ano 129 • nº 2.186 • maio 2011

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FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 129 • Nº 2.186 • Maio 2011 D EUS , C RISTO E C ARIDADE R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749

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Page 1: Ano 129 • Nº 2.186 • Maio 2011

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 129 • Nº 2.186 • Maio 2011D EUS , CR I S TO E CAR I D ADE

R$ 5,00

ISSN 1

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo Cristão

Ano 129 / Maio, 2011 / N o 2.186

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO NOLETO

BEZERRA, GERALDO CAMPETTI SOBRINHO,MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA E

SADY GUILHERME SCHMIDT

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:

SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:

Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual R$ 39,00

Número avulso R$ 5,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 35,00

Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mail: [email protected]

Editorial

Prática mediúnica espírita

Entrevista: Silberto João Gonçalves de Jesus

Contribuição com a harmonia do Planeta

Presença de Chico Xavier

Álbum materno – Irmão X

Esflorando o Evangelho

Granjeai amigos – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Esperanto na Comissão Regional Nordeste – Affonso Soares

Seara Espírita

O Livro dos Médiuns – Formação dos médiuns (Capa)

Lei de Sociedade – Christiano Torchi

Coração maternal – Meimei

O maná da alma – Richard Simonetti

Pão de Luz – Mário Frigéri

Os bons espíritas – Clara Lila Gonzalez de Araújo

O Livro dos Médiuns em seus 150 anos –

Vinícius Lousada

Trabalho – Alfredo Nora

Em dia com o Espiritismo – Influência espiritual –

Marta Antunes Moura

Casas e Causa – Antonio Cesar Perri de Carvalho

As mães de Chico Xavier – Célia Diniz

Congresso Goiano tem presença do Governador do

Estado e lançamento de selo

Estudo das obras fundamentais do Espiritismo –

Geraldo Campetti Sobrinho

Retorno à Pátria Espiritual – Jaques Albano da Costa

/ Elias Barbosa

A relação de trabalho na Casa Espírita –

Xerxes Pessoa de Luna

Centenário de Chico Xavier foi encerrado em Belo

Horizonte e Pedro Leopoldo

Composição dos Órgãos da FEB após a Reunião do

Conselho Superior de março de 2011

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Editorial

Práticamediúnica espírita

esde os primeiros registros relacionados com a existência da Humanidadena Terra, constata-se a comunicação dos homens com os Espíritos dosseus antepassados. Isto significa dizer que a mediunidade está presente na

vida dos homens desde os seus primórdios. A História registra esta presença nosrelatos da vida social e política, mas, principalmente, nos referentes à Religião.

Veja-se, entre outros, os fatos narrados no Velho e no Novo Testamento, especial-mente em Atos dos Apóstolos, e demonstrados em atividades mais recentes.

Incapacitados de entender esse fenômeno, os homens, em geral, os religiosos, emespecial, e os próprios médiuns, em particular, classificavam os portadores dessafaculdade mediúnica como santos ou feiticeiros, dependendo, à luz da sua própriacompreensão, de como se apresentava o fenômeno: bom ou mau.

Partindo de uma observação judiciosa, lógica, de base científica, Allan Kardecdesvendou as leis que regem a prática mediúnica, ou a comunicação entre osEspíritos e os homens. Publicou, inicialmente, O Livro dos Espíritos, em 1857, quetrouxe as noções basilares sobre esse fenômeno. E, em 1861, editou O Livro dos Mé-diuns, no qual aprofundou a análise desse assunto, demonstrando as suas leis e orien-tando a sua prática, que deve ser sempre realizada dentro dos princípios moraisestabelecidos no Evangelho de Jesus, que refletem, com fidelidade, as Leis de Deus.

É por isso que o texto “Conheça o Espiritismo – uma Nova Era para a Huma-nidade”, divulgado pela Federação Espírita Brasileira, pelo Conselho Espírita In-ternacional, assim como por demais instituições espíritas, esclarece que semprehouve, há e haverá a comunicação dos Espíritos com os homens, independente-mente da religião daqueles que a praticam ou da diretriz doutrinária de vida queadotem: materialista ou espiritualista.

Desta forma, e observando que o fenômeno mediúnico em si mesmo é neutro, istoé, não é bom nem mau, constata-se que “prática mediúnica espírita, só é aquela queé exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã”. 1

D

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1“Conheça o Espiritismo – uma Nova Era para a Humanidade”. Texto aprovado pelo Conselho FederativoNacional da Federação Espírita Brasileira, em 1996, e pelo Conselho Espírita Internacional, em 1998,como parte da Campanha de Divulgação do Espiritismo.

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comum as casas espíritasbrasileiras disporem, nos diasatuais, de estudo regular da

Doutrina Espírita, destinado ao es-clarecimento dos futuros trabalha-dores espíritas, até mesmo para osque demonstram possuir vincula-ções com a área da mediunidade.Tal atividade tem como base ensi-namentos fornecidos por Espíritossuperiores que destacam a impor-tância do conhecimento doutrinário.Assim, em O Livro dos Médiuns,Segunda parte, capítulo XVII,Allan Kardec transmite importan-tes orientações, fundamentais à for-mação de médiuns, de grande valiapara os médiuns iniciantes e paraas pessoas que já se encontram inte-gradas em um grupo mediúnico.

Antes de focalizarmos as ideiasdesenvolvidas no capítulo supraci-tado, recomendamos a leitura doscapítulos anteriores, fonte de doisimportantes conjuntos de esclareci-mentos espíritas: 1) ação, caracterís-ticas e consequências das manifesta-ções físicas e intelectuais dos Espí-ritos – capítulos I a X; 2) classifica-ção dos médiuns, segundo a diversi-

dade de manifestação da faculdademediúnica – capítulos XI ao XVI.

Os principais pontos destacadospor Kardec, relativos à formação dosmédiuns, são indicados em seguida.Lembramos, porém, que esses pon-tos tiveram como referência as aná-lises e as observações do Codificador

junto aos médiuns escreventes,utilizados para ilustrar o assunto.

Como saber se alguém éportador de mediunidade

[...] não dispomos até hoje de

nenhum meio para diagnosticar,

Formação dos médiuns

É

O Livrodos Médiuns

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ainda que de forma aproximada,

que alguém possua essa facul-

dade. Os sinais físicos, que algu-

mas pessoas tomam por indí-

cios, nada têm de infalíveis. [...]

Só há um meio de comprovar

sua existência: é experimentar.1

Resumo das orientaçõesao médium principiante

O desejo natural de todo aspi-

rante a médium é o de poder

conversar com os Espíritos das

pessoas que lhe são caras; deve,

porém, moderar a sua impa-

ciência porque a comunicação

com determinado Espírito apre-

senta muitas vezes dificuldades

materiais que a tornam impos-

sível ao principiante. Para que

um Espírito possa comuni-

car-se, é preciso que haja rela-

ções fluídicas entre ele e o mé-

dium. [...] Só à medida que a

faculdade se desenvolve é que

o médium adquire pouco a

pouco a aptidão necessária para

pôr-se em comunicação com

o Espírito que se apresente.

Pode acontecer [...] que aquele

com quem o médium deseje

comunicar-se não esteja em

condições propícias a fazê-lo,

embora se ache presente, co-

mo também pode suceder que

não tenha possibilidade, nem

permissão para atender ao

pedido que lhe é feito. Antes,

pois, de pensar em obter comu-

nicações de tal ou tal Espírito,

é preciso que o aspirante se em-

penhe em desenvolver a sua

faculdade [...].2

No médium aprendiz, a fé não é

condição rigorosa; sem dúvida

lhe secunda os esforços, mas

não é indispensável; a pureza de

intenção, o desejo e a boa von-

tade bastam.3

Uma coisa ainda mais impor-

tante a ser observada [...], é a

calma, o recolhimento que se

deve ter, aliados ao desejo ar-

dente e à firme vontade de con-

seguir-se o que se quer [...] uma

vontade séria, perseverante,

contínua, sem impaciência nem

desejo febricitante.4

O médium principiante não deveexercitar a mediunidade isolada-mente, a sós:

Outro meio, que também pode

contribuir fortemente para desen-

volver a faculdade, consiste em

reunir-se certo número de pes-

soas, todas animadas do mesmo

desejo e comungando na mesma

intenção [...].5

Escolhos da práticamediúnica

Kardec destaca um fato que,ainda hoje, é causa de vulnerabili-dade aos médiuns: as relações comEspíritos moralmente inferiores,principalmente com os que con-servam traços de maldade. Eis oque tem a dizer a respeito:

[...] Devem [os médiuns] estar

muito atentos para que tais Espí-

ritos não assumam predomínio,

porque, caso isso aconteça, nem

sempre lhes será fácil desem-

baraçar-se deles. Este ponto é

de tal modo importante [...] que,

não sendo tomadas as precau-

ções necessárias, podem-se

perder os frutos das mais belas

faculdades.6

Mais adiante, retorna ao assunto,reafirmando que “se o médiumdeve fazer tudo para não cair sob adependência dos Espíritos maus,mesmo que de forma involuntária,mais ainda deve fazê-lo para nãocair voluntariamente”.7

Nessas circunstâncias, a sólidabase espírita do médium, asso-ciada à respeitável conduta moral,não lhe permitem dar ouvidos aideias e informações aparente-mente inócuas transmitidas poralguns Espíritos, que não têm o me-nor escrúpulo em assinar a comu-nicação com o nome de entidadesveneráveis:

Todos os dias a experiência nos

traz a confirmação de que as difi-

culdades e os desenganos encon-

trados na prática do Espiritismo

resultam da ignorância dos prin-

cípios desta ciência [...].8

O exercício mediúnico, comotudo na vida, está sujeito à lei deprogresso. Nenhum médium nascepronto, pois a mediunidade é facul-dade dinâmica. Os aprendizadosadquiridos pelo estudo, pela expe-riência e pelo esforço de perseverarno bem apresentarão os frutos, nomomento propício. Nesse aspecto,é preciso considerar que os pro-gramas destinados à formação de

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Capa

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médiuns, por melhores que sejam,não são infalíveis, visto que o mé-dium, em si, representa um uni-verso de aprendizado, como bemacentua Kardec:

[...] Embora cada um traga em

si o gérmen das qualidades ne-

cessárias para se tornar médium,

tais qualidades existem em graus

muito diferentes e o seu desen-

volvimento depende de causas

que criatura alguma pode pro-

vocar à vontade. As regras da

poesia, da pintura e da música

não fazem que se tornem poe-

tas, pintores ou músicos os que

não possuem o gênio dessas

artes [...].9

Perda e suspensão damediunidade

Independentemente do gênerode mediunidade que o médiumpossua, a faculdade “está sujeita a

intermitências e a suspensões tem-porárias”,10 relacionadas a váriosfatores: “O uso que ele faz da suafaculdade é o que mais influi paraque os Espíritos o abandonem”.11

Doença, cansaço, peso, certas pro-vações, obsessão são outras situa-ções que podem dificultar ou im-pedir o exercício mediúnico, deforma temporária ou permanen-te. São ocorrências facilmente com-preendidas e acatadas pelo mé-dium esclarecido.

Nessas circunstâncias, os pro-gramas de preparação de médiunsdevem, necessariamente, objetivaro seu esclarecimento doutrinário e asua melhoria moral, respectiva-mente com base nas lições do Es-piritismo e do Evangelho. A pro-pósito, ensina o Codificador:

Ao lado dos médiuns propria-

mente ditos, aumenta diariamen-

te o número de pessoas que se

ocupam com as manifestações

espíritas. Guiá-las em suas ob-

servações, assinalar-lhes os obs-

táculos que certamente encon-

trarão [...] iniciá-las na maneira

de conversarem com os Espíritos,

ensinar-lhes os meios de conse-

guirem boas comunicações, tal

é a esfera que devemos abranger,

sob pena de fazermos trabalho

incompleto.9

Referências1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad.

Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2009. P. 2, cap. 17, it. 200.2______. ______. It. 203, p. 312-313.

3______. ______. It. 209.

4______. ______. It. 204.

5______. ______. It. 207.

6______. ______. It. 211, p. 320.

7______. ______. It. 212, p. 321.

8______. ______. P. 1, Introdução.

9______. ______. p. 14.

10______. ______. P. 2, cap. 17, it. 220,

p. 327.11

______. ______. It. 220, subit. 3.

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Capa

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ue impactos sofreria umapessoa que conseguisse vi-ver completamente isolada

da sociedade por dilatado tempo?No romance Robinson Crusoé, oescritor Daniel Defoe (1660-1731)conta a história de um jovem ma-rinheiro inglês que, depois de umnaufrágio, foi compelido a viver sóem uma ilha durante quase 30 anos.Na obra, o autor narra as peripé-cias vividas pelo personagem queenfrenta grandes dificuldades parasobreviver, alheio aos valores e in-tercâmbios sociais, até descobrirque não está só.

No filme Náufrago, o persona-gem vivido pelo ator Tom Hanks,no papel de Chuck Noland, enge-nheiro de sistemas de uma multi-nacional de entrega de encomen-das, experimenta semelhantes pro-blemas ao ver-se isolado por cercade quatro anos em pequena ilha,como único sobrevivente à quedade um avião. Para driblar a solidãoe passar o tempo, adota como com-panhia uma bola de vôlei, rema-nescente dos destroços do acidenteaéreo, com a qual passa a “dialo-gar”. Em condições normais, qual-quer pessoa que assim agisse seriatachada de louca, por conversarcom um objeto, mas não para ele,

que se encontrava em situação deextremo isolamento.

Para surpresa dos conterrâneos,que acreditavam na morte de No-land, ele retorna à civilização, de-pois de ser resgatado por um navio,mas encontra um ambiente to-talmente modificado.A noiva de en-tão contraiu núpcias com outro ho-mem, o ambiente de trabalho já nãoera mais o mesmo. Por esses e outrosmotivos, vê-se compelido a repensarvalores e a recomeçar nova vida.

Histórias como essas, emboraurdidas na mente criativa dos escri-tores e algumas vezes inspiradasna realidade, fazem-nos refletir so-bre a finalidade e a importância davida social, bem como da comu-nicação, às quais nem sempre da-mos o devido valor.

A vida em sociedade é umanecessidade básica do ser humano.Trata-se de uma Lei da Natureza,conforme a qualificam os guiasda Humanidade, no capítulo VII,Livro III, de O Livro dos Espíritos.Atribui-se a Aristóteles, filósofoda Antiguidade, o aforismo “o ho-mem é um animal social”. E comrazão! Ser gregário por natureza,o homem sempre viveu em socie-dade, sociabilidade que é ins-tintiva em todos nós.

Não conseguimos viver sem ooutro. Por isso, os mentores espi-rituais ensinam que o isolamentoabsoluto é contrário à natureza.De fato, o progresso é fruto da in-teração e da colaboração entre aspessoas. Ninguém evolui sozinho.Como os seres humanos não pos-suem aptidões iguais nem facul-dades completas, precisam uns dosoutros, da união social que lhesassegura bem-estar e progresso.

Da mesma forma, a construçãodo bem não é obra de um homemsó. Toda conquista nesse setor éfruto do esforço continuado dosEspíritos, que se revezam, de reen-carnação em reencarnação, com amissão de dar seu contributo para asgerações futuras, no permanenteesforço da implantação do Reinode Deus na Terra, uma vez que “aevolução requer da criatura a ne-cessária dominação sobre o meioem que nasceu”.1

De retorno ao plano físico, queum dia deixou, vai encontrá-lo mo-dificado, transformado, para piorou para melhor, conforme semeoucom suas atitudes no passado.

Q

Lei de SociedadeCH R I S T I A N O TO RC H I

1VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. PeloEspírito André Luiz. 31. ed. 3. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2010. Cap. 9, p. 43.

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E se reunirá, por afinidade, no san-tuário da família e em outros nú-cleos sociais, às pessoas com asquais precisa compartilhar para sedesenvolver, resgatar seus débitos,encetar o seu progresso, ou dar--lhe continuidade.

Fala-se muito dos aspectos po-sitivos da biodiversidade, da qualdependeria a sobrevivência da Hu-manidade. Com o homem não édiferente. A riqueza da diversidadesocial é o trunfo da civilização e doprogresso. Isso nos mostra a sabe-doria divina em nos fazer únicos,diferentes, embora sejamos iguaisna essência. Parece contraditório,mas a diferença que poderia, aprincípio, ser um pretexto para nosseparar, na verdade serve paranos unir. Além disso, a vida em so-ciedade, que congrega pessoas devárias faixas evolutivas, proporcio-na aos mais fortes a oportunidadede amparar os mais fracos, o que,aliás, é um dever imposto pelaprópria consciência.

Entretanto,a vida em sociedadetem suas imposições. É que nemsempre é fácil compartilhar expe-riências com o próximo. Ondevivem duas ou mais pessoas,existem limites a ser res-peitados, regras a ser ob-servadas, porque o di-reito de um indivíduotermina onde começa odo outro. Por isso, como passar do tempo e oaumento da população,o homem sentiu necessi-dade de criar normas deconduta, de acordo comas suas necessidades, sua

cultura e evolução, de modo a regu-lar os conflitos de interesses que sur-gem dessas relações sociais, quedependem, para o seu desenvolvi-mento, de um processo de comu-nicação cada vez mais eficaz.

Porém, não basta comunicar. Épreciso saber comunicar e com queobjetivo. E essa é uma ciência da qualainda somos trôpegos aprendizes.Inscientes de que o dom da comu-nicação nos foi concedido comomeio de aproximação e entrosa-mento, para o aprimoramento davida em sociedade, não raro delaabusamos, utilizando-a como ins-trumento de domínio, a fomentardiscórdias e insegurança.

Possuindo os indivíduos habi-lidades e talentos variados, é natu-ral que entre eles haja dissensõesoriundas de pontos de vista dife-rentes. Contudo, se tiverem humil-dade e disposição, as chances deentendimento aumentarão, pois

sempre é possível apren-der algo com alguém,não importa suaclasse social, o nívelde seu intelecto, a

faixa etária, a raça ou o sexo. Ogrande desafio está em aproveitaressas diferenças em favor do bemcoletivo.

Apesar disso, ainda existem or-dens religiosas, cada vez mais raras,que se isolam, a pretexto de servira Deus, o que caracteriza “uma fugainjustificável às responsabilidadesdo dia a dia”.2 Outras, além do iso-lamento, adotam o chamado “votode silêncio absoluto”, olvidando quea palavra é uma faculdade necessá-ria à vida de relação concedidapelas leis divinas. Somente o abusoé condenável, pelo qual semprerespondemos.

Não se nega, todavia, a utilidadedo silêncio nas meditações, nas pre-ces, com a finalidade de proporcio-nar contato mais proveitoso com osvalores espirituais. Ele é necessário,quando oportuno, porque pelo si-lêncio interior criamos condiçõesde nos comunicar mais claramentecom os nossos protetores espiri-

2FRANCO, Divaldo P. Leis morais da vida.Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 9. ed.Salvador: LEAL, 1999. Cap. 31, p. 123.

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tuais que nos amparam em nossajornada evolutiva. Contudo, esseisolamento é cíclico e por temporeduzido, tendo por finalidaderetemperar nossos sentimentos epensamentos, com vistas à conti-nuidade da vida em sociedade, quereclama o contato permanente comos nossos semelhantes.

Ressalve-se, porém, a atitudedaqueles que buscam no insula-mento a realização de certos traba-lhos, com o objetivo de servir aHumanidade, no campo científicoou em outro qualquer, os quais tam-bém exigem renúncia e solidão:“Esse não é o retiro absoluto doegoísta. Eles não se isolam da socie-dade, já que trabalham para ela”.3

O progresso enorme dos meiosde comunicação, a expansão do co-mércio, a globalização e o aumentoda concentração do número depessoas nas cidades, entre outros

fatores, têm contribuído para osurgimento de problemas de difícilsolução, tais como a poluição am-biental, a miséria, a desigualdadesocial, a criminalidade, as dro-gas, o desemprego, o racismo, asdoenças sexualmente transmissí-veis, entre outros.

Essas questões sociais exigemdo homem moderno a necessidadecada vez maior de adaptação aomeio ambiente, tendo em vista oaprimoramento das relações so-ciais, e se constituem mesmonum gigantesco desafio aos go-vernos, aos estudiosos e especia-listas. Entretanto, os homens so-mente resolverão esses gravesproblemas, em definitivo, quan-do adotarem as virtudes ensina-das por Jesus:

Toda a moral de Jesus se resume

na caridade e na humildade, isto

é, nas duas virtudes contrárias ao

egoísmo e ao orgulho. Em todos

os seus ensinos, Ele aponta essas

duas virtudes como sendo as

que conduzem à eterna felici-

dade [...].4

Quando os homens as adotarem

como regra de conduta e como

base de suas instituições, com-

preenderão a verdadeira frater-

nidade e farão que entre eles

reinem a paz e a justiça.5

Enfim, a Lei de Sociedade é a pe-dagogia de que se serve a Inteligên-cia Suprema para educar as criatu-ras, a fim de que elas conquistempor si mesmas a perfeição que lhesestá destinada por herança divina.

A vida em sociedade,gostemos ounão dela, é uma imposição da Natu-reza, que nos conclama à solidarie-dade e nos impulsiona ao progressointelectual e moral, enquanto oisolamento sufoca e embrutece o ho-mem em todos os sentidos.

3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro:FEB, 2010. Q. 771a.

4Idem. O evangelho segundo o espiritismo.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2010. Cap. 15, it. 3, p. 302.

5Idem, ibidem. Cap. 11, it. 4, p. 221.

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Reformador: Quais são as linhasde atuação da Feetins? Silberto: Estamos focados emadequar a estrutura da Feetins,no que tange ao planejamentogeral da Instituição e para o Mo-vimento, alinhado com o “Planode Trabalho para o MovimentoEspírita Brasileiro (2007-2012)”,do Conselho Federativo Nacionalda FEB, e implementação de todasas sete diretrizes, desenvolvendoo trabalho de unificação e o tra-balho em equipe, integrando todasas áreas.

Reformador: Como se desen-volve o trabalho federativo emTocantins?Silberto: Elaboramos uma agen-da de trabalho em conjuntocom os assessores regionais decada Região, baseada no cená-rio das Regiões, e já contem-plada no planejamento da Ins-tituição. Este ano a diretoriaestá visitando todos os centros

para elaborarmos o trabalho di-retamente com eles, dentro daproposta que foi apresentadana Reunião do CFN da FEB doano de 2010: trabalhar com oscentros.

Reformador: Há eventos federa-tivos no Interior do Estado?Silberto: Promovemos as jorna-das federativas, nas quais leva-mos todos os dirigentes das se-te áreas, em que cada Área ouveos problemas e as demais difi-culdades enfrentadas, e em se-guida fazemos apresentações decada Área norteadas dentro doplano federativo. Os pro-blemas levantadossão trabalhados ecada Área dá o

feedback aos centros, por meiodo assessor ou diretamente. Semi-nários, palestras, participação

S I L B E RTO JO Ã O GO N Ç A LV E S D E JE S U SEntrevista

Contribuição com a

harmonia do PlanetaSilberto João Gonçalves de Jesus, presidente da Federação Espírita doEstado do Tocantins, discorre sobre o Movimento Espírita no Estado

e propõe o trabalho de difusão e de amor para que possamoscontribuir com a harmonia do Planeta

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nas semanas espíritas dos cen-tros, Feira Amor etc.,

Reformador: Há muitos centrosnas cidades pequenas do Interior? Silberto: Há poucos, e estamosadequando a estrutura da Fee-tins para dividir e criar novas re-giões, visando melhorias contí-nuas nas áreas, para desenvol-ver o trabalho mais efetivo nes-sas cidades.

Reformador: Há algum plane-jamento para os 150 anos de OLivro dos Médiuns? E tambémoutras programações?Silberto: Vamos realizar o 2o

Congresso Espírita do Estado,nos dias 16, 17 e 18 de setembro,com o tema central “Mediuni-dade e Evolução”, e já temos con-firmada a presença de vários ex-positores. Faremos uma divulga-ção na mídia em geral, bem comopalestras sobre os 150 anos docitado livro, e vários centros, den-tro de suas programações, tam-bém vão inserir essa temática,inclusive em algumas semanasespíritas das regiões.

Reformador: Teria algum recadoao leitor de Reformador?Silberto: – Sim, diante de tantosflagelos que estão acontecendo emnosso planeta,que meditemos muitosobre a continuação da vida após amorte e sobre a influência dos nos-sos irmãos desencarnados em nossodia a dia. Vamos amar e instruir,procurar conhecer a verdade, pa-ra que possamos contribuir com aharmonia do Planeta.

12 Reformador • Maio 2011 170

Coração maternalãe, que te recolhes no lar atendendo à Divina Vontade, nãofujas à renúncia que o mundo te reclama ao coração.

Recebeste no templo familiar o sublime mandato da vida.Muitas vezes, ergues-te cada manhã, com o suor do trabalho, e

confias-te à noite, lendo a página branca das lágrimas que te manamda alma ferida.

Quase sempre, a tua voz passa desprezada, como vazio rumor, noalarido das discussões domésticas, e as tuas mãos diligentes servem,com sacrifício, sem que ninguém lhes assinale o cansaço...

Lá fora, os homens guerreiam entre si, disputando a posse efême-ra do ouro ou da fama, da evidência ou da autoridade... Além, amocidade, em muitas ocasiões, grita festivamente, buscando o men-tiroso prazer do momento rápido...

Enquanto isso, meditas e esperas, na solidão da prece com que teelevas ao Alto, rogando a felicidade daqueles de quem te fizeste ogênio guardião.

Quando o santo sobe às eminências do altar, ninguém te vê nasamarguras da base, e quando o herói passa, na rua, coroado de lou-ros, ninguém se lembra de ti na retaguarda de aflição.

Deste tudo e tudo ofereceste; entretanto, raros se recordam de queteus olhos jazem nevoados de pranto e de que padeces angustiosafome de compreensão e carinho.

No entanto, continuas amando e ajudando, perdoando eservindo...

Se a ingratidão te relega à sombra na Terra, o Criador de tua mila-grosa abnegação vela por ti, dos Céus, através do olhar cintilante demilhões de estrelas.

Lembra-te de que Deus, a fonte de todo o amor e de toda a sabe-doria, é também o grande anônimo e o grande esquecido entre ascriaturas.

Tudo passa no mundo...Ajuda e espera sempre.Dia virá em que o Senhor, convertendo os braços da cruz de teus

padecimentos em grandes asas de luz, transformará tua alma emastro divino a iluminar para sempre a rota daqueles que te propu-seste socorrer.

Meimei

Fonte: XAVIER, Francisco C. Luz no lar. Por Espíritos diversos. 12. ed. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 47.

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Centro Espírita Amor e Ca-ridade (CEAC), de Bauru,do qual participo desde

os verdes anos, completou, em2009, 90 anos, sempre buscandocumprir as duas disposições bá-sicas que devem estar em qual-quer estatuto espírita:

a) promover o estudo, a difu-são e a prática do Espiritismo noseu tríplice aspecto: científico, filo-sófico e religioso, com base nasobras da Codificação efetuada porAllan Kardec, com vistas à vivên-cia do Evangelho de Jesus peloshomens, de maneira voluntária,consciente e permanente.

b) fundar e manter serviços eprogramas gratuitos, de nature-za educacional, cultural e assis-tencial, visando a promoção dacriatura humana, sem qualquerdistinção ou discriminação decondição social, sexo, cor ou ra-ça, credo político ou religioso enacionalidade.

Nesta segunda disposição des-dobram-se múltiplas atividades– creche, albergue, atendimentoà população de rua, orientaçãofamiliar, acompanhamento escolar,cursos profissionalizantes, orien-tação à gestante, assistência aosenfermos nos hospitais e outrosserviços, mobilizando perto de900 voluntários.

Perguntam-me como o Centroconsegue mobilizar tanta gente.

Não é nenhuma mágica nemé a população bauruense maisgenerosa que as demais.

Trata-se simplesmente de mo-tivação.

A tônica nas palestras, cursose reuniões de estudos é sempre amesma: trabalho.

É preciso arregaçar as mangas.Não se entende o espírita mero

frequentador de reuniões, o chama-do esquenta cadeira ou papa-passes.

É preciso participar, conside-rando que nosso futuro dependede desenvolvermos a vocação deservir, que caracteriza os Espíri-

tos conscientes da paternidadedivina, e que o conhecimentoda verdade implica compromissocom ela.

A verdade é exigente. Não ad-mite indiferença ante suas reve-lações.

Uma das atividades mais an-tigas do CEAC é o albergue no-turno. Desde 1951, quando come-çou a funcionar, passaram porsuas dependências, perto de 800mil migrantes, o dobro da po-pulação bauruense, sempre como empenho de oferecer banho,alimentação, pouso e encami-nhamento, um verdadeiro hoteldos pobres, de serviços inteira-mente gratuitos.

Há alguns anos o Jornal O Globo,entrevistando migrantes no Rio,perguntou qual o melhor alber-gue pelo qual tinham passado.Resposta: o de Bauru.

Esse destaque é o resultado deuma humanização do serviço,

OR I C H A R D S I M O N E T T I

O manáda alma

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graças à presença de voluntáriosque atendem aos albergados, emequipes que se revezam na sema-na, uma equipe para cada dia.

Estão ali para servir, buscandodar ao migrante atenção e calorhumano, que geralmente faltam aosque exercitam atividade profissio-nal nesse setor.

Figuras de destaque da socieda-de bauruense, juízes, promotores,vereadores, empresários, profes-sores, bancários, ali prestaram ser-viços como plantonistas.

Numa cerimônia em que oCEAC recebeu menção honrosa,concedida pela Câmara Munici-pal de Bauru, pelos 90 anos deserviços prestados à comunidade,o vereador José Roberto Segallarevelou que aprendeu muito nocampo da solidariedade humana,quando trabalhou como planto-nista no albergue.

Melhor que isso, percebemostodos que não há alegria maiordo que a que sentimos quandonos dispomos a servir.

É assim que nos habilitamos aviver como filhos de Deus, cum-prindo seus sagrados desígnios.

No universo de migrantes aten-didos, muitos literalmente muda-ram de vida, com as orientações eajuda recebidas. Há até os que su-peraram a ideia do suicídio, a par-tir de uma conversa, um estímulo,uma orientação dos plantonistas.

Por outro lado, ouvimos, fre-quentemente, dos voluntários quefazem o atendimento, depoimentosassim:

– Eu vivia atormentado, achandoque meus problemas eram dema-siadamente complexos, que opeso de minha cruz era muitogrande. Mudei radicalmente quan-do comecei a trabalhar no al-bergue. Agora sei o que é sofri-mento, convivendo com irmãostão carentes. Compreendo ago-ra que nossa felicidade dependeda felicidade que estendamosao próximo.

Trabalhos desse tipo envolvemsacrifício de nossos interesses e la-zeres. Exigem, também, o firme em-penho para vencer a indiferençaque caracteriza o homem comum.

No entanto, sabem aquelesque o fazem quão gratificantessão essas atividades.

O corpo cansa, mas o espíritolevita.

O suor do Bem é o maná daalma.

Quando internalizamos essaconvicção ocorre uma mudançaradical em nossa vida.

Já não nos sentimos tranquilose felizes se não nos vinculamosao empenho do Bem.

Fazer algo pelo próximo passaa ser o nosso alento, a nossa vida.

Um velho ditado revela: Quemnão vive para servir não serve paraviver.

Diríamos que, literalmente,quem não serve, não vive de ver-dade, não está integrado nos

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ritmos da Natureza, como dizGabriela Mistral:

Toda a Natureza é um anelo deserviço.Serve a nuvem, serve o vento,serve o sulco.Onde houver uma árvore a plan-tar, planta-a tu;Onde houver um erro para corrigir,corrige-o tu;Onde houver uma tarefa que todosrecusem, aceita-a tu.

Sê tu quem tira a pedra do cami-nho, o ódio dos corações e as difi-culdades dos problemas.

Há a alegria de ser sincero, a ale-gria de ser justo;Há, sobretudo, a incomparávelalegria de servir.

Como seria triste o mundo se tudojá estivesse feito.Se não houvesse uma roseira paraplantar,uma iniciativa a desenvolver.

Não te seduzam somente as obrasfáceis.É belo fazer o que outros se recusama executar.

Não cometas, porém, o erro depensar que só tem merecimentoexecutar as grandes obras;Há pequenos préstimos que são bonsserviços:enfeitar uma mesa, arrumar unslivros, pentear uma criança...Aquele é quem critica, este é quemdestrói.Sê tu quem serve.

O servir não é próprio dos seresinferiores.Deus, que nos dá o fruto e a luz,serve sempre.Poderia chamar-se o Servidor.

E tem seus olhos fixos em nossasmãos,e nos pergunta todos os dias:Serviste hoje? A quem?À árvore? Ao teu amigo? À tua mãe?

Pão de Luz

Mário Frigéri

Jesus é meu pão de luz,

O mais sublime alimento:

Nele eu encontro o sustento

Que me faz tão leve a cruz.

Jesus é meu pão do céu,

Sol gentil da caridade,

Que suavemente invade

O meu coração fiel.

Jesus é meu pão da vida,

Celestial substância

Que transforma toda ânsia

Numa paz enternecida.

Jesus – oculto maná

Que a minha alma acalenta:

Quem de Jesus se alimenta,

Só por Jesus viverá.

O mundo às vezes seduz

Com faiscante farelo,

Mas para meu grande anelo

Só existe um pão – Jesus.

Espero um dia, assim,

Bradar do último aclive:

– Já não sou mais eu quem vive;

É Jesus que vive em mim!

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu.”

– Jesus. (João, 6:51.)

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nós respigamos alguns tópicos doálbum repleto de fotos, que descan-sava na penteadeira de Dona Silvéria

Lima, ao lermos, enternecidamente, a história do fi-lho que ela própria escrevera.

1941 – outubro, 16 – Meu filho nasceu no dia 12.Sinto-me outra. Que alegria! Como explicar o misté-rio da maternidade? Meu Deus, meu Deus!... Estoutransformada, jubilosa!...

Outubro – 18 – Meu filho recebeu o nome deMaurício. Aos seis dias de nascido, parece um tesourodo Céu em meus braços!...

Outubro – 20 – Recomendei a Jorge trazer hojeum berço de vime, delicado e maior. O menino ébelo demais para dormir no leito de madeira que lhearranjamos. Coisa estranha!... Jorge, desde que se ca-sou comigo, nada reclamou... Agora, admite que exa-gero. Considerou que devemos pensar nas criançasmenos felizes. Apontou casos de meninos que dor-mem no esgoto, mas, que temos nós com meninosde esgoto? Caridade!... Caridade é cada um assumiro desempenho das próprias obrigações. Meu maridoestá ficando sovina. Isso é o que é...

1942 – novembro, 11 – Mauricinho adoeceu. Sin-to-me enlouquecer... Já recorri a seis médicos.

1943 – dezembro, 15 – O pediatra aconselhou-medeixar a amamentação e mandou que Mauricinholargue a chupeta. Repetiu instruções, anunciou, sole-ne, que a educação da criança deve começar tão cedoquanto possível. Essa é boa! Eu sou mãe de Maurici-nho e Mauricinho é meu filho. Que tem o médico dese intrometer? Amamento meu filho e dou-lhe achupeta enquanto ele a quiser.

1944 – março, 13 – Mauricinho, intranquilo, ar-ranhou, de leve, o rosto da ama com as unhas. Brin-cadeira de criança, bobagem. Jorge, porém, agastou-se

comigo por não repreendê-lo. Tentou explicar-me aReencarnação. Assegurou que a criança é umEspírito que já viveu em outras existências, quasesempre tomando novo corpo para se redimir de cul-pas anteriores, e repisou que os pais são responsáveispela orientação dos filhos, diante de Deus, porque osfilhos (palavras do coitado do Jorge) são companhei-ros de vidas passadas que regressam até nós, aguar-dando corrigenda e renovação... Deu-me vontade derir na cara dele. Antes do casamento, Jorge já anda-va enrolado com espíritas... Reencarnação!... Quemacredita nisso? Balela... Chega um momento de ner-vosismo, a criança chora e será justo espancá-la,simplesmente por essa razão?

1946 – março, 15 – Jorge admoestou-me com aus-teridade. Parecia meu avô, querendo puxar-me asorelhas. Declarou que não estou agindo bem. Acusou--me. Tratou-me como se eu fosse irresponsável. Tem--se a impressão de que é inimigo do próprio filho.Queixou-se de mim, alegou que estou deixandoMaurício crescer como um pequeno monstro (quepalavra horrível!), tão só porque o menino, ontem,despejou querosene no cão do vizinho e ateou fogo...Era um cachorro intratável e imundo. Certamenteque não estou satisfeita por haver Maurício procedi-do assim, mas sou mãe... Meu filho é um anjo e nãofez isso conscientemente. Talvez julgasse que o fogoconseguisse acabar com a sujeira do cão.

1948 – abril, 9 – Crises de Maurício. Quebrouvidraças e pratos, esperneou na birra e atirou umcopo de vidro nos olhos da cozinheira, que ficoulevemente machucada, seguindo para o hospital...Jorge queria castigar o menino. Não deixei. Discuti-mos. Chorei muito. Estou muito infeliz.

1950 – setembro, 5 – A professora de Maurícioveio lastimar-se. Moça neurastênica. Inventou faltas

Álbum materno

16 Reformador • Maio 2011 174

...E

Presença de Chico Xavier

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e mais faltas para incriminar o pobre garoto. Infor-mou que não pode mantê-lo, por mais tempo, juntodos alunos. Mulher atrevida! Pintou meu filho comose fosse o diabo. Ensinei a ela que a porta da rua éserventia da casa. Deixa estar! Ela também serámãe... Que bata nos filhos dela!...

1952 – maio, 16 – Maurício já foi expulso de trêscolégios. Perseguido pela má sorte o meu inocen-tinho!... Jorge afirma-se cansado, desiludido... Jáfalou até mesmo num internato de correção... MeuDeus, será que meu filho somente encontre amore refúgio comigo? Tão meigo, tão bom!... Prefirodesquitar-me a permitir que Jorge execute qual-quer ideia de punição que, aliás, não consigo com-preender... Meu filho será um homem sem comple-xos, independente, sem restrições... Quero Maurí-cio feliz, feliz!...

1956 – Meu marido quer empregar nosso filhonuma casa de móveis. Loucura!... Acredita que Mau-ricinho precisa trabalhar sob disciplina. Que plano!...Meu filho com patrão... Era o que faltava!... Temos osuficiente para garantir-lhe sossego e liberdade.

1957 – janeiro, 14 – Jorge está doente. O médicopediu que lhe evitemos dissabores ou choques.Participou-me, discreto, que meu marido tem ocoração fatigado, hipertensão. Desde o ano passa-do, Jorge tem estado triste, acabrunhado com ascalúnias que começam a aparecer contra o nossofilhinho. Amigos-ursos fantasiaram que Maurício,em vez de frequentar o colégio, vive nas ruas, comvagabundos. Chegaram ao desplante de asseverarque meu filho foi visto furtando e, ainda mais... Fa-laram que ele usa maconha em casas suspeitas. Po-bre filho meu!... Sendo filho único, Maurício ne-cessita de ambiente para estudar, e se vem, alta ma-drugada, para dormir, é porque precisa do auxíliodos colegas, nas várias residências em que se reú-nem com os livros.

1958 – outubro, 6 – Jorge ficou irado porque exigidele a compra de um carro para Maurício, como pre-sente de aniversário. Brigou, xingou, mas cedeu...

1959 – junho, 15 – Estou desesperada. Jorge foisepultado ontem. Morreu apaixonado, diante da vio-lência do delegado policial que intimou Mauricinho

a provar que não estava vendendo maconha. Amanhãenviarei um advogado ao Distrito. Se preciso, proces-sarei o chefe truculento... Ninguém arruinará o nomede meu filho, que é um santo... Oh! meu Deus, comosofrem as mães!...

1960 – agosto, 2 – Duas mulheres me procura-ram, com a intenção de arrancar-me dinheiro.Disseram que meu filho lhes surripiou joias. Velha-cas e mandrionas. Maurício jamais desceria a seme-lhante baixeza. Dou-lhe mesada farta. Expulsei aschantagistas e, se voltarem, conhecerão as necessáriasconsequências.

1961 – fevereiro, 22 – Nunca pensei que o nossovelho amigo Noel chegasse a isso!... Culpar meufilho! Sempre a mesma arenga... Maurício na maco-nha. Maurício no furto! Agora é um dos mais antigoscompanheiros de meu esposo que vem denunciarmeu filho como incurso num suposto crime de este-lionato, comunicando-me, numa farsa bem trama-da, que Maurício lhe falsificou a letra num cheque,roubando-lhe trezentos contos... Tudo perseguiçãoe mentira. Já ouvi dizer que Noel anda caduco.Usurário caminhando para o hospício. Essa é que é averdade... Sou mãe!... Não permitirei que meu filhosofra, nunca admiti que ninguém levantasse a vozcontra ele... Maurício nasceu livre, é livre, faz o queentende e não é escravo de ninguém. Estou revolta-da, revoltada!...

Nesse ponto, terminavam as confidências de DonaSilvéria, cujo corpo estava ali, inerte e ensanguenta-do, diante de nós, os amigos desencarnados, quefôramos chamados a prestar-lhe assistência. Acabarade ser assassinada pelo próprio filho, obsidiado esequioso de herança.

Enquanto selecionávamos as últimas notas doálbum singular, Maurício, em saleta contígua, telefo-nava para a Polícia, depois de haver armado habil-mente a tese de suicídio.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Contos desta e doutra vida. 2. ed.

4. reimp. Ri0 de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 39.

17Maio 2011 • Reformador 175

Pelo Espírito Irmão X

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o analisarmos o item 4, docapítulo XVII, de O Evan-gelho segundo o Espiritis-

mo,1 com o mesmo título do pre-sente artigo, verificamos a gran-deza da lição oferecida por AllanKardec, definindo, com percepti-bilidade, as características do au-têntico espírita, que se torna legí-timo cristão, coerente com os en-sinos evangélico-doutrinários queadquire.

O texto, de notável luminosida-de, leva-nos a refletir sobre a im-portância de promover mudançade rumo em nossa existência,prontos para atender ao chama-mento da mensagem libertadora,como oportunidade única de al-cançarmos objetivos retificadores.Ao conquistarmos as efetivas con-dições espirituais para evoluçãode nós mesmos, somos atingidosno coração e reconhecidos comoverdadeiros espíritas pela nossatransformação moral e pelos esfor-

ços que empregamos para domarnossas inclinações infelizes.2

Desventuradamente, no entan-to, nem sempre estamos dispostosa seguir certas lições que o Espiri-tismo nos proporciona; somos es-píritas que, sem entender a es-sência dos ensinamentos doutri-nários, acreditamos poder conti-nuar na ilusão de júbilos engano-sos e nos excessos das satisfaçõespessoais buscadas com ambiçãodesmedida. Ao comentar o proble-ma, em O Livro dos Médiuns, oCodificador, com propriedadee sabedoria, qualifica de espíritasimperfeitos:

Os que no Espiritismo veem

mais do que fatos; compreen-

dem-lhe a parte filosófica; ad-

miram a moral daí decorrente,

mas não a praticam. Insignifi-

cante ou nula é a influência que

lhes exerce nos caracteres. Em

nada alteram seus hábitos e não

se privariam de um só gozo que

fosse. O avarento continua a sê-

-lo, o orgulhoso se conserva

cheio de si, o invejoso e o cioso

sempre hostis. Consideram a

caridade cristã apenas uma bela

máxima. [...]3

Kardec chegou a essa conclusãoapós minuciosos estudos do perfildos inúmeros adeptos que se li-garam à Doutrina, evidenciandoque, essencialmente, “os que nãose contentam com admirar a mo-ral espírita, que a praticam e lheaceitam todas as consequências” eque “[...] tratam de aproveitar osseus breves instantes para avançarpela senda do progresso”,4 são osespíritas cristãos, aqueles que real-mente compreendem a necessida-de de cumprir com disciplina enobreza os princípios da Consola-dora Revelação.

Para efeito das reflexões que otema possa suscitar, é importante

ACL A R A L I L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

Os bons“Sede, pois, vós outros perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial.”

(Mateus, 5:48.)

espíritas

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encaminhar essas ideias para otrabalho que executamos na searaespírita, onde é preciso cultivarcerta austeridade evangélica semolvidar a humildade ativa. Nasideias expostas pelo escritor es-pírita Indalício Mendes (1901--1988), encontram-se significa-tivas contribuições sobre a ques-tão, ao analisar os antagonismosexistentes entre irmãos de um mes-mo credo:

O Espiritismo é e tem de ser

cultivado pela humildade labo-

riosa. Sem humildade não há es-

pírito evangélico nem há soli-

dez doutrinária. Devemos insis-

tir em que a Doutrina de Kardec

seja a pedra de toque da forma-

ção moral de todos aqueles que

ingressam no Espiritismo e nele

permanecem. Não podemos ter

a veleidade de aspirar posições

de relevo, muito menos de ad-

quirir supremacia nisto ou na-

quilo. Nosso dever, perante Jesus

e perante o Espiritismo, é ser

humildes de coração, absoluta-

mente fiéis às determinações

doutrinárias e ao Evangelho se-

gundo o Espiritismo.5

É indispensável pesar as conse-quências dos nossos atos e adqui-rir postura realmente cristã. En-ganam-se aqueles que acham queas realizações espíritas existem pa-ra disputar lugar nos labirintos dopoder religioso. Cumpre-nos, an-tes, trabalhar no bem e exemplifi-car, cuidando para que tenhamosa capacidade de cultivar genuínossentimentos de amor e solidarie-

dade para com os companheirosde jornada. A sabedoria consisteem nos aproximarmos cada vezmais uns dos outros, efetuando,em nossas instituições, ações con-juntas que favoreçam a missão doConsolador Prometido em prolda evangelização da coletividadeterrestre.

A valiosa mensagem dada pelobenemerente Espírito Bezerra deMenezes enfatiza o extraordináriopapel do Espiritismo no mundo eexalta a disposição de Kardec, que“[...] experimentou [...] as incom-preensões, fora e dentro dos ar-raiais do Movimento Espírita [mas],teve a coragem de não desaminar;teve o valor moral de não arreme-ter contra; soube expor a Dou-trina com elevação, mas viveu-acristãmente, santamente, dando--nos o legado incorruptívelque devemos preservar, parapassar à posteridade”.6

Exemplos históricos e daatualidade mostram os gran-des erros cometidos em no-me do Cristianismo, pois,“infelizmente, as religiões hãosido sempre instrumentos dedominação”.7 Sabedor das di-ficuldades encontradas jun-to aos admirado-res espíritas de suaépoca, o insigneKardec, ao elabo-rar o capítulo I deA Gênese, que temcomo título “Ca-ráter da Revela-ção Espírita”, res-salta, em nota aoitem 55:

Diante de declarações tão níti-

das e tão categóricas, quais as

que se contêm neste capítulo,

caem por terra todas as alega-

ções de tendências ao absolutis-

mo e à autocracia dos princí-

pios, bem como todas as falsas

assimilações que algumas pes-

soas prevenidas ou mal infor-

madas emprestam à doutrina.

Não são novas, aliás, estas de-

clarações; temo-las repetido mui-

tíssimas vezes nos nossos escri-

tos, para que nenhuma dúvida

persista a tal respeito. Elas, ao

demais, assinalam o verdadeiro

papel que nos cabe, único que

19Maio 2011 • Reformador 177

reformador Maio 2011 - a.qxp 25/4/2011 16:09 Page 19

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ambicionamos: o de mero tra-

balhador.8 (Grifo nosso.)

Essa advertência nos alertapara as inclinações que surgemdo passado longínquo, tornando--nos, vez ou outra, personalistas eávidos por posições transitóriasde destaque, nas instituições es-píritas em que atuamos. Por quepretensões individuais se o campoedificante a semear desdobra-separa todos? O educador espiritualEmmanuel afirma que:

O discípulo não pode ignorar

que a permanência na Terra de-

corre da necessidade de traba-

lho proveitoso e não do uso de

vantagens efêmeras que, em

muitos casos, lhe anulariam a

capacidade de servir. [...]9

Onde permanece a atração dointeresse pessoal, não é possívelo cultivo dos sentimentos de justiça,amor e caridade, expressos nas leismorais. A orientação dada pelosEspíritos reveladores contém pre-ciosos esclarecimentos sobre co-mo devemos aproveitar os ensinosespíritas para que se transformemem abençoadas regras de viver:

Toda virtude tem o seu mérito

próprio, porque todas indicam

progresso na senda do bem. Há

virtude sempre que há resistên-

cia voluntária ao arrastamento

dos maus pendores. A sublimi-

dade da virtude, porém, está no

sacrifício do interesse pessoal, pe-

lo bem do próximo, sem pensa-

mento oculto. A mais meritória

é a que assenta na mais desinte-

ressada caridade.10 (Grifo nosso.)

Outro ponto a destacar é queo espírita, ciente de sua respon-sabilidade, se preocupa com adisciplina, com o tempo e passaa ter mais ampla noção do dever,que lhe exige a realização de açõesirrepreensivelmente executadas.O Espírito Emmanuel aviva-nospara um problema a enfrentar:aquele que assim age, em exatosmomentos,

[...] supõe-se com mais vasta

provisão de direitos. E, por ve-

zes, leva mais longe que o ne-

cessário a faculdade de preser-

vá-los e defendê-los, iniciando

as primeiras formações de iras-

cibilidade, através da superesti-

mação do próprio valor. Insta-

lado o sentimento de autoim-

portância, a criatura abraça fa-

cilmente melindres e mágoas,

diante de lutas naturais que

considera por incompreensões

e ofensas alheias.11

Essa característica comporta-mental procura solidificar e de-clarar a sua individualidade, pre-judicando, sensivelmente, aquelesque assim agem, colocando-os emposição crítica perante os demaiscompanheiros, que passam a jul-gá-los intolerantes e excessivamen-te autoritários. A aceitação de pen-samentos opostos aos nossos nosleva ao consenso. Essa preocupa-ção, inspirada pela bondade, sabe-rá olhar com equilíbrio para oproceder alheio.

Entretanto, “se a nossa cons-ciência jaz tranquila [...] no apro-veitamento das oportunidadesque o Senhor nos concedeu, es-tejamos serenos na dificuldadee operosos na prática do bem, àfrente de quaisquer circunstâncias”,11

esforçando-nos para sermos bonsespíritas.

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 25. ed.

(bolso). 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2010. Cap. 17, it. 4.2______. ______. p. 295.

3______. O livro dos médiuns. Trad.

Guillon Ribeiro. 80. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2009. P. 1, cap. 3, it. 28,

subit. 2.4______. ______. subit. 3.

5MENDES, Indalício. Rumos doutrinários.

3. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

Cap. Conduta espírita, it. Intelectualismo

pernicioso, p. 47.6SOUZA, Juvanir Borges de (Coordena-

dor). Bezerra de Menezes: ontem e hoje.

41. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2009. P. 3. cap. 34, p. 232.7KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon

Ribeiro. 52. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. Cap. 1, it. 8.8______. ______. It. 55, nota de Kardec,

n. 11.9XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e

vida. Pelo Espírito Emmanuel. ed. esp. Rio

de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 103, p. 222.10

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Q. 893.11

XAVIER, Francisco C. Estude e viva. Pelo

Espírito Emmanuel. 13. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 14, it. Em tor-

no da irritação, p. 88-89.

20 Reformador • Maio 2011178

reformador Maio 2011 - a.qxp 25/4/2011 16:09 Page 20

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21Maio 2011 • Reformador 179

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Também vos digo: granjeai amigos com as riquezas da injustiça.”– JESUS. (LUCAS, 16:9.)

Granjeai amigos

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pão nosso. ed. esp. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 111.

e o homem conseguisse, desde a experiência humana, devassar o pretérito

profundo, chegaria mais rapidamente à conclusão de que todas as possibi-

lidades que o felicitam, em conhecimento e saúde, provêm da Bondade

Divina e de que a maioria dos recursos materiais, à disposição de seus caprichos,

procede da injustiça.

Não nos cabe particularizar e, sim, deduzir que as concepções do direito humano

se originaram da influência divina, porque, quanto a nós outros, somos compelidos

a reconhecer nossa vagarosa evolução individual do egoísmo feroz para o amor

universalista, da iniquidade para a justiça real.

Bastará recordar, nesse sentido, que quase todos os Estados terrestres se levan-

taram, há séculos, sobre conquistas cruéis. Com exceções, os homens têm sido ser-

vos dissipadores que, no momento do ajuste, não se mostram à altura da mordomia.

Eis por que Jesus nos legou a parábola do empregado infiel, convidando-nos à

fraternidade sincera para que, através dela, encontremos o caminho da reabilitação.

O Mestre aconselhou-nos a granjear amigos, isto é, a dilatar o círculo de simpa-

tias em que nos sintamos cada vez mais intensivamente amparados pelo espírito de

cooperação e pelos valores intercessórios.

Se o nosso passado espiritual é sombrio e doloroso, busquemos simplificá-lo,

adquirindo dedicações verdadeiras, que nos auxiliem através da subida áspera da

redenção. Se não temos hoje determinadas ligações com as riquezas da injustiça,

tivemo-las, ontem, e faz-se imprescindível aproveitar o tempo para o nosso reajus-

tamento individual perante a Justiça Divina.

S

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a atualidade, não há com-pêndio de Espiritismo expe-rimental mais oportuno que

O Livro dos Médiuns ou Guia dosmédiuns e dos evocadores, de auto-ria do mestre Allan Kardec. Vindoa lume nos dias iniciais de janeirode 1861 e editado pelo Sr. Didier,essa obra, segundo o Codificador,1

consistia no complemento de OLivro dos Espíritos, com o seu cará-ter científico. Mais tarde, Kardecvai considerá-la no rol das obrasfundamentais do Espiritismo.

A seu tempo, podia ser adquiri-da na Livraria do Sr. Didier, tantoquanto no escritório da Revista Espí-rita, na passagem Saint-Anne, emParis, em grande volume in-18, de500 páginas. Em poucos meses domesmo ano, o livro teve uma se-gunda edição, com nova formata-ção e inteiramente revisada pelosEspíritos com numerosas observa-

ções valorosas de sua lavra, de talforma que as palavras de Kardecmanifestam que a obra era tantodeles quanto de seu autor.2

Fico a imaginar a emoção, em1861, de médiuns e dirigentes degrupos espíritas sérios ao encon-trarem na produção kardequianaorientação segura para o desenvol-vimento e direcionamento feliz damediunidade, a serviço de umacompreensão mais profunda domundo invisível porque iluminadapelos saberes produzidos na cola-boração interexistencial entre omestre lionês e os Espíritos supe-riores, por sua vez, comandadospelo Espírito de Verdade.

Um guia seguro paralidar com a mediunidade

Não se trata somente de maisum livro, é uma obra indispensávelno campo de estudos e meditações

em torno da mediunidade para queo seu exercício se torne serviço aosemelhante, seja pela constataçãoveraz da imortalidade da alma e aidentificação de nossa natureza es-piritual, seja pelo diálogo criativoe moralizante com os sempre vivos e,ainda, pelo esclarecimento que sepode dar aos sofredores desencar-nados, cuja infelicidade a que se atre-laram aguarda a terapêutica do Evan-gelho de Jesus no verbo fraterno dosreencarnados, sob os auspíciosdos benfeitores espirituais.

Esse trabalho levado a bom ter-mo por Allan Kardec é resultado deuma longa pesquisa experimentalcom Espíritos e médiuns, na qual ocientista, ao estabelecer um méto-do de experimentação em conso-nância com o objeto pesquisado – omundo dos Espíritos e a filosofiaensinada pelos imortais –, consideraseus informadores espirituais nãocomo reveladores predestinados,mas como parceiros de estudos,cadaqual contribuindo relativamenteem seu patamar evolutivo.

Em O Livro dos Médiuns, o Codi-ficador exitosamente esclarece tudo

N

22 Reformador • Maio 2011180

Em seus 150 anos

OLivrodosMédiuns

V I N Í C I U S LO U S A DA

1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. In:Revista espírita: jornal de estudos psicoló-gicos, ano 4, p. 22, jan. 1861. Trad. Evan-dro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2010.

2Idem. Bibliografia – O livro dos médiuns –Segunda edição. In: Revista espírita: jornalde estudos psicológicos, ano 4, p. 517-518,nov. 1861. Trad. Evandro Noleto Bezerra.3. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

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que era referente às manifestaçõesespíritas físicas e intelectuais, emseu contexto histórico, de acordocom os Espíritos superiores a fimde desenvolver uma teoria espíritaexplicativa dos fenômenos, os maisvariados, produzidos pelos habi-tantes do Mais Além; como tam-bém, das condições de sua reprodu-ção e controle metodológico.

No anúncio que faz da obra, naRevue Spirite, destaca que “sobre-tudo a matéria relativa ao desen-volvimento e ao exercício da me-diunidade mereceu de nossa parteuma atenção toda especial”.3

Desse modo, já nessa consideraçãodo autor, somos convidados a levarem conta que, sobretudo os espíri-tas, podemos recolher em seu con-teúdo um norte para o desenvolvi-mento seguro da mediunidade (nosentido kardequiano é um processoeducativo do médium), e para o usosaudável dessa predisposição orgâni-ca, natural e radicada no Espírito emsua capacidade comunicativa, quan-do manifesta de forma ostensiva.

O leitor estudioso dessa obra nelaencontra condições de compreendera fenomenologia que cerca a mediu-nidade, de que possa ser portador,os recursos teóricos para lidar comsucesso na vereda da convivêncialúcida com os Espíritos e para oenfrentamento adequado de seusdesafios e obstáculos que, ao seremencarados sem o devido conheci-

mento, geram decepções e tristesresultados como a obsessão ou ouso indevido da mediunidade.

Por outro lado, na formação dodirigente e/ou do “doutrinador”(evocador, como Kardec designavao responsável por dialogar com osEspíritos nas reuniões mediúnicas),a obra é igualmente de sumo valorpara que levemos com retidão osdiálogos sempre instrutivos que sepode obter com os desencarnados,sendo possível apresentar-lhes ques-tões em prol do esclarecimento mo-ral e intelectual de todos nós, parao que nos orienta Kardec.4

Enfim, o espiritista convictoencontra nesse livro subsídio para

23Maio 2011 • Reformador 181

3KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.In: Revista espírita: jornal de estudospsicológicos, ano 4, p. 22, jan. 1861. Trad.Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2010.

4Idem. O livro dos médiuns. Trad. GuillonRibeiro. 2. ed. esp. 1. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2008. Cap. 26.

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entender melhor o Espiritismo,em sua complexidade,na medida emque a obra revela aspectos essen-ciais do caráter experimental daDoutrina dos Espíritos, não rara-mente desconsiderados.

Em prol da Moral e daFilosofia Espírita

Com o advento de O Livro dosEspíritos, o Espiritismo abando-nava seu período de curiosidade,caracterizado pela especulação nemsempre séria, em nível de entrete-nimento em que eram colocadosos fenômenos espíritas por muitagente, na Europa do século XIX, eadentrava em seu período de obser-vação ou filosófico no qual “o Espi-ritismo é aprofundado e se depura,tendendo à unidade de doutrina econstituindo-se em Ciência”.5

Kardec via o Espiritismo comouma Ciência Moral 6 e, ao escre-ver O Livro dos Médiuns, deixa umlegado inolvidável, prevendo deantemão as críticas ciumentas oupersonalistas que queriam fazervaler sistemas particulares para acondução das lides mediúnicas, ouainda, na explicação exclusivistadestas, sem a chancela do ensinocoletivo dos Espíritos.

Ainda, o cientista do invisível dáuma razão de ser grave à fenome-

nologia mediúnica para que se reco-lham com os Espíritos ensinamen-tos sérios e úteis à nossa felicidadena vida espiritual, evitando-se odesvio do fim providencial da me-diunidade nas práticas espíritas.

Respondendo aos seus críticos,que talvez supusessem desneces-sária a severidade de princípios econselhos obtidos nessa obra, semquerer fundar escola, mas propa-gar o direcionamento dado pelosEspíritos superiores à mediunida-de no Espiritismo, Kardec colocana fachada principal dessa pro-posta o seu caráter moral e filosó-fico, sobretudo em prol dos que sepercebem necessitados das espe-ranças e consolações que podemhaurir na Doutrina e nos resultadosda atividade mediúnica sob a orien-tação maior de Jesus.

Neste ano de comemorações doSesquicentenário de O Livro dos

Médiuns procuremos estudar comprofunda gratidão, no plano indi-vidual e coletivo, este obra essen-cial no campo da mediunidade comJesus e Kardec.

Estudando Kardec

“[...] Nós mesmos pudemosconstatar, em nossas excursões, ainfluência salutar que esta obraexerceu sobre a direção dos estudosespíritas práticos; assim, as decep-ções e mistificações são muitomenos numerosas do que outrora,porque ela ensinou os meios defrustrar as artimanhas dos Espí-ritos enganadores.”7

24 Reformador • Maio 2011182

7KARDEC, Allan. Bibliografia: O livro dosmédiuns – Segunda edição. In: Revista espí-rita: jornal de estudos psicológicos, ano 4, p.517, nov. 1861. Trad. Evandro Noleto Bezer-ra. 3. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

5KARDEC, Allan. Propagação do espiritis-mo. In: Revista espírita: jornal de estudospsicológicos, ano 1, p. 369, set. 1858. Trad.Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2009.

6LOUSADA, Vinícius. Em busca da sabe-doria. Porto Alegre: Editora FranciscoSpinelli, 2010. p. 104.

Trabalho – a santa oficinaDe que a vida se engalana – É a glória da luta humanaDe que a Terra se ilumina.

Escola, templo, doutrina De que a alegria promana,Serviço é força que irmana,Cria, eleva, disciplina.

Preguiça imita a gangrena,Estraga, arrasa, envenena Onde vazia se enfuna.

Quem vive só de poltrona Não melhora, nem se abonaE à morte se mancomuna.

Trabalho

Alfredo NoraFonte: XAVIER, Francisco C. Poetas redivivos. Diversos espíritos. 4. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2007. Cap. 11.

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ez ou outra, a mídia e a in-dústria cinematográficaapresentam casos de “pos-

sessão demoníaca”, isto é, de pes-soas que supostamente estariamsob o jugo de entidades malignas.Surge no cenário, então, a figurado exorcista, autoridade eclesiás-tica indicada para expulsar o“demônio”.

Um dos mais tristes e dramáti-cos casos de exorcismo foi o deAnneliese Michel, uma jovem ale-mã de 23 anos que, segundo acrença de familiares e de algunsreligiosos, estaria possuída poruma “legião de demônios”. Con-tudo, a infeliz criatura era alguémmuito doente, portadora de graveenfermidade mental. A sua morte,ocorrida durante os rituais exor-cistas, foi classificada como homi-cídio pelos promotores de justiçaalemã, que abriram processo cri-

minal e condenaram os envolvidos.Tais fatos refletiram o caráter nega-tivo do fundamentalismo religioso,abalaram a opinião pública euro-peia e mundial, no final dos anos70, mas serviram para abrir cam-po ao estudo de tais fenômenos.

Ao analisar essa e outras his-tórias, percebe-se flagrante con-tradição no pensamento teológico,sobre o assunto: crença irrestritana infinita bondade e amor deDeus e, por outro lado, aceitarque o Criador tenha criado “de-mônios”, entidades perversas, in-termediárias entre o homem eDeus,1 definidas como “seres sobre-naturais malignos, subordinadosa Satanás”.2

Para o Espiritismo não há demô-nio (do grego, daimon = espírito,gênio, inteligência) no sentidodado pela Teologia, mas Espíritosmoralmente atrasados, nos quais

há “predominância da matériasobre o espírito. Propensão ao mal.Ignorância, orgulho, egoísmo etodas as más paixões que lhe sãoconsequentes”.3

O curioso desses relatos é en-contrarmos defensores que acei-tam, pura e simplesmente, a açãodos Espíritos maus, negando deforma peremptória a possibili-dade de os demais Espíritos, osbons e os de mediana evolução,exercerem influências sobre os en-carnados. Todavia, vale destacar, amera admissão da influência ma-ligna de Espíritos sugere, a priori,que há Espíritos e que estes sobre-vivem à morte do corpo físico:

A dúvida relativa à existência

dos Espíritos tem como causa

principal a ignorância acerca

da sua verdadeira natureza. Ge-

ralmente, são figurados como

25Maio 2011 • Reformador 183

V

Influênciaespiritual

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

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26 Reformador • Maio 2011184

seres à parte da Criação e cuja

necessidade não está demons-

trada. [...]4

Desde que se admite a existên-

cia da alma e sua individualida-

de após a morte, é preciso que

se admita, também: 1o, que a sua

natureza é diferente da do corpo,

visto que, separada deste, deixa

de ter as propriedades peculiares

ao corpo; 2o, que goza da cons-

ciência de si mesma, pois é passí-

vel de alegria ou sofrimento,

sem o que seria um ser inerte e

de nada nos valeria possuí-la.

Admitido isto, tem-se que ad-

mitir que essa alma vai para algu-

ma parte. [...]5

A existência do Espírito e, con-seguintemente, a capacidade deexercer influência sobre os encar-nados é, na verdade, antiga dis-cussão filosófica. Ainda que o prin-cípio da sobrevivência seja escassa-

mente estudado pela Filosofia,esta apresenta, entretanto, cincointerpretações para o conceitode Espírito ou Alma:

• Alma racional ou intelecto:“significado predominante nafilosofia moderna e contempo-rânea, bem como na lingua-gem comum”.6 É conceito de-rivado da afirmativa de RenéeDescarts (1596-1650): “Pensologo existo”.6

• Pneuma ou sopro animador:refere-se ao entendimento de“aquilo que vivifica”, defen-dido pelos filósofos estóicos,da Antiguidade, e pelos ex-poentes da era moderna:Immanuel Kant (1724-1804)e Charles Montesquieu (1689--1755), cujos pensamentosestão expostos, respectiva-mente, nos livros Crítica daRazão Pura e O Espírito dasLeis.6

• Ser incorpóreo: genericamente,traz o significado de almas dosmortos, anjos e demônios.Dentro desse contexto, Kantafirmou que “Espírito é um serdotado de razão e sentimento,que o vivifica”.6

• Matéria sutil ou impalpávelconhecida como força que ani-ma as coisas (muito semelhanteao conceito de pneuma), foiideia desenvolvida no Renas-cimento7 – período que abrangeo final do século XIII a meadosdo XVII – cujos principais re-presentantes foram o ocultistacristão Henricus CorneliusAgrippa (1486-1537) e Phi-lippus Aureolus TheophrastusBombastus von Hohenheim,mais conhecido como Paracelso(1493-1541), famoso médicoe ocultista de renome.8

A Doutrina Espírita informaque os Espíritos influem em nossos

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pensamentos e atos muito maisdo que imaginamos, “pois fre-quentemente são eles que vosdirigem”,9 afirmam os orienta-dores da Codificação. A açãodos desencarnados não é ocor-rência extraordinária nem mi-raculosa, como querem alguns,mas de acordo com as leis daNatureza.

Imaginamos erroneamente

que a ação dos Espíritos se deva

manifestar por fenômenos

extraordinários. Gostaríamos

que nos viessem ajudar por

meio de milagres e sempre os

representamos armados de

uma varinha mágica. Mas não

é assim, razão por que nos pa-

rece oculta a sua intervenção

e muito natural o que se faz

com o concurso deles. Assim

é que, provocando, por exem-

plo, o encontro de duas pessoas,

que julgarão encontrar-se por

acaso; inspirando a alguém a

ideia de passar por determi-

nado lugar; chamando-lhe a

atenção para certo ponto, se

disso resulta o que tenham em

vista, eles atuam de tal modo

que o homem, acreditando

seguir apenas o próprio im-

pulso, conserva sempre o seu

livre-arbítrio.10

A influência espiritual pode seroculta ou sutil; evidente ou decla-rada; fugaz ou prolongada; boaou má. Sempre de acordo com ascondições morais e intelectuaisdos Espíritos. É pela sintonia men-tal que se define o processo de

influência espiritual, assim expli-cada por Emmanuel:

As bases de todos os serviços de

intercâmbio, entre os desencar-

nados e encarnados, repousam

na mente, não obstante as possi-

bilidades de fenômenos natu-

rais, no campo da matéria densa,

levados a efeito por entidades

menos evoluídas [...].11

Complementa o seu pensa-mento com as seguintes conside-rações:

Precisamos compreender – repe-

timos – que os nossos pensa-

mentos são forças, imagens,

coisas e criações visíveis e tan-

gíveis no campo espiritual.

Atraímos companheiros e re-

cursos, de conformidade com a

natureza de nossas ideias, aspi-

rações, invocações e apelos.

Energia viva, o pensamento

desloca, em torno de nós, for-

ças sutis, construindo paisagens

ou formas e criando centros

magnéticos ou ondas, com os

quais emitimos a nossa atuação

ou recebemos a atuação dos

outros.

[...]

Semelhante lei de reciprocidade

impera em todos os aconteci-

mentos da vida.

Comunicar-nos-emos com as

entidades e núcleos de pensa-

mentos, com os quais nos colo-

camos em sintonia.

[...]

Mentes enfermiças e pertur-

badas assimilam as correntes

desordenadas do desequilíbrio,

enquanto que a boa vontade e

a boa intenção acumulam os

valores do bem.

Ninguém esta só.

Cada criatura recebe de acordo

com aquilo que dá.

Cada alma vive no clima espiri-

tual que elegeu, procurando o

tipo de experiência em que situa

a própria felicidade.11

Referências:1DEMÔNIO. Disponível em: <http://pt.wiki

pedia.org/wiki/Dem%C3%B4nio>.2ELWELL, Walter A. Enciclopédia históri-

co-teológica da igreja cristã. Trad.

Gordon Chow. São Paulo: Sociedade Reli-

giosa Edições Vida Nova, 1993. V. 1,

p. 405.3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Q. 101.4______. O livro dos médiuns. Trad. Evan-

dro Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2009. P. 1, cap. 1, it. 1.5______.______. It. 2, p. 22.6ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-

sofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho

Benedetti. São Paulo: Martins Fontes,

2003. p. 354.7Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/

wiki/Renascimento>.8Disponível em: <http://compossivel.word

press.com/category/filosofia-renascentis

ta/>.9KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2009. Q. 459.10______. ______. Comentário de Kardec

à q. 525a, p. 352-353.11XAVIER, Francisco C. Roteiro. Pelo Espí-

rito Emmanuel. 13. ed. 1. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2010. Cap. 28, p. 120-122.

27Maio 2011 • Reformador 185

reformador Maio 2011 - b.qxp 25/4/2011 16:10 Page 27

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o Movimento Espírita é na-tural que exista a preocupa-ção com a existência de se-

des das instituições e, se possível,que sejam próprias.

Nessas sedes se desenvolvemas atividades em geral e, no con-texto atual, é desejável que elasofereçam conforto e boa aparênciasem, no entanto, resvalar na gran-diosidade e no luxo. Evidente-mente que devem ser adequadasao cumprimento de suas finali-dades e também ao meio ondeforam edificadas.

A propósito, Emmanuel assimdefine o Centro Espírita:

Um centro espírita é uma escola

onde podemos aprender e ensi-

nar, plantar o bem e recolher-

-lhe as graças, aprimorar-nos e

aperfeiçoar os outros, na senda

eterna.1

E André Luiz sugere sobre ascondições físicas:

“O recinto das reuniões pedelimpeza e simplicidade”.2

A análise histórica poderá ser boaconselheira no sentido de se veri-ficar o que ocorreu com os movi-mentos religiosos que se fundamen-taram nas edificações materiais ena estrutura organizacional.

Com base em Paulo – “Temosum altar”3 – Emmanuel comentasobre o “Altar íntimo”:

Até agora, construímos altares

em toda parte, reverenciando o

Mestre e Senhor.

[...]

Materializado o monumento da

fé, ajoelhamo-nos em atitude

de prece e procuramos a inspi-

ração divina.

[...]

Apresentemos, portanto, ao Se-

nhor as nossas oferendas e sacri-

fícios em quotas abençoadas de

amor ao próximo, adorando-o,

através do altar do coração, e

prossigamos no trabalho que

nos cabe realizar.4

Sobre o assunto, também mere-cem atenção as sedes de Órgãos e deEntidades Federativas,que têm a tare-fa de dinamizar a união e a unificação.

O documento de trabalho Orien-tação aos Órgãos de Unificação, apro-vado pelo Conselho Federativo Na-cional da FEB, define conceitos rela-cionados com o tema, como as açõesde Entidade Federativa como Cen-tro Espírita e campo experimental:

Em algumas condições a Entidade

Federativa pode executar ações

chamadas de campo experimen-

tal. O campo experimental, agre-

gado à própria Entidade Fede-

rativa, ou a um ou mais Centros

Espíritas por ela designados,

deve ser entendido como um

local onde estão sendo imple-

mentados projetos, pesquisas e

programas de estudo e de prática,

inclusive com o objetivo de ava-

liá-los e convalidá-los.

Historicamente, a Entidade Fede-

rativa pode ter se estruturado em

um Centro Espírita e este pode

ter mantido suas atividades,

que não devem ser confundidas

com as de campo experimental.

A estrutura e as atividades que

caracterizam um Centro Espírita

devem atender às recomendações

de Orientação ao Centro Espírita.

A Entidade Federativa que man-

tém campo experimental ou um

NAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

Casas e Causa

28 Reformador • Maio 2011186

reformador Maio 2011 - b.qxp 25/4/2011 16:10 Page 28

Page 29: Ano 129 • Nº 2.186 • Maio 2011

Centro Espírita deve priorizar

suas atividades federativas, de

forma coerente com seus esta-

tutos. O campo experimental ou

o Centro Espírita podem colabo-

rar com a formação de equipes

de trabalho para as atividades

federativas, nas quais deve-se

privilegiar a participação repre-

sentativa e as experiências bem-

-sucedidas de todo o território

de abrangência da Federativa.5

A sede física de um Órgão ouEntidade Federativa deve ser en-tendida como um ponto de refe-rência. Na realidade, deve-se traba-lhar com o conceito ampliado desede – estendida –, e relacionadacom a seara espírita e a comuni-dade em que se inserem.

Entende-se por atividade federa-

tiva as ações que visem a difu-

são da Doutrina Espírita, a união

fraterna entre as instituições es-

píritas e os espíritas, bem como o

apoio aos Centros Espíritas, pro-

piciando o trabalho em equipe

e a preparação de trabalhadores.

As ações devem ser implemen-

tadas pela Entidade Federativa e

seus órgãos, em todo o território

de sua abrangência.5

As sedes devem ser entendidascomo postos de trabalho, priori-tariamente voltadas para a prepa-ração de trabalhadores espíritas. Ofoco de atenção dos trabalhadorese o público-alvo não devem estarcircunscritos a trabalhos internos,ou seja, às atividades intramuros. Aação envolve toda a área de abran-gência do Órgão ou da Federativa.

O desenvolvimento de ativida-des com base em objetivos bemdefinidos enseja condições para oplanejamento consubstanciado emprioridades. A execução do planode trabalho da instituição é fim,enquanto a sede e as necessáriasestruturas organizacionais sãomeios. A edificação física e a orga-nização administrativa são im-portantes, mas a dinamização dasatividades-fim são indispensáveis,para que “prossigamos no traba-lho que nos cabe realizar”.4

As soluções para os problemasadministrativos, inclusive das sedesdas instituições, e as recomenda-ções para as suas atividades “devemter como parâmetro o que é sim-ples e viável para a maio-ria das instituições”6

brasileiras, pois urge adifusão dos princípios

espíritas em todas as faixas sociais,até mesmo favorecendo o acolhi-mento dos simples no MovimentoEspírita.7

A transição para a Nova Era já seinicia e o Espiritismo deve “cum-prir seu papel – de consolo, apoio,esclarecimento e contribuiçãopara a libertação espiritual”.7

A Causa é mais importante doque a Casa!

Referências:1XAVIER, Francisco C. O centro espírita.

Pelo Espírito Emmanuel. In: Reformador,

ano 59, n. 1, p. 9(5), jan. 1951.2XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. De-

sobsessão. Pelo Espírito André Luiz.

5. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 10.3HEBREUS, 13:10.4XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Es-

pírito Emmanuel. 2. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. Cap. 93.5CARVALHO, Antonio Cesar Perri de (Orga-

nizador). Orientação aos órgãos de unifica-

ção. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 8,

it. 3.1, subit. Conceituações, p. 91-92.6______. União com fidelidade, simplici-

dade e fraternidade. In: Reformador, ano

129, n. 2.185, p. 29(147)-31(149), abr. 2011.7______. Acolhimento dos simples. In:

Reformador, ano 129, n. 2.183, p.

22(60)-24(62), fev. 2011.

29Maio 2011 • Reformador 187

reformador Maio 2011 - b.qxp 25/4/2011 16:10 Page 29

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or gentil concessão do pre-sidente da Federação Espí-rita Brasileira (FEB), Nestor

João Masotti, e do secretário-geraldo Conselho Federativo Nacional(CFN), Antonio Cesar Peri de Car-valho, o esperanto foi tema na Reu-nião da Comissão Regional Nordes-te, realizada em Salvador (BA), de 1a 3 de abril, configurando excepciona-lidade muitíssimo grata aos esperan-tistas-espíritas do Brasil, uma vez que,embora consagrado como parte inte-grante do programa de atividades doMovimento Espírita brasileiro, ele, to-davia, não se inclui no rol das áreas es-pecíficas próprias das casas espíritas.

Na condição de diretor do Depar-tamento de Esperanto da FEB, tive-mos oportunidade de apresentar aos dirigentes dasFederativas Estaduais do Maranhão, Piauí, Ceará, RioGrande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,Sergipe e Bahia uma sucinta exposição sobre os 102anos de atividades da FEB e do Movimento Espíritabrasileiro em favor da Língua Internacional Neutra,para a divulgação mundial do Espiritismo. Com omesmo propósito estaremos presente nas reuniõesdas demais Comissões Regionais do CFN.

O objetivo principal foi reforçar, junto àqueles diri-gentes, o pedido de apoio ao esperanto, evocando oalcance da iniciativa da FEB, quando, em 1909, o entãopresidente Leopoldo Cirne faz publicar em Reformadorum documento emanado do círculo dos esperantistas--espíritas da França, em que se enaltecia o valor da Lín-gua Internacional Neutra nos serviços do Consolador.

Daí em diante, com o lançamento de tão preciosasemente, tem início um fecundo programa de reali-

Esperanto naComissão Regional

Nordeste

P

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A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Palestra de Affonso Soares

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zações, a evidenciarem o fato de que o trabalho dosesperantistas-espíritas constitui-se na mais antiga ati-vidade especializada nos círculos espíritas do Brasil,embora a entidade juridicamente formada para acoordenação dessa atividade – a Associação Brasileirade Esperantistas-Espíritas (ABEE) – seja a mais novaentre as que hoje se filiam ao CFN.

É muito grato saber que em todas as federativasintegrantes da Comissão Regional Nordeste ao espe-ranto é dado significativo espaço em seus programasde ação.

Não obstante o incentivocom que as Federativas Esta-duais prestigiam o idiomada fraternidade e seus no-bres ideais, a todos os seusdirigentes formulamos oseguinte pedido:

• que incluam o esperantoem suas atividades: even-tos, palestras, entre ou-tros;

• que favoreçam a insta-lação, nas casas espíritas que lhes são filiadas,cursos do idioma, obviamente confiados apenasa adeptos que observem rigorosamente as normas,as disciplinas dessas casas;

• que disponibilizem ao esperanto um ângulo,pequeno que seja, em suas atividades e recursosde comunicação: periódicos, mídias em geral.

Dentre as inúmeras conquistas do Movimentodos esperantistas-espíritas, foi dada ênfase ao fato deque também o Conselho Espírita Internacional temnele instalado o seu Departamento de Esperanto,estando ali assentados os fundamentos para o coroa-mento de todo o trabalho em torno do esperantonos círculos espíritas: a sua adoção, no futuro, comolíngua para as relações internacionais da crescentefamília espírita mundial.

Resta-nos registrar aqui a impressão – e o fazemoscom imenso prazer – que o convívio com os traba-

lhadores do Espiritismo noNordeste deixou em nossocoração de adepto do Trí-plice Ideal EEE – Evange-lho, Espiritismo, Esperanto.Quanta gentileza, quantoempenho em nos fazer sen-tir que estávamos, e nos sen-timos assim, em família, e,sobretudo, quanta joviali-dade, edificante alegria e na-tural seriedade no trato detodas as questões relaciona-das ao Espiritismo e ao seu

Movimento! Muito aprendemos com aqueles irmãosdas Federativas Estaduais do Nordeste. Gostaríamos denomear todos aqueles com quem convivemos, mas, naimpossibilidade, fazemos convergir nossa gratidão eadmiração para as personalidades encantadoras, invul-gares, do casal André Luiz e Edinólia Peixinho, da Fede-ração Espírita do Estado da Bahia, que efetivamentesimbolizam todas as qualidades do grupo.

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Abertura dos trabalhos da Comissão

Cesar Perri, Marcelo Mota, da delegaçãode Pernambuco, e Affonso Soares

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ntre milhares de mães queencontraram na psicografiade Chico Xavier o consolo e

o amparo, quando nossos filhos seforam, tivemos o privilégio de rece-ber do médium o apoio e cartasdo filho desencarnado. Encontrosinesquecíveis,quando éramos acon-chegadas em seus braços com todocarinho. Naqueles intercâmbios deamor, sentíamo-nos, realmente,diante de um discípulo fiel do Cristoe legítimo representante do Con-solador por Ele prometido. ChicoXavier era muito mais do que umsimples intermediário.

O filme que intitula este artigo,lançado em abril último, mostraesse aspecto de sua produção mediú-nica. Iniciada após 40 anos de ativi-dades, pois, segundo ele, é precisomuito treino do médium para quenossos familiares desencarnadostenham total liberdade de se expres-sar com todas as suas peculiari-dades e serem por nós reconheci-dos. Junto à excelência desta práticamediúnica, Chico Xavier era deten-tor da psicografia mecânica, umapreciosidade, nos dizeres de AllanKardec, em O Livro dos Médiuns.

As revelações, iniciadas com asentrevistas do Codificador, regis-

tradas em O Céu e o Inferno, têmdesenvolvimento com André Luiz,na série “A Vida no Mundo Espiri-tual”, e sua apoteose nas cartas-men-sagens, consolidando assim doisprincípios básicos da Doutrina Es-pírita: a sobrevivência da alma e acomunicação dos Espíritos.

Entre outros, eram nossos filhos,trazendo em suas cartas, além denotícias pessoais, um riquíssimocabedal de informações exatas, queos identificavam aos nossos cora-ções, não deixando nenhuma dúvidaquanto à identidade do postulanteextrafísico e a realidade do mundoespiritual. O modo de se expressa-rem, as gírias, os apelidos, os fatos docotidiano familiar, apenas do nos-so conhecimento, notícias de fami-liares que eles encontraram lá, dosquais não nos lembrávamos ou se-quer tínhamos conhecimento desuas existências, tudo isso patenteava,com grande força, a autenticidadedas comunicações. Particularmente,eu não precisava de provas e nem deoutras certezas, além das que o estu-do da Doutrina e a exuberância damediunidade de Chico já haviamme proporcionado. Tive a bênção derenascer em um lar espírita e de con-viver com o amado medianeiro aqui

em Pedro Leopoldo e em Uberaba.No sentido de ser uma grande des-coberta, as mensagens não me tra-ziam o impacto que ocorria com asoutras mães que tomavam conheci-mento de todas essas revelações,ao ouvirem as cartas, lidas ao finaldas reuniões na Casa da Prece.

Paulo Rossi Severino e a equipeda Associação Médico-Espírita deSão Paulo trouxeram a lume o livroA Vida Triunfa, com excelentes pes-quisas a respeito, nas quais me ins-piro para escrever este artigo. E na-quele universo de saudade e de dor,de expectativa e medo, era como-vente ver, no rosto das outras mães,a perplexidade e o alívio quandodiziam: “É meu filho, ele continuavivo!”... A atriz Via Negromonte,no papel de Ruth, cujo filho se sui-cidara, interpreta, com maestria,esta emotividade, fruto das percep-ções daquele momento, de que amorte não existe, a vida continuae o amor nunca morre.

O papel vivido por Tainá Müller,na história da jovem Lara, que estavagrávida do namorado, assassinadoem um assalto, é muito significativo.Não houve psicografia. Uma rápidacomunicação oral,num simples con-tato com Chico Xavier, um breve en-

ECÉ L I A D I N I Z

As mães de

ChicoXavier

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contro:“Fulano manda pedir que te-nha o filho de vocês,não faça o abor-to”. Esta cena representa a Estrada deDamasco de milhares de corações,tocados pelos sábios conselhos rece-bidos. Suas vidas foram harmoniza-das, novos caminhos trilhados.Vidasque se reconstruíram sob novos pris-mas, visando o crescimento espiri-tual na busca de um ideal superior,no campo da religiosidade.“Perdoe,ninguém teve culpa algumado que me aconteceu...” “Nãose culpe por nada, minha ho-ra era chegada.”“Não deserteda vida para me encontrarporque isto aumentará muitomais a distância entre nós...”

Quando não aconteciammensagens nem comunica-ções orais, o amor entrava emação, era simplesmente oChico Xavier. Suas atitudes,seu olhar, seu sorriso, seuexemplo era a maior mensa-gem que poderíamos rece-ber. Como disse Alberto Al-meida: “A mais bela página,Chico não psicografou, foisua própria vida”. Uma totalempatia com o nosso sofri-mento: “Ó! minha filha,como está doendo, em nossocoração, a saudade do filhinho, nãoé? Mas vamos pedir a Nossa MãeSantíssima que nos proteja paraque possamos suportar”. “Ajude osfilhos alheios, contemos com Jesus,mas que Ele, também, possa con-tar conosco”. Ensinava-nos que ofardo da dor é muito pesado quandonão dividimos o tempo e a vidaem favor de outros que também so-frem. Ao receberem estes ensina-

mentos, muitos realizaram belasobras por este Brasil afora.

Após a partida de nosso filhinhoRangel, em 1983, as pessoas de mi-nha cidade comentavam que a mãeespírita é diferente, é mais forte. Evárias delas eram trazidas ao Cen-tro Espírita Luiz Gonzaga ou à mi-nha casa, pensando que poderiaajudá-las. Eu disse ao Chico quenão sabia mais como fazê-lo, pois

sentia que elas saíam como chega-vam, a dor delas era maior do queminha capacidade de atuação. Euconseguia alterar muito pouco oquadro de dor e angústia. E ele medisse que pedisse a elas que fizessemum curso de religião. O que não foidito, nem precisava, é que eu tinhaa empatia, mas não o amor queacolhe, acalenta e conforta, o queele nos oferecia em abundância.

Agora, ao assistir ao filme que re-lata a história de uma de minhas per-das, fomos privilegiadas com umaoportunidade ímpar de reviver tu-do. Emoções muito fortes tomaramconta de mim e de meus familiares.A Vanessa Gerbelli, no papel da Elisa,mãe do menininho que cai da bici-cleta, emociona-me intensamente.Ela interpreta, com tanto carinho erespeito, a nossa dor e, já com certo

distanciamento emocional,avaliamos tudo aquilo. Revi-vemos aqueles dias tão felizese, por eles, prosseguimos nosagradecimentos a Deus.

Quando o médico nos ace-na a tragédia que chegava,olhamos no rosto da atriz e vi-mos, desmoronando, o mun-do dela e o nosso.A partir da-quele momento,nossa vida ja-mais seria a mesma. Hoje ve-mos o que perdemos... E tudoo que ganhamos com aque-la perda. Pudemos, também,identificar quanto daquelador ainda existe em nossocoração. Mas as ilusões, a im-portância dada a muita coisa,com o tempo, deram lugar aum imenso esforço de sobre-viver àquele luto. Era como se

aquela dor nos alertasse:“Para tudoe trata de aprender o que vim te en-sinar”. Nas tarefas doutrinárias, par-te daquele padecimento se diluiu nagrande harmonia universal das leisdivinas que regem nossas vidas.

Chico nos disse, certa feita, quenosso genitor lhe pedia para nosinformar que aguentássemos a dorcom dignidade, pois, um dia, pode-ríamos afirmar que, graças a Deus,

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reencontrara nosso filho. Que ele eraum Espírito muito agradecido porlhe termos dado um corpo, ondedeixou um problema existente nocérebro perispiritual. Como nosconsolou, mostrando-nos que feli-cidade é a certeza de que não esta-mos vivendo e sofrendo inutilmente!Caminhar rumo ao merecimentodesse reencontro tem sido o norte deminha vida desde então. Quase umano depois, em 30 de junho de 1984,eis nosso filho de volta, pela psico-grafia. O Chico comentou conoscoserem raras as mensagens de criançasem tão tenra idade, e perguntouse autorizaríamos a sua publicação.Ela está no livro Caravana de Amor.1

Seguimos o conselho simbólicorecebido naquela época e tambémprosseguimos nos compromissosespíritas, em 2006. E, no curso davida, passamos por uma nova aulaprática ao vermos partir nossa filhi-nha Mariana, aos 27 anos.

Lembrando Nietzsche, sentimos,como o filósofo, que tudo o que nãonos destrói, faz-nos mais fortes.Além do mais, Chico e a DoutrinaEspírita já haviam nos ensinadoque o luto é uma estrada que vocêtem que passar por ela, sem esta-cionar no acostamento, levando,como companheiras de viagem, afé e a serenidade. No porto de che-gada, tão só o amor que nos unirásempre, a saudade plena de grati-dão e as lágrimas resignadas.

Essa foi a tarefa que o cândidoFrancisco deixou para o final, co-roando sua obra. O acolhimentoaos sofredores de todo jaez, belís-simo roteiro de vida,belíssimo rotei-ro do filme As mães de Chico Xavier.

Chico Xavier viveu, até o finalda existência física, sua fidelidadeao Evangelho de Jesus. Ao estudar-mos as suas obras psicográficas,ainda desconhecidas de tantos,descobrimos, maravilhados, quetudo o que ele nos aconselhava éencontrado nelas. Realmente, é im-possível separar o homem de suaobra, a teoria da prática.

Vejamos os comentários deHumberto de Campos no últimocapítulo de Boa Nova,2 intitulado“Maria”. No auge das dores dos der-radeiros instantes da crucificação,Jesus disse: “– Mãe,eis aí teu filho!...”E, ao apóstolo amado, disse: “– Fi-lho, eis aí tua mãe!”. Deixou, comosuprema lição,“que o amor univer-sal era o sublime coroamento desua obra”. E “que, no futuro, a clari-dade do Reino de Deus revelariaaos homens a necessidade da cessa-ção de todo egoísmo e que, no san-tuário de cada coração, deveria exis-tir a mais abundante cota de amor,não só para o círculo familiar, se-não também para todos os neces-sitados do mundo [...]”. Era comose Jesus dissesse: – Mãe, eu estoupartindo antes de você, mas em vezde se entregar à dor, como quer oseu coração, olhe para o sofrimentodeste meu discípulo e acolha-o emseu coração. Filho, estenda seu amora toda a Humanidade. Assim fize-ram Maria e João, em Éfeso. Assimdevemos fazer todos nós. Estas emuitas outras coisas nos evidencia-vam a claridade do Reino de Deusque brilhou, tão perto de nós, até30 de junho de 2002, em Pedro Leo-poldo e em Uberaba. É o remé-dio perfeito. Foi perfeito para

centenas de corações profunda-mente enlutados.

Seguindo a leitura até o final docapítulo de Boa Nova, ora em análise,encontramos Maria de Nazaré, jávelhinha, orando a Deus, ao crepús-culo, por todos aqueles que se en-contrassem em angústias do coração.Ela vê aproximar-se o divino filhopara lhe fazer companhia e pedir-lheas bênçãos. Ele estende-lhe as mãosgenerosas e diz,com profundo amor:“– Minha mãe, vem aos meus bra-ços! [...] – Sim, minha mãe, sou eu!...Venho buscar-te, pois meu Pai querque sejas, no meu Reino, a Rainhados Anjos...”2 Elevava-se, da Terra, asoberana Senhora, que tantas vezeschorara de júbilo, de saudade e deesperança, sem o filho amado. E oseu choro silencioso, por ter segura-do o corpo machucado de Jesus, tematravessado os séculos, consolandoa todas nós, mas também às outrasmães que sofrem muito mais porverem seus filhos crescerem nummundo ainda impiedoso e, às vezes,ainda tão cruel. E no recôndito denossa alma, ouvimos Maria a nosdizer:“Calma, minha filha, isto tam-bém passa”. Inspiremo-nos em seumartírio de angústia e saibamosencontrar, na esperança e na fé, noamor e no trabalho, o lenitivo paratodos os males que nos afligem.

Referências:1XAVIER, Francisco C.; ARANTES, Hércio

M. Cintra. Caravana de amor. Por Espíritos

diversos. Araras: IDE, 2008. Cap. 3, p. 35-43.2XAVIER, Francisco C. Boa nova. Pelo Es-

pírito Humberto de Campos. 3. ed. 5.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 30,

p. 250, 258-259.

34 Reformador • Maio 2011 192

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O 27o Congresso Espírita do Esta-do de Goiás, promovido pela Fede-ração Espírita do Estado de Goiás,aconteceu de 5 a 8 de março, emGoiânia, tendo como tema “Mediu-nidade: ligação entre o céu e a Terra”,com programação voltada para os“150 anos de O Livro dos Médiuns”.Os 4.430 inscritos adultos reuniram--se no Centro de Cultura e Con-venções de Goiânia. A abertura, nanoite do dia 5, foi feita pelo presi-dente da FEEGO, Cauci de Sá Roriz.Em seguida, o governador do Es-tado, Marconi Perilo, diri-giu-se aos congressis-tas, houve saudaçãodo presidente daFEB, Nestor JoãoMasotti, e precepelo secretário--geral do CFN daFEB, Antonio Ce-sar Perri de Carva-lho. Além dos citados,também compuserama Mesa: o coordenadordo Congresso, PauloCésar Ferreira dos Santos, o diretorda FEB, João Pinto Rabelo, o repre-sentante da Empresa Brasileira deCorreios e Telégrafos, e o represen-tante das instituições espíritas deGoiás. Houve o lançamento de Selo

Personalizado, emitido pelosCorreios, em homenagemaos “150 anos de O Livrodos Médiuns”; apresenta-ção lírica da dupla Sheillae Sérgio de Paiva, e o show“Vida”com o Grupo ArteNascente. Como ocorretodos os anos,o Congressotambém contemplou os públicosjovem (708 inscritos) e infantil(204 congressistas-mirins). A TVCEI(www.tvcei.com) fez transmissão

ao vivo e, pela primeira vez, esteCongresso foi transmitido

(além da internet parao mundo todo) pe-

lo satélite para 25operadoras deTV a cabo em to-do o Brasil. Numambiente de sim-

plicidade, os temaspara adultos foram

desenvolvidos por ex-positores convidados:André Luiz Peixinho,Otaciro Rangel, Simão

Pedro, João Pinto Rabelo (substi-tuiu em virtude de imprevisto aHaroldo Dutra Dias), e Divaldo Pe-reira Franco, que encerrou o evento.A etapa de adultos foi realizada noCentro de Cultura e Convenções

de Goiânia, onde também estavammontados diversos estandes, entreos quais, o Projeto “Memória Espí-rita do Estado de Goiás”, cuja equi-pe editou o livro de mesmo título.Já o público juvenil teve sua pro-gramação no Colégio Santo Agos-tinho, intercalando-se palestras,shows, oficinas de arte e práticasassistenciais de capacitação para otrabalho voluntário. As criançaslocalizaram-se no Instituto Emma-nuel. Durante o evento a FEEGOlançou obras dedicadas aos jovens:o livro ABC da Juventude do Espí-rito Marinho e psicografado porJacobson Sant’Ana Trovão, a revista(tipo “gibi”) Ângelo, a Descoberta(baseada no folheto “Conheça o Es-piritismo”, da FEB e do CEI) e oCD Kit Astral. O presidente daFEB e o secretário-geral do CFNda FEB visitaram as atividades deadultos, jovens e crianças. Infor-mações: <www.feego.org.br>.

Congresso Goiano tempresença do Governador doEstado e lançamento de selo

Selo Personalizado

Saudação doGovernador de Goiás

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leitura atenta e o estudocontinuado das obras fun-damentais do Espiritismo

sempre renovam nossa oportuni-dade de aprender. Dão a impressãode que estamos diante de um con-teúdo inédito, quando nos certifica-mos, após algum tempo, de que jáo havíamos lido anteriormente. Issodecorre, em nosso entendimento, deduas razões principais: a constanteatualização dos conteúdos doutriná-rios expostos na obra básica da Co-dificação Espírita, isto é, o conteúdoespírita organizado na obra karde-quiana foi, é e continua sendo atual;e a oportuna necessidade de atuali-zarmos nosso entendimento acercada mensagem evangélica pelo salu-tar hábito do estudo, ou seja, preci-samos “atualizar” nossa ignorância,

buscando novos conhecimentos,cujos assentamentos encontram-se,sem exceção, nas inamovíveis basesdefinidas no arcabouço doutrinário.

As orientações seguras advindasda Espiritualidade superior nos reco-mendam que dediquemos pelo me-nos 15 minutos diariamente à leitu-ra de alguma obra de Allan Kardec.

Esse contato diário com a obrabásica, que compõe o PentateucoKardequiano (O Livro dos Espíri-tos, O Livro dos Médiuns, O Evan-gelho segundo o Espiritismo, O Céu eo Inferno e A Gênese), somando-seObras Póstumas, O Que é o Espiritis-mo e a extraordinária Revista Espírita(1858-1869), certamente nos colo-cará a par da sabedoria espiritual eda genialidade de Kardec ao ensejarque tais ensinamentos renovadores

fossem materializados na Terra paraacesso de todos nós, trabalhadorese aprendizes da última hora.

O estudo possibilita ampliar avisão e o entendimento, a reflexãoe a prática, sobre tudo o que nossensibiliza as percepções, dilatandogradativamente a nossa capacidadede compreensão, “a zona lúcida”,conforme expressão do estudiosofrancês Paul Gibier.

O estudo espírita pode ser indi-vidual, num processo persistente deautodesenvolvimento, e coletivo,quando nos predispomos a inte-grar algum grupo interessado empropósitos semelhantes de reuniãoe aprendizado, pelo compartilha-mento de lições e experiências.

Ambas as tipologias de estudo, in-dividual e coletivo, exigem planeja-

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AGE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

Estudo dasobras fundamentais

do Espiritismo

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mento, disciplina e organização doproponente à compreensão da Men-sagem Divina à luz do Espiritismo.

Para o estudo individual, alimen-temo-nos de boa vontade, separe-mos um tempo diário de pelo me-nos 15 minutos, e iniciemos como propósito firme de ir adiante.No início, há que se vencer algu-mas resistências naturais. Depois,torna-se mais fácil.

Para o estudo em grupo, as casasespíritas ofertam várias possibili-dades, aproveitando-se do materialde excelente qualidade disponibili-zado ao Movimento Espírita pelaFEB. São os programas do EstudoSistematizado, do Estudo Aprofun-dado, do Estudo e Educação daMediunidade, de cursos específicossobre as obras da Codificação e dealgumas publicações subsidiárias.

Oportunidades de estudo eaprendizado não faltam. O que àsvezes falta é nossa boa vontade deestudar e aprender.

Que tal enriquecermos nossatrajetória presente, aproveitandoa oportunidade de educação espi-ritual, propondo-nos à efetiva re-novação íntima pelo exercício dosexcelsos mandamentos recomen-dados pelo Espírito de Verdade:amai-vos e intruí-vos?!

Referências:GIBIER, Paul. Análise das coisas: ensaio

sobre a ciência futura e sua influência

certa sobre as religiões, filosofias, ciên-

cias e artes. Trad. T. 6. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2009. Cap. 2.

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o es-

piritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 6, it. 5.

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Desencarnou no dia 28 demarço,em Pedro Leopoldo (MG),aos 88 anos, o Sr. Jaques Alba-no da Costa. Foi companheirode Chico Xavier no Centro Es-pírita Luiz Gonzaga e diretordesta instituição de 1971 a 1988,sendo, ultimamente, seu presi-dente honorário. Sempre man-teve benemérito apoio a ati-

vidades assistenciais, incluin-do a tradicional distribuição depães. Numeroso público com-pareceu ao velório. Como seudesprendimento coincidiu comas comemorações finais doCentenário de Chico Xavier, hou-ve uma saudação pelo diretorda FEB, Antonio Cesar Perri deCarvalho.

Jaques Albano da Costa

Retorno à Pátria Espiritual

Elias Barbosa, dirigente daComunhão Espírita Cristã, mé-dico e professor da Faculdadede Medicina de Uberaba, desen-carnou no dia 31 de março aos76 anos. Foi colaborador diretode Chico Xavier, que conheceuem 1955, em Pedro Leopoldo.Chico Xavier passou a visitar aterra natal de Elias Barbosa –Monte Carmelo (1956 a 1959) –,recebendo mensagens mediúni-cas na residência da mãe de Elias,dona Myrthes Barbosa. A partirde janeiro de 1959, quando Chi-co Xavier mudou-se para Ube-raba, Elias passou a trabalhar comele nas tarefas de desobsessão,sessões públicas e organizandolivros em parceria: EnxugandoLágrimas, Entre Duas Vidas,Claramente Vivos, Irmã VeraCruz, Gabriel, e outros. Escreveu

sobre a vida do médium: Presen-ça de Chico Xavier e No Mundode Chico Xavier. Organizador de:Antologia dos Imortais (FEB,1962), Trovadores do Além (FEB,1965) e O Espírito de CornélioPires (FEB, 1965). Em AnuárioEspírita (IDE), sempre analisouas obras de Chico Xavier. É umdos entrevistados no livro Depoi-mentos sobre Chico Xavier (FEB,2010) e em Reformador (dezem-bro de 2010). Compareceu à pa-lestra do presidente da FEB,Nestor João Masotti, no encer-ramento das comemorações doCentenário de Chico Xavier, emUberaba, na Comunhão EspíritaCristã, em novembro de 2010.

Aos nossos irmãos Jaques eElias, em seu retorno à PátriaEspiritual, rogamos as bênçãosde Jesus!

Elias Barbosa

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Espiritismo é mais umaexpressão da bondade e damisericórdia divina volta-

da para as suas criaturas no sentidode tirá-las do imobilismo que asprende às fantasias e ilusões darealidade material distorcida, oravigente. Realidade esta entendidapor muitos como sendo única, eúnico parâmetro a que tudo deveser comparado ou modelado.

O Espiritismo, por sua natureza,quebra esse paradigma, uma vez quesua origem assenta-se na mediuni-dade, campo do sentido humanoque foge aos padrões usuais de per-cepção do que seja real e por issopouco considerado e raramenteestudado com a devida isenção,atenção e critério. Além disso, trazcomo proposta um conjunto devivências coerentes, não com omodelo de realidade social e edu-cacional preponderante no mundo,mas com a natureza do elementodo qual fomos todos criados por

Deus: o amor, fundamento únicopara alcançarmos o que tanto bus-camos, isto é, a felicidade.

O Movimento Espírita, comoorganismo que entrelaça espíritase instituições comprometidas com adivulgação e vivência do Espiri-tismo, não pode se distanciar dessaproposta, sob pena de não maisrefletir o Espiritismo codificadopor Allan Kardec. É seu dever colo-car em prática o que divulga emseus grupos de estudos, em suasreuniões públicas e em suas publi-cações doutrinárias. Cabe ao Mo-vimento Espírita a responsabili-dade de contribuir, incondicio-nalmente, com o lançamento dasbases de uma nova ética social, daformação de um homem morali-zado, de um novo modelo de con-vivência e construção do progres-so, em suas várias manifestações,desde que concorra para a melho-ria das condições de vida da cria-tura humana e do seu progresso

espiritual. Para isso, os que osten-tam a flâmula do Espiritismo têmque exemplificar, vivenciar essenovo modelo.

A Casa Espírita, o lar, o ambientede trabalho e os espaços de con-vivência social são locais apro-priados para essa prática. Gestosespontâneos de gentileza, de boaeducação, de solidariedade e defraternidade são posturas que todoespírita tem que assimilar e viven-ciar com naturalidade em seu con-vívio familiar, nas relações com osamigos, conhecidos, desconheci-dos, companheiros de trabalho evoluntários da Casa Espírita, porexemplo. Desta forma, em nossoesforço de trabalho na Casa Espí-rita, jamais devemos assumir ati-tudes ou importar modelos degestão que concorram, direta ouindiretamente, para a tristeza,insatisfação, angústia, sofrimentoou desconforto das criaturas. Mes-mo que tais procedimentos, noto-

A relação de

na Casa Espírita

OXE R X E S PE S S OA D E LU NA

trabalho

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riamente, sejam exitosos em con-textos similares ao nosso, ou queatendam às necessidades de exce-lência da prestação de serviços dasnossas instituições, não os deve-mos utilizar, pois seu uso fere eafronta os propósitos espíritasde irmanar e levar felicidade àscriaturas.

Na Casa Espírita, o trabalhodeve ser realizado com prazer econsiderado como um alento paraa alma; uma oportunidade imper-dível de estar perto de Jesus. Sebem atentarmos para isso, have-remos de concluir que ninguémtem o direito de macular estes ins-tantes sublimes de trabalho, pro-movendo insatisfação e tristezano ambiente ou desenvolvendoatividades que, mesmo bem in-tencionadas, destoam dos propó-sitos espíritas. Nas nossas relaçõesde trabalho, o diálogo fraterno, aconfiança, o incentivo, a criativi-dade, o reconhecimento da qua-lidade dos serviços e a sintoniacom os princípios doutrináriossão indispensáveis. O companhei-rismo, a solidariedade e a frater-nidade são pedras angulares im-prescindíveis à edificação das re-lações de trabalho nas instituiçõesespíritas. Disputas pelo poder, faltade cooperação entre trabalhado-res, melindres e outros comporta-mentos que favoreçam a discórdiae o ressentimento, não se coadu-nam com a ética espírita propostaaos que se dispõem a colaborarcom os trabalhos das nossas ins-tituições, além do fato de que taisposturas contrariam as recomen-dações de Jesus aos seus seguidores

contidas no Evangelho de Marcos(10:42-45). Neste trecho evangélico,após ter ocorrido um fato que en-volveu João e Tiago, alguns discí-pulos ficaram indignados comos dois, o que gerou certo distúr-bio no grupo. Diante do ocorrido,Jesus chamou seus discípulos edisse-lhes:

Vós sabeis que aqueles que são

reconhecidos como chefes das

nações as dominam e que os

seus príncipes têm poder sobre

elas. Porém, entre vós não deve

ser assim, mas quem quiser ser

o maior, entre vós, será o vosso

servo; e quem entre vós quiser

ser o primeiro, será servo de to-

dos. Porque também o Filho do

Homem não veio para ser ser-

vido, mas para servir e dar a sua

vida em redenção de muitos.

Eis a ética proposta por Jesusaos seus seguidores. Ética que sefundamenta na humildade, na fra-ternidade, na tolerância, na indul-gência, na paciência, na compreen-são,no perdão e na união entre com-panheiros e irmãos de ideal. Éticaque deve ser vivenciada, obrigatoria-mente, na Casa Espírita, caso estase proponha a ser a casa do Cristia-nismo Redivivo, ou seja, do Cris-tianismo ensinado e vivido porNosso Senhor Jesus Cristo. Não nosesqueçamos de que Jesus nos disseque aquele que o amar observaráseus mandamentos.

Sabendo de nossas fragilidadesno campo da convivência inter-pessoal e das nossas dificuldadesem testemunhar seus manda-mentos, poucos dias antes de suapartida, nos sinalizou o caminhoa ser seguido, ao assim se dirigir,em súplica, ao Pai:

Eu não rogo só por eles [os discí-

pulos], mas também por aque-

les que hão de crer em mim por

meio de suas palavras; para que

sejam todos um, como tu, ó Pai,

o és em mim, e eu, em ti; para

que também eles sejam um em

nós, a fim de que o mundo creia

que tu me enviaste.

Eu dei-lhes a glória que a mim me

deste, para que sejam um, como

também nós somos um. (João,

17:20-22.)

Eis o caminho,a direção que Jesusnos aponta e que devemos seguir:a união e o respeito humano. Aten-damos pois ao apelo do Cristo den-tro e fora das nossas instituições.

Atendamosao apelodo Cristodentro efora dasnossas

instituições

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As comemorações do Centenáriode Chico Xavier, com base em Pro-jeto aprovado e implementado peloCFN da FEB, desenvolveram-se des-de 1o de janeiro de 2010 e se encer-raram no dia 3 de abril, em PedroLeopoldo (MG). As atividades deconclusão iniciaram-se na União Es-pírita Mineira, em Belo Horizonte,no dia 26 de março, com inaugu-ração da nova sede da mesma e daMostra de Acervo sobre a obra deChico Xavier. A placa foi descerradapelo presidente da UEM, MarivalVeloso de Matos, e pelo represen-tante do presidente da FEB, o dire-tor Antonio Cesar Perri de Car-valho. No dia seguinte, na sede his-tórica da UEM, pela manhã, houvehomenagem a Chico, ocorrendoexposições pelos dirigentes cita-dos da FEB e da UEM, e saudaçõespor Célia Diniz (C. E. Luiz Gon-zaga, Pedro Leopoldo); Eugênio

Eustáquio dos Santos (G. E. Mei-mei, Pedro Leopoldo); Jhon Har-ley Marques (Aliança Municipal Es-pírita de Pedro Leopoldo) e, comoos convidados de Uberaba não pu-deram comparecer, o presidente daUEM representou a Aliança Muni-cipal Espírita de Uberaba. WagnerGomes da Paixão psicografou asmensagens “Bases seguras”, de Fran-cisco Thiesen, e “Evangelho e Es-piritismo”, de Honório Abreu. Àtarde, realizou-se uma reunião ti-po Evangelho no Lar, com aten-dimento a pessoas carentes, lanche,distribuição de O Evangelho se-gundo o Espiritismo e apresentaçõesde números musicais, inclusive como Grupo Bento, Marília e filhos.

No dia 28 as comemoraçõestiveram prosseguimento na terranatal de Chico Xavier, no C. E. LuizGonzaga, com palestra do citadodiretor da FEB, coordenador do

Projeto Centenário de Chico Xavier;saudação pelo deputado estadualFábio Cherem; leitura do texto “Vi-da e Louvor”,de Maria João de Deus,psicografada no momento por Wag-ner Gomes da Paixão, e presenças deHenrique Kemper, vice-presidenteda UEM; Arnaldo Rocha; ReginaDuarte, assessora do presidente daAssembleia Legislativa de Minas Ge-rais; Angélica Maia, do C. E. Augus-to Silva, de Lavras. O evento foi diri-gido por Célia Diniz, havendo apre-sentação do Coral do C.E.Luiz Gon-zaga. Oceano Vieira de Melo com-pareceu aos eventos nas duas cida-des, realizando filmagens. No dia 2foi lançado o DVD do filme NossoLar, na sede do Sinticomex, e no dia3 houve palestra de Wagner de Assis,diretor do citado filme, na Casa deChico Xavier. Informações: <www.uembh.org.br>; <www.febnet.org.br>;<www.100anoschicoxavier.com.br>.

e Pedro Leopoldofoi encerrado em Belo HorizonteCentenário de Chico Xavier

Aspecto da Mesa nas comemorações de encerramento do Centenário de Chico Xavier

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CONSELHO DIRETORPresidente: Nestor João Masotti. Vice-presidentes: Altivo Ferreira, Cecília Rocha, Ilcio Bianchi e José Carlos da Silva Silveira.

DIRETORIA EXECUTIVADiretores: Affonso Borges Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Arthur do Nascimento, Edna Maria Fabro, Geraldo Campetti Sobrinho, Hélio Blume, José Salomão Mizrahy, José Valdo de Oliveira, Luiz Antonio de Moura, Maria de Lourdes Pereirade Oliveira, Marta Antunes de Oliveira de Moura, Miriam Lucia Herrera M. Dusi, Regina Lúcia de Souza B. Rodrigues, SadyGuilherme Schmidt e Tânia de Souza Lopes.

CONSELHO FISCALEfetivos: César Augusto Lourenço Filho, Ennio de Oliveira Tavares e Sérgio Thiesen. Suplentes: Alamir Gomes de Abreu, EliphasLevi Garcez Maia e José Francisco dos Santos.

ASSESSORES DA PRESIDÊNCIAEvandro Noleto Bezerra, Jarbas Arrais de Souza, Jorge Godinho Barreto Nery e Noberto Pásqua.

REFORMADORDiretor: Nestor João Masotti. Editor: Altivo Ferreira. Redatores: Affonso Borges Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho,Evandro Noleto Bezerra, Geraldo Campetti Sobrinho, Marta Antunes de Oliveira de Moura e Sady Guilherme Schmidt. Secretário:Paulo de Tarso dos Reis Lyra. Gerência: Ilcio Bianchi.

CONSELHO SUPERIOREfetivos: Allan Eurípedes Rezende Nápoli, Allan Kardec Rezende Nápoli, Alzira Matoso de Abreu, Clara Lila Gonzalez de Araújo,Francisco Bispo dos Anjos, Ismael de Miranda e Silva, Jamile Mizrahy, João de Jesus Moutinho, Jorge Godinho Barreto Nery,José Francisco dos Santos, Lucia Maria Alba da Silva, Lydia Alba da Silva, Márcia Regina Pini de Souza, Marco Aurélio Luzio deAssis, Maria da Conceição de Carvalho, Maria Euny Herrera Masotti, Maria Luiza Priolli dos Santos Fonseca, Nilton da CostaPereira de São Thiago, Paulo Affonso de Farias, Raimunda Maria Prata, Salim Tannus Feres Neto, Suely Caldas Schubert, TossieYamashita, Yola Carvalho Borges de Souza, Orlando Ayrton de Toledo, Rubens André Gonçalves Dusi, Bittencourt Rezende deNápoli, Lauro de Freitas Carvalho, Zaira Amarilis da Cruz Silveira e Marlene Silva Duarte. Efetivos indicados pelo CFN: Ana LuizaNazareno Ferreira, César Soares dos Reis, Darcy Neves Moreira, Divaldo Pereira Franco, Hélio Ribeiro Loureiro, José Raimundode Lima, Lacordaire Abrahão Faiad, Sandra Maria Borba Pereira, Sônia Maria Arruda Fonseca e Weimar Muniz de Oliveira.

Suplentes: Roosevelt Pinto Sampaio, Aldenice Cousseiro de Carvalho Filha, Marley Souza Lopes, Venita Abranches Simões,Eliphas Levi Garcez Maia e Maria Alves da Silva.Suplentes indicados pelo CFN: Gerson Simões Monteiro, Pedro Valente da Cunha, Eloy Carvalho Villela e Israel Quirino do Nascimento.

CONSELHO FEDERATIVO NACIONALEntidades Federativas Estaduais: Acre – Federação Espírita do Estado do Acre; Alagoas – Federação Espírita do Estado de Alagoas;Amapá – Federação Espírita do Amapá; Amazonas – Federação Espírita Amazonense; Bahia – Federação Espírita do Estado da Bahia;Ceará – Federação Espírita do Estado do Ceará; Distrito Federal – Federação Espírita do Distrito Federal; Espírito Santo – FederaçãoEspírita do Estado do Espírito Santo; Goiás – Federação Espírita do Estado de Goiás; Maranhão – Federação Espírita do Maranhão;Mato Grosso – Federação Espírita do Estado de Mato Grosso; Mato Grosso do Sul – Federação Espírita de Mato Grosso do Sul;Minas Gerais – União Espírita Mineira; Pará – União Espírita Paraense; Paraíba – Federação Espírita Paraibana; Paraná – FederaçãoEspírita do Paraná; Pernambuco – Federação Espírita Pernambucana; Piauí – Federação Espírita Piauiense; Rio de Janeiro – Conse-lho Espírita do Estado do Rio de Janeiro; Rio Grande do Norte – Federação Espírita do Rio Grande do Norte; Rio Grande do Sul –Federação Espírita do Rio Grande do Sul; Rondônia – Federação Espírita de Rondônia; Roraima – Federação Espírita Roraimense;Santa Catarina – Federação Espírita Catarinense; São Paulo – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo; Sergipe –Federação Espírita do Estado de Sergipe; e Tocantins – Federação Espírita do Estado do Tocantins.

ENTIDADES ESPECIALIZADAS DE ÂMBITO NACIONALAssociação Brasileira de Artistas Espíritas, Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo, Associação Brasileira de Espe-rantistas-Espíritas, Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas, Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas, Associação Jurídico--Espírita do Brasil, Associação Médico-Espírita do Brasil, Cruzada dos Militares Espíritas e Instituto de Cultura Espírita do Brasil.

Federação Espírita BrasileiraCOMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS DA FEB APÓS A REUNIÃO DO

CONSELHO SUPERIOR DE MARÇO DE 2011

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Ceará: Seminário de Comunicação SocialEspírita

“Comunicação e Ética da Fraternidade” foi o temado Seminário Intensivo de Comunicação SocialEspírita. O evento realizado pela coordenação deComunicação Social Espírita da Federação Espíri-ta do Estado do Ceará ocorreu nos dias 16 e 17de abril, na sede da própria Federação, e contoucom a participação de Luiz Signates. Informações:<www.feec.org.br>.

Pernambuco: Na Era do EspíritoA Federação Espírita Pernambucana promoveu,no período de 2 a 10 de abril, um Ciclo de Pales-tras em homenagem aos 101 anos de nascimen-to do médium Francisco Cândido Xavier. O temacentral deste ano foi “Chico Xavier e os Espíritosconsolaram e esclareceram os participantes dasreuniões”, com subtemas extraídos de mensagenspsicografadas do próprio Chico Xavier e regis-tradas no livro Na era do Espírito, escrito por Chicoe por Herculano Pires. Informações: <http://federacaoespiritape.org>.

Rio de Janeiro: Combate à Intolerância Religiosa

Foi realizada, na sede do Conselho Espírita do Esta-do do Rio de Janeiro, no dia 30 de março, a reu-nião da Comissão de Combate à Intolerância Reli-giosa do Rio de Janeiro. O evento contou com a pre-sença de representantes de várias religiões e lançou oDVD da 3a Caminhada contra a Intolerância Religio-sa, realizada em setembro de 2010, em Copacaba-na, na qual 120.000 pessoas aderiram ao Movimento,em que o CEERJ se fez representar por meio dadiretora da Área de Relações Externas. Informações:<www.ceerj.org.br>.

Distrito Federal: Mostra TVCEI de VídeosEspíritas

Apresentações sobre Peixotinho, Joanna de Ângelis ea história de quatro médiuns ostensivos foram atra-

tivos da 1a Mostra TVCEI de Vídeos Espíritas, pro-movida pela TV do Conselho Espírita Internacional(TVCEI). O evento ocorreu de 29 de abril a 1o demaio, na Comunhão Espírita de Brasília, com atua-ção de debatedores da FEB e da FEDF, e com aparticipação do público sobre os documentários.Informações: <www.tvcei.com>.

Sergipe: Curso para expositoresDividido em quatro módulos, que ocorreram nosmeses de março, abril e maio, foi desenvolvido umcurso para expositores, ministrado pela coordena-ção de Comunicação Social da Federação Espíritado Estado de Sergipe. Informações: <www.fees.org.br>.

Paraíba: O Livro dos EspíritosHeloísa Pires, Irvênia Prada, Saulo Gomes eRichard Simonetti foram os convidados do 1o

Congresso Espírita de Campina Grande, que ocor-reu naquela cidade, de 15 a 17 de abril. Com o tema“O Livro dos Espíritos: caminho para a felicidade”, oevento contou com palestras, seminários e mesas--redondas, e foi realizado no Centro de Conven-ções e Estudos Espíritas Divaldo Pereira Franco,responsável pelo evento em parceria com o Nú-cleo de Estudos da Doutrina Espírita. Informações:<www.ccedpf.com.br>.

Amazonas: O trabalhador da UnificaçãoCom o objetivo de mostrar a estrutura e a dinâmicado Movimento Espírita estadual, nacional e interna-cional, bem como apresentar as campanhas e docu-mentos aprovados no CFN e publicados pela FEB, aDiretoria Executiva da Federação Espírita Amazo-nense promoveu, nos dias 3 e 10 de abril, um se-minário para trabalhadores espíritas de todas asáreas, com o tema “Além dos limites do Centro Espí-rita – O trabalhador da Unificação”. O evento foiministrado por Sandra Moraes, Rosange Menezes eThiago Aguiar e ocorreu na sede da FEA. Informa-ções: <www.feamazonas.org.br>.

Seara Espírita

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