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    Anuário do Instituto Rio Branco

    2015

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    MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES

     Ministro de Estado

    Embaixador Mauro Luiz Iecker VieiraSecretário-GeralEmbaixador Sérgio França Danese

    INSTITUTO RIO BRANCO

     Diretor-GeralEmbaixador Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão

     Diretor-Geral AdjuntoMinistro Sérgio Barreiros de Santana Azevedo

    Coordenador-Geral de EnsinoConselheiro Marco Cesar Moura Daniel

    Chefe da Secretaria AdministrativaConselheiro Márcio Oliveira Dornelles

    Chefe da Secretaria AcadêmicaPS Luís Alexandre Iansen de Sant’Ana 

     Assistentes

    SS Vivian Alves Rodrigues da Silva  SS Ricardo Kato de Campos Mendes  SS Nadia El Kadre 

     DiretoriaOC Henrique Madeira Garcia Alves

    OC Carlos Alexandre Fernandes Considera

    AC Maria de Fátima Wanderley de MeloTAE Juliana Kumbartzki FerreiraEstag. Julia Flausino Traboulsi

    Estag. Kellen Brenda Rodrigues AlmeidaEstag. Mariane França Daltro

    Contínua Vanessa Souza Caldeira

     Biblioteca “Emb. João Guimarães Rosa” BIB Marco Aurelio Borges de Paola

    Estag. Rafaela Batista da Silva

    Estag. Beatriz de Araújo AgostiniEstag. Camila Lyra Magalhães MeloEstag. Gabriella de Sousa Oliveira

    Estag. Nathane Moura Oliveira

    Secretaria AcadêmicaOC Saide Maria Vianna SaboiaAA Fernando Sérgio Rodrigues

    AA Diego Batista SilvaRecepcionista Osmar Jorge PiresContínua Graziely Pessego de Oliveira

    Contínua Jane Gonçalves da SilvaContínua Thaís Costa

    Secretaria AdministrativaOC Carlos Sousa de Jesus Junior

    ATA Adriano Cesar Santos RibeiroTAE Éveri Sirac Nogueira

    Estag. Amanda Piva de Moraes RibeiroEstag. Maria Alice Marinho Fonseca BragaEstag. Thaiza Martins Laudelino da Silva

    Estag. Thayná Negreiros TeixeiraEstag. Adriano Gomes de Oliveira

    Estag. André Filipe Marques RodriguesEstag. Caio Fábio Félix MendesEstag. Renato Oliveira da Silva

    Setor de Administração Federal Sul, Quadra 5, Lotes 2/3, CEP 70070-600, Brasília-DF, Brasil+55 61 2030-9851 [email protected] www.institutoriobranco.mre.gov.br 

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    Ministério das Relações Exteriores

    Anuário do Instituto Rio Branco

    2015

    Instituto Rio Branco 

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    Impresso no Brasil 2016

    Brasil. Ministério das Relações Exteriores. Instituto Rio Branco.Anuário do Instituto Branco / Ministério das Relações Exteriores. –  Brasília: Instituto

    Rio Branco, 2016.

    402p.

    Anual

    ISSN 0101-4811

    1. Brasil  –   Relações Exteriores  –   Anuário. I. Brasil. Ministério das RelaçõesExteriores. II. Instituto Rio Branco.

    CDU 341.7:37(81)

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    ÍNDICE

    APRESENTAÇÃO ........................................................................... 9 

    I. O INSTITUTO RIO BRANCO ...................................................... 11 

    Breve história do Instituto Rio Branco ................................................. 13 Recrutamento e treinamento antes da criação do Instituto .................... 14 Origens e evolução do Instituto .............................................................. 15  O exame vestibular e o CPCD (1946-1995) ........................................... 19

     

    O PROFA-I e o CACD (1996 aos dias atuais) ....................................... 22  

    O Curso de Formação do Instituto Rio Branco ...................................... 24 

    O ingresso de mulheres ......................................................................... 26  O ingresso de negros ............................................................................. 28  Os diretores ............................................................................................ 30  O corpo docente ..................................................................................... 31 

     As sedes ................................................................................................. 31 Os Prêmios “Lafayette de Carvalho e Silva” e “Rio Branco”  .................. 32  

    Organização ............................................................................................. 35 

    Estrutura e competências ....................................................................... 35  Concurso de Admissão à Carreira Diplomática ..................................... 36  

    Curso de Formação de Diplomatas do Instituto Rio Branco .................. 37  Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas ............................................. 38 

     

    Curso de Altos Estudos .......................................................................... 38  Programa de Ação Afirmativa ................................................................. 39 Cooperação internacional ....................................................................... 41 Publicações ............................................................................................ 42  O Instituto na Internet ............................................................................. 42 

     

    II. ATIVIDADES DO INSTITUTO RIO BRANCO EM 2015 ............. 43 

    Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata ................................ 45 Provas ..................................................................................................... 46  Resultado ................................................................................................ 55  

    Curso de Formação da Turma de 2013-2015 ........................................ 59 Corpo docente de 2015 .......................................................................... 59 

    Corpo discente ........................................................................................ 59 

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    Disciplinas cursadas em 2015 ................................................................ 60  

    Curso de Formação da Turma de 2014-2015 ........................................ 61 

    Corpo docente de 2015 .......................................................................... 61 

    Corpo discente ........................................................................................ 62  Disciplinas cursadas em 2015 ................................................................ 63 

    LXV Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas .................................. 65 Módulos .................................................................................................. 65  Relação dos aprovados .......................................................................... 69 

    LX e LXI Cursos de Altos Estudos ........................................................ 71 LX Curso de Altos Estudos ..................................................................... 71

     

    LXI Curso de Altos Estudos .................................................................... 72  

    Programa de Ação Afirmativa ................................................................ 73 

    Cooperação internacional ...................................................................... 75 

    Sessão solene em homenagem aos 70 anos do Instituto Rio Branco77 Discurso proferido pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores,Embaixador Mauro Luiz Iecker Vieira ..................................................... 77 

     

    Discurso proferido pelo Embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa ....... 81 Discurso proferido pela Secretária Fernanda Maciel Leão .................... 87  

    Palestras proferidas em 2015 no âmbito do Curso de Formação deDiplomatas ............................................................................................... 89 

    Autoridades e delegações que visitaram o Instituto em 2015 ........... 93 

    Encontros sediados pelo Instituto em 2015 ......................................... 97 

    Formatura da Turma de 2013-2015 ........................................................ 99 Discurso proferido pelo Secretário João Lucas Ijino Santana, Oradordos Formandos da Turma Paulo Kol ...................................................... 99 Discurso proferido pelo Subsecretário-Geral Político II, EmbaixadorJosé Alfredo Graça Lima, Paraninfo da Turma Paulo Kol.................... 103

     

    Discurso proferido pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores,Embaixador Mauro Luiz Iecker Vieira ................................................... 106  

    Discurso proferido pela Presidenta da República, Dilma Rousseff ...... 111 

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    III. ANEXOS ................................................................................. 117 

    Currículo dos alunos da Turma de 2014-2015 ................................... 119 

    Currículo dos alunos da Turma de 2015-2017 ................................... 123 

    Currículo dos professores de 2015 ..................................................... 129 

    Programa das disciplinas das Turmas de 2013-2015 e 2014-2015 .. 143 

    Relação dos alunos desde 1946 .......................................................... 161 

    Relação dos alunos estrangeiros desde 1976 ................................... 193 

    Relação dos professores desde 1946 ................................................. 199 

    Relação dos funcionários desde 1946 ................................................ 233 

    Acordos de cooperação internacional ................................................ 249 

    Exames vestibulares e concursos desde 1946 .................................. 257 

    Matérias exigidas nas provas e requisitos de idade e escolaridade doexame vestibular do CPCD, dos concursos diretos e do CACD .......... 257 

     

    Número de inscritos e de aprovados nos exames vestibulares doCPCD, nos concursos diretos e no CACD ........................................... 274 

    Normas que regem o funcionamento do Instituto ............................. 277  Atos de fundação .................................................................................. 277  Lei do Serviço Exterior.......................................................................... 279

     

    Estrutura Regimental do Ministério das Relações Exteriores .............. 280  

    Regimento Interno da Secretaria de Estado das Relações Exteriores 280  Regulamento do Instituto Rio Branco ................................................... 283 Regulamento do Curso de Formação de Diplomatas do Instituto RioBranco .................................................................................................. 288  Regulamento do Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas ............... 289 Regulamento do Curso de Altos Estudos ............................................ 292  

    Textos legais publicados em 2015 ...................................................... 297 Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata ................................. 297 

     

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    Curso de Formação de Diplomatas ...................................................... 354 Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas ........................................... 358  

    Curso de Altos Estudos ........................................................................ 364 

    Programa de Ação Afirmativa ............................................................... 372  

    Cooperação internacional ..................................................................... 393 Diversos ................................................................................................ 399 

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    APRESENTAÇÃO

    O Instituto Rio Branco, com a publicação deste Anuário, deixa consignadasas atividades acadêmicas e outras desenvolvidas ao longo do ano de 2015.

    Deixa registro, assim, dos alunos de seus diferentes cursos e dos professoresque neles ministraram aulas, dos diversos palestrantes e visitantes que contribuíram

     para suas atividades, da programação do Curso de Formação de Diplomatas e doCurso de Aperfeiçoamento de Diplomatas (CAD), dos trabalhos aprovados noCurso de Altos Estudos (CAE).

    Registra, ademais, o desempenho dos programas que desenvolve, de Ação

    Afirmativa e de acolhimento de bolsistas estrangeiros, e deixa constância dosnomes dos servidores que integraram seu quadro de funcionários no período.

    Este Anuário traz, também, algumas atualizações estatísticas a respeito daatividade pregressa do Instituto, bem como o elenco, que foi possível recuperar, atéo momento, de seus ex-funcionários.

    Pretendendo recuperar a memória de sua trajetória institucional, esteAnuário apresenta, ademais, um breve histórico da trajetória administrativa doInstituto desde sua criação, em 1945.

    O Instituto Rio Branco comemorou em 2015 os 70 anos de sua criação coma celebração de Sessão Solene no Palácio Itamaraty, de que também deixaconstância este Anuário.

    A Direção do Instituto Rio Branco espera, com a publicação deste Anuário,que se segue aos de 2013 e 2014, contribuir para a manutenção da memória inicialdos que por ele passaram e deixar constância do trabalho realizado no âmbito desuas finalidades maiores, que são a seleção, formação e aperfeiçoamento dosdiplomatas brasileiros.

    A Direção do Instituto agradece a dedicação e o zelo profissional dos

    funcionários que nele servem e serviram, sem os quais este Anuário não existiriacomo agora existe, e apreciaria sugestões, críticas e indicações de possíveis errosou lacunas, a fim de melhorar as próximas edições.

    G.B.C.M.M.

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    I. O INSTITUTO RIO BRANCO

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    Breve história do Instituto Rio Branco

    O Instituto Rio Branco foi criado em 1945, na esteira das comemorações docentenário de nascimento do Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia

     brasileira. Inicialmente instituído com a dupla finalidade de tratar da formação eaperfeiçoamento dos funcionários do Ministério das Relações Exteriores bemcomo de constituir um núcleo de estudos sobre diplomacia e relaçõesinternacionais, o Instituto tornou-se, ao longo de seus 70 anos de existência,referência internacional como academia diplomática.

    A seleção para a carreira diplomática, a cargo exclusivamente do Instituto, é

    uma das mais tradicionais do País, tendo-se realizado anualmente  –   em algunscasos até duas vezes por ano  –   desde 1946. Da primeira turma a ingressar noInstituto, naquele ano, até hoje, formaram-se mais de dois mil diplomatas, os quaisingressaram invariavelmente por meio de processo seletivo, seja na forma deconcurso direto ou de exames para o Curso de Preparação à Carreira de Diplomata,sucedido pelo PROFA-I, depois denominado Curso de Formação do Instituto RioBranco.

    Para além da seleção e formação de diplomatas, o Instituto Rio Branco éresponsável pela realização do Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas e do

    Curso de Altos Estudos, obrigatórios para os diplomatas que almejam a ascensãona carreira.

    Assim, desde a classe inicial de terceiro secretário até o topo da carreiradiplomática, o Instituto Rio Branco tem mantido o compromisso de selecionar,formar e aperfeiçoar um corpo de servidores coeso e coerente com a tradição da

     política externa brasileira.

    O Instituto promove, ademais, seleção anual de bolsistas para o Programade Ação Afirmativa, com a finalidade de proporcionar maior igualdade deoportunidades de acesso à carreira de diplomata e de acentuar a diversidade étnica

    nos quadros do Itamaraty por meio da concessão de bolsas-prêmio para custeio dosestudos de candidatos afrodescendentes ao Concurso de Admissão à Carreira deDiplomata.

     Nos tópicos a seguir, será repassada um pouco da história do Instituto RioBranco e das diversas transformações ocorridas no curso de sete décadas. OInstituto, não obstante seja sensivelmente diverso daquele modesto núcleo deestudos estabelecido em 1945, mantém os mesmos objetivos que ensejaram suacriação, inspirada no exemplo de devoção do maior expoente brasileiro no campodas relações internacionais.

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    Recrutamento e treinamento antes da criação do Instituto

    Desde sempre foi o entendimento dos diferentes governos que se fazia

    necessário dispor de um corpo de funcionários selecionado e treinado para arealização da política externa brasileira. Mas é somente a partir do períodogetuliano que o recrutamento de pessoal para o serviço público ganhará contornosde política de Estado, a partir da criação do DASP, em 1938. No caso específico dacarreira diplomática, a sistematização de seu recrutamento e treinamento dar-se-iasomente com a criação do Instituto Rio Branco, em 1945, muito embora a seleçãode quadros viesse ocorrendo, decerto com alguma irregularidade, carência de

     procedimento e fora do âmbito do Ministério das Relações Exteriores.

    Foram inúmeros os ensaios e tentativas de conformar um padrão no

    recrutamento. No Império, por exemplo, ainda no Primeiro Reinado, o Marquês deAracati, um dos primeiros titulares da pasta dos Negócios Estrangeiros, apontava anecessidade de prover o serviço diplomático do Brasil com pessoal idôneo e capaz.

    Em 1834, ao tempo do primeiro mandato do Visconde de Sepetiba à frenteda pasta, o regimento consular dispunha que o cônsul tivesse de se fazer “acreditar

     por uma conduta regular, perícia nas línguas francesa e inglesa, conhecimento dodireito mercantil e marítimo, e dos usos e estilo do comércio”.

    Entre as primeiras tentativas de recrutamento de diplomatas e cônsules

    mediante concurso público, está a do próprio Visconde de Sepetiba, em seusegundo tempo nos Negócios Estrangeiros. O regulamento de 1842 introduzia oconcurso de habilitação, exigindo-se que os candidatos demonstrassemconhecimento de gramática, ortografia, aritmética, direito internacional, geografia,latim, francês e inglês, para além de uma boa caligrafia.

     Na gestão do Visconde do Uruguai à frente dos Negócios Estrangeiros, aqual marca um período de importantes conquistas no campo da diplomacia, nasquestões do Prata e na extinção do tráfico de escravos, seria lançado um dos pilaresdo conceito de carreira. A Lei nº 614, de 22 de agosto de 1851, conhecida como

    Regulamento Paulino de Sousa, determinava que o preenchimento dos cargos doserviço diplomático só poderia ocorrer na classe de secretários e adidos de legação.Ao tratar dos critérios de qualificação dos adidos de legação, então funcionários denível inicial da carreira diplomática, a Lei nº 614/1851 dava preferência aos“ bacharéis formados nos cursos jurídicos do Império, e aos graduados emacademias ou universidades estrangeiras que mais versados se mostrarem emlínguas”. Mencionava, ainda, que, para os que não possuíssem aquelasqualificações, dever-se-ia proceder à habilitação por intermédio de exames.

    Em decorrência da edição da Lei nº 614/1851, foi promulgado, em 20 de

    março de 1852, o Decreto nº 940, que criou o concurso público para adidos de

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    legação. A estrutura do concurso não difere radicalmente daquela dos concursosatuais. De fato, o artigo 2º das “Instruções para o Exame dos Candidatos ao Lugar

    de Adido de Legação” daquele decreto estipulava que o exame deveria versar sobreas seguintes matérias:

    1. Conhecimento das línguas modernas, especialmente da inglesa e francesa, devendo ocandidato traduzir, escrever e falar esta última.

    2. História geral e geografia política, história nacional e notícia dos tratados feitos entre oBrasil e as potências estrangeiras.

    3. Princípios gerais do direito das gentes e do direito público nacional e das principais naçõesestrangeiras.

    4. Princípios gerais de economia política, e do sistema comercial dos principais Estados e da

     produção, indústria, importações e exportações do Brasil.5. A parte do direito civil relativa às pessoas e princípios fundamentais em matérias de

    sucessão.

    6. Estilo diplomático, redação de despachos, notas, relatórios etc.

    Embora esse procedimento de seleção não se tenha mantido com aregularidade esperada por seu criador, nota-se a preocupação em aparelhar oMinistério dos Negócios Estrangeiros com um corpo de funcionários estável e bem

     preparado.

    Já no século XX, o Decreto nº 19.592, de 15 de janeiro de 1931, dispunhaque “os cônsules de terceira classe serão nomeados mediante concurso, nascondições atualmente estabelecidas a terceiros oficiais, e farão um estágio

     preparatório de habilitação de dois anos na Secretaria de Estado”.

    Em 1934, o Decreto nº 24.486, ao instituir, na Secretaria de Estado dasRelações Exteriores, um “Curso de Aperfeiçoamento nos Serviços Diplomático eConsular”, acabaria por ensejar a criação, em 1945, do Instituto Rio Branco, o qualassumiria definitivamente, ainda em princípios do ano seguinte, a tarefa deselecionar anualmente quadros para a carreira de diplomata, criada pelo Decreto-

    Lei nº 791, de 14 de outubro de 1938, norma que serviu de suporte à chamadaReforma Osvaldo Aranha.

    Origens e evolução do Instituto

    Pode-se apontar o Decreto nº 24.486, de 28 de junho de 1934, como pedrafundamental do trinômio seleção-formação-aperfeiçoamento dos membros dacarreira diplomática, tarefas as quais seriam, na década seguinte, conferidasexclusivamente ao Instituto por meio de seu ato de fundação, o Decreto-Lei nº

    7.473/1945. Ao sancionar aquele decreto, considerando não existir no Brasil um“instituto de especialização destinado a formar funcionários aptos para a direção

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    dos serviços diplomático e consular ”, Getulio Vargas constituía, na Secretaria deEstado das Relações Exteriores, um curso de aperfeiçoamento para os funcionários

    do Itamaraty. No contexto da inovação trazida pela dita norma, o então Secretário JorgeLatour sugeria, em memorando de 7 de dezembro de 1934, a criação de um órgão,no âmbito do Ministério das Relações Exteriores, com a finalidade de ministrardois cursos, “um, de preparatórios, para a admissão de funcionários no Ministério eem repartições internacionais; outro, de aperfeiçoamento, para os funcionários doMinistério e para os investidos em comissões no exterior em cargos deresponsabilidade”.

    A proposta seria reformulada uma década mais tarde, em memorandos de 4

    de maio e 4 de dezembro de 1944. À frente do Serviço de Documentação e chefeda comissão preparatória dos festejos do centenário do Barão, instituída noMinistério das Relações Exteriores em 23 de março de 1944, Latour sugeriu que seincluísse, entre os atos comemorativos, a assinatura e publicação de uma normadando existência legal ao que se denominaria “Instituto Barão do Rio Branco”,“uma entidade mista, oficial e privada, criada com o fim de ensinar e exercitarmatérias de interesse para a conservação e consolidação interna da nação e danacionalidade brasileira e de sua expansão ou influência no exterior, mediante oaperfeiçoamento da sua política externa e das suas relações internacionais em

    diferentes aspectos”, e no qual “se organizassem cursos e se lecionassem matériasdiretas ou indiretamente relacionadas com a política exterior, a vida internacional,a diplomacia, os assuntos consulares e outros de interesse real dentro da mesmaesfera de cogitações”.

    Aprovada, essa concepção levou à promulgação, em 18 de abril de 1945, doDecreto-Lei nº 7.473, sancionado pelo Presidente Getúlio Vargas e referendado

     pelo Embaixador José Roberto de Macedo Soares como Ministro das RelaçõesExteriores interino. Criava-se o Instituto Rio Branco.

    O Decreto-Lei nº 7.473/1945 desenvolvia e mesmo conferia nova dimensão

    aos consideranda  do Decreto nº 24.486/1934 ao consignar que o “centro deinvestigações e ensino” que estava sendo criado seria responsável pela “formação,o aperfeiçoamento e a especialização de funcionários do Ministério das RelaçõesExteriores”  e pelo “ preparo de candidatos ao concurso para a carreira de‘Diplomata’”.

     No entanto, não foi esse decreto-lei, nem o de número 8.461, de 26 dedezembro de 1945, que lhe alterava o texto, que atribuiu ao Instituto a

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    responsabilidade de selecionar quadros para o Ministério das Relações Exteriores1.As primeiras atividades do Instituto tiveram a forma de cursos de extensão

    destinados ao aperfeiçoamento dos funcionários da carreira de diplomata e àdifusão de conhecimentos relativos à geografia e à cartografia do Brasil.

    A publicação do Decreto-Lei nº 9.032, em 6 de março de 1946, trariafinalmente para a esfera do Instituto a realização de concurso de provas e a seleçãoentre candidatos aprovados nos exames finais do Curso de Preparação à Carreira deDiplomata (CPCD) para o ingresso na carreira diplomática. Ademais do CPCD, odecreto-lei instituía o Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas (CAD) ecompetia-o também ao Instituto, inicialmente obrigatório para o diplomata em

     primeira remoção para o exterior.

    Sob a administração do primeiro diretor do Instituto Rio Branco,Embaixador Hildebrando Accioly, foram elaborados o Regimento (Decreto nº20.279, de 26 de dezembro de 1945) e o Regulamento (Decreto nº 20.694, de 6 demarço de 1946) e organizados os primeiros exames vestibulares do recém-criadoCPCD. Ainda em 1946, foi admitida a primeira turma de 27 cônsules de terceiraclasse, como eram então chamados os terceiros secretários de hoje.

     No início da década de 1960, sob inspiração do depois Embaixador JaimeAzevedo Rodrigues, importante inovação ocorreu em matéria de aperfeiçoamentode diplomatas: a Lei nº 3.917, de 14 de julho de 1961, criou o Curso de Altos

    Estudos (CAE), o qual se tornaria, após cinco anos de sua instalação, condição para promoção dos Ministros de Segunda Classe a Ministro de Primeira Classe ecomissionamento na função de Embaixador. O CAE só viria a ser efetivamenteimplementado em 1977, quando, já então criada a classe de conselheiro, tornou-secondição para promoção a ministro de segunda classe.

    A evolução do Instituto e o desenvolvimento de seus três cursos derivam doesforço empreendido na busca pela excelência na seleção, formação eaperfeiçoamento de diplomatas. É interessante notar como o aprimoramento doscursos contribuiu para o fortalecimento institucional, e vice-versa. Em despacho de

    1 O Decreto-Lei nº 8.461/1945 deu nova redação ao Decreto-Lei nº 7.473/1945. Embora aquele diplomalegal não conferisse ao Instituto Rio Branco o recrutamento e a seleção de diplomatas, pode-se dizer quecaminhava nesse sentido, ao substituir a finalidade de “ preparo de candidatos ao concurso para acarreira de Diplomata” pela de “ensino das matérias exigidas para o ingresso na carreira de Diplomata”.A mudança é sensível, pois com ela o Instituto não se prestaria a preparar candidatos ao concurso, cujarealização estava então a cargo do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), mas, sim,se tornaria um centro de formação. O Decreto-Lei nº 9.032/1946 viria a concluir e complementar amudança trazida pelo Decreto-Lei nº 8.461/1945 ao cometer ao Instituto a responsabilidade pelas duas

     possibilidades de ingresso que vigoraram até 1995: seleção entre formandos do Curso de Preparação à

    Carreira de Diplomata, cuja frequentação era adstrita aos aprovados em seu exame vestibular, ouconcurso direto.

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    5 de junho de 1975, o Ministro de Estado da Educação e Cultura homologou oParecer nº 1.842/1975, do Conselho Federal de Educação, que reconhecia o CPCD

    como curso de nível superior e atribuía ao Instituto Rio Branco a designação de“estabelecimento de ensino superior”. Já o CAD e o CAE obtiveram, a partir doDecreto nº 79.556, de 20 de abril de 1977, o  status de “sistema de treinamento equalificação destinado a assegurar a permanente atualização e elevação do nível deeficiência do funcionalismo”  de que trata o artigo 6º da Lei nº 5.645, de 10 dedezembro de 1970, condição essa já esboçada no artigo 16 do Decreto nº 71.323,de 7 de novembro de 1972, o qual estabelecia que a ascensão na carreiradiplomática se daria mediante a conclusão de tais cursos. Na década de 1990, oempenho do Instituto em aprimorar a formação de diplomatas com a criação doPROFA-I2  acarretaria o reconhecimento do curso inicial da carreira diplomáticacomo mestrado profissionalizante, por meio de despacho do Ministro de Estado daEducação de 31 de dezembro de 2002.

    A maior parte dos decretos e portarias que, desde a fundação do Instituto,aprovariam novas versões de seu Regulamento tinha por objetivo incorporaraprimoramentos ao CPCD e suas regras de admissão3. As sucessivas modificaçõesno curso de 50 anos, no entanto, não alterariam a essência do Regulamento, e oCPCD funcionaria até o concurso de 1995, sendo sucedido no concurso de 1996

     pelo PROFA-I, o qual, por sua vez, seria substituído pelo Curso de Formação do

    Instituto Rio Branco com a edição da Portaria nº 336, de 30 de maio de 2003. Essa portaria, ademais, franqueava aos alunos do Curso de Formação participar doMestrado em Diplomacia, o qual, não obstante se encontre descontinuado,

     propiciou a defesa de 190 dissertações entre 2003 e 2010.

    O Instituto Rio Branco também já se encarregou, por força do Decreto nº94.327, de 13 de maio de 1987, da aplicação do Curso de Atualização de Oficiaisde Chancelaria. O I CAOC foi realizado em fevereiro de 1988 e saiu da esfera decompetência do Instituto a partir da edição do Decreto nº 1.756, de 22 de dezembrode 1995.

    2  O Programa de Formação e Aperfeiçoamento  –   Primeira Fase foi criado pelo Decreto de 14 desetembro de 1995 que alterava o Decreto nº 93.325, de 1º de outubro de 1986.3 Vale notar que somente com a edição do Decreto nº 75.350, de 4 de fevereiro de 1975, a competência

     pela aprovação do Regulamento seria delegada pelo Presidente da República ao Ministro de Estado dasRelações Exteriores.

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    O exame vestibular e o CPCD (1946-1995)4 

    Em 6 de março de 1946, o Decreto-Lei nº 9.032 criava o Curso de

    Preparação à Carreira de Diplomata (CPCD). A inscrição no CPCD, nos termos do primeiro regulamento do Instituto, aprovado pelo Decreto nº 20.694, de mesmadata, era condicionada à aprovação em exame vestibular constante de provas deCultura Geral e de noções de Francês, Inglês, História do Brasil e Corografia doBrasil5. Selecionado para o curso, o aluno do CPCD, nos termos do artigo 4º dodecreto, estudaria as seguintes matérias:

    1. Português;

    2. Francês;

    3. Inglês;4. Direito Internacional Público;

    5. Direito Internacional Privado;

    6. História do Brasil;

    7. História Política Mundial, dos fins do século XVIII aos nossos dias;

    8. Geografia Econômica Geral e do Brasil;

    9. Economia Política;

    10. Noções de Direito Constitucional e Administrativo;

    11. Noções de Direito Civil e Comercial.

    As matérias sobre as quais versavam o exame vestibular e o CPCDsobreviveram, com algumas adaptações, é certo, até os tempos atuais, e omecanismo de seleção de quadros entre os aprovados no CPCD constituiu-se, até1995, a forma preferencial de ingresso na carreira diplomática.

    Durante as primeiras cinco décadas de existência, período que coincide coma vigência do CPCD, o Instituto promoveu apenas sete concursos ditos “diretos”,sem a exigência de frequentar o CPCD. Foram os concursos de 1954, 1955, 1962,1967, 1975, 1977 e 1978. Assim como nos exames vestibulares, no ingresso pormeio de concurso público se exigiam, para além de provas de “sanidade ecapacidade física” e  de provas sobre as matérias aplicadas no CPCD, provas de“rigorosa investigação de seus costumes”, essa última na forma de  ficha corrida ecartas de referência de professores ou empregadores (depois, atestado deantecedentes e, por fim, declaração de antecedentes em formulário do Instituto).Somente no exame de 1994 cairia a exigência de antecedentes.

    4 O termo ‘exame vestibular’ foi utilizado até o processo seletivo de 1990. De 1991 a 1995, a seleçãolevou a denominação de ‘exame de admissão’ ao CPCD.   Para mais informações, veja o quadro

    “Exames vestibulares e concursos desde 1946”, constante dos Anexos deste anuário.5 Excepcionalmente, o primeiro exame vestibular consistiu de prova escrita somente de Cultura Geral.

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    A preferência por um exame vestibular para o CPCD em lugar da realizaçãode concurso público de provas para admissão direta ao quadro de pessoal do

    Itamaraty pode-se explicar pela carência de cursos de nível superior para o ensinodo fazer diplomático e matérias correlatas, a qual não foi de todo suprida mesmocom a proliferação, nas últimas décadas, de cursos de relações internacionais 6. Ocandidato, ao tornar-se aluno e frequentar as matérias do CPCD, entrava emcontato no Instituto com a perspectiva do Ministério das Relações Exteriores 7  arespeito das matérias que estudara para o exame vestibular, as quais seaproximavam das matérias do curso, se não eram as mesmas. Ademais, não se

     pode negar a conveniência de seleção de quadros para o Ministério entre osformandos de um curso de preparação realizado em dependências do próprioMinistério  –  uma dupla seleção, a qual demandava uma dupla formação, antes eapós o CPCD.

    Considerando a conveniência de alargar a área geográfica de recrutamentodos candidatos e, ao mesmo tempo, facilitar a sua seleção por meio dadescentralização parcial do exame vestibular, o Decreto nº 45.535, de 5 de marçode 1959, introduziu o Exame de Seleção Prévia (depois Provas VestibularesIniciais, de 1975 a 1991, e Exame de Admissão entre 1992 e 1995), realizado noDistrito Federal e “nas capitais de maior densidade demográfica da União”8. Osaprovados nesse exame preliminar teriam custeadas pela Administração as

    despesas de transporte até o Rio de Janeiro, então capital federal, para querealizassem o exame vestibular propriamente dito. 

    Durante toda a vigência do CPCD, o Instituto, invariavelmente, ofereceu bolsas de estudo aos alunos. Por meio de Portaria de 31 de janeiro de 1947, foraminstituídas bolsas de estudos destinadas a facilitar a permanência, no Rio deJaneiro, dos alunos residentes fora do então Distrito Federal e da cidade de Niteróique não tivessem condições de prover sua própria subsistência durante os dois anos

    6 O primeiro concurso a prever em edital o exame de conhecimentos de relações internacionais foi o de

    1977; os exames vestibulares até então não previam tal exigência. Os exames vestibulares de 1987 a1995 previam prova de Questões Internacionais Contemporâneas.7 O próprio Decreto nº 20.694/1946 previa, em seu artigo 28, que, entre os professores a lecionar noInstituto, quando servidores do Estado, seriam preferidos os diplomatas no ensino das matérias“diplomáticas”.8 Durante a vigência do CPCD, o exame prévio nunca foi realizado nas capitais de todos os Estados. De1961 a 1976, os exames prévios foram aplicados nas cidades de Brasília, Rio de Janeiro, Recife,Salvador, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre. Em 1977, foram incluídas as cidades de Fortalezae Curitiba. Em 1980, Manaus e Belém. Em 1989, Florianópolis. No concurso de 1993, o exame prévionão foi aplicado nas cidades de Manaus, Salvador e Florianópolis, voltando a figurar no concursoseguinte, em que foi incluída a cidade de Campo Grande. No exame de 1995, as cidades escolhidas

    foram Brasília, Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro,Salvador e São Paulo.

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    de estudo. No edital do exame vestibular de 1951, registra-se a extensão do benefício, com caráter de excepcionalidade, aos residentes na capital federal. Nos

    editais dos exames vestibulares seguintes, a bolsa volta a valer somente aos nãoresidentes na capital e em Niterói. O edital de 1958 retoma a exceção, e o de 1959dá preferência ao candidato não residente. A bolsa de estudo passou a ser oferecidaa todos os alunos somente a partir do exame vestibular de 1968. Entre 1987 e 1994,à exceção dos anos de 1992 e 1993, foi oferecido alojamento/apartamentofuncional aos alunos do CPCD.

    O exame vestibular do CPCD também apresentou evolução quanto àsexigências de escolaridade do candidato. Inicialmente, exigia-se nível médiocompleto. No concurso direto de 1967, exigiu-se pela primeira vez a conclusão do

    segundo ano de curso de nível superior. A medida estendeu-se ao exame vestibularde 1968, mantendo-se até o de 1984. Em 1985, passou-se a demandar a conclusãodo terceiro ano de curso de nível superior. A exigência de curso completo de nívelsuperior tornou-se regra a partir do concurso de 1994.

    Ao longo da existência do CPCD, a idade mínima exigida variou entre 19 e21 anos; também nunca se deixou de requerer idade máxima, a qual variou entre 30e 35 anos. A exigência de idade máxima somente cairia com o advento doConcurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD). Foram oferecidas, emmédia, aproximadamente 25 vagas por edição do exame vestibular, as quais nem

    sempre foram totalmente preenchidas.As matérias de Português, História, Geografia, Direito e Inglês foram as

    mais recorrentes durante toda a existência do CPCD. Isso implica dizer que docandidato sempre se demandou domínio da norma culta da língua pátria eexcelente habilidade na escrita, amplo conhecimento sobre a história e os recursosnaturais e humanos de seu país e sua relação com a história geral, noções dos

     princípios gerais e das normas basilares do direito, e proficiência nas línguasinstrumentais das diplomacias moderna e contemporânea  –   saberes quefundamentam a atuação do diplomata.

    A matéria de Economia também esteve presente na maior parte dos examesvestibulares do CPCD, tornando-se regular a partir do concurso de 1980. Emborase trate de noções sobre a matéria, o nível de exigência na prova de Economiaconvoca o candidato a demonstrar o funcionamento da economia em seus aspectosmicro e macro, nacional e internacional, conhecimentos que serão ancilares aodiplomata na formulação e desenvolvimento de políticas para comércio exterior,defesa comercial, economia internacional, finanças etc.

    Também a matéria de Cultura Geral (retomada entre 1992 e 1995 na formado Teste de Pré-Seleção), com alguma intermitência, dá suporte à arte diplomática.De fato, o dito conhecimento de mundo sempre foi e será ferramenta importante

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     para o diplomata na lide com seu interlocutor estrangeiro. É conveniente, e mesmoimprescindível no mais das vezes, saber aspectos culturais de países, regiões,

     povos, literatura, música, artes plásticas, curiosidades sobre ciências –  tudo quanto possa advir da leitura de periódicos, do apreço pelas obras de artistas consagrados,da consulta a dicionários, enciclopédias e obras de referência. Trata-se deelementos que, para além da formação pessoal, auxiliam na interação com acontraparte estrangeira, essenciais no estabelecimento de laços em nível pessoal,no exercício de uma profissão pautada, eminentemente, pela representação enegociação interpares. A matéria deixaria definitivamente de compor exame a

     partir do concurso de 2005; com efeito, o aprofundamento do nível de exigênciadas matérias cobradas nos exames mais recentes faria supor que a formação docandidato seria naturalmente abrangente, prescindindo-se, assim, de testar-lhe osconhecimentos sobre cultura geral per se.

    O PROFA-I e o CACD (1996 aos dias atuais)9 

    O Decreto de 14 de setembro de 1995 constitui-se divisor de águas naformação e, indiretamente, na seleção de diplomatas. A partir da publicação dessanorma, que alterava o artigo 10 do Decreto nº 93.325, de 1º de outubro de 1986, oCPCD era sucedido pelo Programa de Formação e Aperfeiçoamento  –   PrimeiraFase (PROFA-I).

    As normas e diretrizes do programa, baixadas em Portaria de 10 denovembro de 1995 do Secretário-Geral das Relações Exteriores, fariam avançarsignificativamente a formação profissional do diplomata; seus objetivos, na letrado artigo 2º, eram:

    I - estimular o interesse pela profissão;

    II - harmonizar os conhecimentos adquiridos no curso universitário com as necessidades daformação diplomática;

    III - transmitir e praticar os ensinamentos próprios à função diplomática;

    IV - desenvolver a capacidade crítica para a melhor compreensão da gestação das decisões eatitudes da política externa brasileira; e

    V - iniciar nas normas de conduta e nas técnicas de gestão do Itamaraty.

    A referida portaria, ao estipular matérias e cargas horárias obrigatórias,mostrava-se bastante pormenorizada no que diz respeito ao currículo do programade formação, o que o tornava, por um lado, demasiadamente restrito, mas

    9 Para mais informações sobre as edições do CACD, veja o quadro “Exames vestibulares e concursosdesde 1946”, constante dos Anexos deste anuário. 

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    assegurava, por outro, a harmonização de conceitos teóricos e conhecimentosatinentes à lide do dia a dia da diplomacia.

    Os objetivos de valorizar e priorizar o fazer diplomático traduziam-se,também, na previsão de realização de missão de caráter temporário em posto noexterior, seguida de estágio profissionalizante na Secretaria de Estado das RelaçõesExteriores. Esse estágio incluía o rodízio em áreas meio e áreas finalísticas, bemcomo o acompanhamento e aconselhamento de chefias do Ministério.

    A instituição do PROFA-I implicou também alteração nas regras deingresso na carreira diplomática. O processo seletivo imediatamente subsequente àinstituição desse programa de formação foi realizado na forma de concurso públicode provas, o primeiro desde 1977. Apesar de o Decreto-Lei nº 9.032/1946 e a Lei

    nº 7.501/1986 franquearem ao Instituto a realização de concurso direto10

    , somentea partir do concurso de 1996 se adotaria definitivamente esse modelo de ingressona carreira diplomática, com a denominação de Concurso de Admissão à Carreirade Diplomata (CACD).

    Convém ressaltar que a aprovação no CACD já habilitava o candidato aingressar na classe inicial de terceiro secretário e a receber os vencimentoscorrespondentes durante sua formação como diplomata no Instituto Rio Branco  –  enão mais bolsa de estudo, conforme se deu até o último ano do CPCD. De todamaneira, o diplomata egresso do CACD deveria frequentar o programa de

    formação profissional previsto no Decreto de 14 de setembro de 1995.Do ponto de vista do formato de exame e das matérias nele exigidas, o

    CACD não constituiu ruptura com o modelo adotado então no exame vestibular doCPCD, mas, sim, atualização e aperfeiçoamento da seleção de quadros para oItamaraty. Previa-se na primeira edição do CACD, por exemplo, a realização doTeste de Pré-Seleção, ainda constante de questões de Cultura Geral, e de provasorais, ambas abolidas no concurso de 2005. Igualmente, a etapa de realização deexames de sanidade e capacidade física e psíquica manteve-se como fase do

     próprio processo seletivo, o que somente mudaria a partir do concurso de 2004.

    As matérias exigidas no CACD são, em sua maior parte, as mesmas dosexames durante a vigência do CPCD. As matérias mais cobradas nas provas sãoPortuguês, Direito, História, Geografia, Inglês, Economia e Política Internacional(essa última, inicialmente na forma de Questões Internacionais Contemporâneas).O concurso tem mantido, com algumas adaptações, o mesmo formato desde 2005,

    10 Com efeito, nos termos do Decreto-Lei nº 9.032/1946, o acesso ao CPCD dar-se-ia tanto por meio deexame vestibular como de concurso de provas. Já a Lei nº 7.501/1986 previa o ingresso na carreira

    diplomática mediante aprovação em concurso público de provas e tornava o CPCD condição dehabilitação para o serviço exterior.

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    com questões objetivas na primeira fase, prova escrita de português na segunda equestões escritas das matérias cobradas na prova objetiva na terceira.

    De 1996 a 1998, os requisitos de idades mínima e máxima eram de 21 e 35anos. Entre os anos de 1999 e 2004, não houve exigência explícita de idade, prevalecendo, assim, a regra de idade mínima positivada na Lei nº 8.112/1990. Doconcurso de 2005 em diante, o único limite a vigorar é a idade mínima de 18 anos.De 1996 a 2013, foram oferecidas, em média, aproximadamente 50 vagas poredição do concurso. Excetuados os concursos de 100 vagas ou mais, a média baixa

     para 29 vagas, próxima do número dos exames vestibulares para o CPCD.

    Os exames realizados de 1946 a 2001, fossem na forma de vestibulares ouconcursos, foram invariavelmente organizados e realizados pelo Instituto Rio

    Branco. Com a dimensão que vinha adquirindo o CACD, o Instituto, a partir de2002, passou a contar com o apoio do Centro de Seleção e Promoção de Eventosda Fundação Universidade de Brasília, especializado na realização de concursos.

    A colaboração do CESPE permitiu ampliar substantivamente o escopo e aabrangência do concurso. No CACD 2002, por exemplo, franqueou-se aocandidato a possibilidade de realizar a inscrição pela Internet e foi a primeiraedição em que se programou reserva de vagas para portadores de deficiência. A

     partir da edição de 2005, a inscrição no concurso seria realizada exclusivamente pela Internet, e todas as provas seriam aplicadas numa mesma cidade, podendo a

    Administração prescindir do custeio das despesas de transporte e acomodaçãodurante a realização do concurso. Em 2011, universalizou-se a aplicação de provas

     para todas as capitais dos Estados e o Distrito Federal.

    Também com o CESPE, atual Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação eSeleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), foi possível o processamentoeletrônico das provas, o que concorreu para o reforço da confiabilidade,credibilidade e transparência do certame.

    O Curso de Formação do Instituto Rio BrancoEm 2003, nova mudança foi implantada no currículo do Instituto: a Portaria

    nº 336, de 30 de maio, substituía o PROFA-I pelo Curso de Formação do InstitutoRio Branco.

    À semelhança de seu antecessor, o Curso de Formação previa a realizaçãode “atividades indispensáveis à formação e ao aperfeiçoamento do funcionárionomeado, à luz das necessidades da carreira diplomática” e de estágios no exteriore na Secretaria de Estado das Relações Exteriores.

    Uma das novidades trazidas pela mencionada portaria foi o Mestrado emDiplomacia, decorrente da homologação, pelo Ministro de Estado da Educação, do

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    Parecer nº 447/2002 da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional deEducação, favorável ao reconhecimento do programa de pós-graduação do

    Instituto. O Mestrado em Diplomacia constituía-se requisito para o estágio noexterior.

    Diferentemente da portaria do PROFA-I, a do Curso de Formação nãodenominava as matérias que o aluno teria de estudar, limitando-se a estabelecer os“instrumentos de formação e aperfeiçoamento”, na forma de “trabalhos práticos,exercícios, preleções, exames, debates em seminários, monografias, treinamento,visitas a Estados da Federação”. 

    O Curso de Formação foi atualizado pela Portaria nº 660, de 3 de novembrode 2010, a qual reduziu para três semestres o período de formação do diplomata

    egresso do CACD. O estágio profissionalizante, de acordo com a norma, seriarealizado somente no período vespertino ao longo do terceiro semestre do curso,conjuntamente com aulas pela manhã. Essa portaria, para além de dividir ocurrículo do curso em disciplinas obrigatórias e disciplinas eletivas, inaugurou osditos “módulos profissionalizantes”, ciclos de palestras sobre determinados temasda política externa brasileira proferidas por autoridades, estudiosos e

     personalidades nas áreas escolhidas para compor os módulos. O intuito era propiciar ao aluno o contato com fontes diversas de conhecimento e pensamento eestimular o debate de ideias, fatores que o irão auxiliar futuramente no

    desempenho de suas funções.A publicação da Portaria nº 190, de 14 de março de 2014, acarretou uma

    segunda atualização do curso. Agora sob nova designação, o Curso de Formaçãode Diplomatas do Instituto Rio Branco pode ter duração de três ou quatrosemestres, e não somente três, conforme previa a norma precedente. A nova

     portaria também reforça os aspectos disciplinar e de dedicação ao serviçocaracterísticos da carreira diplomática, ao correlacionar as atividades em sala deaula com os afazeres do diplomata especialmente nos artigos 4º, 7º e 11, § 6º.Ademais, no ensejo da publicação das novas regras, suprimiram-se os dispositivos

    que regiam o Curso de Mestrado em Diplomacia, o qual já se encontrava de fatodescontinuado.

    É bem verdade que não mais constam relacionadas na portaria em vigênciado Curso de Formação as matérias previstas no primeiro regulamento do InstitutoRio Branco, o Decreto nº 20.694/1946. Não obstante, todas elas, sob novasdenominações e as adaptações que o tempo exigiu, hoje enriquecem o CACD. E,durante o Curso de Formação, disciplinas em áreas como História do Brasil,Política Internacional, Direito Internacional e Economia são revisitadas pelo jovemdiplomata. Assim, é possível afirmar que o CACD e o Curso de Formação mantêm,

     juntos, as mesmas diretrizes desde 1946.

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    O ingresso de mulheres

    Em 1918, Maria José de Castro Rebello Mendes foi a primeira colocada em

    concurso de ingresso no quadro de oficiais da Secretaria de Estado das RelaçõesExteriores. Sua admissão foi contestada pelas autoridades de então, mas a defesa

     brilhante de Rui Barbosa garantiu seu direito. Tratava-se da primeira mulher aingressar no corpo diplomático brasileiro, a qual abriu caminho para a presençafeminina no funcionalismo público do País e inspirou o ingresso de outrasmulheres na carreira diplomática, a exemplo de Beata Vettori, Dora Vasconcellos eOdette de Carvalho e Souza, primeira embaixadora brasileira, que chefiou de 1956a 1959 o então Departamento Político do Ministério das Relações Exteriores.

     No período que antecede a criação do Instituto Rio Branco, ingressaram no

    Ministério das Relações Exteriores 19 mulheres entre 1919 e 1938, quando foilançada a Reforma Osvaldo Aranha, por meio do Decreto-Lei nº 791, de 14 deoutubro de 1938. Essa norma, se por um lado constituiu avanço ao congregarfuncionários diplomáticos e consulares num único quadro de pessoal, por outrolado vedou o ingresso de mulheres na carreira até 1954, quando foi questionada,com a inscrição de Maria Sandra Cordeiro de Mello (depois Macedo Soares) noexame vestibular de 1953. Sua aprovação e seu desempenho no CPCD levariam àrevogação da discriminação por meio da Lei nº 2.171, de janeiro de 1954,encerrando-se a reserva a candidatos do sexo masculino.

    A listagem a seguir apresenta o número de mulheres por turma do Institutode 1953 a 2015:

    Década de 1950

    Turma Total F %

    1953-1954 17 1 5,9%

    1954* 11 0 0,0%

    1954-1955 13 0 0,0%

    1955* 20 3 15,0%

    1955-1956 17 1 5,9%

    1956-1957 17 2 11,8%

    1957-1958 29 3 10,3%

    1958-1959 19 2 10,5%

    1959-1960 12 2 16,7%

    1960-1961 16 0 0,0%

    Subtotal 171 14 8,2%

    Década de 1960

    Turma Total F %

    1961-1962 17 3 17,6%

    1962-1963 41 3 7,3%

    1962* 20 0 0,0%

    1963-1964 14 2 14,3%

    1964-1965 26 2 7,7%

    1965-1966 18 0 0,0%

    1966-1967 26 3 11,5%

    1967* 5 2 40,0%

    1967-1968 27 4 14,8%

    1968-1969 50 5 10,0%

    1969-1970 21 5 23,8%

    1970-1971 14 4 28,6%

    Subtotal 279 33 11,8%

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    Década de 1970

    Turma Total F %

    1971-1972 14 1 7,1%1972-1973 18 7 38,9%

    1973-1974 19 2 10,5%

    1974-1975 22 1 4,5%

    1975* 26 3 11,5%

    1975-1976 11 1 9,1%

    1976-1977 33 9 27,3%

    1977* 13 3 23,1%

    1977-1978 16 6 37,5%

    1978-1979 22 4 18,2%1978* 10 4 40,0%

    1979-1980 47 12 25,5%

    1980-1981 35 7 20,0%

    Subtotal 286 60 21,0%

    Década de 1980

    Turma Total F %

    1981-1982 35 12 34,3%

    1982-1983 37 5 13,5%1983-1984 35 9 25,7%

    1984-1985 33 6 18,2%

    1985-1986 43 12 27,9%

    1986-1987 21 4 19,0%

    1987-1988 15 4 26,7%

    1988-1989 11 1 9,1%

    1989-1990 13 1 7,7%

    1990-1991 24 4 16,7%

    Subtotal 267 58 21,7%

    Década de 1990

    Turma Total F %

    1991-1992 21 3 14,3%

    1992-1993 22 6 27,3%

    1993-1994 22 3 13,6%

    1994-1995 I 23 5 21,7%

    1994-1995 II 29 5 17,2%

    1995-1996 24 6 17,2%

    1996-1997 35 10 25,0%1997-1999 30 6 20,0%

    1998-2000 25 5 20,0%

    1999-2000 20 3 15,0%

    2000-2002 25 3 12,0%

    Subtotal 276 55 19,9%

    Primeira década dos anos 2000

    Turma Total F %

    2001-2003 32 4 12,5%2002-2004 27 8 29,6%

    2003-2005 39 5 12,8%

    2004-2005 23 6 26,1%

    2004-2006 29 9 31,0%

    2005-2006 30 11 36,7%

    2006-2008 100 24 24,0%

    2007-2008 101 24 23,8%

    2008-2009 115 30 26,1%

    2009-2010 109 25 22,9%2010-2012 108 26 24,1%

    Subtotal 713 172 24,1%

    Década de 2010

    Turma Total F %

    2011-2012 26 3 11,5%

    2012-2013 30 9 30,0%

    2013-2015 30 8 26,7%

    2014-2015 18 7 38,9%

    2015-2017 30 8 26,7%

    Subtotal 134 35 26,1%

    TOTAL 2.126 427 20,1%

    * Concurso direto.

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    Os dados da tabela apontam uma média histórica de acesso de mulheres àcarreira diplomática no patamar de 20%. Atualmente, o número de mulheres em

    atividade na carreira diplomática é de 364, de um total de 1.588 diplomatas, o querepresenta aproximadamente 22,9% do efetivo. Entre as mulheres em atividade, 37 pertencem à classe de ministra de primeira classe (18,6% de um total de 199embaixadores), e 36 exercem a chefia de embaixadas, consulados e representaçõesdo Brasil mundo afora (15,9% de um total de 227 postos)11.

    O Instituto Rio Branco foi dirigido, de 1987 a 1991, pela EmbaixadoraThereza Maria Machado Quintella, da Turma de 1959-1960, uma das primeiras acontar com mulheres.

    O ingresso de negros

    Lançado em 21 de março de 2002, em comemoração ao Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, por meio de Protocolo de Cooperaçãofirmado entre os Ministérios das Relações Exteriores, da Justiça, da Cultura e daCiência e Tecnologia, o Programa de Ação Afirmativa do Instituto Rio Branco  –  Bolsa-Prêmio de Vocação para a Diplomacia foi instituído com a finalidade de

     buscar a igualdade de oportunidades de acesso de negros à carreira de diplomata ede acentuar a diversidade étnica nos quadros do Itamaraty.

    A Bolsa-Prêmio de Vocação para a Diplomacia foi instituída também comoforma de implantar responsabilidades assumidas pelo Brasil ao tornar-se parte daConvenção Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial. Condiz,ademais, com o papel de relevo representado pelo país na Conferência Mundialcontra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerância Correlata,realizada em Durban, África do Sul, em 2001. Naquela ocasião, os Estados foraminstados a adotar medidas de eliminação da desigualdade racial, com políticas quevisassem, por exemplo, a alterar o padrão de desigualdade nos índices educacionaisde negros e brancos e a promover o acesso racialmente democrático ao mercado de

    trabalho.Esses objetivos estão integrados ao Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº

    12.288, de 20 de julho de 2010), que estabelece como diretriz a implantação de políticas de erradicação da discriminação racial, entre as quais políticasafirmativas, com campanhas de conscientização, concessão de bolsas paraestudantes negros e apoio a iniciativas de promoção da igualdade social.

    O Programa de Ação Afirmativa é realizado em conjunto com outrosórgãos, em particular com o Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do

    11 Dados de fevereiro de 2016.

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    CNPq, o qual tem oferecido, tradicionalmente, 12 bolsas em cada edição doPrograma. Outros órgãos parceiros do programa são o Ministério da Cultura, por

    meio da Fundação Palmares, e a Secretaria das Mulheres, da Igualdade Racial edos Direitos Humanos, os quais participam da Comissão Interministerial que gere aetapa final do processo seletivo.

    As bolsas concedidas têm atualmente o valor anual de R$ 25.000,00 e sãodesembolsadas mensalmente, devendo ser utilizadas na aquisição de livros ematerial de estudo, pagamento de cursos preparatórios e professores particulares,entre outros. A fim de permitir que o bolsista se possa dedicar o maior tempo

     possível à preparação para o CACD, admite-se gasto com custeio em até 30% dovalor da bolsa.

    A concessão de bolsas tem melhorado, de forma concreta e decisiva, ascondições de preparação para o CACD e, por consequência, as possibilidades deingresso de candidatos negros. A decisão de permitir que bons candidatos sejamselecionados mais de uma vez como bolsistas mostrou-se muito frutífera, pois amaior parte dos ex-bolsistas aprovados no CACD recebeu a bolsa em duas ou maisedições do Programa. Essa tendência explica-se, de um lado, pela complexidadeintrínseca do concurso, que exige preparação de longo prazo, e, de outro lado, peloamadurecimento intelectual proporcionado pela dedicação aos estudos, condiçãofundamental para a aprovação.

    Até 2015, o Ação Afirmativa já concedeu 630 bolsas para 375 bolsistas, dosquais 26 foram aprovados no CACD. Todas as edições do Programa entre 2002 e2012 fizeram pelo menos um candidato aprovado no concurso, e todas as ediçõesdo CACD desde 2003, à exceção da de 2005, têm entre seus aprovados pelo menosum bolsista do Programa. Em 2015, cinco bolsistas tornaram-se diplomatas.

    O Ministério das Relações Exteriores, ao reconhecer a necessidade deesforços adicionais com vistas a ampliar o ingresso de negros na carreiradiplomática, para além da concessão da Bolsa-Prêmio de Vocação para aDiplomacia, adotou reserva de vagas na Primeira Fase do CACD de 2011 a 2014.

    Em 2015, mais uma novidade: o edital do CACD foi um dos primeiros a prever,em conformidade com a Lei nº 12.990/2014, a reserva de 20% das vagas oferecidasa candidatos negros em todas as fases do concurso.

    O quadro a seguir apresenta a quantidade de bolsas concedidas, o númerode inscritos no Programa de Ação Afirmativa e a relação candidato-vaga no

     processo seletivo:

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    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2015

    Bolsas 20 30 42 32 43 37 39 66 73 69 79 64 36

    Inscritos 403 1.689 749 972 686 532 1.948 2.175 4.717 1.109 915 1.099 850Relaçãoc-v

    20,15 56,3 17,83 30,38 15,95 14,38 49,95 32,95 64,6 16,07 11,58 17,17 23,61

    Os diretores

    O primeiro diretor do Instituto foi o Embaixador Hildebrando Accioly, emcaráter interino a partir de 28 de abril de 1945 e efetivo a partir de 31 de outubro domesmo ano. O quadro a seguir relaciona os diretores do Instituto de 1946 até 2015:

    Diretor Período

    Embaixador Hidelbrando Accioly Out.1945-jan.1947

    Ministro Hélio Lobo Jan-abr/1947

    Embaixador Lafayette de Carvalho e Silva Abr/1947-jan/1956

    Embaixador Antônio Camillo de Oliveira Jan/1956-jun/1966

    Embaixador Antonio Corrêa do Lago Jun/1966-nov/1969

    Embaixador Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva Nov/1969-jul/1972

    Embaixador Alfredo Teixeira Valladão Mai/1973-dez/1975

    Embaixador Sérgio Fernando Guarischi Bath Dez/1975-abr/1981Embaixador Wladimir do Amaral Murtinho Fev/1982-jan/1985

    Embaixador Lauro Escorel Rodrigues de Moraes Jan/1985-fev/1987

    Embaixadora Thereza Maria Machado Quintella Fev/1987-jun/1991

    Embaixador Sérgio Fernando Guarischi Bath (2ª gestão) Jun/1991-mai/1995

    Embaixador André Mattoso Maia Amado Mai/1995-set/2001

    Embaixador João Almino de Souza Filho Set/2001-jul/2004

    Embaixador Fernando Guimarães Reis Set/2004-fev/2010

    Embaixador Georges Lamazière Fev/2010-abr/2013

    Embaixador Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão Desde jul/2013

    As gestões mais longas foram as dos Embaixadores Antônio Camillo deOliveira e Lafayette de Carvalho e Silva, a primeira das quais excedeu 10 anos. OEmbaixador Sérgio F. Guarischi Bath dirigiu o Instituto em duas oportunidades, asquais somam quase 10 anos. Nos períodos de julho de 1972 a maio de 1973, deabril de 1981 a fevereiro de 1982 e de abril a julho de 2013, o Instituto foi dirigidointerinamente pelos Ministros Frederico Carlos Carnaúba, Oswaldo Biato e SérgioBarreiros de Santana Azevedo, respectivamente.

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    O corpo docente

    O Instituto não dispõe de corpo docente fixo. Com o objetivo de propiciar

    aos diplomatas em formação o contato com o estado da arte das relaçõesinternacionais e da política externa brasileira, os professores são escolhidos dentreespecialistas e acadêmicos de renome, docentes das principais universidades doPaís e diplomatas e outros servidores públicos dedicados às matérias e temascorrelacionados com o fazer diplomático.

    O Instituto teve a honra de contar, em seu corpo docente e como palestrantes e professores convidados, com nomes como Adriano da Gama Kury,Afonso Arinos de Melo Franco, Alceu Amoroso Lima, Amado Cervo, Ana MariaVillela, Antenor Nascentes, Antonio Augusto Cançado Trindade, Antônio Barros

    de Castro, Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, Bertha Becker, Carlos Henriqueda Rocha Lima, Carlos Lessa, Cristovam Buarque, Flávio Versiani, GeraldoEulálio do Nascimento e Silva, Gilberto Dupas, Haroldo Teixeira Valladão, HelioJaguaribe, Hélio Viana, Hildebrando Accioly, Hilgard Sternberg, Joaquim MattosoCâmara Jr., José Flávio Sombra Saraiva, José Francisco Rezek, José Luiz Werneckda Silva, Maria Regina Soares de Lima, Maria Yedda Leite Linhares, MarioHenrique Simonsen, Renato Janine Ribeiro e Silviano Santiago, entre outros.

     As sedesAté 1975, o Instituto Rio Branco ocupava instalações modestas na antiga

    sede do Ministério das Relações Exteriores, na Avenida Marechal Floriano, 196,antiga Rua Larga, no Rio de Janeiro. O prédio ocupado era conhecido, à época,como “ Niterói”, por estar situado do outro lado da “ baía”, representada pelo lagoque enfeita o jardim do Palácio Itamaraty. Antes do processo de transferência paraBrasília, iniciado em 1975, o Instituto chegou a ocupar um andar em prédio daAvenida Presidente Vargas, perto da igreja da Candelária.

    A transferência para a nova capital deu-se na gestão do Embaixador

    Azeredo da Silveira. Ante a carência de espaço no Anexo I do Palácio Itamaratyem Brasília, procurou-se inicialmente instalar o Instituto no campus  daUniversidade de Brasília. O Instituto acabou sendo acomodado, ainda que de forma

     precária, no oitavo andar do Anexo I, onde passou a funcionar a partir de 1977.Evidentemente, a mudança do Rio de Janeiro para Brasília implicou uma segundafundação do Instituto, que deixou no Rio de Janeiro não somente suas instalaçõesfísicas, mas também professores e funcionários. Foi preciso, assim, reconstituí-lona nova capital.

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    classificados em primeiro e segundo lugar nesse processo seletivo. Em 1978, o prêmio foi estendido, com efeitos retroativos, para os aprovados de mesma

    classificação nos concursos de provas realizados até então. Não obstante o examevestibular do CPCD tenha sido descontinuado em 1996, o prêmio continua a serconferido aos primeiros colocados no exame atual, o CACD.

    O Prêmio “Rio Branco” foi instituído por meio da Portaria de 16 de julho de1959, assinada pelo Embaixador Francisco Negrão de Lima, então Ministro deEstado das Relações Exteriores, com o objetivo de agraciar o primeiro e o segundocolocados do CPCD com medalhas de vermeil e de prata, respectivamente. Àsemelhança do Prêmio “Lafayette de Carvalho e Silva”, o Prêmio “Rio Branco”teve efeitos retroativos e foi estendido aos alunos mais bem classificados das

    edições do CPCD anteriores a sua criação. Os alunos do extinto PROFA-I, durantea vigência desse, foram agraciados com o prêmio, o qual continua a ser conferidoaos alunos do atual Curso de Formação do Instituto Rio Branco.

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    Organização

    Estrutura e competências

    O Instituto Rio Branco é responsável, nos termos da Portaria nº 212 de 30de abril de 2008, pelo recrutamento, seleção, formação e aperfeiçoamento do

     pessoal da carreira de diplomata.

    A fim de levar a cabo sua missão, o Instituto conta com estrutura e pessoal próprios para o desenvolvimento de suas atividades. É constituído pelos seguintesórgãos:

    a) Diretoria, cujas competências são coordenar a administração e organizar

    a biblioteca do Instituto, organizar os cursos de aperfeiçoamento, coordenar aimplantação dos acordos de cooperação com academias diplomáticas estrangeiras eorientar a execução do Programa de Ação Afirmativa;

     b) Coordenação-Geral de Ensino, responsável por orientar a organização doCACD e do Curso de Formação do Instituto Rio Branco;

    c) Secretaria Acadêmica, incumbida das publicações do Instituto, doregistro, controle e tratamento das provas e notas atribuídas no CACD e cursos doInstituto, de organizar reuniões do corpo docente, de bancas examinadoras e de

    comissões de avaliação;d) Secretaria Administrativa, a qual trata de orçamento e finanças, de providenciar materiais necessários à atividade do Instituto e da expedição dediplomas e certificados de conclusão;

    e) Biblioteca “Embaixador João Guimarães Rosa”, a qual possui acervo demais de 18 mil exemplares e mais de 10 mil títulos de livros, periódicos,dissertações e teses nas áreas de história, política internacional, economia,geografia, direito, filosofia, sociologia e literatura, entre outras. A Bibliotecasubscreve as principais revistas acadêmicas nacionais e internacionais das áreas

    mencionadas, além de jornais, revistas de informação e de resenhas.O Instituto é atualmente regido pelos seguintes diplomas legais:

    a) Lei nº 11.440/2006, Lei do Serviço Exterior;

     b) Decreto nº 7.304/2010, de estrutura regimental do Ministério dasRelações Exteriores;

    c) Portaria MRE nº 212 de 30 de abril de 2008, Regimento Interno daSecretaria de Estado das Relações Exteriores;

    d) Portaria MRE nº 179, de 14 de março de 2014, Regulamento do InstitutoRio Branco.

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    Os cursos do Instituto são regidos pelas seguintes normas:

    a) Portaria MRE nº 190, de 14 de março de 2014, Regulamento do Curso de

    Formação de Diplomatas do Instituto Rio Branco; b) Portaria MRE nº 189, de 14 de março de 2014, Regulamento do Curso de

    Aperfeiçoamento de Diplomatas;

    c) Portaria MRE nº 188, de 14 de março de 2014, Regulamento do Curso deAltos Estudos, alterado pela Portaria de 18 de março de 2015.

    Anualmente, o Instituto idealiza e realiza o Concurso de Admissão àCarreira Diplomática, o Curso de Formação de Diplomatas do Instituto RioBranco, o Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas, o Curso de Altos Estudos, oPrograma de Ação Afirmativa e ações de cooperação com academias diplomáticasestrangeiras, os quais serão tratados nos tópicos a seguir.

    Concurso de Admissão à Carreira Diplomática

    O CACD é o processo seletivo para ingresso na carreira de diplomata.Desde 1996, vem sendo realizado com a regularidade de pelo menos uma vez porano, e já conta 21 edições. Sucede o exame vestibular para admissão no Curso dePreparação à Carreira de Diplomata (CPCD), o qual vigorou até 1995. Desde aedição de 2002, o CACD é realizado com a colaboração do Centro de Seleção ePromoção de Eventos da Universidade de Brasília (CESPE/UnB). Trata-se deconcurso de abrangência verdadeiramente nacional, pois todas as fases sãoaplicadas em todas as capitais estaduais e no Distrito Federal.

    A aprovação no CACD habilita o candidato a ingressar no cargo de terceirosecretário da carreira de diplomata de acordo com a ordem de classificação obtidae a matricular-se no Curso de Formação do Instituto Rio Branco.

    Para além da aprovação no concurso, são requisitos para investidura nacarreira de diplomata:

    a) Ser brasileiro nato; b) Estar no gozo dos direitos políticos;

    c) Estar em dia com as obrigações eleitorais;

    d) Estar em dia com as obrigações do Serviço Militar no caso doscandidatos do sexo masculino;

    e) Apresentar diploma de conclusão de curso de graduação de nívelsuperior;

    f) Ter idade mínima de 18 anos;

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     b) Módulos profissionalizantes e palestras, com a participação deautoridades e especialistas em áreas e temas relevantes para a política externa

     brasileira, e cujo objetivo é ajustar a teoria à realidade prática;c) Palestras, também com a participação de autoridades e especialistas emáreas e temas relevantes para a política externa brasileira, para complementação daaprendizagem e formação dos alunos.

    Após os dois ou três primeiros semestres do curso, os jovens diplomatas passam a cumprir estágio profissional na Secretaria de Estado das RelaçõesExteriores concomitantemente com a realização do último semestre do curso.

    Espera-se que o aluno, ao final do Curso de Formação, tenha condições deharmonizar os conhecimentos adquiridos na universidade com o fazer diplomático.

    Ademais, a convivência com os colegas de turma e o contato com diplomatas maisexperientes em aulas e palestras durante o período de formação no Institutoconstituem verdadeira iniciação do jovem diplomata nas normas de conduta etécnicas de gestão do Itamaraty e na formulação e desenvolvimento da políticaexterna brasileira.

    Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas

    O Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas (CAD) foi criado por meio do

    Decreto-Lei nº 9.032 e implantado pelo Decreto nº 20.694, ambos de 6 de marçode 1946. Conforme o atual regulamento do Instituto, aprovado pela Portaria MREnº 189, de 14 de março de 2014, o CAD é mantido como parte do sistema detreinamento e qualificação contínuos na carreira de diplomata, com o objetivo deaprofundar e atualizar conhecimentos necessários ao desempenho das funçõesexercidas por primeiros secretários. É destinado aos segundos secretários que

     pretendem ascender à classe imediatamente superior, constituindo-se, portanto,requisito para promoção.

    Os diplomatas interessados devem efetuar a inscrição no curso de acordo

    com as normas publicadas em edital. Durante o curso, os diplomatas inscritosassistem a aulas-palestras e, ao final do curso, realizam provas de conhecimento.

    Até o presente, foram realizadas 65 edições do CAD.

    Curso de Altos Estudos

    O Curso de Altos Estudos (CAE) foi inicialmente previsto na Lei nº 3.917,de 14 de julho de 1961, a qual rezava que o curso se tornaria, após cinco anos desua instalação, condição para promoção de ministro de segunda classe a ministrode primeira classe e comissionamento na função de embaixador.

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    A efetiva criação do curso, no entanto, deu-se por força do Decreto nº79.556, de 20 de abril de 1977, o qual dispôs que o curso se tornasse requisito à

     promoção de conselheiro a ministro de segunda classe (e não mais de ministro desegunda a ministro de primeira classe) também após período inicial de cinco anos.

    A primeira edição do CAE foi realizada em 1979. Desde então, foramconcluídas 60 edições de maneira ininterrupta. Até o segundo semestre de 2015,foram aprovadas 722 teses sobre diversos temas, constituindo rico acervo para adiplomacia brasileira.

    O CAE consiste na elaboração de uma tese analítica e propositiva, comrelevância funcional e utilidade para a diplomacia brasileira ou, ainda, querepresente contribuição para a historiografia ou o pensamento diplomático

     brasileiros.Para a consecução dessa finalidade, o candidato ao CAE deve apresentar um

     projeto de tese que, uma vez aprovado pela comissão de consultores, autoriza o preparo e a apresentação da tese, que deverá ter entre 150 e 200 páginas, nãocomputados a bibliografia e anexos.

    A tese é avaliada por uma banca examinadora composta por ministros de primeira classe e subsidiada por pareceres elaborados por dois relatores. A bancaexaminadora decide se o trabalho está apto a passar à fase de defesa, quando seusautores são convocados para a arguição.

     Na fase de arguições, o candidato expõe e defende oralmente sua tese eassiste às arguições dos demais candidatos.

    Eventualmente, podem ser previstas outras atividades, tais como participação em conferências, seminários, visitas, entre outras, concomitantes coma fase de arguições.

    A banca examinadora recomenda a publicação dos trabalhos aprovados que,a seu juízo, mereçam tal distinção. A publicação é feita, normalmente, pelaFundação Alexandre de Gusmão.

    A avaliação dos trabalhos é feita no mais completo sigilo de autoria. Osexaminadores não são informados sobre a identificação dos autores dos trabalhos eesses não são informados sobre a identidade dos examinadores até a fase dearguições.

    Programa de Ação Afirmativa

    O Programa de Ação Afirmativa tem por objetivo ampliar as oportunidadesde acesso aos quadros do Ministério das Relações Exteriores e incentivar e apoiar o

    ingresso de negros na Carreira de Diplomata, por meio da concessão de Bolsa-

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    Prêmio de Vocação para a Diplomacia no valor de R$ 25.000,00, desembolsados parceladamente ao longo do ano de vigência. O Programa é realizado anualmente e

     já conta com 13 edições concluídas.São requisitos para inscrição no processo seletivo:

    a) Ser brasileiro nato;

     b) Ser negro, condição expressa por meio de autodeclaração;

    c) Estar em dia com as obrigações eleitorais;

    d) Estar em dia com as obrigações do Serviço Militar no caso doscandidatos do sexo masculino;

    e) Haver concluído curso de graduação de nível superior;

    f) Ter idade mínima de 18 anos.Trata-se de processo seletivo dividido em duas etapas. Na Primeira Etapa, o

    candidato à bolsa realiza prova objetiva, de caráter eliminatório e classificatório,com questões de Língua Portuguesa, História do Brasil e Noções de PolíticaInternacional, aplicada em diversas capitais estaduais e em Brasília.

    A Segunda Etapa, também de caráter eliminatório e classificatório,compreende a realização de entrevista técnica dos candidatos aprovados naPrimeira Etapa. Por ser realizada somente em Brasília, os candidatos têm as

    despesas de transporte e acomodação custeadas pelo Instituto. É nessa fase que ocandidato apresenta Plano de Estudos e Desembolso contendo cronogramadetalhado dos gastos previstos para os recursos da bolsa-prêmio durante os mesesde vigência do Programa. O formato e a apresentação do plano de estudos são detotal responsabilidade do candidato. Na Segunda Etapa, os aspectos avaliados são:

    a) formação acadêmica;

     b) adequação e viabilidade do Plano de Estudos e Desembolso;

    c) necessidade de apoio para realização de seus estudos preparatórios aoConcurso de Admissão à Carreira de Diplomata;

    d) expectativas pessoais sobre a Carreira Diplomática;

    e) experiência pessoal do candidato como negro;

    f) conhecimento e aceitação dos objetivos do programa.

    Os candidatos são classificados conforme a nota final no processo seletivo,a qual é obtida pela média aritmética ponderada das notas obtidas na prova objetivae na entrevista técnica.

    Considerando que a aprovação no CACD exige preparação de longo prazo,

    o Programa prevê a concessão da bolsa-prêmio a um mesmo candidato em até

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    cinco edições, mediante a aprovação nos processos seletivos correspondentes e deacordo com as seguintes condições:

    a) A primeira renovação da bolsa-prêmio é facultada a todos os candidatossem restrições;

     b) A segunda renovação da bolsa-prêmio é condicionada a desempenhosatisfatório anterior (aprovação e classificação) na primeira fase do CACD;

    c) A terceira renovação da bolsa-prêmio é condicionada a desempenhosatisfatório anterior (aprovação e classificação) na primeira e segunda fases do CACD;

    d) A quarta e última renovação da bolsa-prêmio é condicionada adesempenho satisfatório anterior (aprovação e classificação) na primeira, segunda eterceira fases do CACD.

    Cooperação internacional

    O Instituto Rio Branco coordena a implantação dos acordos de cooperaçãointernacional que abranjam memorandos de entendimento com outras academiasdiplomáticas, treinamento de diplomatas estrangeiros no Brasil e apoio paradiplomatas brasileiros estudarem em academias diplomáticas estrangeiras.

    É no escopo da cooperação internacional, por exemplo, que o Instituto

    recebe todos os anos, desde 1976, diplomatas estrangeiros bolsistas, que participamdo Curso de Formação juntamente com os novos diplomatas. A demanda poratividades de cooperação com o Instituto nos últimos anos manteve-se superior àcapacidade de oferta, a qual, em 2015, foi de 9 vagas, para candidatos ao Curso deFormação de Diplomatas da Turma de 2015-2017.

    O programa de cooperação para a formação de diplomatas estrangeiros éexecutado com o apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e daCoordenação-Geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CGCPLP),órgãos do Ministério das Relações Exteriores que se encarregam do custeio das

     passagens aéreas e das bolsas de estudo.A presença dos diplomatas estrangeiros contribui para o enriquecimento da

    formação dos diplomatas brasileiros, os quais têm a oportunidade de iniciar suascarreiras com a experiência de convivência e compartilhamento de visões e ideiascom colegas de diferentes países.

    Desde 2002, o Instituto mantém programa de intercâmbio regular com oInstituto do Serviço Exterior da Nação, da Argentina, pelo qual cada instituiçãorecebe anualmente em seu curso dois ex-alunos recentemente egressos uma daoutra.

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    Até a Turma de 2014-2015, 236 diplomatas estrangeiros, oriundos de 52 países e um organismo internacional, participaram do Curso de Formação de

    Diplomatas do Instituto Rio Branco.

    Publicações

     Revista Juca

    O Instituto publica anualmente, desde 2008, a revista  Juca, cujo conteúdo éelaborado e editado pelos alunos do Curso de Formação. Trata-se de artigosversando sobre temas da área de política internacional e correlatos. A últimaedição, de número 8, foi produzida pela Turma de 2013-2015 e lançada em 2015,

    em solenidade com o Ministro de Estado das Relações Exteriores. A publicação danona edição, sob responsabilidade da Turma de 2014-2015, está prevista para2016.

    Em 2015, foi publicada a primeira edição do Caderno de Ensaios, destinadoa divulgar trabalhos de pesquisa e opinião realizados pelos alunos no âmbito deseus estudos no Instituto Rio Branco e a contribuir para o desenvolvimento dodebate de ideias no campo das Relações Internacionais e da Diplomacia.

     Produção acadêmicaO Instituto incorpora em seu acervo, todos os anos, as teses aprovadas do

    Curso de Altos Estudos. A maioria dos mais de 700 trabalhos é de acesso público eestá à disposição para consulta na Biblioteca “Embaixador João Guimarães Rosa”.Encontra-se em fase de implantação projeto que prevê a publicação de cópiasdigitalizadas das teses do CAE no endereço eletrônico do Instituto.

    O Instituto na Internet

    O Instituto possui sítio eletrônico próprio, com informações institucionais,sobre os cursos oferecidos e sobre o Programa de Ação Afirmativa, seção de

     perguntas frequentes sobre o CACD e o Instituto e arquivos digitais relativos aconcursos, CAD e CAE. O endereço é www.institutoriobranco.mre.gov.br.

    Mensagens de correio eletrônico podem ser enviadas para o endereç[email protected].

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    II. ATIVIDADES DO INSTITUTO RIO BRANCO EM 2015

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    Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata

    O edital do CACD 2015, o primeiro concurso sob a vigência da Lei nº12.990/2014, a qual garante reserva de 20% das vagas para candidatos negros, foi

     publicado na edição de 24 de junho de 2015 do Diário Oficial da União, cominscrições abertas entre os dias 25 de junho e 3 de julho. Foram oferecidas 30vagas no total, para as quais se inscreveram 6.004 candidatos, dos quais 672 sedeclararam afrodescendentes. A relação candidato-vaga foi de 200,1. O quadro aseguir apresenta o número de inscrições por Unidade da Federação e gênero:

    UF Gênero Total

     M F

    AC 12 7 19

    AL 21 15 36

    AM 38 32 70

    AP 3 8 11

    BA 125 92 217

    CE 98 48 146

    DF 613 393 1006

    ES 55 28 83

    GO 79 58 137

    MA 33 19 52

    MG 284 179 463

    MS 38 28 66

    MT 28 24 52

    PA 68 23 91

    PB 42 20 62

    PE 121 69 190

    PI 20 20 40

    PR 212 111 323

    RJ 573 346 919

    RN 46 18 64

    RO 24 13 37

    RR 4 7 11

    RS 186 134 320

    SC 118 62 180

    SE 20 19 39

    SP 865 496 1361

    TO 6 3 9

    Total 3.732 2.272 6.004

    O concurso consistiu de três fases:

    a) Primeira Fase: prova objetiva, constituída de questões do tipo CERTO ou

    ERRADO de Língua Portuguesa, História do Brasil, História Mundial, Geografia,Política Internacional, Língua Inglesa, Noções de Economia, Noções de Direito eDireito Internacional Público, de caráter eliminatório, aplicada no dia 2 de agosto;

     b) Segunda Fase: prova escrita de Língua Portuguesa, de carátereliminatório e classificatório, aplicada no dia 30 de agosto;

    c) Terceira Fase: provas escritas de História do Brasil, Política Internacionale Geografia, Língua Inglesa, Noções de Economia, Noções de Direito e DireitoInternacional Público, e prova objetiva de Língua Espanhola e Língua Francesa, decaráter eliminatório e classificatório, aplicadas nos dias 31 de outubro e 1º, 7 e 8 de

    novembro;

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    O edital e o programa das matérias constantes do CACD 2015 podem seracessados na seção “Textos legais publicados em 2015”, nos Anexos deste anuário. 

    Provas

     Primeira Fase

    A prova objetiva consistiu de 73 questões do tipo múltipla escolha e do tipoCERTO ou ERRADO, divididas em 14 de Língua Portuguesa, 13 de LínguaInglesa, 12 de Política Internacional, 11 de História Mundial, 6 de Noções deDireito e Direito Internacional Público, 6 de Noções de Economia, 6 de História doBrasil e 5 de Geografia. Foi aplicada em duas etapas, uma pela manhã, outra à

    tarde.Cópia eletrônica dos cadernos de questões encontra-se disponível na página

    do CACD 2015 no sítio do Cebraspe, .

    Segunda Fase

    A prova consistiu de redação sobre tema geral, com extensão de 600 a 650 palavras e valor de 60 pontos, e de dois exercícios de interpretação, de análise ou

    de comentário de textos, com extensão de 120 a 150 palavras e valor de 20 pontos,cada.

    Redação

     Há hoje, entre nós, numerosos salvadores e “grandes” pregadores do espírito nacional. Alembrança de Camões, mais ou menos estruturada à fisionomia ardente de Péguy, incita nossosescribas, determinados a desvendar o segredo das agruras políticas que nos castigam. Que Deus meafaste de semelhante infantilidade, de tão enfatuada tolice. Se procuro com certa insistência aquilo que

     poderia me indicar a marca de um “espírito brasileiro”, é para definir a mim mesmo e encontrar emmeu íntimo a permanência desses valores nacionais que determinam a existência de um verdadeiroescritor. E, se assim procedo, é exatamente porque não sinto muito vivas as minhas raízes, sofro antesde uma carência que me põe constantemente inquieto e me faz debruçar sobre todos esses tristes

     problemas com um mal-estar que se avizinha da repugnância. Não fossem a certeza de que umaessência verdadeira existe, em qualquer escuro desvão desse país de ambições diminutas (a ambição,como o apetite, é um dos sintomas mais vivos de vitalidade), e a certeza sobre o fato de podermosadaptar livremente nossos sonhos de realidade e sobrevivência, talvez de há muito tivesse deixado deremoer essas questões; resta que não somos escritores em vão, como um instrumento vibrado pel