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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CAMPUS ANGICOS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLÓGICAS E HUMANAS CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA ADJA KARLA RUFINO DE SOUZA ANÁLISE ERGONÔMICA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE DUAS INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS DO SERTÃO CENTRAL ANGICOS-RN 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CAMPUS ANGICOS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLÓGICAS E HUMANAS CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

ADJA KARLA RUFINO DE SOUZA

ANÁLISE ERGONÔMICA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE DUAS

INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS DO SERTÃO CENTRAL

ANGICOS-RN

2013

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ADJA KARLA RUFINO DE SOUZA

ANÁLISE ERGONÔMICA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE DUAS

INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS DO SERTÃO CENTRAL

Monografia apresentada a Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Campus Angicos para obtenção de título de bacharel em ciência e tecnologia. Orientadora: Profa. M.Sc. Fabrícia Nascimento de Oliveira

ANGICOS – RN

2013

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__________________________________________________

Profº. M.Sc. Wellington Barbosa do Nascimento Junior

Segundo membro

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS, que é meu porto seguro, meu guia, o centro e o fundamento de tudo em minha vida, por me dar forças, discernimento e orientação durante toda essa jornada.

Aos meus pais, Antonio Rufino de Souza e Maria de Fátima Muniz de Souza. Ambos serão responsáveis por cada sucesso obtido e cada degrau avançado em da minha vida. Durante todos esses anos vocês foram pra mim um grande exemplo de força, de coragem, e perseverança. Vocês são e sempre serão meu maior porto seguro, meu maior exemplo de vitória, meus heróis e simplesmente aqueles que mais amo. Obrigada por estarem sempre comigo.

A minha irmã Ayanne Débora Rufino de Souza por todo incentivo, apoio e cumplicidade. Obrigada por você existir perto de mim!

Ao meu noivo, Montyalle silva ferreira, companheiro de todas as horas, por todo amor e compreensão e paciência. Graças a sua presença foi mais fácil passar por todos os momentos de desanimo e cansaço. Te amo!

A minha avó Maria Auxiliadora Muniz de Souza, meus avôs Pedro Virginio de Souza e Manuel Barbosa filho e minha tia Maria das Graças Muniz de Souza, por todo incentivo, apoio e carinho!

A minha orientadora, professora Fabrícia Nascimento de Oliveira, por sua disponibilidade, pelos seus importantes ensinamentos e por toda dedicação e apoio dispensados no auxilio da concretização deste trabalho. Muito obrigada!

A meus amigos da universidade Evelly Michelly, Felipe Emanuel, Luiz Antônio, Tereza Noêmia e Glicéria Emiliana, por todo companherismo e pela ajuda constante em toda essa jornada.

A todos os trabalhadores das duas empresas estudadas por terem fornecido dados fundamentais para o desenvolvimento desta pesquisa. A colaboração de vocês foi essencial para a realização deste trabalho.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada.

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“Não confunda derrotas com fracasso nem vitórias com sucesso. Na vida de um campeão sempre haverá algumas derrotas, assim como na vida de um perdedor sempre haverá vitórias. A diferença é que, enquanto os campeões crescem na derrotas, os perdedores se acomodam com nas vitórias.”

Roberto Shinyashiki

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RESUMO

As atividades desenvolvidas no setor de produção de laticínios, que de modo geral deixam os trabalhadores expostos a atividades que exigem, por muitas vezes, esforços intensos e repetitivos tornando-os assim susceptíveis a lesões, doenças ocupacionais, ou ainda acidentes do trabalho. Em virtude disso, o presente estudo tem o objetivo de realizar uma análise ergonômica dos postos de trabalho mais afetados durante a etapa da produção de duas empresas localizadas no sertão central. Tendo em vista que as consequências causadas por esses desvios ergonômicos podem influenciar diretamente no ritmo de produção, a ergonomia atua de forma a adequar o ambiente de trabalho ao operário e suas necessidades. Deste modo se realizou um estudo de caso em duas empresas de laticínios localizadas no sertão central, sendo aplicados formulários com todos os trabalhadores envolvidos no processo de produção do referido setor. O formulário constou de perguntas relacionadas às características sociodemográficas do trabalhador, ao cansaço e dores sentidas durante ou após a execução do trabalho, as características das atividades desenvolvidas, às pausas, as condições do ambiente de trabalho as quais estão expostos e as lesões sofridas pelos funcionários em decorrência da atividade. Através interpretação desses dados, pode-se constatar que a maioria dos trabalhadores relatam sentir cansaço (60% na empresa 1 e 44,44% na empresa 2) e dores (60% na empresa 1 e 66,67% na empresa 2) durante ou após a execução de suas atividade. Os membros que mais apresentaram queixas em relação às dores foram: na empresa 1 pescoço 20%, braços direito 20%,braço esquerdo 20% e nas costas 40% .Já na empresa 2, 100% dos funcionários citaram as costas como o membro mais atingido. Com relação à tarefa, 100% da empresa 1 e 88,89 % da empresa 2 a caracterizou como repetitiva e 100% dos funcionários das duas empresas a definiu como monótona, porém, 80% dos funcionários da empresa 1 e 66,67 % da empresa 2 citaram que não trabalham em um ritmo muito rápido para executar suas atribuições. Quando questionados sobre as condições do ambiente as queixas do trabalhador são com relação à temperatura, 100% da empresa 1 e 44,44% da empresa 2 a consideram quente, e ao ruído, onde 80% da empresa 1 e 77,78% na empresa 2 o classificam como alto. Através da análise dessas informações pode se perceber que, os funcionários executam suas atividades, na sua grande maioria, de pé, utilizando-se de postura inadequada, em tarefas que exigem esforços intensos e repetitivos. Com isto, norteando-se pelo embasamento legal disposto na norma regulamentadora NR-17 Ergonomia, foram propostas possíveis soluções ou melhorias para os problemas diagnosticados. Palavras – chave: Derivados do leite. NR-17. Posturas inadequadas. Posto de trabalho.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Partes do corpo que os trabalhadores relatam ser mais atingidos pela execução das

atividades no setor de produção ............................................................................................... 42

Gráfico 2 - Opinião dos trabalhados em relação à atividade desenvolvida quanto à

repetitividade ............................................................................................................................ 37

Gráfico 3 - Opinião dos trabalhadores em relação à temperatura do ambiente de trabalho. .... 43

Gráfico 4 - Opinião dos trabalhadores com relação aos níveis de ruído do ambiente de

trabalho ..................................................................................................................................... 44

Gráfico 5 - Lesões decorrentes das atividades desenvolvidas no setor de produção de duas

indústrias de laticínios localizadas no sertão central ................................................................ 45

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Descrição das atividades desenvolvidas durante a realização do trabalho .............. 24

Figura 2 - Esquema das atividades realizadas nas duas empresas em duas empresas de

laticínios localizadas no sertão central ..................................................................................... 29

Figura 3 - Sequenciamento das atividades recepção, pasteurização e

empacotamento/embalagem ..................................................................................................... 30

Figura 4 - Sequenciamento do processo de recepção do leite em duas empresas de laticínios

localizadas no sertão central ..................................................................................................... 31

Figura 5 - Processo de pasteurização do leite .......................................................................... 32

Figura 6 - Máquina empacotadora da empresa 1 ...................................................................... 33

Figura 7 - Máquina empacotadora na empresa 2 ...................................................................... 33

Figura 8 - Equipamento utilizado para engarrafar a manteiga ................................................. 34

Figura 9 - Trabalhador realizando atividades na etapa de empacotamento/embalagem .......... 38

Figura 10 - Pilhas formadas na empresa 2, para posterior armazenamento ............................. 39

Figura 11 - Movimentos realizados durante o processo de engarrafamento da manteiga ........ 40

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia.

AET – Análise Ergonômica do Trabalho.

BPF – Boas Práticas de Fabricação.

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho.

DORT – Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.

EMBRAPA - Empresa Brasileira de pesquisa agropecuária

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IEA – Associação Internacional de Ergonomia.

LER – Lesões por Esforços Repetitivos.

NR – Norma Regulamentadora.

PIB – Produto Interno Bruto.

UFERSA – Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 14

2.1 ERGONOMIA .................................................................................................................... 14

2.2 ERGONOMIA NO PROCESSO DE FÁBRICAÇÃO DA INDÚSTRIA DE LATICINIO .................................................................................................................................................. 15

2.3 PRINCIPAIS RISCOS ERGONÔMICOS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS. .............................................................................................. 16

2.3.1 Postura ............................................................................................................................ 17

2.3.2 Trabalho repetitivo ........................................................................................................ 18

2.3.3 Transportar/ levantar/empurrar cargas ..................................................................... 18

2.3.4 Trabalho sentado ........................................................................................................... 19

2.3.5 Trabalho com inclinação ............................................................................................... 20

2.3.6 Temperatura .................................................................................................................. 20

2.3.6.1 Ambiente térmico quente ............................................................................................. 20

2.3.5.2 Ambiente térmico frio .................................................................................................. 20

2.3.6 Ruído ............................................................................................................................... 21

2.4 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET) .................................................. 21

2.4.1 ANÁLISE DA DEMANDA ........................................................................................... 22

2.4.2 ANÁLISE DA TAREFA ............................................................................................... 22

2.4.3 ANÁLISE DA ATIVIDADE ......................................................................................... 23

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 24

3.1 ETAPAS DO ESTUDO...................................................................................................... 24

3.2 TIPO E MÉTODO UTILIZADO NA PESQUISA ............................................................ 25

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................................ 25

3.4 COLETA DE DADOS ....................................................................................................... 25

3.5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................... 26

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 27

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS ......................................................................... 27

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4.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS TRABALHADORES ENVOLVIDOS NA PRODUÇÃO DO SETOR DE LATICINIOS DE DUAS EMPRESAS LOCALIZADAS NO SERTÃO CENTRAL. .............................................................................................................. 27

4.3 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE .......................................................................... 28

4.3.1 Atividades comuns às duas empresas .......................................................................... 29

4.3.1.1 Recepção do leite .......................................................................................................... 30

4.3.1.2 Processo de pasteurização ............................................................................................ 31

4.3.1.3 Embalagem/empacotamento (Leite/ Iogurte/ Bebida Láctea) ...................................... 32

4.3.2 Atividades realizadas somente na empresa 2 .............................................................. 34

4.3.2.1 Manteiga de garrafa ...................................................................................................... 34

4.4 ANÁLISE DOS POSTOS DE TRABALHO ..................................................................... 35

4.4.1 Posto 1: Embalagem/empacotamento .......................................................................... 36

4.4.1.1 Trabalho em pé ............................................................................................................. 36

4.4.1.2 Repetitividade ............................................................................................................... 36

4.4.1.3 Trabalho com inclinação do tronco .............................................................................. 37

4.4.2 Posto 2: Armazenamento .............................................................................................. 38

4.4.2.1 Levantar, transportar manualmente e/ou empurrar cargas. .......................................... 38

4.4.3 Posto 3: Preparação e engarrafamento da manteiga ................................................. 39

4.4.3.1 Trabalho sentado........................................................................................................... 40

4.4.3.2 Repetitividade ............................................................................................................... 41

4.4.3.3 Trabalho com torção do tronco ..................................................................................... 41

4.4.4 Análise geral dos postos I, II e III ................................................................................ 41

4.5 ANÁLISE DO AMBIENTE DE TRABALHO ................................................................. 42

4.5.1 Temperatura .................................................................................................................. 42

4.5.2 Ruído ............................................................................................................................... 43

4.6 LESÕES DECORRENTES DA ATIVIDADE .................................................................. 44

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 48

APÊNDECE A – FORMULÁRIO ........................................................................................ 51

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO ........................................................... 55

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1 INTRODUÇÃO

A indústria de laticínios ocupa lugar de destaque em nível mundial por ser geradora de

produto básico para nutrição e saúde humana (FONTENELLE, 2006). O nosso país é

tradicionalmente um grande produtor de leite. A atividade, já ocupa posição de destaque no

cenário econômico nacional, e é, atualmente, uma das principais atividades do agronegócio

brasileiro. Em 2009, o país produziu 29,1 bilhões de litros de leite, gerando renda de R$ 18,6

bilhões, o que corresponde a 11,2% do valor gerado pela agropecuária brasileira e 76,3% do

valor gerado pela pecuária. (IBGE, apud EMBRAPA, 2011).

O setor de laticínios ocupa uma posição significativa no setor de fabricação de produtos

alimentícios. Proença (1997) afirma que, o setor de produção de alimentos se diferencia dos

demais pelo fato de trabalhar com produtos que necessitam de tecnologias especificas, uma

vez que o alimento tem vida útil de curta duração, além de estarem susceptíveis a imprevistos

climáticos, da produção ao processamento, tornando-se dependente de controles de qualidade

cada vez mais rigorosos.

A indústria de alimentos tem priorizado a busca pela qualidade dos produtos, atendendo

rigorosamente a legislação de higiene e boas práticas de fabricação. Essa mesma atenção, no

geral, não é dada as condições de trabalho as quais os empregados estão expostos. De modo

geral eles estão expostos a atividades que exigem, por muitas vezes, esforços intensos e

repetitivos que os tornam susceptíveis a lesões, doenças ocupacionais, ou ainda, acidentes do

trabalho. (RODRIGUES et al., 2008).

Tendo em vista que esses fatores podem influenciar diretamente no ritmo de produção, a

ergonomia pode ser utilizada como uma forma de adequar o ambiente de trabalho ao operário

e a suas necessidades. Segundo Iida (2005), a ergonomia pode ser definida como o estudo da

adaptação do trabalho ao homem, tendo o trabalho uma concessão ampla, incluindo não

apenas aqueles executados com máquinas e equipamentos, mas toda a situação que envolve o

homem e uma atividade produtiva, tanto no ambiente físico como nos aspetos

organizacionais.

A ergonomia atua possibilitando que o trabalho seja bem dimensionado, otimizando a

sua eficácia e ao mesmo tempo permitindo a saúde e prevenção de certas doenças

ocupacionais. Ela procura a transformação das condições de trabalho pela valorização dos

fatores humanos da organização. A busca da melhoria da qualidade e do aumento da

produtividade sem a consideração destes fatores pode representar um retorno ao taylorismo,

ou seja, o uso dos princípios do gerenciamento científico. (FRANCO, 1995).

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Levando-se em consideração, que a implementação da ergonomia traz benefícios tanto

para empresa, através de um aumento na produtividade, como para o trabalhador, percebe-se

que o assunto é de suma importância para a sociedade como um todo. Devido à relevância do

tema se fez necessário à realização de um estudo na acerca do mesmo, através de uma análise

ergonômica.

Assim, a proposta do presente trabalho foi de realizar uma análise ergonômica do

processo de produção de duas cooperativas de laticínios localizadas no sertão central para

identificar, diagnosticar, e propor a resolução de problemas que afetam a saúde, segurança,

satisfação e eficiência dos trabalhadores. Nesta análise será abordada a situação geral dos

postos de trabalho, identificando assim, as principais falhas ergonômicas ocorridas nos

mesmos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ERGONOMIA

A palavra ergonomia vem das palavras gregas ergos que significa “trabalho” e nomos,

“estudo” ou “leis naturais”. (BRITO, 2002). Em 1857 o termo ergonomia foi utilizado, pela

primeira vez, pelo polonês W. Jastrzebowski que publicou um artigo intitulado “ensaio de

ergonomia e ciência do trabalho baseadas nas leis objetivas da ciência da natureza”.

(MARTINS; LAUGENI, 2005).

A Associação Internacional de Ergonomia (IEA, 2000) adotou o seguinte conceito:

ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das

interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias,

princípios, dados e métodos a projetos a fim de aperfeiçoar o bem estar humano e o

desempenho global do sistema. Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a

avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los

compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas.

A Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, define ergonomia como a ciência

das interações do homem com a tecnologia, a organização e o ambiente com o propósito de

melhorar projetos e de forma não dissociada e integrada a segurança, o conforto e bem-estar

das atividades do homem. (ABERGO, 2008).

De acordo com Iida (2005), a ergonomia iniciou-se com o homem pré-histórico. Com a

necessidade de sobreviver e de se proteger, inconscientemente, passou a aplicar princípios da

ergonomia, ao fazer seus utensílios, como meio de armazenagem, se defender e abater

animais.

A ergonomia surgiu em função da ânsia do ser humano de cada vez mais, despender de

menos esforços físico e mental nas suas atividades diárias. Ela tem sido considerada como

fator importante no aumento da produtividade, influenciando na qualidade do produto, bem

como na qualidade de vida dos trabalhadores na medida em que, a mesma é aplicada com a

finalidade de melhorar as condições ambientais, visando à interação com o homem. (IIDA,

2005).

A ergonomia pode ser definida como o estudo da adaptação do trabalho ao homem,

tendo o trabalho uma concepção ampla, incluindo não apenas aqueles executados com

máquinas e equipamentos, mas toda a situação que envolve o homem e uma atividade

produtiva, tanto no ambiente físico como nos aspetos organizacionais. (IIDA, 2005).

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Essa ciência é um agregado de conhecimentos científicos que, dentre suas

possibilidades, proporciona adaptação do trabalho ao homem, reduzindo de maneira eficiente

os problemas relacionados com a saúde e a segurança dos trabalhadores. Esta constitui uma

parte importante, mas não exclusiva da melhoria das condições de trabalho, aumentando sua

produtividade e diminuindo o risco de acidentes. (FALZON, 2007).

Segundo Couto (2007) o entendimento ergonômico visa adaptar os instrumentos, as

tarefas, condições desenvolvidas e o próprio ambiente de trabalho, procurando um ajuste

mútuo entre o ser humano e seu ambiente de trabalho de forma confortável, produtiva e

segura, buscando sempre adaptar o trabalho as pessoas.

Em alguns locais de trabalho, observa-se que o homem tem que se adaptar a processos

inadequados a ele. A ergonomia desponta com uma proposta inversa a esta, ou seja, adequar

os processos ao homem. (ROSSO; OKUMURA, 2007).

A implantação da ergonomia deve ter como base o ser humano, com respeito ao homem

no trabalho, visando alcançar não apenas a melhoria na produção, e sim a melhoria na

qualidade de vida do trabalhador. (MONTEIRO et al., 2009).

Segundo sugerem Rosso e Okumura (2007), a ergonomia baseia-se no uso de

conhecimentos para auxiliar o trabalho humano, sendo este por meio de tecnologias que

facilitem o uso e que proporcionem conforto e segurança, sem que haja dano na produtividade

do trabalho, colocando o processo de forma sistemática e eficiente, tanto para o homem

quanto para as tecnologias utilizadas.

Para eliminar as causas dos atos inseguros, a ergonomia deve atuar na adaptação do

trabalho do homem, diminuindo assim as ocorrências de acidentes. A produção é a principal

finalidade do trabalho, já o objetivo da ergonomia é produzir com segurança. A produtividade

dos empregados deve ser estimulada em conjunto com os princípios de saúde e segurança,

eliminando-se os fatores de risco relacionados aos acidentes de trabalho e prevenindo a

ocorrência destes incidentes. (BATISTOTE, 2011).

2.2 ERGONOMIA NO PROCESSO DE FÁBRICAÇÃO DA INDÚSTRIA DE LATICINIO

A indústria de alimentos sempre desempenhou um importante papel na economia

brasileira, representando uma das mais tradicionais estruturas produtivas existentes no país.

Com um faturamento de R$ 291,6 bilhões em 2009, essa indústria contribuiu com quase 10%

PIB - Produto Interno Bruto do Brasil.(RODRIGUES, 2010).

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Dentre os diversos setores da indústria alimentícia o setor de laticínios encontra-se entre

as quatro principais. Estima-se que a participação dos laticínios no faturamento total da

indústria de alimentos seja de aproximadamente 10%. (RODRIGUES, 2010). As empresas de

laticínios são locais destinados ao beneficiamento de leite e produção de seus derivados. Elas

são de grande contribuição para o desenvolvimento da região, pois estão presentes em

diversos municípios, gerando empregos e diversificando a economia.

O aspecto da segurança do produto é sempre um fator determinante para a indústria de

alimentos, pois qualquer problema pode comprometer a saúde do consumidor.

(FIGUEREIDO; COSTA NETO, 2001). A qualidade do produto se dá, devido aos cuidados

com a segurança do alimento, que é estabelecida de acordo com a BPF- Normas de Higiene e

Boas Práticas de Fabricação. (VIALTA et al., 2002).

O setor de produção de alimentos se difere dos demais por trabalhar com produtos que

necessitam de tecnologias bastante específicas, visto que o alimento tem vida útil de curta

duração, além de estarem mais susceptíveis aos imprevistos climáticos, desde a produção ao

processamento, dependendo diretamente de controles de qualidade cada vez mais rigorosos

(PROENÇA, apud SANTANA, 1997).

Percebe-se nesse setor, que apesar dos rigorosos cuidados direcionados a qualidade do

produto o mesmo não ocorre com relação às condições de conforto e segurança dos

trabalhadores. Segundo Couto (1995) a adoção de posturas inadequadas assumidas para a

realização de determinados trabalhos, associados com outros fatores de risco existentes no

posto de trabalho constituem-se, numa das maiores causas de afastamento do trabalho e

sofrimento humano.

2.3 PRINCIPAIS RISCOS ERGONÔMICOS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DA

INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS.

Santana (2002), através de seu estudo sobre a melhoria da produtividade de uma

unidade de alimentação e nutrição através do uso da ergonomia, observou que a execução do

trabalho requer um esforço físico intenso, associado a um elevado grau de atenção, devido à

complexidade do serviço e às exigências de padrões de qualidade higiênico-sanitários e de

atendimento, além de movimentos repetitivos, levantamento e transporte de cargas.

Além disso, esse autor observou que os funcionários usavam inapropriadamente o corpo

como apoio durante o levantamento e transporte de cargas, principalmente na hora de pico.

Também foi constatado grande número de ocorrências de absenteísmos, causando sobrecarga

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nos funcionários não ausentes, os quais tinham que trabalhar em ritmo acelerado e fazer horas

extras para cobrir as faltas. Isto causava cansaço, dores e posteriores ausências no trabalho.

2.3.1 Postura

Durante a jornada laboral, o trabalhador pode assumir diferentes posições e ativar

diferentes músculos. Para aliviar problemas causados posturas prolongadas, podem-se incluir

no decorrer da realização das atividades, maneiras de alterná-las, como por exemplo,

realizando rotatividade das tarefas. (IIDA, 2005).

O quadro 1 mostra algumas posturas típicas de trabalho e os riscos de dores que estas

podem provocar.

Quadro 1 - Localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadas. Posturas Riscos de dores

Em pé Pé e pernas (varizes) Sentado sem encosto Músculos extensores do dorso Assento muito alto Parte inferior das pernas, joelhos e pés Assento muito baixo Dorso e pescoço Braços esticados Ombros e braços Pegas inadequadas de ferramentas Antebraços Punhos em posição não neutra Punhos Rotação do corpo Coluna vertebral Ângulo inadequado assento/ encosto Músculos dorsais

Superfície de trabalho muito alta ou muito baixa

Coluna vertebral, cintura escapular.

Fonte: Iida (2005)

Segundo Iida (2005), a posição parada em pé, é altamente fatigante por ser uma postura

estática e, por isso mesmo, encontra maiores resistências para o coração bombear sangue para

os extremos do corpo. As pessoas que executam trabalhos dinâmicos e em pé, geralmente

apresentam menos fadiga do que aquelas que permanecem estáticas ou com mínima

movimentação.

O trabalho usando as mãos e os braços também podem causar dores ou desconfortos,

caso sejam realizados em longos períodos e com posturas inadequadas. O punho quando fica

muito tempo inclinado, pode ocasionar inflamação dos nervos, resultando em dores e

sensações de formigamento nos dedos. (DUL; WEERDMEESTER, 2004).

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Trabalhos com repetitividade favorecem ao desencadeamento de DORT/LER

(Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho / Lesões por Esforços Repetitivos).

2.3.2 Trabalho repetitivo

Segundo Iida (2005), o trabalho repetitivo reduz a vigilância e tende a provocar erros e

acidentes. Tudo isso se reflete na baixa qualidade da produção, aumento de absenteísmo e

rotatividade. Os métodos muito simples e altamente repetitivos tem a desvantagem de exigir

sempre a contração dos mesmos músculos, acumulando a fadiga localizada. Aumentando-se a

variedade de tarefas, essa fadiga poderá ser melhor distribuída. Ainda segundo a mesma

autora, trabalhadores envolvidos em tarefas de pouco significado e com excesso de controles,

sentem-se angustiados porque parece que seu trabalho nunca termina por mais que se

esforcem.

A combinação de trabalho monótono e repetitivo com a alta carga de estresse mental

exige uma continua mobilização das reservas bioquímicas, que, a longo prazo, afetam

adversamente o estado geral da saúde do trabalhador.(JOHANSSON et al.,1976).

2.3.3 Transportar/ levantar/empurrar cargas

O transportar/levantar/ empurrar cargas são tarefas comuns à rotina do ser humano, seja

no contexto industrial ou nas atividades domésticas. Mas, deve-se ter um cuidado especial na

execução dessas atividades, pois, as mesmas podem trazer consequências graves à saúde do

trabalhador.

O manuseio de cargas deve ser considerado um trabalho pesado, principalmente na

etapa de levantamento. Um dos principais problemas do manuseamento é o desgaste dos

discos intervertebrais. (GRANDJEAN, 1998). Esses discos ficam localizados entre os ossos

das vértebras e são responsáveis pelo movimento da coluna. As doenças relacionadas à

coluna são umas das causas para que os trabalhadores se ausentem do seu local de trabalho,

dando origem em muitos casos a invalidez precoce.

A movimentação manual de cargas pode causar danos cumulativos e deteriorar

gradativamente o sistema esquelético e muscular, devido a atividades contínuas de

movimentação e elevação de objetos. (OSHA, 2007).

O transporte manual de cargas deve seguir determinados princípios para prevenir

futuras doenças, como por exemplo, transportar cargas simétricas, usar meios auxiliares,

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colocar a carga próxima do corpo ou coloca-la na vertical. Além disso, é necessário conhecer

a capacidade humana máxima para levantar e transportar cargas, para que as tarefas e as

máquinas sejam corretamente dimensionadas dentro desses limites. (IIDA, 2005).

Na constituição brasileira, o Artigo 198 da CLT diz: “É de 60 kg (sessenta quilogramas)

o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições

especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher” (BRASIL, 1978, p.46).

De acordo com a Norma Regulamentadora n°17 (NR-17), no que se refere ao

levantamento, transporte e descarga individual de materiais, sendo esta manual ou por meio

de vagonetes, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico, não deverá ser exigido do

trabalhador que o mesmo transporte pesos que comprometam a sua saúde ou segurança, sendo

este esforço compatível com a sua força. Ainda no contexto desta norma, para as cargas não

leves, os funcionários devem receber treinamento ou instruções satisfatórias de métodos de

trabalho, com o objetivo de salvaguardar a saúde e prevenir acidentes. (BRASIL, 1990).

2.3.4 Trabalho sentado

A posição sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter - se.

Praticamente todo o peso do corpo é suportado pela pele que cobre o osso ísquio, nas nádegas.

(IIDA, 2005). Quando a condição de trabalho sentado não está correta pode haver com

facilidade a ocorrência de lombalgias.

Em sua obra, Kroemer e Grandjean (2005) citam os prós e os contras do trabalho

sentado. Segundo o autor, o trabalho nessas condições proporciona ao trabalhador, uma maior

estabilidade da postura da parte superior do corpo, redução do consumo de energia, menor

demanda do sistema circulatório e tira o peso das pernas do trabalhador. Estas vantagens

opõem-se algumas desvantagens: o sentar prolongado leva a flacidez dos músculos

abdominais e a curvatura da coluna vertebral, o que é desfavorável para os órgãos da digestão

e da respiração.

Trabalhar sentado traz conforto, porém, como foi visto, costuma ocasionar alguns

problemas. O principal problema envolve a coluna vertebral e os músculos das costas, que em

varias posturas sentadas não só não são aliviados, mas, de diferentes maneiras são

sobrecarregados. (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).

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20

2.3.5 trabalho com inclinação

As inclinações de tronco, em função da intensidade dos movimentos podem contribuir

para o surgimento de distúrbios na coluna vertebral, sendo a dor lombar considerada a

principal causa de absenteísmo ocupacional. (KSAM, 2003). Uma inclinação de 30° do tronco

para frente pode aumentar em mais de 70% a carga atuante entre os discos intervertebrais.

(PERES et al., 2001).

2.3.6 Temperatura

Na indústria de alimentos, uma série de atividade profissionais submetem os

trabalhadores a ambientes que apresentam condições térmicas diferentes daquelas a que o

organismo humano esta habitualmente acostumado. Estes profissionais ficam expostos a frio e

a calor intenso os quais podem comprometer seriamente a sua saúde. (BRITO et al., 2008).

Têm sido várias as pesquisas tanto em laboratório como no campo, para demonstrar a

relação entre conforto térmico e o desempenho do trabalhador. Os resultados destas pesquisas

não conduziram a conclusões definitivas, mas mostraram que havia uma clara tendência de

desconforto, causado por ambientes considerados quentes ou frios. Este desconforto pode

causar uma redução significativa do desempenho. (KRÜGER; DUMKE, 2001).

2.3.6.1 Ambiente térmico quente

O homem que trabalha em ambientes expostos a altas temperaturas sofre de fadiga, seu

rendimento diminui, ocorrem erros de percepção e raciocínio e aparecem sérias perturbações

psicológicas que podem conduzir a esgotamentos e prostrações. (SAAD, 1981).

2.3.5.2 Ambiente térmico frio

As baixas temperaturas, por sua vez, têm influência nas habilidades motoras. As mãos

quando expostas ao frio, apresentam prejuízos do tato e da movimentação das articulações,

tornando o trabalho mais lento e podendo aumentar os erros e acidentes. (COUTO apud

VIEIRA, 1997).

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2.3.6 Ruído

O nível de ruído também é outro parâmetro de grande relevância a ser analisado em

indústrias de laticínios uma vez que nelas estão presentes diversas fontes causadoras deste

distúrbio.

A presença de ruídos no ambiente de trabalho pode provocar danos ao aparelho auditivo

e até mesmo a surdez. (LAVILLE, apud TOMAZ et al., 2000).

Segundo Dul e Weerdmeester (2004) a presença de ruídos elevados pode perturbar ou

provocar lesões irreversíveis ao aparelho auditivo, mesmo os ruídos relativamente baixos

podem provocar interferência nas comunicações e redução da concentração.

2.4 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET)

Segundo a legislação brasileira na Norma Regulamentadora 17, para avaliar a adaptação

das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao

empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo,

as condições de trabalho. (BRASIL, 2011).

Segundo Couto (1995) a análise procura mostrar uma situação global da tarefa,

abrangendo, dentre outros fatores: o posto de trabalho, as pressões, a carga cognitiva, a

densidade e a organização do trabalho, o modo operatório, os ritmos e as posturas. Assim, ela

não se limita tão só ao posto, mas verifica, também, “as características do ambiente

(principalmente quanto ao conforto térmico, conforto acústico e iluminação), [...] do método

de trabalho, [...] do sistema de trabalho e análise cognitiva do trabalho”.

De acordo com Santos e Fialho (1997) e Iida (2005) o método da AET visa aplicar os

conhecimentos da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de

trabalho. Conforme Tonial e Ulbricht (2005), os resultados da AET possibilitam realizar

diagnósticos antecipados de determinada postura que podem induzir as queixas de dores

musculoesqueléticas, que quando percebidas, tornam possível a prescrição de medidas

preventivas, no sentido de melhorar a qualidade de vida no trabalho e reduzir limitações

ocupacionais geradas por dores.

Santos e Fialho (1997) propõem um esquema metodológico para AET, que se inicia

com o levantamento de um problema, seguido da análise das condições de trabalho e a análise

das situações comportamentais do homem frente ao trabalho desenvolvido. Com o resultado

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do esquema metodológico, possibilita-se a criação de um caderno de encargos e

recomendações que tenha como objetivo melhorar as condições de trabalho.

A AET pode ser dividida em cinco etapas segundo Iida (2005): análise da demanda, da

tarefa, da atividade, diagnóstico e recomendações. As três primeiras são utilizadas

objetivando analisar o trabalho e, após, é possível realizar o diagnóstico para determinar as

recomendações ergonômicas.

2.4.1 Análise da demanda

A análise da demanda é uma fase essencial, pois é o ponto de partida da AET,

permitindo compreender os problemas para assim poder elaborar um plano de intervenção

ergonômica. Ela procura compreender a natureza e a dimensão dos problemas apresentados.

Muitas vezes, esse problema é apresentado de forma parcial, mascarando outros de maior

relevância. (SANTOS; FIALHO, 1997).

A análise da demanda é essencial para a compreensão de fatores econômicos, sociais,

organizacionais técnicos e tecnológicos para AET, dentro de uma empresa (GUÉRIN et al.,

2001).

De acordo com Santos e Fialho (1995) existem três tipos de demandas na intervenção

ergonômica: demandas formuladas para recomendações na implantação de um novo sistema

de produção; demandas formuladas para identificar novos condicionantes de produção,

introduzidos pela implantação de uma nova tecnologia; demandas formuladas para resolver

disfunções do sistema já implantado (relativos ao comportamento da máquina, do homem ou

da organização).

2.4.2 Análise da tarefa

A analise da tarefa pode ser definida como sendo um conjunto de ações humanas que

torna possível um sistema atingir seu objetivo. Ela deverá ser iniciada o mais cedo possível,

antes que certos parâmetros do sistema sejam definidos e se torne difícil e oneroso introduzir

modificações corretivas. (IIDA, 2005).

Ainda segundo o mesmo autor, a análise da tarefa realiza-se em três níveis. O

primeiro, chamado de descrição da tarefa, ocorre em um nível mais global, abrange os

aspectos gerais da tarefa e as condições em que ela é executada, o segundo, chamado de

descrições das ações, em um nível mais detalhado, elas se concentram mais nas características

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que influem no projeto da interface homem-máquina e se classificam em informações e

controles. O terceiro, uma revisão crítica, que visa principalmente avaliar as condições que

poderiam provocar dores e lesões ósteo-musculares nos postos de trabalho para corrigir os

eventuais problemas.

2.4.3 Análise da atividade

Segundo Iida (2005) A analise da atividade refere-se ao comportamento do trabalhador,

na realização de uma tarefa. Ou seja, é o que o homem efetivamente realiza para atingir os

objetivos de produção. Segundo esse mesmo autor, a atividade é influenciada por fatores

internos e externos.

Os fatores internos localizam-se no próprio trabalhador e são caracterizados pela sua formação, experiência, idade, sexo e outros, além de sua disposição momentânea, como motivação, vigilância, sono e fadiga. Os fatores externos referem-se às condições em que a atividade é executada. Classificam-se em três tipos principais: conteúdo do trabalho (objetivos, regras e normas); organização do trabalho (constituição de equipes, horários, turnos); e meios técnicos (máquinas, equipamentos, arranjo e dimensionamento do posto de trabalho, iluminamento, ambiente térmico). (IIDA, 2005, p.77).

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3 METODOLOGIA

3.1 ETAPAS DO ESTUDO

Para a realização do estudo, inicialmente, foi feito uma levantamento de informações

conceituais sobre ergonomia, seu embasamento legal (norma regulamentadora NR-17) e suas

principais aplicações. De posse desse conhecimento cientifico, foi realizado um levantamento

dos principais processos produtivos da região, afim, de definir o local onde a pesquisa seria

realizada.

Com a população definida, partiu-se para a fase exploratória onde foi feito o

acompanhamento do processo produtivo de duas cooperativas de laticínio localizadas no

sertão central do Rio Grande do Norte. Essas indústrias são destinadas ao beneficiamento de

leite e a produção de seus derivados e são de suma importância para o desenvolvimento das

cidades onde estão situadas, pois geram emprego e diversificam a economia.

Figura 1 - Descrição das atividades desenvolvidas durante a realização do trabalho

Fonte: Autoria própria (2013)

Estudo de caso

Acompanhamento da produção

Avaliação das atividades realizadas

Coleta de dados

Análise

Propostas de melhorias

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3.2 TIPO E MÉTODO UTILIZADO NA PESQUISA

A metodologia de pesquisa aplicada foi um estudo de caso. Gil (2004) o define como

"estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, permitindo seu amplo e detalhado

conhecimento”.

Para se avaliar adaptação das condições de trabalho as características psico-

fisiológicas dos trabalhares optou-se pela realização de uma analise ergonômica do trabalho

(AET), devido as características do setor, que estão expondo constantemente o trabalhador a

tarefas que exigem esforços intensos e repetitivos. Essa análise consiste em averiguar as

condições de trabalho de determinada tarefa, afim de determinar riscos, observar excessos e

propor melhorias.

Para a realização da pesquisa foi feito um acompanhamento do processo de produção

de duas cooperativas localizadas no sertão central, entrevistas com os trabalhadores, aplicação

de formulários (Pires adaptado por Souza, 2013) e registro, através de fotos e vídeos, dos

pontos críticos da produção.

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Foi realizado o acompanhamento do processo produtivo de duas cooperativas de

laticínios localizadas no sertão central. As duas cooperativas possuem semelhanças no

processo produtivo e são consideradas empresas de pequeno porte. Para a pesquisa, só se

levou em consideração os funcionários que estão diretamente ligados à produção, que são: na

empresa 1 ( 5 funcionários) e na empresa 2 ( 11 funcionários), sendo todos entrevistados.

3.4 COLETA DE DADOS

O acompanhamento da produção ocorreu no período de dezembro de 2012 a fevereiro

de 2013. Neste período houve as observações in loco, bem como as entrevistas e a aplicação

dos formulários (Apêndice A) e o registro das atividades.

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3.5 ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados foi realizada através de estatística simples, levando em

consideração os dados colhidos na pesquisa. Os resultados foram evidenciados em tabelas e

gráficos.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O seguinte tópico irá fazer uma caracterização geral das empresas analisadas e das

atividades desenvolvidas. Através de um acompanhamento in loco, foi feita uma analise dos

postos de trabalhos, indicados pelos trabalhadores como sendo os mais críticos, e através

desta análise foram feitas as devidas recomendações de acordo com o disposto pela norma

regulamentadora NR-17.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS

Durante o estudo foi realizado um acompanhamento do processo de produção de duas

cooperativas localizadas no sertão central. A cooperativa 1, está localizada no município de

Assú- RN, é relativamente nova, está a menos de 5 anos no mercado, mas, já se apresenta

como uma importante ferramenta dentro da expectativa de consolidação da bacia leiteira da

região. A cooperativa conta com 16 pessoas de carteira assinada e recebe das propriedades

rurais cerca de 4.000 litros de leite por dia.

A indústria 2, é localizada no município de Angicos- RN e é considerada a principal

fonte geradora de renda do município e uma das principais unidades de beneficiamento de

leite da região. A empresa conta com pelo menos cinquenta pessoas com carteira assinada,

além de gerar outros empregos indiretos. Diariamente ela recebe das propriedades rurais cerca

de 4.700 litros de leite Caprino e 16.000 litros de leite Bovino.

Para os fins dessa pesquisa foram entrevistados e observados somente os funcionários

ligados ao setor de produção. Na empresa1, dos 16 funcionários, apenas 5 estão ligados a

processo produtivo. Já na empresa 2, dos 39 funcionários, 9 são do setor de produção.

4.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS TRABALHADORES ENVOLVIDOS NA

PRODUÇÃO DO SETOR DE LATICINIOS DE DUAS EMPRESAS LOCALIZADAS NO

SERTÃO CENTRAL.

Inicialmente foi perguntado sobre o gênero, idade e função. Para que houvesse uma

melhor compreensão, foi elaborada a tabela 1.

Da amostra colhida, 28,57% são do gênero feminino e 71,43 % do gênero masculino.

As faixas etárias dos entrevistados encontram-se: entre 0 – 30 anos (35,71%), 31-40 anos

(42,86%), 51-60 anos (21,43%). Não foi encontrado nenhum trabalhador entre a faixa etária

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de 41 – 50 anos. Quando perguntado sobre a função observa-se que 71,43% trabalham como

auxiliar de produção, 14,29% como operador de caldeira e 14,29% como operador de

máquinas (Tabela 1).

Ou seja, de acordo com os dados colhidos o gênero masculino predomina nas atividades

desenvolvidas no setor de laticínios, com idade, na sua grande maioria, entre 31-40 anos, e

tendo a sua maior parcela trabalhando como auxiliar de produção.

Tabela 1- Caracterização dos trabalhadores envolvidos na produção do setor de laticínios de duas empresas localizadas no sertão central.

Amostra total (14)

Variáveis selecionadas %

Gênero

Masculino 71,43

Feminino 28,57

Faixa Etária

0-30 35,71

31-40 42,86

41-50 0

51-60 21,43

Função

Auxiliar de produção 71,43

Operador de caldeira 14,29

Operador de máquinas 14,29

Fonte: Autoria Própria (2013).

4.3 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE

De acordo com a divisão dos postos de trabalho, apresentam-se a descrição das

atividades desenvolvidas em cada setor de produção. Conforme figura 2, todas as atividades

que são realizadas na empresa 1 também são desenvolvidas na empresa 2, sendo que, nesta

ultima acrescenta-se o processo de fabricação do iogurte e bebida láctea.

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Figura 2 - Esquema das atividades realizadas nas duas empresas de laticínios localizadas no sertão central

Fonte: Autoria própria (2013).

4.3.1 Atividades comuns às duas empresas

Em ambas as empresas, os processos de recepção, pasteurização e embalagem/

empacotamento são semelhantes conforme figura a baixo.

Recepção do

leite

Processo de

Pasteurização

Empresa 1 -

etapa de

produção

Produção

Leite

Produção

Bebida láctea

Empresa 2 -

Etapa de

produção

Produção

Leite

Produção

Bebida láctea

Produção

Iogurte

Produção

Manteiga de

garrafa

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Figura 3 - Sequenciamento das atividades recepção, pasteurização e empacotamento/embalagem.

Fonte: Autoria própria (2013) A- recepção do leite; B- trabalhador conectando o coletor ao tanque de recepção; C – tanque de recepção e armazenamento do leite; D – maquinário do processo de pasteurização; E e F- empacotamento do leite.

4.3.1.1 Recepção do leite

A primeira parte da produção corresponde à recepção do leite, o qual chega tanto em

caminhões isotérmicos como em latões. O leite é descarregado em um coletor externo ligado a

um tanque de recepção dentro da planta de processamento.

A B C

D E F

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Figura 4 - Sequenciamento do processo de recepção do leite em duas empresas de laticínios localizadas no sertão central.

Fonte: Autoria própria (2013) A – recepção do leite; B – trabalhador descarregando leite através de um conector externo; C - tanque de armazenamento.

Durante está etapa não são exigidos grandes esforços ao trabalhador, a única atividade

realizada pelo mesmo é conectar o coletor ao tanque de recepção e armazenamento.

4.3.1.2 Processo de pasteurização

O processo de pasteurização consiste em submeter um produto alimentício (no caso

estudado o leite) a alta temperatura e, logo em seguida, a baixa temperatura. Esta rápida

variação de temperatura faz com que seja possível matar os germes e bactérias existentes no

alimento. O processo ocorre em um aparelho chamado de pasteurizador.

O processo foi desenvolvido pelo cientista francês Luis Pasteur (1822-1895). Além de

eliminar os agentes causadores de doença, ele propicia que o alimento seja conservado por

mais tempo. Nesta fase do processo também não são exigidos grandes esforços dos

trabalhadores, pois o processo é totalmente automatizado.

A B C

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Figura 5 - Processo de pasteurização do leite em duas indústrias de laticínios do sertão central.

Fonte: Autoria Própria (2013).

4.3.1.3 Embalagem/empacotamento (Leite/ Iogurte/ Bebida Láctea)

O processo de embalagem/empacotamento é automatizado, a máquina tem um ciclo

médio de 1,75s por litro. O produto embalado é lançado em um basquete, que fica sobre uma

esteira, em seguida o funcionário faz uma rápida inspeção para verificar se não a vazamento e

posteriormente seleciona os pacotes que não apresentaram defeitos e envia para

armazenamento.

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Figura 6 - Máquina empacotadora da empresa 1

Fonte: Autoria própria (2013)

Figura 7 - Máquina empacotadora na empresa 2

. Fonte: Autoria própria (2013)

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4.3.2 Atividades realizadas somente na empresa 2

Apenas na empresa 2 é realizado o processo de fabricação de iogurte e manteiga de

garrafa.

4.3.2.1 Manteiga de garrafa

O creme de leite é extraído pela desnatadeira e é levado para ferver por algumas horas,

até que suas partículas sólidas, popularmente chamada de borra, se precipitem, separando-se

da parte gorda (manteiga). Mexendo-se sem parar, a borra vai se decantando e tostando no

fundo da panela. No fim desse processo, a manteiga – que adquire uma cor amarela intensa –

é filtrada e colocada em garrafas.

Figura 8 - Equipamento utilizado para engarrafar a manteiga.

Fonte: Autoria própria (2013)

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4.3.2.2 Iogurte

A primeira fase do processo de produção de iogurte consiste na Mistura que é

padronização do leite no teor de gordura desejável e adição de todos os ingredientes em um

tanque hermético, que não permite a entrada de qualquer corpo estranho e/ou bactérias

indesejáveis. Em seguida ocorre a homogeneização que é a mistura dos produtos com

gordura passa por um equipamento chamado homogeneizador, o qual trabalha por meio de

alta pressão. A homogeneização tem como objetivo reduzir o tamanho dos glóbulos de

gordura e obter, no produto acabado, uma consistência lisa e cremosa.

Na etapa de pasteurização, um equipamento chamado Pasteurizador aquece toda a

mistura do iogurte, a fim de eliminar todas as bactérias indesejáveis que possam estar

presentes na mistura. Logo após ocorre a fermentação onde a lactose (o açúcar do leite) é

transformada em ácido láctico, que será o agente da coagulação do leite. São usadas duas

bactérias para a transformação da lactose em ácido lático: Lactobacillus bulgaricus e

Streptococcus thermophilus. A fermentação ocorre a uma temperatura de 42 a 43º C durante

aproximadamente 4 horas.

Na última etapa ocorre o resfriamento e adição de sabores. No resfriamento: quando o

produto atinge a acidez desejada, ele é resfriado e enviado a outro tanque hermético. Já na

fase de adição de sabores, o produto recebe a polpa de frutas, aromas ou frutas de acordo com

as características pretendidas.

4.4 ANÁLISE DOS POSTOS DE TRABALHO

Durante esta etapa do trabalho, buscou-se classificar juntamente com os trabalhadores

os setores nos quais se apresentava o maior índice de erros ergonômicos, bem como os

principais danos sofridos em decorrência das atividades realizadas em cada domínio. Segundo

Iida (2005) Existe um certo tipo de postura que pode ser considerado mais adequado a cada

tipo de tarefa. Muitas vezes, projetos inadequados de máquinas, assentos ou bancadas de

trabalho obrigam o trabalhador a usar posturas inadequadas. Se estas forem mantidas por um

longo tempo, podem provocar fortes dores localizadas no conjunto de músculos que foram

solicitados na adoção dessas posturas.

O trabalho é realizado em pé em quase toda sua totalidade em uma atividade altamente

repetitiva e que exige em algumas etapas a inclinação do tronco. Além do transporte de cargas

sem nenhum tipo de facilitador.

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Abaixo serão listados os principais desvios ergonômicos diagnosticados em cada posto

de trabalho, bem como propostas de melhoria para ambas as situações.

4.4.1 Posto 1: Embalagem/empacotamento

O processo de embalagem/empacotamento ocorre nas duas empresas de forma

semelhante. O processo é automatizado, a máquina tem um ciclo médio de 1,75s por litro. O

produto embalado é lançado em um basquete, que fica sobre uma esteira, em seguida o

funcionário faz uma rápida inspeção para verificar se não há vazamento e posteriormente

seleciona os pacotes que não apresentaram defeitos e para armazenamento. Durante o

acompanhamento da produção, foi constatado que o funcionário realiza toda a sua atividade

em pé, com movimentos repetitivos e com inclinações no tronco.

4.4.1.1 Trabalho em pé

Durante a execução o trabalhador passa todo o tempo em pé, trabalhando em um ritmo

acelerado e repetitivo, que é ditado pela máquina. Segundo Iida (2005), a posição parada em

pé, é altamente fatigante por ser uma postura estática e, por isso mesmo, encontra maiores

resistências para o coração bombear sangue para os extremos do corpo. A Norma

Regulamentadora 17 – Ergonomia estabelece que para as atividades em que os trabalhos

sejam realizados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam

ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas.

4.4.1.2 Repetitividade

Já com relação à repetitividade, é preferível que o trabalhador desenvolva seu próprio

ritmo, instituindo um tempo de pausa a cada hora de trabalho. Algumas medidas podem ser

tomadas para reduzir o grau de repetição, como o revezamento e pausas. Nas duas empresas,

não a um tempo de pausa instituído nem há revezamento, porém 100% dos trabalhadores tem

autonomia para realizar pausas no momento em que desejar para ir ao banheiro, beber água ou

realizar lanches.

Segundo Iida (2005), o trabalho repetitivo reduz a vigilância e tende a provocar erros e

acidentes. Tudo isso se reflete na baixa qualidade da produção, aumento de absenteísmo e

rotatividade. Os métodos muito simples e altamente repetitivos tem a desvantagem de exigir

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sempre a contração dos mesmos músculos, acumulando a fadiga localizada. Aumentando-se a

variedade de tarefas, essa fadiga poderá ser melhor distribuída.

Quando questionados se consideram que precisam trabalhar em um ritmo muito rápido

para cumprir suas tarefas, na empresa 1, 80% respondeu que não e apenas 20% responderam

que sim. Já na empresa 2, 66,67% afirmou que não enquanto 33,33% disse que sim.

Segundo dados colhidos com os trabalhadores nas empresas estudadas, observou-se que

a maioria (empresa 1 = 100%, empresa 2 = 88,89%) dos trabalhadores considera que exerce

uma atividade repetitiva (gráfico 2).

Gráfico 1 - Opinião dos trabalhados em relação à atividade desenvolvida quanto à repetitividade

Fonte: Autoria própria (2013).

4.4.1.3 Trabalho com inclinação do tronco

Por vezes o trabalhador precisa inclinar o tronco no momento em que desloca os pacotes

da esteira para as basquetes de armazenamento (como observado na figura 8 ). As inclinações

de tronco, em função da intensidade dos movimentos podem contribuir para o surgimento de

distúrbios na coluna vertebral, sendo a dor lombar considerada a principal causa de

absenteísmo ocupacional (KSAM, 2003). Uma inclinação de 30° do tronco para frente pode

aumentar em mais de 70% a carga atuante entre os discos intervertebrais (PERES et al.,

2001).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

empresa 1 empresa 2

sim

não

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Figura 9 - Trabalhador realizando atividades na etapa de empacotamento/embalagem.

Fonte: Autoria própria (2013). A e B – trabalhador inspecionando e separando os pacotes; C – trabalhador empurrando as basquetes para a câmara fria.

4.4.2 Posto 2: Armazenamento

Na empresa 1, Cada basquete é preenchida com 25 pacotes de leite de 1L cada e em

seguida essa basquete é empurrada pela esteira que tem acesso direto para a câmara fria,

onde outro funcionário faz a recepção e armazena em forma de pilhas verticais. Já na empresa

dois não há ligação direta entre a câmara fria e a esteira da empacotadeira, então o funcionário

forma as pilhas e em seguida faz o transporte manual dessa carga, sem nenhum tipo de

facilitador, para o armazenamento.

4.4.2.1 Levantar, transportar manualmente e/ou empurrar cargas.

Nesta etapa, pode-se identificar que há o levantamento de cargas, no momento em que o

trabalhador formas as pilhas para o armazenamento, bem como o seu transporte. Segundo,

Mazetto (2011) cerca de 25% de todas as lesões que ocorrem estão diretamente relacionadas

ao levantamento, ao transporte e ao deslocamento de materiais.

Osha (2007) afirma que a movimentação manual de cargas pode causar danos

cumulativos e deteriorar gradativamente o sistema esquelético e muscular, devido a atividades

contínuas de movimentação e elevação de objetos.

De acordo com a Norma Regulamentadora n°17 (NR-17), no que se refere ao

levantamento, transporte e descarga individual de materiais, sendo esta manual ou por meio

A B C

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de vagonetes, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico, não deverá ser exigido do

trabalhador que o mesmo transporte pesos que comprometam a sua saúde ou segurança, sendo

este esforço compatível com a sua força. (BRASIL, 1990).

Ainda no contexto da NR-17, para as cargas não leves, os funcionários devem receber

treinamento ou instruções satisfatórias de métodos de trabalho, com o objetivo de

salvaguardar a saúde e prevenir acidentes. (BRASIL, 1990).

Já o movimento de puxar e empurrar, segundo Dul e Weerdmeester (1995), provoca

tensões nos braços, ombros e costas. As lesões nas costas representam aproximadamente 30%

do total de lesões ocorridas nas indústrias. De todas as lesões nas costas relacionadas com o

manejo manual de materiais, 20% são devidas as atividades de empurrar e puxar.

A postura correta para puxar ou empurrar é aquela que permite usar o peso do próprio

corpo a favor do movimento. A capacidade para empurrar e puxar depende de diversos fatores

como a postura, dimensões antropométricas, sexo, atrito entre o sapato e o chão e outros.

(IIDA,1993).

Figura 10 - Pilhas formadas na empresa 2, para posterior armazenamento

Fonte: Autoria própria (2013)

4.4.3 Posto 3: Preparação e engarrafamento da manteiga

Desde a preparação ao engarrafamento da manteiga foi diagnosticado que o trabalhador

assume várias posturas errôneas. Alexandre (1998) cita que determinadas posturas e

movimentações, se forem repetitivas e de forma errônea, podem afetar a musculatura e a

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constituição ósseo-articular, gerando dores prolongadas, ocasionando lesões permanentes e

causando deformidades no indivíduo.

4.4.3.1 Trabalho sentado

Durante a etapa de engarrafamento da manteiga, o trabalhador permanece todo o tempo

sentado em um banco. O banco é baixo, devido a isso o corpo desliza para frente prejudicando

sua estabilidade, e não apresenta nenhum tipo de encosto, o que prejudica muito o

funcionário, já que uma superfície de apoio garante uma melhor distribuição do peso corporal

e um melhor relaxamento.

Segundo Iida(2005), o assento deve permitir mudanças frequentes de posturas, para

retardar o aparecimento de fadiga. De acordo com a NR- 17, os assentos utilizados nos postos

de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: altura ajustável à

estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; características de pouca ou nenhuma

conformação na base do assento; borda frontal arredondada; encosto com forma levemente

adaptada ao corpo para proteção da região lombar. (BRASIL, 1990). Ainda de acordo com

essa mesma norma, sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de

trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição.

Figura 11 - Movimentos realizados durante o processo de engarrafamento da manteiga

A – trabalhador apanha a garrafa seca; B - enche a garrafa; C – e armazena na basquete ao lado que contem as garrafas cheias. Fonte: Autoria própria (2013)

A B C

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4.4.3.2 Repetitividade

A atividade de engarrafamento da manteiga é altamente repetitiva. São engarrafadas

diariamente 90 unidades contendo 500mL, 30 unidades de 200mL e 30 unidades de 100mL.

Não há nenhum tipo de revezamento nesta atividade, o mesmo funcionário faz todo o

processo. Também não é instituído, por parte da empresa, um tempo de pausa, porém os

funcionários tem autonomia para fazê-lo no momento em que desejar.

A combinação de trabalho monótono e repetitivo com a alta carga de estresse mental

exige uma continua mobilização das reservas bioquímicas, que, a longo prazo, afetam

adversamente o estado geral da saúde do trabalhador. (JOHANSSON et al., 1976).

4.4.3.3 Trabalho com torção do tronco

Na execução da atividade o trabalhador está constantemente fazendo um movimento de

torção do tronco. Primeiro para alcançar as garrafas vazias, em seguida enche e realiza o

mesmo movimento de torção para depositar as garrafas já cheias para posterior

armazenamento.

4.4.4 Análise geral dos postos I, II e III

Em decorrência das atividades desenvolvidas nos postos citados acima pode se

perceber, através da análise dos dados obtidos no formulário, que a maioria dos trabalhadores

relataram sentir cansaço durante a execução de suas atividades, bem como dores em

consequência dos movimentos realizados em suas atividades laborais.

Na empresa 1, 80% relatam sentir cansaço, sendo que 80 % sentem cansaço físico e

20% sentem cansaço mental. Dos que relataram sentir cansaço físico, 60 % falaram que

sentem dores durante ou após as atividades. Enquanto que, na empresa 2, 44,44% afirmam

sentir cansaço, sendo que 77,78% e 22,22% sentem cansaço físico e mental respectivamente.

Dos que citaram sentir cansaço físico, 66,67% disseram que sentem dores durante a atividade

laboral. Dos que sentem dores, Na empresa 1, 20 %relataram sentir dores no braço esquerdo,

20 % no braço direito, 20% no pescoço e 40% nas costas. No entanto, nenhum trabalhador

desta empresa relatou sentir dores nas pernas, na mão direita e esquerda e na cabeça. Já na

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empresa 2, dos que sentem dores a durante ou após a realização das tarefas, 100% relataram

sentirem dores nas costas.

O gráfico 1 identifica as partes do corpo mais atingidas em decorrência das atividades

realizadas no setor de produção de duas empresas de laticínios localizadas no sertão central.

Gráfico 2 - Partes do corpo que os trabalhadores relatam ser mais atingidos pela execução das atividades no setor de produção.

Fonte: Autoria própria (2013)

4.5 ANÁLISE DO AMBIENTE DE TRABALHO

Quando questionados se consideram o ambiente de trabalho adequado para a realização

das atividades 100% responderam que sim. No entanto, quando perguntou-se sobre as

condições ambientais do trabalho, em ambas as empresas , as principais queixas dos

trabalhadores nesse contexto, são com relação ao ruído e a temperatura. Já com relação à

iluminação 100% dos entrevistados, ambas as empresas consideram-na boa.

4.5.1 Temperatura

A temperatura do ambiente é bastante elevada, pois o espaço não tem uma ventilação

eficiente, além da intensa variação de temperatura a qual os trabalhadores estão sujeitos

devido a constante deslocamento para as câmaras frias. Na empresa 1, 100% dos funcionários

afirmaram que o ambiente é quente. Na empresa 2, 55,56% dos trabalhadores avaliaram a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Braço direito Braço esquerdo Pescoço costas

Empresa 1

Empresa 2

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temperatura do ambiente como normal e 44,44 % relatam o ambiente como quente. Em ambas

as empresas não foram citadas as opções gelada e normal (gráfico 3).

Nas indústrias de alimentos, uma série de atividades profissionais submete os

trabalhadores a ambientes que apresentam condições térmicas diferentes daquelas a que o

organismo humano está habitualmente acostumado. Estes profissionais ficam expostos ao

calor ou frio intensos, os quais podem comprometer seriamente a sua saúde. O homem que

trabalha em ambientes de altas temperaturas sofre de fadiga, seu rendimento diminui, ocorrem

erros de percepção e raciocínio e aparecem sérias perturbações psicológicas que podem

conduzir a esgotamentos e prostrações (SAAD, apud VIEIRA, 1997).

Gráfico 1 - Opinião dos trabalhadores em relação à temperatura do ambiente de trabalho.

Fonte: Autoria própria (2013).

4.5.2 Ruído

Na etapa de produção, o ruído é bem alto em virtude do funcionamento das máquinas.

Na empresa 1, 80% dos funcionários avaliaram o ruído como alto e 20% o consideraram

normal. Na empresa 2, 77,78% citaram o ruído como sendo alto e 22,28% como normal. Em

nenhuma das empresas foi citada a opção de ruído baixo (Gráfico 4).

O ruído pode ser considerado um parâmetro de grande relevância para a indústria de

laticínios, pois esta apresenta diversas fontes causadoras para este distúrbio. Sua presença no

ambiente de trabalho pode provocar danos ao aparelho auditivo e até mesmo a surdez.

(LAVILLE, apud TOMAZ et al., 2000).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Empresa 1 Empresa 2

Normal

Quente

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Gráfico 2 - Opinião dos trabalhadores com relação aos níveis de ruído do ambiente de trabalho.

Fonte: Autoria própria (2013).

4.6 LESÕES DECORRENTES DA ATIVIDADE

Durante a aplicação dos formulários, os trabalhadores foram questionados se já havia

ocorrido alguma lesão em decorrência das atividades desenvolvidas. Na empresa 1, 100% dos

funcionários afirmaram nunca terem sofrido nenhuma lesão. Já na empresa 2, 88,89%

disseram que não, porém 11,11% afirmaram que sim (gráfico 5). O acidente ocorrido na

empresa 2, se deu da seguinte forma: o trabalhador estava no posto de empacotamento,

enquanto a máquina fechou e prendeu seu dedo. Em decorrência desse acidente o trabalhador

teve seu dedo prensado, perdendo assim uma das unhas.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Empresa 1 Empres 2

Alto

Nomal

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Gráfico 3 - Lesões decorrentes das atividades desenvolvidas no setor de produção de duas indústrias de laticínios localizadas no sertão central.

Fonte: Autoria própria (2013).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Empresa 1 Empresa 2

Sim

Não

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5 CONCLUSÃO

A pesquisa realizada com os trabalhadores do setor da produção de duas indústrias de

laticínios, localizada no sertão central do RN, mostra que o perfil dos trabalhadores é, na sua

maioria, do sexo masculino. No setor em estudo, as atividades ficam divididas em três

funções: auxiliar de produção, que representam a maior porcentagem de trabalhadores nas

duas empresas, o operador de caldeira e o operador de máquinas.

Durante o estudo realizado, foi constatado que os funcionários executam suas

atividades, na sua grande maioria, de pé, utilizando-se de posturas inadequadas, em tarefas

que exigem esforços intensos e repetitivos. Como se pôde constatar, em ambas as empresas, a

maioria dos funcionários descreveu a atividade como sendo repetitiva, e todos relatam que a

consideram monótona.

Durante o processo de embalagem (leite/ iogurte/ bebida láctea), que é comum às duas

empresas, os funcionários trabalham em um ritmo muito rápido, que é ditado pela máquina.

Eles são responsáveis por recolher os pacotes da máquina empacotadora e armazenar em

basquetes para então “empurra-los” até a câmara fria para que o produto possa ser estocado.

Todo esse processo é feito com o trabalhador de pé e em movimento constante.

Na etapa de armazenamento o trabalhador realiza o levantamento e transporte manual

de cargas sem nenhum tipo de facilitador. Esses esforços podem favorecer o surgimento de

lesões nos membros inferiores, superiores e na coluna.

Já no engarrafamento da manteiga, que ocorre somente na segunda empresa, foram

diagnosticadas diversas irregularidades com relação à postura do trabalhador. O trabalhador

fica sentado em um banco muito baixo sem encosto, ficando todo o tempo com o tronco e o

pescoço inclinado, além de, por consequência da altura do banco, o corpo está constantemente

deslizando para frente prejudicando assim a sua estabilidade.

De acordo com o acompanhamento dos postos de trabalho, pode-se observar que as

principais queixas apresentadas pelo trabalhador em relação às atividades realizadas são:

monotonia, repetitividade, cansaço e dores. Já com relação ao ambiente as queixas dizem

respeito ao ruído e a temperatura.

Logo, através desta análise dos postos de trabalho do setor de produção na indústria de

laticínios, pode-se perceber que há uma carência de ações ergonômica tanto preventivas como

corretivas bem como a conscientização dos gestores e empregados. Pequenas atitudes, como,

eliminação de movimentos/ posturas críticas, revezamentos, pausas, treinamento adequado ao

trabalhador para execução de determinadas tarefas, de modo que não haja nenhum tipo de

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prejuízo ao mesmo, entre outras medidas, evitariam uma queda na produtividade,

proporcionando assim que o funcionário trabalhe com segurança e conforto para que tenha

uma melhor eficiência. Dessa forma, pode-se perceber que a implementação da ergonomia

em um ambiente de trabalho traz benefícios tanto para o trabalhador, como para empresa,

através de um aumento na produtividade.

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APÊNDECE A – FORMULÁRIO

FORMULÁRIO PARA REALIZAÇÃO DE ANÁLISE ERGONÔMICA

I – DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS DOS TRABALHADORES

A) NOME:__________________________________________________________________

B) SEXO:

M ( ) F( )

C) IDADE:

0 - 30 ( ), 31 – 40 ( ), 41 – 50( ), 51 – 60 ( )

D) FUNÇÃO:

Auxiliar de produção ( ) Operador de máquinas ( ) Operador de caldeira ( )

II - COM RELAÇÃO AO CANSAÇO E DORES

A) VOCÊ SENTE CANSAÇO DURANTE SEU TRABALHO?

Sim ( )

Não ( )

Moderado ( )

Bastante ( )

Seu cansaço é:

Físico ( )

Mental ( )

B) VOCÊ SENTE DORES NO CORPO, DURANTE OU APÓS EXECUÇÃO DO SEU

TRABALHO?

Sim ( )

Não ( )

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C) SE RESPONDEU SIM, ONDE DÓI?

Pernas ( )

Braço direito ( )

Braço esquerdo ( )

Mão direita ( )

Mão esquerda ( )

Pescoço ( )

Costas ( )

Cabeça ( )

Outros:_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

III – COM RELAÇÃO À ATIVIDADE DESENVOLVIDA

A) VOCÊ CONSIDERA QUE EXERCE EM SEU TRABALHO UMA ATIVIDADE

REPETITIVA?

Sim ( )

Não ( )

B) VOCÊ ACHA SEU TRABALHO:

Monótono ( )

Estimulante ( )

C) VOCÊ ACHA QUE TEM QUE TRABALHA NUM RITMO MUITO RÁPIDO

PARA PODER CUMPRIR SUAS TAREFAS?

Sim ( )

Não ( )

IV – COM RELAÇÃO ÀS PAUSAS

A) VOCÊ TEM PAUSA PARA DESCANSO ( SEM SER CAFÉ, ALMOÇO OU

ÁGUA)?

Sim ( )

Não ( )

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B) VOCÊ PODE AUSENTAR-SE LIVREMENTE PARA IR AO BANHEIRO OU

TOMAR AGUA?

Sim ( )

Não ( )

C) VOCÊ CONSIDERA SEU TEMPO PARA ALMOÇO E CAFÉ:

Curto ( )

Regular ( )

Bom ( )

IV – COM RELAÇÃO AO AMBIENTE

A) VOCÊ CONSIDERA A ILUMINAÇÃO DO SEU AMBIENTE DE TRABALHO?

Boa ( )

Ruim ( )

Regular ( )

B) FREQUENTEMENTE A TEMPERATURA DO SEU AMBIENTE DE TRABALHO

ESTA:

Gelada ( )

Normal ( )

Quente ( )

C) VOCÊ CONSIDERA O RUÍDO DO SEU AMBIENTE DE TRABALHO:

Alto ( )

Normal ( )

Baixo ( )

D) VOCÊ CONSIDERA O AMBIENTE EM QUE VOCÊ TRABALHA ADEQUADO

PARA AS ATIVIDADES REALIZADAS?

Sim ( )

Não ( )

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E) SE NÃO, POR QUÊ?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

V – LESÃO DECORRENTE DA ATIVIDADE DESENVOLVIDA

A) VOCÊ JÁ TEVE ALGUMA LESÃO DECORRENTE DA ATIVIDADE

REALIZADA NO SEU TRABALHO?

Sim ( )

Não ( )

B) SE RESPONDEU SIM A QUESTÃO ANTERIOR, QUAL FOI O TIPO DE LESÃO?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa “Analise Ergonômica no processo de

produção da industria de laticínios no sertão central” que é coordenada pela Profa. M.Sc.

Fabrícia Nascimento de Oliveira. Sua participação é voluntária, o que significa que você

poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga

nenhum prejuízo ou penalidade.

Essa pesquisa procura analisar os principais problemas que afetam a saúde, segurança,

satisfação e eficiência do trabalhador. Caso decida aceitar o convite, você será submetido ao

seguinte procedimento: responder a um questionário sobre as principais atividades realizadas,

se essa atividade afeta de alguma maneira saúde e/ou bem estar do trabalhador.

Quanto à participação nesta pesquisa a sua identidade e informações serão preservadas

com total privacidade, sigilo e confidencialidade, evitando qualquer constrangimento,

desconforto ou coação, eliminando possíveis riscos de dimensão física, psíquica, moral,

intectual, social, cultural ou espiritual do ser humano, em qualquer fase da pesquisa e dela

decorrente, pois o questionário não o identifica, sendo manipulado apenas pelos

pesquisadores.

Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: se for constatado alguma

inadequação nas condições ambientais do trabalho será realizado condutas de orientação,

avaliação e encaminhamento do participante a um profissional especializado.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em

nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro o qual apenas os pesquisadores

terão acesso e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários.

Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta

pesquisa, poderá perguntar diretamente para Adja Karla Rufino de Souza, no endereço de e-

mail [email protected].

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Consentimento Livre e Esclarecido

Estamos de acordo com a participação no estudo descrito acima. Fomos devidamente

esclarecidos quanto aos objetivos da pesquisa, aos procedimentos aos quais seremos

submetidos e dos possíveis riscos que possam advir de tal participação. Foram-nos garantidos

esclarecimentos que venhamos a solicitar durante o curso da pesquisa e o direito de desistir

da participação em qualquer momento, sem que nossa desistência implique em qualquer

prejuízo a nossa pessoa ou de nossa família. A nossa participação na pesquisa não implicará

em custos ou prejuízos adicionais, sejam esses custos ou prejuízos de caráter econômico,

social, psicológico ou moral. Autorizamos assim a publicação dos dados da pesquisa a qual

nos garante o anonimato e o sigilo dos dados referentes à nossa identificação.

Participante da pesquisa ou responsável legal:

NOME: _______________________________________________________________

ASSINATURA: _________________________________________________________

Pesquisador responsável:

NOME: ADJA KARLA RUFINO DE SOUZA

ASSINATURA: _________________________________________________________

Angicos, _____ de __________________________ de 20_______.

Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Rua Gamaliel Martins Bezerra, S/N. Alto da Alegria. Angicos RN.

CEP: 59515-000 - Telefone: (84) 3531-2472