análise matemática i [isel]

66
Capítulo 1 Complementos de funções reais de variável real 1.1 Lógica Definição 1.1. Uma proposição é uma expressão à qual podemos atribuir o valor lógico de verdadeiro ou falso. Observação 1.2. 1. Uma proposição não pode ser simultaneamente verdadeira e falsa. (Princípio da não contradição) 2. Uma proposição ou é verdadeira ou falsa. (Princípio do terceiro excluído) Exemplo 1.3. 1. A frase “20 é um número grande” não é uma proposição. 2. A frase “20 é um número par” é uma proposição. 3. A frase “amanhã há aula de Análise I” é uma proposição. Operações lógicas. Dadas proposições p e q, podemos definir as operações lógicas de negação (não), conjunção (e), disjunção (ou), implicação (se ... então) e equivalência (se e só se). 1. A negação de p é uma nova proposição p, que se obtém antepondo as palavras “não é verdade que” a p. 2. A conjunção das proposições p e q é uma nova proposição p q, que se obtém ligando p e q com a palavra “e”. 3. A disjunção das proposições p e q é uma nova proposição p q, que se obtém ligando p e q com a palavra “ou”. 4. A implicação das proposições p e q é uma nova proposição p q, que se obtém ligando p e q na forma “se p então q”. 5. A equivalência das proposições p e q é uma nova proposição p q, que se obtém ligando p e q com as palavras “se e só se”. 1

Upload: melanie-stevenson

Post on 24-Nov-2015

61 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • Captulo 1

    Complementos de funes reais de

    varivel real

    1.1 Lgica

    Definio 1.1. Uma proposio uma expresso qual podemos atribuir o valor lgico deverdadeiro ou falso.

    Observao 1.2.

    1. Uma proposio no pode ser simultaneamente verdadeira e falsa. (Princpio da nocontradio)

    2. Uma proposio ou verdadeira ou falsa. (Princpio do terceiro excludo)

    Exemplo 1.3.

    1. A frase 20 um nmero grande no uma proposio.

    2. A frase 20 um nmero par uma proposio.

    3. A frase amanh h aula de Anlise I uma proposio.

    Operaes lgicas. Dadas proposies p e q, podemos definir as operaes lgicas de negao(no), conjuno (e), disjuno (ou), implicao (se ... ento) e equivalncia (se e s se).

    1. A negao de p uma nova proposio p, que se obtm antepondo as palavras no verdade que a p.

    2. A conjuno das proposies p e q uma nova proposio p q, que se obtm ligando p eq com a palavra e.

    3. A disjuno das proposies p e q uma nova proposio p q, que se obtm ligando p eq com a palavra ou.

    4. A implicao das proposies p e q uma nova proposio p q, que se obtm ligando pe q na forma se p ento q.

    5. A equivalncia das proposies p e q uma nova proposio p q, que se obtm ligandop e q com as palavras se e s se.

    1

  • Complementos de funes reais de varivel real

    Os valores lgicos das proposies resultantes podem ser apresentados em tabelas de verdade:

    p pV FF V

    p q p qV V VV F FF V FF F F

    p q p qV V VV F VF V VF F F

    p q p qV V VV F FF V VF F V

    p q p qV V VV F FF V FF F V

    Exemplo 1.4. Consideremos as proposies p: h nuvens no cu e q: est a chover.

    1. A negao de p a proposio no h nuvens no cu.

    2. A conjuno p q a proposio h nuvens no cu e est a chover.3. A disjuno p q a proposio h nuvens no cu ou est a chover.4. A implicao p q a proposio se h nuvens no cu ento est a chover.5. A equivalncia p q a proposio h nuvens no cu se e s se est a chover.

    Quantificadores. Quando consideramos expresses que envolvem variveis, podemos aplicarainda trs outras operaes lgicas: os quantificadores (para todo), (existe um) e 1 (existeexactamente um).

    Exemplo 1.5.

    1. A proposio x R, x2 > 0 falsa.2. A proposio x R, x2 0 verdadeira.3. A proposio x R : x2 > 0 verdadeira.4. A proposio x R : x2 < 0 falsa.5. A proposio 1 x R : x2 > 0 falsa.6. A proposio 1 x R : x2 = 0 verdadeira.

    2

  • Complementos de funes reais de varivel real

    1.2 Conjuntos

    Conjuntos. Sejam A,B subconjuntos de R. Ento:

    1. A B = {x R : x A x B};2. A B = {x R : x A x B};3. A\B = {x R : x A x 6 B}.

    Diz-se que A est contido em B (e escreve-se A B) ou que B contm A (e escreve-se B A)se x R, x A x B.Definio 1.6.

    1. O conjunto vazio, , o conjunto que no contm elementos.2. O conjunto dos nmeros naturais, N, o conjunto {1, 2, . . .}.3. O conjunto dos nmeros inteiros, Z, o conjunto {. . . ,2,1, 0, 1, 2, . . .}.

    4. O conjunto dos nmeros racionais, Q, o conjunto{ab: a, b Z b 6= 0

    }.

    5. O conjunto dos nmeros irracionais, I, o conjunto dos nmeros que no podem ser

    exprimidos na formaa

    b, com a, b Z, b 6= 0.

    6. O conjunto dos nmeros reais, R, o conjunto Q I. (Note-se que I = R\Q.)

    3

  • Complementos de funes reais de varivel real

    1.3 Propriedades dos nmeros reais

    Lei do anulamento do produto. Um produto de dois nmeros nulo se e s se um dosfactores nulo, isto ,

    x y = 0 x = 0 y = 0.Equaes. Uma equao uma condio da forma

    A = B,

    onde pelo menos uma das expresses A ou B envolve uma varivel x. Observemos que, paraquaisquer expresses C e D 6= 0, A = B A+ C = B + C e A = B D A = D B.Inequaes. Uma inequao uma condio da forma

    A < B, A B, A > B ou A B,onde pelo menos uma das expresses A ou B envolve uma varivel x. Observemos que, paraqualquer expresso D > 0, A > B D A > D B e para qualquer expresso D < 0,A > B D A < D B.Observao 1.7. Observemos que o produto x y positivo se e s se x, y so ambos positivosou ambos negativos.

    Exemplo 1.8. Consideremos a equao3

    x 1 +1

    1 x = x. Temos que:

    3

    x 1 +1

    1 x = x 3

    x 1 +1

    1 x x = 03

    x 1 +1x 1

    x(x 1)x 1 = 0

    3 1 x2 + x

    x 1 = 0x2 + x+ 2

    x 1 = 0(x 2)(x + 1)

    x 1 = 0 (x = 2 x = 1) x 6= 1.

    Para resolver a inequao3

    x 1 +1

    1 x x, temos que:

    3

    x 1 +1

    1 x x 3

    x 1 +1

    1 x x 0(x 2)(x+ 1)

    x 1 0.

    Para obtermos as solues, temos que estudar o sinal de cada um dos factores:

    1 1 2 +(x 2) + + + + + 0 x+ 1 0 + + + + +x 1 0 + + +f(x) + 0 s/s + 0

    Assim, o conjunto soluo da inequao ],1]]1, 2].

    Definio 1.9. Chama-se mdulo ou valor absoluto do elemento x R ao nmero |x| definidopor

    |x| ={

    x se x 0x se x < 0 .

    4

  • Complementos de funes reais de varivel real

    1.4 Noes topolgicas em R

    Definio 1.10. Seja A um subconjunto no vazio de R. Diz-se que:

    1. M R um majorante de A se x M, x A;2. m R um minorante de A se m x, x A.

    Exemplo 1.11. Seja A =]1, 2]. Ento 2 um majorante de A, e 1 um minorante de A. Mais,o conjunto dos majorantes de A [2,+[, e o conjunto dos minorantes de A ], 1].Definio 1.12. Seja A um subconjunto no vazio de R. Diz-se que:

    1. s R o supremo de A, s = supA, se s o menor dos majorantes de A;2. i R o nfimo de A, i = inf A, se i o maior dos minorantes de A.

    Exemplo 1.13. Seja A =]1, 2]. Ento supA = 2 e inf A = 1.

    Observao 1.14. Se s = supA A, diz-se que s o mximo de A, e escreve-se s = maxA;se i = inf A A, i diz-se o mnimo de A, e escreve-se i = minA.Definio 1.15. Seja a R. Chama-se vizinhana de a (de raio ) ao intervalo ]a , a + [,para algum > 0.

    Definio 1.16. Seja X R um conjunto no vazio. Um ponto a diz-se:(a) interior a X se existe uma vizinhana de a que est contida em X;

    (b) exterior a X se interior a R\X;(c) fronteiro a X se toda a vizinhana de a intersecta X e R\X.Chama-se interior de X, int(X), ao conjunto dos pontos interiores a X; exterior de X, ext(X),ao conjunto dos pontos exteriores a X; fronteira de X, fr(X), ao conjunto dos pontos fronteirosa X.

    Exemplo 1.17.

    1. Se X =]0, 1[, ento int(X) =]0, 1[, ext(X) =], 0[]1,+[ e fr(X) = {0, 1}.2. Se X = [0, 1], ento int(X) =]0, 1[, ext(X) =], 0[]1,+[ e fr(X) = {0, 1}.3. Se X = [0, 1[, ento int(X) =]0, 1[, ext(X) =], 0[]1,+[ e fr(X) = {0, 1}.

    Definio 1.18. Um conjunto X R no vazio diz-se aberto se X = int(X), e diz-se fechadose X = int(X) fr(X).Exemplo 1.19.

    1. X =]0, 1[ aberto.

    2. X = [0, 1] fechado.

    3. X = [0, 1[ no aberto nem fechado.

    Definio 1.20. Seja X R um conjunto no vazio. Um ponto a R diz-se um ponto deacumulao de X se qualquer vizinhana de a contm um elemento x X, x 6= a. O conjuntodos pontos de acumulao de X denota-se por X .

    Exemplo 1.21.

    1. Seja X =]0, 1[. Ento X = [0, 1].

    2. Seja X =]0, 1[{2}. Ento X = [0, 1].3. Seja X = {0, 1, 2}. Ento X = .

    5

  • Complementos de funes reais de varivel real

    1.5 Conceitos gerais de funes reais de varivel real

    Definio 1.22. Dados dois conjuntos X e Y , chamamos funo de X em Y a uma corre-spondncia que a cada elemento x X associa um e um s elemento y Y .Observao 1.23. Se f : X Y uma funo, dizemos que X o domnio de f (denotamospor Df ou D) e Y o conjunto de chegada de f . Chama-se contradomnio de f ao conjunto

    CDf = {y Y : y = f(x) para algum x X}.Exemplo 1.24. Seja f : R R a funo definida por y = sinx. Ento o domnio de f R, oconjunto de chegada R, e o contradomnio [1, 1].

    Definio 1.25. Seja f uma funo. Diz-se que f :

    1. injectiva se x, y D, f(x) = f(y) x = y;2. sobrejectiva se CD igual ao conjunto de chegada;

    3. bijectiva se injectiva e sobrejectiva.

    Exemplo 1.26.

    1. f(x) = x injectiva e sobrejectiva.

    x

    y

    2. f(x) =1

    x injectiva mas no sobrejectiva.

    x

    y

    3. f(x) = sinx no injectiva nem sobrejectiva.

    x

    y

    4. f(x) = tan x sobrejectiva mas no injectiva.

    x

    y

    6

  • Complementos de funes reais de varivel real

    Definio 1.27. Seja f uma funo. Diz-se que f :

    1. crescente se x, y D, x < y f(x) f(y);2. decrescente se x, y D, x < y f(x) f(y).

    Exemplo 1.28. A funo f(x) = x crescente, e a funo f(x) =1

    x decrescente. A funo

    f(x) = x2 decrescente em ], 0] e crescente em [0,+[.

    Definio 1.29. Seja f uma funo e a D. Diz-se que f tem:1. um mximo local em a se existe uma vizinhana de a, V , tal que f(x) f(a) x V D;2. um mnimo local em a se existe uma vizinhana de a, V , tal que f(x) f(a) x V D.

    Exemplo 1.30. As funes f(x) = x e f(x) =1

    xno tm extremos locais. A funo f(x) = x2

    um mnimo local em 0.

    Definio 1.31. Uma funo f diz-se:

    1. par se f(x) = f(x) para x D;2. mpar se f(x) = f(x) para x D;3. peridica com perodo p R se f(x) = f(x+ np), para n Z e x D.

    Exemplo 1.32. As funes f(x) = x, f(x) =1

    xe f(x) = sinx so mpares. As funes

    f(x) = x2 e f(x) = cos x so pares. As funes f(x) = sinx e f(x) = cos x so peridicas.

    Definio 1.33. Sejam f e g duas funes. Chamamos funo composta de g com f funog f , com domnio D = {x Df : f(x) Dg}, definida por g f(x) = g(f(x)).Exemplo 1.34. Se f(x) = x2+1 e g(x) = sinx, ento gf(x) = sin(x2+1) e fg(x) = sin2 x+1.

    Definio 1.35. Seja f uma funo injectiva. Chamamos funo inversa de f funo f1,com domnio CDf , definida por x = f

    1(y) y = f(x).Exemplo 1.36. Se f : R R definida por f(x) = ex, ento a funo inversa f1 : R+ R definida por f1(y) = ln y.

    Polinmios e funes racionais. Um polinmio (de grau n) uma funo que pode ser escritana forma

    a0 + a1x+ a2x2 + a3x

    3 + + anxn,com a0, a1, a2, . . . , an R, an 6= 0, n N.

    Por exemplo, p(x) = 2, q(x) = x + 1, r(x) = x2 + x 1 e s(x) = x3 + 2x2 x + 1 sopolinmios (de grau 0, 1, 2 e 3, respectivamente), com grficos:

    7

  • Complementos de funes reais de varivel real

    x

    y

    p(x)

    x

    y

    q(x)

    x

    yr(x)

    x

    ys(x)

    Observe-se que o domnio de um polinmio R.Todo o polinmio p(x) = a0 + a1x+ a2x

    2 + a3x3 + + anxn de grau n pode ser escrito na

    forma

    p(x) = an(x 1) (x n),onde 1, . . . , n so todas as razes (reais ou complexas) de p(x). Chama-se multiplicidade daraz ao nmero de vezes que o factor x aparece naquela factorizao.

    Chama-se funo racional a uma funo da forma

    n(x)

    d(x)

    onde n(x) e d(x) so polinmios.

    Por exemplo, so funes racionais f(x) =x

    x 1 e g(x) =x+ 2

    x2 + 1, com grficos:

    x

    y

    f(x)

    x

    y

    g(x)

    Observe-se que o domnio den(x)

    d(x) D = {x R : d(x) 6= 0}.

    Funes exponenciais. Chama-se exponencial (de base a) funo definida por f(x) = ax,com a R+\{1}.

    Por exemplo, so exponenciais as funes f(x) = ex, g(x) = 3x e h(x) =

    (1

    2

    )x.

    Para qualquer a R+\{1}, a funo ax tem domnio R, contradomnio R+ e injectiva.Para a > 1, a funo crescente,

    8

  • Complementos de funes reais de varivel real

    x

    y

    e para 0 < a < 1, a funo decrescente,

    x

    y

    Funes logartmicas. Chama-se logaritmo (de base a) funo definida por f(x) = loga x,com a R+\{1}, tal que y = loga x x = ay (ou seja, a funo loga x a inversa da funoax).

    Por exemplo, so logaritmos as funes f(x) = lnx, g(x) = log5 x e h(x) = log 12

    x.

    Para qualquer a R+\{1}, a funo loga x tem domnio R+, contradomnio R e injectiva.Para a > 1, a funo crescente,

    x

    y

    e para 0 < a < 1, a funo decrescente,

    x

    y

    9

  • Complementos de funes reais de varivel real

    Funes trigonomtricas. So funes trigonomtricas as funes seno, co-seno, tangente eco-tangente.

    A funo sinx tem domnio R, contradomnio [1, 1], no injectiva nem sobrejectiva, mpar e peridica (com perodo 2pi).

    1

    1

    2

    pipi pi2

    pi2

    x

    y

    A funo cos x tem domnio R, contradomnio [1, 1], no injectiva nem sobrejectiva, pare peridica (com perodo 2pi).

    1

    1

    2

    pipi pi2

    pi2

    x

    y

    A funo tanx =sinx

    cos xtem domnio

    {x R : x 6= pi

    2+ kpi, k Z

    }, contradomnio R, no

    injectiva mas sobrejectiva, mpar e peridica (com perodo pi).

    1

    1

    2

    pipi pi2

    pi2

    x

    y

    A funo cot x =cos x

    sinxtem domnio {x R : x 6= kpi, k Z}, contradomnio R, no injec-

    tiva mas sobrejectiva, mpar e peridica (com perodo pi).

    1

    1

    2

    pipi pi2

    pi2

    x

    y

    Chama-se secante funo sec x =1

    cos x.

    10

  • Complementos de funes reais de varivel real

    Funes trigonomtricas inversas. A funo sinx, considerada no intervalo[pi2,pi

    2

    ],

    bijectiva, e portanto invertvel. A sua inversa a funo arco seno, arcsinx, definida por

    y = arcsinx x = sin y, que tem domnio [1, 1], contradomnio[pi2,pi

    2

    ], e injectiva e

    mpar.

    1 2 3 412345

    pi

    pi2

    pi2

    A funo cos x, considerada no intervalo [0, pi], bijectiva, e portanto invertvel. A suainversa a funo arco co-seno, arccos x, definida por y = arccos x x = cos y, que tem domnio[1, 1], contradomnio [0, pi], e injectiva.

    1 2 3 412345

    pi

    pi2

    pi2

    A funo tan x, considerada no intervalo]pi2,pi

    2

    [, bijectiva, e portanto invertvel. A

    sua inversa a funo arco tangente, arctan x, definida por y = arctan x x = tan y, que temdomnio R, contradomnio

    ]pi2,pi

    2

    [, e injectiva e mpar.

    1 2 3 412345

    pi

    pi2

    pi2

    11

  • Complementos de funes reais de varivel real

    Funes hiperblicas. So funes hiperblicas as funes seno hiperblico, co-seno hiper-blico, tangente hiperblico e co-tangente hiperblica.

    A funo sinhx =ex ex

    2tem domnio R, contradomnio R, injectiva, sobrejectiva e

    mpar.

    A funo cosh x =ex + ex

    2tem domnio R, contradomnio [1,+[, no injectiva nem

    sobrejectiva, e par.

    A funo tanhx =sinhx

    cosh xtem domnio R, contradomnio ] 1, 1[, injectiva mas no

    sobrejectiva, e mpar.

    A funo coth x =cosh x

    sinhxtem domnio R\{0}, contradomnio ],1[]1,+[, injectiva

    mas no sobrejectiva, e mpar.

    Chama-se secante hiperblica funo sech x =1

    coshx.

    12

  • Complementos de funes reais de varivel real

    A funo sinhx invertvel, e a sua inversa a funo argumento do seno hiperblico,arg sinhx = ln(x+

    x2 + 1), que tem domnio R, contradomnio R, e injectiva e sobrejectiva.

    A funo cosh x, considerada no intervalo [0,+[, invertvel, e a sua inversa a funoargumento do co-seno hiperblico, arg cosh x = ln(x +

    x2 1), que tem domnio [1,+[,

    contradomnio [0,+[, injectiva e no sobrejectiva.

    A funo tanhx invertvel, e a sua inversa a funo argumento da tangente hiperblica,

    arg tanhx =1

    2ln

    1 + x

    1 x , que tem domnio ] 1, 1[, contradomnio R, e injectiva e sobrejectiva.

    13

  • Complementos de funes reais de varivel real

    1.6 Limite

    Definio 1.37. Seja f : D R R uma funo real de varivel real e seja a D. Diz-seque o limite de f no ponto a b R, e escreve-se b = lim

    xaf(x), se

    > 0 > 0 : x D |x a| < |f(x) b| < .

    Exemplo 1.38.

    1. Para provar que limx0

    x sin1

    x= 0, consideremos > 0 tal que

    x sin 1x 0 < . Tomando

    = , se |x 0| = |x| < , entox sin 1x

    |x| < , como pretendido.2. Vejamos que lim

    x2x2 = 4. Para > 0, consideremos =

    5. Ento, se |x2| < , |x2| < 1

    e |x2 4| = |x 2| |x+ 2| = |x 2| |x 2 + 4| < 5 = , como pretendido.Propriedade. Sejam f e g funes reais de varivel real. Ento, caso existam,

    1. limxa

    (f + g)(x) = limxa

    f(x) + limxa

    g(x);

    2. limxa

    (f g)(x) = limxa

    f(x) limxa

    g(x);

    3. limxa

    |f(x)| = | limxa

    f(x)|;

    4. limxa

    f

    g(x) =

    limxa

    f(x)

    limxa

    g(x), se lim

    xag(x) 6= 0;

    5. limxa

    |f(x)| = 0 limxa

    f(x) = 0.

    14

  • Complementos de funes reais de varivel real

    1.7 Continuidade

    Definio 1.39. Seja f : D R R uma funo real de varivel real e seja a D. Diz-se quef uma funo contnua no ponto a se lim

    xaf(x) = f(a), isto ,

    > 0 > 0 : x D |x a| < |f(x) f(a)| < .Diz-se que f contnua se contnua em todos os pontos do seu domnio.

    Exemplo 1.40.

    1. As funes 2x2 + 3, sin(x), ex e ln(x) so contnuas.

    2. A funo f(x) =

    {x se x 0x se x < 0 contnua.

    1

    2

    3

    4

    1 1 2 3 412345x

    y

    3. A funo f(x) =

    {2x+ 1 se x 1x se x < 1 no contnua.

    1

    2

    3

    4

    12

    1 2 3 412345 x

    y

    4. A funo f(x) =

    {x se x > 0x se x < 0 contnua.

    1

    2

    3

    4

    1 1 2 3 412345x

    y

    15

  • Complementos de funes reais de varivel real

    5. A funo f(x) =x

    x 1 contnua.

    1

    2

    3

    4

    12345

    1 2 3 412345 x

    y

    Propriedade. Sejam f e g funes contnuas em a D R. Ento f + g, f g, |f | e f socontnuas em a. Se g(a) 6= 0, ento f

    g tambm contnua em a.

    Propriedade. Sejam f : D R e g : E R funes tais que f(D) E. Se f contnua ema e g contnua em f(a), ento g f contnua em a.Observao 1.41. Se a D\D e existe lim

    xaf(x), a funo g(x) definida por

    g(x) =

    {f(x) se x Dlimxa

    f(x) se x = a

    contnua. A esta funo d-se o nome de prolongamento (por continuidade) de f .

    Exemplo 1.42. A funo do Exemplo 1.40.4 prolongvel por continuidade ao ponto 0. Asfunes dos Exemplo 1.40.3 e 1.40.5 no so prolongveis por continuidade.

    Teorema 1.43 (Bolzano). Seja f uma funo contnua em [a, b] e k R compreendido entref(a) e f(b). Ento c ]a, b[: f(c) = k.

    a b

    f(a)

    f(b)

    c

    k

    Exemplo 1.44. Seja f(x) = x2 + 4x 3. Existe k ] 3, 2[ tal que f(k) = pi.

    16

  • Complementos de funes reais de varivel real

    1

    2

    3

    4

    5

    1234567

    1 2 3 412345 x

    y

    Corolrio 1. Se f uma funo contnua em [a, b] tal que f(a) f(b) < 0, ento f admite pelomenos um zero em ]a, b[.

    Exemplo 1.45. Seja f(x) = x2 + 4x 3. Ento f tem um zero em ] 3, 2[.

    17

  • Complementos de funes reais de varivel real

    18

  • Captulo 2

    Complementos de clculo diferencial

    em R

    2.1 Conceito de derivada

    Definio 2.1. Diz-se que f diferencivel em a D se existe e finito o limite

    limxa

    f(x) f(a)x a = limh0

    f(a+ h) f(a)h

    .

    A este limite d-se o nome de derivada de f no ponto a, e representa-se por f (a).

    Exemplo 2.2. A funo f(x) = x2 1 diferencivel no ponto 1, e a sua derivada dada por

    limx1

    x2 1x 1 = 2.

    Interpretao geomtrica. f (a) representa o declive da recta tangente ao grfico de f noponto a.

    Definio 2.3. Seja f uma funo. A recta tangente ao grfico de f no ponto (a, f(a)) dadapela equao

    y f(a) = f (a)(x a).A recta ortogonal ao grfico de f no ponto (a, f(a)) dada pela equao

    y f(a) = 1f (a)

    (x a).

    Exemplo 2.4. Seja f(x) = x3 3x2 x+ 5. Ento f (x) = 3x2 6x 1. A equao da rectatangente ao grfico de f no ponto x = 3

    y f(3) = f (3)(x 3) y 2 = 8(x 3),

    e a equao da recta ortogonal ao grfico de f no mesmo ponto

    y f(3) = 1f (3)

    (x 3) y 2 = 18(x 3).

    19

  • Complementos de clculo diferencial em R

    Definio 2.5. Diz-se que f diferencivel esquerda em a se existe e finito o limite

    limxa

    f(x) f(a)x a = limh0

    f(a+ h) f(a)h

    = f e(a).

    Diz-se que f diferencivel direita em a se existe e finito o limite

    limxa+

    f(x) f(a)x a = limh0+

    f(a+ h) f(a)h

    = f d(a).

    Propriedade. f diferencivel em a se e s se f diferencivel esquerda e direita em a ef e(a) = f

    d(a).

    Exemplo 2.6. A funo f(x) = |x| no diferencivel em 0, uma vez que f e(0) = 1 ef d(0) = 1.

    20

  • Complementos de clculo diferencial em R

    2.2 Regras de derivao

    Regras de derivao. Sejam u e v funes diferenciveis, k uma constante e n N. Ento

    1. (k u) = k u;2. (u+ v) = u + v;

    3. (u v) = u v + u v;

    4.(uv

    )

    =u v u v

    v2;

    5. (un) = n un1 u;

    6. ( nu) =

    u

    nn

    un1

    ;

    7. (eu) = u eu;8. (ku) = u ln k ku;9. (uv) = v uv1 u + v lnu uv;

    10. (ln u) =u

    u;

    11. (logk u) =

    u

    u ln k ;

    12. (sinu) = u cos u;13. (cos u) = u sinu;

    14. (tan u) =u

    cos2 u;

    15. (cot u) = u

    sin2 u;

    16. (arcsin u) =u

    1 u2 ;

    17. (arccos u) = u

    1 u2 ;

    18. (arctan u) =u

    1 + u2;

    19. (sinhu) = u coshu;

    20. (cosh u) = u sinhu;

    21. (tanhu) =u

    cosh2 u;

    22. (coth u) = u

    sinh2 u;

    23. (arg sinhu) =u

    1 + u2;

    24. (arg cosh u) =u

    u2 1 ;

    25. (arg tanhu) =u

    1 u2 .

    Exemplo 2.7.

    1. (2x) = 22. (2x2 + 3) = 4x

    3. ((x7 2) (x+ 3x3)) = 30x9 + 8x7 18x2 2

    4.

    (2x+ 3

    x2 5x+ 5)

    = 2x2 + 6x 25

    (x2 5x+ 5)2

    5.((

    5x4 20)5) = 5 (5x4 20)4 20x36.(

    5x2 6

    )

    =2x

    5 5

    (x2 6)4

    7.(e

    1

    x

    )

    = 1x2 e 1x

    8. (5x2

    ) = 2x ln 5 5x2

    9.((x2 1)3x) = 3x (x2 1)3x1 2x 3 ln(x2 1) (x2 1)3x

    21

  • Complementos de clculo diferencial em R

    10. (ln x6) =6

    x

    11. (log12 8x) =

    8

    8x ln 1212. (sin ex) = ex cos ex

    13. (cos lnx) = 1x sin lnx

    14. (tan 2x5) =10x4

    cos2 2x5

    15. (cot 2x) = 2sin2 2x

    16. (arcsin ex) =ex

    1 e2x

    17. (arccos x3) = 3x2

    1 x6

    18. (arctan 3x2) =6x

    1 + 9x4

    19. (sinh ex) = ex cosh ex

    20. (cosh sinx) = cosx sinh sinx

    21. (tanh(1 x2) = 2xcosh2(1 x2)

    22. (coth lnx) = 1

    xsinh2 lnx

    23. (arg sinh 5x) =5

    1 + 25x2

    24. (arg cosh ex2

    ) =2xex

    2e2x2 1

    25. (arg tanh(x3 x)) = 3x2 1

    1 (x3 x)2

    Funo composta. Sejam f : D R e g : E R funes tais que g(D) E. Se g diferencivel em a e f diferencivel em g(a), ento f g diferencivel em a e

    (f g)(a) = f (g(a)) g(a).

    Exemplo 2.8. Seja g(x) = f(ex21), com f diferencivel. Ento g(x) = 2xex

    21f (ex

    21).

    22

  • Complementos de clculo diferencial em R

    Funo inversa. Seja f uma funo diferencivel tal que f (a) 6= 0. Ento a funo inversaf1 diferencivel em b = f(a) e (

    f1)(b) =

    1

    f (a).

    Exemplo 2.9.

    1. Sendo y = arcsinx( x = sin y), podemos aplicar a regra de derivao da funo inversapara obter a derivada de arcsinx:

    (arcsin x) =1

    cos y=

    1

    cos(arcsin x).

    Pela frmula fundamental da trigonometria,

    cos y =

    1 sin2(y) =

    1 sin2(arcsin x) =

    1 x2.

    Logo (arcsin x) =1

    1 x2 .

    2. Sendo y = arccos x( x = cos y), podemos aplicar a regra de derivao da funo inversapara obter a derivada de arccos x:

    (arccos x) = 1sin y

    = 1sin(arccos x)

    .

    Pela frmula fundamental da trigonometria, sin y =1 x2, e logo (arccos x) = 1

    1 x2 .

    3. Sendo y = arctan x( x = tan y), podemos aplicar a regra de derivao da funo inversapara obter a derivada de arctan x:

    (arctan x) =11

    cos2 y

    = cos2(arctan x).

    Pela frmula fundamental da trigonometria,

    tan2 y + 1 =1

    cos2 y cos2(y) = 1

    1 + tan2(arctan x)=

    1

    1 + x2.

    Logo (arctan x) =1

    1 + x2.

    23

  • Complementos de clculo diferencial em R

    2.3 Intervalos de monotonia e extremos locais

    Recordar. Seja f uma funo e a D. Diz-se que f tem:1. um mximo local em a se existe uma vizinhana de a, V , tal que f(x) f(a) x V D;2. um mnimo local em a se existe uma vizinhana de a, V , tal que f(x) f(a) x V D.

    Propriedade. Seja f uma funo diferencivel em a int(D). Se f tem um extremo local ema, ento f (a) = 0.

    Exemplo 2.10.

    1. Seja f(x) = arctan(x3 + 1). Ento f (x) =3x2

    1 + (x3 + 1)2e f (x) = 0 x = 0. No

    entanto, f no tem um extremo local em 0, pois f positiva para valores diferentes de 0.

    x

    y

    2. Seja f(x) = arctan(x3 3x). Ento f (x) = 3x2 3

    1 + (x3 + 1)2=

    3(x+ 1)(x 1)1 + (x3 + 1)2

    e f (x) =

    0 x = 1 x = 1. Estudemos o sinal de f : 1 1 +

    x+ 1 0 + + +x 1 0 +

    1 + (x3 + 1)2 + + + + +

    f (x) + 0 0 +f(x) M m

    Conclumos assim que f tem um mximo para x = 1 e um mnimo para x = 1.

    x

    y

    24

  • Complementos de clculo diferencial em R

    2.4 Concavidades e inflexes

    Definio 2.11. Seja f uma funo. Diz-se que f tem:

    1. concavidade virada para cima num intervalo [a, b] se f

    (x+ y

    2

    ) f(x) + f(y)

    2para quais-

    quer x, y [a, b] (isto , se o ponto mdio do segmento de recta definido por f(x) e f(y)est acima ou sobre o grfico de f .

    2. concavidade virada para baixo num intervalo [a, b] se f

    (x+ y

    2

    ) f(x) + f(y)

    2para

    quaisquer x, y [a, b] (isto , se o ponto mdio do segmento de recta definido por f(x) ef(y) est abaixo ou sobre o grfico de f .

    Observao 2.12. Se f diferencivel no ponto a int(D), diz-se que f tem a concavidadevirada para cima em a se o grfico de f est acima do grfico da recta tangente y f(a) =f (a)(xa); diz-se que f tem a concavidade virada para baixo em a se o grfico de f est abaixodo grfico da recta tangente y f(a) = f (a)(x a).Propriedade. Sejam f uma funo com primeira e segunda derivadas contnuas, e a int(D).Ento:

    1. Se f (a) > 0, o grfico de f tem a concavidade virada para cima no ponto a;

    2. Se f (a) < 0, o grfico de f tem a concavidade virada para baixo no ponto a;

    3. Se f tem um ponto de inflexo em a, ento f (a) = 0.

    Exemplo 2.13. Seja f(x) =1

    20x5 1

    12x4. Ento f (x) = x3 x2 = x2(x 1), e f (x) = 0

    x = 0 x = 1. Estudemos o sinal de f :

    0 1 +x2 + 0 + + +

    x 1 0 +f (x) 0 0 +f(x) P.I.

    Conclumos assim que f tem um ponto de inflexo em x = 1.

    x

    y

    25

  • Complementos de clculo diferencial em R

    2.5 Teoremas de Rolle e Lagrange

    Teorema 2.14 (Rolle). Seja f uma funo contnua em [a, b] e diferencivel em ]a, b[. Sef(a) = f(b), ento

    c ]a, b[: f (c) = 0.

    a b

    f(a) = f(b)

    c

    Exemplo 2.15. Seja f(x) = 3x2 1.

    Vejamos se se pode aplicar o Teorema de Rolle a f no intervalo [2, 2]: como f contnuaem R, tambm contnua em [2, 2]; temos que

    f (x) =2x

    3 3

    (x2 1)2

    no est definida para x = 1, e logo f no diferencivel em ] 2, 2[. Portanto no se podeaplicar o Teorema de Rolle.

    Se considerarmos o intervalo [1, 1], temos: f contnua em [1, 1] e diferencivel em ]1, 1[.Como f(1) = f(1) = 0, pelo Teorema de Rolle c ] 1, 1[: f (c) = 0.Teorema 2.16 (Lagrange). Seja f uma funo contnua em [a, b] e diferencivel em ]a, b[.Ento

    c ]a, b[: f (c) = f(b) f(a)b a .

    a b

    f(a)

    f(b)

    c

    Exemplo 2.17. Seja f(x) = x21, e consideremos o intervalo [0, 2]. Como f um polinmio, contnua em [0, 2] e diferencivel em ]0, 2[. Ento, pelo Teorema de Lagrange, c ]0, 2[: f (c) =3 (1)2 0 = 2.

    26

  • Complementos de clculo diferencial em R

    2.6 Regra de Cauchy e indeterminaes

    Teorema 2.18 (Cauchy). Sejam f e g funes contnuas em [a, b] e diferenciveis em ]a, b[. Seg(x) 6= 0 em ]a, b[, ento

    c ]a, b[: f(b) f(a)g(b) g(a) =

    f (c)

    g(c).

    Regra de Cauchy. Sejam f e g funes diferenciveis numa vizinhana de a tais que

    limxa

    f(x) = limxa

    g(x) = 0 ou limxa

    f(x) = limxa

    g(x) =.

    Se limxa

    f (x)

    g(x)existe, ento lim

    xa

    f(x)

    g(x)existe e

    limxa

    f(x)

    g(x)= lim

    xa

    f (x)

    g(x).

    Observao 2.19. So indeterminaes , 0, 00, , 0

    0, 0 e 1.

    Exemplo 2.20.

    1. limx0

    1 exsinx

    0

    0=R.C.

    limx0

    (1 ex)(sinx)

    = limx0

    ex

    cos x= 1.

    2. limx+

    (1 +

    1

    x

    )2x= 1.

    Aplicando logaritmos,

    ln limx+

    (1 +

    1

    x

    )2x= lim

    x+ln

    (1 +

    1

    x

    )2x= lim

    x+2x ln

    (1 +

    1

    x

    )0=

    = limx+

    2

    ln

    (1 +

    1

    x

    )1

    x

    0

    0=R.C.

    limx+

    2

    1x2

    1 +1

    x

    1x2

    =

    = limx+

    2

    1 +1

    x

    =2

    1 + 0= 2.

    Logo, limx+

    (1 +

    1

    x

    )2x= e2.

    27

  • Complementos de clculo diferencial em R

    2.7 Estudo de funes

    Definio 2.21. Seja f uma funo. Diz-se que a recta y = mx+ b assmptota ao grfico def em + se existem e so finitos os limites

    m = limx+

    f(x)

    xe b = lim

    x+f(x)mx.

    A recta y = mx+ b assmptota ao grfico de f em se existem e so finitos os limites

    m = limx

    f(x)

    xe b = lim

    xf(x)mx.

    Diz-se que o grfico de f admite uma assmptota vertical em a D se

    limxa+

    f(x) = ou limxa

    f(x) = .

    Exemplo 2.22.

    1. O grfico da funo f(x) =1

    ex 1 admite assmptota vertical x = 0, assmptotas y = 0em + e y = 1 em .

    x

    y

    2. O grfico da funo f(x) =1 xex

    admite como assmptota y = 0 em +.

    x

    y

    28

  • Complementos de clculo diferencial em R

    3. O grfico da funo f(x) =ex

    xadmite assmptota vertical x = 0 e assmptota y = 0 em

    .

    x

    y

    4. O grfico da funo f(x) =ln(x2 1)x2 1 admite assmptotas verticais x = 1 e x = 1 e

    assmptota y = 0 em + e em .

    x

    y

    Estudo de uma funo. O estudo analtico de uma funo consiste, geralmente, na determi-nao de:

    - domnio;

    - simetrias;

    - periodicidade;

    - assmptotas;

    - interseces com os eixos;

    - monotonia e extremos relativos;

    - sentido das concavidades e pontos de in-flexo;

    - grfico;

    - contradomnio.

    Exemplo 2.23. Estudemos f(x) =x

    3x2 1 .

    Como 3x2 1 = 0 x = 1 x = 1, temos que D = R\{1, 1}.

    Para estudar as simetrias, observemos que f(x) = x3

    (x)2 1 =

    x3x2 1 = f(x), e

    portanto f mpar.Como

    limx1

    x3x2 1 =

    10+

    = , limx1

    x3x2 1 =

    1

    0= ,

    limx1+

    x3x2 1 =

    10

    = +, limx1+

    x3x2 1 =

    1

    0+= +,

    29

  • Complementos de clculo diferencial em R

    as rectas x = 1 e x = 1 so assmptotas verticais ao grfico de f .Quanto s assmptotas no verticais:

    limx+

    x3x2 1x

    = 0, limx+

    x3x2 1 = +,

    limx

    x3x2 1x

    = 0, limx

    x3x2 1 = .

    Logo, o grfico de f no tem assmptotas no verticais.Observemos que f(x) = 0 x = 0, donde f intersecta os eixos dos xx e dos yy quando

    x = 0.

    Estudemos agora o sinal de f . Como f (x) =x2 3

    3 3

    (x2 1)4 , temos:

    3 1 1 3 +x2 3 + 0 0 +

    3

    (x2 1)4 + + + 0 + 0 + + +f (x) + 0 s/s s/s 0 +f(x) M s/s s/s m

    Quanto a f , temos que f (x) =2x(9 x2)9 3

    (x2 1)7 .

    3 1 0 1 3 +2x 0 + + + + +

    9 x2 0 + + + + + + + 0 9 3

    (x2 1)7 + + + 0 0 + + +f (x) + 0 s/s + 0 s/s + 0 f(x) P.I. s/s P.I. s/s P.I.

    O grfico de f tem o aspecto

    1

    2

    3

    4

    12345

    1 2 3 412345 x

    y

    e CD = R.

    30

  • Captulo 3

    Primitivao

    3.1 Conceito de primitiva e generalidades

    Definio 3.1. Seja f : D R R uma funo. Uma primitiva de f uma funo F : D Rdiferencivel e tal que

    F (x) = f(x)

    para todo o x D, e denota-se por Pf . Diz-se que f primitivvel se admite uma primitiva.Exemplo 3.2. Seja f(x) = 1. Ento F1(x) = x e F2(x) = x+ 1 so primitivas de f .

    Propriedade. Seja f uma funo primitivvel num intervalo. Se F uma primitiva de f , entoqualquer primitiva de f da forma F + k, onde k uma constante.

    Exemplo 3.3. Seja f(x) = 1. As primitivas de f so da forma F (x) = x+ k.

    Propriedade. Sejam f e g funes primitivveis e k uma constante. Ento:

    1. P (f + g) = Pf + Pg;

    2. P (k f) = k Pf .Exemplo 3.4.

    1. P (1 + x) = P1 + Px = x+x2

    2.

    2. P3x = 3Px = 3 x2

    2.

    31

  • Primitivao

    3.2 Primitivas imediatas

    Primitivas imediatas. Sejam u uma funo e k uma constante. Ento

    1. Pk = kx;

    2. Pu un = un+1

    n+ 1(n 6= 1);

    3. Pu eu = eu;

    4. Pu ku = ku

    ln k;

    5. Pu

    u= ln |u|;

    6. Pu sinu = cos u;7. Pu cos u = sinu;

    8. Pu

    cos2 u= tanu;

    9. Pu

    sin2 u= cot u;

    10. Pu

    1 u2 = arcsinu;

    11. Pu1 u2 = arccos u;

    12. Pu

    1 + u2= arctan u;

    13. Pu coshu = sinhu;14. Pu sinhu = coshu;

    15. Pu

    cosh2 u= tanhu;

    16. Pu

    sinh2 u= coth u;

    17. Pu

    1 + u2= arg sinhu;

    18. Puu2 1 = arg coshu;

    19. Pu

    1 u2 = arg tanhu.

    Exemplo 3.5.

    1. P2 = 2x.

    2. Px(x2 1)4 = 12

    (x2 1)55

    .

    3. Px2 ex3 = 13ex

    3

    .

    4. P6x 5x2 = 5x2

    ln 5;

    5. P2x+ 1

    x2 + x+ 1= ln |x2 + x+ 1|.

    6. P sin 3x = 13cos 3x.

    7. P (2x+1)cos(x2+x1) = sin(x2+x1).

    8. Pe2x

    cos2 e2x=

    1

    2tan e2x.

    9. P1

    1 4x2 = arcsin 2x.

    10. P

    1

    x21 1

    x2

    = arccos1

    x.

    11. P

    1

    x1 + ln2 x

    = arctan lnx.

    12. Px2 cosh(x3 + 3) = 13sinh(x3 + 3);

    13. P1

    x sinh lnx = cosh lnx;

    14. Pex

    cosh2 ex= tanh ex;

    15. Pcos x

    sinh2 sinx= coth sinx;

    16. Px

    1 + x4=

    1

    2arg sinhx2;

    17. P

    1

    x21

    x2 1

    = arg cosh 1x;

    18. P2

    1 x2 = 2arg tanhx.

    32

  • Primitivao

    3.3 Primitivao por partes

    Primitivao por partes. Sejam u e v duas funes diferenciveis. Ento u v primitivvelse e s se u v o for, e

    Pu v = u v Pu v.Exemplo 3.6.

    1. Vamos calcular uma primitiva de f(x) = x sinx. Fazendo u = sinx e v = x, temos queu = cosx e v = 1 e utilizando a frmula da primitivao por partes, vem que

    Px sinx = x cos x P cos x = x cos x+ sinx.

    2. Para calcular uma primitiva de f(x) = lnx, faamos u = 1 e v = lnx. Ento u = x e

    v =1

    x, e logo

    P lnx = x lnx Px 1x= x lnx x.

    3. Vejamos como calcular uma primitiva de cos2 x. Fazendo u = cos x e v = cos x, vem queu = sinx e v = sinx. Logo

    P cos2 x = sinx cosx P sin2 x == sinx cosx+ P (1 cos2 x) == sinx cosx+ x P cos2 x.

    Resolvendo em ordem a P cos2 x, obtemos 2P cos2 x = sinx cos x+ x, e portanto

    P cos2 x =1

    2sinx cos x+

    x

    2.

    33

  • Primitivao

    3.4 Primitivao por substituio

    Primitivao por substituio. Sejam f e funes tais que bijectiva, diferencivel ecom derivada no nula. Se f() primitivvel, ento f tambm o , e

    Pf(x) = Pf((t)) (t).

    Exemplo 3.7.

    1. Vamos calcular uma primitiva de1

    4x3(

    x+ 1)

    .

    Consideremos a mudana de varivel t = 4x. Ento (t) = t4, (t) = 4t3, e obtemos

    P1

    4x3(

    x+ 1)

    = P1

    t3(t2 + 1) 4t3 = 4P 1

    t2 + 1= 4arctan t = 4arctan 4

    x.

    2. Uma primitiva dee2x

    ex + e2xpode ser obtida utilizando a mudana de varivel t = ex. Ento

    (t) = ln t, (t) =1

    t, e obtemos

    Pe2x

    ex + e2x= P

    t2

    t2 + t 1t= P

    1

    t+ 1= ln |t+ 1| = ln |ex + 1|.

    Substituies comuns.

    Quando a funo envolve Fazer

    ekx t = ekx

    lnk x t = lnk x

    raizes kx t = m

    x onde m = m.m.c.{k}

    a2 x2 x = a sin t ou x = a cos t

    x2 + a2 x = a tan t ou x = a sinh t

    x2 a2 x = a sec t ou x = a cosh t

    tanx, sinx, cos x t = tanx

    2

    34

  • Primitivao

    3.5 Primitivao de funes racionais

    Recordar. Chama-se funo racional a uma funo da forman(x)

    d(x)onde n(x) e d(x) so

    polinmios.

    Propriedade. Seja f(x) =n(x)

    d(x)uma funo racional. Se o grau de n(x) maior ou igual do

    que o grau de d(x), ento f(x) pode ser escrita na forma

    f(x) = q(x) +r(x)

    d(x),

    com grau de r(x) menor do que grau de d(x).

    Primitivao de funes racionais. Sejar(x)

    d(x)uma funo racional, com grau de r(x) menor

    do que grau de d(x), e sejad(x) = a(x 1) (x n)

    a decomposio de d(x) em factores (onde a representa o coeficiente do termo de maior grau e1, . . . , n so as razes, reais ou complexas, de d(x)). Vamos decompor a funo racional numasoma de fraces, de acordo com o tipo das razes de d(x).

    1 caso: Se d(x) s tem razes reais simples 1, . . . , n, ento

    r(x)

    d(x)=

    1

    a

    (A1

    x 1 + +An

    x n

    ),

    onde A1, . . . , An so constantes;

    2 caso: Se d(x) tem uma raz real com multiplicidade k, ento as fraces correspondentes

    a na decomposio der(x)

    d(x)so

    A1x + +

    Ak(x )k ,

    onde A1, . . . , Ak so constantes;

    3 caso: Se d(x) tem as razes complexas a bi com multiplicidade k, ento as fraces corre-

    spondentes a estas razes na decomposio der(x)

    d(x)so

    A1 +B1x

    (x a)2 + b2 + +Ak +Bkx

    ((x a)2 + b2)k ,

    onde A1, . . . , Ak, B1, . . . , Bk so constantes.

    Em cada um dos casos, as constantes podem ser obtidas utilizando o mtodo dos coeficientesindeterminados.

    35

  • Primitivao

    Exemplo 3.8.

    1. Vamos calcular P3x+ 6

    x(x 1)(x+ 3) .Como x(x 1)(x + 3) s tem razes reais simples, podemos decompor a fraco racionalnuma soma de fraces do seguinte modo:

    3x+ 6

    x(x 1)(x+ 3) =A1x

    +A2

    x 1 +A3

    x+ 3.

    Ento

    3x+ 6 = A1(x 1)(x+ 3) +A2x(x+ 3) +A3x(x 1)= A1(x

    2 + 2x 3) +A2(x2 + 3x) +A3(x2 x),e obtemos o sistema

    0 = A1 +A2 +A33 = 2A1 + 3A2 A36 = 3A1

    A1 = 2A2 =

    9

    4

    A3 = 14

    Assim,

    P3x+ 6

    x(x 1)(x+ 3) = P

    2

    x+

    9

    4x 1

    1

    4x+ 3

    = 2 ln |x|+ 94ln |x 1| 1

    4ln |x+ 3|+ k.

    2. Vamos calcular Px2 + 2x+ 3

    (x 1)(x+ 1)2 .

    Como (x 1)(x + 1)2 tem uma raz real simples e uma raz real de multiplicidade 2,podemos decompor a fraco racional numa soma de fraces do seguinte modo:

    x2 + 2x+ 3

    (x 1)(x + 1)2 =A1

    x 1 +A2

    x+ 1+

    A3(x+ 1)2

    .

    Ento

    x2 + 2x+ 3 = A1(x+ 1)2 +A2(x 1)(x + 1) +A3(x 1)

    = A1(x2 + 2x+ 1) +A2(x

    2 1) +A3(x 1),e obtemos o sistema

    1 = A1 +A22 = 2A1 +A33 = A1 A2 A3

    A1 =3

    2

    A2 = 12

    A3 = 1Assim,

    x2 + 2x+ 3

    (x 1)(x+ 1)2 = P

    3

    2x 1

    1

    2x+ 1

    1(x+ 1)2

    =3

    2ln |x 1| 1

    2ln |x+ 1|+ 1

    x+ 1+ k.

    36

  • Primitivao

    3. Vamos calcular Px4 x3 + 2x2 x+ 2

    (x 1)(x2 + 2)2 .

    omo (x 1)(x2 +2)2 tem uma raz real simples e duas razes complexas de multiplicidade2, podemos decompor a fraco racional numa soma de fraces do seguinte modo:

    x4 x3 + 2x2 x+ 2(x 1)(x2 + 2)2 =

    A1x 1 +

    A2 +B2x

    x2 + 2+

    A3 +B3x

    (x2 + 2)2.

    Ento

    x4 x3 + 2x2 x+ 2 == A1(x

    2 + 2)2 + (A2 +B2x)(x 1)(x2 + 2) + (A3 +B3x)(x 1)= A1(x

    4 + 4x2 + 4) + (A2 +B2x)(x3 x2 + 2x 2) + (A3 +B3x)(x 1),

    e obtemos o sistema

    1 = A1 +B21 = A2 B22 = 4A1 A2 + 2B2 +B31 = 2A2 2B2 +A3 B32 = 4A1 2A2 A3

    A1 =1

    3

    A2 = 13

    B2 =2

    3A3 = 0B3 = 1

    Assim,

    Px4 x3 + 2x2 x+ 2

    (x 1)(x2 + 2)2 =

    = P

    1

    3x 1 +

    13+

    2

    3x

    x2 + 2 x

    (x2 + 2)2

    =1

    3ln |x 1| 1

    3P

    1

    x2 + 2+

    2

    3P

    x

    x2 + 2+

    1

    2

    1

    x2 + 2

    =1

    3ln |x 1| 1

    3

    1

    2

    2P

    12(

    x2

    )2+ 1

    +1

    3ln(x2 + 2) +

    1

    2

    1

    x2 + 2

    =1

    3ln |x 1|

    2

    6arctan

    (x2

    )+

    1

    3ln(x2 + 2) +

    1

    2

    1

    x2 + 2+ k

    37

  • Primitivao

    38

  • Captulo 4

    Clculo integral em R

    4.1 Conceito de integral de Riemann, classes de funes inte-

    grveis, propriedades do integral e Teorema da Mdia

    Definio 4.1. Seja f(x) uma funo definida em [a, b]. Decomponha-se [a, b] em n subintervalos[xk1, xk], 1 k n, tais que

    a = x0 < x1 < x2 < < xn1 < xn = b

    en

    k=1

    [xk1, xk] = [a, b]. Seja P = {x0, x1, x2, . . . , xn1, xn} e, para k = 1, . . . , n, sejam

    mk = infx[x

    k1,xk]f(x) e Mk = sup

    x[xk1,xk]

    f(x).

    a x1 x2 x3 xn2 xn1 xn a x1 x2 x3 xn2 xn1 xn

    Chama-se soma inferior de Darboux da funo f relativamente a P ao nmero

    S(f, P ) =

    nk=1

    mk(xk xk1),

    e soma superior de Darboux da funo f relativamente a P ao nmero

    S(f, P ) =

    nk=1

    Mk(xk xk1).

    A funo f(x) diz-se integrvel ( Riemann) no intervalo [a, b] se

    supP

    S(f, P ) = infP

    S(f, P ).

    Este valor denota-se por

    b

    a

    f(x) dx e chama-se integral da funo f no intervalo [a, b].

    39

  • Clculo integral em R

    Observao 4.2. Quando f(x) 0 em [a, b],

    b

    a

    f(x) dx igual ao valor da rea limitada por

    f(x), pelas rectas x = a e x = b, e pelo eixo dos xx.

    Propriedade. Seja f uma funo.

    1. Se f contnua em [a, b] ento integrvel em [a, b];

    2. Se f montona em [a, b] ento integrvel em [a, b].

    Propriedade. Sejam f(x) e g(x) funes integrveis em [a, b] e k R. Ento:

    1.

    b

    a

    f(x) dx =

    a

    b

    f(x) dx;

    2.

    a

    a

    f(x) dx = 0;

    3.

    b

    a

    kf(x) dx = k

    b

    a

    f(x) dx;

    4.

    b

    a

    (f(x) + g(x)) dx =

    b

    a

    f(x) dx+

    b

    a

    g(x) dx;

    5.

    b

    a

    f(x) dx =

    c

    a

    f(x) dx+

    b

    c

    f(x) dx;

    6. Se f(x) g(x) em [a, b], ento

    b

    a

    f(x) dx

    b

    a

    g(x) dx;

    7.

    b

    a

    f(x) dx

    b

    a

    |f(x)|dx.

    Teorema 4.3 (Teorema da Mdia). Se f(x) uma funo contnua em [a, b], ento

    c [a, b] :

    b

    a

    f(x) dx = (b a)f(c).

    40

  • Clculo integral em R

    4.2 Funo integral indefinido, propriedades e Teorema Funda-

    mental do Clculo Integral. Regra de Barrow

    Definio 4.4. Seja f uma funo integrvel em [a, b]. Para todo o x [a, b], chama-se integralindefinido de f com origem em a funo

    F (x) =

    x

    a

    f(t) dt.

    Teorema 4.5 (Teorema Fundamental do Clculo Integral). Seja f(x) uma funo integrvelem [a, b]. Ento, para todo o x [a, b], a funo

    F (x) =

    x

    a

    f(t) dt

    contnua. Mais, se f(x) contnua, ento F (x) diferencivel, e F (x) = f(x).

    Exemplo 4.6. Seja F (x) =

    x

    0et

    2

    dt. Ento

    F (x) =d

    dx

    x

    0et

    2

    dt = ex2

    .

    Regra de Leibnitz. Seja f uma funo contnua e u(x) e v(x) funes diferenciveis. Ento

    d

    dx

    v(x)

    u(x)f(t) dt = f(v(x))v(x) f(u(x))u(x).

    Exemplo 4.7.

    1.d

    dx

    x3

    x2

    sin t

    tdt = 3x2

    sinx3

    x3 2xsinx

    2

    x2;

    2.d

    dx

    x2

    0arcsin t dt = 2x arcsin x2;

    3.d

    dx

    pi

    x2

    et1 dt = 2xex21

    Regra de Barrow. Seja f(x) uma funo contnua no intervalo [a, b]. Ento

    b

    a

    f(x) dx =[F (x)

    ]ba= F (b) F (a),

    onde F (x) uma primitiva de f(x).

    Exemplo 4.8.

    10x3 dx =

    [x4

    4

    ]10

    =1

    4 0 = 1

    4

    41

  • Clculo integral em R

    4.3 Integrao por partes e integrao por substituio

    Integrao por partes. Sejam u e v duas funes diferenciveis. Ento u v integrvel em[a, b] se e s se u v o for, e

    b

    a

    u(x) v(x) dx = [u(x) v(x)]ba

    b

    a

    u(x) v(x) dx.

    Exemplo 4.9. Vamos calcular

    pi2

    0cos2 xdx. Fazendo u = cos x e v = cos x, vem que u = sinx

    e v = sinx. Logo pi

    2

    0cos2 xdx =

    [sinx cos x

    ]pi2

    0 pi

    2

    0 sin2 xdx =

    = 0 +

    pi2

    0(1 cos2 x) dx =

    =

    pi2

    01 dx

    pi2

    0cos2 xdx

    =[x]pi

    2

    0 pi

    2

    0cos2 xdx

    =pi

    2 pi

    2

    0cos2 xdx.

    Resolvendo em ordem a

    pi2

    0cos2 xdx, obtemos 2

    pi2

    0cos2 xdx =

    pi

    2, e portanto

    pi2

    0cos2 xdx =

    pi

    4.

    Integrao por substituio. Sejam f e funes tais que bijectiva, diferencivel e comderivada no nula. Se f() integrvel em [a, b], ento f tambm o , e

    b

    a

    f(x) dx =

    1(b)

    1(a)f((t)) (t) dt.

    Exemplo 4.10. Vamos calcular

    10

    1

    exdx. Consideremos a mudana de varivel t = ex. Ento

    (t) = ln t e (t) =1

    t. Mais, x = 0 t = e0 = 1 e x = 1 t = e1 = e. Obtemos ento

    10

    1

    exdx =

    en=1

    1

    t 1tdt =

    en=1

    1

    t2dt =

    [1t

    ]en=1

    = 1 1e.

    42

  • Clculo integral em R

    4.4 Integrais imprprios

    Definio 4.11.

    1. Seja f uma funo definida e integrvel em qualquer intervalo da forma [a, c]. Chama-se

    integral imprprio de 1a espcie a um integral da forma

    +a

    f(x) dx. Este integral diz-se

    convergente se existir e for finito o limite +a

    f(x) dx = limc+

    c

    a

    f(x) dx.

    2. Seja f uma funo definida e integrvel em qualquer intervalo da forma [c, b]. Chama-se

    integral imprprio de 1a espcie a um integral da forma

    b

    f(x) dx. Este integral diz-se

    convergente se existir e for finito o limiteb

    f(x) dx = limc

    b

    c

    f(x) dx.

    Exemplo 4.12. +1

    1

    x3dx = lim

    c+

    c

    1

    1

    x3dx = lim

    c+

    [ 12x2

    ]c1

    = limc+

    ( 12c2

    +1

    2

    )=

    1

    2

    Definio 4.13.

    1. Seja f uma funo definida e integrvel em qualquer intervalo da forma [a, c], com c < b,tal que lim

    xbf(x) =. Chama-se integral imprprio de 2a espcie a um integral da forma

    b

    a

    f(x) dx. Este integral diz-se convergente se existir e for finito o limite

    b

    a

    f(x) dx = limcb

    c

    a

    f(x) dx.

    2. Seja f uma funo definida e integrvel em qualquer intervalo da forma [c, b], com a < c,tal que lim

    xa+f(x) =. Chama-se integral imprprio de 2a espcie a um integral da forma

    b

    a

    f(x) dx. Este integral diz-se convergente se existir e for finito o limite

    b

    a

    f(x) dx = limca+

    b

    c

    f(x) dx.

    Exemplo 4.14. 10

    lnxdx = limc0+

    1c

    lnxdx = limc0+

    [x lnx x]1c

    = limc0+

    (1 c ln c+ c) = 1 limc0+

    ln c 11

    c

    = 1 limc0+

    1

    c

    1c2

    = 1

    43

  • Clculo integral em R

    4.5 Aplicaes do clculo integral

    Clculo de reas de figuras planas.

    1. A rea limitada por f(x), pelas rectas x = a e x = b e pelo eixo dos xx dada por:

    (a) A =

    b

    a

    f(x) dx, se f(x) 0 em [a, b];

    f(x)

    a b

    A

    (b) A =

    a

    b

    f(x) dx, se f(x) 0 em [a, b].

    f(x)

    a b

    A

    2. A rea limitada por f(x), por g(x) e pelas rectas x = a e x = b dada por

    A =

    b

    a

    (f(x) g(x)) dx.

    f(x)

    g(x)a b

    A

    Exemplo 4.15.

    1. Vamos calcular a rea limitada por f(x) = x3x, pelas rectas x = 2 e x = 2 e pelo eixodos xx.

    44

  • Clculo integral em R

    Como f(x) muda de sinal em x = 1, x = 0 e x = 1, a rea dada por

    A = 1

    2(x3 x) dx+

    01

    (x3 x) dx 10(x3 x) dx+

    2n=1

    (x3 x) dx

    = [x4

    4 x

    2

    2

    ]12

    +

    [x4

    4 x

    2

    2

    ]01

    [x4

    4 x

    2

    2

    ]10

    +

    [x4

    4 x

    2

    2

    ]2n=1

    = 14+

    1

    2+ 4 2 1

    4+

    1

    2 1

    4+

    1

    2+ 4 2 1

    4+

    1

    2= 5.

    2. A rea limitada por y = ex, y = lnx e pelas rectas x = 1 e x = e dada por

    A =

    en=1

    (ex lnx) dx = [ex x lnx+ x]en=1

    = ee e + e e + 0 1 = ee e 1.

    3. A rea limitada por y = |x| e pela recta y = 2 :

    A =

    20(y + y) dy =

    [y2]20= 4.

    45

  • Clculo integral em R

    Clculo de volumes de slidos de revoluo. Um slido de revoluo um slido obtidopela rotao de uma regio plana em torno de um eixo.

    1. O volume do slido de revoluo obtido pela rotao da regio

    A = {(x, y) R2 : 0 y f(x) a x b}

    (a) em torno do eixo dos xx V = pi

    b

    a

    f2(x) dx;

    (b) em torno do eixo dos yy V = 2pi

    b

    a

    xf(x) dx.

    2. O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos xx de

    A = {(x, y) R2 : 0 f(x) y g(x) a x b}

    V = pi

    b

    a

    (g2(x) f2(x)) dx.

    Exemplo 4.16.

    1. O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos xx da realimitada por y = 2x x2 e por y = 0

    1

    1

    2

    1 21

    V = pi

    20(2x x2)2 dx = pi

    20x4 4x3 + 4x2 dx = pi

    [x5

    5 x4 + 4x

    3

    3

    ]20

    =16pi

    15.

    O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos yy da mesmarea

    V = 2pi

    20x(2x x2) dx = 2pi

    20(2x2 x3) dx = 2pi

    [2x3

    3 x

    4

    4

    ]20

    =8pi

    3.

    2. O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos xx da realimitada por 1 y2 = x e por x = 0

    1

    1

    2

    11

    46

  • Clculo integral em R

    V = pi

    10(1 x)2 dx = pi

    10

    1 xdx = pi[x x

    2

    2

    ]10

    =pi

    2.

    O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos yy da mesmarea

    V = pi

    11

    (1 y2)2 dy = pi 11

    (1 2y2 + y4) dy = pi[y 2y

    3

    3+y5

    5

    ]11

    =16pi

    15.

    3. O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos xx da realimitada por y = x2 e por y = x+ 2

    1

    2

    3

    4

    11 212

    V = pi

    21

    ((x+ 2)2 x4) dx = pi[(x+ 2)3

    3 x

    5

    5

    ]21

    =72pi

    5.

    47

  • Clculo integral em R

    48

  • Captulo 5

    Sries numricas

    5.1 Revises

    Definio 5.1. Chama-se sucesso (em R) a qualquer aplicao x : N R que a cada n Nassocia um elemento x(n) R. Denotamos por xn o elemento x(n) (termo de ordem n).Definio 5.2. A sucesso xn diz-se limitada se o conjunto dos seus termos {xn R : n N} limitado.

    Definio 5.3. Seja xn uma sucesso e a R. Diz-se que xn converge (ou tende) para a quando

    > 0 p N : n p |xn a| < ,

    e escreve-se xn a ou lim xn = a.Teorema 5.4 (Teorema das sucesses enquadradas). Se xn, yn, zn so sucesses tais que

    xn zn ynpara n p e limxn = lim yn = a, ento lim zn = a.Propriedade. Toda a sucesso convergente limitada.

    Recordar. A sucesso xn diz-se crescente se xn+1 xn, n N, e diz-se decrescente sexn+1 xn, n N.Propriedade. Toda a sucesso montona limitada convergente.

    Propriedade. Se xn a e yn b, ento:1. xn + yn a+ b;2. xn yn ab;

    3.xnyn

    ab, se b 6= 0 e yn 6= 0 n N.

    Propriedade. Se xn limitada e yn 0, ento xn yn 0.Definio 5.5. Seja xn uma sucesso. Diz-se que xn tende para + quando

    L > 0 p N : n p xn > L,

    e escreve-se xn + ou limxn = +. Diz-se que xn quando xn +.

    49

  • Sries numricas

    Propriedade. Sejam xn e yn sucesses. Ento:

    1. se a > 1, ento an +;

    2. se xn 0, ento 1xn

    ;

    3. se xn , ento 1xn

    0;

    4. se xn yn para n p e xn +, ento yn +;5. se xn e yn limitada, ento xn + yn .

    50

  • Sries numricas

    5.2 Srie numrica, sucesso das soma parciais e natureza e soma

    de uma srie

    Definio 5.6. Seja an uma sucesso. Chama-se srie de termo geral an a uma expresso da

    forman=1

    an.

    Exemplo 5.7.

    1.n=1

    1 = 1 + 1 + 1 + ;

    2.n=0

    (1)n = 1 1 + 1 ;

    3.n=1

    n = 1 + 2 + 3 + ;

    4.n=1

    1n= 1+ 12 +

    13 + (srie harmnica);

    5.n=1

    1n2

    = 1 + 14 +19 + ;

    6.n=0

    12n = 1 +

    12 +

    14 + .

    Definio 5.8. Seja an uma sucesso. Diz-se que a srien=1

    an convergente se existe e finito

    o limite limSn, onde Sn = a1 + a2 + + an, para cada n N a sucesso das somas parciaisde an. Neste caso ao limite limSn d-se o nome de soma da srie, e escreve-se

    n=1

    an = limSn.

    Se o limite limSn no existe ou infinito, a srie diz-se divergente.

    Exemplo 5.9.

    1. Consideremos a srien=1

    1. Ento

    S1 = 1S2 = 1 + 1 = 2S3 = 1 + 1 + 1 = 3...

    Sn = n.

    Como limSn = +, a srie divergente.

    2. Consideremos a srien=0

    (1)n. Ento

    S0 = 1S1 = 1 1 = 0S2 = 1 1 + 1 = 1...

    Sn =

    {0 se n par1 se n mpar

    .

    Como limSn no existe, a srie divergente.

    51

  • Sries numricas

    3. Consideremos a srien=1

    n. Ento

    S1 = 1S2 = 1 + 2 = 3S3 = 1 + 2 + 3 = 6...

    Sn = 1 + 2 + + n = n(n+ 1)2

    .

    Como limSn = +, a srie divergente.

    4. Consideremos a srien=0

    12n . Ento

    S0 = 1S1 = 1 +

    12

    ...

    Sn = 1 +12 +

    14 + + 12n =

    1 12n+1

    1 12.

    Como limSn =1

    1 12= 2, a srie convergente, e com soma igual a 2.

    5. Consideremos a srien=1

    1n(n+1) . Ento, observando que an =

    1n(n+1) =

    1n 1

    n+1 , temos

    queS1 = 1 12S2 =

    (1 12

    )+(12 13

    )= 1 13

    S3 = S3 =(1 12

    )+(12 13

    )+(13 14

    )= 1 14

    ...

    Sn =(1 12

    )+(12 13

    )+ +

    (1n 1

    n+1

    )= 1 1

    n+1 .

    Como limSn = 1, a srie convergente, e com soma igual a 1.

    52

  • Sries numricas

    5.3 Sries geomtricas e sries redutveis

    Srie geomtrica. Chama-se srie geomtrica a uma srie da forman=0

    rn, com r constante.

    Para r 6= 1, Sn = 1 rn+1

    1 r , e portanto

    limSn =

    11r se |r| < 1+ se r > 1no existe se r < 1

    .

    Para r = 1, pelo Exemplo 5.9.1, limSn = +, e para r = 1, pelo Exemplo 5.9.2, limSnno existe.

    Assim, a srie geomtrican=0

    rn converge com soma igual a 11r se |r| < 1 e diverge se |r| 1.

    Srie redutvel. Chama-se srie redutvel (ou srie de Mengoli) a uma srien=1

    an cujo termo

    geral pode ser escrito na forma an = zn zn+k. Esta srie convergente se e s se existe e finito lim zn, e

    n=1

    zn zn+k = z1 + z2 + + zk k lim zn.

    53

  • Sries numricas

    5.4 Critrio do integral

    Critrio do integral. Seja f uma funo contnua, positiva e decrescente em [1,+[ e sejaan = f(n), n N. Ento a srie

    n=1

    an convergente se e s se o integral imprprio

    +n=1

    f(x) dx

    convergente.

    Exemplo 5.10. Consideremos a srie harmnican=1

    1n.

    Como a funo f(x) =1

    x contnua, positiva e decrescente em [1,+[, pelo critrio do

    integral a srie harmnica convergente se e s se o integral

    +n=1

    1

    xdx convergente. Mas +

    n=1

    1

    xdx = +, e portanto a srie harmnica divergente.

    54

  • Sries numricas

    5.5 Propriedades gerais das sries e condio necessria de con-

    vergncia

    Propriedade.

    1. A srien=1

    an converge se e s se a srien=p

    an converge, para algum p N.

    2. Se k 6= 0, a srien=1

    an converge se e s se a srien=1

    kan converge, en=1

    kan = kn=1

    an.

    3. Se as sriesn=1

    an en=1

    bn so convergentes, ento a srien=1

    (an + bn) convergente, e

    n=1

    (an + bn) =n=1

    an +n=1

    bn.

    Exemplo 5.11.

    1. Comon=0

    12n convergente, ento

    n=0

    32n convergente, e

    n=0

    32n = 3

    n=0

    12n = 6.

    2. Como as sriesn=0

    12n e

    n=0

    13n so convergentes, ento a srie

    n=0

    ( 12n +13n ) convergente,

    en=0

    ( 12n +13n ) =

    n=0

    12n +

    n=0

    13n = 2 +

    32 =

    72 .

    Observao 5.12. Note-se que a recproca de 3 no verdadeira: por exemplo, as sriesn=1

    1n

    en=1

    2nso divergentes, e a srie

    n=1

    (1n+ 2

    n

    )=

    n=1

    3n divergente, e as sries

    n=1

    1nen=1

    1n

    so

    divergentes, mas a srien=1

    (1n+ 1

    n

    )=

    n=1

    0 convergente.

    Condio necessria de convergncia. Se a srien=1

    an convergente, ento lim an = 0.

    Exemplo 5.13. A srien=1

    nn+1 divergente, porque lim

    nn+1 = 1 6= 0.

    Observao 5.14. O recproco no verdadeiro. Por exemplo, a srie harmnica diverge,apesar de lim 1

    n= 0.

    55

  • Sries numricas

    5.6 Sries de Dirichlet

    Sries de Dirichlet. Chama-se srie de Dirichlet a uma srie da forman=1

    1n

    , com R.A funo f(x) = 1

    x contnua e positiva em [1,+[. Como f (x) =

    x+1, f decrescente

    para > 0.Consideremos ento > 0. Ento

    +n=1

    1

    xdx =

    6=1

    [x+1

    + 1]+n=1

    = limx

    1

    1 (x1 1) =

    1

    1 se > 1+ se < 1

    .

    Se = 1, f(x) = 1xe

    +n=1

    1

    xdx = +.

    Caso 0, lim 1n6= 0.

    Assim, a srie de Dirichletn=1

    1n

    converge para > 1 e diverge para 1.

    56

  • Sries numricas

    5.7 Sries de termos no negativos

    Critrio da comparao. Sejamn=1

    an en=1

    bn duas sries de termos no negativos. Se an bnpara n p, ento:

    1. sen=1

    bn converge, enton=1

    an converge;

    2. sen=1

    an diverge, enton=1

    bn diverge.

    Exemplo 5.15.

    1. Consideremos a srien=1

    1n2+1 . Como para todo o n N, n2 + 1 n2, ento 1n2+1 1n2 , e

    n=1

    1n2

    converge. Logo, a srie converge.

    2. Consideremos a srien=1

    1

    n. Como para todo o n N, n n, ento 1

    n 1

    n, e

    n=1

    1n

    diverge. Logo, a srie diverge.

    3. Consideremos a srien=1

    1n2n . Para todo o n N, 2n 1, ento n2n n, e 1n2n 1n , e

    n=1

    1ndiverge. Logo, nada se pode concluir acerca de

    n=1

    1n2n . Mas, para todo o n N,

    n 1, ento n2n 2n, e 1n2n 12n , e

    n=1

    12n converge. Logo,

    n=1

    1n2n converge.

    2 Critrio da comparao. Sejamn=1

    an en=1

    bn duas sries de termos no negativos. Se

    bn 6= 0 n N e l = lim anbn existe, ento:

    1. se l ]0,+[, as sriesn=1

    an en=1

    bn tm a mesma natureza;

    2. se l = 0,

    (a) sen=1

    bn converge, enton=1

    an converge;

    (b) sen=1

    an diverge, enton=1

    bn diverge;

    3. se l = +,

    (a) sen=1

    an converge, enton=1

    bn converge;

    (b) sen=1

    bn diverge, enton=1

    an diverge.

    Exemplo 5.16.

    1. Consideremos a srien=1

    1(2n+1)2 . Como lim

    1

    (2n+1)2

    1

    n2

    = 14 en=1

    1n2

    converge, a srie converge.

    57

  • Sries numricas

    2. Consideremos a srien=1

    1n+

    n. Como lim

    1

    n+

    n

    1

    n

    = 1 en=1

    1ndiverge, a srie diverge.

    Critrio da razo. Sejan=1

    an uma srie de termos positivos. Se l = liman+1an

    existe, ento:

    1. se l < 1, a srien=1

    an convergente;

    2. se l > 1, a srien=1

    an divergente.

    Exemplo 5.17. Consideremos a srien=1

    1n! . Como lim

    1

    (n+1)!

    1

    n!

    = lim 1n+1 = 0, a srie converge.

    Critrio da raz. Sejan=1

    an uma srie de termos no negativos. Se l = lim nan existe, ento:

    1. se l < 1, a srien=1

    an convergente;

    2. se l > 1, a srien=1

    an divergente.

    Exemplo 5.18. Consideremos a srien=1

    1

    nn. Como lim n

    1

    nn= lim 1

    n= 0, a srie converge.

    58

  • Sries numricas

    5.8 Sries alternadas. Convergncia absoluta e convergncia sim-

    ples

    Critrio de Leibniz. Sejan=1

    an uma srie tal que an = (1)nbn ou an = (1)n+1bn, com

    bn > 0 n N. Se a sucesso bn decrescente e lim bn = 0, ento a srien=1

    an convergente.

    Exemplo 5.19. Consideremos a srien=1

    (1)n 1n. Como 1

    n decrescente e lim 1

    n= 0, a srie

    converge.

    Definio 5.20. A srien=1

    an diz-se absolutamente convergente sen=1

    |an| for convergente, e

    diz-se simplesmente convergente sen=1

    an for convergente, masn=1

    |an| divergente.

    Exemplo 5.21. A srien=1

    (1)n

    n2 absolutamente convergente, e a srie

    n=1

    (1)n

    n simplesmente

    convergente.

    Propriedade. Se a srien=1

    an absolutamente convergente, enton=1

    an convergente e n=1

    an

    n=1

    |an|.

    Exemplo 5.22. Consideremos a srien=1

    sinn2n . Como

    sinn2n

    12n para todo o n N e n=1

    12n

    convergente, a srien=1

    sinn2n absolutamente convergente.

    59

  • Sries numricas

    5.9 Valor aproximado da soma de uma srie

    Definio 5.23. Dada a srien=1

    an, chama-se resto de ordem p srie Rp =

    n=p+1an.

    Teorema 5.24. Se p N, an > 0 n N e existe kp tal que an+1an kp < 1 para n p + 1,ento Rp ap+11kp .

    Teorema 5.25. Se p N, an 0 n N e existe kp tal que nan kp < 1 para n p + 1,ento Rp k

    p+1

    p

    1kp.

    Teorema 5.26. Seja bn uma sucesso positiva decrescente com limite zero e seja Rp o resto de

    ordem p da srien=0

    (1)nbn. Ento |Rp| bp+1.

    Exemplo 5.27.

    1. Sabendo quen=0

    1n! = e, vamos determinar o erro cometido ao aproximar e por 1+1+

    12! +

    13! +

    14! .

    Sendo an =1n! , temos que

    an+1an

    = 1n+1 1p+2 < 1 para n p + 1. Seja ento kp = 1p+2 .

    Temos assim que

    Rp 1

    (p+1)!

    1 1p+2

    =p+ 2

    (p + 1)(p + 1)!.

    Para p = 4, temos R4 1100 .

    2.n=1

    (1)n

    n 1 + 12 13 , com erro R3 tal que |R3| 14 .

    60

  • Captulo 6

    Sries de potncias

    6.1 Sries de funes, domnio de convergncia e funo soma

    Exemplo 6.1. Consideremos a srien=0

    xn. Para x = 12 a srie convergente, e para x = 2

    divergente. Mais, sabemos que esta srie convergente para x ] 1, 1[, e a sua soma 11x .Definio 6.2. Seja fn : D R uma funo, para cada n N. Diz-se que a srie de funesn=1

    fn = f1 + f2 +

    1. converge num ponto x D se a srie numrican=1

    fn(x) = f1(x) + f2(x) + for conver-gente;

    2. converge pontualmente em A R se converge em todos os pontos de A. Neste caso, funo f : A R definida por f(x) =

    n=1

    fn(x) d-se o nome de soma (pontual) da srie

    em A.

    Exemplo 6.3.

    1. A srie de funesn=0

    xn converge pontualmente em ] 1, 1[ e tem soma 11x .

    2. Consideremos a srie de funesn=1

    sin(nx)n2

    . Como, para qualquer x R, sin(nx)n2

    1n2 en=1

    1n2

    convergente, a srie de funes converge pontualmente em R.

    3. Consideremos a srie de funesn=1

    xn. Como, para x R, lim |

    x

    n|

    1

    n

    = |x|, a srie de funes

    diverge para x 6= 0. Para x = 0,n=1

    xn= 0, e portanto a srie converge apenas no ponto 0.

    61

  • Sries de potncias

    6.2 Sries de potncias, raio e intervalo de convergncia

    Definio 6.4. Chama-se srie de potncias (de x) a uma srie de funes da forma

    a0 + a1x+ a2x2 + = a0 +

    n=1

    anxn

    (=

    n=0

    anxn

    ).

    Exemplo 6.5.

    1.n=0

    xn = 1 + x+ x2 + x3 + (srie geomtrica);

    2.n=0

    xn

    n! = 1 + x+x2

    2! +x3

    3! + (srie exponencial).

    Propriedade. Se R = lim anan+1

    existe, ento a srie n=0

    anxn absolutamente convergente

    para x tais que |x| < R e divergente para |x| > R. A R d-se o nome de raio de convergncia.Observao 6.6.

    1. Os casos x = R e x = R tm que ser estudados separadamente.

    2. As sriesn=0

    anxn e

    n=p

    anxn tm o mesmo raio de convergncia.

    Exemplo 6.7.

    1. Consideremos a srien=0

    xn.

    Ento an = 1 e R = lim 11

    = 1, e a srie absolutamente convergente para x ] 1, 1[e divergente para x ],1[]1,+[. Para x = 1,

    n=0

    xn =n=0

    1 divergente, e para

    x = 1,n=0

    xn =n=0

    (1)n divergente.

    2. Consideremos a srien=0

    xn

    n! .

    Ento an =1n! e R = lim

    1n!1(n+1)!

    = lim(n+1) = +, e a srie absolutamente convergentepara x ],+[.

    3. Consideremos a srien=1

    xn

    n.

    Ento an =1n

    e R = lim

    1n1n+1

    = lim n+1n = 1, e a srie absolutamente convergentepara x ] 1, 1[ e divergente para x ] ,1[]1,+[. Para x = 1,

    n=1

    xn

    n=

    n=1

    1n

    divergente, e para x = 1,n=1

    xn

    n=

    n=1

    (1)n

    n simplesmente convergente.

    4. Consideremos a srien=0

    n!xn.

    Ento an = n! e R = lim n!(n+1)!

    = lim 1n+1 = 0, e a srie divergente para x R\{0}.Para x = 0,

    n=0

    n!xn =n=0

    0 absolutamente convergente.

    62

  • Sries de potncias

    5. Consideremos a srien=1

    (x1)n

    n2.

    Fazendo y = x 1, vem quen=1

    (x1)n

    n2=

    n=1

    yn

    n2.

    Ento an =1n2

    e R = lim

    1n21(n+1)2

    = lim (n+1)2n2 = 1, e a srie absolutamente convergentepara y ]1, 1[, ou seja, para x ]0, 2[ e divergente para x ], 0[]2,+[. Para x = 0,n=1

    (x1)n

    n2=

    n=1

    (1)n

    n2 absolutamente convergente, e para x = 2,

    n=1

    (x1)n

    n2=

    n=1

    1n2

    absolutamente convergente.

    Observao 6.8. Caso lim anan+1

    no exista, R = 1lim n|an|

    .

    Exemplo 6.9. Consideremos a srien=0

    xn

    (3+(1)n)2n.

    Ento an =1

    (3+(1)n)2ne lim

    anan+1 no existe. Mas

    R =1

    lim n|an| =

    1

    lim n 1(3+(1)n)2n

    =1

    lim 1(3+(1)n)2

    =114

    = 4,

    e a srie absolutamente convergente para x ] 4, 4[ e divergente para x ],4[]4,+[.

    63

  • Sries de potncias

    6.3 Propriedades das sries de potncias: derivao e integrao

    termo a termo

    Propriedade. Seja f(x) =n=0

    anxn uma srie de potncias com raio de convergncia R > 0.

    Ento:

    1. f(x) diferencivel em ]R,R[ e f (x) =n=1

    nanxn1.

    2. f(x) primitivvel em ]R,R[ e Pf(x) =n=0

    anxn+1

    n+1 .

    Exemplo 6.10. Consideremos novamente a srie exponencial f(x) =n=0

    xn

    n! . J vimos que

    R = +. A derivada de f

    f (x) =n=1

    nxn1

    n!=

    n=1

    xn1

    (n 1)! =n=0

    xn

    n!= f (x).

    De facto, prova-se quen=0

    xn

    n! = ex, para x R.

    64

  • Sries de potncias

    6.4 Sries de Taylor e de Mac-Laurin. Aplicaes

    Definio 6.11. Diz-se que uma funo f(x) definida num intervalo aberto I analtica em

    x0 I se existe uma srien=0

    an(x x0)n de potncias de x x0 tal que f(x) =n=0

    an(x x0)nnuma vizinhana de x0.

    Exemplo 6.12.

    1. Como ex =n=0

    xn

    n! , ex analtica em 0.

    2. f(x) = 1xno analtica em 0.

    3. Como 1x= 11(1x) =

    n=0

    (1 x)n, 1x analtica em 1.

    Propriedade. Toda a funo analtica num ponto indefinidamente diferencivel numa vizin-hana desse ponto (e todas as suas derivadas so analticas).

    Teorema 6.13. Seja f analtica em x0. Ento existe uma nica srie de potncias de x x0tal que f(x) =

    n=0

    an(x x0)n numa vizinhana de x0. Para cada n N, an = f(n)(x0)n! .

    Definio 6.14. Seja f(x) uma funo definida num intervalo aberto I e indefinidamente difer-

    encivel em x0 I. Chama-se srie de Taylor de f em x0 srien=0

    f(n)(x0)n! (x x0)n.

    Observao 6.15. Se f analtica, a srie de Taylor representa f . Caso f no seja analtica,a srie pode no convergir, ou convergir mas no representar f .

    Definio 6.16. Seja f(x) uma funo definida num intervalo aberto I e indefinidamentediferencivel em x0 I. Chama-se polinmio de Taylor de grau n de f em x0 a pn(x) =f(x0) + f

    (x0)(x x0) + + f(n)(x0)n! (x x0)n.

    Propriedade. Seja f(x) uma funo definida num intervalo aberto I e indefinidamente difer-encivel em x0 I e pn(x) o polinmio de Taylor de grau n de f em x0. Ento f analtica emx0 se e s se f(x) pn(x)

    n0 pontualmente numa vizinhana de x0.

    Frmula de Taylor com resto de Lagrange. Sejam n N, f(x) uma funo definida numintervalo aberto I com derivadas contnuas em I at ordem n+1 e x0 I.Ento para qualquerx I existe c estritamente entre x e x0 tal que f(x) = pn(x)+Rn(x), onde pn(x) o polinmiode Taylor de grau n de f em x0 e Rn(x) =

    f(n+1)(c)(n+1)! (x x0)n o resto de Lagrange.

    Exemplo 6.17. Aplicando a frmula de Taylor de grau 3 funo ex no ponto 0, obtemos queex = 1+x+ x

    2

    2! +x3

    3! +ec

    4!x4, para algum c entre 0 e x. Como numa vizinhana de 0, ec 2, vem

    que e0.1 1 + 0.1 + 0.122! + 0.13

    3! , com erro R3(0.1) inferior a20.14

    4! .

    Exemplo 6.18.

    1. ex =n=0

    xn

    n! , para x R;

    2. 11x =n=0

    xn, para x ] 1, 1[;

    65

  • Sries de potncias

    3. ln(1 + x) =n=0

    (1)n xn+1n+1 , para x ] 1, 1[;

    4. sinx =n=0

    (1)n x2n+1(2n+1)! , para x R;

    5. cos x =n=0

    (1)n x2n(2n)! , para x R;

    Definio 6.19. Seja g uma funo definida e no nula em ]a , a+ [\{a}, para algum > 0.Diz-se que a funo w(x) um o-pequeno com g(x) quando x a, e escreve-se w = o(g)quando x a, se

    1. w est definida numa vizinhana de a;

    2. w(a) = 0;

    3. limxa

    w(x)

    g(x)= 0.

    Observao 6.20. Note-se que, na frmula de Taylor de grau n de f em x0, Rn(x) = o((xx0)n)quando x x0.

    Exemplo 6.21. Temos que ex = 1+x+o(x) quando x 0, e logo limx0

    ex 1x

    = limx0

    1 + x+ o(x) 1x

    =

    limx0

    x+ o(x) 1x

    = limx0

    1 +o(x)

    x= 1 + 0 = 1.

    66

    1. Complementos de funes reais de varivel real2. Complementos de clculo diferencial em R3. Primitivao4. Clculo integral em R5. Sries numricas6. Sries de Potncias