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Alice Emmanuele Teixeira Peixoto ANÁLISE DA ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO EM SAÚDE DE MÉDIO PRAZO PARA O PERÍODO 2016-2019: O CASO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Belo Horizonte 2017

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Alice Emmanuele Teixeira Peixoto

ANÁLISE DA ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO EM SAÚDE DE MÉDIO

PRAZO PARA O PERÍODO 2016-2019: O CASO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Belo Horizonte

2017

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Alice Emmanuele Teixeira Peixoto

ANÁLISE DA ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO EM SAÚDE DE MÉDIO

PRAZO PARA O PERÍODO 2016-2019: O CASO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Trabalho de conclusão de curso

apresentado ao Curso Superior em

Administração Pública da Escola de

Governo Professor Paulo Neves de

Carvalho (EG/FJP) como requisito

Parcial para obtenção do título de

Bacharel em Administração Pública

Orientador: Mauro César da Silveira

Belo Horizonte

2017

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P379a

Peixoto, Alice Emmanuele Teixeira.

Análise da elaboração do Planejamento em saúde de médio prazo para

o período 2016-2019 [manuscrito] : o caso do estado de Minas Gerais / Alice

Emmanuele Teixeira. – 2017.

[17], 86 f. : il.

Monografia de conclusão de Curso (Graduação em Administração

Pública) – Fundação João Pinheiro, Escola de Governo Professor Paulo

Neves de Carvalho, 2017.

Orientador: Mauro César da Silveira

Bibliografia: f. 78-84

1. Sistema Único de Saúde (Brasil). 2. Atenção à saúde – Minas Gerais.

3. – Planejamento estratégico – Saúde – Minas Gerais. I. Silveira, Mauro

César da. II. Título.

CDU 614(815.1)

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Alice Emmanuele Teixeira Peixoto

ANÁLISE DA ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO EM SAÚDE DE MÉDIO PRAZO

PARA PERÍODO 2016-2019: o caso do Estado de Minas Gerais

Trabalho de conclusão de curso

apresentada ao Curso Superior em

Administração Pública da Escola

de Governo Professor Paulo

Neves de Carvalho (EG/FJP)

como requisito Parcial para

obtenção do título de Bacharel em

Administração Pública.

_____________________________________________________________________

Dr. Mauro César da Silveira (orientador) - Fundação João Pinheiro

_____________________________________________________________________

Dr. Agnez Lélis Saraiva - Fundação João Pinheiro

_____________________________________________________________________

Dra. Flávia de Paula Duque Brasil - Fundação João Pinheiro

Belo Horizonte, 27 de novembro de 2017

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Dedico esse trabalho aos meus pais,

Emerson e Patrícia, aos meus irmãos

Gracyelle e Gabryel, e às minhas avós,

Graça e Ninha – por terem me apoiado,

lutado e sonhado junto comigo esse

sonho que se concretiza.

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Agradeço,

A Deus, pois confio que todas as coisas cooperam para o cumprimento dos seus propósitos, e

por todo seu amor, graça e misericórdia pela minha vida,

À minha família que sempre me acompanhou e me deu todo o apoio possível para que eu

pudesse chegar até aqui: sem isso eu não teria sequer chegado aonde estou,

Aos meus familiares que sempre se orgulharam de mim e acreditaram em meu potencial e me

deram forças para continuar,

Aos meus amigos que sempre me deram suporte e que sempre foram bons ouvidos para meus

desabafos, ombros para meu choro e também grandes motivadores e incentivadores que me

fortaleceram e não me deixaram me desanimar ou desistir desse sonho,

Aos meus colegas e amigos da João Pinheiro Júnior, da Gestão Novos Rumos da FENEAP, do

Time FEJEMG e outros amigos do MEJ, e também à equipe do Fundo Campo de Públicas – o

trabalho com vocês foram momentos maravilhosos que marcaram minha graduação: obrigada

por todo o aprendizado, companheirismo e inspiração! Conhecer vocês e trabalhar pelos

propósitos que defendíamos me faz ter mais fé em nossa geração e ter um sentimento maior de

comprometimento e me sentindo capaz de transformar o país diante de quaisquer desafios que

vierem.

Aos colegas do XXXIII CSAP, turma que pela tamanha inteligência me motivaram a querer ser

tão inteligente quanto a turma – sou orgulhosa por ter compartilhado 4 anos da minha vida com

vocês, em especial aos meus companheiros de provas e trabalhos e a todos os colegas que já se

dispuseram a me ajudar e tirar as várias dúvidas que já tive,

A todos os professores que já tive, o trabalho e a dedicação de vocês foram essenciais para

orientar minha caminhada, guardo todos em meu coração e tenho profunda gratidão por vocês.

Agradeço em especial aos professores do CSAP que me inspiraram com tamanho

conhecimento: obrigada por me mostrarem o que é a Administração Pública, seus avanços,

desafios e por me empoderarem a contribuir para esse cenário em nosso estado,

À Soraia, minha psicóloga, que ouviu pacientemente todos os meus desabafos e inseguranças,

muito obrigada por me ajudar a lidar com a pressão e a minha ansiedade, sem enfrentar esses

medos e enfrentar a mim mesma, finalizar esse curso talvez não teria acontecido. Por isso, sou

profundamente grata,

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À equipe ASPLAN/SES, pelo acolhimento e ensinamentos em uma área tão desafiadora pra

mim! Sou muito grata pelo suporte e informações que contribuíram para que essa monografia

exista. Vocês são profissionais incríveis que me inspiram a melhor servidora possível. Em

especial, agradeço à Poliana, minha tutora, por ter inspirado o tema dessa monografia,

Agradeço em especial ao Mauro, meu orientador, por toda a paciência, suporte e orientação,

tenho certeza que não deve ter sido fácil ter uma orientanda ansiosa e insegura como eu,

portanto sou grata por não ter desistido de mim, e por toda a solicitude e empenho durante essa

jornada,

Por fim, agradeço também a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da jornada da

minha graduação e contribuíram para meu crescimento pessoal e profissional.

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“uma coisa é por ideias arranjadas;

outra é lidar com um país de pessoas,

de carne e sangue, de mil-e-tantas

misérias... De sorte que carece de se

escolher”

Guimarães Rosa

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RESUMO

Diante da necessidade de uma elaboração do planejamento estratégico em saúde eficiente ao

construí-lo junto aos vários instrumentos de gestão e a complexidade do Sistema Único de

Saúde frente às necessidades dos atores sociais, esse trabalho busca apresentar as características

do planejamento de médio prazo da saúde no Estado de Minas Gerais. Esse trabalho considera

a planificação de médio prazo em para o setor da saúde diante do arcabouço do SUS e seu

desafio de garantir a saúde enquanto direito universal, assim como os aspectos do planejamento

governamental na análise situacional e tomada de decisão das políticas públicas. Dessa maneira,

buscou-se responder esse questionamento a partir de uma análise da elaboração do

planejamento em saúde de médio prazo para o período 2016-2019, considerando o contexto de

governo, o cenário do planejamento de Minas Gerais, o alinhamento entre o planejamento

setorial da saúde e o planejamento orçamentário, e também como foi desempenhado o

envolvimento das instituições participativas em etapa preliminar à elaboração do planejamento.

Ao longo desse trabalho foram percebidas as principais características do planejamento em

saúde mineiro e os desafios para se cumprir um planejamento alinhado, eficiente e participativo.

Palavras-chave: Sistema Único de Saúde; Planejamento em saúde; Planejamento

governamental

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ABSTRACT

Towards the need for efficiency at the strategic health planning, faced by the various

management instruments and the complexity of the Brazilian Health System (SUS), this task

seeks to present the characteristics of health planning in the State of Minas Gerais, headed of

the organization of the Brazilian Health System and its challenge of ensuring health as a

universal right, and governmental planning in situational analysis and public policy decision-

making. It was sought to answer this questioning based on an analysis of the preparation of the

medium-term health planning for the period 2016-2019, considering the government context,

the planning scenario of Minas Gerais, the alignment between health sector planning and the

budgetary planning, as the involvement of participatory institutions in the preliminary stage of

planning. Throughout this work, the main characteristics of health planning in Minas Gerais

and the challenges of meeting aligned, efficient and participatory planning were perceived.

Keywords: health planning; brazilian health system; government planning

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIAÇÕES ................................................................................................... 14

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 17

LISTA DE QUADROS ............................................................................................................ 17

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 18

LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................ 18

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 19

2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ........................................................................................ 21

2.1. Antecedentes .............................................................................................................. 21

2.2. O Sistema Único de Saúde, a garantia do direito à saúde e a organização do sistema

23

3 PLANEJAMENTO ........................................................................................................... 29

3.1. Os Planos Plurianuais no processo de planejamento orçamentário ....................... 32

3.2. Planejamento em saúde .............................................................................................. 35

3.2.1. O Planejamento do Sistema Único de Saúde...................................................... 41

3.3. Planejamento de médio prazo da agenda de saúde: o alinhamento entre os planos

plurianuais e os planos de saúde ........................................................................................... 46

4 ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO DE MÉDIO PRAZO DO

SUS/MG PARA O PERÍODO 2016-2019 ............................................................................... 49

4.1. Contextualização ........................................................................................................ 49

4.2. Análise Comparada dos instrumentos de planejamento de médio prazo: o PPAG e

Plano Estadual de Saúde ....................................................................................................... 61

4.3. Análise das demandas das Instituições Participativas com o Plano Estadual de Saúde

69

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 76

REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO ....................................................................................... 78

ANEXO 1 – DISPOSIÇÃO DAS DIRETRIZES, OBJETIVOS, METAS E INDICADORES

DA ÁREA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE POR EIXO NO PLANO ESTADUAL DE SAÚDE

2016-2019 – MINAS GERAIS – 2016 .................................................................................... 85

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ANEXO 2 – PROGRAMAS E AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE – PPAG 2016-2019 –

MINAS GERAIS – 2016 .......................................................................................................... 98

ANEXO 3 – COMPARAÇÃO DE UMA META DO PLANO ESTADUAL DE SAÚDE COM

AS DEMANDAS DA PRIMEIRA RODADA DOS FÓRUNS REGIONAIS POR FÓRUM –

MINAS GERAIS – 2015 ........................................................................................................ 101

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ACE AGENTES DE COMBATE A ENDEMIAS

AIDS SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA

ALMG ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

ASPLAN ASSESSORIA DE PLANEJAMENTO

CAP CAIXA DE APOSENTADORIAS E PENSÕES

CENDES CENTRO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO

CEPAL COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRICA LATINA E CARIBE

CES CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE DE MINAS GERAIS

CESMG CONFERÊNCIA ESTADUAL DE SAÚDE DE MINAS GERAIS

CGR COMITÊ DE GESTÃO REGIONAL

CIB COMISSÃO INTERGESTORES BIPARTITE

CIR COMISSÃO INTERGESTORES REGIONAL

CISTT COMISSÃO INTERSETORIAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR E

DA TRABALHADORA

CIT COMISSÃO INTERGESTORES TRIPARTITE

CLT CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS

CNES CADASTRO NACIONAL DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE

CNS CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

COAP CONTRATO ORGANIZATIVO DA AÇÃO PÚBLICA DE SAÚDE

CONASEMS CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS

CONASS CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE

COSEMS COLEGIADO DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE SAÚDE

CRM CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA

DNERu DEPARTAMENTO NACIONAL DE ENDEMIAS RURAIS

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DST DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

ESP/MG ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE MINAS GERAIS

FHEMIG FUNDAÇÃO HOSPITALAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

FNS FUNDO NACIONAL DE SAÚDE

FUNED FUNDAÇÃO EZEQUIEL DIAS

GM GABINETE DO MINISTRO

HEMOMINAS FUNDAÇÃO CENTRO DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA DO

ESTADO DE MINAS GERAIS

HIV VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA

IAP INSTITUTO DE APOSENTADORIAS E PENSÕES

LDO LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS

LOA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL

Mesp MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E SAÚDE PÚBLICA

MG MINAS GERAIS

MS MINISTÉRIO DA SAÚDE

NASF NÚCLEO DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA

NOB NORMA OPERACIONAL BÁSICA

OMS ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

OPAS ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE

PAS PROGRAMAÇÃO ANUAL DE SAÚDE

PCdoB PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL

PDI PLANO DIRETOR DE INVESTIMENTO

PDR PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL

PES PLANO ESTADUAL DE SAÚDE

PIC PRÁTICAS INTEGRATIVAS COMPLEMENTARES

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PLANEJASUS SISTEMA DE PLANEJAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

PMDB PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO

PMDI PLANO MINEIRO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO

PNS PLANO NACIONAL DE SAÚDE

PPA PLANO PLURIANUAL

PPAG PLANO PLURIANUAL DE AÇÃO GOVERNAMENTAL

PPI PROGRAMAÇÃO PACTUADA INTEGRADA

PRB PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO

Pros PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL

PS PLANO DE SAÚDE

PT PARTIDO DOS TRABALHADORES

QBRN QUÍMICOS, BIOLÓGICOS, RADIOATIVOS E NUCLEARES

RAG RELATÓRIO ANUAL DE GESTÃO

SARGSUS SISTEMA DE APOIO À CONSTRUÇÃO DO RELATÓRIO DE

GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

SEPLAG SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

SES SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE

Sesp SECRETARIA DE SAÚDE PÚBLICA

SIGPlan SISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS DE PLANEJAMENTO

SIGVISA SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA VIGILÂNCIA

SANITÁRIA

SISNAN SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO

SISOR SISTEMA ORÇAMENTÁRIO

SISPACTO SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO, EXECUÇÃO E

CONTROLE

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SUS SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

TR TESTE RÁPIDO

URS UNIDADE REGIONAL DE SAÚDE

VIP VACINA INATIVADA POLIOMIELITE

VISA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

VOP VACINA ORAL POLIOMIELITE

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - A relação de planejamento entre o PPA e o PS no cenário do planejamento em

saúde..........................................................................................................................................46

Figura 2 – Distribuição dos 17 Territórios de Desenvolvimento – Minas Gerais – 2015........49

Figura 3 – Sistema Estadual de Saúde de Minas Gerais...........................................................51

Figura 4 – Processo de Elaboração do Plano Estadual de Saúde 2016-2019...........................55

Figura 5 – Processo de Elaboração do Plano Plurianual de Ação Governamental 2016-

2019..........................................................................................................................................59

Figura 6 – Programa 0173 de Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais no Anexo II do

PPAG 2016-2019 – 2016.........................................................................................................62

Figura 7 – Ação 4469 do Programa 0173 de Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais

no Anexo II do PPAG 2016-2019 – 2016...............................................................................63

Figura 8 – Linha do Tempo da Elaboração do PES 2016-2019 e do PPAG 2016-2019........66

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Eixos e diretrizes do Plano Estadual de Saúde 2016-2019..................................52

Quadro 2 – Cronograma de Elaboração do PES 2016-2019 – Minas Gerais – 2015-2016...54

Quadro 3 – Cronograma de Elaboração do PPAG 2016-2019 – Minas Gerais – 2015.........58

Quadro 4 – Correspondência da áreas temáticas do PES de Vigilância em Saúde com os

Programas e Ações (em 2016) no PPAG – Recursos financeiros – Minas Gerais – 2016.....60

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Quadro 5 – Comparação entre o processo de elaboração do PPAG 2016-2019 e o Plano Estadual

de Saúde 2016-2019..................................................................................................................64

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Percentual de propostas da CESMG contempladas pelo PES................................73

Tabela 2 – Objetivos e Metas do Plano Estadual de Saúde e a quantidade de incorporação de

demandas dos Fóruns Regionais de governo e/ou propostas da 8ª Conferência Estadual de

Saúde – Minas Gerais – 2016...................................................................................................75

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Demandas contempladas e não contempladas pelo Plano Estadual de Saúde – Minas

Gerais – 2015.............................................................................................................................67

Gráfico 2 – Percentual de Demandas originadas das propostas da 8ª CESMG contempladas pelo

Plano Estadual de Saúde 2016-2019 – Minas Gerais – 2016.....................................................73

Gráfico 3 – Propostas contempladas por eixo da Conferência Estadual de Saúde – Minas Gerais

– 2016........................................................................................................................................74

Gráfico 4 – Objetivos e Metas do Plano Estadual de Saúde e a quantidade de incorporação de

demandas dos Fóruns Regionais de governo e/ou propostas da 8ª Conferência Estadual de

Saúde – Minas Gerais – 2016.....................................................................................................75

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19

1 INTRODUÇÃO

O planejamento governamental é o mecanismo de definição de prioridades da ação

governamental. Originado a partir da tomada de decisões acerca das políticas públicas, o

planejamento indica a estratégia da Administração Pública no desenvolvimento econômico e

social.

Nesse contexto, a agenda da saúde possui características e elementos próprios em planificação

que buscam corresponder ao arcabouço do sistema de saúde vigente e ainda corresponder ao

planejamento governamental em nível local. Além disso, o planejamento em saúde deve tratar

em observância os recursos de participação social, tendo em vista que esse é um princípio de

planejamento do SUS e uma diretriz constitucional que caracteriza o sistema.

Considerando esses fatores, são indicados como elementos do planejamento em saúde os

instrumentos do sistema PlanejaSUS e os instrumentos orçamentários previstos

constitucionalmente. Dessa maneira, o trabalho buscará analisar a elaboração e os instrumentos

de médio prazo do planejamento em saúde sob o contexto do estado de Minas Gerais para o

período de 2016 a 2019, portanto, os instrumentos analisados serão o Plano Estadual Saúde e o

Plano Plurianual de Ação Governamental, considerando o contexto em que esses planos estão

inseridos e os elementos que subsidiaram sua elaboração, dando destaque ao papel das

Instituições Participativas de Minas Gerais – os Fóruns Regionais e o Conselho Estadual de

Saúde e a contribuição das demandas e propostas para a construção do planejamento.

Considerando esses elementos que moldam o cenário de planejamento em saúde de médio prazo

no estado de Minas Gerais, é realizada uma de análise documental dos instrumentos de

planejamento em saúde de médio prazo para o estado de Minas Gerais sob a perspectiva de sua

elaboração. Com isso, pretende-se perceber se há a existência do alinhamento estratégico que

se faz necessário entre os instrumentos para a execução das ações de saúde e o quanto esses

instrumentos cumprem efetivamente em cumprirem as suas propostas de instrumentos de

planejamento e gestão para as políticas de saúde.

O referencial teórico se divide em dois capítulos, sendo o primeiro sobre o Sistema Único de

Saúde, em que busca-se abordar a construção e a organização do Sistema, a fim de compreender

melhor suas características, sua relevância e seus desafios.

No capítulo seguinte, é abordado o planejamento – conceitua-se o planejamento governamental

e é trazido em destaque a prática de planejar para a tomada de decisão das políticas públicas e

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a importância de considerar os atores sociais nesse processo. Além disso, esse capítulo discorre

sobre a elaboração dos planos e busca descrever as perspectivas de planificação em saúde que

norteiam a elaboração do planejamento do SUS, no qual o cenário da saúde de Minas Gerais se

insere.

Em seguida, o capítulo de análise dos instrumentos de médio prazo do SUS em Minas Gerais

para o período de médio prazo busca averiguar como o contexto influía sobre a elaboração dos

planos. Em seguida, analisa-se as ferramentas de planejamento, quanto à elaboração, aos

elementos presentes em cada documento, e também quanto ao alinhamento entre eles, de tal

maneira a permitir a execução das políticas de saúde e o cumprimento de suas funções enquanto

norteadores do sistema estadual de saúde de Minas Gerais. Para analisar a participação dos

atores sociais na elaboração do planejamento em saúde, foram analisadas as propostas e

demandas oriundas das instituições participativas a fim de contribuir com a construção da

agenda da saúde através da planificação. Foram observadas a proporcionalidade de demandas

e propostas contempladas pelo Plano Estadual de Saúde e a quantidade de itens do plano que

representavam alguma dessas demandas ou propostas encaminhadas.

Dessa maneira, o trabalho buscou explanar acerca da elaboração do planejamento das ações do

Sistema Estadual de Saúde para o período de 2016 a 2019. Foram identificados os aspectos

positivos que refletirão nas políticas como também desafios e limitações identificados nos

documentos finais elaborados.

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2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

2.1.Antecedentes

Após a proclamação da república e a necessidade de modernização do Brasil, a saúde entrou

em pauta no Estado brasileiro, a partir da preocupação com a população trabalhadora enquanto

capital humano para o progresso nacional (CONASS, 2007). Ao mesmo tempo, nas primeiras

décadas do século XX, iniciavam-se as primeiras manifestações operárias urbanas em defesa

dos interesses dos trabalhadores (BRASIL, 2007), logo, à medida que se iniciava a

industrialização no Brasil, a saúde também despontava como uma questão social, tendo em

vista que, anteriormente, as políticas de saúde estavam principalmente ligadas às ações de

polícia sanitária (PAIM, 2015).

No início do século XX, começaram a ser implementadas as políticas de saúde que visavam

combater principalmente as doenças transmissíveis – as epidemias de diversas doenças graves

como varíola, malária, febre amarela e peste indicavam um quadro alarmante da saúde nas

cidades. Com isso, parte das elites políticas – médicos, autoridades políticas e intelectuais –

começaram a tomar consciência sobre os efeitos do quadro da saúde e saneamento no país,

ocasionando o início de um movimento sanitarista (CONASS, 2007).

A partir dos avanços nos conhecimentos clínicos e epidemiológicos, os governos passaram a

elaborar planos de combate às doenças – principalmente aquelas que afetavam a produtividade

dos trabalhadores ou a vida útil da população. A partir dessas ações de intervenção estatal,

iniciou-se no Brasil a criação de uma “política de saúde”. Dessa preocupação surgiram

instituições e a formação de médicos sanitaristas que se dedicaram a influenciar na concepção

acerca das doenças transmissíveis e nos rumos para a saúde pública. Dessa maneira, durante a

primeira república surgiu o movimento de Reforma Sanitária, com ações que gerou as bases

para a futura criação do Sistema Nacional de Saúde (CONASS, 2007).

Após a aprovação da lei Eloy Chaves em 1923, que regulamentou a criação das Caixas de

Aposentadorias e Pensões (CAPs), foi marcado o surgimento da proteção social. As CAPs eram

destinadas a servidores e trabalhadores formais das principais empresas públicas e privadas,

cujo objetivo principal era regular a concessão de benefícios e serviços, dos quais além dos

serviços de natureza beneficiária, também constavam a assistência médica e o fornecimento de

medicamentos. As CAPs funcionavam sob princípios de seguridade social, em que o acesso era

baseado na contribuição do trabalhador (FINKELMAN, 2002).

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A partir de 1930, no governo Vargas, as CAPs foram substituídos por Institutos de

Aposentadorias e Pensões (IAPs), que eram menos fragmentados e mais centralizados, esses

divididos em categorias profissionais, e não por empresas. No entanto, em muitos IAPs, a

assistência médica e hospitalar era um benefício secundário e o nível de investimento nesses

serviços era discrepante de instituto para instituto (FINKELMAN, 2002).

No governo Vargas foi criado o Ministério de Educação e Saúde Pública (Mesp), ao qual cabia

tudo o que dizia respeito à saúde da população e que não cabia à medicina previdenciária – que

ficava a cargo do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. O Mesp prestava os serviços

aos considerados “pré-cidadãos”: aqueles que não eram trabalhadores formais e, portanto, não

tinham acesso aos benefícios previdenciários (CONASS, 2007).

Em 1942, surge o Sesp – Serviço Especial de Saúde Pública, criado em acordo entre Brasil e

Estados Unidos, e propiciava apoio médico-sanitário às regiões que forneciam materiais

energéticos, que eram de uso estratégico na II guerra mundial – cujo fornecimento de borracha

e minério eram de grande contribuição. O Sesp destacou-se por introduzir técnicas de

programação e avaliação, métodos de capacitação profissional, a atenção médica domiciliar, a

implantação de redes hierarquizadas de atenção à saúde, proporcionando serviços preventivos,

curativos e internação em especialidades básicas (FINKELMAN, 2002).

A partir da promulgação de uma nova Constituição em 1946, a saúde ainda contava com uma

estrutura centralizadora herdada do governo Vargas. Nesse período de experiência democrática

foi criado o Ministério da Saúde em 1953 que substituiu o Sesp, o Departamento Nacional de

Endemias Rurais (DNERu) entre outras conquistas, que permitiram a abertura para mudanças

mais desenvolvimentistas, em que a saúde não era uma causa do desenvolvimento econômico,

mas uma consequência dele (CONASS, 2007; PAIM, 2015).

A partir da instauração do regime militar, em 1964, o Sistema Nacional de Saúde foi marcado

pela burocracia técnica, e que passou por várias tentativas de privatização dos serviços de saúde.

As reformas utilizadas no período afetaram a medicina previdenciária e a saúde pública, além

disso, excluía trabalhadores informais e a população rural. Nos anos 70, houve grande

investimento na assistência médica, porém, a metodologia de pagamento tornou-se fonte de

corrupção (FINKELMAN, 2002. PAIM, 2015).

Junto à crise do regime ditatorial, e a grande recorrência de epidemias apresentados à época, o

modelo de saúde previdenciário se mostrou incapaz de solucionar os problemas de saúde

coletiva e de melhorar a situação de saúde, tendo em vista que era focado na assistência médico-

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hospitalar. A política assistencialista adotada demandava altos investimentos em contraposição

à situação de diminuição da arrecadação previdenciária à época. Além disso, as políticas de

saúde enfrentava os desafios de não abranger grande parte da população, que acabava

marginalizada pelo sistema vigente. Essas circunstâncias, junto a outros problemas

socioeconômicos no país, trouxe a rearticulação a movimentos sociais e aumento das

reivindicações para solução dos problemas de saúde existentes (CONASS, 2007).

Diante desse contexto, consolida-se no país o movimento pela Reforma Sanitária, que exigia

melhoria das condições de saúde da população, o reconhecimento da saúde como direito social

universal, a responsabilização do Estado para provisão e acesso à saúde, a reorganização da

atenção da saúde considerando o acesso integral e com equidade e um sistema organizado de

maneira descentralizada (FINKELMAN, 2002).

Em 1986 ocorre a VIII Conferência de Saúde, que foi marcada por ser a primeira edição do

evento em que o teor técnico foi reduzido para que houvesse ampliação da participação, além

de incluir a representação de usuários dos serviços de saúde (FINKELMAN, 2002). Na

conferência, essas reivindicações foram sistematizadas debatidas por quase cinco mil pessoas.

Seu relatório final conceitua saúde como “resultante das condições de alimentação, habitação,

educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse

da terra e acesso aos serviços de saúde” (BRASIL, 2007 apud CONFERÊNCIA NACIONAL

DE SAÚDE, 1986). Nessa conferência foi aprovada a criação de um Sistema Único de Saúde

totalmente separado da previdência. O relatório final inspirou o capítulo “Saúde” da

Constituição de 1988 que, futuramente, se desdobraria nas Leis Orgânicas do Sistema Único de

Saúde (PAIM, 2015).

Dessa maneira, percebe-se a relevância dos atores sociais no processo de avanços e construção

do SUS. A partir da iniciativa do movimento sanitarista e das discussões que fizeram parte das

Conferências de Saúde, em especial da Conferência de 1986, o sistema de serviços de saúde no

Brasil, originado de um perfil privado de medicina liberal e na filantropia, foi capaz de evoluir,

com cerca de 40 anos de atraso (PAIM, 2015), para um modelo no qual a saúde passou a ser

um direito inerente à cidadania e garantido pelo Estado.

2.2. O Sistema Único de Saúde, a garantia do direito à saúde e a organização do

sistema

O SUS está vinculado à ideia central de que todas as pessoas têm direito à saúde, sendo essa

uma condição de cidadania. O sistema toma como pressuposto uma sociedade solidária e

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democrática, movida por valores de igualdade e equidade, sem discriminações ou privilégios

(PAIM, 2015). Silva (2009) aponta que “o SUS tem sido considerado, com muita justiça, a

principal política de inclusão social da história brasileira”. Percebe-se na redação constitucional

que a concepção do SUS baseia-se nas necessidades da população, e no compromisso do Estado

com o bem-estar social (CONASS, 2007).

“O Sistema Único de Saúde (SUS) se constitui como conjunto de ações e de serviços

de saúde sob gestão pública. Está organizado em redes regionalizadas e hierarquizadas

e atua em todo o território nacional, com direção única em cada esfera de governo. O

SUS não é, porém, uma estrutura que atua isolada na promoção de direitos básicos e

cidadania. Insere-se no contexto das políticas públicas de seguridade social, que

abrangem, além da Saúde, a Previdência e a Assistência Social” (CONASS, 2007).

A Constituição Federal reconhece a saúde como direito de todos e dever do Estado, que deve

garantir acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação

da saúde (BRASIL, 1988). Cabe ao Estado a promoção da saúde através do fomento à saúde e

à qualidade de vida das pessoas e das comunidades. O dever de proteger a saúde se dá através

da redução ou eliminação de riscos à saúde, podendo também utilizar medidas de precaução a

riscos desconhecidos. Já a recuperação à saúde envolve as ações e serviços de diagnóstico

precoce, tratamento oportuno e limitação de danos – evitando complicações ou sequelas. Dessa

maneira, o direito à saúde no Brasil não limita-se à assistência médica curativa, mas desenvolve

uma atenção integral à saúde (PAIM, 2015).

O SUS é definido pelo artigo 198 da Constituição Federal (1988) do seguinte modo:

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e

hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes

diretrizes:

I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem

prejuízo dos serviços assistenciais;

III. Participação da comunidade.

Parágrafo único – O Sistema Único de Saúde será financiado, com recursos do

orçamento da seguridade social, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, além de outras fontes. (BRASIL, 1988)

Além da sua função por definição, a Carta Magna também atribui ao SUS:

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos

da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a

saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,

hemoderivados e outros insumos;

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II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde

do trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento

básico;

V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico

e a inovação;

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor

nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização

de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

(BRASIL, 1988)

Cabe ao SUS regular, fiscalizar, controlar e executar as ações e serviços de saúde, prezando

pela qualidade de atendimento e cumprimento dos princípios do sistema. Quanto à regulação

da saúde, essa consiste no estabelecimento de regras que vão desde o direito constitucional à

saúde como também as Leis 8.080 e 8.142 que regulamentam melhor esse direito. A partir

dessas leis, se desdobram as demais regulamentações, que dizem respeito à organização do

sistema público e privado e também às ações e serviços de saúde. Já a fiscalização e o controle

baseiam-se na avaliação, a fim de emitir um juízo de valor se aquilo está do jeito que deveria

estar, ou em que medida a atual situação se distancia daquele parâmetro. A fiscalização e

controle no SUS pode ser dentro do próprio público ou do privado acerca de qualquer segmento

do sistema. Por fim, a função de execução no SUS tange à realização das ações de saúde pública

tanto individuais quanto coletivas, conforme ditado pela Carta Magna. Essa execução das ações

deve ser feita diretamente ou através de terceiros e também por pessoa física ou jurídica de

direito privado (PAIM; SILVA, 2010).

O SUS deve ter serviços próprios para executar diretamente, tendo a possibilidade de contratar

terceiros para completar os serviços que não der conta de executar por si próprio. Além disso,

a execução de serviços de saúde é livremente permitida ao privado, pessoa física ou jurídica a

complementar as ações do serviço público (PAIM; SILVA, 2010). Além da oferta de serviços

de saúde pela iniciativa pública, a Constituição da República também estabeleceu em seu artigo

199 que a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, cuja atuação seria de forma

complementar ao SUS (BRASIL, 1988). No entanto, cabe ao Estado dispor sobre sua

regulamentação, fiscalização e controle (PAIM, 2015).

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Em 1990 foi promulgada a Lei 8080 – conhecida como Lei Orgânica da Saúde. A Lei dispõe

sobre as condições de organização e funcionamento do Sistema Único de Saúde, as ações e os

serviços de saúde executados seja pela iniciativa pública ou privada (BRASIL, 1990). A lei

também aborda o conceito ampliado de saúde, concebido como qualidade de vida e decorrente

da implementação de políticas econômicas e sociais direcionadas ao bem-estar da população,

reafirmando as responsabilidades do Estado em relação à proteção social (BRASIL, 2009).

A lei reforça que as ações e serviços devem ser realizados conforme o artigo 198 da

Constituição. Ademais, também indica o dever de obedecer aos princípios de universalidade de

acesso aos serviços de saúde em todos os níveis; integralidade de assistência; equidade;

descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera de governo;

conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos das esferas

governamentais na prestação de serviços de assistência à saúde da população; a participação da

comunidade; a regionalização e a hierarquização (CONASS, 2007).

A universalidade de acesso aos serviços de saúde é um princípio de sistemas organizados com

base na solidariedade, nas necessidades da população em subsídios cruzados: é um sistema que

não faz distinção de pessoa (PIOLA et al, 2009) e possui cobertura próxima a 100%. Para Silva

(2009), a 'utopia' do SUS pressupunha a criação de um sistema nacional de saúde forte, com

acesso universal e cobertura pública ampla, em virtude da influência que outras reformas,

observadas nos países europeus e que influenciavam reforma brasileira. No Brasil, mesmo que

a cobertura exclusiva do sistema público esteja próxima de 75%, Silva (2009) aponta que o

SUS se caracterizou como o 'sistema dos pobres'. A as camadas sociais privilegiadas utilizam

o SUS para procedimentos mais complexos, medicamentos de alto custo, em

complementaridade aos seus planos privados e, muitas vezes mais favorecido diante do usuário

SUS exclusivo. De acordo com PIOLA et al (2009):

“Com o SUS, que institucionalizou o acesso universal e igualitário aos serviços de

saúde, a exclusão formal desapareceu, mas não a iniqüidade. Esta subsiste, seja em

decorrência de fatores como a desinformação que está associada aos diferenciais de

escolaridade seja por deformação em determinadas políticas públicas” (PIOLA et al,

2009).

A descentralização política administrativa configura o SUS como um sistema em que, segundo

Paim (2015), não há proprietário único, posto que os estabelecimentos públicos de saúde

pertencem às esferas governamentais e é dirigido pelos órgãos de saúde de cada ente federado,

além dos serviços privados. Além disso, passa a ter uma visão da gestão do sistema sob a

perspectiva municipal, por meio da transferência de recursos do estado e da União, além da

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cooperação técnica. Espera-se que com essa medida a gestão do SUS seja mais adequada à

realidade de cada região do Brasil – um país diverso (PAIM, 2015).

A descentralização, segundo PIOLA et al (2009), foi uma das áreas em que mais se avançou, a

despeito das dificuldades, inerentes a uma tarefa de tal complexidade em um país tão

heterogêneo como o Brasil. Esse princípio está bastante atrelado à diversidade de capacidade

técnica, administrativa e financeira – principalmente em âmbito municipal, que gradualmente

tem sido incorporadas novas funções a essa esfera governamental. Ainda é possível associar

esses fundamentos à gestão da regionalização e hierarquização das redes de atenção à saúde,

que, também compõem a organização do modelo de atenção à saúde no país e de regionalização

da assistência à saúde – dessa maneira, percebe-se que está em constante processo a divisão de

competências e responsabilidades entre os entes federados.

Outra característica organizativa importante consiste na visão regionalizada da gestão do SUS.

Esse aspecto se desenvolve a partir da promoção de uma maior coordenação de políticas e

cooperação entre atores por meio de uma visão territorial partilhada, envolvendo estratégias de

desenvolvimento, processos participação e o reforço da identidade territorial de cada uma

dessas regiões (TAVARES; TANAKA; DENIS, 2017). Considerando a diversidade do país, é

válido destacar o papel que os Conselhos e de Saúde têm estabelecido através do

estabelecimento de critérios para a delimitação de regiões de saúde, de tal maneira que essas

regiões sejam abrangentes e considerem as identidades culturais, econômicas e sociais, assim

como a existência de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados

(BRASIL, 2013). Segundo Tavares, Tanaka e Denis (2017):

“A governança territorial pressupõe uma visão compartida para o futuro do território

em todos os níveis e entre os atores concernidos para lograr objetivos políticos, por

meio de ações coordenadas, cooperativas e concertadas, apostando-se no regresso da

política com sentido de Estado.” (TAVARES; TANAKA; DENIS, 2017).

Dessa maneira, percebe-se que a regionalização do SUS apresenta-se como uma diretriz

bastante associada à descentralização das políticas de saúde no Brasil, como uma maneira de

ampliação e melhoria da capacidade do Estado de garantir o acesso universal e a atenção

integral aos serviços de saúde. Logo, a partir do reforço à autonomia local para a eleição de

prioridades e descentralização de decisões e responsabilidades quanto ao planejamento e à

alocação dos recursos nas regiões dos entes federados é possível desenvolver redes de atenção

à saúde sob organização e gestão descentralizada e regionalizada (TAVARES; TANAKA;

DENIS, 2017).

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Outra diretriz constitucional para a organização do SUS, presente no art. 198, inciso III, é a

participação social. Segundo Paim (2015), “a participação da comunidade expressa uma

orientação para democratizar os serviços e as decisões em relação à saúde”. O princípio possui

a responsabilidade de ser um mecanismo de superação ao regime militar, que foi marcado por

práticas autoritárias (PAIM, 2015).

A participação popular é objeto da Lei nº 8.142 de 28/12/1990. Através desse dispositivo foram

institucionalizadas, em cada esfera de governo, as Conferências de Saúde e os Conselhos de

Saúde respectivos a cada região de saúde. Mesmo que existentes muito antes do SUS, essas

instâncias participativas passaram a incluir representação paritária de usuários do sistema em

todos os âmbitos de governo. O Conselho de Saúde, após a institucionalização dessa lei, passou

a ter caráter deliberativo, sendo que antes sua função era meramente consultiva. As

Conferências de Saúde foram institucionalizadas, definindo sua ocorrência a cada quatro anos,

com representação de vários segmentos sociais, e as propostas elaboradas por essas

conferências são encaminhadas aos órgãos competentes e analisadas, contribuindo com a

análise situacional das políticas de saúde e a elaboração e construção dos diagnósticos de

maneira ascendente, do âmbito municipal ao federal (PAIM, 2015. BRASIL, 1990).

A gestão do sistema de saúde deve estar de acordo com a nova concepção do sistema de saúde,

através de uma gestão descentralizada e administrada democraticamente. A distribuição de

responsabilidades entre o Estado e a sociedade e entre as distintas esferas governamentais

(união, estados e municípios) deve ser feita respeitando os princípios do SUS, e

responsabilizando os gestores pela concretização os princípios e as diretrizes da reforma

sanitária brasileira. O processo de descentralização em saúde no Brasil deve abarcar, portanto,

a transferência de serviços, responsabilidades, e recursos da esfera federal para as esferas

estadual e a municipal (CONASS, 2011 apud LECOVITZ; LIMA; MACHADO, 2001).

Para a gestão do SUS, cada uma das três esferas de governo possui um fundo de saúde que

consiste na unidade orçamentária voltada para a gestão dos recursos destinados ao

financiamento das políticas públicas de saúde. As transferências financeiras

intergovernamentais são realizadas “de fundo a fundo”, sendo o Fundo Nacional de Saúde

(FNS) responsável pelas transferências federais para os fundos estaduais e municipais de saúde,

assim como os fundos estaduais são responsáveis pelas transferências aos Municípios

(BRASIL, 2016).

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A governança do SUS é composta por instâncias e mecanismos oficiais de compartilhamento

de poder que permitem a articulação interfederativa na elaboração das políticas e programas,

no planejamento, na alocação de recursos financeiros e na tomada das principais decisões que

afetam os rumos da política de saúde no país (BRASIL, 2016, p. 42). A governança agrupa

todos os atores envolvidos na política, de todas as esferas, sejam eles atores do setor público,

do mercado ou do terceiro setor (BRASIL, 2013, p. 22). Essas instâncias e mecanismos de

gorvenança são: as Comissões Intergestores (regional, bipartite e tripartite), a contratualização

de serviços – que possibilita a regulação da relação público/privado, o Contrato Organizativo

da Ação Pública da Saúde (COAP), que concretiza os acordos firmados entre os níveis de

governo e os Conselhos e as Conferências de Saúde, que enseja a participação e representação

da população no estabelecimento de diretrizes na formulação das políticas de saúde.

A governança federativa do SUS é composta, também, por espaços de controle social e

representação política: os conselhos e as conferências de saúde (CONASS, 2011). Os conselhos

de saúde são espaços institucionais presentes em cada esfera de governo voltados para formular

estratégias e controlar a execução da política de saúde nas esferas governamentais, e são uma

instância essencial para o funcionamento das políticas públicas de saúde. (SANTOS, 2012).

Já as conferências de saúde são normalmente realizadas a cada quatro anos e possuem como

objetivo discutir e avaliar a situação de saúde da população e definir diretrizes que irão orientar

a formulação das políticas e programas de saúde para a respectiva esfera de governo. As

conferências de saúde possuem caráter ascendente, em que as conferências municipais

precedem as estaduais e, essa, a nacional. (BRASIL, 2012)

3 PLANEJAMENTO

O Planejamento se configura como uma atividade de grande relevância às organizações, sejam

elas públicas ou privadas. O ato de planejar se configura como ação lógica que faz parte do

processo administrativo, a fim de definir objetivos e decidir sobre os recursos e ações

necessárias para cumpri-los (CATAPAN; BERNARDONI; CRUZ, 2013, p. 26.

CHIAVENATO, 2006, p. 409). Planejamento é um processo que estabelece um conjunto de

providências para concretizar as pretensões do futuro, implicando mobilização de recursos e

vontades das pessoas envolvidas, através escolhas que irão materializar o diagnóstico e planejar

a fim de organizar e garantir a realização do que foi previsto. Portanto, o planejamento

governamental é a ação que antecede e condiciona a atuação do Estado de modo a viabilizar as

escolhas políticas (GARCIA, REIS, 2016; OLIVEIRA, 2002, p. 35; SANTOS, 2011).

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O planejamento pode ser tipificado conforme o nivelamento da atividade organizacional,

partindo de uma perspectiva mais geral e institucional para perspectivas mais específicas que

se desdobrarão dessa mais genérica para o nível operacional, o que permitirá a mobilização para

o cumprimento da estratégia (CATAPAN, BERNARDONI, CRUZ, 2013, p. 26.;

CHIAVENATO, 2006, p. 415).

Os níveis de planejamento seguem do nível estratégico, com diretrizes, objetivos e metas

macroorientadas para a organização que se relacionam com mudanças estruturais ou

organizacionais de médio e longo prazo, envolvendo questões do ambiente externo e interno da

organização (CATAPAN; BERNARDONI; CRUZ, 2013, p. 27. CHIAVENATO, 2006, p. 416.

CHORNY, 1998). Para a implementação das estratégias, são elaborados planos táticos que

detalham e sistematizam as tarefas, também é conhecido como programação (CATAPAN;

BERNARDONI; CRUZ, 2013, p. 28. CHORNY, 1998). A programação vem a fim de

possibilitar o desdobramento no plano operacional, em que são especificados já no nível da

execução propriamente dita (CHORNY, 1998).

Na Administração Pública também é possível nivelar e delimitar o processo de planificação

conforme sua abrangência, podendo ir do nível global ao nível regional e, por fim, setorial. O

plano global delimita, em sentido amplo, a política de desenvolvimento socioeconômico, que

consiste em um esquema de objetivos e metas e ações com caráter econômico, social e político,

além de se constituir como um orientador. Já o planejamento regional objetiva solucionar

problemas e desequilíbrios sob a perspectiva regional. O setorial tem a abrangência e

correspondência a um determinado segmento social e econômico (CATAPAN;

BERNARDONI; CRUZ, 2013, p. 30-31).

A administração pública é sistematizada e prevista constitucionalmente a ser atendida através

de planos, programas e ações – esses são instrumentalizados a médio prazo pelo Plano

Plurianual (PPA), e a curto prazo pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei

Orçamentária Anual (LOA). O PPA tem a função de traduzir as diretrizes e os objetivos de

governo em metas e indicadores para o período de médio prazo. A LDO é a lei anual que traz

a elaboração do orçamento anual, identificando as prioridades e metas do exercício

subsequente, e a lei orçamentária anual possui o papel de prever as receitas e fixar as despesas

da melhor forma, respeitando o PPA e a LDO (BRASIL, 2000. SANTOS, 2011). Esses

mecanismos de planejamento estão bastante atrelados à programação orçamentária. Além

desses instrumentos constitucionais, há outros instrumentos de planejamento adotados pela

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administração pública, sejam eles planos econômicos, planos regionais e/ou planos setoriais

(CATAPAN; BERNARDONI; CRUZ, 2013).

Haddad (1980) dispõe acerca da relação do governo com os atores sociais e políticos que

também devem ser envolvidos nesse processo de tomada de decisão, sendo esse um pressuposto

para o desenvolvimento em uma sociedade democrática. Também considerando a importância

do planejamento enquanto instrumento de gestão das políticas públicas e que antecede sua

execução, Haddad (1980) chama a atenção para a importância de considerar os interesses,

aspirações e propostas dos segmentos da sociedade para solucionar os problemas enfrentados e

explorar melhor as possibilidades de enfrentamento. Acerca processo decisório e o

envolvimento de outros atores na definição dos objetivos do plano, Haddad (1980) discorre

que:

A decisão dos objetivos do Plano e sua operacionalização não são tarefas meramente

técnicas, mas, sobretudo, políticas, envolvendo a harmonização dos conflitos,

formação de consenso e exercício de liderança e poder. Por isso, as opiniões de todos

aqueles que participam do processo de desenvolvimento do Estado são relevantes e

devem ser incorporados no processo de planejamento. (HADDAD, 1980, p. 112).

A arena política parte do pressuposto da existência de conflitos sociais, e que, para a solução

desses conflitos, é necessária a tomada de decisões, que são coletivamente impositivas (REIS,

1997). Portanto, a esse contexto são percebidas disputas públicas em torno dessas decisões,

cada qual interessado em contemplar seus interesses particulares.

A arena política, onde acontece as disputas dos interesses, atua como busca de estabelecer as

políticas públicas sobre determinados temas de acordo com as preferências dos grupos sociais,

assim como na busca pela influência sobre as políticas que são do interesse dos grupos que

detém o poder e bloqueio daquelas que não são dos seus interesses (REIS, 1997). Esse tipo de

ação resulta do processamento, pelo sistema político, dos inputs – esses originários do meio

ambiente e de withinputs, as demandas originadas no interior do próprio sistema político: dos

agentes do executivo como os ministros e os burocratas, como também dos parlamentares, dos

governadores de estado, do judiciário (RUA, 1997).

Nesse sentido, percebe-se que a atividade política desempenhada pelos governos se destina à

tentativa de satisfazer as demandas que lhes são dirigidas pelo atores sociais ou aquelas

formuladas pelos próprios agentes do sistema político, ao mesmo tempo que articulam os apoios

necessários (RUA, 1997). Para Haddad (1980), há a necessidade de considerar não somente

opiniões técnicas e interesses internos, mas também os interesses externos dos atores sociais

políticos, pois se tratando de uma sociedade democrática, é necessário o equilíbrio entre as

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ações tecnopolíticas e o poder de decisão da população, como parte do sistema democrático.

Haddad (1980) defende que:

O desenvolvimento socioeconômico, numa sociedade democrática, exige a

participação decidida, não apenas dos responsáveis diretos pela elaboração do plano

– documento – que expressa as intenções programáticas e políticas do governo – mas

também dos que serão diretamente atingidos pelas ações e medidas propostas. Para

tanto, é preciso promover a distribuição equilibrada do poder público, pois, para que

uma sociedade se caracterize como democrática, o poder de decisão não pode estar

concentrado em alguns grupos e organizações, ou centralizado em instituições

públicas que, de forma verticalizada, tomam as decisões fundamentais. (HADDAD,

1980, p. 111).

As demandas podem vir de diferentes atores políticos, sejam eles atores públicos (os políticos

e burocratas, por exemplo) ou podem vir de atores privados (segmentos específicos da

sociedade, classe trabalhadora, empresariado, entre outros. As demandas desses atores à tomada

de decisão sobre as políticas podem estar atreladas a reivindicações de bens e serviços,

demandas de participação no sistema político, ou também para reivindicar por transparência

sobre as tomadas de decisões e a execução das políticas (RUA, 1997). As reinvindicações por

bens e serviços cujos beneficiários potenciais são todos os cidadãos – como saúde e educação

– tendem a ter importância relativa maior nas instituições de participação (CÔRTES, 2002).

Cabe ao Estado, portanto, utilizar da prática do planejamento, para assumir a existência de

conflitos de interesses como parte do sistema democrático, e também estabelecer mecanismos

de negociação entre Estado e sociedade civil. Dessa maneira, é possível organizar-se e garantir

o comprometimento com o fortalecimento de estruturas participativas, indo em direção

contrária a procedimentos autoritários e centralizadores. (HADDAD, 1980; TRISTÃO, 1989).

3.1.Os Planos Plurianuais no processo de planejamento orçamentário

Os Planos Plurianuais (PPA) são instrumentos que fazem parte do Processo de Planejamento

Orçamentário no Brasil. É um dos mecanismos concebidos pela Constituição Federal (1988)

que sintetizam os esforços de planejamento de toda a Administração Pública. Cabe ao PPA

expressar a estratégia a médio prazo através do estabelecimento de objetivos e metas contínuas

a serem alcançados para cada setor da Administração Pública, fixando os recursos necessários

para executá-los (CATAPAN; BERNARDONI; CRUZ, 2013; GIACOMONI, 2012).

O PPA é uma perspectiva de futuro de duração quadrienal que busca trazer correspondência

para períodos de governo. É possível considerar o plano como uma espécie de aconselhamento

e orientação multidisciplinar ao chefe do executivo eleito, tendo em vista que é preparado sob

uma perspectiva técnica e levado à assimilação e aprovação pelo legislativo (CARDOSO Jr,

2011, p.18).

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Dessa maneira, o PPA constitui-se como instrumento formal em formato de Lei que traduz o

plano de governo em programas e ações que atendam os anseios da sociedade, em conformidade

com os princípios da administração pública. Todos os programas e ações governamentais só

poderão ser executados se estiverem contemplados no PPA (CATAPAN; BERNARDONI;

CRUZ, 2013, p. 55). Mais que mera formalidade, é extremamente importante que o PPA seja

um instrumento que expresse a orientação estratégica do governo diante das possibilidades

financeiras da Administração Pública e a capacidade dos órgãos de executá-las (VAINER;

ALBUQUERQUE; GARSON, 2001, p. 15, 16). Segundo Oliveira (2009), o PPA representa

um “importante instrumento para a ação do planejamento e, ao condicionar a elaboração da

LDO e da Lei Orçamentária ele se transforma, também, em instrumento de controle dos

objetivos do gasto governamental”.

Conforme a CF/1988, a lei que institui o PPA deve estabelecer de forma regionalizada as

diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública, para as despesas de capital e outras delas

correntes para os programas de duração continuada (BRASIL, 1988). A Constituição prevê uma

Lei Complementar que disponha sobre a organização dos Planos Plurianuais. No entanto, pela

falta dessa Lei Complementar – uma vez que o artigo acerca dos Planos Plurianuais na Lei

Complementar 101/2000 foi vetado, a organização fica sujeita à desafiadora interpretação do

artigo 165 da Constituição Federal, em que cada nível de governo opera conforme sob critérios

próprios (KOHAMA, 2014, p. 41, 42; GIACOMONI, 2012, p. 223).

Para regionalização do PPA, cabe a regionalização conforme decisão da Administração Pública

de cada esfera governamental, podendo ser desafiador a regionalização no caso de municípios

de pequeno porte (CATAPAN; BERNARDONI; CRUZ, 2013, p. 55; GIACOMONI, 2012, p.

224). Como também é observado na Constituição, as Despesas de Capital ocupam lugar central

no plano, sendo essas despesas incorporadas ao orçamento público conforme exige a Lei

4.320/1964 (GIACOMONI, 2012, p. 224).

3.1.1.1. Processo de Elaboração do Plano Plurianual

O processo de planejamento e orçamento abarca os planos plurianuais em consonância com os

planos de desenvolvimento econômico – que apresentam uma proposta global de intervenção

do Estado em prol do desenvolvimento econômico e social (CATAPAN; BERNARDONI;

CRUZ, 2013). No entanto, os planos plurianuais são voltados à programação da administração

pública, e se configura como guia da programação orçamentária anual (GIACOMONI, 2012,

p. 216).

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Conforme Pereira, Bezerra Filho e Tavares (2017), a estruturação do Plano Plurianual se divide

em duas: a estratégica e a programática. A base estratégica está atrelada à compreensão da

situação atual e às perspectivas para a ação governamental e a programática que abrange os

programas previstos no PPA – sejam eles programas finalísticos ou de apoio à Administração

Pública.

O documento do Plano Plurianual deve ser compor em sua estrutura uma Mensagem Inicial e

o Projeto de Lei. A mensagem inicial traz uma avaliação da situação atual e quais são as

perspectivas para o futuro – além disso, sintetiza qual é a orientação estratégica que irão

criterizar a projeção de receita, a análise de endividamento e de pagamento, assim com as

restrições de ordem legal ao planejamento orçamentário. Já ao Projeto de Lei cabe evidenciar

o conteúdo do PPA, também discorrendo acerca da gestão, da avaliação, da revisão do plano e

também acerca dos programas setoriais (VAINER, ALBUQUERQUE, GARSON, 2001, p. 17).

De acordo com Vainer, Albuquerque e Garson (2001), a base estratégica deve ser elaborada

sob coordenação da unidade central de planejamento e orçamento. Deve conter etapas de

avaliação da situação atual da gestão e perspectivas para ação nos próximos quatro anos, definir

direcionamentos e o papel da gestão diante dos compromissos que cabem à gestão. Ainda deve

incluir elementos da participação popular para avaliação da situação atual e coleta de demandas

da população – ocorrendo paralelamente à avaliação situacional coordenada pelo órgão de

planejamento (VAINER, ALBUQUERQUE, GARSON, 2001).

Também devem ser realizadas discussões e o estabelecimento de orientação dos gestores sobre

a situação atual e o direcionamento estratégico sob o direcionamento do chefe do executivo

para a definição dos macro-objetivos da gestão. Por fim, baseado nessa análise situacional e em

conformidade com a definição dos objetivos, definir os recursos disponíveis por órgão ou

entidade para cada programa (VAINER, ALBUQUERQUE, GARSON, 2001).

Traduzindo os macro-objetivos estratégicos em programas e ações, a base programática

compreende programas de áreas administrativas e de áreas que correspondem diretamente às

políticas públicas. Para os programas de área meio, são consideradas as ações e execução das

despesas de pessoal e encargos sociais, a manutenção e conservação de bens imóveis, a

manutenção dos serviços relacionados à atividade-meio, a manutenção dos serviços de

transporte e as ações de TI (VAINER, ALBUQUERQUE, GARSON, 2001).

Já para os programas finalísticos, a elaboração da base programática é feita a partir do

levantamento e análise das ações e programas em andamento junto às ações a serem

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implementadas, convertendo-as para a nova conceituação dada ao programa conforme

expressado pela base estratégica e também considerando as despesas para realização e a

disponibilidade dos recursos (VAINER, ALBUQUERQUE, GARSON, 2001, p. 25).

Acerca do programa, devem ser levantadas, analisadas as informações orçamentárias e

administrativas, a descrição, e os produtos de cada ação. Sobre os programas, devem ser

levantas informações seguindo a metodologia do marco-lógico, incluindo denominação,

objetivo, público-alvo, natureza e duração, indicadores, índice apurado recentemente e índice

desejável para aquele programa (VAINER, ALBUQUERQUE, GARSON, 2001, p. 26).

Após os levantamentos e avaliações acerca dos programas, o órgão central de planejamento e

orçamento avalia a proposta de programas e ações dos órgãos setoriais para validação desses,

analisando se há adequação com os macro-objetivos determinados pela gestão e a adequação e

compatibilização dos gastos para os programas disponíveis para cada órgão/entidade

(VAINER, ALBUQUERQUE, GARSON, 2001, p. 28).

Os programas definidos para o PPA devem observar a coerência com a Lei

Complementar 101/2000 e se constituem em elementos que dão origem à elaboração das leis

orçamentárias anuais correspondentes àquele período, que terão maiores detalhamentos

financeiros acerca dos projetos e atividades para a apresentação com maior transparência aos

cidadãos. Para os programas de área meio, são consideradas as ações e execução das despesas

de pessoal e encargos sociais, a manutenção e conservação de bens imóveis, a manutenção dos

serviços relacionados à atividade-meio, a manutenção dos serviços de transporte e as ações de

TI (VAINER, ALBUQUERQUE, GARSON, 2001, p. 31).

3.2.Planejamento em saúde

O planejamento em saúde brasileiro foi fortemente influenciado pelas metodologias difundidas

na América Latina através da Cepal. Essas metodologias correspondem ao planejamento feito

por governos e seus sistemas públicos. A parir da década de 50, iniciou-se a concepção

desenvolvimentista em saúde pública, sendo considerada um fator que influencia na

produtividade. No Brasil, a planificação desse setor começou a ser percebida a partir da

programação em algumas atividades de saúde, realizada pela Fundação Sesp nos anos 60

(RIVERA, 1989).

Sob influência do movimentos intelectuais norte-americanos que, em prol de uma medicina

preventivista em contrapartida à assistência médica curativa, iniciaram movimentações para

inculcar valores de ordem preventiva, epidemiológica e social na medicina. Também nos

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Estados Unidos, surgiu o movimento de medicina comunitária, para ampliação da cobertura da

assistência em saúde. Na mesma época, também surge a administração hospitalar, em prol da

racionalização de recursos que passavam por encarecimento progressivo (RIVERA, 1992).

Todas essas transformações na área influenciaram no marco da planificação em saúde, que,

também influenciadas pela Aliança para o Progresso e baseado em teses cepalinas de

desenvolvimento1, difunde na reunião de Punta del Este em 1961 entre os países latino-

americanos a necessidade de comprometimento com o desenvolvimento social e econômico,

incluindo a elaboração de verdadeiros planos de saúde. Em 1963 ocorre a primeira reunião dos

ministros de Saúde das Américas que delegam à Opas a assessoria permanente em planificação

em saúde (RIVERA, 1989).

Dessa maneira, o principal método de planejamento utilizado nesse momento foi o método

CENDES-OPAS. Esse método posteriormente é criticado por intelectuais, como Carlos Matus

e Mário Testa que o denominam como um planejamento normativo. O método CENDES-OPAS

é um método de programação sanitária que transpõe os princípios do planejamento econômico

sob a perspectiva desenvolvimentista na saúde. A metodologia surgiu em um contexto de crise,

e em um ambiente favorável à intervenção estatal na economia. Esse método consiste em

melhorar a eficiência na alocação de recursos, favorecendo o desenvolvimento econômico e

social e, dessa maneira, reduzindo a dependência com os países (RIVERA, 1992). A partir do

cálculo de custo-benefício, buscava-se orientar investimentos em programas de menores custos,

a partir de um cálculo normativo que, através de uma planilha, cruzava informações de recursos

em saúde utilizados anteriormente, sendo que custos por absorção e agravos evitados eram

cruzados com o objetivo de orientar as decisões alocativas ou analisar o desempenho de

sistemas e programas (BRASIL, 2016).

O Método CENDES/OPAS ao longo de muitos anos foi o modelo institucional e oficial de

racionalidade burocrática que se configurou na administração da saúde pública, que operavam

de modo predominante por meio de hierarquias, comando e controle que marcavam a época

(BRASIL, 2016). A partir dos anos 70, começa a surgir avaliações ao método que o colocava

em questionamento. Uma delas, feita pela Opas (1973), observa que:

Lamentablemente, el processo incluía generalmente sólo parte del sector de salud,

esto es, el sector público (...) desgraciadamente, esta experiência em su conjunto no

1 Segundo Bielschowski (1988), a Cepal se encarregou de desenvolver teorias que explicassem o

subdesenvolvimento dos países periféricos que oferecessem indicativos para superar essa condição e reduzir as

diferenças entre países ricos e pobres através de um crescimento autossustentado por meio de mecanismos de

gestão e políticas desenvolvimentistas.

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se incorporo al programa de enseñanza internacional. [...] se observo que la

planificación em salud no producía el desarollo y los resultados que se habian

esperado (...) Muchos países ni siquiera habian preparado planes y muchos delos que

los habian preparado no los habian aplicado. Os ningun caso habia sido posible

abarcar todo el sector salud organizado y, os general, ni siquiera havia sido posible

incorporar a las instituciones públicas más importantes dentro del processo. Os

el difícil campo de la correlación intersetorial casi no se habia hecho nada (...) la

planificación y la administración habian sido tratadas como elementos diferentes

(...) y no como aspectos del mismo processo. Y la que era peor, la relación

principalmente a causa de la falta de comunicación intelectual entre el político y el

planificador de la salud (OMS-OPS, 1973 apud RIVERA, 1992, grifo nosso).2

O método Cendes-Ops entrou em declínio ao mesmo tempo em que a Opas perdia importância

(BRASIL, 2016). Após a percepção das críticas à planificação em saúde, e a necessidade de

trazer um enfoque mais político, que vá além do técnico presente no método, foi elaborado o

documento “Formulação de política de saúde”. Esse documento se configurou como marco à

planificação em saúde por trazer um novo olhar às políticas de saúde e ao planejamento

(RIVERA, 1989).

A partir das críticas aos métodos de planejamento, começam a surgir métodos de planejamento

em saúde com enfoque estratégico, sendo essa uma perspectiva que promove o rompimento da

normatividade sobre a realidade. A partir da metodologia difundida pelo pensamento

estratégico do sanitarista argentino Mario Testa, é trazido para a planificação discussão da

questão do poder dos governos e a disputa social que envolve a construção dos planos. O

sanitarista ainda contribuiu ao trazer a visão acerca da necessidade de compreensão dos

problemas de saúde como situações adversas socialmente predeterminadas (CHORNY, 1998.

GIOVANELLA, 1990. RIVERA, 1989, p. 41).

Mário Testa ainda assinala a planificação como uma prática histórica e um instrumento capaz

de realizar transformação social. Isso se torna possível através do cumprimento da acumulação

e desacumulação de poder apoiado pelo planejamento. O poder mencionado pelo autor é

subdividido entre os poderes administrativo, técnico e o político, sendo o último prioritário e

2 Tradução nossa: “Lamentavelmente, o processo geralmente incluiu apenas parte do setor da saúde, ou seja, o

setor público (...), infelizmente, essa experiência como um todo não foi incorporada ao programa de educação

internacional. [...] observou-se que a planificação em saúde não produziu o desenvolvimento e os resultados

esperados (...) Muitos países nem sequer prepararam planos e muitos dos que os prepararam não os haviam

aplicado. Em nenhum dos casos foi possível cobrir todo o setor de saúde organizado e, em geral, nem sequer foi

possível incorporar as instituições públicas mais importantes no processo. No campo da difícil correlação

intersetorial, quase nada foi feito (...) o planejamento e a administração foram tratados como elementos diferentes

(...) e não como aspectos do mesmo processo. E o que foi pior, a relação principalmente foi por causa da falta de

comunicação intelectual entre o político e o planejador de saúde. (OMS-OPS, 1973 apud RIVERA, 1992)

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sustentado pelos dois primeiros citados. Testa também trouxe contribuições acerca do

diagnóstico de situação, que integra essa perspectiva de poder através de três tipos de

diagnósticos: o diagnóstico administrativo; o diagnóstico estratégico e o diagnóstico ideológico.

Devido à lógica mais detalhada, complexa e técnica sob uma ótica materialista, tais

contribuições inspiraram principalmente o planejamento de curto prazo, em programações

tático-operacionais da planificação em saúde (GIOVANELLA, 1990. RIVERA, 1989, p. 42-

44).

Para Testa, a lógica da programação não depende apenas do objeto a ser programado, mas

também do contexto e dos processos aos quais são submetidos (CHORNY, 1998). Dessa

maneira, a principal proposta de Testa está nas técnicas de diagnóstico para fins de compreensão

da realidade social (GIOVANELLA, 1990).

O economista chileno Carlos Matus também criticava os modelos de planejamento,

principalmente ao método Cendes-OPAS da Cepal. O autor foi crítico do modelo por

demonstrar ser um instrumento neutro, rígido, baseado em poder absoluto e que desconsidera

as forças sociais, cuja elaboração é tecnoburocrática e centralizadora (RIVERA, 1989.

MATUS, 1982).

A partir das críticas ao modelo Cendes-OPAS de planejar e do advento e das necessidades

latentes dos atores políticos e sociais que se envolvem no processo decisório, Matus cria um

modelo que subverter as metodologias até então adotadas. O autor critica o viés estritamente

econômico e a baixa aderência às necessidades da sociedade e desenvolve o método

Planejamento Estratégico Situacional, que é baseado no reconhecimento da necessidade de

reconhecer as perspectivas dos atores sociais envolvidos nas situações em foco, o que abrange

as mudanças sociais que se produzem no processo de formação social, os aspectos que em cada

caso são relevantes para a ação, de tal maneira a serem capazes de cumprir os objetivos

propostos (MATUS, 1993).

Para Matus (1991), o planejamento demonstra ser uma aposta diante das incertezas do mundo

real, estando sujeito a cálculos nebulosos que se sustentam a partir da compreensão das

situações, percebendo que há diversos problemas e atores sociais que exigem pensar

estrategicamente, de tal maneira a permitir a ação governamental e o alcance dos objetivos

propostos (BARELLI; TROYANO, 1991). Para Carlos Matus (1993) o planejamento

estratégico também parte da dependência do governante frente aos outros atores, para a

produção das ações necessárias ao cumprimento dos objetivos propostos. Essas situações são

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conduzidas pelo governante saber controlar sua governabilidade diante das incertezas e também

das forças sociais envolvidas (MATUS, 1993).

Na metodologia de planejamento estratégico situacional, o governante não se baseia

simplesmente em criar projeções do passado para calcular o futuro como no método da Cepal,

ele planeja sua ação de governo entendendo que para as suas ações dependem da ampliação de

sua capacidade de governar (BARELLI; TROYANO, 1991). O planejamento, segundo Matus

(1997) configura-se como principal instrumento componente da ação de governo para

desenvolver essa capacidade (MATUS, 1997).

Enquanto condutor de um processo complexo, é exigida a articulação de três variáveis, que se

constituem como premissas ao governo: o projeto de governo, a capacidade de governo e a

governabilidade do sistema. A primeira variável consiste no conteúdo programático de governo

(BARELLI; TROYANO, 1991) em que, para alcançar objetivos, o governante escolhe e altera

o seu projeto de governo conforme as circunstâncias (MATUS, 1993). A governabilidade do

sistema de governo é uma segunda variável que corresponde à superação de obstáculos de

maneira “não-passiva, mas ativamente resistente” (MATUS, 1993), é a relação entre as

variáveis que ele controla e as que não controla, são recursos necessários à implementação do

plano (BARELLI; TROYANO, 1991). E, como terceira variável, que indica a capacidade que

o condutor possui de colocar em prática o projeto de governo dada a governabilidade do sistema

(MATUS, 1993) – essa é capacidade de governo corresponde ao “capital intelectual,

organizativo e técnico que a equipe de governo dispõe para o exercício de suas funções”

(BARELLI; TROYANO, 1991).

As variáveis desse triângulo são distintas e ao mesmo tempo relacionam mutuamente,

reforçando-se umas às outras (BARELLI; TROYANO, 1991. MATUS, 1993). Governar,

portanto, não resume em ter um projeto de governo ou em ter apoio político (BARELLI;

TROYANO, 1991). A capacidade de governo é abordada por Carlos Matus como meio para

definir projetos eficazes de governar e aumentar a governabilidade do sistema de governo, pois

o capital envolvido nessas capacidades indicam a “destreza para conceber e executar estratégias

e táticas eficazes para resolver os problemas e aproveitar as oportunidades” (MATUS, 1993).

O plano, portanto, vem como instrumento poderoso de governabilidade, capaz de mediar e

racionalizar o conhecimento acerca das situações e a ação para controlar as variáveis envolvidas

nas situações, tendo em vista que “o plano, na vida real, está rodeado de incertezas, imprecisões

surpresas, rejeições e apoio de outros atores” (MATUS,1991), dessa maneira, o plano se

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configura como um compromisso que anuncia resultados baseados em cálculos e apostas do

jogo social envolvido naquela realidade, em que não é possível controlar todas as variáveis

existentes (MATUS, 1991). Para o autor, “o planejamento e a ação são inseparáveis. O plano é

o cálculo que precede e preside a ação. [...] Por sua vez, a ação sem cálculo é mera

improvisação” (MATUS, 1993). Além disso, o autor defende que o processo de governo não é

outra coisa senão o cálculo do plano convertido em ação capaz de conduzir os fatos nas

situações que se seguem (MATUS, 1991).

Segundo Matus (1991), ao tratar sobre a situação baseada no jogo social que envolve o

planejamento assume que, quanto maior o número de atores envolvidos, mais incontrolável esse

jogo fica, e assume que “o aspecto incontrolável do jogo social está em que todos os jogadores

têm limitações de informação e de recursos para pretender ganhar o jogo”. Percebe-se portanto,

que há um cenário de incerteza sobre como superar as limitações percebidas nas situações a

serem enfrentadas pois, além disso, também há a incerteza sobre a eficácia da tomada de

decisões diante do futuro, tendo em vista que esse é nebuloso e as jogadas são baseadas em

hipóteses (MATUS, 1991).

Para o autor, no planejamento, deve ocorrer o encontro com o maior número possível de atores,

tendo em vista que não é possível dominar, controlar e nem conhecer as variáveis que

influenciam os outros atores. Logo, planejar é também pactuar com um grupo de pessoas o que

se pretende fazer. Para Matus (1982), o planejamento não depende apenas dos conhecimentos

técnicos, mas também da força social que o sistema envolve (MATUS, 1982).

Uma característica importante do Planejamento Estratégico Situacional é a flexibilidade para

adaptar as tomadas de decisão às situações. O método de Planejamento Situacional se torna

mais válido para a concepção do planejamento em contextos mais complexos em que há a

necessidade de interrelacionar o que está sendo planejado com relações direcionais e causais de

problemas passíveis de intervenção social do governante e das forças sociais (MATUS,1993).

A apreciação situacional reconhece que há mudanças contínuas no mundo real e são

consideradas no planejamento estratégico, tornando a rigidez do plano restrita apenas aos seus

princípios. Para esse método, o que mais importa é a eficácia social, não a sua praticidade de

aplicação, pois, para Matus (1993), o sujeito a quem se planeja deve ser considerado partícipe

do processo para a compreensão do espaço social no qual está inserido e se pretende planejar

(MATUS, 1993).

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3.2.1. O Planejamento do Sistema Único de Saúde

O planejamento é um elemento importante e objeto de grande parte do arcabouço legal do SUS,

quer indicando processos e métodos de formulação, quer como requisito para fins de repasse

de recursos e de controle e auditoria (BRASIL, 2016). Desde a Constituição Federal de 1988,

a legislação já dispunha de critérios relevantes ao planejamento do SUS, para que sua

elaboração e execução esteja em correspondência com o próprio desenho do sistema, como é

possível observar nos Artigos 36 e 37:

Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS)

será ascendente, do nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos,

compatibilizando-se as necessidades da política de saúde com a disponibilidade de

recursos em planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da

União.

§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e programações de cada nível de

direção do Sistema Único de Saúde (SUS), e seu financiamento será previsto na

respectiva proposta orçamentária.

§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento de ações não previstas

nos planos de saúde, exceto em situações emergenciais ou de calamidade pública, na

área de saúde.

Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a serem observadas

na elaboração dos planos de saúde, em função das características epidemiológicas e

da organização dos serviços em cada jurisdição administrativa. (BRASIL, 1988)

O Sistema de Planejamento do Sistema Único de Saúde: PlanejaSUS foi instituído após a

percepção da necessidade no processo de elaboração do Plano Nacional de Saúde (PNS),

aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) em 2004. A partir de oficinas

macrorregionais com centenas de dirigentes técnicos, originou-se então esse Sistema de

Planejamento, regulamentado pela Portaria GM/MS n. 3.085, de 1º de dezembro de 2006. De

acordo com o Ministério da Saúde (2006), “Define-se como Sistema de Planejamento do

Sistema Único de Saúde a atuação contínua, articulada, integrada e solidária das áreas de

planejamento das três esferas de gestão do SUS”. O planejamento público é obrigatório e toda

ação deve ser prevista no plano de saúde, nas programações anuais e nas leis orçamentárias

(SANTOS, 2012, p. 136).

Em 2006, através da Portaria/GM 399, é divulgado o Pacto pela Saúde com seus três

componentes operacionais: os Pactos Pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Também

aprova as Diretrizes Operacionais do Pacto pela saúde, sendo que esse define que o processo

de planejamento no SUS seja uma das diretrizes de gestão do SUS. Um ponto importante trazido

por esse pacto é o planejamento de regionalização, que se daria através do Plano Diretor de

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Regionalização (PDR), o Plano Diretor de Investimento (PDI) e a Programação Pactuada e

Integrada da Atenção em Saúde (PPI).

Além disso, o Pacto pela saúde traz alguns apontamentos sobre como seria o sistema de

planejamento do SUS (BRASIL, 2006), indicando que o processo de planejamento do SUS

deve ser desenvolvido de forma articulada, integrada e solidária entre as esferas de gestão

através do sistema de planejamento do SUS. Esse sistema se baseia nas responsabilidades de

cada nível de gestão, “com definição de objetivos e conferindo direcionalidade ao processo de

gestão do SUS, compreendendo nesse sistema o monitoramento e avaliação” (BRASIL, 2006).

O Pacto pela saúde sempre reforça a necessidade do processo de planejamento da gestão do

SUS contemple as peculiaridades, necessidades e realidades de saúde locorregionais (BRASIL,

2006).

O Decreto 7.508/2011, artigo 15, dispõe sobre o processo de planejamento da saúde:

O processo de planejamento da saúde será ascendente e integrado, do nível local até

o federal, ouvidos os respectivos Conselhos de Saúde, compatibilizando-se as

necessidades das políticas de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros

(BRASIL, 2011).

Destaca-se a determinação de que as características principais de planejamento do SUS indica

a necessidade de alinhamento entre os órgãos de saúde das esferas de governo, correspondendo

à gestão descentralizada, regionalizada e hierarquizada que respeita a unicidade do sistema em

território nacional. Além disso, é colocado em relevância pela norma a necessidade de

envolvimento dos Conselhos de Saúde ao longo desse processo, de forma a compatibilizar as

necessidades dos atores sociais com a gestão das políticas. Dessa forma, percebe-se que o

desenho do PlanejaSUS busca corresponder ao próprio desenho do Sistema Único de Saúde,

conforme é possível observar no artigo 198 da Constituição Federal:

“As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e

hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes

diretrizes:

I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo

dos serviços assistenciais;

III – participação da comunidade” (BRASIL, 1988).

Ao instituir o Sistema de Planejamento do SUS, buscou-se garantir e direcionar as três esferas

de governo a planejar em conformidade com o contexto em que as políticas de saúde são

organizadas. Dessa forma, o PlanejaSUS objetiva formular metodologias e modelos básicos dos

instrumentos de planejamento, monitoramento e avaliação para que esses correspondam às

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diretrizes do SUS. Assim, espera-se que seja estabelecimento de uma cultura de planejamento

nesse setor da Administração Pública, de tal maneira que integre e qualifique as ações do SUS

que subsidiarão a tomada de decisão dos gestores de saúde (CONASS, 2011).

O PlanejaSUS busca difundir princípios no processo de planejamento, sendo esses a

obrigatoriedade e continuidade; o respeito às pactuações regionais entre gestores na CIR, CIB

e/ou CIT; a articulação constante com o monitoramento, a avaliação e a gestão do SUS; respeito

ao caráter ascendente e integrado entre as esferas de governo; a contribuição à transparência e

visibilidade da gestão da saúde; além do dever de partir das necessidades da população

(BRASIL, 2016).

A responsabilidade de realizar o processo de planejamento em saúde para cada esfera de

governo pertence a cada ente federado. Esses devem se comprometer a realizá-los para suas

políticas de forma contínua, articulada, ascendente, integrada e solidária, entre as três esferas

de governo, na medida em que visa dar direcionalidade à gestão pública da saúde, respeitando

a unicidade e descentralidade, hierarquização e regionalização do sistema que rege a agenda da

saúde (BRASIL, 2016).

A elaboração dos instrumentos de planejamento é determinada por lei e se constituem como

fatores condições para o recebimento das transferências, que consequentemente permitem a

execução dos recursos transferidos. Já quanto à eficiência da gestão dos recursos recebidos pelo

ente vai depender da elaboração de cada ente, porém a metodologia indicada pelo sistema

defende que a eficiência pode ser assegurada a partir das análises técnicas que reflitam a

realidade e garantam a qualidade de vida da população. Devido à relação entre as esferas

governamentais que envolvem transferências, a divisão de responsabilidades e a necessidade

das políticas serem complementares umas às outras, e não concorrentes – PlanejaSUS destaca

a importância da integração entre os instrumentos de planejamento, sistematizando o fluxo de

elaboração dos planos ascendente entre os níveis de governo, pois garantem a eficiência da

gestão no conhecimento das realidades e respeita a descentralização administrativa e o

funcionamento regionalizado do sistema (BRASIL, 2016).

Além disso, busca-se o desenvolvimento da cooperação entre os entes federados.

Adicionalmente, o sistema de planejamento se atenta à avaliação da situação de saúde da

população e ao funcionamento do SUS, através da provisão dos gestores de informações que

permitam o seu aperfeiçoamento e/ou redirecionamento (CONASS, 2011).

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O PlanejaSUS baseia-se na formulação e revisão periódica de instrumentos de planejamento

que viabilizem o aperfeiçoamento do Sistema, da atenção e da vigilância em saúde, inclusive

na reorientação das ações e na definição de prioridades (Brasil, 2006). Esses Instrumentos são:

i) o Plano de Saúde (OS); ii) a Programação Anual de Saúde (PAS); iii) o Relatório Anual de

Gestão (RAG).

O Plano de Saúde (PS) é o instrumento norteador de todas as medidas e iniciativas em cada

esfera de gestão. Ele apresenta as intenções e os resultados a serem buscados no período de

quatro anos, expressos em objetivos, diretrizes e metas. Como mecanismo referencial, o Plano

de Saúde configura-se como a base para a execução, o acompanhamento, a avaliação e a gestão

do sistema de saúde. No Plano, devem estar contidas todas as medidas necessárias à execução

e ao cumprimento dos prazos acordados no Termo de Compromisso de Gestão, previsto no

Pacto pela Saúde, expresso nas Portarias GM/MS n. 399/2006 e GM/MS n. 699/2006. Já à PAS,

cabe a operacionalização das intenções expressas no Plano de Saúde e também determinar o

conjunto de ações voltadas à promoção, à proteção e à recuperação da saúde, bem como da

gestão do SUS para o período de um ano (BRASIL, 2006).

O Relatório Anual de Gestão é o instrumento avaliador dos resultados alcançados naquele ano

com a execução da Programação Anual de Saúde e orienta eventuais redirecionamentos que se

fizerem necessários. Os resultados alcançados são apurados com base no conjunto de

indicadores, definidos na Programação para acompanhar o cumprimento de metas nela fixadas.

Os Relatórios Anuais de Gestão devem ser insumos básicos para a avaliação do Plano de Saúde,

ao fim de seu período de vigência. Essa avaliação tem por objetivo subsidiar a elaboração do

novo Plano com as correções de rumos que se fizerem necessárias. Além de avaliador dos

resultados, o RAG indica como foi feita a aplicação dos recursos repassados do Fundo Nacional

de Saúde para os Fundos de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios – tanto o

RAG quanto a PAS permitem que o planejamento seja um processo contínuo (BRASIL, 2016).

Com isso, espera-se que o planejamento do SUS seja uma ferramenta norteadora do gestor na

condução do SUS, de tal maneira que possibilite o provimento dos meios para o

aperfeiçoamento contínuo da gestão, das ações e dos serviços prestados, além de apoiar a

participação e o controle sociais. Os instrumentos também subsidiam o trabalho, interno e

externo, de controle e auditoria (BRASIL, 2016).

Os Planos Estaduais de Saúde (PES) são os instrumentos centrais de planejamento para

definição e implementação de todas as iniciativas no âmbito da saúde dessa esfera da gestão do

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SUS para o período de quatro anos. É o plano estadual de saúde que norteia a elaboração do

planejamento e orçamento do governo no setor de saúde, consolida as políticas e compromissos

de saúde na esfera estadual e reflete, a partir da análise situacional, as necessidades de saúde da

população discutidas pelas conferências de saúde e as peculiaridades próprias de cada esfera. É

elaborado no primeiro ano da gestão em curso, com execução a partir do segundo ano da gestão

em curso ao primeiro ano da gestão subsequente (BRASIL, 2016).

Os Planos de Saúde, conforme a Portaria nº 2.135/2013, indica o seu período de vigência de 4

anos, e se atenta à necessidade de que esse período seja o mesmo período de vigência do plano

plurianual da esfera de gestão correspondente, para garantir a coesão e sinergia entre os

instrumentos. Além disso, a Portaria orienta a necessidade de existência da avaliação do

Conselho de Saúde para a sua validade bem como a aprovação do plano. Também faz-se

necessário para a validade do plano a compreensão dois momentos: i) o da análise situacional

e ii) o da definição dos objetivos, das diretrizes e das metas. A análise da situação de saúde,

deverá ser baseada no Mapa da Saúde e nas propostas da Conferência de Saúde correspondente.

As Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores definidos são os determinantes das prioridades

da ação de saúde para o período correspondente e o processo de monitoramento e avaliação do

plano (BRASIL, 2013).

A análise situacional deve contemplar os temas contidos no Mapa da Saúde, sendo esses: a

estrutura do SUS no estado, as redes de atenção à saúde, as condições sociossanitárias, os fluxos

de acesso, os recursos financeiros, a gestão do trabalho e da educação na saúde, as ações e

estrutura de ciência, tecnologia, produção e inovação em saúde, e também a gestão do sistema

(BRASIL, 2013). Para a elaboração da análise situacional, também deve-se levar em

consideração o contexto, as oportunidades, as ameaças e, fundamentalmente, é necessário

considerar as visões e proposições dos diversos atores sociais envolvidos, observando as

discussões das Conferências de Saúde e chamando as equipes de saúde para a discussão. Garcia

e Reis (2016) indicam a necessidade da opção metodológica de elaboração do PS seja pautada

na construção coletiva para que o plano seja coerente e incorporado como instrumento

(GARCIA; REIS, 2016).

Devido ao seu caráter ascendente, para a elaboração dos objetivos, diretrizes e metas, caberá à

Secretaria Estadual de Saúde do estado considerar as diretrizes, objetivos e metas indicados

pelos Conselhos Municipais do seu estado expressos nos planos de saúde dos municípios

(BRASIL, 2016). Também deve se atentar às metas regionais, resultantes das PPIs, com vistas

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à promoção da equidade inter-regional (BRASIL, 2013), e devem ser considerados os Planos

de Desenvolvimento Regional do estado e o Mapa da Saúde (BRASIL, 2016).

Além disso, a SES deve considerar as diretrizes definidas pelos Conselhos e Conferências de

Saúde e deve ser submetido à apreciação e aprovação do Conselho de Saúde respectivo e

disponibilizado em meio eletrônico no Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão – SARGSUS,

de tal maneira a prezar pela participação social e transparência do planejamento da saúde

(BRASIL, 2016). Conforme estabelecido na Lei Complementar 141/2012, a transparência e a

visibilidade do planejamento da saúde serão também asseguradas mediante incentivo à

participação popular e à realização de audiências públicas, durante o processo de elaboração e

discussão do PES.

O Planejamento da Saúde possui a tarefa complexa de ser descentralizado, regionalizado e

articulado interfederativamente e, para isso, tem contado com o papel das Comissões

Intergestores na formulação e na implementação da política de saúde e têm contribuído com o

desenvolvimento das diretrizes do SUS. No caso do Plano Estadual de saúde, isso vem da

Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que é constituída paritariamente por representantes da

secretaria estadual de saúde e das secretarias municipais de saúde, indicados pelo Conselho de

Secretários Municipais de Saúde (Cosems), ou similar, incluindo obrigatoriamente o Secretário

de Saúde da Capital (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).

Portanto, é possível perceber que o sistema PlanejaSUS busca esclarecer e organizar

ferramentas que sejam eficientes à inclusão de um planejamento setorial em saúde que respeite

a peculiaridade da agenda da saúde. Foram respeitados princípios clássicos de planejamento

como também incluídas inspirações do pensamento estratégico situacional às etapas de

elaboração dos planos, que foram pensados em coesão com as outras ferramentas do sistema de

planejamento de programação, monitoramento e avaliação das ações de forma a garantir o

caráter estratégico dos planos.

3.3.Planejamento de médio prazo da agenda de saúde: o alinhamento entre os planos

plurianuais e os planos de saúde

Ambos os instrumentos de planejamento possuem pontos em comum – esses envolvem grandes

propósitos: de crescimento ou reprodução, de mudança e de legitimação das políticas que são

seus objetos (TESTA, 1981).

Os instrumentos de planejamento da gestão global definidos pela Constituição são abarcados

por todos os órgãos da administração pública, e, dessa maneira, é o principal estruturador do

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processo orçamentário para a programação dos recursos financeiros necessários à execução das

atividades em cada setor. Dessa maneira, buscou-se organizar uma alocação dos recursos

financeiros eficientemente, seja entre os setores ou para as transferências intergovernamentais.

A médio prazo, são estabelecidos o PPA sob a finalidade de dar direcionamento estratégicos

para os anos seguintes, que se desdobrarão na LDO e a LOA (VIEIRA, 2009).

Considerando a normativa, os órgãos do governo, inclusive os da saúde, e a percepção do

planejamento sobre a administração pública, perceberam a necessidade de pensar em

planejamento das despesas para a eficiência da execução das políticas públicas e assim, surge

o sistema de planejamento setorial da saúde que também possui um instrumento de

planejamento de médio prazo, sob a mesma prerrogativa de oferecer orientação estratégica à

agenda da saúde, sendo esse a ferramenta central de planejamento da saúde e também indicado

pelo Ministério da Saúde (2016) como norteador do planejamento orçamentário (VIEIRA,

2009. BRASIL, 2016).

Cardoso Jr (2011) destaca que a evolução do planejamento de modo geral teve bastante

influência da elaboração do planejamento das políticas a nível setorial, como uma tentativa

importante de romper com a precedência e a primazia do orçamento sobre o investimento e

sobre a própria noção de planejamento em sentido mais amplo e estratégico. No entanto, cada

planejamento possui um determinado objeto, perspectivas, propósitos e conteúdos algumas

vezes distintos entre si, portanto, para aproveitamento e complementariedade dos instrumentos,

faz-se necessário o alinhamento entre os aparelhos de gestão. Um marco dessa necessidade de

alinhamento mais normativo é a recomendação de que a vigência do plano seja a mesma dos

governos em cada esfera, dessa maneira, permitindo o alinhamento na construção e na visão

estratégica que esses planos devem trazer (VIEIRA, 2009. BRASIL, 2016, SANTOS, 2011).

Para a agenda da saúde, o próprio Ministério da Saúde (2016) traz indicações do norteamento

do Plano de Saúde na planificação das ações do SUS. A imagem abaixo esquematiza a

planificação em saúde indicada para pleno alinhamento do planejamento do Sistema Único de

Saúde conforme Vieira (2009) e o Ministério da Saúde (2016).

Figura 1 – A relação de planejamento entre o PPA e o PS no cenário do planejamento em

saúde

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Elaboração própria.

Segundo Vieira (2009), a relação entre os instrumentos de gestão do SUS e os de planejamento

e orçamento da gestão pública consiste no estabelecimento das diretrizes do governo a fim de

orientar as atividades dos órgãos da administração pública, sendo neste caso, os órgãos de saúde

(Ministério da Saúde, Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde) e os órgãos de

planejamento, orçamento e gestão encarregados da formulação do Plano Plurianual.

Considerando as orientações de governo e tendo como premissa as propostas de governo e as

prioridades estabelecidas, o órgão de saúde deve elaborar o PS. Por sua vez, este plano deverá

nortear a formulação do PPA, o qual deve estabelecer as diretrizes, objetivos e metas da

administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as

relativas aos programas de duração continuada.

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4 ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO DE MÉDIO PRAZO

DO SUS/MG PARA O PERÍODO 2016-2019

4.1.Contextualização

Em Minas Gerais, o governo do Partido dos Trabalhadores é eleito para chefiar o Executivo

Estadual para o mandato de 2015 a 2018. A candidatura em 2014 da coligação Minas pra Você

(PT, PMDB, PCdoB, Pros e PRB) ocorreu principalmente sob o mote “Ouvir para Governar”.

O governador eleito propõe um novo modelo de gestão, que defende a superação do papel do

Estado como gerente e “recriar o Estado Planejador”, através da preponderância do

planejamento sobre a gestão. O modelo de gestão proposto é pautado em uma “gestão

descentralizada, participativa e transparente” (PARTIDO DOS TRABALHADORES, 2014.

PIMENTEL, 2014).

A proposta de gestão descentralizada vem do entendimento que os problemas socioeconômicos

são diferentes em cada região do Estado. A atuação, portanto, seria horizontalizada e

regionalizada, com atuações gerais a todo estado e específicas conforme as necessidades de

cada região (MINAS GERAIS, 2014).

Para a agenda da saúde pública do estado, é proposto a implantação efetiva do SUS/MG, e a

apropriação do governo de Minas Gerais enquanto gestor do SUS no âmbito estadual. Também

busca assumir a responsabilidade do governo estadual enquanto articulador dos sistemas

regionais de saúde, assim como articular com o Governo Federal na distribuição das

competências. O programa de governo também defende a priorização da atenção básica, o

atendimento à população. Investimento em recursos humanos, políticas de promoção da saúde

e em desenvolvimento da biotecnologia e indústria da saúde em Minas Gerais também foram

apresentados em suas propostas à saúde (MINAS GERAIS, 2014).

Logo após o início do mandato, é iniciado o processo de atualização do Plano Mineiro de

Desenvolvimento Integrado (PMDI) através do Projeto de Lei 3.039/2015. O instrumento é

atualizado e aprovado pela Lei 21.967, de 12 de janeiro de 2016. O PMDI é um instrumento de

planejamento peculiar ao estado de Minas Gerais previsto na Constituição Mineira de 1989 que

consolida um conjunto de eixos, áreas e objetivos setoriais a longo prazo. É um instrumento

que, conforme a Constituição Mineira, tem o olhar sobre o desenvolvimento do estado e, para

sua concretização, deve integrar todas as áreas da ação governamental, junto aos instrumentos

de planejamento e orçamento, o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), a LOA e a

LDO. Dessa forma, o PMDI oferece as diretrizes ao ciclo orçamentário mineiro, buscando a

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integração das atividades de planejamento, orçamento e gestão da administração pública

estadual, sendo ele o responsável pela definição da visão de futuro e das diretrizes ou objetivos

setoriais do governo, enquanto uma estrutura de planejamento superior do plano plurianual, à

qual devem ser vinculados todos os programas e ações de governo (MINAS GERAIS, 2015).

Configurado para o período 2016-2027, essa atualização do PMDI tem como objetivo geral o

Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável que se divide nos eixos Desenvolvimento

Produtivo, Científico e Tecnológico, Infraestrutura e Logística, Saúde e Proteção Social,

Segurança Pública e Educação e Cultura. Todos os eixos devem pautar as dimensões de

Participação, Desenvolvimento de Pessoas, Sustentabilidade Fiscal, Modelo de Gestão, e

Sustentabilidade Territorial– dimensões que buscam coerência entre as propostas de governo

e a ação governamental planejada e que se pretende ser incorporada pelas práticas de

planejamento e gestão dos ciclos de planejamento futuro (MINAS GERAIS, 2016).

Com o fim do Ciclo de Planejamento 2012-2015, fez-se necessário a elaboração do ciclo 2016-

2019 de planejamento. O novo ciclo de planejamento de médio prazo tem a sua elaboração

iniciada em 2015, no primeiro ano de mandato de governo. Os novos instrumentos de

planejamento entram em vigência no segundo ano de mandato e têm prazo de encerramento ao

fim do primeiro ano do mandato consecutivo (MINAS GERAIS, 2015).

Para concretização do slogan “Ouvir para Governar”, o governador eleito institui pelo Decreto

46.774, de 09/06/2015, os Fóruns Regionais de Governo, que são instituições participativas de

caráter consultivo presentes em dezessete territórios do estado – denominados ‘Territórios de

Desenvolvimento’ para a promoção de diagnósticos multidimensionais no estado de Minas

Gerais (ANDRADE, 2016. PEREIRA, 2015).

Os Territórios de Desenvolvimento são: Alto Jequitinhonha, Caparaó, Central, Oeste, Mata,

Médio e Baixo Jequitinhonha, Metropolitano, Mucuri, Noroeste, Norte, Sudoeste, Sul,

Triângulo Sul, Triângulo Norte, Vale do Aço, Vale do Rio Doce e Vertentes (MINAS GERAIS,

2015). Esses territórios foram divididos conforme características similares entre municípios e

grau de identificação com o município-pólo, buscando respeitar as características culturais,

sociais e econômicas (ANDRADE, 2016).

Figura 2 – Distribuição dos 17 Territórios de Desenvolvimento – Minas Gerais - 2015

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Fonte: Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG)

Em cada fórum foram realizadas duas rodadas em que a população apresentou seus problemas

e demandas ao governo estadual. Na primeira rodada foram apresentadas demandas gerais

conforme a divisão do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) e, na segunda

rodada, a população se reuniu na cidade-sede do Fórum correspondente ao seu território e, sob

mediação do governo, desenvolveram diagnósticos territoriais que compuseram o PMDI e o

Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG). Além disso, foram definidas as demandas

prioritárias de cada território, divididos conforme os cinco eixos do PMDI. Os eixos do PMDI

são: i) Desenvolvimento produtivo, científico e tecnológico; ii) Infraestrutura e logística; iii)

Saúde e proteção social; iv) Segurança Pública; v) Educação e cultura. As demandas priorizadas

foram estudadas pela equipe técnica do Estado e atribuídas como responsabilidade a diferentes

secretarias e órgãos (ANDRADE, 2016).

A fim de obedecer à legislação e aos procedimentos necessários para cumprir as normas legais

de elaboração do planejamento para o ciclo 2016-2019, a elaboração do PPAG não teve tempo

hábil de incorporar todas as demandas dos Fóruns Regionais (ANDRADE, 2016). Segundo

Pereira (2015), a incorporação das demandas ao planejamento era uma das grandes expectativas

dos cidadãos e movimentos sociais envolvidos.

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No entanto, segundo Andrade (2016), pela elaboração do Plano Estadual de Saúde 2016-2019

ter acontecido em período posterior à elaboração do PPAG 2016-2019, foi possível contemplar

e responder as demandas dos Fóruns apenas no Plano Estadual de Saúde. O PES 2016-2019

foi elaborado a partir da 8ª Conferência, e se tornou o segundo plano de médio prazo elaborado

pelo SUS/MG, sendo o primeiro elaborado para o ciclo de planejamento 2012-2015, após as

orientações do Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011 (MINAS GERAIS, 2016).

O modelo de planejamento adotado partiu das orientações do Ministério da Saúde acerca da

realização dos planos de saúde e as orientações vindas da alta gerência acerca do modelo de

governo (MINAS GERAIS, 2015).

O PES é instrumento de planejamento que deve corresponder a todo o ciclo de planejamento,

execução, monitoramento e avaliação do Sistema Estadual de Saúde, que, em articulação com

o SUS em âmbito municipal, regional e nacional, compartilha responsabilidades entre eles. Para

tal, observa-se o princípio da regionalização e da descentralização político administrativa que

rege o sistema, observando o Plano Diretor de Regionalização (PDR) – que determina a

estratégia de descentralização no estado que estabelece as bases territoriais para o cálculo nas

necessidades, da priorização para alocar os recursos e descentralização nas regiões de saúde

definidas (MINAS GERAIS, 2016).

No caso do SUS em âmbito estadual, essas informações são particularmente importantes pelo

papel do estado enquanto ente federado de nível intermediário articulador entre as esferas de

governo a nível nacional, regional e municipal e coordenador federativo do processo de

regionalização da saúde no estado. Para a elaboração do Plano, foi necessário considerar os

Conselhos de Saúde, sendo eles importantes atores na execução das políticas públicas. As

instituições que são parte desse Sistema regionalizado e que foram consideradas nesse processo

são a CIB estadual, o Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Minas Gerais

(COSEMS), e os Consórcios Intermunicipais de Saúde (CIS) – iniciativas autônomas entre

municípios que se associam para gestão conjunta dos serviços de saúde à população (MINAS

GERAIS, 2016).

O PES abrange todo o Sistema Estadual de Saúde, logo, conforme a Lei Delegada 180/2011,

integram à SES, por subordinação administrativa o Conselho Estadual de Saúde e a Escola de

Saúde Pública de Minas Gerais (ESP/MG); por vinculação – a Fundação Centro de

Hematologia e Hemoterapia do Estado de Minas Gerais (HEMOMINAS), a Fundação Ezequiel

Dias (FUNED) e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) – integram

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também o SUS/MG e suas competências, responsabilidades e suas ações e programas estão

incluídos no plano (MINAS GERAIS, 2016).

Figura 3 – Sistema Estadual de Saúde de Minas Gerais

Elaboração Própria

Para a elaboração do plano, a Secretaria de Estado da Saúde do Estado de Minas Gerais

(SES/MG) realiza etapas preliminares à elaboração do plano, sendo a primeira o levantamento

de informações gerais e informações específicas sobre a situação de saúde. Essa coleta de

informações considera a adoção de um planejamento regionalizado e, portanto, as informações

foram feitas por região ampliada de saúde, considerando informações tais como dados

demográficos, de trabalho e renda e de saneamento. Para esse levantamento também foram

incorporadas informações assistenciais, informações sobre a estrutura, a relação de

profissionais e equipamentos de saúde e o status das informações das redes de atenção à saúde.

Também foram analisados os recursos aplicados, por programa, nos últimos quatro anos Essas

informações constituíram os Cadernos Regionais, que deram subsídios às discussões, que

elencariam dos problemas e definição das diretrizes nas Conferências de Saúde

Macrorregionais, e compuseram o anexo do Plano Estadual de Saúde. Os dados estaduais serão

consolidados para compor o Plano Estadual (MINAS GERAIS, 2015).

Sistema Estadual de

Saúde de Minas Gerais

SES/MG

CES/MG

FHEMIG

HEMOMINAS

FUNED

ESP/MG

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Após serem realizados os levantamentos dos problemas regionais, ocorrem as Conferências de

Saúde Macrorregionais, em que são identificados problemas baseados na assistência

farmacêutica; na atenção básica, secundária e terciária; na vigilância em saúde e na gestão do

SUS. Os problemas regionais foram levados para a Conferência Estadual de Saúde, para a

priorização desses impasses em âmbito estadual, e ali também foi realizada, através das

programações da Conferência, a elaboração das propostas de diretrizes para o PES. Após a

finalização da 8ª CESMG e o recebimento das propostas enviadas pela mesa diretora do

Conselho Estadual de Saúde, inicia-se a elaboração do documento do Plano Estadual de Saúde

2016-2019 (MINAS GERAIS, 2015).

Para estabelecimento das prioridades, foram considerados os dados epidemiológicos e o amplo

debate com o Conselho Estadual de Saúde para discussão das diretrizes, respostas sociais e

público-alvo abordados no PES. As propostas formuladas na 8ª CESMG e as demandas

priorizadas pelos Fóruns Regionais também foram consideradas nesse processo. Outra

informação situacional considerada foi a situação financeira do estado e o cenário de restrição

de financiamento da administração pública, mediante amplo debate com a Câmara Técnica de

Orçamento e Financiamento – CTOF, do CES/MG (MINAS GERAIS, 2016).

O plano está dividido entre sete eixos principais que organizam as diretrizes, objetivos, metas

e indicadores. O quadro abaixo indicam os eixos do plano estadual de saúde e suas diretrizes:

Quadro 1 – Eixos e diretrizes do Plano Estadual de Saúde 2016-2019

Eixos Diretrizes

Eixo 1 – Direito à Saúde, Garantia, acesso e atenção

de qualidade

Ampliar e qualificar o acesso aos serviços de saúde de

qualidade, em tempo adequado, com ênfase na

humanização, equidade e no atendimento das

necessidades de saúde, aprimorando a política de

atenção básica, especializada, ambulatorial e hospitalar,

garantindo o acesso a medicamentos no âmbito do SUS.

Eixo 2 – Participação e controle social Fortalecer as instâncias de controle social e garantir o

caráter deliberativo dos conselhos de saúde, ampliando

os canais de interação com o usuário, com garantia de

transparência e participação cidadã e fortalecer a

articulação entre os espaços de participação social em

todas as políticas públicas, com vistas ao

desenvolvimento de ações Intersetoriais.

Eixo 3 – Valorização do trabalho e da educação em

saúde.

Fortalecer o papel do Estado na regulação do trabalho

em saúde e ordenar, para as necessidades do SUS, a

formação, a educação permanente, a qualificação, a

valorização das trabalhadoras e dos trabalhadores,

combatendo a precarização e favorecendo a

democratização das relações de trabalho, considerando

as metas de superação das demandas do mundo do

trabalho na área da saúde, estabelecidas pela Década de

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Gestão do Trabalho e Educação em Saúde, iniciada em

2013.

Eixo 4 – Financiamento do sus e relação público

privada.

Garantir o financiamento estável e sustentável para o

SUS, melhorando o padrão do gasto e qualificando o

financiamento tripartite e os processos de transferência

de recursos, aprimorando o marco regulatório da saúde

suplementar, garantindo o acesso e a qualidade na

atenção à saúde e os direitos do cidadão/usuário.

Eixo 5 – Gestão do sus e modelos de atenção Aprimorar a relação federativa no SUS, fortalecendo a

gestão compartilhada nas regiões de saúde e com a

revisão dos instrumentos de gestão, considerando as

especificidades regionais e a concentração de

responsabilidades dos municípios, Estados e União,

visando oferecer ao cidadão o cuidado integral à Saúde.

Eixo 6 – Educação e política de comunicação do sus Promover a produção e a disseminação do

conhecimento científico e tecnológico, de análises de

situação de saúde e da inovação em saúde, contribuindo

para a sustentabilidade do SUS, valorizando o SUS

como política de Estado por meio de estratégias de

comunicação.

Eixo 7 - Ciências, tecnologia e inovação no sus Defender e fortalecer uma política industrial de ciência,

tecnologia e inovação em saúde, que promova a

produção nacional de insumos (medicamentos, vacinas,

materiais e equipamentos de saúde), consolidando a

soberania e o desenvolvimento da plataforma

tecnológica do país, bem como tecnologias de

promoção, diagnóstico, prevenção, tratamento e

recuperação da saúde, indispensáveis ao atendimento

adequado às necessidades de saúde da população.

Elaboração Própria.

As diretrizes do Plano devem indicar qual a transformação da situação analisada é esperada

através da execução das ações planejadas. As diretrizes serão utilizadas como orientações para

definição e regulamentação das linhas de ação a serem desenvolvidas no Plano Estadual, que

se caracterizaram como mote para a solução dos problemas identificados (MINAS GERAIS,

2016).

Selecionadas as diretrizes, que são orientações de abrangência macro, essas são traduzidas em

objetivos e metas. Os objetivos são alvos que se pretende atingir, mediante a execução de uma

ou mais ações. É importante que dentro dos objetivos, as áreas técnicas deixem claro como

pretendem atuar para o alcance das diretrizes. Não será trabalhada a descrição de programas

específicos, e sim as linhas gerais para atacar uma situação de saúde específica. As metas podem

ser definidas como a quantificação daquilo que se pretende realizar. Não devem, porém,

restringir o escopo das ações, apenas balizar o que é esperado como resultado (MINAS

GERAIS, 2016).

Após envio da primeira versão do PES ao Conselho Estadual de Saúde, o plano passa por

apreciação do CES e da CTOF/CES/MG e recomendações do Conselho. O Plano Estadual de

CONTINUAÇÃO

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Saúde é aprovado pela Resolução CESMG nº016 de 12 de dezembro de 2016. Para a construção

do plano, foi seguido o cronograma seguinte:

Quadro 2 – Cronograma de Elaboração do PES 2016-2019 – Minas Gerais – 2015-2016

Etapa Período

1. Levantamento das Informações da Situação de Saúde e

elaboração dos Cadernos Regionais para as Conferências

1º trimestre 2015*

2. Conferências de Saúde

Etapas Municipais

Etapa Estadual

8ª CESMG

Etapa Nacional: 15ª Conferência Nacional de Saúde

09/04 a 04/12/2015

09/04 a 15/07/2015

16/07 a 30/09/2015

01 a 04/09/2015

01 a 04/12/2015

3. Elaboração do Plano Estadual de Saúde 05/12/2015 a 27/05/2016

4. Entrega do Plano ao CES em Reunião Extraordinária 28/05/2016

5. Apreciação e revisão do Plano 28/05/2016 a 11/12/2016

6. Aprovação do Plano 12/12/2016

Fonte: Dados Básicos: Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES/MG); Conselho Estadual de

Saúde (CES/MG). Elaboração Própria. (*)= não há informação exata acerca da data

Figura 4 – Processo de Elaboração do Plano Estadual de Saúde 2016-2019 – Minas Gerais –

2015-2016

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Fonte: SES/MG. Elaboração: própria

A 8ª Conferência Estadual de Saúde de Minas Gerais (CESMG), que aconteceu entre os dias 1

e 4 de setembro de 2015, foi aprovada conforme a Deliberação CES/MG nº 004 de 17 de

setembro de 2014 e convocada pelo Decreto Estadual n.º 01, de 16 de janeiro de 2015 (MINAS

GERAIS, 2016).

Sob o tema “Saúde de qualidade para cuidar bem das pessoas”, a conferência obedece às Leis

que regulamentam o SUS e buscam reafirmar, impulsionar e efetivar os princípios e diretrizes

do sistema, a fim de garantir a saúde enquanto um direito humano, bem como os princípios

previstos na Constituição Federal de 1988, nas Leis n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 e nº

8.142, de 28 de dezembro de 1990 (MINAS GERAIS, 2016).

É finalidade dessa Conferência mobilizar e estabelecer diálogos com a sociedade brasileira

acerca do direito à saúde e em defesa do SUS, fortalecer a participação e o controle social no

SUS, com ampla representação da sociedade mineira, sendo a Conferência também uma etapa

estadual da 15ª Conferência Nacional de Saúde em Minas Gerais, através da eleição dos

delegados do estado para a Conferência Nacional (MINAS GERAIS, 2016).

Também faz parte dessa conferência o papel de avaliar a situação de saúde, e elaborar propostas

a partir das necessidades de saúde discutidas e participar da construção das diretrizes dos Planos

Levantamento de

Informações da Situação de

Saúde

•Informações Gerais

•Informações Assistenciais

•Cadernos Regionais

Conferências de Saúde

•Etapas municipal, regional, estadual e nacional

•Análise e discussão da Situação de Saúde

•Proposta de Diretrizes ao PES

Elaboração do Plano

Estadual de Saúde

•Análise Situacional de Saúde

•Formulação de proposta de diretrizes, objetivos e metas observando as demandas dos Fóruns Regionais e as propostas da CESMG

Apreciação da Proposta

pelo CES/MG

•Análise e revisão da proposta do PES

•Apontamentos para revisão do plano

Revisão dos apontamentos pela SES

•Revisão e reenvio ao CES

Apreciação e aprovação do

PES 2016-2019

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Plurianuais e dos Planos de Saúde das esferas governamentais. Coube também à Conferência o

debate sobre as reformas necessárias à democratização do Estado no setor saúde (MINAS

GERAIS, 2016).

Para definição da escolha de data para a Conferência, foram observadas as diretrizes do

Conselho Nacional de Saúde que determinou a realização das etapas estaduais entre os dias 16

de julho e 30 de setembro de 2015 – as datas foram organizadas respeitando o caráter ascendente

das conferências de saúde. A escolha da temática também seguiu a orientação do Conselho

Nacional de Saúde. Conforme o CES/MG (2017):

Minas Gerais incorporou esta temática em seus diferentes significados. Saúde pública

como direito de cidadania, em contraposição à mercantilização e privatização. Saúde

pública de qualidade, visando à superação das desigualdades, entre diferentes

populações e regiões, à organização e a humanização nos serviços de saúde de modo

a atender as necessidades dos usuários e ampliar o acesso. Cuidar bem das pessoas

mediante a transformação das práticas de saúde, bem como a superação de iniquidades

quem afetam de forma diferenciada a população brasileira, a exemplo do racismo,

sexismo e intolerância às diversidades; reafirmando, assim, a saúde como direito

fundamental do povo brasileiro, pilar estruturante da cidadania. (MINAS GERAIS,

2017)

A 8ª Conferência analisou as propostas e prioridades que são de âmbito estadual e nacional

provenientes da etapa municipal das conferências e, a partir dessas propostas e das discussões, são

elaboradas diretrizes para a saúde nas esferas estadual e nacional. As propostas das Conferências

Municipais, junto às discussões fomentadas na Conferência Estadual, se tornam insumos para a

elaboração das diretrizes e propostas, que serão encaminhadas à SES para subsidiar a elaboração da

análise situacional e a definição dos objetivos, diretrizes e metas do Plano Estadual de Saúde 2016-

2019 (MINAS GERAIS, 2017).

Foi a preocupação da Mesa Diretora do CES/MG e da Comissão Organizadora da 8ª Conferência

trazer as discussões do evento para além do período e do espaço físico do evento. Para isso,

antecedendo o evento, foram realizadas plenárias livres, destacando-se a Plenária Estadual de

Entidades, Movimentos Sociais, Sindicais e Populares, realizada no dia 22 de agosto na Faculdade

de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Além disso, no primeiro dia do

evento pela manhã, foi realizado um Ato Público em defesa do SUS que incluiu uma caminhada

pelas ruas do centro de Belo Horizonte, chamando atenção à população e buscando trazer

mobilização e atenção à temática (MINAS GERAIS, 2017).

Outro marco da 8ª Conferência foi possuir pela primeira vez a presença de um governador do estado

no evento. O governador Fernando Pimentel participou através de discurso na abertura do evento.

A 8ª CESMG também trouxe como diferencial a inclusão nos debates das representações que

buscam o enfrentamento das iniquidades em saúde, a fim de dar espaço para as demandas e garantir

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atenção à saúde para grupos sociais vulnerabilizados e socialmente marginalizados (MINAS

GERAIS, 2016). No entanto, segundo o próprio CES (2016), ainda é detectada “uma cultura de

não participação e o medo de discriminação e represálias como fatores que contribuem para que

a participação nos órgãos colegiados seja reduzida”. O Secretario à época da Conferência,

também declarou:

“Apostamos na Conferência como um espaço de participação e politização da saúde

pública, não como um evento de rotina, e isso fez dela o momento mais expressivo

que tivemos em Minas nos últimos tempos. (...)Agora é o momento de implementar,

de manter as discussões e incluir, ainda mais, as entidades e os movimentos sociais,

populares e sindicais nos debates sobre a saúde. Assim conseguiremos mais melhorias

nas políticas públicas de saúde para a população de Minas Gerais” (CONSELHO

ESTADUAL DE SAÚDE DE MINAS GERAIS, 2017).

Ainda assim, a 8ª CESMG foi a maior edição da Conferência, em número de participantes – com

cerca de 3 mil pessoas presentes. Estiveram presentes os mais diversos segmentos sociais, como

quilombolas, ciganos, juventude, população negra, mulheres, povos indígenas, povos de terreiro,

moradores de assentamentos, pessoas atingidas por patologias, entidades e movimentos de

Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT), entidades e movimentos de usuários e familiares

do movimento pela Luta Antimanicomial, entidades e movimentos por moradia popular e dos

trabalhadores sem-terra, dentre outros movimentos sociais, de direitos humanos e populares,

pudessem discutir e reivindicar políticas públicas de saúde específicas, adequadas e resolutivas

(MINAS GERAIS, 2016).

Por outro lado, quando se trata de outros instrumentos de planejamento e, no caso da análise,

o PPAG, analisa-se o processo de elaboração interno do plano e identifica-se que esse é dividido

em três etapas, sendo a primeira delas o trabalho interno de órgãos e entidades estaduais na

concepção, identificação e seleção dos desafios, compromissos e prioridades que estarão

refletidas no plano através dos programas e ações governamentais, a segunda etapa, que

compreende a elaboração do plano propriamente dita, em que os órgãos e entidades a realiza

com o apoio do órgão central de planejamento e orçamento, a SEPLAG. A última etapa de

elaboração do PPAG consiste na inserção de referentes a todos os programas e ações planejados

no Sistema de Planejamento utilizado pelo governo de minas: o SIGPlan e o detalhamento da

despesa no SISOR, que passará por ajustes e consolidação das informações pela SEPLAG

(MINAS GERAIS, 2015).

A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão definiu prazos para permitir que o Projeto de

Lei do PPAG fosse entregue dentro dos prazos definidos pela legislação. E, em 30 de setembro

de 2015, a proposição do Projeto de Lei 2937/2015 foi recebida no Plenário, publicada no

Diário do Legislativo em 2 de outubro de 2015 e iniciou sua tramitação na Assembleia

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Legislativa do Estado de Minas Gerais, que perpassou audiências públicas, pela Comissão de

Fiscalização Financeira e Orçamentária, com algumas emendas tramitadas na Comissão de

Participação. Em 14 de janeiro de 2016, o PPAG é aprovado em Plenário e a Lei 21968,

instituindo o Plano Plurianual de Ação Governamental 2016-2019, foi publicada no Diário do

Executivo em 15 de janeiro. A tabela abaixo indica o cronograma da elaboração do PPAG 2016-

2019:

Quadro 3 – Cronograma de Elaboração do PPAG 2016-2019 – Minas Gerais – 2015

Etapa Período

1. Reunião de Abertura do Processo 06/07/2015

2.1. Detalhamento qualitativo dos programas e ações no SIGPlan 23/07 a 31/07/2015

2.2. Detalhamento e revisão, de forma regionalizada, das metas

físicas e financeiras das ações e projeção dos índices esperados dos

indicadores

23/07 a 31/07/2015

3. Detalhamento da despesa no SISOR 06/07 a 14/08/2015

4. Transferência de programas e ações do PPAG para a

unidade central e finalização da proposta orçamentária

10/08 a 14/08/2015

5. Finalização do Projeto de Lei a ser enviado à apreciação da

ALMG

17/08/2015 a

25/09/2015

6. Recebimento da proposição de Projeto de Lei pela ALMG 30/09/2015

7. Publicação do PL 2937/2015 no Diário do Legislativo 22/10/2015

8. Tramitação do Projeto de Lei no Legislativo 28/10 a 21/12/2015

9. Aprovação do PPAG – Lei 21.968 14/01/2016

10. Publicação no Diário do Executivo 15/01/2016

Fonte: Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (2015); Assembleia Legislativa

do Estado de Minas Gerais (2015a).

Elaboração própria

Figura 5 – Processo de Elaboração do Plano Plurianual de Ação Governamental 2016-2019

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Elaboração: própria

4.2. Análise Comparada dos instrumentos de planejamento de médio prazo: o PPAG

e Plano Estadual de Saúde

Tanto quanto a Constituição Federal, a legislação que rege o planejamento orçamentário e as

normas que regulamentam o planejamento orçamentário esclarecem a necessidade de que todos

os programas e ações devem ser previstos nos instrumentos de planejamento para que sejam

executados. O PPAG se configura como uma garantia dos subsídios orçamentários para a

efetivação das diretrizes aprovadas no Plano Estadual. Portanto, a agenda da saúde exige um

alinhamento entre os instrumentos orçamentários de governo e os instrumentos de planejamento

e gestão da saúde (BRASIL, 1988. MINAS GERAIS, 2016).

Por outro lado, o Ministério da Saúde, através do PlanejaSUS, também indica que todas as ações

da agenda de saúde daquele ente federado devem constar no Plano Estadual de Saúde. Além

disso, é indicado que o PES seja o instrumento norteador das políticas públicas de saúde da

esfera de governo correspondente (BRASIL, 2016).

Entre uma das últimas partes do documento do Plano Estadual de Saúde, são apresentadas as

funções do planejamento orçamentário e é relembrada a necessidade dos mecanismos de

planejamento do SUS serem alinhados aos instrumentos de planejamento governamental,

Identificação e seleção dos desafios, compromissos e

prioridades

Elaboração do plano pelos órgãos com o apoio da

SEPLAG

Inserção da Proposta de planejamento no SIGPlan e

de orçamento no SISOR

Elaboração do Projeto de Lei (SEPLAG)

Recebimento do PL pela ALMG

Tramitação nas Comissões de Fiscalização Financeira e

Orçamentária e de Participação e em

audiências públicas

Revisão e propostas de emenda ao PPAG

Aprovação do Legislativo

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principalmente em relação ao PPAG, que, assim como o PES, são instrumentos de médio prazo

que definirão os programas e ações de governo para o período entre 2016 e 2019 (MINAS

GERAIS, 2016).

Para exemplificar como ocorre o alinhamento entre o Plano Plurianual de Ação Governamental

e o Plano Estadual de Saúde, foi tomada a área temática de Vigilância em Saúde como exemplo.

A evidência mais clara em indicar a existência de coesão entre os instrumentos de gestão estão

presentes no Anexo 1 do Plano Estadual de Saúde 2016-2019. Essa correspondência declarada

no Plano Estadual de Saúde indica um quadro anexo, em que é feita uma correspondência

simples de cada política do SUS presentes no plano com os programas e ações do PPAG, como

uma espécie de localizador daquela área temática nos instrumentos. O quadro abaixo indica

parte desse anexo, correspondendo à temática de Vigilância em Saúde:

Quadro 4 – Correspondência da áreas temáticas do PES de Vigilância em Saúde com os

Programas e Ações (em 2016) no PPAG – Recursos financeiros – Minas Gerais – 2016

BLOCO DE

FINANCIAMENTO

TEMÁTICA

ABORDADA

NO PES

PROGRAMA AÇÃO ORÇAMENTÁRIA

Vigilância em Saúde Vigilância em

Saúde

0173:

Vigilância em

Saúde

4464 – Emergências em Saúde

Pública

4470 – Vigilância em Saúde do

Trabalhador

4471 – Vigilância Epidemiológica e

ambiental

4472 – Vigilância Sanitária

4500 – Programa estadual de

vigilância em saúde

4536 – Prevenção e tratamento das

DST/AIDS e hepatites virais

4553 – Programa estadual de

vigilância e controle de doenças

transmitidas pelo aedes

Fonte: Secretaria do Estado de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES/MG). Plano Estadual de Saúde 2016-2019.

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O Plano Estadual de Saúde, por se tratar de um planejamento específico para o setor de saúde

e que é direcionado e organizado conforme o SUS e sob o princípio de articulação nacional, é

um instrumento que tem sua elaboração diferenciada do PPAG. Apesar de corresponder à

gestão estadual, faz parte de um sistema de planejamento de uma agenda nacional, que é

orientada pelo Ministério da Saúde junto aos órgãos correspondentes de cada ente federado. É

um plano de caráter estratégico, por trazer uma perspectiva de médio prazo sobre as ações

futuras do SUS daquele âmbito de governo, além de possuir o propósito de ser o instrumento

central de planejamento da agenda de saúde, encontrando-se teoricamente sob a expectativa de

ser a principal fonte de insumo para a construção dos demais mecanismos de planejamento do

SUS e de planejamento governamental. Sob o aspecto da redação do plano, os objetivos, metas

e indicadores que constam no plano são baseados no pacto pela saúde, em que as políticas de

saúde são tratadas por política de atenção à saúde, por eixo ou por áreas temáticas. O quadro

que consta no anexo 1 exemplifica a disposição da área temática ‘Vigilância em saúde’ ao longo

do plano, nos quais estão presentes diversos objetivos, metas e indicadores que correspondem

à orientação estratégica do setor de saúde (BRASIL, 2016).

Já o PPAG, enquanto ferramenta de planejamento orçamentário do estado, se configura

principalmente como um desdobramento do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, sob

a perspectiva orçamentária para um ciclo de quatro anos. Sua característica é bastante

programática e sua elaboração é principalmente técnica e política, em que, junto aos órgãos da

administração pública estadual, são realizados levantamentos pelas áreas e são tomadas

decisões quanto às prioridades de governo para os próximos anos. Sua apreciação e aprovação

são realizadas pelo Legislativo, através de comissões temáticas, audiências públicas e

temáticas. Por se tratar de um planejamento de todo o governo, ele é muito mais generalizado

e traz uma perspectiva global acerca de cada eixo do Plano Mineiro. O Plano Plurianual traz

indicativos para os programas de cada eixo e informações orçamentárias para os anos

consecutivos e um indicador para mensurar o desempenho do programa para o eixo. Além da

Lei 21968/2016, a redação do PPAG conta com anexos que permitem a leitura do plano

considerando diferentes aspectos e maior detalhamento das ações. Os três primeiros anexos

apresenta os programas e ações do plano conforme três diferentes perspectivas, sendo que no

primeiro anexo são organizados por territórios de desenvolvimento, no segundo, por setor de

governo e no terceiro, por eixos do Plano Mineiro (MINAS GERAIS, 2016).

Além das distinções entre os instrumentos citados, as diferenças também se materializam na

disposição dos eixos, diretrizes, objetivos metas e indicadores dos blocos de financiamentos e

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áreas temáticas do PES, e também no conteúdo dos programas e ações do PPAG. Enquanto um

planejamento setorial e específico para a saúde, isso permite ao plano de saúde que seja um

instrumento mais detalhado que o instrumento de planejamento orçamentário, que abrange

todos os setores de atuação do estado (MINAS GERAIS, 2015).

Analisando os objetivos, metas e indicadores da área temática de Vigilância em Saúde no anexo

1, é possível perceber que há baixa capacidade de avaliar a aplicação dos objetivos e metas do

plano, pois possuem baixa materialização das aplicações práticas que eles envolvem, cabendo

apenas aos indicadores a possibilidade de avaliar as políticas. Outro ponto de observação é que,

como os indicadores são desdobramentos dos objetivos e metas, quando há vários objetivos,

metas e indicadores para um mesmo tema, não é possível identificar de forma clara e objetiva

– indo em contradição com as orientações da elaboração de planejamento.

A imagem abaixo exemplifica como o PPAG traz o planejamento do programa de vigilância

em saúde:

Figura 6 – Programa 0173 de Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais no Anexo II do

PPAG 2016-2019 – 2016

Fonte: Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (SEPLAG/MG)

O programa acima é responsável por abarcar todas as ações de vigilância em saúde, e para

descrição do programa foram elencadas informações acerca do orçamento e informações gerais.

Além disso, possui apenas um indicador para mensurar e avaliar as políticas de vigilância. As

ações são desdobramentos do programa e trazem informações um pouco mais específicas, tais

como público-alvo e as metas físicas e financeiras de cada ano para a ação. O indicador utilizado

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para os programas não possuem relação direta com todas as ações. Apesar dos indicadores do

PPAG também estarem presentes no Plano Estadual de Saúde, percebe-se que ao colocar ações

muito diferentes entre – mesmo que correspondentes a uma mesma área temática – acaba

ocasionando em genericidade da descrição das políticas de saúde, dificultando o controle e a

avaliação da execução dos programas pela análise de indicadores. A divisão das políticas de

saúde em programas e ações no plano acabam sendo bastante amplas e genéricas, e isso

prejudica a mensuração da verdadeira eficiência da temática. O exemplo abaixo permite

identificar falta relação direta entre os indicadores da ação e o programa no qual está inserida,

assim como nas demais ações de Vigilância em saúde, presentes no anexo 2 desse trabalho.

Figura 7 – Ação 4470 do Programa 0173 de Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais

no Anexo II do PPAG 2016-2019 – 2016

Fonte: Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG)

Quando são analisados no Anexo 1 os indicadores de saúde , percebe-se que, apesar do PES ser

um instrumento mais detalhado que o PPAG, com diversos objetivos, metas e indicadores

baseados na situação de saúde, esses elementos ainda não são objetivos o suficiente para serem

considerados práticos, ou que facilitem seu monitoramento e avaliação.

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A partir da análise dos processos de planejamento do PPAG e do Plano Estadual de Saúde 2016-

2019, percebe-se que o processo de elaboração desses instrumentos são feitas de maneiras

diferentes, assim como as perspectivas adotadas também são muito distintas, não somente pelos

objetivos de cada instrumento, mas também pela própria natureza e elementos básicos à sua

elaboração. Dessa maneira, obtém-se racionalizações do planejamento e gestão da agenda de

saúde no estado bastante diferenciadas.

Um aspecto importante e divergente é que o planejamento da saúde parte de uma análise

situacional que é preliminarmente discutida de forma ascendente pelos Conselhos de Saúde dos

entes federados através das Conferências de Saúde. Esses mecanismos de participação dão a

oportunidade à discussão sobre a situação de saúde entre usuários, trabalhadores, prestadores

de serviços e gestores do SUS além do espaço à realização de propostas ao planejamento das

ações, que se consitui como elemento protagonista do planejamento do SUS. O PPAG não

contava com etapa de participação popular preliminar até a criação dos Fóruns Regionais,

porém, até mesmo a proposta de incluir os Fóruns Regionais como instituição participativa de

caráter consultivo para a elaboração do planejamento foi prejudicada pelo atraso na implantação

da política, cabendo apenas a possibilidade de incorporação das demandas às próximas revisões

do PPAG. Já o PES/MG 2016-2019 conseguiu incorporar algumas demandas por essas terem

sido recebidas em tempo hábil à inclusão do plano, tendo em vista que a principal redação do

documento ocorreu no primeiro semestre de 2016.

Quadro 5 – Comparação entre o processo de elaboração do PPAG 2016-2019 e o Plano Estadual

de Saúde 2016-2019

Características PPAG 2016-2019 Plano Estadual de Saúde 2016-2019

Duração Aproximadamente 6 meses Aproximadamente 1 ano (exceto

Conferências)

Órgãos Envolvidos Todos os órgãos e entidades da

Administração Pública do estado

de Minas Gerais

Sistema Estadual de Saúde:

Secretaria de Estado da Saúde

(SES/MG); CES/MG; FUNED;

FHEMIG; HEMOMINAS; Escola

de Saúde Pública (ESP/MG)

Orientação

Estratégica

Plano de Governo e PMDI Ministério da Saúde (PlanejaSUS);

Conferências de Saúde; Plano de

Governo

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Coordenação SEPLAG ASPLAN/SES/MG

Apuração e

Aprovação

Assembleia Legislativa do Estado

de Minas Gerais

Conselho Estadual de Saúde de

Minas Gerais

Princípios Identificação clara dos objetivos e

prioridades; Transparência;

Organização em programas;

orientação à estratégia de longo

prazo; ser orientador estratégico

das ações de governo; gestão

voltada para o desenvolvimento

sustentável e redução das

desigualdades sociais.

Obrigatoriedade e continuidade;

integração à Seguridade Social e ao

planejamento governamental geral;

respeito aos resultados da CIR, CIB

e CIT; articulação com o

monitoramento, a avaliação e a

gestão do SUS; planejamento

ascendente e integrado;

transparência e visibilidade da

gestão da saúde; o planejamento

deve partir das necessidades de

saúde da população

Elementos Informações Orçamentárias sobre

os programas, indicadores e ações

do governo

Análise da Situação de Saúde;

Diretrizes, objetivos, metas e

indicadores

Perspectiva Programática - global Estratégica – setorial

Disposição das

Diretrizes,

objetivos e metas

Por territórios de

desenvolvimento; por eixos do

PMDI; por programas e ações por

setor de governo

Por política de saúde; por eixo

estratégico; por área temática

Fonte: Dados Básicos: Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG/MG) e Ministério da Saúde.

Elaboração Própria

Outro ponto de observação quanto à elaboração do planejamento em saúde está no

desalinhamento do cronograma de elaboração do PPAG e do Plano Estadual de Saúde.

Considerando as orientações de planejamento do Ministério da Saúde (2016), o plano de saúde

enquanto instrumento central do Sistema de Planejamento do SUS é o norteador da elaboração

do planejamento e orçamento do governo no que tange à saúde. Porém, no caso do ciclo de

planejamento 2016-2019, o Plano Plurianual foi elaborado em 2015 e aprovado em janeiro de

2016, enquanto o Plano Estadual de Saúde foi elaborado em 2016 e aprovado em dezembro

desse mesmo ano. É válido destacar que o plano estadual de saúde foi elaborado em 2016 para

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permitir que as etapas preliminares ao plano fossem executadas da maneira como é determinado

pelo Sistema.

Figura 8 – Linha do Tempo da Elaboração do PES 2016-2019 e do PPAG 2016-2019

Elaboração: própria

Dessa maneira, é possível perceber a dificuldade de um alinhamento mais profundo entre o

processo de planejamento do Sistema Único de Saúde e a incorporação dos insumos originados

desse processo de planejamento, uma vez que o orçamento é uma determinante importante para

a execução das políticas de saúde, e as políticas somente poderão ser executadas se previstas

no orçamento, ocorre um descompasso cronológico entre a elaboração do PPAG e a elaboração

do PES que impedem a utilização da análise e abordagem do plano de saúde na elaboração do

planejamento orçamentário. Devido a essa ordem, define-se o orçamento para as áreas depois

são definidas as prioridades estratégicas do setor, porém como uma ação vai ser realmente

prioritária ante a outras em execução orçamentária sem possuir esse ponto de partida? O

norteamento do PES ao plano plurianual conforme orienta a metodologia acaba sendo

prejudicado.

De acordo com as próprias orientações do Ministério de Saúde (2016), haveria maior

alinhamento e compatibilidade entre os mecanismos de planejamento orçamentário e de saúde

se houvesse também um alinhamento e compatibilidade no cronograma de elaboração entre os

instrumentos, que viria a partir do ajuste das datas das Conferências de Saúde para adiantar a

elaboração do Plano Estadual de Saúde (BRASIL, 2016).

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4.3.Análise das demandas das Instituições Participativas com o Plano Estadual de

Saúde

A participação social enquanto um princípio do planejamento se manifesta através das

conferências de saúde. Esse envolvimento se constitui como uma etapa anterior e obrigatória à

elaboração do Plano Estadual de Saúde demonstra ser um grande diferencial do PES em relação

ao PPAG, que teve a participação popular restrita às audiências públicas da Assembleia

Legislativa – e essas são posteriores à elaboração da primeira versão do Plano. Já os Fóruns

Regionais, apesar de serem uma das principais propostas do governo 2015-2018, tiveram suas

primeiras rodadas acontecendo em tempo pouco hábil à elaboração do PPAG, serão análisadas

a incorporação dessas demandas apenas ao Plano Estadual de Saúde.

Os Fóruns Regionais são as instituições participativas propostas pelo atual governo para

consulta à população das mais diversas regiões do estado em relação às suas demandas e

necessidades – inclusive demandas em saúde. Já o Conselho Estadual de Saúde, enquanto

instância participativa e deliberativa, discute a situação da saúde e apresenta propostas para

sanar problemas e necessidades através da 8ª Conferência Estadual.

As demandas dos Fóruns são regionalizadas e muitas delas foram similares ou compatíveis com

algo que já era feito, e, sob orientação do secretariado, foi considerada para o planejamento do

Plano Estadual de Saúde, porém, por não haver tempo hábil, não foram consideradas na

elaboração do PPAG. Essas demandas foram em grande maioria incorporadas por algum

objetivo e/ou meta do Plano Estadual de Saúde.

Essa análise busca analisar se há existência ou não de coesão entre a redação do Plano Estadual

de Saúde e as demandas da sociedade oriundas das instituições participativas do estado de

Minas Gerais. Por meio da comparação dos objetivos e metas do Plano Estadual de Saúde com

as demandas dos Fóruns Regionais, e também a partir das propostas da Conferência Estadual

de Saúde aprovadas pelo Conselho enviadas à SES/MG, essa análise buscará identificar se há

o alinhamento entre o que consta no plano a situação de saúde e as discussões nas instituições

participativas.

Gráfico 1 – Demandas contempladas e não contempladas pelo Plano Estadual de Saúde – Minas

Gerais - 2015

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Elaboração: própria

As demandas dos Fóruns às políticas de saúde podem indicar correspondência com os objetivos

e metas para os próximos anos para a solução daquele problema levantado pela população como

relevante à comunidade local. Essas demandas apresentam bom índice de contemplação pelos

itens do Plano Estadual de saúde. Para suprir as demandas dos Fóruns, é possível que para uma

única demanda ser contemplada estejam envolvidas mais que um objetivo e/ou meta presente

no plano, como é possível perceber pelo exemplo do anexo 3.

Conforme o que consta no anexo 3, uma meta do Plano Estadual de Saúde como “definir

estratégias para fortalecer a integração das equipes de NASF e equipes de saúde da família

através de dispositivos de gestão e da clínica e da clínica ampliada” contempla demandas

observadas pelos atores sociais de quinze dos dezessete territórios de desenvolvimento.

Observar essa correspondência das demandas dos fóruns com a ação planejada para os

próximos anos indicam legitimidade à execução dessa política e, dessa maneira, indicam a

existência de um planejamento que vá conforme o pensamento estratégico de planejamento em

saúde (RIVERA, 1989).

Ainda em conformidade com a necessidade da consideração das demandas dos atores sociais

para um planejamento estratégico (MATUS, 1987), percebe-se que em casos de pedidos

complexos como o do exemplo deste quadro abaixo, o plano estadual de saúde possui vários

itens a contemplar os fatores envolvidos para a execução de políticas que vão de encontro à

busca pela solução dos problemas elencados como relevantes naquela região.

Quadro 6 – Correspondência de Demanda dos Fóruns Regionais com os objetivos e metas do

Plano Estadual de Saúde 2016-2019 – Minas Gerais – 2016

Fórum Demanda Objetivo/meta do Plano

84,63%

15,37%

Demanda contemplada Demanda não contemplada

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Vale do

Rio

Doce

Retomada de construção das unidades

básicas nos municípios, exemplo o

município de Itanhomi. Implementação

de ESF’s, ESB’s e núcleos de apoio a

saúde da família, aumentando a

cobertura de todos os municípios da

região, ampliando com custeio

tripartite o número de equipes com

implementação das práticas

integrativas e complementares de

forma regionalizada de acordo com os

parâmetros assistenciais e necessidades

da população.

O.1.13.d - Fortalecer a Estratégia de

Saúde da Família/ESF como eixo

estruturador da Atenção Primária com

manutenção da cobertura das Equipes de

Saúde da Família das equipes de Saúde

Bucal e de equipes do Núcleo de Apoio

à Saúde da Família, garantindo efetivo

acesso, qualidade e integralidade das

ações de vigilância, promoção,

prevenção e assistência à saúde de toda a

população, de acordo com as

necessidades identificadas, em tempo

oportuno, sustentado pela coordenação

do cuidado

M.1.13.d – Revisar e implantar as regras

de adesão e pagamento do co-

financiamento da APS com ampliação

do total dos incentivos a ser repassado

por equipe por mês.

M.1.13.h - Definir estratégias para

fortalecer a integração das equipes de

NASF e equipes de saúde da família

através de dispositivos da gestão da

clínica e da clínica ampliada.

O.1.21.a - Implementar a Política

Estadual de Práticas Integrativas e

Complementares (PIC), fomentando a

realização de ações de PIC nos

municípios

M.1.21.b - Instituir incentivo financeiro

para apoio aos serviços de PIC

Fonte: Dados Básicos: Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES/MG). Elaboração Própria.

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Já analisando as propostas da 8ªConferência Estadual de Saúde de Minas Gerais, foi perceptível

que o número de demandas contempladas pelo plano foi menor que as demandas contempladas

pelos Fóruns. Foram 66,88% das propostas incorporadas pelo plano.

Gráfico 1 – Percentual de Demandas originadas das propostas da 8ª CESMG contempladas pelo

Plano Estadual de Saúde 2016-2019 – Minas Gerais – 2016

Elaboração: própria

As propostas da 8ª CESMG estavam divididas em 8 eixos, sendo eles: i) Direito à Saúde,

garantia, acesso e atenção de qualidade; ii) Participação e controle social; iii) Valorização do

trabalho e da educação em saúde; iv) Financiamento do SUS e relação público e privada; v)

gestão do SUS e modelos de atenção; vi) Educação e política de comunicação do SUS; vii)

Ciências, tecnologia e inovação no SUS; viii) Reformas democráticas e populares do Estado. O

oitavo eixo, “Reformas democráticas e populares do Estado”, não foi incorporado ao plano. As

propostas do Eixo 8 que foram contempladas, foram incorporados por outros eixos do plano. O

gráfico 2 indica a distinção das propostas contempladas pelo PES por eixo.

Gráfico 2 – Propostas contempladas por eixo da Conferência Estadual de Saúde – Minas Gerais

– 2016

33,12%

66,88%

Demanda não contemplada Demanda contemplada

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Elaboração: própria.

É possível perceber que os eixos que possuem maior índice de propostas contempladas pelo

plano em contraposição às propostas não contempladas correspondem aos eixos 1, 2, e 3, sendo

esses de temáticas diretamente ligadas aos princípios de existência do SUS, tais como o direito

a saúde e a participação. O terceiro eixo, que também possui um grande número de negócios e

o alto índice de propostas contempladas corresponde ao trabalho e à educação em saúde. É

válido destacar que a presença de movimentos sociais e de representação sindical, como

também a composição do conselho indicar representatividade do trabalhador de saúde, possam

ter influído na força dessa discussão da 8ª CESMG.

Tabela 2 – Objetivos e Metas do Plano Estadual de Saúde e a quantidade de incorporação de

demandas dos Fóruns Regionais de governo e/ou propostas da 8ª Conferência Estadual de

Saúde – Minas Gerais – 2016

Incorporação das demandas e propostas pelo Plano Estadual de Saúde

Quantidade de Objetivos e Metas do

Plano Estadual de Saúde

Números Absolutos Percentual (%)

Incorpora demandas dos Fóruns Regionais e propostas da CESMG 84 28,09%

Incorpora apenas proposta(s) da CESMG 58 19,40%

Incorpora apenas demanda(s) dos Fóruns 52 17,39%

Não incorpora nenhuma demanda e/ou proposta 105 35,12%

Total 299 100,00% Elaboração: própria

0,00%

0,65%

1,95%

2,60%

0,65%

15,58%

2,60%

9,09%

33,12%

10,39%

5,19%

12,99%

5,19%

3,25%

16,23%

12,34%

1,30%

66,88%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%100%

Eixo 1 – Direito à Saúde, Garantia, acesso e …

Eixo 2 – Participação e controle social

Eixo 3 – Valorização do trabalho e da educação …

Eixo 4 – Financiamento do sus e relação público …

Eixo 5 – Gestão do sus e modelos de atenção

Eixo 6 – Educação e política de comunicação do sus

Eixo 7 - Ciências, tecnologia e inovação no sus

Eixo 8 – Reformas democráticas e populares do …

Total geral

Demanda não contemplada Demanda contemplada

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Gráfico 4 – Objetivos e Metas do Plano Estadual de Saúde e a quantidade de incorporação de

demandas dos Fóruns Regionais de governo e/ou propostas da 8ª Conferência Estadual de

Saúde – Minas Gerais – 2016

Elaboração: própria.

A participação enquanto uma etapa anterior e obrigatória à elaboração do Plano Estadual de

Saúde, traz expectativas acerca da presença da participação social nos intrumentos de

planejamento. A representação das instituições participativas estão presentes em 64,83% dos

objetivos e metas do plano, o que representa a maioria dos objetivos e metas, porém não

ultrapassa a maioria absoluta (dois terços) dos elementos. Outro aspecto que é percebido diz

respeito que, apesar de presente nos objetivos e metas, essa participação poderia ser mais

profunda e presente na decisão de elementos menos genéricos, realmente subsidiando o

planejamento da saúde e determinando as ações executadas, para que o protagonismo da

participação dessas instituições vá além de necessidades genéricas que precisam de ser

afirmadas.

Por ter sido inspirada na metodologia de planejamento estratégico situacional, a presença das

Conferências de Saúde enquanto premissas à elaboração do plano, o status deliberativo dos

conselhos de saúde e a análise situacional como parte do documento são marcos que tornam o

Plano Estadual de Saúde diferenciado e mais completo que em relação ao PPAG. No entanto,

ainda percebe-se muitos traços de normatividade intrínsecos à elaboração do planejamento em

saúde, muitas vezes justificado sob a genericidade das demandas e propostas.

28,09%

19,40%

17,39%

35,12%

Contempla demandas dos

Fóruns Regionais e propostas

da CESMG

Contempla apenas proposta(s)

da CESMG

Contempla apenas

demanda(s) dos Fóruns

Não contempla nenhum

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Porém, é válido destacar que a existência de profundidade e especificidade dessas demandas e

propostas enviadas à SES sejam motivo para dar menor relevância à participação popular nos

processos de elaboração do planejamento – mas sim um ponto a ser melhor trabalhado pelo

sistema de saúde, que tem a participação como um dos seus princípios, – o empoderamento e a

capacitação ao aprofundamento do diálogo entre essas instituições.

Dessa maneira, percebe-se que há a presença nos elementos do PES de questões discutidas nas

instituições participativas, assim como pressupõe ser necessário para que o plano seja

estratégico e focado nas situações em que se pretende atuar sobre (MATUS, 1987). Considera-

se que para a elaboração do plano esse elemento se faz relevante tanto por ser considerado um

subsídio à elaboração da análise situacional como também por ter sido traduzido à estratégia de

ação para os próximos anos em objetivos e metas que correspondam às necessidades de saúde

da população (RIVERA, 1989).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse trabalho foi apresentado a elaboração do planejamento em saúde do estado de Minas

Gerais para o período de 2016-2019. A partir de conhecimentos acerca do contexto e da acerca

dos fatores envolvidos, foram analisados elementos desse planejamento.

Através da apresentação acerca do arcabouço do Sistema Único de Saúde, foi possível tomar

percepções acerca das responsabilidades da agenda da saúde que, por ser uma conquista social,

permitiu que fosse construído um sistema de desenho complexo tal como é o SUS. Em

concordância ao desafio e responsabilidade de atenção universal, integral e descentralizado,

explana-se acerca do desafio em gerir esse sistema. Dessa maneira, o SUS precisou incorporar

mecanismos de gestão em sua existência para qualificar a execução das políticas.

Pela abordagem sobre o planejamento governamental, é trazido à tona sua importância para as

políticas públicas na tomada de decisão. Descreveu-se os mecanismos constitucionais de

planejamento a serem adotados por toda a Administração Pública e como esses devem ser

elaborados.

É dado o destaque também para a corrente de pensamento estratégico em saúde de Carlos Matus

e Mário Testa, que inspiraram inovações em planificação na área dessa maneira explanando o

surgimento da necessidade de um pensamento estratégico sobre a planificação em saúde. As

principais contribuições dos autores agregam á prática de planejar os atores que são partes

interessadas nas políticas e possuem forças sociais para controle das situações. Essa corrente de

pensamento cooperou para o desenvolvimento do PlanejaSUS, o sistema de planejamento do

SUS desenvolvido para dar mais relevância e complementaridade ao planejamento da saúde.

Além disso, o planejamento da saúde é esquematizado a partir do entendimento que esse não

se restringe apenas ao PlanejaSUS, mas também aos outros mecanismos de planejamento que

possam vir a ser adotados, inclusive os instrumentos de planejamento orçamentário previstos

na Constituição, pois são a partir desses mecanismos que são autorizados pelo legislativo a

execução financeira das políticas públicas. No entanto, salienta-se que o sistema de

planejamento do SUS foi desenvolvido como norteador e complementar a esses instrumentos,

principalmente o plano plurianual, que equivale ao período correspondente.

Para estudo do caso de Minas Gerais e a elaboração do ciclo de planejamento 2016-2019

envolveu a análise de propostas e prioridades do governo eleito, que foram tomadas como

premissas ao planejamento. O planejamento foi tomado com um pilar de gestão,

desenvolvimento regional e a participação como uma agenda prioritária. Além disso, foram

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considerados os Fóruns Regionais como uma segunda instituição participativa, que foi

implantada pelo governo de Minas com a expectativa de envolver a população no processo de

planejamento através de demandas.

A partir da comparação entre os dois instrumentos de planejamento de médio prazo – o PPAG

e o Plano Estadual de Saúde –, percebe-se que esses aparelhos possuem diferentes perspectivas

e funcionalidades, que também refletiam em seus processos de elaboração. O PPA é um

instrumento de elaboração muito mais técnico e normativo que o plano estadual de saúde, que

passou por etapas preliminares de discussão acerca da situação de saúde através das

conferências, das quais surgem propostas que subsidiarão a elaboração do plano. Percebeu-se

que há a possibilidade de descompasso entre os instrumentos de gestão pela desconexão entre

a elaboração desses instrumentos de planejamento, devido à elaboração desses planos ser

efetuada em uma ordem cronológica que atua de forma à indicação do PlanejaSUS de subsidiar

o conteúdo do planejamento governamental.

Outro ponto observado foi a falta de clareza e objetividade de ambos os instrumentos para o

estabelecimento das diretrizes, objetivos e metas, que são demasiadamente amplos, dificultando

a visão das medidas a serem tomadas para executar as ações planejadas.

Outra característica de planejamento em saúde marcante é a participação ser considerada como

princípio de existência do PlanejaSUS. No caso de Minas Gerais, identificou-se também a

intenção de governo de “subverter” o planejamento no estado, também incluindo a participação

na elaboração de outros planos. Considerando esses aspectos, abriu-se o questionamento acerca

do desdobramento desse princípio à elaboração desses planos, foi analisado se a participação e

o envolvimento de atores sociais que se envolviam no processo de planificar através das

discussões que ocorriam nas instiuições participativas, era identificável no documento final

desses planos elaborados. O que foi possível perceber é que a participação nesse processo de

planejamento foi forte políticamente, com marcos políticos na realização da 8ª CESMG e

também pelo alto índice de itens que contemplam alguma ínstituição participativa, que é

superior a 64%.

Além disso, são grandes desafios e indicam necessidades de avanço a visão territorial do

planejamento em saúde, do alinhamento entre os mecanismos de planejamento para se afirmar

que esse é executado de maneira eficiente para analisar a situação de saúde do estado,

permitindo dessa maneira a construção de um planejamento que permita uma melhor

racionalização das ações futuras em saúde pública do estado de Minas Gerais.

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ANEXO 1 – DISPOSIÇÃO DAS DIRETRIZES, OBJETIVOS, METAS E

INDICADORES DA ÁREA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE POR EIXO NO PLANO

ESTADUAL DE SAÚDE 2016-2019 – MINAS GERAIS – 2016

Eixo 1 - Direito à saúde, garantia de acesso e atenção de qualidade

Diretriz: Ampliar e qualificar o acesso aos serviços de saúde de qualidade, em tempo adequado,

com ênfase na humanização, equidade e no atendimento das necessidades de saúde,

aprimorando a política de atenção básica, especializada, ambulatorial e hospitalar, garantindo

o acesso a medicamentos no âmbito do SUS.

Objetivos:

O.1.2.a - Consolidar o processo de descentralização das ações de Vigilância em Saúde para o

desenvolvimento de ações de promoção, proteção, prevenção e controle de doenças e agravos

à saúde;

O.1.2.b - Fortalecer a capacidade de gestão das Unidades Regionais de Saúde para as ações de

promoção e vigilância em saúde;

O.1.2.c - Promover a articulação da vigilância em saúde em todos os níveis de atenção da saúde

em especial com a atenção primária ordenadora das redes de atenção;

O.1.2.d - Promover a articulação inter e intra-setorial para o desenvolvimento das ações de

vigilância das causas externas (acidentes e violências) nas Unidades Regionais de Saúde;

O.1.2.e - Qualificar os núcleos regionais de vigilância em saúde para formação de uma ampla

rede de unidades geradoras de informação que permitam a organização e adoção de estratégias

de intervenção sobre danos, riscos e fatores determinantes dos problemas de saúde; assim como

a execução de ações de investigação e medidas de prevenção e controle;

O.1.2.f - Reduzir os impactos das Emergências em Saúde Pública no Estado de Minas Gerais,

por meio da estruturação das respostas às emergências e integração dos serviços de saúde,

visando dar respostas oportunas e coordenadas entres as esferas de gestão do SUS;

O.1.2.g - Planejar e fomentar o desenvolvimento de ações capazes de eliminar, diminuir ou

prevenir riscos e agravos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio

ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços do interesse da saúde,

fomentando a criação de planos de contingência;

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O.1.2.h - Implementar ações de abordagem aos fatores condicionantes, determinantes, riscos e

danos à saúde, inclusive ações de saneamento básico e saúde ambiental3;

O.1.2.i - Aprimorar a Vigilância do óbito visando a redução de causas mal definidas de origem

natural e de interesse epidemiológico;

O.1.2.j - Fomentar a vigilância em saúde do trabalhador em todos os pontos da Rede de Atenção

à Saúde, bem como, a discussão da temática pelos Conselhos Municipais de Saúde; O.1.2.k -

Planejar ações de prevenção e diagnóstico precoce às infecções sexualmente transmissíveis para

interromper a cadeia epidemiológica de transmissão.

O.1.2.l - Implantar sistemas de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto em todas

as localidades com população entre 200 e 5.000 habitantes no Norte e Nordeste de Minas;

O.1.2.m - Realizar o combate do Mosquito Aedes Aegypti no Estado de Minas Gerais.

Metas:

M.1.2.a - Fomentar a descentralização das ações de Vigilância em Saúde para os 853

municípios por meio do Projeto de Fortalecimento de Vigilância em Saúde.

M.1.2.b - Estruturar as 28 Unidades Regionais de Saúde para atuarem com eficiência nas

respostas às Emergências em Saúde Pública.

M.1.2.c - Atingir 100% de Cobertura Vacinal preconizada para cada vacina em menores de 1

ano (Pentavalente, Pneumo 10, Meningo C, VIP/VOP, Rotavírus, Febre Amarela) nos

municípios ou na Região de Saúde.

M.1.2.d - Promover o desenvolvimento e a qualificação das ações estratégicas de Vigilância

em Saúde nas 28 Gerências e Superintendências Regionais de Saúde, aprimorando a vigilância

do óbito de mulheres em idade fértil, materno, fetal, infantil e febreshemorrágicas.

M.1.2.e - Fomentar a discussão das causas externas (acidentes e violências) nas 28 Unidades

Regionais de Saúde.

M.1.2.f - Estruturar e atualizar anualmente os 6 Planos de Contingência para Doenças

emergentes/ reemergentes de interesse estadual; acidentes (Químicos, Biológicos, Radioativos

e Nucleares) QBRN; eventos de massa e desastres naturais e antropogênicos.

3 Sistema relacionado: SIGVISA (Sistema Integrado de Gestão da Vigilância Sanitária) com o módulo PAM/VISA

(Plano Municipal de Ações VISA) previsto para implantação nos municípios.

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M.1.2.g - Ter, até 2019, 400 municípios executando as ações de vigilância sanitária

consideradas necessárias a todos os municípios fortalecendo a política dedescentralização.

M.1.2.h - Ter, até 2019, 853 municípios utilizando um Sistema de Informação que possibilite

a Programação, Avaliação e Monitoramento das Ações de Vigilância Sanitária.

M.1.2.i - Atualizar o Código Estadual de Saúde (Lei 13.317/99) considerando as inovações

tecnológicas e novas demandas da saúde.

M.1.2.j - Implantar, até 2019, 03 (três) unidades do Serviço de Verificação de Óbitos no Estado

de Minas Gerais. - Aumentar gradativamente a porcentagem de notificação das doenças e

agravos de Saúde do Trabalhador garantindo no mínimo aumento de 10% até 2019.

M.1.2.k - Implantar, até 2019, em 70% dos municípios do Estado de Minas Gerais o Teste

Rápido para Sífilis, HIV, Hepatite, B e C.

M.1.2.l - Induzir os municípios realizarem no mínimo seis (6) ciclos de visitas nos imóveis

urbanos.

Indicadores:

I.1.2.a - Percentual de vacinas com a cobertura vacinal preconizada para cada vacina - menores

de um ano

Fórmula de cálculo: (Nº de imunobiológicos selecionados com alcance de meta

preconizada/Total de imunobiológicos selecionados) x 100.

Polaridade: maior melhor

Periodicidade: anual

Série Histórica:

IMUNOBIOLÓGICO 2013 2014 2015

Pentavalente: 95% 102,21% 98,75% 100,70%

Pneumo 10: 95% 104,69% 97,91% 100,89%

Meningo C: 95% 105,89% 99,62% 103,38%

VIP/VOP: 95% 103,24% 96,51% 97,12%

Rotavírus: 90% 99,08% 98,45% 101,52%

Febre Amarela: 100% 99,90% 84,20% 91,00%

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IMUNOBIOLÓGICO 2013 2014 2015

Percentual de vacinas com cobertura vacinal

preconizada para cada vacina

100% 83% 83%

Nota: Cabe atentar que o indicador em questão é composto pelo somatório de todos os imunobiológicos do quadro

acima, cuja meta estipulada é de 100%, nesse sentido, a homogeneidade vacinal não poderá ser inferior ao

preconizado. Nos anos de 2014 e 2015, houve um decréscimo do valor obtido, quando comparado ao ano de 2013,

o que requer estratégias para fortalecer a ação obtendo melhores resultados.

Metas:

Ano 2016 2017 2018 2019

Meta 100% 100% 100% 100%

I.1.2.b - Proporção de óbitos maternos investigados oportunamente.

Fórmula de cálculo: Número de óbitos maternos investigados oportunamente* no período

analisado/ Total de óbitos maternos no período analisado x 100.

Polaridade: maior melhor

Periodicidade: anual

Série Histórica e meta:

Ano 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Resultado/Meta 56,91% 56,52% 55%4 100% 100% 100% 100%

Fonte: Painel de Monitoramento/SIMWEB Data do acesso: 28/04/2016

I.1.2.c - Proporção de óbitos fetais e infantis investigados oportunamente

Fórmula de cálculo: Número de óbitos infantis e fetais investigados oportunamente5, por

período selecionado/Total de óbitos infantis e fetais ocorridos, por período selecionado x 100

Polaridade: maior melhor

Periodicidade: anual

Serie Histórica e meta:

4 Dados parciais atualização do painel em Dezembro de 2015.

5 Dados parciais atualização do painel em Dezembro de 2015.

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Ano 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Óbitos fetal e

infantil

68,88% 35,28% 64,23%* 70% 75% 75% 80%

Fonte: Painel de Monitoramento/SIMWEB. Data do acesso: 28/04/2016

I.1.2.d - Proporção de óbitos de mulheres em idade fértil investigados oportunamente.

Fórmula de cálculo: Total de óbitos de mulheres em idade fértil12 investigados

oportunamente6, no período selecionado/ Total de óbitos de mulheres em idade fértil no período

selecionado x 100.

Polaridade: maior melhor

Serie Histórica e metas:

Ano 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Óbitos Mulher

em idade fértil

69,36% 73,07% 64,58% 70% 75% 75% 80%

Fonte: Painel de Monitoramento/SIMWEB. Data do acesso: 28/04/2016

I.1.2.e - Proporção de óbitos por dengue investigados oportunamente

Fórmula de cálculo: Nº total de óbitos por Dengue notificados e investigados em até 15 dias

após a data do óbito, segundo município de residência/Nº total de óbitos em investigação por

Dengue, segundo município de residência) x 100 7

Polaridade: maior melhor

Periodicidade: anual

Série Histórica: Não há

Metas:

Ano 2016 2017 2018 2019

Meta 80% 85% 90% 95%

6 Mulheres em idade fértil são mulheres na faixa etária de 10 a 49 anos.

7 Para os casos em que o óbito ocorreu fora do município de residência será considerada, para o cálculo do

indicador, a data de comunicação do óbito para o município de residência.

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I.1.2.f - Proporção de óbitos por Leishmaniose Visceral investigados oportunamente

Fórmula de cálculo: Nº total de óbitos por Leishmaniose Visceral notificados e investigados

em até 15 dias após a data do óbito, segundo município de residência / Nº total de óbitos

confirmados por Leishmaniose Visceral, segundo município de residência) x 100

Polaridade: maior melhor

Periodicidade: anual

Série Histórica: Não há

Metas:

Ano 2016 2017 2018 2019

Meta 80% 85% 90% 95%

I.1.2.g - Proporção de óbitos por acidentes por animais peçonhentos investigados

oportunamente.

Fórmula de cálculo: Nº total de óbitos por Acidentes por Animais Peçonhentos notificados e

investigados em até 15 dias após a data do óbito16, segundo município de residência/ Nº total

de óbitos confirmados por Acidentes por Animais Peçonhentos, segundo município de

residência) x 100

Polaridade: maior melhor

Periodicidade: anual

Série Histórica: Não há

Metas:

Ano 2016 2017 2018 2019

Meta 80% 85% 90% 95%

I.1.2.h – Número de Unidades Regionais de Saúde com ações de vigilância das causas externas

(acidentes e violência).

Fórmula de cálculo: Não há

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Polaridade: maior melhor:

Periodicidade: anual

Série Histórica: Não há

Ano 2016 2017 2018 2019

Meta 07 14 21 28

I.1.2.i - Número de municípios com população acima de 20.000 habitantes com Comitê

Municipal de Enfrentamento da Dengue, Chikungunya e Zika implantado e funcionando.

Fórmula de cálculo: Não há

Polaridade: maior melhor

Série Histórica: No ano de 2015, eram, aproximadamente, 94 municípios acima de 20.000

habitantes com o Comitê implantado

Ano 2016 2017 2018 2019

Meta 125 376 376 376

I.1.2.j - Número de Planos de Contingência para as emergências em saúde pública revisados

anualmente e publicados no site da Secretaria de Estado de Saúde

Fórmula de cálculo: Número de planos de contingencia revisados e divulgados anualmente

no período / Número total de planos estipulados (dengue, zika, chikungunya; vírus

respiratórios; inundações; seca e estiagem; acidentes QBRNE; eventos de massa)

Polaridade: maior melhor

Série histórica: não há

Metas:

Ano 2016 2017 2018 2019

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Meta 2 6 6 6

I.1.2.k - Número de municípios executando as ações de vigilância sanitária consideradas

necessárias a todos os municípios (Cadastro de Estabelecimentos Sujeitos à Vigilância

Sanitária; Instauração de Processo Administrativo Sanitário; Inspeção dos Estabelecimentos

Sujeitos à Vigilância Sanitária; Atividade Educativa para a População; Atividade Educativa

para o Setor Regulado; Recebimento de Denúncias/Reclamações; Atendimento a

Denúncias/Reclamações).

Fórmula de cálculo: Número absoluto de municípios executando as ações de vigilância

sanitária pactuadas.

Fonte: SISPACTO

Polaridade: maior melhor.

Periodicidade: Anual

Série Histórica e metas:

Ano 2015 2016 2017 2018 2019

Série Histórica/

Metas

293 300 325 350 400

I.1.2.l - Proporção de Óbitos não fetais com causa básica definida

Fórmula de cálculo: (Total De Óbitos Não Fetais Com Causa Básica Definida* por local de

residência / Total De Óbitos Não Fetais, por local de residência) X 100

Polaridade: maior melhor

Periodicidade: anual

Série Histórica e metas:

Ano 2013 2014 2015 2016 2017 2018** 2019**

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Série Histórica/ Metas 91,8% 92,2% 91,8%

90,0%

90,0%

90,0%

90,0%

Fonte: SIM/CPDE/DASS/SVEAST/SubVPS/SESMG

Nota: 1. Dados de 2014 a 2016 atualizados em 18 de julho de 2016, portanto sujeitos a alterações.

I.1.2.m - Percentual de aumento das notificações dos agravos/doenças* de saúde do trabalhador

no SINAN.

Fórmula de cálculo: (Total de notificações no SINAN dos agravos/doenças* relacionados ao

trabalho, no ano avaliado - Total de notificações no SINAN dos agravos/doenças* relacionados

ao trabalho, no ano de 2015)/ Total de notificações no SINAN dos agravos/doenças*

relacionados ao trabalho, no ano de 2015 x 100

Polaridade: maior melhor

Periodicidade: anual

Serie Histórica e metas:

Ano 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Meta 19.345 19.257 19.413 5% 7% 8% 10% Fonte:

DASS/ SVEAST/SubVPS/SESMG. Data da atualização: 25/07/2016

I.1.2.n – Implantar o Teste Rápido (TR) de Sífilis, HIV e Hepatites B e C. nos municípios do

Estado de Minas Gerais (MG).

Fórmula de cálculo: Total de municípios com TR implantado, no período selecionado/ Total

de municípios de MG no período selecionado x 100.

Polaridade: maior melhor:

Serie Histórica e metas: Ano 201619 2017 2018 2019 Meta 10% 30% 60% 70%

I.1.2.o – Cobertura de imóveis visitados para o combate do Aedes Aegypti

Fórmula de cálculo: Total de domicílios urbanos visitados/ total de municípios existentes x

100.

Polaridade: maior melhor:

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Série Histórica e metas:

Ano 2016 207 2018 2019

Municípios com

TR implantados

70% 80% 90% 100%

Eixo 2 – Participação e controle social

Diretriz: Fortalecer as instâncias de controle social e garantir o caráter deliberativo dos

conselhos de saúde, ampliando os canais de interação com o usuário, com garantia de

transparência e participação cidadã e fortalecer a articulação entre os espaços de participação

social em todas as políticas públicas, com vistas ao desenvolvimento de ações Intersetoriais.

Objetivos:

O.2.1.a - Assessorar e contribuir para a implementação da proposta da 4ª da Conferência de

Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (2014) relacionada à temática das Comissões

Intersetoriais de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora (CISTT) de abranger a discussão da

temática de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora nos Conselhos Municipais de Saúde

verificando a autonomia e o caráter deliberativo destes na formulação de políticas de saúde.

Metas:

M.2.1.a – Fomentar a implantação e/ou implementação de 6931 Comissões Intersetoriais de

Saúde do Trabalhador (CIST) pelos Conselhos Municipais de Saúde nos municípios acima de

50.000 habitantes, até 2019.

Indicadores:

I.2.1.a - Número de Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CIST) municipal, criadas

pelo Conselho Municipal de Saúde.

Fórmula de cálculo: não se aplica

Polaridade: maior melhor:

Periodicidade: anual

Série Histórica:

No ano de 2015 havia 5CISTs implantadas em Minas Gerais

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Metas:

Ano 2016 2017 2018 2019

Meta 18 23 46 69

Eixo 3 – Valorização do trabalho e da educação em saúde

Diretriz: Fortalecer o papel do Estado na regulação do trabalho em saúde e ordenar, para as

necessidades do SUS, a formação, a educação permanente, a qualificação, a valorização das

trabalhadoras e dos trabalhadores, combatendo a precarização e favorecendo a democratização

das relações de trabalho, considerando as metas de superação das demandas do mundo do

trabalho na área da saúde, estabelecidas pela Década de Gestão do Trabalho e Educação em

Saúde, iniciada em 2013.

Objetivos:

O.3.2.a - Apoiar as regionais na reorganização do processo de trabalho estabelecendo padrões

e critérios mínimos de infraestrutura e recursos humanos e promovendo a integração das ações

de vigilância em saúde de forma a garantir maior resolubilidade das ações;

O.3.2.b - Estimular a desprecarização do vínculo empregatício dos Agentes de Combate às

Endemias em seus respectivos municípios.

Metas:

M.3.2.a - Fomentar o registro no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) dos

Agentes de Combate à Endemias que atuam nos municípios, visando organizar o processo de

trabalho nas ações de combate a endemias, garantindo o alcance de 100% dos registros.

M.3.2.b - Apoiar até o ano de 2019 a reorganização dos processos de trabalho da Vigilância em

Saúde no âmbito das 28 Unidades Regionais de Saúde (URS) com a formação de Equipe

Gestora composta pelos Eixos Vigilância Sanitária, Vigilância Ambiental e Vigilância

Epidemiológica.

Indicadores:

I.3.2.a – Percentual de municípios com o Cadastro dos Agentes de Combate a Endemias

(ACEs) registrado no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), tendo como

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parâmetro 70% do estabelecido na Portaria GM/MS nº 535 de 30 de março de 2016 e

atualizações.

Fórmula de cálculo: (Número de municípios com no mínimo 70%de Agentes de Combate a

Endemias do munícipio cadastrado no CNES/ Número totalde municípios do estado de Minas

Gerais) x 100

Polaridade: maior melhor

Periodicidade: anual

Série Histórica: não há.

Meta:

Ano 2016 2017 2018 2019

Meta 25% 30% 40% 50%

I.3.2.b - Número de Unidade Regional de Saúde (URS) com Equipe Gestora estruturada

Fórmula de cálculo: (Número de URS com Equipe Gestora estruturada / Número de URS no

Estado de Mians Gerais) x 100

Polaridade: Quanto maior melhor

Série Histórica: não há

Metas:

Ano 2016 2017 2018 2019

Meta 28 28 28 28

Eixo 6 – Educação e política de comunicação do SUS

Diretriz: Promover a produção e a disseminação do conhecimento científico e tecnológico, de

análises de situação de saúde e da inovação em saúde, contribuindo para a sustentabilidade do

SUS, valorizando o SUS como política de Estado por meio de estratégias de comunicação.

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Objetivos:

O.6.2.a - Elaborar instrumentos técnicos para o enfrentamento das doenças e agravos que mais

contribuem para a carga de adoecimento e morte em Minas Gerais.

O.6.2.b - Fomentar o desenvolvimento de ações, no âmbito do Estado de Minas Gerais, que

permeiem a promoção à saúde, a vigilância à saúde do trabalhador, a atenção integral à saúde

do trabalhador e a educação permanente visando prevenção e a redução da morbimortalidade

da população trabalhadora.

METAS

M.6.2.a - Elaborar e divulgar 7 documentos/materiais técnicos40, até 2019, que subsidiem a

gestão pública com informações capazes de contribuírem para a organização da assistência à

saúde.

INDICADORES

I.6.2.a - Número de Boletins Temáticos de Vigilância em Saúde produzidos e disponibilizados

no site da Secretaria de Estado de Saúde por ano.

Fórmula de cálculo: não se aplica

Polaridade: maior melhor:

Periodicidade: anual

Série Histórica: não se aplica

Metas:

Ano 2016 2017 2018 2019

Meta 2

documentos/mate

riais técnicos

5

documentos/mate

riais técnicos

5

documentos/mate

riais técnicos

7

documentos/mate

riais técnicos

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ANEXO 2 – PROGRAMAS E AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE – PPAG 2016-2019

– MINAS GERAIS – 20168

PROGRAMA 0173: VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Unidade responsável: 4291 - Fundo Estadual de Saúde

Objetivo do programa: desenvolver a análise permanente da situação de saúde da população,

articulando-se em um conjunto de ações que visam o controle de determinantes, riscos e

danos à saúde da população, garantindo a integralidade da atenção, o que inclui tanto a

abordagem individual como coletiva dos problemas de saúde.

Áreas x objetivos estratégicos: - Saúde - fortalecer a capacidade de gestão dos municípios e

regionais para ações de atenção primária, promoção e vigilância em saúde

Indicador do programa: proporção de óbitos maternos investigados (%)

Metas:

2016 – 100%

2017 – 100%

2018 – 100%

2019 – 100%

AÇÃO 4464: EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA

Unidade responsável: 4291 - Fundo Estadual de Saúde

Finalidade: estruturar a resposta às emergências em saúde pública que engloba todo o

processo de detecção rápida, notificação, avaliação, resposta e monitoramento das

emergências no estado de minas gerais.

Produto: unidade regional de saúde estruturada

Unidade de medida: unidade

Público-alvo: unidades regionais de saúde

AÇÃO 4469: FORTALECIMENTO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Unidade responsável: 4291 - Fundo Estadual de Saúde

Finalidade: consolidar o processo de descentralização das ações de vigilância em saúde para

o desenvolvimento de ações de promoção, proteção, prevenção e controle de doenças e

agravos à saúde e fomentar a articulação da vigilância em saúde em todos os níveis de atenção

da saúde em especial com a ordenadora das redes de atenção, a atenção básica nos territórios.

Produto: município apoiado

8 Não foram inseridas as metas físicas e financeiras do programa e das ações pois esses elementos não foram

utilizados para a análise.

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Unidade de medida: município

Público-alvo: municípios do estado de minas gerais

AÇÃO 4470: VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

Unidade responsável: 4291 - Fundo Estadual de Saúde

Finalidade: fomentar o desenvolvimento de ações, no âmbito do estado de minas gerais, que

permeiem a promoção à saúde, a vigilância à saúde do trabalhador, a atenção integral à saúde

do trabalhador e a educação permanente visando prevenção e a redução da morbimortalidade

da população trabalhadora.

Produto: município apoiado

Unidade de medida: município

Público-alvo: municípios do estado de minas gerais

AÇÃO: 4471 - VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL

Unidade responsável: 4291 - Fundo Estadual de Saúde

Finalidade: qualificar os nucleos regionais de vigilância para formação de uma ampla rede

de unidades geradoras de dados que permitam a organização e adoção de

Estratégias de intervenção sobre danos, riscos e fatores determinantes dos problemas de

saúde; assim como a execução de ações de investigação e controle.

Produto: unidade regional de saúde estruturada

Unidade de medida: unidade

Público-alvo: Unidades Regionais de Saúde

AÇÃO 4472: VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Unidade responsável: 4291 - Fundo Estadual de Saúde

Finalidade: eliminar, diminuir ou prevenir riscos e agravos à saúde e de intervir nos

problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da

prestação de serviços do interesse da saúde.

Produto: inspeção realizada

Unidade de medida: inspeção

Público-alvo: população do Estado de Minas Gerais

AÇÃO 4500 - PROGRAMA ESTADUAL DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Unidade responsável: 4291 - Fundo Estadual de Saúde

Finalidade: A) implantar o programa estadual de vigilância em saúde. B) fortalecer o

planejamento, a gestão e a execução das ações de vigilância em saúde desenvolvidas pelo

estado e municípios avançando na descentralização de ações de acordo com a política,

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diretrizes e prioridades estabelecidas. C) qualificar as ações de vigilância em saúde

desenvolvidas pelos municípios.

Produto: Transferências de Recursos do SUS para a vigilância em saúde

AÇÃO 4536 - PREVENÇÃO E TRATAMENTO DAS DST/AIDS E HEPATITES

VIRAIS

Unidade responsável: 4291 - Fundo Estadual de Saúde

Finalidade: Realizar ações de promoção da saúde, prevenção, diagnóstico, assistência e

tratamento às doenças sexualmente transmissíveis e às pessoas que vivem e convivem com

as dst/aids, (dentre elas a sífilis em gestante e sífilis congênita) e hepatites virais visando

controlar o avanço do número de casos e a melhoria da qualidade de vida.

AÇÃO 4553 - PROGRAMA ESTADUAL DE VIGILÂNCIA E CONTROLE DE

DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO AEDES

Unidade responsável: 4291 - Fundo Estadual de Saúde

Finalidade: fortalecer a capacidade das unidades regionais de saúde para apoio aos

municípios na qualificação de ações de vigilância e controle de doenças transmitidas pelo

aedes visando a redução do número de óbitos pelas doenças transmitidas pelo aedes

Fonte: Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES/MG). Elaboração: própria.

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ANEXO 3 – COMPARAÇÃO DE UMA META DO PLANO ESTADUAL DE SAÚDE

COM AS DEMANDAS DA PRIMEIRA RODADA DOS FÓRUNS REGIONAIS POR

FÓRUM – MINAS GERAIS – 2015

Meta do Plano

Estadual de

Saúde

Demanda Fórum

M.1.13.h -

Definir

estratégias para

fortalecer a

integração das

equipes de

NASF e equipes

de saúde da

família através

de dispositivos

da gestão da

clínica e da

clínica ampliada

1.1 Fortalecimento de atenção básica em todos os municípios da macro

diamantina, incluindo o aumento do financiamento e implantação da

rede conforme o princípio da política nacional da EB, com implantação

de NASFs de acordo com a realidade local e necessidades, ampliando

para áreas longínquas e de difícil acesso. Apoio do Estado de MG para

as ações de promoção a saúde e formação humana mediadas pela

UFVJM através da formação de equipes multiprofissionais e aporte de

recursos para montagem de um programa de saúde itinerante para o

programa de educação permanente e capacitação. Aumento e

regularização da lista de medicamentos da AB, bem como da sua

distribuição. Implantação de uma política de apoio aos médicos do

programa mais médicos (médicos cubanos), para que possam atuar

como profissionais envolvidos com o sofrimento da população, tanto

com alopatia, homeopatia e medicina comunitária. Não impor a esses

médicos os métodos capitalistas dos alopatas, respeita-los, pois são

credenciados pela OMS e por isso não possuem CRM.

Alto

Jequitinhonha

Implantação dos NASFs em todos os municípios da micro de acordo

com as necessidades locais, incluindo área rural, para atendimento

domiciliar quando necessário.

Central

Fortalecer e garantir financiamento da Atenção Primária à Saúde,

estimulando a implementação dos NASF, atenção domiciliar e ações de

promoção e prevenção de danos e agravos. Qualificação dos

profissionais com ampliação das coberturas de Equipe de Saúde da

Família e Equipe de Saúde Bucal em todos os municípios da Mata, com

garantia de investimentos, construção, reforma e ampliação das

unidades básicas. Implantação e efetivar o uso do prontuário eletrônico.

Incentivar a promoção da saúde com produção de alimentação saudável.

Fomentar que haja gestão por parte do Governo do Estado na liberação

de projetos pela CAIXA EC. FED do programa “Minha Casa Minha

Vida” e o impacto na Organização da APS no Território e demais

equipamentos públicos existentes. Respeitando o recorte do Decreto

Federal 5296/2004, da Lei Brasileira de Inclusão 13146/15 e das Normas

da ABNT 9050.

Mata

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Implantação do NASFs com todos os profissionais especializados dando

cobertura de atenção com matriciamento com psicólogos,

fisioterapeutas, fonoaudiólogos, famarcêuticos e outros viabilizando o

atendimento ao usuário com dificuldade locomoção e áreas longinquas

e área rural.

Metropolitano

Construção e estruturação do ESF de Rio Acima. Implantar protocolo

de assistência nas unidades básicas de saúde.

Metropolitano

Aumentar o financiamento estadual para atenção primária à saúde, para

garantia de, no mínimo, dois enfermeiros por equipe de saúde da família,

e exigir cumprimento da carga horária estipulada na política nacional de

atenção básica para todos os profissionais da estratégia de saúde da

família, assim como garantir recursos financeiros específicos estaduais

para as equipes de saúde bucal e NASF. Priorizar incentivo financeiro e

capacitação profissional para promoção e prevenção à saúde, com

enfoque nas práticas integrativas e complementares.

Mucuri

Fortalecimento da Atenção Primária a Saúde, com aumento do

financiamento qualificação da gestão e processos de trabalho e

investimento em infraestrutura, considerando-se que a atenção primaria

à saúde se constitui em porta de entrada para todas as redes assistenciais.

Nordeste

Garantia de cobertura de ESFs e ESBs, para todos os municípios das

micros com equipes atendendo no máximo 2500 pessoas, garantindo

todos os profissionais, como médicos, enfermeiros, durante todo o

horário de funcionamento.

Nordeste

Fortalecimento dos NASFs, com todos os profissionais, como por

exemplo nutricionistas, psicologos e fonoaudiologos, garantindo o

atendimento aos escolares, aos usuarios com necessidades especiais.

Garantir tambem o cardapio da APS para as areas longiquas, populacao

rural, quilombolas e populacoes tradicionais.

Nordeste

Fortalecimento da atenção primária com investimento no custeio,

capacitação e educação permanente, priorizando a ampliação para o

território rural (Exemplo: Saúde Sem Fronteiras Rural).

Norte

Fornecer custeio tripartite para o aumento da oferta de atenção primária,

ampliando a cobertura do programa saúde da família para todos os

municípios da região oeste. Garantir a existência de pontos biométricos

nas unidades assistenciais para que profissionais da área -

principalmente para médicos - cumpram o contrato estabelecido com o

poder público.

Oeste

Atenção Básica: Ampliação e priorização dos NASF para cobertura de

todos os municípios do território garantindo prioridade ao atendimento

escolar com equipes multiprofissionais e também priorizando o

Triângulo Norte

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atendimento às pessoas com deficiência e necessidades especiais.

Implantação das práticas Integrativas e complementares, como

componente da rede de atenção básica incorporando, no cotidiano do

cuidado a promoção à saúde e à prevenção de doenças. Implantação e

custeio de novas unidades de UBSF, priorizando locais com maior

densidade demográfica, maior vulnerabilidade e descobertos de Atenção

Básica, tendo como foco o plano local a partir da realidade de saúde da

população adstrita.

Retomada de construção das unidades básicas nos municípios, exemplo

o município de Itanhomi. Implementação de ESF’s, ESB’s e núcleos de

apoio a saúde da família, aumentando a cobertura de todos os municípios

da região, ampliando com custeio tripartite o número de equipes com

implementação das práticas integrativas e complementares de forma

regionalizada de acordo com os parâmetros assistenciais e necessidades

da população.

Vale do Rio

Doce

ATENÇÃO BÁSICA: Um grande obstáculo para este fortalecimento da

AB é a insuficiência de recursos financeiros para custeio e investimento

na área. Os municípios tem sido os maiores financiadores da Atenção

Básica e em segundo lugar a União. O Estado de Minas Gerais tem

repassado recursos insuficientes para a AB, além da forma irregular o

que impossibilita o planejamento adequado. É necessária a ampliação da

atenção básica através das equipes de ESB's e ESF's ampliando a

cobertura também para a área rural, com custeio tripartite, considerando

o aumento de recurso financeiro fixo de custeio de no mínimo 25% do

piso de atenção básica fixo federal a ser repassado mensalmente fundo

a fundo, e também repasse de recurso variável de no mínimo 25% de

acordo com o resultado do PMAQ. Garantir co-financiamento de

investimento para adequar a infraestrutura das Unidades Básicas de

Saúde de forma mais facilitada para os municípios. Garantir apoio

técnico qualificado da SES para melhoria da qualidade da Atenção à

Saúde por meio de Educação Permanente, EAD e Teles saúde.

Sul

Implantação/Ampliação dos NASF's com profissionais capacitados pra

atender os usuários em situação de vulnerabilidade e risco; promover a

prevenção às doenças e a promoção à saúde; adoção de política de

acompanhamento de metas pelo estado e do cumprimento da jornada de

trabalho.

Sul

Fonte: Dados básicos: Secretaria de Estado da Saúde. Elaboração Própria