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ANÁLISE CRÍTICA DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL. O CASO DA EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS josé Roberto Rocha (UFF / RJ) Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas (UFF / RJ) Robson Spinelli Gomes (UFF / RJ) Resumo O presente artigo apresenta uma análise crítica da legislação brasileira de segurança e saúde ocupacional. O estudo concentra-se na questão dos limites de tolerância a agentes químicos. Foi realizada pesquisa bibliográfica voltada à evoluçção do conhecimento científico relacionado aos limites de exposição ocupacional, com o objetivo de avaliar os conceitos e os limites de tolerância vigentes na legislação brasileira. Para conhecer os critérios utilizados na revisão e atualização das normas brasileiras, foram realizadas entrevistas com profissionais que trabalham diretamente na emissão e na revisão da legislação brasileira de segurança do trabalho. As entrevistas foram realizadas no mês de novembro de 2009. Os resultados do estudo indicaram defasagem dos limites de tolerância a agentes químicos vigentes na legislação brasileira, quando comparados às referências internacionais mais atualizadas. As entrevistas realizadas na área de regulamentação do Ministério do Trabalho e Emprego apontam as principais dificuldades a serem enfrentadas no trabalho de revisão desses limites de tolerância que foram estabelecidos pela Norma Regulamentadora NR 15, no final da década de 1970. Palavras-chaves: Engenharia do Trabalho; Riscos Químicos no Trabalho; Sistemas de Gestão de Higiene e Segurança do Trabalho; Limites de Exposição Ocupacional. 12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354

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ANÁLISE CRÍTICA DA LEGISLAÇÃO

BRASILEIRA DE SEGURANÇA E

SAÚDE OCUPACIONAL. O CASO DA

EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS

josé Roberto Rocha

(UFF / RJ)

Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas

(UFF / RJ)

Robson Spinelli Gomes

(UFF / RJ)

Resumo O presente artigo apresenta uma análise crítica da legislação

brasileira de segurança e saúde ocupacional. O estudo concentra-se na

questão dos limites de tolerância a agentes químicos. Foi realizada

pesquisa bibliográfica voltada à evoluçção do conhecimento científico

relacionado aos limites de exposição ocupacional, com o objetivo de

avaliar os conceitos e os limites de tolerância vigentes na legislação

brasileira. Para conhecer os critérios utilizados na revisão e

atualização das normas brasileiras, foram realizadas entrevistas com

profissionais que trabalham diretamente na emissão e na revisão da

legislação brasileira de segurança do trabalho. As entrevistas foram

realizadas no mês de novembro de 2009. Os resultados do estudo

indicaram defasagem dos limites de tolerância a agentes químicos

vigentes na legislação brasileira, quando comparados às referências

internacionais mais atualizadas. As entrevistas realizadas na área de

regulamentação do Ministério do Trabalho e Emprego apontam as

principais dificuldades a serem enfrentadas no trabalho de revisão

desses limites de tolerância que foram estabelecidos pela Norma

Regulamentadora NR 15, no final da década de 1970.

Palavras-chaves: Engenharia do Trabalho; Riscos Químicos no

Trabalho; Sistemas de Gestão de Higiene e Segurança do Trabalho;

Limites de Exposição Ocupacional.

12 e 13 de agosto de 2011

ISSN 1984-9354

VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011

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1. INTRODUÇÃO

A legislação sobre Segurança do Trabalho teve sua origem na Inglaterra entre 1760 e 1830,

quando ocorreu o movimento que representou um divisor de águas na historia da humanidade:

a Revolução Industrial, com o aparecimento das primeiras máquinas de fiar.

Naquele momento, o consumo da força de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores

a um processo acelerado e desumano de produção, exigia uma intervenção, sob pena de tornar

inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo (MENDES, 1991, p.341).

A mão de obra era subjugada, valendo-se ressaltar que o trabalhador prestava serviços de sol a

sol, para receber migalhas de pão ou um prato de comida. Vale lembrar que mulheres e

crianças participavam do mercado de trabalho. Esses fatos motivaram a ocorrência de

diversos acidentes que muitas vezes alcançavam famílias inteiras, vindo a provocar problemas

sociais extremamente graves (SOUZA, 2006, p.427).

Tal situação impactou a opinião pública e o Parlamento Britânico que aprovou em 1802 o

documento “Health and Morals of Apprentices Act” (Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes).

Posteriormente, entre os anos de 1831 e 1901 foram aprovados na Inglaterra os chamados

“Factory Act” que constituíram o primeiro conjunto consistente de legislações voltadas para a

proteção dos trabalhadores. O “Factory Act” de 1864 exigia o uso de ventilação diluidora

para reduzir os contaminantes; o “Factory Act” de 1878 especificava o uso de ventiladores

para exaustão. (FANTAZZINI, 2003, p.17).

As leis instituídas na Inglaterra serviram de modelo para vários países industrializados da

época. Na Alemanha, em 1869, e na Suíça, em 1877, foram aprovadas as leis precursoras que

responsabilizavam os empregadores por lesões ocupacionais (FUNDACENTRO, 2004, p.17).

Este movimento estava alinhado com manifestações populares da época e com a idéia

emergente da “Questão Social”, que refletia um conjunto de ações de juristas e filósofos na

busca de soluções para os problemas relacionados com as relações de trabalho vigentes e suas

conseqüências para a segurança e saúde dos operários.

É importante ressaltar que nesse movimento, iniciado no século XVII e voltado para a

melhoria das condições de trabalho nas fábricas, não existe registro, até o final da década de

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1920, de nenhum documento reconhecido relacionado aos riscos dos trabalhadores expostos a

produtos químicos, com definição de limites de concentração e tempo de exposição.

Em 1930, o Ministério do Trabalho da Rússia elaborou um decreto com concentrações

máximas aceitáveis para 12 substâncias tóxicas de uso industrial. Após 1930, começaram a

surgir mais trabalhos a respeito de limites de exposições ocupacionais crônicas (ARCURI,

1991, p.100).

No Brasil, a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais nas indústrias, em especial na

indústria química, na indústria do petróleo e na construção civil resultou na publicação, em 27

de julho de 1972, da Portaria MTPS 3.237, que estabelecia: “os estabelecimentos que se

enquadrem nas condições determinadas nesta Portaria deverão manter, obrigatoriamente,

além das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – CIPAs, um serviço especializado

em segurança, higiene e medicina do trabalho”. A partir de então começaram a ser emitidas e

regulamentadas no Brasil as legislações voltadas para a segurança e a saúde dos

trabalhadores. Em 8 de junho de 1978, considerando o disposto no artigo 200 da Seção XV da

Lei 6.514 (22/12/1977), o Ministério do Trabalho emitiu a Portaria MTB 3.214 que

consolidava as primeiras Normas Regulamentadoras; tais normas tornaram-se então a

principal referência legal no Brasil para as questões de saúde e segurança no trabalho.

No conjunto das Normas Regulamentadoras publicadas em 1978 pelo Ministério do Trabalho,

a NR 15 – Atividades e Operações Insalubres estabeleceu os limites de tolerância para a

exposição a agentes químicos, físicos e biológicos. Pelo fato de ser uma norma de legislação

federal, cujo caráter obrigatório a define como diretriz mínima a ser seguida pelas empresas

no âmbito da segurança do trabalho no Brasil, era de se esperar que os limites de tolerância

estabelecidos na NR 15 acompanhassem, ao longo dos anos, a evolução dos estudos

relacionados aos efeitos nocivos de substâncias químicas na saúde humana, bem como a

introdução de novos produtos químicos nos processos de produção. Entretanto, decorridos

trinta anos da sua publicação, a relação de agentes químicos e os limites de tolerância da NR

15 estabelecidos em 1978 até hoje não foram alterados, o que sugere a hipótese de que os

limites de tolerância da legislação brasileira podem estar desatualizados, e este foi

especificamente o tema central do presente estudo.

A relevância do presente estudo está relacionada aos ricos de doenças ocupacionais

decorrentes da exposição de trabalhadores a agentes químicos em concentrações superiores

àquelas que são recomendadas pelo conhecimento científico desenvolvido nessa área

específica da Higiene Ocupacional.

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O objetivo principal da pesquisa é analisar criticamente a legislação brasileira que

regulamenta os limites de tolerância a agentes químicos. e propor ações de melhoria visando à

prevenção de doenças relacionadas ao trabalho. Como objetivos mais específicos o estudo se

propôs a realizar estudo comparativo dos limites de tolerância da legislação brasileira frente

às referências internacionais atualizadas, e conhecer a sistemática de revisão da legislação

brasileira de segurança do trabalho.

2. MÉTODO DA PESQUISA

Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica voltada para os limites de exposição

ocupacional a agentes químicos. Nesta etapa do trabalho buscaram-se os dados que

possibilitassem uma avaliação comparativa dos parâmetros utilizados nos países mais

industrializados com os limites de tolerância vigentes na legislação brasileira. Neste estudo

comparativo foram utilizados, além dos critérios da ACGIH, já citados, os critérios da IARC –

International Agengy of Research on Cancer, conforme Tabela 1:

Tabela 1 – IARC – International Agengy for Research on Câncer

CLASSIFICAÇÃO

CRITÉRIO / DESCRIÇÃO

IARC – 1 Carcinogênico para humanos. Esta classificação é utilizada quando

existe evidência suficiente de efeito cancerígeno em seres humanos

IARC – 2 A Provável carcinogênico para humanos. Esta classificação é utilizada

quando as evidências de efeito cancerígeno para seres humanos são

limitadas, e existem evidências de efeito cancerígeno em

experiências com animais.

IARC – 2 B Possível carcinogênico para humanos. Esta classificação é utilizada

quando os efeitos cancerígenos em seres humanos são considerados

possíveis. As evidências de efeitos cancerígenos em humanos são

ainda inadequadas, não obstante a existência de evidências de efeito

cancerígeno em experiências com animais

Fonte: 2008 – Guide to Occupational Exposure Values – ACGIH

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Posteriormente foi realizada a pesquisa de campo junto a profissionais que trabalham

diretamente na elaboração e revisão da legislação brasileira de segurança do trabalho. Foram

realizadas entrevistas presenciais com quatro representantes das bancadas da CTPP –

Comissão Tripartite Paritária Permanente, que participam diretamente na elaboração e revisão

das normas brasileiras de segurança do trabalho. Foi entrevistado um representante de cada

uma das bancadas do governo e do empresariado. No caso da bancada dos trabalhadores

foram entrevistados dois representantes, sendo um da CUT – Central Única dos Trabalhadores

e um da Força Sindical. Para essas entrevistas foi desenvolvido um modelo de questionário,

apresentado no Anexo 2, com sete perguntas abertas. O objetivo da aplicação do questionário

foi avaliar as percepções dos entrevistados no que se refere à situação dos limites de

tolerância a agentes químicos estabelecidos na legislação brasileira. Durante as entrevistas,

cada um dos entrevistados informou o seu ponto de vista sobre as principais dificuldades

relacionadas ao processo de atualização desses limites, em vista da entrada de novas

substâncias químicas no mercado e da evolução do conhecimento científico nessa área

específica da higiene ocupacional. As conclusões do estudo foram baseadas nos resultados

obtidos da pesquisa bibliográfica e das entrevistas realizadas com os representantes das

bancadas da CTPP.

3. LIMITES DE EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS

A atividade laboral pode representar a maior contribuição para a exposição a agentes

químicos para as pessoas durante a sua vida. Muitas doenças têm sido relacionadas à presença

de substâncias nocivas á saúde nos ambientes de trabalho, como, por exemplo, asma, alergias

e algumas formas de câncer. Diante disso, pode-se concluir que os riscos associados à

exposição aos agentes químicos e a sua regulamentação nos locais de trabalho constituem

matéria de relevância para a pesquisa científica (SCHENK, 2009, p.3). Para proteger a saúde

das pessoas expostas nos seus locais de trabalho, autoridades e organismos credenciados,

entre outras medidas, definem Limites de Exposição Ocupacional (OELs – Occupational

Exposure Limits). Os métodos através dos quais esses limites são determinados, e o nível de

proteção esperado variam entre os diferentes países e organismos que definem esses limites

(SCHENK, 2007, p.262). Consideradas as diferenças de métodos e critérios de aplicação,

limites de exposição constituem uma estratégia reconhecida e adotada em muitos países para

o controle dos riscos ocupacionais. Limites de exposição ocupacional são fixados para

prevenir doenças ocupacionais ou outros efeitos adversos que incluem irritação nos olhos,

sedação e efeitos narcóticos (GUNNAR, 2008).

Na década de 1920 a 1930, começaram a ser propostos alguns limites, sendo que os primeiros

a aparecer foram os limites para monóxido de carbono, óxido de zinco e poeiras de fluoretos

(GANA SOTO, 1994, p. 8). Em 1946, a ACGIH emitiu a sua primeira lista de limites de

exposição. Denominados “Thresholds Limits Values –TLVs”, os limites da ACGIH foram

definidos simplesmente como “Maximum Alowed Concentrations”, sem explicações

complementares. Aproximadamente 130 substâncias foram incluídas (SCHENK, 2007,

p.261). Nessa época, autoridades britânicas criticaram a prática americana pela grande ênfase

dada às medidas e pela alta confiança atribuída aos valores limites de referência. Harvey, que

era inspetor de fábrica do Reino Unido, chamava-os de “concentrações teóricas máximas

permissíveis” (ARCURI, 1991, p.100). Nas décadas de 1950 e 1960 os limites de tolerância

da ACGIH foram adotados palas agências reguladoras em vários países. Após esse período, as

agências nacionais começaram a desenvolver gradativamente seus próprios limites.

Atualmente, um grande número de países desenvolveu seus próprios limites de tolerância que

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cobrem centenas de diferentes agentes (SCHENK, 2007, p.262). No caso específico do

benzeno, os limites de exposição foram sucessivamente revisados nos últimos 25 anos.

Atualmente a maioria dos países desenvolvidos trabalha com limites de exposição (TLV

TWA) na faixa de 0,5 a 1,0 ppm. No âmbito da União Européia verificou-se a necessidade de

harmonizar os limites de exposição e o benzeno foi um dos primeiros produtos a ser avaliado

neste sentido pelo SCOEL (CAPLETON, 2005, p.44).

Estudos relacionados aos riscos químicos realizados por empresas farmacêuticas resultaram

na definição de limites específicos de exposição que são adotados por uma boa parte dessas

empresas para a prevenção de doenças relacionadas ao trabalho. (BINKS., S., P., p. 366,

2003)

A ACGIH publica anualmente os Threshold Limits Values - TLVs, que continuam a ser

referência para os estudos relacionados ao tema em outros países. Na edição de 2009 da

publicação da ACGIH, os agentes químicos com limites de tolerância fixados, incluindo

gases, vapores e poeiras respiráveis totalizam seiscentas e setenta e cinco (675) substâncias

químicas.

Estudos desenvolvidos nessa área indicam que os limites de exposição não devem ser

considerados como garantia absoluta no que se refere a exposições contínuas abaixo dos

limites estabelecidos. A própria ACGIH revisou a sua definição original, criticada na época

pelas autoridades britânicas, procurando ser menos abrangente.

Para a ACGIH 2009 - TLVs e BEI (Introdução – 3):

Os limites de exposição (TLVs) referem-se às concentrações das

substâncias químicas dispersas no ar, e representam condições às

quais, acredita-se, que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta,

repetidamente, dia após dia, durante toda uma vida útil de trabalho,

sem efeitos adversos à saúde (“in verbis” com grifo do autor).

A legislação brasileira através da Norma Regulamentadora 15 apresenta a seguinte definição

para Limite de Tolerância:

NR 15 – 15.1.1. Entende-se por Limite de Tolerância, para os fins

desta Norma, a concentração ou intensidade máxima ou mínima,

relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não

causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. (“in

verbis” com grifo do autor)

Como a NR 15 não foi revisada, esta definição prevalece no Brasil, para efeitos legais, desde

1978.

Na prática os termos Limites de Exposição e Limites de Tolerância são utilizados

indistintamente. Ocorrências já constatadas de agravos à saúde em exposições abaixo desses

limites indicam que o termo Limite de Tolerância não é o mais adequado, uma vez que

valores inferiores podem não ser tolerados pelo organismo humano em determinadas

condições ambientais. Exposições combinadas entre os vários produtos químicos e ainda com

outros agentes presentes no ambiente, como ruído, calor, umidade, efeitos estressantes

exercem efeitos sobre a saúde (ARCURI, 1991, p. 104). Da mesma forma, diferenças de

suscetibilidades individuais podem alterar a tolerância das pessoas a determinadas

concentrações de agentes químicos. Os limites de exposição não são valores estáticos e sim

dinâmicos, mudando freqüentemente com os achados epidemiológicos e as correlações entre

as concentrações e qualquer alteração na saúde ou no conforto dos trabalhadores (SPINELLI,

R.; POSSEBOM, J.; BREVIGLIERO, E., 2006, p.70).

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Os critérios para definição dos limites de exposição ocupacional não são uniformes. Variam

com o tempo e de um país para outro. São influenciados por razões econômicas e sociais.

Assim sendo, não são limites seguros, e devem ser denominados “Limites de Exposição” e

utilizados como referência para o controle dos riscos ocupacionais (ARCURI, 1991, p.101).

Esses valores devem ser entendidos como um guia para os profissionais que trabalham em

Higiene Industrial, e nunca como valores rígidos de separação entre concentrações seguras e

perigosas (GANA SOTO, 1994, p.9).

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

1 – Pesquisa Bibliográfica

O resultado do levantamento de dados comparativos entre os limites de tolerância da NR 15 e

os limites da ACGIH (TLV/TWA) atualizados para 2009 está apresentado no Anexo 1. A

ACGIH foi definida como principal referência para o estudo, por ser uma entidade

reconhecida internacionalmente na área de higiene ocupacional. Complementam o estudo

comparativo os limites estabelecidos nos Estados Unidos pela OSHA para alguns agentes

químicos considerados, e os valores definidos na Inglaterra e na Suécia, para exemplificar as

iniciativas desenvolvidas nesta área pelos países da comunidade européia.

O registro “N” no Anexo 1 indica que não há limites de tolerância para esses produtos na

legislação brasileira. No estudo foram consideradas 52 substâncias classificadas na ACGIH

2009 como A1, A2 e A3 em relação ao seu efeito cancerígeno.

Pela análise dos dados apresentados no Anexo 1 pode-se constatar:

1. A NR 15 não estabelece limites de tolerância para 38 substâncias químicas

classificadas como A1, A2 e A3 pela ACGIH;

2. Para 12 substâncias químicas, os limites de tolerância da NR 15 encontram-se

defasados do TLV/TWA da ACGIH desde uma vez e meia (Clorofórmio), até

780 vezes (1.3 Butadieno)

3. Para as substâncias abaixo, classificadas como A1 na ACGIH ou como IARC

1 pela IARC, a NR 15 não estabelece limites de tolerância, ou os limites estão

defasados do TLV/TWA da ACGIH.

Para destacar apenas um exemplo de defasagem grave nos limites de tolerância da NR 15 que

ficou evidente na pesquisa bibliográfica, a substância 1,3 butadieno, classificada como A2 na

AGIH e como IARC 1 na IARC, é largamente utilizada como matéria-prima nos processos de

1,3 Butadieno - ACGIH A2 / IARC 1

Cloreto de vinila - ACGIH A1 / IARC 1

Cromato de cálcio - ACGIH A2 / IARC 1

Cromato de chumbo - ACGIH A2 / IARC 1

Cromato de zinco - ACGIH A1 / IARC 1

Éter bis-(Clorometílico) - ACGIH A1 / IARC 1

Subsulfeto de níquel - ACGIH A1 / IARC 1

Óxido de etileno - ACGIH A2 / IARC 1

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fabricação de borracha sintética. Estudo publicado nos Estados Unidos em 1992 reportou

cinqüenta e nove (59) casos de leucemia em trabalhadores do sexo masculino em unidades de

polimerização de borracha sintética, registrados entre 1943 e 1982. O resultado do estudo

apoiou a hipótese de correlação entre a exposição ao 1,3 butadieno e o risco de leucemia.

(Santos Burgoa, C; Matanosky, G.M; Zeguer, S.; Schartz, L., 1992). Esta mesma correlação

foi encontrada por Delzel, Macaluso, Sathiakumar e Matthews (2001), que pesquisaram uma

população de treze mil cento e trinta (13.130) trabalhadores em seis fábricas de borracha

sintética nos Estados Unidos, no período de 1943 a 1991. Segundo os autores “a associação de

leucemia com o monômero 1,3 Butadieno foi mais acentuada em intensidades de exposição

da ordem de 100 ppm/ano, do que em concentrações mais baixas”. Deve ser ressaltado que o

limite de exposição ocupacional que prevalece no Brasil, desde 1978, para a substância 1,3

butadieno é 780 ppm por um período diário de 8 horas de trabalho e 40 horas semanais.

2 – Pesquisa de Campo

A seguir são apresentados os resultados da aplicação do questionário (Anexo 2), nas

entrevistas realizadas com os representantes das bancadas da CTPP.

Pergunta 1 - Sobre os critérios para definição de prioridades na CTPP

As entrevistas indicaram que a agenda de trabalho da CTPP é formada a partir de demandas

que são geradas na sociedade e colocadas na comissão por meio das bancadas representativas

do governo, do empresariado e dos trabalhadores. As prioridades são estabelecidas em função

da gravidade, abrangência e da atualidade dos temas apresentados pelas bancadas.

Pergunta 2 - Sobre os limites de exposição ocupacional estabelecidos em 1978 na NR 15,

vigentes até hoje como referência legal no Brasil

Os quatro representantes entrevistados reconheceram o fato de que os limites de tolerância da

NR 15 para exposição a produtos químicos estão desatualizados, e manifestaram opinião

favorável à revisão dessa Norma Regulamentadora.

O representante da CUT chamou atenção para o fator da susceptibilidade individual, que pode

influir no efeito de determinadas concentrações de agentes ocupacionais em alguns

indivíduos, como um ponto a ser considerado nos debates técnicos sobre a revisão dos limites

de tolerância.

Pergunta 3 - Sobre a contribuição da NR 9 que estabeleceu o PPRA, para a questão da

prevenção no que se refere à utilização dos limites de tolerância.

Para o representante do governo, a NR 9 representou o início de um sistema de gestão, e

trouxe alguns conceitos importantes como, por exemplo, a questão da melhoria contínua e a

cultura de indicadores. Ele acredita que o PPRA deveria ser utilizado como um instrumento

de gestão, e como tal, deveria ser incluído como parte integrante do sistema de gestão geral da

empresa.

O representante da CUT informou que já está em andamento na CTPP a discussão, ainda

preliminar, sobre uma norma de gestão de riscos, que será até mais abrangente do que a

própria NR 9. Comentou ainda, que se o PPRA for trabalhado de forma articulada com o

PCMSO, as empresas poderão identificar, por exemplo, uma situação epidemiológica mesmo

quando os limites da NR 15 estiverem sendo respeitados. Salientou que, caso sejam

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identificadas situações de doenças nos locais de trabalho, as empresas não poderão ficar

isentas de responsabilidade pelo fato de estarem cumprindo os limites da NR 15, e que essas

situações poderão ser indicadas por meio de um trabalho articulado entre o PPRA e o

PCMSO.

Pergunta 4 - Sobre a utilização dos limites mais restritivos da ACGIH para as substâncias

listadas na NR 15.

Neste caso, apenas o representante do empresariado apresentou restrições à utilização

automática dos limites da ACGIH para as substâncias cujos limites de tolerâncias da NR 15

estão defasados em relação à agência norte-americana. No entender do entrevistado, deve

haver uma ampla discussão sobre o assunto para que sejam definidos limites técnicos que

considerem as condições específicas das empresas brasileiras.As duas centrais sindicais

expressaram opiniões similares, no sentido de que a adoção de limites mais restritivos é uma

estratégia que vai promover a prevenção e a redução da probabilidade de ocorrência de

doenças relacionadas ao trabalho. A posição do representante do governo foi de que a

utilização dos limites da ACGIH deveria ser “ampla geral e irrestrita”.

Pergunta 5 - Sobre a existência de entraves na CTPP para revisão da NR 15

O representante do governo comentou que a revisão da NR 15 não será um trabalho simples.

Em sua opinião haverá a necessidade de formar assessorias técnicas específicas para cada

bancada, em função dos aspectos relacionados aos diferentes agentes químicos envolvidos.

Comentou que o tema da NR 15 é diferente, por exemplo, de um trabalho voltado para a

proteção de máquinas ou eletricidade, que são temas bem específicos.

Os representantes das duas centrais sindicais citaram alguns pontos que, em seu

entendimento, poderão dificultar o andamento do processo de revisão da NR 15 na comissão.

O representante da Força Sindical comentou que o empresariado resiste em fazer mudanças de

matéria-prima e de reestruturação do ambiente de trabalho argumentando sistematicamente

sobre os custos envolvidos nas transformações, que podem acarretar, inclusive, uma redução

no nível de emprego como medida compensatória. O representante da CUT citou como

primeiro entrave o fato de que a CTPP ainda não dispõe de um documento pronto, com

fundamentação técnica, para que o assunto possa ser incluído e discutido juntamente com as

demais prioridades da comissão. Comentou também que, a exemplo da questão do amianto, a

revisão da NR15 não será um consenso tranqüilo quando for discutido entre as bancadas. Da

mesma forma que o representante da Força Sindical, o representante da CUT indicou como

possíveis entraves para a revisão da NR 15 os argumentos referentes à elevação de custos

utilizados pelo empresariado nessas situações. Comentou também, que a discussão da NR 15

deverá ser mais difícil do que a do amianto, pois são muitas as substâncias químicas

envolvidas, mas que o problema deve ser enfrentado pela CTPP.

Pergunta 6 - Sobre as estratégias que poderiam ser adotadas pelas empresas diante dos

dados apurados na pesquisa

Para o representante do governo, a estratégia das empresas deveria ser a utilização dos limites

da ACGIH. Salientou que, nesse caso, seria necessária uma campanha nacional e,

paralelamente, um programa de informação sobre esses limites, que são disponibilizados em

português pela ABHO – Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais.

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Sem citar especificamente a ACGIH, o representante do empresariado opinou no sentido de

que os técnicos responsáveis pelos programas de segurança do trabalho nas empresas

deveriam pesquisar os limites de exposição adotados por outros países, utilizando os veículos

de comunicação disponíveis, principalmente as informações disponíveis na Internet. A partir

daí, eles poderiam decidir pelos limites de exposição mais adequados para serem utilizados na

sua empresa.

O representante da CUT considerou que uma ação articulada entre a legislação trabalhista e

outras legislações que não estão sob a gestão do MTE poderia levar as empresas a agir no

sentido de prevenir doenças, mesmo em vista dessa situação de desatualização da NR 15.

Citou especificamente o FAP – Fator Acidentário de Prevenção, que é uma legislação do

Ministério da Previdência. O FAP foi concebido com o objetivo de penalizar as empresas que

apresentarem maiores índices de adoecimento e de acidentes do trabalho e, por outro lado,

conceder incentivos para as empresas que evidenciarem a melhoria do desempenho nessas

duas áreas.

Pergunta 7 - Sobre a situação da revisão da NR 15 na agenda de trabalho da CTPP

As entrevistas realizadas indicaram que a revisão da NR 15 ainda não estava na agenda da

CTPP para o ano de 2010.

Os representantes das centrais sindicais informaram que já existem, no âmbito da comissão,

comentários sobre a necessidade dessa revisão, no entanto, as etapas regulamentares

necessárias devem ser cumpridas para que o assunto possa ser incluído na lista de prioridades,

entre as outras propostas de trabalho existentes na comissão.

5. CONCLUSÃO

O estudo mostra que substâncias de reconhecido efeito cancerígeno para seres humanos como,

por exemplo, o cloreto de vinila e o 1,3 butadieno apresentam limites de tolerância no Brasil,

respectivamente, 150 vezes e 780 vezes superiores aos valores recomendados pelas agências

internacionais credenciadas. Foram identificadas na pesquisa bibliográfica trinta e oito (38)

substâncias químicas cuja toxicidade é reconhecida pelos organismos internacionais

credenciados, sem limites de exposição definidos na legislação brasileira.

No que se refere à revisão da NR 15, as quatro entrevistas realizadas com integrantes da

CTPP indicaram os seguintes pontos:

a) Em novembro de 2009, quando foi realizada a pesquisa de campo, a revisão da NR 15

não estava prevista na agenda de trabalho da CTPP para o ano de 2010. Sua inclusão

na agenda da comissão deve ser precedida de uma seqüência de etapas obrigatórias,

que ainda não haviam sido iniciadas. O início do processo deve ocorrer por meio de

uma proposta de entidade representativa da sociedade apresentada na comissão para

uma das três bancadas: Governo, Empresariado ou Trabalhadores.

b) Os quatro integrantes da CTPP entrevistados reconheceram a defasagem da legislação

brasileira relacionada ao controle dos riscos químicos e a necessidade de atualização

dos limites de tolerância da NR 15.

c) A utilização dos limites de exposição da ACGIH foi apoiada por três dos quatro

integrantes entrevistados. Apenas o representante do empresariado expressou

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restrições à adoção automática dos limites da ACGIH pela legislação brasileira.

Defendeu a realização de estudos sobre a definição de limites de limites com base em

critérios técnicos, que considerem a realidade das empresas no Brasil.

d) Sobre as estratégias a serem utilizadas enquanto perdurar a desatualização dos limites

de tolerância da NR 15, os representantes das bancadas do governo e do empresariado

opinaram favoravelmente à consideração dos limites adotados nos países mais

industrializados, sendo que o representante do governo foi mais preciso ao recomendar

a utilização automática dos limites atualizados periodicamente pela ACGIH. Na

opinião dos representantes das centrais sindicais, deveria haver uma ação articulada

entre outras legislações relacionadas ao tema da prevenção de doenças nas empresas,

para que as conseqüências da defasagem da NR 15 pudessem ser atenuadas nas

empresas.

e) Apesar dos representantes das bancadas do governo e do empresariado dizerem que

não há entraves para a revisão da NR 15, os representantes das centrais sindicais

disseram que a revisão dos limites de tolerância da NR 15 não será um consenso fácil

no âmbito da CTPP. Segundo esses representantes, a tendência dos empresários em

considerar os investimentos realizados na prevenção acidentes e de doenças

ocupacionais como custo pode constituir o principal entrave para a discussão da NR

15 na CTPP. Uma dificuldade apontada nas entrevistas reside no fato de no caso da

revisão da NR 15 serão muitos produtos a serem discutidos, ao contrário, por exemplo,

das discussões sobre o amianto que se resumiram a uma única substância química.

Os resultados do presente estudo recomendam a urgência que deve ser atribuída à atualização

dos limites de tolerância a agentes químicos estabelecidos na legislação brasileira em 1978, e

que continuam vigentes para efeito de definição de medidas para o controle da exposição nos

ambientes de trabalho, e para caracterização de insalubridade. Deve ser ressaltado que, no

Brasil, as pequenas e médias empresas não se caracterizam por um intercâmbio técnico

regular com organizações internacionais, ficando dessa forma mais vulneráveis à

desatualização dos limites de tolerância constatada na NR 15 constatado no presente estudo.

Para essas empresas, a legislação é a principal referência para estabelecer os controles

operacionais na área de segurança do trabalho. A exposição crônica a substâncias químicas

em concentrações acima dos limites recomendados pelo conhecimento científico pode colocar

em risco a saúde de um grande número de trabalhadores.

VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011

12

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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No 74 – Vol 19 – Julho/Dezembro, 1991.

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Leis do Trabalho, relativo à segurança e medicina do trabalho e dá outras providências.

Disponível em: <www.mte.gov.br/legislacao/leis/1977/ default.asp>. Acesso em 22 out.2009.

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Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho,

relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Disponível em:

<www.mte.gov.br/legislacao/portarias/1978/p_19780608_3214.pdf>. Acesso em 22 out.

2009.

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exposure do 1,3-butadiene, styrene and dimethyldithiocarbamate among workers in syntetic

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Published Jun, 01, 2001.

FANTAZZINI, M.L. Situando a higiene ocupacional. Revista ABHO de Higiene

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FUNDACENTRO. Introdução à Higiene Ocupacional. São Paulo, 2004.

GANA SOTO, José Manuel Osvaldo; SAAD, Irene Ferreira de Sousa Duarte; Fantazzini,

Mário Luiz. Riscos Químicos. São Paulo, FUNDACENTRO, 1994.

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Agentes Biológicos, Químicos e Físicos. Ed. SENAC, São Paulo, 2006.

VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011

14

Anexo 1 – Comparação dos limites de exposição da NR 15 com referências internacionais

LIMITES DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL (PPM)

AGENTE

QUÍMICO

[CAS]

NR 15

(LT)

(pp70m)

ACGIH

TWA

(ppm)

OSHA

PELs

(ppm)

INGLATERRA

TWA

(ppm)

SUÉCIA

TWA

(ppm) Notações Base de TLV

Acetato de

Vinila

[108-05-4] N 10 - - -

TLV-A3

IARC-

2B

TRS;

comprometimento

SNC

Ácido

dicloroacético

[79-43-6] N 0,5 - - -

TLV-A3

IARC-

2B TRS; dano testicular

Ácido

sulfúrico

[7664-93-9] N 0,2mg/m3 1 - -

TLV-A2

IARC-1 Função pulmonar

Ácido

tricloroacético

[76-03-9] N 1 - - -

TLV-A3

IARC-3

Irritação olhos e

TRS

Acrilonitrila

[107-13-1] N 2 2 2 2

TLV-A3

IARC-

2B

TRI;

comprometimento

SNC

Benzeno

[71-43-2] 1 0,5 1 1 0,5

TLV-A1

IARC-1 Leucemia

1,3 Butadieno

[106-99-0] 780 2 1 10 0,5

TLV-A2

IARC-1 Câncer

Cicloexanona

[108-94-1] N 20 50 10 10

TLV-A3

IARC-3

irritação olhos e

TRS

Cloreto de

benzila

[100-44-7] N 1 1 0,5 1

TLV-A3

IARC-

2A

irritação olhos e

TRS

Cloreto de

vinila

[75-01-4] 156 1 1 3 1

TLV-A1

IARC-1

Câncer de pulmão;

dano fígado

Clorobenzeno

[108-90-7] 59 10 75 1 -

TLV-A3 Dano fígado

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15

Clorodifenil

(54% de

cloro)

[11097-69-1] N

0,5

mg/m3

0,5

mg/m3 - -

TLV-A3

IARC-

2A TRS; dano fígado

Clorofórmio

[67-66-3] 16 10 - 2 2

TLV-A3

IARC-

2B

Dano fígado; compr.

SNC

Cromato de

cálcio

[13765-19-0] N

0,001

mg/m3 - - -

TLV-A2

IARC-1 Câncer pulmão

Cromato de

chumbo

[7758-97-6] N

0,05

mg/m3 - - -

TLV-A2

IARC-1

Dano reprodutivo

masculino

Anexo 1 – Comparação dos limites de exposição da NR 15 com referências internacionais

(Continuação)

AGENTE

QUÍMICO

[CAS]

NR 15

(LT)

(ppm)

ACGIH

TWA

(ppm)

OSHA

PELs

(PPM)

INGLATERRA

TWA

(ppm)

SUÉCIA

TWA

(ppm) Notações Base de TLV

Cromato de zinco

[13530-65-9]

N

0,01

mg/m3

- - - TLV-A1

IARC-1

Câncer nasal

Diazometano

[334-88-3]

N

0,2

0,2

- - TLV-A2

IARC-3

Irritação olhos e

TRS

p-diclorobenzeno

[106-46-7]

N

10

75

25

10 TLV-A3

IARC-

2B

Irritação olhos;

dano rins

1,3-Dicloropropeno

[542-75-6]

N

1

-

-

-

TLV-A3

IARC-

2B Dano fígado

1,1-

Dimetilhidrazina

[57-14-7]

0,4

0,01

0,5

-

-

TLV-A3

IARC-

2B

TRS; câncer

nasal

Dinitrotolueno

[25321-14-6]

N

0,2

mg/m3

1,5

-

0,15

mg/m3

TLV-A3

Efeito

reprodutivo

masculino e

feminino

Dióxido de

vinilcicloexano

[106-87-6]

N

0,1

- - -

TLV-A3

IARC-

2B

Dano

reprodutivo

masculino e

feminino

Epicloridrina - TLV-A3 TRS; reprodução

VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011

16

[106-89-8] N 0,5 5 0,5 IARC-

2A

masculino

Éter bis-

(Clorometílico)

[542-88-1]

N

0,001

- - -

TLV-A1

IARC-1 Câncer pulmão

Éter metil tercio-

butílico

[1634-04-4]

N

50

-

25

30

TLV-A3

IARC-3 TRS; dano rins

Fluoreto de vinila

[75-02-5]

N

1

- -

-

TLV-A2

IARC-

2A Câncer fígado

Gasolina

[86290-81-5]

N

300

- -

-

TLV-A3

IARC-

2B

TRS; compr.

SNC

Fenilhidrazina

[100-63-0]

N

O,1

- -

-

TLV-A3 Anemia;TRS

Hexaclorobemzeno

[118-74-1]

N

0,002

mg/m3

-

-

-

TLV-A3

IARC-

2B Compr. SNC

Hexaclorobutadieno

[87-68-3]

N

0,02

-

-

-

TLV-A3

IARC-3 Dano rins

VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011

17

Anexo 1 – Comparação dos limites de exposição da NR 15 com referências internacionais

(Continuação)

AGENTE

QUÍMICO

[CAS]

NR 15

(LT)

(ppm)

ACGIH

TWA

(ppm)

OSHA

PELs

(ppm)

INGLATERRA

TWA

(ppm)

SUÉCIA

TWA

(ppm)

Notações Base de TLV

Hexacloroetano

[67-72-1]

N

1

1

-

-

TLV-A3

IARC-

2B Dano fígado e rins

Hidrazina

[302-01-2]

0,08

0,01

1

- - TLV-A3

IARC-

2B Câncer TRS

Lidano

[58-89-9]

N

0,5

mg/m3

0,5

- -

TLV-A3

IARC-

2B

Dano fígado;

comprometimento.

SNC

Metil hidrazina

[60-34-4]

N

0,01

-

-

-

TLV-A3

Câncer pulmão;

dano fígado

4,4'-metileno

bis- (2-

cloroanilina)

[101-14-4]

N

0,01

- - -

TLV-A2

IARC-

2A Câncer de bexiga

4,4'Metileno

dianilina

[101-77-9]

N

0,1

0,01

- - TLV-A3

IARC-

2B Dano fígado

Subsulfeto de

níquel

[12035-72-2]

N

0,1

mg/m3

- - - TLV A1

IARC-1

MAK-1 Câncer do pulmão

Nitrometano

[75-52-5]

78

20

-

100

20

TLV-A3

IARC-

2B

TRS; Efe.

Tireóide: câncer

de pulmão

Óxido de etileno

[75-21-8]

39

1

1

5

1

TLV-A2

IARC-1

Câncer; Compr.

SNC

Piridina

[110-86-1]

4

1

5

-

2

TLV-A3

IARC-3 Dano fígado e rins

Tetracloreto de

carbono

[56-23-5]

8

5

10

2

-

TLV-A2

IARC-

2B Dano fígado

Tetrafluoretileno

[116-14-3]

N

2

- - - TLV-A3

IARC-

2B

Câncer fígado e

rins

Tetranitrometano

[509-14-8]

N

0,005

1

-

0,05

TLV-A3

IARC-

2B Câncer TRS

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18

1,1,2-

Tricloroetano

[79-00-5]

8

10

10

-

-

TLV-A3

IARC-3

Compr SNC;

Dano fígado

Tricloroetileno

[79-01-6]

78

10

100

100

10

TLV-A2

IARC-

2A

Compr. SNC;

redução das

funções cognitivas

1,2,3

Tricloropropano

[96-18-4]

40

10

50

- - TLV-A3

IARC-

2A Dano fígado e rins

Anexo 1 – Comparação dos limites de exposição da NR 15 com referências internacionais

(Continuação)

AGENTE

QUÍMICO

[CAS]

NR 15

(LT)

(ppm)

ACGIH

TWA

(ppm)

OSHA

PELs

(ppm)

INGLATERRA

TWA

(ppm)

SUÉCIA

TWA

(ppm)

Notações Base de

TLV

4-

Vinilciclohexeno

[100-40-3]

N

0,1

-

-

-

TLV-A3

IARC-

2B

Dano

reprodutivo

masculino e

feminino

Novas substâncias químicas acrescentadas na Edição 2009 da ACGIH TLVs e BEIs

AGENTE

QUÍMICO

[CAS]

NR 15

(LT)

(ppm)

ACGIH

TWA

(ppm)

OSHA

PELs

(ppm)

INGLATERRA

TWA

(ppm)

SUÉCIA

TWA

(ppm)

Notações Base de

TLV

9Bromofórmio

N

0,5 ppm

-

-

-

TLV

A3

Dano

fígado;Dano

embrio fetal

[75-25-2] (2008)

Dietanoçamina

N

1,0

mg/m3

-

-

-

TLV

A3

Dano fígado

e rim

[111-42-2]

(2008)

Etilenoimina

N

0,05

ppm

-

-

-

TLV

A3

Irritação

TRS

[151-65-4]

(2008)

Dano fígado

e rim

Propileno imina

Irritação

olhos e TRS

[75-55-8] (2008) Dano rim

VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011

19

N

0,2 ppm

-

-

-

TLV

A3

Pentóxido de

Vanádio

N

0,05

mg/m3

-

-

-

TLV

A3

Irritação

TRS e TRI

[1314-62-1]

(2008)

Fonte: 2009 TLVs e BEIS – ACGIH. Tradução ABHO-Associação Brasileira de Higienistas

Ocupacionais; 2008 Guide to Occupational Exposure Values, Compiled by ACGIH;

Inglaterra, http//hse.gov.uk/coshh/table1.pdf; Suécia,

http:www.av.se/dokument/afs/AFS2005_17.PDF

VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011

20

ANEXO 2

Modelo de questionário utilizado nas entrevistas com os representantes das bancadas da

CTPP.

1. Quais são os critérios para a determinação das prioridades de agenda na comissão?

2. Qual a sua opinião sobre os limites de exposição ocupacional estabelecidos em 1978

na NR 15, e vigentes até hoje como referência legal no Brasil?

3. Quais as transformações que você acredita que a NR 9, que estabeleceu as medidas de

controle do PPRA trouxe em relação à questão da prevenção, no que se refere à

utilização dos limites de tolerância?

4. Considerando que a NR 09 orienta para a utilização dos limites da ACGIH para os

agentes químicos não relacionados na NR 15, qual a sua opinião sobre a utilização dos

limites mais restritivos da ACGIH para as substâncias relacionadas na NR 15?

5. Em sua opinião, existe algum entrave para a atualização dos limites de exposição

ocupacional a agentes químicos estabelecidos na NR 15?

6. Em sua opinião, qual a estratégia que as empresas que utilizam produtos químicos no

seu processo produtivo poderiam utilizar para lidar com esta situação de

desatualização da NR 15?

7. Existe alguma ação prevista para reformulação da NR 15 relacionada aos agentes

insalubres, em particular aos agentes que estão sendo estudados pela ACGIH e pelo

IARC?