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Ângela Maria Cavalcanti Ramalho Francisca Luseni Machado Marques Pesquisa e Ensino em Geografia DISCIPLINA Aula Autoras Critérios de cientificidade na construção da pesquisa 03 Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________________________

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Ângela Maria Cavalcanti Ramalho

Francisca Luseni Machado Marques

Pesquisa e Ensino em Geografi aD I S C I P L I N A

Aula

Autoras

Critérios de cientifi cidadena construção da pesquisa

03Material APROVADO (conteúdo e imagens)( g ) Data: ___/___/___

Nome:______________________________________

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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzidasem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Coordenadora da Produção dos MateriaisVera Lucia do Amaral

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto Gráfi co

Ivana Lima

Revisoras Tipográfi cas

Adriana Rodrigues Gomes

Margareth Pereira Dias

Nouraide Queiroz

Arte e Ilustração

Adauto Harley

Carolina Costa

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Leonardo Feitoza

Diagramadores

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Ivana Lima

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José Antonio Bezerra Junior

Mariana Araújo de Brito

Adaptação para Módulo Matemático

Joacy Guilherme de A. F. Filho

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lucia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais – CIPEEliane de Moura Silva

Secretaria de Educação a Distância – SEDIS/UFRN

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1Aula 03 Pesquisa e Ensino em Geografi a

Apresentação

Nesta aula, apresentaremos alguns procedimentos a serem observados durante o planejamento e execução da pesquisa. A prática dessas posturas volta-se para conseguir do aluno uma visão crítica da realidade, uma atitude ética e

um compromisso com a cientifi cidade. Tais cuidados são considerados um exercício metodológico fundamental ao direcionamento da pesquisa científi ca.

Caminhos a percorrer...

ObjetivosAo fi nal desta aula, esperamos que você tenha compreendido

e interpretado:

o sentido da crítica para a construção e posicionamento diante do conhecimento;

o signifi cado da ética do conhecimento na realização da pesquisa científi ca;

a importância dos critérios de cientifi cidade na produção dos resultados da ciência.

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Uma refl exãosobre Pesquisa e Cientifi cidade

O ser humano precisa conhecer!!!

A pesquisa é uma atividade voltada para a busca de um determinado conhecimento. Resulta de uma indagação da realidade com o objetivo de conhecer. Com a pesquisa conhecemos para comunicar, para utilizar, para criticar, para viver na sociedade

do conhecimento.

Você já deve ter compreendido que a pesquisa antecede a atividade de transmitir e usar conhecimento. Há, portanto, um momento em que sentimos necessidade de pesquisar. Quando descobrimos que o que conhecemos era pouco, sempre. Não sabemos quando isso ocorre. Como consideramos o tempo da vida do conhecimento anterior à pesquisa? Talvez possamos considerar como “tempo de apenas comunicar e utilizar o que se sabe”.

No entanto, algo acontece quando descobrimos que não sabemos ainda, ou que precisamos de mais conhecimento. Então se pesquisa, se investiga. A insatisfação com o conhecimento é o que leva a pesquisar. Podemos dar um nome a esse tempo. Poderia ser: “o tempo da ciência”. A diferença está na busca, na procura do saber que não possuímos através da pesquisa em alguma ciência, talvez seja também a diferença entre utilizar o que se sabe e utilizar o que se veio a saber.

Bruyne e colaboradores (1991) defendem a idéia de que os critérios de cientifi cidade devem fazer parte do processo de construção do conhecimento. Minayo e outros (1994, p.10 -12), afi rmam que:

O campo científi co, apesar de sua normatividade, é permeado por confl itos e tradições. Há os que buscam a uniformidade dos procedimentos para compreender o natural e o social como condição para atribuir o estatuto de “ciência” [...] Poderíamos dizer, nesse sentido, que o labor científi co caminha sempre em duas direções: numa elabora suas teorias, seus métodos, seus princípios e estabelece seus resultados; noutra investiga, ratifi ca seu caminho abandona certas vias e encaminha-se para certas direções privilegiadas.

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Atividade 1

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Para você, o que signifi ca: pesquisar para conhecer?

Assim, o êxito de uma pesquisa depende fundamentalmente de certas qualidades intelectuais e morais do pesquisador. No entanto, “[...] não bastará, pois, conhecê-las; é preciso vivê-las, reduzi-las à prática, cultivá-las” (RUIZ, 1996, p. 132).

Inicialmente, apresentaremos a importância do posicionamento crítico e ético na pesquisa para, em seguida, os cuidados metodológicos que uma vez seguidos produz o resultado requerido pela ciência.

A crítica naConstrução da Pesquisa

A humanidade atingiu conhecimentos sobre a natureza e sociedade. Quando o homem faz conhecimento apresenta sua dimensão histórica e ao usá-lo sua condição social. Cada ser humano se apropria do acervo dessas informações conforme sua vivência

e experiência pessoal, bem como, as condições dadas. Nessas circunstâncias, torna-se importante a conscientização da necessidade de posicionar-se diante do conhecimento, prática defi nidora do fazer e do usar.

O pensamento crítico e a pesquisa se sobrepõem, visto que o pensamento crítico ocorre em todos os níveis do processo de investigação. No processo de pesquisa esperamos que o

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Atividade 2

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aluno desenvolva a capacidade de crítica, mediante a refl exão do conhecimento. Pois, o ato de aprender e de pensar, com atenção e criticamente, credenciam a atividade científi ca.

Assim, pensar é ter um posicionamento crítico a respeito de cada uma das possibilidades de saber. É sair da imediatez da experiência situando-a como um saber aparente que necessita ser criticado (HÜHNE, 1995, p 40).

Atenção!!!

Quando você se posiciona diante de algum assunto, implica o ato de pensar, de colocar-se refl exivamente diante do conhecimento adquirido.

As tomadas de posição de nossa vida não podem ser assumidas aleatoriamente, mas consideradas como um trabalho do pensamento, por requerer a busca de sentido.

Portanto, para você: o que signifi ca violência? O que pensa acerca de Greve? De Família? Qual seu discurso sobre meio ambiente? Sobre amizade? Qual o seu conhecimento a respeito dessas questões? Como você conheceu esses assuntos? Como você se posiciona acerca dessas questões? E de outras?

Pense e escreva um texto sobre um conceito de seu campo de estudo. Pode ser: desmatamento, resíduos sólidos, mata atlântica ou outro de seu interesse.

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5Aula 03 Pesquisa e Ensino em Geografi a

Mas, o que você entende por crítica?

Atenção!!!

Lembre-se que o ato de criticar exige o pensar.

O sentido científi co e fi losófi co de Criticar não signifi ca: criticar por criticar, sem conhecer a matéria que está sendo analisada. Quando não se conhece o assunto a critica é um ato proveniente de interesses pessoais, de tabus emocionais, ou seja, decorre da subjetividade do sujeito, sem fundamento lógico por falta de exame.

Criticar é, antes de qualquer coisa, analisar, questionar, submeter a exame, julgar a validade, a fundamentação das soluções estabelecidas. Em que a formação do espírito crítico, direito inalienável à pessoa humana, dá inicio a trajetória de renovação de cada um em particular e científi ca da humanidade. Dessa forma, “Crítico, aqui, equivale a objetividade na elucidação: descrição da realidade a partir de suas manifestações [reais] e não a partir de projeções psicossociológicas do sujeito” (LUCKESI, 2005, p. 139).

Necessário, pois, estabelecer a diferença entre Espírito Crítico e Espírito de Crítica. O Espírito Crítico consiste na atitude amadurecida do homem que o leva a aperfeiçoar o discernimento, capacitando-o a separar o que é essencial do acidental, o importante do secundário. Signifi ca a busca com seriedade do conhecimento mais adequado, “que tranqüiliza as exigências da razão, dissipa as trevas da ignorância e promove o progresso da mente.” Enquanto que o Espírito de Crítica “é o espírito de contradição [...] de superfi cialidade irresponsável [que] nasce do nada e não conduz a coisa alguma, ou nasce da inquietação pessoal e conduz a inquietação de muitos.” Portanto, o aluno pesquisador “[...] deve cultivar, desenvolver e fundamentar solidamente o espírito crítico e, por outro lado, banir do ambiente amadurecido da ciência o fútil espírito de crítica, demolidor e pernicioso” (RUIZ, 1996, p. 133).

A crítica como trabalho intelectual tem a fi nalidade de explicitar o conteúdo de um pensamento qualquer, de um discurso qualquer, para encontrar o que foi silenciado por esse pensamento ou por esse discurso. Nesse processo de desvelamento do objeto, a crítica permite encontrar uma obra de pensamento – a descoberta de tudo aquilo que estava silenciado, não dito, não revelado. Que não tinha conhecimento.

Assim, como o ato de pesquisar constitui um processo em que o fenômeno estudado não se deixa desvelar facilmente para o pesquisador, então cabe usar de suas capacidades cognitivas de análise, síntese, compreensão, avaliação, revisão e aplicação, para a apreensão do objeto. E só deste modo poderá argumentar e, consequentemente, criticar. Pois, é impossível investigar sem usar os procedimentos da razão.

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Atividade 3

6 Aula 03 Pesquisa e Ensino em Geografi a

O Que você entendeu do texto acima?

Refl ita!!!

Se a sua cabeça posiciona-se diante do conhecimento, você está criticamente no mundo.

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A ética noprocesso do conhecimento

A educação assume o papel de tecer e incorporar no aluno o sentido de se viver eticamente neste mundo global. Neste contexto, a prática da pesquisa envolve ações voltadas para exemplos e vivências concretas – na refl exão do que poderemos deixar para as gerações

futuras – alunos conscientes e comprometidos consigo mesmo e com o próximo.

Uma refl exão que deve começar bem cedo sobre as ações realizadas no exercício de nossa profi ssão. Podemos perguntar a nós mesmos: estou sendo um bom profi ssional? Estou agindo adequadamente? Realizo corretamente minha atividade? Algumas perguntas podem guiar a refl exão, para que possamos fazer uma avaliação das nossas ações, até ela se tornar um hábito incorporado no dia a dia. Defrontamos com a necessidade de pautar o comportamento por normas que julgamos apropriadas ou mais dignas de serem cumpridas.

Na vida real, enfrentamos vários problemas práticos que ninguém pode fugir. Para resolvê-los recorremos a normas que servem para justifi car a decisão tomada ou os passos dados. Toda sociedade apresenta um conjunto de valores e regras destinadas a regular as ações dos indivíduos que chamamos de Moral – que signifi ca costume, no sentido de conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito.

A refl exão sobre os costumes, ou seja, a refl exão sobre o que seria o comportamento ideal para os homens constitui atributo da Ética.

No cotidiano, a palavra Ética ganhou o status de coisa séria, entendida sobre o bom ou mau, correto ou incorreto, adequado ou inadequado, com a missão de refl etir sobre as ações humanas.

Com o progresso da ciência, o homem apresenta-se como absoluto, como criador de diferentes domínios. Desse modo, razões históricas, políticas e culturais nos distanciaram da dimensão ética da vida.

As causas históricas do esquecimento da questão ética para segundo plano é justifi cada pela convicção tecnológica de que o verdadeiro caminho da sociedade rumo a uma vida melhor seria o avanço técnico dos conhecimentos, da ciência, da riqueza material e econômica que esse caminho proporciona; preconceito contra o discurso das virtudes – responsabilidade, coragem, solidariedade, dedicação etc. - na concepção de que o discurso moral era utilizado para conter a emancipação humana moderna.

Os resultados do avanço da ciência como sinônimo de progresso tem contribuído para as refl exões éticas na contemporaneidade, do século XIX até nossos dias, voltando-se para seus motivos e suas aplicações. Na produção do conhecimento científi co, as refl exões sobre as ações humanas se instauram quanto à responsabilidade de seus atos e a consciência de seu dever.

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Atividade 4

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A ética de Kant (1980) é a mais perfeita expressão para a refl exão sobre a ciência e perspectivas para a humanidade hoje. Indica o que a ética impõe a todos, fazer o bem e evitar o mal. Para ele, o sujeito cognoscente é ativo, criador e está no centro tanto do conhecimento quanto da ética. O que leva o esforço da mente a refl etir sobre as ações dos homens à luz da máxima concepção possível do que seria perfeito (GUEDES, 2000).

A pesquisa científi ca como atividade voltada para o estudo dos fatos de interesse do homem, na busca do conhecimento e não ao dogma, tem de avançar ancorada no conhecimento já sistematizado. Mas, a questão de interesse se fi rma com a refl exão da problematização e justifi cativas do conhecimento.

a) Atualmente, sobre que assunto gostaria de obter maior conhecimento?

A ética de Kant

Kant. I. Fundamentação da metafísica dos

costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Coleção os

pensadores).

b) Escreva o motivo pelo qual você escolheu este assunto.

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Critérios de cientifi cidade

Os critérios de cientifi cidade referem-se aos cuidados metodológicos que norteiam a elaboração do trabalho de pesquisa. “Há, assim, um rol de cuidados específi cos, que uma vez seguidos, parecem produzir o resultado imaginado, o saber, a ciência” (DEMO,

2008, p. 34, grifo do autor).

Embora esses critérios também não se esgotem, é ponto de partida e de chegada para a elaboração do trabalho científi co. Com este raciocínio, procuramos responder seguinte questão: quais cuidados metodológicos o aluno pesquisador deve levar em consideração para qualifi car seu trabalho como científi co? Como resposta, seguimos o pensamento e classifi cação de Pedro Demo (2008), apresentados no texto A Construção Científi ca, categorizando estes “cuidados” em critérios internos e externos de cientifi cidade. Os primeiros estão relacionados à própria obra científi ca, ou seja, giram em torno da qualidade das características intrínsecas do trabalho. Os segundos dizem respeito à opinião sobre ele, ou seja, o julgamento da qualidade de suas características atribuídas de fora.

A Construção Científi ca

Estes critérios encontram-se explicitados no capítulo 2 do livro Introdução à Metodologia da Ciência, páginas 34 a 42 e apresentado como sugestão de leitura.

É contraditório um político construir a imagem de paladino da justiça social , enquanto sua fazenda mantém trabalhadores sem terra em regime de semi-escravidão.

Critérios internos de cientifi cidade:

Formais (quanto à forma) → coerência e consistência

Informais (quanto ao conteúdo) → originalidade e

objetivação

Critérios externos de cientifi cidade:

Estão relacionados à Opinião Dominante

Critérios internos formais e critérios InformaisOs critérios internos formais estão ligados à preocupação do aluno pesquisador quando

a forma do trabalho científi co:

Coerência: caracteriza a montagem do trabalho sem contradições, onde as partes estão no seu devido lugar, deduzido de tal sorte que a conclusão não contradiz o ponto de partida, e assim por diante.

Para o atendimento deste critério o aluno deverá cumprir algumas tarefas básicas: a) defi nir com precisão os conceitos trabalhados; b) escrever o texto de modo simples e compreensível; c) não confundir uma coisa com outra; d) observar a ordenação do texto: introdução, desenvolvimento e conclusão.

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Vamos organizar nosso estudo analisando a noção de coerência textual. Fica mais fácil começar pela leitura de um fragmento do texto de Pedro Demo (2008, p.50), no qual demos um título:

Superação da perplexidade inicial na elaboração de um Trabalho de Pesquisa Quando nos propomos a realizar um trabalho de pesquisa é normal que a primeira impressão seja de perplexidade. Não sabemos por onde começar, sobretudo se nunca nos tenhamos metido antes no assunto. Todavia, é a situação de quem se julga pesquisador e não detentor do saber prévio. Pesquisador é alguém que se propõe a descobrir a realidade, supondo que nunca a sabemos satisfatoriamente. Sempre há o que descobrir. Quem parte de evidências nada tem a pesquisar. O processo de superação desta perplexidade inicial é algo central na formação científi ca de uma pessoa. Como se faz?

Em primeiro lugar, vamos à biblioteca ler sobre o tema. Não é bom expediente adiantar, de mão beijada, literatura específi ca, e muito menos certas páginas, cuja leitura dá uma resposta à questão procurada. Pesquisador é aquele que descobre por si, que inventa sua saída. Em segundo lugar vamos levantar informação em torno do assunto, seja de ordem factual ou teórica. Em terceiro lugar, é preciso colocar a imaginação para funcionar, ou seja, apelar para a criatividade.

A perplexidade começa a ser superada, quando imaginamos vislumbrar uma suspeita explicativa. Aí vemos uma luz no fundo do túnel. Conseguimos levantar algumas referências orientadoras. Pode ser que venhamos logo a constatar que o caminho imaginado não é factível ou que é equivocado. Mas já foi um avanço. E vamos avançando com maior ou menor velocidade até elaborarmos as condições sufi cientes para desembocar nas conclusões.

a) Você deve lembrar que o produtor de um texto comunica suas idéias tendo em vista a imagem que faz do leitor. Para quem este texto foi escrito? Justifi que.

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Atenção!!!

Quando lemos, atribuímos sentido ao texto porque temos idéias a respeito do que se desenvolve nesse texto. Quando escrevemos, levamos para o leitor sentidos que vão ser partilhados com ele, porque ele tem também idéias a respeito do tema tratado no texto.

b) Releia o texto Superação da perplexidade inicial na elaboração de um Trabalho de Pesquisa, ele apresenta continuidade de sentido. Comente.

c) O texto traz aquilo que esse leitor esperava encontrar quando leu o título e início do assunto? Justifi que.

d) Que outro título poderia ter?

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Atenção!!!

Você deve ter considerado que é possível atribuir signifi cado ao texto porque está organizado de modo que a fazer o leitor acompanhar a sequência dos acontecimentos.

Consistência: este critério pode ser alcançado pelo aluno pesquisador com o estudo permanente do tema da pesquisa. O propósito é a aquisição de conhecimento sufi ciente para apresentar a característica de profundidade que toda obra científi ca deve ter. A meta é a de apresentar explicações sobre o tema com a necessária profundidade, com explicações mais adequadas. Considerando que consistência: De certa maneira podemos defi ni-la como capacidade de resistir a contra-argumentos. É consistente aquilo que não rui, que é compacto, resistente.

Assim, se lemos ainda hoje Aristóteles, Platão, Maquiavel, é porque vemos em suas obras algo que conseguiu sobrepor-se à erosão do tempo. Não são mais atuais. Reconhecemos até erros. Mas continuam importantes.

Os critérios internos não formais estão relacionados ao conteúdo do trabalho cientifi co, como:

Originalidade: ligada ao conteúdo, signifi ca a atenção para não cair apenas na cópia e repetição; a necessidade de recuperar a criatividade, sem deturpar a realidade; relação intrínseca com a produtividade, da capacidade de construir com os processos e instrumentos de pesquisa. Portanto, não parece contradição afi rmar que o espírito científi co deve ser criativo. Mas, é contradição imaginar que o aluno pesquisador criativo é aquele que sabe sem estudar.

A pesquisa científica pode ser destacada como trabalho diferente dos exercícios acadêmicos, geralmente solicitados. Signifi ca a necessidade de levar a ciência para frente, de a renovar constantemente, de recuperar interminavelmente a criatividade, de explorar todas as potencialidades imagináveis, de inventar alternativas onde menos se espera. De caminhar pelo caminho do saber científi co.

Objetividade: Esta qualidade, também, caracteriza os resultados de uma pesquisa.

Para alcançarmos a explicação dos fatos de modo que haja adequação entre o nosso pensamento e o fato estudado – fi ca claro que o espírito crítico se liga ao compromisso da objetividade. Este critério demarca o início da pesquisa experimental, movida pela busca de uma analise mais realista possível do fenômeno pesquisado.

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Atividade 6

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Interessa a ciência captar a realidade assim como ela é.

A negação da objetividade é incompatível com a ciência. A apropriação do objeto pela mente, o conhecimento da verdade não subjetiva, é uma das razões de ser da ciência. É essa verdade que se denomina objetiva, porque busca a apreensão do que realmente existe.

Com a subjetividade – o conhecimento resulta de condicionamentos pessoais, dos interesses, predileções, preconceitos ou gostos, o que implica na deturpação da realidade.

≠Com a objetividade – o conhecimento resulta do esforço da mente em adequar o pensamento ao que existe, implica na apreensão da realidade como ela é, e não como gostaríamos que fosse.

Atenção!!!

O que acontece na realidade é um esforço de objetivação constante na atividade do cientista. Há um grande esforço para recortar o objeto e tratá-lo de forma mais objetiva possível, num trabalho contínuo, paciente e cuidadoso. Nesse processo, o cientista deve ter a plena consciência de que todos os seus esforços só conseguem produzir conhecimento provisório, mutável e falível. Um conhecimento que está sempre à espera de uma melhor construção, ou seja, da elaboração de uma teoria que possa explicar melhor o real (GUEDES, 2000, p. 178).

Consideramos que a maioria dos cuidados metodológicos visa à objetividade. Por que

esse critério é importante na pesquisa científi ca?

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14 Aula 03 Pesquisa e Ensino em Geografi a

Critérios Externos

Ao lado dos critérios internos temos ainda os critérios externos, que decorrem do julgamento ou avaliação externa a respeito da obra científi ca. Signifi ca a opinião dominante em determinado assunto, ou sobre certa obra ou autor. Estes se manifestam através da opinião dominante científi ca. Assim, uma obra, além dos critérios internos de avaliação, enfrenta a expectativa ideológica ou a opinião dominante.

Embora na avaliação devêssemos adotar somente a crítica interna, baseada nos critérios internos, alicerçada pela qualidade interna, a opinião dominante tenta evitar fenômeno do argumento de autoridade.

O enunciado não pode ser considerado científi co por causa de seu produtor. Para Cervo e Bervian (1996, p. 20), “O argumento de autoridade consiste em admitir uma verdade ou doutrina com base no valor intelectual ou moral daquele que propõe ou professa.”

A ciência não aceita o argumento de autoridade como critério de avaliação científi ca. Embora tal critério tenha sido dominante por muito tempo, tomada como aceitação do que um “mestre” anunciava acerca de um assunto. De certo modo, os cientistas utilizam o argumento de autoridade em nossos dias (quando, por exemplo, aceitam como verdadeiras as técnicas empregadas por outros, sem verifi cá-las pessoalmente). [...] Em nossos dias, a ciência não aceita a concepção de verdade eterna e submete qualquer argumento de autoridade à verifi cação, a fi m de verifi car sua veracidade ou falsidade. Se assim não fosse, o conhecimento científi co fi caria estagnado e ainda estaríamos acreditando na teoria geocêntrica de Ptolomeu, imaginando que o sol e os planetas girariam em torno da terra (CERVO; BERVIAN, 1996, p, 20).

Os resultados científi cos obtidos por especialistas poderão, certamente servir para guiar trabalhos de investigação. O estudo de fontes bibliográfi cas, presente em todo tipo de pesquisa, se expressa na fundamentação teórica obtida com o desenvolvimento de citações.

As citações no texto são importantes no sentido de permitir ao leitor seguir o roteiro de construção do tema ou relacionar aspectos já estudados por outros estudiosos. As citações vem garantir a cientifi cidade do argumento, acrescentando, sustentando, apoiando as idéias apresentadas pelo autor do texto.

Atenção!!!

A citação não é autoridade, porquanto é somente instrumental.

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Atividade 7

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Após o texto acima escrito, verifi camos duas citações seguidas. As citações merecem ser contextualizadas: seja, concluindo um argumento, seja situada no texto e, em seguida, interpretada. Qual sua sugestão nesse sentido?

Assim, a avaliação científi ca recebe infl uência da opinião dominante, que aparece intrinsecamente: no tipo de direcionamento da relação orientador e orientando; na sugestão de um determinado tema considerado mais atual e mais adequado infl uenciado pelo momento histórico; na adesão extrema às idéias de um autor; enfi m, a opinião dominante realiza a incursão subjetiva na atribuição da nota para um trabalho científi co.

Atenção!!!

Um trabalho sem citações é pobre em referência, mas abarrotado delas indica que o autor do texto esconde-se atrás de citações.

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Atividade 8

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Concluindo a aula!!!Ao fi nal da aula, esperamos que você tenha compreendido a importância do senso crítico

e da postura ética na construção do conhecimento, bem como, em sua vida. Do mesmo modo, a apreensão dos cuidados metodológicos requeridos no processo de pesquisa, na produção de resultados científi cos.

ResumoNesta aula, foi estudado o signifi cado da crítica e da refl exão sobre as ações humana por uma ética do conhecimento. A descrição dos cuidados metodológicos, classifi cados em critérios internos e critérios externos, que o pesquisador deve seguir para a obtenção de cientifi cidade nos resultados da pesquisa.

A banca examinadora, de um trabalho de conclusão de curso, pode ser considerada um critério externo de cientifi cidade habitualmente praticado na Universidade. Por quê?

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Autoavaliaçãoa) Leia sobre os critérios internos e externos de cientifi cidade e escreva o que entendeu.

b) Releia todo texto desta aula e faça um comentário.

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Sugestão de leituraDEMO, P. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

O autor apresenta a dialética como a metodologia mais adequada para apreender a realidade. No capítulo 2, destacamos, no enfoque relacionado à demarcação científi ca, a apresentação de cuidados específi cos do cientista, reconhecidos como importantes, “que uma vez seguidos, parecem produzir o resultado imaginado, a saber, a ciência”. Tais cuidados são categorizados, pelo autor, como critérios internos e externos de cientifi cidade.

ReferênciasBRANDÃO, C. R. A pergunta a várias mãos: a experiência da partilha através da pesquisa em educação. São Paulo: Cortez, 2003

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científi ca. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996.

DEMO, P. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GUEDES, E. M. Curso de metodologia científi ca. 2. ed. São Paulo: HD livros, 2000.

HÜNHE, N. A. Metodologia científi ca. 6. ed. Rio de Janeiro: Agir: 1995.

RUIZ, J. A. Metodologia científi ca:guia para efi ciência nos estudos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

VERSÃO DO PROFESSOR

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AnotaçõesVERSÃO DO PROFESSOR

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Anotações

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