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Profa. Dra. Socorro Veloso Departamento de Medicina Social - UFPE Apontando alguns resultados de pesquisa a partir dos dados da avaliação Externa/PMAQ

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Profa. Dra. Socorro Veloso

Departamento de Medicina Social -

UFPE

Apontando alguns resultados de

pesquisa a partir dos dados da

avaliação Externa/PMAQ

Por considerarmos que a coordenação do cuidado

ainda se configura como um desafio para atenção

Básica, decidimos estimular o debate nesse evento

recortando da nossa produção acadêmica, a partir do

banco de dados do PMAQ, os achados relacionados a esse

importante atributo da AB

2

A capilaridade do PMAQ em todo país, disponibiliza um

banco de dados robusto para o campo da produção

científica.

Reconhecemos possíveis vieses que podem interferir

nos resultados como:

- realização de entrevistas dos usuários na unidade de

saúde (viés de gratidão);

- o fato de os profissionais estarem tensionados por uma

avaliação de desempenho que resulte em um maior ou

menor incremento financeiro.

3

O banco de dados do PMAQ

4

Percentual de Adesão PMAQ 2012

Neste estudo adotamos o conceito de acesso/

acessibilidade proposto por Donabedian (2003), i.e., em

suas dimensões geográfica e organizacional, ou seja, a

forma como os serviços e os sistemas de saúde se

organizam podem favorecer ou dificultar a entrada e a

permanência do usuário no sistema de saúde

Na dimensão organizacional iremos expor aqui os alguns

resultados relacionados o conceito Coordenação do

Cuidado.

Mas, qual conceito?

5

Acessibilidade aos serviços de saúde: uma análise a

partir da Atenção Básica em Pernambuco, 2012

Resultados Pernambuco

Coordenação do Cuidado como “o processo que visa integrar

ações e serviços de saúde, em que distintos profissionais utilizam

mecanismos e instrumentos específicos para planejar a assistência,

para definir fluxos, para trocar informações sobre usuários e seus

processos assistenciais, para referenciar, contrarreferenciar e

monitorar pacientes com diferentes necessidades de saúde, entre

serviços localizados no mesmo ou em diferentes níveis de atenção,

a fim de facilitar a prestação do cuidado contínuo e integral, em

local e tempo oportunos” (Aleluia et al , 2017).

6

A regulação assistencial como dispositivo de

Coordenação do Cuidado

85% dos profissionais entrevistados em Pernambuco em

2012 informaram que existem centrais de regulação

disponíveis para o encaminhamento dos usuários para os

demais pontos da rede. Dentre esses, 99,4% afirmam ter

disponíveis centrais de consultas especializadas, 95%

centrais de regulação de exames e 28,9% dos profissionais

informaram sobre a existência de centrais de leitos.

No entanto, apenas 48,5% usuários entrevistados afirmaram

que os profissionais da Atenção Básica sempre conseguem

agendamento.

O que esse dado nos diz? 7

Resultados Pernambuco

Existência de dispositivos de comunicação

entre as equipes de Atenção Básica e

especializada:

- apenas 43,6 % dos profissionais em

Pernambuco afirmaram ter utilizado discussão

de caso, reuniões técnicas com especialistas,

ficha de referência e contrarreferência,

telesaúde, dentre outros.

8

Resultados Pernambuco

9

No que diz respeito à coleta de exames nas

Unidades:

- apenas 46% da equipes informaram realizar exames e

dessas 72,8% coletam exames uma ou duas vezes por

semana.

Verificou-se que do total de 2.019 UBS recenseadas

em 2012 (módulo 1):

- 99,6% não tinham disponibilidade de testagem para

sífilis;

- 97,4% não há teste rápido de gravidez;

- 98,9% não tinham testes para HIV.

Os achados evidenciam problemas graves de acesso ao diagnóstico rápido de

eventos ou agravos que são foco de políticas estratégicas, à exemplo da

Política de Saúde da Mulher.

Resultados Pernambuco

Acesso e qualidade: avaliação das Equipes de Saúde

Bucal participantes do PMAQ-AB 2012 em Pernambuco

10

Alguns resultados

Em relação à saúde bucal em Pernambuco, houve uma

evolução quantitativa das Equipes: saiu de 237 equipes em

2002 para 1400 equipes em 2012,. Por outro lado, ainda

25,2 % das UBS não possuiam dentistas.

A maioria das unidades de saúde tinham consultórios com

disponibilidade de equipamentos necessários para a

realização das ações e serviços de saúde bucal. Porém, havia

falta ou escassez de insumos odontológicos, limitando

a realização de alguns procedimentos clínicos.

Para 62,55% das equipes entrevistadas havia uma indefinição dos fluxos

de referência e contrarreferência dos usuários para o CEO;

72,28% tinham dificuldade para encaminhar os usuários com suspeita de

câncer de boca;

66,66% para o atendimento a pessoas portadoras de necessidades

especiais.

84,89% das equipes tinham dificuldade para solicitar próteses;

Qual era a oferta?

11

Em 2012 a oferta especializada em Pernambuco era de 48 CEO. Em

em 2018: 54 CEO habilitados

57 Laboratórios de prótese dentária no estado de Pernambuco

(BRASIL, 2014).

Resultados Pernambuco

12

Coordenação do cuidado aos usuários com

diabetes na atenção básica no Brasil

Nesse estudo a Diabetes Mellitus é um evento

traçador para estudar a coordenação do Cuidado,

já que os usuários com DM necessitam de acesso a

exames e serviços especializados, sem que isto

signifique perda do contato com as as equipes da

atenção básica.

artigo no prelo

Alguns resultados

13

12,4% dos usuários entrevistados (total Brasil)

afirmaram terem sido diagnosticados com Diabetes

Mellitus ( em 2016, segundo dados do MS 8,9% da

população tem diagnóstico médico);

Dos usuários diabéticos entrevistados(total Brasil),

89% afirmaram ter ido a alguma consulta nos

últimos seis meses anteriores à avaliação externa, e

destes, 87,3% referiram a unidade de saúde da família

como local de realização da consulta.

Apenas 52% dos profissionais(total Brasil) afirmaram

possuir registro dos pacientes com maior risco ou

gravidade

Resultados Brasil

Exame periódico dos pés

57,8% dos profissionais (total Brasil) afirmaram

realizar o exame periódico nos pés de seus pacientes

com variação entre 54,5% (Norte) e 59,5% (Sudeste).

Os usuários referiram 30,5%.

Exame periódico do fundo de olho

Apenas 40,3% dos profissionais entrevistados (total

Brasil) responderam realizá-lo em suas consultas.

Entre as regiões, destaca-se o Sudeste com o maior

percentual (52,1%), bastante diferenciado das

demais, sendo o menor percentual encontrado no

Norte (24,6%).

14

Resultados Brasil

90,7% dos profissionais entrevistados (total Brasil)

responderam que havia a disponibilidade de uma

central de marcação de consultas, com variação entre

as regiões de 82,1% (Norte) e 93,2% (Sudeste). No

entanto, apenas 26,1% do total referiram que o

usuário já saía da unidade com tais consultas

agendadas (não analisamos o tempo de espera)

57,3% dos usuários (total Brasil) afirmaram que os

profissionais da USF discutiam a respeito da consulta

especializada, após o retorno.

15

Resultados Brasil

16

Fluxo institucional de comunicação

Para 49,5% dos profissionais havia fluxo institucional de

comunicação. Entre as regiões, o percentual variou de

29,5% (Norte) a 59,8% (Sudeste).

Dentre os tipos de mecanismo de comunicação:

35,3% dos profissionais referiram realizar estudo de caso;

22,6% reuniões técnicas;

82, 8% utilizavam ficha de referência e contrarreferência

Outros recursos referidos pelos profissionais foram:

teleconferência (10,1%);

telessaúde (15,4%);

prontuário eletrônico (13,1%). PE em 2018 tem 23% das

Unidades

Resultados Brasil

Tabela 3. Taxa de internações por Diabetes Mellitus por 10 mil habitantes, segundo regiões do Brasil, 2000-2015.

Região 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Norte 4,9 5,4 4,7 4,5 4,5 4,8 4,9 5,4 6,7 7,7 7,6 8,4 8,6 8,6 8,6 7,9

Nordeste 6,7 7 6,4 5,9 5,9 5,9 6 6,7 7,1 8,3 9,5 10,2 9,5 9,1 9,2 9,4

Sudeste 11,9 11,2 10,6 9,9 9,5 9,6 9,2 9,4 9,3 9,6 10,2 9,8 9,6 9,1 8,9 8,6

Sul 11 11,3 11,3 10,2 9,9 10,4 10,6 11,2 12 12,3 12,7 11,7 11,5 10,6 10,4 9,8

Centro-Oeste 9,2 9,5 8,9 9,8 10,1 10,8 10,8 11,1 11 10,9 11,3 10,7 10 9,4 8,9 8,1

Brasil 9,3 9,2 8,7 8,2 8 8,2 8,1 8,5 8,9 9,5 10,2 10,1 9,8 9,3 9,2 8,9

Fonte:Sistema de Informações Hospitalares SIH/SUS

A diabetes mellitus integra a lista de condições sensíveis à atenção

básica do Ministério da Saúde, uma vez que sua morbimortalidade

pode ser reduzida a partir de uma ação eficaz e oportuna na AB

Resultados Brasil

Taxa em Pernambuco em 2000 era 10,03 e em 2015 baixou para 6,7 por

10 mil hab

18

Algumas considerações

É possível que o cenário encontrado nesse estudo

de incipiente coordenação do cuidado na AB

tenha contribuído com o aumento das

internações por diabetes, sobretudo nas

regiões Norte e Nordeste.

As internações revelam problemas na

resolutividade da atenção básica, sobretudo

nas ações de prevenção de complicações que

acarretam hospitalizações indesejáveis

Todos nós que estamos presentes nesse evento

sabemos que a questão da resolubilidade da

Atenção Básica está associada a diversos fatores, tais

como:

estrutura física das unidades*;

processo e gestão do trabalho;

capacitação dos profissionais;

E em grande medida, aos insuficientes mecanismos de

integração da rede assistencial, que associada a

uma oferta insuficiente, repercute negativamente

no acesso a exames básicos e especializados e a

serviços especializados, considerados por muito

autores o grande gargalo do Sus.

19

* Estrutura física foi um dos piores indicadores em 2012. Pernambuco ficou nos melhores estratos no estudo da ENSP.

Ademais, os achados da avaliação externa nos indicam como

tem sido importante implantar centrais de regulação, definir

protocolos, fluxos de acesso e fichas de encaminhamentos,

prontuário eletrônico, dentre outros. Dispositivos necessários

mas não suficientes para garantir acesso e coordenação do

cuidado.

É preciso investir em mecanismos que facilitem o diálogo

entre as equipes da AB e destas com os diversos níveis de

complexidade.

É preciso enfrentar o desafio de consolidar processos de

Regionalização da atenção que garanta acesso efetivo à

atenção especializada. Nenhum município será auto-

suficiente 20

•Albuquerque, MSV; Lyra, TM; Farias, SF; Mendes, MF; Martelli, PJL.

Acessibilidade aos serviços de saúde: uma análise a partir da Atenção Básica em

Pernambuco. Saúde Debate, Rio de Janeiro, V. 38, N. ESPECIAL, P. 182-194, OUT

2014 ;

• Sobrinho, JEL; Martelli, PJL; Albuquerque, MSV; Lyra, TM; Farias, SF Acesso e

qualidade: avaliação das Equipes de Saúde Bucal participantes do PMAQ-AB 2012

em Pernambuco. Saúde Debate, Rio de Janeiro, V. 39, N. 104, P. 136-146, Jan-Mar,

2015

• Santos, MPR; Albuquerque, MSV; Lyra, TM; Mendes, ACG; Luna, CF.

Coordenação do cuidado aos usuários com diabetes na atenção básica no Brasil,

2012 (no Prelo)

Aleluia IRS, Guadalupe MM, Almeida PF, Vilasbôas ALQ. Coordenação do

cuidado na atenção primária à saúde: estudo avaliativo em município sede de

macrorregião do nordeste brasileiro. Ciênc. saúde coletiva; 2017; 22(6):1845-56.

ALMEIDA, P. F. et al. Desafios à coordenação dos cui- dados em saúde: estratégias

de integração entre níveis assistenciais em grandes centros urbanos. Cad. Saúde Pública,

Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 286-298, 2010

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