apometria romance - o amor nunca morre

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  • 8/8/2019 Apometria Romance - o Amor Nunca Morre

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    O amor

    nuncamorreCamila Sampaio

    Pelo esprito Ronaldo

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    Uma emocionante histria sobre amor,depresso, suicdio e Apometria

    Mariana uma mulher de trinta anos, casada com Carlos e me de dois

    filhos Fabrcio e Murilo. Tem uma vida harmnica e feliz, rodeada de bons

    amigos, como a inseparvel Cia.

    Tudo vai bem, at que em determinado momento ela passa a sentir

    angstia, tristeza, vontade de desistir de tudo. A tendncia suicida vai se fazendo

    cada vez mais presente.

    Todos ficam assustados e buscam ajuda espiritual para Mariana. S a

    descobrem o poder da obsesso e da auto-obsesso.

    Quatro vidas passadas precisam ser harmonizadas. Cada uma tem sua

    histria e seus interesses, mas todas tm um objetivo comum: o suicdio de

    Mariana.

    Dirigente de um grupo de Apometria Esprita, dona Eullia se dispe a

    ajudar. E a partir de ento travada uma intensa batalha entre o bem e o mal.

    O amor nunca morre vem para explicar melhor a realidade da auto-

    obsesso, que assola tantas pessoas. Tem o objetivo tambm de ajudar pessoas

    que queiram cometer suicdio e suas famlias a lidarem melhor com o

    assunto.

    Esse primeiro romance do esprito Ronaldo, atravs da mdium Camila

    Sampaio, vem para provar que o amor nunca morre, e quando encontrado pode

    mudar a vida de todos que precisam de ajuda.

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    Camila Sampaio nasceu em 1979, em So Paulo.

    Seu primeiro contato com a espiritualidade foi atravs da sua famliamaterna. Sua av Edith e sua me Alice eram mdiuns psicofnicas ativas.

    Na juventude a mediunidade de Camila comeou a se desenvolver, at seatingir a sua plenitude: ela clarividente, clariaudiente, mdium psicofnica,doutrinadora e atua com psicografia.

    Hoje Camila coordena o Grupo Apomtrico Luz do Senhor, em So Paulo.

    terapeuta de vidas passadas, formada em Histria e Psicologia. Nessaparceria com Ronaldo, uma das primeiras terapeutas de vidas passadas domundo a psicografar romances, o que possibilita Espiritualidade que ela sejaum instrumento para trazer a pblico conhecimentos sobre vidas passadas,Histria, auto-obsesso, obsesso, atuao de grupos socorristas e mecanismos

    de nosso funcionamento psquico.O Amor nunca morre seu romance de estria. autora de dois livros

    sobre Terapia de Vidas Passadas: O Fio de Ariadne Abordagens da Terapia deVidas Passadas (2008) e Era uma vez Terapia de Vidas Passadas comcrianas (2009).

    Atualmente atende em seu consultrio, em So Paulo, e reside com seumarido, Hugo Lapa, em Atibaia.

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    Agradecimentos

    Agradeo a Ronaldo, pela companhia maravilhosa durante esses meses, e

    por me dar a oportunidade de fazermos esse trabalho juntos. Sua luz se fezpresente de vrias formas na minha vida, alm de sua pacincia britnica comigo.

    Obrigada, querido mentor!

    Agradeo meu marido, Hugo Lapa, pela compreenso com as longas horas

    que precisei me ausentar para escrever esse livro, e por seu carinho e

    companheirismo. O amor nunca morre mesmo, ele nos reuniu novamente nessa

    encarnao e um prazer pass-la ao seu lado, amor das minhas vidas!

    Agradeo ao dois grupos dos quais fao parte, pelo carinho, suporte,

    incentivo e socorro durante esse trabalho, to visado pelas trevas. Ao Grupo

    Mahaidana: Walkiria, Patrcia, Adriana, Gustavo, Denis e Marcos. Agradeo a

    toda a equipe da Casinha Azul, especialmente Dona Leticia (Mainha), Mazinho e

    Lcia. E equipe de Edson Higo, por seu carinho e apoio.

    Agradeo minha me, por todas as lies que ela me levou a vivenciar.Meu pai querido, pelo suporte filha bruxinha.

    E aos amigos: Vanessa Romero, Soraia Jorge, Ludmila Grant, Emlia

    Olivieri, Paulo Dutra, Ingrid Kuhn, Valria Carrijo, Bel, Dad, Manoel Lapa,

    Margareth Soares, Vera, Ricardo, Renata Chaves, Gensio e Catuba, por estarem

    ao meu lado.

    Obrigada!

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    Suicdio

    Em tenebrosa manso, triste e geladaO remorso, este carrasco, me torturaComo um espectro vagueio pelo nada

    Nos miserveis abismos da amargura-----------------------------------------Orai por mim, irmo, tem piedade!

    Fui insensato, tresloucado, sem juzoNo refleti, abusei da liberdade

    E em lancinantes dores agonizo-----------------------------------------

    Ah, quem me dera voltar, ter mais pacinciaEram to fartas, eram tantas as sadas!Ver o propsito sublime da existnciaMas naufraguei na escurido dos suicidas

    Perdo

    Recebe a ofensa dura, enfrenta a provaNa humildade encontra a paz e agradeceTolerncia calor que se renova

    A chama do amor tudo enobrece------------------------------------------

    Revela o bem ao teu redor, cuida e consertaAos coraes empedernidos mostra a luzDa redeno que o esprito libertaO entendimento fortaleza que conduz-----------------------------------------

    No te revoltes, perdoa o opressorSaibas usar, com maestria, a caridadeVejas que a sanha violenta do agressor

    triste e degradante enfermidade

    (Joo, mentor de Marcos Cavuto, ex-paciente e grande amigo)

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    ndice

    Captulo 1 Hora da Deciso8

    Captulo 2 A Origem ..9Captulo 3 Novos Rumos ..15

    Captulo 4 A Busca ....20

    Captulo 5 Sentimentos Pesados ...25

    Captulo 6 Primeira Ajuda ...32

    Captulo 7 A Viagem .38

    Captulo 8 Aliados .45

    Captulo 9 Atuao das trevas ..50

    Captulo 10 Suporte ...55

    Captulo 11 H tempos ..60

    Captulo 12 Influncias .65

    Captulo 13 Mergulho ...70

    Captulo 14 Abismo de tristeza 75

    Captulo 15 Traio ...80

    Captulo 16 O mundo espiritual ...85

    Captulo 17 Atendimento ..90

    Captulo 18 O sofrimento da famlia ...95

    Captulo 19 Apoio 100

    Captulo 20 A quarta vida ..105

    Captulo 21 Sob nova direo .110Captulo 22 Impacto ....115

    Captulo 23 Consequncias .120

    Captulo 24 Confronto 125

    Captulo 25 Raiva 130

    Captulo 26 Mais ajuda ...135

    Captulo 27 Dor na alma .140

    Captulo 28 Intensificam-se os ataques .145

    Captulo 29 Um caso ...150

    Captulo 30 Carlos desconfia .155Captulo 31 As trevas vencem uma partida ..160

    Captulo 32 Confuso ..165

    Captulo 33 Unio 170

    Captulo 34 Amparo dos amigos espirituais .175

    Captulo 35 Fim da linha 180

    Captulo 36 Resistncia ...185

    Captulo 37 Dvida ..190

    Captulo 38 Desdobramento ...195

    Captulo 39 Amor de verdade 200Captulo 40 Chega a hora ...205

    7

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    Captulo 41 Onde est minha famlia? 211

    Captulo 42 Descanso 217

    Captulo 43 Carinho ..222

    Captulo 44 Dupla traio .227

    Captulo 45 Questes existenciais .232Captulo 46 Batalha final ...237

    Captulo 47 Argumentao 242

    Captulo 48 Retorno ...247

    Captulo 49 Vale a pena 252

    Captulo 50 O amor nunca morre 256

    Nota da mdium 260

    Anexo As 13 leis da Apometria 263

    8

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    Captulo 1Hora da deciso

    Mariana estava muito confusa com os ltimos acontecimentos de sua vida.As vozes, as confuses, as situaes que haviam sido criadas por todos os

    envolvidos. O que ela poderia fazer?

    Ela se sentia sem sada e acuada. Sabia que estava vivendo um momento

    srio e decisivo. Que aquilo definiria muitas coisas. Ela se lembrava de todas as

    orientaes que recebera nas conversas com dona Eullia, de todo o acolhimento

    que tivera.

    - Ser que serei mesmo punida se me matar? Mas afinal, quem decide

    sobre minha vida no sou eu?

    Ela lembrava em rpidos flashes tudo o que ocorrera nos ltimos meses. O

    abandono, a traio, os conflitos familiares. O quanto se sentia acusada

    injustamente por uma srie de atos que no cometera. O quanto, depois de um

    tempo, passara at a parar de tentar se defender, j que ningum a ouvia.

    S uma pessoa ouviu: dona Eullia. Foi a me que ela nunca teve. Marianatinha 30 anos, era bonita de corpo, me de dois lindos meninos e casada com um

    homem que sempre fora o sonho de sua vida. Justamente por isso ningum

    entendia quando ela tentava explicar o que se passava em sua alma. Sua vida era

    to perfeita que ela era frequente alvo de inveja e maledicncia.

    Claro, nos piores momentos sempre teve o apoio de Carlos. Ele era o

    marido ideal: ajudava-a com tudo na casa e tinha uma carreira estabelecida.

    Assim como ela, que amava o trabalho que fazia em escolas. Dava aula em umarede com cinco instituies, e o carinho das crianas era fundamental na sua

    existncia.

    - Meu Deus, o que fao? No sei o que fazer. No sei para onde ir! O que

    o Senhor espera de mim? ela gritou, desesperada. J no sabia a quem recorrer.

    E, como acontecia sempre nos ltimos meses, as vozes voltaram:

    - Sua tonta, acaba logo com isso.

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    - Na minha opinio, isso tudo fraqueza. Quero ver se voc forte mesmo

    para se matar!

    - No faa isso, minha querida. Voc sabe que de nada ir adiantar.

    - E por que no? Melhor do que viver nesse tdio que ela vive! Tudoperfeitinho demais!

    - Maldita hora que voc ouviu aquela mulher, que s atrapalhou a gente!

    Eram sempre cinco vozes. Uma apoiava, as outras quatro atacavam. Mas

    dessa vez o ataque sem querer deu uma boa ideia:

    - Dona Eullia! S ela pode me ajudar!

    Pegou as chaves do carro e correu para l.

    Captulo 2A origem

    Cinco meses antes, encontramos Mariana em seus afazeres normais. As

    crianas tinham acabado de tomar caf da manh e ela j estava atrasada para o

    trabalho. Precisava se apressar.- Bom dia, filhos queridos! Fabrcio, passa o po para a mame?

    - Me, preciso mesmo ir escola?

    - claro, Fabrcio! Mame j no te explicou o quanto importante

    aprender, para voc crescer forte e inteligente?

    - Eu sei, me, mas estou com tanto sono hoje...

    - assim mesmo, meu filho. Infelizmente s vezes as aulas comeam

    mesmo cedo demais. A mame tambm est cansada, mas j est aqui preparadapara mais um dia de trabalho. Depois, quando voc acordar melhor, vai gostar de

    estar entre seus amigos.

    Era sempre assim, Fabrcio era mesmo dorminhoco. Fazia parte da

    rotina matinal incentiv-lo a fazer o que precisava para chegar na hora. Nem era

    mais razo de briga, Mariana simplesmente aceitava essa caracterstica de seu

    filho, sempre o tratando com carinho, amor e respeito, sem crticas.

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    Mariana gostava muito de ser me. Tinha um talento natural para

    entender o universo infantil. Seus filhos, Fabrcio e Murilo, eram a luz da sua

    vida. Mesmo sendo professora, sempre se policiava para no favorec-los na

    escola e trat-los como a todos, j que eles estudavam l. Era muito elogiada peladireo por sua disciplina e dedicao ao trabalho.

    Fabrcio tinha nove anos. Era um menino alegre, divertido, com timas

    tiradas sobre a vida. Quando nasceu foi a coroao de um casamento feliz:

    Mariana e Carlos j estavam juntos havia trs anos. Fabrcio foi altamente bem

    vindo e comemorado como o primeiro neto da famlia. Tinha lindos olhos azuis,

    sempre curiosos e buscando novidades menos de manh, claro, quando tudo

    que ele queria era dormir...

    Criar Fabrcio exigia limites claros, coisa que Mariana sempre fez com

    muito amor. Ela percebia as dificuldades das mes de seus alunos e sempre

    buscava explicar que crianas com ms tendncias so apenas anjos que

    esqueceram como se faz para voar. Nada que pais amorosos e atenciosos no

    resolvessem. E, reclamaes parte, Fabrcio era um doce de menino, daqueles

    de arrancar suspiros quando a famlia ia passear no shopping, pois era muito

    bonito.

    J Murilo, o caula, tinha sete anos. Moreno e de olhos bem pretos, era

    mais quieto e contemplativo, gostava muito de ficar sozinho. Era bem sensvel e

    daria um grande mdium quando crescesse. Receb-lo no lar deixou Mariana

    mais madura, porque ele no se contentava nunca com respostas prontas ou

    chaves, queria ser tratado como um ser inteligente. Ela j estava acostumada a

    lidar com vrias crianas ndigo na escola, mas dentro de casa sempre maisprofundo e emocionante!

    Mariana era uma das professoras prediletas da escola justamente por

    entender esse novo tipo de crianas que estava encarnando. As chamadas

    crianas ndigo, que so absolutamente inteligentes, precisam ser sempre

    estimuladas, no aceitam regras sem sentido ou palavras impensadas. Como as

    crianas sentiam abertura com tia Mariana, muitas vezes faziam confidncias, s

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    vezes ela era at meio psicloga. Mas fazia tudo de corao, sempre buscando

    ajudar cada criana dentro da sua realidade.

    Naquele dia, Carlos sara mais cedo porque tinha uma reunio, mas

    normalmente todos tomavam caf juntos. Era uma famlia absolutamenteharmnica e feliz. Carlos era o paizo, completamente apaixonado pela esposa e

    seus dois meninos. Eles eram to almas afins que se entendiam quase

    telepaticamente, nem precisavam falar.

    Carlos tinha 32 anos e era um homem bem bonito, atltico, gostava de

    se cuidar. Era extremamente atencioso, carinhoso, priorizava a famlia acima de

    tudo. Sempre foi muito estudioso, por isso acabou se destacando na profisso.

    Ele e Mariana tambm tinham por hbito fazer caminhadas no final da

    tarde, quando ambos voltavam do trabalho. Apesar de morarem em So Paulo, o

    bairro do Campo Belo era bem arborizado e possua lindas paisagens. Gostavam

    muito de ver o pr-do-sol juntos e ficar se declarando como eternos namorados.

    - Me, vamos logo, j est na hora!

    - Estou indo, Murilo!

    Mariana retocou a maquiagem suave, gostava sempre de passar uma boa

    impresso. S naquele momento percebeu o bilhetinho que Carlos tinha deixado

    em cima do criado-mudo:

    Voc a mulher dos meus sonhos. Espero nunca acordar!

    - Ah, Carlos, voc realmente me faz a mulher mais feliz desse mundo!

    pensou Mariana, com um sorriso.

    Os meninos j estavam prontos. Ondina entregou as lancheiras de cada

    um, hora de comear mais um dia.

    ***

    Infelizmente, naquele dia a paz comearia a sumir daquele lar. E tudo

    comeou naquele momento de sada para a escola: Mariana colocou as crianas

    no carro e deu r, como fazia todas as manhs. Quando estava saindo pelo porto,

    um caminho freou a meio metro do carro, quase matando a todos.

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    Imediatamente Mariana desmaiou na direo. Fabrcio, que j tinha

    nove anos, conseguiu pular para a frente e puxar o freio de mo, como j tinha

    visto a me fazer. E foi correndo para casa ligar para seu pai.

    Carlos chegou correndo minutos depois, j que trabalhava a duasquadras de casa. Apavorado, j foi gritando com o motorista, que estava branco

    como papel e rezando pela misericrdia divina, por ter poupado a vida da mulher

    e das crianas. No foi culpa de ningum, apenas um acidente.

    Alguns momentos depois, Mariana acordou. Comeou a chorar de

    alegria, ao ver que todos estavam bem. Aceitou as desculpas do motorista. Carlos

    foi levar as crianas e contou o ocorrido direo da escola, que prontamente

    aceitou que Mariana ficasse repousando. A contragosto, ela voltou para o quarto

    e se deitou.

    - Credo, que susto, Ondina!

    - Nem diga, dona Mariana! Mas graas a Deus esto todos bem. Vou

    preparar tudo para a senhora, fique descansada.

    - Obrigada, Ondina, voc um amor. O que seria da gente sem voc?

    - Depois de tantos anos aqui, voc como uma filha para mim.

    Descanse agora.

    Seguindo os conselhos de Ondina, Mariana foi se deitar. Desde pequena

    ela sempre fora muito intuitiva, sabia que era mdium e adorava a

    espiritualidade. Sempre que algo de ruim ia acontecer ela j meio que sabia antes,

    pressentia de alguma forma. Naquele dia ela tinha acordado com um humor

    estranho, indefinvel. Pensou que fosse besteira, mas agora entendia o por qu.

    O que ela estranhou que, sempre que algo de ruim ia acontecer, elacostumava ter um sonho ruim antes. Dessa vez nada aconteceu, mas ao ir para o

    quarto descansar teve o tal sonho um aviso meio atrasado.

    ***

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    Teve um sonho muito estranho. Sonhou que estava em uma carruagem

    em disparada, com os cavalos desgovernados. Estava com um vestido armado,

    cheio de saias, e com um olhar duro e frio.

    A carruagem percorreu longo percurso sem direo. E o que pareciamais estranho: aquela mulher, que tinha os mesmos olhos de Mariana, no

    esboava qualquer reao. Parecia at estar gostando.

    Por fim, a carruagem bateu com grande estrondo em uma rvore e

    Mariana acordou dando um grito. Estava toda suada, no conseguia respirar

    direito. A pancada fora to real que parecia ter sido h cinco minutos.

    O telefone tocou e ela deu outro grito, assustada. Era Carlos querendo

    saber como ela estava.

    - Meu amor, tive um sonho horrvel!

    - No se preocupe querida, voc deve estar impressionada pelo que

    aconteceu. J falei com Ondina, ela vai preparar um ch relaxante para voc e

    tudo ficar bem. Estou aqui agilizando meu trabalho, para poder voltar o mais

    rpido possvel para casa.

    - No h necessidade, voc sabe que no gosto de ser tratada assim.

    Afinal, quem educa as crianas sou eu!

    - Pois no tem nada de mal em ser mimada de vez em quando. Eu adoro

    te paparicar, e do jeito que voc durona, sei que isso no durar mais do que um

    dia. Amanh voc j estar pronta para o trabalho, como sempre.

    ***

    Carlos chegou noite. Mariana estava levando vida normal, ignorando

    solenemente o acontecido. Afinal, que importncia aquilo poderia ter?

    - Como foi o trabalho, meu amor? Fechou aquele contrato?

    - Fechei. Essa parceria vai trazer timos contatos para a empresa. Sabe

    como , propaganda a alma do negcio.

    - Se sei, a escola investe bastante tambm. Afinal, o que adianta fazer

    um bom trabalho com os alunos se novos pais no chegarem nos anos seguintes?

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    Mariana estava sorridente, preparando o jantar.

    - Voc que vai cozinhar hoje, amor? Ondina no deixou nada pronto?

    - No, dispensei ela mais cedo. J que fui obrigada pelas circunstncias

    a ficar em casa de molho, fiz o prato preferido do meu maridinho: lazanha aquatro queijos.

    - No acredito! Vou mandar rezar uma missa por aquele motorista de

    caminho! H meses que no era homenageado assim!

    - Ah, amor, voc merece!

    - Voc caprichou no queijo gorgonzola?

    - Claro, do jeito que voc gosta, vem provar.

    - Eu realmente sou o homem mais feliz do mundo!

    O casal deu um beijo apaixonado, enquanto os meninos chegavam

    correndo para saborear a lazanha da mamma.

    - Nossa, mame, que maravilha de lazanha!

    - Obrigada, Murilo.

    - Que bom que no aconteceu nada com ningum, n?

    - verdade, meu filho. Vamos comer?

    - Vamos sim. Mas antes

    Os dois correram e abraaram a me, at derruba-la no cho, entre

    muitas risadas.

    Era mais uma noite de alegria e brincadeiras, entre quatro almas que se

    amavam. Como era bom estar em um lar harmnico, feliz, onde todos se sentiam

    capazes de realizar qualquer coisa.

    Carlos e Mariana trocaram um sorriso de cumplicidade. Estavam muitofelizes com o crescimento de seus dois meninos, que tantas alegrias lhes davam.

    - Te amo, Carlos!

    - Eu tambm, mulher da minha vida

    Mas dessa vez novos dias chegavam at aquele lar, aquela felicidade

    estava com os dias contados...

    Captulo 315

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    Novos rumos

    Mariana era a professora mais querida da Escola Pai e Me. As crianas

    sempre esperavam ansiosas pela sua aula. Ela ensinava com o corao e amava oque fazia. Em vez de fazer seus alunos decorarem nomes e datas, contava

    histrias e os envolvia de forma divertida. Justamente por isso, todos prestavam

    ateno e iam bem nas provas naturalmente, sem presso.

    Nem precisava chegar nas datas especiais para ela ganhar presentes. As

    prprias mes gostavam tanto dela que mandavam mimos, perfumes, bolos, tudo

    que ela demonstrasse gostar. Mesmo que ficasse sem graa, ela sempre aceitava

    com carinho as homenagens, para no ofender ningum. Mas para ela era tudo

    to natural que ela at estranhava as reaes dos alunos e dos pais, com suas

    demonstraes de afeto.

    - Tia Mariana, o que vamos aprender hoje?

    - Hoje, crianas, vamos aprender algo muito especial. Sei que estamos

    estudando o Imprio Romano, mas hoje vamos falar de algum que nasceu nessa

    poca, e mudou todo o mundo. Quero ver se vocs adivinham quem !- Hum - disse Maria Estela d uma dica!

    - Ele era a bondade em pessoa.

    - Mais uma! pediu Csar.

    - Ele atraa multides quando ia contar suas histrias, que chamava de

    parbolas. Uma das histrias que ele contou, que falava da humildade, era sobre

    lrios.

    - Lrios, tia? Csar estranhou.- , lrios. Sobre como eles ficam no campo sem nenhuma roupa

    importante e so to bonitos.

    - Ih, tia Mariana, ser que esse cara era jardineiro? perguntou Cntia.

    - Olha, Cntia, pode-se dizer que sim. Ele era um jardineiro de almas!

    - Eu j sei, tia! gritou Maria Estela. Jesus!

    - Ele mesmo, crianas! Vocs j ouviram falar dele, e de qual a

    importncia dele?

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    E por a continuava. O que poderia ser encarado como chato numa aula

    de Catecismo virava uma festa nas aulas de Histria. E no s sobre Jesus, mas

    sobre qualquer assunto que Mariana abordasse.

    Dirigindo para casa naquele dia, Mariana estava absorvida por seuspensamentos. Foi quando ouviu uma voz bem clara, como que cochichando em

    sua cabea:

    - Pois para mim isso tudo perda de tempo. Jesus! Ele destruiu a minha

    vida! Nada daquilo teria acontecido se no fosse Jesus! Eu perdi meu amor por

    causa dele!

    Escandalizada duplamente, com o absurdo da ideia e com a fora que

    aquela voz desconhecida assumiu, Mariana ficou assustada. Mas logo esqueceu

    daquilo, pois tinha que cuidar do almoo das crianas. Ser que Ondina j estava

    com tudo pronto?

    Quem no esqueceu o assunto foi a dona da voz, que era a mesma moa

    da carruagem desgovernada, aquela que Mariana viu em seu sonho. Observando

    Mariana descarregar as compras do carro, a mulher pensou:

    - J j as coisas vo mudar por aqui, ou no me chamo Suzette!

    ***

    Depois do almoo era sempre hora de brincar com as crianas. Mariana

    considerava um hbito absolutamente saudvel, sempre incentivava que todas as

    mes fizessem o mesmo com seus filhos.

    Nas brincadeiras as crianas criavam um vnculo de confiana muitomais profundo com a me e se sentiam livres para expressar o que quisessem,

    sem medo de censuras.

    Naquela semana eles estavam brincando de Disney. As crianas

    adoravam os personagens, especialmente os do desenho O Rei Leo. Logo, a sala

    de brinquedos tinha se transformado em uma verdadeira selva africana.

    Deu para notar que o acidente tinha causado grande impacto em Murilo,

    pois ele resolveu brincar de caminho andando desenfreado pela savana. Como

    17

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    no tinha caminho nenhum no desenho, Mariana apenas observou e deixou que

    o filho desabafasse. Quem era ela para dizer qualquer coisa, se tambm tinha

    ficado to abalada?

    Pouco tempo depois as brincadeiras voltaram ao normal. As crianas brincavam com os bichinhos da histria, cantavam as msicas-tema, se

    divertindo bea. O problema que alguma energia estranha estava rondando

    aquela casa, como que esperando o momento de dar o bote. Mariana sentia, mas

    como no podia fazer nada, decidiu apenas esperar.

    Carlos chegou e se juntou brincadeira. Murilo pulou nas suas costas e

    Carlos foi promovido a leo, tendo que rugir bem alto. Logo as crianas caram

    na gargalhada com a imitao dele de leo afinal, era bem engraado um leo

    de terno e gravata

    - Tudo bom, amor?

    - Tudo

    - Vem c, me d um abrao. Voc ainda t assustada, n?

    Mariana se deixou abraar e de repente caiu em um choro convulsivo.

    As crianas ficaram assustadas e preocupadas.

    - Papai, a mame t bem? perguntou Fabrcio.

    - Ela t dodi? disse Murilo, assustado.

    - Ela vai ficar bem, meus filhos. No se preocupem no. Ela s precisa

    descansar. Peam para a tia Ondina trazer um copo de gua com acar, eu vou

    lev-la para a cama, t bem?

    Mariana chorou nos braos de Carlos at dormir. Ele sentia que algo

    estava muito errado, ento comeou a rezar.- Mentores queridos, ajudem minha esposa a superar esse trauma.

    Espero que ela se recupere logo e que eu possa ajudar a fazer tudo voltar ao

    normal. Amm.

    Tudo foi se acalmando, as crianas dormiram, Mariana tambm. Mas

    Carlos ainda no se sentia tranquilo. Era como um vazio, um aperto no peito,

    uma sensao ruim. E no havia motivo: no aconteceu nada demais no quase

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    acidente, ningum se machucou, a vida deles continuava como sempre foi. A

    empresa estava indo bem, ningum estava doente.

    Mas aquele vazio interno parecia um sinal de que as coisas ainda no

    estavam resolvidas como deveriam. O que poderia ser?Como eles nunca tiveram nenhum problema conjugal, Carlos estava

    meio perdido em relao ao que fazer. Se fosse algo que ele fez, seria mais fcil:

    bastava rever seu erro e pedir desculpas.

    Pelo visto, parecia que Mariana tinha se abalado com o acidente. Mas

    por que, se no aconteceu nada?

    Ele lembrou de matrias que j tinha visto na tv, sobre traumas e fobias,

    e o que momentos como um acidente podem despertar nas pessoas. Ser que era

    interessante procurar uma terapia para sua esposa?

    Ou ser que era s stress? Sim, faria sentido. Ela era super atarefada,

    cuidava de todas os alunos na escola, dos filhos, do marido, da casa. Vai ver que

    ela s precisava de apoio, estava querendo se sentir protegida e acolhida.

    Baseado nessa ltima hiptese, que pareceu a mais provvel, Carlos a

    abraou bem forte, para que pudessem dormir juntinhos. Ela reagiu bem, e ele

    decidiu deixar as coisas como estavam por enquanto. Se fosse necessrio, mais

    para frente ele buscaria ajuda extra.

    ***

    Antes de dormir, Mariana tinha o hbito de pensar em coisas positivas,

    para ter uma boa noite de sono e fazer um trabalho produtivo na espiritualidade.Como ainda no desenvolvera sua mediunidade, ela no sabia para onde era

    levada exatamente. Mas, como j sonhara diversas vezes com o tema, tinha

    certeza que fazia algum tipo de trabalho socorrista.

    Naquela noite, Mariana escolheu como lembrana favorita o dia que

    Carlos a pediu em casamento. Eles estavam fazendo um piquenique romntico no

    campus da universidade. Era um piquenique de despedida, ambos estavam se

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    formando, e guardavam as melhores lembranas possveis daquela fase. Foram

    anos de aprendizado e de muito carinho entre eles, entre uma aula e outra.

    - Vou sentir falta daqui. E estou com medo: amanh comeo no meu

    novo trabalho.- Tenho certeza que voc se sair bem, meu amor. Voc nasceu para

    ensinar. At o que voc no sabe d um jeitinho de aprender e ensinar de forma

    didtica o que seria de mim em vrias provas se no fosse voc?

    - Assim fico encabulada - disse ela, corando.

    - Pois no precisa. Tenho certeza que voc ser muito amada por vrias

    crianas, assim como te amo. Voc pode me passar a manteiga?

    Quando Mariana se virou para pegar o pote e o abriu, l estava uma

    aliana. Ela comeou a chorar de emoo.

    - Se voc aceitar, serei o homem mais feliz do mundo.

    - Mas claro que aceito!

    Carlos colocou a aliana no dedo dela, e eles se beijaram apaixonados.

    Era o comeo de uma unio feliz, planejada pelos cus.

    Lembrando de tudo, Mariana sorriu e se preparou para dormir. Mas logo

    em seguida a tristeza e os pensamentos negativos voltaram cena, o que a

    deixava cada vez mais preocupada.

    - Por que, meu Deus, por que no consigo controlar a minha prpria

    cabea? Como posso ter sentimentos to fortes, que sei que no so meus? ela

    pensava. Tem que existir alguma explicao!

    Assim que Mariana dormiu, sua mentora veio busca-la para uma

    energizao.- Um dia voc vai entender, minha querida

    Era hora das atividades noturnas.

    Mariana foi levada para uma cmara de harmonizao, onde uma luz

    violeta ficou alinhando seus chakras.

    - Voc ter que vir quase toda noite agora, querida. a nica forma de

    aguentar todo o peso vibracional que ir enfrentar. Durma bem.

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    Captulo 4A busca

    Carlos chegou naquela manh de segunda feira ao trabalho inquieto. Emcasa ele buscava disfarar, mas bem sabia que algo muito estranho estava

    acontecendo. Mariana estava esquisita e ele sentia uma energia forte

    acompanhando-a havia uma semana, desde que ela passara pelo quase acidente.

    Na verdade ele estava com medo, sem saber direito o que pensar sobre aquilo e

    desconcertado sobre como agir para ajudar a quem mais amava. Apesar da

    recente deciso de esperar para ver o que acontecia, algo interno dizia que aquilo

    no seria suficiente, que ele precisaria buscar solues.

    Lembrou-se de quando conhecera sua esposa, naquela festa da

    faculdade. Era festa fantasia, e Mariana estava vestida de princesa. E ele, por

    coincidncia absoluta, de prncipe! Lembrou que gargalharam quando se viram

    pela primeira vez, e todos os amigos comentaram que aquilo cheirava a destino.

    - Nunca te vi por aqui, voc tambm faz engenharia naval?

    - No, fao Letras. E estou espantada com a coincidncia! Por que vocescolheu a sua fantasia?

    - Porque eu estou cansado de sofrer com as emoes e estou de fato

    procurando a mulher da minha vida, a minha princesa. E voc?

    - Quando fui loja escolher, simplesmente me senti magnetizada por

    essa roupa, como se eu j tivesse usado algo parecido. No sei, voc acredita em

    vidas passadas?

    - Acredito sim, frequento um grupo muito agradvel sobre isso disseCarlos.

    - Eu nunca me interessei direito por essas coisas, mas no posso dizer

    que no exista. S sei que senti isso quando vi a fantasia. E voc, o que faz da

    vida?

    E continuaram conversando por horas, como se j se conhecessem. Dali

    a dias comearam a namorar, e pouco tempo depois casaram, encantados um com

    o outro. Carlos foi trabalhar na firma onde estava entrando hoje, a qual

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    conseguira comprar e virar o dono, depois de dez anos de trabalho duro. E

    Mariana dedicou-se a lecionar, o que ela fazia como ningum.

    Havia muitos invejosos de planto, que sempre agouravam o

    relacionamento dos dois. Um dia, um dos seus funcionrios estava muitomagoado com o trmino de um relacionamento e resmungando pelos cantos.

    Carlos ouviu uma conversa dele com um colega:

    - Ah, vida nenhuma nessa Terra perfeita. Tenho certeza que um dia

    seu Carlos vai ter os problemas dele tambm. Em vidas perfeitinhas assim,

    quando o problema chega, ele vem a galope!

    Carlos se lembrou desse dia, tinha sido havia um ano. Como tinha uma

    relao aberta com seus funcionrios, resolveu chamar Ricardo para uma

    conversa.

    - Pois no, seu Carlos, fiz algum erro em meu trabalho?

    - No, Ricardo, de maneira nenhuma, voc um timo profissional e

    estou muito satisfeito. O que quero te perguntar uma curiosidade mesmo.

    - Diga, seu Carlos, no que eu puder ajudar...

    - Lembra uma vez que voc disse que os problemas em vidas

    perfeitinhas chegam a galope?

    - Meu Deus, o senhor ouviu isso? Peo perdo, seu Carlos, naquele dia

    eu estava muito triste, no tinha inteno nenhuma de magoar o senhor!

    - Eu sei, Ricardo, no se preocupe quanto a isso, no o estou

    recriminando. Quero apenas saber se voc disse aquilo se referindo diretamente a

    mim, ou se estava falando de modo geral. Parece que agora o galope est se

    intensificando, e eu estou buscando solues para isso.- Eu falei de forma geral. Mas a vida me ensinou isso tambm, seu

    Carlos. Sabe, eu frequento um terreiro de Umbanda, e o Pai de Santo de l

    sempre diz que a gente t aqui pra pagar o que fez no passado. Se assim, ele

    fala que impossvel algum no ter nenhum problema, porque ningum vem

    Terra a passeio. S os santos e elevados, mas mesmo eles tm os seus

    sofrimentos. Jesus no sofreu na cruz?

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    - Hum, faz sentido. Eu nunca tinha pensado nisso, mas interessante o

    jeito dele pensar.

    - O senhor religioso, seu Carlos?

    - Eu frequentei um grupo de estudos esotricos anos atrs, quandoestava na faculdade. Depois, conforme fui crescendo na profisso, tive que

    abandonar por causa dos meus horrios. Talvez seja hora de retomar e levar

    Mariana comigo, para entender o que est acontecendo. Hoje esse grupo virou

    um centro esprita grande, que coordenado por meu amigo Antnio.

    - Se precisar de ajuda, te levo l no terreiro.

    - Obrigado, Ricardo, mas primeiro quero buscar entender o que est

    ocorrendo, para depois decidir o que farei para tratar. Com certeza, se decidirmos

    por um tratamento de Umbanda, voltarei a falar com voc. Obrigado por

    compartilhar esses ensinamentos comigo.

    - Por nada, seu Carlos. Sempre digo que sou abenoado pelo emprego

    que tenho. Onde j se viu, discutir essas coisas com o chefe?

    - O mundo est mudando rpido, Ricardo, e quem no acompanhar as

    mudanas ter cada vez mais problemas. Mesmo tendo abandonado os estudos

    espirituais, sei que devo tratar a todos como gostaria de ser tratado. Alguns anos

    atrs eu estava a, trabalhando no mesmo cargo que voc. Se estou aqui, porque

    trabalhei para isso. Logo, sei que no h nenhuma diferena entre eu e voc,

    apenas experincia.

    - Que Oxal continue te abenoando, seu Carlos, para que um dia todos

    os patres sejam que nem o senhor!

    Carlos se despediu de Ricardo com um sorriso, e pensou consigo:- Pois , estou fazendo a minha parte, e Mariana, a dela. Se mesmo

    assim os problemas esto chegando, deve haver algo importante por trs disso

    tudo. E eu vou descobrir o que !

    ***

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    Lembrou-se de quando era dirigente do grupo de estudos. Foi um

    perodo muito agradvel da sua vida e ele deu muita sorte, pois todo o grupo era

    amigo, dedicado, comprometido. No havia brigas, fofocas, melindres, todos

    estavam l por amor. Tanto era verdade que Carlos s ouvia falar bem do grupoatual, que j tinha atendido milhares de pessoas na sua ausncia.

    Mesmo a sua sada foi altamente harmnica, sem brigas. Ele

    simplesmente chegou em um ponto da vida onde tinha que se dedicar

    integralmente ao trabalho para poder dar conta de comprar a firma, o que

    aconteceu depois.

    Uma caracterstica importante do grupo, que inclusive fez com que ele

    crescesse tanto, era a falta total de preconceito com qualquer outra religio. Eram

    espritas, mas todos tinham uma mentalidade universalista, sabiam que a religio

    um caminho e que todas as religies levam ao mesmo fim. Isso fazia com que o

    alcance do grupo fosse muito maior e fosse possvel prestar ajuda a todos os tipos

    de pessoas, sem distino. Todos se sentiam acolhidos e compreendidos.

    - Acho que preciso mesmo falar com meus velhos amigos e pedir ajuda.

    Vamos ver como as coisas se encaminham pensou Carlos Deixe-me terminar

    logo essa papelada para poder ir para casa e cuidar de Mariana. a nica coisa

    que posso fazer no momento.

    Carlos terminou seu trabalho, mas sua cabea estava a mil, pensando no

    que poderia estar acontecendo com a esposa. Ser que ela sofreu um acidente em

    alguma vida passada e isso foi acionado? Ser que algum esprito entrou nela

    quando ela desmaiou no volante? Ou era algum esprito cobrador, que queria a

    infelicidade deles?Sacudindo a cabea para evitar os maus pensamentos, Carlos tomou

    uma deciso mental:

    - Seja o que for, estarei ao lado dela. Mesmo que ela enlouquea. Jurei

    quando casamos que estaria ao lado dela na riqueza e na pobreza, na sade e na

    doena. Afinal, que tipo de pessoa ama sua esposa apenas quando ela est bem e

    sorridente?

    Ao adotar essa nova postura, Carlos se sentiu mais confiante.

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    ***

    A vida profissional de ambos era algo absolutamente bem resolvido. E,

    at o momento, a vida afetiva tambm. De fato, no parecia haver nada de erradona vida conjugal deles. O problema parecia ser interno, de Mariana com ela

    mesma.

    Era essa a parte que Carlos mais se questionava: se era uma questo

    interna, o que ele poderia fazer para ajudar? Como poderia saber exatamente o

    que Mariana sentia, se ela no expressava?

    - Sorte que minha equipe hoje em dia muito bem treinada, porque no

    estou com cabea nenhuma para trabalhar ele pensou. E ela ainda me pede para

    ficar calmo!

    Voltando para casa, Carlos pensava e pensava. Estava tranquilo com a

    deciso de esperar, mas ainda sentia que estava perdendo alguma oportunidade

    de ajudar.

    Decidiu chegar em casa e conversar seriamente com ela.

    - Oi, amor, tudo bom?

    - Tudo, querida. Podemos conversar?

    - Claro. Algum problema no trabalho?

    - No. Eu quero na verdade saber o que est acontecendo com voc.

    - Nada, amor. O que poderia estar acontecendo comigo? ela

    desconversou.

    - No minta, Mariana. Eu sinto que voc no est bem.

    - No sei do que voc est falando.- Desse jeito vou comear a pensar que voc est me traindo.

    - Carlos, que horror! Voc sabe que eu nunca faria uma coisa dessas

    com o homem que eu amo, meu marido, pai dos meus filhos!

    - Ento o que ?

    - No nada. Vai passar.

    Encerrando assim a conversa, ela saiu da sala. E ele comeou a rezar,

    para que o que quer que fosse se resolvesse, e ela voltasse ao normal.

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    Captulo 5Sentimentos pesados

    J estava ficando cansativo para Mariana fingir que estava tudo bem.

    Mesmo porque, ela sabia que no estava sendo convincente. Talvez fosse para

    algum que no a conhecesse profundamente como Carlos. Almas afins sofrem

    quando um dos dois no est bem: como se o mundo perdesse o colorido

    enquanto o parceiro no reencontra seu brilho.

    Fazia um ms que o acidente na porta de casa acontecera, e Mariana sentia

    como se tivesse atravessado um portal de tristeza. Desde aquele dia perdera suapaz de esprito. Nos seus trinta anos de idade tivera adversidades, naturalmente,

    mas sempre lidara com elas de forma bem humorada e esperanosa.

    Uma coisa que sempre fez parte de sua vida foi a f. Mariana sempre

    acreditou que teria o melhor na vida, porque era merecedora disso. Simplesmente

    assim. Nunca se preocupou com o sucesso profissional e a vida afetiva, porque

    tudo sempre aconteceu do jeito que deveria ser e deu certo naturalmente. Teve

    um pequeno revs antes de conhecer Carlos, mas quem nunca teve alguma

    desiluso amorosa na vida?

    Quando sentia aquelas avalanches de tristeza reagia imediatamente, pois

    nunca fora dada a dramas. Naqueles momentos, buscava energias positivas nas

    boas lembranas de passado. Eram tantas, era s escolher!

    Uma das preferidas era o dia do nascimento de Murilo. Ela no estava

    mais to assustada com o parto, pois j era a segunda vez. Mas como sempresentira que Murilo era diferente, j sabia que estava recebendo uma alma

    especial.

    E no deu outra: por incrvel que parea, ela teve parto normal e no

    sentiu absolutamente nada de dor. Ele simplesmente saiu dela, assim sem mais

    nem menos. Sempre que ela contava isso para algum achavam que era exagero

    de me coruja, mas era a pura verdade: um parto sem dor!

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    Quando pegou Murilo no colo pela primeira vez, sentiu como se estivesse

    embalando um anjo.

    - bom mesmo, para contrabalanar. Afinal, o Fabrcio exige que a gente

    seja duas enciclopdias ambulantes, isso porque tem apenas dois anos! brincouCarlos.

    - Meu amor, voc est me fazendo a mulher mais feliz do mundo!

    Aquele foi um dos beijos mais apaixonados que eles j deram. Ali sabiam

    que a famlia estava completa e feliz.

    Lembrando de tudo aquilo, Mariana pensou:

    - Ah, deve ser isso! Quando tive o quase acidente, eu devo ter ficado com

    medo de perder meus filhos, por isso fiquei em choque. Agora tudo vai ficar

    bem.

    O racional assim falava, mas no era o que ela sentia. A tristeza vinha

    cada vez mais forte e mais frequente, as vozes falando mal de Jesus, a sensao

    de estar sendo sempre acompanhada. O que ser que estava acontecendo afinal?

    ***

    Ceclia, sua melhor amiga, chegou para tomar o lanche da tarde. Logo

    estranhou quando viu que Mariana no tinha arrumado a mesa, como de costume.

    - Mari, o que est acontecendo com voc?

    - Nada, querida. Obrigada por perguntar.

    -Vamos l, Mari, somos amigas h vinte anos, no precisa disfarar ou

    mentir para mim. Quero te ajudar!- Eu sei, Cia, mas nem eu sei te dizer o que est acontecendo comigo. Eu

    ando muito estranha ultimamente, e intrigada com o que vem acontecendo.

    Minha vida est normal, no fiz nada de errado, mas simplesmente ideias

    estranhas me vem na cabea e eu no consigo evitar.

    - Que tipo de ideias?

    - Sobre Jesus. Onde j se viu, pensar mal de Jesus?

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    - Mal de Jesus? Mas Mari, voc nem religiosa , nunca te vi nem tocar no

    assunto!

    - Pois , mas por mais que no me preocupe com isso, nunca fui de

    maldizer nada do gnero, Deus me livre ofender ou blasfemar com essesassuntos! Simplesmente, desde aquele dia que eu quase sofri o acidente essas

    ideias no me deixam em paz. como se eu tivesse raiva de Jesus e de toda a

    Igreja Catlica!

    - Nossa, amiga, que estranho. Se fosse uma pessoa religiosa, daquela que

    combate a f dos outros, eu at poderia tentar entender. Mas voc realmente no

    tem esse perfil.

    - E tem mais: toda noite tenho o mesmo sonho. Uma moa, numa

    carruagem em disparada, que de repente bate num estrondo. O mais estranho,

    Cia, que ela parece querer morrer. Como se ela tivesse provocado a disparada

    da carruagem, sabe?

    - Mari, ser que voc no est estressada? No quer tirar uma semana de

    frias e viajar comigo, a gente pode ir para uma praia no Nordeste, o que acha?

    - Pirou, Cia? Como vou largar os alunos assim? Alm disso, a passagem

    de So Paulo para o Nordeste cara!

    - No se preocupa com isso. Carlos comentou comigo que a diretora da

    rede de escolas que voc trabalha ficou sabendo o que aconteceu, e ela mesma

    sugeriu que voc descansasse. A gente sabe que professor acaba no tendo frias:

    planejamento, reunies, compromissos que no acabam. Da parte dela no tem

    problema te substituir por uma semana. E quanto ao custo, como trabalho com

    eventos, estou com um evento para fazer em Macei, e posso esticar a volta.Tenho vrias milhas sobrando, e voc poderia ir de graa. O que acha?

    - Nossa, pelo visto voc pensou em tudo!

    - Pensei mesmo, Mari, j vi at bab para os meninos. Eu ia te fazer

    surpresa, mas sei que voc prtica e gosta de saber de tudo certinho. Eu resolvi

    fazer tudo isso para te dar presente de aniversrio adiantado, j que a data daqui

    a 15 dias. Se voc topar, embarcamos depois de amanh. E a, topa?

    - E tem como recusar um presente desses? Claro, vai ser o mximo!

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    ***

    As amigas ficaram fazendo planos para a viagem surpresa, enquantoSuzette observava a cena.

    - Que tonta essa Mariana, se acha que vai ter folga assim... Vai apenas

    buscar mais um aliado para mim!

    Ao lado, Sofia sorria e meditava.

    - Suzette esquece que no cai uma folha de uma rvore sem que o Pai

    saiba. Mariana vai sofrer, infelizmente, mas vai se libertar de sculos de

    sofrimento quando tudo terminar. Vai ser timo assistir!

    ***

    Cia foi embora contente, parecia ter cumprido seu objetivo de animar a

    amiga. Mas a alma de Mariana no estava tranquila, embora ela mesma estivesse

    super feliz. Ela estava na verdade ficando cada vez mais desesperada.

    Como j era de costume, resolveu pensar em coisas boas. Uma tima

    lembrana era quando conheceu Cia, praticamente uma amiga irm. As duas

    desde ento sempre viveram grudadas e nunca mais deixaram de se ver.

    Apesar de fazer tanto tempo, Mariana lembrava como se fosse hoje: Cia

    estava chateada por ser caoada no colgio, elas estavam na sexta srie. Como

    era ruiva, com o cabelo bem vermelho, Cia estava sendo excluda por ser

    diferente e por inveja, porque seu cabelo era lindo.Mariana chegou no ptio e viu a menina nova na escola triste, sozinha,

    quase chorando. No pode deixar de ir l falar com ela:

    - Oi, tudo bom?

    - Oi disse Cia, limpando uma lgrima.

    - No liga no, essas meninas aqui da escola so meio chatas mesmo. So

    frescas, s gostam de pensar em besteiras. Eu queria mesmo uma amiga que

    pensasse como eu. Quer ser minha amiga?

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    - Claro!

    Era tudo que a pequena Cia queria ouvir. E tamanha foi a lealdade que as

    duas passaram todo o ginsio e colegial juntas. Quando chegou a hora da

    faculdade, mesmo fazendo cursos diferentes, fizeram questo de estudar nomesmo campus. Mari fez Letras e Cia Turismo, mas como os prdios eram

    perto elas sempre se visitavam, aproveitavam inclusive para apresentar amigos

    em comum.

    Na festa que Mari conheceu Carlos, Cia estava l, vestida de odalisca.

    Ela nunca fora chegada a relaes duradouras como Mari, mas acompanhou

    todos os passos do namoro e logo tornou-se grande amiga de Carlos.

    No dia do casamento, Cia foi a madrinha que ficou ajeitando o vestido

    e chorando, claro. No dia que Fabrcio nasceu ela estava l, dando as mos para

    Mari aguentar a dor. Quem no quer uma amiga assim?

    Pelo menos isso Mariana tinha certeza: podia contar com a amiga para

    qualquer coisa. Inclusive se sentia mais vontade falando com ela do que com o

    prprio marido, pois no queria incomodar Carlos com o que considerava ser

    uma bobagem passageira. Ela sabia o alto grau de responsabilidade que ele tinha

    na empresa como chefe e todos os compromissos que ele enfrentava diariamente.

    Alm disso, a comunicao de alma que tinha com Cia ia alm dos cinco

    sentidos. Tinha assuntos que eram coisas de mulher mesmo, que s uma grande

    amiga entende.

    - Como possvel que eu no me sinta melhor com uma viagem dessas?

    Ser que estou enlouquecendo? De onde vem toda essa tristeza sem motivo?

    Aquilo parecia um eterno quebra-cabea, que Mariana no conseguiaentender. Tinha que existir algo por trs de tudo aquilo. Como que uma tristeza

    to forte pode acontecer do nada e no ir embora?

    ***

    Suzette andava de um lado para o outro, mergulhando em suas

    lembranas. Todo seu sofrimento comeou com uma viagem.

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    Era 1730, Frana. Ela era uma linda moa, com cabelo cacheado e

    vestidos finos. Seus pretendentes esperavam ansiosos pelos dias de baile, onde

    podiam cortej-la e disputar sua mo em casamento.

    Suzette sabia que em sua realidade os casamentos eram um jogo deinteresses, mas no se incomodava com isso. Gostava do jogo do flerte, e

    esperava ansiosamente por um marido rico que lhe fizesse todos os caprichos.

    Essa sem dvida seria a probabilidade mais alta de trajetria para sua vida, j que

    era o que acontecia com todas as damas de sociedade.

    Sua maior diverso era pensar como seria quando encontrasse o amor de

    sua vida. Era muito romntica e acreditava que era possvel ser feliz. Mesmo que

    o escolhido por seu corao fosse algum difcil de alcanar, ela lutaria com

    unhas e dentes pelo seu amor. Isso ia totalmente contra as idias da poca, pois

    mulheres no tinham direito a escolha, muito menos a veto. O casamento era

    decidido pelos pais e ponto final. Mas Suzette no pensava assim.

    Porm, quando estava perto do seu aniversrio de dezesseis anos, seus pais

    a levaram para uma viagem casa de campo da famlia, como acontecia

    anualmente. Dessa vez, em um dos seus passeios vespertinos, ela deparou com o

    novo padre da parquia: o jovem Rolland.

    Quando seus olhares se cruzaram, a calma de Rolland despertou o

    desespero de Suzette. Ela sabia que, a partir daquele dia, sua vida terminara e no

    haveria a menor possibilidade de felicidade. Ela se apaixonou fervorosamente,

    era como se fosse impossvel pensar na menor hiptese de vida conjunta com

    qualquer outra pessoa que no fosse ele.

    Rolland sentira o mesmo pela moa e tambm sabia que as coisas seriamdiferentes dali em diante. Mas tinha prometido sua vida Igreja e no tencionava

    desistir.

    ***

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    - Por que ser que sinto essa angstia em meu peito? pensava Mariana.

    Minha vida maravilhosa, tenho o homem que amo, filhos perfeitos, um trabalho

    de sonho! O que mais posso desejar?

    - , de fato pensou Suzette. Rolland estava l, reencarnado com ela,como Carlos. O que dava mais dio ainda no peito de Suzette, e um profundo

    desejo de vingana!

    Suzette tinha decidido levar aquela perseguio at o fim. Ento, ao invs

    de melhorar com o passar do tempo, Mariana s piorava. A cada dia a angstia, o

    sentimento de perda, a dor no peito, a solido, a sensao de sufocamento e a

    ansiedade s aumentavam. Um sofrimento sem fim, avassalador e inexplicvel.

    S quem sente na pele sabe o quanto difcil passar por uma perseguio

    espiritual. Os sentimentos se misturam, as sensaes invadem o corpo sem a

    menor explicao lgica, fica difcil explicar aos outros o que estamos sentindo.

    Era exatamente essa a situao de Mariana. E a notcia da viagem era um

    exemplo de como aqueles sentimentos todos eram insensatos: ao invs de ficar

    feliz e saltitante, que seria a reao esperada, ela estava desesperada, com falta de

    ar, e morrendo de vergonha por estar se comportando assim.

    - Gente, ser que estou pirando? Virei doente mental?

    Esse era o maior medo de Mariana: enlouquecer. Ela sempre achou que

    para loucura no existia muito remdio, algumas pessoas vinham com esse karma

    e tinham que enfrent-lo. Ser que tinha chegado a vez dela sofrer?

    O mais gostoso era o apoio de Carlos. Mesmo sem entender nada do que

    estava acontecendo, ele era caloroso, afetuoso e meigo, como sempre. Nesse

    departamento ela tinha tirado a sorte grande, tinha um marido de sonho.- Voc est melhor, meu amor? perguntou Carlos.

    - No Para voc posso falar a verdade, n? Melhor do que ficar

    escondendo o que sinto.

    - Claro que pode! E fica tranquila, vai passar.

    - Quando? E como voc pode ter certeza?

    - No sei Mas vai passar. Uma hora vai.

    - Se a gente pelo menos soubesse o que

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    Captulo 6Primeira ajuda

    Carlos decidiu pedir ajuda a seus antigos amigos, do grupo de estudos do

    qual fizera parte na faculdade. Fez contato com o lder e soube o endereo do

    centro esprita que eles abriram, que inclusive era prximo da sua casa.

    Na poca que fizera parte do grupo Carlos era o lder, ele tinha ficado

    muito triste em ter que se afastar. Sempre prometera a si mesmo que voltaria,

    assim que seu tempo se normalizasse. Mas, como acontece com muitos,

    conforme foi crescendo na vida o tempo foi ficando cada vez mais escasso, e ele

    acabou deixando a espiritualidade de lado. Carlos lamentava muito que isso

    tivesse ocorrido e inclusive se culpava por s estar procurando ajuda agora,

    quando algo fora de seu controle estava acontecendo.

    J com muitos anos de trabalho, o centro era grande, mas acolhedor. Era

    premissa bsica que todos estudassem bastante, para constituir um grupo

    harmnico e com trabalho srio. No era nem nunca foi um grupo ortodoxo:

    todos buscavam alm da codificao e das obras complementares estudar todo oconhecimento oriental tambm, para fazer um trabalho o mais completo possvel.

    Mariana acabou aceitando ir l para tratamento antes de viajar, pois

    realmente algo errado estava acontecendo e ela queria resolver logo aquilo, no

    fazia nem de longe parte do seu perfil ser uma pessoa triste e macambzia. S

    podia ser coisa de esprito obsessor mesmo.

    Logo chegou sua vez, e aps tomar um passe foi encaminhada para a sala

    de desobsesso.

    - Minha irmzinha, vamos conversar?

    - No quero conversa gritou Suzette. No se metam com a minha vida!

    - Mas voc percebe que no vive mais entre ns? disse o doutrinador.

    - Claro que sim, no sou burra!

    - E por que tem acompanhado ento a nossa irm?

    - Porque ela vive entre vocs, e eu no posso fazer nada!

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    - Minha irm, tudo que voc precisa de descanso. Deite nessa maca e

    receba a ajuda de nossa equipe. V em paz.

    Foi explicado a Carlos e Mariana, que no assistiram ao tratamento:

    tratava-se de uma mulher obsediando Mariana, e j estava tudo resolvido.Normalmente essa explicao nem seria dada, mas como Carlos era um velho

    amigo, foi feita uma exceo. Muitos eram atendidos por noite, ento o processo

    de encaminhamento costumava ir bem direto ao assunto, para abreviar o tempo

    de atendimento e dar espao a todos.

    Os dois respiraram aliviados e agradeceram, seguindo para casa. De fato,

    Mariana se sentia bem mais disposta, como era antes. Agora sim estava pronta

    para viajar.

    ***

    Por quatorze dias, Suzette dormiu. Quando acordou percebeu Sofia ao p

    de sua cama. Era um lugar iluminado, com poucos leitos em volta, que trazia

    uma profunda paz. O ar parecia cheirar a margaridas, a temperatura era amena.

    Logo Suzette percebeu que estava em alguma colnia astral.

    - Por que fui trazida para c?

    - Para dar uma trgua a Mariana.

    - Ningum nunca se preocupou em dar uma trgua para mim!

    - Suzette, voc s est lembrando a parte que quer da histria. Lembra das

    conversas que teve com Rolland?

    - No sei do que voc est falando.- Ento vou te ajudar.

    Sofia tocou o chakra frontal de Suzette, que a regio responsvel pelas

    nossas percepes extrassensoriais. Como elas estavam em um hospital no astral,

    o acesso s memrias era ainda mais fcil e rpido.

    Suzette foi se lembrando de tudo o que aconteceu aps aquele primeiro

    encontro. Todos os dias ela saa com Rolland para passear, alegando que queria

    confessar-se. E todos os dias confessava seu amor a ele.

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    Apesar de tambm am-la, Rolland resistia e explicava a ela como deveria

    proceder. Aquele amor era impossvel e ela teria que aceitar. Rolland tinha uma

    grande determinao nesse sentido, pois seu amor causa que abraara era

    realmente sincero e desprovido de hipocrisias.- Suzette, voc to linda, pode ter o homem que quiser a seus ps.

    Desista de mim.

    - Rolland, voc que tem que desistir dessa batina. Tudo bem, voc fez

    seus votos, mas pode desfaz-los! Qual a necessidade de ficar a vida inteira na

    Igreja? Voc pode ajudar a Igreja sem ser padre!

    - Posso, mas no quero. Essa foi a vida que escolhi para mim desde

    criana. Entendo seu amor, pois tambm o sinto. Mas prefiro optar em transmut-

    lo e viver esse amor como um amor universal, por voc e por todas as pessoas.

    - Rolland, eu no consigo! Estou enlouquecendo! Penso em voc todo o

    tempo, sem parar!

    - Voc s precisa aprender a direcionar essa paixo toda para outras

    coisas. Pode fazer trabalho voluntrio, inclusive junto comigo, se a aprouver.

    Pode casar e ser feliz, ser uma boa me para seus filhos.

    - No consigo me imaginar deitando com outro homem! Quero voc!

    - Suzette, no seja caprichosa. O amor nunca morre, ns nos

    encontraremos depois no Reino do Senhor, se ambos cumprirmos nossas

    misses.

    - Eu no quero esperar tanto!

    Suzette no se conteve nesse momento. Estavam os dois sozinhos em um

    campo florido, e ela apaixonadamente o beijou. O beijo foi to forte e to intensoque Rolland correspondeu. Os dois se beijaram com amor e desespero, pois

    Rolland sabia que aquele seria o primeiro e nico beijo que dariam naquela vida.

    Carinhosamente, ele a segurou nos braos e disse:

    - Guarde esse beijo como prova do meu amor por voc. No nos veremos

    mais, farei isso pelo seu bem. Um dia voc entender.

    Ele se afastou e quando chegou Igreja foi falar com seu superior,

    pedindo transferncia para outra parquia.

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    Suzette gritou, se desesperou, implorou, mas foi intil. Rolland foi para a

    clausura e no a recebeu mais, pedindo que ela se confessasse com o padre que o

    substituiria.

    Ela parou de se alimentar, se tornou um zumbi. No comia, no dormia,apenas sofria. O sofrimento tomou posse de todo seu corpo. Ficava deitada no

    quarto o dia inteiro, com cortinas fechadas e no aceitava receber ningum. Para

    ela sua vida tinha acabado.

    Seus pais no sabiam o que fazer e decidiram marcar seu casamento, para

    que ela se ocupasse com os preparativos e com o vestido de noiva, j que sabiam

    que a filha sempre quis um marido rico. Sem saberem de nada sobre Rolland,

    acreditaram que aquilo a tiraria daquele torpor.

    Quando soube da notcia, Suzette pegou uma carruagem e saiu em

    desabalada carreira. Tudo que queria era morrer. Conduziu os cavalos at um

    local de mata fechada e ficou esperando o fim.

    ***

    - Lembra-se agora, Suzette?

    - Sim, Sofia, obrigada por me torturar mais ainda com essas lembranas.

    - No fiz por isso. Rolland cumpriu sua promessa, e lutou muito para

    reencarnar ao seu lado. Carlos e Mariana hoje so felizes. Por que voc, uma vida

    passada dela, no se sente feliz com isso, e se comporta como uma obsessora?

    - Porque ela est vivendo a felicidade que tinha de ser minha! Eu no

    quero Rolland vivo ao lado dela, eu o quero desencarnado ao meu lado!Nesse momento, Rolland adentrou o quarto.

    - Meu amor, por que no os deixa em paz?

    - Eu no consigo ser evoluda como voc! Nem entendo direito, pois se

    ambos estamos l reencarnados neles, como voc pode vir aqui visitar-me?

    Como eu posso estar aqui? Isso no seria possvel apenas se fssemos espritos?

    - Nossas personalidades de passado tm uma existncia autnoma, de

    acordo com a energia que fornecemos para elas. No caso de Mariana, sem dvida

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    temos uma defasagem evolutiva. Apesar de estarmos felizes hoje, ela tem uma

    carga espiritual que precisa ser drenada. Carlos, do qual fao parte, um esprito

    mais adiantado, que aceitou encarnar para ajud-la a limpar essa carga de toxinas

    espirituais.- E por que eu no consigo aceitar a existncia de Mariana, e estou aqui

    vivendo como se fosse outra pessoa?

    - Por que voc sente como se no tivesse vivido a sua vida, por ter se

    matado to jovem. Alm disso, aconteceu com Mariana o que acontece com

    milhares de encarnados sem o conhecimento deles. Quando ela passou pelo

    quase acidente com o caminho e desmaiou, foi reativada a memria da morte

    como voc, Suzette, onde houve o choque da carruagem.

    - E por que vim parar nesse hospital agora?

    - Porque o local onde Mariana foi atendida ainda no conhece a realidade

    da auto-obsesso, que a obsesso causada por nossas prprias personalidades

    de passado. Eles a encaminharam como se voc fosse um esprito obsessor. De

    qualquer forma, voc foi tratada, mas com menor eficcia do que seria se eles

    aprofundassem seus estudos. No seu caso, estou aqui podendo ajudar porque fao

    parte de Carlos, estou envolvido na histria, e tenho conhecimento para te

    explicar o que acontece.

    - Tudo bem, entendi. Mas continuo discordando. No justo que ela viva

    o amor, e eu no. Vou voltar a acompanh-la.

    -Sim, Suzette, sabemos disso disse Sofia. Essas explicaes foram

    apenas para comear o seu processo de entendimento. Voc apenas a primeira

    etapa do processo de Mariana.- S uma ltima pergunta, Rolland. Como voc pode saber de tudo isso se

    era padre? A Igreja nem acredita em reencarnao!

    - Fui padre como Rolland, mas j tive muitas outras vidas, com bastante

    acesso ao conhecimento. Tambm estudei bastante no entrevidas.

    - Voc est ento me chamando de ignorante?

    - No, meu amor. Estou apenas dizendo que cada um tem a sua hora de

    despertar, e eu vou esperar pela sua.

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    - Bom, tudo bem. Agora vou voltar ao trabalho. Mariana vai desistir da

    vida, assim como eu fiz, e meu caminho estar livre!

    Suzette estava irredutvel e no tensionava desistir. Mesmo sabendo que

    seria assim, s vezes Sofia desanimava. Mas como sabia que no podia se deixarabater, ela logo se recolhia s suas meditaes.

    - No posso me deixar dominar por esse cansao e desnimo, o que as

    trevas querem.Quando aceitei o cargo, sabia que no seria fcil. Mas confio no

    Pai, sei que isso apenas passageiro. E que preciso estar bem para ser til.

    Sofia recolheu-se em prece, e ficou algumas horas concentrada. Sabia que

    era necessrio proceder assim, para harmonizar sua energia.

    Seu orientador, Agenor, observava ao longe.

    - Que orgulho tenho dela! Tinha certeza que Sofia seria uma grande

    trabalhadora aps concluir seu curso. Ela muito carinhosa, dedicada, alm do

    fato de ter ligao krmica com o grupo, o que facilita a parte afetiva. Quando

    nos importamos com algum, cuidamos dessa pessoa com mais afinco. ele

    refletiu.

    - Ol, Agenor!

    - Ol, menina Sofia! No quis interromper. Parabns, fez a harmonizao

    exatamente como te ensinei. E parabns pelo seu trabalho.

    - Que bom, no estou cometendo erros, ento?

    - No. O caso de Mariana ir exigir bastante pacincia. Tudo apenas

    acontecer na hora certa.

    - Bem que foi dito nas aulas, o quanto importante ter pacincia para ser

    um bom mentor.- Sem dvidas. Imagine se os nossos no tivessem todo pacincia com a

    gente? No estaramos aqui!

    - verdade. E pelo visto, s preciso ter um pouco de pacincia, a

    tendncia que tudo se resolva, no?

    - Se Mariana cumprir seu aprendizado, sim. Veremos como ela ir reagir e

    se comportar daqui em diante...

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    Captulo 7A viagem

    Mariana se sentia tima desde o dia em que foi casa esprita. Estava

    alegre, junto com Cia, esperando o avio completar o trajeto entre So Paulo e

    Macei.

    - Cia, voc tinha razo! Tudo que eu precisava era de uma mudana de

    ares! Sabe que nem fao questo de sair do resort? O lugar to lindo, pelo que

    vi nas fotos, que s de ficar no hotel relaxando j estarei feliz!

    - Amiga, tinha certeza que isso te faria bem, por isso armei tudo. Ser

    esposa, me, profissional, tudo junto, no fcil, estressa qualquer um. Eu, quenem marido tenho ainda, vivo na maior correria, no sei como voc aguenta!

    - Ah, isso para mim nem difcil, sabia? Eu amo tanto o Carlos e os

    meninos que cuido deles com todo o carinho. Voc vai ver, Cia, quando estiver

    com a pessoa certa, at cozinhar para ele vai ser gostoso!

    - Bom, prendas domsticas nunca foram muito meu forte, mas eu posso

    tentar!

    As amigas riram, lembrando de vrias histrias de receitas fracassadas que

    Cia tentou fazer no passado e das travessuras dos meninos quando eram

    pequenos. Aquela realmente prometia ser uma tima viagem!

    Elas no puderam deixar de lembrar do dia que Murilo estava brincando

    no quintal do stio que alugavam nos finais de semana.

    - Mame, que bicho aquele, peludo e cheio de perninhas?

    - uma taturana, meu filho. Ela queima, viu? No pode chegar perto!- Nossa, parece o bigode do moo que trabalha l no supermercado!

    E no deu outra: quando foram ao supermercado na prxima vez, l foi

    Murilo:

    - Moo, o senhor tem uma taturana no rosto!

    Mariana quase morreu de vergonha naquele dia, mas agora, lembrando, as

    duas tiveram uma boa gargalhada, incluindo quem estava nas poltronas por perto

    no avio

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    Ao ouvirem o aviso de apertar os cintos, ambas se prepararam para o

    pouso. Quase sem flego de tanto rir!

    ***

    No dia seguinte, Cia foi trabalhar e Mariana ficou tomando sol na piscina

    do hotel. O lugar realmente era paradisaco, ela nem podia acreditar que estava

    ali de graa at a estadia Cia conseguiu de presente.

    Deitada ali na espreguiadeira, comeou a pensar no quanto era feliz e

    abenoada. Tinha uma famlia maravilhosa, um emprego que amava, era feliz em

    todos os sentidos.

    Pensando nisso, adormeceu. O sol estava forte, mas ela nem se importou.

    Ficou ali pelo menos uma hora dormindo, sentindo suas energias sendo

    restauradas.

    Acordou com o calor. Levou um grande susto, pois podia jurar ter visto

    um homem que a encarava de frente. Mas quando abriu melhor os olhos ele

    desapareceu. Quem estava chegando era Cia, trazendo uma gua de coco.

    - Eu e meus sonhos!

    - Sonhou de novo, Mari? Era a moa da carruagem?

    - No, essa no vi mais. Desta vez, quando acordei, pensei ter visto um

    homem na minha frente. Ele parecia um daqueles bedunos rabes, com aqueles

    panos na cabea, e me olhava de forma firme.

    - Ah Mari, deve ter sido o sol quente. J acabei o trabalho de hoje, vamos

    para a piscina?Mariana engoliu a explicao, mas sentia que tinha algo mais por trs

    daquele beduno. Ser que ela estava comeando a ver espritos?

    Sua me era mdium, trabalhava no mesmo grupo havia vinte e cinco

    anos. Mariana ia desde pequena nas sesses e sentia grande familiaridade com o

    mundo espiritual. Sentia-se acolhida, bem vinda e com uma saudade indefinida

    no peito de algum tempo muito bom.

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    Ela sabia que quando crescesse teria que desenvolver sua mediunidade e

    no considerava isso ruim. Mas como logo virou me e casou, nunca teve muito

    tempo para se dedicar ao assunto. Ser que aquelas vises estranhas queriam

    dizer que o prazo de espera estava encerrado revelia?Realmente, seria melhor buscar um local para trabalhar quando voltasse a

    So Paulo. Quando queremos sempre achamos tempo para fazer o que

    precisamos, ela sempre dizia. Estava na hora de dar espiritualidade a ateno

    devida. Mesmo porque, ela sabia que poderia ajudar muitos com o dom que

    possua. T certo que ela j ajudava as crianas, mas estava mesmo na hora de

    ampliar seu foco de atuao.

    Ela lembrava de uma moa no centro que no tinha trabalhado a

    espiritualidade. Ela sempre conversava e orientava essa moa.

    - Ah, Mariana, ter que vir aqui toda semana? Eu me sinto presa!

    - Clarissa, vai te fazer bem! Alm disso, mediunidade um dom que

    recebemos e devemos fazer bom uso, sempre de forma gratuita. Os espritos

    precisam de ns como instrumento para trabalhar, e esse foi um compromisso

    que assumimos antes de encarnar.

    De tanto ela insistir, Clarissa se engajou no grupo e nunca faltava. Depois

    veio contar que realmente era uma delcia fazer parte da equipe.

    Mas isso tudo foi antes de Mariana fazer 21 anos. E quando ela fez, logo

    se casou e foi se dedicar famlia. O tempo foi passando sem ela nem perceber, e

    dez anos depois aqui estava ela, com dificuldades nesse campo. Bom, se era isso,

    seria brevemente sanado, assim que voltasse ela ia se inscrever no curso de

    mdiuns do centro.Mesmo tendo essa conscincia ela no conseguia entender por que aqueles

    espritos especficos estavam se aproximando dela. Um beduno e uma mulher

    contra a Igreja? Que ligao eles poderiam ter?

    ***

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    noite, as amigas foram jantar e depois assistir um show que o hotel

    estava promovendo. Era uma linda danarina do ventre, que encantava a todos

    com seus movimentos precisos. Mariana sempre fora apaixonada por dana, mas

    aquela moa era realmente especial.Acompanhada no derbake (um instrumento de percusso) por um rabe,

    ela rodopiava pelo salo com uma espada na cabea, fazendo uma dana

    tradicional. Mariana no conseguia tirar os olhos da espada.

    ***

    Quase hipnotizada, sua mente a levou para o passado. Uma danarina

    parecida estava danando no meio da roda, enquanto a tribo de bedunos assistia

    ensandecida, batendo palmas e se alimentando com tmaras.

    Emir olhava a danarina e j fazia planos para passar a noite com ela. Mas

    o seu rival, Mustaf, tambm queria a mesma moa. Os dois resolveram duelar, e

    Emir ganhou. No foi fcil, Mustaf era um dos melhores guerreiros da tribo,

    mas a vontade de Emir de ter a linda danarina era to forte que lhe deu

    motivao.

    O casal no passou somente aquela noite juntos. A danarina, Silsih,

    conquistou o amor de Emir e tempos depois eles se casaram. Ela passou a

    integrar a caravana, e foi a me de seus filhos.

    Os dois tiveram anos de felicidade casados, criando os filhos. Eram

    apaixonados e companheiros, faziam tudo juntos. Mesmo vivendo na dura

    realidade do deserto, eram felizes.- Silsih, voc a mulher dos meus sonhos, como um osis!

    - Al seja louvado por te trazer para mim como marido, Emir. Vou te amar

    para sempre e nunca vou te esquecer!

    O passatempo preferido era observar as estrelas, toda noite. Como era

    comum na cultura rabe, Emir conhecia bem as constelaes, e gostava de contar

    todos os mitos para sua amada. Eles faziam juras de amor e davam graas ao dia

    que se conheceram e iniciaram sua felicidade.

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    Um dia, quando estavam passando por uma zona perigosa, o grupo foi

    atacado. Emir foi para a batalha junto com os homens, defender sua tribo.

    Quando voltou, encontrou sua mulher e seus filhos mortos, junto com o restante

    da aldeia.No desespero, com seus amigos tentando impedi-lo, Emir pegou a espada

    afiada e decepou sua prpria cabea com um golpe.

    ***

    Toda aquela histria passou pela frente de Mariana em um segundo e ela

    deu um grito, assustada. Ceclia achou melhor tirar a amiga dali, pois algumas

    pessoas j estavam intrigadas com seu comportamento.

    - Mari, o que aconteceu com voc?

    - Eu no sei, Cia disse Mariana, chorando copiosamente. Eu no sei o

    que est acontecendo comigo! Por que estou vendo essas coisas horrveis?

    Aps contar amiga toda a cena que viu, Mariana deitou em seu colo e

    deixou as lgrimas correrem.

    - Mari, eu acho que o que voc tem espiritual. Eu tenho lido muito sobre

    isso, estudado mesmo a fundo. Acho que voc est tendo lembranas de suas

    vidas passadas.

    - Mas por qu?

    - Pelo que li, possvel que chegue um ponto especfico das nossas vidas

    onde nossas vidas passadas comeam a aflorar, para que a gente possa trat-las.

    Com cada pessoa acontece de uma forma. Por algum motivo que ainda noentendi qual, no seu caso est acontecendo super rpido.

    - Ento, Cia, voc quer dizer que esse homem que vi, e aquela mulher da

    carruagem, eles so vidas passadas minhas?

    - o que parece. Se fossem s espritos, e fosse a sua mediunidade

    aflorando, as vivncias no seriam to fortes, voc no sentiria como se a histria

    fosse sua.

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    - Mas Cia, se a vida j passou, por que eu iria sentir as coisas assim, de

    um jeito to forte?

    - Bom, Mari, eu no sou nenhuma expertno assunto, mas pelo que entendi

    das leituras podemos ter assuntos inacabados das vidas, e a elas ficam meiocomo um captulo de livro que no foi terminado, sabe?

    - E o que eu posso fazer ento?

    - Eu conheo um lugar que cuida disso. uma casa de Apometria, que

    uma tcnica nova que trata essas coisas. A dirigente de l chama Dona Eullia,

    ela um amor. O que acha de quando voltarmos para So Paulo eu te levar l?

    - Bom, eu acho que vai ser preciso, porque no estou dando conta disso

    sozinha!

    - Ento relaxa, amiga. Vamos continuar curtindo a viagem, e na volta levo

    voc e o Carlos l. Vamos tomar um drinque? Sem lcool, claro!

    - Mas e o rabe, o que fazemos com ele?

    - Vamos fazer o seguinte, Mari: me d sua mo.

    Cia fez uma prece sentida, pedindo para o mentor ou mentora de Mariana

    recolher aquela vida passada para tratamento, at que as duas fossem ao centro.

    Sofia, mentora de Mariana, atendeu prontamente o pedido e levou Emir

    para o hospital. Com o ectoplasma recolhido da prece das duas, aproveitou para

    recompor a cabea do rabe e comear a tratar de suas feridas.

    Graas interveno de Sofia, o resto da viagem correu sem problemas.

    As duas aproveitaram os dias de sol, as mordomias do hotel e as belezas naturais

    de Macei. Mariana no pensou em mais nada sobre aqueles sentimentos e

    angstias at pisar novamente em sua casa.

    ***

    - Mari, quer mais uma gua de coco?

    - Eu quero, amiga. Quer que eu pegue?

    - No, pode deixar, o barman um gato

    - Ahahaha, essa minha amiga no tem jeito!

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    - Bom, enquanto no encontro meu prncipe encantado, posso me divertir,

    no posso?

    - Claro. S cuidado para no se magoar.

    - T brincando com voc, Mari, no faria nada disso, no. Imagina s. Setem uma coisa que aprendi nessa minha solteirice que, se queremos encontrar o

    cara certo, temos que nos preservar e no sair por a com qualquer um.

    - Ah bom, melhor assim. Concordo. O que adianta um bonito, se no dia

    seguinte no ter mais nada?

    - Ento voltemos ao sol. Pra que lado t melhor?

    - Esse aqui, minha direita. Acho que tem uma espreguiadeira ali do

    lado.

    - Aaaah, que delcia! Isso que vida!

    - Eu t amando tambm. Mas acredita que j t com saudade de casa?

    - Claro. Se eu tivesse uma famlia que nem a sua esperando, tambm teria

    saudade

    - Voc vai encontrar a sua, querida. Uma mulher to especial como voc,

    merece o melhor dos homens.

    - E o beduno, voltou a ver alguma coisa?

    - No, ficou mesmo tudo bem. Espero, n?

    - Em So Paulo a gente cuida disso. Vamos dar um mergulho?

    - Ai, no joga gua em mimrisos uma criana mesmo!

    - E no gostoso ser criana de vez em quando?

    - Claro! Toma mais gua!

    - Aaai!Rindo muito, as duas continuaram a brincar na piscina. Um descanso

    merecido para Mariana, que estava enfrentando tantos sentimentos contraditrios

    nos ltimos tempos.

    Com o carinho da amiga, ela se sentia mais energizada e pronta para

    entender o que estava acontecendo na volta da viagem. Cia tinha razo: devia

    mesmo ser espiritual, e ela buscaria ajuda.

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    Captulo 8Aliados

    Suzette, a moa da carruagem, ainda no sabia que podia viajarmentalmente, ento ficou esperando Mariana em casa. Estava louca para

    continuar seu trabalho, pois na cabea dela Mariana tinha que se matar, assim

    Suzette ficaria com Rolland todo para ela.

    - Carlos, a viagem foi linda! A Cia mesmo um amor, no se fazem mais

    amigos assim!

    - Que bom, meu amor! Eu queria ter ido com voc, mas como no podia

    me ausentar da firma, fico muito feliz. E acho que voc estava mesmo precisando

    de colo de amiga.

    - L aconteceram mais umas coisas estranhas, mas a Cia me ajudou a

    resolver.

    Mariana contou tudo com detalhes, falou tambm da explicao da amiga

    e das leituras que ela vinha fazendo.

    - Interessante, amor. Vou falar com a Cia, quero comprar esses livros eentender melhor. Na poca do grupo a gente quase foi por esse lado de influncia

    das vidas passadas, ou auto-obsesso, mas no tinha muito livro para estudar

    naqueles tempos. Hoje em dia muita coisa nova j foi publicada, eu devo mesmo

    estar desatualizado. Mas voc no sabe a ltima do Murilo, agora resolveu que

    est apaixonado pela Claudinha!

    - Ai que lindo, o primeiro amor do meu menino! E olha que ele ainda tem

    sete anos, imagina quando crescer, quantos coraes vai conquistar!Enquanto o casal ficava atualizando as novidades da semana e Mariana

    contava todas as maravilhas de Macei, Suzette pensava em como agir para

    acabar com aquela felicidade toda. Quando viu os dois falarem das crianas,

    achou a ideia tima!

    Foi at o leito de Fabrcio e Murilo. Observou bem e viu que Murilo era

    mais sensvel, por ser o mais novo. Resolveu ento cobrar uma velha dvida.

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    Suzette passou muitos anos nas trevas quando cometeu suicdio. Mesmo

    com Mariana continuando seu ciclo de encarnaes ela continuou vivendo no

    submundo, dissociada, onde conseguiu bastante destaque. Isso quer dizer que

    enquanto a alma de Mariana seguiu tendo outras vidas, Suzette seguiu emparalelo no astral, atuando nas trevas.

    Tinha por l um grupo de quinze homens que a seguia, para os quais fez

    alguns favores e exigiu liderana. Esse grupo andava pela Terra obsediando

    pessoas, vampirizando energias e disseminando o mal.

    Pedro era o especializado em implantes parasitas do grupo. Suzette foi ter

    com ele, para conseguir seu intento.

    - Ol, querido, como vai meu servo predileto?

    - Muito bem, chefinha. Com saudade dos seus beijos. Vamos ter outra

    noite de amor hoje?

    - Bom, meu assunto no era esse, mas at que no m ideia...

    Os dois entregaram-se a uma cena de sexo desregrado, com as vibraes

    mais densas possveis. J era noite, e essa vibrao chegou at Mariana como

    desejo sexual. Ela seduziu o marido e os dois se amaram, porm sem os dois

    perceberem aquela energia de amor puro foi vampirizada por Suzette e Pedro,

    para consumir seu desejo no astral.

    Mariana e Carlos sentiram que realmente aquela noite foi diferente, mais

    cheia de desejo carnal que o comum, mas no deram ateno, pois estavam

    mesmo com saudade por causa da viagem. Mal sabiam os dois o mau uso que

    essa energia estava tendo, ali mesmo no quarto do casal.

    Deitada ao lado do amante, Suzette abordou o assunto que a trouxera ali.- Pedro, como anda seu trabalho com os aparelhos parasitas? Desenvolveu

    algo novo?

    - Ando sempre estudando para aprimor-los, chefinha. Quem o alvo

    dessa vez?

    - Murilo, uma criana de sete anos.

    - Ah sim, em crianas sempre mais fcil. J levantou a ficha krmica

    dele para ver qual a rea sensvel?

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    - J sim. Ele tem uma srie de encarnaes ligadas ao cio, nas quais se

    entregou a vcios como lcool e pio.

    - Nesse caso ento vou fazer um aparelho em forma lquida, pode ser? As

    vidas dele vo pensar que lcool e vo ficar bebendo sempre.- Perfeito! Autoenvenenamento, adoro isso! D muito menos trabalho do

    que recrutar obsessores plantonistas para ficar ao lado dele, ele faz o trabalho

    contra si mesmo. Por isso que gosto de voc, Pedro, voc sempre til!

    - Um prazer, chefinha. Quando precisar s avisar. Quando teremos outra

    noite juntos?

    - Melhor no abusar, no quero que ela perceba e v naquele centro de

    novo. Foi muito chato ficar afastada. Trabalhe nesse aparelho lquido, vai ser

    timo! O menino vai ficar doente e ela vai esquecer essa coisa de Apometria e de

    Centro esprita.

    - Pode deixar, chefinha!

    Nesse momento chegou Emir, o beduno, a segunda vida passada aflorada

    de Mariana. Ele entrou no quarto, andando com a cabea refeita e chorando pela

    morte de sua mulher e filhos.

    - Ol, Emir, pensei que ficaria mais tempo por l.

    - No, Suzette, eles quiseram me convencer que devo retomar a vida, que

    agora estou ligado a Mariana e devo aproveitar a felicidade que ela vive. Mas no

    consigo! Preferi ouvir os seus conselhos.

    - Muito sbio, Emir. isso mesmo, trabalhe comigo. Nada que essa tonta

    da Mariana faa vai nos dar o que ns queremos.

    - No meu caso, tudo que eu queria era minha mulher e meus filhos. Nosei onde eles reencarnaram. Voc sabe?

    - No, no sei. E se soubesse no te diria. Quero que voc me ajude a

    deixar Mariana triste.

    - Suzette, pensando bem, acho que vou te ajudar sim. Se ela se matar eu

    ficarei livre para procurar minha famlia, sem precisar ficar preso nela. J que

    no consigo me livrar dessa tristeza, vou pass-la para ela.

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    - Muito bom, faa isso, Emir. Pelo que sei, ainda falta a chegada de dois

    aliados para ns, que ser em breve. Por enquanto eu cuido do moleque e voc

    cuida da tristeza. Ns vamos conseguir!

    Sofia olhou para a cena preocupada. Era muito difcil ver Mariana sofrer,uma criana ser envolvida no processo e assistir passiva. Mas ela lembrou das

    orientaes claras que recebeu e continuou apenas orando.

    Embora parecesse passividade, a atitude dela era apenas de pacincia. Os

    espritos mais elevados compreendem que para tudo existe um tempo e que o

    livre arbtrio deve ser respeitado. Logo, a atuao dela seria bem mais proveitosa

    incentivando Mariana a buscar ajuda do que tentando impedir a atuao malfica

    das vidas passadas.

    - Uma boa mentora trabalha com prioridades. Preciso ajudar a manter a

    vibrao de Mari elevada, para que ela se lembre de buscar dona Eullia o mais

    rpido possvel. As coisas vo ficar cada vez mais difceis e ela precisa se

    defender pensou Sofia.

    Ou seja, do mesmo jeito que o mal estava se mobilizando, o bem tambm

    estava preparando sua atuao cada um com seus mtodos.

    ***

    Suzette estava feliz com o bom andamento de seus planos. Emir que no

    conseguia pensar em outra coisa a no ser sua Silsih.

    Antes de ingressar na caravana, Silsih fazia parte de outro povo. No

    comeo ela foi recebida com certa ressalva pelas mulheres do grupo, por serestrangeira. Mas como ela era uma pessoa muito doce e de fcil convivncia,

    logo foi adotada por todas e ficou cheia de amigas.

    Emir lembrava-se como se fosse ontem:

    - Silsih, voc est feliz aqui comigo?

    - Muito. Sinto falta de minha famlia, mas faz parte da vida de mulher

    casada. Mesmo que voc fosse do meu povo, no teramos mais a mesma

    convivncia.

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    - Se voc quiser, ms que vem estaremos passando por l e podemos

    visit-los.

    - Voc faria isso por mim, Emir?

    - Claro. Eles podem at nos dar abrigo, no?- Claro que sim! Ah, que felicidade!

    No ms seguinte a caravana aportou na regio do povo de Silsih, e foram

    recebidos com grande festa. Ela fez uma dana especial, e estava absolutamente

    deslumbrante. Emir sentia muito orgulho, pois ela era elogiada por todos.

    A dana naqueles tempos era sagrada, e no banalizada, como alguns

    fazem hoje. Era um contato com o sagrado, e uma forma do povo do deserto

    agradecer pelo trabalho e pela prosperidade que alcanavam com o comrcio.

    Uma danarina era vista com profunda reverncia e respeito.

    - Al me d foras para aguentar a separao de minha amada e de meus

    pequenos...

    E a cada dia Mariana se sentia mais triste, com uma saudade profunda no

    peito, dava at vontade de gritar. Era a dor que Emir no podia evitar. A dor da

    saudade, do amor perdido, do medo, da falta de aceitao.

    Todas as noites ele sentava e olhava para as estrelas, como fazia com sua

    Silsih. Mariana fazia o mesmo, procurando o que quer que fosse, que nem ela

    mesma sabia.

    Carlos observava, preocupado. E ia com ela olhar as estrelas, mesmo sem

    saber por que aquilo era to importante. Se importava a ela, era fundamental para

    ele tambm. Um dia resolveu comprar uma gata de presente para a esposa, que

    sempre adorou gatos. Ela ficou encantada, mas ainda triste.- Qual vai ser o nome dela, querida?

    Sem saber por que, Mariana respondeu:

    - Silsih...

    E a linda gatinha ficou batizada de Silsih. Mal Mariana sabia que era uma

    homenagem de sua vida passada beduna, o eterno apaixonado Emir.

    - Que Al me d foras - ele suspirou.

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    Captulo 9Atuao das trevas

    Pedro rapidamente desenvolveu a espcie de implante astral que faria nopequeno Murilo. Enquanto preparava a poo especfica que iria usar, pensava o

    quanto era bom o fato dos encarnados saberem ainda muito pouco sobre

    aparelhos e implantes astrais. Isso permitia desenvolver a criatividade e achar

    modalidades de atuao como aquela, que seriam consideradas impossveis aos

    olhos dos acostumados com a obsesso tradicional.

    Naquele momento Pedro se lembrou de vrios outros trabalhos que

    executara. Era sempre contratado por chefes com conhecimento mais avanado

    da obsesso moderna, que confiavam absolutamente nos seus re