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ANNO XIX DOMINGO 20 DE JANEIRO DE 1884 NUMERO 8 Rua Xovn do Ouvidor n. ttt \ 0 AFQSTQLO iStídll ADIASTADA Por anno Por semestre, lõfjOOO 8»000 Distribue-se ás (Quartas, Sextas e Domingos Dom lacem hubetla, credite lu lucem [S. João cap. 1*2 v. X). Clnmn ituque, «lama, ne eensea. (Carta de Pio IX & Redadçflo doApóstolo.) A ImprenNu cathnllra ê uma verdadeira iiiUhAii perpetua. Palavras de Leão XIII). PARTE OFFICIAL Pastoral D. PEDRO BISPO DK S. SKHAST1AO DO 1UO DE JANEIRO dia de abstinência. Mas érrâo, porque o preceito de jejuar e o preceito de não comer carne suo dous preceitos distinetos. E assim todas as sextas- feiras do anno nào sào dias de jejum, mas todas ellas sâo dias de absünen- cia ; além disso antes de 21 annos com- pletos não ha obrigação de jejuar, mas desde os 7 annos ao mais tardar ha; obrigação de nâo comer carne nos dias! prohibidos, a nâo haver legitima es- cusa. He tambem por isso que se ai guem estiver dispensado de jejuar, nào Por autorização que recebemos da Sauta Apostólica, e por se darem as mesmas razões dos annos passados, Nós do mesmo modo e nos mesmos dias e sob as mesmas condições dis- pensamos nas leis da Sauta Madre Igreja acerca de abstinência de carne, ^ porísso dispensado para comer que se não fosse a dispensa, deveriâo carne.. ser cumpridas sob pena de peccado. Outros muitos pensão que a Igreja mortal de desobediência gra vêem todos raau(ia comer peixe: lie outro erro, os dias de jejum, nas Domingas da Qua- > porque o preceito da Igreja he negativo, resina, Rogaçües e Sabbados do anno. isto he, o que a Igreja manda he não Assim, pois, sem desobediência á comer carne ll0S djas por ella determi- Igreja nesta Nossa Diocese se poderá nados para aliruma penitencia de seus no tempo adiante designado, comer (illl0S Qra como iie claríssimo, bem carne em todos os dias do anno, diffèrente cousa he nào comer carne ou á excepção dos dias abaixo declarados, comer peixe. nos quaes não dispensamos, ficando em, A|nda outro em) de mi)itos her seu vigor as leis ecçlésiasticas da abs-faz ml ^ cümei. carne . tmencia na forma usada nesta Diocese ^e,. sexta-feira ou sexta-feira da Paixão, em dia de jejum quanto a ovos e lacti-chrisUíue (Ry mal nâQ- he cinios (nunca porém permittidos na consoaJa, como outras vezes se disse) Estes dias não dispensados são : ta tr 4°, 1.Todas as sextas-feiras do anuo. , y OPOhibe 2.Os nove dias seguintes : i;..Quar.|b^« P'^^ -feira de Cinza; 2», Quarta-feira de', «V. •evas; 3°, Quinta-feira de Endoenças- iMm °-Naiai por ser sexta-feira; htumis sim porque se alguém nesse dia (a não estar legiti- mamente escusado) comer carne des- obedece á Igreja, que nesse dia (ou ou- sexta-feira em que comer carne nào peeca, ,, , , ... , n i ,-v'pornue embora seja sexta-feira, a Igreja Sabbado doAleluia. (todo o,d«); ^ dia de tantl alegria não prohibe oo, \ espera do Espirii o-Santo: t£\es uem im egsa itencia a pera da Santíssima inndade; /°, \i- geus mlJ0S gilia da Assumpção de Nossa Senhora; Tam pQi;co Q CQmr CRym *fò faz m0. no rneiado de Agosto; 8», vigília de ,.nlmontln mfll nnr fiftP 0*rn» mas sirn Todos os Santos; d\ \igilia do Natal.em certos djas hcel]a prohibida Esta Nossa dispensa começara n&4el&rejA%m espirito de penitencia e Quarta-ímra de Cinza do correr, e anno P - | Q ri^ròsô jejum e a toda a 27 de Fevereiro, quando finda a ^tiucncia(le ohristò no deserto por dispensa dada por um anno em 1S8.3, e durará até Quarta-feira de Cinza de 1885 que cahirá a 18 de Fevereiro. Esla dispensa he somente quanto á .^absiiiLeMlâiJias nào quanto ao jejum, para dispensar" o "qual "naõ estamos autorisados ; pelo que devem jejuar dí) dias, e sua santissima Paixão e morte sobre o duro lenho da cruz. A carne e o que entra pela boca não he o que inquina o homem, diz Christo; -posio:4im._pQssa_rrniitasj^esjttóer rnal physioamente. Mas de certo segundo o mesmo Christo, inquinâo o homem os todos os Fieis, que tiverem 21 annos. mjf pensame,itos e a sensualidade. completos e não estiverem legitima-1 ^^^ que m fazém orgulhosos e desobedientes, este que nos causa hor- mente impedidos ou dispensados II Muitos confundem dia de jejum com FOLHETIM DO APÓSTOLO FLEURANGE POR Mme. CRAVEN OBRA PREMIADA PELA ACADEMIA FRANCEZA ¦ '..¦..''..,¦ '¦' .iV>- íi. >,¦'.- ^-': A CASA VJEJL.TIA Deos proporciona o vento d ovelha losquiada. ?) ¦0t' (Continuação do n. Fleurange poz as raãos em silencio; a cora- paixão se unia A repugnância que lhe tinha inspirado Felix, agora tão justificada, e não achou nada a dizer. —- Esta carta, continuou Clemente, impru- dentemento entregue a meu desgraçado tio, suscitou logo um dos ataques quo padecia e (talvez devera eu dizer felizmente para elle) suecumbio; não teve tempo para avaliar o golpe que o feria. Fleurange mesmo pouco lhe coraprchendia a extensão. ²Onde estava Felix? disse ella emtim. ²Ha 15 dias so ausentara. •— Ha 15 dias ! exclamou ella com penosa recordação de sua ultima entrevista. ror a tudo quanto he penitencia. Assim o que fez mal a Eva uão foi comer o frueto por ser tal frueto, mas sim porque cedeu ao demônio e a gula e desobedeceu a Deos, que lhe havia prohibido comer desse frueto vedado por elle, Seuhor do céo c terra, que bem podia exigir de suas creaturas o tributo de obediência, que bem lhe aproüvessè. 111 Permitta Deos que nossos Diocesanos lembrem-se bem daquelles dous Man- damentos da Santa Madre Igreja, a saber—jejuar quando manda a Santa Madre Igreja ;— não comer carne nos dias prohibidos. Nossos Veneraveis Antecessores D., José Caetano, e D. Manoel do Monte dispensarão tambem nesta matéria por Delegação Apostólica, e o primeiro desceu a algumas miudezas, parte das quaes se podem ler na pag. 9G da 2a edição de Nossa Cartilha Catholica. Nós ainda mais suavisamos o cumpri- mento destes deveres. Oxalá sirva isto de motivo para mais tielmenteseremob servados estes dous preceitos tão tre- quentemente transgredidos por aquel- les mesmos, que se glorião de obedecer á Igreja, e cumprir as obrigações de catholicos. que não queremos huma vida de rigorosa penitencia voluntária, façamos ao menos esta obrigatória, tão fácil e suavisada a tal ponto, que mais parece acto de obediência do que de peniten- cia. Rião se muito embora de nós, zom- bem quanto quizerem de nossa obedien- cia, ridicularizem quanto entenderem nossa pequena penitencia ; Nós deve- mos obedecer á Igreja, porque disse Je- sus-Christo:— Se digitem não oucir a Igreja seja para íi qual elhnico e publicam—Quem vos despreza a mira despreza, e quem me despreza, des- preza Aquelle que me enviou. Alguma peuitencia he necessária, como tanto inculca a Sagrada Escri- ptura do Antigo e Novo Testamento, e hoje especialmente em que se pó-le dizer ^c-amojm.iiim.P-0_de_N_oé:-— toda a carne lem corrompido seu caminho sobreã terra. IV Jpjuernos, pois, que a Escriptura Sagrada tanto exalta seu mérito na pre- senca de Deos. Não se trata de hum je- jum rigoroso, como fizerão os Ninivitas nos dias de Jonas para obterem do céo que sua grande e opulenta capital não fosse subvertida earrrazada, mas trata- se de hum jejum suavisado a mais não poder ser, e prescripto pela Igreja com muito menos severidade do que vulgar- mente se pensa; Se ua guerra da índia os Inglezes jejuavão por ordem de sua Rainha, se na grande guerra dos Esta- dos Unidos os Americanos jejuavão por ordem de seu Presidente; porque he que Nós Catholicos nos tristes dias que cor- rem nos envergonharemos de jejuar ao menos quando manda nossa Santa Madre Igreja l Na observância da lei da abstinência não nos intimidem as irrisões e mofas dos que nos apuparem. Incomparavel- mente mais soffreo o para sempre me- morayel Eliásaro, eos seie irinTos Ma- ch-.ibeos com sua heróica mãe, que pre- feriram os mais horríveis martyrios antes do que violarem a lei santa que lhes prohibia comer carne de certos animaes. Que heróes! Que heroina! A historia de seus martyrios merece ser lida no Livro 2 dos Machabeos caps. ,0 e i. Emfim se alguém nos perguntar como ; o diabo a Eva na primeira tentação que j houve sobre a terra—Porque he que i nào corneis de tudo—-resoondamos como Eva antes de cahir—Porque he-nos pro- hibido pela Igreja de Deos. Üs Rvms. Vigários devem por dever rigoroso de seu ministério esclarecer seus Parochianos acerca destes precei- tos, e do modo de cumpril-os, mos- trando-lhes ao mesmo tempo o que he de rigoroso preceito, e o que fica á de- voção vol unitária e prudente de cada hum. Palácio Episcopal da Conceição ao.s 18 de Janeiro de 1884, dia da Festa da Cadeira de S. Pedro em Roma. 7 Pedro, Bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro. DlAEQSTQLQ. ²Partio da cidade no dia seguinte ao do saráo que houve pelo casamento de Clara. ²Mas, disse Fleurange com emoção, nessa noite elle fallava de um abysmo, e queria casar commigo, dizia, para não se despenliar nelle. Grande Deos! Clemente, continuou com a mais viva emoção, teria eu podido, acolhendo sua proposta, salval-o? Era possi- vel? Minha vida sacrificada podia impedir esta desgraça, este desastre ? ²Não! a terrível empreza que se seguio a este saráo era jil seu único recurso para evi- tar a ruina. Porque vos fallou assim ? Foi loucura? perversidade? Oh ! antes loucura! elle sem duvida vos amava, infeliz; eu o las- timo, mas.... Clemente hesitou um instante, depois con- tinuou rapidamente: ²Ou vi-me, Gabriella! vou contlar-vos uma cousa que talvez fosse melhor oceultar-vos; mas ó preciso que mo justifique e vos tran- quiltise. não preciso poupnl-o; eu despre- zava Felix, porque.... —e o olhar de Cie- mente sciutillou um instante-, porque buscou fá/cr-me desprezível como elle; exerceu cora- migo o maldito oflicio (fomentador, sendo eu uma criança! porque se pudesse ter-me-ia ar- rastado tambem pela Vereda de que hoje attin- gio o fatal termo. Por isso, minha prima, disse com voz mais commovida, se tivesse alcan- cado vossa mão, eu sabia quanto era indigno de a merecer, para deixar do vol-o dizer a tempo, pois não me esqueci que mo chamastes irmão; mas repugnava-rae esta denuncia, e foquei satisfeito, e muito, naquella noite de a poder evitar, e que vós mesma vos defen- desseis!... Agora que vos revelei isto, 6 para rinalisar vosso temor. ²Agradeço-vos de me livrar delle! Repe- ti-me ainda uraa vez na presença de Deos, não tenho nada de que me arguir ? ²Afílrmo o sob minha honra, Gabriella, nada podieis fazer! dissemos que Clemente tinha uraa firmeza e espécie de sabedoria prematura que lhe dava grande ascendente sobre os outros. Quando se tem este caracter cedo se mani- festa, um dia somente basta ás vezes para seu pleno desenvolvimento. Para Clemente chegara este dia. e d'ora em diante ninguém mais se lembraria ele lhe chamar criança. XI- A ruina! palavra ao mesmo torapo positiva e vaga. A noção que apresenta á mente, mui clara certamente em si, encerra multidão de conseqüências obscuras, que ora amedrontam mHis do que o mal presente, ora suggerem ehimericas esperanças. Este infortúnio se ag- grava quando encontra ura caracter estranho As noções da vida material, dedicado ã medi- tação, ao estudo, e isento tambem, pelo habito de longo bem-estar, dánocessidade de adquirir a experiência, cuja necessidade nunca sentio. Tal era o caracter, o tinha sido ató este dia a situação do professor Ludwig Dornthal. De todas as desgraças do mundo, a quo o assai- tava era a de qúe menos se lembrara, e falta- va-lhe a faculdade para a cornprehender mais ainda do que fortaleza para supportal-a. A palavra ruina pode ser entendida de modo relativo que a torna meuos dura ; assim a en- carava o professor. Não cümprelicndeu a extensão da catastrophe que o feria, perma- Rio, 20 de Janeiro de 1834. S. Sebastião, Martyr Duas cidades importantes, Narbouna e Milão, mantém nobre rivalidade, dis- necia em inércia esperançosa, esperando qualquer recurso para diminuir o damno pe- cuniario. e se oecupava da vergonhosa fu- gida de seu sobrinho e da morte de seu irmão, que fora seu funesto resultado. Durante este tempo-Cleraente, ajudado por Guilherme Muller, tomou conhecimento de todos os negócios com promptidão e sagaci- dade, que muito edüficára o honesto e iutelli- gente caixeiro rfiie o iniciava a este mundo novo. Vendo-o tão hábil em cornprehender, tão ílrrae em decidir-se a trabalhar, elle excla- raava com desesperaçüo, no meio de suas ter- riveis descobertas: ²Ah ! se vosso infeliz primo tivesse vossa cabeça nos seus hombros ! ²Minha cabeça ! não se compara com a delle, respondeu Clemente a uma destas ex- claraaçoes. Não! não ó isto, outra cousa lhe faltava. Se eu tivesse sua aptidão e intelli- gencia! Talvez que agora eu soubesse restau- rar nossa fortuna, emquanto meu único ta- lento será saber supportar a pobreza. Oh! se a mim ameaçasse, quão pouco a temeria! ²A pobreza! interrompeu Guilherme; mas não comprehendestes o que vos expliquei1? ²A respeito dos credores de meu tio ? ²Sim, estais convencido que entre estes o primeiro 6 o Sr. Ludv/ig Dornthal, e que quasi toda a sua fortutia se pode salvar do nau- fragio. ²Sim, cora a condição que outros fiquem arruinados. ²Mas os direitos destes não são superiores aos seus ; elle não era sócio de seu irmão, sd- mente lhe confiou sua fortuna como tantas outras pessoas,- .. (Continua*. *¦' .... . ¦_¦ '*¦¥%

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ANNO XIX DOMINGO 20 DE JANEIRO DE 1884 NUMERO 8

Rua Xovn do Ouvidor n. ttt\ 0 AFQSTQLO iStídll ADIASTADA

Por anno

Por semestre,

lõfjOOO

8»000

Distribue-se ás (Quartas, Sextas e DomingosDom lacem hubetla, credite lu lucem [S. João cap. 1*2 v. X). Clnmn ituque, «lama, ne eensea. (Carta de Pio IX & Redadçflo doApóstolo.)

A ImprenNu cathnllra ê uma verdadeira iiiUhAii perpetua. Palavras de Leão XIII).

PARTE OFFICIALPastoral

D. PEDRO BISPO DK S. SKHAST1AO DO1UO DE JANEIRO

dia de abstinência. Mas érrâo, porqueo preceito de jejuar e o preceito denão comer carne suo dous preceitosdistinetos. E assim todas as sextas-feiras do anno nào sào dias de jejum,mas todas ellas sâo dias de absünen-cia ; além disso antes de 21 annos com-pletos não ha obrigação de jejuar, masdesde os 7 annos ao mais tardar ha;obrigação de nâo comer carne nos dias!prohibidos, a nâo haver legitima es-cusa. He tambem por isso que se aiguem estiver dispensado de jejuar, nào

Por autorização que recebemos daSauta Sé Apostólica, e por se darem asmesmas razões dos annos passados,Nós do mesmo modo e nos mesmosdias e sob as mesmas condições dis-pensamos nas leis da Sauta MadreIgreja acerca de abstinência de carne, ^ só porísso dispensado para comerque se não fosse a dispensa, deveriâo carne..ser cumpridas sob pena de peccado. Outros muitos pensão que a Igrejamortal de desobediência gra vêem todos raau(ia comer peixe: lie outro erro,os dias de jejum, nas Domingas da Qua- >

porque o preceito da Igreja he negativo,resina, Rogaçües e Sabbados do anno. isto he, o que a Igreja manda he não

Assim, pois, sem desobediência á comer carne ll0S djas por ella determi-Igreja nesta Nossa Diocese se poderá nados para aliruma penitencia de seusno tempo adiante designado, comer (illl0S Qra como iie claríssimo, bemcarne em todos os dias do anno, diffèrente cousa he nào comer carne ouá excepção dos dias abaixo declarados, comer peixe.nos quaes não dispensamos, ficando em, A|nda outro em) de mi)itos he rseu vigor as leis ecçlésiasticas da abs- faz ml ^ cümei. carne .tmencia na forma usada nesta Diocese ^e,. sexta-feira ou sexta-feira da Paixão,em dia de jejum quanto a ovos e lacti- chrisUíue (Ry mal nâQ- hecinios (nunca porém permittidos naconsoaJa, como outras vezes já sedisse)

Estes dias não dispensados são :

tatr4°,

1. Todas as sextas-feiras do anuo. , y OPOhibe2. Os nove dias seguintes : i;..Quar.|b^« P'^^-feira de Cinza; 2», Quarta-feira de', «V.

•evas; 3°, Quinta-feira de Endoenças- iMm °-Naiai

por ser sexta-feira; htumis sim porquese alguém nesse dia (a não estar legiti-mamente escusado) comer carne des-obedece á Igreja, que nesse dia (ou ou-

sexta-feira em quecomer carne nào peeca,

,, , , ... , • n i ,-v'pornue embora seja sexta-feira, a IgrejaSabbado doAleluia. (todo o,d«); ^ dia de tantl alegria não prohibeoo, \ espera do Espirii o-Santo: t£\es uem im egsa itencia a

pera da Santíssima inndade; /°, \i- geus mlJ0Sgilia da Assumpção de Nossa Senhora; Tam pQi;co Q CQmr CRym *fò faz m0.no rneiado de Agosto; 8», vigília de ,.nlmontln mfll nnr fiftP 0*rn» mas sirnTodos os Santos; d\ \igilia do Natal. em certos djas hcel]a prohibidaEsta Nossa dispensa começara n&4el&rejA%m espirito de penitencia eQuarta-ímra de Cinza do correr, e anno P -

| Q ri^ròsô jejum e a todaa 27 de Fevereiro, quando finda a ^tiucncia(le ohristò no deserto pordispensa dada por um anno em 1S8.3,e durará até Quarta-feira de Cinzade 1885 que cahirá a 18 de Fevereiro.

Esla dispensa he somente quanto á.^absiiiLeMlâiJias nào quanto ao jejum,

para dispensar" o "qual "naõ estamos

autorisados ; pelo que devem jejuar

dí) dias, e sua santissima Paixão emorte sobre o duro lenho da cruz. Acarne e o que entra pela boca não he oque inquina o homem, diz Christo;-posio:4im._pQssa_rrniitasj^esjttóer rnalphysioamente. Mas de certo segundo omesmo Christo, inquinâo o homem os

todos os Fieis, que tiverem 21 annos. mjf pensame,itos e a sensualidade.completos e não estiverem legitima-1

^^^ que m fazém orgulhosos edesobedientes, este que nos causa hor-mente impedidos ou dispensados

IIMuitos confundem dia de jejum com

FOLHETIM DO APÓSTOLO

FLEURANGEPOR

Mme. CRAVEN

OBRA PREMIADA PELA ACADEMIA FRANCEZA

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A CASA VJEJL.TIADeos proporciona o vento d

ovelha losquiada.

?)

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(Continuação do n.

Fleurange poz as raãos em silencio; a cora-paixão se unia A repugnância que lhe tinhainspirado Felix, agora tão justificada, e nãoachou nada a dizer.

—- Esta carta, continuou Clemente, impru-dentemento entregue a meu desgraçado tio,suscitou logo um dos ataques quo padecia e(talvez devera eu dizer felizmente para elle)suecumbio; não teve tempo para avaliar ogolpe que o feria.

Fleurange mesmo pouco lhe coraprchendiaa extensão.

Onde estava Felix? disse ella emtim.Ha 15 dias so ausentara.

•— Ha 15 dias ! exclamou ella com penosarecordação de sua ultima entrevista.

ror a tudo quanto he penitencia.Assim o que fez mal a Eva uão foi

comer o frueto por ser tal frueto, massim porque cedeu ao demônio e a gulae desobedeceu a Deos, que lhe haviaprohibido comer desse frueto vedadopor elle, Seuhor do céo c terra, quebem podia exigir de suas creaturas otributo de obediência, que bem lheaproüvessè.

111Permitta Deos que nossos Diocesanos

lembrem-se bem daquelles dous Man-damentos da Santa Madre Igreja, asaber—jejuar quando manda a SantaMadre Igreja ;— não comer carne nosdias prohibidos.

Nossos Veneraveis Antecessores D.,José Caetano, e D. Manoel do Montedispensarão tambem nesta matéria porDelegação Apostólica, e o primeirodesceu a algumas miudezas, parte dasquaes se podem ler na pag. 9G da 2aedição de Nossa Cartilha Catholica.Nós ainda mais suavisamos o cumpri-mento destes deveres. Oxalá sirva istode motivo para mais tielmenteseremobservados estes dous preceitos tão tre-quentemente transgredidos por aquel-les mesmos, que se glorião de obedecerá Igreja, e cumprir as obrigações decatholicos.

Já que não queremos huma vida derigorosa penitencia voluntária, façamosao menos esta obrigatória, tão fácil esuavisada a tal ponto, que mais pareceacto de obediência do que de peniten-cia. Rião se muito embora de nós, zom-bem quanto quizerem de nossa obedien-cia, ridicularizem quanto entenderemnossa pequena penitencia ; Nós deve-mos obedecer á Igreja, porque disse Je-sus-Christo:— Se digitem não oucir aIgreja seja para íi qual elhnico epublicam—Quem vos despreza a miradespreza, e quem me despreza, des-preza Aquelle que me enviou.

Alguma peuitencia he necessária,como tanto inculca a Sagrada Escri-ptura do Antigo e Novo Testamento, ehoje especialmente em que se pó-le dizer

^c-amojm.iiim.P-0_de_N_oé:-— toda a carnelem corrompido seu caminho sobreãterra.

IVJpjuernos, pois, já que a Escriptura

Sagrada tanto exalta seu mérito na pre-senca de Deos. Não se trata de hum je-

jum rigoroso, como fizerão os Ninivitasnos dias de Jonas para obterem do céoque sua grande e opulenta capital nãofosse subvertida earrrazada, mas trata-se de hum jejum suavisado a mais nãopoder ser, e prescripto pela Igreja commuito menos severidade do que vulgar-mente se pensa; Se ua guerra da índiaos Inglezes jejuavão por ordem de suaRainha, se na grande guerra dos Esta-dos Unidos os Americanos jejuavão porordem de seu Presidente; porque he queNós Catholicos nos tristes dias que cor-rem nos envergonharemos de jejuar aomenos quando manda nossa SantaMadre Igreja l

Na observância da lei da abstinêncianão nos intimidem as irrisões e mofasdos que nos apuparem. Incomparavel-mente mais soffreo o para sempre me-morayel Eliásaro, eos seie irinTos Ma-ch-.ibeos com sua heróica mãe, que pre-feriram os mais horríveis martyriosantes do que violarem a lei santa quelhes prohibia comer carne de certosanimaes. Que heróes! Que heroina! Ahistoria de seus martyrios merece serlida no Livro 2 dos Machabeos caps.

,0 e i.Emfim se alguém nos perguntar como

; o diabo a Eva na primeira tentação quej houve sobre a terra—Porque he quei nào corneis de tudo—-resoondamos comoEva antes de cahir—Porque he-nos pro-hibido pela Igreja de Deos.

Üs Rvms. Vigários devem por deverrigoroso de seu ministério esclarecerseus Parochianos acerca destes precei-tos, e do modo de cumpril-os, mos-trando-lhes ao mesmo tempo o que hede rigoroso preceito, e o que fica á de-voção vol unitária e prudente de cadahum.

Palácio Episcopal da Conceição ao.s18 de Janeiro de 1884, dia da Festa daCadeira de S. Pedro em Roma.

7 Pedro, Bispo de S. Sebastião doRio de Janeiro.

DlAEQSTQLQ.

Partio da cidade no dia seguinte ao dosaráo que houve pelo casamento de Clara.

Mas, disse Fleurange com emoção, nessanoite elle fallava de um abysmo, e queriacasar commigo, dizia, para não se despenliarnelle. Grande Deos! Clemente, continuoucom a mais viva emoção, teria eu podido,acolhendo sua proposta, salval-o? Era possi-vel? Minha vida sacrificada podia impediresta desgraça, este desastre ?

Não! a terrível empreza que se seguio aeste saráo era jil seu único recurso para evi-tar a ruina. Porque vos fallou assim ? Foiloucura? perversidade? Oh ! antes loucura!elle sem duvida vos amava, infeliz; eu o las-timo, mas....

Clemente hesitou um instante, depois con-tinuou rapidamente:

Ou vi-me, Gabriella! vou contlar-vos umacousa que talvez fosse melhor oceultar-vos;mas ó preciso que mo justifique e vos tran-quiltise. já não preciso poupnl-o; eu despre-zava Felix, porque.... —e o olhar de Cie-mente sciutillou um instante-, porque buscoufá/cr-me desprezível como elle; exerceu cora-migo o maldito oflicio (fomentador, sendo euuma criança! porque se pudesse ter-me-ia ar-rastado tambem pela Vereda de que hoje attin-gio o fatal termo. Por isso, minha prima, dissecom voz mais commovida, se tivesse alcan-cado vossa mão, eu sabia quanto era indignode a merecer, para deixar do vol-o dizer atempo, pois não me esqueci que mo chamastesirmão; mas repugnava-rae esta denuncia, efoquei satisfeito, e muito, naquella noite de apoder evitar, e que vós mesma vos defen-desseis!... Agora que vos revelei isto, 6 pararinalisar vosso temor.

Agradeço-vos de me livrar delle! Repe-ti-me ainda uraa vez na presença de Deos, nãotenho nada de que me arguir ?

Afílrmo o sob minha honra, Gabriella,nada podieis fazer!

Já dissemos que Clemente tinha uraa firmezae espécie de sabedoria prematura que lhedava grande ascendente sobre os outros.Quando se tem este caracter cedo se mani-festa, um dia somente basta ás vezes paraseu pleno desenvolvimento. Para Clementechegara este dia. e d'ora em diante ninguémmais se lembraria ele lhe chamar criança.

XI-

A ruina! palavra ao mesmo torapo positivae vaga. A noção que apresenta á mente, muiclara certamente em si, encerra multidão deconseqüências obscuras, que ora amedrontammHis do que o mal presente, ora suggeremehimericas esperanças. Este infortúnio se ag-grava quando encontra ura caracter estranhoAs noções da vida material, dedicado ã medi-tação, ao estudo, e isento tambem, pelo habitode longo bem-estar, dánocessidade de adquirira experiência, cuja necessidade nunca sentio.

Tal era o caracter, o tinha sido ató este diaa situação do professor Ludwig Dornthal. Detodas as desgraças do mundo, a quo o assai-tava era a de qúe menos se lembrara, e falta-va-lhe a faculdade para a cornprehender maisainda do que fortaleza para supportal-a.

A palavra ruina pode ser entendida de modorelativo que a torna meuos dura ; assim a en-carava o professor. Não cümprelicndeu aextensão da catastrophe que o feria, perma-

Rio, 20 de Janeiro de 1834.

S. Sebastião, Martyr

Duas cidades importantes, Narbounae Milão, mantém nobre rivalidade, dis-

necia em inércia esperançosa, esperandoqualquer recurso para diminuir o damno pe-cuniario. e só se oecupava da vergonhosa fu-gida de seu sobrinho e da morte de seu irmão,que fora seu funesto resultado.

Durante este tempo-Cleraente, ajudado porGuilherme Muller, tomou conhecimento detodos os negócios com promptidão e sagaci-dade, que muito edüficára o honesto e iutelli-gente caixeiro rfiie o iniciava a este mundonovo. Vendo-o tão hábil em cornprehender,tão ílrrae em decidir-se a trabalhar, elle excla-raava com desesperaçüo, no meio de suas ter-riveis descobertas:

Ah ! se vosso infeliz primo tivesse vossacabeça nos seus hombros !

Minha cabeça ! não se compara com adelle, respondeu Clemente a uma destas ex-claraaçoes. Não! não ó isto, outra cousa lhefaltava. Se eu tivesse sua aptidão e intelli-gencia! Talvez que agora eu soubesse restau-rar nossa fortuna, emquanto meu único ta-lento será saber supportar a pobreza. Oh! sesô a mim ameaçasse, quão pouco a temeria!

A pobreza! interrompeu Guilherme; masnão comprehendestes o que vos expliquei1?

A respeito dos credores de meu tio ?Sim, estais convencido que entre estes o

primeiro 6 o Sr. Ludv/ig Dornthal, e que quasitoda a sua fortutia se pode salvar do nau-fragio.

Sim, cora a condição que outros fiquemarruinados.

Mas os direitos destes não são superioresaos seus ; elle não era sócio de seu irmão, sd-mente lhe confiou sua fortuna como tantasoutras pessoas, - ..

(Continua*.

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putando outro si a gloria de serem apátria do grande S. Sebastião, defensorda Egreja. Felizmente, para ambas, opleito lhes dá igual triumpho: Nar-bomiu é o berço do heróe, e Milão ologar onde se passaram seus primeirosannos.

Seguindo a carreira militar, alistou-se cedo no exercito romano e servio ásordens dos imperadores Diocleciano eMaximiano Hercules, que entre si par-tilhavam o império.

Taes foram a probidade e o valor dojoven soldado, que prestes subio, gal-gando os postos mais eminentes, queeram concedidos só á dupla nobreza dosangue e do mérito. Possuindo ambas,attingio ao alto gráo de capitão daprimeira companhia da guarda preto-riana. A galhardia do seu procedi-mento coirecto fel-o approximar doCésar que o admittio a seu serviço pri-vado.

Christão sincero, conhecia Sebastiãoquanto suas crenças perigavam efal-o-hiam aborrecido de Maximiano,logo que as soubesse, mormente nessaépoca, em que lavrava intensa a laba-reda da perseguição decretada por es-ses imperadores.

Superior ao temor pusillanime, e emnada receiando perder as boas graçasdo soberano em troco da fidelidade aDeos, o bravo oflicial empregava asfolgas do pequeno repouso em visitaros christãos encarcerados, prover suasnecessidades, dar-lhes animo nos tor-mentos, alentar os que pareciam alque-brados, conquistando desfarte almasque o inimigo trabalhava por arrancará gloria do martyrio.

Embora valiosos taes serviços, a de-dicação á causa religiosa e o mérito deSebastião couservaram-se á meia som-bra até que circumstancia azada veiode todo pôr em plena luz o heroísmodo guerreiro christão.

Na juventude romana destacavam-seMarcos e Marcellino, irmãos gêmeos,nobilissimos pela fé christã que abra-

: çaram~e wsar^lia patrícia Eram filhos únicos deTranquillino e Mareia, que os idolatra-vam e haviam-se esmerado em edu-cal-os e dar-lhes posição condigna ásuas immensas riquezas, casando osvantajosamente e elevando-os ao maiorbrilho social, consoante suas aspira-ções fidalgas.

Nestes dourados sonhos de felicidadeterrena, cultivada afanosamente no pa-ganismo enervador, se embalavam seuscarinhosos pais, quando souberam queseus estremecidos filhos, alliados hamuito ao christianismo perseguido, fo-ram delatados como christãos, e jaziamno cárcere da prefeitura de Roma, ser-vida então por Nicostrato ; e que aosdous moço-, como se praticava única-mente com as pessoas gradas, foraconcedida a dilação de um mez paraabjurarem, sob pena de morte.

Toda sorte de meios foi tentada nesseespaço para abalar sua fé. A primeiranobreza romana, sócia dos folgares quefreqüentavam os illustres captivos, seempenhava em lhes reviver á memóriaos passatempos antigos, as riquezas pa-ternas, o lustre da familia, tudo a es-boroar-se ante a perspectiva da morte.

As esposas, desfeitas em pranto, vi-nham ás portas da enxovia relembraros affectos do lar; com os trêmulosbraços levantavam os filhinhos cons-ternados, a cujo aspecto se deveriamcommover tao bem formados corações.

Por ultimo chegaram os pais ; Mar-cia, a pobre mãi, fallava com a elo-quencia da dòr convicta e profunda ;allegava os longos trabalhos da mater-nidade, as noites veladas á borda doberço, os pacientes carinhos da educa-ção, a solicitude da commoda posição,os casamentos felizes que conseguira.Tranquillino, com a severidade de pai,e as angustias de enfermo, ha longosannos de gotta incurável, com o pres-tigio da velhice, sempre imponente porseus cabellos brancos e vasta experien-cia do passado, o pobre velho a soluçarcom veras, a soltar lamentos dondos,que prolongavam-se nas sombrias ar-cadas dos temerosos ergastulos. e re-viviam na repercussão cava e sinistrados echos medonhas daquellas sinistrasprisões.... Tranquillino nada con-seguio.

Inutilizaram se lisonjas dos amigos,carinhos dos pais, supplicas das espo-sas, osculos dos filhos, que vinhamá miúdo repetir os ataques dessa cate-chese cruel.

Em uma dessas .refregas chega Se-bastião. O valeute soldado falia aoscircumstantes com a convicção de umapóstolo. Rebate os argumentos perfl-dos dos moços callejados nos prazeres;mostra que as lagrimas são apanágiodas mulheres frivolas ; demonstra queo christão resiste facilmente com o es-cudo da fé viva e da caridade abrazadaa esses falsos ataques, aos rudes gol-pes de passageiros tormentos e aoshorrores da morte momentânea. E comtal vehemencia fallou dos esplendoresdo céo, das delicias da gloria, do gozoinefável do paraizo, cujas veredas iamtrilhar, cujos umbraes iam transpor,vivendo eternamente com Deos, quetodos se envolveram em uma atmos-plíerã"cte lüz"déscdiThècTdã7em um am-biente divino, prelibação precursorada ventura infinita que em breve oscumulou.

O presbytero Polycarpo concluio aobra começada por Sebastião. Os accen-tos graves do sacerdote confortaramáquelles ânimos abalados, e levaram-lhes as luzes da fé ás dobras profundasdn coração. Todos receberam o baptis-mo. Marcos e Marcellino, confirmadosna fé, abriam o prestito dos neophytos,e Sebastião apresentou á pia esta novae esplendida geração de eleitos. Tran-quillino e Mareia, suas noras, seus ne-tos; Nicostrato (o prefeito), Zié, suamulher e sua familia de treze pessoas ;Cláudio, escrivão do crime ; mais deze-seis detentos ; todos os guardas da pri-são; todos se converteram, todos sebaptizaram. Preciosa recolta na amplaseara do Christo.

Nesses dias de perseguição, a cor-rente da vida dos recém convertidostomou direcção diversa: uns recebo-ram logo os laureis do martyrio, sa-grando com o sangue as primicias dafé ; outros continuaram a illustrar osannaes christãos com edificantes exem-pios. Tranquillino, o venerando pai de

tào heróicos moços, compellido a ap-presontar-se á Chromaco afim do res-ponder pe)a esperada abjuraçâo dosfilhos, portou-se com tal valor e sabe-doria que converteu o próprio prefeito,recebendo e3to immediatamonte o ba-ptismo ministrado pelo veneravel Po-lycarpo. Acto continuo,Chromaco liber-tou seus quatrocentos escravos ; aban-donou a cidade para fugir â perseguição;cedeu sua casa,onde inaugurou-se umaegreja, servida jpclo Pontifice S. Caio.

Estes factos recrudesceram a perse-guição. E o papel saliente que o valo-roso capitão romano desempenhavanelles não podia ser indifferente á sa-nha dos Cezares. Sem arredarse umalinha do exacto cumprimento dos de-veres militares, jamais deixou de ser odefensor da Egreja, como o appellidarao mesmo Pontifice Caio.

Com o seu uniforme de capitão, aque tanto nobilitara, não podia e nãoquiz oceultar mais o exercício constantedas obras de caridade a que se dedica;vôa aos cárceres a confortar os prisio-neiros ; aos amphitheatros a animar osmartyres, e quando seus corpos caheinexanimes na arena, o deuodado Sebas-tião os levanta como trophéos de victo-ria, os carrega por entre as turbasirridéntas, e vai lhes dar honrosa se-pultura.

Neste ínterim Maxiraiauo dirige-seás Gallias para domar uma rebelliãodos Bagaudes. Sebastião é denunciadoa Diocleciano, que o chama e lhe ex-probra aceremente sua pretensa ingra-tidáo. A replica do Sauto é decisiva efulminante aos ídolos do império.

Irritado, o tyranno ordena que seate a um poste o defensor da Fé, mandaque uma compauhia de archeiros daMauritânia traspasse de setas o corpodo glorioso martyr. Para não offenderos brios dos soldados, cuja estima gran-geara o Santo por seu provado valor euobre caracter, o tyranno imperadormandou por ultraje collocar ao pescoçoda yicUma_um_ cjiriel_indicalLva-4a-causa da morte: Ser christão.

O reputam morto, e o abandonam uoseu patibulo, om irrisão á populaça, eem escarmento aos adeptos. Pela ca-lada da noite vêm os christãos embusca do despojo. Irene, viuva do mar-tyr Castulo, descobre-lhe signaes devida. O transporta para o mesmopaçoimperial, pensa-lhe as chagas, c osara. Feliz nova que se propaga pelaEgreja de Roma, que pressurosa esupplice lhe aconselha a fuga. Longe,porém, de adoptar os amigos conse-lhos, o martyr sahe de novo a campo.

Era um dia de apparatosa funeção.Diocleciano ia fazer solemne entradano templo. Na escadaria principal des-enrolam-se alas de altivos cortezãos.Um vulto sereno e grave, varonil e in-trepido, coberto de cicatrizes numero-sas n recentes, alli está. Avança umpasso, veda a passagem ao soberano,e increpa-lhe em termos concisamenteeloqüentes e enérgicos a condueta er-radia que tem para com os christãos.Sebastião aterra Diocleciano, que, pai-lido e convulso, suppõe-se estar pe-rante a evocação de um finado. O mar-tyr o verbera e tortura com o dardoinllammado de um crente redivivo.

Recobrado do pavor supersticiosoinherente aos pagãos, Diocleciano, fu-rioso, mauda o conduzir ao hyppo-dromo e assassinai-o á bastonadas.Para maior ignomínia, ordena quelancem o cadáver na sentinamaxima,afim de cobril-o de affronta e prival-ode honrosas exéquias. Q paganismo éimmundo nos seus extremos. Porém,desta vez, ainda falharam os cálculosdo déspota.

Esclarecida por uma revelação, Uu-cina, piedosa matrona, vai ao logarinfecto, tira completamente limpo ocadáver do Santo, ao qual jamais seapagaram as máculas da terra. Ao cia-rão de immensas tochas funerárias des-fila um prestito imponente. E junto ásrelíquias dos Bemaveuturados Pedro ePaulo, depositaram os preciosos restosdo novo apóstolo.

Ainda hoje alli repousam tão sagra-das relíquias no sitio assás conhecidoe trilhado pelos peregrinos de Roma.Chamado outr'ora cemitério de S. Ca-lixto, tem actualmente o nome de Ca-tacumbas de S. Sebastião, e sobre olocal levantou-se a Basílica do mesmoorago, a mandado do Papa S. Daraaso.

Nenhum romeiro ha que não tenharecitado uma prece, reanimado a fé,alentado o espirito, junto a esse túmulovenerando. A arte christã erigio emuma das capellas lateraeu, sumptuosomonumento de rnarmore branco enci-mado com a estatua do Sauto. A effigiee o túmulo, de bellissimo effeito, sãodevidos ao inspirado cinzel de Giorget-to, afaraado discípulo do celebre Ber-niui.

Eis em resumido quadro a largostraços a vida heróica do grande athletada fé, S. Sebastião, que penetrou nagloria a 20 de Janeiro de 2S8 da érachristã, quarto anno do ominoso im-perio de Diocleciano.

Séculos depois (20 de Janeiro de 1567)um dos mais illustres varOes do Brazilcolonial, Mem de Sá, distincto por seugqy^rnp^MareeiclOr-^itòunas, e elevados sentimentos de reli-gião e de patriotismo, aqui, nesta bahiade Guanabara, defronte das tabas dostamoyos, e da cidade nascente tolhidaem seus avanços peia invasão franceza,o emérito governador, invocando onome do martyr christão,^eus méritose auxilio como padroeiro do logar, ba-teu no dia de hoje os invasores, tomou-lhes Uruçu-mirim e Paraná-puã, des-alojando-os assim do continente e domar, reconquistando esta abençoada

9terra de S. Sebastião do Rio de Janeiro.Vencedor, Mem de Sá lançou os linea-

mentos desta importante cidade, eri-gindo como primeiro monumento dotriumpho a primitiva egreja deS. Se-bastião do morro do Castello, berçochristão da população fluminense, nomesmo local onde actualmente se os-tenta a nova e graciosa Egreja restau-rada a esforços dos venerandos e após-fcolicos missionários Capuchinhos.

E' uma das paginas ,mais nítidas dosfastos naçionaes.

A «Folha Nova» e as missõesEste nosso collega, em seu fanatismo

pelas idéas e progresso do século ecomo que deslumbrado pelas luzes in-tensas da civilisação, perde a calma

Page 3: ANNO XIX DOMINGO 20 DE JANEIRO DE 1884 NUMERO 8 0 …memoria.bn.br/pdf/343951/per343951_1884_00008.pdf · mas todas ellas sâo dias de absünen-cia ; além disso antes de 21 annos

DOMINGO 20 DE JANEIRO DE 1884

nos raciocínios o nem enxerga os adver-sarios quando tem de escrever sobre areligião catholica. Quer levar logo tudode vencida, exigindo que os que oacompanhem o façam cegamente e semliberdade.

Esquece até a própria convicção.E' assim que o nosso illustrado col-

lega, gritando sempre a favor da liber-dade de consciência e tolerância reli-giosa, quando trata do protestantismoe seus ramos, nega aquelles principiosquando escreve com relação ao catho-licisrao, julgando por isso mesmo termais direito em dirigir a opinião pu-blica, até era matéria de religião.

Que o nosso collega ficasse calado sa-bendo das missões em Fribourg, muitonos admiraria, mas que fallasse, e in-commodado trouxesse logo o progressoda idade, a instrucção daquelle povo eos perigos da sociedade causados pelasdoutrinas catholicas, nao, porque érade esperar, segundo o modo de pensarseu; porém também deixar de notarque o nosso collega, sem prezar a cou-vicçáo própria e muito menos respeitara dos outros, confunda discussão cominstrucção e pretenda que toda a popu-lação daquella freguezia ó bastante il-lustrada e ainda mais em religião, é oque não podemos fazer. Desejávamosque assim fosse, mas infelizmente nãosão os mais sábios que mais sabem oumais estudam a religião catholica.

Se entre nós tudo se estuda e se querser-se sábios falíando-se contra a reli-gião e deprimindo-a, não é porque seaprenda esta, mas somente se a co-nhece, decorando-se objecções antigascontra ella, ou presumindó-se que porinfusão nos venha o conhecimento

-delia.Ignorará isso nosso illustrado col-

lega ?E como quer exigir as conferências

de Lacordaire, Ventura, Felix, etc, emvez de missões nos púlpitos das villascivilisadas!

Em nome da decantada liberdade deconsciência e da própria convicção,deixe o collega que continuem as mis-sOes em Fribourg e á ellas assista quemquizer.

Da mesma fórma que pudesse fallaro collega, se lá a Friburgo fossem en-sinar e abrir collegios alguns dez pas-tor es, proceda agora cora relação aesses padres catholicos, que não pre-tendem deleitar ou discutir com os il-lustrados, mas somente instruir os igno-rantes, que não deixarão de haver, osquaes_ por_ raorjLrem_Ji-_4(í-- -ffiorafirnos"

"Sãbiosiião devem ficar privados do en-sino da nossa santa religião.

Emquanto a nós, comprehendemos oque é e deve ser liberdade de conscien-cia, e por isso não exigimos que ossábios assistam ás missões e nem contraelles gritaremos, mas não se privem osignorantes da doutrina do céo em nomedessa mesma liberdade de consciênciae tolerância do século.

Não é preciso mais dizermos que sóa religião catholica tem civilisado omundo e illustrado as nações, como ele-vado as sciencias á altura em que seacham.

E' mui freqüente fallar da perfeição,da perfec^ibilidade, da lei do progresso,sem distinguir nada, sem nada fixar egritar contra a religião como oppostaao desenvolvimento das nações, como sese pudesse admittir progresso sem ainfluencia de Deos e da religião !

Aos qüe disserem que o progressopara a perfeição sem aquella influenciaé a lei constante de toda a sociedade,perguntaremos: Qual é o progresso, odesenvolvimento que se descobre nonorte da África, nas costas da Ásia,comparando seu estado actual sob a iu-fluencia dos philosophos, com o quetinham quando nos davam homenscomo Tertuliano, S. Cypriano, S. Agos-tinho, Philon, Joseph, Origenes, S. Cie-mente e outros, que seria longo enu-raerar?

Ora, deixemos de theorias, de meropalavriado.

JA não é novo este modo de declamarcontra a escravidão do entendimentodos catholicos. e nem tem deixado delograr boa parte do sou damnado fim

J08 incrédulos e protestantes, persua-jdindo aos iucautos e ignorantes de que.a nossa submissão A autoridade daI Egreja, em matéria de fé, quebranta detal fórma o vôo. do espirito e aniquillatão completamente a liberdade de exa-minar, até nos ramos não pertencentesá religião, que somos incapazes de umaphilosophia elevada e independente.

Assim temos comraumm<-nte a des-graça de que sem conhecer-nos so nosjulgue, e sem ouvir-nos se nos con-derane.

A autoridade exercida pela EgrejaCatholica sobre o entendimento dosfieis, em nada cerceia a liberdade justae razoável que se expressa Dáquellaspalavras do sagrado texto: entregou ornunde ás disputas dos homens.

«... Quando entenderão os inimi-gos da religião que a submissão á auto-ridade legitima nada tem de servilismo,que a homenagem tributada aos do-gmas revelados por Deos não é torpeescravidão, senão o mais nobre exerci-cio que podemos fazer da liberdade?Também nós os catholicos examinamos,também duvidamos, também nos en-'golfamos no pelago das investigações;porém não largamos a bússola da mão,isto é, a fé, porque tanto á luz do diacomo nas trevas da noite queremos sa-ber onde está o pólo para dirigirmoscomo convém o nosso rumo » (Balmes.)Fique ainda certo o nosso illustradocollega, que os missionários não te-mem os selvagens e nem se esquecemdelles, lá estão; mas também sabemque existem almas á salvar entre os sa-ôios das villas e cidades civilisadas.

E se não temos graide numero demissionários nos altos sertões catechi-sandoos selvagens, ó só devido aos nos-sos governos e aos grandes propagado-res dn grande tolerância e liberdadede consciência como da grande nacio-naiisaçâo.

Estamos certos que os Tópicos dodia da Folha Nova de 14 do correntenão terão passado desapercebidos aospropagandistas das idéas novas.

Que lhes aproveitem.

FOIJIINHA CATHOLICAJaneiro

20. Dom. C S. Skhastião, m., Padroeiro daDiocese e cidade do Rio de Janeiro. S. Fa-bião, papa e m.; S. Neophito, m.; S. Amaro. b.; S. Euthymio, abb. -Festa na Ca-pclla Imperial c e^rejçi,diLXMsb&striã^-áa-s

—^€vpittfti7i1íõs7^n?htra o sol em Aquarius.21. Seg. Santa Ignez, v. e m.; S. Publio, b. e

m.; os SS Fructuoso. b., Augurio o Éüii-logio. diac , mra.; S Patrocoío, ra. ; S.Epipliauio, b.; S. Meinardo, ereru. e m.—Lua no Apogéo.

22. Terç. S. Vicente, ra.; S. Anastácio Per-sa, ra.

Nestes tres últimos dias, como é decostume, todos os annos, as fortalezassalvaram ás 8 e 10 horas da noite, emhonra do nosso inclyto padroeiro.

Festividades religiosas. — Os devo-tos do glorioso martyr S. Sebastião fes-tejam hoje, na egreja do Santíssimo Sa-cramento da antiga Sé, o seu orago,occupando ao Evangelho a tribuna sa-grada o Rvd. padre João Manoel deCarvalho.

Na freguezia de Santo Antônio deJacotiuga, em Maxamboaiba, celebra-se hoje a festa de S. Sebastião, havendomissa cantada , subindo á tribuna sa-grada o Rvd. padre-mestre José Luizde Almeida Martins, e á tarde procis-são e Te-Deum.

Celebra se hoje, ua egreja do Se-nhor Bom Jesus do Calvário e Via Sa-era, o seu ora#o, havendo missa can-tada, ás 11 horas, occupando a tribunasagrada o Rvm. Conego Luiz Ray-mundo da Silva Brito, e á tarde Te-Deum.

Procissão.—No dia 27 do corrente,ás 4 horas da tarde, sahirá em solemneprocissão, da Capella imperial, a ima-gem do glorioso martyr S. Sebastião,percorrendo as ruas do costume, recolhendo-se á sua egreja, no morro doCastello.

Missa.— A irmandade dsS. João Ba-ptista e Nossa Senhora do Allivio, emS. Christovão, manda celebrar hoje, ás5 horas, uma missa em acção de graçaspelo restabelecimento de S. M. o Impe-rador.

'VrELEGRAMMASPariz, 16 de Janeiro.Os chefes das tropas francezas, no Tonkim,

recorarrièndaram ás mesmas tropas a maiorseveridade para cora os espias chinezes quecercara as tropas em operações. Do accordocom essas instrucções os francezes tôm perse-guido com afinco em Hai-pliong os soldadoschinezes que se entregam A pilhagem.

(Do Jornal do Commercio )

SECCÃO NOTICIOSA

O Exm. Sr. Bispo de Olinda. — Emuma carta escripta por S. Ex. Rvma.em data de 8 do corrente mez, lemos oseguinte :

« A' vista de achar-me restabelecidodo incommodo que soffri, tenho re-solvido demorar para mais tarde minhaviagem.»

Esta redaçção felicita a S. Ex. Rvma.e deseja-lhe muitos annos de vida esaúde afim de estender sempre o reinode JesusChristo.

O Exm. Sr. Bispo da Fortaleza.—Consta-nos que S. Ex. Rvma. chegaráa esta corte no dia 22 deste mez, ehojjped^^eJiâJ^37 José.

Taubaté. — Em o numero próximopublicaremos um artigo explicandoque o espiritismo, divulgado nesta ei-dade, é obra privativa de indivíduosestranhos a este centro de verdadeirocatholicismo.

Anticipamos nossos louvores ao ca-tholico povo de Taubaté, e folgamosmuito em poder affirmar que o povoTaubateno conserva-se inabalável emsua fé.

Rogamos aos nossos assignar.-tes, que se acham em atrazo, quei-ram mandar satisfazer suas as-signaturas.

São nossos correspondentes nasprovíncias:

Das Alagoas, o Sr. Joaquim Lo-pes Ferreira Pinto.

Do Ceará, os Srs. Joaquim Josóde Oliveira & G.

Santa Egreja Cathédral e Capella IImperial.—Htntcm na Cathédral houve |vésperas e matinas solemues de S. Se-jbastião, com assistência de S. Ex. jRvma. o Sr. Bispo, e hoje ás 11 horashaverá missa pon.ifical.

«Aurora.» — Lemos com muita sa-tisfação os bem elaborados artigos.con-tidos neste denodado defensor da Egre-ja, e saudámos o distincto collega emsua nova phase, desejando-lhe longosannos de existência, afim de auxiliar-nos no desempenho da missão santa ecivijisadora, que desdo muitos annosesposámos, o com todo o sacrificio va-mos cumprindo.

Que frade ignorante!—Entre osobjectos que mais têm prendido a atteu-ção dos visitantes, na exposição deNice, nota-se um relógio de nova in-venção, um relógio qosmographico,feito pelo Rvd. Frei Ildefonso, fraucis-cano Recolleto de Aviguoro.

O novo instrumento é uma verda-deira maravilha, que facilita grandeporção de operações mathematicas exi-gidas pela cosmographia e astronomia.A peça principal, que tem o aspecto deum globo terrestre, é ura quadranteuniversal sobre o qual movem-se asagulhas dia e noite sem ser preciso darcorda.

Entre outras cousas que marca o

instrumento indica com toda a precisãoa extensão dos dias e das noites emqualquer parte do globo que se esteja ahora e o minuto do nascer e pôr dosol, etc.

Com seu instrumento prestou Frei II-defonso ura grande serviço á sciencia.

Quem é esse frade ? E' ura dos quea republica franceza expulsou de seuterritório.

Ensino gratuito primário.-No con-vento do Carmo .largo da Lapa) abrir-se-he no dia 1 de Fevereiro uma escolade ensino gratuito primário.

Obras do padre Ballerini.— Consta-nos que brevemente imprimir-se-hãoem cinco volumes as obras do insignemoralista de saudosissima memóriapadre Antônio Ballerini, da Companhiade Jesus.

Hospede. — Lê-se na Gazela deTaubaté :

« Está de passeio entre nós o Rvm.Sr. Conego Amador Bueno de Barros.honrado e talentoso taubateano.

Esta redaçção que se honra com aamizade de um cavalheiro que tem sa-bido conquistar o mais honroso nome—saúda-o com effusão de respeito. >

Episcopado brazileiro. — Sob estarubrica noticia o Diário dc S. Pauloo seguinte:

«Com a nomeação, preconisação,posse e sagração do Exm. Sr. D. Joa-quim José Vieira para Bispo da Forta-leza, capital da provincia do Ceará, oEpiscopado brazileiro acha se com-pleto.

Os Bispos do Brazil têm a seguintenaturalidade :

Quatro são fluminenses, o Arcebispoda Bahia, o Bispo do Rio de Janeiro,o de Marianna e o de Goyaz.

Tres são paulistas, o do xMaranhão,Olinda e Ceará.

Dous são bahianos, o do Rio Grandedo Sul e do Pará.

Um é mineiro, o de Diamantina.Um é cearense, o de S. Paulo.Um é maranhense, o de Cuyabá.O decano, ou mais antigo Bispo do

Brazil, é o do Rio Grande do Sul.»

JIliron-ol^-a--de--N^^^Maria Santíssima viveu 70 annos :Em Nazareth com seus pais 3Em Jerusalém, nc templo 11Em Nazareth e Hebron com José. 1Em Nazareth e Egypto com Jesus

e José 7Em Nazareth com Jesus e José... 21Em Nazareth com Jesus, já falle-

cido José 2Em Cafarnaun durante a pregação

de Jesus 4Ern Jerusalém, morto Jesus 12Em Epheso, com S. João 1Em Jerusalém, com S. João 8

70

Ordem franciscana. —No senado darepublica argentina foi ha pouco pro-nunciado um esplendido discurso pelosenador Nicoláo Avellaneda sobre a Or-dem Franciscana, seus serviços e seushomens illustres.

Com as cousas santas não se brinca.— Os periódicos francezes referem ofacto seguinte :

« Em 27 de Outubro passado traba-lhava em um telhado em uma aldêade Lorena, certo pedreiro, quando pelarua passava um velho de raoletas, quedirigia se á egreja para confessar-se,anm de commungar no dia de Todosos Santos:

Queres encarregar te de confessa-res os meus peceados, disse o pedreiro.Em vez de me chincalhares eramelhor que tomasse cuidado na esca-da, respondeu o velho.

Não era passado um quarto de horaquando o incorrigivel raangador cahiodo telhado, por ter-se partido a escada.O ' craneo ficou horrivelmente muti-

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Page 4: ANNO XIX DOMINGO 20 DE JANEIRO DE 1884 NUMERO 8 0 …memoria.bn.br/pdf/343951/per343951_1884_00008.pdf · mas todas ellas sâo dias de absünen-cia ; além disso antes de 21 annos

4 DOMINGO 20 DE JANEIRO DE 1884

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lado, os ossos da espinha quebrados,tendo o desgraçado expirado exacta-mente no dia de Todos os Santos. .

Felizmente teve a boa vontade demandar chamar um padre para con-fessar-se antes de dar a alma a Deos.»

i

Imprensa. — Recebemos e agrade-cemos as seguiutes publicações :

D. Luiz de Portugal, neto do Priordo Grato, por Camillo Castello Branco,época 1601 a lG60,edicão dos Srs. Lino& Faro.

Almanach Regadas, edição especiado gabinete dentário do cirurgião den-tista Belisario Lopes Regadas Sobrinho,publicado em S. Paulo.

Manual do escriptorio ou guia pra-tica para se formular todos os papeisrelativos ao expediente de casas com-merciaes, composto pelo Sr Ildeíbusode Souza Cunha, guarda-livros destapraça e auetor do Guia Theorico e pra-tico de escripturação commercial.

O u. 5 da Moda, publicação trimen-sal, illustrada, com figurinos em pho-thotipia, offerecida aos consumidores erevendedores, pelos Srs. Costa Braga& Filhos, fabricantes de cliapéos, nacidade do Porto.

O n. 5 da Revista Phnrmaceuticadestinada aos interesses dos profis-sionaes da classe pharmaceutica, deque são redactores os Srs. AugustoCezar Dfogo, FT^rrrhrMello e Oliveirae Euzebio A. Martins Costa.

tas em ura quadro biblico, na impor-tancia total de 82 reales e 92 mara-vedis.

K. M.Por corrigir o lustrar as taboas

da leiPor embellezar a Poncio Pila-

tos e pôr-lhe uma cinta novano gorro

Por tornar a pôr pescoço novono gallo do S. Pedro e re-mondar lhe a crista

Prender o máo ladrão e pôr-lheuma unha nova 2-08

Lavar a criada de Caifaz e pôr-lhe còr nas faces

Renovar o céo. acerescentarduas estrellas e limpar a lua

Reanimar as chammas do pur-gatorio c restaurar algumasalmas

Remendar o vestido de Hero-des,pôr-lhe dous dentes e ar-ranjar-lhe a pluma

Pôr polainas novas ao filho deTobias e uma correia no seusacco de viagem .

Lavar as orelhas da burra de"Balaào e tornar a ferral-a...Pòr dous dentes novos na quei-

xada do burro de Sansão..Por embrear a arca de Noé...

25-00

13-22

4-10

2-15

10-00

12-00

2-00

3-15

4.00'

1-004 00

Total. • •••••• • • • ¦ 82-92

Bispo deriga-V<

POESIASSoneto

AO RVM. SR DR. KERGO O CONNOR DE ÇA-M4RGO DAUNTRE, POR OCCASIÀO DASFESTAS I.NAUGURAES DA GRANDIOSA MA-TRIZ DA CONCEIÇÃO, DE CAMPINAS.

A saude do Papa. —OSr.Mans, de Roma, escreve ao seurio Geral, dizendo o seguiute :

« A saúde do Papa o boa. e é Deosquem o conserva, disse-me elle. Quantoá sua intelligencia, torna-so cada vez ¦mais clara e lúcida, ao passo que os j Da paz habitação, de Deos morada,acontecimentos agitam e obscurecémos princípios religiosos e sociaes. Oquepassa-se ua França, o está alíligindoprofundamente. »

Novo templo, magnífico, amplo seio,De adornos magestosps todo cheio,Abrio se á Conceição jnui venerada..A' santa religião ^>r ti amada,A pátria prova dá^clo seu enleio,De sua devoção, "segundo creio,Nesta fabrica bella confirmada..

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A RELIGIÃO NA REPUBLICA ARGENTINA.— Naquella republica contínua a pro-gredir a religião ÉKfi'* nnfc |

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^ fa rflst<)findo ostabeíeceram-se em Buenos-Ay-1 ^.^ t Senho*uo saactuario,findo estabelece ram-se emres os Passionistas, os Missionários daTerra Santa, as religiosas da visitiçào,

Florens. physiologista, sao honras dasciencia e respeitaram a fé do catholi-cismo.

A sciencia mesma defende a fé. Ageologia prova a cada momento a exis-tencia e universalidade do dilúvio e anumismatica e a archeologia mostramnas moedas o monumentos a verdadedas nossas crenças.

Com preferencia á physica, á chimicae ás matheinaticasç o clero, ó certo, es-tuda as verdades religiosas.

Mas se é dever seu a sciencia da re-ligiào, se esta deve dominar nelle atodas as sciencias, de alta importaucialhe é aliar ao saber ecclesiastico os co-nhecimentos humanos.

E, mercê de Deos, o clero tem sidogrande nas sciencias naturaes, no do-minio das sciencias profanas. Vamosproval-o transcrevendo do jornal LeAonde a noticia que segue:

. € A Beda, monge inglez do século VII,deve-se o primeiro trabalho metnodico'sobre o calculo pelos dedos o pelasmàos;

A Virgílio, Arcebispo de Salzburgono século VII, a primeira affirmação daredondeza da terra e da existência dosanti podas i

A Gay, monge de Arezzo, a harmo-nia ;

Ao diacouo Goja, o iman e a bus-solla;

Ao dominicano Spina, os óculos;A Alberto o Grande, dominicano, o

zinco e o arsênico ;Ao monge Rogério Bacon, idéas cia-

ras sobre todas as descobertas do nossoséculo;

Ao monge Sewartz, as armas e apólvora;

A Ricardo Walingfort, Abbade deSanto Albano, em Inglaterra, a cons-trucçào do primeiro relógio astrono-mico em 1326 :

A Basilio Valentino, benedictino, aprimeira applicacão em medicina dosrecursos da chimica;

A Lucas de Bergo, a álgebra;A Kirclier, jesuíta, fallecido em 1667,

a primeira lanterna mágica e a cons-trucção do primeiro espelho ardente;

¦£\o jesuíta Cavalieri, fallecido eminvenção*

ANNUNCIOS

J. i M ATI MVESTIMENTEIRO

NO

Ministrando a palavra sã, com gostoas do Sagrado Coração, e as do Santis-1 Aqui os Sacramentos d'alto Erário,'Ea

Memória do Idêntico, no ExpostoSanUssi rüo„Xr.ansu.mpto.do_SacrariQ.[^.^

simo Nome de Jesus e Maria.As solemnidades religiosas celebra-^

rarn^se com"põmpã extraordinária, asegrejas parochiáes estão sempre cheiase as aulas de catechismo sào muito fre-quentadas.

Finalmente foi estabelecida a Congre-gação de S. Josó Solano, cujo fim é apregação de missões ás fregueziasruraes\

o sys-

Zelo dos catholicos da Allemaniia.—A sociedade de S. Bonifácio, cujo fimé soecorrer os catholicos que residemem comarcas protestantes dá Allemã-nha, no anno findo recolheu 668,893marcos, e sustentou 474 missOcs e es-colas.

Consoladora noticia. — Em Obernai(villa da Alsacia) acaba de converter-se ao catholicismo o professor daquellecollegio, que era protestante, e comelle toda a familia. Seu filho, junta-mente com mais seis moços catholicos,partio para a Inglaterra, afim de en-trar na escola apostólica do Libtteham-pton, e abraçara gloriosa cruz de mis-sionario.

Santa Catharina, Dezembro de 1883.Francisco, dr Paulicéa Marques

de Carvalho,(Neto de Manoel Marques de Carva-

lho, fundador da matriz dá Franca doImperador, por um termo de obrigação,que voluntariamente assignou no car-torio ecclesiastico de S. Paulo, emAgosto de 1805.)

TRANSCRIPÇÃO

:

fe-.l ¦'¦¦•'-'-.

Mais outra. — Quando os protes-tantes allemães estavam preoceupadoscom a ceIebrãç^ô"iíõ^eTítenãVio de Lu-thero (de infame e ridícula memória),converteu-se publicamente ao catholi-cismo um celebre professor. Esse nossonovo irmão chama-se Heyken.

A noticia cahio como uma bomba nomeio dos sectários do frade apóstata,porque ninguém esperava por ella.

Tem graça. •— Conta dirigida porum pintor ao alcaide de certo povo naAndaluzia, por varias restaurações fei-

O clero e a scienciaA Egreja uão hostilisa a sciencia.A vasta erudição dos padres da

Egreja primitiva defendeu o christia-nismo das aggressões da heresia.

Na invasão dos bárbaros, o mongesalvou da destruição os restos da scien-cia do passado.

Ná idade média o clero abrio escolasao lado da cathedral e do convento ecreou universidades. A de Pariz, d'Ox-ford, de Salamanca, de Padua e Bolo-nha datam dessa época.

O clero catholico continha em sefiseio o que havia de notável na sciencia.Era o primeiro litterato e erudito. A¦Egrpja dominara por meio deile todasas classes sociaes; e ninguém lhe pieileára a superioridade.

Depois a sciencia passou á ordem so-ciai.

Embora" a revolução lhe fechasse aelle as escolas, lhe destruísse as biblio-thecas e confiscasse os bens, o cleronunca deixou de contar membros dis-tinetos em todas .as proveniencias dosconhecimentos humanos.

Nào 6 a sciencia inimiga da fc. Le-verrier, astrônomo, Damas, chimico,

Iml, a diffracção da luz e ados infinitamente pequenos;

Ao Cardeal Regio Montanustema métrico;

Ao mesmo Regio Montanus, a Coper-nico^ ao_Cardeal^ Cusa,_o verdadeirosystema dõmüTdo;"""

Ao Cardeal Cusa, a atfirtnaçào antesde Galileu, de que a terra se volve emtorno do sol im movei;

Ao benedictino Ponco. hespanhol, oprincipio da instrucção dos surdos mu-dosem 1570:

Ao padre Lana, jesuíta, fallecido em1687, o principio da instrucção doscegos ;

Ao parocho Carapani, fallecido em1680, a invenção da arte de trabalharem pedra;

A um monge italiano do século XVIII,a descoberta da arte de desenrolar osmanuscriptosde Herculanum ff4ft*

Ao diacono Nollet, a honra de terdous annos antes de Franklin, expli-cado os temporaes pela preseuça daelectricidade nas nuvens. »

De feito, a sciencia não desertou do*sanct'.iario, uern o clero deixa de estarsempre ao nivel do seu século.

Alevanta se tanto â*contemplação dasgrandes verdades religiosas, como vaibuscar ás sciencias naturaes provaspara defender a religião de que é mi-nistro, quando pela sciencia increpulaé a religião aggredida e insultada,

O padre é tanto D. Frei Manoel doCenaculo, Bispo de Beja e Arcebispod'Évòrã tão consumraado ern matériasthéólògicàs, como 6 celebre Frei Fran-cisco de Santo Agostinho de Macedo,que em Roma defendeu a these Deomnisoibli; e tanto o Cardeal Mezzofanti,que, como disse um escriptor nosso,sabia mais línguas que todos os poly-glottas reunidos de todas as universida-des da Europa, como o celebre astro-nomo moderno Socchi, padre jesuíta e.-uma das maiores glorias scicutificas daItália nos nossos dias.

Padre Pontes.

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A apparencia doontln. e pai lida dasefianoas é geralmente causada pelosvermes, e or espasmos freqüentementeresultam desta neste oceulta. Quando ellasestão irritadas e febiicitantes. ora som dispo-sição de comer, ora com anpctite vorav:, outrasvezes recusando os alimentos e desassocegadasno somno, gemendo e rangendo os dentes, sãoseguros indícios dos vermes. Pores e abalos doabdômen, inchaçãoeduma. também sãosym-ptomas da presença dos vermos. Muitas cria-turas innocentes tôm ido á sepultura por mo-lestias causadas pelos vermes e por ignorânciado motivo da doença. E9t;'t provado sem a me-nor duvida que existem vermes no corpo hu-mano, principalmente na infância, e por issoos pais. e especialmente as mais, que estãomuito mais na companhia dos seus tllhinhos,sempre devem estar alerta para descobrir osprimeiros symptomas dos vermes, o, existindoelles, ndde-se sentira e promptnmente expel-lil-os da'cianca mai* delicada administrandoa tempo o Vetunlfuj^o do 13. A.PahnestocU.

E1 preciso muito cuidado e todo o compradord-ivn examinar minuciosamente cada vidropara verificar que è legitimo. O nome simplesde Fahnkstock não ó suíficiente garantia, ônecessário reparar bem quo tenha o nome de0. A.¦Fahnkstock, não aceitando vidro ai-gum sem esto nome completo.1. E, SCIIHMRTZ Sc CO., HUCCCSHOrcs dc

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