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  • 8/4/2019 ANLISE DE ALIMENTOS - CONDOEIRA,Silva

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    Amostragem para Anlise de Alimentos

    Qumica Industrial de Alimentos Universidade Eduardo Mondlane (UEM) | CONDOEIRA, Silva Benedito 5

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    CAPITULO 1 INTRODUO A ANLISE DE ALIMENTOS

    1 - CONSIDERAES INICIAIS

    A anlise de alimentos uma rea muito importante no ensino das cincias que estudam alimentos,

    pois ela atua em vrios segmentos do controle de qualidade, do processamento e do armazenamento

    dos alimentos processados. Muitas vezes, o termo anlise de alimentos substitudo por outros

    temos como qumica de alimentos e bromatologia, que se consagraram na literatura.

    A palavra Bromatologia deriva do grego: Broma, Bromatos significa dos alimentos; e Logos

    significa Cincia. Portanto, por extenso dos termos BROMATOS e LOGOS, pode-se definir

    Bromatologia como a cincia que estuda os alimentos.

    A Bromatologia estuda os alimentos, sua composio qumica, sua ao no organismo, seu valor

    alimentcio e calrico, suas propriedades fsicas, qumicas, toxicolgicas e tambm adulterantes,

    cantaminantes, fraudes, etc. A Bromatologia relaciona-se com tudo aquilo que, de alguma forma,

    alimento para os seres humanos, tem a ver com o alimento desde a produo, coleta, transporte da

    matria-prima, at a venda como alimento natural ou industrializado, verifica se o alimento se

    enquadra nas especificaes legais, detecta a presena de adulterantes, aditivos que so prejudiciais sade, se a esterilizao adequada, se existiu contaminao com tipo e tamanho de embalagens,

    rtulos, desenhos e tipos de letras e tintas utilizadas. Enfim, tem a ver com todos os diferentes

    aspectos que envolvem um alimento, com isso permitindo o juzo sobre a qualidade do mesmo.

    Qumica bromatolgica estuda a composio qumica dos alimentos, bem como suas caractersticas

    de aptido para o seu consumo. Importante conhecer tcnicas e mtodos adequados que permitam

    conhecer a composio centesimal dos alimentos, ou seja, determinar o percentual de umidade,protenas, lipdeos, fibras, carboidratos, que permitam o clculo do volume calrico do alimento.

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    2- GENERALIDADES SOBRE ALIMENTOS

    Definiremos, a seguir, alguns termos que julgamos pertinentes:

    ALIMENTOS: toda a substncia ou mistura de substncia, que ingerida pelo homem fornece ao

    organismo os elementos normais formao, manuteno e desenvolvimento. Outra definio

    seria aquela que diz que alimento toda a substncia ou energia que, introduzida no organismo, o

    nutre. Devendo ser direta ou indiretamente no txica.

    ALIMENTOS SIMPLES: So aquelas substncias que por ao de enzimas dos sucos digestivos

    so transformadas em metablitos (acares, lipdios, protenas).

    METABLITOS: so os alimentos diretos, ou seja, so substncias metabolizadas depois de sua

    absoro (gua, sais, monossacardeos, aminocidos, cidos graxos).

    ALIMENTOS COMPOSTOS: So substncias de composio qumica variada e complexa, de

    origem animal ou vegetal, ou formada por uma mistura de alimentos simples (leite, carne, frutas,

    etc).

    ALIMENTOS APTOS PARA O CONSUMO: So aqueles que respondendo s exigncias das

    leis vigentes, no contm substncias no autorizadas que constituam adulterao, vendendo-se com

    a denominao e rtulos legais. Tambm so chamados de alimentos GENUNOS. Alimentos

    NATURAIS so aqueles alimentos que esto aptos para o consumo, exigindo-se apenas a remoo

    da parte no comestvel (in natura). A diferena entre alimentos genunos e naturais radica emque sempre os alimentos genunos devem estar dentro das regulamentaes da lei; no entanto, nem

    sempre o alimento natural pode ser genuno, como por exemplo uma fruta que est com grau de

    maturao acima da maturao fisiolgica permitida.

    ALIMENTOS NO APTOS PARA O CONSUMO: So aqueles que por diferentes causas no

    esto dentro das especificaes da lei. Podem ser:

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    a) ALIMENTOS CONTAMINADOS: so aqueles alimentos que contm agentes vivos

    (vrus, bactrias, parasitas, etc.) ou substncias qumicas minerais ou orgnicas (defensivos,

    metais pesados, etc.) estranhas sua composio normal, que pode ser ou no txica, e

    ainda, componentes naturais txicos (sais como nitratos, etc.), sempre que se encontrem em

    propores maiores que as permitidas.

    b) ALIMENTOS ALTERADOS: so os alimentos que por causas naturais, de natureza fsica,

    qumica ou biolgica, derivada do tratamento tecnolgico no adequado, sofrem

    deterioraes em suas caractersticas organolpticas, em sua composio intrnseca ou em

    seu valor nutritivo. Como exemplo de alimentos alterados temos o odor caracterstico da

    carne incio do estgio de decomposio, o borbulhar do mel (fermentao), ou latas de

    conservas estufadas (enchimento excessivo ou desenvolvimento de microorganismos)

    c) ALIMENTOS FALSIFICADOS: So aqueles alimentos que tem aparncia e as

    caractersticas gerais de um produto legtimo e se denominam como este, sem s-lo ou que

    no procedem de seus verdadeiros fabricantes, ou seja, so alimentos fabricados

    clandestinamente e comercializados como genunos (legtimos). Pode acontecer que o

    alimento falsificado esteja em melhores condies de qualidade que o legtimo, mas por serfabricado em locais no autorizados ou por no proceder de seus verdadeiros fabricantes,

    considerado falsificado e, portanto, no apto ao consumo.

    d) ALIMENTOS ADULTERADOS: So aqueles que tem sido privado, parcial ou totalmente,

    de seus elementos teis ou caractersticos, porque foram ou no substitudos por outros

    inertes ou estranhos. Tambm a adio de qualquer natureza, que tenha por objetivo

    dissimular ou ocultar alteraes, deficincias de qualidade da matria-prima ou defeitos na

    elaborao, que venham a constituir adulterao do alimento. A adulterao pode ser por

    acrscimo de substncias estranhas ao alimento (por exemplo gua no leite ou vsceras em

    conservas de carnes, amido no doce de leite, melado no mel), por retirada de princpios

    ativos ou partes do alimento (retirada da nata do leite ou cafena do caf) ou por ambas as

    simultaneamente.

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    3- IMPORTNCIA DA ANLISE DE ALIMENTOS

    Indstrias controle de qualidade, controle de processos em guas, alimentos, matrias-primas,

    produto acabado, embalagens, vida-de-prateleira, etc);

    Universidades e Institutos de pesquisa - desenvolvimento de metodologia, controle de processos

    em pesquisas, prestao de servios, etc.

    rgos Governamentais registro de alimentos, fiscalizao na venda e distribuio, etc

    4- CLASSIFICAO DA ANLISE DE ALIMENTOS

    Existem trs tipos de aplicaes em anlise de alimentos:

    Controle de qualidade de rotina: utilizado tanto para checar a matria prima que chega

    como o produto acabado que sai de uma indstria, alm de controlar os diversos estgios do

    processamento. Nestes casos, de anlises de rotina, costuma-se, sempre que possvel, utilizar

    mtodos instrumentais que so bem mais rpidos que os convencionais.

    Fiscalizao: utilizado para verificar o cumprimento da legislao, atravs de mtodos

    analticos que sejam precisos e exatos e, de preferncia, oficiais.

    Pesquisa: utilizada para desenvolver ou adaptar mtodos analticos exatos, precisos,

    sensveis, rpidos, eficientes, simples e de baixo custo na determinao de um dado

    componente do alimento.

    5- MTODO DE ANLISE

    Em anlise de alimentos, os objetivos se resumem em determinar um componente especfico do

    alimento, ou vrios componentes, como no caso da determinao da composio centesimal. A

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    determinao do componente deve ser atravs da medida de alguma propriedade fsica, como:

    medida de massa ou volume, medida de absoro de radiao, medida do potencial eltrico, etc.

    Existem dois tipos bsicos de mtodos em anlise de alimentos: mtodos convencionais e mtodos

    instrumentais. Os primeiros so aqueles que no necessitam de nenhum equipamento sofisticado,

    isto , utilizam apenas a vidraria e reagentes, e geralmente so utilizados em gravimetria e

    volumetria. Os mtodos instrumentais, como o prprio nome diz, so realizados em equipamentos

    eletrnicos mais sofisticados. So utilizados, sempre que possvel os mtodos instrumentais no lugar

    dos convencionas.

    ESCOLHA DO MTODO ANALTICO

    Em alimentos a escolha do melhor mtodo de anlise um passo muito importante, pois o alimento

    , geralmente, uma amostra muito complexa, em que os vrios componentes da matriz podem estar

    interferindo entre si. Por isso, em muitos casos, um determinado mtodo pode ser apropriado para

    um tipo de alimento e no fornecer bons resultados para outro. Portanto a escolha do mtodo vai

    depender do produto a ser analisado.

    A escolha do mtodo analtico vai depender de uma srie de fatores:

    1) Quantidade relativa do componente desejado: Os componentes podem ser classificados em

    maiores (mais de 1%), menores (0,01 1%), micros (menos de 0,01%) e traos (ppm e ppb)

    em relao ao peso total da amostra. No caso dos componentes maiores, so perfeitamente

    empregveis os mtodos analticos convencionais, como os gravimtricos e volumtricos.

    Para os componentes menores e micros, geralmente necessrio o emprego de tcnicas mais

    sofisticadas e altamente sensveis, como os mtodos instrumentais.

    2) Exatido requerida: Os mtodos clssicos podem alcanar uma exatido de 99,9%, quando

    um composto analisado se encontra em mais de 10% na amostra. Para componentes

    presentes em quantidade menores que 10%, a exatido cai bastante, e ento a escolha do

    mtodo deve recair sobre os instrumentais

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    3) Composio qumica da amostra: A presena de substncias interferentes muito constante

    em alimentos. A escolha do mtodo vai depender da composio qumica dos alimentos, isto

    dos possveis interferentes em potencial. Em anlise de materiais de composio

    extremamente complexa, o processo analtico se complica com a necessidade de efetuar a

    separao dos interferentes antes da medida final. Na maioria das determinaes em

    alimentos, as amostras so complexas, necessitando de uma extrao ou separao prvia

    dos componentes a ser analisado.

    4) Recursos disponveis: muitas vezes no possvel utilizar o melhor mtodo de anlise em

    funo do seu alto custo, que pode ser limitante em funo do tipo de equipamento ou at

    mesmo ao tipo de reagente ou pessoal especializado.

    6 - ESQUEMA GERAL PARA ANLISE QUANTITATIVA

    Qualquer anlise quantitativa depende sempre da medida de uma certa quantidade fsica, cuja

    magnitude deve estar relacionada massa do componente de interesse presente na amostra tomada

    para anlise. Porm esta medida vai ser, geralmente, apenas a ltima de uma srie de etapas

    operacionais que compreende toda a anlise. As etapas descritas abaixo do um exemplo de um

    processo funcional de uma anlise quantitativa

    a) AmostragemA amostragem o conjunto de operaes com os quais se obtm, do material em estudo,

    uma poro relativamente pequena, de tamanho apropriado para o trabalho no laboratrio,mas que ao mesmo tempo represente corretamente todo o conjunto da amostra. A maior ou

    menor dificuldade da amostragem vai depender da homogeneidade da amostra. necessrio

    que a quantidade de amostra seja conhecida (peso ou volume) nas operaes subseqentes.

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    b) Sistema de processamento da amostraA preparao da amostra est relacionada com o tratamento que ela necessita antes de ser

    analisada, como: a moagem de slidos, a filtrao de partculas slidas em lquidos, a

    eliminao de gases etc.

    c) Reaes qumicas ou mudanas fsicasFazem parte da preparao do extrato para anlise. Os processos analticos compreendem o

    manuseio da amostra para obteno de uma soluo apropriada para a realizao da anlise.

    O tipo de tratamento a usar depende da natureza do material e do mtodo analtico escolhido.

    Geralmente, o componente de interesse extrado com gua ou com solvente orgnico, e s

    vezes necessrio um ataque com cido. Os reagentes qumicos introduzidos na preparao

    do extrato no podero interferir nos passos seguintes da anlise ou, se o fizerem, devero

    ser de fcil remoo.

    d) SeparaesConsiste na eliminao de substncias interferentes. Raramente as propriedades fsicas

    utilizadas na medida quantitativa de um componente so especificas para urna nica espcie,

    pois elas podem ser compartilhadas por vrias outras espcies. Quando isso acontece,

    necessrio eliminar estes interferentes antes da medida final. H duas maneiras para eliminar

    uma substncia interferente: a sua transformao em uma espcie incua (por oxidao,

    reduo ou complexao); ou o seu isolamento fsico corno uma fase separada (extrao

    com solventes e cromatografia).

    e) MedidasTodo processo analtico delineado e desenvolvido de modo a resultar na medida de uma

    certa quantidade, a partir da qual avaliada a quantidade relativa do componente na amostra.

    f) Processamento de dados e avaliao estatsticaO resultado da anlise expresso em forma apropriada e, na medida do possvel, com

    alguma indicao referente ao seu grau de incerteza (mdias e desvios, coeficientes de

    variao).

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    AMOSTRAGEM E PREPARO DA AMOSTRA PARA ANLISE

    Os resultados de uma anlise quantitativa somente podero ter o valor que dela se espera na medida

    em que a poro do material submetida ao processo analtico representar, com suficiente exatido, acomposio mdia do material em estudo. A quantidade de material tornada para a execuo da

    anlise relativamente pequena em comparao com a totalidade do material em estudo, Portanto

    importante considerar os seguintes fatores para tirar uma amostragem:

    Finalidade da inspeo: aceitao ou rejeio. avaliao da qualidade mdia e

    determinao da uniformidade;

    Natureza do lote: tamanho, diviso em sub-lotes e se est a granel ou embalado; Natureza do material em teste: sua homogeneidade. tamanho unitrio, histria prvia e

    custo;

    Natureza dos procedimentos de teste: significncia. procedimentos destrutivos ou no

    destrutivos e tempo e custo das anlises.

    Amostra definida como uma poro limitada do material tomada do conjunto - o universo, na

    terminologia estatstica - selecionada de maneira a possuir as caractersticas essenciais do conjunto.

    Amostragem a srie sucessiva de etapas operacionais especificadas para assegurar que a amostra

    seja obtida com a necessria condio de representatividade. A amostra obtida atravs de

    incrementos recolhidos segundo critrios adequados. A reunio dos incrementos forma a amostra

    bruta. A amostra de laboratrio o resultado da reduo da amostra bruta mediante operaes

    conduzidas de maneira a garantir a continuidade da condio de representatividade da amostra. A

    amostra para a anlise uma poro menor da amostra de laboratrio. suficientemente

    homogeneizada para poder ser pesada e submetida anlise.

    Em resumo, o processo da amostragem compreende trs etapas principais:

    a) Coleta da amostra bruta:

    b) Preparao da amostra de laboratrio;

    c) Preparao da amostra para anlise.

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    A)ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA A AMOSTRAGEM:

    a) A amostra deve ser representativa da totalidade do alimento;

    b) A amostra no deve causar prejuzo econmico significativo;

    c) A parte da amostra a ser analisada numa anlise de contraprova deve ser

    representativa da totalidade da amostra.

    B) COLETA DA AMOSTRA BRUTA:

    Idealmente, a amostra bruta deve ser uma rplica, em tamanho reduzido, do universo considerado,

    tanto no que diz respeito composio como distribuio do tamanho da partcula.

    Amostras fluidas (liquidas ou pastosas) homogneas, podem ser coletadas em frascos com o

    mesmo volume, do alto, do meio e do fundo do recipiente, aps agitao e homogeneizao.

    Amostras slidas, cujos constituintes diferem em textura, densidade e tamanho de partculas,

    devem ser modas e misturadas.

    Quantidades: o material a ser analisado poder estar a granel ou embalado (caixas, latas, etc.)

    No caso de embalagens nicas ou pequenas lotes, todo o material pode ser tomado como

    amostra bruta;

    Para lotes maiores, a amostragem deve compreender de 10 a 20 % do n de embalagens

    contidas no lote, ou 5 a 10% do peso total do alimento a ser analisado;

    Lotes muito grandes: toma-se a raiz quadrada do nde unidades do lote.

    C) PREPARAO DA AMOSTRA DO LABORATRIO (Reduo da amostra bruta)

    a) Alimentos Secos (em p ou granulares): A reduo poder ser manual ou atravs deequipamentos.

    - Manual: quarteamento;

    - Equipamentos: amostrador tipo Riffle; amostrador tipo Boerner

    b) Alimentos lquidos: misturar bem o lquido no recipiente por agitao, por inverso e porrepetida troca de recipientes. Retirar pores de lquido de diferentes partes do recipiente, do

    fundo, do meio e de cima, misturando as pores no final.

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    c)Alimentos Semi-slidos (midos) (queijos duros e chocolates): As amostras devem serraladas e depois pode ser utilizado o quarteamento, como no caso de amostras em p ou

    granulares.

    d) Alimentos midos (carnes, peixes e vegetais): A amostra deve ser picada ou moda emisturada; e depois, se necessrio, passar pelo quarteamento, para somente depois ser

    tomada a alquota suficiente para a anlise. A estocagem deve ser sob refrigerao.

    e) Alimentos Semiviscosos ou Pastosos (pudins, molhos, etc.) e Alimentos lquidos contendoslidos (compotas de frutas, vegetais em salmoura e produtos enlatados em geral): As

    amostras devem ser picadas em liquidificador ou bag mixer, misturadas e as alquotas

    retiradas para anlise. Deve-se tomar cuidado com molhos de saladas (emulses), que podemseparar em duas fases no liquidificador.

    f) Alimentos com emulso (manteiga e margarina): As amostras devem ser cuidadosamenteaquecidas a 35 C em frasco com tampa e depois agitado para homogeneizao. A partir da

    so retiradas alquotas necessrias para anlise.

    g) Frutas: As frutas grandes devem ser cortadas ao meio, no sentido longitudinal e transversal,de modo a repartir em quatro partes. Duas partes opostas devem ser descartadas e as outrasduas devem ser juntadas e homogeneizadas em liquidificador. As frutas pequenas podem ser

    simplesmente homogeneizadas inteiras no liquidificador.

    D) PREPARAO DA AMOSTRA PARA ANLISE

    O tipo de preparo da amostra vai depender da natureza da mesma e do mtodo analtico envolvido.Para extrao de um componente da amostra, muitas vezes necessria uma preparao prvia da

    mesma, a fim de se conseguir uma extrao eficiente do componente em estudo. Por exemplo: para

    determinao de protena bruta e metais, necessria uma desintegrao prvia da amostra com

    cidos. Para determinao de umidade, protena bruta e matria mineral, alimentos secos devem ser

    modos at passar numa peneira de 20 mesh. Para ensaios que envolvem extrao de amostras

    midas, elas devem ser modas at passar numa peneira de 40 mesh.

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    O preparo da amostra por desintegrao pode ser feito de trs maneiras:

    a) Desintegrao mecnica: para amostras secas, utiliza- se moagem em moinho tipo Wiley

    (martelo) ou similar. Para amostras midas, usa-se moedores do tipo para carnes ou

    liquidificadores.

    b) Desintegrao enzimtica: E til em amostras vegetal, com o uso de celulases. Protease e

    amilases so teis para solubilizar componentes de alto peso molecular (protenas e

    polissacardeos) em vrios alimentos.

    c) Desintegrao qumica: Vrios agentes qumicos (uria, piridina, detergentes sintticos,

    etc.) tambm podem ser usados na disperso ou solubilizao dos componentes dos

    alimentos.

    E) PRESERVAO DA AMOSTRA:

    O ideal seria analisar as amostras frescas o mais rpido possvel. Mas nem sempre isto possvel e,

    portanto, devem existir maneiras de preserv-las.

    a) Inativao Enzimtica: Serve para preservar o estado original dos componentes de um

    material vivo. Esse tipo de tratamento depende do tamanho, consistncia e composio dos

    alimentos, enzimas presentes e as determinaes analticas que se pretende

    b) Diminuio das Mudanas Lipdicas: Os mtodos tradicionais de preparo de amostras podem

    afetar a composio dos extratos lipdicos. Portanto, deve-se resfriar a amostra rapidamente

    antes da extrao ou congelar, se for estocar.

    c) Controle de Ataque Oxidativo: A fim de reduzir as alteraes oxidativas, recomenda-se apreservao a baixa temperatura (N lquido), para a maioria dos alimentos.

    d) Controle do ataque microbiolgico: Para reduzir ou eliminar o ataque microbiano, pode-se

    utilizar vrios mtodos: congelamento, secagem, uso de conservadores, ou a combinao de

    qualquer um dos trs. A escolha da melhor maneira de preservao vai depender de:

    natureza do alimento, tipo de contaminao possvel, perodo e condies de estocagem e

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    tipo de anlise

    OBSERVAES:

    Uma caracterstica marcante nos alimentos que eles tm uma variao muito grande na

    composio. Por exemplo:

    a) Alimentos frescos de origem vegetal, tem composio mais variada que os alimentos frescos

    de origem animal;

    b) Frutas e vegetais da mesma variedade podem ter composies diferentes ou a composio

    pode variar mesmo aps a colheita.

    c) As modificaes ps-colheita so maiores nas frutas e vegetais que possuem maior teor de

    umidade do que em cereais, por ex.:

    Os fatores que influenciam na composio de alimentos de:

    ORIGEM VEGETAL ORIGEM ANIMAL

    - Constituio gentica: variedade - Contedo de gordura

    - Estado de maturao - Idade do animal

    - Condio de crescimento: solo, clima, irrigao,

    fertilizao, temperatura e insolao

    - Parte do animal

    - Raa

    - Estocagem: tempo e condies - Alimentao do animal

    - Parte do alimento: casca ou polpa

    Os fatores que influenciam na ps-colheita:

    Perda ou absoro de umidade; perda dos constituintes volteis; decomposio qumica e

    enzimtica (vitaminas, clorofila); oxidao causada pela aerao durante a homogeneizao;

    remoo de materiais estranhos; ataque por microorganismos, com deteriorao das

    amostras;

    Contaminao com traos de metais por eroso mecnica nos moedores.

    RESUMO - COLETA DE AMOSTRAS

    a) Saco plstico ou frasco de vidro:

    Utilizar saco plstico para congelamento desinfetado ou esterilizado, de tamanho no mnimo de 1

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    litro. Utilizar frasco de vidro de 200 ml do tipo pote Arjek (tampa de metal) ou pote LN (tampa de

    plstico fervvel). Esterilizados em estufa (como de Pasteur) por 1 hora a 150C, em autoclave por

    15 minutos a 121C, ou desinfetado por fervura em imerso durante 15 minutos. No utilizar

    desinfetantes qumicos (lcool Iodo, Cloro, etc.)

    b) Utenslios para coleta - Coletar os alimentos com os prprios utenslios durante a distribuio, ou

    antes, com utenslios especficos para cada tipo de alimento, desinfetados com lcool e flambados

    ou fervidos.

    c) Quantidade da amostra

    Coletar no mnimo 100 (cem) gramas teis do material.

    d) Armazenamento

    Fechar imediatamente o frasco de vidro ou o saco plstico, e armazenar em congelamento a -

    10C ou menos, no mximo 72 horas ou refrigerao com temperatura no superior a 4 C no

    mximo 72 horas.

    e) Colocar as amostras congeladas ou refrigeradas a 4C em uma embalagem isotrmica com gelo,

    enviando imediatamente ao laboratrio.

    Observar se as amostras esto bem fechadas para no entrar gua do gelo durante o transporte.

    f) Coleta de gua, sucos e refrigerantes

    No recomendada a utilizao de saco plstico nem frasco de vidro desinfetado.

    Recomenda-se coletar emfrasco de vidro esterilizado fornecido pelo laboratrio.

    Importante: No congelar as amostras, mant-las sob refrigerao durante 72 horas.

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    Sistema de qualidade em laboratrios

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    CAPTULO 3 - GARANTIA DE QUALIDADE EM LABORATRIOS DE ANLISE DE

    ALIMENTOS

    1) CONFIABILIDADE DOS RESULTADOS

    A confiabilidade dos resultados em um mtodo analtico vai depender de vrios fatores

    como:

    especificidade:

    exatido;

    preciso;

    sensibilidade.

    Especificidade est relacionada com a propriedade do mtodo analtico em medir o composto

    de interesse independente da presena de substncias interferentes. Quando o mtodo especfico. o

    interferente no sela computado com o composto de interesse ou ele poder ser descontado. Neste

    ltimo caso, importante saber como o efeito da substncia interferente est sendo adicionado

    medida de interesse.

    Exatido mede quanto prximo o resultado de um dado mtodo analtico se encontra do

    resultado real previamente definido. A exatido de um mtodo pode ser medida de duas maneiras.

    No primeiro caso, determina-se a porcentagem de recuperao do composto de interesse que foi

    adicionado na amostra numa quantidade previamente conhecida. Outra maneira de verificar a

    exatido de um mtodo comparar com os resultados obtidos por outros mtodos analticos j

    definidos como exatos.

    Preciso de um mtodo determinada pela variao entre vrios resultados obtidos na

    medida de um determinado componente de uma mesma amostra, isto , o desvio padro entre as

    vrias medidas e a mdia.

    Sensibilidade a menor quantidade do componente que se consegue medir sem erro. Em

    anlise instrumental, a razo entre o sinal e o rudo deve ser de (2:1). A sensibilidade pode ser

    aumentada de duas maneiras:

    aumentando a resposta da medida - por exemplo, numa medida calorimtrica, podemos usar

    reagentes calorimtricos que forneam maior absoro da radiao;

    aumentando o poder de leitura do equipamento, em anlise instrumental.

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    2) PONTOS CRITICOS DE CONTROLE DE QUALIDADE EM UM LABORATRIO DE

    ANLISE DE ALIMENTOS

    Os pontos crticos em um laboratrio de anlise esto resumidos nas seguintes reas:

    coleo e preparao da amostra;

    mtodo de anlise da amostra;

    erros;

    instrumentao;

    analista.

    A) Coleo e preparao da amostra: esta rea determina o tamanho e o mtodo de coleta da

    amostra para que ela seja representativa, isto , o cuidado na amostragem. Trabalhando-se comalimentos, devemos lembrar tambm que se trata de uma amostra perecvel que pode sofrer

    mudanas rpidas durante a anlise. Estas mudanas incluem perda de umidade, decomposio,

    separao de fases, infestao por insetos, aumento da contaminao microbiolgica, etc. Para

    garantir um eficiente programa para coleo de amostra. devemos considerar os seguintes itens de

    qualidade:

    amostragem; documentao; controle de contaminao; preservao e transporte para o

    laboratrio.

    B) Mtodos de anlise: o mtodo ideal deve possuir aqueles atributos essenciais como exatido.

    preciso, especificidade e sensibilidade, alm de ser prtico, rpido e econmico. Porm no

    possvel otimizar todas estas condies ao mesmo tempo e o analista deve decidir em funo do

    objetivo da anlise, quais atributos devem ser priorizados. Por exemplo, em muitos casos, queremos

    ter apenas uma idia da quantidade de um composto na amostra. Neste caso, podemos escolher um

    mtodo menos exato e preciso e, conseqentemente, mais prtico, rpido e econmico.

    Os mtodos de anlise podem ser classificados em vrios tipos:

    mtodos oficiais: so os que devem ser seguidos por uma legislao ou agncia de fiscalizao

    mtodos padres ou de referncia: so mtodos desenvolvidos por grupos que utilizaram estudos

    colaborativos;

    mtodos rpidos: so utilizados quando se deseja determinar se ser necessrio um teste

    adicional atravs de um mtodo mais exato;

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    mtodos de rotina: so os mtodos oficiais ou padres que podem ser modificados conforme a

    necessidade e convenincia;

    mtodos automatizados: qualquer um dos mtodos citados acima, porm que utilizam

    equipamentos automatizados;

    mtodos modificados: so geralmente mtodos oficiais ou padres, que sofreram alguma

    modificao, para criar alguma simplificao, ou adaptao a diferentes matrizes, ou, ainda,

    remover substncias interferentes.

    Existem procedimentos para verificao da correta aplicabilidade de um mtodo para uma

    determinada amostra:

    formulao sinttica: o melhor procedimento, mas muito difcil duplicar a matriz das

    amostras, principalmente as slidas;

    porcentagem de recuperao: no e um mtodo muito exato, porm simples e por isso bastante

    usado; o composto em anlise adicionado matriz da amostra e cuidadosamente misturada

    antes ou depois da etapa de extrao

    comparao com um mtodo oficial ou padro: feita em relao exatido e preciso.

    A comparao entre mtodos sempre feita em relao exatido e preciso. A preciso pode

    ser definida de trs maneiras dependendo das fontes de variabilidade:

    replicabilidade: expressa como desvio padro e mede a variabilidade entre replicatas;

    repetibilidade: expressa como desvio padro e mede a variabilidade entre resultados de medidas

    da mesma amostra em pocas diferentes e no mesmo laboratrio (estudo intralaboratorial);

    reprodutibilidade: expressa como desvio padro e mede a variabilidade entre resultados de

    medidas da mesma amostra em diferentes laboratrios (estudo interlaboratorial).

    C) Tipos de erros em anlise de alimentos: existem duas categorias de erros: determinados ou

    sistemticos e indeterminados.

    Erros determinados: possuem um valor definido, podendo ser medidos e computados no resultado

    final.

    Erros de mtodo;

    Erros operacionais: erros de leitura de medidas instrumentais ou medidas volumtricas; erros de

    preparao de padres; erro de amostragem; erro de diluies; erro devido limpeza deficiente

    da vidraria utilizada.

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    Erros pessoais: identificao imprpria da amostra; falha em descrever observaes e

    informaes importantes; falhas em seguir as direes do mtodo; erros no registro destes dados

    tais como transposio dos dgitos, localizao incorreta do ponto decimal, inverso do

    numerador e denominador etc.; erros de clculos dos resultados; erro na interpretao dos

    resultados;

    Erros devido a instrumentos e reagentes: erro devido ao uso de reagentes impuros e de m

    qualidade.

    Erros indeterminados: no possuem valor definido e, portanto, no podem ser medidos. No podem

    ser localizados e corrigidos, entretanto podem ser submetidos a um tratamento estatstico que

    permite saber qual o valor mais provvel e tambm a preciso de uma srie de medidas, pois eles

    devem seguir uma distribuio normal (distribuio de Gauss).

    D) Instrumentao: os instrumentos consistem de componentes ticos e eletrnicos e, portanto, seu

    funcionamento tende a se deteriorar com o tempo. Devemos, ento, fazer freqentes padronizaes e

    calibraes de modo a monitorar este desgaste. Mesmo controlando os desgastes, pode ocorrer

    falhas de uso dos equipamentos como:

    verificao do nvel na balana analtica;

    tempo de espera de aquecimento em alguns equipamentos etc.

    E) Analistas: o analista de laboratrio deve conseguir determinar com exatido e preciso

    componentes presentes em concentraes muito baixas e em matrizes muito complexas. A

    verificao das habilidades do analista pode ser feita pelo exame intralaboratorial e interlaboratorial

    de uma mesma amostra.

    3) MEDIDAS DA EFICINCIA DE UM MTODO ANALTICO

    O estudo de eficincia de mtodos de anlise e controle de qualidade pode ser feito em trs etapas

    distintas:

    Utilizando material de referncia: o resultado do mtodo novo, em anlise, comparado com o

    resultado obtido atravs de uma amostra referncia de concentrao e pureza conhecidas - este

    teste problemtico, pois em alimentos, na maioria dos casos, o material de referncia no

    disponvel.

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    Relaes interlaboratoriais: a mesma amostra analisada por vrios laboratrios utilizando o

    mtodo em teste - denominado estudo colaborativo.

    Iniciao ao controle de qualidade: aplicar clculos estatsticos como mdia, desvio padro e

    coeficiente de variao sobre os resultados obtidos, de maneira a obter a exatido e preciso do

    mtodo em estudo.

    4) RESUMO DOS TERMOS MAIS UTILIZADOS

    Resumo de alguns termos importantes no estudo de mtodos analticos:

    Preciso: concordncia entre os resultados de vrias medidas efetuadas sobre uma mesma amostra e

    nas mesmas condies de anlise.

    Exatido: concordncia entre o valor medido e o valor real.

    Sensibilidade: pode ser medida em um mtodo ou em um equipamento e definido como o cociente

    diferencial do sinal medido sobre o valor da propriedade a ser medida.

    Limite de deteco: o menor sinal, expresso em quantidades ou concentrao, que pode ser

    distinguido, com uma probabilidade conhecida. em relao a um branco medido nas mesmas

    condies.

    Repetibilidade: a expresso da preciso, quando o mesmo operador aplica o mesmo mtodo sobre

    a mesma amostra, no mesmo laboratrio, com os mesmos aparelhos e os mesmos reagentes.

    Reprodutibilidade: e a expresso da preciso, quando o mtodo realizado nas mesmas condies,

    mas em vrios laboratrios diferentes.

    Robustez: qualidade de um mtodo de conduzir a resultados que so pouco afetados pela variao de

    fatores secundrios (por exemplo, volume e marca de um reagente, tempo de agitao etc.) no

    fixados dentro do protocolo do mtodo.

    Especificidade: qualidade de um mtodo que possui uma funo de medida de um nico componente

    da amostra sem medir outros componentes interferentes tambm presentes na amostra.

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    Captulo 4. Umidade e Slidos Totais

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    CAPTULO 4 UMIDADE EM ALIMENTOS

    Umidade, ou teor de gua, de um alimento constitui-se em um dos mais importantes e maisavaliados ndices em alimentos. de grande importncia econmica por refletir o teor de slidos de

    um produto e sua perecibilidade. Umidade fora das recomendaes tcnicas resulta em grandes

    perdas na estabilidade qumica, na deteriorao microbiolgica, nas alteraes fisiolgicas

    (brotao) e na qualidade geral dos alimentos.

    1 GUA NOS ALIMENTOS

    A gua um nutriente absolutamente essencial, participando com 60 a 65 % do corpohumano e da maioria dos animais. Dentre as vrias funes da gua no organismo, cita-se:

    a - o solvente universal, indispensvel aos processos metablicos;

    b - manuteno da temperatura corporal;

    c - manuteno da presso osmtica dos fludos e do volume das clulas;

    d - participao como reagente de um grande nmero de reaes metablicas.

    A gua considerada o adulterante universal dos alimentos, por isso sua determinao de

    grande importncia.

    Usualmente a quantidade de gua nos alimentos expressa pelo valor da determinao da

    gua total contida no alimento. Porm, este valor no fornece informaes de como est distribuda

    a gua neste alimento nem permite saber se toda a gua est ligada do mesmo modo ao alimento.

    Muitas vezes o teor de gua determinado permite que ocorra o desenvolvimento de algum

    microorganismo, porm isso no ocorre, porque muita desta gua no est disponvel ao

    microorganismo.

    H tambm o fato de uma parte da gua no ser congelvel. Isso nos leva a crer que existem

    molculas de gua com propriedades e distribuio diferentes no mesmo alimento.

    Pode-se concluir que h dois tipos de gua nos alimentos:

    gua livre, que aquela fracamente ligada ao substrato, funcionando como solvente, permitindo o

    crescimento dos microorganismos e reaes qumicas e que eliminada com facilidade;

    gua combinada, fortemente ligada ao substrato, mais difcil de ser eliminada e que no utilizada

    como solvente e no permite o desenvolvimento de microorganismos e retarda as reaes qumicas.

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    Captulo 4. Umidade e Slidos Totais

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    ATIVIDADE DE GUA (Aa ouAw) - possvel estabelecer uma relao entre o teor de gua livre

    nos alimentos e sua conservao. O teor de gua livre expresso como atividade de gua que

    dada pela relao entre a presso de vapor de gua em equilbrio no alimento e a presso de vaporda gua pura na mesma temperatura. A medida desse valor baseia-se no fato de que a presso P do

    vapor de gua sobre um alimento, aps atingir o equilbrio a uma temperatura T, corresponde a

    umidade relativa de equilbrio (URE) do alimento. A atividade da gua ser ento igual a URE e

    expressa por URE/100.

    ATIVIDADE DE GUA E CONSERVAO DOS ALIMENTOS - O valor mximo da Aa 1,

    na gua pura. Nos alimentos ricos em gua, com Aa > 0,90, podem formar solues diludas queserviro de substrato para os microorganismos poderem se desenvolver. Nesta situao as reaes

    qumic0as podem ter sua velocidade diminuda em funo da baixa concentrao dos reagentes.

    Quando a Aa baixar para 0,40-0,80, haver possibilidade de reaes qumicas e enzimticas

    a velocidades rpidas, pelo aumento da concentrao dos reagentes.

    Com Aa inferior a 0,30 estar atingindo a zona de adsoro primria, onde a gua est

    fortemente ligada ao alimento.

    De acordo com a atividade de gua no alimento, ocorre o desenvolvimento de certos tipos de

    microorganismos, como:

    Tipo de Microorganismo Aa

    bactrias 0,90

    leveduras 0,88

    fungos (mofos) 0,80

    osmoflicos 0,62

    Tabela 1 - Influncia da atividade de gua na flora microbiana dos alimentos

    Aw ALIMENTOS Microrganismos

    0,98 e superior Carnes e pescados

    frescos, verduras, leite

    Multiplica-se a maioria dos microrganismos que

    alteram os alimentos e todos os patgenos

    transmitidos por alimentos.

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    0,98 0,93 Leite evaporado, po,

    embutidos cozidos

    Multiplicam-se as enterobacteriaceas, incluindo

    Salmonella, nos nveis superiores desta faixa.

    Flora de alterao, com freqncia bactriascido-lctica.

    0,93 0,85 Carne bovina seca,

    leite condensado

    Multiplica-se Staphylococcus aureus e muitos

    fungos produtores de micotoxinas. Leveduras e

    fungos so os microrganismos primrios da

    alterao.

    0,85 0,60 Farinhas, cereais,

    vegetais desidratados

    No se multiplicam bactrias patognicas.

    Alterao por microrganismos xerfilos,osmfilos, halfilos.

    Inferior a 0,60 Confeitos, massas,

    biscoitos, leite em p,

    ovos em p, etc

    No se multiplicam os microrganismos embora

    possam seguir sendo viveis por muito tempo.

    A umidade de um alimento est relacionada com sua estabilidade e qualidade e composio, e

    pode afetar os seguintes itens:

    1-estocagem: Alimentos estocados com alta umidade iro se deteriorar mais rapidamente que os

    que possuem baixa umidade. Por exemplo, gros com umidade excessiva esto sujeitos a rpida

    deteriorao devido ao crescimento de fungos que desenvolvem toxinas como a aflatoxina.

    2-Embalagem: Alguns tipos de deteriorao podem ocorre am determinadas embalagens se o

    alimento apresenta uma umidade excessiva. Por exemplo, a velocidade do escurecimento

    (browning) em vegetais e frutas desidratadas, ou a absoro de oxignio (oxidao) em ovo em p,

    podem aumentar com o aumento da umidade, em embalagens permeveis luz e ao oxignio.

    3-Processamento: a quantidade de gua importante no processamento de vrios produtos, como,

    por exemplo, a umidade do trigo para fabricao de po e produtos de padarias

    Tabela 2 - contedo de umidade em alguns alimentos:

    ALIMENTOS % UMIDADE

    produtos lcteos fluidos 87 91

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    leite em p 4

    queijos 40 75

    manteiga 15creme de leite 60 70

    sorvetes 65

    margarina e maionese 15

    frutas 65 95

    hortalias 85

    carnes e peixes 50 70

    cereais

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    Apesar da literatura estar repleta de mtodos de determinao de umidade, no existe

    nenhum mtodo que seja ao mesmo tempo exato e prtico. Mtodos exatos, rpidos e simples de

    determinao de umidade aplicveis a todo o tipo de alimentos continuam a ser pesquisados.Em geral a determinao de umidade que parece um mtodo simples, se torna complicado em

    funo da preciso dos resultados. As dificuldades encontradas geralmente so as seguintes:

    (1)separao incompleta da gua do produto;

    (2)decomposio do produto com formao de gua alm da original;

    (3) perda das substancias volteis do alimento.

    Na prtica ten se preferido um mtodo que determine um maior valor da umidade,

    proveniente da decomposio de componentes orgnicos e volatilizao de compostos volteis, doque aqueles mtodos onde a gua negligenciada,ou removida incompletamente.

    Os mtodos para determinao de umidade so fundamentalmente baseados na secagem da

    amostra, em reaes qumicas com a gua, em destilao da gua e na interao fsica da gua

    a) METODOS POR SECAGEM

    a.1- Secagem em estufas

    o mtodo mais utilizado em alimentos e est baseado na remoo da gua por

    aquecimento, onde o ar quente absorvido por uma camada muito fina do alimento e ento

    conduzido para o interior por conduo. Como a condutividade trmica dos alimentos geralmente

    baixa, costuma levar muito tempo para o calor atingir as pores mais internas do alimento. Por

    isso, este mtodo costuma levar muitas horas, 6 a 18 horas em 100 a 105 C, ou at peso constante.

    A evaporao por um tempo determinado pode resultar numa remoo incompleta da gua,

    se ela estiver fortemente presa por foras de hidratao, ou se o seu movimento for impedido por

    baixa difusividade ou formao de crosta na superfcie. Por outro lado, na evaporao at peso

    constante, pode ocorrer uma superestimao da umidade por perda de substncias volteis ou por

    reaes de decomposio. Alm disso, o mtodo de secagem em estufa possui uma srie de

    limitaes de uso. E simples porque necessita apenas de uma estufa e cadinhos para colocar as

    amostras. Porm, a exatido do mtodo influenciada por vrios fatores:

    temperatura de secagem;

    umidade relativa e movimentao do ar dentro de estufa;

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    vcuo na estufa;

    tamanho das partculas e espessura da amostra;

    construo da estufa; nmero e posio das amostras na estufa;

    formao de crosta seca na superfcie da amostra

    material e tipo de cadinhos;

    pesagem da amostra quente.

    A temperatura de secagem deve ser um pouco acima de 100 C, para evaporar a gua

    presso atmosfrica na estufa simples. Porm, na estufa a vcuo, esta temperatura pode ser bastante

    reduzida (~70 C), preservando a amostra e evitando a formao de crostas na superfcie, quedificultaria a evaporao da gua.

    As partculas dos alimentos devem ser modas com espessuras menores possveis para

    facilitar a evaporao da gua.

    Estudos demonstraram que a velocidade de evaporao foi maior em cadinhos de alumnio

    do que de vidro e porcelana, maior em cadinhos rasos do que fundo e maior em estufas com

    ventilao forada do que em estufas simples.

    A pesagem da amostra deve ser feita somente aps esfri-la completamente no dessecador,pois a pesagem a quente levaria a um resultado falso.

    Estufas - simples; simples com ventilador (mais eficiente); a vcuo (para amostras que decompem

    na temperatura da estufa simples).

    Capsulas ou cadinhos - porcelana; platina, alumnio; vidro.

    Preparo da amostra

    Amostras lquidas: devem ser evaporadas em banho-maria at a consistncia pastosa para entoserem colocadas na estufa.

    Amostras aucaradas: formam uma crosta dura na superfcie, que impede a sada da gua do

    interior. Neste caso, costuma-se adicionar areia, asbesto ou pedra pome em p misturada na

    amostra, para aumentar a superfcie de evaporao.

    Peso da amostra: varia entre 2 a 5 g dependendo da quantidade de gua do produto, e ela deve

    ser bem espalhada no cadinho formando uma camada fina.

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    Condies de secagem

    Temperatura: varia entre 70 a 105 C, dependendo se for utilizado vcuo ou presso atmosfrica,

    Tempo: depende da quantidade de gua do produto. mas leva em mdia de 6 a 7 horas. Costuma-se deixar at peso constante.

    Procedimento

    Pesar uma quantidade definida de amostra numa cpsula previamente seca e tarada. O

    transporte da cpsula deve ser sempre com pina ou um papel para no passar a umidade da mo

    para o cadinho. Colocar a cpsula na estufa na temperatura conveniente e deixar at que toda gua

    seja evaporada, isto , at peso constante. Retirar a cpsula da estufa com uma pina e colocar numdessecador para esfriar. Pesar, depois de frio, o conjunto cpsula mais amostra seca. Descontar o

    peso da cpsula vazia para obter o peso da amostra seca. O peso da gua evaporada vai ser igual

    diferena entre o peso da amostra mida do peso da amostra seca. Os slidos totais sero a diferena

    entre o peso total da amostra e o peso de gua.

    Na determinao de umidade por secagem em estufa, o resduo seco pode ser utilizado para

    determinao de gordura e fibra bruta.

    Limitaes do mtodo1. Produtos com alto contedo de acar e carnes com alto teor de gordura devem ser secos em

    estufa a vcuo numa temperatura no excedendo a 70 C. Alguns acares, como a levulose,

    decompem ao redor de 70C, liberando gua.

    2. No serve para amostras com alto teor de substncias volteis, como condimentos.Vai ocorrer

    volatilizao destas substncias, com perda de peso na amostra, que ser computada como perda de

    gua.

    3. Pode haver variao de at 3C nas diferentes partes da estufa.

    4. Alguns produtos so muito higroscpicos e devem ser tampados no dessecador ao sarem da

    estufa e pesados rapidamente aps chegarem temperatura ambiente.

    5. A reao de caramelizao em acares liberando gua, durante a secagem, acelerada a altas

    temperaturas. Portanto produtos nestas condies devem ser secados em estufa a vcuo a 60 C.

    6. Alimentos contendo acares redutores e protenas podem sofrer escurecimento por reao de

    Maillard, com formao de compostos volteis como CO2 e compostos carbonlicos, e produtos

    intermedirios como furaldedo e hidroximetilfurfural. Estes compostos volteis sero medidos

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    erradamente como gua evaporada na estufa;

    7. Estufas com exausto forada so utilizadas pala acelerar a secagem a peso constante e so

    recomendadas para queijos, produtos marinhos e carnes.

    a.2 - Secagem por radiao infravermelha

    Este outro tipo de secagem mais efetivo e envolve penetrao do calor dentro da amostra, o

    que encurta o tempo de secagem em at 1/3 do total. O mtodo consiste em uma lmpada de

    radiao infravermelha com 250 a 500 watts, cujo filamento desenvolve uma temperatura entre

    2.000 a 2.500 K (700 C). A distncia entre a lmpada e a amostra crtica e deve ser cerca de 10

    cm para no haver decomposio da amostra. A espessura da amostra deve ficar entre 10 e 15 mm.O tempo de secagem varia com a amostra (20 minutos para produtos crneos, 10 minutos para

    gros, etc). O peso da amostra deve variar entre 2,5 a 10 g dependendo do contedo da gua.

    Equipamentos por secagem infravermelha possuem uma balana que d a leitura direta do contedo

    de umidade por diferena de peso. Possui a desvantagem de ser tambm um mtodo lento por poder

    secar uma amostra de cada vez. e, como conseqncia, arepetibilidade pode no ser muito boa, pois

    pode haver variao de energia eltrica durante as medidas.

    a.3 - Secagem em fornos de microondas

    E um mtodo novo e muito rpido, porem no um mtodo padro. A energia de

    microondas uma radiao eletromagntica com freqncia variando entre 3 Mhz e 30.000 Ghz. Os

    dois maiores mecanismos que ocorrem no aquecimento por microondas de um material dieltrico

    so rotao dipolar e polarizao inica. Quando uma amostra mida exposta radiao de

    microondas, molculas com cargas eltricas dipolares, tal como a da gua, giram na tentativa de

    alinhar seus dipolos com a rpida mudana do campo eltrico. A frico resultante cria calor, que

    transmitido para as molculas vizinhas. Portanto microondas podem aquecer o material mais

    rapidamente e vo aquecer seletivamente as reas com maior umidade, atingindo o ponto de

    ebulio da gua. Deste modo, o calor distribudo uniformemente tanto na superfcie como

    internamente no alimento, facilitando a evaporao da gua e evitando a formao de crosta na

    superfcie, como caracterstico na secagem em estufa. A amostra misturada com cloreto de sdio

    e xido de ferro, onde o primeiro evita que a amostra seja espirrada fora do cadinho e o segundo

    absorve fortemente radiao de microondas acelerando a secagem.

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    um mtodo bastante simples e rpido. Existem fornos de microondas analticos,

    construdos com balanas, escala digital e microcomputadores para calcular a umidade. Eles podem

    secar de 2 a 30 g de amostra com uma energia que varia de 175 a 1.400 W por um tempo entre 2,5 e90 minutos. A umidade da amostra pode variar entre 10 e 90%. Para evitar os mesmos problemas de

    superaquecimento, que ocorrem na estufa comum, podemos fazer um monitoramento e calibrao

    da energia usada no forno microondas. A comparao deste mtodo com o mtodo padro,

    utilizando secagem em estufa, apresentou uma diferena mdia de 1,15%.

    A grande vantagem da secagem por microondas que o poder da energia radiante e o tempo

    de secagem podem ser calibrados para os diferentes tipos e quantidades de amostras, enquanto isto

    no possvel no mtodo por secagem em estufa.

    a.4 - Secagem em dessecadores

    Os dessecadores so utilizados com vcuo e compostos qumicos absorventes de gua.

    Porm, temperatura ambiente, a secagem muito lenta e em alguns casos pode levar at meses. O

    uso de vcuo e temperatura ao redor de 50 C bem mais satisfatrio.

    b) MTODOS POR DESTILAO

    E um mtodo que j existe a mais de 70 anos, mas que no muito utilizado, principalmente

    como mtodo de rotina, por sua grande demora. Porm ele tem as vantagens de proteger a amostra

    contra oxidao pelo ar e diminuir as chances de decomposio causada pelas altas temperaturas na

    secagem direta. E mais utilizado para gros e condimentos que possuem muita matria voltil, que

    recolhida separada da gua no solvente orgnico.

    b.1 - Procedimento

    Pesar uma quantidade de amostra que d uma quantidade de gua entre 2 e 5 mL. Colocar

    num frasco, com o solvente de ponto de ebulio maior que da gua, cobrindo a amostra. Ligar o

    frasco no condensador e aquecer. A destilao chega ao fim quando aparecer, no frasco graduado

    de coleta, os dois nveis, o de gua e o de solvente, que comea aparecer acima da gua. Deslocar a

    gua que fica retida nas paredes de vidro com um fio de cobre em espiral, lavando o fio com tolueno

    dentro do frasco coletor. Destilar por mais 5 minutos e deixar esfriar para tomar a leitura do volume

    de gua no frasco coletor que graduado em mL, com uma preciso de at 0,01 mL.

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    b.2 - Dificuldades do mtodo

    1. Preciso relativamente baixa do frasco coletor.

    2. Dificuldades na leitura do menisco.3. Aderncia de gotas de gua no vidro.

    4. Solubilidade da gua no solvente de destilao

    5. Evaporao incompleta da gua.

    6. Destilao de produtos solveis em gua (com pontos de ebulio menor que da gua).

    b.3 - Observaes do mtodo

    1. Solventes recomendados: tolueno (PE= 111 C), tetracloroetileno (PE=121 C), xileno (PE=137

    a 140 C).2. O equipamento deve ser todo lavado com soluo de cido sulfrico-dicromato, enxaguado

    com gua destilada e depois com lcool e seco aps cada uso.

    3. O frasco coletor deve ser calibrado com destilaes sucessivas de quantidades conhecidas de

    gua.

    4. A escolha dos vrios tipos de frascos coletores existentes vai depender do volume de gua

    esperado na destilao; grau de calibrao requerida; facilidade de escoamento e outros fatores.

    c). MTODOS QUIMICOS

    O nico mtodo qumico que comumente utilizado para alimentos aquele que emprega o

    reagente de Karl Fischer, e por isso conhecido como mtodo de Karl Fischer. Este reagente

    composto de iodo, dixido de enxofre, piridina e um solvente que pode ser metanol.

    Por ser o reagente de Karl Fischer um dissecante poderoso, a amostra e o reagente devem ser

    protegidos contra a umidade atmosfrica em todos os procedimentos. Oprocedimento do mtodo se

    baseia numa titulao visual ou eletromtrica. O I2 reduzido para I na presena de gua. Quando

    toda gua da amostra for consumida, a reao cessa.

    Na titulao visual, a soluo da amostra permanece amarelo canrio enquanto houver gua

    presente, mudando para amarelo escuro e no ponto final para amarelo-marrom, caracterstico do

    iodo em excesso. A titulao visual , entretanto, menos precisa que o procedimento que e emprega

    a medida eletromtrica do ponto final, principalmente, para amostras coloridas.

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    Observaes do mtodo

    1. Alm do metanol, piridina, dioxano e dimetil formamida podem ser empregados como solventes

    da amostra,2. Titulao direta usualmente fornece a gua total, isto , gua livre mais gua de hidratao. O

    mtodo no pode ser aplicado sem modificaes em materiais contendo substncias que reagem

    com lodo, como, por exemplo, cido acrbico.

    3. Alguns vegetais desidratados, como condimentos, contm aldedos e cetonas ativos, que reagem

    com o metanol de Karl Fischer, produzindo gua.

    Este mtodo geralmente aplicado em amostras que no do bons resultados pelo mtodo de

    secagem a vcuo. Os produtos que so analisados por este mtodo so normalmente produtos combaixo teor de umidade como frutas e vegetais desidratados, balas, chocolates, caf torrado, leos e

    gorduras. tambm utilizado em produtos ricos em acares, corno mel, e produtos ricos em

    ambos, acares redutores e protenas, como os cereais.

    O mtodo pode ser aplicado tambm em produtos de nveis de umidade intermedirios como

    produtos de padaria, misturas para bolos ricas em gordura e tambm em produtos com altos nveis

    de leos volteis.

    d) MTODOS FSICOS

    d.1 - Absoro de radiao infravermelha: a medida da absoro da radiao em comprimentos

    de onda na regio do infravermelho obtm a quantidade de gua na amostra, com sensibilidade em

    ppm numa larga gama de materiais orgnicos e inorgnicos.

    d.2 - Cromatografia gasosa: uma tcnica pouco usada. muito rpida (5 minutos)e pode ser

    aplicada em alimentos com uma larga faixa de umidade (8 a 56%) como cereais, produtos de

    cereais, frutas e produtos derivados de frutas, porm necessrio verificar a correlao com o

    mtodo padro de secagem em estufa, para cada tipo de amostra.

    d.3 - Ressonncia nuclear magntica: tcnica tambm pouco usada. Requer equipamento caro e

    sofisticado, mas oferece medidas muito rpidas (1 minuto), precisas e no destroem a amostra. Pode

    ser utilizada simultaneamente para a determinao de umidade e gordura.

    d.4 - ndice de refrao: um mtodo bastante simples e rpido, feito no refratmetro, e est

    baseado na medida do ngulo de refrao da amostra. Porm um mtodo menos preciso que os

    outros.

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    d.5 - Densidade: tambm um mtodo simples, rpido e barato, mas pouco preciso. E mais

    utilizado para amostras com alto teor de acar, e a quantidade de gua obtida atravs da medida

    da densidade da amostra.d.6 - Condutividade eltrica: baseado no princpio de que a quantidade de corrente eltrica que

    passa num alimento ser proporcional quantidade de gua no alimento. O mtodo muito rpido

    (1 minuto), mas pouco preciso.

    d.7 - Constante dieltrica: amido, protenas e componentes similares tm uma constante dieltrica

    de cerca de 10, enquanto a constante dieltrica da gua de 80. Portanto uma pequena mudana na

    quantidade de gua produz uma grande mudana na constante dieltrica do alimento. O mtodo

    rpido e muito utilizado em farinhas, porm tambm pouco preciso.As trs primeiras tcnicas citadas (A, B e C) necessitam de equipamentos caros e

    sofisticados e no so comumente utilizadas. As caractersticas dos quatro ltimos mtodos (D, E, F

    e G) so que eles so simples, rpidos e baratos, mas tambm pouco precisos. Alm disso, nos dois

    ltimos (F e G), que so mtodos eltricos, as medidas podem ser afetadas pelas texturas dos

    alimentos, tipo de embalagem, teor de metais, temperatura e distribuio de gua no alimento. So

    bastante utilizados para avaliao de matria-prima e durante o processamento. Porm deve-se ter

    em mente dois cuidados na sua utilizao: correo para temperatura e calibrao necessria para

    cada tipo de alimento.

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    1 SAIS MINERAIS - INTRODUO E IMPORTNCIA

    Cinzas de um alimento o nome dado ao resduo inorgnico que permanece aps a queima

    da matria orgnica, entre 550 570C, a qual transformada em CO2, H2O e NO2, assim sendo, acinza de um material o ponto de partida para a anlise de minerais especficos. Estes minerais so

    analisados tanto para fins nutricionais como tambm para segurana. Como exemplo pode-se citar os

    resduos metlicos provenientes de inseticidas e outros agrotxicos e tambm o estanho proveniente

    de corroso de latas, etc.

    Os processos de determinao do contedo de cinzas so de grande valor em alimentos, por

    vrias razes. Por exemplo a presena de grande quantidade de cinzas em produtos como acar,

    amido, gelatina, etc. no desejvel. Um outro exemplo que devem ser feitas determinaes decinzas durante o processamento de cana-de-acar para a produo de acar, devido a problemas

    causados por alta concentrao de minerais no caldo, que causam interferncia durante a clarificao

    e cristalizao. A presena de determinados minerais (carbonatos) na gua pode causar problemas de

    incrustaes nas tubulaes e caldeira ou diminuir a eficincia de produtos usados na limpeza e

    sanitizao da indstria.

    A cinza constituda principalmente de:

    Macronutrientes: requeridos em uma dieta em valores dirios acima de 100 mg e normalmente

    presentes em grandes quantidades nos alimentos, como: K, Na, Ca, P , S, Cl e Mg;

    Micronutrientes: requeridos em uma dieta em valores dirios abaixo de 100 mg e normalmente

    presentes em pequenas quantidades nos alimentos, como: AI, Fe, Cu, Mn e Zn;

    Elementos traos: alm dos macros e micronutrientes, ainda existem os chamados elementos

    traos que se encontram em quantidades muito pequenas nos alimentos. Alguns so necessrios

    ao organismo humano e muitos deles so prejudiciais a sade, os contaminantes qumicos, entre

    esses se destacam: Ar, I, F, Cr, Co, Cd e outros elementos.

    A cinza obtida no e necessariamente da mesma composio que a matria mineral presente

    originalmente no alimento, pois pode haver perda por volatilizao ou alguma interao entre os

    constituintes da amostra. Os elementos minerais se apresentam na cinza sob a forma de xidos,

    sulfatos, fosfatos, silicatos e cloretos, dependendo das condies de incinerao e da composio do

    alimento. Algumas mudanas podem ocorrer como oxalatos de clcio podem ser transformados em

    carbonatos ou ate em xidos.

    A composio da cinza vai depender da natureza do alimento e do mtodo de determinao

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    utilizado:

    Ca - alta concentrao em produtos lcteos, cereais, nozes, alguns peixes e certos vegetais;

    P - alta Concentrao em produtos lcteos, gros, nozes, carne, peixe, aves, ovos e legumes. Fe - alta concentrao em gros, farinhas, produtos farinceos, cereais assados e cozidos, nozes,

    carne, aves, frutos do mar, peixes, ovos e legumes. Baixa concentrao em produtos lcteos, frutas e

    vegetais.

    Na - sal a principal fonte, e em quantidade mdia em produtos lcteos, frutas, cereais, nozes,

    carne, peixes, aves, ovos e vegetais.

    Mg - nozes, cereais e legumes.

    Mn - cereais, vegetais e algumas frutas e carnes.

    Cu - frutos do mar, cereais e vegetais.

    S - em alimentos ricos em protenas e alguns vegetais.

    Co - vegetais e frutas.

    Zn - frutos do mar e em pequena quantidade na maioria dos alimentos.

    2 - FUNES DOS SAIS MINERAIS NO ORGANISMO:

    a) Funo constituinte, fazendo parte de ossos e dentes, dando-lhes rigidez;

    b) Fazem parte de alguns compostos, tais como enzimas vitaminas e hormnios;

    c) Fazem parte de alguns tecidos brancos, como o caso do fsforo, que se encontra no

    crebro;

    d) Mantm o equilbrio osmtico nos lquidos do organismo, comportando-se como ons;

    e) Colaboram na manuteno do equilbrio acido - base, por poderem comportar-se como cido

    ou bases.

    f) Os minerais so necessrios ao processo vital, devendo estar contidos nos alimentos emquantidades e propores adequadas.

    Tabela 4 - O contedo mineral total mdio de alguns alimentos:

    PRODUTO In Natura Seco

    Leite .............................................. 0,7 5,4 - 6,0

    Queijo............................................ 1,0 6,0 2,0 10,0

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    Farinha de Trigo............................ 0,3 - 0,8 0,34 0,91

    Carne de boi.................................. 0,8 - 1,0 1,9 3,2

    Abacate.......................................... 1,5 4,0Espargo.......................................... 0,7 10,0

    Sardinha......................................... 2,7 3,9 7,3 7,4

    Mariscos........................................ 2,1 2,3 10,7 13,3

    Laranja........................................... 0,5 3,9

    Po................................................. 1,7 2,6 2,6 4,7

    Acares e xaropes........................ 0,0 0,0

    Feijo............................................. 3,6 4,0 4,0 4,4Espinafre........................................ 1,5 20,0

    CLCIO

    Funes: O clcio necessrio para a formao dos ossos e dentes, para a correto funcionamento do

    sistema nervoso e muscular e coagulao do sangue.

    Fontes: Leite e derivados, frutas secas, legumes e espinafre

    Necessidades Dirias: 800 mg (pessoa adulta)

    Conseqncias: seu pouco consumo causa degradao dos ossos; raquitismo; excitao de nervos e

    msculos e seu excesso pode haver formao de clculos renais.

    Seu metabolismo est intimamente ligado ao do fsforo, portanto pode haver certas complicaes quando

    do consumo de alimentos ricos em fsforo e pobres em clcio.

    Menos de 40 % do clcio da dieta e absorvido pelo organismo. Seu aproveitamento melhor

    quando associado com protenas (leite) e quando d presena de vitamina D.

    CLORO

    Funes: Como on contrrio ao sdio, o cloro importante para manter a presso osmtica das clulas e

    para a funo renal; um componente do suco gstrico (HCl)

    Fontes: alimentos salgados (NaCl)

    Necessidades Dirias: 830 mg (quantidade mnima estimada)

    Conseqncias: deficincia causa dores de cabea, cimbras musculares e m circulao.

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    FERRO

    Funes: faz parte dos pigmentos do sangue (hemoglobina) e atua no transporte de O2;Fontes: carnes e derivados, vsceras, cereais integrais, hortalias espinafre;

    Necessidades Dirias: 10 a 15 mg (pessoa adulta)

    Conseqncias: carncia causa anemia, cansao e debilidade muscular. Excesso provoca

    pardeamento da cor da pele e transtornos hepticos.

    Absoro do ferro de origem animal e melhor que os de origem vegetal, a Vitamina C melhora sua

    absoro e caf e o ch preto dificultam devido a formao de sais com tanino.

    POTSSIO

    Funes: necessrio para manter a presso osmtica especialmente nos lquidos intersticiais; facilita

    o transporte de gua nos tecidos;

    Fontes: frutas , hortalias, batatas, carne, leite;

    Necessidades Dirias: 2000 mg (pessoa adulta)

    Conseqncias: carncia causa debilidade muscular, letargia e transtorno da funo cardaca.

    Excesso eliminado na urina se a funo renal normal.

    Como e potssio diurtico, em uma alimentao rica pode causar perda de peso.

    MAGNSIO

    Funes: essencial para formao ssea; para a atividade muscular e nervosa e, tambm, para

    muitos processos metablicos.

    Fontes: cereais, legumes, laticnios, hortalias; frutas secas, gua mineral.

    Necessidades Dirias: 300 a 350 mg (pessoa adulta)

    Conseqncias: carncia transtornos metablicos e excitao muscular

    SDIO

    Funes: retira gua dos tecidos criando assim a presso osmtica nas clulas e, com isso, a teso

    nos tecidos, regulando o metabolismo hdrico, afora ser importante para a contrao muscular e para

    muitos processos metablicos

    Fontes: sal marinho e sal gema, alimentos salgados, gua mineral.

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    Necessidades Dirias: 550 (mnima diria) a 2000 mg

    Conseqncias: carncia causa dores de cabea problemas circulao, cimbras musculares.

    Excesso provoca hipertenso.Atualmente a populao brasileira consome em mdia 2 a 3 vezes mais que as doses recomendadas.

    Pode-se recorrer a misturas de sais pobres em sdio, como sais de P, Ca, Mg (sucedneos do sal;

    diettico).

    FSFORO

    Funes: junto com o Clcio, participa da formao dos ossos e dos dentes, componente de

    enzimas; participa da transformao energtica do metabolismo.Fontes: carnes e derivados, leite e derivados, ovos, pescados, cereais, bebidas de cola;

    Necessidades Dirias: 1200 a 1500 mg (pessoa adulta)

    Conseqncias: no se tem descrito carncia de fsforo. Excesso prejudica absoro de clcio.

    Os orto- e polifosfatos adicionados aos alimentos em quantidades permitidas no apresentam

    contra-indicaes

    ELEMENTOS TRAOS

    CROMO participa do metabolismo dos hidratos de carbono; no se conhece conseqncia de

    carncia ou falta. Necessidades dirias de 50-200 g . deve-se distinguir o cromo trivalente,

    presente em alimentos, do cromo hexavalente, este sim cancergeno, utilizado na industria qumica.

    Fontes: elaborados de carnes leveduras de cerveja, queijos e cereais integrais

    FLUOR estabiliza os ossos e endurece o esmalte dental, (previne cries). Necessidades dirias de

    1,0 mg. A deficincia de flor produz atrofia ssea e tendncia formao de crie dental. Em

    excesso txico. Mesmo que exista com abundncia na natureza, consumo excessivo em alimentos

    pouco provvel. Fontes: pescado marinho, cereais, vsceras, gua e ch preto.

    IODO - Indispensvel na sntese de hormnios tiroideais. Necessidades dirias de 0,18 a 0,20 mg.

    Fontes: pescado marinho, vsceras, leite e ovos. A carncia provoca o aumento da tiride e a

    formao do bcio e o excesso pode provocar o hipertiroidismo.

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    COBRE - um componente de muitas enzimas, que catalisam processo de oxidao e reduo,

    participa do metabolismo do ferro. Fontes: vsceras, fgado, pescado, cacau, hortalias verdes.Necessidades dirias: 1,5 a 3,0 mg. A carncia provoca doenas sanguneas e contedos elevados de

    ferro no fgado e alterao na cor da pelo.

    ZINCO componente e elemento auxiliar de enzimas. Fontes: vsceras, carne magra, laticnios,

    pescados e moluscos. Necessidades dirias: 12 a 15 mg. Carncia produz dificuldade de

    crescimento, falta de apetite, dificuldade de cicatrizao e maior vulnerabilidade a infeces. O

    zinco pouco txico.

    PERDAS DE MINERAIS DURANTE PROCESSAMENTO

    O elevado grau de industrializao no processamento de alimentos traz consigo a perda de

    minerais. Devido ao fato de que muitos minerais so solveis em gua, os alimentos preparados por

    muito tempo em imerso perdem substancialmente minerais. Para manter o teor de minerais nos

    alimentos, a forma mais apropriada de aquecimento com vapor

    METODOLOGIA PARA DETERMINAO DE CINZAS EM ALIMENTOS

    A determinao dos constituintes minerais nos alimentos pode ser dividida em duas classes:

    1 Determinao da cinza (total, solvel e insolvel);

    A determinao de cinza total utilizada como indicativo de vrias propriedades:

    a) Largamente aceito como ndice de refinao para acares e farinhas. Nos acares, uma

    cinza muito alta dificultar a cristalizao e descolorao. Na farinha, a quantidade de cinza influir

    na extrao.

    b) Nveis adequados de cinza total so um indicativo das propriedades funcionais de alguns

    produtos alimentcios, por exemplo, a gelatina. Em gelias de frutas e doces em massa, a cinza

    determinada para estimar o contedo de frutas.

    c) E um parmetro til para verificao do valor nutricional de alguns alimentos e raes. Alto

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    nvel de cinza insolvel em cido indica a presena de areia.

    2. Determinao dos componentes individuais da cinzaOs componentes minerais presentes nos sistemas biolgicos podem ser divididos naqueles que

    so:

    a) indispensveis para o metabolismo normal e geralmente constituem os elementos da dieta

    essencial;

    b) aqueles que no tm nenhuma funo conhecida ou at podem ser prejudiciais sade. Estes

    ltimos podem aparecer do solo, provenientes da pulverizao das plantas com agrotxicos ou como

    resduos de processos industriais. Alguns resduos metlicos podem ter efeitos txicos como Pb eHg. A oxidao do cido ascrbico (vitamina C) e a estabilidade de sucos de fruta so afetados por

    Cu. Alguns componentes minerais podem aumentar e outros impedir a fermentao de produtos

    fermentados.

    Alm destas duas classes de determinao de cinzas, outros trs tipos so tambm

    importantes para a caracterizao da pureza e adulterao de amostras:

    Cinza solvel e insolvel em gua: o mtodo bastante utilizado para a determinao da

    quantidade de frutas em gelias e conservas.

    Alcalinidade da cinza: as cinzas de produtos de frutas e vegetais so alcalinas, enquanto de

    produtos crneos e certos cereais so cidas. A alcalinidade das cinzas e devido presena de sais de

    cidos fracos como o ctrico, tartrico e mlico, que na incinerao so convertidos nos carbonatos

    correspondentes. Esta tcnica utilizada para verificar adulterao em alimentos de origem vegetal

    ou animal.

    Cinza insolvel em cido: esta determinao importante para a verificao da adio de

    matria mineral em alimentos como sujeira e areia em temperos, talco em confeitos e sujeira em

    frutas.

    4- RESDUO MINERAL TOTAL

    a) CINZA SECA

    mais comumente utilizada para determinao de cinza total. tambm utilizada na

    determinao de cinza solvel em gua, insolvel em gua e insolvel em cido. til tambm na

    determinao dos metais mais comuns que aparecem em maiores quantidades.

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    uma tcnica simples e til para anlise de rotina.

    demorada, mas pode-se utilizar certos agentes aceleradores ou ento deixar durante a noite a

    temperaturas mais baixas. Limitao do uso: altas temperaturas, reaes entre os metais e os componentes da amostra, ou

    entre estes e o material do cadinho.

    Temperaturas mais altas com maior volatilizao.

    Geralmente mais sensvel para amostras naturais.

    Necessita menor superviso.

    Menos brancos para os reagentes.

    Pode-se usar amostras grandes.

    Procedimento Geral - Pesar amostra (cerca de 5 g) num cadinho de platina ou porcelana, o qual

    deve ter sido previamente incinerado, esfriado e tarado. Depois o conjunto deve ser incinerado numa

    mufla, inicialmente a temperatura mais baixa e depois a 500- 600 C. A mufla o equipamento

    utilizado para incinerar a matria orgnica da amostra, uma espcie de forno que alcana altas

    temperaturas. Quando a cinza estiver pronta, isto , no restar nenhum resduo preto de matria

    orgnica, o conjunto retirado da mufla, colocado num dessecador para esfriar e pesado quandoatingir a temperatura ambiente. A diferena entre o peso do conjunto e o peso do cadinho vazio d a

    quantidade de cinza na amostra.

    O mtodo de determinao de cinza emprico e por isso deve-se sempre especificar o tempo

    e a temperatura utilizados, que vo depender do tipo de amostra.

    Preparao da amostra - Os pesos de amostra variam com o contedo de cinzas dos produtos

    cereais, queijo e leite: 3 - 5 g;

    acar, carne. legumes. vinho: 5 10 g; sucos, frutas frescas, frutas enlatadas: 25 g;

    gelia, xarope, doces em massa: 10 g.

    Amostras lquidas ou midas devem ser secas em estufa antes da determinao de cinzas.

    Costuma-se usar a amostra que foi utilizada para a determinao de umidade.

    Produtos que contem grande quantidade de matria voltil. como condimentos, devem ser

    aquecidos vagarosamente de maneira que comecem a fumegar sem pegar fogo.

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    Produtos ricos em gordura tambm devem ser aquecidos cuidadosamente para evitar excesso

    de chama, que poderia causar perdas por arraste. Em peixes e produtos marinhos gordurosos, deve-

    se fazer uma incinerao prvia a baixa temperatura. de modo que a gordura comece a fumegar semincendiar-se. Em queijos gordurosos adicionar urna pequena quantidade de algodo absorvente (com

    quantidade de cinza conhecida) e incinerar cuidadosamente para evitar respingos fora do cadinho.

    Em produtos com muita gordura, como a manteiga, necessrio fazer a extrao da gordura da

    amostra j seca com algum solvente orgnico, como ter etlico ou ter de petrleo, antes da

    incinerao da amostra.

    Produtos aucarados tendem a formar espuma na determinao de cinzas, isto pode ser

    evitado adicionando-se vaselina ou azeite de oliva em pequena quantidade, pois estes produtospossuem 0% de cinzas. Nos mtodos oficiais, recomenda-se que acares e produtos aucarados

    devem ser secos a 100 C, em banho-maria ou em estufa, e depois se deve adicionar pequenas gotas

    de azeite puro (no possui elementos minerais), para ento o produto ser aquecido vagarosamente.

    Tipos de cadinhos - A escolha vai depender do tipo de alimento a ser analisado e do tipo de

    anlise. Os materiais utilizados incluem quartzo, Vycor (tipo de vidro resistente a altas

    temperaturas), porcelana, ao, nquel, platina e uma liga de ouro-platina.

    Porcelana: assemelha-se ao quartzo em propriedades qumicas e fsicas. Resistncia

    temperatura ainda maior (1.200 C). Mantm sua superfcie lisa e pode ser limpo com HCl diludo.

    E bastante utilizado por manter seu peso constante e pelo seu baixo preo. No entanto susceptvel a

    lcalis e pode rachar com mudanas bruscas de temperatura.

    Platina: o melhor de todos em vrios aspectos, mas muito caro. Tem alta resistncia ao calor

    (1773C), boa condutividade trmica e quimicamente inerte. Pode ter corroso com materiais

    orgnicos que possuam xido de Fe, Pb e Sb. Pode ser limpo por fervura em gua ou cidos.

    Temperaturas de incinerao na mufla

    525 C: frutas e produtos de frutas, carne e produtos crneos, acar e produtos aucarados e

    produtos de vegetais.

    550 C: produtos de cereais, produtos lcteos (com exceo da manteiga, que utiliza 500 C),

    peixes e produtos marinhos, temperos e condimentos e vinho.

    600 C: gros e rao.

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    Tempo de incinerao

    O tempo difcil de especificar, pois varia com o produto e com o mtodo. Existe

    especificao somente para gros e rao, que de duas horas.Para os demais produtos, a carbonizao est terminada quando o material se toma

    completamente branco ou cinza, e o peso da cinza fica constante. Isto costuma levar muitas horas.

    Quando o tempo est muito prolongado, talvez pela formao de uma matria mineral

    fundida, o resduo deve ser molhado, seco e reaquecido, at que aparea uma cinza branca. Quando

    o tempo de anlise muito longo, podemos acelerar o processo com adio de: glicerina, lcool,

    oxidantes qumicos.

    Pesagem da cinza

    Deve-se tomar todo o cuidado no manuseio do cadinho com a cinza antes de pesar, porque

    ela muito leve e pode voar facilmente. Para melhor proteo, deve-se cobrir com um vidro de

    relgio, mesmo quando estiver no dessecador. Algumas cinzas so muito higroscpicas e devem ser

    pesadas o mais rapidamente possvel num frasco com tampa (pesa-filtro). Um exemplo deste tipo de

    cinza a de frutas que contm carbonato de potssio, que altamente higroscpico.

    Para determinao dos minerais individualmente, no se deve utilizar a determinao da

    cinza seca, pois por este mtodo vai haver muita perda de certos elementos, dependendo da

    temperatura utilizada (mxima de 500 C). Entre estes elementos, esto Ar, Hg e Pb.

    b) CINZA MIDA

    mais comumente utilizada para determinao da composio individual da cinza.

    Pode-se utilizar baixas temperaturas, que evitam as perdas por volatilizao.

    mais rpida.

    Utiliza reagentes muito corrosivos.

    Necessidade de brancos para os reagentes.

    No prtico como mtodo de rotina.

    Exige maior superviso.

    No serve para amostras grandes.

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    utilizada na determinao de elementos em traos, que podem ser perdidos na cinza seca, e

    tambm de metais txicos.

    A digesto pode ser feita com um nico cido, mas s vezes no suficiente para a completadecomposio da matria orgnica:

    cido sulfrico: no um agente oxidante muito forte e a completa decomposio pode demorar,

    mas para acelerar o processo pode-se adicionar um sal como sulfato de potssio que vai aumentar o

    ponto de ebulio do cido, acelerando assim o processo.

    cido ntrico: um bom oxidante, mas pode ser evaporado antes da oxidao terminar e tambm

    pode causar a formao de xidos insolveis.

    O mais utilizado na determinao da cinza mida a mistura de mais de um cido. A misturamais utilizada de H2SO4-HNO3, cujas quantidades vo variar com o tipo de amostra. E bastante

    utilizada em amostras vegetais, porm pode haver volatizao de alguns minerais como arsnio,

    selnio, mercrio etc.

    Para amostras ricas em acares e gordura, necessrio evitar a formao de espuma. Para

    isso, usa-se H2SO4 at embeber a amostra e depois uma pequena quantidade de HNO3 com

    aquecimento entre os dois. Por ltimo, pode-se adicionar H2O2 para completar a digesto.

    Para amostras contendo protenas e carboidratos e nenhuma gordura, recomenda-se a mistura

    HNO3-HClO4 (cido perclrico), porm tem a desvantagem de que o cido perclrico pode explodir.

    Na digesto de gros de trigo, a utilizao da mistura HNO3 + 70% HCIO4 (1:2) pode levar 10

    minutos, em comparao com a mistura usual de HNO3 +H2SO4 que levaria 8 horas.

    A mistura de trs cidos, H2SO4-HNO3-HClO4, um reagente universal, mas requer controle

    exato de temperatura e alguns minerais (como arsnio, chumbo, ouro, ferro, etc.) podem ser

    volatilizados.

    5 - ANLISE DOS ELEMENTOS INDIVIDUAIS

    A cinza obtida por via mida est pronta para ser utilizada para anlise individual de cada

    elemento mineral nela contido. Os mtodos que so empregados nesta anlise so:

    absoro atmica; emisso de chama; colorimetria; turbidimetria; titulometria.

    Todos os mtodos, com exceo do ltimo, so mtodos instrumentais em que os

    equipamentos utilizados so sofisticados e caros.

    Existem regras para a obteno de resultados precisos e exatos na anlise de traos de metais

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    que esto presentes na ordem de nanogramas e picogramas. So as seguintes:

    1. Todo o material utilizado (como equipamento e cadinhos) deve ser o mais puro e inerte possvel.

    Estes requisitos so obtidos principalmente com quartzo, platina e, em menor grau, compolipropileno.

    2. Limpeza dos equipamentos e cadinhos por banho de vapor muito importante para diminuir as

    interferncias e a adsoro dos elementos.

    3. Para diminuir os erros sistemticos, recomenda-se o uso de microtcnicas com pequenos

    equipamentos e cadinhos. Se elementos volteis vo ser determinados, o sistema deve ser fechado e

    a temperatura a mais baixa possvel.

    4. Os reagentes e material de laboratrio devem ser os mais