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Finanças – 1ª Parte BNDES / Opções e
Project Finance
Professor Cláudio Barbedo
01/10/2011
Professor Cláudio Barbedo Página 2
Conteúdo
O
Opções ........................................................................................................................................... 3
O
Opções de Compra ........................................................................................................................ 4
V
Valor de uma opção de compra no vencimento .............................................................. 5
O
Opções de Venda .......................................................................................................................... 7
A
Avaliação de Opções ................................................................................................................... 10
L
Limites ao valor de uma opção de compra ..................................................................... 11
F
Fatores determinantes dos valores de opções de compra ......................................... 11
F
Fatores determinantes dos valores de opções de venda ........................................... 13
C
Combinações de Opções ............................................................................................................. 15
D
Derivativos................................................................................................................................... 19
S
Swaps .......................................................................................................................................... 21
P
Project Finance ............................................................................................................................ 26
P
PPP e Project Finance no BNDES ............................................................................................... 299
T
Tópico Essencial: Financiamento Corporativo e o Project Finance ............................................ 30
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OOOpppçççõõõeeesss
Introdução
Uma opção é um contrato que dá a seu titular o direito de comprar e
vender um ativo a um preço pré-fixado em certa data ou antes disso.
Opções são um tipo especial de contrato financeiro, pois dão ao
comprador o direito, mas não a obrigação, de fazer algo. O comprador usa a
opção somente se é interessante fazê-lo; em caso contrário, a opção pode ser
“jogada fora” ou “vira pó”.
Há um vocabulário especial associado a opções. Estas são algumas
definições importantes:
1) Exercício da opção: ato de compra ou venda do ativo-objeto por meio do
contrato de opção;
2) Preço de exercício ou strike: preço fixado no contrato da opção, ao qual o
titular pode comprar ou vender o ativo-objeto;
3) Lançador: é aquele que vende uma opção (recebe o prêmio), assumindo
assim a obrigação de vender ou comprar o ativo-objeto até uma determinada
data pelo preço pré-estabelecido;
4) Titular: quem compra a opção (paga o prêmio), assumindo assim os direitos
a ela vinculados, podendo escolher se quer ou não exercê-la;
5) Prêmio: preço pelo qual uma opção pode ser comprada ou vendida. O
prêmio é pago pelo titular e recebido pelo lançador da opção, seja ela de
compra ou de venda.
6) Data de vencimento ou data de exercício: data a partir da qual a opção
não existe mais, ou expira;
7) Opção americana: pode ser exercida a qualquer momento, até a data de
exercício;
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8) Opção européia: difere de uma opção americana no sentido de que só pode
ser exercida na data de vencimento;
9) Opção asiática: o direito será exercido ou não com base na comparação
entre o preço de exercício (fixado no contrato da opção) e uma média de
preços do ativo objeto durante certo período;
10) Tempo para o vencimento: período até o vencimento das opções;
11) Fechamento de posição: operação em que o titular vende suas opções ou
em que o lançador recompra suas opções;
12) Desdobramentos: aumento do número de ações existentes, sem provocar
alterações de patrimônio líquido; e
13) Bonificação com emissão de ações: pagamento de um dividendo sob a
forma de ações, e não em dinheiro. Uma bonificação é paga com ações em
tesouraria, aumentando o número de ações existentes, reduzindo o valor de
cada ação.
Nota) Ações em tesouraria: ações emitidas e posteriormente recompradas
por uma empresa.
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O tipo mais comum de opção é uma opção de compra (call). Uma
opção de compra dá a seu titular o direito de adquirir um ativo a um preço
prefixado durante certo período. Não há restrições ao tipo de ativo, mas os
mais comumente negociados em bolsa são opções de ações e títulos de renda
fixa. Geralmente, os ativos envolvidos são ações ordinárias.
Praticamente, todas as opções especificam que o preço de exercício e o
número de ações devem ser ajustados por desdobramentos e bonificações.
Exemplo) Suponha que uma opção de compra típica de ações de uma
Empresa I permite ao investidor comprar 100 ações da Empresa em 15 de
julho de 20XX, ou antes, a um preço de exercício de R$ 150. Esta opção terá
valor se houver alguma probabilidade de que o preço da ação ordinária da
Empresa I supere R$ 150 em 15 de julho de 20XX ou antes. Suponha que a
ação da Empresa I estivesse sendo negociadas a R$ 180 no dia em que uma
opção de compra foi adquirida. Imaginemos ainda que, no dia seguinte,
houvesse um desdobramento de 6 por 1. O preço de cada ação cairia para R$
30, e a probabilidade de que a ação superasse R$ 150 no futuro próximo se
tornaria muito pequena. Para proteger o titular da opção contra tal ocorrência,
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as opções de compra são tipicamente ajustadas por desdobramentos e
bonificações.
Neste caso de um desdobramento de 6 por 1, o preço de exercício
passaria a ser R$ 25 (R$ 150/6). Além disso, o contrato agora envolveria 600
ações, em lugar das 100 ações originais.
█
Nota) No mercado internacional, nenhum ajuste é feito em função do
pagamento de dividendos em dinheiro pela Empresa a seus acionistas. A não-
efetivação deste ajuste prejudica os titulares de opções de compra, embora,
obviamente, eles conheçam os termos dos contratos de opção antes de
comprá-los. No Brasil, por regra, há o ajuste para dividendos. Isto significa que
uma Call com S de $50 e K de $52 é ajustada para um S de $48 e K de $50,
caso a ação pague $2 de dividendo.
Valor de uma opção de compra no vencimento
O valor de uma opção de compra de ações na data de vencimento
depende do preço da ação-objeto na data de vencimento.
Seja ST o preço de mercado da ação-objeto na data de vencimento, T.
Evidentemente, este não é conhecido antes do vencimento. Suponhamos que
dada opção de compra possa ser exercida daqui a um ano ao preço de
exercício de R$ 50. Se o valor da ação ordinária no vencimento, ST, for maior
do que o preço de exercício de R$ 50, a opção valerá a diferença, ST - R$ 50.
Quando ST > R$ 50, diz-se que a opção está dentro do dinheiro.
Exemplo) Suponha que dada opção de compra possa ser exercida daqui a um
ano ao preço de exercício de R$ 50. Suponha, também, que na data de
vencimento dessa opção o preço da ação-objeto seja R$ 60. O titular da opção
de compra tem o direito de comprar a ação do vendedor da opção por R$ 50.
Como a ação está sendo negociada no mercado a R$ 60, o titular da opção
exercerá a opção, ou seja, comprará a ação por R$ 50. Se desejar, poderá
vender a ação a seguir, por R$ 60, embolsando a diferença de R$ 10 (=R$ 60 –
R$ 50).
Evidentemente, também é possível que o valor da ação seja inferior ao
preço de exercício. Se ST < R$ 50, a opção de compra estará fora do
dinheiro. O titular não a exercerá nesse caso. Por exemplo, se o preço da
ação na data de vencimento fosse R$ 40, nenhum investidor racional exerceria
a opção. Por que pagar R$ 50 por ações que só valem R$ 40? Como o titular
da opção de compra, ele pode abandonar a opção. Em consequência, se ST <
R$ 50 na data de vencimento, o valor da opção de compra será igual a 0.
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Neste caso, o valor da opção de compra não é ST – R$ 50, como aconteceria
se o titular da opção de compra tivesse a obrigação de exercê-la.
O resultado com uma opção de compra no vencimento é:
A figura seguinte representa o valor da opção de compra na data de
vencimento em função do valor da ação. Esse tipo de gráfico é conhecido
como diagrama em forma de taco de hóquei, no caso de valores de opção
de compra.
Nota) A opção de compra nunca pode ter valor negativo. Trata-se de um
instrumento com responsabilidade limitada, o que significa que tudo o que o
titular pode perder é o valor inicial pago por ele.
█
Exemplo) Suponhamos que o Sr. Otimista adquira uma opção de compra, com
prazo de um ano, de 100 ações da Empresa I. Trata-se de uma opção européia
de compra e pode ser exercida a R$ 150 por ação. Imaginemos que a data de
vencimento tenha chegado. Qual é o valor da opção de compra da Empresa I
na data de vencimento?
1) Se a ação da Empresa I estiver sendo negociada a R$ 200 por ação,
o Sr. Otimista poderá exercer a opção – comprar 100 ações da Empresa I a R$
150 por ação – e aí vender imediatamente as ações por R$ 200. O Sr. Otimista
terá obtido um lucro de R$ 5000 (100 ações x R$ 50).
2) Ao contrário, suponhamos que as ações da Empresa I esteja cotada a
R$ 100 por ação na data de vencimento. Se o Sr. Otimista ainda possuir a
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opção de compra, ele a “jogará fora”. O valor da opção de compra da Empresa
I na data de vencimento será nulo neste caso.
█
Exemplo) Admitamos que um investidor decide adquirir uma opção de compra
por R$8,20/ação, pagando um prêmio de R$1,10/ação. A opção está
constituída por 100.000 ações.Temos que o custo da opção será R$ 110.000
(R$1,10 x 100.000), pagos ao vendedor da opção. Se houver uma valorização
para R$9,80/ação, temos:
Preço de Venda = 100.000 x R$9,80 = R$980.000
- Preço exercício = 100.000 x R$8,20 = R$820.000
- Prêmio pago = 100.000 x R$1,10 = R$110.000
GANHO = R$ 50.000
█
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Uma opção de venda (put) pode ser encarada como o oposto de uma
opção de compra. Assim como uma opção de compra dá ao seu titular o direito
de comprar a ação a um preço prefixado, uma opção de venda dá a seu
comprador o direito de vender a ação a um preço prefixado.
Exemplo) Suponha que o preço de exercício de uma opção de venda seja
igual a R$ 50. Se o preço da ação-objeto na data do vencimento, ST, fosse
superior ao preço de exercício, seria tolice exercer a opção e vender ações a
R$ 50. Em outras palavras, a opção de venda não vale nada quando ST > R$
50. A opção de venda, neste caso, está fora do dinheiro. Entretanto, se ST <
R$ 50, a opção de venda está dentro do dinheiro. Valerá a pena comprar
ações a ST e usar a opção para vender ações ao preço de exercício de R$ 50.
Por exemplo, se o preço da ação no vencimento for igual a R$ 40, o titular da
opção deverá comprar a ação no mercado a R$ 40. Exercendo imediatamente
a opção, ele receberá R$ 50 pela venda. Seu lucro será igual a R$ 10 (R$ 50 –
R$ 40).
O resultado com uma opção de venda no vencimento é:
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A figura seguinte representa o valor da opção de venda em função de
todos os valores possíveis da ação-objeto. A opção de compra possui valor
sempre que o preço da ação está acima do preço de exercício, e a opção de
venda possui valor quando o preço da ação está abaixo do preço de exercício.
█
Venda de Opções de Compra
Um investidor que vende (ou lança) uma opção de compra de ações
ordinárias promete entregar ações caso assim seja obrigado pelo titular da
opção. Note que o vendedor é obrigado a fazê-lo. O vendedor de uma opção
de compra recebe um pagamento do titular (ou comprador) no momento em
que a opção é adquirida. Se, na data de vencimento, o preço da ação ordinária
estiver abaixo do preço de exercício, a opção de compra não será exercida e o
passivo do vendedor será nulo.
Se, na data de vencimento, o preço da ação for superior ao preço de
exercício, o titular exercerá sua opção de compra e o vendedor precisará
entregar ações ao titular, em troca do preço de exercício. O vendedor perderá a
diferença entre o preço da ação e o preço de exercício.
Exemplo) Suponha que o preço da ação seja R$ 60 e o preço de exercício
seja R$ 50. Sabendo que o exercício é iminente, o vendedor de opções compra
ações no mercado a R$ 60. Como é obrigado a vender a R$ 50, perde R$ 10
(R$ 50 – R$ 60).
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█
Venda de Opções de Venda
Ao contrário, um investidor que vende uma opção de venda de ações
concorda em comprar ações caso o titular da opção de venda assim o
determine. O vendedor perde, nesta operação, quando o preço da ação cai
abaixo do preço de exercício, e o titular vende as ações ao vendedor da opção.
Exemplo) Suponhamos que o preço da ação seja R$ 40 e o preço de exercício
seja R$ 50. O titular da opção de venda a exercerá neste caso. Em outras
palavras, venderá a ação-objeto ao preço de exercício. Isso significa que o
vendedor da opção de venda deverá comprar a ação-objeto ao preço de
exercício de R$ 50. Como a ação vale apenas R$ 40, a perda, neste caso, é de
R$ 10 (R$ 40 – R$ 50).
█
Nota) No Brasil as opções de compra são do estilo Americano e as opções de
venda são do estilo Europeu.
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Resumo
As tabelas abaixo trazem um resumo dos conceitos básicos das opções.
Participante
Tipo de Opção
TITULAR LANÇADOR
Paga Prêmio Recebe Prêmio
CALL Direito de comprar Obrigação de vender
PUT Direito de vender Obrigação de comprar
Titular (comprador)
Lançador (vendedor)
Paga Prêmio Recebe Prêmio
CALL Adquire o direito de comprar, por certo período de tempo, o ativo-objeto ao preço de exercício da opção
Fica com a obrigação de vender, por certo período de tempo, o ativo-objeto ao preço de exercício da opção.
PUT Adquire direito de vender, por certo período de tempo, o ativo-objeto ao preço de exercício da opção.
Fica com a obrigação de comprar, por certo período de tempo, o ativo-objeto ao preço de exercício da opção.
TITULAR LANÇADOR
CALL Hedge: fixa preço máximo de compra do ativo objeto
Risco: venda do ativo abaixo do preço de mercado.
PUT Hedge: fixa preço mínimo de venda do ativo objeto.
Risco: compra do ativo objeto acima do preço de mercado.
AAAvvvaaallliiiaaaçççãããooo dddeee OOOpppçççõõõeeesss
Anteriormente, determinamos os valores de opções na data de
vencimento. Agora desejamos determinar o valor de opções quando são
compradas bem antes da data de vencimento.
Nota) A discussão a seguir envolve opções americanas.
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Limites ao valor de uma opção de compra
Consideremos o caso de uma opção de compra que está dentro do
dinheiro antes de sua data de vencimento. Por exemplo, imaginemos que o
preço da ação seja igual a R$ 60 e que o preço de exercício seja R$ 50. Neste
caso, a opção não pode ser negociada por menos de R$ 10. Para percebê-lo,
observe a seguinte estratégia simples, caso a opção seja negociada, digamos,
a R$ 9.
Nota) O tipo de lucro descrito nesta transação é um lucro com arbitragem. Os
lucros com arbitragem provêm de transações que não envolvem risco ou custo
e não podem ocorrer em mercados financeiros que funcionem normalmente e
bem. O excesso de demanda por essas opções rapidamente forçaria para
cima, para pelo menos R$ 10 (R$ 60 – R$ 50).
Evidentemente, o preço da opção tenderá a ser superior a R$ 10. Os
investidores pagarão mais do que R$ 10 em vista da possibilidade de que a
ação se eleve acima de R$ 60 antes da data de vencimento.
Há também um limite superior para o preço da opção? Ocorre que o
limite superior é o preço da ação objeto. Ou seja, uma opção de compra de
ações não pode valer mais do que a própria ação. Uma opção de compra pode
ser utilizada para adquirir ações mediante o pagamento de um preço de
exercício. Seria tolice comprar ações deste modo se a ação pudesse ser
comprada diretamente a um preço mais baixo.
Fatores determinantes dos valores de opções de compra
Os fatores que determinam o valor de uma opção de compra podem ser
classificados em dois conjuntos. O primeiro conjunto contém as características
do contrato de opção. As duas características contratuais básicas são o preço
de exercício e a data de vencimento. O segundo conjunto de características
que afetam o preço da opção de compra envolvem a ação e o mercado.
Preço de exercício. Deve ser evidente que, outros fatores mantidos
constantes, quanto mais alto for o preço de exercício, menor será o valor de
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uma opção de compra. Entretanto, o valor de uma opção de compra não pode
ser negativo, por mais alto que seja o preço de exercício. Além disso, desde
que haja alguma possibilidade de que o preço do ativo-objeto supere o preço
de exercício antes da data de vencimento, a opção terá algum valor.
Data de vencimento. O valor de uma opção americana de compra deve
ser pelo menos tão elevado quanto o de uma opção idêntica, mas com prazo
mais curto. Consideremos duas opções americanas de compra: uma delas tem
prazo de nove meses e a outra vence daqui a seis meses. Evidentemente, a
opção com prazo de nove meses oferece os mesmos direitos que a opção de
seis meses, além de três meses adicionais, durante os quais esses direitos
podem ser exercidos. Não pode valer menos, e geralmente vale mais.
Nota) Esta relação não é necessariamente válida no caso de uma opção
européia de compra.Considere uma empresa com duas opções européias de
compra idênticas, uma vencendo no final de maio e a outra vencendo em
alguns meses mais tarde. Suponha ainda que um dividendo de elevado valor
seja pago no início de junho. Se a primeira opção de compra for exercida no
final de maio, seu titular receberá a ação-objeto. Se não vender a ação,
receberá o dividendo de grande valor poucos dias mais tarde. Entretanto, o
titular da segunda opção de compra receberá a ação mediante o exercício após
o pagamento do dividendo. Como o mercado sabe que o titular desta opção
perderá o dividendo, o valor da segunda opção de compra poderá ser menor
do que o valor da primeira.
Preço da ação. Outros fatores mantidos constantes (inclusive o preço
de exercício), quanto mais alto for o preço da ação, mais valiosa será a opção
de compra.
Fator-chave: a variabilidade do ativo-objeto. Quanto maior for a
variabilidade do ativo-objeto, mais valiosa será a opção de compra.
Consideremos o seguinte exemplo: suponhamos que, pouco antes do
vencimento da opção de compra, o preço da ação seja igual a R$ 100, com
probabilidade igual a 0,5, ou R$ 80 com a mesma probabilidade. Qual será o
valor de uma opção de compra com preço de exercício de R$ 110? Como o
seu preço médio estará abaixo do preço de exercício, esta opção não terá valor
algum independentemente do que aconteça com o preço da ação. Agora,
suponhamos que a ação é mais volátil: tem 0,5 de probabilidade de valer R$ 60
e 0,5 de probabilidade de valer R$ 120. O valor esperado da ação permaneceu
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o mesmo: (1/2 x R$ 80) + (1/2 x R$ 100) = R$ 90 = (1/2 x R$ 60) + (1/2 x R$
120).
Note que a opção de compra agora possui valor, porque há 50% de
probabilidade de que o preço da ação seja igual a R$ 120, ou R$ 10 acima do
preço de exercício de R$ 110.
Taxa de juros. Os preços de opções de compra também dependem do
nível das taxas de juros. Os compradores de opções de compra só pagam o
preço de exercício quando exercem a opção, se é que isso chega a acontecer.
O pagamento diferido é mais valioso quando as taxas de juros são elevadas, e
menos valioso quando são mais baixas. Portanto, o valor de uma opção de
compra está relacionado positivamente às taxas de juros.
Fatores determinantes dos valores de opções de venda
Dada nossa longa discussão a respeito dos fatores que influenciam o
valor de uma opção de compra, podemos examinar a influência desses fatores
sobre opções de venda com muita facilidade. A tabela abaixo resume a
influência dos cinco fatores sobre os preços tanto de opções americanas de
compra quanto de opções americanas de venda.
Nota) Os resultados acima não são necessariamente válidos no caso de uma
opção européia de vendas.
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O efeito de três fatores sobre as opções de venda é o oposto do efeito
desses fatores sobre opções de compra:
i) O preço de mercado de uma opção de venda cai com aumentos do
preço da ação, pois opções de venda estão dentro do dinheiro quando a ação
está cotada abaixo do preço de exercício.
ii) O valor de mercado de uma opção de venda com preço de exercício
elevado é maior do que o valor de uma opção de venda idêntica, mas com
preço de exercício mais baixo, pelo motivo apontado no item (i).
(iii) Uma taxa de juros elevada afeta negativamente o valor de uma
opção de venda. A capacidade de vender uma ação a um preço de exercício
prefixado em certa data futura vale menos quando o valor presente do preço de
exercício é diminuído por uma taxa alta.
O efeito dos outros dois fatores sobre opções de venda é igual ao efeito
desses fatores sobre opções de compra:
(iv) O valor de uma opção americana de venda com uma data distante
de vencimento é maior do que o de uma opção de venda idêntica, mas com
data mais próxima de vencimento (este resultado não é necessariamente válido
no caso de uma opção européia de venda). O prazo mais longo dá maior
flexibilidade ao titular da opção de venda, exatamente como no caso de uma
opção de compra.
(v) A volatilidade da ação-objeto aumenta o valor da opção de venda. O
raciocínio é análogo ao utilizado não caso de uma opção de compra. Na data
de vencimento, uma opção de venda que está dentro do dinheiro vale mais do
que uma opção de venda apenas ligeiramente dentro do dinheiro. Entretanto,
na data de vencimento, uma opção de venda que está muito fora do dinheiro
vale zero, exatamente como uma opção de venda apenas ligeiramente fora do
dinheiro.
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CCCooommmbbbiiinnnaaaçççõõõeeesss dddeee OOOpppçççõõõeeesss
Opções de venda e opções de compra podem funcionar como peças
básicas para a construção de contratos de opção mais complexos, como
vemos abaixo:
Operações Casadas – Lançador de Opções
Se o preço da ação for superior ao preço de exercício, a opção de venda
não terá valor algum, e o valor da posição combinada será igual ao valor da
ação. Ao contrário, se o preço de exercício da opção de venda for superior à
cotação da ação, o decréscimo de valor das ações será exatamente
compensado pelo crescimento do valor da opção de venda.
A combinação entre a compra de opção de venda e compra da ação-
objeto possui o mesmo formato da compra de uma opção de compra. Além
disso, a forma da estratégia de combinação da figura anterior é uma imagem
espelhada da forma da estratégia de venda.
Combinações de Opções
A forma da estratégia de combinação da figura anterior é uma imagem
espelhada da forma da estratégia de venda de opção de compra.
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Isso sugere a seguinte a seguinte possibilidade:
Exemplo) O preço de exercício, tanto de opções de compra quanto de opções
de venda de uma empresa é igual a R$ 55. As duas opções são européias. A
data de vencimento ocorre daqui a um ano. O preço atual da ação é igual a R$
44. Na data de vencimento, a ação estará cotada a R$ 58 ou a R$ 34.
Estratégia de eliminação de risco: suponhamos que você adote a seguinte
estratégia:
Comprar a ação
Comprar a opção de venda
Vender a opção de compra
Note que, quando o preço da ação cai, a opção de venda fica dentro do
dinheiro e a opção de compra vence sem ser exercida. Quando o preço da
ação sobe, a opção de compra fica dentro do dinheiro e você deixa a opção de
venda expirar. O principal é que você termina com R$ 55 nos dois casos.
Não há risco nesta estratégia: assinalamos anteriormente que o gráfico
da estratégia de comprar uma opção de venda juntamente com a ação-objeto é
a imagem espelhada do gráfico da estratégia de venda da opção de compra.
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Portanto, ao se combinara as duas estratégias, como fizemos no exemplo, todo
risco é eliminado.
Idêntica conclusão pode ser extraída do quadro abaixo:
Nota) Embora tenhamos especificado os resultados no vencimento, ignoramos
o investimento inicialmente efetuado. Suponhamos que tenha pago R$ 44 pela
ação e R$ 7 pela opção de venda, recebendo R$ 1 pela venda da opção de
compra. Além disso, suponha que a taxa de juros livre de risco é igual a 10%.
Nota) Embora tenhamos especificado os resultados no vencimento, ignoramos
o investimento inicialmente efetuado. Suponhamos que tenha pago R$ 44 pela
ação e R$ 7 pela opção de venda, recebendo R$ 1 pela venda da opção de
compra. Além disso, suponha que a taxa de juros livre de risco é igual a 10%.
Assim,
Como você paga R$ 50 hoje e garante um recebimento de R$ 55 um
ano à frente, você está apenas obtendo a taxa de juros de 10%. Portanto os
preços usados neste exemplo não permitem a realização de qualquer
arbitragem.
Nota) Se a opção de venda fosse negociada por apenas R$ 6, seu
investimento inicial seria de R$ 49. Obteria então um retorno fora de equilíbrio
de 12,2% (R$ 55/R$ 49 - 1) no prazo de um ano.
Pode ser demonstrado que, para impedir a existência de oportunidade
de arbitragem, os preços na data em que a posição original é montada devem
satisfazer à seguinte relação fundamental:
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Este resultado é conhecido como paridade entre opção de compra e
venda.
Nota) A paridade entre opções de compra e venda mostra que os valores de
uma opção de venda e de uma opção de compra com o mesmo preço de
exercício e a mesma data de vencimento estão relacionados exatamente um
ao outro. Tal relação é sempre válida, e não apenas no exemplo anterior.
Nota) Observe que no exemplo anterior ambas as opções são européias.
Nota) O prêmio de uma opção americana de venda deve ser maior do que
a diferença entre o preço de exercício e o preço da ação (no exemplo,
maior do que R$ 11 (R$ 55 - R$ 44)).
Nota) Ainda no exemplo anterior, suponha, agora, que o preço da opção
americana de venda é de R$ 7. Neste caso, o investidor compra a opção de
venda e a exerce imediatamente, o que gera um lucro garantido e imediato de
R$ 4 (- R$ 7 – R$ 44 + R$ 55).
█
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DDDeeerrriiivvvaaatttiiivvvooosss
Introdução
Um derivativo é um instrumento financeiro cujos resultados e valores
derivam ou dependem de um ativo primitivo ou ativo objeto. As opções são
exemplos de derivativos.
Os derivativos são ferramentas de alteração da exposição da empresa a
risco.
Ao usar derivativos, a empresa pode eliminar os componentes
indesejados de sua exposição a risco e até transformar radicalmente suas
exposições a risco. Quando uma empresa reduz sua exposição a risco usando
derivativos, dizemos que está fazendo cobertura.
Os derivativos também podem ser utilizados para simplesmente
modificar ou até aumentar a exposição a risco da empresa. Quando isso
ocorre, diz-se que a empresa está especulando com o movimento de alguma
variável econômica- ou seja, a variável subjacente ao derivativo. Por exemplo,
se for comprado um derivativo cujo valor aumenta quando as taxas de juros
sobem, e a empresa não tiver outra exposição contrária a variações de taxas
de juros, então a empresa estará especulando na alta de taxas de juros, o que
lhe proporcionaria um lucro em sua posição com derivativo.
Contratos a termo
O contrato a termo é um acordo que prevê a entrega futura de um ativo
(chamado objeto passível de entrega) a um preço predeterminado.
Quando um contrato a termo é vendido, dizemos que este contrato está
sendo lançado. No lançamento, o preço do ativo é fixado e as condições de
venda são estabelecidas.
O ato de entrega do ativo em uma data futura previamente estabelecida
é chamado de entrega. Nesse caso, dizemos que a outra parte está aceitando
a entrega.
Cada vez que uma empresa encomenda uma mercadoria que não pode
ser entregue imediatamente, há um contrato a termo.
Nota) Os contratos a termo tem uma deficiência importante. Qualquer que seja
a direção da variação do preço do objeto do contrato, uma das partes tem
incentivo a não cumprir sua obrigação.
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Um contrato a termo não é uma opção. Tanto o comprador quanto o
vendedor estão obrigados a cumprir sua parte em conformidade com os
termos do contrato.
Um contrato a termo deve ser contrastado a uma transação a vista, ou
seja, uma transação na qual a troca é imediata.
Nota) Os contratos a termo tem uma deficiência importante. Qualquer que seja
a direção da variação do preço do objeto do contrato, uma das partes tem
incentivo a não cumprir sua obrigação.
Contratos futuros
Um contrato futuro é um acordo que obriga as partes a comprar ou
vender um ativo a um preço predeterminado numa certa data futura. A posição
comprada é assumida pela parte que se compromete a comprar. A posição
vendida é assumida pela parte que se compromete a vender. Os contratos
futuros diferem dos contratos a termo porque são padronizados, negociados
em bolsa, envolvem exigências de depósito e ajuste diário a preço de
mercado (marcação a mercado).
Nota) O vendedor pode optar por entregar o ativo em qualquer dia do mês
previamente estabelecido.
Nota) Do fato dos contratos futuros geralmente serem negociados na bolsa,
existe um mercado de contratos futuros com liquidez. Um comprador
consegue fechar sua posição com uma venda. Um vendedor pode fechar sua
posição com uma compra.
Exemplo) Suponhamos o lançamento de um contrato futuro de trigo para
janeiro de 20XX a R$ 4,07 a arroba. Suponhamos que o preço caia a R$ 4,05
no fechamento da sexta-feira. Como todos os compradores terão perdido dois
centavos por arroba nesse dia, cada um deles deverá entregar dois centavos
por arroba a seus corretores dentro de 24 horas. Os corretores, por sua vez,
remetem esses pagamentos à câmara de compensação. Nesse mesmo dia,
cada vendedor recebe dois centavos por arroba de seu corretor. Como há um
comprador para cada vendedor, a câmara de compensação fecha em equilíbrio
todos os dias.
Imaginemos agora que o preço se eleve a R$ 4,12 no fechamento da
segunda-feira seguinte. Nesse caso, cada comprador recebe sete centavos (R$
4,12 – R$ 4,07) por arroba e cada vendedor deve pagar sete centavos por
arroba. Finalmente, suponhamos que, na segunda-feira, um vendedor avisa
seu corretor de que pretende entregar a mercadoria (o que ocorrerá na quarta-
feira, dois dias a frente). O preço de entrega será de R$ 4,12, ou seja, o preço
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de fechamento da segunda-feira. Dizemos que os preços de contratos futuros
são ajustados a mercado diariamente.
█
Nota) O ajuste de mercado obriga a empresa a manter uma reserva de liquidez
para fazer frente à necessidade repentina de desembolso antes do vencimento.
Como as variações do valor do objeto são reconhecidas diariamente, não há
acumulação de prejuízos, e o incentivo à inadimplência é diminuído.
Cobertura de riscos
Chamamos de cobertura de venda a proteção do valor de um ativo
mediante a venda de um contrato futuro.
Exemplo) Um produtor de farelo e óleo de soja poderá possuir estoques
substanciais de soja em grão, pelos quais já terá feito pagamento. Entretanto, o
preço a ser recebido pela venda de farelo e óleo de soja não é conhecido,
porque ninguém sabe qual será o preço de mercado quando o farelo e o óleo
tiverem sido produzidos. O produtor poderá vender contratos futuros de farelo e
óleo para fixar um preço de venda.
█
Chamamos de cobertura de compra a proteção do custo futuro de uma
compra, mediante a aquisição de um contrato futuro, contra variações do preço
do ativo. Em outras palavras, assume-se uma posição comprada no mercado
futuro. Em geral, uma empresa recorre a esse tipo de posição quando está
comprometida com um preço fixo de venda. Alternativamente, uma empresa
pode constatar que não é fácil repassar aumentos de custos a clientes ou não
deseja repassá-los
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Swaps são acordos entre duas partes para efetuar a troca de fluxos de
caixa com o correr do tempo. Há enorme flexibilidade quanto à forma de um
swap, mas os tipos básicos são swaps de taxa de juros e swaps de taxa de
câmbio.
Tal como acontece com outros derivativos, os swaps são ferramentas
que as empresas podem utilizar para mudar facilmente suas exposições a
riscos e seus balanços (de acordo com as normas contábeis vigentes, a
maioria dos derivativos não aparece nos balanços das empresas, pois não
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possuem custo histórico, isto é, o valor que um operador pagaria no dia da
transação inicial).
Swaps de taxa de juros
Consideremos o caso de uma empresa que tenha tomado um
empréstimo e possua, em seu balanço, um compromisso de devolver um
empréstimo no prazo de 10 anos, cujo principal é de R$ 100 milhões, e tem
uma taxa de juros de 9%, a serem pago anualmente. Ignorando-se a
possibilidade de resgate antecipado do empréstimo, a empresa deve fazer
pagamentos anuais de juros de R$ 9 milhões durante 10 anos, mais um
pagamento de R$ 100 milhões ao fim de 10 anos.
Suponhamos que a empresa não se sinta muito tranquila com a
existência dessa obrigação fixa. Talvez a empresa opere num setor de
comportamento cíclico, no qual suas receitas podem variar e, possivelmente,
cair a um ponto que impeça a realização do pagamento de sua dívida.
Imaginemos, além disso, que uma grande parte da receita da empresa
resulte do financiamento da venda de seus produtos. Tipicamente, por
exemplo, uma empresa industrial pode ajudar seus clientes financiando a
compra de seus produtos por meio de arrendamento ou de uma subsidiária
financeira. Geralmente, tais empréstimos são feitos por prazos curtos e são
financiados a uma taxa superior à taxa de juros a curto prazo vigente. Isso faz
com que a empresa dependa de receitas que sobem e caem com as taxas de
juros, ao passo que seus custos são relativamente fixos.
Nota) Arrendamento é um contrato que confere o direito ao uso de ativos
permanentes específicos por um prazo determinado, em troca de pagamentos
geralmente sob a forma de aluguel.
Essa é uma situação clássica na qual um swap pode ser utilizado para
compensar o risco. Quando a taxa de juros subir, a empresa precisará pagar
mais juros em seu empréstimo, mas o financiamento de produtos renderá mais.
O que a empresa realmente preferiria é um empréstimo com taxa flutuante, em
lugar de um empréstimo com taxa fixa. Para este fim ele pode recorrer a um
swap.
Evidentemente, a empresa poderia ir ao mercado de capitais e tomar um
empréstimo de R$ 100 milhões a uma taxa variável de juros, usando esse
dinheiro para liquidar seu empréstimo à taxa fixa. Embora isso seja possível, a
operação geralmente é cara, exigindo a contratação de um novo empréstimo e
a recompra do empréstimo existente.
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A facilidade de contratação de um swap é uma de suas principais
vantagens.
O swap específico seria aquele que trocasse sua obrigação de
pagamentos fixos por um acordo levando ao pagamento de uma taxa flutuante.
A cada seis meses, pagaria juros baseados na taxa então vigente, em troca do
recebimento de juros fixos de uma outra parte.
Um ponto comum de referência para compromissos envolvendo taxas
flutuantes é chamado Libor. Libor quer dizer London Interbank Offered Rate
(Taxa de juros no mercado interbancário de Londres), correspondendo a taxa
cobrada pela maioria dos bancos internacionais, uns dos outros, por
empréstimos denominados em dólares no mercado de Londres.
A Libor é comumente usada como taxa de referência para um
compromisso à taxa flutuante e, dependendo da qualidade do tomador, a taxa
pode variar desde Libor a Libor mais um ponto acima da Libor, ou mais.
Se imaginarmos que nossa empresa possui uma classificação de risco
de crédito que lhe permite pagar Libor mais 50 pontos de base, então, num
swap estaria trocando sua obrigação de pagamento de 9% fixos pela obrigação
de pagar a Libor vigente mais 50 pontos de base.
Suponhamos que a Libor começa a 8% e eleva-se ao longo de quatro
anos, até 11%, e depois cai para 7%. Como é ilustrado pela figura abaixo, a
empresa estaria devendo um pagamento de 8,5% x R$ 100 milhões = R$ 8,5
milhões no ano 1, R$ 9,5 milhões no ano 2, R$ 10,5 milhões no ano 3, e R$
11,5 milhões no ano 4. A queda brusca para 7% reduz os pagamentos anuais a
R$ 7,5 milhões daí por diante. Em troca, a empresa recebe pagamentos fixos
de R$ 9 milhões por ano.
Na verdade, em lugar de se trocar os pagamentos integrais, os fluxos de
caixa são calculados em termos líquidos. Como a empresa está fazendo
pagamento à taxa variável e recebendo à taxa fixa - que utiliza para pagar seu
credor – no primeiro ano, por exemplo, a empresa deve R$ 8,5 milhões e tem
um crédito de R$ 9 milhões da outra parte. Portanto, em termos líquidos, a
empresa receberia um pagamento de R$ 0,5 milhão. Como a empresa deve
par R$ 9 milhões a seu credor, mas recebe uma transferência líquida de R$ 0,5
millhão por força do swap, ela realmente só desembolsa a diferença, ou seja,
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R$ 8,5 milhões. A cada ano, a empresa só pagaria efetivamente Libor mais 50
pontos de base.
Note, ainda, que toda a transação pode ser concretizada sem que seja
necessário mudar os termos do empréstimo original. Na verdade, ao envolver-
se num swap, a empresa encontra uma parte que está disposta a trocar sua
obrigação de pagamentos fixos por pagamentos a uma taxa flutuante.
Swaps de taxa de câmbio
A sigla FX indica câmbio, ou moeda estrangeira, e os swaps de taxa de
câmbio são as vezes chamados de swaps de FX. Os swaps de taxa de câmbio
consistem em acordos de troca de obrigações de pagamentos de fluxos de
caixa numa moeda por obrigações de pagamento em outra moeda.
Os swaps de taxa de câmbio representam um instrumento natural de
cobertura de riscos no comércio internacional. Por exemplo, suponhamos que
uma empresa norte-americana venda diversos produtos no mercado alemão. A
cada ano a empresa pode contar com receitas provenientes da Alemanha, na
moeda alemã, ou seja, em marcos, ou DM, para abreviar. Como as taxas de
câmbio variam, isso deixa a empresa exposta a risco considerável.
Se a empresa fabricar seus produtos nos Estados Unidos e exportá-los à
Alemanha, então precisará pagar seus operários e fornecedores em dólares.
Entretanto, estará recendo parte de suas receitas em DM. A taxa de câmbio
entre dólar e marco varia com o passar do tempo. À medida que o marco se
valoriza, as receitas obtidas na Alemanha passam a valer mais em dólares,
mas quando o marco cai, elas diminuem.
Suponhamos que a empresa possa contar com vendas de mercadorias
no valor de 100 milhões de marcos por ano na Alemanha. Se a taxa de câmbio
for de 2 DM por dólar, então a empresa receberá $ 50 milhões. Mas, se a taxa
de câmbio subir para 3 DM por dólar, a empresa receberá somente $ 33,333
milhões por seus 100 milhões de marcos.
Naturalmente, a empresa gostaria de se proteger contra essas
flutuações cambiais.
Para fazê-lo, a empresa poderia fazer um swap de taxa de câmbio.
Podemos supor que o prazo do swap é de 5 anos, ao valor fixo de 100 milhões
de marcos por $ 50 milhões a cada ano. Nessas condições, não importa o que
aconteça à taxa de câmbio de marco por dólar nos próximos anos, pois, desde
que a empresa venda produtos no valor de 100 milhões de marco por ano, ela
trocará esse valor por $ 50 milhões anualmente.
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Nota) Os swaps, tais como os contratos a termo e os contratos futuros, são,
em sua essência, transações de soma igual a zero, o que significa que, em
ambos os casos, o mercado fixa preços num nível justo, de modo que
nenhuma das partes saia ganhando ou perdendo no momento em que o
acordo é feito. Por exemplo, no swap de taxa de câmbio, a taxa de swap é
alguma média da expectativa do mercado a respeito de qual será a taxa de
câmbio ao longo do prazo do swap.
No swap de taxas de juros, as taxas são fixadas de acordo com as taxas
fixas e flutuantes, justas para o credor, levando em conta o risco de crédito das
duas partes.
Podemos calcular o preço justo de um swap a partir da avaliação de
contratos a termo.
Em nosso exemplo de swap de taxas de juros, a empresa trocou Libor
mais 50 pontos de base por uma taxa fixa de 9%, tudo sobre um principal de
R$ 100 milhões. Isso equivale a uma série de contratos a termo até o final do
prazo de swap. No ano 1, por exemplo, tendo feito o swap, a empresa estará
essencialmente na mesma posição representada pela venda de um contrato a
termo, dando ao comprador o direito de receber Libor mais 50 pontos de base
sobre $ 100 milhões, em troca de um pagamento fixo de R$ 9 milhões (9% de
R$ 100 milhões). De maneira análoga, o swap de taxa de câmbio também pode
ser encarado como uma série de contratos a termo.
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PPPrrrooojjjeeecccttt FFFiiinnnaaannnccceee
É a captação de recursos para financiar um projeto de investimento de
capital economicamente separável, razão de ser das SPE (Sociedade de
Propósito Específico ou SPC – Special Propose Agreement).
Colaboração financeira direta, indireta não automática ou mista,
estruturada de maneira que o retorno advém do fluxo de caixa do futuro
empreendimento, realizada em operação de crédito que possua,
cumulativamente, as seguintes características:
- A beneficiária seja uma Sociedade de Ações com o propósito
específico de implementar o projeto financiado e constituída para segregar os
fluxos de caixa, patrimônio e riscos do projeto.
- Os fluxos de caixa esperados do projeto sejam suficientes para saldar
os financiamentos.
- As receitas futuras do projeto sejam vinculadas, ou cedidas, em favor
dos financiadores.
Uma das características que distingue o project finance das demais
modalidades de financiamento é a concessão de crédito a uma entidade
jurídica segregada. A CPM - Companhia Petrolífera Marlin é um exemplo em
que a entidade serviu exclusivamente para a captação de recursos.
O que importa é a capacidade de geração de resultados do projeto,
exigindo-se a criação de uma nova empresa para separar os resultados
obtidos. Os credores vêem o fluxo de caixa e/ou ativos do projeto como fonte
primária de receita para atender ao serviço da dívida (juros e principal). Os
prazos de vencimento da dívida e dos títulos patrimoniais são, geralmente,
estabelecidos de acordo com as características do fluxo de caixa do projeto.
Tipos de Garantia: i) non recourse - caracteriza-se pelo pagamento
baseado unicamente nos recursos gerados pelo empreendimento. ii) limited
recourse - os credores contam com um mix de garantias formado pelos
recursos gerados pelo projeto, e por outras garantias pessoais e reais
convencionais, cedidas pelos acionistas (penhor, hipoteca e fiança). + usada
no Brasil e iii) full recourse - cobrem totalmente as obrigações do tomador de
recursos, independentemente de o empreendimento gerar recursos suficientes.
Só existe no Brasil.
PPPPPPPPP eee PPPrrrooojjjeeecccttt FFFiiinnnaaannnccceee
Parcerias Público-Privadas já existem há muito tempo em vários países.
No Brasil, surgem para solucionar de uma forma socialmente eficaz a relação
investimento privado e infra-estrutura pública. Uma PPP é uma parceria onde o
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setor privado projeta, financia, executa e opera uma determinada obra ou
serviço, com objetivo de atender uma determinada demanda social. Por
definição, a PPP não é viável financeiramente. Como contraprestação, o setor
público paga ou no decorrer do contrato ou após os serviços já estarem sendo
prestados a população. É uma modalidade de engenharia financeira que
permite substituir o investimento direto do Estado, especialmente em
infraestrutura.
O PPP foi criado pela lei 11.079/04 e o D.L. 5.385, sendo aplicável a
estados, municípios, e toda a administração direta e indireta, submetendo-se a
legislação pertinente, como a L.D.O. e demais leis orgânicas; Lei de
Responsabilidade Fiscal; Lei de Licitações-8.666/93; Lei Geral de Concessões
8987/95 e 9.074/65 e toda a jurisprudência relativa a concessões e legislações
reguladoras da atividade.
Motivos do PPP
• Setor Público
Poder concedente: Administração Direta
Contingenciamento orçamentário
Disponibilidade de recursos no futuro
Redução do risco de mercado
Necessidade de investir
• Setor Privado
Disponibilidade de recursos próprios e
capacidade de endividamento
Reduzida disposição para risco em infra-
estrutura
Exige garantia comercial e participação do
setor público
Eventual tecnologia nova
Disposição para executar obras
De um modo geral, os projetos de PPP não possuem fluxo de recebíveis
naturais capazes de sustentá-lo, demandando complementações (contrapartida
do estado) para que sejam viáveis em termos de fluxo de caixa.
Principais dificuldades para viabilizar um PPP por Project Finance: Não é
auto-sustentável; Indefinição do compartilhamento de riscos com o poder
público; Indefinição da participação do estado nos resultados; Indefinição de
sistema de governança adequado, harmonizando interesses públicos e
privados.
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As técnicas de project finance, que são focadas na realização de um
fluxo de caixa projetado podem ser usadas em PPP. A modelagem e
estruturação do PPP com Project finance passa pela: Identificação, alocação
compartilhada e mitigação de riscos; utilização de Covenants; uso de
Sociedades de Propósito Específico (SPE ou SPC) e contas centralizadas de
recebíveis.
O Project Finance de uma PPP tem as seguintes características distintas
de um Project finance normal:
a. Reformulação da figura do „Trustee” como agente ativo do processo,
não apenas um depositário fiduciário;
b. Previsão dos financiadores serem indenizados diretamente pelo
Fundo Garantidor ou pela sociedade específica.
c. Arbitragem => Mediação de conflitos. Resumidamente, são regras
particulares e de comum acordo entre os interessados, para o caso
de conflito de interesses.
d. Step-in-rights => Possibilita aos financiadores do projeto/concessão
assumirem, preferencialmente (com relação ao poder concedente), a
condução da SPC caso ocorra algum inadimplemento ou evento de
inadimplemento. Isto já existe no Project finance normal, mas teve
que ser explicitado pelo fato do patrocinador ser o poder público.
SETOR
PÚBLICO
SETOR
PRIVADOUSUÁRIO
Parceria
Entrega do Ativo
PROJETO
tarifa/remuneração• concessão
• permissão
• contratos
repagamento
FINANCIADORES/
FORNECEDORES
Project Finance
implementação operação
PPP
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PPPPPPPPP eee PPPrrrooojjjeeecccttt FFFiiinnnaaannnccceee nnnooo BBBNNNDDDEEESSS
Condições: Desde que haja aquisição de equipamentos e serviços
brasileiros.
Estrutura de financiamento: Máximo de 60% de funding BNDES; Máximo
de 33% de risco direto do BNDES; Parcela restante na forma de financiamento
indireto (agentes financeiros).
Prazos: Total: média de 08 anos; Carência: até 6 meses depois de entrar
em operação.
Capital Próprio (Equity): 20 % mínimo; 30% desejável.
Garantias: Usuais: recebíveis, ações, ativos etc.
Sindicalização ou Consórcio (opcional): Pelo menos mais de uma
instituição financeira aportando recursos e com experiência em estruturação de
operações.
Aspectos a serem considerados em uma PPP:
a. Processo e gestão de contrato demorado e complexo;
b. Custo inicial de aprendizado;
c. Reunir financiadores, desde o início do projeto;
d. O fluxo de caixa complementar com recursos públicos como base da
análise de risco do projeto;
e. Subordinação ao Estatuto das Cidades e Meio-Ambiente;
f. Colocação de títulos no exterior e Hedge;
g. Mitigação de risco político através instrumentos institucionais ou de
organismos internacionais.
Material didático interessante sobre Project Finance constante no site do
BNDES pode ser obtido no endereço eletrônico:
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galeria
s/Arquivos/conhecimento/especial/projectf.pdf
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TTTóóópppiiicccooo EEEsssssseeennnccciiiaaalll::: FFFiiinnnaaannnccciiiaaammmeeennntttooo CCCooorrrpppooorrraaatttiiivvvooo eee ooo PPPrrrooojjjeeecccttt
FFFiiinnnaaannnccceee
Organiza-ção
Fluxos de caixa de diferentes ativos e negócios se misturam.
Ativos e fluxos de caixa relacionados ao projeto são segregados das demais atividades do acionista.
Controle e Monitora-mento
O controle reside principalmente na gerência; O conselho administrativo monitora o desempenho da corporação em nome dos acionistas;
A gerência permanece no controle, mas fica sujeita a um maior monitoramento do que numa corporação típica;
Flexibili-dade Financei-ra
O financiamento pode ser rapidamente estruturado; Recursos gerados internamente podem ser usados para financiar outros projetos.
Envolvem maior volume de informações, contratos e custos de transação; Arranjos financeiros são altamente estruturados e grandes consumidores de tempo;
Custo de Agencia-mento
Investidores de capital estão expostos aos agency costs do fluxo de caixa líquido; Os agency costs são mais elevados do que para o project finance.
Os agency costs do fluxo de caixa líquido são reduzidos; Os incentivos à gerência podem ser atrelados ao desempenho do projeto;
Insolvên-cia
Os credores têm o benefício de toda a carteira de ativos do acionista.
O projeto pode ser isolado da possível insolvência do acionista. As chances de os credores recuperarem seu principal são mais limitadas; a dívida geralmente não é pagável com recursos de outros projetos não-relacionados.
Outras diferenças: Capacidade de Endividamento e Alocação do Risco: No
corporativo, o financiamento da dívida utiliza parte da capacidade de
endividamento da empresa e os riscos são diversificados entre os ativos da
carteira da empresa;