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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CAMPUS MADUREIRA COMUNICAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA PROJETOS EXPERIMENTAIS III ANÁLISE DE PRODUCT PLACEMENT EM FILMES APOCALÍPTICOS Nicole Moraes Graniço Rio de Janeiro, Dezembro/2012

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Page 1: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS MADUREIRA

COMUNICAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA

PROJETOS EXPERIMENTAIS III

ANÁLISE DE PRODUCT PLACEMENT EM

FILMES APOCALÍPTICOS

Nicole Moraes Graniço

Rio de Janeiro,

Dezembro/2012

Page 2: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

2

NICOLE MORAES GRANIÇO

ANÁLISE DE PRODUCT PLACEMENT EM

FILMES APOCALÍPTICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

disciplina de Projeto Experimental em

Publicidade e Propaganda como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharelado em

Comunicação Social com habilitação em

Publicidade e Propaganda, Universidade Estácio

de Sá.

Orientador Prof. Dr. Ícaro Ferraz Vidal Júnior

Rio de Janeiro,

Dezembro/2012

Page 3: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

3

NICOLE MORAES GRANIÇO

ANÁLISE DE PRODUCT PLACEMENT EM FILMES APOCALIPTICOS

GRAU: ________

BANCA EXAMINADORA

Rio de Janeiro,

Dezembro/2012

Page 4: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

4

Dedico esse trabalho a minha filha,

Diana, que a cada sorriso me faz

acreditar que sou capaz.

Page 5: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

5

AGRADECIMENTO

Primeiramente ao meu orientador, Ícaro Ferraz Vidal Júnior, pela critica sincera, pelo

incentivo, paciência e confiança depositada.

Agradeço aos professores que dedicaram seu tempo a examinar essa monografia e pelo

comparecimento a banca.

Ao meu pai agradeço pelas correções e pela paciência que tornou esse trabalho

realidade.

A minha mãe e minha filha agradeço o carinho e os sorrisos.

Ao meu marido pela dedicação e internet.

A minha querida amiga Mariana Gonçalves, agradeço a força necessária para não

desistir.

A minha família por todo amor, carinho e paciência. E finalmente a Deus que me

apresentou esse desafio que servirá de estímulo para uma longa vida acadêmica.

Page 6: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

6

RESUMO

Esta monografia analisa a inserção de marca em filmes catastróficos com o objetivo de

estudar o product placement usando como lente a transformação das marcas para

adequar-se aos roteiros propostos. As profecias apocalípticas são transformadas em

entretenimento pela sociedade do espetáculo e passam a ser cenário para estratégias

publicitárias responsáveis por promover marcas para o espectador. O livro de Eli foi

escolhido como estudo de caso por evidenciar a sobrevivência da marca junto ao ser

humano, superando com eles as dificuldades do novo mundo. Já Wall-e é um filme

catástrofe infantil em que o personagem tem a forte identidade com o anunciante.

Palavras-chave: Product placement, marca, apocalipse, catástrofe.

Page 7: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

7

O homem razoável se adapta ao mundo: o irracional

persiste em adaptar o mundo a ele. Portanto todo o

processo depende do homem irracional.

(George Bernard Shaw)

Page 8: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Os desenhos utilizados pela igreja católica para coagir os menos favorecidos

a responder com rigorosa obediência e suas vontades ................................................13

Figura 2 - A informação de futuros acontecimentos catastróficos são massificados

pela mídia, envolvendo meios de alta credibilidade, como mostra a capa de revista

VEJA do ano 1999, quando a referencia de fim dos tempos foi o Bug do milénio* .....15

Figura 3 - Cartaz publicitário do filme “The photo drama of creation”, do Pastor

Russell ............................................................................................................................18

Figura 4 - Inserção no filme The Garage........................................................................23

Figura 5 - Apresentadora do programa Casos de família (SBT), Cristina Rocha,

apresentando a marca de iogurte Top Therm ..............................................................26

Figura 6 - Prova do líder patrocinada pela marca de café 3 corações em BBB12 ........27

Figura 7 - Parte do comercial da Coca-cola Zero Skyfall ...............................................28

Figura 8 - Tênis utilizado pelo personagem Marty McFly (Michel J. Fox) no filme De

volta para o futuro 2 ......................................................................................................29

Figura 9 - Inserção da cerveja Heineken no filme Skyfall ..............................................31

Figura 10 - Ipod presente no momento de lazer do protagonista Wall-E (6’48”) ........35

Figura 11 - Mercado BnL pós apocalipse (19’50’’) ........................................................36

Figura 12 - Ipod, lançado em 2008 e EVE, robô desenhado pelo designer da Apple

Johnny Ivo ......................................................................................................................36

Figura 13 - EVE tentando resgatar o espécime que está em poder da Axion (1h

10’29’’) ...........................................................................................................................37

Figura 14 - EVE com o espécime de fotossíntese (1h 15’23’’) ......................................37

Figura 15 - Fone de ouvido da Beats áudio (9’38’’) .......................................................39

Figura 16 - Mochila Osklen (53’25’’) ..............................................................................40

Figura 17 - Inserção da Oakley (50’’27’) ........................................................................40

Figura 18 - Inserção da marca Puma (58’58’’) ...............................................................41

Figura 19 - Segunda Inserção da marca GMC (1h 27’57’’) ............................................41

Figura 20 - Eli utiliza o papel do restaurante KFC para limpar as mãos após a refeição

(10’12’’) ..........................................................................................................................43

Figura 21 - Inserção da marca Oakley no filme O livro de Eli (19’43’’) .........................44

Page 9: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

9

Sumário

Capítulo 1 – O apocalipse sob as lentes do cinema ................................................12

1.1 Introdução ao apocalipse e suas formas catastróficas ........................................ 12

1.2 Do cinema catástrofe ao cinema espetacular ................................................. 15

1.3 O sucesso do cinema catástrofe espetacular ........................................... 17

Capítulo 2 – Product Placement .............................................................................22

2.1 Contextualizando o product placement .............................................................. 22

2.2 Estratégia de inserções de marca em roteiros televisivos e cinematográficos

................................................................................................................................ 24

2.3 A eficácia das estratégias de product placement no cinema ..................... 29

Capítulo 3 – O product placement em gêneros apocalípticos .................................33

3.1 Análise crítica de Wall-E: A inserção da ideologia da marca ............................... 33

3.2 Análise crítica de O livro de Eli: Uma inserção imperceptível ......................... 38

3.3 As semelhanças técnicas entre os filmes Wall-E e O livro de Eli ............... 42

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10

INTRODUÇÃO

A pesquisa realizada demonstrará a presença do product placement de

marcas conceituadas em filmes que apresentam uma visão de catástrofe do mundo,

explorando a presença das marcas e sua estratégia de visibilidade nesses filmes. O

gênero apocalíptico apresenta um ambiente onde os seres humanos sobrevivem de

modo primitivo sempre em busca da evolução da espécie. Dentre inúmeros títulos

de sucesso foram escolhidos para estudo de caso duas tramas com problemáticas

diferentes: O livro de Eli, filme com grande bilheteria, mas com pouca percepção

das marcas inseridas. E Wall-E, animação catastrófica infantil com introdução

ideológica da marca Apple.

Antes de se tornar popular nos anos 80, o product placement teve sua

estreia no cinema mudo, com o filme The Garage (Arbuckle, 1919) patrocinado

pela marca Red Grown Gasoline. Hoje, a ação de marketing já faz parte do cinema,

e em alguns filmes insere a marca como peça chave da trama. No gênero

apocalíptico a inserção tem um desdobrar diferente, porque a marca perde sua

identidade para ser encaixada em ambientes degradados, caóticos e catastróficos.

Ao ser inserido em filmes com ambientes estranhos ao espectador as

marcas são deformadas. O fenômeno será descrito na análise dos filmes exemplos

com inclusões de marcas totalmente diferentes. O filme O livro de Eli (Irmãos

Hugues, 2010) apresenta inserções de marca bem feitas quando estão ligadas ao

protagonista e antagonista, do contrário as marcas estão distribuídas pelo cenário

da trama de forma aleatória. Em destaque a marca Oakley, que aparece em todo o

filme para proteger os olhos de Eli das radiações solares superiores a 50º.

Diferentemente do primeiro Wall-E (Stanton, 2008) possui apenas uma marca de

patrocínio, a animação da Pixar Studios apresenta características dos produtos da

Apple ligados diretamente aos personagens.

Page 11: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

11

Para entender melhor as inserções de marca em filmes no geral, Philip

Kotler, David A. Aaker e outros autores vão definir o processo de construção de

marca e o desdobrar sofrido por ela para ser inserida no cinema. Já o tema

apocalipse será desdobrado em épocas particulares, através de estudos bíblicos e

contemporâneos por autores como Ben Singer, Bauman e outros para explicar seu

significado e influencia na formação da sociedade até a era pós-moderna.

O tema será distribuído em três capítulos: O primeiro vai abordar a

evolução do apocalipse e sua história social, além do seu sentido mítico e de sua

participação no cinema dramático e espetacular. A participação do apocalipse no

cinema dramático vai influenciar as formas de lazer, de consumo e do estilo de vida

na sociedade moderna e/ou pós-moderna.

No segundo capítulo, será destrinchado o product placement. Inicialmente

a identidade de marca será abordada em suas diferentes faces, inclusive as

consequências de sua perda. Posteriormente as técnicas serão detalhadas, no

cenário cinematográfico e televisivo, para assim chegar ao ápice da pesquisa,

analisar a influência da inserção de marca em na publicidade modernas. Além

disso, serão analisadas outras denominações referentes à inserção de marca, muitas

delas inadequadas à técnica.

No terceiro capítulo, a pesquisa vai explicar a fundo como acontece o

product placement, mostrando como a ação em si é estruturada em função da

relação da marca com o espectador para buscar maior interação com a mensagem

anunciada.

A partir daí, o objeto de estudo do trabalho – ações de product placement

em filmes apocalípticos - passa ser analisado para permitir a compreensão do

desenvolvimento da marca nos cenários catastróficos. Com destaque para as

formas de presença de marca nos filmes Wall-E e O livro de Eli.

Page 12: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

12

Capítulo 1 – O apocalipse sob as lentes do cinema

Esse capítulo vai apresentar a presença dos valores apocalípticos em

diversas formações sociais e sua influencia para a mudança das mesmas, sendo o

seu significado original continuado ou adaptado a cada realidade histórica.

Conhecendo suas faces será possível avançar a pesquisa para a análise do

sentido mítico associado ao apocalipse e sua participação efetiva no cinema

dramático. Além de sua influente presença nas formas de consumo e no estilo de

vida do homem moderno e/ou pós-moderno.

1.1 Introdução do apocalipse e sua formação catastrófica

Analisar o histórico do apocalipse é entender um mito cosmogônico, que

são narrativas com caráter explicativo e simbólico, profundamente relacionado com

crenças religiosas e científicas sobre a origem do universo, que obteve diversos

sentidos durante sua história e explicar sua forte influencia na formação da

sociedade contemporânea, que exacerba a essência do mito e transforma seu

sentido de renovação em espetáculos de pânico.1

O objetivo do livro apocalipse foi incentivar uma revolução silenciosa no

Império Dominicano. Seu texto metafórico e hiperbólico prometia ao povo cristão,

oprimido por Cezar Dominicano, o surgimento de uma nova organização social

mais justa para aqueles que acreditavam nas palavras de Deus e em seu filho Jesus

Cristo.2 (MARCONA, 1989)

1 Da SILVA, Manoel Francisco. Apontamento dos mitos astecas. Tese (Filosofia UFJF) – Centro de

pesquisas Estratégicas Paulino Soares de Sousa. Juiz de Fora, MG.

2 MARCORA, Carlos. A grande promessa. Traduçao professor Caio Albuquerque. São Paulo: Maltesse, 1989.

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13

Conquistando sua liberdade após muitas lutas, o povo Cristão iniciou uma

sociedade baseada nos ensinamentos bíblicos. Perseguidos, a sociedade cristã foi se

aglomerando em pequenas extensões de terra chamadas feudos, formando aos

poucos o sistema Feudal.

A igreja cristã primitiva utilizava o mito cosmogônico para incentivar a

população menos favorecida a trabalhar na agricultura e sustentar a economia dos

feudos, com a promessa de que elas chegariam ao Reino de Deus. O cristianismo

era deveras rigoroso e não aceitava nenhuma outra forma de ritual. Até mesmo o

conhecimento científico adquirido pelas civilizações anteriores era guardado nos

mosteiros e o acesso era permitido apenas para o mais alto calão da igreja.3

Figura 1 - Os desenhos utilizados pela igreja católica para coagir os menos favorecidos a responder com rigorosa obediência e suas vontades

O sistema Feudal foi, aos poucos, se diluindo devido às crises não

suportadas pela igreja, que dentro do próprio mosteiro iniciou estudos para achar

soluções para fome, doenças e outros problemas que atingiam os feudos. Aos

poucos a filosofia, matemática e medicina, harmonizaram a razão e a fé abrindo

caminho para o conhecimento científico e outras manifestações religiosas.

¹ ORÁCULA. O maravilhoso apocalíptico. Rio de Janeiro, 2011, ed. especial. ² COTRIM, Gilberto (Org.). História e consciências do mundo. 13ª edição. São Paulo. Editora Saraiva, 1999.

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14

Cada vez mais conhecedor, o homem procura expandir seus horizontes e

sai de suas fronteiras em busca de novas civilizações, encontra outras formações

culturais, as conhece e as domina como nova fonte de conhecimento. Ele descobre

que existem outras crenças cosmogônicas e observa que diversas delas são

semelhantes as suas quando se trata da renovação da humanidade. 4

Dando um salto significativo na ordem cronológica a pesquisa caminha

para a evolução tecnológica do século XIX, quando o homem urbanizado trabalha

para obter um salário que supre suas necessidades fisiológicas e consumistas. O

medo do sobrenatural não é mais tão comum, já que a formas urbanas já causam

demasiado pavor na sociedade.5

Os centros urbanos vão aglomerar um grande número de pessoas que saem

do campo em busca de melhores condições de vida. Todavia a cidade está

impregnada de perigos resultantes do avanço tecnológico, que são hiperbolizados

pela mídia sensacionalista. O exagero da mídia é resultado da necessidade de

divertimento da população menos favorecida, que utiliza da sensação de risco

como lazer.6

3 Apocalipse, reconstrução da esperança. Disponível em:

< http://claudioec.blogspot.com.br/2010/01/apocalipse-reconstrucao-da-esperanca.html> Acesso em: 05 de outubro de 2012 4 COTRIM, Gilberto (org.). História geral –Nova consciência. 1ª edição. São Paulo. Editora Saraiva, 2001

5 SINGER, Ben. Modernidade hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular. In: O cinema e a invenção da

vida moderna. 6 PINTO, Wellington. <http://professorwp.blogspot.com.br/2012/03/morte-de-deus-e-sociedade-de-

consumo.html>. Acesso em 05 de outubro de 2012 SINGER, Ben. Modernidade hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular. In: CHARNEY, Leo R.;

SCHWARTZ, Vanessa (org). O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo, 2001. BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Ed. Jorge Zahar Editor. 1997 * Bug do milênio- problema mundial que recodificaria os bancos de dados de todo o mundo entre a passagem do

ano de 1999 e 2000. Causou grande pânico mundial, mas foi rapidamente solucionado por se tratar de um

programa de registros. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Problema_do_ano_2000#O_problema>. Acesso em 27 de outubro de 2012).

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15

O conhecimento ultrapassa diversas barreiras da ciência e além de

respostas, traz cada vez mais perguntas. As mais inquietantes e tentadoras de todas

as questões da humanidade é a previsão do futuro do mundo e como ele teve sua

origem. Esse fator junto com o entretenimento sensorial é cada vez mais atrativo,

principalmente para as massas que não tem acesso ao lazer cultural.

Figura 2 - A informação de futuros acontecimentos catastróficos são massificados pela mídia, envolvendo meios de alta credibilidade, como mostra a capa de revista VEJA do ano 1999, quando a referencia de fim

dos tempos foi o Bug do milénio*

1.2 Do cinema catástrofe ao cinema espetacular

O apocalipse da Modernidade é re-significado no contexto de uma

sociedade racional, exposta aos riscos da vida urbana e sem afeição pela religião. A

religião é, para o mundo moderno, o modo de entender aquilo que a ciência não

consegue explicar, é como uma fuga da realidade em busca do exorbitante, do

maravilhoso. (BAUMAN, 1997)

Intensificando a incerteza do real, surgiram na modernidade o cinema e a

fotografia, que modificam a percepção de tempo e espaço da sociedade. Os novos

modos de reproduzir a realidade capturavam imagens que podiam ser vistas por

quem tivesse acesso quanto e quando fosse querido. A fotografia consegue registrar

em instantes uma pessoa ou paisagem, por esse motivo afirma-se que a fotografia

Page 16: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

16

rompe com o tempo e o espaço. Esse novo modo de representar a realidade a

transforma, mudando a percepção do que é real ou ficção.7

Em meio a tantas dúvidas e acontecimentos a massa exacerbada procura

em sensações extremas, através de atividades melancólicas e perigosas, acreditando

estar protegido por um limite de segurança. O extremo funciona psicologicamente

como a forma de conviver melhor com os medos, já que ele pode passar a sensação

de prazer quando o outro está em risco ou até mesmo quando, de forma genérica, o

risco pode ser controlado.

Observando esse fenômeno, a indústria do cinema entrelaça a realidade e a

ficção explorando os perigos e os medos da humanidade, principalmente a

incerteza quanto ao futuro. O ser humano observa no cinema catastrófico o seu

mundo, quando as consequências dos maus tratos a natureza e o consumo

excessivo transformarem em real os medos do fim de mundo. Cada vez mais reais,

as catástrofes misturam-se com a realidade do espectador, sustentando as ideias de

apocalipse das profecias.

O espetáculo catastrófico é a forma que o cinema encontra de mostrar, no

imaginário, a realidade em que vive o homem. As consequências dos exageros do

consumo e dos maus tratos à natureza são oficiais no enredo e, em geral, retratam

as consequências da vida de exageros vividas nos séculos XIX e XX. Um elemento

importante é a esperança de adaptação do ser humano às novas realidades, sempre

retratadas pelos personagens principais que, após toda a dificuldade, conseguem a

salvação da espécie.

7NONNIG, André Casa Nova. O Uso das Técnicas de Merchandising no Cinema: Um Estudo de Caso Sobre a

Trilogia “De Volta para o Futuro”. UFRGS, Porto Alegre, 2009. SINGER, Ben. Modernidade hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular. In: O cinema e a invenção da vida moderna. SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE GEOGRAFIA, PERCEPÇÃO E COGNIÇÃO DO MEIO AMBIENTE, 2005. Londrina, Paraná. Disponível em: <http://geografiahumanista.files.wordpress.com/2009/11/maria_helena.pdf>. Acesso em 27 de outubro de 2012

Page 17: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

17

Os protagonistas dessas dramaturgias normalmente têm origem simples, e

antes da catástrofe mundial não apresentam uma história interessante. Os

antagonistas, não necessariamente o vilão, passam a sensação para o público que

deseja o mundo de antes, onde o consumo exacerbado garantia o dinheiro e o poder

aos grandes comerciantes. Esse fato pode ser confirmado quando observamos as

cenas de perseguição do filme O livro de Eli (Hughes, 2010) em que o antagonista

segue com um carro atrás de Eli, que caminha em busca do Oeste.8

O fim de mundo pode ser retratado também como uma exacerbação da

realidade, como no filme Blade Runner9 (Scott, 1982). Desta vez o mundo é

dominado por androide. A exacerbação da tecnologia foge ao controle dos

humanos e o combate é travado entre os dominantes e uma parcela de seres

humanos da resistência. Transportes ultra tecnológicos, paisagens urbanas e uma

sociedade baseada no consumo intenso, dividem espaço com a penumbra de um

lugar em guerra e totalmente morto.10

1.3 O sucesso do cinema catastrófico espetacular

A sétima arte cresce a cada dia como preferência em lazer dentre a classe

média e alta, principalmente na América. Como consequência, as indústrias

cinematográficas inovam em roteiros e tecnologias capazes de tirar o público do

8 O livro de Eli. Disponível em: < http://www.adorocinema.com/filmes/filme-128955/>. Acessado em 27 de

outubro de 2012. 9 Blade runner – O caçador de androides. Disponível em: <http://www.imdb.com/title/tt0083658/>. Acessado

em 27 de outubro de 2012. 10

SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE GEOGRAFIA, PERCEPÇÃO E COGNIÇÃO DO MEIO AMBIENTE, 2005. Londrina, Paraná. Disponível em: <http://geografiahumanista.files.wordpress.com/2009/11/maria_helena.pdf>. Acesso em 27 de outubro de 2012 BAUMAN, Zygmunt - Globalização - As Consequências Humanas. Jorge Zahar Editor. 1997. O livro de Eli. Disponível em: <http://www.imdb.com/find?q=The+book+of+Eli&s=tt>. Acessado em 27 de outubro de 2012.

Page 18: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

18

sofá e levá-lo para frente das grandes telas. A segurança e o conforto do cinema

também são fatos importantes para eles serem preferência entre os passeios de

casais e famílias.

No século XIX, quando foi estruturado, o cinema dos Irmãos Lumière

retratava em seus filmes de 20 minutos o cotidiano dos centros urbanos.

Posteriormente outros autores começaram a reproduzir em estúdios técnicos filmes

mais sofisticados e ficcionais, o desenvolvimento de efeitos especiais permitiu a

Georges Mèliès, ilusionista francês do século XIX, expor o filme “Le Voyage dans

la Lune” o primeiro tratando de seres alienígenas, ainda no cinema preto e branco.

Figura 3 - Cartaz publicitário do filme “The photo drama of creation”, do Pastor Russell

As produções com áudio e imagem foram aparecendo na virada do século

XIX para o século XX. Com essa nova tecnologia Charles Taze Russell e seu

grupo de estudos bíblicos retrataram em 14 minutos a combinação de pinturas e

narrações que contam o nascimento do universo e da humanidade mil anos após

Jesus Cristo do ponto de vista bíblico, inspirado algumas vezes na teoria da

evolução da espécie ou Darwismo.11

11

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. In: Luiz Lima da Costa (org.), Teoria das culturas de massa. Ed. Paz e terra. São Paulo. Cinema. Disponível em: <http://cinemaebiblia.blogspot.com.br/2011/02/o-que-e-o-cinema.html>. Acesso em 02 de Novembro de 2012. TAVARES, Ingrid. A história do cinema. Revista Superinteressante. Rio de Janeiro, novembro de 2012. Disponível em: <http://super.abril.com.br/cultura/historia-cinema-446090.shtml>

Page 19: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

19

Durante a transição de gerações considerável número de

indivíduos falece, antes mesmo de procriarem. Os que

sobrevivem e geram descendentes são aqueles selecionados e

adaptados ao meio devido às relações com os de sua espécie e

também ao ambiente onde vivem. A cada geração, a seleção

natural favorece a permanência das características adaptadas,

constantemente aprimoradas e constantemente melhoradas. É a

evolução das espécies12

. (MESQUITA,2009)

O cinema, cada vez mais moderno e cheio de efeitos, foi dando espaço para

a criação, deixando o cotidiano de lado e inspirando o espectador a novos mundos.

Como já citado no primeiro capítulo, o homem da Modernidade já não mais

procurava lazer em calmarias, então o cinema os acompanhou e a cada produção

tornou-se mais agressivo e dramático. Aos poucos as profecias não comprovadas

foram sendo introduzidas nas produções cinematográficas, surgindo o cinema

catastrófico espetacular, que segundo Walter Benjamin, intitula as tramas

cinematográficas que utiliza tragédias exacerbadas para roteirizar produções

cinematográficas dramáticas.

O filme 2012 (Emmerich, 2009) em seu ano de estreia, foi o décimo quinto

filme mais assistido no mundo, com mais de cinco milhões de espectadores. O

enredo do filme é baseado na consequência da falta de importância que o ser

humano dá aos avisos da natureza e da própria profecia Maia que afirma que

dezembro de 2012 o mundo que conhecemos será destruído por forças da natureza.

O filme não retrata exatamente a profecia, que previa, na verdade, o retorno do

deus Bolon Yokte, para purificar a humanidade.13

12

MESQUITA, Silvana. Darwin e a teoria da evolução. Artigos Colégio Santa Maria. Abril de 2009. Disponível em: < http://www.colegiosantamaria.com.br/santamaria/aprenda-mais/artigos/ver.asp?artigo_id=34> 13

2012. Disponível em: <http://www.cinepop.com.br/filmes/2012.php>. Acesso em 27 de outubro de 2012. As 100 maiores bilheterias de todos os tempos. Disponível em: <http://portaldecinema.com.br/news/2012/05/27/as-100-maiores-bilheterias-de-todos-os-tempos>.

Page 20: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

20

A mistura de ficção e ação do gênero rende roteiros não muito originais,

porém com orçamentos gigantescos para efeitos especiais. Fato consumado, o

cinema catastrófico espetacular gera lideranças de bilheterias e grande tensão no

público mesmo quando infantis, como é o caso de Wall-e (STANTON, 2008)14

,

que conta a história de um robô-lixeiro que tenta salvar a perpetuação da espécie no

planeta Terra. A tabela 1 demonstra que filmes catastróficos antigos e com menor

tecnologia para efeitos visuais conseguem posição de bilheteria imbatível até hoje.

Posição dos filmes catastróficos no ranking de bilheteria mundial (atualizada em maio de 2012)

Posição Filme

03º Os vingadores (2012)

34º Independence day (1996)

41º 2012 (2009)

46º Matrix - Reloaded (2003)

73º Guerra dos mundos

84º Armagedon (1998)

96º Wall-e (2008)

Tabela 1 - Ranking de filmes apocalípticos, baseados na tabela de bilheteria mundial

Seja qual for o gênero utilizado para retratar o fim dos tempos, as profecias

são sempre base para a imaginação do roteirista de cinema. Algumas vezes não são

bíblicas ou vêm de muito tempo atrás, mas quando se ouve que o mundo tem os

dias contados pelo excesso de CO2 jogado na atmosfera, temos a profecia de que o

hiper consumo vai provocar catástrofes que resultarão em mudanças na

Acesso em 27 de outubro de 2012. História do cinema. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_cinema>. Acesso em 02 de novembro de 2012. Cientistas desvendam profecia maia do 'fim do mundo em 2012'. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111201_maias_fimdomundo_pu.shtml> Acesso em 17 de novembro de 2012 14

Wall-E. Disponível em: <http://www.imdb.com/title/tt0910970/>. Acesso em 17 de novembro de 2012.

Page 21: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

21

humanidade. A curiosidade aguça as pessoas que correm para os cinemas com o

interesse de prever reações, aspectos e até soluções para um problema que ninguém

sabe certo se vai chegar.

Page 22: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

22

Capítulo 2 – Product Placement

Antes de se aprofundar na pesquisa é preciso explicar que o termo product

placement apresenta várias ramificações. A forma de inserção não será abordada

com profundidade na pesquisa, que pretende estudar a marca dentro das situações

citadas. Essas inserções, interagindo ou não com o filme, são conhecidas pela

publicidade como product placement e podem ocorrer em diversas mídias.

Outras denominações são utilizadas para demonstrar o mesmo fenômeno,

porém a utilizada é a mais apropriada para descrever a ferramenta abordada. O

product placement é a estratégia de marketing que posiciona marcas como

importantes adereços em filmes, novelas ou programas de televisão. Sua

participação é ativa e necessária para completar o roteiro, como o papel de partilhar

valores com os personagens presentes.

2.1 Contextualizando o product placement

Entre outras estratégias da publicidade, o product placement auxilia na

promoção de marca e na formação de suas características. Utilizado desde a

invenção do cinema, o product placement resume- se na estratégia de inserir

marcas em filmes, programas de televisão, jogos eletrônicos, música, entre outras

formas de entretenimento. O product placement insere a marca no entretenimento.

Sem interromper o divertimento, ele passa a mensagem publicitária de forma sutil.

A publicidade percebeu que os comerciais de televisão não mais eram

eficazes como na década de 90. O zapear dos canais e a forma invasiva dos

intervalos comerciais tornou a propaganda incômoda. Foi necessário encontrar uma

nova maneira de publicitar de forma eficaz, impactante, mas que não causasse

desconforto no telespectador. O primeiro caso documentado foi ainda no cinema

mudo, numa cena do filme The Garage (Arbuckle, 1919), dirigido por Roscoe

“Fatty” Arbuckle, no qual havia uma placa da marca Red Crown Gasoline. Mas foi

Page 23: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

23

no começo dos anos 80 que a prática se tornou popular, impulsionada pela marca

Hershey’s que investiu um milhão de dólares para promover seus produtos no filme

E.T., de Steven Spielberg. 15

Figura 4 - Inserção no filme The Garage

O product placement apresenta-se de diversas formas, as inserções

dependem do roteiro e da adaptação da marca. As ações devem ser sutis, mas não

ao ponto de passar despercebidas pelo consumidor e sumir no filme. O objetivo não

é esconder a marca de forma subliminar, a inserção deve ser natural por parte dos

anunciantes para uma recepção sensível por parte do consumidor. O ideal do

product placement é fazer o espectador experimentar o produto, marca ou serviço

pelas mãos dos atores sem que isso agredida o entretenimento.16

A passagem do século XX para o XXI a prática aumenta mais e mais, com

investimentos em diversos segmentos de mercado. O mais popular é o mercado de

computadores e celulares, tanto que a marca Apple foi premiada pelo canal norte

15

A curta história do product placement. Disponível em: < http://atilavelo.com.br/a-curta-historia-do-product-placement-no-cinema/> Acesso em 27 de novembro de 2012. The Garage. Disponível em: < http://digiguide.tv/programme/Film/The-Garage/536519/> Acesso em 27 de novembro de 2012. ET também gosta de Hershey’s? Disponível em: < http://beimplicit.wordpress.com/2012/09/15/et-tambem-gosta-de-hersheys/> Acesso em 27 de novembro de 2012. 16

Product placement. Disponível em: <http://www.agenciamomentum.com/2011/05/product-placement.html>. Acesso em 27 de novembro de 2012. Apple é considerada campeã em inserções de produtos em filmes. Terra tecnologia. São Paulo, fevereiro de 2012. Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI4957922-EI15608,00-.

Page 24: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

24

americano Branchannel por estar inserida em 33% dos filmes hollywoodianos no

ano de 2010, com 591 inserções em 33 filmes.

O termo product placement é muito confundido com merchandising,

porém eles são bem diferentes: Merchandising é a exposição de um produto/marca

no PDV, enquanto product placement é a exposição de um produto/marca em

conteúdos televisivos. No Brasil, a confusão se dá porque veículos brasileiros

utilizam o termo merchandising para apontar em seus créditos as inserções em

novelas ou programas de auditório.

2.2 Estratégias de inserção de marca em roteiros televisivos e cinematográficos

Na definição de David Ogilvy (1950), “marca é a soma intangível dos

atributos de um produto: o seu nome, embalagem e preço; a sua história, reputação

e a maneira pela qual é comunicada”. Definida também pelas impressões e

experiências de quem a usa, a marca é importante para a empresa e/ou para o

produto porque carrega a identidade do mesmo. A marca personifica o produto,

funciona como sua alma, sua essência. Todas as características do produto e/ou

empresa são impressas na marca.17

Porém não há de pensar que a criação de uma marca é o suficiente para a

formação dessa identidade. A manutenção da marca, sua promoção é muito

importante. A publicidade é responsável pela qualidade da expressão da marca, não

somente para o consumidor, mas também todos os stakeholders (todos aqueles que

participam do crescimento e lucratividade da marca). A promoção de marca é a

ação de contato físico entre marca e consumidor, é nessa ação que o consumidor é

apresentado a marca e tem a oportunidade de começar um relacionamento com ela.

17

Conceito de marca. Disponível em: <http://comunicacaomarketing.blogspot.com.br/2008/03/conceito-de-marca.html>. Acesso em 03 de novembro de 2012.

Page 25: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

25

Campanhas, concursos, ofertas e outras ações de relacionamento estimulam a

conversa entre marca e consumidor.18

A principal vantagem do product placement é o público alvo. Assim como

a marca, um roteiro de televisão ou de cinema tem um público especifico já

conhecido pelos seus produtores. Então o anunciante insere sua marca naquele

roteiro que considera mais apropriado para dividir valores. Essa função é

responsável pela confusão de leigos ao nomear merchandising ações de product

placement. A função do merchandising é apresentar a marca no ponto de venda,

para estimular compras por impulso. A relação entre as duas ações acontece

somente quando no PDV (ponto de venda) existem impulsos midiáticos, por

exemplo, em concursos culturais promovidos na televisão.19

A necessidade da promoção em roteiros vem dos novos meios de

comunicação e das novas tecnologias que aceleraram a informação. O homem

moderno não mais se adapta aos longos intervalos comerciais, o volume de ações e

informações ficou pequeno e não mais tão lucrativos. Por esse motivo, as marcas

começaram a se inserir nos programas e não mais interromper seu espaço,

aumentando sua aceitação até mesmo nos intervalos que começam a interagir com

o entretenimento. Vale recordar que essa pesquisa não prevê uma extinção nos

anúncios de intervalo, pretende somente atenuar o crescimento das ações de

inserção devido às mudanças sociais e tecnológicas estimuladas pelo consumo pós-

moderno e pela espetacularização da informação.

18

Stakeholders. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Stakeholder>. Acesso em 03 de novembro de 2012. 19

BURROWES, P. Cinema, entretenimento e consumo: uma história de amor. Revista FAMECOS: mídia,

cultura e tecnologia, Brasil, v. 1, n. 35, 2008. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/famecos/article/view/5365/4884>. Acessado em 02 novembro de 2012.

Page 26: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

26

O recorde para o product placement da televisão nacional está com os

programas de auditório, porém nem todos conseguem acertar na prática. Diversas

ações são mal vistas pelo telespectador, porque interrompem a atração com

assuntos aleatórios ao do programa. O resultado dessas ações é desastroso. Diminui

a audiência do programa e causa ruídos na mensagem da marca, isto é, o

consumidor perde interesse no entretenimento e no produto. No caso da figura 5 o

produto ficaria mais bem inserido em programas relacionados à saúde ou culinária.

O programa apresentado aborda o comportamento interpessoal em comunidades.

Figura 5 - Apresentadora do programa Casos de família (SBT), Cristina Rocha, apresentando a marca de iogurte Top Therm

A inserção de produtos deve ser bem desenvolvida para não agredir o

consumidor, seu objetivo é interagir com o consumidor a fim de apresentar a ele o

produto. Dados do boletim Bem Paraná, destacam que hoje na televisão brasileira a

prática se tornou onipresente, e programas famosos como Domingão do Faustão e

Big Brother Brasil guardam mais de 16% do seu tempo para anunciar e apresentar

marcas ou produtos. Resultado, o produto é bem recebido e divide valores com o

programa. O entretenimento apresenta a marca ao consumidor de forma

agradável.20

20

Televisão gente. Bem Paraná. Disponível em: <http://www.bemparana.com.br/noticia/106548/fazer-merchandising-virou-regra-n-1-nos-programas-de-tv>. Acesso em 17 de novembro de 2012

Page 27: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

27

Figura 6 - Prova do líder patrocinada pela marca de café 3 corações em BBB12

A relação com o cinema realiza ações mais profundas que a televisão. A

marca no cinema participa do roteiro e quem assiste reconhece como parte do

personagem ou até mesmo a identifica como um personagem independente. O

naufrago (Zemeckis, 2001) apresenta a ação de product placement mais famosa do

cinema, a FedEx (Federal Express) e a Wilson são as principais participantes do

filme. A marca FedEx, presente no filme a todo momento, acompanha o

personagem Chuck, interpretado por Tom Hanks, pelo filme. A marca participa

como companheira do personagem, ela ajuda o personagem a sobreviver, supre

suas necessidades. Seu maior presente a Chuck foi à companhia de Wilson a bola

da marca homônima que se apresenta no filme como amigo do personagem. Não

será necessário detalhar as passagens citadas, afinal a intenção é mostrar as técnicas

de product placement utilizadas: A marca como patrocinador principal, atuante em

maior parte do roteiro e a marca como personagem do filme.21

Outra forma de product placement é quando marca e filme invertem os

papeis. A marca utiliza o filme como conceito de campanha e acaba por promover

sua participação na produção. Operação Skyfall (Mendes, 2012), último filme

lançado pela franquia 007, é promovido pela marca de refrigerantes die Coca-cola

Zero. O produto ganhou embalagens com características do filme, sua embalagem e

21

Naufrago. Disponível em: <http://www.cineclick.com.br/filmes/ficha/nomefilme/naufrago/id/8583> Acesso em 19 de novembro de 2012.

Page 28: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

28

PDV ganharam a forte presença do agente britânico James Bond. Filme e marca

passam a se confundir, a relação é tão intensa que as características se integram.22

Figura 7 - Parte do comercial da Coca-cola Zero Skyfall

O product placement pode muitas vezes exigir certos sacrifícios da marca.

Em roteiros de ficção as marcas são modificadas para participar da trama de forma

sutil, as adequações podem agredir a marca e torna-la quase imperceptível no

filme. Em outros casos a identificação com o público é direta, como no caso da

trilogia De volta para o futuro (Zemeckis, 1985) em que o protagonista veste um

tênis futurista da marca Nike, que teve que criar o modelo com exclusividade para

o filme.23

22

Operação Skyfall, Um filme de Sam Mendes. Disponível em: <http://marcelokeiser.blogspot.com.br/2012/11/007-operacao-skyfall-um-filme-de-sam.html> Acesso em 19 de novembro de 2012. Unlock the 007 in you. You have 70 seconds. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=RDiZOnzajNU> Acesso em 20 de novembro de 2012 MATIAS, Agatha. Product placement: um olhar semiótico sobre a inserção de conteúdo publicitário na série 007. In: XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011. 23

NONNING, André. O uso das técnicas de merchandising no cinema: Um estudo de caso sobre a trilogia ”De volta para o futuro”. (Monografia)- Graduação na faculdade de comunicação social. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009.

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29

Figura 8 - Tênis utilizado pelo personagem Marty McFly (Michel J. Fox) no filme De volta para o futuro 2

A cada filme lançado novas estratégias de product placement são

apresentadas, algumas não são muito bem recebidas e outras são tão perfeitas que

são identificadas pelo público como parte importante do roteiro. As práticas

abordadas são bem sucedidas nas produções “hollywoodianas”, e rendem milhões

para anunciantes, atores e produções. Para a publicidade, vale ressaltar que o

product placement é mais uma estratégia bem sucedida utilizada para diversos

meios.

2.3 A eficácia das estratégias de product placement no cinema

Os consumidores do século XXI estão cada vez mais exigentes em relação

aos anúncios publicitários. Informação em abundância e avanços tecnológicos cada

vez mais rápidos geram uma repulsa do consumidor aos anúncios comuns. Para

chegar aos consumidores, a publicidade está inovando a cada dia para estreitar o

relacionamento com o consumidor. O product placement participa como seletor de

público alvo, afinal o grupo que assiste determinado filme tem características

semelhantes então os anunciantes selecionam o público-alvo com maior facilidade.

A exigência dos consumidores enfraquece as marcas, anúncios tradicionais

não causam os mesmos efeitos nos consumidores. De acordo com o livro Tem

alguém ai?, de Mark Austin e Jim Aitchison, reproduzem o sentimento de revolta

dos consumidores com as grandes marcas. “Os consumidores Norte-americanos

acusam as grandes marcas de expulsar os pequenos comerciantes e reduzir a

Page 30: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

30

cultura local”. O novo consumidor já conhece as práticas de anuncio tradicional e

já espera pelos estímulos, o que não é positivo para os anunciantes.

O retorno dos anúncios demonstra a falta de interesse pelos anúncios

tradicionais na televisão e rádio. Por vários motivos, principalmente o tempo, o

consumidor reage de forma apática às ações de marketing, os jovens estão

acostumados aos códigos porque cresceram com eles. Ainda sendo a principal

forma de investimento na televisão, os intervalos comerciais já não são assistidos

como antes da invenção do controle remoto. As audiências flutuam na falta de

conteúdo do entretenimento e pelo excesso de opções.24

A mensagem precisa buscar o contexto do novo consumidor. Procurar um

lugar onde ele a decodifique com mais facilidade. No século XXI a publicidade

precisa aguçar a memória sensorial25

do consumidor para criar o relacionamento

com o consumidor. Essa tática da publicidade envolve o consumidor com a

mensagem e aumenta as chances de fidelização. Quando trabalhada no cinema a

memória sensorial atinge um público maior e mais específico, porque ele é

praticamente a mesma faixa etária e psicografia. Com os target, bem definidos e

alinhados a publicidade é mais eficaz.

O ambiente de mídia é absolutamente importante para a

formação do consumidor e para sua disposição em absorver

mensagens, e, portanto, deve ser fundamental para aquilo que

está sendo transmitido pela propaganda ou por qualquer outra

forma de comunicação. (AUSTIN, 2006) 24

AUSTIN, Mark & AITCHSON, Jim. Tem alguém ai? As comunicações do século XXI. Nobel. São Paulo, 2006. BASSI, Mariana. A parceria entre James Bond e o Product placement. Revista Anagrama. Ano 4, edição 2, dez. 2010. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/anagrama/article/viewFile/7217/6580>. Acesso em: 27 de novembro de 2011. 25

Memória sensorial – estímulos visuais, auditivos, tácteis, olfativos, gustativos ou perceptivos que

correspondem às informações transferidas para memória de curto prazo. O traço de memória sensorial permanecerá no sistema se receber atenção e interpretação.

Page 31: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

31

O product placement propõe ao consumidor uma nova forma de perceber

os benefícios nos produtos anunciados, um grupo de sensações vividas pelo

personagem relacionado com a marca. A experiência proposta ao consumidor é a

de receber, através dos roteiros, os valores do produto, associados aos personagens.

Esses valores, quando percebidos, geram identidade entre o produto e o

consumidor, que grava em sua memória sensorial a marca.26

A sensação de virilidade e força na cena do filme Operação Skyfall

(Fleming, 2012) expressa na cena apresentada na figura 8 faz entender a proposta

do parágrafo anterior. O personagem James Bond é atingido na cena anterior e

reaparece após a vinheta tradicional da franquia num lugar paradisíaco, com uma

bela mulher e uma cerveja Heineken. A memória sensorial do espectador segue a

tendência de associar o momento de Bond a marca Heineken e procura-la quando

necessitar da mesma sensação.

Figura 9 - Inserção da cerveja Heineken no filme Skyfall

26

REBELO, Rosa. Eficácia comunicativa do Product placement. Dissertação (Mestrado)- Universidade de Trás-os-Montes e Alto Dourado, 2009. BASSI, Mariana. A parceria entre James Bond e o Product placement. Revista Anagrama. Ano 4, edição 2, dez. 2010. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/anagrama/article/viewFile/7217/6580> Acesso em: 27 de novembro de 2011. Site oficial Operação Skyfall. Disponível em: < http://hotsites.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/007operacaoskyfall/>. Acesso em 27 de novembro de 2012.

DIEL, Rafael. Product Placement - o entretenimento como referência de marca. Dissertação (Graduação-

Comunicação Social). Centro Universitário Franciscano. Santa Maria, RS: UNIFRA, 2010.

Page 32: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

32

Ao contrário do que alguns teóricos afirmam, a ação de product placement

está presente para ser percebidas pelos espectadores. As marcas querem ser

percebidas no contexto em que se inserem, querem que os consumidores percebam

sua presença e entrem em contato com ela. A relação entre a mídia, a marca e o

consumidor é essencial para a eficácia da ação. A inserção de diamantes em filmes

da década de 30 revela a necessidade da aparição de marca dentro de um contexto

sutil. A agência N.W. Ayer inseriu em filmes românticos dramáticos joias que em

três anos passaram a ser símbolo de amor para os americanos, aumentando as

vendas em 55% em todo o mercado de diamantes em época de crise econômica

mundial.27

27

Cinema, entretenimento e consumo: uma historia de amor. Disponível em: <http://www.thefreelibrary.com/Cinema,+entretenimento+e+consumo%3A+uma+historia+de+amor.-a0197106157>. Acesso em 25 de novembro de 201

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33

Capítulo 3 – O product placement em gêneros apocalípticos

O capítulo apresenta breve análise das ações de product placement

utilizados nos filmes Wall-E (Stanton, 2008) e O livro de Eli (Irmãos Hugues,

2012) com base nas teorias abordadas.

As cenas analisam as técnicas utilizadas para analisar, em conjunto com a

pesquisa, se a percepção do consumidor foi satisfatória para o anunciante. As

inserções serão localizadas e analisadas de forma critica baseada nos

conhecimentos adquiridos no trabalho de pesquisa.

3.1 A inserção de uma ideologia de marca: Analise crítica do filme Wall-E

O filme se passa no ano 2775, com a Terra sendo um planeta

abandonado e coberto por lixo, resultado do hiper consumo,

facilitados pela corporação Buy-n-Large (BnL). Desistindo de

restaurar o ecossistema, a BnL evacuou a população da Terra em

naves estelares totalmente automatizadas, conhecidas como

Axion, deixando no planeta um exército de robôs compactadores

de lixo chamados Wall·E, para limpeza durante um período de

cinco anos. Porém o ar da Terra tornou-se muito tóxico para

suportar a vida, forçando a humanidade a permanecer no espaço.

Passados muitos anos apenas uma unidade de robô lixeiro

sobrevive na ativa, tendo desenvolvido uma consciência e

coletado vários artefatos do lixo enquanto realiza seu dever,

também se tornando amigo de uma barata.

Num de seus dias de trabalho o robô Wall·E descobre uma

pequena planta crescendo entre o lixo e a leva para casa, um

depósito. Mais tarde, uma nave de reconhecimento aterrissa e

implanta EVA, um avançado robô de analise, que procura sinais

de vegetação na Terra. WALL·E se apaixona pelo robô, que

gradualmente se torna amiga dele. Ele apresenta a Terra a nova

amiga e a leva ao depósito para mostrar a planta.

Quando EVA vê a planta automaticamente a guarda, indo para o

modo de espera enviando um sinal de recolhimento para a nave,

que retorna para coletá-la. Wall-E vai atrás do robô, chegando a

nave Axiom. Os passageiros humanos da nave sofreram severas

perdas de massa óssea e se tornaram obesos mórbidos com o

passar dos séculos vivendo em microgravidade e dependendo

Page 34: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

34

dos sistemas automáticos da nave. O capitão da nave faz pouca

coisa, deixando o controle da Axiom para o piloto automático

robótico, Auto.

Na Axiom o capitão descobre que a planta mostra que a Terra é

habitável novamente, a Axiom irá fazer um hipersalto até a Terra

para que seus passageiros possam recolonizá-la. Todavia, Auto

rouba a planta como parte de uma diretriz final para manter a

humanidade longe da Terra, já que a vida foi incorretamente

considerada insustentável.

Depois de muita confusão, Wall-E e EVA recuperam a planta

que é levada ao capitão, que olha as gravações de EVA de uma

Terra desolada e percebe que a humanidade deve retornar para

recuperá-la. Entretanto, Auto revela sua diretriz de "não

retornar" e arma um motim contra o capitão, desabilitando Wall-

E. EVA percebe que as únicas peças necessárias para consertar

Wall-E estão no depósito na Terra, então ela e os humanos da

nave lutam contra as diretrizes da Axion para retornar a Terra.

Ao chegarem na Terra, EVA leva Wall-E para o depósito,

concertando-o com sucesso. Juntos os robôs e os humanos da

Axiom começam a restaurar o ambiente da Terra.28

Wall-E é um robô lixeiro que trabalha para desintoxicar o mundo para

recondicionar a vida humana na Terra. De modo incomum, o único robô

sobrevivente desenvolveu características humanas, como curiosidade e afeto.

Possui rotina de um operário da modernidade, ele dorme, acorda, recarrega suas

baterias ao sol e depois vai trabalhar. Sua curiosidade o faz colecionar objetos pré-

apocalipticos, que recolhe em seu dia trabalhado e coloca numa lancheira que

carrega consigo todos os dias. Todos os dias ele assiste ao musical Hello Dolly

como forma de lazer. Tem como companhia uma barata, que representa a família

do simpático robô.

A crítica ao consumo é feita logo na primeira cena do filme, quando o

planeta Terra aparece seco e amarronzado. Por ser uma animação para o público

infantil, o ambiente não é tão pesado como nos mórbidos filmes apocalípticos. A

Terra está vazia, cheia de lixo e coisas que sobraram da catástrofe mundial. Os

robôs que trabalhavam com Wall-E na limpeza da Terra estão todos “mortos”

28

Wall-E. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/WALL%C2%B7E>. Acesso em 02 de dezembro de 2012.

Page 35: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

35

porque não aprenderam a se proteger das constantes avalanches de areira. Há 700

anos os humanos fugiram na nave Axion, da empresa fictícia B’nL29

(Buy in large,

em português compre muito) para o espaço, afim de escapar dos efeitos da

catástrofe que originou o mundo pós-apocalipse.30

A primeira e única cena em que pode ser notada uma ação de product

placement, acontece quando Wall-E, o robô protagonista, coloca num aparelho de

VHS o musical Hello Dolly e a imagem é reproduzida num Ipod. Não houve, na

ação, nenhuma perda de identidade do produto. Um close é feito no produto e fica

evidente seu desenho exclusivo assinado pela marca Apple. Essa é a única inserção

de marca/produto real do filme.

Figura 10 - Ipod presente no momento de lazer do protagonista Wall-E (6’48”)

BnL, sigla de Buy in Large, que significa compre muito em português,

representa o monopólio do consumo no filme. É uma marca fictícia que aparece em

todo o filme. Tudo utilizado no planeta antes e depois da catástrofe, é assinado pela

marca. A nave Axion, que livra os humanos do extermínio, foi criada pela empresa

e divulga em grandes telões as mensagens de fidelização da marca. Esse é o gancho

do filme para criticar o consumo em larga escala sem atentar para as consequências

que ele pode trazer para a espécie humana.

29

Tradução feita pelo site < translate.google.com.br> Acesso em 02 de dezembro de 2012. 30

Wall-E. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/WALL%C2%B7E> Acesso em 02 de dezembro de 2012.

Page 36: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

36

Figura 11 - Mercado BnL pós apocalipse (19’50’’)

A Axion tinha como missão retornar os humanos a Terra para que eles

reconstruíssem o planeta a partir da base da cadeia alimentar, as plantas. A cada

cinco anos a nave enviava ao planeta um robô de análise em busca de um espécime

que realize fotossíntese. EVA foi o robô de análise enviado pela nave no ano de

2775 para buscar sinal de fotossíntese na Terra. O robô foi desenhado pelo designer

Johnny Ivo, responsável pelos desenhos dos aparelhos Apple.

Figura 12 - Ipod, lançado em 2008 e EVE, robô desenhado pelo designer da Apple Johnny Ivo

A semelhança entre os desenhos insere EVA como a representante da única

marca real do filme, a Apple, que conflita com a marca fictícia BnL. Fica claro o

duelo entre o consumo excessivo da BnL e o consumo responsável da Apple. A

relação é comprovada quando o robô rompe com sua diretriz, para proteger o

espécime achado por Wall-E que é roubado pelo capitão robô da nave Axion, a fim

de não permitir o regresso dos humanos a Terra. 31

31

Relação entre Apple e Wall-E. Disponível em: <http://www.brainstorm9.com.br/2464/diversos/as-referencias-a-apple-em-wall%E2%80%A2e/>. Acesso em 02 de novembro d 2012.

Page 37: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

37

Figura 13 - EVE tentando resgatar o espécime que está em poder da Axion (1h 10’29’’)

O robô cumpre seu objetivo e desliga os seres humanos do consumo

excessivo incentivado pela Axion. Utilizando tecnologia e inteligência o capitão-

humano da nave consegue desligar o capitão-robô quando se levanta da cadeira que

o carrega de um lado para o outro. No momento em que o capitão se ergue, a

produção é inundada pela ordem natural do homem dominando a tecnologia e o

consumo, identidade da genial Apple que alia seus produtos inovadores as vontades

dos seres humanos. O consumo dominador e exorbitante da BnL é invadido pela

responsabilidade com a vida humana da Apple, representada pela força do robô

EVE que consegue junto a Wall-E e os humanos retornar para o planeta Terra.

Figura 14 - EVE com o espécime de fotossíntese (1h 15’23’’)

Wall-E and Apple. Disponível em: <http://www.cultofmac.com/2178/walle-and-apple-a-match-made-in-heaven/>. Acesso em 02 de dezembro de 2012. Wall-e e as referencias a Apple. Disponível em: < http://macmagazine.com.br/2008/06/28/wall%C2%B7e-e-as-referencias-a-apple/ >. Acesso em 02 de dezembro de 2012;

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38

Segundo o diretor Andrew Stanton, “a animação pretende promover o

rompimento com as rotinas”. Sutilmente a inserção da marca Apple insere a marca

como uma empresa preocupada com a relação do homem com a tecnologia. A

mensagem de responsabilidade social retratada pelo filme sugere que o uso de

tecnologia precisa ser de forma equilibrada. O robô EVA está nesse contexto para

inserir a Apple como mediadora da tecnologia e do homem, de maneira que um

não supere o outro.32

3.2 Uma inserção de product placement imperceptível ao público: Análise critica do

filme O livro de Eli

Num futuro pós-apocalíptico, resultado de uma explosão

nuclear, a Terra fora devastada com apenas alguns

sobreviventes. Eli (Denzel Washington), um homem que

vive perambulando há 30 anos em direção ao Oeste,

chega a um vilarejo cujo "prefeito" Carnegie (Gary

Oldman) procura incessantemente por um livro que,

segundo o próprio, tem o poder de governar as pessoas

sem a necessidade de coagi-las. Trata-se da Bíblia

Sagrada, livro que Eli tem em sua posse e que é o motivo

que faz viajar rumo ao Oeste, onde entregará o exemplar

da Bíblia, que possivelmente seja o último.

Carnegie tenta de todos os modos conseguir o livro de Eli,

que o protege com toda a sua habilidade. De forma

sobrenatural, o homem reage a todas as ações do vilão e

junto com Solara, enteada de Carnegie, chega ao Oeste

sem o livro, mas o dita para um sobrevivente considerado

confiável, que guarda o livro como importante símbolo da

humanidade.

32

Wall-E. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/WALL%C2%B7E> Acesso em 02 de dezembro de 2012.

Page 39: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

39

O livro de Eli (Irmãos Hugues, 2010) é um filme que mistura ação e ficção

profética a um faroeste futurístico em que o protagonista é o mocinho típico

solitário. Eli, interpretado por Denzel Washington, é o protagonista as trama. Ele

procura um lugar no Oeste para dividir seus conhecimentos bíblicos contidos num

misterioso livro inseparável. De acordo com o próprio filme, o livro carregado por

Eli é a Bíblia, responsável pelas guerras que originaram a explosão nuclear que

dizimou a Terra.

O filme inicia com a captura de um animal desconhecido, num ambiente

tóxico cinza. Eli sobrevive às ruinas pós-apocalípticas, com o objetivo de entregar

as palavras bíblicas aos moradores do Oeste, considerados por ele merecedores. O

cotidiano do protagonista é comer, tomar banho com resto de sabonete, ouvir

música e dormir para continuar sua jornada ao amanhecer. Ele tem um propósito e

mostra desde o começo que é capaz de qualquer coisa para alcançar seu objetivo.

Sabe lutar e tem uma espécie de aura protetora.

As inserções de marca não estão muito ligadas ao roteiro, são um pouco

aleatórias e funcionam como uma espécie de assessoria às cenas. O fone de ouvido

da Beats Audio é inserido de forma incompreensível já que eles se apresentam

intactos, mesmo ligados a um velho aparelho reprodutor de som.

Figura 15 - Fone de ouvido da Beats áudio (9’38’’)

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40

A mochila da Osklen tem uma importante missão no filme, ela protege a

bíblia, que segundo Eli, pode salvar a humanidade quando utilizada com fé. O

objeto está presente em toda a caminhada do protagonista rumo ao seu destino.

Existem outras inserções no decorrer do filme, mas nenhuma é mais imponente que

a da mochila. Ela é um dos objetos inseridos que revela o valor de segurança para o

público.

Figura 16 - Mochila Osklen (53’25’’)

A falta de clareza das inserções de marca são muito presentes no filme. A

sensação de proteção oferecida pelos óculos do protagonista, anunciados pela

Oakley confere o valor ao objeto, mas se torna apático quando não é conseguido

transparecer de que marca o produto se trata. Mesmo estando na cena de forma

explicita, sua origem não é bem identificada, muitas vezes confundido com a top of

mind Ray Ban.

Figura 17 - Inserção da Oakley (50’’27’)

As coisas pioram quando as marcas inseridas não são ativas no filme, isto

é, passam entre as cenas sem dividir valores com os personagens do drama. Elas

são totalmente apáticas e aleatórias, como a marca Puma, inserida na fachada de

uma das casas na primeira cena de perseguição a Eli. Totalmente desfocada, já que

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41

a cena deseja chamar atenção para o carro da GMC saindo da garagem no lado

oposto da cena.

Figura 18 - Inserção da marca Puma (58’58’’)

O antagonista, Carnegie, interpretado por Gary Oldman, deseja o livro

carregado por Eli porque acredita que ele guarda as palavras necessárias para

dominar o restante da sociedade. Dono de um pequeno vilarejo governa em regime

totalitário. Casado com uma cega, Carnegie persegue Eli quando se dá conta de que

o homem não concorda com seus propósitos. Fortemente armado, o bando do vilão

vai atrás do forasteiro para conseguir o livro.

Figura 19 - Segunda Inserção da marca GMC (1h 27’57’’)

No filme percebe-se um grande número de inserções deslocadas, sem

relação com o roteiro. As marcas causam um desconforto por não estarem

colocadas de acordo com o roteiro, não cumprindo sua relação com o público. Da

mesma forma não partilha seus valores com o filme, isto é, para o entretenimento

não é possível passar a mensagem do anunciante.

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42

As inserções não despertam sensações no público porque sua identidade

não é exposta. Em meio às cenas, a maioria das marcas passa como flashes

perdidos na produção, salvo os óculos de sol e a mochila utilizada pelo

protagonista. O consumidor sente incômodo com o mundo apocalíptico, por esse

motivo, ele não consegue enxergar as marcas quando essas não aparecem em

cenário propício.

3.3 Analise das semelhanças das técnicas de product placement entre os filmes Wall-E

e O livro de Eli

Filmes do gênero apocalíptico exageram na forma negativa de representar

o mundo após catástrofes mundiais que modificam o modo de vida social

contemporâneo. Suas principais características são a falta de recursos naturais e a

falta de esperança, num mundo primitivo, com poucos seres humanos que

sobrevivem como podem.

No gênero, outra característica importante é a presença de um protagonista

que vence todos os obstáculos para continuar a viver e investe os poucos recursos

que lhe falta para evoluir e continuar a espécie humana. O uso do product

placement no gênero é muito perigoso, já que a marca flutua num ambiente

degradado sem associação com o presente do consumidor que assiste ao filme.33

Mesmo quando a tecnologia e o consumo imperam no futuro pós-

catástrofe nunca se vê um ambiente familiar para o ser humano contemporâneo,

exceto quando se trata do protagonista, que tenta mudar a realidade. O caso pode

ser visualizado no filme O livro de Eli (Hugues, 2010) em que o protagonista,

personagem de Densel Washington, carrega consigo um livro que acredita conter

Wall-E. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/WALL%C2%B7E>. Acesso em 02 de dezembro de 2012. 33

Filmes apocalípticos. Disponível em: <http://thehighdials.blogspot.com.br/2011/07/filmes-apocalipticos.html> Acesso em 02 de dezembro de 2012.

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43

as palavras que alinhará a humanidade e fará com que o mundo volte a evoluir

como antes.

Quando as marcas se apresentam em filmes catastróficos sua imagem é

modificada para se adaptar ao roteiro da tragédia. Algumas vezes essas mudanças

agridem seus valores e não consegue atingir o público de forma natural. As

inserções no filme O livro de Eli (Hugues, 2010) carregam essa característica,

principalmente quando se trata a marca KFC, associada a alimentação do

protagonista, o papel para limpar as mãos foi pouco percebido e não causou

nenhuma reação nos componentes da amostra.

Figura 20 - Eli utiliza o papel do restaurante KFC para limpar as mãos após a refeição (10’12’’)

Ao analisar a pesquisa qualitativa realizada, por unanimidade o grupo teve

mais atenção para os objetos carregados por Eli. Eles estavam no mesmo estado

degradante do cenário, e não tentavam associar-se com o mundo contemporâneo.

Objetos utilizados para ajudar o protagonista a vencer os desafios da vida pós-

apocalipse tiveram destaque na pesquisa, destacando os óculos e mochila da marca

Oakley, inseparáveis de Eli durante toda a trama.34

34

The book of Eli product placcement. Disponível em: < http://www.sygyzy.com/2010/01/18/the-book-of-eli-product-placement-and-aziz-ansari/> Acesso em 01 de dezembro de 2012. Wall-E. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/WALL%C2%B7E>. Acesso em 02 de dezembro de 2012. O livro de Eli. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_de_Eli> Acesso em 01 de dezembro de 2012.

Page 44: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

44

Figura 21 - Inserção da marca Oakley no filme O livro de Eli (19’43’’)

As características dos filmes a serem analisadas é a procura por

sobrevivência despertada quando há ilusão e fé. Em Wall-E (Stanton, 2008) toda a

nave passa a acreditar num planeta desconhecido após o pequeno robô apresentar

uma planta, que simboliza a esperança de continuar a viver suas origens terrenas.

Em Eli a reposta é a bíblia, utilizada como padrão de esperança para aqueles que

conhecem em sua palavra.

Uma característica importante dos filmes apocalípticos analisados é a causa

das catástrofes. Ambos roteirizam o fim do mundo como o consumo em larga

escala, tanto que a nave utilizada pelos sobreviventes da Axion é produzida pela

empresa BNL, que significa Buy in Large35

(em português, compre muito).

35

Tradução do termo “buy in large”. http://translate.google.com.br/

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45

CONCLUSÃO

A finalidade deste estudo tem como objetivo, analisar o desenvolvimento

do product placement, sob a perspectiva, de seu efeito na sociedade moderna e/ou

pós-moderna, através da modificação do significado de apocalipse na

contemporaneidade.

A influencia do apocalipse na formação da sociedade parte da inquietante

questão da humanidade de saber de onde surgiram e para ode estão indo os seres

humanos. Entendendo o fator, simplificou a analise do lazer inquietante dos filmes

apocalípticos terem tanto sucesso em todo o mundo.

A estratégia de inserção de marca é facilmente percebida quando está sob

análisr a questão sensorial de sua intenção. Ao experimentar através do outro, o

consumidor recebe a mensagem que passa direto para a sua memória, se sentindo

intimo do que nunca viu. Comprovado pela tese, o product placement é importante

aliado da fidelização do consumidor.

Por fim a junção do product placement e do apocalipse traz ao espectador a

sensação de que ele nunca estará vulnerável, se depender do consumo. A

experiência de apresentação natural da marca, em qualquer que seja o ambiente,

quando conversa com o roteiro, consegue atingir o consumidor sem que ele saía do

entretenimento.

Page 46: Análise de Product Placement em Filmes Apocalípticos.pdf

46

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