análise ambiental

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ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GEOGRAFIA/ANÁLISE AMBIENTAL/RELATÓRIO DE AULA DE CAMPO PRIMEIRAS PALAVRAS O profissional de Geografia independentemente de sua área de atuação, seja ela, no ambiente da pesquisa acadêmica de cunho científico, ou em trabalhos técnicos direcionados ou ainda na prática do ensino, deve desenvolver a capacidade e a sensibilidade para elaborar relatórios técnicos que sejam simples, concisos e bem fundamentados. Dentre esses trabalhos os relatórios que procuram caracterizar as análises geoambientais com a intenção de promover avaliações integradas do meio físico natural, são por demais importantes, uma vez que, qualquer intervenção que as sociedades almejem fazer sobre a superfície terrestre necessitam de conhecimentos prévios dos componentes geoambientais e dos processos desenvolvidos nesse meio, que se não forem levados em conta, essas intervenções estarão legadas ao fracasso absoluto e junto com elas também, a destruição dos ecossistemas. É buscando o aprimoramento dessas ações, que se apresenta este relatório. Fruto de aulas de campo, no Curso de Especialização em Metodologia do Ensino de Geografia, junto à disciplina Análise Ambiental, ministrada pelo Profº Dr. Marcos José Nogueira de Souza. Durante o percurso realizado, o qual deu-se a partir do município de Fortaleza em direção ao noroeste do Estado e terminando no município de Tianguá, fez-se de maneira macro, o reconhecimento das unidades geoambientais compreendidas nesse percurso. E sob a orientação do professor, fomos 1

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Trabalho avaliativo da disciplina de Análise Geoambiental, por ocasião do Curso de Especialização em Metodologia do Ensino de Geografia, na Universidade Estadual do Ceará

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Page 1: Análise ambiental

ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GEOGRAFIA/ANÁLISE AMBIENTAL/RELATÓRIO DE AULA DE CAMPO

PRIMEIRAS PALAVRAS

O profissional de Geografia independentemente de sua área de atuação,

seja ela, no ambiente da pesquisa acadêmica de cunho científico, ou em trabalhos

técnicos direcionados ou ainda na prática do ensino, deve desenvolver a

capacidade e a sensibilidade para elaborar relatórios técnicos que sejam simples,

concisos e bem fundamentados.

Dentre esses trabalhos os relatórios que procuram caracterizar as

análises geoambientais com a intenção de promover avaliações integradas do

meio físico natural, são por demais importantes, uma vez que, qualquer

intervenção que as sociedades almejem fazer sobre a superfície terrestre

necessitam de conhecimentos prévios dos componentes geoambientais e dos

processos desenvolvidos nesse meio, que se não forem levados em conta, essas

intervenções estarão legadas ao fracasso absoluto e junto com elas também, a

destruição dos ecossistemas.

É buscando o aprimoramento dessas ações, que se apresenta este

relatório. Fruto de aulas de campo, no Curso de Especialização em Metodologia

do Ensino de Geografia, junto à disciplina Análise Ambiental, ministrada pelo Profº

Dr. Marcos José Nogueira de Souza.

Durante o percurso realizado, o qual deu-se a partir do município de

Fortaleza em direção ao noroeste do Estado e terminando no município de

Tianguá, fez-se de maneira macro, o reconhecimento das unidades geoambientais

compreendidas nesse percurso. E sob a orientação do professor, fomos

convidados a entender como se relacionam os diferentes condicionantes da

ecodinâmica dos ambientes.

O resultado a seguir mostra como afirmamos no início, um relatório que

sumariza de maneira simples e inteligível, os diferentes aspectos de uma análise

geoambiental em nível macroscópico.

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METODOLOGIA

(...) “Ao se apresentar um estudo integral do relevo deve-se levar em

consideração três níveis de abordagens, sistematizados pelo Prof. Ab´Sáber

(1969), e que individualizam o campo de estudo da ciência geomorfológica: a

compartimentação morfológica o levantamento da estrutura superficial e o estudo

da fisiologia da paisagem” (CASSETI, 1994). No caso do estudo das unidades

morfo-estruturais do Estado do Ceará além dessa abordagem utiliza-se ainda os

princípios da Ecodinâmica desenvolvidos por Jean Tricart e adaptados pelo Prof.

Marcos José Nogueira de Souza. Assim sendo, busca-se o estudo de fenômenos

para que se possa atingir a essência dos mecanismos que explicam as várias

correlações.

Utiliza-se ainda conceitos de T.C. SILVA, onde afirma que as funções de um

diagnóstico integrado demandam dois enfoques principais: o holístico que defende

a integração de todos os fatores e processos que compõem o sistema e o

sistêmico onde destaca-se as relações de interdependência entre os componentes

do meio viabilizando as análises de inter-relações de causa e afeito para definir a

sensibilidade e a resistência do ambiente às ações antrópicas.

MAPA GERAL DO LITORAL DO CEARÁ

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UNIDADES GEOAMBIENTAIS

I. - PLANÍCIE LITORÂNEA

Estando naturalmente inserida no litoral do nordeste brasileiro, a Planície

Litorânea constitui um geossistema onde os campos de dunas e as planícies

fluvio-marinhas caracterizam suas geofácies mais representativas. As informações

que se seguem tiveram como referência pontos de análises localizados na praia

da Barra do Ceará em Fortaleza e ainda em pontos do município de Caucaia.

1 – CARACTERISTICAS NATURAIS GERAIS

Constitui-se de uma área geologicamente jovem composta por sedimentos

quaternários oriundos da formação barreiras, onde os aspectos da geomorfologia

costeira são subordinados aos processos de acumulação de acordo com a

dinâmica temporal e espacial.

2 – GEOFÁCIES

2.1 – CAMPO DE DUNAS

De maneira generalizada o que mais identifica a faixa litorânea do Estado Ceará é

a ocorrência de um extenso cordão de dunas refletindo a ação predominante da

dinâmica eólica, onde duas gerações são facilmente discerníveis.

Têm-se portanto, as dunas recentes geralmente móveis com coloração amarelo-

esbranquiçadas e sem indícios de ação pedogenética. A inexistência de cobertura

vegetal é justificada pelo o trabalho contínuo da migração dos sedimentos. A

geração mais antiga possui em sua constituição areias vermelho-amareladas; são

menos elevadas onde alguns pontos já se encontram dissipados. Mostram-se

revestidas por vegetação, o que ajuda a atenuar os efeitos eólicos.

CAMPO DE DUNAS – LITORAL OESTE DE FORTALEZA

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2.2 – PLANÍCIE FLÚVIO-MARINHA

Próximo aos estuários a ação fluvial se combina com a marinha contribuindo para

a formação dessas planícies. Compõem portanto, o quadro morfológico do litoral e

são dotadas de algumas características que as individualizam. Apresentam solos

indiscriminados de mangues e as plantas deste mangue mostram-se adensadas

com o porte arbóreo e se dispõe longitudinalmente em relação às calhas fluviais.

3 - ECODINÂMICA E VULNERABILIDADE

Conforme características já citadas anteriormente, este geossistema pode ser

classificado como uma área instável e de forte vulnerabilidade.

4 – PROBLEMAS AMBIENTAIS CONFIGURADOS

Dentre os problemas ambientais comuns aos campos de dunas e planícies flúvio-

marinhas, podem se citados um desconhecimento ou desrespeito quase total da

legislação ambiental, o que ocasiona o surgimento de problemas subseqüentes

como por exemplo, o turismo predatório, a ocupação desordenado do solo

associada a uma coleta e disposição do lixo pouco adequadas. Fatos estes que

culminam com o desequilíbrio ecológico, a poluição dos solos e dos recursos

hídricos. Conclui-se portanto, a deficiência ou inexistência de práticas de

educação ambiental.

5 - CAPACIDADE DE SUPORTE

5.1 – POTENCIALIDADES

Mesmo sendo áreas muito vulneráveis às intervenções humanas, tanto os campos

de dunas como as planícies flúvio-marinhas podem ter suas potencialidades

exploradas, desde que de maneira ordeira, extremamente planejada e sustentável.

Sendo consideradas patrimônio paisagístico as atividades como ecoturismo e

laser, são comuns. Nos campos e dunas podem ser encontrados aqüíferos e o

extrativismo mineral é mais freqüente; já nas planícies flúvio-marinhas o

extrativismo animal através da pesca e apanha de caranguejo é mais

representativo podendo ainda praticar-se a aqüicultura.

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5.2 – LIMITAÇÕES

Sendo áreas instáveis e vulneráveis com ecodinâmica desfavorável, as limitações

são muitas. Começando pela alta suscetibilidade que esses ambientem têm em

relação à erosão, o que culmina num grande descompasso entre a capacidade

produtiva dos recursos naturais e sua recuperação ou restauração.

Nos campos de dunas a instabilidade do terreno, caracterizada pela alta

permeabilidade e mobilidade dos materias, inviabilizam várias ações, fato

contrastante com as planícies flúvio-marinhas onde a variação do nível das águas

é constante com insuficiências de drenagem dos solos.

Todos esses condicionantes contribuem para que as intervenções nos

campos de dunas e nas planícies flúvio-marinhas sejam legalmente restritas.

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II. - TABULEIROS PRÉ-LITORÂNEOS

Compondo também a morfologia do litoral do nordeste brasileiro, os tabuleiros pré-

litorâneos apresentam-se geralmente caracterizados pela geofácies: tabuleiros

arenosos e tabuleiros areno-argilosos. As informações aqui dispostas têm como

referência pontos de observação localizados no município de Caucaia.

“Figura demonstrando como a análise ambiental pode ser utilizada para ações de gerenciamento”.

FONTE: ABORDAGEM GEOMORFOLÓGICA PARA A REALIZAÇÃO DE ESTUDOS INTEGRADOS PARA O PLANEJAMENTO E GESTÃO EM AMBIENTES FLÚVIO-MARINHOS (A. J. A. Meireles;E. Vicente da Silva)

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1 – CARACTERÍSTICAS GERAIS

Dispostos à retaguarda do cordão de dunas são ligados sem diferenças

topográficas com as depressões sertanejas. Formados geologicamente por

sedimentos do quaternário e terciário oriundos do Grupo Barreiras, representa a

mais típica superfície de agradação do território cearense. Os solos dominantes

nos tabuleiros são de areias quartizosas, rigossolos e podzólicos vermelho-

amarelos;são cobertos por vegetação secundária de porte arbustivo-arbóreo. A

drenagem possui em geral um fluxo muito lento resultado da baixa altimetria.

2 – ECODINÂNICA E VULNERABILIDADE

Em virtude da topografia a lixiviação é acentuada limitando o trabalho erosivo da

ação pluvial que juntamente com outros fatores tornam os tabuleiros áreas

estáveis com vulnerabilidade nula ou muita baixa.

3 - PROBLEMAS AMBIENTAIS CONFIGURADOS

As condições geográficas tornam os tabuleiros áreas muito propícias à ocupação

humana. Têm-se então loteamentos predatórios causando desmatamentos

desordenados e culminando com a perda da biodiversidade e erosão dos solos

que em virtude de um mal tratamento do lixo ocasiona ainda poluição dos recursos

hídricos. Represamento e desvios inadequados dos cursos d’água também são

comuns. Observa-se assim como na análise da Planície Litorânea, um sério

problema de educação ambiental.

4. – CAPACIDADE DE SUPORTE

4.1 – POTENCIALIDADES

Topografia favorável à expansão urbana e viabilidade agrícola (irrigada) para

leguminosas nas porções areno-argilosas e plantio de coqueiros, cajueiros nas

porções arenosas. A ocorrência de água subterrânea é bem significativa.

4.2. – LIMITAÇÕES

As irregularidades pluviométricas associadas a uma deficiência hídrica superficial

são fatores limitantes. Podendo citar-se ainda uma baixa fertilidade natural do solo

e impedimentos à mecanização agrícola.

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III. DEPRESSÃO SERTANEJA

Tendo o sertão semi-árido do nordeste como região natural, a Depressão Sertaneja aqui no Estado do Ceará compõe um geossistema muito representativo, onde pedimentos conservados com inselbergs e pedimentos dissecados em colinas rasas representam suas principais geofácies.

1 – CARACTERÍSTICAS GERAISRepresentam quase 70% do território estadual. Dispõem-se na periferia dos grandes planaltos sedimentares ou embutidas entre estes e os maciços residuais. As litologias são remanescentes do Pré –Cambriano cujas rochas compõem complexos gnáissico-migmatítico-granítico. A morfologia das depressões sertanejas se expõe através dos pedimentos que se inclinam desde a base dos maciços residuais, dos planaltos sedimentares e dos inselbergs. Caracteriza-se como uma superfície de erosão já bastante desenvolvida, onde as deficiências hídricas são responsáveis pela dispersão das caatingas e padrões dentríticos de drenagem. Os solos apresentam-se rasos e litólicos com grande freqüência de afloramento de rochas.

VISTA PANORÂMICA DA DEPRESSÃO SERTANEJA

DETALHES DA PAISAGEM

DETALHE DA DEPRESSÃO EM IRAUÇUBAACENTUADO PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO

Os cursos d’água são sazonais e intermitentes tornando deficiente a capacidade

de erosão linear; observa-se ainda a ocorrência dispersa de inselbergs e cristas

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residuais nos setores de maior resistência à erosão diferencial; há ainda áreas de

acumulação inundáveis à jusante das rampas pedimentadas.

DETALHE DA DEPRESSÃO SERTANEJA NO MUNICÍPIO DE ITAPAJÉ ONDE

OBSERVA-SE OS PEDIMENTOS DISSECADOS

2 – ECODINÂMICA E VULNERABILIDADE

Em virtude dos vários condicionantes que atuam na área ao longo do tempo as

depressões sertanejas são áreas com tendência à estabilidade e vulnerabilidade

baixa.

3 - PROBLEMAS AMBIENTAIS CONFIGURADOS

Semelhante ao que ocorre nos tabuleiros litorâneos a depressão sertaneja

também é alvo de toda espécie de agressão. Por questões históricas e na

atualidade por desconhecimento e desrespeito da legislação ambiental, as

queimadas são, por exemplo, uma realidade assustadora. Desmatamentos

desordenados associados a uma tecnologia agrícola rudimentar dão como

resultados solos erodidos. O descompasso entre a exploração dos recursos

naturais e sua recuperação também contribuem para o estágio atual de

degradação.

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4 – CAPACIDADE DE SUPORTE

4.1 – POTENCIALIDADES

As depressões sertanejas estão despontando como áreas muito propícias para o

Ecoturismo em virtude da paisagem “exótica” que são os sertões. O extrativismo

mineral também é praticado principalmente quanto às rochas ornamentais. Pode

ser citada ainda a prática da pecuária de subsistência e comercial. A topografia

mostra-se favorável para a expansão urbana.

4.2 – LIMITAÇÕES

A irregularidade pluviométrica juntamente com as deficiências hídricas tanto

superficiais quanto subterrâneas caracterizam a área. Associados a esses fatores

limitantes têm-se ainda solos muito rasos que contribuem para o impedimento à

mecanização agrícola.

AFLORAMENTO DE ROCHAS DO EMBASAMENTO INSELBERGS COMPÕEM A PAISAGEM

CRISTALINO

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IV. MACIÇOS RESIDUAIS

Os maciços residuais compõem um geossistema que estão inseridos das serras

úmidas nordestinas (região natural). Suas variações se fazem notar nas geofácies:

vertentes e platôs úmidos e vertentes secas. Os pontos de análise aqui retratados

fazem referência às Serras de Uruburetama e Meruoca.

1 – CARACTERÍSTICAS NATURAIS GERAIS

Tais maciços encontram-se como compartimentos isolados no seio das

depressões sertanejas. De maneira geral são constituídos por rochas do

embasamento cristalino, datadas do pré-cambriano que apresentam-se

dissecadas e desenvolvendo solos podzólicos. A drenagem que abrande essas

áreas possuem padrões dendríticos e subdendríticos. Nas encostas com declives

mais acentuados há uma certa instabilidade.

2 - GEOFÁCIES

2.2 – VERTENTES E PLATÔS ÚMIDOS

O relevo mostra-se fortemente dissecado em feições de colinas e cristas, essa

dissecação configurou formas de topos convexos e aguçados. Nas maiores

altitudes sob a influencia de barlaventos têm-se a formação de mata plúvio-

nebular.

SERRA DE MERUOCA: ASPECTOS DA PAISAGEM

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2.3 – VERTENTES SECAS

Também dissecado em cristas e lombas alongadas. A influência de sotaventos

contribui para a formação de matas secas e caatingas. O índice pluviométrico é

bem menor que nas vertentes úmidas.

3 – ECODINÂMICA E VULNERABILIDADE

A composição florística desses ecossistemas associados a seus componentes

geoambientais o caracterizam como áreas que tendem a instabilidade e

vulnerabilidade moderada .

4 – PROBLEMAS AMBIENTAIS CONFIGURADOS

Queimadas, desmatamentos desordenados e cultivo em vertentes íngremes, são

muito comuns nessa área, onde a erosão dos solos é claramente visível. Como

também são visíveis a degradação das nascentes fluviais e o turismo e caça

predatórios. Mais uma vez a deficiência de práticas de educação ambiental é fato

corriqueiro.

5 – CAPACIDADE DE SUPORTE

5.1 – POTENCIALIDADES

Sendo uma paisagem de exceção no cenário do semi-árido o patrimônio

paisagístico e a biodiversidade constituem elementos propícios para o

ecoturismo/turismo e laser. Os recursos hídricos são favoráveis à prática da

agricultura (respeitando as restrições topográficas) e por influência do

intemperismo químico e biológico os solos são um pouco mais espessos e férteis.

5.2 – LIMITAÇÕES

Área muito suscetível à erosão em virtude das topografias acidentadas, e, pelo o

mesmo motivo a expansão urbana não é muito propícia. Atividades incompatíveis

também não são bem vindas. Várias dessas restrições são previstas em leis.

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V. PLANÍCIES FLUVIAIS

As planícies fluviais também fazem parte do sertão semi-árido nordestino. São as

formas mais características de acumulação decorrentes da ação fluvial.

1 – CARACTERÍSTICAS NATURAIS GERAIS

Unidade localizada nos contornos dos rios, originadas do trabalho de

sedimentação dos mesmos. Constituem em geral áreas de diferenciação regional

nos sertões semi-áridos, por abrigarem melhores condições de solos e

disponibilidades hídricas. Acompanham longitudinalmente os maiores coletores de

drenagem do Estado. No caso desta análise, foram observadas áreas dos rios

Acaraú, Coreaú e Aracatiassu. Tais planícies ganham maior expressividade nos

médios e baixos cursos devido a maior capacidade de deposição justificada pela

diminuição no grau de declividade.

A várzea é a área mais típica da planície. Sua paisagem é de fácil reconhecimento

em função de sua cobertura vegetal. São matas ciliares de carnaubais onde

ocorre depósitos aluviais areno-argilosos, constituindo a chamada várzea baixa

onde ocorre as inundações.

Mesmo não tendo grande expressividade espacial, as planícies fluviais com suas

potencialidades naturais representam geossistemas de grande importância.

2 - ECODINÂMICA E VULNERABILIDADE

As planícies fluviais caracterizam-se como ambientes de transição com tendência

e instabilidade, possuindo ainda uma alta vulnerabilidade.

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3 – PROBLEMAS AMBIENTAIS CONFIGURADOS

Como é muito comum nos sertões do nordeste, o desmatamento desordenado e

as queimadas também caracterizam as planícies fluviais. Essas áreas são muito

procuradas para a prática da agricultura. O que vem sendo feito sem nenhum

acompanhamento técnico. É nesse contexto que represamentos e desvios de

água inadequados contribuem para desequilíbrios ecológicos.

4 – CAPACIDADE DE SUPORTE

4.1 – POTENCIALIDADES

Condicionantes como a biodiversidade, recursos hídricos, solos mais férteis e

espessos, as topografias favoráveis e possibilidades para desenvolver agricultura

irrigável fazem das planícies fluviais um verdadeiro oásis.

4.2 – LIMITAÇÕES

As potencialidades faladas anteriormente não devem ser vistas como “boca livre”,

pois é muito fácil ocorrer o desenvolvimento de níveis de degradação

irrecuperáveis. Locais como estes oferecem impedimentos para mecanização

agrícola e mesmo relativamente úmidos a irregularidade pluviométrica é

característica preponderante.

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VI. PLANALTOS SEDIMENTARES

Dentre a região natural chamada de Planaltos e Chapadas Sedimentares do

Nordeste o Planalto da Ibiapaba, aqui no Ceará apresenta-se como um

geossistema dos mais significativos. As observações a seguir referem-se a uma

de suas geofácies denominadas de reverso imediato úmido.

1 – CARACTERÍSTICAS GERAIS

Classifica-se como um relevo dissimétrico onde é front escarpado e o reverso

possui caimento tipográfico suave configurando a morfologia de cuesta. A cornija

apresenta-se arenítica com espessuras variadas. Perpendiculares à escarpa as

rochas têm feições morfológicas dissecadas com cristas perpendiculares. Os solos

apresentam-se profundos e são comumente podzólicos. As chuvas são

abundantes, se comparadas ao semi-árido, e são responsáveis pela espacialidade

da mata de encosta onde desenvolvem-se espécies arbóreas (mata plúvio-

nebular). Sob o ponto de vista morfoclimático preponderam os efeitos das chuvas

orográficas que produzem reflexos na imposição dos processos morfodinâmicos,

como por exemplo, a morfogênese química.

2 – ECODINÂMICA E VULNERABILIDADE

Relacionando-se os vários componentes geoambientais, o ambiente pode ser

classificado como de transição com tendência e estabilidade, porém com alta

vulnerabilidade.

3 – PROBLEMAS AMBIENTAIS CONFIGURADOS

O processo de ocupação do Planalto da Ibiapaba é antigo, remota à colonização.

As práticas sociais e culturais ainda guardam muito dessa herança. Queimadas,

desmatamentos desordenados e cultivo em vertentes íngremes, são muito

comuns nessa área, onde a erosão dos solos é claramente visível. Já observa-se

nos arredores da cidade de Tianguá, por exemplo, um enorme avanço da

vegetação de carrasco, conseqüência da devastação que o ambiente sofreu e

continua sofrendo. São também são visíveis a degradação das nascentes fluviais

e o turismo e caça predatórios. Mais uma vez a deficiência de práticas de

educação ambiental e o conseqüente desconhecimento e desrespeito da

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legislação ambiental são fatos corriqueiros.

4 – CAPACIDADE DE SUPORTE

4.1 – POTENCIALIDADES

O patrimônio paisagístico e a biodiversidade por si só, já refletem seu potencial.

Esses elementos constituem razões mais que justificáveis para o ecoturismo e o

turismo de laser. Os recursos hídricos superficiais são muito favoráveis à prática

da silviculura e por influência do intemperismo químico e biológico os solos são

um pouco mais espessos e férteis.

4.2 – LIMITAÇÕES

As topografias acidentadas tornam essa área muito suscetível à erosão e a

expansão urbana também não é muito propícia. Atividades incompatíveis também

não são bem vindas assim como mecanização agrícola, até mesmo porque já é

uma realidade processos erosivos ativos e degradação avançada dos recursos

naturais. Várias dessas restrições são previstas em lei, mas, figura novamente o

desrespeito e desconhecimento da legislação ambiental pertinente.

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VISTA PANORÂMICA DA CUESTA DA IBIAPABA

O FIM DO COMEÇO

Citamos no início deste trabalho algumas das várias possibilidades que o

profissional da Geografia está apto a desenvolver. Dentre essas atribuições o

desenvolvimento de relatórios simples, concisos e bem fundamentados para

serem usados em ações de planejamento e gerenciamento é fator de grande

importância.

Foi procurando desenvolver e adquirir essa competência que timidamente

este relatório foi elaborado. Sendo um trabalho que de forma macroscópica

analisou Unidades Geoambientais, algumas observações finais necessitam

lamentavelmente de destaque. É lamentável, por exemplo, diagnosticar que em

todas as unidades observadas a degradação ambiental é uma triste realidade nos

ecossistemas cearenses. Lamenta-se também a falta de práticas de educação

ambiental que fomenta o desconhecimento e o desrespeito da legislação

pertinente. Lamentável ainda é ver ambientes com riqueza na biodiversidade,

verdadeiros oásis e berço de vida, que como se já não bastasse ser paisagens de

exceção, estão caminhando a passos largos para total desaparecimento.

E diante desse quadro fatídico, não apenas os geógrafos são

responsáveis pela procura de respostas e soluções, mas todo e qualquer cidadão.

É claro que para esse grau de consciência ecológica atingir as massas, seu

trabalho é de grande importância, bem como o de todos os demais educadores.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASSETI, VALTER – Elementos de Geomorfologia. Ed. da UFG, 1994, Goiânia.

SOUZA, M.J.N. – Contribuição ao Estudo das Unidades Morfo-estruturais do

Estado do Ceará. In Revista de Geologia da UFC(1), pág. 73-91, jun/1988.

_____________ - (2004) – Apostilas e notas de aula.

TRICART. J. – Ecodinâmica. 1977, IBGE, Rio de Janeiro.

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