anais xi jornada - 2011

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Anais XI Jornada Médico-Literária Paulista Sociedade Brasileira de Médicos Escritores SOBRAMES Regional do Estado de São Paulo Itu - São Paulo - Brasil 22 a 25 de setembro de 2011

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Page 1: Anais   xi jornada - 2011

Anais

XI Jornada Médico-Literária Paulista

Sociedade Brasileira de Médicos EscritoresSOBRAMES

Regional do Estado de São Paulo

Itu - São Paulo - Brasil22 a 25 de setembro de 2011

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORESRegional do Estado de São Paulo

SOBRAMES - SPDiretoria Gestão 2011/2012

Cargos Eletivos

Presidente: Josyanne Rita de Arruda FrancoVice-presidente: Luiz Jorge Ferreira

Primeiro secretário: Márcia Etelli Coelho Segundo secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã

Primeiro tesoureiro: Jorge Alberto VieiraSegundo tesoureiro: Aída Lúcia Pullin Del Sasso Begliomini

Conselho Fiscal

Efetivos:

Helio BegliominiRoberto Antonio Aniche

Carlos Augusto Ferreira Galvão

Suplentes:

Alcione Alcântara GonçalvesFlerts Nebó

Manlio Mario Marco Napoli

A XI Jornada Médico-Literária Paulista é uma realização da SOBRAMES - SPSociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo

Endereço para correspondência (SOBRAMES-SP):Rua Francisco Pereira Coutinho 290, 121 A

Vila Municipal Jundiaí, SP. - CEP [email protected]

Copyright 2011 © dos Autores

Comissão Organizadora da XI Jornada Médico-Literária Paulista

Os integrantes da Diretoria da Regional São Paulo

Os conceitos emitidos nos textos literários deste evento representam exclusivamentea opinião de seus autores, não sendo de responsabilidade da SOBRAMES-SP.

Projeto Gráfico e Diagramação: Marcos Gimenes Salun

Produção Editorial: Rumo Editorial Produções e Edições Ltda.

E-mail: [email protected]

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AprAprAprAprApresentaçãoesentaçãoesentaçãoesentaçãoesentação

A literatura se nutre da história, dos mitos, das tradições. A vida de cada um é umacontecimento, uma grande narrativa recheada de fatos e ficções: somos personagens dahistória do outro, autores e protagonistas de nossa própria história.

O que dizer quando médicos, engenheiros, advogados, professores, jornalistas, artistasplásticos, pesquisadores e outros profissionais liberais despem-se de suas personas técnico-acadêmicas para evocar a imaginação e criar paraísos em verso e prosa?

Tem sido assim na Sociedade Brasileira de Médicos EscritorSociedade Brasileira de Médicos EscritorSociedade Brasileira de Médicos EscritorSociedade Brasileira de Médicos EscritorSociedade Brasileira de Médicos Escritores Res Res Res Res Regional São Pegional São Pegional São Pegional São Pegional São Pauloauloauloauloaulodesde a primeira jornada em Jundiaí, em 1991.

Se o objetivo inicial das jornadas foi divulgar a jovem entidade fundada em 16 de setembrode 1988, com o passar do tempo tornou-se oportunidade de congregar os sócios fora doambiente urbano da grande metrópole paulista onde acontecem as consagradas Pizzas Literárias.Seguiram-se, então, outras jornadas com periodicidade a cada dois anos: Bragança Paulista(1993), Santos (1995), Campos do Jordão (1997 e 2003), Águas de São Pedro (1999), Botucatu(2001), Serra Negra (2005), novamente Jundiaí (2007) e São Paulo (2009) .

Assim, foi inserido no calendário bienal dos associados um evento aguardado pelasingeleza de seu propósito, incensado com a amizade e a paixão de seus membros pelaatividade literária.

A XI Jornada Médico-Literária PaulistaA XI Jornada Médico-Literária PaulistaA XI Jornada Médico-Literária PaulistaA XI Jornada Médico-Literária PaulistaA XI Jornada Médico-Literária Paulista encontrou acolhimento na cidade históricade Itu, onde floresceram as bases do movimento republicano. Com seus caminhos bandeiristas,casarões históricos e igrejas seculares reverenciando a memória de um período vibrante quesemeou novos rumos para a pátria, a Itu quatrocentona torna-se entreposto de literatura damais alta qualidade: a Academia Ituana de LetrasAcademia Ituana de LetrasAcademia Ituana de LetrasAcademia Ituana de LetrasAcademia Ituana de Letras aceitou o convite da Sobrames SP ejulgou os trabalhos literários dos autores sobramistas.

De 22 a 25 de setembro a realeza se fará representar pelas letras: o manto real seráexibido com luxo e primor no lançamento da VIII AntologiaVIII AntologiaVIII AntologiaVIII AntologiaVIII Antologia, compilação dos trabalhos deconfrades e confreiras apresentados nos encontros festivos dos últimos dois anos; cetro ecoroa serão verso e prosa de uma literatura que abraça histórico passado, revigora os ares dopresente e semeia futuro nas imensas terras férteis que se exibem generosas nas próximaspáginas, pacientemente cultivadas com insumos da criatividade e da imaginação.

Dra. Josyanne Rita de ArDra. Josyanne Rita de ArDra. Josyanne Rita de ArDra. Josyanne Rita de ArDra. Josyanne Rita de Arruda Fruda Fruda Fruda Fruda Francorancorancorancoranco Presidente da SOBRAMES-SP (2011-012)

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A Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, Regional do Estado de São Paulo,foi fundada em 16 de setembro de 1988 e congrega mais de cem membros titulares,

acadêmicos, colaboradores, eméritos, honorários e beneméritos.Basicamente a sociedade é constituída por médicos escritores de

literatura NÃO-CIENTÍFICA, além de escritores de outras formações profissionais(advogados, engenheiros, jornalistas, dentistas, arquitetos, etc..).

Pizzas LiteráriasEm 1989 surgiu a idéia de se reunir os colegas ao redor de uma mesa de pizza, como acontecera por

ocasião da fundação da entidade. A reunião mensal tornou-se uma tradição e foi intitulada “PizzaLiterária”. Desde então é realizada em uma pizzaria de São Paulo, com uma freqüência que costuma

beirar trinta pessoas. Nesta, além de se saborear uma deliciosa pizza, tomar um chope e bater papo comos amigos, tem-se a oportunidade de ouvir os trabalhos dos colegas e também apresentar os seus. Tem-se, também, a possibilidade de encontrar colegas de outras especialidades e formados nas mais diversas

faculdades, além de sócios não médicos das mais variadas profissões. Todos com uma paixão emcomum: a literatura. As reuniões de 2011 têm acontecido na terceira quinta-feira de cada mês, na

pizzaria BONDE PAULISTA, na Rua Oscar Freire, 1597 – à partir de 19h30.

Jornadas e CongressosA cada dois anos a Regional de São Paulo promove uma Jornada Médico-literária.

Estas já se realizaram em diversas cidades do interior paulista,e em 2009 na própria capital do Estado:

Jundiaí – de 27 a 29 de setembro de 1991Bragança Paulista – de 28 a 30 de maio de 1993

Santos – de 24 a 26 de novembro de 1995Campos do Jordão – de 28 a 30 de agosto de 1997

Águas de São Pedro – de 16 a 19 de setembro de 1999Botucatu – de 27 a 30 de setembro de 2001

Campos do Jordão – de 25 a 28 de setembro de 2003Serra Negra - de 22 a 25 de setembro de 2005

Jundiaí – de 27 a 29 de setembro de 2007São Paulo - de 17 a 19 de setembro de 2009

Nos anos pares é realizado um Congresso Nacional da SOBRAMES.Em 1994 e 1998, este ocorreu em São Paulo, organizado por nossa regional. O XXIII Congresso

Brasileiro aconteceu em junho de 2010 na cidade Belo Horizonte – MG.O próximo congresso será realizado no Estado do Paraná, em 2012.

Sociedade Brasileira

de Médicos EscritoresRegional do Estado de São Paulo

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Eventos internacionaisAlém da existência de regionais da SOBRAMES na maioria dos estados brasileiros, seus membros

também participam em algumas associações em outros países, como é o caso da LISAME - Liga SulAmericana de Médicos Escritores, com sede em Buenos Aires – Argentina; UMEM – União Mundial de

Escritores Médicos, com sede em Lisboa – Portugal, cujo congresso se realizou em Viana de Castelo -Portugal, de 27 de setembro a 3 de outubro de 2004, contando com representação da SOBRAMES paulista;

UMEAL – União de Médicos Escritores e Artistas deLíngua Lusófona, com sede em Lisboa – Portugal, dentre outras.

PublicaçõesJornal - Desde 1992 a SOBRAMES-SP publica o informativo mensal “O Bandeirante” que é distribuído

aos membros da regional paulista, diversos confrades de outras regionais, além de entidades culturais no Brasile no exterior. Por vários anos publicou o suplemento literário, as “Páginas Sobrâmicas”, trazendo textos

literários dos membros da Regional de São Paulo. À partir de 2001 a publicação ganhou o título de“Suplemento Literário”, e continua sendo publicado mensalmente, como encarte do jornal “O Bandeirante”.

Desde janeiro de 2007 o jornal “O Bandeirante” passou a ser distribuído pela internet, para mais de 1000destinatários no Brasil e no Exterior.

Coletâneas - A Sociedade já editou dez coletâneas com trabalhos dos membros:“Por um Lugar ao Sol” (1990)

“A Pizza Literária” (1993) “A Pizza Literária - segunda fornada” (1995)

“Criação” (1996) “A Pizza Literária - quinta fornada” (1998) “A Pizza Literária - sexta fornada” (2000)

“A Pizza Literária – sétima fornada” (2002)“A Pizza Literária – oitava fornada” (2004)“A Pizza Literária – nona fornada” (2006)

“A Pizza Literária - décima fornada” (2008)“A Pizza Literária - décima primeira fornada” (2010)

Antologias - Em 1999, editou-se a “I Antologia Paulista”, contendo todos os trabalhos das “PáginasSobrâmicas” nos seus dois primeiros anos de publicação (abril 1997 a março de 1999). Em 2000 foi publicada

a II Antologia Paulista, desta vez com trabalhos inéditos dos sócios. A série de antologias continuou e já contacom cinco volumes, tendo os demais sido publicados em 2001, 2003, 2005, 2007 e 2009.

Em setembro de 2011 está sendo lançada a VIII Antologia Paulista.

Concursos literáriosEm 1997, foi instituído o concurso para A Melhor Poesia do Ano, Prêmio “Bernardo de Oliveira Martins”

e, a partir de 1999, o concurso para A Melhor Prosa do Ano, Prêmio “Flerts Nebó”, dos quais participamtodos os membros da SOBRAMES-SP que apresentam seu textos nas Pizzas Literárias. Estes certames visam

dar estímulo à criatividade dos autores membros da SOBRAMES, tendo em vista a característica meramentediletante de seus participantes. Trimestralmente acontece um desafio literário intitulado SUPERPIZZA, onde os

escritores são convidados a produzir um texto em prosa ou verso sobre um tema sugerido.

Em janeiro de 2007 foram introduzidos dois novos concursos que têm como objetivo incentivar osintegrantes da sociedade a participar de suas atividades.Trata-se do “Prêmio Rodolpho Civile”, de Assiduidade

e o “Prêmio Aldo Mileto” de Melhor Desempenho.

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InternetA Sociedade Brasileira de Médicos Escritores tem um Blog onde

publica informações, notícias e textos literários de seus autores.Visite e participe:http:/sobramespaulista.blogspot.comhttp:/sobramespaulista.blogspot.comhttp:/sobramespaulista.blogspot.comhttp:/sobramespaulista.blogspot.comhttp:/sobramespaulista.blogspot.com

DiretoriaA cada dois anos a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, regional do

Estado de São Paulo elege em assembléia uma nova diretoria.Na atual gestão (biênio 2011/2012) a diretoria está assim composta:

Presidente: Josyanne Rita de Arruda Franco;Vice-presidente: Luiz Jorge Ferreira;

Primeiro-secretário: Márcia Etelli Coelho;Segundo-secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã;

Primeiro-tesoureiro: José Alberto Vieira;Segundo-tesoureiro: Aída Lúcia Pullin Del Sasso Begliomini;

Conselho Fiscal Efetivos: Helio Begliomini, Roberto Antonio Aniche e Carlos Augusto Ferreira Galvão;Conselho Fiscal Suplentes: Alcione Alcântara Gonçalves, Flerts Nebó e Manlio Mario Marco Napoli.

Como participarPodem tornar-se membros da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores todos os médicos, de qualquer

especialidade, e todos os acadêmicos de medicina, em qualquer ano do curso, mediante simples solicitação desua inscrição, e bastando que sejam também escritores de literatura NÃO-CIENTÍFICA, em qualquer gênero

literário (romance, crônica, conto, poesia, ensaios, etc.). Também podem tornar-se membros da SOBRAMES-SP os ESCRITORES de qualquer outra formação profissional, apresentados por outros membros da sociedade.

A solicitação será aprovada mediante análise da diretoria e existência de quorum na forma de seu estatuto. Osmembros contribuem financeiramente com uma anuidade de pequeno valor. Os custos de algumas atividades da

SOBRAMES-SP são pagos pelos participantes, como por exemplo,despesas de hospedagem em congressos e jornadas e despesas

de consumo nas reuniões denominadas Pizzas Literárias.

Associe-sePara obter outras informações sobre a SOBRAMES-SP ou para tornar-se membro

envie correspondência para o e-mail [email protected]@[email protected]@[email protected] correio você poderá obter ficha de inscrição escrevendo para:

Sociedade Brasileira de Médicos EscritoresRua FRua FRua FRua FRua Francisco Prancisco Prancisco Prancisco Prancisco Pererererereira Coutinho 290, 121 Aeira Coutinho 290, 121 Aeira Coutinho 290, 121 Aeira Coutinho 290, 121 Aeira Coutinho 290, 121 A

VVVVVila Municipal - Jundiaí, SPila Municipal - Jundiaí, SPila Municipal - Jundiaí, SPila Municipal - Jundiaí, SPila Municipal - Jundiaí, SP.....CEP 13201-100CEP 13201-100CEP 13201-100CEP 13201-100CEP 13201-100

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A cidade de Itu

Fundada em 1610, por muito tempo considerada a vila mais rica da capitania de SãoPaulo, Itu serviu de pousada para os bandeirantes que iam ao sertão em busca de pedraspreciosas. Firmou-se no comércio minerador, na plantação de cana de açúcar e posteriormenteno plantio de café.

Na visita às inúmeras fazendas, é possível compreender todos esses ciclos, através danarração histórica dos seus proprietários e da construção de época, tanto na casa principalcomo nas senzalas. A natureza permite passeios por várias trilhas que aguçam o paladar paratípica comida tropeira, sempre acompanhada por boa cantoria e hospitalidade.

Itu é conhecida como o “Berço da República” e, em sua região central, destacam-seantigos casarões preservados em suas características originais. Muitos se transformaram emmuseus ou espaços culturais com destaque para o Museu Republicano, instalado em umsobrado de taipa de pilão e pau a pique, onde em abril de 1873 alguns paulistas contrários àmonarquia reuniram-se para discutir as bases do Partido Republicano Paulista. O encontro,conhecido como “Convenção de Itu” representou o marco inicial para a futura proclamaçãoda República. É impossível não se encantar com os azulejos artísticos rodeando uma pomposaescadaria e com o gabinete praticamente intacto de Prudente de Moraes, o primeiro presidentecivil do Brasil.

Pitoresca com seus objetos de grande tamanho (inspirada no humorista Simplício doprograma televisivo A Praça é Nossa), Itu é também denominada de “Cidade dos Exageros”.E fazendo jus a essa fama, mais um apelido lhe é conferido: o de “Roma Brasileira” devido asuas belíssimas Igrejas, tombadas pelo Patrimônio Histórico, com exuberante arquiteturabarroca e pinturas de renomados artistas como o ituano Almeida Junior e o Padre Jesuíno deMonte Carmelo.

Itu é também uma das poucas cidades do mundo a possuir, no Parque do Varvito, umarocha sedimentar datada da era glacial.

Muitos outros atrativos surpreendem o visitante, incluindo a boa gastronomia tendocomo exemplo o Bar do Alemão que é considerado o melhor filé a parmegiana do Brasil.Assim, com seus 400 anos de existência, Itu é um agradável convite ao passado e poderáproporcionar à nossa Jornada Médico-Literária Paulista um ambiente aconchegante e inspirador.

Diretoria da SOBRAMES-SP(texto de Márcia Etelli Coelho)

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ÍndiceÍndiceÍndiceÍndiceÍndice

Aída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAdeus / Separação

1515151515

Alcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesJornada em Itú / Mamãe, eu quero

1818181818

Arary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz TiribairibairibairibairibaPernoites, percalços... percevejos /

Um forasteiro em trânsito por Iguape

2020202020

Carlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto Ferererererrrrrreira Galvãoeira Galvãoeira Galvãoeira Galvãoeira Galvão Cortina para patifarias / Meu Brasil

2323232323

Flerts NebóFlerts NebóFlerts NebóFlerts NebóFlerts NebóA mitologia em nossos dias / São Paulo, meu torrão

2929292929

Geovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzMito / Pizza

3131313131

Helio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiAve-Marias / Caruso Madalena, um grande psiquiatra

contemporâneo

3434343434

Hildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel EngerIrmandade / Momentos 3737373737

Evanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposInfância / Vital Brazil: um conto real

2626262626

Jacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasAs mais belas palavras / O verde alerta o homem 3838383838

José Alberto VJosé Alberto VJosé Alberto VJosé Alberto VJosé Alberto VieiraieiraieiraieiraieiraLimiar 4040404040

I - Textos Literários

José Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoCarta aos médicos escritores / Travessias

4141414141

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ÍndiceÍndiceÍndiceÍndiceÍndice

José MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosReminiscências do mestre Aurélio Buarque de Holanda /

Vultos da medicina

4343434343

Josef TJosef TJosef TJosef TJosef TockockockockockAcontecimento / Quando

4747474747

Josyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de Arruda Fruda Fruda Fruda Fruda FrancorancorancorancorancoCaliptra / Pássaros do crepúsculo

4949494949

Luiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraCasa amarela / Quarto degrau

5151515151

Márcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoContratenor / Quem sou eu, afinal? 5454545454

Maria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãGarôa paulistana / Reencontro

5757575757

Nelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoA ganância do homem por dinheiro tornou-se o

venefício do Brasil / Anoitecer à beira mar

6060606060

RRRRRoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio AnicheDestino /Água de rosas

6363636363

Rodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileEsmeralda, cartomante e quiromante /

Estranhar considerações sobre o Ser Humano

6666666666

XI Jornada Médico-literária PaulistaXI Jornada Médico-literária PaulistaXI Jornada Médico-literária PaulistaXI Jornada Médico-literária PaulistaXI Jornada Médico-literária Paulista Atividades Gerais

7171717171

II - Programa

III - Sessões LiteráriasXI Jornada Médico-literária PaulistaXI Jornada Médico-literária PaulistaXI Jornada Médico-literária PaulistaXI Jornada Médico-literária PaulistaXI Jornada Médico-literária Paulista

Apresentação dos textos7575757575

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I

Textos Literários

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Aída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiEngenheira - São Paulo - SP

ADEUSADEUSADEUSADEUSADEUS

Em um último suspiroo silêncio se faz presente,na noite triste e fria de inverno.Não de um inverno comum,mas daquele que neva pela primeira vez.Os flocos finos, brancos e fofosdo céu caem em profusão.tais quais nacos de algodão doceperfumados pela essência da noite.Nas flores, nas árvores no cume da montanhaespalham-se fundindo-se com a terra úmida de orvalho.Pela vidraça da vida,o tempo este divisor de momentosa tudo espreita e aguarda,implacável e mudo.Uma última lágrima,cai de meus olhos úmidos, ainda vivos.Meu espírito porém já vagaentre o aqui e o agorao infinito e o desconhecido.Num breve momento,a última lucidez.Agarro tua mão em desespero,Despeço-me...Um carinho profundo,que só o tempo entende,Um adeus doído na despedida da partida.Em um último suspiro,minha alma parte,fica meu corpo inerte,esparramado no leito da morte.

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Aída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini

SEPSEPSEPSEPSEPARAÇÃOARAÇÃOARAÇÃOARAÇÃOARAÇÃO

Abri a porta, acendi a luz sentindo uma sensação estranha “dejavu”. Não dei muitaimportância. Apoiei a bolsa e o pacote de compras no balcão e voltei-me para trancar a porta.Ainda de relance observei uma vez mais o belo entardecer que acabara de se formar, sentindoo leve aroma da dama da noite, plantada junto à escada da varanda.

A casa estava imersa num silêncio profundo enquanto me dirigia para a cozinha,atualmente muito utilizada depois da ampla e moderna reforma que fiz. A pouca louça da noiteanterior, as taças, a garrafa vazia do Bordeaux degustado até o último gole, tudo no lugar,como de costume. O que eu faria sem a minha fiel escudeira Dona Joana?

Comecei a guardar as compras na geladeira, recordando com satisfação da noite anterior,os aromas e a profusão de sabores que exalaram da receita escolhida e preparada a quatromãos para o jantar. Passamos horas alegres, rimos mais do que o normal principalmenteapós alguns goles do vinho que fora especialmente selecionado para aquela ocasião e combinouperfeitamente com o momento. Lembramos de algumas situações realmente engraçadas,falamos de pessoas que hoje se tornaram pontos quase esquecidos num passado já umpouco distante, mas que de uma forma ou de outra fizeram parte da nossa história. Quantotempo havia passado desde então? Não sei, não me lembro ao certo. Mas a sensação quetive, por alguns segundos foi de que ainda possuíamos laços fortes que nos mantinhamconectados, apesar da distância e do tempo que nos afastara.

Quem fora realmente o responsável pelo distanciamento que lentamente fora tomandoconta de nossas vidas? Teria sido a ausência de filhos, o excesso de trabalho, a falta deprivacidade, as constantes viagens de negócios os compromissos que sempre nos culpávamospor assumir, mas que nada fazíamos para limitá-los?

Tínhamos uma vida confortável e bem estruturada e nos amávamos muito, pelo menosera o que pensávamos. Achávamos que tudo poderia ser resolvido no dia seguinte, ou talvezno final de semana seguinte, ou nas férias seguintes, como se a vida fosse uma ciência exataonde simplesmente se soma, se multiplica, se subtrai e se divide obtendo-se os resultados deforma previsível, na hora em que se quer.

Fomos percebendo o tamanho da distância que nos separava quando marcamos umaviagem de férias com um casal de amigos e quando eles a cancelaram por motivos pessoais,fizemos o mesmo, pois ficamos com medo de enfrentarmos uma terrível solidão a dois emum local desconhecido e onde não poderíamos compensar nossas frustrações de formacomo sempre fazíamos em casa, ou seja nos apegando ao trabalho, que no fim era sempre anossa válvula de escape.

Poderíamos ter revertido o quadro? Hoje em dia eu acredito que sim. No momentosentimos quase que um alívio em pedirmos um ao outro um tempo. Como se dando umtempo fosse uma solução de aproximação. O que de fato ocorreu é que desfizemos de nossoapartamento e de forma provisória cada um encontrou o seu próprio espaço e o tempotransformou-se em meses, que foram completamente preenchidos por muitas atividades

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Aída Lucia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lucia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lucia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lucia Pullin Dal Sasso BegliominiAída Lucia Pullin Dal Sasso Begliomini

profissionais e outras pessoais, que completavam o nosso dia a dia. De vez em quando nosencontrávamos de forma rápida, ou nos falávamos por telefone. Na verdade não tínhamosmuito que falar. Cada um já estava vivendo sua vida da forma que achava melhor e sem muitoproblema nem de cunho pessoal, nem financeiro, nem social e muito menos religioso, poisambos tinham uma tendência ao agnosticismo.

Semana passada após muito tempo sem nos vermos de forma real nos encontramospor acaso em um barzinho. Ele estava com uns amigos e eu com uma amiga que veio aoBrasil a trabalho e resolvi mostrar a ela um pouco da noite em São Paulo. Após a surpresa e acoincidência do encontro conversamos um pouco e marcamos um jantarzinho em minhacasa para a semana seguinte .

Não sei realmente o que pode ou não acontecer após o jantar de ontem. Foi muitobom, pode ser um recomeço, não digo de uma união estável como já vivenciamos no passado,mas quem sabe de duas pessoas que já se amaram muito e que hoje após novas conquistase experiências estão em condições de assumirem uma relação mais madura e menos egoísta.

O silêncio da casa que sempre me deu uma sensação de paz, hoje esta me angustiandoum pouco. Preciso de um pouco de música. Vou tocar o mesmo CD que por coincidência foia música de fundo do jantar.

Coincidência ou não, o Andréa Boccelli que ecoa agora pela casa é minha inspiraçãopara preparar meu jantar e quem sabe mais tarde será a minha motivação para telefonar emarcar um novo encontro, ou reencontro com um pouco do meu passado.

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Alcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesPsiquiatra - Tupã - SP

JORNADA EM ITÚJORNADA EM ITÚJORNADA EM ITÚJORNADA EM ITÚJORNADA EM ITÚ

Setembro é primavera!As flores desabrochando,Colorindo e perfumando,O ambiente vai embelezando!

É aniversário da SOBRAMES RegionalE encontro Jornadiano bi-anualDos queridos confrades Sobramistas,Na jornada Médico-Literária Paulista.

Neste ano de 2011 em ITU,Cidade histórica, berço da República,Rota dos bandeirantes, considerada naquela época,Vila populosa, charmosa e rica.

Poetas, Prosadores e Médicos Escritores,Em ITU vão se encontrarDurante três dias primaveris sedutores,De beleza, cultura e história secular.

Com sua gente hospitaleira,ITU vai nos hospedar,E a SOBRAMES Paulista,Sua jornada vai realizar.

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Alcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara Gonçalves

MAMÃE, EU QUERO!MAMÃE, EU QUERO!MAMÃE, EU QUERO!MAMÃE, EU QUERO!MAMÃE, EU QUERO!

Mulher, venho te anunciar:Eu te escolhi para me abrigar!Seu óvulo, vai se juntarAo espermatozóide de um homem invulgar.

Transformado em ovo, vou crescer e me alimentar,Em seu útero, vou me aninhar.Meu berço vermelho e macio vai me acobertar,Por nove meses, nas tuas entranhas eu vou morar.

Neste período gestacional de formação e crescimento,Meu delgado corpo começa a se delinear;Contigo, eu já começo a conversar,Através da força do meu pensamento.

Preparo-me, após a maturação do corpo fetal,Para deixar esta minha aconchegante morada;Preciso de força e decisão para deixar esse lago tépido,E atravessar o canal, a fenda, até a luz normal.

Abro os olhos, respiro e choro.Cortaram o meu cordão umbilical,Para neste novo mundo eu viver.Mamãe! Eu quero neste momento te agradecer.

Mamãe, eu quero te dizer que sou teu filho!Mamãe, eu quero te confidenciar que eu te escolhi,Para ser, neste planeta terra, a carne da minha carneE, por me permitir ver a luz, agradecer-lhe mamãe, eu quero!

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Arary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz TiribairibairibairibairibaInfectologista - São Paulo - SP

PERNOITES, PERCALÇOS... PERCEVEJOSPERNOITES, PERCALÇOS... PERCEVEJOSPERNOITES, PERCALÇOS... PERCEVEJOSPERNOITES, PERCALÇOS... PERCEVEJOSPERNOITES, PERCALÇOS... PERCEVEJOS

Leio: que percevejos voltaram com todo vigor em Nova Iorque; que hoteleiros empregamcães farejadores para identificar locais infestados...

Ora! nova-iorquinos ainda estão por descobrir a mim, fonte individual para pesquisa[incomparável armadilha humana], pois que já atraí os chupa-sangues em momentos polaresda profissão que escolhi, ao início e ao fim do curso médico!

1942, aos 16 anos, desatraquei do porto santista, acenei adeus ao colégio marista paramatricular-me no pré-médico da Capital. Primeiro contato com São Paulo! Cerca de 800 milhabitantes! Imensa! para um recém-chegado do Macuco. Desembarquei na Estação da Luz,dinheirinho contado, mil réis, dois mil réis, cinco... Não ousei procurar hospedagem à distânciada referência ferroviária, pra não me perder. Diante da Estação, casarões centenários comanúncio de “VAGAS” [em Santos, oceânicas; na Paulicéia, ondas, as do colchão de capim].Pernoite − barato com direito a baratas −, mas surpresa! Não individual! Às horas da madrugada− acesa a luz −, o desconhecido se alojava na camilha ao lado! Porém, estranho mesmo −espetáculo hitchcockiano −, insetos despertados pela luminosidade, batendo em retirada porlençóis e paredes! Maciça a infestação. De percevejos! À manhã seguinte efeitos... Caroçosvermelhos, duros, coceira pra lá da conta! Carimbado, grosseira e extensamente, pelostatuadores sanguinários.

“Primeira Lição Prática da Parasitologia Médica - Ao Vivo”. Na própria pele! Nenhumlivro de medicina a registra.

Virando a página, segunda lição. Sexto e último ano do Curso Médico, canudo aoalcance da mão! Comemoração em Buenos Aires! Economias amealhadas, 9 de julho de1950, quadrimotor Cruzeiro do Sul ronca 4 horas, deposita os doutorandos em Ezeiza. 9 dejulho, repito, data magna argentina! Nacionalismo exaltado por Perón, a população acorrera àCapital! Supersuper lotação da hotelaria!

E agora? Colegas remediados de alguma forma conseguem hospedarias razoáveis.Calhambeque da época leva Autor à pensión coletiva. Não deu outra. Ao nascente, o despertar...encaroçado e pruriginoso por mordeduras do inseto asqueroso!

Pior ainda, Catedrático da universidade austral oferece recepção em sua residência.Convidara algumas niñas para a confraternização acadêmica portenho-paulistana. Ao analisaro pescoço lesionado desta vítima, sentenciou − alta voz −, inapelável:

− “Brasilçno... SÍFILIS!”Dói, não dói? A essa altura me considerava expert do repulsivo Cimex lectularius, o

inseto da cama. Se denunciasse a fonte local, mal-estar diplomático! Contive a gana, masvontade de sobra pra gritar:

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Arary da Cruz TiribaArary da Cruz TiribaArary da Cruz TiribaArary da Cruz TiribaArary da Cruz Tiriba

− Perdón Maestro! Brasilçno, si. Nadie de sífilis, pero picadura! SI PICADURA!Desventuras. Não bastantes! 16 de julho, ainda no país irmão, suportamos nosotros,

brasilçnos en las calles, el temporal fantástico, la lluvia “copiosa”! De chistes! Final daCopa do Mundo! Brasil 1, Uruguai 2! Maracanazo!!! Pra ficar na história.

Tu Buenos Aires querido / cuando yo te vuelva a ver / no habrá más penas ni olvido...Grande Carlos Gardel! También no habrá más “chinches”, percevejos, esse, o nome que sedá?

UM FORASTEIRO EM TRÂNSITO POR IGUAPEUM FORASTEIRO EM TRÂNSITO POR IGUAPEUM FORASTEIRO EM TRÂNSITO POR IGUAPEUM FORASTEIRO EM TRÂNSITO POR IGUAPEUM FORASTEIRO EM TRÂNSITO POR IGUAPE

De São Paulo pra Santa Maria, Rio Grande do Sul, resolvi pousar em Iguape, cidadede romarias. Alguém me contara de sua folclórica; lá, o estranho ganha apelido em menos de24 horas. Prova disso...

Caixeiro viajante apostou que ali passaria o dia inteiro sem alcunha. Cedinho, semchamar a atenção, chegou à hospedaria e não saiu mais do aposento. Limitou-se a abrir aporta, chamar o boy.

− Garçom, o café! ao meio-dia: ... − o almoço! à noite: ... − minha ceia!À manhã seguinte, antegozando vitória abriu a porta pela última vez:− Garçom, minha conta!Do empregado para o proprietário:− Patrão, comanda p´ro cuco!

... ... ...Caminhava só. Costa litorânea iluminada pelo luar. À curta distância, velho pescador

sentado na carcaça de canoa; cabisbaixo, solitário, costas para a praça do mercado. Aproximei-me de manso, passos que a areia encharcada abafava. Não sei explicar como percebeu minhaaproximação. Sequer meneou a cabeça, exibiu-me a mão aberta. Marcada − a palma − porestrela de reflexos faiscantes. Tatuagem ou não, impressão permanente! Sem chegar a meencarar, deitou falação.

− Vosmicê pódi num dá fé d´istória de pescadô. Acuntecêo quandu mi´a cumpanhêrami dexô suzinho.

Pausou, como que a reler papel amassado... a página, candente, da sua vida. Econtinuou.

− A noite era linda di extasiá. Ergui d´areia istrelinha-du-má. Sinti ela fria, iguáqui´eu, que quis dá vida pr´éla. Pru mór dela sobrevivê calentei ela coé´sta mão, sem parádi fazê rêdi co´a´ôtra. Intão, istrêla-du-má perdêo frieza, calentô! Essa mão também garrôdi´ardê, quár brasêro, inté queimá!

Seu olhar... fixado na mão aberta.

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− Dirrepenti, num pé-de-vento escapô da mi a mão. Ind´um tempu ficô postada dianted´êsti pescadô, cheia du brio i da graça. Na lufada siguinti, subío, deitano risca nu céo,comu essas´istrela qui vosmicê − hóme das letra −, chama cadenti. Di´olhá pr´éla, cegômêos´zóio, a istrelinha-du-má qui ans´sim mi marcô, éssa mão qui vosmicê´stá inchergandu.

Silenciou como se a revisse. Arrisquei perguntar-lhe por que não dirigir os olhos para océu... reencontrar o bem perdido... Ao que respondeu:

− Num carece, sêo dotô. Êssis´zóio, inda qu´inturvadu, é capáiz di riconhecê´ela inquaqué cantu du céo´istreladu, maiz´essa mão não arcança maiz´ela..

E completou.− Incontrô u´ástru cumpanhêru.Cabeça para a areia, cerrou a mão, estrela escondida...Afastado alguns passos, curioso, voltei-me. Para indagar-lhe do nome. Ou para esticar

a prosa intrigante. Porém... inexplicável! Praia erma! Nenhuma criatura!De volta à praça, deparei com a roda de notívagos moradores − cartorários, professores,

advogados, pecuaristas −, seletos iguapenses, aos quais narrei o estranho encontro. Ouviram-me sem interrupção. Entreolharam-se. No povoado não conheciam ninguém com o sinal.Pesca tornara-se industrializada; artesanal, já não existia; tampouco destroços de canoa.Perguntou-me, um, se estava cansado da viagem, outro [respeitosa delicadeza], se sofreraqueda da pressão junto ao mar. [Como se meu passado, minha alma, minha ancestralidade,não exibissem salpicos sul-atlânticos, santista que nasci no litoral mais acima].

Desconcertado pelo descrédito, participei por algum tempo da roda, tratando de ouvirmais do que falar, atento às expressões idiomáticas castiças e ao sotaque regional mescladode brasil-sulino.

Passava da meia-noite, despedi-me, deixando-os entregues aos comentários a meurespeito, ciente de que hábitos provincianos requerem a intriga com que exultam.

A caminho do pouso, repensava a história do homem caiçara. Deitei-me exausto.... ... ...

... pescador... sua estrela... o fascínio do Mar Pequeno da manjuba... do espelho deareia... do véu noturno sobre as águas... o velho que identificava sua estrela, mas não aalcançava. Eu... zzzzz... preso ao com...zzzzz pro... misso matrimonial zzzzzzzzz teria tido,por acaso, igual visão estelar? Zzzzzzzzzz... ... ...

... ... ...Ao acordar à manhã pulei da cama para retomar a viagem. Espalmei as mãos. Alívio,

não tinha estigma!... ... ...

Ainda se lembra? do forasteiro? do apelido? Como seria o meu? Mão de xerifeMão de xerifeMão de xerifeMão de xerifeMão de xerife?[xerife sem estrela, não é xerife]; mão-de-cabelomão-de-cabelomão-de-cabelomão-de-cabelomão-de-cabelo [a entidade sobrenatural]?Teria quebrado o recorde do caixeiro viajante? Sei lá!

Arary da Cruz TiribaArary da Cruz TiribaArary da Cruz TiribaArary da Cruz TiribaArary da Cruz Tiriba

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Carlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto Ferererererrrrrreira Galvãoeira Galvãoeira Galvãoeira Galvãoeira GalvãoPsiquiatra - São Paulo - SP

CORTINA PARA PATIFARIAS

Exaspera ver os representantes do estado brasileiro esfalfando-se atrás de algo que dêsubstâncias aos rotos encobrimentos de falcatruas e incúrias dos que nos obrigam a cultuarcomo heróis, e depois dizerem que isso ajuda a preservar as “honras” da Pátria.

Recentemente, vimos os esforços do presidente do senado brasileiro para “amputar”da história o afastamento, por pressão popular intensa, de um dos que sujaram a presidênciada nossa “república”, aliás, defeituosa desde o início pois surgiu com um dos golpes tãocomuns no Brasil, gerados pela insubordinação e indisciplina viscerais de nossos militares.

Andando pelo bairro do Ipiranga na capital de São Paulo, é comum vermos as ruaspoluídas por nomes cujas indecências estão enclausuradas nos fedorentos baús escondidosnos porões de Brasília, para que fiquem eternamente longe das vistas da nação brasileira,como pretende o estado brasileiro. Quanta desinteligência, quanta ingenuidade estatal. Atitudevã pois o povo brasileiro não é burro e acaba descobrindo.

Estudando a história de meu estado, o Pará, em historiadores estrangeiros e diários debordo dos navios ingleses, tive oportunidade de conhecer as “façanhas heróicas” destasvestais cujas fantasias desafiam o tempo.

Comecemos por Pedro I, o tal da “independência” que ameaçou o vento com umaespada de enfeite, cercado de puxa-sacos nas margens plácidas. O que está escondido é que,pouco tempo depois, o ignorante sujeito esnobou o trono do Brasil, quando os Ingleses oordenaram que assumisse o trono de Portugal que, diga-se, ocupou por pouco tempo, umavez que foi cedo para o inferno, consumido pela sífilis que adquiriu na vida amoral e devassaque levou no Brasil; capaz até de se encontrar o recibo dos milhões de Libras Esterlinas comos quais “comprou” de Portugal a tal “independência”. Será que querem que não se saibaquem foi Greenfell? Um assassino que, em Belém, atirou contra o peito de pessoas desarmadase presas pela sua soldadesca, isto em público em praça pública, à vista de milhares de pessoas.Sem falar no trágico assassinato de centenas de paraenses presos nos porões de uma caravela,onde, por sua ordem, foram jogados vários tambores de cal soldada.

Natural que o estado brasileiro queira manter escondido quem realmente foi o“Comandante Taylor”, prócer de nossa “gloriosa” marinha, e desertor da “insignificante”marinha inglesa; o “prócer” permanecia em terra sempre que havia belonaves britânicas nacosta brasileira pois corria o risco de ser preso e levado para a Inglaterra, onde seria enforcado.Natural que o estado brasileiro não queira que se saiba que o almirante Wandenkolk foi oresponsável por três “gloriosos” bombardeios que Belém do Pará, uma cidade brasileira,sofreu da “gloriosa” marinha brasileira. Natural que o estado brasileiro procure escondereternamente que o “herói da pacificação nacional” de nossa “gloriosa” marinha, o almirante

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Francisco José de Souza Andrea, na realidade foi um genocida que assassinou mais de quarentamil paraenses, com seu exército de facínoras retirados dos presídios de Pernambuco e daBahia.

Quais serão os motivos que tem o estado para esconder as cartas que o duque deCaxias mandava para a corte durante a guerra do Paraguai? Será que não quer que a naçãosaiba dos crimes de guerra que confessa nessas cartas? Ou não foi crime jogar cadáveres decoléricos no rio Paraná para contaminar a população de Assunção? O que pensaria a naçãose soubesse das atrocidades do conde D’Eu? Este Francês sinistro que incendiou hospitaisparaguaios, com os doentes dentro, após lacrar portas e janelas e queimou vivas quatro milcrianças numa batalha desta guerra que, está escondido também, foi patrocinada pelos inglesesque não queriam um concorrente industrializado nas Américas, como era o caso do Paraguai.

Vai ver deve haver também documentos secretos do golpe de Jacareacanga na Amazônia,quando a aeronáutica militar brasileira exerceu indisciplinas contra Juscelino Kubticheck. Quantoa “revolução” de 1964 não há mais o que esconder; nossos chefes militares já avisaram quedestruíram todas as provas da insubordinação, das malfeitorias, dos assassinatos e outroscrimes que cometeram.

Da parte civil do estado, acredito que não escondem nada. Seria absolutamente inútilpois ontem, assim como hoje, nunca tiveram vergonha na cara mesmo...

Carlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto Ferererererrrrrreira Galvãoeira Galvãoeira Galvãoeira Galvãoeira Galvão

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Carlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto Ferererererrrrrreira Galvãoeira Galvãoeira Galvãoeira Galvãoeira Galvão

MEU BRASILMEU BRASILMEU BRASILMEU BRASILMEU BRASIL

Pátria minha, muito bem amada e varonil.Mereces um melhor destino, mais denodo,Uma elite mais decente e não tão imbecil,O término da enganação e menos engodo.Meu grande Brasil, acorda irmão amigo!Em tuas ruas milhões amargam desespero,Vítimas dos cultores do próprio umbigo,E especialistas do mal feito com esmero.Que será  de ti pátria forte bela e querida?Quintal da miséria, da doença e da incúria.Pede a Deus que te alivie, te faça guarida,Mandando pro inferno a realidade espúriaMeu amor de pesadelo e de vida dura,Muito ruim te ver estraçalhado pela políticaDirigida por vestais com fantasias de candura,Sacerdotes da dor e da maldade apocalípticaNão vês Brasil, o presente mais medonho?Maus te dominando, te tornando inclemente?As riquezas que fariam da vida belo sonho,Sendo digeridas por um estado indecente?Então veja Brasil, o teu futuro comprometido:Uma criança chorando só, famélica e angustiadaSem luz, sem saúde, sem escola, sem sentido,Sem esperança, sem paz, sem norte e mais nada. 

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Evanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposInfectologista - Botucatu - SP

INFÂNCIAINFÂNCIAINFÂNCIAINFÂNCIAINFÂNCIA

Na infância o crescer é uma dócil tarefaBrincar é regra prima do belo destino.Sonhar é motivação da vida sonhandoCriar é a rota do ser e do amar criando.Pensar é a invenção da própria infânciaO alegre viver emana e anima seu ser.A imaginação divaga na ação singela.Sua alma é plena de sonho e fantasia.O seu dia é a expressão do ser criança.Vasculha, corre, descobre e se diverte.O querer mostra o livre modo de brincar.A ação é o gesto puro e belo de sorrir.A descoberta é o início da aventura.Venturosa palpita sua pia alma jovial.No infante cada minuto é todo eterno.Correr, assobiar, sorrir no seio da terra,Jogar, tirar, ver, apanhar é seu folguedo.Abrindo sua vista e sua fértil cabeçaNo ato inocente de brincar sorrindo,Feliz caminho acaricia ação pueril.Todo faceiro, despido na natureza.Na dócil infância sonha acordado.Em uma abençoada dádiva divina

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Evanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de Campos

VITVITVITVITVITAL BRAZIL: UM CONTO REALAL BRAZIL: UM CONTO REALAL BRAZIL: UM CONTO REALAL BRAZIL: UM CONTO REALAL BRAZIL: UM CONTO REAL

Em 1895 Dr. Vital Brazil se instalou em na Cidade dos Bons Ares a convite da colôniapresbiteriana que nessa ocasião, florescia e, consequentemente era pujante e desenvolvida. Onúcleo construíra a igreja presbiteriana, mercê dos esforços de Domingos Soares de Barros edo reverendo Lane o qual, também iniciara em São Paulo, a fundação do Mackenzie.

Na sadia intenção de criar e inovar os dois progressistas e visionários amigos, unidos eesperançosos, houve por bem modificar a assistência médica ao trazer à crescente e aprogressiva Botucatu, o irmão de fé, o sonhador, Dr. Vital Brazil.

Sua clínica era de Senhoras e de Crianças e, além disso, amava conhecer e desvendar aação do veneno das cobras peçonhentas: crotálica e botrópicas responsáveis, por meracoincidência, pelos acidentes humanos frequentes nesta região. Recebia, com bastantefreqüência no consultório, pacientes picados por cobras peçonhentas ou se dirigia aspropriedades rurais a cavalo para atendê-los ou socorrê-los nos casos graves ou urgentes dedifícil locomoção a cidade.

Em geral, as peçonhas eram, por ele, adquiridas por valor simbólico ou ganhava paraestudá-las, coletando, analisando e avaliando seus venenos. Após o isolamento os inoculavaem pombos ou animais do seu improvisado laboratório no porão da casa que habitava contíguaà Escola Americana na qual lecionavam professoras de origem estrangeira.

O edema local e as alterações vasculares habituais nas botrópicas, enquanto que nascrotálicas, em geral, cursam sem edema no local da picada, mas revelam exuberantes alteraçõescentrais sensoriais e, quando atingem o bulbo cerebral determinam paralisia respiratória levandoa morte.

As diferenças dos quadros clínicos observados nas picadas das botrópicas frente asda crotálica induziram-no a inferir sobre a provável diferente atividade imunológica mercê desua percepção na senda da pesquisa laboratorial.Devido ao rápido crescimento de seu laboratório, por precaução, devido à presença dealunos na escola americana, transferiu-o para o amplo porão da Farmácia situada à antiga RuaRiachuelo.

Suas pesquisas evoluíram e os resultados obtidos incitaram-no às novas especulaçõese aos testes laboratoriais diante dos venenos das peçonhas.

Seu estudo germinou quando em 1901 resolveu frutificá-la no recém criado InstitutoButantan. Logo se instalou e foi desvendar seu conceito de especificidade sorológica dosvenenos ensaiados até 1908.

Em 1909, as descreveu em sua dissertação “La Défense Contre L´Ophidisme” , a qualapresentou em Paris em 1911.

De volta ao período de vida em Botucatu a clínica se consagrava entre os diferentespacientes presbíteros, católicos ou não os quais eram atendidos com dedicação fraternal noconsultório.

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Evanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de Campos

Os presbiterianos utilizavam uma bandeira, de cor branca a fim de identificar a residênciaou a propriedade rural ao médico. Nesse tempo os conflitos religiosos existiam e se mantinhamentre eles e os católicos. Infelizmente isso perturbava o relacionamento do povo na comunidade.

Certa ocasião, após uma intrépida e venturosa subida matinal da serra de Botucatu, umcolono surgiu e se dirigiu no inicio da tarde à casa do Dr. Vital Brazil. Vinha solicitar a ele queo acompanhasse a cavalo a distante fazenda de seu patrão. Era hábito normal e necessárioaos médicos a utilização do cavalo para que fossem atender os pacientes das comunidadesda cercania e as da zona rural, geralmente, distantes do centro urbano.

Portanto, o cavalo ou a charrete era o meio de locomoção normal e rotineiro do médicoque cavalgando ou boleando se dirigia às casas da periferia ou da extensa zona rural existentena época.

Essa propriedade se situava abaixo da serra, portanto haveria uma longa viagem, de idae, também de volta a cavalo, até se chegar à sede, para que o médico pudesse realizar eassistir o parto da esposa do patrão que pertencia a uma família presbiteriana, Nogueira.

A descida íngreme da serra era árdua, difícil e aventureira. Dessa maneira os cavalosdeveriam estar preparados para exaustiva viagem efetuada no trecho da encosta. O experientecavaleiro levou e conduziu, cuidadosamente, o criterioso e devoto doutor em seu dócil etreinado cavalo, até a casa sede.

Ao entrar na residência se defrontou com o marido apreensivo que, de imediato,confirmou o nascimento Nogueira em homenagem ao doutor. Saudável e longevo viveu maisde 95 anos.

A sua filha Arlete B. Nogueira narrou esse conto verdadeiro.

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Flerts NebóFlerts NebóFlerts NebóFlerts NebóFlerts NebóReumatologista - São Paulo - SP

A MITOLOGIA EM NOSSOS DIASA MITOLOGIA EM NOSSOS DIASA MITOLOGIA EM NOSSOS DIASA MITOLOGIA EM NOSSOS DIASA MITOLOGIA EM NOSSOS DIAS

Não vou entrar nas diferentes considerações da Mitologia, visto que todos os deusesque ela agasalha não passam de contos engendrados pelos gregos e romanos, há muitosséculos passados.

Mas o que me chama a atenção é que atualmente muitos daqueles “conceitos“conceitos“conceitos“conceitos“conceitos” continuampresentes em nossos dias em pleno século XXIXXIXXIXXIXXI.

Haja visto que estão desejando, após o desembarque do homem na Lua (Ceres dosGregos e Romanos) estão estudando a construção de um aparelho para o desembarque noplaneta Marte (deus da guerra entre duas civilizações, GREGA E ROMANA).

Buscam um modo, talvez antes de desembarcar em um de seus satélites (Castor eCastor eCastor eCastor eCastor ePoluxPoluxPoluxPoluxPolux).

Desembarcar em um deles, procurando um momento em que um esteja maismaismaismaismaispróximo da órbita terrestrepróximo da órbita terrestrepróximo da órbita terrestrepróximo da órbita terrestrepróximo da órbita terrestre, o que será um acontecimento, que marcará para o resto denossa humanidade; um feito incomumfeito incomumfeito incomumfeito incomumfeito incomum, como foi também a primeira vez que um homem(GAGARIN) passou dos limites de nossa atmosfera, entrando no espaço sideral.

O homem por sua própria natureza natureza natureza natureza natureza é um ser curiososer curiososer curiososer curiososer curioso e nunca se contenta com aquiloque tem, e sempre deseja mais, visto que existe um ditado que diz: VIVENDO EVIVENDO EVIVENDO EVIVENDO EVIVENDO EAPRENDENDOAPRENDENDOAPRENDENDOAPRENDENDOAPRENDENDO – é por isto que estamos participando desta Jornada, aqui em Itu, ouvindoo que os nossos confrades e comadres tem para nos contar.

Neste momento agradeço em nome de minha cidade natal tudo quanto ouvi até agora eme despeço dizendo Até brAté brAté brAté brAté breveeveeveeveeve e que os Deuses vos acompanhem. AMÉMAMÉMAMÉMAMÉMAMÉM!

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SÃO PSÃO PSÃO PSÃO PSÃO PAAAAAULOULOULOULOULO, MEU TORRÃO, MEU TORRÃO, MEU TORRÃO, MEU TORRÃO, MEU TORRÃO

São Paulo da ex-garoaSão Paulo do ex-caféSó tu és coisa boaEm ti ponho toda minha fé.

São Paulo, terra formosa,Vives em meu coraçãoSão Paulo, terra dadivosaSão Paulo da produção.

São Paulo das bandeirasSão Paulo da ConstituiçãoTreze listas altaneirasÉs todo uma Nação.

São Paulo de amorSempre forte e varonilOuve meu canto-clamorÉs a alma do Brasil.

Flerts NebóFlerts NebóFlerts NebóFlerts NebóFlerts Nebó

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Geovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzOftalmologista - São Paulo - SP

MITOMITOMITOMITOMITO

O mito molda a menteDo crenteDe modo inteligente.Algum lentamenteOutro de repente,Mas à moda conveniente,E este crê piamenteEm mito nascenteOu jacente,Seja mito coerenteOu incongruente.Há mito que mata gente,Outro que morre pela gente.Há mito inocente.Há mito indecente.Há mito que mente.Há mito valente.Há de mente doente.Há mito prepotente.A maioria é inconsistente,Muito mito inconsciente.Haja mito, minha gente!Porque o humano senteNecessidade prementeDe odiar ou estar contente,Com um mito já ausenteOu algum ora presente.É um desejo ardente,Consequente,Imanente.O mito é muito influenteE pelo dito e pelo não dito,Se crido irracionalmente,Melhor para o mito.

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Geovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da Cruz

PIZZAPIZZAPIZZAPIZZAPIZZA

Qualquer farinha que contenha glúten quando amassada com água, sovada e assada,recebe o nome de pão. O pão pode ter formas diversas, mas basicamente ele é: ou alto ouplano.

A pizza nada mais é do que um pão plano fermentado, feito com farinha de trigo.Inicialmente era um simples pão assado de um lado sobre uma pedra quente e em seguidavirado, até que descobriram o forno oco de calor seco, que o assava simultaneamente dosdois lados. A sua origem se confunde com o pão árabe, ou pão pita, cuja etimologia sugere amesma raiz fonética. A diferença está na cobertura, que a enriquece. Esta cobertura ébasicamente um pomodoro, molho de tomate (sugo). Não se sabe se havia um pão com onome de pizza antes do descobrimento da América, porque o tomate foi daqui para lá, mas épossível que já existisse e levasse outra cobertura, aliche, sardinha, patês diversos, ou entãose comia em pedaços molhados em caldos quentes ou sopas, além de guisados.

Esta variante de pão ficou restrita à cidade e ao reino ou principado de Nápoles porséculos, porque cada povo europeu tinha seu pão próprio, incluindo aí as outras provínciasitaliotas, e ninguém se interessou por ela. Era um pão regional coberto com molho e,eventualmente, com queijo. A cobertura com queijo é mais recente, e constitui a forma clássicada pizza napolitana. Usou-se mussarela de búfala. Mussarela de búfalo não existe: búfalo nãotem leite, tem esperma....

Mais recentemente, depois das migrações dos italianos para as Américas, ela foi aculturadaem duas cidades: Nova Iorque e São Paulo. Nos Estados Unidos difundiu-se rapidamentecom o surgimento da comida industrial e do fast-food. O processamento em larga escalacriou o disco pré-assado, o que culminou na Pizza Hut e outras marcas. É uma bolachacrocante com cobertura. Bolachas também são pães planos. Para quem se acostumou commassa fresca recém assada isto parece uma heresia, mas o fato é que também é muito gostosa.Questão de costume e paladar.

Em São Paulo o consumo da pizza patinou até o fim dos anos 70. Havia umas poucaspizzarias, como a Castelões no Brás, a Zia Tereza no final da ainda estreita Rua da Consolação,alguma que não conheci no Bixiga, e a rede Paulino. Todas elas faziam massa grossa comborda saliente, porque a filosofia da pizza sempre foi esta: um pão massudo para encher abarriga e uma cobertura para dar sabor, refinamento.

Mas aí aconteceu. Uma modesta casa de pasto, a Monte Verde, situada entre o BomRetiro e a Barra Funda, que nem era uma pizzaria específica, fornecia um cardápio variado,churrasquinhos e outros assados, umas guarnições como o arroz, a farofa. Tinha umas poucasmesas e uma clientela limitada, paroquial. Havia um forno no qual também fazia pizzas, àescolha do freguês, massa grossa ou massa fina. A moda da massa fina pegou! De repente,informados pela propaganda boca a boca, levas e mais levas de paulistanos foram lá comer anovidade. São as conhecidas hordas urbanas.

Então, oportunistas começaram a abrir pizzarias por toda a cidade, e também as pizzariastradicionais já estabelecidas aderiram ao modismo da pizza fina. Esta assava mais depressa,

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Geovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da Cruz

economizava lenha ou eletricidade, dobrava o lucro e atraía fregueses. Isto coincidiu com odesastrado governo Sarney, quando a inflação chegou aos 80% ao mês, o dólar foi parar nasalturas e o trigo encareceu muito. Se antes uma pizza alimentava com sustança uma família,agora são necessárias três, e ainda se fica com fome. A cada vez mais a pizza vem sendodescaracterizada, hoje mais parece uma panqueca transparente. Já ouvi paulistanos que foramcomer pizza em Nápoles dizerem que a pizza de lá é muito inferior à nossa, é uma pizzagrossa (espessa), quase sem cobertura. Eu tive um primo que só gostava de bolo queimado.Sua mãe nunca acertava e ele cresceu comendo bolo queimado, um carvãozinho doce...

Hoje, a partir de São Paulo, a pizza avassalou o Brasil. Deve haver índio botocudocomendo pizza nas mais remotas nascentes do Amazonas. E temos um costume deverassingular: aqui se come pizza só à noite. Em Nápoles começam a comê-la no café da manhã, epassam o dia comendo pizza, como também o fazem os americanos. Outra particularidade:só nós, os “brasiliani”, a comemos no prato, com faca e garfo. Como qualquer pão, nomundo ela é comida com a mão. Mas diante da atual “pizza brasileira”, ou paulistana, sei lá,super fina, molenga, queijo fumegante derretendo e bastante molho na base, seria uma ousadiatentar comê-la na mão. Despenca, queima a mão, suja os dedos, mancha a roupa. Um desastrena etiqueta. Meleca tudo.

Uma descoberta minha, entre genial e fatal. Por melhor que seja a pizza, comê-la à noiteacompanhada de chope, é azia na certa, de madrugada. Estimula a secreção de suco gástricoe libera um ácido clorídrico capaz de derreter aço inoxidável. Mas a diaba é danada degostosa, e da cerveja nem se diga: vou me arriscar a ter uma gastrite ou uma úlcera duodenal.Nhacc! nhacc!:

- Tante grazie, paesano!

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Helio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiUrologista - São Paulo - SP

AAAAAVE-MARIAVE-MARIAVE-MARIAVE-MARIAVE-MARIASSSSS

Lembro-me nitidamente quando criança das manhãs de domingo. O sol não se acanhavaem dardejar seus raios através dos vitrais da igreja de São Pedro Apóstolo, iluminando,aquecendo e animando o recinto. O altar era carinhosamente enfeitado com flores e adereçosdispostos de acordo com as festas litúrgicas. O silêncio do ambiente era quebrado pelocantarolar dos pássaros que voavam garbosamente de um lado para o outro.

Nesse cenário eu comecei a aprender de forma simples as inestimáveis riquezas da fécatólica. Não eram tão-somente conhecimentos teóricos impalpáveis, mas sim práticos eacessíveis àqueles de boa vontade.

Esses ensinamentos, que foram sedimentados paralelamente no Ginásio Santa Gemadas Irmãs Passionistas durante oito anos, de forma explícita e implícita, tiveram reverberaçãoem minha casa onde meus pais procuravam igualmente viver de acordo com aquilo queacreditavam.

Guardo com muita ternura e gratidão a figura de meu pai, sempre ajoelhado ao lado desua cama conjugal antes de se deitar, independentemente da fadiga do seu dia.

Dentre as mais belas fórmulas de oração que tenho em estima cito o Glória, Glória, Glória, Glória, Glória, hino quede forma simples e direta louva a Santíssima Trindade; o PPPPPai-Nossoai-Nossoai-Nossoai-Nossoai-Nosso, ensinado pelo próprioJesus, filho do Pai e, a carinhosa AAAAAve-Mariave-Mariave-Mariave-Mariave-Maria, em homenagem à mãe do Redentor. Aliás, a suaprimeira parte é toda bíblica, portanto neotestamentária.

Ao longo de minha vida tenho recitado esse singelo hino de louvor a Maria Santíssimaalgumas centenas de milhares de vezes... se não foi mais de um milhão!

Sim, muitíssimas Ave-Marias tenho declamado das mais diversas formas: compenetrada,desconcentrada, atabalhoada, rápida, vagarosa, meditativa, mecânica, solene e informal. Oque importa é que como meta principal, sempre almejei com essa prece louvar Nossa Senhorae agradecer a Deus por ela.

Interessante é que a sua segunda parte começou a ter um sabor diferente ao longo dosanos. Tenho proferido-a tal qual um náufrago que vê sua salvação ao abraçar vigorosamenteum tronco de madeira que baila ao léu pelas marolas e ondas do oceano.

À medida que o tempo passa, eu recordo com ternura dos tempos da minha inocenteinfância, quando não tinha condições de aquilatar o peso, a densidade de cada palavra e decada sentença das inúmeras Ave-Marias que recitei.

Ao me aproximar do crepúsculo da existência com a maturidade reunida, conto cadavez mais com a esperança de um órfão ao dizer: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nósSanta Maria, Mãe de Deus, rogai por nósSanta Maria, Mãe de Deus, rogai por nósSanta Maria, Mãe de Deus, rogai por nósSanta Maria, Mãe de Deus, rogai por nós(pobr(pobr(pobr(pobr(pobres) pecadores) pecadores) pecadores) pecadores) pecadores, agora e (sobres, agora e (sobres, agora e (sobres, agora e (sobres, agora e (sobretudo) na hora (eetudo) na hora (eetudo) na hora (eetudo) na hora (eetudo) na hora (exxxxxclusiva) de nossa morte – Amém.clusiva) de nossa morte – Amém.clusiva) de nossa morte – Amém.clusiva) de nossa morte – Amém.clusiva) de nossa morte – Amém.

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Helio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiHelio Begliomini

CARUSO MADALENACARUSO MADALENACARUSO MADALENACARUSO MADALENACARUSO MADALENAUM GRANDE PSIQUIAUM GRANDE PSIQUIAUM GRANDE PSIQUIAUM GRANDE PSIQUIAUM GRANDE PSIQUIATRA CONTEMPORÂNEOTRA CONTEMPORÂNEOTRA CONTEMPORÂNEOTRA CONTEMPORÂNEOTRA CONTEMPORÂNEO

Apesar de estar em idade provecta, fiquei surpreendido e triste com a notícia de seufalecimento, em 27 de dezembro de 2010, contando com 94 anos.

Embora fôssemos membros fundadores da Academia Brasileira de Médicos Escritores– Abrames, nunca o conheci pessoalmente, visto que esteve impossibilitado de comparecerna sessão de instalação do sodalício em 26 de maio de 1989, na capital fluminense. Radicadoem Teresópolis e já idoso, tampouco esteve presente em nossas anuais, magnas e calorosasSemanas da Abrames, das quais tenho comparecido prazerosamente em sua imensa maioria.

Não obstante, trocava mensalmente cartas, comentários, boletins, opúsculos e livroscom ele, particularmente nos últimos quatro anos, por ocasião da coleta de dados de meulivro Imortais da AbramesImortais da AbramesImortais da AbramesImortais da AbramesImortais da Abrames (2010), ao qual deu também sua inesquecível contribuição.Apesar de ter-lhe enviado um exemplar dessa obra, assim como fiz com todos os acadêmicosda Abrames, ele não pôde comentá-la, pois, infelizmente, já havia falecido sem que eu soubessedo ocorrido.

José Caruso Madalena, mais conhecido simplesmente por Caruso Madalena, nasceuna cidade do Rio de Janeiro em 19 de agosto de 1916. Era de família humilde e começou atrabalhar aos 9 anos como jornaleiro. Manifestou desde cedo pendor para a literatura,publicando na revista da Academia Anchieta do Colégio Municipal São Vicente de Paulo seuprimeiro conto intitulado “O Balão”, quando contava com 13 anos.

Graduou-se pela Escola de Medicina e Cirurgia da Universidade Federal do Estado doRio de Janeiro (UNI-RIO), especializando-se em neurologia e psiquiatria. Foi professorassistente de psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro; professor de psicologia ehigiene mental da Escola de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense; professor doInstituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas; professor emérito de psiquiatria daUniversidade de Nova Iguaçu; professor adido de psiquiatria da Organização Mundial deSaúde no Brasil na Universidade Federal de Santa Catarina; e professor convidado depsicofarmacologia nas universidades federais da Bahia e do Rio Grande do Norte.

Caruso Madalena tinha grande cabedal cultural, religioso, filosófico, científico e literário.Era um gigante do intelecto. Ao contrário do que se pensa, a ciência não o distanciou deDeus. Era um homem de sólida fé e, particularemente, um católico convicto. Sabia demonstaratravés da razão o porquê de sua crença, apesar das dificuldades inerentes ao materialismo,egoísmo e pragmatismo hodiernos.

Pertenceu a diversas entidades, salientando-se: Associação Brasileira de Psiquiatria(membro fundador); World Psiquiatric Association; Sociedade de Medicina e Cirurgia doRio de Janeiro; Sociedade Latino-Americana de Psicobiologia (membro fundador); SociedadePsiquiátrica de Língua Portuguesa (membro fundador); Associação Brasileira de PsiquiatriaBiológica (membro fundador); Associação Psiquiátrica de Brasília (membro honorário); CentroBrasileiro de Estudos Estratégicos; Centro de Estudos Franco da Rocha; Academia

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Helio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiHelio Begliomini

José Caruso Madalena (1916-2010).

Teresopolitana de Letras; Academia Brasileira de Medicina Militar (emérito); Grêmio Barra-Mansense de Letras; Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Estado doRio de Janeiro; Academia Brasileira de Médicos Escritores (membro fundador e emérito);Associação Nacional de Escritores; Academia Carioca de Letras; Instituto Brasileiro de Históriada Medicina; Sociedade Brasileira de Filosofia (presidente emérito); Academia Alagoana deLetras (correspondente); e Academia Petropolitana de Letras (correspondente) dentre outras.

Caruso Madalena tinha espírito inventivo. Na literatura, criou o gênero “humorismoiconoclasta” e a poesia “pareidólica”. Na filosofia, concebeu o mundo como “significação”da ignorância e criou conceitos de “filosofia última” e “causa infinita”.

Escreveu mais de uma centena de ensaios em opúsculos sobre temas que variavam damitologia à tanatologia; da religião à filologia; da literatura à filosofia; da medicina à história.Na imprensa utilizou, por vezes, o pseudônimo de “João Carlos Magalhães”. São seus livros:PPPPPsicofarmacologia Clínica Básicasicofarmacologia Clínica Básicasicofarmacologia Clínica Básicasicofarmacologia Clínica Básicasicofarmacologia Clínica Básica; Lições de PLições de PLições de PLições de PLições de Psiquiatriasiquiatriasiquiatriasiquiatriasiquiatria; As PAs PAs PAs PAs Psicoses Atípicassicoses Atípicassicoses Atípicassicoses Atípicassicoses Atípicas;Fenomenologia PsiquiátricaFenomenologia PsiquiátricaFenomenologia PsiquiátricaFenomenologia PsiquiátricaFenomenologia Psiquiátrica; O SonoO SonoO SonoO SonoO Sono; História da EsquizofreniaHistória da EsquizofreniaHistória da EsquizofreniaHistória da EsquizofreniaHistória da Esquizofrenia; e Caderno de PáginasCaderno de PáginasCaderno de PáginasCaderno de PáginasCaderno de PáginasTTTTTristesristesristesristesristes. Possuía cerca de 80 títulos honoríficos nacionais e internacionais.

Conheci José Caruso Madalena apenas por cartas através do correio tradicional e pelaleitura de alguns espécimes de sua vasta e multifária obra. Encontrava-se viúvo e não deixoudescendentes biológicos. Apesar da idade avançada, comportava-se como um jovem. Eramuito lépido em comentar ou responder às minhas indagações e missivas. Gostava de interagire corresponder comigo. Foi um titã da intelectualidade. Seu passamento deixou grande lacunanas entidades que participou, particularmente, na querida Academia Brasileira de MédicosEscritores.

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Hildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel EngerClínica Geral - São Paulo - SP

IRMANDADEIRMANDADEIRMANDADEIRMANDADEIRMANDADE

Silenciosa e impassívelAtravessei o tempo...

Tolerei chuvasE tempestades...

Quieta e mudaescutei segredosSem desvendá-los

Me contenteiCom as viagens do vento...Que indo e vindoAtravés dos temposMe contou das rotasDo mundo.

Nunca soube donde vimNem para onde vouMas agoraOlhando a terra secapor onde andodescobri ser irmã da pedra.

MOMENTOSMOMENTOSMOMENTOSMOMENTOSMOMENTOS

Tudo passou enfimE quase nada restouDos sonhosQue não foram sonhadosdos projetosQue nem foram esboçados.

As palavrasPerderam sentidoE os gestos todosForam esquecidos.

Tudo ficou muito simplesMuito óbvioMuito previsível...

Por isto, agora,Não te direiMais nada.Apenas te olhareiCom olhos tristesDe despedida.

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Jacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasAdvogada - São Paulo - SP

AAAAAS MAIS BELS MAIS BELS MAIS BELS MAIS BELS MAIS BELAAAAAS PS PS PS PS PALALALALALAAAAAVRAVRAVRAVRAVRASSSSS

Organizada pela Sobrames mais uma jornada literária, desta vez na grande Itu, procureium tema que fizesse jus a essa histórica cidade para me inscrever. As palavras desfilavam na minha mente, empurra, empurra, pois, em se tratando de talimportância, todas queriam aparecer para representar o tema em questão. Foi um Deus nosacuda! Larguei a folha de papel e a caneta na mesa e dei uma volta pelos arredores de casa. Tomar um cafezinho à tarde, numa boa confeitaria, compartilhar a mesa com pessoa nãoconhecida, renova o vigor para voltar a escrever. Quanta coisa se aprende e se ensina, é umatroca de experiências. Voltei para casa, virei a folha de papel, reli o que já havia escrito para continuar a escrever,mas, escrever o quê? Preciso das palavras que se atropelam na minha mente, como as mais belas da línguaportuguesa, para engalanar esta minha homenagem à famosa cidade de Itu. Querem aparecera qualquer preço, para mostrar a beleza que representam. São sonoras quando lidas em vozalta ou quando cantadas nas notas musicais das partituras. Quais palavras, meu Deus, escolherei para dizer o quanto admiro essa cidade? Certamente, invocarei o grande poeta Olavo Bilac e pedirei ajuda para socorrer a ÚLTIMAFLOR DO LÁCIO INCULTA E BELA e assim eu possa, simplesmente, dizer: Acolhedora Itu, berço da República, A MINHA GRATIDÃO.

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Jacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa Funfas

O VERDE ALERO VERDE ALERO VERDE ALERO VERDE ALERO VERDE ALERTTTTTA O HOMEMA O HOMEMA O HOMEMA O HOMEMA O HOMEM

Verde quero sempre ser.Fui criado pelo altíssimoPara ser o habitat da humanidade,Que não está reconhecendo meu valor.Não deixe que o insano me destruaSou verde e quero ser útil.Estou sentindo os maus tratos.Meus pulmões estão enfraquecendoMinha amiga, a Natureza,Com livre trânsito junto a Deus,Está perdendo a paciênciaDepois de tantos alertas!E o homem, inquilino deste planeta,Faz-se de desentendido,Continua a maltratar-me.O que será da humanidadeSe algum dia, o alimento colhido na terraTiver o veneno da vingança?Salve-me, para você ser salvo!

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José Alberto VJosé Alberto VJosé Alberto VJosé Alberto VJosé Alberto VieiraieiraieiraieiraieiraAnestesiologista - São Paulo - SP

LIMIAR

O corpo doente, e a alma quem sabe?Leva o ser ao umbral do seu destino.Que insondáveis caminhos nos levará?A consciência ou ao seu fim?Quisera que a divindade nos levasseAo sono profundo para depois despertarCom o raiar do sol, alegre, forte e cheio de sonhosQue os nossos amores continuassem...Que a saudade tivesse fimInsondáveis são estes caminhos...Até que este dia chegue,Que a esperança alivie nosso fardo.

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José Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoPatologia Clínica - Belo Horizonte - MG

CARCARCARCARCARTTTTTA AOS MÉDICOS ESCRITORESA AOS MÉDICOS ESCRITORESA AOS MÉDICOS ESCRITORESA AOS MÉDICOS ESCRITORESA AOS MÉDICOS ESCRITORES

Neste momento, cingidos na promoção humanística, mas lançados para a sociedadeagreste e ávida de cuidados, não há como sentir-se seguro, distante das angústias e da agrurado futuro.

A nosso favor, a medicina unge-nos à medida que se aprofunda na essência humana ese derrama no cuidar de todos com respeito, amizade, solidariedade e invariável competência.

O imponderável insta o saber conduzir com segurança as situações de urgência, quecolocam em risco a vida, podendo cunhar terríveis sequelas.

Represento aqueles que se dedicam ao ensino das emergências médicas e que lutampara ajustar o ensino a esta realidade pungente. Urge propor e incitar mudanças no ensino deurgência, ainda que confrontando interesses na ciranda da ensinadela, alimentada por infindáveldiscussão na tertúlia burocracial ...

Trago a inocência de acreditar que um dia não mais desaguarão nas salas de emergênciatudo que não se resolveu em outras instâncias, as inúmeras falhas e gargalos do sistema desaúde..., e as diversas máculas da sociedade moderna, como o vício, a mazela das drogas edo álcool, a pisadura da pobreza dilacerando o homem..., cuja vida, por vezes, já nasceu/aflorou descomedida/insípida/desequipada.

A medicina nos coloca face a face com o sofrimento humano, as perdas inevitáveis e oestresse de defender a vida..., na contraface do bem, na exorbitância do descomedido mal,em suas prosaicas faces, às vezes impermeável aos nossos anseios... Ela é parte de cada um,a confundir-se com seu todo, amiga, algoz, musa, amante, companheira astrométrica..., ailuminar a vida, defendendo-a e promovendo-a nos limites da ética.

O médico lida com inusitadas dores, o homem cria e lida com seus próprios dissabores,mas aos poucos, rompe em sua travessia existencial, ganha qualidade de vida e o lampejo davida de cada um perpetua-se a cada novo segundo, jagunceando, forcejando, cachorrando amorte certa.

Na medicina, as conquistas e o prazer em exercê-la, ajudando e motivando a vida deoutrem, afagam os fracassos, tornando-os toleráveis. Por fim, o calor da vida se paga e nospaga.

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José Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos Serufo

TRATRATRATRATRAVESVESVESVESVESSIASIASIASIASIASSSSS

“A ciência lança luz nos milênios de trevas do sem-fim”, (Guimarães Rosa)enquanto a epistemologia ronda buracos negros, (Jocase)somente “a boa leitura desbasta a ignorância”, (Harold Bloom)“a medicina lida com inusitadas dores,o homem cria e lida com seus próprios dissabores,mas aos poucos, rompe em sua travessia existencial,ganha qualidade de vidae o lampejo da vida de cada um perpetua-se a cada novo segundo,jagunceando, forcejando, cachorrando à morte certa”. (jocase)O dia-a-dia é assim, como “as serras que vão saindopara destapar outras serras” (Guimarães Rosa)E então,“Tudo vale a pena, se alma não é pequena” (Fernando pessoas)

O médico dentro de cada um ainda não foi terminado...,não o será,não conheço um grande mestre que tenha se sentido finalizado,o médico se constrói a cada dia...com o cabedal do façanhoso bem,com a massa da angústia,que só assim se esvaece... (Jocase)

A boa prática médica é assim,como uma profusão de frases feitas,belas, completas, complexas, expressivas,consensuais,aplicadas com harmonia,a harmonia que a doença exige,o doente tanto clamae, se certo, afaga-nos o ego,encanta e nos encanta.

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José MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosPneumologista - Maceió - AL

REMINISCÊNCIAS DO MESTREREMINISCÊNCIAS DO MESTREREMINISCÊNCIAS DO MESTREREMINISCÊNCIAS DO MESTREREMINISCÊNCIAS DO MESTREAURÉLIO BUARQUE DE HOLANDAAURÉLIO BUARQUE DE HOLANDAAURÉLIO BUARQUE DE HOLANDAAURÉLIO BUARQUE DE HOLANDAAURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA

Aurélio Buarque de Holanda é alagoano? Ele produziu obras literárias além do dicionárioque o celebrizou? Estas perguntas têm sido feitas fora do Estado e eu tenho explicado oorgulho de Alagoas ter sido o berço do imortal Aurélio e repetido o nome das obras literáriasque produziu. Sobre o dicionário sou sempre enfático. Estima-se que um em cada seishabitantes do Brasil tenha em casa, pelo menos, uma das versões do dicionário de AurélioBuarque de Holanda. Líder de vendas em seu segmento, durante muitos anos foi um best-seller nas livrarias, somente perdia fôlego para a Bíblia, que é nada mais, nada menos, o livromais vendido no mundo. Lançado em 1975, foi publicado após cinco anos de trabalho emequipe, coordenada por ele e por D. Marina, sua esposa. A obra foi a concretização de umantigo sonho do autor, que, desde menino, demonstrou paixão pelo significado e pela origemdas palavras.

Poeta, crítico literário, contista, ensaísta, tradutor, professor e lexicógrafo, caracterizaramas várias fases de sua vida. Como conheci Aurélio Buarque de Holanda?

Na década de 60, meu irmão, Rui Medeiros, jornalista e escritor, trabalhava no Diáriode Notícias, Rio de Janeiro. Naquela época, eu estava realizando especialização no Rio ecostumava ir, à noite, ao jornal, para esperar o mano que trabalhava até às 22 horas. Na salada redação do jornal tive a felicidade de conhecer nomes destacados da literatura brasileira:Aurélio Buarque de Holanda, José Lins do Rego, Otto Maria Carpeaux, Rachel de Queiroz eÁlvaro Lins. Eles se reuniam, todas as quintas-feiras, para elaborar o caderno cultural dodomingo.

Durante a década de 70, período em que assumi a Pró-Reitoria Comunitária da UFAL,realizamos várias jornadas culturais. Mestre Aurélio participou de três delas. Quando o convidei,pela primeira vez, ele me respondeu com outra pergunta. Não pode ser no final de novembro?E explicou: “todos os anos gosto de passar um mês de férias em Maceió. Nessa hipótese,junto o útil ao agradável”. Assim foi feito. No final de uma dessas jornadas, o então ReitorManoel Ramalho designou-me para representar a UFAL, num encontro de folclore emLaranjeiras (SE); Mestre Aurélio era um dos convidados especiais do evento. Durante opercurso, de automóvel, deliciei-me com a exuberância de sua cultura. Ora recitava poemas,ora trechos longos de escritores portugueses e brasileiros. De Carlos Drummond de Andradea Cecília Meirelles, de Machado de Assis a Eça de Queiroz, ele discorria de memória. Contou-me Dona Marina que “ele sabia de cor todos os versos de “Os Lusíadas”, de Camões.Mesmo nos últimos anos de vida, já vítima do mal de Parkinson, ele me pedia que dissesse aprimeira estrofe para dar prosseguimento ao restante do conteúdo”. Uma extraordináriamemória.

Do festival folclórico de Laranjeiras, relembro fatos curiosos. Estávamos na praçaassistindo aos folguedos e nos acompanhavam minha esposa e minha filha Morgana. Aproximou-se de Mestre Aurélio um casal, e o homenzinho, meio feioso, de terno e camisa colorida,

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José MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosJosé Medeiros

teceu elogios ao dicionarista. Dizia: “é o maior escritor deste século, um dicionarista nuncaigualado, mestre dos mestres, bem merecia participar de uma academia mundial”. Senti queAurélio não estava gostando; de sorridente, caiu no mutismo. E o homenzinho continuava...Talvez, a título de conclusão, saiu-se com essa: “Vossa Senhoria é um desses homens apóscuja aparição descansa, talvez séculos, esgotada a natureza”. Nesse momento, Aurélio abriuum sorriso: “pois bem, meu amigo, você disse tudo isso de mim, eu agradeço, mas eu trocotodos esses elogios por essa morena bonita que está acompanhando você. Vamos fazer atroca?” Rimos a bandeiras despregadas. O homenzinho desapareceu.

Como já afirmei, assistíamos, na praça central da cidade, exibições de manifestaçõespopulares folclóricas. Morgana, minha filha, com cinco anos de idade, passava do meu braçopara os de Rosa, na tentativa de melhor aproveitar o espetáculo. Aurélio Buarque de Holanda,ao nosso lado, sempre gentil e afável, pediu permissão para colocá-la no ombro, assimpermanecendo até o final do espetáculo. Todas as vezes que relembramos esse fato dizemosque Morgana esteve bem próxima de um dos cérebros privilegiados do planeta.

Aos 27 anos, ele já participava da vida cultural alagoana. Carlos Heitor Cony contou,em entrevista, que possui uma fotografia (de 1930) em que aparecem os seguintes escritores,reunidos em Maceió: Aurélio Buarque de Holanda, Jorge de Lima, Graciliano Ramos, JoséLins do Rego, Rachel de Queiroz, Gilberto Freire e Manuel Bandeira. É um sinal de que haviauma grande efervescência cultural em Maceió, nessa década.

Uma data significativa merece ser rememorada. Em 1961, foi eleito para a AcademiaBrasileira de Letras. Frisou em seu discurso de posse: “Sou escritor da província e minhamaior glória é entrar para a Academia”. O governo de Alagoas doou o fardão tradicional daAcademia.

Para uns, era o Sherlock Holmes das palavras; para outros, o psicólogo das palavras,uma galáxia de palavras. “Tinha a alma das palavras, a vida das palavras, e, por isso, conseguiutraduzi-las de forma universal”.

Das muitas definições sobre essa personalidade destaco a opinião do poeta Ledo Ivo:“Aurélio Buarque de Holanda amava as palavras. Amava-as como se elas fossem mulheres –e mulheres nuas, que se levantavam de suas camas imaginárias, vestiam-se de luz e sombra,caminhavam ao seu encontro, distanciavam-se, juntavam-se e bailavam. E cantavam. A vidainteira ele escutou o canto interminável, vindo de todos os lugares: dos grandes dicionários deseus antecessores, do vasto arsenal linguístico e literário que convertia a sua biblioteca numaverdadeira ilha de tesouros, especialmente da boca do povo, o mestre supremo da linguagem”.

Aurélio Buarque de Holanda jamais esqueceu sua terra e sua gente. Amava Alagoas,tinha muitos amigos no Estado. Sua permanência entre nós era sempre uma festa. Amava acomida regional. A alagoanidade nunca perdida fazia parte de seu genoma existencial. Jamaisserá esquecido pelos contemporâneos que o conheceram, pelas obras literárias que produziu,pelo Dicionário que se tornou propriedade da família brasileira.

Ao passar para a dimensão espiritual seu dicionário tornou-se o companheiro de todosaqueles que utilizam a escrita e que passaram a tratá-lo com a maior intimidade e carinho: tragao Aurélio, consulte o Aurélio, veja o Aurélio. Nossa homenagem recordativa. Imperecível.Mesmo, porque, acredito sempre, que o verdadeiro túmulo dos mortos é o coração dosvivos.

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José MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosJosé Medeiros

VULVULVULVULVULTOS DA MEDICINATOS DA MEDICINATOS DA MEDICINATOS DA MEDICINATOS DA MEDICINA

Lembrar é reviver. Reverenciar os grandes nomes que enaltecem a história da medicinaé resgatar fatos e feitos de homens e mulheres que contribuíram para que essa ciência e artevencessem os umbrais do empirismo e alcançassem o patamar de um amplo desenvolvimentocientífico. Se a história é a ciência do tempo, ela projeta no presente figuras que se destacaramem suas épocas e são enobrecidas no presente por meio de gloriosas reminiscências.

No passado, grassavam epidemias mortíferas. Na Europa, no século XVI, a varíolacausava, anualmente, 600 mil mortes; a peste bubônica alastrava-se com virulência, destruindoa população de cidades inteiras. A gripe espanhola, no século XX, fez uma vítima ilustre, opresidente da República Rodrigues Alves, que não pôde tomar posse, no segundo mandato,morrendo no dia 16 de janeiro de 1919, vítima dessa terrível virose. Gradualmente, o homemconseguiu dominá-las em sua grande maioria e elevar os limites da vida humana, mercê demedidas preventivas, de novas drogas terapêuticas e dos progressos da técnica.

Milhares de anos antes da era cristã um estranho postulado dominava a medicina chinesa:“O coração é o rei; os pulmões, os ministros; o fígado, o general; a vesícula, a justiça”.Pode-se discordar desse aforismo; todavia, muito se deve aos cultores da medicina dessepaís, que é uma das civilizações mais antigas do mundo.

Será impossível lembrar o nome e a contribuição de milhares de médicos, que, comsuas descobertas, abriram perspectivas à ciência médica. Gosto não se discute. Escolhi, comliberdade, alguns vultos da medicina, que, para mim, são marcos históricos da evolução daciência médica. Robert Koch, nascido no século XIX, dedicou-se à patologia e à bacteriologia.É considerado um dos principais responsáveis pela atual compreensão da epidemiologia dasdoenças transmissíveis. Descobriu o agente do carbúnculo e identificou o agente etiológicoda tuberculose (Bacilo de Koch). Seus estudos sobre a tuberculose foram tão completos quepouco se pôde acrescentar às suas descrições, a não ser no campo da terapêutica.

Alexander Fleming, inglês, foi o descobridor da penicilina, obtida a partir de um fungo,o Penicillium notatum. A descoberta foi ocasional. “O antibiótico despertou o interesse dosinvestigadores americanos, que durante a Segunda Guerra Mundial tentavam imitar a medicinamilitar alemã que possuía as sulfamidas. Os cientistas Ernst Boris Chain e Howard WalterFlorey descobriram um método de purificação da penicilina que permitiu sua síntese edistribuição comercial para o resto da população”. A penicilina salvou milhares de vidasdurante essa guerra.

Edward Jenner foi o precursor das vacinas. Colhendo pus de uma ferida variólicabovina, inoculou no braço de um adolescente; meses depois, repetiu a experiência, inoculandomaterial contaminante de varíola humana. A doença não aconteceu. Jenner concluiu terdescoberto a vacina. O aperfeiçoamento dessa descoberta foi o ponto de partida para opreparo de todas as vacinas atualmente existentes; um passo de “bota de 7 léguas” na evoluçãoda ciência médica.

Não se pode esquecer o sábio francês Pasteur, que não era médico, e sim bioquímico.Sua contribuição é incomensurável; soube entender os desafios científicos de seu tempo edar-lhes respostas adequadas.

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José MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosJosé MedeirosJosé Medeiros

No Brasil, há nomes que não podem ser esquecidos: Oswaldo Cruz, Carlos Chagas,Vital Brasil, Adolpho Lutz; e, mais recentemente, Carlos da Silva Lacaz, Clementino Fraga,Afrânio Peixoto e Miguel Couto, entre tantos outros.

Na descoberta da Tripanossomíase americana e do agente causador dessa doença,destaca-se o nome do cientista Carlos Chagas, responsável por uma grande contribuiçãobrasileira à medicina. O Trypanossoma cruzi, o agente etiológico, retirado de um insetohematófago que vive nas paredes de casebres de pau-a-pique, é o responsável por essa graveenfermidade.

Não poderia encerrar esse breve histórico sem fazer referência a outro nome de destaqueno campo científico: Vital Brasil, imunologista que alcançou renome internacional. Descobriuo soro ofídico e os soros específicos contra picadas de aranha e escorpião. Em trabalhosposteriores, contribuiu para o aperfeiçoamento dos soros antitetânico e antidiftérico. Criadordo Instituto Butantã, do Instituto Vital Brasil, ele fez um largo trabalho no campo sanitário.

Arthur Ramos, um nome que não pode ser esquecido. Médico, psicólogo, psicanalista,professor universitário, antropólogo, etnólogo, filósofo, cientista, escritor de renomeinternacional. Deixou mais de 400 trabalhos científicos e 23 livros publicados, nos quaistransborda sua extraordinária competência.

A vida grita, a luta continua. A realidade sanitária brasileira com núcleos de grandeevolução e extremos carenciais que oprimem a população, bem merece a comparação de“belindia”, metade Bélgica (com a melhor das medicinas) e outra metade Índia (subdesenvolvidae de parca evolução). Salva-nos a esperança de que a pesquisa e a ciência sejam vanguarda deaplicação social para a população que mais precisa de apoio.

Vale lembrar: a história da medicina confunde-se com a história evolutiva da própriahumanidade.

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Josef TJosef TJosef TJosef TJosef TockockockockockOftalmologista - São Paulo - SP

ACONTECIMENTOACONTECIMENTOACONTECIMENTOACONTECIMENTOACONTECIMENTO

Aconteceu no limbo da memória,onde o passado e o presente se encontram,aonde o sol brilhante se espreguiçana linha do horizonte.

Aconteceu no dia chuvoso e no ensolarado,nas noites estreladas da lua nova,ou na claridade da lua cheia.Aconteceu na linha do horizonte.

Aconteceu só uma vez, mas não deixou de acontecer.Mudar de opinião sobre o que aconteceue para isso novamente acontecer,um largo tempo estrelado há de passar.

Deixar acontecer e amar intensamente,mas não se esquecer,de que erra quem faz acontecere também quem deixa de fazer.

Acontece das pessoas esquecerem o que alguém disse,o que alguém fez,mas não se esquecemcomo alguém fez como elas se sentissem.

Aconteceue acontece de acontecer.

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Josef TJosef TJosef TJosef TJosef Tockockockockock

QUANDOQUANDOQUANDOQUANDOQUANDO

Quando no céu já não houver estrelas.Quando no coração já não houver paixão.Quando no mar já não houver peixes.Quando na primavera não virmos flores.Quando na juventude nos sentimos velhos.Quando brotar água no deserto.Quando o oceano secar.Quando no verão só fizer frio.Quando lembrarmos as belas quimeras.Quando as fantasias se transformarem.Quando nos sentirmos do amor descrentes.Quando a realidade nos abater.Quando já não mais ouvirmos.Quando já não mais virmosQuando já não mais sentirmos.Quando tudo se acabar.Tuas lágrimas encherão os rios,teu sorriso desabrochará as flores,teus olhos farão brilhar as estrelas,teu corpo aquecerá a Terra.Só, só tua presença restará.

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Josyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de Arruda Fruda Fruda Fruda Fruda FrancorancorancorancorancoPediatra - Jundiaí - SP

CALIPTRACALIPTRACALIPTRACALIPTRACALIPTRA

Ela deveria estar acostumada com aquela rotina que ano após ano tornava-o tão previsívele tão diferente. Caloroso e morno nos dias de sol, no inverno se arrebatava com mergulhosloucos na sua intimidade, voracidade de quem nada tem a temer. Inevitável que ficasse despidade seu orgulho, à mercê da vontade imperiosa e inquestionável de seu amante de longa data.

Sabia que progressivamente ele se tornaria gélido e distante, fazendo com que elatremesse na base, arqueando-se à sua passagem, com todos seus vãos e meandros seenvolvendo naquela rede de insanidade que tirava dela quase tudo, menos a convicção de quea agonia passaria e, enfim, ela ressurgiria com ele n’alguma manhã colorida, cheios de ternurae frescas promessas.

Olhava ao redor e não se encontrava sozinha, parecendo-lhe que as demais aceitavamaquela condição impossível de submissão, calando-se ante os caprichos dele e de suasdeterminações, feito harém de odaliscas entristecidas.

Por quantas estações resistiria àquilo sem que o inexorável tempo viesse cobrar delestantas metamorfoses? Sua vasta cabeleira, ainda exuberante, perdia seu esplendor a cada dia,despindo-se de seda e perfume. O forte e vigoroso corpo detinha-se ressequido porintempestivas brutalidades, imoto ao solo, as pacíficas raízes de sonhos mal nutridos em espera.

Ah, era bem verdade que detestava aquela orgia que o transformava a cada estação!Volúvel e poderoso, ciente da virilidade que exalava vida e sedução, tornava-a modesta

e insignificante em meio a tantas outras... Ela sofria, mas com interna beligerância e altivez,pois que havia lhe dado alegrias durante toda a vida, enfeitando o caminho por onde elepassou com acenos melancólicos na partida, exultando toda ornada de flores e aromas dejardins silentes a cada retorno...

No entanto, não progrediu como ele, que sempre alçou outros voos e viu novas paisagens,vivendo aventuras. Ela ficou ali, imóvel como a lua que irradiava fria luz sem jamais consentirintimidade. Era assim também com eles: ela o recebia e o deixava passar... Ele a possuía e sedeixava partir.

Entre lembranças e saudade fazia planos, tentando convencer a si mesma de que napróxima estação tudo seria diverso em sua longa vida de servidão. Resignada, reluzia lunáticapara depois se apagar, vestindo-se e despindo-se, renovando e findando. Ele continuavasenhor das cores da primavera, do mormaço do verão, da fria aragem de outono e doscristais pendentes do inverno, tudo seguindo como o previsto.

E outra vez ele passeou por entre os braços dela, alisando seu contorno, soprando ecantando canções. Ela o aceitou com dissimulada passividade e audaciosa inveja, querendo-lhe a liberdade; mantendo-se imóvel, rendida ao chão, despediu-se sem apelos, acatando seudestino e o porvir, enquanto longe ele já estava, levando mechas de seus cabelos...

A natureza deixa que o vento recolha as folhas que vestem os galhos. Mostra que aárvore sempre aceita tal sacrifício e deixa a dor vibrar seus acordes, mentir que é passageira,cingir o tempo com a esperança de um longo beijo sem novo adeus!

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PÁSSAROS DO CREPÚSCULOPÁSSAROS DO CREPÚSCULOPÁSSAROS DO CREPÚSCULOPÁSSAROS DO CREPÚSCULOPÁSSAROS DO CREPÚSCULO

Que a noite é de silêncio a tarde anuncia!Os pássaros esquecem os piados frementes.Que sabem do futuro se palram pelo diaQue a escuridão carrega no ventre inconsequente?

A noite se apresenta qual fosse o fim da vida!Se toda escuridão é sempre assim, silente,Contigo eu deveria estar quase escondidaNo abraço aconchegada, mirando o sol poente...

Espero tua volta antes que as aves durmamE deixem na lembrança seus pios e arrulhosPra se aninharem juntas na sebe do quintal!

Não tarda, meu querido, espero regressares.Vem me mostrar a vida que temos nos pomares:A vida que palpita além do matagal...

Josyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de Arruda Fruda Fruda Fruda Fruda Francorancorancorancoranco

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Luiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge Ferreira Médico Clínico - São Paulo - SP

CACACACACASA AMARELSA AMARELSA AMARELSA AMARELSA AMARELAAAAA

Alheio aos passos do gato do telhadoAlheio a lua minguante esparramada no vaso de plantas.Eu ralho com Deus. Por que me fez?Alheio a noite sobre a mesa. Alheio ao sol no prato de parede.Eu caio em mim.Alheio à sexta década daqui a vinte semanas.Alheio a necessidade de um Captopril e dois AAS(s).Eu Solo I Mio.

Nenhum dos meus passos me trouxe de volta.Nem a reta torta, nem a veia solta, nem a língua trôpega.Nem a palavra amarga deixou de ser o que era.Nem os perfumes retornaram no bico dos pintassilgos, nem os filhos foram semelhantes.Ninguém desfez, e refez os nós, os sós, os cós, os calafrios e os catiripapos.No entanto, por muito tempo, a minha vida habitou em mim.Como uma música que eu fingi não ouvir.Como uma intrusa que achei melhor não notar.Eu um andarilho.Com poucos metros de trilha, na imensidão de uma ilha.E uma vontade imensa de não prosseguir.Escrevo.Todas as noites, aqui nesta tela estéril e vazia de um computador.Abrigo os meus monossílabos. Que nem sílabas são, nem papel ela é.Alheio a mim e ao fim. Desaparecerei.Restarão quilos de Captopril, toneladas de AAS.Para serem consumidas por outros hipertensos ansiosos.Poetas solitários, que ouvirão pisadas distantes de gatos.Apenas gatos, andando cabisbaixos no telhado, de uma velha casa amarela.

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Luiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge Ferreira

QUQUQUQUQUARARARARARTO DEGRATO DEGRATO DEGRATO DEGRATO DEGRAUUUUU

Depois que nos mudamos para aquela casa. Bastava cessar a chuva e eu ouvia obarulho de Zig.Zig.Zag.

Ouvia por quatro vezes. Depois parava. Eu saia do meu quarto meio com medo dentrodos meus seis anos. Ia até a cozinha e olhando na direção da escada que levava ao andar decima.Estava lá uma esfera luminosa zig zig zag deslizando com ruído no quarto degrau. Eudas primeiras vezes fiquei espantado. Depois já me aproximava dela. Era esférica e tinha umorifício no meio. Eu enxergava–a com dificuldade. Mas mesmo assim conseguia ver quehavia imagens no centro do orifício.Depois ela sumia e sumia com ela o barulho.

Não contei para ninguém. Nem satisfiz a curiosidade de olhar no centro da esfera e vero que eram aquelas figuras ali. Que dava para notá-las,dava, mas não dava para distinguir.Mesmoeu dobrando os óculos de vovó, para por as duas lentes em um olho só.

Mesmo assim. Eu tinha medo de aproximar meu rosto da esfera luminosa.Meses depois meu pai que era Gerente do Banco Moreira Gomes em Macapá.Foi transferido para Fortaleza.Passaram-se anos. Eu formado em engenharia volto a cidade a trabalho.Como cresceu.

Quase não a reconheço.Hoje eu resolvo ir à casa de uma colega de equipe para um encontro e já meio atrasado

tomo um táxi.Pode me levar à rua Jovino de Noa, a altura do 515? -É pra já, responde, o motorista.Começamos a rodar. Estou ansioso. Parece que estou apaixonado, ela interessou-me

demais.De repente o táxi entra por ruas que me levaram a infância. Lembranças felizes.Momentos inesquecíveis junto com meus pais, agora já falecidos.Peço que ele diminua a velocidade.– Olha o colégio que estudei. Olha a praça dos Escoteiros.Quantas pipas empinei aqui.O motorista sorriu.– Aqui nesta praça ganhei esta cicatriz. Apontei-a sobre a sobrancelha direita.De repente surgiu o esqueleto de uma casa já meio demolida. Eu já morei ai. Disse-lhe.Que vão construir?Perguntei. Um templo, respondeu.– Pare um pouco. Vou descer um momento. Vou entrar um pouco nestas ruínas.Ele parou na esquina. Debaixo de um foco de luz da iluminação publica. O que restou

da casa estava do outro lado da rua em total abandono.Não se demore disse. Este lugar é bastante perigoso.Atravessei meio correndo.A casa estava ali. Fora a ultima moradia comum a meus pais e meus avós, antes de

irmos para Fortaleza.Apesar de estarem derrubadas algumas paredes. Eu ainda conheço você, disse. Conheço

bem ainda seus cômodos. Aqui era a sala. Bem ali ficavam os quartos, o banheiro, a cozinha.Estava muito escuro. A placa da construtora defronte da casa quase totalmente demolida

aumentava a escuridão e era uma construção de responsabilidade de nossa Construtora.

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Luiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge Ferreira

Que coincidência. Pensei comigo.Parece que o táxi buzinava, chamando-me.O lugar está escorregadio. Quase levo um tombo É que choveu fininho há pouco.Das poucas coisas ainda de pé encontro à escada a minha frente, suspensa no ar.Agora ela não se encontra com o andar de cima. Vou ao quintal, não há mais a porta,

vejo o cajueiro outrora pequeno, agora enorme.De repente ouço um zig zig zag que me assusta um pouco. Retorno à cozinha pulando

por sobre monturos de paredes derrubadas.Está lá brilhando a esfera luminosa. Parece que me esperava. Olho seu movimento

zigzagueando de um degrau para o outro até parar no quarto degrau.Agora a vejo melhor. Estou usando óculos. E com eles posso vê-la. É de uma

luminosidade quase vermelha, brilhante, com um orifício no meio. E neste meio alguma coisacomo que se mexe.

Pulo por cima dos pedaços de madeiras podres, espalhados pelo chão e me aproximocada vez mais.

Ela não foge de mim zig zig zagueia e me espera.Agora meio apoiado na própria escada, olho pelo orifício do centro.Há uma figura masculina, posso perceber pelo traje. Andando, de costas para mim.Há um carro estacionado, é na direção do carro que ele caminha, posso vê-lo bem.

Presto mais atenção sem me preocupar com a proximidade dos meus olhos, com o orifícioda esfera luminosa. Chega um novo vulto, é outro homem.

Não consigo distinguir bem as feições. O que chegou por último está armado, mete amão no bolso do primeiro, retira alguma coisa. Brigam um pouco. O homem armado atiravárias vezes. Não acredito pareço sentir em mim os tiros. Ele corre. O que estava indo para ocarro é atingido cai de costas. Não consigo ver seu rosto. Agora quase encosto os olhos noorifício de bola luminosa.

De repente sai outro homem do carro pela porta do motorista e se dirige ao que está nochão Toma-lhe o pulso e parece gritar. O outro deve estar morto, pensei.

Então vira o corpo caído. Meu coração sobressalta-se. Foi um assalto.Eu vejo por fimo rosto nítido do morto no chão.Sua feição jovem, a meia barba, uma cicatriz sobre asobrancelha direita, os óculos caídos no chão sob a luz mortiça do poste.Agora posso vê-lonítido.

A esfera luminosa começa extinguir-se, não antes dos meus gritosEle. – Sou eu! Ele. – Sou eu! Ele – Sou eu.

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Márcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli Coelho Médica Ocupacional - São Paulo - SP

CONTRACONTRACONTRACONTRACONTRATENORTENORTENORTENORTENOR

PPPPPrimeirrimeirrimeirrimeirrimeiro sinal. o sinal. o sinal. o sinal. o sinal. Teatro lotado. Os músicos da orquestra se posicionam no palco,afinando os instrumentos. No camarim, Henrique aquece a voz, ansioso por sua estreia comosolista. Nem acredita que, aos vinte e cinco anos, irá realizar seu sonho.

Desde pequeno, destacara-se no coro da Igreja, alcançando tons agudos que ninguémmais conseguia. Os fiéis diziam que até os anjos paravam para escutá-lo. Com o tempo, o quese considerava divino passou a incomodá-lo. Veio a puberdade, e sua voz não engrossara.Ao conversar, seu timbre soava agradável. Mas quando cantava, porém, parecia uma meninae isso o envergonhava.

Henrique, então, começou a se esquivar das missas, a faltar aos ensaios, inventandomil desculpas. Temia que os amigos caçoassem dele. Tinha medo que pensassem que ele era“bicha”. Pior ainda, receava que, se desenvolvesse a voz feminina, ele próprio se tornaria gay.Tentou esquecer a paixão pela música. Mas, sem ela, até mesmo o entusiasmo nos jogos defutebol era efêmero.

Segundo sinal. Segundo sinal. Segundo sinal. Segundo sinal. Segundo sinal. Bebe meio copo de água mineral. Termina a leve maquiagem que aimportância do evento exige. Um blush acobreado realça o charme másculo das maçãs deseu rosto. Um gloss pêssego umedece os lábios carnudos, deixando-os mais sensuais. Henriquerespira fundo. Gosta da imagem que vê no espelho.

O jovem tenor sai do camarim e percorre o corredor do teatro. Lembra-se dos passeioscom o avô que viera morar em sua casa após ficar viúvo. Sem muito equilíbrio, ele evitavaandar sozinho. E Henrique o acompanhava, depois das aulas, pelas ruas tranquilas da Lapa.Conversas inesquecíveis, histórias da época em que era bombeiro. Mais que um avô, ele setornara um grande amigo e o incentivava a continuar com a música.

– Medo? Medo de quê? De ser diferente? Pois é justamente com essa diferença quevocê vai poder se destacar, rapaz...

As dúvidas sobre sua sexualidade não mais existiam. Os desejos pelas garotas, adescoberta do amor por Maria Rita...

Que importância teria o que os outros pensassem dele?E Henrique retornou ao canto. Decidiu aperfeiçoar seu talento.Uma outra questão, porém, começou a inquietá-lo:Como custear os estudos se sua família era tão pobre?

TTTTTerererererceirceirceirceirceiro sinal. o sinal. o sinal. o sinal. o sinal. Chega o grande momento. Somente quatro passos afastam Henriquedo palco. Ele sente moleza nas pernas. As mãos estão frias. O maestro, que irá entrar primeiro,deseja-lhe boa sorte.

E isso, realmente, Henrique sempre teve.

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Márcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli Coelho

Sorte por ter uma família que se sacrificou para ajudá-lo. Horas e mais horas de umtrabalho extenuante que só por um firme objetivo foi possível suportar.

Sorte por conseguir uma bolsa de estudos.Sorte ao vencer um concurso nacional.– .Sorte e talento, dizia sua mãe.– ... e determinação, completava o avô.Ah! Como Henrique queria que seu avô estivesse com ele nesse momento. Acostumara-

se com seu apoio e incentivo. Mas, na semana anterior, ele sofrera um infarto e precisou serinternado. Uma pena não poder compartilhar a vitória...

O devaneio se interrompe quando o apresentador anuncia o maestro e, em seguida, oseu nome.

Um orgulho preenche seu coração que bate cada vez mais forte. Henrique entra nopalco e olha para a plateia. Sabe que pessoas queridas estão presentes em meio a tantosrostos desconhecidos. E ele cantará para todos, como muitas vezes sonhara.

Na primeira fila, reservada para a família, vê sua mãe, sua noiva e suas duas irmãs.Tenta encontrar o avô. Quem sabe ele não sairia do hospital para lhe fazer uma surpresa?

Mas, não... O lugar está vazio...Com os primeiros acordes da orquestra, Henrique mergulha num mundo mágico. Nada

mais lhe importa, a não ser a música. Sua voz melodiosa inebria. A afinação é perfeita. Todosse maravilham com seu timbre peculiar, sua interpretação e sensibilidade.

Ao entoar a última nota, a plateia prende a respiração.Por um segundo, o silêncio... Depois, aplausos... muitos aplausos...Henrique abre um sorriso e, emocionado, contempla o magnífico teatro. Não quer

perder nenhum detalhe. As pessoas de pé, os camarotes suntuosos, o brilho das luzes...Pensa no avô, com gratidão. Sente sua presença e até o cheiro de sua colônia parece que seimpregna no ar.

Num hospital público, o paciente do leito 603 aplaude com entusiasmo. Lágrimasescorrem pelo rosto. Os doentes do mesmo quarto acordam assustados e começam a balbuciar.A enfermeira de plantão logo chega. E sorri, como se soubesse o que está acontecendo.

Aos aplausos, unem-se outros sons da vida cotidiana. Mas nada se compara ao afetuosocanto de um sonhador que aquele velho coração, na ilusória distância, conseguiu escutar.

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Márcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli Coelho

QUEM SOU EU, AFINAL ?QUEM SOU EU, AFINAL ?QUEM SOU EU, AFINAL ?QUEM SOU EU, AFINAL ?QUEM SOU EU, AFINAL ?

Eu sou alegria, poesia e rima,o livro que ensina, caminho feliz.Eu sou a conquista da trilha perdida,divina rainha de um simples sorrir.

Eu sou a ternura do mundo inseguro,sou rumo da pluma em busca da luz.Eu sou a tortura da muda censuraque oculta a loucura, sepulcro da cruz.

Eu sou a verdade que marca o passado.Sou a liberdade da pátria em paz.Eu sou sua amada, sou ave encantada,voando com graça, suave alcatraz.

Eu sou uma cega na selva de pedraque sempre renega os alertas do céu.Eu sou primavera de férias e trégua,eu sou as ideias num débil papel.

Eu sou a partilha espontânea do prêmio,Eu sou o pecado pedindo perdão.Eu sou a poeira do seu desempenho.No passo apressado, sou só solidão.

Eu sou o secreto tormento da tarde,instante tão triste de muitos talvez.Eu sou o retorno da noite estrelada.Sou folhas no outono em total timidez.

Eu sou o amanhã que no canto descansae por um encanto renova a estação.Eu sou a ganância, final de romance,a falsa aliança lançada no chão.

Eu sou o suspiro no alívio da crise,abrigo de amigo, sou livre no sim.Eu sou sinfonia, sorriso de um dia,sou vida, sou filha, reinício e... fim.

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Maria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho Louzã Relações Públicas - São Paulo - SP

GAROA PGAROA PGAROA PGAROA PGAROA PAAAAAULISTULISTULISTULISTULISTANAANAANAANAANA

Volto no tempo à minha infância. Desde que havíamos chegado a São Paulo, meus paise eu morávamos no bairro do Paraíso. São Paulo era uma cidade pacata, bem provinciana ecom uma população pequena. Olhávamos ao redor e vislumbravam-se matas, morros verdese era possível assistir ao nascer e pôr do sol no horizonte. Não havia a poluição de hoje:poucos carros, ônibus e fábricas. Usava-se muito o bonde ou “carro elétrico” como diziammeus pais, ainda com as expressões de sua terra natal. Nas casas, as janelas com floreirasexibiam gerânios, flores que já não se veem mais. Será por causa do clima mudado ou forampassando de moda.

Os roubos, mais comuns eram das roupas penduradas nos quintais e à noite ou dacarteira surrupiada espertamente dos bolsos das calças, nos aglomerados pontos de ônibusou bondes. Prédios altos só havia no centro, ou melhor, na “cidade”, que era como chamávamoso centro, resquícios dos tempos de província, de quando se vivia nos arredores. Era lá quese ia fazer compras, ao médico ou dentista ou então pagar mensalmente as contas na companhiade gás, de água, ou da luz na Light Era na cidade que ficavam os restaurantes para comerfora, como se dizia antigamente.

Meu pai, engenheiro, trabalhava de dia num escritório de engenharia e à noite dava aulasde português numa escola mantida pela colônia portuguesa – Escolas da Colônia. Poderíamosdizer que era um precursor do Mobral e me lembro de meu pai, contar que Isaurinha Garcia,cantora famosa na época, tinha sido sua aluna, nessa escola.

Mas algo de que me recordo bem é a garoa daquele tempo. A garoa que caía noinverno como um nevoeiro persistente. Trazia muitas gripes e resfriados. Era um problemapara as donas de casa quando ela vinha de surpresa à noite e molhava a roupa pendurada nosvarais. Para sair era preciso agasalhar-se bem: capas, casacos chapéus, boinas, cachecóis ese possível galochas nos pés.

Minha mãe gostava de ir à reza do mês de Maria, na igreja de Santa Generosa, que nãoficava muito longe de casa. Acontecia por todo o mês de maio, às dezenove e trinta, comorações e cantos em louvor a Nossa Senhora. Essa igreja ficava situada em uma praça domesmo nome, rodeada de jardim. Praça e igreja desapareceram com a construção da Avenida23 de Maio. Esta, na época trouxe um grande transtorno para muita gente, cujas casas foramdesapropriadas. Um preço que se pagou pelas facilidades que trouxe para o trânsito de SãoPaulo. Essa igreja, derrubada, foi reerguida ali perto, na Avenida Bernardino de Campos.Infeliz mente ficou tão entalada entre construções, que mal se vê.

Minha mãe não tinha com quem me deixar e assim todas as noites de maio, íamos ela eeu para a igreja. Como numa deliciosa aventura, sem medo de sair, de casa à noite, naqueletempo, lá íamos, mas preparadas para enfrentar a célebre garoa paulistana. Era uma chuvamuito fina, quase invisível, mas que molhava e muito o chão, os gramados e os poucos

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Maria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho Louzã

carros que existiam. Era uma umidade terrível, mas ao mesmo tempo dava uma sensação defrescor. Eu achava lindo o halo muito brilhante formado de gotículas, ao redor das lâmpadasdos postes de iluminação pública. Era como se fosse uma magia de nuvens muito brancas,iluminando a noite. Os gramados das praças amanheciam molhados e as rosas do nossojardim tombadas nos galhos, pelo peso da água que caíra durante a noite.

Ao voltar para casa era preciso pôr chapéus, sapatos e guarda chuvas para secar etomar uma bebida bem quente para afugentar a gripe, perigo ameaçador naquele tempo.

São Paulo cresceu desmesuradamente. O clima mudou e muito. Já não temos mais acélebre garoa paulistana que tão presente naquela época. Porém serviu de inspiração à duplaTonico e Tinoco, e aos famosos Alvarenga e Ranchinho. Cantores famosos e populares adeixaram marcada no refrão das suas músicas: São Paulo da Garoa.

REENCONTROREENCONTROREENCONTROREENCONTROREENCONTRO

Soava em meus ouvidos aquele velho sino... De repente chamava para mais um encontro,passados dois anos. Dois anos que haviam decorrido como um vento rápido, que voa equase não se percebe. Sentia-me admirada. Chamava para mais um encontro...

Será mesmo? Não... não era mais aquele sino que tocara tantas e tantas vezes, chamandopara a fila de entrada, pois as aulas iam começar ou que o recreio acabava ou ainda paraavisar que as aulas terminavam e assim podíamos sair depressa, estabanadas e felizes.Descíamos as escadas que iam dar no portão de saída, numa correria louca, para as atividadesdo resto do dia.

Não, não... Agora passados sessenta anos a chamada vinha pela internet!-”Precisamos nos rever! Que tal estarmos juntas novamente? Vamos poder nos reunir!

Poderíamos marcar um chazinho na confeitaria tal!...O que você acha?”Tudo bem. Era a chamada de uma amiga, colega dos tempos de colégio.Todas avisadas, marcados local, data e horário íamos chegando. A confeitaria muito

simpática ficava numa esquina da praça da igreja, rodeada de arvoredo. Não poderia sermelhor.

Era uma tarde de outono. Brilhava um lindo sol que aquecia a alegria do reencontro.Dois anos passados desde a última vez que haviam se reunido. Era muito tempo, tantascoisas haviam acontecido. Era preciso trocar as informações: família, casamentos, netos quehaviam chegado ou que até já se casavam! Trabalho, ocupações. Nem todas puderamcomparecer, o que desapontava um pouco a nossa expectativa... e a ausência de uma que - háalguns meses atrás - havia partido para sempre, causou desapontamento e tristeza. Nem todashaviam tido conhecimento. Mal da cidade grande, de correria infinita...

Aquela tarde de outono propiciava tantas lembranças... De repente chegaram algumasque há muito não víamos, pois estiveram ausentes nos encontros passados. E eis que uma

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Maria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho Louzã

colega teve a ideia de nos trazer o seu velho álbum de recordações. Nele estavam as nossasmensagens de despedida do ginásio e também as palavras de nosso reencontro de 40 anos!!!

Que boa ideia! Que amiga tão aplicada! Admiradas e felizes fizemos questão de maisuma vez deixar, no seu álbum, nossas palavras de carinho e amizade.

O lanche servido, trocadas as histórias de vida, por alguns momentos caminhamospelo passado e nos havíamos tornado colegas, jovens estudantes. Estávamos felizes de nosrever e poder pensar que alguns laços de amizade estavam muito firmes. Já estava longeaquele tempo em que jovens sonhadoras haviam imaginado para si mesmas, um futuro lindo,sem problemas. Mas nem sempre os sonhos se tornaram realidade. O destino havia se incumbidode mudar o roteiro das aspirações daquelas adolescentes.

Quase todas avós...algumas já perderam seus companheiros ou filhos ou se separarame partiram para um novo casamento. Ou não haviam se casado. Algumas ainda atuavam emsuas profissões ou já estavam aposentadas. Porém a vida tinha que prosseguir.

O sol já descia no céu e algumas nuvens escuras prenunciavam tempestade. Avisavamque era hora de partir. Despedidas entre abraços e promessas de telefonemas, ficaram aspromessas de que voltaríamos a estar juntas mais brevemente. Assim tivemos que deixar paratrás, mais uma vez, aquele tempo em que sonhadoras, não podíamos imaginar quais seriamos caminhos desconhecidos que cada uma iria trilhar.

Tornaremos a nos rever? Com certeza aquele velho sino voltará, soando em nossamemória. Não deixaremos de atender à chamada das amigas internautas, entusiastasorganizadoras, e se possível responderemos “presente” mais uma vez.

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Nelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson Jacintho Ortopedista - Ribeirão Preto - SP

A GANÂNCIA DO HOMEM POR DINHEIROA GANÂNCIA DO HOMEM POR DINHEIROA GANÂNCIA DO HOMEM POR DINHEIROA GANÂNCIA DO HOMEM POR DINHEIROA GANÂNCIA DO HOMEM POR DINHEIROTORNOU-SE O VENEFÍCIO DO BRASILTORNOU-SE O VENEFÍCIO DO BRASILTORNOU-SE O VENEFÍCIO DO BRASILTORNOU-SE O VENEFÍCIO DO BRASILTORNOU-SE O VENEFÍCIO DO BRASIL

O homem tornou-se desumano na sua caça animalesca e sem trégua ao dinheiro. Aética, a tão propalada ética, por alguns, é palavra quase obscena nos recônditos obscuros dementes corrompidas e doentias de outros. A patologia psico-filosófica desses “experts” mestresem administração pública e política, está destruindo o nosso país “deitado eternamente emberço esplêndido”. Será que vamos continuar a ver políticos inescrupulosos dobrarem,triplicarem suas riquezas, que para mim recebem um nome bem mais pesado e menos lisonjeiro,comandando os setores mais importantes do país? Disse políticos pela força do hábito, masquantos empresários não menos escrupulosos, mantêm labéus escondidos usando de leismal estudadas no seu nascedouro, ou talvez bem estudadas para a prática legal da ilegalidade,continuam aumentando o seu poderio financeiro para mais e mais corromper o país? Ondeestão os nossos pensadores? Onde estão os nossos homens de bem? Estão amedrontados?Estão sem apoio? Falta-lhes força para gritar mais alto? Acostumaram-se com as manipulaçõesaudaciosas e pecaminosas do dinheiro público, protegidas pelas leis defeituosas e mal-feitas?O delito de antigamente, de tanto ser repetido na atualidade, deixou de ser crime? Dizem quea mentira, de tanto ser repetida, pode assumir o papel da verdade durante algum tempo. Seráque esse tempo já não foi suficiente para que um banho de ética e moral viesse lavar o nossopaís?

Dizem que os desmandos e a roubalheira sempre existiram no país e, não apareciamporque eram varridos para debaixo dos tapetes para que ninguém os visse. O que aconteceu?Os tapetes encolheram, ou os desmandos cresceram tanto que não cabem mais debaixodeles?

Eu fico triste ao ver a pobre direção que o nosso país está tomando! Para ondevamos? Que futuro esperar para as nossas crianças? Crianças que invés de receber instruçãorecebem promoção! Por conta de receber votos, dá-se promoção, comida, pseudo-assistênciamédica! O que está acontecendo, minha gente? O atraso do país caminha celeremente para odesastre cultural!

Há poucos dias, falando a algumas crianças no lançamento de um livro, disse aalgumas delas que faria uma visita à escola e levaria alguns livros para distribuir. Uma dascrianças levantou o braço e perguntou-me se, além dos livros, eu levaria dinheiro. Confessoque fiquei estarrecido, sem palavras. Eu não acreditei no que estava ouvindo. A minha boaintenção de doar livros para crianças de um bairro pobre foi atropelada por uma jamantacarregada de hastes de aço que feriram profundamente o meu coração! Não bastavam asartimanhas dos adultos que tiveram tempo para se esmerar na prática da desonestidade e da

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Nelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson Jacintho

corrupção? Não bastava o poder corrupto dos adultos para manter o estado de indigênciafinanceira e intelectual dos menos favorecidos? Até as crianças, meu Deus!

Por quê? Por que uma criança de apenas 10 anos de idade, ao invés de ver em umapessoa que lhe oferece livros, a oportunidade de aprender, de aumentar a sua capacidadeintelectual, de criar oportunidades para o seu futuro, vê a oportunidade de ganhar dinheiro?Fiquei perplexo por um átimo, mas a seguir recuperei-me e disse-lhe que o melhor dinheiroque poderia levar-lhe era o livro. Com o livro ele poderia adquirir conhecimento, cultura,galgar novos horizontes, formar-se em uma boa profissão e, aí sim, ganhar muito dinheiro!Deu-me um sorrisinho que eu interpretei ser de criança mal intencionada e concluiu: “se vocêlevar dinheiro vai ser melhor do que o livro”.Passei aquele dia tentando interpretar o texto, como dizem os professores de português.Concluí que a criança não tinha culpa. Certamente os pais viviam com dificuldade financeira.Outros irmãos clamavam por alimentação, carinho e educação. Muito provavelmente não sefalava em sua casa outra coisa a não ser a falta de dinheiro!

A fome, em sua casa, não era de livros. A fome, certamente era aquela que fazia doer assuas entranhas físicas e, não, as intelectuais.

Naquele momento senti que não eram somente os políticos corruptos e os empresáriosmal intencionados que estavam levando o país para a derrocada final. Senti que eu, que nósbrasileiros, temos uma parcela de culpa nesse desgoverno financeiro e intelectual do país.Nós temos que arregaçar as mangas e partir para a luta. Não podemos deixar que governoscomprem a moral de adultos e crianças com um presentinho que acaba todos os meses.Temos que forçar o governo a dar presentes que durem a vida toda. Matar a fome é louvável,é confortador. A doação de cestas básicas para a população pobre é um ato de caridade edeve continuar, mas essa caridade não deve parar por aí, ela deve passar pelo confortofisiológico e atingir o conforto intelectual. Povo instruído não precisa de caridade de nenhumaespécie. Povo instruído não é conduzido, ele se conduz por si mesmo. Vamos à luta, o paíse o povo brasileiro nunca precisaram tanto dos escritores, como agora! Não pense e escreva,apenas! Grite! A verdade, muitas vezes, demora a ser ouvida!

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ANOITECER A BEIRA MARANOITECER A BEIRA MARANOITECER A BEIRA MARANOITECER A BEIRA MARANOITECER A BEIRA MAR

Eu olhava e via... O céu estava aberto...Não havia nuvens, apenas a imensidão do azul...O mar ao longe tentava borrar a linha reta do horizonteCom suas ondas que subiam e desciam pelo sopro mágico do vento.Um ponto branco apareceu e foi crescendoLá no extremo do mar, entre as ondas revoltas, mas para mim, silenciosas.Elas, pouco a pouco, tentavam turvar a minha mente sonhadora...Parecia ver um navio, mas não era. Era o meu sonho que crescia e flutuavaSobre as águas distantes, vindo e voltando nas ondas do meu pensamento.A gaivota, com sua voz esganiçada,Voava sobre o mar à procura da refeição vespertina.O marulhar das águas lembrava uma orquestra de anjosQue passavam seus dedos mágicos sobre as harpas divinas do Senhor.O sol preguiçoso e já cansadoDeitava-se no poente, num acolchoadoDe nuvens que iam se formando, como montanhasDe algodão branco róseo, na linha do horizonte azul.Os bem-te-vis na árvore próxima,Olhando o sol que se escondia entre as nuvens,Gritavam em grande alarido: bem te vi, bem te vi...O sol fingia-se de surdoE sem tomar conhecimento deles,Aos poucos foi se escondendo, sem dizer nada.As grandes nuvens de algodãoForam se transformando em púrpuraE, com o passar do tempo, lentamente em azeviche.A noite, com seu manto negro,Tudo cobria sem nenhuma piedade,Inclusive o barulhento canto dos pássaros.E o vôo do meu sonho, que viajava na imensidão do mar.Era noite...Eu já não podia sonhar acordado,Olhando sozinho o mar ao longe.O meu sonho havia se perdido na noite escura...

Nelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson Jacintho

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RRRRRoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Aniche Ortopedista - São Paulo - SP

DESTINODESTINODESTINODESTINODESTINO

Sentado na calçada observa o poste de luz ao seu lado, imponente, impávido rumo aocéu, indiferente de quem o olha. Continua sentado e cada vez que olha o poste contra o azuldo céu sente o mundo rodar dentro da cabeça. Continua sentado no chão da calçada esperandoque o mundo pare de rodar, já aconteceu antes, é só esperar.

Já é noite quando consegue levantar abraçando o poste, que continua sem tomarconhecimento de sua existência; esboça os primeiros passos e segue, tentando ser o maisnormal possível. A dor de cabeça vem, mas ele, bravo guerreiro, continua. Se ao poste nadafaz diferença para ele também. Nisto são iguais, não interessa quem está ao lado, o importanteé tentar chegar ao infinito.

Entra em casa, solitário, com a poeira da rua impregnando suas calças, suas mãos, sedeixa cair na poltrona. Mais um pouco e tudo será como antes. Olha em volta. O poste ficoulá trás olhando para o céu da noite. Não sabia se havia estrelas, não as olhou com medo deconspirarem contra seu frágil equilíbrio, mas se comportaria como o poste: que diferençafariam as estrelas?

Levantou-se e parou em frente ao espelho que sempre o acusava. Desta vez viu-secomo era e não como imaginava ser. Olhos fundos, entristecidos, sombreados; os dentessujos e amarelos o envelheciam com a rapidez do tempo inexorável.

O tempo era como o poste, existia e nada podia fazer para modificá-los, movê-los, tirá-los de cima de seus ombros. E ali na sua frente o espelho continuava a ameaçá-lo.

Ficou assustado com a imagem refletida, virou-se de lado, mas do canto do olhocontinuava a ver-se acabado, cansado, querendo entregar os pontos. Não haveria metamorfosecapaz de transmutá-lo em outro ser, novo, forte, apaixonado pela vida.

Não havia mais nada que pudesse ser feito, e a culpa era de quem estava dentro doespelho olhando, rindo, fazendo pouco dele. De que adiantava ter nascido estourando por simesmo a casca do ovo e entrando numa empreitada avassaladora chamada vida. Cumpriutodos os pré-requisitos necessários para ganhar o grande prêmio.

Cresceu, aprendeu a andar, ler, escrever. Superou desafios inconcebíveis, metas impostaspor ele para ele mesmo. Chegou aonde poucos conseguem chegar com trabalho, esforço,dedicação. Subiu ao pódio da vitória. E aprendeu a amar. Amar desesperadamente a ponto dese doar por inteiro a um sentimento incontrolável.

Viu-se dependente das paixões humanas, da desilusão, vítima de si próprio. Não suportouo espelho, voltou à rua, sentou-se ao lado do poste, que continuava impávido e silencioso. Aliera melhor. Do alto do pódio via lá embaixo pessoas felizes, sem a responsabilidade doprimeiro lugar, amando despretenciosamente.

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RRRRRoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Aniche

Entre o poste e o espelho abriu outra garrafa, saboreou, sorveu, bebeu até que asestrelas começassem a rodar no alto. Não fazia mais diferença a altura do poste. Ali estavamelas bailando melhor a cada gole. Não se preocuparia mais, o poste se tornara seu amigo queservia de apoio para as costas sem reclamar.

Não queria mais nada, o primeiro lugar na corrida da vida o levara a percorrer caminhosestranhos e sofridos, sem volta.

Olhou para a frente em direção ao seu destino sem perspectiva de mudanças. Aninhou-se junto ao poste, agora seu confidente, antes de tentar enfrentar novamente seu próprio eu.

Que droga de vida, meu Deus...

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RRRRRoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Aniche

ÁGUA DE ROSASÁGUA DE ROSASÁGUA DE ROSASÁGUA DE ROSASÁGUA DE ROSAS

Há que se tirar água de rosasde suas lágrimas;Há que se tirar a tristezado seu sorriso transformandoa cólera em alegria;Há que se tirar a dor do seu coraçãopartido reunindo os pedaçosem novos momentos de alegria.

Há que se tirar tantas coisas...A raiva, a melancolia,Como se extrai o veneno da cobratransformado em remédiocurador de almas acinzentadas.

Há que se fazer muito.Amor se constrói aos pedaços,pesados como rochas,leves como espuma que caminha para os céus.

Há que se procurar nuvens em formasde bichos, de casas, de flores,nuvens que mudam de forma com o vento,mudam de direção com o vento,desaparecem com o vento...

Há que se saber surfar no meio das nuvensbailando melodias, domando temporais.Transformar as nuvens como nossos sonhos,imortais, ingênuos, tempestuosos...

Há que se domar o vento com a delicadezada força, da vontade.Há que se misturar as nuvens com o vento:aquela que se parece com você,aquela que tem meu rosto.

Há que se colocar na tua nuvem a minha força.Há que se colocar na minha nuvemo perfume das suas lágrimas tornadas água de rosas,Há que se perfumar o vento com o teu olhar...

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Rodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho Civile Médico - São José dos Campos - SP

ESMERALDA, CARESMERALDA, CARESMERALDA, CARESMERALDA, CARESMERALDA, CARTOMANTE E QUIROMANTETOMANTE E QUIROMANTETOMANTE E QUIROMANTETOMANTE E QUIROMANTETOMANTE E QUIROMANTE

A título de esclarecimento: escrevo para preencher a minha velhice. Sou médico. Exercipor muito tempo a minha profissão no bairro do Bexiga, na época bairro dos calabreses, sededa premiada escola de samba Vai-Vai...

Um dia, já faz algum tempo, posso dizer, nas brumas do passado, fui chamado aatender um paciente, que morava na Rua Rui Barbosa. Entrei num cortiço, uma verdadeiramini-cidade. Do lado esquerdo, havia espaço para entrada de carroça. O chão deparalelepípedos, sujos de excrementos. Do lado direito, em sequência, inúmeras portinholas.Numa delas, uma placa de cerâmica branca com os dizeres:

ESMERALDAESMERALDAESMERALDAESMERALDAESMERALDACARCARCARCARCARTOMANTE – QUIROMANTETOMANTE – QUIROMANTETOMANTE – QUIROMANTETOMANTE – QUIROMANTETOMANTE – QUIROMANTE

No fundo do cortiço, um tanque coletivo.Fui recebido por uma mulher de meia-idade, altura mediana, cabelos presos em forma

de birote. Sorriu, mostrando um incisivo de ouro. Vestia uma indumentária bem colorida.Rosto oval, sem rugas. Olhos grandes e negros. Voz clara, “macia”. Gentilmente, pediu paranão reparar no ambiente. Casa de pobre...

– Doutor, pedi para chamá-lo... Meu marido está muito doente. Tudo o que come,vomita... Está emagrecendo... Não consegue ficar de pé e nem trabalhar... Estou muitopreocupada com ele...

– Vamos vê-lo!A dona da casa abriu uma cortina. Entrei num cubículo estreito, mal cheiroso. Nele,

uma cama, uma colcha velha e um homem deitado. Numa reentrância do quarto, uma privada.– O que está havendo com o senhor? – perguntei.– Não consigo mais comer... - respondeu.– Há quanto tempo está assim?– Não sei... Faz muito tempo... Sou alcoólatra. Já passei por consulta médica.– E qual foi o diagnóstico?– Cirrose hepática.– Parou de beber?– Não, não consigo... Não presto para mais nada... É melhor morrer...– Não deve falar assim... Com um bom tratamento pode ficar bom! Vou examiná-lo,

depois darei algumas recomendações. A medicina vai ajudá-lo, mas o mais importante é oespírito de luta! Não esqueça: querer é poder!

– Que Deus o ouça, Doutor! Que Deus o ouça!

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Rodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho Civile

Ao examiná-lo, fiquei impressionado com o estado deplorável do paciente. Minhaobrigação como médico é oferecer ao meu semelhante, orientação, conforto, atenção e carinho.Foi o que fiz, ou tentei fazer...

A dona da casa ofereceu-me um café. Constrangida, falou:– Doutor, não posso pagar a sua consulta, mas faço questão de tirar a sua sorte!– Será que vale a pena? – brinquei.– Ah, sim! As cartas e as palmas das mãos dizem muito sobre o seu destino!– Então, não custa tentar... – abri a mão.– Doutor! A linha da vida sugere longevidade, com uma interrupção, talvez doença

grave. Agora, a linha do amor... È irregular a princípio, mas depois, fica firme e profunda.– O que significa?– Um grande amor! Vamos, agora, às cartas...Tirou de uma bolsa um baralho e o espalhou na mesa, com as figuras voltadas para

baixo.– O doutor terá uma vida longa, mas cheia de dificuldades, problemas...– Deve ser o exercício da medicina! – brinquei. Está coincidindo com a mão...– Não é só a profissão... As cartas dizem que ficará rico e famoso. Fará muitas viagens

e vai parar, durante certo tempo, em um lugar exótico...– Já parei! Aqui no Bexiga! Puxa! Tudo isto parece excelente! Não vejo as dificuldades

e problemas que a senhora falou há pouco...– Vamos ver outras cartas... Hum! Hum! Na sua vida, não faltam mulheres!– Ah, isto é verdade! Sou ginecologista...– A próxima carta... – insistiu a vidente - um curinga! Vida atribulada. Outra... Ás de

copas! Finalmente, encontrará a paz! A última, uma dama de copas... Um grande amor!– Que “vidaça”, Dona Esmeralda!Saí do cortiço, alegre e feliz! Perdi na consulta, mas ganhei na sorte!

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Rodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho Civile

ESTRANHAS CONSIDERAÇÕESESTRANHAS CONSIDERAÇÕESESTRANHAS CONSIDERAÇÕESESTRANHAS CONSIDERAÇÕESESTRANHAS CONSIDERAÇÕESSOBRE O SER HUMANOSOBRE O SER HUMANOSOBRE O SER HUMANOSOBRE O SER HUMANOSOBRE O SER HUMANO

Na Natureza, nada se destrói ou se perde, tudo se transforma. É uma lei de Física. Nasociedade humana o preceito é semelhante: um agrupamento de seres que convivem emcolaboração mútua. As normas são comuns, mas o discernimento entre os membros mudade acordo com o lugar, interesses, desenvolvimento intelectual e religioso. Convivem... Nemsempre se amam... Às vezes, sorrateiramente, se suportam...

Mudanças... Mudanças... No grande cosmos e no minúsculo cosmos. Principalmente,na mente humana. Nela, as três grandes fases: na infância, com os seus brinquedos. Namocidade, com o trabalho, o estudo e o amor. Na velhice, com a aposentadoria, os remédios,as doenças, a comida e a sonolência. Mas, não vamos encarar a vida de uma maneirapessimista. Existe o amor! Aquele que a Natureza se utiliza para a continuidade... Pelo amor avida se renova e a morte é anulada. “É o amor que move o Sol e as outras estrelas”, disseDante. Foi Platão, o filósofo do amor, quem disse: “Aquele que não ama, no escuro anda”.

O amor se expressa de várias maneiras, principalmente pela língua, algumas bemcompridas e venenosas... Assim, na fase de namoro e noivado ele é alto, magro, simpático,belo, de olhos azuis fascinantes, cabelos compridos sedosos, pele acetinada, barba espessa,nariz grego, boca bem feita, dentes perfeitos, queixo dominante, voz tronante, unhas aparadas,mãos grandes delicadas, pés pequenos, silhueta de atleta. Um verdadeiro macho latino! Tudoisso, não se considerando, a família nobre, um bom emprego e a posse de alguns cavalosbrancos...

Na fase pós casamento ou união, como se usa agora, dependendo da situação econômica,se ele for um fracassado, ele é ou se transforma em careca, usa peruca, desdentado, barrigudo,corcunda, com um olho de vidro e uma perna de pau e ainda por cima, ou melhor, por baixo,um eunuco. Os cavalos brancos ele os utiliza, pois virou cocheiro... A família é falida. Nãotem onde cair morta... Agora se ele enriqueceu, estas falhas da Natureza são perdoáveis eaceitáveis...

E ela? Durante o namoro e o noivado é linda, cabelos loiros compridos, boca, nariz,orelhas, olhos, tudo é maravilhoso... Depois do casamento: feia, velha, implicante, gastona,com pneus na barriga e silicone nos peitos. Só pensa em comer, dormir, viajar e gastar odinheiro que não tem... É visionária ou idealista... Gostaria e sonha ter ao seu lado um RobertTaylor ou um Tironne Power. Contenta-se com um Clark Gable de E o vento levou...Não vê a hora que o marido bata os borzeguins e vá para o Inferno, onde ele deveria estar amuito tempo...

Tudo isso e o céu também, se a sogra de ambos já morreu...No tempo de padre Carmelo, vigário da Igreja de Nossa Senhora da Achiropita, no

Bexiga, havia sempre os comentários jocosos das comadres e beatas. Se a noiva entrava de

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“barriga”, elas não perdoavam o noivo. Se ela era namoradeira, diziam: “está vendo, aquelacivetona (assanhada), conseguiu pegar aquele “trouxa”. Que pena! Um rapaz de tão boafamília!”.

Ah! Ah! O amor! O amor! Sem ele o que seria deste mundo?Vamos rir! Vamos rir! O riso é bom para a saúde: evita as rugas e fortalece as gengivas.

O bom humor prolonga a vida e afasta os males do corpo e da alma! Portanto, vamos rir!Vamos rir!

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II

ProgramaXI Jornada Médico Literária Paulista

Itu - São Paulo22 a 25 de setembro de 2011

Hotel Colonial Plaza - Itu

Os organizadores reservam-se o direito de efetuar eventuais alteraçõesnesta programação, sempre visando o bom andamento do evento,

e desde estas sejam absolutamente necessárias ou convinientes aos participantes.Qualquer alteração será informada a todos com a devida antecedência.

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Dia 22/09/2011 (Quinta-Dia 22/09/2011 (Quinta-Dia 22/09/2011 (Quinta-Dia 22/09/2011 (Quinta-Dia 22/09/2011 (Quinta-FFFFFeira)eira)eira)eira)eira)14h00 – Check-in no Itu Colonial Plaza Hotel (à partir de 14h00)20h00 – Abertura do evento na área da piscina do Hotel20h30 – Jantar de Boas Vindas – Lançamento da VIII Antologia Paulista – Música no terraço (MPB)

Dia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (Sexta-xta-xta-xta-xta-FFFFFeira)eira)eira)eira)eira)06h30 – Café da Manhã08h15 – Primeira Sessão literáriaPrimeira Sessão literáriaPrimeira Sessão literáriaPrimeira Sessão literáriaPrimeira Sessão literária - Sala de Eventos do Hotel – Prosa e Verso de autores da Sobrames10h00 – Coffe-Break10h30 – Segunda Sessão LiteráriaSegunda Sessão LiteráriaSegunda Sessão LiteráriaSegunda Sessão LiteráriaSegunda Sessão Literária - Sala de Eventos do Hotel - – Prosa e Verso de autores da Sobrames – Apresentação Especial de Escritores da ACADIL (Academia Ituana de Letras)12h30 – Almoço no Restaurante do Itu Colonial Plaza Hotel14h00 – Passeio no Centro Histórico (com Guia Turístico): Quartel, Museu Republicano, Praça da Matriz, Igreja de Nossa Senhora da Candelária, Casarões, Lojas, Trenzinho Caipira

(Retorno ao Hotel às 17h00)19h30 – Saída para o Jantar no Restaurante Bar do Alemão

(Retorno ao Hotel às 23h00)

PROGRAMA GERALPROGRAMA GERALPROGRAMA GERALPROGRAMA GERALPROGRAMA GERAL

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Dia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)06h30 – Café da Manhã08h15 – TTTTTerererererceira Sessão Literáriaceira Sessão Literáriaceira Sessão Literáriaceira Sessão Literáriaceira Sessão Literária - Sala de Eventos do Hotel – Prosa e Verso de autores da Sobrames10h00 – Coffe-Break10h30 – Quarta Sessão LiteráriaQuarta Sessão LiteráriaQuarta Sessão LiteráriaQuarta Sessão LiteráriaQuarta Sessão Literária - Sala de Eventos do Hotel – Prosa e Verso de autores da Sobrames – Apresentação Especial de Escritores da ACADIL (Academia Ituana de Letras)12h30 – Saída para o Almoço na Churrascaria Panorâmica Plaza Grill14h30 – Passeios Opcionais:

Parque do Varvito Espaço Cultural Almeida Junior

(ou) Tarde Livre19h30 – Saída para a Casa Bandeirista (descendentes de Borba Gato) Jantar de Encerramento com Sarau Lítero-Musical - Cantoria com “Os Boêmios de Itu” Premiação do Concurso Literário: - TROFÉUS aos Primeiros Lugares das Categorias Prosa e Poesia - CERTIFICADOS aos Segundos e Terceiros Lugares (Retorno ao Hotel às 24h00)

Dia 25/09/2011 (Domingo)Dia 25/09/2011 (Domingo)Dia 25/09/2011 (Domingo)Dia 25/09/2011 (Domingo)Dia 25/09/2011 (Domingo)– Manhã Livre com- Sugestões de passeios: Espaço Fábrica São Luiz Antiquários Fazendas– Check-Out até as 14h00.....

PROGRAMA GERALPROGRAMA GERALPROGRAMA GERALPROGRAMA GERALPROGRAMA GERAL

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III

Sessões LiteráriasXI Jornada Médico Literária Paulista

Itu - São Paulo22 a 25 de setembro de 2011

Hotel Colonial Plaza - Itu

Para o bom andamento dos trabalhos recomenda-se que os autores cumpramrigorosamente os horários de apresentação de seus textos nas sessões literárias

programadas.

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Dia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (Sexta Fxta Fxta Fxta Fxta Feira)eira)eira)eira)eira)8h15 às 10h008h15 às 10h008h15 às 10h008h15 às 10h008h15 às 10h00

1- Alcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara Gonçalves / Poesia: Jornada em Itu2- RRRRRoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Aniche / Prosa: Destino3- Arary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz Tiribairibairibairibairiba / Prosa: Pernoites, percalços... percevejos4- Josef TJosef TJosef TJosef TJosef Tockockockockock / Poesia: Quando5- Helio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiHelio BegliominiHelio Begliomini / Prosa: Caruso Madalena, um grande psiquiatra contemporâneo6- Jacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa FunfasJacyra da Costa Funfas / Poesia: O verde alerta o homem7- Márcia Etelli Coelho Márcia Etelli Coelho Márcia Etelli Coelho Márcia Etelli Coelho Márcia Etelli Coelho / Prosa: Contratenor8- Geovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da CruzGeovah Paulo da Cruz / Poesia: Mito9- Rodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho Civile / Prosa: Esmeralda, cartomante e quiromante10- Evanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de CamposEvanil Pires de Campos / Poesia: Infância11- José MedeirJosé MedeirJosé MedeirJosé MedeirJosé Medeirososososos / Prosa: Vultos da medicina12- Aida Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAida Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAida Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAida Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini / Poesia: Adeus13- Carlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto Ferererererrrrrreira Galvão eira Galvão eira Galvão eira Galvão eira Galvão / Prosa: Cortina para patifarias14- Nelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson Jacintho / Poesia: Anoitecer à beira mar15- José Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos Serufo / Prosa: Carta aos médicos escritores

Segunda Sessão LiteráriaSegunda Sessão LiteráriaSegunda Sessão LiteráriaSegunda Sessão LiteráriaSegunda Sessão LiteráriaDia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (SeDia 23/09/2011 (Sexta Fxta Fxta Fxta Fxta Feira)eira)eira)eira)eira)10h30 às 12h0010h30 às 12h0010h30 às 12h0010h30 às 12h0010h30 às 12h00

1- Flerts NebóFlerts NebóFlerts NebóFlerts NebóFlerts Nebó / Prosa: A mitologia em nossos dias2- Josyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de Arruda Fruda Fruda Fruda Fruda Francorancorancorancoranco / Poesia: Pássaros do crepúsculo3- Luiz Jorge Ferreira Luiz Jorge Ferreira Luiz Jorge Ferreira Luiz Jorge Ferreira Luiz Jorge Ferreira / Prosa: Quarto degrau4- José Alberto VJosé Alberto VJosé Alberto VJosé Alberto VJosé Alberto Vieiraieiraieiraieiraieira / Poesia: Limiar5- Maria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho Louzã / Prosa: Reencontro6- Hildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel Enger / Poesia: Momentos7- Apresentação Especial: Membr Membr Membr Membr Membros da Academia Ituana de Letras os da Academia Ituana de Letras os da Academia Ituana de Letras os da Academia Ituana de Letras os da Academia Ituana de Letras (ACADIL)

SESSÕES LITERÁRIASSESSÕES LITERÁRIASSESSÕES LITERÁRIASSESSÕES LITERÁRIASSESSÕES LITERÁRIAS

Primeira Sessão LiteráriaPrimeira Sessão LiteráriaPrimeira Sessão LiteráriaPrimeira Sessão LiteráriaPrimeira Sessão Literária

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TTTTTerererererceira Sessão Literáriaceira Sessão Literáriaceira Sessão Literáriaceira Sessão Literáriaceira Sessão LiteráriaDia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)08h15 às 10h0008h15 às 10h0008h15 às 10h0008h15 às 10h0008h15 às 10h00

1- Nelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson JacinthoNelson Jacintho / Prosa: A Ganância do homem por inteiro tornou-se o venefício do Brasil2- Luiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge FerreiraLuiz Jorge Ferreira / Poesia: Casa amarela3- Maria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho LouzãMaria do Céu Coutinho Louzã / Prosa: Garoa paulistana4- Flerts NebóFlerts NebóFlerts NebóFlerts NebóFlerts Nebó / Poesia: São Paulo, meu torrão5- Josyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de ArJosyanne Rita de Arruda Fruda Fruda Fruda Fruda Francorancorancorancoranco / Prosa: Caliptra6- Carlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto FCarlos Augusto Ferererererrrrrreira Galvãoeira Galvãoeira Galvãoeira Galvãoeira Galvão / Poesia: Meu Brasil7- Arary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz TArary da Cruz Tiribairibairibairibairiba / Prosa: Um forasteiro em trânsito por Iguape8- Hildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel EngerHildette Rangel Enger / Poesia: Irmandade9- Helio Begliomini Helio Begliomini Helio Begliomini Helio Begliomini Helio Begliomini / Prosa: Ave-Marias10- Josef TJosef TJosef TJosef TJosef Tockockockockock / Poesia: Acontecimento11- José MedeirJosé MedeirJosé MedeirJosé MedeirJosé Medeirososososos / Prosa: Reminiscências do mestre Aurélio Buarque de Holanda12- Márcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli CoelhoMárcia Etelli Coelho / Poesia: Quem sou eu, afinal?13- Evanil PEvanil PEvanil PEvanil PEvanil Piririririres de Camposes de Camposes de Camposes de Camposes de Campos / Prosa: Vital Brazil: um conto real14- José Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos SerufoJosé Carlos Serufo / Poesia: Travessias15- Rodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho CivileRodolpho Civile / Prosa: Estranhas considerações sobre o Ser Humano

Quarta Sessão LiteráriaQuarta Sessão LiteráriaQuarta Sessão LiteráriaQuarta Sessão LiteráriaQuarta Sessão LiteráriaDia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)Dia 24/09/2011 (Sábado)10h30 às 12h0010h30 às 12h0010h30 às 12h0010h30 às 12h0010h30 às 12h00

1- Aida Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAida Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAida Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAida Lúcia Pullin Dal Sasso BegliominiAida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini / Prosa: Separação2- Alcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara GonçalvesAlcione Alcântara Gonçalves / Poesia: Mamãe, eu quero!3- Geovah Paulo da Cruz Geovah Paulo da Cruz Geovah Paulo da Cruz Geovah Paulo da Cruz Geovah Paulo da Cruz / Prosa: Pizza4- RRRRRoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Anicheoberto Antonio Aniche / Poesia: Água de rosas5- Jacyra da Costa FJacyra da Costa FJacyra da Costa FJacyra da Costa FJacyra da Costa Funfasunfasunfasunfasunfas / Prosa: As mais belas palavras6- Apresentação Especial: Membr Membr Membr Membr Membros da Academia Ituana de Letrasos da Academia Ituana de Letrasos da Academia Ituana de Letrasos da Academia Ituana de Letrasos da Academia Ituana de Letras (ACADIL)

SESSÕES LITERÁRIASSESSÕES LITERÁRIASSESSÕES LITERÁRIASSESSÕES LITERÁRIASSESSÕES LITERÁRIAS

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Muitos são os caminhos a serem percorridos quando nos propomos a realizar um feito, por maismodesto que ele seja.

Alguns se juntam a nós por veredas não tão desconhecidas, mas por vezes pouco sabidas, escalandoconosco terrenos acidentados, íngremes, árduos e pedregosos. Lágrimas de cansaço e alegria se alternam nasdificuldades e nas conquistas.

Organizar um evento deste porte requer a colaboração de quem acredita que pode contribuir e somaesforços e suor aos suores derramados, oferecendo apoio e solidariedade.E-mails, telefonemas, convites, ofícios, impressos, folders, revistas, jornais, instrumentos musicais, brindes, viagens,pedágios, combustível e... TEMPO!

Elencamos, abaixo, pessoas a quem devemos muita gratidão: amigos de longa data e recentes,colaboradores importantes, pessoas talentosas e queridas, geniais e disponíveis. Gente que sabe o que faz, gosta defazer e quer realizar. Gente que se compromete, que aposta no sucesso, que não tem medo de errar e prefere ousar:gente antenada com seu mundo, este mundo rápido e voraz que a tudo consome, devora e joga fora... Menos obrilho de quem faz acontecer:

Aida Lucia Pullin Dal Sasso Begliomini – 2 ª Tesoureiro da Sobrames SPBernardo Jerônimo de Campos – Presidente da Academia Ituana de Letras (ACADIL)Eliane A. Módena – Hotel Colonial Plaza ItuMara Costa Santos – A.I.C. ContadoriaMárcia Etelli Coelho – 1ª Secretário da Sobrames SPMarcos Gimenes Salun – Editora Rumo EditorialMaria do Céu Coutinho Louzã – 2ª Secretário da Sobrames SPNei Nanzi – Artista PlásticoRenata Iacovino – Cantora, Compositora, Escritora, Musicista.

E um especial agradecimento ao corpo de jurados da ACADIL:E um especial agradecimento ao corpo de jurados da ACADIL:E um especial agradecimento ao corpo de jurados da ACADIL:E um especial agradecimento ao corpo de jurados da ACADIL:E um especial agradecimento ao corpo de jurados da ACADIL:

Durce Gonçalves SanchesLuís Roberto da Rocha FranciscoMaria Lúcia Almeida de Marins e Dias CaselliMaria de Lourdes Figueiredo SioliMaria Célia Brunello BombanaRubens Pantano Filho

Muito Obrigado!

AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos

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O Colégio São Luis, fundado em 1867, foi erguido em terrenos do antigoO Colégio São Luis, fundado em 1867, foi erguido em terrenos do antigoO Colégio São Luis, fundado em 1867, foi erguido em terrenos do antigoO Colégio São Luis, fundado em 1867, foi erguido em terrenos do antigoO Colégio São Luis, fundado em 1867, foi erguido em terrenos do antigoSeminário do Bom Conselho por padres da Companhia de Jesus, vindos deSeminário do Bom Conselho por padres da Companhia de Jesus, vindos deSeminário do Bom Conselho por padres da Companhia de Jesus, vindos deSeminário do Bom Conselho por padres da Companhia de Jesus, vindos deSeminário do Bom Conselho por padres da Companhia de Jesus, vindos deRoma.Roma.Roma.Roma.Roma.

Em 1872, o Colégio já contava com elegante igreja e imponentes edifícios,Em 1872, o Colégio já contava com elegante igreja e imponentes edifícios,Em 1872, o Colégio já contava com elegante igreja e imponentes edifícios,Em 1872, o Colégio já contava com elegante igreja e imponentes edifícios,Em 1872, o Colégio já contava com elegante igreja e imponentes edifícios,reunindo anualmente cerca de 400 alunos vindos de toda a Província.reunindo anualmente cerca de 400 alunos vindos de toda a Província.reunindo anualmente cerca de 400 alunos vindos de toda a Província.reunindo anualmente cerca de 400 alunos vindos de toda a Província.reunindo anualmente cerca de 400 alunos vindos de toda a Província.

Funcionou em Itu até o ano de 1917, quando foi transferido para SãoFuncionou em Itu até o ano de 1917, quando foi transferido para SãoFuncionou em Itu até o ano de 1917, quando foi transferido para SãoFuncionou em Itu até o ano de 1917, quando foi transferido para SãoFuncionou em Itu até o ano de 1917, quando foi transferido para SãoPaulo, passando a propriedade do imóvel para o Governo Federal, que nelePaulo, passando a propriedade do imóvel para o Governo Federal, que nelePaulo, passando a propriedade do imóvel para o Governo Federal, que nelePaulo, passando a propriedade do imóvel para o Governo Federal, que nelePaulo, passando a propriedade do imóvel para o Governo Federal, que neleinstalou o Rinstalou o Rinstalou o Rinstalou o Rinstalou o Regimento Deodoregimento Deodoregimento Deodoregimento Deodoregimento Deodoro. Após 1918, com a implantação do Quartel,o. Após 1918, com a implantação do Quartel,o. Após 1918, com a implantação do Quartel,o. Após 1918, com a implantação do Quartel,o. Após 1918, com a implantação do Quartel,a Praça Duque de Caxias, que representava o acesso para a estrada dea Praça Duque de Caxias, que representava o acesso para a estrada dea Praça Duque de Caxias, que representava o acesso para a estrada dea Praça Duque de Caxias, que representava o acesso para a estrada dea Praça Duque de Caxias, que representava o acesso para a estrada deJundiaí, incorporou-se ao ufanismo e usos e costumes do povo ituano.Jundiaí, incorporou-se ao ufanismo e usos e costumes do povo ituano.Jundiaí, incorporou-se ao ufanismo e usos e costumes do povo ituano.Jundiaí, incorporou-se ao ufanismo e usos e costumes do povo ituano.Jundiaí, incorporou-se ao ufanismo e usos e costumes do povo ituano.

No Museu do Quartel se encontram diversos tipos de materiais e artefatos,No Museu do Quartel se encontram diversos tipos de materiais e artefatos,No Museu do Quartel se encontram diversos tipos de materiais e artefatos,No Museu do Quartel se encontram diversos tipos de materiais e artefatos,No Museu do Quartel se encontram diversos tipos de materiais e artefatos,com destaque para: troféus, alguns da década de 30, uniformes do início docom destaque para: troféus, alguns da década de 30, uniformes do início docom destaque para: troféus, alguns da década de 30, uniformes do início docom destaque para: troféus, alguns da década de 30, uniformes do início docom destaque para: troféus, alguns da década de 30, uniformes do início doséculo passado, equipamentos e utensílios utilizados pelos soldados na 2ªséculo passado, equipamentos e utensílios utilizados pelos soldados na 2ªséculo passado, equipamentos e utensílios utilizados pelos soldados na 2ªséculo passado, equipamentos e utensílios utilizados pelos soldados na 2ªséculo passado, equipamentos e utensílios utilizados pelos soldados na 2ªGuerra Mundial.Guerra Mundial.Guerra Mundial.Guerra Mundial.Guerra Mundial.

TTTTTambém faz parte do compleambém faz parte do compleambém faz parte do compleambém faz parte do compleambém faz parte do complexxxxxo a Igro a Igro a Igro a Igro a Igreja São Leja São Leja São Leja São Leja São Luis Gonzaga, que duranteuis Gonzaga, que duranteuis Gonzaga, que duranteuis Gonzaga, que duranteuis Gonzaga, que duranteanos foi alojamento da extinta BCR (Bateria de Comando do Regimento),anos foi alojamento da extinta BCR (Bateria de Comando do Regimento),anos foi alojamento da extinta BCR (Bateria de Comando do Regimento),anos foi alojamento da extinta BCR (Bateria de Comando do Regimento),anos foi alojamento da extinta BCR (Bateria de Comando do Regimento),sendo reaberta em 1979.sendo reaberta em 1979.sendo reaberta em 1979.sendo reaberta em 1979.sendo reaberta em 1979.

TTTTTelefone: (11) 4022-1184. Pelefone: (11) 4022-1184. Pelefone: (11) 4022-1184. Pelefone: (11) 4022-1184. Pelefone: (11) 4022-1184. Praça Duque de Caxias, 284, Centrraça Duque de Caxias, 284, Centrraça Duque de Caxias, 284, Centrraça Duque de Caxias, 284, Centrraça Duque de Caxias, 284, Centro.o.o.o.o.

VVVVVisite em Ituisite em Ituisite em Ituisite em Ituisite em Itu

Regimento Deodoro (Antigo Colégio São Luis)

Foto: Marcos Gimenes Salun

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Museu Republicano "Convenção de Itu"

No ano de 1867 foi inaugurado um elegante sobrado, situado então à Rua

do Carmo, atual Barão do Itaim, construído a mando de Francisco de

Almeida Prado. Por herança passou a pertencer aos irmãos Carlos e José de

Almeida Prado. A fachada foi revestida de azulejo. Foi nesse prédio que, em

18 de abril de 1873, realizou-se a reunião que efetivou as bases do Partido

Republicano Paulista, mais conhecida como Convenção de Itu.

No Cinquentenário dessa Convenção, em 1923, o sobrado foi transformado

pelo então Presidente do Estado Washington Luís Pereira de Sousa, em

museu, o qual possui valioso acervo relativo aos republicanos históricos e à

memória de Itu.

Telefone: (011) 4023-0240. Rua: Barão do Itaim, 67, Centro.

VVVVVisite em Ituisite em Ituisite em Ituisite em Ituisite em Itu

Foto: José Rosael

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Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária

Construída em 1780 sob orientação do Padre João Leite Ferraz, a matriz de

Nossa Senhora da Candelária ganhou o aspecto atual após várias reformas,

destacando-se os trabalhos de Ramos Azevedo e de Paula Souza.

Em seu interior, a igreja é ornada com acabamentos nos estilos Barroco e

Rococó, abrigando obras de José Patrício da Silva, do Padre Jesuíno do Monte

Carmelo e de Almeida Júnior. A Matriz Nossa Senhora da Candelária detém a

maior paróquia de Itu e é tida como uma das mais tradicionais igrejas da

cidade.

VVVVVisite em Ituisite em Ituisite em Ituisite em Ituisite em Itu

Foto: Marcos Gimenes Salun

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XI Jornada Médico-Literária Paulista

Apoio Institucional:

Realização:

Sociedade Brasileira de Medicos Escritores- SOBRAMESRegional do Estado de São Paulo

ACADILAcademia Ituana de

Letras

RUMO EDITORIALProduções eEdições Ltda.

HOTELColonial Plaza

Itu

22 a 25 de setembro de 2011 - Itu - São Paulo

Page 83: Anais   xi jornada - 2011

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