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    ANDREZA KALBUSCH

    CRITRIOS DE AVALIAO DE SUSTENTABILIDADEAMBIENTAL DOS SISTEMAS PREDIAIS HIDRULICOS E

    SANITRIOS EM EDIFCIOS DE ESCRITRIOS

    Dissertao apresentada Escola Politcnicada Universidade de So Paulo para obtenodo ttulo de Mestre em Engenharia

    rea de Concentrao: Engenharia deConstruo Civil

    Orientador:Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonalves

    So Paulo2006

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    FOLHA DE APROVAO

    Andreza Kalbusch

    Critrios de Avaliao de Sustentabilidade Ambiental dos Sistemas Prediais Hidrulicos eSanitrios em Edifcios de Escritrios

    Dissertao apresentada Escola Politcnica daUniversidade de So Paulo para obteno dottulo de Mestre em Engenhariarea de Concentrao: Engenharia deConstruo Civil

    Aprovado em:

    Banca Examinadora

    Prof. Dr. ____________________________________________________________________

    Instituio: ________________________________ Assinatura: _______________________

    Prof. Dr. ____________________________________________________________________

    Instituio: ________________________________ Assinatura: _______________________

    Prof. Dr. ____________________________________________________________________

    Instituio: ________________________________ Assinatura: _______________________

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    A meus pais, Hlio e Nazilda e minha irm, Simone, poracreditarem, por apoiarem e porse orgulharem de toda e qualquerconquista, sempre.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonalves, por me apresentar ao tema, despertando o

    interesse para este estudo. Agradeo pela oportunidade de aprender, pelo conhecimento

    repassado no campo tcnico e, principalmente, no campo humano. Agradeo pela

    compreenso e pela sensibilidade.

    Prof. Dra. Marina Sangi de Oliveira Ilha e ao Prof. Dr. Racine Tadeu Prado, pela

    importante contribuio. Ftima Domingues, por ser muito prestativa e competente.

    Prof. Dra. Vanessa Gomes da Silva, por prontamente me receber e por ceder

    materiais aos quais no teria acesso para pesquisa. Ao Prof. Dr. Francisco Ferreira Cardoso,

    pela cortesia e pelo importante esclarecimento de algumas dvidas durante o desenvolvimento

    do trabalho. Ao Prof. Dr. Marcos Jorge Santana, por me levar a pensar sobre aspectos da vida

    sobre os quais eu no pensava antes.

    A Luciana, Augusto e Mnica, grandes amigos que conheci graas s aulas na Poli-

    USP e que me ensinaram valores que vo alm das discusses tcnicas. A Daniana e Michely,

    pelas sesses de desabafo, de sorrisos, de alegria.

    Ao Tiago, por todos os momentos, felizes e tristes; pela compreenso e por tudo que

    est por vir. A Simone e Pedro, por me acolherem e por me darem ouvidos nas situaes

    difceis; pela animao e pela diverso em qualquer situao, sempre.

    Aos meus pais, pelo exemplo de vida, de batalha; por no desistirem nunca; por terem

    se esforado em tantos sentidos para que minha irm e eu fssemos felizes; por tudo que nos

    ensinaram.

    A Chica e Fgaro, por estarem sempre a meu lado nos momentos mais difceis, por

    terem me ajudado a superar tudo, por serem um antdoto contra qualquer tristeza e depresso.

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    RESUMO

    KALBUSCH, A.Critrios de Avaliao de Sustentabilidade Ambiental dos Sistemas

    Prediais Hidrulicos e Sanitrios em Edifcios de Escritrios.2006. 162 f. Dissertao(Mestrado) Escola Politcnica, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2006.

    A definio de desenvolvimento sustentvel daWorld Commission on Environment

    and Devolopment aponta para um desenvolvimento econmico e social capaz de atender s

    necessidades desta gerao, no comprometendo o atendimento das necessidades das geraes

    futuras. A gesto do uso da gua, enquanto estratgia para preservao deste recurso, vem aoencontro do conceito de desenvolvimento sustentvel, uma vez que pretende garantir que haja

    gua disponvel para as geraes futuras e que, sem este recurso, no h possibilidade de vida

    no planeta. Em relao a edifcios, a conservao da gua pode ser alcanada atravs do

    emprego de prticas e de tecnologias que levem a uma utilizao mais sustentvel deste

    recurso, sem que haja interferncia no conforto dos usurios. O presente trabalho pretende ser

    uma contribuio e um incentivo s prticas de conservao da gua no ambiente construdo,alm de ser uma contribuio para a aplicao dos conceitos de sustentabilidade ambiental no

    projeto e execuo de sistemas prediais hidrulicos e sanitrios na construo civil brasileira.

    Para isso, detalha-se a maneira como alguns sistemas de avaliao de sustentabilidade

    ambiental de edifcios de escritrios avaliam itens relacionados aos sistemas prediais

    hidrulicos e sanitrios e ao uso da gua. O objetivo aprofundar os critrios de avaliao de

    sustentabilidade ambiental dos sistemas prediais hidrulicos e do uso da gua propostos para

    edifcios de escritrio com base na documentao tcnica e normalizao brasileira

    consultadas.

    Palavras-chave: Sustentabilidade ambiental; Sistemas prediais hidrulicos e sanitrios.

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    ABSTRACT

    KALBUSCH, A.Assessment Criteria for Environmental Sustainability on Office

    Buildings Hydraulic and Sanitary Systems.2006. 162 f. Dissertation (Master of Science) Escola Politcnica, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2006.

    The World Commission on Environment and Development definition for sustainable

    development points towards a social and economic development capable of taking care of the

    necessities of this generation without compromising the necessities of future generations.

    Water management creates strategies that secure the preservation of this resource and also fitsthe concept of sustainable development, since it intends to ensure the availability of water for

    generations to come and understands that without this resource there is no possibility of life

    on Earth. When it comes to buildings, water preservation is possible through the application

    of practices and technologies that will lead to a more sustainable use of this resource, without

    interfering on the daily activities of users and their needs and comfort. The purpose of this

    study is promoting actions regarding water preservation in buildings and contributing to theapplication of environmental sustainability concepts in hydraulic and sanitary systems on the

    Brazilian construction industry. For that reason it contains the details and the evaluation

    criteria on how some of the environmental assessment methods actually evaluate items that

    are related to hydraulic and sanitary systems and water usage. Therefore its main objective is

    to study the evaluation criteria for environmental sustainability on hydraulic and sanitary

    systems and water use for office buildings based on the consulted technical documentation

    and relevant Brazilian standards.

    Keywords: Environmental Sustainability; Hydraulic and Sanitary Systems.

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    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 - Estrutura de pontuao do GBTool.......................................................................29

    Figura 2 Categorias de preocupao do CSTB...................................................................39

    Figura 3 Exemplo: diagrama de eficincia ambiental do edifcio (BEE).............................51

    Figura 4 Flush-mimicking sound system .............................................................................56

    Figura 5 - Estrutura conceitual do CASBEE.........................................................................71

    Figura 6 - Desenvolvimento e declnio dalegionella de acordo com a temperatura da gua..83

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1- Indicadores de sustentabilidade ambiental GBTool 2002.................................29

    Tabela 2.2 - Nveis de classificao do LEED ...................................................................... 34

    Tabela 2.3 - Exemplos de solues economizadoras.............................................................43

    Tabela 2.4 - Crditos referentes aos esforos para evitar a carga na infra-estrutura local no quese refere ao uso da gua........................................................................................................58

    Tabela 2.5 Avaliao comparativa entre os critrios referentes aos sistemas prediaishidrulicos e sanitrios e ao uso da gua para cada sistema de avaliao de sustentabilidadeambiental .............................................................................................................................61

    Tabela 3.1 - Valores para lanamento de efluentes tratados em galerias de guas pluviais ....91

    Tabela 3.2 - Largura da faixa marginal de preservao permanente em funo da largura docurso dgua.........................................................................................................................93

    Tabela 3.3 - Intervalos apropriados para o nvel de rudo ambiente, em dB(A), num recinto deedificao, conforme a finalidade mais caracterstica de utilizao desse recinto........... ..... 102

    Tabela 3.4 - Cargas atuantes em aparelhos sanitrios..........................................................111

    Tabela 3.5 - Impactos atuantes em tubulaes aparentes.....................................................111

    Tabela 3.6 - Lista de verificao de aes de sustentabilidade ambiental para projeto dossistemas prediais hidrulicos e sanitrios em edifcios de escritrios .................................. 116

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning Engineers

    ASTM American Society for Testing and Materials

    BEE Eficincia Ambiental do Edifcio

    BRE Building Research Establishment

    BREEAM Building Research Establishment Environmental Method

    CASBEE Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency CIB International Council for Research and Innovation in Building and

    Construction

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    CSTB Centre Scientifique et Tecnique du Btiment

    DOE United States Department of Energy

    FGBC Florida Green Building Council

    GBC Green Building Challenge ICh Indicador de Consumo histrico

    iiSBE International Initiative for Sustainable Built Environment

    JSBC Japan Sustainable Building Consortium

    LEED Leadership in Energy and Environmental Design

    PURA Programa de Uso Racional da gua

    PCA Programa de Conservao da gua

    QEB Qualit Environnementale du BtimentSMO Systme de Management dOperation

    USEPA United States Environmental Protection Agency

    USGBC U. S. Green Building Council

    WHO World Health Organisation

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    SUMRIO

    1 INTRODUO..........................................................................................................12 1.1 SUSTENTABILIDADE ........................................................................................................................12

    1.2 CONSTRUO SUSTENTVEL.......................................................................................................14

    1.3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................................16 1.3.1 Histrico e Estado da Arte................................................................................................................... 16 1.3.2 Os sistemas prediais hidrulicos e sanitrios e o conceito de sustentabilidade................................... 17

    1.4 OBJETIVOS ..........................................................................................................................................18

    1.5 METODOLOGIA..................................................................................................................................19

    2 SISTEMAS DE AVALIAO DE SUSTENTABILIDADE DE EDIFCIOS: AAVALIAO DOS SISTEMAS PREDIAIS HIDRULICOS E SANITRIOS ........... 21

    2.1 CONSIDERAES INICIAIS .............. ............. ............ .............. ............ ............. .............. .............. ..21

    2.2 BUILDING RESEARCH ESTABLISHMENT ENVIRONMENTAL METHOD BREEAMOFFICES 2004.....................................................................................................................................................2

    2.3 GREEN BUILDING CHALLENGE - GBTOOL...............................................................................26

    2.4 LEADERSHIP IN ENERGY AND ENVIRONMENTAL DESIGN - LEED...................................32

    2.5 CENTRE SCIENTIFIQUE ET TECNIQUE DU BTIMENT CSTB RFRENTIEL DECERTIFICATION BTIMENT TERTIAIRES...............................................................................................37

    2.6 COMPREHENSIVE ASSESSMENT SYSTEM FOR BUILDING ENVIRONMENTALEFFICIENCY - CASBEE ...................................................................................................................................4

    2.7 COMPARAO ENTRE OS CRITRIOS DE AVALIAO DOS SISTEMAS PREDIAISHIDRULICOS E SANITRIOS E DO USO DA GUA DOS SISTEMAS DE AVALIAO DESUSTENTABILIDADE DE EDIFCIOS DE ESCRITRIOS .......... .............. ............. .............. ............ ........60

    2.8 CONSIDERAES SOBRE OS CRITRIOS REFERENTES AOS SISTEMAS PREDIAISHIDRULICOS E SANITRIOS CONTEMPLADOS NOS MTODOS DE AVALIAOPESQUISADOS...................................................................................................................................................6

    3 CRITRIOS DE AVALIAO DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DOSSISTEMAS PREDIAIS HIDRULICOS E SANITRIOS E DO USO DA GUA EMEDIFCIOS DE ESCRITRIOS ......................................................................................71

    3.1 CRITRIOS PROPOSTOS PELOS SISTEMAS DE AVALIAO PESQUISADOSCONTEMPLADOS NA DOCUMENTAO TCNICA E NA NORMALIZAO BRASILEIRA........73

    3.1.1 Confiabilidade, qualidade e manutenabilidade dos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios........ ....73 3.1.2 Sade e qualidade sanitria da gua.................................................................................................... .81 3.1.3 Uso racional da gua............................................................................................................................ 84 3.1.4 Carga na infra-estrutura local (drenagem pluvial)............................................................................... 87 3.1.5 Carga na infra-estrutura local (tratamento de efluentes)...................................................................... 90

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    3.1.6 Interferncia do edifcio em aqferos subterrneos, reas inundadas e cursos dgua............. .......... 92 3.1.7 Materiais componentes dos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios........ .................. .................. .... 95 3.1.8 Reso da gua...................................................................................................................................... 97 3.1.9 Aproveitamento de gua pluvial.......................................................................................................... 98

    3.2 OUTROS CRITRIOS CONTEMPLADOS NA DOCUMENTAO TCNICA E NANORMALIZAO BRASILEIRA ...................................................................................................................98 3.2.1 Confiabilidade, qualidade e manutenabilidade dos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios........ ....99

    3.2.2 Sade e qualidade sanitria da gua................................................................................................... 104 3.2.3 Uso racional da gua.......................................................................................................................... 107 3.2.4 Materiais componentes dos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios........ .................. .................. .. 109

    3.3 LISTA DE VERIFICAO COM BASE NOS CRITRIOS DE AVALIAO DESUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DOS SISTEMAS PREDIAIS HIDRULICOS E SANITRIOSEM EDIFCIOS DE ESCRITRIOS PROPOSTOS.....................................................................................115

    4 CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................121

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................................125

    APNDICES..........................................................................................................................131

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    1 INTRODUO

    1.1 SUSTENTABILIDADE

    O incio dos debates e discusses que acabaram por originar o termo desenvolvimento

    sustentvel data da dcada de 1970. Em 1972 foi realizado um estudo que resultou na

    publicao de um relatrio sobre os limites do crescimento no mundo. Nesse mesmo ano

    ocorreu a conferncia das Naes Unidas em Estocolmo sobre o Ambiente Humano,

    ressaltando os crescentes problemas relacionados ao meio ambiente e sua explorao (VAN

    BELLEN, 2002).

    O referido autor afirma tambm que o conceito de desenvolvimento sustentvel

    resultado de um processo de reavaliao da relao entre a sociedade e o meio ambiente,

    havendo diferentes maneiras de abordar o assunto. A definio clssica de desenvolvimento

    sustentvel foi cunhada em 1987, pelaWorld Comission on Environment and Devolopment :

    desenvolvimento econmico e social que atenda s necessidades da gerao atual sem

    comprometer a habilidade das geraes futuras de atenderem a suas prprias necessidades.

    Existem, no entanto, diferentes definies relacionadas sustentabilidade,

    desenvolvimento sustentvel e suas dimenses. Alguns autores consideram as dimenses

    ambiental, social e econmica. Outros consideram ainda a dimenso cultural, geogrfica ou

    poltica (VAN BELLEN, 2002; SACHS apud VAN BELLEN, 2002; SILVA, 2000; SILVA,

    2003):

    - dimenso ambiental: utilizao do potencial dos diversos ecossistemas mantendo

    um nvel mnimo de deteriorao dos mesmos;

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    - dimenso social: distribuio de renda de forma igual, diminuindo diferenas

    entre os diversos nveis da sociedade e melhorando as condies de vida das

    populaes;

    - dimenso econmica: realizao do potencial econmico que facilite o acesso a

    recursos e oportunidades, aumentando a possibilidade de prosperidade a todos;

    - dimenso cultural: modernizao sem o rompimento da identidade cultural dos

    povos;

    - dimenso geogrfica: melhoria na qualidade de vida das pessoas e proteo

    diversidade biolgica atravs de uma melhor distribuio de assentamentos

    humanos e de atividades econmicas e

    - dimenso poltica: estabilidade poltica, respeitando o direito de todos e criando

    mecanismos de incremento participao da sociedade nas tomadas de deciso.

    Do ponto de vista prtico, segundo Silva (2003), a partir da dcada de 1980, iniciou-se

    a definio de metas ambientais, fazendo com que houvesse maior comprometimento com a

    questo do desenvolvimento sustentvel em todo o mundo. Essas metas ambientais passaram

    a fazer parte de polticas de desenvolvimento de vrios pases, com a publicao da

    Agenda 21, em 1992.

    Houve, a partir de ento, a reinterpretao da Agenda 21 em diversos setores da

    sociedade, inclusive no setor de construo civil. Segundo a referida autora as interpretaes

    mais relevantes no setor foram a Habitat II Agenda e a Agenda 21 on Sustainable

    Construction , de 1999.

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    1.2 CONSTRUO SUSTENTVEL

    A indstria da construo civil e o ambiente construdo so duas peas-chave para odesenvolvimento sustentvel, segundo o International Council for Research and Innovation

    in Building and Construction CIB (1999). Segundo Silva (2003), a indstria da construo

    civil a atividade humana com maior impacto sobre o meio ambiente, j que as etapas de

    execuo, uso e operao, reforma, manuteno e demolio consomem recursos e geram

    resduos que superam a maioria das outras atividades econmicas.

    O conceito de construo sustentvel aponta para diferentes prioridades e metas em

    diferentes locais ou pases. Segundo CIB (1999), os pases que apresentam uma economia

    mais desenvolvida se atm melhoria e implementao de novas tecnologias enquanto pases

    em desenvolvimento focam em igualdade social e sustentabilidade econmica. A Agenda 21

    on Sustainable Construction foi criada em 1999 com o intuito de ser um elo entre as Agendas

    existentes sobre o assunto e Agendas regionais para o ambiente construdo e para o setor da

    construo civil.

    Dessa forma, um dos objetivos da Agenda 21 on Sustainable Construction a

    definio de uma srie de conceitos de sustentabilidade, para que cada pas ou regio possa

    discutir e definir suas prprias prioridades. Dentro desse aspecto, CIB (1999) lista alguns

    pontos principais a serem discutidos para implementao de uma Agenda local:

    - gesto e organizao: engloba os aspectos tcnicos da construo sustentvel,

    alm dos aspectos sociais, legais e econmicos;

    - produto: pensar nas caractersticas do edifcio ou produto para que sejam

    adequadas ao clima local, cultura e tradies construtivas, alm de serem

    adequadas ao estgio de desenvolvimento industrial do pas ou regio;

    - consumo de recursos: medidas economizadoras de energia, reduo das

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    necessidades de transporte, reduo no uso de recursos minerais, utilizao de

    materiais renovveis e reciclveis, escolha do local e gesto do uso da gua;

    - verificao de impactos e cargas ambientais: impactos da construo do edifcio

    na urbanizao de uma rea para as futuras geraes, alm das cargas relacionadas

    produo, operao e demolio do edifcio e

    - aspectos sociais, culturais e econmicos: contribuio para alvio da desigualdade

    social, criao de um ambiente de trabalho saudvel e seguro, distribuio

    igualitria dos custos e benefcios sociais da construo, facilitao da criao de

    empregos, desenvolvimento dos recursos humanos, alm de benefcios financeiros

    comunidade.

    Do ponto de vista prtico, para encorajar a adoo da construo sustentvel, medidas

    devem ser tomadas para que haja mudana na demanda de mercado. Uma maneira que se

    mostra vlida para CIB (1999), a implementao de sistemas de avaliao de

    sustentabilidade e certificao de edifcios. Tais mtodos vm sendo desenvolvidos e

    aplicados em diversos pases europeus, alm do Canad, Estados Unidos, Hong Kong,

    Austrlia e Japo (SILVA, 2003).

    Segundo a referida autora, a base conceitual das primeiras metodologias que surgiram

    na dcada de 1990, para avaliao ambiental de edifcios, o conceito de Anlise do Ciclo de

    Vida. O objetivo era verificar e certificar que iniciativas ditas verdes de fato o eram, atravs

    da criao de edifcios mais durveis, da utilizao eficiente de recursos, do atendimento e da

    adaptabilidade s necessidades dos usurios e da possibilidade de reso e reciclagem de

    componentes.

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    1.3 JUSTIFICATIVA

    1.3.1 Histrico e Estado da Arte

    Segundo Silva (2003), o primeiro sistema de avaliao de sustentabilidade de edifcios

    a ser lanado foi o Building Research Establishment Environmental Method BREEAM, do

    Reino Unido, em 1990. Outras iniciativas importantes so as seguintes:

    - Leadership in Energy and Environmental Design LEED, dos Estados Unidos;

    - Green Building Challenge GBTool, de um consrcio internacional;

    - Hong Kong Building Environmental Assessment Method - HK-BEAM, de Hong

    Kong;

    - PromisE Environmental Classification System for Buildings , da Finlndia;

    - Centre Scientifique et Tecnique du Btiment CSTB Rfrentiel de Certification

    de Btiment Tertiaires - CSTB, da Frana;

    - National Australian Building Environment Rating Scheme NABERS, da

    Austrlia;

    - Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency -

    CASBEE, do Japo.

    No Brasil, dentro do tema avaliao de sustentabilidade de edifcios, Silva (2003)

    elaborou a tese de Doutorado intitulada Avaliao da Sustentabilidade de Edifcios de

    Escritrios Brasileiros: Diretrizes e Base Metodolgica, defendida na Escola Politcnica da

    Universidade de So Paulo. Esse trabalho mostra a necessidade de elaborao de um mtodo

    de avaliao que considere as condies e limitaes brasileiras. Para tanto, foram definidos

    vrios parmetros de sustentabilidade ambiental que, atravs de um processo de julgamento

    de importncia, realizado por vrios profissionais da rea, acabaram por produzir uma

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    proposta inicial para criao de um mtodo de avaliao de sustentabilidade ambiental de

    edifcios de escritrios brasileiros.

    1.3.2 Os sistemas prediais hidrulicos e sanitrios e o conceito de sustentabilidade

    A definio de desenvolvimento sustentvel daWorld Comission on Environment and

    Devolopment aponta para um desenvolvimento econmico e social capaz de atender as

    necessidades desta gerao, no comprometendo o atendimento das necessidades das geraes

    futuras (SILVA, 2003). No setor da construo civil, segundo a referida autora, a

    sustentabilidade fornecer mais valor, poluir menos, ajudar no uso sustentado de recursos,

    responder mais efetivamente s partes interessadas, e melhorar a qualidade de vida presente

    sem comprometer o futuro.

    Diversos estudos apontam a questo da escassez de gua como grande problema para

    as geraes futuras. Do total de gua existente na Terra, a parcela de gua doce corresponde a

    apenas 2,5%, dos quais, apenas 0,001% est disponvel para consumo humano (SAUTCHK,

    2004).

    No Brasil, segundo a referida autora, existe um srio problema de distribuio de gua

    no territrio. O pas detm cerca de 12% da gua doce do mundo, porm 80% deste total est

    localizado na Bacia Amaznica, regio de baixa densidade populacional. May (2004) afirma

    que, em alguns estados brasileiros como Alagoas, Paraba, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande

    do Norte, a disponibilidade hdrica per capita no suficiente para atender a demanda.

    Dentro desse contexto de necessidade de otimizao da utilizao da gua, os esforos

    para economizar gua e para minimizar a gerao de efluentes tm sua importncia ressaltada.

    Segundo Sautchk (2004), no que se refere a edifcios, importante que seja avaliada a

    demanda de gua necessria e o uso de fontes alternativas para atendimento de usos menos

    nobres, de modo a resguardar as fontes de suprimento de gua existentes.

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    A gesto do uso da gua como estratgia de preservao deste recurso vem ao

    encontro do conceito de desenvolvimento sustentvel, uma vez que pretende garantir

    disponibilidade de gua para as geraes futuras e que, sem este recurso, no h possibilidade

    de vida na Terra.

    Dentro deste contexto foi efetuada uma pesquisa bibliogrfica dos principais mtodos

    de avaliao de sustentabilidade ambiental de edifcios de escritrios existentes e dos critrios

    neles constantes referentes aos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios e ao uso da gua. A

    partir disso so efetuadas propostas de itens sobre esse tema a serem considerados em um

    sistema de avaliao de edifcios de escritrios no Brasil.

    1.4 OBJETIVOS

    O objetivo principal do presente trabalho a proposio de critrios de avaliao de

    sustentabilidade ambiental dos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios em edifcios de

    escritrios. Com isso, pretende-se incentivar as prticas de conservao da gua no ambiente

    construdo, alm de ser uma contribuio para a aplicao dos conceitos de sustentabilidade

    ambiental no projeto e execuo desses sistemas na construo civil brasileira.

    Pretende-se chegar a uma lista de critrios de avaliao de sustentabilidade ambiental

    que possa ser utilizada por engenheiros, arquitetos, construtores, projetistas e demais

    envolvidos no setor, quando do projeto e execuo (ou reforma) de sistemas prediais

    hidrulicos e sanitrios de edifcios de escritrios. O objetivo inserir conceitos relacionados

    sustentabilidade ambiental aos projetos e uma maior preocupao com o uso e conservao

    da gua no ambiente construdo.

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    1.5 METODOLOGIA

    Para a proposio de critrios relacionados aos sistemas prediais hidrulicos e

    sanitrios foi efetuada uma pesquisa bibliogrfica dos seguintes mtodos de avaliao de

    sustentabilidade ambiental de edifcios de escritrios:

    - Building Research Establishment Environmental Method BREEAM,

    - Leadership in Energy and Environmental Design LEED;

    - Green Building Challenge GBTool;

    - Centre Scientifique et Tecnique du Btiment CSTB Rfrentiel de Certification

    de Btiment Tertiaires - CSTB;

    - Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency -

    CASBEE.

    Tais mtodos de avaliao de sustentabilidade de edifcios de escritrios foram

    selecionados para fazer parte do presente trabalho por possurem atualizao recente, por

    estarem disponveis em idiomas acessveis e por mostrarem a realidade da construo civil em

    diferentes pases.

    A pesquisa contempla a descrio conceitual dos mtodos estudados (como avaliam) e

    os parmetros de sustentabilidade analisados por esses mtodos (o qu avaliam), focando na

    avaliao de itens relacionados aos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios e ao uso da gua.

    Tais itens foram ento comparados e agrupados em categorias de desempenho, propostos no

    presente trabalho.

    Os critrios de avaliao de sustentabilidade ambiental dos sistemas prediais

    hidrulicos foram ento pesquisados na documentao tcnica e normalizao brasileira com

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    2 SISTEMAS DE AVALIAO DE SUSTENTABILIDADE DE EDIFCIOS: AAVALIAO DOS SISTEMAS PREDIAIS HIDRULICOS E SANITRIOS

    2.1 CONSIDERAES INICIAIS

    Conforme destacado anteriormente a necessidade da avaliao do desempenho

    ambiental de edifcios surgiu quando se constatou que no havia meios de verificar se os

    edifcios intitulados verdes, de fato o eram. E mais alarmante ainda foi a comprovao de

    que os edifcios que supostamente utilizavam os conceitos de construo ambientalmente

    sustentvel, freqentemente consumiam mais energia que aqueles resultantes de prticas

    comuns de projeto e construo (SILVA, 2003).

    Os sistemas de avaliao de sustentabilidade de edifcios foram, em um primeiro

    momento, inspirados na prtica de avaliao de impactos ambientais empregada em produtos

    industrializados. Para tal avaliao, a indstria utilizou o conceito de Anlise do Ciclo de

    Vida que, segundo a referida autora, o procedimento de analisar formalmente a interao

    de um sistema (...) com o ambiente ao longo de todo o seu ciclo de vida, caracterizando o que

    se tornou conhecido como o enfoque do bero ao tmulo. Assim, a anlise do desempenho

    ambiental de edifcios efetuada a partir das aplicaes dos conceitos de anlise do ciclo de

    vida indstria da construo civil.

    Segundo Baldwin apud Silva (2003), a anlise do ciclo de vida proporciona um cunho

    mais cientfico avaliao ambiental, embora haja limitaes por ser este um procedimento

    bastante abrangente. A anlise e quantificao do uso de energia e matria e das emisses de

    um sistema, alm da anlise dos impactos relativos a estes usos durante todo o ciclo de vida,

    desde a extrao at a disposio final, bastante complexa. Apesar disso, segundo Silva

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    (2003), h vantagens concretas, o que faz com que todos os mtodos de avaliao tentem

    incorporar estes conceitos.

    A referida autora destaca tambm que pases como Reino Unido, Alemanha, Sucia,

    Dinamarca, Finlndia, Canad, ustria, Frana, Japo, Austrlia e Estados Unidos possuem

    sistemas de avaliao de sustentabilidade de edifcios. Existem os sistemas orientados para o

    mercado, como o BREEAM (Reino Unido), LEED (Estados Unidos), CASBEE (Japo),

    CSTB (Frana), que possuem uma estrutura mais prtica e por isso de mais fcil aplicao.

    Outros sistemas, como o GBTool (de um consrcio internacional), so orientados para

    pesquisa, apresentando uma metodologia mais abrangente para orientao de novos sistemas.

    Alm desses, existem outros sistemas de avaliao de sustentabilidade ambiental de edifcios

    de escritrios, alguns derivados dos mesmos, outros no possuem atualizao recente e/ou

    esto disponveis em idiomas menos acessveis.

    2.2 BUILDING RESEARCH ESTABLISHMENT ENVIRONMENTAL METHOD BREEAM OFFICES 2004

    O BREEAM ( Building Research Establishment Assessment Method ) foi lanado em

    1990, no Reino Unido, por pesquisadores do BRE ( Building Research Establishment ) e do

    setor privado (BALDWIN et al., 1998). O BREEAM objetiva mostrar caminhos para

    minimizar efeitos adversos dos edifcios nos ambientes local e global, alm de promover um

    ambiente interno saudvel e confortvel.

    Segundo os referidos autores, o mtodo tem significativa penetrao no mercado no

    Reino Unido, alm de servir como base para mtodos de avaliao de sustentabilidade

    ambiental de edifcios em outros pases. Tanto a verso BREEAM 98 quanto a BREEAM

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    Offices 2004 apresentam uma lista de verificao (checklist ), da qual um nmero mnimo de

    itens deve ser atendido. A etapa posterior lista de verificao a contagem de crditos, que

    so ponderados, gerando como resultado um nmero. Este nmero possibilita o

    enquadramento do edifcio em uma das classes de desempenho propostas pelo mtodo. A

    avaliao sempre realizada por avaliadores credenciados pelo BRE, rgo responsvel pela

    especificao dos critrios e mtodos de avaliao e por assegurar a qualidade do processo de

    avaliao utilizado.

    O BREEAM possui uma estrutura de avaliao dividida em 9 categorias principais:

    - Gesto;

    - Sade e conforto;

    - Uso de energia;

    - Transporte;

    - Uso da gua;

    - Uso de materiais;

    - Uso do solo;

    - Ecologia local e

    - Poluio.

    Tendo em vista o escopo do presente trabalho, sero detalhadas as categorias uso da

    gua; gesto; poluio; e sade e conforto. Na categoria uso da gua, a somatria de

    pontos pode chegar a 48 pontos de um mximo de 1062, porm estes nmeros no revelam a

    importncia relativa do item, j que h posteriormente uma ponderao. Segundo Dickie e

    Howard apud Silva (2003), o critrio de ponderao utilizado tem base consensual e resulta

    de trabalho conduzido pelo BRE. Segundo a referida autora, a ponderao resultado de um

    processo de consulta a profissionais no Reino Unido e atualizada periodicamente. De uma

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    maneira geral, desde o incio da utilizao do mtodo, em 1990, o mesmo constantemente

    revisado e estendido ou ampliado. A seguir sero detalhadas as categorias presentes no

    checklist para projeto do BREEAM Offices 2004 (BRE, 2003) que apresentam critrios de

    avaliao referentes aos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios e ao uso da gua, alm da

    pontuao mxima para atendimento dos critrios.

    A) Categoria Gesto pontuao mxima: 24 pontos.

    Especificao de aes consideradas como melhores prticas no que diz

    respeito minimizao de riscos de poluio de guas subterrneas, cursos

    dgua e de sistemas municipais: 8 pontos na avaliao.

    Outras reas que no tratam diretamente dos sistemas prediais hidrulicos, mas que

    tambm os englobam de alguma maneira so avaliadas nesta categoria, como por exemplo, a

    proviso de um guia com informaes para o administrador ou sndico do edifcio. Este guia

    pode estar contido no Manual do Proprietrio e equivale a 16 pontos na avaliao do mtodo.

    B) Categoria Sade e conforto - pontuao mxima: 10 pontos.

    Sistemas de aquecimento de gua projetados para minimizar o risco de

    contaminao porlegionella Pneumophila ou aes que minimizem este risco.

    C) Categoria Uso da gua pontuao mxima: 48 pontos. Consumo previsto:

    - consumo previsto entre 3,15m3 e 3,85m3 por pessoa por ano: 8

    pontos;

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    - consumo previsto entre 1,05m3 e 3,15m3 por pessoa por ano: 16

    pontos;

    - consumo previsto menor que 1,05m3 por pessoa por ano: 24 pontos;

    importante ressaltar que o baixo consumo deve ser consciente, atendendo s

    exigncias dos usurios, sem que haja prejuzo para o desempenho dos sistemas

    prediais hidrulicos e sanitrios.

    Medio de gua:

    - previso de medidores de gua que permitam monitoramento

    remoto cobrindo todo o suprimento do edifcio: 8 pontos;

    Deteco de vazamentos:

    - previso de sistema de deteco de vazamentos (para maiores

    vazamentos), cobrindo os principais pontos: 8 pontos;

    Detectores de presena:

    - previso de detector de presena em todos os mictrios e bacias

    sanitrias: 8 pontos;

    D) Categoria Poluio pontuao mxima: 24 pontos. Previso de sistema de aproveitamento de guas pluviais ou uso de tcnicas

    sustentveis de drenagem de modo a atenuar o escoamento superficial em, no

    mnimo, 50% no perodo de pico, tanto para descarte em cursos naturais de

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    gua, como para descarte nos sistemas municipais de drenagem pluvial: 12

    pontos;

    Previso de sistemas de tratamento de efluentes no local, tais como filtrao e

    separao de leo: 12 pontos.

    2.3 GREEN BUILDING CHALLENGE - GBTOOL

    O Green Building Challenge (GBC) um consrcio internacional que desenvolveu um

    mtodo para avaliao de sustentabilidade de edifcios, o GBTool. O objetivo era a criao de

    um mtodo para avaliao de edifcios que respeitasse diferentes tcnicas e diferenas

    regionais (COLE; LARSSON, 2002).

    Segundo Silva (2003), o GBC no fornece uma certificao de desempenho, pois

    pretende prover uma base metodolgica slida e a mais cientfica possvel, dentro das

    limitaes do estado atual do conhecimento. A avaliao do desempenho ambiental de

    projetos est baseada embenchmarks , ou seja, efetuada uma comparao com desempenhos

    de referncia. Segundo GBC (2004), o projeto no pretende obter resultados imediatos, porm

    acredita que, no longo prazo, o impacto aparecer na forma como os edifcios sero

    projetados.

    O GBC 98 inclua 14 pases e culminou com a Conferncia de Vancouver, em outubro

    de 1998, quando 34 projetos foram avaliados. O GBC 2000 incluiu 18 pases na Conferncia

    da Holanda, examinando 36 projetos de edifcios. Em 2002, 16 pases, incluindo o Brasil,

    participaram da Conferncia do GBC 2002, na Noruega. Para facilitar a sua aplicao, a

    verso do GBC 2002 usou a plataforma Microsoft Excel (COLE; LARSSON, 2002).

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    Segundo os referidos autores, o GBTool 2002 no incluiu nenhum avano conceitual

    frente s verses anteriores. A nfase foi dada no sentido de facilitar e automatizar as entradas

    de dados e o manuseio da ferramenta. O GBC pretende desenvolver uma segunda gerao de

    sistemas de avaliao de edifcios, englobando diferentes prioridades, tecnologias, tradies

    construtivas e valores culturais. At janeiro de 2001, o GBC era conduzido pela Natural

    Resources Canada . A partir dessa data, o iiSBE ( International Initiative for Sustainable Built

    Environment ) foi criado para assumir a administrao e o desenvolvimento do mesmo.

    Os objetivos do GBC e do desenvolvimento do GBTool 2002 so os seguintes (COLE;

    LARSSON, 2002):

    - avanar no estado da arte nas metodologias de avaliao de desempenho

    ambiental;

    - verificar constantemente os assuntos relacionados sustentabilidade de modo a

    assegurar a sua relevncia para os edifcios verdes em geral e para ajudar na

    estruturao de mtodos de avaliao de desempenho ambiental de edifcios;

    - organizar conferncias que promovam trocas entre a comunidade de pesquisa de

    desempenho ambiental de edifcios e profissionais do meio e

    - evidenciar a relao entre a avaliao do desempenho de edifcios e o

    desempenho ambiental de melhor nvel.

    A estrutura de avaliao disposta em quatro nveis (SILVA, 2003):

    - temas principais;

    - categorias e reas de desempenho;

    - critrios e

    - sub-critrios.

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    Os temas principais avaliados pelo GBTool 2002 so os seguintes:

    - Uso de Recursos;

    - Cargas ambientais;

    - Qualidade do Ar Interno;

    - Qualidade dos Servios;

    - Aspectos econmicos e

    - Gesto Pr-Ocupao.

    Os trs primeiros temas so obrigatrios e os trs ltimos, opcionais. Um stimo tema

    (Transporte Regular) est presente, mas no operacionalizado na verso 2002. Cada um destes

    temas principais compreende vrias categorias. Os nveis de critrios e sub-critrios so

    avaliados atribuindo-se valores entre (-2), que representa um desempenho insatisfatrio e (5),

    que representa um desempenho-meta, perfeitamente alcanvel com as tecnologias existentes.

    A pontuao dos critrios obtida atravs da ponderao dos pontos dos sub-critrios, assim

    como a pontuao de cada categoria obtida atravs da ponderao dos pontos de cada um

    dos critrios que a constituem. A pontuao de cada um dos temas principais obtida atravs

    da ponderao dos pontos de suas categorias e, finalmente, a pontuao do edifcio obtida

    atravs da ponderao dos pontos de todos os temas principais, conforme esquema

    apresentado na figura 1:

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    Figura 1 - Estrutura de pontuao do GBTool

    So doze os indicadores de sustentabilidade ambiental avaliados, conforme tabela 2.1:

    Tabela 2.1- Indicadores de sustentabilidade ambiental GBTool 2002Indicadores de sustentabilidade

    ESI-1 Consumo total de energia incorporada1 ESI-2 Consumo anual de energia primria incorporadaESI-3 Consumo anual de energia primria para operao do edifcioESI-4 Consumo anual de energia primria no-renovvel para operao do edifcioESI-5 Consumo anual de energia primria incorporada e para operao do edifcioESI-6 rea de solo consumida pela construo do edifcio e servios relacionadosESI-7 Consumo anual de gua potvel para operao do edifcioESI-8 Uso anual de gua cinza e gua da chuva para operao do edifcioESI-9 Emisso anual de gases de efeito estufa pela operao do edifcioESI-10 Vazamento previsto de CFC-11 equivalente por anoESI-11 Massa total de materiais reutilizados empregados no projeto, vindos do prprio terreno ou de fontes externasESI-12 Massa total de novos materiais (no reutilizados) empregados no projeto, vindos de fontes externasFonte: Adaptado de SILVA (2003).

    1 O termo energia incorporada se refere energia utilizada para extrao, processamento, manufatura etransporte de todos os materiais utilizados na construo do edifcio, enquanto o termo energia para operao serefere energia utilizada durante a operao do edifcio, como em aquecedores, refrigeradores, iluminao eequipamentos (LARSSON, N.). Mensagem recebida por [email protected] em 03 out. 2004.

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    Sub-critrio

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    Pontuaodo edifcio

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    Trs temas principais abordam o consumo de gua (potvel, de reso ou da chuva)

    quais sejam, uso de recursos, cargas ambientais e qualidade dos servios, conforme descrito a

    seguir.

    Um ponto importante e que tambm envolve os sistemas prediais hidrulicos e

    sanitrios, alm de todos os demais sistemas prediais, mencionado no tema Gerenciamento

    pr-ocupao. Este item da ferramenta de avaliao ambiental de edifcios GBTool, alm de

    contemplar aspectos relativos qualidade e controle, enfatiza a preocupao com a operao

    do edifcio, destacando a importncia de treinamento dos usurios e a proviso de projetos dos

    sistemas prediais de acordo com o que foi construdo (as built ).

    A) Uso de recursos

    Na categoria consumo de gua potvel avaliado o volume total anual de gua

    utilizada no edifcio em estudo. A medida de desempenho o consumo anual de gua potvel

    previsto por pessoa (m3/pessoa/ano), desconsiderando o consumo de gua proveniente de

    prticas de reso de gua e de utilizao de gua pluvial, quando houver.

    Para a sua determinao deve-se incluir toda a gua potvel utilizada:

    - na descarga de bacias sanitrias e mictrios e em lavatrios pblicos, menos a

    gua de reso;

    - para outros fins sanitrios;

    - gua potvel empregada na operao de equipamentos do edifcio;

    - em cozinhas para fins comerciais (onde aplicvel);

    - em irrigao paisagstica (menos o uso de gua pluvial para irrigao).

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    Os dados de consumo so derivados de especificaes de uso de gua em

    equipamentos que utilizam gua (consumo/uso), da ocupao prevista, da freqncia de uso

    dos dispositivos que utilizam gua e da estratgia de irrigao paisagstica.

    B) Cargas ambientais

    A categoria de desempenho efluentes lquidos avalia a quantidade de efluentes

    lquidos originados pelo edifcio em estudo. So avaliados o esgoto sanitrio gerado e as

    guas pluviais coletadas, j que se considera a carga na infra-estrutura do local e a posterior

    carga nos sistemas ecolgicos. A avaliao se d atravs de dois critrios:

    - destinao de gua da chuva no local: para evitar carga sobre a infra-estrutura

    local nos perodos de pico e impactos no ecossistema local, como eroso de cursos

    naturais de gua e transbordamento de estaes de tratamento. A medida de

    desempenho o volume de gua de chuva, por unidade de rea, que no ser

    disposta no sistema municipal no perodo de 1 ano (m3/m2/ano);

    - reso de gua no local: este critrio leva em considerao as medidas para

    diminuio da quantidade de esgoto encaminhado rede coletora local. O GBC

    (2002) cita que prefervel a utilizao de tratamento biolgico ao qumico em

    termos de energia necessria e pelos impactos ambientais causados pelos produtos

    qumicos. A medida de desempenho o volume anual de esgoto (gua cinza) que

    no ser encaminhado ao sistema de tratamento de esgoto local (m3/m2/ano).

    A categoria Impactos ambientais no local e nas propriedades adjacentes avalia

    medidas de projeto para reduzir impactos adversos nos edifcios vizinhos ou espaos

    adjacentes ao edifcio. O critrio de desempenho "emisses trmicas em lagos ou aqferos

    subterrneos" o critrio que avalia as condies da gua dentro desta categoria. aplicvel

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    apenas em edifcios que utilizem fontes subterrneas com bombas de calor. Esse critrio

    avalia as medidas de precauo para reduzir emisses trmicas que possam causar mudanas

    na temperatura da gua, o que limitaria o uso pelas propriedades adjacentes, ou seja, medidas

    apropriadas devem ser tomadas para manter as caractersticas de lagos e aqferos, permitindo

    sua utilizao por outros.

    C) Qualidade dos servios

    Dentro deste tema, a categoria Manuteno de desempenho trata da gua e dos

    sistemas prediais hidrulicos atravs do critrio de desempenho Medio e monitoramento

    de desempenho. Esse critrio de desempenho avalia os mecanismos para deteco de

    vazamentos e os procedimentos para consertar estes vazamentos atravs de um sub-critrio de

    desempenho: Proviso de sistema de deteco de vazamentos cobrindo todos os principais

    componentes dos sistemas de distribuio de gua e gs. A medida de desempenho, no caso

    dos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios, o projeto que possibilite a deteco de

    vazamentos dos sistemas hidrulicos.

    2.4 LEADERSHIP IN ENERGY AND ENVIRONMENTAL DESIGN - LEED

    O LEED foi desenvolvido peloU. S. Green Building Council (USGBC) com o

    objetivo de disseminar os conceitos de construo ambientalmente sustentvel para o mercado

    da construo civil nos Estados Unidos. A validade da certificao de 5 anos. Aps este

    perodo deve haver outra avaliao, com diferente foco: a operao e gesto do

    empreendimento (SILVA, 2003).

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    Na verso 2.1 do LEED, no houve mudanas no que se refere aos nveis de

    desempenho, e sim apenas uma simplificao do processo de documentao. Este sistema de

    avaliao de sustentabilidade de edifcios baseado em especificaes de desempenho e a

    avaliao realizada atravs da obteno de crditos para o atendimento de critrios pr-

    estabelecidos. Segundo a referida autora, a referncia dada por princpios ambientais e de

    uso de energia consolidados em normas e recomendaes de organismos de terceira parte com

    credibilidade reconhecida, como a ASHRAE2, ASTM3, USEPA4 e o DOE5.

    O LEED pretende promover a melhoria do bem-estar dos ocupantes do edifcio, gerar

    retorno econmico e desempenho ambiental utilizando prticas reconhecidas e inovadoras,

    padres e tecnologia (USGBC, 2002).

    O critrio mnimo o cumprimento de 7 pr-requisitos. Aps esta etapa, o edifcio

    pode ser avaliado em 69 pontos de 6 reas principais, quais sejam:

    - Stios sustentveis (14 pontos);

    - Uso eficiente de gua (5 pontos);

    - Energia e atmosfera (17 pontos);

    - Materiais e recursos (13 pontos);

    - Qualidade do ambiente interno (15 pontos) e

    - Inovao e processo de projeto (5 pontos).

    O resultado obtido pelo edifcio divulgado conforme apresentado na tabela 2.2.

    2 American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning Engineers.3 American Society for Testing and Materials.4 United States Environmental Protection Agency.5 United States Department of Energy.

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    Tabela 2.2 - Nveis de classificao do LEEDTtulo a ser obtido pelo edifcio PontuaoLEED Certified 26 a 32 pontosSilver 33 a 38 pontosGold 39 a 51 pontos

    Platinum 52 a 69 pontosFonte:USGBC (2002)

    O LEED avalia a maneira como os sistemas prediais hidrulicos so projetados ou

    como ocorre o uso da gua no edifcio explicitamente nas reas stios sustentveis, uso

    eficiente de gua, energia e atmosfera; e indiretamente na rea inovao e processo de

    projeto, onde o edifcio pode ser enquadrado se exceder o desempenho proposto pelo LEED

    para o uso eficiente da gua ou se houver a criao de itens no propostos por este mtodo,como campanhas de conscientizao e educao dos usurios do edifcio.

    A) Stios sustentveis

    Os tpicos que tratam da gua para avaliao de sustentabilidade ambiental dentro

    desta rea so os seguintes:

    controle de eroso e sedimentao: o objetivo reduzir impactos negativos na

    qualidade do ar e da gua. Um dos requisitos a preveno de sedimentao

    (no sistema de drenagem ou em crregos receptores). Este tpico um pr-

    requisito para a certificao no LEED;

    seleo do local: um dos requisitos que o edifcio esteja distante, no mnimo,

    100 ps (30,48 m) de qualquer fonte de gua, incluindo reas inundadas, como

    pntanos;

    gerenciamento de guas pluviais taxa e quantidade: a inteno limitar a

    destruio e poluio de fluxos naturais de gua atravs da administrao do

    escoamento superficial. O requisito para obteno do crdito a apresentao

    de um plano de gerenciamento da gua da chuva;

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    gerenciamento de guas pluviais tratamento: a inteno limitar a degradao

    de fluxos naturais de gua, diminuindo o escoamento superficial, aumentando a

    infiltrao local e eliminando contaminantes. O requisito para obteno do

    crdito neste tpico a construo de um sistema de tratamento da gua da

    chuva, projetado para remoo de 80% dos slidos suspensos totais e 40% de

    fsforo total, com base na mdia dos totais anuais de todas as precipitaes

    menores ou iguais precipitao de 24 horas, com perodo de retorno de 2 anos.

    B) Uso eficiente de gua

    Os tpicos que tratam da gua para avaliao de sustentabilidade ambiental so os

    seguintes:

    paisagismo eficiente com relao gua reduo de 50% no consumo de gua

    potvel: a inteno limitar ou eliminar o uso de gua potvel para irrigao

    paisagstica. Existem duas maneiras possveis, de acordo com o LEED:

    utilizao de tecnologia de alta eficincia para irrigao ou a utilizao de gua

    da chuva ou reso da gua para o mesmo fim. A reduo deve ser de, pelo

    menos, 50% do consumo de gua potvel quando comparada ao modelo

    convencional (sem utilizao de tecnologia de alta eficincia ou de fontes

    alternativas de abastecimento) em qualquer uma das alternativas;

    paisagismo eficiente com relao gua no utilizar gua potvel ou no

    prever sistema de irrigao: a inteno a mesma do tpico anterior e a pontuao somada obtida no mesmo. O projeto que obtiver um ponto neste

    tpico, automaticamente ter um ponto no tpico anterior, j que o requisito a

    utilizao total de fontes alternativas para irrigao paisagstica ou a no

    existncia de sistema para este fim. Deve haver uma discusso completa do

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    sistema de irrigao e no caso de no existncia, deve haver uma explicao de

    como o projeto permite isso;

    inovaes tecnolgicas para as guas servidas: o objetivo reduzir a gerao de

    esgoto e a demanda de gua potvel, e ao mesmo tempo, aumentar a recarga do

    aqfero local. O requisito para obteno de pontuao a utilizao de menos

    gua potvel provida pelo municpio para o edifcio (mnimo de 50%) ou o

    tratamento de 100% do esgoto no local (alcanando um padro de tratamento

    tercirio). Em ambos os casos necessria uma descrio de como ser

    reduzido o consumo ou de como ser realizado o tratamento do esgoto gerado

    no edifcio;

    reduo do uso de gua - 20% de reduo: a inteno maximizar a eficincia

    no uso da gua, reduzindo a carga nos sistemas pblicos de tratamento de

    esgoto. O requisito o emprego de estratgias que reduziro em, pelo menos,

    20% o uso de gua quando comparado ao padro calculado para o edifcio (sem

    contar a gua utilizada para irrigao) atravs doUSA Energy Policy Act , de

    1992.

    reduo do uso de gua - 30% de reduo: a inteno a mesma do tpico

    anterior, ou seja, maximizar a eficincia no uso da gua, reduzindo a carga nos

    sistemas pblicos de tratamento de esgotos. O que muda o requisito para

    obteno da pontuao, que passa a ser uma reduo de, no mnimo, 30% no

    uso de gua quando comparado ao padro calculado para o edifcio. Nestetpico a pontuao tambm somada do item anterior.

    Uma estratgia sugerida pelo LEED nos dois ltimos casos o uso de dispositivos

    economizadores, como mictrios que no utilizam gua, sensores de presena para reduzir a

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    demanda de gua ecomposting toilets . Tambm so sugeridos o reso de gua e a utilizao

    de gua da chuva para fins no potveis, como na descarga de bacias sanitrias e mictrios,

    em sistemas mecnicos e usos seguros.

    C) Energia e atmosfera

    Apenas um dos tpicos trata da gua para avaliao de sustentabilidade ambiental:

    medio e verificao: o objetivo promover a otimizao do desempenho de

    consumo de energia e gua com o tempo. Um dos requisitos a instalao de

    equipamentos de medio de gua (sistemas prediais hidrulicos e de irrigao

    paisagstica). necessrio tambm o desenvolvimento de um plano de medio

    e verificao (monitoramento dos dados). O LEED sugere que se faa a

    modelagem dos sistemas de energia e de gua para que se tenha uma previso

    da economia, alm de projetar o edifcio prevendo equipamentos que meam o

    desempenho quanto ao consumo de gua e energia.

    2.5 CENTRE SCIENTIFIQUE ET TECNIQUE DU BTIMENT CSTBRFRENTIEL DE CERTIFICATION BTIMENT TERTIAIRES

    A certificao foi desenvolvida em 2002 peloCentre Scientifique et Tecnique du

    Btiment (CSTB) com o intuito de atestar o desempenho ambiental de empreendimentoscomerciais e ainda, segundo Cardoso (2003), assegurar que seu desenrolar, da fase de

    programao at a de entrega da obra, se d de modo controlado, garantindo que a qualidade

    esperada seja atingida.

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    O processo da Certificao de Empreendimento Comercial de Elevado Desempenho

    Ambiental est em evoluo e o material a que se teve acesso at o momento o referencial

    CSTB Projet Avril 2004 Rfrentiel de Certification Btiment Tertiaires Dmarche

    HQE - Bureau et Enseignement . Este material possui duas partes integrantes: o referencial

    SMO Systme de Management dOperation ou Sistema de Gerenciamento do

    Empreendimento; e o referencialQEB Qualit Environnementale du Btiment ou Qualidade

    Ambiental do Edifcio.

    O referencial SMO uma peculiaridade da certificao do CSTB. Segundo Cardoso

    (2003), o fato de certificar no somente o edifcio, mas tambm o empreendimento, em todo

    o seu desenrolar, e no apenas em sua fase de projeto, como fazem outras certificaes da

    mesma natureza, uma primeira caracterstica prpria da certificao francesa. Atravs do

    SMO sero declarados aes e fatores que permitiro que os objetivos referentes qualidade

    ambiental do edifcio se realizem durante todo o empreendimento. atravs do SMO que as

    diretrizes de aes a serem tomadas so dadas aos consultores ambientais, engenheiros,

    arquitetos e a todos os profissionais ligados ao empreendimento (CSTB, 2004).

    Cabe ao CSTB a realizao de auditorias no SMO do empreendimento para verificar a

    viabilidade das aes pretendidas no QEB, parte da certificao que trata da qualidade

    ambiental do edifcio. O referencial QEB contm as metas a serem alcanadas pelo

    empreendimento em questes ambientais, sanitrias e de conforto. Para tal, as aes a serem

    empreendidas so divididas em categorias de preocupaes ambientais, sanitrias e de

    conforto, apresentadas na figura 2.

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    1 - Relao do edifcio com seu entorno;2 - Escolha integrada dos produtos, sistemas e processosconstrutivos;3 - Canteiro de obras com baixo impacto ambiental;4 - Gesto da energia;

    5 - Gesto da gua;6 - Gesto dos rejeitos;7 - Gesto da manuteno;8 - Conforto higrotrmico;9 - Conforto acstico;10 - Conforto visual;11 - Conforto olfativo;12 - Qualidade sanitria dos ambientes;13 - Qualidade sanitria do ar;14 - Qualidade sanitria da gua.

    Figura 2 Categorias de preocupao do CSTB

    Destas 14 categorias, 4 devem atender, pelo menos, s exigncias impostas pelo nvel

    de desempenho Performant, e 3 devem atender, pelo menos, s exigncias do nvel de

    desempenhoTr s Performant . As outras 7 categorias devem atender s exigncias do nvel de

    desempenho Base.

    Segundo Cardoso (2003), a certificao, ao estabelecer que todas as categorias

    apresentem um nvel de desempenho igual ou superior Base , acaba por impor que todas elasapresentem um desempenho igual ou superior ao normalizado ou igual ou superior ao

    correspondente s prticas usuais, j que este o nvel de exigncia proposto no nvel Base .

    A hierarquizao das categorias de preocupao ambiental (em Base, Performant e

    Trs Performant ) dever ser justificada a partir da anlise dos seguintes elementos (CSTB,

    2004):

    - poltica ambiental e a parte da QEB referente operao do edifcio (proteo

    ambiental, gesto patrimonial, conforto e sade);

    - necessidades dos usurios;

    - opes funcionais do edifcio;

    Eco-construo

    Eco-gesto

    Conforto

    Sade

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    - anlise do local, amparada por documentos como plantas, fotografias e

    documentao administrativa;

    - inventrio das exigncias legais e regulamentares aplicveis operao e

    - avaliao de custos de investimento e funcionamento.

    O resultado final para o empreendimento a certificao ou no, no havendo nenhum

    nvel hierrquico (maior ou menor desempenho ambiental). As categorias que tratam do

    desempenho relacionado gua e aos sistemas prediais hidrulicos so detalhadas a seguir.

    A) Relao do edifcio: adequao para desenvolvimento urbano sustentvel

    O objetivo assegurar que o projeto se insira de maneira adequada na gesto territorial

    do local (utilizando o conceito de desenvolvimento sustentvel). A subcategoria dividida em

    cinco itens e a gua citada em Participao do esforo coletivo para racionalizar a

    explorao dos recursos locais disponveis. A caracterstica desejada a coerncia com as

    polticas ambientais de energia, de saneamento e de gua. O critrio de avaliao a anlise

    dos dispositivos previstos para otimizar a explorao dos recursos locais disponveis ou

    limitar os efeitos da implantao do edifcio sobre as reservas existentes. Outro item trata das

    inundaes e do tratamento dispensado gua pluvial. O critrio a otimizao da reteno e

    infiltrao da gua da chuva, alm da recuperao da gua de escoamento superficial poluda

    e tratamento anterior ao despejo, em funo da sua natureza.

    H ainda no Referencial QEB exemplos de dispositivos e aes que podem levar ao

    cumprimento dos itens acima. Para obter o nvel Base na subcategoria Adequao para

    desenvolvimento urbano sustentvel, o empreendedor deve fazer com que o edifcio atenda 3

    dos 5 itens acima mencionados. Para obteno do nvel Performant , 4 dos 5 itens devem ser

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    atendidos. O referencial ainda menciona que os itens atendidos devem ter coerncia com o

    que foi planejado no SMO.

    B) Escolha integrada dos produtos, sistemas e processos construtivos.

    Esta categoria diz respeito a todos os sistemas construtivos de um edifcio e seus

    componentes, inclusive os sistemas prediais hidrulicos. Nela so analisados durabilidade,

    adaptabilidade, acessibilidade, impactos ambientais da obra e impactos sanitrios dos

    produtos.

    No que diz respeito gua, a subcategoria Escolha dos produtos da construo de

    modo a limitar os impactos ambientais da obra cita a norma francesa NF P01-010, relativa a

    cargas ambientais dos produtos da construo (sua contribuio a diferentes impactos

    ambientais, inclusive emisses poluentes na gua e o volume consumido de gua).

    O empreendedor deve fazer um clculo da carga ambiental sobre recursos energticos,

    no energticos, mudanas climticas, acidificao atmosfrica e dejetos slidos e ainda

    separar a obra em duas partes ( gros uvre e second uvre 6 ). De acordo com as aes e

    escolhas e com os clculos a serem realizados, h o atendimento dos critrios propostos e o

    enquadramento em um dos nveis ( Base , Performant ou Tr s Performant ).

    C) Canteiro de obras com baixo impacto ambiental:

    Esta categoria interage tambm com a categoria Gesto da gua na subcategoria

    Reduo de danos, poluentes e consumo de recursos do canteiro. Um de seus requisitos a

    limitao da poluio da gua, do ar e do subsolo. Existem ainda no Referencial exemplos de

    aes para limitar a poluio, como a utilizao de produtos menos txicos; etiquetagem para

    identificao dos reservatrios de gua; controle e coleta de efluentes, etc.

    6 Gros uvre corresponde fundao, estrutura, fechamento lateral e cobertura do edifcio. Second uvrecorresponde aos sistemas prediais hidrulicos, sanitrios, eltricos, isolamento trmico, acabamentos, etc.(GLOSSAIRE, 2005).

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    Outro requisito a limitao do consumo dos recursos energia e gua. O Referencial

    tambm cita exemplos, como o uso de dispositivos para economizar gua potvel.

    Para alcanar o nvel Base , um dos 3 requisitos desta subcategoria deve ser atendido.

    Para o nvel Performan t, 2; e, para o nvel Trs Performant , 3.

    D) Gesto da gua.

    O objetivo desta categoria limitar o uso deste recurso natural, os riscos potenciais de

    poluio e de inundao. Para tanto so vistos os seguintes aspectos:

    - uso de gua potvel;

    - gesto das guas pluviais e

    - esgotamento sanitrio.

    O Referencial ressalta ainda a importncia da explorao racional dos recursos

    disponveis e a otimizao da quantidade de gua consumida para os diferentes usos. A

    categoria Gesto da gua interage com o SMO ao tratar da transmisso das informaes

    necessrias aos usurios para a perfeita utilizao dos equipamentos economizadores e

    precaues a serem tomadas.

    Reduo do consumo de gua potvel: o Referencial sugere quatro maneiras de

    economizar gua potvel dentro desta subcategoria:

    - atravs do uso de gua de qualidade inferior quando o uso assim permitir. O aproveitamento de gua pluvial citado e enfatiza-se o

    benefcio dessa prtica ao sistema de drenagem de guas pluviais

    local;

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    - atravs do uso de dispositivos economizadores de gua (de acordo

    com a realidade de utilizao do edifcio);

    - atravs da sensibilizao dos usurios e

    - atravs do monitoramento do consumo de gua a fim de evitar

    desperdcios e vazamentos.

    H alguns itens a serem atendidos:

    reduo das presses maiores que 3 bars (300 kPa);

    otimizao do consumo de gua potvel: aqui h dois nveis que

    podero ser alcanados. No primeiro, devem ser identificadas as

    atividades consumidoras de gua, os pontos de consumo e a

    utilizao de equipamentos economizadores de gua. No segundo e

    mais aprofundado, alm das aes do primeiro nvel, ainda h o

    clculo de consumo de cada ponto de utilizao e uma previso de

    economia anual de gua potvel com o uso de equipamentos

    economizadores de gua e

    limitao do uso de gua potvel: atravs da utilizao de gua no

    potvel para usos que no requerem gua com tal qualidade.

    So citados, de forma indicativa, exemplos de solues economizadoras (tabela 2.3):

    Tabela 2.3 - Exemplos de solues economizadorasUso Soluo economizadora de gua

    Volume de descarga inferior a 7 l e de duplo comandoBacia sanitriaUtilizao de guas pluviaisTorneira com fechamento automticoTorneira com sensor de presenaLavatrioInterveno a fim de limitar a vazo de uso

    Chuveiro Interveno a fim de limitar a vazo de usoIrrigao de espaos verdese limpeza de rea comum

    Utilizao de guas pluviais

    Fonte: CSTB, 2004

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    H ainda uma nota indicativa de consumo de gua em edifcios de escritrios, onde o

    valor apresentado de 20 a 30 l/dia/funcionrio. Segundo Cardoso (2006), este valor

    considera apenas a gua para consumo humano, no considerando torres de resfriamento, porexemplo (informao pessoal)7.

    Otimizao da gesto de guas pluviais

    O anexo A.1 do SMO destaca que a gesto inteligente das guas pluviais

    condicionada pelo conhecimento do contexto de operao: rural ou urbano,

    densidade, potencial pluviomtrico, redes existentes, natureza da gua,

    poluidores potenciais, usos, etc. (CSTB, 2004). Dentro da subcategoria

    Otimizao da gesto de guas pluviais, existem trs itens a serem tratados:

    - gesto da reteno: o nvel de desempenho Base obtido quando a

    vazo mantida ou seu valor fica menor que o inicial. O nvelTrs

    Performant obtido com uma vazo inferior a uma vazo

    correspondente a uma impermeabilizao de 30% da superfcie;

    - gesto da infiltrao: o nvel Base obtido quando o coeficiente de

    impermeabilizao do solo de 40% a 80% e, para reas fortemente

    urbanizadas, uma otimizao do coeficiente de impermeabilizao

    menor que 2%. O nvel Performant obtido quando o coeficiente de

    impermeabilizao do solo de 20% a 40% e, para reas fortemente

    urbanizadas, uma otimizao do coeficiente de impermeabilizao de

    2% a 10%. Por fim, o nvelTrs Performant obtido quando o

    coeficiente de impermeabilizao do solo menor que 20% e, para

    7 CARSOSO, F.F. Mensagem recebida por [email protected] em 17 jan. 2006.

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    reas fortemente urbanizadas, uma otimizao do coeficiente de

    impermeabilizao maior que 10% e

    - gesto das guas superficiais poludas: o nvel Base obtido de

    acordo com as disposies tomadas para recuperar guas superficiais

    potencialmente poludas e do tratamento em funo de sua natureza

    antes do descarte.

    E) Gesto da manuteno: esta categoria objetiva garantir a permanente manuteno do

    desempenho ambiental e sanitrio do empreendimento. Segundo Cardoso (2003), esta

    categoria visa destacar a importncia de se conceber um edifcio de modo que seu uso, sua

    manuteno e sua limpeza sejam facilitados.

    Manuteno do desempenho dos sistemas de gesto de gua: simplicidade de

    concepo, meios para assegurar o desempenho e facilidade de acesso. Os

    critrios para enquadramento em cada um dos nveis so:

    - Base : se na categoria Gesto da gua foi obtido o nvelTrs

    Performant , o mnimo aceitvel que duas das trs caractersticas

    acima (simplicidade de concepo, meios para assegurar desempenho

    e facilidade de acesso) sejam atendidas. Ou seja, o edifcio no

    poder, na subcategoria Manuteno do desempenho dos sistemas

    de gesto de gua, obter o nvel Base . Se na categoria Gesto da

    gua o empreendimento no obteve o nvelTrs Performant , apenasuma das caractersticas tem que ser atendida para obteno do nvel

    Base ;

    - Performant : duas das caractersticas devem ser atendidas e

    - Trs Performant : as trs caractersticas devem ser atendidas.

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    F) Qualidade sanitria da gua: trata da qualidade da gua destinada ao consumo humano, que

    deve respeitar os critrios de potabilidade e de adequao a certos parmetros de uso.

    Segundo Cardoso (2003), esta categoria pretende assegurar a qualidade dos sistemas prediais,

    limitando riscos sanitrios.

    A certificao cita os cinco principais elementos que contribuem para a alterao

    microbiolgica ou qumica da gua no sistema:

    - alterao de materiais;

    - ligaes acidentais;

    - retorno de gua;

    - pouco controle do funcionamento hidrulico e da temperatura e

    - patologias como corroso e incrustao.

    Para garantir que alteraes na qualidade da gua no ocorram, as seguintes

    subcategorias so propostas pela certificao francesa:

    Qualidade e durabilidade dos materiais empregados nos sistemas prediais:

    escolha dos materiais conforme a regulamentao sanitria: todos

    os componentes dos sistemas prediais hidrulicos devem ter obtido

    uma autorizao de conformidade sanitria (ACS) de acordo com a

    regulamentao francesa de 29 de maio de 1997; escolha de materiais compatveis com a natureza da gua

    distribuda: o emprego dos materiais componentes dos sistemas

    prediais hidrulicos no deve interferir nas condies fsico-qumicas

    da gua a ser consumida. A certificao ainda cita alguns parmetros

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    que devem ser assegurados de acordo com o emprego de materiais

    como o cobre, PVC, ao galvanizado, etc.;

    respeito s normas que se referem aos materiais utilizados.

    Organizao e proteo dos sistemas prediais hidrulicos: o objetivo desta

    subcategoria que a concepo proposta assegure que os sistemas prediais que

    transportam gua potvel sejam claramente distinguidos de outros sistemas

    (por exemplo, do sistema predial de guas pluviais, de gua de reso ou de

    gua proveniente de outras fontes alternativas como poos), reduzindo riscos

    de ligao acidental e contaminao da gua potvel transportada.

    separao dos sistemas prediais que transportam gua potvel de

    sistemas que transportam gua no-potvel: usar diferentes cores para

    identificao dos sistemas, conformeGuide Tecnique n 1 de 29 de

    janeiro de 1993. No caso de utilizao de uma fonte no autorizada,

    deve haver separao total dos sistemas para que no ocorram

    conexes cruzadas;

    proteo das conexes dos diferentes sistemas.

    Controle da temperatura nos sistemas prediais hidrulicos: esta subcategoria

    visa minimizar riscos relacionados legionella Pneumophila e a acidentes com

    queimaduras. Segundo o CSTB (2004), para inibir o desenvolvimento da bactria, interessante que as temperaturas sejam superiores a 50C, o que

    aumenta os riscos de ocorrncia de acidentes envolvendo queimaduras. A

    inteno conciliar os dois objetivos que se contradizem:

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    isolar o sistema predial de gua fria do sistema predial de gua

    quente;

    manter todo o sistema predial de gua quente a uma temperatura

    tima: em todos os pontos a temperatura deve estar acima de 50C,

    exceto nas duchas, onde a temperatura deve estar limitada a 50 e

    controle da manuteno da temperatura: ter sistema de controle e

    gesto.

    Controle de tratamentos anti corroso e anti incrustao: o objetivo garantir a

    higiene dos sistemas prediais hidrulicos:

    otimizao do tratamento anti corroso e/ou anti incrustao:

    adequao do tratamento natureza da gua e aos materiais

    componentes dos sistemas prediais hidrulicos;

    controle do desempenho dos tratamentos anti corroso e anti

    incrustao: emprego de tubulao e torneiras para medio do

    desempenho dos tratamentos.

    .

    No caso dessa categoria, para todos os itens propostos dentro de cada subcategoria, h

    apenas a possibilidade de enquadramento ou no. Dessa forma, ou o empreendimento atende

    ao proposto em cada um dos itens ou no, no existindo neste caso os nveis Base , Performant

    ou Trs Performant.

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    2.6 COMPREHENSIVE ASSESSMENT SYSTEM FOR BUILDINGENVIRONMENTAL EFFICIENCY - CASBEE

    O Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency

    (CASBEE) um mtodo desenvolvido no Japo pelo Japan Sustainable Building Consortium

    - JSBC, e apresenta quatro ferramentas de avaliao ambiental:

    - 0: avaliao pr-projeto;

    - 1: projeto para o ambiente (Dfe);

    - 2: certificao ambiental e

    - 3: avaliao ps-projeto.

    Utiliza o conceito de Eficincia Ambiental do Edifcio (BEE) para tornar claros os

    resultados da avaliao e tornar mais simples a sua divulgao (JSBC, 2003). O BEE

    resultado da seguinte diviso:

    BEE = Qualidade e desempenho ambiental do edifcioCargas ambientais geradas pelo edifcio

    Para mensurar cargas ambientais e qualidade, proposto o uso do conceito de limite

    hipottico para avaliar sistemas fechados (que seria o limite do terreno). Com esse conceito

    possvel definir cargas ambientais do edifcio (impactos negativos que se estendem para fora

    do limite hipottico do sistema fechado) e qualidade e desempenho ambiental (melhoria na

    qualidade de vida dos usurios).

    As categorias e subcategorias referentes a desempenho e qualidade so:

    Q-1: Ambiente interno:

    1. Rudo e acstica;

    2. Conforto trmico;

    3. Iluminao e

    (1)

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    4. Qualidade do ar.

    Q-2: Qualidade dos servios:

    1. Funcionalidade, aconchego;

    2. Durabilidade e confiabilidade e

    3. Flexibilidade e adaptabilidade.

    Q-3: Ambiente externo ao terreno:

    1. Manuteno e criao de ecossistemas;

    2. Paisagismo e

    3. Caractersticas locais e cultura.

    As categorias e subcategorias referentes reduo das cargas ambientais geradas pelo

    edifcio so:

    LR-1: Energia:

    1. Carga trmica do edifcio;

    2. Utilizao de energia natural;

    3. Eficincia dos sistemas prediais e

    4. Operao eficiente.

    LR-2: Recursos e materiais:

    1. gua e

    2. Uso de materiais de baixa carga ambiental.

    LR-3: Ambiente externo ao terreno:

    1. Poluio do ar;

    2. Rudos e odores;

    3. Acesso ventilao;

    4. Acesso iluminao;

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    Q U A L I D A D E E D E S E M P E N H O

    A M B I E N T A L

    50

    100 BEE= 1,0BEE= 1,5BEE= 3,0

    5. Efeito ilha de calor e

    6. Carga na infra-estrutura local.

    A estrutura de avaliao e a apresentao de resultados do CASBEE derivam do

    GBTool, sendo que cada item avaliado recebe uma pontuao em termos de qualidade e

    desempenho e de reduo das cargas ambientais. A seguir, ocorre a ponderao dentro da

    categoria correspondente (SILVA, 2003).

    Segundo a referida autora, os resultados so comunicados na forma de valores

    numricos, em grficos de radar, colunas e atravs do diagrama de eficincia ambiental do

    edifcio (figura 3), sendo o desempenho ambiental do edifcio classificado em Superior (S), A,

    B+, B- ou C.

    Figura 3 Exemplo: diagrama de eficincia ambiental do edifcio (BEE)Fonte: Adaptado de JSBC (2003).

    O tratamento dispensado gua e aos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios pelo

    CASBEE na ferramenta Dfe (ferramenta de projeto para o ambiente) apresentado a seguir.

    Esta ferramenta visa avaliar edifcios novos e auxiliar na melhoria da eficincia ambiental dos

    edifcios na etapa de projeto.

    CARGAS AMBIENTAIS

    BEE= 0,5C

    50 100(0,0)

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    As categorias e subcategorias referentes a desempenho e qualidade que tratam do uso

    da gua e dos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios so as seguintes:

    A) Qualidade dos servios:

    A.1) Durabilidade e confiabilidade

    Vida til dos componentes:

    Um dos itens o intervalo de renovao para equipamentos e servios

    necessrios ao funcionamento do edifcio e trata do desempenho dos

    equipamentos e servios necessrios ao funcionamento de edifcios de

    escritrios, como transformadores e receptores de energia, geradores,boilers,

    chillers , equipamentos de ar condicionado, reservatrios e sistemas elevatrios

    de gua, etc.

    O desempenho esperado dividido em cinco nveis, em funo do intervalo de

    renovao (tempo que levar at que o equipamento tenha que ser reformado

    ou substitudo por outro):

    1 intervalo de renovao de 7 anos;

    2 intervalo de renovao de 7 a 15 anos;

    3 intervalo de renovao de 15 anos;

    4 intervalo de renovao de 15 a 30 anos;

    5 intervalo de renovao de 30 anos ou superior.

    Confiabilidade

    Um de seus itens trata do abastecimento de gua e drenagem, avaliando os

    seguintes aspectos:

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    - uso de equipamentos economizadores de gua;

    - sistemas prediais hidrulicos projetados de forma que no fiquem

    inoperantes na ocorrncia de um desastre (terremotos, por exemplo),

    ou seja, deve ser prevista a separao fsica entre os sistemas;

    - previso de fossa para armazenamento de esgoto sanitrio para o

    caso da rede de coleta pblica estar fora de funcionamento aps um

    desastre;

    - previso de dois reservatrios de gua, sendo um deles, elevado;

    - planejamento de uso de gua de fontes alternativas (nascentes, gua

    de chuva, reso de gua, etc.);

    - previso de um tanque para armazenamento de gua pluvial para

    prover gua na ocorrncia de um desastre e

    - o edifcio deve ser equipado com sistema de filtragem simples que

    permita o uso de gua pluvial para fins potveis na ocorrncia de um

    desastre.

    O desempenho esperado classificado apenas nos nveis 3, 4 e 5, sendo que os

    nveis 1 e 2 no existem, ou seja, no so aplicveis a este item:

    1 no aplicvel;

    2 no aplicvel;

    3 aplicvel a 1 aspecto dos citados anteriormente;

    4 aplicvel a 2 aspectos dos citados anteriormente e

    5 aplicvel a 3 ou mais aspectos dos citados anteriormente.

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    A.2) Flexibilidade e adaptabilidade

    Adaptabilidade das Facilidades:

    Um dos requisitos a facilidade de reformas nos sistemas prediais de gua fria,

    quente e de esgoto sanitrio. De acordo com as caractersticas dos sistemas

    prediais hidrulicos, os seguintes nveis podem ser alcanados:

    1 a tubulao no pode ser substituda sem danificar os elementos

    estruturais (vigas, pilares e alvenaria estrutural);

    2 em alguns casos a tubulao pode ser trocada sem danificar

    elementos estruturais, com o uso de luvas, porm este mtodo no

    aplicado a todos os tubos;

    3 foram previstos espaos para reforma de modo que toda a

    tubulao possa ser substituda sem danificar elementos estruturais;

    4 tubulao embutida em dutos ou no forro, de modo que toda a

    tubulao possa ser substituda sem danificar elementos estruturais ou

    acabamentos e

    5 sistemas isolados e outras medidas que permitam fcil

    substituio da tubulao sem danificar acabamentos.

    As categorias e subcategorias referentes reduo das cargas ambientais geradas pelo

    edifcio e que tratam do uso da gua e dos sistemas prediais hidrulicos e sanitrios so asseguintes:

    A) Recursos Materiais:

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    A.1) gua:

    Economia de gua: avalia os mtodos para economizar gua instalados no

    edifcio, sendo os seguintes os nveis de classificao:

    1 no h sistemas para economizar gua;

    2 no aplicvel;

    3 a maioria das torneiras so equipadas com dispositivos

    economizadores;

    4 alm de dispositivos economizadores nas torneiras, uso de outros

    equipamentos economizadores, como bacias sanitrias com descarga

    de volume reduzido oudual-flush e flush-mimicking sound system e

    5 no aplicvel.

    O flush-mimicking sound system um dispositivo utilizado no Japo devido a

    um hbito peculiar de algumas mulheres naquele pas que costumam acionar a

    descarga da bacia sanitria enquanto a utilizam. Segundo Yoshizawa (2006),

    este hbito gera um grande desperdcio de gua em edifcios comerciais e de

    escritrios, por isso alguns empreendedores prevem a instalao de um

    dispositivo que emite um rudo similar ao do de fluxo de gua, conforme

    ilustrado na figura 4 (informao pessoal)8.

    8 YOSHIZAWA, N.CASBEE information desk . Mensagem recebida por [email protected] em 18 jan. 2006.

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    Figura 4 Flush-mimicking sound systemFonte: Yoshizawa (2006)

    Aproveitamento de gua pluvial e reso de gua:

    Um dos requisitos a avaliao dos sistemas de utilizao de gua pluvial. Os

    nveis de classificao so os seguintes:

    1 no aplicvel;

    2 no aplicvel;

    3 no h sistema de uso da gua pluvial;

    4 h sistema de uso da gua da pluvial (com taxa menor que 20%) e

    5 uso da gua da pluvial de, no mnimo 20%.

    O clculo da taxa de uso da gua pluvial efetuado pela seguinte frmula:

    Onde o volume total previsto de uso de gua inclui a gua potvel e a gua

    pluvial a ser utilizada no edifcio.

    Taxa de uso dagua da chuva =

    Volume previsto de uso de gua pluvialVolume total previsto de uso de gua

    (2)

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    Outro requisito a avaliao do sistema de reso da gua do edifcio, sendo

    que a classificao se d nos seguintes nveis:

    1 no aplicvel;

    2 no aplicvel;

    3 no h sistema de reso da gua;

    4 uso de guas cinza e

    5 uso de guas cinza e previso de sistema de reso de guas

    negras.

    B) Ambiente externo ao terreno:

    B.1) Efeito ilha de calor: cita-se nessa subcategoria apenas uma das medidas de

    conteno da formao das ilhas de calor que a previso de espaos verdes e

    de um corpo dgua no terreno. Dentro deste item principal, um dos itens

    secundrios o uso de irrigao utilizando gua pluvial e de esgoto (reso da

    gua).

    B.2) Carga na infra-estrutura local: o edifcio impe cargas na infra-estrutura do

    local onde o mesmo se insere, no que se refere ao abastecimento de gua e de

    energia, tratamento de esgoto, trfego e transporte, disposio de lixo e drenagem

    pluvial. Como o uso de energia e de gua so tratados respectivamente em LR-1

    Energia e LR-2 Recursos e materiais, as cargas na infra-estrutura local avaliadas

    nesse item so as seguintes:

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    - de drenagem;

    - de tratamento de esgoto;

    - de transporte e

    - de tratamento de lixo.

    Para o enquadramento do projeto em um dos nveis h uma tabela de requisitos a

    serem atendidos, dependendo do tipo do edifcio. Para edifcios de escritrio, os

    requisitos referentes carga provocada pelo uso da gua so os relacionados na

    tabela 2.4:

    Tabela 2.4 - Crditos referentes aos esforos para evitar a carga na infra-estrutura local no que se refere ao usoda gua

    Nvel dos esforosAlto Baixo Nenhum

    I. Esforos para reduzir cargas de drenagem pluvial1) Medidas para encorajar a percolao da gua no solo 2 1 02) Medidas para deteno temporria da gua da chuva 2 03) Outro 2 1 0II. Esforos para reduzir cargas de tratamento de esgoto4) Observao de padres de qualidade da gua descartadaobservando leis locais (quando o descarte em rede pblica)

    Obrigatrio

    5) Para instalao de tanques spticos, o desempenho deveser acima do padro local de qualidade da gua

    2 1 0

    6) Uso de sistemas de reso da gua (reduo do volume deesgoto reduz a carga de tratamento de esgoto)

    2 1 0

    7) Outro 2 1 0Fonte: Adaptado de JSCB (2003).

    Esforos

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    So computados o nmero mximo de crditos que podem ser alcanados e o

    nmero de crditos efetivamente alcanados para realizar posteriormente a

    seguinte diviso:

    A partir dessa taxa, a subcategoria Carga na infra-estrutura local pode ser

    classificada em um dos nveis a seguir:

    1 mai