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ANÁLISE CRÍTICA DA LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA DE SEGURANÇA E
SAÚDE OCUPACIONAL. O CASO DA
EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS
josé Roberto Rocha
(UFF / RJ)
Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas
(UFF / RJ)
Robson Spinelli Gomes
(UFF / RJ)
Resumo O presente artigo apresenta uma análise crítica da legislação
brasileira de segurança e saúde ocupacional. O estudo concentra-se na
questão dos limites de tolerância a agentes químicos. Foi realizada
pesquisa bibliográfica voltada à evoluçção do conhecimento científico
relacionado aos limites de exposição ocupacional, com o objetivo de
avaliar os conceitos e os limites de tolerância vigentes na legislação
brasileira. Para conhecer os critérios utilizados na revisão e
atualização das normas brasileiras, foram realizadas entrevistas com
profissionais que trabalham diretamente na emissão e na revisão da
legislação brasileira de segurança do trabalho. As entrevistas foram
realizadas no mês de novembro de 2009. Os resultados do estudo
indicaram defasagem dos limites de tolerância a agentes químicos
vigentes na legislação brasileira, quando comparados às referências
internacionais mais atualizadas. As entrevistas realizadas na área de
regulamentação do Ministério do Trabalho e Emprego apontam as
principais dificuldades a serem enfrentadas no trabalho de revisão
desses limites de tolerância que foram estabelecidos pela Norma
Regulamentadora NR 15, no final da década de 1970.
Palavras-chaves: Engenharia do Trabalho; Riscos Químicos no
Trabalho; Sistemas de Gestão de Higiene e Segurança do Trabalho;
Limites de Exposição Ocupacional.
12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011
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1. INTRODUÇÃO
A legislação sobre Segurança do Trabalho teve sua origem na Inglaterra entre 1760 e 1830,
quando ocorreu o movimento que representou um divisor de águas na historia da humanidade:
a Revolução Industrial, com o aparecimento das primeiras máquinas de fiar.
Naquele momento, o consumo da força de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores
a um processo acelerado e desumano de produção, exigia uma intervenção, sob pena de tornar
inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo (MENDES, 1991, p.341).
A mão de obra era subjugada, valendo-se ressaltar que o trabalhador prestava serviços de sol a
sol, para receber migalhas de pão ou um prato de comida. Vale lembrar que mulheres e
crianças participavam do mercado de trabalho. Esses fatos motivaram a ocorrência de
diversos acidentes que muitas vezes alcançavam famílias inteiras, vindo a provocar problemas
sociais extremamente graves (SOUZA, 2006, p.427).
Tal situação impactou a opinião pública e o Parlamento Britânico que aprovou em 1802 o
documento “Health and Morals of Apprentices Act” (Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes).
Posteriormente, entre os anos de 1831 e 1901 foram aprovados na Inglaterra os chamados
“Factory Act” que constituíram o primeiro conjunto consistente de legislações voltadas para a
proteção dos trabalhadores. O “Factory Act” de 1864 exigia o uso de ventilação diluidora
para reduzir os contaminantes; o “Factory Act” de 1878 especificava o uso de ventiladores
para exaustão. (FANTAZZINI, 2003, p.17).
As leis instituídas na Inglaterra serviram de modelo para vários países industrializados da
época. Na Alemanha, em 1869, e na Suíça, em 1877, foram aprovadas as leis precursoras que
responsabilizavam os empregadores por lesões ocupacionais (FUNDACENTRO, 2004, p.17).
Este movimento estava alinhado com manifestações populares da época e com a idéia
emergente da “Questão Social”, que refletia um conjunto de ações de juristas e filósofos na
busca de soluções para os problemas relacionados com as relações de trabalho vigentes e suas
conseqüências para a segurança e saúde dos operários.
É importante ressaltar que nesse movimento, iniciado no século XVII e voltado para a
melhoria das condições de trabalho nas fábricas, não existe registro, até o final da década de
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1920, de nenhum documento reconhecido relacionado aos riscos dos trabalhadores expostos a
produtos químicos, com definição de limites de concentração e tempo de exposição.
Em 1930, o Ministério do Trabalho da Rússia elaborou um decreto com concentrações
máximas aceitáveis para 12 substâncias tóxicas de uso industrial. Após 1930, começaram a
surgir mais trabalhos a respeito de limites de exposições ocupacionais crônicas (ARCURI,
1991, p.100).
No Brasil, a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais nas indústrias, em especial na
indústria química, na indústria do petróleo e na construção civil resultou na publicação, em 27
de julho de 1972, da Portaria MTPS 3.237, que estabelecia: “os estabelecimentos que se
enquadrem nas condições determinadas nesta Portaria deverão manter, obrigatoriamente,
além das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – CIPAs, um serviço especializado
em segurança, higiene e medicina do trabalho”. A partir de então começaram a ser emitidas e
regulamentadas no Brasil as legislações voltadas para a segurança e a saúde dos
trabalhadores. Em 8 de junho de 1978, considerando o disposto no artigo 200 da Seção XV da
Lei 6.514 (22/12/1977), o Ministério do Trabalho emitiu a Portaria MTB 3.214 que
consolidava as primeiras Normas Regulamentadoras; tais normas tornaram-se então a
principal referência legal no Brasil para as questões de saúde e segurança no trabalho.
No conjunto das Normas Regulamentadoras publicadas em 1978 pelo Ministério do Trabalho,
a NR 15 – Atividades e Operações Insalubres estabeleceu os limites de tolerância para a
exposição a agentes químicos, físicos e biológicos. Pelo fato de ser uma norma de legislação
federal, cujo caráter obrigatório a define como diretriz mínima a ser seguida pelas empresas
no âmbito da segurança do trabalho no Brasil, era de se esperar que os limites de tolerância
estabelecidos na NR 15 acompanhassem, ao longo dos anos, a evolução dos estudos
relacionados aos efeitos nocivos de substâncias químicas na saúde humana, bem como a
introdução de novos produtos químicos nos processos de produção. Entretanto, decorridos
trinta anos da sua publicação, a relação de agentes químicos e os limites de tolerância da NR
15 estabelecidos em 1978 até hoje não foram alterados, o que sugere a hipótese de que os
limites de tolerância da legislação brasileira podem estar desatualizados, e este foi
especificamente o tema central do presente estudo.
A relevância do presente estudo está relacionada aos ricos de doenças ocupacionais
decorrentes da exposição de trabalhadores a agentes químicos em concentrações superiores
àquelas que são recomendadas pelo conhecimento científico desenvolvido nessa área
específica da Higiene Ocupacional.
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O objetivo principal da pesquisa é analisar criticamente a legislação brasileira que
regulamenta os limites de tolerância a agentes químicos. e propor ações de melhoria visando à
prevenção de doenças relacionadas ao trabalho. Como objetivos mais específicos o estudo se
propôs a realizar estudo comparativo dos limites de tolerância da legislação brasileira frente
às referências internacionais atualizadas, e conhecer a sistemática de revisão da legislação
brasileira de segurança do trabalho.
2. MÉTODO DA PESQUISA
Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica voltada para os limites de exposição
ocupacional a agentes químicos. Nesta etapa do trabalho buscaram-se os dados que
possibilitassem uma avaliação comparativa dos parâmetros utilizados nos países mais
industrializados com os limites de tolerância vigentes na legislação brasileira. Neste estudo
comparativo foram utilizados, além dos critérios da ACGIH, já citados, os critérios da IARC –
International Agengy of Research on Cancer, conforme Tabela 1:
Tabela 1 – IARC – International Agengy for Research on Câncer
CLASSIFICAÇÃO
CRITÉRIO / DESCRIÇÃO
IARC – 1 Carcinogênico para humanos. Esta classificação é utilizada quando
existe evidência suficiente de efeito cancerígeno em seres humanos
IARC – 2 A Provável carcinogênico para humanos. Esta classificação é utilizada
quando as evidências de efeito cancerígeno para seres humanos são
limitadas, e existem evidências de efeito cancerígeno em
experiências com animais.
IARC – 2 B Possível carcinogênico para humanos. Esta classificação é utilizada
quando os efeitos cancerígenos em seres humanos são considerados
possíveis. As evidências de efeitos cancerígenos em humanos são
ainda inadequadas, não obstante a existência de evidências de efeito
cancerígeno em experiências com animais
Fonte: 2008 – Guide to Occupational Exposure Values – ACGIH
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Posteriormente foi realizada a pesquisa de campo junto a profissionais que trabalham
diretamente na elaboração e revisão da legislação brasileira de segurança do trabalho. Foram
realizadas entrevistas presenciais com quatro representantes das bancadas da CTPP –
Comissão Tripartite Paritária Permanente, que participam diretamente na elaboração e revisão
das normas brasileiras de segurança do trabalho. Foi entrevistado um representante de cada
uma das bancadas do governo e do empresariado. No caso da bancada dos trabalhadores
foram entrevistados dois representantes, sendo um da CUT – Central Única dos Trabalhadores
e um da Força Sindical. Para essas entrevistas foi desenvolvido um modelo de questionário,
apresentado no Anexo 2, com sete perguntas abertas. O objetivo da aplicação do questionário
foi avaliar as percepções dos entrevistados no que se refere à situação dos limites de
tolerância a agentes químicos estabelecidos na legislação brasileira. Durante as entrevistas,
cada um dos entrevistados informou o seu ponto de vista sobre as principais dificuldades
relacionadas ao processo de atualização desses limites, em vista da entrada de novas
substâncias químicas no mercado e da evolução do conhecimento científico nessa área
específica da higiene ocupacional. As conclusões do estudo foram baseadas nos resultados
obtidos da pesquisa bibliográfica e das entrevistas realizadas com os representantes das
bancadas da CTPP.
3. LIMITES DE EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS
A atividade laboral pode representar a maior contribuição para a exposição a agentes
químicos para as pessoas durante a sua vida. Muitas doenças têm sido relacionadas à presença
de substâncias nocivas á saúde nos ambientes de trabalho, como, por exemplo, asma, alergias
e algumas formas de câncer. Diante disso, pode-se concluir que os riscos associados à
exposição aos agentes químicos e a sua regulamentação nos locais de trabalho constituem
matéria de relevância para a pesquisa científica (SCHENK, 2009, p.3). Para proteger a saúde
das pessoas expostas nos seus locais de trabalho, autoridades e organismos credenciados,
entre outras medidas, definem Limites de Exposição Ocupacional (OELs – Occupational
Exposure Limits). Os métodos através dos quais esses limites são determinados, e o nível de
proteção esperado variam entre os diferentes países e organismos que definem esses limites
(SCHENK, 2007, p.262). Consideradas as diferenças de métodos e critérios de aplicação,
limites de exposição constituem uma estratégia reconhecida e adotada em muitos países para
o controle dos riscos ocupacionais. Limites de exposição ocupacional são fixados para
prevenir doenças ocupacionais ou outros efeitos adversos que incluem irritação nos olhos,
sedação e efeitos narcóticos (GUNNAR, 2008).
Na década de 1920 a 1930, começaram a ser propostos alguns limites, sendo que os primeiros
a aparecer foram os limites para monóxido de carbono, óxido de zinco e poeiras de fluoretos
(GANA SOTO, 1994, p. 8). Em 1946, a ACGIH emitiu a sua primeira lista de limites de
exposição. Denominados “Thresholds Limits Values –TLVs”, os limites da ACGIH foram
definidos simplesmente como “Maximum Alowed Concentrations”, sem explicações
complementares. Aproximadamente 130 substâncias foram incluídas (SCHENK, 2007,
p.261). Nessa época, autoridades britânicas criticaram a prática americana pela grande ênfase
dada às medidas e pela alta confiança atribuída aos valores limites de referência. Harvey, que
era inspetor de fábrica do Reino Unido, chamava-os de “concentrações teóricas máximas
permissíveis” (ARCURI, 1991, p.100). Nas décadas de 1950 e 1960 os limites de tolerância
da ACGIH foram adotados palas agências reguladoras em vários países. Após esse período, as
agências nacionais começaram a desenvolver gradativamente seus próprios limites.
Atualmente, um grande número de países desenvolveu seus próprios limites de tolerância que
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cobrem centenas de diferentes agentes (SCHENK, 2007, p.262). No caso específico do
benzeno, os limites de exposição foram sucessivamente revisados nos últimos 25 anos.
Atualmente a maioria dos países desenvolvidos trabalha com limites de exposição (TLV
TWA) na faixa de 0,5 a 1,0 ppm. No âmbito da União Européia verificou-se a necessidade de
harmonizar os limites de exposição e o benzeno foi um dos primeiros produtos a ser avaliado
neste sentido pelo SCOEL (CAPLETON, 2005, p.44).
Estudos relacionados aos riscos químicos realizados por empresas farmacêuticas resultaram
na definição de limites específicos de exposição que são adotados por uma boa parte dessas
empresas para a prevenção de doenças relacionadas ao trabalho. (BINKS., S., P., p. 366,
2003)
A ACGIH publica anualmente os Threshold Limits Values - TLVs, que continuam a ser
referência para os estudos relacionados ao tema em outros países. Na edição de 2009 da
publicação da ACGIH, os agentes químicos com limites de tolerância fixados, incluindo
gases, vapores e poeiras respiráveis totalizam seiscentas e setenta e cinco (675) substâncias
químicas.
Estudos desenvolvidos nessa área indicam que os limites de exposição não devem ser
considerados como garantia absoluta no que se refere a exposições contínuas abaixo dos
limites estabelecidos. A própria ACGIH revisou a sua definição original, criticada na época
pelas autoridades britânicas, procurando ser menos abrangente.
Para a ACGIH 2009 - TLVs e BEI (Introdução – 3):
Os limites de exposição (TLVs) referem-se às concentrações das
substâncias químicas dispersas no ar, e representam condições às
quais, acredita-se, que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta,
repetidamente, dia após dia, durante toda uma vida útil de trabalho,
sem efeitos adversos à saúde (“in verbis” com grifo do autor).
A legislação brasileira através da Norma Regulamentadora 15 apresenta a seguinte definição
para Limite de Tolerância:
NR 15 – 15.1.1. Entende-se por Limite de Tolerância, para os fins
desta Norma, a concentração ou intensidade máxima ou mínima,
relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não
causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. (“in
verbis” com grifo do autor)
Como a NR 15 não foi revisada, esta definição prevalece no Brasil, para efeitos legais, desde
1978.
Na prática os termos Limites de Exposição e Limites de Tolerância são utilizados
indistintamente. Ocorrências já constatadas de agravos à saúde em exposições abaixo desses
limites indicam que o termo Limite de Tolerância não é o mais adequado, uma vez que
valores inferiores podem não ser tolerados pelo organismo humano em determinadas
condições ambientais. Exposições combinadas entre os vários produtos químicos e ainda com
outros agentes presentes no ambiente, como ruído, calor, umidade, efeitos estressantes
exercem efeitos sobre a saúde (ARCURI, 1991, p. 104). Da mesma forma, diferenças de
suscetibilidades individuais podem alterar a tolerância das pessoas a determinadas
concentrações de agentes químicos. Os limites de exposição não são valores estáticos e sim
dinâmicos, mudando freqüentemente com os achados epidemiológicos e as correlações entre
as concentrações e qualquer alteração na saúde ou no conforto dos trabalhadores (SPINELLI,
R.; POSSEBOM, J.; BREVIGLIERO, E., 2006, p.70).
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Os critérios para definição dos limites de exposição ocupacional não são uniformes. Variam
com o tempo e de um país para outro. São influenciados por razões econômicas e sociais.
Assim sendo, não são limites seguros, e devem ser denominados “Limites de Exposição” e
utilizados como referência para o controle dos riscos ocupacionais (ARCURI, 1991, p.101).
Esses valores devem ser entendidos como um guia para os profissionais que trabalham em
Higiene Industrial, e nunca como valores rígidos de separação entre concentrações seguras e
perigosas (GANA SOTO, 1994, p.9).
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
1 – Pesquisa Bibliográfica
O resultado do levantamento de dados comparativos entre os limites de tolerância da NR 15 e
os limites da ACGIH (TLV/TWA) atualizados para 2009 está apresentado no Anexo 1. A
ACGIH foi definida como principal referência para o estudo, por ser uma entidade
reconhecida internacionalmente na área de higiene ocupacional. Complementam o estudo
comparativo os limites estabelecidos nos Estados Unidos pela OSHA para alguns agentes
químicos considerados, e os valores definidos na Inglaterra e na Suécia, para exemplificar as
iniciativas desenvolvidas nesta área pelos países da comunidade européia.
O registro “N” no Anexo 1 indica que não há limites de tolerância para esses produtos na
legislação brasileira. No estudo foram consideradas 52 substâncias classificadas na ACGIH
2009 como A1, A2 e A3 em relação ao seu efeito cancerígeno.
Pela análise dos dados apresentados no Anexo 1 pode-se constatar:
1. A NR 15 não estabelece limites de tolerância para 38 substâncias químicas
classificadas como A1, A2 e A3 pela ACGIH;
2. Para 12 substâncias químicas, os limites de tolerância da NR 15 encontram-se
defasados do TLV/TWA da ACGIH desde uma vez e meia (Clorofórmio), até
780 vezes (1.3 Butadieno)
3. Para as substâncias abaixo, classificadas como A1 na ACGIH ou como IARC
1 pela IARC, a NR 15 não estabelece limites de tolerância, ou os limites estão
defasados do TLV/TWA da ACGIH.
Para destacar apenas um exemplo de defasagem grave nos limites de tolerância da NR 15 que
ficou evidente na pesquisa bibliográfica, a substância 1,3 butadieno, classificada como A2 na
AGIH e como IARC 1 na IARC, é largamente utilizada como matéria-prima nos processos de
1,3 Butadieno - ACGIH A2 / IARC 1
Cloreto de vinila - ACGIH A1 / IARC 1
Cromato de cálcio - ACGIH A2 / IARC 1
Cromato de chumbo - ACGIH A2 / IARC 1
Cromato de zinco - ACGIH A1 / IARC 1
Éter bis-(Clorometílico) - ACGIH A1 / IARC 1
Subsulfeto de níquel - ACGIH A1 / IARC 1
Óxido de etileno - ACGIH A2 / IARC 1
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fabricação de borracha sintética. Estudo publicado nos Estados Unidos em 1992 reportou
cinqüenta e nove (59) casos de leucemia em trabalhadores do sexo masculino em unidades de
polimerização de borracha sintética, registrados entre 1943 e 1982. O resultado do estudo
apoiou a hipótese de correlação entre a exposição ao 1,3 butadieno e o risco de leucemia.
(Santos Burgoa, C; Matanosky, G.M; Zeguer, S.; Schartz, L., 1992). Esta mesma correlação
foi encontrada por Delzel, Macaluso, Sathiakumar e Matthews (2001), que pesquisaram uma
população de treze mil cento e trinta (13.130) trabalhadores em seis fábricas de borracha
sintética nos Estados Unidos, no período de 1943 a 1991. Segundo os autores “a associação de
leucemia com o monômero 1,3 Butadieno foi mais acentuada em intensidades de exposição
da ordem de 100 ppm/ano, do que em concentrações mais baixas”. Deve ser ressaltado que o
limite de exposição ocupacional que prevalece no Brasil, desde 1978, para a substância 1,3
butadieno é 780 ppm por um período diário de 8 horas de trabalho e 40 horas semanais.
2 – Pesquisa de Campo
A seguir são apresentados os resultados da aplicação do questionário (Anexo 2), nas
entrevistas realizadas com os representantes das bancadas da CTPP.
Pergunta 1 - Sobre os critérios para definição de prioridades na CTPP
As entrevistas indicaram que a agenda de trabalho da CTPP é formada a partir de demandas
que são geradas na sociedade e colocadas na comissão por meio das bancadas representativas
do governo, do empresariado e dos trabalhadores. As prioridades são estabelecidas em função
da gravidade, abrangência e da atualidade dos temas apresentados pelas bancadas.
Pergunta 2 - Sobre os limites de exposição ocupacional estabelecidos em 1978 na NR 15,
vigentes até hoje como referência legal no Brasil
Os quatro representantes entrevistados reconheceram o fato de que os limites de tolerância da
NR 15 para exposição a produtos químicos estão desatualizados, e manifestaram opinião
favorável à revisão dessa Norma Regulamentadora.
O representante da CUT chamou atenção para o fator da susceptibilidade individual, que pode
influir no efeito de determinadas concentrações de agentes ocupacionais em alguns
indivíduos, como um ponto a ser considerado nos debates técnicos sobre a revisão dos limites
de tolerância.
Pergunta 3 - Sobre a contribuição da NR 9 que estabeleceu o PPRA, para a questão da
prevenção no que se refere à utilização dos limites de tolerância.
Para o representante do governo, a NR 9 representou o início de um sistema de gestão, e
trouxe alguns conceitos importantes como, por exemplo, a questão da melhoria contínua e a
cultura de indicadores. Ele acredita que o PPRA deveria ser utilizado como um instrumento
de gestão, e como tal, deveria ser incluído como parte integrante do sistema de gestão geral da
empresa.
O representante da CUT informou que já está em andamento na CTPP a discussão, ainda
preliminar, sobre uma norma de gestão de riscos, que será até mais abrangente do que a
própria NR 9. Comentou ainda, que se o PPRA for trabalhado de forma articulada com o
PCMSO, as empresas poderão identificar, por exemplo, uma situação epidemiológica mesmo
quando os limites da NR 15 estiverem sendo respeitados. Salientou que, caso sejam
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identificadas situações de doenças nos locais de trabalho, as empresas não poderão ficar
isentas de responsabilidade pelo fato de estarem cumprindo os limites da NR 15, e que essas
situações poderão ser indicadas por meio de um trabalho articulado entre o PPRA e o
PCMSO.
Pergunta 4 - Sobre a utilização dos limites mais restritivos da ACGIH para as substâncias
listadas na NR 15.
Neste caso, apenas o representante do empresariado apresentou restrições à utilização
automática dos limites da ACGIH para as substâncias cujos limites de tolerâncias da NR 15
estão defasados em relação à agência norte-americana. No entender do entrevistado, deve
haver uma ampla discussão sobre o assunto para que sejam definidos limites técnicos que
considerem as condições específicas das empresas brasileiras.As duas centrais sindicais
expressaram opiniões similares, no sentido de que a adoção de limites mais restritivos é uma
estratégia que vai promover a prevenção e a redução da probabilidade de ocorrência de
doenças relacionadas ao trabalho. A posição do representante do governo foi de que a
utilização dos limites da ACGIH deveria ser “ampla geral e irrestrita”.
Pergunta 5 - Sobre a existência de entraves na CTPP para revisão da NR 15
O representante do governo comentou que a revisão da NR 15 não será um trabalho simples.
Em sua opinião haverá a necessidade de formar assessorias técnicas específicas para cada
bancada, em função dos aspectos relacionados aos diferentes agentes químicos envolvidos.
Comentou que o tema da NR 15 é diferente, por exemplo, de um trabalho voltado para a
proteção de máquinas ou eletricidade, que são temas bem específicos.
Os representantes das duas centrais sindicais citaram alguns pontos que, em seu
entendimento, poderão dificultar o andamento do processo de revisão da NR 15 na comissão.
O representante da Força Sindical comentou que o empresariado resiste em fazer mudanças de
matéria-prima e de reestruturação do ambiente de trabalho argumentando sistematicamente
sobre os custos envolvidos nas transformações, que podem acarretar, inclusive, uma redução
no nível de emprego como medida compensatória. O representante da CUT citou como
primeiro entrave o fato de que a CTPP ainda não dispõe de um documento pronto, com
fundamentação técnica, para que o assunto possa ser incluído e discutido juntamente com as
demais prioridades da comissão. Comentou também que, a exemplo da questão do amianto, a
revisão da NR15 não será um consenso tranqüilo quando for discutido entre as bancadas. Da
mesma forma que o representante da Força Sindical, o representante da CUT indicou como
possíveis entraves para a revisão da NR 15 os argumentos referentes à elevação de custos
utilizados pelo empresariado nessas situações. Comentou também, que a discussão da NR 15
deverá ser mais difícil do que a do amianto, pois são muitas as substâncias químicas
envolvidas, mas que o problema deve ser enfrentado pela CTPP.
Pergunta 6 - Sobre as estratégias que poderiam ser adotadas pelas empresas diante dos
dados apurados na pesquisa
Para o representante do governo, a estratégia das empresas deveria ser a utilização dos limites
da ACGIH. Salientou que, nesse caso, seria necessária uma campanha nacional e,
paralelamente, um programa de informação sobre esses limites, que são disponibilizados em
português pela ABHO – Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais.
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Sem citar especificamente a ACGIH, o representante do empresariado opinou no sentido de
que os técnicos responsáveis pelos programas de segurança do trabalho nas empresas
deveriam pesquisar os limites de exposição adotados por outros países, utilizando os veículos
de comunicação disponíveis, principalmente as informações disponíveis na Internet. A partir
daí, eles poderiam decidir pelos limites de exposição mais adequados para serem utilizados na
sua empresa.
O representante da CUT considerou que uma ação articulada entre a legislação trabalhista e
outras legislações que não estão sob a gestão do MTE poderia levar as empresas a agir no
sentido de prevenir doenças, mesmo em vista dessa situação de desatualização da NR 15.
Citou especificamente o FAP – Fator Acidentário de Prevenção, que é uma legislação do
Ministério da Previdência. O FAP foi concebido com o objetivo de penalizar as empresas que
apresentarem maiores índices de adoecimento e de acidentes do trabalho e, por outro lado,
conceder incentivos para as empresas que evidenciarem a melhoria do desempenho nessas
duas áreas.
Pergunta 7 - Sobre a situação da revisão da NR 15 na agenda de trabalho da CTPP
As entrevistas realizadas indicaram que a revisão da NR 15 ainda não estava na agenda da
CTPP para o ano de 2010.
Os representantes das centrais sindicais informaram que já existem, no âmbito da comissão,
comentários sobre a necessidade dessa revisão, no entanto, as etapas regulamentares
necessárias devem ser cumpridas para que o assunto possa ser incluído na lista de prioridades,
entre as outras propostas de trabalho existentes na comissão.
5. CONCLUSÃO
O estudo mostra que substâncias de reconhecido efeito cancerígeno para seres humanos como,
por exemplo, o cloreto de vinila e o 1,3 butadieno apresentam limites de tolerância no Brasil,
respectivamente, 150 vezes e 780 vezes superiores aos valores recomendados pelas agências
internacionais credenciadas. Foram identificadas na pesquisa bibliográfica trinta e oito (38)
substâncias químicas cuja toxicidade é reconhecida pelos organismos internacionais
credenciados, sem limites de exposição definidos na legislação brasileira.
No que se refere à revisão da NR 15, as quatro entrevistas realizadas com integrantes da
CTPP indicaram os seguintes pontos:
a) Em novembro de 2009, quando foi realizada a pesquisa de campo, a revisão da NR 15
não estava prevista na agenda de trabalho da CTPP para o ano de 2010. Sua inclusão
na agenda da comissão deve ser precedida de uma seqüência de etapas obrigatórias,
que ainda não haviam sido iniciadas. O início do processo deve ocorrer por meio de
uma proposta de entidade representativa da sociedade apresentada na comissão para
uma das três bancadas: Governo, Empresariado ou Trabalhadores.
b) Os quatro integrantes da CTPP entrevistados reconheceram a defasagem da legislação
brasileira relacionada ao controle dos riscos químicos e a necessidade de atualização
dos limites de tolerância da NR 15.
c) A utilização dos limites de exposição da ACGIH foi apoiada por três dos quatro
integrantes entrevistados. Apenas o representante do empresariado expressou
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restrições à adoção automática dos limites da ACGIH pela legislação brasileira.
Defendeu a realização de estudos sobre a definição de limites de limites com base em
critérios técnicos, que considerem a realidade das empresas no Brasil.
d) Sobre as estratégias a serem utilizadas enquanto perdurar a desatualização dos limites
de tolerância da NR 15, os representantes das bancadas do governo e do empresariado
opinaram favoravelmente à consideração dos limites adotados nos países mais
industrializados, sendo que o representante do governo foi mais preciso ao recomendar
a utilização automática dos limites atualizados periodicamente pela ACGIH. Na
opinião dos representantes das centrais sindicais, deveria haver uma ação articulada
entre outras legislações relacionadas ao tema da prevenção de doenças nas empresas,
para que as conseqüências da defasagem da NR 15 pudessem ser atenuadas nas
empresas.
e) Apesar dos representantes das bancadas do governo e do empresariado dizerem que
não há entraves para a revisão da NR 15, os representantes das centrais sindicais
disseram que a revisão dos limites de tolerância da NR 15 não será um consenso fácil
no âmbito da CTPP. Segundo esses representantes, a tendência dos empresários em
considerar os investimentos realizados na prevenção acidentes e de doenças
ocupacionais como custo pode constituir o principal entrave para a discussão da NR
15 na CTPP. Uma dificuldade apontada nas entrevistas reside no fato de no caso da
revisão da NR 15 serão muitos produtos a serem discutidos, ao contrário, por exemplo,
das discussões sobre o amianto que se resumiram a uma única substância química.
Os resultados do presente estudo recomendam a urgência que deve ser atribuída à atualização
dos limites de tolerância a agentes químicos estabelecidos na legislação brasileira em 1978, e
que continuam vigentes para efeito de definição de medidas para o controle da exposição nos
ambientes de trabalho, e para caracterização de insalubridade. Deve ser ressaltado que, no
Brasil, as pequenas e médias empresas não se caracterizam por um intercâmbio técnico
regular com organizações internacionais, ficando dessa forma mais vulneráveis à
desatualização dos limites de tolerância constatada na NR 15 constatado no presente estudo.
Para essas empresas, a legislação é a principal referência para estabelecer os controles
operacionais na área de segurança do trabalho. A exposição crônica a substâncias químicas
em concentrações acima dos limites recomendados pelo conhecimento científico pode colocar
em risco a saúde de um grande número de trabalhadores.
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011
12
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACGIH 2009. TLVs e BEIs.
ACGIH 2008. Guide to Occupational Exposure Values.
ACGIH. <www.acgih.org/about/history.htm>. Acesso em 10 jan. 2010
ARCURI, Sydinéia Abel. Limites de Tolerância? Revista Brasileira de Saúde Ocupacional,
No 74 – Vol 19 – Julho/Dezembro, 1991.
BRASIL. Lei no 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V da Consolidação das
Leis do Trabalho, relativo à segurança e medicina do trabalho e dá outras providências.
Disponível em: <www.mte.gov.br/legislacao/leis/1977/ default.asp>. Acesso em 22 out.2009.
BRASIL. Portaria MTE no 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as Normas
Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho,
relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Disponível em:
<www.mte.gov.br/legislacao/portarias/1978/p_19780608_3214.pdf>. Acesso em 22 out.
2009.
BINKS, S. P. Occupational toxicology and control of exposure to pharmaceutical agents at
work. Occupational Medicine 2003; 53: 363 – 370. DOI: 10.1093/occomed/kqg 116.
CAPLETON, A.C, LEVY, L.S. An overview of occupational benzene exposures and
occupational exposure limits is Europe and north America. CHEMICO-BIOLOGICAL
INTERACTIONS, Volume: 153, Pages: 43-53, Published: 2005.
DELZEL, E., MACALUSO, M., SATHIAKUMAR, N., MATTHEWS, R. Leukemia and
exposure do 1,3-butadiene, styrene and dimethyldithiocarbamate among workers in syntetic
rubber industry. Chemical-Biological Interactions, Volume 135-136, pages 535-536,
Published Jun, 01, 2001.
FANTAZZINI, M.L. Situando a higiene ocupacional. Revista ABHO de Higiene
Ocupacional. São Paulo, Ano II, n.6, set. 2003.
FUNDACENTRO. Introdução à Higiene Ocupacional. São Paulo, 2004.
GANA SOTO, José Manuel Osvaldo; SAAD, Irene Ferreira de Sousa Duarte; Fantazzini,
Mário Luiz. Riscos Químicos. São Paulo, FUNDACENTRO, 1994.
GUNNAR,Damgard Nielsen, STEINAR Ovrebo. Background, approaches and recent trends
for setting health-based occupational exposure limits: A minireview. Regulatory Toxcology
and Pharmacology, Volume 51. Issue 3, August 2008, Pages 253-269.
MENDES, René, COSTA, D. Elisabeth. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador.
Rev. Saúde Pub., S. Paulo, 25(5): 341-9, 1991.
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13
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SCHENK, Linda Sven, HANSSON, Sven Ove, RUDÉN, Cristina. GILEK, Michael.
Occupational exposure limits: A comparative study. Science Direct, Received 17 July 2007.
Available on line 23 December 2007.
SCHENK, Linda Sven. The use of primary data in risk assessment for occupational exposure
limits. Division of Philosophy, Royal institute of Technology, Stockholm. School of Life
Sciences, Södertörn University, Huddinge, 2009.
SCHENK, Linda Sven. Licentiate Thesis. Management chemical risks through occupational
exposure limits. Division of Philosophy, Department of Philosophy and the History of
Technology, Royal institute of Technology, SE-100 44 Stockholm, Sweden, 2009.
SOUZA, Zoraide do Amaral. A Organização Internacional do Trabalho. Artigo publicado na
Revista da Faculdade de Direito de Campos, Ano VII, No 9 – Dezembro de 2006.
SPINELLI, Robson; POSSEBON, José; BREVIIGLIERO, Ezio. Higiene Ocupacional –
Agentes Biológicos, Químicos e Físicos. Ed. SENAC, São Paulo, 2006.
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011
14
Anexo 1 – Comparação dos limites de exposição da NR 15 com referências internacionais
LIMITES DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL (PPM)
AGENTE
QUÍMICO
[CAS]
NR 15
(LT)
(pp70m)
ACGIH
TWA
(ppm)
OSHA
PELs
(ppm)
INGLATERRA
TWA
(ppm)
SUÉCIA
TWA
(ppm) Notações Base de TLV
Acetato de
Vinila
[108-05-4] N 10 - - -
TLV-A3
IARC-
2B
TRS;
comprometimento
SNC
Ácido
dicloroacético
[79-43-6] N 0,5 - - -
TLV-A3
IARC-
2B TRS; dano testicular
Ácido
sulfúrico
[7664-93-9] N 0,2mg/m3 1 - -
TLV-A2
IARC-1 Função pulmonar
Ácido
tricloroacético
[76-03-9] N 1 - - -
TLV-A3
IARC-3
Irritação olhos e
TRS
Acrilonitrila
[107-13-1] N 2 2 2 2
TLV-A3
IARC-
2B
TRI;
comprometimento
SNC
Benzeno
[71-43-2] 1 0,5 1 1 0,5
TLV-A1
IARC-1 Leucemia
1,3 Butadieno
[106-99-0] 780 2 1 10 0,5
TLV-A2
IARC-1 Câncer
Cicloexanona
[108-94-1] N 20 50 10 10
TLV-A3
IARC-3
irritação olhos e
TRS
Cloreto de
benzila
[100-44-7] N 1 1 0,5 1
TLV-A3
IARC-
2A
irritação olhos e
TRS
Cloreto de
vinila
[75-01-4] 156 1 1 3 1
TLV-A1
IARC-1
Câncer de pulmão;
dano fígado
Clorobenzeno
[108-90-7] 59 10 75 1 -
TLV-A3 Dano fígado
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15
Clorodifenil
(54% de
cloro)
[11097-69-1] N
0,5
mg/m3
0,5
mg/m3 - -
TLV-A3
IARC-
2A TRS; dano fígado
Clorofórmio
[67-66-3] 16 10 - 2 2
TLV-A3
IARC-
2B
Dano fígado; compr.
SNC
Cromato de
cálcio
[13765-19-0] N
0,001
mg/m3 - - -
TLV-A2
IARC-1 Câncer pulmão
Cromato de
chumbo
[7758-97-6] N
0,05
mg/m3 - - -
TLV-A2
IARC-1
Dano reprodutivo
masculino
Anexo 1 – Comparação dos limites de exposição da NR 15 com referências internacionais
(Continuação)
AGENTE
QUÍMICO
[CAS]
NR 15
(LT)
(ppm)
ACGIH
TWA
(ppm)
OSHA
PELs
(PPM)
INGLATERRA
TWA
(ppm)
SUÉCIA
TWA
(ppm) Notações Base de TLV
Cromato de zinco
[13530-65-9]
N
0,01
mg/m3
- - - TLV-A1
IARC-1
Câncer nasal
Diazometano
[334-88-3]
N
0,2
0,2
- - TLV-A2
IARC-3
Irritação olhos e
TRS
p-diclorobenzeno
[106-46-7]
N
10
75
25
10 TLV-A3
IARC-
2B
Irritação olhos;
dano rins
1,3-Dicloropropeno
[542-75-6]
N
1
-
-
-
TLV-A3
IARC-
2B Dano fígado
1,1-
Dimetilhidrazina
[57-14-7]
0,4
0,01
0,5
-
-
TLV-A3
IARC-
2B
TRS; câncer
nasal
Dinitrotolueno
[25321-14-6]
N
0,2
mg/m3
1,5
-
0,15
mg/m3
TLV-A3
Efeito
reprodutivo
masculino e
feminino
Dióxido de
vinilcicloexano
[106-87-6]
N
0,1
- - -
TLV-A3
IARC-
2B
Dano
reprodutivo
masculino e
feminino
Epicloridrina - TLV-A3 TRS; reprodução
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[106-89-8] N 0,5 5 0,5 IARC-
2A
masculino
Éter bis-
(Clorometílico)
[542-88-1]
N
0,001
- - -
TLV-A1
IARC-1 Câncer pulmão
Éter metil tercio-
butílico
[1634-04-4]
N
50
-
25
30
TLV-A3
IARC-3 TRS; dano rins
Fluoreto de vinila
[75-02-5]
N
1
- -
-
TLV-A2
IARC-
2A Câncer fígado
Gasolina
[86290-81-5]
N
300
- -
-
TLV-A3
IARC-
2B
TRS; compr.
SNC
Fenilhidrazina
[100-63-0]
N
O,1
- -
-
TLV-A3 Anemia;TRS
Hexaclorobemzeno
[118-74-1]
N
0,002
mg/m3
-
-
-
TLV-A3
IARC-
2B Compr. SNC
Hexaclorobutadieno
[87-68-3]
N
0,02
-
-
-
TLV-A3
IARC-3 Dano rins
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Anexo 1 – Comparação dos limites de exposição da NR 15 com referências internacionais
(Continuação)
AGENTE
QUÍMICO
[CAS]
NR 15
(LT)
(ppm)
ACGIH
TWA
(ppm)
OSHA
PELs
(ppm)
INGLATERRA
TWA
(ppm)
SUÉCIA
TWA
(ppm)
Notações Base de TLV
Hexacloroetano
[67-72-1]
N
1
1
-
-
TLV-A3
IARC-
2B Dano fígado e rins
Hidrazina
[302-01-2]
0,08
0,01
1
- - TLV-A3
IARC-
2B Câncer TRS
Lidano
[58-89-9]
N
0,5
mg/m3
0,5
- -
TLV-A3
IARC-
2B
Dano fígado;
comprometimento.
SNC
Metil hidrazina
[60-34-4]
N
0,01
-
-
-
TLV-A3
Câncer pulmão;
dano fígado
4,4'-metileno
bis- (2-
cloroanilina)
[101-14-4]
N
0,01
- - -
TLV-A2
IARC-
2A Câncer de bexiga
4,4'Metileno
dianilina
[101-77-9]
N
0,1
0,01
- - TLV-A3
IARC-
2B Dano fígado
Subsulfeto de
níquel
[12035-72-2]
N
0,1
mg/m3
- - - TLV A1
IARC-1
MAK-1 Câncer do pulmão
Nitrometano
[75-52-5]
78
20
-
100
20
TLV-A3
IARC-
2B
TRS; Efe.
Tireóide: câncer
de pulmão
Óxido de etileno
[75-21-8]
39
1
1
5
1
TLV-A2
IARC-1
Câncer; Compr.
SNC
Piridina
[110-86-1]
4
1
5
-
2
TLV-A3
IARC-3 Dano fígado e rins
Tetracloreto de
carbono
[56-23-5]
8
5
10
2
-
TLV-A2
IARC-
2B Dano fígado
Tetrafluoretileno
[116-14-3]
N
2
- - - TLV-A3
IARC-
2B
Câncer fígado e
rins
Tetranitrometano
[509-14-8]
N
0,005
1
-
0,05
TLV-A3
IARC-
2B Câncer TRS
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18
1,1,2-
Tricloroetano
[79-00-5]
8
10
10
-
-
TLV-A3
IARC-3
Compr SNC;
Dano fígado
Tricloroetileno
[79-01-6]
78
10
100
100
10
TLV-A2
IARC-
2A
Compr. SNC;
redução das
funções cognitivas
1,2,3
Tricloropropano
[96-18-4]
40
10
50
- - TLV-A3
IARC-
2A Dano fígado e rins
Anexo 1 – Comparação dos limites de exposição da NR 15 com referências internacionais
(Continuação)
AGENTE
QUÍMICO
[CAS]
NR 15
(LT)
(ppm)
ACGIH
TWA
(ppm)
OSHA
PELs
(ppm)
INGLATERRA
TWA
(ppm)
SUÉCIA
TWA
(ppm)
Notações Base de
TLV
4-
Vinilciclohexeno
[100-40-3]
N
0,1
-
-
-
TLV-A3
IARC-
2B
Dano
reprodutivo
masculino e
feminino
Novas substâncias químicas acrescentadas na Edição 2009 da ACGIH TLVs e BEIs
AGENTE
QUÍMICO
[CAS]
NR 15
(LT)
(ppm)
ACGIH
TWA
(ppm)
OSHA
PELs
(ppm)
INGLATERRA
TWA
(ppm)
SUÉCIA
TWA
(ppm)
Notações Base de
TLV
9Bromofórmio
N
0,5 ppm
-
-
-
TLV
A3
Dano
fígado;Dano
embrio fetal
[75-25-2] (2008)
Dietanoçamina
N
1,0
mg/m3
-
-
-
TLV
A3
Dano fígado
e rim
[111-42-2]
(2008)
Etilenoimina
N
0,05
ppm
-
-
-
TLV
A3
Irritação
TRS
[151-65-4]
(2008)
Dano fígado
e rim
Propileno imina
Irritação
olhos e TRS
[75-55-8] (2008) Dano rim
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011
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N
0,2 ppm
-
-
-
TLV
A3
Pentóxido de
Vanádio
N
0,05
mg/m3
-
-
-
TLV
A3
Irritação
TRS e TRI
[1314-62-1]
(2008)
Fonte: 2009 TLVs e BEIS – ACGIH. Tradução ABHO-Associação Brasileira de Higienistas
Ocupacionais; 2008 Guide to Occupational Exposure Values, Compiled by ACGIH;
Inglaterra, http//hse.gov.uk/coshh/table1.pdf; Suécia,
http:www.av.se/dokument/afs/AFS2005_17.PDF
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20
ANEXO 2
Modelo de questionário utilizado nas entrevistas com os representantes das bancadas da
CTPP.
1. Quais são os critérios para a determinação das prioridades de agenda na comissão?
2. Qual a sua opinião sobre os limites de exposição ocupacional estabelecidos em 1978
na NR 15, e vigentes até hoje como referência legal no Brasil?
3. Quais as transformações que você acredita que a NR 9, que estabeleceu as medidas de
controle do PPRA trouxe em relação à questão da prevenção, no que se refere à
utilização dos limites de tolerância?
4. Considerando que a NR 09 orienta para a utilização dos limites da ACGIH para os
agentes químicos não relacionados na NR 15, qual a sua opinião sobre a utilização dos
limites mais restritivos da ACGIH para as substâncias relacionadas na NR 15?
5. Em sua opinião, existe algum entrave para a atualização dos limites de exposição
ocupacional a agentes químicos estabelecidos na NR 15?
6. Em sua opinião, qual a estratégia que as empresas que utilizam produtos químicos no
seu processo produtivo poderiam utilizar para lidar com esta situação de
desatualização da NR 15?
7. Existe alguma ação prevista para reformulação da NR 15 relacionada aos agentes
insalubres, em particular aos agentes que estão sendo estudados pela ACGIH e pelo
IARC?