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Análise de Imagem (Martine Joly) Mensagem Plástica Critérios (significantes plásticos): (1) moldura; (2) enquadramento, dimensões; (3) ângulo do ponto de vista; (4) escolha da objectiva; (5) composição, paginação; (6) formas; (7) cores; (8) iluminação; (9) textura.
(1) Moldura São os limites físicos da imagem.
Consoante as épocas e os estilos, surgem mais ou menos materializados na moldura.
Sendo a moldura considerada uma restrição, denota-se a tendência para a abolir, de modo a que o espectador não se sinta constrangido com os freios à sua imaginação, impostos pelos limites da imagem.
(1) Moldura
A coincidência entre os limites da imagem e os do suporte impele o observador a construir imaginariamente o que não vê no campo visual da representação: o fora-de-campo
tradição cinematográfica A colocação de moldura na imagem
fecha o espaço imaginativo tradição pictórica
(1) Moldura
Richard Avedon, The Duke and Duchess of Windsor, Waldorf Astoria, Suite 28A, New York
Richard Avedon, Dovima with Elephants, Evening Dress by Dior, Cirque d’Hiver, Paris
(1) Moldura coincide com limites do suporte
(2) Enquadramento
Não deve ser confundido com a moldura. Corresponde à dimensão da imagem, resultado suposto da distância entre o tema pintado/fotografado e a objectiva/sujeito criador/codificador.
Vertical e estreito proximidade Horizontal e largo afastamento
Enquadramento estreito
Enquadramento largo
(3) Ângulo do Ponto de Vista O ângulo pode reforçar ou contradizer a
impressão da realidade. O picado provoca a impressão de esmagamento das personagens, dá ao espectador a impressão de controlo e domínio.
O contra-picado faculta uma sensação de engrandecimento, força e altura ao objecto retratado.
O ângulo normal, “à altura do homem e de frente”, dá a impressão de realidade e naturaliza a cena.
(3) Ângulo do Ponto de Vista
Contra-picado Frontal Picado
(4) Objectiva
Objectivas com uma grande profundidade de campo (tudo é nítido desde o primeiro plano até ao horizonte em fundo) aproximam da visão natural – são objectivas com uma focal curta.
Objectivas, com uma maior distância focal, jogam mais com o contraste nitidez-desfocagem e proporcionam representações mais expressivas.
(5) Composição, Paginação É a geografia interior da mensagem
visual. Tem uma função vital na condução da visão do espectador.
O olho segue os caminhos trilhados na imagem, contrariando a ideia de uma leitura global.
(5) Composição, Paginação O olhar é selector das informações-
chave na imagem. O sentido da leitura molda a concepção da composição.
Georges Péninou lista 4 configurações: (1) a construção focalizada: as linhas de
força (traço, cores, iluminação, formas) convergem para um ponto da imagem, que funciona como montra.
(5) Composição, Paginação (2) a construção axial: coloca o cerne no eixo
do olhar, em geral exactamente no centro da imagem;
(3) a construção em profundidade: a essência está integrada num cenário em perspectiva, ocupando a frente da cena, no primeiro plano;
(4) a construção sequencial: convida o olhar a percorrer a imagem, de modo a que, no final do seu trajecto, caia sobre a essência. Na maior parte das vezes, está situada (leitura da esquerda para a direita) na parte inferior direita. O modelo mais convencional deste tipo de construção é a construção em Z.
(6) Formas
Entendida como a aparência do corpo/objecto, os seus contornos.
Na publicidade, por exemplo, o criador procura uma compreensão clara e rápida:
linhas curvas, formas redondas – feminidade e suavidade;
linhas rectas – minimalismo, bom gosto…
(7) Cores
A sua interpretação é antropológica e cultural.
Mapa das Cores
(8) Iluminação
Interpretada consoante a cultura, os estados de espírito/motivação.
A luz difusa, ao contrário da orientada, desnaturaliza as representações visuais, na medida em que suaviza as cores, atenua a impressão de relevo, generaliza, bloqueia as referências temporais.
(9) Textura
Para o Grupo Mu, a textura é uma qualidade de superfície. Numa imagem bidimensional, a textura está ligada à terceira dimensão, que atribui à imagem um carácter táctil.
Uma imagem visual pode activar o fenómeno das correspondências sinestésicas.
Grelha de análise (Laurent Gervereau) (1) Descrição Técnica - Nome do(s) emissor(es); - modo de identificação dos emissores; - data de produção; - tipo de suporte e técnica; - formato; - localização.
Grelha de análise (Laurent Gervereau) Estilística - Número de cores e estimativa das
superfícies e da predominância; - volume e intencionalidade do volume; - organização icónica (quais são as
linhas directrizes?).
Grelha de análise (Laurent Gervereau) Temática - Qual o título e que relação texto-
imagem?; - inventário dos elementos
representados; - que símbolos?; - quais as temáticas gerais? (qual o
sentido primeiro?).
Grelha de análise (Laurent Gervereau) (2) Estudo do contexto Contexto a montante - De que meio técnico, estilístico,
temático, vem esta imagem?; - Quem a concebeu e que relação tem
com a sua história pessoal?; - Quem a encomendou e que relação
tem com a história da sociedade do momento?.
Grelha de análise (Laurent Gervereau) Contexto a jusante - A imagem conheceu uma difusão
contemporânea da altura da sua produção ou difusões exteriores?;
- Que indícios ou testemunhos temos do seu modo de recepção ao longo do tempo?.
Grelha de análise (Laurent Gervereau) (3) Interpretação Significações iniciais, significações
posteriores - O(s) criador(es) da imagem sugeriram
uma interpretação diferente do seu título, da sua legenda, do seu sentido primeiro? Que análises contemporâneas do seu tempo de produção podemos encontrar?;
- Que análises posteriores?.
Grelha de análise (Laurent Gervereau) Balanço e apreciação pessoais - Em função dos elementos fortes
revelados na descrição, no estudo do contexto, no inventário de interpretações ao longo do tempo, que balanço geral podemos fazer?;
- Como vemos hoje esta imagem?; - Que apreciação subjectiva relacionada
com o nosso gosto individual – anunciada como tal – lhe podemos atribuir?.
Peirce
Primeiridade; secundidade; terceiridade (Peirce, “Sobre uma Nova Lista de Categorias”);
Análise semiótica peirciana, em Semiótica Aplicada (Lúcia Santaella): qualitativo-icónico; singular-indicativo e convencional-simbólico;
Peirce PRIMEIRIDADE: Trata-se de uma capacidade anterior,
adquirida, que nos povoa, sem que permanentemente esteja activa ou actual. Por outras palavras, é tudo o que é potencial e que se pode revelar em nós e que Peirce designa de “firstness”.
SECUNDIDADE: Tudo o que é actual e está activo, num certo momento, em nós, é a “secondness”.
TERCEIRIDADE: À medida que a espécie humana
acumulou experiências e conhecimento da natureza e de si própria, observou que as ocorrências actuais se repetem e podem até tornar-se previsíveis. Esta capacidade de prever eventos, através do reconhecimento de modelos, Peirce catalogou de “thirdness”.
Peirce Assim, pode-se afirmar que o ícone é uma “modalidade
potencial – portanto, da “firstness” – que nos permite reconhecer a semelhança” (Luís Carmelo, 97/98: 1), enquanto a imagem só poderá existir, na medida em que é actual e presente na nossa consciência perceptiva. Ou seja, quando corresponde à “secondness”. Ora, em síntese, a imagem só existe quando está diante de nós, na sua actualidade existencial, e, por outro lado, na medida em que comporte elementos reconhecíveis – decalcados de modelos anteriores já experimentados, através de uma complexa duplicata das aparências do real (idem, ibidem).