analise do programa de preic

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A Formação de Professores no Programa Pré-Iniciação Científica: a alfabetização científica na formação continuada Autores: Martha Marandino - FEUSP Juliana.... Palavras Chave: alfabetização científica, pré-Iniciação científica, formação de professores Introdução Há décadas, Estados e Municípios se defrontam com o desafio de aprimorar a Educação Básica. Pesquisas junto ao público docente apontam que os espaços fora do ambiente escolar, mais comumente conhecidos como não formais, são percebidos como recursos pedagógicos complementares às carências da escola, como, por exemplo, a falta de laboratório, que dificulta a possibilidade de ver, tocar e aprender fazendo, entre outros (Bianconi & Caruso, 2005). Se por um lado tais espaços possuem especificidades educacionais que os tornam potencialmente passíveis de fornecer mais contribuições para a formação do cidadão do que somente complementação da escola (Marandino, 2000), por outro lado, reconhece-se que essa contribuição também é uma função importante desses locais. No Brasil, a educação não-formal com este sentido tem sido objeto de estudo de pesquisadores e estudiosos, pois representa um importante papel social enquanto divulgadora da ciência e da alfabetização científica. Dessa forma, a Universidade de São Paulo (USP), motivada por essa preocupação com o ensino, firmou convênio com o Banco Santander S/A e a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEE/SP), com participação também do CNPq, para desenvolver as ações necessárias e suficientes para implantar e acompanhar um programa de Pré-Iniciação Científica (Pré-IC). Este Programa visa o envolvimento de professores e alunos do Ensino Médio de escolas públicas da rede estadual paulista em atividades de pesquisa científica, nas áreas de Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Matemática, Linguagens e Códigos,

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Artigo sobre PreIC

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Page 1: Analise do programa de PreIC

A Formação de Professores no Programa Pré-Iniciação Científica: a alfabetização científica na formação continuada

Autores:Martha Marandino - FEUSP

Juliana....

Palavras Chave: alfabetização científica, pré-Iniciação científica, formação de professores

Introdução Há décadas, Estados e Municípios se defrontam com o desafio de aprimorar a Educação

Básica. Pesquisas junto ao público docente apontam que os espaços fora do ambiente escolar, mais comumente conhecidos como não formais, são percebidos como recursos pedagógicos complementares às carências da escola, como, por exemplo, a falta de laboratório, que dificulta a possibilidade de ver, tocar e aprender fazendo, entre outros (Bianconi & Caruso, 2005). Se por um lado tais espaços possuem especificidades educacionais que os tornam potencialmente passíveis de fornecer mais contribuições para a formação do cidadão do que somente complementação da escola (Marandino, 2000), por outro lado, reconhece-se que essa contribuição também é uma função importante desses locais.

No Brasil, a educação não-formal com este sentido tem sido objeto de estudo de pesquisadores e estudiosos, pois representa um importante papel social enquanto divulgadora da ciência e da alfabetização científica. Dessa forma, a Universidade de São Paulo (USP), motivada por essa preocupação com o ensino, firmou convênio com o Banco Santander S/A e a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEE/SP), com participação também do CNPq, para desenvolver as ações necessárias e suficientes para implantar e acompanhar um programa de Pré-Iniciação Científica (Pré-IC).

Este Programa visa o envolvimento de professores e alunos do Ensino Médio de escolas públicas da rede estadual paulista em atividades de pesquisa científica, nas áreas de Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Matemática, Linguagens e Códigos, Temas Transversais, em diversos Institutos da USP, por um período de cerca de 1 ano. Essa proposta cria condições para que os alunos convivam com procedimentos e metodologias adotadas no universo da pesquisa acadêmica, oferecendo, assim, oportunidades de formação pessoal, aprimoramento de conhecimentos e incentivo ao preparo para a vida profissional.

Os professores e alunos interessados em participar do programa passam por um processo de seleção, que é realizado pela SEE e leva em consideração a nota da escola no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP) atual, e, as notas dos quintos conceitos obtidas pelos alunos nas disciplinas que compõem o currículo do Ensino Médio de São Paulo. Os professores e alunos selecionados neste sistema têm direito a uma bolsa de estudo para participarem

Estes professores também participam de ações de formação, com o intuito de orientar e coordenar atividades dos alunos na escola de origem e acompanhar o desenvolvimento destes em relação aos projetos de produção científica, tecnológica e artística realizados na Universidade. Estes profissionais são denominados “Professores Supervisores”, e o pesquisador da USP, responsável pelo projeto de pesquisa a ser desenvolvido na Universidade, é denominado “Professor Orientador”.

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Além do acompanhamento dos alunos, está previsto no Programa a participação dos professores supervisores em um Curso de Formação, atualmente realizado como atividade de extensão pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. O objetivo do curso [COPIAR DO CONVÊNIO!!!!!].

O curso encontra-se nesse momento em sua terceira versão e neste trabalho apresentamos a experiência desenvolvida a partir do 2º semestre de 2011.O Curso de Formação de Supervisores

O Curso de Formação de Professores Supervisores do Programa Pré-IC ocorrido em 2011 foi realizado, como previsto pelo convênio do Programa, com uma carga horária de 30 horas, tendo sido dividido, em três encontros ao longo do 2º semestre, aos sábados, com duração de oito horas, perfazendo total previsto de 24 horas presenciais. As demais 8 horas foram usadas pelos professores para preparação do relatório e da apresentação do seminário, ocorrido no último dia do encontro. A finalidade do curso é fornecer subsídios para que o professor possa auxiliar os alunos na sua inserção junto aos diferentes grupos de pesquisa da universidade e promover o retorno da experiência para a sala de aula e escola, ampliando o impacto do programa. Além disso, na versão do curso de 2011, foi intenção contribuir na formação dos professores em temas relacionados à alfabetização científica, considerando que na relação entre escola, universidade e agências de fomento, o Programa representa uma oportunidade ímpar de alunos e professores vivenciarem aspectos relacionados a cultura científica.

Os temas abordados nos encontros tiveram como foco a alfabetização científica e nas relações entre ciência, tecnologia e sociedade (Krasilchik e Marandino, 2007; Contier, 2010;), com a finalidade de introduzir na formação continuada aspectos que evidenciassem os elementos tanto internos como externos da produção do conhecimento científico. A escolha dos temas se deu a partir de uma negociação ente os organizadores tanto da FEUSP quanto da SEE/SP, buacando também adequar a necessidae dos professores da rede estadual de ensino. Na forma de palestras e atividades práticas, os conteúdos trabalhados foram:

Alfabetização Científica e Cidadania; Ensino e aprendizagem em espaços de educação não formal; Formação de Professores: articulação escola e universidade na pesquisa em educação; Produção social da ciência Apresentação das experiências dos projetos nas escolas pelos professores supervisores e

encerramento do curso.Considerações sobre a experiência

Participaram da versão do curso de 2011, 60 professores supervisores que, ao longo das atividades, aprofundaram os temas propostos, discutiram desafios e possibilidades do programa e relataram as experiências por eles vivenciadas. No último dia do curso os professores tiveram a oportunidade de apresentar os projetos de que participaram, promovendo socialização e discussão sobre o potencial do programa entre eles.

No que se refere aos aspectos mais gerais do programa Pré-IC, os professores se manifestaram ao longo dos encontros no sentido de apontar a necessidade de melhorar a circulação das informações entre os diversos sujeitos e instituições envolvidas. Destacaram os desafios de organização das várias etapas de inscrição dos alunos e professores no programa e da importância da atuação dos mesmos auxiliando os alunos em aspectos relacionados tanto a abertura de contas para o depósito do valor das bolsas dos alunos como a circulação e conhecimento do espaço da universidade e dos grupos de pesquisas nos diversos institutos que

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participam do programa. Esses aspectos, apesar de promoverem tensões no desenvolvimento do Programa, revelam os “bastidores” do processo de produção da ciência, pois evidenciam os procedimentos, mecanismos, instituições e atores muitas vezes “invisíveis” que atuam diretamente na promoção das formas de financiamento, contribuindo assim na percepção dos sujeitos envolvidos no que se refere a dimensão social e cultural da ciência.

Mesmo com todas as dificuldades encontradas, os professores supervisores ressaltaram enfaticamente que o programa é válido e de suma importância para o desenvolvimento dos alunos do Ensino Médio, inicialmente pela oportunidade de conhecer a universidade e acompanhar a pesquisa realizada pelos diferentes grupos. Circular pelos diversos campi da USP, conhecer como se produz conhecimento nas áreas humanas, biológicas e tecnológicas a partir do envolvimento concreto nas investigações e nos processos de disseminação das mesmas para diferentes públicos são aspectos valorizados pelos professores. Neste sentido, ao longo do curso, a experiência vivida por eles e pelos seus alunos no Programa puderam ser discutidas a partir dos conteúdos relacionados a alfabetização científica, tanto na sua dimensão interna – permanência em laboratórios, manuseio de vidrarias, realização de pesquisa bibliográfica, produção de artigos, realização de entrevistas e pesquisas de campo, pesquisa em acervo histórico, participação em congressos – como externa – financiamentos, instituições envolvidas, entre outros.

Um aspecto destacado pelos professores supervisores com relação ao Programa refere-se a sua possibilidade de auxiliar no desempenho escolar dos alunos. Ressaltam, também, que a experiência tem aumentado a incidência de estudantes da rede pública que consideraram a possibilidade de ingressar em universidades estaduais e federais, o que em geral não ocorre com esse grupo social.

Por fim destacamos a importância do curso em promover a percepção do professor supervisor para o seu papel em auxiliar na tradução e adaptação dos conhecimentos científicos das pesquisas dos grupos da universidade, na medida em que muitas vezes existem dificuldades conceituais relativas aos temas desenvolvidos.

Consideramos, por fim, que a alfabetização científica é um eixo fundamental para o trabalho de formação dos professores nesse Programa e que este tem o potencial de fornecer subsídios para uma melhor compreensão das relações entre ciência e sociedade pelos sujeitos envolvidos e, em especial, o professor supervisor.BibliografiaBIANCONI, M. Lucia; CARUSO, Francisco. Educação não-formal. Cienc. Cult.,  São Paulo,  v.

57,  n. 4, Dez.  2005.GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal na pedagogia social.. In: I CONGRESSO

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História, Ciências, Saúde, Manguinhos, v. 12 (suplemento), p. 161-81, 2005.. KRASILCHIK, M., MARANDINO, M.Ensino de Ciências e Cidadania. São Paulo : Editora Moderna, 2007, v.1. p.87.

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QUEIROZ, Glória Pessôa. Parcerias na formação de professores de ciências na educação formal e não-formal. Caderno do Museu da Vida, Rio de Janeiro, p. 80-86, 2001-2.

STUCHIA, A. M.; CORREIA, N. S. O parque do conhecimento da Universidade Estadual de Santa Cruz. X V I Simpósio Nacional de Ensino de Física. Resumos. Rio de Janeiro: 2005. Disponível em http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xvi/cd/resumos/T0713-1.pdf. Acesso em: 15/06/2012.