anÁlise estratÉgica de um negÓcio social de ensino de...

109
DINIZ DOMINGUES CONDE JUNIOR ANÁLISE ESTRATÉGICA DE UM NEGÓCIO SOCIAL DE ENSINO DE IDIOMAS Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção São Paulo 2014

Upload: others

Post on 04-Sep-2019

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

DINIZ DOMINGUES CONDE JUNIOR

ANÁLISE ESTRATÉGICA DE UM NEGÓCIO SOCIAL DE ENSINO DE

IDIOMAS

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo para obtenção do Diploma de

Engenheiro de Produção

São Paulo

2014

DINIZ DOMINGUES CONDE JUNIOR

ANÁLISE ESTRATÉGICA DE UM NEGÓCIO SOCIAL DE ENSINO DE

IDIOMAS

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo para obtenção do Diploma de

Engenheiro de Produção

Orientador:

Prof. Dr. Fernando José Barbin Laurindo

São Paulo

2014

Conde Junior, Diniz Domingues

Análise estratégica de um negócio social de

ensino de idiomas / D.D. Conde Junior. -- São Paulo, 2014.

109 p.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção.

1.Estratégia organizacional 2.Negócios (Modelo) .Universi-

dade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Enge-

nharia de Produção II.t.

FICHA CATALOGRÁFICA

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais pelo suporte, investimento e dedicação em todos os momentos da

minha educação.

Aos colegas de turma da Engenharia de Produção pelos anos vividos em sua

companhia.

Aos professores da Escola Politécnica pela dedicação à formação de engenheiros.

Ao professor Fernando José Barbin Laurindo pela orientação na criação deste trabalho.

Aos amigos Ana Carolina Goes Machado e Gustavo Fuga dos Reis por terem

acreditado no potencial deste trabalho e aceitado a realização deste na sua 4YOU2.

À Marianna pelo amor, apoio e paciência em todos os momentos.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise estratégica do negócio

social 4YOU2. A empresa que teve suas atividades iniciadas em 2012, atuando no mercado de

ensino de idiomas para as classes C, D e E, encontra-se em um estado de preparação para o

crescimento. Este trabalho se propõe a estudar quais seriam as melhores iniciativas para o

futuro da empresa, sob um ponto de vista estratégico. Para realização deste trabalho, a análise

será divida em três partes: análise estratégica, modelo de negócios e planejamento de

iniciativas, sendo que a última é consequência direta das duas partes anteriores. Em adição às

análises, será apresentada uma seção fundamentando o que são negócios sociais. A teoria

deste trabalho tem como origem todo o aprendizado dentro do curso de Engenharia de

Produção, com destaque para a disciplina de Gestão Estratégica da Produção. As análises

foram realizadas com uso de ferramentas clássicas da análise estratégica e participação ativa

da empresa que foi objeto do estudo. O trabalho culminou na criação de cinco iniciativas

chave para o desenvolvimento do negócio sob uma perspectiva estratégica.

Palavras-chave: Análise Estratégica. Modelo de Negócios. Negócio Social. Escola de

Idiomas.

ABSTRACT

The presented study has the objective to assist a social business, 4YOU2, to create its

strategic analysis. The company, which started its business in 2012, acting in the language

school market to social classes C, D and E, is in a preparation stage for its growth. This paper

intends to study the best initiatives for the company’s future, under a strategic point of view.

In order to perform the study, the analysis will be divided in three parts: strategic analysis,

business model and initiatives planning, the last part being a direct consequence of the

previous ones. In addition to the analysis, one section, explaining what social business is, will

be presented. The theory for this paper is based on the learning from the Production

Engineering graduation course, especially the subject of Strategic Production Management.

All the analysis were made using classic strategic tools and with the involvement of the

owners of the company analyzed. The paper culminated in the creation of five key initiatives

to develop the business under a strategic perspective.

Keywords: Strategic Analysis. Business Model. Social Business. Language School.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura do trabalho ................................................................................................ 22

Figura 2 - Canvas do modelo de negócios ............................................................................... 28

Figura 3 - Cinco forças competitivas ........................................................................................ 35

Figura 4 - Modelo da estratégia competitiva genérica ............................................................. 43

Figura 5 - Estratégia competitiva genérica - liderança em custo .............................................. 44

Figura 6 - Estratégia competitiva genérica – diferenciação ..................................................... 45

Figura 7- Matriz SWOT ........................................................................................................... 49

Figura 8 - Logo 4YOU2 ........................................................................................................... 52

Figura 9 - Crescimento de alunos por semestre ........................................................................ 55

Figura 10 - Missão da 4YOU2 ................................................................................................. 56

Figura 11 - Visão da 4YOU2 .................................................................................................... 57

Figura 12 - Distribuição de alunos da 4YOU2 (dezembro/2013) ............................................ 58

Figura 13 - Organograma da 4YOU2 ....................................................................................... 61

Figura 14 - Razão de estudar inglês - 4YOU2 ......................................................................... 64

Figura 15 - Recomendaria 4YOU2? ......................................................................................... 65

Figura 16 - Desejo de continuar na 4YOU2 no próximo semestre? ......................................... 65

Figura 17 - Avaliação de satisfação 4YOU2 ............................................................................ 66

Figura 18 - Modelo de negócios da 4YOU2............................................................................. 68

Figura 19 - Alternativas para melhoria do modelo de negócios da 4YOU2. ........................... 73

Figura 20 - Cinco forças competitivas do mercado de idiomas para classes C, D e E ............. 77

Figura 21 - Estratégia competitiva genérica 4YOU2 - enfoque em custo ................................ 81

Figura 22 - Estratégia competitiva genérica 4YOU2 - enfoque em diferenciação ................... 82

Figura 23 - Análise SWOT da 4YOU2 .................................................................................... 83

Figura 24 - Avaliação de forças e fraquezas do modelo de negócios (página 1/3) ................ 104

Figura 25 - Avaliação de forças e fraquezas do modelo de negócios (página 2/3) ................ 105

Figura 26 - Avaliação de forças e fraquezas do modelo de negócios (página 3/3) ................ 106

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Riscos das estratégias genéricas ............................................................................. 47

Quadro 2 - Técnica 5W + 2H ................................................................................................... 51

Quadro 3 - Preços de cursos de idiomas (sem taxas de matrículas e materiais)....................... 79

Quadro 4 - Preços de cursos de idiomas online ........................................................................ 79

Quadro 5- Análise das forças competitivas do mercado de idiomas para classes C, D e E no

Brasil ......................................................................................................................................... 80

Quadro 6 - Identificação das iniciativas ................................................................................... 90

Quadro 7 - 5W + 2H – Iniciativa 1 ........................................................................................... 91

Quadro 8 - 5W + 2H – Iniciativa 2. .......................................................................................... 92

Quadro 9 - 5W + 2H – Iniciativa 3 ........................................................................................... 93

Quadro 10 - 5W + 2H – Iniciativa 4 ......................................................................................... 94

Quadro 11 - 5W + 2H – Iniciativa 5 ......................................................................................... 95

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RSC – Responsabilidade Social Corporativa.

SWOT – Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (em português, Forças,

Fraquezas, Oportunidades e Ameaças).

ONG – Organizações Não Governamentais.

DRE – Demonstrativo de Resultados Empresariais

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento.

EPI – English Proficiency Index.

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.

B2C – Business to Consumer (em português, Negócio para Consumidor).

B2B – Business to Business (em português, Negócio para Negócio).

SUMÁRIO

1 Introdução.......................................................................................................................... 19

1.1 Contexto ..................................................................................................................... 19

1.2 Motivação .................................................................................................................. 21

1.3 Objetivo e Estrutura do Trabalho ............................................................................... 21

2 Revisão Bibliográfica ........................................................................................................ 24

2.1 Negócios Sociais ........................................................................................................ 24

2.2 Modelo de Negócios .................................................................................................. 26

2.2.1 Canvas do Modelo de Negócios ......................................................................... 27

2.2.2 Avaliação de um Modelo de Negócios ............................................................... 33

2.3 Estratégia Competitiva ............................................................................................... 33

2.4 Análise Estrutural da Indústria .................................................................................. 34

2.4.1 Ameaça de Ingressantes Potenciais .................................................................... 36

2.4.2 Rivalidade entre os Concorrentes Existentes...................................................... 38

2.4.3 Pressão dos Produtos Substitutos ....................................................................... 40

2.4.4 Poder de Negociação dos Fornecedores ............................................................. 40

2.4.5 Poder de Negociação dos Compradores ............................................................. 41

2.5 Estratégia Competitiva Genérica ............................................................................... 42

2.5.1 Liderança em Custo ............................................................................................ 43

2.5.2 Diferenciação ...................................................................................................... 45

2.5.3 Enfoque ............................................................................................................... 46

2.5.4 Riscos das Estratégias Genéricas ........................................................................ 47

2.6 Análise SWOT ........................................................................................................... 48

2.7 Técnica 5W + 2H ....................................................................................................... 50

3 O Objeto de Estudo: 4YOU2 ............................................................................................ 52

3.1 Ensino de Idiomas no Brasil ....................................................................................... 52

3.2 Histórico ..................................................................................................................... 54

3.3 Missão e Visão ........................................................................................................... 56

3.4 Atuação da 4YOU2 .................................................................................................... 57

3.4.1 Cursos.................................................................................................................. 58

3.4.2 Unidades.............................................................................................................. 59

3.4.3 Estrutura Organizacional ..................................................................................... 60

3.4.4 Professores .......................................................................................................... 62

3.4.5 Pesquisa de Satisfação ........................................................................................ 63

3.5 Definição do Problema ............................................................................................... 67

4 Modelo de Negócios ......................................................................................................... 68

4.1.1 Avaliação do Modelo de Negócios da 4YOU2 ................................................... 72

5 Análise Estratégica ........................................................................................................... 76

5.1 Análise Estrutural da Indústria ................................................................................... 76

5.2 Estratégia Competitiva Genérica ................................................................................ 81

5.3 Análise SWOT ........................................................................................................... 83

5.3.1 Forças .................................................................................................................. 83

5.3.2 Fraquezas ............................................................................................................ 85

5.3.3 Oportunidades ..................................................................................................... 86

5.3.4 Ameaças .............................................................................................................. 87

6 Resultados ......................................................................................................................... 88

6.1 Planejamento das Iniciativas ...................................................................................... 90

7 Conclusão ......................................................................................................................... 96

8 Bibliografia ....................................................................................................................... 98

19

1 Introdução

1.1 Contexto

As experiências de economias de mercado livre trouxeram muito progresso e

desenvolvimento econômico e social para o mundo inteiro. Entretanto, nem todos se

beneficiaram desse tipo de avanço. Segundo Yunus (2008), 94% da renda mundial servem

apenas a 40% da população, em contraste, os 6% da renda restante correspondem ao restante

da população, mais de quatro bilhões de pessoas.

A má distribuição de renda global gera diversos tipos de problemas: pobreza, fome,

doenças e dificuldade de acesso a uma quantidade de serviços que deveriam ser básicos e

universais para toda a população, dentre estes a educação. Dado esse conjunto de questões

sociais, espera-se que o governo, acima de todos outros tipos de organizações, se

responsabilize por abordá-los. No entanto, deixando de lado as ineficiências governamentais

(corrupção, má alocação de dinheiro público, entre outros), a capacidade de mudança desse

agente é limitada.

Segundo Yunus (2008), outro tipo de organização, a empresa de fins lucrativos, muitas

vezes é parte da causa desses problemas socioambientais. Empresas costumam ter um único

fim em sua existência, a maximização de lucros. Baseado nesse princípio, o estudo da

economia nos diz que se todos os agentes econômicos buscassem esse fim, todos tirariam

maior proveito. Entretanto, como observado no começo do parágrafo, às vezes, a busca por

lucros acaba trazendo prejuízos à sociedade, como: exploração do trabalho infantil ou

escravo, má condições de trabalho, produtos nocivos à saúde e degradação meio-ambiental.

Embora somente uma parcela das empresas cause malefícios à sociedade, a outra parcela, que

não traz problemas, não tem o objetivo de fazer remediar problemas socioambientais a menos

que isso a torne mais rica no processo.

Nos últimos anos, uma alternativa surgida às empresas foi a criação da

responsabilidade social corporativa (RSC). A RSC é uma forma de as empresas contribuírem

para fins sociais ou ambientais em contrapartida da sua atividade de negócio. Muitas vezes, o

que acontece na prática é que essas ações se tornam somente iniciativas de marketing.

20

Existem empresas que abordam RSC de maneira correta e de fato buscam ser sustentáveis a

partir do triple bottom line, mas no final das contas é apenas uma compensação das atividades

regulares da empresa.

Diferentemente das empesas, outro tipo de organização possui um fim social: as

organizações sem fins lucrativos, ou ONGs, como são mais conhecidas. Este tipo de

organização costuma ter um propósito social declarado e busca tratar de algum problema

específico da sociedade. Muitas organizações desse tipo fazem trabalhos louváveis neste

sentido. Contudo, elas necessitam de algo que não possuem. Segundo Yunus (2008), este tipo

de organização não possui renda própria e necessita de financiamento externo para sobreviver.

Existe uma necessidade crônica de donativos, sem os quais a organização para. Algumas

ONGs possuem atividades remuneradas como a venda de produtos ou bazares, porém, são

meios alternativos de aumentar a arrecadação, não sendo suficientes para ser a única fonte de

renda.

Em busca de unir as lacunas de desenvolvimento deixadas pelo Estado e a

dependência de doações das ONGs, um novo modelo de empresas foi criado: os negócios

sociais. Utilizando-se da lógica de mercado das empresas com a missão social das

organizações sem fins lucrativos, o ganhador do prêmio Nobel, Prof. Dr. Muhammad Yunus,

foi o criador desse tipo de organização. Por sua definição, negócios sociais são empresas que

têm a missão de solucionar um problema social, são autossustentáveis financeiramente e não

distribuem dividendos. A crucial diferença para uma empresa tradicional é ter como objetivo

final um benefício social. Já para uma ONG, é possuir uma atividade comercial/produtiva que

gere lucros ao mesmo tempo em que soluciona um problema social. Lucro que não servirá

como dividendo aos donos da empresa, mas servirá o único propósito de alavancar o impacto

social da empresa.

Este Trabalho de Formatura busca aplicar os conhecimentos aprendidos durante a

formação como Engenheiro de Produção para analisar e propor uma estratégia para o

crescimento de um negócio social específico, a empresa 4YOU2 (lê-se, do inglês, "for you

too"). Esta empresa busca, por meio do ensino de inglês para classes C, D e E, promover

experiências transformadoras de aprendizado e cultura.

21

1.2 Motivação

A motivação deste trabalho surge de dois pontos principais: o interesse pelo assunto

(estratégia e negócios sociais) e a vontade de ajudar no desenvolvimento da empresa 4YOU2.

O autor deste trabalho estagia em uma das maiores empresas de consultoria estratégica

e teve na disciplina de Gestão Estratégica da Produção seu maior interesse acadêmico dentro

do curso de Engenharia de Produção. Portanto, tratar de um Trabalho de Formatura com esta

temática é interessante e prazeroso para o autor.

Durante a graduação, o autor se envolveu com a AIESEC, uma organização

universitária que promove intercâmbios de jovens e, dentre muitos outros temas, trabalhava

com negócios sociais. Tendo sido coordenador e diretor da área de negócios sociais, o autor

estudou muito o tema naquela época e com o atual trabalho busca retornar algum

conhecimento sobre o assunto dentro da produção acadêmica de sua graduação.

Da mesma forma que existe a motivação pessoal do tema, pretende-se com este

trabalho impactar de maneira positiva e estruturada a empresa 4YOU2. Este negócio social é

especial para o autor, pois foi criada por dois amigos e a ideia surgiu na época em que os três

trabalhavam juntos.

Quando era diretor da organização supracitada, o autor conheceu os dois criadores e

atuais diretores da 4YOU2: Gustavo Fuga e Ana Machado. Desde aquela época o autor do

trabalho acompanhou à distância, mas com muita atenção, o trabalho dos dois. Com este

trabalho, o autor voltou a se engajar com a empresa e pretende contribuir de maneira

significativa para o crescimento da 4YOU2. O autor acredita que a análise racional e

acadêmica, que se exige de um Trabalho de Formatura, pode trazer grandes benéficos à

empresa.

1.3 Objetivo e Estrutura do Trabalho

O objetivo deste trabalho é a elaboração de uma análise estratégica e do modelo de

negócios, a fim de se estabelecerem iniciativas que preparem a 4YOU2 para o futuro. Para

tanto, foi desenvolvida a estrutura do trabalho que será apresentada em seguida.

22

A estrutura deste está dividida em sete capítulos: introdução, revisão bibliográfica,

objeto de estudo, modelo de negócios, análise estratégica, resultados e conclusão. A Figura 1

ilustra como está dividido o trabalho.

Figura 1 - Estrutura do trabalho

Fonte: Elaborado pelo autor

O capítulo 1, terminado por esta seção de estrutura do trabalho, busca introduzir o

tema a ser analisado e despertar o interesse do leitor para os próximos capítulos. Dentro deste

capítulo, destaca-se a importância da motivação e do objetivo, que foram os guias da

execução deste Trabalho de Formatura.

No capítulo 2, tem-se a revisão bibliográfica dos assuntos a serem abordados na

análise. Os temas comentados no capítulo são: negócios sociais, modelo de negócios,

estratégia competitiva, análise estrutural da indústria, estratégia genérica competitiva, análise

SWOT, e a técnica 5W + 2H. Esta seção do trabalho busca fundamentar teoricamente toda a

análise posterior e resultados.

Dando sequência a estrutura do trabalho, o capítulo 3 descreve a empresa 4YOU2. As

informações desta seção servem para caracterizar a empresa sob distintos aspectos

fundamentais às análises posteriores. A descrição da empresa busca ser sucinta, porém

completa, sobre a atuação da 4YOU2 e seus objetivos futuros. O final deste capítulo captura

qual o problema que a organização tem neste exato momento e como este trabalho pode

auxiliar na resolução.

O modelo de negócios da 4YOU2 é apresentado no capítulo 4. Como veremos na

revisão bibliográfica, o modelo de negócios ajudará a caracterizar a 4YOU2 e entendê-la de

uma maneira estratégica. Será apresentado o modelo de negócios da empresa de maneira

ilustrativa, por meio do canvas, e no final do capítulo será feita uma avaliação do modelo de

negócios.

O capítulo 5, que se encontra dividido entre três subseções, contém a análise

estratégica do mercado, a estratégia competitiva da empresa e a análise SWOT. A primeira

23

subseção trata do mercado de idiomas para classes C, D e E, explicando como este mercado

está estruturado sob as cinco forças competitivas. Na seção sobre estratégia competitiva será

tratado qual a estratégia está sendo adotada pela 4YOU2, e se ela poderia ser mudada em vista

do mercado. Por fim, a análise SWOT busca consolidar o que já foi visto interna e

externamente à 4YOU2, para fornecer uma visão clara de quais são as forças, fraquezas,

oportunidades e ameaças do negócio.

O penúltimo capítulo, chamado de resultados, mostra a consequência dos dois

capítulos anteriores a fim de responder ao objetivo do trabalho, solucionando o problema

descrito no capítulo 3. Por fim, o trabalho se encerra com a conclusão, onde o autor comenta

sobre a execução desta monografia.

24

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Negócios Sociais

Um negócio social representa um novo tipo de paradigma sobre o que faz uma

organização. É diferente tanto de um negócio tradicional, que visa à maximização do lucro,

quanto de uma organização sem fins lucrativos, que se sustenta com doações de caridade ou

filantropia. Um negócio social está fora do mundo que busca lucros acima de tudo. Seu

objetivo é resolver um problema social utilizando métodos de negócio, inclusive com a

criação e venda de seus produtos e serviços. Existe o compromisso de que todo o lucro

advindo dessa empreitada seja reinvestido na organização, ou seja, não há distribuição de

dividendos aos investidores (YUNUS, 2010).

Muhammad Yunus, o criador do conceito de negócios sociais, é um professor de

economia e fundou, na década de 1970, o Grameen Bank, um banco de microcrédito com fins

sociais. Em 2006, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz e, a partir desse momento, tornou

seu conceito de negócio social mundialmente conhecido. Segundo Yunus (2010), existem sete

principais características dos negócios sociais que conseguem apresentar de forma clara o

conceito:

1. O objetivo do negócio é a superação da pobreza ou de um ou mais problemas

sociais ou ambientais, que ameaçam as pessoas e a sociedade – e não a

maximização de lucros.

2. A empresa deverá alcançar a sustentabilidade econômica e financeira.

3. Todo o investimento será retornado ao investidor. Não serão pagos dividendos,

somente o retorno do investimento inicial.

4. Após o investimento ser recuperado, o lucro ficará com a empresa para cobrir

expansões e melhorias.

5. A empresa terá consciência ambiental.

6. A força de trabalho receberá salários de mercado e desfrutará de condições de

trabalho melhores que as usuais.

7. O trabalho será feito com alegria.

25

No Brasil, o conceito ficou mais conhecido por meio de organizações como a

Artemísia e o Instituto Quintessa. As duas atuam como aceleradoras de negócios sociais e

contribuem muito para a formação de um ecossistema de negócios sociais no país. Além

disso, buscam difundir o conceito dos negócios sociais, principalmente para o público jovem.

Para a Artemísia, negócios sociais são empresas que oferecem, de forma intencional,

soluções escaláveis para problemas sociais da população de baixa renda (ARTEMISIA,

2014). Dentro do conceito criado, o impacto social deve ser oriundo da atividade principal da

empresa e esta pode ou não distribuir dividendos, em oposição à concepção de Yunus.

No caso do Instituto Quintessa, define-se o termo negócios sociais assim: organização

que visa o lucro por meio de atividades que intencionalmente gerem impactos sociais e/ou

ambientais positivos (INSTITUTO QUINTESSA, 2014). O instituto acrescenta ainda que

essas empresas não possuem uma figura jurídica própria no Brasil, o que leva os negócios

sociais no Brasil a serem classificados juridicamente como associações e fundações, bem

como empresas.

Pelas definições acima, nota-se que o que diferencia um negócio social de outras

empresas é o seu propósito. No entanto, por estar imerso em um mercado que é indiferente a

missão das empresas, enfrenta-se a competição como qualquer outra organização. No caso

dos negócios sociais, por não buscarem a maximização do lucro, trabalha-se com margens de

lucro baixas (somente para financiar o trabalho), implicando numa condição desfavorável de

competição. Sendo assim, a estratégia de negócio deve ser ainda mais eficaz que a de uma

empresa regular. Nesse sentido, Yunus (2008) tem a dizer:

Uma empresa social deve estar preparada para competir com as empresas tradicionais, que visam à

maximização do lucro. Ela deve oferecer produtos e serviços de alta qualidade a seus clientes, garantir um

bom preço e oferecer o mesmo nível de conveniência e facilidade que o oferecido por qualquer outra

empresa – senão um nível ainda mais alto. A empresa social não pode esperar conquistar os consumidores

apenas por ser administrada por pessoas bondosas e com boas intenções. Ela deve atrair os consumidores

e reter a sua fidelidade por ser a melhor. Só assim poderá prosperar financeiramente e oferecer os

benefícios sociais para os quais foi criada. (YUNUS, 2008, p. 151)

Outro aspecto importante nos negócios sociais é sua segmentação de mercado. Na

maioria dos casos, foca-se em serviços para as classes mais baixas da sociedade. Portanto,

existe uma natural restrição de preço e exclui-se o atendimento a um público-alvo mais

abastado que estaria disposto a pagar mais por serviços e produtos. Em vista desse ponto,

Yunus (2008) sugere um tipo de negócio social que poderia vender aos ricos por preços de

26

mercado (ou acima) para poder subsidiar os mesmos serviços para pessoas que não pudessem

pagar. Sobre o tema de segmentação de mercado, Yunus declara:

Na empresa social, a segmentação do mercado sempre será um aspecto fundamental. E esse é tanto o

seu ponto forte quanto o seu ponto fraco. É por isso que precisamos inovar os métodos de

comercialização para atingir a nossa meta social, e ao mesmo tempo, assegurar o nosso sucesso

econômico. (YUNUS, 2008, p. 188)

Um tema crítico para o sucesso na realização dos negócios sociais é o aferimento do

benefício social que se busca obter. A medição desse tipo de benefícios é extremamente mais

complicada que um relatório de uma DRE (demonstrativo de resultados empresariais). Muitas

vezes a mensuração do impacto exige pesquisas, sendo difícil isolar um benefício social que

seja exclusivamente proveniente do trabalho da empresa. Todavia, Yunus (2008), adverte

sobre a importância desse tema no segmento abaixo:

Uma empresa social deve se preocupar seriamente em medir e relatar com exatidão os benefícios sociais

que produz. Isso revela se todo o trabalho árduo e todo o investimento de tempo, dinheiro e outros

recursos da empresa e dos seus parceiros valem a pena. Dependendo dos resultados, os gerentes podem

decidir trabalhar com mais vigor ou repensar o negócio para chegar a resultados melhores no futuro.

(YUNUS, 2008, p. 161)

Por fim, algo importante de se destacar é o apelo que os negócios sociais têm na

ambição dos insatisfeitos jovens da geração atual. Os negócios sociais viabilizam um trabalho

com sentido e remuneração. O que normalmente era uma escolha contraditória, propósito

versus carreira, agora pode se tornar uma realidade. Pode parecer que negócio social seja um

conceito passageiro e utópico, porém trata-se uma alternativa viável e atrativa em busca de

transformação social.

Estou convencido de que a maioria das pessoas, em especial os jovens, ficará imensamente empolgada

com a empresa social e o seu potencial de transformar o mundo. Só está faltando viabilizar uma estrutura

social e econômica que a torne possível, para ensinar os conhecimentos necessários e incentivar a

participação. Espero que todos esses elementos estejam disponíveis em breve (YUNUS, 2008, p. 191).

2.2 Modelo de Negócios

A primeira vez que o termo “modelo de negócios” apareceu na literatura foi em 1975.

Ganhou breve destaque nos anos 90 com as empresas de internet, mas, somente a partir da

metade da primeira década do século XXI, que o tema voltou a estar em voga. (OROFINO,

2011). Assim como o conceito de estratégia, existem várias definições para este termo. Este

trabalho usará como base a definição proposta por Osterwalder e Pigneur, (2010): o modelo

de negócios descreve o racional de como uma empresa cria, entrega e captura valor.

27

Segundo Zott; Amit e Massa (2010), o estudo de modelos de negócios tem maior

funcionalidade nas áreas de: inovação tecnológica, posicionamento estratégico da organização

(como criadora de valor), vantagem competitiva e desempenho organizacional, além da área

de tecnologia de informação, especialmente em comércio eletrônico. O estudo de modelos de

negócios neste trabalho deve-se a sua utilização para o tema de estratégia.

Nos próximos subcapítulos entraremos em detalhes do modelo de negócios proposto

por Osterwalder e Pigneur (2010). Primeiramente, explicaremos o canvas do modelo de

negócios e depois como fazer uso da análise SWOT para fazer uma avaliação estratégica do

modelo de negócios.

2.2.1 Canvas do Modelo de Negócios

Osterwalder e Pigneur (2010) fazem a analogia de que o modelo de negócios é como

um mapa da implementação da estratégia, por meio de estruturas organizacionais, processos e

sistemas. Assim sendo, criaram o "Canvas do Modelo de Negócios", ou como é conhecido em

inglês, Business Model Canvas.

O canvas, ou “tela” em português, é uma representação visual dos nove blocos

fundamentais que definem o modelo de negócios de uma empresa: segmentos de mercado,

proposta de valor, canais, relacionamento com consumidores, fontes de renda, recursos chave,

atividades chave, parceiros chave e estrutura de custos. Seu formato está representado na

figura 2 na página seguinte. Em sequência à figura, temos a descrição do que são os nove

blocos.

28

Figura 2 - Canvas do modelo de negócios

Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2010)

Segmentos de Mercado: define os diferentes grupos de pessoas ou

organizações que uma empresa busca atingir e servir. A segmentação de

distintos grupos de clientes é interessante para identificar qual estratégia adotar

com cada um. Na segmentação convém estudar se os grupos de cliente são

necessariamente interessantes para a empresa, devendo focar apenas nos que

apresentem clara oportunidade à empresa.

Segundo Osterwalder e Pigneur (2010), distintos grupos de consumidores

podem apresentar: diferentes canais de distribuição, diferentes lucratividades,

buscam distintos aspectos da proposta de valor e, por fim, apresentam

diferentes tipos de relacionamento. Se uma empresa atende a segmentos muito

distintos, será necessária a criação de um canvas por segmento, já que haverá

implicações distintas nos outros oito blocos para cada grupo de clientes

segmentado.

Proposta de valor: essencialmente descreve como a empresa cria valor para o

cliente. Dentro deste bloco deverão existir as respostas às seguintes perguntas:

o Qual o valor entregue ao cliente?

Estrutura de Custos Fontes de Renda

Recursos Chave Canais

Atividades ChaveParceiros Chave Proposta de ValorRelações com

Clientes

Segmentos

de Mercado

29

o Quais dos problemas do cliente a empresa está resolvendo?

o Quais necessidades dos clientes estão sendo satisfeitas?

Respondendo a essas perguntas, esclarece-se porque um cliente escolhe esta ao

invés de outra empresa. A proposta de valor é composta na forma de produtos

ou serviços fornecidos pela empresa. Este bloco é um dos mais fundamentais

de um modelo de negócios. Portanto, normalmente, é nele que se encontram os

principais diferenciais em relação à concorrência.

Canais: descreve como a empresa se comunica e atinge os segmentos de

clientes para entregar a proposta de valor. Os canais da empresa podem ser

diretos ou indiretos, próprios ou realizados em parcerias com outras

organizações.

Segundo Osterwalder e Pigneur (2010), existem cinco fases da cadeia de

canais: descobrimento, avaliação, compra, entrega e pós-venda. Os diferentes

canais de uma empresa podem tratar de uma ou mais fases dentro da cadeia.

Relações com clientes: define o tipo de relacionamento estabelecido entre a

empresa e seus segmentos de clientes. As três motivações básicas para se

estabelecer um bom relacionamento com clientes são: aquisição de clientes,

retenção de clientes e expansão de vendas por cliente. O modo como uma

empresa se relaciona com seus consumidores influenciará toda a experiência

que estes terão com ela.

Segundo Osterwalder e Pigneur (2010), existem sete tipos de relacionamentos

com clientes:

o Assistência pessoal: interação humana do cliente e um representante da

empresa que possa ajudá-lo durante o processo de vendas e entrega do

serviço. Pode acontecer dentro do estabelecimento da empresa, via call

center, e-mail ou por outros meios.

o Assistência pessoal dedicada: relacionamento onde existe um

representante comercial dedicado a cada cliente.

o Self-service: a empresa não tem nenhum relacionamento direto com o

cliente. Todos os meios necessários são fornecidos para que este possa

obter o serviço de maneira independente.

30

o Serviços automáticos: serviços personalizados por meio da

automatização do processo. Muitas vezes, com auxílio da internet, a

empresa pode fornecer um atendimento customizado com base no perfil

do cliente.

o Comunidades: grupos de clientes com perfis e interesses comuns.

Empresas tem usado esse tipo de relacionamento para melhor entender

grupos de cliente com um perfil específico.

o Co-criação: neste tipo de relacionamento o cliente deixa de ser

completamente passivo e passa a fornecer algo no serviço da empresa.

Cada vez mais comum em empresas com forte presença online, um

exemplo, são as revisões de produtos que muitas vezes ajudam na

classificação e avaliação.

Fontes de renda: define a forma como a empresa gera receita. A empresa tem

que ter claro o que, quanto e como o seu cliente está disposto a gastar pela

proposta de valor oferecida. Osterwalder e Pigneur (2010) apresentam sete

formas de fontes de receita: venda de um bem ou serviço, taxa de uso, taxas de

assinatura, aluguel, licenciamento, corretagem e anúncios.

Duas formas de precificação são apresentadas: fixa e dinâmica. Na precificação

fixa, o serviço ou bem apresenta um valor pré-determinado dependendo das

características do produto, segmento de cliente ou volume oferecido. No caso

da precificação dinâmica, preços mudam dependendo das condições de

mercado. As mudanças podem acontecer devido as seguintes causas: leilões;

mercado real-time (baseado no equilíbrio de oferta e demanda. Ex.: mercado

de ações); sistemas de otimização de receita (ex. companhias aéreas que

variam seus preços dependendo da disponibilidade do produto); negociação ou

barganha.

Recursos chave: definem quais são os recursos mais importantes para o

modelos de negócios funcionar. Este tipo de recurso permite à empresa criar e

oferecer a proposta de valor, atender mercados, manter relacionamentos com

cliente e gerar receita. Recursos chave podem ser de natureza física,

intelectual, humana ou financeira. Podendo ser também próprios, alugados ou

de parceiros chave.

31

Os quatro tipos de recursos chave são descritos abaixo:

o Físicos: unidades fabris, prédios, veículos, máquinas, sistemas, pontos

de venda e redes de distribuição são alguns dos tipos de recursos físicos

que podem ser considerados chave a uma empresa.

o Intelectuais: marca, conhecimento proprietário, patentes e copyrights,

parcerias e bases de clientes são exemplos de recursos intelectuais de

uma empresa. Na maioria das vezes, são difíceis de serem criados, mas

a partir de sua criação, costumam criar valor substancial às empresas, e

não são facilmente copiáveis.

o Humanos: neste caso existe somente um tipo de recurso, pessoas.

Dependendo do modelo de negócios, os recursos humanos são

fundamentais, como no caso de empresas criativas ou de conhecimento

intensivo.

o Financeiros: fluxo de caixa, linhas de crédito, garantias financeiras são

alguns dos exemplos onde recursos financeiros podem ser chaves a um

modelo de negócios.

Atividades chave: descrevem as atividades necessárias para viabilização de

um modelo de negócios. Neste caso, assim como nos recursos chave, as

atividades chave são necessárias para: criação e oferecimento da proposta de

valor, atendimento do mercado, manutenção do relacionamento com clientes e

geração de receitas.

Alguns exemplos de atividades chave podem ser relacionados a:

o Produção: design, manufatura e entrega de produtos ou serviços.

o Resolução de problemas: ligado a empresas de serviços como

consultorias e hospitais, onde a solução de um problema é crítica.

Atividades como gestão do conhecimento e treinamentos são chaves

para esses modelos de negócios

o Plataforma/rede: muitas vezes ligado a modelos de negócios que tem

plataformas como recurso chave. Atividades como a promoção, gestão

e manutenção da plataforma são essenciais.

Parceiros chave: descreve a rede de parceiros ou fornecedores que são

necessários para o modelo de negócios funcionar. Segundo Osterwalder e

32

Pigneur (2010), existem quatro tipos de parcerias: aliança estratégica entre não

competidores; parcerias estratégicas entre competidores; joint ventures para

desenvolvimento de novos negócios e relacionamento do tipo

comprador/fornecedor para garantias de fornecimento. Além desses quatro

tipos de parcerias, existem três tipos de motivação para a formação de parcerias

chave:

o Otimização e economia de escala: desenhada para aperfeiçoar a

alocação de recursos e atividades. Buscam a redução de custos, e

muitas vezes, envolvem compartilhamento de infraestruturas e

terceirização.

o Redução de riscos e incertezas: alianças que buscam reduzir o risco de

competição em um determinado ambiente com incertezas.

o Aquisição de recursos e atividades particulares: algumas empresas não

possuem todos os recursos e atividades para operar seu modelo de

negócio. Portanto, buscam alianças para conseguir estes recursos e

atividades em outras organizações.

Estrutura de custos: descrição de todos os custos necessários à operação do

modelo de negócios. A estrutura de custos leva em consideração custos fixos e

variáveis, economias de escala e economias de escopo (prevalente em

empresas com mais de uma unidade de negócios onde certas áreas da empresa

são compartilhadas). Existem duas classes bastante distintas de estrutura de

custos, sendo que a maioria dos modelos de negócios se encontra entre estes

dois extremos:

o Orientada a custos: foco na minimização de custos. Muitas vezes o

baixo custo é parte da proposta de valor e exige que a empresa crie e

mantenha uma estrutura de custos enxuta.

o Orientada a valor: foco na produção de valor, tendo como proposta de

valor um produto ou serviço premium. Alto grau de customização e

luxo são exemplos desta categoria.

33

2.2.2 Avaliação de um Modelo de Negócios

Osterwalder e Pigneur (2010) sugerem utilizar a análise SWOT (será apresentada

ainda neste capítulo) para fazer a avaliação do modelo de negócios. Segundo eles, por meio de

de uma série de perguntas, que constam no apêndice A, é possível identificar,

sistematicamente e por blocos individuais, quais são as forças, fraquezas, oportunidades e

ameaças de um modelo de negócios. Sugere-se consultar o apêndice mencionado para mais

detalhes sobre a metodologia e o questionário.

A avaliação do modelo de negócios, feita com a metodologia comentada, é feita por

perguntas de classificação, com notas para cada pergunta. Entretanto, busca-se, além da

classificação, fomentar a discussão sobre cada um dos nove blocos, se estão corretos ou se

poderiam ser alterados. O objetivo é verificar se existem melhorias possíveis no modelo de

negócios, de modo a se tornar mais único e estratégico para a empresa.

2.3 Estratégia Competitiva

Estratégia é uma busca deliberada por um plano de ação que desenvolverá uma

vantagem competitiva para o negócio, e também a colocação deste plano em prática

(HENDERSON, 1989). De forma parecida, Porter (1991), define que a estratégia competitiva

consiste na formulação de um posicionamento estratégico diferenciado, que gere vantagens

competitivas sustentáveis frente aos concorrentes.

Diante dessas duas definições, extrai-se que a questão chave da estratégia competitiva

concentra-se na busca e manutenção de uma vantagem competitiva. Para Porter (1991), existe,

em adição, o posicionamento estratégico único da empresa dentro de sua indústria ou setor.

Para tanto, em seus estudos, Porter (1991) buscou definir claramente como se posicionar em

um mercado por meio da análise estrutural da indústria, a definição de uma estratégia genérica

e como agir em diversos tipos de circunstâncias da indústria (crescimento, evolução da

indústria, fragmentação, entre outros).

Carvalho e Laurindo (2010) buscam uma definição vasta dentro da literatura sobre o

que é o conceito da estratégia e competição, sua distinção com outros temas (destacadamente

eficiência operacional), e o fato de estratégia ser uma escolha entre diversas opções. De

34

acordo com eles, a elaboração de uma estratégia eficaz reside na análise do trade off entre o

que fazer e o que não fazer, por meio da análise do ambiente no qual a empresa está inserida,

e também das suas características internas.

Pelas definições e visões acima, cabe definir do que se trata uma análise ambiental da

indústria e uma análise interna (que será feito nos temas seguintes da revisão bibliográfica),

além da definição de vantagem competitiva. Para Rummelt (2006), uma vantagem

competitiva pode ser associada a três raízes: habilidades, recursos ou posições superiores. A

questão crítica a ser feita é "O que sustenta essa vantagem, evitando que os concorrentes a

imitem ou dupliquem?". A reposta corresponde aos componentes da vantagem competitiva

em questão.

Em suma, a estratégia competitiva trata de buscar um posicionamento estratégico

dentro de uma indústria a fim de se obterem vantagens competitivas sustentáveis.

2.4 Análise Estrutural da Indústria

Segundo Porter (1991), a concorrência em uma indústria tem raízes em sua estrutura

econômica básica e vai bem além do comportamento dos atuais concorrentes. O grau de

concorrência em uma indústria depende de cinco forças competitivas básicas (apresentadas na

figura 3 abaixo), sendo elas: fornecedores, compradores, novos entrantes, substitutos e

concorrência existente.

35

Figura 3 - Cinco forças competitivas

Fonte: Adaptado de Carvalho e Laurindo (2010)

Para Porter (1991), a estratégia competitiva trata de posicionar uma empresa dentro de

uma indústria de forma que esta possa melhor se defender contra as forças competitivas, ou

influenciá-las a seu favor. A análise estrutural da indústria serve como base fundamental para

a formulação da estratégia competitiva. Por ser um conhecimento comum a todas as empresas

do ramo, as que fizerem os estudos mais profundos e conseguirem analisar todas as forças

terão vantagens na indústria. Com este tipo de conhecimento, a empresa poderá esclarecer

mudanças estratégicas, realçar pontos fortes e fracos da empresa, entender as ameaças e

oportunidades da indústria, o grau de concorrência e, por fim, até quantificar a rentabilidade

da indústria.

Segundo Carvalho e Laurindo (2010), na figura 3 acima, temos na horizontal a batalha

por lucratividade na cadeia produtiva, ou seja, o poder de barganha entre clientes e

fornecedores. Já, na vertical, temos a relação entre os concorrentes, os já estabelecidos

36

concorrentes existentes, os entrantes em potencial e os produtos (ou serviços) substitutos. Em

sequência, as cinco forças competitivas serão analisadas individualmente.

2.4.1 Ameaça de Ingressantes Potenciais

Novos ingressantes constituem uma grande ameaça à indústria em questão.

Normalmente, trazem nova capacidade, desejo de ganhar parcelas de mercado e, muitas

vezes, trazem recursos substanciais. Como resultados podem fazer o preço da indústria cair,

ou os custos aumentarem, diminuindo a rentabilidade da indústria como um todo (PORTER,

1991).

Uma das principais defesas para essa força é a criação de barreiras de entrada. Para

Porter (1991), existem sete tipos:

Economias de escala: referem-se aos declínios dos custos unitários de um produto

à medida que seu volume absoluto aumenta. Serve como uma barreira de entrada,

pois induz ao novo entrante a necessidade de produzir altos volumes ou trabalhar

com custos maiores com uma produção menor. Economia de escala não está

somente relacionada à atividade produtiva, mas funciona também para funções

suporte como marketing, pesquisa e desenvolvimento, força de vendas,

distribuição e compras. Empresas diversificadas podem obter economias de escala,

principalmente por meio do compartilhamento de custos conjuntos, como os ativos

intangíveis: marca e know-how. No caso de empresas integradas verticalmente,

existem economias de escala devido a compra e venda para unidades filiadas,

levando o novo entrante a ser também uma empresa integrada, caso não queira ser

dependente de suas competidoras.

Diferenciação de produto: significa que as empresas estabelecidas têm sua marca

identificada e possuem lealdade do consumidor. A origem destes sentimentos

provém de esforços em publicidade, serviço ao consumidor, diferença nos

produtos ou, simplesmente, por ter sido a primeira em uma indústria (PORTER,

1991). Caso uma nova entrante enfrente esta situação deverá investir pesadamente

em marketing e desenvolvimento de produtos para chegar à mesma situação das

empresas já estabelecidas na indústria.

37

Necessidade de capital: a necessidade de investir elevados recursos financeiros

para atividades como instalações produtivas, pesquisa e desenvolvimento, ou

investimentos elevados em marketing constituem uma barreira de entrada. Existem

outras possibilidades menos comuns de necessidades de capital, como crédito ao

consumidor e na formação de estoque. Por mais que exista acesso a crédito no

mercado financeiro, a entrada em algumas indústrias é muito arriscada e não

compensa medidas de risco versus retorno.

Custos de mudança: como o próprio nome já diz, corresponde ao custo com que

se depara o consumidor para mudar de um fornecedor para o outro. Este tipo de

custo é criado por meio de necessidades de treinamentos específicos, custo de

equipamentos auxiliares, dificuldades (em tempo e dinheiro) de escolher um

provedor, restrições contratuais de fornecimento, entre outros. A empresa entrante

deve fornecer benefícios em qualidade e preços, superiores o suficiente para

compensar estes custos de mudanças.

Acesso a canais de distribuição: o acesso a canais de distribuição pode se tornar

uma barreira de entrada, pois no caso de estes já estarem sendo completamente

suplementados pelos fornecedores atuais, não haverá necessidade de outro

fornecedor. Portanto, o novo entrante deve, por meio de descontos no preço, por

exemplo, persuadir o canal de distribuição a aceitar seus produtos. No caso de

existirem limitados canais de distribuição ou a ligação entre fornecedores e canais

serem mais próximas (exclusividade de fornecimento, relacionamento duradouro,

entre outros) a barreira de entrada torna-se ainda mais difícil. No caso extremo, um

ingressante pode até criar seu próprio canal de distribuição.

Desvantagens de custos independentes de escala: outros fatores não

relacionados às alternativas anteriores como: tecnologias patenteadas, acesso

favorável a matérias-primas, subsídios oficiais, localizações favoráveis e curva de

aprendizado ou experiência avançada. O último caso é particularmente importante,

ele fala sobre um conceito de que quanto mais madura a empresa é em uma

indústria, mais ela será capaz de diminuir seus custos, dada a experiência no setor.

Este fator se torna uma barreira de entrada chave para novos entrantes, pois estes,

ao ingressarem em uma indústria, não possuirão a experiência já vivida por outras

empresas.

38

Políticas Governamentais: o governo pode limitar ou até impedir a entrada de

empresas em uma indústria. Ele pode fazer isso por meio de licenças de

funcionamento, restrição no acesso de matérias primas, regularização de indústrias

e até interesses políticos de controle de uma indústria (ex. indústria petrolífera).

Além da barreira de entrada previamente mencionada, uma forma de defesa a

ingressantes potenciais é a retaliação dos concorrentes atuais caso exista um novo

integrante na indústria. Este tipo de retaliação prevista é medido por meio da existência de

um passado de rigorosas retaliações a novos entrantes ou por um crescimento lento da

indústria, o que limita o tamanho de mercado para um novo competidor.

2.4.2 Rivalidade entre os Concorrentes Existentes

A rivalidade entre concorrentes se faz por uso de táticas como a concorrência de

preços, batalha de publicidade, introdução de produtos, aumento da qualidade e dos serviços

para o cliente. Isso pode ocorrer quando uma das empresas sente que pode melhorar sua

posição dentro de uma indústria. A partir de tal movimento, reações são tomadas por outros

competidores. Essa cadeia de ações e reações muitas vezes pode acabar por diminuir a

rentabilidade de toda uma indústria, como no caso de uma guerra de preços que acabe com as

margens das empresas. Por outro lado, existe a possibilidade de uma batalha de publicidade

aumentar a demanda por um produto ou serviço para toda a indústria, o que acaba sendo

benéfico para todos (PORTER, 1991).

A rivalidade é consequência de diversos fatores estruturais:

Concorrentes numerosos ou bem equilibrados: como não existe um claro líder

(ou líderes) que ditem disciplina no mercado, a batalha para chegar à liderança

pode ser bastante prejudicial para a indústria.

Crescimento lento da indústria: tornando a busca por maiores parcelas de

mercado algo crítico para o crescimento.

Custos fixos ou de armazenamento altos: indústrias deste tipo buscam a

produção em larga escala para diluir os custos fixos ou a desova de produtos que

são caros de armazenar. Em consequência, muitas vezes tem que abaixar seus

custos para garantir que o dito acima aconteça.

39

Ausência de diferenciação ou custos de mudança: pela falta de diferenciação os

clientes decidem acima de tudo pelo preço do produto (o mesmo acontece para a

ausência de custo de mudança). A competição por preço gera uma concorrência

intensa na indústria.

Capacidade aumentada em grandes incrementos: acontece quando, para

conseguir economias de escala, as empresas da indústria tem que fazer

investimentos onde sua capacidade é aumentada bruscamente. No caso,

normalmente, existe uma ruptura no equilíbrio da oferta/demanda do mercado e

um risco de o acréscimo de capacidade tornar-se excessivo.

Concorrentes divergentes: o comportamento estratégico de concorrentes é

divergente devido às suas origens, personalidades e objetivos em uma indústria.

Acontece com frequência com empresas estrangeiras, que possuem circunstâncias

e metas diferentes no mercado em questão. Pode acontecer também com players

de tamanhos distintos que aceitam uma taxa de retorno diferente dentro do

mercado. Existe ainda a possibilidade de uma empresa com portfólio diversificado

possuir objetivos específicos para cada indústria.

Grandes interesses estratégicos: se uma empresa possui certo interesse

estratégico particular em uma indústria, ela pode vir a sacrificar sua lucratividade

na busca desse objetivo. Empresas diversificadas, que possam ter interesse em uma

indústria em particular, ou empresas estrangeiras buscando se instalar em um país

chave seriam exemplos deste caso.

Barreiras de saída elevadas: são fatores econômicos, estratégicos ou até

emocionais que motivam uma empresa a permanecer em uma indústria, mesmo

com retornos baixos ou negativos. As principais fontes de barreiras de saída são:

ativos especializados que possuam baixo valor de liquidação ou altos custos de

transferência ou conversão; custos fixos de saída, como acordos trabalhistas ou

custos de restabelecimento; restrições de ordem governamental e social, em parte

por efeitos em desemprego ou econômicos regionais; barreiras emocionais como a

identificação com uma atividade, lealdade dos empregados ou legado familiar; e

inter-relações estratégicas como instalações compartilhadas, capacidades de

marketing, entre outros.

40

2.4.3 Pressão dos Produtos Substitutos

Os produtos substitutos devem ser encarados como uma concorrência direta à

indústria. Eles são capazes de reduzir os retornos potenciais de uma indústria, pois produzem

um teto no preço dos produtos (acima deste teto, compensaria buscar o produto substituto).

Quanto mais atrativa seja a alternativa de preço e desempenho oferecida pelos substitutos,

mais firme será a pressão sobre a lucratividade da indústria (PORTER, 1991).

A identificação de produtos substitutos é fundamental para a análise estrutural, já que

muitas vezes um produto aparentemente não substituto pode tomar conta do mercado, caso a

indústria atual passe por um aumento de preços substancial, tornando o substituto uma

alternativa viável financeiramente.

2.4.4 Poder de Negociação dos Fornecedores

Os fornecedores podem exercer poder de negociação entre os participantes de uma

indústria de basicamente duas maneiras. A primeira seria elevando preços, sua consequência

direta é a diminuição da rentabilidade da indústria caso ela não seja capaz de repassar o

aumento de preço ao consumidor final (PORTER, 1991). A segunda seria reduzindo a

qualidade de bens e serviços fornecidos.. As condições que levam a um poder de negociação

forte dos fornecedores segundo Porter (1991) seguem:

Grupo fornecedor dominado por poucas empresas (sendo mais concentrado que a

indústria para a qual fornece).

Não existam produtos ou serviços substitutos aos oferecidos pelo grupo de

fornecedores.

A indústria em questão não é um cliente importante para o grupo fornecedor.

O produto dos fornecedores é um insumo importante para o negócio dos

compradores, tornando-os dependentes do grupo fornecedor.

Os produtos do grupo fornecedor são diferenciados, exigindo custos de mudança

para substituição de fornecedores.

O grupo de fornecedores é uma ameaça concreta de integração vertical para frente.

41

Segundo Porter (1991), a mão de obra de uma indústria também pode ser considerada

um tipo de fornecedor. Sendo assim, está sujeita aos mesmos tipos de identificação de poder

sugeridos acima. O poder dos fornecedores é grande especialmente para indústrias onde a

mão de obra seja restrita e altamente qualificada, ou fortemente sindicalizada. Este tipo de

poder pode, do mesmo modo que os fornecedores corroer a margem de lucro de uma empresa.

2.4.5 Poder de Negociação dos Compradores

Os compradores podem exercer poder de negociação entre os participantes de uma

indústria da maneira oposta que os fornecedores: barganhando a redução de preços ou

forçando aumento da qualidade de bens e serviços fornecidos. A consequência é a diminuição

da rentabilidade da indústria, devido à concorrência entre as diversas empresas para fornecer

um preço baixo e qualidade elevada. Segundo Porter (1991), um grupo comprador é

considerado poderoso se forem válidas as seguintes circunstâncias:

Grupo comprador concentrado ou que adquira produtos em grandes quantidades

em relação às vendas da empresa, causando um aumento na importância do grupo

comprador.

Os produtos adquiridos correspondem a uma fração significativa dos compradores,

sejam eles consumidores finais ou não.

Os produtos comprados da indústria são padronizados, ou seja, a diferença entre as

empresas fornecedoras é pequena.

Existem poucos custos de mudança, portanto, o comprador não se encontra "preso"

a um determinado fornecedor.

Os compradores estão realizando lucros baixos, motivação suficiente para busca

intensa de redução de custos nas compras.

Compradores são ameaça direta de integração vertical para trás. Quando os

compradores estão nessa posição, podem negociar concessões no fornecimento.

O produto da indústria não é particularmente importante para qualidade dos

produtos ou serviços do comprador.

42

O comprador tem total informação sobre as empresas fornecedoras, como custos,

preços, demanda, entre outros. Tais informações colocam a empresa em posição de

negociação maior do que em situação de desinformação.

Existe ainda outro fator importante para o poder dos compradores. No caso de uma

empresa conseguir influenciar as decisões de compra dos consumidores, ela ganha bastante

poder de negociação com os fornecedores. Isto acontece com varejistas e, em menor escala,

atacadistas, que podem facilitar que uma ou outra marca seja mais bem recebida pelos

consumidores finais.

2.5 Estratégia Competitiva Genérica

Segundo Porter (1991), existem três estratégias genéricas internamente consistentes

(que podem ser usadas isoladamente ou de forma combinada) para criar uma posição

defensável a longo prazo e superar os concorrentes em uma indústria. As três abordagens

propostas são: liderança no custo, diferenciação e enfoque. Segundo Carvalho e Laurindo

(2010), existem quatro estratégias competitivas genéricas, já que a estratégia de enfoque pode

ser combinada com as duas anteriores formando: enfoque com liderança em custo e enfoque

em diferenciação.

Segundo Carvalho e Laurindo (2010), definir uma estratégia competitiva genérica

significa estabelecer uma posição competitiva lucrativa, sustentável e favorável frente às

forças da indústria. Além disso, a empresa não deverá oscilar entre dois tipos de estratégia, ou

ainda, entregar as duas ao mesmo tempo em produtos distintos, pois ela pode perder sua

credibilidade e reputação por confundir sua imagem perante os clientes.

O risco maior, segundo Porter (1991), está em não adotar nenhuma estratégia clara. O

"meio-termo" conduz a uma situação estratégica extremamente pobre. Este tipo de situação

pode gerar uma baixa rentabilidade, pois a empresa perde os clientes de grande volume ou, se

quiser atendê-los, deve manter os preços baixos, diminuindo suas margens. Por outro lado, a

empresa sem uma estratégia clara de diferenciação não consegue ganhar nos negócios de altas

margens deste tipo de clientes. Para Porter (1991), o "meio termo" também gera implicações

na cultura organizacional, tornando-a indefinida, e pode refletir em conflitantes arranjos

organizacionais e sistemas de motivação.

43

A figura 4 abaixo mostra os diferentes tipos de estratégias competitivas genéricas,

segundo Carvalho e Laurindo (2010). Os quatro tipos serão destacados em sequência.

Figura 4 - Modelo da estratégia competitiva genérica

Fonte: Adaptado de Carvalho e Laurindo (2010)

2.5.1 Liderança em Custo

A estratégia de liderança em custo exige que a organização seja focada neste objetivo.

Segundo Porter (1991), todas as políticas funcionais serão orientadas para a redução de

custos. Este tipo de liderança exige eficiência operacional alta, controle rígido de custos e

despesas e minimização de gastos em áreas de suporte, como P&D, assistência, força de

vendas e publicidade. O custo baixo deve ser a estratégia de todas as áreas da empresa,

embora a qualidade não possa ser ignorada.

Segundo Carvalho e Laurindo (2010), trade offs necessitam ser feitos, como abrir mão

de variabilidade e flexibilidade em prol de custos mais baixos. A corporação deve trabalhar a

ponto de criar uma lacuna no desempenho de custos perante seus concorrentes de modo que a

permita aumentar as margens de lucro, conforme ilustra a figura 5 abaixo. Entretanto, se ela

44

aproveitar dos custos baixos e entrar em uma guerra de preços com suas concorrentes acabará

por perder lucratividade. Portanto, sua estrutura de custos deve ser bem mais baixa que seus

concorrentes, porém seu preço deverá estar somente ligeiramente abaixo das outras empresas

do setor.

Figura 5 - Estratégia competitiva genérica - liderança em custo

Fonte: Adaptado de Carvalho e Laurindo (2010)

Segundo Porter (1991), a posição de baixo custo fornece à empresa uma posição de

defesa em relação às forças competitivas. No caso da concorrência dentro do setor, a posição

de liderança em custo permite à empresa obter retornos mesmo que seus concorrentes tenham

consumido lucros por meio de competição. Para compradores, sua força competitiva somente

funciona com competidores que tenham menor eficiência em custos, já que para a líder do

setor em custos não existe tal pressão. No caso de fornecedores, a empresa está mais bem

protegida do aumento de preços do que seus competidores. Por fim, para os novos entrantes e

substitutos, a vantagem competitiva de ter um baixo custo acaba por criar uma barreira de

mercado. Portanto, nota-se que as forças competitivas atacarão inicialmente, e de maneira

mais forte, os concorrentes menos eficientes e só até o ponto de que os lucros do concorrente

mais eficiente (após a empresa em questão) sejam eliminados.

Outro ponto a ser destacado é a, quase sempre presente, exigência de uma alta parcela

de mercado relativa para ganhos em escala ou outro tipo de posições favoráveis, como acesso

45

a matéria-prima mais barata, por exemplo. Assim, a organização deve sempre estar investindo

em novas maneiras de manter custos baixos, inovando na maneira de produzir, no projeto do

produto ou serviço e como a organização se estrutura. Depois que a empresa atinge uma

liderança em custos deve se manter atenta a inovações tecnológicas que poderiam ser

disruptivas no setor.

2.5.2 Diferenciação

A estratégia de diferenciação busca aumentar a margem de lucro da empresa. No

entanto, o faz, alterando a variável preço, ao invés da variável custo, como vemos na figura 6

abaixo. Segundo Carvalho e Laurindo (2010), o objetivo desta estratégia é identificar e

satisfazer as necessidades dos clientes, mas somente nos requisitos em que eles estejam

dispostos a pagar um prêmio por isso. Contudo, a variável preço sempre será limitante,

portanto, a empresa deve manter os custos baixos em requisitos não especiais para o cliente

para que não eroda a margem adicional obtida pelo preço prêmio do cliente.

Figura 6 - Estratégia competitiva genérica – diferenciação

Fonte: Adaptado de Carvalho e Laurindo (2010)

46

As empresas que buscam tal estratégia devem se focar em agregar valor, oferecendo

algo único para o cliente. Segundo Porter (1991), os métodos para diferenciação podem ser

oriundos de diferentes dimensões, por exemplo, projeto ou imagem da marca, tecnologia,

peculiaridades, serviços sob encomenda e rede de fornecedores. Idealmente, a empresa deve

atingir sua diferenciação ao longo de diversas dimensões.

A diferenciação, assim como a estratégia de custos, permite a empresa se proteger das

forças competitivas do mercado. Esta estratégia permite a fidelização dos consumidores em

relação à marca, o que permite a empresa se defender da competição. Os clientes leais à

marca se tornam menos sensíveis a preço, o que diminui a força dos compradores. Da mesma

forma, a lealdade deles permite que a empresa não seja alvo fácil de produtos substitutos. Por

outro lado, as margens mais altas da diferenciação permitem que a empresa sofra menos com

o poder dos fornecedores. Por fim, a combinação de margens altas e lealdade dos clientes cria

uma posição de isolamento perante aos outros competidores.

Em se tratando de parcelas do mercado, na maioria das vezes as empresas que buscam

a diferenciação não costumam possuir a maior fatia de mercado devido ao sentimento de

exclusividade que buscam os clientes. Essa estratégia implica ainda em um trade off com a

posição de custos, pois a empresa deve gastar mais com pesquisas e inovação, marketing e

alta qualidade. Existe ainda o risco de outras empresas copiarem a diferenciação da empresa,

de modo que a empresa deve se manter ainda mais atenta com seus concorrentes.

2.5.3 Enfoque

A estratégia genérica de enfoque distintamente das outras anteriores trata, acima de

tudo, de uma segmentação do público alvo, seja por geografia, linha de produto, classe social,

entre outros. Segundo Carvalho e Laurindo (2010), o segredo desta estratégia é encontrar um

segmento-alvo lucrativo e sustentável para exercer sua estratégia, quer seja ela por meio da

liderança de custo ou diferenciação. Assim, a empresa consegue ter um desempenho superior

a outros concorrentes com alvos não focados. Destaca-se que a empresa deve comunicar

claramente ao mercado seu segmento alvo e buscar segmentos que não sejam bem atendidos

pelos já fornecidos pelo mercado.

47

Segundo Porter (1991), a estratégia de enfoque pode ter uma clara divisão entre o

enfoque em custos ou enfoque em diferenciação, mas acima desta divisão, existe a premissa

de que a empresa pode atender muito bem e de maneira mais eficiente o publico alvo

segmentado. A divisão dentro da estratégia de enfoque traz os mesmos benefícios que as duas

ilustradas acima. No entanto, existe o trade off de restringir uma parcela do mercado.

2.5.4 Riscos das Estratégias Genéricas

Segundo Porter (1991), os riscos de seguir as estratégias genéricas são

fundamentalmente dois: falha em alcançar ou sustentar a estratégia genérica desejada e que o

valor da estratégia escolhida seja desgastado com a evolução da indústria. Na tabela abaixo,

definimos os tipos de riscos que são associados a cada tipo de estratégia.

Quadro 1 - Riscos das estratégias genéricas

Estratégia Riscos específicos a cada estratégia genérica

Liderança

em custo

Mudanças tecnológicas que anulem o investimento ou aprendizado

anteriores.

Aprendizados por novas empresas que entrem na indústria, ou por

seguidores, por meio da imitação ou de sua capacidade de

investimentos.

Incapacidade de notar a mudanças necessárias no marketing ou

produto devido à atenção dada ao custo.

Inflação dos custos da empresa que estreitem seu diferencial de preço

com outros concorrentes.

Diferenciação Diferença de custos entre os concorrentes de baixo custo e a empresa

com estratégia de diferenciação torna-se muito grande a ponto de

diminuir o valor agregado pela diferenciação. Assim, os

consumidores sacrificam a diferenciação em busca de grandes

economias com os concorrentes de baixo custo.

Necessidade dos compradores em relação à diferenciação diminui

Imitação dos concorrentes que faça diminuir a diferenciação

percebida.

48

Enfoque Concorrência encontra submercados dentro do público alvo podendo

atender satisfatoriamente o público da empresa com estratégia de

enfoque.

O diferencial de custos entre os concorrentes que atuam no mercado

todo e a empresa com estratégia de enfoque se amplia de tal modo

que se eliminam as vantagens de se atingir um alvo específico ou

anula-se a diferenciação alcançada com o enfoque.

Fonte: Adaptado de Porter (1991)

2.6 Análise SWOT

A concepção da análise SWOT não está claramente creditada a um autor. Existem

divergências sobre seu início ter acontecido na universidade de Stanford ou na universidade

de Harvard. Na universidade de Stanford, Albert S. Humphrey participou de um grupo que

inicialmente criou a análise SOFT (Satisfactory - característica boa no presente, Opportunity -

característica boa no futuro, Fault - característica ruim no presente, Threat - característica

ruim no futuro), que seria a base para a análise SWOT dos dias de hoje (BADAL, 2006). No

entanto, a muitos teóricos creditam à universidade de Harvard como difusora do conceito que

teria sido iniciado pelos professores George Albert Smith Jr. e C Roland Christensen durante

o começo dos anos 1950 (SHATREVICH, 2012).

Sem delongar muito sobre a concepção da análise, ela é uma ferramenta extensamente

utilizada em análises estratégicas devido a sua praticidade e objetividade. A análise SWOT

tem este nome pelo acrônimo, em inglês, Strenght, Weaknesses, Opportunities and Threats.

Traduzido para o português, Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças. A análise é

visualmente ilustrada como na figura 7 na página seguinte.

49

Figura 7- Matriz SWOT

Fonte: Adaptado de HARVARD BUSINESS SCHOOL PRESS AND SOCIETY FOR HUMAN

RESOURCE MANAGEMENT (US) (2006)

A análise SWOT foca em dois tipos de ambientes para a análise da empresa. O

ambiente interno à empresa, onde se identificam as forças e fraquezas e o externo, onde estão

as características da indústria, oportunidades e ameaças. Segundo Carvalho e Laurindo

(2010), as informações contidas em cada um dos blocos são:

Forças (Strengths): características da empresa que a leva a ter vantagem sobre

suas concorrentes e que devem ser alavancadas. A empresa deve focar nesses

pontos para se diferenciar e buscar obter ainda mais vantagens competitivas.

Fatores que reforçam o poder de negociação com compradores e fornecedores

isolam a empresa de rivalidade de outras empresas e permitem a empresa

penetrar grupos estratégicos de mais interesse. Como se trata de uma

característica do ambiente interno da empresa, é passível de mudanças que

sejam convenientes à estratégia adotada.

Fraquezas (Weaknesses): característica nas quais a empresa sofre

desvantagens em relação a seus concorrentes. Estes pontos devem ser

abordados com o objetivo de diminuí-los ou solucioná-los já que podem ser

críticos para a empresa, pois são fatores que diminuem o poder de negociação,

50

que dificultam a implementação da estratégia competitiva e enfraquecem a

empresas frente aos concorrentes. Assim como as forças, são características da

empresa passíveis de mudança. Dependendo da estratégia adotada, as fraquezas

podem ser minimizadas ou simplesmente controladas.

Oportunidades (Opportunities): são tendências, eventos, forças e ideias que a

empresa pode capitalizar (HARVARD BUSINESS SCHOOL PRESS AND

SOCIETY FOR HUMAN RESOURCE MANAGEMENT (US), 2006). A

empresa deve procurar antecipar essas oportunidades e aproveitá-las antes da

concorrência. As oportunidades referem-se apenas ao mercado e não ao

ambiente interno da empresa.

Ameaças (Threats): de forma opostas as oportunidades, são eventos, forças,

tendências e ideias com as quais a empresa pode sofrer. Neste caso, a empresa

deve antecipar estas ameaças a fim de monitorá-las e evitar que causem

problemas na organização. Da mesma forma que as oportunidades, tratam

somente de informações do mercado que está inserido a empresa.

2.7 Técnica 5W + 2H

A técnica 5W + 2H passou a ser utilizada com mais frequência a partir da sua difusão

com o conceito de Gestão da Qualidade como uma das técnicas de implantação da Qualidade

Total (AMBROZEWICZ, 2003). No entanto, apresenta utilidade para o desenvolvimento de

planos de ação devido a sua praticidade e simplicidade.

O nome 5W + 2H vem do inglês dos termos: what, who, when, where, why, how e how

much. Esta técnica sugere a resposta para as sete perguntas associadas aos termos acima, que

traduzidos para o português seriam: o que, quem, quando, onde, por que, como e qual custo

(TILLMAN, 2006).

Para este trabalho, será considera a utilização desta técnica na elaboração de um plano

de ação. Portanto, segundo a explicação do quadro 2 da página seguinte, servirá para definir

atores, motivação e como será feita a elaboração das ações propostas ao fim deste trabalho.

51

Quadro 2 - Técnica 5W + 2H

5W + 2H Tradução Aplicação

WHY? Por quê? Motivação para o desenvolvimento de determinada ação.

Busca-se saber o porquê algo será feito.

WHAT? O que? Determinação de qual ação será realizada, no que ela consiste

e quais são as atividades relacionadas.

WHO? Quem? Os responsáveis pela execução de tal ação. Determina-se

quem são os atores e quais são as responsabilidades deles em

tal processo.

WHEN? Quando? Tempo de execução da ação. Não somente a previsão de

início, mas a duração deste processo.

WHERE? Onde? Determinação da localização de tal ação.

HOW? Como? Modo de realização da ação em questão. Determinação da

execução das atividades para concluir-se a ação

HOW MUCH? Qual

custo?

Determinação do custo de realizar a ação prevista.

Fonte: Elaborado pelo autor

52

3 O Objeto de Estudo: 4YOU2

A 4YOU2 se define como: um negócio social que proporciona experiências

transformadoras de aprendizado e cultura para seus envolvidos por meio do ensino de

idiomas. O nome 4YOU2 lê-se do inglês "for you too", significa em português "para você

também". Os ideais de inclusão e multiculturalidade presentes no nome refletem o desejo de

promover educação e cultura por meio de um modelo inclusivo que beneficie todos os

envolvidos - alunos, professores estrangeiros, ONGs, escolas e toda a comunidade (4YOU2,

2014).

Figura 8 - Logo 4YOU2

Fonte: 4YOU2 (2014)

Pela definição dada pela própria empresa em seu website, e pelas conversas com os

fundadores e atuais diretores, Gustavo Fuga e Ana Machado, nota-se o interesse pelo impacto

social causado pela 4YOU2 acima de tudo. A ideia de abraçar todos os stakeholders, de forma

que todos saiam beneficiados por meio de seu trabalho com o ensino de idiomas é nobre. A

4YOU2 visa dar oportunidades às classes mais baixas da população por meio de um ensino de

idiomas diferenciado e financeiramente acessível.

3.1 Ensino de Idiomas no Brasil

A 4YOU2 viu no mercado de idiomas a oportunidade de fazer a diferença. Segundo

estudos da EF (Education First), uma empresa internacional que atua no mercado de idiomas,

o Brasil é o 38º país no seu índice de proficiência em inglês (EF EPI – English Proficiency

Index) de 2013 com uma pontuação de 50,07 (sendo que o país com desempenho mais alto,

Suécia tem um índice de 68,69 e o mais baixo, Iraque, tem 38,16). O índice, que compara 60

53

países que não tenham o inglês como língua oficial, mostra o Brasil com proficiência baixa

(EDUCATION FIRST, 2013).

O estudo apresenta, com dados de 2012, que o Brasil conta com 6.215 filiais de 70

escolas de idiomas, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising. Aulas particulares

com professores nativos custam entre 30 e 50 dólares por aula. Por isso, parece que apenas

cidadãos de classe média ou alta podem custear essas aulas e, segundo o IBOPE, em torno de

80% da classe média brasileira declara não falar nenhum idioma estrangeiro (EDUCATION

FIRST, 2013).

O governo brasileiro percebeu essa necessidade e já tomou iniciativas para melhorar o

ensino de idiomas no país. A criação do programa Ciências sem Fronteiras e o programa

irmão, Inglês sem Fronteiras, são formas de educar os estudantes em um novo idioma. No

caso do segundo programa, o governo tem como objetivo dar acesso a cursos online de inglês

gratuitos para cinco milhões de estudantes universitários. Outro passo do governo foi a

criação de cursos para funcionários do turismo, devido aos futuros eventos da Copa do

Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

No entanto, tais iniciativas não mudam o cenário atual ilustrado pelo estudo da EF: o

Brasil, e principalmente os mais pobres, não tem acesso ao ensino de idiomas. Em

consequência disso, não desfrutam das oportunidades, principalmente as de mercado de

trabalho, advindas do conhecimento deste idioma.

O mesmo estudo da EF mostra que existem fortes correlações entre a proficiência no

inglês e indicadores sociais e econômicos. Além disso, o inglês hoje é uma ferramenta

fundamental para a comunicação. A globalização, a internet e a presença cada vez mais forte

de empresas multinacionais, torna o conhecimento do idioma (mesmo que em seu nível

básico) um conhecimento fundamental. O estudo apresenta dados sobre o mercado de

trabalho e também relaciona a renda bruta nacional com o índice de proficiência EF EPI:

Pesquisadores de RH de todo o mundo relatam que candidatos com capacidade de

inglês elevada para o seu país recebem salários 30% a 50% mais altos que os

candidatos igualmente qualificados, mas sem o conhecimento de inglês

(EDUCATION FIRST, 2013).

Em uma pesquisa de 2012 da Economist Intelligence Unit, quase 70% dos

executivos disseram que a sua força de trabalho deverá dominar o inglês para

54

atender seus planos de expansão e um quarto afirmou que mais de 50% de todos os

funcionários precisará falar inglês (EDUCATION FIRST, 2013).

A renda bruta de um país é proporcional à proficiência de inglês de sua população.

Estatisticamente, isso quer dizer que quanto maior o nível de inglês da população,

maior será a renda bruta do país.

A qualidade de vida também é alvo de relação com proficiência de inglês pelo

estudo da EF, apontando a mesma relação observada com a renda bruta.

O estudo destaca que o inglês não é uma prioridade se existem problemas de saúde,

acesso a serviços básicos (água e esgoto), segurança e educação básica. No entanto, o inglês é

importante em termos de empregabilidade e sucesso profissional. Se for considerado o

aumento da importância do inglês nos últimos 15 anos, imagine a importância que terá no

futuro, quando as crianças de hoje entrarem no mercado de trabalho.

3.2 Histórico

A 4YOU2 teve sua ideia concebida em novembro de 2011, pelo estudante Gustavo

Fuga durante seu trabalho em uma organização estudantil que promove, entre outras coisas,

intercâmbios em organizações sociais e educacionais. Gustavo percebeu o interesse de

organizações sem fins lucrativos por oferecer ensino de idiomas a comunidades carentes, e

ainda, percebeu a oferta de jovens estrangeiros qualificados para oferecer este tipo de ensino

do idioma. Acima de tudo, viu uma oportunidade de fazer um bem social onde estudantes,

organização, comunidade e professores poderiam se beneficiar.

Com o apoio de sua irmã, Carolina Fuga, em fevereiro de 2012, começou a organizar

um curso de idiomas dentro de uma organização chamada Fábrica de Criatividade (onde

funciona uma das duas unidades da 4YOU2 e seu escritório). A empresa concluiu o ano de

2012 com 200 alunos e 4 professores estrangeiros. Um pouco antes das aulas do segundo

semestre, a amiga e também estudante Ana Machado se juntou a eles. Ana também fazia parte

da mesma organização estudantil e tinha muito interesse pelo tema de educação.

Com o aprendizado obtido no piloto, em 2013 puderam oferecer o curso a mais uma

organização parceira, o Projeto Arrastão no Campo Limpo. O número de alunos subiu para

55

600 no segundo semestre daquele ano. A 4YOU2 também passou a ser acelerada pelo

Instituto Quintessa, recebendo o apoio profissional semanal dos mentores desta organização.

Ainda em 2013, dois fatos importantes ocorreram, a saída de Carolina da organização

e a entrada de um estrangeiro na gestão da organização, Raley White. Com isso, a estrutura

atual da organização conta com dois sócios, Gustavo Fuga e Ana Machado e três diretores, os

próprios sócios e o americano Raley White.

Já em 2014, no primeiro semestre a escola conta com 850 alunos e 10 professores

estrangeiros. O gráfico abaixo mostra o crescimento no número de alunos e a previsão de um

número superior a 1000 alunos no segundo semestre de 2014.

Figura 9 - Crescimento de alunos por semestre

Fonte: Elaborado pelo autor com dados fornecidos pela empresa 4YOU2

Além das duas unidades previamente mencionadas, um projeto piloto em parceria com

uma ONG de um dos mentores da Quintessa está sendo realizado. Neste caso específico, a

4YOU2 apenas é responsável pelo ensino de idiomas, não sendo responsável pelo espaço

físico nem a gestão dos alunos. A ONG parceira financia o pagamento dos alunos e fornece o

espaço para aulas. A ideia é complementar os cursos de treinamento para o mercado de

trabalho daquela ONG com o ensino de idiomas da 4YOU2.

56

3.3 Missão e Visão

Como visto na definição de negócios sociais no capítulo 2.1, o propósito social da

organização é extremamente importante. No caso da 4YOU2, em uma visita à unidade se nota

a importância da definição da visão e missão da organização. Folhas impressas com a missão

e a visão 2016 da empresa estão em mais de quatro paredes das unidades (na entrada, nos

corredores, no escritório e em salas de aula).

Examinando a missão da 4YOU2 na figura 10 abaixo (por se tratar de uma escola de

inglês, possui uma versão em português e inglês), fica evidente:

O setor de atuação: educação,

A forma de efetuar uma melhoria social: por meio de experiências transculturais e de

qualidade

O público alvo: classes C, D e E.

Figura 10 - Missão da 4YOU2

Fonte: 4YOU2

Com o fim de cumprir sua missão, a atuação da 4YOU2 acontece nos bairros de Capão

Redondo e Campo Limpo em São Paulo (3º e 9º metros quadrado mais baratos de São Paulo).

O preço do curso padrão custa R$ 69,90 reais sem a cobrança de taxas de matrícula e com o

material escolar incluso no preço.

O termo "transcultural" advém do fato de todos os professores serem estrangeiros. Os

professores são jovens de até 30 anos, estudantes universitários ou recém-graduados que

buscam, além de uma experiência de intercâmbio no Brasil, fazer um bem social. Um

57

benefício adicional da 4YOU2 a seus professores é a oportunidade de viver em um contexto

social distinto e único que trará muito aprendizado e experiência.

A visão da 4YOU2 (figura 10 abaixo) apresenta a vontade de ser uma referência no

ensino de idiomas para comunidades de São Paulo, por meio de qualidade e acessibilidade (os

mesmos termos apresentados em sua missão). Além disso, a visão contém o objetivo de servir

de modelo de negócio social e de educação no Brasil. Portanto, além de concretizar sua

missão, deseja servir de modelo a ser seguido, um exemplo desse tipo de empresas no Brasil.

Figura 11 - Visão da 4YOU2

Fonte: 4YOU2

Ao analisar a missão e a visão da 4YOU2 conjuntamente, temos que a busca por

acessibilidade e qualidade, por meio da experiência multicultural no ensino de idiomas (não

só o ensino de inglês) são os objetivos que a empresa busca. Além disso, ela busca ser um

modelo de atuação no campo de negócios sociais.

3.4 Atuação da 4YOU2

Neste capítulo, será apresentada a atuação da 4YOU2 por meio dos seus cursos, suas

unidades, sua estrutura organizacional, os professores e também seu desempenho recente em

suas próprias avaliações.

58

3.4.1 Cursos

A 4YOU2 atualmente só atua no ensino de inglês. As aulas costumam ocorrer duas

vezes por semana em sessões de uma hora, ou aos finais de semana com duração de duas

horas seguidas. O ensino é dividido entre três públicos: kids (crianças de sete a doze anos),

teens (adolescentes de treze a dezoito anos) e adults (adultos, a partir dos dezenove anos). A

distribuição do público aparece representada na figura 12 abaixo.

Figura 12 - Distribuição de alunos da 4YOU2 (dezembro/2013)

Fonte: Elaborado pelo autor com dados fornecidos pela empresa 4YOU2

Um pouco mais da metade do público da 4YOU2 é adulto. Adolescentes

correspondem a quase um terço do público e os 12% restantes são crianças. A divisão desses

públicos foi adotada a partir da experiência dos sócios com as primeiras turmas quando não

havia divisão de públicos. Notou-se a preferência dos estudantes por certos horários (adultos

majoritariamente à noite) e por compartilhar as aulas com pessoas de idades similares.

Para estes três públicos existem quatro tipos de cursos regulares:

ABC e Junior - que correspondem ao mesmo curso, apenas são divididos assim por

causa da idade das crianças (ABC para crianças de sete a nove anos e Junior para

crianças de dez a doze anos). O curso tem duração de quatro semestres e tem o custo

de R$ 69,00 mensais, sendo que não existe taxa de matrícula, e o material didático já

está incluído no preço.

Life – é o curso padrão da 4YOU2, voltado para adolescentes e adultos. Possui a

duração de quatro anos e a divisão em quatro módulos: first steps (um semestre), start

59

me up (dois semestres), improving (três semestres) e ready (dois semestres). O preço

deste curso é o mesmo do ABC e Junior – R$69,00 ao mês, sem custo de taxa de

matrícula e material didático.

Fast Professional – é o curso focado para o mercado de trabalho, baseado em

situações do dia a dia de trabalho. Este curso tem uma duração mais curta, de um ano e

meio e, portanto, apresenta uma carga horária semanal maior. O preço deste curso é de

R$89,00 mensais durante os três semestres de curso. O preço maior corresponde à

carga horária mais intensa que nos outros cursos.

Top – o curso para quem já tem conhecimento da língua e quer se tornar proficiente.

Tem duração de dois anos, com duração igual entre os dois níveis: proficient e top

proficient. O preço é de R$ 79,00 mensais.

Além dos cursos regulares apresentados, existem três cursos de férias de caráter de

imersão. Um deles é voltado para o dia-a-dia de viagens, outro para o trabalho e o último para

provas do idioma. O custo deles é de duas parcelas de R$60,00 e a duração é de um mês,

sendo realizado nos meses de julho e janeiro.

3.4.2 Unidades

A 4YOU2 conta com duas unidades ativas. As duas unidades se encontram na Zona

Sul de São Paulo, uma no Capão Redondo, e outra no bairro do Campo Limpo. As duas

unidades funcionem dentro de outras organizações, sendo que a 4YOU2 paga por fazer uso do

espaço delas.

No Capão Redondo, a unidade fica localizada dentro da Fábrica de Criatividade,

próxima ao metrô que leva o nome da região. Nessa unidade, local inicial do trabalho da

4YOU2, é onde se encontra o escritório e onde está a maioria das turmas. Já no Campo

Limpo, a organização que sedia as aulas é o Projeto Arrastão.

Neste semestre a 4YOU2 oferece, em caráter experimental, um curso para a ONG de

um dos seus mentores dentro da aceleradora Instituto Quintessa. Neste caso, a 4YOU2 recebe

o pagamento das mensalidades diretamente da ONG e não tem que pagar pelo espaço físico

da unidade. A vantagem deste serviço B2B é que diminui os custos para a 4YOU2 e

possibilita atingir um público alvo de classe social mais baixa, devido ao patrocínio da ONG.

60

3.4.3 Estrutura Organizacional

A 4YOU2 possui hoje, dez funcionários administrativos incluindo os dois sócios, e

dez professores estrangeiros que ficam, na grande maioria das vezes, um semestre na

organização. Quase todos os funcionários tem como base a unidade da Fábrica de

Criatividade, no Capão Redondo, onde se encontra o escritório da empresa. No entanto, a

recepcionista e o coordenador pedagógico da unidade Arrastão são fixos nesta unidade. Os

professores se revezam entre as duas unidades.

Como dito, existem dois sócios, Ana Machado e Gustavo Fuga. Os dois dividem a

tarefa de diretores com um jovem americano que, após realizar um estudo sobre a gestão de

processos da organização, foi convidado a se tornar diretor operacional, sendo responsável

pelo funcionamento diário das unidades. Gustavo Fuga acumula as diretorias administrativa e

financeira, além dos recursos humanos internos (todos os funcionários, exceto professores). Já

Ana Machado cuida da diretoria pedagógica, ou seja, tudo que se relaciona ao ensino, e

recursos humanos externos (tudo relacionado aos professores desde o recrutamento até o

acompanhamento).

Abaixo do diretor operacional, se encontra um diretor de unidade que, atualmente, é

responsável pelas duas unidades da 4YOU2, mas espera-se que com o crescimento, passe a

existir um diretor por unidade da empresa. O diretor de unidade, Rodrigo, tem sob sua direção

as três recepcionistas e os três coordenadores pedagógicos (tanto para as recepcionistas

quanto para os coordenadores pedagógicos, existem dois para unidade fábrica de criatividade

e um para unidade arrastão). Estes, por sua vez, são responsáveis pelas aulas, juntamente com

os professores. Fazem o acompanhamento dos alunos, ajudam na comunicação entre alunos e

professores (dado que alguns não falam português) e ajudam na criação do plano de aulas.

O organograma não é inteiramente fiel às relações de subordinação dentro da

organização. Por se tratar de uma organização empreendedora, grande parte da atuação se da

pelos sócios: Ana ou Gustavo. A estrutura aparenta ser mais rígida e vertical do que na

verdade é. A organização é muito aberta à comunicação e os dois sócios dão liberdade para

os funcionários. Um dos pontos que foi comentado durante entrevistas é o foco que se deseja

dar em faze atividades de recursos humanos completa, pensando em remuneração,

reconhecimento, desenvolvimento e treinamentos. Hoje em dia, a atividade não é

61

fundamental, mas passará a ser à medida que a organização cresce e o cuidado com os

funcionários passe a ser cada dia mais latente.

Abaixo temos o organograma da 4YOU2. O organograma não leva em consideração

que também existem os mentores dos dois sócios da aceleradora (Instituto Quintessa) e

também existe a terceirização das funções jurídica e contábil da empresa.

Figura 13 - Organograma da 4YOU2

Fonte: Elaborado pelo autor com dados fornecidos pela empresa 4YOU2

A 4YOU2 possui uma descrição do trabalho para todos os funcionários, com as

expectativas de cada posição. Fatores como os requisitos de cada posição, as

responsabilidades e atividades desenvolvidas estão presentes na descrição. Em adição a estas

descrições dos postos de trabalho, foi feito um estudo de mapeamento de processos em toda a

organização. Tal estudo considera desde os processos estratégicos relacionados

exclusivamente aos sócios, até a limpeza das salas que deve ser revisada todos os dias pelas

recepcionistas.

O trabalho de gestão de processos possibilitou a 4YOU2 dimensionar muito melhor as

atividades da organização e a capacidade de funcionários necessária. Além dos pontos

62

mencionados, sabe-se que seriam necessários mais funcionários a fim de liberar cada vez mais

o trabalho dos diretores para atividades mais estratégicas e menos operacionais.

3.4.4 Professores

Todos os professores da 4YOU2 são estrangeiros, desde o começo da empresa até os

dias atuais, sendo esse um dos grandes diferenciais da escola. Os professores são jovens

universitários ou recém-graduados, de até trinta anos de idade, podendo ser nativos ou

fluentes na língua inglesa. Os professores podem vir diretamente de seus países para atuar na

4YOU2 ou também já estarem no Brasil por outros motivos. Outra característica importante a

ser mencionada é que somente alguns possuem diploma de ensino de idiomas ou já tiverem

experiências lecionando inglês. Para a 4YOU2, é mais relevante o engajamento da pessoa

com o âmbito social e o desejo de mudança por meio da educação.

O atrativo para os professores darem aulas na 4YOU2 é social, já que viabiliza a

atuação em uma comunidade mais carente, em um país como o Brasil. Existe uma bolsa-

auxílio dos professores, e é garantida uma moradia na região onde acontecem as aulas (de

preferência na casa de alunos da 4YOU2 escolhidos pela empresa).

Para dar mais visibilidade na atração de jovens estrangeiros, foi criado o programa

Purpose Fellowship, que consiste em um programa de intercâmbio para que os jovens atuem

como professores dentro da 4YOU2. O programa conta também com o Journey, uma

experiência de aprendizado e vivência estruturados para esses jovens. A experiência do

Journey visa complementar a experiência de aulas dentro da 4YOU2 e é centrado em três

temas: educação e seu poder de ampliação de capacidades, novas maneiras de promover

impacto social e multiculturalismo.

Nota-se que os professores estrangeiros são parte fundamental e diferencial da

organização. Dentro do processo de atração dos professores, a parte de seleção é de maior

importância, buscando-se perfis que sejam adequados à cultura da empresa e tenham interesse

em atuarem como professores durante sua estadia no Brasil. Após a chegada ao Brasil, o

engajamento dos professores e seu desenvolvimento são essenciais e cada vez mais tem se

tornado prioridade dentro da empresa. Um dos avanços nesse sentido foi o cargo de

63

coordenador pedagógico que muitas vezes serve como um suporte para criação e aplicação

das aulas.

3.4.5 Pesquisa de Satisfação

A 4YOU2 faz semestralmente uma pesquisa de satisfação com seus estudantes. A

pesquisa busca obter informações sobre dimensões importantes do negócio, por exemplo,

sobre satisfação geral sobre as aulas, os professores, a recepção, se recomendaria a 4YOU2,

entre outras questões. A pesquisa oferecida está completa no Anexo A deste trabalho.

Por meio da análise dos resultados das últimas duas pesquisas da 4YOU2 realizadas

no ano de 2013, quatro gráficos foram preparados para ilustrar diferentes dimensões do

trabalho da empresa. As quatro dimensões são: motivação para estudar inglês, se

recomendaria a 4YOU2, se pretende continuar no semestre seguinte e, por fim, a satisfação

dos alunos em alguns aspectos chave da organização.

O primeiro gráfico (figura 14 na página seguinte) apresenta as razões que os

estudantes possuem para estudar inglês. A pergunta oferece quatro possibilidades: melhores

oportunidades de trabalho, viajar/morar em outro país, entrar na universidade/melhorar ensino

e outros motivos. No caso, a motivação da maior parte dos alunos é voltada a oportunidades

de trabalho. Com este dado em mãos, foi criado o curso Pro, pois se percebeu a necessidade

um curso focado em aspectos do cotidiano do trabalho. Em seguida, observa-se a motivação

de viajar/morar em outro país, principalmente nos mais jovens, e depois a entrada na

universidade/melhora do ensino.

O resultado trazido corrobora a pesquisa apresentada na seção 3.1, que mostra um

desempenho melhor de oportunidades de trabalho para quem fala inglês. Ainda, a ascensão

das classes mais baixas mostra o interesse por viagens ao exterior, e o ensino de inglês é um

fator que possibilita esse tipo de intercâmbio.

64

Figura 14 - Razão de estudar inglês - 4YOU2

Fonte: Elaborado pelo autor com dados fornecidos pela empresa 4YOU2

Os dois gráficos seguintes (figuras 15 e 16) mostram a intenção dos estudantes em

relação a recomendar a 4YOU2 a outras pessoas e a intenção de continuar no curso. Ambas as

repostas, de maneira diferente, chegam à conclusão que os alunos estão satisfeitos com a

qualidade do curso, e mostra ainda uma melhora de um semestre para o seguinte. Nos dois

gráficos, a pesquisa realizada no segundo semestre mostra uma melhora considerável no

número de pessoas que recomendariam fortemente a 4YOU2 e nos que desejam continuar o

curso no próximo semestre.

65

Figura 15 - Recomendaria 4YOU2?

Fonte: Elaborado pelo autor com dados fornecidos pela empresa 4YOU2

As duas figuras mostram que a proposta de valor da 4YOU2 é real e está sendo

entregue. O resultado de que apenas 2% dos respondentes não gostariam de continuar o curso

no próximo semestre evidencia a afirmação anterior. Cabe agora, manter o nível de qualidade

e entrega que está sendo oferecido, mesmo com os planos de crescimento.

Figura 16 - Desejo de continuar na 4YOU2 no próximo semestre?

Fonte: Elaborado pelo autor

O último gráfico apresentado nesta seção é o mais completo de todos e apresenta

algumas informações interessantes. A figura 17 abaixo, apresenta as seguintes dimensões

66

avaliadas de 0 a 5: desempenho do professor, coordenadores pedagógicos, metodologia de

ensino, atendimento da recepção, organização do espaço, aprendizado de inglês e a

experiência na 4YOU2 como um todo.

Figura 17 - Avaliação de satisfação 4YOU2

Fonte: Elaborado pelo autor

Da análise do gráfico tiramos as seguintes conclusões:

A dimensão mais bem avaliada para os alunos foi o desempenho dos professores.

Sendo que esta dimensão obteve o maior crescimento de um semestre para o outro.

Todas as dimensões obtiveram um crescimento no nível de satisfação, o que

mostra que a empresa tem tido aprendizado e conseguido efetuar mudanças que

melhorem toda a experiência dos alunos.

A metodologia do ensino, que é uma dimensão crítica para o negócio, não

apresenta uma nota tão alta quanto o desempenho do professor, ou seja, os alunos

gostam mais dos professores que da metodologia de ensino em si.

O aprendizado de inglês recebe a classificação mais baixa dentre todas as

dimensões. Este é o maior ponto de preocupação apresentado. Evidencia

aprendizado de inglês dos alunos precisa de melhorias na sua eficiência.

Por fim, relacionando as três figuras anteriores, se pode concluir que mesmo com

níveis de satisfação não tão altos em relação ao aprendizado, os alunos gostam da escola e

pretendem continuar o aprendizado. Talvez, fatores com os professores estrangeiros ou o

preço mais barato que a concorrência faça com que os alunos sejam fiéis a 4YOU2.

67

3.5 Definição do Problema

A função estratégica dos sócios na 4YOU2 tem sido deixada de lado devido à grande

carga de trabalho operacional que eles são obrigados a ter na função de diretores. Além disso,

um estudo completo da estratégia nunca foi feito: um estudo do mercado onde está inserido o

negócio, uma análise de sua estratégia atual e suas implicações, qual é de fato o modelo de

negócios e se existe margem para melhorias.

A análise estratégica realizada neste trabalho visa estudar quais são as oportunidades

que a 4YOU2 tem para crescer, e o que ela deve fazer agora para aproveitar essas

oportunidades no futuro. Para isso, espera-se nos próximos capítulos entender o modelo de

negócios da empresa, fazer a análise das forças competitivas do setor, estudar a estratégia

competitiva genérica e realizar uma análise SWOT. Com o conhecimento gerado, o autor

elencará iniciativas a serem perseguidas pela 4YOU2 para prepará-la para o futuro.

68

4 Modelo de Negócios

A criação do canvas do modelo de negócios da 4YOU2 foi realizada juntamente com

seus sócios, oferecendo uma visão geral de como a empresa funciona. Na figura 18 abaixo,

podemos ver os componentes dos nove blocos, que serão explicados um a um em seguida.

Figura 18 - Modelo de negócios da 4YOU2

Fonte: Elaborado pelo autor

Segmento de mercado: o público alvo da 4YOU2 pertence às classes sociais

C, D e E, sem apresentar restrição de idades. Como visto no capítulo três, a

maioria do público é de adultos, no entanto, a 4YOU2 tem cursos específicos

para todas as idades.

Com relação à geografia, a maioria do público mora próximo às duas unidades

da empresa, tirando proveito da conveniência da localização. Atualmente,

existe atuação apenas na Zona Sul da cidade São Paulo. No entanto, a única

limitação geográfica da 4YOU2 seria a de funcionar perto do seu público alvo,

que se encontra em bairros mais carentes.

Proposta de Valor: oferecer uma oportunidade de aprender um idioma, por

meio de intensa troca cultural, a um preço acessível e localização conveniente.

Estrutura de Custos Fontes de Renda

Recursos Chave Canais

Atividades ChaveParceiros Chave Proposta de ValorRelações com

Clientes

Segmentos

de Mercado

Somente mensalidades dos alunos, visto que a 4YOU2

não cobra taxa de matrícula e material didático

Material didático

Aluguel de espaçoRecursos HumanosOutros

Professores

estrangeiros

Material didático

Comunicação: Mídia

impressa na região + redes sociais

Entrega do serviço:

unidades 4YOU2

Classe C, D e E,

todas as idades.

Preferencialmente

moradores das regiões onde a

4YOU2 está instalada

Assistência pessoal

das recepcionistas

Questões de sala com coord. pedagógicos

Eventos integrativos

Oportunidade de

aprender um idioma através da troca cultural com um

preço e localização acessível

Entendimento e customização para o

público alvo

Professores estrangeiros

Aulas de idiomas

Recrutamento e acompanhamento dos professores

Controle das escolas (espaço e alunos)

ONGs parceiras:

Fábrica de Criativid. e Projeto Arrastão.

Instituto Quintessa: desenvolvimento de

mentoria para os sócios

Organizações para captar e auxiliar a

trazer estrangeiros

69

O preço baixo é fundamental para a acessibilidade do curso, e representa a

maior parte da proposta de valor. No entanto, a presença de professores

estrangeiros é algo bem valorizado pelos alunos (como visto nos resultados da

pesquisa de satisfação apresentada no capítulo três).

Um ponto importante que tem passado a ser parte da proposta de valor, e que

pode passar despercebido aos alunos, é o entendimento contínuo das

necessidades e desejos do público alvo. Como a 4YOU2 customiza suas aulas,

ela pode utilizar desse conhecimento para fornecer um idioma mais aplicado e

um ensino mais focado às necessidades de cada aluno.

Canais: a entrega do serviço é realizada nas unidades da escola: fábrica de

criatividade e projeto arrastão. Dentro de salas de aulas destas duas ONGs que

a 4YOU2 realiza as aulas de inglês.

A comunicação da empresa é feita por mídia impressa na região das escolas,

por visitas às escolas da região, com a presença dos professores estrangeiros e

por meio das redes sociais e website da empresa.

Relacionamento com clientes: O relacionamento com o cliente é feito dentro

das unidades da 4YOU2, por telefone e pela internet. As recepcionistas são os

principais contato com os alunos, realizando o atendimento deste e

solucionando dúvidas. No caso de haver questões diretamente ligadas ao

ensino, que não sejam resolvidas com o professor, em sala de aula, os

coordenadores pedagógicos realizam esta interação.

A 4YOU2 realiza com frequência um evento que já se tornou conhecido entre

os alunos: o Global Village. O evento, voltado para os alunos, costuma

acontecer semestralmente, contando com a participação de todos os

professores. Cada professor possui um stand, onde deve apresentar seu país,

seus costumes, comidas, etc. Além de motivar os alunos atuais, o evento serve

como uma vitrine para parentes e amigos dos alunos entrarem em contato com

o universo da 4YOU2.

Fontes de renda: A 4YOU2 apresenta somente um tipo de fonte de renda: a

mensalidade dos alunos. Sem cobrar taxa de matricula e o preço do material

didático. Como condição de pagamento, a 4YOU2 só exige que a primeira

mensalidade seja paga antes de o curso começar, assim, caso o cliente comece

70

as aulas, receba o material didático e desista, a empresa não terá muito

prejuízo.

Como será visto na seção de análise da indústria, e já foi comentado na

apresentação da 4YOU2, o preço da mensalidade na empresa é menos que a

metade dos cursos de inglês no mesmo bairro de análise.

Recursos chave: material didático e, acima de tudo, professores estrangeiros

são os recursos chave da 4YOU2. Os livros, embora não sejam de autoria da

empresa, fornecem a base do curso de idiomas juntamente com os materiais

desenvolvidos pelos professores. A adoção de um material didático de uma

parte terceira aconteceu, pois a 4YOU2 ainda não tem volume e conhecimento

para desenvolver um material próprio. No entanto, esse é um desejo da

empresa. Além de conseguir um material voltado para o público alvo, seria

possível reduzir grande parte dos custos variáveis da empresa (como será visto

na estrutura de custos do modelo de negócios em sequência).

Os professores constituem um recurso chave da 4YOU2. O diferencial de

possuir professores estrangeiros, que falem o idioma fluentemente e estejam

dispostos a vivenciar uma cultura diferente, traz uma experiência mais

completa de ensino para os alunos.

Atividades chave: recrutamento e acompanhamento dos professores, as aulas

e o controle das unidades (espaço físico e alunos). O recrutamento e

acompanhamento dos professores são feitos exclusivamente pela 4YOU2, e se

tornam parte chave do trabalho da empresa, pois os professores são o principal

recurso da empresa. O recrutamento é complexo e envolve atividades como a

divulgação das vagas na web, o processo de entrevistas e a seleção final dos

professores. Após ter os professores com perfil da empresa, deve-se realizar

um acompanhamento destes para que tenham a melhor experiência possível no

Brasil e possam ter sucesso nas aulas, dado que alguns nunca tiveram

experiências como professor ou podem não se adaptar tão bem a realidade

brasileira. Cabe a 4YOU2 manter o engajamento do professor durante todo o

período no Brasil.

As aulas são obviamente chave, pois são a entrega da proposta de valor da

4YOU2. Para realização da aula existem tarefas prévias, como a criação do

71

plano de aulas, desenvolvimento de atividades específicas conforme o avanço

das aulas e mensuração do desempenho de cada turma e aluno.

Por fim, o controle do espaço físico é chave. As recepcionistas e o diretor de

unidade são os responsáveis finais por controlar se está tudo em ordem com as

salas de aula, materiais didáticos, pagamentos das mensalidades, presença dos

alunos e realizar o atendimento de interessados nos cursos da 4YOU2.

Parceiros chave: ONGs que estão dispostas a alugar espaço para aulas,

Instituto Quintessa (fornecendo o apoio de mentores aos sócios) e organizações

que ajudem a captar e facilitar a vinda dos professores estrangeiros ao Brasil.

As ONGs mencionadas são chave, pois fornecem o espaço onde as aulas são

dadas, além de servir como plataforma de comunicação dos serviços da

empresa. O Instituto Quintessa é fundamental pelo apoio dos mentores

realizado com os sócios, que por consequência auxilia no desenvolvimento da

empresa.

Por fim, existem algumas organizações que ajudam em dois pontos

relacionados aos professores: a captação e o auxílio para trazê-los para o

Brasil. Em termos de captação a 4YOU2 consegue, quase que somente com as

redes de contatos dos próprios funcionários (professores e funcionários),

encontrar jovens estrangeiros dispostos a vir para o Brasil. No entanto, também

faz uso de sites para a divulgação, através de organizações internacionais com

interesses sociais. No caso do auxílio burocrático para trazer os estrangeiros, a

organização AIESEC é a parceira principal da 4YOU2. Ela facilita a

documentação para visto e ajuda na instalação burocrática dos professores no

país, como no caso do registro nacional de estrangeiro.

Estrutura de custos: composta pelos seguintes itens, em ordem de maior

contribuição: folha salarial (professores e funcionários internos), material

didático, aluguel do espaço e outros custos, como materiais para as salas de

aula e sistemas de informação.

A 4YOU2 gasta bastante com folha salarial, pois o maior recurso do mercado

de educação presencial são pessoas. Porém, o gasto por professor comparado a

outras escolas de idiomas é barato, ainda mais considerando que estes são

estrangeiros. Isso é conseguido, pois a motivação destes professores é mais

72

pela experiência que vivem no Brasil (programa Purpose) do que pelo salário

que ganharão (que é somente o necessário para manter um padrão básico de

vida).

O material didático é um custo importante para a 4YOU2, pois cada aluno

possui um livro por curso, sendo um custo variável com o número de alunos.

O aluguel do espaço é um custo relativamente importante para a empresa,

porém seu preço é barato se considerando o que pagaria se alugasse um espaço

próprio. Isso acontece pelas parcerias com as ONGs, que ganham com o

oferecimento do ensino de idiomas para seus frequentadores, além de

ganharem uma fonte extra de renda pelo aluguel de um espaço, muitas vezes,

ocioso.

4.1.1 Avaliação do Modelo de Negócios da 4YOU2

Seguindo o modelo proposto na seção 2.2.2 e no questionário no apêndice A, foi

realizada uma avaliação do modelo de negócios da 4YOU2. A série de perguntas serviu para

identificar os pontos presentes na matriz SWOT, mas o resultado será apresentado no formato

do canvas, identificando possíveis mudanças no modelo de negócios.

Estes incrementos do modelo de negócios foram idealizados a partir da avaliação

proposta por Osterwalder e Pigneur (2010), mas não representam uma sugestão de revisão do

modelo de negócios. A esta altura do trabalho a análise estratégica ainda não foi realizada, e é

parte fundamental para construção de iniciativas eficazes para a 4YOU2.

Na figura 19 da página seguinte, temos as alternativas para cada bloco do modelo de

negócios. Em sequência, serão dados mais detalhes sobre os pontos identificados.

73

Figura 19 - Alternativas para melhoria do modelo de negócios da 4YOU2.

Fonte: Elaborado pelo autor

Em relação à proposta de valor, temos:

Ensino de espanhol: o ensino do idioma seria um complemento ao ensino de

inglês já realizado pela 4YOU2. Dentre os professores estrangeiros, alguns são

nativos da língua espanhola e não teriam grande dificuldade em ensinar seu

idioma nativo. Poderia avaliar se existe demanda na escola e como poderia ser

feita a implementação.

Fornecimento do ensino de idiomas para outras ONGs (B2B): essa

iniciativa já está sendo realizada de forma experimental, como foi visto no

capítulo três. No entanto, poderia se tornar parte da proposta de valor oficial da

4YOU2. A entrega de um serviço B2B poderia ser menos custosa e poderia

aumentar o alcance da empresa, especialmente em classes sociais mais baixas.

Em relação aos recursos chave, temos:

Unidade própria: hoje a 4YOU2 atua em espaços físicos de outras entidades,

no entanto, poderia ser interessante para a escola ter um espaço físico próprio,

onde poderia aumentar sua capacidade de atendimento dos alunos. Além disso,

Estrutura de Custos Fontes de Renda

Recursos Chave Canais

Atividades ChaveParceiros Chave Proposta de ValorRelações com

Clientes

Segmentos

de Mercado

Cobrança de material didático a parte (usado ou novo)

Retorno de material usado (parte do valor reembolsado)

Preços diferentes por renda do aluno

Material didático

próprio

Unidade própria

Ensino de espanhol

Fornecimento do ensino de idiomas

para outras ONGs (B2B)

Universidades

internacionais para recrutamento de jovens e possivelmente

com auxílio financeiro

Aumento do número de ONGs parceiras

Parceria com outras organizações para

melhorar a experiência dos professores fora da sala de aula

74

seria independente a mudanças no relacionamento com as organizações

parceiras atuais.

Material didático próprio: a fim de aumentar a qualidade da didática e

reduzir o custo do ensino, a criação de um material didático seria interessante

para a empresa. Essa iniciativa exigiria um investimento inicial, mas que

poderia ser pago com o tempo.

Em relação às parcerias chave, temos:

Universidades internacionais: a parceria com universidades estrangeiras

buscaria garantir uma maior qualidade e previsibilidade dos professores da

organização. A 4YOU2 poderia também diminuir seus custos com professores,

caso essas organizações financiassem parte da bolsa auxílio fornecida. Um dos

professores da 4YOU2 veio como parte de um intercâmbio obrigatório de sua

universidade americana e obteve tal auxílio.

Aumento do número de ONGs parceiras: para aumentar a penetração da

4YOU2 em regiões diferentes e aumentar o número de estudantes. A 4YOU2

poderia fazer isso de maneira estratégica e proativa ao invés de esperar que as

ONGs a procurem (como tem acontecido até o momento).

Realizar parceria com outras organizações para melhorar a experiência

dos professores fora da sala de aula: com o intuito de melhor a experiência

deles no Brasil e oferecer mais benefícios. Aulas de português, cursos de

desenvolvimento e de cultura brasileira poderiam fazer parte da experiência

deles no país.

Em relação às fontes de receita, temos:

Mudanças na relação com materiais didáticos: uma alternativa possível é

cobrar o material didático a parte. Assim, a mensalidade se tornaria mais barata

e a 4YOU2 correria menos risco de ter prejuízos com esse item. Outra

possibilidade seria a revenda de materiais usados com preços mais baratos.

Caso o aluno ao terminar o curso não quisesse o material, poderia devolver à

4YOU2, que reembolsaria parte do valor do livro e venderia este para outros

alunos por um preço mais barato.

75

Cobrança de preços distintos dependendo da renda do aluno: este é um

tema um pouco mais sensível, porém se a 4YOU2 conseguisse cobrar mais

caro em um curso para pessoas mais abastadas, poderia usar essa renda para

financiar o curso a pessoas mais pobres. Este tipo de ideia é sugerido pelo

professor Muhammad Yunus, como comentado no capítulo 2.1 deste trabalho.

Caberia encontrar uma maneira de realizar esta descriminação de preços de

maneira que ninguém se sentisse prejudicado, e só se justificaria caso a

4YOU2 conseguisse aumentar seu impacto social através disso.

76

5 Análise Estratégica

A presente seção deste trabalho busca realizar três análises estratégicas da empresa

4YOU2:

Análise estrutural da indústria: realizada por meio da análise das cinco forças

competitivas de Porter.

Estratégia competitiva genérica: estudo da atual estratégia competitiva genérica

da 4YOU2 e suas implicações para o negócio

Análise SWOT: identificação das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças

presentes na empresa.

Ao final da seção, o objetivo é que se crie um panorama estratégico claro do ambiente

interno e externo à 4YOU2. Este panorama permitirá decidir sobre iniciativas, presentes no

capítulo seis, a fim de melhorar o negócio, e prepará-lo para o crescimento.

5.1 Análise Estrutural da Indústria

A análise estrutural da indústria se constitui como a principal análise do setor onde

está inserido a 4YOU2 – a indústria de ensino de idiomas para classes C, D e E no Brasil.

Inicialmente, foi feita uma identificação de quem seriam os representantes das cinco forças

competitivas (figura 20 na página seguinte).

77

Figura 20 - Cinco forças competitivas do mercado de idiomas para classes C, D e E

Fonte: Elaborado pelo autor

Seguindo a lógica proposta por Carvalho e Laurindo (2010), as primeiras forças

identificadas são correspondentes à cadeia de valor do setor: fornecedores e consumidores. Os

fornecedores principais são: os professores, a mão de obra mais importante do setor, e os

fornecedores de material didático, como livros e CDs. Outros tipos de fornecedores, como,

por exemplo, de materiais para sala de aula, são pouco significantes para a análise. Por outro

lado, os consumidores são representados por: clientes finais, estudantes de inglês (B2C), e

qualquer tipo de organização (B2B) que faça uso de uma escola de idiomas para fornecer o

ensino ao seu público alvo (por exemplo, ONGs que buscam fornecer ensino de inglês

gratuito para seu público, por meio de parcerias com escolas de idiomas).

Para os três componentes dos concorrentes temos: ingressantes potenciais,

concorrentes existentes e produtos substitutos. Os integrantes potenciais são qualquer escola

78

de idioma, sendo franquia ou própria, que venha atuar no ensino de idiomas para a classe C, D

e E. Os concorrentes existentes são as escolas de idiomas e os cursos de idiomas fornecidos

nas escolas públicas, particulares, pelo governo, e, também, por professores particulares. As

características de fornecimento de aula são semelhantes (aulas presenciais e uso de material

didático), portanto, esses três perfis foram identificados como concorrentes diretos. Por fim,

os serviços substitutos, são os cursos de inglês online e os websites e aplicativos mobile

gratuitos, com o propósito de ensino de idiomas.

Vale a pena destacar algumas empresas concorrentes presentes nesse mercado, a fim

de tangibilizar quem é a competição enfrentada pela 4YOU2. No caso dos concorrentes

diretos, temos empresas como Yazigi, Wizard, CNA, Wise Up, Fisk e Cultura Inglesa, para

destacar apenas algumas das maiores e mais conhecidas. As duas primeiras pertencem ao

grupo Multi, recentemente comprado pela gigante internacional do mercado de educação: a

Pearson. O CNA recebeu investimento estrangeiro de um fundo de Private Equity e a Wise

Up faz parte do grupo Abril Educação. Essa consolidação de marcas e fortalecimento das

empresas através de investimento externo mostra o interesse pelo mercado de idiomas.

Algumas dessas empresas focam no público A e B (portanto, não são concorrentes

diretas), mas a maioria está passando a atuar também nas classes mais baixas. Na região do

Capão Redondo, onde se encontra uma das unidades da 4YOU2, existe uma unidade de todas

as mencionadas no parágrafo anterior, com exceção da Cultura Inglesa. No caso desta, por

exemplo, optou-se pela criação da marca Entry – Escola de Idiomas, uma marca mais barata

para atender um público diferente da empresa de origem.

A forma de atuação em regiões mais pobres acontece por meio de franquias e unidades

mais simples, buscando fornecer inglês a um preço um pouco mais baixo ou através de

criação de marca próprias para esse público (caso da marca Entry). Como visto na tabela

seguinte, o preço dessas unidades no Capão Redondo varia entre R$200 e R$300, em cursos

similares aos oferecidos pela 4YOU2. Esses preços não incluem as taxas de matrícula e de

materiais, que muitas escolas possuem. No entanto, deve-se levar em consideração que ainda

existam descontos nas mensalidades. O preço das escolas mencionadas aparece no quadro 3,

na página seguinte.

79

Quadro 3 - Preços de cursos de idiomas (sem taxas de matrículas e materiais)

Curso de Idiomas Mensalidade

Skill – Capão Redondo R$ 200

Fisk – Capão Redondo ~ R$ 270

Wizard – Capão Redondo R$ 300

CNA – Capão Redondo R$ 305

Yazigi – Capão Redondo R$ 310

Cultura Inglesa – Santo Amaro R$ 300

Wise Up - Capão Redondo ~R$ 650

Fonte: Elaborado pelo autor por meio de consulta de preços diretamente com as escolas.

No caso dos produtos substitutos, existem duas grandes empresas de cursos de inglês

online, Open English e Englishtown (da empresa EF – Education First). As duas têm

realizado campanhas de marketing fortíssimas nas mídias, sendo que a Open English já fixou

seu slogan "Professores americanos 24 horas por dia". Por outro lado, a Englishtown é

patrocinadora oficial da seleção brasileira de futebol, em pleno ano de Copa do Mundo. No

quadro abaixo, podemos ver os preços de cada uma. No caso dos websites e aplicativos

mobile gratuitos, se destacam alguns como: Livemocha (site) e Duolingo (aplicativo para

smartphones).

Quadro 4 - Preços de cursos de idiomas online

Serviço Substituto Mensalidade

Open English R$210,00

English Town R$189,00

Fonte: Elaborado pelo autor por meio da consulta de preços diretamente com as escolas.

80

Com base na revisão bibliográfica realizada sobre o tema, e após a identificação dos

componentes de cada força competitiva, foi feita uma classificação de cada uma, em três

graus: fraca, média e forte (quadro 5 abaixo).

Quadro 5- Análise das forças competitivas do mercado de idiomas para classes C, D e E no Brasil

Força Classificação Indicações de Força:

Ingressantes

Potenciais

Média O mercado apresenta algumas barreiras de entrada,

como economias de escala e diferenciação de produto.

No entanto, existe pouca retaliação prevista e curva de

aprendizado não é crítica.

Concorrentes

Existentes

Forte As grandes redes de idiomas têm se consolidado no

mercado, e, como estratégia recente, têm investido nas

classes C e D. Este movimento tem sido feito por meio

da extensão de serviços para este público, ou pela

criação de novas marcas, focadas nestas classes.

Serviços

Substitutos

Forte O ensino de idiomas online apresenta a maior ameaça.

Redes internacionais têm investido pesadamente em

marketing, (um deles é patrocinador da seleção

brasileira) e oferecem um preço igual ao das escolas de

idiomas mais baratas.

Fornecedores Média O material didático apresenta duas características de

força: é mais concentrado que a indústria de escolas de

idiomas e esse produto é fundamental para o negócio

das escolas.

Consumidores Fraca Os consumidores não apresentam nenhuma

característica desta força competitiva: não são

concentrados e o mercado está em expansão.

Fonte: Elaborado pelo autor

81

5.2 Estratégia Competitiva Genérica

Como visto na revisão da seção 2.4, existem quatro tipos de estratégias competitivas

genéricas: liderança em custo, diferenciação, enfoque em custo e enfoque em diferenciação.

No caso da 4YOU2, atualmente, a estratégia competitiva genérica claramente tem um viés de

liderança em custo, pelos seus baixos preços (devido a seu modelo de negócios e objetivo

social) e outro viés voltado à estratégia de enfoque, já que restringe sua atuação a um público

específico (pessoas das classes C, D e E de São Paulo). Portanto, sua estratégia competitiva

genérica, como ilustrado na figura 21 abaixo, é enfoque em liderança no custo.

Figura 21 - Estratégia competitiva genérica 4YOU2 - enfoque em custo

Fonte: Elaborado pelo autor

Esta estratégia representa algumas ameaças à 4YOU2, pois, embora aceite margens

menores, à medida que os seus competidores diretos ou substitutos consigam baixar seus

preços (visto à criação de mais escolas voltadas para a classe C e D), a vantagem competitiva

da 4YOU2 se torna menor. Além disso, como ainda é uma empresa pequena se comparada às

marcas mais fortes do mercado, não tem economias de escala, nem força da marca e, no caso

82

da 4YOU2, sofre com o poder do fornecedor de materiais (como visto no modelo de negócios,

o segundo maior custo da 4YOU2 é o custo do material didático).

Como uma estratégia de entrada no mercado, a liderança em custos é funcional.

Permite à organização, compensar fraquezas como uma marca menos conhecida e uma

qualidade abaixo da média. No entanto, com o crescimento da empresa e acirramento da

concorrência, a melhor estratégia competitiva genérica para a 4YOU2 seria enfoque com

diferenciação. A empresa já tem características diferenciadoras como 100% dos professores

estrangeiros e poderia explorar ainda mais diferenciações, como o entendimento das

necessidades da classe C, D e E, e a criação de um material didático próprio que fosse voltado

para este público. Na figura 22 abaixo, vemos a transição de um modelo de estratégia de

enfoque em custo para o modelo de enfoque em diferenciação.

Figura 22 - Estratégia competitiva genérica 4YOU2 - enfoque em diferenciação

Fonte: Elaborado pelo autor

Destaca-se que por mais que mude de estratégia competitiva, o preço da 4YOU2 sempre

deverá ser acessível para seu público, já que essa é uma condição invariável por sua escolha

de atuação social.

83

5.3 Análise SWOT

A análise SWOT da 4YOU2 leva em consideração todas as análises realizadas neste

capítulo e no anterior, com o estudo do modelo de negócios. A partir destas seções e de

conversas com os sócios da empresa, construiu-se a matriz abaixo. Em sequência, cada parte

da matriz será explicada em detalhes.

Figura 23 - Análise SWOT da 4YOU2

Fonte: Elaborado pelo autor

5.3.1 Forças

A 4YOU2 possui duas grandes fortalezas: seu custo baixo e os professores

estrangeiros. Em adição a essas duas características, a 4YOU2 possui um forte apelo social,

por seu objetivo e por sua natureza de negócio social. Por causa do último, fica mais fácil

conseguir apoio de organizações parceiras, além de torná-la mais atraente para a atração de

professores estrangeiros. Outra força identificada é a fidelidade de seu público atual, como

visto no capítulo 3.3.5, na pesquisa de satisfação.

O custo baixo da 4YOU2 é fruto de um modelo de negócios inovador. Essa redução de

custos provém da forma de contratação de professores estrangeiros, do modelo de parcerias

84

com ONGs, para redução de custos com aluguel, e da opção de adotar um material didático

externo (pelo menos no começo do negócio), ao invés de desenvolvimento de um material

próprio.

O custo baixo permite à organização oferecer um curso pela metade do preço da

concorrência, e, ainda assim, obter margens de lucro para subsistência e desenvolvimento do

negócio. Ambos os pontos são fundamentais para sua atuação como negócio social: oferecer

oportunidade de ensino de idioma para classes mais baixas sem necessitar financiamento

externo.

Os professores estrangeiros são o recurso mais importante da 4YOU2, sendo a maior

fonte de diferenciação para a concorrência. A empresa conseguiu identificar a oferta de jovens

estrangeiros, interessados em uma experiência de intercâmbio com significado, e conciliou

isso à demanda por oferecimento do ensino de idiomas a um preço baixo, para classes sociais

menos abastadas.

Para que o modelo dos professores estrangeiros pudesse dar certo, a 4YOU2 deve

preocupar-se com seu recrutamento e acompanhamento, durante estadia no Brasil. A tarefa

não é simples, deve-se, primeiramente, encontrar jovens nativos ou fluentes em inglês, que

estejam dispostos a trabalhar como professores no Brasil e, além disso, possuam valores

compartilhados com a 4YOU2. Após a seleção dos professores, a 4YOU2 consegue, por meio

da parceria com organizações de intercambio, trazer esses jovens ao país. Por fim, o trabalho

de treinamento e acompanhamento dos professores é fundamental para que possam realizar

seu trabalho com sucesso, e consigam tirar o máximo da experiência no País.

A vantagem de ser um negócio com fins sociais aproxima a 4YOU2 de pessoas e

organizações com o mesmo interesse. Portanto, a empresa tem mais facilidade em conseguir

parcerias com ONGs e, principalmente, no recrutamento de jovens estrangeiros para trabalhar

como professores.

Por fim, uma fortaleza conquistada pelo negócio foi a fidelidade de seu público. Como

visto na pesquisa de satisfação do capítulo três, 98% dos estudantes pretende continuar na

escola, e somente 1% não recomendaria a 4YOU2 para outras pessoas. Estes dados retratam

bem a satisfação dos alunos em relação à escola.

85

5.3.2 Fraquezas

As fraquezas encontradas nas análises prévias são: marca pouco conhecida, não

possuir um material didático próprio, dependência de parceiros para as unidades da escola e o

aprendizado do idioma é visto como um ponto de melhoria pelos alunos. De maneira geral, a

4YOU2 não tem sofrido com essas fraquezas, mas com o tempo podem se tornar um

problema para a organização.

A marca pouco conhecida é uma limitação para o crescimento do negócio. Como visto

na análise das forças competitivas, existem marcas bastante conhecidas que atuam próximo a

4YOU2. Se não fosse a grande diferença de preço, seria difícil competir por marca com essas

empresas. Esta fraqueza não impede a 4YOU2 de crescer, no entanto, caso venha a crescer de

forma acelerada, terá que investir mais em marketing. Por outro lado, como dito na seção de

fortalezas, a empresa já possui um apelo de marca interessante, apenas por se tratar de um

negócio social.

O fato de não possuir um material didático próprio torna a 4YOU2 dependente de

fornecedores. Estes, não possuem material customizado para os alunos da empresa, além de

representarem parcela significativa do custo de ensino. Com o crescimento da organização,

este ponto deve ser um dos primeiros a ser atacado. O aumento da escala, a busca por maior

customização e qualidade, justificaria um investimento neste sentido, e seria um fator

estratégico de diferenciação.

A escolha de não possuir uma unidade própria diminui os custos da empresa, e ajuda

na divulgação da escola para os moradores da região onde existe parceria com ONGs. No

entanto, se torna uma fraqueza à medida que a 4YOU2 é dependente destas organizações.

Atualmente, este escolha não é, e talvez nunca venha a ser, de fato um problema, caso a

empresa mantenha bons relacionamentos com seus parceiros.

Por fim, um ponto de atenção para a empresa é a nota baixa que recebeu no quesito de

aprendizado de inglês, por parte dos alunos, na pesquisa de satisfação apresentada

previamente. Esta avaliação reflete a qualidade do ensino da escola. Algum tipo de

investimento na melhoria do ensino deve ser feita. Se a percepção de aprendizado for baixa,

com o tempo os alunos podem vir a buscar outras escolas, pois não estariam aprendendo na

4YOU2. Cabe à empresa identificar quais são os pontos de melhora no ensino.

86

5.3.3 Oportunidades

A 4YOU2 tem oportunidades muito boas no seu mercado. Três fatores em conjunto

tornam o mercado especialmente atrativo: ascensão social das classes mais baixas, aumento

da exigência do inglês no mercado de trabalho, e o mercado de idiomas para classes mais

baixas ainda é pouco explorado por grandes empresas do setor. Um aspecto social, outro do

mercado de trabalho e o último da concorrência, tornam a oportunidade de crescimento da

4YOU2 uma realidade. Em seguida, cada um desses três fatores será analisado.

A ascensão social das classes mais baixas é uma realidade no Brasil. Com esta

ascensão, aumenta a busca por produtos e serviços que antes não eram considerados pelas

classes mais baixas, como o ensino de idiomas. No país, como visto no capítulo três, 80% da

classe média não fala outro idioma e o Brasil tem proficiência baixa em inglês. Devido ao

aumento do número de pessoas com condições e interesse pelo ensino de idiomas, aumenta o

público alvo da 4YOU2.

O aumento da importância do inglês (e de forma correspondente para outros idiomas)

no mercado de trabalho é reflexo da globalização do mundo e do crescimento do país. A

necessidade de se falar outro idioma e os benefícios em termos de salários foram apresentados

no capítulo 3.1. Em adição, no capítulo 3.3.5, mostrou-se que a principal motivação dos atuais

alunos é o inglês para o mercado de trabalho. Portanto, se forma uma conjuntura muito

positiva onde a 4YOU2 pode atuar, fornecendo o idioma que fará com que as pessoas tenham

mais oportunidades de emprego e salários melhores (causando um impacto social positivo nos

alunos da escola).

Sabendo da existência dos pontos anteriores, seria esperado que grandes escolas de

idiomas atuassem de maneira mais expressiva nesse setor. No entanto, o interesse por este

mercado é recente, não existindo uma oferta de cursos a preços realmente competitivos para

classes mais baixas. A 4YOU2 encontrou, na sua estratégia de enfoque, um público que acaba

sendo atingido pelas escolas de idiomas maiores, mas com um preço acima do que muitos

estariam dispostos a pagar. Em suma, existe um grande mercado que ainda está pouco

explorado pela concorrência, onde a 4YOU2 pode crescer muito.

87

5.3.4 Ameaças

Duas ameaças são as mais importantes para o setor de ensino de idiomas para classes

C, D e E no Brasil: entrada de mercado das grandes escolas de idiomas das classes A e B no

público de classes mais baixas e o ensino de idiomas online, que é um serviço substituto

crescente e mais acessível financeiramente.

Como visto na subseção de oportunidades, o mercado de idiomas para a classe C, D e

E ainda é pouco explorado pelas grandes escolas de idiomas. No entanto, da mesma forma

que é uma oportunidade, existe a ameaça de que essas escolas passem a considerar as classes

mais baixas como um público alvo foco. Essas marcas já têm franquias em regiões de mais

baixa renda, porém ainda não fizeram a adaptação do seu preço para esse público. Quando

elas começarem a baixar os preços, ou quando escolas voltadas especificamente para este

público começarem a ser criadas, a 4YOU2 deverá estar preparada para competir por

diferenciação e não por preço.

Outra concorrência que é uma ameaça para a 4YOU2 são as escolas de ensino de

idiomas online. Elas possuem um preço mais barato que as escolas de inglês físicas, além de

apresentar benefícios que podem ser apelativos para grande parte do público alvo (como a

disponibilidade irrestrita de horários, aulas com professores nativos em inglês, e curso

customizado).

88

6 Resultados

Ao avaliar as análises realizadas, nos dois capítulos anteriores, e a caracterização da

empresa, no capítulo três, é possível identificar algumas dimensões chave da 4YOU2 a serem

estudadas com mais profundidade no capítulo final deste trabalho. As quatro dimensões

identificadas são: preço, qualidade, diferenciação e crescimento.

A partir da opção de ser um negócio social, preço baixo passa a ser chave para a

4YOU2. Em teoria, quanto mais baixo o preço oferecido mais pessoas poderiam se beneficiar

dos cursos desta. Portanto, a preocupação em manter custos baixos é constante Além disso,

caso a competição em classes sociais mais baixas se torne mais acirrada, a empresa deverá

abaixar seu preço ainda mais para manter este diferencial.

Pelo fato da 4YOU2 apresentar uma liderança de custos, atualmente, a dimensão

qualidade talvez não seja tão critica. No entanto, com o aumento da competição e devido ao

baixo resultado da avaliação do ensino de inglês por parte dos alunos, qualidade se torna um

fator de preocupação dentro da empresa.

A mudança para uma estratégia competitiva genérica de enfoque em diferenciação,

comentada no capítulo de análise, é uma das principais mudanças a serem buscadas na

organização. Sabendo das condições do mercado e da baixa proteção que uma liderança em

custo poderia oferecer à empresa, diferenciação é uma dimensão critica.

Por fim, a última dimensão considerada é o crescimento. A 4YOU2 já apresenta um

crescimento de aproximadamente duzentos alunos por semestre, mas se quiser alcançar sua

visão deve passar a um crescimento mais acelerado nos próximos anos.

Em vista das quatro dimensões apresentadas e das análises realizadas em todo o

trabalho, algumas iniciativas foram sugeridas, sendo que algumas delas tratam de mais de

uma das dimensões acima:

1. Customização de ensino para o público alvo da empresa: a 4YOU2 deve buscar a

diferenciação e aumento da qualidade. Uma das formas de se fazer isso é adaptar-se

cada vez mais a seu publico alvo. Cabe à empresa entender quem são seus alunos, qual

a utilidade de um segundo idioma na vida deles, quais as aplicações em suas

profissões e ou sonhos, como eles preferem ser ensinados, quais metodologias

89

funcionam melhor, entre outros. A empresa deve aproveitar da situação de ser nova e

buscar entender seu consumidor para customizar sua oferta. Somente através desta

customização, a 4YOU2 poderá realmente aumentar sua qualidade e se diferenciar de

outras empresas que passem a buscar o mesmo mercado.

2. Criação de um material didático próprio: embora exija investimento financeiro

inicial alto e de tempo, a elaboração de um material didático, como visto em capítulos

anteriores, poderia obter benefícios interessantes à 4YOU2. Primeiramente, a redução

da dependência dos fornecedores de material didático, o que implicaria também em

uma provável redução de custos para a empresa. Não menos importante, um material

didático próprio permitiria um aumento de qualidade e customização para o publico

alvo. Outro ponto importante a ser considerado, o investimento seria diluído entre os

alunos conforme a empresa crescesse (economias de escala). Por fim, por ser uma

empresa jovem, existem margens para experimentação do material. Poder-se-ia

atualizar o material semestre por semestre até chegar a um material que a empresa

estivesse satisfeita e se comprovasse um sucesso entre os alunos.

3. Novas formas de cobrança do material didático: cobrança de material didático a

parte, compra e venda de material usado e biblioteca são opções que devem ser

estudadas como formas alternativas da cobrança do material didático. A 4YOU2

poderia, por exemplo, oferecer um preço mais baixo em suas mensalidades, caso

deixasse de incluir o material didático no preço do curso. Se isso fosse um empecilho

para alunos, poderia haver formas alternativas de obter o material, como compra e

venda de materiais usados ou uma biblioteca para que os alunos pudessem consultar

os livros durante as aulas.

4. Criação de mais parcerias estratégicas: como visto no modelo de negócios, a

4YOU2 já possui parcerias importantes para seu funcionamento. Aumentar o número

delas poderia ajudar a crescer e garantir recursos para este crescimento. Mais ONGs

parceiras que sirvam como unidades da 4YOU2 significariam mais alunos. Contudo,

para este crescimento, devem-se haver recursos, como professores estrangeiros. O

número e a qualidade dos professores estrangeiros poderiam aumentar muito, caso a

4YOU2 passasse a realizar parcerias com universidades chaves ao redor do mundo,

tornando-se uma receptora de intercâmbios.

90

5. Criar um serviço B2B: oferecer um serviço estruturado de inglês para outros

negócios. No primeiro semestre de 2014, a 4YOU2 está passando por sua primeira

experiência com um serviço B2B para uma ONG de um dos mentores dos sócios. A

partir da primeira experiência, a empresa poderia estruturar uma forma de oferecer o

mesmo serviço para outras ONGs ou empresas, que quisessem ensinar inglês para seus

participantes, voluntários ou funcionários. O serviço poderia ajudar a alavancar o

impacto e incorrer em menos custos por aluno.

6.1 Planejamento das Iniciativas

Para o planejamento das cinco iniciativas, elencadas na seção anterior, usou-se a

metodologia 5W + 2H, apresentada no capítulo 2.7. As respostas às sete perguntas servem

para identificar diversos aspectos que serão importantes para a realização dessas iniciativas na

4YOU2. Sabe-se que algumas destas exigem mais informação do que será apresentado nesta

seção. No entanto, servirão para situar o planejamento, e funcionarão como base para um

plano de ação feito pela organização. Abaixo, temos o código e ordem das iniciativas no

quadro 6.

Quadro 6 - Identificação das iniciativas

# Iniciativa

1 Customização do ensino para o público alvo da empresa

2 Criação de um material didático próprio.

3 Novas formas de cobrança do material didático.

4 Criação de mais parcerias estratégicas.

5 Criar um serviço B2B.

Fonte: Elaborado pelo autor

Em sequência, sob a forma da técnica 5W + 2H e segundo a ordem do quadro anterior,

temos o planejamento das cinco alternativas:

91

Quadro 7 - 5W + 2H – Iniciativa 1

O que? Customização do ensino para o público alvo da empresa

Por quê? Para gerar diferenciação da concorrência e aumentar a qualidade do

ensino.

Quem? Área pedagógica (diretora e coordenadores) coordena a iniciativa

contando com a participação dos professores.

Quando? Juntamente com as aulas do próximo semestre de forma experimental e,

dependendo dos resultados, pode se tornar uma atividade rotineira.

Onde? Em sala de aula, com a participação de algumas turmas no primeiro

semestre da iniciativa.

Como? As turmas que receberão o experimento serão acompanhadas diretamente

pela diretora e um coordenador pedagógico. Antes do começo do curso,

será realizada uma pesquisa com a sala, a fim de entender quais são as

necessidades dos alunos com relação ao idioma, como ele será usado no

dia-a-dia, quais as dificuldades com o idioma, como preferem aprender, e

outros pontos importantes sobre o aprendizado.

Após essa pesquisa inicial, será feito um acompanhamento quinzenal,

para saber como está o aprendizado, como está sendo usado fora de

classe, se está atendendo as necessidades atuais, entre outros.

Com os dados aprendidos de cada turma, seriam tomadas iniciativas,

durante o semestre de aulas ou visando os próximos, para melhor atender

os alunos.

Se a iniciativa for um sucesso, o acompanhamento poderá ser feito com

todas as turmas, de forma que o ensino fosse customizado turma-a-turma.

Qual custo? Nenhum custo adicional.

Fonte: Elaborado pelo autor

92

Quadro 8 - 5W + 2H – Iniciativa 2.

O que? Criação de um material didático próprio.

Por quê? Para gerar diferenciação da concorrência, aumentar a qualidade do

ensino, diminuir a dependência de fornecedores de materiais, abaixar o

preço do curso e criar uma fortaleza para o crescimento.

Quem? Diretoria, área pedagógica (diretora e coordenadores) junto com

professores e empresas parceiras no desenvolvimento da iniciativa.

Quando? Início no próximo semestre, com duração indeterminada (dependendo dos

recursos da 4YOU2).

Onde? Na administração da 4YOU2 e nos parceiros da iniciativa

(experimentação de versões do material em salas de aula).

Como? Se tratando da criação de um material didático em que se espera obter

uma alta qualidade, um primeiro passo seria a contratação ou

estabelecimento de parceria com organizações que tenham experiência no

assunto.

A coordenação dessa organização seria fundamental para gerenciar os

funcionários e professores da 4YOU2 na iniciativa. O trabalho de

editoração e impressão poderia também ser feito com auxilio de

parceiros.

A criação do material seria feita com base na experiência da 4YOU2 com

as turmas. Juntamente com a iniciativa 1, busca-se a criação de uma

material único, customizado ao publico da empresa.

Os primeiros passos seriam: buscar as empresas parceiras da iniciativa,

calcular o investimento necessário (e buscar financiamento caso seja

necessário), e criar um planejamento de longo prazo da iniciativa.

Qual custo? Custo alto (acima de R$ 20.000) – Contratação de empresas

especializadas para edição, impressão e publicação.

Fonte: Elaborado pelo autor

93

Quadro 9 - 5W + 2H – Iniciativa 3

O que? Novas formas de cobrança do material didático.

Por quê? Para baixar o preço do curso e criar alternativas de pagamento para os

alunos.

Quem? Área financeira e de operações (diretores e recepcionistas).

Quando? De forma experimental, no final do semestre atual e começo do próximo.

Onde? Por ser menor e para servir como experimento, a Unidade do Campo

Limpo.

Como? A iniciativa começaria no final do semestre atual, oferecendo a

possibilidade de os alunos que estiverem terminando o semestre

retornarem seus livros a 4YOU2. Estes alunos receberiam um desconto

no material didático do próximo semestre. A arrecadação dos livros

usados serviria para que os alunos do próximo semestre pudessem

escolher um usado por um preço mais barato. Os livros que sobrassem

poderiam ser a base para a criação de uma biblioteca, caso existam alunos

que não consigam financiar os livros, ou para uso em sala de aula quando

alunos esqueçam o livro.

No inicio do próximo semestre, os alunos da unidade Campo Limpo

poderiam optar pelo material incluso, ou a parte, novo ou usado.

Além do operacional acima, a parte financeira deverá determinar qual

seria a redução na mensalidade, e os descontos em materiais usados, além

das condições para retorno do material (especialmente a qualidade do

material usado).

Por fim, seria realizada uma pesquisa para entender se a alternativa é

interessante para os alunos ou não, e se poderia ser viabilizada para todas

as unidades no semestre seguinte.

Qual custo? Nenhum custo adicional

Fonte: Elaborado pelo autor

94

Quadro 10 - 5W + 2H – Iniciativa 4

O que? Criação de mais parcerias estratégicas.

Por quê? Viabilizar crescimento

Garantir a oferta de professores estrangeiros de boa qualidade

Quem? Diretoria

Quando? Ao longo do próximo semestre

Onde? ONGs para servirem como unidades da 4YOU2

Universidades estrangeiras

Como? Dois tipos de parceiros seriam buscados: novas ONGs que possam servir

como unidades da 4YOU2 e universidades estrangeiras que possam

oferecer estudantes para intercâmbio.

Inicialmente, será criada uma lista de parceiros ideais, a fim de descobrir

com quem a 4YOU2 gostaria de se associar. Após esta fase, começariam

os primeiros contatos, oferecimento de proposta de parceria, e

futuramente, a construção do relacionamento com estes parceiros.

Deve-se clarificar que as listas de parceiros ideais seguiriam motivos

diferentes. No caso de novas ONGs, questões como localização, custo de

aluguel de espaço e afinidade com a missão, seriam fatores importantes.

Para universidades, a qualidade dos alunos, a disponibilidade de bolsas de

intercâmbio e a tradição em programas deste tipo, seriam fatores mais

importantes.

A manutenção de parcerias e relacionamento seria o passo posterior a

criação, e deve ser visto como uma atividade de longo prazo.

Qual custo? Nenhum custo adicional

Fonte: Elaborado pelo autor

95

Quadro 11 - 5W + 2H – Iniciativa 5

O que? Criar um serviço B2B.

Por quê? Para criação de uma nova oferta de serviços, que possibilitará

crescimento e a possibilidade de atingir classes sociais mais baixas.

Quem? Diretoria na fase de criação, e coordenadores pedagógicos com

professores na execução.

Quando? Após a primeira rodada das iniciativas anteriores, especialmente após a

criação do material didático.

Onde? Em novas organizações parceiras.

Como? Diretores devem estabelecer um formato de oferecer o mesmo serviço

que possuem em suas unidades, para outra organização que busque

somente o ensino de inglês (em oposição a servir como uma unidade

operacional).

A criação desse serviço seria beneficiada se criada depois do

desenvolvimento das alternativas anteriores. Já que conseguiria obter

ganho de algo de cada uma delas: customização da iniciativa 1 e 2,

barateamento dos serviços com alternativas 2 e 3, e um mapeamento de

parceiros com a alternativa 4.

Além disso, a 4YOU2 deve aprender a trabalhar com B2B. O

experimento que está sendo feito neste semestre pode levar a

ensinamentos importantes para os próximos semestres.

Por fim, a execução desses serviços seria feita contando com um

professor e um coordenador pedagógico, que se deslocassem para a

organização parceira para o oferecimento de aulas. O pagamento deste

serviço seria feito diretamente pela organização contratante, liberando a

4YOU2 da cobrança individualizada por aluno.

Qual custo? Nenhum custo adicional.

Fonte: Elaborado pelo autor

96

7 Conclusão

O presente trabalho teve como objetivo apresentar um panorama estratégico para

orientar o futuro do negócio social 4YOU2. Para tal realização, usou-se de referencial teórico

consolidado na área de estratégia competitiva, junto com a recente metodologia de modelo de

negócios. Por se tratar de uma empresa que tem tanto fins sociais como econômicos, a

definição do conceito de negocio social também foi apresentada.

A partir do referencial teórico, e com apoio e liberdade por parte da organização

estudada, foi realizada a analise estratégica em questão. A primeira parte constitui-se da

criação do canvas do modelo de negócios da 4YOU2. A partir do entendimento da

organização e da avaliação do modelo de negócios, algumas sugestões de melhoria no modelo

de negócios foram obtidas. Além disso, utilizou-se dessa análise para a posterior matriz

SWOT e a criação das iniciativas finais presentes no capítulo de resultados.

Posteriormente, no capítulo cinco, foi realizado um estudo das forças competitivas

dentro do mercado de ensino idiomas com foco nas classes C, D e E. Mercado que tem como

maiores forças os concorrentes atuais e substitutos, sendo que o interesse por atender classes

sociais mais baixas tem crescido nas grandes escolas de idiomas. Além disso, uma

comparação do preço dessas escolas foi realizada, apresentando a grande diferença entre a

4YOU2 e as outras, mesmo quando se compara aos cursos de inglês online.

A análise da estratégia competitiva genérica foi de fundamental importância no

contexto deste trabalho. Após a identificação da estratégia competitiva, como de enfoque com

liderança em custos, percebeu-se que essa estratégia poderia ser ineficiente no longo prazo.

Portanto, a busca por uma estratégia competitiva genérica de enfoque em diferenciação foi

base para a criação das iniciativas no capítulo de resultados. A ideia dessa estratégia partiu da

necessidade de defesa da competição e pela estrutura já criada dentro da 4YOU2, com seus

professores estrangeiros e objetivo social inovador no setor.

Por sua simplicidade, objetividade e abrangência, a matriz SWOT foi a ultima análise

realizada, e condensou os aprendizados sobre o setor e da empresa, sob a forma de forças,

fraquezas, oportunidades e ameaças. Essa análise gerou as cinco iniciativas apresentadas no

capítulo seis, e serviu para apresentar o panorama estratégico em que se encontra a 4YOU2

atualmente.

97

Por fim, o capítulo de resultados apresentou cinco iniciativas a fim de preparar a

4YOU2 para o futuro. Estas iniciativas foram apresentadas sob uma perspectiva de

planejamento simples, dentro da técnica 5W + 2H. A falta de tempo para participar da

implementação das alternativas aqui apresentadas, e o pouco conhecimento no campo

didático, foram limitações na elaboração de um planejamento mais completo. No entanto,

espera-se que a organização acredite nas iniciativas aqui apresentadas e realize as ações

propostas.

Ao final deste trabalho, foi alcançado o objetivo de analisar estrategicamente a

4YOU2 e criar iniciativas para o futuro desta. Espera-se que este trabalho se torne um marco

para o desenvolvimento e crescimento da 4YOU2, além de servir como base para futuras

análises estratégicas.

98

8 Bibliografia

4YOU2. 4YOU2 - Website, 2014. Disponivel em: <http://4y2.org/>. Acesso em: 25 Maio

2014.

AMBROZEWICZ, P. H. L. Qualidade na prática: conceitos e ferramentas. Curitiba: Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial, 2003.

ARTEMISIA. Negócios de Impacto Social - Nosso Conceito. Artemisia - Website, 2014.

Disponivel em: <http://artemisia.org.br/conteudo/negocios/nosso-conceito.aspx>. Acesso em:

25 Maio 2014.

CARVALHO, M. M. D.; LAURINDO, F. J. B. Estratégia Competitiva: dos conceitos à

implementação. Segunda. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

EDUCATION FIRST. EF English Proficiency Index. [S.l.]: Education First, 2013.

HARVARD BUSINESS SCHOOL PRESS AND SOCIETY FOR HUMAN RESOURCE

MANAGEMENT (US). The Essentials of Strategy. Boston: Harvard Business School Press,

2006.

HENDERSON, B. The origin of strategy: What business owes Darwin and other reflections

on competitive dynamics. Harvard Business Review , Nov 1989. 139-144.

INSTITUTO QUINTESSA. Definição de Negócios Sociais. Instituto Quintessa - Website,

2014. Disponivel em: <http://quintessa.org.br/negocios-sociais/definicao-do-instituto-

quintessa/>. Acesso em: 25 Maio 2014.

OROFINO, M. A. R. Técnicas de Criação do Conhecimento no Desenvolvimento de

Modelos de Negócio. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 2011.

OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Geration. [S.l.]: John Wiley & Sons,

2010.

PORTER, M. E. Estratégia Competitiva: Técnicas para análise de indústrias e da

concorrência. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1991.

RUMMELT, R. R. Avaliando a Estratégia Empresarial. In: MINTZBERG, H., et al. O

processo da estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados. 4. ed. Porto Alegre:

Bookman, 2006. Cap. 3.2, p. 84-90.

99

TILLMAN, C. A. D. C. Modelo de sistema integrado de gestão da qualidade para

implantação nas unidades de beneficiamento de sementes. Pelotas: Universidade Federal

de Pelotas, 2006.

YUNUS, M. Um mundo sem pobreza: a empresa social e o futuro do capitalismo. São

Paulo: Editora Ática, 2008.

YUNUS, M. Criando um negócio social: como iniciativas economicamente viáveis podem

solucionar os grandes problemas da sociedade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

ZOTT, C.; AMIT, R.; MASSA, L. The Business Model: Theoretical Roots, Recent

Developments, and Future Research. IESE Business School - University of Navarra. [S.l.].

2010.

100

APÊNDICE A – Avaliação de Forças e Fraquezas do Modelo de Negócios

O questionário abaixo foi desenvolvido por Osterwalder e Pigneur (2010). O

questionário é divido em três partes, segundo segue: ameaças, oportunidades e,

conjuntamente, forças e fraquezas. Dentro de cada seção, as perguntas são dividas pelos nove

blocos do modelo de negócios, com perguntas específicas sendo sugeridas para cada um deles

dependendo da seção.

As respostas da seção de ameaças e oportunidades são uma classificação de um a

cinco de acordo com a magnitude da resposta. O autor deste trabalho, no entanto, encontra

maior utilidade em usar tal questionário mais como uma ferramente de fomento a discussão,

do que uma avaliação puramente quantitativa dos blocos, segundo as quatro dimensões da

SWOT. Tanto que uma resposta quantitativa não faz sentido em algumas perguntas, como na

pergunta: "Quais fontes de receita que provavelmente desaparecerão no futuro?". Tal pergunta

não poderia receber uma resposta quantitativa de 1 a 5, mas, pode ser extremamente

interessante, para dar ignição a um debate sobre fontes de receita no futuro.

Abaixo, seguem as três seções do questionário, proposto por Osterwalder e Pigneur

(2010).

Avaliação de Ameaças

Ameaças da Proposta de Valor

Proposta de

Valor

Existem produtos ou serviços substitutos disponíveis? 1 2 3 4 5

Existem competidores nos ameaçando com ofertas de

menor custo ou maior valor? 1 2 3 4 5

Ameaças de Custos e Receitas

Fontes de

Receita

Nossas margens são ameaçadas por outros

competidores? 1 2 3 4 5

Dependemos excessivamente em uma ou mais fontes de

receita? 1 2 3 4 5

Quais fontes de receita que provavelmente

desaparecerão no futuro? 1 2 3 4 5

101

Estrutura de

Custos

Quais custos podem virar imprevisíveis? 1 2 3 4 5

Quais custos ameaçam crescer mais que as receitas que

eles suportam? 1 2 3 4 5

Ameaças de Infraestrutura

Recursos Chave

Poderíamos ficar sem o fornecimento de certos

recursos? 1 2 3 4 5

A qualidade dos nossos recursos está ameaçada de

alguma forma? 1 2 3 4 5

Atividades

Chave

Quais atividades chave podem ser interrompidas? 1 2 3 4 5

A qualidade das nossas atividades está ameaçada de

alguma forma? 1 2 3 4 5

Parceiros

Chave

Estamos em risco de perder algum parceiro? 1 2 3 4 5

Nossos parceiros podem colaborar com nossos

competidores? 1 2 3 4 5

Estamos muito dependentes de alguns dos nossos

parceiros? 1 2 3 4 5

Ameaças da Interface com Cliente

Segmento de

mercado

Nosso mercado pode saturar em breve? 1 2 3 4 5

Nossos competidores estão ameaçando nosso market

share? 1 2 3 4 5

Qual a probabilidade de nossos clientes abandonarem

nossa empresa? 1 2 3 4 5

Quão rapidamente a competição se intensificará em

nosso mercado? 1 2 3 4 5

Canais

Nossos competidores ameaçam nossos canais? 1 2 3 4 5

Nossos canais sofrem a ameaça de se tornarem

irrelevantes para os nossos clientes? 1 2 3 4 5

Relacionamento

com Cliente

Alguma de nossas formas de relacionamento com

cliente corre o risco de se deteriorar? 1 2 3 4 5

102

Avaliação de Oportunidades

Oportunidades da Proposta de Valor

Proposta de

Valor

Poderíamos gerar receita recorrente convertendo produtos

em serviços? 1 2 3 4 5

Poderíamos integrar melhor produtos e serviços? 1 2 3 4 5

Quais necessidades adicionais de nossos clientes

poderíamos satisfazer? 1 2 3 4 5

Quais complementos ou extensão da nossa proposta de

valor são possíveis? 1 2 3 4 5

Quais outras tarefas poderíamos realizar em razão de

nossos consumidores? 1 2 3 4 5

Oportunidades de Custos e Receitas

Fontes de

Receita

Poderíamos trocar transações únicas em fontes de receita

recorrentes? 1 2 3 4 5

Quais outros elementos nossos consumidores estariam

dispostos a pagar? 1 2 3 4 5

Existem oportunidades de ofertas cruzadas entre nossas

ofertas ou as de nossos parceiros? 1 2 3 4 5

Quais outras fontes de receita poderíamos adicionar ou

criar? 1 2 3 4 5

Poderíamos aumentar o preço? 1 2 3 4 5

Estrutura de

Custos Onde podemos reduzir os nossos custos? 1 2 3 4 5

Oportunidades de Infraestrutura

Recursos Chave

Poderíamos usar recursos mais baratos e atingir os

mesmos resultados? 1 2 3 4 5

Quais recursos chave poderiam ser comprados de nossos

parceiros? 1 2 3 4 5

Quais recursos chave estão sendo subaproveitados? 1 2 3 4 5

Temos alguma propriedade intelectual não utilizada que

seria de valor para outros? 1 2 3 4 5

Atividades

Chave

Poderíamos padronizar alguma atividade chave? 1 2 3 4 5

Como poderíamos aumentar eficiência de modo geral? 1 2 3 4 5

Como TI poderia aumentar nossa eficiência? 1 2 3 4 5

103

Parceiros

Chave

Existem oportunidades de terceirização? 1 2 3 4 5

Existe algum tipo de colaboração com nossos parceiros

que poderia nos ajudar a focar no core business? 1 2 3 4 5

Existe alguma oportunidade de venda casada com nossos

parceiros? 1 2 3 4 5

Existem canais dos nossos parceiros que poderiam nos

ajudar a melhor atingir nossos consumidores? 1 2 3 4 5

Existem parceiros que poderiam nos ajudar a

complementar nossa proposta de valor? 1 2 3 4 5

Oportunidades da Interface com Cliente

Segmento de

mercado

Como poderíamos nos beneficiar de um mercado em

crescimento? 1 2 3 4 5

Poderíamos servir novos segmentos de consumidores? 1 2 3 4 5

Poderíamos servir melhor nossos atuais consumidores por

meio de uma segmentação mais detalhada? 1 2 3 4 5

Canais

Como poderíamos melhorar a eficiência e/ou eficácia de

nossos canais? 1 2 3 4 5

Poderíamos integrar melhor nossos canais? 1 2 3 4 5

Poderíamos encontrar novos canais complementares com

nossos parceiros? 1 2 3 4 5

Poderíamos aumentar margens servindo diretamente ao

consumidor? 1 2 3 4 5

Poderíamos alinhar melhor nossos canais com nossos

segmentos de mercado? 1 2 3 4 5

Relacionamento

com Cliente

Existe potencial de melhoria no nosso follow-up de

clientes? 1 2 3 4 5

Como poderíamos nos aproximar de nossos

consumidores? 1 2 3 4 5

Como poderíamos melhorar personalização? 1 2 3 4 5

Como poderíamos aumentar custos de troca? 1 2 3 4 5

Identificamos e "eliminamos" clientes que acarretam em

prejuízos? Se não, por que não? 1 2 3 4 5

Necessitamos automatizar nossos relacionamentos com

consumidores? 1 2 3 4 5

104

Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2010)

Figura 24 - Avaliação de forças e fraquezas do modelo de negócios (página 1/3)

105

Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2010)

Figura 25 - Avaliação de forças e fraquezas do modelo de negócios (página 2/3)

106

Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2010)

Figura 26 - Avaliação de forças e fraquezas do modelo de negócios (página 3/3)

107

ANEXO A - Pesquisa de Satisfação da 4YOU2

A pesquisa de satisfação abaixo foi fornecida pela 4YOU2 e apresenta as questões que

são respondidas pelos alunos na pesquisa de satisfação semestral da empresa.

1) Qual o seu nível de inglês na 4YOU2?

a) Básico 1 b) Básico 2 c) Intermediário 1 d) Intermediário 2

e) Avançado 1 f) Avançado 2

2)Qual é a sua idade?

a) Até 12 anos b) 12 a 17 c) 18 a 24 d) 25 a 30 e) 31 ou mais

3) Qual sua renda familiar mensal (Juntando todos os integrantes da sua família que moram com você)?

a) Até R$700

b) De R$700 a R$1244

c) De R$ 1.244 a R$ 2.488

d) De R$ 2.488 a R$ 6.220

e) De R$ 6.220 a R$ 12.440

4) Qual a principal razão de você estudar inglês?

a) Incentivo dos meus pais/ responsáveis

b) Para ter melhores oportunidades de trabalho

c) Para entrar na universidade/ melhorar ensino

d) Para viajar/ morar em outro país.

e) Outro:______________________________________________________________

5) Qual nível de inglês você deseja ter no final do curso?

a) Básico b) Intermediário c) Avançado d) Fluente

6) Em quanto tempo você espera chegar no nível de inglês que deseja?

a) Até 1 ano b) 1-2 anos c) 2-3 anos d) 3-5 anos e) Mais de 5 anos

7) Dentre as competências da língua inglesa citadas abaixo, atribua uma nota de 1 a 5 de acordo com a importância que você dá para cada uma, sendo 1 pouco importante e 5 muito importante.

108

a) Leitura 1 2 3 4 5

b) Escrita 1 2 3 4 5

c) Fala 1 2 3 4 5

d) Compreensão 1 2 3 4 5

8) Qual o principal motivo de ter escolhido a 4YOU2 e não outra escola?

a) Preço baixo

b) Professores estrangeiros

c) Proximidade a residência

d) Proximidade a escola

e) Outro:__________________________________________________________

9) Atribua uma nota de 1 a 5 para os seguintes quesitos, sendo:

1 = Muito insatisfeito; 2 = Insatisfeito; 3 = Nem satisfeito nem insatisfeito;

4 = Satisfeito; 5 = Muito Satisfeito.

a) Atendimento da recepcionista 1 2 3 4 5

b) Organização do espaço 1 2 3 4 5

c) Atendimento dos coordenadores pedagógicos 1 2 3 4 5

d) Desempenho do professor 1 2 3 4 5

e) Meu aprendizado de inglês 1 2 3 4 5

f) Metodologia de ensino 1 2 3 4 5

g) Experiência na 4YOU2 como um todo 1 2 3 4 5

10) Você recomendaria a 4YOU2 a um amigo(a)?

a) Recomendaria fortemente

b) Recomendaria

c) Não recomendaria. Por quê? ____________________________________________

11) Você faria um curso de conversação de inglês nas férias?

a)Sim b)Não tenho certeza c) Não

12) Você faria aulas 4 vezes por semana para acabar o curso mais rápido?

a)Sim b)Não tenho certeza c) Não

109

13) Quanto você pagaria por um curso com aulas 4 vezes por semana e duração de 1 ano e meio?

a) Até R$55 por mês

b) Até R$100 por mês

c) Até R$150 por mês

d) Até R$200 por mês

e) Mais de R$200 por mês

14) Qual é a melhor forma de pagamento para você?

a) Cartão de crédito

b) Cartão de débito

c) Cheque

d) Dinheiro

e) Boleto

15) Você pretende continuar no semestre que vem?

a) Sim b) Não. Por quê? _________________________________________

16) Quais são as suas sugestões para melhorar 4YOU2? Deixe aqui seu elogio, sugestão, crítica ou dúvida. (Use o verso da folha).