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Análise Nº8
O FUTURO DA POLÍTICA DE COESÃO
Fontes de referência: Quinto relatório sobre a coesão económica, social e territorial, Comissão
Europeia. Conclusões da consulta pública: O Futuro da Política de Coesão. Fórum: V Relatório de
Coesão.
Artigo elaborado por: Marta Cabanas Cal, Responsável pelo Departamento de Análise e de
Estratégia Europeia do Eixo Atlântico e por María Montoiro, estagiária do departamento.
Resumo Executivo
A política de coesão distribui uma grande parte do orçamento europeu
destinado às regiões de acordo com o princípio da solidariedade.
É necessária uma reforma da política de coesão para que esta seja mais flexível
e fomente a cooperação territorial, alcançando-se, deste modo, um resultado
real nas regiões.
O papel das autoridades locais, como agentes do crescimento socioeconómico,
é essencial para a política de coesão, não apenas para a sua execução, mas
também para a sua concepção e estabelecimento de prioridades.
É fundamental coordenar as prioridades da política de coesão com as da
estratégia Europa 2020
A cooperação deve ser um dos eixos principais da política de coesão.
É preciso dar início a uma reflexão sobre os novos desafios que a cooperação
transfronteiriça deverá enfrentar e promover o debate sobre a cooperação de
segunda geração (ou de proximidade) como princípio inspirador das políticas de
cooperação a partir de 2013.
As novas linhas de desenvolvimento destinadas a fomentar uma maior
participação dos cidadãos e o crescimento do investimento implicam uma acção
multinível dos diversos níveis de governo.
São elementos chave para a Euro-região Galiza- Norte de Portugal a criação de
regiões intermédias e a atribuição de uma maior flexibilidade a estas regiões
que permita a adaptação dos diversos territórios à política, para que, assim, se
evite a exclusão de determinadas áreas, como é o caso das transfronteiriças e
das ultra-periféricas.
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1. Introdução A União Europeia conta com 301 regiões e 27 Estados-membros. Cada um destes com o seu
próprio contexto e evolução e, por tanto, com necessidades diferentes.
Desde o começo, a UE desenvolveu uma política de solidariedade entre regiões modelada
na Política Regional. Esta Política surge com o objectivo de reduzir as disparidades
económicas, sociais e territoriais que existem entre as regiões da Europa e manifesta-se
através de programas integrados para o apoio ao desenvolvimento sustentável das regiões
e do conjunto da UE.
Todas as acções da Política Regional são conduzidas de acordo com o princípio de
convergência. Além disso, esta política recai sobre orientações estratégicas da EU com o
objectivo de conseguir uma plena integração dos seus membros e assim alcançar níveis
superiores de crescimento e de competitividade no cenário mundial. Os objectivos têm sido
centrados na coesão económica e social desde 1986, mas, no entanto, o Tratado de Lisboa
e a nova estratégia Europa 2020 introduziram uma nova dimensão: a coesão territorial.
Durante o período 2007-2013, o primeiro em que dez novos Estados-membros usufruíram
de fundos europeus como membros de pleno direito, as prioridades centraram-se no
reforço da coesão económica e social, através da simplificação dos procedimentos e da
concentração das ajudas nas regiões menos desenvolvidas, as que possuem um PIB por
habitante inferior a 75% da média da UE.
Agora chegou a altura de dar início ao debate sobre os novos Regulamentos que vão reger
a programação financeira durante o período 2014-2020. E, neste momento, o cenário é
totalmente diferente do existente quando da planificação do período de programação
anterior: em plena época de crise económica, as disparidades regionais aumentaram de
forma não equitativa e a situação de escassez de recursos financeiros, tanto a nível
comunitário como nos Estados-membros, soma-se aos desafios marcados pelo elevado
nível de desemprego e pela situação meio ambiental.
Assim, neste novo contexto, a Política de Coesão é marcada por três grandes objectivos:
1) Convergência
2) Competitividade regional e emprego
3) Cooperação territorial europeia (para a promoção de um desenvolvimento
harmonioso e equilibrado na UE)
As regiões da Europa precisam de uma reorientação na programação da política de coesão
para o novo período 2014-2020. Perante esta situação, a Comissão Europeia publicou um
relatório sobre coesão e estimulou o debate público com o objectivo de promover uma
reprogramação de acordo com as necessidades das regiões comunitárias.
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2. V Relatório da Coesão Económica, Social e Territorial
De três em três anos, a UE publica um relatório sobre coesão económica, social e
territorial, no qual se especificam os avanços nestes sectores e a contribuição da UE e dos
governos nacionais e regionais.
O último relatório publicado, o V Relatório de Coesão, centra-se em quatro aspectos
essenciais:
1. Análise das disparidades regionais.
2. Contribuição da EU e dos governos nacionais e regionais.
3. Repercussões da política de coesão.
4. A política de coesão após 2013.
O objectivo deste relatório é argumentar com a necessidade de coordenar a política de
coesão com outras políticas da EU, tendo por objectivo a obtenção de uma eficiente
execução da estratégia Europa 2020 e, deste modo, um crescimento inteligente, inclusivo
e sustentável. Para este efeito, assinala a contribuição que as regiões e a política de coesão
podem oferecer para a concretização destes objectivos.
Em seguida apresentam-se em detalhe os principais aspectos de cada capítulo do citado
relatório.
2.1 - Contexto e tendências económicas, sociais e territoriais
O primeiro capítulo do relatório proporciona uma visão do contexto e das tendências das
regiões europeias, do ponto de vista económico, social e ambiental. Esta análise revela
fortes disparidades entre regiões que é preciso reduzir para um progresso orientado para
as metas de um crescimento inteligente, verde e inclusivo.
Para se conseguir reduzir as diferenças, o relatório propõe trabalhar os seguintes aspectos:
Promoção da competitividade e da convergência
O mercado interior conta com 500 milhões de habitantes e é uma das principais forças e
fontes de oportunidades da UE. Um mercado desta dimensão pode ajudar as empresas
europeias a serem mais produtivas e mais competitivas à escala global. Além disso, o
mercado interior representa livre circulação de bens e serviços, mas também de pessoas, o
que representa novas oportunidades de emprego.
No entanto, num momento de crise como o actual, a situação complica-se. A produtividade
é a principal fonte de crescimento das regiões europeias e esta produtividade,
especialmente nas regiões mais desenvolvidas, alimenta-se da inovação.
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Neste contexto, o relatório aponta três áreas chave de acção:
Inovação: É necessária uma maior inovação em todas as regiões da UE, ligada à
produtividade. A acção pública é necessária para promover o investimento em
inovação e educação e para impulsionar o crescimento económico.
Infra-estrutura: A inovação resulta em crescimento quando chega ao grande
mercado. As infra-estruturas utilizadas para o efeito estão em mudança e agora
cada vez são mais os serviços acessíveis através da rede. Isto implica que é
necessário avançar para um mercado único digital e melhorar o acesso à banda
larga. No entanto, apesar da relevância das redes digitais, a capacidade para
movimentar gentes e bens através de comboios, estradas, ar e água continua a ser
de grande importância. As infra-estruturas de transportes estão desigualmente
distribuída pela Europa, sobretudo nas regiões transfronteiriças que contam com
um nível inferior de infra-estruturas e com um menor acesso aos serviços e
mercados. A cooperação transfronteiriça pode melhorar a situação, embora isto
implique um elevado custo, devido principalmente à diversidade de sistemas
institucionais, culturais e idiomáticos. O apoio europeu pode ajudar a melhorar e a
superar tais obstáculos, com a utilização de recursos até agora não explorados.
Instituições: Instituições fortes são cruciais para um crescimento sustentável e
para o bem-estar social.
Combinar esforços para melhorar as infra-estruturas, as instituições e o ritmo da inovação
pode resultar numa economia mais produtiva e mais competitiva, sendo essencial para a
manutenção de níveis adequados de crescimento e de criação de emprego.
Melhoria do Bem-estar e redução da exclusão social
Esperança de vida e saúde: a população europeia conta com uma das
maiores esperanças de vida a nível mundial. Um aumento da proporção de pessoas
mais idosas implica uma maior procura de serviços relacionados com a saúde. Deste
modo, em consequência do aumento de idade, aumenta também a idade de
reforma, o que implica uma procura de (re-)formação e de acordos laborais mais
flexíveis.
Condições de vida: Desde o ano de 2008 as taxas de desemprego
aumentaram consideravelmente em toda a Europa. É necessário um maior esforço
para ultrapassar esta situação e criar emprego nos próximos anos. Além disso, há
outros objectivos relacionados com este: o aumento da mobilidade laboral, a
melhoria da integração da mulher no mercado laboral e a integração real da
população emigrante. Em áreas densamente povoadas, além disso, existem
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problemas acrescidos que ameaçam a qualidade de vida dos cidadãos, como são
exemplo a violência, o ruído e a poluição.
Pobreza: Um dos objectivos da Europa 2020 é o de reduzir a pobreza e a
exclusão social. Em consequência da crise, os orçamentos familiares diminuíram,
tendo aumentado as diferenças de rendimento médio entre os Estados membros e
regiões do mesmo país. Face a esta situação, é preciso gerir a mudança e construir
uma sociedade coesa partindo do investimento em educação, formação e
capacidades, modernizando os mercados de trabalho.
Promover a sustentabilidade meio ambiental
A adaptação às alterações climáticas: É preciso assumir a nova
realidade climática e as suas consequências, sobretudo nas regiões do sul da
Europa, áreas de costa e de montanha. As regiões agrícolas ou turísticas,
especialmente as de turismo sazonal, serão as mais afectadas pelas alterações
climáticas que previsivelmente afectarão estas actividades.
Limitar as alterações climáticas: Alcançar o objectivo marcado pela
estratégia Europa 2020 de que 20% do consumo energético provenha de energias
renováveis vai requer um maior investimento em energia solar, especialmente nas
regiões do sul da Europa, e eólica, em particular ao longo da costa Atlântica e do
Mar do Norte.
Para a redução de emissões de gases com efeito de estufa é preciso reforçar os
investimentos do sector privado e público. Em relação a este último, o relatório
defende a priorização de um melhor isolamento dos edifícios, a melhoria dos
sistemas de aquecimento e a adopção de sistemas de transporte mais eficientes.
Melhorar a qualidade meio ambiental: Apesar da melhoria da
reciclagem, continua a ser necessário um maior progresso no tratamento eficiente
de resíduos. Também a qualidade do ar e a gestão das zonas verdes protegidas
precisam de ser melhoradas.
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2.2 Políticas Nacionais e Coesão
Todos os governos da UE deram início a políticas de desenvolvimento regional nos seus
territórios. Umas mais orientadas para a redução das disparidades regionais, outras para o
fomento da competitividade, todas com um denominador comum: estimular o
desenvolvimento endógeno do território.
Quando se fala da concretização no terreno da política de coesão, não se pode obviar a
importância dos governos regionais e locais, responsáveis por executarem, em média, dois
terços dos investimentos públicos essenciais para a melhoria da competitividade das
regiões europeias.
O investimento público é essencial para a melhoria da competitividade das regiões menos
desenvolvidas, especialmente aquelas com menos infra-estruturas. Em consequência, o
apoio da Política de Coesão assegura que os países e regiões menos desenvolvidos possam
manter as taxas de investimento público necessárias para o aumento do seu potencial de
crescimento, assim como a contribuição para a convergência da UE e a melhoria do
funcionamento das suas instituições. Nas regiões mais desenvolvidas, a política de coesão é
importante para promover a competitividade, melhorar as medidas de protecção ambiental
e a adaptabilidade dos trabalhadores através de, entre outros factores, a formação
contínua.
A crise económica provocou o endividamento dos Estados-membros e das suas regiões.
Esta situação torna previsível que nos próximos anos se reduza o gasto público e o
investimento. Assim, também é previsível que a Política de Coesão adquira maior
importância como fonte principal de investimento em muitos países. Esta situação tornará
necessária, portanto, a revisão das regras de co-financiamento para garantir o princípio de
controlo de despesas e a obtenção de um sistema mais transparente, fácil e de confiança.
Também é importante promover reformas estruturais e institucionais para maximizar o
impacto da política de coesão. A estratégia Europa 2020 estabeleceu um novo quadro ao
qual a política de coesão terá que se adaptar. Um aspecto chave é o estabelecimento de
vínculos entre o projecto e a execução da política e entre os objectivos macroeconómicos e
as reformas estruturais e institucionais requeridas para a programação do próximo período.
2.3 Outras políticas da UE e Coesão
De acordo com o Tratado da EU, a concepção e execução de todas as políticas da UE
deveriam ter em conta o seu efeito na coesão económica, social e territorial. Actualmente,
algumas políticas têm uma clara dimensão territorial, como é o caso da política de
transporte ou de meio ambiente, ao passo que em outras, como a sociedade da
informação, a dimensão territorial é mais difusa ou ainda, como no caso do mercado
interior, torna-se impossível de distinguir entre diferentes zonas da UE. No entanto, todas
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as políticas têm repercussão na coesão. É preciso haver consciência do impacto local das
políticas, quer seja antes da sua aprovação ou como parte de uma avaliação posterior.
Deste modo, é importante salientar que todas as políticas estão relacionadas entre si.
Portanto, uma falta de coordenação entre as mesmas pode reduzir os efeitos desejados ou
inclusive produzir o efeito contrário. Por exemplo, as melhorias nas infra-estruturas não
implicam automaticamente um maior crescimento, caso não sejam acompanhadas por um
investimento em áreas como a educação, as empresas e a inovação. Deste modo, o
investimento em I+D precisa de ser complementado com investimento em capital humano,
e com o papel de difusão da política de coesão em toda a UE e a nível regional.
Dados os actuais limites orçamentais em toda a EU, nos próximos anos, e perante a
necessidade de apoio à reconversão económica, é preciso maximizar os efeitos dos
recursos empregues. Isto, tal como assinala a estratégia Europa 2020, só poderá ser
alcançado caso todas as políticas da UE se reforcem mutuamente.
2.4 O impacto da Política de Coesão
A política de coesão é o instrumento principal para um desenvolvimento harmonioso em
toda a UE, não apenas a nível económico, mas também no que diz respeito ao meio
ambiente, respeitando as particularidades de cada território e as suas características
culturais.
Em termos de economia regional, o financiamento proporcionado pela política de coesão
durante o período 2000-2006 criou cerca de um milhão de empregos em empresas da UE e,
em termos macroeconómicos, contribuiu para o aumento do nível do PIB na UE. No
entanto, o relatório estabelece que, como em tudo, é ainda possível fazer
aperfeiçoamentos. No passado, as subvenções proporcionaram um apoio valioso, mas
detectou-se que, em alguns casos, há uma dependência excessiva das ajudas. Neste
sentido, a Comissão Europeia mostra-se favorável a evoluir para um sistema misto, no qual
as ajudas sejam combinadas com empréstimos e outros instrumentos de engenharia
financeira lançados em coordenação com o Banco Europeu de Investimento (BEI), tais
como JEREMIE, JASMINE, JASPERS e JESICA.
No que diz respeito às prioridades temáticas, as preferências da Comissão serão orientadas
para os seguintes âmbitos:
Transporte: meios de transporte mais respeitosos com o meio ambiente
(comboios, sistemas urbanos…)
Formação: com especial atenção aos jovens, aos desempregados de longa duração
e às pessoas com baixos níveis de formação.
Envolver, desde o início, os governos regionais e locais. A experiência mostra que a
participação activa de organizações a nível regional e local é um factor chave de
êxito e uma das principais fontes de valor acrescido da política de coesão.
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Meio ambiente: acompanhamento da redução de emissões de gases de efeito de
estufa e garantia da sustentabilidade das infra-estruturas meio ambientais criadas
previamente.
Em termos de gestão política é necessário um forte envolvimento de governo multinível
(nacional, regional e local) para o êxito da política de coesão. Foi realizado um estudo que
demostrou existirem progressos na capacidade administrativa, no entanto, um esforço
maior é necessário para assegurar que todos os níveis de governo na UE possuem a
capacidade administrativa necessária para a concretização efectiva da política de coesão.
Avaliações recentes revelam uma excessiva tendência para a “absorção” de fundos. Isto é,
mais concentração de esforços com o intuito de gastar o dinheiro do que com o intuito de
chegar a resultados. A Comissão é partidária de que a política de coesão se concentre nos
resultados, estabelecendo para tal um número limitado de prioridades e uma visão clara dos
objectivos que se querem obter e da sua contribuição para o desenvolvimento económico,
social e territorial das regiões e/ou Estados-membros em questão.
2.5 Conclusões do Relatório e Resultados da Consulta Pública:
Recomendação para o futuro da Política de Coesão
A política de Coesão trouxe uma contribuição significativa para o aumento do crescimento
e da prosperidade na Europa, reduzindo as disparidades económicas, sociais e territoriais
entre as regiões da UE.
O V Relatório de Coesão demonstra que esta política criou novos postos de trabalho,
aumentado o capital humano, contribuindo para a criação de novas infra-estruturas e para
uma maior protecção meio ambiental, especialmente nas regiões menos desenvolvidas.
Agora, à luz dos novos desafios com que a UE é confrontada, muitos destes derivados da
crise económica mundial, é necessário planear uma reforma da política de coesão. Em
particular, na opinião da Comissão, esta política deve concentrar-se nos objectivos
marcados pela estratégia Europa 2020 e comprometer os Estados-membros com a
implantação das reformas, centrando-se também na melhoria da eficácia das medidas
promovidas e adoptando uma perspectiva orientada para os resultados obtidos.
Com estas primeiras conclusões, a Comissão Europeia inaugurou um período de consulta
pública sobre o futuro da política de coesão, para a qual contribuíram, entre outras
instituições, o Eixo Atlântico e a Conferência Europeia de Cidades Inter-regionais e
Transfronteiriças (CECICN, na sua sigla em inglês). As duas contribuições podem ser
consultadas nos anexos a este relatório.
A consulta pública recebeu 444 contribuições, incluindo as de 26 de Estados-membros, 225
autoridades regionais e locais, 66 agentes económicos e sociais e 37 organizações europeias.
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Além disso, também foram recebidas contribuições da sociedade civil (29), cidadãos (21),
empresas privadas (15), universidades e centros de investigação (8), outras instituições
europeias (1) e outros agentes interessados (9). Todas as contribuições podem ser consultadas
na página web da Comissão:
http://ec.europa.eu/regional_policy/consultation/5cr/index_es.cfm
A consulta dividia-se em 13 perguntas. Em seguida serão resumidos os principais resultados
das respostas recebidas.
1 – Como poderiam ser melhor aproximadas a estratégia Europa 2020 e a política de coesão
a nível subnacional, nacional e da UE?
Os participantes revelaram-se, de forma geral, partidários de uma maior conexão entre a
política de coesão e a estratégia Europa 2020, embora mantendo os objectivos específicos da
política de coesão. Além disso, garantir a flexibilidade desta política, tendo em conta o
contexto regional e local, foi uma das opiniões mais assinaladas em muitas das respostas
recebidas.
No caso das autoridades regionais e locais em particular, as contribuições revelaram-se
especialmente favoráveis à adopção de uma perspectiva “bottom-up” (de baixo para cima),
que contemple uma maior participação das autoridades subnacionais na concepção e na
implementação da política de coesão. Também se mostraram favoráveis ao alcance de uma
maior coordenação entre as políticas e os diversos níveis de governação.
2 – Deveria o âmbito da aplicação do contrato de colaboração em matéria de
desenvolvimento e investimento ser alargado para além da política de coesão? De que
forma?
Neste caso, a maioria dos participantes, em especial os Estados-membros, apoiaram a
proposta da Comissão para a criação de um quadro estratégico comum que inclua os fundos
da EU, além do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional, do Fundo Social Europeu e
do Fundo de Coesão.
A este respeito, as autoridades e locais manifestaram, através das suas contribuições, o seu
voto a favor de uma maior coordenação entre a política de coesão e outras fontes temáticas
de financiamento, em especial: inovação e investigação, transportes, meio ambiente, energia e
economia verde.
3 – Como se poderia alcançar uma maior concentração temática nas prioridades da Europa
2020?
Embora, de forma geral, os participantes tenham apoiado a proposta de concentrar a política
de coesão num número limitado de prioridades, muitos mostraram preocupação sobre a
forma como poderiam ser fixadas as prioridades em causa e também são da opinião de que
não deveria existir uma concentração temática pré-fixada à escala da UE. Em termos gerais,
esta é a postura defendida pelas autoridades regionais e locais, preocupadas com o facto de
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as prioridades pré-definidas à escala europeia poderem diminuir a capacidade de promoção de
estratégias de desenvolvimento socioeconómico individuais.
4 - Como poderiam as condições, os incentivos e a gestão baseada na obtenção de
resultados fazer com que a política de coesão se torne mais eficaz?
De forma geral, a maioria das respostas apoiou a introdução de incentivos relacionados com a
eficácia da política de coesão. No entanto, os participantes reclamaram mais informação sobre
as diversas opções de incentivos que estão a ser ponderadas.
As autoridades regionais e locais, em concreto, manifestaram a sua oposição ao
estabelecimento de condições macrofiscais e a qualquer outra acção sobre a qual não tenham
capacidade de influência, assim como em relação aos resultados que não podem ajudar a
conseguir. Por outro lado, manifestaram-se favoráveis acerca da introdução de incentivos
directamente relacionados com a implementação da política de coesão.
5 - Como se poderia fazer com que a política de coesão fosse mais orientada para a
obtenção de resultados? Que prioridades deveriam ser obrigatórias?
Os participantes, de forma geral, apoiaram:
a introdução de sistemas de controlo e avaliação que funcionem melhor e que
estejam de acordo com uma perspectiva da política de coesão orientada para a
obtenção de resultados.
Melhores indicadores qualitativos e quantitativos que sejam adequados aos
objectivos identificados a nível local.
Prioridades políticas: meio ambiente, inovação e integração social. No entanto, acerca
disto é preciso salientar que a maioria se refere a estas como “âmbitos prioritários”, e
não como “prioridades obrigatórias”.
Sobre esta questão, as respostas das autoridades regionais e locais sublinham a necessidade
de uma melhor coordenação entre os diversos níveis de governação. Concretamente, a maior
parte das suas contribuições solicitava uma maior participação dos agentes sub-nacionais para
concentrar os objectivos da política nas necessidades reais de cada território. Neste sentido, as
autoridades locais e regionais centraram as suas petições na criação de indicadores
adequados, que reflictam para além gastos e se centrem nos resultados, de forma que se
possa avaliar a contribuição da política de coesão para a melhoria dos standards de sanidade,
bem-estar, meio ambiente e emprego das regiões europeias. Deste modo, em relação ao
estabelecimento de prioridades, as autoridades regionais e locais mostraram-se contrárias a
fixar prioridades à escala europeia, argumentando que é melhor que as prioridades se definam
à escala local, para assim poderem adequar-se às necessidades locais e às estratégias
regionais.
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6 - Como pode a política de coesão ter mais em conta o importante papel das áreas urbanas
e dos territórios com características geográficas particulares, assim como o surgimento de
estratégias macrorregionais?
As partes interessadas apoiaram a prestação de uma maior atenção, em geral, às áreas
urbanas e às regiões que enfrentam desafios geográficos e/ou demográficos específicos.
Nesta área, as autoridades regionais e locais, de forma unânime, expressaram a sua opinião
de que a política de coesão deverão prestar apoio às áreas urbanas. Também consideraram
que é preciso ter em conta as especificidades territoriais, prestando especial atenção às áreas
com desafios geográficos e demográficos específicos, às regiões remotas e às áreas de ligação
entre zonas urbanas e rurais.
7 - Como se pode melhorar o princípio de colaboração e de participação das partes
interessadas locais e regionais, dos interlocutores sociais e da sociedade civil?
Os participantes pediram uma maior e melhor cooperação entre a sociedade civil e o sector
privado, tanto no processo de programação como no da concretização dos programas.
A este respeito, as autoridades regionais e locais mostraram-se favoráveis a uma maior
definição dos contratos de parceria, especialmente aqueles que requerem o envolvimento dos
stakeholders locais. Assim, torna-se necessário um maior envolvimento destes agentes locais,
especialmente na fase de programação.
8 - Como pode ser simplificado o processo de auditoria e como podem integrar-se melhor as
auditorias dos Estados-membros e da Comissão, mantendo-se um nível elevado de
fiabilidade no gasto co-financiado?
Sobre esta questão, os participantes na consulta pública manifestaram um forte apoio a um
conjunto de procedimentos de gestão financeira mais transparentes e simplificados. Alguns,
em particular, propuseram a adopção de um sistema proporcional e progressivo de auditoria
que dependa tanto do tamanho e do custo de um projecto como da fiabilidade demostrada
pelas autoridades de gestão nos períodos anteriores.
As autoridades regionais e locais participantes na consulta expressaram-se nesta linha,
pedindo uma maior simplificação dos procedimentos, com particular atenção aos sistemas de
auditoria.
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9 - De que forma é que o princípio de proporcionalidade poderia aliviar a carga
administrativa da gestão e controlo? Deveriam ser introduzidas medidas de simplificação
específicas para os programas de cooperação territorial?
De forma geral, os participantes solicitaram uma maior flexibilidade e simplificação das normas
administrativas, em particular quando os fundos forem limitados e exista uma vasta
experiência na gestão de projectos semelhantes. No que diz respeito aos programas de gestão
territorial, pediu-se uma maior harmonização das normas e dos procedimentos nos Estados-
membros.
As autoridades regionais e locais também se manifestaram nesta linha, assinalando, além
disso, a simplificação dos projectos de cooperação territorial como uma prioridade.
10 - Como pode ser alcançado um equilíbrio adequado entre as normas comuns para todos
os fundos e o reconhecimento das particularidades de cada um destes ao serem
estabelecidas as normas para o financiamento?
A maioria dos participantes solicitou um conjunto comum de normas para os fundos
estruturais em matéria de financiamento dos gastos, mantendo, no entanto, um certo grau de
flexibilidade. A maioria das respostas das autoridades regionais e locais esteve na mesma linha
desta postura.
11 - Como se pode garantir a disciplina financeira e, ao mesmo tempo, dispor de suficiente
flexibilidade para configurar e concretizar programas e projectos complexos?
Muitos participantes apoiaram a proposta da Comissão de aplicar a norma actual de libertação
de compromissos, mas introduzindo uma excepção para o primeiro ano. Outros também
sugeriram a ideia de alargamento da norma de libertação de compromissos até ao terceiro ano
(N+3) durante todo o período de programação. Nesta linha, também foi requerida uma maior
descentralização da gestão financeira a favor das autoridades regionais e locais, com uma
maior flexibilidade na concepção e execução dos programas operativos adaptados aos
contextos regionais e nacionais específicos.
As contribuições das autoridades regionais e locais vão na mesma linha destas propostas.
12 - Como se pode garantir que a estrutura da política de coesão terá em conta a
especificidade de cada fundo e, em particular, a necessidade de contribuir com uma maior
visibilidade e volumes de financiamento previsíveis no caso do Fundo Social Europeu, e de o
dedicar a garantir os objectivos de 2020?
A maioria das contribuições abordou a relação entre o Fundo Social Europeu (FSE) e o Fundo
Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), defendendo uma melhor coordenação entre
os dois fundos, embora mantendo-se a natureza específica do FSE e a sua abordagem em
matéria de empregabilidade, formação e integração social.
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A este respeito, as autoridades regionais e locais também se mantiveram a favor de manter o
actual papel do FSE na política de coesão. Concretamente, defenderam a manutenção do
financiamento em educação e formação profissional, inclusão social e, de maneira especial, a
inclusão de grupos vulneráveis. Por fim, as propostas também pedem uma maior coordenação
entre fundos, permitindo inclusive o financiamento cruzado em projectos, embora mantendo-
se a estrutura actual do orçamento.
13 - Como poderia designar-se uma nova categoria intermédia de regiões para as que não
recuperaram completamente do seu atraso?
Sobre esta questão, a maioria dos participantes mostrou-se optimista sobre a ideia de criar
uma categoria intermédia. No entanto, alguns pediram, em seu lugar, um mecanismo de
transição mais flexível, incluindo uma redução gradual do financiamento, com uma ajuda
adicional para as regiões que enfrentam desafios específicos ou necessidades especiais. Por
fim, alguns participantes sugeriram que se adoptassem outros critérios à parte do PIB para
identificar as regiões intermédias. As respostas das autoridades regionais e locais foram
também nesta linha.
Por último, é importante salientar alguns aspectos surgidos das respostas, mesmo que não
estejam directamente relacionados com as perguntas formuladas na consulta:
Instrumentos de engenharia financeira. Muitas das contribuições fizeram referência a
estes instrumentos como uma ferramenta que poderia favorecer a participação do
sector privado em geral e das PIME em particular. No entanto, também se pretende
que o financiamento através de subvenções seja mantido em qualquer caso.
Utilização das TIC. Esta questão foi abordada como uma forma de melhorar a gestão
dos programas, de simplificar os procedimentos administrativos, de conseguir uma
gestão mais transparente e de melhorar a comunicação institucional e com o público
em geral.
Coordenação com o programa de cooperação com as fronteiras exteriores. Algumas
das respostas fizeram referência ao melhoramento da cooperação entre os programas
de cooperação territorial e a Política Europeia de Vizinhança e Instrumento de Parceria
(ENPI, nas siglas em inglês), como forma de criar sinergias e de simplificar os
procedimentos administrativos.
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3. Fórum: V Relatório de Coesão
Todas as ideias anteriormente tratadas foram apresentadas num Fórum sobre Coesão1
que teve lugar em Bruxelas, nos dias 30 de Maio e 1 de Junho de 2011, e no qual o Eixo
Atlântico esteve presente.
Em concreto, na referida ocasião, os participantes salientaram as seguintes questões
como pontos-chave para o futuro da política de coesão:
- Desenvolver uma Governação multinível, que abranja desde os níveis mais baixos
do governo até aos superiores e que permita gerir de perto as necessidades locais,
tornando assim efectivas as políticas lançadas pela UE através do controlo dos
níveis superiores de governo.
- Promover Associações público-privadas (investimento da sociedade civil): face à
actual conjectura de crise económica que se está a viver na Europa, as associações
público- privadas ajudam a suprir as necessidades de financiamento e também
ajudam as entidades privadas a investirem em acções que não poderiam ser
apoiadas sem o referido investimento. Trata-se de levar a cabo uma
territorialização da estratégia Europa 2020, agindo a partir dos territórios e
contribuindo deste modo para a concretização dos objectivos da estratégia Europa
2020.
- Concentrar a política de coesão, concentrando o esforço em poucas áreas
prioritárias, para assim alcançar uma maior eficácia.
- Criar incentivos positivos a nível territorial para levar a cabo medidas políticas
que fomentem os objectivos fixados a nível europeu. Simplificar os sistemas de
gestão e controlo, enquanto aspecto fundamental para os agentes locais e que
permitirá reconstruir a confiança e tornar os programas europeus mais acessíveis
aos cidadãos.
O resultado esperado a partir destas medidas é obter um crescimento:
1. Inteligente: criar uma sociedade do conhecimento com o objectivo de alcançar os
objectivos da estratégia Europa 2020. Partindo de uma melhoria na educação e de
uma maior transferência de conhecimento entre os diversos territórios da EU, será
possível avançar para uma União Europeia mais inovadora e competitiva à escala
global.
1 Toda a informação sobre o Fórum pode ser consultada na página web:
http://ec.europa.eu/regional_policy/sources/docoffic/official/reports/cohesion5/index_es.cfm
15
2. Sustentável: Trabalhar para um crescimento duradouro e que respeite o meio
ambiente. Espera-se que a Política de Coesão aproveite e impulsione a economia
verde e a evolução das zonas urbanas a cidades eco-eficientes.
3. Inclusivo: investir nos cidadãos, com concentração na obtenção de resultados.
Avançar para a criação de mais e melhores postos de trabalho que contribuam para a
redução da pobreza.
Finalmente, durante o fórum, os participantes comentaram também a importância da
dimensão territorial, da necessidade de reforçar a dimensão urbana e de fazer com que as
cidades sejam participantes directas na construção do futuro da Europa e na integração
urbana e rural. É essencial garantir a simplificação de procedimentos e que para
determinar prioridades se tenham em conta as características particulares das regiões
(especialmente as de zonas com necessidades especiais, como é o caso das
transfronteiriças ou das ultraperiféricas) O objectivo é favorecer o desenvolvimento e a
criação de sinergias através da cooperação.
Conclusões
O novo período “pós-2013” virá marcado por recortes orçamentais, consequência da
situação de crise que afecta a maior parte dos Estados-membros. Este cenário irá
condicionar todas as negociações e trabalhos que venham a ser realizados na preparação
do período de programação 2014-2020.
A nível europeu será necessária uma Política de Coesão mais eficiente, fácil e simples,
gerida por uma governação multinível, que envolva os cidadãos nas prioridades europeias
e coordene os diversos fundos, gerando sinergias entre estes.
A coesão territorial é um dos objectivos essenciais da União Europeia. Por isso, é
especialmente importante promover acções de proximidade, para que os cidadãos vejam
reflectidos os resultados em melhoramentos reais no seu dia-a-dia e se sintam mais
incluídos nas prioridades europeias. É preciso atingir-se um impacto real das medidas
aprovadas a nível territorial para que os os objectivos gerais da EU sejam concretizados.
Neste contexto, podemos concluir que o papel das autoridades locais para a política de
coesão é um factor chave, não só para a sua execução, mas também para a sua concepção
e estabelecimento de prioridades, de forma a se garantir não apenas que as medidas e os
seus resultados chegam aos cidadãos, mas também que estas acções dão resposta às
necessidades reais dos diversos territórios.
Na mesma linha do que se acabou de dizer, é preciso também ter em conta a diversidade
dos territórios da UE, que faz com que seja impossível o estabelecimento de um princípio
único de acção à escala europeia. A política de coesão deve ser dotada de flexibilidade
16
suficiente para garantir que os diversos programas europeus se adaptam às especificidades
de cada território.
Assim, tendo em conta o anteriormente estabelecido, parece que o ideal seria adoptar uma
estratégia bottom-up que partisse das autoridades locais, tanto para a tomada de decisão
sobre prioridades como para os mecanismos de gestão das diversas estratégias políticas.
Isto permitiria uma maior eficácia de resultados.
Uma outra porta a abrir seria a da ligação entre Política de Coesão e a estratégia Europa
2020. Só através da adopção desta visão se abrirão portas para uma economia sustentável,
que ajude a transformar os desafios em oportunidades, partindo de uma mobilização
territorial e de uma melhor utilização dos recursos, com o aproveitamento das sinergias
criadas graças à cooperação territorial.
Tendo em conta tudo o que foi dito anteriormente, podemos concluir que para o novo
período “Pós 2013” serão necessários Regulamentos que sirvam de base a cada um dos
instrumentos, outorgando-se um papel central à figura do cidadão na política de coesão. É
de crucial importância a criação de regiões intermédias, uma figura que abranja as regiões
em fase de transição e que deixaram de fazer parte do objectivo de convergência, como é o
caso da Galiza. Ao mesmo tempo, os fundos deverão ser dotados de maior simplificação e
flexibilidade, relacionadas com a obtenção dos resultados pretendidos.
Vigo, Julho de 2010
ANEXOS
1. Resposta do Eixo Atlântico à consulta sobre o V Relatório
de Coesão.
2. Resposta da CECICN à consulta sobre o V Relatório de
Coesão.
1
1. Resposta do Eixo Atlântico à consulta sobre o V Relatório de Coesão.
POSIÇÃO DO EIXO ATLÂNTICO DO NOROESTE PENINSULAR SOBRE O V RELATÓRIO DE
COESÃO ECONÓMICA, SOCIAL E TERRITORIAL: O FUTURO DA POLÍTICA DE COESÃO2
Documentos de referência:
– CONSEJO DE EUROPA (2009). “Protocol No. 3. to the European Outline Convention
on Transfrontier Co-operation between Territorial Communities or Authorities
concerning Euroregional Co-operation Groupings (ECGs)”, Council of Europe Treaty
Series, Nº 206, Utrecht, pp. 1-10.
– COMISIÓN DE LAS COMUNIDADES EUROPEAS (2010). “Invirtiendo en el futuro de
Europa. Quinto informe sobre la cohesión económica, social y territorial”, Comisión
Europea, Bruxelas, pp. 1-304.
– COMISIÓN DE LAS COMUNIDADES EUROPEAS (2010). “E U R O P E 2 0 2 0. A
European strategy for smart, sustainable and inclusive growth (2010)”,
ComisiónEuropea, Bruxelas, pp. 1-37.
– COMISIÓN DE LAS COMUNIDADES EUROPEAS (2010). “Conclusions of the fitth
report on economic, social and territorial cohesion: the future of cohesion policy”,
Communication from the Commissión to the European Parliament, the Council, the
European Economic and Social Committee of the Regions and the European
Investment Bank, ComisiónEuropea SEC(2010) 1348 final, Bruxelas, pp. 2-12.
– COMISIÓN DE LAS COMUNIDADES EUROPEAS (2009). “Informe de la Comisión al
Parlamento Europeo y al Consejo. Sexto Informe de situación sobre la cohesión
económica y social”, Comisión Europea, SEC(2009) 828 final, Bruxelas.
– COMITÉ DE LAS REGIONES (2009). “Libro Blanco del Comité de las Regiones sobre
la gobernanza multinivel”, Dictámenes Comité de las Regiones (2009/ C 211/01),
pp. 1-27.
– PAWEL SAMECKI (2009). “Orientation Paper on Future of Cohesion Policy”,
ComisiónEuropea, pp. 1-13.
2 O Eixo Atlântico deseja agradecer à Câmara Municipal de Guimarães, em especial à Divisão
de Acção Social, pelas contribuições concretas que ofereceram a este V Relatório de Coesão.
2
Questionário / Respostas
• Como poderiam ser melhor aproximadas a estratégia Europa 2020 e a política de
coesão a nível subnacional, nacional e da UE?
Para situar correctamente as sinergias da estratégia Europa 2020 e da Política de
Coesão será necessária uma revisão das propostas do Comité das Regiões e das
propostas realizadas no Livro Verde sobre a Coesão Territorial pelo Eixo Atlântico,
onde se insiste na necessidade de uma gestão das políticas e dos fundos comunitários
que parta dos territórios.
A fórmula dos Pactos Territoriais Europeus inclui elementos de boa governação e de
governação multinível centrados nos agentes mais activos das políticas de cooperação
territorial: os governos locais. O Eixo Atlântico é um bom exemplo da excelência destas
propostas, uma vez que ao longo dos últimos vinte anos empreendeu um enorme
esforço de gestão em matéria de projectos comunitários, funcionando também como
canal de socialização das políticas da União Europeia no seu território.
Porém, para este efeito, é preciso um reforço institucional dos agentes locais,
enquanto interlocutores directos perante a Comissão Europeia e os Estados-Membros,
e também um aumento das suas capacidades de gestão no âmbito do
desenvolvimento das AECTs, o que lhes permitirá consolidarem a sua acção numa
escala variável, não apenas no seu território transfronteiriço imediato, mas também
em contextos eurorregionais, macrorregionais e internacionais.
Este enfoque deverá ser extensível à política de coesão (económica, social e
territorial), já que uma boa parte dos objectivos que estão incluídos na Estratégia 2020
são para implementação a nível local.
Isto deve-se ao facto de o crescimento inclusivo, sustentável e inteligente ter que se
ser implementado em áreas assimétricas, como é o caso das periféricas e das
transfronteiriças, e ter que adaptar as suas estratégias a estas realidades territoriais e
socioeconómicas. Para este efeito, deverão ser reforçados os seguintes campos de
acção:
3
– Socioeconómica: políticas educativas para os jovens que vivem nos respectivos
territórios, e que tenham por objectivo evitar uma massiva “fuga de cérebros”, e
políticas activas para os desempregados com mais de 40 anos.
– Institucional: reforço dos mecanismos de cooperação voluntária, incorporação de
novas iniciativas que premiem as redes de cooperação regional-local (tanto as
verticais como as horizontais, nos territórios de fronteira, como é o caso de
Espanha-Portugal).
– Inovação: integração nas agendas públicas e socioeconómicas dos respectivos
territórios de elementos de inovação baseados nas agendas locais digitais,
destinados a produzir valor real (social outcome) a partir das instituições públicas,
das empresas, dos centros de formação superior e da população objecto das
políticas (jovens e desempregados).
Como alcançar tudo isto? Situando as redes de cooperação local no centro da
formulação das políticas, ao lado das Autoridades Nacionais, com a possibilidade de
tomada de decisões sobre modelos e implementação, da mesma forma que um pool
de stackeholders, políticas de cooperação territorial.
Que redes? Decerto não todas, uma vez que será preciso evitar iniciativas não
efectivas e a participação multilateral de baixa qualidade e efectividade. A UE conta
com um background suficiente em matéria de cooperação transfronteiriça, ao longo
de mais de duas décadas (por exemplo, com a Iniciativa Comunitária Interreg) para
saber quem está em condições de assumir a liderança social em matéria de
cooperação.
A governação deve deixar passo à boa governação, as redes devem prestar contas e
assumir os seus êxitos e fracassos, e a Comissão Europeia deverá ser co-responsável
por estes esforços desenvolvidos ao longo dos anos de gestão de fundos e de projectos
comunitários. A atribuição de ajudas a todos os que as requerem (o chamado “café
para todos”) e as experiências piloto já não são suficientes, está na altura de tomar a
decisão de escolher os melhores agentes para o processo de formulação e de criação
da política de coesão para a próxima década.
Se os prognósticos estão correctos, e a crise arruinou a posição global da UE em
matéria de produtividade, de emprego e de crescimento demográfico, e se os novos
BRICS são capazes de crescer mais rápido e mais intensamente, está na altura de
reflectir sobre se a UE conseguirá compatibilizar o crescimento a curto prazo com as
4
bases de protecção sócio-ambiental e de segurança no trabalho que foram
consolidadas ao longo do último meio século.
Os esforços passam por melhorar a coordenação (Método Aberto de Coordenação)
entre os Estados em matéria financeira e também entre os agentes multinível da rede
de programas que a UE põe e vai pôr em acção nos próximos anos. Mais redes não
significam, necessariamente, melhores políticas ou maior democracia. A densidade
institucional e público-privada deve ser redefinida à luz dos resultados, da eficiência,
da eficácia, da produtividade, do impacto que os agentes têm nos seus respectivos
objectivos públicos.
O futuro, para o Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, passa pela assunção das
mesmas prioridades que marcam a Estratégia Europa 2020, mas com as necessárias
matizes específicas da realidade à qual responde como agente da cooperação
territorial local, numa área de baixa densidade e em transição para níveis de PIB na
média da UE. De facto, a agenda do Eixo e dos seus municípios rege-se actualmente de
acordo com o seguinte esquema:
– O crescimento inteligente, baseado no conhecimento e na inovação, deve ter
nome e apelidos no território. Os seus agentes deverão aceitar que não há
conhecimento sem gestão (knowledgemanagement), e que não há inovação sem
cooperação público-privada. A estratégia requer uma mudança na base das
relações entre agentes institucionais, sociais, empresariais e do conhecimento
(Universidades e centros de investigação superior), assumindo o novo paradigma
de boa governação, baseado na confiança e em modelos de capital social mais
cooperativos. Os municípios urbanos estão preparados para assumir as estratégias
comunitárias em matéria de inovação, sociedade e conhecimento, em colaboração
com as Universidades do seu contexto transfronteiriço (como é o caso do Eixo
Atlântico).
– O crescimento sustentável implica a concretização de acções operativas em
matéria de eficiência energética e de linhas de acção contra as alterações
climáticas. Tudo isto deve ser feito a partir dos municípios, base das políticas deste
género. Os municípios urbanos têm sido capazes de propor estratégias contra as
alterações climáticas que integram no esquema multinível europeu, que confiam
ser útil para ajudar a melhorar não só o meio ambiente, mas também a
competitividade dos seus territórios. A eficiência energética tornou-se uma
prioridade local, na qual apostam as diversas equipas de governo das grandes
cidades e o Eixo Atlântico enquanto rede de cooperação local transfronteiriça.
5
– O crescimento inclusivo deve procurar alcançar taxas de emprego altas, mas sem
esquecer os perfis profissionais mais adequados a uma sociedade industrial e com
idades superiores a 40 anos. É inegável a importância do papel das grandes cidades
para o desenvolvimento de um novo modelo produtivo, no qual tenham lugar
novos perfis profissionais, mais e melhor formados em novas áreas, capazes de
oferecerem ao conjunto da União Europeia opções à perspectiva da “flexicurity
agenda”.
• Deveria ser alargado o alcance do contrato de colaboração em matéria de
desenvolvimento e de investimento, não se restringindo apenas à política de coesão?
Nesse caso, de que forma?
No caso da Euro-região Galiza-Norte de Portugal, e no que se refere ao contexto local e
aos governos locais que integram o Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, prevê-se
necessário alargar o alcance de aplicação da fórmula “contrato de colaboração“, no
que diz respeito ao desenvolvimento e ao investimento nos espaços públicos da
política, com especial incidência no emprego e nos sectores produtivos galegos e
portugueses, particularmente, no que diz respeito aos objectivos gerais e específicos
dos Projectos Operativos.
Na nossa área territorial e político-administrativa poderiam ser consideradas áreas
específicas, que o V Relatório reúne no seu texto, como é o exemplo das políticas de
transportes, do meio ambiente, do meio marinho e a política de pescas comum; sem
esquecer as que estão relacionadas com o I+D+i e com a Sociedade da Informação, a
saúde e a política agrícola comum.
Em virtude da especial situação socioeconómica na qual vivem os cidadãos numa área
periférica, de fronteira e de baixa intensidade, como é o caso da Euro-região Galiza-
Norte de Portugal, deveria existir uma especial preocupação com questões
relacionadas com a educação, o emprego, a pobreza e a exclusão social nestas áreas.
• Como poderia conseguir-se uma maior concentração temática nas prioridades da
Europa 2020?
Um dos maiores problemas da Política de Coesão é o da sua extrema complexidade
temática e técnica, de tal ordem que aqueles que poderiam ser considerados como
elementos centrais para a coesão de um território, acabam por esfumar-se num sem-
fim de agentes, programas, fundos e avaliações (auditorias) técnicas. O excesso de
6
tecnocracia e de hiperespecialização do expertise da programação comunitária afasta a
cidadania em geral e sobretudo os agentes centrais da coesão territorial, como é o
caso dos governos locais. A concentração temática passaria por aceitar como
documento de referência a Estratégia Europa 2020 e a sua tríade “crescimento
inteligente, sustentável e inclusivo”, ficando assim simplificados os fundos num quadro
comum (CSF), como se pode ler no V Relatório e também nos programas operacionais
(OPs) “claros e acessíveis”.
No que diz respeito aos agentes da cooperação em matéria de políticas de coesão,
parece ser necessário “reinventar” o mapa e reforçar as redes com massa crítica,
capazes de alcançar resultados (gestão de fundos e impacto nos seus públicos alvo), o
que em palavras de PawelSamecki se poderia resumir como uma “política simples e
mais eficiente” com “sistemas de controlo e de gestão mais simples e eficientes”.
Impõe-se como objectivo principal uma boa gestão da governação para que a
Comissão Europeia consiga os melhores interlocutores para as suas políticas, num
contexto cada vez mais dinâmico e com uma “geometria variável” (Comunidades de
Trabalho, Euro-regiões, AECTs, Macrorregiões, Grupos Europeus de Cooperação -ECGs-
…).
A crise económica e financeira está a atingir duramente as estruturas de gestão das
Câmaras Municipais galegas e das Câmaras Municipais lusas, situação que se prevê
extensível ao conjunto dos 8.113 municípios espanhóis e 308 portugueses. Nos
próximos anos este cenário vai enfraquecer a capacidade de acção das entidades locais
para continuarem a apostar na cooperação territorial na Europa.
Se os deficits estruturais de gestão das entidades de cooperação territorial vão ser
difíceis de superar nos próximos anos, a complexidade e a diversidade temática será
ainda mais difícil de superar, razão pela qual as equipas de governos locais e os seus
diversos departamentos administrativos devem concentrar os seus esforços (tempo,
dinheiro e conhecimento) na aposta em programas da política de coesão que sejam
facilmente identificáveis como de alto rendimento para cada um dos municípios.
Por todos estes motivos, o Eixo Atlântico defende que se poderia alcançar uma maior
concentração temática nas prioridades da Europa 2020, através dos três seguintes
mecanismos:
1. Uma das opções na qual as Instituições Europeias poderiam apostar, e em especial
a Comissão Europeia, seria na inversão da lógica do financiamento público (top-
7
down) e na assunção de que são os municípios, como agentes privilegiados de
gestão da coesão territorial, que têm que ordenar a sua lista de prioridades
perante os Estados-membros e os responsáveis pela Política de Coesão (bottom-
up).
2. Reforçar as estruturas de cooperação existentes, sobretudo de âmbito local, como
é o caso do Eixo Atlântico, transformando-as “de iure” em AECTs, para que possam
continuar a agir de forma eficiente no contexto da cooperação territorial, não
apenas local, mas também a nível euro-regional e inter-regional (o Eixo participa de
forma activa na Comunidade de Trabalho Galiza-Norte de Portugal e também na
AECT Galiza-Norte de Portugal e nas dinâmicas de cooperação na rede europeia,
RIET e CECINC, tratando-se de um dos agentes fundadores da estratégia para a
Macrorregião Galiza, Castela-Leão e Norte de Portugal).
3. Participação dos agentes transformadores da sociedade nas políticas de coesão.
Para tal, é fundamental criar e dotar de sentido de missão e de objectivos um
modelo de organização (pessoal, sistemas de informação) e de intervenção social
baseado na associação com os sectores sociais de cada município e entre os quais
se integram as redes territoriais locais (como é o caso da Câmara de Guimarães e
do seu Conselho Local de Acção Social).
• Como poderão as condições, os incentivos e a gestão baseada na obtenção de
resultados fazer com que a política de coesão seja mais eficaz?
Segundo os teóricos da gestão, a criação de um modelo e dos seus indicadores só
satisfaz aquele que os elabora, porque, efectivamente, nem tudo pode ser medido,
nem é possível que a avaliação sirva por igual a realidades territoriais,
socioeconómicas e político-administrativas tão diversas como as que concorrem no
espaço da União Europeia.
A máxima que deveria figurar no início de cada programa comunitário para a próxima
década poderia ser a da “gestão da experiência = melhor gestão da escassez”, ou seja,
a aplicação de critérios e de condições reconhecidos por todas as entidades de
cooperação em relação aos programas que deverão ser escolhidos (já não é possível o
“café para todos”).
Por outro lado, o background acumulado de anos de política de coesão na União
Europeia, e a especialização de políticas e de programas de cooperação, em especial
nos governos locais, faz com que possamos concluir que existem instrumentos de
avaliação de realidades (relatórios e auditorias sobre as Iniciativas Comunitárias), que
8
revelam resultados diferentes, embora os agentes partam das mesmas condições
iniciais.
Neste sentido, o mais correcto seria que os agentes que nos últimos anos não têm sido
capazes de gerir correctamente as candidaturas nas quais participaram, deixassem o
lugar livre para aqueles que o conseguiram. A gestão da escassez, motivada pela
profunda crise económica, obriga as instituições públicas a melhorar os seus
mecanismos de gestão, de transparência e de prestação de contas, tanto no que diz
respeito aos processos internos de auditorias comunitárias, como no que diz respeito
aos que participaram nos resultados das políticas e dos programas aprovados.
O apoio institucional dos agentes locais e a melhoria das competências e da formação
activa dos profissionais que trabalham na área da programação comunitária são os
grandes objectivos para uma maior eficácia dos resultados da política de coesão.
Algumas das medidas destacadas pelos nossos Concelhos centram-se no incentivo à
investigação social e à formação contínua dos técnicos; na inovação em matéria de
respostas sociais e de saúde; na promoção de uma melhor articulação entre meios e
condições técnicas; e também no reforço dos circuitos e dos sistemas de informação.
• Como fazer com que a política de coesão esteja mais orientada para a obtenção de
resultados? Que prioridades deverão ser obrigatórias?
Para o Eixo Atlântico, são dois os elementos a ter em conta para uma maior
concentração nos resultados das políticas de coesão e de coesão territorial:
– Por um lado, a institucionalização dos interlocutores comunitários a nível
territorial, que se corresponderiam com as entidades não-centrais (Estados
Membros), como complemento indispensável para um desenvolvimento
harmonioso e eficaz da governação multinível na Europa. Às associações locais e às
suas redes mais representativas, como é o caso do Eixo Atlântico, deveria ser
atribuído mais poder por parte da Comissão Europeia, atribuindo-se-lhes, assim,
capacidade de gestão e legitimidade face ao resto dos agentes multinível dos
vários Estados.
– Por outro lado, é preciso assumir as conclusões dos diversos programas ESPON,
que determinam realidades territoriais homogéneas para o conjunto do espaço
europeu. Os agentes locais, seja qual for a sua denominação na União Europeia,
são uma peça fundamental para uma boa governação e o território para a
concretização das políticas de coesão, pelo que se pode estabelecer um cenário
9
variável (Euro regiões ou Macrorregiões) no qual os municípios urbanos (mais de
100.000 habitantes) e as associações de municípios sejam interlocutores
privilegiados, não apenas da implementação, mas também da formulação e da
concepção destas políticas.
Deste modo, no espaço da Euro-região Galiza-Norte de Portugal, e nos Concelhos e
Câmaras Municipais que integram o Eixo Atlântico, entende-se que as políticas que
devem ser alvo de uma clara prioridade por parte da Comissão Europeia estão
presentes na sua Estratégia 2020, e estão relacionadas com o emprego, a educação, a
inovação e o desenvolvimento sustentável (eficiência energética e alterações
climáticas). Não podem ser esquecidas as políticas com efeito sobre a infância e sobre
os jovens em risco de exclusão social (incluídas as suas famílias) e também sobre as
pessoas mais velhas e os imigrantes, grandes prejudicados pela crise económica. Para
estes sectores da população seria preciso definir uma perspectiva específica de acção a
nível local que incluísse o apoio às instituições que com estes trabalham, a concepção
de boas medidas de inclusão social, o aumento dos esforços na área da saúde e da
compensação social e a melhoria das questões relacionadas com alojamento e
habitação.
• Como pode a política de coesão ter mais em conta o importante papel das áreas
urbanas e dos territórios com características geográficas específicas para o processo
de desenvolvimento e criação de estratégias macrorregionais?
Depois de mais de duas décadas de política de coesão e de acções comunitárias em
matéria de cooperação transfronteiriça e territorial, é possível constatar que o
interesse público conseguiu fazer com que a coesão se tenha generalizado na União
Europeia (de 12 a 27 EEMM).
No entanto, podemos também afirmar que os territórios de fronteira e territórios
periféricos (pode-se pertencer ao primeiro e não ao segundo, mas não vice-versa),
devem continuar a ser alvo de especial atenção por parte da política de coesão, dadas
as suas especiais características geopolíticas e socioeconómicas.
Estamos a falar de áreas de baixa densidade, nas quais estão consolidadas estruturas
urbanas, que longe de ajudarem a aumentar a coesão de um território, como é o caso
da Euro-região Galiza-Norte de Portugal, contribuem para aumentar as suas
desigualdades (fundamentalmente no eixo interior-costa). Daí as propostas que o Eixo
Atlântico do Noroeste Peninsular tem vindo a desenvolver, desde o ano de 2005,
10
relacionadas com as chamadas políticas de “segunda geração”, que definimos como o
“desenvolvimento conjunto, e harmonioso, de serviços partilhados, essenciais para o
desenvolvimento socioeconómico e para uma maior qualidade de vida dos territórios
de fronteira: transportes, TICs, educação, sanidade, parques logísticos, empresariais e
tecnológicos e uma ordenação do território conjunta: ou seja, tudo aquilo que permite
conceber e executar projectos sociais e económicos conjuntos, ou, o que é o mesmo,
ferramentas para que os cidadãos programem e concretizem de forma autónoma o
seu desenvolvimento”. Neste contexto, as cidades intermédias da Euro-região Galiza-
Norte de Portugal teriam um papel muito relevante enquanto pilares da coesão
territorial e social, como se pode observar na “boa prática” desenvolvida pela
Eurocidade Verín-Chaves.
Neste sentido, é reconhecido por todos que a União Europeia é integrada por cidades
e regiões urbanas, realidades já consolidadas que obrigam à adaptação da política de
coesão e das estratégias para a cooperação territorial aos seus cidadãos (e também
aos seus vizinhos). São necessários, assim, novos contextos de intervenção que
reforcem o carácter endógeno das políticas e que ajudem a fixar o talento e os
sectores produtivos num plano local.
O objectivo será alcançar uma coesão territorial mais homogénea, simétrica e
equilibrada, que respeite a grande diversidade de realidades urbanas consolidadas na
União Europeia. Na linha das propostas do Livro Verde sobre a Coesão Territorial, em
cujo debate público participou o Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular em
representação de 34 autoridades locais espanholas e portuguesas, será necessário
recuperar algumas das conclusões sobre a realidade urbana da Euro-região Galiza-
Norte de Portugal:
– a cooperação territorial deve ganhar em massa crítica.
– a cooperação territorial deve conectar de forma eficiente os territórios urbanos e
as áreas de baixa densidade.
– a cooperação territorial é complementaridade e “coompetência”
Os governos locais urbanos e as cidades (grandes e médias) também devem participar
de forma activa no seu desenvolvimento e na sua definição, deixando para trás a acção
centrada exclusivamente em matéria de Urban e alargando o seu compromisso ao
resto dos fundos comunitários, em virtude dos resultados conseguidos em anteriores
períodos de programação e das boas práticas efectuadas, sobretudo no âmbito da
11
cooperação inter-regional (Interreg e Urbact), nas quais o Eixo Atlântico teve um papel
de máxima relevância na fronteira de Espanha-Portugal.
Entendemos ser de máximo interesse para o alcance da coesão territorial o
alargamento dos objectivos e das metodologias dos programas UrbanAudit e ESPON
aos municípios de carácter urbano que lideram a gestão da cooperação territorial nas
zonas de fronteira e que estão excluídos da categoria de povoação de grande
dimensão. Como assinala um dos nossos sócios, estes governos locais poderiam
participar em áreas como: a melhor identificação das características próprias de cada
território (urbano-rural), o desenvolvimento de redes interurbanas, o desenvolvimento
sustentável (Agendas 21) e a promoção da cooperação entre Universidades e sectores
produtivos e institucionais.
• Como se pode melhorar o princípio da colaboração e da participação entre as
partes interessadas locais e regionais, interlocutores sociais e sociedade civil?
A governação é um conceito que tem sido utilizado como pretexto para apoiar todo o
tipo de iniciativas de cooperação territorial em rede por parte dos agentes
participantes nas políticas de coesão. Isto acontece a tal ponto que o seu sentido tem
sido desvirtuado.
No Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular entendemos a governação como um
paradigma que nos ajuda à concentração na cooperação territorial, a
compreendermos os mecanismos de colaboração entre municípios aos quais estamos
associados e a planearmos propostas de coordenação de acções com carácter
multinível (Xunta da Galiza, CCDR-N, Governos de Espanha e de Portugal, Comissão
Europeia…).
Paradigma e metodologia animam-nos a criar novas redes de cooperação local na
Euro-região Galiza-Norte de Portugal (Galiza Central, Galiza Interior) e também no
resto do território de fronteira Espanha-Portugal (RIET), e espaço comunitário
(CECINC). Isto quer dizer que, para além dos conceitos, para o Eixo Atlântico a
governação é uma filosofia de acção que assumimos no nosso exemplo diário, através
do funcionamento das Comissões Delegadas junto dos políticos e dos técnicos dos
nossos municípios, mas também através da colaboração com as Universidades da
Euro-região, e com os agentes sociais (sindicatos e sector terciário), economistas
(empresários) e cidadania em geral (intervenção social).
12
A confiança entre os nossos sócios locais favoreceu a associação no seu todo, o que
aumentou o número de participantes no Eixo Atlântico no ano de 2009 (34 municípios
urbanos da Galiza e do Norte de Portugal).
Partindo desta experiência, consideramos indispensável que se iniciem os esforços
para identificar os sócios locais que deverão passar a ser interlocutores de grande
importância na Comissão Europeia, deixando de ser simples intermediários nas
políticas de coesão e de cooperação territorial, e ficando assim reforçados os grandes
princípios vertebrados da União Europeia (subsidiariedade), e institucionalizado de
forma definitiva para as próximas décadas o poder local como sujeito da cooperação e
da coesão territorial.
A institucionalização do poder local é um factor chave para a política de coesão, dado
o efeito de exemplo que a interlocução directa de uma Câmara Municipal produz junto
dos sectores empresariais, associativos, das Universidades e dos agentes sociais. Os
governos locais são o canal básico de socialização da política de coesão nos territórios;
é através destes que flui (top-down) a informação e a comunicação, as candidaturas,
os programas e as acções, e que se consegue um impacto real nas vidas de cidadãos
reais. Porque não pensar, consequentemente, num reforço destas estruturas básicas
de cooperação?
No entanto, nem todos os agentes locais estarão em condições de desenvolver uma
boa gestão dos fundos e das suas candidaturas. A maturidade das grandes cidades e de
algumas cidades intermédias, juntamente com o seu êxito na implementação de boas
práticas e, sobretudo, o excelente papel das associações de municípios fez com que se
criasse um efeito multiplicador das políticas de coesão e de cooperação nos territórios.
• Como pode ser simplificado o processo de auditoria e como podem interagir
melhor as auditorias aos Estados-membros e a Comissão, mantendo-se um elevado
nível de fiabilidade nos gastos co-financiados?
A análise dos processos de execução das políticas de coesão nestas últimas duas
décadas deixa uma clara “pegada”, um impacto assinalável sobre a complexidade dos
mecanismos de auditoria por parte da Comissão Europeia e dos Estados Membros.
Urge uma simplificação de processos e também uma complementaridade dos tempos
(ex-ante e ex-post) das auditorias por parte da Comissão e dos Estados-Membros.
13
O princípio de eficiência na planificação da política de coesão deve ser alargado à parte
final do processo de avaliação, concentrando-se os esforços na eficácia e na
efectividade dos resultados. O controlo da gestão deve ser coordenado entre as várias
Autoridades de Gestão e os Estados-membros, mas com margem e flexibilidade para
que os agentes regionais e locais não se afastem do objectivo de execução orçamental,
de qualidade no desenvolvimento do programa, e de máximo rendimento do resultado
do referido programa nos seus respectivos públicos-alvo.
• De que modo é que a aplicação do princípio de proporcionalidade poderia aliviar a
carga administrativa da gestão e do controlo? Deveriam ser introduzidas medidas de
simplificação específicas para os programas de cooperação territorial?
Os grandes fundos da União Europeia (FEDER, FSE e Coesão) devem contemplar a
assimetria territorial e, com esta, o diferencial que se estabelece entre os agentes da
cooperação nos diversos espaços da União.
No Eixo Atlântico somos da opinião de que as medidas de simplificação para os
programas de cooperação territorial devem passar por uma reformulação da política
de coesão territorial, dos seus fundos, da sua orientação e da sua adaptação às
especificidades regionais e locais.
As políticas de “segunda geração”, defendidas pelo Eixo Atlântico nestes últimos anos,
devem ter como objectivo a melhoria do critério de proporcionalidade e o
ajustamento das políticas e dos fundos comunitários às realidades fronteiriças,
periféricas ou de “baixa densidade” na Europa. A eliminação das fronteiras
administrativas na União Europeia deve continuar a ser um objectivo, a fim de se
evitar, perante a crise, processos de rescentralização dos Estados-Membros em
relação ao papel dos governos regionais e locais. O aperfeiçoamento dos mecanismos
de coordenação em matéria de política de cooperação territorial vai ser insuficiente só
por si, caso os agentes locais que desejem cooperar dos dois lados da fronteira sejam
considerados diferentes em virtude da sua definição normativa por parte de cada
Estado-Membro. Deveriam ser tratados como Grupos Europeus de Cooperação,
independentemente da sua localização num ou noutro território.
14
• Como é que se pode chegar a um equilíbrio entre as normas comuns a todos os
Fundos e o reconhecimento das particularidades de cada um destes no
estabelecimento das normas de subsidiação?
Na linha do anteriormente exposto, e de acordo com os critérios geralmente
reconhecidos pelo Conselho da Europa, e pela própria Comissão Europeia, de
simplificação dos fundos, melhoria da gestão administrativa e de coordenação da
políticas e dos agentes da cooperação, o Eixo Atlântico deve insistir no
desenvolvimento de uma visão mais transversal dos fundos (e dos seus Programas
Operativos) e, consequentemente, das suas normas de atribuição de subsídios.
• Como é que se pode garantir a disciplina financeira e, ao mesmo tempo, dispor de
suficiente flexibilidade para configurar e concretizar programas e projectos
complexos?
O desenvolvimento do Programa Operacional de Cooperação Territorial Espanha-
Portugal (POCTEP) permite concluir, na sua fase de gestão intermédia (2009), uma
melhoria nos instrumentos de gestão e uma maior transparêcia nos processos de
acompanhamento e de avaliação. Sem dúvida, a experiência dos dois períodos
anteriores de programação serviu de excelente “experiência no terreno”.
Ainda assim, fica muito caminho por percorrer, por exemplo, no que diz respeito à
simplificação das candidaturas, aos períodos de programação-gasto-auditorias, à
transparência na participação dos agentes locais e à flexibilidade na execução dos
orçamentos de gastos relacionados com a gestão administrativa dos projectos.
A contribuição das AECTs para este processo ainda não pôde ser concretizada, ao
passo que a das entidades de cooperação que realizam uma gestão efectiva, real e
verificável por meios técnicos, como é o caso do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular,
dão mais garantias às Autoridades de Gestão do que a mera gestão de um projecto. É
preciso aproveitar a bagagem de gestão acumulada, assim como a institucionalização
destas entidades e a aposta nos seus sócios para melhorar os processos, reforçar a
estrutura da gestão e conseguir as soluções tecnológicas idealizadas para a
implementação dos projectos.
15
• Como será possível garantir que a estrutura da política de coesão terá em conta a
especificidade de cada Fundo e, em particular, a necessidade de contribuir com uma
maior visibilidade e com um volume de financiamento previsível, no caso do Fundo
Social Europeu, e de o dedicar a garantir os objectivos de 2020?
Somos da opinião de que para conseguir alcançar com êxito os objectivos de 2020,
será necessário envolver os agentes locais (urbanos e cidades intermédias) ou não será
possível, na sua maior parte, cumprir os objectivos da coesão.
O Fundo Social Europeu não é alheio a esta questão, uma vez que sem uma
abordagem integral (das políticas públicas), multinível (agentes UE) e
intergovernamental (agentes dos programas públicos), será muito difícil conseguir
aumentar as taxas de emprego entre os jovens, reintegrar os desempregados de longa
duração e com idades superiores a 40 anos, ao mesmo tempo que se torna mais
improvável que os sectores produtivos confiem nos centros de investigação para o
desenvolvimento do seu I+D+i, que as Universidades sejam de referência em matéria
de qualificação dos nichos de mercado nos territórios mais afectados pela crise,
etecetera.
A proposta da Estratégia Europa 2020, baseada no crescimento sustentável, integrador
e inteligente, passa por não “compartimentar” os fundos FEDER, FSE e de Coesão ou,
por outras palavras, passa por reconhecer que ainda persistem as necessidades de
investimento e de apoio às políticas públicas nos territórios de convergência,
especialmente nos territórios de fronteira e nas áreas com baixa densidade.
O objectivo de Cooperação Territorial Europeia deveria dizer respeito a todos os
fundos e não apenas alguns, partindo de uma perspectiva integrada, multinível e de
uma eficaz prestação de contas por parte dos agentes territoriais envolvidos.
• Como poderia ser designada uma nova categoria intermédia de regiões para
acompanhar as que ainda não recuperaram completamente do seu atraso?
O Eixo Atlântico propõe que não se estabeleçam novas categorias de territórios, mas
que seja aplicado um programa de incorporação com uma “velocidade de
convergência” diversa aos territórios que incumpram os princípios fundamentais da
coesão europeia.
16
A crise económica, que afecta da mesma forma todos os territórios e todos os níveis
de governo, provoca um especial desajuste entre os que seguiam uma posição de
convergência antes da crise e os que realizaram um esforço de aproximação a estes
níveis de convergência. A crise económica mundial não pode ser uma “janela de
oportunidade” negativa para criar uma “tabula rasa”, segundo a qual os territórios e os
seus níveis de coesão são considerados de um modo uniforme do ponto de vista
económico e social.
Mais do que de uma definição ou de um conceito, que são questões de semântica, é
preciso estabelecer diferentes ritmos e velocidades para os territórios, que
reconheçam o gap anterior à crise, e que permitam fixar um horizonte real de
crescimento, coesão e convergência para os seus cidadãos.
1
2. Resposta da CECICN à consulta sobre o V Relatório de Coesão.
CECICN
CONFERENCE OF EUROPEAN CROSS-BORDER AND INTERRREGIONAL CITY NETWORKS
ANSWERS 5ht COHESION REPORT
0. Introduction
CECICN, founded in April 2010, is formed by six networks comprehending more than 500 cities.
The networks included in CECICN are:
RIET (Iberian Network of Cross-border Cities) brings together nearly the totality of the cross-
border entities from the Spanish-Portuguese frontierdeveloping their work in the area of
cross-border cooperation.
MedCities is a network of Mediterranean coastal cities created in Barcelona as an initiative of
the Mediterranean Technical Assistance Programme (METAP), whose main objective is the
environmental improvement in the Mediterranean territories.
MOT, (Mission Opérationnelle Transfrontalière)a network which involves all the French
borders works in the realization of cross-border projects towards the adaptation of the
territories in different countries.
FAIC,Forum of Adriatic and Ionian Cities in order to achieve its institutional goal, and in order
to facilitate and develop the activity of its Members, undertakes the fostering of economic,
social, cultural and scientific integration in the Adriatic and Ionian areas, in order to endorse
the transborder flows.
UBC,Union of the Baltic Cities a voluntary is a proactive network mobilizing the shared
potential of over 100 member cities for democratic, economic, social, cultural and
environmentally sustainable development of the Baltic Sea Region.
2
CAAC, Conference of Atlantic Arc Cities intends to give Atlantic cities a voice in Europe by
promoting their interests, in order to favor a balanced and polycentric organization of the
European territory. The CAAC chairs the CECICN network in the person of the Mayor of Santiago
de Compostela, Mr. Xosé A. Sánchez Bugallo.
Thus, areas of urban cooperation (inter-regional, transnational and cross-border) are the
common elements grouping all the networks associated to CECICNas well as to look for a
better and more effective cooperation system between the different European territories.
An infrastructure for constant communication and cooperation, analysis and implementation
of common solutions to common problems has been created through CECICN, a platform
involving six different city networks representing more than 500 cities located in maritime,
peripheral and border areas.
All networks gathered by CECICN recognize a number of common problems associated with
their specific territories. In this sense, CECICN considers essential to put forward the vision of
its 500 cities concerning this consultation of the Commission on the future of cohesion policy.
From CECICN’s standpoint, as cities are key players in cohesion policy in all its aspects
(economic, social and territorial) three essential areas are to be examined: the close
relationship that binds citizens and cities, the challenge of a greater coherence and
concentration of programs and measures and the need for a better understanding between
the different levels involved. These axes have been articulated in the responses to the
proposed questionnaire:
1. Cities and citizens: key for cohesion policy
.
QUESTIONS 1, 6, 7 ,12, 13
Main aim: Widening the participation of cities and citizens in EU cohesion policy, through a thorough application of the subsidiary principle as it is developed in the Lisbon Treaty.
Proposals:
- Setting up a multi-level governance system that allows complete involvement of the cities, especially of those confronted to particular geographical features.
- Defining bottom-up tools that ensure direct input from cities and citizens, building on examples as URBACT local action groups.
- Fostering networking, especially between local authorities, to allow them to pool resources.
- Benefiting from local best practices and finding synergies at European level.
3
Q. 1:
It cannot be ignored that, while Europe 2020 is a political strategy, the territorial, social and
economic cohesion are a principle enshrined in the Lisbon Treaty. Thus meaning that, Europe
2020 should contribute to achieve the objectives of cohesion policy.
Therefore to improve the political strategy and implementation of international cooperation
initiatives at EU level, it becomes imperative to have with transnational networks already
established.. Networks search for a more European, Citizen-oriented and Cohesive EU; so the
problems of the borders will no longer bean obstacle to full development.
From CECICN, a network of interregional and cross-border area that represents more than 500
cities within and outside the EU and through the six different networks that form, It has
already created an infrastructure for ongoing communication and cooperation, analysis and
implementation of common solutions to common problems.
Beyond the border, the area or the urban characteristics of specific territories, CECICN, and its
members associated, is searching to improve the quality of life of European citizens.
Q. 6:
Urban areas concentrate 70 percent of the population in Europe. Also, in the vast and diverse
territory of Europe, there are cities with common characteristics, constrained in their quality of
life by its specific geographical condition (cross-border, peripheral, maritime…). CECICN,
through its associated city networks is working on reducing the effects of those geographical
restrictions, to allow EU to function beyond national borders. Both on-going and proposed
macroregions demonstrate the importance of the territorial dimension of cohesion.
Urban territories and the territories mentioned in Articles 174 and 349 of the Treaty constitute
spaces with specific challenges that require the appropriate responses. The management of
these spaces is all the more complex when they are cross-border: conurbations, natural areas,
rural or mixed rural/urban territories, mountain territories, river or sea basins, most remote
regions, etc.
Cohesion deficits are particularly noticeable at the crossing of borders: namely when the
neighbours present too important differences in terms of competitiveness, for example in
revenues or taxation. In certain cases, the cross-border situation is marked by specific
geographical characteristics (rivers, mountains, islands, sea borders). In all of these cases,
special measures can be taken to compensate for a certain number of handicaps. Thus
significant and meaningful territorial dynamics such as integrated territory projects should be
encouraged, based on a common strategy drawn up by local partners associated under the
framework of a bigger organization which groups all this partners.
4
The European common strategic framework and the national development and investment
partnership contracts must include a component on territorial co-operation, which will entail
strategic co-operation by the Member States concerned at each border.
In this respect, the macro-regional strategies established for the Danube and the Baltic States
are an interesting example of multi-level co-ordination beyond the borders themselves, the
strategies, the regulations and the financing arrangements (European or national), even if
there is no question of systematising either the establishment of such strategies or the
Commission’s intervention.
With regard to drawing up operational programmes, more emphasis ought to be placed on
territorial approaches. This could be achieved by integrating territorial rather than just theme-
based aspects in the programming of cross-border co-operation.
Specific territories whose cohesion potential has not been exploited such as cross-border
territories must be the subject of particular incentives, for example through earmarked global
credit arrangements. Here cross-border territories can represent sites for experimentation and
innovation.
The cross-border aspect also deserves to be integrated into other Community programmes. In
border regions, the regional operational programmes of Cohesion Policy, and even the
programmes of other Community or national policies, are intended to finance cross-border
projects that have been jointly identified on either side of the border, as part of the co-
ordination of strategies mentioned above.
Cross-border issues require a multi-level governance approach. The more the co-operation
targets the needs of the citizens, the more the services apply to complex infrastructure
projects that concern the population and the more these projects become difficult to achieve
in the absence of any consultation between the regional and local communities, the Member
States, and the European Union.
Such cross-border governance can intervene at different levels of scale, whether it’s the
organisation of community-based cross-border co-operation or macro-regional strategies.
They are not mutually exclusive. On the contrary, they can be conducted simultaneously and
co-ordinated to develop the solutions best suited to the most pertinent level. Community-
based cross-border co-operation can be part of the macro-regional approaches, of which they
are integral components.
In general, territorial co-operation deserves a significant budgetary increase in the new
programming period. Territorial co-operation is a key issue for Cohesion Policy, and there is
unanimity as to its value added. Many jobs and co-operative networks have been created
thanks to territorial co-operation. From a territorial viewpoint, the three components of co-
operation - cross-border, transnational and interregional - are relevant and deserve to be
pursued and consolidated.
5
Particular mention should be made in this context of cross-border co-operation given the large
number of people concerned and the good results obtained in the past. Cross-border
territories are both a specific response to the requirements of the inhabitants of border
regions and a powerful agent of integration of Europe’s internal borders and of pacification of
its external borders, contributing to European integration.
Finally there is an increased need in terms of technical assistance not only for operational
programmes but also for co-operation projects. The current INTERACT 2007-2013 programme
aimed at European territorial co-operation now targets operational programmes and rather
than project promoters, as was the case in the past. This technical assistance might for
example consist of thematic seminars (regarding cross-border co-operation on governance,
health, transport, the labour market, the environment, economic development, culture,
training, etc.) on good practices and flagship projects.
The successor to the Interreg 4 C programme will aim to finance the networking of the regions
and territories, not only on thematic European priorities (EU 2020 strategy) but also on
territorial priorities, including those relating to the development and governance of cross-
border regions.
As city organizations, which pretend to be the direct vehicle of the citizens’ opinions, networks
like CECICN should become part of the official advisory councils working on the development
and implementation of initiatives from the EU's institutional bodies.
Q. 7:
Following this pattern, acknowledging that cities are the first point of contact with citizens and
that, under the principles of subsidiary and participation, city networks should play a key role
in the process of interregional cooperation; interaction must spring from the bottom and not
be created, imposed and fostered unilaterally from the top to all territories.
Given their peculiarities, cities shall and are able to influence on the choice of the most
effective strategies and tools, through continuous interactions, as shown by CECICN work last
year.
Similarly, cohesion policy should draw on local expertise and best practices, defining
mechanisms for citizens, to build a future based in successful examples such as the local
support groups of URBACT networks. Working, step by step, from local to transnational.
6
Q. 12:
First, all the regions must continue to benefit from the Cohesion Policy through the
importance of this policy for the economic, social and territorial cohesion of the European
Union.
Second, cross-border projects relating to employment and inclusion contribute to the Europe
2020 strategy; the provisions of Article 6 of the ERDF Regulation, allowing ESF projects to be
financed through this fund, need to be maintained.
Q. 13:
Effectiveness of cohesion policy can be measured by indicators such as comprehensive balance
and exclusion. Thus, the relative influence of the different regions should be examined
carefully, paying attention especially to areas with distinctive geographic characteristics that
determine their level of growth.
Hence, interregional cooperation is essential. Stable policies of interregional, cross-border and
transnational cooperation are to be set, to avoid marginalization.
Pan-European cooperation networks like CECICN, are already working and developing
initiatives for the welfare and development of cities located in areas with special geographical
characteristics; through collaborative and joint work, by setting priorities and by anticipating
the new problems brought by the socio-political context of the 21st century.
2. Coherence and Concentration
Q. 2:
QUESTIONS 2, 3, 5, 10
Main aim: Creating scale economies by pooling European, national, regional and local resources, facilitating the involvement of the private sector. Coordinating action by establishing a system of priorities by a wide range of sources. Proposals: - Understanding cohesion policy as a fundamental tool to respond to external shocks and thus ensure balanced development. - Incorporating the territorial dimension in EU 2020 mainstream: enhancing support and interaction with local and regional initiatives through cohesion policy. - Defining integrated strategies: searching for a coherent use of the different funds that allows the development and the efficiency of wide-scale initiatives. These strategies shall be made compatible with Convergence, Competitiveness and Co-operation objectives. - Selecting priorities for these integrated strategies, through dialogue and active consultation.
7
The scope of the development and investment partnership contract should consider the
potential of "integrated strategies", proposed or on-going, for diverse areas, such as the Baltic,
the Danube, the Atlantic, the Mediterranean and the Adriatic. As they are intended to
circumvent the lack of a precise and quantified definition of the objectives, these strategies
ensure, from a bottom-up perspective, coherence and synergies. The consistency given by
integrated strategies to EU policies solves the inefficiencies resulting from the lack of
coordination.
Q. 3:
In the search for greater thematic concentration, and therefore a smaller and affordable range
for the implementation of initiatives aimed at solving the problems which are affecting the EU,
it is necessary to consider interregional associations (as CECICN) that are able to compare and
assess which are the priorities in the different European territories. So, taking into account the
consensus about sustainable development as a common framework in Europe, overlapping
and dispersion of individual efforts shall be avoided.
Q. 5:
Identifying and quantifying concrete common needs is essential to get a cohesion policy more
orientated to results. Projects focused on facilitating cross-border and transnational
structuring strategies have been identified by CECICN as a key for the future. Projects shall go
ahead from “study actions” to “implementation initiatives” through benchmarking of best
practices.
A policy more results-orientated goes along with clear viable indicators (qualitative and
quantitative). Those should help support the definition of objectives and priorities in order to
measure the wished results. Most of the time the indicators are not sufficiently adapted to the
territory, it is therefore indispensable to develop specific indicators for each category of
territory. In the case of cross-border territories, these indicators concern especially:
- Internal and external accessibility.
- The degree of mobility inside the territory.
- The functional distribution of facilities (infrastructures in terms of health etc.) as well
as their cumulative availability on both sides of the border from a economy of scale
perspective.
- Degree of employment.
- Demographic dynamics.
- Intra-regional differences in standard of living (per capita GDP, etc.).
- Degree of involvement of key actors .
8
- Degree of integration of actions.
- Organization of a joint (political and technical) governance.
- Characteristics of networks (density, functionality, etc.).
- Vulnerability to risk.
- Degree of integration of cross-border territories (all kinds of flows).
Cohesion policy should promote the adaptation of the diverse territories favoring a
development which is democratic, economic, social, and cultural and environmentally
sustainable, while promoting effective partnerships between cities and citizens in order to
contribute to the emergence of a substantive area of solidarity for cooperation and
development.
Q. 10:
So as to achieve improvements on quality, effectiveness and optimization, a thorough
assessment of the diverse programmes is a pre-requisite. Future requirements and procedures
shall be based upon the programme that has had better results, not only in its objectives, but
also in its implementation. “Administrative benchmarking” shall serve as a basis for simplified
guidelines. Particularities must be emphasized concerning specific objectives and funds, but
the rest of bureaucratic requirements should be similar and much clearer.
Consistency among requirements would make participation and dialogue easier and more
attractive, thus promoting a more cohesive Europe.
3. Better understanding
QUESTIONS 4, 8, 9, 11 Main aim: Facilitating participation of local and regional authorities reducing the administrative burden. Favour results over procedures. Proposals: - In general, procedures shall be made understandable, efficient and adapted, so as to encourage participation and appropriation. Discouragement is truly related to excessive requirements. - Implementing simplified rules for eligibility of expense in cohesion programmes: ex. Lump sums, adapted percentages for indirect costs, coherence with budgetary constraints of stakeholders, etc. - Greater coherence between the rules of the different programmes should improve participation of regional and local authorities, thus widening the territorial dimension of the European Union.
9
Q. 4:
Programmes intended to implement initiatives for the enhancing of the socio-economic
progress of Europe's territory, should be more open and offer more financing options. More
important budgets shall also be considered, especially for cross-border, transnational and
interregional cooperation. Future programmes shall be synthetic, defined by concrete topics
and based on current issues. An EU periodic review, conducted in a participatory and
consensual way, shall be envisaged.
Q. 8:
As they only add obstacles, reviewing the number of controls is fundamental for an efficient
development of cohesion policy.
In the same way, the control levels must be the same between the various Member States,
ensuring at least a common quality minimum. In order to integrate audits between Member
States and Commission joint (horizontal) work has to be privileged over hierarchy by
enhancing non-formal learning experiences and a more intense exchange between
institutions.
Q. 9:
Concerning the link between EU and citizenship, in order to clarify the audit process and
relieve the administrative burden on management and control, the specific simplification of
the territorial cooperation programs is essential. They should become simpler and more
accessible and visible. As far as possible, bureaucratic burden should be minimized, as much as
possible, while setting cooperative processes which could promote non-formal learning and a
more positive vision for stakeholders.
Q. 11:
To enable the realisation of complex projects, as is the case with projects on integrated cross-
border territories, it will be necessary from the outset to define strategies based on real needs
on the ground. Major territory projects can then be incorporated in the operational
programmes, which means that the complex projects can be started at the moment the
programmes are launched. To this end, a genuine partnership approach needs to be initiated
among local players, including policy makers, legal experts and the other stakeholders involved
in the cross-border territory.
Again, a transversal perspective of work is to be imposed, where the connection between the
different strands would facilitate a common understanding on the requirements, while
reducing obstacles in implementation and in the justification of expenses.
This way, financial discipline should be based on a really effective and realistic cutback of the
budgets of the projects to be developed, adapting it to the new economic situation and to the