apostila aspectos juridicos

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POSTILA INTRODUÇÃO ASPECTOS JURIDICOS SUMÁRIO 1 - FASE HISTÓRICA 1.2 Evolução do Direito Comercial no Mundo 1.3 IDADE MÉDIA 1.3 OS ESTADOS NACIONAIS 1.4 Evolução do Direito Comercial no Brasil 2.0 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO COMERCIAL 2. 1 CÓDIGO COMERCIAL: TEORIA DOS ATOS DO COMÉRCIO 2.3 CÓDIGO CIVIL DE 2002: TEORIA DA EMPRESA 3. EMPRESÁRIO 3.1 DEFINIÇÃO: ART. 966 DO CÓDIGO CIVIL 3.2 CONCEITO DE EMPRESÁRIO 3.3 DOS PROIBIDOS DE EXERCER A ATIVIDADE EMPRESARIAL: 4.0 CONCEITO DE EMPRESA 5.0 ESTABELECIMENTO COMERCIAL 6.0 PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO 7.0 REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS: 8.0 PONTO COMERCIAL OU PONTO EMPRESARIAL 9.0 TÍTULO DO ESTABELECIMENTO 10. NOME EMPRESARIAL 11. DIREITOS DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL 11.1 PATENTE 11.2 MARCAS 11.3 DESENHO INDUSTRIAL 1 Pré - Diagnóstico Organizacional Pré - Diagnóstico Organizacional Pré - Diagnóstico Organizacional

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Page 1: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

POSTILA INTRODUÇÃO ASPECTOS JURIDICOS

SUMÁRIO

1 - FASE HISTÓRICA

1.2 Evolução do Direito Comercial no Mundo

1.3 IDADE MÉDIA

1.3 OS ESTADOS NACIONAIS

1.4 Evolução do Direito Comercial no Brasil

2.0 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO COMERCIAL

2. 1 CÓDIGO COMERCIAL: TEORIA DOS ATOS DO COMÉRCIO

2.3 CÓDIGO CIVIL DE 2002: TEORIA DA EMPRESA

3. EMPRESÁRIO

3.1 DEFINIÇÃO: ART. 966 DO CÓDIGO CIVIL

3.2 CONCEITO DE EMPRESÁRIO

3.3 DOS PROIBIDOS DE EXERCER A ATIVIDADE EMPRESARIAL:

4.0 CONCEITO DE EMPRESA

5.0 ESTABELECIMENTO COMERCIAL

6.0 PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO

7.0 REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS:

8.0 PONTO COMERCIAL OU PONTO EMPRESARIAL

9.0 TÍTULO DO ESTABELECIMENTO

10. NOME EMPRESARIAL

11. DIREITOS DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL

11.1 PATENTE

11.2 MARCAS

11.3 DESENHO INDUSTRIAL

1

Pré - Diagnóstico Organizacional Pré - Diagnóstico Organizacional Pré - Diagnóstico Organizacional

Page 2: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

11.4 INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS

11.5 DIREITOS AUTORAIS

11.6 DIREITO MORAL E PATRIMONIAL DO DIREITO AUTORAL

11.7 PROPRIEDADE INDUSTRIAL X DIREITO AUTORAL

12.0 DIREITOS DO CONSUMIDOR 12.1 CONCEITOS: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, PRODUTO, SERVIÇO E RELAÇÃO DE CONSUMO

12.2 Dos direitos do Consumidor estabelecidos no CDC

12.3 DOS PRAZOS PARA TROCA DE MERCADORIAS

12.4 DA RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS PELO FORNECIMENTO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS AO CONSUMIDOR

13.0 SOCIEDADES

13.1 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS

13. 2 SOCIEDADES SIMPLES

13.3 PERSONIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES (personalidade jurídica)

13.4 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

13.5 MODIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

13. 6 DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES

14.0 TÍTULOS DE CRÉDITO

14.1 O fato gerador dos títulos de crédito

14.2 TIPOS DE TÍTULOS DE CRÉDITO

15.0 CONTRATOS EMPRESARIAIS

15.1 CONSTITUIÇÃO DOS CONTRATOS

15.2 CONTRATO DE COMPRA E VENDA OU DE FORNECIMENTO

16.0 FALÊNCIA

DICIONÁRIO DE DIREITO EMPRESARIAL

BIBLIOGRAFIA

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Page 3: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

APOSTILA INTRODUÇÃO ASPECTOS JURIDICOS

1 - FASE HISTÓRICA

1.1 Evolução do Direito Comercial no Mundo

Nessa época podemos observar abaixo que existiam algumas normas especiais, inseridas na história de vários povos, vejamos:

IMPÉRIO DA BABILÔNIA - é creditado a esse povo a elaboração de um dos primeiros dizeres a respeito de matéria comercial. Trata-se do CÓDIGO DE HAMURÁBI - inscrição em pedra datada de 2.083 a.C. - que continha dispositivos a respeito de empréstimo a juro, contratos de depósito, de sociedade e de comissão. Apesar do seu conteúdo este código não é considerado como o precursor dos códigos comerciais por não conter dispositivos a respeito de compra e venda mercantil.

OS FENÍCIOS - é um povo que intensificou o comércio dos tempos antigos, principalmente o marítimo. Por volta do século X a.C., eles já utilizavam e consagravam a PRÁTICA DE ALIJAMENTO, que era a faculdade que detinham os comandantes dos navios de se livrar da carga em caso de perigo iminente. Nesta situação, o prejuízo era repartido entre o proprietário do carregamento e o da embarcação.

OS ROMANOS - na Era Cristã, os romanos, povo de forte tradição guerreira, praticaram comércio. Essa atividade, contudo, estava destinada aos escravos, ou aos estrangeiros, sempre marginalizados na sociedade. A classe patrícia, detentora das maiores propriedades rurais, símbolo do poder da época, assim como os senadores, estavam proibidos de exercer o comércio.

A aristocracia romana considerava a prática do comércio uma atividade indigna de um cidadão romano. Algumas questões envolvendo prática mercantil, especialmente as referentes aos contratos e obrigações, eram resolvidas através do Direito Civil.

Profundas mudanças aconteceram no mundo após a queda do Império Romano, e foi quando os árabes assumiram o controle sobre o Mar Mediterrâneo. Após longo período de dominação árabe no Mediterrâneo, os europeus retomaram as antigas rotas comerciais, fazendo florescer o comércio marítimo na região, por meio do qual escoava a produção de algumas nações para outras.

1.4 IDADE MÉDIA

Já no século XII, apareceram as primeira corporações, os portos marítimos eram núcleos comerciais, centralizadores de diversos pontos de venda, para onde

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se dirigiam seus clientes, fornecedores e consumidores. Fortaleceu-se a “classe burguesa”, nas cidades, em contraposição aos senhores feudais.

Comerciante ou mercador era aquele sujeito que participava das corporações de ofício, é a chamada fase subjetiva, pois se levava em conta a própria pessoa do comerciante, o próprio sujeito do mercador. Se ele participasse das corporações de ofício, era considerado comerciante.

Corporações de ofício eram grupos organizados de comerciantes da época, que realizavam atividades com mercancia com as especiarias vindas da Ásia, e da Índia (na idade média).

O mercado marítimo era muito intenso, naquela época, a expansão marítima na Europa era muito intensa. As expedições partiam com a finalidade de praticar tanto a política expansionista quanto atividade econômica.

Os produtos das expedições eram negociados na Europa (temperos, tapetes, ouro, bebidas, comida...) e, assim, realizavam a mercancia, inicialmente com trocas, chamado de “escambo”. Os sujeitos que participavam dessas feiras, realizando as trocas, eles participavam de corporações de ofício.

Nessa fase, só era considerado comerciante ou mercador, o sujeito que participasse dessas corporações de ofício (que fosse inscrito). Uma espécie de associação de empresários, na época. Não havia uma lei geral que regulasse o Direito Comercial, sendo que os sujeitos que participavam das tais corporações, tinham os favores das mesmas.

1.3 OS ESTADOS NACIONAIS

Os séculos XV e XVI são caracterizados pela retomada do poder central nos Estados, que logo perceberam a importância da atividade mercantil para o fortalecimento de suas economias e consequentemente prosperidade das nações.

O primeiro Código Comercial, no entanto, só foi elaborado em 1807, na França, que, à época estava sob o comando de Napoleão, ficando conhecido como o Código Napoleônico.

Nessa fase que se inicia com o Código Napoleônico (francês). Napoleão Bonaparte criou um Código Comercial e, passou a regular, de forma abstrata, objetiva e genérica, todas as relações comerciais, travadas na França, independentemente do sujeito participar das corporações de ofício.

Pra tratar da relação comercial, foi adotada a Teoria dos Atos do Comércio.

A TEORIA DOS ATOS DO COMÉRCIO arrolava de forma exaustiva quais

eram os atos de comércio. Havia um rol exaustivo que elencava os atos do

comércio, sendo, esses atos, enumerados no rol, e, se o sujeito praticasse

um

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Page 5: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

dos atos (do rol), era considerado comerciante e, portanto, contava com a

proteção do Direito Comercial (do Código Frances). Exemplo: no caso da

concordata, se fosse comerciante, podia pedir o parcelamento da dívida.

As atividades eram: Troca de bens; Custódia de moeda; Armação de navios.

Existiam, porém, algumas atividades que não estavam elencadas no rol, mas que eram essencialmente pressupostas como atividades do comércio e, como não faziam parte do rol, não tinham proteção. Exemplo: atividade imobiliária, prestação de serviços.

1.4 Evolução do Direito Comercial no Brasil

No período colonial brasileiro, apesar do intenso comércio desenvolvido por aqui, o Direito aplicado era o português, pois a colônia sujeitava-se aos ditames da Coroa.

Alguns anos após a declaração de independência, já em 1834, foi apresentado à Câmara o Projeto do Código Comercial. Dezesseis anos de discussões legislativas, se passaram, até surgir a Lei Federal n° 556, de 25 de junho de 1850,mais conhecida como o Código Comercial Brasileiro.

Com forte influência francesa, o Código Comercial Brasileiro adotou a Teoria dos Atos de Comércio, reputando comerciante todo aquele que praticasse compra e venda de mercadorias de forma profissional, além de algumas poucas espécies de serviço.

Curiosamente, contudo, não enumerou os chamados “atos de comércio”, como fizera o Código Francês. Esses só foram detalhados quando da edição do Regulamento n° 737, contemporâneo ao código, que relacionou todas as operações que se constituíram em “atos de comércio”. Dentre elas, operações de câmbio, banco e corretagem, seguros, transporte de mercadorias, além claro da compra com o objetivo de posterior revenda de bem móvel ou semovente, ou até alugar para uso.

Ao longo dos anos, muitos dispositivos do código foram revogados por legislações contemporâneas, no entanto, o “golpe de misericórdia” foi dado com a edição da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002, mais conhecido como o Código Civil Brasileiro.

O nosso Código Civil de 2002 implantou um novo sistema jurídico para o Direito Comercial, fundamentado no perfil subjetivo do empresário.

2.0 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO COMERCIAL

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Page 6: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

O Direito Comercial apresenta traços que o distinguem de outros ramos do Direito, e que se encontram relacionados a seguir:

A) Simplicidade ou informalismo - propõe a adoção de fórmulas simples para

a solução de conflitos, diferentemente do Direito Civil, que é mais formal e

complexo;

B) Internacionalidade ou cosmopolitismo - Está regulamentado por normas

de alcance Internacional;

C) Elaticidade - permanece em constante processo de mudanças, adaptando-

se à evolução das relações de comércio;

D) Onerosidade - Tem o lucro como o fim perseguido pelos empresários, cuja

atividade é sempre onerosa.

2. 1 CÓDIGO COMERCIAL: TEORIA DOS ATOS DO COMÉRCIO

• Eram considerados comerciantes apenas aqueles que praticavam os “atos do comércio” que se encontravam naquele código. Atividade mercantil: atos limitados a esta.

O Regulamento 737/1850 descrevia quais eram os atos considerados “de comércio”, a saber:

1. a compra e venda de bens móveis ou semoventes para a revenda por atacado ou

varejo de mercadorias para locação ou uso;

2. as operações de câmbio, banco e corretagem;

3. empresas de comissão, depósitos, expedições, expedições de navios e

transportes;

4. qualquer operação relacionada ao comércio marítimo. O que não estivesse

previsto na lei, seria considerado ato civil, não sujeito às normas e prerrogativas

comerciais.

2.3 CÓDIGO CIVIL DE 2002: TEORIA DA EMPRESA

Não há mais limitação de atos praticados.

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Page 7: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

• A teoria abrange a atividade empresarial como um todo e não mais apenasaquelas atividades anteriormente definidas ou quem pratica atos de mercancia.

3. EMPRESÁRIO

3.1 DEFINIÇÃO: ART. 966 DO CÓDIGO CIVIL

ARTIGO 966 DO CC: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.

Parágrafo único: Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa.

• Intelectual - sem dúvida, vem de intelecto, da inteligência. Como trabalho é ação, trabalho intelectual é aquele que provêm da inteligência criadora do ser humano. Trabalho intelectual é o que representa criação e recriação de seu autor.

• Científico - é o trabalho intelectual diretamente dirigido à pesquisa, à investigação metódica e coordenada a partir de evidências e experiências. É o que faz ciência. E a ciência, sob a especulação filosófica, inclui pelo menos três tipos de questões: a) relativas ao método de cada ciência; b) relativas ao tipo de conhecimento alcançado; c) relativas à filosofia da natureza possível. Logo, não tem natureza científica o trabalho que não envolve essas qualidades e, conseqüentemente, não estará albergado pela norma de exceção ao vínculo de emprego.

• Artístico - trabalho de natureza artística é o que consiste em produção de arte em todas as suas formas de manifestação, literária, musical, corporal, pintura, escultura, desenho, gráfica, artesanato etc., criando, interpretando ou reproduzindo.

Profissionais intelectuais são aqueles que produzem bens ou serviços sem que haja organização dos fatores de produção; ou seja, nos casos em que estes fatores são meramente acidentais.

3.2 CONCEITO DE EMPRESÁRIO

CONCEITO: Aquele que exerce atividade empresarial, ou seja, que exerce atividade mediante profissionalismo (habitualidade e pessoalidade), economicidade (finalidade lucrativa), organização (fatores de produção: capital, insumos, mão de obra e tecnologia) para a produção ou circulação de bens ou serviços.

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Page 8: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

CAPACIDADE E CONDIÇÕES PARA SER EMPRESÁRIO:

• - Ser profissional - o empresário deverá exercer atividade de forma habitual;

• - desenvolver atividade econômica - buscar lucro na exploração da empresa;

• - ter empresa organizada - capital, mão de obra, insumos e tecnologia;

• - ser fabricante de mercadorias ou prestador de serviços;

• - fazer intermediações de mercadorias e serviço;

• - ser capaz de atos da vida civil.

Capacidade é o exercício da personalidade. Distingue a capacidade de fato e a capacidade de direito. A primeira refere-se às condições materiais do exercício, enquanto a segunda é concernente à aptidão legal para a prática dos atos.

Mesmo capaz, não impedida e, regularmente matriculada no registro público de empresas (leia-se juntas comerciais), a pessoa natural somente será considerada empresária se exercer profissionalmente a empresa em nome próprio (não em nome de terceiros, nem como procuradora) e com intuito de lucro. É essencial que tenha essas condições e o faça:

• profissionalmente (não esporadicamente); • em nome próprio (não em nome de terceiros); e • com intuito de lucro (não graciosamente).

Apesar das condições acima deve-se deixar claro que a profissão de empresário não implica em exclusividade. O exercício da atividade empresarial não precisa ser a única profissão do indivíduo.

3.3 DOS PROIBIDOS DE EXERCER A ATIVIDADE EMPRESARIAL:

Ao assegurar o exercício da atividade de empresário aos plenamente capazes, o art. 972 de Código Civil impõe uma condição, isto é, poderão fazê-lo se não forem legalmente impedidos. Há determinadas pessoas plenamente capazes a quem a lei veda a prática profissional da empresa em razões de ordem pública decorrentes das funções que exercem (exemplos: Magistrados e membros do Ministério Público, Agentes públicos - podem ser cotistas, acionistas ou comanditários mas não empresários nem administradores ou gerentes de empresa privada -, Militares, Falidos não reabilitados, Deputados e Senadores - Vide art. 54 e 55 da Constituição

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Federal -, Estrangeiro com visto provisório, Leiloeiros, Despachantes aduaneiros, Corretores de seguros, etc).

Aquele que é impedido de exercer atividade empresarial e, mesmo assim, se encarrega de exercê-la estará desenvolvendo atividade irregular, podendo sofrer sanções. Porém, os atos por ele praticados não são nulos, tendo validade perante terceiros, devendo o impedido responder pelas obrigações contraídas.

4.0 CONCEITO DE EMPRESA

É a atividade econômica explorada pelo empresário, constituída pela produção e circulação de bens e serviços para o mercado. O termo empresa é concebido na acepção de “exercício de atividade”.

Atividade nada mais é que o complexo de atos que compõem a vida empresarial. A empresa pode ser exercida pelo empresário individual (pessoa natural) ou pela sociedade empresária (pessoa jurídica).

5.0 ESTABELECIMENTO COMERCIAL

Conceito: complexo de bens reunidos segundo a vontade do empresário, seja pessoa física ou jurídica, que lhe serve de instrumento para realização de sua atividade econômica.

Ex: Bens corpóreos e incorpóreos

a) Corpóreos - são aqueles bens necessários para o exercício da empresa, como por exemplo, mercadorias, maquinários, móveis, utensílios, veículos etc.

b) Incorpóreos - são as patentes, registro de marca, desenho industrial, o nome empresarial etc.

Esclarecida essa questão, podemos dizer que estabelecimento comercial é a reunião organizada de bens corpóreos e incorpóreos para o exercício da empresa, por empresário ou sociedade empresária.

É preciso saber que o estabelecimento comercial não é formado apenas pela base física, ou seja, lugar onde funciona a empresa, denominada de ponto comercial, mas sim, de outros elementos (corpóreos e incorpóreos), que possuem a capacidade de realizar negócios, atrair cliente e gerar lucro na atividade mercantil.

6.0 PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO

A legislação nos arts. 1.169 a 1.178 do CC, cita dois tipos de prepostos do empresário: O GERENTE E O CONTABILISTA. O preposto é alguém que representa a empresa ou o empresário em tarefas externas.

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Page 10: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

7.0 REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS:

Para a empresa “nascer” é necessário o seu registro na Junta Comercial do seu Estado.

Os empresários, pessoas físicas ou jurídicas, vinculam-se ao Registro Público de Empresas, a cargo das Juntas Comerciais dos Estados.

Sociedades simples devem levar seus atos constitutivos ao Cartório Civil das Pessoas Jurídicas.

ATOS DE REGISTRO:

Matrícula - inscrição de leiloeiros oficiais, tradutores públicos, interpretes comerciais, administradores de armazéns gerais.

Arquivamento - documento relativos a constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas individuais e sociedades empresárias.

Autenticação - refere-se aos livros empresariais.

LIVROS EMPRESARIAIS:

Obrigatórios comuns - exigido a todos os empresários - Art. 1.180 CC - Ex: Livro Diário

Obrigatórios especiais - são impostos a determinada de categorias de empresarios - Ex: registro de duplicatas, entrada e saída de mercadorias, registro de ações, atas de assembléias gerais, etc.

Facultativos - são aqueles que sua ausência não traz qualquer sanção ao seu titular - Ex: razão, caixa, contas correntes, estoque, etc.

8.0 PONTO COMERCIAL OU PONTO EMPRESARIAL

É uma espécie de bem incorpóreo do empresário, define-se como o lugar no qual aquele exerce suas atividades profissionais.

9.0 TÍTULO DO ESTABELECIMENTO

Mais conhecido como “nome fantasia”, também integra o elenco de bens incorpóreos o titulo do estabelecimento.

Não se confunde com o nome empresarial. Este identifica o sujeito de direito proprietário, seja o empresário ou sociedade empresária, enquanto o título do estabelecimento é o meio pelo qual a empresa torna-se conhecida do público, singularizando o ponto comercial. Ex: Casas Bahia, Lojas Americanas, Império do Colchão, Padaria Ki-Delícia, etc.

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Page 11: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

10. NOME EMPRESARIAL

No caso dos empresários individuais ou das sociedades empresárias, a titularidade sobre o nome acontece a partir do arquivamento de seus atos constitutivos na Junta Comercial.

O nome empresarial é, aquele sob o qual a sociedade ou o empresário individual exerce sua atividade econômica e obriga-se nos atos a ele pertinentes, ou seja, a identificação do sujeito de direito que o emprega. É da sua utilização que nascem os direitos e obrigações do empresário.

Formação do nome empresarial:

A) FIRMA INDIVIDUAL: constitui-se a partir de um nome de pessoa natural e serve para nominar o empresário individual.

Ex: Pedro Luiz Costa Farias, P.L. Costa Farias, Costa Farias - Mercearia

B) FIRMA OU RAZÃO SOCIAL: constitui-se a partir de um ou mais nomes de pessoas naturais e serve para nominar as sociedades empresárias.

Ex: Melo Lins e Cia, Paulo Melo Lins e João Pedro Silva, Paulo Lins e irmãos, Melo Lins e Cia Ltd;

C) DENOMINAÇÃO: essa espécie serve tanto as sociedades empresárias como às sociedades simples e, até, às associações e fundações. Sua diferença das outras está em que sua constituição não se baseia em nomes civis, mas em expressão fantasia, sempre acrescida do objeto social. Permite a inclusão de nome de um ou mais sócios, ou até de alguém que não seja membro da sociedade, mas somente a título de homenagem.

Ex: Fiação São José S.A., Indústrias Reunidas Brasil Limitada, Frigorífico Carnefresca Comandita por Ações.

11. DIREITOS DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Legislação Pertinente:

Lei 9.279 de 14 de maio 1996.

Lei 10.196 de 14 de fevereiro de 2001 e Decreto 2.553/98.

Ato Normativo do INPI n. 130 / 1997 - institui formulários para apresentação

de requerimentos e petições.

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI é o órgão responsável

para depósito de patentes e registro de marcas, desenho industrial e

indicações geográficas, além de software.

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Page 12: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

11.1 PATENTE

Título de propriedade temporário que o Estado concede a inventores, empresas ou instituições, pelo qual eles passam a deter os direitos sobre uma invenção, como recompensa aos esforços despendidos nessa criação.

A invenção pode ser um produto, um processo de fabricação ou o aperfeiçoamento de produtos e processos já existentes.

Com a posse da patente, o titular tem o direito exclusivo da exploração de sua criação: industrializar e vender ele mesmo ou transferir a terceiros os seus direitos (definitiva ou temporariamente).

CONCEITOS: PATENTE DE INVENÇÃO OU MODELO DE UTILIDADE

INVENÇÃO (PI): produto ou processo que ainda NÃO EXISTE no estado da técnica, que apresente um progresso considerável no seu setor tecnológico, como uma solução para um problema técnico específico. VIGÊNCIA: 20 ANOS. Ex.: forno a gás; forno de microondas.

MODELO DE UTILIDADE (PMU): deve apresentar nova forma ou disposição a partir de ato inventivo, que resulte em melhoria funcional em seu uso ou em sua fabricação. VIGÊNCIA: 15 ANOS.

Obs.: o INPI recomenda o depósito das invenções como PI.

REQUISITOS PARA PATENTEAR

Novidade - a invenção não está acessível ao público, seja por descrição oral, escrita ou através de qualquer meio de comunicação. Sigilo é essencial.

Inventividade - a invenção e/ou modelo de utilidade não podem ser uma solução trivial, evidente, ou óbvia para um especialista na área.

Aplicação industrial - possibilidade de inserção do produto e/ou processo em escala de produção industrial.

Suficiência descritiva - a invenção deve ser descrita de tal forma que possa ser reproduzida

O QUE NÃO PODE SER PATENTEADO

Produtos/processos contrários à moral, à saúde pública, etc..

Substâncias resultantes da transformação do núcleo atômico.

Regras de jogo.

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Page 13: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

Técnicas ou métodos operatórios/cirúrgicos; métodos terapêuticos para

aplicação no corpo humano.

Criações puramente abstratas e intelectuais.

Identificação ou revelação de fenômenos da natureza.

Seres vivos, exceto microorganismos transgênicos: aqueles que, devido à

intervenção humana direta em sua composição genética, expressem

característica não naturalmente alcançável.

AUTOR E TITULAR DA PATENTE OU MODELO DE INVENÇÃO

O autor da invenção é a pessoa física, também denominada de inventor. Uma patente pode ter um ou vários inventores.

O titular é o depositante, que é o proprietário da patente. Pode ser o próprio inventor ou a empresa ou instituição para a qual trabalha.

A instituição empregadora - empresa, universidade, instituto de pesquisa -é sempre a titular das patentes geradas a partir de pesquisas desenvolvidas em seu âmbito. O pesquisador responsável é o autor ou inventor.

11.4 MARCAS

CONCEITO - Bem intangível associado a um sinal distintivo de produtos ou de serviços, visualmente perceptível.

Registro junto ao INPI.

O registro não é obrigatório, mas é a prova mais forte contra eventuais

infrações por terceiros.

Tem alta importância econômica para posicionamento de mercado e

fidelidade dos consumidores.

O registro validamente expedido confere ao seu titular o direito de uso

exclusivo da marca em todo território nacional, a ser efetivado em papéis

impressos, propaganda e documentos relativos à atividade do titular.

Prazo de vigência: será pelo prazo de 10 anos, contados da data de

concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos. Pode

guardar exclusividade por tempo indeterminado.

11.5 DESENHO INDUSTRIAL

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Page 14: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

CONCEITO: É a forma plástica ornamental de um objeto, ou o conjunto ornamental de linhas e cores, que possa ser aplicado a um produto, proporcionando um resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de "tipo" de fabricação industrial.

Difere de Patente:

A nova forma estética está ligada à função do objeto, mas se for

absolutamente necessária a uma nova utilidade, deixa de ser desenho

industrial e passa a constituir invenção ou modelo de utilidade.

Vigência: 10 anos, prorrogável por 03 períodos sucessivos de cinco anos

cada. Prazo máximo possível de 25 anos.

11.4 INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS

Definição usual: Indicação utilizada em produtos que apresentam uma origem geográfica específica e que possuem qualidades e reputação vinculadas ao local geográfico.

TIPOS:

Indicação de procedência: refere-se a centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de serviços. Ex.: Tapetes orientais.

Denominação de origem: designa produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. Ex.: Champagne; Cachaça de Salinas.

É restrito aos produtores e prestadores de serviços no local.

11.5 DIREITOS AUTORAIS

Conjunto de normas jurídicas que visam regular as relações oriundas da criação e da utilização de obras artísticas, literárias ou científicas.

São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro.

Lei nº. 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Obras passíveis de proteção:

Textos de obras literárias, artísticas ou científicas;

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Page 15: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

Conferências;

Obras dramáticas e dramático-musicais;

Obras coreográficas cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra

qualquer forma;

Composições musicais;

Obras audiovisuais, fotográficas, de desenho, pintura etc.;

Ilustrações e cartas geográficas;

Projetos e esboços concernentes à geografia, engenharia, topografia,

arquitetura, paisagismo;

Adaptações e traduções de obras originais;

Coletâneas, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras

obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo,

constituam uma criação intelectual.

11.6 DIREITO MORAL E PATRIMONIAL DO DIREITO AUTORAL

Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.

Direito moral: o de reivindicar, a qualquer tempo, a paternidade da obra. São irrenunciáveis e inalienáveis.

Direito patrimonial: refere-se ao uso econômico da obra. Vigência: 70 anos, contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao falecimento do autor

11.7 PROPRIEDADE INDUSTRIAL X DIREITO AUTORAL

Não confundir a figura do autor/inventor na Propriedade Industrial com o autor nos Direitos Autorais.

Os direitos autorais INDEPENDEM de haver proteção da propriedade industrial.

Os direitos do inventor na PI NÃO substituem os direitos autorais.

12.0 DIREITOS DO CONSUMIDOR

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: Em março de 1991, entrou em

vigor a Lei nº 8.078/90, mais conhecida como Código de Defesa do Consumidor.

Esse Código faz referência a um conjunto de normas que regulam as relações de

consumo, protegendo o consumidor e colocando os órgãos e entidades de defesa

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Page 16: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

do consumidor a seu serviço. Essa lei veio com força total para proteger as pessoas

que fazem compras ou contratam serviços.

12.1 CONCEITOS: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, PRODUTO, SERVIÇO E RELAÇÃO DE CONSUMO

Uma das premissas essenciais para se estabelecer a chamada relação de consumo, são os conceitos legais para palavrascomo consumidor, serviço ou produto. Elas estão estabelecidas nos artigos iniciais do Código de Defesa do Consumidor (CDC):

De acordo com o art. 3º: FORNECEDOR é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§1º - PRODUTO é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2º - SERVIÇO é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

É imprescindível saber que consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final. É importante esclarecer que a lei 8072/90, ao utilizar o termo "destinatário final", refere-se à pessoa física ou jurídica que adquire mercadorias, riquezas ou serviços para uso próprio, sem a finalidade de produzir outros produtos ou serviços.

Temos, portanto, uma RELAÇÃO DE CONSUMO: Relação de consumo é a relação existente entre o consumidor e o fornecedor na compra e venda de um produto ou na prestação de um serviço.

12.2 Dos direitos do Consumidor estabelecidos no CDC

Por seu turno, o art. 6º prevê os direitos básicos do consumidor, quais sejam:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por

práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados

perigosos ou nocivos;

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II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e

serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas

contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e

serviços, com especificação correta de quantidade, características,

composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que

apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos

comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e

cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e

serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam

prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos

supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,

individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à

prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,

coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e

técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do

ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,

for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo

as regras ordinárias de experiências;

IX - Vetado.

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

12.3 DOS PRAZOS PARA TROCA DE MERCADORIAS

Estabelecida essa relação de consumo, ficam assegurados ao consumidor e ao fornecedor vários direitos estabelecidos na lei 8078/90, como por exemplo, prazos para a troca de mercadorias.

Vejamos: Em se tratando de bens duráveis, o prazo máximo para a troca é de 90 dias, e não duráveis, prazo máximo de 30 dias.

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12.4 DA RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS PELO FORNECIMENTO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS AO CONSUMIDOR

As empresas são totalmente responsáveis pelo fornecimento das mercadorias.

Vejamos a seguir como é classificado o fornecimento de mercadorias sem qualidade:

a) Perigoso - esse tipo de fornecimento causa lesão ao patrimônio, saúde ou integridade física do consumidor, por ausência de informações no produto ou do serviço contratado.

b) Defeituoso - fornecimento que causa lesão ao patrimônio, saúde ou integridade física do consumidor por impropriedade no produto ou serviço, ou seja, o produto adquirido pelo consumidor não serve para o fim que se destina.

Um tópico de significativa importância trata da responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço, consoante se depreende da redação do art. 12, § 3º, do CDC:

Art. 12 - O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro,

e o importador respondem, independentemente da existência de culpa,

pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos

decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,

manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,

bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua

utilização e riscos.

(....)

Art. 3º - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não

será responsabilizado quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito

inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Pelo que se depreende dos dispositivos legais acima transcritos, a empresa, ao contratar com seus fornecedores, deve dispensar especial atenção à qualidade e segurança dos produtos fornecidos, e especialmente a garantia dos produtos fornecidos, a fim de que a responsabilidade perante os consumidores seja assumida diretamente pelos fabricantes e fornecedores, ou pelo menos a

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Page 19: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

empresa, e isso deve constar do contrato celebrado, o direito de regresso da empresa, na hipótese de vir a ser condenada ao pagamento de indenização.

Já o art. 18, ao estabelecer a responsabilidade solidária pelos vícios de qualidade, prevê a hipótese do inciso III, única aplicável a construção civil, qual seja, o abatimento proporcional do preço.

O art. 20, ao tratar do fornecimento de serviços, estipula que o fornecedor responde pelos vícios de qualidade, que possam diminuir o valor do bem, tanto que alternativamente pode o consumidor optar pela reexecução dos serviços, sem custo adicional, e quando cabível (inciso I); pela restituição imediata da quantia paga monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos (inciso II), e, finalmente, pelo abatimento proporcional do preço (inciso III).

O art. 26 trata dos prazos de garantia do CDC, valendo relembrar apenas o seguinte:

a) vícios aparentes ou de fácil constatação: 90 (noventa) dias da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços;

b) vício oculto: 90 (noventa) dias, contados do momento em que ficarevidenciado o defeito.

Tipos de vícios de qualidade dos produtos:

Produtos impróprios (art.18,§6°): Produtos com prazo de vencimento já vencidos, alterados, deteriorados, corrompidos, falsificados, fabricados sem observância às normas regulamentares de fabricação aplicáveis etc.

Produtos inadequados: São inadequados os produtos que não correspondem às expectativas do consumidor, que o adquiriu para certa finalidade, tendo sido determinante para tal aquisição dita expectativa.

Vícios de quantidade dos produtos: Quando seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou publicidade.

Vícios de qualidade dos serviços: São aqueles que tornam os serviços impróprios, diminuem seu valor ou que tragam disparidades com indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária.

13.0 SOCIEDADES

O conceito de sociedade se encontra no art. 981 do CC/2002, vejamos:

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados.

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O Código Civil de 2002 elegeu a bipartição de sociedades em ramos distindos. Em um, ficaram as sociedades empresárias, enquanto, no outro, as sociedades simples.

13.1 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS

CONCEITO - ART. 982 DO CC: Considera-se Sociedade Empresária a sociedade sujeita ao registro público de empresas mercantis, que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário, que visa lucro ou resultado econômico através de atividade economicamente organizada, para a produção ou circulação de bens ou de serviços no mercado, nos termos do Artigo 966, do CC, podendo também abranger a atividade rural, e sociedade simples as demais.

A sociedade empresária pode constituir-se por um dos tipos de sociedade que segue: · Sociedade em Nome Coletivo; · Sociedade em Comandita Simples; · Sociedade Limitada; · Sociedade Anônima; e, · Sociedade em Comandita por Ações.

13. 2 SOCIEDADES SIMPLES

Sociedade Simples é aquela dedicada às atividades profissionais ou técnicas, como as sociedades de arquitetura ou sociedades contábeis, nos termos do Artigo 997, do CC, podendo constituir-se de conformidade com um dos tipos indicados acima (exceto a sociedade anônima, que por força de lei, será sempre empresária), e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. As sociedades simples equivalem às sociedades civis do Código Civil anterior.

13.3 PERSONIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES (personalidade jurídica)

Enquanto as pessoas naturais adquirem personalidade jurídica a partir do nascimento com vida, as sociedades somente podem ser consideradas personificadas depois do arquivamento de seus atos de constituição na Junta Comercial, sendo empresárias, ou no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, no caso de sociedades simples.

Adquirida a personalidade jurídica com a inscrição, distingue-se esta da pessoa natural de seus sócios, passando em seu nome, a adquirir direitos e contrair obrigações, com patrimônio, nacionalidade, capacidade e domicílio próprio.

13.4 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

O contrato de sociedade é a convenção celebrada por duas ou mais pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços, para a consecução de fim comum e partilhar entre si os seus resultados, obtidos com o

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Page 21: APOSTILA ASPECTOS JURIDICOS

exercício de atividade econômica contínua. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados.

As sociedades são classificadas em: sociedades não-personificadas e sociedades personificadas.

A) Sociedades não-personificadas: Sociedades não-personificadas são sociedades que não tem personalidade jurídica e classificam-se em: · Sociedade em Comum; e, · Sociedade em Conta de Participação.

Sociedade em comum: é a sociedade irregular ou de fato, ou ainda em formação, não possuindo o registro competente, respondendo os sócios de forma solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, conforme o Artigo 990, do CC.

Sociedade em conta de participação: é a sociedade que possui um sócio oculto, que não aparece perante terceiros, e um sócio ostensivo, em nome do qual são realizadas todas as atividades, conforme o Artigo 991, do CC.

B) Sociedades personificadas: Sociedades personificadas são as sociedades que adquirem personalidade jurídica própria distinta das dos sócios e classificam-se em:

· Sociedades Empresárias; · Sociedades Simples; e, · Cooperativas.

Já vimos acima a definição de sociedades empresárias e sociedades simples, vejamos o conceito de Cooperativas:

Sociedade cooperativa (ou associação): A Cooperativa, por ser uma associação, é considerada como sociedade simples, qualquer que seja o seu objeto, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade, segundo determinado tipo.

Resumo da classificação das sociedades

CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADESNÃO-PERSONIFICADAS

Sociedade em Comum

Sociedade em Conta de Participação

PERSONIFICADASSociedade Simples;

Sociedade Empresária:

- Sociedade em Nome Coletivo,

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- Sociedade em Comandita Simples,

- Sociedade Limitada,

- Sociedade Anônima,

- Sociedade em Comandita por Ações.

Sociedade cooperativa.

Fundamento Legal: Artigos 981 a 985, da Lei nº 10.406/2002.

13.5 MODIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

As sociedades podem se modificar com o tempo, e isso acontece das formas abaixo, que são as formas legais de alteração o reorganização societária, através das quais as pessoas jurídicas podem promover mudanças substanciais em sua estrutura, vejamos:

a) Transformação- operação pela qual a sociedade passa, independentemente

de dissolução ou liquidação, de um tipo para outro. Ex: Uma limitada que se

transforma em S/A. Não importa o tipo, deverá conter a transformação em

seus registros, e não pode prejudicar os credores e nem modifica-los.

b) Incorporação - operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas

por outra já existente, que lhe sucede em todos os direitos e obrigações,

devendo todas aprova-las, na forma estabelecida para os respectivos tipos.

c) Fusão - operação pela qual duas ou mais sociedades se unem para formar

uma nova que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.

d) Cisão - operação pela qual uma sociedade transfere, total ou parcialmente, o

patrimônio para uma ou mais sociedades criadas para esse fim ou já

existentes.

13. 6 DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES

Ocorre quando a sociedade paralisa sua atividade externa e se dissolve. Elabora-se então o Distrato Social - documento que informa por que a sociedade se desfez e divide os bens da empresa entre os sócios. O Distrato deverá conter a importância repartida entre os sócios, o (s) motivo (s) de dissolução e a referência à pessoa ou pessoas que assumirem o ativo e guarda dos livros e documentos contábeis e fiscais.

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Os pedidos de arquivamento de atos de extinção de empresário ou de sociedade empresária, devem ser protocolados na Junta Comercial com os comprovantes de quitação de tributos e contribuições sociais federais.

São dispensadas da apresentação dos documentos de quitação, regularidade ou inexistência de débito a que se referem os itens I a III:

1 - o empresário ou a sociedade empresária, enquadrada como microempresa ou empresa de pequeno porte;

2 - os pedidos de arquivamento de atos relativos ao encerramento de atividade de filiais, sucursais e outras dependências de sociedades empresárias nacionais e de empresários.

Os detalhes sobre o arquivamento na Junta Comercial foram estipulados pela Instrução Normativa DNRC 105/2007, do Departamento Nacional de Registro do Comércio.

O último passo a ser dado para o encerramento final da empresa, é a baixa no CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoas Jurídica.

Todos esses passos são verificados juntamente com o contador da empresa, caso a mesma tenha um departamento jurídico e contábil, deverá legalizar a dissolução ou extinção da empresa.

14.0 TÍTULOS DE CRÉDITO

A atividade empresarial, é exercida no mercado entre as empresas e consumidores de bens e serviços, tendo como um dos seus principais suportes, o crédito.

14.3 O fato gerador dos títulos de crédito:

a) A troca de um bem certo e presente por um valor futuro e incerto é o fato econômico gerador do título de crédito. Justificação da disciplina especial do Direito Cambiário:

b) O vendedor pode ter necessidade de honrar seus compromissos, através da transformação do valor futuro em imediato.

Os títulos de crédito surgiram para facilitar a circulação do crédito. Têm duas características ou atributos:

a) NEGOCIABILIDADE: maior facilidade de negociação que umaobrigação comum.

b) EXECUTIVIDADE: maior facilidade de cobrança que uma obrigação comum. O título de crédito é título executivo extrajudicial e as matérias de defesa na execução são restritas.

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Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado. (Cesare Vivante)

CONCEITO TÍTULO DE CRÉDITO PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002:

Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

14.4 TIPOS DE TÍTULOS DE CRÉDITO

A) LETRA DE CÂMBIO

Conceito: é ordem de pagamento, à vista ou a prazo, sacada por um credor contra seu devedor, em favor de alguém, que pode ser um terceiro ou o próprio sacador; sacador é o que emite a letra; aceitante é o sacado que aceita a letra, nela apondo sua assinatura; tomador é o beneficiário da ordem; endossante é o proprietário do título, que o transfere a alguém, chamado endossatário; o portador de uma letra, adquirida por endosso, pode haver dos endossantes anteriores ou do sacador o valor da letra, se o aceitante ou sacado não pagar (direito de regresso); prescreve contra o devedor principal em 3 anos da data do vencimento.

Circulação das letras de câmbio: após o aceite do sacado, o beneficiário teria de, em tese, aguardar a data do vencimento para receber o pagamento; pode ser, no entanto, que seja devedor de outrem; pode saldar sua dívida entregando a letra de câmbio para aquele com relação ao qual é devedor, devidamente endossada; portanto, o beneficiário original da letra passa a ser endossante da letra, transferida a seu credor, agora endossatário e que passa a ser o novo proprietário da letra substituindo o primitivo beneficiário; cada endossatário poderá, por sua vez, transmitir a letra, por meio de endosso, indefinidamente, figurando como endossante; essa seqüência de endossos, é denominada série de endossos.

Obrigação dos endossantes: são coobrigados; isso significa que o último da série de endossos pode voltar-se contra quaisquer dos endossantes ou contra o primitivo beneficiário, diretamente; efetuado o pagamento por qualquer um deles, estará extinta a obrigação cambial; se o endossatário final exigir o pagamento do último endossante, este poderá voltar-se contra o endossante anterior a ele, e assim sucessivamente, exercendo o chamado direito de regresso.

Requisitos de validade extrínsecos (essenciais): deverá obedecer ao rigor cambiário, preenchendo os seguintes requisitos:

• As palavras “letra de câmbio”, inseridas no próprio texto, não apenas no alto do título; O valor monetário a ser pago;

• O nome do sacado; • O nome do tomador; • Data e local onde a letra é sacada;

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• Assinatura do sacador; a inobservância de qualquer dos requisitos de validade, tem como conseqüência jurídica, sua descaracterização como título de crédito.

Requisitos intrínsecos (que se referem a própria letra): em princípio, os mesmos elementos essenciais do ato jurídico devem estar presentes nela, embora o direito cambiário tenha feito algumas adaptações; por exemplo, no caso de uma letra ser assinada por um incapaz, ela não será considerada nula, pois, a legislação cambiária, levando em consideração os princípios da autonomia das obrigações constantes nos títulos, e da independência das assinaturas, não impõe nulidade à letra de câmbio.

Cambial financeira: é aquela sacada, emitida ou aceita por instituições financeiras que operam no mercado de capitais, sob fiscalização do Banco Central, e que têm a função de papel financeiro, sujeito à correção monetária.

Requisitos Essenciais da Letra de Câmbio:

• A palavra Letra de Câmbio;

• A quantia que deve ser paga;

• O nome do sacado (quem deve pagar);

• O nome do credor;

• A data quando a Letra foi sacada;

• A assinatura do Sacador.

PREVISÃO LEGAL: Letra de Câmbio - DL-2.044/08 - arts. 01 a 53 - Decreto 57.663/63 - Ordem de Pagamento - a vista e a prazo. Título de crédito formal, consistente numa ordem escrita de pagamento, de um emitente ou sacador, a outrem, chamado aceitante ou sacado, para que pague a um terceiro, denominado tomador, determinada importância em local e data determinados. A exemplo do cheque, a letra de câmbio é uma ordem de pagamento, não uma promessa de pagamento, como a nota promissória. O D. 2.044, de 31.12.1908, que define a letra de câmbio e a nota promissória e regula as operações cambiais, em seu art. 1º, a natureza e os requisitos da letra de câmbio. Como já dito, a letra de câmbio é um título formal, ou seja, a ela não pode faltar nenhum destes requisitos, como se depreende do art. 2º de referido decreto.

Seu art. 6º estabelece como a letra de câmbio pode ser passada: I. À vista, quando não indica a época do vencimento, ou contenha a cláusula à vista, caso que será paga no ato da apresentação; II. A dia certo, quando traz indicada, em seu contexto, a data do vencimento, devendo ser quitada neste dia; III. A tempo certo da data, quando se estipula o prazo de pagamento, cujo início é o dia seguinte ao da emissão, devendo o pagamento ser efetuado no último dia do prazo; IV. A tempo certo de vista, caso em que o prazo de pagamento começa fluira partir do seguinte ao do aceite.

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B) NOTA PROMISSÓRIA

Conceito: é uma promessa direta de pagamento ao credor emitida pelo devedor; aplicam-se a promissória todas as regras cambiais já vistas; pode ser comum ou rural; somente intervém o devedor (como emitente) e o credor (como beneficiário); prescreve em 3 anos, contados a partir da data do vencimento.

Requisitos essenciais: denominação “nota promissória” inserida no próprio texto do documento; promessa pura e simples de pagar a quantia determinada; nome da pessoa ou à ordem de quem deve ser paga; indicação do local de pagamento; indicação da data de emissão; assinatura de quem emite a nota (subscritor). * além desses, devem estar contidos (não essencialmente) na nota, a data do pagamento e a indicação do local de emissão do título.

Nota Promissória - DL-2.044/08 - arts. 54 a 57 - Título de crédito formal, consistente numa promessa de pagamento a ser efetuado pelo emitente ao beneficiário ou à ordem deste, em data e local determinados. Regula a matéria o D. 2.044, de 31.12.1908, observando-se o art. 54, caput. Pelo fato de a lei considerar tais requisitos essenciais, a nota promissória é, como já vimos, um título de crédito formal. Em todo caso, será pagável à vista a nota promissória que não indicar a época do vencimento (Art. 54, § 2º, primeira parte). Será pagável no domicílio do emitente a nota promissória que não indicar o lugar do pagamento (Art. 54, § 2º, segunda parte). É facultada a indicação alternativa do lugar de pagamento, tendo o portador direito de opção (Art. 54, § 2º, terceira parte).

Diversificando as indicações da soma do dinheiro, será considerada verdadeira a que se achar lançada por extenso no contexto (art. 54, § 3º, primeira parte). Diversificando no contexto as indicações da soma de dinheiro, o título não será nota promissória (art. 54, § 3º, segunda parte). Importante lembrar que não será considerada nota promissória o escrito a que faltar qualquer dos requisitos enumerados no art. 54, caput.

A nota promissória pode ser passada: I. À vista, quando contiver tal indicação, ou quando for omissa quanto àdata do vencimento;II. A dia certo, quando designar, de forma expressa, a data do vencimento;III. A tempo certo da data, quando tiver de ser quitada dentro dedeterminado número de dias, contados da data da emissão.

São aplicáveis à nota promissória, com as modificações necessárias, todos os dispositivos da Letra de Câmbio (Art. 56 do DL-2.044/08), exceto os que se referem ao aceite e às duplicatas. Para o efeito da aplicação de tais dispositivos, o emitente da nota promissória é equiparado ao aceitante da letra de câmbio. - Nota Promissória. Compra e Venda Mercantil. Emissão Inadmissível. Vedada é a emissão de nota promissória com base em compra e venda mercantil, posto que para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador somente é admissível a duplicata. (art. 2º da Lei 5.474/68). (AP. 422.871-1, 6.8.90, 2ª C 1º TACSP, Rel. Juiz Jacobina Rabello, in RT667/110).

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Nota Promissória. Data da Emissão - Ausente a data do vencimento, a nota promissória é título com vencimento à vista. A falta de apresentação de tal título no prazo de um ano, a contar de sua emissão, não lhe retira a executividade: produz apenas a perda, para o portador, do direito de regresso contra os endossantes e avalistas. O prazo de apresentação, que é de um ano, não se confunde com o prescricional, que é de três anos, sendo que este último começa a fluir após o decurso daquele. Desnecessidade de protesto para ajuizamento da execução contra o emitente da nota promissória.

C) CHEQUE

Conceito: é uma ordem de pagamento à vista, emitida pelo devedor contra uma instituição financeira em favor de terceiro ou em seu próprio favor; intervém na relação cambiária o emitente, o sacado (banco que recebe a ordem de efetuar o pagamento) e o beneficiário; pode ser garantido por aval de terceiro, exceto o sacado e o signatário do título.

Função econômica do cheque: substitui com vantagem a circulação da moeda corrente pela segurança que oferece; tornou-se um meio de pagamento usual, constituindo, também, meio de liquidação de débitos e créditos, mediante compensação; é instrumento probatório eficaz para demonstrar a existência de pagamentos.

Prazo de prescrição: ocorre em 6 meses, contados a partir do momento em que termina o prazo para sua apresentação, que é de 30 dias se pagável na mesma praça em que foi emitido, e de 60 dias quando pagável em praça diversa da qual foi emitido.

Requisitos essenciais: a denominação “cheque”; ordem incondicional de pagar a quantia determinada; o nome do sacado; indicação do lugar do pagamento; indicação da data e do local de emissão; assinatura do sacador ou do mandatário com poderes especiais.

Cheque pré-datado (pós-datado): é aquele emitido pelo comprador para que o vendedor o apresente dentro de certo tempo.

Uso indevido do cheque: ficará caracterizado pela segunda apresentação do cheque sem provisão de fundos, feita em 48 horas após a primeira, sem que novamente, haja fundos; quando o emitente utilizar de hábito de emitir cheques sem fundos, pagando somente por ocasião da segunda apresentação; quando o depositante se utilizar de quaisquer práticas condenáveis, que visem a ganhar tempo, postergando ou dificultando o pagamento dos cheques que emite.

Contra-ordem (ou revogação) e oposição ao cheque: a contra-ordem é privativa do emitente; produzirá efeito após o prazo de apresentação do cheque; é justificada meramente com as razões pelas quais o emitente deseja praticar o ato; visa a desconstituir a ordem contida no cheque; não se exige que o emitente disponha de saldo em conta; é ato definitivo; a oposição pode ser feita pelo emitente e também por qualquer portador legitimado; produzirá efeito imediato; deve ser

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fundada em relevante razão de direito, tal como furto, roubo, extravio ou apropriação indébita; não visa a desconstituir a ordem contida no cheque, mas somente evitar que o pagamento seja efetuado em favor de quem não seria seu legítimo beneficiário; exige-se que exista saldo disponível em conta.

Ação de cobrança do cheque: o portador pode exigir do demandado, ao ajuizar a ação, o valor não pago, os juros legais desde a data de apresentação do cheque, as despesas incorridas pelo portador, tais como as da apresentação, ou as do protesto, e a correção monetária, até a data do efetivo pagamento.

Cheque - Lei 7.357, de 2.9.1985. Do inglês to check, conferir, confrontar. Título de Crédito que representa uma ordem de pagamento à vista. Três partes aparecem no cheque: o emitente (dá, emite, passa ou saca a ordem), também chamado sacador; depois, o sacado (estabelecimento bancário que recebe a ordem para o pagamento); e o tomador, beneficiário ou portador (pessoa a favor de quem é sacado o cheque). Diferentemente da nota promissória e da letra de câmbio, o cheque pode ser emitido ao portador. Não contendo a indicação do beneficiário, é tido como ao portador, bem assim o cheque passado a determinada pessoa que, além da identificação desta, contenha a cláusula ou ao portador, podendo, então, ser pago ao indicado ou a qualquer outra pessoa. Conforme advertência de Rubens Requião, o cheque apresenta pressupostos e requisitos, divididos estes em essenciais e não-essenciais. Como pressupostos do cheque se apresentam a existência de fundos disponíveis em poder de alguém que tenha capacidade profissional para cumprir o serviço de cheque, ou seja, de comércio bancário e, depois, a necessidade de que o sacado tenha a condição de cumprir legalmente o serviço de cheques, que seja banqueiro.

São requisitos essenciais do cheque a) a palavra cheque; b) a ordem pura e simples de pagar uma quantia determinada; c) o nome de quem deve pagar ou sacado; d) a assinatura do emitente.

São requisitos não-essenciais a) Indicação do lugar no qual o pagamento será realizado; b) Indicação da data e do lugar no qual é sacado. Na falta de indicação

especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o do lugar do pagamento.

Se forem indicados vários lugares ao lado do nome do sacado, o cheque é pagável no primeiro lugar indicado. Na falta dessas indicações ou de qualquer outra indicação, o cheque é pagável no lugar em que o sacado tiver o seu estabelecimento principal. Por outro lado, o cheque sem designação de lugar de emissão considera-se passado no lugar designado ao lado do nome do sacado. O CP adverte que comete crime de estelionato, modalidade fraude no pagamento por meio de cheque, quem emitir cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou lhe frustrar o pagamento. No direito brasileiro, este crime se configura quando é constatada a falta de provisão de fundos, no ato de apresentação e liquidação de cheque pelo sacado. Isto significa que o emitente pode colocar o título

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em circulação mesmo sem fundos em poder do sacado, desde que, no momento da apresentação, o cheque esteja provido.

Cheque pós-datado - Cheque emitido com data posterior à da emissão, de modo a aguardar numerário do emitente em poder do sacado. É fruto das dificuldades econômicas por que passa grande parte dos correntistas medianos, e que atingem, diretamente, o comércio, que passa a aceitar esta forma anômala de pagamento, para evitar o mal maior da paralisação nas vendas. Evite-se a expressão cheque pré/datado, pois o título não é emitido com data anterior à sua emissão, o que não teria sentido, mas posterior a esta. Embora constituindo, in fieri, uso social “contra legem”, o cheque pós-datado é vedado, implicitamente, pela própria lei do cheque (L. 7.357, de 2.9.1985), conforme se depreende de seus arts. 4º, § 1º, e 32. Importante observar, também o disposto no art. 33.

D) DUPLICATA

Conceito de duplicata comercial: é título de crédito formal, assim considerado por força de lei, que consiste num saque baseado em crédito concedido pelo vendedor ao comprador, baseado em contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços celebrados entre ambos, cuja circulação é possível mediante endosso; sua emissão é facultativa; o comerciante somente emitirá duplicata caso tenha a intenção de operar por meio de instituição financeira; alternativamente, poderá cobrar a fatura comercial de forma direta do comprador; intervém na relação cambiária, o sacador (que emite a duplicata), a instituição financeira (caso não seja à vista) e o sacado (que compra a mercadoria ou o serviço).

Fatura comercial: é documento representativo do contrato de compra e venda mercantil, de emissão obrigatória pelo comerciante, por ocasião da venda de produto ou de serviço, descrevendo o objeto do fornecimento, quantidade, qualidade e seu preço, além de outras circunstâncias, de acordo com os usos da praça.

Nota fiscal: é documento de emissão obrigatória, por parte do comerciante, por ocasião da venda de produto ou de serviço, para efeitos tributários, indicando a quantidade, o tipo de fornecimento e seu preço.

Nota fiscal-fatura: é o documento que resultou do convênio firmado entre o Ministério da Fazenda e as Secretárias da Fazenda dos Estados, pelo qual a nota fiscal passa a funcionar também como fatura comercial, contendo as informações relativas à compra e venda mercantil e também as necessárias para as finalidades tributárias.

* a fatura, a nota fiscal e a nota fiscal-fatura não são títulos representativos de mercadorias; são documentos que meramente descrevem as mercadorias.

Requisitos essenciais da duplicata (caracterização):

• A denominação “duplicata” inserida no texto;

• Data de emissão;

• Número de ordem do documento;

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• Número da fatura comercial correspondente;

• Nome e domicílio do vendedor;

• Nome e domicílio do comprador;

• Importância a ser paga, em números e por extenso;

• Praça de pagamento;

• A cláusula “à ordem”;

• Declaração do reconhecimento da exatidão do documento e da obrigação de

pagá-lo, que deve ser assinada pelo comprador, válida como aceite;

• Assinatura do emitente;

• Identificação do devedor por meio do número de sua carteira de identidade,

da identificação no CPF.

Prazos: a duplicata deverá ser apresentada ao devedor dentro de 30 dias de sua emissão; para devolver ao comércio, quando a duplicata não for à vista, o prazo será de 10 dias, com o aceite, ou acompanhada de documento escrito explicando os motivos da não-aceitação, se este for o caso; o prazo para protesto é de 30 dias, contados a partir do dia do vencimento.

Duplicata simulada: é aquela expedida ou aceita, sem que tenha efetivamente ocorrido a compra e venda mercantil correspondente; aquele que a expedir ou a aceitar, bem como aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas, incorrerá no delito tipificado no art. 172 do CP.

Duplicata de prestação de serviços: a lei 5.474/68 dispõe que podem emitir fatura e a correspondente duplicata, as empresas individuais ou coletivas, fundações e sociedades civis que tenham por objeto a prestação de serviços, além de profissionais liberais e prestadores eventuais de serviço cujo valor seja superior ao mínimo legal; a duplicata de prestação de serviços está sujeita às mesmas normas legais que as duplicatas comuns, razão pela qual sua emissão é ato jurídico de natureza comercial.

Motivos para recusar-se a aceitar a duplicata

a) Enumerados pela legislação são meramente exemplificativos:

b) Mercadoria não entregue;

c) Mercadoria entregue, porém avariada, quando o transporte for por conta e

risco do vendedor;

d) Defeitos e diferenças na qualidade ou quantidade das mercadorias;

e) Divergências nos prazos e preços pactuados.

Ação fundada na duplicata: é a ação de execução, pois a duplicata é título de crédito, conforme a lei 5.474/68 e a enumeração do inciso I do art. 585 do CPC; é

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possível fundamentar ação de cobrança, em duplicata não aceita, mas protestada mediante prova de remessa ou entrega de mercadoria, porque essa forma de protesto supre a falta de aceite, sendo considerada, também sob esta circunstância, título executivo extrajudicial; o prazo de prescrição da ação contra o sacado e seus avalistas é de 3 anos, contado a partir da data de vencimento da duplicata; contra o endossante e seus avalistas, o prazo é de 1 ano, contado a partir da data do protesto; de qualquer coobrigado contra qualquer dos demais, exercendo seu direito de regresso, o prazo é de 1 ano, contado a partir da data em que o título foi pago.

Duplicatas - DL-2.044/08 - art. 16. Do latim medieval, duplicata (littera), letra dobrada. Título de crédito que pode ser extraído da fatura. (o saque da duplicata é facultativo). A duplicata mercantil é título de crédito que constitui o instrumento de prova do contrato de compra e venda. Humberto Piragibe Magalhães e Christóvão Piragibe Tostes Malta (Dicionário Jurídico, 1º:371), a definem como o "título de crédito constituído por um saque vinculado a um crédito decorrente de contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços igualado aos títulos cambiários por determinação legal. É título casual, formal, circulável por meio de endosso e negociável. Geralmente é título de crédito assinado pelo comprador em que há promessa de pagamento da quantia correspondente à fatura de mercadorias vendidas a prazo". É obrigatória nas vendas mercantis a prazo e pode ser protestada por falta de pagamento, quando vencida. A duplicata de prestação de serviços é título emitido por profissionais ou por empresas, para cobrança de serviços prestados. L. 5.474, de 18.7.1968. A duplicata tem origem em uma só fatura. De uma só fatura podem ser extraídas diversas duplicatas.

Fatura - Rol das mercadorias vendidas com discriminação da qualidade, quantidade, espécie, tipos e marcas. Deve ser extraída no prazo não inferior a 30 (trinta) dias, da data da entrega ou despacho das mercadorias. Documento que comprova a celebração de um contrato de compra e venda mercantil. Trata-se, como observa Amador Paes de Almeida, de uma nota do vendedor, descrevendo a mercadoria, discriminando sua qualidade e quantidade, e fixando-lhe o preço. Então, a fatura mercantil não vem a ser um título representativo da mercadoria, e sim o documento que comprova um contrato de compra e venda mercantil. Para que possa valer contra o comprador, é preciso que a fatura seja aceita por este, podendo tal aceitação ser expressa ou tácita, caracterizada esta pela falta de reclamação no prazo de dez dias subseqüentes ao recebimento, conforme parte final do art. 219 do CCom. No caso de venda a prazo não inferior a trinta dias, fica obrigatória a extração da fatura, contendo a discriminação da mercadoria, o número e o valor da nota fiscal, como se observa no art. 1º, caput e § 1º, da L. 5.474, de 18.7.1968, assim: "Art. 1º Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contados da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador. § 1º A fatura discriminará as mercadorias vendidas ou, quando convier ao vendedor, indicará somente os números e valores das notas parciais expedidas por ocasião das vendas, despachos ou entregas das mercadorias". Desde 1970, graças a convênio celebrado entre o Ministério da Fazenda e as Secretarias de Estado da Fazenda, o comércio foi autorizado a adotar a chamada nota fiscal-fatura, para efeitos comerciais e tributários. Pela nota fiscal-fatura, emite-se uma única relação de mercadorias vendidas, para cada operação realizada, com efeito, de fatura mercantil e, para o Direito Tributário, de nota fiscal.

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Paes de Almeida, Amador, Teoria e Prática dos Títulos de Crédito, São Paulo, Saraiva, 1989, 12ª ed., pp. 122 e segs.; Ulhoa Coelho, Fábio, Manual de Direito Comercial, São Paulo, Saraiva, 1994, 5ª ed., pp. 260 e segs.

Triplicata - Segunda via ou reprodução de duplicata extraviada ou não aceita.

Cambial - Expressão usual para denominar a nota promissória (promessa de pagamento) e a letra de câmbio (ordem de pagamento).

15.0 CONTRATOS EMPRESARIAIS

No âmbito dos contratos comerciais, são muitas as espécies. Mas procurando facilitar a compreensão dos mesmos, os doutrinadores dividiram em dois grandes grupos:

Os contratos de colaboração e os contratos bancários. O primeiro tipo reuniu os contratos que possuem como característica comum a intenção das partes em promover o desenvolvimento de novos mercados para os produtos do fornecedor, enquanto o segundo tipo abrangeu os contratos dos quais participam uma instituição financeira.

15.1 CONSTITUIÇÃO DOS CONTRATOS

Os contratos, para serem considerados válidos, devem obedecer aos mesmos requisitos dos atos jurídicos em geral, quais sejam:

- agentes capazes;

- objeto lícito e possível;

- forma prescrita ou não proibida em lei;

- vontade das partes.

Na maioria dos contratos bastam essas condições para eles serem concretizados, passando a gerar obrigações entre as partes.

QUADRO RESUMO COM TIPOS DE CONTRATOS EMPRESARIAIS

CONTRATOS DE COLABORAÇÃO CONTRATOS BANCÁRIOS

- Contrato de concessão mercantil- Contrato de representação comercial - Franquia- Mandato mercantil- Comissão mercantil

- Depósito bancário- Mútuo bancário- Financiamento- Abertura de crédito- Alienação fiduciária em garantia- Arrendamento mercantil- Fomento mercantil

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Abaixo todos os tipos de CONTRATOS BANCÁRIOS existentes hoje na vida empresarial:

1 - DEPÓSITO BANCÁRIO: contrato pelo qual uma pessoa entrega certa soma em dinheiro a um banco que se obriga a restituí-la quando solicitado. (Ripert) espécies : à vista / à prazo / poupança individuais/conjunto simples/de movimento ordinários/especiais.

2 - CONTA CORRENTE : contrato pelo qual o banco se obriga a realizar, por conta do cliente, todas as operações de caixa. (pagamentos e cobranças)

3 - MÚTUO (empréstimo - mútuo feneratício): contrato pelo qual o banco entrega ao cliente certa soma em dinheiro e o cliente se obriga a devolver, findo o prazo, acrescido de juros, comissões e despesas. art. 586 a 592 do CC. Formas : de dinheiro / de títulos / de nome (fiança/aval/carta de garantia).

4 - ABERTURA DE CRÉDITO: contrato pelo qual o banco se obriga a colocar à disposição do cliente certa soma em dinheiro que poderá ser usada por conveniência deste. formas : cheque especial/conta garantida/cheque estrela, etc.

5 - CRÉDITO DOCUMENTÁRIO (carta de crédito): contrato pelo qual o banco se compromete a efetuar pagamento à terceiros mediante a apresentação de documentos representativos de entrega de mercadorias. Publicação n. 500 da Câmara Internacional do Comércio - 1993

6 - DESCONTO: contrato pelo qual o banco antecipa para o cliente o valor de créditos contra terceiros, ainda não vencidos, mediante a cobrança de juros, comissões e despesas. Cessão de crédito por meio de endosso. instrumento do desconto = borderô

7 - ANTECIPAÇÃO (adiantamento): contrato pelo qual o banco coloca à disposição do cliente certa soma em dinheiro diretamente proporcional ao valor de coisas dadas em garantia."crédito lombardo" = formas : penhor mercantil, caução, antecipação de IR-Fonte.

8 - CAIXA DE SEGURANÇA (cofre de aluguel): contrato pelo qual o banco põe à disposição do cliente compartimento de sua caixa-forte para a guarda de objetos, mediante remuneração. = é locação - art. 565 do CCiv - II TAC/SP -

9 - CUSTÓDIA DE TÍTULOS: contrato pelo qual o banco se obriga a guardar títulos de crédito do cliente, administrar seus frutos, tomar medidas conservatórios e restituí-los ao final do prazo. simples custódia /depósito cerrado / depósito em administração (ações escriturais L. 6404/76 - arts. 41 a 43 (fungíveis) - Certificados de Depósitos de Ações)

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10 - COBRANÇA DE TÍTULOS: contrato pelo qual o banco se obriga a prestar serviços de cobrança de títulos contra terceiros.instrumento = borderô de cobrança (endosso-mandato)

11 - VENDOR (financiamento bancário): contrato típico da colaboração empresarial por intermediação o banco paga ao fornecedor à vista as operações feitas à prazo pelo colaborador.

12 - FOMENTO MERCANTIL (FACTORING) - CONCEITO: "é a prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou prestação de serviços."(Art. 58 da Lei Federal n°. 9.249/95)

13 - ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) - CONCEITO:É o contrato pelo qual uma pessoa jurídica, pretendendo utilizar determinado equipamento, comercial ou industrial, ou certo imóvel, consegue que uma instituição financeira o adquira, arrendando-o ao interessado, por um tempo determinado, possibilitando ao arrendatário, findo tal prazo, optar entre a devolução do bem, a renovação do arrendamento, ou a aquisição do bem arrendado mediante um preço residual fixado no contrato, o que fica após a dedução das prestações até então pagas. MARIA HELENA DINIZ conceitua da seguinte forma: Considera--se arrendamento mercantil o negócio jurídico realizado entre a pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora e a pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta.Lei n. 7132, de 26/10/1983

14 - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA - CONCEITO: É o contrato pelo qual uma das partes aliena um bem para a outra sob a condição de ele ser restituído à sua propriedade quando verificado determinado fato. É o negócio jurídico pelo qual o devedor, para garantir o pagamento da dívida, transmite ao credor a propriedade de um bem, restando-lhe a posse direta, sob a condição resolutiva de saldar as prestações da dívida.

15.2 CONTRATO DE COMPRA E VENDA OU DE FORNECIMENTO

Esse tipo de contrato não se encaixa nos relacionados acima pelo motivo de não se constituir a partir de uma instituição financeira, e porque no contrato de colaboração existe uma cláusula de indenização em caso de rescisão contratual. No contrato de compra e venda essa possibilidade não existe.

É o contrato mais usual no meio empresarial, pois através dele que o empresário adquire produtos para revenda, e que a indústria repõe seu estoque de matéria-prima e insumos para produção.

CONCEITO: É um contrato no qual uma das partes se obriga a transferir o domínio deum determinado bem enquanto a outra parte obriga-se ao pagamento em dinheiro. Ocorre assim, a tradição do bem, aperfeiçoado por meio do consentimento entre as partes envolvidas.

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Definição: A definição do Contrato de Compra e Venda está no artigo 481,CC:

Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.

16.0 FALÊNCIA

CONCEITO: É o procedimento judicial a que está sujeita a empresa mercantil devedora, que não paga obrigações líquidas na data do vencimento, consistindo em uma execução coletiva de seus bens, à qual concorrem todos os credores, e que tem por objetivo a venda forçada do patrimônio disponível, a verificação dos créditos, a liquidação do ativo e a solução do passivo, de forma a distribuir os valores arrecadados, mediante rateio entre os credores, de acordo com a ordem legal de preferência, depois de feita a chamada classificação dos créditos.

PREVISÃO LEGAL: Lei n°11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência, nesta ordem, do empresário e da sociedade empresária.

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DICIONÁRIO DE DIREITO EMPRESARIAL

CC - Código Civil

CDC - Código de Defesa do Consumidor

CF - Constituição Federal

Ordenamento Jurídico - é o conjunto de todas as leis de um país, que seja um

estado democrático de direito (somos uma República), no caso brasileiro temos a

Constituição Federal de 1988 como nossa Lei Maior e depois todas as outras leis

complementares, ordinárias, delegadas, emendas à constituição, decretos

legislativos, resoluções, medidas provisórias, que visam regular a vida em sociedade

"Os estudos aperfeiçoam a natureza e são aperfeiçoados pela experiência. "

FRANCIS BACON

BIBLIOGRAFIA:

- PIMENTEL, CARLOS BARBOSA - Direito Empresarial (comercial): teoria e questões comentadas / Carlos Barbosa Pimentel — 8. ed. — Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 404p. — Inclui bibliografia ISBN: 85-352-1985-4

- LEI 10.406/2002 (LEI ORDINÁRIA) 10/01/2002 (Código Civil Brasileiro)

- Coelho, Fabio Ulhoa - Curso de Direito Comercial - Vol.1 - 10ª Edição 2006/Saraiva

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