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ANÁLISE COMPARATIVA DE VIABILIDADE ECONÔMICA ENTRE DOIS PROJETOS DE ARMAZÉM INSERIDOS EM UMA FÁBRICA DE FERTILIZANTES. Yuri De Seixas Kuzniecow (UFSC ) [email protected] Delrobson Nava (UFSC ) [email protected] Gabriel Negrao de Paula (UFSC ) [email protected] Neste trabalho, foi realizada a avaliação econômica comparativa de dois projetos de armazém que objetivam comportar a movimentação de fertilizantes de uma empresa especializada na área. Um deles consiste no aluguel de um armazém estruturado em lona e o outro, na construção de um armazém pré-moldado. A empresa em questão deveria escolher entre um dos dois para a ser concretizado operacionalmente. Para essa análise, a teoria foi fundamentada a partir de métodos e noções acerca da análise de investimentos e de dados que foram coletados diretamente com a empresa. Ambos os projetos apresentam viabilidade econômica positiva, apresentando o armazém de lona os melhores índices, (TIR = 40,16%, VPL = R$ 484.213,25, Payback = 0,93 anos) em comparação com o armazém pré-moldado (TIR = 31,38% VPL = R$ 455.143, 15, Payback = 1,27 anos). Palavras-chaves: Fertilizantes, Armazenamento, Análise de investimentos. XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10 Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

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  • ANÁLISE COMPARATIVA DE

    VIABILIDADE ECONÔMICA ENTRE

    DOIS PROJETOS DE ARMAZÉM

    INSERIDOS EM UMA FÁBRICA DE

    FERTILIZANTES.

    Yuri De Seixas Kuzniecow (UFSC )

    [email protected]

    Delrobson Nava (UFSC )

    [email protected]

    Gabriel Negrao de Paula (UFSC )

    [email protected]

    Neste trabalho, foi realizada a avaliação econômica comparativa de

    dois projetos de armazém que objetivam comportar a movimentação de

    fertilizantes de uma empresa especializada na área. Um deles consiste

    no aluguel de um armazém estruturado em lona e o outro, na

    construção de um armazém pré-moldado. A empresa em questão

    deveria escolher entre um dos dois para a ser concretizado

    operacionalmente. Para essa análise, a teoria foi fundamentada a

    partir de métodos e noções acerca da análise de investimentos e de

    dados que foram coletados diretamente com a empresa. Ambos os

    projetos apresentam viabilidade econômica positiva, apresentando o

    armazém de lona os melhores índices, (TIR = 40,16%, VPL = R$

    484.213,25, Payback = 0,93 anos) em comparação com o armazém

    pré-moldado (TIR = 31,38% VPL = R$ 455.143, 15, Payback = 1,27

    anos).

    Palavras-chaves: Fertilizantes, Armazenamento, Análise de

    investimentos.

    XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

    Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

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    1. Introdução

    Frente a um mercado contemporâneo tão competitivo, torna-se necessário às empresas a

    adoção de uma gestão financeira eficaz. A gestão financeira de uma empresa é a responsável

    pela movimentação do capital proveniente da atividade operacional da mesma - seja ela uma

    empresa de serviço, produtos, etc. Cabe a ela planejar, analisar e controlar as atividades

    financeiras concretizadas da instituição na qual ela se insere.

    Uma gestão financeira de excelência tem como resultado o equilíbrio entre liquidez e

    rentabilidade. Liquidez de uma aplicação significa, nas palavras de Groppelli (2002), a

    rapidez com que ela é transformada em caixa, sem incorrer em perda substancial. Já

    rentabilidade, segundo Tavares (2010), é o retorno sobre o capital investido em determinado

    ativo financeiro. Basicamente, busca-se otimizar a obtenção de lucros mantendo caixa

    disponível à empresa.

    Para tal, é necessária a adoção de certos métodos para um melhor gerenciamento e um

    crescimento pleno. A análise de investimentos (uma das vertentes da engenharia econômica)

    contempla esses métodos , tendo como foco a determinação da viabilidade econômica e

    financeira de projetos.

    Esse tipo de estudo quantifica e qualifica os resultados de investimentos através de métodos

    pré-estabelecidos, tornando possível a comparação de supostos projetos visando a escolha,

    dentre eles, do projeto com a melhor rentabilidade econômica.

    Dentre as formas para se realizar a análise de investimentos, o presente estudo visa abranger

    três em especial: o cálculo do payback, o cálculo do valor presente líquido (VPL) e o cálculo

    da taxa interna de retorno (TIR).

    Neste artigo, serão analisados os projetos de implantação de dois diferentes tipos de armazéns

    para a uma empresa de fertilizantes, de forma comparativa. Cada um deles possui

    particularidades específicas, as quais atribuem entradas e saídas de caixa diferentes para a

    empresa ao longo de um mesmo período de tempo analisado. Nesta análise serão levados em

    conta os custos de instalação de cada armazém e no que cada um poderá diferenciar no futuro

    fluxo de caixa da empresa. Por especificações de cláusulas contratuais da empresa em

    questão, a sua identidade será omitida. Assim sendo, a referida será tratada neste trabalho

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    como “Empresa X”. Ainda assim, para a realização desta análise serão utilizados dados de

    caráter verídico levantados através de um contato direto com a própria empresa.

    Objetivo geral:

    Determinar, utilizando-se de métodos matemático-financeiros de análise, a melhor

    opção de investimento para o projeto de armazenamento de fertilizantes da empresa X.

    Objetivos específicos:

    Mostrar a aplicabilidade prática de alguns dos métodos para a realização da análise de

    investimentos (Payback, Valor Presente Líquido e Taxa Interna De Retorno);

    Esquematizar as etapas de diagnóstico da viabilidade econômica de um determinado

    projeto;

    Relatar a forma através da qual os métodos abrangidos se complementam, gerando

    uma relação de interdependência na análise final de retorno de capital do projeto.

    2. Métodos adotados

    O estudo realizado com o objetivo de analisar a viabilidade econômica da escolha entre dois

    projetos de armazenagem de produtos em uma empresa de fertilizantes foi uma pesquisa do

    tipo exploratória e de campo. Os dados analisados foram tratados tanto qualitativamente

    quanto quantitativamente, através de um estudo de caso. Uma pesquisa exploratória busca

    encontrar informações em uma área onde há pouco conhecimento acumulado e sistematizado.

    Desta forma, o contato direto com a referida empresa foi essencial na confecção deste artigo.

    As etapas de realização do trabalho são as seguintes:

    Pesquisa Bibliográfica: Para que a fundamentação teórica do trabalho fosse bem

    contemplada, informações bibliográficas foram agregadas. Os dados foram obtidos a

    partir de livros, publicações, artigos e demais formas de conhecimento acadêmico já

    existentes;

    Pesquisa exploratória: Nesta etapa, informações consoantes aos objetivos do trabalho

    foram levantas através do importante contato estabelecido com a empresa estudada;

    Elaboração da análise de investimentos: A análise de investimentos feita foi resultado

    da aplicação da teoria de análise com as informações obtidas a partir dos dados

    empresariais.

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    É imperativo que se relate que os dados obtidos foram levemente adequados aos objetivos

    deste trabalho, não constituindo informações inteiramente fiéis à situação da empresa. Essas

    alterações foram feitas frente ao alto nível de complexidade que um processo decisório como

    esse envolve. Os resultados do presente artigo não são, necessariamente, os mesmos da

    análise de investimentos da empresa na prática. Algumas poucas informações que

    influenciaram na decisão da empresa não são retratadas nos estudos de análise por não

    dizerem respeito em absoluto aos objetivos deste trabalho.

    3. Referencial teórico

    A avaliação bem sucedida de um investimento requer a utilização de normas para a tomada de

    decisão. Segundo Hummel e Taschner (1995) existem duas formas de se tomar uma decisão:

    por sentimento ou por estudos econômicos. Uma análise por sentimento é aquela sem nenhum

    conceito técnico preliminar, enquanto que uma análise por estudos econômicos levará em

    consideração uma diversa gama de julgamentos da demanda e oferta, por exemplo, antes de

    tomar sua decisão. Em geral, a escolha se embasa em indicadores de desempenho econômicos

    que maximizem o capital do investidor. Para que esses indicadores sejam efetivamente

    obtidos, o conhecimento de certos artifícios analíticos torna-se mister. Na presente seção

    serão discutidos esses artifícios.

    3.1. O fluxo de caixa

    O fluxo de caixa é denominado por Zdanowicz (2004) como: “O conjunto de ingressos e

    desembolsos de numerário ao longo de um período projetado”. Segundo o autor, o fluxo de

    caixa é uma representação dinâmica da situação financeira de uma empresa. Através deste

    tipo de representação, o capital que entra e sai de um determinado projeto ao longo do seu

    período de atividade são retratados de forma bastante visual e organizada. Esta representação

    constitui uma escala horizontal onde são marcados os períodos de tempo e setas orientadas

    para cima e para baixo, representando, respectivamente, as entradas e as saídas de caixa.

    Figura 1- Representação do fluxo de caixa

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    Informações: "VP" valor presente e "VF" valor futuro

    Fonte: http://blogmatematicodofrank.blogspot.com.br/p/matematica.html

    3.2. A taxa mínima de atratividade (TMA)

    Para Zot (2006, p.141): “O objetivo principal da análise de investimentos é ajudar o

    empresário investidor a decidir entre alternativas de projetos de investimentos, no que se

    refere aos aspectos de rentabilidade ou remuneração do capital empregado.”. Ao se analisar

    um investimento, deve-se comparar o retorno do mesmo com o custo do capital e o custo de

    oportunidade. A Taxa Mínima de Atratividade, segundo o mesmo autor, é justamente este

    limite, onde o capital obtém o retorno equivalente à taxa de juros, de risco semelhante,

    oferecida pelo mercado. A TMA do investimento serve de parâmetro para rejeição ou

    aceitação do projeto, sendo levada em consideração nos cálculos de viabilidade econômica.

    3.3. Os métodos de análise

    Os métodos mais comuns utilizados para a mensuração do sucesso de um negócio ou sua

    viabilidade econômica são:

    Período de Retorno de um Investimento (payback simples e payback descontado);

    Valor Presente Líquido (VPL);

    Taxa Interna de Retorno (TIR).

    3.3.1. Payback

    3.3.1.1. Payback simples

    Ao payback simples assiste o cálculo do período de tempo exato no qual as saídas de caixa se

    igualam às entradas de caixa, sem levar em consideração o valor do dinheiro no tempo. Ross

    (2002) sugere que um investimento é aceito se seu período de payback calculado for menor do

    que algum número predeterminado de anos. O problema deste conceito é que a definição de

    um payback é arbitrária, além de não levar em conta os fatos ocorridos depois do ponto onde

    http://blogmatematicodofrank.blogspot.com.br/p/matematica.html

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    o investimento se paga.

    “O principal método não exato é o do Tempo de Recuperação do Capital Investido ‘Pay-Back

    Time’, que mede o tempo necessário para que a somatória das parcelas anuais seja igual ao

    investimento.” (CASAROTTO, 1998, p.123).

    3.3.1.2. Payback descontado

    O payback descontado segue a ideia do payback simples, com o diferencial de descontar os

    fluxos de caixa a uma taxa de juros. A taxa considerada pode ser o custo do capital livre de

    risco. Para determinar o valor de capital referente a cada fluxo de caixa, toma-se como base a

    seguinte fórmula:

    Fca =

    (1)

    Onde:

    Fca = Fluxo de caixa atualizado monetariamente;

    Fc = Fluxo de caixa;

    i = Taxa de juros, taxa mínima de atratividade;

    n = Período.

    Em seguida, e analogamente ao método do payback simples, os fluxos de caixa são somados

    até o período exato em que as entradas de caixa se igualam às saídas de caixa.

    “Este método não leva em consideração a vida útil do investimento, e pode ser dificultada a

    sua aplicação quando o investimento inicial se der por mais de um ano ou quando os projetos

    comparados tiverem investimentos iniciais diferentes” (CASAROTTO,2000).

    “Dada as suas limitações e não obstante a sua simplicidade é muito mais provável

    que as empresas empreguem o período de payback de um investimento como uma

    norma auxiliar na tomada de decisões sobre investimentos utilizando-o seja como

    um parâmetro limitador (prazo máximo de retorno) sobre a tomada de decisões, seja

    para escolher entre projetos que tenham desempenho igual em relação à regra básica

    de decisão” (DAMODARAN, 2002).

    3.3.2. Valor presente líquido (VPL)

    Para Zot (2006), o Valor presente líquido de um projeto é o cálculo do valor presente ou valor

    atual de um fluxo de caixa projetado de um investimento, considerando todas as entradas

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    (receitas) e saídas de caixa (investimento e despesas), a uma taxa de juros igual à taxa mínima

    de atratividade.

    “O Valor Presente Líquido é uma medida de quanto valor é criado ou adicionado hoje por

    realizar um investimento” Ross (2002). No caso de um VPL Positivo, efetua-se o

    investimento, caso negativo, deve-se rejeitar o investimento. Se o Valor Presente Líquido for

    Zero ou próximo de Zero, o investidor é indiferente à execução do projeto.

    Zot (2006) também ressalta que quando somos confrontados por diferentes alternativas de

    investimentos, devemos optar por aquela que apresenta um VPL maior. Na hipótese do VPL

    ser negativo nos dois investimentos, o melhor é aquele que apresenta menor valor negativo. A

    Fórmula matemática do cálculo do VPL é a seguinte:

    VPL =

    (2)

    Onde:

    VPL = Valor Presente Líquido;

    t =Período;

    Fc = Fluxo de caixa bruto referente ao período “t”;

    N = Número de períodos;

    i = Taxa de juros, taxa mínima de atratividade.

    Note que que o método consiste na simples soma de todos os fluxos de caixa atualizados

    monetariamente até um determinado período. Essas atualizações, por sua vez, são obtidas

    através de um cálculo análogo ao utilizado no método do “Payback Time”, anteriormente

    descrito.

    3.3.3 Taxa interna de retorno (TIR)

    A taxa interna de retorno está diretamente ligada ao conceito de VPL e, é obtida ao se igualar

    o VPL de determinado investimento a zero (ROSS, 2002). O cálculo da TIR é realizado para

    verificar se a empresa está conseguindo ter uma rentabilidade superior ou inferior à sua

    requerida taxa de retorno. Para efeitos de escolha, se a TIR for maior que a taxa mínima

    exigida, ou ao custo do capital, aceita-se o investimento. No caso contrário, rejeita-se. Na

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    hipótese de uma taxa igual ou muito semelhante à taxa exigida de retorno, o investidor

    mostrar-se-á indiferente.

    “Taxa Interna de Retorno é aquela taxa de desconto que iguala os fluxos de entradas como os fluxos de saídas de um investimento. Com ela procura-se

    determinar uma única taxa de retorno, dependente exclusivamente dos fluxos de

    caixa do investimento, que sintetize os méritos de um projeto” (ROSS,

    WESTERFIELD e JORDAN, 1998)

    A fórmula utilizada para o cálculo da taxa interna de retorno é a seguinte:

    VPL = 0 = Investimento Inicial +

    (3)

    Onde:

    Ft = Fluxo de caixa no período t;

    t = Período presente;

    VPL = Valor Presente Líquido;

    TIR = Taxa interna de retorno;

    N = número de períodos.

    Segundo a fórmula descrita acima, a TIR é a taxa de juros que, quando aplicada no cálculo do

    VPL, zera-o.

    4. Descrições

    A presente seção objetiva a discussão de um problema decisório em uma situação particular

    de uma empresa de fertilizantes. Esse problema será retratado e analisado segundo os

    parâmetros e métodos descritos na fundamentação teórica deste artigo.

    4.1. A empresa

    A empresa X é uma empresa de médio porte localizada no sul do estado de Santa Catarina,

    com instalações dentro de um porto importante da região. Ela trabalha em conjunto com

    outras empresas prestando serviços de armazenagem, mistura e ensaque de fertilizantes para

    empresas multinacionais importadoras desse produto agrícola. Esses serviços incluem a

    descarga do navio e todos os processos logísticos compreendidos entre a pesagem, o

    armazenamento, a mistura e o ensaque de fertilizantes, bem como a gestão de questões

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    burocráticas de registro dos produtos. A empresa está a vários anos no mercado e vem

    apresentando um desenvolvimento considerável a nível de expansão de unidades e atuação.

    4.2. A problemática decisória

    Em Maio de 2013, a empresa se deparou com um problema. Uma movimentação considerável

    estava prevista para um futuro próximo. Desta forma, a necessidade da utilização de mais um

    armazém tornou-se eminente, objetivando comportar essa movimentação. Entretanto, para

    disponibilizar-se um novo armazém, surgiram duas opções: Construir um armazém pré-

    moldado ou alugar um armazém estruturado com lona. A área a ser ocupada pelo armazém já

    está sob posse da empresa e não causará nenhum tipo de gasto adicional. O problema é que

    essa área é uma concessão do município, e como tal possui um prazo contratual de

    vencimento, previsto para 2,5 anos a partir do período que coincide com o começo da

    movimentação do armazém a ser escolhido. Ou seja, o armazém terá um período de

    movimentação de 2,5 anos a partir do momento em que as operações de movimentação

    começarem. Cada uma das escolhas entre os armazéns possui investimentos e retornos

    diferentes, uma vez que eles possuem diferentes áreas (aspecto diretamente ligado à

    movimentação) e gastos atribuídos também distintos.

    5. Materiais, dados e receitas

    5.1. O valor do investimento

    Os valores referentes a cada etapa de obtenção de cada um dos armazéns estão representados

    na tabela abaixo:

    Tabela 1 - Tabela comparativa representando os custos de investimentos de cada um dos

    armazéns

    Armazém Pré-

    moldado

    Custo Armazém de lona Custo

    Confecção de 26

    sapatas

    90.000,00 R$ Confecção de 26

    sapatas

    90.000,00 R$

    Piso em concreto

    para 1.600 m ²

    115.000,00 R$ Piso em concreto

    para 1.500 m ²

    110.000,00 R$

    Aluguel de

    armazém

    estruturado c/ lona,

    270.000,00 R$ 26 pilares mais

    cortina de altura

    1.50m

    110.000,00 R$

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    10

    com prazo de 12

    meses

    Aluguel de

    armazém

    estruturado c/ lona,

    com prazo de 18

    meses, a partir do

    primeiro ano

    300.000,00 R$ Estrutura de

    concreto para

    telhado

    180.000,00 R$

    0,00 R$ 2.200 m² de telhas

    de 6mm

    30.000,00 R$

    0,00 R$ Mão de Obra do

    telhado

    50.000,00 R$

    Manutenção (por

    2,5 anos)

    50.000,00 R$

    Total 770.000,00 R$ 620.000,00 R$

    Fonte: Yuri Kuzniecow (2013)

    Note que existem algumas operações comuns a ambos, e que o preço anual de aluguel do

    armazém de lona a partir do primeiro ano é reduzido para 200.000,00 R$.

    5.2. Armazenamento

    Um armazém de 1.500 metros quadrados (pré-moldado) tem capacidade para, em média, 4,7

    mil toneladas de granel (fertilizante solto, não ensacado). Enquanto isso, um armazém de

    1.600 metros quadrados (de lona) pode comportar algo em torno de 5 mil toneladas do mesmo

    produto.

    5.3. Preços cobrados e custos

    Para que uma tonelada de fertilizante seja descarregada do navio, levada de caminhão até o

    armazém e armazenada por um período de até 30 dias, são cobrados 17 reais. O custo para a

    empresa contratada (empresa X) de todo esse processo (combustível, motorista do caminhão,

    operador de pá carregadeira, etc) é de 14 reais por tonelada. Caso a empresa contratante

    (multinacionais) exceda 30 dias com o seu produto estocado no armazém, um adicional de 2,5

    reais quinzenais é pago por ela à empresa contratada.

    Analogamente, para que o serviço correspondente ao ensaque (transporte do fertilizante do

    armazém até a máquina de ensaque, ensaque, pesagem e alojamento dos sacos no caminhão)

    seja realizado, a empresa contratada cobra da empresa contratante uma quantia de 28 reais por

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    tonelada. Os produtos que passam por esse processo são vendidos como produtos “simples”,

    ou seja, sem mistura (nitrato de potássio, salitre do chile, etc). O custo dessa operação para a

    empresa contratada é de 24 reais por tonelada.

    Quando o fertilizante a ser vendido requer uma mistura de produtos, estes devem ser

    deslocados do armazém até a unidade de mistura, misturados pela respectiva máquina,

    ensacados e alojados no caminhão. Para isso, a empresa contratada cobra da empresa

    contratante uma quantia de 30 reais por tonelada misturada. O custo dessa operação para a

    empresa contratada é de 24 reais por tonelada.

    É importante dizer que o serviço de armazenagem encontra-se diretamente relacionado e

    dependente dos serviços de mistura e ensaque, uma vez que todo o fertilizante que passa pelo

    armazém é posteriormente direcionado para as unidades de um desses outros serviços

    oferecidos pela empresa X. Todas as informações de custos e receitas estão representadas de

    forma mais visual na tabela que se segue:

    Tabela 2 - Tabela representando os custos e preços de cada operação realizada pela empresa X

    Operação Preço por tonelada Custo por tonelada

    Descarga, movimentação,

    armazenagem

    17,00 R$ 14,00 R$

    Armazenagem excedida de

    30 dias

    2,50 R$ por quinzena 0,00 R$

    Movimentação, ensaque 28,00 R$ 24,00 R$

    Movimentação, mistura 30,00 R$ 24,00 R$

    Fonte: Delrobson Nava (2013)

    5.4. Relação entre produto simples e mistura

    Aproximadamente 40% de todo o produto armazenado é direcionado eventualmente para as

    unidades de mistura, enquanto os outros 60% vão para unidades de simples ensaque.

    5.5. Previsão de ocupação dos armazéns

    Como o fertilizante é um produto sujeito às flutuações de movimentação relacionadas com as

    safras agrícolas, existe uma variação na ocupação dos armazéns ao longo do ano. A ocupação

    beira os 10% nos meses compreendidos entre dezembro e fevereiro e atinge algo em torno de

    90% nos meses de março a novembro.

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    5.6. A taxa mínima de atratividade

    Como o presente artigo abrange também noções de investimentos financeiros, a taxa que será

    utilizada para os cálculos como a taxa mínima de atratividade da empresa X será a taxa

    SELIC, aqui apresentada como de 8% ao ano. Para obter-se o valor da Selic aplicada a algum

    período, toma-se o valor da taxa ao ano elevado ao período relativo ao ano. No caso de o

    período ser de um semestre (seis meses) a operação realizada é a seguinte:

    (0,08) ^ (6/12) = 1,0392 (3,92% ao semestre)

    6. A análise dos investimentos

    Com base em toda a fundamentação teórica já descrita no presente artigo e também levando

    em consideração todos os aspectos levantados na seção anterior, o cálculo da comparação de

    viabilidade econômica entre o projeto dos dois armazéns pode ser feita.

    6.1. Entradas e saídas

    As entradas:

    Tabela 3 - Tabela com todos os valores a serem pagos à empresa contratada

    R$30,00 por tonelada do produto

    misturado

    Aproximadamente 40% das vendas

    R$28,00 por tonelada do produto puro Aproximadamente 60% das vendas

    R$2,50 por tonelada a cada 15 dias caso o

    produto fique parado no armazém por um

    período superior a 30 dias.

    Aproximadamente 25% ultrapassam o

    período por 15 dias

    Aproximadamente 25% ultrapassam o

    período por 30 dias

    R$17,00 por tonelada para cobrir custos

    com transporte

    100% do material passa por esse processo

    Fonte: Gabriel Negrão (2013)

    As saídas:

    Valores a serem gastos pela empresa contratada:

    R$14,00 por tonelada para realização do transporte;

    R$24,00 por tonelada para manutenção do maquinário e pagamento da mão-de-obra.

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    6.2. O período de análise

    O período de tempo a ser analisado é de dois anos e meio (30 meses). Para esse experimento

    será utilizado como menor período um semestre. Ou seja, será analisado o fluxo de caixa de

    cada 6 meses a partir de 1º de julho de 2013.

    6.3. O cálculo para a análise dos investimentos

    Os resultados obtidos nos cálculos feitos estão representados na seguinte tabela:

    Tabela 4 - Tabela comparativa representando o resultado específico de cada método de análise

    utilizada

    Método de análise Payback

    Descontado

    Valor Presente

    Líquido

    Taxa Interna de

    Retorno

    Armazém

    estruturado com

    lona

    0,93 anos R$ 484.213,25 40,16%

    Armazém Pré-

    moldado

    1,27 anos R$ 455.143,15 31,38%

    Fonte: Yuri Kuzniecow (2013)

    7. Resultados e discussão

    Em uma análise crítica referente aos métodos de análise utilizados neste trabalho e suas

    aplicações, pode-se atribuir algumas considerações finais a cada um deles.

    O Payback Time: Mesmo sabendo que o Payback descontado, diferentemente do

    Payback simples, considera o valor do dinheiro no tempo, é imperativo ressaltar que

    este método só avalia as qualidades de um investimento até o período de retorno do

    capital, fato este que o torna falho se utilizado isoladamente;

    O Valor Presente Líquido: A grande vantagem deste método é considerar o valor total

    do retorno de investimento através de todos os seus períodos, com valores do fluxo de

    caixa atualizados monetariamente;

    A Taxa Interna De Retorno: Permite saber qual a porcentagem do valor investido será

    retomado pela empresa, e é um parâmetro essencial para tornar as expectativas de

    retorno de investimentos mais palpáveis para que estas sejam trabalhadas da melhor

    forma.

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    Com base no resultado dos cálculos, constata-se claramente que a opção de investimento do

    armazém estruturado com lona é mais vantajosa em todos os aspectos estudados. Como o

    tempo de retorno do investimento e a proporção deste investimento são ambos mais otimistas

    para essa opção, a escolha deve ser feita no mesmo sentido. O projeto a ser escolhido deve ser

    o do armazém estruturado com lona.

    É importante dizer que esta escolha é tomada com base unicamente nas condições

    especificadas e desconsiderando-se completamente quaisquer outros fatores que possam

    influenciar em uma decisão deste cunho.

    8. Conclusão

    Neste trabalho foi realizada uma análise comparativa de viabilidade econômica e financeira

    de uma situação particular de uma empresa de fertilizantes, onde fazia-se necessária a escolha

    entre a construção de um armazém pré-moldado e o aluguel de um armazém de lona, ambos

    com a mesma finalidade operacional.

    A pesquisa foi embasada em conhecimentos teóricos acadêmicos e em dados fornecidos

    diretamente pela empresa estudada. A análise, por sua vez, tomou estes como informações

    necessárias para os cálculos. Com isso, foi demonstrada uma aplicabilidade prática para cada

    um dos métodos contemplados no artigo.

    A análise realizada mostrou a opção do projeto do armazém estruturado com lona mais

    proveitoso economicamente e financeiramente. Uma análise econômica bem estruturada e

    eficaz serve para potencializar ao máximo o capital investido e enriquecer os seus respectivos

    investidores. Entretanto, é mister dizer que esses métodos são superficiais, se analisados

    isoladamente. A análise de investimentos deve fundamentar-se em conjunto com outras áreas

    da engenharia econômica (como a análise de riscos, por exemplo) para que possa ser efetiva.

    Se unidas de forma holística, constituem uma análise completa.

    Vale lembrar que uma análise de investimentos não é limitada apenas por números. Há uma

    série de outros aspectos que devem ser levados em consideração em momentos decisórios,

    como a viabilidade jurídica, por exemplo. Cabe à análise de investimentos tornar dados e

    especulações de retorno em informações e resultados palpáveis, mais fáceis de serem

    analisados, auxiliando a tomada de decisão empresarial.

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    REFERÊNCIAS

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    Acesso em: 18 jun. 2013.

    CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTE, B. H. Análise de Investimentos. São Paulo: Atlas, 1998.

    DAL ZOT, WILLI. Matemática Financeira. 4ª Ed. Proto Alegre: editora UFRGS, 2006.

    DAMODARAN, Aswath – Finanças Corporativas Aplicadas – Manual do Usuário. Tradução Jorge Ritter.-

    Porto Alegre: Bookman, 2002.

    GROPPELLI, A.A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração Financeira, 2.ed. São Paulo, Saraiva, 2002.

    HUMMEL, Paulo Roberto Vampré; TASCHNER, Mauro Roberto Black. Analise e decisão sobre Investimentos e

    Financiamentos: engenharia econômica: teoria e pratica. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1995.

    MARTINS, E. Contabilidade de Custo. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2003.

    ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W. E JORDAN, Bradford D. Princípios de Administração

    Financeira; tradução Antonio Zoratto Sanvicente. – São Paulo: Atlas, 1998.

    Russell Roberts, Getting the Most Out of Life: The Concept of Opportunity Cost. Disponivel em.

    Acesso em. 18 jun.2013

    Zdaniwicz, José Eduardo – Fluxo de Caixa: Uma decisão de planejamento e controle Financeiro. – 10ª Ed. –

    Porto Alegre: Editora Sagra Luzzatto, 2004.