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1 Unidade 2 MEDIAÇÃO DE CONFLITOS Resolução alternativa de conflitos: técnicas e aplicação Maria Florencia Aviles Mediação como importante estratégia de resolução de conflitos A mediação é estabelecida como caminho intermediário entre os métodos informais de resolução de conflitos e os métodos formais. Geralmente, os métodos informais acontecem entre grupos de familiares, de amigos e de trabalho, onde não há regras estabelecidas nem terceiros envolvidos para ajudar em sua solução. Entre os métodos formais temos o julgamento. Essa definição, portanto, guarda relação com a ideia da mediação como alternativa ao processo judicial. Em um sentido mais amplo, podemos citar a definição que Lascoux (2006) propõe sobre a mediação como a arte da comunicação: “a mediação baseia-se na arte da linguagem para permitir a criação ou recriação da relação. Implica a intervenção de um terceiro interveniente neutro, imparcial e independente, o mediador que desempenha uma função de intermediário nas relações. Operacionaliza a qualidade da relação e da comunicação” 1 . Existem, contudo, concepções e aplicações muito diversas ao termo. Entre as mais difundidas podemos colocar: “A mediação é um processo no qual um terceiro, que é neutro, busca facilitar a solução de um conflito sem estabelecer a so lução”... “Processo informal que tem como objetivo ajudar as partes a atingir um acordo benéfico para as duas”. Sharon Press 2 “A mediação é um processo que se constrói continuamente, sendo seu objeto a disputa. Defino a disputa como um momento do conflito, mas não um momento estático porque ela também é um processo (...) onde a relação encontra-se rígida (...) o que impede visualizar novas opções de solução à situação”. Marinés Suárez (2005, p. 265-266) 1 Definição oferecida no site http://www.forum-mediacao.net/module2display.asp?id=39&page=2 2 Em material oferecido na formação básica de mediadores. Colégio de Abogados de Córdoba, Argentina.

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Unidade 2

MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Resolução alternativa de conflitos: técnicas e aplicação

Maria Florencia Aviles

Mediação como importante estratégia de resolução de conflitos

A mediação é estabelecida como caminho intermediário entre os métodos informais de

resolução de conflitos e os métodos formais. Geralmente, os métodos informais

acontecem entre grupos de familiares, de amigos e de trabalho, onde não há regras

estabelecidas nem terceiros envolvidos para ajudar em sua solução. Entre os métodos

formais temos o julgamento.

Essa definição, portanto, guarda relação com a ideia da mediação como alternativa ao

processo judicial. Em um sentido mais amplo, podemos citar a definição que Lascoux

(2006) propõe sobre a mediação como a arte da comunicação: “a mediação baseia-se

na arte da linguagem para permitir a criação ou recriação da relação. Implica a

intervenção de um terceiro interveniente neutro, imparcial e independente, o

mediador que desempenha uma função de intermediário nas relações. Operacionaliza a

qualidade da relação e da comunicação”1.

Existem, contudo, concepções e aplicações muito diversas ao termo. Entre as mais

difundidas podemos colocar:

“A mediação é um processo no qual um terceiro, que é neutro, busca facilitar a solução

de um conflito sem estabelecer a solução”... “Processo informal que tem como objetivo

ajudar as partes a atingir um acordo benéfico para as duas”. Sharon Press2

“A mediação é um processo que se constrói continuamente, sendo seu objeto a disputa.

Defino a disputa como um momento do conflito, mas não um momento estático porque

ela também é um processo (...) onde a relação encontra-se rígida (...) o que impede

visualizar novas opções de solução à situação”. Marinés Suárez (2005, p. 265-266)

1 Definição oferecida no site http://www.forum-mediacao.net/module2display.asp?id=39&page=2 2 Em material oferecido na formação básica de mediadores. Colégio de Abogados de Córdoba, Argentina.

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“Proporcionar um processo no qual as partes podem se educar com relação ao conflito,

indagando sobre as diferentes alternativas que têm para resolvê-lo”. A. Floyer Acland3

Para Rubén Calcaterra, a mediação é definida como uma metáfora que ainda se encontra

em fase de construção “la mediación, es todavia, uma metáfora utilizada para indicar

um médio de resolución de disputas (...) cuyo contenido y práctica constituyen

contextos a construir”. Para este autor, este é um processo estratégico-político que

introduz a idéia que “la acción escapa a la voluntad del actor político para entrar en el

juego de las interacciones del conjunto de la sociedad”. (2006, p. 31).

Como veremos na seção Modelos de Mediação, todas estas conceitualizações são

produto desses modelos, mas compartilham a idéia de que a mediação é um processo

que envolve um terceiro, o qual, mediante diversas estratégias e técnicas, tenta

contribuir na solução de uma situação conflituosa.

Desta maneira, estes componentes, junto com a comunicação, irão compor a base

teórica desse campo de estudo, os quais serão brevemente descritos mais adiante.

Existe um conhecido exemplo que ilustra o objeto da mediação: o exemplo da laranja.

Duas pessoas brigam por uma laranja. Uma delas quer obtê-la para tomar seu suco. A

outra quer a casca para fazer doce. Se recorressem à justiça, além de aguardar um bom

tempo até a sentença ser pronunciada, provavelmente o juiz entregaria a laranja a quem

considerasse com mais direito ou necessidade. Assim, essa pessoa obteria “100%” da

laranja, mas utilizaria somente 50%. Porém, se as duas pessoas recorressem à mediação,

elas mesma,s com a ajuda do mediador, chegariam à própria solução: uma fica com a

casca e a outra fica com o resto. Assim, as duas pessoas obteriam 100% daquilo que

estavam necessitando. Nessa decisão, todos saem ganhando.

Portanto, a mediação é um processo direcionado para que as partes procurem a solução

mais satisfatória, a partir da facilitação de um terceiro. Elas são as verdadeiras

protagonistas e as que têm o poder de decisão, ficando assim o mediador

impossibilitado de obrigá-las a cumprirem algo segundo o seu desejo. Nesse sentido,

isso diferencia a mediação da arbitragem. Para uma melhor compreensão do seu

3 Em material oferecido na formação básica de mediadores. Colégio de Abogados de Córdoba, Argentina.

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funcionamento, torna-se necessário entender os elementos ou requisitos que a

constituem: a voluntariedade, a confidencialidade, a imparcialidade e a flexibilidade.

A voluntariedade é baseada na livre escolha das partes em começar, continuar e

finalizar o processo. Em caso de se chegar num acordo, este será produto das “livres”

negociações das partes. Este componente é fundamental para a eficácia da mediação.

Em alguns países, como os Estados Unidos, as partes estão obrigadas a “tentar um

acordo de mediação”, mas se esse intento não prosperar, elas podem desistir.

A confidencialidade se refere ao caráter privado do processo, significando que nem as

partes nem os mediadores podem divulgar publicamente tudo o que se realiza na

mediação. No caso em que o assunto continue pela via judiciária, o mediador não pode

ser chamado como testemunha.

A imparcialidade, ou neutralidade, é uma caraterística do terceiro, o mediador. Este

não pode influenciar as partes a adotar uma solução, mesmo que esta lhe pareça a mais

razoável ou mais equitativa.

A flexibilidade significa que as etapas que definem o processo não saõ estáticas e que

cada mediação é diferente da outra, dependendo do mediador e das partes.

Por conseguinte, a mediação pode ser caraterizada como:

Um processo de condução de conflitos mais formal que alguns processos

informais, porém mais informal que alguns processos formais;

Geralmente, são os mediadores que definem o processo juntamente com as

partes. Existem leis que estabelecem alguns requisitos formais, como à

voluntariedade, a confidencialidade, a imparcialidade, a flexibilidade, a

seleção dos mediadores, os prazos, e outros, porém o processo pode ser definido

de diferentes formas, segundo cada mediador;

Em alguns países, ou estados, é estabelecida a mediação judicial como

instância prévia ao julgamento, mesmo assim, não é obrigatório se chegar ao

final do processo;

Mais econômico que um julgamento, mas mais oneroso que uma

negociação, já que o mediador recebe honorários;

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O primeiro objetivo no processo de mediação consiste em que as partes superem suas

emoções negativas e sejam capazes de definir seus interesses e necessidades. Assim, o

processo pode ser abordado mediante as seguintes etapas (Suárez; 2005):

1. Criação de espaços de definição dos requisitos do processo

2. Definição dos problemas

3. Criação de opções e alternativas

4. Negociação e tomada de decisões

5. Elaboração de um plano de acordo

6. Revisão legal do mesmo (esta etapa geralmente depende da presença dos advogados

das partes. No caso da mediação extrajudicial ou comunitária, por explo, as partes

geralmente chegam sem representantes legais)

7. Aplicação do acordo

Importante esclarecer que este é um processo dialógico e não linear. As etapas

apresentadas não seguem uma sequência, já que a confiança deve ser mantida ao longo

de todo o processo e este não necessariamente finaliza na aplicação do acordo. Muitas

vezes as partes regressam à mediação para reelaborar o acordo.

Um pouco de história: o surgimento da mediação

A mediação, como alternativa para resolução de controvérsias, na qual uma ou várias

pessoas ajudam outras a tomar suas próprias decisões, não é uma criação atual. É uma

adaptação moderna das antigas culturas, sociológica e historicamente diferentes umas

das outras (Suárez, 2005, p. 45-50).

Confúcio falava sobre a harmonia natural nas relações humanas que não devia ser

interrompida: a melhor solução para um conflito devia ser lograda mediante a persuasão

moral e em um acordo não baseado na coação.

Na China e Japão, a mediação tem uma tradição desde a antiguidade. Em algumas

partes de África, continua-se convocando assembléias onde uma pessoa, respeitada pela

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comunidade, atua acercando as pessoas e ajudando-as, de maneira colaborativa, a

resolverem seus problemas.

Praticamente, em todos os grupos têm existido sistemas de resolução de conflitos. Por

exemplo, os ciganos os resolvem por meio dos membros mais velhos da comunidade.

A mediação, como hoje é definida, surgiu nos Estados Unidos por volta de meados dos

anos 1970, como resposta à demanda social de estabelecimentos de meios alternativos

para conciliação. O contexto da época era caraterizado por protestos estudantis, raciais,

lutas pelos direitos civis, o movimento de liberação da mulher, a guerra de Vietnam, e

outros. Nesse cenário, nasceu a mediação como uma nova instituição voltada para a

resolução alternativa de conflitos. Sua expansão foi muito rápida, incorporando-se ao

sistema legal. Em alguns estados, como o da Califórnia, é considerada como instância

obrigatória prévia ao julgamento (Suárez, 2005, p.45-50).

Na Europa, a Inglaterra é a pioneira na década de 1970, iniciando como uma atividade

de um pequeno grupo de advogados independentes.

Na América Latina, as praticas de mediação começaram na década de 1990. Na

Argentina, está regulamentada e, em 1995, estabeleceu-se sua obrigatoriedade em

determinados casos patrimoniais e familiares, iniciados pela instância judicial. Assim,

existe um sistema de mediação judicial e outro extrajudicial, ambos os processos estão

regulamentados, como também as práticas e a formação dos mediadores, existindo,

inclusive, associações para estes profissionais.

No Brasil, a introdução do termo mediação no ordenamento jurídico data de 1988, com

a Constituição, como a expressa Adolfo Braga Neto (2010),

“Em 1988, os parlamentares responsáveis pela elaboração da Carta

Magna brasileira deram os primeiros passos para criação de um

ambiente favorável a iniciativas legislativas específicas com vistas à

implementação de instrumentos mais pacificadores de conflitos para a

sociedade brasileira, ao estabelecerem, no preâmbulo da Constituição

Federal, que o Estado Brasileiro está fundamentado e comprometido

‘na ordem interna e internacional com a solução pacífica das

controvérsias’. Após o advento da Constituinte, observa-se esta

tendência na legislação nacional. Como exemplo disso, dentre outras,

podem ser citadas as leis 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis e

Criminais), 9.307/96 (Arbitragem), 9.870/99 (Mensalidades

Escolares), 10.101/00 (Participação nos Resultados das Empresas) e

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10.192/01 (Medidas Econômicas Complementares ao Plano Real)” (p.

23).

Você pode consultar o artigo de Humberto Dalla Bernardina de Pinho

sobre a evolução da mediação no direito brasileiro em A mediação no

direito brasileiro.pdf

No artigo de Pereira (2006), você pode tomar contato com a análise do anteprojeto de

lei No. 4827/98, proposto em 1998, sobre o debate legal, à época em relação ao tema da

mediação, em Análise sobre proposta de PL de mediação de 1998.pdf.

No link a seguir, você poderá complementar a leitura oferecida por Adolfo Braga Neto

com as mais recentes discussões do CNJ sobre a aplicação e difusão da mediação como

método alternativo de resolução de conflitos e fundamentalmente, a sua utilidade para

desafogar os tribunais, em http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2013-09-

16/cnj-estimula-mediacao-para-desafogar-justica.

O debate mais recente pode ser acompanhado pela reportagem sobre o projeto que está

sendo debatido no Senado, com entrada em 2013. Veja o link para acesso à reportagem.

http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/10/governo-quer-mediacao-obrigatoria-para-

acelerar-processos-no-judiciario.html

Acesse a proposta do projeto em discussão PL mediação no senado - set. 2013.pdf

Modelos de mediação

Existem, principalmente, três modelos de mediação utilizados pelos operadores de

conflitos: tradicional-linear, mais conhecido como o modelo de Harward, circular

narrativo e o dialógico/transformador. Como você poderá observar, no quadro

abaixo, esses modelos possuem concepções diferenciadas sobre o conflito, perseguindo

diferentes objetivos e reforçando algumas técnicas mais do que outras.

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Modelos Harward Circular-

narrativo

Dialógico/

Transformativo

Principais

autores

Fisher, Ury; Rafia

Antonio Vidal

Sara Cobb; Marinés

Suares; Cristian

Chambert

Folguer, Busch;

Léderach, Sergi Farré

Objetivos - Conseguir o acordo

- Lógica ganhar/ganhar

- Diminuir as diferenças

- Trabalhar a

comunicação,

modificando as

narrativas para

assim conseguir

mudança da

realidade.

- Trabalhar as

diferenças para

mudar o conflito e o

relacionamento entre

as pessoas. Pretende

não somente mudar

as situações, mas

também as pessoas.

Processo

de

Mediação

Envolve 7

componentes:

interesses, critérios,

alternativas, opções de

acordos,

comprometimento,

relacionamento e

comunicação.

Realizado em 4

etapas: reunião de

apresentação e

enquadramento do

processo; entrevista

sobre os diferentes

pontos de vista;

fomento da

criatividade para a

resolução da

situação; criação de

uma história

alternativa

(mudança no ponto

de vista do

conflito) que

possibilita o

acordo.

Realizado em 4

etapas: reuniões,

especialmente

conjuntas; introdução

da comunicação

relacional de

causalidade circular;

empoderamento das

partes e

reconhecimento da

porção de

responsabilidade de

cada uma das partes.

Noções Atemporal, acultural e Um processo Oportunidade de

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sobre o

conflito

apessoal; produto da

contraposição dos

interesses e posições;

sempre negativo e deve

ser combatido.

mental com

possibilidade de

mudança través de

outro processo

mental.

crescimento; inerente

à sociedade; não

desaparece, mas pode

ser transformado.

Fonte: Elaboração própria em base ao documento “Métodos Alternos de Solución de Conflictos: Justicia

Alternativa y Restaurativa para una Cultura de Paz”. José Benito Pérez Sauceda (2011) p. 65.

As noções de conflito, seu caráter relacional e as diferentes opções para sua

resolução. A comunicação e sua importância nos relacionamentos e a mediação

como resolução alternativa de conflitos.

O objetivo desta seção é colocar conceitos que nos permitam ir construindo o perfil do

mediador no âmbito da ENS. Nesta direção, faremos referências a algumas noções sobre

o conflito e a comunicação, enquanto bases teóricas que dão sustentatação ao processo

de mediação. O leitor poderá aprofundar a análise com a bibliografia sugerida, ao final.

Toda forma de conflito implica que uma, ou as duas partes, perecebam que seus

interesses, posições e necessidades são contrapostas, mesmo não sendo verdade.

Para o modelo de Harward, o conflito tem como única causa o desacordo sem

considerar que podem existir múltiplas causas que o originam. Nesse contexto, quando

as partes chegam à mediação, sua situação é caótica dada às diferenças existentes entre

elas. A função do mediador, portanto, é restablecer a ordem. (Marinés, 2005).

No modelo transformativo, a causalidade do conflito é circular e sempre existe o co-

protagonismo na criação de situações conflitivas. Por isso, somente modificando a

relação entre as partes, a situação pode ser modificada.

Por último, similar ao modelo trasnformativo, o modelo circular-narrativo defende a

tese de causalidades circulares. Diferentemente da linha de Harward, seus autores

entendem que as pessoas chegam à mediação numa situação de “ordem”, no sentido de

estático, que lhes impede pensar em altertativas para resolver o problema. Desta

maneira, a função do mediador é estabelecer “caos”, ressaltar as diferenças entre as

partes estimulando a criatividade na construção de uma história alternativa.

Apesar de cada modelo ter uma própria noção sobre o conflito e, por conseguinte, sobre

a função do mediador nesse contexto, existe consenso entre os autores sobre as causas

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que originam os conflitos. Antes de entrarmos nestas causas, é preciso ressaltar que o

conflito (em termos de processo) é construido pelas próprias partes, levando a mediação

sempre ocorrer no campo dos conflitos inter-relacionais.

Para Sara Horowitz, os conflitos são resultado das diferenças de valores e crenças,

competências e da escacez de recursos. (Marinés, 2005)

Uma das principais ferramentas que os mediadores “utilizam” no momento de

estabelecer as causas do conflito, e a etapa ou escalada em que o mesmo está, refere-se à

Teoría das Necessidades de Maslow.

A teoria de Maslow sugere que as necessidades tem uma hierarquia: as fisiológicas

(sobrevivência, água, alimento) constituem a base da pirâmide até chegar à

autorrealização, passando por segurança, necessidades sociais e necessidade de estima.

O conceito de hierarquia que propõe esta teoria é importante para os mediadores, porque

se uma pessoa está impossibilitada em satisfazer necessidades básicas e de segurança,

por exemplo, dificilmente poderá chegar aos estágios superiores. Quando as partes

chegam à mediação, tem uma sensação de perda das suas necessidades, seja no caso de

uma separação, ou de perda de emprego por exemplo, que ameaçam sua economia, sua

segurança, sua estima.

Necessidade de Autorrealização

Necessidade de Estima

Necessidade Sociais

Necessidade de Segurança

Necessidade Fisiológicas

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Identificadas as causas do conflito e as “ameaças” que isto significa para as partes na

perda das suas necessidades, o mediador precissa identificar o estágio, ou o momento

preciso, em que o conflito se encontra. Significa dizer que precissa determinar a

escalada do conflito.

Escalada do conflito

Apesar da complexidade e diferenças de cada conflito, sejam em questões matrimoniais,

comunitárias, laborais, e outras, geralmente todos atravessam por etapas ou escaladas

comuns. A seguir, reproduzimos o esquema elaborado por González-Capitel (2002).

Sugere-se complementar a leitura com a análise que esta autora propõe nas páginas 29-

31.

Ceticismo

Actitude

positiva/Crença

Raiva

Confiança/Esperança

Tristeza

Aceitação

Angústia

Torna-se importate que o mediador possa identificar a etapa na qual o conflito se

encontra. Por exemplo, na etapa da Raiva, é muito difícil intervir.

Outra maneira de identificar o estágio do conflito é apelar à espiral do conflito que

Folberg e Taylor (González-Capitel , 2001, p.28-29) propõem. Esta é dividida em cinco

estágios:

1. O conflito latente

2. O começo do conflito

3. A busca do equilíbrio de poder

4. O equilibrio de poder

5. A ruptura do equilíbrio

Para estes autores, no momento em que uma mudança ocorre, gera movimento na

espiral, provocando rupturas na estrutura da mesma ao gerar novos conflitos latentes ou

colocar em manifesto os conflitos já existentes.

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Resumindo, no âmbito da mediação, o conflito é entendido, segundo Marinés (2005, p.

78) como:

Um processo resultado de interações complexas, no sentido que é impossível

envolver todos os seus componentes;

Ocorre entre duas ou mais partes e por isso é um processo co-construído;

Predominam intenções, principalmente antagônicas;

As partes interatuam com sua totalidade de emoções, pensamentos, discursos e

ações;

Este processo pode ser conduzido pelas partes ou pelo mediador;

Tem estágios, ou escaladas, que o mediador precisa identificar para assim

proceder, a partir de diferentes estratégias.

A comunicação

Vimos que a mediação envolve um processo de diálogo. Entendendo assim, torna-se

necessário introduzir alguns dos conceitos produzidos por cada um dos modelos no

campo da comunicação.

Para o modelo tradicional, a comunicação é definida como uma relação linear. Duas

partes estabelecem a comunicação, uma delas emite a mensagem e a outra pode ou não

responder ao conteúdo da mensagem. Nesse cenário, a função do mediador é facilitar

essa transmissão de conteúdos, sendo a comunicação principalmente verbal.

No modelo proposto por Bush e Folberg, a comunicação é relacional e, além do

conteúdo, a relação entre as partes é relevante.

Da mesma forma, o modelo circular-narrativo entende a comunicação como processo

relacional, circular, e incorpora à comunicação verbal, o “conteúdo” da comunicação

não verbal. Desta maneira, entendendo-se que a comunicação envolve tudo, para esta

teoria é impossível que não exista comunicação entre as pessoas. Este é um dos axiomas

da comunicação desenvolvidos por Watzlawick (1973). Estes axiomas são os mais

citados na bibliografia sobre mediação.

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Axiomas Watzlawick

Estes axiomas permitem compreender o processo por meio do qual a comunicação é

realizada. Eles são aplicados no transcorrer das reuniões de mediação. Resumidamente,

estabelecem que:

É impossível não se comunicar: este axioma indica que até a “carência” de

comunicação, no sentido de ausência de comunicação verbal, se constitui numa

mensagem; os silêncios sempre comunicam e muitas vezes são utilizadas pelas

partes como ferramenta para atingir o outro;

Toda comunicação possui uma forma e um conteúdo: metacomunicação é

entendida como a relação entre o conteúdo e a forma. O mediador deve

permanecer atento à relação entre estes componentes, identificando o sentido

que é dado às palavras pelas partes, favorecendo assim a harmonia da sessão;

Quem comunica, quem responde, quando e como, possui substancial

importância para obter informações a respeito da distribuição de poder, dos

estados emocionais e outras características altamente significativas.

Os seres humanos comunicam-se verbal e gestualmente.

A comunicação pode ser simétrica, baseada na igualdade, ou complementar,

que ressalta as diferenças. A simetria proporciona comportamentos iguais entre

as partes. Por exemplo, duas pessoas gritam cada vez mais alto ou as duas param

de falar. Nesse contexto, o mediador deve restaurar o equilíbrio na comunicação,

garantindo o processo de diálogo. A relação complementar aparece na situação

de dependência, ele manda, ela obedece; ela grita, ele se cala. O mediador deve

trabalhar para estabelecer um nível de simetria. (Fiorelli, Fiorelli, Olivé

Machadas Júnior, 2008).

Principais recursos e técnicas que o mediador dispõe

O espírito da mediação é universal. Qualquer pessoa idônea, dotada de qualidades para

facilitar, mediar, negociar, compor, compartilhar, pode tornar-se um potencial

mediador.

Existem na literatura algumas posições sobre as habilidades que um mediador deve ter.

No entanto, atitudes como criatividade, flexibilidade, empatia, imparcialidade,

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honestidade, entre outras, são propostas como idôneas num mediador e prévias à sua

formação. Devem existir antecipadamente. Porém, todas elas podem ser de pouca valia

se não houver, também, a formação em técnicas e estratégias que esse profissional

precisa desenvolver. Por isso, o foco está colocado na formação que qualquer pessoa

deve realizar para se tornar um mediador de conflitos. Nessa formação, as estratégias e

técnicas a serem utilizadas são a principal ferramenta para facilitar o diálogo entre as

partes, atuando tanto na promoção quanto na solução de conflitos.

Estratégias e técnicas do Mediador

A função básica do mediador consiste em orientar as partes a respeito de como

substituir capital emocional negativo por capital emocional positivo. Para isso dispõe

de algumas das seguintes estratégias colocadas por José Osmir Fiorelli, Maria Rosa

Fiorelli e Marcos Julio Olivé Malhadas Junior no livro Mediação e a solução de

conflitos (2008, p. 7-8):

Destacar as semelhanças: contribui para pacificar e colocar em posisão de

igualdade as partes. Um exemplo desta estratégia pode ser quando o mediador

diz: “entendo que o cuidado dos filhos é uma prioridade para os dois, entendi

bem?”. As partes não tinham percebido quanto o cuidado era uma prioridade

para eles. Ao acentuar a semelhança, o mediador consegue que eles concentrem

mais energia nesse tema e reduzam a atenção para outros de menor importância.

Ressaltar atitudes não cooperativas: “elimina capital emocional negativo e

proporciona concentração nos aspectos positivos”. O mediador pode indicar:

“quem quer começar contando o que os trouxe à mediação? Recordem que é

importante que cada um possa falar sem ser interrompido”.

Transformar acusações em desejos: o mediador desarma as sentenças,

transformando acusações em cooperação. Assim, o mediador pode substituir a

seguinte acusação: “você não que pagar o plano de saúde das crianças” pela

seguinte frase: “Entendo que você quer dizer que gostaria que cooperasse com o

plano de saúde dos filhos, estou correto?”. Ao substituir uma acusação, o

mediador se antecipa a uma resposta defensiva da outra parte.

Identificar os interesses: as reuniões privadas com as partes são uma boa

estratégia para identificar quais são os interesses, sua complexidade e urgência.

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Atuar sempre sob o principio da imparcialidade: isto é fundamental para

garantir a continuidade e o equilíbrio do processo. Se alguma das partes percebe

que o mediador esta atuando em benefício da outra, deixará de negociar e o

processo acabará.

Entre as técnicas que o terceiro imparcial utiliza no desenvolvimento de suas estratégias

podemos colocar aquelas que Suárez (2005) define como microtécnicas, minitécnicas,

técnicas y macrotécnicas.

“Nem todas as técnicas tem o mesmo alcance. Algumas são

executadas com a intenção de modificar somente uma parte pequena,

outras parecem mais ambiciosas quanto o que pretendem modificar e

tem aquelas que buscam uma profunda mudança. A eleição de cada

uma delas dependerá do contexto e dos objetivos que o mediador

persiga” (p. 244).

As microtécnicas implicam relativamente pouco trabalho para o mediador, mas podem

gerar grandes resultados. Entre elas podemos colocar: perguntas informativas e

desestabilizadoras, a conotação positiva e empoderamento das partes, a reformulação e

a legitimação.

Reformulação: implica a construção de uma nova formulação sobre algo que já foi dito

ou feito. Os sinônimos e as metáforas são um bom exemplo. O êxito desta técnica

dependerá da capacidade do mediador de utilizar sinônimos e metáforas adequadas,

respeitando a linguagem das partes. É importante ressaltar que muitas vezes a

reformulação simplesmente ocorre quando o mediador, terceiro neutro e imparcial,

reproduz o que as partes falaram (p. 277-281).

Conotação positiva: ressalta as caraterísticas e qualidades positivas daquilo que foi dito

ou feito (p. 281-288).

Legitimação: refere-se à conotação positiva das posições das partes (p. 288).

Entre as minitécnicas, a autora menciona o fato de não poderem ser realizadas de uma

única vez, porque requerem a conjunção de várias microtécnicas. Assim, contribuem a

“produzir desestabilização da história que as partes trazem e ajudam na preparação do

terreno para a construção da história alternativa” (p. 288). Coloca a realização de

sínteses, a atuação de times de reflexão e o processo de externalização como as

principais minitécnicas.

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A construção de histórias alternativas, muito utilizada no modelo circular-narrativo, é

colocada entre as técnicas utilizadas pelo mediador. Esta pode ser uma das técnicas que

maior treinamento requeira, já que a história construída pode não ser necessariamente a

verdadeira. Desta maneira, a “melhor” história alternativa não é a mais real, mas aquela

que oferece maiores possibilidades para que as partes comecem a negociar” (p. 298).

Finalmente, para as seções de mediação, são as macrotécnicas que requerem um grande

esforço dos mediadores e das equipes técnicas para convidar e reunir as partes. Como

mencionamos anteriormente, existem procedimentos, mas não são estáticos, estes

dependem de cada mediador (p. 301-303).

A ferramenta da escuta ativa

É necessário que o mediador trabalhe para que as partes se escutem e entendam o que

dizem. Quando nos referimos à comunicação, devemos contemplar não somente a

capacidade de falar, mas também a de escutar. Essa escuta implica em uma atividade

intelectual e emocional de concentração nas palavras e gestos.

Essa atividade do mediador pode consistir em:

a) Sintetizar as exposições das partes, parafraseando e neutralizando a percepção

seletiva que com frequência realizam;

b) Verificar se o emissor concorda com essa síntese. O mediador deveria esclarecer as

necessidades, interesses e objetivos que foram expostos;

c) Reiteração do falado pela outra parte. Isto contribui para o reconhecimento das

capacidades de captar a mensagem.

d) Empatia, ou intercâmbio de papéis, contribui ao esclarecimento das posições de cada

uma das partes.

A ferramenta da pergunta:

No início da mediação, geralmente são utilizadas perguntas abertas que permitem obter

informação sobre:

O problema:

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O que?, referente ao conteúdo;

Qual?, referente ao vínculo;

Quem?, para referir às partes;

Onde, quando?, para contextualizar;

Qual o assunto que os trouxe à mediação?

A relação, protagonismo e responsabilidades:

Você acredita que ele mencionou...?, para ampliar a visão;

Você está me dizendo que sou a única pessoa que sabe disto?, com o

objetivo de envolver a parte;

Que outros aspetos estavam contemplados no contrato?, para obter maior

informação sobre o conteúdo;

Pode pensar nas consequências?, para levar à reflexão;

Após as exposições das partes, podem ser utilizadas perguntas para conhecer os

interesses e necessidades das partes, como:

Me daria um exemplo?

Poderia aprofundar mais esse asunto?

Poderia me explicar?

Será que pode me ajudar a entender isto?

Poderia descrever o que aconteceu quando...?

O que é o mais importante para você? Poderia me ajudar a entender

porque é tão importante para você?

O que é preocupante para você nessa situação?

...afeta demasiado você, é assim?

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Durante o processo de criação da história alternativa e da possibilidade de acordo,

podem ser feitas perguntas como:

O que poderia ser ótimo para você?

O que contribuiria nesta situação?

Existem outros aspectos que ajudariam?

Porque acredita que isso poderia funcionar?

Que alternativas você tem caso não prospere um acordo hoje?

No momento de verificar se tudo considerado necessário foi incluído no acordo, podem

ser realizadas perguntas tais como:

Consideramos tudo?

Existe alguma questão que ainda este preocupando você?

Então, você estaria de acordo no seguinte: ....?

A mediação em diferentes espaços

Existem diferentes campos em que a mediação pode e é aplicada. Isto amplia a visão

sobre a ferramenta enquanto alternativa ao processo judicial, considerando-a como

estratégia comunicacional. Assim, podemos identificar:

Mediação Familiar: trabalha principalmente com o núcleo familiar, seja com conflitos

de casal, entre irmãos, avós, e outros.

Mediação comunitária: o propósito é que a sociedade possa obter estratégias para

trabalhar na prevenção e resolução de conflitos como por exemplo, conflito de

vizinhanças.

Mediação laboral: é apresentada como uma ferramenta para garantir a paz no ámbito do

trabalho já que envolve todas as relações que ocorrem nesse campo.

Mediação penal: principalmente contribúe nos esforços da resocializações das pessoas

em conflito com al lei.

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O vídeo a seguir, Mediação e Direitos Humanos, oferece um exemplo de experiências

de mediações em diferentes espaços.

https://www.youtube.com/watch?v=aO6PatGHN3A

Assista também o vídeo de uma entrevista com especialista com atuação na mediação

na área de segurança pública.

https://www.youtube.com/watch?v=K3ANjwuROGU

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