análise do pcn

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UENP – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ CCHE - Centro de Ciências Humanas e da Educação Nome: Giovany Pereira Valle Data: 25/09/2013 Professor: Luís Ernesto Barnabé Disciplina: Prática de Ensino de História Atividade: Análise de currículos a) Análise externa: O PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) para o 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental foi criado no ano de 1998 pelo Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria de Educação Fundamental do Ministério da Educação e do Desporto, sob o governo de Fernando Henrique Cardoso, na busca de modernizar o país, que sendo orientado por financiadores internacionais, visou um projeto educacional que adequasse o Brasil aos ditames do capitalismo, se adaptando ao mercado mundial. A elaboração do documento foi composta por professores de diversos graus de ensino, por especialistas da educação e de outras áreas, representantes de secretarias estaduais e municipais de educação, além de instituições governamentais e não-governamentais. Uma “versão preliminar” foi realizada a pedido do MEC, que depois foi debatida pelos vários membros que fizeram parte desse projeto. Muitos educadores brasileiros deram sua contribuição na elaboração do PCN, através de suas experiências e de seus estudos, que foram analisados criticamente, possibilitando a construção desse documento. b) Análise interna: A introdução do PCN de História no ensino fundamental coloca sobre a necessidade dos educadores terem consciência da importância do ensino de História nas escolas, pensando a sua finalidade e suas possibilidades de transformação. O documento trás um panorama da disciplina de História desde sua formulação como disciplina curricular no século XIX, com o intuito de criar uma genealogia da nação baseada em

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O pequeno texto um breve resumo das propostas apresentadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) propostos para a disciplinar escolar de História. Aborda-se aqui tanto os elementos externos quanto internos dos parâmetros.

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UENP UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANCCHE - Centro de Cincias Humanas e da Educao

Nome: Giovany Pereira Valle Data: 25/09/2013Professor: Lus Ernesto Barnab Disciplina: Prtica de Ensino de Histria

Atividade: Anlise de currculos

a) Anlise externa:

O PCN (Parmetros Curriculares Nacionais) para o 3 e 4 ciclos do Ensino Fundamental foi criado no ano de 1998 pelo Ministrio da Educao (MEC) e a Secretaria de Educao Fundamental do Ministrio da Educao e do Desporto, sob o governo de Fernando Henrique Cardoso, na busca de modernizar o pas, que sendo orientado por financiadores internacionais, visou um projeto educacional que adequasse o Brasil aos ditames do capitalismo, se adaptando ao mercado mundial.A elaborao do documento foi composta por professores de diversos graus de ensino, por especialistas da educao e de outras reas, representantes de secretarias estaduais e municipais de educao, alm de instituies governamentais e no-governamentais. Uma verso preliminar foi realizada a pedido do MEC, que depois foi debatida pelos vrios membros que fizeram parte desse projeto. Muitos educadores brasileiros deram sua contribuio na elaborao do PCN, atravs de suas experincias e de seus estudos, que foram analisados criticamente, possibilitando a construo desse documento.

b) Anlise interna:

A introduo do PCN de Histria no ensino fundamental coloca sobre a necessidade dos educadores terem conscincia da importncia do ensino de Histria nas escolas, pensando a sua finalidade e suas possibilidades de transformao. O documento trs um panorama da disciplina de Histria desde sua formulao como disciplina curricular no sculo XIX, com o intuito de criar uma genealogia da nao baseada em pressupostos eurocntricos. Apresentavam-se a Histria Sagrada e a Histria Universal como formadoras da moral dos alunos. Algum tempo depois acrescentou-se a Histria do Brasil aos moldes da Histria Sagrada, porm em vez de santos essa histria privilegiava as aes dos heris nacionais, os grandes eventos como a Independncia do Brasil, num contexto de formao do Estado Nacional brasileiro. Ainda no sculo XIX foi criado Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro (IHGB), que produziu vrios materiais que serviram de base para os professores implementarem nas escolas da poca. Ao final do sculo XIX se tem alguns embates sobre o currculo de Histria, entre os defensores do currculo humanstico e os defensores do currculo cientifico, mas ainda assim os dois currculos se voltavam para a formao da nacionalidade. Mais tarde no discurso republicano, inspirado em idias positivistas, vai se colocar como a prioridade para ensino a formao do cidado patritico, que acarretou na mudana da Histria Universal para a Histria da Civilizao. A Histria Nacional atuava em conjunto com a Histria da Civilizao, com o objetivo de colocar o povo brasileiro rumo a moderna civilizao ocidental. nesse contexto do final do sculo XIX que surge alguns heris nacionais republicanos como Duque de Caxias, Tiradentes, entre outros mitos que se fazem presentes ainda hoje no ensino. Com isso rituais cvicos como festas, desfiles, eventos comemorativos e cultos de smbolos ptrios passaram a fazer parte do cotidiano escolar, visando formar o cidado patritico. Apesar dos discursos, pouco mudou-se a situao da escola pblica no inicio do sculo XX, mantendo professores com formao precria. Na dcada de 30 do sculo XX, com a criao do Ministrio da Educao e Sade Pblica e a Reforma Francisco Campos, se fortalece o controle sobre o ensino, e ainda inicia-se a formao de professores secundrios a partir da criao das universidades.Nessa mesma dcada se tem nos programas e livros didticos de histria a tese da democracia racial, que pregava que o povo brasileiro em sua mestiagem viviam de forma harmoniosa sem qualquer conflito. Em meados dos anos 30, inspirada pela pedagogia norte-americana, a educao brasileira comea a adotar propostas do movimento escolanovista, que prope os Estudos Sociais em substituio a Histria e a Geografia para o ensino elementar, porm na pratica ainda se continuava o ensino decorativo das disciplinas.No perodo do Estado Novo, a Histria tinha o objetivo de formar cidados patriticos, devido a isso as continuou-se a valorizao dos grandes heris nacionais. Aps o fim da ditadura Vargas, debates foram realizados acerca das finalidades do ensino de Histria para os alunos. A Histria deveria apresentar um contedo mais humanstico e pacifista, dando nfase nos estudo do desenvolvimento econmico das sociedades, dos avanos tecnolgicos, cientficos e culturais.Nos anos 60 as propostas curriculares comearam a adotar em sua produo didtica a histria marxista, envolvendo os modos de produo e a luta de classes. Nesse contexto passa-se a pensar a formao do cidado poltico, com intuito de desenvolver o pensamento crtico dos cidados.Sob a influncia da tecnocracia norte-americana, as Cincias Humanas como a Histria e a Geografia foram desvalorizadas, perdendo espao dentro dos currculos, sendo assim substitudas pelos Estudos Sociais no perodo da ditadura militar no Brasil. Nesta disciplina abordava-se a noo de tempo histrico de maneira limitada, ligado ao tempo cronolgico e sucessivo.O estudo de noes e conceitos gerais das Cincias Humanas levou ao esvaziamento da dimenso histrica no ensino, perdendo as dimenses temporais e espaciais.Nos anos 80 com o processo de redemocratizao, os conhecimentos escolares at ento vigentes foram questionados e redefinidos pelas reformas curriculares de estados e municpios. Nesse momento tambm se tem as mudanas da prpria sociedade e que atingem de forma significativa o ensino escolar. As novas tecnologias passam a fazer parte do cotidiano dos alunos e a escola tem de se adequar a essa nova realidade. Nesse momento o currculo real passa a intervir no currculo formal e professores passam a ter mais importncia na constituio do saber escolar, alm de esses passarem a ter mais contato com os pesquisadores.As propostas curriculares aderiram s contribuies das diversas tendncias historiogrficas, que visavam novas problemticas e temticas de estudo. Com isso visava-se uma preocupao de desenvolver nos alunos domnios e procedimentos da pesquisa histrica no espao escolar, alm de desmistificar ideologias da sociedade de consumo e dos meios de comunicao.Nos anos 80 e 90, professores comearam a colocar em seus discursos a impossibilidade de se ensinar toda a histria da humanidade, alm de tantas outras questes que foram debatidas acerca das abordagens histricas no ensino de Histria.Com os estudos da psicologia cognitiva e social passa-se a refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem, nos quais os alunos so sujeitos ativos na construo do conhecimento, sendo eles os construtores de sua prpria histria. A partir dessa concepo os alunos devem ser ensinados a pensar historicamente.Os livros didticos que tinham mtodos tradicionais de ensino passaram a ser criticados, e apontados como barreiras para o avano do currculo formal.Com essa nova concepo o ensino est realizando mudanas nos contedos e mtodos, buscando diminuir a distncia entre o saber escolar e o saber acadmico.Nas ltimas dcadas novas percepes do processo de aprendizagem, de materiais didticos, de instrumentos de avaliao e de funes sociais e culturais da escola e do professor foram realizadas atravs de pesquisas que levaram em considerao a interao de teoria e prtica no espao escolar, alm de reflexes sobre o currculo formal e o currculo real.A escola se tornou contraditria, pois visa mudanas, mas ao mesmo tempo busca manter tradies. O saber escolar est ligado a essas tradies, a essa cultura escolar, mantendo relaes de poder e valores da nossa sociedade.A Histria no currculo escolar tem constitudo o que se chama de saber histrico escolar, que tem mantido tradies, inovando contedos, mtodos, materiais didticos e suas finalidades educacionais e sociais. Ela tem tido o papel de constituir identidades dos indivduos no tempo.Com isso tem-se recriado a relao professor, aluno, conhecimento histrico, realidade social para que se tenha uma formao intelectual dos indivduos, e que estes possam compreenderem a si mesmos e os outros, numa sociedade amplamente diversificada, para que possam promover uma sociedade mais justa.Os estudos histricos com suas pesquisas e reflexes das representaes sociais e das relaes entre os indivduos, os grupos, os povos, e o mundo social de uma determinada poca so fundamentais. Atravs disso o ensino de Histria tende a possibilitar os alunos a refletirem sobre os seus valores e prticas cotidianas, e aos poucos levando a dimenso micro dimenso macro da histria.O PCN vai abordar a questo dos alunos perceberem o outro e o ns no tempo, com relao a valores e prticas de indivduos ou de grupos, entre culturas, das relaes humanas no tempo.O documento coloca sobre como se aprende Histria e como se ensina Histria, alertando que a escola no o nico espao que se aprende Histria, apontando a existncia de outros meios importantes para o processo de aprendizagem histrica. Porm a escola um espao fundamental para que reelabore os saberes existentes, a fim de se constituir o saber histrico escolar.Nos seus objetivos gerais o PCN coloca que alunos precisam ser: capazes de identificar relaes sociais nos diversos tempos e espaos; compreender sua realidade a partir da comparao com outras realidades histricas, podendo assim tomar decises e estabelecer critrios para orientar suas aes; conhecer e respeitar o modo de vida dos mais diferentes grupos, nos mais diversos tempos e espaos; questionar a sua realidade, identificando problemas e possveis solues para estes; valorizar o patrimnio scio-cultural, respeitando a diversidade social; compreender a importncia do direito cidadania, assim fortalecendo a democracia, respeitando s diferenas e lutando contra as desigualdades.Alguns dos objetivos a serem atingidos no 3 ciclo seriam: conhecer realidades histricas no tempo e no espao, distinguindo os diferentes modos de vida existentes; caracterizar e distinguir relaes sociais de trabalho em diferentes momentos histricos; refletir sobre o impacto das transformaes tecnolgicas e as modificaes que elas geram no modo de vida das pessoas e nas relaes de trabalho, entre outros.No 4 ciclo tem-se por alguns dos objetivos: utilizar conceitos visando explicar relaes sociais, econmicas e polticas de variadas realidades histricas singulares, destacando a questo da cidadania; identificar e analisar lutas sociais, guerras e revolues na Histria do Brasil e do mundo; refletir sobre as grandes transformaes tecnolgicas e os impactos que elas produzem na vida das sociedades, entre outras aptides.Quanto aos contedos, devido a impossibilidade de se estudar toda a histria da humanidade, O PCN prope fazer selees feitas a partir de alguns critrios. A escolha dos contedos deve propiciar ao aluno o dimensionamento de si, de outros indivduos ou grupos no tempo histrico. Os contedos no devem se restringir ao estudo de acontecimentos e conceitos histricos, mas tambm de procedimentos e atitudes coerentes com o os objetivos da Histria.Os contedos selecionados pelo professor devem problematizar o mundo social em que o aluno est inserido.O PCN apresenta uma seleo de contedos baseado em eixos temticos, que se desdobram em sub-temas, alm de temas transversais.Para o 3 ciclo foi proposto o eixo temtico Histria das relaes sociais, da cultura e do trabalho, trabalhando os contatos culturais, as inter-relaes e confrontos entre grupos, classes, povos culturas e naes, apresentando estudos relacionados com as relaes sociais e a natureza e as relaes de trabalho. Para o 4 ciclo Histria das representaes e das relaes de poder, visando trabalhar as grandes transformaes polticas e tecnolgicas atuais, apresentado estudos sobre Naes, povos, lutas, guerras e revolues, e cidadania e cultura no mundo contemporneo.Segundo o PCN, o professor deve ter conhecimento sobre o que o aluno sabe sobre um determinado tema, ou seja, ele precisa valorizar o conhecimento prvio do aluno; deve ainda propor questionamentos estimulando o aluno ao raciocnio; utilizar variadas fontes de informao para serem analisadas, utilizando os mais diversos recursos didticos, como filmes, imagens, msicas, e os mais diversos documentos histricos, que devem ser problematizados e analisados pelos alunos; a realizao excurses, visitas a museus tambm so opes didticas para o professor explorar com seus alunos; relacionar questes inerentes ao cotidiano com contextos mais amplos. importante que o professor deixe claro aos seus alunos a sua proposta de trabalho. No que diz respeito avaliao, os professores devem levar em conta as hipteses, os conhecimentos prvios dos alunos e relacionar com o processo de ensino e aprendizagem. O professor deve identificar a apreenso dos alunos com relao a noes, conceitos, procedimentos como algo que eles conquistaram, comparando o antes, o durante e o depois. O professor deve ainda se auto-avaliar, vendo o que deu certo e o que deu errado com relao aos seus mtodos de ensino-aprendizagem.A bibliografia foi composta por estudiosos da rea da Educao e tambm por Historiadores, tendo sido selecionadas produes publicadas na maior parte dos anos 80 e 90, tendo apenas alguns trabalhos anteriores, ou seja, tentou-se colocar o que havia de mais recente e relevante na produo historiogrfica no momento em que foi o PCN.

Referncias:

BITTENCOURT, C. Ensino de Histria: fundamentos e mtodos. SP: Ed Cortez, 2008.

BRASIL. Ministrio da Educao (MEC). Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros Curriculares Nacionais: Histria. Braslia: MEC/SEF, 1998.