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AN ´ ALISES DIN ˆ AMICAS DE DIFERENTES TIPOS DE AEROGERADORES FRENTE A GRANDES PERTURBA¸ C ˜ OES EM SISTEMAS EL ´ ETRICOS DE POT ˆ ENCIA Alexandre Prod´ ossimo Sohn * , Edson Aparecido Rozas Theodoro * , Lu´ ıs Fernando Costa Alberto * * Departamento de Engenharia El´ etrica e de Computa¸ c˜ao, Escola de Engenharia de S˜ ao Carlos, Universidade de S˜ao Paulo, SP, Brasil, Av. Trabalhador S˜ao-carlense, no. 400, CEP 13566-590 Emails: [email protected], [email protected], [email protected] Abstract— This paper presents dynamic analysis of types A, B, C and D of aerogenerators, whose generic models, validated by different manufacturers, reproduce actual aerogenerators behavior. The computational simulation results, performed in PSS/E software, are presented. The aim of analysis is to compare the dynamic behaviour of aerogenerators against large disturbances in transmission systems. Therefore, it is investigated the suportability of aerogenerators through the LVRT curve defined by the operator system. It is exemplified the instability of type A aerogenerator when the aerodynamic control system is not modelled. The critical clearing time is evaluated and it is observed that aerogenerators are capable of stabilizing a power system and become unstable when the synchronous generators lose synchronism. Keywords— Aerogenerators, Large disturbances, Power systems, Stability. Resumo— Este trabalho apresenta an´alises dinˆamicas de aerogeradores dos tipos A, B, C e D, cujos mode- los gen´ ericos, validados para diferentes fabricantes, reproduzem o comportamento de aerogeradores reais. ao apresentados os resultados de simula¸ c˜oes computacionais, realizadas no software PSS/E. As an´alises tˆ em por objetivo comparar o comportamento dinˆamico dos aerogeradores, frente a grandes perturba¸c˜ oes em sistemas de transmiss˜ao. Assim, investiga-se quais aerogeradores possuem maior suportabilidade a afundamentos de tens˜ao, tomando por referˆ encia a curva LVRT definida pelo operador do sistema. Exemplifica-se para o aerogerador do tipo A, que o mesmo torna-se inst´avel quando se desconsidera o sistema de controle aerodinˆ amico. Ainda, via obten¸ c˜ao dos tempos cr´ ıticos de abertura para diferentes faltas, observa-se que os aerogeradores apresentam-se capazes de aumentar a margem de estabilidade do sistema e tornam-se inst´aveis quando os geradores s´ ıncronos perdem o sincronismo. Palavras-chave— Aerogeradores, Grandes perturba¸ c˜oes, Sistemas el´ etricos de potˆ encia, Estabilidade. 1 Introdu¸c˜ ao Estudos realizados em (IEA, 2010) mostram que os recursos energ´ eticos renov´ aveis para a produ¸c˜ ao de eletricidade no mundo, apresentar˜ ao uma par- cela de 32 % em 2035, muito superior aos 19 % de 2008. Dentre as fontes renov´ aveis, neste contexto, destaca-se a energia e´ olica, cuja participa¸c˜ ao na matriz de energia el´ etrica mundial ser´ a de 8 %. Em (ONS, 2012), estima-se que entre 2011 e 2016, a energia el´ etrica no Sistema Interligado Nacio- nal (SIN), proveniente de aerogeradores, passar´ a de 1,34 GW para 8,18 GW, cujo aumento corres- ponde a 509 %, o maior dentre todas as fontes de energia do Brasil. Segundo (ABEE´ olica, 2014), a proje¸ ao para o setor de energia e´ olica ´ e de receber investimentos de R$ 27 bilh˜ oes at´ e 2017. No que condiz ` a aplica¸ ao tecnol´ ogica dos ae- rogeradores, inicialmente unidades individuais e pequenos parques e´ olicos foram conectados aos sistemas de distribui¸ ao de energia el´ etrica. No ˆ ambito dos sistemas de transmiss˜ao, grandes par- ques e´ olicos s˜ ao conectados de forma que a trans- ferˆ encia de potˆ encia para os centros consumidores seja balanceada com outros sistemas de gera¸ ao existentes (Burton et al., 2011). Ressalta-se tamb´ em que dentre os diferentes tipos de unidades e´ olicas, os aerogeradores de ve- locidade fixa, tipos A e B e de velocidade vari´ avel, tipos C e D, correspondem ` as topologias mais co- muns (Ackermann, 2005). Os tipos C e D domi- nam o atual mercado mundial de aerogeradores, devido a sua capacidade de operar em uma ampla faixa de velocidades e de viabilizar o controle da potˆ encia reativa e da tens˜ ao (Pinto, 2013). Diante da crescente presen¸ca de aerogeradores no sistema el´ etrico e das distintas caracter´ ısticas dos aerogeradores, entender o comportamento di- amico destes faz-se necess´ ario para compreender as particularidades operativas dos mesmos, os me- canismos de instabilidade envolvidos e a rela¸c˜ ao entre diferentes unidades geradoras. An´ alises dinˆ amicas fornecem informa¸ oes do sistema el´ etrico de potˆ encia (SEP), de forma a au- xiliar sua opera¸c˜ ao segura. Neste sentido, atrav´ es de simula¸ oes computacionais, os objetivos deste trabalho s˜ ao: (i) comparar os comportamentos dinˆ amicos e verificar a suportabilidade a afunda- mentos de tens˜ ao de cada tipo de aerogerador (ii) analisar os mecanismos de instabilidade e (iii) ve- rificar a influˆ encia da conex˜ ao de aerogeradores de diferentes tipos a SEPs com gera¸ ao predominan- temente s´ ıncrona. Este artigo ´ e organizado conforme a seq¨ en- cia: a se¸ ao 2 discursa sobre as caracter´ ısticas que diferenciam os tipos de aerogeradores citados; a se¸c˜ ao 3 faz uma breve introdu¸c˜ ao aos modelos ge- ericos de aerogeradores; a se¸c˜ ao 4 define os pro- Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 2323

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ANALISES DINAMICAS DE DIFERENTES TIPOS DE AEROGERADORES FRENTEA GRANDES PERTURBACOES EM SISTEMAS ELETRICOS DE POTENCIA

Alexandre Prodossimo Sohn∗, Edson Aparecido Rozas Theodoro∗, Luıs Fernando CostaAlberto∗

∗Departamento de Engenharia Eletrica e de Computacao, Escola de Engenharia de Sao Carlos,Universidade de Sao Paulo, SP, Brasil, Av. Trabalhador Sao-carlense, no. 400, CEP 13566-590

Emails: [email protected], [email protected], [email protected]

Abstract— This paper presents dynamic analysis of types A, B, C and D of aerogenerators, whose genericmodels, validated by different manufacturers, reproduce actual aerogenerators behavior. The computationalsimulation results, performed in PSS/E software, are presented. The aim of analysis is to compare the dynamicbehaviour of aerogenerators against large disturbances in transmission systems. Therefore, it is investigated thesuportability of aerogenerators through the LVRT curve defined by the operator system. It is exemplified theinstability of type A aerogenerator when the aerodynamic control system is not modelled. The critical clearingtime is evaluated and it is observed that aerogenerators are capable of stabilizing a power system and becomeunstable when the synchronous generators lose synchronism.

Keywords— Aerogenerators, Large disturbances, Power systems, Stability.

Resumo— Este trabalho apresenta analises dinamicas de aerogeradores dos tipos A, B, C e D, cujos mode-los genericos, validados para diferentes fabricantes, reproduzem o comportamento de aerogeradores reais. Saoapresentados os resultados de simulacoes computacionais, realizadas no software PSS/E. As analises tem porobjetivo comparar o comportamento dinamico dos aerogeradores, frente a grandes perturbacoes em sistemas detransmissao. Assim, investiga-se quais aerogeradores possuem maior suportabilidade a afundamentos de tensao,tomando por referencia a curva LVRT definida pelo operador do sistema. Exemplifica-se para o aerogerador dotipo A, que o mesmo torna-se instavel quando se desconsidera o sistema de controle aerodinamico. Ainda, viaobtencao dos tempos crıticos de abertura para diferentes faltas, observa-se que os aerogeradores apresentam-secapazes de aumentar a margem de estabilidade do sistema e tornam-se instaveis quando os geradores sıncronosperdem o sincronismo.

Palavras-chave— Aerogeradores, Grandes perturbacoes, Sistemas eletricos de potencia, Estabilidade.

1 Introducao

Estudos realizados em (IEA, 2010) mostram queos recursos energeticos renovaveis para a producaode eletricidade no mundo, apresentarao uma par-cela de 32 % em 2035, muito superior aos 19 % de2008. Dentre as fontes renovaveis, neste contexto,destaca-se a energia eolica, cuja participacao namatriz de energia eletrica mundial sera de 8 %.Em (ONS, 2012), estima-se que entre 2011 e 2016,a energia eletrica no Sistema Interligado Nacio-nal (SIN), proveniente de aerogeradores, passarade 1,34 GW para 8,18 GW, cujo aumento corres-ponde a 509 %, o maior dentre todas as fontes deenergia do Brasil. Segundo (ABEEolica, 2014), aprojecao para o setor de energia eolica e de receberinvestimentos de R$ 27 bilhoes ate 2017.

No que condiz a aplicacao tecnologica dos ae-rogeradores, inicialmente unidades individuais epequenos parques eolicos foram conectados aossistemas de distribuicao de energia eletrica. Noambito dos sistemas de transmissao, grandes par-ques eolicos sao conectados de forma que a trans-ferencia de potencia para os centros consumidoresseja balanceada com outros sistemas de geracaoexistentes (Burton et al., 2011).

Ressalta-se tambem que dentre os diferentestipos de unidades eolicas, os aerogeradores de ve-locidade fixa, tipos A e B e de velocidade variavel,

tipos C e D, correspondem as topologias mais co-muns (Ackermann, 2005). Os tipos C e D domi-nam o atual mercado mundial de aerogeradores,devido a sua capacidade de operar em uma amplafaixa de velocidades e de viabilizar o controle dapotencia reativa e da tensao (Pinto, 2013).

Diante da crescente presenca de aerogeradoresno sistema eletrico e das distintas caracterısticasdos aerogeradores, entender o comportamento di-namico destes faz-se necessario para compreenderas particularidades operativas dos mesmos, os me-canismos de instabilidade envolvidos e a relacaoentre diferentes unidades geradoras.

Analises dinamicas fornecem informacoes dosistema eletrico de potencia (SEP), de forma a au-xiliar sua operacao segura. Neste sentido, atravesde simulacoes computacionais, os objetivos destetrabalho sao: (i) comparar os comportamentosdinamicos e verificar a suportabilidade a afunda-mentos de tensao de cada tipo de aerogerador (ii)analisar os mecanismos de instabilidade e (iii) ve-rificar a influencia da conexao de aerogeradores dediferentes tipos a SEPs com geracao predominan-temente sıncrona.

Este artigo e organizado conforme a sequen-cia: a secao 2 discursa sobre as caracterısticas quediferenciam os tipos de aerogeradores citados; asecao 3 faz uma breve introducao aos modelos ge-nericos de aerogeradores; a secao 4 define os pro-

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blemas de estabilidade e discute os mecanismos deinstabilidade dos aerogeradores; a secao 5 apre-senta os sistemas teste utilizados; a secao 6 mos-tra os resultados obtidos via simulacoes compu-tacionais com o software PSS/E, para diferentescasos de estudo, considerando diferentes tipos deaerogeradores; a secao 7 estabelece as conclusoese encerra o artigo.

2 Tipos de Aerogeradores e ModelosGenericos

Neste trabalho, consideram-se quatro diferentestipos de aerogeradores existentes, apresentados naFigura 1, sendo os mesmos divididos em unidadeseolicas de velocidade fixa (tipos A e B) e de velo-cidade variavel (tipos C e D).

Figura 1: Tipos de Aerogeradores.

2.1 Aerogeradores do tipo A

Os aerogeradores do tipo A caracterizam-se pelouso de maquinas de inducao trifasicas com rotorem gaiola de esquilo (Li and Chen, 2008), cujoestator conecta-se diretamente a rede eletrica porum transformador, conforme apresentado na Fi-gura 1. Observa-se que entre o transformador eo gerador existe um banco de capacitores para acompensacao estatica de potencia reativa.

Este tipo de aerogerador e projetado para ope-rar em um ponto otimo de velocidade de rotacao

do gerador assıncrono, para uma velocidade otimado vento. Faz-se uso aqui, em relacao ao sistemaaerodinamico, do controle de stall, de pitch ou destall ativo, com o objetivo de regular a potenciaextraıda do vento pelas pas (Akhmatov, 2003).

Entre as vantagens de sua aplicacao estao: ro-bustez e confiabilidade do sistema, manutencao ecustos reduzidos. Porem entre suas desvantagensencontram-se: velocidade fixa e alta sensibilidadea variacoes do vento (as quais traduzem-se em va-riacoes do torque eletrico no gerador).

2.2 Aerogeradores do tipo B

Os aerogeradores do tipo B caracterizam-se pelouso de maquinas de inducao trifasicas com rotorbobinado (Group, 2009) e conectam-se a rede ele-trica da mesma forma que as unidades do tipoA, como pode ser verificado na Figura 1. Tipica-mente este tipo de aerogerador utiliza o controlede pitch para limitar o torque aerodinamico.

A principal diferenca entre este tipo de ae-rogerador e o do tipo A, reside na possibilidadede acoplar ao rotor uma resistencia variavel (con-trolada) e permitir assim ampliar a faixa de ve-locidades do rotor em ate 10 %, acima ou abaixoda velocidade de operacao sıncrona do sistema (Liand Chen, 2008). Entretanto, e importante men-cionar que mesmo admitindo a operacao em umafaixa variavel de velocidades, esta faixa e aindarestrita e portanto tais unidades sao ainda classi-ficadas como aerogeradores de velocidade fixa.

As vantagens e desvantagens das unidades eo-licas do tipo B sao basicamente as mesmas das dotipo A, com excecao a vantagem da pequena mar-gem de variacoes na velocidade de operacao no-minal e da desvantagem dos custos associados asconexoes do controle no circuito de rotor.

2.3 Aerogeradores do tipo C

Os aerogeradores do tipo C caracterizam-se pelouso do gerador de inducao duplamente alimen-tado (Salles, 2009), sendo a potencia do circuitode rotor controlada por conversores AC/AC (ti-picamente com topologia back-to-back) e seu cir-cuito de estator conectado a rede eletrica por umtransformador, como ilustrado na Figura 1. As-sim como as unidades do tipo B, os aerogeradoresdo tipo C utilizam o controle de pitch para limitaro torque aerodinamico da turbina.

Diferentemente dos tipos A e B, os aerogera-dores do tipo C admitem a operacao em uma am-pla faixa de velocidades, uma vez que a presencado conversor no circuito de rotor promove a sepa-racao (atraves da acao de controle) das frequenciasprovenientes da interacao vento/turbina/rotor da-quelas provenientes da rede eletrica. O con-versor tambem propicia as unidades eolicas dotipo C uma maior variedade de modos de con-trole/operacao, uma vez que o controle de poten-

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cia ativa e reativa pode ser realizado de maneiraindependente, possibilitando tambem o controlede tensao, implicando no aumento da suportabili-dade a afundamentos de tensao.

Entre as vantagens das unidades eolicas dotipo C, quando comparadas as unidades de ve-locidade fixa, citam-se: grande faixa de veloci-dade de operacao, que se traduz em maior extra-cao da potencia disponibilizada pelo vento, maiorsuportabilidade a afundamentos de tensao e con-trole independente das potencias ativa e reativa.Entre suas desvantagens, podem-se citar: custosadicionais com o conversor eletronico e seus siste-mas de protecao associados, bem como uma maiorcomplexidade em sua modelagem. Porem, deve-se mencionar que o conversor necessita controlarapenas a potencia do circuito de rotor, o que equi-vale aproximadamente a 30 % da potencia total dogerador (Abad et al., 2011).

2.4 Aerogeradores do tipo D

Os aerogeradores do tipo D caracterizam-se pri-mordialmente pela presenca de um conversoreletronico AC/AC (tipicamente com topologiaback-to-back) na interface gerador/transformador(Ackermann, 2005), conectado em serie com arede eletrica, conforme apresentado na Figura 1.Este tipo de aerogerador pode ou nao apresentarcaixa de transmissao na interface turbina/gerador,sendo tal decisao dependente da escolha da ma-quina, podendo esta ser um gerador trifasico deinducao com gaiola de esquilo, com rotor bobi-nado ou mesmo um gerador sıncrono de ıma per-manente, exigindo assim a caixa de transmissao,ou um gerador sıncrono com rotor bobinado mul-tipolos, ou ıma permanente multipolos, em casosonde nao ha exigencia da caixa de transmissao.Por fim, quanto a limitacao do torque aerodina-mico, utiliza-se aqui o controle de pitch.

Diferentemente dos aerogeradores do tipo C,nas unidades eolicas do tipo D o conversor eletro-nico esta na interface maquina/rede, o que possibi-lita o total desacoplamento na troca de potenciasativa e reativa em ambos os lados do conversor.Tal desacoplamento prove um suporte de reativossuperior aos demais tipos de unidades eolicas, demodo a ser menos suscetıvel a disturbios ocorridosna rede eletrica, assim como possibilita a maiorvariedade possıvel de modos de controle/operacaopara o aerogerador (Ackermann, 2005). Entre-tanto, e preciso mencionar que o conversor e,agora, responsavel por entregar a rede 100 % dapotencia produzida pela unidade eolica.

Entre as principais vantagens na utilizacaodeste tipo de aerogerador, citam-se: operacao emampla faixa de velocidades, possibilidade de dis-pensar a caixa de transmissao, nao necessita decircuitos de excitacao no rotor, maior suportede reativos quando comparado aos demais ti-

pos e consequentemente melhor resposta dinamicafrente a disturbios na rede eletrica. Entre as des-vantagens em sua utilizacao, destacam-se: exigen-cia de conversores de alta potencia e custo elevadodos geradores multipolos (grande diametro).

3 Modelos Genericos de Aerogeradores

A diversidade de tipos de aerogeradores e reflexotanto da diversidade de fabricantes, como da di-versidade de projetos das unidades eolicas. Assim,cada fabricante desenvolveu um modelo propriopara representar as principais caracterısticas aosestudos das mesmas.

No entanto, a extensa utilizacao de softwaresde simulacao, presentes nos mais diversos setoresdo planejamento e operacao dos SEPs, exige queaerogeradores de diferentes fabricantes e tipos se-jam considerados em um mesmo estudo. Com talconstatacao, o desenvolvimento de modelos gene-ricos, para diferentes aerogeradores, foi iniciado afim de proporcionar as seguintes solucoes:

• possibilitar a padronizacao dos parametrosutilizados pelos modelos proprietarios, desen-volvidos pelos fabricantes dos aerogeradores;

• possibilitar a efetiva comparacao entre os di-ferentes modelos de aerogeradores, utilizadospelos softwares de simulacao existentes;

• divulgar a existencia de modelos de aeroge-radores bem definidos para as comunidadesacademica e industrial.

O desenvolvimento de modelos genericos e,hoje, liderado pelo Western Electricity Coordi-nating Council (WECC), a partir de seu grupode pesquisas Wind Generation Modeling Group(WGMG) em parceria com entidades como aPower and Energy Society/Institute of Electri-cal and Electronics Engineers (PES/IEEE), a In-ternational Electrotechnical Commission (IEC) ediversas empresas do setor de energia eletrica(UVIG, 2014). As equipes destes grupos realiza-ram validacoes dos modelos em diferentes softwa-res, possibilitando reproduzir fielmente em simu-lacoes computacionais o comportamento dinamicode aerogeradores reais de distintos fabricantes(Asmine et al., 2011; WECC, 2010; WECC, 2014).

Observacao 1 Cada modelo generico de aeroge-rador possui modulos de controle proprios, que re-presentam o gerador, os sistemas mecanico, aero-dinamico e de controle do torque aerodinamico, oconversor e o sistema de controle associado. To-dos os modelos aqui utilizados e parametros asso-ciados podem ser encontrados em (UVIG, 2014)e (Sohn, 2014), o que permite a reproducao dosmodelos em outros softwares. Ressalta-se que taismodelos foram desenvolvidos para analises de es-tabilidade a grandes perturbacoes.

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4 Estudos de Estabilidade de SEPsconsiderando Aerogeradores

De acordo com (IEEE/CIGRE, 2004), a estabili-dade de um SEP, e a habilidade do sistema, parauma determinada condicao de operacao, de atin-gir um estado de equilıbrio apos ser sujeito a umaperturbacao fısica com a maioria de suas variaveislimitadas, isto e, dentro dos limites operacionais,de tal forma que praticamente todo o sistema per-maneca intacto. Entretanto, tal definicao de esta-bilidade pode ser reescrita segundo a variavel deinteresse no estudo, de acordo com as definicoes:

Definicao 1 (IEEE/CIGRE, 2004) Estabili-dade transitoria pode ser definida como a ha-bilidade que o SEP apresenta em manter os gera-dores sıncronos em sincronismo, quando sujeito aseveras perturbacoes.

Definicao 2 (IEEE/CIGRE, 2004) Estabili-dade de tensao e a habilidade que o sistemaapresenta em manter estaveis as tensoes em to-das as barras sob condicoes normais de operacaoe apos a ocorrencia de uma perturbacao.

Tais subdivisoes do problema de estabilidade,assim como a maioria dos estudos encontrados naliteratura, foram embasados em SEPs com gera-cao essencialmente sıncrona. Assim, novas defini-coes sao necessarias para um SEP com geracao deenergia eletrica de origem assıncrona.

Definicao 3 (Samuelsson and Lindahl, 2005)Estabilidade de velocidade rotorica e a habi-lidade de uma maquina de inducao em permanecerconectada ao SEP e operar a velocidade mecanicaproxima a velocidade correspondente a frequenciasıncrona do sistema apos a ocorrencia de um afun-damento de tensao.

A estabilidade da velocidade rotorica esta li-gada a relacao torque-velocidade de geradores deinducao. Ja para os geradores sıncronos, enfase edada a dependencia torque-angulo.

A instabilidade da velocidade rotorica dos ae-rogeradores esta ligada diretamente ao desequilı-brio entre as potencias mecanica e eletrica. Aoocorrer uma falta, a tensao terminal e reduzida,assim como a transferencia de potencia ativa peloaerogerador. Desta forma, ocorrera a aceleracaodo rotor do gerador, o que implica em um escor-regamento cada vez mais negativo e no consumocrescente de potencia reativa (Slootweg, 2003). Sea velocidade ultrapassar a velocidade crıtica, quecorresponde ao limite de estabilidade da curvatorque versus velocidade do gerador de inducao(McPherson and Laramore, 1990), ocorrera a ins-tabilidade da velocidade rotorica. Neste caso,impossibilita-se a restauracao da tensao terminalem um nıvel adequado de operacao. Ao ocorrer a

instabilidade da velocidade rotorica ou da tensaoterminal, a operacao estavel do aerogerador nao emais possıvel.

Um afundamento da tensao terminal podeacarretar a instabilidade da velocidade rotorica,que por sua vez ocasiona a instabilidade da ten-sao terminal. Em contrapartida, a instabilidadeimediata da tensao terminal, ocasionara a instabi-lidade da velocidade rotorica, logo ambos os pro-blemas de estabilidade, velocidade e tensao, saointrinsicamente acoplados em maquinas assıncro-nas. E importante observar tambem que o dese-quilıbrio crescente entre as potencias mecanica eeletrica, pode tambem ter origem no descontroleda potencia extraıda do vento, uma vez que a li-mitacao do torque aerodinamico e realizado pelocontrole stall, de pitch ou stall ativo do aerogera-dor e sem tal controle a perda de estabilidade davelocidade rotorica (e consequentemente da tensaona barra terminal) da unidade eolica e iminente.

Portanto, sobretudo para grandes penetracoesde aerogeradores em SEPs, as analises de estabili-dade destes devem considerar a estabilidade tran-sitoria (para os geradores sıncronos), da veloci-dade rotorica (para os geradores de inducao) e detensao (para ambos os tipos de geradores).

5 Sistemas Teste

O primeiro sistema eletrico a ser estudado e com-posto pelo equivalente eletrico de um conjunto deaerogeradores (parque eolico) e seu sistema de in-terconexao, como mostrado na Figura 2.

Figura 2: Sistema Eletrico do Parque Eolico.

Este sistema foi proposto inicialmente em(WGMG, 2008), onde se apresenta o metodo decalculo para a obtencao do sistema coletor, querepresenta as impedancias e susceptancias dos ali-mentadores individuais. As unidades eolicas pos-suem geradores cuja tensao nominal e de 690 V.Cada aerogerador e conectado a um transforma-dor elevador, T-GER, cuja finalidade e elevar atensao em 34,5 kV para o sistema coletor. Em T-SUB, eleva-se a tensao para 230 kV, para conexaoao sistema de transmissao, em que POI e o pontode interconexao. A Tabela 1, mostra os dados depotencia para cada tipo de aerogerador, em quePparque e a soma das potencias individuais, N e onumero de aerogeradores individuais e FP o fatorde potencia, utilizado no calculo dos capacitorespara os tipos A e B. Os dados do sistema podem

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ser encontrados em (Muljadi and Ellis, 2009) e(Sohn, 2014), cuja rede e considerada fraca.

Tabela 1: Dados de potencia para o sistema ele-trico do parque eolico.

Modelo Tipo Pparque N FP

MWT-1000a 1.0 MW A 100.0 MW 100 -0.9

Vestas V80 1.8 MW B 100.8 MW 56 -0.9

GE 1.5 MW C 100.5 MW 67 0.9

GE 2.5 MW D 100.0 MW 40 0.9

O sistema teste 1 refere-se ao sistema da Fi-gura 2, cujo POI representa um barramento infi-nito. No sistema teste 2, o POI da Figura 2 repre-senta a barra 1 do sistema de 39 barras, ilustradona Figura 3. Os geradores sıncronos apresentamreguladores de tensao (AVR) e sistema estabiliza-dor de potencia (PSS), cujos parametros, tanto dosistema eletrico como dos geradores e dispositivos,podem ser encontrados em (IEEE, 2013).

Figura 3: Sistema New England - 39 barras.

O sistema teste 3 corresponde novamente aosistema de 39 barras, em que se substitue o gera-dor sıncrono GS-5 conectado a barra 34 por umparque eolico, isto e, desconsidera-se neste caso osistema de interconexao presente na Figura 2. As-sim, analisa-se a influencia dos diferentes tipos deaerogeradores no tempo crıtico de abertura asso-ciado a diferentes contingencias. Nesta simulacao,mantem-se os FPs da Tabela 1.

6 Resultados e Discussoes

Primeiramente, a fim de ratificar os resultadosapresentados a seguir, faz-se necessario observaras hipoteses realizadas sobre a modelagem doscomponentes do SEP sob analise. Deste modo,para fins de estudo de estabilidade, os modelosdos aerogeradores empregados neste trabalho ad-mitem que (UVIG, 2014; WECC, 2010):

• o comportamento dinamico dos componenteseletronicos nao sao modelados;

• as dinamicas compreendem eventos de curtoprazo (ate 10 s);

• o vento e considerado constante;

• o sistema mecanico e modelado por duas mas-sas, a fim de capturar as oscilacoes torsionaisdos eixos e a influencia destas nas variaveismecanicas e eletricas dos modelos;

• o parque eolico consiste em um equivalenteeletrico (o equivalente consiste no modelo doaerogerador, cuja potencia consiste na somadas potencias individuais de um conjunto deaerogeradores do mesmo tipo);

• dispositivos de protecao nao sao modelados.

Ademais, e usualmente admitido que: (i) to-das as cargas do sistema sao modeladas por impe-dancias constantes durante o intervalo de estudo;(ii) a limitacao do torque aerodinamico e realizadapelo controle especıfico de cada aerogerador; (iii)as unidades eolicas dos tipos A e B operam comfator de potencia constante; (iv) os aerogeradoresdos tipos C e D utilizam o controle de potenciareativa, considerando a tensao na barra terminaldo aerogerador como referencia.

6.1 Sistema Teste 1 - Parque Eolico versus Bar-ramento Infinito

Nesta secao pretende-se comparar a resposta di-namica, obtida a partir de simulacoes computaci-onais com o software PPS/E, dos diferentes tiposde aerogeradores, de maneira a extrair as caracte-rısticas mais representativas de cada tipo.

Analisa-se o sistema teste 1 apresentado naFigura 2, frente a uma falta trifasica na barra 40,considerando um tempo de eliminacao da falta de150 ms, encerrando-se esta com a abertura de umadas linhas que conectam a barra 40 ao POI.

A Figura 4 mostra a resposta dinamica da ten-sao na barra terminal do parque eolico, conside-rando os quatro diferentes tipos de aerogerado-res apresentados na secao 2 deste trabalho. Nestegrafico tambem foi tracada a curva de suporta-bilidade a afundamentos de tensao ou low voltageride through (LVRT ) que segue o padrao estabele-cido pelo Operador Nacional do Sistema Eletrico(ONS) (ONS, 2009), a qual determina a regiaoonde a operacao sustentada do aerogerador e obri-gatoria (acima da curva) e onde o mesmo e pas-sıvel de ser desconectado da rede eletrica (abaixoda curva).

Observacao 2 A curva LVRT, cujo perfil utili-zado neste trabalho e definido pelo ONS, visa per-mitir o suporte de reativos pelos aerogeradores aoSEP durante o perıodo transitorio de falta e assim

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contribuir para o aumento das margens de estabi-lidade do sistema. A curva LVRT e aqui utili-zada como referencia para comparar a suportabi-lidade a afundamentos de tensao de cada tipo deaerogerador e verificar o comportamento dinamicoda variavel tensao eletrica, com respeito a curvaem questao. Ressalta-se que os geradores e con-versores nao podem violar a propia capacidade detensao e corrente. O intuito da utilizacao de taismodelos e verificar o comportamento dinamico dosmesmos frente a disturbios provocados na rede ele-trica, investigando-se o que acontece com as varia-veis eletricas e mecanicas. Utilizando-se de dispo-sitivos de protecao, prejudica-se o entendimentodo comportamento de tais variaveis, pois limita-se a dinamica das mesmas.

Figura 4: Tensao terminal - Falta solida na barra40 (Tipo A: vermelho; Tipo B: verde; Tipo C:preto; Tipo D: azul).

Analisando a Figura 4, verifica-se que os aero-geradores de velocidade fixa, tipos A e B, apresen-tam piores perfis de recuperacao de tensao, apos aeliminacao da falta, quando comparadas as unida-des eolicas de velocidade variavel, tipos C e D. Talcomportamento e esperado uma vez que os aero-geradores dos tipos A e B nao possuem capacidadede suporte de reativos, fazendo com que a curvaLVRT seja violada. E interessante observar quea unidade eolica do tipo D tambem viola a curvaLVRT no instante de aplicacao da falta, no en-tanto a recuperacao da tensao e observada quaseinstantaneamente, retornando a tensao terminaldo gerador a nıveis superiores a curva LVRT emum intervalo de tempo menor que 50 ms.

Outro item importante a mencionar e o fatode que nao foram observadas instabilidades de ve-locidade rotorica durante os testes para nenhumtipo de aerogerador, em nenhuma situacao defalta. Isto se deve quase que exclusivamente aexistencia do controle responsavel por limitar otorque aerodinamico das unidades eolicas.

As Figuras 5 e 6 apresentam respectivamentea velocidade rotorica e o perfil de tensao na barraterminal do aerogerador do tipo A, considerando a

situacao de falta solida na barra 40 descrita ante-riormente, desconsiderando o controle que limita otorque aerodinamico da unidade eolica para tem-pos de eliminacao da falta iguais a 66 ms e 67 ms.Observa-se nestas simulacoes tanto a ocorrenciade instabilidade da velocidade rotorica, quanto detensao na barra terminal do aerogerador, compro-vando assim que o controle de torque aerodina-mico do aerogerador e um fator primordial na es-tabilizacao da maquina e na manutencao de suaoperacao no SEP.

Figura 5: Velocidade rotorica do aerogerador doTipo A sem o controle que limita o torque aerodi-namico - caso estavel (66 ms) em vermelho; casoinstavel (67 ms) em preto.

Figura 6: Tensao na barra terminal do aerogera-dor do Tipo A sem o controle que limita o torqueaerodinamico - caso estavel (66 ms) em vermelho;caso instavel (67 ms) em preto.

6.2 Sistema Teste 2 - Sistema Eletrico do ParqueEolico conectado ao Sistema New England

Considera-se agora uma falta trifasica solida nabarra 1 do sistema New England, mostrado na Fi-gura 3, a qual e tomada como o POI do sistemaeletrico da Figura 2, considerando o tempo de eli-minacao da falta igual a 150 ms.

A Figura 7 apresenta o perfil de tensao nabarra terminal dos aerogeradores. Os parametros

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Figura 7: Tensao terminal - Falta solida na barra 1do sistema New England (Tipo A: vermelho; TipoB: verde; Tipo C: preto; Tipo D: azul).

de falta sao os mesmos utilizados na simulacaodo sistema teste 1 e os resultados assemelham-se aos apresentados anteriormente na Figura 4,o que conduz as mesmas conclusoes qualitativassobre a estabilidade da velocidade rotorica e detensao para os diferentes tipos de aerogeradorestestados. Ressalta-se que os geradores sıncronospermanecem em sincronismo nesta situacao.

6.3 Sistema Teste 3 - Influencia dos Parques Eo-licos na Estabilidade Transitoria do SistemaNew England

As simulacoes do sistema teste 3 tem por obje-tivo principal comparar o comportamento dina-mico dos quatro diferentes tipos de unidades eoli-cas, apresentados anteriormente na secao 2 destetrabalho e avaliar o impacto da insercao de par-ques eolicos na estabilidade transitoria dos gera-dores sıncronos conectados ao SEP, frente a gran-des perturbacoes aplicadas ao sistema. Com talobjetivo em mente, verifica-se o impacto dos dife-rentes tipos de aerogeradores no tempo crıtico deabertura, isto e, o tempo maximo de duracao deuma falta tal que o sistema permaneca estavel noperıodo pos-falta.

A Tabela 2 apresenta os resultados obtidospara a substituicao do gerador sıncrono GS-5, co-nectado a barra 34, somente pelo parque eolico,isto e, desconsidera-se aqui o sistema de interco-nexao. O parque eolico apresenta potencia iguala do gerador sıncrono substituıdo.

Tabela 2: Tempos crıticos de abertura.

Barra Base A B C D

16 150 ms 166 ms 166 ms 183 ms 167 ms

20 133 ms 341 ms 325 ms 391 ms 341 ms

21 216 ms 225 ms 191 ms 241 ms 241 ms

24 200 ms 216 ms 191 ms 225 ms 216 ms

26 141 ms 150 ms 150 ms 150 ms 150 ms

Nas colunas da Tabela 2 encontram-se: o bar-ramento sob falta trifasica solida a terra, o tempocrıtico de abertura considerando apenas a gera-cao sıncrona presente no SEP e os novos temposcrıticos de abertura considerando a presenca dosdiferentes tipos de aerogeradores.

Constata-se na Tabela 2 que as faltas maisproximas ao parque eolico permitem que o mesmoexerca uma influencia visivelmente favoravel a es-tabilidade do sistema, de modo a aumentar sensi-velmente o tempo crıtico de abertura. Verifica-setambem, na maioria dos casos, que os aerogera-dores de velocidade variavel (tipos C e D) pro-movem um incremento maior nos tempos crıticosde abertura, quando comparados aos geradores develocidade fixa (tipos A e B), uma vez que aquelasunidades eolicas possibilitam o controle da tensaona barra terminal a partir do controle de poten-cia reativa, viabilizado pela presenca do conversoreletronico em suas topologias.

Ao simular contingencias, com tempos de eli-minacao das faltas superiores aos tempos crıticosde abertura, verifica-se que a instabilidade de velo-cidade dos aerogeradores somente ocorre como de-correncia da perda de sincronismo entre os gerado-res sıncronos conectados ao SEP. Tal fato se deve agrande robustez das unidades eolicas a aceleracao,proveniente principalmente de seu controle de tor-que aerodinamico. Como ilustracao da perda deestabilidade de velocidade rotorica do aerogera-dor e da respectiva instabilidade de tensao, faz-sea simulacao da falta ocorrida na barra 20, consi-derando o aerogerador do tipo C, cujos resultadossao apresentados nas Figuras 8 e 9.

Figura 8: Velocidade rotorica - Falta solida nabarra 20 do sistema New England - Aerogeradordo Tipo C. Tempo de eliminacao da falta: 392 ms.

7 Conclusoes

Neste trabalho, analisou-se o comportamento di-namico dos aerogeradores dos tipos A, B, C e Dem sistemas eletricos de potencia frente a grandesperturbacoes. Verificou-se que os aerogeradoresdos tipos C e D sao mais robustos, apresentando

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Figura 9: Tensao terminal - Falta solida na barra20 do sistema - Aerogerador do Tipo C. Tempo deeliminacao da falta: 392 ms.

maior suportabilidade a afundamentos de tensao,visto a capacidade dos mesmos em fornecer poten-cia reativa e controlar a tensao terminal.

Foram tomados como exemplo de estudotanto o caso parque eolico versus barramento in-finito, como o sistema New England de 39 bar-ras. Foi possıvel verificar que os aerogeradorestornaram-se instaveis quando se desconsiderou osistema de controle aerodinamico.

Tambem, para o SEP composto por geradoressıncronos e aerogeradores, constatou-se que os ul-timos auxiliaram na manutencao do sincronismoentre os geradores sıncronos (houve aumento dotempo crıtico de abertura na presenca dos aero-geradores), devido a robustez destes a variacao develocidade (controle de torque aerodinamico) e apossibilidade de suporte de reativos (controle detensao em aerogeradores de velocidade variavel).

Agradecimentos

Os autores agradecem a CAPES e a FAPESP peloapoio financeiro concedido a esta pesquisa.

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