análise do conhecimento jurídico penal ecológico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINADEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUO E SISTEMAS PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

REA TECNOLGICA: ANLISE DO CONHECIMENTO JURDICO- PENAL-ECOLGICO

RAFAEL DALLAGNOL

FLORIANPOLIS SC 2000

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RAFAEL DALLAGNOL

REA TECNOLGICA: ANLISE DO CONHECIMENTO JURDICO- PENAL-ECOLGICO

Dissertao apresentada como requisito obteno do grau de Mestre. Curso de Ps-Graduao em Engenharia de

Produo, Departamento de Engenharia de Produo e Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina.

Orientador: Paulo Maurcio Selig, Dr.

FLORIANPOLIS SC 2000

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REA TECNOLGICA: ANLISE DO CONHECIMENTO JURDICO-PENAL-ECOLGICO

RAFAEL DALLAGNOL

Esta Dissertao foi julgada adequada para obteno do ttulo de

MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUOrea de Concentrao: Gesto Ambiental, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Ps-Graduao.

__________________________________ Prof. Ricardo Miranda Barcia, Phd. Coordenador do Programa de Ps-Graduao

__________________________________ Prof. Paulo Maurcio Selig, Dr. Orientador

__________________________________ Prof. Antnio Diomrio de Queiroz, Dr Membro da Banca

__________________________________ Prof. Miguel Angel Verdineli, Dr. Membro da Banca

__________________________________ Prof. Joo Hlvio R.de Oliveira, M.Sc. Membro da Banca

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Bem, um dia na rotina normal, deu para sentir as mesmas dores nos ombros, a rigidez no pescoo e a canseira nas pernas... . Quantos anos mais Senhor?. ( DallAgnol, Itacir. Vero de 2000 ).

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Dedico a: Minha rainha e meu pequeno prncipe...

vi

AGRADECIMENTOS

Durante a elaborao da presente dissertao, muitas pessoas estiveram de alguma forma vinculadas a este processo. Gostaria de fazer uma breve lembrana a essas pessoas que me ajudaram com crticas, observaes, sugestes, apoio e carinho:

Ao meu orientador Prof. Paulo Maurcio Selig, pela oportunidade de t-lo sempre presente e atento s minhas incertezas e dvidas.

Ao CNPq, pela concesso da bolsa de estudos que possibilitou a realizao deste trabalho.

Aos amigos e colegas do Curso de Ps-Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina, em especial aos amigos Alexandre e Denize por tantos momentos de amizade, descontrao, troca de idias e de ideais compartilhados. Aos meus pais, Itacir e Elda, pelo apoio, amor e compreenso incondicionais.

minha amada mulher Gerusa, pela pacincia, compreenso e carinho.

E por fim, aos queridos amigos que tenho neste nosso querido planeta azul.

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RESUMO

O presente estudo se dispe a realizar uma anlise do conhecimento jurdico-penalecolgico no contexto da rea tecnolgica, identificando certa deficincia e desinteresse dos profissionais ligados rea da engenharia pela temtica jurdico-penal-ecolgica. Demonstra-se a importncia do estudo do direito ambiental para a rea tecnolgica, principalmente para os profissionais que atuam diretamente em empresas. Pela abordagem simplificada dos mais significativos conceitos jurdico-penais-ecolgicos procura-se despertar o interesse destes profissionais pela temtica, fazendo a ligao entre trs das mais importantes reas de estudo em crescimento, assim consideradas pela sociedade globalizada: rea ambiental, jurdica e tecnolgica. Iniciando-se pela conceituao e origem da figura do Estado, como ente possuidor da tutela ambiental, explorou-se a temtica do direito ambiental brasileiro, da poltica nacional do meio ambiente, seus rgos e aes de defesa do meio ambiente. Conduziu-se um estudo exploratrio sobre as possibilidades de punio das pessoas jurdicas e dos profissionais da rea tecnolgica que esto envolvidos nos processos produtivos segundo a lei dos crimes ambientais.

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ABSTRACT

The current study disposes to accomplish an analysis of the ecological juridic penal knowledge in the context of the technological area, identifying a certain deficiency and disinterest of professionals connected with engeneering by the ecological juridic penal thematic. It shows the importance of the environmental law study for the technological area mainly for the professionals that act directly on enterprises. The simplified approach of the most meaningful concepts of the ecological juridic penal, which the aim is to arise the interest of these professionals by the thematic, linking the three most important growing study areas, being considered by the globalized society as: environmental area, juridical and technological. Beginning by the conception and origin of the State figure, as being the owner of the environmental tutelage, it was exploited the thematic of the brazilian environmental law, of the environment national politics, its organs and actions for the environmental defense. It was conducted an exploratory study about the possibilities of punishment of the juridical people and of the professionals of the technological area that are involved in the productive process according to the environmental crimes law.

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LISTA DE GRFICOS

Grfico 01- Em relao aos conceitos de direito, lei e tutela estatal......................... 12 Grfico 02- Conhecimentos sobre o Cdigo de Defesa do Consumidor................... 13 Grfico 03- Conhecimentos sobre a Constituio Federal de 1988 .......................... 14 Grfico 04- Conhecimentos sobre a lei dos crimes ambientais................................. 15 Grfico 05- Conhecimentos de conceitos penais constantes na lei dos crimes ambientais .......................................................................... 16 Grfico 06-Anlise fatorial de correspondncia- diagnstico feito com profissionais da rea da engenharia ..........................................20 Grfico 07-Anlise fatorial de correspondncia- diagnstico feito com estudantes da rea da engenharia..............................................21 Grfico 08-Anlise por agrupamento- diagnstico feito com profissionais da rea da engenharia ..........................................23 Grfico 09-Anlise por agrupamento- diagnstico feito com estudantes da rea da engenharia..............................................24

LISTA DE TABELA Tabela 01- Relao de valores aplicados s respostas do questionrio17 Tabela 02 Espcie x volume do crebro .................................................................27

LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Relao homem na natureza....................................................................28 Figura 02 - Relao homem e natureza......................................................................29 Figura 03 - Relao homem x natureza .....................................................................30 Figura 04 - Viso macro da terminologia lei (lex)......................................................40 Figura 05 - Hierarquia da legislao brasileira ..........................................................43 Figura 06 - Como nasce uma lei................................................................................45 Figura 07 Diagrama representado o entorno de um EIA .........................................79

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SUMRIO

CAPITULO 1- INTRODUO 1.1 CONTEXTUALIZAO ...................................................................................1 1.2 O PROBLEMA E JUSTIFICATIVA ..................................................................2 1.3 OBJETIVOS.......................................................................................................4 1.3.1 Geral ..........................................................................................................5 1.3.2 Especficos.................................................................................................5 1.4 HIPTESE .........................................................................................................6 1.5 LIMITAES DO TRABALHO........................................................................6 1.6 METODOLOGIA...............................................................................................6 1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................7

CAPTULO 2- VALIDAO DA HIPTESE POR MEIO DE PESQUISA EXPLORATRIA 2.1 RELEVNCIA DO TRABALHO ......................................................................9 2.2 ELABORAO DO QUESTIONRIO.............................................................10 2.3 DA APLICAO DO QUESTIONRIO DIAGNSTICO ...............................11 2.4 ANLISE DOS DADOS COLETADOS ............................................................11 2.4.1 Anlise Direta de Porcentagem...................................................................12 2.4.2 Anlises Estatsticas ...................................................................................16 2.4.2.1 Anlise Fatorial de Correspondncia..............................................16 2.4.2.2 Anlise de Agrupamentos..............................................................22 2.5 CONCLUSO DA ANLISE DOS DADOS COLETADOS .............................25

CAPTULO 3- RELAES ENTRE O HOMEM, O ESTADO E O MEIO AMBIENTE 3.1 O HOMEM COMO SER GREGRIO ...............................................................26 3.2 BREVE VISO DOS SISTEMAS ANTROPOGNICOS ..................................28 3.3 SURGE A FIGURA DO ESTADO .....................................................................31

xi 3.4 CONCEITOS CLSSICOS DE ESTADO..........................................................32 3.4.1 O Estado na viso de Maquiavel.................................................................32 3.4.2 O Estado na viso de Rousseau...................................................................32 3.4.3 O Estado na viso de John Locke ...............................................................33 3.4.4 O Estado na viso de Thomas Hobbes ........................................................33 3.4.5 O Estado na viso de Montesquieu .............................................................33 3.4.6 O Estado na viso de Marx e Engels...........................................................33 3.5 O ESTADO, FUNO SOCIAL E MEIO AMBIENTE.....................................34 3.6 RELAO DO ESTUDO COM A REA TECNOLGICA .............................37

CAPTULO 4- O SURGIMENTO DA CONSCINCIA AMBIENTAL NO MBITO JURDICO 4.1 A TUTELA AMBIENTAL DO ESTADO E A FONTE FORMA DO DIREITO AMBIENTAL ....................................................................................40 4.2 A DIVISO DA LEGISLAO BRASILEIRA E A SUA HIERARQUIA........41 4.3 NORMA JURDICA E O PODER......................................................................44 4.4 DIREITO ECOLGICO NO CONTEXTO DA LEGISLAO .........................45 4.5 NOES JURDICAS DE BENS TUTELADOS PELA LEGISLAO AMBIENTAL.....................................................................................................48 4.5.1 Bens de Domnio Pblico ...........................................................................49 4.5.1.1 Bem Pblico ...................................................................................49 4.5.1.2 Bem (Pblico) de Uso Comum.......................................................49 4.5.1.3 Bem de Uso Comum do Povo .........................................................50 4.5.2 Sntese dos Bens de Domnio Pblico.........................................................50 4.6 OS INSTRUMENTOS LEGAIS DE PROTEO AMBIENTAL ......................56 4.6.1 Ao Civil Pblica .....................................................................................57 4.6.2 Ao Popular Ambiental.............................................................................57 4.6.3 Aes Cautelares........................................................................................57 4.6.4 Mandado de Segurana Coletivo ................................................................58 4.6.5 Mandado de Injuno .................................................................................58 4.6.6 Previso Legal de Compromissos de Ajustamento de Conduta em Matria Ambiental................................................................................59 4.7 RELAO DO ESTUDO COM A REA TECNOLGICA .............................60 CAPTULO 5 A POLITICA AMBIENTAL BRASILEIRA 5.1 A POLTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- PNMA..............................61 5.1.1 Objetivos do PNMA...................................................................................64 5.1.2 Sistema Nacional do Meio Ambiente- SISNAMA ......................................64 5.1.3 Conselho Nacional do Meio Ambiente- CONAMA....................................65

xii 5.1.4 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis- IBAMA..................................................................................67 5.2 RESUMO HISTRICO DA EVOLUO DA POLTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ......................................................................................68 5.3 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ....................................................................70 5.4 AVALIAO DE IMPACTOS AMBIENTAIS .................................................72 5.4.1 Estudo de Impacto Ambiental e Relatrio de Impacto AmbientalEIA/RIMA ................................................................................................74 5.4.2 O Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA)................................................76 5.4.2.1 Da Audincia Pblica .....................................................................79 5.5 RELAO DO ESTUDO COM A REA TECNOLGICA .............................80

CAPTULO 6 PESSOAS JURDICAS E O MEIO AMBIENTE 6.1 CONCEITO DE PESSOA JURDICA (EMPRESA)...........................................81 6.2 DIFERENAS ENTRE AS PESSOAS JURDICAS DE DIREITO PBLICO E AS DE DIREITO PRIVADO...........................................................................82 6.3 A TUTELA PENAL DA PESSOA JURDICA (EMPRESA) NO QUE SE REFERE AO MEIO AMBIENTE ( LEI 9.605/98 ).............................................83 6.3.1 A Pessoa Jurdica no contexto da Lei dos Crimes Ambientais.....................84 6.3.2 A Empresa no Banco dos Rus: Pena de Morte para Pessoa Jurdica ..........89 6.4 ALGUNS ARGUMENTOS CONTRRIOS RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURDICA.......................................................................93 6.5 RELAO DO ESTUDO COM A REA TECNOLGICA .............................94 CAPTULO 7- A CULPABILIDADE DA EMPRESA SEGUNDO A LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS 7.1 A CULPABILIDADE.........................................................................................95 7.1.1 Imputabilidade............................................................................................97 7.1.2 Potencial conscincia da ilicitude ...............................................................98 7.1.3 Exigibilidade de conduta diversa ................................................................99 7.2 CONSEQUNCIA DA AUSNCIA DE CULPABILIDADE.............................99 7.3 O DOLO NOS CRIMES AMBIENTAIS ............................................................100 7.4 A CULPA NOS CRIMES AMBIENTAIS ..........................................................103 7.4.1 Imprudncia ...............................................................................................104 7.4.2 Negligncia ................................................................................................104 7.4.3 Impercia ....................................................................................................105 7.5 ESPCIES DE CULPA ......................................................................................106

xiii 7.6 RELAO DO ESTUDO COM A REA TECNOLGICA .............................107

CAPTULO 8 CONCLUSES E RECOMENDAES 8.1 CONCLUSES FINAIS.....................................................................................108 8.2 RECOMENDAES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................114

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................116 ANEXO 1 DIAGNSTICO DO CONHECIMENTO BSICO JURDICO PENALECOLGICO NA REA DA ENGENHARIA ........................................................123

xiv

CAPTULO 1INTRODUO

1.1 CONTEXTUALIZAO

Em tempo de globalizao e da invaso intercontinental dos mercados comuns surge, como at ento no era vista, a temtica ambiental. O meio ambiente, principalmente desde a dcada de 80, passou a receber a ateno dos mais variados segmentos da sociedade, desde os governantes at as pessoas comuns, que perceberam a importncia do meio ambiente para a sobrevivncia humana. Muitas leis, decretos, portarias e resolues surgiram ao longo destes anos para frear e controlar os impactos ambientais, que diga-se de passagem, cresciam e

massacravam os recursos naturais de maneira avassaladora (infelizmente ainda no h conscientizao suficiente, e muitos impactos ainda ocorrem mesmo com a obrigatoriedade do Estudo de Impacto Ambiental EIA e do Relatrio de Impacto Ambiental- RIMA). Em algum perodo da historia, o ser humano percebeu a sua responsabilidade de dar tutela jurdica ao seu prprio habitat. Colocar na lei o que a maioria das sociedades aspiravam: a necessidade de punir quem, por qualquer forma, prejudicasse ao planeta. Falar hoje em direito ambiental discutir, antes de tudo, uma interao, em construo, de todos os povos deste planeta, para que a poltica ambiental de um pas no venha a anular ou prejudicar a de outro.

xv Falar de direito ambiental pressupe j ter sedimentado a noo de tica ambiental, o que se consegue unicamente nas escolas e universidades, e no nos tribunais (BORTOLONI, 2000). Os tribunais e juzes resolvem os casos que no foram corretamente, aprendidos nos bancos escolares da infncia e juventude. Assim, propugna-se que o direito ambiental, para no perder a efetividade repressiva, lastreada no jus imperium do Estado, deve sistematizar o ensino da ecologia nas escolas, mas no como amor aos bichinhos e plantinhas, mas como amor sobrevivncia da raa humana, pelo respeito aos elementos que sustentam a vida neste planeta. O direito deve defender a vida, em primeiro lugar; antes da propriedade e da honra. Mas, o que vemos hoje nas faculdades, em geral, um ensino fragmentado que forma profissionais puramente tcnicos e competentes, porm, individualistas, completamente despreparados para enfrentar a atual crise tica e planetria. O saber fragmentado resultou numa sociedade fragmentada e profundamente dualista. Separa o homem da natureza, o homem da mulher, o corpo do esprito, o sexo da afetividade. Essa estrutura social fragmentada gerou um mundo violento e competitivo. Impera em nosso planeta a violncia sobre o meio ambiente. O eixo estruturador da sociedade tem sido a economia e o lucro. A violncia scio, econmica e poltica sobre os povos geraram a fome, a doena, a guerra e a destruio. A biosfera foi contaminada afetando o ser humano, criando a necessidade de se refazer a sociedade a partir das prprias potencialidades. Cada vez mais os profissionais, das mais variadas reas, esto voltados para a produo, a organizao, a funcionalidade, a racionalidade, o lucro, a eficcia, anulando no ser humano a fraternidade, o sonho, o ideal, a emoo e rompendo os laos da fraternidade para com o meio ambiente.

1.2 O PROBLEMA E JUSTIFICATIVA O homem se sente poderoso ao se sobrepor ao meio ambiente, e por muitas vezes no percebe o prejuzo que est causando a este. As leis surgem no instante em que h uma atividade humana (social) que est sendo reprovada pela sociedade, que indiretamente age como uma mola propulsora do regramento da situao que at ento s existia de fato.

xvi Ao instituir-se uma norma jurdica no contexto social sempre se tem condutas omissivas ou comissivas, que viro a violar de alguma forma tal regramento jurdico. A cincia jurdica investiga todo ordenamento jurdico. Alguns doutrinadores defendem a idia de que o direito se formou como cincia desde o tempo da jurisprudncia romana, a partir das doutrinas dos jurisconsultos, dois sculos antes de Cristo. Mais recentemente um grupo de juristas acha que a cincia jurdica se consolidou como cincia a partir do sculo XIX. Para esse grupo o racionalismo metafsico ou jus-naturalista jamais pode proporcionar um fundamento cientfico cincia do direito. O direito no um ramo estanque da cincia, mas se relaciona com muitas outras, e julga-se conveniente a elaborao de um currculo trans-disciplinar para o curso. Entende-se que o direito foi influenciado pela psicologia, sobretudo a partir do final do sculo passado, pois se ele defende os interesses e os interesses pertencem ordem psquica, o alcance do elemento psicolgico no direito incontestvel. A economia, tambm, uma grande fora modeladora do direito, sobretudo nos tempos atuais de globalizao. A biologia auxilia o direito na soluo de investigaes em processos sobre paternidade. A geografia, a fsica, a qumica, a biologia norteiam o direito ambiental, o mais trans-disciplinar de todos os ramos do direito. Assim, o direito no atua isoladamente, ou seja, a idia que o direito se insere na harmonia do universo ao mesmo tempo de que dela emerge. As relaes jurdicas nada mais so que interaes humanas. A cincia jurdica no pode ser examinada sem levar em conta a sociedade e o meio ambiente, onde o homem e os outros seres vivem; nem, sem considerar os princpios ticos e os valores universais. O direito cria leis, porque o homem no descobriu dentro de si a tica espontnea, e a tica moralista mostrou-se ineficaz para deter a tendncia da raa humana para a destruio. Assim, o direito uma instituio tica, e por isso extremamente delicada, no sentido de que o valor tico da verdade nem sempre pode ser atendido com a clareza devida. A harmonia entre os homens depende da harmonia todos os elementos da natureza. Com efeito, uma educao para a paz faz parte integrante de uma ecoeducao que prepare o homem para viver em consonncia com o meio em que habita, concretizando a harmonia entre a trplice aliana entre o meio, homem e sociedade.

xvii O direito deve ser um caminho para a paz e para a unidade entre o ser humano e a biosfera, com tudo que nela vive. Funda-se a a grande importncia do direito ambiental e a necessidade de cada vez mais estud-lo, divulg-lo e introduzi-lo nas reas do conhecimento que esto diretamente ligadas a evoluo tecnolgica do planeta, atravs de profissionais responsveis pela a produo de bens e servios, como o caso da rea da engenharia. O direito ambiental brasileiro considerado como uma rea nova das cincias jurdicas e sociais, to antiga quanto a prpria existncia do nosso Pas, porm h correntes que dizem no ter o direito ambiental a propriedade de rea autnoma dentro do meio jurdico; mas na realidade, esta questo apenas o cerne de uma longa e, porque no, eterna divergncia doutrinria (MILAR, 2000). O que importa a existncia, conhecimento e, principalmente, o entendimento deste conjunto de leis ambientais no contexto produtivo do nosso Pas. Ser que os profissionais envolvidos diretamente na relao empresa e meio ambiente esto conseguindo ter um entendimento jurdico-penal-ecolgico

suficientemente necessrio para poderem atuar com os ps no cho? Qual o nvel de conhecimento da legislao ambiental dos profissionais que atuam nas reas da engenharia? Qual o interesse dos estudantes desta mesma rea pela temtica jurdico-penal-ecolgica? Como fazer com que esses profissionais criem um interesse maior pelo assunto? Como traduzir as questes jurdicas ambientais relacionadas a rea da engenharia para que estes profissionais possam usufruir da legislao como sua aliada e no mais como uma imposio estatal ? Estas so as questes que se prope trabalhar nesta dissertao, com o intuito de harmonizar as reas jurdico-penal-ecolgica e a tecnolgica, que a primeira vista parecem estar to distantes, mas nem se imagina os enormes e variados elos que as ligam a todo instante.

1.3 OBJETIVOS Com este trabalho, baseando-se na Carta Magna e em leis complementares, pretende-se colocar em pauta a temtica do direito ambiental voltando-se aplicabilidade de uma gesto dos recursos jurdicos ambientais proporcionando aos

xviii profissionais da rea tecnolgica uma maior compreenso e entendimento das regras jurdico-penal-ecolgicas impostas pelo Estado.

1.3.1 GERAL

Realizar uma anlise do nvel de conhecimento jurdico-penal-ecolgico na rea da engenharia, aliado ao despertar do interesse dos profissionais da rea pela temtica, atravs da introduo do contexto jurdico-penal-ecolgico.

1.3.2 ESPECFICOS

Consideram-se objetivos especficos deste trabalho: Avaliar o nvel de conhecimento jurdico-penal-ecolgico dos profissionais que atuam na rea da engenharia; Verificar o interesse dos estudantes e profissionais da rea da engenharia pela temtica jurdico-penal-ecolgica; Facilitar o entendimento da temtica jurdico-penal-ecolgica pelos profissionais da rea da engenharia envolvidos diretamente na relao empresa e meio ambiente; Introduzir as questes jurdicas ambientais relacionadas rea da engenharia para que estes profissionais possam usufruir a legislao como sua aliada e no mais como uma imposio Estatal; Servir de base para futuras consultas bibliogrficas pelos profissionais das reas da engenharia que se julgam interessados pela temtica jurdico-penal-ecolgica.

xix

1.4 HIPTESE Este trabalho est centrado em uma hiptese: Existncia de desinteresse e deficincia do conhecimento jurdico-penalecolgico dos profissionais e estudantes da rea da engenharia, decorre da complexidade dos textos legais e da cultura da no interface direta entre estas duas reas do conhecimento. 1.5 LIMITAES DO TRABALHO Como limitantes deste trabalho enumera-se: 1) Existncia de uma forte resistncia por parte dos profissionais da rea tcnica em responder um questionrio de cunho jurdico-penal-ecolgico, o que acaba por confirmar a dificuldade de integrao nas reas; 2) Precariedade de referencial bibliogrfico que reporte a temtica da integrao entre as reas jurdicas e da engenharia para o aperfeioamento dos profissionais envolvidos com a temtica ambiental; 3) Impossibilidade de abordar as trs esferas de responsabilizao ambiental imposta pelo Estado, ficando este trabalho restrito anlise da esfera penal, pelo contexto da lei dos crimes ambientais; ficando ento no referenciadas as esferas administrativas e de reparao civil dos danos ambientais.

1.6 METODOLOGIA Usou-se o mtodo dialtico para a elaborao deste trabalho, baseado-se em duas modalidades: profunda pesquisa bibliogrfica em doutrinas com o exame da legislao relacionada vigente, e a pesquisa de campo com a aplicao de um questionrio diagnstico. Fez-se uso durante todo o trabalho das fermentas jurdicas da analogia, da jurisprudncia e da equidade para que podermos atingir de forma plena todos os nossos objetivos, baseados nos princpios metodolgicos que permeiam o artigo 126, in fine, do Cdigo de Processo Civil - Lei 5.869 de 11.01.1973 (Dou 17.01.1973):

xx O juiz no se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei[...] No julgamento da lide caber-lhe- aplicar as normas legais; no as havendo, recorrer analogia, aos costumes e aos princpios gerais de direito (Grifos nossos). 1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO No intuito de concretizar os objetivos propostos este trabalho foi dividido da seguinte maneira: Inicialmente no Capitulo 2 refere-se a metodologia utilizada para obter-se a validao da hiptese levantada no captulo 1, demonstra-se tambm os resultados obtidos com o questionrio diagnstico que fora aplicado junto a profissionais e estudantes da rea tecnolgica. O Capitulo 3 refere-se as relaes entre o homem, o Estado e meio ambiente, tratando o homem como ser gregrio, dando uma breve viso dos sistemas antropognicos, relatando o surgimento da figura do Estado e aprofundando-se em alguns conceitos clssicos de Estado. Neste captulo tambm se relaciona o Estado, funo social e meio ambiente. No Captulo 4 passa-se a temtica do surgimento da conscincia ambiental no mbito jurdico e da tutela ambiental do Estado. Verifica-se como ocorre o surgimento de uma lei, a diviso e a hierarquia da legislao brasileira, sempre com foco na especificidade ambiental. D-se tambm a relao entre a norma jurdica e o poder, atingindo-se a contextualizao da legislao ambiental brasileira. Dentro do Captulo 5 trata-se da poltica brasileira do meio ambiente, em especial da PNMA- Poltica Nacional do Meio Ambiente, seus rgos e competncias, alm de tratar das mediadas jurdicas defensivas e protetivas ao meio ambiente. No Captulo 6 trata-se das pessoas jurdicas e o meio ambiente, conceituando pessoa jurdica (empresa), diferenciando as pessoas jurdicas de direito pblico das de direito privado, permeando a relao entre a pessoa jurdica, economia e direito ambiental. Retrata-se a tutela penal da pessoa jurdica no que se refere ao meio ambiente (Lei 9.605/98- Lei dos Crimes Ambientais), colocando a empresa no banco dos rus e utilizando-se da analogia para caracterizar a pena de morte para a pessoa jurdica por prtica de crime ambiental previsto na Lei 9.605/98, situando-se a figura do engenheiro nesta contextualizao.

xxi Para o Captulo 7 reserva-se a temtica da culpabilidade, com sua conceituao, caracterizao e elementos. Constroem-se relaes entre culpabilidade e meio ambiente (com fulcro na Lei 9.605/98- Lei dos Crimes Ambientais); a culpa e o dolo das empresas e dos profissionais da rea da engenharia nos crimes ambientais, especifica-se ainda a temtica ao traduzir-se didaticamente a conceituao de culpa e o dolo. O Capitulo 8 apresenta as concluses, as expectativas, as recomendaes para eventuais trabalhos futuros.

xxii

CAPTULO 2 VALIDAO DA HIPTESE POR MEIO DE PESQUISA EXPLORATRIA

2.1 RELEVNCIA DA APLICAO

Ao Poder Estatal cabe a responsabilidade de fazer regrar as condutas e anseios da populao, ou seja, de abrir oportunidades ao cidado comum, para este poder auxiliar no controle jurdico do meio ambiente. Aliamos a este conceito o despertar da conscincia ecolgica, o qual est fazendo com que muitas empresas corram atrs de mtodos e maneiras de melhor gerenciar sua parcela de envolvimento com o meio ambiente; indo em busca de profissionais da rea tecnolgica que tenham um perfil ambiental formado. Com a premissa acima exposta, e que todo processo produtivo de implantao de sistemas de gesto ambiental ir obrigatoriamente passar por contextos jurdicos, resolveu-se realizar um questionrio diagnstico do CONHECIMENTO BSICO JURDICO- PENAL-ECOLGICO, NA REA DA ENGENHARIA, dando um enfoque terminologia empregada, sua formao e questes ambientais, visando identificar as principais dvidas e limitaes jurdicas dos estudantes e profissionais desta rea que esto intimamente ligados s empresas (pessoas jurdicas) e os seus processos produtivos, passveis portanto de agresso ao meio ambiente (modelo do questionrio utilizado no anexo 1).

xxiii

2.2 ELABORAO DO QUESTIONRIO

O questionrio diagnstico utilizado para a coleta de dados sobre o conhecimento jurdico-penal-ecolgico na rea tecnolgica baseou-se inicialmente na premissa jurdica, consolidada na legislao brasileira, de que ningum pode alegar o desconhecimento da lei. Sendo assim, introduziu-se questes objetivas de mltipla escolha versando sobre temas de noes bsicas de direito, como por exemplo o conceito simples de lei. Abordou-se neste mesmo estilo de perguntas um ponto referente formao do Estado e a sua relao com o meio ambiente. Direcionando as perguntas rea tecnolgica abordou-se a nossa Carta Magna com o intuito de observar o nvel de conhecimento de seu corpo textual junto ao pblico alvo questionado. De mesmo modo explorou-se a relao do conhecimento dos indagados sobre o cdigo de defesa do consumidor vigente em nosso Pas, fonte clara de exerccio da cidadania, e por isso deve ser seu contedo por todos conhecido. Especificando o questionrio para a rea ambiental introduziu-se a temtica referente lei dos crimes ambientais no escopo de nossa ferramenta de abordagem. Por fim, em tpicos mais especficos e de carter dissertativo abordou-se a culpabilidade, de modo a explorar as suas formas e definies. Este conjunto de informaes resultaram em um questionrio diagnstico composto de 13 questes a ser aplicado em um pblico alvo previamente definido. Cada uma das 13 perguntas definidas tm 3 opes de resposta, sendo uma das alternativas absolutamente correta, outra alternativa demonstra um conhecimento mediano (aceitvel) do indagado sobre a temtica; e por fim uma absolutamente errada. alternativa

xxiv

2.3 DA APLICAO DO QUESTIONRIO DIAGNSTICO

O pblico alvo trabalhado composto engenheiros das mais variadas habilitaes das engenharias e alunos formandos destes cursos. Aplicou-se um total de 138 questionrios diagnsticos, sendo que deste nmero 52 pessoas so engenheiros formados e 86 eram estudantes em fase de concluso de curso. Geograficamente os entrevistados encontram-se dispersos entre a regio da grande Florianpolis, Litoral Sul de Santa Catarina e Norte do Rio Grande do Sul.

2.4 ANLISE DOS DADOS COLETADOS

Aps aplicao dos questionrios a engenheiros formados e atuantes na sociedade, e a alunos formandos em engenharia passou-se a reunio dos dados para os estudos, sendo tal anlise feita em dois momentos atravs de dois mtodos distintos. Inicialmente fora trabalhada a relao direta de porcentagem entre o nmero total de entrevistados e cada um dos conjuntos de respostas dadas a cada questo, o que acabou gerando grficos estilo pizza que sero demonstrados e analisados a seguir. Logo aps trabalhou-se os mtodos estatsticos de anlise fatorial de correspondncia e de anlise de agrupamentos, descritos sinteticamente a seguir, em tpico especfico, sendo estes mtodos estatsticos aplicados via Software Statistica. Para a realizao das anlises utilizou-se a seguinte relao de valores para cada uma das respostas dadas s perguntas aplicadas:

Resposta considerada correta = 3 pontos. Equivalente ao indivduo que detm um bom conhecimento da temtica proposta.

Resposta considerada aceitvel = 2 pontos. Equivalente ao indivduo que detm um conhecimento aceitvel na temtica proposta.

Resposta considerada errada = 1 ponto. Equivalente ao indivduo que detm um baixo conhecimento da temtica proposta.

xxv 2.4.1 ANLISE DIRETA DE PORCENTAGEM

Inicialmente agrupando-se as perguntas do questionrio diagnstico que se referem a noes bsicas de direito, conceito de lei, origem do Estado e sua relao com o meio ambiente (perguntas 1 5 do questionrio- Anexo 1) obteve-se a seguinte relao de respostas entre os 138 entrevistados : 51 respostas absolutamente corretas; 31 respostas aceitveis; 56 respostas absolutamente erradas.

A partir destes nmeros obtm-se o seguinte grfico conclusivo:

xxvi

Grfico 1- Em relao aos conceitos de Direito, Lei e Tutela Estatal

37%

41%

22% Nmeros de indivduos com Baixo Conhecimento Nmeros de indivduos com Conhecimento Aceitvel Nmeros de indivduos com Bom Conhecimento

Observa-se que do conjunto de perguntas 1 5 do questionrio (anexo 1) obteve-se 41% dos entrevistados com baixo conhecimento na temtica proposta, 37% com bom conhecimento e 37% dos entrevistados demonstraram conhecimento aceitvel no assunto proposto neste conjunto de perguntas.

Analisando as respostas dadas pelos 138 entrevistados pergunta de nmero 6 do questionrio (Anexo 1) que versa sobre o contato com o contedo do cdigo de defesa do consumidor obteve-se a seguinte relao de respostas: 46 respostas absolutamente corretas;

xxvii 32 respostas aceitveis; 60 respostas absolutamente erradas.

A partir destes nmeros obtm-se o seguinte grfico conclusivo:Grfico 2-Conhecimentos sobre o Cdigo de Defesa do Consumidor

33%

44%

23% Nmeros de indivduos com Baixo Conhecimento Nmeros de indivduos com Conhecimento Aceitvel Nmeros de indivduos com Bom Conhecimento

Para a pergunta de nmero 6 do questionrio (anexo 1) obteve-se 44% dos entrevistados com baixo conhecimento na temtica proposta, 33% com bom conhecimento e 23% dos entrevistados demonstraram conhecimento aceitvel no

assunto proposto por esta pergunta.

J a analise das respostas dadas pelos 138 entrevistados pergunta de nmero 7 do questionrio (Anexo 1) referindo-se a Constituio Federal de 1988, ateno por ter obtido a seguinte relao de respostas: chama

26 respostas absolutamente corretas; 30 respostas aceitveis; 82 respostas absolutamente erradas.

A partir destes nmeros obtm-se o seguinte grfico:

xxviii

Grfico 3 - Conhecimentos sobre a Constituio Federal de 1988

19%

22%

59%

Nmeros de indivduos com Baixo Conhecimento Nmeros de indivduos com Conhecimento Aceitvel Nmeros de indivduos com Bom Conhecimento

Esta pergunta, a de nmero 7 do questionrio (anexo 1), resultou em assombrosos 59% dos entrevistados com baixo conhecimento na temtica proposta, 19% com bom conhecimento e 22% dos entrevistados demonstraram conhecimento aceitvel no assunto proposto por esta pergunta.

Agrupando-se as perguntas do questionrio diagnstico que se referem a noes da lei de crimes ambientais e a sua previso de punio na esfera penal pessoa jurdica (perguntas 8 11 do questionrio- Anexo 1) obteve-se a seguinte espantosa relao de respostas entre os 138 entrevistados : 19 respostas absolutamente corretas; 26 respostas aceitveis; 93 respostas absolutamente erradas.

A partir destes nmeros obtm-se o triste grfico conclusivo:

xxix

Grfico 4- Conhecimentos sobre a Lei dos Crimes Ambientais

14% 19%

67%

Nmeros de indivduos com Baixo Conhecimento Nmeros de indivduos com Conhecimento Aceitvel Nmeros de indivduos com Bom Conhecimento

Observa-se que do conjunto de perguntas 8 11 do questionrio (anexo 1) obteve-se 67% dos entrevistados com baixo conhecimento na temtica proposta, 14% com bom conhecimento e 19% dos entrevistados demonstraram conhecimento aceitvel no assunto proposto neste conjunto de perguntas.

Por fim, das perguntas discursivas 12 e 13 do questionrio, tratando do tpico culpabilidade e suas formas e modalidades aplicveis luz da lei dos crimes

ambientais, obteve-se a seguinte relao de respostas entre os 138 entrevistados :

12 respostas absolutamente corretas; 35 respostas aceitveis; 91 respostas absolutamente erradas.

A partir destes nmeros obtm-se o seguinte grfico:

xxx

Grfico 5 -Conhecimentos de conceitos penais constantes na Lei dos Crimes Ambietais (dolo,culpa, etc)

9% 25%

66%

Nmeros de indivduos com Baixo Conhecimento Nmeros de indivduos com Conhecimento Aceitvel Nmeros de indivduos com Bom Conhecimento

Observa-se que para as perguntas 12 e 13 do questionrio (anexo 1) obteve-se 66% dos entrevistados com baixo conhecimento na temtica proposta, 09% com bom conhecimento e 25% dos entrevistados demonstraram conhecimento aceitvel no assunto proposto neste conjunto de perguntas.

2.4.2 ANLISES ESTATSTICAS

2.4.2.1 ANLISE FATORIAL DE CORRESPONDENCIA

Trata-se de um mtodo estatstico multidimensional muito utilizado para identificar os inter-relacionamentos entre variantes, facilitando a criao de bases de dados e seu futuro manejo. Este mtodo permite a visualizao das relaes entre linhas e colunas, encontrando as associaes ou oposies e as relaes recprocas. Segundo VENTURIM (1998), com anlise fatorial de correspondncia pode-se estudar as matrizes onde as linhas representam objetos ou indivduos e as colunas variveis, com uma ou vrias modalidades, e tambm as matrizes simtricas particionadas, conhecidas como tabelas de Burt. Em suma, a anlise fatorial de correspondncia uma tcnica de anlise exploratria de dados, que possibilita gerar hipteses a partir das associaes e oposies em estudo.

xxxi Para a aplicao desta metodologia atravs do software Statistica tabulou-se todas as equivalncias das respostas dadas em uma tabela conforme os valores atribudos anteriormente a cada uma destas, ou seja : Resposta considerada correta = 3 pontos. Equivalente ao indivduo que detm um bom conhecimento da temtica proposta. Resposta considerada aceitvel = 2 pontos. Equivalente ao indivduo que detm um conhecimento aceitvel na temtica proposta. Resposta considerada errada = 1 ponto. Equivalente ao indivduo que detm um baixo conhecimento da temtica proposta. V-se abaixo o resultado desta tabulao:Tabela 01: Relao de valores aplicados s respostas do questionrio

Entrevist ado P11 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 3 3 3 2 2 3 3 2 2 3 3 2 3 2 3 2 2 3 3 2 2 3 2 2 2 1 2 3 2 1 3 2 2 2 2 3 2 2 3 3 2 2 2 3

P2 3 3 3 3 2 1 3 3 3 2 3 3 3 1 2 3 3 3 3 3 2 3 1 3 1 2 2 2 1 3 3 1 3 2 2 1 2 3 2 2 1 1 3 1

P3 2 3 2 3 3 3 3 3 3 1 3 3 3 1 3 3 3 3 2 3 3 3 3 3 1 2 3 2 1 2 3 3 3 2 3 2 3 3 3 2 2 1 3 2

P4 * P5 3 3 2 2 3 2 3 2 3 2 1 2 3 2 3 3 2 2 3 3 3 3 3 2 2 2 3 3 2 3 3 2 2 2 3 2 3 2 3 2 2 2 2 3

P6 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 1 1 3 2 3 2 2 2 2 2 2 3 3 2 2 1 2 2 2 2 3 3 2 3 2 2 3 2 3 2 1 2 2 2

P7 1 1 2 1 1 1 3 3 1 1 1 2 3 1 3 1 1 1 1 1 1 3 1 1 1 2 1 2 1 1 3 2 1 2 3 3 2 1 3 2 2 1 1 2

P8 1 2 1 2 3 1 2 1 1 1 1 1 1 1 3 3 2 2 1 2 3 1 1 2 1 2 3 2 1 1 1 1 2 2 2 1 3 2 1 2 1 1 2 1

P9 2 3 2 3 2 3 3 1 2 2 1 2 2 2 3 3 3 1 2 3 2 2 2 3 2 2 2 3 2 2 2 3 3 3 2 2 2 3 2 3 2 2 3 3

P10 2 3 2 3 3 2 2 3 3 2 3 3 3 2 3 3 3 3 2 3 3 3 2 3 2 2 3 2 2 3 3 3 3 2 3 2 2 3 3 2 3 2 3 2

P11 3 2 3 3 3 1 3 2 3 2 2 1 1 1 3 3 3 2 2 3 3 1 2 1 1 1 3 1 1 1 1 2 3 2 2 1 1 2 2 1 1 1 1 2

P12 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 1 3 1 2 3 3 3 1 3 3 3 1 2 3 2 1 3 2 2 2 1 2 3 2 3 2 2 3 1 3 1 2 3 2

P13 2 2 3 1 1 1 3 1 3 1 1 1 2 2 2 2 1 1 2 1 1 2 2 1 2 2 1 2 2 1 2 3 1 3 1 2 1 3 1 2 2 2 1 1

xxxii45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 3 2 2 3 3 3 2 2 3 2 2 3 2 2 3 3 2 2 3 1 2 3 3 1 2 2 2 2 1 2 3 2 1 2 1 2 3 2 2 3 2 2 2 1 2 3 2 1 3 2 2 2 2 3 2 2 3 3 2 2 2 3 3 2 2 3 3 3 2 2 3 2 3 3 3 2 2 3 2 3 1 2 3 3 3 1 2 3 3 3 3 3 3 3 3 2 3 2 2 3 3 3 2 1 3 2 2 2 3 2 3 1 3 1 2 2 2 1 3 3 1 3 2 2 1 2 3 2 2 1 1 3 1 3 3 3 2 2 3 2 3 1 2 2 3 1 2 3 3 2 3 3 3 3 3 3 1 3 3 2 2 2 3 2 2 1 2 3 1 2 2 2 1 2 1 2 1 3 2 2 3 2 1 2 3 1 2 3 2 1 2 3 2 2 2 1 2 1 2 2 2 2 1 3 2 2 1 1 2 3 1 2 3 1 1 2 2 2 3 2 3 3 1 2 3 3 3 2 2 3 3 2 3 2 2 2 3 3 2 1 3 2 1 2 3 2 2 3 1 2 2 2 1 1 1 1 2 2 2 3 2 2 3 3 2 2 2 3 1 3 1 1 2 2 2 2 3 2 2 2 1 2 3 1 1 2 3 2 2 2 3 2 3 3 2 1 2 1 2 2 2 3 2 2 2 3 1 2 1 1 1 1 1 1 2 2 1 1 2 2 3 2 1 2 1 2 1 3 2 2 1 2 2 1 2 1 3 2 3 2 2 3 1 1 1 1 2 2 2 2 2 1 1 2 3 2 1 2 2 3 1 2 3 1 3 2 1 2 1 3 2 1 2 3 1 1 2 1 1 3 1 2 1 1 1 1 2 1 1 2 1 3 1 3 2 1 1 1 3 1 1 2 2 1 2 1 3 3 2 1 1 3 1 2 1 3 2 2 1 1 2 3 1 2 3 1 3 2 1 2 1 2 3 1 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 1 3 3 2 3 2 1 1 2 2 2 1 1 2 1 1 2 1 2 2 1 2 1 1 2 3 1 1 2 1 2 1 2 1 1 1 1 2 1 2 1 3 2 1 2 1 1 2 1 2 3 1 1 2 1 2 1 2 1 2 2 2 2 3 2 2 3 1 2 3 3 3 2 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 3 2 2 1 2 2 2 1 2 2 3 2 2 3 2 2 2 3 2 2 1 2 2 2 1 3 1 1 2 1 2 3 2 3 2 2 3 1 2 2 2 1 3 2 2 3 1 2 3 3 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 2 1 2 3 1 2 2 2 1 2 2 1 2 1 2 2 3 3 1 2 3 3 3 2 3 1 2 1 2 2 3 1 3 1 1 3 2 2 3 3 2 3 2 3 2 3 3 2 2 2 2 3 2 3 3 3 3 1 2 1 1 2 3 2 2 2 2 2 1 3 3 2 1 1 2 2 2 1 2 1 1 1 1 2 3 1 2 2 2 3 2 2 2 2 1 2 1 2 1 2 1 1 1 1 2 2 2 2 1 1 2 2 1 1 2 1 2 3 2 1 2 1 1 2 2 2 2 3 2 2 1 2 1 2 3 1 3 2 2 3 2 3 2 3 2 1 3 2 3 1 2 3 2 3 1 1 1 1 2 1 2 1 1 3 1 1 1 1 2 2 1 1 2 2 2 1 2 2 2 1 2 2 2 1 3 1 2 3 2 3 2 2 1 2 1 2 1 1 2 2 1 2 2 1 2 1 1 2 1 2 2 3 2 2 2 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 1 2 2 2 2 1 1 2 2 1 2 2 1 1 2 1 2 1 1 1 1 2 1 1 1 3 2 3 1 1 2 1 2 1 1 1 1 1 1 1

xxxiii117 118 119 120 121 122 123 124 125 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 2 3 2 2 3 3 2 2 3 3 3 2 2 3 3 2 2 3 3 2 3 2 3 2 2 3 2 1 2 3 2 3 2 3 3 3 3 1 2 3 3 3 2 2 2 3 3 3 3 3 3 1 3 3 2 1 2 3 3 1 2 1 2 1 2 3 3 1 2 3 2 1 3 2 2 2 1 1 3 2 1 1 2 1 3 3 1 2 3 1 2 1 2 3 1 1 2 2 1 1 2 3 2 3 2 2 2 3 2 3 3 1 2 2 1 2 3 2 3 2 1 2 3 2 3 3 2 2 2 1 2 1 2 2 3 2 1 2 2 2 2 1 1 2 1 1 1 1 2 2 1 2 2 2 1 1 1 2 3 2 2 1 2 2 1 2 1 2 1 1 3 2 1 1 3 1 1 2 1 1 2 1 1 1 1 3 1 1 1 2 3 1 3 1 1 1 2 1 1 2 1 2 3 3 1 2 2 1 2 1 2 2 1 2 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 2 2 1 2 2 1 1 1 1 2 3 3 1 2 3 1 3 2 2 3 2 2 2 3 2 1 2 2 1 2 2 2 2 2 3 1 2 2 2 2 1 2 1 1 3 3 3 2 2 3 3 2 2 3 2 3 3 2 2 3 3 2 3 3 2 2 3 2 3 3 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 1 3 2 2 2 3 2 1 2 2 1 3 2 1 2 2 1 1 1 3 2 1 2 1 2 3 2 1 3 2 3 2 2 1 2 1 2 3 2 3 2 2 1 1 3 1 1 1 2 1 3 1 2 2 1 2 2 1 1 2 3 2 1 1 1 2 2 2 2 2 2 3 1 2 2 3 2 1 1 2 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 1 2 2 1 3 2 2 1 1

*P4: No aplicvel ( vide anexo 1).

Aplicando-se aos dados acima tabulados ao software Statistica passa-se a obteno dos grficos de anlise fatorial de correspondncia abaixo ilustrados como resultado da aplicao do questionrio diagnstico:

Grfico 06- ANLISE FATORIAL DE CORREPONDNCIA

xxxiv DIAGNSTICO FEITO COM PROFISSIONAIS DA REA DA ENGENHARIA2D Relao das 13 perguntas com os 53 Engenheiros Input Table (Rows x Columns): 52 x 13 Standardization: Row and column profiles Dimension 2; Eigenvalue: .01493 (16.09% of Inertia) 0.4 0.3 0.2 0.1 0.031 13 58 P13 41 36 ID 25 57 29 14 47 26 32 28 1 11 9 19 34 P9 2 24 43 42 3049 7 8 40 P10 6 P2 44 6210 55 P1 51 P6 P5 23 P3 12 59 15 18 35 3 P12 5 46 52 17 21 P8 P11 33 20

54

-0.122

-0.2 -0.3 -0.4 -0.4

P7

48 50 39

-0.3

-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

Row.Coords Col.Coords

Dimension 1; Eigenvalue: .02477 (26.68% of Inertia)

O grfico acima representa a aplicao do questionrio 53 engenheiros, considerando que os pontos vermelhos do grfico representam s perguntas aplicadas e os pontos azuis cada um dos profissionais da rea da engenharia. Tem-se nitidamente uma grande constelao de dados que segundo o grau da dificuldade e a deficincia na resposta da questo faz com que os pontos de afastem, surgindo pontos isolados e com nenhuma correspondncia, como o caso da pergunta representada em vermelho por P7. V-se agora a aplicao do mesmo mtodo nos dados coletados aps a aplicao do questionrio junto aos estudantes de engenharia:

Grfico 07- ANLISE FATORIAL DE CORREPONDNCIA DIAGNSTICO FEITO COM ESTUDANTES DA REA DA ENGENHARIA

xxxv

2D Relao entre as 13 perguntas e os 86 estudantes de Engenharia Input Table (Rows x Columns): 86 x 13 Standardization: Row and column profiles Dimension 2; Eigenvalue: .01605 (13.56% of Inertia) 0.35 0.30 0.25 0.20 0.15 0.10 0.05 0.00 -0.05 -0.10 -0.15 -0.20 -0.25 -0.30 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4P12 84 42 36 65 96 41 23 81 44 13 P13 25 P7 88

48 22 31 59 58 1853 29 40 7786 76 99 32P1 63 100 35 70 55 91 90 72 P11 17 P6 85 16 98 82 47 26 P592 69 60 34 95 2 2710 28 80 56 P3 15 64 P10 8 54 ID 37 94 P9 57 62 5 73 78 83 66 49 4 67 1 9711 9 12 33 71 52 93 6 P8 21 7 P2 43 79 24 46 20

87

Row.Coords Col.Coords

Dimension 1; Eigenvalue: .01842 (15.56% of Inertia)

De mesma forma aplica-se os dados coletados junto aos 86 estudantes das reas da engenharia (engenharia de produo, civil, mecnica, eltrica, etc) que se encontram em fase de concluso de curso e tm-se a mesma disparidade dos pontos, surgindo tambm pontos isolados, que representam, no caso em estudo uma lacuna na esfera do conhecimento jurdico-penal-ecolgico.

2.4.2.2 ANLISE DE AGRUPAMENTOS

O mtodo de anlise de agrupamentos tem por objetivo a construo de parties em um conjunto de elementos a partir das distncias medidas dois a dois, ou seja, ocorre a definio de classes, entre as quais se distribuem os elementos do

xxxvi conjunto de dados, por meio de procedimentos destinados a reunir os indivduos por semelhana ou dissimilaridade. A medida de parecena mais conhecida a distncia Euclidiana, onde, aplicada s questes deste trabalho, resulta na aproximao dos indivduos quanto mais parecidas forem as suas respostas. Utiliza-se dentro na anlise de agrupamentos o mtodo de classificao hierrquico ascendente, onde a partir do conjunto global cada indivduo est isolado, e vo se formando elementos separados at chegar a um conjunto nico. A seqncia resultante das classificaes usualmente representada sob a forma de uma rvore de classificao, denominada de dendrograma. Atravs desta rvore demonstrada pelo grfico pode-se obter cortes horizontais, aplicados de modo subjetivo, que indicaram os grupos significativos para o trabalho. V-se a seguir o grfico utilizando os dados obtidos com os engenheiros pesquisados:

Grfico 08- ANLISE POR AGRUPAMENTOS DIAGNSTICO FEITO COM PROFISSIONAIS DA REA DA ENGENHARIA

xxxviiDendrograma dos 52 engenheiros Mtodo de Ward Distncia Euclideana 3.0

2.5

Distncia de juno

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0 47 41 26 36 28 58 25 42 34 32 29 14 48 50 39 22 31 13 55 51 62 49 18 12 11 30 8 54 33 20 52 17 46 43 24 21 5 35 59 15 23 10 44 40 6 57 7 2 3 19 9 1

Aplicando-se a anlise por agrupamentos nos dados coletados na pesquisa com os 52 profissionais da rea da engenharia construi-se o grfico acima. Sendo que vrios grupos de profissionais se renem, forma-se vrias ramificaes, as j citadas rvores. Optou-se, para validar o trabalho, fazer um corte horizontal no grfico, especificamente na altura da coordenada vertical 2.0, para da obter-se dois grupos apenas, sendo estes foram denominados de grupo da esquerda e grupo da direita ao grfico. O grupo da esquerda significativamente menor que o grupo da direita. Relacionando todos os resultados dos questionrios diagnstico conclui-se que fazem parte do grupo minoritrio (esquerda) os profissionais que tem um conhecimento aceitvel do atual contexto jurdico-penal-ecolgico e, por conseqncia fazem parte do grande grupo (direita) os profissionais da rea da engenharia que possuem uma certa deficincia no trato de questes jurdicas ambientais. De igual modo lana-se na mesma metodologia os dados coletados junto as estudantes de engenharia, v-se o resultado: Grfico 09- ANLISE FATORIAL DE CORREPONDNCIA

xxxviiiDIAGNSTICO FEITO COM ESTUDANTES DA REA DA ENGENHARIA

Dendrograma dos 86 estudantes de Engenharia Mtodo de Ward Distncia Euclideana3.5

3.0

2.5

Distncia de juno

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0 72 99 95 90 63 64 85 29 76 58 84 42 36 25 96 81 41 55 47 26 22 65 13 40 2 98 27 91 77 44 37 34 53 32 23 92 73 67 57 54 46 21 82 16 88 100 94 87 31 48 59 18 70 35 86 17 15 10 5 66 52 20 79 24 6 43 9 93 7 8 4 83 80 49 69 60 56 28 78 62 71 12 97 11 33 1

Este grfico que surge ao aplicar-se metodologia de anlise por agrupamentos nos dados dos questionrios aplicados aos estudantes j referidos. Tambm se realiza o mesmo corte horizontal no grfico no ponto 2.0 da coordenada vertical (distncia de juno); Grupo da esquerda; Grupo Central; Grupo da Direita; Relacionado s respostas das perguntas ao grfico conclu-se que o grupo da esquerda composto por estudantes que esto bem atualizados no contexto jurdicopenal-ecolgico e demonstra um bom interesse pelo assunto; o grupo central composto pelos estudantes que demonstraram um conhecimento aceitvel na temtica proposta, porm pouco interesse pela questo ambiental; e por fim os estudantes que compe o grupo da direita possui um grande deficincia jurdico-penal-ecolgico. sendo que agora, para os estudantes, obtm-se trs

grupos definidos da seguinte forma:

xxxix Verifica-se que por serem relativamente mais jovens os estudantes esto mais integradas as temticas ambientais do que os profissionais da rea, uma vez que se considera tambm relativamente recente a exploso de informaes na temtica ambiental.

2.5 CONCLUSO DA ANLISE DOS DADOS COLETADOS Atravs das duas metodologias empregadas na anlise dos dados oriundos da aplicao do questionrio diagnstico de conhecimento jurdico-penal-ecolgico na rea tecnolgica conclumos que medida que se tornam especficos os conhecimentos jurdicos relacionados a esfera penal do meio ambiente cresce vertiginosamente a deficincia e o desinteresse dos entrevistados pela temtica proposta. Tpicos de fundamental importncia aos profissionais da rea tecnolgica que o ligam ao mundo jurdico-penal-ecolgico so por estes totalmente desconhecidos e por muitas vezes sem previso de maiores aprofundamentos no assunto, o que relata o mais profundo desinteresse pela temtica. Esse desinteresse e deficincia detectada, faz com que se proponha nos prximos captulos deste trabalho uma introduo da temtica jurdico-penal-ecolgica de modo didaticamente simplificado no contexto de atuao destes profissionais da rea tecnolgica, demonstrando a importncia do estudo do tema, visando alterar a maneira de assimilao do contedo legal ambiental, procurando resultar com isso que estes profissionais faam do conhecimento e interesse na temtica jurdico-penal-ecolgica um diferencial em sua carreiras, quando da relao entre empresa, meio ambiente e sociedade.

xl

CAPTULO 3

RELAES ENTRE O HOMEM, O ESTADO E MEIO AMBIENTE

"Um dia, a Terra vai adoecer. Os pssaros cairo do cu, os mares vo escurecer e os peixes aparecero mortos na correnteza dos rios. Quando esse dia chegar, os ndios perdero o seu esprito. Mas vo recuper-lo para ensinar ao homem branco a reverncia pela sagrada terra. A, ento, todas as raas vo se unir sob o smbolo do arcoris para terminar com a destruio. Ser o tempo dos Guerreiros do Arco-ris." ( Profecia feita h mais de 200 anos por "Olhos de Fogo", uma velha ndia Cree.)

Para expor um pouco das relaes entre o homem, o Estado e o meio ambiente faz-se necessrio um pequeno histrico do processo evolutivo da espcie humana e as conseqncias deste evento sobre a natureza.

Com o aumento da populao, os problemas causados pela presena do homem e suas atividades sobre o planeta se multiplicaram. Os efeitos passaram a no ser mais localizados e prximos, mas foram transformando-se em problemas da quadra, do bairro, da cidade, do estado, do pas, do continente e do planeta como um todo (LERPIO, 1999). 3.1 O HOMEM COMO SER GREGRIO Inmeros foram os autores (LERPIO 1999; KLCKNER, 1999; OLIVEIRA, 1999; CALLENBACH, 1999; DUARTE, 1998; BOGO,1998; CAPRA, 1996; CAMPOS, 1996; entre muitos outros), que j trabalharam de modo extraordinrio a temtica do surgimento dos problemas ambientais e a atual crise ecolgica que nosso

xli planeta passa, porm, para dar mais significncia a este trabalho far-se- um breve e sucinto comentrio sobre a evoluo da prpria espcie homo sapiens sapiens e sua interao com o meio ambiente. Alguns fatores foram fundamentais para o fenmeno evolutivo dos seres humanos, dentre os quais pode-se citar: a sua posio bpede, volume maior de seu crebro, a sua linguagem articulada e o seu neotneo. Sobre a sua posio bpede, foi esta fundamental para o homem se destacar entre as demais espcies vivas que habitavam o planeta durante o seu processo evolutivo. Associado a essa posio privilegiada o homem ainda possui outras duas vantagens anatmicas que o distingue dos demais animais, qual sejam: a suas mos livres e os seus polegares oponveis, que acabam por formar uma espcie de pina que facilitam a manipulao e a fabricao de objetos. Quanto ao seres humanos possurem um crebro maior isso lhes deu a possibilidade de melhor desenvolverem a sua inteligncia, ou seja, presume-se que quanto maior o crebro mais inteligente o ser; v-se a tabela comparativa abaixo:Tabela 02 Espcie X Volume do Crebro (SIERRA,1998)

ESPCIE HOMINIDIOS ( Macacos Parentes)AUSTRALOPITECOS (Antepassado do Homem) HOMO SAPIENS SAPIENS ( Homem atual )

VOLUME DO CREBRO 300 638 cm3 450 - 880 cm3 1.000 - 1800 cm3

O fato dos seres humanos possurem uma linguagem articulada deu destaque a espcie, pois esta possui uma comunicao impar e capaz de deter um enorme acervo cultural. Por fim deve-se referir ao neotneo dos seres humanos, que nada mais do que a persistncia da curiosidade ao longo de toda a sua vida; o homem nunca cessa a sua curiosidade, sempre est em busca de novos desafios e fronteiras. Constata-se que estes mecanismos de evoluo biolgica do homem resultaram em uma espcie muito bem dotada e nica na natureza.

3.2 BREVE VISO DOS SISTEMAS ANTROPOGNICOS

xlii No decorrer do tempo o homem passou a sentir uma necessidade de se tornar um ser gregrio e passar a viver em grupos, fazendo assim surgir as primeiras tribos, que depois evoluram, transformando-se em cidades. Pode-se dividir em trs perodos bem distintos o processo evolutivo do homem como ser gregrio e as suas relaes com a natureza. 1 Perodo: O homem exercia aes pontuais de desertificao no planeta provocada pelas atividades de extrativismo e caa de subsistncia. Pode-se dizer ento que o homem estava inserido na natureza. O homem vivia harmoniosamente na natureza, no produzia resduo, uma vez que fazia parte integrante da inter-relao existente entre os seres que viviam no ecossistema em que estava inserido, fazendo parte de uma cadeia alimentar perfeita. V-se a ilustrao :Natureza

HOMEM NA NATUREZA Figura 01 Relao Homem NA Natureza. Adaptado de SIERRA, 1998.

2o. Perodo Os homens foram se multiplicando e desenvolvendo atividades agropecurias, o que acabou por resultar uma certa melhoria em sua qualidade de vida. O surgimento das primeiras cidades j um fato a ser considerado, tambm se deve registrar o inicio da mercancia, artesanato e outras atividades que visavam sustentar as pequenas civilizaes que ora estavam surgindo. O homem usa a natureza como fonte de matria prima para a produo de seus primeiros artefatos, e tambm a v como meio de subsistncia para as recm formadas

xliii cidades. Diz-se, que neste perodo, a relao homem e natureza, em pontos igualitrios, ou seja, homem lado a lado com a natureza.

Natureza

H

HOMEM

H

E NATUREZA

Figura 02 Relao Homem E Natureza. Adaptado de SIERRA, 1998.

3 Perodo As cidades, agora j bem estabelecidas e estveis, so um grande fator de desequilbrio na relao homem / natureza; uma vez que neste perodo que se deu o desenfreado processo de gerao de resduos pelos seres humanos. Segundo LERPIO (1999), muitos foram os fatores que pesaram na composio desta relao de desigualdade, como por exemplo, o desmatamento de grandes reas, massificao da agropecuria, contaminao direta de rios, lagos e quedas dgua, poluio do solo e do ar, entre outros. Inicia-se o surgimento dos ditos excedentes de produo, que alimentam o exerccio da mercancia, inicia-se tambm a manufatura com metais como cobre e ouro (metalurgia). Em seguida surge o feudalismo, perodo em que houve uma grande valorizao da terra, que mais tarde constituiu o principal valor econmico e cultural da humanidade. E por fim, neste perodo relata-se a revoluo industrial, que teve incio em meados do sculo XVIII; considerado o perodo mais crtico no que se refere relao homem-meio ambiente.

xliv A nova realidade moldada a partir da Revoluo Industrial traz aspectos positivos e negativos para a humanidade. A partir desse perodo, a relao do homem com o meio ambiente se inverte. Ele passa, definitivamente, de dominado para dominador, utilizando os recursos naturais para atingir seus fins. A humanidade presencia um surto de grandes invenes que alteram seu modo de vida: mquina a vapor, eletricidade, automvel, descoberta de novos remdios, raios-X, etc. O pensamento dominante visa exclusivamente ao lucro, adotando a livre concorrncia e as leis da oferta e da procura como as bases para regulamentao do mercado. No existe preocupao com o meio ambiente, pois o pensamento econmico dominante (neoclssico) considera que os recursos naturais so praticamente inesgotveis. Este tipo de pensamento deixou uma verdadeira esteira de catstrofes ambientais decorrentes das atividades produtivas intensas e predatrias do meio natural (LERPIO,1999). Pode-se afirmar que neste perodo, que se estende at os dias atuais, o homem est contra a natureza, apenas explorando os seus recursos e com pouca, ou quase nenhuma, preocupao, com os resduos que esto sendo produzidos e depositados sobre a Terra.

Natureza

D

D

BBBCCCHOMEM

X NATUREZA

Figura 03 Relao Homem X Natureza. Adaptado de SIERRA, 1998.

No decorrer do tempo houve, paralelamente as relaes homem com a natureza, uma intensa relao e conseqente evoluo do trato entre homem e a sociedade.

xlv O homem sentiu algumas necessidades de carter organizacional e passou a estudar alguma maneira de colocar ordem nestes sistemas que estavam surgindo, e partiu em busca de maneiras de gerenciar as comunidades que surgiram e continuavam a surgir. Partiu-se em busca de um ideal denominado de estado.

3.3 SURGE A FIGURA DO ESTADO

Por que j se nasce mergulhado no estado? Por que nasceu o estado? De onde vem? Segundo a viso jurdica, nos primrdios era o homem um ser carente e solitrio, repleto de necessidades e no encontrando na natureza outros seres semelhantes com quem poderia se integrar. O homem acaba por verificar que uma rvore igual a outra rvore, que um descampado sempre igual a outro, e nesse momento ele sente-se deslocado da natureza e comea a procurar o seu caminho. De um lado as necessidades fsicas, de moradia, companhia, etc; de outro a necessidade de poder mostrar quem realmente ele , sua ambio de aspirar o poder sobre as outras espcies. Essas carncias e anseios somente conseguiram obter resultados quando o homem chegou a brilhante descoberta: muito mais fcil viver em grupo. Pois bem, o estado um grande agrupamento humano e uma poderosa sociedade, que se forma de modo natural para que as necessidades humanas possam ser satisfeitas mais facilmente. O agrupamento de homens tambm fruto da sua razo, pois como se sabe o homem no s instinto e sim possui vontade prpria e inteligncia. A inteligncia, a vontade e a razo influenciaram na escolha do estado e at na sua prpria forma de criao. No que tange ao surgimento da estrutura estatal a divergncia doutrinria entre as mais variadas reas do conhecimento tomou conta das tentativas de definio, ou seja, no pacfica a sua definio. Porm, nota-se que a grande maioria dos mestres e doutrinadores imputa ao surgimento da propriedade privada a origem da figura do estado, pelo fato de que os indivduos se viram obrigados a associarem em entidades polticas, em busca proteo aos seus bens, como se v a seguir.

xlvi

3.4 CONCEITOS CLSSICOS DE ESTADO V-se agora a figura poltica do estado segundo a viso de alguns dos mais bem conceituados autores e filsofos da antiguidade. Tenta-se extrair o conceito principal que cada autor traz no tocante a origem do estado, salientando-se que no se baseia em uma ordem cronolgica da exposio dos autores e sim se procura seguir uma ordem de raciocnio dos conceitos, independentemente da poca em que foram escritos.

3.4.1 O Estado na Viso de Maquiavel Maquiavel analisou basicamente a origem do estado, sendo at considerado o fundador da cincia poltica por tais buscas etimolgicas (GRUPPI, 1986). Maquiavel afirma que todos os estados, todos os domnios (poder) que tiveram e tm imprio sobre os homens, foram ou so repblicas ou principados (GRUPPI, 1986). Para ele o estado no tem nenhuma relao, ligao ou identificao com a sociedade, uma vez que o que o realmente constitu a figura estatal so os esforos individuais de cada cidado; porm, o estado sempre ir impor o seu domnio sobre o povo.

3.4.2 O Estado na Viso de Rousseau Para Rousseau, em eras remotas, os seres humanos porque no tinham o instinto de propriedade privada, no dotavam, portanto, de interesse competitivo, vivendo todos em harmonia e apenas na busca de terem supridas suas necessidade naturais (BRANDO,1996). No instante que surge entre os indivduos a figura da ganncia, configurada pela propriedade privada, os mesmos inventam a soberania e se submetem ao poder poltico, onde os indivduos pactuam entre si com o fim precpuo de ficarem expostos a vontade coletiva (da maioria e no de todos), a defesa de seus bens e de todos os entes associados figura do estado que ora surgia. Rousseau conceitua de cidados os

homens individualizados e partcipes da soberania, de sditos quando esses esto submetidos s leis do estado e reserva a nomenclatura povo para os indivduos coletivamente pertencentes a essa associao poltica (BRANDO,1996).

3.4.3 O Estado na Viso de John Locke

xlvii Locke parte do princpio de que o homem por natureza um ser socivel, vivendo e explorando a igualdade e liberdade, havendo apenas as limitaes das leis naturais (BRANDO,1996). Porm, nesta condio em que viviam os indivduos no tinham assegurado o seu direito propriedade, no tendo como proteger os seus bens. Ento, na busca da garantia do direito propriedade, os homens resolveram viver em associaes, que constituiriam a organizao poltica tida como o estado. A figura estatal tem por base a subordinao das pessoas a sua soberania, regulando os atos, fatos e condutas sociais.

3.4.4 O Estado na Viso de Thomas Hobbes Thomas Hobbes impe como condio humana, anterior ao estado, a guerra, ou seja, a luta entre todos os indivduos em seu estado natural (MONTEIRO, 1991). Ento os indivduos com receio e medo da morte resolvem pactuar entre si e criar uma organizao poltica onde o poder estaria concentrado e igualmente estariam as foras individuais submissas a esse poder: eis o estado.

3.4.5 O Estado na Viso de Montesquieu Para este grande autor o ser humano antes da existncia do estado apenas tinha conscincia de sua fragilidade perante os demais. Os indivduos na inteno de unir esforos e suprir essa sua fraqueza individual sentiram a necessidade de aproximaremse uns dos outros. Ento os homens firmam entre si um pacto social, que resultaria na figura do estado. A unio dos indivduos em sociedade, calcada neste pacto social, cria dentro do estado necessidade de ser imposta um ordem poltica, para serem evitadas as condutas desagregadoras (MONTESQUIEU,1973). Mantm-se o absolutismo estatal.

3.4.6 O Estado na Viso de Marx e Engels A base de trabalho de Marx e Engels sempre foi a figura do estado burgus. Afirmam eles ser o surgimento do estado um fato histrico decorrente da desagregao da sociedade comunitria primitiva, provocada pelo surgimento da figura da propriedade privada e da diviso das classes oponentes no contexto da sociedade que at ento existia. Marx enseja o fim do estado, que segundo ele, apenas serve para as classes dominantes exercerem plenamente o seu poder. Com o fim do estado acabariam tambm as divises de classes sociais. Porm, haveria a necessidade de um estgio

xlviii intermedirio entre estas duas situaes, o que Marx chama de a ditadura do proletariado (MARX E ENGELS, 1978). Engels, por sua vez, coloca o estado como uma criao da sociedade, pela necessidade de se criar um poder soberano que viesse a regular os conflitos sociais que cada vez aumentavam com as divises implcitas das classes sociais oriundas da garantia da propriedade privada. Defende tambm o fim do estado com forma de coliso entre estado e sociedade civil.

3.5 O ESTADO, FUNO SOCIAL E MEIO AMBIENTE

No final do sculo XIX, os positivistas diziam que todo indivduo tem que cumprir certa funo na sociedade de acordo com o posto que nela ocupa dentro do estado. J quanto a propriedade, por esta ser uma situao de direito objetivo, uma situao legal, no poder ela ser utilizada pela livre vontade de seu detentor, uma vez que existe um dever do proprietrio de empreg-la de acordo com a finalidade assinalada pela norma de direito subjetivo, que se confronta diretamente com o dever social. A propriedade seria a obrigao do proprietrio de cumprir certa funo social. Nada mais justo do que se impor ao proprietrio de um imvel, atravs da figura do estado, o nus de fazer com que ele cumpra uma determinada funo social, uma vez que deste modo se est contribuindo com o aumento da produtividade e dos ndices de desenvolvimento do pas, contribuindo tambm para a garantia da qualidade do meio ambiente onde est inserida a propriedade. Porm, para que tudo isso deixe de ser utopia e torne-se realidade, cada vez mais necessrio que os governantes incentivem ao coletivo, e no dar ascenso aos interesses individuais, facilitando desse modo o cumprimento da funo social da propriedade especificada em nossa Constituio Federal de 1988. O Ttulo II, Captulo I, da Constituio Federal de 1988, que trata dos direitos e garantias fundamentais, em seu artigo 5O, traz o seguinte texto: art. 5o. Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:(...)

xlix

V-se que a Constituio Federal de 1988 traz a propriedade como direito fundamental, porm, o inciso XXIII, deste mesmo artigo, a condiciona ao cumprimento de sua funo social, a seguir: (....) XXIII - A propriedade atender a sua funo social.

Tem-se, logo, a propriedade garantida constitucionalmente, porm h que se cumprir a sua funo social (portanto uma condio sine qua non). Neste trabalho apenas interessa saber o que seria a dita funo social da propriedade e o que isso implica na gesto dos recursos naturais pr-existentes nela. Quanto a problemtica acima exposta a prpria Constituio Federal de 1988 traz a resposta, estabelecendo parmetros qualificadores da funo social da terra, explcitos no texto do seu artigo 186, e seus incisos I a IV :

Art.186. A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critrios e seus graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos : I- aproveitamento racional e adequado; II-utilizao adequadas recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente;(grifos nossos) III-observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho; IV-explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores. De igual modo, porm com menos nfase, o Estatuto da Terra (Lei n 4.504 de 30 de novembro de 1964) j tratava da funo social da terra, trazendo em seu artigo 2O, a seguinte redao : art.2o. assegurada a todos a oportunidade de acesso propriedade da terra, condicionada pela sua funo social, na forma prevista nessa lei. 1o. A propriedade da terra desempenha integralmente a sua funo social quando, simultaneamente : a) favorece o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famlias; b) mantm nveis satisfatrios de produtividade; c) assegura a conservao dos recursos naturais; d) observa as disposies legais que regulam as justas relaes de trabalho entre os que a possuem e a cultivam (grifos nossos).

l A funo social da terra deve ser compreendida como uma forma de se buscar o equilbrio entre direitos e obrigaes do cidado, com a projeo deste equilbrio sobre a sociedade, partindo-se de interesses individuais para atingir o coletivo. Salienta-se que nos contextos das duas leis citadas h uma forte nfase em se colocar a preservao e/ou conservao do meio ambiente como condio explcita para o efetivo cumprimento da funo social. Muitos doutrinadores, como, por exemplo, MACHADO (1998), consideram a funo social o fundamento do direito agrrio brasileiro, que seria irmo consangneo do nosso direito ambiental. A Lei n 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, em seus artigos 6o. e 9o., regulamentou os critrios e graus de exigncia relativos utilizao e eficincia na explorao da terra, para que se cumpra sua funo social. Salienta-se o artigo 9 : Art. 9o. A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo graus e critrios estabelecidos nesta Lei, os seguintes requisitos: I- Aproveitamento racional e adequado; II -utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente; III- observncia das disposies que regulam as disposies trabalhistas. 1o. Considera-se racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus de utilizao da terra e eficincia na explorao especificados no artigo 6 , 1o. a 7o. do art. 6o. desta Lei. 2o. Considera-se adequada a utilizao dos recursos naturais disponveis quando a explorao se faz respeitando a vocao natural da terra, de modo a manter o potencial produtivo da propriedade. 3o. Considera-se preservao do meio ambiente a manuteno das caractersticas prprias do meio natural e da quantidade dos recursos ambientais, na medida adequada manuteno do equilbrio ecolgico da propriedade e da sade e qualidade de vida das comunidades vizinhas. 4o. A observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho implicam tanto o respeito s leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho como s disposies que disciplinam os contratos de arrendamento e parcerias rurais. 5o. A explorao que favorece o bem-estar dos proprietrios e trabalhadores rurais a que objetiva o atendimento as necessidades bsicas dos que trabalham a terra, observada as normas de segurana do trabalho e no provocar conflitos sociais no imvel (grifos nossos).

li A lei 8.629/93 veio regulamentar o que estava disposto na Constituio Federal de 1988, sendo clara e de fcil compreenso por ser expressa em seus artigos, no sendo necessrias maiores interpretaes. Confirma-se que em toda a legislao brasileira, seja ela de cunho agrrio, ambiental ou puramente constitucional clara a preocupao com a questo meio ambiente e recursos naturais, referindo-se preservao ambiental como parte da exigncia ao cumprimento da funo social da propriedade. Chega-se a simplria concluso que o direito de propriedade est associado diretamente com a funo social, sendo que um dos pressupostos ser a conservao dos recursos naturais. O no cumprimento de tal funo ensejar a interveno do poder pblico na propriedade privada. Cita-se apenas a ttulo de demonstrao um exemplo de interveno do poder pblico na propriedade privada: a desapropriao por interesse social para fins de reforma agrria, sendo esta uma punio ao proprietrio pelo seu comportamento antisocial e inerte funo social da terra, por ter deixado a terra improdutiva ou dar a ela finalidade especulativa e esgotado delas os seus recursos naturais . Na verdade a concepo da propriedade est em vias de modificao. A idia de funo social a est, como em todos os direitos, mas ela no deixou de ser um direito. A funo social, a destinao social da propriedade privada hoje por todos reconhecida. Nessa perspectiva o pensamento de Duguit est em consonncia com as tendncias jurdicas e econmicas contemporneas. Contudo, o exagero de suas formulaes nos parece manifesto. Que a propriedade comporte uma carga de deveres para com seu titular, no implica que ela seja uma obrigao.(JOO PAULO II, 1980) 3.6 RELAO DO ESTUDO COM A REA TECNOLGICA a partir desde instante que se iniciam as atividades produtivas em grande escala, ou seja, de fato estamos entrando na era das inovaes tecnolgicas. O mundo esta sofrendo enormes mudanas e dada a figura do Estado toda a tutela das relaes sociais. A interao entre os homens, a natureza e as atividades produtivas estava sendo regulamentada e regulada pelo Estado de fato e de direito, que a todos se impunha de modo gradativo e com carter perpetuador.

lii Com o auge da produo percebe-se que cada propriedade deve, alm de satisfazer seu proprietrio, atingir um fim comum, pelo cumprimento de uma funo social, para qual o Estado ditou regras.

liii

CAPTULO 4

O SURGIMENTO DA CONSCINCIA AMBIENTAL NO MBITO JURDICONo se pode dominar a natureza seno quando se lhe obedeceFRANCIS BACON

Com o passar do tempo os seres humanos passaram a se preocupar com os rumos do planeta Terra, principalmente com o que diz respeito ao item qualidade de vida das pessoas, para esta e para as futuras geraes. O interesse pelo meio ambiente, em tempos recentes, deixou de ser privativo de uma pequena parcela da populao. Com o desenvolvimento de novas tecnologias todos os segmentos do conhecimento cientfico passaram a reservar uma pequena parcela de suas produes objetivando melhor equacionar a utilizao dos recursos naturais, bem como impedir que a desmedida ou desatenciosa atuao do homem inviabilize a perpetuao da espcie sob a superfcie da Terra (VERDUM, 1998). De mesmo modo, a cincia jurdica no poderia ficar inerte este crescente movimento e chamou a si a responsabilidade de traar as mais srias normas de regulao das relaes inter-pessoais e inter-institucionais na rea ambiental. Em pouco tempo a derivao dos seus mais variados ramos, fez com que surgisse o direito ambiental e a partir deste as mais especficas variaes, como por exemplo, o direito penal-ecolgico.

liv

4.1 A TUTELA AMBIENTAL DO ESTADO E A FONTE FORMAL DO DIREITO AMBIENTAL

Conceitualmente legislao o processo pelo qual um ou vrios rgos estatais formulam e promulgam normas jurdicas de observncia geral; a fonte primacial do direito, a fonte jurdica por excelncia. Nos pases de direito escrito, como o caso do Brasil, a formulao do direito, como norma positiva, obra exclusiva do legislador. Em alguns pases anglo-saxes, como por exemplo a Inglaterra, ainda se tem a vinculao direta da atividade jurdica aos usos e costumes, porm, j h uma forte tendncia a atividade legislativa (MONTOURO,1994). Ao realizar-se a anlise de uma legislao o primeiro conceito a ser lembrado a aclamada palavra lei. Epistemologicamente a terminologia lei (lex) tida como o preceito escrito, elaborado por rgo competente com forma previamente estabelecida, mediante a qual as normas jurdicas so ditadas (BEVILAQUA,1997). Ainda h doutrinadores que consideram a lei como um conjunto de normas compiladas em forma de artigos, que visam regular ou coagir uma situao ou fato socialmente reprovvel. As leis podem ser denominadas de leis ordinrias, delegadas e cogentes. E quanto competncia territorial podem ser federais, estaduais e municipais. Para um melhor detalhamento da terminologia lei, buscar-se- em um esquema a forma mais didtica de sua compreenso:

LEI FSICA OU NATURAL LEX Leiem LEI TICA OU MORAL

LEI MORAL EM SENTIDO ESTRITO LEI JURDICA

geral

Figura 04 VISO MACRO DA TERMINOLOGIA LEI ( lex) .MONTOURO (1994).

4.2 A DIVISO DA LEGISLAO BRASILEIRA E A SUA HIERARQUIA

lv

Com a finalidade de determinar certas competncias e tambm para evitar entre estas competncias, conflitos de natureza jurdica ou doutrinria, s leis brasileiras foi dado uma espcie de classificao, segundo uma escala hierrquica. Em um regime democrata federalista, como o caso do Brasil, a sua Carta Magna a lei suprema dentro de uma hierarquia de legislaes.Mas o que uma constituio? O termo constituio vem do latin com + stituto, ou seja, aquilo que visa dar estrutura organizao do estado. Por isso, a Constituio Federal de 1988 a lei maior do Pas e estabelece as relaes de natureza poltica entre governantes e governados, limita o exerccio do poder e declara os direitos individuais e sociais e sua respectivas garantias. A Constituio Brasileira classificada como uma constituio editada de maneira indireta, ou seja, surgiu atravs de uma votao de uma Assemblia Constituinte. A Constituio Federal de 1988 trouxe muitas inovaes no tocante ao meio ambiente como se v a seguir quando se trata do direito ecolgico no contexto da legislao. Em uma escala hierrquica, porm, no mesmo patamar das leis constitucionais, temos as constituies estaduais, que seguem a mesma forma da Constituio Federal, porm cada unidade federativa ter a sua constituio, deliberando sobre os pontos relevantes a cada estado, vedado apenas a ofensa a lei maior. No prximo patamar encontram-se todas as leis complementares que delimitam a estrutura estatal e seus servios, ou seja, so leis de organizao bsica. Exemplos destas leis so os cdigos que regulam a sociedade, como o cdigo civil brasileiro, que data de 1916. Pode-se tambm citar os cdigos penal, tributrio, de trnsito, entre outros. Agora, descendo mais um degrau tm-se as leis ordinrias, que so editadas pelo poder legislativo da Unio, estados e municpios, no campo de suas competncias constitucionais, com a sano do chefe do poder executivo.

Como o Brasil uma Repblica Federativa e ante o princpio da autonomia dos Estados e Municpios, no h qualquer supremacia da Lei Ordinria Federal relativamente estadual e municipal. Trata-se de ato legislativo tpico ( DINIZ, 1995).

lvi

Como exemplos de leis federais ordinrias tm-se a lei do inquilinato e a lei das falncias. tambm aqui que se enquadra as resolues, que possuem a fora de uma lei ordinria, uma vez que h necessidade de serem complementadas e/ou regulamentadas por outras normas de hierarquia igual ou superior, sendo emanadas de rgos competentes segundo cada assunto deliberado, como por exemplo o Conselho Nacional do Meio Ambiente- CONAMA, que emite resolues prprias sobre as questes referentes ao meio ambiente. Agora, j em outro nvel tem-se as leis regulamentares, ou

regulamentadoras, que com o seu prprio nome diz, visam regulamentar uma outra lei ou uma situao. Este tipo de lei tende a viabilizar, na maioria das vezes, a aplicabilidade e praticidade das normas as quais ela visa dar carter de regulamentao. No patamar das decises normativas encontra-se, entre outras, as portarias, que na maioria das vezes, no passam de um ato administrativo que tem por fim dar providncias para o bom andamento dos servios pblicos (interno ou externo). Por fim, tm-se normas individuais ou singulares, que so estipuladas ou determinadas entre duas ou mais partes, sendo que para estas partes integrantes tais normas tem fora de lei. Os exemplos clssicos deste tipo de normas individuais ou singulares so os contratos, os testamentos e as sentenas judiciais e acrdos. H que se ressalvar que as sentenas judiciais colegiadas dos tribunais (assim determinados de acrdos) ganham cada dia mais crdito com a sistemtica da dinmica do direito, fundando-se no instituto jurdico da Jurisprudncia. Jurisprudncia uma srie de decises dos tribunais que se tornam reiteradas sobre a interpretao de um mesmo preceito jurdico e sua aplicao e face de fatos anlogos (SIDOU, 1994). As jurisprudncias no Brasil esto adquirindo fora de Lei. Pode-se ver a seguir, atravs de um modelo grfico- piramidal, toda a estrutura hierrquica da Legislao Brasileira:

lvii

CONSTITUCIONAIS

Constituio Federal

COMPLEMENTARES

Leis Complementares

ORDINRIAS

Leis Ordinrias, Leis Delegadas, Medidas Provisrias, Decretos Legislativos, Resolues

REGULAMENTARES

DECISES NORMATIVAS Regulamentares, DecretoCirculares, Portarias e Ordens de Servio Instrues Ministeriais

NORMAS INDIVIDUAIS OU SINGULARESContratos,Testamentos, Sentenas...

Figura O5 - HIERARQUIA DA LEGISLAO BRASILEIRA. Adaptado de DINIZ (1995).

4.3 NORMA JURDICA E O PODER

lviii O ser humano por natureza um ser gregrio, no s pelo instinto socivel, mas tambm por fora de sua inteligncia, que lhe demonstra que melhor viver em sociedade para atingir os seus objetivos. O homem vive necessariamente em busca de companhia de outros indivduos, e por tal motivo levado a formar grupos sociais, indo dos mais primrios, como a famlia, e chegando aos mais simples, como por exemplo, uma associao esportiva. Em virtude disso os indivduos iniciam entre si relaes de coordenao, subordinao, integrao e delimitao, fazendo surgir conseqentemente normas de organizao de suas condutas sociais. Por estar o ser humano diante de um estado de convivncia, surgem interaes inevitveis. Tais interaes podem vir a perturbar alguns dos indivduos deste grupo, e por tal fato necessrio delimitar as atividades das pessoas que compe este grupo e que participam das interaes sociais, o que ocorre mediante as normas jurdicas. A norma jurdica pertence vida social, pois tudo o que h na sociedade suscetvel de revestir a forma da normalidade jurdica. Somente as normas de direito podem assegurar as condies de equilbrio imanentes prpria coexistncia dos seres humanos, proporcionando a todos e a cada um o pleno desenvolvimento das suas virtualidades e a consecuo e gozo de suas necessidades sociais, ao regular a possibilidade objetiva das aes humanas. Outro ponto deve ficar claro quando se realiza uma anlise das normas jurdicas a relao existente entre as normas e o poder. Por bvio, tem-se o poder como elemento essencial no processo de criao de uma norma jurdica. Isto porque toda norma de direito envolve uma opo, uma deciso por muitos caminhos possveis, e por assim o ser, fica evidente que norma jurdica surge de um ato decisrio do poder poltico. Pode-se dizer que o direito positivo o conjunto de normas estabelecidas pelo poder poltico que se impe e regula a vida social de um dado povo em determinada poca. atravs das normas que o direito pretende obter o equilbrio social, impedindo a desordem e os delitos, procurando proteger a sade e a moral pblica, resguardando os direitos e a liberdade das pessoas. V-se na figura 06 o nascimento de uma lei :

lix

-Fatores Econmicos; -Mudanas Tecnolgicas; -Presso da Sociedade; -Evoluo Cultural

PODER LEGISLATIVO

PROJETO ENTRAEM VOTAO

Lei em Vigncia SANCIONA

APROVADO

vacacio legis

PODER EXECUTIVO VETA

Figura 06 COMO NASCE UMA LEI. Adaptado de DINIZ, 1995.

4.4 DIREITO ECOLGICO NO CONTEXTO DA LEGISLAO

A declarao universal dos direitos humanos funda a liberdade da justia e da paz no mundo no fato de termos reconhecidos todos os direitos que possumos como seres humanos, principalmente ao da dignidade de assim o ser (MEIRELLES,1998). Ocorre que o direito como uma garantia, tanto individual quanto coletiva, no esttico, e por tal fato sofre constantes transformaes. A dinmica da vida econmica e social e as transformaes que se operam especialmente no campo de novas tecnologias fazem surgir novas realidades e situaes que repercutem sobre as pessoas e suas relaes. Essas situaes geram novos problemas e a necessidade da formao de novos direitos. Entre os novos direitos da pessoa humana que passam a ser reconhecidos pelos sistemas jurdicos contemporneos e com cada vez mais fora em mbito mundial est o direito dito ecolgico ou direito ambiental (MAGALHES,1998). A questo ecolgica um dos temas mais importantes de nosso sculo e com certeza ser o mais discutido e analisado no novo sculo que se inicia.

lx O desenvolvimento cientfico e tecnolgico deu aos homens um enorme poder de destruio, que atinge a qualidade de vida de quase todo o planeta. Como defesa da sociedade, diante dos males e ameaas provocados pelas diversas modalidades de poluio do ar, das guas, do solo, a destruio da fauna e da flora, esto sendo elaboradas, cada vez mais, novas normas. Em seu conjunto tais normas englobam direitos constitucionais, administrativos, penais, civis, internacionais, entre outros, para da sim dar corpo ao que se chama de direito ecolgico ou ambiental. Tais normas, doutrinariamente, buscam uma mesma finalidade, qual seja, o direito do ser humano em ter um ambiente sadio. A Constituio Federal de 1988 traz tal conceito expresso em seu artigo 225:

Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem como de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes Dentro desta linha de raciocnio Constituio Federal de 1988 e as demais Legislaes Ambientais deixam claras as seguintes obrigaes ao Poder Pblico: a) Preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciais e prover o manejo ecolgico das espcies e ecossistemas; b) Preservar a diversidade e a integridade do patrimnio gentico do pas e fiscalizar as entidades dedicadas pesquisa e manipulao de material gentico; c) Definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquer utilizao que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem a sua proteo; d) Exigir, na forma da Lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio e impacto ambiental, a que se d publicidade; e) Controlar a produo, a comercializao e o emprego de tcnicas, mtodos e substncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; f) Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da Lei, as prticas que

coloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino de espcies ou submetam animais a crueldade.

lxi E assim poder-se-ia terminar o alfabeto e reinici-lo uma dzia de vezes apenas citando obrigaes do poder pblico questo ambiental. Ao se restringir aos exemplos acima citados v-se que poucos so realmente encarados como obrigaes de poder pblico, e sim na maioria das vezes este s toma alguma posio por se ver pressionado pela sociedade, que a cada dia que passa est elevando a sua conscincia ambiental. Esta presso est repercutindo diretamente sobre o direito ambiental brasileiro, que cada dia mais ganha espao nos bancos acadmicos jurdicos. O Direito Ambiental um direito novo , moderno, de terceira gerao, com extraordinrio crescimento nos ltimos tempos e j consolidado (MAGALHES, 1998). H muita divergncia doutrinria no tocante a questo da autonomia do direito ambiental, para muitos esta autonomia j est consolidada no momento em que a norma recebe amparo constitucional, como o caso do artigo 225 da Constituio Federal de 1988. Porm, para outros o direito ambiental nunca ter plena autonomia uma vez que ele sempre depender de outros ramos do direito para sua aplicabilidade.

Na medida onde o ambiente a expres