ano 129 • nº 2.185 • abril 2011

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Page 1: Ano 129 • Nº 2.185 • Abril 2011

R$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 129 • Nº 2.185 • Abr i l 2011D EUS , CR I S TO E CAR I D ADE

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo Cristão

Ano 129 / Abril, 2011 / N o 2.185

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO NOLETO

BEZERRA, GERALDO CAMPETTI SOBRINHO,MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA E

SADY GUILHERME SCHMIDT

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:

SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:

Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

SumárioExpediente

PARA O BRASIL

Assinatura anual R$ 39,00

Número avulso R$ 5,00

PARA O EXTERIOR

Assinatura anual US$ 35,00

Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mail: [email protected]

Editorial

Flagelos destruidores

Entrevista: Rogério Felisbino da Silva

Arte Espírita é manifestação cultural dos espíritas

Presença de Chico Xavier

Palestra educativa – P. Comanducci

Esflorando o Evangelho

Verdades e fantasias – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

5o Encontro Brasileiro de Esperantistas-Espíritas –

Affonso Soares

Trovas/Troboj – Casimiro Cunha

Seara Espírita

O Livro dos Médiuns – Manifestações espíritas

Epístola ao menestrel de Deus – Joanna de Ângelis

O santo e o Espiritismo – Richard Simonetti

Reflexões sobre a pena de morte – Christiano Torchi

Educação sexual na visão espírita –

Clara Lila Gonzalez de Araújo

O valor dos registros históricos –

Licurgo Soares de Lacerda Filho

Em dia com o Espiritismo – O Planeta Azul (Capa) –

Marta Antunes Moura

União com fidelidade, simplicidade e fraternidade –

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Retorno à Pátria Espiritual – Neli Tavares Martins

Jesus e o Espírito de Verdade –

Geraldo Campetti Sobrinho

A Revelação Espírita – Alexandre Fontes da Fonseca

Chico e a água da Paz – Mário Frigéri

Elaboração coletiva gera diretrizes para a

Unificação – Aylton Paiva

Expedição de Reformador

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Editorial

Flagelos destruidoresnalisando o assunto relacionado com os flagelos destruidores, Allan Kardecperguntou aos Espíritos superiores (Q. 728 de O Livro dos Espíritos):A destruição é uma Lei da Natureza?, ao que eles responderam: “É preciso

que tudo se destrua para renascer e se regenerar, pois isso a que chamais destruiçãonão passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dosseres vivos”.

Logo em seguida, na questão 728-a, fazendo referência ao corpo humano, osEspíritos esclarecem que essa destruição se circunscreve à parte material: “[...] Esseenvoltório é simples acessório, e não a parte essencial do ser pensante; só ele sofre adestruição. A parte essencial é o princípio inteligente, que não se pode destruir [...].”

Detalhando ainda mais, os Espíritos superiores esclarecem (Q. 737) que os flage-los destruidores agem no sentido de fazer com que a Humanidade progrida maisdepressa, observando que “[...] muitas vezes esses transtornos são necessários paraque mais depressa se chegue a uma ordem melhor de coisas e para que se realize emalguns anos o que teria exigido muitos séculos”.

Allan Kardec, todavia, insiste: Para melhorar a Humanidade, Deus não poderiaempregar outros meios além dos flagelos destruidores? (Q. 738). “Sim [respondem osEspíritos], e diariamente os emprega, pois deu a cada um os meios de progredirpelo conhecimento do bem e do mal. É o homem que não se aproveita desses meios.”

Aprofundando a análise do assunto, o diálogo entre Allan Kardec e os Espíritossuperiores prossegue: Os flagelos destruidores têm utilidade do ponto de vista físico,não obstante os males que ocasionam? (Q. 739). “Sim, algumas vezes eles mudam ascondições de uma região, embora o bem que deles resulte só seja sentido pelasgerações futuras”.

Esses textos, extraídos do capítulo VI, do Livro III – Leis Morais, de O Livro dosEspíritos, tradução de Evandro Noleto Bezerra, edição FEB, tornam bastante claro oentendimento de que tudo o que ocorre na Natureza trabalha no sentido de pro-mover, facilitar e abreviar a evolução do Espírito imortal que, encarnado nacondição de ser humano, encontra as situações mais propícias a fim de vivenciar asexperiências que se mostram indispensáveis para o seu progresso.

O conhecimento cada vez mais aprofundado das Leis de Deus que regem a nossavida, em especial as que dizem respeito às Leis Morais explicitadas e vivenciadas porJesus em seu Evangelho, e o esforço que venhamos a realizar para colocá-las emprática, representam, sem dúvida, a melhor escolha que podemos fazer para agilizara nossa evolução, evitando e atenuando os choques que muitas vezes se fazemnecessários para nos recolocar no caminho correto, que nos levará à plena vivênciadessas leis e à paz que dela decorre.

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s Espíritos desencarnadosmanifestam-se no planofísico por meio dos mé-

diuns, indivíduos que lhes servemde intermediários:

Médium é toda pessoa que sente,

num grau qualquer, a influência

dos Espíritos. Essa faculdade é

inerente ao homem e, por con-

seguinte, não constitui um privi-

légio exclusivo. [...] Pode-se, pois,

dizer que todos são mais ou me-

nos médiuns. Usualmente, po-

rém, essa qualificação só se apli-

ca àqueles em quem a faculdade

se mostra caracterizada e se tra-

duz por efeitos patentes, de certa

intensidade, o que depende de

uma organização mais ou me-

nos sensitiva.1

Tal organização sensitiva refe-re-se à predisposição orgânica dosmédiuns que, por meio de certosórgãos do corpo físico, conheci-dos como “canais mediúnicos”

(mãos, garganta, olhos, ouvidosetc.), transmitem comunicaçõesdos Espíritos, por possuírem “umaaptidão especial para os fenôme-nos desta ou daquela ordem, demodo que há tantas variedadesquantas são as espécies de mani-festações”.1

O médium não é uma máqui-na, mas um ser pensante e inteli-gente, que interpreta ideias quelhe chegam ao mundo mentalcomo, a propósito, esclarecem osorientadores da Codificação:

O Espírito do médium é o in-

térprete porque está ligado ao

corpo que serve para falar e

por ser necessária uma cadeia

entre vós e os Espíritos que

se comunicam, como é preciso

um fio elétrico para transmi-

tir uma notícia a grande dis-

tância, desde que haja, na ex-

tremidade do fio, uma pessoa

inteligente que a receba e trans-

mita.2

Por este fato, considera-se queestá “a mente na base de todas asmanifestações mediúnicas, quais-quer que sejam os característicosem que se expressem”.3 Assim, ainterpretação de uma mensagemqualquer, mediúnica ou não, re-quer complexo envolvimento deestruturas mentais, sobretudoquando ocorrem sintonias e per-cepções extrassensoriais, comunsà prática mediúnica.

Por outro lado, como o comu-nicador e o comunicante estão emdiferentes planos, o espiritual e ofísico, o intercâmbio mental é me-diado e modulado pelo perispíri-to de ambos:

[O perispírito] é o intermediá-

rio de todas as sensações que o

Espírito percebe e pelo qual

transmite sua vontade ao exte-

rior e atua sobre os órgãos do

corpo. Para nos servirmos de

uma comparação material, dire-

mos que é o fio elétrico condu-

Manifestações espíritas“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.”

– Paulo. (I Coríntios, 12:7.)

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O Livrodos Médiuns

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tor, que serve para a recepção e

a transmissão do pensamento.4

O perispírito desempenha, tam-bém, “grande papel na economiaorgânica e que ainda não se levamuito em conta nos fenômenosfisiológicos e patológicos”,4 comonas obsessões.

Podemos resumir a manifesta-ção dos Espíritos pelos seguintespassos:

• O desencarnado aproxima--se do médium, envolve-o emseus fluidos, atua em suamente e no seu perispírito,revelando-lhe a intenção demanifestar-se – ação deno-minada “vontade-apelo”5 porAndré Luiz.

• O médium capta e aceita avontade/ideias do comunicanteespiritual, caracterizando a“vontade-resposta”.5

• O intercâmbio mediúnico é,então, estabelecido dentrode um circuito, que é man-tido, de um lado, pela contí-nua atuação do comunican-te na mente e no perispíritodo medianeiro, e por outro,pela concentração e sin-tonia do médium que captae transmite ideias, emoções esentimentos do Espírito.

Durante as manifestações es-píritas o médium entra em umestado de alteração da consciên-cia, ou transe, de diferentes gra-dações: superficial, parcial ouprofundo.

Sendo o médium um intér-prete, a mensagem que veiculatraz o “colorido” das suas pró-prias ideias, fato característicoda passividade mediúnica. Con-tudo, ele “é passivo quando nãomistura suas próprias ideias comas do Espírito que se comunica”.6

Quando não há boa passividade,o médium interfere na mensa-gem mais do que se espera comorazoável:

[...] pode alterar as respostas e

assimilá-las às suas próprias

ideias e inclinações. Porém, não

exerce influência sobre os Espí-

ritos comunicantes, autores das

respostas. É apenas um mau

intérprete.7

No que diz respeito aos tiposde manifestações espíritas, AllanKardec as classifica segundo osefeitos: físicos ou intelectuais(inteligentes).

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Crookes com o Espírito Katie King materializado,

e a médium de ectoplasmia (Florence Cook)

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• “Dá-se o nome de manifes-tações físicas às que se tra-duzem por efeitos sensí-veis, tais como ruídos, mo-vimentos e deslocamento decorpos sólidos. [...]”.8 Estetipo abrange também efei-tos mais elaborados: o trans-porte e a materialização deobjetos e/ou de Espíritos;curas espirituais; transfu-sões fluídicas pelo passe;manifestações de voz e es-crita direta, respectivamente,pneumatofonia e pneuma-tografia etc.

• “Para uma manifestação serinteligente, não é precisoque seja eloquente, espiri-tuosa ou sábia. Basta queprove ser um ato livre e vo-luntário, exprimindo umaintenção ou corresponden-do a um pensamento. [...]”9

As manifestações inteligen-tes envolvem significativaelaboração mental e inte-lectual. Os principais mé-diuns são os intuitivos e deinspiração; os de psicofoniae psicografia; os videntes e/ou audientes. Entre eleshá, porém, infinita varieda-de de aptidões (poetas, mú-sicos, historiadores, psicô-metras etc.).

Quanto à natureza das mani-festações espíritas, elas são clas-sificadas em:

a) Grosseiras: “são as que [...]ferem o decoro. Só podem provirde Espíritos de baixa condição,

ainda cobertos de todas as impu-rezas da matéria [...]”. 10

b) Frívolas: “emanam de Espí-ritos levianos, zombeteiros, oubrincalhões, mais maliciosos doque maus, e que não ligam amenor importância ao que di-zem”.11

c) Sérias: “são dignas de aten-ção quanto ao assunto e elevadasquanto à forma. [...] Nem todosos Espíritos sérios são igual-mente esclarecidos; há muitascoisas que eles ignoram e sobreas quais podem enganar-se deboa-fé”.11

d) Instrutivas: “são comunica-ções sérias que têm como princi-pal objetivo um ensinamentoqualquer, dado pelos Espíritos,sobre as ciências, a moral, a filo-sofia etc. São mais ou menos pro-fundas, conforme o grau de ele-vação e de desmaterialização doEspírito”.12

A natureza das manifestaçõesespíritas resulta “da variedadeinfinita que apresentam os Es-píritos [...] sob o duplo aspectoda inteligência e da moralida-de”, portanto, “a se refletirem naelevação ou na baixeza de suasideias, de seu saber e de sua ig-norância, de seus vícios e de suasvirtudes”.13

Por último, há dois pontos re-lacionados às manifestações me-diúnicas dos Espíritos que fo-ram destacadas por Kardec, queconsideramos úteis às nossasreflexões:

Todos os dias a experiência

nos traz a confirmação de que

as dificuldades e os desenga-

nos encontrados na prática do

Espiritismo resultam da igno-

rância dos princípios desta

ciência [...].14

A ignorância e a leviandade de

certos médiuns têm gerado mais

prejuízos do que se pensa na

opinião de muita gente.15

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 2, cap. 14,

it. 159, p. 257-258.2______. ______. Cap. 19, it. 223, n. 6.

3XAVIER, Francisco C. Nos domínios da

mediunidade. Pelo Espírito André Luiz.

34. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2010. Cap. 1, p. 17.4KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 2, cap. 1,

it. 54, p. 92.5XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Me-

canismos da mediunidade. Pelo Espírito

André Luiz. 26. ed. 4. reimp. Rio de Janei-

ro: FEB, 2010. Cap. 6, it. Conceito de cir-

cuito mediúnico, p. 59.6KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 2, cap. 19,

it. 223, n. 10. 7______. ______. N. 7.

8______. ______. Cap. 2, it. 60.

9______. ______. Cap. 3, it. 66.

10______. ______. Cap. 10, it. 134, p. 228.

11______. ______. It. 135-136.

12______. ______. It. 137, p. 231.

13______. ______. It. 133, p. 228.

14______. ______. Introdução, p. 13.

15______. ______. p. 16.

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Pai Francisco!

Abençoai-nos!

vocando aquela tarde de 4de outubro de 1226,1 comcéu transparente e azulado,

há setecentos e oitenta e quatroanos, três meses e um dia, quan-do vos preparáveis para o retor-no ao Grande Lar, murmurastespara os poucos irmãos que voscuidavam: – Fiz o que me cabia. Eapós suave pausa, entrecortadapela respiração débil, concluís-tes: Que Cristo vos ensine o quevos cabe.

As Irmãs cotovias, algumas dasquais vos ouviram cantar a Pala-vra um dia no passado, fizeram--se presentes com outras, alegrescom a vossa libertação, voandoem círculos sobre a choupanamodesta em que vos encontráveisna amada Porciúncula.

Encerrava-se naquele momen-to uma parte da saga incompará-vel do vosso testemunho de amorao Amigo crucificado, crucifica-do que também estáveis...

Toda uma epopeia de sacrifí-cios e abnegação ficaria inscritanas páginas da História, demons-trando quanto se pode fazer e vi-ver sob a inspiração do amor detotalidade.

Quando, na igrejinha de SãoDamião, atendestes ao convite queJesus vos fez, nem sequer tínheisideia do que vos iria acontecer, masassim mesmo seguistes adiante...

Naquele período o tédio vosdominava e os prazeres do mun-do, filhos da fortuna assim comodas honras da cavalaria que antesvos fascinavam, cederam lugarao fastio, a um vazio existencial,no qual a angústia se alojava, es-tiolando-vos os sentimentos.

Só depois compreendestes oque Ele desejava e, dando-vosconta do seu significado, renun-ciastes aos bens do mundo e aosvínculos com a família biológica,a fim de renascerdes das próprias

cinzas e abraçardes a Humanida-de como vossa irmã.

Desnudando-vos em plena pra-ça, renunciastes a tudo, inician-do a trajetória pela via dolorosa,cantando os dons da pobreza e afortuna da humildade.

Aqueles que vos conheceramanteriormente, quando jovial eextravagante, não puderam acre-ditar na grande revolução inter-na e pensaram tratar-se de algu-ma nova excentricidade...

Diante, porém, dos fatos gran-diosos resultantes da vossa trans-formação, diversos deles forambuscar-vos para que lhes ensi-násseis a técnica luminosa da entrega total a Jesus.

...E porque nada tínheis, vós eeles buscastes refúgio entre osleprosos que se escondiam nosescombros em Rio Torto, que setransformaram no suntuoso larde vossas residências.

Não faltaram aqueles contem-porâneos que vos definiram comoum bando de vagabundos e desor-ganizados, porque eles se encon-travam asfixiados pelos gazes das

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E

menestrel de Deus

1Inúmeros autores, escrevendo sobre osanto de Assis, também asseveram que eledesencarnara no dia 3 de outubro. (Notada autora espiritual.)

Epístola ao

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utopias e falácias do corpo tran-sitório, embora os vossos feitosem favor dos infelizes. Era, po-rém, a mentalidade da época detrevas e de ignorância que conse-guistes iluminar.

Pedradas, humilhações de to-do porte, perseguições e zomba-rias, fome e necessidades, con-seguistes transformar em estí-mulo para a incomum entrega aDeus.

Quantas vezes, interrogastes: –Quanto é demasiado? ou melhor,reflexionando, pensastes: Sou euo proprietário de minhas possesou elas me possuem?

Acostumado antes ao confor-to e ao luxo, ao poder e ao des-taque entre os endinheirados,era natural que buscásseis oequilíbrio entre a posse e o pos-suidor, resolvendo então por na-da possuirdes.

Selecionastes os recursos paraa empresa de santificação, utili-zando-vos da não-posse comosendo a libertadora da alma.

Quando a fome derivada dosjejuns e da falta de alimentos vosexcruciava a todos, vosso cantoem homenagem à Irmã Alegriadiminuía a tristeza geral e emo-ções sublimes tomavam conta detodos vós...

Buscastes com o pequeno gru-po o apoio do papa InocêncioIII, o homem mais poderoso daépoca, mergulhado em luxo e di-plomacia, pompa exorbitante eindiferença pela fé, não porquenecessitásseis dele, que nada pos-suía para oferecer-vos em espiri-tualidade, mas para evitardes a

pecha degradante de heresia emvossa e na conduta daqueles quevos seguiam, e apesar de tudo, osensibilizastes pela pureza, can-dura e devotamento a Jesus, deleconseguindo somente uma bên-ção, perfeitamente dispensável, ealgumas palavras de encoraja-mento.

Vistes ali, no Palácio de Latrão,em Roma, o anticristianismo, oburlesco, o jogo dos interesses vis,nos quais Jesus estava ausente...

As vossas palavras e exemplostornaram-se estrelas iluminandoa grande noite da Idade Média eavolumaram-se aqueles que bus-cavam Jesus despido das menti-ras humanas e dos rituais enga-nosos da tradição teológica.

O vosso é o Jesus da simplicida-de, da pobreza, do amor aos infe-lizes, da renúncia às ilusões e dasublimada entrega a Deus, nãoaquele a quem diziam seguir...

Quando Clara buscou o vossoauxílio, deixando para trás omundo de fantasias, acolhestes ajovem afetuosa, sem recear opoder da sua família, tonsuran-do-a de imediato, para queficasse sob a proteção da Igreja enão fosse obrigada a retornar aoséculo.

Intimorato guerreiro do amor,quanta coragem tínheis!

As vossas dores físicas, naque-les dias, despedaçavam o vossocorpo frágil e afligiam a almaveneranda: malária em surtoscontínuos com febre e doresestomacais, com o baço e o fíga-do comprometidos, não conse-guiram desanimar-vos...

Ao lado dessas aflições vossocorpo foi lentamente transfor-mado num jardim, no qual pas-saram a desabrochar as primeirasrosas arroxeadas da hanseníase...

Suportáveis tudo com paz,cantando louvores a Deus e aosIrmãos da Natureza.

Em vossa ingenuidade, umpouco antes, pensando em con-verter a Jesus o sultão al-Malik--al-Kamir, viajastes ao Egito comvosso irmão Illuminatus, conse-guindo dialogar com o nobremuçulmano, que acenou com apaz a Pelágio mais de uma vez, eque a recusou, redundando emtragédia a Quinta Cruzada.

Embora sentindo-vos fracas-sar no empenho para a conver-são do monarca, buscastes osleprosos e os mais ínfimos pelossítios por onde peregrinastes.

Com anuência do sultão gentilvisitastes os lugares onde nasce-ra, vivera e morrera o Amorincomum, fortalecendo-vos paraas crucificações do futuro a queseríeis submetido.

Quando retornastes à queridaAssis, já sentíeis as dores qua-se insuportáveis da conjuntivitetracomatosa, muito comum noOriente, e que atinge ainda hojemilhões de vítimas, levando-as àcegueira.

Aconselhado por frei Elias e ocardeal Ugolino, que vos amava,aceitastes em submeterdes-vosao tratamento especial contra otracoma em Rieti, nas mãos domédico que aqueceu dois ferrosaté os tornar brasas vivas e voscegou, na ignorância presun-

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çosa, atribuindo-se conhecimen-tos que não possuía, abrindo navossa face duas imensas feridasque chegavam às orelhas. E nemsequer reclamastes, exclamando,confiante: – Oh! Irmão fogo!... Sêbondoso comigo nesta hora...

Como se não bastasse, posterior-mente, a fim de estancar apurulência dos vossos ou-vidos, novamente experi-mentastes barras de ferroem brasa que os penetra-ram, sem que exteriorizás-seis um gemido único...

Oh! Pai Francisco!Nas tempestades que

sacudiram então o vossotrabalho e no abandonoa que vos atiraram al-guns daqueles que aindaamavam mais o mundoe suas mentiras, buscas-tes meditar nos montesSubásio e Alverne, noúltimo do qual Jesuscrucificado, conformeocorrera diante do cru-cifixo de São Damião,vos assinalou com a stig-mata, que alguns nega-riam depois...

Quando alguém vosinterrogou, posteriormen-te, o antigo jovem trova-dor reagiu, dizendo: – Cuide dasua vida.

Não desejáveis que ninguémsoubesse da vossa perfeita uniãocom Ele, o Rejeitado sublime.

Aneláveis por viver e sofrercomo Ele vivera e sofrera, embo-ra vos considerásseis inútil servoou um homem inútil.

Com o coração trespassado pe-las setas contínuas da ingratidãode muitos que agasalhastes nopeito como se fossem cordeirosmansos, embora fossem serpentesvenenosas que vos picaram milvezes, assim mesmo continuastesamando-os.

Assim é o mundo com as suasmancomunações!

Os utilitaristas e a sua perver-sidade sempre estão presentes emtodos os lugares.

Aqueles porém, que vos atrai-çoaram também morreram, Po-brezinho de Deus, e despertaramcom a hanseníase na alma...

Não vós!Ave canora que éreis, ascen-

destes na escala da evolução, ven-cendo todos os limites e dimen-sões do conhecimento, recebidopor Ele, que vos aguardava com aternura infinita que reserva paraaqueles que o amam.

Ei-los, os ingratos,que se encontram devolta à Terra destes dias,recordando-vos, arre-pendidos e afáveis, bus-cando a reabilitação.

Apiedai-vos de todoseles, os vossos crucifica-dores, e amparai-os naesperança e na cora-gem para conseguirema autoiluminação.

Menestrel de Deus!Neste momento em

que a Ciência e a Tecno-logia soberbas falharamna tarefa de fazerem fe-lizes os seres humanos,intercedei ao Pai por to-dos nós que ainda tran-sitamos pela senda liber-tadora, buscando a per-dida alegria que des-frutávamos ao vosso la-do, naqueles inolvidáveisdias.

Pai Francisco!Abençoai-nos, mais uma vez.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, na reunião mediúnica

da noite de 5 de janeiro de 2011, no

Centro Espírita Caminho da Redenção, em

Salvador, Bahia.)

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Reformador: Como surgiu a Abrartee qual o seu objetivo?Rogério: A Associação Brasileirade Artistas Espíritas foi fundadaem 8 de junho de 2007, no 4o Fó-rum Nacional de Arte Espírita,realizado em Salvador, com a fi-nalidade de reunir e integrar ostrabalhadores espíritas atuantesna Área da Arte, procurando darum rumo ao Movimento EspíritaArtístico nacional. A ideia de cria-ção dessa associação é bastanteantiga. Desde a década de 1980,em eventos realizados naquelaépoca, como o FECEF (Festival daCanção Espírita de Franca), atéhoje existente, o Espirarte, organi-zado pela USE-SP, e o ENTESP(Encontro de Teatro Espírita), emCatanduva, constatávamos que oscompanheiros já se mobilizavamem torno deste ideal. Tempos de-pois, já em 2003, alguns coorde-nadores e diretores de grupos es-píritas de teatro, reunidos no Fes-

tival de Teatro Espírita realizadopelo NEA (Núcleo Espírita de Ar-tes), em Florianópolis, resolveramreativar a ideia. Marcou-se para oano seguinte um encontro que tevecomo objetivo reunir liderançasdo Movimento Espírita Artísticopara promover a integração dosparticipantes de grupos espíritasde Arte e discutir os rumos do tra-balho artístico espírita. Por este mo-tivo, o evento foi denominadoFórum de Arte Espírita, e o pri-meiro deles aconteceu em Floria-nópolis. A partir desse Fórum, for-mou-se uma rede de e-mails paraintercâmbio e troca de experiên-cias, através da qual a ideia foi sedifundindo e novos integrantes dediferentes Estados foram aderin-do ao Movimento. Outros fórunsforam realizados: Curitiba (2005),Araras (2006) e Salvador (2007).Neste último, na funda-ção da Abrarte, houvea participação de

45 membros fundadores de 14Estados. A fundação da Abrartejá vinha sendo examinada nosfóruns anteriores, bem como nalista virtual de discussão. Foi tam-bém através dessa lista de e-mails

RO G É R I O FE L I S B I N O DA S I LVAEntrevista

Arte Espírita é

manifestação culturaldos espíritas

Rogério Felisbino da Silva, presidente da Associação Brasileirade Artistas Espíritas (Abrarte), comenta conceito, objetivos e

recomendações para o uso da Arte Espírita

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que se discutiu, durante quaseum ano, a proposta de Estatuto daEntidade. Atualmente, a Abrarteconta com 140 associados, de 19Estados brasileiros.

Reformador: Como conceitua aArte Espírita?Rogério: Por várias vezes este temafoi abordado em encontros e de-bates, com opiniões muito ricas einteressantes sobre o assunto. Háaqueles que acham que não existea Arte Espírita, pois a Arte é livre enão pode ser rotulada disso oudaquilo. Outros defendem que aadjetivação espírita à arte não sig-nifica tolher sua dignidade, masdar um rumo ao seu objetivo.Não obstante esta aparente diver-gência de opiniões, temos perce-bido uma tentativa de se chegar aum consenso sobre o trabalho e,independentemente dos concei-tos que se tenha sobre o assunto,todos buscam, na prática, a mes-ma coisa: uma arte mais espiri-tualizada, que fale de valores ver-dadeiramente éticos, que eleveme deem dignidade ao ser huma-no, à Humanidade e à vida, sob aótica do Espiritismo. Nós, parti-cularmente, defendemos o termo“Arte Espírita”, mesmo porque, opróprio codificador Allan Kardecnão teve nenhuma objeção emutilizar a expressão trazida peloEspírito Alfred de Musset, emObras Póstumas. Cremos que, na-quele contexto, o termo “Arte Es-pírita” não foi usado no sentidode mais uma escola de Arte, as-sim como o são, por exemplo, oBarroco, o Naturalismo, o Ro-

mantismo, o Modernismo etc. A“classificação” abordada (ArtePagã, Arte Cristã e Arte Espírita)tem uma outra conotação, maisabrangente, sob a ótica da Espiri-tualidade. Cremos que a Arte Es-pírita é uma manifestação cultu-ral dos espíritas que se propõealiar os princípios e valores éticose morais do Espiritismo às mani-festações artísticas em geral, sema intenção de fazer proselitismo; éaquela que, desde a sua concep-ção até a sua execução, é orienta-da pela filosofia espírita; que, in-dependentemente de seus objeti-vos (divulgação, expressão dossentimentos ou como recurso peda-gógico/educacional), proporcio-na ao artista e a quem dela usufruioportunidade de crescimento doser, por meio da espiritualiza-ção dos sentimentos. Por fim, éaquela que está a serviço do beloe do bem.

Reformador: Como avalia as re-centes recomendações sobre ArteEspírita aprovadas pelo CFN, em2010?Rogério: Inicialmente, registra-mos nossa alegria e agradecimen-to ao CFN por termos sido convi-dados a participar e colaborarcom a comissão que elaborou estedocumento. Cremos que ele é oprimeiro passo para a orientaçãoe consolidação do Movimento Ar-tístico Espírita brasileiro, sintoni-zado com os ideais do Movimen-to Federativo. Ainda que possa so-frer ajustes no futuro, este docu-mento é a baliza que irá orientar epermitir o trabalho sinérgico en-

tre a Abrarte, a FEB, as FederativasEstaduais e as Entidades Especia-lizadas, culminando na realizaçãode novas propostas de trabalhoespírita na Área da educação, dadivulgação e da promoção da ver-dadeira Arte Espírita, prevista porAllan Kardec.

Reformador: Quais são as princi-pais ações da Abrarte?Rogério: A linha de atuação daAbrarte se foca não apenas sobreo trabalho já existente dos grupos etrabalhadores espíritas da arte,procurando valorizá-los e dandosuporte ao seu aperfeiçoamento,mas também no fomento da ArteEspírita, através do incentivo àformação de novos trabalhadorese grupos artísticos espíritas. Vi-sando atender a este objetivo, aAbrarte vem realizando algumasações como cursos, oficinas, visi-tas de intercâmbio e publicaçõesque atendam às necessidades dosgrupos e artistas. A título de exem-plo, podemos citar a parceria rea-lizada entre a Abrarte e o Institu-to de Difusão Espírita (IDE), deAraras, com a realização do Cursopara Coreógrafos Espíritas, pro-movido pela Abrarte, dentro daprogramação da Mostra Espíritade Dança, que é organizada peloIDE. Este curso visa dar fundamen-tação teórico-doutrinária àquelesque estão à frente dos grupos dedança. Em outros eventos promo-vidos pela própria Abrarte, comoas mostras de arte regionais, temosensejado, além das apresenta-ções dos grupos locais, a realiza-ção de oficinas e centros de inte-

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resse, com temas específicos, mui-tos deles sugeridos pelos pró-prios participantes no período daorganização do evento. A Abrartetem editado ainda a publicaçãointitulada Cadernos de Arte Espí-rita, com artigos específicos quetêm o objetivo de discutir e fun-damentar o trabalho artístico espí-rita. Em outubro de 2010, em co-memoração do Centenáriode Chico Xavier, a Abrartepromoveu a Semana Nacio-nal de Arte Espírita, que en-volveu mais de 100 eventos,entre apresentações de tea-tro, músicas, festivais e mos-tras de Arte, palestras, semi-nários e outros, realizadossimultaneamente em váriascidades e Estados brasileiros.Além disso, sempre que possí-vel, diretores da Abrarteestão presentes em eventosorganizados pelo Brasil afo-ra, reunindo e integrandoos artistas espíritas. Por fim,não podemos nos esquecertambém do Fórum Nacio-nal de Arte Espírita, eventodirecionado a lideranças doMovimento Espírita Artísti-co nacional, que deu origemà própria Abrarte, o qualcontinua sendo realizado.Neste ano teremos a 8a edição doevento, em Brasília.

Reformador: Há alguma progra-mação para este ano?Rogério: Temos previsto a reali-zação de três eventos tradicional-mente agendados: a 2a MostraAbrarte Regional Sudeste, de 1o a

3 de abril, no Rio de Janeiro; o 8o

Fórum Nacional de Arte Espírita,de 23 a 25 de junho, em Brasília;e a 3a Mostra Abrarte Nordeste,em setembro, em Teresina. Pre-tendemos também iniciar, nesteano, a implementação experi-mental da “Campanha Arte naCasa Espírita”, conforme propo-sição do CFN. Trata-se de uma

iniciativa da Abrarte que visadestacar a importância e as possi-bilidades de utilização da Arte nasinstituições espíritas. Algunsmembros da Abrarte, que tam-bém integram Federativas Esta-duais, estão à frente desse proje-to, que deve ser feito em parceriacom essas entidades.

Reformador: O que sugere aoscentros espíritas para a implemen-tação da verdadeira Arte Espírita?Rogério: Assim como para qual-quer atividade a ser implementadana Casa Espírita, a sugestão que da-mos é o estudo da Doutrina Espí-rita, para o devido embasamentodo trabalho. No que se refere à im-plementação de atividades artísti-

cas, que nos apoiemos nasorientações encontradas naliteratura espírita sobre estetema. Cremos que não existeuma fórmula específica paraa atividade artística. CadaCentro Espírita, cada cida-de, cada região tem as suaspeculiaridades próprias.Dentro do bom senso, doequilíbrio e do fundamentoespírita, podemos experi-mentar a utilização da Arte,seja com o objetivo de divul-gar a Doutrina, sob a formade teatro, música, poesia,seja com o objetivo pedagó-gico – e aqui não nos referi-mos somente à evangeliza-ção infantojuvenil, mas a to-dos os grupos de estudo daCasa Espírita –, seja na áreada promoção e assistênciasocial, enfim.A Arte nos possi-bilita inúmeras formas de

atuação. O importante é que a uti-lizemos em favor do nosso cresci-mento espiritual, da mudança devalores e da melhoria moral doser humano. A Abrarte coloca-seà disposição do Movimento Espí-rita, contribuindo para o desen-volvimento e aprimoramento daatividade artística espírita.

Cartaz do 8º Fórum

Nacional de Arte Espírita

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anto Agostinho (354-430) foium dos teólogos mais im-portantes do Cristianismo.

Filósofo e pensador ligado aomaniqueísmo, sua conversão foimarcada por um fenômeno me-diúnico, dentre vários que aconte-ceram ao longo de sua existência,uma constante na biografia dosgrandes líderes religiosos.

Entregue à meditação, em seujardim em Milão, ouviu a voz deuma criança invisível, que cantavarepetindo um estribilho:

Tolle, lege; tolle, lege...Toma e lê; toma e lê...

Ele tinha em mãos o texto daepístola de Paulo aos Romanos(13:13-14).

Abriu e leu:

Não caminheis em glutonerias eembriaguez, nem em desonestida-des e dissoluções, nem em conten-das e rixas.

Mas revesti-vos do Senhor JesusCristo e não procureis a satisfaçãoda carne em seus apetites.

A partir dali, inteiramente dedi-cado ao estudo e à prática dos prin-cípios cristãos, Agostinho se torna-ria o teólogo mais famoso do Cris-tianismo, culminando com o livroA Cidade de Deus, que define comosendo o movimento cristão, comsuas disciplinas e virtudes, em opo-sição à cidade dos homens, comseus vícios e desregramentos.

Famoso pela sua erudição, eraem pensamentos simples e incisi-vos que revelava a grandeza de suaalma e a profunda vinculação como Evangelho:

O supérfluo dos ricos é proprie-dade dos pobres.

Com o coração se pede. Com ocoração se procura. Com o coraçãose bate e é com o coração que a portase abre.

Prefiro os que me criticam, por-que me corrigem, aos que me elo-giam, porque me corrompem.

A medida do amor é amar semmedida.

Fizeste-nos, Senhor, para ti, e onosso coração anda inquieto en-quanto em ti não descansa.

Aquele que tem caridade no cora-ção possui sempre algo para dar.

Milagres não são contrários ànatureza, mas apenas contrários aoque entendemos sobre a natureza.

Perto de mil e quatrocentos anosmais tarde, no século dezenove,Agostinho seria um dos mentoresdo Espiritismo.

Há mensagens dele em O Evange-lho segundo o Espiritismo e O Livrodos Espíritos, muito oportunas eesclarecedoras.

É famosa a questão 919a, de OLivro dos Espíritos, respondida porele, quando se reporta às discipli-nas a que se submeteu para vencersuas mazelas, a partir do empe-nho por conhecer-se a si mesmo,conforme a máxima atribuída aSócrates.

Em longa dissertação, Agosti-nho demonstra como podemos

SR I C H A R D S I M O N E T T I

O santo e o

Espiritismo

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melhorar o comportamento, ana-lisando-nos diariamente, empre-gando severidade conosco e in-dulgência com o próximo.

Bastante significativa a ênfaseque exprime nesse empenho:

“[...] Dirigi, pois, a vós mesmosperguntas, interrogai-vos sobre oque tendes feito e com que objetivoprocedestes em tal ou tal circuns-tância, sobre se fizestes algumacoisa que, feita por outrem, censu-raríeis, sobre se obrastes algumaação que não ousaríeis confessar.Perguntai ainda mais: ‘Se aprou-vesse a Deus chamar-me neste mo-mento, teria que temer o olhar de al-guém, ao entrar de novo no mundodos Espíritos, onde nada pode serocultado?’

Examinai o que pudestes terobrado contra Deus, depois contrao vosso próximo e, finalmente, con-tra vós mesmos. As respostas vosdarão, ou o descanso para a vossaconsciência, ou a indicação de ummal que precise ser curado.” (Op.cit., ed. FEB.)

Há quem questione a presençade figuras ilustres do Catolicismo,particularmente Agostinho, numlivro espírita, como se Kardec pre-tendesse, digamos, catolicizar oEspiritismo ou fazer uma ligaçãocom a Igreja Católica.

Consideremos, entretanto, quese o Codificador se propôs a escre-ver um livro sobre os ensinamen-tos de Jesus, O Evangelho segundoo Espiritismo, foi por reconhecer ovalor e o alcance da moral evangé-

lica, a Revelação do Amor, tantoquanto na tábua dos Dez Man-damentos de Moisés está a Reve-lação da Justiça, e na CodificaçãoEspírita, a Revelação do Dever.

Natural, portanto, que grandespensadores cristãos do passadocolaborassem com Kardec, ouimaginam os contraditores queesses Espíritos de escol permane-cem presos a concepções dogmá-ticas do passado que não resistemà racionalidade do presente?

Aliás, não tivessem as autori-dades religiosas medievais fechadoas portas de contato com o mundoespiritual, ao situar os médiunscomo feiticeiros, e os Espíritosque se manifestavam como enti-dades demoníacas, no períodonegro da Inquisição, e teríamos aorientação espírita desdobradaem seu próprio seio.

Da mesma forma o Cristia-nismo poderia ter sido um des-dobramento do Judaísmo, nãohouvessem as autoridades doTemplo crucificado Jesus, recusan-do-se a aceitá-lo como o mis-sionário divino anunciado du-rante séculos por seus profetas.

Não tenhamos dúvida de queo mundo seria bem melhorse os judeus houvessem

assimilado Jesus e as igrejas cristãshouvessem assimilado o Espiritis-mo, com orientações divinas, naseguinte sequência:

Moisés – o que não fazer.Jesus – o que fazer.Espiritismo – por que fazer.

O grande problema, em se tra-tado da assimilação e vivênciadesses princípios, é que a cidadedos homens tem prevalecido so-bre a Cidade de Deus.

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e há entidades desencarnadas que obsi-diam as criaturas humanas, temos criaturashumanas que vampirizam as entidades

desencarnadas.Isso é extremamente sabido.Morando hoje, porém, no mundo dos Espíritos,

em verdade não sei onde é maior a percentagemdaquelas mentes que se consagram a semelhantesexplorações.

Se da Terra para o além-túmulo, se do além-tú-mulo para a Terra...

Daí a necessidade do mais amplo cuidado nasinstituições espíritas-cristãs, em nossas lutas nointercâmbio.

Temos por diretriz clara e simples a Codificaçãodo Missionário excelso que no século passado seentregou de alma e corpo à exumação dos princí-pios evangélicos, para trazer-nos, em nome doCristo, a edificação de nossa fé.

Ainda assim, somos largamente tentados a favore-cer a movimentação descendente do serviço quedevemos à Humanidade, de vez que o menor esforçoé uma espécie de “tiririca” no campo doutrinário emque fomos situados para aprender e servir.

Em plena fase de nossa iniciação no conheci-mento espírita, habitualmente tomamos contatocom amigos desencarnados, detentores de conheci-mento menos elevado que o nosso, a se nosajustarem ao modo de ser e de viver, através dosfios da afetividade nem sempre bem conduzida,e, de imediato, somos induzidos aos problemas do favor.

Dificuldades morais cristalizam-se, obscuras,porque, se há desencarnados com vocação dasanguessuga, há muitos companheiros na carnecom a inquietação da “chupeta”.

E ao invés do trabalho de recuperação de nossospróprios destinos, muitas vezes somos vítimas daspróprias distrações, criando desajustes que, hojeaparentemente inofensivos, nos aguardam, ama-nhã, à feição de grandes desequilíbrios.

É necessário intensificar em nossas casas de açãoum vasto trabalho de estudo e discernimento, paraque a embarcação de nosso ideal não permaneça àmatroca sobre as águas traiçoeiras da preguiça e damistificação.

Não encontramos nos livros do Codificadorqualquer conselho a determinados tipos de requi-sições ao mundo espiritual.

Não vemos Allan Kardec organizando reuniõesou círculos de prece para atender a comezinhasquestões da luta humana, questões essas queexprimem lições indispensáveis à consolidação denossa fé operosa e construtiva.

Não encontramos no Evangelho, fonte máter doEspiritismo, em suas linhas essenciais, qualqueratitude do Cristo que assegure imunidades à magiada delinquência.

Decerto, observamos o Senhor cercado pordoentes que reclamavam alívio...

Vemo-lo, seguido de mães sofredoras, de criançassem lar, de velhos sem esperança, de mutiladossem rumo, suplicando luz e coragem, amparo eesclarecimento, de modo a superarem mazelas e fraquezas, e reparamo-lo distribuindo o remé-dio, o socorro moral, a consolação e a bênção, afrase compassiva e o socorro de amor...

Entretanto, nunca vimos o Excelso Benfeitor,junto de romanos influentes, cogitar de propinasmateriais a benefício dos aprendizes da BoaNova, não observamos a fé procurando impetraro apoio celeste para matrimônios de força, para

Palestra educativa

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S

Presença de Chico Xavier

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diminuir querelas na justiça humana, nem para a solução de quaisquer assuntos de naturezainferior, que, atinentes à experiência carnal, ser-vem simplesmente como recursos de aprendi-zado, no campo de provas em que somos na-turalmente localizados na Terra, para a con-sumação de nosso resgate ou para a elevação denossas experiências.

Eis a razão pela qual, na posição de médium de-sencarnado que agora somos, podemos assegurar--vos que qualquer displicência da nossa parte, noassunto em lide, gera problemas muito difíceispara a nossa vida no Além, porquanto, se determi-nadas soluções reclamam amor, exigem tambémfortaleza de ânimo, para atingirem o desejávelremate, com a dignidade precisa.

Não podemos escorraçar os que rogam obsé-quios do Além, em muitas ocasiões com vistas àcriminalidade, mas não será lícito contemporizarcom o intuito perverso que, muitas vezes, lhes ditaos impulsos.

Indiscutivelmente, não podemos abraçar a tole-rância com o mal, mas não será justo fugir àpaciência, em benefício das vítimas dele, para queo espinheiro das trevas seja extirpado da região deserviço em que o Senhor nos localiza.

Muitos daqueles que hoje indagam pela pos-sibilidade de cooperação inferior, amanhã podemsolicitar o concurso genuíno do Céu.

Daí a nossa condição de hífens da caridade entredesencarnados menos esclarecidos e amigos huma-nos menos avisados, e, daí, o imperativo de muitaserenidade, com o Evangelho do Senhor a reger--nos a existência, para que não venhamos a escor-regar no desfiladeiro da sombra.

É necessário estender mãos abertas e fraternaisaos infelizes que se fazem vítimas da ignorância eda má-fé, contudo é indispensável que nossocoração não se imante aos propósitos menos dig-nos de que são portadores, a fim de que estejamos,no Espiritismo e na Mediunidade, atentos aosnobres deveres que nos prendem aos compromis-sos assumidos.

Na vida espiritual, encontrei muitos obstáculosque até hoje ainda não consegui de todo liquidar,em razão de minha imprevidência no trato com osinteresses da alma.

É por isso que, ao nos comunicarmos convosco,nesta noite, solicitamos a todos os companhei-ros, presentes e ausentes, cautela contra o menoresforço, o terrível escalracho que nos ameaça aesfera de manifestações.

É por esse motivo que vos pedimos estudo e boavontade.

Não nos reportamos, no entanto, simplesmenteao ato de ler.

Leitura só por si, na alimentação da alma, equi-vale a simples ingestão de alimentos na sustentaçãodo corpo.

Imprescindíveis se fazem a meditação e a apli-cação do conhecimento superior para o acrisola-mento do espírito, tanto quanto são necessárias adigestão e a assimilação dos valores ingeridos paraa saúde e a robustez do veículo carnal de que nosutilizamos na Terra.

A alma necessita incorporar a si mesma os recur-sos que lhe são administrados pela ProvidênciaDivina, através das divinas instruções que fluem doEvangelho, que se derrama da Codificação Karde-quiana e que vertem das mensagens de elevado teor,para que esteja realmente em dia com as obrigaçõesque lhe cabem no mundo.

Procuremos, assim, a nossa posição de apren-dizes fiéis ao Cristo e de trabalhadores leais da nos-sa Causa, porque, segundo as facilidades do inter-câmbio, estabelecidas em nossos templos de caridadee de fé, ou faremos do Espiritismo um oráculo ten-dencioso e tumultuário, para a satisfação de baixoscaprichos humanos, ou convertê-lo-emos no grandesantuário de nossa ascensão para a Divina Imortali-dade, através da sublimação de nossa vida.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vozes do grande além. Diversos

espíritos. 5. ed. Rio de Janeiro: 2003. Cap. 35.

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Pelo Espírito P. Comanducci

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or que a pena de morte tem--se revelado instrumentoineficaz para combater a vio-

lência? Esta é uma questão que in-triga estudiosos da penologia. O queé um enigma para esses pesquisa-dores não o é para aqueles que jácompreenderam um princípio espí-rita básico: destruir o corpo físicodo infrator não elimina o problema,exacerba-o, perpetua-o. Utilizandoesse método insidioso, situamo-nosna condição do bombeiro que ten-tasse apagar um incêndio com pro-duto inflamável. Antes, porém, deexaminar estes aspectos da Lei deDestruição,1 que é o nosso propó-sito neste artigo, convém analisaro assunto sob outros prismas.

Com a adoção da pena de morte,surge um dilema filosófico grave,pois, quando o Estado implanta apena de morte, adere ao criminoso,equipara-se ou torna-se pior do queele, assumindo abominável papelde “vingador oficial”. As estatísticasdemonstram que a pena de morte

não tem efeito intimidativo. Cri-minosos endurecidos geralmentetemem menos a morte do que ocárcere. A experiência comprovaque, nos países em que foi implan-tada a pena de morte, a violêncianão arrefeceu. Pelo contrário! NoBrasil, não se tem notíciade seus resultados be-néficos, durante osquatro séculosem que vigo-rou por aqui.À lei cabe eli-minar o cri-me, as cau-sas que o fo-mentam, nãoo equivocadocriminoso.

Se a pena demorte tem algu-ma utilidade, é tam-bém a de servir co-mo arma política pa-ra perseguir os desa-fetos do regime, co-mo aconteceu no caso da mortede Tiradentes, que deu a sua vidapela independência do Brasil, nachamada Inconfidência Mineira.

Não bastasse tudo isso, a penade morte provoca danos irreversí-veis, nos casos de erros judiciá-rios, que são muitos, mesmo nospaíses mais desenvolvidos, por-quanto o Estado é impotente para

devolver a vida ao condenado, aqual não se resgata com

um punhado de di-nheiro, nos volu-

mosos e inter-mináveis pro-cessos de in-denização.

Os arqui-vos forensesda Nação re-gistram ca-sos-padrão

de erros judi-ciários, como o

de Manoel MotaCoqueiro, levado

ao patíbulo, no finaldo século XIX, pelafalsa acusação deter cometido chacina

contra uma família inteira. E tam-bém o dos irmãos Naves, no séculoseguinte, condenados injustamenteà pena de reclusão pelo assassinato

PCH R I S T I A N O TO RC H I

Reflexões sobre apena de morte

1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 2.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 760 a765.

Joaquim José da Silva

Xavier, “Tiradentes”

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de um primo que, naverdade – descobriu--se depois –, não mor-reu nem foi vítima dequalquer violência.

Se uma das finali-dades da pena é edu-car o criminoso pelareparação do ato vil, olado cruel da pena ca-pital é que a morte docondenado inutilizaesse objetivo da san-ção. Não é à toa queela vem sendo supri-mida em muitos paí-ses, o que confirma ovaticínio dos Espíritossuperiores quanto ànecessidade de sua extinção nodecorrer dos séculos.

A tendência do Direito Proces-sual Penal moderno é evitar aomáximo penas privativas de liber-dade e privilegiar penas alternati-vas, de caráter educativo, vincula-das ao erro cometido pelo infra-tor, como forma de estimular asolidariedade, de fazê-lo refletirsobre o ato praticado ou sobre aofensa causada no próximo, a fimde se evitar a reincidência.

Esse tipo de reprimenda é geral-mente recomendado para infra-ções penais de menor potencialofensivo, em que o indivíduo seobriga, por exemplo, a executartrabalhos em hospitais e em enti-dades assistenciais, a frequentaraulas de cursos específicos, entreoutras iniciativas de cunho educa-tivo. Nessa hipótese, as penas pri-sionais são reservadas somente paraos crimes mais graves, em que real-

mente há necessidade de se isolaro infrator reincidente e perigoso.Mesmo para aqueles que perma-necem reclusos, o tratamento podeser aperfeiçoado, com a terceiri-zação de presídios, de forma queos internos estudem, trabalhem eajudem a si mesmos, na sua disci-plina e autocorrigenda, deixando,assim, de ser considerados umpeso para o Estado.

Em abono dos argumentoscorriqueiros ora expostos, quedesaconselham a implantaçãoda pena de morte, encontramosno Espiritismo explicações aindamais convincentes e racionais,sempre em harmonia com as leisdivinas ou naturais.

A pena capital não é útil nemjusta, porque a morte não existe.Ela provoca efeito contrário aodesejado. O executado expulso daprisão do corpo físico, se for umEspírito rebelde e ignorante, utili-

zará a liberdade para incitar ouaçular ainda mais a prática de no-vos crimes no seio da sociedade,por intermédio do fenômeno psí-quico conhecido no meio espíritacomo obsessão, um dos grandesvetores da criminalidade em todoo mundo. Não sem razão, Jesuspreconizou o “vigiai e orai”2 comovacina contra as quedas morais.

Consoante ensinam os mento-res espirituais, há outros meios dea sociedade se preservar do perigoque não matando, sendo necessá-rio abrir e não fechar ao crimino-so a porta do arrependimento eda recuperação.

A pena de talião, sob a ótica dasleis divinas, não tem por escopoa vingança ou a punição, comogeralmente se infere da frase bíblica“olho por olho, dente por dente”.3

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2MATEUS, 26:41.3MATEUS, 5:38.

Exemplo de educação, ressocialização, vias de efetiva redenção

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Ela espelha o critério perfeito deequivalência ou proporcionalidadeentre a infração cometida e a pena,com finalidade pedagógica. Con-tudo, somente o Criador tem legi-timidade para aplicá-la, tendo comoum dos instrumentos mais impor-tantes a reencarnação. Esse é osentido verdadeiro das palavras deJesus, que também nos recomen-dou perdoar os inimigos. Todoscumprimos essa pena a cada ins-tante, pois respondemos por nossoserros, nesta existência ou emoutra. Aquele que foi causa dosofrimento para seus semelhan-tes virá a achar-se numa condi-ção em que padecerá o que te-nha feito sofrer o outro. Encar-nados em um planeta de provase expiações, assemelhamo-nosaos condenados em regime con-dicional no internato da exis-tência física, submetidos a di-versas restrições.

O retorno de criminosos per-versos ao cenário físico, pormeio da reencarnação, tem seulado positivo, pois, ao mesmotempo em que compele as ins-tituições humanas ao aperfei-çoamento, favorece a regenera-ção dos infratores pelo contatocom uma sociedade melhorada,atenuando os rigores da lei decausa e efeito.

A chave para combater a vio-lência passa, necessariamente,através da transformação moraldos homens. Ao lado da justarepressão, por meios civilizados,é preciso também combater ascausas e não apenas os efeitosdos crimes, num trabalho pre-

ventivo permanente de ampa-ro, assistência e orientação dascrianças, sobretudo as carentes,não só no aspecto material e so-cial, mas principalmente no âm-bito moral.

Nunca se enunciou uma verda-de tão contundente como a doantigo provérbio: Educai as crian-ças, para que não seja preciso pu-nir os adultos. Por isso, cada umde nós pode e deve fazer a sua par-te, iniciando desde cedo pela edu-cação espiritual dos próprios fi-lhos, principalmente se conside-rarmos que, nos últimos tempos,também se avolumam os crimesgraves cometidos por pessoasinstruídas e de situação financei-ra estável, o que demonstra que acausa dos delitos não reside ape-nas na pobreza e na ignorânciaintelectual.

Em face dos que são contráriosà pena de morte, alguns argumen-tam: “– se a vítima da violênciafosse o seu filho, certamente vocênão pensaria assim”, mas se esque-cem de olhar o reverso da meda-lha: “– e se o condenado fosse oseu filho, você continuaria a de-fender a pena de morte?”. O exem-plo de causa própria não serve,porque somos todos ainda muitoimperfeitos e por enquanto nãoaprendemos a ciência do perdãoautêntico. Ao enunciar a máximaevangélica “quando alguém vosbater na face direita, oferecei a ou-tra”,4 Jesus não interditou a legíti-ma defesa, apenas condenou avingança.

Quando os cidadãos contri-buem para a implantação da penade morte e de outras leis atentató-rias à dignidade humana e à vida,como no caso do aborto e da euta-násia, seja votando a seu favor nosplebiscitos, seja elegendo parla-mentares que criem ou apoiem aaprovação dessas leis, seja se omi-tindo no combate dessa prática,assumem débitos morais coletivoslamentáveis, em detrimento deseu futuro espiritual.

A regeneração da Humanidadedá-se pelo gradativo aperfeiçoa-mento moral dos indivíduos. Porisso, a família e a religião (esta nosentido puro) exercem papel de-terminante, que não compete so-mente à escola realizar.

Incumbe-nos corrigir as maze-las da alma, que não são poucas.Muitos de nós ainda abrigamos osgermes das tendências criminosasdo pretérito, ocultas na personali-dade. Não raro, só não incidimosem grandes infrações por falta deoportunidade, já que as pequenasas cometemos quase todos os dias.Se, pela imperfeição humana, a leiterrena deixa de alcançar muitoscrimes praticados pelos homens,de modo algum estes escaparãoaos rigores da Lei Divina insculpi-da na consciência.

Somente a educação, o tempo,o Amor – e muitas vezes a dor –serão capazes de redimir o Espíri-to ainda mau e atrasado. Se perse-verarmos no bem, um dia logra-remos ser juízes de nós mesmos ealcançaremos a felicidade sem ja-ça, haurida na paz de consciênciado dever cumprido.

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4MATEUS, 5:39.

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Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.”– JESUS. (JOÃO, 8:45.)

Verdades e fantasias

Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. 28. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 78.

mundo sempre distingue ruidosamente os expositores de fantasias.

É comum observar-se, quase em toda parte, a vitória dos homens

palavrosos, que prometem milagres e maravilhas. Esses merecem das

criaturas grande crédito. Basta encobrirem a enfermidade, a fraqueza, a ignorân-

cia ou o defeito dos homens, para receberem acatamento. Não acontece o mesmo

aos cultivadores da verdade, por mais simples que esta seja. Através de todos os

tempos, para esses últimos, a sociedade reservou a fogueira, o veneno, a cruz, a

punição implacável.

Tentando fugir à angustiosa situação espiritual que lhe é própria, inventou o

homem a “buena-dicha”, impondo, contudo, aos adivinhadores o disfarce dourado

das realidades negras e duras. O charlatão mais hábil na fabricação de mentiras

brilhantes será o senhor da clientela mais numerosa e luzida.

No intercâmbio com a esfera invisível, urge que os novos discípulos se precatem

contra os perigos desse jaez.

A técnica do elogio, a disposição de parecer melhor, o prurido de caminhar à

frente dos outros, a presunção de converter consciências alheias, são grandes

fantasias. É necessário não crer nisso. Mais razoável é compreender que o serviço de

iluminação é difícil, a principiar do esforço de regeneração de nós mesmos. Nem

sempre os amigos da verdade são aceitos. Geralmente são considerados fanáticos ou

mistificadores, mas... apesar de tudo, para a nossa felicidade, faz-se preciso atender

à verdade enquanto é tempo.

O

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ssa passagem evangélica deextrema grandeza espiritual,vivida junto ao tradicional

“poço de Jacó”, na Samaria, e regis-trada por João, destaca a escolhada samaritana para dialogar com oMestre e ouvi-lo enunciar a dul-císsima mensagem: “[...] Todoaquele que beber da água queeu lhe der jamais terá sede”(4:13).Ao falar-lhe sobre osseus maridos, Jesus mos-tra à mulher o verdadeirosentido da “água a ser be-bida” e que nunca have-ria de acabar, libertando-ada sede de amor que tantoa atormentava, após frustra-das experiências amorosas. Aspalavras iluminadas da autoraespiritual Amélia Rodrigues ressal-tam as emoções vividas pela sama-ritana naqueles momentos do en-contro inesquecível:

[...] Os meigos olhos d’Ele incen-

deiam-se e se fixam nos olhos

dela, penetrando-lhe o recôndito

do espírito.

[...] Ela se perturba.Era uma peca-

dora e Ele o sabia –, conjectura.

Esse era o seu tormento íntimo.

Quanto se sentia ferida, humi-

lhada no seu amor, receosa!

As lágrimas afloram e escorrem

abundantes; a palavra empali-

dece o vigor nos seus lábios e,

quase sem fôlego, esclarece: –

Não tenho marido.

A vergonha estampa no seu rosto

moreno a própria dor.1

Ao associarmos esse coló-quio a certos problemasatuais do sexo, a exigiremsoluções imediatas emfunção da sua gravidade,quando multidões pare-cem estar distantes da rea-lidade, como se o ser hu-

mano nada mais fosse doque um “animal que pensa”,

é possível considerar os pre-juízos e os desajustes ético-morais

que acarretam as dolorosas provasa serem vividas por aqueles que sedesequilibram na aplicação das suasenergias genésicas.

As imperfeições na área da sexua-lidade são desastrosas para muitosde nós, atormentando as mentes

E

“Disse a mulher: Senhor, dá-me dessa água para que eu não tenha mais sede,nem venha aqui tirá-la. Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e volta aqui.

Respondeu-lhe a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Disseste bem,dizendo que não tens marido; porque cinco maridos tiveste e o que agora

tens não é teu marido; nisto falaste a verdade.” (João, 4:15-18.)

CL A R A L I L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

Educação sexual navisão espírita

Jesus e a mulher de Samaria

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em desalinho que assim permane-cem, graças ao descontrole do sexomal dirigido e causando nas criatu-ras desequilíbrios emocionais pro-fundos, principalmente no desen-tendimento entre os parceiros quefracassam na comunhão afetiva eque geram, entre outras situaçõesaflitivas, dificuldades, tais como:infidelidade, abandono, prostitui-ção, violência doméstica, rejeição àgestação (mormente, na adolescên-cia), aborto etc. Esses transtornos,infelizmente, em determinadoscasos, resultam em crimes passio-nais ou suicídios desesperados, nas-cidos de psicoses obsessivas verda-deiramente traumáticas.

Por essa razão, a análise do pre-sente tema só será possível se o tra-tarmos sob o ponto de vista espiri-tual, sem deixar de dar importân-cia aos estudos desenvolvidos pelascátedras materialistas, que se restrin-gem, unicamente, aos resultados psí-quicos, fisiológicos, e de encaminha-mento legal, obtidos na união se-xual, conhecimentos esses transmi-tidos pelos educadores aos adoles-centes, de forma inadequada, que fazcom que as orientações científicasdos especialistas cometam equívo-cos sobre as questões que emergemda sexualidade, sobretudo em conse-quência da falta do conhecimentobasilar das ideias reencarnacionistas.

O Espírito Emmanuel, ao dis-correr sobre tais particularidades,afirma com sabedoria:

– Não devemos esquecer que o

amor sexual deve ser entendido

como o impulso da vida que con-

duz o homem às grandes reali-

zações do amor divino, através

da progressividade de sua espi-

ritualização no devotamento e

no sacrifício.

[...]

É aí que urge o esforço de au-

toeducação, porquanto toda cria-

tura necessita resolver o proble-

ma da renovação de seus pró-

prios valores.2

Ressalta, todavia, o preclaroBenfeitor:

[...] em vez da educação sexual

pela satisfação dos instintos, é

imprescindível que os homens

eduquem sua alma para a com-

preensão sagrada do sexo.2

A necessidade de amparo educa-tivo adequado ao entendimento dosproblemas do amor e do sexo per-mitirá ao Espírito encarnado liber-

tar-se de velhas imperfeições, nasci-das desses embaraços sentimentaisque despontam do passado multi-milenar, pois, no dizer da insigneeducadora espiritual Joanna deÂngelis, “[...] o problema do sexoé do espírito e somente do espíritovirá, para ele, a solução”.3

É imprescindível refletir sobre aurgência de transmitir às criançase aos jovens, de acordo com o nívelde compreensão de sua faixa etária,orientações salutares de como asvivências amorosas futuras pode-rão ser equilibradas quando utili-zamos, também, as próprias forçasgenésicas para setores de atividadescriativas, promovendo ocupaçõesprodutivas, físicas ou morais, quelhes possibilitem, na idade adulta,maior equilíbrio e não extremismonas experiências sexuais, sem come-ter desregramentos, mas esforçando--se no cultivo do respeito entre dois

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seres que se unem. O Espírito Maiade Lacerda destaca o realismo e aemergência desses estudos, ao ob-servar os obstáculos encontradospelo despreparo de pessoas queadotam comportamentos deplo-ráveis em que, ao lesarem

[...] almas dignas que lhes mere-

cem a afeição, se desvairam [...] à

procura de companhias e parcei-

ros outros de novidade emotiva,

interrompendo serviços absolu-

tamente imprescindíveis para eles

no quadro da reencarnação [...].4

Esses efeitos poderiam ser evita-dos se os pais abordassem esclareci-mentos de modo franco e sincero,na fase da infância e da adolescên-cia de sua prole, sobre as indagaçõesque surgem a respeito do sexo, esti-muladas, especialmente, pela exces-siva propaganda dos tempos moder-nos da informação, causando ex-trema curiosidade sobre o assunto;enfoques que nem sempre dignifi-cam os princípios humanos e queinfluem, negativamente, sobre os fi-lhos. Objetivamente, esses são pon-tos de vista que conferem “pretensalegitimidade às relações sexuais irres-ponsáveis” e tratam “consciênciasqual se fossem coisas”.5

Sabemos que “o livre-arbítrio sedesenvolve à medida que o Espíritoadquire a consciência de si mesmo”,6

procurando discernir entre o bem eo mal; cederá às influências, boas oumás, em função de sua livre vonta-de e resistirá, ou não, às tentaçõesque surgem da própria imperfeiçãoou das fraquezas morais que sãosempre indícios de uma alma imper-

feita. Jesus, sabedor de nossas fragi-lidades, ao ensinar a Oração domi-nical, sugere, sabiamente, em umde seus trechos:“Não nos deixes su-cumbir à tentação, mas livra-nos domal”(Mateus, 6:13).A resposta dadapelos Espíritos reveladores à per-gunta 261, em O Livro dos Espíritos,traz luz para nossa compreensãosobre o que é preciso fazer nas pro-vações, que nos cumpre passar, semque venhamos a sofrer toda sortede tentações de variadas naturezas:

[...] bem sabeis haver Espíritos

que desde o começo tomam um

caminho que os exime de mui-

tas provas. Aquele, porém, que se

deixa arrastar para o mau cami-

nho, corre todos os perigos que

o inçam. Pode um Espírito, por

exemplo, pedir a riqueza e ser-lhe

esta concedida. Então, conforme

o seu caráter, poderá tornar-se

avaro ou pródigo, egoísta ou ge-

neroso, ou ainda lançar-se a todos

os gozos da sensualidade. Daí não

se segue, entretanto, que haja de

forçosamente passar por todas

estas tendências.7

Em decorrência, se queremoscontribuir para o progresso espiri-tual de nossos rebentos,“há necessi-dade de iniciar-se o esforço de rege-neração em cada indivíduo, dentrodo Evangelho, com a tarefa nemsempre amena da autoeducação”.8

As publicações da literatura espí-rita, de livros seguramente funda-mentados nas obras básicas de AllanKardec, oferecem para os jovens eadultos farto material sobre as dúvi-das que giram em torno do sexo,

permitindo-nos discuti-las, essen-cialmente, com a família, na exem-plificação do bom senso e da isençãode preconceitos e tabus. E os livrosespíritas infantis são transmissoresde lições preciosas, facilitando, naspequeninas almas, a eclosão de qua-lidades morais indispensáveis à for-mação da mentalidade cristã, pri-mordial para que a criança possa“fugir do abismo da liberdade, con-trolando-lhe as atitudes e consertan-do-lhe as posições mentais, pois queessa é a ocasião mais propícia à edi-ficação das bases de uma vida”.9

Referências:1FRANCO, Divaldo P. Primícias do reino. Pelo

Espírito Amélia Rodrigues. 3. ed. Salvador:

LEAL, 1975. A mulher da Samaria, p. 103.2XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo

Espírito Emmanuel. 28. ed. 3. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Q. 184, p. 146-147.3FRANCO, Divaldo P. Após a tempestade.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador:

LEAL, 1974. Sexualidade, p. 39.4VIEIRA, Waldo. Seareiros de volta. Diversos

autores espirituais. 7. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Problemas do sexo, pelo Espí-

rito Maia de Lacerda, p. 159.5XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. Pelo

Espírito Emmanuel. 26. ed. 3. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 19, p. 100.6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.

Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. Q. 122.7______. ______. Q. 261.8XAVIER, Francisco C. Emmanuel. Pelo Espí-

rito Emmanuel. 27. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. Cap. 35, it. Necessidade

da educação pura e simples, p. 236.9______. O consolador. Pelo Espírito Emma-

nuel. 28. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2010. Q. 189, p. 151.

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pesar de estar inserido naHistória Geral da Huma-nidade, o Espiritismo pos-

sui sua historicidade própria.Nessa conjuntura, a história doEspiritismo é razoavelmente do-cumentada, propiciando aos lei-tores acesso a livros desse gênero,muitos escritos em datas próxi-mas aos episódios investigados.O próprio Allan Kardec historiouos fatos por ele presenciados,como é o caso da narrativa conti-da na Segunda parte do livroObras Póstumas, bem como dosdiversos relatos contidos nos vo-lumes da Revista Espírita.

O ato de registrar essas histó-rias tem importância capital, poisas gerações futuras se espelharãoem tais registros para lançar seusolhares sobre o passado. Emborapouco se reflita sobre o assunto, otrabalho dos que se empenhamem registrar acontecimentos nãoé tão simples quanto possa pare-cer. É necessário investigar, pes-quisar, entrevistar, analisar con-textualmente os acontecimentospara posteriormente criar textos.Sem que nos demos conta disso, olivro muitas vezes nos remete ao

que sucedeu, proporcionandouma “viagem mental”; outras ve-zes, instiga-nos a pensar, alargan-do os horizontes da percepção in-dividual. Portanto, por meio daleitura, aprende-se, questiona-se,imagina-se.

São razões como essas que noslevam a ressaltar o trabalho reali-zado pelo escritor espírita ZêusWantuil, autor de livros como AsMesas Girantes e o Espiritismo,Grandes Espíritas do Brasil, e AllanKardec: o educador e o codifica-dor – este último escrito em par-ceria com Francisco Thiesen –,todos editados pela FederaçãoEspírita Brasileira (FEB). Essasobras são de cunho histórico, nar-rando fatos e analisando contex-

tos, resgatando personagens fun-damentais do Espiritismo. Paratanto, Zêus usa como referêncialivros de autores que viveram àépoca em que se passaram oseventos; outras vezes, ele usa suaspróprias vivências, visto que Zêusparticipou ativamente de algunsmomentos fundamentais relacio-nados ao Movimento Espíritabrasileiro.

Por conta de seu trabalho, po-demos hoje conhecer muito doque se passou nos momentos ini-ciais do Espiritismo, seja no Brasil,seja no mundo. Por isso mesmo,enquanto ainda se faz lume emnossas existências terrenas, cum-pre-nos reconhecer o inestimáveltrabalho do companheiro Zêus.

O valor dosregistros históricos

AL I C U RG O SOA R E S D E LAC E R DA F I L H O

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O Planeta AzulTerra é azul!” – foramas emocionantes pa-lavras do astronauta

russo Yuri Alekseyevich Gagarin(1934-1968), proferidas quando viuo nosso Planeta no espaço, pelaprimeira vez, voando a 315km dealtitude a bordo da nave Vostok I,há exatos 50 anos, em 12 de abrilde 1961. Tal viagem é consideradamarco inicial da conquista do espa-ço pela Humanidade, ainda que,em 1957, os soviéticos tenhamlançado o primeiro satélite artifi-cial, o Sputinik, e, no mesmoano, tenham colocado em órbitaplanetar o primeiro ser vivo: acadelinha Laika.

Yuri Gagarin, o primeiro hu-mano a orbitar a Terra, foi um as-tronauta russo de origem humilde,nascido na aldeia de Klushino

(rebatizada para Gagarin em2007), cujos pais, Alexey IvanovichGagarin e Anna TimofeyevnaGagarina, não passavam de simplescamponeses, trabalhadores deuma fazenda coletiva (kolkhoz),na Rússia. “Graduado em enge-nharia, recebeu treinamento comopiloto de combate [caça], sendoselecionado para ser astronautaem 1960. Tornou-se herói na-cional depois do seu voo de 108minutos de uma única órbitaem torno da Terra. Morreu numdesastre aéreo enquanto trei-nava para uma futura volta aoespaço.”1

A indagação intrigante quese faz é: “Por que a Terra éazul?”

Um dos motivos é a extensaquantidade de água existente nasua superfície de 510 milhões dekm2, sendo que 70,8% desse espa-ço é ocupado por água e 29,2%pelos continentes. A água no esta-do líquido reflete a luz do Sol, jádecomposta na atmosfera terrestre(como se fora um prisma), difun-dindo a radiação do espectro solarna banda luminosa da cor azul,cujas ondas são de 455 a 492 nanô-metros de comprimento:

Parte da luz amarela do Sol é ab-

sorvida pelo planeta e parte

“A

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

Yuri Gagarin,astronauta

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é devolvida para o espaço. Os

elementos químicos presentes

no ar absorvem ou refletem a

luz em diferentes comprimen-

tos de onda, identificados pelos

nossos sentidos como cores –

violeta, azul, verde, amarelo,

laranja, vermelho [...].2

Dessa forma, a Terra é azulporque a luz do Sol é refletida naatmosfera planetária, constituídaprincipalmente de nitrogênio emoléculas de oxigênio, produzin-do coloração azul. Mas há outrosfatores relacionados: órbita/rota-ção terrestres, a distância do Sol eestrutura química:

A Terra é o terceiro planeta

mais próximo do Sol. É o maior

dos planetas rochosos e se for-

mou há 4,56 bilhões de anos. A

estrutura interna da Terra é simi-

lar à de seus vizinhos, mas é úni-

ca no sistema solar por ter água

líquida abundante e atmosfera

rica em oxigênio. [...].3

A Terra orbita ao redor do Solna “[...] velocidade média de108.000km/h no sentido anti--horário, quando vista do PoloNorte. Ela tem uma órbita elíp-tica e, em consequência, recebe7% mais radiação solar em ja-neiro do que em julho”.3 Quan-to à sua estrutura química, aTerra possui três camadas e res-pectivos elementos:

O núcleo central, com diâ-

metro de 7.000km, é formado

essencialmente de ferro com

uma pequena fração de níquel,

tendo uma porção central sóli-

da com temperatura de cerca

de 4.700ºC, e uma parte exte-

rior líquida. Em torno do núcleo

está o manto, com cerca de

2.800km de profundidade, con-

tendo rochas ricas em magné-

sio e ferro. A crosta terrestre é

composta de diversos tipos de

materiais e rochas, com predo-

mínio de silicatos, e é diferen-

ciada numa crosta continental

e oceânica mais fina.3

A Terra representa minúsculoponto no espaço universal, comoafirmou Kardec:

[...] a Terra nada é, ou quase

nada, no sistema solar; que este

nada é, ou quase nada, na Via

Láctea; esta, por sua vez, nada,

ou quase nada, na universali-

dade das nebulosas e essa pró-

pria universalidade bem pouca

coisa dentro do imensurável

infinito [...].4

Tem, contudo, diferente valorpara cada habitante, como afir-mou Druso, diretor da “MansãoPaz”, situada em regiões inferioresdo plano espiritual:

[...] Para o astrônomo, é um pla-

neta a gravitar em torno do Sol;

para o guerreiro é um campo de

luta em que a geografia se modi-

fica a ponta de baionetas; para o

sociólogo é amplo reduto em

que se acomodam raças diver-

sas; mas, para nós, é valiosa are-

na de serviço espiritual, assim

como um filtro em que a alma

se purifica, pouco a pouco, no

curso dos milênios [...].5

A Terra é a nossa morada, localde aprendizado e melhoria espiri-tual, sob o amparo de Jesus, nossoguia maior. Precisamos, então,preservá-la da destruição pelo usoadequado dos recursos naturais,agindo com inteligência e equilí-brio. Como primeira medida, sefaz necessário considerar a Natu-reza uma dádiva divina, de acordocom Emmanuel:

– A Natureza é sempre o livro

divino, onde as mãos de Deus

escrevem a história de sua sabe-

doria, livro da vida que consti-

tui a escola de progresso espiri-

tual do homem, evolvendo cons-

tantemente com o esforço e a

dedicação de seus discípulos.6

As medidas subsequentes de-correm do processo educativo denão destruir nem agredir o san-tuário terrestre, conscientes deque a destruição necessária, pre-sente na natureza, “tem por fim arenovação e a melhoria dos seresvivos”.7 Tal condição é bem dife-rente da destruição abusiva, quecompromete a existência dos seresvivos no Planeta, inclusive a espé-cie humana:

A necessidade de destruição se

enfraquece no homem à medida

que o Espírito domina a matéria.

É por isso que o horror à destrui-

ção aumenta com o desenvolvi-

mento intelectual e moral.8

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Urge preservar o nosso PlanetaAzul,cuja beleza se destaca na escuri-dão do espaço sideral, como ates-tam as seguintes palavras do cos-monauta brasileiro Marcos CésarPontes (1963-), o primeiro sul-ame-ricano e o primeiro lusófono a irao espaço, integrante da “MissãoCentenário”, uma referência à come-moração dos cem anos do voo deSantos Dumont (1873-1932) noavião 14 Bis, realizado em 1906:

Com os olhos brilhando feito

uma criança, Pontes, de 43 anos,

tenente-coronel da Aeronáutica,

disse ter se recordado de sua

mãe ao notar pela primeira vez,

com a própria vista, a veracidade

da afirmação de Gagarin. “Existe

uma luz na superfície da Terra,

na atmosfera. Há uma expressão

científica para isso, mas não quero

entrar nesse aspecto. O aspecto

que quero destacar é a beleza

que isso tem. Quando você vê

aquilo, parece uma energia. É

inacreditável a beleza”, lembrou.

E completou em tom emocio-

nado: “Você imagina todas as

pessoas que estão neste planeta.

É como se a Terra fosse nossa

mãe. Foi por isso que a primeira

coisa que pensei foi na imagem

de planeta-mãe e me lembrei

dos olhos da minha mãe”, disse,

referindo-se a dona Zuleika

Navarro Pontes, falecida em ju-

nho de 2002.9

Em 30 de março de 2006,Marcos César Pontes viajou parafora do Planeta até a Estação Espa-cial Internacional (ISS), a bordo danave russa Soyuz TMA-8. Retor-nou à Terra em 8 de abril do mes-mo ano, a bordo da nave SoyuzTMA-7. Ele tem razão ao afirmarque a Terra é nossa mãe. Na ver-dade, uma mãe exemplar, que cuidacom devoção dos filhos e lhes de-dica irrestrito amor.

Da nossa parte, porém, é ne-cessário retribuir-lhe o respeitoque merece, a fim de que sejamantida sua beleza, grandeza esegurança, seguindo este impor-tante conselho:

Melhoremo-nos para que a

nossa residência melhore. Aju-

demo-nos, para que a vida, em

nosso plano, se faça menos

dolorosa e menos inquietante.

E, convertendo nosso mundo,

pouco a pouco, no santuário

vivo em que Jesus se mani-

feste, estejamos convictos de

que a Terra [...] se transfor-

mará no espelho divino em

cuja face a glória de Deus se

refletirá.10

Referências:1HARTA-DAVIS, Adam. A conquista

espacial. In: 160 séculos de ciência.

Trad. Aracy Mendes da Costa. São

Paulo: Duetto Editorial, 2010. V. 6,

p. 416.2Disponível em: <http://galileu.globo.com

/edic/118/rep_astronomia.htm>.3REES, Martin. O sistema solar. In: Enci-

clopédia ilustrada do universo. Trad. Mo-

nica G. F. Friaça. São Paulo: Duetto Edito-

rial, 2008. V. 2, p. 144.4KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009.

Cap. 6, it. 36.5XAVIER, Francisco C. Ação e reação. Pelo

Espírito André Luiz. 28. ed. 4. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 1, p. 13.6______. O consolador. Pelo Espírito

Emmanuel. 28. ed. 3. reimp. Rio de Janei-

ro: FEB, 2010. Q. 27.7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Q. 728.8______. ______. Q. 733.9Disponível em: <http://www.usp.br/jo

rusp/arquivo/2006/jusp761/pag05.htm>.10XAVIER, Francisco C. Intervalos. Pelo

Espírito Emmanuel. Matão, SP: O Clarim,

1981. Cap. Perante a vida, p. 66.

28 Reformador • Abr i l 2011 146

Capa

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29Abr i l 2011 • Reformador 147

m uma sequência de efemé-rides têm sido destacados: aCodificação (Sesquicente-

nários de O Livro dos Espíritos ede O Livro dos Médiuns), a obrapsicográfica de Chico Xavier emseu Centenário de Nascimento eos 60 anos do Pacto Áureo e da“Caravana da Fraternidade”. O ce-nário é oportuno para as reflexõessobre as relações entre DoutrinaEspírita, Movimento Espírita e ocontexto da atualidade.

A concretização de ações, fun-damentadas na Codificação Espí-rita, deve ser sempre o ponto deconvergência e de partida para osempreendimentos do vasto lequede atividades do Movimento Es-pírita. Na base para a ação sincrô-nica e multiplicadora nas diversasatuações espíritas, deve se concre-tizar a vivência da fraternidade,como propiciadora para um am-biente de união e de natural so-matória de esforços, condições fa-cilitadoras para a expansão da di-fusão dos princípios espíritas.

As seis décadas de amadureci-mento, com base na vivência deexperiências de união e de unifi-cação, emanadas do Pacto Áureoe da instalação do Conselho Fe-

derativo Nacional da FEB, devemmerecer a análise dos espíritasbrasileiros.

Daí a mensagem de Bezerra,no encerramento da Reunião doConselho Federativo Nacional,em novembro de 2010:

Há sessenta anos, tudo era ex-

pectativa e, hoje, encontramo-

-nos diante da realidade.

Os trabalhadores da Caravana

da Fraternidade, repetindo a fa-

çanha dos bandeirantes que se

adentraram pelo País na busca

de diamantes, realizaram o seu

périplo, distribuindo o diamante

da verdade por onde passaram.

Continuando a atividade no Mais

Além, transformaram os com-

panheiros encarnados em novos

peregrinos da ensementação do

Evangelho no solo ainda não pre-

parado dos corações. Resultaram

as bênçãos que hoje fruímos, as

alegrias de podermos contem-

plar a Doutrina Espírita no lu-

gar a que tem direito lentamen-

te no concerto das nações.

Nada obstante, permanecem os

desafios!

São estes os momentos graves

definidores de rumos para o

futuro. Não é mais possível re-

troceder! [...]1

Durante as comemorações doCentenário de Chico Xavier foidestacado um aspecto de sua vidae obra que é muito pouco lembra-do: “o apoio do dedicado médiuma esforços de união dos espíritas ede unificação do Movimento Es-pírita”.2 Até mesmo, lembrando-seda mensagem histórica e pioneirasobre o tema, assinada pelo Espí-rito Emmanuel, em 1948:

O mundo conturbado pede, efe-

tivamente, ação transformadora.

Conscientes, porém, de que se faz

impraticável a redenção do Todo,

sem o burilamento das partes,

unamo-nos no mesmo roteiro

de amor, trabalho, auxílio, edu-

cação, solidariedade, valor e sa-

crifício que caracterizou a atitude

do Cristo em comunhão com os

homens, servindo e esperando o

futuro, em seu exemplo de abne-

gação, para que todos sejamos

um, em sintonia sublime com os

desígnios do Supremo Senhor.3

Dois anos depois, Chico Xavierpsicografou mensagens destina-

EAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

União com fidelidade,simplicidade e fraternidade

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das aos “caravaneiros da fraterni-dade”, no dia 11 de dezembrode 1950, pouco divulgadas, comooutra página de autoria do já cita-do Orientador espiritual:

Cultuemos, acima de tudo, a

solidariedade legítima. Nossa

união, portanto, há de começar

na luz da boa vontade.

Guardemos boa vontade uns

para com outros, aprendendo e

servindo com o Senhor, e felici-

tando aos companheiros que se

confiaram à tarefa sublime da

confraternização, usando o pró-

prio esforço.4

Na obra psicográfica de ChicoXavier há inúmeras alusões aotema, mas se torna oportuna alembrança de trecho do capítulo,em Fonte Viva, intitulado “UniãoFraternal”:

A união fraternal é o sonho

sublime da alma humana, en-

tretanto, não se realizará sem

que nos respeitemos uns aos

outros, cultivando a harmo-

nia, à face do ambiente a que

fomos chamados a servir. So-

mente alcançaremos semelhante

realização “procurando guar-

dar a unidade do espírito pelo

vínculo da paz”.5

Entre os desafios atuais para aunião dos espíritas, além do citadoponto de convergência doutriná-rio, entendemos que há necessi-dade de revisão de algumas estra-tégias e posturas, para se ampliara difusão do Espiritismo emtodas as faixas etárias e sociais.6

A essa altura, destacamos que –“sem qualquer ideia de proseli-tismo entendemos que o acolhi-mento dos simples no ambientedas reuniões espíritas é tarefa deprimordial importância nos tem-pos em que vivemos”.7,8 Tornam-seconvenientes as reflexões sobrehistórias de vidas de seareirosdo Evangelho, como as dos doisFranciscos: o de Assis e o Xavier.

Os exemplos nobilitantes “de vi-vência da paz, do bem e da sim-plicidade devem inspirar as rea-lizações do Movimento Espírita”.9

As recomendações para as ati-vidades dos centros e do Movi-mento Espírita – e a própria reali-zação de eventos federativos e dedivulgação –, devem ter como pa-râmetro o que é simples e viávelpara a maioria das instituições edos espíritas brasileiros. Daí a im-portância do trabalho de unifica-ção que atua a partir das bases –os centros espíritas – com estímu-lo para a promoção de açõestípicas de “irmanar, aproximar,confraternizar e compreender”10

e “coerentes com as suas condi-ções e necessidades”.10 Documen-tos de trabalho como Orientaçãoao Centro Espírita e Orientação aosÓrgãos de Unificação tiveram suaselaborações fundamentadas natrajetória da vivência de dirigen-tes das várias regiões do País até aaprovação pelo Conselho Federa-tivo Nacional da FEB, que reúne

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os representantes das EntidadesFederativas de todos os Estados eDistrito Federal.

Desde a mensagem pioneira de1948, Emmanuel alerta: “O mun-do conturbado pede, efetivamen-te, ação transformadora”,2 e con-diciona a eficácia do trabalho àbase da união dos espíritas. Nocenário dos “tempos chegados”,são cabíveis “as reflexões em tor-no de algumas ações viáveis comoo papel do Espiritismo na fase detransição para a Nova Era”.11 Emuma série de três artigos sobre otema, ao final, foram apresentadasalgumas recomendações ao Movi-mento Espírita e aos espíritas emgeral, e, entre elas, a união é umponto fundamental:

• Implementar a ampla difusão

dos princípios da Doutrina

Espírita;

• Estimular a união dos espíri-

tas e a unificação do Movi-

mento Espírita como uma fa-

mília, base propiciadora à difu-

são do Espiritismo e à prática

da solidariedade;

• Divulgar as obras básicas e as

que sejam coerentes com a Co-

dificação Espírita, como reco-

mendações para leituras e estu-

dos [...].11

Em face dos “sinais dos tem-pos” e das expectativas com o“Consolador Prometido” é espe-rado da família espírita: fidelida-de ao Evangelho do Mestre e àCodificação Espírita, com mos-tras de simplicidade, fraternidadee união!

Referências:1FRANCO, Divaldo P. Rumos para o futu-

ro. Pelo Espírito Bezerra de Menezes. In:

Reformador, ano 129, n. 2.182, p. 8(6)-

-9(7), jan. 2011.2CARVALHO, Antonio C. Perri de. Chico

Xavier e o ideal de união. In: Reformador,

ano 128, n. 2.171, p. 14(52)-16(54), fev. 2010.3XAVIER, Francisco C. Em nome do Evan-

gelho. Pelo Espírito Emmanuel. In: CAR-

VALHO, Antonio C. Perri de. (Organiza-

dor). Orientação aos órgãos de unifica-

ção. Rio de Janeiro: FEB, 2010. p. 151.4______. Mensagem recebida em Pedro

Leopoldo. In: MACHADO, Leopoldo. A

caravana da fraternidade. 1. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. p. 213.5______. Fonte viva. Pelo Espírito Emma-

nuel. ed. esp. 2. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. Cap. 49, p. 116.

6PLANO DE TRABALHO PARA O MOVIMEN-

TO ESPÍRITA BRASILEIRO (2007-2012). In:

Reformador, ano 125, n. 2.140-A, jul.

2007, Diretriz 1, p. 30-31.7PROJETO INTERIORIZAÇÃO. Espiritismo

para os simples. Disponível em: <http:

www.febnet.org.br/ba/file/CFN/Projeto_

Interiorizacao.pdf>. Consulta em 12/1/2011.8CARVALHO, Antonio C. Perri de. Acolhimen-

to dos simples. In: Reformador, ano 129,

n. 2.183, p. 22(60)-24(62), fev. 2011.9______. A simplicidade de Francisco de

Assis. In: Reformador, ano 129, n. 2.184,

p.34(112)-35(113), mar. 2011.10______. (Organizador). Orientação aos

órgãos de unificação. Rio de Janeiro: FEB,

2010. p. 59-71, 113.11EQUIPE DA SECRETARIA-GERAL DO CFN

DA FEB. A transição e o papel do Espiri-

tismo. In: Reformador, ano 128, n. 2.181,

p. 29(483)-31(485), dez. 2010.

31Abr i l 2011 • Reformador 149

Desencarnou em 18 de janei-ro do corrente ano, no Rio deJaneiro, a confreira Neli TavaresMartins, esposa do escritor e ex-positor espírita, Celso Martins.

Neli, que foi católica até oinício dos anos 60, se fez ateiaem 1962, por não compreen-der o mecanismo da justiça di-vina. A leitura do livro ObrasPóstumas, de Allan Kardec,levou-a a aprofundar o estudoda literatura doutrinária, vin-do a tornar-se atuante exposi-tora espírita e deixando obras

escritas em parceria com oesposo.

Por longo tempo, foi secre-tária do Centro Espírita Elias,no bairro carioca de Realengo.

Ao sepultamento, em 19 dejaneiro, no Cemitério de Inhaú-ma, compareceu grande núme-ro de amigos, tendo-lhe tambémsido feitas homenagens em di-versos programas espíritas daRádio Rio de Janeiro.

À nossa irmã Neli, em seu re-torno à Pátria Espiritual, roga-mos as bênçãos de Jesus!

Neli Tavares Martins

Retorno à Pátria Espiritual

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Page 32: Ano 129 • Nº 2.185 • Abril 2011

ob os auspícios da BrazilaAsocio de Esperantistoj--Spiritistoj (BAES) – (Asso-

ciação Brasileira de Esperantistas--Espíritas), sediada na Av. Central,bloco 1185, casa 1, fundos, Nú-cleo Bandeirante, Brasília (DF)– CEP 71710-027, e com o apoioda Federação Espírita Brasileira(FEB) e da Federação Espírita doDistrito Federal (FEDF), ocorrerá,nos dias 29, 30 de abril e 1o demaio do corrente ano, o 5a Bra-zila Renkonti1o de Esperantistoj--Spiritistoj.

O dia 29 será destinado, das13 às 18h, à recepção dos partici-pantes e entrega de documentosno Centro de Ensino ChicoXavier; e, às 20h, na sede da FEDF (Setor Sudoeste)haverá a abertura solene, com apresentação de umcoral e palestra do autor desta nota sobre o temaprincipal – “Spiritistoj! amu kaj instruu vin!”(“Espíritas! amai-vos e instruí-vos!”).

No sábado, 30 de abril, das 9 às 18h, serão realizadaspalestras sobre diversos temas, ligados ao tríplice idealEvangelho, Espiritismo, Esperanto, a cargo dos expo-sitores: Elmir dos Santos Lima, “La laboristoj de lalasta horo” (“Os trabalhadores da última hora”);Edgar Massaaki Egawa, “Spiritismo kaj Brazila ReligiaDiverseco – Strategioj por disvolvigi Esperanton”

(“O Espiritismo e a Diversidade Religiosa no Brasil –Estratégias para desenvolver o Esperanto”); JoséPassini, “Aplikado de Esperanto en la disvastigado deSpiritismo tra la mondo” (“A aplicação do Esperantona difusão do Espiritismo no mundo”); Lício de Al-meida Castro, “La portugallingva trilogio de la tri lite-roj E-Evangelho, E-Espiritismo, E-Esperanto” (“A tri-logia, em português, das três letras E-Evangelho, E-Espi-ritismo, E-Esperanto”). Robinson Mattos ainda defi-nirá o tema de sua preleção, e dois expositores nãoconfirmaram se abordarão os temas “Esperanta tra-dukado de spiritismaj verkoj” (“Tradução de obras

5o Encontro Brasileiro de

Esperantistas-Espíritas

S

32 Reformador • Abr i l 2011 150

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Dirigentes e membros da Associação Brasileira de Esperantistas-Espíritas (ABEE)

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espíritas em Esperanto”) e “Spiritismo, Espe-ranto kaj la modernaj plu-informaj medioj”(“Esperanto, Espiritismo e as mídias moder-nas de informação”).

Às 20h, no Salão da FEDF (408 Sul), os orga-nizadores oferecerão aos participantes umaNoite de Arte.

No domingo, 1o de maio, das 9 às 11h, serárealizada a Assembleia Geral da BAES paraa eleição de sua nova diretoria, seguindo-se oencerramento do evento.

Contatos para outros esclarecimentos,inclusive ficha e taxa de adesão, também po-derão ser feitos via internet: <http://esperanto-spiritismo.org/baes.htm>, <[email protected]>.

Para ainda mais facilitar a divulgação de infor-mações aos interessados nesse evento esperantis-ta-espírita em Brasília, foi criado o Yahoo Grupo“QUINTO BRES”, cuja página inicial é:< h t t p : / / b r . g r o u p s . y a h o o . c o m / g r o u p /quinto-bres>.

Os organizadores esperam contar com a presençamaciça dos esperantistas-espíritas do País, com vistasa que sejam discutidos itens relevantes do programade ação e da estrutura organizacional da mais novaEntidade Especializada filiada ao Conselho Federa-tivo Nacional da FEB.

33Abr i l 2011 • Reformador 151

Cartaz do 5o Encontro Brasileiro de Esperantistas-Espíritas

Mensagem de vigilância Mesa1o pri vigladoMuitos sabem todo o textoQue a Santa Escritura encerra,Mas vivem segundo a carne,Colados ao pó da terra.

Em teu combate no bem,Se desejares vencer,Aprende resignadoA tolerar e a sofrer.

Se en lukto por la bono,Vi deziras ja konkeri,Lernu kun rezignacioToleradi kaj suferi.

Pri l’enhavo de l’ BiblioMultaj scias, e/ parkere,Sed vivadas la9 la karno,Treni1ante /i-surtere.

Fonte: Do livro Gotas de luz, ditado pelo Espírito Casimiro Cunha a Chico Xavier.* (El la libro Lumgutoj, diktitade la Spirito Casimiro Cunha al Chico Xavier.)

*Legu: Kazimiro Kunja kaj 8iko 8avjer’.

Trovas Troboj

Pingos Gutoj

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estudo da Doutrina Espí-rita possibilita-nos conhe-cer gradativamente aqueles

que foram grandes colaboradoresno processo de revelação do conhe-cimento a toda a Humanidade.

Esse estudo permite ainda quereconheçamos em Jesus o governa-dor espiritual do planeta, o cocriadorda Terra em trabalho com Deus.

O Divino e Meigo Nazareno foio maior dos mestres do Ociden-te e do Oriente em todas as épo-cas. E aqueles profetas, missioná-rios, filósofos, religiosos, cientistas,homens e mulheres que se dedica-ram ao bem e que vieram antes eapós Ele, sem exceção, foram seusprecursores e sucessores, enviadosdiretos para o trabalho de renova-ção social da morada terrestre.

O advento do Espiritismo tam-bém haveria de contar com umelenco de colaboradores altamentecapacitados para apresentar a Ter-ceira Revelação inicialmente ao Oci-dente e, depois, a todo o mundo.

A revelação espírita foi coorde-nada por um Espírito que se iden-tificou a Allan Kardec como a Ver-dade,1 manifestando o cunho damensagem que descortinou os

horizontes do mundo espiritual aosencarnados na Terra.

Mas, quem é o Espírito Verdade?*

Seria uma plêiade de Espíritossuperiores ou o próprio Jesus?

Essa dúvida surge ao estudiosodo Espiritismo quando se compa-ram dois textos inseridos nas obrasbásicas que integram o pentateucokardequiano. São eles: a mensagem“Advento do Espírito de Verdade”,inserta em O Evangelho segundo oEspiritismo, cap.VI, item 5, assinadapelo Espírito de Verdade,Paris,1860;e a dissertação espírita, constantede O Livro dos Médiuns, capítuloXXXI, item IX, sem registro de datae cuja assinatura não foi reprodu-zida por Kardec, mas que o Codi-ficador esclarece em extensa notater sido registrada pelo médiumcomo sendo Jesus de Nazaré.

A explicação de Kardec para nãoreproduzir a assinatura é a seguinte:

Esta comunicação, obtida por um

dos melhores médiuns da Sociedade

Espírita de Paris, foi assinada com

um nome que o respeito não nos

permite reproduzir, senão sob

todas as reservas, tão grande seria

o insigne favor de sua autentici-

dade e porque dele se há muitas

vezes abusado demais, em comu-

nicações evidentemente apócrifas.

Esse nome é o de Jesus de Nazaré.

[...]2 (Grifo nosso.)

O Codificador não classifica amensagem referenciada como apó-crifa, pois trata do assunto a partirdo item XXIX de O Livro dos Mé-diuns. É, portanto, uma mensagemde cunho elevado, assim conside-rada pelo próprio Kardec, até mes-mo pelo respeito que manifestaacerca do trabalho do medianeiroe, sobretudo, pelo elevado nível dalinguagem e do conteúdo apresen-tados no texto mediúnico.

Kardec foi muito cuidadoso,como era regra em seu perfil com-portamental, fazendo sobrepujar arazão sobre todas as coisas. Explicaque preferiu omitir a assinaturapara que não houvesse estímulo amanifestações apócrifas com a in-sígnia de Jesus ou do Cristo, o queera comum acontecer.

Esse zelo e honestidade de pensa-mento ficam evidenciados no final desua nota explicativa, quando conclui:

OGE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

Jesus e oEspírito de Verdade

l

*A expressão Espírito de Verdade ou Espíri-to da Verdade é utilizada por autores en-carnados e espirituais como sinônimo. Ouso de uma ou outra expressão é decor-rente da preferência de cada autor, sendo aprimeira mais comum.

34 Reformador • Abr i l 2011152

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Na comunicação acima apenas

uma coisa reconhecemos: é a

superioridade incontestável da

linguagem e das ideias, deixando

que cada um julgue por si mes-

mo se aquele de quem ela traz o

nome não a renegaria.2

O mais recente tradutor das obrasbásicas, Evandro Noleto Bezerra,acrescenta ao final da mensagemem O Livro dos Médiuns uma notaexplicativa com o seguinte teor:

Com alguns acréscimos, supres-

sões e modificações, esta mensa-

gem do Espírito de Verdade foi

inserida por Allan Kardec no ca-

pítulo VI de O Evangelho segun-

do o Espiritismo, que trata do ad-

vento do Consolador prometido

por Jesus. Pelo estilo e elevação

da linguagem, muitos a atribuem

ao próprio Cristo.3 (Grifo nosso.)

Apesar de toda a cautela, Kardecselecionou para composição de OEvangelho segundo o Espiritismo4 amesma mensagem, com pequenasvariações.Observemos que esta obra(ESE, 1. ed. 1864, 3. ed. definitiva em1866) é posterior a O Livro dos Mé-diuns (LM, 1. ed. 1861, 2. ed. definiti-va também em 1861), o que poderiasuscitar a deliberada intenção do Co-dificador em manter o registro dasmensagens, mesmo com a identifi-cação diferenciada de autoria. Uma

assinada pelo Espírito de Verdadee outra, atribuída a Jesus de Nazaré.

Mas, afinal, o Espírito de Ver-dade seria o próprio Jesus?

Todos os indícios decorrentes dasdigressões aqui realizadas levam acrer que sim. Todavia, diante doexposto, fica também evidenciadoque esta questão não é a mais rele-vante, mesmo porque o próprioKardec deixou a cada leitor quefizesse o seu juízo. O mais impor-tante é o conteúdo da mensageme o que dela podemos extrair pa-ra o nosso aprendizado.

Eis uma lição para todos nós, nosentido de não nos preocuparmosexcessivamente com a identificaçãodo autor espiritual, quando o mes-mo deseja permanecer no anoni-mato. Quando se apresenta com onome de uma personalidade famosa,cumpre-nos averiguar se o conteúdotextual não colide com a ascendên-cia moral do suposto autor. Assimcomo Kardec teve todo o cuidadode fazer, também precisamos exa-minar com cautela o assunto.

Por outro lado, não há porqueomitirmos o nome da entidade ma-nifestante em caso de mensagem deconteúdo elevado, quando o mes-mo se identifica com algum nome.Na maioria das vezes, os Espíritossuperiores adotam pseudônimos.E mesmo que seja o nome de uma

personalidade, não havendo nadaque se contraponha à possível au-tenticidade, não há motivo para quenão se considere a denominaçãoapresentada pelo autor espiritual.

No caso em exame, como namaioria de todos os que tratamde informações importantes parapessoas e grupos, como orienta-ções e recomendações, o que im-porta é o teor da mensagem. Estaé que merece ser analisada e delaextraída o oportuno conteúdo.

Recomendamos desta maneira,ao prezado leitor, ater-se à relevân-cia das mensagens objeto de refe-rência, atentando sobremodo pa-ra os ensinamentos “amai-vos einstruí-vos”, fulcro da sábia dire-triz daquele que se autocognomi-nou como o caminho, a verdadee a vida, e afirmou que ninguémiria ao Pai senão por Ele.

Referências:1KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad.

Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro:

FEB, 2009. P. 2, A minha iniciação no Espi-

ritismo, it. Meu guia espiritual.2______. O livro dos médiuns. Trad. Guillon

Ribeiro. 80. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2009. P. 2, cap. 31, it. 9, p. 483-484.3______. ______. Trad. Evandro Noleto

Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2008. P. 2,

cap. 31, it. 9, nota de rodapé 66.4______. O evangelho segundo o espiri-

tismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 6, it. 5.

l

35Abr i l 2011 • Reformador 153

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36 Reformador • Abr i l 2011154

primeiro capítulo de AGênese, intitulado “Ca-ráter da Revelação Espí-

rita”, traz uma análise muito im-portante sobre o Espiritismo, so-bre aquilo em que se baseiamseus valores, sua autenticidade,suas características. Não é à toaque Torchi,1 por exemplo, consi-dera este assunto “um dos maisimportantes para compreensãocorreta do que é o Espiritismo”,dedicando um capítulo inteiro desua obra ao desdobramento doassunto.

Nesta matéria, pretendemoschamar a atenção para uma carac-terística que só o Espiritismo pos-sui enquanto conhecimento hu-mano. Trata-se do caráter duploda Revelação Espírita: o caráterdivino e o científico. Apresentare-mos um resumo da parte inicialdo referido capítulo de A Gênese,para introduzir o assunto ao lei-tor, e faremos duas comparações:uma entre o Espiritismo e a Ciên-cia e outra entre o Espiritismo e oconjunto da obra mediúnica, re-cebida pelo Chico Xavier, no con-texto dos dois caracteres da reve-lação espírita.

No item 1, do citado capítulo,Kardec apresenta uma série dequestões sobre o valor do Espiri-tismo como, por exemplo:

Pode o Espiritismo ser conside-

rado uma revelação? Neste ca-

so, qual o seu caráter? Em que

se funda a sua autenticidade? A

quem e de que maneira foi ela

feita? [...].2

Essas questões são extrema-mente importantes para nós espí-ritas, pois suas respostas fornecema base para a fé raciocinada quetemos no Espiritismo.

Kardec, um excelente educa-dor, sabendo da importância daclareza da linguagem, analisa osignificado da palavra “revelação”para, então, responder às questõesacima com profundidade. A pala-vra “revelar” vem, segundo Kar-dec, “do latim revelare, cuja raiz,velum, véu, significa literalmentesair de sob o véu [...], descobrir,dar a conhecer uma coisa secretaou desconhecida”.3 Em seguida,Kardec fala dos sentidos científicoe religioso dessa palavra que, noprimeiro caso, significa desco-brir os mistérios da Natureza, eno segundo caso a descoberta “dascoisas espirituais que o homemnão pode descobrir por meio dainteligência, nem com o auxíliodos sentidos [...]”.4 Ele enfatizaque para uma coisa ser considera-da uma “revelação”, é necessárioque seja verdade e por isso “toda

revelação desmentida por fatosdeixa de o ser, se for atribuída aDeus”.5

No item 4 e seguintes, Kardecanalisa a pessoa através da qual arevelação científica ocorre. Eleapresenta um conceito de professorconsiderando-o como um revela-dor de segunda ordem por ensinar(revelar) aquilo que aprendeu. Ohomem de gênio é aquele queKardec define como quem desco-bre por si mesmo os mistérios e leisda Natureza, considerando-o umrevelador primitivo. Nesse ponto docapítulo I, da referida obra, é opor-tuno citar o comentário de Kardeca respeito do pensamento materia-lista que considera os homens degênio como sendo pessoas com umcérebro mais avantajado, dizendo:“Neste caso, não teriam mais méri-to que um legume maior e maissaboroso do que outro”.6

Em sua lógica impecável, Kar-dec argumenta que se Deus permi-te que haja reveladores para as ver-dades científicas, por que nãohaveria de permitir também os dasverdades morais e religiosas? Nesseúltimo caso, a revelação viria atra-vés de algumas pessoas designadassob o nome de profetas ou messias.4

Se de um lado esse tipo de reve-lação gerou passividade absolutae aceitação sem verificação, de

OAL E X A N D R E FO N T E S DA FO N S E C A

A Revelação Espírita

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outro, as revelações ocorridas emtodas as religiões, em sua maioria,tiveram uma razão de ser provi-dencial e foram, de alguma forma,apropriadas ao tempo e ao meioem que as pessoas viviam. No item9 do referido capítulo, Kardec diz:

É, pois, rigorosamente exato di-

zer-se que quase todos os reve-

ladores são médiuns inspira-

dos, audientes ou videntes.

Mas, ressalva dizendo que

Daí, entretanto, não se deve

concluir que todos os mé-

diuns sejam reveladores, nem,

ainda menos, intermediários

diretos da divindade ou dos seus

mensageiros.

No item 11, Kardec fala dos fe-nômenos espíritas que ocorreramem sua época, que demonstravama possibilidade de comunicaçãocom os seres do mundo espiritual,e que isso era uma verdadeira eimportante revelação. Em resu-mo, no item 12, ele diz:

O Espiritismo, dando-nos a

conhecer o mundo invisível que

nos cerca e no meio do qual vi-

víamos sem o suspeitarmos, as-

sim como as leis que o regem,

suas relações com o mundo vi-

sível, a natureza e o estado dos

seres que o habitam e, por con-

seguinte, o destino do homem

depois da morte, é uma verda-

deira revelação, na acepção cien-

tífica da palavra.

E, em vista da importânciapara a nossa análise, vamos trans-crever o item 13:

Por sua natureza, a revelação

espírita tem duplo caráter: par-

ticipa ao mesmo tempo da re-

velação divina e da revelação

científica. PARTICIPA DA PRI-

MEIRA, porque foi providen-

cial o seu aparecimento e não o

resultado da iniciativa, nem de

um desígnio premeditado do

homem; porque os pontos fun-

damentais da doutrina provêm

do ensino que deram os Espíri-

tos encarregados por Deus de

esclarecer os homens acerca de

coisas que eles ignoravam, que

não podiam aprender por si

mesmos e que lhes importa co-

nhecer, hoje que estão aptos a

compreendê-las. PARTICIPA

DA SEGUNDA, por não ser

esse ensino privilégio de indiví-

duo algum, mas ministrado a

todos do mesmo modo; por

não serem os que o transmitem

e os que o recebem seres passi-

vos, dispensados do trabalho da

observação e da pesquisa, por

não renunciarem ao raciocínio

e ao livre-arbítrio; porque não

lhes é interdito o exame, mas ao

contrário, recomendado; en-

fim, porque a doutrina não foi

ditada completa, nem imposta à

crença cega; porque é deduzida,

pelo trabalho do homem, da

observação dos fatos que os Es-

píritos lhe põem sob os olhos e

das instruções que lhe dão, ins-

truções que ele estuda, comen-

ta, compara, a fim de tirar ele

próprio as ilações e aplicações.

Numa palavra, o que caracteriza

a revelação espírita é o ser divina

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a sua origem e da iniciativa dos

Espíritos, sendo a sua elaboração

fruto do trabalho do homem.

(Destaques nossos.)

Em sua origem, o Espiritismo édivino, isto é, foi revelado pelas“vozes do céu”, mas como meio deelaboração, “o Espiritismo proce-de exatamente da mesma formaque as ciências positivas, aplican-do o método experimental”.7 Esseduplo caráter torna o Espiritismouma Doutrina inédita na Huma-nidade! Nem as teorias da Ciên-cia, nem as doutrinas religiosas,em separado, possuem o duplocaráter destacado acima! É a com-binação de ambas que forneceautenticidade e solidez únicas àDoutrina Espírita, levando-nos aoreforço de nossa fé na certeza deque, ao mesmo tempo que elasurgiu dos ensinos dos Espíritos,foi fruto de um esforço elabora-do de observação e análise comose faz nas ciências. Em outras pa-lavras, o melhor em matéria derevelação religiosa se uniu ao me-lhor em matéria de revelaçãocientífica para que o Espiritismopudesse chegar à Humanidade! Tu-do isso, como Kardec diz no item20, fornece razões “para que o Es-piritismo seja considerado a ter-ceira das grandes revelações”.

O capítulo em estudo ainda sedesdobra por diversas análises,dentre as quais se demonstra ocaráter consolador do Espiritismo.Porém, o propósito desta matériaé destacar o caráter duplo da Re-velação Espírita, e, para avaliar-mos a importância disso, vamos

fazer uma rápida comparação en-tre o Espiritismo e a Ciência e en-tre o Espiritismo e a obra mediú-nica de Chico Xavier.

Ciência não é algo simples de sedefinir. O leitor mais interessadopode procurar na Filosofia daCiência estudos aprofundados so-bre o que é e como se faz Ciência.8

Podemos dizer que, em todos ostempos, a Ciência é fruto do es-forço de homens e mulheres degênio que dedicaram seu tempoao trabalho de observação, pes-quisa e investigação dos fenôme-nos da Natureza. Sabendo da in-fluência do mundo espiritual, nãopodemos negar que alguns desseshomens e mulheres de gênio tive-ram inspirações de bons Espíri-tos, mas de modo algum tais ins-pirações constituem ensino dosEspíritos através do caráter reli-gioso ou divino de uma revelação.Para corroborar essa afirmação,Kardec deixa claro no item 60 que

Os Espíritos não se manifestam

para libertar do estudo e das

pesquisas o homem, nem para

lhe transmitirem, inteiramente

pronta, nenhuma ciência.

Assim, por maior que seja oalcance da Ciência nos dias dehoje, todas as suas teorias pos-suem apenas o caráter científicoda revelação.

Sobre a obra mediúnica deChico Xavier, mesmo diante de to-do o seu valor moral, literário eaté científico, ela apenas possuio caráter da revelação divina oureligiosa, pois seu conteúdo não

foi fruto da observação, investiga-ção e pesquisa de nenhum encar-nado. Chico foi o intermediáriodos bons Espíritos para aprofun-damento das verdades espirituais,todas elas de acordo com o Espiri-tismo e embasadas no mesmo.Isoladamente, as obras do Chicojamais constituiriam uma doutri-na com o mesmo valor e caráterque o Espiritismo possui, sim-plesmente por não satisfazer o ca-ráter científico de uma revelação.

A Revelação Espírita tambémapresenta uma característica que,como diz Kardec no item 55, res-salta das condições em que elasurgiu. Por se basear em fatos ob-servados e investigados, o Espi-ritismo é progressista, como asciências de observação. Isso, deum lado, significa que o Espiritis-mo não está fechado a novas des-cobertas mas, de outro, não signi-fica que o Espiritismo está abertosem critério a todas elas. Para queum conhecimento novo, científi-co ou religioso, seja aceito peloEspiritismo, é necessário que, deacordo com o item 13 transcrito,seja empregado com esse conhe-cimento novo para que o duplocaráter da revelação espírita nãoseja prejudicado. Isso indica comodeve evoluir o caráter progressivodo Espiritismo. Portanto, não se-rá através de mensagens obtidasde Espíritos individuais por mé-diuns individuais que o Espiritis-mo progredirá, nem através desimples extrapolações e compara-ções entre conceitos modernosdas nossas ciências materiais e osdo Espiritismo. Será necessário

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que haja trabalhos de pesquisa einvestigação de temas de interes-se espírita para que os mesmospossam fazer parte desse aspectoprogressista. De outra forma, te-remos apenas opiniões isoladassem comprovações. Obras isola-das e de autores menos conheci-dos possuem, por conseguinte,muito menos valor como revela-ção e por essa razão devemos to-mar cuidado com as novidadesque surgem no meio espírita, in-cluindo-se aquelas que se consi-deram “embasadas” na Ciência.

Em conclusão, percebemos aimportante e delicada tarefa deKardec que, como homem de ciên-cia, poderia ter apresentado oEspiritismo apenas como discipli-na científica. Mas, aliando seu in-telecto e bom senso ao sentimen-to idealista de servir à causa dobem, foi capaz de trabalhar na ela-boração da mensagem dos bonsEspíritos sem cair no excesso emnenhum dos dois lados possíveis:o da revelação religiosa ou daCiência, cumprindo a tarefa de tra-zer a Doutrina dos Espíritos à Hu-manidade com todos os requisitosda Verdade que a mente humanaexige e requer. Kardec fez mais:deu o exemplo de trabalho sério ede progresso!

Referências:1TORCHI, Christiano. Espiritismo passo a

passo com Kardec. 3. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. Cap. 3, it. 3.2, p. 61. 2KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon

Ribeiro. 52. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. Cap. 1, it. 1.

3______. ______. It. 2, p. 21-22.4______. ______. It. 7.5______. ______. It. 3.6______. ______. It. 5, p. 23.7______. ______. It. 14.8 CHIBENI, Silvio S. O espiritismo em seu

tríplice aspecto: científico, filosófico e

religioso. In: Reformador, ano 121, n.

2.093 (Parte 1), p. 37(315)-41(319), ago.-

-2003; n. 2.094 (Parte 2), p. 38(356)-

-41(359), set.-2003; n. 2.095 (Parte 3),

p. 39(397)-41(399), out.-2003.

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Mário Frigéri

No princípio, o médium, em seu apostoladoDe viver o amor em doação fraterna,Viu-se combatido e muito questionado,Ficando aturdido e até mesmo magoado,O que deu ensejo à intervenção materna:

– “Meu filho querido, quando a inquietaçãoVier perturbar a tua intimidade,A água da Paz é a grande solução:Ela abranda a mente e adoça o coração,Libertando o ser de toda ansiedade.”

“Se em derredor a discussão perdura,Trazendo tumulto à cidadela d’alma,Coloca na boca um pouco de água pura,Mas, sem engoli-la, mantém-na segura,Lava nela a língua, que a tensão se acalma.”

É assim que Chico Xavier se fazDoador feliz da linfa apetecida:Ao se ver envolto em tema que despraz,Ou fechava a boca – e dava água da Paz,Ou abria a boca – e dava água da Vida.

Fonte: GAMA, Ramiro. Lindos casos de Chico Xavier. 17. ed. LAKE, 1995. “A água

da Paz”, p. 55.

“Quem crer em mim, como diz a Escritura,do seu interior fluirão rios de água viva.”

– Jesus. (João, 7:38.)

Chico e a água da Paz

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s espíritas do mundotodo terão princípioscomuns, que os liga-

rão à grande família pelo sagra-do laço da fraternidade, mas cujasaplicações variarão segundo asregiões, sem que, por isso, a uni-dade fundamental se rompa; semque se formem seitas dissidentesa atirar pedras e lançar anátemasumas às outras, o que seria abso-lutamente antiespírita. Poderão,pois, formar-se, e inevitavelmen-te se formarão, centros gerais emdiferentes países, ligados apenaspela comunidade da crença e pelasolidariedade moral, sem subor-dinação de uns aos outros.”1

Complementando essas palavrasdo Codificador, Bezerra de Mene-zes esclarece:

O serviço da unificação em

nossas fileiras é urgente, mas

não apressado. Uma afirmativa

parece destruir a outra. Mas não

é assim. É urgente porque defi-

ne o objetivo a que devemos to-

dos visar; mas não apressado,

porquanto não nos compete

violentar consciência alguma.2

As Entidades Federativas dos Es-tados brasileiros, irmanadas nasorientações de Allan Kardec e Be-zerra de Menezes, acima citadas,produziram um documento para aorientação do serviço de unificação,de forma clara, simples, democráti-ca e respeitosa na sua propositura.

Apresenta, no esclarecimentoinicial:

O presente documento de tra-

balho: Orientação aos Órgãos de

Unificação foi elaborado duran-

te o 60o ano do “Pacto Áureo” e

aprovado em Reunião Ordinária

do Conselho Federativo Nacio-

nal (CFN) da Federação Espírita

Brasileira realizada de 6 a 8 de

novembro de 2009.A ideia de um

documento para Orientação aos

Órgãos de Unificação surgiu em

função da proposta de aprimo-

ramento do texto “Diretrizes de

Dinamização das Atividades

Espíritas, conforme deliberação

do CFN, em reunião em no-

vembro de 2008.3

Vários documentos relaciona-dos ao tema já haviam sido apro-

vados pelo Conselho FederativoNacional da FEB, incluindo o ci-tado “Diretrizes de Dinamiza-ção das Atividades Espíritas”. Apartir da consolidação de docu-mentos de fundamentação dou-trinária de reconhecido valor, fo-ram realizados alguns desdobra-mentos, trabalhando-se a ideia daação federativa.

O seu conteúdo é de suma im-portância para todos aqueles queatuam no Centro Espírita e no Mo-vimento Espírita de Unificação.

Podemos destacar: Diretriz 5do “Plano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita Brasileiro (2007--2012)”; Participação do CentroEspírita nas Atividades de Unifi-cação do Movimento Espírita; amensagem “Unificação”, de Bezer-ra de Menezes, psicografada porFrancisco Cândido Xavier; Fun-damentos para o Trabalho deUnificação com base na mensa-gem “Unificação”; Gestão Federa-tiva e mensagens de diversos Espí-ritos, principalmente pela mediu-nidade de Francisco Cândido Xa-vier, sobre a importância e a ne-cessidade desse trabalho.

“OAY LTO N PA I VA

Elaboração coletiva geradiretrizes para a Unificação

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Trata-se, pois, de um docu-mento que pode embasar a açãoconsciente e responsável de todasas pessoas que estão, ou desejamatuar, no Movimento Espíritaorganizado.

Isso é fundamental para que oMovimento Espírita não fique aosabor de opiniões pessoais ou degrupos que, muitas vezes, nem co-nhecem os princípios básicos daDoutrina Espírita estabelecidosnas obras básicas pelos mentoresespirituais, com a sistematizaçãode Allan Kardec: O Livro dos Es-píritos, O Livro dos Médiuns, OEvangelho segundo o Espiritismo,O Céu e o Inferno e A Gênese, e in-troduzem em suas ações, ideias oupráticas extravagantes, inoportu-nas e incoerentes com o corpodoutrinário. Às vezes com a agra-vante de que tais indesejáveis en-xertias surgem como “mensagens”de Espíritos guias, cuja inade-quação e ausência de fundamen-tação doutrinária são evidenciadaspela mais superficial das análises.

Destarte, o trabalho de preser-vação da Doutrina Espírita, emsua prática, é da responsabilidadede dirigentes de centros espíritase trabalhadores do Movimento deUnificação.

O documento Orientação aosÓrgãos de Unificação, elaboradopelo Conselho Federativo Nacio-nal da FEB deve, pois, ser estuda-do e analisado pelas diretorias dasorganizações espíritas e por todosaqueles que a compõem.

No capítulo VIII – Gestão Fe-derativa os objetivos apresentadossão:

a) à difusão da Doutrina Espí-

rita; ao estímulo ao estudo e à

prática do Espiritismo, com

base nas obras da Codificação

Kardequiana e a sua integração

na sociedade;

b) a união fraterna entre as ins-

tituições espíritas, os espíritas e

os demais setores da sociedade

civil e religiosa;

c) o trabalho em equipe;

d) a preparação de trabalhadores.4

Vale, aqui, lembrar a advertên-cia de Bezerra de Menezes, emsua mensagem “Unificação”, psi-cografada por Francisco CândidoXavier:

Nenhuma hostilidade recípro-

ca, nenhum desapreço a quem

quer que seja. Acontece, porém,

que temos necessidade de pre-

servar os fundamentos espíritas,

honrá-los e sublimá-los, senão

acabaremos estranhos uns aos

outros, ou então cadaverizados

em arregimentações que nos

mutilarão os melhores anseios,

convertendo-nos o movimento

de libertação numa seita estan-

que, encarcerada em novas in-

terpretações e teologias, que

nos acomodariam nas conve-

niências do plano inferior e nos

afastariam da Verdade.5

Referências:1KARDEC, Allan. Obras póstumas. 40. ed. 3.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. P. 2, cap.

Constituição do Espiritismo, § 6, p. 399.2XAVIER, Francisco C. Unificação. Pelo Es-

pírito Bezerra de Menezes. In: Reforma-

dor, ano 93, n. 1.761, p. 11(275), dez.

1975. Apud CARVALHO, Antonio C. Perri

de. (Organizador). Orientação aos órgãos

de unificação. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

Cap. 6, it. 1, p. 51.3CARVALHO, Antonio C. Perri de. (Or-

ganizador). Orientação aos órgãos de uni-

ficação. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Escla-

recimentos iniciais, p. 7. 4______. ______. Cap. 8, p. 9.5XAVIER, Francisco C. Unificação. Pelo Es-

pírito Bezerra de Menezes. In: Reforma-

dor, ano 93, n. 1.761, p. 11(275), dez.

1975. Apud CARVALHO, Antonio C. Perri

de. (Organizador). Orientação aos órgãos

de unificação. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

Cap. 6, it. 5, p. 52.

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Expedição de ReformadorPrezados assinantes e demais leitores,

Em virtude de problemas ocorridos, nos últimos meses, naentrega de Reformador, ocasionados pela empresa contratada paraesse serviço, pedimos-lhes desculpas pelo transtorno.

Informamos que, cientes do acontecido, novos exemplaresforam reenviados.

Assim, tomadas as providências, firmamos o compromisso demelhor atendê-los, agradecendo pela compreensão de todos.

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São Paulo: Curso de preparação de monitores do ESDE

No dia 27 de fevereiro, a União das Sociedades Espí-ritas do Estado de São Paulo realizou um curso depreparação para monitores do ESDE, a fim de apre-sentar o programa, atualizar monitores e coorde-nadores, e promover a troca de experiências. O even-to ocorreu na sede da USE-SP, em Santana. Informa-ções: <[email protected]>.

Bahia: FEEB reinaugura sua Sede Histórica No dia 25 de fevereiro, a Fundação José Petitingaentregou à Federação Espírita do Estado da Bahia,o prédio Histórico do Pelourinho-Casa de Petitin-ga, antiga sede da FEEB no Centro da cidade de Sal-vador, totalmente restaurado com apoio de empre-sas, e requalificado para atender à execução dasatividades culturais, educativas, de promoção sociale assistência à saúde, numa solenidade oficial,quando compareceram os diretores e ex-diretoresda FEEB, várias autoridades, como: representantedo BNDES, do IPAC, IPHAN, IRDEB, SEDES, SIGA,Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente, e doLegislativo Municipal, entre outros. Informações:<www.feeb.org.br>.

Paraná: Conferência Estadual“Mediunidade com Jesus” foi o tema abordado naXIII Conferência Estadual Espírita do Paraná, pro-movido pela Federação Espírita do Paraná, de 18 a20 de março. O presidente da FEB compareceu aoevento, e atuaram como expositores Divaldo PereiraFranco, José Raul Teixeira, Alberto Almeida, Harol-do Dutra Dias, Sandra Maria Borba e Suely CaldasSchubert. Informações: <www.feparana.com.br>.

Amazonas: Eventos sobre Mediunidade e Evangelização

A Federação Espírita Amazonense promoveu doiseventos em fevereiro: em comemoração dos 150 anosde O Livro dos Médiuns, o seminário “Estudando OLivro dos Médiuns” com o Projeto Manoel Philomeno

de Miranda, nos dias 19 e 20, no Auditório da UNIP;nos dias 15,16, 22 e 23, o curso de Preparação paraEvangelizadores, realizado nas dependências da FEA.Informações: <www.feamazonas.org.br>.

Barão de Melgaço (MT): Centro comemora88 anos

Em homenagem aos seus 88 anos de fundação, oCentro Espírita Francisco de Assis – Caminho daVerdade, Barão de Melgaço (MT), preparou umasérie de atividades comemorativas que ocorre-ram nos dias 20, 25, 26 e 27 de fevereiro. Além daapresentação da peça teatral Muito Além de Assis,do Grupo Espírita de Arte Juventude Ativa, havendopalestras pelos expositores: José Valdo de Oliveira(diretor da FEB), Aldenice Cousseiro, Augusto Pa-rada, Afro Stefanini, Adelson Joel da Silva, CecíliaSantana e Silvia Melhorança. Informações: <www.feemt.org.br>.

Ceará: Seminários sobre MediunidadeEm comemoração dos 150 anos de O Livro dos Mé-diuns, a Coordenação da Área Mediúnica da Fede-ração Espírita do Estado do Ceará realizou, em For-taleza, dois seminários nos dias 19 e 20 de fevereirocom o expositor Jorge Damas Martins. Informações:<www.feec.org.br>.

Centenário de Chico Xavier e filmes emdestaque

No último trimestre das comemorações do Cen-tenário de Chico Xavier – encerradas com eventosna União Espírita Mineira, e em Pedro Leopoldo(MG) no final de março – ocorreram: o lançamen-to do DVD Nosso Lar nas videolocadoras, e a co-mercialização do Blu-ray do mesmo filme; a TVGlobo exibiu a minissérie adaptada a partir do fil-me Chico Xavier, produzida por Daniel Filho, de 25a 28 de janeiro, acrescida de cenas inéditas, e a rea-lização das avant-premières do filme As Mães deChico Xavier, dirigido por Glauber Filho e HelderGomes.

Seara Espírita

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