analise dos sistemas-mundo

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    Charles Pennaforte

    Análise dosSistemas-Mundo

    uma pequena introdução ao

    pensamento de ImmanuelWallerstein

    cenegri edições  

    cenegri edições

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    Análise dosSistemas-Mundo

    uma pequena introdução aopensamento de Immanuel

    Wallerstein

    Charles Pennaforte

    2011

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    Copyright © 2011 Charles Pennaforte. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de12/02/1998. Proibida a reprodução total ou parcial sem aautorização expressa escrita pelo autor ou editores.Publicação sem fins lucrativos.2011Impresso no BrasilPrinted in Brazil

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Análise dos Sistemas-Mundo: uma pequena introduçãoao pensamento de Immanuel Wallerstein / CharlesPennaforte. -- Rio de Janeiro: CENEGRI - Centro deEstudos em Geopolítica e Relações Internacionais,2011. (Coleção perspectivas do mundo contemporâneo)

    Bibliografia.ISBN 978-85-61336-03-5

    1. Globalização - Aspectos sociais 2. Históriasocial 3. Mudança social 4. Política mundial5. Sistemas sociais 6. Teoria dos sistemas7. Wallerstein, Immanuel, 1930- I. Título.II. Título: Uma pequena introdução ao pensamento deImmanuel Wallerstein. III. Série.

    11-02588 CDD-303.4

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Análise dos Sistemas-Mundo : Teoriawallersteiniana : Ciências sociais 303.4

    Revisão do Texto: José Alexandre da SilvaCapa: Cenegri Edições

    Centro de Estudos em Geopolítica e Relações

    Internacionais – CENEGRICNPJ 06.984.953/0001-18http://www.cenegri.org.brRua Dois de Dezembro, 38 Grupo 602-603Flamengo - Rio de Janeiro - CEP 22220-040Tel: ++ 55 21 2195-1315 Fax: ++ 55 21 2195-1301Brasil

    Cenegri Edições

    http://www.cenegri.org.br/lojaonline

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    ColeçãoPerspectivas do Mundo Contemporâneo

    Coordenação Charles Pennaforte

    Conselho Editorial

    Ricardo Luigi

    CENEGRI

    Daniel Chaves

    Universidade Federal do Rio de Janeiro

     Angelo Segrillo

    Universidade de São Paulo

    Roberto Miranda

    Universidad Nacional de Rosario

    Leonardo Granato

    Universidad Nacional Tres de Febrero

     Amine Ait-Chalaal

    Université Catholique de Louvain

     Arturo Rúas de Cabo

    Universidad de La Habana

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     Autor

    harles Pennaforte é diretor-geral doCentro de Estudos em Geopolíticae Relações Internacionais

    (CENEGRI)  e conferencista. Possuiinúmeros artigos e trabalhos publicadosno Brasil e no exterior.

    Seus livros publicados são: PerspectivasGeopolíticas —  Uma AbordagemContemporânea (Org.), China, o Gigante do

    Século XXI (Org.)  e PanoramaContemporâneo —  Geopolítica e RelaçõesInternacionais (Org.) pela Cenegri Edições;Depois do Muro —  O Mundo Pós-GuerraFria  e Globalização —  A Nova DinâmicaMundial   pela Editora Ao Livro Técnico; América Latina e o Neoliberalismo: Argentina, Chile e México e Fragmentação eResistência: o Brasil e o Mundo no Século XXI   pela Editora E-Papers. Em coautoria,Enciclopédia de Guerras e Revoluções doSéculo XX  pela Elsevier/Campus.

    É docente do curso de Geografia dasFaculdades Integradas Simonsen (RJ) ecoordenador acadêmico da Escola de AltosEstudos Estratégicos (EAEEG).

    C

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     Agradecimentos

    Gostaria de agradecer a leitura crítica do

    professor Ricardo Luigi.

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    SUMÁRIO

    Introdução15

     As Origens da Análise dosSistemas-Mundo

     26

     A Análise dos Sistemas-Mundo35

    Os Ciclos do Sistêmicos de Acumulação49

    O Declínio da Hegemonia dos EUA

    63

     A Utopística71

     As Perpectivas do Mundo

    Contemporâneo76

    Bibliografia78

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    Duas coisas ameaçam o mundo: a ordem e adesordem.

    Paul Valéry

    Eles praticam um massacre e o chamam de paz.

    Tácito

    Os homens que mudaram o mundo nunca o fizeram mudando os dirigentes, mas sempre

    agitando as massas.

    Napoleão Bonaparte

    O capitalismo só tem êxito quando começa a seridentificado com o Estado, quando ele próprio é o

    Estado.Fernand Braudel

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    l

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    Análise dos Sistemas-Mundo

    15

    Introdução 

    Sigo creyendo que el análisis de los sistemas-mundo, esen primer lugar una protesta en contra de las formasen las cuales la ciencia social se presenta actualmente,

    e incluyendo aquí el ámbito de su modo de teorizar.Immanuel Wallerstein1 

    herança marxista desde o início

    do século passado semprecolocou o capitalismo como

    “pronto” para o colapso. Na verdade, as

    próprias observações de Marx sobre o

    caráter autofágico do capitalismo e suasincoerências estruturais apontavam (e

    apontam) para a sua “crise final”. Processo

    1  “Continuo acreditando que a an|lise dos sistemas-

    mundo é, em primeiro lugar, um protesto contra asformas nas quais a ciência se apresenta atualmente,incluindo aqui, o }mbito de sua forma de teorizar”. In:The itinerary of world-systems analysis or how toresist becoming a theory. A pud   ImmanuelWallerstein y la Perspectiva Crítica del “Análisisde los Sistema-Mundo. Carlos Antonio A. Rojas.Textos de Economia. Florianópolis, v. 10, nº 2, p. 14,

    jul/dez, 2007.

    A

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    esse, inerente ao desenvolvimento do

    próprio capitalismo. Sobre isso, inclusive,

    não há dúvidas.

    Basta uma leitura atenta da obra marxiana.

    Não se trata de “positivismo” ou

    “catasfrofismo” anticapitalista.

    Contudo, a capacidade de superação da

    burguesia (termo quase esquecido hoje em

    dia) ou dos investidores (o termo mais

    moderno) na criação de saídas e/ou

    “fórmulas”  para manter o seu sistema

    “saud|vel”  frente aos dilemas estruturais,

    não pode ser levada em conta no início da

    análise do capitalismo enquanto sistema

    no século XIX. O motivo era óbvio: o

    capitalismo estava ainda em

    desenvolvimento.

    Alguns teóricos foram importantes

    para a superação positiva do legado

    marxiano e compreensão da dinâmica

    capitalista desde então. Se por um lado

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    Marx teorizou o capitalismo em sua lógica

    estrutural e ideológica, coube a Lênin

    transformar a realidade e não somente

    interpretá-la, parafraseando uma da teses2 

    de Marx nas Teses Sobre Feuerbach3.

    O líder comunista e teórico italiano

    Antonio Gramsci, também foi um

    importante colaborador nessa empreitada,

    fornecendo uma abordagem mais

    sofisticada para a análise do capitalismo e

    de sua sociedade4. A pertinência de

    Gramsci nos dias de hoje é surpreendente

    e indispensável.

    Compreender e criticar um sistema

    complexo como o capitalismo é uma tarefa

    2 Trata-se da décima primeira tese: “Os filósofos têmapenas interpretado o mundo de maneiras diferentes;a questão, porém, é transformá-lo” .3 Teses Sobre Feuerbach. Traduzido do alemão porÁlvaro Pina. Editorial "Avante! " — Edições ProgressoLisboa — Moscovo, 1982.4  Conceituações teóricas como “revoluç~o passiva”,“hegemonia”, “bloco histórico”, “funç~o piemontesa”,entre outras, fazem parte do léxico gramsciano. Sua

    influência sobre as ciência sociais é considerável.

    http://www.pcp.pt/publica/edicoes-avante/http://www.pcp.pt/publica/edicoes-avante/

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    hercúlea. Principalmente quando se

    objetiva fugir do discurso panfletário e/ou

    ortodoxo e, até mesmo, da “perfeiç~o”

    defendida pelos liberais.

    Dentro de tudo do que foi exposto até

    aqui, acredito que o trabalho intelectual

    levado a cabo por Immanuel Wallerstein é

    de suma importância para a compreensão

    da dinâmica capitalista da segunda metade

    do século XX e suas influências sobre as

    Ciências Sociais. Tal importância é atestada

    pelo seu trabalho influenciar várias áreas

    do conhecimento humano: da política às

    relações internacionais.

    O objetivo deste livro e apresentar ao

    leitor uma visão panorâmica do

    pensamento de Immanuel Wallerstein de

    forma clara e sucinta.

    Devemos salientar que não é uma

    tarefa fácil, pois o teórico navega com

    facilidade ente as várias áreas do

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    Análise dos Sistemas-Mundo

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    pensamento humano. Esperamos que o

    nosso propósito seja alcançado de forma

    integral.

    Para entendermos o trajeto intelectual

    e consequentemente os seus  objetos de

    estudo de Immanuel Maurice Wallerstein,

    faremos agora, uma breve resenha de sua

    biografia.

    Formado em Sociologia, nasceu em

    Nova Iorque (EUA) em 28 de Setembro de

    1930. Wallerstein obteve toda a sua

    formação acadêmica na Universidade de

    Columbia (Nova Iorque). O sociólogo

    lecionou na universidade até o início dos

    anos 1970.

    No Canadá lecionou Sociologia na

    Universidade McGill até 1976. Entre 1976

    e 1996 trabalhou na Universidade de

    Binghamton, Nova Iorque. Foi professor

    visitante em várias universidades do

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    mundo. Desde 2000 é pesquisador sênior

    na Universidade de Yale (EUA).

    O trabalho de Wallerstein direcionou-

    se inicialmente para os temas africanos

    pós-coloniais5. No início dos anos 1970, o

    teórico deslocou o seu interesse da África

    para a história e a dinâmica da economia

    mundial.

    O reconhecimento internacional éconstante. Além de inúmeros títulos

    honoríficos por diversas universidades ao

    redor do mundo, vale mencionar o título

    de Doutor Honoris Causa  oferecido em

    2009 pela Universidade de Brasília.

    Feito isso, vamos delinear o caminho do

    nosso livro. Ele será divido em cinco partes

    com o objetivo de facilitar a compreensão

    da obra wallersteiniana.

    5  Ao final do livro o leitor encontrará uma listacompleta dos livros publicados por Wallerstein em

    português (Brasil) e em inglês.

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    Na primeira parte, As Origens da Análise

    dos Sistemas-Mundo  (ASM), traçaremos

    uma visão geral das bases históricas e

    metodológicas que favoreceram o

    surgimento da ASM.

    A crítica à Teoria da Modernização e as

    às lutas de libertação nacional ocorridas na

    África e Ásia no pós-45, configuraram-se

    no pano de fundo para o seu surgimento.

    Na segunda parte,  A   Análise dos

    Sistemas-Mundo, veremos o arcabouço

    téorico proposto por Immanuel

    Wallerstein e suas críticas epistemólogicas

    ao entendimento da nova dinâmica gerada

    pelo surgimento do Terceiro Mundo e as

    explicações para o seu atraso econômico e

    social. Serão, ainda, explicitadas as

    principais categorias que formam a ASM.

    Na terceira parte, Os  Ciclos Sistêmicos

    de Acumulação, conheceremos a

    contribuição de Giovanni Arrighi para a

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    ASM no campo econômico, revelando as

    influências de Antonio Gramsci e de

    Nikolai Kondratieff 6.

    A quarta parte desta obra, O Declínio da

    hegemonia dos EUA, trata de uma das teses

    mais polêmicas de Wallerstein. Em seu

    livro Decline of American Power: The U.S. in

    a Chaotic World 7   de 2003, Wallerstein já

    fazia um amplo estudo sobre as origens da

    crise de hegemonia dos EUA.

    Como já assinalamos, a velha tradição

    marxista sempre apontou a inevitabilidade

    da derrocada capitalista. Inúmeros críticos

    do marxismo contantemente apontavam

    os “resquícios”  do positivismo em tais

    afirmativas. Vale lembrar que a “crença” de

    um capitalismo perfeito e equilibrado, com

    6 Economista russo que elaborou, nos anos 1930, osciclos econômicos que explicariam as crisesendêmicas do capitalismo sob uma perspectivaestrutural.7 Edição brasileira: O declínio do poder Americano.

    Rio de Janeiro, Contraponto, 2004. 

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    uma “m~o invisível”  regulando com

    perfeição a dinâmica do sistema é tão

    positivista quanto as afirmativas

    marxistas.

    A contribuição de Wallerstein para

    este tema é justamente a indicação dos

    motivos do declínio hegemônico norte-

    americano. Ou seja, ele apontou o que

    seriam os “elos fracos” do capitalismo

    contemporâneo.

    A crise econômica mundial de 2008

    pareceu corroborar as análises de

    Wallerstein até o momento. Sem a atuação

    do “famigerado” Estado, as economias

    norte-americana e mundial teriam entrado

    em uma crise tão acentuada que o crack da

    Bolsa de 1929 não se configuraria como

    algo realmente importante do ponto de

    vista histórico-econômico.

    Outro símbolo contumaz da crise

    hegemônica dos EUA é a capacidade de

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    intimidar os outros países diminiu

    consideravelmente.

    Finalizando o nosso outlook   sobre a

    obra wallersteiniana teremos  A Utopística.

    Nesta parte abordaremos os caminhos e

    perspectivas para o que está porvir na

    visão de Wallerstein.

    De que maneira devemos nos preparar

    para o que irá ocupar o lugar do

    capitalismo nesse momento de transição?

    O que virá depois do capitalismo?

    Uma obra instigante e

    fundamentalmente importante para todosaqueles que querem ficar um “passo {

    frente” na atualidade.

    O principal mérito, em minha opinião,

    de Immanuel Wallerstein é a suaatualidade na criação de visões do

    momento por que passa o capitalismo e

    suas influências sobre a vida de bilhões de

    pessoas.

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    Como ficaremos em um cenário de

    desagregação do atual ciclo de

    acumulaç~o? Os países ditos “emergentes”

    terão capacidade de ocupar o lugar das

    nações que compõem o atual ciclo de

    acumulação? E os EUA? A sua derrocada é

    inevitável ou o sistema se adaptará mais

    uma vez e superará a sua atual crise?

    Muitas perguntas? Respostas 

    certamente existem, mas não dentro do

    senso comum difundido em jornais, e

    revistas, ou por acadêmicos que fazem

    parte da “folha de pagamentos” das

    grandes corporações internacionais ou dasinstiuições de ensino vinculadas ao

    processo de manutenção sistêmico.

    Wallerstein está propondo as suas

    análises. Por que não conhecê-las?

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     As Origens da Análise dosSistemas-Mundo

    O capitalismo representa a recompensa material paraalguns, mas para que isto possa acontecer nunca podehaver recompensa material para todos.

    Immanuel Wallerstein8 

    Análise dos Sistemas-Mundo

    (ASM) surgiu da crítica ao modelode análise social e econômico

    utilizado pelas Ciências Sociais desde o

    século XIX. Do final do século XIX até 1970

    as Ciências Sociais consistiam em uma

    série de disciplinas específicas com maior

    ou menor aceitação de suas fronteiras sob

    o ponto de vista epistemológico.

    Entre 1850 e 1945, as clivagensintelectuais mais importantes entre os

    8  Ciência social e sociedade contemporânea. As

    garantias evanescentes de racionalidade, In: Comoconcebemos o fim do mundo. Rio de Janeiro,

    Editora Revan, p. 174-175, 2002.

    A

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    Análise dos Sistemas-Mundo

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    acadêmicos desde o século XIX eram: o

    passado/presente e o mundo

    Ocidental/resto do mundo. Dentro dessa

    lógica, os historiadores estudavam o

    passado e os economistas, cientistas

    políticos e sociólogos estudavam o

    presente.

    A História, a Economia, a Ciência

    Política e a Sociologia estavam voltadas

    para o mundo ocidental, enquanto os

    “orientalistas” e antropólogos estudavam o

    “resto do mundo”9. Até 1945, as fronteiras

    entre estas disciplinas eram bem

    delimitadas.

    No pós-guerra, segundo Wallerstein,

    este modelo não conseguiu dar conta da

    nova realidade surgida com o processo de

    lutas de independência.

    9  Os antropólogos estudavam as sociedades"primitivas" e os orientalistas estudavam as "grandes

    civilizações” n~o-ocidentais.

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    Sob ataque, o modelo vigente de análise

    das Ciências Sociais começou a

    enfraquecer. Para Wallerstein, “a maior

    mudança na ciência social mundial nos 25

    anos após 1945 foi a descoberta da

    realidade contemporânea do Terceiro

    Mundo”10.

    Como consequência as pesquisas do

    mundo ocidental foram divididas em três

    domínios em função da nova configuração

    do mundo moderno: o mercado

    (economia), o Estado (ciência política) e a

    sociedade civil (sociologia).

    Um novo contexto se abriu no pós-45

    com as lutas pela independência. Inúmeras

    nações foram influenciadas pela proposta

    socialista, principalmente pelo exemplo

    bem-sucedido depois da Revolução Russa

    10  A ascensão e futura falência da análise de sistemas-mundo, In: Como concebemos o fim do mundo. Op.

    cit., p. 231.

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    com a República Popular da China,

    adotaram o modelo.

    As ex-colônias trataram de defender

    sua autonomia política e cultural no bojo

    das lutas de libertação nacional e em

    eventos internacionais como, por exemplo,

    a Conferência de Bandung11  em 1955.

    Tratava-se de um processo de reafirmação

    e/ou autoafirmação perante o mundo

    ocidental.

    As novas nações que a priori  não

    deviam mais satisfações aos colonizadores,

    estavam em pleno processo de “tomar as

    rédeas” de seus destinos. 

    A perspectiva espistemológicas de

    disciplinas específicas para os países ricos

    (Metrópoles) e de outras para o “resto do

    mundo”, entrou em declínio e a integração

    11  A conferência reuniu inúmeros países do entãoTerceiro Mundo que não aceitavam a bipolaridadeentre EUA/URSS como forma de divisão do sistema

    internacional.

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    passou a ser necessária. A partir de então,

    o estudo sobre América Latina, Ásia ou

    África, tornou-se legítimo.

    O fim do poder metropolitano trouxe à

    tona uma triste realidade para as ex-

    colônias, demonstrando o real caráter do

    sistema capitalista como um todo. A ideia

    de que a ocupação europeia seria

    “benéfica”  para os povos atrasados da

    África e Ásia, não se mostrou verdadeira.

    Pelo contrário.

    O que se verificou foi um resultado

    nefasto da “civilizaç~o”  sobre os povos

    “atrasados”, principalmente na África.

    Todas as imagens de guerras, miséria e

    epidemias que vemos hoje, tem em seu

    bojo a trama criada pelos colonizadores

    europeus em suas formas econômicas e/ou

    sociais.

    Com este cenário, os movimentos

    políticos pós-coloniais, optaram por outro

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    modelo que não fosse o do colonizador, daí

    a vitória da proposta socialista e terceiro-

    mundista entre asiáticos e africanos.

    Como forma de fugir da

    responsabilidade deste legado, alguns

    setores da academia vinculados ao

    capitalismo elaboraram teorias que

    justificassem o “atraso” das ex-colônias e,

    ao mesmo tempo, “resgatassem” a

    dimensão benéfica do capitalismo

    enquanto sistema organizador sócio-

    econômico. A ideia do desenvolvimento em

    etapas, um processo evolutivo, tornou-se a

    grande “moda” no pós-guerra.

    O desenvolvimento econômico (algo

    inevitável, pela lógica dos seus defensores)

    para a solução das mazelas econômicas e

    sociais das ex-colônias ganhou força no

    meio acadêmico ocidental, oferecendo ao

    mesmo tempo, uma “perspectiva” teórica

    de melhoria para as novas nações. A

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    “culpa” do atraso social  e conômico não

    seria mais das ex-metrópoles ou do

    capitalismo enquanto sistema, mas sim do

    “baixo” desenvolvimento das antigas

    colônias.

    Surgia, assim, a Teoria da

    Modernização (TM) cujo método de análise

    era a comparação sistemática entre todos

    os Estados. A TM partia da premissa de um

    desenvolvimento linear e universal de

    todas as sociedades na direção do

    crescimento econômico. Sendo assim,

    todas as ex-colônias chegariam

    inevitavelmente ao desenvolvimentocopiando os “modelos de sucesso” das

    antigas metrópoles independentemente de

    que parte a ex-colônias estavam inseridas

    na estrutura sistêmica do capitalismo12

    .

    12 Para um aprofundamento do desenvolvimentismo eseus resultados, ver o artigo Geocultura dodesenvolvimento, ou transformação da nossa

     geocultura. In:  Após o liberalismo em busca da

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    A TM era perfeita para explicar o

    resultado não muito favorável da

    exploração colonial desde o século XIX. Na

    verdade, o que se propunha agora era um

    “choque” capitalista para as ex-colônias

    que haviam sofrido com o capitalismo.

    É na direção oposta que a ASM

    apresentou-se como uma perspectiva

    teórica para compreender e explicar a

    nova realidade do momento.

    Mais precisamente, “Se a an|lise de

    sistemas-mundo tomou forma nos anos

    [19]70, foi porque as condições do seu

    surgimento estavam maduras no interior

    do sistema-mundo”13.

    Continuando, Wallerstein afirma que

    ‘(...) [a] “intenç~o original da an|lise dos

    reconstrução do mundo. Rio de Janeiro, EditoraVozes, 2002.13  A ascensão e futura falência da análise de sistemas-mundo, In:  Como concebemos o fim do mundo,

    p. 231.

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    Charles Pennaforte

    34

    sistemas-mundo [era] o protesto contra a

    teoria da modernizaç~o”14 (...).

    Finalizando, ele argumentou que,

    It is at point that world-systems

    analysis presented itself as aknowledge movement that made aseries of arguments which calledinto question first modernizationtheory and then, morefundamentally, the whole structureof the social sciences as they hadbeen constructed in the nineteenthcentury.15 (…) 

    O cenário para a formulação de

    respostas ao status quo pós-colonial estava

    formado.

    14 Ibidem, p. 234.15

      “É no ponto que a análise de sistemas-mundo seapresenta como um movimento de conhecimento quefez uma série de argumentos que pôs em causa ateoria da modernização e depois, maisfundamentalmente, toda a estrutura das ciênciassociais como tinham sido construídos no século XIX”.Immanuel Wallerstein. World System History,World-System Analysis. Encyclopedia of Life

    Support Systems (EOLSS).

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    Análise dos Sistemas-Mundo

    35

     A Análise dos Sistemas-Mundo

    gora iremos conhecer as bases

    teóricas da ASM. No capítuloanterior observamos as

    contradições sistêmicas que permitiram o

    surgimento da ASM.

    A construção teórica elaborada porImmanuel Wallerstein possui três

    influências importantes na sua

    constituição: a Escola dos  Annales, o

    Marxismo e a Teoria da Dependência16.

    Sendo da primeira*,

    (…) “Wallerstein got from Braudel’shis insistence on the long term (lalongue durée). (…) The impact of the

    Annales is at the generalmethodological level”. 

    16  Vela, Carlos A. Martinez. World Systems Theory.ESD. 83 Fall 2001, p.3.* (…) “Wallerstein tomou de Braudel a sua insistênciana longa duração (longue durré). (...) O impacto dos

    Annales est | no nível metodológico geral”. Ibidem.

    A

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    Charles Pennaforte

    36

    A contribuição dos Annales através da

    longue durré (longa duração) ajudaria na

    compreens~o do “sistema-mundo” como

    um “sistema-histórico” que possuiria um

    “ciclo” de vida: a ascensão e a decadência.

    Sendo assim, exisitira um processo

    dinâmico e dialético que permitira a

    existência de um sistema-mundo que seria

    substituído por outro, ocorrendo, assim, os

    períodos de transições17.

    De Marx**,

    “Wallerstein learned that (1) thefundamental reality if social conflict

    among materially based humangroups, (2) the concern with a

    17 A análise do sistema-mundo: a segunda fase. In: Ofim do mundo como o concebemos. Rio de Janeiro,Editora Revan, p. 306, 2002.**

      “Wallerstein aprendeu que (1) a realidadefundamental esta materialmente baseada no conflitosocial entres os grupos humanos (2) a precupaçãorelevantes com a totalidade, (3) a natureza tansitóriadas formas sociais e téoricas sobre elas (4) acentralidade do processo de acumulação e dacompetitividade da luta de classes resulta dela (5) umsenso dialético do movimento através do conflito e da

    contradiç~o”. Vela, Carlos A. Martinez. Op. cit. p. 3.

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    Análise dos Sistemas-Mundo

    37

    relevant totality, (3) the transitory

    nature of social forms and theoriesabout them, (4) the centrality of theaccumulation process andcompetitive class struggles thatresult from it, (5) a dialectical senseof motion through conflict and

    contradiction”. 

    A Teoria da Dependência***,

    (…) “draws heavily formdependency theory, a neo-Marxistexplanation of developmentprocesses, popular in thedeveloping world (…) Dependencytheory focuses on understandingthe ‘periphery’ by looking at core-periphery relations (…)” 

    Os economistas Karl Polanyi e Joseph

    Schumpeter também forneceram

    importantes observações para os trabalhos

    de Wallerstein. Para alguns analistas, a

    ASM seria de alguma maneira uma

    ***  (...) “inspira-se fortemente forma a teoria dadependência, uma explicação neo-marxista dosprocessos de desenvolvimento, popular no mundo emdesenvolvimento (...) A teoria da dependênciaconcentra-se na compreensão da "periferia", olhando

    para as relações centro-periferia”. Ibidem.

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    Charles Pennaforte

    38

    adaptação da TD por apresentar uma

    explicação do processo de

    desenvolvimento econômico atrelado à

    dinâmica Centro (países ricos),

    Periferia e Semi-Periferia (países

    subdesenvolvidos)18.

    Nesse processo, os países pobres

    levariam desvantagens qualitativas nos

    termos de troca entre produtos de pouco

    valor agregado (matérias-primas, por

    exemplo) por produtos de alto valor

    agregado (indistrializados) das nações

    mais desenvolvidas (Centro) dentro do

    sistema-mundo capitalista. O desníveltecnológico entre as nações seria o ponto

    central no processo de atraso econômico e

    social e na manutenção desse status quo.

    Sobre tais influências Wallerstein

    construiu uma importante análise de

    interpretação da realidade capitalista nos

    18

     Ibidem, p. 4. 

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    Análise dos Sistemas-Mundo

    39

    últimos trinta e cinco anos e com grande

    influência nas Ciências Sociais. Como já

    vimos, o teórico refuta19  ideia de ter

    construído uma “teoria dos sistemas-

    mundo”. 

    Segundo ele,

    “[...]  sempre resisti a usar o termo‘teoria dos sistemas-mundo’,frequentemente empregado paradescrever o que estamos discutindo,especialmente por não especialistas,e tenho insistido em chamar nossotrabalho de “análise de sistemas-mundo”. É cedo demais parateorizar de maneira minimamenteséria, e quando chegarmos ao ponto

    de fazê-lo, é a ciência social e não ossistemas-mundo que devemosteorizar. Vejo o trabalho dos últimosvinte anos e de alguns anos adiantecomo limpeza de terreno que nospermitirá construir um uma

    estrutura útil para a ciência social.

    19  A ascensão e futura falência da análise de sistemas-mundo. In: O fim do mundo como o concebemos.

    Rio de Janeiro, Editora Revan, p. 231, 2002.

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    40

    Como já assinalamos, a ASM surgiu

    como um movimento de conhecimento que

    fez uma série de argumentos que puseram

    em xeque a TM e depois, mais

    fundamentalmente, toda a estrutura das

    Ciências Sociais como tinha sido

    construída desde o século XIX.

    Para Wallerstein, a ASM deveria conter

    três eixos. Uma teria a ver com o espaço,

    outra com o tempo, e com a epistemologia:

    1)  O Sistema-Mundo (não os Estados-Nação) é a unidade básica de análisesocial;

    2) 

    Nem as epistemologias idiográficas20

     e nomotéticas21  são úteis paraanálise da realidade social e

    20

      Corresponderiam, grosso modo, às ciênciashumanas/sociais, cuja metodologia não estarianecessariamente vinculada à criação de leis gerais degrande envergadura explicativa como os eventos queocorrem no universo.21  Estabelecem leis gerais para fenômenossusceptíveis serem reproduzidos para a compreensãodo universo. De modo geral, corresponderiam às

    ciências exatas.

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    Análise dos Sistemas-Mundo

    41

    3)  A existência de limites das

    disciplinas dentro das ciênciassociais não faz qualquer tipo desentido intelectual.

    Wallerstein definia o sistema-mundo

    como (...) “[uma] divisão territorial do

    trabalho multicultural na qual as

    produções e intercâmbio de bens básicos e

    matérias-primas é necessária para a vida

    de seus habitantes todos os dias”22.

    Um detalhe importante sempre

    mencionado pelos críticos da ASM é a

    dicotomia macro-micro, local/nacional.

    Para Wallerstein isso seria uma falsa

    polêmica, pois delimitar se as fronteiras

    sociais correspodem ao sistema-mundo ou

    às nações-Estado é o menos importante.

    Para o sociólogo norte-americano,

    22  (...) “multicultural territorial division of labor inwhich the productions and exchange o basic goodsand raw materials is necessary for the everyday life of

    its inhabitants”. Vela, Carlos A. Martinez. Op. cit., p.4.

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    (...) a real novidade é que a

    perspectivas dos sistemas-mundonega que a “Nação-Estado”represente em algum sentido uma“sociedade” relativamente autônomaque se “desenvolve” ao longo dotempo23.

    O capitalismo é compreendido como o

    Moderno Sistema Social, uma economia-

    mundo, que possui inúmeros centros

    políticos (Estados), que disputam a

    hegemonia do sistema. Na ASM a definição

    da hegemonia estaria acoplada aos ciclos

    sistêmicos de acumulação24.

    Para Rojas, a obra de Wallerstein

    segue quarto eixos importantes25: o

    histórico-crítico, a análise crítica, o estudo

    da história mais imediata  e a reflexão

    epistemológica crítica.

    23 A análise do sistema-mundo: a segunda fase. In: Ofim do mundo como o concebemos. Rio de Janeiro,Editora Revan, p. 306, 2002.24 Veremos esse tema no próximo capítulo.25

     Rojas, Op. cit., p. 15-20.

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    43

    O eixo histórico-crítico corresponderia

    à análise da história global do capitalismo

    desde o século XVI até os dias de hoje. A

    análise crítica  corresponde à elucidação

    dos principais processos do que seria o

    ”longo século XX” e todas as contradições

    sistêmicas.

    No estudo da história mais imediata 

    Wallerstein traça projeções do futuro do

    sistema capitalista enquanto sistema-

    mundo. O quarto e último eixo da

    abordagem wallersteiniana é a reflexão

    epistemológica crítica. Nesta etapa é feita

    uma reavaliação crítica das ciências sociaise do saber dominante na economia-mundo

    capitalista.

    O trajeto para a construção da ASM

    teve início em 1974, quando Wallerstein

    publicou The Rise and Future Demise of the

    World Capitalist System: Concepts for

    Comparative Analysis, importante

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    44

    contribuição para os estudos históricos e

    sociológicos. O objetivo de Wallerstein era

    segundo Skopcol:

    “a clear conceptual break withtheories of ‘modernization’ and thus

    provide a new theorical paradigm toguide our investigations of theemergence and development ofcapitalism, industrialism, andnational states” 26.

    O pesquisador Carlos A. Martinez Velaassinala que o objetivo era fazer umacrítica ampla aos paradigmas vigentes noperíodo:

    “Criticisms to modernizationinclude (1) the reification of the

    nation-state as the sole unit ofanalysis, (2) assumption that allcountries can follow only a singlepath of evolutionary development,(3) disregard of the world-historicaldevelopment of transnational

    26  “uma clara ruptura conceitual com as teorias de"modernização" e, assim, fornecer um novoparadigma teórico para orientar as nossasinvestigações acerca do surgimento edesenvolvimento do capitalismo, o industrialismo, eos estados nacionais”.  Apud  Vela, Carlos A. Martinez.

    Op. cit., p.2.

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    45

    structures that constrain local and

    national development, (4)explaining in terms of ahistoricalideal types of ‘tradition’ versus‘modernity’, which are elaboratedand applied to national cases”27.

    Dois anos depois, Wallerstein publicouThe Modern World System: Capitalist

     Agriculture and the Origins of the European

    World Economy in the Sixteenth Century ,

    sua magnum opus.

    Em The Modern World System,

    Wallerstein teve como objetivo

    desenvolver um quadro teórico que

    permitisse a compreensão das mudançashistóricas envolvidas na ascensão do

    mundo moderno.

    27 “As críticas à modernização incluem (1) a reificação

    do Estado-nação como a única unidade de análise, (2)pressuposto de que todos os países podem seguirapenas um caminho único de desenvolvimentoevolutivo, (3) desconsideração do desenvolvimentohistórico-mundial da transnacional estruturas quecondicionam o desenvolvimento local e nacional (4),explicando em termos de tipos ideais histórica da"tradição" versus "modernidade", que são elaboradas

    e aplicadas a casos nacionais”.  Op. cit., p. 2.

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    Para Wallerstein, o moderno Sistema-

    Mundo (capitalista) poderia ser explicado

    pela crise do sistema feudal e a ascensão

    da Europa Ocidental à supremacia mundial

    entre 1450 e 1670. Tal perspectiva

    facilitaria o entendimento do processo de

    modernização no período assinalado,

    proporcionando comparações entre partes

    do mundo diferentes.

    Wallerstein28 explica que,

    Um sistema-mundo não é o sistemado mundo, mas um sistema que éum mundo e que pode ser, efrequentemente tem sido localizado

    numa área menor que o globointeiro. Uma análise de sistemasmundiais argumenta que asunidades da realidade social dentrodas quais nós operamos, cujasregras nos restringem, são na

    maioria tais sistemas mundos.

    28   Apud Márcio Roberto Voigt.  A Análise dossistemas-Mundo e a Política Internacional: uma

     Abordagem Alternativa das Teorias das RelaçõesInternacionais. Textos de Economia. Florianópolis, v.

    10, nº 2, 110, jul/dez, 2007, p. 110.

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    O teórico apontava, ainda, a

    existência de dois tipos de sistemas-

    mundo: os impérios mundiais e as

    economias-mundos. A diferenciação entre

    os dois tipos de sistemas-mundo se daria

    pelo que fato que os Impérios mundiais

    seriam uma grande estrutura burocrática

    com centralização política e uma divisão

    de trabalho central, coexistindo culturas

    múltiplas.

    A economia-mundo, ao contrário, se

    caracterizaria por uma grande divisão

    central do trabalho, inúmeros centros

    políticos mantendo a coexistência demúltiplas culturas.

    O atual Moderno Sistema Mundial

    teria sido formado no século XVI, na

    Europa, expandindo-se pelo globo até o

    século XX:

    O mundo no qual nós estamosinseridos agora, ou seja, o sistemamundial moderno teve suas origens

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    no século XVI. Este sistema mundial

    foi então localizado em somenteuma parte do globo, principalmenteem regiões da Europa e dasAméricas. Ele se expandiu ao longodos anos e atingiu todo o globo. É, esempre foi, uma economia mundo.

    É, e sempre foi, uma economiamundo capitalista29.

    29

      Apud  Op. cit, p.111.

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    49

    Os Ciclos Sistêmicos de Acumulação

    utro importante teórico paraconstrução da ASM foi o

    economista italiano radicado nos

    EUA, Giovanni Arrighi (1937-2009). Com o

    seu livro O Longo Século XX 30

    , entre outrasobras, Arrighi forneceu importante

    colaboração.

    A sua contribuição ocorreu na análise

    da hegemonia dos EUA sob inspiraçãogramsciana e nos ciclos de acumulação

    capitalista.

    Arrighi era adepto, tal como

    Wallerstein, dos Ciclos de Kondratieff,

    30 Os livros O Longo Século XX , Caos e Governabilidadeno Moderno Sistema Mundial   (em co-autoria comBeverly Silver) e Adam Smith em Pequim, emconjunto, formam sua trilogia sobre o capitalismo emperspectiva histórico-mundial e estão entre as

    principais obras da Análise dos Sistemas-Mundo. 

    O

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    elaboração teórica do economista russo

    Nikolai Kondratieff na década de 1930. A

    tese do economista russo para o

    capitalismo era que o seu desenvolvimento

    era baseado em ciclos.

    Um ciclo de Kondratiev teria um

    período de duração determinada

    (de 40 a 60 anos), que corresponderia

    aproximadamente ao retorno de um

    mesmo fenômeno. Apresenta duas fasesdistintas: uma fase ascendente ( fase A) e

    uma fase descendente ( fase B). Essas

    flutuações de longo prazo seriam

    características da economia capitalista.A primeira referência de Kondratieff

    aos ciclos prolongados ocorreu em seu

    livro  A economia mundial e sua conjuntura

    durante e depois da guerra (1922).

    Para ele a natureza particularmente

    aguda da crise do pós-guerra (Primeira

    Guerra Mundial) se explicava pelo ponto

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    Análise dos Sistemas-Mundo

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    de mudança no ciclo prolongado e o

    começo de sua fase descendente. Em 1926,

    Kondratieff apresentou, na sua obra "As

    ondas longas da conjuntura" , a hipótese da

    existência de ciclos longos31.

    Partindo de curvas empíricas,

    Kondratieff elaborou curvas teóricas que, a

    seu ver, mostravam tendências seculares.

    Considerou ter encontrado dois ciclos

    longos e meio entre 1780 e 1920, iniciando

    a fase descendente do terceiro ciclo.

    31  Kondratieff fez sua base na análise de sériescronológicas de preços no atacado, de 1790 a 1920,das potências capitalistas no período: Estados Unidos,

    da França e do Reino Unido.

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    52

       P  a  r   t  e  s  u  p  e  r   i  o  r   d  o  g  r   á   f   i  c  o  :  m   á  q  u   i  n  a  a  v  a  p  o  r  -  a   l  g  o   d   ã  o   /   f  e  r  r  o  v   i  a  s   /  e  n  g  e  n   h  a  r   i  a  e   l   é   t  r   i  c  a  e  q  u   í  m   i  c  a   /  p  e   t  r  o  q  u   í  m   i  c  a  e  a  u   t  o  m   ó  v  e   i  s   /   t  e  c  n  o   l  o  g   i  a   d  a

       i  n   f  o  r  m  a  ç   ã  o .

       P  a  r   t  e   i  n   f  e  r   i  o  r  :  p  r  o  s  p  e  r   i   d  a   d  e   /  r  e  c  e  s  s   ã  o   /   d  e  p  r  e  s  s   ã  o   /  r  e  c  u

      p  e  r  a  ç   ã  o .   F  o  n   t  e  :   h   t   t  p  :   /   /  w  a  p  e   d   i  a .  m  o   b   i   /  e  n   /   F   i   l  e  :   K  o  n   d  r  a   t   i  e   f   f_

       W  a  v  e .  s  v  g

       C   I   C   L   O   S   D   E   K   O   N   D   R

       A   T   I   E   V

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    Segundo Kondratieff, a base dos ciclos

    longos é o desgaste, a reposição e o

    incremento do fundo de bens de capital

    básicos, cuja produção exigiria

    investimentos enormes.

    A reposição e o incremento desse fundo

    não seria um processo contínuo e correria

    por saltos. Os ciclos econômicos

    ocorreriam a partir destes fatos.

    Sob inspiração dos Ciclos de

    Kondratieff, o sistema capitalista para

    Arrighi teria passado por quatro ciclos

    sistêmicos de acumulação e expansão:

    genovês, holandês, britânico e norte-

    americano.

    Os ciclos sistêmicos de acumulação de

    capital constituem uma cadeia de estágios

    parcialmente superpostos, por meio dos

    quais a economia capitalista europeia

    transformou a economia mundial em um

    intenso sistema de trocas.

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    A superposição desses ciclos ocorre na

    passagem de um para o outro, ou seja,

    enquanto um ciclo está se aproximando do

    seu término, ao mesmo tempo, outro ciclo

    sistêmico de acumulação começa a se

    formar. Esta fase de superposição ocorre

    durante a chamada turbulência financeira

    do ciclo que está chegando ao fim32.

    32  “O aspecto principal do perfil temporal docapitalismo histórico aqui esquematizado é aestrutura semelhante de todos os séculos longos.Todos esses constructos consistem em trêssegmentos ou períodos distintos: (1) um primeiroperíodo de expansão financeira (que se estende de

    Sn-1 a Tn-1), no correr do qual o novo regime deacumulação se desenvolve dentro do antigo, sendoseu desenvolvimento um aspecto integrante da plenaexpansão e das contradições deste último; (2) umperíodo de consolidação e desenvolvimento adicionaldo novo regime de acumulação (que vai de Tn-1 a Sn),no decorrer do qual seus agentes principaispromovem, monitoram e se beneficiam da expansão

    material de toda a economia mundial; e (3) umsegundo período de expansão financeira (de Sn a Tn),no decorrer do qual as contradições do regime deacumulação plenamente desenvolvido criam espaçopara o surgimento de regimes concorrentes ealternativos, um dos quais acaba por se tornar (notempo Tn) o novo regime dominante”. Arrighi,Giovanni. O Longo Século XX. Rio de Janeiro, Editora

    Contraponto,1996, pp. 219-20.

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    Desse modo, as grandes expansões

    materiais e financeiras ocorreriam quando

    um bloco dominante tivesse acúmulo

    suficiente para dominar o sistema mundial

    que, ao chegar ao seu término, provocaria

    a mudança de poder hegemônico. Quando

    isso ocorre, um novo ciclo sistêmico de

    acumulação tem início.

    Arrighi corrobora que a contribuição

    mais importante e perene para o

    desenvolvimento do capitalismo como

    sistema mundial encontra-se no âmbito

    das altas finanças, durante o Renascimento

    italiano do final do século XIV e início doséculo XV, que é o período do seu

    surgimento.

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    O primeiro ciclo sistêmico, o genovês,

    segundo Arrighi, é derivado de Fernand

    Braudel. (...) “a maturidade de todos os

    grandes desenvolvimentos da economia

    capitalista mundial é anunciada por uma

    guinada peculiar do comércio de

    mercadorias para o comércio de

    moedas”33.

    O capitalismo financeiro genovês

    desenvolveu-se na segunda metade do séc.

    XVI. Segundo Arrighi34,

    (...) À medida que se intensificaramas pressões competitivas e que

    houve uma escalada na luta pelopoder, o capital excedente, que jánão encontrava investimentoslucrativos no comércio, foi mantidoem estado de liquidez e usado parafinanciar a crescente dívidapública das cidades-Estados, cujo

    Patrimônio e receita futura foramassim, mais completamente

    33 Ibidem, p. 111.34

     Ibidem, p. 112.

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    alienados do que nunca a suas

    respectivas classes capitalistas. (...)

    O ciclo de acumulação genovês foi o

    ponto máximo de acumulação de capital

    sob uma perspectiva sistêmica e

    estruturada:

    (...) uma grande expansão materialda economia mundial europeia,através do estabelecimento denovas rotas de comércio e da

    incorporação de novas áreas deexploração comercial foiacompanhada por uma expansãofinanceira que acentuou o controlede capital sobre uma economiamundial ampliada. Além disso, uma

    classe capitalista claramenteidentificável (a genovesa)incentivou, supervisionou e sebeneficiou das duas expansões, emvirtude de uma estrutura deacumulação de capital que, em suamaior parte, já passara a existir

    quando a expansão material teveinício35.

    35

     Ibidem, p. 129-130.

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    Para Arrighi, esse padr~o seria o “ciclo

    sistêmico de acumulaç~o”. Os capitalistas

    genoveses seriam os precursores no século

    XVI, fato que ocorreria mais três vezes.

    No ciclo holandês a sua supremacia

    comercial baseava-se em uma lógica

    capitalista de poder (representada pela

    fórmula Dinheiro-Trabalho-Dinheiro’), 

    enquanto a supremacia comercial

    posterior, a inglesa que se inicia nos

    primórdios do século XVIII, baseou-se em

    uma síntese harmônica entre a lógica

    territorialista de poder (T-D-T’) e a

    capitalista (D-T-D’).

    Essa síntese foi o fator fundamental

    para o regime inglês ter alcançado um ciclo

    sistêmico de acumulação muito mais

    avançado do que o holandês36.

    O ciclo britânico caracterizou-se por

    processo contínuo de expansão,

    36

     Ibidem, p. 204.

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    reestruturação e reorganização financeira

    da economia mundial capitalista. Os

    períodos de expansão financeira foram

    momentos em que aumentaram as

    pressões competitivas tanto sobre os

    governos quanto empresas e comércio.

    Essas pressões favoreceram a expansão

    industrial inglesa, que se manteve na

    supremacia econômica mundial até o início

    do século XX.

    O ciclo norte-americano seria a

    expansão do Moderno Sistema Mundial

    que ocorreu durante quase todo o século

    XX e entrando em crise na década de 70 doséculo passado.

    Segundo Arrighi, utilizando agora as

    reflexões de Antonio Gramsci, a crise

    hegemônica é um componente importante

    para o fim do ciclo de acumulação:

    O conceito de ‘hegemonia mundial’(...) refere-se especificamente àcapacidade de um Estado exercer

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    funções de liderança e governo

    sobre um sistema de naçõessoberanas. Em princípio, esse poderpode implicar apenas a gestãocorriqueira desse sistema, tal comoinstituído num dado momento.Historicamente, entretanto, o

    governo de um sistema de Estadossoberanos sempre implicou algumtipo de ação transformadora, quealterou fundamentalmente o modode funcionamento do sistema37.

    Estaríamos, portanto, vivendo a crise

    do ciclo sistêmico de acumulação, fato que

    favoreceria ao surgimento de novas

    perspectivas antissistêmicas para a

    superação da atual fase. Conforme assinalaWallerstein:

    Estamos passando por umatransição em nosso atual sistemamundial, a economia mundial

    capitalista, estará se transformandoem um outro sistema – ou em outrossistemas –  mundiais. Não sabemosse essa mudança será para melhor

    37

     Ibidem, p. 27.

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    ou para pior. E não saberemos até

    que cheguemos lá, um processo quepode demorar ainda uns cinquentaanos a partir do momento em queestamos. Sabemos, no entanto, que operíodo de transição será umperíodo difícil para todos os que

    vivenciarem38

    .

    38 Wallerstein, Immanuel. Utopística ou as decisõeshistóricas do século vinte e um. Petrópolis, Editora

    Vozes, p. 49, 2003.

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    63

    O Declínio da Hegemoniados EUA

    ara Wallerstein o declínio dos EUAcomeçou na década de 1970 e

    decorre de uma lógica simples, a

     priori, como ele mesmo assinala:

    (...) os fatores econômicos, políticose militares que contribuíram para ahegemonia dos EUA são os mesmosfatores que produzirão o iminentedeclínio dos EUA39.

    Historicamente a hegemonia dos EUAteve início com a recessão mundial de

    1873, quando a sua economia cresceu

    acentuadamente ao mesmo tempo em que

    a economia britânica entrava em uma

    inflexão. No período entre 1873 e 1914, os

    EUA e a Alemanha tornaram-se os

    39  O Declínio do poder americano. Rio de Janeiro,

    Contraponto, p. 21, 2004.

    P

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    principais produtores de aço e produtos

    químicos.

    A busca pela hegemonia tornou-se um

    processo natural. A Segunda Guerra

    Mundial proporcionou uma posição

    privilegiada para os EUA que não sofreram

    diretamente os efeitos catastróficos da

    guerra. Seu território não sofreu nenhum

    dano em termos físico-estruturais, ao

    contrário da Europa e Ásia.

    Com a derrota do nazismo, o socialismo

    tornou-se o principal obstáculo à

    hegemonia dos EUA em termos globais. A

    proposta socialista ganhou força no

    período pós-45 através das vitórias da

    URSS sobre o III Reich.

    Se por um lado os soviéticos

    colaboraram decisivamente para o sucesso

    da vitória dos Aliados, sob o ponto de vista

    ideológico, o Kremlin conseguiu uma

    posição privilegiada ao projetar para o

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    65

    mundo uma imagem de nação com grande

    força militar e defensora dos valores

    universais de igualdade. Ao mesmo tempo,

    ocorreu a expansão de sua influência

    política sobre o Leste Europeu através da

    formação de “Estados-satélites”. 

    Na Ásia, os EUA também tiveram alguns

    reveses: a vitória de Mao Zedong na China

    (1949), a divisão das Coreias (1953) e a

    unificação do Vietnã sob a liderança de Ho-

    Chi Min (1976).

    Apesar dos “problemas” verficados na

    região, a atuação dos EUA na reconstrução

    do Japão a partir dos anos 1950, permitiu

    aos norte-americanos encontrar “brechas

    ideológicas”  importantes para manter o

    comunismo longe dos seus aliados. O Japão

    tornou-se uma “vitrine” do capitalismo na

    Ásia demostrando com o decorrer do

    tempo como a economia de mercado era

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    um “modelo de sucesso”  a ser seguido

    e/ou copiado.

    Segundo Wallerstein, o sucesso dos

    EUA no Pós-guerra como potência

    hegemônica é que provocou o início de sua

    própria decadência:

    O sucesso dos EUA como potênciahegemônica no período do após-guerra criou as coondições para quea sua pópria hegemonia fosseminada. Este processo pode sercapturado em quatro símbolos: aguerra do Vietnã, as revoluções de1968, a queda do Muro de Berlimem 1989 e os ataques terroristas desetembro de 2001. Cada símbolo

    acresce ao anterior, culminando nasituação em que os EUA seencontram hoje: uma superpotênciasolitária à qual falta um verdadeiropoder, um líder mundial queninguém segue e poucos respeitam,

    e uma nação perigosamente àderiva, imersa em um caos globalque não pode controlar.40 

    40

     Ibidem, p. 25.

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    Os quatro eventos apontados por

    Wallerstein representariam cada momento

    o declínio do poder norte-americano.

    Gastos militares em linha crescente, o

    enfraquecimento ideológico do sistema

    capitalista enquanto criador de uma

    “sociedade livre”, por exemplo,

    demonstram a lógica deste quadro

    segundo o teórico.

    A Era Bush (2001-2009) corroeu

    totalmente a geocultura41  norte-

    americana. De antigos “defensores do

    mundo livre”, os EUA passaram a ser

    associados à opressão e à tortura. SobGeorge W. Bush, os EUA tornaram-se um

    vilão global.

    41 Segundo Wallerstein, “Geocultura (...) termo criadopor analogia com o da geopolítica, designa normas epráticas discursivas amplamente reconhecidas comolegítimas no seio de um sistema-mundo”.Comprendre le Monde. Paris, La Découvert, p. 150,

    2006.

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    Sem o velho embate da Guerra Fria, os

    EUA ficaram sozinhos no palco global e

    para execer o seu poder agora amplamente

    questionado, tiveram que utilizar o hard

     power 42 de maneira mais incisiva.

    Um aspecto que deve ser reafirmado é

    que o  enfraquecimento da hegemonia

    norte-americana é um processo que ocorre

    desde os anos 1970 e, como vimos, envolve

    inúmeros fatores.

    O desgaste inevitável do poder

    hegemônico foi acentuado com a grande

    competição intracapitalista a partir do pós-

    guerra: Tigres Asiáticos, China e Japão.

    Sem a Guerra Fria como pano de fundo

    e justificativa para os seus atos arbitrários

    em todo o planeta, os EUA se encaixam

    42  Termo que representa a utilização de meioscoercitivos (guerras, invasões, sanções econômicasetc.) por um Estado contra outro, para obter a

    satisfação dos seus interesses políticos e econômicos.

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    perfeitamente na visão de Wallerstein: um

    líder que ninguém segue ou respeita.

    Tendo em mente os fatores apontados,

    é possível explicar o surgimento de

    “pontos de contato” entre Washington e

    alguns países como Irã e Coreia do Norte.

    Ou a perda da influência sobre a América

    Latina, como atestam os governos “mais {

    esquerda” de Cháves (Venezuela), Rafael

    Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia)

    ou mais próximos ao “centro” como o casal

    Kirchner (Argentina) e Lula com eleição e

    sua sucessora, Dilma Roussef. Uma

    liderança realmente em declínio sob oponto de vista político.

    Com todo o foco da política externa

    norte-americana praticamente direcionado

    para o Oriente Médio desde o fim da

    Guerra Fria, a Casa Branca afrouxou o seu

    “controle” sobre antigas áreas menos

    importantes do planeta, mas que

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    ganhavam algum destaque no chessboard

    internacional em virtude da grande

    “ameaça” comunista. 

    A adminstração de Barack Obama vem

    tentando reverter esta perda de força

    ideológica procurando o uso soft power 43 

    como caminho mais fácil para recuperar o

    seu prestígio.

    Mas, n~o devemos esquecer que o “líder

    ainda é líder” apesar de sua perda de

    legitimidade.

    43  Termo criado por Joseph Nye, professor daUniversidade de Harvard, para designar a capacidadede um Estado influenciar ideologicamente eculturalmente outras nações sem a utilização demeios coercitivos para obter sucesso na defesa dos

    seus interesses. É o oposto ao conceito de hard power .

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     A Utopística

    egundo Wallerstein, a atual crise

    sistêmica do capitalismo está na

    ordem do debate. Tal fato favorece

    a seguinte pergunta: o que está por vir? As

    contradições sistêmicas aumentam dia

    após dia, apesar de “poucas vozes” 

    apontarem tais problemas de maneirarealmente efetiva como Wallerstein e

    Arrighi, por exemplo.

    O fato é que a transição histórica, a

    bifurcação sistêmica atual requer uma

    profunda análise sobre o futuro e o que

    está sendo gestado nesse momento. O que

    ocupará o lugar do capitalismo? Até 1990

    o socialismo “real” (ou n~o) seria apontadocomo o substituto. Mas, e agora?

    O sociólogo norte-americano é

    categórico na afirmativa de estaríamos

    S

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    Charles Pennaforte

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    passando por uma transição no sistema

    capitalista mundial. Contudo, não é

    possível detectar se a mudança será para

    um sistema ou vários sistemas44.

    Será para melhor ou pior? Wallerstein

    não ousou apontar isso. Para uma

    avaliação correta do que está acontecendo

    e do que poderá acontecer, Wallerstein

    elaborou a “Utopística”. Para ele a

    Utopística seria:

    (...) uma avaliação profunda dasalternativas históricas, o exercíciode nosso juízo para examinar aracionalidade substantiva de

    possíveis sistemas históricosalternativos; é uma avaliação sóbriae racional e realista dos sistemassociais humanos, em que condiçõesele podem exisitir, e as áreas queestão abertas à criatividade

    humana. Não o rosto de um futuroperfeito (e inevitável) e sim o rostode um futuro cujas melhoras sejamverossímeis e que seja

    44  Utopística ou as decisões históricas de século

    vinte e um. Petrópolis, Editora Vozes, p. 49, 2003

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    historicamente possível (embora

    longe de ser inevitável) assim éum exercício que ocorresimultaneamente na ciência, napolítica e na moralidade45.

    A Utopística, portanto, é a necessidade

    real do conhecimento de como o sistema

    social funciona na atualidade. Somente a

    partir disso poderemos elaborar formas de

    superação da atual transição histórica que

    estamos passando.

    A discussão sobre futuro deve envolver

    além do entendimento do que está

    ocorrendo, a perspectivade construção de

    algo “novo”. Daí  a importância detrabalharmos as perspectivas sob a forma

    de um trinômio: ciência-política-

    moralidade.

    A lógica predatória do capitalismo é

    uma característica inata do sistema, apesar

    das tentativas de “domesticaç~o” do seu

    45

     Ibidem, p. 8.

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    caráter impiedoso cujo exemplo “bem-

    sucedido” é o Welfare State46 europeu. São

    sempre mencionados os casos da França,

    Suécia e da Alemanha. Não devemos

    esquecer que tais benefícios sociais na

    realidade são recursos deslocados de

    outras partes do mundo (sociedades) sob a

    forma de juros, atrasos tecnológicos e

    sociais etc.

    Contudo, a montagem de aparatos

    jurídico-estatais que garantam benefícios

    sociais aos trabalhadores foge totalmente à

    lógica sistêmica do capitalismo histórico.

    Portanto, não é possível a igualdade paratodos. O sistema não suporta tal golpe.

    Portanto, o primeiro passo é realmente

    termos o conhecimento do sistema

    histórico no qual vivemos. Conhecimento

    46  Em português, Estado do Bem-Estar Social ouEstado-providência. Refere-se ao sistema de garantiassociais à população, implementado principalmente na

    Europa no pós-guerra.

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    sem o “véu ideológico”, a “geocultura” 

    como coloca Wallerstein, o sucesso mítico

    com algo comum e de acesso a todos.

    Trata-se, portanto, de uma procura pela

    apreensão da Totalidade como substrato

    fundamental para o avanço social. E uma

    das formas de avanço é estarmos

    preparados para a discussão das

    estruturas do conhecimento47. Após esse

    processo estaremos aptos a (re)discutir a

    política e a moralidade sob um novo

    paradigma social.

    47

     Op. cit., p. 12.

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     As Perspectivas do Mundo

    Contemporâneo

    crise econômica mundial de

    2008-200948 certamente deixou o

    mundo atônito, pricipalmente ao

    demonstrar a fragilidade da superpotência

    ou como preferem alguns, a hiperpotência.

    Mais do que apontarmos este o aquele

    país em crise, devemos compreender que a

    crise é estrutural e permanente. O leitor já

    deve ter notado que as crises mundiais

    estão em espaço de tempo cada vez menor

    e a intensidade (gravidade) são cada vez

    maiores. Isso no plano econômico. 

    48  A crise econômica internacional que teve comoepicentro os EUA. O banco Lehman Brothers fundadona segunda metade do séc. XIX decretou sua falência e“contaminou” o sistema financeiro do país do mundo.O governo dos EUA desde então, socorreram as suasinstituições financeiras com aproximadamente dois

    trilhões de dólares.

    A

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    Análise dos Sistemas-Mundo

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    O planeta também dá os seus sinais de

    crise. O modelo baseado exclusivamente na

    ideia do consumo acima de tudo vem

    provocando catástrofes em várias regiões 

    do planeta com efeitos inimagináveis até

    algumas décadas atrás.

    O que devemos notar é a “feiç~o

    estrutural” de tais problemas, sejam no

    âmbito econômico ou político, além de

    lembrarmos que os dois estão interligados

    inexoravelmente. Salientamos que a ASM é

    uma das construções teóricas que, a nosso

    ver, possui as categorias necessárias para

    superarmos a atual bifurcação sistêmica.Tal como apontou Wallerstein há algumas

    décadas, estamos vivendo essa bifurcação.

    A base dos nossos problemas é o

    capitalismo histórico que há pelo menos

    200 anos degrada e dilapidada o meio

    ambiente com intensidade cada vez maior.

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    Charles Pennaforte

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    O diagnóstico e algumas soluções foram

    apontadas. Resta, agora, trabalharmos

    utopisticamente na elaboração do Novo.

    BibliografiaARRIGHI, Giovanni.  Hegemonia eMovimentos Anti-Sistêmicos. In: OsImpasses da Globalização: Hegemonia eContra-Hegemonia (Vol.1). São Paulo, Ed.

    Loyola, p. 107-121, 2003.___________.  Adam Smith em Pequim:origens e fundamentos do séc. XXI. SãoPaulo, Boitempo Editorial, 2008.

    _____________ et al.  Antisystemic

    movements. New York, Verso, 1997.____________. Hegemony and antisystemicmovements. Rio de Janeiro, SeminarInternational REGGEN 2003.

    ____________. O longo século XXI. Rio deJaneiro, Editora UNESP,1996.

    ____________.  A ilusão do desenvolvimento.Petrópolis, Editora Vozes, 6ª ed., 1998.

    BRAUDEL, Fernand. La dynamique ducapitalisme. Éditions Flammarion, 2008.

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    Análise dos Sistemas-Mundo

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    ___________. Civilization matérielle,

    économie et capitalisme –  1. Lestrucutures du quotidien. Paris, ArmandColin, 1979.

    __________. Civilization matérielle,économie et capitalisme – 2 . Les jeux del’echange. Paris, Armand Colin, 1979.

    __________. Civilization matérielle,économie et capitalisme –  3. Le tempsdu monde. Paris, Armand Colin, 1979.

    WALLENSTEIN, Immanuel. Geopolitics,class politics, and the current world

    disorder. Rio de Janeiro, SeminarInternational REGGEN 2003.

    _______________. The Modern WorldSystem: Capitalist Agriculture and theOrigins of the European WorldEconomy in the Sixteenth Century. New

    York, Academic Press, 1974.

    _______________. Universalismo europeu.São Paulo, Boitempo Editorial, 2007.

    ________________. O declínio do poder Americano. Rio de Janeiro, Contraponto,

    2004.___________________. Utopística ou asdecisões históricas de século vinte e um.Petrópolis, Editora Vozes, 2003.

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    ___________________. Capitalismo histórico e

    civilização capitalista. Rio de Janeiro,Contraponto, 2001.

    ___________________. O fim do mundo comoconcebemos. Rio de Janeiro, EditoraRevan, 2002.

    __________________. Capitalisme etéconomie-monde  (1450-1640). Paris,Flammarion, 1980.

    ___________________. Comprendre le monde.Paris, La Découverte, 2006.

    ___________________. Le capitalismehistorique. Paris, Repères, 2002.

    VELA, Carlos A. Martinez. World SystemsTheory. ESD. 83 Fall 2001.

    VOIGT, Márcio Roberto. A Análise dossistemas-Mundo e a Política Internacional:

    uma Abordagem Alternativa das Teoriasdas Relações Internacionais. Textos deEconomia. Florianópolis, v. 10, nº 2, 110,jul/dez, 2007.

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    Análise dos Sistemas-Mundo

    81

    Livros publicados no Brasil

    Publicado em 2001, apresentatextos sobre a dinâmicacapitalista à luz do marxismocrítico.

    Editora Contraponto

    Publicado em 2002, faz umbalanço da onda liberal e dosseus valores que se

    tornaram dominantes após adesintegração da URSS.

    Editora Vozes

    Publicado em 2002, este

    livros traz inúmeros artigospublicados pelo autor entre1995 e 1998.

    Editora Revan.

    Publicado em 2003, traz a sériede Conferências Sir DouglasRobb proferidas naUniversidade de Auckland(Nova Zelândia)

    Editora Vozes.

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    Charles Pennaforte

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    Publicado em 2004, o autorexpõe a sua tese sobrea decadência econômicae, pricipalmente, delegitimidade dos EUA.

    Editora Contraponto

    Publicado em 2006, apresentaimportantes textos críticossobre as Ciências Sociais,

    Desenvolvimento e Sistemas–Mundo.

    Editora Vozes e Letras

    Publicado em 2007, faz umacrítica contudente ao ideárioeuropeu universalista de defesados direitos individuais ehumanos.

    Editora Boitempo.

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    Análise dos Sistemas-Mundo

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    Bibliografia Completa de

    I. Wallerstein49 

    1961:  África, The Politics of Independence.New York: Vintage.

    1964: The Road to Independence: Ghanaand the Ivory Coast . Paris & La Haye:Mouton.

    1967:  África: The Politics of Unity . NewYork: Random House.

    1969: University in Turmoil: The Politics ofChange. New York:Atheneum.

    1972 (com Evelyn Jones Rich):  África:Tradition & Change. New York: RandomHouse.

    1974: The Modern World-System, vol. I:Capitalist Agriculture and the Origins of theEuropean World-Economy in the SixteenthCentury . New York/London: AcademicPress.

    1979: The Capitalist World-Economy .

    Cambridge: Cambridge University Press.1980: The Modern World-System, vol. II:Mercantilism and the Consolidation of the

    49  Bibliografia retirada dos sites Immanuel

    Wallerstein e Wikipedia em fevereiro de 2011.

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    York: Academic Press.1982 (com Terence K. Hopkins et al.):World-Systems Analysis: Theory andMethodology . Beverly Hills: Sage.

    1982: (com Samir Amin, Giovanni Arrighi e

    Andre Gunder Frank): Dynamics of GlobalCrisis. London: Macmillan.

    1983: Historical Capitalism. London: Verso.

    1984: The Politics of the World-Economy.The States, the Movements and theCivilizations. Cambridge: CambridgeUniversity Press.

    1986:  África and the Modern World .Trenton, NJ: África World Press.

    1989: The Modern World-System, vol. III:The Second Great Expansion of the

    Capitalist World-Economy, 1730-1840's.San Diego: Academic Press.

    1989 (com Giovanni Arrighi e Terence K.Hopkins):  Anti-systemic Movements.London: Verso.

    1990 (com Samir Amin, Giovanni Arrighi eAndre Gunder Frank): Transforming theRevolution: Social Movements and theWorld-System. New York: Monthly ReviewPress.

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    Análise dos Sistemas-Mundo

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    1991 (com Étienne Balibar): Race, Nation,

    Class: Ambiguous Identities. London: Verso.1991: Geopolitics and Geoculture: Essays onthe Changing World-System. Cambridge:Cambridge University Press

    1991: Unthinking Social Science: The Limits

    of Nineteenth Century Paradigms.Cambridge: Polity.

    1995:  After Liberalism. New York: NewPress.

    1995: Historical Capitalism, with CapitalistCivilization. London: Verso.

    1998: Utopistics: Or, Historical Choices ofthe Twenty-first Century.  New York: NewPress.

    1999: The End of the World As We Know It:Social Science for the Twenty-first Century .

    Minneapolis: University of MinnesotaPress.

    2003: Decline of American Power: The U.S.in a Chaotic World . New York: New Press.

    2004: The Uncertainties of Knowledge.

    Philadelphia: Temple University Press.2004: World-Systems Analysis: AnIntroduction. Durham, North Carolina:Duke University Press.

    2004:  Alternatives: The U.S. Confronts theWorld . Boulder, Colorado: Paradigm Press.

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    Charles Pennaforte

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    2006: European Universalism: The Rhetoric

    of Power . New York: New Press.

    Sites sobre I. Wallerstein e a Análise dos Sistemas-Mundo

    Immanuel Wallerstein (oficial)http://www.immanuelwallerstein.com

    Immanuel Wallersteinhttp://www.faculty.rsu.edu/~felwell/Theorists

    /Wallerstein/index.htm

    Grupo de Economia Política do Sistema-Mundo/UFSChttp://www.gpepsm.ufsc.br/html/index.php

    World-Systems Archives

    http://wsarch.ucr.edu/

    Fernand Braudel Centerhttp://fbc.binghamton.edu/

    The Institute for Research on World-

    Systemshttp://irows.ucr.edu/

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    Análise dos Sistemas-Mundo

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    Entrevista de I. Wallerstein

    disponíveis na Internet

    Immanuel Wallerstein (ProgramaMilênio da GloboNews)- legendas emportuguêshttp://www.youtube.com/watch?v=8X

    eJICHkNW4Questions sur les États-Unis et leMonde : Les États-Unis face à leurdecline – Francês (2006)http://www.youtube.com/watch?v=nBuusuj7c3s

    Breakfast with ImmanuelWallerstein - On Latin America -Inglês (2010)http://www.youtube.com/watch?v=G30fv0ZUWEo

    Breakfast with Wallerstein - OnCentral Asia – Inglês (2010)http://www.youtube.com/watch?v=biDhDJ3vj0Y

    Immanuel Wallerstein on the end ofCapitalism - Inglês (2009)http://www.youtube.com/watch?v=nLvszWBf6BQ

    Wallerstein on the Structures ofKnowledge (Inglês) http://www.youtube.com/watch?v=THR_Yks7YkU

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    Últimos LançamentosCenegri Edições 

    PERSPECTIVAS GEOPOLÍTICAS

    A obra PERSPECTIVAS GEOPOLÍTICAS  –  UMAABORDAGEM CONTEMPORÃNEA, lançada peloCentro de Estudos em Geopolítica e RelaçõesInternacionais  (CENEGRI), através do seu seloeditorial Cenegri Edições, traz para o público brasileiro

    a contribuição de especialistas brasileiros, da AméricaLatina e da Europa.Charles Pennaforte e Ricardo Luigi, organizadores dolivro, explicam na Apresentação que: A ideia deste livro origina-se em uma das preocupaçõescentrais do CENEGRI: promover uma reavaliação do papel da Geopolítica neste início do século XXI. Após

    algumas décadas de ostracismo entre o grande público,sem, contudo, deixar de ser estudada nas academiasmilitares de todo o mundo, o interesse pela Geopolíticaressurge gradualmente e com força.

    À venda na loja online www.cenegri.org.br/lojaonline

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    CHINA, O GIGANTE DO SÉCULO XXI

    A obra CHINA, O GIGANTE DO SÉCULO XXI — 

    INFLUÊNCIAS, PERSPECTIVAS E DESAFIOS NOMUNDO EM TRANSFORMAÇÃO, lançada pelo Centrode Estudos em Geopolítica e RelaçõesInternacionais  (CENEGRI), através do seu seloeditorial Cenegri Edições, tem como objetivo trazer aopúblico brasileiro as visões de especialistas brasileirose argentinos sobre o dragão asiático e sua pujança

    econômica.O livro organizado pelos editores diretores doCENEGRI, Charles Pennaforte e Ricardo Luigi, contacom a participação de importantes experts  sinólogosque debatem importantes aspectos da economia esociedade chinesa.

    À venda na loja online www.cenegri.org.br/lojaonline

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    PANORAMA CONTEMPORÂNEO

    A obra PANORAMA CONTEMPORÂNEO  – GEOPOLÍTICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS,lançada pelo Centro de estudos em Geopolítica e

    relações Internacionais (CENEGRI), através do seuselo editorial Cenegri Edições e organizado pelo editorda revista Intellector   e diretor do CENEGRI  CharlesPennaforte, conta com a seleção de alguns dosmelhores artigos do periódico editado desde 2004. Osartigos, escritos por autores do Brasil, Espanha, Chile ePortugal, demonstram a preocupação em oferecer ao

    público brasileiro a maior diversidade possível deenfoque. Como aponta o Organizador na Apresentaçãoda obra:

    (...) Refletir sobre as novas (re) configuraçõessistêmicas que surgiram tendo como base o “binômio”ordem/desordem do final do século XX tornou-se apedra de toque dos pesquisadores envolvidos com a