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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CCI - CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA ANÁLISE DE CONJUNTURA 4º TRIMESTRE 2019 EDIÇÃO ELETRÓNICA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

ANÁLISE DE CONJUNTURA 4º TRIMESTRE 2019

EDIÇÃO ELETRÓNICA

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Análise elaborada com dados até 15/1/20 e destaques de enquadramento até

final de dez-19, mais algumas notícias relevantes até meados de janeiro

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4T 19 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Índice de Assuntos

EDITORIAL ........................................................................................................................ 4

1. ENQUADRAMENTO ....................................................................................................... 6

1.1 Enquadramento internacional .......................................................................................... 6

1.2 Enquadramento nacional ................................................................................................. 8

2. ATIVIDADE ECONÓMICA GLOBAL ............................................................................... 9

2.1 PIB e outros indicadores de atividade ............................................................................... 9

2.2 Projeções macroeconómicas nacionais e internacionais ................................................... 13

3. INTERNACIONALIZAÇÃO ........................................................................................... 19

3.1 Comércio internacional .................................................................................................. 19

3.1.1 Comércio internacional de bens .................................................................................. 19

3.1.2 Comércio internacional de serviços .............................................................................. 23

3.1.3 Balança de bens e serviços ......................................................................................... 24

4. FINANCIAMENTO ........................................................................................................ 26

4.1 Taxas de juro ............................................................................................................... 26

4.2 Crédito ......................................................................................................................... 28

4.3 Mercado de capitais ...................................................................................................... 30

5. MERCADO DE TRABALHO ........................................................................................... 31

6. CUSTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS .............................................................................. 33

7. CUSTOS DA ENERGIA ................................................................................................. 34

7.1 Eletricidade .................................................................................................................. 34

7.2 Gás natural................................................................................................................... 35

7.3 Combustíveis ................................................................................................................ 36

8. INFLAÇÃO, CÂMBIOS E COMPETITIVIDADE PELOS CUSTOS ...................................... 37

8.1 Inflação e câmbios ........................................................................................................ 37

8.2 Competitividade pelos custos laborais ............................................................................ 38

9. AJUSTAMENTO DA ECONOMIA PORTUGUESA .......................................................... 39

9.1 Equilíbrio externo .......................................................................................................... 39

9.2 Contas públicas ............................................................................................................ 39

FICHA TÉCNICA

Propriedade

CIP - Confederação

Empresarial

de Portugal

Praça das Indústrias

1300-307 LISBOA

Diretor

João Costa Pinto

Edição

CIP - Departamento de Assuntos Económicos

Coordenação

Pedro Capucho

Redação

Nuno Torres

Lurdes Fonseca

Paulo Caldas

Sede de Redação

CIP - Confederação

Empresarial

de Portugal

Praça das Indústrias

1300-307 LISBOA

NIF 500 835 934

Design Gráfico

Mariana Barros

Periodicidade

Trimestral

ISSN

2183-198X

Registo na ERC 117830

É autorizada a

reprodução dos

trabalhos publicados,

desde que citada a

fonte e informada

a direção da revista.

Estatuto Editorial

Disponível online.

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EDITORIAL

Apesar de ainda não serem conhecidos os resultados do quarto trimestre, os dados que constam

desta edição da Envolvente Empresarial permitem-nos caracterizar 2019 como um ano de

abrandamento da economia e de algum retrocesso no caminho da sua reorientação para um

maior peso da produção de bens e serviços transacionáveis.

Este retrocesso é visível, quer na evolução do VAB industrial (que, no final de 2018, regressou a

taxas de crescimento homólogas negativas após 15 trimestres consecutivos de crescimento), quer

na redução do emprego na agricultura, nas atividades ligadas ao turismo e (no terceiro trimestre,

pela primeira vez desde o final de 2013) na indústria transformadora.

O setor financeiro também não está a contribuir para a desejável reorientação dos recursos para

atividades abertas à concorrência internacional: apesar de alguma recuperação do crédito às

sociedades não financeiras, os empréstimos concedidos pelos bancos às empresas exportadoras

não sobem desde julho de 2018.

Esta evolução está relacionada com o facto do motor do crescimento económico se estar a

desviar das exportações para a procura interna, em contraste com o que se observou numa

primeira fase da recuperação económica.

Se tivermos também em conta a perspetiva de um regresso, em 2019, a um défice na balança

comercial, depois de sete anos de excedentes, podemos concluir que as bases de um crescimento

baseado na competitividade dos setores transacionáveis estão ameaçadas.

É certo que, ao longo do ano, o abrandamento da economia foi mais suave do que o que

observado em 2018, deixando quase inalterada, ao longo dos últimos quatro trimestres, uma

curta vantagem de 0,4 ou 0,5 pontos percentuais relativamente ao crescimento médio da União

Europeia.

É certo, também, que, nos últimos meses, os resultados das exportações de mercadorias foram

mais favoráveis, parecendo indiciar alguma recuperação da quota de mercado, como é assinalado

nestas páginas.

No entanto, as projeções para os próximos anos continuam a apontar para a desaceleração do

PIB que, segundo o Boletim Económico do Banco de Portugal aqui analisado, “é resultado de um

processo de maturação do ciclo económico (…) que se traduz numa aproximação (…) ao ritmo de

crescimento potencial da economia”, sobre o qual “continuam a pesar constrangimentos

estruturais”.

Neste contexto, é de esperar que, com uma “procura externa mais fraca e ganhos de quota de

mercado de magnitude inferior”, as exportações cresçam abaixo da média nos anos mais recentes

e que, com um menor dinamismo do emprego, “o contributo da procura interna seja

progressivamente menor”.

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Ainda de acordo com o Banco de Portugal, as condicionantes ao crescimento potencial “devem

constituir os principais eixos de ação da política económica, merecendo destaque as medidas que

promovam o aumento da produtividade”.

Acrescentaria também a necessidade de estímulos mais visíveis ao investimento, uma vez que as

previsões apontam para que, nos próximos três anos, a evolução da FBCF apenas permita repor

os níveis de capital por trabalhador observados em 2013.

Lamentavelmente, não são estas as orientações subjacentes à Proposta de Orçamento do Estado

para 2020.

As perspetivas não são, por isso, animadoras.

Resta esperar que a capacidade das empresas em enfrentar a adversidade surpreenda os

analistas.

João Costa Pinto

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1. ENQUADRAMENTO

1.1 Enquadramento internacional

No dia 30/10, a Reserva federal procedeu à terceira descida em 2019 da sua principal taxas de

juro de referência (0,25 p.p., para um intervalo de 1,5% a 1,75%) em face das reduzidas pressões

de inflação e do enfraquecimento do investimento e das exportações, embora se mantenha um

forte dinamismo do consumo e do mercado de trabalho. Na reunião seguinte, em 10-11/12, a Fed

deixou inalterada a taxa de juro diretora e divulgou projeções de crescimento do PIB e inflação

iguais às de setembro, com uma ligeira revisão em baixa nos valores da taxa de desemprego. A

maioria dos membros do conselho de política monetária (13 em 17) não espera qualquer alteração

das taxas diretoras até ao final de 2020, sendo a perspetiva para 2021 e 2022 de subida na maioria

das avaliações, o que significa que a fase de descida se deverá cingir aos três cortes de 2019,

seguindo-se uma pausa em 2020 e a retoma do movimento ascendente a partir de 2021.

Por sua vez, o BCE não alterou a sua política quer na reunião de novembro, a última liderada por

Mario Draghi, quer na de dezembro (realizada no dia 12), a primeira presidida por Christine

Largarde, mantendo-se assim as taxas de juro diretoras em mínimos históricos e o programa de

compra de ativos ao ritmo mensal de 20 mil M€ definido na reunião de outubro, ainda no mandato

de Draghi, além do novo programa de operações de refinanciamento de prazo alargado para apoio

de crédito bancário (TLTRO na sigla inglesa). Na conferência de imprensa foi ainda mantida a

sinalização de que todas estas medidas extraordinárias prosseguirão até se atingir o objetivo de

médio prazo para a estabilidade de preços (inflação perto de, mas abaixo, de 2%), o que não

acontecerá, pelo menos, até 2022, ano em que a inflação da Área Euro sobe para 1,6% nas novas

projeções do BCE, com o crescimento real do PIB a situar-se também pouco acima de 1% nos

próximos anos (1,1% em 2020, valor revisto em baixa, e 1,4% em 2021 e 2022).

As principais novidades, apresentadas por Lagarde na parte de perguntas e respostas, são: (i) o seu

estilo de comunicação mais “direto” e visando um público mais alargado (não apenas os

especialistas da conferência de imprensa), pedindo, por isso, que não “sobre-interpretem as suas

palavras” ou busquem segundos significados; (ii) a revisão estratégica da política monetária –

encarada por Lagarde como normal, pois a última revisão tinha acontecido em 2003 –, que deverá

começar em janeiro e terminar até final de 2020, estando prevista uma ampla auscultação para

recolha de diversos pontos de vista (Conselho do BCE, Parlamento Europeu, comunidade

académica e representantes da sociedade civil) sobre os mais variados temas com ligação à

política monetária, a começar pela definição do objetivo de estabilidade de preços no médio

prazo, o facto de ser um objetivo único, qual deve ser o “conteúdo” da estabilidade preços e qual a

paleta de instrumentos de política monetária, mas também qual a melhor resposta aos desafios

da revolução tecnológica, alterações climáticas, desigualdade e respetivo impacto nas

empresas, nomeadamente. A revisão estratégica tem como propósito a melhoria da execução do

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mandato de estabilidade de preços do BCE ao serviço dos cidadãos da Área Euro. Lagarde

assegurou ainda que o BCE faz uma análise custo-benefício das medidas extraordinárias de

política monetária tendo em conta a produção de efeitos secundários indesejáveis.

Numa das respostas, Lagarde afirmou existir uma task-force do BCE para a criação de uma

moeda digital (um pedido do Ecofin), já com investigação e testes, que produzirá conclusões em

2020, sendo o primeiro passo a definição do objetivo pretendido com a introdução da moeda

digital. Face à emergência de stablecoins (como a libra do Facebook), Largarde considera que a

melhor estratégia é a antecipação, existindo claramente uma procura a que é preciso responder.

No dia 11/12, a Comissão Europeia apresentou o European Green Deal, que visa

“transformar a UE numa Sociedade próspera e justa, com uma economia moderna, eficiente na

utilização de recursos e competitiva, onde não há emissões líquidas de gases de efeito de

estufa em 2050 e o crescimento económico está dissociado do uso de recursos”. O Green Deal

é uma estratégia integrada e transversal, com metas definidas, que tem em vista a

descarbonização, a transição energética e a economia circular com um roteiro claro de

propostas a apresentar em vários domínios a partir de 2020: clima; energia; indústria e

economia circular; mobilidade inteligente; agricultura; biodiversidade; ambição de poluição

zero; sustentabilidade transversal de políticas; liderança e exemplo mundial; cooperação.

A Comissão estima que para alcançar as metas previstas até 2030 serão precisos 260 mil M€

de investimento adicional, publico e privado, representando 1,5% do PIB da UE em 2018.

Pelo menos 25% do orçamento de longo prazo da UE será dedicado à ação climática,

com apoio do BEI, o banco climático europeu.

Entre as propostas, destaca-se, assim, o reforço da estratégia de financiamento

sustentável, incluindo a alocação de 100 mil M€ para o Mecanismo de Transição Justa

– Fundo de transição justa e Plano de Investimento para uma Europa sustentável –, mas

também a estratégia industrial para uma economia limpa e circular, assim como uma

maior restrição nos limites de emissão de veículos com motor de combustão e o

estabelecimento de um mecanismo transfronteiriço de ajustamento de carbono para

determinados setores, o que, segundo analistas, deverá passar pela criação de impostos

ambientais sobre determinadas importações com elevado conteúdo de carbono.

No dia 12/12, o Partido Conservador liderado por Boris Johnson venceu com uma clara maioria

as eleições legislativas antecipadas no Reino Unido, abrindo assim caminho para a

aprovação, pelo Parlamento britânico, do acordo de Brexit alcançado com a União Europeia, bem

como a rejeição, defendida por Johnson, de expectáveis referendos independentistas, que poderão

surgir na Escócia e na Irlanda do Norte. No dia 9/1/00, o Parlamento britânico aprovou legislação

que permitirá ao Reino Unido sair da UE em 31/1/00, passados mais de três anos desde o referendo

do Brexit, seguindo-se a negociação do futuro relacionamento com a UE e um período de transição

inicial que dura até final de 2020, em que se mantém o relacionamento do Reino Unido com a UE.

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No dia 12/12, o Presidente norte-americano anunciou um entendimento para os termos da fase 1

do acordo comercial entre os EUA e a China. O acordo da fase 1 foi assinado em 15/1/20.

Nos dias 12 e 13/12, o Conselho Europeu decidiu, nomeadamente:

- Subscrever a proposta de European Green Deal, que o Primeiro-ministro António Costa

considerou “um passo muito importante porque significa que Portugal não avança sozinho na

concretização do seu roteiro para a neutralidade carbónica”;

- atribuir um mandato a Michel Barnier, negociador-chefe da UE para o Brexit, “para iniciar a

fase verdadeiramente importante (…), que é a relação futura” com o Reino Unido;

- reforçar o mandato para prosseguir os trabalhos da União Bancária e Mecanismo de

Estabilidade Europeu.

No dia 31/12, o PSOE (liderado por Pedro Sánchez), que venceu sem maioria absoluta as

eleições legislativas de novembro (convocadas após a incapacidade de formar governo na

sequência das eleições de abril), alcançou um acordo programático com o Podemos (chefiado

por Pablo Iglesias) para a formação do primeiro Governo de coligação em Espanha. O

novo Governo foi aprovado no Parlamento no dia 7/1/20 (apenas à segunda tentativa).

1.2 Enquadramento nacional

No dia 24/10, o Banco Mundial divulgou o relatório Doing Business 2020, onde Portugal

aparece na posição 39ª, com uma pontuação média de 76,5% face às melhores práticas

(após pontuações comparáveis de 76,4%, 76,5% e 76,7% nos anos anteriores), bastante

estável nos anos mais recentes. Portugal apresenta posições relativamente elevadas nas

dimensões “comércio internacional” (1ª posição e melhores práticas) e “resolução de

insolvências” (15ª posição e 80,2% das melhores práticas), sendo a pior pontuação registada

na “obtenção de crédito” (119ª posição e 45,0% das melhores práticas).

No dia 9/12 foi lançado pela Agência para o Desenvolvimento e Coesão o Portal da

Competitividade, uma ferramenta de fácil utilização para ajudar as empresas e

empreendedores a melhor navegar na complexidade de sistemas de incentivos e dos processos

burocráticos com que se faz a gestão dos fundos estruturais europeus.

No dia 13/12, o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros apresentou o Programa

Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora, expressamente dirigido ao investimento

oriundo das comunidades portuguesas no estrangeiro.

No dia 10/1/00, a proposta de Orçamento de Estado para 2020 foi aprovada na

generalidade com os votos a favor do PS e as abstenções de Bloco, PCP, Verdes, PAN e Livre,

seguindo-se a apreciação na especialidade e a votação final global marcada para 2/2/00.

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2. ATIVIDADE ECONÓMICA GLOBAL

2.1 PIB e outros indicadores de atividade

No terceiro trimestre registou-se uma estabilização da taxa de crescimento homóloga do PIB

em volume (em 1,9%) e um abrandamento em variação trimestral (de 0,6% para 0,3%).

Quadro 2.1.1: PIB e componentes de despesa

2017 2018 4T 18 1T 19 2T 19 3T 19

PIB

Tvcr (%) 3,5 2,4 0,4 0,6 0,6 0,3

Tvhr (%) 3,5 2,4 2,0 2,1 1,9 1,9

Componentes de despesa: tvhr, %

Consumo Final (% do valor do PIB 2018: 81,8%) 1,7 2,6 2,7 2,0 1,7 2,0

Consumo Privado (64,8%), do qual: 2,1 3,1 3,2 2,4 2,0 2,3

Bens alimentares (11,7%) 1,6 2,3 2,7 2,0 2,5 2,7

Bens duradouros (6,0%) 9,1 6,1 3,6 2,4 -1,2 0,8

Bens correntes não alim., serviços (45,0%) 1,3 3,0 3,4 2,5 2,4 2,5

Consumo Público (17,0%) 0,2 0,9 0,8 0,6 0,4 0,5

FBC (18,1%), da qual: 11,9 6,2 7,3 12,1 10,5 8,8

FBCF (17,6%) 11,5 5,8 4,8 11,3 8,2 5,8

Recursos biológicos cultivados (0,3%) 0,7 2,6 3,1 3,0 2,8 2,5

Outras máq. e eq., sist. Armamento (4,2%) 13,0 8,2 6,4 11,3 5,6 0,3

Eq. de transporte (1,6%) 10,7 5,6 5,5 6,6 6,9 -8,0

Construção (8,8%) 12,2 4,6 3,4 14,0 10,2 10,9

Produtos de propriedade intelectual (2,7%) 8,8 6,3 6,0 6,5 7,3 8,2

Exportações (43,5%) 8,4 3,8 0,8 3,1 1,6 2,6

Bens (29,8%) 6,1 3,6 -0,3 3,5 2,8 1,0

Serviços (13,7%) 13,7 4,4 3,4 2,3 -0,9 6,2

Importações (43,4%) 8,1 5,8 4,2 7,1 4,8 5,8

Bens (36,4%) 8,3 5,7 2,9 6,9 4,5 5,1

Serviços (7,0%) 7,2 6,5 11,0 7,9 6,2 9,4

Contributos para a tvhr do PIB (p.p.)

Procura Interna 3,3 3,2 3,5 3,7 3,2 3,2

Exportações líquidas 0,2 -0,8 -1,4 -1,6 -1,3 -1,3

Fonte: INE, Contas nacionais (base 2016, SEC 2010). Tvc(h)r = taxa de variação em cadeia (homóloga) real;

p.p.=pontos percentuais; FBC(F)=Formação Bruta de Capital (Fixo).

A estabilização da taxa de crescimento homóloga do PIB traduziu a manutenção dos

contributos quer da procura interna (3,2 pontos percentuais, p.p.), quer da procura externa

líquida (-1,3 p.p.), embora com dinâmicas diferenciadas nas respetivas componentes.

Ao nível da procura externa líquida, o contributo negativo voltou a refletir uma subida das

importações (5,8%) superior à da exportações (2,6%), com o diferencial de crescimento a

manter-se face a uma aceleração homóloga de igual magnitude nas duas rubricas.

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No caso da procura interna, a aceleração do consumo, quer privado (nas várias componentes

de bens e serviços) quer público, compensou o abrandamento no investimento, onde a

evolução mais desfavorável ocorreu nas rubricas de equipamento – em particular na

componente de transporte, com uma queda de 8,0% –, contrariando a aceleração na

construção e na propriedade intelectual (esta com peso mais reduzido), rubricas que

reforçaram o seu elevado dinamismo (para tvh de 10,9% e 8,2%, respetivamente).

Quanto ao PIB nominal, a evolução no terceiro trimestre pautou-se por uma aceleração ligeira

(de 3,2% para 3,4%), com origem no deflator do PIB (de 1,3% para 1,5%), já que o

crescimento em volume não se alterou, como referido.

Ainda nos dados em valor, tanto as exportações como as importações registaram uma

descida do peso no PIB no terceiro trimestre (para 43,1% e 43,9%, respetivamente).

No caso do VAB em volume (sem impostos líquidos de subsídios) registou-se uma ligeira

aceleração homóloga, apesar de uma evolução mais negativa na Indústria e na Energia,

águas e saneamento e um abrandamento ligeiro na Comércio e reparação automóvel,

Alojamento e Restauração, que amorteceram o maior dinamismo dos demais setores.

Quadro 2.1.2: VAB por ramos

2017 2018 4T 18 1T 19 2T 19 3T 19

VAB total e por ramos (tvhr, %)* 3,3 2,1 1,2 1,8 1,4 1,5

Agricultura, Silvicultura e Pesca (peso em 2018: 2,4%) 2,0 -0,7 0,3 2,7 4,4 4,9

Indústria (14,4%) 5,9 1,6 -0,9 -0,7 -0,8 -1,2

Energia, Águas e Saneamento (3,6%) -3,6 6,2 5,1 -2,3 -3,5 -5,4

Construção (4,2%) 5,3 3,1 3,4 10,1 7,4 7,6

Comércio e rep. aut, Aloj. e Restauração (19,9%) 2,7 3,8 3,9 3,5 2,8 2,7

Transp. e armaz., Inf. e comunicação (8,4%) 5,6 1,3 0,9 2,6 3,2 3,5

Ativ. Financeira, Seguradora e Imobiliária (17,4%) 1,7 0,3 -0,8 2,1 1,4 1,8

Outros Serviços (29,8%) 3,4 2,0 0,9 0,6 0,7 1,0

INE, Contas nacionais (base 2011, SEC 2010). Tvhr=taxa de variação homóloga real; VAB=Valor Acrescentado Bruto.

*VAB a preços base (sem impostos líquidos de subsídios).

Os resultados preliminares das Contas Regionais de 2018 (na nova base 2016),

divulgados em dezembro, mostraram que o abrandamento do PIB real nesse ano afetou a

grande maioria das regiões – com maior intensidade no Algarve e no Alentejo –, com exceção

da R. A. Açores, que registou uma ligeira aceleração.

Quadro 2.1.3: Variação real do PIB, Portugal e NUTS II

Portugal Norte Centro A.M. Lisboa Alentejo Algarve R.A. Açores R. A Madeira

2017 3,5 3,5 3,1 3,6 3,0 5,4 1,7 5,1

2018(P) 2,4 2,9 2,2 2,6 1,0 2,4 2,0 0,6

Fonte: INE, Contas regionais (base 2016, SEC 2010). P=Estimativas provisórias. Apenas estão disponíveis dados para a

variação real do PIB nos anos de 2017 e 2018 na nova base 2016.

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Em 2018, o PIB per capita em paridades de poder de compra (valores provisórios) de

Portugal recuperou para 76,8% da média da UE, mas ficou ainda abaixo do valor registado em

2017, segundo dados do INE. Entre 2016 e 2018, a evolução mais desfavorável ocorreu na

A.M. Lisboa, que deixou de situar-se acima do nível de vida da UE, convergindo para a média,

enquanto a evolução mais positiva ocorreu no Algarve, a única região que melhorou face ao

padrão de vida médio da UE no conjunto dos dois anos, passando para 85,2% em 2018,

claramente o segundo valor mais alto entre as regiões nacionais, a seguir à A. M. Lisboa. A

região Norte continuou a ter o pior nível de vida relativo em 2018 (65,2% da média da UE).

Quadro 2.1.4: PIB per capita PPC (UE28=100), Portugal e NUTS II

Portugal Norte Centro A.M. Lisboa Alentejo Algarve R.A. Açores R. A. Madeira

2016 77,1 65,4 66,8 101,4 71,7 82,2 69,1 74,7

2017 76,6 64,9 66,3 100,2 72,4 84,3 67,7 75,7

2018 76,8 65,2 66,6 100,0 71,6 85,2 67,8 74,5

Fonte: INE, Contas regionais (base 2011, SEC 2016). PPC=paridade de poderes de compra. O INE apenas apresenta

dados desde 2016 na nova base.

A informação mais recente sugere um abrandamento ligeiro do PIB no quarto trimestre,

atendendo à descida do indicador coincidente do BdP para a evolução homóloga

tendencial de atividade no conjunto dos meses de outubro e novembro, embora o indicador

análogo para o consumo tenha registado uma ligeira subida no mesmo período. No caso do

investimento, o indicador de FBCF do INE travou a perda de dinamismo com uma

aceleração ligeira em outubro (tvh de 5,9%, em média móvel de três meses, após 5,7% no

terceiro trimestre, em termos nominais), mas os dados já disponíveis para novembro, relativos

às componentes vendas de veículos comerciais e ligeiros, tiveram uma evolução mais negativa.

Figura 2.1.1: PIB e Indicador Coincidente para a evolução homóloga tendencial de atividade

do Banco de Portugal, BdP (tvhr, %)

3,5

2,4

2,0 2,11,9 1,9

3,4

2,5

2,0 2,12,2

2,0 1,9 1,9

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

2017 2018 4T 18 1T 19 2T 19 3T 19 out/19 nov/19

PIB Ind. coincidente tendencial de atividade económica do BdP (%)Fontes: INE; BdP

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

O Indicador de Clima do INE1 estabilizou em novembro e dezembro, apontando para um

abrandamento ligeiro ou uma estagnação do ritmo de crescimento da atividade nos próximos

meses. Em dezembro, a recuperação dos índices de confiança da Indústria e da Construção

e obras públicas contrariou a quebra dos índices de confiança dos Consumidores, do

Comércio e dos Serviços, esta última particularmente intensa.

Figura 2.1.2: Indicador de Clima Económico (tvh; média móvel de 3 meses, mm3) e

Indicadores de Confiança, IC (saldo de respostas extremas, sre; mm3)

1 Estimado a partir do inquérito às empresas e consumidores com base numa análise fatorial (pelo que não tem de

seguir, necessariamente, a evolução dos indicadores de confiança), estando calibrado para antecipar a tvh do PIB.

2,6 2,6 2,62,5 2,5

2,32,4 2,4

2,32,2

2,1 2,1 2,1

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

dez/

18

jan/1

9

fev/1

9

mar/

19

abr/

19

mai/19

jun/1

9

jul/19

ago/1

9

set/

19

out/

19

nov/1

9

dez/

19

IC Consum. IC Ind. Transf.

IC Constr. e Obras Púb. IC Comércio

IC Serviços Indicador de clima ec. (esc. dta)Fonte: INE

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13

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

2.2 Projeções macroeconómicas nacionais e internacionais

Projeções para Portugal

No dia 17/10, o Banco de Portugal atualizou as suas projeções macroeconómicas no Boletim

Económico de Dezembro. No que respeita o crescimento real do PIB, a perspetiva é de

um abrandamento moderado no horizonte de projeção, com valores de 2,0% em 2019

(igual à previsão de outubro), 1,7% em 2020 e 1,6% tanto em 2021 como em 2022. O valor

para 2019 é o mais alto entre as projeções de referência (ver quadro), enquanto o de 2020

está alinhado com a Comissão Europeia, sendo inferior à projeções do Governo (Proposta de

Orçamento de Estado) e da OCDE, mas ligeiramente superior à estimativa do FMI, de outubro.

Quadro 2.2.1: Projeções económicas para Portugal

BdP Gov OCDE CE FMI

12/19 12/19 11/19 11/19 10[9]/19

2019 2020 2021 2022 2019 2020 2020 2021 2020 2021 2020

PIB (tvar, %) 2,0 1,7 1,6 1,6 1,9 1,9 1,8 1,7 1,7 1,7 1,6

Consumo privado 2,3 2,1 1,9 1,7 2,2 2,0 2,2 1,7 2,0 1,9 [1,6]

Consumo público 0,5 0,8 0,8 0,8 0,6 0,8 0,6 0,6 0,8 0,8 [1,2]

FBCF 7,3 5,4 4,8 4,3 7,3 5,4 1,2 4,3 4,8 5,0 [4,1]

Exportações 2,8 2,6 2,8 3,0 2,5 3,2 1,1 2,2 2,7 2,8 4,0

Importações 5,4 4,6 4,2 3,9 5,2 4,4 1,4 2,6 3,9 4,0 5,5

Contributos brutos para a tvar do PIB (p.p.)

Exportações líquidas (do total de importações)

-1,1 -0,5 -0,2 -0,2 -0,6 -0,6 [-0,4]

Procura Interna 3,0 2,4 2,0 1,9 2,3 2,3 [2,0]

Contributos líquidos das respetivas importações (p.p.)*

Exportações 0,4 0,4 0,5 0,5

Procura Interna 1,5 1,3 1,2 1,1

Proc. externa relevante (tvar, %) 1,9 2,1 2,5 2,7 2,4 3,0

Emprego (tva, %) 1,0 0,8 0,4 0,1 1,0 0,6 0,5 0,5 1,0

Taxa de desemprego (%) 6,3 5,9 5,6 5,6 6,4 6,1 6,4 6,3 5,9 5,6 5,6

Inflação (tva do IHPC, %) 0,3 0,9 1,2 1,4 0,3 1,0 0,5 1,0 1,1 1,4 1,2

Bal. Corr. e de capital (% PIB) 0,4 0,7 0,9 0,0 0,5 0,2 0,6 0,3

Balança corrente (% PIB) -0,7 -1,0 -1,0 -1,2 -0,7 -1,0 -0,7

Bal. de bens e serviços (% PIB) -0,6 -1,2 -1,7 -2,1 -0,8 -1,3

Bal. de bens (% PIB) -9,3 -9,9

Saldo orçamental (% PIB) -0,1 0,2 0,0 0,1 0,0 0,6 0,1

Dívida pública bruta (% PIB) 118,9 116,2 117,1 114,3 117,1 113,7 114,8

Fontes: Banco de Portugal, BdP, Boletim Económico - Dezembro de 2019; Governo, Relatório da Proposta de Orçamento

de Estado de 2020; OCDE, OECD Economic Outlook November 2019 - Portugal summary; Comissão Europeia, CE,

European Economic Forecast - Autumn 2019. Tva= taxa de variação anual; tvar= taxa de variação anual real; p.p.= pontos

percentuais. *Contributo de cada componente expurgada do respetivo conteúdo importado (lógica de valor acrescentado

nacional), uma abordagem diferente da tradicional (contributos brutos), em que a procura interna inclui importações e a

procura externa líquida deduz as importações às exportações totais. O cálculo dos conteúdos importados tem como base o

ano 2015 (mais detalhe no Boletim Económico de mar-19), a partir das “Matrizes Simétricas Input-Output, 2015” do INE.

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quanto a 2021, o BdP é menos otimista do que as demais entidades com projeção para o PIB

nacional nesse ano (Comissão e OCDE). A previsão para 2022 é a primeira avançada pelo BdP.

Outros destaques do Boletim Económico de Dezembro do BdP:

- “O crescimento em Portugal deverá manter um diferencial positivo face ao da área do

euro em 2019-22, embora gradualmente menor ao longo do horizonte”.

- “Em relação a 2020, a projeção para o crescimento da atividade foi revista ligeiramente em alta

(…), o que decorre de um maior crescimento do consumo privado e público. As projeções

incorporam uma revisão em baixa do crescimento das exportações (…), associada à atualização

das hipóteses para a procura externa dirigida a Portugal.

- O enquadramento externo da economia portuguesa tornou-se menos favorável em 2019,

perspetivando-se uma recuperação modesta do ritmo de crescimento do PIB e do comércio

mundiais ao longo do restante horizonte de projeção. No entanto, existe incerteza em torno

desta recuperação, em particular do comércio mundial”.

- “As hipóteses para o crescimento do PIB mundial continuam a assentar em três

premissas. Primeiro, num menor dinamismo cíclico e na redução dos estímulos de

política económica no final do horizonte de projeção nas principais economias avançadas.

Segundo, na transição gradual da economia chinesa para um patamar de crescimento

económico mais baixo. Terceiro, na capacidade de recuperação de várias economias de

mercado emergentes dos níveis de crescimento em que se encontravam, particularmente a

Índia, o Brasil, o México e a Turquia. O crescimento do PIB mundial foi revisto em baixa em

comparação com as hipóteses subjacentes às projeções do Boletim de junho de 2019”.

Quadro 2.2.2: Contributos (líquidos de conteúdos importados) para o crescimento

do PIB (em pontos percentuais e percentagem)

Fonte: Figura retirada do Boletim Económico de Dezembro do Banco de Portugal. P=projetado.

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- O crescimento da atividade económica (…) no horizonte de projeção será sustentado no

dinamismo da procura interna e, em menor grau, das exportações. O contributo [líquido de

conteúdos importados] da procura interna (…) será progressivamente menor, projetando-se

uma desaceleração moderada do consumo privado – em linha com o rendimento disponível – e

do investimento, que mantém (…) um crescimento forte. As exportações deverão crescer em

torno de 2,8% no período 2019-22. Este crescimento é inferior ao observado em média nos anos

mais recentes, o que reflete uma procura externa mais fraca e ganhos de quota de

mercado de magnitude inferior.”

- “Não obstante o dinamismo projetado, a evolução da FBCF deverá permitir apenas repor no

final do horizonte de projeção os níveis de capital por trabalhador observados em 2013. A

projeção para esta componente está sujeita a riscos descendentes, na medida em que a

evolução recente desfavorável da indústria transformadora a nível global e também em

Portugal, bem como o aumento dos níveis de incerteza globais, podem ter um impacto

negativo sobre as decisões de investimento das empresas. Em Portugal, estes riscos são

amplificados dada a concentração do investimento num pequeno número de empresas

e pelo facto de as novas empresas terem apresentado recentemente um menor dinamismo

do investimento face às empresas já instaladas” [resultado retirado da Caixa “Uma análise

microeconómica do investimento das empresas portuguesas entre 2006 e 2017”].

- “O investimento público acelera em 2019, aumentando cerca de 10% em termos nominais

(…). No resto do horizonte assume-se que a evolução desta componente da FBCF acompanhe o

perfil esperado para os recebimentos de fundos comunitários, acelerando em 2020 e

desacelerando posteriormente. Estes fundos deverão cofinanciar a construção de algumas

grandes infraestruturas públicas, nomeadamente de transporte ferroviário e rodoviário”.

Quadro 2.2.2: Balança corrente e de capital (em percentagem do PIB)

Fonte: Figura retirada do Boletim Económico de Dezembro do Banco de Portugal. P=projetado.

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- “A evolução da procura interna e externa tem como contrapartida um crescimento das

importações superior ao das exportações, implicando um aumento do défice da balança de

bens e serviços ao longo do horizonte de projeção [a refletir “défices progressivamente

maiores” da balança de bens e uma “relativa estabilização” do excedente da balança de serviços].

O saldo da balança corrente e de capital deverá manter-se excedentário em média no

horizonte de projeção (em 0,5% do PIB, o que compara com 1,7% no período 2014-2018), para

o que contribui a evolução favorável das balanças de rendimentos e de capital”. “O perfil do saldo

da balança de capital está afetado por um efeito positivo extraordinário em 2021,

associado à devolução por parte do Fundo Europeu de Estabilização Financeira de montantes

pagos (…) no âmbito do PAEF. A evolução do saldo conjunto das balanças de rendimentos e de

capital reflete também o aumento esperado dos recebimentos de fundos europeus no horizonte

de projeção (esperando-se que os fluxos mais expressivos ocorram em 2020 e 2021).”

- “Ao longo do período em análise, o emprego deverá continuar a crescer mas a um ritmo

progressivamente menor. A taxa de desemprego continuará a diminuir, situando-se em 5,6%

em 2022, um nível historicamente baixo.

- A inflação deverá diminuir em 2019, para 0,3%, e aumentar gradualmente ao longo do

restante horizonte, atingindo 1,4% em 2022. As projeções para a inflação são revistas em baixa

(…), em particular para 2019-20, refletindo a informação entretanto divulgada dos preços no

consumidor e a revisão em baixa das hipóteses relativas ao preço do petróleo em euros.

- Os principais fatores de risco para a atividade económica em Portugal decorrem, em

grande medida, da possibilidade de um enquadramento internacional menos favorável,

resultante, por exemplo, de um novo aumento das barreiras ao comércio internacional ou da

transmissão da fraqueza recente da indústria a nível global aos restantes setores de atividade.

(…) Os riscos para os preços são globalmente equilibrados, com o impacto positivo de uma

subida de tarifas alfandegárias e de aumentos adicionais do salário mínimo em 2021-22 a

ser compensado pelo efeito negativo de uma evolução mais desfavorável da atividade.

- A desaceleração projetada do PIB ao longo do período 2019-22 é resultado de um processo de

maturação do ciclo económico – observado igualmente nas outras economias avançadas –

que se traduz numa aproximação (…) ao ritmo de crescimento potencial da economia.

Sobre este continuam a pesar constrangimentos estruturais, como uma evolução

demográfica adversa (…). Estas condicionantes devem constituir os principais eixos de ação da

política económica, merecendo destaque as medidas que promovam o aumento da

produtividade. Num contexto de limitações ao aumento da oferta de trabalho, a

produtividade torna-se o fator crucial de crescimento da economia portuguesa e da sua resiliência

face aos desafios da próxima década, onde se incluem também a rápida transformação

tecnológica em curso e a sustentabilidade ambiental.”

Nota: as projeções das contas públicas são analisadas na secção 9.2.

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Projeções para a economia mundial e principais mercados

No início de janeiro de 2020, o Banco Mundial reviu em baixa as suas perspetivas de

crescimento do PIB mundial, que deverá acelerar de forma ligeira em 2020 (para uma

variação real de 2,5%, mais 0,1 p.p. que em 2019) e 2021 (para 2,6%), a refletir uma retoma

gradual do investimento e do comércio internacional. Estas previsões de crescimento

mundial são as mais baixas até ao momento.

Quadro 2.2.2: Previsões de crescimento económico – mundo e mercados (tvar, %) BM, jan-20 OCDE, nov-19 CE, nov-19 FMI, out-19

2019 2020 2021 2019 2020 2021 2019 2020 2021 2019 2020

Mundo 2,4 2,5 2,6 2,9 2,9 3,0 2,9 3,0 3,1 3,0 3,4

Ec. Avançadas 1,6 1,4 1,5 1,7 1,7

EUA 2,3 1,8 1,7 2,3 2,0 2,0 2,3 1,8 1,6 2,4 2,1

Japão 1,1 0,7 0,6 1,0 0,6 0,7 0,9 0,4 0,6 0,9 0,5

UE 1,4 1,4 1,4 1,5 1,6

Área Euro 1,1 1,0 1,3 1,2 1,1 1,2 1,1 1,2 1,2 1,2 1,4

Alemanha 0,6 0,4 0,9 0,4 1,0 1,0 0,5 1,2

França 1,3 1,2 1,2 1,3 1,3 1,2 1,2 1,3

Itália 0,2 0,4 0,5 0,1 0,4 0,7 0,0 0,5

Espanha 2,0 1,6 1,6 1,9 1,5 1,4 2,2 1,8

RU 1,2 1,0 1,2 1,3 1,4 1,4 1,2 1,4

OCDE 1,7 1,6 1,7

Ec. em Desenvolv. 3,5 4,1 4,3 3,9 4,6

Angola -0,7 1,5 2,4 -0,3 1,2

Moçambique 2,0 3,7 4,2 1,8 6,0

Brasil 1,1 2,0 2,5 0,8 1,7 1,8 0,9 2,0

Rússia 1,2 1,6 1,8 1,1 1,6 1,4 1,1 1,9

Índia 5,0 5,8 6,1 5,8 6,2 6,4 6,1 7,0

China 6,1 5,9 5,8 6,2 5,7 5,5 6,1 5,8 5,6 6,1 5,8

Fontes: Banco Mundial, BM, Global Economic Prospects - January 2020; Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Económico, OCDE, OECD Economic Outlook November 2019 e respetiva base de dados online; Comissão Europeia, CE,

European Economic Forecast - Autumn 2019 ; Fundo Monetário Internacional, FMI, World Economic Outlook October 2019;

Tvar= taxa de variação anual real.

A aceleração em 2020 terá origem no reforço do crescimento das economias em

desenvolvimento – embora bastante concentrado em poucas grandes economias a recuperar

de períodos desfavoráveis, como Rússia, Brasil e Angola, ou que perderam recentemente parte

do seu forte dinamismo, como é o caso da Índia –, já que as economias avançadas deverão

registar um abrandamento em 2020 devido ao fraco dinamismo da atividade industrial.

Entre as economias avançadas, destaca-se a ligeira revisão em alta do crescimento do PIB dos

EUA em 2020 (de 1,7% para 1,8%), o que não impede um abrandamento significativo nesse

ano (0,5 p.p.), mas sobretudo a forte revisão em baixa no caso da Área Euro (de 1,4% para

1,0%, abaixo das projeções de 1,1% da OCDE e 1,2% da Comissão Europeia em novembro).

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Assinala-se ainda, tanto nas previsões da OCDE como nas da Comissão, o forte abrandamento

do PIB de Espanha em 2020, o que poderá repercutir-se negativamente em Portugal,

tratando-se do nosso maior mercado externo, sendo ainda de realçar, nos dados da OCDE, o

fraquíssimo crescimento da Alemanha em 2020 (0,4%, que compara com 1,0% nos números

da Comissão), tratando-se também de um dos principais mercados de Portugal.

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3. INTERNACIONALIZAÇÃO

3.1 Comércio internacional

Nesta secção são apresentadas as principais tendências das exportações e importações de bens

e de serviços, incluindo o cálculo e análise de quotas de mercado das exportações.

3.1.1 Comércio internacional de bens

Saldo da balança de bens

Quadro 3.1.1.1: Saldo da balança de bens

2018 Var. homóloga

Jan-Nov 19 Var. homóloga

Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%) Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%)

Total

Exportações (FOB) 57 807 2 789 5,1 55 331 1 875 3,5

Importações (CIF) 75 364 5 675 8,1 74 326 4 902 7,1

Saldo -17 557 -2 887 19,7 -18 995 -3 027 19,0

Taxa de Cobertura (%) 76,7 74,4

Intra-UE

Exportações (FOB) 44 000 3 209 7,9 42 591 1 868 4,6

Importações (CIF) 57 113 3 919 7,4 56 775 4 262 8,1

Saldo -13 114 -711 5,7 -14 184 -2 394 20,3

Taxa de Cobertura 77,0 75,0

Extra-UE

Exportações (FOB) 13 807 -420 -3,0 12 740 7 0,1

Importações (CIF) 18 251 1 756 10,6 17 551 640 3,8

Saldo -4 444 -2 176 96,0 -4 811 -633 15,2

Taxa de Cobertura 75,7 72,6

Total sem combustíveis

Exportações (FOB) 53 854 2 780 5,4 52 135 2 308 4,6

Importações (CIF) 66 309 4 830 7,9 65 879 4 850 7,9

Saldo -12 455 -2 050 19,7 -13 744 -2 542 22,7

Taxa de Cobertura 81,2 79,1

Fonte: INE. Tvhn = taxa de variação homóloga nominal. M€= Milhões de euros. CIF (Cost, Insurance and Freight)

significa a inclusão dos custos inerentes ao transporte das mercadorias e FOB (Free on Board) o contrário.

No período de janeiro a novembro de 2019, as exportações cresceram 3,5% (4,6% no

mercado da UE e 0,1% extra-UE), abaixo da subida de 7,1% das importações (8,1% nas

oriundas da UE e 3,8% nas extra-UE) – nos dois casos em abrandamento face à dinâmica

observada em 2018, sobretudo nas exportações –, o que agravou o défice comercial de bens

(para 19,0 mil M€) e fez baixar a taxa de cobertura (para 74,4%). Excluindo combustíveis,

os valores de crescimento das importações (7,9%) e exportações (4,6%) foram superiores.

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Exportações de bens

Quadro 3.1.1.2: Exportações de bens nos 20 principais mercados de 2018

2018 Jan-Nov 19

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Espanha 14 657 5,8 1,5 13 705 0,8 0,2

França 7 323 6,0 0,7 7 243 6,5 0,8

Alemanha 6 666 6,5 0,7 6 704 8,1 0,9

Reino Unido 3 668 0,5 0,0 3 383 -0,2 0,0

Estados Unidos 2 873 1,0 0,1 2 766 3,8 0,2

Itália 2 460 25,2 0,9 2 483 12,3 0,5

Países Baixos 2 204 -0,3 0,0 2 154 5,8 0,2

Angola 1 513 -15,3 -0,5 1 155 -18,1 -0,5

Bélgica 1 318 3,8 0,1 1 293 5,0 0,1

Brasil 809 -14,3 -0,2 696 -4,9 -0,1

Polónia 767 20,3 0,2 735 3,8 0,1

Marrocos 688 -5,8 -0,1 616 -3,7 0,0

China 658 -21,8 -0,3 553 -10,1 -0,1

Suécia 581 17,5 0,2 547 3,4 0,0

Suíça 576 -0,4 0,0 586 8,8 0,1

Áustria 531 45,9 0,3 496 0,6 0,0

Turquia 440 14,0 0,1 506 25,3 0,2

Dinamarca 413 15,6 0,1 392 4,4 0,0

Roménia 408 4,1 0,0 415 9,2 0,1

Eslováquia 386 42,8 0,2 388 7,5 0,1

Subtotal 48 938 4,7 4,0 46 816 3,3 2,8

Total 57 807 5,1 55 331 3,5

Intra-UE 44 000 7,9 5,8 42 591 4,6 3,5

Extra-UE 13 807 -3,0 -0,8 12 740 0,1 0,0

Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2018. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação

homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.

Os maiores contributos positivos para o crescimento homólogo das exportações até

novembro tiveram origem nos mercados da Alemanha, França e Itália – contrariando os

contributos negativos de Angola (o mais significativo), Brasil e China – e nos grupos de

produtos Material de transporte e Químicos (que se sobrepuseram aos contributos negativos dos

Combustíveis, Metais, Calçado e Plásticos e borracha).

Relembra-se que a evolução do comércio de combustíveis – quer nas exportações quer nas

importações – foi “condicionada por interrupções para manutenção ocorridas nas refinarias

nacionais”, conforme referiu o Banco de Portugal no Boletim Económico de Outubro.

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4T 19 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

21

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quadro 3.1.1.3: Exportações de bens por tipo de produto

2018 Jan-Nov 19

Produtos NC8 e respetivos códigos Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Máquinas e aparelhos: S16 (84-85) 8 269 -1,9 -0,3 7 722 1,0 0,1

Material de Transporte: S17 (86-89) 8 240 25,0 3,0 9 037 19,3 2,7

Metais: S15 (72-83) 4 581 5,8 0,5 4 178 -2,1 -0,2

Madeira, cortiça, pasta e papel: S9 (44-46) e S10 (47-49)

4 400 6,0 0,5 4 103 0,9 0,1

Plásticos e borracha: S7 (39-40) 4 243 1,8 0,1 3 925 -1,4 -0,1

Combustíveis e óleos minerais: S5 (27) 3 952 0,2 0,0 3 196 -11,9 -0,8

Animais vivos, produtos animais e vegetais, e gorduras: S1 (1-5), S2 (6-14), S3 (15)

3 858 4,1 0,3 3 622 2,6 0,2

Alimentação, bebidas e tabaco, S4 (16-24) 3 261 2,5 0,1 3 090 2,4 0,1

Vestuário: S11 (61-62) 3 187 0,9 0,0 2 927 -0,9 0,0

Químicos: S6 (28-38) 2 856 3,9 0,2 3 042 15,5 0,8

Têxteis: S11 (50-60, 63) 2 125 2,9 0,1 1 960 -1,2 0,0

Calçado: S12 (64-67) 2 012 -2,4 -0,1 1 790 -4,8 -0,2

Outros 1 971 14,1 0,4 2 198 21,8 0,7

Mobiliário: S20 (94) 1 932 -0,9 0,0 1 860 3,6 0,1

Pedra, cerâmica e vidro: S13 (68-70) 1 814 1,4 0,0 1 668 -1,1 0,0

Produtos minerais exceto combustíveis: S5 (25-26)

823 12,1 0,2 727 -3,3 0,0

Peles e couros S8 (41-43) 281 0,5 0,0 287 11,5 0,1

Total 57 807 5,1 55 331 3,5

Total sem combustíveis 53 854 5,4 5,1 52 135 4,6 4,3

Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2018. NC8 = Nomenclatura combinada de mercadorias da

UE a oito dígitos; M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.

Quotas de mercado das exportações de bens

Figura 3.1.1.1: Evolução homóloga das exportações de mercadorias, da procura externa

relevante e dos ganhos de quota de mercado

0,8

10,0

5,15,8

1,4

5,3

1,1 1,0

-0,6

8,1

5,2

7,3

4,9 5,2

1,7

-0,2

1,41,9

-0,1-1,5

-3,5

0,1

-0,6

1,2

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

2016 2017 2018 3T 18 4T 18 1T 19 2T 19 3T 19

Exportações de mercadorias (tvhn, %) = a

Indicador de procura externa relevante (tvhn, %) = b

Ganho (+) / Perda (-) de quota de mercado = a - bFonte: INE e cálculos próprios

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Segundo dados revistos, no terceiro trimestre assistiu-se a uma quebra homóloga do

indicador de procura externa de bens (-0,2%) acompanhada de um abrandamento pouco

significativo das exportações (de 1,1% para 1,0%), o que se refletiu numa recuperação da

quota de mercado de bens em termos homólogos, após uma quebra no trimestre anterior.

Importações de bens

Os maiores contributos positivos para a subida homóloga das importações até novembro

vieram dos mercados de França (ainda a refletir a entrada de aeronaves, de elevado valor,

com origem nesse país, no mês de maio2), Espanha, China e Alemanha – contrariando os

contributos negativos nos mercados do Cazaquistão, Azerbaijão e Rússia – e nos grupos de

produtos Material de transporte (sobretudo aeronaves), Máquinas e aparelhos e Químicos,

contrariando os ligeiros contributos negativos dos Metais e Peles e couros.

Quadro 3.1.1.4: Importações de bens nos 20 principais mercados de 2018

2018 Jan-Nov 19

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Espanha 23 690 5,3 1,7 22 397 2,8 0,9

Alemanha 10 406 9,3 1,3 9 951 4,4 0,6

França 5 753 12,6 0,9 7 449 40,2 3,1

Itália 4 045 7,2 0,4 3 771 2,1 0,1

Países Baixos 3 974 6,3 0,3 3 654 -0,3 0,0

China 2 350 14,6 0,4 2 749 26,1 0,8

Bélgica 2 200 14,2 0,4 2 293 13,6 0,4

Reino Unido 1 893 1,6 0,0 1 972 13,2 0,3

Estados Unidos 1 411 41,7 0,6 1 397 12,1 0,2

Rússia 1 292 -18,0 -0,4 1 072 -11,7 -0,2

Brasil 1 006 -17,5 -0,3 935 -2,0 0,0

Angola 929 233,0 0,9 1 042 26,6 0,3

Polónia 885 4,8 0,1 1 002 22,2 0,3

Turquia 884 33,2 0,3 898 8,7 0,1

Cazaquistão 770 51,4 0,4 211 -72,5 -0,8

Azerbaijão 737 7,0 0,1 548 -19,3 -0,2

Arábia Saudita 713 21,2 0,2 761 18,1 0,2

Suécia 706 7,5 0,1 635 -2,2 0,0

Índia 668 7,5 0,1 778 24,7 0,2

República Checa 575 25,6 0,2 583 10,6 0,1

Subtotal 64 886 8,9 7,6 64 099 7,4 6,3

Total 75 364 8,1 74 326 7,1

Intra-UE 57 113 7,4 5,6 56 775 8,1 6,1

Extra-UE 18 251 10,6 2,5 17 551 3,8 0,9

Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2018. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação

homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.

2 Note-se que a compra de aeronaves é inscrita no comércio internacional como importação (entrada de bens), mas em

Contabilidade Nacional não é nem importação nem investimento por se tratar de locação operacional, segundo o INE.

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quadro 3.1.1.5: Importações de bens por tipo de produto

2018 Jan-Nov 19

Produtos NC8 e respetivos códigos Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Máquinas e aparelhos: S16 (84-85) 13 403 11,2 1,9 13 211 7,8 1,4

Material de Transporte: S17 (86-89) 10 250 8,5 1,2 12 118 29,6 4,0

Combustíveis e óleos minerais: S5 (27) 9 055 10,3 1,2 8 447 0,6 0,1

Animais vivos, produtos animais e vegetais, e gorduras: S1 (1-5), S2 (6-14), S3 (15)

7 868 4,9 0,5 7 249 0,1 0,0

Químicos: S6 (28-38) 7 686 11,8 1,2 7 642 7,4 0,8

Metais: S15 (72-83) 6 084 9,8 0,8 5 595 -1,0 -0,1

Plásticos e borracha: S7 (39-40) 4 517 5,9 0,4 4 221 0,5 0,0

Alimentação, bebidas e tabaco, S4 (16-24) 3 174 0,6 0,0 3 137 7,1 0,3

Outros 2 685 8,0 0,3 2 630 7,5 0,3

Madeira, cortiça, pasta e papel: S9 (44-46) e S10 (47-49)

2 386 8,2 0,3 2 223 0,9 0,0

Vestuário: S11 (61-62) 2 202 4,9 0,1 2 135 6,3 0,2

Têxteis: S11 (50-60, 63) 2 116 3,3 0,1 1 969 -0,6 0,0

Mobiliário: S20 (94) 1 163 0,8 0,0 1 111 3,2 0,0

Calçado: S12 (64-67) 884 2,0 0,0 873 5,9 0,1

Pedra, cerâmica e vidro: S13 (68-70) 849 9,4 0,1 832 6,1 0,1

Peles e couros S8 (41-43) 832 1,0 0,0 729 -5,0 -0,1

Produtos minerais exceto combustíveis: S5 (25-26)

208 18,2 0,0 202 5,2 0,0

Total 75 364 8,1 74 326 7,1

Total sem combustíveis 66 309 7,9 6,9 65 879 7,9 7,0

Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das importações em 2018. NC8 = Nomenclatura combinada de mercadorias da

UE a oito dígitos; M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.

3.1.2 Comércio internacional de serviços

Segundo dados revistos, o excedente da balança de serviços diminuiu em termos homólogos

no período de janeiro a outubro (3,3%, após uma subida de 3,9% no conjunto de 2018),

atingindo 14,6 mil M€, uma evolução que resultou de uma aceleração das importações (de

9,5% para 11,9%) e um abrandamento das exportações (de 6,5% para 3,8%), que traduziu

o menor dinamismo das Viagens e turismo (de 8,3% para 7,7%) e dos Transportes (de

6,8% para 2,3%), as duas rubricas com maior peso, e quebras ou quedas mais acentuadas nas

demais componentes. Todas as principais componentes registaram taxas de crescimento

homólogas das importações superiores às das exportações e uma evolução do saldo pior do

que a verificada no conjunto de 2018, com excedentes mais reduzidos na maioria dos casos,

exceto nas Viagens e turismo, cujo saldo continuou a aumentar (4,5%), mas a um ritmo menor

do que em 2018 (6,3%), continuando a registar o excedente mais elevado.

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24

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quadro 3.1.2.1: Balança de serviços

2018 Var. homóloga Jan-Out 19 Var. homóloga

Valor (M€)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Exportações 32 926 2 019 6,5 29 402 1 072 3,8

Transformação, manut., reparação

986 -36 -3,5 -0,1 754 -40 -5,0 -0,1

Transportes 7 116 452 6,8 1,5 6 080 134 2,3 0,5

Viagens e turismo 16 840 1 290 8,3 4,2 16 155 1 157 7,7 4,1

Outros serviços forn. por empresas

4 553 156 3,6 0,5 3 651 -160 -4,2 -0,6

Outros 3 430 157 4,8 0,5 2 762 -19 -0,7 -0,1

Importações 16 098 1 392 9,5 14 796 1 572 11,9

Transformação, manut., reparação

455 -19 -4,0 -0,1 423 40 10,6 0,3

Transportes 4 068 363 9,8 2,5 3 574 219 6,5 1,7

Viagens e turismo 4 663 570 13,9 3,9 4 592 659 16,7 5,0

Outros serviços forn. por empresas empresas

3 827 383 11,1 2,6 3517 501 16,6 3,8

Outros 3 085 95 3,2 0,6 2 690 153 6,0 1,2

Saldo 16 827 626 3,9 14 606 -500 -3,3

Transformação, manut., reparação

531 -17 -3,1 330 -81 -19,6

Transportes 3 048 89 3,0 2 506 -86 -3,3

Viagens e turismo 12 177 719 6,3 11 564 498 4,5

Outros serviços forn. por empresas empresas

726 -226 -23,8 134 -661 -83,2

Outros 345 61 -50 73 -171 -27

Fonte: BdP. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais; s.s. = sem

significado.

3.1.3 Balança de bens e serviços

No período de janeiro a outubro, a balança de bens e serviços registou um saldo

positivo de 329 M€, muito abaixo do valor de 3,0 mil M€ observado no período homólogo de

2018, em reflexo de um agravamento do défice nos bens e um menor excedente nos serviços.

Em termos de estrutura da balança de bens e serviços (BBS), os dados de janeiro a

outubro confirmam a tendência de aumento do peso dos serviços, tanto nas exportações

(com origem nas Viagens e turismo) como nas importações (nas rubricas Viagens e turismo, e

Outros serviços fornecidos por empresas).

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4T 19 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

25

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quadro 3.1.3.1: Balança de bens e serviços

Exportações

Importações Saldo

Jan-Out Jan-Out Jan-Out

2018 2019 2018 2019 2018 2019

Valor (M€)

Peso (%)

Valor (M€)

Peso (%)

Valor (M€)

Peso (%)

Valor (M€)

Peso (%)

Valor (M€)

Valor (M€)

Bens (FOB) 47 960 62,9 49 052 62,5 60 029 81,9 63 329 81,1 -12 069 -14 277

Serviços (FOB) 28 331 37,1 29 402 37,5 13 224 18,1 14 796 18,9 15 107 14 606

Transformação, manut., reparação

794 1,0 754 1,0 383 0,5 423 0,5 411 330

Transportes 5 947 7,8 6 080 7,8 3 355 4,6 3 574 4,6 2 592 2 506

Viagens e turismo 14 999 19,7 16 155 20,6 3 933 5,4 4 592 5,9 11 066 11 564

Outros serviços forn. por empresas

3 811 5,0 3 651 4,7 3 016 4,1 3 517 4,5 795 134

Outros serviços 2 781 3,6 2 762 3,5 2 537 3,5 2 690 3,4 244 73

Total (FOB) 76 291 100,0 78 454 100 73 253 100,0 78 125 100 3 037 329

Fonte: Banco de Portugal. M€= milhões de euros. Nota: devido a diferenças de natureza metodológica, ocorre uma

diferença significativa de valores na balança de bens entre este quadro e o quadro 3.1.1.1, que tem como fonte o INE.

As diferenças têm origem sobretudo nas importações, em boa medida porque esta componente se encontra expressa

em valores CIF nos dados do INE e em valores FOB nos do Banco de Portugal (ver nota ao quadro 3.1.1.1).

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26

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

4. FINANCIAMENTO

4.1 Taxas de juro

Quadro 4.1.1: Taxas de juro

2018 2019 2T 19 3T 19 4T 19 Out-19 Nov-19 Dez-19

Taxas de juro (%)

Mercado monetário

Taxa “Refi” do BCE (fim de período) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Taxas Euribor (valores médios)

3 meses -0,322 -0,356 -0,317 -0,397 -0,384 -0,413 -0,401 -0,395

6 meses -0,266 -0,302 -0,249 -0,382 -0,325 -0,362 -0,337 -0,336

12 meses -0,173 -0,215 -0,145 -0,326 -0,249 -0,304 -0,272 -0,261

Dívida soberana: OT (valores médios)

Yield PT, 10 anos (a) 1,84 0,93 0,27 0,19 0,35

Yield Área Euro, 10 anos 1,13 0,64 0,05 0,02 0,17

Yield Alemanha, 10 anos (b) 0,40 -0,16 -0,54 -0,47 -0,35

Prémio de risco de PT = (a) –(b) 1,45 1,09 0,81 0,66 0,70

Crédito a empresas

Novas operações até 1 M€ (exclui descobertos bancários)

Taxa de juro média pond. em PT 2,78 2,59 2,55 2,58 2,50

Tx. de juro média pond. na A. Euro 2,03 1,98 1,91 1,88 1,88

Fontes: EMMI (European Money Markets Institute), BdP, BCE e Eurostat. OT = Obrigações do Tesouro; PT = Portugal;

Taxa “Refi” do BCE = taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurossistema.

Figura 4.1.1: Taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses (valores médios mensais, %)

As taxas Euribor recuperaram no quarto trimestre face a mínimos históricos nos prazos a 6 e

12 meses (nos 3 meses, apesar das subidas mensais, a média trimestral caiu ligeiramente),

coincidindo com a mudança da presidência do BCE. Contudo, os valores de dezembro foram

ainda negativos e inferiores aos do mês homólogo, num ano em que o BCE de Draghi retomou

a compra de ativos para contrariar a baixa inflação e o baixo dinamismo da economia do euro.

-0,395

-0,336

-0,261

-0,450

-0,400

-0,350

-0,300

-0,250

-0,200

-0,150

-0,100

dez/

18

jan/1

9

fev/1

9

mar/

19

abr/

19

mai/19

jun/1

9

jul/19

ago/1

9

set/

19

out/

19

nov/1

9

dez/

19

Euribor 3m Euribor 6 m Euribor 12 mFonte: EMMI

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27

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Figura 4.1.2: Yields soberanas a 10 anos de alguns países da Área Euro (%)

No mercado secundário de dívida pública, a yield soberana de Portugal a 10 anos manteve

uma trajetória de descida em outubro, mas recuperou significativamente em novembro, em

linha com a tendência no resto da Europa, a refletir a queda dos mercados obrigacionistas ante

a perspetiva de um acordo comercial parcial entre os EUA e a China. O prémio risco-país

(diferencial face à yield alemã) atingiu um novo mínimo da série em outubro (0,66 p.p.),

registando depois uma correção em alta no mês de novembro (para 0,70). De referir, ainda,

que a yield a 10 anos da Área Euro recuperou valores positivos em outubro e novembro.

Figura 4.1.3: Taxas de juro sobre novas operações (até 1 M€, excluindo descobertos

bancários) a soc. não financeiras por inst. fin. monetárias (médias ponderadas, %)

A taxa de juro a sociedades não financeiras sobre novas operações até 1 M€ (excluindo

descobertos bancários) para Portugal recuou para 2,50% em novembro (ainda o 10º valor mais

alto na Área Euro), igualando o mínimo da série (iniciada em 2000), atingido primeiro em julho.

-0,35

1,36

0,35

1,27

-1

0

1

2

3

4

5

6

nov/1

7

dez/

17

jan/1

8

fev/1

8

mar/

18

abr/

18

mai/18

jun/1

8

jul/18

ago/1

8

set/

18

out/

18

nov/1

8

dez/

18

jan/1

9

fev/1

9

mar/

19

abr/

19

mai/19

jun/1

9

jul/19

ago/1

9

set/

19

out/

19

nov/1

9

Alemanha Espanha Grécia Irlanda Portugal ItalyFonte: Eurostat

3,44

2,03

1,52

4,09

5,25

2,50

1,88

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

nov/1

5

jan/1

6

mar/

16

mai/16

jul/16

set/

16

nov/1

6

jan/1

7

mar/

17

mai/17

jul/17

set/

17

nov/1

7

jan/1

8

mar/

18

mai/18

jul/18

set/

18

nov/1

8

jan/1

9

mar/

19

mai/19

jul/19

set/

19

nov/1

9

Chipre Alemanha Espanha França Grécia

Irlanda Itália Portugal Área EuroFonte: BCE

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28

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

4.2 Crédito

Esta secção foi alvo de uma revisão, na sequência da alteração profunda do sistema de

estatísticas do Banco de Portugal – BP Stat –, influenciando as séries disponíveis sobre crédito.

Quadro 4.2.1: Agregados de crédito, posição em final de período

(Tva em %, salvo outra indicação)

2017 2018 Mar-19 Jun-19 Set-19 Out-19

Tva Mil M€

Crédito total ao setor não financeiro residente, exceto Ad. Públicas (a)

1,7 0,5 1,3 1,4 1,5 1,2 405,2 ∆

- Particulares e emp. nome individual (b) 0,6 0,1 0,2 0,4 0,5 0,6 140,3 ∆

- Habitação -1,6 -0,6 -0,4 -0,3 -0,3 -0,2

- Consumo e outros fins 6,2 2,5 2,5 3,4 4,4 4,4

- Sociedades não financeiras 2,5 -0,0 1,2 1,5 1,5 1,1

- Privadas 2,8 -0,1 1,1 1,4 1,5 1,1 264,9 ∆

- Públicas fora do perímetro das AP -5,9 1,6 4,4 2,6 1,4 1,1 7,0 ∆

Empréstimos das IFM 0,2 0,3 0,2 1,3 1,0 1,1 (1,1*) 308,6*

- Particulares -0,1 0,8 0,7 0,7 0,7 0,8 (1,1*) 118,8*

- Habitação -1,6 -0,7 -0,5 -0,4 -0,4 -0,3 (0,4*)

- Consumo 10,9 11,2 9,9 9,1 9,2 8,8 (6,9*)

- Outros fins 1,5 0,2 -0,9 -1,2 -1,5 -1,7 (-2,6*)

- Sociedades não financeiras -0,1 1,7 0,4 2,5 2,2 2,7 (1,7*) 83,3*

- Microempresas* 0,5* 2,0* 2,9* 2,8* 1,8* 3,3*

- Pequenas empresas* 0,8* -2,0* -2,9* -1,5* -1,6* -1,1*

- Médias empresas* -6,5* -2,2* -1,0* -0,3* -0,5* -0,2*

- Grandes empresas* -4,0* 3,2* -3,4* 6,4* 5,6* 6,1*

- Sociedades privadas exportadoras* -0,4* -1,0* -4,1* -0,8* -0,4* -0,1*

- Administrações públicas 22,3 -5,4 -5,4 0,5 -5,6 -6,7 (-6,3*) 67,7* (c)

- IFNM -0,8 -2,1 -0,1 2,6 3,4 4,6 (2,6*) 32,6*

Fonte: BdP. Dados consolidados (i.e., excluem operações entre entidades do mesmo setor institucional), exceto os

assinalados com ∆, e com ajustamento de operações de titularização e venda de carteiras, exceto os assinalados com *.

Tva = Taxa de variação média anual; IFM = Instituições Financeiras monetárias (inclui o BdP e as Outras IFM, OIFM:

bancos, caixas económicas e caixas de crédito agrícola e fundos de mercado monetário); IFNM = Instituições

financeiras não monetárias (incluem, nomeadamente, instituições financeiras de crédito (IFIC), sociedades financeiras

para aquisições a crédito (SFAC), sociedades de leasing e de factoring e sociedades de garantia mútua).

(a) Endividamento do Setor não financeiro, excluindo as Administrações Públicas, sob a forma de empréstimos, títulos de

dívida e créditos comerciais (com base nas estatísticas monetárias e financeiras, da balança de pagamentos e da

posição de investimento internacional, nas contas financeiras, nas estatísticas das administrações públicas, nas

estatísticas de títulos e em dados da central de balanços e da central de responsabilidades de crédito); (b) Neste caso,

os Particulares incluem os empresários em nome individual, além das Famílias e das ISFLSF; (c) Administração Central.

O stock de crédito total concedido às Sociedades não financeiras privadas

(endividamento por empréstimos, títulos de dívida e créditos comerciais) registou uma variação

média anual de 1,1% no final de outubro, o que representa um abrandamento face a

setembro (1,5%), mas uma recuperação face à quebra ligeira verificada no final de 2018.

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29

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

O crescimento foi inferior no caso dos Particulares – que, nestes dados, além de Famílias e

ISFLSF, incluem os empresários em nome individual –, apesar de uma aceleração ligeira (tva de

0,6%, após 0,5% em setembro e 0,1% no final de 2018), devido à evolução menos negativa na

Habitação (-0,2%) e à manutenção do dinamismo no Consumo e outros fins (4,4%).

Os dados dos empréstimos das Instituições Financeiras Monetárias (excluindo, por isso,

o crédito das Instituições Financeiras não Monetárias, IFNM), com maior detalhe – embora

menos abrangentes e nem sempre totalmente comparáveis com os dados anteriores (ver notas

ao quadro) –, permitem destacar, em outubro:

- A variação média anual já significativa dos empréstimos a Sociedades não financeiras

(2,7%; 1,7% sem ajustamento de operações de titularização), mas que esconde valores ainda

negativos nas pequenas e médias empresas, bem como nas sociedades privadas

exportadoras (-1,1% e -0,2% e -0,1%, respetivamente, valores sem ajustamento), ainda que

em desagravamento face ao final de 2018 nos três casos;

- Ao nível dos Particulares, o aumento bastante acentuado dos empréstimos ao Consumo

(8,8%), embora em abrandamento desde o final de 2018;

- A manutenção de uma variação anual negativa nos empréstimos às Administrações

Publicas (-6,7%), em ligeiro agravamento face ao final de 2018 (-5,4%);

- A recuperação dos empréstimos às IFNM (4,6%, após -2,1% no final de 2018).

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30

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

4.3 Mercado de capitais

Em 2019, o valor transacionado no mercado secundário a contado diminuiu 6,9% (para

24,7 mil M€), com origem na Euronext Lisbon (tvh de -9,6%, para 23,3 mil M€), o mercado

com maior peso, que contrariou a recuperação da Euronext Access Lisbon (95,6%, para 1,4

mil M€), que representou a totalidade da negociação do sistemas de negociação

multilateral (com menores exigências de listagem, mais apropriados à participação das PME)

dada a ausência de transações na Euronext Growth Lisbon durante o ano.

No final de dezembro, a capitalização bolsista registou subidas homólogas de 5,9% na

Euronext Lisbon e 33,2% na Euronext Access Lisbon (14,6%), mas uma queda de 100% na

Euronext Growth, significando que esse mercado ficou vazio, sem qualquer valor cotado, nos

dados da CMVM.

Quadro 4.3.1: Transações e capitalização bolsista (M€, salvo outra indicação)

Valor transacionado Capitalização bolsista

2017 2018 2019 Dez-17 Dez-18 Dez-19

Mercados regulamentados 29 597,6 24 919,2 23 315,6

Tvh (%) 15,3% -15,8% -9,6%

Euronext Lisbon 29 597,6 24 919,2 23 315,6 281 492,2 190 990,4 201 265,3

Tvh (%) 15,3% -15,8% -9,6% 19,9% -32,2% 5,4%

Sistemas de neg. multilateral 1 121,7 675,2 1 350,8

Tvh (%) 96,9% -39,8% 95,6%

Euronext Access Lisbon (1) 1 121,4 675,2 1 350,8 2 967,5 2 641,2 3 518,2

Tvh (%) 96,8% -39,8% 95,6% 1,9% -11,0% 33,2%

Euronext Growth Lisbon (2) 0,3 0,0 0,0 33,0 31,1 0,0

Tvh (%) s.s. s.s. s.s. -25,3% -5,8% -100,0%

PEX (3)

Tvh (%)

Total (merc. secund. contado) 30 719,3 25 594,4 24 666,4

Tvh (%) 17,1% -16,7% -6,9%

Fonte: CMVM. Tvh = taxa de variação homóloga; s.s.=sem significado. 1) A partir de junho de 2017, o EasyNext

passou a denominar-se Euronext Access, incluindo desde 2009 o Mercado Sem Cotações; 2) A partir de junho de 2017,

o Alternext passou a denominar-se Euronext Growth; 3) O mercado PEX deixou de aparecer nas estatísticas da CMVM a

partir de maio de 2017.

O índice acionista de referência PSI-20 valorizou-se 10,2% em 2019 (atingindo 5214,14

pontos no fecho da última sessão do ano), em variação de final de período, o que traduz uma

recuperação parcial face à quebra de 12,2% registada em 2018.

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31

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5. MERCADO DE TRABALHO

No terceiro trimestre, a taxa de desemprego diminuiu para 6,1% (um novo mínimo da

série, iniciada em 2011), após 6,3% no trimestre anterior e 6,7% no homólogo.

As taxas de desemprego jovem e de longa duração também diminuíram em termos

homólogos e em cadeia, situando-se próximas dos mínimos das respetivas séries.

Figura 5.1: Taxa de desemprego total, jovem e de longa duração

(%, sem correção de sazonalidade)

O detalhe da evolução homóloga (que expurga efeitos de sazonalidade) mostra que a

redução da taxa de desemprego refletiu o recuo de 8,3% da população desempregada

(com origem no níveis de qualificação básico e secundário e, pelo menos, nos setores

Secundário e Terciário), conjugada com subidas de 0,9% do emprego (com origem nas

qualificações Secundária e Superior, e no Setor Terciário) e 0,3% no total da população ativa.

Nas regiões, apenas o Alentejo e o Algarve registaram aumentos homólogos na taxa de

desemprego, que oscilou entre um mínimo nacional de 4,8% no Centro e um máximo de

7,3% nas R.A Açores, com o valor mais alto no Continente a ocorrer no Alentejo (7,0%).

12,715,5 16,2

13,912,4

11,18,9

7,0 6,76,3 6,1

30,3

37,9 38,134,8

32,0

28,0

23,920,3

20,0

18,117,9

6,78,4

10,0 9,1 7,9 6,9 5,1 3,6 3,4 3,3 3,20

5

10

15

20

25

30

35

40

45

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

3T 1

6

4T 1

6

1T 1

7

2T 1

7

3T 1

7

4T 1

7

1T 1

8

2T 1

8

3T 1

8

4T 1

8

1T 1

9

2T 1

9

3T 1

9

Taxa de desemprego total

Taxa de desemprego jovem (15-24 anos)

Taxa de desemprego de longa duração (12 ou mais meses)Fonte: INE

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quadro 5.1: Inquérito trimestral ao emprego do INE

2018 2T 18 2T 19 3T 19 Tvh (%) Tvc (%)

População ativa (103 indivíduos) 5 232,6 5 255,5 5 245,1 5 271,2 0,3 0,5

Taxa de atividade (%) 51,0 51,2 51,1 51,4

População empregada (103) 4 866,7 4 902,8 4 916,7 4 947,8 0,9 0,6

- Por nível de qualificação

Ensino básico: até 3º ciclo 2 233,7 2 265,9 2 143,0 2 137,9 -5,7 -0,2

Ensino secundário ou pós-secundário 1 329,0 1 340,9 1 383,6 1 449,2 8,1 4,7

Ensino superior 1 304,0 1 295,9 1 390,1 1 360,7 5,0 -2,1

- Por setor

Sector Primário 294,2 301,6 275,5 275,3 -8,7 -0,1

Sector Secundário 1 209,2 1 215,0 1 208,8 1 212,2 -0,2 0,3

Sector Terciário 3 363,3 3 386,1 3 432,4 3 460,3 2,2 0,8

Trab. por conta de outrem (103) 4 056,5 4 091,4 4 085,3 4 128,2 0,9 1,1

Com contrato de trabalho sem termo 3 165,1 3 182,5 3 228,6 3 282,0 3,1 1,7

Com contrato de trabalho com termo 745,0 760,7 732,2 712,3 -6,4 -2,7

População desempregada (103) 365,9 352,7 328,5 323,4 -8,3 -1,5

Ensino básico: até 3º ciclo 172,6 159,8 154,6 143,9 -10,0 -6,9

Ensino secundário ou pós-secundário 119,3 120,9 109,7 97,4 -19,4 -11,2

Ensino superior 74,1 72,0 64,2 82,1 14,0 27,9

Desemp. à procura de novo emprego (103) 320,4 301,8 296,8 284,5 -5,7 -4,1

Oriundos do Sector Primário 9,3 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Oriundos do Sector Secundário 74,6 65,8 62,8 63,4 -3,7 1,0

Oriundos do Sector Terciário 211,2 203,5 199,7 189,7 -6,7 -5,0

Taxa de desemprego (%) 7,0 6,7 6,3 6,1

Homens 6,6 6,2 5,9 5,4

Mulheres 7,4 7,2 6,7 6,9

Jovens (15-24 anos) 20,3 20,0 18,1 17,9

Longa duração (12 ou mais meses) 3,6 3,4 3,3 3,2

Regiões

Norte 7,3 7,2 6,2 6,6

Centro 5,6 5,4 4,7 4,8

A. M. Lisboa 7,4 7,1 7,1 6,4

Alentejo 7,2 6,6 6,9 7,0

Algarve 6,4 5,0 6,7 5,3

R. A. Açores 8,6 8,7 8,2 7,3

R. A. Madeira 8,8 8,9 6,9 6,9

População inativa (103) 5 031,5 5 005,6 5 017,2 4 989,9 -0,3 -0,5

Fonte: INE. Tvh(c)= taxa de variação homóloga (em cadeia); n.d. = não disponível.

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6. CUSTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS

De acordo com dados do Banco Mundial, os índices de matérias-primas recuperaram no

quarto trimestre, para o que contribuiu o anúncio de acordo comercial (1ª fase) entre os EUA

e a China (variações em cadeia das médias trimestrais de 4,4% no índice da agricultura, 1,8%

no índice da energia e 0,5% no índice dos metais). Contudo, a recuperação não foi suficiente

para evitar uma queda no conjunto de 2019, com o abrandamento da economia mundial,

perturbada por tensões protecionistas e geopolíticas, a ditar perdas médias anuais de 12,6% no

índice da energia (para o que contribuiu a queda de 9,9% na cotação do barril de brent),

9,9% no índice dos metais (influenciada pelo enfraquecimento da atividade industrial) e 3,8%

no índice da agricultura (onde a cotação do algodão registou uma descida de 14,6%).

Figura 6.1: Índices de matérias-primas: Agricultura, Energia e metais (2010=100)

87,0 86,7

83,4

85,287,6

68,1

87,0

76,074,2

76,9

84,9

90,6

81,6

80,4 80,7

40

50

60

70

80

90

100

2017

2018

2019

1T 1

9

2T 1

9

3T 1

9

4T 1

9

out/

19

nov/1

9

dez/

19

Agricultura Energia Metais de baseFonte: Banco Mundial; Valores médios

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7. CUSTOS DA ENERGIA

7.1 Eletricidade

Os preços médios da eletricidade sem IVA e outros impostos dedutíveis pagos pela

indústria nacional foram inferiores à média da UE na maioria dos escalões de consumo no

primeiro semestre de 2019, com exceção do quinto e do sétimo, embora se tenham

continuado a situar claramente dentro da metade de países com preços mais alto, salvo no

primeiro escalão (15ª posição em 27 países com dados).

Quadro 7.1.1: Preços sem IVA (e outros imp. ded.) da eletricidade na indústria (€/KWh)

Portugal UE (28)

1S 18 2S 18 1S 19 1S 19 2S 18 1S 19

#UE 28 (sem imp., taxas)

Bandas de consumo

IA: Consumo < 20 MWh 0,2053 0,1981 0,1614 15º em 27 (23º em 27) 0,1924 0,2025

Tvh (%) 2,3 -1,1 -21,4 5,8 6,7

IB: [20; 500 MWh [ 0,1492 0,1495 0,1408 11º em 28 (16º em 28) 0,1415 0,1503

Tvh (%) -3,1 -1,6 -5,6 2,2 8,3

IC: [500; 2 000 MWh [ 0,1123 0,1170 0,1186 8º em 28 (10º em 28) 0,1161 0,1251

Tvh (%) -1,9 2,0 5,6 2,7 8,6

ID: [2 000; 20 000 MWh [ 0,1048 0,1090 0,1061 8º em 28 (11º em 28) 0,1000 0,1087

Tvh (%) 1,6 4,5 1,2 1,4 10,1

IE: [20 000Wh; 70 000 MWh [ 0,0891 0,0963 0,0924 6º em 28 (12º em 28) 0,0834 0,0903

Tvh (%) 1,6 10,9 3,7 0,8 10,4

IF: [70 000; 150 000 MWh] 0,0816 0,0877 0,0822 10º em 27 (15º em 27) 0,0784 0,0839

Tvh (%) 0,2 6,8 0,7 4,0 12,6

IG: Consumo > 150 000 MWh 0,0679 0,0787 0,0761 5º em 16 (7º em 16) 0,0715 0,0717

Tvh (%) -9,5 8,4 12,1 5,0 5,4

Fonte: Eurostat. # UE 28 (sem imp., taxas) = ranking do preço de Portugal sem IVA e outros impostos dedutíveis (sem

todos os impostos e taxas) na UE 28; Mwh= megawatts/hora; tvh= taxa de variação homóloga.

Esta situação marca, ainda assim, uma forte melhoria face ao posicionamento relativo

observado no 2º semestre de 2018, em que as preços eram superiores à média da UE em

todos os escalões, nomeadamente nos dois primeiros, em que se situará a maioria das PME.

A principal explicação para esta alteração foi a forte redução das tarifas de acesso à rede

em 2019 (-16,7% na Baixa Tensão Normal e -10,6% nos restantes níveis de tensão, conforme

anunciado pela ERSE em dez-18), que contribuiu para a queda significativa dos preços da

eletricidade no 1º semestre ao nível dos dois primeiros escalões de consumo (tvh de

-21,4% no 1º escalão e -5,6% no 2º), onde o peso da componente fixa do custo de

eletricidade é relativamente maior, mas notando-se também subidas homólogas inferiores à

média da UE nos restantes escalões, com exceção do último.

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4T 19 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

35

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Faz-se notar que, apesar da amortização da dívida tarifária assinalável nos últimos anos

(influenciando as tarifas da eletricidade), o seu valor é ainda muito significativo e continuará a

pesar sobre os preços nacionais de eletricidade ao longo dos próximos anos. De facto, já para

2020, a ERSE anunciou (em dez-19) um aumento de 1,3% nas tarifas de acesso à rede,

sugerindo que a redução observada em 2019 (com impacto nos preços finais da eletricidade

pagos pelas empresas) poderá ter sido apenas pontual e sem sustentação futura.

Excluindo a totalidade de impostos e taxas (para aferir os preços de mercado sem a

influência global da fiscalidade), o posicionamento relativo dos preços da eletricidade nacional

no panorama europeu melhora face ao acima referido, sobretudo nos dois primeiros escalões,

significando que as empresas nacionais, sobretudo as com menos consumo (PME), são

relativamente mais afetadas por impostos não dedutíveis que as congéneres europeias.

7.2 Gás natural

No primeiro semestre de 2019, os preços médios nacionais do gás natural sem IVA e

outros impostos dedutíveis pagos pela indústria situaram-se acima da média da UE na

esmagadora maioria dos escalões de consumo, à exceção do terceiro, o único na segunda

metade da tabela de preços mais altos (15ª posição). Destaca-se, em particular, os preços

relativamente elevados nos dois primeiros escalões de consumo (5ª e 6ª posições,

respetivamente) – onde se situará a maioria das PME – e no quinto (4ª posição).

Quadro 7.2.1: Preços sem IVA (e outros imp. ded.) do gás natural na indústria (€/GJ)

Portugal UE (28)

1S 18 2S 18 1S 19 1S 19 2S 18 1S 19

#UE (sem imp. taxas)

Bandas de consumo

I1: Consumo < 1 000 GJ 15,15 15,32 16,09 5º em 25 (3º em 25) 13,66 13,48

Tvh (%) -2,7 -1,7 6,3 6,2 7,8

I2: [1 000; 10 000 GJ [ 12,26 11,37 13,07 6º em 26 (2º em 26) 11,25 11,27

Tvh (%) 13,7 9,1 6,6 11,1 8,1

I3: [10 000; 100 000 GJ [ 7,59 8,21 9,02 15º em 26 (5º em 26) 8,66 9,07

Tvh (%) -2,0 9,1 18,9 10,9 6,9

I4: [100 000; 1 000 000 GJ [ 6,61 7,54 7,72 12º em 25 (8º em 25) 7,29 7,35

Tvh (%) -0,6 18,8 16,8 13,4 6,1

I5: [1 000 000; 4 000 000 GJ] 6,63 7,65 7,46 4º em 19 (2º em 19) 7,05 6,63

Tvh (%) 3,4 23,6 12,6 19,2 3,0

I6: Consumo > 4 000 000 GJ 1º em 10, 1S 17 (1º em 10)

Tvh (%)

Fonte: Eurostat. # UE (sem imp., taxas) = ranking do preço de Portugal sem IVA e outros impostos e taxas dedutíveis

(sem todos os impostos e taxas) nos países com informação disponível da UE; GJ= gigajoules; tvh= taxa de variação

homóloga. Nota: não há dados para Portugal (e vários outros países europeus) no escalão acima de 4 000 000 GJ.

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36

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Em termos de dinâmica, a variação homóloga dos preços foi inferior ligeiramente inferior à

media da UE nos dois primeiros escalões, mas foi largamente superior nos demais.

Contudo, excluindo todos os impostos e taxas, os preços do gás natural à indústria de

Portugal são dos mais altos entre os países da UE com dados (posições entre a 1ª a 8ª nos

vários escalões), sinalizando que os impostos não dedutíveis são relativamente baixos face à

aos demais países. Mais importante, continua em evidência que a indústria enfrenta preços

relativamente elevados do gás natural antes da influência da fiscalidade.

7.3 Combustíveis

De acordo com dados da DGEG (Direção-geral de Energia e Geologia), o preço médio do

gasóleo em Portugal registou uma quebra homóloga menos acentuada no quarto

trimestre, tanto antes de impostos como após impostos. Em termos anuais, contudo,

registaram-se subidas ligeiras no conjunto de 2019 (0,2% e 1,4%, respetivamente), devido ao

movimento ascendente no primeiro semestre.

Para o desagravamento no quarto trimestre muito contribuiu a recuperação homóloga em

dezembro (subidas de 7,3% antes de impostos e 5,4% no preço final), a refletir a subida da

cotação do brent na sequência do acordo comercial (primeira fase) entre os EUA e a China.

Nota: à data de fecho da informação não estavam ainda disponíveis os preços do gasóleo da UE

para o conjunto de 2019.

Quadro 7.3.1: Preço do gasóleo rodoviário em Portugal e na UE (€/litro)

2017 2018 2019 1T 19 2T 19 3T 19 4T 19 Dez-19

Preço sem impostos*

Portugal 0,543 0,621 0,622 0,621 0,630 0,611 0,627 0,632

Tvh (%) 18,6 14,3 0,2 6,6 2,2 -4,5 -2,6 7,3

Ranking na UE (28) 7º 10º

UE (28) 0,512 0,606

Tvh (%) 16,6 18,4

Preço de venda ao público*

Portugal 1,242 1,343 1,363 1,361 1,373 1,349 1,369 1,374

Tvh (%) 11,0 8,2 1,4 5,0 2,6 -1,3 -0,2 5,4%

Ranking na UE (28) 9º 9º

UE (28) 1,214 1,338

Tvh (%) 8,0 10,2

Peso da tributação (%)

Portugal 56,3 53,6

UE (28) 57,8 54,7

Fonte: DGEG (Direção-geral de Energia e Geologia). Nota: a tributação inclui o IVA (dedutível) e o ISP, do qual estão

isentas as instalações abrangidas pelo CELE (Comércio Europeu de Licenças de Emissão) e as empresas abrangidas

pelos ARCE (Acordos de Racionalização de Consumos Energéticos) – nº 2 do artº 89 do CIEC (Código dos Impostos

Especiais sobre o Consumo). * Preços do gasóleo simples.

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8. INFLAÇÃO, CÂMBIOS E COMPETITIVIDADE PELOS CUSTOS

8.1 Inflação e câmbios

A taxa de inflação homóloga de Portugal (medida pelo IHPC) recuperou um valor positivo no

quarto trimestre (0,2%; 0,4% em dezembro), atenuando o diferencial negativo face à Área

Euro (onde a inflação se manteve em 1,0%), o que não impediu um alargamento no conjunto

de 2019 (-0,9 p.p., após -0,6 p.p. em 2018), ano em que a inflação nacional caiu para 0,3%.

Nos EUA, a taxa de inflação subiu para 2,0% no quarto trimestre (2,3% em dezembro), mas

no cômputo de 2019 registou uma descida para 1,8%, valor ainda acima da Área Euro.

Figura 8.1.1: Taxas de inflação homólogas (%) de Portugal, UE (IHPC) e EUA (I

PC), e diferencial de inflação entre Portugal e a UE (p.p.)

O câmbio euro/dólar situou-se em 1,1113 dólares por euro em dezembro, 0,6% acima do

mês anterior, mas 2,4% abaixo do mês homólogo. A cotação média anual depreciou-se 5,2% em

2019, para 1,1195 dólares por euro, refletindo taxas de juro relativamente superiores nos EUA.

Figura 8.1.2: Taxa de câmbio euro/dólar (média mensal)

-0,6-0,9

-0,6 -0,8

-1,3

-0,8-0,8 -0,8

-0,9

1,2

0,3 0,80,6

-0,3

0,2

-0,1

0,2

0,4

1,8

1,2 1,4 1,41,0 1,0

0,71,0

1,3

2,4

1,81,6

1,8 1,82,0 1,8

2,1 2,3

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

2018

2019

1T 1

9

2T 1

9

3T 1

9

4T 1

9

out/

19

nov/1

9

dez/

19

Diferencial PT-AE Portugal Área Euro EUAFonte: Eurostat e BLS (EUA)

0,8532

1,5770

1,0543

1,2348

1,1113

0,8

0,9

1,0

1,1

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

dez/

99

dez/

00

dez/

01

dez/

02

dez/

03

dez/

04

dez/

05

dez/

06

dez/

07

dez/

08

dez/

09

dez/

10

dez/

11

dez/

12

dez/

13

dez/

14

dez/

15

dez/

16

dez/

17

dez/

18

dez/

19

Fonte: BdP

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8.2 Competitividade pelos custos laborais

De acordo com informação revista, a competitividade-custo da economia nacional face aos

37 principais parceiros recuperou de forma mais marcada no terceiro trimestre de 2019, em

termos homólogos (depreciação de 1,0% no índice de taxa de câmbio real efetiva, ITCRE, após

descidas de 0,6% e 0,7% nos dois trimestres anteriores), devido a um reforço da depreciação

nominal do euro e ao alargamento do diferencial negativo de variação dos custos

laborais unitários (CLU), embora ligeiro.

Figura 8.2.1: Evolução da competitividade-custo e das componentes cambial e de diferencial

de CLU face ao exterior: 37 parceiros (tvh em % do ITCRE e do ITCNE3, e diferença em p.p.)

3 ITCRE é o índice de taxa de câmbio real efetiva, medido com o deflator custos laborais unitários, CLU, face a 37

parceiros comerciais. ITCNE é o índice de taxa de câmbio nominal efetiva, medido também face a 37 parceiros.

-3,3

1,0

2,0 1,7

0,2

-0,7 -0,6-1,0

-2,6

1,2 1,21,5

0,4

-0,4 -0,3-0,6-0,7

-0,2

0,8

0,2

-0,2 -0,3 -0,3 -0,4

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

2015 2016 2017 2018 4T 18 1T 19 2T 19 3T 19

Ganho (-) ou perda (+) de competitividade-custo (ITCRE_CLU, tvh em %)

Componente cambial nominal (ITCNE, tvh em %)

Componente CLU (diferença em p.p.)Fonte: Comissão Europeia

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9. AJUSTAMENTO DA ECONOMIA PORTUGUESA

9.1 Equilíbrio externo

Segundo dados revistos, o excedente da balança corrente e de capital reduziu-se 72,3%

em termos homólogos (2,9 mil M€) nos dez primeiros meses de 2019, para 1,1 mil M€, em

resultado do agravamento do défice das balanças de bens e rendimentos secundários, a

par com a redução do saldo positivo das balanças de serviços – a deterioração destas rubricas

levou ao regresso de um défice na balança corrente – e de capital.

Quadro 9.1.1: Balanças corrente e de capital (M€)

2017 2018 Jan-Out 18 Jan-Out 19 Var. hom. Var. abs.

Balança Corrente 2 385 803 2 407 -290 s.s. -2 697

Balança de bens e serviços 2895 1563 3037 329 -89,2% -2 709

Bens -13 306 -15 264 -12 069 -14 278 18,3% -2 208

Serviços 16 201 16 828 15 107 14 606 -3,3% -500

Rendimentos primários -4 691 -4 887 -4 002 -3 787 -5,4% 215

Rendimentos secundários 4 181 4 127 3 372 3 168 -6,0% -204

Balança de Capital 1 670 2 046 1 588 1 397 -12,0% -191

Balanças corrente e de capital 4 055 2 849 3 994 1 107 -72,3% -2 888

Fonte: BdP. M€= milhões de euros; s.s.=sem significado.

A posição de investimento internacional4 (que reflete, além da evolução do saldo externo,

efeitos como alterações de valoração de ativos e passivos sobre o exterior) melhorou de forma

mais significativa no terceiro trimestre, atingindo -102,0% do PIB (na base de 2016), após

valores de -104,5%, -104,6% e -105,6% no final dos três trimestres anteriores.

9.2 Contas públicas

No dia 16 de dezembro, o Governo enviou ao Parlamento a Proposta de Lei do Orçamento

de Estado para 2020, bem como o respetivo Relatório, onde é projetado um saldo

positivo (0,2% do PIB), que seria o primeiro em democracia (o último excedente ocorreu em

1973), após um défice estimado de apenas 0,1% do PIB em 2019, confirmando a estimativa do

Projeto de Plano Orçamental para 2020 (cenário de políticas invariantes) de 15/10. A dívida

pública reduz-se para 116,2% do PIB em 2020, após 118,9% em 2019, segundo o Governo.

4 A posição de investimento internacional (posição externa líquida) é dada pela diferença entre os ativos e os passivos

sobre o exterior, sendo um conceito mais abrangente que o da dívida externa líquida.

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Figura 9.2.1: Saldo orçamental e dívida pública em Portugal (% do PIB na base 2016)

A melhoria do saldo orçamental em 2020 reflete a subida da receita (de 43,3% para 43,8% do

PIB), que mais do que compensa o aumento da despesa (de 43,4% para 43,6% do PIB). A carga

fiscal (que soma a receita fiscal com as contribuições sociais efetivas) sobe de 34,9% para

35,1% do PIB, um novo máximo histórico. Na despesa, o aumento do peso no PIB tem origem na

FBCF (de 2,0% para 2,3% do PIB), rubrica que tem vindo a registar taxas de execução baixas.

Estas projeções são suportadas num cenário macroeconómico que aponta para uma taxa de

crescimento real do PIB de 1,9% em 2020 (valor revisto em baixa de 0,1 p.p. face ao Projeto de

Plano Orçamental para 2020, de outubro, e ao Programa de Estabilidade de abril).

O Conselho das Finanças Públicas “endossa as estimativas e previsões macroeconómicas

apresentadas”, embora refira na sua apreciação que o cenário macroeconómico contempla a

“previsão de um ritmo de crescimento do PIB real e FBCF em 2020 ligeiramente mais elevados”

face às projeções das instituições de referência consideradas para comparação, considerando

ainda que “os riscos associados ao cenário são descendentes e sobretudo de natureza externa”.

O relatório orçamental apresenta ainda um saldo estrutural (ajustado de efeitos cíclicos e

medidas temporárias) de 0% do PIB potencial (após -0,3% em 2019), “alcançando o OMP

[objetivo de médio prazo], cumprindo-se, assim, a regra europeia do saldo orçamental”, segundo

o Governo, avaliação não completamente partilhada pela Comissão Europeia, que aponta riscos.

No dia 15/1/00 a Comissão Europeia reconheceu que "o saldo estrutural (recalculado) no

esboço de Orçamento do Estado está próximo do objetivo de médio prazo em 2020," mas

projeta “um risco de desvio significativo do ajustamento exigido em direção ao OMP em

2019 e em 2020, tendo por base uma avaliação global", convidando as autoridades “a tomar as

medidas necessárias durante o processo orçamental nacional para assegurar que o Orçamento

de 2020 vai cumprir o Pacto de Estabilidade e Crescimento”.

62,2

132,9

122,2118,9

116,2

-5,2

-11,4

-0,4-0,1

0,2

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

-12,0

-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019 (

P)

2020 (

P)

Dívida pública Saldo orçamentalFontes: BdP (1995-2018); Gov., OE 2020 (demais anos). P = Previsão