apontamentos teórico metodológicos para a avaliação de the …§ões/9d/alcides_1.pdf ·...

10
JAN/JUN 2008 29 Resumo: Este artigo apresenta reflexões teó- rico-metodológicas iniciais para a avaliação de programas de microcrédito, especificamen- te o CrediAmigo do Banco do Nordeste – BNB. Para tanto, este artigo: (i) expõe a discus- são teórica que fundamenta as reflexões so- bre os programas de microcrédito, notada- mente o CrediAmigo; e (ii) apresenta a pro- posta metodológica que circunscreve uma pesquisa etnográfica sobre o CrediAmigo com base na trajetória institucional do programa, desde sua elaboração entre os funcionários do alto e médio escalão do banco nas depen- dências da Diretoria, das Áreas Operacionais e da Superintendência até sua execução fi- nal pelos funcionários das Unidades CrediAmigo que atuam junto aos clientes de diversas co- munidades locais atendidas pelo programa. O estudo da trajetória institucional do CrediAmigo visa verificar como vem sendo, de fato, imple- mentado o microcrédito do BNB e, com isso, contribuir como um instrumento para sua ava- liação, assim como a de outros programas de microcrédito. Palavras-chave: políticas públicas; avalia- ção; metodologia; microcrédito; Banco do Nordeste Apontamentos teórico-metodológicos para a avaliação de programas de microcrédito 1 Pointers for the theoretical and methodological evaluation of microcredit programmes Notas teóricas y metodológicas para la evaluación de programas de microcrédito Pointeurs pour lenseignement théorique et méthodologique dévaluation des programmes de microcrédit Alcides Fernando Gussi * Abstract: This article presents theoretical and methodological considerations for the initial assessment of the microcredit programmes, specifically the CrediAmigo of Banco do Nordeste – BNB. For both, this article (i) sets out the theoretical discussion that based on the reflections of microcredit programmes, notably the CrediAmigo, (ii) and submit the proposal methodological circums- cribing an ethnographic research on the CrediAmigo based institutional trajectory of the program, since their development between the officials of high and medium grade in dependencies of the bank’s Board of Operating Areas and Superintendence until its final implementation by officials of CrediAmigo units that work closely with clients from various local communities attended the programme. The study of institutional trajectory of CrediAmigo to verify and have been, in fact, implemented the microcredit the BNB and thereby contribute as a tool for evaluation as well as from other programmes of microcredit. Keywords: public policy; evaluation; metho- dology; microcredit; Banco do Nordeste * Historiador, mestre em antropologia social e doutor em educação pela UNICAMP, é professor do Departamen- to de Economia Doméstica e do Curso de Mestrado em Avaliação de Políticas Públicas da UFC. E-mail: [email protected] ARTIGOS INÉDITOS

Upload: lenga

Post on 12-Dec-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

JAN/JUN 2008 29

Resumo: Este artigo apresenta reflexões teó-rico-metodológicas iniciais para a avaliaçãode programas de microcrédito, especificamen-te o CrediAmigo do Banco do Nordeste – BNB.Para tanto, este artigo: (i) expõe a discus-são teórica que fundamenta as reflexões so-bre os programas de microcrédito, notada-mente o CrediAmigo; e (ii) apresenta a pro-posta metodológica que circunscreve umapesquisa etnográfica sobre o CrediAmigo combase na trajetória institucional do programa,desde sua elaboração entre os funcionáriosdo alto e médio escalão do banco nas depen-dências da Diretoria, das Áreas Operacionaise da Superintendência até sua execução fi-nal pelos funcionários das Unidades CrediAmigoque atuam junto aos clientes de diversas co-munidades locais atendidas pelo programa. Oestudo da trajetória institucional do CrediAmigovisa verificar como vem sendo, de fato, imple-mentado o microcrédito do BNB e, com isso,contribuir como um instrumento para sua ava-liação, assim como a de outros programas demicrocrédito.

Palavras-chave: políticas públicas; avalia-ção; metodologia; microcrédito; Banco doNordeste

Apontamentos teórico-metodológicos para a avaliação deprogramas de microcrédito1

Pointers for the theoretical and methodological evaluation ofmicrocredit programmes

Notas teóricas y metodológicas para la evaluación deprogramas de microcrédito

Pointeurs pour l’enseignement théorique et méthodologiqued’évaluation des programmes de microcrédit

Alcides Fernando Gussi*

Abstract: This article presents theoreticaland methodological considerations for theinitial assessment of the microcreditprogrammes, specifically the CrediAmigo ofBanco do Nordeste – BNB. For both, thisarticle (i) sets out the theoretical discussionthat based on the reflections of microcreditprogrammes, notably the CrediAmigo, (ii) andsubmit the proposal methodological circums-cribing an ethnographic research on theCrediAmigo based institutional trajectory ofthe program, since their developmentbetween the officials of high and mediumgrade in dependencies of the bank’s Boardof Operating Areas and Superintendence untilits final implementation by officials ofCrediAmigo units that work closely with clientsfrom various local communities attended theprogramme. The study of institutional trajectoryof CrediAmigo to verify and have been, infact, implemented the microcredit the BNBand thereby contribute as a tool for evaluationas well as from other programmes ofmicrocredit.

Keywords: public policy; evaluation; metho-dology; microcredit; Banco do Nordeste

* Historiador, mestre em antropologia social e doutor em educação pela UNICAMP, é professor do Departamen-

to de Economia Doméstica e do Curso de Mestrado em Avaliação de Políticas Públicas da UFC. E-mail:

[email protected]

ARTIGOS INÉDITOS

30 JAN/JUN 2008

Contempora-neamente, pro-gramas de micro-

crédito têm-se apresentado como alternati-vas de políticas de geração de renda voltadaspara parcelas da população em situação deexclusão do crédito e vêm alinhando-se àspolíticas de desenvolvimento social de váriospaíses, dentre eles o Brasil.

Este artigo apresenta reflexões teóricase metodológicas iniciais para a avaliação deprogramas de microcrédito, especificamenteo Programa CrediAmigo do Banco do Nordes-te – BNB. Para tanto, parto da hipótese ana-lítica de que as experiências desses progra-mas, inseridas nas políticas de desenvolvi-mento regional do BNB, seriam mediadas pelacultura na medida em que revelam diferen-tes significados acerca da ideia de desen-volvimento atribuídos por distintos funcio-nários do banco vinculados às ações do pro-grama. Estreitamente relacionada a essa hi-pótese, apresento uma proposta metodo-lógica que, sob a perspectiva da pesquisaetnográfica, baseia-se no acompanhamentoda trajetória institucional do CrediAmigo, emque se verifica um percurso desde a elabo-ração do programa entre os funcionários doalto escalão do BNB nas dependências daDiretoria, Áreas Operacionais e Superinten-dências até a sua execução final pelos fun-cionários das Unidades CrediAmigo junto aosclientes de diferentes comunidades locaisatendidas.

Entendo que o estudo da trajetória ins-titucional do CrediAmigo visa verificar comovem sendo, de fato, implementado o pro-grama de microcrédito do BNB e, com isso,contribuir como um instrumento para a suaavaliação, assim como para a avaliação deoutros programas de microcrédito.

É necessário ressaltar que programas demicrocrédito, implementados por distintasinstituições em inúmeras localidades, no paíse fora dele, vêm sendo estudados por pes-quisadores em seus diferentes aspectos,como, por exemplo, aquele que se refere aosbeneficiados por esses programas, revelan-do uma crescente necessidade de avaliaçãodos mesmos em consonância com demandasdas instituições e dos formuladores de polí-ticas públicas em conhecer seus resultados

sociais; ressalta-se, ainda, que o CrediAmigofoi alvo de uma recente avaliação financia-da pelo próprio BNB (Neri e Medrado, 2005).Ainda que não caiba no escopo deste artigorealizar uma revisão desses estudos, já dis-cutidos em Gonçalves e Gussi (2007), en-tendo que a proposta teórico-metodológicaaqui apresentada dialoga com eles e consti-tui-se, em relação a esses estudos, em con-traponto, na medida em que toma como focoespecífico o estudo etnográfico da dimen-são institucional como ferramenta para suaavaliação.

Este artigo está dividido em duas partes:a primeira, contendo a discussão teórica quefundamenta as reflexões sobre o estudo dosprogramas de microcrédito, notadamente oCrediAmigo do BNB; a segunda, constituídapela apresentação de uma proposta metodo-lógica para a avaliação desse programa.

A discussão teórica

“O nosso negócio é o desenvolvimento”(http://www.bnb.gov.br). Com esta chama-da, o site oficial do BNB leva-nos a pensar olugar que esse banco ocupa no contexto daspolíticas públicas de desenvolvimento no Nor-deste, o que permite situar seu programa demicrocrédito, o CrediAmigo.

Para tanto, é necessário problematizar ocontexto de reestruturação do capitalismocontemporâneo, brasileiro e mundial, e par-ticularmente o de reordenamento do siste-ma financeiro, para situar analiticamente olugar institucional e histórico do BNB, comoagente político, na implementação dos pro-gramas de microcrédito.

A dinâmica das relações capitalistas con-temporâneas vem apontando para um pro-cesso estrutural que Chesnais (1996, 1999)denominou “a mundialização do capital”, queé o resultado da mundialização dos merca-dos e serviços financeiros no âmbito globale aponta para a tendência de diminuição docontrole dos Estados nacionais sobre o fluxode capitais. Porém o autor chama a atençãopara o caráter seletivo deste movimento decapitais que, controlado por quem está si-tuado em posição privilegiada no mercado,seleciona ao mesmo tempo em que exclui

Introdução

ARTIGOS INÉDITOS

JAN/JUN 2008 31

países e camadas sociais, de forma que nemtodos participam igualmente do processo demundialização. O autor considera como ex-cluídos deste os países que, impelidos pelaimposição das políticas de liberalização, par-ticipam do movimento de forma marginal, domesmo modo que, em cada país, camadasda população são sistematicamente excluí-das da participação nos benefícios auferidospelo desenvolvimento do processo produti-vo (Chesnais, 1996,1999).

Apoiando-se nessas ideias, pode-se pen-sar que o Brasil, como parte da América La-tina e ocupando posição de devedor no pla-no internacional, inclui-se no rol de paísesmarginalizados frente ao movimento demundialização do capital. Similarmente,quando se considera o território nacional, oNordeste brasileiro e parte significativa desua população seriam duplamente excluídosdesse processo.

Dentro deste quadro de mundialização docapital – excludente e seletiva – e comple-mentar a ele, ganha força a política ideoló-gica neoliberal que retoma e desenvolve osprincípios de “mão invisível” do mercado comoorientadores da economia e redefine o ta-manho e a natureza do Estado-nação. As-sim, ganham corpo políticas de desregula-mentação, privatização e cortes no orça-mento do Estado, sobretudo o destinado àspolíticas sociais. Ao mesmo tempo, aumentao papel fiscalizador da implantação da políti-ca neoliberal exercido por organismos eco-nômicos supranacionais – Banco Mundial,Fundo Monetário Internacional, OrganizaçãoMundial do Comércio –, novas autoridadespolíticas atuantes nos países periféricos comoo Brasil, que muitas vezes orientam as dire-trizes de suas políticas sociais (Moraes, 2002,2004).

Ainda neste contexto, quando se consi-dera especificamente o sistema financeironacional e mundial, observa-se a ocorrênciade um processo de reestruturação orienta-da pela mundialização do capital. Essa rees-truturação promoveu a abertura financeirada América Latina e, particularmente, do Bra-sil, a partir do governo Fernando HenriqueCardoso, nos anos 1990 (Freitas, 1999;Freitas e Prates, 1998, 2001).

Disso resultaram a ampliação da presen-ça de bancos estrangeiros no sistema finan-

ceiro nacional e o enfraquecimento dos ban-cos públicos brasileiros. Quanto à diminui-ção da participação dos bancos públicos noconjunto do sistema bancário nacional, emque pese ainda a participação do Banco doBrasil e da Caixa Econômica Federal, isso sedeveu principalmente à privatização dos ban-cos estaduais. Por tudo isso, os bancos pú-blicos foram perdendo sua função de fomen-tadores de políticas sociais de desenvolvi-mento nos âmbitos federal e estadual (Gussi,2001, 2004, 2007; Rodrigues, 2004).

Contudo, nesse cenário de mundializaçãodo capital, retração do Estado-nação, imple-mentação das políticas neoliberais e rees-truturação do sistema financeiro, pode-seconsiderar, analiticamente, a emergência deembates políticos entre distintos atoresquanto aos rumos desse processo no con-texto das forças que atuam no Estado-na-cional, como indica Moraes (2004): “Mas osEstados nacionais são também arenas emque conflitam outros sujeitos – grupos e clas-ses, partidos e movimentos, novos atoresnessas relações. Mas, para fazê-lo, precisainteragir não apenas com outros Estados,mas com forças que nesses Estados figu-ram, como sujeitos que disputam aquela are-na” (p. 4).

Neste cenário de disputas e conflitos po-demos situar o BNB. Se o banco tem atrela-do, de forma geral, suas políticas e seus pro-gramas às diretrizes gerais das políticasregidas pela mundialização do capital, elepode, contudo, ser posto como um agentepolítico regional, com um lugar diferenciado,pois permite a condução de outros proces-sos quanto aos rumos das políticas públicasnacionais.

Tal argumento fundamenta-se, primeira-mente, no fato de que o BNB pensa-se comouma instituição associada ao “desenvolvi-mento do Nordeste”. Segundo Douglas(1998), as instituições articulam sua legiti-mação, que se dá no plano de uma ordemsocial equiparada às leis natureza, como sea ordem social das instituições fizesse parte“de uma ordem natural das coisas”. Da mes-ma forma que Douglas (1998), podemos pen-sar que o princípio de legitimação dos con-ceitos, regras, normas, valores e ações doBNB, associado ao desenvolvimento, encon-tra-se “naturalizado” em seu pensamento

ARTIGOS INÉDITOS

32 JAN/JUN 2008

institucional, constituindo-se numa verdadeque o legitima socialmente. Acrescente-se,ainda, que tal pensamento institucional reve-la-se no conjunto de representações e açõesde distintos atores socais sobre o banco acercado desenvolvimento. Tal legitimação é o quepermite situar o BNB como agente político re-gional diferenciado, com o seu lugar própriofrente ao atual contexto das políticas públi-cas nacionais.

Ainda, esse lugar próprio ocupado pelo BNBestá fundamentado em sua própria história. Aorigem do BNB, fundado em 1952, está asso-ciada a uma reorientação política do Estadoquanto ao desenvolvimento do Nordeste du-rante o período nacional-desenvolvimentistada Era Vargas, momento de uma nova tomadade posição do Estado em relação ao desen-volvimento econômico da região por meio deações planejadas pelo próprio Estado. Ainda,no contexto do nacional-desenvolvimentismo,o BNB associa-se, nos anos 1960, ao modelode desenvolvimento proposto pela Superin-tendência de Desenvolvimento do Nordeste(SUDENE), baseado no ideário de Celso Furta-do (1983, 1984, 2001). Assim, no período emque a SUDENE foi perdendo sua força históricano contexto regional, nos anos 1970 e 1980,o BNB tornou-se o reduto das políticas de de-senvolvimento regional inspiradas por ela. Fi-nalmente, a partir dos anos 1990, ocorreu aextinção da SUDENE, e o BNB tornou-se a úni-ca agência de fomento da região, focando suafunção como banco de desenvolvimento, emque pesem as reformas neoliberais do Estadono período (Albuquerque e Veloso, 2003;Almeida, 1985; Barbosa, 1979; Cardoso, 2006;Diamond, 1961; Pinto, 1997; Silva Neto, 1976;Soares, 1977).

Considerando esta fundamentação institu-cional e histórica sobre o lugar diferenciadoque BNB ocupa como agente político no con-texto de políticas públicas voltadas ao desen-volvimento regional, pode-se, especificamen-te, situar seu programa de microcrédito, oCrediAmigo, diante do contexto de reordena-mento do sistema financeiro.

O estudo de Rodrigues (2004) sobre astransformações do sistema financeiro nacio-nal, iniciadas na década de 1980 e intensifi-cadas na de 1990, aponta para a formação deum setor bancário com um segmento privadonacional mais forte, mais internacionalizado e

menos público, trazendo como consequenciasmais imediatas a concentração bancária nocentro-sul do país, principalmente na regiãoSudeste, e o esvaziamento da presença e ofer-ta de serviços bancários nas regiões menosatrativas economicamente. Para o Nordeste,ainda segundo Rodrigues (2004), este proces-so traz a contenção do crédito e a expressivadiminuição da presença de bancos públicoscomo, por exemplo, a do Banco do Brasil, nofomento às atividades agrícolas, resultando noaumento das desigualdades regionais e inter-nas a cada região.

Paralelamente a esse processo de concen-tração de crédito, emergem, como alternati-vas, programas de microcrédito oriundos deinstituições dos mais diferentes matizes (go-vernamentais, ONG’s, bancárias) que objetivama concessão facilitada de crédito para viabilizarprojetos econômicos de segmentos da popu-lação de baixa renda, focando justamente nosgrupos sociais e nas regiões excluídos pelaconcentração bancária. Assim, experiênciascom programas de microcrédito têm crescidoao longo da última década nos países periféri-cos, como no Brasil, notadamente inspiradasno ideário do economista Muhammad Yunus esua instituição de microcrédito em Bangladesh,o Grameen Bank (Yunus, 2000).

Consideremos aqui o Programa CrediAmigo.Segundo informações institucionais do BNB,este programa iniciou-se com um projeto pi-loto em 1997, passando efetivamente a ope-rar em 1998 com a abertura de 45 unidades,e atualmente está presente em 1.481 muni-cípios do Nordeste, norte de Minas Gerais eEspírito Santo. O programa tem por finalidadefornecer pequenos empréstimos (de R$ 800,00a R$ 8.000,00), de forma não burocrática,para que microempreendedores financiem seusnegócios em troca do chamado “aval solidá-rio”, uma garantia, oferecida pelo emprésti-mo, em nome de um grupo formado para tan-to, de maneira que aquele não é fornecidoindividualmente, mas sim a grupos de pesso-as que se responsabilizam solidariamente porseu pagamento. O seu público-alvo, sobre-tudo a população de baixa renda, é constitu-ído por autônomos, donos de pequenos ne-gócios e trabalhadores informais que neces-sitam de crédito para gerar fonte de renda,no setor da indústria (mercearias, sapatari-as, artesanato etc.), do comércio (merca-

ARTIGOS INÉDITOS

JAN/JUN 2008 33

dinhos, armarinhos, farmácias etc.), ou deserviços (salões de beleza, borracharias, ofi-cinas mecânicas).

Segundo Relatório anual do CrediAmigo de2007, os resultados do programa indicam: umaumento crescente entre os anos de 2001 a2007 nas contratações (de 587.294 em 2001a 4.538.755 em 2007) e nos clientes ativos(de 85.309 em 2001 a 343.248 em 2007), am-bos com crescimento triplicado no período; que42% e 34% são destinados respectivamenteaos produtos “giro solidário” e “giro popularsolidário” de sua carteira ativa, ambos desti-nados à aquisição de máquinas, equipamen-tos e realização de reformas, dentre outrasmodalidades menores (giro individual, comuni-dade e investimento fixo); que a maior quan-tidade do volume médio de empréstimos e nú-mero de operações (64%) é destinada às mu-lheres; que 92% dos empréstimos destinam-se ao setor de comércio, 6% para o de servi-ços e 2% para o setor industrial; e, finalmen-te, que o Ceará tem o maior número de clien-tes (89.945, 26% do total) do CrediAmigo(http://www.bnb.gov.br.). O Relatório anualdo BNB de 2007 destaca que o CrediAmigorepresenta 86% das operações de microcréditono país. Estes dados são indicativos de que omicrocrédito, desde sua implantação, alcan-çou uma projeção institucional significativadentro do próprio BNB e também fora dele,nos seus dez anos de existência.

Deste modo, podemos pensar que oCrediAmigo, dentre as políticas de desenvol-vimento regional do BNB, está articulado aolugar particular que o BNB ocupa, institucionale historicamente, como agente político de de-senvolvimento do Nordeste, na medida emque as linhas de ação do programa permitemreorientar o ordenamento geral da reestru-turação financeira nacional que, como vimos,resulta na exclusão ao crédito de grande par-cela da população e de regiões no país.

Contudo, considerando esse lugar históri-co e institucional do BNB neste cenário, pode-se indagar em que medida, no conjunto dasrepresentações e ações dos funcionários en-volvidos no CrediAmigo acerca do desenvol-vimento, vem sendo implementado esse pro-grama, permitindo que ele realize seu objeti-vo, qual seja, gerar renda por meio do micro-crédito para grupos sociais e regiões menosfavorecidos.

A proposta metodológica

Para a avaliação do CrediAmigo, utilizo umametodologia centrada na etnografia. Esteprocedimento metodológico de natureza qua-litativa permite apreendermos as represen-tações, a visão de mundo e a perspectivados atores envolvidos nos programas soci-ais. Para tanto, realizo uma pesquisa entreos agentes do CrediAmigo no contextoinstitucional do programa, da perspectiva deconstrução de uma etnografia na empresa(Ruben, 2004).

Trata-se de realizar, nos termos de Geertz(1989), uma “descrição densa” na empresa,na qual se busca interpretar os diferentessignificados acionados publicamente pelosatores à ideia de desenvolvimento, elabora-dos nas ações do Programa CrediAmigo. Comisso, realiza-se, ainda nos dizeres de Geertz(1989), uma “interpretação da cultura” na ins-tituição, entendida como uma análise da es-trutura de significados dados na ação social.

Desta perspectiva etnográfica, acompa-nho a trajetória institucional do ProgramaCrediAmigo, inspirando-me na noção de tra-jetória de Bourdieu (1986). Em seu ensaio Ailusão biográfica, este autor abandona opressuposto de que uma vida é “como umconjunto coerente e orientado que pode serapreendido como expressão unitária de umaintenção subjetiva e objetiva, de um proje-to” (p. 184). Entendendo que uma vida nãoé um fim em si mesmo e, portanto, não temum sentido único, Bourdieu faz uma analogiaentre a vida e o nome próprio. Diz o autorque este último é o que carregamos ao lon-go da vida, o que lhe dá sentido, para, logoem seguida, rejeitar a ideia de que uma vidapossa ser explicada apenas pela associaçãoao nome, considerando-a “tão absurda quan-to tentar explicar a razão de um trajeto nometrô sem levar em conta a estrutura darede, isto é, a matriz das relações objetivasentre as diferentes estações” (idem, op. cit:179-80).

Assim, Bourdieu constrói sua noção de tra-jetória “como uma série de posições sucessi-vamente ocupadas por um mesmo agente (ouum mesmo grupo) num espaço ele próprio umdevir submetido a incessantes transformações”

ARTIGOS INÉDITOS

34 JAN/JUN 2008

(idem, op. cit., p. 189). As trajetórias defi-nem-se como colocações e deslocamentos noespaço social, mais precisamente “nos esta-dos sucessivos da estrutura da distribuiçãodas diferentes espécies de capital que estãocolocados em jogo no campo considerado” (p.190). Essa noção de trajetória faz com que seabandone a ideia de que uma vida possa sercompreendida como uma cadeia de aconteci-mentos, “sem outros vínculos que não a as-sociação a um sujeito” (idem, op. cit., p. 189).

Similarmente ao que propõe Bourdieu parapensar a trajetória de uma vida, a propostametodológica que ora apresento transpõe essanoção para considerar um programa, ou, maisprecisamente, a trajetória de um programa, oCrediAmigo do BNB. Deste modo, parto da ideiade que o programa não tem um sentido únicoe está circunscrito a ressignificações, segun-do seus distintos posicionamentos nos váriosespaços institucionais que percorre, ou seja,de acordo com seus deslocamentos na insti-tuição.

A trajetória institucional do CrediAmigo bus-ca acompanhar as diferentes fases do pro-grama: desde sua concepção, formulação eimplementação até sua operacionalização fi-nal. Para construí-la, busca-se conhecer es-sas fases por meio da pesquisa entre os fun-cionários inseridos nos diferentes níveis hie-rárquicos nas dependências do BNB, de acor-do com a estrutura organizacional. O conhe-cimento empírico advindo deste procedimentocorresponde às diferentes fases desse pro-grama, detalhadas a seguir.

Numa primeira fase, a pesquisa foca os fun-cionários do alto e médio escalões, responsá-veis pela elaboração do programa – sua con-cepção, formulação e implementação – nasdiferentes esferas institucionais, a saber: aDiretoria, as Áreas Operacionais e a Superin-tendência. Com isso, pretende-se conhecercomo os funcionários representam o programano contexto de suas ações em sua área insti-tucional, permitindo construir suas noções so-bre o BNB e o CrediAmigo. Para tanto, investi-gam-se os perfis desses funcionários, suas tra-jetórias profissionais e afiliações teóricas, asrelações sociais dentro da organização, os di-ferentes grupos profissionais e hierárquicos,suas múltiplas alianças, conflitos e embates,assim como as relações de poder entre as di-ferentes hierarquias administrativas e funcio-

nais; ressalta-se, como se verá adiante, queessa investigação baseia-se na observaçãoparticipante na instituição, a qual, dentre ou-tros procedimentos, vale-se da construção dasredes sociais nas quais os funcionários estãoinseridos.

Numa segunda fase, ainda de acordo como organograma do banco e visando conhecercomo se realiza operacionalização final do pro-grama, a pesquisa foca os funcionários dasUnidades CrediAmigo, os responsáveis, enfim,pela execução do programa em distintas loca-lidades. Com a mesma finalidade proposta naabordagem dos funcionários do alto e médioescalões, propõe-se conhecer como os funcio-nários do pequeno escalão, que operacionalizamo programa e atuam junto aos clientes, cons-troem suas representações sobre o BNB e oCrediAmigo no contexto de suas unidades.Assim, investigam-se as trajetórias profissio-nais dos funcionários, a formação de distintosgrupos, as relações sociais e de poder dentrodas unidades e fora delas, as relações comgrupos de clientes do CrediAmigo nas comuni-dades locais, além da margem de decisão queestes funcionários têm em relação à efetivaçãodo programa.

Finalmente, a pesquisa complementa-secom uma investigação que articula as duasfases anteriores, correspondentes, respectiva-mente, à elaboração e à execução do CrediAmi-go. Para tanto, buscam-se novamente os fun-cionários diretamente responsáveis pela ela-boração do programa, sobretudo os do alto emédio escalões já identificados, para dialogarcom alguns dados obtidos nas fases anterio-res da pesquisa, verificando em que medidaesses dados permitem modificar suas ideiassobre a implementação do programa no âmbi-to institucional e considerar uma possível reela-boração deste.

Esta proposta metodológica, da perspecti-va etnográfica, baseia-se, sobretudo, na ob-servação participante entre os funcionários devárias dependências do BNB. Para tanto, ob-servam-se, por um período de tempo, situa-ções rotineiras envolvendo funcionários em suaárea de trabalho, sobretudo as relacionadasao programa, e outras situações extraordiná-rias, tais como treinamentos e reuniões admi-nistrativas, bem como ocasiões informais comoconversas esporádicas, encontros em inter-valos de refeições, confraternizações etc. Es-

ARTIGOS INÉDITOS

JAN/JUN 2008 35

pecificamente, entre os funcionários das Uni-dades CrediAmigo, acompanham-se situaçõesde contato que estes realizam fora de suasunidades com os grupos de clientes beneficia-dos pelo crédito, nos loci dos empreendimen-tos econômicos destes últimos.

Além disso, realizam-se: levantamento dadocumentação institucional sobre o progra-ma; aplicação de questionários semiestrutu-rados entre os funcionários de diversos seto-res; entrevistas abertas com funcionáriosestreitamente envolvidos nas ações doCrediAmigo, privilegiando como estratégia aconstrução de narrativas pessoais sobre suatrajetória profissional a partir de histórias devida (Gussi, 2005); formação de grupos focaiscom funcionários de distintos setores.

Apresento a seguir um quadro que condensaesta proposta metodológica:

Quadro 1 – PROPOSTA METODOLÓGICA: ATRAJETÓRIA INSTITUCIONAL DO PROGRAMA

CREDIAMIGO DO BNB

Por fim, considero dois últimos pontos. Pri-meiramente, que o estudo etnográfico datrajetória institucional do CrediAmigo do BNB,ao pretender analisar as experiências dosprogramas de microcrédito a partir das múl-tiplas significações de distintos atores emseu contexto institucional, permite construirnovos fundamentos teóricos e metodológicospara a avaliação do CrediAmigo, assim comodos demais programas do BNB.

Outro ponto refere-se à importância deuma avaliação das políticas públicas de ca-ráter social destacar a trajetória institucionalde um programa, na medida em que, comessa estratégia metodológica, busca-se per-ceber o grau de coerência e/ou dispersãodo programa ao longo do seu trânsito pelasvias institucionais. Desta forma, por exem-plo, a avaliação de um programa gestado naesfera federal necessita da reconstituiçãode sua trajetória, na qual o pesquisador per-ceba as mudanças nos sentidos dados aosobjetivos do programa e a sua dinâmica,conforme adentra espaços institucionais di-ferenciados e desce nas hierarquias até che-gar à base, momento que corresponde aocontato direto entre agente institucional esujeito receptor da política (Gussi; Gonçal-ves; Rodrigues, 2006).

Por tudo isso, acredito que essa esta pro-posta metodológica venha também a servirde ferramenta para a avaliação de outros pro-gramas de microcrédito e de políticas públi-cas de caráter social atualmente implemen-tados, permitindo refletir acerca dos seus li-mites e possibilidades.

ALTA DIREÇÃO

ÁREAS OPERACIONAIS

SUPERINTENDÊNCIA

S

UNIDADE UNIDADE UNIDADE

CREDIAMIGO 1 CREDIAMIGO 2 CREDIAMIGO 3

GRUPO DE CLIENTES GRUPO DE CLIENTES GRUPO DE CLIENTES

1 2 3

Referências bibliográficas

ALBUQUERQUE, R. C e VELLOSO, J. P. R. E (orgs.). A promoção do desenvolvimento: 50 anos doBNDES e do Banco do Nordeste. Rio de Janeiro: José Olympio; INAE, 2003.

ALMEIDA, R. B. O Nordeste no segundo governo Vargas. Fortaleza: BNB, 1985.

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL. Acessível em http://www.bnb.gov.br. Acesso em nov. 2006.

BARBOSA, R. O Banco do Nordeste do Brasil e o desenvolvimento econômico da região. Forta-leza: BNB, 1979.

BOURDIEU, P. A ilusão biográfica, in Amado, J. e Ferreira, M. M., Usos e abusos da história oral.Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996.

ARTIGOS INÉDITOS

36 JAN/JUN 2008

CARDOSO, G. C. C. O Estado desenvolvimentista e o Nordeste: o BNB na busca de um novomodelo de desenvolvimento regional. Tese de doutorado em economia, Centro de CiênciasHumanas Letras e Artes – UFRN. Natal, 2006.

CHESNAIS, F. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996. A mundialização financeira:gênese, custos e riscos. São Paulo: Xamã, 1999.

DIAMOND, W. Bancos de desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961.

DOUGLAS, M. Como as instituições pensam. São Paulo: EDUSP, 1998.

FREITAS, M. C. P (org.). Abertura do sistema financeiro no Brasil nos anos 90. São Paulo: IPEA;FAPESP, 1999.

FREITAS, M. C. P. e PRATES, D. M. Abertura financeira na América Latina: as experiências daArgentina, Brasil e México, Economia e Sociedade, 11. Campinas, dez. 1998, pp. 173-98.

_______. Abertura financeira no governo FHC: impactos e consequências, Economia e Socie-dade, 17. Campinas, dez. 2001, pp. 81-111.

FURTADO, C. Cultura e desenvolvimento: em época de crise. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.

_______. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Nacional, 2001.

_______. Teoria e política do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989.

GUSSI, A. F. Entre mortes e (re)nascimentos no trabalho: privatização de um banco públicoestadual, em narrativa, in Rodrigues, L. C. e Missaia, S.. (orgs.), Cultura e trabalho:práticas, saberes e fazeres. Campinas: CMU Publicações – UNICAMP; Arte Escrita, 2007,pp. 133-54.

_______. Identidades e nacionalidades no contexto de privatização do Banespa, Revista Ideiasano 11(3). Campinas: IFCH–UNICAMP, 2004, pp. 97-115, ed. especial.

_______. Pedagogias da experiência no mundo do trabalho: narrativas biográficas no contex-to de mudanças de um banco público estadual. Tese de doutorado em educação, Faculda-de de Educação–UNICAMP. Campinas, 2005.

GUSSI, A. F. e GONÇALVES, A. F. Economia solidária e microcrédito, IX Congresso Argentino deAntropología Social 2005, in Anais... Posadas, Misiones (Argentina): Universidad Nacionalde Misiones, 2005. CD-Rom.

GUSSI, A. F.; GONÇALVES, A. F; RODRIGUES, L. C. Avaliação de políticas públicas e programas dedesenvolvimento da região Nordeste. Projeto de pesquisa. Fortaleza, 2006, mimeo.

MORAES, R C. Globalização e políticas públicas: vida, paixão e morte do Estado nacional?,Revista Educação e Sociedade, vol. 25, no 87. Campinas, mai.-ago. 2004 (www.scielo.br).

_______. Reformas neoliberais e políticas públicas, Revista Educação e Sociedade, vol. 23, no

80. Campinas, set. 2002 (www.scielo.br).

NERI, M. e MEDRADO, A. L. Experimentando microcrédito: análise do impacto do CrediAmigosobre o acesso ao crédito, Ensaios Econômicos, no 608. Rio de Janeiro: Fundação GetúlioVargas, 2005.

PINTO, A. T. O Banco do Nordeste e a modernização regional. Fortaleza: BNB, 1977.

RODRIGUES, L. C. Metáforas do Brasil: demissões voluntárias, crise e rupturas no Banco doBrasil. São Paulo: Anna Blume; FAPESP, 2004.

RUBEN, G. R. (org.). Revista Ideias “Etnografias do Capitalismo”, ano 11(3). Campinas: IFCH–UNICAMP, 2004, pp. 97-115, ed. especial.

ARTIGOS INÉDITOS

JAN/JUN 2008 37

Résumé: Cet article présente théoriques etméthodologiques pour l’évaluation initiale desprogrammes de microcrédit, en particulier leCrediAmigo de Banco do Nordeste – BNB. Dansles deux cas, cet article (i) définit la dis-cussion théorique que sur la base desréflexions de programmes de microcrédit,notamment la CrediAmigo, et (ii) soumettrela proposition méthodologique de circonscrireune recherche ethnographique de CrediAmigofondée sur la trajectoire institutionnelle duprogramme, depuis leur développement entreles hauts et moyens fonctionnaires de la ban-que dans les dépendances du Conseil de zonesd’exploitation et de surveillance, jusqu’à sonfinal d’exécution par les fonctionnaires deCrediAmigo unités qui travaillent en colla-boration étroite avec les clients de différentescommunautés locales qu’ont participé à ceprogramme. L’étude de trajectoire institutio-nnelle de CrediAmigo a pour but de vérifiercomment a été, en fait, mis en œuvre lemicrocrédit de BNB et et de contribuer ainsicomme un outil d’évaluation ainsi que d’autresprogrammes de microcrédit.

Mots clés: politique publique; évaluation;méthodologie; microcrédit; Banco do Nordeste

Resumen: Este artículo presenta considera-ciones teóricas y metodológicas para laevaluación inicial de los programas demicrocrédito, especificamente el CrediAmigodel Banco do Nordeste – BNB. Por tanto, esteartículo (i) establece la discusión teórica so-bre las bases de las reflexiones de los pro-gramas de microcrédito, en particular elCrediAmigo, y (ii) presentar la propuestametodológica que circunscribe una investigaciónetnográfica del CrediAmigo basado em Latrayectoria institucional del programa, des-de su desarrollo entre los funcionarios dealto y mediano grado en las dependenciashasta la Diretoría y Superintendencia del ban-co hasta su ejecución final por parte de losfuncionarios de las Unidades CrediAmigo quetrabajan en estrecha colaboración con losclientes de diversas comunidades localesasistidas por el programa. El estudio de latrayectoria institucional de CrediAmigo tienepor finalidad verificar como ha sido, de hecho,puesto em práctica microcrédito del BNB ycontribuir como una herramienta para suevaluación, así como de otros programas demicrocrédito.

Palabras-clave: políticas públicas; evaluación;metodologia; microcrédito; Banco do Nordeste

1 Trata-se das reflexões teórico-metodológicos que orientam o projeto de pesquisa “Cultura, desenvolvimen-

to regional e avaliação de políticas públicas: trajetória institucional dos programas de geração de em-

prego e renda (CrediAmigo) do Banco do Nordeste”, financiado pelo CNPq/Fundação Cearense de Apoio

à Pesquisa – FUNCAP.

SILVA NETO, F. R. A contribuição do BNB ao desenvolvimento regional. Fortaleza: BNB, 1976.

SOARES, P. F. F. Nordeste – 25 Anos de BNB. Fortaleza: BNB, 1977.

YUNUS, M. O banqueiro dos pobres. São Paulo: Ática, 2000.

Notas

ARTIGOS INÉDITOS

38 JAN/JUN 2008 ARTIGOS INÉDITOS