aspectos regulamentares, de€¦ · rup mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de...

96
The European way to think the Digital World www.idate.org MM IDATE – BP4167 – 34092 Montpellier cedex 5 – Tel : +33(0)467 144 444 – Fax : +33(0)467 144 400 – [email protected]r Aspectos regulamentares, de infra-estrutura e de tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas regiões ultraperiféricas (RUP) Comparação da situação existente com o resto do território comunitário e países vizinhos À atenção da Comissão europeia DG da Política Regional Dezembro 2005 « Este estudo foi financiado pela Comissão Europeia. Foi realizado pela IDATE e LL&A, em parceria com o INESC PORTO (Portugal) e MM (Espanha). Os pontos de vista que se encontram aqui apresentados são única e exclusivamente da responsabilidade dos próprios autores, em caso algum deverão ser referenciados como sendo da Comissão Europeia.».

Upload: others

Post on 07-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

The European way to think the Digital World www.idate.orgMM

IDATE – BP4167 – 34092 Montpellier cedex 5 – Tel : +33(0)467 144 444 – Fax : +33(0)467 144 400 – [email protected]

Aspectos regulamentares, de infra-estrutura e de tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas regiões ultraperiféricas (RUP) Comparação da situação existente com o resto do território comunitário e países vizinhos

À atenção da Comissão europeia DG da Política Regional

Dezembro 2005

« Este estudo foi financiado pela Comissão Europeia. Foi realizado pela IDATE e LL&A, em parceria com o INESC PORTO (Portugal) e MM (Espanha). Os pontos de vista que se encontram aqui apresentados são única e exclusivamente da responsabilidade dos próprios autores, em caso algum deverão ser referenciados como sendo da Comissão Europeia.».

Page 2: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 2

Sumário Introdução .............................................................................................................................................. 8

1 A situação tecnológica das telecomunicações nas RUP........................................................... 10 1.1 O equipamento em rede e os serviços .................................................................................. 10 1.2 Regulamentação e concorrência ........................................................................................... 13 1.3 Comparação de tarifários....................................................................................................... 17 1.4 As ofertas de serviços............................................................................................................ 21

2 Análises temáticas transversais................................................................................................... 22 2.1 A redução do défice de acessibilidade .................................................................................. 22

2.1.1 Os efeitos do princípio de continuidade tarifária nas RUP ibéricas ........................................... 22 2.1.2 Os efeitos de não se considerar a redução do défice de acessibilidade nos 4 DOM................ 26

2.2 A problemática das ligações intercontinentais....................................................................... 29 2.2.1 O posicionamento e as estratégias dos operadores de telecomunicações............................... 30 2.2.2 O impacto das ligações intercontinentais na situação tarifária das RUP................................... 32

2.3 As estratégias e os planos de acção regionais ..................................................................... 37 2.3.1 A dificuldade em elaborar estratégias globais e planos de acção integrados ........................... 37 2.3.2 A importância da alavanca europeia ......................................................................................... 39 2.3.3 As principais orientações dos programas para a Sociedade da Informação............................. 40 2.3.4 A implementação das orientações prioritárias........................................................................... 41

2.4 As competências e as estruturas implementadas para responder aos desafios da Sociedade da Informação ...................................................................................................... 47 2.4.1 Equipas regionais ainda frágeis e pouco coordenadas ............................................................. 47 2.4.2 A falta de concertação e de coordenação entre os intervenientes ............................................ 49 2.4.3 A inadequação das ferramentas de acompanhamento e de análise da SI ............................... 50

3 Conclusão: directrizes de recomendação................................................................................... 51 3.1 Introdução: enquadramento da problemática ........................................................................ 51 3.2 Ligações intercontinentais, inter- e intra-regionais ................................................................ 53

3.2.1 Os factos ................................................................................................................................... 53 3.2.2 As recomendações.................................................................................................................... 55

3.3 Políticas públicas e governança das comunicações electrónicas ......................................... 64 3.3.1 Melhorar a governança regional da Sociedade da Informação ................................................. 64 3.3.2 Reforçar e melhorar as políticas públicas em matéria de TIC................................................... 67 3.3.3 Fazer das RUP laboratórios experimentais da Sociedade da Informação ................................ 68

3.4 Questões regulamentares...................................................................................................... 72 3.4.1 Os factos ................................................................................................................................... 72 3.4.2 As recomendações.................................................................................................................... 73

Page 3: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 3

4 Anexos............................................................................................................................................. 78 4.1 Benchmark das tarifas de telecomunicações ........................................................................ 78 4.2 Enquadramentos regulamentares nacionais ......................................................................... 81

4.2.1 França ....................................................................................................................................... 81 4.2.2 Espanha .................................................................................................................................... 82 4.2.3 Portugal ..................................................................................................................................... 84

4.3 Cartografia das redes de telecomunicações e dos serviços nas RUP.................................. 85 4.3.1 Cartografia dos Açores.............................................................................................................. 85 4.3.2 Cartografia das Canárias........................................................................................................... 86 4.3.3 Cartografia de Guadalupe ......................................................................................................... 87 4.3.4 Cartografia da Guiana ............................................................................................................... 88 4.3.5 Cartografia da Madeira.............................................................................................................. 89 4.3.6 Cartografia da Martinica ............................................................................................................ 90 4.3.7 Cartografia da Reunião ............................................................................................................. 91

4.4 Glossário ................................................................................................................................ 92

Page 4: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 4

EXECUTIVE SUMMARY A situação das regiões ultraperiféricas – RUP – do ponto de vista do desenvolvimento e da penetração dos serviços de comunicação electrónicos e das ligações de banda larga, verificamos que existe um determinado contraste e pode ser resumido da seguinte forma :

− Um nível de equipamento de telefonia fixa antiquado, em todos os casos, aquém das médias nacionais,

− Um nível de penetração em telefonia móvel próxima, senão superior, às médias nacionais, − A existência de fortes contrastes da penetração da banda larga : as RUP ibéricas surgem muito

próximas, senão mais avançadas, dependendo dos casos relativamente às médias nacionais ; nos DOM (departamentos de ultramar) o atraso é muito significativo relativamente à média nacional,

− Uma forte proliferação tecnológica no conjunto das RUP onde existe um desenvolvimento de soluções via satélite /Wi-Fi, WiMAX, BLR, portadora de corrente em linha, cabo modem, 2G e 3G.

Os dados obtidos durante a análise da situação das redes e dos serviços de telecomunicações nas RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias europeias. Isto reflecte-se tanto ao nível da qualidade dos serviços propostos como dos tarifários. A noção de distância que separa as regiões dos próprios países de origem é o ponto fulcral da problemática, quando abordamos o tema da penetração da sociedade da informação no seio das RUP. Isto remete-nos nomeadamente para as noções de isolamento e distanciamento geográfico, tendo em conta as limitações dos mercados em questão e aos estatutos das infra-estruturas ópticas submarinas. Os acréscimos adicionais derivados das ligações de telecomunicações intercontinentais representam um constrangimento muito forte para o desenvolvimento da concorrência, para o desenvolvimento das redes e a disponibilidade dos serviços sobre a qualidade do serviço oferecido e sobre o sistema de segurança e protecção das comunicações electrónicas internacionais. Resumindo, podemos dizer que as RUP têm especificidades que as diferenciam das regiões continentais europeias, traduzindo-se pela acumulação e combinação de três grandes deficiências estruturais, que são : 1. A componente de distanciamento e isolamento - muito presente nos DOM com distâncias que

se situam entre os 6700 km e 9400km - reforçada pelo facto de que em matéria de banda larga o grosso das trocas são feitas a nível internacional : segundo as medidas realizadas, apenas 5 % do tráfego é efectuado no interior de cada entidade regional. Nas RUP ibéricas, este factor, sendo ele menos sensível, traduz-se no entanto por problemas de tráfego, de qualidade do serviço e segurança nas ligações.

2. A fraca concorrência da oferta. A situação de monopólio em que se encontram os operadores históricos nas ligações intercontinentais e a sua posição demasiado dominante no que diz respeito às ligações infra-regionais, limitam as possibilidades de desenvolvimento nos mercados a retalho. Verifica-se um nível de concentração muito mais forte da oferta nos mercados finais, com operadores históricos a possuírem mais de 80% dos acessos ADSL : no final de 2004 as fatias de mercado eram respectivamente de 81% para a France Télécom em média para os 4 DOM, de 80% para a Telefonica nas Canárias e mais de 90% para a Portugal Telecom na Madeira e nos Açores.

3. A limitação e organização geográfica das RUP constituem um terceiro grande factor de diferenciação das suas regiões relativamente aos países de origem. Com a excepção das Canárias, cuja população de cada RUP não ultrapassa a população de uma grande cidade. Os mercados-alvo dos operadores são, por conseguinte, bastante reduzidos. Por outro lado, e sendo também válido para as Canárias, a população está concentrada em locais determinados, enquanto que a grande parte do território se encontra quase « deserto ».

Page 5: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 5

Existem outras deficiências que podem explicar um ou outro ponto no desenvolvimento específico de redes e acessos de telecomunicações na RUP, mas os que foram descritos em epígrafe parecem ser os mais estruturantes. A maior parte dos outros é, em geral, constituinte de derivações. Três grandes orientações apresentadas sob a forma de pistas de preconização resultam de um levantamento e análises transversais. Dizendo respeito a: - As ligações intercontinentais, inter e infra-regionais, - As políticas públicas e governamentais das comunicações electrónicas, - A questão regulamentar. As ligações intercontinentais, inter e infra-regionais

Duas recomendações aplicáveis ao conjunto das RUP - Facilitar as iniciativas das entidades públicas - Governo e Conselhos regionais - na

concepção de novas redes públicas de comunicação electrónica neutras e abertas a todos, nomeadamente através de financiamentos específicos atribuídos no próximo quadro dos fundos estruturais 2007-2013.

- Analisar as condições específicas na elaboração dos preços grossistas através do envio de questionários aos operadores de telecomunicações. Este modelo de avaliação dos aumentos permitiria seguir a evolução dos preços por grosso, dos preços de retalho, da sua composição e, por conseguinte, poder agir através da utilização dos fundos de compensação segundo a situação de cada RUP.

Ao nível intercontinental e inter-ilhas, as recomendações são as seguintes : um apoio político ao nível das negociações com o operador histórico (Açores e Madeira); uma acção para a construção de um cabo submarino intercontinental (Canárias e Martinica); um apoio aos operadores alternativos para que eles possam dispor de capacidades neutras e abertas ao nível inter-ilhas (Canárias); um apoio ao financiamento para a aquisição de capacidades a longo prazo (IRU ou « lease long terme ») através da abertura de concursos de serviços (Guiana francesa e Reunião). Ao nível infra-regional, seria oportuno que as RUP ibéricas iniciassem estudos de viabilidade técnico -económicos e jurídicos, tendo em conta a experiência anterior das DOM, com o intuito de validar e encontrar o melhor dispositivo a pôr em prática e criar as modalidades específicas de acção, tendo em conta as infra-estruturas existentes (nomeadamente as redes de cabo) numa política de ordenamento do território. As DOM encontram-se desde já empenhadas no processo de criação de uma rede pública de banda larga e a acção da Europa deve, acima de tudo, centrar-se num apoio financeiro ao investimento, acrescendo de seguida um apoio ao bom funcionamento, em particular para a Guiana francesa nas suas zonas mais isoladas do território onde a acessibilidade é exclusivamente feita via satélite. As políticas publicas e o controlo das comunicações electrónicas,

A identificação de três linhas orientadoras : 1. Reforçar as capacidades de controlo das regiões em matéria de telecomunicações. Seis recomendações :

− Afirmar as capacidades « jurídicas » das regiões em matéria de TIC, − Estimular as regiões a reforçar as suas capacidades de organização (reforço dos

serviços/direcções TIC), − Incentivar as regiões a munirem-se de competências de concertação (criação de instâncias

especializadas: comités consultivos, grupos de pilotagem, etc.), − Incentivar as Regiões a adoptarem competências de observação e análise (observatórios

regionais da sociedade de informação), − Aperfeiçoar as suas competências de planificação estratégica e operacional (estratégias e

planos de acção TIC, mapas directores regionais de banda larga, etc.),

Page 6: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 6

− Melhorar as competências de cooperação europeia e internacional das Regiões

(desenvolvimento da cooperação entre as RUP e europeias sobre a temática das TIC, favorecendo a abertura das RUP num ambiente internacional).

2. Reforçar e aperfeiçoar as políticas públicas das RUP em matéria das TIC através de duas grandes recomendações :

− Aumentar e desenvolver as modalidades de financiamento público dedicado ás TIC nos programas de desenvolvimento regional,

− Melhorar os conteúdos das políticas públicas através de uma abordagem mais global e de desenvolvimento de aplicações especialmente pertinentes do ponto de vista das especificidades das RUP.

3. Fazer das RUP laboratórios experimentais da sociedade de informação O reforço da propensão das RUP na experimentação tecnológica passa pelo desenvolvimento de projectos-piloto num quadro de programas inovadores. No entanto, as RUP não estão muito presentes nas iniciativas nacionais e europeias. Poderiam ser desencadeadas acções prioritárias por parte da Comissão europeia, assim como dos Estados Membros e das próprias regiões, de forma a potenciar a sua visibilidade, a participação e integração das RUP às iniciativas europeias e nacionais. A questão regulamentar

Apesar da situação específica das RUP, ao olhar dos países de origem e do continente europeu no seu conjunto - CF o problema é maior na acumulação e combinação das deficiências - As RUP não são possuidoras de um regime específico no que diz respeito à regulamentação. Ficam sempre sujeitas, a priori, às regras aplicáveis nos seus países de origem e, de uma forma mais abrangente, aos princípios definidos pela União Europeia, em particular aqueles oriundos do « Pacote de Telecomunicações ». As orientações podem ser classificadas em três grandes recomendações. 1. Desenvolver uma abordagem por regiões dos mercados mais pertinentes, sendo necessário :

− Por um lado, realizar análises a nível regional tendo em conta as especificidades das RUP e contribuir para a existência de novas propostas de ofertas concorrenciais.

− Por outro, dividir os mercados por segmentos de forma a identificar os pontos que devem ser tratados com prioridade em função da análise dos custos acrescidos.

2. Enquadrar a qualidade e a segurança das redes e dos serviços Se os casos de deficiências de tarifários são principalmente relevantes para as RUP francesas, os défices de qualidade e de segurança das redes e serviços são uma preocupação partilhada pelo conjunto das RUP. É preciso ter em conta as suas dimensões a todos os níveis, para as ofertas a retalho (fluxo real dos acessos ADSL) mas sobretudo para as ofertas por grosso, em especial no quadro das iniciativas públicas. 3. Utilizar as tecnologias experimentais como um meio de desbloqueamento As RUP encontram-se relativamente avançadas no que diz respeito a esta matéria. As condições de organização dos territórios e da situação geográfica dos terrenos levam a que determinados desenvolvimentos nas tecnologias de transmissão e, nomeadamente, os acessos sem fios sejam de interesse imediato. Seria interessante estudar em que medida as RUP poderiam beneficiar de um estatuto próprio numa perspectiva de introdução e desenvolvimento de novas tecnologias e serviços associados.

Page 7: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 7

As linhas orientadoras apresentadas resultam de uma análise directa da situação de cada região ultraperiférica. Nesta fase, foi feito um levantamento de determinadas orientações que poderá permitir-nos aperfeiçoar a posição das RUP em relação à problemática de acessos e serviços das comunicações electrónicas. As recomendações aqui retidas serão objecto de um estudo aprofundado de forma a analisar minuciosamente a viabilidade técnica, jurídica, etc.

Page 8: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 8

Introdução Os governos dos três Estados membros apresentaram em conjunto à Comissão europeia, no dia 2 de Junho de 2003, um memorando com o levantamento das dificuldades encontradas pelas RUP e propuseram meios para dar resposta aos desafios encontrados ao longo do seu desenvolvimento e para usufruir ao máximo dos efeitos do artigo 299.2 do tratado de Amsterdão, tanto ao nível do plano Político Regional no contexto do alargamento bem como das outras políticas da União europeia. A conferência dos presidentes das 7 RUP representou, por seu lado, um contributo ao Memorando dos Estados membros apresentando os quatros princípios de Acção - igualdade de oportunidades ; valorização das mais valias ; reforço das parcerias ; encontrar uma coerência – que deveriam orientar, de uma forma mais profunda, as políticas comunitárias relativamente à ultraperiferia. Em resposta ao pedido do Conselho europeu de Sevilha e das RUP e dos Estados membros, a Comissão europeia adoptou, no dia 26 de Maio de 2004, uma comunicação que apresenta uma estratégia comunitária para as regiões ultraperiféricas favorecendo « uma abordagem global e coerente das especificidades de cada RUP, de forma a encontrar uma solução ». Esta estratégia designada de « uma parceria reforçada para as RUP », concluída em Agosto de 2004 através de um relatório mais pormenorizado, propõe articular a sua estratégia em volta de três prioridades : • Melhorar a competitividade das RUP, • Reduzir as dificuldades de acessibilidade, • Favorecer a inserção das RUP num ambiente geográfico regional. No quadro da Estratégia de Lisboa, os compromissos do plano eEurope 2005 e, dando seguimento aos trabalhos levados a cabo sobre o impacto das tecnologias de informação e da comunicação, a Comissão europeia reafirmou a importância das TIC para o desenvolvimento das RUP. Foi dada relevância à questão da aplicação do pacote de directivas sobre os serviços de comunicações electrónicas, adoptados pela Comissão e em vigor em todos os Estados membros desde de Julho de 2003, o acesso às redes de banda larga e a extinção das discriminações ao nível dos tarifários. Insiste, mais precisamente, na questão do controlo dos tarifários e dos preços dos serviços de telecomunicações, especificando que para 2003-2005, a Comissão assegurará que « as regiões ultraperiféricas não estejam sujeitas a práticas discriminatórias e tentará estimular uma redução dos preços através de uma concorrência mais eficaz ». A Comissão anunciou desta forma que será feito um estudo a curto prazo, centrando-se nos constrangimentos existentes nos acessos aos serviços de telecomunicações suportados pelas regiões ultraperiféricas. A problemática das comunicações e do desenvolvimento da sociedade de informação tem uma ressonância específica para as regiões ultraperiféricas. O desenvolvimento das redes e dos serviços de telecomunicações representam, na verdade, uma ferramenta de ordenamento do território face aos constrangimentos geográficos dificilmente superáveis de outra forma, participando desta forma ao desbloqueio e à redução dos constrangimentos ligadas à insularidade e distanciamento espacial e por vezes temporal. Por outro lado, para além da minimização das deficiências, representam também, para estas regiões, uma verdadeira oportunidade de construírem novos modelos de desenvolvimento e por conseguinte poderem vir a ser plataformas experimentais para novas tecnologias e aplicações. Em contrapartida, os atrasos no desenvolvimento, que são bastante significativos nestas regiões, poderão aumentar rapidamente e o fosso digital ser cada vez maior se não estiverem reunidas as condições necessárias para o desenvolvimento e aumento das redes e serviços. Tendo em conta os termos de referência apresentados neste estudo, parece que é oportuno e urgente que haja uma verdadeira promoção de uma política de desenvolvimento das redes e dos serviços de comunicações electrónicas, visto que ela representa um factor determinante no desenvolvimento sustentável local e assegura, por outro lado, o sucesso das outras políticas em favor das RUP.

Page 9: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 9

Segundo a Comissão europeia, uma política de serviços de comunicações electrónicas integrada deve ser sustentada principalmente em três pilares :

- Os aspectos regulamentares, - O desenvolvimento das infra-estruturas (disponibilidade, serviço universal, fluxos, etc.), - O tarifário.

Visto que estamos a falar das RUP, podemos acrescentar a criação de uma verdadeira concorrência entre operadores, a política de financiamento (com as parcerias públicas e privadas), a promoção das utilizações e dos desenvolvimentos das aplicações. As RUP apelam desta forma à existência de constrangimentos nos acessos aos serviços das telecomunicações no interior das regiões e entre regiões. Os Estados e a envolvente internacional geram rupturas e discriminações e desejam que o princípio de continuidade territorial seja aplicado e controlado. Qual é o ponto de situação actual? Qual é a origem dessas desigualdades do ponto de vista da disponibilidade e dos acessos às infra-estruturas, na criação efectiva dos regulamentos europeus, das políticas de qualidade e tarifas? Qual é a dimensão destas desigualdades? E, em particular, como podemos avaliar as práticas discriminatórias de que tanto se fala, nomeadamente em matéria de custos acrescidos e diferenças de preços não justificadas? Que medidas tomar para evitar um acentuar das dificuldades das RUP? É urgente avaliar atentamente os problemas referidos pelas RUP e os Estados membros, através de uma análise minuciosa do estado da situação, de forma a averiguar se é necessário aplicar eventuais acções rectificadoras. Este é o objecto deste estudo lançado pelo DG Régio sobre « os aspectos regulamentares e legislativos das infra-estruturas e aplicação de tarifas dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas regiões ultraperiféricas - RUP. Comparação da situação existente entre as RUP, o resto território comunitário e os países vizinhos das RUP ». Este relatório está dividido em três grandes partes : • Por um lado, temos um estado da situação actual sob forma de inventário, com a penetração das

telecomunicações nas RUP, as ofertas de serviços apresentadas por cada território, as estratégias de desenvolvimento dos operadores segundo as regras da concorrência, as análises dos tarifários permitindo que se faça uma comparação da situação actual em cada região das diferenças mais relevantes.

• Por outro lado, temos uma análise transversal que identifica as quatro grandes temáticas que

resultam da análise feita e das entrevistas realizadas : - O princípio da continuidade territorial; - A problemática das ligações intercontinentais; - As estratégias e os planos de acção regional; - As competências e as estruturas criadas para dar resposta aos desafios da sociedade de

informação. • Por último, e em jeito de conclusão, foram delineadas as três grandes linhas de acção sob forma

de recomendações que resultaram das anteriores análises : - As ligações intercontinentais, inter e infra regionais; - As políticas públicas e o controlo das comunicações electrónicas; - A questão regulamentar.

Page 10: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 10

1 A situação tecnológica das telecomunicações nas RUP

1.1 O equipamento em rede e os serviços A situação das RUP do ponto de vista do equipamento em rede e dos serviços de telecomunicações são díspares. Se as taxas de penetração do telefone fixo encontram-se em geral fracas e em fase de retracção comparativamente ao equipamento dos respectivos países de origem, o nível de desenvolvimento dos serviços móveis encontra-se muito próximo, até superior, às médias nacionais. Por último, existe um grande atraso nos acessos de banda larga nos DOM comparativamente à situação na França continental sobretudo se analisarmos a evolução das ilhas portuguesas com a península. A Espanha, com as Canárias, está situada numa posição intermédia. Um nível de equipamento em telefonia fixa em retracção

As taxas de penetração em telefonia fixa nas RUP, medidas através do indicador «linhas principais/100 habitantes », situam-se, em qualquer dos casos, sempre aquém das médias nacionais. Os constrangimentos nos acessos em determinadas partes dos territórios, a dispersão das populações nesses locais e a estreiteza dos potenciais mercados incentivaram os operadores (históricos) a limitar os seus investimentos. As fracas taxas observadas na Guiana francesa estão relacionadas com a grande dispersão das aldeias, frequentemente de pequenas dimensões, num território de grandes dimensões (equivalente a 15 % da superfície continental). O desenvolvimento do sistema móvel ao longo destes últimos anos conseguiu, por um lado, compensar o défice dos acessos telefónicos fixos (consultar parágrafo seguinte). Níveis de penetração comparada de telefonia fixa em finais de 2004 (linhas fixas/100 habitantes

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Fran

ce*

Gua

delo

upe*

*

Mar

tiniq

ue**

Guy

ane*

*

Réu

nion

**

Espa

gne*

Can

arie

s

Por

tuga

l*

Aço

res

Mad

ère

moy

enne

UE

-25

* média nacional ** dados de finais de 2002 para os DOM

Fonte : dados dos operadores, UIT, bases IDATE

Page 11: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 11

Um nível de equipamento avançado em telefonia móvel Se a implementação das redes móveis chegou muitas vezes tarde às RUP, comparativamente aos países de origem, as coberturas das redes surgem hoje fortes (com níveis próximos ou até superiores a 90%, mais altos nas RUP ibéricas do que nos DOM) e os níveis de equipamento são, na maior parte das vezes, próximos ou até superiores à média nacional.

Níveis de penetração comparados da telefonia móvel em finais de 2004 (assinantes de telemóvel/100 habitantes)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Fran

ce*

Gua

delo

upe

Mar

tiniq

ue

Guy

ane

Réu

nion

Esp

agne

*

Can

arie

s

Por

tuga

l*

Aço

res

Mad

ère

moy

enne

UE

-25

* média nacional

Fonte : dados dos operadores, bases IDATE

As redes móveis constituem uma alternativa onde as populações locais tentam encontrar uma alternativa às redes fixas, visto que estas são demasiado deficitárias. Visto que a oferta é muito

activa na globalidade das RUP em que, de uma forma geral, existe a presença de três operadores (ou serão três até o final de 2005) (consultar 2.2) existe uma forte concorrência

entre eles.

Grandes diferenças nos acessos de banda larga Quando falamos de banda larga a situação é totalmente diferente. Do lado francês, o desenvolvimento nos DOM está ainda muito atrasado quando comparado com o continente: enquanto que a média nacional de penetração de ADSL ultrapassava os 10% em finais de 2004, na Reunião representava apenas 3% ! Os outros DOM não se encontravam em melhor situação. Verifica-se que as taxas de cobertura de ADSL na população é de pelo menos 5 pontos inferior nos DOM do que no continente : 84% a 87% de cobertura contra 92 % no continente em finais de Março de 2005 !

Page 12: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 12

É preciso sublinhar que as diferenças em França são ainda mais relevantes visto que a presença de equipamentos ADSL no continente é bastante significativa. Apenas alguns países no seio da União europeia (Holanda, Dinamarca, Finlândia) conseguem obter taxas de penetração mais elevadas. A média para a Europa Ocidental era, em finais de 2004, ainda inferior a 8%, ou seja 2 pontos abaixo da França. Verifica-se também que os níveis nacionais em Espanha e Portugal são inferiores a esta média. A diferença não é tão significativa entre as Canárias e a Espanha, enquanto que em Portugal podemos verificar um avanço dos equipamentos nas ilhas comparativamente à situação da península. O ADSL não está apenas bastante desenvolvido como o cabo, sobretudo no que diz respeito à Madeira, que tem uma posição significativa : mais de 16% dos lares na Madeira têm acesso por cabo. Por essa razão, se compararmos os níveis de equipamento entre as RUP, a situação dos DOM franceses está pior e menos avançada relativamente às ilhas espanholas e portuguesas. O tarifário a retalho na oferta de banda larga (consultar o ponto 2.3) explica ampla e indubitavelmente esta situação.

Níveis de penetração comparada de ADSL em finais de 2004 (acessos ADSL/100 habitantes)

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

Fran

ce*

Gua

delo

upe

Mar

tiniq

ue

Guy

ane

Réu

nion

Espa

gne*

Can

arie

s

Portu

gal*

Açor

es

Mad

ère

moy

enne

UE

-25

* média nacional

Fonte : dados dos operadores, bases IDATE

Outras infra-estruturas e serviços Uma das características das RUP, no seu conjunto, e apesar de tudo, é uma fantástica proliferação tecnológica que deve ser relacionada com as características demográficas e topográficas das suas regiões. As grandes diferenças de densidade populacional no seio dos seus territórios e os acessos, por vezes, difíceis, levam à introdução de soluções alternativas para todas as fileiras. Desta forma, soluções do tipo BLR estão a ser implementadas nos DOM e na Madeira. Soluções de satélite /Wi-Fi estão a ser implementadas na Guiana francesa e de uma forma mais alargada, ofertas de serviços Wi-Fi seguros estão a ser implementados para os utilizadores profissionais. Nas Canárias, o projecto La Palma Digital é constituído por um sistema experimental de acesso à internet de banda larga por satélite para poder fornecer serviços públicos de televisão. Em matéria de acessos através de fileiras, as redes de cabo encontram-se bastante desenvolvidas nas ilhas portuguesas e emergentes na Guadalupe e Martinica. Por fim, o CPL dá os seus primeiros passos.

Page 13: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 13

No que diz respeito às redes de transporte, estas são ainda, na maior parte dos casos, propriedade dos operadores históricos. Nos DOM, as duas principais iniciativas nasceram para apoiar as alternativas concorrentes : no plano internacional, a da região da Guadalupe para ligar a ilha a Porto Rico através da construção de um cabo atribuído ao consórcio GCN e, num plano infra-regional, o da região da Reunião que investiu nas fibras ópticas instaladas pela EDF na sua própria rede de transportes. Por outro lado, para a exploração das redes de transportes infra-regionais foram lançadas na Guiana francesa, na Martinica e na Reunião as DSP (Delegações de Serviço Público). Nas Canárias, apenas a Auna, no quadro do projecto Cablo Submarino, iniciou um investimento para assegurar uma ligação fixa entre as principais ilhas do arquipélago, numa primeira fase entre Tenerife e a Grã Canária (cabo submarino), estendendo-se depois às ilhas mais pequenas (cabo submarino e FH).

1.2 Regulamentação e concorrência Não existe à priori um quadro regulamentar específico para as RUP, aplicando-se o dos respectivos mercados nacionais (anexo 4.2). As regras de serviço universal são aplicadas da mesma forma tanto nos DOM como na França continental, nas Canárias e Espanha continental e, também, tanto na Madeira e Açores como em Portugal continental. As diferenças nas modalidades de aplicação da regulamentação

É possível, no entanto, observar inúmeras diferenças nas modalidades de aplicação. No caso francês, as licenças para as redes móveis e de banda larga são aprovadas numa base regionalizada nas RUP (no continente só as licenças de redes partilhadas de rádio - comunicação e de BLR é que tiveram o mesmo tratamento). A concorrência nas RUP nestes dois mercados é bem diferente da concorrência do continente : isto levou a que houvesse menos intervenientes, uma maior concentração do mercado (uma maior fatia para o operador líder) e com piores condições (qualidade – preço) de acesso para os utilizadores do que no continente, nomeadamente no que diz respeito à banda larga. Ainda relativamente ao caso francês, verificamos que não se trata de uma regulação « ex ante » mas sim de um tratamento no quadro contencioso, uma intervenção da entidade reguladora em matéria de fixação dos preços de acesso aos cabos submarinos (decisão de Maio de 2004 no que diz respeito aos tarifários das ligações sobre o SAFE entre o continente e a Reunião). Em Espanha, a entidade reguladora impôs o princípio de continuidade de tarifário : os operadores devem propor os mesmos serviços, com as mesmas condições de preços e qualidade em todas as zonas do território. Este princípio é aplicável a todos os serviços a retalho. Foi feito um enquadramento dos preços das ligações de transporte continental obrigando a existência de uma “absorção” de 1000 km no cálculo do preço para todas as ligações que ultrapassam os 1500 km (na prática, esta situação é aplicável quasi exclusivamente para as Canárias) retirando ao preço, uma grande parte do troço submarino. Por último, em Portugal a entidade reguladora não estabelece qualquer discriminação em matéria regulamentar ou de preçário entre as ilhas, os arquipélagos e o continente, se não for uma intervenção particular, estando neste caso apenas para limitar os preços de acesso aos cabos submarinos visto que os outros operadores ainda acham que são demasiado elevados. O alinhamento dos tarifários a retalho em todo o território português, incluindo Açores e Madeira, não advém de uma decisão regulamentar mas sim de uma estratégia própria dos operadores. Estas especificidades criam condições de mercado muito específicas e o nível da concorrência surge como sendo um factor diferenciador entre a situação das RUP e dos países de origem. Em qualquer um dos casos, é nos telemóveis que a abertura do mercado produziu maiores efeitos, mesmo sendo o número de operadores mais limitado. Por outro lado, nos serviços fixos a concorrência mantém-se fraca nas RUP.

Page 14: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 14

Uma concorrência benéfica nos telemóveis Em Espanha e Portugal, as licenças aprovadas aos operadores móveis cobrem a globalidade do território nacional, incluindo as RUP. Encontramos desta forma configurações nas ilhas e nos arquipélagos idênticas aos da península e as obrigações de cobertura são definidas a nível nacional : de facto, a cobertura das redes móveis nas RUP ibéricas atinge níveis muito bons (99% para os operadores portugueses nos Açores e Madeira). Em França as condições são diferentes. Por um lado, as licenças para os móveis foram aprovadas de uma forma específica e individual para cada DOM. Por outro, as licenças foram aprovadas muito mais tarde do que na França continental (quadro infra). Por último, os operadores continentais foram muito criteriosos no seu posicionamento nos DOM : a Orange é única que se encontra presente nos quatro departamentos (em segundo lugar entrando na Reunião) enquanto que a Bouygues Telecom apenas serve a zona das Antilhas – Guiana francesa e a SFR só opera na Reunião. No entanto existem vários operadores locais que obtiveram licenças : alguns já abriram ou estão em fase de abertura dos seus serviços, a Outremer Telecom está presente na Guiana francesa e desde de 2005 na Guadalupe.

Datas de abertura dos serviços dos principais operadores móveis

País/região Operador Data de abertura do serviço

França continental Orange (ex-FT Mobile/Itinéris) SFR Bouygues Telecom

1986 (analógica)/1992 (digital) 1989 (analógica)/1992 (digital) 1996

Guadalupe Orange Caraïbe Bouygues Telecom Caraïbe Outremer Telecom Dauphin Telecom

1996 2000 2005 (prevista) 2003 (só em Saint-Martin)

Martinica Orange Caraïbe Bouygues Telecom Caraïbe

1996 2000

Guiana Orange Caraïbe Bouygues Telecom Caraïbe Outremer Telecom

1998 2001 Finais de 2004

Reunião SRR (service SFR) Orange Réunion

1995 2000

Espanha Telefonica Moviles Airtel (Vodafone) Amena (grupo Auna)

1982 (analógica)/1995 (digital) 1995 1999

Portugal PT Telecel (Vodafone) Optimus

1988 (analógica)/1992 (digital) 1992 1998

Fonte : IDATE, segundo os operadores Em todos os casos, existe uma diferença entre as RUP e os países de origem, no que diz respeito à intensidade da concorrência. A fatia do n.º 1 está muitas vezes reforçada enquanto que o nº3 está fortiori, os outros pequenos operadores ocupam posições marginais.

Page 15: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 15

Em França, a fatia de mercado do primeiro operador nas ilhas das Caraíbas e na Guiana francesa (Orange Caraïbe) ronda ou ultrapassa mesmo os 80%, enquanto que a fatia da Orange no continente é inferior a 50%. Na Reunião, é a SFR que desempenha o papel de operador « histórico » no que diz respeito aos móveis : dispõe de uma parte de mercado local quasi superior a 70%. Em contrapartida os outros operadores estão reduzidos a parcelas mínimas (0,9% para Outremer Telecom na Guiana francesa, 1,5 % para Dauphin Telecom na Guadalupe). Esta fatia muito modesta pode ser explicada, de certa forma, pela entrada recente destes operadores no mercado, mas também poderá demonstrar que são mercados demasiados pequenos para que haja um desenvolvimento de mais de dois operadores. (consultar interrogações da Outremer Telecom em utilizar a sua licença móvel na Reunião). No entanto, parece que uma concorrência de duopólio permite um melhoramento das ofertas aos consumidores, tanto nos preços como nos serviços fornecidos. Existem outras formas possíveis para abrir ainda mais a concorrência, o exemplo da MVNO é um deles. Podemos falar da experiência da Trace Mobile, o operador móvel virtual criado a 20 de Abril de 2005 pelo canal Trace TV, canal de música do pacote CanalSatelite. Este novo operador móvel oferece serviços exclusivos e inovadores (SMS ilimitados gratuitos, tecnologias avançadas que permite o acesso a vídeo e música em tempo real) prevê expandir-se a partir de 2005 na globalidade dos DOM, começando pelas Antilhas. As mesmas interrogações surgem nas Canárias onde o terceiro operador de Espanha, a Amena, apenas dispõe de 7 % do mercado. Por último em Portugal, parece que o terceiro operador Optimus está em baixa nas ilhas comparativamente com a sua posição na península. As dificuldades existentes no desenvolvimento das 3 redes em paralelo nessas regiões estão bem patentes com o acordo realizado em 2001 entre os três operadores portugueses para partilharem a rede 3G dedicada aos Açores.

A posição delicada dos n.º 3 das redes móveis nas RUP : o exemplo espanhol

Fatias do mercado móvel A nível nacional Nas Canárias

48%

28%

24%

Telefonica MovilesVodafoneAmena

65%

28%

7%

Fonte : IDATE, segundo os operadores

Page 16: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 16

Uma concorrência ainda mais desenvolvida nos serviços fixos e de banda larga A concorrência dos serviços fixos nas RUP está, em geral, menos desenvolvida do que nos países de origem. No que diz respeito especificamente à banda larga, os operadores históricos têm ainda uma grande preponderância sob o mercado. A fatia de mercado da ADSL da France Télécom em finais de 2004 variava entre os 75% na Guadalupe e a mais de 85% na Guiana francesa, ou seja, um nível muito superior aos 46,5 % verificados na mesma data a nível nacional. A desagregação existente nos DOM é incrível, a grande parte dos acessos dos outros operadores assentam em ofertas wholesale do operador histórico. Por outro lado, quando existe desagregados é porque se trata em geral de operadores posicionados em « nichos » de mercados profissionais. Em Espanha, a fatia do mercado da Telefonica era de 80% nas Canárias contra um pouco menos, cerca de 70 %, a nível nacional. Em Portugal, as diferenças não são tão acentuadas pelo facto da Portugal Telecom deter a nível nacional uma fatia muito significativa do mercado ADSL (cerca de 90% dos subscritores em finais de 2004). De certa forma poderíamos dizer que, no caso de Portugal, a concorrência está mais desenvolvida nas RUP porque o cabo parece estar desenvolvido, mesmo que a TV Cabo, o principal operador de cabo local, seja uma filial do operador histórico. Na Madeira, o cabo representa quase dois terços dos acessos de banda larga contra uma partilha de 50/50 a nível nacional entre as duas tecnologias.

O atraso da concorrência de banda larga nas RUP : o exemplo francês

Fatias do mercado de ADSL A nível nacional Nos DOM (média dos 4)

49%

25%

26%France Télécom

Opérateursalternatifs(wholesale)Opérateursalternatifs(dégroupage)

81%

17%

2%

Fonte : IDATE, segundo os operadores

Operadores alternativos (wholesale) Operadores alternativos (oferta desagregada)

Page 17: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 17

1.3 Comparação de tarifários Os tarifários das telecomunicações surgem, para determinados serviços, como sendo um factor discriminatório entre as RUP e os países de origem. Relativamente à França, a repercussão dos custos adicionais ligados às ligações intercontinentais traduzem-se na ADSL por tarifários de retalho muito mais altos do que no continente e julgados por muitos redibitórios. Para as RUP ibéricas, os tarifários de retalho são idênticos aos da península (até mais baratos para os particulares no caso das Canárias visto que o preço não está sujeito a IVA). O custo dos transportes não constitui um problema maior para os operadores. Os tarifários de retalho

No que diz respeito aos tarifários de retalho, o operador histórico, devido ao seu posicionamento ou pelos constrangimentos impostos pela entidade reguladora (no caso espanhol), constitui o nível de referência. Os outros operadores fixam os seus tarifários segundo a « a lei da concorrência », o que os leva a praticarem, à priori, preços inferiores ou pelo menos com uma relação qualidade - preço melhor, tendo em conta o imperativo económico e a rentabilidade global da sua actividade. De uma forma esquemática, podemos caracterizar as regras e a situação de cada país da seguinte forma :

- em França, os preços praticados pelo operador histórico não fixados à priori podem, até para os tarifários sujeitos a homologação, ser diferentes entre os DOM, excluindo, claro, os que fazem parte do serviço universal,

- em Espanha, a entidade reguladora impõe aos operadores que se encontram numa posição dominante que os tarifários peninsulares dos serviços sejam idênticos aos das Canárias; em contrapartida os preços por grosso de transporte, são fixados segundo as regras normais, isto é, tendo em conta a distância, independentemente de poder consentir-se algumas adaptações,

- por último, em Portugal, a situação é intermédia com a existência de poucos constrangimentos em matéria de fixação de preços a retalho, mas existe uma harmonização entre os operadores, e mais especificamente por parte da Portugal Telecom, entre os preços propostos na península e nas ilhas.

Para a telefonia fixa, as consequências práticas consistem na existência de tarifários equivalentes em todos os casos para os preços de subscrição e das comunicações locais entre as diferentes RUP e os países de origem. Foram identificadas poucas diferenças entre os três países estudados, onde os preços rondam a média europeia. A Irlanda, considerada como sendo uma referência devido à organização do seu território, apresenta tarifários ligeiramente mais altos. No que diz respeito às comunicações de longa distância, a situação é mais díspar. Se para a Espanha e Portugal as comunicações RUP - país de origem são taxadas ao mesmo nível que as outras comunicações interurbanas, o distanciamento traduz-se para os DOM por preços de comunicação DOM - continente que chegam a ser o dobro dos preços das comunicações interurbanas no interior do continente : em contrapartida, os preços são idênticos em todos os DOM e muito inferiores aos preços das comunicações internacionais « puras ». Por exemplo, uma chamada de 3 minutos da Guiana francesa para França continental em horário normal é 2,5 vezes mais barata do que uma chamada com a mesma duração da Guiana francesa para a Alemanha.

Page 18: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 18

Comparação do tarifário da rede telefónica fixa

Ligação, assinatura e comunicações locais

0

20

40

60

80

100

120

France Espagne Portugal Irlande

installation (€) abonnement (€/mois) appel local de 10 minutes (cents d'€)

Fonte : IDATE-INESC Porto-MM, segundo dados dos operadores

Comunicações interurbanas e internacionais

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

France Espagne Portugal

appel de 3 minutes RUP vers pays d'origine appel de 3 minutes interurbain continentappel de 3 minutes RUP vers voisin pays d'origine

Fonte : IDATE-INESC Porto-MM, segundo dados dos operadores

Page 19: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 19

Os preços dos serviços móveis são mais difíceis de comparar devido à grande oferta existente. Em Espanha e Portugal, as ofertas nas ilhas (Canárias, Açores e Madeira) são idênticas às ofertas da península e os tarifários também são idênticos. O que quer dizer que a chamadas efectuadas entre ilhas e o seu país de origem são facturadas ao mesmo preço e segundo as mesmas condições de uma chamada regional. A única diferença encontrada relativamente às ofertas para o grande público prende-se exclusivamente com a questão do IVA praticado nas Canárias. Para a França, a situação é bem diferente, as ofertas (pacotes de assinatura ou cartões de pré – pagamento) propostos nos DOM são, de uma forma geral, diferentes dos da França continental. Presentes no continente e nos 4 DOM através de filiais diferentes, a Orange dispõe, por exemplo, de três catálogos diferentes e produtos que não podem ser comparados directamente (consultar gráfico demonstrativo dos três pacotes de assinatura base de cada filial). Os produtos vendidos nos DOM caracterizam-se por serem mais baratos do que no continente no momento da subscrição (nomeadamente os próprios terminais) mas com constrangimentos mais fortes : Crédito - tempo e/ou facturação por períodos de 15 a 30 segundos, taxação excessiva das chamadas off-net, etc.

Os pacotes de assinatura base da Orange no continente e nos DOM

0

5

10

15

20

25

30

35

Orange Caraïbe Orange Réunion Orange France

jusqu'à 2H 2H

jusqu'à 1H45

Fonte : IDATE, segundo os catálogos de vendas

Por último, na Banda Larga os tarifários de retalho são, também aqui, idênticos entre RUP e pais de origem para a Espanha e Portugal mas muito diferentes no caso da França. Por exemplo, um acesso ilimitado ADSL de 512 está a ser facturado pela Wanadoo a 74,90 € , IVA incluído, por mês. Nos DOM, o cliente Wanadoo apenas paga 25,90 €, IVA incluído, para o mesmo acesso e velocidade do continente, ou seja, uma relação de 1 para 3 entre os dois tarifários. No entanto, a situação da França continental é muito específica. Se compararmos os tarifários dos DOM franceses com os tarifários portugueses e espanhóis, as diferenças são mais reduzidas. A Portugal Telecom tem um produto de 512 com 2G de tráfego internacional por 29,40€/mês. Este produto corresponde a um posicionamento intermediário entre o produto de tráfego ilimitado Wanadoo e o produto de tráfego limitado a 5G facturado a 44,99€, IVA incluído (foi lançado um novo produto em Maio de 2005 com um tráfego limitado a 2G por 36,90€ por mês, IVA incluído). Em Espanha, o acesso ilimitado de 512 está a ser facturado a 33,00€ por mês pela Telefónica, IVA incluído.

Page 20: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 20

Comparação dos preços de um acesso ADSL 512 com IVA incluído

0

10

20

30

40

50

60

70

80

France DOM Espagne Canaries Portugal Açores-Madère

Irlande

limité illimité

5 Go/ mois

2 Go/ mois

2 Go/ mois

Fonte : IDATE-INESC Porto-MM, segundo catálogos dos operadores

Os preços de transporte Wholesale

Os preços de transporte, nomeadamente o intercontinental, constituem um constrangimento para as operadoras. Comparado com os preços das ligações alugadas infracontinentais, as ligações intercontinentais (sendo hoje em dia quase todas submarinas) representam na maior parte dos casos um custo acrescido elevado. Mesmo no caso das Canárias, onde a taxação das ligações com a península é calculada segundo o mesmo princípio que as ligações terrestres (com uma « cota » de 1500 km), o distanciamento introduzido na equação é um factor inflacionista : o custo médio de Mbps transportado entre um determinado ponto das ilhas até à capital espanhola ronda os 500 e 1000€, isto segundo os dados fornecidos pelos operadores. No caso da Madeira e dos Açores, um operador alternativo estima que o transporte intercontinental custa 2,75 mais por Mbps do que no interior do território continental. Estima-se que o preço médio seja de 400€/Mbps. Para os DOM, o preço dos cabos submarinos cria algumas distorções ainda mais relevantes. O preço de Mbps no Americas II ronda os 1500 e os 3000€. No SAFE, entre a França continental e a Reunião, o preço de Mbps era de 17 000 € de uma ponta à outra (3 000€ em transito IP) antes da decisão da ART em Maio de 2004. Algumas medidas tomadas ultimamente, nomeadamente a redução dos preços no cabo SAFE, reduzem as diferenças mas não permitem aos operadores obterem as mesmas condições que encontram no continente. Se pensarmos por exemplo ao nível da recolha IP, o preço da recolha nacional é de 298€/Mbps/mês e os tarifários revistos para a recolha a partir dos DOM ronda os 1500 e 1650€/Mbps/mês dependendo do volume de tráfego solicitado. Ou seja estamos a falar de uma relação superior a 1 por 5 !

Page 21: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 21

1.4 As ofertas de serviços Se em matéria de telefonia, fixa ou móvel, as ofertas de serviços são relativamente completas, não acontece o mesmo com a banda larga. Tendo em conta a problemática dos custos e do desenvolvimento limitado da concorrência, as ofertas de acesso em banda larga encontram-se ainda muito restritas. Por um lado, as ofertas de catálogo estão limitadas, na maior parte das vezes, a ofertas ao grande público com velocidades de 512 Kbps. As ofertas profissionais muito raramente ultrapassam os 2 Mbps, incluindo nas zonas com actividades económicas. Algumas estão condicionadas por plafonds em matéria de tráfego, o que permite aos operadores apresentarem tarifários mais atraentes do que as ofertas ilimitadas. Nos Açores e na Madeira, a Portugal Telecom e a ONI Telecom não fornecem serviços ilimitados, fixando plafonds tanto em termos de tempo de ligação como de tráfego. Nos DOM, a France Télécom propõe, a par de uma oferta ilimitada muito generosa, uma oferta com limites de tráfego de 5G por mês com um preço de acesso com uma redução de 40%. Para poder mais uma vez reduzir os seus preços de base, o operador lançou em Maio de 2005 uma oferta com um limite de tráfego de 2G ! Apesar disso, os preços mantiveram-se superiores de 40 a 80% comparativamente aos preços praticados no continente e para um serviço verdadeiramente ilimitado. Hoje, mais de 65% dos acessos ADSL subscritos na Europa ocidental oferecem velocidades superiores a 512 Kbps. Mesmo se a França (um pouco mais de 50% dos acessos com uma velocidade superior a 512 Kbps em finais de 2004), Portugal (menos de 15%) e a Espanha (cerca de 10%) surgirem atrasados relativamente à média europeia, o atraso das RUP é ainda mais surpreendente. Por outro lado, existe um fenómeno muito falado pelos utilizadores que é a diferença entre a velocidade oferecida e a velocidade efectiva. Para um acesso de 512kbps, estima-se que a velocidade não ultrapassa os 40kbps na maioria dos casos. Colocam-se desta forma diversos problemas :

- Por um lado, temos um pacote de ofertas de catálogo muito mais limitado em relação aos países de origem,

- Por outro lado, temos ofertas comerciais degradadas para poder apresentar preços « atractivos »,

- Por último, uma qualidade de serviço efectivo também ela degradada por causa das taxas de contenção que são frequentemente muito elevadas.

Page 22: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 22

2 Análises temáticas transversais O ponto crucial da problemática existente em relação à penetração da Sociedade da Informação no seio das regiões ultraperiféricas incide na distância que separa estas RUP do respectivo país de origem. Tal remete, nomeadamente, para o isolamento e afastamento geográficos, para o estreitamento dos mercados em questão e para o estatuto das infra-estruturas ópticas submarinas. Os custos adicionais das ligações de telecomunicações intercontinentais que resultam desta situação representam um enorme obstáculo para o desenvolvimento da concorrência, para a implementação das redes, para a disponibilidade dos serviços e, por último, para a qualidade de serviço. Para analisar da melhor forma possível as incidências desta situação estrutural, ir-se-á examinar sucessivamente:

- A redução do défice de acessibilidade e os respectivos efeitos, de acordo com a sua integração ou não nas RUP;

- A problemática existente em relação ao custo da ligações intercontinentais e o respectivo impacto;

- As estratégias diferenciadas das abordagens regionais e os planos de acção implementados; - As competências regionais dedicadas ao desenvolvimento das TIC nas regiões.

2.1 A redução do défice de acessibilidade A redução do défice de acessibilidade das RUP em relação ao respectivo país de origem, tal como aqui definido, abrange os três critérios seguintes: a continuidade tarifária, a qualidade de serviço oferecida aos utilizadores, a segurança das ligações de telecomunicações (consultar secção 3.4.2). A situação aparenta ser relativamente diferenciada de acordo com as RUP analisadas. A principal divergência entre as três RUP ibéricas (Canárias, Açores e Madeira) e os quatro DOM franceses (Guadalupe, Martinica, Guiana e Reunião) está relacionada com o princípio da continuidade tarifária na tarifação dos serviços de telecomunicações das primeiras, dado que este princípio não existe no caso dos DOM. Esta diferença significativa entre os dois grupos de regiões implica consequências diferenciadas na implementação das redes, dos serviços de telecomunicações e no desenvolvimento das iniciativas dos intervenientes locais, tanto privados como públicos.

2.1.1 Os efeitos do princípio de continuidade tarifária nas RUP ibéricas

Em primeiro lugar, convém sublinhar o efeito extremamente positivo deste princípio para os utilizadores finais que têm assim acesso às ofertas de serviços de telecomunicações de base a tarifas idênticas às praticadas no respectivo país de origem, sendo, por vezes, inclusive mais baixas, devido ao facto de ser aplicada uma taxa de IVA mais reduzida.

Page 23: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 23

Convém também chamar a atenção para o facto de que as distâncias das capitais regionais em relação à respectiva capital nacional são relativamente curtas: Canárias – Madrid (2000 km); Madeira – Lisboa (1040 km); Açores – Lisboa (1500 km) Apesar disso, esta situação revela, paradoxalmente, um determinado número de dificuldades e de lacunas que se começam a evidenciar actualmente e que, a prazo, poderão vir a pesar fortemente na implementação das redes e serviços, nas respectivas condições de acesso e na qualidade de serviço que os utilizadores esperam e têm o direito de usufruir. Vários factores permitem desde já analisar esta situação. Uma presença reduzida (ou mesmo em retrocesso) dos operadores alternativos, devido,

nomeadamente, ao elevado preço de custo no acesso às RUP ibéricas para os operadores de serviços

O aluguer das capacidades necessárias para estarem presentes nas três regiões implica custos financeiros adicionais no acesso ao preço grossista para os operadores alternativos que não se podem repercutir nos preços de retalho. Os efeitos são imediatos e traduzem-se numa retirada dos operadores e numa concentração do mercado. Nas Canárias, vários operadores ainda presentes fisicamente até há dois anos (Jazztel, Uni2 e Equant) retiraram-se e as respectivas ofertas são agora propostas por revendedores. A Telefonica é o único operador que possui ligações próprias ao nível intraregional, à excepção da ligação Gran Canaria-Tenerife. A Auna, o segundo operador, desenvolve uma estratégia essencialmente residencial e urbana. A Auna apostou recentemente na rede de transporte, passando a integrar a empresa Cablo Submarino, que oferece a ligação Gran Canaria-Tenerife. A BT tem uma estratégia de nicho de mercado dirigida principalmente para as grandes contas das duas capitais. A Idecnet, um operador local, passa por grandes dificuldades para encontrar um equilíbrio económico. Nos Açores e na Madeira, o número de operadores alternativos é ainda muito limitado. O único que se pode actualmente considerar como um operador alternativo regional é a ONI Telecom, que investiu em infra-estruturas alternativas nas duas regiões. Na Madeira, a ONI Madeira (constituída pela ONI Telecom e por accionistas locais) criou uma infra-estrutura de BLR no Funchal, tendo actualmente como público-alvo essencialmente os profissionais e as entidades institucionais com serviços de valor acrescentado. O operador está actualmente em negociações com a EMACOM, a filial de telecomunicações da empresa regional de electricidade (EEM) que gere actualmente a fibra óptica instalada nas redes eléctricas, com o objectivo de explorar esta infra-estrutura. A ONI Madeira vai também testar o acesso de banda larga à Internet através do sistema de Corrente Portadora em Linha (CPL). Nos Açores, a ONI Açores (constituída pela ONI Telecom e pela EDA - Electricidade dos Açores) já explora os cabos de fibra óptica integrados na rede regional de linhas eléctricas (gerida pela GlobalEDA, a filial de telecomunicações da EDA) para propor serviços de telecomunicações nas ilhas de S. Miguel e da Terceira. A ONI dispõe também de pontos de acesso sem fios na Horta, na ilha do Faial. Os outros operadores que propõem serviços de telecomunicações nas duas regiões são operadores nacionais, mas que não possuem uma presença física: são revendedores da oferta grossista da Portugal Telecom ou então estão concentrados num ou em alguns mercados muito específicos (no Centro Internacional de Negócios da Madeira ou no projecto das municipalidades "Açores Digital", por exemplo), utilizando as infra-estruturas da PT (tal como é o caso, por exemplo, da NOVIS e da Tele2).

Page 24: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 24

Determinados operadores consideram que, se o mercado crescesse, os encargos intercontinentais dos preços grossistas tornar-se-iam demasiado pesados e iriam obrigar a que se aumentassem as tarifas de retalho. Por conseguinte, constata-se existir uma enorme dificuldade para os operadores alternativos e, particularmente, para os pequenos operadores locais, no sentido de permanecerem competitivos neste contexto de custos adicionais das ligações intercontinentais não repercutidos nos preços de retalho. Outro efeito negativo da presença reduzida dos operadores nestas RUP: não existe actualmente um desagregamento físico na oferta de acesso à Internet. Apenas os operadores por cabo presentes na teledistribuição (Cabo TV Açoreana e Cabo TV Madeirense) propõem um acesso de banda larga à Internet nas respectivas redes de cabo. Além disso, no caso das RUP portuguesas, estes operadores por cabo são filiais da Portugal Telecom e, embora a rede esteja bem desenvolvida na Madeira (2/3 dos acessos à Internet), a mesma só se encontra disponível nos Açores em Ponta Delgada. Uma qualidade desigual na implementação das estruturas e nos serviços das redes de

telecomunicações inter-ilhas e intra-ilhas A falta de concorrência e a concentração da população nas principais cidades implica um certo envelhecimento das infra-estruturas de telecomunicações (com numerosas quebras de serviço e uma qualidade insuficiente da largura de banda), apesar de certas iniciativas tomadas pelos operadores alternativos (consultar acima). Apesar de tudo, existem projectos regionais: - Nas Canárias, a Cablo Submarino pretende alargar a cobertura às ilhas periféricas e ligar-se ao

continente; o Atlantic TIC é um projecto de que visa fornecer cobertura às regiões rurais de La Palma através de satélite; etc.

- Nos Açores e na Madeira, a ONI está a considerar parcerias com as entidades gestoras das redes de telecomunicações das empresas regionais de electricidade (a EMACOM no caso da EDM e a GlobalEDA no caso da EDA) para implementar redes regionais alternativas. A EMACOM pretende, inclusive, abrir a sua infra-estrutura de telecomunicações a outros operadores (venda de serviços, mas não de fibra óptica), ou seja, tornar-se num operador de telecomunicações.

A boa taxa de penetração oculta as disparidades na implementação da banda larga e na

cobertura do território. De uma forma geral, as taxas de cobertura dos serviços de telecomunicações1 (telefonia móvel, Internet de banda estreita e de banda larga - ADSL, redes de cabo) dizem respeito às ilhas principais e às grandes cidades e a taxa de penetração dos serviços é comparável ou mesmo superior à do respectivo país de origem. Nas Canárias, a taxa de penetração da banda larga é de cerca de 7,5 a 7,9%, contra 8% na Espanha continental. No caso das RUP portuguesas, a taxa de penetração da banda larga é de cerca de 7,3% nos Açores e de 9,6% na Madeira, contra 8,2% em Portugal continental. A situação é idêntica no que diz respeito à telefonia móvel2.

1 Nos Açores e na Madeira, cerca de 99% da população está coberta por, pelo menos, um operador móvel, como resultado da obrigação prevista na licença de telefonia móvel 2 Consultar a primeira parte do documento para os valores de penetração dos serviços

Page 25: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 25

Poder-se-á verificar que apenas a Vodafone implementou um ponto POP nas Canárias e nos Açores, sendo estes arquipélagos um destino turístico importante para o operador. Globalmente, a implementação dos serviços de banda larga efectua-se em detrimento do resto do território e, em particular, das zonas rurais. Iniciativas por parte dos intervenientes públicos prioritariamente orientadas para os

conteúdos, mesmo que se constate existirem alguns projectos de infra-estruturas de telecomunicações

As oportunidades económicas dos intervenientes privados e públicos são travadas pelas limitações das ofertas dos operadores de telecomunicações e pela sua falta de atractividade, nomeadamente fora dos centros urbanos. Iniciativas levadas a cabo por parte dos intervenientes públicos:

- Nas Canárias, os estabelecimentos de ensino superior e de investigação criaram a sua própria rede para se ligarem à rede nacional IRIS; os hospitais associaram-se para desenvolver acções de telediagnóstico. O Governo das Canárias3 toma cada vez mais uma parte activa nas acções que visam fornecer novas alternativas de comunicação em relação à oferta do operador histórico, construindo ligações entre as ilhas e com o continente. Através da empresa SODECAN, o governo tomou participações no capital da empresa Cablo Submarino. Este pretende fazer das Canárias um “centro de comunicação”, ligando o arquipélago à Madeira e aos Açores e assegurando uma continuidade com o continente; o ITC desenvolve o projecto de Teleporto de infra-estrutura de satélite que irá cobrir uma parte da África Ocidental, etc. Por outro lado, age directamente como operador na implementação da rede WIFI em Las Canteras e em Puerto de la Cruz para ligar estas zonas industriais insuficientemente equipadas. Por último, está a desenvolver um projecto de GIX com uma saída internacional (projecto Ponto Neutro). Para federar estes diferentes projectos, foi adoptada uma iniciativa "guarda-chuva": o projecto Atlantida.

- Nos Açores, o governo regional, que controla já 90% da EDA (consultar acima os projectos da GlobalEDA e da ONI Açores), lançou recentemente um concurso público muito ambicioso que poderá fazer evoluir o panorama das telecomunicações de forma significativa. Trata-se, na verdade, de construir uma rede regional de banda larga que irá permitir, em Julho de 2006, ligar 700 locais nas 9 ilhas do arquipélago (administrações, escolas, etc.), ou seja, em 80% do território regional. Esta rede deverá assim permitir facilitar a implementação das infra-estruturas nas ilhas mais pequenas, reduzindo desta forma o fosso digital, tanto mais que o governo gostaria também de estender o cabo submarino até às duas ilhas ocidentais das Flores e do Corvo.

- Na Madeira, não existe propriamente uma estratégia de desenvolvimento de uma infra-estrutura regional alternativa ao nível do governo. No entanto, existem inúmeras oportunidades e projectos: desenvolvimento das actividades de telecomunicações a partir da rede de FO da rede eléctrica gerida pela EMACOM, filial da EDM, a empresa de electricidade do Governo regional; experiências com o sistema de Corrente Portadora em Linha com a ONI Madeira (e a ONI Telecom); redes dedicadas para o ensino e a saúde, etc., no âmbito, nomeadamente, do POPRAM III, do PRAI Madeira e, sobretudo, do Programa "Madeira Digital" (POSI).

3 Verifica-se que, aparentemente, estão a acontecer alterações internas no seio do Governo das Canárias, o que poderá pôr em causa as políticas de TIC seguidas até à data

Page 26: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 26

O princípio da continuidade tarifária tem vários impactos na oferta de serviços:

- Uma tarifa de retalho “desligada” do preço de custo devido ao custo adicional do preço grossista;

- Uma concentração do mercado vantajosa para o operador histórico;

- Uma rede de telecomunicações regional com falta de renovação e de expansão;

- Uma deficiência na implementação dos serviços para lá dos mercados cativos que são os grandes centros urbanos e as principais ilhas dos arquipélagos;

- Uma qualidade de serviço que tende a decrescer relativamente à que se pode encontrar nos países de origem, sobretudo devido a problemas de largura de banda nas ligações com o exterior e, por conseguinte, a débitos consideravelmente lentos.

Assim, paradoxalmente, o princípio de continuidade tarifária com o continente (tarifa idêntica no acesso aos serviços) cria uma fractura territorial intraregional:

- Uma parte significativa da população não tem acesso aos serviços de Internet de banda larga;

- A qualidade de serviço e a segurança das comunicações electrónicas não são asseguradas nas mesmas condições do que no continente.

2.1.2 Os efeitos de não se considerar a redução do défice de acessibilidade nos 4 DOM

A particularidade dos DOM assenta no facto de estas quatro regiões apresentarem uma desvantagem em relação à metrópole, tanto no que diz respeito às tarifas e à qualidade de serviço oferecida aos utilizadores, como na segurança das ligações de telecomunicações (consultar secção 4.4.2). Aqui, o factor de afastamento é bastante mais pertinente do que nas RUP ibéricas: a distância entre estas ilhas e Paris é de 6760 km no caso de Guadalupe, 6830 km no caso da Martinica, 7500 km no caso da Guiana e 9370 km no caso da Reunião, com tempos de transporte aéreo superiores a 8h e diferenças horárias entre +3 e –6 horas, de acordo com o período do ano. Esta situação tem um impacto significativo, e de forma muito negativa, na penetração da Internet de banda larga nos DOM. Vários factores permitem analisar os efeitos desta dificuldade e o respectivo impacto no desenvolvimento económico e social dos DOM. A presença de operadores alternativos de serviços (fixos, móveis e de Internet) nos

territórios juntamente com o operador histórico, na verdade, oculta disparidades territoriais profundas e não resolve a questão pertinente do custo do acesso aos serviços de Internet de banda larga

Existe uma verdadeira concorrência na parte dos DOM que constitui um mercado cativo para os operadores e onde, nas condições ideais, o custo de investimento é reduzido. Esta concorrência desenvolve-se na venda de cartões pré-pagos e de assinaturas clássicas em telefonia fixa e móvel, no acesso à Internet através da rede telefónica comutada e nas ofertas grossistas, mas não tanto no desagregamento físico da rede de distribuição: em 2005, apenas um terço da população da Martinica e da Guiana teve acesso a ofertas desagregadas. Podem encontrar-se vários fornecedores de serviços de Internet locais que se posicionam em nichos de serviços de valor acrescentado direccionando-se prioritariamente aos profissionais.

Page 27: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 27

A taxa de cobertura ADSL do operador histórico permanece na média francesa, embora com alguns meses de atraso: em Março de 2005, 85% da população dos DOM estava coberta por uma oferta ADSL contra 90% no plano nacional. No final de 2006, o conjunto das redes de distribuição deve estar "adslisado", tal como planeado pela France Télécom, que possui uma taxa de cobertura próxima ou superior a 90% da população. Os operadores de BLR e de WiMAX/Wi-Fi estão actualmente bem posicionados com a sua licença de 3,5 Ghz. Na maioria dos DOM, estes serviços serão disponibilizados, o mais tardar, em 2005, mas apenas em algumas partes muito atractivas do território: na capital regional, nas zonas de elevada taxa de empregabilidade e nas zonas de actividade económica. As tarifas de retalho muito elevadas reflectem os preços de custo ligados ao transporte

intercontinental A análise comparativa dos preços grossistas e de retalho na secção seguinte do documento destaca diferenças muito significativas nas tarifas de retalho: o acesso à Internet de banda larga de 512 kbps nos DOM é 3 a 4 vezes mais caro do que na metrópole, o que é um factor de bloqueio para a penetração do serviço no conjunto da população. O peso do custo das ligações intercontinentais no preço de custo representa, regra geral, mais de 60% do preço de retalho4. A consequência é imediata: enquanto que a taxa de penetração da Internet de banda larga ultrapassa os 10% na metrópole (idêntica à taxa da UE a 15), esta situa-se entre 2,9% na Reunião e 5,4% na Martinica. Com o objectivo de atenuar em parte a limitação imposta pelo custo das ligações intercontinentais, certos operadores praticam taxas de contenção mais elevadas do que na metrópole, o que reduz a qualidade do serviço e contribui para bloquear ainda mais o crescimento das assinaturas: “porquê pagar caro por um acesso supostamente de banda larga quando tenho quase a mesma largura de banda através do acesso comutado?” Assiste-se a um duplo paradoxo no mercado de Internet de banda larga

Por um lado, a presença de uma concorrência exacerbada nas zonas de elevada taxa de empregabilidade dos territórios dos DOM e uma taxa de cobertura significativa da população, aproximando-se da metrópole, com operadores de “nicho” praticando um marketing agressivo no respectivo mercado; Por outro lado, uma taxa de penetração muito baixa, tendo em conta os intervenientes presentes e a sua mobilização no mercado, devido essencialmente a uma tarifa muito elevada e a uma qualidade de serviço muito baixa (com algumas excepções no sector profissional). As iniciativas dos intervenientes públicos em matéria de infra-estruturas

Os quatro Conselhos Regionais, conscientes do duplo objectivo de gestão do território e de desenvolvimento económico ligado a uma oferta de serviço de banda larga com um custo acessível e de qualidade, levaram a cabo iniciativas no âmbito da lei sobre a confiança na economia digital e da legislação em vigor (Art. L1425-1 do CGCT), que os autorizam, sob determinadas condições, a implementar infra-estruturas de telecomunicações neutras e abertas a todos.

4 De uma forma geral, o preço do Mbps intercontinental a partir dos DOM está na ordem dos 1500 a 2500 euros mensais, sendo necessário integrá-lo no preço de venda ao cliente final

Page 28: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 28

Estes projectos, que estão actualmente a decorrer, deverão ter como efeito a dinamização do mercado durante os próximos 12 a 18 meses. A abertura destas redes públicas ao conjunto dos operadores alternativos deverá favorecer a implementação da concorrência na quase totalidade destes territórios. Um dos objectivos que as colectividades pretendem alcançar baseia-se também no interesse para o futuro operador de operadores em oferecer serviços de telecomunicações com tarifas próximas dos preços praticados na metrópole e, portanto, em incitar os gestores dos cabos submarinos a baixar o preço de acesso à sua infra-estrutura (aluguer de capacidades ou compra de IRU – direito de utilização a longo prazo). As iniciativas dos intervenientes públicos em relação aos conteúdos e aos serviços

A concorrência nas comunicações internacionais através de telefone fixo (cartões pré-pagos) e móvel fornece aos utilizadores uma opção entre, pelo menos, 2 ou 3 operadores. O problema recorrente continua a ser o acesso à Internet para o conjunto da população em geral. Actualmente, todas as comunidades públicas dos DOM (sector da educação, ensino superior e investigação, saúde, colectividades, etc.) e o sector económico esperam pela implementação de infra-estruturas públicas de telecomunicações alternativas que permitam desenvolver a concorrência no respectivo território e disponibilizar serviços de acesso à Internet de banda larga que possibilitem uma selecção de capacidades de acesso, com um custo acessível e de boa qualidade. É possível estimar que um grande número de projectos estruturantes dos intervenientes locais está actualmente bloqueado devido ao impasse no qual se encontram estas comunidades em relação ao acesso à Internet de banda larga. É este o caso, particularmente, do sector educativo, económico e da saúde. Mostra-se assim indispensável criar verdadeiras estruturas de ensino à distância intraregional na Guiana para atenuar as dificuldades impostas pelas distâncias. Para além dos investimentos consideráveis que tal implica e que não podem ser suportados apenas pelas colectividades e pela Reitoria, é essencial que possam ser canalizadas ajudas e apoios financeiros europeus para o funcionamento destas infra-estruturas, com o objectivo de tornar duradouras as condições de acesso à educação de todos. Da mesma forma, devem ser criadas ajudas para o funcionamento destas infra-estruturas, de forma a facilitar a implementação do ensino à distância entre as ilhas (universidade de Antilhas-Guiana) e com a metrópole, para fazer sair estes territórios do isolamento educativo e cultural em que se encontram actualmente. Esta situação tem várias consequências na oferta de serviços:

- Uma tarifa de retalho “inflacionada” devido ao custo adicional das ligações intercontinentais;

- Uma qualidade de serviço muito má na oferta de Internet de banda larga;

- Condições de segurança das comunicações que são quase inexistentes na maioria dos casos;

- Uma penetração muito baixa da Internet de banda larga devido à tarifa muito elevada, à falta de capacidades e à má qualidade de serviço;

- Uma concorrência que se exerce principalmente nas zonas de elevada taxa de empregabilidade, mas que não consegue solucionar o efeito de “distância”;

- Uma forte vontade das colectividades regionais de criar as condições para uma verdadeira concorrência no conjunto do seu território;

Page 29: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 29

- Uma forte expectativa dos intervenientes locais (em relação a estas iniciativas locais), para colocar os DOM em condições de desenvolvimento económico, cultural e social de acordo com as exigências da globalização dos mercados.

Desta forma, a situação nos DOM cria uma dupla fractura territorial e social no acesso aos serviços de Internet de banda larga também ao nível intraregional.

2.2 A problemática das ligações intercontinentais Todas as RUP foram ligadas a, pelo menos, um cabo submarino ao longo destes últimos anos: o ECFS na Martinica e em Guadalupe; o Americas 2 na Martinica e na Guiana; o SAFE na Reunião; o SAFE e o Pencan VI e VII nas Canárias; o Atlantis 2 na Madeira; o Columbus III e o CAM Ring nos Açores, e isto sem esquecer os operadores internacionais por satélite que cobrem estas RUP. A chegada dos cabos submarinos foi muitas vezes encarada pelos intervenientes e pelos dirigentes locais como um fantástico balão de oxigénio para o desenvolvimento económico e social do seu território. Com as enormes capacidades oferecidas pelos cabos, as RUP iam finalmente poder aceder ao conjunto dos serviços disponíveis no seu país de origem, e isto com custos acessíveis, graças às economias de escala resultantes do tráfego nestas infra-estruturas e da respectiva amortização (em relação às redes e transportadores por satélite em serviço até então). Tal como foi indicado anteriormente, a situação actual entre as RUP é muito diferente: enquanto que as RUP ibéricas beneficiam do princípio de continuidade territorial, tal não acontece com os DOM franceses, que sofrem as consequências negativas do seu afastamento no custo do tráfego IP. Convém relembrar que a legislação em vigor no que diz respeito ao acesso aos pontos de amarração dos cabos submarinos, aos serviços de transporte de retorno e ao custo do tráfego IP aplicável é a seguinte: - Os acordos entre membros de consórcios (regras de exclusividade, prazos, etc.) que dizem

respeito ao acesso aos pontos de amarração estão, de uma forma geral, especificados nos contratos de direito privado estabelecidos aquando da instalação de um cabo submarino; estes acordos limitam habitualmente os outros operadores na sua escolha, o que, de facto, restringe o funcionamento da concorrência. Os reguladores nacionais, por conseguinte, não intervêm a este nível de transacção.

• Em contrapartida, os reguladores nacionais enquadram no âmbito do seu poder sobre o mercado grossista as tarifas (nomeadamente na base da orientação em relação aos custos 5 ) e as modalidades práticas de acesso aos serviços de transporte de retorno, de tráfego IP e de ligações alugadas de transporte (LLT).

De qualquer modo, no conjunto das RUP, as economias de escala que se podiam esperar destes cabos não tiveram um impacto significativo no preço de custo que permanece muito elevado em relação à situação no país de origem. A análise do posicionamento e das estratégias dos operadores, bem como as iniciativas públicas que foram tomadas ao longo destes últimos meses permitem analisar o contexto actual e a curto prazo. A análise em pormenor da avaliação do preço de custo do serviço ADSL de 512 kbps e de 1 Mbps permite, por outro lado, avaliar o peso que o custo do tráfego IP tem no preço de custo total do serviço.

5 Consultar decisão n.º 04-374 da ART de 27 de Abril de 2004

Page 30: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 30

2.2.1 O posicionamento e as estratégias dos operadores de telecomunicações

Acessos aos cabos intercontinentais muito controlados pelos operadores históricos

nacionais Dois operadores detêm infra-estruturas ópticas de acesso nas Canárias a partir de Espanha. Apesar disso, é a Telefonica (através dos seus cabos Pencan) que domina as ofertas de acesso e o conjunto dos operadores que utilizam as infra-estruturas do operador histórico para se ligarem à península. O ponto de amarração do SAFE em Altavista, propriedade da BT, não está operacional actualmente. Os custos de acesso às Canárias a partir do continente para os operadores alternativos (na ordem dos 500 a 1000 euros/Mbps/mês) permanecem suficientemente elevados para desempenharem um papel de bloqueio no acesso ao mercado das Canárias, dado que não podem ser integrados no preço de retalho final ao cliente6. Nos Açores e na Madeira, apenas a Portugal Telecom detém as infra-estruturas de acesso de fibras ópticas e o acesso às ilhas passa obrigatoriamente pelo operador histórico. Embora os operadores alternativos concordem em reconhecer a qualidade e a disponibilidade das ligações intercontinentais, o preço permanece dissuasor e bloqueia o acesso a estes dois mercados. O preço do tráfego IP estima-se em 400 euros por Mbps/mês entre as RUP portuguesas e o continente. A situação nos DOM é um pouco diferente. Na prática, os operadores alternativos podem fazer funcionar a concorrência entre os operadores accionistas dos consórcios de cabos submarinos. No entanto, a France Télécom conserva o domínio da ligação do ponto de amarração do cabo (que lhe pertence) até ao POP do operador e o custo do transporte de retorno é geralmente muito elevado, o que encarece significativamente a tarifa final que é paga pelo operador: custo do tráfego IP até ao ponto de Internet + custo do transporte de retorno. Mesmo que permaneçam a um nível ainda elevado, verifica-se que nestes últimos doze meses os preços têm vindo a baixar, devido ao efeito conjugado da concorrência, da retoma do mercado, das queixas efectuadas pelos operadores junto da Autoridade de Regulação das Comunicações Electrónicas e dos Postos (ARCEP) e das iniciativas das colectividades locais, particularmente dos Conselhos Regionais. Até este ano, a partir das informações obtidas junto dos operadores, verifica-se que os custos do tráfego IP variam entre 1500 e 3000 euros, de acordo com o território em questão. Ir-se-á avaliar na secção seguinte o impacto real destas tarifas no preço de custo do acesso à Internet de banda larga. Estas tarifas foram consideradas um factor de bloqueio pelos intervenientes locais porque implicam um aumento muito significativo do preço de acesso do serviço fornecido ao cliente final com um custo adicional 3 a 4 vezes mais elevado do que na metrópole. Como resultado, foram tomadas várias iniciativas por parte dos Conselhos Regionais.

6 Convém lembrar que nas RUP ibéricas, o princípio de continuidade territorial tem como efeito tornar a tarifa (sem IVA) de retalho para o acesso à Internet idêntica à do país de origem, o que se traduz num preço de acesso mais baixo devido à taxa de IVA menos elevada que é praticada nestas RUP em relação ao continente.

Page 31: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 31

As iniciativas tomadas pelos Governos e pelos Conselhos Regionais Nos DOM, assistiu-se em 2004 a três tipos distintos de iniciativas levadas a cabo pelas regiões para contornar os monopólios dos operadores históricos em relação à ligação intercontinental e encontrar as soluções melhor adaptadas à sua situação de urgência. Na Reunião, a região colaborou com dois operadores alternativos no sentido de recorrer à ARCEP, apresentando um recurso em contencioso para exigir uma redução das tarifas do SAFE. As exigências diziam respeito, simultaneamente, às tarifas das ligações alugadas, ao IRU e ao transporte / tráfego IP. Na sua decisão, a ARCEP fixou o preço da ligação alugada em 1550 €/mês/Mbps, ou seja, o nível de preço exigido. Por outro lado, a autoridade efectuou os seus próprios cálculos que têm como resultado um valor médio de 750 € para uma LLT. O preço do transporte/tráfego IP não foi fixado pela ARCEP e a France Télécom negoceia o mesmo directamente com os operadores alternativos regionais. O operador considera que o preço do tráfego IP está alinhado com o da LLT. Convém chamar a atenção para o facto de o recurso à ARCEP por parte do Conselho Regional não ter sido considerado admissível, dado que a colectividade não foi reconhecida como um operador7. No entanto, esta acção da colectividade juntamente com os dois operadores interessados permitiu-lhe intervir durante todo o procedimento, participar na constituição dos dossiers económicos e jurídicos e disponibilizar meios humanos e financeiros. Por último, tal dá-lhe a oportunidade de comunicar acerca da sua acção a favor da quebra do isolamento do seu território. Na Guiana, a região lançou um procedimento de DSP visando encontrar um delegado público para construir e explorar uma rede regional de banda larga. Uma opção obrigatória no caderno de encargos propõe tomar-se em conta o custo de acesso às ligações intercontinentais e estimar o impacto no preço de retalho ao cliente final do acesso à Internet de banda larga. O procedimento está actualmente a decorrer. Pode estimar-se que o custo do tráfego IP actualmente à volta de 1500 euros/Mbps/mês deverá poder ser reduzido para menos de 1000 euros e aproximar-se do preço estimado pela ARCEP para a Reunião, ou seja, 750 euros. Em Guadalupe, os custos do tráfego IP são elevados, com um valor médio estimado de 2500 €/Mbps/mês. Estes custos são considerados como um travão que impede os operadores alternativos de fazer uma oferta competitiva e o desenvolvimento do mercado da banda larga. É por esta razão que a região lançou o projecto de cabo "Global Caribbean Network" no âmbito do seu programa Guadeloupe Numérique (Guadalupe Digital). A partir de Novembro de 2005, Guadalupe irá dispor do seu próprio cabo submarino que vai ligar Guadalupe a Porto Rico com dois pontos de amarração, em Jarry e em Basse-Terre, no caso de Guadalupe continental, e dois outros pontos de amarração em Saint-Martin e em Saint Barthélemy. O delegado seleccionado é a Global Caribbean Network – GCN, empresa constituída para se encarregar deste projecto, tendo como accionista maioritário o grupo LORET, que controla, por outro lado, 100% do ISP Mediaserv. A GCN fez uma oferta de 375 euros/Mbps/mês para um tráfego IP de um extremo ao outro a partir dos pontos de amarração. Esta tarifa de tráfego IP é cerca de 7 vezes inferior à tarifa média estimada actualmente em Guadalupe, o que é considerável. Um projecto como este pode ter repercussões em parte das Antilhas, dado que, aparentemente, a Dominica e Santa Lúcia estão muito interessadas numa ligação a este cabo no caso de uma ligação poder ser estabelecida com a Martinica. Em Agosto de 2005, o Banco Mundial lançou um concurso público para um estudo da exequibilidade técnico-económica da implementação de um cabo submarino na continuidade do projecto GCN e envolvendo os seguintes países: São Cristovão e Nevis, Antígua e Anguila, Martinica, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Granada. Os resultados deverão ser conhecidos no final de 2005.

7 Consultar a decisão n.º 04-374 da ART de 27 de Abril de 2004, pronunciando-se sobre um diferendo opondo o Conselho Regional da Reunião e a France Télécom, disponível no sítio: www.arcep.fr

Page 32: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 32

Nas Canárias, destacam-se as iniciativas conjuntas do Governo Regional e do ITC de criar redes de telecomunicações com a Madeira, os Açores e a África Ocidental. Nos Açores, o Governo Regional está a renegociar com a Portugal Telecom condições de acesso aos cabos submarinos intraregionais e com o continente, dado que 40% do investimento foi realizado com a ajuda de fundos públicos. Na Madeira, não existe uma política específica de TIC por parte do Governo Regional. Apesar disso, o programa POPRAM III prevê criar um "verdadeiro nó de conectividade entre a Europa, a América e África". Convém sublinhar que existia, no âmbito do programa Interrreg III B Macaronésia, um projecto, proposto pela Madeira e pelas Canárias, de construção de um cabo submarino em fibra óptica para ligar a Madeira e as Canárias ao continente. Os governos regionais, proprietários da infra-estrutura, poderiam colocar a mesma à disposição de todos os operadores. Devido aos custos demasiado elevados, o projecto teve de ser abandonado.

O posicionamento e as estratégias dos intervenientes em relação às ligações

intercontinentais permitem emitir constatações alarmantes no que diz respeito às RUP

- Quaisquer que sejam as políticas de enquadramento dos preços de retalho, os custos adicionais ligados ao custo das ligações intercontinentais são um elemento de bloqueio e de restrição muito forte no conjunto das RUP;

- Estes têm um impacto negativo não só nas taxas de penetração da Internet de banda larga, mas também no conjunto das actividades socio-económicas das regiões em questão;

- Mais grave ainda, esta situação acentua o fosso digital entre as RUP, o resto dos países europeus e os seus países vizinhos e prejudica de forma duradoura estas economias já fragilizadas pela situação concorrencial na qual se encontram;

- Numerosos projectos iniciados pelos intervenientes públicos na área do ensino electrónico, formação aberta e à distância, telemedicina, cultura electrónica, governo electrónico, etc., encontram-se actualmente parados, ou, melhor, bloqueados, devido à falta de capacidades de telecomunicações, aos custos exorbitantes do acesso à Internet de banda larga e à má qualidade de serviço.

2.2.2 O impacto das ligações intercontinentais na situação tarifária das RUP

Trata-se, neste caso, de analisar as incidências do custo das ligações intercontinentais no preço de retalho de um acesso ADSL nos países de origem e nas RUP e avaliar a diferença. As hipóteses de cálculo são as seguintes8:

- Os custos de acesso são calculados agregando os diferentes elementos de fornecimento físico de um acesso DSL, fora o transporte IP, a interligação IP internacional e os custos com o pessoal

8 Podem encontrar-se em anexo as folhas de cálculo de Excel que permitem compreender o procedimento seguido, as hipóteses colocadas e os incrementos de custos estimados para cada região.

Page 33: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 33

- A taxa de contenção é calculada com base na largura de banda média medida aplicada ao nível teórico de largura de banda oferecida (medições geralmente realizadas pelo nó de ligação de assinantes, ou NRA): por exemplo, em França, a largura de banda média medida para um acesso de 512 kbps é de 23 kbps, ou seja, uma taxa de contenção de 512/23 = 22,3, enquanto que a largura de banda média para um acesso de 1024 kbps é de 30 kbps, ou seja, uma taxa de contenção de 34,1

- Os acessos grossistas foram calculados com base na "opção 5" - Os princípios de amortização: os encargos de acesso ao serviço são amortizados num

período de 3 anos, os DSLAM e os cabos de reencaminhamento em 5 anos e os edifícios em 10 anos

- Para a desagregação, seleccionou-se a instalação de um DSLAM por unidade, concentrando 500 assinantes

Posteriormente, calculou-se o preço de custo total do acesso ADSL, tendo em conta as tarifas históricas (em vigor em 2004) e as tarifas actuais (revistas em 2005)

Preço de custo do acesso ADSL de 512 kbps em oferta grossista (França) Hipótese tendo em conta os custos do tráfego IP de 2004

Preços estimados por Mbps/mês: metrópole francesa (298); Guadalupe (2500 euros); Guiana (1500 euros); Martinica (2000 euros); Reunião (3000 euros) Os cálculos detalhados foram efectuados com base nos valores disponíveis para os DOM e para a França metropolitana.

Coût du transit IP Charges d'accès coût totalRéunion 67.38 22.66 90.04

Guadeloupe 56.15 22.66 78.81Martinique 44.92 22.66 67.58

Guyane 33.69 22.66 56.35France métropole 6.69 18.33 25.02

Esta tabela conduz a várias reflexões:

No interior dos 4 DOM franceses, o peso do tráfego IP nos custos físicos totais é de 60%

(Guiana) a 75% (Reunião), ou seja, mesmo tendo em conta as diferenças entre as regiões, uma percentagem muito significativa em qualquer dos casos.

- No entanto, o preço do tráfego IP não é insignificante na metrópole, dado que representa 27% dos custos físicos totais.

Por conseguinte, o peso das ligações intercontinentais influencia de forma muito significativa

o preço de retalho, desde que este não seja regulamentado.

Page 34: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 34

Custos físicos totais para um acesso ADSL de 512 kbps em oferta grossista

67.3856.15

44.9233.69

6.69

22.66

22.66

22.66

22.66

18.33

010

20304050

607080

90100

Réu

nion

Gua

delo

upe

Mar

tiniq

ue

Guy

ane

Fran

cem

étro

pole

EUR

Charges d'accès

Coût du transit IP

No caso de Espanha e Portugal, cálculos mais sumários (consultar o final da secção) indicam que, embora as diferenças sejam menos pronunciadas, o preço de custo do acesso ADSL de qualidade equivalente é mais elevado nas RUP do que nos países de origem. Hipótese tendo em conta os custos do tráfego IP de 2005

Preços estimados por Mbps/mês: metrópole francesa (298); Guadalupe (375 euros); Guiana (750 euros); Martinica (sem alteração); Reunião (1550 euros) Os cálculos detalhados foram efectuados com base nos valores disponíveis para os DOM e para a França metropolitana (consultar comentário anterior em relação a Espanha e Portugal).

Coût du transit IP Charges d'accès coût totalRéunion 34.81 22.66 57.47Guyane 16.85 22.66 39.51

Guadeloupe 8.42 22.66 31.08France métropole 6.69 18.33 25.02

Esta tabela conduz a várias reflexões:

- Uma redução de cerca de 50% do preço do tráfego IP na Reunião gera uma redução dos

custos físicos totais de 36%; - O preço esperado do tráfego IP em Guadalupe de 375€/Mbps/mês tem um impacto

significativo no preço de custo que se situa em 31€ contra 25€ na metrópole, ou seja, uma diferença de 24%;

Tendo em conta o peso “histórico” das ligações intercontinentais nos preços de custo, as

reduções aplicadas neste segmento repercutem-se nos custos totais de forma significativa, embora, como é óbvio, não proporcional.

Page 35: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 35

Preço de custo total do acesso ADSL de 512 kbps em oferta grossista

34.8116.85

8.42 6.69

22.66

22.6622.66 18.33

010

2030

405060

7080

90100

Réu

nion

Guy

ane

Gua

delo

upe

Fran

cem

étro

pole

EU

R

Charges d'accès

Coût du transit IP

Evolução dos custos do tráfego IP na Reunião Custos do tráfego IP de 2004 (3000 euros); 2005 (1550 euros); simulação (750 euros)

67.38

16.85

22.66

22.66

22.66

18.33

6.69

34.81

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Réunion Réunion Réunion

Tarif 2004 Tarif 2005 Simulation France métropole

EUR Charges d'accès

Coût du transit IP

Verifica-se que: - O exemplo da Reunião representa de forma expressiva o esforço a realizar em relação aos

preços do tráfego IP para reduzir de forma significativa os preços de custo do ADSL. - Uma redução de 75% do custo do tráfego IP corresponde a uma diminuição de 130% dos custos

físicos totais. - Com um encargo em relação ao tráfego IP de 750 euros/Mbps/mês, os custos totais são ainda

50% mais caros do que na metrópole: 39,5 euros contra 25 euros. Apenas uma redução que colocasse o preço do tráfego a um nível equivalente ao da agregação nacional na metrópole (isto é, menos de 300 €/mês) permitiria eliminar a diferença.

- Na ausência desta redução e no âmbito do cálculo dos custos do cabo SAFE (consultar anexo com a decisão da ART), a questão coloca-se antes em saber qual o custo aceitável do ADSL para a população da Reunião?

Page 36: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 36

Impacto do preço das ligações intercontinentais no custo dos acessos ADSL para Espanha e Portugal No caso dos dois países da Península Ibérica, foi possível realizar cálculos sumários com base nas declarações de representantes de operadores em relação ao preço das capacidades de tráfego entre os países de origem e as respectivas RUP (entre 500 e 1000 €/Mbps/mês entre Espanha e as Canárias e cerca de 400 €/Mbps/mês entre Portugal e os Açores ou a Madeira), utilizando os mesmos rácios “técnicos” dos cálculos para a França, em particular no que diz respeito às taxas de contenção (22,3). Um acesso grossista de 512 kbps nas Canárias teria, segundo os nossos cálculos e na hipótese de um preço de tráfego intercontinental de 500 €/Mbps/mês, um custo superior em 9% ao de um acesso equivalente em Espanha continental. Na hipótese de um preço de tráfego intercontinental de 1000 €/Mbps/mês, o preço adicional do acesso às Canárias sobe para 53%! No caso de um acesso parcialmente desagregado, o custo adicional iria situar-se, de acordo com as diferentes hipóteses de preço de tráfego, entre 10 e 59%. A incidência do isolamento, de acordo com a tarifa paga pelo operador, representa, por conseguinte, um custo adicional real e margens forçosamente reduzidas, desde que as tarifas de retalho permaneçam inalteradas em relação ao continente. No caso de Portugal, os mesmos cálculos, no âmbito de acessos parcialmente desagregados, fazem sobressair um custo adicional de 14% para um acesso de 512 kbps nos Açores e na Madeira em relação ao continente. No entanto, esta diferença é repercutida em parte no preço de retalho, dado que o alinhamento das tarifas ADSL é realizado com base nos preços com IVA incluído e o IVA mais reduzido na Madeira e nos Açores permite aumentar o valor sem impostos destes preços de retalho (consultar tabela comparativa).

Page 37: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 37

2.3 As estratégias e os planos de acção regionais

2.3.1 A dificuldade em elaborar estratégias globais e planos de acção integrados

O desenvolvimento da Sociedade da Informação tornou-se num objectivo prioritário para as RUP, tal como refere o Memorando das RUP de Junho de 2003 que colocou as telecomunicações e a Sociedade da Informação na posição de sector estratégico para o desenvolvimento destas regiões. Os procedimentos seguidos pelas RUP neste domínio apresentam analogias mas também particularidades de acordo com o respectivo país de origem e o seu estatuto jurídico, ou seja, de acordo com a abrangência das competências das regiões e as especificidades próprias de cada território regional (dimensão, economia, cultura, etc.). Num primeiro nível, diferenciam-se habitualmente dois grandes grupos: as RUP francesas e as RUP ibéricas. A outros níveis, podem surgir subgrupos de acordo com as problemáticas estudadas, como, por exemplo, as regiões "arquipélagos" vs. as regiões "monoterritórios". Tal como já tinha sido constatado no estudo de 2001, raramente existem documentos públicos estruturados e globais que apresentem de forma detalhada e regularmente actualizada o estado da Sociedade da Informação, os objectivos seguidos, as acções a decorrer e a levar a cabo, os meios a implementar, os indicadores de acompanhamento a utilizar, os intervenientes a mobilizar, etc. As regiões conseguiram realizar determinados estudos mas estes não foram difundidos com a regularidade suficiente ou não foram objecto de uma "apropriação" por parte das instâncias regionais para servir de base à preparação de uma estratégia regional.

Principais documentos de orientação, esquemas directores, estudos e programas de acção

Guadalupe

○ Integração do programa "Guadeloupe Numérique” no DOCUP 2000-2006 (Medida 4 do Eixo de "Transportes e Tráfego") com 5 objectivos: acesso à Internet para todos a menor custo; integração das TIC nas empresas; formação de jovens; desenvolvimento sociocultural; modernização da administração.

○ 2002: estruturação progressiva do “Guadeloupe Numérique” em duas etapas: redução do isolamento através de ligações com o exterior; criação de uma rede regional.

○ 2002: lançamento do PRAI Guadalupe para 2003-2004. ○ 2003: lançamento de um estudo técnico-económico para a instalação de

um cabo submarino Guadalupe - Porto Rico e lançamento de uma DSP pela Região.

○ 2004: atribuição da DSP do cabo e lançamento de um estudo para a criação de uma rede intra-regional de banda larga pela Região.

Guiana

○ Abril de 2001: criação de um grupo de trabalho Estado - Região e reflexão sobre a criação de uma comissão de organização para elaborar uma estratégia e um programa regional de SI

○ Integração de uma medida específica de TIC no DOCUP 2000-2006 (4,4 milhões de euros). As prioridades: redução do isolamento das regiões muito isoladas através de teleserviços de utilidade pública; desenvolvimento económico/científico; formação inicial e profissional; cultura; infra-estruturas.

○ Revisão do DOCUP a médio prazo com melhor consciencialização das TIC.

○ 2003: lançamento de um esquema director das telecomunicações para a Região.

○ Lançamento do PRAI "Comunidades guianenses em rede" 2005-2006 (4 milhões de euros) com 5 vertentes: E-administração, E-cultura, E-educação; E-economia; Centro de recursos.

○ 2004: lançamento de um procedimento de DSP para a rede regional de banda larga.

Martinica

○ 1998: criação de uma comissão de organização presidida pela CCIM e lançamento de vários estudos para elaborar um projecto global a fim de "tornar a Martinica num posto avançado da Sociedade da informação"

○ 2001: relatório sobre o estado da SI ○ Integração da estratégia regional "Martinica: zona avançada da SI -

Martinique Valley" no CPER e no DOCUP 2000-2006 (67 milhões de euros). Sete objectivos: infra-estruturas de telecomunicações; melhoria do ambiente da SI, posicionamento da Martinica na Internet; sensibilização dos intervenientes; igualdade de oportunidade no acesso às TIC; reforço dos canais de TIC; recursos humanos e emprego.

○ 2003: 2º relatório sobre o estado da SI e proposta da comissão de organização para edificar um verdadeiro esquema director das telecomunicações na Martinica.

○ 2004: lançamento do estudo de viabilidade técnica e económica para a criação de uma rede regional de banda larga pelo Conselho Regional.

○ Julho de 2005: lançamento de um procedimento de DSP

Page 38: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 38

A elaboração dos programas europeus permitiu muitas vezes levar a cabo reflexões estratégicas e elaborar documentos de orientação. No entanto, raramente se tratou de planos estratégicos globais. Em várias regiões, são conduzidos programas em paralelo sem interligação e, por vezes, sobre temáticas próximas, o que reforça esta noção de dispersão e de horizontes limitados. Na maior parte das regiões, verifica-se existir uma falta de informações e informações dispersas ou contraditórias. Da mesma forma, é de sublinhar a indigência dos dados estatísticos sobre as telecomunicações e a Sociedade da Informação ao nível regional, o que aumenta as dificuldades para elaborar e implementar estratégias e políticas neste domínio. Esta situação tem várias explicações: • A dificuldade em transportar para o nível

regional os exercícios de prospectiva e de planificação estratégica e operacional e em compreender os fenómenos de forma global, sendo muitas vezes privilegiadas as abordagens sectoriais.

• Uma tomada de consciência apenas recente dos objectivos relacionados com a temática da Sociedade da Informação por parte das RUP e uma sensibilização ainda insuficiente por parte dos dirigentes regionais e locais. Não existe ainda uma massa significativa ou suficiente de dirigentes locais convencidos da importância de uma reflexão colectiva ou global. Muitos destes não vêm ainda nessa reflexão um interesse real (em comparação, nomeadamente, com outras preocupações de desenvolvimento económico e social) ou sentem-se, por vezes, ultrapassados pelo aspecto técnico destas questões.

• Nas regiões francesas, existe um obstáculo de peso que é a repartição das competências no âmbito da descentralização. A competência das telecomunicações / Sociedade da Informação é uma competência partilhada entre vários intervenientes (Estado, Departamento, Região, etc.), o que torna mais difícil, sem um trabalho de estreita cooperação, a elaboração de um quadro estratégico global (consultar em baixo). Nas Canárias, a organização territorial complexa, com vários níveis de competências locais, pode também tornar mais difícil a coordenação das acções.

• A dificuldade em obter dados dos operadores de telecomunicações. Estes, por razões de estratégias comerciais, mostram-se muitas vezes reticentes em comunicar valores. Além disso, os "operadores históricos" já não são obrigados a fornecer valores, devido à liberalização. Por outro lado, as obrigações de comunicação e de difusão dos dados regionais diferem de acordo com as legislações nacionais. Por exemplo, não existem dados regionalizados em relação à telefonia móvel em Portugal. Além

Principais documentos de orientação, esquemas directores, estudos e programas de acção

(continuação)

Canárias

○ 1996-1997: elaboração do documento "Notas para o desenvolvimento da SI" e publicação de relatório sobre a "Dinamização da SI nas Canárias”.

○ Setembro de 2000: elaboração do "Plan para el dasarrollo de la sociedad de la informacion en Canarias 2000-2006" (PDSIC ou "Canarias Digital"), no quadro do Plano de Desenvolvimento das Canárias (PDCAN) e do Plano Director das Infra-estruturas das Canárias (PDIC); publicação do documento: "Sistema de indicadores de la sociedad de la informacion en Canarias" (SISIC).

○ Integração de um Eixo da Sociedade do Conhecimento (Inovação, I&D e Sociedade da Informação) de 120 milhões de euros no Programa Operacional integrado das Canárias 2000-2006.

○ Dezembro de 2001: adopção do Interreg III B da Macaronésia que inclui iniciativas da Sociedade da informação (Objectivo 2).

○ Adopção do "programa de acciones innovadoras de Canarias" PRAI Canárias que sucedeu ao RIS+ Canárias que, por sua vez, havia sucedido ao RITTS "PEINCA" (4,3 milhões de euros)

○ 2003: suspensão do "Canarias Digital" ○ Abril de 2005: Criação do "Fórum canarino para a SI" e do

Observatório da Sociedade de Informação.

Reunião

○ 1988: plano regional de desenvolvimento das telecomunicações avançadas (PROTEL) e lançamento de diversos estudos.

○ 2001-2002: lançamento de um esquema director regional das telecomunicações.

○ Integração da Medida A9 “Integração das TIC na sociedade de Reunião" no CPER e no DOCUP 2000 - 2006 (61 milhões de euros). Cinco prioridades: desenvolvimento das empresas; reforço dos canais de TIC; modernização dos serviços públicos e aplicações de interesse geral; acesso para todos; infra-estruturas partilhadas de telecomunicações; cooperação na bacia Sul do Oceano Índico.

○ Adopção do PRAI Reunião 2002-2003 ○ 2004: lançamento da DSP para a criação de uma rede

regional de banda larga (Gazelle).

Page 39: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 39

disso, nas RUP portuguesas, por exemplo, o número de operadores muito limitado torna mais difícil a difusão de dados.

• A falta de competências ao nível regional para realizar estudos sobre as telecomunicações. É muitas vezes necessário recorrer a consultores externos na região.

• De uma forma mais global, qualquer que seja o estatuto das regiões, existe um problema de insuficiência de recursos humanos dedicados ao acompanhamento destas questões ao nível dos poderes públicos regionais (consultar em baixo).

2.3.2 A importância da alavanca europeia Tal como foi acima sublinhado, a concepção e a implementação dos programas comunitários gerais e temáticos desempenharam um papel fundamental na elaboração de um quadro estratégico e de projectos para o desenvolvimento das TIC por parte dos intervenientes das RUP nos seus territórios. Foram-lhes atribuídos meios importantes pela União europeia desde 1996, mas também, e sobretudo, depois do período de programação orçamental de 2000-2006, os quais incitaram fortemente as regiões, especificamente as RUP, a integrar uma secção sobre a Sociedade da Informação nos seus programas de desenvolvimento e a participar nas diferentes iniciativas europeias de promoção da Sociedade da Informação. Podem referir-se, por exemplo, os programas resultantes da programação orçamental "clássica" dos fundos estruturais (DOCUP ou PO): • As diferentes medidas relativas à Sociedade

da Informação dos DOCUP nos DOM. Algumas foram reavaliadas no âmbito da revisão intermédia dos fundos estruturais, de forma a serem consideradas novas prioridades, tais como as telecomunicações / TIC.

• Os Programas operacionais regionais Objectivo 1 para as regiões portuguesas e para as Canárias que incluíram muitas vezes uma secção sobre telecomunicações / TIC: o POPRAM na Madeira, o PRODESA nos Açores, o PDCAN / PDIC / PDSIC (Canárias Digital) e o "Programa Operativo Integrado de Canarias".

Principais documentos de orientação, esquemas directores, estudos e programas de acção

Madeira

○ 1998: criação do NESI "Núcleo Estratégico da Sociedade da Informação" animado pela Madeira Tecnopolo, que se tornou a entidade promotora da política regional em matéria de SI.

○ 2000: elaboração da estratégia "InfoMadeira 2006" que não teve consequências.

○ Actualmente, coexistem 4 "programas": ○ Integração da Medida 1.2 do Eixo Prioritário de

"Desenvolvimento de uma Plataforma de Excelência Euro-Atlântica" no POPRAM III, o Programa Operacional Plurifundos da Região Autónoma da Madeira 2000-2006.

○ Dezembro de 2001: integração de um objectivo SI no Interreg III B da Macaronésia (Objectivo 2)

○ Janeiro de 2003: aprovação do programa "Madeira Digital" elaborado no quadro da Medida 2.3 “Projectos Integrados: das Cidades Digitais ao Portugal Digital” do POSI 2000-2006 (anteriormente POCT). 26 milhões de euros em 3 anos.

○ 2004: adopção do PRAI-Madeira

Açores

○ Quatro programas desempenham um papel importante: ○ PRODESA (2000-2006) – o Programa Operacional para o

Desenvolvimento Económico e Social dos Açores permite fornecer investimentos estratégicos para o desenvolvimento das TIC.

○ Dezembro de 2001: integração de um objectivo SI no Interreg III B da Macaronésia (Objectivo 2)

○ 2003: aprovação do "Programa Açores Região Digital" apresentado no quadro da Medida 2.3 “Projectos Integrados: das Cidades Digitais ao Portugal Digital” do POSI 2000-2006 (anteriormente POCT). Montante total: 13 milhões de euros.

○ Março de 2003: adopção do PRAI-Açores. Preparação em curso de um novo "Plano Estratégico de Ciência e Tecnologia da Região Autónoma dos Açores". Estão previstos sete programas, dois dos quais dizem respeito às telecomunicações e à Sociedade da informação: ○ PRATICA: plano regional para o desenvolvimento das TIC

nos Açores ○ CIDEF: Programa regional para a inserção na Sociedade da

Informação das pessoas portadoras de deficiências e necessidades especiais.

Page 40: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 40

• A articulação regional dos programas operacionais nacionais na área da Sociedade da Informação. É o caso dos Programas "Madeira Digital" e "Açores - Região Digital" que constituem a implementação da medida 2.3 Projectos Integrados: o programa das Cidades Digitais de Portugal, introduzido através do Programa Operacional Sociedade da Informação nacional (POSI), denominado actualmente POSC (Programa Operacional Sociedade do Conhecimento).

Paralelamente ao DOCUP e ao PO, existem programas de iniciativa comunitária, nomeadamente o INTERREG III B com o programa Macaronésia – Atlântico (Açores, Madeira, Canárias e outros países da zona), o programa "Caraíbas" (Guadalupe, Martinica, Guiana e outros países da zona) e o programa Oceano Índico (Reunião e outros países da zona). Todos eles integram uma secção sobre TIC, sobretudo o Programa Macaronésia, que parece excepcionalmente bem elaborado no que diz respeito à sua secção sobre a Sociedade da Informação, com um grande número de projectos em curso e aprovados. Por fim, no âmbito das acções inovadoras do artigo 10 do FEDER, seis das sete RUP elaboraram um Programa Regional de Acções Inovadoras (PRAI) que inclui uma secção sobre telecomunicações / TIC mais ou menos bem definida. A 7ª região, a Martinica, está a preparar um projecto de programa. No total, estes diferentes programas europeus permitiram incentivar a criação e a implementação de projectos de forma relativamente estruturada. Porém, esta multiplicidade de programas nem sempre permitiu uma boa legibilidade por falta de um quadro estratégico global e de coordenação por parte dos intervenientes responsáveis. Para além disso, o carácter comunitário dos programas teve, por vezes, como consequência o facto de estes estarem mais sob a responsabilidade de "técnicos de engenharia financeira" do que dos dirigentes políticos.

2.3.3 As principais orientações dos programas para a Sociedade da Informação

De uma forma geral, as orientações prioritárias para o desenvolvimento da Sociedade da Informação que se destacam nos programas podem ser classificadas em 8 grandes secções: • O desenvolvimento das "infra-estruturas" de telecomunicações: plataformas regionais de banda

larga e ligações com o exterior; • A educação, a formação e a investigação; • A modernização da administração através do governo electrónico; • O desenvolvimento económico e tecnológico: integração das TIC no sector produtivo e comércio

electrónico, desenvolvimento da área das TIC, criação de pólos de excelência tecnológica; • A luta contra a info-exclusão: Internet para todos, pontos públicos de acesso, sensibilização; • A cultura: criação de conteúdos regionais multimédia, valorização das culturas regionais; • A saúde: telemedicina; • A valorização e a protecção dos recursos naturais, do meio ambiente e a gestão dos riscos. Estas secções são mais ou menos desenvolvidas consoante as regiões em função, por exemplo: • das características geográficas, económicas, sociais e culturais das regiões; • dos níveis iniciais de desenvolvimento das infra-estruturas e serviços de telecomunicações e, por

conseguinte, das necessidades a colmatar;

Page 41: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 41

• da repartição das competências: a Madeira e os Açores, enquanto Regiões Autónomas de Portugal, estão dotadas de poderes legislativos e executivos e as Canárias, enquanto Comunidade Autónoma, têm competências próprias alargadas e estão qualificadas para intervir em numerosos sectores. Por outro lado, os Conselhos Regionais franceses são colectividades locais que, se, por um lado, estão limitadas nas suas intervenções devido às leis de descentralização (e aos meios financeiros associados), por outro lado, enquanto regiões monodepartamentais, devem partilhar competências com os outros níveis (Estado e intervenientes locais).

A integração mais ou menos marcada nos dispositivos nacionais existentes desempenhou também um papel importante na natureza e na amplitude das acções levadas a cabo nas RUP. Por exemplo, nas regiões ibéricas, as estratégias e os programas nacionais para a Sociedade da Informação definidos pelo governo central (no caso da Espanha, o Plano de acção INFO XXI, seguido pelo plano "espana.es"; no caso de Portugal, o "Plano de acção para a Sociedade da Informação - Uma nova dimensão de oportunidades", os planos de acção sectoriais adoptados em 2003, etc.) orientaram muitas vezes as reflexões realizadas pelas regiões, bem como os seus programas. Desta forma, as RUP ibéricas participam frequentemente em programas nacionais (campus virtuais, cidades digitais, Internet nas escolas, comércio electrónico, etc.), tal como as outras regiões continentais. Esta realidade é menos visível em França, onde os DOM são muitas vezes tratados "à parte", incluindo na área da Sociedade da Informação. Deste modo, os DOM não foram directamente abrangidos pelo programa nacional para a entrada na Sociedade da Informação (PAGSI), mas beneficiaram de um programa específico para as regiões ultramarinas, o Plano para a Sociedade da Informação no Ultramar (PSIOM). Em Julho de 2003, o Comité Interministerial para a Sociedade da Informação (CISI) apresentou recomendações aos DOM no sentido de favorecer a continuidade digital com o resto do território francês e adoptou diferentes medidas de apoio. As RUP francesas têm uma menor participação nas iniciativas nacionais, excepto em certas áreas como os programas de TICE do Ministério da Educação. No total, e de forma sem dúvida um pouco caricatural, pode assinalar-se que, globalmente, as RUP francesas parecem ter dado maior prioridade às infra-estruturas do que as RUP ibéricas, que investiram sobretudo nos conteúdos. A Região das Canárias encontra-se mais numa situação intermédia, tendo investido simultaneamente nos cabos (Cablo Submarino) e nas aplicações. Em relação aos conteúdos, as aplicações de governo electrónico são um eixo importante nas RUP ibéricas, indubitavelmente devido ao seu estatuto de governo autónomo.

2.3.4 A implementação das orientações prioritárias A implementação destes diferentes programas desde o início de 2000 nem sempre respondeu às expectativas iniciais. É certo que os intervenientes realçam os progressos realizados no âmbito do desenvolvimento das infra-estruturas, dos serviços de comunicações electrónicas e das utilizações, permitindo compensar o atraso relativamente às regiões continentais. No entanto, em termos de projectos estruturantes, constata-se que houve atrasos e que apenas iam ser implementados em 2005 projectos que já tinham sido decididos no início de 2000. Uma das explicações mais frequentemente avançadas é a insuficiência e/ou o custo dos serviços de banda larga nas RUP. Alguns projectos seriam bloqueados pelos investimentos de que necessitariam para aceder a uma largura de banda de maior capacidade.

Page 42: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 42

O desenvolvimento das infra-estruturas

Nas RUP francesas, o desenvolvimento das infra-estruturas regionais de telecomunicações é considerado prioritário: na Martinica, foi realizado, em 2004, um estudo técnico-económico sobre a exequibilidade de uma rede de banda larga gerida por uma DSP; em Guadalupe, um cabo submarino (GCN) e um projecto de implementação de infra-estruturas no território regional; na Guiana, uma DSP para a implementação de uma rede regional de banda larga; na Reunião, a construção da rede regional de banda larga partilhada Gazelle, desde Julho de 2003 (FO instalada nas linhas de alta tensão da EDF), com a utilização experimental da mesma a decorrer desde meados de 2004 por parte da Outremer Télécom; criação de uma DSP para seleccionar um delegado que assegurará a implementação dos equipamentos activos e de um serviço público de comunicação electrónica durante 12 anos. Nas RUP portuguesas, a situação é um pouco diferente dado que já existem redes suficientemente diversificadas. Actualmente, os governos regionais parecem querer valorizar as redes públicas alternativas existentes, nas quais têm um certo domínio (consultar secções anteriores). Estes projectos de infra-estruturas, cujos custos são muito elevados, são financiados no âmbito dos programas comunitários. Convém também realçar que o desenvolvimento de infra-estruturas alternativas (BLR, WiMAX, Wi-Fi, CPL e renovação das redes de cabo) por parte de novos operadores e a melhoria das coberturas das redes de telefonia móvel foram frequentemente financiadas por fundos públicos (nacionais, DOCUP ou PO), por exemplo, no caso das regiões francesas e das Canárias. Se estes investimentos constituem apostas consideráveis em termos económicos, também é verdade que têm tendência a absorver uma grande parte das energias locais e dos orçamentos disponíveis, subdimensionados aquando da adopção dos programas em 2000. Por exemplo, a secção 2 do Guadalupe digital não poderá ser implementada no âmbito do presente DOCUP pelo facto de os créditos estarem quase esgotados. Secção de educação, formação e investigação

As RUP ibéricas colocaram o equipamento, a ligação e a criação de uma rede global para ligar as escolas do primeiro e do segundo ciclo no primeiro lugar das suas prioridades. As taxas de equipamento melhoraram claramente desde há alguns anos. Por exemplo, na Madeira, os projectos na área da educação são particularmente numerosos: projecto "Um professor, um computador", projecto "Wireless Labs", plataforma para a comunidade educativa PLACE, projecto "Sítio da Educação", "educ@tif", etc. Uma rede ligando as escolas foi implementada pela Secretaria Regional da Educação e o ADSL está a ser instalado em todos os estabelecimentos ("Rede Escolar Integrada" REI XXI). Nas regiões francesas, a situação apresenta mais contrastes por várias razões. A competência da Educação (e, portanto, as TIC educativas) é partilhada entre o Estado (a Reitoria) e as colectividades locais (Câmaras para as escolas, Conselhos Gerais para os colégios e Conselhos Regionais para as escolas secundárias). Esta multiplicidade de intervenientes torna difícil a implementação de programas integrados, sobretudo quando a coordenação é fraca, o que acontece frequentemente. Para além disso, as RUP francesas confrontam-se com dificuldades específicas que não facilitam a conduta de uma política de TIC no sector da educação: forte crescimento demográfico que conduz a necessidades básicas importantes (construção de edifícios, por exemplo, na Guiana ou na Reunião); maiores restrições ao nível da manutenção dos materiais (clima) e da segurança; custos das ligações à Internet muito elevados, especialmente se forem de banda larga. Assim, as taxas de equipamento e de ligação dos estabelecimentos continuam a ser baixas e inferiores à média nacional, nomeadamente na Guiana e em Gadalupe e sobretudo no 1º ciclo. De facto, a Martinica e a Reunião parecem estar mais avançadas, tanto no 1º como no 2º ciclo. Por exemplo, a Academia da Reunião esteve entre as primeiras academias francesas a estabelecer o desenvolvimento das TIC como uma das suas prioridades. Ao nível do 1º ciclo, 80% das escolas estão actualmente ligadas à Internet (contra 66% em 2001). O Conselho Geral desenvolveu uma política ambiciosa de equipamento e de

Page 43: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 43

ligação dos colégios no âmbito de um plano de TIC para 2004-2006. O Conselho Regional elaborou um esquema director das escolas secundárias para as colocar em rede e desenvolver aplicações inovadoras no âmbito do PRAI. Na área do ensino superior e da investigação, as necessidades das comunidades são bastante consideráveis, sejam elas no âmbito das aplicações pedagógicas, de investigação ou de gestão. Estas precisam de grandes larguras de banda para as ligações intersítios e intercontinentais. Foram realizados progressos importantes, nomeadamente graças aos esforços das redes nacionais de investigação (RENATER, RCTS e IRIS). Por exemplo, nas Canárias, as universidades de Las Palmas e de La Laguna (Tenerife) construíram a sua própria rede local para os edifícios mais importantes e estão ligadas à rede nacional de investigação, com capacidades alargadas. Da mesma forma, as universidades e os centros de investigação portugueses também dispõem de infra-estruturas de telecomunicações bem desenvolvidas e diversificadas que ligam as diferentes instituições com capacidades que foram regularmente melhoradas e que são consideradas suficientes em relação às necessidades actuais. As duas universidades dos Açores e da Madeira participam na iniciativa nacional de Campus Virtuais, "e-U", coordenada pela UMIC. Nos Açores, este projecto permitirá fornecer uma mobilidade total nos três campus graças ao Wi-Fi. Nas RUP francesas, as capacidades da RENATER foram aumentadas. Para além disso, na Reunião, foi inaugurado em Julho de 2004 um nó de troca de tráfego para os operadores e fornecedores de acesso presentes na região (REUNIX). Este só atingirá a sua capacidade total quando os operadores e ISP se ligarem. Apesar destes progressos, duas dificuldades subsistem: • No caso das regiões francesas: apesar do aumento das capacidades, o nível do tráfego de saída

continua a ser preocupante e o desfasamento em relação às necessidades regionais existentes e às ligações disponíveis na metrópole (2,5 Gigabits em média contra 8 Mbps na Guiana, por exemplo, ou 10 Mbps de saída de tráfego IP para a Martinica e Guadalupe) continua a ser notório. Na Reunião, as capacidades da RENATER passaram a 10 Mbits, em Abril de 2004, graças a um financiamento Europa-Região-GIP de um ano. Para além do facto destas capacidades suplementares serem ainda insuficientes, estas foram atribuídas excepcional e transitoriamente, a título "experimental", apenas por um ano, isto é, até Abril de 2005.

• O custo da largura de banda da banda larga é ainda um entrave, nomeadamente à "banalização" da utilização das vídeo-conferências, cujo desenvolvimento surge, no entanto, como indispensável e particularmente pertinente no caso das RUP. As regiões englobam, de facto, numerosos campus multipolares (sobretudo nos arquipélagos) e inter-regionais (como é o caso da Universidade Antilhas-Guiana, que iniciou em 2003, com muito sucesso, as aulas universitárias do 1º ano de medicina por vídeo-conferência entre a Martinica e Guadalupe e que planeava iniciá-las com a Guiana em 2005, etc.).

Em matéria de formação profissional e de ensino electrónico, as RUP ibéricas são particularmente activas. Na Reunião, pode referir-se a RESINTER, ou "Rede para a integração das Novas Tecnologias Educativas na Reunião", que contribui para o desenvolvimento da formação aberta e à distância na Reunião. Secção de governo electrónico

Os teleserviços públicos e as aplicações de interesse geral estão sobretudo bem desenvolvidos nas regiões portuguesas e nas Canárias, onde o sector público é considerado como o elemento motor da transição para a Sociedade da Informação. Nas Canárias, o governo dispõe da sua própria rede para ligar todos os edifícios públicos. Foram elaborados numerosos projectos de governo electrónico, nomeadamente o Portal para os Cidadãos "Canarias.es" ou o projecto PLYCA de serviços electrónicos para os contratos.

Page 44: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 44

Na Madeira, a administração regional começa a abrir concursos públicos com o objectivo de melhorar as suas infra-estruturas de telecomunicações e de implementar projectos de governo electrónico. Pode referir-se o Portal do Governo "Governo Electrónico da Madeira", os serviços em linha da Electricidade da Madeira, o SIG da Secretaria Regional do Equipamento Social e Transportes, os formulários em linha (Direcção Regional da Administração Pública Local), o sistema de pagamento electrónico da empresa de transportes Horários do Funchal, etc. Nos Açores, o governo prepara-se para melhorar as suas infra-estruturas através de um importante concurso público que está a decorrer, o que lhe irá permitir desenvolver os seus serviços de governo electrónico. Para além disso, vários projectos foram já lançados, como, por exemplo, a criação de uma rede regional governamental, o Portal do Governo, a RIAC – "Rede Integrada de Apoio ao Cidadão" e o Centro de Dados da DRCT. O envolvimento dos municípios parece ser muito variável de região para região. Tal depende da existência ou não de associações de municípios, do seu dinamismo, do apoio das outras colectividades e da existência de programas nacionais para as cidades digitais (plano espanhol das "Ciudades Digitales"; programa "Cidades Digitais" em Portugal). Por exemplo, a Associação de Municípios da Madeira delegou à Empresa Intermunicipal da Madeira (EIMRAM), constituída pelos 11 municípios da região, o acompanhamento do projecto "Municípios Digitais" e o projecto de criação de 80 pontos de acesso público à Internet ("Esp@ço Net"). Nos Açores, a Associação de Municípios dos Açores (AMRAA) está a implementar o projecto "Açores Digital", ascendendo a 5 milhões de euros, que tem como objectivo desenvolver o governo electrónico local através do estabelecimento de uma rede municipal de banda larga, de uma plataforma tecnológica regional e da implementação de pontos de acesso público à Internet nos 19 municípios. Para além disso, as associações de municípios das RUP estabeleceram um programa de administração local digital no âmbito do INTERREG III B Macaronésia e Espaço Caraíbas (DIGIRUP). Algumas cidades apresentam também um acentuado dinamismo, tal como a cidade de Port na Reunião, o Funchal na Madeira, Fort-de-France na Martinica, a Horta nos Açores ou La Palma nas Canárias (projectos "Atlantic TIC" e "La Palma Digital" de desenvolvimento de acesso à Internet de banda larga por satélite e teleserviços públicos associados). A Câmara do Funchal, por exemplo, tem vários projectos, tal como o projecto "Município Digital, espaço Internet do Funchal". Desenvolvimento económico e tecnológico

De uma forma geral, as empresas e as organizações profissionais dão as boas-vindas aos progressos alcançados nos últimos anos, com a chegada do desagregamento, a implementação do ADSL ou do modem por cabo, a BLR, a melhoria da cobertura móvel, etc. As principais zonas de actividade económica estão hoje bem equipadas no que diz respeito às telecomunicações ou estão a ser reforçadas (fibra óptica, cabo, BLR, WiMAX, Wi-Fi, etc.), beneficiando do interesse de todos os operadores históricos e alternativos: polígonos industriais nas Canárias, Jarry 2000 em Guadalupe, Centro Internacional de Negócios da Madeira, sítio do pólo tecnológico de Saint-Denis e zona de actividade económica do Port, etc. Em certas regiões, estas zonas estão qualificadas para virem a tornar-se "montras tecnológicas". As empresas dos sectores tradicionais, pouco consumidoras de TIC, parecem estar satisfeitas, apesar dos custos da banda larga. Mas são também elas que mostram um interesse limitado pelas TIC e que permanecem pouco dinâmicas ao nível da integração destas ferramentas nas suas actividades, com utilizações ainda muito básicas. Pelo contrário, os grandes utilizadores profissionais, como, por exemplo, o turismo, mas, sobretudo, o sector das TIC, como os centros de assistência deslocalizados, o sector do audiovisual digital, as empresas de teleprocessamento, os editores de conteúdos e o desenvolvimento de software, etc., parecem estar limitados no seu desenvolvimento pelas baixas larguras de bandas disponibilizadas, pelo custo das ligações dedicadas de banda larga,

Page 45: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 45

pela falta de fiabilidade e de qualidade (nomeadamente ao nível da segurança) e, por fim, pela deficiência dos serviços de valor acrescentado, sobretudo em relação ao continente. Na Madeira, o elevado custo das linhas alugadas foi por vezes um factor de bloqueio na implementação de grandes empresas internacionais, grandes consumidoras de largura de banda, apesar de existirem dispositivos particularmente atractivos (nomeadamente ao nível da fiscalidade). Na Reunião, o custo das telecomunicações constitui um verdadeiro entrave ao estabelecimento de empresas, nomeadamente centros de assistência deslocalizados, embora tenham sido tomadas medidas no sentido de diminuir o custo do trabalho e de tornar o território da Reunião mais atractivo. Globalmente, as políticas para as empresas não sofreram um grande desenvolvimento nas RUP. Podem referir-se as ajudas às empresas para a integração das TIC, a realização de acções de sensibilização e de formação das empresas nas TIC, a criação de espaços cibernéticos ou de pólos multimédia nas empresas, o apoio ao desenvolvimento de sítios de Internet e de plataformas de comércio electrónico (como o PRAI Guadalupe, por exemplo). Na Madeira, o sector do turismo, sector económico fundamental, beneficiou de vários projectos de TIC: Madeiratourism.org, o Sistema de Informação e de Gestão dos Recursos Turísticos (SIGRT), a intranet dos serviços de turismo, etc. A mesma preocupação existe nas Canárias. Vários projectos INTERREG III B Macaronésia dizem respeito ao sector empresarial, tal como o projecto VEREDAS (comércio electrónico), a rede "B@N – Business Atlantic Network" (portal para a inovação e o empreendedorismo), etc. Saúde - telemedicina

As RUP tomaram consciência das vantagens que as TIC podiam oferecer na área da saúde. Desta forma, a maior parte das regiões implementou projectos interessantes nesta área. Os kits de telemedicina utilizados na Guiana são testados agora na Reunião, no Cirque de Mafate, para acções de telediagnóstico. Também na Reunião, foram criados o grupo de interesse económico de telemedicina para o Oceano Índico “Télémédecine Océan Indien" (G.I.E.T.O.I) e a rede de BLR "'PIRES" entre os estabelecimentos de saúde públicos e privados para servirem de alavanca operacional para projectos de telemedicina. A Madeira desenvolveu a "Rede Integrada da Saúde – RISM", à semelhança dos Açores, que criaram o "Sistema de Informação da Saúde – Açores Região Digital" (SIS-ARD). Nas Canárias, o projecto "RX digital" visa ligar hospitais com o objectivo de desenvolver aplicações de telemedicina e de telediagnóstico para as zonas desfavorecidas. As Canárias desenvolvem igualmente vários projectos com os Açores e a Madeira no âmbito do INTERREG III B Macaronésia: SAMAC (teleradiologia), INTELHOMA (telecirurgia), MEREMA (rede de telemedicina), etc. A problemática destes projectos, sendo grandes consumidores de capacidades de telecomunicações (rede de imagem médica, telemedicina, etc.), é o custo das ligações, o que limita o seu desenvolvimento. Luta contra a info-exclusão: Internet para todos, pontos públicos de acesso, sensibilização

As acções mais frequentes nas RUP são a criação de pontos públicos de acesso à Internet e, por vezes, a sua ligação em rede. É neste âmbito que, na Martinica e na Reunião, os Conselhos Gerais estão envolvidos em parceria com a CDC, o Estado e as Câmaras na criação de "bases cibernéticas". Na Reunião, a região também implementou "kits cibernéticos". Na Madeira e nos Açores, estes pontos de acesso públicos são desenvolvidos pelos municípios (consultar acima).

Page 46: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 46

Cultura, conteúdos regionais Esta secção encontra-se sobretudo desenvolvida nas RUP portuguesas e espanhola, onde é visível o desejo de promover os conteúdos em língua portuguesa ou espanhola, bem como a "cultura atlântica" (Macaronésia). Nas RUP francesas, apesar das fortes especificidades culturais (crioulas, caribenses, amazónicas) e de uma vontade manifesta de as valorizar, poucos são os projectos concretos, para além do arquivo e do desenvolvimento de bases de dados culturais multimédia. Actualmente, no conjunto das RUP, a banda larga é utilizada sobretudo para aceder a conteúdos exteriores às regiões. Os conteúdos regionais continuam frequentemente limitados e superficiais. Valorização, protecção e gestão dos recursos naturais, do meio ambiente e dos riscos

É uma grande preocupação nas RUP. Nas RUP ibéricas, este interesse traduziu-se, nomeadamente, pela implementação de projectos que utilizam as TIC. Na Madeira, em particular, a protecção e a gestão dos recursos são beneficiadas pela implementação de vários projectos de TIC nas áreas da biodiversidade, dos sistemas de informação sobre o meio ambiente e do desenvolvimento rural, da utilização racional da energia ou ainda da gestão da pesca. Nos Açores, a problemática da prevenção dos riscos (vulcanológicos, sismológicos, incêndios, etc.) e do desenvolvimento sustentável está na origem de muitos projectos que favorecem uma utilização significativa das telecomunicações (televigilância, rede de alerta e de protecção civil). O INTERREG III B Macaronésia permitiu também apoiar vários projectos inovadores nesta área, como, por exemplo, a rede SAMARCAN ("Red Salvavidas Interinsular para la zona Canarias – Azores – Madeira") ou ainda o "ALERTA II" (riscos sísmicos e vulcanológicos).

Page 47: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 47

2.4 As competências e as estruturas implementadas para responder aos desafios da Sociedade da Informação

2.4.1 Equipas regionais ainda frágeis e pouco coordenadas

O acompanhamento das questões relacionadas com as TIC nas regiões é assegurado a vários níveis: nacional (ver tabela), regional e local. Em relação ao nível local, em França, os departamentos (Conselhos Gerais) são activos no que diz respeito às TIC nas áreas em que se aplicam as suas competências, nomeadamente as escolas e a acção social. Mas o seu envolvimento é, no entanto, variável. Note-se que vários departamentos assinaram com a France Télécom "Cartas para Departamentos Inovadores" para melhorar a sua cobertura ADSL. Convém também sublinhar a particularidade de as RUP serem as únicas regiões francesas monodepartamentais. Por outras palavras, o território regional e o território departamental coincidem, o que coloca por vezes problemas de sobreposição. Nas Canárias, as duas províncias de Las Palmas e de Tenerife, os 7 "Cabildos" (Conselhos Insulares) e os municípios (reagrupados no seio da FECAM) estão também envolvidos no domínio da Sociedade da Informação, particularmente nos projectos de governo electrónico. Em Portugal, os únicos níveis intraregionais são os municípios: 11 na Madeira e 19 nos Açores. As respectivas associações, a EIMRAM na Madeira e a AMRAA nos Açores, estão empenhadas em vários projectos de governo electrónico local e de facilitação do acesso dos cidadãos à Internet (consultar acima).

Gestão das políticas de telecomunicações e da Sociedade da Informação (SI) ao nível nacional

Portugal Em 2005, a nova UMIC ou "Agência para a Sociedade do Conhecimento" passou a depender do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES). Esta nova agência nacional tem o estatuto jurídico de instituto público e tem como missão a planificação, coordenação e desenvolvimento de projectos no domínio da SI e do "governo electrónico". Foi aprovada em Junho de 2003 uma estratégia nacional para a SI. Esta definiu 7 pilares de acção. Foram adoptados dois planos de acção nacionais (o PASI ou Plano de Acção para a SI e o Plano de Acção para o Governo Electrónico), para além de três programas específicos: a Iniciativa Nacional para a Banda Larga; o Programa Nacional para a Participação dos Cidadãos com Necessidades Especiais na SI; o Programa para os Mercados Públicos Electrónicos. Em Julho de 2005, o XII governo anunciou um novo Plano para a SI "Ligar Portugal" adoptado no quadro do Novo Plano Tecnológico para Portugal, tendo como ambição construir em 2010 um "Portugal Digital". Este completa o novo Programa Operacional Sociedade do Conhecimento (POSC) que substitui o POSI.

Espanha Desde Junho de 2004, uma nova Secretaria de Estado de Telecomunicações e para a Sociedade da Informação (SETSI) que depende do Ministério do Indústria, do Turismo e do Comércio ficou encarregue de seguir o dossier das TIC através de duas direcções-gerais: a DG para o desenvolvimento da SI e a DG das telecomunicações e das tecnologias da informação. Por outro lado, a Agência RED.ES, ligada à SETSI tem por tarefa promover o desenvolvimento da SI e acompanhar o sector das telecomunicações. Uma nova estratégia para a Sociedade da Informação foi publicada em Julho de 2003, em substituição da iniciativa estratégica que havia sido adoptada em Janeiro de 2000 ("INFO XXI, uma Sociedade da Informação para Todos"). O novo Programa de Medidas para o Desenvolvimento da SI em Espanha, intitulado "España.es”, inclui 6 linhas de acção das quais três têm uma natureza vertical (Administración.es ; Educación.es ; Pyme.es para as empresas) e outras três são de natureza mais horizontal (Navega.es para a formação dos cidadão; Contenidos.es para a promoção dos conteúdos e da segurança na Internet e Comunicación.es para as campanhas de sensibilização).

França A coordenação entre os ministérios é realizada por meio de reuniões periódicas, em particular as CISI ou "Comissões Interministeriais para a Sociedade da Informação” e a CIADT ou "Comissão Interministerial de Ordenamento e Desenvolvimento do Território”, dedicada às questões relacionadas com o acesso de todos os territórios à SI e o desenvolvimento da banda larga.). Por outro lado, existem muitas estruturas governamentais dedicadas a esta questão: o ADAE para as questões relativas à administração electrónica, a MEN ou "Mission pour l'économie numérique" para as questões ligadas às empresas, a Direcção-geral das Empresas do Ministério da Economia, das Finanças e da Indústria para o desenvolvimento de serviços e tecnologias da informação, a DATAR para o acompanhamento do ordenamento digital dos territórios, a DUI ou delegação para a utilização da Internet, etc. A nível regional, cada prefeitura de região tem, desde 2001, um responsável pelas TIC encarregue de garantir a coordenação das acções do estado. Em Novembro de 2002, o programa "RESO 2007 – Pour une REpublique numérique dans la SOciété de l'information" relacionado com orientações estratégicas nacionais, substituiu o PAGSI ou (Programa de acção governamental para a SI), em vigor desde 1998. O RESO ambiciona dar um novo impulso à SI promovendo um desenvolvimento eficaz das suas infra-estruturas e utilização.

Page 48: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 48

Para além das acções ao nível local e da política dos governos nacionais, é o nível regional (Conselhos e Governos Regionais) que se afirma cada vez mais como o interveniente central em matéria de desenvolvimento da Sociedade da Informação. No entanto, o nível regional continua a não dispor dos meios para realizar esta ambição. Das 7 RUP, apenas duas regiões criaram Direcções regionais encarregues exclusivamente de acompanhar os dossiers de Telecomunicações / TIC e compostas de equipas relativamente bem equipadas e especializadas: as Canárias e a Reunião. Na Reunião, o Conselho Regional é o interveniente histórico de referência na área das TIC, com a criação desde 1988 do PROTEL, seguida pela implementação de uma verdadeira Direcção das TIC no seio dos serviços da Reunião, dotada de uma equipa de engenheiros, de responsáveis por estudos e de um serviço de acompanhamento documental particularmente dinâmico. Esta equipa dinamiza um Observatório em linha (http://tic.regionreunion.com/). Publica também uma revista mensal especializada na área das TIC (www.protelnews.net) e organiza seminários regularmente. Nas Canárias, o ministério competente do Governo Autónomo é o "Consejería de Industria, Comercio y Nuevas Tecnologías", responsável pela indústria, pelo comércio e pelas novas tecnologias. Duas direcções são responsáveis pelo acompanhamento das questões relacionadas com as telecomunicações e as TIC: a Direcção Geral das Telecomunicações e da Sociedade da Informação (DGTSI) e a Direcção da Indústria, cada uma possuindo uma equipa estruturada e competente. Havia um sítio de informação "Canarias Digital", mas este não é actualizado desde 2003. Nos Açores, uma organização bi-polar tem vindo a implementar-se progressivamente no seio do Governo para tomar a seu cargo estas questões. As questões ligadas às telecomunicações são acompanhadas pela Direcção Regional de Obras Públicas e Transportes Terrestres (DROPTT), que depende da Secretaria Regional da Habitação e Equipamentos. As que estão mais globalmente relacionadas com as tecnologias da informação e a Sociedade da Informação são acompanhadas pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia (DRCT), criada em 2000, que depende desde então da Secretaria Regional da Educação e Ciência. Nas outras regiões, na melhor das hipóteses, há um responsável para as TIC ou um director que, no entanto, é frequentemente responsável pelo acompanhamento de outros sectores: − Em Guadalupe, na sequência da reorganização interna do Conselho Regional, foi criada uma

nova Direcção de TIC, dedicada simultaneamente às telecomunicações e ao turismo e confiada à equipa anterior, o que permite assegurar uma certa continuidade, mesmo que os meios humanos do serviço pareçam ainda limitados.

− Na Martinica, era a CCIM que assegurava historicamente, desde a sua origem, a presidência do Comité de Coordenação da Sociedade da Informação e, consequentemente, da coordenação das acções. Actualmente, é o Conselho Regional que assegura a continuidade da implementação da rede de banda larga, embora não exista ainda um serviço de TIC.

− Na Guiana, as questões relacionadas com a SI são acompanhadas por um responsável para as TIC ligado à Direcção de Planeamento e Prospectiva.

− Na Madeira, não existe um serviço ou sequer uma pessoa designada junto da administração regional para tratar e resolver os problemas nesta área, mesmo que, formalmente, o decreto regional n.º 5/2005, artigo 3b) tenha encarregue a Secretaria Regional de Educação de orientar e supervisionar as questões relacionadas com a Sociedade da Informação. Na prática, a Secretaria delegou ao Madeira Tecnopolo a coordenação e a promoção de um determinado número de projectos de TIC. Por conseguinte, actualmente é o Madeira Tecnopolo que desempenha um papel central em todas as questões relativas à Sociedade da Informação. Porém, cada Secretaria do Governo Regional lança as suas próprias iniciativas. São muitos os que lamentam a falta de interesse político dos poderes públicos regionais nestas questões, a relativa ausência do Governo Regional nestas temáticas, assim como a dispersão das acções, ligada a uma falta de coordenação.

Page 49: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 49

Esta fragilidade das equipas regionais é problemática, sobretudo quando as políticas relativas à SI e os orçamentos a elas referentes foram sendo bastante reforçados ao longo dos últimos anos. Face aos operadores, as regiões têm por vezes um problema de reconhecimento, até mesmo de credibilidade. Nem sempre são reconhecidas pelos operadores como interlocutores válidos. Nas regiões francesas, para além disso, existe um obstáculo de peso que é a repartição das competências: por um lado, a competência das "telecomunicações" não é uma competência reconhecida às regiões e, por outro lado, as regiões não têm legitimidade para intervir no conjunto dos sectores ligados às telecomunicações, mesmo que tenham competência para o ordenamento do território e o desenvolvimento económico. Esta falta de legitimidade torna mais difícil a condução de uma política global por parte das regiões francesas. Além disso, da parte dos poderes públicos, há vários intervenientes (DATAR, Ministério dos DOM, Prefeitura, Regiões, Departamentos e municípios) que têm dificuldades em trabalhar em conjunto e em coordenar as suas acções. Como exemplo, podem referir-se as Cartas de "Departamento Inovador", assinadas frequentemente pelos Conselhos Gerais sem qualquer concertação com a política levada a cabo pelos Conselhos Regionais. Este problema de competência foi, aliás, realçado recentemente pela Associação de Regiões de França. Num documento preparatório de Março de 2005, a ARF apresentou um conjunto de argumentos para o reforço do papel de director dos Conselhos Regionais. Segundo a ARF, a banda larga deveria "antes de mais, servir um projecto político federador de desenvolvimento digital do território transversal às actividades das regiões: a educação e a formação, a saúde e a área social, a economia e o emprego, a administração pública e os transportes, todos os sectores devem poder aspirar a uma política digital". Desta forma, as regiões "deveriam exigir ao governo e à ART que este papel de coordenação, definido mas não atribuído na lei, lhes seja devolvido".

2.4.2 A falta de concertação e de coordenação entre os intervenientes

De uma forma geral, nota-se uma falta de cooperação e de concertação entre os intervenientes locais públicos e privados (estruturas estatais, colectividades locais, organismos consulares, representantes do sector associativo e privado, operadores, empresas, etc.) para a implementação das infra-estruturas de telecomunicações e o desenvolvimento dos projectos de TIC. Assim, na Madeira e nos Açores, não existe nenhuma instância consultiva nem procedimentos de coordenação no âmbito de uma parceria territorial. Na Reunião, embora o Conselho Regional organize regularmente reuniões com os outros intervenientes e parceiros, não existe nenhuma instância consultiva. Em Guadalupe, o lançamento oficial do programa Guadalupe Digital em Maio de 2001 tinha levado a região a implementar um Comité de Reflexão reagrupando as diferentes categorias de intervenientes públicos e privados interessados (Associação para o Desenvolvimento Económico e Ordenamento do Território, Associação para a Investigação, Ensino e Formação e Associação para a Democratização e Desenvolvimento Socio-cultural). Aparentemente, desde 2003, as reuniões do Comité têm sido cada vez mais espaçadas. Na Martinica, um comité de coordenação da Sociedade da Informação reunindo a Câmara de Comércio e Indústria, o Conselho Regional, o Conselho Geral e comunidades de municípios foi criado em 1998 para promover a Sociedade da Informação na Martinica. A presidência é desde então assegurada pela Região da Martinica.

Page 50: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 50

Convém lembrar que nas RUP francesas, esta falta de coordenação é ainda mais problemática no sentido de se conseguir assegurar uma certa coerência pelo facto de existir uma grande variedade de intervenientes: as estruturas do Conselho Regional, o Responsável para as TIC do Estado ligado ao Prefeito, a DRIRE, o Responsável para as TICE da Reitoria, o Responsável para as TIC do Conselho Geral quando este existe (ou a Direcção de Informática e Telecomunicações, ou mesmo a Direcção de Educação), as Câmaras de Comércio e Indústria, os municípios, etc. Nas Canárias, a criação de um Fórum da Sociedade da Informação ("Foro Canario de la Sociedad de la Información"), decidida em Abril de 2005 pelo mesmo decreto acima mencionado, deveria permitir melhorar este diálogo. Esta ausência de estrutura de diálogo formalizada e perene foi frequentemente realçada durante a implementação dos vários projectos, pois, para além dos problemas de coerência, este aspecto pode provocar situações de bloqueio.

2.4.3 A inadequação das ferramentas de acompanhamento e de análise da SI

Há uma verdadeira deficiência em termos de ferramentas de acompanhamento e de informação sobre a situação das telecomunicações e da Sociedade da Informação, as estratégias seguidas, os projectos, as ajudas disponíveis para os proponentes de projectos, etc. Exceptuando a região da Reunião, particularmente activa nesta área, nenhuma região implementou um Observatório das TIC e um Portal / sítio de informações. No entanto, nas Canárias, a criação de um Observatório foi anunciada no decreto de Abril de 2005 ("Observatorio Canario de las Telecomunicaciones y la Sociedad de la Información"). A criação de instrumentos de acompanhamento e de suportes de informação é uma grande exigência dos intervenientes. Na Martinica, a CCIM pretende que, ao nível do Comité de Coordenação, seja desenvolvido o interesse de criar um Portal da Martinica, de forma a federar as iniciativas de TIC. Para a UGETIC, na Guiana, urge implementar um verdadeiro Observatório das TIC que permita analisar concretamente a evolução da penetração da Sociedade da Informação nos lares e nas empresas.

Page 51: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 51

3 Conclusão: directrizes de recomendação

3.1 Introdução: enquadramento da problemática A análise da situação das redes e serviços de telecomunicações nas RUP (Regiões Ultraperiféricas) leva-nos a constatar uma disparidade em matéria de acesso em relação ao país de origem e, de modo mais acentuado, em relação aos meios europeus, tanto no que diz respeito à qualidade dos serviços propostos, como em relação às tarifas. Contudo, em relação aos serviços móveis, a situação parece menos preocupante do que nas redes e serviços fixos (ainda que as tarifas de roaming entre as RUP e o país de origem, no caso dos DOM - Departamentos Ultramarinos Franceses -, sejam ainda um problema). No sector das redes e serviços fixos, pode ainda ser observado nos DOM um atraso relativamente significativo no acesso à rede comutada, ao passo que a ausência de continuidade tarifária com a metrópole francesa resulta em preços de comunicações «nacionais» elevados. No entanto, no que diz respeito ao acesso de banda larga, a problemática alarga-se ao conjunto das RUP. Embora a questão das tarifas se coloque de forma mais significativa nos DOM (em relação a Espanha e Portugal, a questão coloca-se mais geralmente no plano nacional), o problema da qualidade dos serviços abrange as sete regiões. Verificam-se, em graus variados, consoante o caso, pelo menos três tipos de disparidades:

- por um lado, uma gama de serviços frequentemente (muito!) mais limitada do que nos países de origem;

- por outro lado, ofertas comerciais ainda mais frequentemente degradadas, a fim de possibilitar a proposta de tarifas «atractivas»;

- por fim, uma qualidade de serviço efectiva degradada, devido às elevadas taxas de contenção.

Para este fenómeno contribuem vários factores que resultam, em particular, das características estruturais específicas das RUP. A mais importante destas características é, sem dúvida, o afastamento. Este factor é particularmente significativo para os DOM, onde as distâncias entre os departamentos e a metrópole se situam entre os 6.700 km e os 9.400 km. O recurso a cabos submarinos de longo alcance para as comunicações nacionais intercontinentais acarreta, evidentemente, um custo, que também pode ser alvo de discussão, mas que constitui mais um elemento objectivo de diferenciação em relação à situação intrametropolitana. No que se refere à banda larga, o essencial das trocas é feito a nível internacional e, segundo as medições efectuadas, apenas cerca de 5% do tráfego permanece no interior de cada entidade regional. Mesmo que existam soluções de menor custo, em alternativa ao repatriamento do tráfego para a metrópole (particularmente para as Antilhas e a Guiana), estas não deixam de constituir uma despesa adicional na equação económica O problema do afastamento não é tão premente para as RUP ibéricas mas, apesar de tudo, parece traduzir-se por problemas de velocidade, na medida em que o alinhamento das tarifas de retalho locais com as dos países de origem coloca os operadores «sob pressão», visto que os preços grossistas são determinados pela distância, pelo menos parcialmente. Pode acrescentar-se um segundo factor, o da situação concorrencial da oferta nas RUP, que se manifesta em primeiro lugar nos mercados grossistas. No caso particular de França, foi a presença de vários operadores de redes concorrentes que permitiu ao mercado do ADSL e da banda larga, de maneira geral, beneficiar de tarifas relativamente baixas e estimular a procura.

Page 52: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 52

Nas RUP, a situação de monopólio em que se encontram até agora os operadores históricos das ligações intercontinentais e a sua posição extremamente dominante no âmbito das ligações intra-regionais, limitou as possibilidades de desenvolvimento nos mercados de retalho. Observa-se, assim, um nível de concentração muito mais forte da oferta nos mercados finais, com operadores históricos que detêm mais de 80% dos acessos à ADSL. No final de 2004, as quotas de mercado eram as seguintes: uma média de 81% para a France Télécom nos 4 DOM, 80% para a Telefonica nas Canárias e mais de 90% para a Portugal Telecom na Madeira e nos Açores. A concorrência encontra-se reduzida a uns poucos operadores, que operam apenas em determinados nichos de mercado. Neste ponto, pode ainda assinalar-se uma diferença entre os DOM e as RUP ibéricas. No primeiro caso, a concorrência é assegurada por operadores locais, cuja actividade se concentra nos DOM, enquanto que nas regiões espanhola e portuguesa, os fornecedores de acesso alternativos são essencialmente os principais concorrentes a nível nacional. Por último, a exiguidade dos mercados e a organização geográfica das RUP constituem um terceiro grande factor de diferenciação destas regiões em relação aos respectivos países de origem. À excepção das Canárias, a população de cada RUP não ultrapassa a de uma grande cidade. Os mercados alvo dos operadores são, assim, reduzidos (problema de massa crítica). Além disso, e isto é igualmente válido para as Canárias, a população concentra-se em determinados locais e a maior parte do território está praticamente «deserta». Nas ilhas, os locais povoados situam-se ao longo da costa e, especificamente no caso da Guiana, ao longo do rio Maroni; nos arquipélagos ibéricos, observa-se igualmente uma variação muito significativa de densidade populacional entre as ilhas principais e o resto das regiões. Outro ponto a assinalar é que o posicionamento das populações ao longo da costa se explica em grande parte pela possibilidade de acesso aos recursos marítimos, mas também, em muitos casos, pela dificuldade em instalar-se em zonas do território muito mais escarpadas e de difícil acesso. No quadro da instalação de redes de telecomunicações, a dificuldade das condições de acesso complica ainda mais a situação. O interesse marcado destas regiões pela experimentação de novas tecnologias de transmissão, especialmente sem fios, está muito relacionado com este aspecto. Em resumo, as RUP distinguem-se por características específicas que as diferenciam das regiões continentais europeias (nas quais se pode encontrar alguma destas desvantagens isoladamente) resultantes da acumulação e combinação das três grandes desvantagens estruturais supramencionadas, a saber:

• A componente de afastamento e isolamento, • A debilidade concorrencial da oferta, principalmente no mercado grossista, • A exiguidade e a organização geográfica.

Os custos adicionais das ligações de telecomunicações intercontinentais que decorrem destes factores representam um forte obstáculo ao desenvolvimento da concorrência, à implementação de redes e disponibilização de serviços, à qualidade do serviço oferecido e, finalmente, à segurança das comunicações electrónicas internacionais. Existem ainda outras especificidades que podem explicar determinados pontos do desenvolvimento particular das redes e do acesso às telecomunicações nas RUP, mas estes três factores pareceram ser os mais estruturantes, constituindo as outras condições não mais do que variações dos mesmos. De qualquer forma, voltaremos a abordar este assunto com mais pormenor.

Page 53: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 53

As directrizes que seguidamente se apresentam resultam directamente da anterior análise da situação e das expectativas associadas. Nesta fase, destacaram-se algumas recomendações que poderiam permitir melhorar a posição das RUP em relação à problemática do acesso às redes e serviços de telecomunicações. Estas directrizes, ou pelo menos as que vierem a ser adoptadas, deverão ser alvo de um estudo mais aprofundado para que seja devidamente avaliada a sua viabilidade técnica, jurídica, etc. As recomendações apresentadas nas secções que se seguem dividem-se nas seguintes grandes linhas de orientação:

− Ligações intercontinentais, inter- e intra-regionais, − Políticas públicas e governança das comunicações electrónicas, − Questões regulamentares.

Para cada linha de orientação, serão avançadas directrizes relativas ao conjunto das RUP e, conforme necessário, para cada uma das RUP em particular. Na medida do possível, serão especificados os níveis de intervenção necessários para implementar as recomendações: nível comunitário, nacional e regional.

3.2 Ligações intercontinentais, inter- e intra-regionais

3.2.1 Os factos Todas as RUP se encontram actualmente ligadas ao resto do mundo por pelo menos um cabo submarino de telecomunicações Conforme as regiões, existe disponível pelo menos um ponto de amarração. Apesar da presença de um grande número de operadores nos consórcios de gestão destes cabos, são os operadores históricos que dominam os pontos de acesso nas RUP: France Télécom, Portugal Telecom e Telefonica. As anteriores análises permitem destacar uma série de conclusões:

− As ligações por cabo submarino são total ou parcialmente controladas pelos operadores históricos. Alguma da capacidade dos cabos submarinos pode, de facto, ser comercializada por outros operadores accionistas.

− O controlo das estações de amarração dos cabos pelos operadores históricos traduz-se em tarifas elevadas de transporte de retorno («backhaul»). Estas consistem em tarifas de ligação entre o ponto de chegada do cabo submarino ao território regional e o POP do operador que aluga a capacidade do cabo.

− Assim, um operador que pretenda alugar a capacidade de transporte ou de tráfego IP entre os seus dois POP localizados no país de origem e na RUP tem de pagar uma tarifa que corresponde a cada um dos seguintes segmentos: o segmento submarino e o segmento terrestre.

Page 54: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 54

Pop Operador Ponto de amarração Ponto de amarração Pop Operador

Segmento terrestre no país de origem

Segmento submarino Segmento terrestre na RUP

− Ao influenciarem de forma significativa os preços de cada um dos segmentos terrestres ou

submarinos, os operadores históricos mantêm assim um domínio incontestado sobre as tarifas do preço grossista e, em última análise, sobre a implementação da concorrência nas RUP.

− Os preços de acesso têm vindo a baixar, mas permanecem ainda bastante elevados, o que tem tido um impacto duradouro sobre os preços de custo e os preços de retalho: o Entre 400 e 1000 euros/Mbps/mês nas RUP ibéricas o Entre 1500 e 1650 euros/Mbps/mês nas RUP francesas, à excepção de Guadalupe, onde

os preços grossistas se deverão situar à volta dos 375 euros no final de 2005

− Segundo os cálculos, em Junho de 2005, estas tarifas situavam as ofertas bastante acima das tarifas nacionais e representavam globalmente um custo adicional em relação ao preço de custo para os operadores alternativos na ordem do dobro do preço nacional nas RUP ibéricas e do quíntuplo do preço nacional nos DOM.

− O exemplo de Guadalupe é muito útil, uma vez que o preço grossista no final de 2005 se situa 24% acima do da metrópole. Pode considerar-se que, tendo em conta a distância geográfica, um «preço acessível» não deverá ser 20 a 25% superior ao preço da metrópole.

− No plano intra- e inter-regional, verifica-se uma situação praticamente de monopólio dos operadores históricos em relação ao acesso às infra-estruturas de telecomunicações. O desenvolvimento da concorrência e a difusão de novidades tecnológicas – BLR, WiMAX, Wi-Fi, CPL, etc. – passa pela abertura destas infra-estruturas aos operadores alternativos. Também neste aspecto a situação é idêntica, pelo que a acção dos Governos e Conselhos regionais se deverá alargar, a fim de estudar a oportunidade e a viabilidade de implementar redes regionais de banda larga neutras e abertas a todos.

− Em todo o caso, a questão da segurança das ligações de telecomunicações, em particular a nível intercontinental, tendo em conta as recentes rupturas de cabos submarinos (Guiana, Reunião), é um ponto particularmente importante a considerar.

As recomendações que resultam dos factos constatados devem naturalmente abordar de forma diferenciada as infra-estruturas de comunicação electrónica, conforme o seu estatuto: intercontinentais, inter- ou intra-regionais. O financiamento das infra-estruturas de transporte de retorno deve ser integrado na solução de suporte. De facto, a experiência mostra que os operadores históricos estão em situação de monopólio neste segmento do mercado e que as tarifas praticadas podem duplicar o preço da ligação intercontinental, comprometendo a economia global do projecto.

Page 55: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 55

3.2.2 As recomendações De modo geral, propõem-se duas recomendações que são válidas para o conjunto das regiões e que deverão ser implementadas em função das situações específicas de cada RUP: a disponibilização de ajudas ao investimento para a criação de redes públicas de telecomunicações ou de ajudas ao funcionamento para atenuar os diferenciais dos custos de revenda no acesso aos recursos de cabos existentes. 1/ Ao nível das ajudas ao investimento, trata-se de facilitar as iniciativas dos intervenientes públicos – Governos e Conselhos regionais – na implementação de novas redes públicas de comunicação electrónica neutras e abertas a todos. De facto, as redes de telecomunicações existentes permanecem propriedade dos operadores, quer seja em exclusividades ou através de um consórcio. Desta forma, não é possível obrigar os proprietários a abrir as suas redes a terceiros sem violar os seus direitos de propriedade. No quadro dos futuros fundos estruturais que serão geridos pelas RUP a partir de partir 2007, será possível à Comissão criar linhas de financiamento directamente destinadas a facilitar as acções regionais nesta área: ligações intercontinentais, inter- e intra-regionais. A partir do momento em que sejam tomadas iniciativas, por parte das colectividades regionais ou dos governos regionais, para implementar redes de telecomunicações de banda larga, a segurança das ligações deverá ser integrada na implementação das mesmas. Os cadernos de encargos redigidos pelos operadores candidatos à construção e exploração destas redes deverão incluir este ponto como um requisito obrigatório para qualquer solução proposta. Convém relembrar o contexto no qual poderão ser financiadas as novas redes. No caso dos serviços não serem disponibilizados pelo mercado de forma completa e satisfatória por carência de infra-estruturas adequadas, as autoridades podem declarar que a criação de infra-estruturas abertas por parte dos operadores de redes é do interesse público. É importante referir que os financiamentos dos SIEG (Serviços de Interesse Económico Geral)9 devem concernir apenas investimentos associados às redes e não ao conjunto dos serviços relacionados com o fornecimento de banda larga ao utilizador geral10. Os níveis de intervenção implicados são os seguintes:

- Por um lado, os Governos e Conselhos regionais, ao tomarem a iniciativa de realizar estudos de viabilidade técnico-económica e lançarem programas de implementação de redes públicas de comunicação electrónica de banda larga;

- Por outro lado, os operadores de telecomunicações, ao responderem aos concursos para a construção e exploração destas redes públicas e participarem financeiramente na sua implementação e exploração;

- Por fim, a Comissão Europeia, ao atribuir ajudas ao investimento no âmbito dos próximos DOCUP e programas operacionais.

9 É necessário preencher quatro condições para que sejam atribuídos subsídios ao abrigo do SIEG: o beneficiário deve estar encarregue de uma missão de interesse público claramente identificada; os parâmetros de cálculo devem ser estabelecidos de forma objectiva e transparente; o subsídio não pode ultrapassar a prestação do serviço público menos as receitas obtidas; o beneficiário é escolhido através de um concurso público real e efectivo. 10 Consultar o artigo da DG COMP H3 intitulado «State aid rules and public funding of broadband» disponível em: www.europa.eu.int/comm/competition/publications/cpn/cpn2005_1.pdf

Page 56: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 56

2/ Ao nível das ajudas ao funcionamento, trata-se de analisar as condições específicas da formação dos preços grossistas no âmbito das desvantagens estruturais de cada região. As tarifas grossistas são calculadas em função da distância, não são públicas e dependem frequentemente da capacidade de negociação dos operadores com o proprietário da infra-estrutura. Esta análise poderia ser feita através de um questionário enviado todos os semestres pelas autoridades nacionais de regulação aos operadores proprietários das infra-estruturas de telecomunicação, com obrigatoriedade de resposta. Este modelo de avaliação dos custos adicionais permitiria seguir a evolução das tarifas grossistas, das tarifas de retalho e respectiva composição. Poderiam então ser tomadas medidas específicas, tendo em conta as consequências sobre o comportamento dos utilizadores: operadores de serviços e clientes finais. Poderiam ser utilizados fundos de compensação para ajudar as RUP. Os níveis de intervenção possíveis são os seguintes:

- Por um lado, as autoridades de regulação nacionais, ao analisar a formação dos preços, nomeadamente através da gestão e seguimento dos inquéritos preenchidos pelos operadores de telecomunicações,

- Por outro lado, a Comissão Europeia, ao utilizar os fundos de compensação atribuídos a este tipo de dossiers, em função dos resultados obtidos nos inquéritos aos operadores.

As RUP ibéricas

No que diz respeito às três RUP ibéricas – Canárias, Açores e Madeira – vimos anteriormente que a tarifação dos preços de retalho é determinada pelo princípio de continuidade tarifária com o país de origem. Os custos adicionais são absorvidos de forma diferente, conforme os operadores alternativos e a RUP. Resultam três tipos de situações: − Por um lado, os operadores alternativos locais «gerem» o custo adicional aumentando a taxa de

contenção da largura de banda, o que resulta em má qualidade do serviço para o cliente final; − Por outro lado, alguns operadores retiram-se do mercado por não conseguirem absorver os

custos adicionais, particularmente devido à exiguidade do mercado, o que resulta na concentração do mercado e na diminuição da concorrência;

− Por último, os operadores alternativos locais posicionam-se essencialmente nos mercados cativos que são os centros urbanos e as principais ilhas dos arquipélagos, em detrimento do resto do território, e unicamente nos serviços de nichos.

Recomendações para as Canárias

Ao nível da rede intercontinental, apenas a Telefonica controla actualmente, através dos seus PENCAN, as ofertas de acesso de todos os operadores. A BT, por seu lado, possui um ponto de amarração do cabo SAFE em Altavista, embora este não esteja actualmente a funcionar. A construção de um cabo público proveniente do território continental espanhol representa uma distância de 2.000 km. Os estudos realizados sobre o cabo Guadalupe – Porto Rico situam os custos na ordem dos 25.000-30.000 euros/km.

Page 57: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 57

Entre as soluções de transporte consideradas, poderia revelar-se pertinente integrar um novo modelo de transporte ligado às telecomunicações que se basearia no modelo eléctrico espanhol. Tratar-se-ia da criação de uma rede pertencente a uma empresa privada na qual participariam todos os operadores de telecomunicações. Esta empresa seria simultaneamente proprietária e gestora da rede de transporte e agiria como um operador de operadores, propondo aos operadores de serviços o acesso à rede em condições não exclusivas, não discriminatórias e transparentes. A concorrência seria exercida através das ofertas e da qualidade e disponibilidade dos serviços em todos os pontos do arquipélago. Esta nova sociedade asseguraria a gestão e a exploração da rede interinsular e com o continente. No que diz respeito às ligações interinsulares, o operador Cablo Submarino já investiu na ligação entre Gran Canaria e Tenerife e planeia também proceder à ligação das outras ilhas. É indispensável uma ajuda financeira para que a sociedade possa garantir rapidamente os investimentos necessários. A distância de ligação entre as ilhas situa-se na ordem dos 1.500 km. Por outro lado, também é necessário integrar um mecanismo de compensação das despesas de funcionamento com base num modelo de seguimento dos custos adicionais (tal como anteriormente definido) e outros mecanismos de compensação para que os operadores de serviços deixem de ser penalizados pelas tarifas grossistas impostas pelos operadores de redes. Isso permitiria aos ISP locais – Auna, Idecnet, etc. – encontrar um equilíbrio económico, facilitaria a sua implementação no arquipélago e promoveria o retorno dos ISP que abandonaram o território – Jazztel, Uni2, etc. Em todo o caso, o seguimento da evolução dos preços de retalho permanece um elemento determinante da abordagem, a fim de verificar se os operadores reflectem a redução do preço grossista nos preços de retalho (consultar as recomendações relativas à regulação). Finalmente, no que diz respeito à questão da segurança da ligação com o continente, o cabo SAFE poderia desempenhar um papel de apoio em caso de ruptura do cabo principal. Assim, é necessário encetar conversações com a BT, a fim de estudar as condições e as modalidades práticas de acesso ao seu ponto de amarração. Em relação ao segmento intra-regional, será necessário um estudo de viabilidade técnica, económica e jurídica para avaliar a oportunidade de criar uma rede de banda larga pública em todas ou algumas das ilhas do arquipélago das Canárias. Recomendações para os Açores e a Madeira

As saídas de telecomunicações intercontinentais estão relativamente bem desenvolvidas, mas são caras e estão sob a alçada da Portugal Telecom. Nos Açores, o lacete regional interinsular e a ligação Açores - Continente (através do COLOMBUS III) foram financiados no quadro do REGIS II, ou seja, em parte por fundos públicos e europeus. O custo da ligação Açores - Continente foi de 33 milhões de euros, 38% dos quais foram financiados pelo REGIS II. Apesar de tudo, este apoio público não teve qualquer incidência na redução das tarifas da Portugal Telecom e o novo governo retomou as negociações do protocolo com a Portugal Telecom, para que seja possível retirar um verdadeiro benefício destes investimentos públicos. Para tal, é necessário que o governo regional dos Açores receba apoio da Comissão, da ANACOM (a autoridade de regulação nacional) e do governo nacional para sustentar as negociações com o operador. O financiamento público deveria permitir uma redução significativa das tarifas grossistas da Portugal Telecom (redução esta automaticamente estimada em 38%), o que permitiria o relançamento do desenvolvimento da concorrência nos Açores.

Page 58: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 58

No que diz respeito à ligação interinsular do arquipélago, ela é actualmente assegurada pelo lacete óptico regional que liga 7 das 9 ilhas (as ilhas das Flores e do Corvo são ligadas por feixes hertzianos). Também neste caso, o apoio do governo foi bastante significativo, uma vez que o financiamento no âmbito do REGIS II atingiu os 46% num investimento total de 20 milhões de euros. A abordagem deveria ser semelhante à anterior e permitiria uma redução dos preços grossistas em cerca de metade das tarifas actuais. Estas duas iniciativas deveriam agradar à administração regional, que lançou recentemente um concurso público para satisfazer as suas próprias necessidades e que deverá ter um impacto considerável no desenvolvimento global das infra-estruturas regionais. Em relação à questão da segurança, os cabos Colombus III e CAM Ring ligam os Açores ao continente. Desta forma, é possível conceber uma solução de reserva, para garantir a continuidade das comunicações através destes dois cabos. Uma vez que o apoio público aos investimentos nas ligações intercontinentais e inter-regionais já foi efectuado, resta realizar um estudo de viabilidade técnica, económica e jurídica em relação ao segmento intra-regional, para avaliar a oportunidade de criar uma rede de banda larga pública em todas ou algumas das ilhas do arquipélago, dado que a rede actualmente existente pertence à Portugal Telecom e não está aberta aos outros operadores, em particular no que diz respeito às ofertas de fibra óptica. Actualmente, passam pela Madeira seis cabos submarinos de fibra óptica, pelo que a ilha poderia potencialmente tirar partido da sua posição geoestratégica na rede internacional de cabos submarinos. Contudo, para as ligações externas, os operadores dependem das ofertas da Portugal Telecom em termos de cabos submarinos, vendo assim bloqueadas as suas próprias ofertas de serviços. No quadro do Programa Interrreg III B da Macaronésia, um projecto proposto pela Madeira e as Canárias visava construir um cabo submarino em fibra óptica para ligar a Madeira e as Canárias ao continente. Se tivesse sido levado a cabo, os governos regionais, proprietários da infra-estrutura, iriam poder colocá-la à disposição de todos os operadores. Todavia, este projecto foi abandonado, uma vez que se considerava que os seus custos seriam demasiado elevados. Mas existem outras soluções para reduzir o isolamento da Madeira. Uma delas consiste em ligar o arquipélago através do cabo dos Açores que pertence à Portugal Telecom, mas que foi co-financiado pelo governo dos Açores, dependendo do resultado das negociações em curso. Para tal, poderia optar-se por utilizar o Cam Ring da Madeira até aos Açores (que utilizaria o Colombus III para a ligação ao continente). Tal como no caso das Canárias, a utilização dos fundos de compensação permitiria ao governo da Madeira propor tarifas mais acessíveis para os operadores alternativos. Uma outra solução consiste em lançar um estudo de viabilidade para a construção de um cabo submarino Açores – Madeira – Canárias – continente (Portugal e Espanha). Este estudo teria por objectivo fazer pressão sobre a PT e a Telefonica, a fim de as levar a baixar as tarifas das respectivas ofertas. Por outro lado, permitiria precisar os aspectos económicos da implementação de uma tal solução. As primeiras estimativas são as seguintes: 30 milhões de euros para a ligação Açores - Madeira; 15 milhões de euros para a ligação Madeira – Canárias; 30 milhões de euros para a ligação Madeira – continente. Ou seja, estima-se um investimento de cerca de 75 milhões de euros.

Page 59: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 59

Uma terceira solução visa tirar partido dos vários cabos que ligam a Madeira, colocando em concorrência os operadores accionistas dos consórcios presentes (Sat2, Eurafrica, Atlantis2) para dispor de ofertas diferenciadas da parte dos operadores e colocar à disposição dos operadores alternativos locais esta gama de tarifas, a fim de lhes facilitar o acesso aos cabos actualmente existentes. Depois de estarem disponíveis, estas ofertas permitirão igualmente garantir a implantação de um mecanismo de segurança para as ligações dos operadores presentes. O que se pretende é tornar transparente a informação fornecida pelos operadores dos consórcios: identificar os operadores que apresentam ofertas de acesso às suas capacidades na Madeira; publicar as tarifas propostas por cada um deles, as condições e as modalidades de acesso e de locação/aquisição das capacidades, etc. A criação de um observatório, que poderia ser gerido pela ANACOM e/ou pelo governo regional, permitiria tornar públicas estas informações e promover o acesso às mesmas. Em relação ao segmento intra-regional, será necessário um estudo de viabilidade técnica, económica e jurídica para avaliar a oportunidade de criar uma rede de banda larga pública em todo ou parte do território do arquipélago da Madeira que fizesse concorrência à rede existente da Portugal Telecom (como acontece actualmente nos quatro DOM a fim de contornar os obstáculos impostos pelo operador histórico). As RUP francesas

A particularidade dos DOM consiste no facto de estas quatro regiões – Guadalupe, Martinica, Guiana e Reunião – não beneficiarem do princípio de continuidade territorial com a metrópole. Aqui, o factor de afastamento é muito mais significativo que nas RUP ibéricas. A distância destas ilhas em relação a Paris é de 6.760 km para Guadalupe, 6.830 km para a Martinica, 7.500 km para a Guiana e 9.370 km para a Reunião. Daqui resultam várias situações: − uma tarifa de retalho excessivamente cara, devido ao custo adicional do segmento

intercontinental, − uma penetração muito fraca da Internet de banda larga, devido à tarifa demasiado elevada, à falta

de capacidade e à má qualidade do serviço, − uma concorrência que se exerce principalmente nas zonas de concentração de emprego, mas

que não consegue solucionar o efeito da distância, − uma forte vontade dos organismos regionais de criar condições para uma verdadeira

concorrência em todo o território. Tudo isto faz com que os intervenientes locais tenham grandes expectativas em relação ao posicionamento dos DOM em condições de desenvolvimento económico, cultural e social que estejam de acordo com as exigências da globalização dos mercados. Recomendações para os DOM

Ao nível intercontinental, Guadalupe distingue-se dos DOM e das restantes RUP pela sua iniciativa de criar uma rede de cabo de banda larga através de um procedimento de DSP (delegação de serviço público). A partir do final de 2005, esta infra-estrutura irá ligar a ilha às redes mundiais dos operadores de telecomunicações através da ligação óptica com Porto Rico, a uma distância de 760 km, e implicou um investimento de 21,9 milhões de euros, com co-financiamento da Europa. Será este tipo de investimento reproduzível nos outros DOM?

Page 60: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 60

Existe a oportunidade de assegurar uma continuidade com a Martinica, com um custo de investimento estimado de 10 milhões de euros. Ao que parece, esta solução asseguraria a perpetuidade e o controlo quase total da Martinica no acesso ao exterior. O cabo Americas II existente poderia conferir uma ligação de segurança, em caso de ruptura do novo cabo. A abordagem DSP surge aqui como a mais oportuna para levar a cabo esta iniciativa. A ligação de segurança pode efectuar-se pelo acesso às capacidades do ECFS, no caso de Guadalupe, e do ECFS e do Americas II, no caso da Martinica Em relação à Guiana e Reunião, a situação é diferente. De facto, estas duas regiões são demasiado isoladas para ser possível adoptar uma solução idêntica, mesmo com o apoio financeiro europeu. A Guiana está ligada unicamente através do cabo Americas II que passa ao largo da região. Este cabo é acessível através do operador histórico e outros membros do consórcio que dispõem de recursos até ao ponto de amarração da France Télécom em Cayenne. Estes são a Sprint, Câble & Wireless ou ainda a Embratel, o operador brasileiro. Averiguações preliminares junto destes operadores confirmaram o seu interesse em abrir-se à concorrência e alugar as suas capacidades a longo prazo (sob a forma de "capital lease" ou de IRU). De facto, as tarifas actualmente propostas ao Conselho Regional da Guiana por um candidato à construção e exploração da rede de banda larga, no quadro da DSP, são compatíveis com os modelos de cálculo efectuados (consultar o parágrafo 3.2.2) e o seu montante permite pensar que o custo por Mbps transportado está muito próximo do proposto no continente. Averiguações levadas a cabo junto dos operadores accionistas do Americas II permitiram obter tarifas na ordem dos 400 euros/Mbps/mês, tratando-se de aluguer de longa duração ou de aquisição de IRU, o que pode ser considerado como um «preço acessível» relativamente aos cálculos efectuados (+25% em relação à tarifa grossista da metrópole). Contudo, o custo do IRU implica um financiamento ao «investimento» e a consequente ajuda por parte da Europa, no âmbito dos fundos estruturais. A questão da segurança permanece sujeita às ligações por satélite, que poderão servir de apoio com base nas ofertas da Intelsat ou Eutelsat, por exemplo. A Reunião está ligada exclusivamente pelo cabo SAFE que vem da África do Sul e que se prolonga em direcção à Índia através das Maurícias. As regras que regem os operadores no seio do consórcio privado dão à France Télécom o privilégio de propor as tarifas de acesso. Após uma decisão da ARCEP de Maio de 2005, este operador reduziu significativamente as tarifas. Contudo, as simulações efectuadas (consultar o capítulo 3.2.2) mostram que os custos adicionais permanecem ainda muito acima do preço da metrópole: a proporção é de 1 para 5. Segundo as estimativas da ARCEP, este diferencial pode ser reduzido para uma proporção de 1 para 2,5. Se o preço de retalho dos operadores alternativos reflectir integralmente esta redução, será possível uma aproximação ao preço acessível, tendo em conta o factor da distância, sempre na condição de que sejam cumpridos os parâmetros de qualidade do serviço. Assim, parece ser necessário conceber um mecanismo para seguir mais de perto a evolução das tarifas propostas. A Região poderia comparecer junto da ARCEP – no âmbito das novas prerrogativas que lhe permitem intervir directamente junto da autoridade de regulação – para fazer valer uma nova redução dos preços com base na análise da ARCEP e respectivos resultados. Uma outra solução para a Região da Reunião obter uma melhor articulação das tarifas em benefício dos operadores seria o lançamento de um concurso público junto dos operadores do consórcio SAFE, directamente pela «compra» de capacidade sob a forma de IRU ou indirectamente promovendo o lançamento de um concurso público pelos próprios operadores alternativos. Contudo, a experiência demonstra que a primeira solução é preferível neste caso.

Page 61: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 61

Tal como para a Guiana, a questão da segurança permanece sujeita às ligações por satélite, que poderão servir de apoio com base nas ofertas da Intelsat, por exemplo. No que diz respeito ao segmento intra-regional, todos os DOM estão actualmente em fase de lançamento de procedimentos de DSP: A Reunião optou pela locação e procura actualmente um operador para explorar a futura rede de

banda larga, depois de ter lançado um contrato de obras públicas para implementar uma rede óptica através dos suportes das linhas eléctricas da EDF.

Guadalupe, Martinica e Guiana optaram pela concessão e estão, há já alguns meses, em fase de delegação.

O caso da Guiana deve ser tratado à parte, pois este território tem uma dimensão geográfica que não pode ser comparada com a das restantes regiões, sendo esparsamente povoado. Devido a constrangimentos geográficos, uma parte do território deve ser fornecida com soluções de satélite, o que irá originar custos de funcionamento elevados. Neste caso, e para garantir o sucesso do projecto em curso, a Europa deverá atribuir fundos específicos no quadro do FEDER, a partir de 2007, mas também utilizar os fundos de compensação para suportar as despesas de funcionamento. Resumindo, estas recomendações têm em conta as especificidades de cada RUP e a sua situação actual. Ao nível intercontinental e interinsular:

- Espera-se apoio político nas negociações com o operador histórico (Açores e Madeira); uma iniciativa de construção de um cabo submarino intercontinental (Canárias e Martinica) e apoio aos operadores alternativos para disporem de capacidades interinsulares neutras e abertas (Canárias).

- Apoio financeiro para a aquisição de capacidade a longo prazo (IRU ou leasing a longo prazo) através do lançamento de concursos públicos para oferta de serviços (Guiana e Reunião).

Ao nível intra-regional, as RUP ibéricas deveriam tirar partido da experiência dos DOM e realizar estudos de viabilidade técnica, económica e jurídica, a fim de validar a melhor solução a implementar e as modalidades de acção concretas, tendo em conta as infra-estruturas existentes (principalmente as redes de cabos) numa política de ordenamento do território. Os DOM estão já empenhados no processo de criação de uma rede pública de banda larga, pelo que a Europa lhes deverá proporcionar um apoio financeiro ao investimento, para além de ajudas ao funcionamento para as partes isoladas do território da Guiana que só podem ter acesso por satélite.

Page 62: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 62

Quadro de resumo das recomendações relativas às ligações intercontinentais, inter- e intra-regionais

Canárias Açores Madeira Guadalupe Martinica Guiana ReuniãoEstudo e ajuda financeira ao investimento na construção de um cabo submarino

Prioritário Prioritário Prioritário Realizado Prioritário / em curso

Ajuda financeira ao investimento em infra-estruturas de transporte de retorno Prioritário Prioritário Prioritário Realizado Prioritário / em

curso Prioritário Prioritário

Financiamento para compra de capacidade em IRU ou leasing a longo prazo (10 a 15 anos) Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário

Apoio político nas negociações com os operadores Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário

Estudo sobre as condições de segurança das ligações de telecomunicações

Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário

Ajuda financeira ao investimento na construção de um cabo submarino

Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário

Estudo de um novo modelo de transporte Prioritário Prioritário Prioritário Em curso

Financiamento para compra de capacidade em IRU ou leasing a longo prazo (10 anos) Prioritário

Apoio político nas negociações com os operadores Prioritário Prioritário

Estudos de viabilidade técnica, económica e jurídica Prioritário Prioritário Prioritário Em curso Realizado Realizado Realizado

Ajuda financeira ao investimento na infra-estrutura regional de banda larga Prioritário Prioritário Prioritário / em

curso Em curso

Estudo de um novo modelo de transporte Prioritário Prioritário Prioritário Em curso Em curso Em curso Em curso

Realização e seguimento de experiências Prioritário Prioritário / em

cursoPrioritário / em

curso Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário / em curso

1 - Ligações intercontinentais, inter- e intra-regionais

Recomendações relativas às ligações intercontinentais

Recomendações relativas às ligações inter-regionais dos arquipélagos

Recomendações relativas às ligações intra-regionais

(*) Segundo o estudo realizado sobre o cabo Guadalupe – Martinica, o preço para a construção de um cabo submarino está calculado em cerca de 25.000-30.000 euros/km. (**) Estima-se que os estudos de viabilidade técnica e económica custem cerca de 100.000 euros. (***) A ajuda financeira ao investimento em transporte de retorno está calculada em 500.000 euros, em média. (****) O financiamento de uma ligação de 155 Mbps sob a forma de IRU ou de leasing a 10/15 anos está calculado entre 5 a 8 milhões de euros

Page 63: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 63

Medidas propostas Todas as RUP RUP ibéricas DOM

Comissão Europeia Governos regionais Conselhos regionaisBanco Mundial Operadores de

telecomunicaçõesOperadores de telecomunicações

Governos nacionais Organismos financeiros Organismos financeirosGovernos regionais Conselhos regionaisOperadores de telecomunicações

Operadores de telecomunicações

Governos regionais Conselhos regionaisOperadores de telecomunicações

Operadores de telecomunicações

Autoridades de regulação Governos regionais Conselhos regionaisGovernos nacionais ANACOM, CMT ARCEP

Governos regionais Conselhos regionais

ANACOM, CMT ARCEP

Governos regionais Conselhos regionaisOperadores de telecomunicações

Operadores de telecomunicações

Autoridades de regulação Governos regionais Conselhos regionaisGovernos nacionais ANACOM, CMT ARCEP

Financiamento para compra de capacidade em IRU ou leasing a longo prazo (10 anos)

Comissão Europeia Governos regionais Conselhos regionais

Autoridades de regulação Governos regionais Conselhos regionaisGovernos nacionais ANACOM, CMT ARCEP

Estudos de viabilidade técnica, económica e jurídica

Comissão Europeia Governos regionais Conselhos regionais

Governos regionais Conselhos regionaisOperadores de telecomunicações

Operadores de telecomunicações

Autoridades de regulação Governos regionais Conselhos regionaisGovernos nacionais ANACOM, CMT ARCEPAutoridades de regulação Governos regionais Conselhos regionaisGovernos nacionais ANACOM, CMT ARCEP

Estudo de um novo modelo de transporte

Realização e seguimento de experiências

Estudo de um novo modelo de transporte

Apoio político nas negociações com os operadores

Recomendações relativas às ligações intra-regionais

Ajuda financeira ao investimento na infra-estrutura regional de banda larga

Comissão Europeia

Estudo sobre as condições de segurança das ligações de telecomunicações

Comissão Europeia

Recomendações relativas às ligações inter-regionais dos arquipélagosAjuda financeira ao investimento na construção de um cabo submarino

Comissão Europeia

Níveis de intervenção

Estudo e ajuda financeira ao investimento na construção de um cabo submarino

Ajuda financeira ao investimento em infra-estruturas de transporte de retorno

Comissão Europeia

Financiamento para compra de capacidade em IRU ou leasing a longo prazo (10 a 15 anos)

Comissão Europeia

Apoio político nas negociações com os operadores

Recomendações relativas às ligações intercontinentais

Page 64: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 64

3.3 Políticas públicas e governança das comunicações electrónicas

É possível identificar três grandes directrizes de recomendação:

Melhorar a governança regional das questões relacionadas com as telecomunicações e as TIC;

Reforçar e melhorar as políticas públicas das RUP em matéria de TIC; Fazer das RUP laboratórios experimentais da Sociedade da Informação.

3.3.1 Melhorar a governança regional da Sociedade da Informação Uma boa governança assenta sobretudo sobre quatro pilares:

- uma divisão clara das funções dos intervenientes encarregues da governança das políticas públicas e das ferramentas de concertação e de coordenação,

- recursos humanos suficientes e com boa formação, - ferramentas de recolha, análise e difusão da informação, - uma visão estratégica integrada e um plano de acção provido de meios financeiros suficientes.

As análises temáticas transversais relativas a estes quatro pontos revelaram várias lacunas. Esta situação explica-se sobretudo pela falta de reconhecimento do papel chave que as Regiões podem desempenhar no ordenamento digital do território. Esta falta de reconhecimento não é exclusiva das RUP, como se pode verificar pelas tomadas de posição regulares das regiões europeias, que reivindicam uma clarificação do papel e das competências do escalão regional. Mas este problema parece particularmente sensível nas RUP, sobretudo nas RUP francesas devido ao seu estatuto de colectividade descentralizada e à sua "juventude". Como regiões autónomas, as RUP ibéricas possuem uma maior margem de manobra. Assim, ainda que a situação não seja uniforme ao nível das 7 RUP, parece ser globalmente desejável reforçar as capacidades de governança das Regiões em matéria de telecomunicações e Sociedade da Informação. Para tal, apresentam-se seis recomendações:

1. Afirmar as capacidades "jurídicas" das Regiões em matéria de TIC, 2. Reforçar as capacidades de organização das Regiões, 3. Incitar as Regiões a munirem-se de capacidades de concertação, 4. Encorajar as Regiões a equiparem-se com capacidades de observação e análise, 5. Melhorar as capacidades regionais de planificação estratégica e operacional, 6. Dar mais relevância ao dossier das TIC na cooperação entre as RUP e melhorar as

capacidades de cooperação internacional das Regiões. Reconhecer às autoridades regionais capacidades "jurídicas" bem estabelecidas em

matéria de TIC Seria importante que as autoridades nacionais de regulação das telecomunicações tivessem em conta os mercados das comunicações electrónicas das RUP com todas as suas especificidades.

Page 65: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 65

Isto poderia traduzir-se pela instauração de mecanismos de consulta obrigatórios nas Regiões. Poderiam igualmente ser facilitados procedimentos para Regiões apelarem às Autoridades11. Por outro lado, e isto é válido sobretudo para os organismos franceses, parece desejável que o Estado proceda a uma clarificação das competências entre os diferentes níveis de governança e reconheça o papel de cabeça de fila dos organismos regionais no domínio das comunicações electrónicas (por exemplo, na definição de esquemas regionais de telecomunicações, consultar a ARF). Incitar as autoridades regionais a reforçar as suas capacidades de organização

Parece indispensável que haja uma estruturação e um reforço das equipas regionais, sobretudo nas regiões dos Açores, Madeira, Martinica, Guiana e Guadalupe. As autoridades regionais deveriam criar estruturas permanentes (direcções, serviços) dotadas de competências jurídicas, de engenharia financeira, estratégicas e técnicas e com capacidade para desempenhar o papel de "plataforma de apoio", de sensibilização e formação dos intervenientes e de coordenação transversal das intervenções conduzidas pelos outros serviços do organismo ou do governo. Nas relações com o exterior, estas equipas estruturadas deveriam tornar-se interlocutores regulares dos outros intervenientes locais, dos organismos nacionais (autoridades de regulação, direcções-gerais dos operadores) e da Comissão Europeia. A existência destas estruturas deveria anteceder a inscrição de medidas relacionadas com as TIC nos programas regionais financiados pelos fundos europeus. Encorajar as autoridades regionais a munirem-se de instâncias de concertação

Para que as Regiões possam desempenhar melhor o seu papel de "chefe de fila", e para que as intervenções dos diferentes intervenientes sejam melhor articuladas entre si e se inscrevam no quadro de um diálogo permanente e construtivo, deverá incitar-se as Regiões a desenvolver instâncias de concertação, como por exemplo um "Fórum regional sobre a Sociedade da Informação", à semelhança do que foi recentemente criado nas Canárias. As “comissões” já existentes, como em Guadalupe e na Martinica, deverão ser revitalizadas. Num plano mais operacional, poderá optar-se por criar agrupamentos entre organismos públicos (do tipo "sindicatos mistos") e até mesmo entre organismos públicos e privados (parceria entre público e privado). Encorajar as autoridades a criar observatórios regionais das TIC

As carências em termos de indicadores regionais, dados estatísticos e ferramentas de organização e de análise são particularmente problemáticas quando se pretende avaliar as políticas em curso, elaborar medidas de correcção e conceber novas políticas. Tendo em vista a preparação dos próximos programas operacionais regionais, é aconselhável que cada Região se dote, tão rápido quanto possível, de um Observatório da Sociedade da Informação, que divulgue informações por meio de publicações, da Internet e de seminários. Este poderia incluir, entre outras coisas: − indicadores da implementação de redes abertas, das infra-estruturas mobilizáveis, da população

e território abrangidos, da penetração e qualidade dos serviços, etc., − indicadores e critérios de acompanhamento das tarifas grossistas e de retalho ao nível regional e

comparação com as tarifas do país de origem e estudos comparativos alargados, − um inventário dos projectos regionais (infra-estruturas e conteúdos) e internacionais (levados a

cabo nas regiões e países geográfica ou estruturalmente próximos das RUP), − análises de geomarketing e um Sistema de Informação Geográfica (traçado das redes).

11 Convém lembrar que, até à entrada em vigor do Artigo L1425-1 do Código Geral dos Organismos Territoriais, em Junho de 2004, os organismos locais franceses não podiam apelar à ART (Autoridade de Regulação das Telecomunicações) pois não eram reconhecidos como operadores. Esta lei colocou dificuldades ao Conselho Regional da Reunião, cujo apelo foi julgado inadmissível em Abril de 2004 pela ART.

Page 66: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 66

Os institutos regionais e nacionais de estatísticas deveriam ser incentivados a implementar estruturas de recolha e organização de dados relativos às telecomunicações, sobretudo através de mecanismos de troca de informação com os operadores de telecomunicações. Além disso, seria interessante estimular a troca de experiências relacionadas com estas iniciativas entre as RUP (sobretudo com base na experiência da Região da Reunião e dos trabalhos em curso nas Canárias). A curto prazo, poderia ser criado um "Grupo de trabalho inter-RUP sobre os observatórios regionais". A médio prazo, poderia igualmente ser concebido um "Observatório dos observatórios regionais das RUP", por exemplo no quadro da cooperação inter-RUP do INTERREG. Finalmente, parece importante que as Regiões coordenem os seus observatórios com as iniciativas do mesmo tipo desenvolvidas nas outras regiões europeias (por exemplo, IRIS, ORTEL, ERISA, ERIK Network, IT4ALL, IANIS, eRegion Hub, etc.) e/ou se proponham a participar nestas mesmas iniciativas. Ajudar as autoridades regionais a desenvolver as suas capacidades de planificação

estratégica e operacional em matéria de TIC A definição dos próximos programas europeus para 2007-2013 permitirá aos intervenientes envolverem-se na participação de documentos de contratualização. Porém, esta abordagem não será suficiente: parece ser indispensável que as Regiões desenvolvam um esforço mais global. As Regiões deveriam definir, de acordo com determinadas linhas de orientação: − uma estratégia regional em matéria de comunicações electrónicas, − um plano de acção para implementar a estratégia, que inclua acompanhamento, avaliação e

reactualização contínuos. − um esquema director regional de telecomunicações, que inclua um esquema regional de

ordenamento do território para a banda larga. Estes esquemas e planos, realizados em concertação com os intervenientes, deveriam ter um certo poder normativo. Deveriam igualmente ser alvo de ampla divulgação pública. Melhorar as capacidades de cooperação das Regiões ao nível europeu e internacional

Em relação à cooperação entre as RUP, deverá inscrever-se sistematicamente na agenda dos encontros entre Comissão, os Estados-membros e as RUP o tópico das telecomunicações e das TIC, a par dos temas da agricultura, pesca, transportes, etc. De modo mais geral, deverá favorecer-se a troca de experiências entre as RUP sobre estes temas, por exemplo, pela criação de uma rede de intercâmbio e de coordenação inter-regional estruturada e com reuniões regulares, com base num plano de acção e nas ferramentas comuns a desenvolver (observatório, conferência anual, grupos de trabalho temáticos, sítios Web, etc.). Esta rede poderia ser financiada no quadro do INTERREG. No que diz respeito à cooperação internacional, as Regiões devem ser encorajadas a acompanhar as iniciativas internacionais relacionadas com as TIC dentro do seu ambiente regional (Caribe, Oceano Índico, América Latina, países mediterrânicos) e a participar nos projectos regionais de telecomunicações. A Comissão Europeia e os governos nacionais deveriam promover a participação sistemática das RUP nos grupos de trabalho internacionais relacionados com o tema, em particular quando estão envolvidas agências de financiamento internacionais (como o banco Mundial) e as organizações de cooperação regional. Temos, por exemplo, o projecto EASSY para a costa leste africana ou ainda o projecto GCN de Guadalupe, para o qual o Banco Mundial lançou um concurso público em Agosto de 2005 a pedido da ECTEL (Eastern Caribbean Telecommunications Authority) para estudar a viabilidade do seu alargamento às outras ilhas do Caribe.

Page 67: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 67

Em relação às Regiões francesas, hoje em dia relativamente isoladas no seu ambiente regional devido ao seu estatuto de colectividade descentralizada, sugere-se que o Estado francês lhes atribua oficialmente uma capacidade jurídica de representação e de participação nas instâncias de cooperação regional, à semelhança da Reunião no seio da Comissão do Oceano Índico.

3.3.2 Reforçar e melhorar as políticas públicas em matéria de TIC O reforço e o melhoramento das políticas públicas em matéria de TIC traduzem-se por duas grandes recomendações:

- Aumentar e desenvolver as modalidades de financiamento público consagrado às TIC nos programas de desenvolvimento regional,

- Melhorar o conteúdo das políticas públicas por uma abordagem mais global e pelo desenvolvimento de aplicações particularmente pertinentes, tendo em conta as especificidades das RUP.

Reforçar os tópicos Telecomunicações e TIC nos futuros programas de desenvolvimento

regional Os documentos de programação dos fundos estruturais constituem ferramentas pertinentes para o impulso e coordenação das iniciativas locais nestes domínios. A programação futura para 2007-2013 deveria continuar a ter em conta, de forma prioritária, a dimensão "Telecomunicações e Sociedade da Informação". Propõem-se várias alterações à Comissão Europeia: − aumento do crédito para projectos relacionados com as TIC; − financiamento de determinados investimentos em infra-estruturas como serviços de interesse

geral (consultar as recomendações sobre as ligações intercontinentais e regionais); − inclusão de determinadas despesas associadas às telecomunicações nos futuros fundos de

compensação relacionados com as desvantagens específicas das RUP; − para além das ajudas ao investimento, mais ajudas para despesas associadas à animação e

implementação de projectos, indispensáveis para garantir o seguimento e a continuação dos projectos iniciados;

− melhor articulação entre as ajudas do FEDER e dos programas FED/MEDA/ALA aos projectos de cooperação inter-regional entre as RUP e os seus países vizinhos (por exemplo, para a construção de cabos submarinos).

Determinar intervenções adaptadas às especificidades de cada território

Ao nível dos domínios prioritários, não faz parte dos objectivos deste estudo determinar as prioridades regionais. Este trabalho deverá resultar de uma análise profunda de cada região, de uma concertação e de uma negociação entre as partes interessadas, com base numa análise prospectiva. É este o objectivo das estratégias e planos de acção regionais a elaborar (consultar acima). Contudo, parece importante insistir em alguns pontos-chave e princípios de acção para os futuros programas. É essencial que as Regiões desenvolvam uma abordagem mais global que no passado, que integre mais as "infra-estruturas, utilizações e serviços". Assim, os próximos programas para 2007-2013 deverão integrar a dimensão "Infra-estruturas" e planificar os investimentos a realizar de forma mais eficaz, com base num esquema director e numa estratégia regional para a banda larga. As Regiões terão igualmente um papel fundamental na estimulação das utilizações e desenvolvimento dos serviços adaptados a cada território e às competências locais.

Page 68: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 68

Para além de responder às necessidades, isto permitirá também dinamizar os "mercados", suscitar uma maior mobilização dos operadores e criar condições concorrenciais mais favoráveis ao desenvolvimento socio-económico das regiões. De seguida, apresentam-se de forma não exaustiva alguns exemplos que se revelaram particularmente pertinentes.

Ensino e investigação

o Acentuar os esforços para equipar e interligar as redes educativas de primeiro e segundo grau nas RUP onde se tenham acumulado atrasos (RUP francesas da América);

o Aumentar as capacidades de banda larga a preços acessíveis nas RUP francesas onde persistem as dificuldades (em particular, a Reunião);

o Encorajar os projectos de campus virtuais e vulgarizar a utilização da videoconferência;

o Ligar as redes das RUP à rede europeia de Investigação e Educação GEANT2 e estabelecer pontes privilegiadas com as redes internacionais apoiadas pela Comissão Europeia (por exemplo, a EUMEDCONNECT para os países mediterrânicos e a ALIS para a América Latina);

o Prosseguir com os esforços para desenvolver estruturas de formação de competências especializadas nas TIC (escolas de engenharia, centros de formação profissional).

Administração

o Acelerar o desenvolvimento e a interligação das redes de banda larga da administração pública regional e local

o Desenvolver as aplicações de governo electrónico (gestão interna, gestão interadministrativa e relação com os utilizadores).

Saúde

o Reforçar os meios consagrados aos projectos de redes de saúde de banda larga e aos projectos e experiências de telemedicina.

Desenvolvimento económico

o Eliminar de forma urgente, através de medidas adaptadas, a desvantagem da carestia das ligações especializadas, em particular para as regiões que desenvolveram uma estratégia forte para atrair para as zonas de actividades dedicadas empresas de teleserviços e do sector informático, fortemente consumidoras de telecomunicações (Madeira, Reunião).

o Desenvolver projectos de comércio electrónico adaptados às características económicas das RUP (turismo, comércio internacional e marítimo, artesanato, etc.).

o Reforçar as acções de sensibilização e de formação dos empreendedores e respectivos «aprendizes».

Conteúdos

o Insistir na pertinência dos projectos de desenvolvimento dos conteúdos locais (culturas, idiomas, património, etc.).

3.3.3 Fazer das RUP laboratórios experimentais da Sociedade da Informação

Constata-se uma certa efervescência tecnológica nas Regiões, sobretudo nas RUP portuguesas, que foram muito cedo consideradas pelos operadores como terrenos adaptados à experimentação de determinadas tecnologias. Parece interessante reforçar esta tendência e generalizá-la a todas as RUP, fomentando o desenvolvimento de projectos-piloto no quadro de programas inovadores. Contudo, actualmente, as RUP participam menos que as outras regiões europeias nos concursos lançados a nível nacional e europeu, sobretudo as RUP francesas. Vários motivos explicam esta situação: falta de informação sobre as RUP e nas RUP, que se vêem muitas vezes "esquecidas" pelos programas e parcerias relacionados com projectos inovadores, falta de disponibilidade e de competências para organizar as candidaturas, desvantagem da distância e do isolamento, etc.

Page 69: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 69

Porém, as expectativas do mercado são muito fortes, nomeadamente dos utilizadores domésticos, empresas e serviços públicos. Estes últimos constituem terrenos e viveiros suficientemente grandes e motivados para fazer destas regiões laboratórios experimentais das TIC. Poderiam ser lançadas acções prioritárias pela Comissão Europeia, Estados-membros e Regiões, a fim de melhorar a visibilidade, a participação e a integração das RUP nas iniciativas europeias e nacionais. Ao nível da Comissão Europeia

A Comissão Europeia poderia lançar várias acções para incitar e promover as parcerias com as RUP. Reforçar a visibilidade das RUP nos sítios Web da Comissão

Apoiar a participação das RUP nos programas de investigação europeus, sobretudo na área das TIC: o carácter ultraperiférico dificulta a participação efectiva das Regiões nos instrumentos dos programas de investigação europeus. O "Considerando 14" do 6º Programa-quadro de Investigação e Desenvolvimento, que visava promover a participação das RUP nas acções comunitárias de investigação e desenvolvimento, não foi cumprido. A preparação do futuro 7º Programa-quadro, que inclui um novo programa "Capacidades" para as regiões de convergência e as RUP, deveria incluir medidas concretas para promover e encorajar a participação das RUP nos projectos de investigação, sobretudo na área das TIC, por exemplo através das regras de financiamento dos projectos. A Comissão poderia constituir um Grupo de Trabalho dedicado a este tema.

Encorajar a participação das RUP nos outros programas europeus relacionados com as TIC lançados no quadro das políticas internas e externas: as RUP participam de forma marginal nas actividades conduzidas no âmbito dos programas europeus relacionados com as TIC (eLearning, eTen, eContentplus, eHealth, eBusiness, etc.). Do mesmo modo, elas estão pouco presentes nos programas de cooperação externa, tais como o @LIS (ALliance for the Information Society with Latin America) e o EUMEDIS (Euro-Mediterranean Information Society Initiative), muito embora pudessem valorizar o seu papel de "fronteira activa" da Europa. Poderiam ser tomadas várias medidas para incitar e ajudar as RUP a aumentar a sua participação nestes programas: melhor difusão da informação nas RUP, desenvolvimento de regras de financiamento (sobretudo em relação às despesas de coordenação e de gestão), sensibilização das direcções-gerais e dos serviços da Comissão Europeia potencialmente interessados.

Reservar um espaço para as RUP no quadro estratégico i2010: mais globalmente, poderia ser incluído um dossier RUP específico no futuro quadro estratégico "i2010 – Uma Sociedade da Informação europeia para o crescimento do emprego", no qual figurasse o objectivo de reforçar a "coesão social, económica e territorial, tornando mais acessíveis os produtos e serviços ligados às TIC, incluindo nas regiões em que se verifica um atraso na matéria".

Ao nível dos Estados-membros

Os governos dos três Estados-membros deveriam igualmente esforçar-se para promover a participação das RUP nas iniciativas nacionais, através da sua inclusão sistemática nos programas ou iniciativas nacionais (o que é sobretudo válido para as RUP francesas) e da facilitação da sua participação nos concursos públicos ou experiências nacionais, por meio de ajudas adaptadas (em particular, ajudas ao funcionamento).

Page 70: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 70

Ao nível das próprias RUP

Por seu lado, os intervenientes regionais públicos e privados devem melhorar o seu posicionamento e empenhar-se de forma mais pró-activa em afirmar a sua presença nas parcerias nacionais e europeias. Devem esforçar-se por apresentar mais candidaturas no quadro dos concursos para projectos inovadores e aprender a "vender-se" melhor através de abordagens de marketing territorial e de valorização dos seus trunfos.

Isto passa sobretudo por: − Melhorar, ao nível das administrações regionais, a circulação de informação relativa às iniciativas

europeias e nacionais nos domínios da Sociedade da Informação e da inovação. − Publicar na Internet informações actualizadas sobre os recursos tecnológicos das RUP (sítios

Web, portais regionais, etc.). − Os intervenientes das RUP (poderes públicos e operadores) manifestarem interesse em participar

em projectos ou servir como base para experiências tecnológicas inovadoras e aplicações particularmente pertinentes.

− Desenvolver a presença das RUP em Bruxelas e nas redes de cooperação das regiões.

Quadro de resumo das recomendações relativas à governança e às políticas públicas

Governança e políticas públicas

Recomendações relativas à governança regional em matéria de TIC

Canárias Açores Madeira Guadalupe Martinica Guiana Reunião

Reconhecer capacidades jurídicas às regiões na área das TIC

Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário

Reforçar e estruturar equipas regionais na área das TIC Realizado Em curso Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Realizado

Criar/reactivar instâncias de concertação Em curso Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário

Criar observatórios regionais Em curso Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário / em curso Prioritário Realizado

Melhorar as capacidades de planificação estratégica e operacional (consultar 2007 – 2013)

Prioritário Prioritário / em curso Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário /

em curso Prioritário

Desenvolver a cooperação à escala europeia e internacional Realizado Em curso Em curso Prioritário /

em curso Prioritário Prioritário Em curso

Recomendações relativas às políticas públicas regionais relacionadas com as TIC

Canárias Açores Madeira Guadalupe Martinica Guiana Reunião

Aumentar e adaptar melhor os financiamentos TIC nos PDR Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário

Desenvolver aplicações pertinentes e específicas das RUP

Prioritário / em curso

Prioritário / em curso

Prioritário / em curso

Prioritário / em curso

Prioritário / em curso

Prioritário / em curso

Prioritário / em curso

Recomendações relativas às RUP enquanto laboratórios de experiências relacionadas com as TIC

Canárias Açores Madeira Guadalupe Martinica Guiana Reunião

Favorecer a visibilidade, participação e integração das RUP nas iniciativas europeias

Realizado Prioritário / em curso

Prioritário / em curso Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário /

em curso

Favorecer a visibilidade, participação e integração das RUP nas iniciativas nacionais

Em curso Prioritário / em curso

Prioritário / em curso Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário /

em curso

Melhorar o posicionamento das próprias RUP Em curso Prioritário Prioritário /

em curso Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário / em curso

Page 71: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 71

Medidas propostas Todas as RUP RUP ibéricas DOM

Comissão EuropeiaGovernos nacionaisAutoridades de regulação

Governos regionais Conselhos regionais(iniciativa) (iniciativa)Governos regionais Conselhos regionais(iniciativa) (iniciativa)Outros intervenientes regionais

Outros intervenientes regionais

Governos regionais Conselhos regionais(iniciativa) (iniciativa)Operadores (fornecedores) Operadores (fornecedores)

Governos regionais Conselhos regionais(iniciativa) (iniciativa)

Governo francês Datar e Prefeituras (iniciativa conjunta)

Comissão Europeia (iniciativa) Governos regionais (iniciativa e seguimento)

Conselhos regionais (seguimento)

Organizações internacionais Governos nacionais (acompanhamento)

Governo francês (iniciativa)

Conselhos regionaisGoverno francês (Datar e Prefeituras)Conselhos regionaisGoverno francês (Datar e Prefeituras)

Comissão Europeia (iniciativa)Governos nacionais (acompanhamento)

Governos regionais(seguimento, implementação)

Conselhos regionais(iniciativa)

Favorecer a visibilidade, participação e integração das RUP nas iniciativas nacionais

Governos nacionais (iniciativa) Conselhos regionais (seguimento, implementação)

Melhorar o posicionamento das próprias RUP Governos nacionais (acompanhamento)

Governos regionais (iniciativa)

Recomendações relativas às RUP enquanto laboratórios de experiências relacionadas com as TICFavorecer a visibilidade, participação e integração das RUP nas iniciativas europeias

Governos regionais (seguimento, implementação)

Conselhos regionais (seguimento, implementação)

Aumentar e adaptar melhor os financiamentos TIC nos PDR

Comissão Europeia (linhas de orientação/indicações)

Governos regionais (iniciativa)

Desenvolver aplicações pertinentes e específicas das RUP

Comissão Europeia (linhas de orientação/indicações)

Governos regionais (iniciativa)

Melhorar as capacidades de planificação estratégica e operacional (consultar 2007 – 2013)

Comissão Europeia (linhas de orientação/indicações)

Desenvolver a cooperação à escala europeia e internacional

Recomendações relativas às políticas públicas regionais relacionadas com as TIC

Comissão Europeia (linhas de orientação/indicações)

Criar/reactivar instâncias de concertação Comissão Europeia (linhas de orientação/indicações)

Criar observatórios regionais Comissão Europeia (linhas de orientação/indicações)

Reforçar e estruturar equipas regionais na área das TIC

Níveis de intervençãorelativos à Governança e políticas públicas

Recomendações relativas à governança regional em matéria de TICReconhecer capacidades jurídicas às regiões na área das TIC

Governos regionais Conselhos regionais

Page 72: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 72

3.4 Questões regulamentares

3.4.1 Os factos Verificou-se que as RUP não dispõem de um regime específico no plano legislativo e que são a priori submetidas às regras aplicáveis nos respectivos países de origem e, mais globalmente, aos princípios definidos ao nível da União Europeia, em particular os incluídos no «Pacote das telecomunicações». Tal como demonstram as análises no terreno, isto não significa que se encontre nestas regiões uma situação concorrencial comparável à dos países de origem: na maioria dos casos, a quota do operador histórico permanece muito elevada12, o número de concorrentes é relativamente limitado e as tarifas, em particular no que diz respeito à banda larga, permanecem elevadas. A situação nestas regiões é, contudo, muito diferente da situação na maioria dos países do continente:

- por um lado, a dimensão dos mercados locais é relativamente pequena e os operadores não podem dispor das economias de escala que têm frequentemente à sua disposição nos países de maior dimensão: a RUP de maior dimensão, as Canárias, conta com dois milhões de habitantes, ou seja, o equivalente em população a uma região média espanhola ou francesa. A dimensão das outras seis RUP é muito menor e nos três departamentos franceses da América, em particular, a população não ultrapassa, em cada um, a de um grande aglomerado populacional;

- por outro lado, uma grande parte dos territórios das RUP é praticamente deserta, uma vez que as populações se concentram ao longo da costa ou dos rios, quando existem. Esta situação, a juntar ao fenómeno precedente e tendo em conta as infra-estruturas que é necessário desenvolver quando se trata de telecomunicações, aumenta bastante os custos de ligação de uma parte dos habitantes. No caso dos arquipélagos, as ligações interinsulares são também, em muitos casos, factores de custos adicionais;

- finalmente, a componente de afastamento previamente discutida constitui um factor de discriminação. Embora o impacto da distância sobre o custo das telecomunicações se tenha esbatido bastante ao longo das duas últimas décadas, continua a ser significativo quando se tratam de distâncias muito longas, principalmente porque os níveis de tráfego permanecem modestos, em comparação com outras rotas, tais como as ligações interestaduais na Europa ou a ligação Europa - Estados Unidos.

Estes factores objectivos criam, assim, um certo número de obstáculos ao desenvolvimento e ao funcionamento da concorrência nestas regiões e parece que a aplicação da legislação de forma indiscriminada produz automaticamente barreiras à entrada dos intervenientes das telecomunicações nas RUP. Em Espanha, por exemplo a imposição feita aos operadores de oferecer preços de retalho, por um dado serviço, idêntico em todos os pontos do território limita o potencial, ou pelo menos as ambições, dos operadores alternativos, que devem suportar um preço grossista para a ligação entre as Canárias e o resto do país superior aos preços das outras ligações de longa distância no continente.

12 Uma rara excepção é os serviços de telemóvel na Reunião, onde a filial local da SFR dispõe de um avanço «histórico»

Page 73: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 73

3.4.2 As recomendações Uma abordagem regionalizada dos mercados relevantes

De modo geral, coloca-se nas RUP a questão de como aplicar a análise dos mercados relevantes, conforme estabelecido pela Comissão Europeia. O quadro do «Pacote das telecomunicações» prevê que sejam realizadas análises a nível nacional sobre um determinado número de mercados, repartidos por subgrupos. A Comissão Europeia propôs uma lista indicativa de 18 mercados relevantes. Os reguladores nacionais podem reagrupar determinados mercados ou acrescentar outros. As suas propostas e respectivos fundamentos devem ser comunicados à Comissão, que dispõe de direito de veto. Na maioria dos casos, os reguladores nacionais retiveram a lista sugerida: em alguns casos, o mercado da radiodifusão foi tratado separadamente, principalmente para que pudesse ser enquadrado por uma autoridade diferente da que regula as telecomunicações. Da mesma forma, depois de estabelecida, a lista foi aplicada ao conjunto dos territórios de um país. Conduzir análises de nível regional para as RUP

No caso das RUP (cuja situação é, de resto, diferente da dos micro-estados, que também demonstraram a sua singularidade), este tratamento nacional levanta várias questões:

- por um lado, deverão o perímetro e a definição dos mercados relevantes ser idênticos aos dos territórios continentais?

- por outro lado, deverão as soluções para um dado mercado ser aplicadas, de forma indiscriminada, em todos os pontos do território de um país?

Em França, a ARCEP decidiu conduzir análises complementares nos DOM, principalmente nos mercados da rede fixa. Esta iniciativa traduz precisamente a ideia de que é necessária uma certa forma de regionalização nestas análises devido às características muito específicas destes territórios. Em Espanha, a questão que se colocou acerca da pressão exercida ao nível das tarifas nas Canárias deveria igualmente ter tido repercussão nestas análises de mercado. Embora esta questão não se coloque de forma tão premente em Portugal, mais devido a requisitos legislativos do que à estratégia do operador dominante, ela constitui, ainda assim, uma limitação ao desenvolvimento da concorrência Através da implementação do «Pacote das telecomunicações», particularmente no momento em que vai ter início a primeira Review, prevista para 2006, convém encorajar os reguladores nacionais a conduzir análises muito apuradas da situação das RUP, de forma a ter em conta as numerosas especificidades destas regiões (consultar acima) e contribuir para a emergência de ofertas concorrenciais. Segmentar os mercados de forma específica

A título de exemplo, um dos principais pontos de estrangulamento nas RUP é constituído pelas ligações com o continente europeu, hoje em dia asseguradas principalmente por cabos submarinos, aos quais podemos associar localmente as ligações de transporte de retorno. Os operadores históricos dispõem de uma posição dominante ou, melhor dizendo, de um verdadeiro monopólio. Nos DOM franceses, as tarifas elevadas destas ligações são usadas para justificar os preços exorbitantes, não só do acesso de banda larga, mas também do roaming; no caso das RUP ibéricas, embora as tarifas de retalho beneficiem do princípio de continuidade territorial, a qualidade do serviço e o estado da concorrência parecem ser afectados.

Page 74: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 74

Embora tenham sido tomadas medidas de carácter regulamentar, económico ou político (a decisão da ART de Maio 2005 de rever as tarifas das ligações de transporte entre a França e a Reunião, a construção de um cabo por um consórcio privado entre Guadalupe e Porto Rico, o «crédito» imposto sobre os preços das ligações entre a Espanha continental e as Canárias, etc.), constata-se que a maior parte não foi encetada pelos reguladores nacionais, mas sim pelos operadores alternativos ou pelos organismos territoriais. A maioria destas medidas é, por outro lado, considerada insuficiente pelos operadores alternativos. Em Portugal, por exemplo, a intervenção da ANACOM para reduzir o preço das ligações submarinas e o pequeno suplemento ao nível dos preços de retalho devido à diferença das taxas de IVA entre os Açores e da Madeira (15%) e Portugal continental (21%) não permitem, aos olhos dos operadores, compensar os custos adicionais. Tendo em conta o papel essencial que o elo intercontinental desempenha na implementação e funcionamento da concorrência nas RUP, convém sem dúvida considerar o mercado destas ligações de forma isolada e analisar se as regras devem ser aplicadas ex ante em matéria de fixação de tarifas, acesso, disponibilidade, etc. Mesmo em Espanha, onde já existe legislação relativa ao fornecimento destas ligações, a situação no terreno não parece reflectir estes requisitos. Mais especificamente, o operador histórico é obrigado a fornecer os mesmos serviços (grossistas) ao mesmo preço, a todos os operadores, mas, na prática, pode observar-se que os preços variam fortemente segundo o cliente e a sua capacidade de negociação. O regulador poderia (deveria!) ter o direito de analisar as condições específicas da formação dos preços grossistas no âmbito das desvantagens estruturais: isto ultrapassa claramente a situação em Espanha. As singularidades das RUP não resultam exclusivamente do afastamento. Num plano mais local, estão relacionadas com organizações territoriais complexas e dificuldade em aceder a determinadas camadas da população. De modo mais geral, os reguladores deveriam munir-se de modelos de avaliação e de acompanhamento dos custos adicionais, bem como ter capacidade para estabelecer mecanismos de compensação, se necessário. A Comissão Europeia deve, por seu turno, fixar um enquadramento para estas medidas de compensação, de modo a que sejam aceitáveis e não violem as regras da concorrência. Embora este enquadramento possa ser precisado a priori, cada análise efectuada pelos reguladores nacionais deveria, à semelhança da actual análise dos mercados relevantes, ser submetida à Comissão. Convém lembrar que o direito da Comissão Europeia de analisar, ou mesmo de vetar, nesta matéria se deve aplicar apenas em relação à justificação da necessidade de se ter em conta determinado mercado específico e à análise deste mercado, ou seja, em relação aos argumentos que justificam a adopção de medidas específicas e não às medidas propriamente ditas. Enquadrar a qualidade e a segurança das redes e serviços

Para além das desvantagens tarifárias, particularmente salientes no caso da França, as RUP sofrem de forma mais transversal de um défice de qualidade de serviço (consultar a secção 2.4 sobre as ofertas de serviços de banda larga). A qualidade e a segurança das redes, mencionadas em inúmeros pontos deste relatório, constituem uma preocupação central para as populações das RUP. O défice de qualidade de serviço verificado nas ofertas de banda larga resulta principalmente do encarecimento da largura de banda, que leva os operadores de serviços a restringir as capacidades e débitos propostos. Esta situação manifesta-se de diversas formas:

- por um lado, uma gama de serviços muito mais limitada do que nos países de origem, - por outro lado, ofertas comerciais degradadas, a fim de possibilitar a proposta de tarifas

«atractivas», - por fim, uma qualidade de serviço efectiva degradada, devido às elevadas taxas de

contenção.

Page 75: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 75

A segurança das redes submarinas constitui igualmente um problema. Ao longo dos últimos 30 meses, as Canárias sofreram quatro interrupções totais nos serviços de telecomunicações de voz e dados. Na Reunião, a ruptura ao longo de 60 quilómetros do cabo SAFE ao largo da costa sul-africana, após o tsunami de Janeiro de 2005, reduziu a qualidade das transmissões entre a ilha e a metrópole durante vários meses e um operador alternativo (Outremer Telecom), que alugava directamente capacidades de transporte nesse cabo, foi particularmente afectado. Na Guiana, o cabo Americas2 foi muitas vezes cortado, desde a sua colocação em serviço, devido a dilacerações provocadas por barcos de pesca. Assim, os reguladores devem também observar o respeito pelas condições de qualidade e pelas cláusulas contratuais que os regem, É conveniente verificar se o aspecto da segurança das ligações é tido em conta nos cadernos de encargos das iniciativas públicas para implementar redes de comunicações electrónicas. Não se pode negar que o cumprimento dos requisitos de qualidade e segurança tornam o acesso às redes bastante mais caro. Para além das regras de enquadramento específicas que podem ser definidas (principalmente sob a forma de indicadores de qualidade de serviço a respeitar), muitos dos nossos interlocutores evocaram o eventual alargamento da dimensão de serviço universal como possível ferramenta para melhorar a ligação das RUP. É certo que, tal como a Comissão concluiu na sua recente comunicação sobre este tema (COM[2005] 203), «a banda larga não se tornou ainda necessária para uma participação normal na sociedade, ao ponto de a ausência de acesso implicar a exclusão social» e, consequentemente, «neste momento, não estão reunidas as condições necessárias para alargar o campo de aplicação das obrigações de serviço universal (no sentido da directiva) aos serviços de banda larga». No entanto, as populações das RUP, sobretudo dos DOM, consideram o «hiato» com o continente uma verdadeira desvantagem (mais de 10% de penetração na metrópole no final de 2004 contra menos de 5% em média para os quatro DOM). Além disso, não acreditam que as medidas previstas consigam eliminar na totalidade os efeitos do afastamento, tanto em termos de custos como de segurança. Esta solução, com as suas numerosas e complexas implicações, só deve ser levada avante se o acesso de banda larga for efectivamente utilizado por uma «maioria de utilizadores» à escala europeia e as diferenças que persistam entre as RUP e o continente forem julgadas discriminatórias, apesar das medidas técnicas e regulamentares que possam já ter sido adoptadas (redução do preço das ligações intercontinentais, ofertas grossistas com garantia de qualidade e segurança, etc.). As tecnologias experimentais como meio de redução do isolamento

Uma questão que reúne igualmente os dois pontos precedentes é a do ordenamento do território. Embora o serviço universal preveja, de modo geral, o fornecimento de serviços considerados essenciais em todo o ponto de um território com condições não discriminatórias, isto não impede que se criem cada vez mais, com a introdução de novas tecnologias, linhas de fractura entre territórios e no interior dos mesmos.

Page 76: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 76

Assim, por exemplo, se um operador histórico pretender comercializar um novo serviço e se vir obrigado a desenvolver uma oferta grossista que permita aos seus concorrentes oferecer o mesmo serviço, estão de certa forma criadas as condições para esta fractura. Os operadores alternativos são motivados a investir nos mercados mais rentáveis e a propor nestas zonas serviços avançados, diferenciados, etc., enquanto que, nas outras zonas, recorrem apenas à revenda das ofertas grossistas mais simples e limitadas do operador histórico. Este problema foi particularmente analisado no âmbito dos serviços de acesso de banda larga13: é preciso encontrar o nível de preço certo para as diferentes variantes das ofertas grossistas (os degraus da escada) para incitar os operadores alternativos a investir em conformidade com a sua implementação e, assim, subir progressivamente os degraus que vão da simples revenda à oferta desagregada. Porém, este princípio não responde ao imperativo do ordenamento do território: ele justifica, pelo contrário, uma abordagem diferenciada dos operadores, no plano geográfico. Mas há um dossier que pode incitar os operadores a avançar: o da experimentação de novas tecnologias. Constata-se que as RUP estão já relativamente avançadas nesta matéria. As condições específicas destas regiões, principalmente em termos da organização do território e da geografia dos terrenos, fazem com que algumas das mais recentes tecnologias de transmissão e de acesso sem fios se revistam de um interesse imediato. A implementação do WiMAX, por exemplo, é frequentemente evocada para colmatar as lacunas na ligação das populações instaladas em locais escarpados ou com pouca densidade populacional, ou para ligar as ilhas entre si, no caso dos arquipélagos. Embora o custo do terminal seja ainda um impedimento ao acesso generalizado dos mercados, as aplicações possíveis e, portanto, as oportunidades de utilização, são muito vastas. Coloca-se desde logo a questão de saber se os objectivos da implementação destas novas tecnologias nestes espaços não ultrapassam largamente os da sua implementação nos territórios continentais de maior dimensão, e se não será necessário definir regras «derrogatórias» (número de licenças mais elevado, preço das licenças definido segundo critérios diferentes14, etc.). Convém aqui precisar as condições de enquadramento destas tecnologias e, sobretudo, dos novos serviços que serão desenvolvidos com base nelas. Actualmente, discute-se a nível europeu determinados serviços, como o VoIP. Para voltar a uma das nossas recomendações anteriores, pode ser interessante ver até que ponto as RUP beneficiariam de um estatuto especial em relação à introdução e implementação destas tecnologias e serviços. Os períodos de experimentação das tecnologias inovadoras, que escapam ao enquadramento regulamentar, poderiam assim ser prolongados, de modo a promover os investimentos, sem receio de possíveis limitações precoces que pusessem em causa todo ou parte do projecto. Estas experiências permitiriam igualmente alargar as combinações tecnológicas (satélite e Wi-Fi para os serviços de VoIP, por exemplo). Poderiam também ser convidadas a participar comunidades de intervenientes privados (grupos de utilizadores) ou públicos (organismos locais, agrupamentos públicos, etc.). Em resumo, as principais directrizes no campo regulamentar são:

- considerar as RUP isoladamente na análise dos mercados relevantes - enquadrar a qualidade e a segurança dos serviços de base - alargar os meios de experimentação nas RUP.

13 Consultar especificamente os trabalhos de Martin Cave sobre o conceito de «ladder of investment » aplicado às telecomunicações. 14 Este ponto é ilustrado pelo problema que se colocou na Guiana, ao aplicar-se um modo de cálculo para a atribuição de licenças de BLR proporcional à superfície do território regional.

Page 77: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 77

Quadro de resumo das recomendações relativas aos aspectos regulamentares

Canárias Açores Madeira Guadalupe Martinica Guiana ReuniãoPrioritário / Prioritário / Prioritário / Prioritário /

em curso em curso em curso em cursoSegmentar mais finamente os mercados grossistas… e analisar determinados mercados de retalho

Prioritário (ligações de

cabos submarinos/ transporte de

retorno)

Prioritário (ligações de

cabos submarinos/ transporte de

retorno)

Prioritário (ligações de

cabos submarinos/ transporte de

retorno)

Prioritário (ligações de

cabos submarinos/ transporte de

retorno; roaming nacional para os serviços móveis;

mercado retalhista ADSL)

Prioritário (ligações de

cabos submarinos/ transporte de

retorno; roaming

nacional para os serviços

móveis; mercado retalhista

Prioritário (ligações de

cabos submarinos/ transporte de

retorno; roaming

nacional para os serviços

móveis; mercado retalhista

Prioritário (ligações de

cabos submarinos/ transporte de

retorno; roaming

nacional para os serviços

móveis; mercado retalhista

Ter em conta um vasto número de critérios (QoS, segurança…)

Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário

Alargar o estatuto das licenças experimentais Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário PrioritárioFlexibilizar as condições de concessão de licenças de rádio Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário Prioritário

2 – Aspectos regulamentares

Recomendações relativas à análise dos mercados relevantes

Recomendações relativas às experiências/novas tecnologias

Conduzir análises ao nível regional Prioritário Prioritário Prioritário

Recomendações relativas ao enquadramento da qualidade e da segurança

Medidas propostas Todas as RUP RUP ibéricas DOM

Conduzir análises ao nível regional Reguladores nacionais

Segmentar mais finamente os mercados grossistas… e analisar determinados mercados de retalho

Reguladores nacionais

Ter em conta um vasto número de critérios (QoS, segurança…)

Comissão Europeia Reguladores nacionais

Alargar o estatuto das licenças experimentais

Comissão Europeia Reguladores nacionais

Flexibilizar as condições de concessão de licenças de rádio

Reguladores nacionais

Recomendações relativas às experiências/novas tecnologias

Níveis de intervençãodas recomendações relativas aos aspectos regulamentares

Recomendações relativas à análise dos mercados relevantes

Recomendações relativas ao enquadramento da qualidade e da segurança

Page 78: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 78

4 Anexos 4.1 Benchmark das tarifas de telecomunicações

Serviços nacionais de retalho € Líquido de imposto França

continental Guadalupe Martinica Guiana Reunião Espanha

continental Canárias Portugal

continental Açores Madeira Irlanda

Ligação à rede telefónica comutada (1) 45.99 (8) 45.99 45.99 45.99 45.99 59.50 59.50 71.83 71.83 71.83 107.43

Assinatura telefónica de base (2) 11.7 (8) 11.7 11.7 11.7 11.7 13.43 13.43 12.66 12.66 12.66 19.98

Preço de uma comunicação telefónica fixa local de 10 minutos (hora completa) (3)

0.30 (8) 0.299 0.299 0.299 0.299 0.24 (9) 0.24 (8) 0.34 (9) 0.34 (9) 0.34 (10) 0.49

Preço de uma comunicação telefónica fixa interurbana de 3 minutos (hora completa) (3) (4)

0.28 (8) 0,31 (11) 1.04 (12) 1.52 (13)

0,31 (11) 1.04 (12) 1.52 (13)

1.04 (14) 1.52 (13)

1.52 (14) (12) 0.28 0.28 0.19 0.19 0.19 0.12

Preço para redes móveis de 2 horas por mês (5)

31.35 (15) 28.57 (16) 28.57 (16) 28.57 (16) 22.12 (17) 28.80 (18) 28.80 (18) na na na na

Preço mensal de uma linha alugada local de 2 Mbs (amortizada em dois anos) (6)

611.85 (19) 611.85 611.85 611.85 611.85 na na 331.10 331.10 331.10 na

Preço mensal de uma linha alugada de 10 kms de 2 Mbs (amortizada em dois anos) (6)

1094.84 1094.84 1094.84 1094.84 1094.84 na na 771.10 771.10 771.10 na

Assinatura mensal para um acesso ADSL de 512 kbs (7)

21.66 69.03 69.03 74.90 69.03 33.00 33.00 29.40 33.22 (20) 33.22 (20) 33.05

(1) entre Guadalupe e Martinica (2) para a Guiana (3) para a Reunião (4) para Guadalupe ou Martinica (5) tarifas Orange França (6) tarifas Orange Caraíbas (7) tarifas SRR (primeiro minuto indivisível, tendo como base a tarifa completa para

cerca de 100 minutos de chamadas para a rede fixa na Reunião e redes móveis SRR e 20 minutos de chamadas para outras redes móveis na Reunião)

(8) plano Movistar 24 H na base de 60 chamadas de um minuto e de trinta chamadas de 2 minutos

(9) Transfix 2.048 de 1 a 5 km tarifa para Paris e 1ª coroa (10) mesma tarifa com impostos incluídos que em Portugal continental com taxa

reduzida de IVA

(11) preço da ligação ao telefone de base (doméstico) para uma nova instalação (12) aluguer mensal exceptuando serviços suplementares (13) incluindo taxa de ligação e/ou eventuais créditos-tempo (14) exceptuando comunicações para o continente para as RUP francesas (15) a tarifa mínima para o operador especificado, exceptuando promoções e pacotes (16) aluguer mensal de um circuito (incluindo, se for caso disso, o preço das duas

extremidades) + 1/24 do preço da ligação (17) acesso ADSL ilimitado sem serviço suplementar (18) tarifas aplicadas a partir de 3 de Março de 2005 (19) existe um tarifário de província a 0.47€ para 10 minutos (20) existe um tarifário regional a 0.53€ para 10 minutos

Page 79: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 79

Serviços internacionais a retalho

€ Líquido de imposto França continental

Guadalupe Martinica Guiana Reunião Espanha continental

Canárias Portugal continental

Açores Madeira

Preço de uma comunicação telefónica fixa de um minuto (hora completa do país de origem) para países da UE

0.15 (3) 0.29 (4) 0.29 (4) 0.29 (4) 0.29 (4) 0.15 0.15 0.07 0.07 0.07

Preço de uma comunicação telefónica fixa de um minuto (hora completa do país de origem) para países terceiros

0.28 (5) 0.74 (5) 0.74 (5) 0.74 (5) 0.74 (5) 0.24 (8) 0.24 (8) 0.33 (9) 0.33 (9) 0.33 (9)

Preço de uma comunicação telefónica fixa de um minuto (hora completa do país de origem) para países terceiros fora da UE (1)

0.28 (6) 1.02 (7) 0.80 (10)

1.11 (11)

0.46 (6) 0.92 (7)

0.46 (6) 0.92 (7)

0.74 (10) 0.29 (11) 0.24 (6) 0.37 (12)

0.24 (6) 0.37 (12)

0.33 (6) 0.60 (10) 0.47

(12)

0.33 (6) 0.60 (10) 0.47

(12)

0.33 (6) 0.60 (10) 0.47

(12)

Preço de uma linha alugada de 2 Mbs (entre a capital de distrito das RUP e as capitais do país da UE) (2)

6612.54 (13) 33849.67 33849.68 33849.69 33849.70 na 5171.00 na 5687.67 5687.67

Preço de uma linha alugada de 2 Mbs (entre a capital de distrito das RUP e a capital do país vizinho do país da

na na na na na na na 4931.25 (14) 4931.25 (14) 4931.25 (14)

Preço de uma linha alugada de 2 Mbs (entre a capital de distrito das RUP e a capital do país terceiro) (2)

na na na na na na na 8131.25 (15) 8131.25 (15) 8131.25 (15)

(1) incluindo taxa de ligação e/ou eventuais créditos-tempo (2) amortizado em dois anos (3) tarifas aplicadas a partir de 3 de Março de 2005 (4) id. continente para os DOM (5) para a Alemanha (6) para os EUA (7) para Porto Rico (8) para Portugal (9) para Espanha (10) para o Brasil (11) para a Maurícia (12) para Marrocos (13) linha doméstica de 800 kms alugada (14) ligação Portugal-Espanha (15) ligação Portugal-EUA

Page 80: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 80

Serviços por grosso

€ Líquido de imposto França

continentalGuadalupe Martinica Guiana Reunião Espanha

continentalCanárias Portugal

continentalAçores Madeira

Interligação local (10 minutos hora de cheio)

0.05 0.05 0.05 0.09 0.05 0.07 0.070.05 0.05 0.05

Interligação tráfego simples (3 minutos hora de cheio)

0.03 0.21 (3) 0.21 (3) 0.21 (3) 0.21 (3) 0.03 0.030.03 0.03 0.03

Interligação duplo tráfego (3 minutos h na na na na na 0.06 0.06 0.04 0.04 0.04Interligação internacional (1 minuto hora de cheio)

na na na na na na na0.0279 0.0279 0.0279

Oferta desagregada total 55 + 9.5/mês (2)

55 + 9.5/mês (2)

55 + 9.5/mês (2)

55 + 9.5/mês (2)

55 + 9.5/mês (2)

22.4 + 11.4/mês

22.4 + 11.4/mês

49 + 11/mês

49 + 11/mês

49 + 11/mês

Oferta desagregada parcial 55 + 2.85/mês

55 + 2.85/mês

55 + 2.85/mês

55 + 2.85/mês

55 + 2.85/mês

30.1 + 3/mês 30.1 + 3/mês 49 + 2.95/mês

49 + 2.95/mês

49 + 2.95/mês

Linha local alugada de 34 Mbps (1) na na na na na na na 2097.83 2097.83 2097.83Linha de 10 kms alugada de 34 Mbps (1)

na na na na na na na5397.88 5397.88 5397.88

(1) amortizado em dois anos (2) nova tarifa desde 1de Junho de 2005 (antes assinatura mensal de 10.50 € ) (3) ligação continente-DOM

Page 81: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 81

4.2 Enquadramentos regulamentares nacionais

4.2.1 França

Quadro legal Lei relativa às comunicações electrónicas votada em Julho de 2004. Regulação A ART viu as suas funções reforçadas no âmbito da nova lei, nomeadamente

no que diz respeito ao enquadramento das tarifas a retalho, caso necessário. Em Maio de 2005, a ART transforma-se em ARCEP e abrange o sector postal. A ARCEP e a DGCCRF (Direcção da Concorrência) colaboram estreitamente e de forma eficaz. A duração dos procedimentos de regulamentação (e dos eventuais recursos) é considerada demasiado longa.

Organização industrial

Mais de 200 operadores e fornecedores de serviços estão inscritos na ART. Os principais operadores fixos são :

- France Télécom - Cegetel (que fez uma fusão com a Neuf Telecom ao longo do Verão de

2005) - Neuf Telecom - Tele2 - Ypso (operador de cabo, fusão das FT Câble e NC Numéricable) - Noos-UPC (operador de cabo)

Foram concedidas 3 licenças de redes para telemóveis no continente : - Orange France - SFR - Bouygues Telecom

Nos DOM, as licenças para redes móveis foram atribuídas de forma específica. Para as licenças 3G, e em sequência de uma consulta efectuada em 2002, o Governo decidiu proceder aos pedidos de autorização de forma análoga à que já tinha sido levada a cabo a partir de finais de 2000 para a atribuição das autorizações 2G nos DOM, isto é, à medida que os actores efectuavam os pedidos. O procedimento iniciado no Verão 2005 que tem como objectivo a atribuição de licenças WiMAX só tem incidência numa primeira fase nas regiões continentais.

Concorrência Os problemas de squeeze no mercado DSL e de domínio do operador histórico no lacete local diluem-se com o desenvolvimento da oferta desagregada.

Banda larga A FT obteve o levantamento da perequação tarifária relativa à sua oferta grossista de ADSL (entre zonas desagregadas e zonas não desagregadas) o que cria um risco de limitação da concorrência nas zonas menos densas. Além disso, abriu-se um vasto debate relativamente às iniciativas das colectividades locais a favor da banda larga (carta « departamentos inovadores » da Portugal Telecom vs. iniciativas para construir as suas próprias redes).

Redes móveis

As associações de consumidores exerceram alguma pressão a fim de fazer evoluir as tarifas (preços ao segundo a partir do primeiro segundo) e continuam a pedir a revisão dos preços das SMS. Orange e SFR abriram os seus serviços 3G durante o segundo semestre de 2004.

Serviço universal A forma de designação dos operadores de serviço universal não está de acordo com as recomendações da Comissão (não existe abordagem regional, problemática do financiamento).

Page 82: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 82

4.2.2 Espanha

Quadro legal A Lei Geral das Telecomunicações introduzida em Novembro de 2003 designa 5 autoridades de regulação, das quais faz parte o próprio Governo. Esta partilha de responsabilidades cria uma certa confusão junto dos operadores.

Regulação À CMT (Comision del Mercado de las Telecomunicaciones) e ao Ministério da Indústria, do Turismo e do Comércio cabem as principais competências relativas ao enquadramento do sector. A responsabilidade recentemente dada à CMT no âmbito das tarifas de retalho poderá permitir solucionar os problemas de price squeeze levantados pelos operadores alternativos. Em contrapartida, os actores do mercado acusam a CMT de falta de transparência no processo de análise de mercados.

Organização do mercado

Mais de 200 operadores e fornecedores de serviços estão inscritos. Os principais operadores fixos são :

- Telefonica de Espana (operador histórico) - Auna Telecomunicaciones (em processo de fusão com a ONO) - Euskaltel - Jazztel - ONO - Uni2

Foram concedidas 4 licenças de redes para telemóveis : - Telefonica Moviles Espana - Vodafone Spain (ex Airtel) - Amena (adquirida pela France Télécom no início do Verão de 2005) - Xfera Moviles

Acesso e interligação

Foi revisto o princípio de reciprocidade entre os encargos de terminação de chamadas do operador histórico e dos operadores alternativos. As tarifas de interligação (minutos ou linhas alugadas) continuam acima da média europeia, apesar das medidas criadas (mas não executadas !) para as fazer baixar. Em contrapartida, as tarifas de oferta desagregada são das mais baixas da Europa.

Banda larga O enquadramento relativo às tarifas de retalho da ADSL da Telefonica foi revisto em Novembro de 2003. O operador histórico baixou os seus preços de retalho sem modificar as suas tarifas wholesale, limitando assim as margens dos operadores alternativos. Várias ofertas foram bloqueadas pela CMT devido aos efeitos de squeeze. A CMT definiu um procedimento de avaliação das tarifas da Telefonica a fim de preservar as margens entre o preço de retalho e o preço grossista, mas os operadores alternativos não concordam com o cálculo dos custos. A CMT tenta impor o princípio do « retail minus ». Em Julho 2004, a CMT reviu a oferta desagregada de referência (RUO). Os operadores alternativos ainda realçam a ausência de oferta por grosso de SDSL e os fortes constrangimentos existentes para aceder à oferta GigADSL (necessidade de 107 POPs). Os operadores alternativos também protestaram aquando do anúncio da Telefonica de dobrar as suas ofertas de retalho ADSL sem mudar os preços e realçam a falta de abertura e de transparência no apoio das colectividades públicas ao desenvolvimento da banda larga.

Page 83: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 83

No início de 2005, a CMT rejeitou a proposta da Telefonica para tarifas ADSL facturadas por tempo (em contradição com as ofertas fixas já existentes) : o operador propõe ofertas facturadas por volume. De uma maneira geral, os consumidores fazem pressão para que as tarifas ADSL baixem.

Redes móveis

Os dois principais operadores (Telefonica Moviles Espana e Vodafone Spain) foram designados como operadores SMP. Apesar das medidas criadas para reduzir os encargos de terminação de chamadas, os operadores fixos continuam insatisfeitos (primeiro minuto indivisível, preço de 2004 calculado a partir dos custos de 2001).

Autorizações e frequências, direitos de passagem

A Lei de 2003 prevê a criação de uma autoridade específica para a gestão e atribuição das frequências (em espera) assim como a possibilidade da revenda de frequências (também em espera). Além disso, constatam-se poucos progressos no conflito que opõe operadores e colectividades locais e regionais quanto à obtenção dos direitos de passagem.

Serviço universal A Telefonica foi designada operadora de serviço universal até 2005.

Page 84: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 84

4.2.3 Portugal

Quadro legal Lei relativa às comunicações electrónicas publicada a 10 de Fevereiro de 2004.

Regulação A independência da ANACOM, que suscitou muitas críticas da parte dos novos operadores, está inscrita na nova lei, assim como a cooperação do regulador com a autoridade nacional da concorrência (que continua difícil). A ANACOM é responsável pela gestão das frequências. Os novos operadores criticam a ANACOM pela sua morosidade e pelas suas posições de « meio termo » (tentativa de consenso). Por sua vez, o operador histórico insurge-se contra a predefinição das obrigações aplicáveis aos operadores SMP no âmbito das linhas alugadas.

Organização industrial

Os principais operadores fixos são : - PT Comunicações (operador histórico) - ONI Telecom - Jazztel Portugal Serviços de Telecomunicações - Cabovisão (operador de cabo)

Foram concedidas 3 licenças de redes para telemóveis : - TMN (filial da Portugal Telecom) - Vodafone Portugal - Optimus

Acesso e interligação

O catálogo de interligação, revisto em 2004, introduziu novos patamares (linhas alugadas de interligação até 155 Mbps, ligação até ao terminal do assinante) e novos benchmarks (orientações baseadas nos custos médios da UE e já não nos custos mais baixos). Segundo os operadores alternativos, a informação relativa aos custos do operador histórico ainda é insuficiente. As tarifas para a pré-selecção e para a portabilidade dos números também são consideradas demasiado elevadas pelos operadores alternativos. Na ADSL, são ainda realçados os problemas de price squeeze.

Concorrência A concorrência é fraca no âmbito da banda larga (aliás, a PT introduziu primeiro a banda larga em cabo e controla uma grande parte do mercado). A oferta desagregada está muito pouco desenvolvida. Os encargos de terminação de chamadas nas redes móveis são muito elevados. A ANACOM conseguiu obter uma redução no preço das linhas alugadas da PT (reequilíbrio entre transporte e acesso). Os operadores alternativos continuam porém a queixar-se de prazos de entrega demasiado longos. Também se queixam das condições de acesso aos cabos submarinos (são obrigados a alugar a capacidade nos cabos que o operador histórico detém).

Autorizações A questão dos direitos de passagem parece ter sido tratada de forma satisfatória na nova lei, mas os operadores temem que existam problemas aquando da implementação efectiva, nomeadamente ao nível da fixação das taxas para a utilização do sector público. O operador histórico deve dar acesso aos seus condutores de cabo.

Serviço universal A Portugal Telecom dispõe de uma concessão para o serviço universal até 2025. Os outros operadores aceitam esta situação desde que não lhes seja pedida nenhuma contribuição para esse efeito.

Page 85: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 85

4.3 Cartografia das redes de telecomunicações e dos serviços nas RUP

4.3.1 Cartografia dos Açores

Page 86: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 86

4.3.2 Cartografia das Canárias

Page 87: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 87

4.3.3 Cartografia de Guadalupe

Page 88: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 88

4.3.4 Cartografia da Guiana

Page 89: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 89

4.3.5 Cartografia da Madeira

Page 90: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 90

4.3.6 Cartografia da Martinica

Page 91: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 91

4.3.7 Cartografia da Reunião

Page 92: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 92

4.4 Glossário ADSL (Asymmetrical Digital Subscriber Line) : a ADSL faz parte das tecnologias xDSL que permitem melhorar o desempenho das redes de acesso e em particular a linha do assinante da rede telefónica clássica, que é constituída por fio de cobre. O princípio da ADSL consiste em reservar uma parte da largura de banda para a transmissão da voz, uma outra para a transmissão dos dados que circulam em direcção ao núcleo de rede (sentido ascendente) e uma terceira, mais importante, para a transmissão dos dados que circulam para o assinante (sentido descendente). Endereço I.P. : Endereço que identifica um equipamento ligado à rede Internet. ALA : programa de cooperação da União Europeia com os países da Ásia e da América Latina. ANACOM : Autoridade Nacional de Comunicações. (Portugal). ATM (Asynchronous transfer mode ou modo de transferência assíncrono) : técnica de transferência assíncrona para comunicação de informações digitais de alta velocidade, organizadas em pacotes curtos e de duração fixa. A ATM permite uma transmissão ultra-rápida das informações e uma utilização optimizada da capacidade das linhas, e é sobretudo adequada para as redes multi-serviços de alta velocidade. ARCEP: Autoridade de Regulação das Comunicações Electrónicas e dos Correios (França). Nova denominação da Autoridade de Regulação das Telecomunicações (ART). Backbone ou Núcleo de rede: designa a espinha dorsal de uma rede de telecomunicações. As redes backbone dos operadores são artérias com elevada capacidade de transmissão que ligam os principais nós da rede entre si, e às quais se unem ligações com fraca capacidade de transmissão. Fala-se de redes backbone nacionais, regionais ou mundiais quando estas artérias abrangem o território de um país, um grupo de países (backbones europeus) ou o conjunto do planeta. Backhaul (rede de) : ligação de telecomunicação situada entre o ponto de ancoragem de um cabo submarino e o comutador do operador alternativo (PoP) Largura de banda : designa a capacidade de transmissão de uma ligação de transmissão. Determina a quantidade de informação (em bits/s) que pode ser transmitida em simultâneo. Lacete local : conjunto de ligações por cabo ou radioeléctricas existentes entre o aparelho do assinante e o comutador de assinantes ao qual está ligado. Assim, o lacete local é a parte da rede de um operador que lhe permite ter acesso directo ao assinante. Lacete local radio : consiste em estabelecer uma rede de lacete local, substituindo os fios de cobre que equipam actualmente as redes por uma tecnologia radio, tendo a vantagem de uma maior flexibilidade para o desenvolvimento das infra-estruturas. CAA (Comutador com Autonomia de Encaminhamento ou comutador de assinantes) : comutador da rede telefónica da France Télécom ao qual estão ligados os assinantes. Estando a rede da France Télécom organizada de forma hierárquica, o CAA corresponde ao nível mais baixo na hierarquia dos comutadores que equipam a rede. Podemos assim distinguir duas categorias de comutadores. Catálogo de interligação : oferta técnica e de tarifário de interligação que os operadores designados anualmente como dominantes pela Autoridade, em virtude do artigo L. 36-7 do código dos correios e telecomunicações, devem publicar todos os anos para que os outros operadores possam estabelecer as suas próprias ofertas comerciais e tarifárias. O catálogo também prevê as condições nas quais se efectua a interligação física entre os operadores. Câmara Zero : no âmbito da co-localização à distância, local de acesso para os operadores aos cabos dos repartidores e ao edifício da France Télécom. CIADT : Comité interministerial do ordenamento do território (França). CMT : Comisión del Mercado de las Telecomunicaciones. Regulador espanhol das telecomunicações. Núcleo de rede (backbone): na organização de uma rede distinguem-se duas partes : - lacete local ou rede de acesso, que corresponde à linha do assinante, isto é, numa rede telefónica fixa, a parte

da rede em que a linha de cada assinante, geralmente constituída por pares de cobre entrançados, está fisicamente individualizada.

- núcleo de rede, também denominado rede geral, que corresponde ao conjunto dos suportes de transmissão e de comutação a partir do comutador de assinante.

COI : Comissão do Oceano Índico Utilização por conta de um terceiro : serviço que, no âmbito da interligação, permite a um operador de rede ir buscar tráfego a partir da rede do operador histórico por conta de um outro operador que não explora nenhuma infra-estrutura na zona geográfica em questão.

Page 93: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 93

Comutador : equipamento que permite orientar as chamadas para o seu destinatário graças ao estabelecimento de uma ligação temporária entre dois circuitos de uma rede de telecomunicações ou ao encaminhamento de informações organizadas em pacotes. Convenção de interligação : contrato de direito privado negociado e assinado entre dois operadores a fim de determinar ponto por ponto as condições da interligação entre si. Quando é assinada uma convenção com um operador dominante, esta inspira-se na maior parte das vezes na oferta inscrita no catálogo de interligação deste operador. Caso contrário, esta determina as condições de interligação sem referência a um catálogo. Convergência : este termo é utilizado para designar dois fenómenos distintos : - convergência entre os sectores do audiovisual e das telecomunicações ; trata-se da possibilidade, dada pelos

progressos da tecnologia, de utilizar diferentes suportes (redes por cabo, hertzianos terrestres ou por satélite, terminais informáticos ou televisão) para transmitir e tratar todo o tipo de informações e serviços, quer se trate de som, de imagem ou de dados informáticos. Resultado de uma revolução tecnológica (a digitalização da informação), esta convergência também tem implicações económicas e regulamentares.

- convergência fixo/móvel, que consiste numa aproximação das tecnologias utilizadas e dos serviços propostos pelo telefone fixo e pelo telemóvel. As perspectivas lançadas por esta convergência poderiam levar os operadores a propor ao conjunto dos utilizadores os mesmos serviços, independentemente da tecnologia e das redes utilizadas.

CPL - PLC (em inglês) - Corrente portadora em linha. Tecnologia que permite transportar sinais digitais em linhas de distribuição de potência eléctrica na banda das frequências compreendidas entre 1 e 30 MHz. Débito : Quantidade de dados que transitam numa rede durante um certo período. DECT : Digital European Cordless Telephone. Norma europeia de telefone sem fios, na banda 1880-1900 MHz. digital e que utiliza a compressão. Oferta desagregada do lacete local : A oferta desagregada do lacete local ou o acesso desagregado à rede local consiste em permitir aos novos operadores que utilizem a rede local do operador histórico, constituída por pares de cobre entrançados, a fim de poderem disponibilizá-la directamente aos seus assinantes. Neste caso, a utilização da rede local do operador histórico é naturalmente paga pelo novo operador. DOCUP : Documento Único de Programação DOM : Departamentos Ultramarinos Franceses DSP : Delegação de Serviço Público. No direito francês, o concedente (a colectividade pública) encarrega o concessionário (o mandatário) de um serviço público, do qual ele deve não só realizar os investimentos mas também assegurar a exploração através de uma remuneração recebida directamente junto dos utilizadores. A colectividade pode ajudar financeiramente o seu mandatário, mas pelo menos 30% do risco deve ser assumido pelo mandatário. Caso contrário, já não se tratará de uma delegação de serviço público mas sim de um mercado público. DSLAM (Digital Subscriber Line Multiplexer) : situado na rede do operador local, ao nível do repartidor, este faz parte dos equipamentos utilizados para transformar uma linha telefónica clássica em linha ADSL, permitindo a transmissão de dados e nomeadamente o acesso à Internet em banda larga. A função do DSLAM é de agrupar várias linhas ADSL num só suporte, que por sua vez encaminha os dados com proveniência e com destino a essa linhas. ECFS : cabo submarino « Eastern Caribbean Fibre System » Equipamento terminal : material que permite ao utilizador transmitir, tratar ou receber informações (telefone, fax, modem, etc.). Extranet : uma rede extranet é uma rede externa que utiliza a tecnologia IP (Internet Protocol). Permite a uma empresa ou a um organismo trocar informações digitais com os seus principais correspondentes (filiais, clientes, fornecedores, etc.) beneficiando da norma IP para a transmissão das informações e de uma fácil apresentação das mesmas, permitindo a linguagem HTML uma leitura não linear das páginas consultadas. FAI : Fornecedor de Acesso à Internet (em inglês ISP : Internet Service Provider). FEDER : Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional FED : Fundo Europeu de Desenvolvimento Fibra óptica escura ou desprotegida : infra-estrutura de telecomunicações dita passiva pois a rede só fica activa se a fibra for «iluminada», o que pressupõe equipamentos de telecomunicações do tipo encaminhadores, multiplexadores. Pacote ilimitado : designa uma oferta de acesso à Internet através da rede telefónica comutada, ilimitada no tempo de ligação com uma tarifa fixa para o consumidor final.

Page 94: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 94

GFU (Grupo Fechado de Utilizadores) : um GFU é uma rede independente para utilização privada ou partilhada. É de utilização privada quando está reservada ao uso da pessoa singular ou colectiva que a estabeleceu, e é de utilização partilhada quando está reservada ao uso de várias pessoas singulares ou colectivas que constituem um grupo ou vários grupos fechados de utilizadores que têm como objectivo trocar comunicações internas no seio de um mesmo grupo. GSM (Global System for Mobile communications) : norma de transmissão radio-digital utilizada para os telemóveis. GPRS (General Packet Radio Services) : sistema de comutação de dados por pacotes permitindo melhorar os débitos fornecidos pelas redes GSM (ver "comutação"). 3G : sistema móvel de terceira geração. Estas redes permitirão aceder a uma vasta gama de novos serviços, estando em primeiro lugar um acesso rápido à Internet graças à introdução progressiva nas redes móveis da tecnologia de comutação por pacotes. 2G, 2,5G : sistemas móveis que precederam a nova geração 3G (exemplos : GSM para a 2G, GPRS para a 2,5G). Hot Spot Wi-Fi : trata-se de um local público com grande afluência (estação, aeroporto, café, hotel, etc.) onde estão instalados conectores que dão acesso a uma rede sem fios e que permite aos utilizadores ligar-se facilmente à Internet com um equipamento adequado : PC portátil com adaptador Wi-Fi ou Wi-Fi integrado, PDA... Interligação : mecanismo de ligação entre as diferentes redes de telecomunicações, cujo objectivo é permitir a cada assinante de um operador ligar-se a todos os assinantes de todos os operadores. Internet : conjunto de redes de dimensões variadas interligadas entre si graças a um protocolo, o IP (Internet Protocol), permitindo a oferta e a utilização de numerosos serviços. Internet comutada : designa o acesso à Internet a partir da rede telefónica comutada, rede pública da France Télécom que encaminha as chamadas telefónicas clássicas. IP (Internet Protocol) : protocolo de telecomunicações utilizado nas redes que servem de suporte à Internet e que permite dividir em pacotes a informação a transmitir , encaminhar os diferentes pacotes, transmiti-los independentemente uns dos outros e recompor a mensagem inicial no destino. Este protocolo utiliza assim uma técnica denominada comutação de pacotes. Na Internet, está associado a um protocolo de controlo de transmissão de dados designado TCP (Transmission Control Protocol) ; assim sendo, fala-se do protocolo TCP / IP. Interoperacionalidade : a interoperacionalidade dos serviços corresponde à possibilidade de diferentes serviços funcionarem indiferenciadamente em redes diferentes. No âmbito da interligação, as funcionalidades técnicas disponíveis na interface de interligação determinam assim em parte a interoperacionalidade dos serviços entre os diferentes operadores. Intranet : uma rede intranet é uma rede baseada na tecnologia IP (Internet Protocol) reservada às comunicações internas de uma empresa ou de um organismo. Permite beneficiar da norma IP para a troca de informações e para uma fácil apresentação das mesmas, permitindo a linguagem HTML uma leitura não linear das páginas consultadas, graças à utilização de ligações de hipertexto (pode passar-se de uma rúbrica para outra com um simples "clic" do rato). IRU (Indefeseable Right of Use) : contrato de direito de utilização de capacidades ou de fibra óptica a longo prazo celebrado entre operadores de telecomunicações. ISO (International Standard Organisation) : instância internacional encarregue da normalização. ISP (Internet Service Provider) : ver "fornecedor de acesso à Internet". L1425-1 do CGCT : artigo do código geral das colectividades locais que as autoriza a exercer a competência de operador de operadores. Least cost routing : rota optimizada correspondendo a um sistema de encaminhamento das chamadas que permite escolher sistematicamente as ligações mais baratas em função do destino e da hora da chamada. Linha alugada : No plano técnico, uma linha alugada define-se como uma ligação permanente constituída por uma ou várias partes de uma rede aberta ao público e reservada ao uso exclusivo de um utilizador. Ligação digital : ligação na qual a transmissão das informações é feita em modo digital. O termo "digital" opõe-se a "analógico" e classifica qualquer informação de base (som, texto, imagem) que foi codificada e transformada num conjunto de algarismos. Ligação por feixes hertzianos : ligação de radiocomunicações terrestres entre pontos fixos. LMDS (Local Multipoint Distribution Services) : tecnologia que permite beneficiar de débitos elevados, que utiliza as ondas radio, nomeadamente para aceder ao serviço telefónico, à Internet e às emissões de televisão. LOOM : Lei de orientação para o Ultramar (França)

Page 95: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 95

MEDA : programa europeu de parceria com os países mediterrânicos Megabits/segundo : unidade de medida do débito baseada no número de informações transmitidas num segundo. MMDS: Microwave Multipoint Distribution System. Processo de difusão de programas de televisão analógico ou digital por microondas (ou hiperfrequências). MVNO : Mobile Virtual Network Operator. O "Novo operador móvel virtual" utiliza uma rede para telemóveis da qual não é proprietário, mas pode propor um serviço completo de rede móvel. ONP (Open Network Provision ou fornecimento de uma rede aberta) : o princípio de fornecimento de uma rede aberta permite que se ponha à disposição dos novos operadores a rede do operador histórico, dissociando a propriedade da rede e o fornecimento do serviço que tem como suporte essa rede ; desta forma, permite distinguir a disposição da infra-estrutura da sua exploração comercial. Operador dominante : é considerado como dominante qualquer operador que disponha de um poder significativo no mercado se, individual ou colectivamente, se encontrar numa posição equivalente a uma posição dominante, ou seja, desde que seja capaz de se comportar, em larga escala, de forma independente dos seus concorrentes, dos seus clientes e, em última instância, dos consumidores. Operadores de operadores : consiste em criar uma rede activa de telecomunicações e de a vender a operadores de serviços que a encaminharão para o cliente final. PDA : Personal Digital Assistant – Computador de bolso. Peering : designa um tipo de acordo de interligação entre duas redes backbone IP que trocam o tráfego Internet com destino à respectiva rede. Essas trocas têm lugar em nós de comunicação públicos ou privados. PO : Programa operacional PoP : Ponto de Presença PRAI : Programa regional de acções Inovadoras PRO : Ponto de Ligação Operador. Reach-ADSL (Re-ADSL) : nova tecnologia que permite limitar os constrangimentos de enfraquecimento encontrados nas linhas mais afastadas dos comutadores. Regulação : no sector das telecomunicações, a regulação pode definir-se como a aplicação, através da autoridade competente, do conjunto dos dispositivos jurídicos, económicos e técnicos que permitem às actividades de telecomunicações de se exercerem livremente, tal como previsto na lei. Repartidor : dispositivo que permite repartir os fios de cobre que compõem as linhas dos assinantes pelos cabos ligados ao comutador de assinantes, e cuja função é de agrupar várias linhas no mesmo cabo. Redes : conjunto de recursos de telecomunicações; por exemplo, conjunto de comutadores e de ligações de transmissão por cabo (fio ou cabo metálico, fibra óptica) e hertzianas, terrestres ou por satélite (onda electromagnética). Rede comutada : rede analógica que serve de suporte às comunicações telefónicas Rede de acesso : rede à qual os utilizadores ligam directamente os equipamentos terminais para aceder aos serviços. Rede por cabo : rede que utiliza como suporte cabos metálicos ou fibras ópticas. Rede aberta ao público : qualquer rede de telecomunicações estabelecida ou utilizada para o fornecimento ao público de serviços de telecomunicações. Rede radio móvel : rede que utiliza as frequências hertzianas para ligar os telemóveis à rede fixa ou móvel. Rede por satélite : rede que utiliza as frequências hertzianas ligadas por satélite. Roaming : possibilidade para um assinante de um telemóvel enviar ou receber chamadas quando se desloca, fora da sua área de cobertura, para outros territórios ou países. RPV (Rede Privada Virtual) : uma rede privada virtual consiste em partilhar a utilização de uma ou mais redes abertas ao público tendo como objectivo as necessidades internas de um grupo fechado de utilizadores definido "como um grupo que assenta numa comunidade de interesse suficientemente estável para ser identificada e preexistente ao fornecimento de um serviço de telecomunicações ". Este serviço permite responder às necessidades de comunicação quer internas (no seio do grupo de utilizadores em questão), quer externas (para utilizadores da rede pública). RTC : Rede telefónica comutada RUP : Regiões Ultraperiféricas Qualidade de serviço : capacidade de uma rede em fornecer critérios de desempenho exigidos pelas aplicações tidas em conta (vocal, videoconferência, dados críticos, multimédia). Estas incidem na garantia de débito mínimo, no tempo de restituição, na garantia de recursos da rede, etc.

Page 96: Aspectos regulamentares, de€¦ · RUP mostram-nos que existe um desfasamento em matéria de acessos relativamente aos países de origem e, de uma forma mais abrangente, às médias

Aspectos regulamentares e legislativos, da infra-estrutura e da tarifação dos serviços de comunicações electrónicas e das ligações de banda larga nas RUP. Comparação da situação existente com o restante território comunitário e países vizinhos.

Relatório final

Agosto 2005 © IDATE 96

Serviço universal : principal componente do serviço público das telecomunicações definido por lei e que tem como objectivo fornecer a todos um serviço telefónico de qualidade a um preço acessível. Prevê condições tarifárias e técnicas específicas, adaptadas às pessoas que têm dificuldades em aceder ao serviço telefónico devido à sua deficiência ou ao seu rendimento. Shelter : abrigo criado para a instalação dos equipamentos de um operador, no âmbito da co-localização para a oferta desagregada do lacete local. SMS : Short Message Service – Mini-mensagens Telecomunicações : qualquer transmissão, emissão ou recepção de signos, de sinais, de imagens, de sons ou de informações de qualquer natureza através de cabo, cabo óptico, radioelectricidade ou outros sistemas electromagnéticos. Telefonia em IP : serviço de comunicação vocal que utiliza o protocolo de telecomunicações criado para a Internet denominado "IP" (Internet Protocol). TICE : Tecnologias da informação e da comunicação educativas Transmissão : numa rede de telecomunicações, a função da transmissão é assegurar o transporte das informações na rede de um ponto a outro ponto dessa rede. Os suportes dessa transmissão podem ser cabos em cobre ou em fibra óptica, mas também feixes hertzianos. (ver "comutação") UIT (União Internacional das Telecomunicações) : organismo internacional sob a égide da ONU e com sede em Genebra encarregue da elaboração das normas no sector das telecomunicações. UMTS (Universal Mobile Telecommunications System) : sistema de telecomunicações móveis universais; denominação da norma adoptada na Europa para os sistemas de radiocomunicações móveis de terceira geração, que permitirão oferecer uma vasta gama de serviços, integrando a voz, os dados e as imagens. No âmbito da UIT, existem várias normas concorrentes para esses sistemas, sob a denominação genérica de "IMT 2000". URA (Unidade de Ligação de Assinante) : na rede da France Télécom, é parte de um comutador telefónico ao qual são ligadas as linhas dos assinantes e que procede à digitalização das informações. VoIP : Utilização da voz para comunicar telefónicamente via internet VSAT (Very Small Aperture Terminal) : serviços de telecomunicações por satélite que utilizam uma pequena parte da capacidade total do satélite graças a um terminal de emissão-recepção de pequena dimensão que permite a troca de informações a débito baixo ou médio. WAP (Wireless Application Protocol) : modelo que adapta a Internet aos constrangimentos dos telemóveis, nomeadamente através da utilização de um formato de conteúdo apropriado. Este novo protocolo de comunicação integra-se no âmbito de um processo de migração progressiva das redes móveis GSM para a Internet. Wholesale: comércio grossista Wi-Fi : rede local de tipo radioeléctrica IEEE802.11 comercializada e referenciada pela Alliance Wi-Fi. Esta tecnologia permite criar redes locais de banda larga sem fios em edifícios, mas pode também ser usada como meio de utilização local com um alcance de várias centenas de metros. WiMAX : a WiMAX (para Worldwide Interoperability for Microwave Access) tem vários pontos em comum com a BLR e está de acordo com a norma 802.16 que descreve um sistema de comunicação económico cujo débito pode atingir 70 Mbit/s com um alcance de 45 km. A WiMAX deverá permitir a mobilidade, a portabilidade, os serviços vocais e a utilização de banda larga, em concorrência com a ADSL e com o cabo.