido e mulher, ao invs de orientar a parte queixosa, agir alm do que

  • a lei lhe permite e, ao final, acaba por responder em juzo, por violao de

    domiclio, leses corporais etc.

    1.2 VIOLAO DE DOMICLIO

    a) A casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo

    penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou

    desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinao judicial.

    b) Crime de violao de domiclio - entrar ou permanecer,

    clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tcita de

    quem de direito, em casa alheia ou em suas dependncias,

    c) Aumenta-se a pena de um tero, se o fato cometido por

    funcionrio pblico, fora dos casos legais, ou com inobservncia das

    formalidades estabelecidas em lei ou com abuso de poder.

    d) A expresso "casa" abrange:

    1) qualquer compartimento habitado;

    2) aposento ocupado de habitao coletiva;

    3) compartimento no aberto ao pblico, onde algum exerce

    profisso ou atividade. Ex.: interior do balco de bar, escritrios comerciais,

    consultrios, etc.

    e) A expresso "casa" no compreende:

    1) hospedaria, estalagem, ou qualquer outra habitao coletiva,

    enquanto aberta, salvo a restrio do n 1.9 d. 2) anterior;

    2) taverna, casas de jogos e outras do mesmo gnero;

    3) museu, bar, cinema, loja e teatro no so protegidos.

    OBS.: A proteo penal, convm lembrar, se estende s

    dependncias do domiclio, como jardins, alpendres, garagens, quintais, ptios

    (art. 150 do Cdigo Penal, parte final, caput).

    f) Casos de entrada em casa alheia.

    1) No constitui crime a entrada ou permanncia em casa alheia

    ou em sua dependncia:

  • (a) durante o dia, com observncia das formalidades legais, para

    efetuar priso ou outra diligncia; - em caso de flagrante delito - estando o

    policial em perseguio do criminoso, a menos que a urgncia no permita,

    explicar ao morador o motivo da perseguio e solicitar licena para

    entrar, a fim de prender o criminoso ou continuar em sua perseguio.

    Concedida a licena, o policial entrar sem ferir os preceitos da boa

    educao, empenhando-se em demonstrar respeito ao lar do cidado. Se

    porventura o morador recusar conceder tal permisso, o policial

    convocar duas testemunhas e, sendo dia, entrar fora na casa,

    arrombando as portas se preciso; se for noite, providenciar sejam

    guarnecidas todas as sadas, tornando a casa interditada at que

    amanhea, quando ento efetuar a entrada na casa e a priso do

    criminoso.

    - em caso de mandado de priso - dar conhecimento ao morador

    da ordem de priso contida no mandado, e o intimar a entregar o ru. Se

    houver desobedincia, o procedimento igual ao do caso anterior.

    - em caso de busca domiciliar - as buscas domiciliares so

    efetuadas durante o dia, salvo se o morador permitir que se realizem noite.

    Antes de penetrarem na residncia, os executores da diligncia chamaro o

    morador ou quem suas vezes fizer; depois de se darem a conhecer ou de

    exibirem o mandado, intim-lo-o a franquear a entrada. Em caso de

    desobedincia, sendo dia, arrombaro a porta e entraro fora.

    (b) A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime est

    sendo praticado ou na iminncia de o ser;

    (c) A iminncia de crime autoriza o policial a entrar em casa alheia

    e, nesse caso, no so exigidas as formalidades legais, pois a que se visa

    evitar o ato criminoso; entretanto, havendo tempo, dever anunciar a sua

    entrada.

    Conceito de Noite: deve-se obedecer regra do Cdigo de Processo Civil,

    que diz: noite o perodo que vai das 18:00 s 06:00 horas".

  • 1.3 BUSCA DOMICILIAR

    Proceder-se- busca domiciliar quando fundadas razes a

    autorizarem, para:

    - prender criminosos,

    - apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; -

    apreender instrumentos de falsificao ou de contrafao e objetos falsificados

    ou contrafeitos;

    - apreender armas e munies, instrumentos utilizados na prtica

    de crime ou destinados a fins delituosos;

    - descobrir objetos necessrios prova de infrao ou defesa

    do ru;

    - apreender cartas, abertas ou no, destinadas ao acusado ou em

    seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu contedo

    possa ser til elucidao do fato;

    - apreender pessoas vtimas de crime;

    - colher qualquer elemento de convico.

    Necessidade de mandado

    Ressalvados os casos de flagrante delito, desastre ou prestao

    de socorro, a busca domiciliar ser sempre feita durante o dia e mediante

    mandado judicial. A dispensa do mandado s ocorrer se o Juiz de Direito

    realizar a busca pessoalmente.

    O pedido de mandado de busca domiciliar poder ser feito pela

    prpria Polcia Militar, mediante ofcio direto ao Juiz de Direito da rea,

    fundamentando-se no documento as suspeitas existentes, o local e as pessoas

    envolvidas, mesmo que por prenome ou caractersticas fsicas, destacando-se

    ainda o interesse na preservao da ordem pblica. O respectivo Termo de

    Busca e Apreenso ser lavrado pela autoridade de polcia ostensiva que

    comandou a busca, sendo cpia enviada ao Juiz de Direito. As demais

    providncias de polcia judiciria sero feitas atravs do Distrito Policial da

    rea.

  • 1.4 AO DO PM EM OCORRNCIA DE TRFICO E USO DE

    ENTORPECENTES

    1) averiguar, com cautelas e cuidados especiais, nos locais

    suspeitos de trfico e uso ilegal de substncias entorpecentes;

    2) prender quem faz comrcio clandestino de entorpecentes, ou

    proporciona seu uso em desacordo com a Lei;

    3) conduzir preso, ao Distrito Policial da rea respectiva, o viciado,

    apreendendo a substncia;

    4) quando possvel pesar em farmcia o entorpecente apreendido,

    fazendo constar a quantidade no ROP.

    Aspectos relevantes

    1) no fazer comentrios nem fornecer quaisquer dados a rgos

    de imprensa, relativos ocorrncia de trfico ou uso de entorpecentes, eis que

    somente o juiz de Direito pode quebrar o sigilo em ocorrncias dessa natureza;

    2) esforar-se, ao mximo, para arrolar testemunhas o que na

    prtica, difcil;

    3) estar ciente de que o viciado poder ser liberado na Unidade

    Policial da rea, pelo Delegado de planto, aps a prestao da fiana.

    1.5 AO DE GUARDADORES DE CARROS

    "FLANELINHAS"

    1. Os guardadores de carros, tambm conhecidos como

    "flanelinhas", estoespalhados por inmeros logradouros, oferecendo seu

    "trabalho" aos motoristasque precisam estacionar seus veculos em via pblica,

    seja prximo a parques,hospitais, casas de entretenimento, supermercados,

    padarias, lanchonetes etc.

    2. O problema, na rea de segurana pblica, so os transtornos

    que causam spessoas, uma vez que, geralmente, exigem quantias em

    dinheiro, ameaando, emcaso de no concordncia no pagamento, de

    provocar danos aos veculos.

  • 3. A atuao do POLCIA MILITAR nessa questo se faz

    importante para coibir eventuais aes criminosas decorrentes da atividade.

    Tipificao legal

    a) o "flanelinha" que exige determinada quantia em

    dinheiro,mediante ameaa de provocar dano ao veculo, comete, em tese, o

    crime de

    extorso, previsto no art. 158 do Cdigo Penal Brasileiro: "Constrangeralgum,

    mediante violncia ou grave ameaa, e com o intuito de obter, para siou para

    outrem, indevida vantagem econmica, a fazer, tolerar que se faa oudeixar de

    fazer alguma coisa..."

    b) o dano ao veculo, quando efetivado, tambm constitui crime

    especfico,tipificado no Cdigo Penal Brasileiro no art. 163: "Destruir, inutilizar

    oudeteriorar coisa alheia..."

    1.6FURTO E ROUBO DE MOTOCICLETAS

    Uma moto furtada ou roubada no demora menos do que duas

    horas para serdesmontada, alm da facilidade de esconder, suas peas as

    quais so usadas para modificar outras motos.

    Verifica-se que a ao dos criminosos costuma aumentar na

    poca detemperaturas elevadas, principalmente no vero, devido ao maior

    fluxo desses veculos nas vias urbanas.

    O "modus operandi" dos criminosos enquadrado no Cdigo

    Penal Brasileirocomo Furto, artigo 155, ou Roubo, artigo 157.

    O furto de moto necessita de habilidade por parte do criminoso, o

    qual demoraapenas alguns segundos para concretizar sua ao.

    Por sua vez os roubos so ataques que seguem a ttica

    "relmpago", onde geralmente a vtima est parada, quando chega outra moto

    com duaspessoas.

    O delinqente que est na garupa, aponta uma arma para a

    vtima e ordena quesaia da moto. Para facilitar a ao e impedir eventual

  • reconhecimento costumamutilizar capacetes, obedecendo a legislao de

    trnsito.

    Essas motos tambm so utilizadas para roubar condutores de

    veculos paradosem semforos, ou at em roubo de agncias bancrias.

    Difcil definir o horrio de maior incidncia da prtica desse delito,

    embora, nosmomentos de "rush", se verifique o aumento do ndice em virtude

    da maior facilidade de fuga.

    Alm, com tais veculos roubados, o crimino pode roubar postos

    de combustveis onde, normalmente, os criminosos chegam na moto , como se

    fossem abastecer. Com a aproximao do frentista, fazemsua rendio e leva-

    no ao escritrio do posto para subtrair o dinheiro que estguardado no cofre; ou

    ento subtraem apenas o dinheiro que estiver com ofrentista.

    Roubo aos condutores de automveis parados nos

    cruzamentos.Habitualmente h dois delinqentes na moto e aproximam-se do

    veculo mostrando a arma para render o motorista e subtrair seus pertences,

    tais como

    bolsa, carteira, celular etc.

    Roubo a transeunte, onde o criminoso geralmente atua sozinho

    em lugar depouco movimento, efetuando o roubo sem descer da moto,

    subtraindo o que estiver de posse da vtima.

  • REFERNCIAS

    CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 12. ed. So Paulo: Saraiva,

    2013

    CDIGO TRIBUTRIO NACIONAL (CTN). So Paulo: Revista dos Tribunais,

    2013.

    Constituio do Brasil interpretada e legislao constitucional. 5. ed. So

    Paulo: Atlas, 2013

    Constituio de Sergipe

    FREITAS, Manuel Pinheiro. Controle Externo da Atividade Policial: do

    discurso prtica. Disponvel em:

    . Acesso em: 25jul. 2014

    MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 20. ed. So Paulo: Atlas, 2010.

    MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 38 Ed. 2012.

    SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Smula Vinculante n 11. 2008. Disponvel

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    SANTOS, Paulo Fernando dos Santos. Crimes de abuso de autoridade:

    aspectos jurdicos da Lei n 4898/65. So Paulo: Liv. e Ed. Universitria de

    Direito, 2003.

    TEZA, Marlon Jorge. A Polcia Militar, o Municpio e a Preveno. Direito

    Net, maro. 2006. Disponvel em:

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    WILSON, Pedro. A Declarao Universal dos Direitos Humanos e a

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