análise matemática i [isel]
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Captulo 1
Complementos de funes reais de
varivel real
1.1 Lgica
Definio 1.1. Uma proposio uma expresso qual podemos atribuir o valor lgico deverdadeiro ou falso.
Observao 1.2.
1. Uma proposio no pode ser simultaneamente verdadeira e falsa. (Princpio da nocontradio)
2. Uma proposio ou verdadeira ou falsa. (Princpio do terceiro excludo)
Exemplo 1.3.
1. A frase 20 um nmero grande no uma proposio.
2. A frase 20 um nmero par uma proposio.
3. A frase amanh h aula de Anlise I uma proposio.
Operaes lgicas. Dadas proposies p e q, podemos definir as operaes lgicas de negao(no), conjuno (e), disjuno (ou), implicao (se ... ento) e equivalncia (se e s se).
1. A negao de p uma nova proposio p, que se obtm antepondo as palavras no verdade que a p.
2. A conjuno das proposies p e q uma nova proposio p q, que se obtm ligando p eq com a palavra e.
3. A disjuno das proposies p e q uma nova proposio p q, que se obtm ligando p eq com a palavra ou.
4. A implicao das proposies p e q uma nova proposio p q, que se obtm ligando pe q na forma se p ento q.
5. A equivalncia das proposies p e q uma nova proposio p q, que se obtm ligandop e q com as palavras se e s se.
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Complementos de funes reais de varivel real
Os valores lgicos das proposies resultantes podem ser apresentados em tabelas de verdade:
p pV FF V
p q p qV V VV F FF V FF F F
p q p qV V VV F VF V VF F F
p q p qV V VV F FF V VF F V
p q p qV V VV F FF V FF F V
Exemplo 1.4. Consideremos as proposies p: h nuvens no cu e q: est a chover.
1. A negao de p a proposio no h nuvens no cu.
2. A conjuno p q a proposio h nuvens no cu e est a chover.3. A disjuno p q a proposio h nuvens no cu ou est a chover.4. A implicao p q a proposio se h nuvens no cu ento est a chover.5. A equivalncia p q a proposio h nuvens no cu se e s se est a chover.
Quantificadores. Quando consideramos expresses que envolvem variveis, podemos aplicarainda trs outras operaes lgicas: os quantificadores (para todo), (existe um) e 1 (existeexactamente um).
Exemplo 1.5.
1. A proposio x R, x2 > 0 falsa.2. A proposio x R, x2 0 verdadeira.3. A proposio x R : x2 > 0 verdadeira.4. A proposio x R : x2 < 0 falsa.5. A proposio 1 x R : x2 > 0 falsa.6. A proposio 1 x R : x2 = 0 verdadeira.
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Complementos de funes reais de varivel real
1.2 Conjuntos
Conjuntos. Sejam A,B subconjuntos de R. Ento:
1. A B = {x R : x A x B};2. A B = {x R : x A x B};3. A\B = {x R : x A x 6 B}.
Diz-se que A est contido em B (e escreve-se A B) ou que B contm A (e escreve-se B A)se x R, x A x B.Definio 1.6.
1. O conjunto vazio, , o conjunto que no contm elementos.2. O conjunto dos nmeros naturais, N, o conjunto {1, 2, . . .}.3. O conjunto dos nmeros inteiros, Z, o conjunto {. . . ,2,1, 0, 1, 2, . . .}.
4. O conjunto dos nmeros racionais, Q, o conjunto{ab: a, b Z b 6= 0
}.
5. O conjunto dos nmeros irracionais, I, o conjunto dos nmeros que no podem ser
exprimidos na formaa
b, com a, b Z, b 6= 0.
6. O conjunto dos nmeros reais, R, o conjunto Q I. (Note-se que I = R\Q.)
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Complementos de funes reais de varivel real
1.3 Propriedades dos nmeros reais
Lei do anulamento do produto. Um produto de dois nmeros nulo se e s se um dosfactores nulo, isto ,
x y = 0 x = 0 y = 0.Equaes. Uma equao uma condio da forma
A = B,
onde pelo menos uma das expresses A ou B envolve uma varivel x. Observemos que, paraquaisquer expresses C e D 6= 0, A = B A+ C = B + C e A = B D A = D B.Inequaes. Uma inequao uma condio da forma
A < B, A B, A > B ou A B,onde pelo menos uma das expresses A ou B envolve uma varivel x. Observemos que, paraqualquer expresso D > 0, A > B D A > D B e para qualquer expresso D < 0,A > B D A < D B.Observao 1.7. Observemos que o produto x y positivo se e s se x, y so ambos positivosou ambos negativos.
Exemplo 1.8. Consideremos a equao3
x 1 +1
1 x = x. Temos que:
3
x 1 +1
1 x = x 3
x 1 +1
1 x x = 03
x 1 +1x 1
x(x 1)x 1 = 0
3 1 x2 + x
x 1 = 0x2 + x+ 2
x 1 = 0(x 2)(x + 1)
x 1 = 0 (x = 2 x = 1) x 6= 1.
Para resolver a inequao3
x 1 +1
1 x x, temos que:
3
x 1 +1
1 x x 3
x 1 +1
1 x x 0(x 2)(x+ 1)
x 1 0.
Para obtermos as solues, temos que estudar o sinal de cada um dos factores:
1 1 2 +(x 2) + + + + + 0 x+ 1 0 + + + + +x 1 0 + + +f(x) + 0 s/s + 0
Assim, o conjunto soluo da inequao ],1]]1, 2].
Definio 1.9. Chama-se mdulo ou valor absoluto do elemento x R ao nmero |x| definidopor
|x| ={
x se x 0x se x < 0 .
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Complementos de funes reais de varivel real
1.4 Noes topolgicas em R
Definio 1.10. Seja A um subconjunto no vazio de R. Diz-se que:
1. M R um majorante de A se x M, x A;2. m R um minorante de A se m x, x A.
Exemplo 1.11. Seja A =]1, 2]. Ento 2 um majorante de A, e 1 um minorante de A. Mais,o conjunto dos majorantes de A [2,+[, e o conjunto dos minorantes de A ], 1].Definio 1.12. Seja A um subconjunto no vazio de R. Diz-se que:
1. s R o supremo de A, s = supA, se s o menor dos majorantes de A;2. i R o nfimo de A, i = inf A, se i o maior dos minorantes de A.
Exemplo 1.13. Seja A =]1, 2]. Ento supA = 2 e inf A = 1.
Observao 1.14. Se s = supA A, diz-se que s o mximo de A, e escreve-se s = maxA;se i = inf A A, i diz-se o mnimo de A, e escreve-se i = minA.Definio 1.15. Seja a R. Chama-se vizinhana de a (de raio ) ao intervalo ]a , a + [,para algum > 0.
Definio 1.16. Seja X R um conjunto no vazio. Um ponto a diz-se:(a) interior a X se existe uma vizinhana de a que est contida em X;
(b) exterior a X se interior a R\X;(c) fronteiro a X se toda a vizinhana de a intersecta X e R\X.Chama-se interior de X, int(X), ao conjunto dos pontos interiores a X; exterior de X, ext(X),ao conjunto dos pontos exteriores a X; fronteira de X, fr(X), ao conjunto dos pontos fronteirosa X.
Exemplo 1.17.
1. Se X =]0, 1[, ento int(X) =]0, 1[, ext(X) =], 0[]1,+[ e fr(X) = {0, 1}.2. Se X = [0, 1], ento int(X) =]0, 1[, ext(X) =], 0[]1,+[ e fr(X) = {0, 1}.3. Se X = [0, 1[, ento int(X) =]0, 1[, ext(X) =], 0[]1,+[ e fr(X) = {0, 1}.
Definio 1.18. Um conjunto X R no vazio diz-se aberto se X = int(X), e diz-se fechadose X = int(X) fr(X).Exemplo 1.19.
1. X =]0, 1[ aberto.
2. X = [0, 1] fechado.
3. X = [0, 1[ no aberto nem fechado.
Definio 1.20. Seja X R um conjunto no vazio. Um ponto a R diz-se um ponto deacumulao de X se qualquer vizinhana de a contm um elemento x X, x 6= a. O conjuntodos pontos de acumulao de X denota-se por X .
Exemplo 1.21.
1. Seja X =]0, 1[. Ento X = [0, 1].
2. Seja X =]0, 1[{2}. Ento X = [0, 1].3. Seja X = {0, 1, 2}. Ento X = .
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Complementos de funes reais de varivel real
1.5 Conceitos gerais de funes reais de varivel real
Definio 1.22. Dados dois conjuntos X e Y , chamamos funo de X em Y a uma corre-spondncia que a cada elemento x X associa um e um s elemento y Y .Observao 1.23. Se f : X Y uma funo, dizemos que X o domnio de f (denotamospor Df ou D) e Y o conjunto de chegada de f . Chama-se contradomnio de f ao conjunto
CDf = {y Y : y = f(x) para algum x X}.Exemplo 1.24. Seja f : R R a funo definida por y = sinx. Ento o domnio de f R, oconjunto de chegada R, e o contradomnio [1, 1].
Definio 1.25. Seja f uma funo. Diz-se que f :
1. injectiva se x, y D, f(x) = f(y) x = y;2. sobrejectiva se CD igual ao conjunto de chegada;
3. bijectiva se injectiva e sobrejectiva.
Exemplo 1.26.
1. f(x) = x injectiva e sobrejectiva.
x
y
2. f(x) =1
x injectiva mas no sobrejectiva.
x
y
3. f(x) = sinx no injectiva nem sobrejectiva.
x
y
4. f(x) = tan x sobrejectiva mas no injectiva.
x
y
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Complementos de funes reais de varivel real
Definio 1.27. Seja f uma funo. Diz-se que f :
1. crescente se x, y D, x < y f(x) f(y);2. decrescente se x, y D, x < y f(x) f(y).
Exemplo 1.28. A funo f(x) = x crescente, e a funo f(x) =1
x decrescente. A funo
f(x) = x2 decrescente em ], 0] e crescente em [0,+[.
Definio 1.29. Seja f uma funo e a D. Diz-se que f tem:1. um mximo local em a se existe uma vizinhana de a, V , tal que f(x) f(a) x V D;2. um mnimo local em a se existe uma vizinhana de a, V , tal que f(x) f(a) x V D.
Exemplo 1.30. As funes f(x) = x e f(x) =1
xno tm extremos locais. A funo f(x) = x2
um mnimo local em 0.
Definio 1.31. Uma funo f diz-se:
1. par se f(x) = f(x) para x D;2. mpar se f(x) = f(x) para x D;3. peridica com perodo p R se f(x) = f(x+ np), para n Z e x D.
Exemplo 1.32. As funes f(x) = x, f(x) =1
xe f(x) = sinx so mpares. As funes
f(x) = x2 e f(x) = cos x so pares. As funes f(x) = sinx e f(x) = cos x so peridicas.
Definio 1.33. Sejam f e g duas funes. Chamamos funo composta de g com f funog f , com domnio D = {x Df : f(x) Dg}, definida por g f(x) = g(f(x)).Exemplo 1.34. Se f(x) = x2+1 e g(x) = sinx, ento gf(x) = sin(x2+1) e fg(x) = sin2 x+1.
Definio 1.35. Seja f uma funo injectiva. Chamamos funo inversa de f funo f1,com domnio CDf , definida por x = f
1(y) y = f(x).Exemplo 1.36. Se f : R R definida por f(x) = ex, ento a funo inversa f1 : R+ R definida por f1(y) = ln y.
Polinmios e funes racionais. Um polinmio (de grau n) uma funo que pode ser escritana forma
a0 + a1x+ a2x2 + a3x
3 + + anxn,com a0, a1, a2, . . . , an R, an 6= 0, n N.
Por exemplo, p(x) = 2, q(x) = x + 1, r(x) = x2 + x 1 e s(x) = x3 + 2x2 x + 1 sopolinmios (de grau 0, 1, 2 e 3, respectivamente), com grficos:
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Complementos de funes reais de varivel real
x
y
p(x)
x
y
q(x)
x
yr(x)
x
ys(x)
Observe-se que o domnio de um polinmio R.Todo o polinmio p(x) = a0 + a1x+ a2x
2 + a3x3 + + anxn de grau n pode ser escrito na
forma
p(x) = an(x 1) (x n),onde 1, . . . , n so todas as razes (reais ou complexas) de p(x). Chama-se multiplicidade daraz ao nmero de vezes que o factor x aparece naquela factorizao.
Chama-se funo racional a uma funo da forma
n(x)
d(x)
onde n(x) e d(x) so polinmios.
Por exemplo, so funes racionais f(x) =x
x 1 e g(x) =x+ 2
x2 + 1, com grficos:
x
y
f(x)
x
y
g(x)
Observe-se que o domnio den(x)
d(x) D = {x R : d(x) 6= 0}.
Funes exponenciais. Chama-se exponencial (de base a) funo definida por f(x) = ax,com a R+\{1}.
Por exemplo, so exponenciais as funes f(x) = ex, g(x) = 3x e h(x) =
(1
2
)x.
Para qualquer a R+\{1}, a funo ax tem domnio R, contradomnio R+ e injectiva.Para a > 1, a funo crescente,
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Complementos de funes reais de varivel real
x
y
e para 0 < a < 1, a funo decrescente,
x
y
Funes logartmicas. Chama-se logaritmo (de base a) funo definida por f(x) = loga x,com a R+\{1}, tal que y = loga x x = ay (ou seja, a funo loga x a inversa da funoax).
Por exemplo, so logaritmos as funes f(x) = lnx, g(x) = log5 x e h(x) = log 12
x.
Para qualquer a R+\{1}, a funo loga x tem domnio R+, contradomnio R e injectiva.Para a > 1, a funo crescente,
x
y
e para 0 < a < 1, a funo decrescente,
x
y
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Complementos de funes reais de varivel real
Funes trigonomtricas. So funes trigonomtricas as funes seno, co-seno, tangente eco-tangente.
A funo sinx tem domnio R, contradomnio [1, 1], no injectiva nem sobrejectiva, mpar e peridica (com perodo 2pi).
1
1
2
pipi pi2
pi2
x
y
A funo cos x tem domnio R, contradomnio [1, 1], no injectiva nem sobrejectiva, pare peridica (com perodo 2pi).
1
1
2
pipi pi2
pi2
x
y
A funo tanx =sinx
cos xtem domnio
{x R : x 6= pi
2+ kpi, k Z
}, contradomnio R, no
injectiva mas sobrejectiva, mpar e peridica (com perodo pi).
1
1
2
pipi pi2
pi2
x
y
A funo cot x =cos x
sinxtem domnio {x R : x 6= kpi, k Z}, contradomnio R, no injec-
tiva mas sobrejectiva, mpar e peridica (com perodo pi).
1
1
2
pipi pi2
pi2
x
y
Chama-se secante funo sec x =1
cos x.
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Complementos de funes reais de varivel real
Funes trigonomtricas inversas. A funo sinx, considerada no intervalo[pi2,pi
2
],
bijectiva, e portanto invertvel. A sua inversa a funo arco seno, arcsinx, definida por
y = arcsinx x = sin y, que tem domnio [1, 1], contradomnio[pi2,pi
2
], e injectiva e
mpar.
1 2 3 412345
pi
pi2
pi2
A funo cos x, considerada no intervalo [0, pi], bijectiva, e portanto invertvel. A suainversa a funo arco co-seno, arccos x, definida por y = arccos x x = cos y, que tem domnio[1, 1], contradomnio [0, pi], e injectiva.
1 2 3 412345
pi
pi2
pi2
A funo tan x, considerada no intervalo]pi2,pi
2
[, bijectiva, e portanto invertvel. A
sua inversa a funo arco tangente, arctan x, definida por y = arctan x x = tan y, que temdomnio R, contradomnio
]pi2,pi
2
[, e injectiva e mpar.
1 2 3 412345
pi
pi2
pi2
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Complementos de funes reais de varivel real
Funes hiperblicas. So funes hiperblicas as funes seno hiperblico, co-seno hiper-blico, tangente hiperblico e co-tangente hiperblica.
A funo sinhx =ex ex
2tem domnio R, contradomnio R, injectiva, sobrejectiva e
mpar.
A funo cosh x =ex + ex
2tem domnio R, contradomnio [1,+[, no injectiva nem
sobrejectiva, e par.
A funo tanhx =sinhx
cosh xtem domnio R, contradomnio ] 1, 1[, injectiva mas no
sobrejectiva, e mpar.
A funo coth x =cosh x
sinhxtem domnio R\{0}, contradomnio ],1[]1,+[, injectiva
mas no sobrejectiva, e mpar.
Chama-se secante hiperblica funo sech x =1
coshx.
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Complementos de funes reais de varivel real
A funo sinhx invertvel, e a sua inversa a funo argumento do seno hiperblico,arg sinhx = ln(x+
x2 + 1), que tem domnio R, contradomnio R, e injectiva e sobrejectiva.
A funo cosh x, considerada no intervalo [0,+[, invertvel, e a sua inversa a funoargumento do co-seno hiperblico, arg cosh x = ln(x +
x2 1), que tem domnio [1,+[,
contradomnio [0,+[, injectiva e no sobrejectiva.
A funo tanhx invertvel, e a sua inversa a funo argumento da tangente hiperblica,
arg tanhx =1
2ln
1 + x
1 x , que tem domnio ] 1, 1[, contradomnio R, e injectiva e sobrejectiva.
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Complementos de funes reais de varivel real
1.6 Limite
Definio 1.37. Seja f : D R R uma funo real de varivel real e seja a D. Diz-seque o limite de f no ponto a b R, e escreve-se b = lim
xaf(x), se
> 0 > 0 : x D |x a| < |f(x) b| < .
Exemplo 1.38.
1. Para provar que limx0
x sin1
x= 0, consideremos > 0 tal que
x sin 1x 0 < . Tomando
= , se |x 0| = |x| < , entox sin 1x
|x| < , como pretendido.2. Vejamos que lim
x2x2 = 4. Para > 0, consideremos =
5. Ento, se |x2| < , |x2| < 1
e |x2 4| = |x 2| |x+ 2| = |x 2| |x 2 + 4| < 5 = , como pretendido.Propriedade. Sejam f e g funes reais de varivel real. Ento, caso existam,
1. limxa
(f + g)(x) = limxa
f(x) + limxa
g(x);
2. limxa
(f g)(x) = limxa
f(x) limxa
g(x);
3. limxa
|f(x)| = | limxa
f(x)|;
4. limxa
f
g(x) =
limxa
f(x)
limxa
g(x), se lim
xag(x) 6= 0;
5. limxa
|f(x)| = 0 limxa
f(x) = 0.
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Complementos de funes reais de varivel real
1.7 Continuidade
Definio 1.39. Seja f : D R R uma funo real de varivel real e seja a D. Diz-se quef uma funo contnua no ponto a se lim
xaf(x) = f(a), isto ,
> 0 > 0 : x D |x a| < |f(x) f(a)| < .Diz-se que f contnua se contnua em todos os pontos do seu domnio.
Exemplo 1.40.
1. As funes 2x2 + 3, sin(x), ex e ln(x) so contnuas.
2. A funo f(x) =
{x se x 0x se x < 0 contnua.
1
2
3
4
1 1 2 3 412345x
y
3. A funo f(x) =
{2x+ 1 se x 1x se x < 1 no contnua.
1
2
3
4
12
1 2 3 412345 x
y
4. A funo f(x) =
{x se x > 0x se x < 0 contnua.
1
2
3
4
1 1 2 3 412345x
y
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Complementos de funes reais de varivel real
5. A funo f(x) =x
x 1 contnua.
1
2
3
4
12345
1 2 3 412345 x
y
Propriedade. Sejam f e g funes contnuas em a D R. Ento f + g, f g, |f | e f socontnuas em a. Se g(a) 6= 0, ento f
g tambm contnua em a.
Propriedade. Sejam f : D R e g : E R funes tais que f(D) E. Se f contnua ema e g contnua em f(a), ento g f contnua em a.Observao 1.41. Se a D\D e existe lim
xaf(x), a funo g(x) definida por
g(x) =
{f(x) se x Dlimxa
f(x) se x = a
contnua. A esta funo d-se o nome de prolongamento (por continuidade) de f .
Exemplo 1.42. A funo do Exemplo 1.40.4 prolongvel por continuidade ao ponto 0. Asfunes dos Exemplo 1.40.3 e 1.40.5 no so prolongveis por continuidade.
Teorema 1.43 (Bolzano). Seja f uma funo contnua em [a, b] e k R compreendido entref(a) e f(b). Ento c ]a, b[: f(c) = k.
a b
f(a)
f(b)
c
k
Exemplo 1.44. Seja f(x) = x2 + 4x 3. Existe k ] 3, 2[ tal que f(k) = pi.
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Complementos de funes reais de varivel real
1
2
3
4
5
1234567
1 2 3 412345 x
y
Corolrio 1. Se f uma funo contnua em [a, b] tal que f(a) f(b) < 0, ento f admite pelomenos um zero em ]a, b[.
Exemplo 1.45. Seja f(x) = x2 + 4x 3. Ento f tem um zero em ] 3, 2[.
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Complementos de funes reais de varivel real
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Captulo 2
Complementos de clculo diferencial
em R
2.1 Conceito de derivada
Definio 2.1. Diz-se que f diferencivel em a D se existe e finito o limite
limxa
f(x) f(a)x a = limh0
f(a+ h) f(a)h
.
A este limite d-se o nome de derivada de f no ponto a, e representa-se por f (a).
Exemplo 2.2. A funo f(x) = x2 1 diferencivel no ponto 1, e a sua derivada dada por
limx1
x2 1x 1 = 2.
Interpretao geomtrica. f (a) representa o declive da recta tangente ao grfico de f noponto a.
Definio 2.3. Seja f uma funo. A recta tangente ao grfico de f no ponto (a, f(a)) dadapela equao
y f(a) = f (a)(x a).A recta ortogonal ao grfico de f no ponto (a, f(a)) dada pela equao
y f(a) = 1f (a)
(x a).
Exemplo 2.4. Seja f(x) = x3 3x2 x+ 5. Ento f (x) = 3x2 6x 1. A equao da rectatangente ao grfico de f no ponto x = 3
y f(3) = f (3)(x 3) y 2 = 8(x 3),
e a equao da recta ortogonal ao grfico de f no mesmo ponto
y f(3) = 1f (3)
(x 3) y 2 = 18(x 3).
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Complementos de clculo diferencial em R
Definio 2.5. Diz-se que f diferencivel esquerda em a se existe e finito o limite
limxa
f(x) f(a)x a = limh0
f(a+ h) f(a)h
= f e(a).
Diz-se que f diferencivel direita em a se existe e finito o limite
limxa+
f(x) f(a)x a = limh0+
f(a+ h) f(a)h
= f d(a).
Propriedade. f diferencivel em a se e s se f diferencivel esquerda e direita em a ef e(a) = f
d(a).
Exemplo 2.6. A funo f(x) = |x| no diferencivel em 0, uma vez que f e(0) = 1 ef d(0) = 1.
20
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Complementos de clculo diferencial em R
2.2 Regras de derivao
Regras de derivao. Sejam u e v funes diferenciveis, k uma constante e n N. Ento
1. (k u) = k u;2. (u+ v) = u + v;
3. (u v) = u v + u v;
4.(uv
)
=u v u v
v2;
5. (un) = n un1 u;
6. ( nu) =
u
nn
un1
;
7. (eu) = u eu;8. (ku) = u ln k ku;9. (uv) = v uv1 u + v lnu uv;
10. (ln u) =u
u;
11. (logk u) =
u
u ln k ;
12. (sinu) = u cos u;13. (cos u) = u sinu;
14. (tan u) =u
cos2 u;
15. (cot u) = u
sin2 u;
16. (arcsin u) =u
1 u2 ;
17. (arccos u) = u
1 u2 ;
18. (arctan u) =u
1 + u2;
19. (sinhu) = u coshu;
20. (cosh u) = u sinhu;
21. (tanhu) =u
cosh2 u;
22. (coth u) = u
sinh2 u;
23. (arg sinhu) =u
1 + u2;
24. (arg cosh u) =u
u2 1 ;
25. (arg tanhu) =u
1 u2 .
Exemplo 2.7.
1. (2x) = 22. (2x2 + 3) = 4x
3. ((x7 2) (x+ 3x3)) = 30x9 + 8x7 18x2 2
4.
(2x+ 3
x2 5x+ 5)
= 2x2 + 6x 25
(x2 5x+ 5)2
5.((
5x4 20)5) = 5 (5x4 20)4 20x36.(
5x2 6
)
=2x
5 5
(x2 6)4
7.(e
1
x
)
= 1x2 e 1x
8. (5x2
) = 2x ln 5 5x2
9.((x2 1)3x) = 3x (x2 1)3x1 2x 3 ln(x2 1) (x2 1)3x
21
-
Complementos de clculo diferencial em R
10. (ln x6) =6
x
11. (log12 8x) =
8
8x ln 1212. (sin ex) = ex cos ex
13. (cos lnx) = 1x sin lnx
14. (tan 2x5) =10x4
cos2 2x5
15. (cot 2x) = 2sin2 2x
16. (arcsin ex) =ex
1 e2x
17. (arccos x3) = 3x2
1 x6
18. (arctan 3x2) =6x
1 + 9x4
19. (sinh ex) = ex cosh ex
20. (cosh sinx) = cosx sinh sinx
21. (tanh(1 x2) = 2xcosh2(1 x2)
22. (coth lnx) = 1
xsinh2 lnx
23. (arg sinh 5x) =5
1 + 25x2
24. (arg cosh ex2
) =2xex
2e2x2 1
25. (arg tanh(x3 x)) = 3x2 1
1 (x3 x)2
Funo composta. Sejam f : D R e g : E R funes tais que g(D) E. Se g diferencivel em a e f diferencivel em g(a), ento f g diferencivel em a e
(f g)(a) = f (g(a)) g(a).
Exemplo 2.8. Seja g(x) = f(ex21), com f diferencivel. Ento g(x) = 2xex
21f (ex
21).
22
-
Complementos de clculo diferencial em R
Funo inversa. Seja f uma funo diferencivel tal que f (a) 6= 0. Ento a funo inversaf1 diferencivel em b = f(a) e (
f1)(b) =
1
f (a).
Exemplo 2.9.
1. Sendo y = arcsinx( x = sin y), podemos aplicar a regra de derivao da funo inversapara obter a derivada de arcsinx:
(arcsin x) =1
cos y=
1
cos(arcsin x).
Pela frmula fundamental da trigonometria,
cos y =
1 sin2(y) =
1 sin2(arcsin x) =
1 x2.
Logo (arcsin x) =1
1 x2 .
2. Sendo y = arccos x( x = cos y), podemos aplicar a regra de derivao da funo inversapara obter a derivada de arccos x:
(arccos x) = 1sin y
= 1sin(arccos x)
.
Pela frmula fundamental da trigonometria, sin y =1 x2, e logo (arccos x) = 1
1 x2 .
3. Sendo y = arctan x( x = tan y), podemos aplicar a regra de derivao da funo inversapara obter a derivada de arctan x:
(arctan x) =11
cos2 y
= cos2(arctan x).
Pela frmula fundamental da trigonometria,
tan2 y + 1 =1
cos2 y cos2(y) = 1
1 + tan2(arctan x)=
1
1 + x2.
Logo (arctan x) =1
1 + x2.
23
-
Complementos de clculo diferencial em R
2.3 Intervalos de monotonia e extremos locais
Recordar. Seja f uma funo e a D. Diz-se que f tem:1. um mximo local em a se existe uma vizinhana de a, V , tal que f(x) f(a) x V D;2. um mnimo local em a se existe uma vizinhana de a, V , tal que f(x) f(a) x V D.
Propriedade. Seja f uma funo diferencivel em a int(D). Se f tem um extremo local ema, ento f (a) = 0.
Exemplo 2.10.
1. Seja f(x) = arctan(x3 + 1). Ento f (x) =3x2
1 + (x3 + 1)2e f (x) = 0 x = 0. No
entanto, f no tem um extremo local em 0, pois f positiva para valores diferentes de 0.
x
y
2. Seja f(x) = arctan(x3 3x). Ento f (x) = 3x2 3
1 + (x3 + 1)2=
3(x+ 1)(x 1)1 + (x3 + 1)2
e f (x) =
0 x = 1 x = 1. Estudemos o sinal de f : 1 1 +
x+ 1 0 + + +x 1 0 +
1 + (x3 + 1)2 + + + + +
f (x) + 0 0 +f(x) M m
Conclumos assim que f tem um mximo para x = 1 e um mnimo para x = 1.
x
y
24
-
Complementos de clculo diferencial em R
2.4 Concavidades e inflexes
Definio 2.11. Seja f uma funo. Diz-se que f tem:
1. concavidade virada para cima num intervalo [a, b] se f
(x+ y
2
) f(x) + f(y)
2para quais-
quer x, y [a, b] (isto , se o ponto mdio do segmento de recta definido por f(x) e f(y)est acima ou sobre o grfico de f .
2. concavidade virada para baixo num intervalo [a, b] se f
(x+ y
2
) f(x) + f(y)
2para
quaisquer x, y [a, b] (isto , se o ponto mdio do segmento de recta definido por f(x) ef(y) est abaixo ou sobre o grfico de f .
Observao 2.12. Se f diferencivel no ponto a int(D), diz-se que f tem a concavidadevirada para cima em a se o grfico de f est acima do grfico da recta tangente y f(a) =f (a)(xa); diz-se que f tem a concavidade virada para baixo em a se o grfico de f est abaixodo grfico da recta tangente y f(a) = f (a)(x a).Propriedade. Sejam f uma funo com primeira e segunda derivadas contnuas, e a int(D).Ento:
1. Se f (a) > 0, o grfico de f tem a concavidade virada para cima no ponto a;
2. Se f (a) < 0, o grfico de f tem a concavidade virada para baixo no ponto a;
3. Se f tem um ponto de inflexo em a, ento f (a) = 0.
Exemplo 2.13. Seja f(x) =1
20x5 1
12x4. Ento f (x) = x3 x2 = x2(x 1), e f (x) = 0
x = 0 x = 1. Estudemos o sinal de f :
0 1 +x2 + 0 + + +
x 1 0 +f (x) 0 0 +f(x) P.I.
Conclumos assim que f tem um ponto de inflexo em x = 1.
x
y
25
-
Complementos de clculo diferencial em R
2.5 Teoremas de Rolle e Lagrange
Teorema 2.14 (Rolle). Seja f uma funo contnua em [a, b] e diferencivel em ]a, b[. Sef(a) = f(b), ento
c ]a, b[: f (c) = 0.
a b
f(a) = f(b)
c
Exemplo 2.15. Seja f(x) = 3x2 1.
Vejamos se se pode aplicar o Teorema de Rolle a f no intervalo [2, 2]: como f contnuaem R, tambm contnua em [2, 2]; temos que
f (x) =2x
3 3
(x2 1)2
no est definida para x = 1, e logo f no diferencivel em ] 2, 2[. Portanto no se podeaplicar o Teorema de Rolle.
Se considerarmos o intervalo [1, 1], temos: f contnua em [1, 1] e diferencivel em ]1, 1[.Como f(1) = f(1) = 0, pelo Teorema de Rolle c ] 1, 1[: f (c) = 0.Teorema 2.16 (Lagrange). Seja f uma funo contnua em [a, b] e diferencivel em ]a, b[.Ento
c ]a, b[: f (c) = f(b) f(a)b a .
a b
f(a)
f(b)
c
Exemplo 2.17. Seja f(x) = x21, e consideremos o intervalo [0, 2]. Como f um polinmio, contnua em [0, 2] e diferencivel em ]0, 2[. Ento, pelo Teorema de Lagrange, c ]0, 2[: f (c) =3 (1)2 0 = 2.
26
-
Complementos de clculo diferencial em R
2.6 Regra de Cauchy e indeterminaes
Teorema 2.18 (Cauchy). Sejam f e g funes contnuas em [a, b] e diferenciveis em ]a, b[. Seg(x) 6= 0 em ]a, b[, ento
c ]a, b[: f(b) f(a)g(b) g(a) =
f (c)
g(c).
Regra de Cauchy. Sejam f e g funes diferenciveis numa vizinhana de a tais que
limxa
f(x) = limxa
g(x) = 0 ou limxa
f(x) = limxa
g(x) =.
Se limxa
f (x)
g(x)existe, ento lim
xa
f(x)
g(x)existe e
limxa
f(x)
g(x)= lim
xa
f (x)
g(x).
Observao 2.19. So indeterminaes , 0, 00, , 0
0, 0 e 1.
Exemplo 2.20.
1. limx0
1 exsinx
0
0=R.C.
limx0
(1 ex)(sinx)
= limx0
ex
cos x= 1.
2. limx+
(1 +
1
x
)2x= 1.
Aplicando logaritmos,
ln limx+
(1 +
1
x
)2x= lim
x+ln
(1 +
1
x
)2x= lim
x+2x ln
(1 +
1
x
)0=
= limx+
2
ln
(1 +
1
x
)1
x
0
0=R.C.
limx+
2
1x2
1 +1
x
1x2
=
= limx+
2
1 +1
x
=2
1 + 0= 2.
Logo, limx+
(1 +
1
x
)2x= e2.
27
-
Complementos de clculo diferencial em R
2.7 Estudo de funes
Definio 2.21. Seja f uma funo. Diz-se que a recta y = mx+ b assmptota ao grfico def em + se existem e so finitos os limites
m = limx+
f(x)
xe b = lim
x+f(x)mx.
A recta y = mx+ b assmptota ao grfico de f em se existem e so finitos os limites
m = limx
f(x)
xe b = lim
xf(x)mx.
Diz-se que o grfico de f admite uma assmptota vertical em a D se
limxa+
f(x) = ou limxa
f(x) = .
Exemplo 2.22.
1. O grfico da funo f(x) =1
ex 1 admite assmptota vertical x = 0, assmptotas y = 0em + e y = 1 em .
x
y
2. O grfico da funo f(x) =1 xex
admite como assmptota y = 0 em +.
x
y
28
-
Complementos de clculo diferencial em R
3. O grfico da funo f(x) =ex
xadmite assmptota vertical x = 0 e assmptota y = 0 em
.
x
y
4. O grfico da funo f(x) =ln(x2 1)x2 1 admite assmptotas verticais x = 1 e x = 1 e
assmptota y = 0 em + e em .
x
y
Estudo de uma funo. O estudo analtico de uma funo consiste, geralmente, na determi-nao de:
- domnio;
- simetrias;
- periodicidade;
- assmptotas;
- interseces com os eixos;
- monotonia e extremos relativos;
- sentido das concavidades e pontos de in-flexo;
- grfico;
- contradomnio.
Exemplo 2.23. Estudemos f(x) =x
3x2 1 .
Como 3x2 1 = 0 x = 1 x = 1, temos que D = R\{1, 1}.
Para estudar as simetrias, observemos que f(x) = x3
(x)2 1 =
x3x2 1 = f(x), e
portanto f mpar.Como
limx1
x3x2 1 =
10+
= , limx1
x3x2 1 =
1
0= ,
limx1+
x3x2 1 =
10
= +, limx1+
x3x2 1 =
1
0+= +,
29
-
Complementos de clculo diferencial em R
as rectas x = 1 e x = 1 so assmptotas verticais ao grfico de f .Quanto s assmptotas no verticais:
limx+
x3x2 1x
= 0, limx+
x3x2 1 = +,
limx
x3x2 1x
= 0, limx
x3x2 1 = .
Logo, o grfico de f no tem assmptotas no verticais.Observemos que f(x) = 0 x = 0, donde f intersecta os eixos dos xx e dos yy quando
x = 0.
Estudemos agora o sinal de f . Como f (x) =x2 3
3 3
(x2 1)4 , temos:
3 1 1 3 +x2 3 + 0 0 +
3
(x2 1)4 + + + 0 + 0 + + +f (x) + 0 s/s s/s 0 +f(x) M s/s s/s m
Quanto a f , temos que f (x) =2x(9 x2)9 3
(x2 1)7 .
3 1 0 1 3 +2x 0 + + + + +
9 x2 0 + + + + + + + 0 9 3
(x2 1)7 + + + 0 0 + + +f (x) + 0 s/s + 0 s/s + 0 f(x) P.I. s/s P.I. s/s P.I.
O grfico de f tem o aspecto
1
2
3
4
12345
1 2 3 412345 x
y
e CD = R.
30
-
Captulo 3
Primitivao
3.1 Conceito de primitiva e generalidades
Definio 3.1. Seja f : D R R uma funo. Uma primitiva de f uma funo F : D Rdiferencivel e tal que
F (x) = f(x)
para todo o x D, e denota-se por Pf . Diz-se que f primitivvel se admite uma primitiva.Exemplo 3.2. Seja f(x) = 1. Ento F1(x) = x e F2(x) = x+ 1 so primitivas de f .
Propriedade. Seja f uma funo primitivvel num intervalo. Se F uma primitiva de f , entoqualquer primitiva de f da forma F + k, onde k uma constante.
Exemplo 3.3. Seja f(x) = 1. As primitivas de f so da forma F (x) = x+ k.
Propriedade. Sejam f e g funes primitivveis e k uma constante. Ento:
1. P (f + g) = Pf + Pg;
2. P (k f) = k Pf .Exemplo 3.4.
1. P (1 + x) = P1 + Px = x+x2
2.
2. P3x = 3Px = 3 x2
2.
31
-
Primitivao
3.2 Primitivas imediatas
Primitivas imediatas. Sejam u uma funo e k uma constante. Ento
1. Pk = kx;
2. Pu un = un+1
n+ 1(n 6= 1);
3. Pu eu = eu;
4. Pu ku = ku
ln k;
5. Pu
u= ln |u|;
6. Pu sinu = cos u;7. Pu cos u = sinu;
8. Pu
cos2 u= tanu;
9. Pu
sin2 u= cot u;
10. Pu
1 u2 = arcsinu;
11. Pu1 u2 = arccos u;
12. Pu
1 + u2= arctan u;
13. Pu coshu = sinhu;14. Pu sinhu = coshu;
15. Pu
cosh2 u= tanhu;
16. Pu
sinh2 u= coth u;
17. Pu
1 + u2= arg sinhu;
18. Puu2 1 = arg coshu;
19. Pu
1 u2 = arg tanhu.
Exemplo 3.5.
1. P2 = 2x.
2. Px(x2 1)4 = 12
(x2 1)55
.
3. Px2 ex3 = 13ex
3
.
4. P6x 5x2 = 5x2
ln 5;
5. P2x+ 1
x2 + x+ 1= ln |x2 + x+ 1|.
6. P sin 3x = 13cos 3x.
7. P (2x+1)cos(x2+x1) = sin(x2+x1).
8. Pe2x
cos2 e2x=
1
2tan e2x.
9. P1
1 4x2 = arcsin 2x.
10. P
1
x21 1
x2
= arccos1
x.
11. P
1
x1 + ln2 x
= arctan lnx.
12. Px2 cosh(x3 + 3) = 13sinh(x3 + 3);
13. P1
x sinh lnx = cosh lnx;
14. Pex
cosh2 ex= tanh ex;
15. Pcos x
sinh2 sinx= coth sinx;
16. Px
1 + x4=
1
2arg sinhx2;
17. P
1
x21
x2 1
= arg cosh 1x;
18. P2
1 x2 = 2arg tanhx.
32
-
Primitivao
3.3 Primitivao por partes
Primitivao por partes. Sejam u e v duas funes diferenciveis. Ento u v primitivvelse e s se u v o for, e
Pu v = u v Pu v.Exemplo 3.6.
1. Vamos calcular uma primitiva de f(x) = x sinx. Fazendo u = sinx e v = x, temos queu = cosx e v = 1 e utilizando a frmula da primitivao por partes, vem que
Px sinx = x cos x P cos x = x cos x+ sinx.
2. Para calcular uma primitiva de f(x) = lnx, faamos u = 1 e v = lnx. Ento u = x e
v =1
x, e logo
P lnx = x lnx Px 1x= x lnx x.
3. Vejamos como calcular uma primitiva de cos2 x. Fazendo u = cos x e v = cos x, vem queu = sinx e v = sinx. Logo
P cos2 x = sinx cosx P sin2 x == sinx cosx+ P (1 cos2 x) == sinx cosx+ x P cos2 x.
Resolvendo em ordem a P cos2 x, obtemos 2P cos2 x = sinx cos x+ x, e portanto
P cos2 x =1
2sinx cos x+
x
2.
33
-
Primitivao
3.4 Primitivao por substituio
Primitivao por substituio. Sejam f e funes tais que bijectiva, diferencivel ecom derivada no nula. Se f() primitivvel, ento f tambm o , e
Pf(x) = Pf((t)) (t).
Exemplo 3.7.
1. Vamos calcular uma primitiva de1
4x3(
x+ 1)
.
Consideremos a mudana de varivel t = 4x. Ento (t) = t4, (t) = 4t3, e obtemos
P1
4x3(
x+ 1)
= P1
t3(t2 + 1) 4t3 = 4P 1
t2 + 1= 4arctan t = 4arctan 4
x.
2. Uma primitiva dee2x
ex + e2xpode ser obtida utilizando a mudana de varivel t = ex. Ento
(t) = ln t, (t) =1
t, e obtemos
Pe2x
ex + e2x= P
t2
t2 + t 1t= P
1
t+ 1= ln |t+ 1| = ln |ex + 1|.
Substituies comuns.
Quando a funo envolve Fazer
ekx t = ekx
lnk x t = lnk x
raizes kx t = m
x onde m = m.m.c.{k}
a2 x2 x = a sin t ou x = a cos t
x2 + a2 x = a tan t ou x = a sinh t
x2 a2 x = a sec t ou x = a cosh t
tanx, sinx, cos x t = tanx
2
34
-
Primitivao
3.5 Primitivao de funes racionais
Recordar. Chama-se funo racional a uma funo da forman(x)
d(x)onde n(x) e d(x) so
polinmios.
Propriedade. Seja f(x) =n(x)
d(x)uma funo racional. Se o grau de n(x) maior ou igual do
que o grau de d(x), ento f(x) pode ser escrita na forma
f(x) = q(x) +r(x)
d(x),
com grau de r(x) menor do que grau de d(x).
Primitivao de funes racionais. Sejar(x)
d(x)uma funo racional, com grau de r(x) menor
do que grau de d(x), e sejad(x) = a(x 1) (x n)
a decomposio de d(x) em factores (onde a representa o coeficiente do termo de maior grau e1, . . . , n so as razes, reais ou complexas, de d(x)). Vamos decompor a funo racional numasoma de fraces, de acordo com o tipo das razes de d(x).
1 caso: Se d(x) s tem razes reais simples 1, . . . , n, ento
r(x)
d(x)=
1
a
(A1
x 1 + +An
x n
),
onde A1, . . . , An so constantes;
2 caso: Se d(x) tem uma raz real com multiplicidade k, ento as fraces correspondentes
a na decomposio der(x)
d(x)so
A1x + +
Ak(x )k ,
onde A1, . . . , Ak so constantes;
3 caso: Se d(x) tem as razes complexas a bi com multiplicidade k, ento as fraces corre-
spondentes a estas razes na decomposio der(x)
d(x)so
A1 +B1x
(x a)2 + b2 + +Ak +Bkx
((x a)2 + b2)k ,
onde A1, . . . , Ak, B1, . . . , Bk so constantes.
Em cada um dos casos, as constantes podem ser obtidas utilizando o mtodo dos coeficientesindeterminados.
35
-
Primitivao
Exemplo 3.8.
1. Vamos calcular P3x+ 6
x(x 1)(x+ 3) .Como x(x 1)(x + 3) s tem razes reais simples, podemos decompor a fraco racionalnuma soma de fraces do seguinte modo:
3x+ 6
x(x 1)(x+ 3) =A1x
+A2
x 1 +A3
x+ 3.
Ento
3x+ 6 = A1(x 1)(x+ 3) +A2x(x+ 3) +A3x(x 1)= A1(x
2 + 2x 3) +A2(x2 + 3x) +A3(x2 x),e obtemos o sistema
0 = A1 +A2 +A33 = 2A1 + 3A2 A36 = 3A1
A1 = 2A2 =
9
4
A3 = 14
Assim,
P3x+ 6
x(x 1)(x+ 3) = P
2
x+
9
4x 1
1
4x+ 3
= 2 ln |x|+ 94ln |x 1| 1
4ln |x+ 3|+ k.
2. Vamos calcular Px2 + 2x+ 3
(x 1)(x+ 1)2 .
Como (x 1)(x + 1)2 tem uma raz real simples e uma raz real de multiplicidade 2,podemos decompor a fraco racional numa soma de fraces do seguinte modo:
x2 + 2x+ 3
(x 1)(x + 1)2 =A1
x 1 +A2
x+ 1+
A3(x+ 1)2
.
Ento
x2 + 2x+ 3 = A1(x+ 1)2 +A2(x 1)(x + 1) +A3(x 1)
= A1(x2 + 2x+ 1) +A2(x
2 1) +A3(x 1),e obtemos o sistema
1 = A1 +A22 = 2A1 +A33 = A1 A2 A3
A1 =3
2
A2 = 12
A3 = 1Assim,
x2 + 2x+ 3
(x 1)(x+ 1)2 = P
3
2x 1
1
2x+ 1
1(x+ 1)2
=3
2ln |x 1| 1
2ln |x+ 1|+ 1
x+ 1+ k.
36
-
Primitivao
3. Vamos calcular Px4 x3 + 2x2 x+ 2
(x 1)(x2 + 2)2 .
omo (x 1)(x2 +2)2 tem uma raz real simples e duas razes complexas de multiplicidade2, podemos decompor a fraco racional numa soma de fraces do seguinte modo:
x4 x3 + 2x2 x+ 2(x 1)(x2 + 2)2 =
A1x 1 +
A2 +B2x
x2 + 2+
A3 +B3x
(x2 + 2)2.
Ento
x4 x3 + 2x2 x+ 2 == A1(x
2 + 2)2 + (A2 +B2x)(x 1)(x2 + 2) + (A3 +B3x)(x 1)= A1(x
4 + 4x2 + 4) + (A2 +B2x)(x3 x2 + 2x 2) + (A3 +B3x)(x 1),
e obtemos o sistema
1 = A1 +B21 = A2 B22 = 4A1 A2 + 2B2 +B31 = 2A2 2B2 +A3 B32 = 4A1 2A2 A3
A1 =1
3
A2 = 13
B2 =2
3A3 = 0B3 = 1
Assim,
Px4 x3 + 2x2 x+ 2
(x 1)(x2 + 2)2 =
= P
1
3x 1 +
13+
2
3x
x2 + 2 x
(x2 + 2)2
=1
3ln |x 1| 1
3P
1
x2 + 2+
2
3P
x
x2 + 2+
1
2
1
x2 + 2
=1
3ln |x 1| 1
3
1
2
2P
12(
x2
)2+ 1
+1
3ln(x2 + 2) +
1
2
1
x2 + 2
=1
3ln |x 1|
2
6arctan
(x2
)+
1
3ln(x2 + 2) +
1
2
1
x2 + 2+ k
37
-
Primitivao
38
-
Captulo 4
Clculo integral em R
4.1 Conceito de integral de Riemann, classes de funes inte-
grveis, propriedades do integral e Teorema da Mdia
Definio 4.1. Seja f(x) uma funo definida em [a, b]. Decomponha-se [a, b] em n subintervalos[xk1, xk], 1 k n, tais que
a = x0 < x1 < x2 < < xn1 < xn = b
en
k=1
[xk1, xk] = [a, b]. Seja P = {x0, x1, x2, . . . , xn1, xn} e, para k = 1, . . . , n, sejam
mk = infx[x
k1,xk]f(x) e Mk = sup
x[xk1,xk]
f(x).
a x1 x2 x3 xn2 xn1 xn a x1 x2 x3 xn2 xn1 xn
Chama-se soma inferior de Darboux da funo f relativamente a P ao nmero
S(f, P ) =
nk=1
mk(xk xk1),
e soma superior de Darboux da funo f relativamente a P ao nmero
S(f, P ) =
nk=1
Mk(xk xk1).
A funo f(x) diz-se integrvel ( Riemann) no intervalo [a, b] se
supP
S(f, P ) = infP
S(f, P ).
Este valor denota-se por
b
a
f(x) dx e chama-se integral da funo f no intervalo [a, b].
39
-
Clculo integral em R
Observao 4.2. Quando f(x) 0 em [a, b],
b
a
f(x) dx igual ao valor da rea limitada por
f(x), pelas rectas x = a e x = b, e pelo eixo dos xx.
Propriedade. Seja f uma funo.
1. Se f contnua em [a, b] ento integrvel em [a, b];
2. Se f montona em [a, b] ento integrvel em [a, b].
Propriedade. Sejam f(x) e g(x) funes integrveis em [a, b] e k R. Ento:
1.
b
a
f(x) dx =
a
b
f(x) dx;
2.
a
a
f(x) dx = 0;
3.
b
a
kf(x) dx = k
b
a
f(x) dx;
4.
b
a
(f(x) + g(x)) dx =
b
a
f(x) dx+
b
a
g(x) dx;
5.
b
a
f(x) dx =
c
a
f(x) dx+
b
c
f(x) dx;
6. Se f(x) g(x) em [a, b], ento
b
a
f(x) dx
b
a
g(x) dx;
7.
b
a
f(x) dx
b
a
|f(x)|dx.
Teorema 4.3 (Teorema da Mdia). Se f(x) uma funo contnua em [a, b], ento
c [a, b] :
b
a
f(x) dx = (b a)f(c).
40
-
Clculo integral em R
4.2 Funo integral indefinido, propriedades e Teorema Funda-
mental do Clculo Integral. Regra de Barrow
Definio 4.4. Seja f uma funo integrvel em [a, b]. Para todo o x [a, b], chama-se integralindefinido de f com origem em a funo
F (x) =
x
a
f(t) dt.
Teorema 4.5 (Teorema Fundamental do Clculo Integral). Seja f(x) uma funo integrvelem [a, b]. Ento, para todo o x [a, b], a funo
F (x) =
x
a
f(t) dt
contnua. Mais, se f(x) contnua, ento F (x) diferencivel, e F (x) = f(x).
Exemplo 4.6. Seja F (x) =
x
0et
2
dt. Ento
F (x) =d
dx
x
0et
2
dt = ex2
.
Regra de Leibnitz. Seja f uma funo contnua e u(x) e v(x) funes diferenciveis. Ento
d
dx
v(x)
u(x)f(t) dt = f(v(x))v(x) f(u(x))u(x).
Exemplo 4.7.
1.d
dx
x3
x2
sin t
tdt = 3x2
sinx3
x3 2xsinx
2
x2;
2.d
dx
x2
0arcsin t dt = 2x arcsin x2;
3.d
dx
pi
x2
et1 dt = 2xex21
Regra de Barrow. Seja f(x) uma funo contnua no intervalo [a, b]. Ento
b
a
f(x) dx =[F (x)
]ba= F (b) F (a),
onde F (x) uma primitiva de f(x).
Exemplo 4.8.
10x3 dx =
[x4
4
]10
=1
4 0 = 1
4
41
-
Clculo integral em R
4.3 Integrao por partes e integrao por substituio
Integrao por partes. Sejam u e v duas funes diferenciveis. Ento u v integrvel em[a, b] se e s se u v o for, e
b
a
u(x) v(x) dx = [u(x) v(x)]ba
b
a
u(x) v(x) dx.
Exemplo 4.9. Vamos calcular
pi2
0cos2 xdx. Fazendo u = cos x e v = cos x, vem que u = sinx
e v = sinx. Logo pi
2
0cos2 xdx =
[sinx cos x
]pi2
0 pi
2
0 sin2 xdx =
= 0 +
pi2
0(1 cos2 x) dx =
=
pi2
01 dx
pi2
0cos2 xdx
=[x]pi
2
0 pi
2
0cos2 xdx
=pi
2 pi
2
0cos2 xdx.
Resolvendo em ordem a
pi2
0cos2 xdx, obtemos 2
pi2
0cos2 xdx =
pi
2, e portanto
pi2
0cos2 xdx =
pi
4.
Integrao por substituio. Sejam f e funes tais que bijectiva, diferencivel e comderivada no nula. Se f() integrvel em [a, b], ento f tambm o , e
b
a
f(x) dx =
1(b)
1(a)f((t)) (t) dt.
Exemplo 4.10. Vamos calcular
10
1
exdx. Consideremos a mudana de varivel t = ex. Ento
(t) = ln t e (t) =1
t. Mais, x = 0 t = e0 = 1 e x = 1 t = e1 = e. Obtemos ento
10
1
exdx =
en=1
1
t 1tdt =
en=1
1
t2dt =
[1t
]en=1
= 1 1e.
42
-
Clculo integral em R
4.4 Integrais imprprios
Definio 4.11.
1. Seja f uma funo definida e integrvel em qualquer intervalo da forma [a, c]. Chama-se
integral imprprio de 1a espcie a um integral da forma
+a
f(x) dx. Este integral diz-se
convergente se existir e for finito o limite +a
f(x) dx = limc+
c
a
f(x) dx.
2. Seja f uma funo definida e integrvel em qualquer intervalo da forma [c, b]. Chama-se
integral imprprio de 1a espcie a um integral da forma
b
f(x) dx. Este integral diz-se
convergente se existir e for finito o limiteb
f(x) dx = limc
b
c
f(x) dx.
Exemplo 4.12. +1
1
x3dx = lim
c+
c
1
1
x3dx = lim
c+
[ 12x2
]c1
= limc+
( 12c2
+1
2
)=
1
2
Definio 4.13.
1. Seja f uma funo definida e integrvel em qualquer intervalo da forma [a, c], com c < b,tal que lim
xbf(x) =. Chama-se integral imprprio de 2a espcie a um integral da forma
b
a
f(x) dx. Este integral diz-se convergente se existir e for finito o limite
b
a
f(x) dx = limcb
c
a
f(x) dx.
2. Seja f uma funo definida e integrvel em qualquer intervalo da forma [c, b], com a < c,tal que lim
xa+f(x) =. Chama-se integral imprprio de 2a espcie a um integral da forma
b
a
f(x) dx. Este integral diz-se convergente se existir e for finito o limite
b
a
f(x) dx = limca+
b
c
f(x) dx.
Exemplo 4.14. 10
lnxdx = limc0+
1c
lnxdx = limc0+
[x lnx x]1c
= limc0+
(1 c ln c+ c) = 1 limc0+
ln c 11
c
= 1 limc0+
1
c
1c2
= 1
43
-
Clculo integral em R
4.5 Aplicaes do clculo integral
Clculo de reas de figuras planas.
1. A rea limitada por f(x), pelas rectas x = a e x = b e pelo eixo dos xx dada por:
(a) A =
b
a
f(x) dx, se f(x) 0 em [a, b];
f(x)
a b
A
(b) A =
a
b
f(x) dx, se f(x) 0 em [a, b].
f(x)
a b
A
2. A rea limitada por f(x), por g(x) e pelas rectas x = a e x = b dada por
A =
b
a
(f(x) g(x)) dx.
f(x)
g(x)a b
A
Exemplo 4.15.
1. Vamos calcular a rea limitada por f(x) = x3x, pelas rectas x = 2 e x = 2 e pelo eixodos xx.
44
-
Clculo integral em R
Como f(x) muda de sinal em x = 1, x = 0 e x = 1, a rea dada por
A = 1
2(x3 x) dx+
01
(x3 x) dx 10(x3 x) dx+
2n=1
(x3 x) dx
= [x4
4 x
2
2
]12
+
[x4
4 x
2
2
]01
[x4
4 x
2
2
]10
+
[x4
4 x
2
2
]2n=1
= 14+
1
2+ 4 2 1
4+
1
2 1
4+
1
2+ 4 2 1
4+
1
2= 5.
2. A rea limitada por y = ex, y = lnx e pelas rectas x = 1 e x = e dada por
A =
en=1
(ex lnx) dx = [ex x lnx+ x]en=1
= ee e + e e + 0 1 = ee e 1.
3. A rea limitada por y = |x| e pela recta y = 2 :
A =
20(y + y) dy =
[y2]20= 4.
45
-
Clculo integral em R
Clculo de volumes de slidos de revoluo. Um slido de revoluo um slido obtidopela rotao de uma regio plana em torno de um eixo.
1. O volume do slido de revoluo obtido pela rotao da regio
A = {(x, y) R2 : 0 y f(x) a x b}
(a) em torno do eixo dos xx V = pi
b
a
f2(x) dx;
(b) em torno do eixo dos yy V = 2pi
b
a
xf(x) dx.
2. O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos xx de
A = {(x, y) R2 : 0 f(x) y g(x) a x b}
V = pi
b
a
(g2(x) f2(x)) dx.
Exemplo 4.16.
1. O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos xx da realimitada por y = 2x x2 e por y = 0
1
1
2
1 21
V = pi
20(2x x2)2 dx = pi
20x4 4x3 + 4x2 dx = pi
[x5
5 x4 + 4x
3
3
]20
=16pi
15.
O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos yy da mesmarea
V = 2pi
20x(2x x2) dx = 2pi
20(2x2 x3) dx = 2pi
[2x3
3 x
4
4
]20
=8pi
3.
2. O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos xx da realimitada por 1 y2 = x e por x = 0
1
1
2
11
46
-
Clculo integral em R
V = pi
10(1 x)2 dx = pi
10
1 xdx = pi[x x
2
2
]10
=pi
2.
O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos yy da mesmarea
V = pi
11
(1 y2)2 dy = pi 11
(1 2y2 + y4) dy = pi[y 2y
3
3+y5
5
]11
=16pi
15.
3. O volume do slido de revoluo obtido pela rotao em torno do eixo dos xx da realimitada por y = x2 e por y = x+ 2
1
2
3
4
11 212
V = pi
21
((x+ 2)2 x4) dx = pi[(x+ 2)3
3 x
5
5
]21
=72pi
5.
47
-
Clculo integral em R
48
-
Captulo 5
Sries numricas
5.1 Revises
Definio 5.1. Chama-se sucesso (em R) a qualquer aplicao x : N R que a cada n Nassocia um elemento x(n) R. Denotamos por xn o elemento x(n) (termo de ordem n).Definio 5.2. A sucesso xn diz-se limitada se o conjunto dos seus termos {xn R : n N} limitado.
Definio 5.3. Seja xn uma sucesso e a R. Diz-se que xn converge (ou tende) para a quando
> 0 p N : n p |xn a| < ,
e escreve-se xn a ou lim xn = a.Teorema 5.4 (Teorema das sucesses enquadradas). Se xn, yn, zn so sucesses tais que
xn zn ynpara n p e limxn = lim yn = a, ento lim zn = a.Propriedade. Toda a sucesso convergente limitada.
Recordar. A sucesso xn diz-se crescente se xn+1 xn, n N, e diz-se decrescente sexn+1 xn, n N.Propriedade. Toda a sucesso montona limitada convergente.
Propriedade. Se xn a e yn b, ento:1. xn + yn a+ b;2. xn yn ab;
3.xnyn
ab, se b 6= 0 e yn 6= 0 n N.
Propriedade. Se xn limitada e yn 0, ento xn yn 0.Definio 5.5. Seja xn uma sucesso. Diz-se que xn tende para + quando
L > 0 p N : n p xn > L,
e escreve-se xn + ou limxn = +. Diz-se que xn quando xn +.
49
-
Sries numricas
Propriedade. Sejam xn e yn sucesses. Ento:
1. se a > 1, ento an +;
2. se xn 0, ento 1xn
;
3. se xn , ento 1xn
0;
4. se xn yn para n p e xn +, ento yn +;5. se xn e yn limitada, ento xn + yn .
50
-
Sries numricas
5.2 Srie numrica, sucesso das soma parciais e natureza e soma
de uma srie
Definio 5.6. Seja an uma sucesso. Chama-se srie de termo geral an a uma expresso da
forman=1
an.
Exemplo 5.7.
1.n=1
1 = 1 + 1 + 1 + ;
2.n=0
(1)n = 1 1 + 1 ;
3.n=1
n = 1 + 2 + 3 + ;
4.n=1
1n= 1+ 12 +
13 + (srie harmnica);
5.n=1
1n2
= 1 + 14 +19 + ;
6.n=0
12n = 1 +
12 +
14 + .
Definio 5.8. Seja an uma sucesso. Diz-se que a srien=1
an convergente se existe e finito
o limite limSn, onde Sn = a1 + a2 + + an, para cada n N a sucesso das somas parciaisde an. Neste caso ao limite limSn d-se o nome de soma da srie, e escreve-se
n=1
an = limSn.
Se o limite limSn no existe ou infinito, a srie diz-se divergente.
Exemplo 5.9.
1. Consideremos a srien=1
1. Ento
S1 = 1S2 = 1 + 1 = 2S3 = 1 + 1 + 1 = 3...
Sn = n.
Como limSn = +, a srie divergente.
2. Consideremos a srien=0
(1)n. Ento
S0 = 1S1 = 1 1 = 0S2 = 1 1 + 1 = 1...
Sn =
{0 se n par1 se n mpar
.
Como limSn no existe, a srie divergente.
51
-
Sries numricas
3. Consideremos a srien=1
n. Ento
S1 = 1S2 = 1 + 2 = 3S3 = 1 + 2 + 3 = 6...
Sn = 1 + 2 + + n = n(n+ 1)2
.
Como limSn = +, a srie divergente.
4. Consideremos a srien=0
12n . Ento
S0 = 1S1 = 1 +
12
...
Sn = 1 +12 +
14 + + 12n =
1 12n+1
1 12.
Como limSn =1
1 12= 2, a srie convergente, e com soma igual a 2.
5. Consideremos a srien=1
1n(n+1) . Ento, observando que an =
1n(n+1) =
1n 1
n+1 , temos
queS1 = 1 12S2 =
(1 12
)+(12 13
)= 1 13
S3 = S3 =(1 12
)+(12 13
)+(13 14
)= 1 14
...
Sn =(1 12
)+(12 13
)+ +
(1n 1
n+1
)= 1 1
n+1 .
Como limSn = 1, a srie convergente, e com soma igual a 1.
52
-
Sries numricas
5.3 Sries geomtricas e sries redutveis
Srie geomtrica. Chama-se srie geomtrica a uma srie da forman=0
rn, com r constante.
Para r 6= 1, Sn = 1 rn+1
1 r , e portanto
limSn =
11r se |r| < 1+ se r > 1no existe se r < 1
.
Para r = 1, pelo Exemplo 5.9.1, limSn = +, e para r = 1, pelo Exemplo 5.9.2, limSnno existe.
Assim, a srie geomtrican=0
rn converge com soma igual a 11r se |r| < 1 e diverge se |r| 1.
Srie redutvel. Chama-se srie redutvel (ou srie de Mengoli) a uma srien=1
an cujo termo
geral pode ser escrito na forma an = zn zn+k. Esta srie convergente se e s se existe e finito lim zn, e
n=1
zn zn+k = z1 + z2 + + zk k lim zn.
53
-
Sries numricas
5.4 Critrio do integral
Critrio do integral. Seja f uma funo contnua, positiva e decrescente em [1,+[ e sejaan = f(n), n N. Ento a srie
n=1
an convergente se e s se o integral imprprio
+n=1
f(x) dx
convergente.
Exemplo 5.10. Consideremos a srie harmnican=1
1n.
Como a funo f(x) =1
x contnua, positiva e decrescente em [1,+[, pelo critrio do
integral a srie harmnica convergente se e s se o integral
+n=1
1
xdx convergente. Mas +
n=1
1
xdx = +, e portanto a srie harmnica divergente.
54
-
Sries numricas
5.5 Propriedades gerais das sries e condio necessria de con-
vergncia
Propriedade.
1. A srien=1
an converge se e s se a srien=p
an converge, para algum p N.
2. Se k 6= 0, a srien=1
an converge se e s se a srien=1
kan converge, en=1
kan = kn=1
an.
3. Se as sriesn=1
an en=1
bn so convergentes, ento a srien=1
(an + bn) convergente, e
n=1
(an + bn) =n=1
an +n=1
bn.
Exemplo 5.11.
1. Comon=0
12n convergente, ento
n=0
32n convergente, e
n=0
32n = 3
n=0
12n = 6.
2. Como as sriesn=0
12n e
n=0
13n so convergentes, ento a srie
n=0
( 12n +13n ) convergente,
en=0
( 12n +13n ) =
n=0
12n +
n=0
13n = 2 +
32 =
72 .
Observao 5.12. Note-se que a recproca de 3 no verdadeira: por exemplo, as sriesn=1
1n
en=1
2nso divergentes, e a srie
n=1
(1n+ 2
n
)=
n=1
3n divergente, e as sries
n=1
1nen=1
1n
so
divergentes, mas a srien=1
(1n+ 1
n
)=
n=1
0 convergente.
Condio necessria de convergncia. Se a srien=1
an convergente, ento lim an = 0.
Exemplo 5.13. A srien=1
nn+1 divergente, porque lim
nn+1 = 1 6= 0.
Observao 5.14. O recproco no verdadeiro. Por exemplo, a srie harmnica diverge,apesar de lim 1
n= 0.
55
-
Sries numricas
5.6 Sries de Dirichlet
Sries de Dirichlet. Chama-se srie de Dirichlet a uma srie da forman=1
1n
, com R.A funo f(x) = 1
x contnua e positiva em [1,+[. Como f (x) =
x+1, f decrescente
para > 0.Consideremos ento > 0. Ento
+n=1
1
xdx =
6=1
[x+1
+ 1]+n=1
= limx
1
1 (x1 1) =
1
1 se > 1+ se < 1
.
Se = 1, f(x) = 1xe
+n=1
1
xdx = +.
Caso 0, lim 1n6= 0.
Assim, a srie de Dirichletn=1
1n
converge para > 1 e diverge para 1.
56
-
Sries numricas
5.7 Sries de termos no negativos
Critrio da comparao. Sejamn=1
an en=1
bn duas sries de termos no negativos. Se an bnpara n p, ento:
1. sen=1
bn converge, enton=1
an converge;
2. sen=1
an diverge, enton=1
bn diverge.
Exemplo 5.15.
1. Consideremos a srien=1
1n2+1 . Como para todo o n N, n2 + 1 n2, ento 1n2+1 1n2 , e
n=1
1n2
converge. Logo, a srie converge.
2. Consideremos a srien=1
1
n. Como para todo o n N, n n, ento 1
n 1
n, e
n=1
1n
diverge. Logo, a srie diverge.
3. Consideremos a srien=1
1n2n . Para todo o n N, 2n 1, ento n2n n, e 1n2n 1n , e
n=1
1ndiverge. Logo, nada se pode concluir acerca de
n=1
1n2n . Mas, para todo o n N,
n 1, ento n2n 2n, e 1n2n 12n , e
n=1
12n converge. Logo,
n=1
1n2n converge.
2 Critrio da comparao. Sejamn=1
an en=1
bn duas sries de termos no negativos. Se
bn 6= 0 n N e l = lim anbn existe, ento:
1. se l ]0,+[, as sriesn=1
an en=1
bn tm a mesma natureza;
2. se l = 0,
(a) sen=1
bn converge, enton=1
an converge;
(b) sen=1
an diverge, enton=1
bn diverge;
3. se l = +,
(a) sen=1
an converge, enton=1
bn converge;
(b) sen=1
bn diverge, enton=1
an diverge.
Exemplo 5.16.
1. Consideremos a srien=1
1(2n+1)2 . Como lim
1
(2n+1)2
1
n2
= 14 en=1
1n2
converge, a srie converge.
57
-
Sries numricas
2. Consideremos a srien=1
1n+
n. Como lim
1
n+
n
1
n
= 1 en=1
1ndiverge, a srie diverge.
Critrio da razo. Sejan=1
an uma srie de termos positivos. Se l = liman+1an
existe, ento:
1. se l < 1, a srien=1
an convergente;
2. se l > 1, a srien=1
an divergente.
Exemplo 5.17. Consideremos a srien=1
1n! . Como lim
1
(n+1)!
1
n!
= lim 1n+1 = 0, a srie converge.
Critrio da raz. Sejan=1
an uma srie de termos no negativos. Se l = lim nan existe, ento:
1. se l < 1, a srien=1
an convergente;
2. se l > 1, a srien=1
an divergente.
Exemplo 5.18. Consideremos a srien=1
1
nn. Como lim n
1
nn= lim 1
n= 0, a srie converge.
58
-
Sries numricas
5.8 Sries alternadas. Convergncia absoluta e convergncia sim-
ples
Critrio de Leibniz. Sejan=1
an uma srie tal que an = (1)nbn ou an = (1)n+1bn, com
bn > 0 n N. Se a sucesso bn decrescente e lim bn = 0, ento a srien=1
an convergente.
Exemplo 5.19. Consideremos a srien=1
(1)n 1n. Como 1
n decrescente e lim 1
n= 0, a srie
converge.
Definio 5.20. A srien=1
an diz-se absolutamente convergente sen=1
|an| for convergente, e
diz-se simplesmente convergente sen=1
an for convergente, masn=1
|an| divergente.
Exemplo 5.21. A srien=1
(1)n
n2 absolutamente convergente, e a srie
n=1
(1)n
n simplesmente
convergente.
Propriedade. Se a srien=1
an absolutamente convergente, enton=1
an convergente e n=1
an
n=1
|an|.
Exemplo 5.22. Consideremos a srien=1
sinn2n . Como
sinn2n
12n para todo o n N e n=1
12n
convergente, a srien=1
sinn2n absolutamente convergente.
59
-
Sries numricas
5.9 Valor aproximado da soma de uma srie
Definio 5.23. Dada a srien=1
an, chama-se resto de ordem p srie Rp =
n=p+1an.
Teorema 5.24. Se p N, an > 0 n N e existe kp tal que an+1an kp < 1 para n p + 1,ento Rp ap+11kp .
Teorema 5.25. Se p N, an 0 n N e existe kp tal que nan kp < 1 para n p + 1,ento Rp k
p+1
p
1kp.
Teorema 5.26. Seja bn uma sucesso positiva decrescente com limite zero e seja Rp o resto de
ordem p da srien=0
(1)nbn. Ento |Rp| bp+1.
Exemplo 5.27.
1. Sabendo quen=0
1n! = e, vamos determinar o erro cometido ao aproximar e por 1+1+
12! +
13! +
14! .
Sendo an =1n! , temos que
an+1an
= 1n+1 1p+2 < 1 para n p + 1. Seja ento kp = 1p+2 .
Temos assim que
Rp 1
(p+1)!
1 1p+2
=p+ 2
(p + 1)(p + 1)!.
Para p = 4, temos R4 1100 .
2.n=1
(1)n
n 1 + 12 13 , com erro R3 tal que |R3| 14 .
60
-
Captulo 6
Sries de potncias
6.1 Sries de funes, domnio de convergncia e funo soma
Exemplo 6.1. Consideremos a srien=0
xn. Para x = 12 a srie convergente, e para x = 2
divergente. Mais, sabemos que esta srie convergente para x ] 1, 1[, e a sua soma 11x .Definio 6.2. Seja fn : D R uma funo, para cada n N. Diz-se que a srie de funesn=1
fn = f1 + f2 +
1. converge num ponto x D se a srie numrican=1
fn(x) = f1(x) + f2(x) + for conver-gente;
2. converge pontualmente em A R se converge em todos os pontos de A. Neste caso, funo f : A R definida por f(x) =
n=1
fn(x) d-se o nome de soma (pontual) da srie
em A.
Exemplo 6.3.
1. A srie de funesn=0
xn converge pontualmente em ] 1, 1[ e tem soma 11x .
2. Consideremos a srie de funesn=1
sin(nx)n2
. Como, para qualquer x R, sin(nx)n2
1n2 en=1
1n2
convergente, a srie de funes converge pontualmente em R.
3. Consideremos a srie de funesn=1
xn. Como, para x R, lim |
x
n|
1
n
= |x|, a srie de funes
diverge para x 6= 0. Para x = 0,n=1
xn= 0, e portanto a srie converge apenas no ponto 0.
61
-
Sries de potncias
6.2 Sries de potncias, raio e intervalo de convergncia
Definio 6.4. Chama-se srie de potncias (de x) a uma srie de funes da forma
a0 + a1x+ a2x2 + = a0 +
n=1
anxn
(=
n=0
anxn
).
Exemplo 6.5.
1.n=0
xn = 1 + x+ x2 + x3 + (srie geomtrica);
2.n=0
xn
n! = 1 + x+x2
2! +x3
3! + (srie exponencial).
Propriedade. Se R = lim anan+1
existe, ento a srie n=0
anxn absolutamente convergente
para x tais que |x| < R e divergente para |x| > R. A R d-se o nome de raio de convergncia.Observao 6.6.
1. Os casos x = R e x = R tm que ser estudados separadamente.
2. As sriesn=0
anxn e
n=p
anxn tm o mesmo raio de convergncia.
Exemplo 6.7.
1. Consideremos a srien=0
xn.
Ento an = 1 e R = lim 11
= 1, e a srie absolutamente convergente para x ] 1, 1[e divergente para x ],1[]1,+[. Para x = 1,
n=0
xn =n=0
1 divergente, e para
x = 1,n=0
xn =n=0
(1)n divergente.
2. Consideremos a srien=0
xn
n! .
Ento an =1n! e R = lim
1n!1(n+1)!
= lim(n+1) = +, e a srie absolutamente convergentepara x ],+[.
3. Consideremos a srien=1
xn
n.
Ento an =1n
e R = lim
1n1n+1
= lim n+1n = 1, e a srie absolutamente convergentepara x ] 1, 1[ e divergente para x ] ,1[]1,+[. Para x = 1,
n=1
xn
n=
n=1
1n
divergente, e para x = 1,n=1
xn
n=
n=1
(1)n
n simplesmente convergente.
4. Consideremos a srien=0
n!xn.
Ento an = n! e R = lim n!(n+1)!
= lim 1n+1 = 0, e a srie divergente para x R\{0}.Para x = 0,
n=0
n!xn =n=0
0 absolutamente convergente.
62
-
Sries de potncias
5. Consideremos a srien=1
(x1)n
n2.
Fazendo y = x 1, vem quen=1
(x1)n
n2=
n=1
yn
n2.
Ento an =1n2
e R = lim
1n21(n+1)2
= lim (n+1)2n2 = 1, e a srie absolutamente convergentepara y ]1, 1[, ou seja, para x ]0, 2[ e divergente para x ], 0[]2,+[. Para x = 0,n=1
(x1)n
n2=
n=1
(1)n
n2 absolutamente convergente, e para x = 2,
n=1
(x1)n
n2=
n=1
1n2
absolutamente convergente.
Observao 6.8. Caso lim anan+1
no exista, R = 1lim n|an|
.
Exemplo 6.9. Consideremos a srien=0
xn
(3+(1)n)2n.
Ento an =1
(3+(1)n)2ne lim
anan+1 no existe. Mas
R =1
lim n|an| =
1
lim n 1(3+(1)n)2n
=1
lim 1(3+(1)n)2
=114
= 4,
e a srie absolutamente convergente para x ] 4, 4[ e divergente para x ],4[]4,+[.
63
-
Sries de potncias
6.3 Propriedades das sries de potncias: derivao e integrao
termo a termo
Propriedade. Seja f(x) =n=0
anxn uma srie de potncias com raio de convergncia R > 0.
Ento:
1. f(x) diferencivel em ]R,R[ e f (x) =n=1
nanxn1.
2. f(x) primitivvel em ]R,R[ e Pf(x) =n=0
anxn+1
n+1 .
Exemplo 6.10. Consideremos novamente a srie exponencial f(x) =n=0
xn
n! . J vimos que
R = +. A derivada de f
f (x) =n=1
nxn1
n!=
n=1
xn1
(n 1)! =n=0
xn
n!= f (x).
De facto, prova-se quen=0
xn
n! = ex, para x R.
64
-
Sries de potncias
6.4 Sries de Taylor e de Mac-Laurin. Aplicaes
Definio 6.11. Diz-se que uma funo f(x) definida num intervalo aberto I analtica em
x0 I se existe uma srien=0
an(x x0)n de potncias de x x0 tal que f(x) =n=0
an(x x0)nnuma vizinhana de x0.
Exemplo 6.12.
1. Como ex =n=0
xn
n! , ex analtica em 0.
2. f(x) = 1xno analtica em 0.
3. Como 1x= 11(1x) =
n=0
(1 x)n, 1x analtica em 1.
Propriedade. Toda a funo analtica num ponto indefinidamente diferencivel numa vizin-hana desse ponto (e todas as suas derivadas so analticas).
Teorema 6.13. Seja f analtica em x0. Ento existe uma nica srie de potncias de x x0tal que f(x) =
n=0
an(x x0)n numa vizinhana de x0. Para cada n N, an = f(n)(x0)n! .
Definio 6.14. Seja f(x) uma funo definida num intervalo aberto I e indefinidamente difer-
encivel em x0 I. Chama-se srie de Taylor de f em x0 srien=0
f(n)(x0)n! (x x0)n.
Observao 6.15. Se f analtica, a srie de Taylor representa f . Caso f no seja analtica,a srie pode no convergir, ou convergir mas no representar f .
Definio 6.16. Seja f(x) uma funo definida num intervalo aberto I e indefinidamentediferencivel em x0 I. Chama-se polinmio de Taylor de grau n de f em x0 a pn(x) =f(x0) + f
(x0)(x x0) + + f(n)(x0)n! (x x0)n.
Propriedade. Seja f(x) uma funo definida num intervalo aberto I e indefinidamente difer-encivel em x0 I e pn(x) o polinmio de Taylor de grau n de f em x0. Ento f analtica emx0 se e s se f(x) pn(x)
n0 pontualmente numa vizinhana de x0.
Frmula de Taylor com resto de Lagrange. Sejam n N, f(x) uma funo definida numintervalo aberto I com derivadas contnuas em I at ordem n+1 e x0 I.Ento para qualquerx I existe c estritamente entre x e x0 tal que f(x) = pn(x)+Rn(x), onde pn(x) o polinmiode Taylor de grau n de f em x0 e Rn(x) =
f(n+1)(c)(n+1)! (x x0)n o resto de Lagrange.
Exemplo 6.17. Aplicando a frmula de Taylor de grau 3 funo ex no ponto 0, obtemos queex = 1+x+ x
2
2! +x3
3! +ec
4!x4, para algum c entre 0 e x. Como numa vizinhana de 0, ec 2, vem
que e0.1 1 + 0.1 + 0.122! + 0.13
3! , com erro R3(0.1) inferior a20.14
4! .
Exemplo 6.18.
1. ex =n=0
xn
n! , para x R;
2. 11x =n=0
xn, para x ] 1, 1[;
65
-
Sries de potncias
3. ln(1 + x) =n=0
(1)n xn+1n+1 , para x ] 1, 1[;
4. sinx =n=0
(1)n x2n+1(2n+1)! , para x R;
5. cos x =n=0
(1)n x2n(2n)! , para x R;
Definio 6.19. Seja g uma funo definida e no nula em ]a , a+ [\{a}, para algum > 0.Diz-se que a funo w(x) um o-pequeno com g(x) quando x a, e escreve-se w = o(g)quando x a, se
1. w est definida numa vizinhana de a;
2. w(a) = 0;
3. limxa
w(x)
g(x)= 0.
Observao 6.20. Note-se que, na frmula de Taylor de grau n de f em x0, Rn(x) = o((xx0)n)quando x x0.
Exemplo 6.21. Temos que ex = 1+x+o(x) quando x 0, e logo limx0
ex 1x
= limx0
1 + x+ o(x) 1x
=
limx0
x+ o(x) 1x
= limx0
1 +o(x)
x= 1 + 0 = 1.
66
1. Complementos de funes reais de varivel real2. Complementos de clculo diferencial em R3. Primitivao4. Clculo integral em R5. Sries numricas6. Sries de Potncias