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ANAIS DO II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL, CAMPUS BENTO GONÇALVES Bento Gonçalves, outubro de 2010

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ANAIS DO II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL, CAMPUS BENTO GONÇALVES

Bento Gonçalves, outubro de 2010

Page 2: ANAIS DO II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INSTITUTO ... · Na Tabela 1, encontram-se as médias da matéria verde e matéria seca produzidas pelas culturas de inverno no sistema

II Salão de Iniciação Científica do IFRS campus Bento Gonçalves

O Salão de Iniciação Científica tem a promoção do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, campus Bento Gonçalves – IFRS-BG – e conta

com a participação de seus servidores, técnicos administrativos e corpo docente, e de seu

corpo discente, buscando abranger a comunidade local e regional. Sua coordenação se dá

através da Comissão Organizadora do Salão de Iniciação Científica, cujos membros são

designados pelo Diretor-geral do IFRS-BG.

O objetivo geral do Salão de Iniciação Científica é disponibilizar um espaço para

exposição, apresentação e discussão de trabalhos, estudos e projetos elaborados por alunos do

IFRS-BG e das instituições de ensino convidadas, que tenham empreendido uma investigação

sobre um fenômeno ou tema, aplicando métodos e processos técnico-científicos.

São objetivos específicos do Salão de Iniciação Científica do IFRS-BG:

I---Incentivar o aluno a desenvolver projetos com o intuito de promover a iniciativa, a

criatividade e a descoberta, bem como a preocupação com o meio no qual está inserido.

II---Possibilitar ao aluno a integração com colegas de outras instituições de ensino e pesquisa,

de modo a ampliar suas relações, promovendo o intercâmbio de conhecimento e experiências.

III---Despertar no aluno o interesse pela investigação científica em todas as áreas da natureza

técnica, tecnológica e humanística, objetivando o desenvolvimento de novos conhecimentos e

contribuindo para o aprimoramento do processo ensino-aprendizagem.

IV---Promover a integração do IFRS-BG com instituições de ensino, pesquisa e extensão.

V---Propiciar a divulgação da produção técnico-científica realizada nos diversos cursos do

IFRS-BG para a comunidade local e regional.

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A Comissão Organizadora do II Salão de Iniciação Científica é constituída pelos

seguintes membros:

Prof. Eduardo Pinheiro de Freitas – Presidente da Comissão

Prof. Adrovane Marques Kade

Prof.ª Carina Fior Postingher Balzan

Prof. Cristian Schweitzer de Oliveira

Prof. Delair Bavaresco

Prof.ª Fabiane Cristina Brand

Prof.ª Josiane Carolina Soares Ramos do Amaral

Prof. Juliano Garavaglia

Prof.ª Lucia de Moraes Batista

Prof. Luciano Manfroi

Prof. Marco Aurélio de Freitas Fogaça

Prof. Otávio Dias Costa Machado

Prof. Rodrigo Otávio Câmara Monteiro

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SUMÁRIO

AVALIAÇÃO DE CEREAIS DE INVERNO PARA SISTEMA DE PRODUÇÃO

ORGÂNICA – C. RUSIN; C. A. STRECK; O. D. C. MACHADO ......................................... 1

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE PÊSSEGO EM FUNÇÃO DO SISTEMA DE

CONDUÇÃO E DOSES DE FERTILIZANTES VIA FERTIRRIGAÇÃO NA SERRA

GAÚCHA – G. L.PUTTI; M. A. F. FOGAÇA; R. O. C. MONTEIRO; D. CONCI; C.

GAERTNER; S. M. GRIZA ...................................................................................................... 5

CARACTERIZAÇÃO E VALORAÇÃO DE GENÓTIPOS DE PLANTAS DESTINADOS À

ALIMENTAÇÃO EM ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA DO RIO GRANDE

DO SUL – C. FOGOLARI; A. C. TEIXEIRA; M. T. B. SOSTER; M. S. CAMPIGOTTO; L.

C. BELTRAME ....................................................................................................................... 10

CONSUMO HÍDRICO E OTIMIZAÇÃO DO USO DE FERTILIZANTES VIA

FERTIRRIGAÇÃO NA VITICULTURA DA SERRA GAÚCHA – A. F. FAGHERAZZI; S.

LERIN; C. GAERTNER; R. O. C. MONTEIRO .................................................................... 14

CONTAMINAÇÃO ENTEROPARASITÁRIA NAS HORTALIÇAS COMERCIALIZADAS

NO BALNEÁRIO CASSINO – RS – C. P. ARRUDA; M. M. NOGUEIRA; T. PORTELLA;

C.S.P.O. RIBEIRO; M. M. FERREIRA .................................................................................. 20

DIAGNÓSTICO SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO MUNICÍPIO DE

BENTO GONÇALVES – RS – S. BELLÉ; M. A. SANDRI; S. ZIRBES; G. T. GRZEÇA; C.

R. ZANCHET; A. S. SANTOS; A. M. MARTINS ................................................................ 27

FLORAÇÃO DE PESSEGUEIROS ‘MACIEL’ E ‘CHIMARRITA’ ENXERTADOS SOBRE

DIFERENTES PORTA-ENXERTOS EM BENTO GONÇALVES (RS) – S. LERIN; A.

FAGHERAZZI; A. COMIOTTO; R. BORBA ....................................................................... 33

POTENCIAL DE USO DOS HIDRORETENTORES EM SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO

LOCALIZADA NO CULTIVO DE TOMATEIRO – E. M. MONTEZANO; R. ROTTA; T.

O. L. PIMENTEL .................................................................................................................... 40

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PROJETO TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO: PREJUÍZO ECONÔMICO POR ERROS DE

SOBRE-APLICAÇÃO E PRESENÇA DE VAZAMENTOS – J. F. CARMINATTI; S.

LERIN1; A. F. FAGHERAZZI; F. de S. PEREIRA; O. D. da C. MACHADO ..................... 47

APLICAÇÃO DA PROGRAMAÇÃO LINEAR NA LOGÍSTICA – J.A.T. SHULZ; P. R.

SCARIOT; J. NUMER; S. LERIN .......................................................................................... 52

PESQUISA OPERACIONAL APLICADA À LOGÍSTICA DE TRANSPORTE – J. A. T.

SHULZ; D. L. HOFFMANN; J. GIACOMELLI; T. S. NILSON .......................................... 58

UM ESTUDO DAS ROTAS DE TRANSPORTE COLETIVO INTERMUNICIPAL

RODOVIÁRIO DE BENTO GONÇALVES – L. H. R. CAMFIELD; A. C. HORIGUTI .... 64

ACESSIBILIDADE EM EDITORES DE TEXTO PARA A WEB: UM ESTUDO

COMPARATIVO – F. S. SOARES; R. R. JAQUES; A. M. KADE; M. C. ROSITO ........... 71

BANCO DE RECURSOS HUMANOS PARA PESSOAS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS – L. S. SCHWOCHOW; K. BISSOLOTTI; A. P. SONZA; M. C. ROSITO ..... 78

CHECKLIST PARA DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL DIDÁTICO ACESSÍVEL

PARA DEFICIENTES VISUAIS – A. P. SCARIOT; M. C. ROSITO .................................. 85

ESTUDO E IMPLANTAÇÃO DE BIBLIOTECA DIGITAL PARA O IFRS – F. G.

ANDRADE; J. M. C. da SILVA ............................................................................................. 92

AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE CRESCIMENTO E DEGRADAÇÃO DE AÇÚCARES

POR LEVEDURAS NÃO-SACCHAROMYCES – L. M. M. LOMBARDI; J.

GARAVAGLIA ...................................................................................................................... 98

DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÕES DE BISCOITOS PRODUZIDOS COM

FARINHAS SEM GLÚTEN – A. MEZZOMO; I. SACHINI .............................................. 105

DOCE DE SOJA: UMA ALTERNATIVA PARA UMA VIDA SAUDÁVEL – L. P.

BERND; L. E. CRIZEL; K. L. PARIZ .................................................................................. 110

EFEITO DE CLARIFICANTES PROTEICOS SOBRE OS INDICES DE COR E LIMPIDEZ

DE VINHO MERLOT – E. FICAGNA; S. B. ROSSATO; L. V. S. FARDO; G. GIOTTO 117

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UTILIZAÇÃO DO BAGAÇO DE UVA PARA PRODUÇÃO DE FARINHA – A.

PIOVESANA; M. M. BUENO; V. M. KLAJN .................................................................... 124

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL - CAMPUS BENTO

GONÇALVES NOS CURSOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA E FÍSICA:

O PERFIL DOS INGRESSANTES – J. P. GARCIA; L. M. da SILVA; J. C. S. R. do

AMARAL .............................................................................................................................. 130

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DE UM MODELO PARA A VARIAÇÃO DA

TEMPERATURA DE SUBSTÂNCIAS CONTIDAS NUM RECIPIENTE DE ISOPOR – D.

BAVARESCO; E.CIMADON; L. R. TIEPPO; L. TRÊS; M. MASIERO; R. ZANETTE ... 137

BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DEJETOS DE SUÍNOS PARA PRODUÇÃO DE

BIOGÁS COMO FONTE DE ENERGIA SUSTENTÁVEL – G. C. THOMAS; C. S. de

OLIVEIRA; A. C. SENA; F. de SOUZA .............................................................................. 143

DESAFIOS DO ENSINO DE FÍSICA NA ESCOLA ESTADUAL LANDELL DE MOURA

– C. S. de OLIVEIRA; A. P. PICOLO; C. PAESE; F. C. PANSERA; R. D. D. SANTOS; M.

VITTER ................................................................................................................................. 149

EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO:

QUAL É A NOVIDADE? – C. B. LOUREIRO; C. SILVA; M. GHIGGI ........................... 155

ESTUDO E GERAÇÃO DE HARMÔNICOS DE CORRENTE – C. S. de OLIVEIRA; L. B.

OLIVEIRA ............................................................................................................................ 161

INCLUSÃO DIGITAL E MATEMÁTICA EDUCATIVA – D. BAVARESCO; D.

OLIVEIRA; F. TUMELERO; L. LAZZARI; M. SCHMIDT; M. SALINI .......................... 166

LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA PARA O ENSINO BÁSICO – F.

ZORZI; F. R. N. dos SANTOS ............................................................................................. 172

PRÁTICAS EDUCATIVAS NO ENSINO DE FÍSICA – C. S. de OLIVEIRA; M. E. T.

GUGEL; C. C. CÉSARO; E. SCUSSEL; R. A. RIGON; S. L. FOREST ............................. 178

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PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA – PIBID:

UMA EXPERIÊNCIA RELEVANTE PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO

IFRS-BG – P. B. PAZ; V. A. RESTELLI; F. SGANZERLA; D. BUSSOLOTTO; M.

RAMPON; F. LUY VALÉRIO ............................................................................................. 184

USO DE SOFTWARE NO ENSINO DE FUNÇÕES DE PRIMEIRO GRAU – D. S. da

SILVA; J. GLOWAKI; L. FRANZOSI; L. AMBROZI; T. L. MACHADO ........................ 191

UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE WINPLOT NO ENSINO DE MATEMÁTICA NA

EDUCAÇÃO BÁSICA – J. A. T. SHULZ; S. D. FERREIRA; B. STAIL ........................... 195

FITNESS CEREBRAL – B. P. SILVEIRA; G. F. BARROSO; M. A. BURLAMAQUI; M. B.

SILVA; Y. S. CAVALHEIRO; M. M. FERREIRA .............................................................. 201

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AVALIAÇÃO DE CEREAIS DE INVERNO PARA SISTEMA DE PRODUÇÃO

ORGÂNICA

C. RUSIN1; C. A. STRECK2; O. D. C. MACHADO²

RESUMO: A agricultura orgânica surgiu como uma alternativa à agricultura convencional.

Esta última é insustentável por degradar os fatores de produção dos quais precisa para

produzir. O objetivo deste trabalho foi avaliar alguns cereais de inverno, sob produção

orgânica, quanto á produção de matéria verde e matéria seca. Os tratamentos utilizados foram:

1. Trigo BRS Guamirin; 2. Trigo BRS 296; 3. Trigo BRS 208; 4. Triticale BRS Minotauro; 5.

Centeio BRS Serrano. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com três

repetições. Avaliando-se as variáveis produção de matéria verde e matéria seca, não se

verificou diferenças significativas entre os cereais testados sob produção orgânica, o que

permite concluir, de forma preliminar, que todas as culturas testadas seriam aptas a serem

utilizadas na produção orgânica.

PALAVRAS-CHAVE: agricultura orgânica, matéria seca, matéria verde.

INTRODUÇÃO

A utilização do sistema orgânico de produção de grãos é uma alternativa ao sistema

convencional, que demonstrou ser insustentável.

A agricultura convencional é intensiva em capital, energia e recursos naturais não-

renováveis, agressiva ao meio ambiente, excludente do ponto de vista social e causadora de

dependência econômica (Caporal & Costabeber, 2002).

A prática de agricultura orgânica requer muita mão-de-obra, seja assalariada ou

familiar. Em países como o Brasil, esse tipo de agricultura constitui uma excelente opção

para ocupação de pessoas no meio rural, com a vantagem adicional de preservar a saúde do

trabalhador e não causar danos ao meio ambiente. Promove também um aumento de renda da

família rural pelos produtos orgânicos terem um preço diferenciado em relação às comodites.

1 Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Horticultura 2010, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha,

540, CEP 95700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455 3200. Email: [email protected] 2 Engº Agrônomo, professor IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95700-000, Bento Gonçalves,

RS. Fone (54) 3455 3200

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A tecnologia de produção de grãos e cereais orgânicos vem desenvolvendo de forma

acentuada, mas para isso é necessária a seleção de cultivares adaptadas às condições edafo-

climáticas do local de produção, selecionando-se as cultivares mais rústicas.

Essa seleção é necessária, já que as cultivares atualmente existentes, foram melhoradas

para serem utilizadas na agricultura convencional.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar algumas culturas de inverno para identificar

cultivares com potencial para serem utilizadas na produção orgânica na Serra Gaúcha.

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Instituto Federal do Rio Grande do Sul – campus

Bento Gonçalves, em três patamares, onde cada patamar representa um bloco. O delineamento

experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com sete tratamentos e três repetições (7X3),

totalizando 21 parcelas de 5,1 m² cada. Semeadas dia 19 de junho de 2010, utilizando

espaçamento entre linhas de 0,20 m. A área da implantação estava em pousio, sendo utilizado

preparo convencional em solo Neossolo Litólico. Os tratamentos foram os seguintes cereais

de inverno: T1: Trigo BRS Guamirin; T2: Trigo BRS 296; T3: Trigo BRS 208; T4: Triticale

BRS Minotauro; T5: Centeio BRS Serrano.

A fonte de adubação nitrogenada orgânica utilizada neste trabalho foi o esterco líquido

de suínos. Definiu-se a dose em função da densidade do esterco, para suprir 20 kg ha-1

de N

em todos os tratamentos. O esterco foi aplicado no início do perfilhamento (1 mês e 17 dias

após o plantio). Para determinar a densidade do esterco e estimar a quantidade de nutrientes

seguiu se a metodologia descrita Scherer et al. (1995).

Para o controle das plantas espontâneas foram feitas capinas manuais. Não se utilizou

controle químico para controle de pragas e doenças.

Para avaliação da matéria verde e matéria seca, utilizou–se um quadrado de madeira

com área de 0,22 m², coletando-se as plantas na parte da parcela que melhor a representava

devido à desuniformidade encontrada. As plantas foram coletadas quando atingiram o estádio

de plena floração (flores em antese), foram levadas à estufa a 60°C até peso constante quando

foram pesadas e os dados transformados em Mg ha-1

.

As avaliações estatísticas foram realizadas segundo o teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, encontram-se as médias da matéria verde e matéria seca produzidas pelas

culturas de inverno no sistema orgânico. Observando-se os valores de produção de matéria

verde e seca verifica-se que numericamente foram diferentes entre as diferentes culturas de

inverno, com destaque à produção do centeio. Embora as médias de produção de matéria

verde e seca sejam diferentes para as culturas deste trabalho, estatisticamente não houve

diferenças significativas. Possivelmente isso seja devido ao pequeno número de repetições

(total de três) utilizadas neste trabalho, e, o elevado coeficiente de variação (22,5 % para

matéria verde e 20,9% para matéria seca).

Como as variáveis analisadas neste estudo (matéria verde e matéria seca) não

apresentaram diferenças significativas, esses resultados preliminares nos permitem concluir

que essas culturas podem ser utilizadas no sistema de produção orgânica.

Tabela 1. Médias de produção matéria verde e matéria seca das culturas de inverno. Bento

Gonçalves - RS. 2010

Culturas Matéria Verde

Mg ha-1 Matéria Seca

Mg ha-1

Trigo BRS Guamirin 14,98 a(1)

4,21a(1)

Trigo BRS 296 17,89 a 4,60a

Trigo BRS 208 15,21 a 4,19 a

Triticale BRS Minotauro 14,91 a 3,85 a

Centeio BRS Serrano 21,51 a 5,20 a

CV % 22,5 20,96 (1)

Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem pelo teste Tukey (p<0,05)

Embora não se tenha verificado diferenças significativas para produção de matéria seca

entre as culturas de inverno, todas produziram matéria seca suficiente para garantir a

estabilidade do sistema de produção sob o ponto de vista da conservação do solo, pois,

segundo o trabalho de Ramos (1976, apud RUEDELL, 1998), 2,2 Mg de resíduos culturais

sobre o solo são suficientes para reduzir a perda de solo a próximo de zero.

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CONCLUSÕES

Os primeiros resultados sobre matéria seca e matéria verde, permitem-nos concluir que

todos os cereais avaliados neste estudo podem ser utilizados nos sistemas de produção

orgânica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPORAL, F.R.;COSTABEBER, J.A. Agroecologia:enfoque científico e estratégico.

Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável,v.3, n.2, p.13-16, 2002.

RUEDELL, J. A soja numa agricultura sustentável. In: SILVA, M.T.B. da (Coord.) A soja em

rotação de culturas no plantio direto. Cruz alta. RS: FUNDACEP-FECOTRIGO, 1998. cap.1,

p.1-34.

SCHERER, E.E.; BALDISSERA, I.T.; DIAS, L.F.X. Método rápido para determinação da

qualidade fertilizante do esterco líquido de suínos a campo. Agrop. Catarinense, v.8, n.2,

1995.

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AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE PÊSSEGO EM FUNÇÃO DO SISTEMA DE

CONDUÇÃO E DOSES DE FERTILIZANTES VIA FERTIRRIGAÇÃO NA SERRA

GAÚCHA

G. L.PUTTI1; M. A. F. FOGAÇA¹; R. O. C. MONTEIRO¹; D. CONCI2; C.

GAERTNER²; S. M. GRIZA3

RESUMO: O objetivo do experimento é avaliar desempenho de três variedades de

pessegueiro implantada sob dois sistema de condução e a necessidade de nutrientes aplicados

via fertirrigação. O trabalho esta sendo conduzido no delineamento experimental

inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3 x 2 x 4: 3 variedades de pessegueiro (Chiripá,

Rubimel e kampai), 2 sistemas de condução e 4 doses de nutrientes na fertirrigação, com 4

repetições. O experimento contas de 4 linhas de irrigação (fertirrigação), subdividida em 8

subparcelas, sendo 4 para o sistema de condução em “Y” e 4 para o sistema de condução em

“taça”, onde abrangerá 2 plantas para cada cultivares, e mais 2 linhas de bordadura nas

extremidades da área.O total de plantas na área experimental é de 288 plantas contabilizando

a bordadura, ocupando uma área de 0,4 hectares, no espaçamento de 3,0 m x 5,0 m no sistema

em “taça” e no sistema “Y”, o espaçamento será de 2,0 m x 5,0 m. O dados coletados até o

presente momento demonstram que as variedades Kampai e Rubimel mostram-se mais

precoces em relação a variedade Chiripá.

PALAVRAS-CHAVE: irrigação, chiripá, rubimel, kampai.

INTRODUÇÃO

No Brasil, cerca de 30 mil produtores de frutas exploram uma área de 58,8 mil ha, o que

representam 2,9% do valor bruto da produção (CNA, 2006). Para a EMBRAPA (2006), a

fruticultura, no Brasil, gera um PIB de US$ 1,5 bilhão. O Rio Grande do Sul em função de

sua característica climática caracteriza-se pela produção de frutas de clima temperado, sendo 1 Eng.º Agrônomo, Prof. Doutor, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200 2 Bolsista. Estudante, Curso Tecnologia em Horticultura, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS 3 Bolsista voluntário. Estudante, Curso Tecnologia em Horticultura, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS

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que concentra-se a maior área de produção de pêssego do país, sendo possível encontrarmos

plantas de pessegueiro em todas as regiões do estado. Porém, a produção comercial está

concentrada em três pólos que, juntos, segundo a Embrapa Clima Temperado, somam cerca

de 13 mil hectares de pomares.

O primeiro dos três pólos mais importantes localiza-se na chamada "Metade Sul" do

estado, e concentra mais de 90% do pêssego indústria. O segundo pólo, localizado na Grande

Porto Alegre, é composto por nove municípios e produz, em média, segundo João et al.

(2001), 4.800 toneladas de pêssegos para o consumo in natura numa área de 312 ha. O

terceiro pólo, localizado na Encosta Superior do Nordeste, na região também conhecida como

Serra Gaúcha, mais especificamente nos municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves,

Pinto Bandeira entre outros. Na safra 2000/2001, a região produziu cerca de 46 mil toneladas

de pêssego que, na sua totalidade, são destinadas ao mercado de consumo in natura, numa

área de aproximadamente 3.200 ha. Esse importante pólo de produção é caracterizado pela

produção em pequenas áreas que, em média, atingem 2 hectares, totalizando cerca de 1860

familias e apresenta grande importância social, sendo uma excelente alternativa de

diversificação da matriz produtiva.

Segundo pesquisa realizada pela Embrapa Uva e Vinho, no período entre 1985 e 1997, a

contribuição da cultura do pessegueiro na formação do valor bruto da produção das pequenas

propriedades familiares evoluiu de cerca de R$ 62,20 para R$ 1.023,06, o que equivale a um

aumento de cerca de 1.600%. No entanto, com a aumento da área produtiva também ocorreu

o aumento dos problemas de ordem tecnológica, entre eles a concentração da produção em

poucas variedades como o Chiripá e Marli que representam 90% da produção total,

ocasionando problemas como concentração da safra em apenas um período e com uma

duração de 25 dias, gerando vários problemas desde a deficiência no armazenamento, como

queda no preço do produto. Portanto, experimentos que possibilitem introdução de novas

variedades na região, aliados ao conhecimento de sua fenologia, necessidades nutricionais,

hídricas e sistemas de condução irão contribuir decisivamente para melhoria desempenho

produtivo e a rentabilidade desta cultura na região da serra gaúcha.

As metas a serem alcançadas para a otimização da produção de pessegueiro na serra

gaúcha dizem respeito ao estabelecimento de um melhor sistema de produção e condução

definido para as diferentes cultivares do pessegueiro, definindo assim um conjunto de

estratégias de manejo da fertirrigação para o pessegueiro incrementando a eficiência de uso de

água como decorrência de uma estimativa mais precisa da necessidade hídrica do pessegueiro,

e maior rendimento físico através do uso adequado dos fatores de produção água e fertilizante.

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O objetivo do experimento foi avaliar a adaptação de duas cultivares de pêssego,

Kampais e Rubimel, tendo como testemunha a variedade Chiripa em dois sistemas de

condução, taça e Y sob adubação via fertirrigação.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho será realizado na área experimental do Instituto Federal Tecnológico de

Bento Gonçalves – IFRS, valendo-se de 3 variedades de pessegueiro (Chiripá, Rubimel e

kampai), 2 sistemas de condução e 4 doses de nutrientes na fertirrigação, com 4 repetições. O

experimento se constituído de 4 linhas de irrigação (fertirrigação), subdividida em 8

subparcelas, sendo 4 para o sistema de condução em “Y” e 4 para o sistema de condução em

“taça”, onde abrangerá 2 plantas para cada cultivares, e mais 2 linhas de bordadura nas

extremidades da área.

O total de plantas na área experimental será de 288 plantas contabilizando a bordadura,

o que equivale a uma área aproximada de 0,4 hectares, no espaçamento de 3,0 m x 5,0 m no

sistema em “taça” e no sistema “Y”, o espaçamento será de 2,0 m x 5,0 m.

Também serão avaliados os seguintes aspectos de rendimento e qualidade:

- Rendimento total de frutos por planta (kg. planta-1), que será obtido dividindo o peso total

de frutos da parcela pelo número de plantas úteis;

- Rendimento comercial por planta (kg.planta-1), que será obtido dividindo o peso comercial

de frutos da parcela pelo número de plantas úteis. O rendimento comercial será obtido pela

diferença entre rendimento total e o dos frutos não comercial. Os frutos não comerciais

serão aqueles que apresentarem danos mecânicos, manchas, deformações e peso inferior ao

comercial (Filgueira et al., 2000);

- Peso médio de frutos comerciais e totais (g fruto-1), que serão obtidos pelo somatório do

peso total e comercial, dividida pelo número de frutos de cada parcela;

- Produtividades comercial e total, que serão obtidas ao final do ciclo e posteriormente

classificadas conforme a metodologia empregada no mercado;

- Diâmetro longitudinal e transversal dos frutos;

- Teor de sólidos solúveis (ºBrix), que será determinado em gotas extraídas da polpa

homogeneizada em triturador doméstico tipo ‘mixer’ e quantificado em refratômetro Auto

Abbe, modelo 10500/10501, Leica, o qual expressa os resultados em ºBrix (A.O.A.C.,

1992);

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- Acidez titulável, tomando-se 10 g de material triturado, acrescido de 50 mL de água

destilada e homogeneizado, titulando com NaOH a 0,01 M padronizado, tendo como

indicador fenolftaleína a 1%, sendo este teor expresso em gramas de ácido cítrico por 100 g

de polpa (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1986), e;

- Textura de polpa, determinada com o auxílio de texturômetro “Texture Test System”,

modelo TP-1 acoplado a um registrador automático de variação de força, operando em

célula padrão de compressão de cisalhamento CS-1, com 10 lâminas de 1/8 polegadas de

espessura e ângulo de 90°. As amostras serão previamente pesadas e colocadas na célula

teste de cisalhamento e compressão, de tal forma que as lâminas das células tenham ação

paralela às amostras. Os resultados obtidos serão expressos em Newton (N).

Serão avaliados também os seguintes elementos morfológicos:

- Altura e diâmetro de tronco das plantas, que serão obtidos, respectivamente, por meio de

uma trena, e os dados coletadas durante todo o ciclo da cultura, a partir de leituras semanais;

- Área foliar, que será estimada, em área de 1,0 m2;

- Avaliação da fenologia das diferentes cultivares.

RESULTADOS PARCIAIS E DISCUSSÃO

Durante o andamento do experimento os vários aspectos serão avaliados sendo que até o

presente momento as atividades desenvolvidas abrangeram o plantio das mudas, realizado em

26/07/2010. O registro dessa data é importante pois aproximadamente em 15/08/2010 as

variedades Kampai e Rubimel iniciaram a brotação, realizada a medição dos brotos, os

números mostravam brotações que variavam entre 2,5 e 3,0cm de comprimento. No mesmo

período a variedade Chiripá não mostrava brotações aparentes mas apresentava todas as

gemas inchadas.

Como uma primeira análise podemos concluir que as variedades Kampai e Rubimel,

apresentaram brotação mais precoce, portanto podem tornar-se interessantes para antecipar a

produção obtendo preços maiores de comercialização da fruta. Outro ponto é que estaremos

buscando junto à EMBRAPA Uva e Vinho, na sua estação climatológica, informações

referents à ocorrência de geadas tardias, ocorridas no mês de setembro, o que em caso de

brotação precoce pode prejudicar a produção de frutos.

Entre as datas de 29/08/2010 e 01/09/2010 foi realizada a poda de formação e como

algumas plantas demonstravam sintomas de crespeira (Taphrina deformans), um tratamento

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fitossanitário com Delan (ditianona (quinona)) + Dithane (mancozebe (alquilenobis

(ditiocarbamato)) foi realizado.

No dia 08/09/2010 foi realizado o coroamento ao redor de cada muda, evitando assim

que plantas daninhas ao redor das mudas pudessem cobrir as mesmas, prejudicando assim seu

desenvolvimento.

Em 28/09/2010 realizamos uma nova observação das plantas constatando que as

brotações emitidas pelas variedades Kampai e Rubimel apresentavam comprimento em media

de 25 a 30cm e quanto na variedade Chiripá as brotações apresentavam tamanho entre 2 e

5cm em média.

CONCLUSÕES

As conclusões obtidas até esta etapa do experimento demonstram que as variedades

Rubimel e Kampai emitiram brotações precocemente, tornando-se assim passíveis de uma

avaliação mais criteriosa quanto ao clima, avaliando a possibilidade de ocorrência de geadas

tardias que comprometeriam a produção.

A variedade Chiripá demonstrou mais demora na emissão de brotações, o que remonta

às diversas variedades cultivadas na região e que acabam por diminuir os preços do pêssego

in-natura, devido a alta quantidade de fruta oferecida num mesmo período.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA E PECUÁRIA. Fruticultura.

Disponível em: <www.cna.org.br>. Acesso em: 30 set. 2006

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema de produção de

pêssego.

www.cnpuv.embrapa.br/publica/sprod/PessegodeMesaRegiaoSerraGaucha/custos.htm.

Acesso em 15 nov 2006

João, P.L., J.I. Rosa, V.C. Ferri & M.D. Martinello. 2001. Levantamento da fruticultura

comercial do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, EMATER, 80 p. (Realidade Rural 28).

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CARACTERIZAÇÃO E VALORAÇÃO DE GENÓTIPOS DE PLANTAS

DESTINADOS À ALIMENTAÇÃO EM ASSENTAMENTOS DA REFORMA

AGRÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL

C. FOGOLARI1; A. C. TEIXEIRA2; M. T. B. SOSTER3; M. S. CAMPIGOTTO4; L. C.

BELTRAME5

RESUMO: Em parceria com o Instituto Educar, o Campus Sertão do IFRS, possui um

projeto que visa caracterizar morfofisiologicamente materiais vegetais, que compreende a

pesquisa básica, e se fragmenta em várias disciplinas oferecidas pelo Campus Sertão e

fomenta o despertar da ciência, vinculando tecnologia e inovação, e incentiva os alunos ao

desenvolvimento do método científico, alicerçado na observação e comparação de materiais

vegetais. Essa comparação visa conhecer melhor o que se cultiva e o que se conserva nas

comunidades rurais, seus valores e compõe o conhecimento dos alunos referente aos

aprendizados relacionados aos vegetais. Assim, sementes foram coletadas em diversos

assentamentos da reforma agrária serão avaliadas e comparadas, e sobretudo, documentadas

para que sejam valoradas quanto à sua importância e conservação dentro das propriedades

rurais e dentro dos estabelecimentos de ensino, merecendo atenção especial e justificando a

presente apresentação.

PALAVRAS-CHAVE: assentamentos da reforma agrária, alimentos, morfofisiologia

vegetal, segurança alimentar.

INTRODUÇÃO

O "Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia", Campus Sertão, possui um

convênio Instituto Educar (Pontão-RS), o qual estabelece um vínculo de extensão desde 2005,

o qual tem intuito de fomentar a educação para os assentamentos da Reforma Agrária, através

de programas como o PRONERA (Programa de Educação na Reforma Agrária) e demais

1 Aluno do Curso Superior em Tecnologia do Agronegócio do IFRS- Campus Sertão, Técnico em Agropecuária

2 Aluno do Curso Técnico em Agropecuária: Agroecologia, Extensão Pontão (Instituto Educar- IFRS Campus Sertão)

3 Professora orientadora, Engª Agrª Drª

4 Coordenadora do Instituto Educar

5 Coordenador do Curso

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projetos. Entre as ações do Instituto Educar, a parceira com o IFRS-Campus Sertão visa a

formação técnica de educandos oriundos de assentamentos da reforma agrária do RS,

pequenos agricultores organizados, pastorais da terra e mulheres camponesas, os quais,

organizam-se em um sistema de permanência concebido pelo ITERRA (Instituto de

Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária), em que é adotado um sistema de permanência

denominado Regime de Alternância, em que os tempos são divididos em Tempo Escola e

Tempo Comunidade. No ‘tempo escola’, em que os educandos permanecem na sede do

Instituto Educar, localizado no município de Pontão-RS, esses recebem a formação do ensino

médio juntamente com o técnico em agropecuária com habilitação para Agroecologia. O

presente projeto visa implementar as atividades técnicas dos alunos lotados em Pontão, bem

como o alunos do Campus Sertão, no que tange a caracterização de materiais vegetais

destinados à alimentação, que são utilizados pelos assentados em várias localidades do Rio

Grande do Sul, aliando o compromisso do ensino-aprendizagem. com as técnicas de

caracterização e valoração desses genótipos, envolvendo alunos do nível de graduação na

proposta. Os educandos oriundos de diversos assentamentos da Reforma Agrária do Rio

Grande do Sul, já efetuaram coletas de sementes, consideradas crioulas, em seus pólos, no

entanto, a caracterização das espécies, principalmente as destinadas à alimentação, é um

trabalho que exige uma atenção especial e tempo de dedicação, para que, além de

amostragens, sirvam como uma forma de conservação das espécies vegetais ‘on farm’, que

significa, através do uso (de Boef, 2007), e para isso, se faz necessário a caracterização desse

banco de sementes crioulas, e a valoração, ou seja, descrever o destino de cada espécie, para

que se conheça o real valor dessas espécies, não somente nos assentamentos, mas para toda a

soberania. A caracterização morfofisiológica de materiais vegetais compreende a pesquisa

básica, e se fragmenta em várias disciplinas oferecidas pelo Campus Sertão e fomenta o

despertar da ciência, vinculando tecnologia e inovação, e incentiva os alunos ao

desenvolvimento do método científico, alicerçado na observação e comparação de materiais

vegetais. Essa comparação visa conhecer melhor o que se cultiva e o que se conserva nas

comunidades rurais, seus valores e compõe o conhecimento dos alunos referente aos

aprendizados relacionados aos vegetais. Assim, o presente trabalho, é uma proposta de

documentar os conhecimentos, através de técnicas e práticas agrícolas de cultivo, onde as

sementes coletadas oriundas de diversos assentamentos da reforma agrária serão avaliadas e

comparadas, e sobretudo, documentadas para que sejam valoradas quanto à sua importância e

conservação dentro das propriedades rurais e dentro dos estabelecimentos de ensino,

merecendo atenção especial e justificando a proposta.

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DESCRIÇÃO DO ASSUNTO

O material foi coletados pelos próprios educandos do Instituto Educar, em suas

comunidades rurais oriundas de processos de reforma agrária, sementes de espécies vegetais

utilizadas na alimentação. Essas sementes estão sendo armazenadas no Instituto Educar e

foram classificadas botanicamente, através na nomenclatura binominal, quanto à espécie e

família. Essas sementes, de várias localidades do RS, estão sendo colocadas para germinar em

câmaras especiais, e em estufas (conforme a disponibilidade de espaço e de recursos oriundos

de outros projetos, destinados para o fim de captação de recursos e otimização do material

humano), e serão avaliadas, em todo o seu desenvolvimento, compondo dados em tabelas

específicas, acompanhando a fenologia, desenvolvimento morfofisiológico e demais

características relevantes. Os dados serão tratados em tabelas descritivas, e podendo ou não

ser constituindo de medidas de tendência central, quando pertinente, sendo que o mais

importante nesse sentido e no âmbito do projeto, é descrever as espécies, e levantar dados

quanto à origem, podendo ser relacionado ao estado da conservação, bem como, comparando

os assentamentos quanto ao número de espécies utilizadas para a alimentação e sua

variabilidade. Pode-se também estabelecer um índice de diversidade para genótipos da mesma

espécie, porém, não sendo prioridade imediata. Os dados que terão tratamento estatístico,

assim como, os dados descritivos poderão ser apresentados de várias formas, através de

publicações em eventos científicos, revistas científicas e de divulgação interna e externa ao

Campus Sertão.

CONCLUSÃO

De maneira sintética, têm-se a amplitude de espécies e genótipos utilizados como fonte

de alimentação e comercialização por agricultores assentados da reforma agrária, assim, a

caracterização desses genótipos e valoração seu uso, principalmente no que tange a

importância e para a conservação da biodiversidade (Guimarães, 2006), e o método de

conservação ‘on farm’, que justifica o presente projeto. Também, percebe-se a incorporação

do ensino- pesquisa- extensão, em várias disciplinas podem ser contempladas através de aulas

práticas utilizando os materiais que estarão sendo avaliados, além da importância social e

econômica, também assume aspectos técnicos e científicos, pois estaremos estimulando o

espírito da pesquisa através da investigação apropriada aos métodos conhecidos de

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caracterização morfofisiológica de plantas, bem como, um caráter extremamente ambiental,

principalmente por se tratar de uma pesquisa que investiga a variabilidade dos genótipos,

dimensiona sua importância através da valoração de seu uso, e, ainda, a presente proposta,

vincula caracteres psicossociais e de inclusão, por se tratar de uma proposta para assentados

rurais da reforma agrária, amplamente esquecidos pelo setor da pesquisa, e tão contribuintes e

relevantes quanto qualquer outro proponente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

De Boef, W. S. et al. Biodiversidade e agricultores: fortalecendo o manejo comunitário.

[Tradução Juliana Vitória Bittencourt e Gustavo Rinald Althoff: Maria José Guazelli e

Andréa Lúcia Paiva Padrão (org.); Porto Alegre, RS: L& M, 2007. 270p.

Guimarães, E. P. Iniciativas Globais de Capacitação em Pré-melhoramento e Melhoramento

Vegetal e Ações da FAO para Promoção do Uso de Recursos Genéticos para a Alimentação e

Agricultura. Curso Internacional de Pré-melhoramento de Plantas. Lopes, M. A. et al. (org.)

Documentos 185. Embrapa, Brasília, agosto de 2006. p. 27-29.

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CONSUMO HÍDRICO E OTIMIZAÇÃO DO USO DE FERTILIZANTES VIA

FERTIRRIGAÇÃO NA VITICULTURA DA SERRA GAÚCHA

A. F. FAGHERAZZI1; S. LERIN2; C. GAERTNER3; R. O. C. MONTEIRO4

RESUMO: O cultivo da uva na serra gaúcha é de enorme expressão econômica para o estado

e o país, haja vista que é o maior polo produtor do Brasil, tendo como grande destaque o

município de Bento Gonçalves. Nos dias de hoje, o setor vitícola se agrava em uma grande

crise, devido à grande entrada de vinhos importados por preços bem menores que os vinhos

nacionais. De tal maneira muitos produtores vêm buscando alternativas para sua

sustentabilidade, maneira esta que muitos optam em trabalhar com uva de mesa coberta, ou

seja, a plasticultura. A partir daí, o produtor começa a se deparar com uma série de

dificuldades, pois deve ter um domínio das técnicas utilizadas no manejo da irrigação e

fertirrigação. Por este motivo, este trabalho objetiva a busca de informações que permitam

auxiliar o viticultor a produzir uva de mesa num sistema coberto com irrigação fazendo-se o

uso da fertirrigação, garantindo qualidade e produtividade da uva para comércio “in natura”.

Para isto busca-se estabelecer uma dosagem ideal de Nitrogênio, o coeficiente de cultura,

determinar qual o melhor manejo a ser adotado pelo produtor e os melhores estádios

fenológicos a ser feito a fertirrigação, trabalho este que continua em andamento.

PALAVRAS-CHAVE: uva-de-mesa, irrigação, nitrogênio.

INTRODUÇÃO

A viticultura tem apresentado considerável crescimento nos últimos anos. A utilização

da tecnologia da irrigação e da fertirrigação, apesar de serem instrumentos para agregar valor,

modernizar, diversificar e dinamizar a atividade, ainda enfrenta resistência por quase a

totalidade dos viticultores da Serra Gaúcha. Alguns produtores, entretanto, por iniciativa

1 Estudante bolsista do Curso de Tecnologia em Horticultura IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP

95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. E-mail: [email protected]. 2 Estudante bolsista do Curso de Tecnologia em Horticultura IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP

95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200.E-mail: [email protected]. 3 Estudante bolsista do Curso de Tecnologia em Horticultura IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP

95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. E-mail: [email protected].

4 Eng.º Agrônomo, Prof. Dr. em Irrigação e Drenagem, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP

95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. E-mail: [email protected].

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própria ou por força de eventos climáticos extremos dos últimos anos, como a escassez de

água em determinados períodos do ano, além da má distribuição da precipitação ao longo do

ano, têm optado pela aquisição e implementação de sistemas de irrigação e, em alguns casos,

de fertirrigação, como forma de minimizar o risco associado à atividade vitícola.

Entretanto, para atender o consumo hídrico da videira, nesta região, o uso dos recursos

hídricos feito de forma suplementar via irrigação e/ou fertirrigação tem se caracterizado pelo

empirismo, sem a adoção de um manejo de irrigação adequado e com a aplicação excessiva

de fertilizantes. A irrigação e a fertirrigação na região da Serra Gaúcha carece de estudos para

manifestar sua total potencialidade, necessitando de um melhor controle quanto à quantidade

de água a ser aplicada, frequência, momentos críticos de aplicação e manejo da fertirrigação.

Portanto, este projeto propõe o estudo de tecnologias relacionadas à racionalização do uso da

água, através da aplicação de técnicas de irrigação que permitam a redução do consumo

hídrico e a otimização no uso dos fertilizantes, incrementando, assim, o rendimento e a

qualidade da viticultura na Serra Gaúcha.

MATERIAL E MÉTODOS

Este experimento está sendo executado em uma propriedade localizada em Pinto

Bandeira, 3º distrito de Bento Gonçalves, com as seguintes coordenadas geográficas: Latitude

– 29º5’38.05”S e Longitude de 51º28’13.24”O e uma altitude 560 metros em relação ao nível

do mar. Por ser característico de nossa região, o parreiral possui patamares, com uma

inclinação de 30 cm cada fileira, dando uma declividade dos pontos de aproximadamente 5

metros.

O vinhedo possui uma área de 5000 m2, destes são destinados para a elaboração da

pesquisa 2350 m2. Com um comprimento médio de 84 metros por fileira, espaçadas entre elas

de 2,35 metros, com uma distância entre plantas de 1,50 metros, totalizando uma densidade de

2840 plantas por hectare. O sistema de condução do vinhedo é latada, com a cultivar de uva

Itália enxertada sobre o porta-enxerto Paulsen (1103), sob as condições especificas de

plasticultura, ou seja, um vinhedo de uva de mesa coberto. Este trabalho contará com o apoio

da Embrapa Uva e Vinho, através do Pesquisador Henrique Pessoa dos Santos e de seu corpo

técnico, onde, possivelmente, algumas etapas serão desenvolvidas.

O delineamento experimental (figura 1, croqui do experimento) utilizado é inteiramente

aleatorizado, com seis tratamentos em seis linhas (fileiras) alternando-se uma em cada

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tratamento, para que um tratamento não afete outro tratamento, tendo em vista que as videiras

possuem um sistema radicular bastante agressivo, que possivelmente poderiam extrair

nutrientes de outra linha. Os tratamentos testados serão: T1- sem irrigação (estresse hídrico);

T2 – irrigação monitorada via-solo; T3 – irrigação monitorada via clima; T4 – irrigação e

fertirrigação N1; T5 – irrigação e fertirrigação N2; T6 – irrigação e fertirrigação N3, sendo

que: N1 – 160 kg de nitrogênio por ha; N2 – 40 kg de nitrogênio por ha e N3 – 80 kg de

nitrogênio por ha.

Para podermos obter todos os resultados para conduzir o experimento e para geramos

resultados ideais para os produtores, serão instalados tensiômetros para a determinação da

umidade do solo e extratores de solução do solo para a extração dos íons. Com os dados de

umidade do solo e, após a determinação das concentrações dos íons de todas as amostras

coletadas durante o ciclo das culturas, relizar-se-á a análise dos dados no programa

HYDRUS-2D (SIMUNEK e van GENUTCHEN, 2005) que é um modelo numérico de

elementos finitos bi-dimensional, desenvolvido pelo U.S. Salinity Laboratory em Riverside,

California, que permite a simulação do fluxo de água e transporte de solutos no solo,

permitindo estudar a distribuição espacial da água e de íons fertilizantes no sistema radicular

das culturas estudadas e permitir uma melhor discussão em torno dos dados.

Além dos tensiômetros, serão utilizados ou instalados os seguintes equipamentos: 01

tensimetro digital, 01 mesa de tensão, 01 kit trado instalador, 01 kit trado para amostras, 01

medidor de concentrações de sódio, 01 medidor de concentrações de nitrato, 01 amostrador de

solo para curva de retenção, 20 cilindros para amostra de solo, 01 cartela eletrônica especifica

para o íon NO3, 01 trado helicoidal de ¾ com 60 cm para instalar os tensiômetros e uma

microestação meteorológica para determinar umidade, radiação solar, vento e temperatura.

O coeficiente da cultura a ser utilizado, será inicialmente de 0,5, da 17º folha ao inicio

da maturação será um valor médio de 0,87 e um coeficiente final de 0,6. Além de estarmos

sempre trabalhando para a máxima eficiência do uso racional da água e seus meios,

conjuntamente com o uso de fertilizantes. Resta-nos agora definir de que forma iremos

parcelar as dosagens e em que épocas aplicar e que fonte de “N” vai ser utilizada.

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Figura 1. Croqui experimental do projeto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Feita todas as medições e contagens necessárias, a segunda etapa se aprofundou no

sistema de irrigação, para checar sua uniformidade, vazão e eficiência. Para efetuar esta

tarefa, foram selecionados os 4 primeiros, os 4 intermediários e os 4 últimos gotejadores de

cada linha, o que deu uma representação de mais de 10% dos gotejadores. O tempo estimado

para se estipular a vazão foi de 3 minutos. Para agilizarmos está etapa que iriamos coletar 144

amostras, foi feito uma bateria de 4 gotejadores por vez. Era amarrado bem rente ao gotejador

uma garrafa pet, não deixando vazamentos. A primeira garrafa era amarrada, passados 5

segundos outra garrafa era colocada, passados 10 segundos iniciais era colocada a 3º garrafa e

passados 15 segundos iniciais a última era colocada. Quando o cronômetro marcava 3

minutos a primeira garrafa era retirada; quando dava 3,05 minutos a 2º era retirada; 3,10

minutos a terceira e 3,15 minutos a terceira garrafa era retirada e assim avaliado seu volume

em ml/min. Conforme a figura 2, podemos verificar as vazões médias de cada bateria de

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amostragem nas linhas que serão feitos os tratamentos, mostrando as vazões médias iniciais,

medianas e finais das linhas. Através desta coleta das vazões foi definido todo o desempenho

do sistema e eficiência do sistema (figura 3).

Linha/tratamento Posição gotejador Vazão média L/h

Início 2,93

L2 - T1 meio 2,87

Fim 2,82

Início 2,87

L4 - T6 meio 2,94

Fim 2,9

Início 2,6

L6 - T2 meio 2,88

Fim 2,93

Início 3

L8 - T5 meio 2,82

Fim 3

Início 3,23

L10 - T3 meio 2,91

Fim 2,94

Início 2,97

L12 - T4 meio 2,97

Fim 2,97 Figura 2. Vazões médias dos pontos de coleta.

Vazão média do sistema 2,93 l/h

Maior vazão 3,6 l/h

Menor Vazão 2,2 l/h

Maior repetição 3,00 l/h

Desvio por linha 0,1059

Curva de Variação (%) 94,95

CUC (coeficiente de uniformidade de

distribuição) 99,76 %

CUD (coeficiente de uniformidade de

Christiansen) 92,72 %

Desvio 0,1479

Eficiência do sistema 92,72 %

Perdas d’ água 7,28 %

Figura 3. Parâmetros de desempenho do sistema de irrigação.

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CONCLUSÕES

No momento, com os dados coletados podemos destacar a uniformidade da vazão do

sistema de gotejadores, o que nos facilitará muito em manejarmos de uma forma correta a

irrigação e se fazer um excelente manuseio da fertirrigação. Tornando-se efetiva o bom índice

de eficiência do sistema de irrigação, o que permite uma otimização da utilização da água e

os fertilizantes nela aplicados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOORENBOS, J.A. KASSAN, 1979. Crop response to Water. Roma: FAO 194 p. (FAO,

Irrigation and Drainage Paper, 33), 1979.

RICHARDS, L. A. Diagnosis and improvement of saline and alkali soils. Washington: United

States Salinity Laboratory, 1954. 160p. USDA. Agriculture Handbook, 60.

SIMUNEK, J. M.; VAN GENUCHTEN, M. Th. “The HYDRUS-1D and HYDRUS-2D

STANMOD and other software packages for simulating water flow and/or solutes transport

in variable saturated media in the subsurface”. Version 2.0, IGWMC-TPS-53, Salinity

Laboratory, University of California, Riverside, California 2005.

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CONTAMINAÇÃO ENTEROPARASITÁRIA NAS HORTALIÇAS

COMERCIALIZADAS NO BALNEÁRIO CASSINO – RS

C. P. ARRUDA1; M. M. NOGUEIRA1; T. PORTELLA1; C.S.P.O. RIBEIRO2;

M. M. FERREIRA3

RESUMO: As infecções parasitológicas intestinais constituem um sério problema de saúde a

nível mundial para o homem, que se relacionam tanto com fatores de saneamento básico e

qualidade de vida, quanto com medidas individuais de prevenção e de controle. O presente

trabalho tem por objetivo investigar na alface (Lactuca sativa, L.), a hortaliça escolhida, a

incidência de enteroparasitas. A pesquisa foi realizada em todas as hortas que abastecem o

comércio do Balneário Cassino- RS. Em cada local onde fora efetivada a coleta, foi realizado

anamnese do ambiente onde as amostras foram cultivadas. Foram obtidas 5 amostras a cada

dia de coleta aleatoriamente, obtendo 30 amostras. Sendo encaminhadas ao laboratório, onde

foram processadas e lavadas em água destilada. O produto da lavagem foi filtrado, decantado

por 24 horas, utilizando o sedimento para análise microscópica. Nas 30 amostras examinadas,

19 (63,3%) estavam contaminadas e 11 (36,7%) negativadas para helmintos e protozoários. A

contaminação das hortaliças por enteroparasitas deve-se ao fato de estarem relacionadas com

a irrigação. Além disso, o inadequado transporte até as feiras e manipulação humana incorreta

leva ao contágio mais rápido, sem ignorar as condições sanitárias precárias.

PALAVRAS-CHAVE: alface, enteroparasitas, saneamento.

INTRODUÇÃO

O grande consumo de hortaliças pela sociedade está gerando grandes preocupações,

devido às mesmas possuírem parasitoses intestinais, que em grande quantidade constituem um

grave problema na saúde pública. Inclusive, nesse aspecto, os cultivos das hortaliças feitos na

maioria das vezes de forma precária surgem parasitas que são levados até os consumidores

1 Estudante de Geoprocessamento Int. ao Ens. Med./IFRS – Campus Rio Grande. Alfredo Huck,475, CEP: 96201-460, Rio Grande, RS. Fone: (53) 3233-8603 2 Estudante de Informática para Internet Int. ao Ens. Med./IFRS – Campus Rio Grande Eng. Alfredo Huck, 475, CEP: 96201-460, Rio Grande, RS. Fone: (53) 3233-8603 3 Blga. Esp. Analises Clínicas.Professora /IFRS – Campus Rio Grande. Alfredo Huck, 475, CEP: 96201-460, Rio Grande, RS. Fone: (53) 3233-8603. email: [email protected]

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desse vegetal, no qual acabam não sendo higienizados corretamente para alimentação,

podendo transmitir várias doenças infecciosas comprometendo a saúde do individuo.

A maior porta de entrada de contaminação das hortaliças se dá através da água

contaminada por material fecal provenientes do ser humano e de outros animais. Em locais

onde as condições sanitárias são precárias provavelmente o índice de contaminação será mais

elevado (CIMERMAN & CIMERMAN , 2002).

Na realização da pesquisa escolheu-se a hortaliça alface (Lactuca sativa,L.) por ser a

hortaliça de maior consumo na região, devido ao seu baixo custo e também por ter o seu

consumo “in natura”.

A referente pesquisa analisou alfaces (L. sativa,L.), com o intuito de avaliar a qualidade

das mesmas, no que diz respeito aos enteroparasitas, por estarem relacionadas às condições

higiênicas não adequadas, podendo originar enfermidades na saúde humana.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada em com os comerciantes e as diferentes hortas, Senandes (setor

Boa Vista II) e Ilha dos Marinheiros (Porto do Rei e Noroeste da ilha) que abastecem o

comércio do Balneário Cassino, pertencente ao município de Rio Grande-RS, conforme

figura1.

Figura 1. Mapa setorial do Município de Rio Grande-RS onde fora desenvolvida a pesquisa.

Primeiramente, observou-se o local onde são comercializadas as hortaliças a fim de

coletar dados sobre os produtores que abastecem as feiras e alguns estabelecimentos locais

(Fig. 2A e 2B).

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22

Em cada local onde fora efetivada a coleta, realizou-se a anamnese do local onde as

amostras foram cultivadas, como por exemplo: métodos de irrigação das hortas, no caso em

questão, a origem da água que abastece a horta, condições sanitárias locais, presença de

criames de animais domésticos (porcos, ovelhas, vacas) e conduta de higienização dos

manipuladores das hortaliças. Foram obtidas cinco amostras a cada dia de coleta, colhidas

aleatoriamente por horta até perfazerem um total de 30 amostras (Fig. 2C). Após colidas,

estas foram colocadas em sacos plásticos previamente etiquetados e identificados, para serem

transportados ao LEB – Laboratório de Engenharia Bioquímica da FURG - Campus Cidade.

Baseado no método de (Oliveira e Germano, 1992) e (Carlos et al, 2004), as amostras foram

representadas como unidade amostral por cada pé de alface coletado descartando as raízes.

No laboratório, as hortaliças foram desfolhadas, cortadas em tiras e higienizadas em

recipientes plásticos (Fig. 2D e 2E). Na lavagem das amostras, cada unidade amostral obtida,

fora utilizado 250 ml de água destilada. O liquido de cada lavagem foi filtrado em gazes de

oito dobras e deixando sedimentar por 24 horas em cálice cônico à temperatura ambiente,

conforme (Fig. 2F). Com auxilio de pipeta Pasteur, confeccionou-se a lâmina obtida de uma

gota de sedimento com uma gota de lugol, e sobre esta, colocou-se uma lamínula. Esse

procedimento foi repetido cinco vezes para cada amostra, perfazendo um total de 150 lâminas.

Após a confecção da lâmina o material foi analisado em microscópio óptico com objetiva de

40X (Fig. 2G).

Na identificação, foi utilizado um catálogo-atlas contendo todos os parasitas, sendo

comparada com as imagens microscópicas obtidas. Além disso, contou-se com a supervisão

de uma especialista em parasitologia, a orientadora do trabalho.

Figura 2A e 2B. Indagação aos comerciantes do Balneário Cassino; 2C .Coleta das amostras;

2D e 2E. Preparo das hortaliças para a análise; 2F. Sedimentação do lavado das amostras; 2G.

Análise microscópica das amostras.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente trabalho, com anamnese desenvolvida nos locais de cultivo pode-se

observar condições sanitárias impróprias que podem ter comprometido a qualidade da água e

do solo, onde as hortaliças são cultivadas, tais como, chiqueiros, as caixas onde é feito o

transporte das hortaliças está sob o solo contaminado (Fig. 3A), currais, comedouros de

animais e fossas séptica e negra (Fig. 3B e C), em conformidade com os trabalhos de

Cantusio Neto & Franco, (2004).

Figura 3A. Caixas de transporte das hortaliças próximas ao chiqueiro; 3B e 3C. Fossa negra

sob córrego adjacente as hortas.

Nesse aspecto, deve-se levar em conta a profundidade em que se encontra o lençol

freático no município de Rio Grande-RS, que é muito baixo, e as referidas hortas, localizadas

no Senandes e Ilha dos Marinheiros, são irrigadas com poços artesianos e bombas d’água,

respectivamente,com profundidade em torno de 4m.

Além disso, o solo por ser arenoso facilita a infiltração por parasitas, em águas

utilizadas na irrigação das mesmas conforme os trabalhos de Bonilha (1993/94); Jesus et al

(2001).

Geralmente as hortaliças são contaminadas desde o inicio de seu cultivo e a situação

piora com a falta de técnicas pós-colheita, quando são comercializadas nas feiras livres,

tornando-se indispensável à higienização dessas hortaliças. Assim como, expõem os trabalhos

de Cantos et al (2004); Takayanagui et al.(2001); Guilherme et al.(1999) sobre as

contaminações das hortaliças relacionadas com sucessivas manipulações inadequadas.

Inclusive, nesse aspecto, observou-se a presença de enteroparasitas encontrados nas

folhas da alface (Lactuca sativa,L ). Perfazendo um total de 30 amostras de hortaliças

examinadas 19 (63,3%) encontravam-se contaminadas e 11 (36,7%) estavam negativadas para

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ovos ou larvas de helmintos, cistos ou trofozoítos de protozoários, tais resultados podem ser

observados na Tabela 1.

Tabela 1. Representação dos enteroparasitas encontrados nas alfaces (Lactuca sativa,L.) que

abastecem o Balneário do Cassino-RS.

Os parasitas encontrados pertencem aos grupos dos Protozoários (sendo sob a forma

cística mais prevalente que a trofozoística), e Helmintos (encontrados sob a forma de ovos e

algumas larvas).

As hortaliças constituem importantes meios de disseminação de cistos, ovos e larvas de

enteroparasitas (GUILHERME et. al,1999; SILVA et al, 2005; COELHO et al, 2001).

CONCLUSÕES

A transmissão de doenças do ambiente para os consumidores é um problema que requer

investimentos em sistemas de disposição de excretas humanos, escoamento sanitário, de

drenagem e de resíduos sólidos, etc.

A alta propagação das hortaliças contaminadas por enteroparasitose está diretamente

relacionada com a irrigação da água contaminada nas hortas que estão sendo cultivadas,

inadequadamente devido ao sistema de esgotamento local que apesar da maioria ser

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constituído de fossas sépticas, havia algumas patentes (fossa negra) pertencentes aos vizinhos.

O transporte até as feiras e a manipulação humana incorreta leva ao contágio mais rápido.

Sendo assim, as estruturas precárias encontradas ao longo do trabalho mostram os

cuidados que a sociedade deve tomar durante a alimentação, pois são altos os riscos de

contaminações por enteroparasitas, podendo induzir as pessoas a terríveis doenças

parasitárias, pois existem medidas que podem ser adotadas para prevenir as condições

sanitárias dos vegetais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GUILHERME, A.L. F ET AL. Prevalência de enteroparasitas em horticultores e hortaliças

da Feira do Produtor de Maringá, Paraná, Revista da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical, Rio de Janeiro, v.32, n.4, p.405-411.

JESUS, M.S.B.; MACHADO, R.L.D.; POVOA, M.M. Diagnóstico laboratorial das

enteroparasitas no acampamento padre Ezequiel / MST, Mirante da Serra, RO. Jornal

Brasileiro de Patologia, v.37, n.04, p.106, 2001.

CANTOS, G.A. et al. Estruturas parasitárias encontradas em hortaliças comercializadas em

Florianópolis, Santa Catarina. Rev. News Lab. 2004; 66: 154-63.

COELHO, et al. Detecção de formas transmissíveis de enteroparasitas na água e nas

hortaliças consumidasem comunidades escolares de Sorocaba, São Paulo, Brasil. Revista da

Sociedade ileira de Medicina Tropical. 2001. 34, pp. 479-482.

CIMERMAN, B.; CIMERMAN, S. Parasitologia Humana e seus FundamentosGerais. 2 ed.

São Paulo: Editora Atheneu, 2002.

BONILHA, PRM, FALCÃO DP. Ocorrência de Enteropatógenios em alfaces e suas águas

de irrigação, SP. Alimentação e Nutrição 5:87-97, 1993/1994.

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SANTOS, G. L. D; PEIXOTO, M. S. R., Detecção de Estruturas de enteroparasitas em

Amostras de Alfaces (Lactuva Sativa) Comercializadas em Campina Grande, PB. News Lab

2007 edição 80, 144.

CANTUSIO, NETO, R.C.; FRANCO, R.M.B. Ocorrência de oocistos de Cryptosporidium

spp. e cistos de Giardia spp. em diferentes pontos do processo de tratamento de água,

Campinas, São Paulo, Brasil. Revista Higiene Alimentar, vol.18, n.118, p. 52-59, 2004.

TAKAYANAGUI, OM. et al. Fiscalização de Verduras Comercializadas no Município de

Ribeirão Preto, SP. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Rio de Janeiro, v.

34, n.1, 2001.

OLIVEIRA C.A.F., GERMANO P.M.L. Estudo da ocorrência de entereoparasitas em

hortaliças comercializadas na região metropolitana de São Paulo,SP,Brasil.II-Pesquisa de

Protozoários intestinais.Revista de Saúde Pública v. 26, n.5, 1992.

SILVA, J. O. et al. Enteroparasitose e onimicoses em manipuladores de alimentos no

município de Ribeirão Preto, SP. Brasil. Rev. Bras.Epidemial, v.8, n.4 p 385-392, 2005.

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DIAGNÓSTICO SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO MUNICÍPIO DE

BENTO GONÇALVES – RS1

S. BELLÉ2; M. A. SANDRI2; S. ZIRBES3; G. T. GRZEÇA3; C. R. ZANCHET3;

A. S. SANTOS4; A. M. MARTINS4;

RESUMO: Tradicionalmente as plantas medicinais têm sido empregadas na cura de

pequenos problemas de saúde. No entanto, na maioria das vezes, este conhecimento tem se

limitado ao saber popular. Este trabalho teve por objetivo identificar as espécies mais

utilizadas, a forma de uso e para que finalidade são empregadas, correlacionando o uso feito

pela população local com as recomendações técnico-científicas. Foram aplicados 234

questionários, em diferentes bairros do município de Bento Gonçalves. Constatou-se que

90,2% dos entrevistados têm o costume de utilizar plantas medicinais. Desses, 16,9% utilizam

plantas medicinais todo dia; 24,7% utilizam duas a três vezes por semana; 10,8% utilizam

uma vez por semana e 47,6% utilizam ocasionalmente. A maioria das pessoas cultiva plantas

medicinais em suas casas (52,9%); 23,5% adquirem em estabelecimentos comerciais; 17,8%

extraem da natureza e 5,8% as obtém de outras formas. As dez plantas mais lembradas foram:

erva-cidreira, marcela, boldo, hortelã, sálvia, camomila, malva, guaco, laranjeira e babosa.

Além destas, outras 85 plantas com propriedades medicinais foram citadas. Os próximos

passos do projeto serão orientar a população sobre a utilização correta e incentivar o seu

cultivo em jardins e hortas.

PALAVRAS-CHAVE: conhecimento popular, diagnóstico, extensão.

INTRODUÇÃO

1 Trabalho financiado com recursos do Edital PROEXT 2009 – MEC/SESu/DIFES.

2 Engº Agrônomo, Prof. do IFRS Campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540. CEP: 95.700-000, Bento Gonçalves,

RS. Fone (54) 3455-3200. e-mail: [email protected]. 3 Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Horticultura, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540,

CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. 4 Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP

95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200.

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A utilização de plantas medicinais visando o bem estar do corpo é um hábito antigo e

presente no mundo todo. Mais especificamente na América, os indígenas usavam as espécies

nativas de diferentes formas para a cura de “males do corpo e da alma”. Ao longo da história,

a medicina tem se desenvolvido fazendo uso desse conhecimento. A ciência conseguiu

comprovar o efeito de muitas substâncias presentes nas plantas no combate a doenças, sendo

que vários medicamentos são produzidos a partir de compostos extraídos de vegetais. No

entanto, o uso de plantas medicinais para combater pequenos males é uma prática muito

pouco recomendada pela medicina tradicional. Com o intuito de reverter este quadro,

iniciativas governamentais têm estimulado o uso de plantas medicinais e fitoterápicos na rede

pública de saúde (BRASIL, 2006).

O conhecimento sobre a utilização de plantas medicinais fica, na maioria das vezes,

restrito à sabedoria popular que é transmitida de geração em geração. No entanto, muito desse

conhecimento vem sendo perdidos, estando nos dias de hoje concentrados principalmente nas

mãos de pessoas com maior idade, carecendo de difusão entre os mais jovens.

A população da Serra Gaúcha é predominantemente formada por descendentes de

italianos, que possuem o hábito de utilizar plantas medicinais. No entanto, não existem

estudos e levantamentos que identifiquem as espécies mais utilizadas e as finalidades com que

são utilizadas. Muitas plantas medicinais são extraídas da natureza, acarretando riscos ao

ambiente e ao usuário, já que o extrativismo pode levá-las à extinção, e o uso de plantas

cultivadas em locais contaminados ou de difícil acesso pode colocar em perigo o usuário.

Em 2009 o Campus Bento aprovou junto ao Edital PROEXT 2009 – MEC/SESu/DIFES

o programa intitulado “A utilização de plantas medicinais, ornamentais e hortaliças no

paisagismo: uma proposta para a promoção da saúde e inclusão de PNE’s”. O programa tem

por objetivo geral difundir o uso e cultivo de plantas medicinais e hortaliças em projetos

paisagísticos na Região da “Serra Gaúcha” do estado do Rio Grande do Sul visando a

promoção da saúde humana e a inclusão de pessoas com necessidades especiais.

O programa abrange as seguintes etapas:

1º Coleta de informações sobre o uso popular de plantas medicinais;

2º Caracterização botânica e identificação das espécies medicinais mais empregadas;

3º Estudo sobre os efeitos das plantas medicinais e hortaliças sobre o organismo humano;

4º Formação de uma coleção de espécies de plantas medicinais;

5º Produção e distribuição de mudas de espécies medicinais;

6º Utilização de plantas medicinais, ornamentais e hortaliças em paisagismo;

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7º Implantação do Jardim dos Sentidos;

8º Implantação de técnicas de irrigação para otimização do uso da água em jardins;

9º Difusão, sistematização e publicação dos resultados.

Este trabalho pretende apresentar os resultados obtidos na primeira etapa do programa,

que teve por objetivo identificar quais as espécies mais utilizadas, a forma de uso e para que

finalidade são empregadas, além de verificar se o uso feito pela população local corresponde

às recomendações técnico-científicas.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram aplicados 234 questionários à população contendo perguntas referentes ao uso de

plantas medicinais, à frequência de utilização, à origem das plantas, espécies utilizadas e suas

respectivas funções (Quadro 1). Os questionários foram aplicados em diferentes bairros do

Município, durante a realização das Assembléias do Orçamento Participativo. Além disso, o

questionário foi aplicado aos estudantes do Campus Bento. Após, a utilização feita pela

população foi correlacionada com as recomendações técnicas feitas pela ANVISA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do trabalho mostram que 90,2% dos entrevistados têm o costume de

utilizar plantas medicinais. Desses, 16,9% utilizam plantas medicinais todo dia; 24,7%

utilizam duas a três vezes por semana; 10,8% utilizam uma vez por semana e 47,6% utilizam

ocasionalmente.

A maioria das pessoas que utiliza plantas medicinais coleta as mesmas nos jardins e

hortas de suas casas (52,9%); 23,5% adquirem em estabelecimentos comerciais; 17,8%

extraem da natureza e 5,8% às obtém de outras formas.

As dez plantas mais utilizadas pela população são apresentadas na Figura 1, sendo elas:

erva-cidreira, citada por 62,7% dos entrevistados, marcela (57,8%), boldo (30,3%), hortelã

(22,2%), sálvia (21,6%), camomila (20,0%), malva (20,0%), guaco (18,4%), laranjeira

(17,8%) e babosa (14,1%). Outras 85 plantas com propriedades medicinais foram citadas.

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Apesar da maioria das plantas serem utilizadas para fins recomendados pela ANVISA,

algumas espécies são utilizadas para fins não indicados. Constata-se dessa forma a

necessidade de orientar-se a população para o seu correto uso.

Além desta etapa, já foi implantada uma estufa para produção de mudas de plantas

medicinais e condimentares e está sendo formada uma coleção de plantas medicinais.

Também foram distribuídas mudas aos servidores do Campus Bento do IFRS, em

comemoração ao Dia dos Pais. O grupo também participou da organização da I Semana

Municipal de Plantas Medicinais de Bento Gonçalves, em conjunto com a Prefeitura

Municipal, Pastoral da Saúde, Grupo Interprofissional FitoBento, EMATER-BG, entre outras

entidades. A seguir serão realizados os cursos e palestras previstos e implantados os jardins

com plantas medicinais e hortaliças.

CONCLUSÕES

A pesquisa demonstrou que a população da Serra Gaúcha conhece e emprega

regularmente grande número de plantas medicinais. Espera-se que as ações do programa

colaborem para manter o hábito de cultivar plantas medicinais e auxilie na divulgação do

correto uso destas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 971/GM, de 3 de maio de 2006. Aprova a Política

Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, DF, 4 maio, 2006. Seção 1, p 20. Disponível em

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portariafito.pdf.

LORENZI, H. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. São Paulo: Plantarum. 2002.

512 p.

ANVISA. Resolução RE 88/2004. Lista de referências bibliográficas para a avaliação de

segurança e eficácia de fitoterápicos. Disponível em http://portal.avisa.gov.br/

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31

0

10

20

30

40

50

60

70

Per

cen

tagem

Figura 1. Plantas medicinais mais lembradas pelos moradores de Bento Gonçalves – RS.

Figura 2. Utilização de plantas medicinais pelos moradores de Bento Gonçalves – RS em

percentagem. (Sim: está utilizando para fins recomendados; Não: está sendo

utilizada para um fim não recomendado).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Per

centa

gem

Sim

Não

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Quadro1. Questionário aplicado à população de Bento Gonçalves.

Visando valorizar o uso de plantas medicinais na promoção da saúde humana e na qualidade de

vida das pessoas, estamos realizando um levantamento sobre o uso dessas plantas na região da

Serra Gaúcha.

Contribua com nossa pesquisa preenchendo as informações solicitadas abaixo. Obrigado!

1) Nome: _______________________________________ Idade:_____________________

Bairro ou localidade onde mora:______________________________________________

2) Você tem o costume de usar plantas medicinais? ( ) Sim ( ) Não

Se sua resposta foi não, não é necessário responder as demais questões.

3) Com que frequência você utiliza as plantas medicinais?

( ) Todo dia ( ) 2 a 3 vezes por semana ( ) 1 vez por semana

( ) Apenas quando estou com algum mal-estar

4) Qual a origem das plantas medicinais que você utiliza?

( ) Da horta ou do jardim de minha casa ( ) Retiro na natureza (matas, campos)

( ) Compro em mercado ( ) Outro:________________________

5) Em ordem de importância, cite as plantas medicinais mais usadas por você e sua família. Ao

lado coloque para que finalidade ou problema de saúde (mal-estar) esta planta é utilizada.

Plantas medicinais mais usadas por você e sua família:

Esta planta é utilizada para quê?

Exemplo: Camomila Eu utilizo a camomila como calmante.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

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FLORAÇÃO DE PESSEGUEIROS ‘MACIEL’ E ‘CHIMARRITA’ ENXERTADOS

SOBRE DIFERENTES PORTA-ENXERTOS EM BENTO GONÇALVES (RS)

S. LERIN1; A. FAGHERAZZI1; A. COMIOTTO2; R. BORBA2.

RESUMO: A época de floração do pessegueiro é uma informação importante para a escolha

de cultivares-copa, a fim que se possa planejar, retardar ou antecipar a colheita de acordo com

a época mais favorável para o mercado. Assim sendo, torna-se fundamental conhecer a

fenologia das cultivares-copa sobre diferentes porta-enxertos. O trabalho teve por objetivo

avaliar o efeito das cultivares-copa ‘Maciel’ e ‘Chimarrita’ sobre diferentes porta-enxertos:

Aldrighi, Capdeboscq, Flordaguard, Okinawa, Nemaguard e Umezeiro no município de Bento

Gonçalves, RS. Resultados preliminares indicam que os porta-enxertos estudados exercem

pequena influência sobre a época de floração das duas cultivares e Capdeboscq e Nemaguard

induzem maior período de floração sobre ‘Maciel’ e ‘Chimarrita’, respectivamente.

PALAVRAS-CHAVE: Prunus spp., pêssego, florescimento.

INTRODUÇÃO

A produção nacional de pêssegos em 2008 foi de 239.149 toneladas numa área plantada

de 21.326 hectares. A produtividade média nacional, em 2008 foi de 11,21 ton ha-1. O Rio

Grande do Sul concentra a maior produção, 129.032 toneladas, em área plantada de 14.933

ha, com média de produtividade de 8,64 ton ha-1 (IBGE, 2010). No estado, a cultura do

pessegueiro destinada para mesa é desenvolvida fortemente na região da Serra Gaúcha, que

apresenta mais de 60% da produção total do estado. As demais regiões produtoras são a

Metropolitana (Porto Alegre e municípios vizinhos), a Zona Sul, a Fronteira Oeste e algumas

áreas menores no Norte do Estado. Bento Gonçalves possui 1.190ha, 16.660t e conta com 422

produtores (JOÃO E CONTE, 2007).

1 Estudante bolsista do Curso de Tecnologia em Horticultura IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. E-mail: [email protected]. 2 Eng.º Agrônomo, Prof. do IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. E-mail: [email protected].

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Apesar de apresentar a maior produção, o estado tem a menor produtividade dentre os

estados produtores, ficando atrás de Santa Catarina (14,19 ton ha-1), Paraná (9,91 ton ha-1) e

São Paulo (21,66 ton ha-1) (IBGE, 2010). Essa situação deve-se à utilização de mudas de

baixa qualidade. Em geral, no estado, as mudas produzidas apresentam duas características

distintas quanto ao método de obtenção dos porta-enxertos. Poucos viveiristas produzem

mudas de boa qualidade, fiscalizadas e que utilizam sementes do porta-enxerto Capdeboscq,

proveniente de plantas matrizeiras conhecidas. A maioria dos viveiristas utiliza sementes

coletadas nas indústrias conserveiras de Pelotas, RS, obtendo porta-enxertos com origem

genética desconhecida e duvidosa, gerando desuniformidade nos pomares e desconhecimento

da fenologia das plantas quando utilizados estes porta-enxertos, além de erroneamente

denominar o porta-enxerto como Capdeboscq.

Os porta-enxertos podem afetar o crescimento vegetativo das plantas, a floração, a

produção e a qualidade dos frutos, criando mecanismos que permitem a adaptação das plantas

às diferentes condições de cultivo, além da modificação dos pessegueiros e dos pêssegos.

Moghadam e Mokhtarian (2007) citam o efeito que os porta-enxertos exercem sobre a

floração, como critério fundamental na concepção de novos pomares. São relatados na

literatura a utilização de porta-enxertos a fim de atrasar e/ou adiantar a fenologia em várias

espécies frutíferas. Entretanto, o efeito do porta-enxerto sobre a floração não é totalmente

conhecido.

O objetivo do presente trabalho foi verificar a influência na floração das cultivares-copa

de pessegueiros Chimarrita e Maciel, enxertadas sobre diferentes porta-enxertos no município

de Bento Gonçalves, RS.

MATERIAL E MÉTODOS

Utilizaram-se pêssegos das cultivares Maciel e Chimarrita enxertadas sobre os porta-

enxertos Aldrighi, Capdeboscq, Umezeiro, Flordaguard e Nemaguard.

As mudas foram adquiridas na Frutplan Mudas Ltda, tradicional viveirista e

comerciante de mudas da cidade de Pelotas, RS. As cultivares-copa foram obtidas de

matrizeiros existentes nos viveiros da empresa Frutplan e as sementes para os porta-enxertos

obtidos do banco de germoplasma da UFPEL. As mudas foram obtidas no período 2005/2006,

enxertadas através do processo de enxertia de gema ativa em dezembro de 2004 e levadas ao

campo em julho de 2006.

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O plantio foi realizado no Centro Nacional de Pesquisa de Uva e Vinho, da Embrapa,

em Bento Gonçalves, RS.

As mudas de pessegueiros foram enxertadas sobre oito diferentes porta-enxertos:

Umezeiro, Aldrighi, Capdeboscq, Flordaguard, Okinawa e Nemaguard. O plantio, em ambos

os locais, foi realizado no espaçamento de 5,0 x 1,5 metros e as plantas foram conduzidas na

forma de “V”, em uma área aproximada de 0,2 ha.

O experimento foi conduzido de maio à agosto do ano de 2010. Na saída do período de

repouso vegetativo foram escolhidos ao acaso, e identificados com placas metálicas, quatro

ramos mistos (um em cada quadrante), em cada unidade experimental.

Para a determinação da época de floração, foram contadas as flores abertas em cada um

dos ramos marcados, em cada data de avaliação, considerado o início da floração (IF) quando

10% das flores estavam abertas, plena floração (PF) quando 50% das flores estavam abertas e

final da floração (FF), na queda das pétalas das flores. Os dados foram expressos em % de

flores abertas.

O delineamento deste experimento foi em blocos completamente casualizados, segundo

um fatorial 6 x 3, onde 6 são cultivares de porta-enxertos e 3 blocos, cada repetição foi

composta de 5 plantas, sendo que somente as três plantas do meio de cada repetição foram

avaliadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a Figura 1, pode-se observar o período de floração dos seis diferentes

porta-enxertos, enxertados sobre a cultivar Maciel.

Observando a cultivar Maciel, observou-se que ‘Flordaguard’ e ‘Capdeboscq’ atingiram

o IF 7 dias antes dos demais porta-enxertos, na primeira semana de julho. Observando a PF,

novamente verificou-se ‘Flordaguard’ antecipando a floração, seguido de ‘Okinawa’,

‘Nemaguard’, ‘Capdeboscq’, ‘Umezeiro’ e por último ‘Aldrighi’.

Percebe-se que quando Maciel foi enxertado sobre ‘Capdeboscq’, induziu o maior

período de floração. ‘Flordaguard’, entretanto, apresentou o menor período de floração em

relação aos demais porta-enxertos, sobre Maciel, apenas atrasando para encerrar a floração. A

observação da figura 2 permite verificar que ‘Capdeboscq’ induz o maior tempo de

florescimento sobre ‘Maciel’, seguido de ‘Aldrighi’. ‘Flordaguard’ no entanto, teve o menor

período de florescimento, quando enxertado sobre Maciel.

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0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%%

Flo

re

s A

be

rta

s

30/06/2010 05/07/2010 07/07/2010 13/07/2010 22/07/2010 26/07/2010 02/08/2010

Aldrighi 0,00% 11,04% 30,57% 61,87% 82,84% 86,43% 100,00%

Capdeboscq 0,09% 3,31% 26,33% 69,67% 95,73% 98,68% 100,00%

Flordaguard 0,00% 5,77% 25,88% 48,78% 81,15% 87,34% 100,00%

Nemaguard 0,35% 4,81% 20,99% 61,43% 92,53% 98,59% 100,00%

Okinawa 0,08% 7,75% 32,58% 76,16% 93,82% 96,34% 100,00%

Umezeiro 0,10% 17,42% 52,71% 91,73% 91,73% 93,00% 100,00%

Figura 1. Porcentagem de flores abertas na cultivar Maciel enxertada sobre diferentes porta-

enxertos no período de 2010. Embrapa/CNPUV, Bento Gonçalves-RS, 2010.

05/07 07/07 09/07 11/07 13/07 15/07 17/07 19/07 21/07 23/07 25/07 27/07 29/07 31/07 02/08 04/08 06/08 08/08 10/08 12/08 14/08 16/08 18/08

Capdeboscq

Nemaguard

Aldrighi

Umezeiro

Okinawa

Flordaguard

Figura 2. Período de floração da cultivar Maciel, enxertada sobre diferentes porta-enxertos no

período de 2010. Embrapa/CNPUV, Bento Gonçalves-RS, 2010.

Observando a Figura 3, percebe-se que a cultivar Chimarrita iniciou a floração na

segunda quinzena de julho. O IF foi retardado em 'Capdeboscq', 'Okinawa' e 'Aldrighi'.

Observou-se pequena diferença entre os porta-enxertos ao atingir o PF e a antecipação

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promovida por ‘Umezeiro’ no FF. A análise da Figura 4, permite descrever o porta-enxerto

Nemaguard como indutor do maior período de florescimento, seguido de ‘Capdeboscq’.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

% F

lore

s A

be

rta

s

13/07/2010 22/07/2010 26/07/2010 02/08/2010 09/08/2010 16/08/2010 19/08/2010

Aldrighi 0,43% 4,17% 20,23% 83,46% 89,05% 90,11% 100,00%

Capdeboscq 0,00% 7,56% 21,99% 75,27% 87,31% 89,95% 100,00%

Flordaguard 0,00% 2,14% 15,80% 81,18% 97,52% 98,00% 100,00%

Nemaguard 0,17% 5,50% 25,42% 89,65% 97,51% 99,00% 100,00%

Okinawa 0,00% 4,72% 19,33% 81,67% 91,95% 92,38% 100,00%

Umezeiro 0,78% 8,33% 24,18% 88,21% 90,76% 93,70% 100,00%

Figura 3. Porcentagem de flores abertas na cultivar Chimarrita enxertada sobre diferentes

porta-enxertos no período de 2010. Embrapa/CNPUV, Bento Gonçalves-RS, 2010.

05/07 07/07 09/07 11/07 13/07 15/07 17/07 19/07 21/07 23/07 25/07 27/07 29/07 31/07 02/08 04/08 06/08 08/08 10/08 12/08 14/08 16/08 18/08

Capdeboscq

Nemaguard

Aldrighi

Umezeiro

Okinawa

Flordaguard

Figura 4. Período de floração da cultivar Chimarrita, enxertada sobre diferentes porta-

enxertos no período de 2010. Embrapa/CNPUV, Bento Gonçalves-RS, 2010.

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Porta-enxertos que induzam atraso no florescimento, bem como maior período de

florescimento são requeridos, a fim de evitar perdas ocasionadas pelas geadas tardias, além de

permitir que a polinização e fertilização ocorram quando as temperaturas são mais favoráveis.

A pouca influência dos porta-enxertos sobre a floração também foi observada por

Picolotto et al. (2009) e por Araya (2004) onde o início de floração de cada cultivar com seu

respectivo porta-enxerto não atrasou ou antecipou mais do que dois ou três dias. Para Simão

(1998) todas as cultivares florescem quase que simultaneamente, podendo haver antecipação

ou retardamento de sete a quinze dias.

A época de floração depende de vários fatores como o vigor do porta enxerto, da

cultivar, das condições edafoclimáticas e problemas fitossanitários, do manejo do pomar e da

época de poda da planta e das necessidades de horas de frio da cultivar e do porta enxerto, que

exercem grande influência sobre a floração.

CONCLUSÕES

Verificou-se pouca influência dos porta-enxertos na época de floração sobre as duas

cultivares avaliadas.

‘Capdeboscq’ proporcionou o maior período de floração para a cultivar Maciel e

‘Nemaguard’ para ‘Chimarrita’.

Convém a continuação dos experimentos, a fim de obter mais dados, e recomendar

porta-enxertos com mais fidelidade para o município de Bento Gonçalves, RS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAYA, C. A. G., 2004. Efecto de diferentes portainjertos de cerezo sobre el

comportamiento fenológico de los cultivares Lapins, Bing y Sweetheart, en San Francisco de

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Rio Grande do Sul: 2006. Porto Alegre:EMATER/RS-ASCAR, 2007. 83p.

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PICOLOTTO, L.; MANICA-BERTO, R.; PAZIN, D.; PASA, M. S.; SCHMITZ, J. D.;

PREZOTTO, M. E.; BETEMPS, D.; BIANCHI, V. J.; FACHINELLO, J. C. Características

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SIMÃO, S. Tratado de fruticultura. Piracicaba: FEALQ, 1998. 760p.

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POTENCIAL DE USO DOS HIDRORETENTORES EM SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO

LOCALIZADA NO CULTIVO DE TOMATEIRO

E. M. MONTEZANO1; R. ROTTA2; T. O. L. PIMENTEL2

RESUMO: A irrigação é uma técnica que consiste na aplicação induzida de água em cultivos,

através de métodos que melhor se adaptem às condições do solo e da cultura. Tendo por

objetivo proporcionar uma umidade adequada ao desenvolvimento normal das plantas, de

modo a suprir a falta, a insuficiência ou a má distribuição das chuvas. Na busca de um melhor

aproveitamento, as técnicas de irrigação necessitam ser operadas de forma eficiente tanto do

ponto de vista econômico como ambiental. Na cultura do tomateiro a irrigação é o trato

cultural que mais influencia a produtividade e a qualidade dos frutos, inclusive reduzindo a

incidência de anomalias fisiológicas. Sendo que as raízes devem encontrar um teor mínimo de

80% de água útil no solo, ao longo do ciclo, inclusive durante a fase de colheita. A utilização

dos hidroretentores e/ou hidrogéis que são polímeros de acrilamida com capacidade de reter e

disponibilizar água para os cultivos agrícolas é uma alternativa que pode ser adotada para a

cultura do tomateiro tanto na forma isolada ou em associação com diferentes sistemas de

irrigação. A adição de hidrogéis no solo otimiza a disponibilidade de água, reduz as perdas

por percolação e lixiviação de nutrientes e melhora a aeração e drenagem do solo, acelerando

o desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea das plantas. Os experimentos a serem

realizados têm por objetivo avaliar três diferentes sistemas de irrigação localizada

(gotejamento, hidroretentor e gotejamento + hidroretentor) para a cultura do tomateiro.

PALAVRAS-CHAVE: Lycopersicon esculentum Mill., gotejamento, hidroretentor.

INTRODUÇÃO

A cultura do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.) adapta-se às condições de clima

da maioria das regiões brasileiras, o uso de práticas culturais adequadas, aliadas às

necessidades da cultivar ou do híbrido utilizado, permite a exploração do potencial produtivo

1 Eng.º Agrônomo, Prof. Doutor, Área Horticultura, IFRS, campus Avançado Ibirubá, Rua Nelsi Ribas Fritsch nº 1111, Bairro Esperança, CEP:98.200–000, Ibirubá-RS. Fone (54) 3324-8100. e-mail: [email protected] 2 Alunos Curso Técnico em Agropecuária, IFRS, campus Avançado Ibirubá, Rua Nelsi Ribas Fritsch nº 1111, Bairro Esperança, CEP:98.200–000 , Ibirubá-RS. Fone (54) 3324-8100. e-mail: [email protected]

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e contribui para a obtenção de frutos de melhor qualidade (Sediyama et al, 2003). No Brasil

trata-se da segunda hortaliça em importância econômica, em área cultivada, produção colhida

e valor da produção (Filgueira, 2003). Atualmente, várias cultivares são plantadas nas regiões

brasileiras, algumas produzindo frutos para mesa e outras fornecendo matéria-prima à

agroindústria. A escolha de uma cultivar deve considerar: o tipo de fruto desejado, o sistema

de cultivo, o hábito de crescimento apropriado e a resistência genética à doenças.

A irrigação é uma técnica que consiste na aplicação induzida de água em cultivos,

através de métodos que melhor se adaptem às condições do solo e da cultura. Tendo por

objetivo proporcionar uma umidade adequada ao desenvolvimento normal das plantas, de

modo a suprir a falta, a insuficiência ou a má distribuição das chuvas. Na busca de um melhor

aproveitamento, as técnicas de irrigação necessitam ser operadas de forma eficiente tanto do

ponto de vista econômico como ambiental (Bernardo, 2002).

Na cultura do tomateiro a irrigação é o trato cultural que mais influencia a produtividade

e a qualidade dos frutos, inclusive reduzindo a incidência de anomalias fisiológicas. Sendo

que as raízes devem encontrar um teor mínimo de 80% de água útil no solo, ao longo do ciclo,

inclusive durante a fase de colheita (Filgueira, 2003). A utilização dos hidroretentores e/ou

hidrogéis que são polímeros de acrilamida com capacidade de reter e disponibilizar água para

os cultivos agrícolas (Willingham & Coffey, 1981; Wallace, 1987; Sayed et al, 1991) é uma

alternativa que pode ser adotada para a cultura do tomateiro tanto na forma isolada ou em

associação com diferentes sistemas de irrigação. A adição de hidrogéis no solo otimiza a

disponibilidade de água, reduz as perdas por percolação e lixiviação de nutrientes e melhora a

aeração e drenagem do solo, acelerando o desenvolvimento do sistema radicular e da parte

aérea das plantas (Henderson & Hensley, 1986; Lamont & O’Connel, 1987; Vlach, 1991).

A IRRIGAÇÃO NA TOMATICULTURA

A disponibilidade hídrica para a cultura de tomate deve se mantida durante todo o ciclo,

para se obter bons resultados de produtividade (Filgueira, 2001). A questão da disponibilidade

dos recursos hídricos é uma preocupação mundial. Esta preocupação também é sentida no

Brasil onde leis e regulamentações federais e estaduais determinam as políticas de uso e

conservação dos recursos hídricos. Juntamente com as políticas públicas de uso dos recursos

hídricos, a utilização correta da irrigação de forma a manejar eficientemente a água, os

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fertilizantes e outros insumos, é essencial para a manutenção do suprimento de alimentos, em

equilíbrio com a sua crescente demanda, garantindo a conservação do meio ambiente. Dessa

forma, o estudo de princípios básicos para a realização de um bom manejo de água e

fertilizantes é imprescindível para que a agricultura irrigada possa ser sustentada pelo meio

ambiente (Alvarenga, 2004).

Na cultura do tomateiro a irrigação é o trato cultural que mais influencia a produtividade

e a qualidade dos frutos, inclusive reduzindo a incidência de anomalias fisiológicas. Sendo

que as raízes devem encontrar um teor mínimo de 80% de água útil no solo, ao longo do ciclo,

inclusive durante a fase de colheita (Marouelli et al, 1996; Filgueira, 2003). Neste contexto, a

irrigação por gotejamento pode ser uma alternativa viável, devido à possibilidade de trabalhar

em locais com pouca disponibilidade hídrica, menor custo de energia associado com

bombeamento, potencial para minimizar os impactos negativos da irrigação sobre o solo e

pelo uso da fertirrigação.

O manejo de irrigação busca suprir a necessidade hídrica da cultura na medida certa,

sem déficit e nem excesso. É muito importante para se obter sucesso na produção e também

para preservar o meio ambiente, que o manejo de irrigação seja feito de forma adequada.

Existem diferentes métodos de manejo de irrigação, sendo os mais utilizados aqueles

baseados no solo ou em dados climáticos. Podendo-se ainda, fazer combinações entre estes.

Em todo manejo de irrigação, o importante é determinar quando e quanto de água aplicar.

A UTILIZAÇÃO DE HIDRORETENTORES EM CULTIVOS AGRÍCOLAS

Para comprovar a eficiência dos hidroretentores e/ou hidrogéis como condicionadores

de solo e principalmente como um produto que tem a capacidade de reter e disponibilizar

água para os cultivos agrícolas, inúmeros trabalhos foram desenvolvidos a partir da década de

80 (Willingham & Coffey, 1981; Wallace, 1987; Sayed et al. 1991).

A adição de hidroretentores no solo otimiza a disponibilidade de água, reduz as perdas

por percolação e lixiviação de nutrientes e melhora a aeração e drenagem do solo, acelerando

o desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea das plantas (Henderson &

Hensley,1986; Lamont & O'Connel,1987; Vlach,1991). Além disso, diminui as perdas de

água e nutrientes por lixiviação, devido ao aumento da capacidade de armazenamento de água

pelo solo. Os hidroretentores permitem uma melhoria nas propriedades físicas do solo,

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deixando-o mais poroso, pois quando os grânulos cedem água para as plantas, voltam ao

tamanho normal e o espaço antes preenchido por ele, se transforma em um novo poro.

Willingham & Coffey (1981) observaram que as mudas de tomate produzidas em

substrato que continham polímeros hidroretentores necessitaram de cinco semanas para serem

transplantadas, enquanto que as produzidas sem polímeros precisaram de seis semanas. Esse

ganho de uma semana foi ocasionado pela presença do polímero no substrato, que

proporcionou maior disponibilidade de água. Wofford (1992) trabalhando com a cultura do

tomateiro em um solo arenoso onde havia sido adicionado hidrogel atingiu uma produtividade

de 40 t.ha-1 , enquanto que a mesma cultura, nas mesmas condições embora sem o hidrogel,

obteve uma produção que não ultrapassou as 27 t.ha-1. Wofford (1992) destaca que as raízes

das plantas que crescem por dentro dos grânulos do polímero hidratado, possuem um maior

desenvolvimento de pelos radiculares, proporcionando maior superfície de contato das raízes

com a fonte de água e nutrientes, facilitando a sua absorção. Fonteno & Bilderback (1993)

destacam que a quantidade de água do polímero disponível para as plantas está relacionada

com o contato das raízes com os grânulos na forma de gel hidratado no solo. Sendo que a

deterioração do polímero foi acelerada quando colocado em soluções de Ca, Mg e Fe, mas a

deterioração também pode acontecer em solos adubados anualmente com fertilizantes

químicos sintéticos. Wallace et al. (1987), afirmaram que os produtos finais da dissociação

dos hidrogéis são: dióxido de carbono, água e amoníaco e, portanto confirmam que

apresentam baixa toxidade residual.

PREPARO, UTILIZAÇÃO E MANEJO DOS HIDRORETENTORES

Como os hidroretentores (poliacrilamida) é comercializada em grânulos, faz-se

necessário a adição de água para a sua hidratação no momento da aplicação. Em um

recipiente limpo e com pouca aderência, preferencialmente plástico ou de polietileno, devem-

se hidratar os polímeros com água na proporção de acordo com a recomendação técnica. Essa

proporção varia de acordo com o tipo de polímero, tipo de solo, tamanho da cova, cultura a

ser utilizada e modo de aplicação. Os grânulos devem ser hidratados com água durante 20 a

30 minutos, até esses ficarem com uma consistência gelatinosa. Para uso em substratos, deve-

se utilizar de 2 a 3 gramas do produto (sem hidratação) para cada litro de substrato, embora

não se recomende o seu uso em tubetes ou associado à aplicação conjunta com fertilizantes.

Quando aplicado e incorporado à seco deve-se realizar duas irrigações seqüenciais para

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hidratação total do gel. Existem alguns produtos comerciais disponíveis no mercado e, dentre

as empresas fabricantes podemos citar os polímeros Hydroplan® que são degradáveis e,

comprovadamente, não deixam resíduos prejudiciais ao solo e ao meio ambiente. Seus

polímeros são de alta qualidade e pureza, especialmente desenvolvidos para a atividade

agrícola. Quando imerso em meio aquoso, o polímero chega a absorver de 200 a 400 vezes

seu peso em água, e aumenta seu tamanho em 100 vezes. Outro produto são os polímeros

Forth Gel®, que possuem uma grande capacidade de retenção de água, chegando a reter

centenas de vezes o seu próprio peso. O produto age como uma reserva de água para as

plantas, tornando-a disponível de acordo com a necessidade, reduzindo o estresse hídrico, os

efeitos da estiagem e a mortalidade das plantas.

Além de beneficiar o meio ambiente, o uso de hidrogel resulta em benefícios

econômicos ao produtor. Podemos citar alguns aspectos positivos que são observados com o

uso de hidroretentores como: diminuição das perdas de água e nutrientes por lixiviação, pois

ocorre um aumento da capacidade de armazenamento de água pelo solo, redução da

evaporação da água no solo, melhoria das propriedades físicas do solo, deixando-o mais

poroso, a frequência de irrigação pode ser reduzida em 50%, favorecimento no crescimento

das plantas, sendo que a água e os nutrientes estão mais tempo à disposição das raízes, o

ponto de murcha fica mais difícil de ser atingido, pois a água armazenada nos polímeros, é

facilmente armazenada pelas plantas. Além de promover um aumento no crescimento

radicular, pois é exatamente em seus polímeros onde fica retida a água, formando um

reservatório de água e nutrientes, e possibilitar um aumento significativo no aproveitamento

dos recursos hídricos disponíveis, seja da chuva ou de irrigações, suprindo a necessidade nos

momentos críticos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as pesquisas realizadas com polímeros de poliacrilamida em forma de

gel, observaram-se inúmeros benefícios ao meio ambiente assim como resultados positivos na

produtividade das culturas. Dentre eles temos a conservação do solo, suprimento hídrico em

períodos críticos, redução de estresse das plantas durante períodos de estiagem, melhoria no

desenvolvimento das plantas, redução nas perdas de nutrientes por percolação e lixiviação,

aeração do solo, redução econômica nos custos de irrigação e significativo aumento na

produtividade. Sendo os produtos denominados de hidroretentores e/ou hidrogel, eficientes no

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aspecto ambiental e produtivo, faz-se necessário desenvolver soluções tecnológicas para que

possamos alcançar níveis ainda mais satisfatórios na produtividade da cultura do tomateiro e

de expandir e viabilizar essa tecnologia a todos os produtores de hortaliças de maneira geral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA, M. A. R. (ed) Tomate: produção em campo, em casa-de-vegetação e em

hidroponia. Lavras, UFLA, 2004, 400p.

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FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e

comercialização de hortaliças. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2001. 402p.

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PROJETO TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO: PREJUÍZO ECONÔMICO POR

ERROS DE SOBRE-APLICAÇÃO E PRESENÇA DE VAZAMENTOS

J. F. CARMINATTI1; S. LERIN1; A. F. FAGHERAZZI1; F. de S. PEREIRA2; O. D. da

C. MACHADO3

RESUMO: Os tratamentos fitossanitários na fruticultura são operações determinantes no

desenvolvimento das culturas. São realizados em condições ambientais e culturais variáveis e

devem ser adequados ao ciclo, ao alvo, produto e outros fatores. Considera-se complexo o

gerenciamento da operação com relação aos ajustes necessários para a preparação dos

equipamentos atomizadores, especialmente na calibração e manutenção, que podem gerar

prejuízos econômicos. O objetivo deste trabalho foi avaliar os prejuízos financeiros em função

de sobre-aplicação e de vazamentos em atomizadores de 5 amostras das inspeções do “Projeto

de Tecnologia de Aplicação”. As propriedades avaliadas possuem área produtiva média de

6,78 ha. O erro na taxa de aplicação variou de -38,32 a 109,88%, com as amostras 2 e 5 em

sobre-aplicação e as amostras 1, 3 e 4 em sub-aplicação. Os valores dos insumos aplicados

por cada ponta foram de 284, 19 a 1.023,08 R$.ano-1. O prejuízo por sobre-aplicação foi

avaliado nas amostras 2 e 5 com valores de 615,62 e 94,23 R$.ha.ponta-1 e o prejuízo por

sobre-aplicação total anual destas propriedades foi de 7.387,23 e 942,25 R$.ano-1.

PALAVRAS CHAVE: economia, redução custo de produção, qualidade aplicação.

INTRODUÇÃO

Os tratamentos fitossanitários na fruticultura são operações determinantes no

desenvolvimento das culturas. São realizados em condições ambientais e culturais variáveis e

devem ser adequados ao ciclo, ao alvo, produto e outros fatores. Considera-se complexo o

gerenciamento da operação com relação aos ajustes necessários para a preparação dos

equipamentos atomizadores, especialmente na calibração e manutenção, que podem gerar

prejuízos econômicos.

1 Estudantes do Curso Superior de Tecnologia em Horticultura, IFRS/BG, [email protected], [email protected], [email protected]; 2 Eng. Agr., Iharabrás S.A. Indústrias Químicas. Av. Liberdade, 1701, Sorocaba, [email protected]; 3 Eng. Agr., M. Sc., Professor IFRS/BG, Av. Osvaldo Aranha, 540, Bento Gonçalves, [email protected]

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48

As inspeções de equipamentos para tratamentos culturais são adotadas em diversos

países, mas no Brasil os trabalhos de inspeção são ainda pouco realizados e não exigidos

legalmente. Com relação aos erros na taxa de aplicação de equipamentos pulverizadores, por

exemplo, Gandolfo (2001) avaliou 76 pulverizadores no Paraná e em São Paulo reprovando

86,80% dos mesmos, com limite de erro tolerável de 5% entre a taxa pretendida e a taxa real

de aplicação. Siqueira (2009) avaliou 35 pulverizadores no Rio Grande do Sul, encontrando

65,7% com sub-aplicação e 34,3% com sobre-aplicação no volume de calda pretendido.

Quanto ao prejuízo avaliado pelo autor devido ao erro de sobre-aplicação, em 75% das

propriedades foi de até R$ 6.000,00 e quanto aos prejuízos por vazamentos, os valores

ultrapassaram R$ 200,00 ao ano. Na Serra Gaúcha, tomando-se como cultura exemplo a

viticultura, estes prejuízos podem ter maior expressão tomando-se em conta o maior valor de

custo de produção em relação aos cultivos extensivos. Segundo Argenta (2009) os custos

variáveis de produção para uvas americanas são de 6.464,78 R$.ha.ano-1 e somente o custo

com produtos fitossanitários é de 974,36 R$.ha.ano-1.

O objetivo deste trabalho foi avaliar os prejuízos financeiros em função de sobre-

aplicação e de vazamentos em atomizadores de 5 amostras das inspeções do “Projeto de

Tecnologia de Aplicação”.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho foi utilizada uma unidade móvel de avaliação, em

parceria com a empresa Iharabrás S.A. Indústrias Químicas e o Instituto Federal do Rio

Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves, sendo realizado um estudo de caso com 5

amostras. Os erros na taxa de aplicação foram calculados a partir da taxa de aplicação

pretendida pelo produtor para o tratamento e da taxa de aplicação real calculada pelo

levantamento da vazão individual das pontas e pela velocidade de trabalho amostrada. O

método utilizado foi adaptado de Gandolfo (2001), com coleta para cada ponta do

equipamento atomizador, com pesagem e cálculo da vazão individual das pontas (Figura 01).

A avaliação dos impactos econômicos foi realizada segundo a metodologia de Siqueira

(2009), calculando-se o prejuízo por sobre-aplicação, a partir do custo anual com agrotóxicos

e afins e os prejuízos por vazamentos, com volumes perdidos de 1,20 L.min-1 e 2,05 L.min-1,

para casos com gotejamento e contínuos, respectivamente. Foram consideradas 11 aplicações

e custo com agrotóxicos e afins de 974,36 R$.ha-1, para a cultura da videira americana,

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49

utilizada como padrão para o trabalho e simulando-se utilizar a área produtiva total da

propriedade (Argenta, 2009). Para o cálculo do custo da calda utilizou-se como padrão o

volume de calda de 600 L. ha-1. O número de horas trabalhadas anualmente foi obtido através

da capacidade operacional dos equipamentos (Balastreire, 2005), considerando-se largura de

trabalho de 2,5 m, velocidade medida a campo e eficiência de 65%, proposta por Veiga apud

Siqueira (2009).

Figura 01. Equipamentos para avaliação da vazão das pontas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As propriedades avaliadas possuem área produtiva média de 6,78 ha. O erro na taxa de

aplicação variou de -38,32 a 109,88%, com as amostras 2 e 5 em sobre-aplicação e as

amostras 1, 3 e 4 em sub-aplicação. Os valores dos insumos aplicados por cada ponta foram

de 284, 19 a 1.023,08 R$.ano-1. O prejuízo por sobre-aplicação foi avaliado nas amostras 2 e 5

com valores de 615,62 e 94,23 R$.ha.ponta-1 e o prejuízo por sobre-aplicação total anual

destas propriedades foi de 7.387,23 e 942,25 R$.ano-1 (Tabela 01).

Nas amostras 1, 3 e 4 estima-se que ocorreram prejuízos na produção de uvas devido à

sub-dosagens nos tratamentos culturais. Entretanto neste trabalho não foram avaliados estes

aspectos devido falta de metodologias para se conhecer este impacto econômico. A

capacidade operacional dos atomizadores avaliados foi entre 0,61 e 0,73 ha.h-1 e o número de

horas trabalhadas por propriedade foi de 55,23 até 158,65 h.ano-1 (Tabela 02).

Os vazamentos foram encontrados em todos os equipamentos atomizadores, desde 1,2

até 4,45 L.h-1L. Os vazamentos por gotejo e contínuo representaram prejuízos de 0,42 R$.h-1,

obtidos através do custo unitário da calda calculado, de 0,15 R$.L-1. A média dos prejuízos

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50

totais dos vazamentos das propriedades a cada ano foi de 44,31 R$.h-1. Os prejuízos totais

foram pouco influenciados pelos prejuízos por vazamento

Tabela 01. Amostra (AM), área, número de pontas (NP), erro na taxa de aplicação, valor

aplicado por ponta (AP), prejuízo de sobre-aplicação por ponta (Psp) e prejuízo de

sobre-aplicação total anual (Pst).

AM ÁREA (ha)

NP ERRO (%)

AP (R$.ano-1)

Psp (R$.ha.ano-1)

Pst (R$.ano-1)

1 6,0 10 -38,32 584,62 - -

2 6,9 12 109,88 560,26 615,61 7.387,23

3 2,5 12 -33,23 284,19 - -

4 7,0 10 -7,68 682,05 - -

5 10,5 10 9,21 1.023,08 94,23 942,25

Média 6,78 7,97 626,84 354,92 4.164,79

Tabela 02: Amostra (AM), capacidade operacional do atomizador (Cop), Número de horas

trabalhadas por ano (Nh), número de vazamentos por gotejamento e contínuo

(Vg/Vc), vazamento por hora (Vh), prejuízo horário por vazamentos (Pv),

prejuízo total anual de vazamentos (Ptv), prejuízo total anual (Pt).

AM Cop (ha.h-1)

Nh (h)

Vg⁄Vc Vh (L.h-1)

Pv (R$.h-1)

Ptv (R$.ano-1)

Pt (R$.ano-1)

1 0,61 108,89 1-0 1,2 0,18 19,29 19,29

2 0,68 111,47 0-1 2,05 0,30 33,74 7.421,06

3 0,70 55,23 2-1 4,45 0,66 36,28 36,28

4 0,66 117,00 1-1 3,25 0,48 56,14 56,14

5 0,73 158,65 1-1 3.25 0,48 76,12 1.018,38

Média 0,67 110,25 2,84 0,42 44,31 1.710,23

CONCLUSÃO

Os prejuízos causaram impacto econômico expressivo nas propriedades amostradas,

podendo ampliar o custo de produção desnecessariamente. Os erros de sobre-aplicação

causaram prejuízos maiores que os erros por vazamentos. Estima-se que possa haver outros

impactos dos erros, como fitotoxicidade para as plantas, no caso de sobre-aplicação, e de

perdas na produção por deficiência na quantidade de ingrediente ativo aplicado, no caso de

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sub-aplicações. O estudo econômico permitirá divulgar aos produtores informações que

podem ser úteis para a sensibilização ao problema e melhoria nos tratamentos fitossanitários,

aumentando o interesse por atividades de capacitação que possam contribuir para a melhoria

no uso dos equipamentos atomizadores na Serra Gaúcha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Argenta, A. Custo variável de produção de uva. Bento Gonçalves : Uvibra, 2009.

Balastreire, L. A. Máquinas Agrícolas. São Paulo : Manole, 2005.

Gandolfo, M. A. Inspeção periódica de pulverizadores agrícolas. Tese de doutorado. São

Paulo : UNESP, 2001.

Siqueira, J. L. Inspeção periódica de pulverizadores: análise dos erros de calibração e impacto

econômico. Tese de doutorado. São Paulo : UNESP, 2009.

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APLICAÇÃO DA PROGRAMAÇÃO LINEAR NA LOGÍSTICA

J.A.T. SHULZ1; P. R. SCARIOT2; J. NUMER2; S. LERIN2

RESUMO: A Logística como atividade já está estabelecida no Brasil há aproximadamente

quatro décadas. Seu ensino sempre fez parte de cursos como Administração e Engenharia de

Produção. Com a criação dos cursos de graduação em Logística algumas considerações foram

modificadas. As explicações de como funciona a Logística cederam espaço para o ensino de

técnicas mais apuradas com a ampliação do uso da Matemática. A Programação Linear é uma

das técnicas de otimização usadas para solucionar problemas de produção e distribuição, sua

solução pode ser manual ou com o uso de ferramentas de informática simplificando a

compreensão e a otimização dos modelos. O Microsoft Excel traz o suplemento Solver que

diminui o trabalho repetitivo, que é o mais sujeito a erros. Este trabalho objetiva expor de

maneira simples e clara a utilização da Programação Linear na área da Logística, citando um

exemplo prático de como esta ferramenta pode ser utilizada nas rotinas referentes à Logística.

PALAVRAS-CHAVE: Logística, pesquisa operacional, solver.

INTRODUÇÃO

A Programação Linear é de fácil aplicação devido à simplicidade do modelo e a

disponibilidade de uma técnica de solução programável em computador, sendo considerada

como uma das técnicas mais utilizadas na Pesquisa Operacional.

Segundo Paulo et al. (2010), a programação linear é uma programação matemática em

que a função-objetivo e as restrições assumem características lineares, tendo diversas

aplicações no controle gerencial, como na administração da produção, na análise de

investimentos, alocação de recursos limitados, planejamento regional, logística, custo de

transporte, localização da rede de distribuição e alocação de recursos de publicidade entre

diversos meios de comunicação, ou seja, a busca pela utilização ótima dos mesmos,

observando-se limitações impostas pelo processo produtivo ou pelo mercado.

1 Professora de Matemática, Profa. Dra. em Modelagem Computacional, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo

Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. [email protected] 2 Acadêmicos do Curso Superior de Tecnologia em Logística, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540,

CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200.

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53

Conforme Silveira et al. (2009), com o aumento da concorrência entre as empresas

torna-se necessário reduzir os riscos e as incertezas para prosperar. Considera-se que todos os

ambientes empresariais contêm um componente de risco e incerteza, justamente as origens do

lucro. Os cursos de Logística contêm em sua matriz curricular a disciplina de Pesquisa

Operacional que trabalha com a Programação Linear e suas ferramentas, como o Solver, como

instrumento confiável e viável para a geração de conhecimento suficiente para que decisões

sejam feitas com mais segurança em relação aos seus concorrentes. Neste trabalho,

apresentam-se de maneira sintetizada as funcionalidades da ferramenta Solver do Microsoft

Excel, na resolução de um problema de Programação Linear na área da Logística.

METODOLOGIA

A programação linear é uma programação matemática em que todas as funções-objetivo

e restrições são representadas por funções lineares. A estrutura de uma programação linear é

apresentada por Lachtermacher (2009) da seguinte forma:

Otimizar:

f (X) = f ( x1, x2, ..., xn )

sujeito a:

g1(x1,x2,K,xn)

g2(x1,x2,K,xn)

M

gm(x1,x2,K,xn)

=

b1

b2

M

bm

(1)

onde:

f (X) = f (x1, x2, ..., xn ) = c1 x 1 + c2 x2 + ... + cn xn

gi (x1, x2, ..., xn ) = ai1 x1 + ai2 x2 + ai3 x3 + ... + ain xn

(i = 1, ..., m)

n é o número de variáveis do problema

m é o número de restrições do problema

i é o índice de determinada restrição (i = 1, 2, ..., m )

j é o índice de determinada variável (j = 1, 2, ..., n )

cj é o coeficiente (constante) da variável xj , da função-obejtivo

aij é o coeficiente (constante) na i-ésima restrição e da variável xj

bi é a constante da i-ésima restrição

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De acordo com Silveira et al. (2009), um suplemento disponível para ser utilizado em

planilhas eletrônicas da Microsoft Excel, o Solver, tornou-se uma ferramenta indispensável

para a resolução de sistemas de Programação Linear, de acordo com o fabricante Frontline

Systems Inc, o programa encontra o melhor caminho para a alocação de recursos escassos,

resolvendo também na distribuição, que faz parte da Logística, problemas de roteirização,

carregamento e agendamento.

O uso do Solver simplifica o trabalho de alocação da produção, reduzindo o tempo

necessário através do Método Simplex, que é um algoritmo, ou seja, um procedimento ou

fórmula para resolver um problema através de uma sequência de passos otimizando uma

função-objetivo, de difícil e lenta solução por via humana sujeita a erros. Por isso, o uso do

computador revolucionou a forma de utilização da Programação Linear, passando de

problemas estratégicos, de longo prazo, para situações operacionais, de curtíssimo prazo

(Silveira et al., 2009).

A montagem de um modelo de otimização no Excel pode ser dividida em três partes:

célula de destino (fórmula da função objetivo), células variáveis e as restrições. A célula de

destino representa a meta ou o objetivo que se deseja atingir, e deverá conter uma fórmula que

represente a função objetivo do modelo proposto. As células variáveis poderão ser alteradas

ou ajustadas a fim de atingir a otimização da célula de destino, a determinação destes valores

está diretamente relacionada às restrições e/ou limitações do modelo. As células das restrições

representam os valores a que o modelo está limitado, relacionados à quantidade de recursos

disponíveis.

Para instalar o Solver programa distribuído juntamente com o pacote Office da

Microsoft como suplemento que pode ser incorporado ao Excel, deverá ser ativado através

dos procedimentos a seguir:

1. Com o Excel aberto, clique no menu Ferramentas e depois em Suplementos.

2. Na caixa de diálogo Suplementos, procure o Solver na lista de suplementos

disponíveis e selecione-o.

3. Clique em OK para confirmar a instalação.

A montagem da planilha no Excel será apresentada conforme o exemplo na Figura 1.

Exemplo: Uma empresa deseja transportar dois produtos, botas (x1) e sapatos (x2), que

ocupam respectivamente 0,8 m3 e 0,3 m3. O veículo utilizado para o transporte comporta 61

m3. No entanto obrigatoriamente o veículo deve transportar 25 m3 de botas. O valor do lucro

referente ao transporte de cada produto é de R$ 40,00 para botas e de R$ 20,00 para sapatos.

Para maximizar o lucro de que forma a empresa deverá carregar o veículo?

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55

A B

1 Céculas Variáveis

2 x1 x2

3 0,8 0,3

4 Restrições

5 x1 < 25

6 x2 > 61

7 x1, x2 > 0

8 Função-objetivo

9 Maximizar

Lucro

x1 + x2 = 60

Figura 1. Planilha com os Dados do Modelo Proposto.

O próximo passo é a inserção das fórmulas na planilha Excel.

Na célula D2 = A2*$A$7+B2*$B$7

Na célula D3 = A3*$A$7+B3*$B$7

Na célula D5 = A5*$A$7+B5*$B$7

Nas células A7 e B7 as variáveis serão sempre 1.

Depois de inserir as fórmulas deve-se especificar a célula destino (resultado da função

objetivo), as células variáveis (valores das variáveis de decisão) e as restrições do problema,

inclusive os vínculos de não-negatividade. Então a ferramenta resolve o problema através de

ajustes nas células variáveis até que o máximo valor da célula destino seja encontrado. Para

chamar o Solver, clique em ferramentas e escolha Solver.

Selecione a célula de destino (D5) e execute a ferramenta Solver. Para isso, clique na

célula D5 e depois clique no menu Ferramentas e em seguida clique em Solver, Figura 2.

Figura 2. Caixa de Diálogo dos Parâmetros da Ferramenta Solver.

Defina o tipo otimização, Max para maximizar a função objetivo, Min para minimizar a

função objetivo e Valor para especificar um valor para função objetivo. No caso do exemplo

A B C D

1 x1 x2 Dispon. Volume

2 0,8 0,3 61 1,1

3 0,8 0 25 0,8

4 Função

5 40 20 Lucro 60

6 Variável

7 1 1

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proposto, será a opção Max, para maximizar o Lucro, como pode ser visto na Figura 2. Na

Figura 2 também são apresentadas as células variáveis.

No quadro Submeter às restrições, siga os seguintes passos para inserir as restrições:

Clique no botão Adicionar. Surgirá uma janela conforme a Figura 3. Clique na caixa

Referência de célula, em seguida na célula ou digite a referência que conterá o valor que será

comparado com o limite da restrição que está sendo especificada. Escolha o operador

conforme o tipo de restrição. Clique na caixa Restrição, em seguida na célula ou digite a

referência que contém o limite para a restrição que está sendo especificada e depois em OK

para adicionar a restrição.

Figura 3. Janela Adicionar Restrição. Figura 4. Janela do Solver do Modelo.

Repita este passo e todos os seus sub-passos para cada restrição do modelo, inclusive a

restrição de não-negatividade.

A Figura 4 demonstra como o modelo proposto ficará definido no Solver. Antes de

clicar no botão Resolver certifique-se de que todas as definições estejam corretas.

Clique no botão Resolver. Surgirá uma janela perguntando se desejamos Manter ou

Restaurar os valores, como mostra a Figura 5. Também é possível selecionarmos os relatórios

sobre o processo de solução. Selecione as opções que desejar e clique em OK.

Figura 5. Janela de Resultados do Solver. Figura 6. Resultado do modelo proposto.

Confira na Figura 6, o resultado da função objetivo na célula de destino (D5), e os

valores das células ajustáveis A7 e B7 que propiciaram a otimização do modelo proposto

através da maximização do Lucro. Mesmo depois que o problema foi resolvido, é possível

A B C D

1 x1 x2 Dispon. Volume

2 0,8 0,3 61 61

3 0,8 0 25 25

4 Função

5 40 20 Lucro 3650

6 Variável

7 31,25 120

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57

realizar alterações na planilha ou nas definições do Solver, portanto, caso isso ocorra, abra

novamente o Solver, e excute a resolução novamente através do botão Resolver.

DISCUSSÃO

O resultado mostra que o veículo de transporte deve acondicionar aproximadamente 31

caixas de botas e 120 caixas de sapatos, obtendo um lucro máximo possível no valor de R$

3.650,00, atendendo às restrições de 61 m3 disponíveis, sabendo-se que necessita carregar no

mínimo 25 m3 de botas.

CONCLUSÕES

A solução apresentada é a solução ótima para o modelo proposto, o método encontrou a

maior rentabilidade dentro das restrições impostas, sabendo-se que no atual contexto

empresarial, acentua-se a competitividade, o processo decisório deverá estar respaldado em

modelos que minimizem a incerteza da tomada de decisão. Como explicado acima, verifica-se

que o Solver é uma ferramenta prática e de fácil utilização, oferecendo resultados rápidos e

precisos. Embora muitas vezes a falta de conhecimento dos profissionais de Logística faz com

que essa ferramenta deixe de ser utilizada como técnica de otimização através do computador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LACHTERMACHER, G. Pesquisa Operacional na tomada de decisões. São Paulo: Pearson

Prentice Hall, 2009.

PAULO, E. et al. Aplicação da Programação Linear para Redução de Custos de Produção:

Enfoque sobre o Planejamento de Produção e do Quadro Funcional. Fundação Visconde de

Cairu: Salvador – Bahia. http://eco.unne.edu.ar/contabilidad/costos/VIIIcongreso/132.doc.

Acesso em: 17 de setembro de 2010.

SILVEIRA, C. A. et al. Pesquisa Operacional no Ensino da Logística. Disponível em:

http://www.inpeau.ufsc.br. Acesso em: 17 de setembro de 2010.

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PESQUISA OPERACIONAL APLICADA À LOGÍSTICA DE TRANSPORTE

J. A. T. SHULZ1; D. L. HOFFMANN2; J. GIACOMELLI2; T. S. NILSON2

RESUMO: Para as empresas de transporte se manterem competitivas no mercado precisam

racionalizar e reduzir custos administrativos e operacionais. Na otimização de recursos o uso

da Pesquisa Operacional oferece muitas vantagens aos gestores, pois permite simular

situações/decisões antes de realmente executá-las. E, ainda, ajudam a minimizar custos,

aumentar a produtividade, reduzir o tempo na distribuição e transporte, por conseqüência,

maximizar o lucro. Partindo desta perspectiva, o objetivo deste trabalho é mostrar como a

Pesquisa Operacional que possui ferramentas apropriadas para solucionar problemas

logísticos reais pode auxiliar a logística através do uso do programa Solver na resolução de

um problema visando à minimização do custo de transporte.

PALAVRAS-CHAVE: Logística, otimização, solver.

INTRODUÇÃO

Conforme Tadeu (2008) a logística é definida pelo Conselho de Gerenciamento da

cadeia de Suprimentos como processo de planejamento, implementação, controle eficiente e

eficaz do fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas desde o

ponto de origem, até o ponto de consumo, com o objetivo de atender as necessidades do

cliente. Em outras palavras, a logística por sua concepção é utilizada de forma imperceptível

em diversas situações corriqueiras dentro ou fora das organizações.

Oliveira (2009) afirma que a Pesquisa Operacional oferece ferramentas matemáticas que

podem ser usadas em diversos níveis de gestão, as quais simulam computacionalmente

tomadas de decisão. A Pesquisa Operacional geralmente busca encontrar o valor máximo (de

lucro, performance, aproveitamento) ou mínimo (de risco, de custo). Destaca-se também que

do ponto de vista da PO, quando se fala em máximo ou mínimo está implícito que não existe

1Professora de Matemática, Profa. Dra. em Modelagem Computacional, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha,

540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. e-mail: [email protected] 2Acadêmicos do Curso Superior de Tecnologia em Logística, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP

95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200.

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59

nenhuma outra solução melhor, em outras palavras, a solução encontrada é provada

matematicamente como sendo a melhor de todas as soluções possíveis. Esta solução é

chamada de ótima e o sistema é dito otimizado.

Não há como planejar, organizar, controlar e exercitar o ambiente logístico sem a

aplicação direta de sofisticadas técnicas de matemática e do uso de softwares de

gerenciamento. No ambiente competitivo, muitas empresas são “engolidas” pela

concorrência, por não conseguirem a precisão em custo, tempo e qualidade nos seus serviços.

Neste sentido, a PO, vem sendo aprimorada e utilizada por diversas empresas, dos mais

variados portes para alavancar a logística e até mesmo em outras atividades de negócios. As

empresas em geral têm se esforçado para se manterem competitivas no mercado, buscando

reduzir custos para fabricação, alta produtividade e uma logística eficiente. Um tipo de

problema real e de aplicação de programação linear é conhecido como problema de

transporte. Conforme Lachtermacher (2009), essa classe de problemas recebeu tal nome

porque seu modo de resolução, denominado método de transporte, foi inicialmente utilizado

para determinar o menor custo de transporte entre diversas fábricas de um produto e vários

centros consumidores. Por meio da potencialização e melhor utilização dos recursos

envolvidos na atividade de transporte, as empresas de transporte rodoviário de cargas podem

criar diferenciais frente à concorrência. Nesse sentido, a programação linear para otimização

de recursos escassos e maximização de resultados tem sido empregada com certa frequência.

Este trabalho visa apresentar a utilização da Pesquisa Operacional através de uma

técnica de Programação Linear na solução de um problema de logística de transporte com o

uso do programa Solver.

METODOLOGIA

O problema de transporte é aquele no qual queremos determinar, dentre as diversas

maneiras de distribuição de um produto, a que resultará no menor custo de transporte entre as

fábricas e os centros de distribuição. Pelo fato de tratar-se de um problema de programação

linear, devemos considerar a hipótese de que o custo unitário de transporte de cada fábrica

para cada destino é constante, independentemente da quantidade transportada.

Matematicamente, queremos a minimização do custo total de transporte, que é

apresentada por Lachtermacher (2009) da seguinte forma:

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60

Min Z = 1 1

m n

ij ij

i j

c x= =

∑∑ (1)

Onde:

� xij é a quantidade de itens transportados da fábrica i para o destino j (variáveis de

decisão)

� cij é o custo unitário de transporte da fábrica i para o destino j (constantes)

� m é o número de fábricas

� n é o número de destinos (centros de consumidores)

As restrições desse tipo de problema são:

� As fábricas não podem produzir mais do que suas capacidades instaladas.

� Os centros consumidores não desejam receber volumes acima de suas demandas.

A forma de implementar as restrições varia de acordo com o total da capacidade das

fábricas e o total demandado pelos centros consumidores. No caso de a oferta total ser maior

do que a demanda total, nem todas as fábricas produzirão em plena capacidade, porém os

centros consumidores receberão as quantidades que desejam. Matematicamente isso pode ser

representado por:

� Restrição das capacidades das fábricas

1

n

ij i

j

x f=

≤∑ (para i = 1, 2, ... , m)

� Restrição dos centros consumidores

1

m

ij j

i

x d=

≤∑ (para j = 1, 2, ... , n)

No caso de a demanda total ser maior do que a oferta total, nem todos os centros

consumidores receberão toda a quantidade que desejam, porém as fábricas produzirão tudo o

que puderem, ou seja, trabalharão em plena capacidade. Matematicamente:

� Restrição das capacidades das fábricas

1

n

ij i

j

x f=

≤∑ (para i = 1, 2, ... , m)

� Restrição dos centros consumidores

1

m

ij j

i

x d=

≤∑ (para j = 1, 2, ... ,n)

Mostraremos agora a resolução de um problema de transporte extraído de

Lachtermacher (2009), utilizando o Solver do Excel.

Page 68: ANAIS DO II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INSTITUTO ... · Na Tabela 1, encontram-se as médias da matéria verde e matéria seca produzidas pelas culturas de inverno no sistema

61

Exemplo: Uma vinícola do sul de Santa Catarina possui três fábricas e três armazéns

nos quais os vinhos são envelhecidos. Como as fábricas e os armazéns estão localizados em

diferentes locais do estado, a empresa deseja saber quantos tonéis de vinho deve enviar de

cada fábrica para cada armazém de forma a minimizar o seu custo de transporte. As

capacidades das fábricas e dos armazéns (em número de tonéis), bem como os custos de

transporte por tonel estão explicitados na tabela a seguir.

A modelagem do problema está mostrada na Figura 1. A minimização do custo total de

transporte, que é a nossa função-objetivo, está representada pela célula B17. As células de

B11 a D13 estão representando as variáveis de decisão (quantidades enviadas de cada fábrica

para cada armazém), enquanto as células de B4 a D6 representam os custos unitários de

transporte destas quantidades para cada fábrica e armazém. As células de E11 a E13 e de B14

a D14 representam o LHS das restrições, ao passo que as células de F11 a F13 e de B15 a

D15 apresentam o RHS das mesmas. A Tabela 1 mostra as fórmulas inseridas na célula da

função-objetivo e nas células que representam o LHS das restrições. Os parâmetros do Solver

e as Opções selecionadas são mostrados na Figura 2, enquanto o resultado da otimização

aparece na Figura 3.

Figura 1. Modelagem do Problema de Transporte no Excel.

Page 69: ANAIS DO II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INSTITUTO ... · Na Tabela 1, encontram-se as médias da matéria verde e matéria seca produzidas pelas culturas de inverno no sistema

62

Tabela 1. Fórmula Referentes ao LHS das Restrições do Problema de Transporte.

Função-objetivo Célula Fórmula 3 3

1 1

ij ij

i j

Min Z c x= =

=∑∑ B17 = SOMARPRODUTO

(B4:D6;B11:D13)

Restrição Célula LHS das Restrições

x11 + x12 + x13 ≤ 300 F11 =SOMA(B11:E11)

x21 + x22 + x23 ≤ 500 F12 =SOMA(B12:E12)

x31 + x32 + x33 ≤ 200 F13 =SOMA(B13:E13)

x11 + x21 + x31 = 200 B14 =SOMA(B11:B13)

x12 + x22 + x32 = 400 C14 =SOMA(C11:C13)

x13 + x23 + x33 = 300 D14 =SOMA(D11:D13)

Figura 2. Parâmetros e Opções da Ferramenta do Solver do Problema de Transporte.

Figura 3. Resultados da Otimização do Problema de Transporte.

Page 70: ANAIS DO II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INSTITUTO ... · Na Tabela 1, encontram-se as médias da matéria verde e matéria seca produzidas pelas culturas de inverno no sistema

63

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A solução ótima apresentada pela Figura 3 indicou que 200 tonéis de vinho devem ser

enviados da fábrica F1 ao armazém A2, 200 tonéis de vinho da fábrica F2 ao armazém A1 e

também ao armazém A2, 100 tonéis de vinho da fábrica F2 para o armazém A3 e 200 tonéis

da fábrica F3 ao armazém A3, resultando num custo total de transporte de R$10.000,00.

CONCLUSÃO

Após o estudo realizado, este trabalho mostrou como o uso de ferramentas

computacionais adequadas ao problema proposto, otimizou os custos, aliando Pesquisa

Operacional com Logística de Transporte, visando encontrar as melhores rotas a serem

executadas pela Vinícola em questão a custos mínimos de transporte. Com isto, concluímos

que, as técnicas de Pesquisa Operacional tornam-se uma ferramenta indispensável para a

resolução de problemas de logística, especificamente o problema de alocação de produção,

distribuição e transporte.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, A. L. R. M. V. Aplicação de Pesquisa Operacional em Logística: Como resolver

um problema do caixeiro viajante em uma Cooperativa de coleta de lixo reciclável. Anuário

da Produção de Iniciação Científica Discente. Vol. XII, N° 13, 2009.

LACHTERMACHER, G. Pesquisa Operacional na tomada de decisões. São Paulo: Pearson

Prentice Hall, 2009.

TADEU, H. F. B. Logística Empresarial. Belo Horizonte: Fundac-BH, 2008.

Page 71: ANAIS DO II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INSTITUTO ... · Na Tabela 1, encontram-se as médias da matéria verde e matéria seca produzidas pelas culturas de inverno no sistema

64

UM ESTUDO DAS ROTAS DE TRANSPORTE COLETIVO INTERMUNICIPAL

RODOVIÁRIO DE BENTO GONÇALVES

L. H. R. CAMFIELD1; A. C. HORIGUTI2

RESUMO: O presente artigo propõe-se a realizar um estudo com o objetivo de conhecer e

analisar as rotas de transporte coletivo intermunicipal rodoviário que atendem a região do

município de Bento Gonçalves, em particular verificar quais são as rotas que circulam no

município, identificar alternativas possíveis e elaborar propostas que levariam à melhoria das

mesmas, visando maior eficácia do sistema de transporte, através de pesquisa exploratória e

descritiva acerca do tema, baseada em pesquisa bibliográfica sobre métodos de roteirização e

programação de rotas, e realizando uma coleta de dados, através de acesso aos sites das

empresas e aplicação de questionário às mesmas. Pretende-se, com a análise dos dados,

sugestões de melhoria das rotas. Apresentamos ainda resultados parciais, onde estes apontam

algumas características e problemas que nos permitem inferir algumas conclusões prévias tais

como principais problemas, atrasos nas chegadas dos ônibus em seus destinos, solicitação de

muitos passageiros para efetuar parada do ônibus em locais diferentes das paradas normais

nas rodoviárias, além de maior procura por passagens do que a capacidade do ônibus .em

alguns dias e horários.

PALAVRAS-CHAVE: logística, transporte rodoviário urbano, roteirização.

INTRODUÇÃO

O sistema de transporte é um elemento essencial no campo da Logística, constituindo-se

propriamente como elo de grande relevância entre os componentes de uma cadeia de

suprimentos. O desenvolvimento econômico, cultural e social de uma determinada região

depende muito de um sistema de transporte eficaz, que atenda às demandas da população,

proporcionando melhor circulação de pessoas e de produtos, incrementando a economia e

1 Administrador, Prof. Mestre , IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP95700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54)3455-3200. 2 Estudante, Curso Tecnologia em Logística , IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP95700-000, Bento Gonçalves, RS.

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65

melhorando o padrão de vida da população.O transporte é um elemento de grande relevância

para o desenvolvimento da economia de uma região, principalmente se for com baixo custo e

acessível, permitindo melhoria da produção industrial, redução de preços e melhor

locomoção. Assim, na área de gerenciamento da logística, é essencial a atuação do transporte,

no que se refere ao planejamento dos modais de transporte e na roteirização, sendo este

responsável por cerca de um a dois terços dos custos relativos às operações logísticas. Isto

pode ser compreendido conforme expõe Ballou (2006):

O transporte representa normalmente entre um e dois terços dos custos

logísticos totais; por isso mesmo, aumentar a eficiência por meio da

máxima utilização dos equipamentos e pessoal de transporte é uma das

maiores preocupações do setor.. (BALLOU, 2006:: p.191).

De acordo com Chopra e Meindl (2003):

Os objetivos mais comuns durante o desenvolvimento de rotas e

cronogramas para os veículos são uma combinação de minimização de

custos por meio da diminuição do número de veículos necessários e da

distância total percorrida pelos veículos e tempo total de viagem, além da

eliminação de falhas nos serviços que podem provocar atrasos nas

entregas.(CHOPRA e MEINDL, 2003: p. 289).

Segundo Novaes (2007), a roteirização envolve três fatores essenciais, que são as

decisões, os objetivos e as restrições.

As decisões dizem respeito à alocação de um grupo de clientes, que devem

ser visitados, a um conjunto de veículos e respectivos motoristas,

envolvendo também a programação e o seqüenciamento das visitas. Como

objetivos principais, o processo de roteirização visa proporcionar um serviço

de alto nível aos clientes, mas ao mesmo tempo mantendo os custos

operacionais e de capital tão baixos quanto possível. Por outro lado, deve

obedecer a certas restrições. Em primeiro lugar, deve completar as rotas com

os recursos disponíveis, mas cumprindo totalmente os compromissos

assumidos com os clientes. Em segundo lugar, deve respeitar os limites de

tempo impostos pela jornada de trabalho dos motoristas e ajudantes.

Finalmente, devem ser respeitadas as restrições de trânsito, no que se refere

às velocidades máximas, horários de carga/descarga, tamanho máximo dos

veículos nas vias públicas, etc. (NOVAES, 2007: p. 283 e 284).

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66

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo realiza uma pesquisa exploratória e descritiva acerca do tema, utilizando a

pesquisa bibliográfica, onde são apresentadas as colocações dos autores sobre métodos de

roteirização e programação de rotas. A pesquisa é realizada com as empresas de transporte

intermunicipal coletivo rodoviário que atendem a região de Bento Gonçalves. É feita também

coleta de dados, através de acesso aos sites das referidas empresas, bem como através de

questionário enviado às mesmas. As seguintes hipóteses norteiam o desenvolvimento da

pesquisa:

- as rotas de transporte intermunicipal necessitam de modificações para atender a

demanda de forma mais eficaz;

- há falta de transporte em alguns pontos da região de Bento Gonçalves;

- há necessidade de mais ônibus em determinados dias da semana e em determinados

horários;

- ocorrem atrasos nos horários de partida e de chegada dos ônibus.

A pesquisa exploratória e descritiva permite um levantamento dos aspectos a serem

conhecidos e analisados, buscando-se compreender os motivos e propósitos do tema a ser

pesquisado. Conforme sugere Malhotra (2005):

A pesquisa qualitativa proporciona melhor visão e compreensão do

problema. Ela o explora com poucas idéias preconcebidas sobre o resultado

dessa investigação. Além de definir o problema e desenvolver uma

abordagem, a pesquisa qualitativa também é apropriada ao enfrentarmos

uma situação de incerteza, como quando os resultados conclusivos diferem

da expectativas. (MALHOTRA et al., 2005: p. 113).

Já a pesquisa de campo é baseada em levantamento de dados acerca das rotas através de

informações disponíveis nos sites das empresas de transporte intermunicipais que atendem a

região de Bento Gonçalves, e também pelo questionário impresso enviado às mesmas. De

acordo com Malhotra (2005):

O método de levantamento de campo para obtenção de informações baseia-

se no questionamento dos entrevistados. Levantamentos de campo são

utilizados quando a pesquisa envolve entrevistas com um grande número de

pessoas e são aplicadas a elas uma série de perguntas. (...) Levantamentos

de campo podem ser conduzidos pessoalmente, por telefone, por um

questionário enviado pelo correio ou eletronicamente pelo computador.

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67

(MALHOTRA et al., (2005): p.. 134 e 135).

O questionário para a coleta de dados da pesquisa é enviado à diretoria ou à gerência

responsável pelo planejamento e administração de rotas das empresas acima referidas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Empresas de Ônibus Intermunicipais já pesquisadas: Empresa Bento Gonçalves

Transportes Ltda., Ozelame Transporte e Turismo Ltda., Planalto Transportes Ltda., Viação

Ouro e Prata S/A, Unesul de Transportes Ltda. A empresa Transporte Coletivo Santo Antonio

Ltda. ainda não foi contactada, enquanto que as empresas Planalto Transportes Ltda. e Viação

Ouro e Prata S/A não responderam ao questionário.

Os resultados parciais encontrados apontam que do universo de empresas pesquisadas,

todas possuem mais de 100 funcionários.

Número de Funcionários

até 10 de 11 à 50 de 51 à 100 mais de 100 não respondeu

Gráfico 1. Refere-se à 1ª pergunta do questionário – número de funcionários da empresa.

Na maioria das empresas a frota é composta por mais de 50 veículos. e atendem a região

de Bento Gonçalves.

Área geográfica de atuação

Bento Gonçalves Bento Gonçalves e região

dentro do Estado do RS Estado do RS e outros Estadosnão respondeu

Gráfico 2. Refere-se à 2ª pergunta do questionário: Área geográfica de atuação da empresa.

Todas as empresas relataram que não ocorre falta de ônibus em alguns horários, e

muitas delas apontaram como principais problemas atrasos nas chegadas dos ônibus em seus

destinos, devido ao trânsito intenso que ocorre em algumas localidades (como entre as cidades

Page 75: ANAIS DO II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INSTITUTO ... · Na Tabela 1, encontram-se as médias da matéria verde e matéria seca produzidas pelas culturas de inverno no sistema

68

de Caxias do Sul e Bento Gonçalves).

Quantidade de veículos de transporte de passageiros por empresa

até 5 veícu los de 6 à 20 veículos de 21 à 50 veícu los

mais de 50 veículos não respondeu

Gráfico 3. Refere-se à 3ª pergunta do questionário: A empresa possui quantos veículos de

transporte de passageiros (ônibus)?

Ocorre falta de ônibus em alguns horários?

sim não não respondeu

Gráfico 4. Refere-se à 4ª pergunta do questionário: Ocorre falta de ônibus em alguns

horários?

Todas as empresas relataram que muitos passageiros solicitam parada do ônibus em

locais diferentes das paradas normais nas rodoviárias dos municípios que compõem o roteiro

da viagem, durante o percurso deste na estrada, em sua maioria para desembarque. Ocorre

também em alguns dias e horários procura por passagens maior do que a capacidade do

ônibus (uma empresa relatou que alguns passageiros chegam às rodoviárias em busca de

passagem no horário de saída do ônibus, e por isto não conseguem comprar para o horário

desejado, necessitando serem colocados nos ônibus dos horários seguintes).

Nível de atendimento quanto à procura de passagens em cada

localidade

ótimo bom regular péssimo não respondeu

Gráfico 5. Refere-se à 5ª pergunta do questionário: Nível de atendimento quanto à procura de

passagens em cada localidade.

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69

Os passageiros costumam solicitar paradas do veículo em locais diferentes das rodoviárias?

sim não não respondeu

Gráfico 6. Refere-se à 6ª pergunta do questionário: Os passageiros costumam solicitar

paradas do veículo em locais diferentes das rodoviárias?

Muitos passage iros solicitam embarque e desembarque

durante o percurso do ve ículo na estrada?

sim não não respondeu

Gráfico 7. Refere-se à 7ª pergunta do questionário: Muitos passageiros solicitam embarque e

desembarque durante o percurso do veículo na estrada?

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

atrasos nas partidas e/ou chegadas dos ônibus

procura por passagens maior que a capacidade dos ônibus emalguns dias e horários

trânsito congestionado em alguns dias e horários

frequêntes paradas do ônibus nas estradas por solicitação dospassageiros para embarcar ou desembarcar

outros

não respondeu

Quais os problemas que ocorrem

Gráfico 8. Refere-se à 10ª pergunta do questionário: Quais são os problemas que ocorrem?

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70

CONCLUSÕES

O estudo permitiu-nos conhecer e analisar em linhas gerais como é feito o transporte

coletivo intermunicipal que atende a região de Bento Gonçalves, identificando-se as rotas

realizadas e os problemas que ocorrem, tais como atrasos nas partidas e chegadas dos ônibus,

trânsito congestionado durante o percuso dos veículos, a necessidade de paradas dos ônibus

em pontos além das paradas normais nas rodoviárias e procura por passagens maior do que a

oferta em alguns dias e horários. Estes dados sugerem que o sistema de transporte necessite

ser melhorado, para que atenda de maneira mais eficaz a demanda da população.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/ logística empresarial. 5.

ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

CHOPRA, Sunil e MEINDL, Peter. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Estratégia,

Planejamento e Operação. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003.

MALHOTRA, Naresh K. et al. Introdução à Pesquisa de Marketing. São Paulo: Pearson

Prontice Hall, 2005.

NOVAES, Antonio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de

Janeiro: Campus, 2001.

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ACESSIBILIDADE EM EDITORES DE TEXTO PARA A WEB: UM ESTUDO

COMPARATIVO

F. S. SOARES1; R. R. JAQUES2; A. M. KADE3; M. C. ROSITO4

RESUMO: No início da internet, era preciso aprender alguma linguagem de formatação para

inserir algum texto na web como, por exemplo, o HTML. Com o passar do tempo, foi preciso

estipular soluções para a criação de sítios, e uma delas foi o CMS (Content Management

System), que facilita a criação, publicação de conteúdo, entre outros benefícios numa página

web. Atualmente, existem várias ferramentas de CMS disponíveis no mercado, porém elas não

fornecem uma interface acessível para pessoas com necessidades especiais. Observa-se, então,

a necessidade de maior estudo sobre os componentes de interface contidos num CMS. Um

editor de texto é um componente muito importante em um CMS, pois ele permite que o usuário

possa escrever um texto que será publicado em um sítio. Ainda, este componente deve conter

recursos para permitir a formatação deste texto (tamanho de fonte, negrito, itálico, etc). Dessa

forma, esta pesquisa tem como objetivo fazer um estudo comparativo sobre a acessibilidade de

um conjunto componentes editores de texto para web. Para realizar esta análise comparativa, foi

desenvolvido um conjunto de sete de regras de validação de acessibilidade da interface para

cada editor de texto.

PALAVRAS-CHAVE: acessibilidade, CMS, WCAG, EMAG

INTRODUÇÃO

No inicio da Internet, para inserir algum texto na web era necessário aprender alguma

linguagem de formatação, tal como a HTML (HyperText Markup Language). Com o passar

dos anos, o número de sítios na internet aumentou e surgiu a necessidade de criar soluções

para facilitar a criação e publicação de conteúdo na web. O tempo avançou, ferramentas

foram criadas e este trabalho foi simplificado através dos sistemas de gestão de conteúdo (do

inglês Content Management System - CMS). Um CMS permite ao usuário criar, classificar e

1 Bolsista do Projeto de Acessibilidade Virtual - IFRS, Campus Bento Gonçalves. Email: [email protected] 2 Bolsista do Projeto de Acessibilidade Virtual - IFRS, Campus Bento Gonçalves. Email: [email protected] 3 Docente – IFRS, Campus Bento Gonçalves. Email: [email protected] 4 Docente – IFRS, Campus Bento Gonçalves. Email: [email protected]

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publicar informações em uma página web sem a necessidade de conhecer alguma linguagem

de programação web.

Atualmente, existem várias ferramentas de CMS disponíveis no mercado, tais como:

Vignette, Drupal, Mambo, Joomla e Wordpress. Porém, nem todas fornecem uma solução que

permita o desenvolvimento de sítios acessíveis para pessoas com necessidades especiais

(PNEs). Ainda, nenhuma das ferramentas de CMS pesquisadas fornece uma interface

acessível para este perfil de usuário.

Observa-se, então, a necessidade de maior estudo sobre os componentes de interface

contidos num CMS. Consequentemente, existe a necessidade de maior estudo sobre o

desenvolvimento de soluções que permitam que um CMS possua uma interface acessível.

Para isto, deve-se considerar os diversos componentes de interface contidos num CMS , tais

como: menus, links de acessibilidade, autocontraste, editor de texto, botões e componentes

devidamente etiquetados. Um editor de texto é um componente muito importante em um

CMS, pois ele permite que o usuário possa escrever um texto que será publicado em um sítio.

Ainda, este componente deve conter recursos para permitir a formatação deste texto (tamanho

de fonte, negrito, itálico, etc). Dessa forma, esta pesquisa tem como objetivo fazer um estudo

comparativo sobre a acessibilidade de um conjunto componentes editores de texto para web.

Para realizar esta análise comparativa, foi desenvolvido um conjunto de sete de regras de

validação de acessibilidade da interface para cada editor de texto.

Este artigo está organizado da seguinte forma: a Seção 2 discorre sobre o referencial

teórico desta pesquisa; a Seção 3 apresenta a análise comparativa dos editores de texto

acessíveis. Finalmente, na Seção 4, são apresentadas as conclusões.

REFERENCIAL TEÓRICO

1. ACESSIBILIDADE WEB

Acessibilidade implica em tornar a interface utilizável por qualquer pessoa,

independente de alguma deficiência física, sensorial, cognitiva, condição de trabalho ou

barreiras tecnológicas (SONZA, 2008). A acessibilidade na internet refere-se a sítios que

estejam disponíveis e acessíveis na web, a qualquer hora, local, ambiente, dispositivo de

acesso e por qualquer tipo de usuários. Tornar um sítio acessível não é uma tarefa fácil, pois o

projetista web deve observar um conjunto de regras durante a codificação e disponibilização

Page 80: ANAIS DO II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INSTITUTO ... · Na Tabela 1, encontram-se as médias da matéria verde e matéria seca produzidas pelas culturas de inverno no sistema

73

do conteúdo. Atualmente existem vários modelos de acessibilidade, tais como:

• Web Content Accessibility Guidelines 1.0 (WCAG 1.0): conjunto de recomendações do

W3C que visam garantir a acessibilidade do conteúdo web por meio de técnicas específicas

de desenvolvimento de sítios (W3C, 2009).

• Web Content Accessibility Guidelines 2.0 (WCAG 2.0); surgiu para se tornar mais

adaptável e flexível em relação ao advento da web 2.0 (SILVA, 2005).

• Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico versão 2.0 (e-MAG 2): conjunto de

recomendações a ser considerado para que o processo de acessibilidade dos sites e portais

do governo brasileiro seja conduzido de forma padronizada e de fácil implementação

(BRASIL, 2005).

2. SISTEMA DE GESTÃO DE CONTEÚDO

Um CMS é uma ferramenta que permite integrar e automatizar todos os processos

relacionados à criação, catalogação, indexação, personalização, controle de acessos e

disponibilização de conteúdos em portais web (ANDRADE, 2007). Assim, um CMS permite

ao usuário criar, classificar e publicar informações em uma página web sem a necessidade de

conhecer alguma linguagem de programação.

Para que um sistema CMS tenha uma interface acessível, ele deve respeitar as diretrizes

contidas nos modelos de acessibilidade, tal como a WCAG e EMAG. Assim, esta pesquisa

teve como foco analisar a acessibilidade do componente editor de texto, componente que pode

ser usado num CMS. Por se tratar de um componente altamente complexo, sua construção é

trabalhosa. Esse é um dos fatores que mais contribui para que, atualmente, seja difícil

encontrar editores de texto web acessíveis.

3. LEITORES DE TELA

Um leitor de tela é um programa que captura toda e qualquer informação apresentada na

forma de texto e a transforma em uma resposta falada (BERSH & PELOSI, 2007). Os leitores

de tela permitem estas ações através de comandos enviados através do teclado durante a

navegação pelo sistema, de acordo com cada programa, permitindo que o usuário possa ouvir

tudo o que está sendo mostrado, conforme navega no sistema e/ou utiliza os comandos do

programa. Para a finalidade desta pesquisa, utilizou-se dois softwares leitores de tela que

possuem um sintetizador de voz em língua portuguesa, são eles: JAWS e o NVDA.

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74

ANÁLISE COMPARATIVA DOS EDITORES DE TEXTO PARA WEB

Objetivo-se fazer um estudo comparativo sobre a acessibilidade de um conjunto de

componentes editores de texto para web, realizaram-se testes num computador que possui

sistema operacional Windows Vista. Também foram utilizados dois softwares leitores de tela

que possuem um sintetizador de voz em língua portuguesa. Ainda, os testes foram realizados

utilizando dois navegadores diferentes (Internet Explorer e Firefox).

Existem diversos componentes editores de texto disponíveis no mercado. Desta forma,

foram selecionados os editores segundo os seguintes critérios: facilidade de implantação,

código e licença abertos, quantidade de recursos, compatibilidade com diversos navegadores e

possibilidade de adaptação. Como resultado, identificou-se os seguintes editores: TWP5;

MarkItUp6 ; jWYSIWYG7; Lightweight RTE8; HTMLBox9; D Small Rich Text Editor10;

WYMEditor11; TinyMCE12; CKEditor13; Yahoo YUI Rich Text Editor14; Xinha15 e

jHtmlArea16.

Para a realização dos testes, foi definido um conjunto de regras de validação de

acessibilidade da interface do editor de texto com os leitores de tela. São elas:

R1. Todos os componentes do editor aparecem para o usuário?

R2. Pode ser escrito algum texto ou informação no campo de edição?

R3. Quando o foco entra na barra de ferramentas e no editor de texto o leitor identifica a

entrada?

R4. Existem atalhos para as ferramentas (negrito, itálico, etc.) do editor?

R5. É possível entrar tanto na barra de ferramentas quanto no campo de edição?

R6. É possível sair tanto da barra de ferramentas quanto do campo de edição?

R7. É possível sair do campo de edição com a tecla “Tab”?

O resultado dessa avaliação é apresentado no Quadro 1.

5 Disponível em: <http://medialt.no/news/en-US/accessible-wysiwyg-html-editor/503.aspx> 6 Disponível em: <http://markitup.jaysalvat.com> 7 Disponível em: <http://code.google.com/p/jwysiwyg> 8 Disponível em: <http://batiste.dosimple.ch/blog/posts/2007-09-11-1/rich-text-editor-jquery.html> 9 Disponível em <http://htmlbox.remiya.com/cms/> 10 Disponível em: <http://www.avidansoft.com/dsrte/> 11 Disponível em: <http://www.wymeditor.org/> 12 Disponível em: <http://tinymce.moxiecode.com/> 13 Disponível em: <http://ckeditor.com/> 14 Disponível em: <http://developer.yahoo.com/yui/editor/> 15 Disponível em: <http://trac.xinha.org/ >. 16 Disponível em: <http://jhtmlarea.codeplex.com/>

Page 82: ANAIS DO II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INSTITUTO ... · Na Tabela 1, encontram-se as médias da matéria verde e matéria seca produzidas pelas culturas de inverno no sistema

75

Quadro 1: Análise comparativa do desempenho dos editores de texto x leitores de tela.

Editor Leitor de Tela

Navegador R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7

TWP

Jaws IE Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Jaws Firefox Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim NVDA IE Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim NVDA Firefox Sim Sim Não Sim Só

pelo atalho

Sim Sim

MarkItUp

Jaws IE Sim Sim Não (2)

Sim Sim Não Não

Jaws Firefox Sim Sim Não (2)

Sim Sim Não Não

NVDA IE Sim Sim Não (2)

Sim Sim Não Não

NVDA Firefox Sim Sim Não (2)

Sim Sim Não Não

jWYSIWYG

Jaws IE Não (1)

Sim Não Não Não Sim Sim

Jaws Firefox Sim Sim Não Não Sim Sim Sim NVDA IE Não

(1) Sim Não Não Não Sim Sim

NVDA Firefox Sim Sim Não Não Sim Sim Sim

Lightweight RTE

Jaws IE Sim Sim Sim Não Sim Sim (3)

Sim

Jaws Firefox Sim Sim Não Não Sim Sim Sim NVDA IE Sim Sim Não

(2) Não Sim Sim

(3) Sim (4)

NVDA Firefox Sim Sim Não Não Sim Sim Sim

HTMLBox

Jaws IE Sim Sim Nao (2)

Sim Sim Sim Sim

Jaws Firefox Sim Sim Não (2)

Não Sim Sim Sim

NVDA IE Sim Sim Não (2)

Não Sim Sim (3)

Sim (4)

NVDA Firefox Sim Sim Não (2)

Não Sim Sim Sim

D Small Rich Text Editor

Jaws IE Sim Sim Não Sim Sim Sim (3)

Sim (4)

Jaws Firefox Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim NVDA IE Sim Sim Não

(2) Sim Sim Sim Sim

NVDA Firefox Sim Sim Não (2)

Sim Sim Sim Sim

(1). Barra de ferramentas (barra em cima do campo de edição) não é mostrada. (2). Apenas as selectboxes (caixas de seleção) são lidas. (3) e (4). Quando há um texto selecionado, a saída do editor é bloqueada.

De acordo com o quadro acima, pode-se observar que os editores TWP e o D Small

Rich Text Editor apresentaram melhor compatibilidade com as regras testadas. Entretanto, o

jWYSIWYG apresentou os piores resultados.

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76

As regras que obtiveram os melhores resultados foram a R1 (Todos os componentes do

editor aparecem para o usuário?) e a R2 (Pode ser escrito algum texto ou informação no

campo de edição?). Esta última, por sua vez, apresentou a melhor compatibilidade entre os

editores de texto. A regra R3 é definida como o aviso ou a identificação na entrada da barra de

ferramentas, na entrada do campo de edição, em caixas de seleção, imagens e em qualquer

propriedade focável. Essa regra apresentou o pior resultado, demonstrando que pessoas com

necessidades especiais não tem informações sobre quais elementos estão “passando” e as

funções dos mesmos.

Com relação aos leitores de tela, pode-se observar que eles possuem uma pequena

diferença nos resultados. O Jaws obteve 20 resultados negativos e 60 positivos enquanto que o

NVDA obteve 24 resultados negativos e 56 positivos. Isto pode ser explicado devido a uma

melhor compatibilidade do Jaws com o sistema operacional Microsoft Windows.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa procurou realizar uma análise comparativa sobre a acessibilidade dos

editores de texto para web. Com base nos testes realizados, foi possível observar quais

editores de texto para web apresentam melhor interação com alguns dos principais leitores de

tela e navegadores web.

Uma vez que o número de pessoas com necessidades especiais com acesso à internet

está aumentando, observa-se a necessidade de uma maior pesquisa sobre os requisitos

necessários para o desenvolvimento de soluções computacionais acessíveis.

Este trabalho traz boas expectativas em relação ao desenvolvimento de tecnologias que

permitam a inclusão digital de pessoas com necessidades especiais em sistemas web. Os

resultados desta pesquisa podem contribuir no desenvolvimento de um CMS que tenha

interface acessível, ou seja, procurando desenvolver um software que poderá ser amplamente

utilizado por qualquer indivíduo que esteja interessado em manter um sistema web acessível.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Walmar (2007). A Questão da acessibilidade para os CMS. Disponível em:

<http://fotorw.com/internet/acessibilidade/cms-acessivel/>. Acesso em julho de 2010.

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77

BERSH, R.; PELOSI, M. (2007). Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento e

material pedagógico para educação, capacitação e recreação da pessoa com deficiência física:

tecnologia assistiva: recursos de acessibilidade ao computador, Brasília, MEC-SEESP.

BRASIL (2005). Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico – Cartilha Técnica, Versão

2.0. Disponível em: http://www.governoeletronico.gov.br/anexos/e15_1556emag-

acessibilidade-de-governo-eletronico-modelo-v20.zip. Acesso em: setembro de 2009.

SILVA, Maurício Samy (2005). Diretrizes de Acessibilidade ao Conteúdo da Web (WCAG) –

Uma Visão Geral. Versão 1.0, de março de 2005. Disponível em:

<http://maujor.com/w3c/wcagoverview.html> . Acesso em setembro de 2010.

SONZA, Andréa Poletto (2008). Ambientes virtuais acessíveis sob a perspectiva de usuários

com limitação visual. Tese (Doutorado). UFRGS, Porto Alegre.

W3C (1999). Web Content Accessibility Guidelines - Priorities, Versão 1.0. Disponível em:

http://www.w3.org/TR/1999/WAI-WEBCONTENT-19990505/#priorities/. Acesso em:

outubro de 2009.

W3C (2008). Web Content Accessibility Guidelines, Versão 2.0. Disponível em:

http://www.w3.org/TR/2008/REC-WCAG20-20081211/. Acesso em: outubro de 2009.

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BANCO DE RECURSOS HUMANOS PARA PESSOAS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS

L. S. SCHWOCHOW1; K. BISSOLOTTI2; A. P. SONZA3; M. C. ROSITO4

RESUMO: De acordo com o censo do IBGE de 2000, existem no Brasil aproximadamente

24,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Devido a esse elevado número e à

necessidade de empregabilidade de tais sujeitos, foi criada a Lei de Cotas (Lei 8.213/91),

obrigando empresas com mais de cem funcionários empregarem pessoas com deficiência. Em

vista deste cenário, objetivando auxiliar no respeito a esta exigência legal, realizouse a uma

pesquisa sobre os requisitos necessários para o desenvolvimento de uma solução

computacional que facilite o contato entre profissionais com necessidades especiais e as

empresas contratantes. Por meio dessa solução, cada profissional poderá consultar por

empresas cadastradas no sistema, podendo visualizar se existem vagas de trabalho para seu

perfil. Já as empresas poderão consultar por profissionais que possuam algum tipo de

deficiência. Assim, esta pesquisa tem como meta subsidiar as ações relacionadas à

empregabilidade de pessoas com deficiência do Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: acessibilidade, profissionais, empregos, cotas.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com o censo de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE 2000), existem no Brasil aproximadamente 24,5 milhões de pessoas com algum tipo

de deficiência. Devido a este elevado número e à necessidade de empregabilidade de tais

sujeitos, ocorreu a criação da lei de cotas - Lei 8213/91. A referida Lei estipula números

diferenciados de cotas, em empresas privadas, proporcionais ao número de funcionários.

Assim, toda empresa que possui mais de cem funcionários está obrigada a destinar parte de

suas vagas para trabalhadores deficientes.

1 Bolsista do Projeto de Acessibilidade Virtual - IFRS,Campus Bento Gonçalves. Email: [email protected] 2 Bolsista do Projeto de Acessibilidade Virtual - IFRS,Campus Bento Gonçalves. Email: [email protected] 3 Docente – IFRS, Campus Bento Gonçalves. Email: [email protected] 4 Docente – IFRS, Campus Bento Gonçalves. Email: [email protected]

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Atualmente existem diferentes sistemas para o cadastro de currículos disponíveis na

internet. Entretanto, observou-se que poucos foram desenvolvidos pensando nas pessoas com

necessidades especiais (PNE’s) e de uma forma que pessoas com deficiência tivessem acesso

às suas informações, independente da limitação que possuem.

Em vista deste cenário, realizou-se a uma pesquisa sobre os requisitos necessários para

o desenvolvimento de uma solução computacional que facilite o contato entre profissionais

com necessidades especiais e as empresas contratantes. Ainda, com base nestes requisitos,

desenvolveu-se um software de banco de recursos humanos para pessoas com necessidades

especiais.

Este artigo está organizado da seguinte forma: a Seção 2 discorre sobre o referencial

teórico desta pesquisa; 3 apresenta software de banco recursos humanos para PNEs.

Finalmente, na 4, são apresentadas as conclusões.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. ACESSIBILIDADE

Acessibilidade virtual é compreendida aqui como a forma de garantir a mobilidade e

usabilidade de recursos computacionais (SACI 2005). Resumindo, a acessibilidade virtual

caracteriza-se por oferecer informações e serviços em “meios virtuais” de modo igual a todas

as pessoas, independente do tipo de usuário (pessoas com necessidades especiais, idosos,

entre outros). Compreende-se por “meios virtuais” a Internet, programas de computador,

equipamentos e tecnologia em geral. Dentro da acessibilidade virtual, é possível destacar a

acessibilidade na internet como um dos temas mais estudados e difundidos atualmente. A

acessibilidade na internet refere-se ao desenvolvimento de sítios que estejam disponíveis e

acessíveis na web, a qualquer hora, local, ambiente e por qualquer tipo de usuário.

Nesse contexto, o sistema supracitado foi projetado para respeitar as principais guias de

acessibilidade web, a saber:

• Web Content Accessibility Guidelines 1.0 -WCAG 1 (W3C 1999);

• Web Content Accessibility Guidelines 2.0 - WCAG 2 (W3C 2008);

• Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico versão 2.0 -e-MAG 2 (Brasil 2005).

A WCAG apresenta um conjunto de recomendações que visam garantir a acessibilidade

do conteúdo web por meio de técnicas específicas de desenvolvimento de sítios. A publicação

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80

da primeira versão da WCAG, a 1.0, teve o objetivo de promover a acessibilidade, além de

tornar as informações mais organizadas e fáceis de serem encontradas por todos os usuários,

independente de qualquer condição ou limitação. A segunda versão da WCAG surgiu para se

tornar mais adaptável e flexível em relação ao advento da web 2.0. Assim, estes modelos

foram concebidos para serem aplicados a diferentes tecnologias web, e serem testáveis por

meio de uma combinação de testes automáticos e avaliação humana (W3C 2008). O e-MAG

consiste em um conjunto de recomendações a ser considerado para que o processo de

acessibilidade dos sites e portais do governo brasileiro seja conduzido de forma padronizada e

de fácil implementação (Brasil 2005).

3. BANCO DE RECURSOS HUMANOS PARA PNE´S

Objetivando facilitar a comunicação entre um profissional com necessidades especiais e

empresas contratantes, estes pesquisadores desenvolveram uma solução computacional que

contém um banco de recursos humanos voltado para pessoas com necessidades especiais.

Este sistema permite o preenchimento de um formulário onde o profissional pode

informar seus dados pessoais, socioeconômico, experiência profissional e suas necessidades

especiais. Ainda, cada profissional pode consultar por empresas cadastradas no sistema,

podendo visualizar se existem vagas de trabalho para seu perfil, na sua cidade, estado ou

região. Já as empresas podem consultar por profissionais que possuam algum tipo de

deficiência.

Tornar um sítio acessível não é uma tarefa fácil, pois o projetista web deve observar um

conjunto de regras durante a codificação e disponibilização do conteúdo. Por isso, a seguir são

apresentadas as principais colaborações desenvolvidas para criar um sistema de banco de

recursos humanos acessível.

3.1. MENU ACESSÍVEL

Um menu acessível deve possuir componentes de atalho, controle sobre o tamanho da

fonte, e autocontraste. Os atalhos (figura 1) facilitam a movimentação pelo site, fornecendo

acesso rápido para os blocos de controle em cada página. Esses atalhos devem funcionar em

todas as páginas do portal. O ideal é que as dicas dos principais atalhos se encontrem no topo

de todas as páginas, pois nem sempre o acesso é feito pela página inicial do site.

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81

Figura 1. Atalhos para navegação através de teclado.

O controle sobre o tamanho da fonte (figura 2) permite que o usuário personalize a

exibição do conteúdo, facilitando a leitura. Sempre que tiver a opção de aumentar e diminuir

fonte deve ser colocado um link também para "tamanho normal".

Figura 2. Menu de fonte.

Alto contraste (figura 3) é importante para pessoas com baixa visão ou

cromodeficiências, que necessitam de contraste entre o texto e plano de fundo. É aconselhável

que o site forneça no mínimo uma opção para alteração de contraste, que é a padrão.

Figura 3. Menu de alto contraste.

3.2. CADASTRO DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

O formulário desenvolvido nesta pesquisa, ilustrado na figura 4, apresenta informação

relacionadas aos dados pessoais, socioeconômicos, experiência profissional e sobre

necessidades especiais. Com base nos estudos realizados, baseados no Decreto 5896/04

(Brasil 2004), as informações sobre as necessidades especiais foram divididas em oito grupos.

São elas:

• Intelectual: comunicação, cuidado pessoal, habilidades pessoais, utilização de recursos

da comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer e trabalho;

• Física: monoplegia, paraplegia, triplegia, tetraplegia, hemiplegia, monoparesia,

paraparesia, triparesia, tetraparesia, hemiparesia, paralisia cerebral, membros com

deformidade congênita ou adquirida, amputação ou ausência de membros, nanismo e

ostomia;

• Auditiva: leve, moderada, severa e profunda;

• Visual: baixa visão, campo visual, cegueira;

• Surdocegueira: surdo profundo e cego, surdo e baixa visão, baixa audição e cego,

baixa audição e baixa visão;

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82

• Múltipla: física e psíquica, sensorial e psíquica e sensorial e física;

• Superdotação: capacidade intelectual geral, capacidade psicomotora, talento especial

para artes, capacidade de liderança, aptidão acadêmica específica e pensamento

criativo ou produtivo;

• Transtornos globais do desenvolvimento: autismo clássico, síndrome de Asperger,

síndrome de Rett e transtorno desintegrativo da infância.

Figura 4. Cadastro de PNEs.

3.3. CADASTRO DE VAGAS PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

A solução computacional desenvolvida permite o preenchimento de um formulário

criado para o cadastro da empresa (figura 5), onde a mesma informa os seus dados e o tipo de

profissional com deficiência que ela deseja contratar. Além disso, o sistema permite que a

empresa realize uma consulta por deficientes cadastrados no sistema.

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Figura 5 – Cadastro de vaga para PNEs.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa procurou identificar os requisitos necessários para desenvolver uma

solução que permita às PNEs cadastrarem seus currículos e também que as empresas possam

cadastrar vagas direcionadas a elas. Para isso foram estudados diversos modelos de

acessibilidade, além de interação com deficientes visuais para realizar um levantamento dos

principais itens necessários para o desenvolvimento dessa solução.

Devido ao elevado número de pessoas com necessidades especiais com acesso à

internet, o mercado de trabalho está aumentando no Brasil cada vez mais. Nesse cenário,

apresentar uma solução que auxilie essas pessoas na busca de uma vaga, possibilita a inserção

de tais sujeitos no mercado de trabalho de forma facilitada e acessível. Dessa forma, esse

banco de dados foi desenvolvido de maneira acessível, permitindo o acesso aos próprios

deficientes e também às empresas e entidades que desejam contratar profissionais com

necessidades especiais.

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84

REFERÊNCIAS

Brasil (2005). Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico – Cartilha Técnica, Versão

2.0. Disponível em:

http://www.governoeletronico.gov.br/anexos/e15_1556emagacessibilidade-de-governo-

eletronico-modelo-v20.zip. Acesso em: setembro de 2009.

Brasil (2004). Decreto nº 5.896. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Decreto/D5896.htm. Acesso em:

dezembro de 2010.

IBGE (2000). Censo Demográfico de 2000. Disponível em:

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/default.shtm. Acesso em:

junho, 2010.

SACI (2005). Rede SACI: Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação. Disponível em:

http://www.saci.org.br/?IZUMI_SECAO=3. Acesso em: julho 2010.

W3C (1999). Web Content Accessibility Guidelines - Priorities, Versão 1.0. Disponível em:

http://www.w3.org/TR/1999/WAI-WEBCONTENT-19990505/#priorities/. Acesso em:

outubro de 2009.

W3C (2008). Web Content Accessibility Guidelines, Versão 2.0. Disponível em:

http://www.w3.org/TR/2008/REC-WCAG20-20081211/. Acesso em: outubro de 2009.

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CHECKLIST PARA DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL DIDÁTICO

ACESSÍVEL PARA DEFICIENTES VISUAIS

A. P. SCARIOT1; M. C. ROSITO2

RESUMO: A inclusão de alunos com necessidades especiais na escola já é um tema bastante

discutido no ambiente acadêmico, uma vez que estes alunos são cada vez mais comuns nas

salas de aula de ensino regular. Porém, muitos professores não sabem como desenvolver um

material que esteja acessível para este perfil de aluno. Em vista deste cenário, esta pesquisa

teve como objetivo desenvolver um guia para a acessibilização de materiais didáticos para

alunos com deficiência visual. Desta forma, foram estudados a acessibilidade dos recursos

disponibilizados por alguns dos principais softwares aplicativos utilizados para elaboração de

material didático disponível em meio digital. Esta análise permitiu identificar quais são os

recursos disponibilizados por estes aplicativos que são lidos pelos leitores de tela.

PALAVRAS-CHAVE: inclusão social, materiais didáticos acessíveis.

INTRODUÇÃO

A deficiência é definida como obstáculos de caráter físico, intelectual ou sensorial de

longo prazo, que em interação com diversas barreiras, atrapalham a participação plena e

efetiva das pessoas na sociedade e em suas atividades diárias (Chaves et al., 2010).

Preocupando-se com as pessoas com necessidades especiais (PNEs), pensa-se na

acessibilidade, que é a inclusão de pessoas com qualquer espécie de deficiência – física,

motora, auditiva, sensorial, entre outras – na sociedade (Sonza, 2010).

Na população brasileira existem, aproximadamente, 25 milhões de pessoas com algum

tipo de deficiência, o que corresponde a 14,5% do total da população. Desses, 48%

apresentam deficiência visual, sendo o maior percentual no índice entre diferentes

deficiências (Chaves et al., 2010). Devido a este elevado número de pessoas com

necessidades especiais, observa-se a necessidade de pesquisar soluções e formas de integrar-

los na sociedade, tal como no mercado de trabalho ou num ambiente escolar.

1 Estudante do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, IFRS campus Bento Gonçalves 2 Prof. Mestre, IFRS campus Bento Gonçalves.

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A inclusão de alunos com necessidades especiais na escola já é um tema bastante

discutido no ambiente acadêmico, uma vez que estes alunos são cada vez mais comuns nas

salas de aula de ensino regular. Deve-se pensar que para um PNE, dessa forma, algumas

atividades consideradas fáceis podem merecer maior atenção do professor, tal como

disponibilizar um material de aula para um aluno com deficiência visual. Os recursos de

tecnologia assistiva, tal como os leitores de tela, podem auxiliar no processo de ensino e

aprendizagem destes alunos. Porém, muitos professores não sabem como desenvolver um

material que esteja acessível para este perfil de aluno. Ainda, observa-se que não há consenso

entre os pesquisadores sobre o desenvolvimento de manual que contenha informações ou

regras para a elaboração de materiais didáticos acessíveis.

Em vista deste cenário, esta pesquisa tem como objetivo desenvolver um guia para a

acessibilização de materiais didáticos para alunos com deficiência visual. Desta forma, foram

estudados a acessibilidade dos recursos disponibilizados por alguns dos principais softwares

aplicativos utilizados para elaboração de material didático disponível em meio digital

(editores de texto, planilhas eletrônicas e apresentação de slides). Esta análise permitiu

identificar quais são os recursos disponibilizados por estes aplicativos que são, efetivamente,

lidos pelos softwares leitores de tela. Após esta análise, foi possível propor um checklist para

o desenvolvimento de material didático acessível para alunos com deficiência visual.

REFERENCIAL TEÓRICO

A deficiência visual é a diminuição irreversível da resposta visual, por motivos

congênitos ou hereditários, mesmo após tratamento clínico e/ou cirúrgico (SIMÕES &

FRUG, 2010). Pode ser dividida em dois grupos, visão subnormal ou baixa visão e cegueira.

A visão subnormal é a diminuição leve, moderada, severa ou profunda da resposta visual, mas

que usa ou pode usar a visão para planejar ou executar suas tarefas. A cegueira: é a ausência

total da resposta visual, na qual não se pode ver ou se podem ver apenas flashes de luzes que

não ajudam a distinguir objetos, pessoas ou lugares.

Qualquer preparação de um ambiente que tenha acessibilidade digital necessita de

algumas adaptações. Para os deficientes visuais, a principal adequação é a instalação de

programas específicos em computadores com placas de som e com fones de ouvido ou

caixinhas de som (CHAVES et al., 2010). Como interfaces para usuários deficientes visuais

(dv’s) existem: Leitores de tela (são responsáveis pela captura das informações apresentadas

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na tela e por transmiti-las ao sintetizador de voz); Sintetizadores de voz (converte texto em

voz) e os ampliadores de tela (amplia o conteúdo da tela).

ESTUDO SOBRE A ACESSIBILIDADE DOS SOFWTARES APLICATIVOS

Objetivando-se desenvolver os guias para acessibilização de materiais didáticos para

alunos deficientes visuais, foram realizados testes com diferentes software aplicativos, muito

utilizados pelos professores na elaboração de tais materiais. Foram realizados os aplicativos

Microsoft Office Word, Microsoft Office Excel e Microsoft Office PowerPoint, todos na

versão 2007. Para a análise da acessibilidade dos materiais produzidos por estes softwares,

foram selecionados quatro testadores: um vidente, um deficiente visual com baixa-visão e

dois deficientes visuais cegos. Os testes foram realizados nos meses de julho e agosto de

2010, onde cada avaliador testou os três aplicativos com alguns dos principais leitores de

telas: JAWS 9.0, NVDA 9.0 e Virtual Vision 6.0.

Um formulário de avaliação foi desenvolvido para cada tipo de aplicativo. O objetivo

deste documento foi de nortear os testes realizados, permitindo, dessa forma, testar a maior

quantidade de recursos que são disponibilizados na elaboração de um material de mídia digital

(tal como a formatação em negrito, uso de marcadores ou de figuras). Os recursos foram

escolhidos de acordo com as funcionalidades disponíveis no aplicativo. Para cada um dos

recursos testados, o testador teve que informar qual foi o comportamento do leitor de telas

frente a este elemento (NFD: Não faz diferença para os leitores de tela; NC: Não é compatível

com os leitores de tela; TC: Totalmente compatível com os leitores de tela; PC: Parcialmente

compatível com os leitores de tela) e fazer uma breve descrição do fenômeno ocorrido.

O formulário de testes para o software Microsoft Word foi dividido em quatro

categorias, de acordo com o tipo de recurso disponível por essa ferramenta, são eles: Menu

Fonte, Menu Inserir, Menu Layout e Menu Referências. Para o Menu Fonte, foram testados

os seguintes recursos: tamanho da fonte, tipo de fonte, texto em negrito, texto sublinhado,

texto em itálico, realce do texto, cor, alinhamento, espaçamento do parágrafo e marcadores.

Para o Menu Inserir, foram testados o comportamento dos seguintes elementos: imagem,

gráfico, tabela, hiperlink, formas, SmartArt, cabeçalho e rodapé, caixa de texto, WordArt,

símbolos, equação (fórmulas), número da página e letra capitular. Já para o item Layout da

Página, foram testados os recursos a seguir: bordas, marca d’água e colunas. Por fim, no item

Referências, foi testada a nota de rodapé.

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Para o aplicativo Microsoft PowerPoint foram identificados as seguintes categorias:

Fonte, Inserir e Animações. No Menu Fonte, foram testados o tamanho da fonte, o tipo da

fonte, texto em negrito, texto sublinhado, texto em itálico, cor do texto, alinhamento,

espaçamento do parágrafo e marcadores. No Menu Inserir, os testadores avaliaram o

comportamento dos três leitores perante uma imagem, gráfico, tabela, hiperlink, cabeçalho e

rodapé, número do slide, WordArt, SmartArt, formas e símbolos. O Menu Animações foi

dividido em animações sonoras e animações visuais.

Para o Microsoft Excel, as categorias foram identificadas como Menu Fonte e Inserir,

sendo que são apenas duas, pois a principal funcionalidade desse aplicativo é a realização de

tabelas. No item Fonte, foram testados os seguintes recursos: tamanho da fonte, tipo de fonte,

texto em negrito, texto sublinhado, texto em itálico, realce do texto, cor e tamanho da célula.

No Menu Inserir, foram testados: gráfico, tabela, tabela com AutoSoma (fórmulas), símbolos,

hiperlink, bordas, nome das planilhas, número da página e cabeçalho e rodapé.

Com base nas respostas obtidas nesses três formulários, foi possível identificar o

comportamento de cada software aplicativo frente aos principais leitores de tela. Sendo assim,

observamos a necessidade de criar um checklist que auxiliasse o professor na elaboração dos

seus materiais, objetivando que esses documentos estejam acessíveis a todos os alunos.

CHECKLIST PARA DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL DIDÁTICO

ACESSÍVEL PARA DEFICIENTES VISUAIS

Após a realização dos testes com diferentes softwares aplicativos utilizados pelos

professores e alunos, observamos a necessidade de desenvolver um checklist para cada tipo de

aplicativo. Entretanto, devido à limitação de tempo desta pesquisa, optou-se por desenvolver

apenas o checklist para desenvolvimento de materiais didáticos para alunos deficientes visuais

produzidos por softwares editores de texto (Quadro1).

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Quadro 1. Checklist para desenvolvimento de materiais didáticos para DVs.

Regra Resposta

Observações do Avaliador

Está acessível quando... Sim Não Em

Parte N/A

1) Há marcadores no texto?

Exemplos: � Marcador 1; � Marcador 2; � Marcador 3.

Os marcadores não são necessários para o entendimento do texto.

2) Há cabeçalho e rodapé no texto?

Não há cabeçalho e rodapé.

3) O texto possui caixas de texto?

Não há caixas de texto e sim, bordas.

4) Há colunas no texto?

Não há colunas, e o texto está o mais simples possível.

5) Há notas de rodapé no texto?

1) Não tem notas de rodapé;

2) Tem notas de rodapé e o deficiente visual usa o JAWS ou NVDA.

6) Há número da página no texto?

1) Tem número da página;

2) Não tem número da página.

7) Há imagem no texto?

Os WordArts e SmartArts foram anexados a esta categoria.

Uma imagem tem a descrição.

8) Possui gráfico? O gráfico é feito no próprio Office?

O gráfico está em formato de imagem e devidamente descrito.

9) Há tabela no texto?

A tabela é organizada e não muito extensa.

10) Há fórmulas ou símbolos no texto?

Não há símbolos ou fórmulas.

Com relação a regra 1, caso os marcadores sejam indispensáveis para o entendimento do

texto, este deve ser remodelado para que não seja necessário usá-los, pois alguns leitores de

tela não conseguem ler essa informação. A regra 2 foi criada pensando no cabeçalho e rodapé

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90

do texto. Assim, caso sejam informações necessárias, elas devem ser colocadas no próprio

texto, ou seja, no primeiro e último parágrafos de cada página ou apenas da primeira página,

conforme o professor desejar. Para a regra 3, observou-se que as caixas de texto não são lidas

pelos leitores. Dessa forma, para substituir as caixas de texto, é aconselhável usar bordas, que

são completamente acessíveis. Na regra 4, identificamos que o melhor é deixar o texto em

uma coluna só, pois alguns leitores necessitam de certas configurações para ler mais que uma

coluna. Quanto mais simples for o texto, mas fácil será para um DV interpretá-lo.

Como há leitores que não lêem as notas de rodapé, segundo a regra 5, é preferível não

usá-las. Caso seja muito necessário, deve-se considerar que alguns leitores de tela não

conseguirão fazer a leitura correta dessa informação, por exemplo, o NVDA só irá ler se o

cursor for controlado pelas setas do teclado. Para a regra 6, observou-se que o número da

página não influencia na questão da acessibilidade, pois antes dos leitores iniciarem a leitura,

eles indicam o número da página. Segundo os testes realizados, os leitores de telas não são

compatíveis com imagens, pois interpretam como se não houvesse nada. Portanto, segundo a

regra 7, deve-se descrever aquilo que está sendo representado pela imagem. Devido aos

leitores de telas não considerarem os SmartArts e WordArts, ou seja, interpretam como se a

página estivesse em branco, da mesma maneira que acontece com a imagem, estes itens

devem ser acessibilizados da mesma maneira, com uma descrição. Outra opção para

acessibilizar o SmartArt é fazer uma tabela com o mesmo conteúdo, e para o WordArt,

modificar o tamanho, a cor e o sombreado do texto, não usando esse recurso.

Para a regra 8, se um gráfico for feito no próprio Office, alguns leitores de telas param

de funcionar. Por isso, o gráfico deve estar sempre em formato de imagem e assim, deve ser

descrito. Para a regra 9, observou-se que uma tabela é lida pelos leitores de forma linear, ou

seja, da esquerda para direita e de cima para baixo. Por isso, desde que esteja organizada e

não seja muito extensa, ela será acessível. Caso seja muito grande, o ideal é descrever item

por item, por exemplo, em uma tabela de preços de sucos, a descrição fica “o suco de uva

custa 2,00 reais”. Finalmente, para a regra 10, identificou-se que os leitores não são

completamente compatíveis com os símbolos. E já que são os símbolos que ajudam a compor

as fórmulas, é melhor não utilizar esses elementos no texto. Uma sugestão seria imprimir a

fórmula ou símbolo e colocar texturas em cima de cada símbolo, para que o DV possa tatear.

Símbolos que estão no teclado, por exemplo, são compatíveis, mas são exceção.

Durante os testes, observamos que alguns itens não fazem diferença para os leitores de

telas e, dessa forma, também são indiferentes para a acessibilidade. São eles: Tamanho da

fonte; Tipo da fonte, porém é sempre aconselhável usar as fontes mais comuns, como garantia

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de compatibilidade com os leitores de tela; Atributos das letras: sublinhado, negrito, itálico,

tachado; Cor da letra; Alinhamento do texto; e Espaçamento e parágrafos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido ao grande número de deficientes visuais nas escolas, deve-se considerar a

necessidade de guias para a elaboração de materiais didáticos acessíveis. Dessa forma, esta

pesquisa desenvolveu um checklist para elaboração de materiais didáticos para alunos com

deficiência visual, produzidos em softwares editores de texto. A

Devido à limitação de tempo desta pesquisa, nos testes realizados não foram usados

todos os leitores de tela disponíveis atualmente, apenas os mais utilizados. Ainda, foram

testados apenas aplicativos na plataforma Windows.

Para dar continuidade a esta pesquisa pesquisa, identifica-se a necessidade de

elaboração de um checklist para cada aplicativo: editor de texto, planilha e apresentação de

slides, incluindo os testes feitos em ambiente Linux, e com os leitores para o mesmo. Após

isso, o objetivo passará a ser a realização de um componente Addin para algum aplicativo,

objetivando a validação online da acessibilidade do documento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAVES, Andrea Bezerra et al. Caderno da Estação Digital. Acessibilidade. Disponível em:

<http://www.fbb.org.br/upload/biblioteca/documentos/1277214066046.pdf>. Acesso em: set,

2010.

SONZA, Andréa Poletto et al. Acessibilidade. Disponível em:

<http://www.coacyaba.com.br/livroacessibilidade/index.php?title=P%C3%A1gina_principal>

. Acesso em: set, 2010.

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<http://ies.portadoresdedeficiencia.vilabol.uol.com.br/DeficienciaVisual.htm>. Acesso em:

jun, 2010.

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ESTUDO E IMPLANTAÇÃO DE BIBLIOTECA DIGITAL PARA O IFRS

F. G. ANDRADE1; J. M. C. da SILVA2

RESUMO: A biblioteca digital do IFRS consiste em um ambiente virtual próprio para

armazenar coleções de conteúdos educacionais. Nela serão disponibilizados materiais

didáticos em formatos digitais (objetos de aprendizagem), elaborados pelo corpo docente do

Campus Bento Gonçalves. Tais conteúdos estarão divididos por níveis de ensino e por área do

conhecimento, sendo para tanto, necessário o uso de informações referenciais chamadas

“metadados” (nome, formato, tamanho...). Os padrões de metadados determinam como a

biblioteca indexa e recupera seus conteúdos, tendo a especificação OBAA sido escolhida por

considerar objetos de aprendizagem e dar suporte a mais de uma plataforma (celular,

televisão...). Quanto à programação, optou-se pela linguagem PHP. O projeto compreende as

fases de revisão bibliográfica, desenvolvimento do repositório, levantamento dos professores

e disciplinas, questionários aplicados e inserção de objetos de aprendizagem para teste, e

possibilitará a otimização do intercâmbio de conhecimentos entre professores e alunos, com

foco na qualidade, credibilidade e integridade das informações educacionais. Atualmente, o

repositório encontra-se finalizado e conta com onze materiais, cedidos por quatro professores.

PALAVRAS-CHAVE: bibliotecas digitais, repositórios de objetos de aprendizagem,

metadados.

INTRODUÇÃO

Definido pelo Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE, 2010) como uma

“entidade, digital ou não-digital, que pode ser usada, re-usada ou referenciada durante o

ensino com suporte tecnológico”, o termo “objeto de aprendizagem” abrange todo e qualquer

recurso utilizado por um professor durante o planejamento e/ou execução de sua prática

docente. Intrinsecamente ligados ao requisito de disponibilidade, estes são frequentemente

encontrados através de repositórios na internet (ADL, 2004), isto é, ambientes de

1 Aluno do IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54)

3455-3200. e-mail: [email protected]. 2 Professora do IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54)

3455-3200. e-mail: [email protected].

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armazenamento virtual que seguem um conjunto de normas para catalogar e recuperar

conteúdos relacionados à educação.

Com uma dinâmica bastante similar à das bibliotecas físicas, os repositórios de objetos

de aprendizagem disponibilizam materiais de caráter didático e cultural, popularizando-se,

portanto, como “bibliotecas digitais”, onde também se faz necessário o registro de

informações a respeito de cada unidade armazenada (os chamados de “metadados” e suas

especificações).

Neste sentido, o presente artigo apresenta um projeto de pesquisa que visa a

implantação de uma biblioteca digital exclusiva do IFRS – Campus Bento Gonçalves,

impulsionada pela recente modernização da biblioteca física da instituição e objetivando o

acesso facilitado ao conhecimento.

Tendo como base objetos de aprendizagem dos níveis Técnico e Tecnológico de ensino,

desenvolvidos pelos próprios professores; serão abordadas definições técnicas e exemplos de

repositórios nacionais e internacionais, descrevendo também a proposta, metodologia e

resultados parciais do projeto, assim como a continuidade do mesmo nos próximos meses.

REPOSITÓRIOS DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM E METADADOS

Segundo Richards et al. (2002) um repositório de objetos de aprendizagem pode ser

definido “[...] simplesmente como um local para colocar objetos digitais”. De forma mais

específica, no entanto, este constitui um ambiente virtual educativo, usualmente comparado a

uma biblioteca, devido à natureza didática de seus conteúdos. Utiliza-se da tecnologia de

banco de dados para armazenar e disponibilizar materiais educacionais informatizados de

diferentes categorias (textos, vídeos, imagens, sons, animações, programas...).

Dentre alguns exemplos nacionais, encontram-se o Portal do Professor (2010) e o

Banco Internacional de Objetos Educacionais, ambos mantidos pelo Ministério da Educação,

com cerca de seis mil objetos de aprendizagem, cada. No campo internacional, figuram o

canadense Campus Alberta Repository of Educational Objects (CAREO) e norte-americano

Multimedia Education Resource for Learning and Online Teaching (MERLOT).

Para que os conteúdos educacionais possam ser organizados e, posteriormente,

recuperados, é necessário estabelecer uma estrutura de cadastro. No caso dos objetos de

aprendizagem, existem os metadados, ou seja, informações que, de alguma forma, descrevem

os objetos armazenados, tais como título, autor, palavras-chave... (NISO, 2010).

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O conjunto destas informações determina a qual das diversas especificações (padrões)

para metadados pertence um repositório. Escolhida por melhor considerar os aspectos

culturais dos objetos de aprendizagem que armazena e o fator “acessibilidade”, a

especificação OBAA (sigla traduzida como Objetos de Aprendizagem Baseados em Agentes)

oferece a possibilidade de informar a área de interesse, idioma, objetivo do usuário, contexto,

nível de ensino recomendado e classificação quanto ao tipo de conteúdo (texto, tabela,

imagem, exercício) no ato do cadastro, tornando o processo de registro de novos materiais

mais completo, e “refinando”, por conseguinte, o procedimento de busca. Também oferece

suporte multi-plataforma, permitindo a disponibilização de conteúdos para celular e TV

Digital.

O PROJETO

Idealizado em abril de 2010, o projeto “Biblioteca Digital” pretende implementar um

ambiente virtual que torne mais dinâmico o acesso de alunos e professores a materiais

didáticos em formatos digitais. Assim sendo, sua organização contempla desde a escolha de

uma especificação de metadados adequada (OBAA), até a fase de alimentação e

gerenciamento do repositório propriamente dito, em um período de aproximadamente oito

meses.

Impulsionado pelo fato de a biblioteca física do IFRS não oferecer conteúdos digitais

aos alunos, embora tenha se beneficiado com a recente modernização de seu sistema de

retirada de livros; o repositório de objetos de aprendizagem configura também uma terceira

opção para o compartilhamento on-line de materiais, juntando-se aos já disponíveis Moodle e

Sistema Acadêmico (com a vantagem de ter sido desenvolvido exclusivamente para o

Instituto).

Quanto à metodologia do trabalho, buscou-se priorizar o rendimento das partes

envolvidas, assegurando uma estrutura linear, com resultados graduais e concretos. Assim, o

projeto em questão foi dividido nas seguintes fases:

Revisão bibliográfica. Busca e leitura orientada acerca de conceitos básicos de

repositórios de objetos de aprendizagem, fundamentada em pesquisas nos repositórios

previamente listados (dentre outros), gerando noções e subsídios para os estágios

subsequentes.

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Desenvolvimento do repositório. Implementação da biblioteca digital em linguagem

PHP (Hypertext Preprocessor) seguindo a especificação OBAA e considerando o cenário da

instituição de ensino.

Levantamento dos professores e disciplinas. Pesquisa e relação de professores que

farão, supostamente, uso do repositório, investigando também, quantas e quais disciplinas

serão alimentadas com os materiais didáticos digitais oferecidos por eles. Criação de contas

de usuário obedecendo a estrutura “nome.sobrenome” e senha padrão (passível de alteração).

Questionários aplicados. Questionário simples (e em sua maioria objetivo elaborado a

partir do estágio anterior, destinado aos professores sobre o uso de objetos de aprendizagem

digitais em sala de aula; apresentação do projeto ao corpo docente, permitindo-lhe expressar

seu desejo (ou não) de colaborar com o mesmo. Análise do perfil dos profissionais da

instituição, relacionando-os quanto aos seus métodos de ensino e predileção pelo uso de novas

tecnologias. Aplicados de forma pessoal e individual, os primeiros questionários são

respondidos por alguns professores pré-selecionados.

Inserção de objetos de aprendizagem para teste. Elaboração de um formulário

simplificado para cadastrar objetos de aprendizagem, contendo coordenadas para a alocação

de conteúdo (prévia ou posteriormente enviados) dentro do repositório, tais como

classificação (exercício, slides, imagem...) disciplina e melhor forma de utilização. Em um

primeiro momento, aplicado apenas com professores pré-selecionados. Neste estágio, a

quantidade é secundária, sendo o objetivo principal o de testar o funcionamento do ambiente

para futura expansão do mesmo.

RESULTADOS PARCIAIS E PRÓXIMAS ETAPAS

Atualmente, foram concluídas as etapas de revisão bibliográfica, desenvolvimento do

repositório e levantamento dos professores e disciplinas, tendo a aplicação dos questionários

iniciado em julho e devendo ser concluída no mês de novembro.

Restrita à disponibilidade dos professores e sua disposição em colaborar, esta etapa

precisou ser realizada de forma mais prática do que o planejado, com as reuniões presenciais

substituídas pelo envio das perguntas/respostas através da internet ou em forma impressa

(entregue na recepção). Ainda assim, poucos, de fato, responderam ao questionário, estando

este disponível no site Google Docs até hoje.

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Uma vez respondidos, estes questionários possibilitarão as primeiras atualizações do

ambiente virtual, quando será disponibilizado um conjunto de materiais para teste e, em caso

de sucesso, este será aberto aos demais membros do corpo docente e, posteriormente,

discente.

Até o presente momento, o projeto conta com onze materiais, cedidos por quatro

professores.

CONCLUSÃO

A criação do repositório de objetos de aprendizagem ou biblioteca digital no IFRS –

Campus Bento Gonçalves proporciona mais do que o simples compartilhamento de

informações, constituindo uma evidência da reestruturação dos processos educacionais na

atualidade.

Se empregado de forma adequada, o novo ambiente virtual pode ser mais um facilitador

na interação professor-aluno nos níveis Técnico e Tecnológico, contribuindo para a

visualização e experimentação de conteúdos antes restritos à teoria, a qualquer hora e em

qualquer lugar.

Apesar da dificuldade na obtenção de materiais junto aos professores, o projeto segue

sua metodologia conforme previsto inicialmente, prevalecendo a qualidade em relação à

quantidade.

De modo geral, trata-se de um passo importante na integração “Educação e

Informática”, mundos distintos, mas que devem caminhar lado a lado por uma era de

conhecimento sem fronteiras.

REFERÊNCIAS

ADL. ADL SCORM CAM 2004 3rd edition. SCORM Documents – Documentation.

Disponível em: <http://www.adlnet.gov/Technologies/scorm/SCORMSDocuments/

2004%204th%20 Edition/Documentation.aspx>. . Acesso em: 04 jun. 2010.

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<http://www.ucalgary.ca/commons/careo/>. Acesso em 28 set. 2010.

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IEEE, Institute of Electrical and Electronics Engineers. Learning Object Metadata (LOM)

Working Group 12. Disponível em: <http://www.ieeeltsc.org:8080/Plone/working-

group/learning-object-metadata-working-group-12/learning-object-metadata-lom-working-

group-12/?searchterm=entity>. Acesso em: 12 jun. 2010.

MERLOT, Multimídia Educational Resource for Learning and Online Teaching. Disponível

em: <www.merlot.org>. Acesso em 24 set. 2010.

NISO. Understanding Metadata. Bethesda, MD: NISO Press, 2004. Disponível em:

<http://www.niso.org/standards/resources/ UnderstandingMetadata.pdf>. Acesso em 16 jul.

2010.

RICHARDS, G.; McGREAL, R.; HALATA, M.; FRIESEN, N. The evolution of learning

object repository technologies: portals for on-line objects for learning, Journal of Distance

Education, vol.17, no. 3, 2002, pp. 68-69.

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AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE CRESCIMENTO E DEGRADAÇÃO DE

AÇÚCARES POR LEVEDURAS NÃO-SACCHAROMYCES

L. M. M. LOMBARDI1; J. GARAVAGLIA2

RESUMO: O aumento das exigências em qualidade pelo consumidor, levam os produtores e

enólogos a buscarem cada vez mais inovações tecnológicas para uma melhor elaboração de

vinhos. Um dos fatores mais importantes na indústria vinícola é a levedura utilizada na

fermentação alcoólica. Foram utilizadas leveduras não-Saccharomyces isoladas da Mata

Atlântica e de queijos da Serra Gaúcha. Alíquotas de meio sintético YEPD foram inoculadas

(pré-cultura de 48 horas) e transferidas para um agitador orbital e mantidos a 20 °C e sob

agitação de 120 rpm. Foram coletadas amostras diariamente num total de 96 horas de duração

do cultivo. As variáveis analisadas foram o crescimento populacional (densidade óptica a 600

nm) e o consumo de açúcar (método DNS).

PALAVRAS-CHAVE: biomassa, DNS, não-Saccharomyces

INTRODUÇÃO

A elaboração de vinhos é uma das principais atividades econômicas da Serra Gaúcha.

Este setor está em expansão, portanto, novas áreas de produção vitivinícola, têm sido

implementadas em todo o país. No ano de 2009, foram comercializados apenas no Rio Grande

do Sul, mais de 260 milhões de litros de vinho, sendo que destes, 234 milhões apenas de

vinhos de mesa (Mello, 2010).

Cada vez mais os enólogos estão buscando técnicas e insumos que melhor se adaptam

às suas condições de trabalho. Inúmeras pesquisas estão gerando um avanço tecnológico

necessário à melhoria da qualidade dos produtos.

As leveduras, microorganismos responsáveis pela processo de fermentação alcoólica,

etapa da elaboração de vinhos e outras bebidas, degradam açúcar para a produção de etanol,

além de outros subprodutos, como álcoois superiores, responsáveis por muitos aromas.

1 Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, IFRS Campus Bento Gonçalves 2 Mestre em Microbiologia Agrícola e do Ambiente, Professor de Microbiologia Enológica, IFRS Campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. email: [email protected]

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Este trabalho apresenta a primeira parte do experimento, onde são analisadas as

cinéticas de fermentação, ou seja, o crescimento populacional e o consumo de açúcar de

diferentes isolados e cepas de leveduras.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizadas cepas de levedura isoladas através de coleta direta nas folhas de

bromélias encontradas na Mata Atlântica do Parque de Itapuã, município de Viamão-RS

(codificados com a sigla “BI”). Leveduras isoladas a partir de queijos produzidos na região

da Serra Gaúcha também foram utilizadas (sigla “QU”). Todos isolados foram identificados

como Saccharomyces spp., através das metodologias propostas por Barnett et al. (2000).

Em ambos isolados, foi utilizado o meio YEPD para crescimento (meio líquido) e para

manutenção de cepas (meio sólido), de acordo com as metodologias propostas por Mamede e

Pastore (2004).

As leveduras selecionadas foram inoculadas em meios de cultura sintéticos líquidos

YEPD em Erlenmeyers de 250 mL, os quais foram mantidos num agitador orbital a uma

rotação entre 100 e 120 rpm e a temperatura de 20°C. A cada experimento eram cultivadas 3

ou 4 cepas, com 5 frascos de cada, para acompanhamento diário, totalizando 5 dias. A cada

dia, um frasco era retirado do agitador para análise de crescimento populacional através de

espectrofotometria (absorbância a 600nm) e análise do teor de açúcar do meio através do

método DNS (Moura, et al., 2007). No total foram cultivadas em meio líquido 15 cepas e

destas, 10 também foram analisadas a concentração de açúcar.

A concentração de açúcar foi obtida pela seguinte equação:

(1)

em que:

A = valor de absorbância lido a 570 nm,

b = coeficiente linear da curva padrão

ca = coeficiente angular da curva padrão.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos dados obtidos das análises acima descritas, pôde-se então analisar as cepas

individualmente quanto ao cresimento e taxa de consumo de açúcar.

Na Tabela 1, constam os valores encontrados nas medições da Densidade Ótica dos

cultivos, indicando a população de leveduras presentes nos meios.

Tabela 1: valores de absorbância a 600nm de cada amostra, lidos em intervalos de 24 horas

(valores já multiplicados pelos respectivos fatores de diluição).

Amostras Tempo (horas)

0 24 48 72 96

BI223 0,185 --- 2,255 2,290 5,030 5,030 7,390 7,360 7,980 8,040

BI311 0,177 --- 2,610 2,620 6,430 6,430 5,740 5,830 8,660 10,020

QU135 0,190 --- 5,700 5,850 10,840 10,400 12,680 13,080 16,820 19,100

QU138 0,220 0,195 4,655 4,570 10,050 9,990 12,220 13,500 11,820 12,030

BI195 0,178 0,176 2,270 2,225 6,370 7,350 9,000 9,070 14,220 13,980

BI236 0,192 0,201 1,630 1,625 8,600 8,330 15,060 14,880 18,680 18,620

QU03 0,183 0,185 0,765 0,848 20,260 22,460 20,320 19,800 22,800 22,280

QU68 0,181 0,175 1,084 6,860 16,680 20,640 22,480 23,760 23,840 25,640

QU134 0,173 0,177 5,560 10,220 27,760 29,040 29,680 30,360 31,920 30,800

QU27 0,185 0,180 10,320 7,080 30,240 29,560 29,080 29,200 26,120 30,760

QU10 0,048 --- 7,380 --- 16,440 --- 20,910 --- 22,520 ---

QU21 0,001 --- 7,760 --- 17,900 --- 21,570 --- 14,760 ---

QU29 0,000 --- 7,650 --- 19,460 --- 22,950 --- 23,840 ---

QU48 0,000 --- 7,180 --- 12,720 --- 21,030 --- 22,200 ---

A maioria dos isolados, como esperado, indicou parada do crescimento populacional

após o consumo do açúcar presente no meio (Figura 1). Na maioria das cepas de leveduras

industriais, uma característica importante é a sua capacidade de utilizar rapidamente e

eficientemente toda quantidade de açúcares redutores do meio (Cruz, et al., 2003). Foi

analisada somente a população total de leveduras, incluindo as células viáveis e não-viáveis.

A densidade óptica a 600 nm avalia a quantidade total de células no meio, não indicando

presença de células viáveis.

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101

Glicose é a primeira fonte de carbono escolhido por cepas de Saccharomyces cerevisiae,

porém, pode ocorrer uma repressão dos genes que codificam a enzima invertase, característica

importante para a produção de vinhos (Guimarães, et al., 2006).

Na maioria dos isolados analisados, após 72 horas de cultivo, as leveduras iniciam a

fase de crescimento estacionário. Altas concentrações de biomassa podem ser obtidas com o

aumento na concentração inicial de nitrogênio do meio, além disso, a quantidade de

nitrogênio pode ser um fator limitante durante o processo fermentativo (Nissen et al. 2003).

No período do experimento, com duração de 96 horas, nenhuma das cepas estudadas

consumiu todo o açúcar presente no meio, como mostra a Tabela 2. A cepa que consumiu

mais açúcar foi o isolado QU 138. Este isolado mostrou também um dos menores valores

finais de biomassa, indicando baixo consumo de açúcares na fase de crescimento e,

consequentemente, grande potencial fermentativo.

Seria necessário manter o cultivo por um tempo maior para observar quais isolados

alcançam o final da fermentação, e em quanto tempo.

Tabela 2: concentração de açúcar nos meios, em g.L-1, por isolado.

Tempo Amostra

BI 236 QU138 BI 195 BI 311 QU 03 QU 68 QU 27 QU134 QU135

0 h 166,04 242,58 232,35 289,15 185,05 200,90 230,39 185,54 201,63

24 h 165,06 226,74 214,31 228,69 152,63 128,25 187,25 108,99 150,92

48 h 118,01 95,10 201,14 164,57 164,57 40,49 33,66 22,69 62,43

72 h 19,77 7,11 12,70 138,00 51,87 36,83 32,69 46,58 39,76

96 h 30,74 4,90 11,33 30,74 47,02 30,86 18,67 30,49 24,28

Os isolados que apresentaram maiores valores de biomassa foram QU134 e QU27,

sendo que no cultivo da QU134, após 96 horas, ainda tinha 30,49 g.L-1 de açúcar residual e o

QU27 foi um dos que mais degradou açúcar, apresentando apenas 18,67 g.L-1 de açúcar ao

final das 96 horas.

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102

Figura 1: curvas de crescimento populacional e concentração de açúcar no meio da cepa QU

68.

Em alguns casos, observou-se um pequeno crescimento na concentração de açúcar nos

últimos dias de cultivo (Figura 2), o que pode indicar uma falha no método DNS para

pequenas concentrações de açúcares redutores.

Figura 2: curvas de crescimento populacional e concentração de açúcar no meio da cepa BI

236.

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103

Outros nutrientes podem influenciar a concentração de células durante a fase

estacionária de crescimento, tais como, oxigênio, qunatidade de minerais e elementos traço

(Nissen et al., 2003).

CONCLUSÕES

Dos isolados estudados, o que demonstrou maior velocidade fermentativa foi o QU138.

Porém, análises mais específicas ainda são necessárias para avaliar se esta levedura pode ser

usada comercialmente na produção de bebidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Cruz, Sandra Helena da, Batistote, Margareth e Ernandes, José Roberto. 2003. Effect of

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104

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Moura, Cynthia Ladyane Alves de, Pinto, Gustavo Adolfo Saavedra e Rodrigues, Sueli.

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105

DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÕES DE BISCOITOS PRODUZIDOS COM

FARINHAS SEM GLÚTEN

A. MEZZOMO1; I. SACHINI2

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo avaliar o aproveitamento da farinha de banana

verde e a farinha de arroz, na produção de biscoitos tipo cookies. Foram produzidos biscoitos

com farinha de arroz e Farinha de Banana Verde na proporção de 10, 20 e 30%, e biscoitos

Padrão sem a Farinha de Banana Verde. Os biscoitos serão avaliados quanto à composição

química, análise de umidade, teste de cinzas, lipídios, açúcares redutores e grau de aceitação.

Assim, poderemos analisar se a utilização da farinha de banana verde e a farinha de arroz

substitutas da farinha de trigo serão viáveis, e poderão ser recomendadas no preparo de

alimentos alternativos enriquecidos em relação aos alimentos tradicionais, bem como elevar o

valor nutricional do produto sem alterar significativamente suas propriedades físicas e

características sensoriais.

INTRODUÇÃO

A doença celíaca é uma intolerância à ingestão de glúten, contido em cereais como

cevada, centeio, trigo e malte, em indivíduos geneticamente predispostos, caracterizada por

um processo inflamatório que envolve a mucosa do intestino delgado, levando a atrofia das

vilosidades intestinais, má absorção e uma variedade de manifestações clínicas (SILVA T. et.

al. FURLANETTO T., 2010).

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de biscoitos com uma produção de 1,1 mil

toneladas, atrás apenas dos Estados Unidos que produz em torno de 1,5 mil toneladas

(SIMABESP, 2008).

Embora não constitua um alimento básico como o pão, os biscoitos são aceitos e

consumidos por pessoas de qualquer idade. Sua longa vida útil permite que sejam produzidos

1 Farmacêutico, Mestre em Ciência e Tecnologia dos Alimentos., IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. email: [email protected] 2 Estudante do Curso de Tecnologia em Alimentos, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200 email: [email protected]

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106

em grande quantidade e largamente distribuídos (BRUNO; CAMARGO, 1995;

CHEVALLIER et al., 2000; GUTKOSKI; NODARI; JACOBSEN NETO, 2003).

Biscoito é o produto obtido pelo amassamento e cozimento conveniente da massa

preparada com farinhas, amidos, fermentadas ou não e outras substâncias alimentícias

(CNNPA, 1978).

É um produto composto principalmente por farinha de trigo, gordura e açúcar, com teor

de umidade bastante baixo, o que lhe proporciona uma longa vida de prateleira,

principalmente se acondicionado em embalagem eficiente na proteção de umidade

(MONTEIRO, 1996).

A farinha constitui o principal ingrediente das formulações de biscoitos, pois fornece a

matriz em torno da qual os demais ingredientes são misturados para formar a massa (EL-

DASH; CAMARGO, 1982).

No Brasil têm surgido alguns programas de produção de alimentos formulados nos

quais se procura substituir, ou reduzir, a proteína de origem animal da dieta, por proteínas de

origem vegetal, uma vez que estas apresentam custos mais reduzidos. Os derivados protéicos

da soja, milho e banana têm sido muito usados na suplementação ou em substituição parcial

da farinha de trigo, para a obtenção de produtos como pães, biscoitos e macarrão, uma vez

que estas apresentam custos mais reduzidos e ajudam na alimentação de pessoas com doença

celíaca (FASOLIN L. H., 2007).

O presente trabalho tem por objetivo, desenvolver um biscoito caseiro a base de farinha

de arroz e farinha de banana verde, como alimento alternativo para pessoas com doença

celíaca, além disso, determinar a sua aceitabilidade junto aos consumidores com o auxílio de

teste sensorial e determinação de sua composição físico-química.

MATERIAL E MÉTODOS

Formulação dos biscoitos tipo cookies

Misturas compostas de farinha de arroz e 10, 20 e 30% de farinha de banana verde,

serão utilizadas para a produção dos biscoitos. Os biscoitos assim elaborados serão

denominados: Tipo 1, Tipo 2 e Tipo 3, respectivamente. Uma formulação básica para controle

será elaborada, e posteriormente será denominado Padrão.

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107

Os ingredientes utilizados serão: valores aproximados

Ingredientes (g)

Biscoito Padrão

Biscoito tipo 1 Biscoito tipo 2 Biscoito tipo 3

Farinha de arroz

223 200 178 156

Farinha de banana verde

0 22 44 66

Açúcar 100 100 100 100

Margarina 60 60 60 60

Fermento Químico

5 5 5 5

Água Destilada 17 19 20 22

Sal 2 2 2 2

Análise Sensorial

Os biscoitos serão elaborados com diferentes percentuais de substituição de farinhas, e

posteriormente será realizada uma análise sensorial utilizando provadores não treinados, que

serão selecionados de forma aleatória (diferente idade e sexo).

Os avaliadores terão que informar o quanto gostaram ou desgostaram de cada

formulação de biscoito preparada. Para a interpretação dos testes será utilizada uma escala

hedônica estruturada com nove pontos, que variam de desgostei muitíssimo até gostei

muitíssimo.

Análise físico-química

Depois de realizada uma análise sensorial, serão realizadas análises físico-químicas nos

biscoitos como: análise de umidade, teste de cinzas, lipídios, açúcares redutores.

O Teste de umidade

Princípio: determinar a perda de peso da amostra submetida ao aquecimento em estufa em

condições determinadas.

O teste de cinzas

Princípio: resíduo obtido por incineração a uma temperatura de 550 ºC até a sua combustão

completa da matéria orgânica e obtenção de um peso constante.

O teste de lipídios

Princípio: o produto hidrolisado com ácido clorídrico diluído. Da massa seca resultante, são

extraídos dos lipídios com éter, o solvente é evaporado e o resíduo pesado.

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108

O teste de açúcares

Princípio: eliminação de todas as matérias redutoras distintas dos açúcares, mediante

tratamento com as soluções Carrer I, II e prévia dissolução dos açúcares em etanol diluído.

Eliminação do etanol e determinação antes e após a inversão segundo o método Luff-Schoorl.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados serão analisados estatisticamente para saber se há ou não diferenças

significativas entre as amostras e suas analises físico químicas. Irá determinar qual tipo de

biscoito terá melhor aceitabilidade na análise sensorial realizada pelos avaliadores.

CONCLUSÃO

Com o produto pronto e analisado, poderemos afirmar ou não se a utilização da farinha

de banana verde e a farinha de arroz substitutas da farinha de trigo são viáveis, e poderão ser

recomendadas no preparo de alimentos alternativos enriquecidos em relação aos alimentos

tradicionais, bem como elevar o valor nutricional do produto sem alterar significativamente

suas propriedades físicas e características sensoriais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRUNO, M. E. C.; CAMARGO, C. R. O. Enzimas proteolíticas no processamento de

biscoitos e pães. Boletim da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.

29, n. 2, p. 170-178, 1995.

COMISSÃO NACIONAL DE NORMAS E PADRÕES PARA ALIMENTOS - CNNPA.

Resolução n. 12, de 1978. In: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE

ALIMENTAÇÃO. Alimentos e bebidas: 47 padrões de identidade e qualidade. São Paulo,

1978. 281 p.

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109

EL-DASH, A. A. Application and control of thermoplastic extrusion of cereals for food and

industrial uses. In: POMERANZ, Y.; MUNCH, L. Cereal a renewable resource: theory and

practice. Wageningen: American Association of Cereal Chemists, 1982. p. 165-216.

Farinha de Banana Verde - http://grep.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0-2703-20236-

3-329833,00.html – acessado em junho de 2010.

FASOLIN Luiz Henrique. et. al., Biscoitos produzidos com farinha de banana: avaliações

química, física e sensorial, Ciênc. Tecnol. Aliment. vol.27 no.3 Campinas July/Sept. 2007.

MONTEIRO, A.G.R. Produção de biscoitos. São José do Rio Preto, UNESP, 1996. 56p.

(Relatório de Estágio Supervisionado - apresentado ao departamento de engenharia e

tecnologia de Alimentos).

POWELL, E. L. Production and uses of pre-gelatinized starches. In: WHISTLER, R. L.;

PASCHALL, E. F. Starch chemistry and technology. New York: Academic, 1965. v. 3.

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celíaca em adultos - Rev. Assoc. Med. Bras. vol.56 no.1 São Paulo 2010.

SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE MASSAS E BISCOITOS NO ESTADO DE SÃO

PAULO - SIMABESP. A história do biscoito. São Paulo, 2008. Disponível em:

<http://www.simabesp.org.br/infob.asp>. Acesso em: 12 de julho de 2010.

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110

DOCE DE SOJA: UMA ALTERNATIVA PARA UMA VIDA SAUDÁVEL

L. P. BERND1; L. E. CRIZEL2; K. L. PARIZ3

RESUMO: “Leite” de soja é um produto de elevado valor nutricional, com alto conteúdo

protéico, ausência de colesterol e rico em ácidos graxos poliinsaturados e em lecitina, um

aminoácido essencial. Por essas características, é mais saudável que o seu similar de origem

animal. O doce de soja, considerado um subproduto do leite de soja é um excelente produto

para os indivíduos intolerantes à lactose e aos que se preocupam com qualidade de vida. O

presente trabalho teve por objetivo produzir um doce de soja caseiro e avaliá-lo

sensorialmente, comparando-o ao doce de soja comercial. Para tal, utilizou-se os testes de

preferência e atitude ou intenção de consumo com 73 provadores não treinados, realizando-se

também com estes, uma pesquisa relacionada à sua qualidade de vida. Os dois doces de soja

avaliados (caseiro e comercial) não apresentaram diferenças significativas entre si (p<0,05),

sendo que 58 % dos provadores comeriam freqüentemente ambos os doces. Na pesquisa

realizada, observou-se que 53,4 % dos provadores, consomem produtos a base de soja, sendo

que destes, apenas 37 % consomem derivados de soja focando-se na qualidade de vida.

PALAVRAS CHAVE: soja; doce; qualidade de vida.

INTRODUÇÃO

O interesse e a busca do consumidor por alimentos mais saudáveis propiciam um rápido

crescimento na indústria de alimentos, mediante fabricação de produtos focados nesta

finalidade, visando contribuir para o alcance de uma dieta de melhor qualidade. A

Organização Mundial de Saúde (OMS) define qualidade de vida como a percepção do

indivíduo de sua posição de vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele

vive considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupação.

1 Eng. De Alimentos, Profa. Dra. em Ciência de Alimentos, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP

95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-324800. email: [email protected]. 2 Química Industrial, Técnica do IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento

Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. 3 Estudante do Curso Tecnólogo em Alimentos, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000,

Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200.

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111

A soja e seus derivados tem sido utilizados há séculos nos países orientais como

alimento básico da dieta, chegando ao Brasil em torno de 1900 (GROTTO, 2008). Este cereal

pode ser considerado um alimento funcional porque, além de funções nutricionais básicas,

produz efeitos benéficos à saúde, reduzindo os riscos de algumas doenças crônicas e

degenerativas. Além disto, é rico em proteínas de boa qualidade, é uma excelente fonte de

minerais como cobre, ferro, fósforo, potássio, magnésio, manganês e vitaminas do complexo

B, possui ácidos graxos poliinsaturados e compostos fitoquímicos como isoflavonas,

saponinas, fitatos, dentre outros (EMBRAPA, 2010).

Apesar de todos esses benefícios, a soja ainda é pouco consumida no Brasil, com

exceção ao óleo. Tal cenário tem como um dos motivos o sabor do cereal, caracterizado por

ácidos graxos poliinsaturados existentes no grão, em especial o ácido linoléico, que são

oxidados pela lipoxigenase, sendo perceptíveis ao paladar humano (BEHRENS & SILVA,

2004).

Dessa leguminosa podem-se extrair vários subprodutos como, por exemplo, o leite de

soja, o qual tem como vantagem a possibilidade de ser consumido pelas pessoas intolerantes à

lactose, cujo organismo rejeita o leite humano ou animal. Essa intolerância ocorre devido à

falta da lactase no organismo, uma enzima que hidrolisa as moléculas da lactose - açúcar

encontrado no leite de origem animal, podendo ocasionar mal-estar, produção de gases e

diarréia (MOREIRA et al, 2009).

O leite de soja pode ser consumido in natura ou utilizado como matéria-prima para

elaboração de diversos produtos, a exemplo do doce de soja, o qual, caseiramente, pode ser

produzido com adição de açúcar e ação de calor, similarmente ao processamento de doce de

leite.

As tendências globais apontam um crescimento do mercado de produtos à base de soja,

pela conquista natural de novos adeptos a estes alimentos, pelo surgimento de pesquisas

científicas que relacionam os alimentos funcionais à saúde e à qualidade de vida, além da

introdução de novos produtos no mercado, o que amplia as alternativas mercadológicas

(GAZONI apud JAEKEL et al.,2010).

Com o intuito de proporcionar uma alternativa saudável para inclusão na dieta, focando

em indivíduos intolerantes à lactose e/ou preocupados com a qualidade de vida, o objetivo do

trabalho foi desenvolver um doce de soja caseiro e avaliar sua aceitação mediante testes

afetivos, frente doce de soja comercial.

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112

MATERIAL E MÉTODOS

Matéria-prima

Foi utilizado com a finalidade de comparação sensorial, doce de soja comercial

adquirido no comércio de Bento Gonçalves-RS, da marca Soymilke da empresa Olvebra.

Para processamento do doce de soja caseiro, utilizou-se leite de soja marca Ades, sabor

original, o qual apresentava 8,5 °Brix e acidez de 9 °D; bem como açúcar cristal.

Procedimento Operacional

O doce de soja caseiro foi elaborado em uma panela de alumínio, onde 1 L de leite de

soja foi levado ao aquecimento juntamente com 180 g de açúcar cristal. Mediante agitação

constante, o ponto de cozimento foi observado em refratômetro portátil (marca Atago), até

atingir 78 °brix.

Após o preparo, o doce de soja foi embalado em recipientes plásticos e armazenados

sob temperatura ambiente por 1 dia, até o momento da análise sensorial.

O produto foi processado na agroindústria do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia – Campus Bento Gonçalves, conforme demonstrado na Figura 1.

Figura 1. Fluxograma operacional do processamento do doce de soja.

Análise sensorial

A avaliação sensorial foi realizada mediante testes afetivos, os quais avaliam a

preferência e atitude ou intenção de consumir dos provadores. Para tal, utilizou-se o teste

afetivo de comparação pareada, onde o provador foi solicitado a escolher a amostra de sua

preferência, dentre o doce de soja caseiro e o comercial. Além deste, utilizou-se o teste de

escala de atitude ou de intenção, onde o provador expressa sua vontade ou freqüência de

consumir os produtos que lhe são oferecidos, sendo avaliados desde comeria sempre (nota 7)

até nunca comeria (nota 1).

A equipe de julgadores não treinados foi composta de 73 pessoas, os quais compõem o

quadro de alunos e servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia –

Campus Bento Gonçalves, escolhidos aleatoriamente. As amostras foram codificadas com

Leite de soja Aquecimento 70°C 18 % de açúcar

Cozimento Concentração

(72° - 78° brix)

Resfriamento

Armazenamento

(72° - 78° brix)

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113

números aleatórios (142 e 258) e apresentadas simultaneamente com ordenação aleatória,

juntamente com um copo com água.

Visando conhecer se as pessoas estão preocupadas com a qualidade de vida,

simultaneamente aos testes sensoriais, os provadores foram argüidos a respeito do grau de

preocupação com a qualidade dos alimentos que ingerem, bem como se consomem produtos a

base de soja e porque, quais e se passariam a consumir os que não consomem.

Análise dos Resultados

Os resultados do teste afetivo de comparação pareada foram analisados mediante

utilização da tabela da NBR 13088 (ABNT, 1994), com o objetivo de estabelecer o nível de

significância em função do número total de provadores e o número de provadores

concordantes. Já os resultados do teste de escala de atitude ou de intenção foram avaliados

através de gráficos de barra, utilizando o programa Microsoft Office Excel, 2003.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na pesquisa realizada, dos 73 provadores, 48 foram mulheres e 25 homens, cujas idades

variaram de 14 a 60 anos, sendo que a faixa de 16-25 anos representou 52 % destes. Os

provadores foram alunos e servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

– Campus Bento Gonçalves, representando 65,7 % e 34,3 % respectivamente.

Quanto ao grau de preocupação com a qualidade de vida e conseqüente ingestão de

alimentos saudáveis, 68,9 % dos julgadores marcaram a opção de preocupação média, ou seja,

costumam consumir alimentos industrializados e não se preocupam muito com os aditivos

adicionados. Dentre os que têm alto grau de preocupação, 68,2 % são mulheres, as quais se

preocupam em consumir alimentos orgânicos e com o mínimo de industrialização. Nenhum

dos entrevistados marcou a opção de baixo grau de preocupação com a alimentação, ou seja,

que não se preocupam e sempre consomem alimentos industrializados.

Ao serem argüidos a respeito do consumo de produtos a base de soja, 39 pessoas

apresentam este hábito (38 responderam o motivo), sendo que destes, 3 pessoas são

intolerantes a lactose, com idades de 33, 60 e 58 anos. Dos restantes, 58,8 % nunca

experimentaram produtos com essa oleaginosa, porém, quase todos passariam a consumir, se

houvesse mais divulgação e mais postos de vendas.

Dos entrevistados, 37 % estão realmente preocupados com a qualidade de vida e o

restante, consomem os produtos porque gostam, conforme se observa na Figura 2.

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114

Motivo para o consumo de produtos a base de soja

14

21

3

0 5 10 15 20 25

Me preocupo com

qualidade de vida

Eu gosto

Sou intolerante a

lactose

Figura 2. Motivo do consumo de produtos a base de soja dos entrevistados no Instituto Federal

do Rio Grande do Sul- Campus Bento Gonçalves.

Os produtos à base de soja mais consumidos pelos entrevistados são leite e suco, mas

entre eles, aparecem outros mais como, por exemplo: óleo, barra de cereal, grão de soja,

proteína texturizada, carne de soja, salgadinho, granola, leite em pó, hambúrguer, leite

condensado, chocolates, bolacha, farinha de soja, soja tostada. Observou-se que, em nenhum

momento, os provadores citaram o consumo de doce de soja.

O teste de comparação pareada foi usado para revelar a preferência dos consumidores

em relação ao doce de soja comercial e o caseiro. Dos 73 julgadores, 40 preferiram o doce

caseiro e 33, o doce comercial. Desta forma, observou-se, mediante tabela NBR 13088

(ABNT, 1994), que não houve diferença significativa entre as amostras.

Os comentários descritos pelos provadores referentes ao doce caseiro foram que não era

tão doce, apresentava menos gosto de soja, viscosidade “grudenta” e “puxa-puxa”. Já com

relação ao doce industrial, que era mais consistente, menos doce, apresentava gosto de

remédio e que tinha consistência apropriada para servir no pão.

Os resultados do teste de escala de atitude ou de intenção podem ser observados na

Figura 3, onde se verificou que o item comeria freqüentemente (5) é o que mais se destaca

tanto no doce caseiro quanto no industrial, refletindo em 58 % dos provadores.

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115

(a) (b)

Figura 3. Resultados do teste de atitude ou intenção para o doce de soja comercial (a) e caseiro

(b).

CONCLUSÕES

A soja e seus derivados, apesar de serem alimentos de alta qualidade nutricional, não

são tão consumidos pelos alunos e servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia – Campus Bento Gonçalves, sendo que apenas 19 % estão preocupados com a

qualidade de vida.

O doce de soja caseiro não demonstrou diferença significativa em relação ao industrial

em relação à preferência dos provadores. Com relação à freqüência de consumo, ambos doces

seriam consumidos freqüentemente pelos entrevistados.

A ingestão de produtos à base de soja representa uma alternativa favorável à saúde

humana, uma vez que esta leguminosa, considerada um alimento funcional, é capaz de

prevenir uma série de doenças, sendo também possível o consumo por pessoas intolerantes a

lactose.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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QUEIROZ, M.I.; TREPTOW, R.O. Análise sensorial para a avaliação da qualidade dos

alimentos. Rio Grande: Ed da FURG, 2006. 286p.

atitude ou intenção do doce de soja industrial ( 142)

13

10

20

14

8

4

0

0 5 10 15 20 25

( 7 ) Comeria sempre

( 6) Comeria muito frequentemente

( 5 ) Comeria frequentemente

( 4 ) Comeria ocacionalmente

( 3 ) Comeria raramente

( 2 ) Comeria muito raramente

( 1 ) Nunca comeria

Atitude ou intenção do doce de soja caseiro (258)

10

12

22

14

6

8

0

0 5 10 15 20 25

( 7 ) Comeria sempre

( 6 ) Comeria muito frequentemente

( 5 ) Comeria frequentemente

( 4 ) Comeria ocasionalmente

( 3 ) Comeria raramente

( 2 ) Comeria muito raramente

( 1 ) Nunca comeria

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116

COELHO, D.T.; ROCHA, A.A. Praticas de processamento de produtos de origem animal.

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117

EFEITO DE CLARIFICANTES PROTEICOS SOBRE OS INDICES DE COR E

LIMPIDEZ DE VINHO MERLOT

E. FICAGNA1; S. B. ROSSATO2; L. V. S. FARDO3; G. GIOTTO3;

RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de diferentes clarificantes

protéicos sobre as características de cor e limpidez em vinho tinto Merlot safra 2009, sendo

eles: proteína vegetal, albumina de ovo, proteína microbiana, gelatina em pó e gelatina líquida.

Foram estudados os efeitos de cinco clarificantes diferentes. O estudo foi realizado no IFRS -

Campus Bento Gonçalves utilizando delineamento experimental inteiramente casualizado

com seis tratamentos (cinco clarificantes e uma testemunha) e três repetições aplicando as

doses médias recomendadas pelo fabricante. Nos vinhos clarificados foram realizadas análises

de densidade ótica a 420, 520 e 620nm, intensidade de cor e limpidez. Os resultados

mostraram uma redução significativa na densidade ótica (420, 520, 620nm) e na intensidade

de cor por todos os clarificantes em relação à testemunha. A proteína vegetal e a albumina de

ovo tiveram mesmo efeito sobre o vinho nas análises efetuadas. A proteína microbiana não

alterou a limpidez comparativamente a testemunha. Com exceção da tonalidade, as maiores

alterações nos índices de cor foram observadas na clarificação com gelatina líquida.

PALAVRAS-CHAVE: clarificantes protéicos, vinho Merlot, índices de cor.

INTRODUÇÃO

A colagem do vinho é uma prática tradicional em Enologia que, independentemente das

características físico-químicas de cada cola, tem sido amplamente estudada por diversos

autores no que se refere, sobretudo ao seu efeito global nas características do vinho (Bravo-

Haro et al., 1991; Ricardo-da-Silva et al., 1991; Marchal et al., 1993; Machado-Nunes et

al., 1995).

__________________________________ 1 Engenheiro em Alimentos, Prof. Mestre, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. 2 Farmacêutica Bioquímica, Prof. Doutora, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. 3 Estudante, Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS.

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Em Enologia, o termo clarificação é definido como a operação que consiste na adição

ao mosto ou vinho de determinadas substâncias (chamadas clarificantes ou colas) que são

capazes de flocular e sedimentar, arrastando desta forma as partículas que estão em suspensão

(Togores, 2003; Úbeda, 2000). Segundo Úbeda (2000), a clarificação não é um processo

padrão, pois varia de acordo com as características dos vinhos sobre os quais irá atuar. Os

pontos chaves deste processo são a estabilização dos vinhos como solução coloidal, a

manutenção do equilíbrio de seus componentes e a permanência de todas as suas

características organolépticas. Dentre os clarificantes protéicos de maior utilização em vinhos

tintos encontra-se a albumina de ovo e a gelatina. A gelatina é um dos clarificantes mais

empregados em Enologia, apresentando-se no vinho como um colóide com carga elétrica

positiva, necessitando de tanino, bentonite ou solução de sílica para flocular. É obtida a partir

da cocção prolongada de restos de animais (peles, tecidos conjuntivos, ossos) que contém

colágeno. De acordo com Ribéreau-Gayon et al. (2002), as gelatinas são constituídas

sobretudo pelos aminoácidos glicina, prolina, hidroxiprolina e ácido glutâmico.

A albumina do ovo é constituída por várias proteínas, que representam 12,5 % do peso

de uma clara fresca (Ribéreau-Gayon et al. 2002), destacam-se entre essas proteínas a

ovoalbumina e em menor proporção a ovoglobulina, que apresentam propriedades

clarificantes. Trata-se de um clarificante de excelente qualidade utilizado para limpeza de

grandes vinhos tintos, e sobre tudo quando se deseja suavizar os vinhos com excesso de

taninos adstringentes (Togores, 2003).

Entre os novos clarificantes que estão sendo lançados no mercado destacam-se as

proteínas de origem microbiana, especialmente oriundas das paredes celulares de leveduras, e

as proteínas vegetais. Estas últimas comercializadas no Brasil têm normalmente como

matéria-prima a ervilha. Apesar de inúmeros estudos sobre os clarificantes, existem ainda

lacunas sobre os efeitos destes coadjuvantes novos sobre os vinhos brasileiros. Nesse sentido,

o objetivo do presente trabalho é estudar o efeito de cinco clarificantes protéicos

comercializados para uso enológico (albumina de ovo, gelatina líquida, gelatina sólida,

proteína microbiana e proteína vegetal) nos índices de cor e limpidez de um vinho Merlot.

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho constituiu-se na clarificação de vinho tinto com a utilização de clarificantes

protéicos alternativos comparativamente a clarificantes protéicos tradicionais. O vinho

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utilizado no trabalho foi da variedade Merlot devido a esta ser uma das mais adaptadas ao

clima e solo, principalmente do Rio Grande do Sul, representando significativa parcela das

uvas viníferas processadas no estado. O projeto foi desenvolvido nas instalações do IFRS -

Campus Bento Gonçalves, utilizando primeiramente a vinícola da instituição, onde foi

realizada a vinificação das uvas provenientes de dois locais: Vacaria (Região Campos de

Cima da Serra) e Bento Gonçalves (Serra Gaúcha). A vinificação das uvas foi realizada na

safra de 2009 e o vinho elaborado foi submetido à colagem.

A clarificação foi realizada na Unidade de Vinificação do Campus Bento Gonçalves.

Para clarificar o vinho utilizaram-se cinco clarificantes comerciais de origem protéica

originando os seguintes tratamentos: 1) albumina de ovo (17,5g.hL-1); 2) proteína microbiana

(11,5g.hL-1); 3) gelatina líquida (100mL.hL-1); 4) gelatina em pó (17,5g.hL-1); 5) proteína

vegetal (12,5g.hL-1); 6) testemunha, vinho sem clarificante. Em cada experimento foram

realizadas três repetições. As doses médias utilizadas e o protocolo de aplicação dos

clarificantes seguiram as recomendações dos fornecedores. A diluição foi realizada com a

adição de 75 ml de água destilada em todos os clarificantes diluídos sob agitação leve. Antes

da aplicação dos clarificantes o vinho foi sulfitado (50 ppm de SO2 ) e homogeneizado

seguindo a incorporação dos clarificantes em 14L de vinho.

Para a clarificação adotou-se o seguinte procedimento para todas as parcelas. O vinho

foi transferido para um recipiente de vidro de 20L de capacidade. A dose estabelecida de

clarificante foi introduzida através de uma bomba centrifuga (marca Sarlo Better modelo

S300) com capacidade de 280 L/h para que houvesse uma incorporação adequada e

homogênea em toda a massa de vinho. A incorporação de todos os clarificantes foi realizada

em um tempo de três minutos por meio de um tubo de Venturi acoplado a bomba, sendo que

esta permanecia ligada homogeneizando o vinho e o clarificante por mais dois minutos após o

término da incorporação. O tempo de incorporação foi calculado em função da vazão da

bomba e dos volumes de clarificante e vinho. Este mesmo procedimento de bombeamento foi

realizado com o vinho testemunha que não recebeu clarificante, porém recebeu o mesmo

volume de água utilizado na diluição de todos os clarificantes.

Após a incorporação do clarificante o vinho foi devidamente acondicionado em

recipientes de vidro com capacidade de 4,6 litros.

Os recipientes foram conduzidos a um ambiente com temperatura controlada de 17ºC.

Decorridos 10 dias o vinho clarificado foi separado do precipitado por sifonagem e a

estabilização tartárica foi realizada em câmara frigorífica a temperatura de -2ºC (dois graus

negativos) durante sete dias. Finalizada esta etapa o vinho estabilizado foi separado do

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120

precipitado por sifonagem e acondicionado em garrafas de 0,75L e 0,25L para posteriores

análises. Os índices de cor DO 420; DO 520 e DO 620nm foram determinados através da

leitura espectrofotométrica, com uma cubeta de quartzo de 1mm de percurso ótico. A

intensidade de cor representa a soma das leituras obtidas e a tonalidade representa o valor da

relação entre a DO 420 e a DO 520nm (Ribéreau-Gayon et al., 1998). A limpidez, DO 650nm,

foi determinada através de leitura espectrofotométrica, com uma cubeta de quartzo de 5mm de

percurso ótico (Riberéau-Gayon et al., 1982). Todos o valores foram expressos para um

caminho ótico de 10mm.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com seis

tratamentos e três repetições. Para comparação entre as médias, utilizou-se o teste de Tukey

ao nível de 5% de probabilidade de erro, de acordo com Pimentel Gomes (1987).

RESSULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados apresentados na tabela 1 revelam que todos os clarificantes provocam uma

diminuição dos índices de cor (DO 420, DO 520 e DO 620nm), concordando com os dados

publicados por Cosme et al. (2004). Constata-se que as gelatinas, tanto a líquida quanto a

sólida, foram responsáveis pela maior redução da cor amarela do vinho (DO 420nm),

vermelha (DO 520nm) e a cor azul (DO 620nm). Estes decréscimos também são observados

por Bravo-Haro et al, (1991) quando são comparados os efeitos de colas protéicas com a

bentonite. Ricardo-da-Silva et al., (1991) verificou que a adição de gelatina a vinhos tintos

jovens da casta Mourvèdre, proporcionou uma redução no teor de antocianinas totais e nos

índices de cor a 420, 520, 620nm. Observou-se que a proteína vegetal, clarificante recente no

mercado enológico, não diferiu estatisticamente em todos os índices quando comparada a

albumina de ovo (clarificante tradicional). Lefebvre et al. (2000) apontam a proteína vegetal

como uma das opções para a substituição da gelatina como agente clarificante apresentando

resultados semelhantes entre tratamentos. Os dados apresentados na tabela 1 revelam uma

similaridade de efeitos entre gelatina sólida e a proteína vegetal, exceto para os índices DO

620nm e a intensidade de cor. Porém a gelatina líquida diferiu em todos os atributos, exceção

na limpidez.

A proteína microbiana não diferiu estatisticamente da testemunha quando observada a

limpidez do vinho. Os demais clarificantes não diferiram estatisticamente entre si com relação

a este atributo. Ainda em relação aos índices de cor (DO 420, DO 520 e DO 620nm), destaca-

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se que a gelatina líquida foi responsável pela maior redução das cores amarela (DO 420nm) e

vermelha (DO 520nm), assim como a maior diminuição da intensidade de cor dentre os

clarificantes. Cosme et al. (2004) descrevem que gelatina na forma líquida provoca

principalmente a diminuição dos pigmentos poliméricos (moléculas que resultam da

condensação de antocianinas com taninos) enquanto que a gelatina sólida dissolvida a quente

induz um maior decréscimo nas antocianinas coradas.

TABELA 1. Índices de cor avaliados em vinho Merlot safra 2009 após aplicação de

diferentes clarificantes proteicos (valor médio ± erro padrão).

Cl Índices

DO 420nm DO 520nm DO 620nm Intensidade Tonalidade Limpidez

AO 3,017 ±0,012 b 3,617 ±0,003 c 0,748 ±0,002 b 7,381 ±0,014 bc 0,834 ±0,003 ab 0,493 ±0,008 b

GS 2,897 ±0,035 c 3,570 ±0,025 c 0,711 ±0,007 c 7,177 ±0,065 c 0,811 ±0,006 c 0,508 ±0,012 b

PM 3,033 ±0,024 b 3,753 ±0,038 b 0,775 ±0,007 b 7,561 ±0,069 b 0,808 ±0,003 c 0,575 ±0,006 a

PV 2,973 ±0,003 bc 3,663 ±0,032 bc 0,751 ±0,005 b 7,387 ±0,033 b 0,812 ±0,008 bc 0,505 ±0,003 b

GL 2,800 ±0,006 d 3,350 ±0,015 d 0,688 ±0,001 c 6,838 ±0,018 d 0,836 ±0,004 a 0,507 ±0,005 b

TS 3,333 ±0,012 a 3,937 ±0,015 a 0,918 ±0,012 a 8,188 ±0,033 a 0,847 ±0,001 a 0,562 ±0,013 a

Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa (p<0,05) pelo teste de Tukey.

LEGENDA: Cl – Clarificantes; AO – Albumina de Ovo; GS – Gelatina Sólida; PM –

Proteína Microbiana; PV – Proteína Vegetal; GL – Gelatina Liquida e TS – Testemunha.

CONCLUSÃO

Sob as condições deste experimento e utilizando a dose média recomendada pelos

fabricantes todos os clarificantes estudados provocaram diminuição nos índices de cor com

relação à testemunha. Com exceção a tonalidade, as maiores alterações nos índices de cor

foram observadas na clarificação com gelatina líquida. Todos os clarificantes apresentaram o

mesmo efeito sobre a limpidez do vinho, exceto a proteína microbiana que não diferiu

estatisticamente da testemunha.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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origines, propriétés et performances. Revue Française de Oenologie, n.184, p. 28-32, 2000.

MACHADO-NUNES, M.; LAUREANO, O.; RICARDO DA SIVA, J. M. Influência do tipo

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RIBÉREAU-GAYON, J. et al. Traité d'oenologie: sciences et techniques du vin: analyse et

contrôle des vins. 2.éd. Paris: Dunod, 1982. V.1. 645p.

RICARDO-DA-SILVA, J. M.; CHEYNIER, V.; SOUQUET, J. M.; MOUTOUNET, M.;

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ÚBEDA, R. M. Teoria de la clarificación de mostos y vinos y sus aplicaciones práticas.

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UTILIZAÇÃO DO BAGAÇO DE UVA PARA PRODUÇÃO DE FARINHA1

A. PIOVESANA2; M. M. BUENO3; V. M. KLAJN4�

RESUMO: A vitivinicultura é uma das principais atividades na região da Serra Gaúcha,

sendo que esta gera e descarta um grande volume de resíduos sólidos. A crescente demanda

por alimentos que trazem benefícios à saúde, vem sendo acompanhada com a preocupação

por processos que gerem baixo volume de resíduos, ou que proporcionem seu

reaproveitamento. O bagaço da uva (Vitis vinifera) é um subproduto rico em antocianinas e

compostos fenólicos antioxidantes, que são tipicamente pouco encontrados nos alimentos e

possuem efeitos benéficos à saúde. Este trabalho propõe uma alternativa para utilização deste

resíduo na elaboração de farinha. A farinha de bagaço de uva foi obtida através da secagem

em estufa de circulação de ar forçado, com temperaturas e tempo controlados, até obter

umidade em torno de 12%, seguida de moagem e padronização granulométrica. A farinha

obtida apresentou características de cor e aroma atraentes, além de, teoricamente, pelas

condições empregadas, preservar as substâncias bioativas presentes, podendo ser utilizada

como matéria prima alternativa na substituição parcial da farinha de trigo em produtos de

panificação, como por exemplo, biscoitos.

PALAVRAS-CHAVE: bagaço de uva (Vitis vinifera), reaproveitamento, substâncias

bioativas.

INTRODUÇÃO

O Brasil, por ser um país de grande atividade agrícola, é um dos que mais produzem

resíduos agroindustriais. A busca de alternativas para utilização da matéria orgânica gerada

vem crescendo dentro de vários centros de pesquisa. Produtores e indústrias da área vinícola

enfrentam o problema de descarte da biomassa residual que embora seja biodegradável,

1 Parte da te projeto de pesquisa Biscoito Funcional de Aveia e Uva. 2 Acadêmica do curso superior em Tecnologia em Alimentos do IFRS - Campus Bento Gonçalves e bolsista de iniciação científica. E-mail: [email protected]. 3 Acadêmica do curso superior em Tecnologia em Alimentos do IFRS - Campus Bento Gonçalves e bolsista de iniciação científica. E-mail: [email protected]. 4 Química, M.Sc., Prof. do IFRS – Campus Bento Gonçalves. Professora orientadora. Av. Osvaldo Aranha 540, Bento Gonçalves-RS CEP.: 95.700-000 E-mail: [email protected]

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necessita de um tempo mínimo para ser mineralizada, constituindo-se numa fonte de

poluentes ambientais. Dados da indústria mostram que para 100 L de vinho branco produzido

geram-se 31,7 kg de resíduos, dos quais 20 kg são de bagaço (ROCKENBACH, 2008 apud

CAMPOS, 2005).

Conforme EMBRAPA UVA E VINHO (2009), a produção de uvas no Brasil, constitui

uma atividade consolidada, com importância socioeconômica no Rio Grande do Sul, o qual

representa 90% da produção nacional de vinhos.

Em comparação aos estudos químicos envolvendo os constituintes dos vinhos, o bagaço

de uva tem sido muito pouco investigado, sendo, no entanto, rico em polifenóis

(ROCKENBACH, 2008 apud AMICO et al., 2004), que são considerados compostos

bioativos, ou seja, constituintes extra nutricionais que ocorrem tipicamente em pequenas

quantidades nos alimentos e possuem efeitos para a saúde (ROCKENBACH, 2008 apud

KRIS-ETHERTON et al., 2002). A maior parte destes compostos é encontrada nas partes

sólidas da uva, uma grande proporção permanece nos resíduos ou subprodutos da vinificação

(ROCKENBACH, 2008 apud ALONSO et al., 2002).

Os compostos fenólicos, em alimentos, são responsáveis pela cor, adstringência, aroma

e estabilidade oxidativa (ROCKENBACH, 2008 apud ANGELO e JORGE, 2007). De acordo

com Balasundram, Sundram e Samman (2006), esses compostos são divididos de acordo com

sua estrutura química: ácidos fenólicos, flavonóides, principalmente, estilbenos e taninos.

Segundo a Resolução nº 12 de 1978 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –

ANVISA, farinha é o produto obtido pela moagem da parte comestível de vegetais, podendo

sofrer previamente processos tecnológicos adequados. Assim, torna-se possível a obtenção de

farinha a partir de bagaço de uva. Visto seu potencial tecnológico, o bagaço transformado em

farinha torna-se interessante para a elaboração de produtos de panificação em substituição

parcial à farinha de trigo. O objetivo deste trabalho foi propor uma alternativa de utilização de

parte do volume de resíduos gerados e descartados pela indústria do vinho, através da

elaboração de farinha a partir do bagaço de uva, de forma a preservar as substâncias bioativas

(antocianinas, compostos fenólicos e antioxidantes) presentes nesse subproduto.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi utilizado bagaço de uva tinta (Vitis Vinifera) da safra 2009/2010, procedente de

indústria vitivinícola de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, tendo em vista a preservação

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das propriedades do bagaço. Estes foram subdivididos em amostras de 1 (um) quilograma

cada, embalados em sacos plásticos e armazenados sob temperatura de -18,0 ± 0,2ºC.

Para a secagem, as amostras de bagaço foram acondicionadas em fôrmas de alumínio

retangulares, levadas à estufa com circulação de ar forçado, controlando a temperatura entre

33 e 46ºC.

A análise de umidade foi realizada de acordo com metodologia do Diário Oficial da

União (DOU) de 17/09/1991, onde se pesou de 3 a 5 gramas de amostra, em cadinho de

porcelana, e deixou-se em estufa à temperatura de 105ºC, até peso constante.

Para a moagem do bagaço previamente seco, foi utilizado moinho rotor marca Marconi,

modelo MA-340, com peneiras de 10 e 20 mesh.

Para a determinação granulométrica, foi utilizado jogo de peneiras marca Bertel de 20 e

50 mesh.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O bagaço foi mantido sob baixas temperaturas até a utilização para sua conservação e

manutenção de suas características físico-químicas e sensoriais. As amostras foram secas em

estufa com circulação de ar forçado, para garantir a distribuição uniforme da temperatura no

interior do equipamento. A temperatura foi mantida entre 33-46ºC para a preservação das

substâncias bioativas da amostra.

A secagem do bagaço foi realizada até atingir o teor de umidade indicado para a

produção de farinhas. O tempo de secagem oscilou entre 12 a 26 horas, devido as variações de

temperatura ambientais e do próprio equipamento, bem como a umidade relativa do ar. Estes

valores podem ser visualizados na Figura 1, onde o tempo de secagem e percentual de

umidade resultante variam de acordo com a temperatura utilizada.

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Figura 1. Percentual de umidade nas amostras de bagaço de uva em função das variáveis

tempo e temperatura. Onde, X = tempo de secagem (horas), Y = temperatura de

secagem (ºC) e a curva representa a variação no percentual de umidade (%).

O teor de umidade foi definido de acordo com a legislação para farinha de trigo, onde a

Associação Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, define que deve ser de no máximo

14% (v/p). No entanto, definiu-se o teor de umidade entre 9-12% para o bagaço, para

obtenção de uma farinha com propriedades semelhantes à da farinha de trigo, podendo assim,

ser usada em produtos de panificação.

A moagem feita em moinho rotor foi bem sucedida, porém as partículas de semente não

ficaram bem trituradas, sendo assim, para a homogeneidade granulométrica da farinha,

realizou-se o peneiramento em conjunto de peneiras com diâmetro de abertura de 50 e 20

mesh, obtendo-se uma farinha de bagaço de uva de cor e aroma atraentes, bem como de

granulometria padronizada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O bagaço de uva, sendo rico em substâncias bioativas, raramente presentes em altos

teores nos alimentos, é um subproduto facilmente encontrado na região da Serra Gaúcha, com

condições de secagem e moagem compatíveis para produção de farinha. Desse modo, devido

às propriedades antioxidantes, reconhecidas pela literatura, o bagaço pode ser considerado

uma matéria prima alternativa para uso em produtos de panificação, como biscoitos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANGELO, P. M.; JORGE, N. Compostos fenólicos em alimentos – Uma breve revisão.

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ANVISA – Agência Nacional da Vigilância Sanitária. Legislação para farinha de trigo.

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BRASIL. Ministério da Agricultura. Métodos Analíticos Oficiais Físico-Químicos. Diário

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da União, de 17 de setembro de 1991. Seção 1.

CAMPOS, L. Obtenção de extratos de bagaço de uva Cabernet Sauvingnon (Vitis

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130

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL - CAMPUS BENTO

GONÇALVES NOS CURSOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA E FÍSICA:

O PERFIL DOS INGRESSANTES

J. P. GARCIA1; L. M. da SILVA2; J. C. S. R. do AMARAL3

RESUMO: É fundamental investir e avaliar permanentemente esses cursos, preparando

adequadamente os alunos para ensinar; sendo importante suprir as necessidades dos futuros

docentes. Refletir sobre a prática pedagógica do qual este é sujeito, apropriar-se de teorias

capazes de demonstrar a prática conservadora e apontar para as construções futuras, é fator

determinante para torná-los bons professores. O presente artigo abordará os dados

socioeconômicos, formação inicial e as proposições que vêm ao encontro das necessidades

dos alunos das licenciaturas do IFRS - BG. Com este projeto de pesquisa buscamos, também,

identificar quais as demandas em relação à formação continuada, que deve ser incentivada já

no ensino superior, em que os mesmos têm sua formação inicial, porém esta formação não

deve terminar ao fim da graduação; ela precisa ser constante, periódica, obtendo lugar durante

toda a carreira profissional do docente.

PALAVRAS-CHAVE: perfil dos ingressantes; demandas; formação inicial de professores

INTRODUÇÃO

A indiscutível importância dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia,

enquanto instituições públicas federais de ensino demonstram a necessidade de desenvolver,

de forma mais acelerada e com referenciais sólidos, o potencial desses no cenário nacional e

internacional. Prova disso é a recente transformação dos mesmos em Instituições de Ensino

1 Aluna da Licenciatura em Física e bolsista de pesquisa do Projeto “A formação de professores no IFRS – Campus Bento Gonçalves: a criação de uma identidade”. 2 Aluna do Curso de Formação de Professores para a Educação Profissional e bolsista de pesquisa do Projeto “A formação de professores no IFRS – Campus Bento Gonçalves: a criação de uma identidade”. 3 Doutora em Educação pela UFRGS, professora da área da educação do IFRS – Campus Bento Gonçalves e Coordenadora do Curso de Formação de Professores para a Educação Profissional.

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131

Superior voltadas também para a formação de docentes para a Educação Básica, conforme a

Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008.

Frente a esse novo desafio colocado para os Institutos Federais é importante que se

desenvolva um projeto de avaliação da demanda e das necessidades dos alunos das

licenciaturas a fim de orientar as tomadas de decisão da instituição através de um sistema de

coleta de informações úteis e confiáveis. São imprescindíveis tais ações para que a educação,

seja no nível básico ou superior, consiga atender a demanda do mundo do trabalho atual, tão

globalizado e dinâmico. Essa proposta de trabalho possibilita atuar em todas as dimensões da

formação de professores, valorizando avaliações formativas e participativas, ao mesmo tempo

em que se dispõe a ressaltar os processos que fazem parte de uma instituição educacional,

cuja diversidade, cultura e especificidades são fruto de cinquenta anos de trabalho junto à

comunidade.

O presente artigo é o resultado parcial de um projeto de pesquisa desenvolvido no

Campus Bento Gonçalves do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio

Grande do Sul - IFRS4 que objetiva conhecer o perfil da demanda dos cursos de licenciatura

do referido Campus, para assim propor ações concretas que atinjam efetivamente os

propósitos da instituição. A coleta de dados para a pesquisa foi realizada por meio de um

levantamento quantitativo e qualitativo do perfil dos alunos das licenciaturas do IFRS –

Campus Bento Gonçalves, através da aplicação de questionário com perguntas abertas e de

múltipla escola para os cursos de Física (turma 2009 e turma 2010) e Matemática (turma

2008, turma 2009 e turma 2010), totalizando cento e quatro entrevistados, destes sessenta e

três alunos são do curso de licenciatura em física e quarenta e um são do curso de

licenciaturas em matemática.

O instrumento da pesquisa foi organizado com informações sobre os dados

socioeconômicos (1ª parte), formação inicial (2ª parte), por fim, as proposições que vêm ao

encontro das necessidades dos alunos (3ª parte).

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

4 O referido projeto de pesquisa intitula-se “A formação de professores no IFRS – Campus Bento Gonçalves: a criação de uma identidade” e é desenvolvido pelas bolsistas Joselaine Pinheiro Garcia e Luciana Moreira da Silva, sob a orientação da Profª. Josiane Ramos do Amaral.

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Há algumas décadas, acreditava-se que, quando terminada a graduação, o profissional

estaria apto para atuar na sua área de formação pelo resto da sua vida profissional. No entanto,

na atual conjuntura, essa perspectiva mudou, as demandas modificaram, o perfil profissional

mudou, principalmente a respeito do trabalho docente. A conjuntura atual é flexível e volátil,

as informações circulam livremente, confundindo-se com o entendimento de conhecimento

em si. Consequentemente, contrariando perspectivas pessimistas em relação ao término do

trabalho docente, o mesmo mostra-se fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade

mais justa e democrática.

Portanto, o professor5 deve estar consciente de que sua formação é permanente. Além da

formação inicial é essencial a formação continuada, integrada ao cotidiano das escolas. Sobre

essa questão, Nóvoa (2002, p. 23) diz que: “O aprender contínuo é essencial se concentra em

dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento

profissional permanente.” Para esse estudioso português, a formação continuada se dá de

maneira coletiva e depende da experiência e da reflexão como instrumentos contínuos de

análise.

Nesse contexto, discutir os pressupostos da formação do professor é discutir como

assegurar um domínio adequado da ciência, da técnica e da arte da profissão docente, ou seja,

é tratar da competência profissional. No seu processo de formação, o docente se prepara para

dar conta do conjunto de atividades pressupostas ao seu campo profissional.

De acordo com Pimenta (2005), além de fornecer a habilitação legal para o exercício da

docência, espera-se que o curso realmente forme professor que consegue dar respostas às

situações que emergem no dia-a-dia profissional. Ainda segundo o autor Pimenta (2005),

espera-se da licenciatura que desenvolva nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e

valores que lhes possibilitem permanentemente irem construindo seus saberes-fazeres

docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino como prática social lhes coloca no

cotidiano. (PIMENTA, 2005, p.17-18). Com essa questão colocada por Pimenta (2005),

concebe-se que a formação de professores deve voltar-se para o desenvolvimento de uma ação

educativa capaz de preparar os alunos para a compreensão e transformação positiva e crítica

da sociedade em que vive.

A função da formação de professores seria proporcionar condições para estimular o

“querer mais”, a busca pelo aperfeiçoamento do seu trabalho na perspectiva de mudanças

significativas, como afirma Nóvoa:

5 Utiliza-se neste artigo o gênero masculino para designar a profissão docente, no entanto temos o entendimento de abarcar também o gênero feminino nas análises.

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A formação pode estimular o desenvolvimento profissional dos

professores no quadro de uma autonomia contextualizada da

profissão docente. Importa valorizar paradigmas de formação

que promovam a preparação de professores reflexivos, que

assumam a responsabilidade do seu próprio desenvolvimento

profissional e que participem como protagonistas na

implantação das políticas educativas (NÓVOA, 1992, p.27).

Nóvoa reforça, assim, que uma boa formação capacita o professor para ser reflexivo,

diante das situações que lhes são apresentadas em sua vida profissional, seja diante de novos

paradigmas, seja diante de ideologias que tentam impor uma concepção de escola e de mundo.

A escola pública poderia pensar em tentar conjugar, na prática pedagógica e didática, outros

verbos, além do verbo repetir, para redefinir sua função didático-pedagógica .

OS ALUNOS DAS LICENCIATURAS DE FÍSICA E MATEMÁTICA DO CAMPUS

BENTO GONÇALVES

A partir da análise dos dados obtidos na primeira parte do questionário, observamos que

a maioria dos alunos de ambas as licenciaturas são do sexo feminino com uma média de idade

até vinte e quatro anos, consideram-se brancos e apresentam uma renda bruta média familiar

de até 4 salários mínimos (R$ 481,00 até R$ 2160,00).

Por meio dos dados, observar-se que o número de alunos oriundos de outras cidades é

maior do que os alunos que residem no município de Bento Gonçalves. Com isso, percebe-se

que a maioria dos alunos advém de localidades do entorno6 da cidade sede do Campus.

Dos alunos pesquisados trinta e nove deles trabalham na área de educação (bolsistas de

estudos, estagiários, monitores, secretários de escola, etc.). Destes, trinta fazem referência à

oportunidade de participação no Programa Institucional de Bolsa a Iniciação à Docência -

PIBID. Outros cinquenta e dois trabalham em áreas diversificadas e ainda temos treze alunos

que não trabalham.

6 Ajuricaba, Alpestre, Bento Gonçalves, São Luiz Gonzaga, Seberi, Uruguaiana, Lajeado, Guaporé, Garibaldi, Pelotas, Carlos Barbosa, Santa Rosa, Porto Alegre, Monte Belo do Sul, Guabiju, Nova Prata, Cachoeirinha, São Jerônimo, São Borja, Santa Maria, Salvador do Sul, Rio Pardo, Tucunduva, Sananduva, Montenegro, Santa Maria, São Leopoldo, São Sebastião do Caí, Santiago, Veranópolis, Cotiporã, Ivoti, Santo Angelo, Vacaria, Esmeralda, Anchieta, Getúlio Vargas, Quinze de Novembro.

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134

Sobre o questionamento da cultura geral e da importância da leitura para o

desenvolvimento dos futuros docentes, os alunos afirmam ler variados tipos de textos, porém

isso acontece esporadicamente para a maioria.

Dos cento e dois entrevistados, trinta e dois tomaram conhecimento dos cursos de

licenciatura do IFRS-BG através do sítio eletrônico da instituição e/ou do Ministério da

Educação – MEC, trinta e nove citaram familiares e amigos; e os outros trinta e três tomaram

conhecimento por outros meios de comunicação.

No que diz respeito à trajetória escolar e o motivo da escolha do curso, podemos afirmar

que a maioria dos alunos entrevistados afirmou que escolheu a licenciatura porque sempre

gostou e admirou esta profissão e quer realmente ser professor.

Na segunda parte do questionário, foram realizadas questões abertas relacionadas à

formação inicial dos estudantes. Nessa parte, observamos que setenta e seis entrevistados em

ambas as licenciaturas se colocam como alunos e não como futuros professores, ou seja, como

receptores de conhecimento. Entretanto, dez alunos afirmam querer assumir uma postura

crítica, a fim de relacionar os conhecimentos teóricos com os conhecimentos da prática,

tornando-se docentes reflexivos.

Sobre o questionamento de possíveis características do bom professor, cinquenta e nove

entrevistados acreditam que ter domínio da área de atuação é fator essencial para o

desenvolvimento de uma boa prática docente. Vinte e três alunos acreditam no paradigma da

transmissão de conhecimento como forma de aprendizagem. Sobre essa crença, Becker (2001)

afirma que a educação deve ser um processo de construção de conhecimento ao qual ocorrem,

em condições de complementaridade, por um lado, os alunos e professores e, por outro, os

problemas sociais atuais e o conhecimento já construído. Segundo o pesquisador, o

entendimento desse processo implica numa mudança rumo ao paradigma epistemológico

construtivista trazendo, assim, mudanças profundas na teoria e na prática docente.

Ainda sobre esse questionamento, trinta e três alunos citaram a capacidade de respeitar

as limitações dos alunos e o bom relacionamento com os mesmos, sem distinções. Trinta

alunos acreditam que a relação de ensino-aprendizagem seja mútua, confirmando assim as

teorias de Becker (2001) quando diz que a escola precisa transformar-se cada vez mais em

laboratório e ser cada vez menos auditório.

A maioria dos entrevistados acredita que a melhor forma de se trabalhar em sala de aula

seria a partir da concepção interacionista, descrita por Becker na obra “Epistemologia do

Professor”, onde “o conhecimento se dá por um processo de interação radical entre o sujeito e

o objeto, entre o indivíduo e a sociedade, entre o organismo e o meio”(2001, p.36). O bom

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135

professor, para esses entrevistados, seria aquele que propusesse situações de aprendizagem

por meio da assimilação de conceitos efetivamente construídos pelos alunos.

Em relação à importância dos colegas de turma para o aprendizado, setenta e dois

entrevistados responderam que a interação entre os alunos é de fundamental importância, pois

permite a troca de experiências, e o respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem.

Perguntado sobre o desempenho no curso, trinta entrevistados referem ter facilidade nas

relações interpessoais, vinte e oito apresentam boas expectativas em relação ao curso e vinte

têm uma busca autônoma de informações.

Na terceira parte do questionário, das proposições, observamos que quarenta e sete

entrevistados têm preocupação com as condições futuras de trabalho e ensino, quinze

acreditam que o professor deva ter prazer em estar numa sala de aula, caso contrário, devem

seguir outra profissão, como citam dezesseis entrevistados.

Em relação à pergunta sobre possíveis proposições para tornar a escola atraente para o

aluno, observamos que cinquenta e oito entrevistados gostariam que os professores

trouxessem novidades para a sala de aula, despertando assim o interesse destes pela aula. A

interação entre professor-aluno, aluno-professor e mesmo entre alunos é muito importante

para o crescimento cognitivo desses educandos. Sabemos também que essa interação muitas

vezes não acontece, pois a escola ao invés de produzir saber acaba produzindo ignorância,

como referenda Becker.

Quanto às expectativas em relação à parte pedagógica dos cursos de licenciatura

observamos que os alunos mostram-se satisfeitos. Ainda sugerem que os professores do curso

devem ter bom embasamento para a diversificação das práticas em sala de aula, despertando

assim a motivação e o interesse dos alunos.

Um ponto favorável demonstrado pelos dados é a pretensão da maioria em continuar

sua qualificação, embora reconheçam as dificuldades da docência. Muitos acreditam na

relevância do acesso às redes públicas de ensino como fator fundamental para a qualificação

dos futuros professores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O exercício da docência não pode se resumir à aplicação de modelos previamente

estabelecidos. A formação docente deve dar conta da complexidade que se manifesta no

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136

contexto da prática concreta desenvolvida pelos professores, posto que o entendemos como

um profissional que toma as decisões que sustentam os encaminhamentos de suas ações.

Se obtivermos essa compreensão da prática docente, o processo de formação que lhe é

pressuposto desenvolve-se ao longo de toda a carreira dos professores (formação inicial e

continuada). E, sobretudo, requer a mobilização dos saberes teóricos e práticos capazes de

propiciar o desenvolvimento das bases para que eles investiguem sua própria prática e, a partir

dela, constituam seus saberes, num processo contínuo de ação- reflexão-ação. Portanto, é

exatamente essa compreensão demonstrada pela maioria dos entrevistados dos cursos de

licenciatura do Campus Bento Gonçalves, contribuindo para o processo de avaliação do

projeto pedagógico do curso.

A partir da proposta inicial foi possível traçar o perfil da demanda dos cursos de

licenciatura, obtendo dados concretos que possibilitarão à Instituição pensar em propostas que

atinjam efetivamente às especificidades de cada curso de licenciatura em termos de ensino,

pesquisa e extensão, demonstrando consciência da função social dos Institutos Federais e um

profundo interesse na qualidade da formação de professores egressos do Campus Bento

Gonçalves.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BECKER, F. Epistemologia do Professor. Petrópolis: Vozes, 2008.

FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um encontro com a Pedagogia do Oprimido. São

Paulo: Paz e Terra, 2006.

NÓVOA, A. A formação de professores e profissão docente. In: NÓVOA, A. (Coord.) . Os

professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

NÓVOA, A. Nota de apresentação. In: NÓVOA, A. (Org.). Os professores e sua formação.

2. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1995. p. 9-12.

Revista Brasileira de Educação v. 14 n. 40 jan./abr. 2009 155 SÃO PAULO.

PIMENTA, S. G. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999.

SAVIANI, D. A pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas: Autores Associados,

2008a.

TARDIF, M. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

ZABALA, A. A Prática educativa: como Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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137

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DE UM MODELO PARA A VARIAÇÃO DA

TEMPERATURA DE SUBSTÂNCIAS CONTIDAS NUM RECIPIENTE DE ISOPOR

D. BAVARESCO1; E.CIMADON2; L. R. TIEPPO2; L. TRÊS2; M. MASIERO2;

R. ZANETTE2

RESUMO: Este trabalho apresenta a avaliação experimental de um modelo matemático,

desenvolvido por Bavaresco e Borges (2006), para descrever a variação da temperatura de

substâncias alocadas no interior de recipientes de isopor. O referido modelo baseia-se no

fluxo de calor que atravessa a parede do frasco e a capacidade térmica da substância nele

contida, apresentando a temperatura a cada instante de tempo, desde a temperatura inicial até

a estabilização na temperatura ambiente. Os resultados obtidos evidenciam a eficiência do

modelo.

PALAVRAS-CHAVE: modelo matemático, fluxo de calor, capacidade térmica

INTRODUÇÃO

Um Modelo Matemático é um conjunto de símbolos e relações matemáticas que

representam de alguma forma o objeto de estudo. É também o processo de representação de

determinado fenômeno, objeto ou sistema real através de correlações matemáticas, com

suposições simplificadas em maior ou menor grau, para posterior implementação

computacional, visando à aplicação na prática.

Pode-se dizer que a Modelagem Matemática é uma área que usa amplamente a

Matemática e a Computação Científica e está orientada ao aproveitamento desses métodos na

elaboração de modelos matemáticos e na busca de soluções para problemas atuais nas mais

diversas áreas do conhecimento. De modo geral, denota tanto uma metodologia como uma

atitude técnico-científica, abrangendo a criação, a realização e a aplicação na prática. Dessa

forma, evidencia-se a importância de realizar experimentos que utilizem e comprovem a

eficácia dessa metodologia.

1 Professor de Matemática, Mestre em Modelagem Matemática, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. e-mail: [email protected] 2 Acadêmicos do Curso de Licenciatura em Matemática, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200.

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138

Atualmente, a modelagem é utilizada em diversas áreas como, por exemplo,

proliferação de doenças, teoria da decisão, identificação de sistemas, crescimento

populacional, transferência de calor e massa, controle biológico de pragas, entre outros.

Fenômenos que envolvem transferência de calor são bastante pesquisados na

Modelagem Matemática, tanto em matérias de alta, quanto de baixa condutividade térmica.

Não existem ambientes totalmente isolados termicamente, nem mesmo ambientes revestidos

com os mais eficientes materiais isolantes são capazes de anularem a transferência de calor. O

poliestireno, também conhecido como isopor, é um dos materiais mais utilizados na

confecção de frascos ou no revestimento de ambientes que visam retardar o processo de

resfriamento ou de aquecimento devido à sua baixa condutividade térmica, cujo coeficiente é

de 0,006944 cal/m s ºC⋅ ⋅ (CREMASCO 2020). Um exemplo de utilização é a confecção de

caixas de isopor, cuja finalidade principal é manter pelo maior intervalo de tempo possível a

temperatura inicial de seu conteúdo, ou retardar ao máximo a aproximação à temperatura

ambiente.

O isopor reduz consideravelmente as trocas de calor do material com o seu ambiente

externo, não permitindo que os dois meios igualem rapidamente suas temperaturas. O

conteúdo do isopor acaba atingindo o seu equilíbrio térmico com o meio após um tempo

relativamente grande se comparado ao conteúdo não isolado, permitindo com isso a utilização

desse tipo de recipiente para fins de conservação de propriedades de alimentos e bebidas por

curtos períodos de tempo, como no caso do transporte de substâncias. Outra utilização

importante desse tipo de recipiente é a conservação e o transporte de medicamentos que

necessitam permanecer isolados termicamente para não comprometer a ação de seus

princípios ativos.

Todas essas aplicações sempre estiveram acompanhadas de um questionamento: “Por

quanto tempo é possível utilizar a caixa de isopor para acondicionar tal substância sem que

esta perca suas propriedades voláteis à temperatura ambiente?”. Diante disso, este trabalho

baseia-se na avaliação experimental de um modelo matemático que descreve a variação da

temperatura de substâncias alocadas em frascos de isopor.

Os fatores que interferem no aquecimento ou resfriamento do conteúdo em um ambiente

são: a condutibilidade térmica, a área de superfície, a espessura do frasco de isopor; a

diferença de temperatura entre os dois ambientes e a capacidade térmica do conteúdo (FUKE;

SHIGEKIYO; YAMAMOTO, 1994, p.23-58).

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139

MATERIAIS E MÉTODOS

Diante do fato de que uma das maiores utilizações de recipientes de isopor é a

conservação de bebidas, optou-se por analisar a variação da temperatura interna de uma caixa

retangular na qual foram colocadas 9 garrafas de 600 ml de cerveja a temperatura inicial de

1,8ºC. A Figura 1 mostra a foto do recipiente utilizado nos experimentos.

Figura 1. Caixa de isopor utilizada no experimento.

Para a medição da temperatura, foram utilizados dois equipamentos. No primeiro, as

medições foram realizadas com o uso de um termômetro digital com precisão de 1ºC,

equipado com um termopar ligado a um fio condutor, que permitia o acompanhamento da

variação da temperatura interna sem que o recipiente fosse aberto. O segundo equipamento

utilizado foi um “datalogger” com precisão de 0,1ºC. Esse equipamento registra a temperatura

e o momento em que foi coletada com intervalo de tempo programável de até 1 segundo. A

configuração e a aquisição dos dados foram realizadas através da conexão com o receptor de

comunicação infravermelho ligado a uma porta USB. A Figura 2 mostra esses equipamentos.

Termômetro Digital Datalogger Receptor de comunicação infravermelho

Figura 2. Equipamentos utilizados para medir a temperatura interna.

Para o processamento dos resultados experimentais e a comparação com o modelo, foi

utilizado o software scilab 5.1.1., que é um software numérico de licença livre com grande

potencial no processamento de dados, simulação numérica e construção de gráficos.

datalogger

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140

MODELO MATEMÁTICO

Bavaresco e Borges (2006) propõem um modelo para a variação da temperatura de

substâncias alocadas em ambientes com isolamento térmico. Tal modelo baseia-se no fluxo de

calor através das paredes do recipiente e na capacidade térmica do seu conteúdo. O modelo

exponencial proposto pelos autores é dado por:

t

a a iT( t ) T (T T )e

α− ⋅

= − − (1.1)

onde T é a temperatura dada em função do tempo t, Ta é a temperatura ambiente, Ti é a

temperatura inicial da substância e a é o coeficiente de variação da temperatura interna ao

recipiente, sendo que o coeficiente a é dado por:

M

k A

L Cα

⋅=

⋅ (1.2)

onde k é a condutividade térmica da substância que constitui o recipiente, A é a área de

superfície do recipiente, L é a espessura da parede do recipiente e M

C é a capacidade térmica

do conjunto de substâncias que estão contidos no interior do recipiente. Como a capacidade

térmica é dada pelo produto entre o calor específico c e a massa M da substância, se o

conteúdo é composto por várias substâncias, então a capacidade térmica é dada por:

M 1 1 2 2C c M c M ...= ⋅ + ⋅ + (1.3)

A determinação dos parâmetros do modelo para cada experimento resulta na tabela

apresentada a seguir:

Tabela 1. Parâmetros do modelo para cada experimento.

Área de superfície 2A 0,6174 m=

Espessura da parede L 0,033 m=

Capacidade térmica MC 6273cal /º C=

Temperatura inicial iT 1 9 º C=

Temperatura ambiente aT 5º C=

Condutividade térmica do isopor k = 0,006944 cal/m s ºC⋅ ⋅

Calor específico da cerveja cc 1,01cal / g º C=

Calor específico do vidro vc 0,2cal / g º C=

Massa de cerveja por garrafa M 600g=

Massa de vidro por garrafa M 485g=

Coef. var. temp. interna 0,0002075 º C / sα =

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141

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O primeiro experimento consistiu do acompanhamento da variação da temperatura na

caixa retangular com o termômetro digital. A referida variação apresentou dados bastante

confusos, possivelmente devido à imprecisão e instabilidade do termômetro utilizado. Por

outro lado, o modelo matemático em avaliação descreve o comportamento da variação da

temperatura, porém com erros de mais de 1ºC em relação aos dados experimentais. A Figura 3

mostra os dados experimentais em comparação com o modelo em avaliação, e a Figura 4

mostra o erro dos dados experimentais em relação ao modelo.

0 1 2 3 4 5

x 104

2

4

6

8

10

12

tempo (s)

Tem

pera

tura

(ºC

)

Medições

Modelo

0 1 2 3 4

x 104

-1.5

-1

-0.5

0

tempo (s)

Err

o (

ºC)

Figura 3: Dados experimentais x modelo. Figura 4: Erro experimento x modelo.

Esse experimento não foi completado até a temperatura interna chegar à temperatura

ambiente, pois apresentou erros de mais de 5% e a imprecisão do termômetro dificultou muito

o experimento.

Diante dessas dificuldades, buscaram-se outros equipamentos. A utilização do

“datalogger”, além de apresentar uma maior precisão, não necessitava de acompanhamento

visual da variação da temperatura. Diante disso, repetiu-se o experimento com a utilização

desse equipamento, permanecendo durante 48 horas, tempo suficiente para a temperatura

interna atingir a temperatura ambiente. Os resultados obtidos foram bastante satisfatórios e

evidenciaram a eficiência do modelo. A Figura 5 mostra os dados experimentais em

comparação com o modelo, e a Figura 6 mostra o erro. Neste experimento, o erro oscila em

torno de zero e não ultrapassa 0,3ºC.

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142

0 5 10 15

x 104

0

5

10

15

tempo (s)

Tem

pera

tura

(ºC

)

Medições

Modelo

0 5 10 15

x 104

-0.5

0

0.5

tempo (s)

Err

o (

ºC)

Figura 5: Dados experimentais x modelo. Figura 6: Erro experimento x modelo.

CONCLUSÃO

No experimento realizado com o termômetro digital, ao longo da medição, percebeu-se

que, devido à imprecisão do equipamento, houve dificuldade em obter resultados satisfatórios

na comparação com a função. No experimento realizado com o datalogger obteve-se sucesso

na obtenção dos resultados devido à exatidão dos dados fornecidos pelo equipamento. O

modelo matemático analisado descreve satisfatoriamente a relação das aplicações referidas e a

variação da temperatura interna da caixa de isopor. Um novo estudo com o mesmo

experimento pode ser realizado a partir da inclusão de gelo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAVARESCO, D.; BORGES, P.A.P. Modelagem Matemática da Temperatura de Uma caixa

de Isopor. In: VI EREM - Encontro Regional de Educação Matemática, 2006, Ijuí -RS. IV

EREM/IJUÍ. Ijuí: Unijuí, 2006. v. IV. p. 80-81.

CREMASCO, M.A., Fundamentos de Transferência de Massa, Ed. UNICAMO. 2ª ED. 2002.

FUKE, L.F.; SHIGEKIYO,C.T.; YAMAMOTO, K. Os Alicerces da Física: Termologia,

Óptica, Ondulatória. 7. ed. Vol 2. São Paulo: Saraiva, 1994. p. 23-58.

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143

1. Prof. Dr. de Matemática do IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. email: [email protected]. 2. Prof. Me. de Física do IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. 3. Estudante do curso de Licenciatura em Física do IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS.

BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DEJETOS DE SUÍNOS PARA PRODUÇÃO DE

BIOGÁS COMO FONTE DE ENERGIA SUSTENTÁVEL

G. C. THOMAS1; C. S. de OLIVEIRA2; A. C. SENA3; F. de SOUZA3

RESUMO: Biodigestor anaeróbio é um equipamento usado para a produção de biogás

(principalmente o metano – 44 a 55% do volume gasoso) produzido por bactérias que digerem

matéria orgânica em condições anaeróbias dos resíduos vegetais e animais para seu

metabolismo vital. O objetivo do trabalho foi utilizar dejetos de suínos da fazenda escola do

IFRS-BG para a geração de biogás. Neste presente trabalho apresentaremos os resultados

parciais qualitativos e quantitativos de uma pesquisa que vem sendo realizada no IFRS-BG,

para a obtenção de biogás em biodigestores de bancada constituídos de PVC e materiais de

baixo custo, operados em batelada.

PALAVRAS-CHAVE: biodigestor anaeróbio, biogás, modelo matemático.

INTRODUÇÃO

Os impactos da elevação do custo da energia convencional fazem-se sentir com maior

intensidade no setor rural de mais baixa renda e uma opção bastante eficiente é a geração de

biogás por digestão anaeróbia, por ser uma fonte de energia de baixo impacto ambiental e

baixo custo4.

Com o aumento da demanda pela produção de alimentos, a agropecuária vem

acentuando sua participação nos impactos provocados ao ambiente, o que torna cada vez mais

necessário o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis. Aliado a isso, os resíduos

de origem animal constituem elevada proporção da biomassa, e sua utilização em sistemas de

reciclagem é de extrema importância sob aspectos econômicos e ambientais5.

Biodigestores anaeróbios têm a finalidade de utilizar o potencial energético da

biomassa. Estes equipamentos são usados para a produção de biogás, uma mistura de gases

(principalmente o metano – 44 a 55% do volume gasoso) produzida por bactérias que digerem

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matéria orgânica em condições anaeróbicas (isto é, em ausência de oxigênio) dos resíduos

vegetais e animais para seu metabolismo vital. A matéria orgânica utilizada na alimentação

dos biodigestores pode ser derivada de resíduos de produção vegetal (como restos de cultura),

de produção animal (como esterco e urina) ou da atividade humana (como fezes, urina e lixo

doméstico)6,7,8.

A digestão anaeróbia realizada em biodigestores é um dos vários processos existentes

para o tratamento dos resíduos e constitui-se em método bastante atrativo, pois promove a

geração do biogás, como fonte de energia alternativa, e do biofertilizante9. A biodigestão

anaeróbia representa importante papel, pois além de permitir a redução significativa do

potencial poluidor, trata-se de um processo no qual não há geração de calor e a volatilização

dos gases, considerando-se pH próximo da neutralidade, é mínima, além de se considerar a

recuperação da energia na forma de biogás e a reciclagem do efluente7.

O biogás pode ser usado como combustível em substituição do gás natural ou do gás

liquefeito de petróleo (GLP), ambos extraídos de reservas minerais. Deste modo, pode ser

utilizado para cozinhar em residências rurais, no aquecimento de instalações para animais

muito sensíveis ao frio ou no aquecimento de estufas de produção vegetal10,11. Além disso,

pode ser usado também na geração de energia elétrica, através de geradores elétricos

acoplados a motores de explosão adaptados ao consumo de gás12,13.

Neste presente trabalho apresentaremos os resultados parciais de uma pesquisa que vem

sendo realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

- Campus Bento Gonçalves (IFRS-BG), para a obtenção de biogás em biodigestores de

bancada constituídos de PVC e materiais de baixo custo, operados em batelada, ou seja,

alimentados de uma só vez com dejetos suínos. Objetivou-se, principalmente, a investigação

sobre a relação entre a quantidade de dejetos, temperatura e a quantidade de biogás obtido.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Física do IFRS-BG, localizado na Avenida

Osvaldo Aranha, nº 540 - Bairro Juventude da Enologia - Bento Gonçalves/RS. Uma região

de clima subtropical úmido, com invernos moderadamente frios e verões amenos. Durante o

inverno, as temperaturas ficam negativas com relativa freqüência.

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Sistema de Obtenção de Dados

Foram montados dois sistemas para a investigação da relação entre a quantidade de

dejetos no interior do biodigestor e a produção de biogás. Em um dos sistemas foram

utilizadas garrafas PET de 2,5 litros e galão plástico de 5litros usado no armazenamento de

materiais de limpeza, com balões de látex usados em festas de aniversário conectados na

abertura superior da garrafa, esse sistema foi montado com o objetivo de visualizar com maior

facilidade a geração do biogás. O outro sistema era composto por galão plástico de 5litros

usado no armazenamento de materiais de limpeza, conectado a um manômetro feito

artesanalmente com mangueira plástica transparente, conectado a uma base de madeira e no

interior do tubo foi colocada uma mistura líquida de água e azul de metileno, este último

usado para colorir o líquido, esse sistema foi construído com o objetivo de realizar medidas da

pressão do biogás em função da temperatura no interior do galão, com os dados obtidos

utilizou-se o programa estatístico Minitab 15.1.30.0 para a realização de gráficos e análise de

regressão.

Os sistemas biodigestores foram colocados em uma estufa de plantas composta por

plástico transparente de 12 m de comprimento por 8 m de largura e 5 m de altura) localizada

na sede central do IFRS-BG, com o objetivo de se obter uma temperatura ambiente mais

elevada e também um controle melhor sobre sua variação.

Os dejetos suínos coletados para a alimentação do biodigestor foram providos de porcos

da raça Landrasse, que se alimentam de ração preparada na própria fazenda escola do IFRS-

BG composta por farelo de milho e de soja, além do Suipremium CT que é um suplemento de

minerais, vitaminas, lisina e fitase, destinado ao balanceamento de rações para suínos em

crescimento e terminação (nosso alvo em questão). Os porcos são criados na fazenda escola

do IFRS-BG localizado no distrito de Tuiuty – Bento Gonçalves RS.

A matéria prima final, ou seja, o substrato colocado no interior dos biodigestores para a

fermentação anaeróbia é resultado de uma mistura de dejetos de suínos antes com água na

proporção de 1:1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados significativos foram obtidos, quanto à obtenção de biogás, em dois

biodigestores compostos de garrafa PET de 2,5 litros e galão plástico de 5 litros com balão

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látex conectado nas suas extremidades superiores. Nos seus interiores havia matéria prima nas

proporções de 100g:100ml (dejeto:água) e 250g:250ml, respectivamente. Através de um

acompanhamento sistemático com intervalos de 24hs, numa temperatura média de 22ºC no

interior da estufa, pode-se detectar o enchimento parcial dos balões num período de 96 horas.

Em ambos biodigestores pôde-se observar praticamente o mesmo grau de variação de volume

dos balões. Os resultados demonstram que a produção de biogás pode ser detecta facilmente,

no entanto o sistema não é ideal para a quantificação da produção devido a resistência à

expansão apresentada pelo material que é composto o balão.

Com o objetivo de se obter uma medida quantitativa do biogás construiu-se um sistema

biodigestor de galão 5 litros com matéria prima na proporção de 1000g:1000ml (dejeto:água),

conectado a um manômetro líquido construído artesanalmente. Assim como os anteriores, o

sistema foi colocado na estufa de plantas. Com este equipamento pode-se obter dados

quantitativos da pressão do biogás em função da temperatura no interior do biodigestor.

Através da medida da altura (h) do líquido do manômetro em relação ao ponto onde o líquido

fica em equilíbrio somente com influência da pressão atmosférica, a pressão do biogás pode

ser determinada pela equação abaixo:

hgPP líqudioatmgás ..µ+=

Onde Pgás é a pressão do biogás, Patm é a pressão atmosférica local, µlíquido é a

densidade do líquido usado no manômetro.

Os resultados encontrados são apresentados na tabela abaixo:

Tabela 1. Dados da pressão do biogás, da pressão atmosférica local, da densidade do líquido,

da altura da coluna de líquido em relação ao ponto de equilíbrio com a pressão

atmosférica, das temperaturas no interior do biodigestor e no ambiente da estufa de

plantas.

Patm

(N/m2) g (m/s2)

µlíquido

(kg/m3)

h

(m)

Pgás

(N/m2)

Temperatura Interna

do Biodigestor (°C)

Temperatura

Ambiente (Estufa de

Plantas) (°C)

9,1375.105 9,783 0,95

2.10-3 9,1393.105 20 18,8

4.10-3 9,1412.105 24 26

8.10-3 9,1449.105 25 23

1.10-2 9,1467.105 26 30

2.10-2 9,1560.105 35 32

3.10-2 9,1653.105 37 33

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Com a utilização do programa Minitab, pode-se obter a relação gráfica entre a pressão

do gás e a temperatura no interior do biodigestor. Além disso, foi realizado um estudo de

regressão para ver qual seria a mais adequada de acordo com o gráfico obtido.

38363432302826242220

91650

91600

91550

91500

91450

91400

t (°C)

P (

N/m

^2)

Pressão do Gás x Temperatura no Interior do Biodigestor

A curva que atravessa os pontos no gráfico é resultado da equação de uma regressão

quadrática, que foi escolhida por parecer ser a mais adequada para representar os resultados

gerados pelo sistema biodigestro-manômetro líquido. A função quadrática escolhida para

representar o sistema é dada por: 2.4391,0.12,1191443 ttP +−=

CONCLUSÃO

Por este trabalho, pode-se concluir através dos sistemas de garrafas recicláveis com

balão látex conectado no saída superior, que o processo de geração de biogás depende

bastante de que a temperatura ambiente esteja num valor médio de em torno de 22ºC.

Através dos sistema biodigestor de galão e manômentro líquido. Pode-se realizar um

estudo quantitativo da pressão do gás em função da temperatura ambiente. Os resultados

desse sistema demonstram que há o aumento da pressão, porém pequeno, no interior do

biodigestor com o aumento da temperatura. Este modelo de montagem simples e custo

bastante baixo demonstrou ser uma ótima opção para a realização de medidas quantitativas de

grandezas físicas relacionadas com a produção de biogás, além de proporcionar a construção

de um modelo matemático para relacionar as grandezas físicas envolvidas no processo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Viabilidade Técnica e Econômica da Substituição de Fontes Convencionais de Energia

por Biogás em Assentamento Rural do Estado de São Paulo; Eng. Agríc., Jaboticabal,

v.27, n.1, p.110-118, jan./abr. 2007.

5. Amorim, A.C.; Júnior, J.L.; Resende, K.T. Biodigestão anaeróbia de dejetos de

caprinos obtidos nas diferentes estações do ano, Eng. Agríc., Jaboticabal, v.24, n.1,

p.16-24, jan./abr. 2004.

6. Xavier, C.A.N.; Júnior, J.L. Parâmetros de Dimensionamento para Biodigestores

Batelada Operados com Dejetos de Vacas Leiteiras com e sem uso de Inoculo; Eng.

Agríc., Jaboticabal, v.30, n.2, p.212-223, mar./abr. 2010

7. Souza, C.F; Júnior, J.L., Ferreira, W.P.M. Biodigestão Anaeróbia de Dejetos de

Suínos sob Efeito de Três Temperaturas e Dois Níveis de Agitação do Substrato –

Considerações Sobre a Partida; Eng. Agríc., Jaboticabal, v.25, n.2, p.530-539,

maio/ago. 2005

8. Quadros, D.G.; Oliver, A.P.M.; Regis, U. Produção de biogás e Caracterização do

Biofertilizante Usando Dejetos de Caprinos e Ovinos em Biodigestor de PVC flexível.

In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE BIOENERGIA, 4, Curitiba, 2009, Anais.

Cutiriba:UFPR. 2009.

9. Orrico, A.C.A,; Júnior, J.L.; Júnior, M.A.P.O. Caracterização e Biodigestão Anaeróbia

dos Dejetos de Caprinos, Eng. Agríc., Jaboticabal, v.27, n.3, p.639-647, set./dez. 2007.

10. Pacco, H.C.; Cortez, L.A.B.; Filho, L.C.N.; Jordan, R.A.; Júnior, R.B. Utilização de

biogás para resfriamento e secagem de hortaliças. An. 6. Enc. Energ. Meio Rural

2006.

11. da Silva, F.M.; Júnior, J.L.; Casa, M.B.; dE Oliveira, E. Desempenho de um

Aquecedor de Água a Biogás. Eng. Agríc., Jaboticabal, v.25, n.3, p.608-614, set./dez.

2005.

12. Avellar, L.H.N.; Coelho, S. T.; Alves, J.W. Geração de Eletricidade com Biogás de

Esgoto: Uma Realidade; Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento - nº 29, p.120-

122, 2008.

13. Souza,R.G.; Silva, F.M.; Bastos, A.C. Desempenho de Um Conjunto Motogerador

Adaptado A Biogás; Ciênc. agrotec., Lavras, v. 34, n. 1, p. 190-195, jan./fev., 2010.

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DESAFIOS DO ENSINO DE FÍSICA NA ESCOLA ESTADUAL LANDELL DE

MOURA

C. S. de OLIVEIRA1; A. P. PICOLO2; C. PAESE2; F. C. PANSERA2; R. D. D.

SANTOS2; M. VITTER2

RESUMO: A área das ciências exatas gera dificuldades entre os alunos de todos os níveis

escolares. No caso particular do ensino de Física, as aulas acabam se tornando

demasiadamente teóricas e repetitivas o que desestimula os aluno a busca do conhecimento.

Na tentativa de auxiliar a apresentação aos estudantes os fenômenos físicos foi criado o

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Uma das escolas

beneficiadas pelo projeto foi a Escola Estadual Landell de Moura, localizada na cidade de

Bento Gonçalves. Estão sendo realizadas diversas atividades relacionadas com os conteúdos

de física para as turmas do ensino médio. Ocorre que em algumas delas houve pouca

participação dos alunos, mas nas quais eles se envolveram houve uma melhora significativa

no aprendizado.

PALAVRAS-CHAVE: Física, atividades docentes, experimentação.

INTRODUÇÃO

O ensino de física nas escolas é, muitas vezes, desvinculado da experimentação onde as

aulas são teóricas direcionadas apenas para resoluções de exercícios e as explicações não

estão relacionadas com o cotidiano ou o meio em que vive o educando. Uma das causas para

isso é a lista de conteúdos programáticos do ensino médio que é demasiadamente extensa,

impedindo o aprofundamento necessário e a instauração de um diálogo construtivo3,4. Além

disso, os professores apresentam uma formação defasada, o que reflete na falta do domínio do

conteúdo e na insegurança em relacionar a teoria com o mundo real5.

____________________ 1 Orientador, Professor de Física do IFRS-BG Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. 2 Estudantes do Curso de Licenciatura em Físic, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200.

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Atualmente, diversas ações pedagógicas vêm sendo desenvolvidas no sentido de

melhorar a qualidade do ensino de física, de modo a promoverem a compreensão dos

fundamentos científico-tecnológicos, relacionando a teoria com a prática6. Dentre estas

atividades destacam-se oficinas7, teatro de ciência8, simulações computacionais9,

experimentos de baixo custo10 e roteiros de aulas que relacionam a física com o cotidiano de

modo multidisciplinar11.

Com o objetivo de facilitar a execução destas ações metodológicas foi criado o

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID12. Este programa incentiva a

inserção dos licenciandos dos cursos de Licenciaturas das Instituições Públicas Federais de

Ensino Superior, nas escolas públicas de ensino básico, com o objetivo de auxiliar os

professores destas escolas a desenvolverem e aplicarem as novas tendências educacionais, não

só no ensino de física, mas também em outras disciplinas do ensino básico.

Atualmente o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do

Sul - Campus Bento Gonçalves (IFRS-BG) faz parte deste programa com três subprojetos que

contam com a participação de trinta licenciandos-bolsistas que atuam em algumas escolas

públicas de Bento Gonçalves. Destes, dez atuam no ensino médio na física em duas escolas

estaduais. O grupo é orientado por um supervisor que é professor efetivo na escola pública

onde o projeto está sendo aplicado e um coordenador que é professor efetivo do IFRS-BG.

Além disso, o programa conta com um coordenador geral que também é professor efetivo do

IFRS-BG.

Neste trabalho serão apresentadas as atividades que vêm sendo desenvolvidas pelo

projeto de FÍSICA-PIBID-IFRS-BG desde maio/2010, no ensino médio na Escola Estadual

Landell Moura localizada na cidade de Bento Gonçalves, RS. Além disso, será relacionado o

curto tempo de execução do projeto com pequenas mudanças notadas no cotidiano das

escolas, assim como, no comportamento dos alunos em relação a disciplina de física.

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia de desenvolvimento do projeto foi baseada num constante de pesquisas,

debates e ações pedagógicas, para que todos envolvidos na execução do projeto (coordenador

do projeto, os professores supervisores e os acadêmicos-bolsistas) refletissem constantemente

sobre as ações desenvolvidas e seus efeitos na aprendizagem dos alunos. Os momentos

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comentados a seguir referem-se ao período de aplicação do projeto entre 01/05/2010 e

30/10/2010.

I) Momentos de reflexão

Foram realizados encontros semanais no Campus do IFRS-BG com os responsáveis

pela execução do projeto, com a finalidade de serem realizadas as seguintes atividades:

planejamento das ações pedagógicas, elaboração do material didático usado nas ações,

identificação de problemas em relação ao andamento das aulas da disciplina de Física,

elaboração de um levantamento dos dados sócio-econômicos e escolares referentes aos alunos

das séries atendidas e, finalmente, pesquisas de natureza qualitativa buscando identificar o

impacto das ações desenvolvidas na aprendizagem e na percepção dos estudantes da escola

sobre a física e sua aplicação prática. Foram também analisados os resultados obtidos e em

caso de problemas buscaram-se formas para melhorá-los.

II) Momentos de ação

Nestes momentos, os acadêmicos-docentes atuaram na escola estadual, sob orientação

do coordenador do projeto e dos professores supervisores, auxiliando os professores de física

nas seguintes atividades pedagógicas: reforço escolar, elaboração e execução de uma oficina

de física.

Cada atividade proposta foi desenvolvida na forma de mini-projeto. Para cada mini-

projeto, os acadêmicos-bolsistas elaboraram todo o material, como: as ações para as aulas de

reforço e oficina de física. Após a execução, nas escolas, das ações pedagógicas propostas em

cada mini-projeto, os acadêmicos-bolsistas apresentaram um seminário no encontro do grande

grupo para análise da eficácia da estratégia escolhida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No início das atividades do projeto foi realizada uma pesquisa para conhecer o perfil

dos alunos que freqüentam o ensino médio na escola. Essa análise foi feita nas dez turmas de

primeiro ano, nas cinco de segundo ano e nas quatro de terceiro.

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Em relação ao nível sócio econômico dos alunos, pode-se concluir que a maior parte

dos estudantes são solteiros, com residência própria, sem renda própria e com renda familiar

entre um a três salários mínimos. A partir disso concluiu-se que estes são oriundos de classe

média baixa.

No desempenho escolar dos educandos notou-se certo número de abandonos

principalmente nas turmas ministradas no turno da noite. Pode-se perceber um alto índice de

reprovação dos alunos, sobretudo nos primeiros anos. Através de análise chegou-se a

conclusão que este fato pode estar relacionado com as condições de ingresso na escola já que

ocorrem muitas transferências de escolas, ou do interior para a cidade o que faz com que os

alunos tenham que se adaptar as novas instalações, novos professores e conteúdos diferentes

dos quais estavam acostumados. Porém quando se analisa as séries seguintes, nota-se uma

melhora nas aprovações se comparadas com as iniciais. Isso pode ser comprovado também

com as médias das notas dos alunos na disciplina de física que no primeiro ano é de 41,45, no

segundo é de 48,20 e no terceiro é de 56,78, considerando que a média para a aprovação é

50,00.

Aprovações e Reprovações/09- Landell de Moura

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

11M 12M 13M 14M 15M 16M 17M 18T 19aN 19bN

Turmas de primeiro ano

Quan

tidade d

e a

lunos

Aprovações em Física

Reprovações em Física

Progressão Parcial de Física

Aprovações Totais

Reprovações Totais

Figura 1. Aprovações e reprovações totais e na disciplina de Física dos alunos de primeiro ano

do Ensino Médio.

Dentre as atividades desenvolvidas pelo projeto PIBID ao longo desse ano podemos

destacar as aulas de reforço que tiveram inicio em maio de 2010, e são ministradas pelos

bolsistas. Num primeiro momento as aulas estavam sendo abertas à participação das turmas

de primeiro ano do Ensino Médio, foi grande o número de alunos escritos, no entanto, o que

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foi percebido é que não houve uma participação freqüente dos alunos. Boa parte deles

participou das aulas em vésperas de prova e quando havia trabalhos para serem entregues. A

partir do mês de agosto as aulas de reforço foram abertas para as demais turmas de Ensino

Médio. Outro fator que pode ter sido responsável pela pouca participação é o fato dos

estudantes trabalharem e não poderem se ausentar uma vez por semana. Apesar de serem

poucos os participantes, podemos perceber uma melhora nas notas daqueles que se dedicaram.

Além disso, foi realizada no dia 28 de setembro a primeira oficina de física no colégio,

que contou com a participação das bolsistas, da supervisora, do orientador, e da direção. As

inscrições para o evento começaram a serem realizadas uma semana antes do evento, todas as

turmas do ensino médio foram convidadas a participarem, obtivemos poucos inscritos,

comparado pelo número de alunos, porém muitos dos alunos trabalham no turno da tarde.

Contamos com a participação de 10 alunos. Enquanto as bolsistas explicavam o que os

alunos deveriam fazer, notou-se que eles foram se envolvendo, aguçando a curiosidade foram

para outros grupos e viam o que estavam acontecendo, então começavam a raciocinar o

porquê do efeito dos experimentos, foi feita a ligação com o conteúdo para uma melhor

compreensão. No final do evento não era mais grupos confeccionando experimento e sim um

grande grupo trocando idéias. Cada grupo apresentou o seu trabalho e explicou o fenômeno

físico e onde ocorria no cotidiano.

CONCLUSÃO

O projeto tem melhorado a qualidade de ensino dos estudantes na disciplina de física de

diferentes formas, tanto na compreensão dos temas abordados pela física na sala de aula,

quanto nas atividades fora dela onde os alunos são incentivados a pesquisar e se envolvem

com o aprendizado. Para os estudantes que realmente se dedicaram ao projeto e as atividades

propostas, houve uma melhora em seu desempenho acadêmico e uma assimilação dos

conceitos para o cotidiano. Além disso, puderam enxergar a física de uma forma mais

divertida e aplicável.

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154

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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5. João, H.A. Oficinas de Física na Formação de Professores – um Relato de Caso: “Física

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Página: 1631

6. Menezes, L.C. Física para o Ensino Médio. Física na Escola, v. 1, n. 1, 2000.

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8. Júdice,R.; Glênon, D. Física e Teatro. Física na Escola, v. 2, n. 1, 2001.

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10. Valadares, E. C. Física Mais que Divertida: Inventos Eletrizantes Baseados em

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11. Pietrocola, M. Ensino de Física: Conteúdo, Metodologia e Epistemologia numa

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155

EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO:

QUAL É A NOVIDADE? 1

C. B. LOUREIRO 2; C. SILVA 3; M. GHIGGI 3

RESUMO: O fomento – encontrado em artigos, cursos de formação docente continuada,

congressos – ao uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC) no espaço

escolar é crescente. Muitas vezes o uso é enaltecido pela busca por garantias de aprendizagens

prazerosas, lúdicas e mais atrativas aos educandos. Neste artigo se tem por objetivo apresentar

os resultados parciais obtidos através do desenvolvimento de um projeto de Iniciação

Científica, bem como o método investigativo utilizado para obtenção dos resultados aqui

descritos. A investigação tem por finalidade buscar entender o que é considerado como

prática pedagógica inovadora, ou como novidade, para os professores de dez escolas

estaduais, de Ensinos Fundamental e Médio, no município de Bento Gonçalves. Para tanto,

partiu-se da hipótese de que o uso das NTIC na sala de aula se constitui como um recursos

didático inovador.

PALAVRAS-CHAVE: ensino, tecnologia, práticas pedagógicas.

INTRODUÇÃO

A utilização de ambientes virtuais de aprendizagem, softwares educativos, sistemas

multiagentes, agentes pedagógicos, objetos de aprendizagem, entre outros recursos

relacionados à informática educativa, não raro são hoje apresentados como meios inovadores,

capazes de tornar a sala de aula mais atrativa, agradável e motivadora. Os estudos nessa área4

mostram que são cada vez mais numerosas as ferramentas computacionais utilizadas visando

uma aprendizagem mais divertida, lúdica e prazerosa. A contribuição da informática no

ambiente escolar, assim como em outras áreas, é notória e a educação, assim como os

profissionais que nela atuam, não pode ficar apartada dos avanços e mudanças que nos

1 Projeto de Iniciação Científica financiado pelo IFRS Campus Bento Gonçalves. 2 Profa. Me. em Ciência da Computação, IFRS Campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. email: [email protected]. 3 Estudantes do Curso de Matemática, IFRS Campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. 4 Exemplos podem ser encontrados em: (Pais, 2002), Schäfer (2010), Wilges (2004 ).

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atravessam diuturnamente. Porém, há que se atentar para o caráter inovador atribuído á

utilização das mídias computacionais como forma repensar a educação.

Nos discursos sobre educação – em especial sobre educação e tecnologias – é comum a

valorização de profissionais cujas práticas pedagógicas encontram-se alicerçadas no uso de

Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC)5. Reciclar-se, informar-se,

capacitar-se para o uso das novas tecnologias são atitudes esperadas de um professor

atualizado que busca adaptar-se à novidade6, em constante aperfeiçoamento, capaz de

promover a reforma da escola, conforme é anunciado em eventos relacionados à área de

informática educativa. Nos cursos de formação de professores, este discurso é reforçado

através da implantação e valorização de disciplinas como Educação e Tecnologias para

Informação e Comuniação7. Conhecer e manipular ferramentas computacionais é uma das

necessidades da contemporaneidade, no entanto, nos interessa investigar se as aulas mediadas

recursos das NTIC são consideradas práticas inovadoras, ou se são vistas como uma

possibilidade de aprendizagens lúdica, divertidas e prazerosas; ou seja, como ferramentas

facilitadoras da aprendizagem.

Neste artigo são abordados elementos relativos à pesquisa desenvolvida com dez

professores de diferentes escolas estaduais do município de Bento Gonçalves. O relato aqui

apresentado é parte do projeto Educação e Novas Tecnologias da Informação e

Comunicação: qual a novidade?. Na primeira seção, o projeto é contextualizado, através da

descrição da motivação e justificativa que conduziram o grupo – uma professora orientadora

do projeto e duas bolsistas do Curso de Matemática – e ao desenvolvimento do mesmo.

Dando seguimento, é descrita e metodologia utilizada para o desenvolvimento desta pesquisa.

O artigo é finalizado com excertos oriundos das falas de professores destas escolas

pesquisadas e, conjuntamente, são apresentados os resultados obtidos até o momento.

CONTEXTUALIZAÇÃO E INVESTIGAÇÃO

No início deste ano letivo, a disciplina de Educação e Tecnologias da Informação e

Comunicação (ETIC) foi ministrada em dois diferentes cursos de formação de professores –

Licenciatura em Matemática e Pedagogia PARFOR8, os quais serão referenciados neste texto

5 NTIC, neste trabalho, faz referência, especificamente, às ferramentas computacionais empregadas ao ensino. 6 Simpósio Brasileiro de Informática na Educação (SBIE, 2009)

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como Curso 1 e Curso 2, respectivamente. Nesta ocasião, uma das atividades propostas foi a

exploração do Super LOGO9. No Curso 1, os licenciandos fizeram indagações do tipo: o que é

para fazer? O que a senhora (referindo-se a professora) queres que “eu” faça? É para achar

algum resultado? A postura destes alunos se mostrou um tanto paradoxal; ao mesmo tempo

em que autonomia é um dos objetivos da educação atual, e que neste momento era proposto

que fossem autônomos com relação à exploração do software, vê-se a dificuldade por parte

deste em exercer tal postura. Os alunos do Curso 2, ao serem colocados frente a mesma

situação, se demonstraram desafiados pela proposta, levando adiante a proposta da utilização

do Super LOGO, compartilhando com suas famílias (filhos, irmãos, maridos e esposas) e

relatando, na semana seguinte, as novidades que haviam descoberto sobre as possibilidades de

utilização da ferramenta.

A partir desta experiência, somada a outras que vinham sendo pesquisadas10, perguntar

“o que é novidade em educação?” parecia ser algo bastante pertinente. Atrelado a isto, e a

partir de estudos anteriores, dispunha-se do dado de que a existência de recursos tecnológicos

nas instituições de ensino acaba por fomentar o uso pelo uso da tecnologia, promovendo a

produção de uma pedagogia da novidade, viabilizada pelos jogos ou softwares educacionais.

O professor, cada vez mais, necessita se sentir apto a fazer uso de tais ferramentas que se

constituem como uma novidade nos espaços educacionais. Trata-se de uma noção de

novidade que funciona como uma “verdade hegemônica” de nosso tempo, onde se privilegia o

uso do novo pelo novo (Fischer, 2007, p. 292).

O fomento ao uso das NTIC produz efeitos sobre as ações docentes – e também

discentes. As NTIC são apresentadas como ferramentas para uma educação inovadora, pois

“com o uso pedagógico do computador, devemos esboçar uma concepção de criatividade que

seja, no mínimo, compatível com a potencialidade dos vários recursos que essa tecnologia

oferece” (Pais, 2008, p. 56).

Assim, buscou-se encontrar nas falas dos professores que contribuíram com a realização

desta pesquisa De que maneira os professores consideram que há inovação nas práticas

pedagógicas? Os professores serão aqui referenciados como P1, P2, até P10, a fim de

preservar identificar as falas, porém preservando o anonimato de cada um.

Os professores participantes desta pesquisa foram convidados a falar sobre o que

pensam a respeito do uso das NTIC em sala de aula. Os participantes ministram aulas nos

Ensino Fundamental e Médio, não interessando aqui esta distinção nem tão pouco a série em

9 Softwares linguagem de programação utilizada nas escolas. 10 Loureiro (2010)

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que cada um atua. Eles foram indicados pelas direções das respectivas escolas envolvidas

neste Projeto. Assim, não foi utilizado nenhum tipo de critério para definição dos

participantes, além do que já foi citado. Dos dez professores, somente um (P10) aceitou falar

sobre o tema, os demais preferiram escrever.

ALGUMAS CONCLUSÕES

Em grande parte das falas dos professores se percebe que o uso das NTICs, no espaço

escolar, está estreitamente relacionado à concepção de aulas mais atrativas, interessantes e

também atrelado ao fato destas ferramentas serem familiares aos estudantes. Além disso, para

alguns destes professores, estas tais recursos oportunizam um melhor entendimento do

conteúdo, conforme é possível perceber nos trechos que seguem:

“As NTIC tornam as aulas mais atrativas para os alunos e, muitas

vezes, de fácil compreensão.” P1

“As NTIC farão com que os educandos se interessem mais, construam,

a partir da curiosidade e das Novas Tecnologias, conceitos e

complementem saberes [...] ao utilizarmos estes recursos, estaremos

ajudando nossos alunos, uma vez que, cada um, muitas vezes, precisa

de uma metodologia diferentes para aprender, em virtude das suas

singularidades [...] são ferramentas auxiliadoras e que deverão estar

em sintonia com as aulas (conteúdos), assim como no domínio do

professor.” P2

“[...] com certeza as NTIC tornam as aulas mais interessantes,

prendendo mais a atenção dos alunos e com isso despertando mais

interesse e maior entendimento.” P4

“ [...]a parir do momento que os alunos vêem as novas tecnologias eles

associam com o dia-a-dia e passam a entender melhor as coisas e se

interessar porque não importa como o professor planeja a aula, o que

vai mudar mesmo é a visão que o aluno tem da aula, é o aluno quem

vai tornar a aula cada vez melhor.” P10

Detendo-nos na educação dos últimos vinte anos, não é necessário muito esforço para se

perceber que as práticas de hoje seguem os mesmos modelos do passado, seja utilizando

ferramentas tecnológicas, ou não. De modo geral, o foco permanece na busca por aulas mais

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atrativas, motivadoras e familiares à realidade dos alunos. O uso de NTIC talvez não

represente nenhuma novidade para os educandos, uma vez que as práticas de sala de aula

seguem presas a uma educação centrada em um currículo único que busca formatar a todos

para que pensem da mesma maneira. Através de recursos da informática, os conteúdos do

currículo são apresentados não mais no quadro-negro, por exemplo, mas através do datashow.

Para Veiga-Neto (2008, p. 146), as “técnicas de controle na escola se intensificam pelo modo

como os conteúdos são colocados em ação e são avaliados”.

Assim, ao que parece, o uso das NTIC se segue investindo em práticas que, na maioria

das vezes, primam por uma aprendizagem mais lúdica, “diferente”, porém fiel ao formato de

sempre; sem possibilidade de pensamentos discordantes. Vale destacar que dentre as falas dos

professores participantes da Pesquisa, somente na fala de P4 – que em um primeiro momento

referencia a importância do uso das NTIC como produtoras de aulas mais interessantes,

conforme apresentado acima – é possível encontrar um certo distanciamento em relação dos

demais posicionamentos frente ao uso das NTICs no espaço escolar, qual seja:

“a tecnologia é só uma ferramenta, ela pode fazer a produtividade

aumentar ou não. [...] de nada adianta substituir o quaro de giz por um

aparelho tecnológico moderno. Vi muito disso nos cursos de formação.

Não contribuiu em nada. O que faz a aula mais produtiva é o pensar

sobre conceitos, idéias, enfim, reflexões sobre o que se está

aprendendo.” P4

Neste excerto é possível evidenciar o que se referiu nos dois parágrafos acima, quando

afirma-se que a educação embasada em tecnologias utiliza, em muitos casos, tais ferramentas

como reprodutoras das mesmas práticas pedagógicas que sempre se fez.

Retomando as situações vivenciadas nos Cursos 1 e 2, descritas no início deste trabalho,

é possível perceber que inovar em educação está diretamente relacionado ao que faz sentido

aos estudantes, pois a mesma prática pode se mostrar inovadoras e fazer sentido para alguns,

enquanto para outros pode representar somente mais uma atividade de sala de aula.

As análises das falas dos professores envolvidos nesta Pesquisa ainda não foram

totalmente concluídas, pois certamente há outros elementos importantes que foram

observados, bem como os efeitos dos discursos que propagam o uso destas ferramentas como

forma de garantir uma aprendizagem interessante e motivadora aos estudantes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FISCHER, Rosa M. B. Mídias, máquinas de imagens e práticas pedagógicas. In: Revista

Brasileira de Educação, Rio de Janeiro: ANPED, n. 35, p. 290-299, 2007.

LOUREIRO, Carine. BAMPI, Lisete. Qual é a novidade? É paixão? É só amizade? Siga-

nos...In: COLÓQUIO LUSO BRASILEIRO SOBRE QUESTÕES CURRICULARES, 5 ...

Anais, Porto: Universidade do Porto, 2010.

PAIS, Luiz Carlos. Educação Escolar e as Tecnologias da Informática. 1ª Edição. Editora:

Autêntica. 2002

SCHÄFER, Patrícia B.; LACERDA, Rosália; FAGUNDES, Léa da C. Escrita colaborativa

na cultura digital: ferramentas e possibilidades de construção do conhecimento em rede.

CINTED UFRGS Novas Tecnologias na Educação, Porto Alegre, RS, v. 7, n. 1, jul 2009.

Disponível em: <HTTP:// > Acesso em: 03 de mar. de 2010.

SBIE. Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. Florianópolis: Universidade Federal

de Santa Catarina e Universidade do Vale do Itajaí, 2009. Disponível em

http://wwwexe.inf.ufsc.br/~sbie2009/tema.html. Capturado em 19 de novembro de 2009.

VEIGA-NETO, Alfredo. Crises da modernidade e inovações curriculares: da disciplina para

o controle. In: Revista de Ciências da Educação. Lisboa: SÍSIFO, n. 7, p. 141-149, 2008.

WILGES, Beatriz; LUCAS, Joel P.; SILVEIRA, Ricardo A. Um agente pedagógico animado

integrado a um ambiente de ensino a distância. CINTED-UFRGS Novas Tecnologias na

Educação. v. 2 n. 1, março, 2004.

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1 Prof. Me. de Física do IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS.

2 Estudante do curso de Licenciatura em Física do IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-

000, Bento Gonçalves, RS.

ESTUDO E GERAÇÃO DE HARMÔNICOS DE CORRENTE

C. S. de OLIVEIRA1; L. B. OLIVEIRA2

RESUMO: Neste trabalho foi realizada a produção de harmônicos de corrente através de

circuitos elétricos construídos a partir de dispositivos eletrônicos. Também foi realizada a

geração de harmônicos de corrente por microondas e o uso de filtro de linha para minimizá-

los.

PALAVRAS CHAVE: harmônicos de corrente, osciloscópio, filtro de linha

INTRODUÇÃO

A corrente elétrica alternada (CA) é gerada por uma tensão elétrica alternada, cujo

sentido varia no tempo, ao contrário da corrente contínua cujo sentido permanece constante ao

longo do tempo. A forma de onda usual da corrente em um circuito de CA é senoidal, por ser

a forma de transmissão de energia mais eficiente. A CA é predominantemente usada nas

instalções residenciais, comerciais e industriais, o que justifica o interesse em seu estudo1.

Antigamente, em circuitos de CA, predominavam cargas lineares com valores de

impedância fixo (iluminação incandescente, cargas de aquecimento, motores sem controle de

velocidade). Atualmente, com o aumento constante do uso de equipamentos industriais,

inversores de freqüência para motores assíncronos ou motores em corrente contínua,

equipamentos de escritório (computadores, máquinas, copiadoras, fax,...) e aparelhos

domésticos (TV, forno microondas, iluminação néon,...), vem-se aumentando a utilização da

eletrônica de potência e com isso o aparecimento de cargas não-lineares em circuitos

elétricos. A corrente absorvida por estas cargas não tem a mesma forma da tensão que a

alimenta, o resultado disso é a geração de poluições elétricas ou correntes harmônicas.

A circulação das correntes harmônicas num circuito acaba gerando tensões harmônicas

através das impedâncias da rede, e então uma deformação da tensão de alimentação (Figura

1), os resultados disso é que a energia elétrica é perturbada afetando diretamente a sua

qualidade2,3

. Deste modo, podem ser causados sérios problemas no funcionamento em

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equipamentos eletrônicos, como perda de dados, disparos erráticos, queima de componentes

eletrônicos e danos em dispositivos ou aparelho3.

Figura 1. a) Tensão de alimentação senoidal (onda fundamental) e tensão harmônica;

b) Tensão perturbada ou deformada.

Nesse trabalho serão apresentados os resultados obtidos de investigações experimentais

sobre a produção de harmônicos de corrente em um circuito elétrico, assim como, da

elaboração de filtros para a minimização dos danos causados pelas tensões perturbadas em

equipamentos eletrônicos.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Física do IFRS-BG, localizado na Avenida

Osvaldo Aranha, nº 540 - Bairro Juventude da Enologia - Bento Gonçalves/RS.

Sistema de Obtenção de Dados

No começo da pesquisa foi construído um circuito elétrico, do qual se tinha idéia que

poderia causar harmônicos. Este era composto de um reator eletrônico, uma lâmpada

fluorescente, fios e um interruptor (Figura 2).

Foram utilizados também motores, microondas, inversor de freqüência, furadeira,

liquidificador e um televisor, com o objetivo de detectar a presença de harmônicos de corrente

elétrica.

Em uma etapa mais avançada foi elaborado um circuito com uma ponte retificadora, um

transformador 220 V x 12 V+12 V e um indutor, neste caso cooler (Figura 3).

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Figura 2. Circuito fluorescente e reator

Figura 3. Circuito retificado.

Também foi construído um filtro de linha (Figura 4) no qual foram usados os seguintes

materiais:

• 3x Varistores: “Atenção especial em relação a tensão de serviço (VRMS)”.

• 4x Capacitores cerâmicos 4700pF x 1200V (Classe Y)

• 1x Capacitor de Poliéster 470nF x 630V (Classe X)

• 4 metros de fio esmaltado com diâmetro de 0,80mm (AWG 20)

• 2x Núcleos toroidais medindo 27mm de diâmetro externo x 11mm de largura x

5,5mm de espessura.

• 1x Placa de circuito impresso medindo 15cm x 6cm.

• 1x Caixa plástica que caiba o circuito.

• 2x Porta fusíveis

• 2x Fusíveis 2 Ampéres para 220Volts.

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• Obs: A capacidade dos fusíveis também dependerá de quantos equipamentos serão

ligados ao filtro.

• 1x Cabo de alimentação

• 1x plug 10ª

Figura 4. Filtro de Linha.

Para a medição e detecção dos harmônicos de corrente foi utlizado um osciloscópido da

marca Minipa MO-1225, 20MHz.

Para as medidas de tensão, corrente e indutância foi usado um voltímetro da marca

Politerm VC 9808+.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Utilizando dispositivos elétricos como microondas e circuito retificado, pode-se

observar a presença de harmônicos de corrente elétrica de baixa intensidade (Figura 5).

Figura 5. Harmônico de fraca intensidade em onda de tensão senoidal.

Utilizando o filtro de linha pode-se minimizar a atenuação no harmônico apresentado na

Figura 5. Além do filtro, foi verificado que transformadores atenuam as harmônicas que os

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circuitos produzem na rede elétrica, pois o uso destes era necessário para rebaixar a tensão

para poder ser medida no osciloscópio.

Com a construção dos circuito retificado, ouve a possibilidade de medir e observar o

comportamento da onda e mensurar suas grandezas elétricas. Sendo que no começo da

pesquisa as harmônicas geradas não eram de grande relevância (Figura 6). A gerção de

harmônicos de maior intensidade facilitará um futuro estudo no desenvolvimento de filtros.

Figura 6. Distorção Harmônica em Osciloscópio.

CONCLUSÃO

Neste trabalho podemos desenvolver métodos de construção de harmônicos através de

circuitos elétricos retificado e com reatores. Além disso, foi realizada a elaboração de um

filtro de linha para a amenização de harmônicos de corrente em equipamento gerador de

microondas

REFERÊNCIAS BIBLIOIGRÁFICAS

1. TIPLER, P.A., Física para cientistas e engenheiros, v.3, 5a ed., Rio de Janeiro: LTC, 2006.

2. Newton C. Braga - Influência das Harmônicas na alimentação de dispositivos eletrônicos.

Acesso em 10 de Abril de 2010, disponível em Saber Eletrônica Online:

http://www.sabereletronica.com.br/secoes/leitura/1538.

3. Maia1, J.A.; Pinheiro, J.R.; Harmônicos de Corrente e Tensão. XXI Congresso de

Iniciação Cinetífica e Tecnológica em Engenharia – VI Feira de Protópolis, 2006. 2006

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INCLUSÃO DIGITAL E MATEMÁTICA EDUCATIVA

D. BAVARESCO1; D. OLIVEIRA2; F. TUMELERO2; L. LAZZARI2; M. SCHMIDT2;

M. SALINI2

RESUMO: Este trabalho apresenta reflexões a partir das experiências do projeto de extensão

denominado Inclusão Digital e Matemática Educativa. Nesse projeto, são desenvolvidas

atividades de ensino da matemática com o uso de softwares educacionais em uma escola de

ensino fundamental da rede municipal com alunos de quinta série e no ensino médio do

campus Bento Gonçalves com alunos de terceiros anos. Essas reflexões vão desde as

dificuldades operacionais de matemática e de raciocínio lógico evidentes em todos os níveis

de ensino, passando pela motivação dos educandos durante a participação nas oficinas, até a

postura comportamental durante as oficinas.

PALAVRAS-CHAVE: informática, educação matemática, ensino-aprendizagem.

INTRODUÇÃO

A sociedade da Informação trouxe inúmeros impactos de ordem sócio-econômico-

cultural, onde o conhecimento e a aprendizagem se transformaram em riqueza, muitas vezes

mais valiosa que o dinheiro e que a exclusão social tem se agravado ao longo das últimas

décadas.

Em contraste ao contexto do uso da tecnologia como forma inovadora de ação no processo

de ensino e aprendizagem, surge a ideia de que a matemática oferece mais obstáculos à

aprendizagem do que as demais disciplinas. Estas dificuldades têm merecido especial atenção por

parte dos educadores matemáticos.

Com base nas premissas, de inclusão digital e de melhorar o ensino da matemática, o

projeto de extensão intitulado Inclusão Digital e Matemática Educativa, desenvolve atividades

que utilizam a informática, como instrumento de aprendizado para diversos níveis de ensino.

Assim, proporcionando a eles a oportunidade, tanto, de melhorar seu aproveitamento no

1 Professor de Matemática, Mestre em Modelagem Matemática, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. e-mail: [email protected] 2 Acadêmicos do Curso de Licenciatura em Matemática, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200.

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ensino da matemática, quanto de ensinar o uso de novas tecnologias, incluindo-os no novo

mundo digital.

Uma das principais dificuldades no processo de ensino e aprendizagem de matemática

tem origem ainda nas séries iniciais, onde o desenvolvimento de habilidades com operações

básicas de matemática configura-se como um processo falho e até mesmo traumatizante para

educandos desses níveis, que dificilmente são revertidos em níveis posteriores.

Numa tal apresentação formal e discursiva, os alunos não se engajam em ações que

desafiem suas capacidades cognitivas, sendo-lhes exigido no máximo memorização e

repetição. Os ambientes informatizados apresentam-se como ferramentas de grande potencial

frente aos obstáculos inerentes ao processo de aprendizagem. É a possibilidade de "mudar os

limites entre o concreto e o formal" (Papert, 1988)

Paralelamente, outra grande dificuldade no ensino da matemática é de fazer com que os

educandos consigam visualizar e compreender objetos geométricos, confundindo as partes e

as propriedades que o compõem e deixando os conceitos sem sentido. Por falta desta

capacidade de abstração, a maioria dos educandos acaba por ter muitas dificuldades de

aprendizagem sem os recursos necessários que os façam desenvolver a cognição para

construir relações com os conteúdos formais.

Com o uso de softwares de geometria dinâmica, como o Wingeom e o Geogebra,

podemos contribuir para que estas dificuldades sejam superadas. Uma vez que, conforme

Gravina (1996, p3) “na formação da imagem mental, o desenho associado ao objeto

geométrico desempenha papel fundamental. Para o aluno nem sempre é de todo claro que o

desenho é apenas uma instância física de representação do objeto”.

Desse modo, os alunos se envolvem nas atividades, criando, construindo e

reconstruindo figuras geométricas, permitindo que desenvolvam seus próprios raciocínios ao

contrário da repetição comum em sala de aula, visto que as tecnologias informáticas auxiliam

a aprendizagem matemática abordando o aspecto visual e da animação para que todos os

conceitos e propriedades sejam aprendidos.

ATIVIDADES

Uma série de atividades programadas conduzem o andamento do trabalho, dentre estas,

destacam-se: Pesquisa de artigos científicos; Pesquisa de softwares matemáticos, conforme a

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faixa etária desejada e os programas computacionais das respectivas escolas;

Desenvolvimento das oficinas programadas com uso dos softwares selecionados.

Dentre os softwares selecionados para o desenvolvimento das oficinas, aqueles que

possibilitam o melhor aprendizado destacam-se o Wingeom e o Geogebra para o grupo de

estudantes do ensino médio. Tanto o Wingeom, quanto o Geogebra, são softwares de domínio

público e com versão em português que tem como potencialidade propiciar a abordagem de

conteúdos geométricos através da construção de figuras em duas ou três dimensões, incluindo

ainda ferramentas de animação de objetos. São softwares de fácil utilização, e de grande

dinamicidade. A Figura 1 mostra interfaces desses softwares com construções geométricas.

Figura 1. Interface dos softwares mostrando construções geométricas.

Para o ensino fundamental são utilizados aplicativos em forma de jogos educativos, os

quais são programas em Java, disponíveis na internet e que podem ser utilizados sem a

conexão com a rede, desde que salvos na memória do computador. Os jogos constituem-se de

desafios que para serem superados necessitam da resolução de operações básicas da

matemática. A Figura 2 mostra interfaces desses aplicativos.

Para o desenvolvimento das oficinas, são programadas atividades de acordo com as

principais carências de formalismo e de habilidades apontadas pelos professores que atuam

regulamente nessas turmas. Para a 5ª série a maioria das atividades visa o desenvolvimento do

raciocínio lógico em operações básicas de matemática, transcendendo a metodologia de

processos puramente mecânicos e não intelectual.

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Figura 2. Interface dos aplicativos de jogos educativos.

Para o 3º ano, a programação das atividades está voltada principalmente para a

visialização e manipulação de formas e elementos geométricos, uma vez que os softwares

utilizados são de grande dinamismo e permitem transformações que evidenciam as relações

de medidas e as propriedades de cada componente geométrico. A Figura 3 mostra o

desenvolvimento dessas oficinas.

Figura 3. Oficinas de matemática com o uso de softwares educacionais.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

1. Análise das atividades exploradas na turma de 5ª série

Nos primeiros contatos vivenciados, presenciamos uma realidade onde os educandos

apresentam grandes deficiências em relação a operações básicas da matemática, tanto no

raciocínio lógico quanto no operacional.

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Mesmo com o apoio da família e da escola, alguns educandos apresentam desmotivação

na participação das atividades propostas, pois acreditam se tratar de mais uma atividade

rotineira agravando ainda mais o processo de aprendizagem.

Essa constatação se evidencia nas palavras de um educando, quando relata: “... eu não

sei nada desse negócio, é muita coisa ‘pra’ minha cabeça...”

A utilização de jogos matemáticos tem por objetivo, motivar os estudantes a praticarem

operações matemáticas e raciocínio lógico de forma dinâmica e prazerosa, ao contrário do

falso paradigma da metodologia de ensino-aprendizagem da matemática clássica de que é

difícil e dolorosa.

Essa constatação se evidencia nas palavras de um educando quando afirma:

“...antigamente só se aprendia no silêncio, agora podemos aprender brincando. Acho que ‘to’

viciado nessa matemática...”.

Diante de todos os desafios encontrados, percebemos que, de modo geral, o grupo

interessou-se pelas oficinas e pratica a matemática sem receio e sem medo de errar, tornando

o ambiente desafiador e ao mesmo tempo de prática das operações matemáticas básicas

essenciais para o desenvolvimento cognitivo.

2. Análise das atividades exploradas na turma de 3º ano do ensino médio

A partir das oficinas ligadas a construções geométricas, pudemos conhecer melhor a

realidade sobre a aprendizagem matemática dos educandos da 3ª série do ensino médio do

Campus Bento Gonçalves. Percebemos que o mesmo preconceito em relação a matemática

existente com os educandos da quinta série permanece ao longo da trajetória escolar,

chegando até o último ano do ensino médio.

Apresentamos a turma, em conjunto e planejado com seu respectivo professor, dois

softwares matemáticos relacionados à Geometria Plana (GeoGebra e WinGeom), após o

assunto ter sido abordado em sala de aula. Construímos fórmulas e polígonos, utilizando os

softwares.

Percebemos algumas dificuldades, de interpretação das atividades apresentadas,

inicialmente foi necessário o acompanhamento individual dos monitores para cada aluno.

Sobretudo, no decorrer dos encontros eles foram se familiarizando com as mídias e passando

a deduzir e produzir mais individualmente.

Trabalhamos mais com alunos que apresentam dificuldades em sala de aula, a fim de

ampliar seus conhecimentos e obter um melhor desempenho nos estudos. São alunos

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dedicados, respeitam o momento das explicações, se envolvem nas explorações e possuem

domínio computacional, o que ajuda na utilização das mídias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Comparando as dificuldades operacionais e de raciocínio lógico fica evidente que a

deficiência no aprendizado matemático inicia juntamente com a alfabetização e acumula-se ao

longo da trajetória escolar.

Em relação a motivação durante a participação dos educandos nas oficinas, percebemos

dois atos distintos. No grupo de 5ª série, o principal estímulo foi o uso do computador, os

jogos matemáticos e a aprendizagem num ambiente diferenciado. Já no grupo de 3º ano,

grande parte dos educandos somente participaram da oficina devido a influência do professor

da turma, uma vez que estes apresentavam baixo rendimento e a atividade representaria um

reforço nas avaliações. Contudo parte do grupo do 3º ano sugeriu a elaboração de um trabalho

para a Mostra Técnica, o qual proporcionou uma motivação diferenciada.

Sobre a postura dos educandos durante as atividades, também dois aspectos foram

observados. Em relação a turma de 3º ano, não houve preocupação quanto a internet, nem

com dispersões em geral, já com a 5ª série, foi necessário o desligamento da rede, além da

oferta de atividades contínuas de modo que não houvesse dispersão dos objetivos propostos.

BIBLIOGRAFIA

GRAVINA, Maria Alicia. Geometria dinâmica: uma nova abordagem para o aprendizado da

geometria. VII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, p.1-13, Belo Horizonte,

Brasil, nov 1996.

GRAVINA, Maria Alice e SANTAROSA, Lucila Maria. A aprendizagem da matemática em

ambientes informatizados. IV Congresso RIBIE, Brasilia 1998.

Papert, S. 1988: Logo: computadores e educação. Editora Brasiliense.

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LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA PARA O ENSINO BÁSICO

F. ZORZI1; F. R. N. dos SANTOS2

RESUMO: O ensino de matemática constituiu, historicamente, num campo teórico que

provocou intensos debates entre os educadores. Atualmente, existem alternativas para

contribuir com a melhora do ensino dessa disciplina em todos os níveis de ensino. Na

educação básica, destaca-se a introdução de materiais pedagógicos como ferramenta para

facilitar a compreensão do educando. A fim de buscar inovações e estratégias de ensino, este

trabalho teve como objetivo demonstrar a contribuição de materiais pedagógicos para a

construção de um conhecimento matemático significativo e a experiência adquirida nesse

processo através da interação com os alunos do ensino médio, do Proeja3, do Proeja Fic4 e do

curso superior em Pedagogia - Parfor5 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Rio Grande do Sul - Campus Bento Gonçalves. Estas experiências contribuíram não só

como aprendizagem para o educando, mas também para o educador, mostrando que a

aprendizagem se dá de forma mutua quando há a interação entre educador e educando.

PALAVRAS-CHAVE: ensino-aprendizagem, matemática, materiais pedagógicos, educador,

educando.

INTRODUÇÃO

Ainda que o ensino da matemática e suas dificuldades tenham sido, freqüentemente,

objeto de preocupação e discussão entre os professores, não vem conseguindo ultrapassar, na

maioria das vezes, o estágio da mera constatação empírica das dificuldades e da troca de

experiências no intuito de resolver as inúmeras questões que envolvem o processo de ensino e

de aprendizagem nessa disciplina. A responsabilidade por esses insucessos tem sido atribuída

freqüentemente aos alunos, levando os professores a procurar novas estratégias de ensino e

alternativas metodológicas que os motivassem e facilitassem a sua aprendizagem. Tudo isso,

1 Prof. Ms. Em educação (UCG).Coordenadora da especialização Proeja e do Proeja Fic do IFRS-BG. 2 Estudante do curso de Licenciatura em Matemática pelo IFRS -Campus Bento Gonçalves. 3 Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com Educação Básica na Modalidade de jovens e Adultos 4 Fic – Formação Inicial e Continuada 5 Parfor – Plataforma Paulo Freire

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no entanto, não tem provocado as mudanças esperadas, verificando-se em muitos casos a

supervalorização das tarefas escolares, a repetição monótona de exercícios mecânicos e sem

significação para os alunos, a manutenção de posturas disciplinares rígidas e o uso exagerado

da memorização de conceitos.

As criticas acerca dos resultados negativos do ensino de matemática levam professores

comprometidos com o seu ensino na educação básica a buscarem caminhos para solucionar as

defasagens apresentadas pelos estudantes, eles buscam ensinar a matemática voltada à

realidade dos alunos, ou seja, atividades matemáticas que sejam realmente educativas e não

meramente um treino de uma linguagem sem sentido para ele.

Uma das alternativas que se apresenta é o incentivo à pesquisa e o trabalho com

materiais pedagógicos que possam despertar o interesse dos estudantes e possibilitar a

construção significativa dos conceitos matemáticos.

Este artigo visa discutir o desenvolvimento do projeto de iniciação científica que propõe

a montagem do laboratório de ensino de matemática e a sua articulação com as demais ações

do IFRS-BG que abordam a construção dos conceitos da matemática.

REFERENCIAL TEÓRICO

Uma crença que envolve o ensino da matemática é a de que basta ‘saber matemática’

para ensiná-la, deixando de lado a forma através da qual se constroem as noções no

pensamento do aluno. Observam-se, no cotidiano da escola, que poucos são os alunos que de

fato aprendem matemática e, pelos depoimentos de antigos alunos, verifica-se que pouco resta

dessa ‘aprendizagem’. Raramente se busca investigar os reais motivos do fracasso no ensino

da matemática, principalmente no que diz respeito à própria metodologia utilizada para seu

ensino.

Piaget anuncia que a matemática

(...) nada mais é do que uma lógica, que prolonga da forma mais

natural a lógica habitual e constitui a lógica de todas as formas um

pouco evoluídas do pensamento científico. Um revés na matemática

significaria assim uma deficiência nos próprios mecanismos do

desenvolvimento do raciocínio (PIAGET; GRÉCO, 1974, p.63).

Uma explicação encontrada para o ‘fracasso’ na matemática é que o aluno já recebe a

matéria pronta, organizada, ao passo que, segundo Piaget e Gréco (1974, p.65), num contexto

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de autonomia, o aluno “é solicitado a descobrir por si mesmo as correlações e as noções e

assim recriá-las até o momento em que experimentará a satisfação ao ser guiado e

informado.” A insuficiente dissociação entre as questões lógicas e as numéricas ou métricas é

outra justificativa para o fracasso: “uma lei de evolução é muito clara, todas as noções de

matemática principiam por uma construção qualitativa antes de adquirirem um caráter

métrico” (PIAGET; GRÉCO, 1974, p.67) Através de um trabalho autônomo, espontâneo, a

partir de seu saber e de sua lógica o aluno chega à necessidade de construir os conceitos de

forma a tornar a matemática algo significativo para sua vida.

O conhecimento lógico-matemático, segundo Kamii e Devries (1992, p. 25), “é um

domínio intrigante”, que tem várias características. A primeira é que ele não é diretamente

ensinável, porque é construído a partir das relações que a própria criança criou entre os

objetos e a relação subseqüente que ela cria a partir das anteriores, via abstração; a segunda é

do fato de que se a deixarmos desenvolver se sozinha e a criança estiver encorajada a estar

alerta e curiosa, então o caminho para o desenvolvimento se dará através da coerência; a

terceira é que, uma vez construído, o conhecimento jamais será esquecido, ao passo que o

conhecimento construído a partir da memorização, desencoraja a compreensão.

Os erros constituem uma parte inevitável do processo de construção do conhecimento.

Na matemática, os erros geralmente refletem o raciocínio da criança. O erro deve ser visto

como fonte de informações sobre esse raciocínio e como fonte para a compreensão da

natureza dos esquemas nos quais se baseiam. As crianças não erram por acaso ou por falta de

atenção quando são deixadas com liberdade para pensar e opinar. Há sempre um bom motivo

sustentando o erro infantil. Os professores deveriam estar mais atentos a esses motivos e tê-

los como base de pesquisa para fundamentar sua prática pedagógica, problematizando suas

intervenções, a fim de favorecer o desenvolvimento infantil.

De uma forma geral, o ensino da matemática está centrado nos procedimentos de

cálculo e não sobre os métodos que encorajam a construção espontânea e autônoma dos

saberes matemáticos. Infelizmente, a forma de ensino mais utilizada consiste na tentativa de

memorização de conceitos matemáticos que instrumentalizam o cálculo (memorização de

fórmulas, repetição, listas infindáveis de exercícios repetitivos). O que acontece é que a

tendência natural para a compreensão é negligenciada em prol do condicionamento à

memorização em todos os níveis de ensino.

Desta forma, o papel do professor de matemática, é organizar um ambiente favorável à

ação, à experimentação e ao intercâmbio entre os estudantes, criando situações que solicitem

destes o estabelecimento de relações e a construção dos conceitos propostos. Os jogos,

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segundo Kamii e Declark (1994), podem contribuir para a organização deste ambiente, na

medida em que forem vistos pelo professor como uma arte que requer reflexão e

experimentação para maximizar seu potencial.

Neste projeto, buscou-se a promover a discussão sobre a importância da interação e

troca de saberes a partir de materiais pedagógicos próprios e alternativos para o ensino. Um

procedimentos metodológicos utilizado foi um questionário aplicado a estudantes do ensino

médio do IFRS, com o objetivo de verificar a concepção dos mesmos a respeito da integração

de materiais pedagógicos em sala de aula como uma ferramenta a ser utilizada pelo professor

no processo de aprendizagem. O questionamento foi realizado com 50 alunos do 1º, 2º e 3º

ano do ensino médio, de diversas idades. Também foi aplicado um questionário para os

respectivos professores das turmas. A tabulação dos dados coletados está sendo realizada, mas

pode-se afirmar no momento é que muitos alunos jamais tiveram aulas com atividades lúdicas

e manifestaram o desejo de participarem de uma aula que envolvesse materiais manipuláveis.

Na fase atual do projeto, a catalogação de jogos pedagógicos adquiridos para a

construção de conceitos matemáticos, bem como a construção de outros jogos com o mesmo

fim.

Atividades de interação com estudantes do Proeja, do Proeja Fic, dos cursos de

licenciatura e da Pedagogia-Parfor estão sendo desenvolvidas. Serão sistematizadas e

publicadas posteriormente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Educar para e construção do conhecimento é educar para compreender, para vir-a-ser,

buscando a superação do treino, do exercício e da transmissão de informações para privilegiar

a ação reflexiva do sujeito com o mundo através das trocas interindividuais. Essa educação

está comprometida com o conhecimento e não somente com a sua aprendizagem. Educar para

o conhecimento compromete-se com a formação de sujeitos autônomos, conscientes da

importância da troca com o outro para o seu crescimento pessoal e para a possibilidade de

transformar não somente a si mesmo, mas a realidade em que se está inserido. Trata-se de

formar sujeitos capazes de crítica e autocrítica, de pensamento criativo e transformador, com

objetividade de idéias e poder síntese ao produzir seus conhecimentos.

Nessa perspectiva, o ensino da matemática, contando com o uso de materiais

pedagógicos próprios e jogos, contribui para a formação de alunos capazes de posicionar-se

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diante da realidade, defendendo seus pontos de vista, enfrentando de forma positiva os seus

conflitos e as contradições em busca da sua superação, alunos pesquisadores capazes de

contribuir com a construção do seu conhecimento e da ciência como um todo.

A busca por pressupostos teóricos essenciais para pensar os processos escolares de

ensino e de aprendizagem dessa escola. Compartilhar com os alunos e com a professora horas

de trabalho com o ensino e aprendizagem da matemática na escola significou um momento

único de relacionamento entre a teoria e a prática, indo além da denúncia dos erros cometidos

ou da elaboração de uma fórmula única de funcionamento para a matemática, contemplando a

práxis em construção, permitindo antecipar os efeitos das ações, formular hipóteses sobre a

aprendizagem individual de cada aluno, prever e avaliar as intervenções do professor diante

das respostas dos alunos, imaginar argumentações possíveis às situações que se apresentaram

em sala de aula, delinear formas para orientar as discussões dos alunos e, acima de tudo, uma

oportunidade de refletir e fazer uma crítica sobre os próprios erros e acertos da caminhada

acadêmica e docente.

O sujeito que constrói a si mesmo através da ação e constrói seu conhecimento

apoiando-se na realidade e não a reproduzindo, torna-se capaz de resolver problemas e criar

estratégias próprias de leitura da realidade e intervenção nela. As experiências realizadas no

IFRS-BG permitiram criar vínculos de respeito mutuo que contribui de forma significativa no

processo de ensino e de aprendizagem da matemática, vista por muitos alunos como uma

possibilidade de uma melhora tanto o comportamento do próprio como uma forma de

estimulo para ter uma participação ativa dentro da sala de aula.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECKER, Fernando. Epistemologia do Professor: o cotidiano da escola. Petrópolis: Vozes,

1994.

___. Da ação à operação: o caminho da aprendizagem em J.Piaget e P. Freire. Rio de

Janeiro: Palmarinca, 1997.

___. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artemed, 2001.

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177

KAMII, Constance; DECLARK, Geórgia. Reinventando a aritmética: implicações da teoria

de Piaget. . São Paulo: Papirus, 1994.

KAMII, Constance; JOSEPH, Linda Leslie. Aritmética: Novas perspectivas. São Paulo:

Papirus, 1995.

PIAGET, Jean; GRÉCO, Pierre. Aprendizagem e conhecimento. Rio de Janeiro: Freitas

Bastos, 1974.

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1 Licenciado em Física, Prof. de Física, IFRS, Campus Bento Gonçalves. Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. (54) 34553200. e-mail: [email protected] 2 Estudantes do Curso de Licenciatura em Física, IFRS, Campus Bento Gonçalv es. Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP95.700-000, Bento Gonçalves, RS.

PRÁTICAS EDUCATIVAS NO ENSINO DE FÍSICA

C. S. de OLIVEIRA1; M. E. T. GUGEL2; C. C.CÉSARO2; E. SCUSSEL2; R. A.

RIGON2; S. L. FOREST2

RESUMO: Este trabalho relata algumas atividades pedagógicas realizadas pelos integrantes

do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID na disciplina de Física,

que vêm sendo executado na Escola Estadual Mestre Santa Bárbara no município de Bento

Gonçalves, RS.

PALAVRAS-CHAVE: física; ensino; práticas pedagógicas.

INTRODUÇÃO

O ensino de Física nas escolas é muitas vezes desvinculado da experimentação. Em

geral, as aulas são teóricas direcionadas apenas para resoluções de exercícios que em sua

maioria visam apenas aplicações de fórmulas. Assim como, as explicações não estão

relacionadas com o cotidiano ou o meio em que vive o educando. Muitas vezes o professor de

física deixa de lado a execução de experimentos ou aplicações práticas da disciplina, uma das

causas é que a lista de conteúdos programáticos do ensino médio é demasiadamente extensa, o

que impede o aprofundamento necessário e a instauração de um diálogo construtivo3,4. Além

disso, os professores apresentam uma formação defasada, o que reflete na falta do domínio do

conteúdo e na insegurança em relacionar a teoria com o mundo real5.

Atualmente diversas ações pedagógicas vêm sendo desenvolvidas no sentido de

melhorar a qualidade do ensino de física, de modo a promoverem a compreensão dos

fundamentos científico-tecnológicos, relacionando a teoria com a prática6. Dentre estas

atividades destacam-se oficinas7,8, teatro de ciência9, simulações computacionais10,11,

experimentos de baixo custo12 e roteiros de aulas que relacionam a física com o cotidiano de

modo multidisciplinar13,14.

Com o objetivo de facilitar a execução destas ações metodológicas foi criado o

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID15. Este programa incentiva a

inserção dos licenciandos dos cursos de Licenciaturas das Instituições Públicas Federais de

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Ensino Superior, nas escolas públicas de ensino básico, com o objetivo de auxiliar os

professores destas escolas à desenvolverem e aplicarem as novas tendências educacionais, não

só no ensino de física, mas também em outras disciplinas do ensino básico.

Atualmente o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do

Sul - Campus Bento Gonçalves (IFRS-BG) faz parte deste programa com três subprojetos que

contam com a participação de 30 licenciandos-bolsistas que atuam em algumas escolas

públicas de Bento Gonçalves. Destes, 20 atuam no ensino fundamental e médio em

matemática e 10 atuam no ensino médio de física. Cada grupo de 10 bolsistas é orientado por

um supervisor que é professor efetivo na escola pública onde o projeto está sendo aplicado e

um coordenador que é professor efetivo do IFRS-BG. Além disso, o programa conta com um

coordenador geral que também é professor efetivo do IFRS-BG.

Neste trabalho serão apresentadas as atividades que vêm sendo desenvolvidas pelo

projeto de FÍSICA-PIBID-IFRS-BG desde maio/2010, no ensino médio da escola estadual

Mestre Santa Bárbara, localizada na cidade de Bento Gonçalves, RS. Além disso, será

relacionado o curto tempo de execução do projeto com pequenas mudanças notadas no

cotidiano da escola, assim como, no comportamento dos alunos em relação a disciplina de

física.

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia de desenvolvimento do projeto foi baseada num constante de pesquisas,

debates e ações pedagógicas, para que todos envolvidos na execução do projeto (coordenador

do projeto, os professores supervisores e os acadêmico-bolsistas) refletissem constantemente

sobre as ações desenvolvidas e seus efeitos na aprendizagem dos alunos. Os momentos

comentados a seguir referem-se ao período de aplicação do projeto entre 01/05/2010 e

30/10/2010.

I) Momentos de reflexão

Foram realizados encontros semanais no Campus do IFRS-BG com os responsáveis

pela execução do projeto, com a finalidade de serem realizadas as seguintes atividades:

planejamento das ações pedagógicas, elaboração do material didático usado nas ações,

identificação de problemas em relação ao andamento das aulas da disciplina de Física,

elaboração de um levantamento dos dados sócio-econômicos e escolares referentes aos alunos

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das séries atendidas e, finalmente, pesquisas de natureza qualitativa buscando identificar o

impacto das ações desenvolvidas na aprendizagem e na percepção dos estudantes da escola

sobre a física e sua aplicação prática.

Além das atividades citadas acima os encontros também tinham como objetivo a

avaliação do desenvolvimento das propostas e dos resultados obtidos, através de discussões e

reflexões sobre pontos positivos e negativos detectados durante a execução do projeto.

II) Momentos de ação

II.1) Auxílio aos docentes das escolas em atividades pedagógicas

Nestes momentos, os acadêmico-bolsistas atuaram na escola estadual, sob orientação do

coordenador do projeto e dos professores supervisores, auxiliando os professores de física nas

seguintes atividades pedagógicas: reforço escolar, auxílio em atividades práticas ou

experimentais, elaboração e execução de uma oficina de física, e auxílio aos alunos das

escolas na elaboração de roteiros de filmes de vários gêneros que tratam de algum modo

conceitos físicos ou personagens da história da física.

II.II) Ações de suporte nas atividades docentes

Cada atividade proposta foi desenvolvida na forma de mini projeto. Para cada mini

projeto, exceto o referente ao roteiro de cinema, os acadêmico-bolsistas elaboraram todo o

material, como: as ações para as aulas de reforço, os textos que foram utilizados nas

atividades de sala de aula, os roteiros de atividades práticas/ experimentais e oficina de física.

Durante o desenvolvimento dos mini-projetos, os grupos apresentaram nos encontros

semanais os resultados finais ou parciais dos mini projetos. Após as execuções nas escolas das

ações pedagógicas propostas em cada mini projeto, os acadêmico-bolsistas apresentaram um

seminário no encontro do grande grupo para análise da eficácia da estratégia escolhida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Atividades Desenvolvidas

A seguir serão apresentadas as atividades desenvolvidas pelo projeto nas duas escolas

estaduais e os resultados detectados por uma investigação qualitativa junto aos alunos que de

algum participaram da execução do projeto.

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I) Questionários sócio-econômicos e escolares

No início de aplicação do projeto na escola foram realizados questionários para a

investigação dos dados sócio-econômicos e escolares de 522 alunos. As repostas obtidas dos

dados mais relevantes foram os seguintes:

• 179 alunos possuem a renda média familiar de até 3 salários mínimos.

• 166 alunos trabalham e estudam ao mesmo tempo;

• 13 alunos tem ao menos 1(um) filho;

• 199 alunos já tiveram algum tipo de reprovação;

• 264 alunos possuem interesse no aprendizado de física.

Através da análise das respostas sócio-econômicas podemos observar que há um

número significativo de alunos que trabalham, já não acontece o mesmo em relação ao

número de filhos. Já em relação as repostas dos dados escolares pode-se identificar, um alto

índice de reprovação e, até de modo surpreendente, 50% dos alunos possuem interesse por

disciplinas da área exata, entre elas a física.

Num comparativo entre as turmas do primeiro, segundo e terceiro ano do Ensino Médio

pôde-se notar que o interesse pela disciplina de física é mais acentuado ao passar de série.

Essa explicação se dá pela compreensão dos conceitos básicos envolvidos na compreensão da

disciplina.

II) Aulas com atividades práticas ou experimentos:

Foram desenvolvidas diversas atividades práticas durante as aulas desenvolvidas nos

horários normais das escolas. Dentre estas será apresentado a discussão e os resultados de

duas atividades:

Atividade 1: Tubo de Ar

A atividade foi realizada de forma demonstrativa com a participação dos acadêmico-

bolsistas junto com o professor responsável pela disciplina de física na turma. Através desta

atividade pôde-se demonstrar as relações entre deslocamento e tempo nos movimentos

uniforme e uniformemente variado, mostrando para o aluno na prática o que ele viu em sala

de aula. Com este experimento os alunos puderam verificar o que ocorre nestes movimentos

verificando a velocidade, aceleração, tempo e deslocamento. Notou-se que os alunos tiveram

bastante interesse em participar e que compreenderem melhor o conteúdo realizando esta

atividade.

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Atividade 2: Queda livre

Os experimentos realizados com as turmas do segundo ano do ensino médio

abrangeram, em sua maioria, o estudo de energia. Para esse propósito foram utilizados

experimentos de queda livre.

Nas ocasiões em que o experimento foi usado, os alunos tiveram a oportunidade de

interagir com o material juntamente com exercícios e trabalhos elaborados pelos professores.

Esses fatores desencadearam, no decorrer da aula, participação e interesse proveniente do

aluno, assim como aceitação do professor que pode ministrar uma aula mais dinâmica e

construtivista.

Atividade 3: Simulação Computacional

Nesta atividade pôde-se aproximar os alunos do laboratório de informática, utilizando a

simulação computacional PHET gratuita na Internet e relacionando-a ao conteúdo de corrente

elétrica. Na atividade prática os alunos desenvolveram sozinhos, seguindo um roteiro

elaborado pelos acadêmicos-bolsistas, mas possuíam também o auxílio do professor e dos

bolsistas durante a realização da atividade para dúvidas. Todos os alunos se interessaram e

desenvolveram a atividade proposta. Assim pode-se perceber que as simulações permitem a

diversificação de novas estratégias de ensino, onde o professor possui novas possibilidades

para transmitir seus conteúdos e os alunos ganham uma maior variedade de meios para

aprender.

III) Elaboração de roteiro de filmes para um festival de cinema de física:

Convidou-se os alunos do segundo e terceiro ano do ensino médio para participarem da

produção de um filme. O tema do filme foi escolhido por eles e deveria constar informações

sobre a Física. Esta atividade foi extra-classe, sendo que os alunos interessados se

prontificaram a participar do projeto fora do horário de aula. Um grande número de alunos

participou da elaboração dos roteiros, sendo que em vários momentos demonstraram muita

criatividade e entusiasmo.

CONCLUSÃO

Através das ações pedagógicas realizadas pelo projeto apresentado neste trabalho, pôde-

se registrar através de conversas informais com os alunos da escola, que na sua maioria estão

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obtendo uma melhor compreensão dos conteúdos do ensino de física. Além, de se observar

facilmente o aumento do interesse dos alunos por práticas relacionadas ao ensino da

disciplina.

BIBLIOGRAFIA

3. Gleiser, M. Por que Ensinar Física?. Física na Escola, v. 1, n. 1, 2000

4. Ministério da Educação e do Desporto, PCN, ano 1998, pág.48

5. João, H.A. Oficinas de Física na Formação de Professores – um Relato de Caso: “Física

Moderna no Cotidiano”. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia -Página:

1631

6. Menezes, L.C. Física para o Ensino Médio. Física na Escola, v. 1, n. 1, 2000.

7. Gouvêa, L.H.; Ramos, E.M.F. Oficina de Óptica: o Ensino de Física Visto sob Outra

Perspectiva. XVI Simpósio Nacional de Ensino de Física, 2005.

8. Valadares, E.C. Novas estratégias de Divulgação Científica e de Revitalização do Ensino

de Ciências nas Escolas. Física na Escola, v. 2, n. 2, 2001.

9. Júdice,R.; Glênon, D. Física e Teatro. Física na Escola, v. 2, n. 1, 2001.

10. Pires, M.A; Veit, E.A. Tecnologias de Informação e Comunicação para Ampliar e Motivar

o Aprendizado de Física no Ensino Médio. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 28,

n. 2, p. 241 - 248, (2006)

11. Medeiros, A.; Medeiros, C. F. Possibilidades e Limitações das Simulações

Computacionais no Ensino da Física. Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 24, no.

2, Junho, 2002.

12. Valadares, E. C. Física Mais que Divertida: Inventos Eletrizantes Baseados em Materiais

Reciclados de Baixo Custo. Belo Horizonte: UFMG, 2009.

13. Pietrocola, M. Ensino de Física: Conteúdo, Metodologia e Epistemologia numa

Concepção Integradora. Florianópolis: UFSC, 2005.

14. Figueiredo, A.; Pietrocola, M. Física um Outro Lado. Editora FTD, São Paulo, 2000.

15. http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid

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184

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA –

PIBID: UMA EXPERIÊNCIA RELEVANTE PARA A FORMAÇÃO DE

PROFESSORES NO IFRS-BG

P. B. PAZ1; V. A. RESTELLI2; F. SGANZERLA3; D. BUSSOLOTTO4; M. RAMPON5;

F. LUY VALÉRIO6

RESUMO: Relatar e analisar como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à

Docência – PIBID, proposto pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior – CAPES e desenvolvido por docentes e acadêmicos do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia Rio Grande do Sul, campus Bento Gonçalves, contribui no

processo de formação dos professores-estudantes dos Cursos de Licenciatura em Matemática

mantidos no IFRS-BG. Trata especificamente da abordagem do subprojeto de Licenciatura

em Matemática do Ensino Médio desenvolvido no Colégio Estadual Visconde de Bom Retiro.

Busca-se abordar o projeto como forma de intervenção na realidade escolar e sua função no

processo de formação de professores.

PALAVRAS-CHAVE: educação, formação de professores, ensino da matemática.

INTRODUÇÃO

O PIBID é um programa que fomenta e incentiva a formação de professores,

qualificando as ações acadêmicas de forma a fortalecer a escola pública, como espaço de

formação, promovendo a necessária articulação entre as universidades e institutos com as

redes públicas de ensino. O programa tem como finalidade a formação inicial dos acadêmicos

dos cursos de licenciatura, proporcionando a estes experiências pedagógico-formativas,

articulando seu percurso formativo na graduação com a realidade das escolas.

1 Licenciando em Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves - Acadêmico-bolsista. 2 Licenciando em Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves - Acadêmico-bolsista. 3 Licenciando em Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves - Acadêmico-bolsista. 4 Licenciando em Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves - Acadêmico-bolsista. 5 Licenciando em Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves - Acadêmico-bolsista. 6 Professor Mestre do Curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves – Professor Coordenador.

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O convênio da parceria para o projeto PIBID foi formalizado entre o Instituto Federal de

Educação, Ciência e tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves com a

Secretaria Municipal de Educação e com a Secretaria Estadual de Educação, bem como com

as escolas municipais e estaduais, indicadas pelas secretarias.

O PIBID-IFRS campus Bento Gonçalves, está sendo desenvolvido em parceria com as

escolas de ensino básico da rede Municipal e Estadual de Educação de Bento Gonçalves.

Participam do projeto: um professor coordenador institucional cuja função é gerenciar todo o

projeto, um professor da instituição proponente que coordena as áreas de atuação (Matemática

e Física), um professor supervisor em cada escola e um número de bolsistas de acordo com o

projeto.

Tem por objetivos gerais: incentivar a formação de professores para a educação básica;

valorizar o magistério, incentivando os estudantes que optam pela carreira docente; elevar a

qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nos cursos de

licenciatura das instituições públicas de educação superior; inserir os licenciandos no

cotidiano de escolas da rede pública de educação básica; proporcionar experiências

metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar; tornar

as escolas de educação básica protagonistas nos processos formativos dos estudantes das

licenciaturas, sendo co-formadores dos futuros professores.

O projeto apresenta como objetivos específicos: elevar a qualidade das ações

acadêmicas das Licenciaturas de Física e Matemática através da integração do ensino,

pesquisa e extensão articulando ações da formação docente inicial e continuada com a

educação básica do sistema público; estabelecer projetos de cooperação com escolas das redes

públicas; identificar problemas no processo de ensino e de aprendizagem na escola pública e

fomentar experiências metodológicas e práticas docentes; propor atividades experimentais e

as tecnologias da informação para facilitar o processo de ensino e de aprendizagem; construir

metodologias e experimentos de baixo custo e material reciclável.

Este projeto representa o esforço do IFRS-BG em aliar o ensino, a pesquisa e a extensão

e o desejo das instituições parceiras em buscar uma constante melhoria da qualidade de ensino

na Educação Básica, além de representar a possibilidade de interação entre os professores em

formação dos cursos de licenciatura e os professores das redes públicas de ensino. O

subprojeto da Área de Matemática busca fazer aproximações entre a teoria e a prática no

ensino matemática nas escolas públicas das redes estaduais e municipais de educação básica,

proporcionando aos alunos-professores a oportunidade, indispensável à sua formação, de

entrar em contato direto com a realidade existente para superação das dificuldades iniciais,

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186

normalmente em relação ao comportamento característico da fase de desenvolvimento

humano em que estudantes encontram-se e desenvolver o preparo na elaboração e prática da

atividade docente, antes da conclusão da licenciatura.

São integrantes do grupo de trabalho na referida escola: Felipe Luy Valério – Professor

Coordenador, Pitias Beckestein Paz, Vanessa Arcari Restelli, Francele Sganzerla, Débora

Bussolotto e Marina Rampon - todos acadêmicos-bolsistas, estes vinculados aos IFRS-BG e

Márcio Pilotti – Professor Supervisor, Clarice Copat, Raquel Marchetto e Daniela de Oliveira

– professoras titulares, pelo colégio estadual.

DISCUSSÃO E PROBLEMATIZAÇÃO: O ENSINO DA MATEMÁTICA NA

EDUCAÇÃO BÁSICA

A construção do conhecimento matemático parece ser a grande utopia de todo educador

em sala de aula, o qual, após várias tentativas de uma busca didática, acaba por desistir e

voltar ao seu cotidiano disciplinar. Conhecemos e reconhecemos vários trabalhos isolados de

caráter interdisciplinar. Contudo, falando da grande massa de educadores, não percebemos a

prática e a postura interdisciplinar. Trata-se de um trabalho de cooperação e troca, de

integração, aberto ao diálogo e ao planejamento, onde as diferentes disciplinas não aparecem

de forma fragmentada e compartilhada, pois a problemática em questão conduzirá a

unificação. Segundo Nogueira:

“A aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que

só podem ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas. O

processo de ensino-aprendizagem que ocorre na escola propicia o

acesso dos membros imaturos da cultura letrada ao conhecimento

construído e acumulado pela ciência...” (NOGUEIRA, 1998)

A negação do trabalho com a construção do conhecimento matemático não está na má

vontade dos professores. Mas, talvez, na destinação em cumprir todo o conteúdo, não

percebendo as múltiplas possibilidades que o diferenciado de um projeto poderá gerar bons

resultados.

“Em termos muito claros e diretos: o aluno é mais importante que

programas e conteúdos. Vejo educação como a estratégia mais

importante para levar o indivíduo à estar em paz consigo mesmo e

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187

com o seu entorno social, cultural e natural e a se localizar numa

realidade cósmica.” (D’AMBROSIO, 1996)

O não entendimento de uma proposta interdisciplinar também parece ser uma das

barreiras. A simplicidade com que é encarada, e a dificuldade apresentada pelo professor, o

qual acredita ter de elaborar exercícios, problemas, questões e atividades pertinentes à

temática em questão, fazem da interdisciplinaridade o “bicho papão”, o qual dará mais

trabalho do que ele já possui. Quando o professor não assume uma atitude interdisciplinar e

continua o seu solitário trabalho de ministrar conteúdos compartimentados e

descontextualizados do dia-a-dia do aprendiz, a interdisciplinaridade acaba por ficar apenas

no sonho de alguns poucos teóricos e professores que conseguem enxergar além das paredes

da sala de aula.

“... ao invés de um ensino em que o conteúdo seja visto como fim em

si mesmo, o que se propõe é um ensino em que o conteúdo seja visto

como meio para que os alunos desenvolvam as capacidades que lhes

permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e

econômicos.” (BRASIL, SEF, Introdução aos Parâmetros Curriculares

Nacionais, v.1, p.73)

Há que se considerar a necessidade do envolvimento que ultrapassa os limites da sala de

aula. Aqui aparece a importância da pesquisa como atitude.

“...enquanto numa prática conservadora competente se busca, ao

ensinar os conteúdos, ocultar a razão de ser de um sem-número de

problemas sociais, numa prática educativa progressista, competente

também, se procura, ao ensinar os conteúdos, desocultar a razão de ser

daqueles problemas.” (FREIRE, 1999).

Cada aluno tem seu tempo e também limites de aprendizagem. A noção de conceitos

matemáticos não precisa ser desconectada da realidade do estudante, do seu cotidiano, o

mundo do trabalho. Pode ser programado e proposto a fim de intensificar o processo de

aprendizagem dos conteúdos e, principalmente, possibilitar diversificação de ações, formas e

vivências que venham ainda propiciar uma amplitude de desenvolvimento dos diferentes

saberes.

“Desafiar um aluno significa propor situações que ele considere

complexas, mas não impossíveis. Trata-se de gerar nele uma certa

tensão, que o anime a ousar, que o convide a pensar, a explorar, a usar

conhecimentos adquiridos e a testar sua capacidade para a tarefa que

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tem em mãos. ...ao lançar o desafio, é necessário, sem dúvida,

acreditar no potencial dos alunos...” (SADOVSKY, 2007)

É importante refletir sobre a postura do professor de matemática, pois ela norteará os

trabalhos de caráter adotado por ele. O que exigirá o rompimento de paradigmas: acreditar no

novo! A postura e a atitude interdisciplinar poderão garantir uma atuação mediadora do

professor, que, tal qual um facilitador, buscará o foco de interesse, facilitará o acesso aos

materiais de pesquisa, indagará mais do que responderá, promoverá discussões e trocas de

conhecimentos. Sempre preocupado mais com o processo do que o produto, garantindo desta

forma o sucesso não somente do ensino, mas, também da aprendizagem dos conceitos

matemáticos. Trata-se de uma visão dialógica, democrática e dialética. Este caminho é o

caminho proposto pelo projeto em questão.

Conhecendo a proposta do PIBIB do IFRS-BG: as ações previstas no programa são: (a)

levantamento dos dados sócio-econômicos e escolares referentes aos alunos do Ensino Médio

da escola, sua idade, desempenho escolar e a relação idade/série; (b) as condições oferecidas

pela escola (como acesso à internet, biblioteca, recursos audiovisuais, laboratório de

informática; (c) formação de um grupo de estudos composto pelos coordenadores do projeto

do IFRS/Campus Bento Gonçalves, licenciandos e professores supervisores, com o objetivo

de planejar, aplicar e avaliar as atividades pedagógicas. (d) incentivar o uso do laboratório de

informática da escola para a exploração de softwares gratuitos da internet com simulações a

serem aplicadas nos conteúdos do plano de ensino da turma. (e) elaboração de experimentos

com material de baixo custo;

O projeto do PIBIB IFRS-BG pretende contribuir para: o aumento no número de alunos

interessados pelos cursos de licenciaturas; a diminuição da evasão no curso; o aumento no

percentual de êxito nas aprovações nas disciplinas dos cursos de licenciatura; o estreitamento

das relações do Instituto Federal e redes públicas de ensino com maior oferecimento de locais

de estágio e participação dos professores das escolas; o aumento na procura de licenciados por

cursos de pós-graduação em educação; a melhoria da qualidade da formação dos estudantes

da licenciatura, especialmente quanto à articulação entre teoria e prática.

Atividades realizadas no campo de pesquisa: inicialmente realizou-se o período de

ambientação na escola no sentido de tomar conhecimento da infra-estrutura da escola e de sua

dinâmica, através da interação com a direção, supervisão, alunos e corpo docente da escola.

A observação da prática pedagógica do professor supervisor e demais professores titulares,

bem como o conhecimento do currículo da escola, seu planejamento, acompanhado pela

orientação recebida no grupo de estudos do projeto, em reuniões semanais no campus do

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IFRS, proporcionando condições para a preparação de plano didático-pedagógico individual

para a intervenção na escola.

O exercício da docência por parte do bolsista, atuando nas atividades didáticas de sala

de aula de naturezas distintas, como intervenções previamente planejadas em aulas

expositivas e auxílio em atividades laboratoriais são atividades importantes para a relação

teoria e prática proposta pelo projeto, e estão sendo gradativamente construídas junto às já

existente no ambiente da escola.

Atividades extras curriculares, complementares à prática do ensino em conjunto com

professor coordenador e supervisor de área: como a produção de material didático-

pedagógico, uso do laboratório de informática (utilização de softwares matemáticos), aulas de

reforço, com a presença do professor supervisor ou não, representa possibilidade de assunção

da identidade docente do aluno-professor do curso de licenciatura.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

O conhecimento da realidade escolar, as vivências do seu cotidiano, assim como a

visualização das dificuldades e dos momentos de êxito do trabalho docente possibilita a

contextualização entre a teoria estudada no ambiente acadêmico e a ação em sala de aula, por

parte do aluno-professor.

O exercício de ação-reflexão-ação, vivenciado no momento de planejamento da prática

docente acompanhado pela reflexão sobre esta prática promovem a construção do trabalho

docente voltado para processo de ensino e de aprendizagem voltado para a vida, a partir da

vida, do mundo do trabalho vivenciado pelo estudante trabalhador que freqüenta as salas de

aula do ensino noturno das escolas estaduais deste país. Isto quer dizer que os conceitos, o

raciocínio, as regras e as noções devem ser trabalhadas a partir das situações reais e concretas

da vida do estudante, e isto requer muita pesquisa e esforço por parte dos professores. Este é o

grande mérito deste projeto.

Não podemos concluir, sem observamos que o projeto iniciado neste ano, encontra-se

em plena fase de transição entre o reconhecimento e adaptação a realidade da escola para o

efetivo desenvolvimento de ações em conjunto com ela. Este artigo é a reflexão deste grupo

de acadêmicos, nesta fase das atividades, sob o ponto da importância do PIBID para a

formação de professores. O projeto agora entra numa fase de maior integração a rotina da

escola, onde se começam a colher dados que nos permitirão analisarmos de forma precisa, os

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avanços sob o ponto da importância do PIBID para o desenvolvimento do ensino da

matemática e a melhoria do desempenho dos alunos do ensino público e a continuação das

ações constantes do cronograma de plano de trabalho desse projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Educação. Departamento Pedagógico.

Referencias Curriculares do Estado do Rio Grande do Sul: Matemática e suas Tecnologias/

Secretaria de Estado da Educação. Porto Alegre: SE/DP, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São

Paulo: Paz e Terra, 1999.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem. São

Paulo, Editora Libertad, 2005.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacional.v.1 a 10.

Secretaria Fundamental. Brasília: MEC/ SEF ,1997.

D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação Matemática. Da Teoria à Prática. São Paulo: Papirus,

1996.

FAZENDA, Ivani. Práticas Interdisciplinares na Escola. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.

NOGUEIRA, N.R. Uma Prática para o Desenvolvimento das Múltiplas Inteligências:

Aprendizagem com Projetos. São Paulo: Érica, 1998.

SADOVSKY, Patricia. O ensino de matemática hoje: enfoques, sentidos e desafios. 1ªed. São

Paulo: Ática, 2007.

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USO DE SOFTWARE NO ENSINO DE FUNÇÕES DE PRIMEIRO GRAU

D. S. da SILVA1; J. GLOWAKI2; L. FRANZOSI3; L. AMBROZI4; T. L. MACHADO5

RESUMO: Através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, designado

pela CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal, o qual propõe a inserção de

acadêmicos nas instituições educacionais da rede pública, os licenciandos em Matemática do

IFRS-BG buscam relacionar a teoria com a prática, para assim se situarem na sua futura

prática docente. Apresenta-se então, o auxílio da tecnologia para o aperfeiçoamento do ensino

nas funções de primeiro grau, que são estudadas no primeiro ano do Ensino Médio.

PALAVRAS-CHAVE: PIBID, ensino médio, aulas de Matemática, software matemático.

INTRODUÇÃO

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) foi criado com a

finalidade de valorizar o magistério e apoiar estudantes de licenciatura plena das instituições

públicas federais e comunitárias de educação superior, Possui, como um dos objetivos, a

elevação da qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nos

cursos de licenciatura, bem como a inserção dos licenciandos no cotidiano de escolas da rede

pública, buscando promover a integração entre educação superior e educação básica.

O programa visa também proporcionar aos futuros professores através de experiências

metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar a

superação de problemas identificados no processo de ensino e aprendizagem, além de

incentivar as escolas públicas de educação básica a tornarem-se protagonistas nos processos

formativos dos estudantes das licenciaturas, mobilizando seus professores como coformadores

dos futuros professores.

Podem apresentar a referida proposta, as instituições municipais públicas e comunitárias

de educação superior, que possuam cursos de licenciatura plena, legalmente constituídos, e

que tenham sua sede e administração no país.

1,4,5 Bolsistas do Programa Institucional de Iniciação a Docência e Acadêmicos do curso de Licenciatura Matemática/2009-1, IFRS- Campus Bento Gonçalves. 2,3 Bolsistas do Programa Institucional de Iniciação a Docência e Acadêmicos do curso de Licenciatura Matemática/2008-2, IFRS- Campus Bento Gonçalves.

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São quatro modalidades de concessão de bolsas: bolsistas de iniciação à docência, para

estudantes dos cursos de licenciatura plena; bolsistas de supervisão, para professores das

escolas públicas estaduais ou municipais; bolsistas coordenadores institucionais de projeto e

coordenadores de área de conhecimento; docentes das instituições municipais públicas e

comunitárias de educação superior.

O computador tornou-se uma das principais ferramentas de trabalho e entretenimento de

nossos dias. Juntando-se a internet, este passa a ser um meio de comunicação e

relacionamentos, o qual liga milhões de pessoas. Essa revolução demonstra o grande fascínio

pelo conhecimento e pelo novo, onde o mundo acaba perdendo suas fronteiras demarcadas,

pois não há limites para as trocas de experiências.

O programa visa proporcionar a inovação de experiências metodológicas, tecnológicas e

práticas docentes. Atuando na Escola Estadual de Ensino Médio Mestre Santa Bárbara,

buscamos realizar aulas diferenciadas com a utilização de um software matemático – Kmplot

– o qual funciona com o sistema operacional Linux, ajudando na compreensão da forma

gráfica nas funções de primeiro Grau. Conforme Veiga(2001), "Os Softwares Pedagógicos

como um forte aliado dos professores em sala de aula, vêm crescentemente sendo utilizados

no processo de ensino e aprendizagem com o objetivo de motivar o aluno a tornar-se mais um

agente ativo desse processo.”

BASE TEÓRICA

A informática a serviço da educação é uma ferramenta de auxilio, a qual não deve ser

desconsiderada, nem, contudo, de uso exclusivo. Na busca de pessoas que se envolvam

socialmente e que estejam familiarizadas com novas tecnologias, a escola deve considerar

esse como meio de construção de conhecimento para formação de alunos pensantes e críticos,

utilizando o computador como uma “peça coringa”, já que o mesmo proporciona frequente

renovação de informações.

Mesclando as atividades, cria-se um ambiente interdisciplinar, onde computador e

educação andam juntos, aflorando a ideia de que as disciplinas podem ser representadas e

pensadas de maneira interdisciplinar.

Através de um estudo já realizado por Veiga (2001), vemos que:

“É preciso evoluir para se progredir, e a aplicação da informática desenvolve

os assuntos com metodologia alternativa, o que muitas vezes auxilia o

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processo de aprendizagem. O papel então dos professores não é apenas o de

transmitir informações, é o de faci1itador, mediador da construção do

conhecimento.”

Com esta importância relembramos o papel do professor, o qual deve estimular e

desafiar seu aluno para o conhecimento, assim reanimando o desejo de interação despertado

pelo computador. Portanto, o professor ganha aliado, que se ajusta conforme o perfil deste

professor e de seus alunos, se reinventando de acordo com suas realidades.

Através de aulas previamente planejadas e softwares de uso gratuito, as escolas podem

apropriarem-se da informática, não perdendo os reais objetivos que, dentre os já mencionados,

facilita e auxilia o processo de ensino e aprendizagem.

DESENVOLVIMENTO DO MODELO

Definida a base teórica, o passo seguinte foi desenvolver um trabalho com os alunos do

primeiro ano do ensino médio, da Escola Estadual de Ensino Médio Mestre Santa Bárbara

embasando-se em conhecimentos pré-adquiridos em sala de aula. Voltamo-nos, então, a busca

de um software que ajudasse os alunos a compreender melhor a construção gráfica de

equações do primeiro grau “ Y= ax+b”, sendo que através de pesquisas encontramos o

Kmplot. Esse possui várias funcionalidades o que o diferencia dos demais programas de sua

categoria, incluindo diversas funções como: polares, paramétricas e tradicionais, além de ser

um programa matemático de fácil utilização, o aprendizado de suas funções básicas é

acessível a seus usuários.

Com o auxilio deste software conseguimos fazer com que os alunos possam diferenciar

a função dos coeficientes (a- coeficiente angular, b- coeficiente linear) da função em sua

representação na forma gráfica, bem como o que ocorre em sua forma gráfica se alterarmos o

argumento desta função.

UTILIZAÇÃO DO PROGRAMA

O sistema operacional utilizado pelo programa Kmplot é o Linux. Aos alunos, compete

possuir um conhecimento teórico, relacionado às funções de primeiro grau em sua forma

gráfica, para a compreensão do comportamento da função no gráfico. Utilizam-se funções do

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tipo F(x)=2x+1, explicando-se o significado de seus elementos e o que poderá acontecer em

sua representação gráfica se modificarmos seus coeficientes.

CONCLUSÃO

Esse trabalho objetivou a busca de novas formas para a apresentação e ensino das

funções, a partir das propostas do programa PIBID. Assim, o aluno pode apoderar-se de

deduções construídas pelo grupo, usando a tecnologia como forma de apoio para este estudo.

Na continuidade deste projeto, observa-se que a escola precisa de professores

capacitados e comprometidos com esse novo ícone, que é a informática educativa, utilizando-

se dela como apoio à aprendizagem, sem receio de vir a ser substituído por ela. Desta forma,

entende-se a necessidade de uma integração entre o meio escolar e o corpo docente

desenvolvendo, assim, a sociabilidade dos alunos e a familiaridade dos professores com o

mundo da tecnologia, visando à melhoria no ensino e a diferenciação metodológica aplicada

em sala de aula, proporcionando ao aluno ferramentas para uma melhor compreensão daquilo

que esta sendo estudado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

VEIGA, Marise Schmidt, Computador e Educação? Uma ótima combinação. Petrópolis,

2001. Disponível em http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/inedeu01.htm. Acesso em:

27/09/2010

VASCONCELLOS, Celso dos S., Construção do Conhecimento em Sala de Aula; Libertad,

2005 – São Paulo, 16ª edição.

DANTE, Luiz Roberto. Matemática, volume único, São Paulo: Ática, 2005.

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UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE WINPLOT NO ENSINO DE MATEMÁTICA NA

EDUCAÇÃO BÁSICA

J. A. T. SHULZ1; S. D. FERREIRA2; B. STAIL2

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo apresentar o uso do software matemático

Winplot como apoio ao ensino-aprendizagem de matemática de sistemas lineares na Educação

Básica. A proposta foi desenvolvida pelas acadêmicas do Curso de Licenciatura em

Matemática na disciplina de Matemática Computacional I. Sabe-se que, alunos da Educação

Básica apresentam dificuldades de assimilar determinados conteúdos matemáticos. Diante das

inovações tecnológicas e da realidade em que atualmente os estudantes estão inseridos, o uso

de tecnologias, sobretudo o computador, no ensino-aprendizagem faz-se cada vez mais

necessário. Neste sentido tem-se a pretensão de apresentar ferramentas que possam o auxiliar

tanto o aluno na aprendizagem do conteúdo quanto o professor nas suas atividades docentes.

PALAVRAS-CHAVE: formação de professores, educação, matemática, tecnologias.

INTRODUÇÃO

A formação do professor para fazer uso de tecnologias nas suas práticas docentes torna-

se cada vez mais necessária. Assim, para que se possam promover inovações no processo

educacional, é fundamental que se demonstre uma atenção especial aos atores principais deste

processo: o professor e sua formação. A presença das tecnologias requer das instituições de

ensino e do professor novas posturas frente ao processo de ensino-aprendizagem. A educação

necessita de um professor mediador do processo de interação tecnologia/aprendizagem, que

desafie constantemente aos seus alunos com experiências de aprendizagem significativas. Os

softwares no ensino de matemática podem se constituir em uma importante ferramenta para

auxiliar o professor no trabalho pedagógico.

Moraes e Cunha (2001, pg. 190) afirmam que: “As novas tecnologias vão, aos poucos,

incorporando-se ao dia-a-dia da sala de aula e por isso devem ser tratadas, testadas e

1 Professora de Matemática, Profa. Dra. em Modelagem Computacional, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200. e-mail: [email protected] 2 Acadêmicas do Curso de Licenciatura em Matemática, IFRS campus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200.

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estudadas nos cursos de Licenciatura em Matemática. Tal prática faz com que professores e

alunos se sintam preparados e motivados para o seu uso, o que permitirá, aos futuros

licenciados, uma melhor preparação para suas atividades no ensino fundamental e médio.” Na

perspectiva de contribuir com a formação do Licenciado em Matemática, propomos um

diálogo sobre prática do professor e a aprendizagem, em um ambiente computacional

destinado à mobilização de conhecimentos matemáticos. Documentos oficiais nacionais como

os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's), por exemplo, apontam os recursos das

Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC's) como uma das possibilidades para

“fazer Matemática” na sala de aula, justificando que os mesmos auxiliam no processo de

construção de conhecimento e promovem a autonomia dos estudantes.

Destaca-se que o uso de tecnologias é também essencial no processo da visualização e

essa por sua vez ocupa um papel fundamental na compreensão de conteúdos matemáticos.

Para Arcavi (2003), a visualização pode ser caracterizada como um objeto, uma imagem, e

também como um processo, uma atividade. A visualização gráfica mediada pela tecnologia,

possibilitada por diversos softwares matemáticos, é um recurso que pode contribuir para que o

aluno tenha uma visão mais ampliada sobre como usar determinada ferramenta e como

direcioná-la para aplicações reais. No entanto, um procedimento não realizado muitas vezes

no ensino é a interpretação geométrica de um sistema linear, sendo que esta pode facilitar o

entendimento da solução deste sistema. Nesta perspectiva, tem-se o objetivo de auxiliar no

processo de ensino-aprendizagem de matemática no desenvolvimento do conteúdo de

Sistemas de Equações Lineares por intermédio da visualização gráfica do software Winplot,

podendo favorecer docentes da Educação Básica e discentes do Curso de Licenciatura em

Matemática em suas atividades pedagógicas.

WINPLOT COMO APOIO NO ENSINO APRENDIZAGEM DE SISTEMAS DE

EQUAÇÕES LINEARES

O Winplot é um software gráfico que permite o traçado e animação de gráficos em 2D e

em 3D, através de diversos tipos de equações (explícitas, implícitas, paramétricas e outras). O

programa traz diferentes recursos que facilitam a compreensão do que se está sendo ensinado,

como por exemplo: o zoom; disponibiliza recursos de formatação como tamanho da fonte,

espessura da linha e cor, ferramentas que permitem encontrar os zeros das funções, traçar

diversos gráficos num mesmo sistema de eixo cartesiano e também um recurso chamado

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adivinhar, com o objetivo de reforçar o que o aluno aprendeu, no qual o mesmo deve

descobrir a partir do gráfico qual é a função correspondente.

Ele possibilita visualizar graficamente a solução de um sistema linear e também a

determinação dos pontos de intersecção. Mostraremos neste trabalho a visualização gráfica e a

análise geométrica de sistemas lineares de duas e três variáveis.

Exemplo 1: 3 10

2 5 1

− =

+ =

x y

x y

A fim de determinar o tipo de sistema linear precisa-se isolar y nas duas equações antes

de entrar com elas para a construção dos gráficos, já que estamos trabalhando com a forma de

equação explícita.

Figura 1. Sistema Possível e Determinado de Duas Variáveis.

A partir do gráfico, pode-se observar que o sistema é possível e determinado, pois tem

uma única solução, ou seja, uma única intersecção.

Exemplo 2: 2 5

2 4 2

x y

x y

− =

− =

Figura 2. Sistema Impossível de Duas Variáveis.

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198

As retas apresentadas pelo gráfico são paralelas, pode-se perceber que não há

intersecção entre elas e, portanto, dizemos que o sistema tem S = φ e que ele é um sistema

impossível (não tem nenhuma solução).

Exemplo 3: 2 6 8

3 9 12

x y

x y

− =

− =

Figura 3. Sistema Possível e Indeterminado de Duas Variáveis.

Observe que na Figura 3 os gráficos estão sobrepostos (coincidentes), ou seja, conclui-

se que existam infinitas intersecções. O programa afirma que existam demasiadas, no sentido

de infinitas soluções para o sistema; então este sistema é possível e indeterminado.

Exemplo 4: 1

2 2 2 2

4 4 4 4

x y z

x y z

x y z

+ + =

+ − = + − =

A fim de determinar o tipo de sistema linear precisa-se isolar z nas três equações.

Figura 4. Sistema Possível e Indeterminado de Três Variáveis.

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Na Figura 4 podemos observar que há três planos coincidentes. Então, há infinitas

soluções para o sistema, portanto o sistema é possível e indeterminado.

Exemplo 5: 2 3 1

3 3 8

2 0

x y z

x y z

y z

+ + =

− + = + =

Figura 5. Sistema Possível e Determinado de Três Variáveis.

Na Figura 5 podemos observar que os três planos têm um único ponto em comum.

Então, há uma única solução para o sistema, portanto o sistema é possível e determinado.

Exemplo 6: 1

2 2 2 3

4 4 4 7

x y z

x y z

x y z

+ − =

+ − = + − =

Figura 6. Sistema Impossível de Três Variáveis.

Já na Figura 6 podemos observar que os planos são paralelos dois a dois. Então, o

sistema não possui solução, portanto o sistema é impossível.

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CONCLUSÃO

Concluímos que o software Winplot é uma ferramenta favorável à construção do

conhecimento, que além de nos fornecer uma visualização gráfica, possibilita à interpretação

geométrica das possíveis soluções do sistema linear. A capacidade do docente em decidir o

momento e a abordagem adequados na utilização da tecnologia como um recurso auxiliar no

processo de ensino-aprendizagem está ligado ao seu conhecimento pedagógico do conteúdo

da disciplina, que deve ser refletido, analisado e aperfeiçoado continuamente. Não basta que o

professor queira utilizar as tecnologias no ensino da Matemática, é necessário que ele esteja

capacitado e que os seus objetivos pedagógicos estejam relacionados com o software a ser

utilizado para que seu uso em sala de aula se torne potencialmente significativo para a

aprendizagem dos alunos, em outras palavras, o software deverá ser parte do planejamento do

fazer pedagógico do professor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCAVI, A. The role of visual representations in the learning of mathematics. Education

Studies en Mathematics, v. 52, n. 3, p. 215-241, 2003.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Secretaria de Educação

Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

DANTE, L. R. Matemática Contexto e Aplicações. Vol. único. São Paulo: Ed. Ática, 2008.

MORAES, D.; CUNHA, M. Formação de Professores de Matemática: Uma visão

multifacetada. CURY, Helena Noronha (org.) Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. 190p.

WOLFF, J. F. S. Material didático para a utilização do Winplot para o ensino de funções.

Disponível em: http://guaiba.ulbra.tche.br/pesquisas/2009/artigos/matematica/salao/503.pdf,

2009. Acesso em: 20 de setembro de 2010.

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FITNESS CEREBRAL

B. P. SILVEIRA1; G. F. BARROSO2; M. A. BURLAMAQUI1; M. B. SILVA3; Y. S.

CAVALHEIRO3; M. M. FERREIRA4

RESUMO: Ao contrário do que se pensava, os neurônios não param de se renovar após certa

idade, mas precisam ser estimulados constantemente para continuar a se desenvolver. Essa

capacidade de regeneração cerebral mediante impulsos externos recebe o nome de

neuroplasticidade. A prática de exercícios mentais desenvolve diferentes áreas do cérebro.

Tendo como objetivo desenvolver determinadas regiões cerebrais, foram propostas duas

atividades: “Pane cerebral” e “Tilt cerebral”. No “Pane cerebral” notou-se que, as pessoas

tendem a ler o que está escrito ao invés de dizer a cor da palavra, isto porque os hemisférios

do cérebro entram em conflito. Já no “Tilt cerebral”, percebe-se que os indivíduos tem

dificuldade tanto em repetir as letras maiores (confundidas com as menores), quanto em

distinguir a mão esquerda da mão direita. Estes testes visam proteger de problemas

patológicos na melhor idade, e também recuperar cérebros lesionados. A prática de fitness

cerebral surge para suprir as necessidades de readaptação no tratamento de doenças que

prejudicam o funcionamento do cérebro, e acabam por consequência afetando a condição

motora.

PALAVRAS-CHAVE: neuroplasticidade, cérebro, exercícios.

INTRODUÇÃO

O cérebro, órgão composto de dois hemisférios ligados por milhões de fibras nervosas,

é responsável por processar, bem como comandar todas as ações do corpo humano. Este mais

do que todos os outros órgãos sofre constantes transformações, estando sujeito também a

lesões degenerativas e, até mesmo, acidentes (BORELLA E SACHELLI; 2008). Em meio a

isso, a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de remodelar o cérebro através de atividades

surge como ferramenta fundamental no que diz respeito à saúde mental, uma vez que, busca

1 Estudante de Informática para Internet Int. ao Ens. Med./IFRS – Campus Rio Grande

2 Estudante de Refrigeração e Climatização Int. ao Ens. Med./IFRS – Campus Rio Grande

3 Estudante de Geoprocessamento Int. ao Ens. Med./IFRS – Campus Rio Grande

4 Professora/IFRS – Campus Rio Grande/Orientadora

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restabelecer ligações cerebrais, desenvolver novos caminhos e estimular diferentes áreas da

mente.

Através de simples atividades é possível exercitar e ampliar a capacidade mental,

visando à prevenção de problemas em uma idade avançada. Porém esse processo só trará

resultados duradouros com estímulos constantes (ELKHONON GOLDBERG; 2005).

Atualmente, a preocupação com o desenvolvimento cerebral é algo ignorado pela

maioria. Mas, assim como a perda de tônus muscular ocorre se o corpo não for exercitado, os

neurônios do cérebro tendem a perder sua utilidade se não forem devidamente instigados.

MATERIAL E MÉTODOS

Nesse estudo, que trata sobre Neuroplasticidade, realizou-se um levantamento

bibliográfico de artigos científicos, referências virtuais e referenciais teóricos, publicados nos

anos entre 2000 e 2009 e pesquisados através de palavras chaves neuroplasticidade,

psicoterapia, e degeneração neurológica. Estes artigos foram devidamente analisados e

selecionados após uma breve leitura exploratória.

Visando exercitar a mente afim de que esta apresente melhor desempenho,

desenvolvem-se atividades que estimulem novas ligações. Dentre tais está: pane cerebral e

“tilt” cerebral. Ambas foram testadas em diversas faixas etárias, de crianças à idosos.

• Pane Cerebral: Cores são escritas em um papel e cada palavra recebe outra cor, diferente

do que está descrito nela. Por exemplo, a cor AZUL é escrita e a cor da fonte é vermelho.

Figura 1. Exercício: pane cerebral.

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Desta maneira, as novas ligações são estimuladas uma vez que o cérebro está sujeito a

processar informações além daquelas que já são de costume, ou seja, não basta apenas o

emprego do primeiro sentido, o visual, é necessário ainda de interpretar a outra cor,

distinguindo-a da palavra.

• Tilt Cerebral: O alfabeto é escrito em um papel, com todas as letras na forma maiúscula.

Logo abaixo dessas, as letras d, e j são escritas. A letra e, significa deve-se falar em voz

alta a letra lida e levantar a mão esquerda. A letra d, significa que deve-se falar em voz

alta a letra lida e levantar a mão direita. Já a letra j, por sua vez, significa que deve-se falar

em voz alta a letra lida e levantar ambas as mãos.

Figura 2. Exercício: tilt cerebral.

Desta forma, o indivíduo é submetido a processar diversos dados ao mesmo tempo, uma

vez que, desenvolve a visão, a fala e coordenação motora.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os dados analisados, percebe-se que o cérebro humano é um órgão

dinâmico e adaptativo, capaz de se reestruturar em função de novas exigências ambientais ou

das limitações funcionais impostas por lesões cerebrais (HAASE E LACERDA; 2002 apud

KANDEL; 1998). Sendo assim, os estímulos externos que se dão na forma de exercícios

simples, possuem um importante papel na ampliação da capacidade das diferentes áreas do

cérebro. Evitando assim, problemas mais graves envolvendo disfunções cerebrais na idade

mais avançada.

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Tendo como objetivo desenvolver determinadas áreas, foram propostas duas atividades:

“Pane cerebral” e “Tilt cerebral”;

- Pane cerebral

As pessoas tendem a dizer o que está escrito ao invés da cor da palavra, isto porque os

hemisférios do cérebro entram em conflito (o lado direito tenta dizer a cor, ao passo que o

lado esquerdo insiste em dizer a palavra). Revelando assim, a importância de incitar as

conexões nervosas presentes tanto no lado esquerdo como no lado direito do cérebro.

- Tilt cerebral

Na realização desta atividade experimental, nota-se que os indivíduos tem dificuldade

tanto em repetir as letras maiores (confundidas com as menores), quanto em distinguir a mão

esquerda da mão direita. Essa dificuldade deve-se à ausência da utilização de “caminhos

alternativos” em atividades rotineiras. A ambidestralidade deveria ser estimulada desde cedo,

para que problemas futuros possam ser evitados. Também percebeu-se que as crianças

obtiveram resultados bem mais positivos em relação aos adultos e até mesmo os idosos. Isso

se deve, pois os neurônios funcionam como “elásticos”, quanto mais jovens e uma menor

influência de atividades que fixem rotinas, melhor sua elasticidade e desempenho nas

atividades. Já quanto mais velhas forem as pessoas e uma menor quantidade de estímulos

adicionais, menor o desempenho nas atividades. Assim compreende-se que o grande

desempenho neural se deve principalmente ao não uso do “piloto automático”, isto é, evitar ao

máximo cumprir as atividades na mesma ordem, procurar modificar a ordem com que elas são

exercidas, assim sempre será estimulado o raciocínio e as novas ligações entre os neurônios

no hipocampo.

Após realizadas as atividades obteve-se resultados pertinentes ao trabalho desenvolvido

por ELKHONON GOLDBERG, que cita em sua pesquisa a elasticidade degradativa

conforme o tempo. Comprova-se que tais atividades desenvolvem a capacidade de raciocínio,

de acordo com a pesquisa de BORELLA E SACHELLI.

A presente pesquisa é de cunho explicitamente qualitativo, não levando em

consideração o número de pessoas testadas.

CONCLUSÕES

Levando-se em consideração pesquisas existentes sobre o funcionamento do sistema

nervoso, é importante destacar a capacidade cerebral de desenvolver as mais variadas áreas

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mediante estímulos externos, realizados por meio de exercícios que instigam nossa mente a

sair da rotina. Este fenômeno denomina-se neuroplasticidade, e demonstra o quanto a mente

humana é capaz de se modificar e se aperfeiçoar naturalmente.

Um bom desenvolvimento mental auxilia na prevenção de doenças degenerativas,

mediante a criação de novas conexões entre neurônios já existentes. Mas, não é apenas quem

possui, ou corre o risco de adquirir esse tipo de doença, que deve praticar estas atividades,

uma vez que são indicadas para todos. Não deve-se preocupar apenas com a saúde física, mas

também com a saúde mental. De acordo com o princípio romano; “mens sana in corpore

sano” (“uma mente sana em um corpo são”).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOLDBERG, Elkhonon. “Lateralization of the frontal lobe functions elicited by a cognitive

bias task is a fundamental process. Lesion study”. Brain and Development; 2005. Disponível

em:

<http://www.elkhonongoldberg.com/> .Acesso em: 05 jul 2010.

BORELLA, Marcella e SACHELLI, Tatiana. “Os efeitos da prática de atividades motoras

sobre a neuroplasticidade”; 2008. Disponível em:

<http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2009/RN%2017%2002/14.pdf>. Acesso

em: 05 jul 2010.

HAASE, Vitor e LACERDA, Shirley. “Neuroplasticidade, variação interindividual e

recuperação funcional em neuropsicologia”; 2002. Disponível em:

< http://npsi-dev.blogspot.com/2008/02/publicaes-recentes.html> .Acesso em: 05 jul 2010.

<http://www.educacao.ufpr.br/publicacoes/xxsepe/2005/trabalhos/tcurso_ercchagaslecrmrb.p

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<http://swasthya.marcocarvalho.com/5-exercicios-para-treinar-seu-cerebro>.Acesso em: 05

jul. 2010.

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<http://www.cerebromente.org.br/n14/doencas/avc.html>.Acesso em: 10 jul. 2010.