analise da aplicaÇÃo do programa bolsa famÍlia...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANALISE DA APLICAÇÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA SOB A PERSPECTIVA DOS BENEFICIÁRIOS NO MUNICÍPIO DE POMBAL/PB Cristiane Queiroz Reis Especialista em Gestão Pública Municipal - UFPB Lucimeiry Batista da Silva Profª MSc. do Centro de Ciências Jurídicas e Sociais - UFCG Colaboradora do CEGPM RESUMO O Programa Bolsa Família é um Programa de transferência de renda, criado em 2004, a partir da unificação dos programas, Bolsa Escola, Programa Nacional de Acesso a Alimentação, Bolsa Alimentação e o Auxilio Gás, com o propósito de minimizar a pobreza com a transferência de renda direta as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. Desta forma, a pesquisa teve como objetivo analisar a visão dos beneficiários do Programa Bolsa Família no município de Pombal/PB acerca de sua aplicação. Para atingir o objetivo proposto foi realizado um estudo fundamentado em uma pesquisa descritiva, exploratória, quantitativa que utilizou como instrumento de coleta de dados um questionário adaptado de Rodrigues (2011), que possibilitou a abordagem quantitativa. Os dados que deram base para a abordagem qualitativa foram obtidos por meio de entrevista com o gestor municipal. A análise dos resultados identificou que após sete anos de existência do Programa, em Pombal, e com o cumprimento das condicionalidades as famílias tiveram uma melhora na sua qualidade de vida, com a frequência da maioria das crianças na escola e vacinação em dia, bem como as mulheres grávidas que estão tendo acompanhamento médico pré-natal. Mas também foram encontrados alguns resultados que podem ser considerados preocupantes, como a baixa média de famílias com casa própria, o alto índice de desemprego e a pouca informação que os beneficiários têm sobre o Programa, já que o conhecimento do PBF praticamente foi obtido informalmente. Um destaque para o aumento da sensibilização das famílias com relação à quantidade de filhos, onde a maioria possui de um a três filhos. Esta pesquisa pode contribuir com dados locais do Programa Bolsa Família, que podem ser utilizados como comparativo com a realidade nacional e auxiliar na identificação dos problemas locais. Palavras-chave: Programa Bolsa Família, Condicionalidades, Transferência de Renda. 1 INTRODUÇÃO O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência de renda que foi criado para apoiar as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, garantindo a elas o direito e o acesso aos serviços básicos e essenciais como a alimentação, educação e saúde.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ANALISE DA APLICAÇÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA SOB A

PERSPECTIVA DOS BENEFICIÁRIOS NO MUNICÍPIO DE POMBAL/PB

Cristiane Queiroz Reis

Especialista em Gestão Pública Municipal - UFPB

Lucimeiry Batista da Silva

Profª MSc. do Centro de Ciências Jurídicas e Sociais - UFCG

Colaboradora do CEGPM

RESUMO

O Programa Bolsa Família é um Programa de transferência de renda, criado em 2004, a partir

da unificação dos programas, Bolsa Escola, Programa Nacional de Acesso a Alimentação,

Bolsa Alimentação e o Auxilio Gás, com o propósito de minimizar a pobreza com a

transferência de renda direta as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. Desta

forma, a pesquisa teve como objetivo analisar a visão dos beneficiários do Programa Bolsa

Família no município de Pombal/PB acerca de sua aplicação. Para atingir o objetivo proposto

foi realizado um estudo fundamentado em uma pesquisa descritiva, exploratória, quantitativa

que utilizou como instrumento de coleta de dados um questionário adaptado de Rodrigues

(2011), que possibilitou a abordagem quantitativa. Os dados que deram base para a

abordagem qualitativa foram obtidos por meio de entrevista com o gestor municipal. A

análise dos resultados identificou que após sete anos de existência do Programa, em Pombal, e

com o cumprimento das condicionalidades as famílias tiveram uma melhora na sua qualidade

de vida, com a frequência da maioria das crianças na escola e vacinação em dia, bem como as

mulheres grávidas que estão tendo acompanhamento médico pré-natal. Mas também foram

encontrados alguns resultados que podem ser considerados preocupantes, como a baixa média

de famílias com casa própria, o alto índice de desemprego e a pouca informação que os

beneficiários têm sobre o Programa, já que o conhecimento do PBF praticamente foi obtido

informalmente. Um destaque para o aumento da sensibilização das famílias com relação à

quantidade de filhos, onde a maioria possui de um a três filhos. Esta pesquisa pode contribuir

com dados locais do Programa Bolsa Família, que podem ser utilizados como comparativo

com a realidade nacional e auxiliar na identificação dos problemas locais.

Palavras-chave: Programa Bolsa Família, Condicionalidades, Transferência de Renda.

1 INTRODUÇÃO

O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência de renda que foi

criado para apoiar as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, garantindo a elas o

direito e o acesso aos serviços básicos e essenciais como a alimentação, educação e saúde.

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Este programa atende todo o Brasil. Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Social

e Combate a Fome, em 2010, mais de 12 milhões de famílias (MDS, 2011).

As famílias para serem beneficiadas, devem estar cadastradas no Cadastro Único

(CadÚnico), para isso, devem procurar os gestores municipais do Programa para realizarem

seu cadastro no sistema. Os benefícios estão divididos em dois tipos: básico e variável. Para

ter acesso ao beneficio básico a família deve ter uma renda per capta de até R$ 70,00. Já para

ter acesso ao benefício variável a renda per capta deve ser entre R$ 70,01 e R$ 140,00. Para

isso as famílias podem incluir até 05 (cinco) filhos de até 15(quinze) anos. A inclusão de até

05 (cinco) filhos passou a vigorar a partir de novembro de 2011, pois antes só era possível

incluir até 03 (três) filhos (MDS, 2011).

O programa impõe condicionalidades a serem cumpridas pelas famílias beneficiadas,

para que as mesmas se mantenham como beneficiária. Estas condicionalidades são: (a) na

educação, a manutenção das crianças na escola, com uma frequência mínima de 85% para a

idade de 6 (seis) a 15(quinze) anos e de 75% para jovens de 16 (dezesseis) e 17 (dezessete)

anos; (b) na saúde, o acompanhamento do calendário de vacinação de crianças até 7 (sete)

anos e de gestantes durante o pré-natal; (c) na assistência social, é exigida uma frequência de

85% em ações sócio educativas, para crianças e jovens de ate 15 (quinze) anos ou retiradas de

trabalho infantil. O descumprimento dessas condicionalidades pode acarretar bloqueio e até

mesmo o cancelamento do benefício (MDS, 2011).

Diante deste contexto, a presente pesquisa teve como objetivo realizar uma análise

sobre a visão dos beneficiários do Programa Bolsa Família no município de Pombal/PB

acerca de sua aplicação.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Programa Bolsa Família: Histórico, conceitos e Características

No Brasil, a economia tem como característica uma concentração de renda e de

riqueza, e com isso está entre os países que possui os mais altos índices de desigualdade social

do mundo. Neste cenário, o Governo Federal para tentar minimizar os problemas sociais e

combater a miséria do país, criou os programas de transferência de recursos em dinheiro para

garantir uma renda mínima para as pessoas ou famílias que não alcançam determinado

patamar de renda.

Um dos primeiros foi o Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à educação,

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mais conhecido como "Bolsa Escola" criado pela Lei Nº 10.219 de 11 de abril de 2001 por

meio de uma parceria entre os municípios e o Governo Federal na busca de respeitar o

preceito constitucional – a educação é um direito de todos – e garantir não só o acesso das

crianças a escola, como também sua permanência. O Programa Bolsa Escola era um programa

de complementação de renda, com o objetivo de contribuir para o bem estar de famílias

carentes e incentivar a escolarização de seus filhos ou dependentes (BRASIL, 2001)

Outro programa de transferência de renda foi o Programa Nacional de Acesso a

Alimentação – PNAA denominado de “Cartão Alimentação” criado pela Lei Nº 10.689 de 13

de junho de 2003, vinculado às ações dirigidas ao combate à fome e à promoção da segurança

alimentar e nutricional da sociedade (BRASIL, 2003).

Já o Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à saúde – o "Bolsa Alimentação"

foi instituído pela Medida Provisória Nº 2.206-1 de 06 de setembro de 2001, dispondo no art.

2º que “o Programa destina-se à promoção das condições de saúde e nutrição de gestantes,

nutrizes e crianças de seis meses a seis anos e onze meses de idade, mediante a

complementação da renda familiar para melhoria da alimentação” (BRASIL, 2001).

Em 24 de janeiro de 2002 foi criado mais um programa por meio do Decreto Nº.

4.102. Este programa era coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e teve a

denominação de “Auxilio Gás”, visando ajudar as pessoas carentes a comprar um botijão de

gás para cozinhar (BRASIL, 2002).

Todos estes programas foram criados para tentar sanar a dívida social do país,

utilizando-se da transferência de renda direta, e com isso minimizar também a pobreza.

A criação do Programa Bolsa Família - PBF foi determinada essencialmente por dois

aspectos básicos: o primeiro foi de ordem política relacionado a criação do Programa Fome

Zero, criado em 2003, que após um ano não apresentou resultados concretos e o segundo de

ordem técnica-gerencial, decorrente de uma avaliação realizada no período de transição de

governos em 2002, onde registrava-se a fragmentação administrativa de programas de

transferência condicionadas de renda (MESQUITA, 2007).

Diante deste cenário foi criado o Programa Bolsa Família (PBF) pela Lei nº. 10.836,

de 09 de janeiro de 2004, e teve sua origem decorrente da unificação dos programas Bolsa

Escola, Bolsa Alimentação, Programa Auxílio Gás, e Programa Nacional de Acesso à

Alimentação – PNAA (Cartão Alimentação) (BRASIL, 2004).

O PBF é um programa de transferência de renda condicionada, criado pelo Ministério

do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS) para melhorar a vida das famílias

pobres e extremamente pobres do Brasil (CGU, 2010) e que ao longo destes sete anos de

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existência já beneficiou milhares de famílias em todo o país.

De acordo com o art. 4º da Lei Nº. 10.836/2004 são objetivos básicos do PB F com

relação aos seus beneficiários:

I - Promover o acesso das famílias mais pobres à rede de serviços públicos, em

especial os de saúde, educação e assistência social;

II - Combater a fome e incentivar a segurança alimentar e nutricional;

III- Estimular a emancipação sustentada das famílias que vivem em situação de

pobreza e extrema pobreza;

IV- Combater a pobreza; e

V- Promover a intersetorialidade, a complementaridade e a sinergia das ações

sociais do poder público (BRASIL, 2004).

Neste contexto, são beneficiados pelo Programa e recebem o beneficio as famílias

cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais e que possuam renda mensal per

capita (por pessoa) de até R$ 140,00. O valor recebido do programa varia de acordo com a

classificação do beneficiário no PBF, que pode receber o beneficio básico, no valor de R$

68,00 e é concedido às famílias que possuem renda mensal de até R$ 70,00 por pessoa. Já o

benefício variável tem o valor de R$ 32,00, R$ 44,00 ou R$ 66,00 para as famílias que

tenham crianças ou adolescentes com até 15 anos, mulheres grávidas ou amamentando e o

benefício variável jovem – BVJ é de R$ 33,00 ou R$ 66,00 para as famílias que possuem

adolescentes de 16 e 17 anos (MDS, 2010).

O pagamento do beneficio é realizado pela Caixa Econômica Federal – CEF por meio

de cartão magnético ou de deposito na Conta Bancária Caixa Fácil diretamente aos

beneficiários, que de preferência, a mulher é a responsável pelo recebimento do beneficio e

pode ser utilizado pela família de acordo com as suas necessidades, ou seja, da forma que

achar melhor para isso, pois a família beneficiária tem total liberdade.

Neste contexto as mulheres têm um papel crucial, sendo responsável pelo recebimento

e destino deste beneficio e também no cumprimento dos objetivos do Programa, conforme

apresenta Suárez e Libardoni (2007), dizendo que no Brasil:

a presença do cônjuge, na maioria dos grupos domésticos, não influi muito quanto

ao cumprimento das condicionalidades, porque a postura da mãe pesa mais do que a

do pai na tomada de decisões referentes à Educação, Saúde e tudo que tenha a ver

com os filhos (SUÁREZ; LIBARDONI, 2007, p. 124).

Vale salientar que na realidade brasileira, principalmente nos grupos mais pobres, o

papel da mulher como chefe da família vem crescendo significativamente. Portanto, deixando

de ser apenas o homem o chefe da família.

Este cenário começou em 2004 com um investimento inicial de 5,5 bilhões, atingindo,

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em 2010, mais de 13 bilhões, segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Social, o que

demonstra que o volume de investimento no Programa é cada vez maior (MDS, 2010).

No fim de 2009, o Bolsa Família atendia cerca de 12,4 milhões de famílias em todos

os municípios do Brasil, envolvendo recursos de R$ 11,3 bilhões. Esses valores

representam 0,39% do PIB de 2008, o que indica o custo relativamente baixo do

programa, considerando o retorno positivo em termos de combate à pobreza, de

redistribuição de renda e de inclusão social. A estimativa do governo federal é de

que, em 2010, o programa aplique R$ 13,1 bilhões em transferência de renda direta

(WEISSHEIMER, 2010, p.34).

Mas, para que as famílias beneficiadas continuem no Programa, devem cumprir

algumas condicionalidades que são impostas para que as mesmas garantam o recebimento do

beneficio do PBF.

2.2 Condicionalidades do Programa

Segundo a Agenda da Família, documento impresso, que é distribuído gratuitamente

pelo MDS, para dar todas as informações necessárias aos usuários do Programa, as

condicionalidades são compromissos assumidos por ambas as partes, Governo e usuários do

programa, com relação às áreas de educação, saúde e assistência social.

Neste contexto, as condicionalidades foram criadas para que as famílias beneficiadas

também tivessem que fazer a sua parte para merecer o benefício recebido, ou seja, dessem

uma contrapartida ao que estavam recebendo.

De acordo com Schwarzman (2009, p.2) a condicionalidade é questionado pela

contrapartida, ao assegurar que:

com a condiconalidade o Programa estaria livre só do pecado da simples

transferência de recursos a que muitas vezes é criticada como simples esmola. Na

forma original como bolsa-escola, os pais precisariam reciprocar mandando os filhos

para a escola; na forma ampliada além da escola, as crianças precisam ser vacinadas,

as mulheres grávidas precisam fazer o pré-natal e seguir outras orientações do

Ministério da Saúde.

O não cumprimento das condicionalidades do programa pode acarretar para o

beneficiário o bloqueio, suspensão ou cancelamento do beneficio. Divergindo do pensamento

de Santos (2011, p. 1) que afirma que não ser a punição as famílias o objetivo das

condiconalidades, mas “de forma conjunta os beneficiários e o poder público, que deve

identificar os motivos do não-cumprimento das condicionalidades e implementar políticas

públicas de acompanhamento para essas famílias”.

Com isso, as famílias devem estar atentas ao compromisso assumido e acompanhar o

atendimento das condicionalidades que o Programa exige, para que não sejam penalizadas

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com o não recebimento do beneficio.

Na área da educação, as condicionalidades do programa estão voltadas para que as

famílias que possuem crianças e adolescentes entre 6 e 15, anos obrigatoriamente todas elas

devem estar devidamente matriculados e possuir uma frequência escolar mensal mínima de

85% da carga horária. Já para os estudantes entre 16 e 17 anos a sua frequência escolar deve

ser de, no mínimo, 75% (MDS, 2011).

Com relação à área de saúde, as famílias que recebem o benefício passam a ter o

compromisso fixado com o governo de acompanhar o cartão de vacinação e o crescimento e

desenvolvimento das crianças menores de 7 anos. No que se refere às mulheres na faixa de 14

a 44 anos também devem fazer o acompanhamento e, se gestantes ou nutrizes (lactantes),

devem realizar o pré-natal e o acompanhamento da sua saúde e do bebê (MDS, 2011)

As condicionalidades voltadas para a área de assistência social, dizem respeito às

crianças e adolescentes com até 15 anos em risco ou retiradas do trabalho infantil pelo

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), devem participar dos Serviços de

Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do PETI e obter frequência mínima de

85% da carga horária mensal (MDS, 2011).

2.3 O Programa Bolsa Família no município de Pombal - Paraíba

De acordo com os dados do IBGE, segundo o censo demográfico de 2010, a Paraíba

possui 223 municípios, entre eles Pombal, que está localizada no Alto sertão da Paraíba

distante da capital, João Pessoa, 380 km. Construída às margens do Rio Piranhas, que

percorre cerca de 50 km dentro do município e sua extensão total é de aproximadamente 500

km, e Piancó que mede 157 km, dos quais 48 km no território deste município se perenizaram

com a construção do açude de Coremas. A cidade possui uma extensão territorial de 888,811

km², conforme resolução de outubro de 2002, com uma população, de acordo com o Censo de

2010, de 32.110 habitantes, que representa 0,85% do total da população do estado. Seus

limites são: ao Norte a Lagoa, Paulista e Santa Cruz; ao Sul: Cajazeirinhas e Coremas; ao

Leste: Condado, São Bentinho e ao Oeste: São Domingos de Pombal, Aparecida, São

Francisco e São José da Lagoa Tapada.

O município de Pombal/PB está inserido no Programa Bolsa Família desde sua

criação, no ano de 2004, e ao longo destes sete anos já atendeu milhares de famílias. Em 2010

o município tinha 4.421 famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, de acordo com

informações do Cadastro Único, disponibilizadas na internet na página do MDS, e 759

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famílias cadastradas e habilitadas ao Programa Bolsa Família, ou seja, Famílias elegíveis ao

Programa que possuem informações cadastrais válidas e atualizadas, conforme consta na

Portaria 341/2008 (MDS, 2011).

Assim, o município assiste um número considerável de beneficiários do PBF. E que

segundo informações obtidas na entrevista realizada com a coordenadora do Programa no

município, Pombal tem atualmente, de acordo com a base da Caixa Econômica Federal, 6.

184 famílias beneficiadas e ao todo junto com estas pessoas que estão recebendo os benefícios

são 6.748 famílias cadastradas. O que representa um aumento significativo no número de

beneficiários assistidos pelo Programa no município.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este estudo, em relação aos objetivos, é classificado como uma pesquisa exploratória e

descritiva. Como trata Gil (1999 apud BEUREN, 2006, p. 80), “a pesquisa exploratória é

desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato.

Portanto, esse tipo de pesquisa é realizado, sobretudo, quando o tema escolhido é pouco

explorado e torna-se difícil formular hipóteses precisas e operacionalizáveis”.

Gil (2002) diz que as pesquisas descritivas têm a função primordial de descrever as

características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de

relações entre variáveis.

Quanto à abordagem, foi aplicado um estudo de cunho qualitativo e quantitativo. A

pesquisa qualitativa concebe análises mais profundas em relação aos fenômenos que estão

sendo estudados. A abordagem qualitativa, de acordo com Beuren (2006), visa destacar

características não observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a

superficialidade deste último.

No que se refere à pesquisa quantitativa caracteriza-se pelo emprego de instrumentos

estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados. Esse procedimento não é tão

profundo na busca do conhecimento da realidade dos fenômenos, uma vez que se preocupa

com o comportamento geral dos acontecimentos.

Quanto aos instrumentos utilizados, para dar suporte à pesquisa quantitativa foi

aplicado um questionário adaptado do instrumento validado por Rodrigues (2011), com

questões de múltipla escolha e para abordar qualitativamente foi aplicada entrevista

semiestruturada também adaptada do instrumento validado por Rodrigues (2011) realizada

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com a coordenadora municipal do Programa.

Para Marconi e Lakatos (2003, p.201) “o questionário é um instrumento de coleta de

dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por

escrito e sem a presença do entrevistador”. Geralmente é enviado para o respondente e

solicitado o seu preenchimento e devolução dentro de um prazo pré-estabelecido.

Enquanto a entrevista é um procedimento utilizado na investigação social, onde duas

pessoas se encontram, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado

assunto, mediante uma conversação de natureza profissional objetivando do entrevistado

informações sobre determinado assunto ou problema (MARCONI; LAKATOS, 2003).

Desta forma, na pesquisa foram utilizados os dois procedimentos de coleta de dados,

para atingir os objetivos propostos, onde o recorte foi selecionada por acessibilidade, tendo a

pesquisadora, visitado às residências dos beneficiários em bairros diferentes do município,

para aplicar o questionário e também a agência da Caixa Econômica Federal em dia de

pagamento do beneficio. Pode-se observar durante a coleta dos dados um receio por parte de

alguns beneficiários em responder o questionário. Os instrumentos de pesquisa foram

aplicados no mês de novembro, 56 beneficiários do PBF no município de Pombal/PB.

Portanto o estudo trata-se de uma pesquisa de corte que segundo Souza et al(2007)

refere-se a um estudo realizado com um grupo de pessoas que possuem alguma característica

comum, e que passa a ser acompanhada por um determinado intervalo de tempo, constituindo,

desta forma, a amostra da ser estudada.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Esta seção analisa os resultados obtidos a partir dos questionários aplicados com os

beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF), na cidade de Pombal/PB. O questionário,

adaptado do instrumento validado por Rodrigues (2011), foi composto por 34 questões de

múltipla escolha, subdivididas em aspectos gerais dessa população que foram: dados gerais;

características dos moradores; educação; saúde; trabalho/desemprego e trabalho infantil;

alimentação; realidade atual e natalidade.

4.1 Dados Gerais

As cinco primeiras perguntas do questionário referem-se aos dados gerais dos

entrevistados, que são beneficiários do Programa Bolsa Família no município de Pombal - PB.

A questão 1 indagou sobre quem deu conhecimento ao beneficiário sobre o Programa

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Bolsa Família, como resultado verificou-se que 29% soube do Programa por parentes e 29%

pelos vizinhos; 18% que souberam por amigos, se somados, estes percentuais indicam que

76% dos entrevistados obtiveram conhecimento do PBF informalmente.

Este resultado indica que em Pombal a divulgação informal foi mais eficiente que as

propagandas veiculadas nos meios formais como a televisão, o rádio e os jornais. Os meios de

comunicação formal foram citados por apenas 4% dos entrevistados. Os órgãos ligados ao

governo municipal foram responsáveis por informar a 22% dos entrevistados, esse percentual

foi distribuído entre a Prefeitura (11%), escola/creche (9%) e os Postos de Saúde (2%).

Quanto ao tempo que levou para os beneficiários passarem a receber o benefício, após

o preenchimento do formulário, identificou-se que um total de 55% começaram a receber

antes de 1 ano (30% levaram de 7 a 12 meses para receber e 25% de 1 a 6 meses), os demais

que totaliza 45% só passaram a receber o benefício depois de um ano no cadastro do

Programa (18% levaram de 19 a 24 meses; 18% acima de 24 meses e 9% de 13 a 18 meses).

Em relação ao tipo de domicilio em que residem as famílias beneficiadas pelo

programa, identificou-se que em Pombal, 90% dos entrevistados moram em casa e apenas

10% moram ou em apartamento (5%) ou em quarto/cômodos (5%).

No que se refere a localidade de domicilio dos beneficiário constatou-se que 89%

residem na zona urbana e apenas 11% está na zona rural, isso pode ter como uma das causas o

êxodo rural que vem ocorrendo no país, desde a década de 1950 com a criação da Capital

Brasília, mas teve o seu apogeu nas décadas de 1960 e 1980, e depois continuou ocorrendo só

que em menor intensidade (FARIAS, 2007).

As condições de ocupação dos domicílios dos beneficiários do PBF, revelam que 50%

vive em casas alugadas enquanto 36% possuem moradias próprias, 10% vivem em condições

de moradia cedida e 4% em outras condições. No que se refere aos dados gerais, a pesquisa

demonstrou que das famílias beneficiadas pelo PBF no município de Pombal – PB, a maioria

(76%) tiveram conhecimento do PBF por meio de parentes, vizinhos e amigos, residem na

zona urbana (89%), em condições de moradia sem serem próprias (64%) e passaram menos de

um ano para receberem a primeira parcela do beneficio, após o credenciamento no Programa

(55%).

4.2 Características dos moradores

No que se refere a este item as famílias foram indagadas com relação a quantidade de

moradores que residem no domicilio e constatou-se que 63% dos domicílios abrigam de 4 a 6

moradores, seguido de 21% que possui de 1 a 3, e de 9% onde moram de 7 a 10 pessoas e

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ainda 7% de domicílios onde moram mais de 10 pessoas

Uma das questões levantadas era sobre a quantidade de famílias que mora em cada

domicilio, onde se constatou que na maioria dos lares dos beneficiados mora apenas uma

família, representando 77% dos entrevistados, em 21% dos domicílios vivem de 2 a 3 famílias

e em apenas 2% residem conjuntamente de 4 a 5 famílias.

Quando indagados sobre a quantidade de menores que moram no domicilio, 59%

responderam que residem de 1 a 2 crianças, 25% de 3 a 4, 7% acima de quatro e em 9% dos

lares não reside nenhuma criança. Esse dado pode estar relacionado ao fato do município

oferecer Programas na área de saúde para o acompanhamento das crianças.

O Gráfico 1 apresenta os resultados referentes a quantidade de menores que estão

inseridos no PBF, onde constatou-se que na maioria das famílias beneficiadas existem de 1 a

2 crianças, o que corresponde a 61%, seguido de 18% com 3 a 4, 7% possuem acima de 4

crianças no PBF e 14% das famílias participantes não possuem crianças cadastradas no PBF.

Gráfico 1 – Quantidade de menores no PBF

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Quando indagados com relação ao tempo que recebem o beneficio, a maioria, que

corresponde a 80%, já recebe há mais de um ano e 20% recebem a menos de um ano.

O Gráfico 2 refere-se ao último valor recebido pelo Programa Bolsa Família, onde a

maioria com 54% das famílias do município recebem valores de R$ 101,00 a R$ 150,00, 25%

receberam de R$ 51,00 a R$ 100,00, de R$ 151,00 a R$ 200,00 corresponderem 15%, de R$

201,00 a R$ 300,00 com 4% e 2% receberam de até R$ 50,00 e nenhuma família recebe

acima de R$ 300,00.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

14%

61%

18%

7%

0

1 a 2

3 a 4

Acima de 4

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11

Gráfico 2 – Valor do último beneficio

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Dos respondentes 11% responderam que nunca teve o seu benefício bloqueado e 89%

já tiverem. Entre os motivos do bloqueio destacam-se que 45% nunca soube o motivo, 23%

foi porque deixaram de cumprir alguma das condicionalidades exigidas pelo Programa, 17%

informaram que a Prefeitura cancelou e dois motivos corresponderam a 2%, o fato das

crianças e adolescentes completarem a idade limite estabelecida pelo PBF e por receberem

mais de um beneficio, como pode ser visto no Gráfico 3.

Gráfico 3 – Motivos de cancelamento do benefício

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

No item características dos moradores, verificou-se que em 77% dos lares reside

apenas uma família, e que na maioria delas existem de 1 a 2 crianças (61%) cadastradas no

PBF e que já recebem o beneficio há mais de um ano (80%). No município as famílias

recebem em média valores de R$ 101,00 a R$ 150,00 (54%) e nenhuma família recebe acima

de R$ 300,00. Destaque neste item está para 89% das famílias que já tiveram o beneficio

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

2%

25%

54%

15%

4%

0%

Até R$ 50,00

De R$ 51,00 a R$100,00

De R$101,00 a R$ 150,00

De R$ 151,00 a R$ 200,00

De R$201,00 a R$300,00

Acima de R$ 300,00

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

23%

0% 2%

17%

2%

45% Não cumpriu alguma dascondicionalidades (agenda desaúde e freqüência escolar)

Aumento da renda familiar (percapita)

Crianças/adolescentescompletaram a idade limite

A Prefeitura cancelou obenefício

Recebia mais de um benefício

Não sabe o motivo

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bloqueado e entre os motivos dos bloqueios, destaca-se que 45% nunca souberam o motivo.

4.3 Educação

A Educação gratuita e de qualidade é um direito de todos os cidadãos brasileiros,

conforme consta no art. 205 da Constituição Federal de 1988, “a educação, direito de todos e

dever do Estado e da família...” e em seu art. 6º a considera como um dos direitos sociais,

“são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social,

a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta

Constituição” (BRASIL, 1988).

Os dados da pesquisa referente a quantidade de menores que estavam fora da escola

antes de entrarem para o PBF no município de Pombal/PB, apresentam que nas famílias

beneficiadas pelo Programa, 71% das famílias não tinha nenhum filho fora da escola e 29%

afirmaram que possuíam de 1 a 6 filhos fora da escola.

Com a inserção e permanência no Programa as famílias que possuem filhos em idade

escolar, ou seja, crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos e jovens de 16 e 17 anos, todos

devem estar devidamente matriculados e possuírem frequência mensal mínima de 85% e 75%

respectivamente. Pois se trata de uma das condicionalidades exigida pelo Programa para a

área de educação, e desta forma devem ser cumpridas pelas famílias para não sofrerem

penalizações.

Diante das respostas obtidas sobre esta questão, pode-se constatar que, apesar desta

não ser uma questão para as famílias, onde a maioria mantinha os filhos na escola, ainda

assim é preocupante que quase 1/3 desta população (29%) ainda permanecia fora da escola.

Ainda na área de educação as famílias foram indagadas sobre quanto do valor recebido do

beneficio, é gasto com educação, conforme apresentado no Gráfico 4.

Gráfico 4 – Do valor recebido do Programa, quantidade gasta com educação

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

59%

34%

5% 2% 0% 0%

Nada

Até R$ 50,00

De R$ 51,00 a R$100,00

De R$101,00 a R$ 150,00

De R$ 151,00 a R$ 200,00

Acima de R$200,00

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13

Na educação, conclui-se que nas famílias beneficiadas pelo Programa, 71% não tinha

nenhum filho fora da escola e 29% afirmaram que possuíam de 1 a 6 filhos fora da escola,

dado preocupante que representa quase 1/3 desta população. Com relação ao valor recebido

do beneficio, 59% não gastam nada com educação e 34% gastam no máximo até R$ 50,00.

Este dado mostra que a maioria das famílias utiliza este recurso para outras finalidades que

não é a educação de suas crianças e adolescentes.

4.4 Saúde

A saúde também é um direito social garantido pela Carta Magna de 1988, a todos os

cidadãos brasileiros desde 1988. Na área da saúde os beneficiários do PBF foram indagados

sobre a frequência com que recebem a visita dos agentes comunitários de saúde em sua

residência, onde o Gráfico 5 demonstra os resultados obtidos.

Gráfico 5 – Frequência de visitas de agentes de saúde

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Como resultado verifica-se que 41% das famílias recebem a visita mensal do agente de

saúde para acompanhamento das crianças, adolescentes e gestantes, 25% recebem uma visita

a cada 3 meses, 22% a cada 6 meses e 5% apenas uma vez ao ano e ainda existem famílias

(7%) que nunca receberam a visita de um agente comunitário de saúde em sua casa. Este dado

é bastante relevante e até preocupante, pois uma das condicionalidades do Programa é o

acompanhamento na área de saúde, e a sua falta pode acarretar o bloqueio do beneficio.

Nas questões 17 e 18 foram perguntados se existem mulheres grávidas no domicílio e

se as mesmas estão tendo acompanhamento médico. O resultado apontou que em 95% das

famílias participantes não tem nenhuma grávida e as demais 5% responderam que tem de uma

a duas grávidas, e que estas estão fazendo pré-natal, ou seja, com seus exames em dia. Fator

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

7% 5%

22% 25%

41%

Nunca recebeu

1 vez no ano

1 vez a cada 6 meses

1 vez a cada 3 meses

1 vez por mês

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este positivo, que pode ter sido consequência de uma das condicionalidades do Programa na

área da saúde que é o acompanhamento efetivo das gestantes por meio da realização do pré-

natal ou também pode ser decorrência de uma maior preocupação e sensibilização dessas

mulheres.

Outra condicionalidade exigida na área de saúde está relacionada ao acompanhamento

do cartão de vacinação, 82% das famílias beneficiadas pelo PBF responderam, que estão em

dia, e os outros 18% responderam não esta em dia com este acompanhamento. Este dado é

importante, haja vista que esta condicionalidade tem que ser cumprida pelas famílias para que

as mesmas não tenham o benefício bloqueado ou até cancelado pelo não cumprimento das

condicionalidades exigidas pelo Programa.

Na área da saúde constatou-se que 41% das famílias recebem a visita mensal do agente

de saúde e ainda existem famílias (7%) que nunca receberam a visita de um agente

comunitário de saúde em sua casa. E que nas famílias que tem grávidas (5%), todas estão com

seus exames em dia, e 82% das famílias beneficiadas estão com o cartão de vacinação das

crianças em dia. Este dado é importante, haja vista que esta condicionalidade tem que ser

cumprida pelas famílias para que as mesmas não tenham o beneficio bloqueado ou até

cancelado pelo não cumprimento das condicionalidades exigidas pelo Programa.

4.5 Trabalho

A pesquisa na área de trabalho buscou investigar nas famílias beneficiadas pelo PBF, a

quantidade de moradores maiores de 18 anos que estão trabalhando atualmente e a quantidade

dos que estão desempregados conforme consta nos Gráficos 6 e 7.

Gráfico 6 – Quantidade de maiores de 18 anos trabalhando

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

32%

64%

4% 0% 0%

0

1 a 2

3 a 5

Acima de 5

Todos

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O Gráfico 6 apresenta que nos domicílios investigados, em 64% deles existem de 1 a 2

moradores com mais de 18 anos trabalhando e em 32% deles não existem nenhum adulto

inserido no mercado de trabalho.

Gráfico 7 – Quantidade de maiores de 18 anos desempregados

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Já o Gráfico 7 mostra que 77% dos lares beneficiados pelo Programa têm de 1 a 2

maiores de 18 anos desempregados, buscando uma colocação no mercado de trabalho, e em

20% dos lares não há nenhum adulto desempregado, esses dados demonstram que a maioria

dos adultos precisam de alguma capacitação/qualificação profissional para poder ter uma

chance de se inserirem no mercado de trabalho. Já com relação à quantidade de menores

trabalhando identificou-se que existem em 11% dos lares de um a dois menores de idade

inseridos no mercado de trabalho informal. Este é outro dado preocupante, pois estes menores

deveriam estar apenas estudando, porém, apesar da família estar inserida no PBF, estes

menores continuam tendo que ajudar na renda da família, o que legalmente é proibido pelo

Estatuto da Criança e do Adolescente conforme consta em seu art. 60.

Gráfico 8 – Quantidade de aposentados no domicilio

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

20%

77%

4% 0% 0%

0

1 a 2

3 a 5

Acima de 5

Todos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

78%

18%

4% 0%

0

1 a 2

3 a 5

Acima de 5

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No Gráfico 8 apresenta-se os dados referentes a quantidade de aposentados que

residem no domicílio, onde constatou-se que 18% das famílias possuem de um a dois

aposentados e 4% de 03 (três) a 05 (cinco) aposentados, os quais com a sua aposentadoria

podem contribuir incrementando a renda da família.

A coordenadora do PBF no município de Pombal/PB, em entrevista, informou que o

PBF no município, através do CRAS, oferece cursos de capacitação profissionalizante. Estes

cursos ajudam as pessoas das famílias beneficiárias a adquirir uma profissão. A contribuição

das prefeituras oferecendo estes cursos é fundamental, uma vez que o beneficio do PBF é

transitório, então quanto mais pessoas se profissionalizarem e tiverem uma profissão mais

rápida será possível devolver o benefício para que surjam novas vagas e outras famílias

possam ser também beneficiadas.

Mesmo o Programa promovendo cursos gratuitos de geração e renda, 70% das

famílias beneficiadas não participam, apenas 30% afirmaram que já participaram de algum

curso oferecido pelo PBF. E quando indagados se estes cursos promovidos pela Prefeitura lhe

deram oportunidade de trabalho, 75% disseram que não, sendo assim um dado preocupante, e

que pode ser levado em consideração na hora de repensar os cursos que serão oferecidos pelo

PBF, buscando oferecer outras atividades que atendam a necessidade do mercado local.

A pesquisa na área de trabalho conclui-se que em 77% dos lares beneficiados pelo

Programa têm de 1 a 2 maiores de 18 anos desempregados, buscando uma colocação no

mercado de trabalho, já com relação à quantidade de menores trabalhando identificou-se que

existem em 11% dos lares de um a dois menores inseridos no mercado de trabalho informal.

Este é outro dado preocupante, pois estes menores deveriam estar apenas estudando, porém,

apesar da família estar inserida no PBF estes menores continuam tendo que ajudar na renda da

família. Para reverter este quadro no município o Programa promove cursos gratuitos de

geração e renda, mas apenas 30% das famílias já participaram de algum curso oferecido pelo

PBF. Dado este que pode ser considerado no momento de planejar e organizar os cursos que

serão oferecidos pelo PBF no futuro.

4.6 Alimentação

O Programa Bolsa família tem como um de seus objetivos garantir a população

carente mais acesso a alimentação. E para verificar se isso está acontecendo a presente

pesquisa indagou sobre a frequência em que os moradores do domicílio faziam três ou mais

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refeições no dia, antes e depois do Programa. Onde foi demonstrado que 82% das famílias

beneficiadas pelo Programa faziam as três refeições todos os dias, mesmo antes de entrar no

PBF, e 14% mantinham a frequência de 5 a 6 dias na semana, de acordo com o que apresenta

o Gráfico 9.

Gráfico 9 – Frequência que os moradores faziam três refeições antes do Programa

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Verificou-se que a frequência com que as famílias fazem as três refeições nos sete dias

da semana aumentou de 82% antes de entrarem no PBF (ver Gráfico 9) para 94% depois que

estão no Programa (ver Gráfico 10), houve também uma diminuição na quantidade de

famílias que antes do Programa faziam as três refeições durante 5 ou 6 dias da semana de 14%

para 4%, no período de 3 a 4 dias da semana caiu para zero este percentual após o Programa e

se manteve estável em 2% o número de famílias que realizam as três refeições em apenas 2

dias ou menos durante a semana.

Gráfico 10 – Frequência que os moradores fazem três refeições após o Programa

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

0%

20%

40%

60%

80%

100% 82%

14% 2% 2%

7 dias

5 ou 6 dias

3 ou 4 dias

2 dias ou menos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

94%

4% 0% 2%

7 dias

5 ou 6 dias

3 ou 4 dias

2 dias ou menos

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Na pesquisa, em relação ao item alimentação as famílias foram questionadas acerca do

valor recebido do Programa quanto era destinado a alimentação, os resultados estão

apresentados no Gráfico 11.

Gráfico 11 – Quantidade do valor recebido do Programa gasto com alimentação

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Verifica-se que 38% das famílias responderam que gastam até R$ 50,00, e 30% de R$

101,00 a R$ 150,00, levando-se em consideração o valor do último beneficio recebido (ver

Gráfico 2) onde a maioria das famílias (54%) recebem de R$ 101,00 a R$ 150,00, significa

que o principal destino do valor recebido pelo PBF e gastos com alimentação. Encerrando

este item foi perguntado as famílias se mesmo recebendo do Programa, ela ainda necessitava

de doações para se alimentar, 80% responderam que sim.

No que se refere ao item alimentação identificou-se que nas famílias que fazem as três

refeições os sete dias da semana houve um aumentou de 82% antes de entrarem no PBF para

95% depois que estão no Programa. Acerca do valor recebido do Programa verificou-se com a

pesquisa que 38% das famílias gastam até R$ 50,00, e 30% de R$ 101,00 a R$ 150,00, se

levado em consideração o valor do último beneficio recebido a maioria das famílias (54%)

recebem de R$ 101,00 a R$ 150,00, significa que o principal destino do valor recebido pelo

PBF é gasto com alimentação. Ainda assim, 80% das famílias afirmaram ainda necessitar de

doações para se alimentar.

4.7 Realidade Atual

No que se refere a realidade atual das famílias beneficiadas pelo PBF no município de

Pombal/PB verificou-se que no que concerne a uma avaliação da situação financeira do

domicilio comparada com a situação antes do PBF, um total de 79% dos pesquisados

responderam que agora está de melhor a muito melhor e 19% disseram que continua da

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

7%

13%

38%

30%

11%

2%

Nada

Até R$ 50,00

De R$ 51,00 a R$100,00

De R$101,00 a R$ 150,00

De R$ 151,00 a R$ 200,00

Acima de R$200,00

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19

mesma forma, tanto fazia antes como agora depois do Programa e apenas 2% responderam

que agora está pior do que antes, conforme dados do Gráfico 12.

Gráfico 12 – Situação financeira do domicilio comparada com a situação antes do PBF

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Na pesquisa perguntou-se também com relação a utilização de crédito/cardeneta/fiado/

prestação para a compra de alimentos e de roupas, onde 73% das famílias pesquisadas

responderam que sim, que utilizam algumas destas opções quando vão ao mercado comprar

alimentos e 77% quando vão ao comércio comprar roupas. O fato destas famílias serem

beneficiadas pelo Programa melhora a sua auto estima, pois as mesmas passam a ter crédito

frente ao comércio, já que o dinheiro é certo todos os meses, e com isso as famílias poderão

honrar os seus compromissos financeiros.

No que se refere a realidade atual das famílias beneficiadas pelo PBF no município de

Pombal/PB, verificou-se que no que concerne a uma avaliação da situação financeira do

domicílio comparada com a situação antes do PBF, um total de 79% dos pesquisados

afirmaram que agora está de melhor a muito melhor, pois agora possuem crédito frente ao

comércio, já que o dinheiro é certo todos os meses, e com isso as famílias não deixaram de

honrar os seus compromissos financeiros, passando a utilizar o crédito/cardeneta/fiado/

prestação para a compra de alimentos e de roupas.

4.8 Natalidade

O Programa Bolsa Família é criticado por incentivar as famílias a terem mais filhos

pois de acordo com as mudanças que ocorreram a partir de 2011, o número de filhos que

podem ser inseridos no Programa passou de 3 para 5, fato este que de acordo com os dados da

pesquisa no município de Pombal/PB não estimulou tanto as famílias a terem mais filhos,

mesmo estando no Programa conforme verifica-se nos Gráficos 13 e 14.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

20%

59%

19%

2% 0%

Muito melhor

Melhor

A mesma

Pior

Muito pior

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20

Gráfico 13 – Quantidade de filhos antes do PBF

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Os resultados mostram que antes do PBF 66% das famílias tinham de 1 a 2 filhos e

após o PBF este percentual passou a ser de 61%, aumentando apenas de 11% para 14% o

número de famílias que passaram a ter 3 filhos, as demais famílias permaneceram atualmente

com a mesma quantidade de filhos que já tinham mesmo antes de serem beneficiadas pelo

Programa Bolsa Família.

Gráfico 14 – Quantidade de filhos atualmente

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Para finalizar o questionário foi perguntado se as famílias se sentiam-se mais

confiantes para terem filhos depois de estarem do PBF. Com relação a esta última pergunta,

75% das famílias entrevistadas responderam que não se sentia segura para terem mais filhos,

dado este que pode revelar um aumento no nível de sensibilização das famílias com relação a

quantidades de filhos.

No que se refere ao item natalidade, os resultados mostraram que ocorreu um aumento

de 11% para 14% no número de famílias que passaram a ter 3 (três) filhos, as demais famílias

permaneceram atualmente com a mesma quantidade de filhos que já tinham antes de serem

beneficiadas pelo Programa Bolsa Família. Dado este confirmado pelos 75% das famílias

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

12%

66%

11% 9%

2%

0

1 a 2

3

4

Acima de 4

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

14%

61%

14% 9%

2% 0%

0

1 a 2

3

4

5

Acima de 5

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entrevistadas que respondeu não sentir aumentada a segurança para terem mais filhos.

5 CONCLUSÕES

Esta pesquisa objetivou apresentar a visão dos beneficiários do Programa Bolsa

Família no município de Pombal/PB acerca de sua aplicação, evidenciando os resultados

obtidos com relação às famílias beneficiadas pelo Programa, para saber se houve uma

melhoria na qualidade de vida destas famílias.

Como resultado a pesquisa apresentou alguns dados que são preocupantes, e

necessitam de uma maior atenção por parte do poder público, como o alto índice de

desemprego, que deve ter relação com uma ausência de um mercado de trabalho dinâmico e

amplo que tenha condições de absorver e integrar de forma produtiva o grande número de

pessoas que hoje buscam uma colocação profissional, para poder melhorar de vida e

construírem o seu próprio futuro de forma digna através do seu próprio esforço. Outro ponto

negativo identificado na pesquisa é com relação ao grande número de famílias que não

possuem casa própria, e condições financeiras de morar em um lugar digno, e tem muitas

vezes que ir morar em lugares de risco e sem a infraestrutura básica necessária para dar

segurança, garantir a saúde e a dignidade destas famílias.

Por outro lado a pesquisa demonstrou que as famílias beneficiadas pelo programa

tiveram uma melhoria na sua qualidade de vida e passaram a ter perspectivas de futuro, pois

se pode verificar isto através do cumprimento das condicionalidades do programa, onde na

educação a maioria das crianças em idade escolar está frequentando a escola e na saúde, elas

estão com o cartão de vacina em dia, assim como as mulheres grávidas estão tendo

acompanhamento médico pré-natal. E apesar das famílias terem pouca informação com

relação ao Programa, ocorreu um aumento significativo de sensibilização das famílias com

relação à quantidade de filhos, demonstrado na pesquisa pela maioria possuir de 01 (um) a 03

(três) filhos.

Como demonstrou a pesquisa, embora o Programa Bolsa Família que é um Programa

de Transferência de renda possa ajudar as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza,

eles não garantem a estas pessoas beneficiadas uma porta de saída efetiva da situação de

pobreza e desemprego em que vivem, portanto não podem substituir as políticas públicas na

área de educação, saúde, emprego e assistência social, que são quem pode reduzir as

desigualdades sociais e produzir resultados positivos a médio e longo prazo.

Na percepção da pesquisadora ao longo destes sete anos de existência do Programa

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Bolsa Família, no município de Pombal, ocorreu uma melhora significativa na vida das

famílias beneficiadas pelo Programa no município, como um aumento na sensibilização das

famílias com relação a quantidade de filhos, mesmo com a mudança que ocorreu no Programa

em 2011 passando para 05(cinco) o número de crianças que podem ser inseridas no PBF, as

famílias cadastradas na cidade mantiveram a mesma quantidade de filhos. Outro ponto

positivo foi identificado na área da saúde onde as famílias cumprem as condicionalidaes

impostas pelo Programa, mantendo o cartão de vacina das crianças em dia e as grávidas

realizando o pré-natal.

Estes dados positivos são confirmados pela pesquisa, embora mostrando também

deficiências, onde se destaca a situação de menores trabalhando para ajudar na renda familiar,

mesmo sendo proibido por lei, e a quantidade de maiores de 18 anos desempregado, fato que

pode ter relação com a falta de um mercado de trabalho local que atenda a demanda e a falta

de qualificação profissional. Esta falta de qualificação continua existindo, apesar de o

Programa oferecer cursos de capacitação, apenas 30% das famílias confirmaram já ter

participado, o que pode ser levado em consideração no momento de se planejar os cursos que

serão oferecidos para atender a demanda das reais necessidades locais.

Conclui-se com a realização desta pesquisa na cidade de Pombal, que o PBF

proporcionou uma melhoria na auto estima das famílias, nas perspectivas de futuro com a

permanência das crianças na escola, o acompanhamento na área de saúde e assistência social.

Além de ampliar as possibilidades de sustentação destas famílias com a promoção de cursos

de qualificação profissional, preparando as pessoas para o mercado de trabalho, o que pode

favorecer o sentimento de confiança pelas famílias e possibilitar a preparação para enfrentar

as barreiras e obstáculos da vida.

Por fim, recomenda-se que esta pesquisa possa ser estendida a outros municípios ou a

uma amostra maior, para que possa ser feita comparações de resultados e se tenham cada vez

mais informações que apresentem a realidade local, para que medidas para a melhoria de vida

da população possam ser tomadas, a partir de dados concretos.

Mini Currículo

Cristiane Queiroz Reis, graduada em Ciências Contábeis pela Universidade

Estadual da Paraíba (UEPB) com especialização em Gestão Ambiental para o

Semi-Árido Nordestino pela Universidade Federal de Campina Grande

(UFCG). Especialista em Gestão Pública Municipal, pela Universidade

Federal da Paraíba (UFPB Virtual). Profissionalmente é Professora efetiva da

Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Campus de Sousa-PB.

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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e

documentação: referências-elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e

documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

BEUREN, Ilse Maria et al. (org.). Como Elaborar Trabalhos Monográficos em

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