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CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE ANA PAULA ALVES DA SILVA ANÁLISE DA INTERMODALIDADE RODO- FERROVIÁRIA COM UTILIZAÇÃO DO EQUIPAMENTO INTERMODAL RODOTRILHO (ROAD RAILER). ESTUDO DE CASO DE UM OPERADOR LOGÍSTICO. São Paulo 2008

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CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

ANA PAULA ALVES DA SILVA

ANÁLISE DA INTERMODALIDADE RODO-FERROVIÁRIA COM UTILIZAÇÃO DO

EQUIPAMENTO INTERMODAL RODOTRILHO (ROAD RAILER).

ESTUDO DE CASO DE UM OPERADOR LOGÍSTICO.

São Paulo

2008

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CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

ANA PAULA ALVES DA SILVA

ANÁLISE DA INTERMODALIDADE RODO-FERROVIÁRIA COM A UTILIZAÇÃO DO

EQUIPAMENTO INTERMODAL RODOTRILHO (ROAD RAILER).

ESTUDO DE CASO DE UM OPERADOR LOGÍSTICO.

Monografia apresentada no curso de Tecnologia em Logística com ênfase em Transporte na Faculdade de Tecnologia da Zona Leste como requerido parcial para obter o Título de Tecnólogo em Logística com ênfase em Transporte Orientador: Prof. Ms. Célio Daroncho.

São Paulo

2008

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Silva, Ana Paula Alves da.

Analise da intermodalidade rodo-ferroviária com a utilização do equipamento intermodal rodotrilho (road railer). Estudo de caso de um operador logístico / Ana Paula Alves da Silva. – São Paulo, SP: [s.n], 2008.

108 f.

Orientador: Ms. Célio Daroncho Monografia- Faculdade de Tecnologia da zona Leste. Bibliografia: f.

1. Logística. 2. Transporte. 3. Intermodalidade rodo-ferroviária 4. Rodotrilho (road railer) I. Daroncho, Célio. II. Faculdade de

Tecnologia da Zona Leste.

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CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE

FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

ANA PAULA ALVES DA SILVA

ANÁLISE DA INTERMODALIDADE RODO-FERROVIÁRIA COM A UTILIZAÇÃO DO EQUIPAMENTO INTERMODAL RODOTRILHO

(ROAD RAILER).

ESTUDO DE CASO DE UM OPERADOR LOGÍSTICO.

Monografia apresentada no curso de Tecnologia em Logística com ênfase em transporte na FATEC ZL como requerido parcial para obter o Título de Tecnólogo em Logística com ênfase em Transporte.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________ Prof. Ms. Célio Daroncho.

Faculdade de Tecnologia da Zona Leste .

______________________________________ Prof. Cláudio Antonio Gomes

Faculdade de Tecnologia da Zona Leste

______________________________________ Tecnóloga Paula Caldo Montilha

DHL Express Brazil Ltda.

São Paulo, 08 de dezembro de 2008.

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A Deus por me guiar nesta longa jornada...

a minha família pelo apoio incondicional ...

e aos meus amigos pelo carinho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus que me concedeu a graça e a sabedoria para finalizar minha graduação.

A minha querida mãe pelo seu amor, apoio, compreensão e carinho.

Ao Professor Orientador Célio pelo conhecimento transmitido, pela paciência e

tempo dedicado.

Aos meus amigos do G-8 (Alexandre, Daniela, Mauricio, Paulo, Raul, Sérgio e Tiago)

por serem amigos de todas as horas.

Aos meus colegas de curso por terem sido companheiros nesta jornada.

A todos os professores que durante estes três anos contribuíram para minha

formação acadêmica e pessoal.

A todos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.

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"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada,

caminhando e semeando, no fim terás o que colher."

Cora Coralina

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SILVA, Ana Paula Alves da. Análise da Intermodalidade Rodo-Ferroviária com a utilização do equipamento intermodal Rodotrilho (Road Railer). 2008. Monografia (Tecnologia em Logística com ênfase: Transportes) Faculdade de Tecnologia da Zona Leste.

RESUMO

Faz muito tempo que a logística tornou-se uma ferramenta para as empresas que buscam um diferencial competitivo. Dentre as atividades que a compõem o transporte tem grande destaque, pois além de absorver grande parte dos custos também é o elo de ligação com todos os participantes da cadeia de suprimentos. É fundamental utilizar os modos de transporte da melhor forma possível, principalmente realizando a integração entre os modais para aproveitar as vantagens de cada um. Dentre as combinações intermodais a rodo-ferroviária se destaca, já que une a versatilidade do rodoviário com a grande capacidade de transporte do ferroviário. Essa integração se torna mais ágil e eficiente com a utilização de equipamentos que permitem a mudança de modal sem a necessidade de transbordo da mercadoria. Entretanto, para que essa operação possa fluir corretamente é necessário a solução de alguns problemas no setor ferroviário e rodoviário, pois assim o transporte intermodal rodo-ferroviário ganhará mais espaço e o país terá um sistema de transportes que poderá atender melhor as demandas atual e futura. Palavras-chave: logística, transporte, intermodalidade rodo-ferroviária, rodotrilho (road railer).

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SILVA, Ana Paula Alves da. Análisis de la Intermodalidade Rodo-Ferroviaria con la utilización de el equipamiento intermodal Rodotrilho (Road Railer). 2008. Monografía (Graduación en Tecnologia en Logística con énfasis: Transportes) Faculdade de Tecnologia da Zona Leste.

RESUMEN

Hace mucho tiempo que la logística hacies una herramienta para las empresas que buscan un diferencial competitivo. Entre las actividades que la componen el transporte tiene gran destaque, ya que absorbe gran parte de los costos logisticos y también es el eslabón de relación con todos participantes de la cadena logística. Es fundamental utilizar los modos de transporte de la mejor manera posible, sobretodo realizando la integración entre los modos de transporte para aproveichar las ventajas de cada un. Entre las combinacióes intermodales la rodo-ferroviaria destacase, ya que junta la versatilidad del carretero con la gran capacidad de transporte del ferroviario. Esa integración tornase más ágil y eficiente con la utilización de equipamientos que permiten el cambio del modo de transporte sin la necessidad de transbordo de la mercadería. No obstante, para que esa operación fluir correcta es necessario la solución de algunos problemas en el sector ferroviario y carretero, pues así el transporte intermodal rodo-ferroviário ganará más espacio y el país tendrá un sistema de transportes que podrá atender mejor las demandas actual y futura. Palabras llave: logística, transporte, intermodalidade rodo-ferroviária, rodotrilho (road railer).

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Comparação entre os sistemas rodoviários e ferroviários de diversos

países .................................................................................................... 31

Quadro 2 – Trechos rodoviários concedidos ........................................................... 71

Quadro 3 – Comparação entre os modais rodoviário e ferroviário e a opção

intermodal .............................................................................................. 90

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação das características de serviço entre os modais ............... 23

Tabela 2 – Panorama da desestatização da RFSA .................................................. 39

Tabela 3 – Projetos prioritários ferroviários indicados pelas concessionárias .......... 63

Tabela 4 – Critérios de licitação de concessão de rodovias no Brasil ...................... 69

Tabela 5 – Trechos rodoviários concedidos por estado (2006) ................................ 70

Tabela 6 - Avaliação geral das rodovias do Brasil .................................................... 74

Tabela 7 – Roubos/furtos de carga por região no ano de 2005 ............................... 76

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Custos logísticos com relação ao PIB – Brasil ....................................... 21

Figura 2 – Matriz de transportes brasileira ............................................................. 29

Figura 3 – Densidade de transporte (Km/1000km2) ................................................ 30

Figura 4 – Mapa da malha ferroviária brasileira ...................................................... 35

Figura 5 – Mapa da América Latina Logística ......................................................... 41

Figura 6 – Mapa da Companhia Ferroviária Nordeste ............................................ 42

Figura 7 – Mapa da ferrovia Centro-Atlântico .......................................................... 43

Figura 8 – Mapa da ferrovia Tereza Cristina ........................................................... 46

Figura 9 – Mapa da MRS Logística ......................................................................... 47

Figura 10 – Mapa da estrada de ferro Carajás ........................................................ 48

Figura 11 – Mapa da estrada de ferro Vitória-Minas ............................................... 49

Figura 12 – Mapa da estrada de ferro Amapá ........................................................ 50

Figura 13 – Mapa da estrada de ferro do Jarí ........................................................ 51

Figura 14 – Mapa da Ferroeste ............................................................................... 52

Figura 15 – Mapa da Ferrovia Norte-Sul ................................................................. 54

Figura 16 – Densidade ferroviária Brasil x EUA ...................................................... 53

Figura 17 – Produção Ferroviária (bilhões de TKU) ................................................ 55

Figura 18 – Evolução do volume transportado por ferrovias ................................... 56

Figura 19 – Principais produtos movimentados nas ferrovias brasileiras ................ 56

Figura 20 – Evolução do transporte de contêineres por ferrovia (por TKU) ............ 57

Figura 21 – Investimentos anuais das concessionárias ferroviárias ....................... 58

Figura 22 – Índice de acidentes ferroviários ............................................................ 59

Figura 23 – Invasão da faixa de domínio ferroviária ............................................... 61

Figura 24 – Passagens de nível ferroviárias .......................................................... 61

Figura 25 – Mapa rodoviário do Brasil ..................................................................... 66

Figura 26 – Mapa das concessões rodoviárias federais ......................................... 71

Figura 27 – Condição da malha rodoviária brasileira .............................................. 73

Figura 28 – Situação das rodovias brasileiras ........................................................ 75

Figura 29 – Condição da malha rodoviária por Estado ........................................... 75

Figura 30 – Evolução da idade media da frota de caminhões ................................ 78

Figura 31 – Rede multimodal de transportes .......................................................... 82

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Figura 32 – Sistema COFC ..................................................................................... 90

Figura 33 – Sistema TOFC ..................................................................................... 92

Figura 34 – Sistema DST ........................................................................................ 92

Figura 35 – Sistema Autotrem ................................................................................. 93

Figura 36 – Sistema Road Railer ........................................................................... 94

Figura 37 – Sistema rodotrilho ................................................................................ 95

Figura 38 - Vagão Fechado ..................................................................................... 98

Figura 39 – Contêiner .............................................................................................. 99

Figura 40 – Road Railer .......................................................................................... 99

Figura 41 – Características do Produto ................................................................. 100

Figura 42 – Representação da operação intermodal ............................................ 100

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 17

1.3 Justificativa ......................................................................................................... 17

1.4 Metodologia ........................................................................................................ 18

2 LOGÍSTICA E TRANSPORTE .............................................................................. 19

2.1 Modos de Transporte ......................................................................................... 23

2.1.1 Transporte rodoviário ...................................................................................... 24

2.1.2 Transporte ferroviário ...................................................................................... 25

2.1.3 Transporte aeroviário ...................................................................................... 26

2.1.4 Transporte aquaviário...................................................................................... 27

2.1.5 Transporte dutoviário ...................................................................................... 28

2.2 Matriz de Transportes ........................................................................................ 29

3 TRANSPORTE FERROVIÁRIO ............................................................................ 34

3.1 Histórico ............................................................................................................. 36

3.2 A Privatização do Setor Ferroviário .................................................................... 38

3.2.1 América latina logística – ALL ......................................................................... 40

3.2.2 Companhia ferroviária do Nordeste - CFN ...................................................... 41

3.2.3 Ferrovia Centro-Atlântico - FCA ...................................................................... 43

3.2.4 Consórcio Brasil ferrovias ................................................................................ 44

3.2.5 Ferrovia Tereza Cristina – FTC ....................................................................... 45

3.2.6 MRS logística .................................................................................................. 47

3.2.7 Estrada de ferro dos Carajás ........................................................................... 48

3.2.8 Estrada de fero Vitória-Minas - EFVM ............................................................. 49

3.2.9 Estrada de ferro Amapá - EFA ........................................................................ 50

3.2.10 Estrada de ferro do Jarí ................................................................................. 51

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3.2.11 Estrada de ferro Paraná Oeste – Ferroeste .................................................. 52

3.2.12 Ferrovia Norte-Sul ......................................................................................... 53

3.3 Aspectos do Transporte Ferroviário de Cargas no Brasil ................................... 54

3.3.1 Problema do transporte ferroviário ................................................................. 59

4 TRANSPORTE RODOVIÁRIO .............................................................................. 64

4.1 Histórico ............................................................................................................. 66

4.2 As Concessões Rodoviárias ............................................................................... 68

4.3 Aspectos do Transporte Rodoviário de Cargas .................................................. 72

4.3.1 Malha rodoviária .............................................................................................. 73

4.3.2 Problemas do transporte rodoviário de cargas ................................................ 76

5 INTERMODALIDADE E MULTIMODALIDADE ..................................................... 79

5.1 Legislação Multimodal ........................................................................................ 83

5.2 Operador de Transporte Multimodal (OTM) ....................................................... 85

5.3 Tipos de Intermodalidade e Multimodalidade ..................................................... 87

5.3.1 Intermodalidade rodo-ferroviária ..................................................................... 89

5.4 Combinações Intermodais Rodo-Ferroviárias ................................................... 90

5.4.1 Container on flatcar – COFC ........................................................................... 91

5.4.2 Trailer on flatcar – TOFC ................................................................................. 91

5.4.3 Double stack train – DST ................................................................................. 92

5.4.4 Autotrem .......................................................................................................... 93

5.4.5 Road railer (rodotrilho) ..................................................................................... 93

6 ESTUDO DE CASO ............................................................................................ .96

6.1 Empresa Alfa .................................................................................................... ..96

6.2 Operação Intermodal Rodo-Ferroviária ............................................................ ..98

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 102

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 105

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1 INTRODUÇÃO

A logística é uma área que vem se destacando no ambiente

empresarial. Inúmeras organizações notaram a importância desta em suas

operações. Isso se deve ao fato da logística ser uma área estratégica dentro das

organizações, pois os custos logísticos consomem uma parcela considerável dos

custos totais das empresas. Por isso, o interesse pela logística tem se consolidado

e o seu estudo se tornou primordial para que as instituições consigam atingir os

objetivos desejados.

Segundo Novaes (2007, p.35) apud Concil of Logistics

Management:

Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor.

Dentre as atividades que compõem a logística se destaca o

transporte, seja de matérias-primas ou de produtos acabados, entre os participantes

da cadeia de suprimentos. Este é o elemento mais significativo que engloba os

custos logísticos, tendo uma enorme participação em sua formação. Um sistema de

transportes eficiente contribui para o desenvolvimento, seja interno ou externo, de

um país.

Atualmente, buscando minimizar os custos com transporte

propõem-se à utilização de mais de um modo de transporte para a locomoção de

mercadorias - intermodalidade. A intermodalidade é uma prática utilizada para

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incrementar a eficiência do sistema de transporte e para aumentar os ganhos

econômicos.

A prática da intermodalidade aliada a equipamentos que facilitem o

intercâmbio entre os meios de transporte é uma forma de aproveitar as qualidades

de cada meio de transporte. Entre as combinações intermodais destaca-se a rodo-

ferroviária por ser a mais utilizada no mundo. Dentre as tecnologias intermodais

destaca-se o Road Railer, também conhecido internacionalmente como Carless e

no Brasil como Rodotrilho, que consegue unir, eficientemente, os modos rodoviários

e ferroviários.

No Brasil o transporte rodoviário é o modal que mais se sobressai

na matriz de transportes e as ferrovias, depois das concessões, estão se

reestruturando e alcançando resultados positivos. Esta tecnologia permite acoplar

uma carreta rodoviária adaptada a um truque ferroviário permitindo que a mesma

trafegue pela rodovia e no final deste percurso

1.1 Objetivo

Este trabalho tem com objetivo verificar a importância da

intermodalidade rodo-ferroviária no ambiente logístico brasileiro e como utilização

da tecnologia intermodal road railer (rodotrilho) auxilia nesta integração. E também

procura verificar as vantagens, as desvantagens e os empecilhos que a utilização

desta tecnologia enfrenta no cenário brasileiro.

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1.2 Justificativa

O transporte é essencial para o desenvolvimento econômico de um

país. De acordo com Ballou (1993, p. 24), o transporte "é essencial, pois nenhuma

firma moderna pode operar sem providenciar a movimentação de suas matérias-

primas e produtos acabados de alguma forma". Por isso é imprescindível para uma

nação ter um sistema de transportes estruturado e eficiente.

No Brasil o sistema de transportes enfrenta vários problemas de

infra-estrutura. A grande dependência do modal rodoviário e a baixa utilização dos

outros modos acabam gerando inúmeros entraves que prejudicam a melhoria do

sistema de transporte.

Sendo assim, é relevante analisar a possibilidade de outras formas

de transportes, dentre eles a intermodalidade, principalmente a rodo-ferroviária

como forma de estimular o equilíbrio da matriz de transporte e auxiliar na melhora

do serviço.

1.3 Metodologia

Para o desenvolvimento deste trabalho será realizada pesquisa

bibliográfica em livros, revistas especializadas, sites, trabalhos acadêmicos e um

estudo de caso de um operador logístico.

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2 LOGÍSTICA E TRANSPORTE.

A logística remota do tempo da Grécia Antiga, da necessidade de

planejar o abastecimento das tropas em terras distantes (GOMES e RIBEIRO,

2004, p.05). No princípio a logística estava voltada para a área militar, mas com o

passar do tempo à abrangência de seu conceito evoluiu, passando a englobar todos

os setores da economia.

De acordo com Ballou (1993, p. 24):

A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde a aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como os fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com propósito de providenciar níveis de serviço adequado aos clientes a um custo razoável.

Então, pode-se dizer que a logística tem como objetivo de atender

ao cliente da melhor forma possível durante todas as etapas do processo produtivo,

isso sem onerar os custos. Assim, a logística empresarial agrega ao processo

logístico os valores de lugar (disponível no local certo), de tempo (atender o prazo

estabelecido), de qualidade (condições adequadas) e de informação (transmissão

de dados pertinentes) aos produtos e serviços (NOVAES, 2007, p.33-35).

Já para Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 21):

A logística é o processo que gera valor a partir da configuração do tempo e do posicionamento do inventário, do transporte, do armazenamento, do manuseio e embalagens de matérias enquanto procedimentos integrados em uma rede de instalações.

Para conseguir atender manter um bom nível de serviço as

empresas devem estar atentas a todas as atividades que a logística engloba. De

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acordo com Ballou (1993, p. 368), as atividades de importância primária dentro da

logística são: o transporte, a manutenção de estoques e o processamento de

pedidos.

Para Caixeta-Filho e Martins (2007, p. 16), o transporte tem "a

função econômica de promover a integração entre sociedades que produzem entre

si". O transporte possui um papel fundamental dentro das atividades logísticas para

que as empresas consigam operar de forma eficiente (FIGUEIREDO, FLEURY e

WANKE, 2007, p. 234).

Segundo Vieira (2003, p.13), o "transporte nada mais é do que o

translado de um lugar a outro e sua necessidade está diretamente relacionada com

as atividades de comércio". Já Faria e Costa (2007, p. 86) definem transporte como:

O deslocamento externo do fornecedor para a empresa, entre plantas e da empresa para o cliente, estando ele em forma de materiais, componentes, subconjuntos, produtos semi-acabados, produtos acabados ou peças de reposição. É um fator na utilização de tempo e determina a rapidez e consistência um produto move-se de um ponto a outro.

Porém "muito embora a Logística incorpore diversos fatores que

transcendem o domínio estrito do transporte, [...] ele é uma dos mais importantes,

em razão dos impactos que produz nos custos [...]" (ALVARENGA e NOVAES,

2000, p.80). Sendo assim, o transporte tem um papel importante para o processo

logístico, pois seu custo contribui com uma parcela considerável dos gastos das

companhias e influencia o nível de serviço prestado.

O transporte é um componente fundamental na composição do

custo logístico, chegando a representar até 60% dos custos totais (RODRIGUES,

2006, p.20). Todas as decisões a respeito do transporte devem ser bem analisadas,

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pois acabam influenciando no preço do produto e, consequentemente, na

competitividade da companhia.

De acordo com Faria e Costa (2007, p.07), "os Custos Logísticos

são fatores críticos num país com as dimensões geográficas e a infra-estrutura para

transportes do Brasil, e, com o desafio da exportação e distribuição de produtos em

outros mercados". Por isso, é fundamental existir uma rede eficiente de transportes

para que os custos logísticos não onerem o preço final do produto, principalmente

dos produtos exportados que são fundamentais para a economia nacional.

O peso do transporte em relação ao custo logístico e também ao

Produto Interno Bruto (PIB) nacional pode ser verificado na figura 1. No ano de

2006 os custos logísticos representaram 11,70% do PIB nacional, sendo que os

gastos com transporte chegaram a 6,9% do total.

7% 6,90%

3,90% 3,70%

0,40% 0,50%

0,60%0,60%

2004 2006Transporte Administrativo Estoque Armazenagem

Figura 1: Gráfico dos custos logísticos com relação ao PIB – Brasil. Fonte: Pesquisa Cel/Coppead (2007).

Além disso, nota-se nitidamente que os custos com transporte

superam muito os gastos com os outros custos logísticos, sendo quase o dobro dos

custos com estoque e mais de dez vezes superior ao custo administrativo. Por isso,

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"a Logística, na qual o transporte é normalmente seu principal componente, é vista

como a última fronteira para a redução dos custos das empresas" (CAIXETA FILHO

e MARTINS, 2007, p. 13).

Além de ser um elemento importante na composição dos custos, e

também imprescindível porque se trata do elo entre os componentes da cadeia

logística. Sendo assim, o transporte é primordial para que as organizações

consigam atingir o objetivo logístico que é: o produto certo, na quantidade certa, na

hora certa, no lugar certo e ao menor custo possível (NAZÁRIO, 2000).

Os modos de transporte são: aeroviário, aquaviário, dutoviário

ferroviário e rodoviário. "A escolha do modal a ser utilizado pode contribuir pode

assegurar para a empresa economias significativas, como aumentar o desempenho

no que se refere ao nível de serviço prestado aos clientes" (FARIA e COSTA, 2007,

p.90). Cada modo apresenta peculiaridades que o torna apropriado ou não para

cada situação.

A escolha do modo de transporte adequado deve ser feita com base

em fatores econômicos como: distância, volume do produto, densidade do material,

facilidade de acondicionamento, facilidade de manuseio e mercado. (BOWERSOX e

CLOSS, 2001, p.38). A distância a ser percorrida, a quantidade a ser transportada e

a densidade do material estão interligados na questão do custo com o frete, já que a

variação em qualquer destes itens influenciará para mais ou para menos o custo

com o transporte.

O manuseio se dará conforme o material esteja acondicionado

(caixas, fardos, paletes) uma carga unitizada é mais fácil de manusear do que uma

fracionada. O destino das mercadorias e o fator principal, pois dependendo a

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localização do mercado consumidor poderá ter apenas um meio de transporte ou

dispor de mais opções.

2.1 Modos de Transportes

Os modos de transporte ou modais se referem aos meios existentes

para o transporte seja de mercadorias ou de pessoas. Conforme Bowersox (2006 p.

282), “um modal identifica um método ou forma básica de transporte”.Para se

escolher o modal mais adequado é importante considerar cinco pontos

fundamentais: a velocidade, a consistência, a disponibilidade, capacidade e a

freqüência (NAZÁRIO, WANKE e FLEURY, 2001).

A velocidade é o tempo gasto na movimentação do material. A

disponibilidade se trata da capacidade do modal em interligar a rota origem/destino.

A consistência se refere à capacidade de atender os prazos estipulados. A

movimentação é a adaptabilidade do modo em transportar grandes volumes e

diferentes configurações de mercadorias. A quantidade de vezes que o modal pode

realizar o transporte caracteriza a freqüência. A tabela 1 classifica os modos

conforme seu desempenho.

Tabela 1 – Comparação das características de serviço entre os modais.

Características Excelente Ótimo Bom Regular Péssimo

Velocidade aéreo rodoviário ferroviário aquaviário dutoviário Consistência dutoviário rodoviário ferroviário aquaviário aéreo Capacidade de Movimentação

aquaviário ferroviário rodoviário aéreo dutoviário

Disponibilidade rodoviário ferroviário aéreo aquaviário dutoviário Freqüência dutoviário rodoviário ferroviário aéreo aquaviário

Fonte: Adaptado de Nazário, Wanke e Fleury (2000).

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24

Nota-se que o modo aéreo apresenta a melhor classificação no

quesito velocidade, pois dentre os modais é o que consegue alcançar grande

rapidez. Já nos fatores consistência e freqüência o modo dutoviário obtém a melhor

posição, porque consegue transportar por 24 horas os sete dias da semana. No

item disponibilidade o transporte rodoviário apresenta o melhor resultado, pois

alcança a maior parte das rotas traçadas.

O modo aquaviário é o que tem melhora capacidade de

movimentação por poder transportar diversos materiais em grandes quantidades em

um único embarque. Em uma classificação geral o modo que apresenta melhor

desempenho em todos os itens é o rodoviário, e em segundo lugar o modo

ferroviário, pois foram os modos que conseguiram melhores colocações dentre as

características analisadas.

2.1.1 Transporte rodoviário

Segundo Faria (2001, p. 17), "o transporte caracteriza-se pela

excepcional capacidade de distribuição final dos produtos e grande versatilidade

[...]". Ele é o modo mais versátil e simples dentre seus pares, pois atende o

transporte porta a porta, sendo considerado mais apropriado para trajetos de curta e

média distância.

De acordo com Rodrigues (2006, p. 51), "por sua elevada

flexibilidade, este modal é indicado para a distribuição urbana, cujas transferências

são de pequenas distâncias, além das inevitáveis conexões com os demais

modais". A preferência de investimentos em rodovias do que em na malha ferrovia

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explica-se pelo fato de que os custos de implantação de uma rodovia são menores

comparando-se com os de uma ferrovia. Também a construção de rodovias não

necessita de grandes exigências topográficas e tecnologias.

Dentre suas vantagens encontram-se: a rapidez dos embarques e

partidas, facilidade na substituição do veículo no caso de acidente ou quebra e

maior disponibilidade de vias de tráfego e rotas (RODRIGUES, 2006, p. 55). Como

desvantagem tem-se: maior custo operacional, maior riscos de acidentes, maior

incidência de roubos e furtos, emissão de gases poluentes e poluição sonora e o

desgaste rápido da via rodoviária.

Segundo Faria e Costa (2007, p.90), no transporte rodoviário

brasileiro os custos fixos tornam-se baixos porque as rodovias são financiadas

pelos recursos públicos e também pela concessão a empresas privadas, todavia os

custos variáveis - como pedágio, combustível e manutenção - são elevados.

2.1.2 Transporte ferroviário

De acordo com Ballou (2006, p.154), "a ferrovia é basicamente um

transportador de longo curso e de baixa velocidade". O transporte neste modal é

realizado em estradas de ferro, onde se conecta os vagões em uma locomotiva. Por

isso, tem a capacidade de agrupar muitas unidades, formando uma composição de

transporte de carga de alta capacidade.

Segundo Faria e Costa (2007, p.92):

O transporte ferroviário é mais apropriado para grandes massas, e torna-se pouco eficiente e muito oneroso para o deslocamento de pequenas quantidades. Normalmente, é utilizado para itens de baixo valor agregado, mas com grandes volumes de movimentação

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(granéis, minérios, produtos agrícolas, etc) e para longas ou pequenas distâncias, com baixas velocidades.

Conforme Rodrigues (2006, p. 67), as vantagens deste modal são:

os fretes baixos com relação ao volume transportado, o baixo consumo energético,

privilegiamento do estoque em trânsito, menor incidência de acidentes e assaltos

em comparação ao rodoviário. Como desvantagens destacam-se os longos

períodos de viagens, os custos elevados quando existe a necessidade de

transbordo e a baixa flexibilidade de rotas.

De acordo com Bowersox, Closs e Cooper (2006, p.283), “as

operações ferroviárias apresentam custos fixos bastantes altos devido ao valor dos

equipamentos, ao direito preferencial de passagem e linhas, aos pátios de

manobras e aos terminais”. Porém apresenta custos variáveis baixos, como

combustível.

2.1.3 Transporte aéreo

O transporte aéreo é um dos mais recentes modos de transporte. É

pouco utilizado se comparado com os outros modos devido ao seu alto custo.

Contudo, segundo Novaes (2007, p. 251), "a importância do transporte aéreo na

Logística aumentou muito com a globalização, pois agora as cadeias produtivas

estenderam suas ramificações pelo mundo todo [...]".

Segundo Rodrigues (2006, p.97):

Tendo em vista as restrições impostas pelos custos mais elevados, limitações no tamanho das unidades de volume e peso, além de outras peculiaridades, o modal aéreo, seja ele de caráter regular ou regional, apresenta uma tipicidade própria das cargas que a ele devem ser direcionadas: gêneros alimentícios e outros bens perecíveis, animais e plantas vivos, jóias e artigos de moda.

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Este modo também é indicado para situações em que são

essenciais o tempo de entrega e a segurança do produto. O transporte aéreo é

utilizado intensamente para a movimentação de pequenas encomendas e

correspondências que precisam ser entregues com rapidez em locais distantes

(ALVARENGA e NOVAES, 2000, p. 84).

Segundo Rodrigues (2006, p. 100), um de seus pontos fortes é sua

alta velocidade além de sua grande eficiência no transporte e sua capacidade de

atender a regiões de difícil acesso que outros modos não conseguem atender.

Dentre seus pontos fracos encontram-se a menor capacidade em peso e volume de

cargas, os custos elevados de frete e as restrições às cargas perigosas.

2.1.4 Transporte aquaviário

O transporte aquaviário, conforme Rodrigues (2006, p.75), “é

aquele realizado pelos rios, lagos, mares e oceanos através de embarcações”. Este

modo é divido em: marítimo – navegação em mares e oceanos, fluvial - navegação

em rios e lacustre – navegação em lagos. "A costa brasileira é dotada de um

número apreciável de portos marítimos, alem de alguns portos fluviais que atendem

navios costeiros (por exemplo, Porto Alegre, Manaus, Belém)" (ALVARENGA e

NOVAES, 2000, p. 83).

Conforme Novaes (2007, p. 247), a navegação pode ser de longo

curso, onde o transporte é realizado entre países; de cabotagem que pode ser: a

navegação entre portos de um mesmo país, denominada pequena cabotagem, ou a

navegação entre países próximos, chamada de grande cabotagem. A seu favor tem

a grande eficiência energética e a elevada economia de escala para grandes lotes a

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longa distância (RODRIGUES, 2006, p. 94). Dentre suas limitações estão à

necessidade de grande infra-estrutura portuária.

O transporte fluvial ainda é pouco utilizado apesar de o país ter

grandes recursos hídricos naturais. De acordo com Rodrigues (2006, p. 81-82), a

elevada capacidade de transporte, os custos variáveis baixos, a grande

disponibilidade são as vantagens deste modal. Em contra ponto a baixa velocidade,

a variação da capacidade de transporte em virtude do nível das águas e os

obstáculos naturais e artificiais, como represas são suas desvantagens.

O transporte lacustre pode ser nacional, se realizado em lagos

internos ou internacional ligando países. Este modal tem uma participação ínfima no

sistema de transportes, dentre os lagos utilizados se destacam a Lagoa Mirim que

liga o Brasil ao Uruguai e a Lagoa dos Patos que interliga as cidades de Porto

Alegre e Rio Grande. No país a Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq)

é responsável pela regulamentação e controle do transporte aquaviário (NOVAES,

2007, p. 251).

2.1.5 Transporte dutoviário.

Segundo Rodrigues (2006, p. 101), o transporte dutoviário “traduz-

se no transporte de granéis, por gravidade ou pressão mecânica, através de dutos

adequadamente projetados à finalidade a que se destinam”. Ainda segundo o autor,

os principais tipos de dutos existentes são: os oleodutos - destinados ao transporte

de óleos (principalmente petróleo); os gaseodutos: destinados ao transporte de

gases, (no Brasil principalmente gás natural); e os minerodutos - destinados ao

transporte de minérios.

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De acordo com Bowersox (2006, p. 140), o transporte por dutos

apresenta custo fixo elevado já que necessita de uma estação de controle e

bombeamento e direitos de acesso. Em contrapartida apresenta custos variáveis

baixos com relação à manutenção da operação. O transporte dutoviário, como o

ferroviário e rodoviário são controlados e regulamentados pela Agência Nacional de

Transporte Terrestre (ANTT) que também atua nos terminais terrestres (NOVAES,

2007, p. 247).

2.2 A Matriz de Transportes

No Brasil o investimento desordenado no sistema de transporte

gerou o desequilíbrio da matriz de transporte privilegiando o modo rodoviário. A

participação dos modos ferroviário e aquaviário no transporte de cargas é muito

diferente se comparado a países de dimensões continentais como o Brasil. Por

várias décadas os outros modos foram deixados em segundo plano, esta situação

resultou na divisão conforme figura 2.

0,33% 13,86%

4,46%

20,86%60,49%

Aéreo Aquaviário Dutoviário Ferroviário Rodoviário

Figura 2: Gráfico da matriz de transporte brasileira. Fonte: Ministério dos Transportes (2006).

De acordo com Andrade (1994, p. I – 11):

Uma série de circunstâncias especiais fez, no entanto, com que as rodovias assumissem papel predominante no sistema de transporte do país. Esta opção clara pelas rodovias foi muito mais por pecado das outras modalidades, do que por mérito da própria ferrovia. Os

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investimentos eram politicamente dirigidos ao modo rodoviário, em detrimento dos demais, independente das vantagens especificas e próprias que cada modalidade ofereceria.

A grande dependência do modo rodoviário para o transporte de

cargas fica evidenciada quando se analisa a divisão da matriz de transportes

brasileira, este modal participa com aproximadamente 60% do total. Em países com

extensão territorial similar a do Brasil a participação rodoviária não chega a 30% do

total, e eles possuem uma matriz mais equilibrada com maior utilização do

transporte ferroviário e aquaviário (NOVAES, 2007, p.239).

Segundo Faria (2001, p. 82), "é evidente que em um país com as

características do Brasil, [...] não há desenvolvimento possível sem a participação

expressiva do transporte rodoviário para exploração interior". Porém, o maciço

investimento no modo rodoviário acarretou a distorção na matriz de transporte que

resultou em um sistema de transporte ineficiente e com poucas opções para os

embarcadores.

O modo rodoviário é usado tanto para longas como para curtas

distâncias, contudo em longos percursos ele se torna menos vantajoso. Por isso,

em longas distâncias, "a rodovia deve ser empregada como auxiliar da ferrovia e/ou

do transporte aquaviário, promovendo o recolhimento de cargas geograficamente

espaçadas e deslocando-as para terminais de armazenagem''. (FARIA, 2001, p.18).

Para o transporte rodoviário desempenhar esse papel é necessário

uma matriz de transportes mais harmônica. A figura 3 apresenta a densidade do

sistema de transporte1 contemplando os três principais modos: rodoviário,

_____________ 1 A densidade do sistema de transporte é calculada a partir do número de quilômetros de infra-

estrutura de transporte disponível no país por cada Km2 de sua área (CNT, 2006).

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ferroviário e aquaviário. A densidade do rodoviário é 5 vezes superior ao ferroviário,

e mais de 3 vezes superior ao aquaviário.

3,45,6

17,3

Figura 3: Gráfico da Densidade de Transporte (Km/1000 Km2). Fonte: CNT (2006).

O Brasil possui um baixo índice de extensão da malha ferroviária

por área do território, conforme o quadro 2. Em comparação com os outros países o

Brasil tem uma malha ferroviária menor que os Estados Unidos, Índia e Argentina e

relativamente próxima a de países como França e México.

Países Área do território (Km2) (A)

Rede rodoviáriatotal (Km) (B)

Rede ferroviária (Km) (C)

(B/A)

(C/A)

EUA 9.363.398 6.303.770 117.712 0,673 0,019 França 551.000 1.502.964 32.579 2,728 0,059 Japão 377.682 1.113.387 20.251 2,948 0,054 Índia 3.285.000 1.604.110 62.486 0,488 0,019 México 1.969.269 213.192 26.445 0,108 0,013 Itália 301.262 293.799 15.942 0,975 0,053 Espanha 504.750 237.904 12.601 0,471 0,025 Brasil 8.511.965 1.495.087 30.277 0,176 0,004 Argentina 2.792.000 207.630 34.059 0,074 0,012 Quadro 1: Comparação entre os sistemas rodoviários e ferroviários de diversos países. Fonte: Nazário (2000).

Ferroviário Hidroviário

(Rios navegáveis) Rodoviário (Rodovias asfaltadas)

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A participação do modal ferroviário no país é bem menor se

comparada a países que possuem dimensões próximas. Por exemplo, a malha

norte americana é 288% maior que a malha nacional, enquanto que a malha indiana

é 106,38% maior que a malha nacional. Entretanto a utilização das ferrovias é

próxima a de muitos países europeus que possuem extensão territorial bem menor.

A menor utilização nesses países se deve ao fato que este meio de transporte não

ser considerado econômico para curtas distâncias.

Já comparando-se a rede rodoviária a malha brasileira é inferior a

rede norte-americana em 321,63% , e ainda é inferior a da França (0,54 %) e a da

Índia (7,29%). Esses países, excluindo-se os Estados Unidos, têm extensão

territorial bem inferior a do Brasil. Sendo assim, não é correto concluir que ocorreu

excesso de recursos no setor rodoviário, pois mesmo ele apresenta grande

defasagem entre as necessidades do país e a sua atual estrutura (FARIA, 2001, p.

82).

A falta de um sistema de transporte eficiente e integrado acaba

prejudicando o desempenho e o desenvolvimento do país, de acordo Caixeta-Filho

e Martins (2007, p.15), "a disponibilidade de uma infra-estrutura adequada

potencializa ganhos de eficiência ao sistema produtivo". "Sem um sistema de

transporte eficiente e confiável, regiões e nações ficam impossibilitadas de crescer

e desenvolver-se" (FIGUEIREDO, FLEURY e WANKE, 2007, p. 235).

Por causa da grande utilização do transporte rodoviário, conforme

Monteiro, Martins e Rodrigues (2007, p. 245), o Brasil possui "custos de distribuição

mais elevados (principalmente para cargas de grande volume ou baixo valor

agregado) devido a sua dimensão continental e à dispersão territorial das atividades

industriais".

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Segundo a Confederação Nacional dos Transportes - CNT (2006),

por causa da instabilidade do sistema de transporte brasileiro as empresas

disponibilizam grandes somas de valores para manter o alto nível de estoque, ao

longo da cadeia de suprimentos, para se protegerem das incertezas do transporte.

Isso faz com que recursos financeiros que poderiam ser investidos em outras áreas

fiquem indisponíveis.

Para Faria (2001, p. 2001):

O equívoco não está no excesso de investimentos na área rodoviária, mas no abandono das demais alternativas de transporte interno, fazendo com que a rodovia seja utilizada em situações que se distanciam de suas finalidades e fogem às suas características principais. Assim por eliminação da opção ferroviária e do transporte de cabotagem, torna-se inevitável o emprego da rodovia para as ligações de longas distâncias, o que encarece sobremaneira o transporte e acumula reflexos no custo final da produção.

A partir da segunda metade da década de 1990, com o início das

privatizações essa situação começou a mudar. Os investimentos privados nas

ferrovias e a modernização dos portos auxiliaram a recomposição do sistema de

transporte. Contudo, ele ainda está distante do ideal para que necessário para

atender a demanda de forma eficiente.

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3 TRANSPORTE FERROVIÁRIO

A utilização comercial das ferrovias ocorreu a partir do século XIX.

Segundo Caixeta-Filho e Martins (2001, p.23), "as ferrovias desempenharam

importante contribuição ao desenvolvimento econômico de grande parte das

nações." O Brasil foi um destes países que impulsionaram seu desenvolvimento

com a implantação de ferrovias.

A malha ferroviária brasileira foi implantada com o objetivo de

interligar vários estados do país, principalmente as regiões próximas aos grandes

portos da época: Parati, Angra dos Reis e Santos (DNIT, 2006). Todavia, seu

desenvolvimento ficou muito aquém do ideal para compor uma rede ferroviária que

integrasse o país de Norte-Sul e de Leste a Oeste.

Segundo ANTT (2008), a malha ferroviária brasileira é composta

por 29.817 km, sendo que 28.314 km são voltados para o transporte de cargas e

1.503 km para o transporte de passageiros. A malha é dividida pelas regiões

Sudeste, Sul, Nordeste e parte do Norte e Centro-Oeste. Por volta de 95% desta

extensão é administrada por empresas particulares que conseguiram o direito a

exploração da via por meio do programa de concessão, que teve início em 1996

(ANTT, 2008).

Atualmente, são 12 contratos de concessão gerenciada por 5

grupos empresarias privados e 2 estatais. As concessões estatais são formadas por

uma estadual ao Governo do Paraná e outra Federal, a empresa VALEC –

Engenharia, Construções e Ferrovia S.A (ANTT, 2008).

O transporte ferroviário é importante para o Brasil porque além da

grande extensão territorial, o país é grande produtor agrícola e de minérios que são

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as mercadorias comumente transportadas por ferrovias (PIRES, 2002). Apesar da

vocação nacional para o transporte ferroviário de cargas, este modal ainda não foi

explorado totalmente.

A figura 4 apresenta a distribuição da malha ferroviária brasileira, e

pela qual é possível observar os estados que são atendidos pelo sistema ferroviário

de cargas e também as empresas que administram as vias.

Figura 4: Mapa da malha ferroviária brasileira. Fonte: Ministério dos Transportes (2007).

É importante que a malha ferroviária brasileira seja expandida de

modo integrado com os outros modos de transporte e interligue todas as regiões

brasileiras visando melhorar a eficiência do sistema de transportes nacional.

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3.1 Histórico

Conforme Castro (2007, p. 36-37), a evolução do setor ferroviário

no Brasil foi constituído de três ciclos:

• 1º Ciclo: marcado pelo início da construção das primeiras

ferrovias no país;

• 2º Ciclo: marcado pela nacionalização do sistema ferroviário;

• 3º Ciclo: marcado pela desestatização do transporte

ferroviário de cargas;

Os primeiros projetos relativos à construção de ferrovias no Brasil

aconteceram em 1828 quando foi autorizada pelo Governo Imperial a exploração de

estradas de ferro (DNIT, 2006). Segundo Alvarenga e Novaes (2000, p. 82), as

primeiras estradas de ferro foram implantadas "para escoar a produção agrícola

brasileira e transportar os produtos importados para o interior do território nacional".

O capital para a construção das ferrovias provinha dos cafeicultores paulistas e

investidores estrangeiros, principalmente ingleses.

Contudo, a primeira estrada de ferro só foi inaugurada em 1854 por

Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. A Estrada de Ferro Mauá possuía

15 km de extensão que ligava a Praia da Estrela a Petrópolis (RODRIGUES, 2006,

p.57). Esta ferrovia permitiu a integração das modalidades aquaviária e ferroviária,

criando a primeira operação intermodal do Brasil (DNIT, 2006).

O desenvolvimento nos anos seguintes ocorreu de forma lenta e

desorganizada. As concessões eram dadas sem nenhum critério, sendo muitas

vezes baseada na influência econômica e política do requerente. Os investimentos

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eram privados sem nenhuma interligação entre os sistemas. Um dos problemas

gerados foi adoção de bitolas diferentes em cada ferrovia.

De acordo com Rodrigues (2006, p.57):

Pelo fato de coexistirem bitolas de 1,00 m, 1,435 m, 1,60 m, impossibilitando o estabelecimento de fluxos integrados para o escoamento de cargas via ferroviária, a partir de então a malha ferroviária brasileira teve diversos de seus trechos desmobilizados para dar origem ao leito de rodovias.

Entre os anos de 1870 e 1930 as ferrovias tiveram papel

fundamental no escoamento da produção nacional. Os principais produtos

transportados eram os agrícolas, destacando-se o café. "Aos poucos, no entanto,

as fronteiras agrícolas foram se deslocando para regiões mais remotas"

(ALVARENGA e NOVAES, 2000, p. 83).

A partir de 1950 as ferrovias foram perdendo espaço, segundo

Andrade (1994, p. I – 11), como o sistema ferroviário foi estruturado para atender as

exportações, demonstrou-se impróprio para atender o mercado interno que estava

em expansão com o crescimento da indústria no país. Sendo assim, as ferrovias

não poderiam se adequar rapidamente a esta nova situação, assim, os

investimentos se voltaram para a implantação de rodovias que requeriam menor

investimento para a sua implantação e conseguiam chegar a locais onde a ferrovia

não atendia.

Em 1957, o Governo Federal decide unificar a administração das

ferrovias pertencentes à União. Assim foi criada a Rede Ferroviária Federal S.A.

(RFFSA), com a finalidade de administrar, explorar, conservar, reequipar, ampliar e

melhorar o tráfego das estradas de ferro da União a ela incorporadas; o Governo do

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Estado de São Paulo também decidiu unificar administração de suas ferrovias,

criando a Ferrovia Paulista S.A. - FEPASA (DNIT, 2006).

Entre 1980 e 1992, os sistemas ferroviários pertencentes à RFFSA

e à FEPASA tiveram uma redução substancial de investimentos. O montante do

investimento público nas atividades básicas (conservação, manutenção e ampliação

do sistema) caiu vertiginosamente neste período, resultando na degradação da

qualidade do serviço ofertado (DNIT, 2006).

Essas empresas enfrentavam graves problemas financeiros que as

impossibilitavam de gerar recursos suficientes para cobrir os custos dos serviços e

condições de quitar as dívidas contraídas (ANDRADE, 1994, p. I–36). Isso

acarretou a degradação da infra-estrutura de suas vias, ocasionando grande perda

de mercado para o modo rodoviário (DNIT, 2006).

Por isso, o Governo Federal colocou em prática ações voltadas à

concessão de serviços públicos de transporte de carga à iniciativa privada. A partir

do ano de 1996 começou o processo de privatização da malha ferroviária

pertencentes a FEPASA e a RFFSA (DNIT, 2006). Essa nova fase foi marcada por

grandes investimentos, tanto na recuperação das vias como do material rodante e

aplicação de novas tecnologias.

3.2 A Privatização do Setor Ferroviário

O Governo na impossibilidade de prover os investimentos

necessários para a administração da malha ferroviária, concedeu os direitos de

exploração do serviço público de transporte de carga. A malha ferroviária da

FEPASA foi incorporada à malha federal por meio do Decreto n.º 2.502, de

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18/02/98. Em 1999, o Governo Federal, com base em resoluções e decretos

extinguiu a RFFSA. (DNIT, 2006)

Segundo Pires (2002), antes do processo de concessão a malha

ferroviária brasileira era formada pela: RFFSA administrada pelo Governo Federal

correspondendo a 77% do total de via férrea do país; Estrada de Ferro Vitória Minas

(EFVM) controlada e operada pela, até então, estatal Vale do Rio Doce; Estrada de

Ferro Carajás (EFC), também controlada e operada pela Vale do Rio Doce; e a

FEPASA administrada pelo governo do estado de São Paulo.

O processo de privatização foi feito por meio de leilão no qual a

empresa vencedora se responsabilizaria pela infra-estrutura, operação, controle de

tráfego, marketing e finanças com o arrendamento dos ativos operacionais (PIRES,

2002). Para facilitar o processo à malha da RFFSA foi subdividida em malhas

regionais, como demonstrado no tabela 2.

Tabela 2: Panorama da Desestatização da RFFSA

Malhas Regionais

Data do Leilão Concessionárias Início da

Operação Extensão

(Km) Oeste 05.03.1996 Ferrovia Novoeste S.A. 01.07.1996 1.621

Centro-Leste 14.06.1996 Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 01.09.1996 7.080

Sudeste 20.09.1996 MRS Logística S.A. 01.12.1996 1.674 Tereza Cristina 22.11.1996 Ferrovia Tereza Cristina

S.A. 01.02.1997 164

Nordeste 18.07.1997 Cia. Ferroviária do Nordeste 01.01.1998 4.534

Sul 13.12.1998 Ferrovia Sul Atlântico (atual América Latina

Logística S/A) 01.03.1997 6.586

Paulista 10.11.1998 Ferrovias Bandeirantes S.A. 01.01.1999 4.236

Total 25.895

Fonte: DNIT (2006).

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Conforme Pires (2002), a situação encontrada pelas

concessionárias foi de "uma rede com baixa integração intramodal e intermodal,

pequena extensão geográfica, baixa produtividade (com exceção da EFVM e a

EFC) e de pequenas distâncias médias percorridas - avaliadas em cerca de 590 km

na média".

3.2.1 América Latina logística – ALL.

A empresa iniciou suas operações na Malha Sul em 1997, com o

nome de Ferrovia Sul Atlântico. A empresa administra uma malha férrea de 20.495

quilômetros de extensão, cobrindo São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande

do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e a região central da Argentina (ALL,

2007).

A estrada de ferro administrada pela empresa liga as região

agrícola gaúcha aos portos de Rio Grande e Porto Alegre, e as regiões agrícolas

paranaenses aos portos de Paranaguá e Antonina (RODRIGUES, 2006, p. 59).

Também faz interconexão com os portos de São Francisco do Sul, em Santa

Catarina; Presidente Epitáfio, em São Paulo e o terminal hidroviário de Estrela, no

Rio Grande do Sul (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2003).

A malha ferroviária administrada pela ALL interliga-se com as

ferrovias Novoeste S.A. – no interior paulista; Ferroeste – no interior paranaense,

AFE (Administracion de Ferrocarriles del Estado) do Uruguai no sul gaúcho;

Ferrocarril Mesopotamico General Orquiza da Argentina, no oeste gaúcho

(RODRIGUES, 2006, p. 60). Em 1998, por meio de contrato operacional, a

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companhia assumiu as operações da malha sul paulista que anteriormente

pertencia a Ferrovia Bandeirantes (ALL, 2006).

No ano de 1999 a empresa passou a adotar o nome América Latina

Logística, a partir da aquisição das ferrovias argentinas Ferrocarril Mesopotamico,

General Urquiza e Ferrocarril Buenos Aires al Pacifico General San Martin. A figura

5 apresenta as ferrovias gerenciadas pela empresa.

Figura 5: Mapa da América Latina Logística. Fonte: ALL (2007).

3.2.2 Companhia Ferroviária Nordeste - CFN.

Arrematada em 1997, a malha gerenciada pela CFN atravessa os

Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e

Maranhão (RODRIGUES, 2006, p. 65). Dentre seus projetos, a concessionária

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pretende colocar em operação a ferrovia Transnordestina, que tem como grande

objetivo iniciar um longo ciclo de desenvolvimento para o Nordeste (CSN, 2006).

Esta nova ferrovia ligará os portos de Pecém (CE) e Suape (PE) ao

cerrado do Piauí, no município de Eliseu Martins. De acordo com CSN (2006)

"objetivo é elevar a competitividade da produção agrícola e mineral da região com

uma moderna logística que une uma ferrovia de alto desempenho e portos de

calado profundo que podem receber navios de grande porte".

Observando-se a figura 6 se pode ter um panorama da situação da

malha, como também a extensão do projeto da transnordestina, que teve sua

construção iniciada em 6 de junho de 2006 e sua conclusão prevista para dezembro

de 2010 (CSN, 2006).

Figura 6: Mapa da Companhia Ferroviária Nordeste. Fonte: CSN (2006).

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3.2.3 Ferrovia Centro Atlântico – FCA.

A Ferrovia Centro-Atlântico (FCA) passou a ser administrada pela

iniciativa privada em 1996. Administrando uma malha com 7.840 km de linhas,

suas operações abrangem os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de

Janeiro, Sergipe, Goiás, Bahia, São Paulo e Distrito Federal (MINISTÉRIO DOS

TRANSPORTES, 2003).

Esta ferrovia atua como principal eixo de conexão entre as regiões

Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Também faz a ligação entre o Porto de Angra

dos Reis à Usina da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda, o porto

fluvial de Pirapora a Belo Horizonte em Minas Gerais, o porto fluvial de Juazeiro a

Salvador e o pólo petroquímico de Camaçari a Aratu na Bahia (RODRIGUES, 2006,

p.64). A figura 7 representa a configuração da malha.

Figura 7: Mapa da Ferrovia Centro-Atlântico. Fonte: FCA (2007).

Os principais produtos transportados são: álcool, derivados de

petróleo, calcário, produtos siderúrgicos, soja, farelo de soja, cimento, bauxita, ferro

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gusa, clínquer, fosfato e cal (FCA, 2007). De acordo com o Ministério dos

Transportes (2003), autorizada pela ANTT, a Companhia Vale do Rio Doce assumiu

o controle acionário da ferrovia.

3.2.4 Consórcio Brasil ferrovias.

Segundo Rodrigues (2006, p.61), "o complexo Brasil Ferrovias é

resultante da fusão e administração e operação conjunta [...], com vistas á obtenção

de maior economia em escala". A Brasil Ferrovias foi formada em 2002, com a

união das ferrovias: Ferronorte, Ferrovia Bandeirantes (Ferroban) e Novoeste

(SALOMÃO, 2005)

A Ferronorte foi construída no início da década de 90 pelo

empresário Olacyr de Moraes, que a chamava de ferrovia da soja, ela foi idealizada

para auxiliar no escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste brasileiro

(RODRIGUES, 2006, p.61). A concessão foi obtida em 1989 pelo período de 90

anos para construir e operar um sistema ferroviário de carga de 5 mil quilômetros,

ligando Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Pará

(MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2003). Este foi um projeto a longo prazo,

financiado estritamente com capital privado.

A Ferroban administra a malha antes gerenciada pela FEPASA, sua

área de atuação é o Estado de São Paulo. A malha faz a conexão entre as áreas

industriais, agrícolas e centros urbanos, e se conecta a diversos portos fluviais da

hidrovia Tietê-Paraná, bem como os portos marítimos de Santos, São Sebastião e

Cosipa (RODRIGUES, 2006, p.62-63). Essa via férrea faz o entroncamento com a

malha da ALL e conecta-se aos trilhos da MRS e da Novoeste.

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A Novoeste foi a primeira ferrovia brasileira privatizada, em 1996.

Era conhecida pelo trem que ligava São Paulo à Bolívia, popularmente chamado de

Trem da Morte (SALOMÃO, 2005). Sua malha se encerra no sul de Mato Grosso na

fronteira com o Paraguai não havendo conexão com o país vizinho, e a oeste na

fronteira com a Bolívia havendo uma conexão com a ferrovia da Empresa Nacional

de Ferrocarriles da Bolívia, proporcionado à interligação com a cidade boliviana de

Santa Cruz de la Sierra (RODRIGUES, 2006, p.62).

De acordo com Salomão (2005), "como se não bastassem às

deficiências das três empresas que lhe deram origem, a Brasil Ferrovias também

perdeu muito dinheiro devido a problemas de gestão". A compra de material rodante

inapropriado e diversos problemas financeiros foram alguns dos problemas que

fizeram com que empresa fosse vendida. Em maio de 2006, o controle acionário da

empresa foi adquirido pela ALL, que também passou a administrar as três ferrovias

(ANTT, 2007).

3.2.5 Ferrovia Tereza Cristina - FTC

O principal produto transportado por esta ferrovia atualmente é o

carvão mineral, produzido no sul do Estado de Santa Catarina, destinado a geração

de energia termelétrica (FTC, 2007). A FTC possui uma linha férrea de 164 Km de

extensão, que interliga a região de exploração de carvão em Santa Catarina ao

porto de Imbituba, passando pelo município de Capivari de Baixo, onde se situa a

usina termelétrica Jorge Lacerda – Tractebel Energia (RODRIGUES, 2006, p. 60).

Uma peculiaridade dessa ferrovia é o fato possuir um mercado bem

específico, por atender quase exclusivamente a um único setor, o carbonífero, além

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de ter sido construída em uma malha isolada das demais ferrovias (MINISTÉRIO

DOS TRANSPORTES, 2005). Sendo assim, essa ferrovia não de interliga com

nenhuma outra ferrovia da malha nacional, como pode ser observado na figura 8.

Figura 8: Mapa da Ferrovia Tereza Cristina Fonte: Ministério dos Transportes (2003).

Segundo FTC (2007), suas linhas cortam 12 municípios do Sul do

Estado de Santa Catarina, que são: Imbituba, Laguna, Capivari de Baixo, Tubarão,

Sangão, Jaguaruna, Içara, Criciúma, Siderópolis, Morro da Fumaça, Urussanga e

Forquilhinha. A FTC é uma companhia de capital fechado, tendo como principais

acionistas as empresas GEMON - Geral de Eng. e Montagens S.A., Interfinance

S.A. Participações e a Santa Lúcia Agro Indústria e Com. Ltda., que detêm

participações iguais no capital total da empresa (FTC, 2007).

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3.2.6 MRS Logística.

A empresa atua no mercado de transporte ferroviário desde 1996,

interligando os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. São 1.674 km

de malha interligando uma região que concentra aproximadamente 65% do produto

interno bruto do país e onde estão instalados os maiores complexos industriais

(MRS, 2006). A figura 9 demonstra abrangência dessa ferrovia no território

nacional.

Figura 9: Mapa da MRS Logística. Fonte: Ministério dos Transportes (2003).

Conforme Rodrigues (2006, p.63), a malha ferroviária administrada

pela MRS "proporciona a ligação do quadrilátero ferrífero mineiro e usinas

siderúrgicas CSN, Cosipa e aço Minas". Seus trilhos alcançam os portos do Rio de

Janeiro, Sepetiba, Ilha Guaíba, Santos e Cosipa. Os principais produtos

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movimentados pela MRS são: minérios, produtos siderúrgicos acabados, cimento,

bauxita, produtos agrícolas, coque verde e contêineres (MRS, 2007).

3.2.7 Estrada de Ferro dos Carajás

Desde 1997 a Estrada de Ferro Carajás é diretamente operada pela

Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na região Norte do país, ligando o interior ao

principal porto da região, em São Luís (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2003).

Sua principal finalidade é o "escoamento do minério de ferro da Serra de Carajás

(PA), pelo porto de Ponta Madeira, em São Luís" (RODRIGUES, 2006, p.66). Com

seus 892 quilômetros de linha se conecta à CFN, Ferrovia Norte-Sul e ao Porto de

Itaqui em São Luís no Maranhão.

Figura 10: Mapa da Estrada de ferro Carajás. Fonte: Ministério dos Transportes (2003).

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Além de minério de ferro e manganês, a ferrovia também transporta

madeira, cimento, bebidas, veículos, fertilizantes, combustíveis, produtos

siderúrgicos e agrícolas, dentre eles, a soja produzida no sul do Maranhão, do

Piauí, do Pará e de Mato Grosso (EFC, 2006).

3.2.8 Estrada ferro Vitória-Minas - EFVM.

Incorporada à Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) na década de

40, a estrada de ferro foi construída pelos ingleses e inaugurada em 1904.

(MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2003). Localizada na região Sudeste integra

os estados de Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do

Sul, Tocantins e o Distrito Federal, além de ter acesso aos portos de Tubarão e

Praia Mole no Espírito Santo (RODRIGUES, 2006, p.63). A figura 11 apresenta as

principais cidades atendidas pela ferrovia.

Figura 11: Mapa da estrada de ferro Vitória-Minas. Fonte Ministério dos Transportes (2003).

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De acordo com o Ministério dos Transportes (2003), dos produtos

transportados pela ferrovia, 80% são minério de ferro e 20% correspondem a mais

de 60 diferentes tipos de produtos (aço, carvão, calcário, granito, contêineres, ferro-

gusa, produtos agrícolas, madeira, celulose, veículos).

3.2.9 Estrada de Ferro do Amapá – EFA.

A Estrada de Ferro do Amapá foi inaugurada no ano de 1957, com

o principal propósito de transportar o minério de manganês extraído e beneficiado

na Serra do Navio, no Amapá, até o porto de Santana localizado em Macapá-AP

(MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2003).

Segundo Rodrigues (2006, p. 66), "a Mineração Icomi detém desde

1953 a concessão para construção e exploração [...], em um traçado de 194 Km em

bitola 1,435 e tração a diesel". Esta ferrovia não se conecta com nenhuma outra,

como pode ser constatado observando-se a figura 12.

Figura 12: Mapa da estrada de Ferro Amapá. Fonte: Ministério dos Transportes (2003).

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O contrato prevê o término da concessão com a exploração

completa das jazidas de minérios (prazo indeterminado). Segundo o Ministério dos

Transportes (2003), a ferrovia "em 1997 transportou 84 mil passageiros e 1 milhão

de toneladas de mercadorias (minério de manganês, ferro-silício, dormentes, areia,

explosivos, etc.), equivalente a 194 milhões de tonelada transportadas e

empregando 40 funcionários".

3.2.10 Estrada de Ferro do Jarí.

Entrou em operação em 1979 com a finalidade de transportar

madeira para alimentar a fábrica de celulose do Projeto Jarí, a madeira é

transportada até o Porto de Mungubá (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2003).

Está localizada ao norte do Estado do Pará próximo à divisa com o Estado do

Amapá. Esta ferrovia não possui interligação com nenhuma outra, como pode ser

observado na figura 13.

Figura 13: Mapa da Estrada de ferro do Jarí. Fonte: Ministério dos Transportes (2003).

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Segundo o Ministério dos Transportes (2003), o projeto da ferrovia

foi desenvolvido nos Estados Unidos, sendo que em sua implementação houve a

necessidade de modificações técnicas devido às características do solo que não

foram observadas nos levantamentos preliminares de campo.

3.2.11 Estrada de Ferro Paraná Oeste- Ferroeste.

O Governo do estado do Paraná no ano de 1988 adquiriu o direito

de construir e explorar uma via férrea entre as cidades de Guarapuava, Guaíra e

Cascavel e também um ramal interligando Cascavel a cidade de Dourados no Mato

Grosso do Sul (RODRIGUES, 2006, p. 60). A ligação entre Cascavel e Guaíra, já

possui o projeto de construção finalizado e aguarda recursos para seu início

(FERROESTE, 2006). A figura 14 apresenta a distribuição da ferrovia e também o

seu projeto de expansão.

Figura 14: Mapa da Ferroeste. Fonte: Ministério dos Transportes (2003).

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Segundo Rodrigues (2006, p. 60), "o governo do Estado do Paraná

está estudando a construção de um ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu, com 143

km de extensão". De acordo com Ministério dos Transportes (2003), o

prosseguimento da linha até Guaíra, às margens do rio Paraná e divisa com o

estado do Mato Grosso do Sul, permitirá o escoamento das grandes safras da

região e o fornecimento de insumos em condições mais vantajosas de custo.

3.2.12 Ferrovia Norte-Sul

Esta ferrovia foi projetada para "promover a integração nacional,

minimizando custos de transporte de longa distância e interligando as regiões Norte

e Nordeste às Sul e Sudeste, através das suas conexões com 5 mil quilômetros de

ferrovias privadas" (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2003).

Segundo Rodrigues (2006, p. 65-66), a ferrovia ligará os estados de

Bahia, Piauí, Maranhão, Tocantins, Goiás, neste último se interligará com a malha

da FCA proporcionando a conexão entre a Região Norte e o estado de São Paulo.

A ferrovia está sendo implantada pela empresa VALEC-Engenharia, Construções e

Ferrovias S.A. que possui o direito de construção e operação da via. (MINISTÉRIO

DOS TRANSPORTES, 2003).

A VALEC é uma empresa pública, gerenciada pelo Governo Federal

e supervisionada pelo Ministério dos Transportes. Como empresa pública, a VALEC

pode receber da Administração Federal todos os encargos que estejam de acordo

com suas atribuições (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2003). Atualmente a

ferrovia esta operando o trecho Açailândia (MA) a Araguaina (TO), como pode ser

observado na figura 15.

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Figura 15 : Mapa da Ferrovia Norte-Sul Fonte: Ministério dos Transportes (2003).

3. 3 Aspectos do Transporte Ferroviário de Cargas no Brasil.

Como já mencionado, no Brasil a participação do transporte

ferroviário é pequena em comparação a outros países que também possuem

extensão continental. Se comparada com malha ferroviária dos Estados Unidos, por

exemplo, a malha ferroviária brasileira é insignificante. A figura 16 compara a

extensão da malha ferroviária brasileira com a malha ferroviária norte-americana.

Figura 16: Densidade ferroviária Brasil x EUA. Fonte: Cel/Coppead (2002).

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Apesar disto, atualmente após mais de uma década da

desestatização do sistema ferroviário, pode-se constatar melhorias no desempenho

do transporte ferroviário de cargas. Este modo possui um enorme potencial para

atender os mercados consumidores e produtivos, entretanto, necessita de algumas

melhorias estruturais e expansão da malha (NOVAES, 2007, p. 247).

A CNT (2006), destaca os ganhos de desempenho operacional nas

malhas concedidas que são "observáveis no aumento da produtividade do pessoal,

das locomotivas e dos vagões, bem como na redução dos tempos de imobilização,

do número de acidentes e dos custos de produção".

Para evidenciar os avanços do setor ferroviário de carga serão

apresentados alguns indicadores para demonstrar que o setor vem se

reestruturando e possui capacidade para ser tornar uma opção viável, eficiente e

segura para o transporte de mercadorias no país. O primeiro indicador é a produção

ferroviária que teve um forte crescimento ao longo do tempo, conforme figura 17.

Figura 17: Evolução da produção ferroviária (em bilhões de TKU). Fonte: ANTF (2008).

O volume de mercadorias transportadas pelas ferrovias (figura 18)

também aumentou nos últimos anos e apresenta uma projeção animadora para este

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ano,um aumento de 11% em relação ao ano anterior.

Figura 18: Evolução do volume transportado por ferrovias (em milhões de TU). Fonte: ANTF (2008).

Contudo, o transporte ferroviário ainda é utilizado de maneira

equivocada, de acordo com Pires (2002), ele vem sendo mais utilizado para curtas

distâncias em que suas vantagens com relação ao custo são pequenas. Em

compensação, nas longas distâncias, onde sua utilização é mais indicada e o modal

menos utilizado da matriz brasileira.

Dentre as mercadorias transportadas a que mais se destaca é o

minério de ferro, participando com mais da metade do de total de produtos

movimentados, conforme pode ser verificado na figura 19.

64%8%

7%

4%2%2%2%

11%

Minério de Ferro Soja e Farelo de SojaIndústria Siderúrgica Carvão/CoqueProdutos Agrícolas Granéis MineraisCombust./Deriv. Petr./Álcool Outros

Figura 19: Gráfico dos Principais Produtos Movimentados nas Ferrovias Brasileiras Fonte: Cel/Coppead (2007).

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A categoria outros, que inclui os contêineres, tem uma participação

expressiva na movimentação de cargas, sendo a segunda mais transportada. A

evolução do transporte de contêineres pode ser observada na figura 20.

Figura 20: Gráfico da evolução do transporte de contêineres pelas ferrovias (por TKU). Fonte: ANTF (2007).

É possível perceber que com o passar dos anos houve um forte

crescimento do transporte de contêineres pelas ferrovias. Em 1997 esse valor não

chegava a 4.000 contêineres transportados após 10 anos esse valor aumentou em

quase 60 vezes.

Para conseguir reestruturar o transporte ferroviário, as

concessionárias tiveram que investir pesadamente, por isso procuraram adquirir

novas tecnologias para o controle de tráfego e estão buscando conquistar novos

mercados, principalmente os de maior valor agregado, através de parcerias com

grandes clientes e investindo e capacitando sua mão de obra e realizando ações

sociais (ANTT, 2006).

3.456 10.131

59.80578.777

99.053 106.699

135.768159.184

189.049205.371

1 2 3 4 5 6 7 8 9 101997 1998 1999 2000 2004 2005 2003 2001 20062002

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A figura 21 expõe um panorama dos investimentos das empresas

de transporte ferroviário de carga. Estes investimentos refletem na melhoria do

sistema que por sua vez tem contribuído para atrair novos usuários do sistema e

incremento nas receitas concessionárias.

32%21% 21%

42%

12% 19% 9%15% 15%

10%

32% 40%51% 49%

30%42%

56%65%

17%28%

41%

19%

18%

6%15%7%18%

8%

4%

4%

11%

5%5%

5%3% 2%4% 5% 8% 6%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Material Rodante Superes. Via PermanenteInfra-estrutura Outros InvestimentosTelecomunicações/Sinalização

Figura 21: Gráfico dos Investimentos anuais das concessionárias ferroviárias. Fonte: CEL/COPPEAD (2007).

É possível notar que os investimentos tem se concentrado em

material rodante, seja na reforma ou compra, e na reestruturação da superestrutura

da via permanente (colocação de dormentes, trilhos e brita). Outro fator que

melhorou com o passar dos anos foram índices de acidentes2.

_____________ 2 Índice de acidentes: É a razão entre o número total de acidentes e o somatório do percurso mensal ou anual dos trens - acidentes/milhão de trem x km (PIRES, 2002).

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Esses índices são medidas usadas como forma de avaliação da

segurança operacional do transporte ferroviário, sendo utilizado como referência

para auferir a qualidade do serviço (PIRES, 2002). A figura 22 traz os índices do

período de 1997-2006.

75,569,3

64,9

53,1

39,435,5 33,6 30,4 32,9

14,7

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 22: Índice de acidentes ferroviários (acidentes por milhão de trens km). Fonte: ANTF (2007).

Por meio da figura é possível notar a significativa redução no índice

de acidentes com o passar dos anos. De 1997 a 2006 ocorreu uma redução de

80,6% no número de acidentes. E importante ressaltar que, o período analisado

começa na época do início da administração das concessionárias em algumas

ferrovias, o processo de privatização só foi concluído em 1999, a partir daí o

número de acidente foi reduzido.

3.3.1 Problemas do transporte Ferroviário

Apesar do grande avanço apresentado pelo setor ferroviário nos

últimos anos existem alguns entraves que prejudicam o seu desenvolvimento e

1998 1999 2000 20011997 2005 2006 2002 2003 2004

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desempenho. Os principais problemas elencados pela Associação Nacional dos

Transportadores Ferroviários - ANTF (2008) são:

• Os gargalos logísticos do transporte ferroviário: que se

encontram principalmente nas áreas urbanas, onde o transporte

de carga divide os trilhos com o transporte de passageiros.

Isso prejudica o desempenho operacional das composições que

nos centros urbanos precisam diminuir substancialmente a sua velocidade. Ainda

há os problemas com a infra-estrutura devido ao traçado da malha centenária com

muitas sinuosidades e fortes rampas; os conflitos entre o trafego ferroviário,

rodoviário e de pedestre em alguns trechos e; a falta de retroáreas em portos para

atender as demandas atual e futura.

• A invasão da faixa de domínio3 é um problema decorrente da

falta de investimento público em habitação.

A legislação determina que em torno dos trilhos deve haver uma

área desocupada entre 15 e 25 metros, porém por falta de fiscalização a lei não é

respeitada. Existem 824 focos de invasão de faixa de domínio, grande parte dessas

invasões ocorrem em grandes zonas urbanas e próximas ao acesso de portos

regionais o que interfere no desempenho operacional da via. Nos trechos urbanos

por causa da invasão da faixa de domínio os trens precisam diminuir a sua

velocidade (de 40 Km/h em média para 5 km/h). A figura 23 representa a situações

_____________ 3 Faixa de domínio: "é a faixa de terreno de pequena largura em relação ao comprimento, em que se localizam as vias férreas e demais instalações da ferrovia, inclusive os acréscimos necessários à sua expansão" (ANTF, 2007).

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típicas de invasão da faixa de domínio das ferrovias que atravessam os centros

urbanos.

Figura 23: Invasão na faixa de domínio ferroviária: São Paulo-SP e Três Corações-MG. Fonte: ANTF (2007).

• As passagens de nível4, principalmente as de que são

consideradas de nível crítico.

Existem 12.400 registros de passagens em nível ao longo das

ferrovias, em média, uma a cada 2,3 quilômetros. A ANTF (2008), ainda ressalta

que "para solucionar as 134 passagens em nível críticas prioritárias (29 em SP)

apontadas pelas concessionárias, às intervenções necessárias têm um custo

estimado de R$ 385 milhões". A figura 24 apresenta alguns exemplos de passagens

de nível.

Figura 24: Passagens de nível ferroviárias: Betim–MG (esquerda) e São José do Rio Preto-SP (direita). Fonte: ANTF, 2007. _____________ 4 Passagem de Nível: É o cruzamento de uma ou mais linhas com uma rodovia principal ou secundária, no mesmo nível. (ANTF, 2006). Para se considerada crítica e levado em consideração o risco de acidentes, intensidade do tráfego de pessoas e veículo e a sinalização.

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• Os problemas com a infra-estrutura: devido ao traçado da malha

com muitas sinuosidades e com fortes rampas; os conflitos entre

o trafego ferroviário, rodoviário e de pedestre em alguns trechos

e a falta de retroáreas em portos para atender as demandas atual

e futura. Para solução é necessária a realização de obras de

infra-estrutura para adequar a via.

• A expansão da malha: necessário para unir de forma integrada

as cinco regiões brasileiras, como também, para favorecer a

integração eficiente com os outros modos de transporte, com o

objetivo de melhorar a infra-estrutura de transportes do país.

• O aperfeiçoamento do sistema tributário: com a criação

mecanismos para indução de investimentos de longo prazo,

como por exemplo, a depreciação acelerada; eliminação dos

impostos de importação de equipamentos e peças que não são

fabricadas no país e; a reversão dos tributos pagos pelo setor

para melhorias no próprio setor.

Ainda, de acordo com a pesquisa da CNT (2006), há outros

entraves e gargalos existentes no sistema ferroviário nacional, tais como "valores

elevados dos fretes, a falta de terminais intermodais como portos ou áreas de

produção e armazenamento e a baixa velocidade de deslocamento das

composições".

Para solucionar estes problemas, é necessária a realização de

parcerias entre o Estado e as concessionárias ferroviárias, para que as famílias que

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ocupam a área sejam removidas e realocadas em outro local. A tabela 3 apresenta

na visão das concessionárias as principais obras a serem realizadas para melhorar

o desempenho da malha e resolver grande parte dos problemas.

Tabela 3: Projetos ferroviários prioritários indicados pelas concessionárias

Projetos Ferroviários Valor Estimado (milhões R$)

Ferroanel de São Paulo - Tramo Norte 850 Travessia de Barra Mansa - RJ 32 Remoção de invasões da faixa de domínio (RJ, Santos e BH) 81 Solução de interferência nos perímetros urbanos (passagem de Nível)

115

Segregação de linha de carga na Região Metropolitana de São Paulo

150

Acesso ao Terminal Marítimo Ignácio Barbosa-SE 80 Variante Perdizes - Prudente (Serra do Tigre-MG) 1.498 Contorno Ferroviário de São Felix (Cachoeira-BA) 110 Variante Camaçari - Aratu (BA) 140 Contorno de Aracajú 50 Travessia de Belo Horizonte 137 Desvio Guarapuava - Ipiranga (PR) 450 Contorno Ferroviário de Curitiba - PR 150 Contorno Ferroviário de Jaraguá do Sul, Joinville e São Francisco do Sul

150

Duplicação da Serra do Mar/ Variante Curitiba - Paranaguá (PR)

450

Travessia de Araraquara-SP 36 Acesso ao Porto de Santos-SP 16 Viaduto/Trincheira em Criciúma-SC 18

TOTAL 4.513 Fonte: ANTT (2007).

ANTT (2007) ressalta a importância das parcerias público-privada

na execução dessas obras e como são primordiais para o desenvolvimento e

expansão do transporte ferroviário.

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4 TRANSPORTE RODOVIÁRIO

Segundo Alvarenga e Novaes (2000, p.82), "o modo rodoviário é o

mais expressivo no transporte de cargas no Brasil, e atinge praticamente todos os

pontos do território nacional". Por várias décadas o transporte rodoviário recebeu

atenção do Governo em detrimento aos outros modos. O lema instituído na década

de 1920, pelo então presidente Washington Luís, 'Governar é Abrir Estradas'

demonstra que a preferência pelo modal rodoviário no Brasil é histórica e teve a

participação ativa do Governo neste processo (CNT, 2006).

Para Caixeta-Filho e Martins (2007, p.27), a partir do

desenvolvimento cientifico e tecnológico que, em um primeiro momento, estimulou a

utilização do modal ferroviário no século XIX, agiu da mesma maneira no século

seguinte com o modo rodoviário. Favorecendo para que esse modal se

disseminasse pelo mundo juntamente com a indústria automobilística.

Segundo Rodrigues (2006, p.49), "a rápida ampliação da infra-

estrutura rodoviária explica-se pelo menor custo de implantação por quilometro e

menor prazo de maturação". Desde então, o transporte rodoviário tornou-se o

principal modo no sistema de transporte brasileiro, seja de mercadorias ou de

pessoas.

A malha rodoviária brasileira é formada por rodovias federais,

estaduais e municipais. Conforme Andrade (1994, p. I-31), a malha rodoviária

brasileira apresenta três características: interligação dos centros urbanos (ligações

longitudinais); interligação do interior com o litoral; e rodovias alimentadoras nas

zonas agrícolas.

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A figura 25 mostra o mapa rodoviário brasileiro, destacando a

divisão entre a malha federal e estadual. Analisando o mapa percebe-se que a

região Norte, Centro-Oeste e Nordeste possuem poucas rodovias, as estradas

estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste e também na faixa litorânea do

Nordeste.

Figura 25: Mapa Rodoviário do Brasil. Fonte: CNT (2007).

O forte desenvolvimento do modo rodoviário acabou gerando uma

matriz de transportes desequilibrada, que causa grande dificuldade para uma maior

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integração entre os modais. Isso, "[..] gera um aumento significativo nos custos de

nossos produtos e, em muitos casos, é o responsável direto pela falta de

competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional" (VIEIRA, 2003,

p. 103).

De acordo com Faria (2001, p.83), a malha rodoviária brasileira

atualmente enfrenta graves problemas principalmente pela falta de mecanismos que

possibilitem recursos financeiros suficientes para construção e manutenção das

rodovias.

4.1 Histórico

Segundo Rodrigues (2006, p.49), "o transporte rodoviário do Brasil

começou com a construção, em 1926, da Rodovia Rio - São Paulo, única

pavimentada até 1940". "A história rodoviária brasileira pode ser vista como um

caso de sucesso de financiamento público para implantação de infra-estrutura"

(CASTRO, 2007, p.38).

Castro ainda ressalta que isto só foi possível graças ao Decreto-lei

nº. 8.463 de 1945 que criou o Fundo Rodoviário Nacional (FRN) que instituiu a

arrecadação de recursos a partir do Imposto Único sobre Lubrificantes e

Combustíveis Líquidos e Gasosos. Os recursos gerados com a arrecadação desse

imposto eram utilizados na ampliação e manutenção das estradas.

Por volta da década de 1930 o modo rodoviário começou a se

destacar na rede de transportes brasileira, mesmo que ainda nesta época o país

fosse totalmente dependente da importação de petróleo (MENDONÇA, 2007).

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Nessa década, a industrialização brasileira se intensificou surgindo à necessidade

de interligação dos centros produtivos com os mercados consumidores.

O imenso desenvolvimento da indústria automobilística na década

de 1950 marcou a predominância do modo rodoviário na matriz de transportes

brasileira. Nesta época várias rodovias foram construídas, principalmente no

Centro-Sul, devido ao intenso fluxo econômico desta região. Neste período, o

presidente Juscelino Kubitschek (1956-1960) implantou a indústria automobilística e

transferiu a capital federal para Brasília. Isto acelerou a construção de rodovias, por

meio concentração de investimentos destinados ao transportes terrestres no país

(VESENTINI e VLACH, 1999, p. 88).

Na década de 1970 foi criado o Plano Integração Nacional voltado a

implantação de grandes rodovias como forma de ocupação populacional da região

Centro-Oeste e da Amazônia. Esta política de integração principalmente da

Amazônia com o restante do país resultou na construção de algumas rodovias,

como: Manaus - Boa Vista, a Transamazônica, Cuiabá – Santarém, Belém –

Brasília, entre outras. Ainda neste período aconteceu a crise do petróleo que

encareceu muito os derivados de petróleo (MENDONÇA, 2007).

No início da década de 1980 foi extinto o Fundo Rodoviário

Nacional, com isso, os investimentos voltados para as rodovias foram reduzidos. A

receita para o desenvolvimento das rodovias ficou por conta dos Estados e

Municípios. Segundo Castro (2007, p.40), o "processo de deterioração da malha

rodoviária sobrepôs-se a marcha da descentralização de receitas tributárias

incidentes sobre os usuários de rodovias para os Estados e municípios".

"Em 1993, a Portaria 10/93, do Ministério dos Transportes, cria o

programa de concessão de Rodovias Federais (Procofe), gerenciando pelo DNER,

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que marca o inicio de uma nova política federal para o setor" (CASTRO, 2007,

p.40). Nessa época começaram as primeiras concessões rodoviárias que visavam à

restauração, a manutenção e a expansão das vias.

4.2 As concessões rodoviárias

O processo de concessão das rodovias federais iniciou-se em 1995

com a concessão de 856,4 km de rodovias federais pelo Ministério dos Transportes.

As primeiras concessões foram de cinco trechos que já eram pedagiados

diretamente pelo Ministério dos Transportes (ANTT, 2008).

A primeira rodovia concedida foi a Rio - Petrópolis - Juiz de Fora,

em 1995, depois foram concedidas: a rodovia Presidente Dutra, a Ponte Rio -

Niterói, a Rio - Teresópolis - Além Paraíba, e a Osório – Porto Alegre, essa etapa de

concessões terminou em 1997 (CAMPOS NETO e SOARES, 2007, p.10).

De acordo com a ANTT (2008), "a Lei n. º 9.277, de 1996 criou a

possibilidade de Estados, Municípios e o Distrito Federal solicitarem a delegação de

trechos de rodovias federais para incluí-los em seus Programas de Concessão".

Nesse processo, o governo federal transferiu algumas rodovias para a esfera

estadual. Esta parceria deu prosseguimento ao processo de descentralização das

atividades do Estado na área de transporte.

Conforme Castro (2007, p. 47), o Governo Federal e os estados

possuem critérios diferentes para a decisão da empresa vencedora, a União utiliza

o critério de menor tarifa básica de pedágio. A tabela 4 apresenta todos os critérios.

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Tabela 4: Critérios de licitação de concessões de rodovias no Brasil

Órgão Concedente Critério de licitação Duração de contrato Governo Federal Menor tarifa 20 e 25 anos Governo de São Paulo Menor tarifa e valor fixo de outorga 20 anos

Governo do Paraná Maior extensão de trechos com tarifa pré-fixada 24 anos

Governo do Rio Grande de Sul

Maior extensão de trechos com tarifa pré-fixada 15 anos

Governo do Rio de Janeiro

Maior valor de outorga, dia/ sazonal. 25 anos

Fonte: Campos Neto e Soares (2007).

Segundo ANTT (2008), a companhia vencedora se compromete a

executar as obras e os serviços de manutenção da via, além de seu monitoramento.

Também devem prestar serviços aos usuários, como atendimento médico de

emergência em caso de acidentes e o serviço de guincho para veículos avariados

na rodovia. Em compensação, as empresas obtiveram o direito de cobrar tarifas de

pedágio após o primeiro semestre.

O valor arrecadado com o pedágio serve com remuneração para as

empresas e recurso para a manutenção da rodovia. Conforme Campos Neto e

Soares (2007, p. 10), "os valores têm reajuste anual ou podem ser alterados a

qualquer momento de acordo com as regras de revisão de tarifa, ambos previstos

em contrato".

O Programa de Concessão de Rodovias Federais abrange

atualmente 13.780 quilômetros, essas sendo realizadas pelo Ministério dos

Transportes, Governos estaduais e pela ANTT (ANTT, 2008). As rodovias

privatizadas são as de grande fluxo de veículos (acima de 10 mil/dia), já que

tendem a se desgastarem rapidamente precisado de manutenção permanente da

infra-estrutura.

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A tabela 5 apresenta a extensão dos trechos rodoviários (federais,

estaduais e municipais) concedidos a iniciativa privada até o ano de 2006.

Tabela 5: Trechos rodoviários concedidas por Estado (2006).

Estado Pista simples Pista Dupla Total

RS 2.341 130 2.471 PR 1.915 629 2.544 SP 1.297 2.665 3.963 RJ 279 292 572 ES 18 50 68 BA 171 46 217

Total 6.021 3.813 9.834 Fonte: Cel/Coppead (2007).

É possível notar que grande parte das concessões rodoviárias são

em rodovias que atravessam o estado de São Paulo. Os outros estados que

também participaram do programa de concessões pertencem as regiões Sul e

Sudeste, e apenas o estado da Bahia na região Nordeste. Nenhuma rodovia das

regiões Norte e Centro-Oeste participam do processo de concessão.

Em 09 de outubro de 2007, foi realizada a segunda etapa das

concessões federais (ANTT, 2008). Foram concedidos sete lotes que serão

gerenciados por empresas particulares pelo período de 25 anos. Estas empresas

têm o prazo de seis meses para realizaram obras para a eliminação de problemas

emergenciais para que a via apresente os requisitos mínimos de segurança e

conforto aos usuários.

Depois desse período serão iniciadas as obras de recuperação da

via e a cobrança de tarifa. Esses trechos juntamente com os 6 primeiros trechos

concedidos totalizam treze concessões rodoviárias. A figura 26 apresenta o mapa

das concessões gerenciadas pela ANTT.

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Figura 26: Mapa das concessões rodoviárias federais. Fonte: ANTT (2007).

O quadro 2 apresenta detalhadamente as rodovias concedidas e as

respectivas empresas que as gerenciam.

1ª Etapa Trechos Concedidos Extensão Nº. pedágios Empresa

1 BR-116/SP-RJ 402,0 km 6 Nova Dutra 2 BR-101/RJ - Ponte Pres. Costa e

Silva 13,2 km 1 Ponte S/A

3 BR-040/MG - RJ Juiz de Fora/ Petrópolis/Rio de Janeiro

179,9 km 3 Concer

4 BR 116-RJ de Além Paraíba até com BR 040/RJ

142,5 km 5 CRT

5 BR 290/RS Osório/Porto Alegre 121,0 km 6 Concepa 6 BRs 110, 392,293/RS Pólo Rod.

Pelotas 623,8 km 5 Ecosul

2ª Etapa Trechos Concedidos 7 BR-153/SP 321,6 Km 4 BRVias 8 BR-381/MG-SP

Belo Horizonte São Paulo 562,1 Km 8 OHL

9 BR-381/MG - RJ até o entrocamento com a Dutra

200,4 Km 6 Acciona

10 BR 101/ES-RJ até a ponte Rio-Niterói

320,1 Km 5 OHL

11 BR 116/SP-PR Régis Bittencourt 401,6 Km 6 OHL 12 BR-116/PR-SC Curitiba até a

divisa SC/RS 412,7 Km 5 OHL

13 BR-116/PR, BR-376/PR, BR-101/SC Curitiba-Florianopólis

382,3 Km 5 OHL

Quadro 2: Trechos rodoviários concedidos. Fonte: ANTT (2007).

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4.3 Aspectos do Transporte Rodoviário de Cargas no Brasil

O modo rodoviário é usado para longas e curtas distâncias, contudo

para longos percursos ele se torna menos vantajoso. Por isso em longas distâncias,

"a rodovia deve ser empregada como auxiliar da ferrovia e/ou do transporte

aquaviário, promovendo o recolhimento de cargas geograficamente espaçadas e

deslocando-as para terminais de armazenagem'' (FARIA, 2001, p.18).

Segundo ANTT (2007), o setor de transporte rodoviário no Brasil é

bem pulverizado, com aproximadamente 50 mil empresas, sendo 95% de pequeno

e médio porte. Existem ainda os transportadores autônomos que somam cerca de

500 mil e atuam prestando serviços para transportadoras ou, diretamente, para

empresas privadas diversas.

O transporte rodoviário é hoje a principal modalidade de transporte

para a movimentação de cargas no Brasil, que são normalmente fornecidos por

donos de caminhões independentes, sem a capacidade de oferecer serviços

centralizados para grandes volumes de carga.

De acordo com ANTT (2007), os motoristas autônomos são

responsáveis pelo transporte da maior parte das cargas no Brasil. A idade elevada

da frota brasileira, especialmente de veículos autônomos, contribui para uma

redução da produtividade e um consumo mais elevado de óleo diesel.

Segundo CNT (2007), o setor de transporte brasileiro (cargas e

passageiros) apresenta pior aproveitamento de fontes não renováveis de energia

em comparação com outros países. Além disso, (CNT, 2007), o alto consumo de

combustível traz para o país desvantagens como: maior custo final dos produtos;

elevada emissão de poluentes e grande dependência externa de combustíveis.

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Conforme Resolução ANTT n º 2.849, de 6 de agosto de 2008, foi

instituído o Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Carga (RNTRC),

que deve obedecer a Resolução ANTT nº 1.737, de 21 de novembro de 2006, até

13 de novembro de 2008 (ANTT, 2008). Todas as empresas de transporte

rodoviário inclusive os autônomos, terão que se registrar na ANTT, que somente

após a emissão do certificado estarão habilitados para exercerem a atividade.

ANTT (2008) destaca que tanto os transportadores, os usuários e o

país serão beneficiados com a criação do RNTRC. Os transportadores serão

beneficiados com a regularização da atividade através da habilitação formal, o

disciplinamento do mercado, a identificação de parâmetros de participação no

mercado e inibição da atuação de atravessadores não qualificados.

Para os usuários trará maior informação sobre a oferta de

transporte e maior segurança ao contratar o transportador. E ao país proporcionará

o conhecimento da oferta do transporte rodoviário de cargas, conhecimento da

especialização da atividade econômica (empresas, cooperativas e autônomos),

identificação da distribuição espacial, delimitação das áreas de atuação (urbana,

estadual e regional) dos transportadores e fiscalização da atividade (ANTT, 2008).

4.3.1 Malha rodoviária brasileira

Segundo Alvarenga e Novaes (2000, p. 82), "a rede rodoviária

nacional se apresenta bastante deteriorada, com extensos trechos necessitando de

recursos maciços para a sua recuperação". Aproximadamente 75% das rodovias

brasileiras apresentam alguma deficiência no quesito conservação, e mais da

metade são classificadas entre regular, ruim e péssima (CNT, 2006).

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Conforme Andrade (1994, p. I-34), o estado da malha rodoviária é

"em decorrência da falta de manutenção e conservação permanentes, por um lado,

e do trafego sempre crescente, do excesso de peso e condições climáticas

adversas por outro lado [...]". Observando-se a tabela 6 nota-se que grande parte

das rodovias brasileiras são consideradas deficientes na avaliação das condições

gerais. Para esta avaliação foram levados em conta os quesitos pavimentação,

geometria da via e sinalização.

Tabela 6: Avaliação geral das rodovias do Brasil.

Estado Geral Extensão Avaliada Porcentagem Ótimo 9.097 11% Bom 11.991 14%

Deficiente 32.410 38% Ruim 20.561 24%

Péssimo 10.323 12% Total 84.382 100%

Fonte: Cel/Coppead (2007).

Outro dado alarmante é que a imensa parte das rodovias brasileiras

não são pavimentadas, como está representado na figura 27. Tal fato contribui para

a péssima avaliação da condição geral das rodovias.

12%

88%

Trechos Pavimentados Trechos Não Pavimentados

Figura 27: Condição da Malha Rodoviária Brasileira (2005). Fonte: CEL/COPPEAD (2007).

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Isso se deve pelo grande fluxo de veículos pesados que utilizam as

rodovias brasileiras e pela falta de manutenção adequada nas vias. A figura 28 traz

alguns exemplos de rodovias não são pavimentadas.

Figura 28: Situação das rodovias brasileiras .BR-364 trecho entre Rio Branco e Tarauacá (AC) (esq.), BR-153 Curvelo (MG) (Centro), Fonte: Revista CNT Transporte Atual (2008).

Grande parte das rodovias que não são pavimentadas pertence à

malha municipal. Na malha federal mais da metade das rodovias também não são

pavimentadas. Apenas a malha estadual possui mais estradas pavimentadas. Isso

pode ser observado na figura 29.

1.281.965

22.735

98.377

109.963

17.050

7.277

57.933

14.777

Rede Não Pavimentada Rede Pavimentada

Figura 29: Condição da Malha Rodoviária Brasileira. Fonte: CEL/COPPEAD (2007).

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4.3.2 Problemas do transporte rodoviário de cargas no Brasil

O setor de transporte rodoviário convive com inúmeros problemas

estruturais que atrapalham e prejudicam o seu desempenho (FLEURY, 2003, 240).

Um desses problemas é o roubo de cargas que assola as rodovias. O péssimo

estado de conservação das rodovias, que além de contribuírem para o aumento no

número de acidentes, favorece para a elevação no número de roubos e furtos de

carga.

Os motoristas ao reduzirem a velocidade para desviar dos buracos

ou quando tem que parar o veículo por causa de um pneu furado ficam vulneráveis

a ação de criminosos (POMPEU, 2008, p. 32). A tabela 7 traz o número de roubos e

furtos ocorridos nas regiões brasileiras e os prejuízos financeiros que acarretam

esta prática danosa.

Tabela 7 Roubos/furtos de carga por região no ano de 2005

Região

Nº. ocorrências de Roubos/ Furtos cargas

Prejuízos devido a Roubos/Furtos de cargas

Número Percentual R$ Milhões Percentual Centro-Oeste

Nordeste Norte

Sudeste Sul

341 812 270

8.164 1.078

3% 8% 3%

77% 10%

38 67 19

500 76

5% 10% 35% 71% 11%

Fonte: Cel/Coppead (2007).

De acordo com a tabela a região sudeste é a que concentra o maior

número de ocorrências, isso se deve ao fato de ser a região concentradora dos

grandes centros produtivos e consumidores do país. Já a região Norte é a que

apresenta o menor número de ocorrências, contudo, é a segunda na questão de

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prejuízos. Isso acontece por causa do Pólo Industrial de Manaus (antiga Zona

Franca) que está localizado nesta região.

Conforme CNT (2007a), os principais problemas gerados pelo alto

índice de roubo de carga são: realização de roteirizações ineficientes, menor

utilização da capacidade do veículo por limitação do seguro, altos gastos com

seguro e gerenciamento de risco e redução do número de entregas por causa dos

procedimentos exigidos pelo gerenciamento de risco.

Esses problemas geram um aumento significativo nos custos das

empresas de transportes que muitas vezes não repassa totalmente aos seus

clientes que acabam sendo compensados com a diminuição de recursos para a

manutenção e investimentos na renovação de frota (CNT, 2007). Futuramente, por

causa dos problemas elencados e a busca de uma melhor utilização dos modos de

transporte, o modal rodoviário passará a ser usado para em distâncias menores e

como apoio aos outros modos (VIEIRA, 2003, p.104).

As principais causas apontadas pela CNT (2007a) para essa

situação são: altas barreiras de saída, baixa manutenção e renovação de veículos

carregamentos com sobre peso, jornadas de trabalho excessivas e inadimplência

no setor.

Os profissionais do setor de transporte (motoristas e ajudantes)

encontram dificuldades para sair do mesmo, pois normalmente possuem baixa

escolaridade o que dificulta a sua recolocação no mercado de trabalho. A facilidade

para participar e a dificuldade de sair do setor de transporte rodoviário de carga faz

com que se tenha grande oferta de serviço, gerando uma concorrência predatória

(CNT, 2008).

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Essa situação mencionada acaba agindo de forma prejudicial ao

sistema rodoviário, já que contribui para que seja transportado peso superior ao

permitido, aumento da jornada de trabalho dos motoristas que acabam consumindo

remédios para permaneceram acordados por longos períodos, aumento do número

de acidentes, baixa renovação da frota e manutenção.

A falta de regulamentação efetiva com relação à idade dos

caminhões gera o envelhecimento da frota, diminuindo a segurança nas rodovias e

reduzindo a produtividade. A figura 30 traz o cenário da evolução da idade média da

frota de caminhões no país e uma projeção para daqui a 5 anos.

Figura 30: Evolução da idade média da frota de caminhões. Fonte: CNT (2007).

Para Andrade (1994, I-33), as principais prioridades para o setor

rodoviário são:

• A restauração e conservação da malha;

• Adequação da capacidade de transporte dos principais

corredores;

• Integrar as regiões Norte e Nordeste;

• Melhorar o índice de desempenho energético;

• Implantação de rodovias vicinais em áreas de desenvolvimento

agrícola e regional.

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5 INTERMODALIDADE E MULTIMODALIDADE

De acordo com Caixeta-Filho e Martins (2007, p. 13), "[...] os

estudos de transportes têm-se desenvolvido nas várias áreas do conhecimento,

envolvendo aplicações das mais diversas [...]". Portanto, os crescentes estudos na

área da logística e a invenção de novos equipamentos contribuíram para o

aprimoramento da atividade de transporte.

O sistema de transportes oferece, além dos cinco modos de

transporte (rodoviário, ferroviário, dutoviário, aquaviário e aeroviário), uma

combinação entre eles para o transporte de mercadorias ou pessoas. Segundo

Faria e Costa (2007, p.96), a combinação entre os modais ocorre "[...] pela

integração entre duas ou mais espécies de modos, formando sistemas logísticos

denominados transportes intermodais para o deslocamento da forma mais

econômica possível [...]".

Essa integração tem como objetivo fazer o transporte de

mercadorias de modo mais econômico e eficiente, trazendo maior confiabilidade ao

serviço ofertado e, para Nazário (2000), também é uma oportunidade para as

empresas aumentarem sua competitividade. Para Rodrigues (2006, p. 107), esta

forma de transportar "alia a conveniência e a simplicidade jurídico-administrativa do

transporte unimodal à eficiência econômico-energética do transporte segmentado

[...]".

A combinação entre os diferentes modos de transporte pode ser

denominada de intermodalidade ou multimodalidade. Ao se analisar esses dois

termos, que a princípio designam a mesma ação (o transporte por mais de um

modo), nota-se que apresentam algumas peculiaridades distintas. "Como realmente

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não se trata apenas de uma questão semântica, foram identificadas características

bem definidas dentro da evolução do uso de mais um modal para o transporte de

carga" (NAZÁRIO, 2000).

De acordo com Novaes (2007, p. 243), transporte intermodal é "a

conjunção de duas ou mais modalidades sem maior preocupação além da simples

integração física e operacional". Porém esta definição é muito ampla, em uma

definição mais restrita o transporte intermodal acontece "quando as mercadorias

são transportadas por mais de um modo de transporte, por diferentes operadores,

que são responsáveis, cada qual, pelo seu trecho" (HARA, 2005, p. 45).

Já o transporte multimodal pode ser definido como sendo o

"transporte de mercadorias com um único contrato de transporte, utilizando pelo

menos dois modais, em decorrência da existência de um Contrato de Transporte

Multimodal [...]" (RODRIGUES, 2006, p.106). Ou ainda conforme Garcia Júnior

(2002, p. 11), esta modalidade não compreende apenas o serviço de transporte

também abrange "os serviços de coleta, unitização ou desunitização da carga por

destino, armazenagem, manipulação e entrega da carga ao destinatário abraçando

os serviços que foram contratados entre a origem e destino [...]".

Com base nas definições apresentadas por Novaes, Hara, Garcia

Júnior e Rodrigues a diferença entre transporte intermodal e multimodal é o

responsável pela mercadoria perante o cliente. Apesar dos dois sistemas utilizarem

mais de um modal em suas operações, a intermodalidade caracteriza-se pela

emissão individual de documento de transporte para cada modo, bem como pela

divisão de responsabilidade entre os transportadores. Já na multimodalidade existe

a emissão de apenas um documento de transporte, cobrindo todo o trajeto total da

carga.

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No transporte intermodal caso ocorra algum problema com a carga

durante o trajeto o embarcador deverá tomar as providências cabíveis junto a

empresa que transportava a mercadoria naquele momento. Já no transporte

multimodal a empresa contratada é que deve tomar apurar o acontecido e tomar as

providências.

Para Garcia Júnior (2002, p. 12-13), o termo intermodalidade seria

o mais correto quando se refere à mercadorias, porque o prefixo inter expressa

melhor a idéia de conexão entre os modos, ao contrário do prefixo multi que

transmite a idéia de independência. Porém os tratados internacionais e as normas

jurídicas nacionais adotaram o termo multimodalidade em seus documentos,

consagrando a sua utilização.

Dentre as vantagens da utilização do transporte multimodal pode-se

citar: a utilização mais adequada da matriz de transporte; maior eficiência

energética com a utilização de modos mais econômicos; ganhos de escala e nas

negociações do transporte; e redução de custos indiretos (ANTT, 2006). Outra

vantagem, segundo Rodrigues (2006, p.107), é que "sob o aspecto fiscal, a carga é

inspecionada apenas na origem e/ou destino, não ocorrendo desagregação das

unidades de carga durante todo o transporte".

A busca da utilização mais adequada da matriz de transportes por

meio da intermodalidade está lentamente se inserido na mentalidade das empresas

e do Governo Federal que procura agir por meio de investimentos e pela criação de

leis e normas pertinentes ao setor, como também por meio de concessões e

privatizações, como menciona Nazário (2000, p.3):

“O sistema de transporte no Brasil está passando por um momento de transição no que diz respeito às possibilidades de utilização de mais de um modal na movimentação de cargas por toda a cadeia de

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suprimentos. Isto ocorre principalmente pelo processo de privatizações de ferrovias e portos e execução de obras de infra-estruturais.”

A figura 31 apresenta o mapa da rede multimodal de transportes

brasileira, formada pela rede rodoviária, ferroviária, hidroviária e marítima.

Figura 31: Rede Multimodal de transportes. Fonte: ANTT (2002).

Conforme Pozo (2004, p. 181), são objetivos alcançados com a

utilização da intermodalidade:

• Redução do custo total:

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• Redução do tempo de transito em longos percursos;

• Redução do impacto ambiental;

• Redução do congestionamento nas rodovias

• Melhora do nível de serviços.

Como desvantagem tem-se

Para elevar os benefícios advindos com a utilização da

multimodalidade se faz necessário: legislação fiscal e tributária desagravada de

tributos sobre fretes e serviços; simplificação dos procedimentos aduaneiros:

terminais de cargas estruturados com equipamentos e instalações adequados.

Segundo Nazário (2000), "embora se possa observar alguns

exemplos de soluções logísticas que contemplem a utilização de mais de um modal,

estas iniciativas ainda esbarram em questões infra-estruturais e de regulamentação

[...]". Principalmente no Brasil que conta com um sistema de transporte tão

5.1 Legislação Multimodal

Segundo a ANTT (2006) as leis que disciplinam o Transporte

Multimodal no Brasil são:

• Decreto 1.563 de 19/07/1995 – que dispõe sobre a execução do

Acordo de Alcance Parcial para a Facilitação do Transporte

Multimodal de Mercadorias, entre Brasil, Argentina, Paraguai e

Uruguai.

• Lei 9.611 de 19/02/1998 – que dispõe sobre o Transporte

Multimodal de Cargas e dá outras providências;

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• Circular 40 de 29/05/1998 – que dispõe sobre o seguro

obrigatório de responsabilidade civil do operador de transporte

multimodal – OTM.

• Decreto 3.411 de 04/12/2002 – que regulamenta a Lei nº. 9.611,

alterando os Decretos nºs 91.030, de 05 de março de 1985, e

1.910, de 21 de maio de 1996, e dá outras providências.

• Circular SUSEP 216 de 19/12/2002 – que dispõem sobre o

Seguro de Responsabilidade Civil do Operador de Transporte

Multimodal – Cargas (RCOTM-C).

• Decreto 5.276 de 19/11/2004 – que altera os arts. 2º e 3º do

Decreto no 3.411.

• Resolução ANTT nº. 794, de 22/11/04 – que dispõe sobre a

habilitação do Operador de Transporte Multimodal, de que tratam

a Lei nº. 9.611, e o Decreto nº. 1.563.

Segundo Vieira (2006, p. 141), a lei 9.611 de 19/02/1998, também

conhecida com a Lei do OTM, nomeia o Ministério do Transporte como órgão

competente pela determinação da política de transporte multimodal de cargas seja

no transporte nacional ou internacional. Um grande entrave para a vigoração desta

lei é a questão fiscal, pois como é emitido apenas um documento de transporte

alguns estados argumentam que seriam prejudicados quanto à arrecadação do

ICMS (NAZÁRIO, 2000).

Segundo ANTT (2006), é de competência da Superintendência de

Logística e Transporte Multimodal (SULOG): Propor a habilitação dos OTMs,

elaborar normas e regulamentos, defender o direito dos usuários, atuar como

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mediador em conflitos entre prestadores de serviço e clientes, articular com todos

os agente envolvidos no processo (transportadores, clientes, órgãos do governo)

para a promoção do transporte multimodal.

5.2 Operador de Transporte Multimodal (OTM).

Para se realizar um transporte multimodal é necessária a utilização

de um Operador de Transporte Multimodal (OTM), que é o responsável pelo

gerenciamento da operação e pela integridade da mercadoria durante todo o

percurso. A regulamentação da atividade de OTM ocorreu por meio da lei nº.

9.611/98. Essa lei em seu Artigo 5º define OTM como "pessoa jurídica contratada

como principal para a realização do Transporte Multimodal de Cargas da origem até

o destino, por meios próprios ou por intermédio de terceiros".

A realização das operações de transporte multimodal é estabelecido

por um único contrato, entre o OTM e o embarcador, onde fica especificado a

responsabilidade do operador durante a realização de todo o processo, mediante o

pagamento de uma certa importância - o frete. (RODRIGUES, 2006, p.106). O OTM

não é necessariamente o proprietário da frota, ou seja, ele pode atuar como

transportador ou não (ANTT, 2006).

Segundo Garcia Júnior (2002, p. 19), "a responsabilidade do

Operador de Transporte Multimodal cobre o período compreendido desde o

momento em que recebe as mercadorias sob sua custódia até a sua entrega ao

destinatário". O OTM ainda é responsável por qualquer prejuízo causado por:

danos ou avarias e atrasos pelo não cumprimento de prazo acordado (ANTT, 2006).

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O conhecimento de transporte multimodal é o "documento que

comprova a celebração de um contrato de Transporte Multimodal e prova que o

OTM recebeu as mercadorias sob sua custódia tal como o descrito nesse contrato,

comprometendo-se a entregá-las conforme suas cláusulas" (RODRIGUES, 2006, p.

106).

O OTM é responsável pela mercadoria a partir de seu recebimento

até o momento de sua entrega. Ele também é responsável pelos atos dos

funcionários, sejam seus colaboradores ou de uma empresa contratada (GARCIA

JÚNIOR, 2002, p. 19).

Segundo Rodrigues (2006, 109-111), dentre as responsabilidades

do OTM, também incluem-se:

• A obrigatoriedade de possuir uma apólice de seguros que cubra

a responsabilidade civil sobre a carga;

• A responsabilidade pelas perdas e danos nas mercadorias

transportadas, bem como pelo atraso em sua entrega;

É considerado atraso toda vez que a mercadoria não for entregue

na data determinada, quando não constar uma data especifica a mercadoria dever

ser entregue em um prazo aceitável. Se isso não acorrer em até 90 dias será

considerada perdida a mercadoria (VIEIRA, 2002, p. 139).

No entanto, a lei 9.611 de 19/02/1998 prevê que o OTM será

isentado de qualquer responsabilidade sobre perda, dano ou atraso se comprovar

uma ou mais das seguintes situações:

• Ato ou fato imputável ao expedidor ou ao destinatário da carga;

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• Inadequação da embalagem, quando imputável ao expedidor da

carga;

• Vício próprio ou oculto da carga;

• Manuseio, embarque estiva ou descarga executados pelo

expedidor, destinatário ou consignatário, ou ainda, pelos seus

agentes ou propostos;

• Força maior ou caso fortuito;

De acordo com Rodrigues (2006, p. 111), quando for identificada

avaria, perda total ou parcial da mercadoria como o atraso de sua entrega, em

qualquer fase do transporte, a empresa responsável pela operação do trecho será

também responsável solidariamente ao OTM.

Conforme Garcia Júnior (2002, p. 32), para inscrever-se no Registro

de Operadores de Transporte Multimodal para realizar a atividade de OTM fora do

território brasileiro, e necessário apresentar pedido junto ao órgão nacional

competente e cumprir os seguintes requisitos: possuir capacidade legalmente

exigida nas normas gerais do e contar com a representação legal suficiente e sede

estabelecida no Estado-Parte (país) que se solicita a inscrição; ter e manter no

mínimo um patrimônio em bens ou equipamentos equivalentes a uma determinada

quantia, ou aval bancário ou seguro e caução para a mesma importância exigida.

5.3 Tipos de Intermodalidade e Multimodalidade

Segundo Ballou (2006, p.158), são dez as possíveis combinações

intermodais que podem ser feitas para a prestação do serviço de transporte: Aero-

dutoviário (avião-duto); ferro-aeroviário (trem-avião); ferro-aquaviário (trem-navio);

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ferro-dutoviário (trem-duto); hidro-aeroviário (navio-avião); hidro-dutoviário (navio-

duto); rodo-aeroviário (caminhão-avião); rodo-dutoviário (caminhão-duto); rodo-

hidroviário (caminhão-navio) e rodo-ferroviário (caminhão-trem);

Entretanto, Ballou (2006) ressalta, que nem todas estas

combinações são viáveis (como por exemplo, a aero-dutoviária) e que dentre as

viáveis algumas não tem boa aceitação no mercado (por exemplo, hidro-aeroviária).

O autor ainda ressalta que a combinação rodo-ferroviário é muito utilizada nos

Estados Unidos, e que a combinação rodo-hidroviária tem aumentado a sua

participação principalmente no transporte de produtos de alto valor agregado.

De acordo com Pozo (2004, p.181), um dos equipamentos mais

utilizados na operação intermodal e o contêiner, já que pode ser tranferido

facilmente por todos os modais, com exceção do dutoviário. Como os termos

intermodalidade e multimodalidade se referem à mesma ação, de transportar

mercadorias ou pessoas por mais de um modo de transporte, daqui em diante será

utilizado apenas o termo intermodalidade.

Segundo Calabrezi (2005, p.), a intermodalidade ferro-hidroviária ou

hidro-ferroviária utiliza dois modais com grande capacidade e aptos a percorrerem

longas distâncias. Os transportes ferroviário e aquaviário são dentre todos os

modais os que têm maior capacidade de transporte, pois isso proporcionam menor

custo de transporte por unidade. O autor também ressalta que este tipo de

transporte é utilizado principalmente para o transporte de mercadorias para

mercados consumidores distantes, dentre um mesmo país ou importação e

exportação.

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5.3.1 Intermodalidade rodo-ferroviária

A combinação rodo-ferroviária alia a vantagem do transporte porta a

porta do sistema rodoviário com a economia do transporte ferroviário para grandes

distâncias e para enormes quantidades. De acordo com Nazário (2000), existem

nos Estados Unidos 5 formas de se realizar a intermodalidade rodo-ferroviária, que

são caracterizadas por duas importantes variáveis: a responsabilidade sobre a

carga e a propriedade sobre os ativos. Essas alternativas são:

• Tipo 1: A ferrovia através de um vagão plataforma

movimenta a carreta do transportador rodoviário que é

responsável pela carga;

• Tipo 2: A ferrovia é responsável pela movimentação da

carga. Tanto a carreta, quanto o vagão são de propriedade

da ferrovia. Existem variações deste tipo no que diz respeito

à coleta e entrega. Existe a possibilidade do próprio

embarcador ser o responsável por estas atividades;

• Tipo 3: O embarcador/cliente fornece a carreta e a ferrovia é

responsável pela movimentação;

• Tipo 4: Diferencia-se do tipo 3 apenas quanto a propriedade

do vagão, que neste caso é do embarcador;

• Tipo 5: Caracteriza-se pela joint venture entre transportador

rodoviário e ferroviário. Um dos dois pode ser o responsável

pela movimentação da carga;

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O autor ainda ressalta a tendência dessas alternativas serem

aplicadas no Brasil, devido principalmente a regulamentação que institui OTM.

Contudo, ainda há a falta de consenso a respeito de quem deve investir na compra

dos equipamentos para as combinações intermodais.

O transporte rodoviário e ferroviário são em muitas situações

competidores dependendo da quantidade a ser transportada e a distancia a ser

percorrida. Porém, em certas situações, a combinação rodo-ferroviária é a mais

econômica e eficiente (NAZÁRIO, 2000). O quadro 3 apresenta as distâncias e

volumes que são mais vantajosos para os modos ferroviário e rodoviário e quando

ocorre competição entre esses dois modos.

Abaixo de 0,5 t. 0,5 - 4,5t. 4,5 - 13,5t. 13,5 - 27 t. 27 - 40 t.

Acima de 40 t.

Abaixo de 160 Km 160 - 320 Km 320 - 480 Km 480 - 800 Km 800 - 1600 Km 1600 - 2400 Km Acima de 2400 Km

Quadro 3: comparação entre os modais rodoviário e ferroviário e a opção intermodal. Fonte: Nazário (2000).

5.4 Combinações Intermodais Rodo-Ferroviárias

Conforme Nazário (2000), "uma das principais técnicas no

intermodalismo, principalmente nos Estados Unidos, está relacionada ao

acoplamento entre modais". Para executar a integração entre os modais de forma

mais ágil e econômica, são utilizados equipamentos que facilitam o transbordo da

carga entre os modos.

Rodoviário

Competição Ferroviário

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Ballou (2006, p. 157), ressalta que a integração entre os modos de

transporte aumenta as opções para os embarcadores que normalmente utilizam

apenas um modal. Além disso, as combinações intermodais auxiliam na redução de

custos e na melhor utilização da rede de transportes, pois permitem "que se associe

a agilidade do transporte rodoviário (tempos reduzidos de carga e descarga) com o

menor custo unitário do trem" (NOVAES, 2006, p. 247).

5.4.1 Container on Flatcar (COFC)

Conforme Nazário (2000), o sistema COFC "caracteriza-se pela

colocação de um contêiner sobre um vagão ferroviário". Ainda, segundo Ballou

(2006, p. 159), como no sistema COFC se transporta apenas o semi-reboque, não

há o pagamento do frete morto da subestrutura e dos rodados. A figura 32 traz o

sistema COFC.

Figura 32: Sistema COFC. Fonte: ANTF (2006).

5.4.2 Trailer on Flatcar (TOFC)

De acordo com Nazário (2000), o TOFC "também conhecido como

piggyback, teve origem nos primórdios da ferrovia americana. Consiste em colocar

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uma carreta (semi-reboque) sobre um vagão plataforma". O sistema TOFC "é o

transporte de semi-reboques em vagões plataforma ferroviários, normalmente em

trajetos bem maiores que os normalmente cobertos em caminhão" (BALLOU, 2006,

p. 158). A figura 33 apresenta o sistema TOFC

Figura 33: Sistema TOFC Fonte: ANTF (2006).

5.4.3 Double Stack Train (DST)

Segundo Nazário (2000), "também existe a possibilidade de

posicionar dois contêineres sobre um vagão (double stack) para aumentar a

produtividade da ferrovia". O autor ainda ressalta que no Brasil por causa da altura

de alguns túneis, em algumas rotas fica inviável a utilização deste sistema que é

demonstrado na figura 34.

Figura 34: Sistema DST. Fonte: ANTF (2006).

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5.4.4 Autotrem

Segundo ANTF (2006), o sistema autotrem "trata-se de uma

tecnologia em que todo o caminhão é embarcado sobre um vagão plataforma,

sendo utilizado na Europa, sobretudo na travessia de longos túneis como o Canal

da Mancha".

Figura 35: Sistema Autotrem. Fonte: ANTF (2006).

5.4.5 Rodotrilho (Road Railer)

Este equipamento parte da premissa de, conforme ANTF (2006),

realizar o transporte rodo-ferroviário sem a utilização de vagões, por meio de um

semi-reboque rodoviário com as seguintes características:

• No trajeto rodoviário utiliza pneus convencionais;

• No trajeto ferroviário utiliza rodas ferroviárias que estão

acopladas ao semi-reboque ou por meio de um truque ferroviário

especial fixado ao semi-reboque que permite o engate em outros

semi-reboques.

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De acordo com ANTF (2007), "nos EUA, o semi-reboque

intermodal mais consagrado é denominado roadrailer, que utiliza truques

ferroviários avulsos no percurso efetuado por vias férreas".

Figura 36: Sistema Road Railer Fonte: ANTF (2006).

No Brasil, foi desenvolvida uma tecnologia similar ao road railer pelo

consórcio Sirfe-Noma denominado rodotrilho. Segundo Noma (2005), o rodotrilho é

um inovador sistema de transporte, pois o mesmo semi-reboque pode trafegar tanto

na rodovia, como na ferrovia, com a mesma agilidade para cada modal.

A montagem da composição é feita utilizando o próprio cavalo-

mecânico. A carreta é acoplada a um truque ferroviário, dotado de uma quinta-roda.

Através de um prático conjunto de engates é feita a conexão entre cada semi-

reboque. Os pneus são suspensos e permanecem no equipamento durante o trajeto

ferroviário (NOMA, 2005). A figura 37 apresenta um modelo de rodotrilho.

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Figura 37: Sistema rodotrilho. Fonte: Noma (2005).

Atualmente, segundo Noma (2007), a Estrada de ferro dos Carajás

utiliza o rodotrilho para transportar botijões de GLP para a empresa AGIP-Tropigás.

Esta operação de transporte entrou em operação em julho de 2000 e diariamente as

composições percorrem os 650 km que distanciam as cidades de São Luis e

Imperatriz, no Maranhão.

As vantagens da utilização deste sistema são: eliminação do

transbordo, visto que, não utiliza a estrutura para armazenamento e carregamento

de cargas; flexibilização da ferrovia, atingindo novos nichos de mercado com a

realização da logística porta a porta; segurança nas rodovias com a diminuição na

quantidade de carretas trafegando nas rodovias e; integração entre ferrovias com

bitolas diferentes com a troca dos truques nos pontos onde as bitolas se

diferenciam.

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6 ESTUDO DE CASO

Para demonstrar a importância da intermodalidade no setor de

transporte de cargas será apresentado um estudo de uma operação que envolve

equipamentos intermodais rodo-ferroviários. O nome da empresa foi trocado por

não ter sido autorizado pela mesma a sua divulgação.

6.1 EMPRESA ALFA.

A empresa ALFA é um operador logístico que atua nos setores

rodoviário e ferroviário. Compõem a sua estrutura aproximadamente 20.000

quilômetros de linha férrea, 980 locomotivas, 28.000 vagões, 1.200 caminhões entre

próprios e agregados, 200.000 m2 de área de armazenagem e 70 unidades de

embarque e desembarque de carga localizadas nas principais cidades brasileiras e

também na Argentina, Chile e Uruguai.

A empresa dispõe de 160 road railers que saem direto das estradas

para as ferrovias. Por não ocorrer manuseio de mercadoria para transbordo, eles

são muito utilizados para mercadorias de maior valor agregado cujo manuseio pode

danificar a carga, como por exemplo, produtos de higiene e limpeza, alimentos,

bebidas, embalagens e papel.

Os principais corredores de transporte atendidos pela empresa

ALFA são:

• Corredores de exportação no sentido Leste-Oeste até os portos.

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• Corredores intermodais para produtos industrializados, no

sentido Norte-Sul, com conexão com a área metropolitana de

São Paulo até Buenos Aires e a região sul do país.

• O corredor rodoviário São Paulo-Bahia, dedicado ao

fornecimento às instalações industriais.

• O corredor de produtos industrializados de Mendoza a Buenos

Aires.

O corredor leste-oeste possui duas rotas principais: uma rota de

aproximadamente 700 quilômetros, de Maringá e Londrina até os portos de

Paranaguá e São Francisco do Sul e uma linha na região do noroeste do Rio

Grande do Sul até o porto de Rio Grande. Esse setor fornece serviços para a

exportação de commodities agrícolas, servindo também como principal rota para a

entrega de produtos derivados de petróleo de uma grande refinaria localizada em

Curitiba.

O corredor norte-sul é uma rota principal interligando São Paulo a

Buenos Aires, através de Porto Alegre, transportando predominantemente produtos

industrializados, incluindo materiais de construção, produtos siderúrgicos, arroz e

carga geral em contêineres. O corredor rodoviário São Paulo-Bahia é dedicado ao

transporte de suprimentos para uma fábrica do setor automobilístico, sendo o

corredor rodoviário mais importante da ALFA.

A empresa atende clientes de diversos segmentos como

commodities agrícolas, insumos e fertilizante, combustíveis, construção civil,

siderúrgico, eletroeletrônicos, automotivo e autopeças, embalagens, químico,

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petroquímico, entre outros. Oferecendo inúmeros serviços logísticos dentre eles o

transporte intermodal rodo-ferroviário.

1.1 6.2 Operação Intermodal Rodo-Ferroviária

A empresa ALFA desenvolveu uma solução multimodal adotada

para um de seus clientes do ramo alimentício para o transporte de leite longa vida.

A empresa ALFA é responsável pela coleta do produto na fábrica, sua transferência

para outro estado até a distribuição do produto. Inicialmente o transporte do produto

era feito exclusivamente pelo modo rodoviário, porém estudos realizados pela ALFA

levaram a empresa desenvolver um novo programa de distribuição com a utilização

também do modo ferroviário.

O percurso a ser realizado parte da cidade de Teutônia no interior

do Rio Grande do Sul para os estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro.

Nesta operação a ALFA utiliza três ativos ferroviários:

• Vagões Fechados (figura 38), com capacidade de 44 paletes/

vagão = 50 t.;

Figura 38: Vagão Fechado. Fonte: ALFA (2008).

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• Contêineres de 40 pés - sistema COFC (figura 39), com

capacidade de 22 paletes por contêiner = 25 t/vagão

Figura 39: contêiner. Fonte: ALFA (2008).

• Road Railers (figura 40), com capacidade de 25 t.;

Figura 40: Road Railer. Fonte: ALFA (2008).

Quando a empresa ALFA chega à fábrica para realizar a operação

de coleta recebe a mercadoria já paletizada, conforme a figura 41. Para essa

operação são utilizados caminhões comuns, o road railer e contêiner.

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Figura 41: Características do Produto. Fonte: ALFA (2008).

A figura 42 representa todo o percurso realizado pela empresa

ALFA no transporte do produto.

Figura 42: Representação da operação intermodal.

Fonte: ALFA (2008).

PALLET PBR (1,10 X 1,20) PESO: 1.160 kg 6 camadas = 90 caixas

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Depois de deixar as instalações do fabricante à mercadoria segue

para o porto público de Estrela (RS), onde é realizada a transferência de parte da

mercadoria para os vagões. No caso contêiner e do road railer não há necessidade

de transbordo. Em seguida é formado o comboio ferroviário que segue para São

Paulo.

A mercadoria segue para o terminal intermodal da ALFA em Tatuí-

SP. No terminal a carga é armazenada em torno de 3 a 4 dias para depois ser

distribuída para as redes de varejo em São Paulo e do Rio de Janeiro. O percurso é

efeito em torno de 5 a 6 dias, já por rodovia o prazo era de 2 a 3 dias. Os vagões

são dedicados e adaptados para as necessidades dos clientes e a operação é

ininterrupta, 24 horas/dia x 7 dias/semana.

No Terminal em Tatuí (SP) a empresa ALFA é responsável por:

receber e controlar os pedidos; gerenciamento de estoque; elaboração das rotas de

entrega, de acordo com a janela de recebimento dos clientes (varejo) e; garantir de

disponibilidade de ativos (40 cargas/dia, em média). A empresa optou por fazer uma

combinação entre esses, pois assim conta com uma gama maior de possibilidades

de transporte.

A nova forma de transporte permitiu a redução do custo da

transferência do produto (estimado em 11%), sem perda do tempo de entrega do

pedido e proporcionando maior segurança no transporte e confiabilidade no

atendimento, além de ser mais uma alternativa de transporte. No início da operação

eram transportados 3,8 mil toneladas de leite, depois passou para 6 mil toneladas,

atualmente são mais de 110 mil toneladas transportadas por mês.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois da realização deste trabalho conclui-se como é fundamental

para o país possuir um sistema de transporte eficiente e eficaz para atender tanto

ao mercado interno como o externo. Infelizmente, hoje o sistema de transporte

brasileiro está muito aquém do ideal. É preciso grande investimento, tanto publico

como privado, para reestruturar o sistema de transportes brasileiro.

Existem vários problemas que atrapalham o pleno desenvolvimento

das operações de transporte. O desequilíbrio da matriz de transporte contribui para

tal realidade e acaba gerando um alto custo para empresas. Isso faz com que elas

acabem perdendo a sua competitividade, tanto no mercado nacional como no

internacional. Todos os modos de transportes enfrentam grandes dificuldades

sejam estruturais ou burocráticas.

A grande utilização do modal rodoviário prejudicou o

desenvolvimento das outras modalidades. O transporte fluvial ainda é pouco

explorando, pois esbarra em questões ambientais e geográficas. O modo marítimo

após as concessões vem se estruturando, porém necessita de várias obras de infra-

estrutura para melhor seu desempenho.

O ferroviário após décadas de abandono começa a se reestruturar

depois das concessões. Contudo, ainda convive com gargalos que prejudicam as

suas operações como: invasões em sua faixa de domínio, uma via com traçado

sinuoso e antiquado, as diferentes bitolas, entre outros. Apesar disso, o setor vem

aumentando sua participação na matriz de transportes e tem projeções otimistas

para os próximos anos.

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Além disso, até mesmo o modo rodoviário enfrenta graves

problemas. Apesar de ser o mais utilizado apresenta vias em péssimas condições,

grande parte das rodovias não é asfaltada ou encontra-se em condições precárias;

o baixo índice de renovação da frota, inúmeros veículos trafegam pelas estradas

brasileiras sem as mínimas condições de segurança; o grande índice de acidentes e

assaltos nas rodovias.

Entretanto, a sua grande capacidade de atender a grande maioria

dos locais, faz com que se torne imprescindível a sua grande utilização. Deve ser

usado de uma forma mais racional, como abastecedor de modais com maior

capacidade de transporte, como marítimo e ferroviário, e nas entregas de curta

distancia como na distribuição urbana.

É importante buscar formas mais econômicas de transporte, já que

essa atividade é a que tem maior impacto nos custos logísticos e

conseqüentemente no custo final do produtos. A utilização da intermodalidade é

uma forma de utilizar de maneira mais adequada o sistema de transporte atual. É

uma maneira de reduzir os custos e aumentar as possibilidades de rotas para os

embarcadores.

Dentre as combinações intermodais existentes destaca-se a rodo-

ferroviária, porque une a versatilidade do modo rodoviário com a grande capacidade

de transporte do modo ferroviário. E também por serem no país os modos que têm

maior participação na matriz de transportes. Entretanto, a intermodalidade possuem

entraves que prejudicam a sua aplicação.

A falta de estrutura viária adequada e principalmente as

divergências jurídicas e fiscais impedem o pleno desenvolvimento do transporte

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intermodal. É preciso que a lei seja posta em prática e que divergências fiscais

sejam resolvidas para que a figura do OTM possa desempenhar seu papel.

Mesmo com esses entraves existem empresas que investiram em

operações intermodais e estão conseguindo bons resultados. Como por exemplo, a

empresa do estudo de caso que esta inserindo a intermodalidade em suas

operações alcançando excelentes. Principalmente com a utilização dos

equipamentos intermodal road railer ou rodotrilho. Este equipamento é muito

funcional para a integração rodo-ferroviária, pois consegue trafegar tanto nas

rodovias como nas ferrovias.

Apesar da funcionalidade deste equipamento a sua adoção no

mercado brasileiro ainda é insignificante em comparação com grande frota de

caminhões que o país possui. Isso é devido a necessita de acordos entre as

concessionárias e os embarcadores ou com outras empresas de transporte para

acordar quem comprará o equipamento. Fica evidentemente mais fácil à utilização

deste equipamento por concessionárias ferroviárias que também atue no setor

rodoviário, como a empresa ALFA. Assim ela dispõe de mais um meio de

locomoção para ofertar a seus clientes.

Sendo assim, é preciso sanar os problemas existentes nos modos

rodoviário e ferroviário como na própria intermodalidade. Assim, a intermodalidade

rodo-ferroviária, como as outras combinações, poderão ser utilizadas amplamente,

principalmente pelos grandes operadores logísticos.

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