anais do senado · 86ª sessÃo da 3ª sessÃo legislativa, da 4ª legislatura, em 3 de julho de...

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ANO DE 1 961 LIVRO 7 ANAIS DO SENADO Secretaria Especial de Editoração e Publicações - Subsecretaria de Anais do Senado Federal TRANSCRIÇÃO SENADO FEDERAL

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  • ANO DE 1961LIVRO 7

    ANAIS DO SENADO

    Secretaria Especial de Editorao e Publicaes - Subsecretaria de Anais do Senado Federal

    TRANSCRIO

    SENADO FEDERAL

  • 86 SESSO DA 3 SESSO LEGISLATIVA, DA 4 LEGISLATURA, EM 3 DE JULHO DE 1961

    PRESIDNCIA DOS SENHORES MOURA ANDRADE E CUNHA MELLO

    s 14 horas e 30 minutos, acham-se presentes os Senhores Senadores:

    Cunha Mello. Vivaldo Lima. Paulo Fender. Victorino Freire. Joo Mendes. Joaquim Parente. Fernandes Tvora. Menezes Pimentel. Dix-Huit Rosado. Argemiro de Figueiredo. Joo Arruda. Ruy Carneiro. Novaes Filho. Barros Carvalho. Silvestre Pricles. Heribaldo Vieira. Ovdio Teixeira. Lima Teixeira. Del-Caro. Ary Vianna. Jefferson de Aguiar. Caiado de Castro. Gilberto Marinho. Benedito Valadares. Nogueira da Gama. Moura Andrade. Lopes da Costa. Daniel Krieger. Mem de S. (29). O SR. PRESIDENTE: A lista de presena

    acusa o comparecimento de 29 Srs. Senadores. Havendo nmero legal, declaro aberta a sesso.

    Vai ser lida a Ata. O Sr. 2 Secretrio procede leitura da Ata da

    sesso anterior que, posta em discusso, sem debate aprovada.

    O Sr. 1 Secretrio, l o seguinte:

    EXPEDIENTE

    LISTA

    N 37, DE 1961

    EM 3 DE JULHO DE 1961

    Manifestaes contrrias aprovao do Projeto de Lei da Cmara n 13, de 1960, (n 2.222-57, na Cmara) que fixa as diretrizes e bases da educao nacional.

    Do Sr. Luiz Mozart Guimares e outros (25

    assinaturas), representantes de tdas as classes sociais de Barra de So Francisco, ES;

    Da Sra. Carmem Lcia, de Barretos, SP; Do Sr. Matias dos Santos, de Barretos, SP; Da Sra. Erclia Macedo, de Barretos, SP; Da Sra. Adlia Gomes, de Barretos, SP; Da Sra. Eunice de Melo, de Barretos, SP; Da Sra. Alice Serva Gomes, de Barretos,

    SP; Da Sra. Fernando Vidal, de Batatais, SP; Do Sr. Djalma Pereira Nvo, de Barretos,

    SP; Da Profa. Ana Augusta Ribeiro, de

    Barretos, SP; Do Sr. Francisco Moreno, de Bauru, SP; Da Sra. Vera Lcia Moreno, de Bauru, SP; Da Sra. Maria Aparecida Moreno, de Bauru,

    SP;

  • 2

    Do Sr. Jayme C. Lafer, de Bauru, SP; Do Sr. Alexandre Gagitti e outros (39

    assinaturas) representantes de famlias de Franca, SP;

    Do Coronel Canrobert, de Jundia, SP; Do Colgio Estadual de Nvo Horizonte, SP; Do Sr. Eduardo Rodrigues, de Pinhal, SP; Do Sr. Benedito Domingues, de Pinhal, SP; Do Sr. Agostinho Tofoli, de Pinhal, SP; Do Sr. Bento Rosa, de Pinhal, SP; Do Sr. Vicente de Paula, de Pinhal, SP; Do Sr. Sebastio Bagini, de Pinhal; SP; Do Sr. Benedito Bagini, de Pinhal, SP; Do Sr. Joe de Almeida, de Pinhal, SP; Do Sr. Accio Corciofi, de Pinhal, SP; Da Sra. Elvira Domingues, de Pinhal, SP; Do Sr. Rogrio Arlanck, de Pinhal, SP; Do Sr. Cavaliri, de Pinhal, SP; Do Sr. Joo Cavaliri, de Pinhal, SP; Do Grupo Fraternidade, de Pinhal, SP; Da Ce. Luz e Caridade Jos Julio, de So

    Joo da Boa Vista, SP; Do Sr. Antnio Borges da Costa, de So Joo

    da Boa Vista, SP; Do Sr. Westin Bittar, de So Joo da Boa

    Vista, SP; Do Sr. Jos Jlio, de So Joo da Boa Vista,

    SP; Do Grupo Fraternidade de So Joo da Boa

    Vista, SP; Do Sr. Joo B. L. Cardoso, de So Joo da

    Boa Vista, SP; Da Sra. Rosa Maria Bittar, de So Joo da

    Boa Vista, SP; Do Sr. Toms Vieira, de So Joo da Boa

    Vista, SP; Do Sr. Jos Afonso Bittar, de So Joo da Boa

    Vista, SP;

    Da Loja Manica Templrios de Justia, de So Joo da Boa Vista, SP;

    Do Sr. Tcito Pinto, de So Joo da Boa Vista, SP;

    Do Sr. Lcio, de So Joo da Boa Vista, SP; Do Centro Esprita Paulo de Tarso Jos Julio,

    de So Joo da Boa Vista, SP; Da Cmara Municipal de Santa Gertrudes, SP;Do Sr. Lus Nominato, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Zilda Nbrega, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Regina Felipe, de S. Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Pedro Barbeiro, de S. Jos do Rio Prto; Da Sra. Ana Costa, de S. Jos do Rio Prto, SP; Do Sr. Antnio Bueno, de S. Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Guaraciaba Nominato, de S. Jos do

    Rio Prto, SP; Da Sra. Cordula Nominato, de So Jos do

    Rio Prto, SP; Do Sr. Acio Nbrega, de S. Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Antnio Gonzales Filho, de S. Jos do

    Rio Prto, SP; Do Sr. Pedro Nominato, de S. Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Ivete Nominato, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Antnio Pires, de S. Jos do Rio Prto, SP;Da Sra. Ana Ramos, de S. Jos do Rio Prto, SP;Da Sra. Ana Marques, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Wilma Roque, de S. Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Maria Alzira Colturato, de S. Jos do

    Rio Prto, SP; Do Sr. Orlando Erven, de S. Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Carolina Menezes, de So Jos do

    Rio Prto, SP; Do Sr. Augusto Roque, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Paulo Roque, de S. Jos do Rio Prto, SP;

  • 3

    Do Sr. Jos Vieira, de S. Jos do Rio Prto, SP; Da Sra. Umbelina Alves, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Maria Dornelas, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Aparecida Silva, de So Jos do Rio

    Preto, SP; Da Sra. Monia Benito, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Leonardo Benito, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Jos Benito, de So Jos do Rio Prto,

    SP; Da Sra. Maria Pereira, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Jos Maria, de So Jos do Rio Prto,

    SP; Do Sr. Imlio Dumbra, de S. Jos do Rio Prto,

    SP; Da Sra. Maria Amaral, de S. Jos do Rio

    Prto, SP; Do Centro Esprita de S. Jos do Rio Prto,

    SP; Da Sra. Alcina Amaral, de S. Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Mercedes do Amaral, de S. Jos do

    Rio Prto, SP; Da Sra. Fernando Toledo, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Jane Costa, de S. Jos do Rio Prto,

    SP; Da Sra. Nilza Bozeli, de S. Jos do Rio Prto, SP; Da Sra. Isabel Amaral, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Jos Carlos, de So Jos do Rio Prto,

    SP; Do Sr. Ironildo Bozeli, de S. Jos do Rio Prto,

    SP; Da Sra. Marcolina Costa, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Urnia Giacheto, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Luiz Fonseca, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Hilda Csar, de So Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Jsus Fonseca, de S. Jos do Rio

    Prto, SP; Da Sra. Edna Carvalho, de S. Jos do Rio

    Prto, SP; Do Sr. Wilson Coelho, de S. Jos do Rio

    Prto, SP;

    Da Sra. Janete Dabore, de S. Jos do Rio

    Prto, SP;

    Da Sra. Aglair Nbrega, de S. Jos do Rio

    Prto, SP;

    Da Sra. Georgina Dabore, de So Jos do Rio

    Prto, SP;

    Do Sr. Gentil Gomes, de S. Jos do Rio Prto,

    SP;

    Da Mocidade Esprita de S. Jos do Rio Prto,

    SP;

    Do Sr. Domingos Meciano, de So Paulo, SP;

    Do Sr. Mrio Abate, de S. Paulo SP;

    Do Sr. Aristides Arruda, de So Paulo, SP;

    Do Sr. Paulo Xavier, de So Paulo, SP;

    Do Sr. Oswaldo Batista da Cruz, de S. Paulo,

    SP;

    Do Sr. Leon Dievalikian, de So Paulo, SP;

    Do Sr. Simo Chkognisk, de So Paulo, SP;

    Do Sr. Antnio Curi, de S. Paulo, SP;

    Do Sr. Moacir Ferreira de Andrade, de So

    Paulo, SP;

    Do Sr. Francisco de Cicco, de So Paulo, SP;

    Do Sr. Jair Pereira, de So Paulo, SP;

    Do Sr. Cid Franco, de So Paulo, SP;

    Do Sr. Miguel Feres, de S. Paulo, SP;

    Do Sr. Roland G. Gebara, de So Paulo, SP;

    Do Sr. Aldo Libonati, de S. Paulo, SP;

    Do Sr. Odair Ferreira, de So Paulo, SP;

    Do Sr. Arnaldo Gomes Pires, de So Paulo,

    SP;

    Do Sr. Goete J. Oliveira, de So Paulo, SP; Do Sr. Bruno Furiah, de So Paulo, SP; Do Sr. Fausto Abati, de So Paulo, SP; Do Sr. Nascimento Franco, de So Paulo, SP; Do Sr. Wilson Martins, de So Paulo, SP;

  • 4

    Do Sr. Gabriel Kfouri, de S. Paulo, SP; Do Sr. Artur Valery, de So Paulo, SP; Do Sr. Arany Matos Silva, de So Paulo, SP; Do Sr. Domingos Meciano, de So Paulo,

    SP; Da Federao dos Trabalhadores nas

    Indstrias de Fiao e Tecelagem do Estado de So Paulo, SP;

    Do Diretrio Central dos Estudantes da Universidade de So Paulo, SP;

    da Comisso Estadual de Defesa da Escola Pblica (memorial com 594 assinaturas), de So Paulo, SP;

    Do Sr. Orandir Monteiro, de So Paulo, SP; Do Sr. Miron Resnik, de So Paulo, SP; Do Sr. Wlcy Pessoa, de So Paulo, SP; Do Sr. Braslio Chiriacon, de So Paulo, SP; Do Sr. Jos Coriolano, de So Paulo, SP; Do Sr. Antnio Peruada da Silva, de S. Paulo,

    SP; Do Sr. Luciano Lacombe, de So Paulo, SP; Do Sr. Edmound Jafet, de So Paulo, SP; Do Sr. O. Cunha Lima, de So Paulo, SP; Do Sr. M. Ferreira, de So Paulo, SP; Do Sr. Danilo J. Fernandes, de So Paulo, SP;Do Sr. Josu, de Santos, SP; Do Sr. Antnio, da Unio Evanglica da Igreja

    Congregacional de Santos, SP; Das Escolas da Igreja Ultramontana de

    Santos, SP; Do Servio Social dos Antigos Alunos do "Mil e

    Cem Pais", de Santos, SP; Do Sr. Guarino F. Santos, de Sorocaba, SP; Do Sr. Lino Domingos de Oliveira, de

    Votuporanga, SP; Do Sr. Felice, de Uberlndia, MG;

    Do Sr. Bayard de Maria Boiteux, da Av. Rio Branco, Rio, GB;

    Da Federao Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino do Rio de Janeiro (memorial com 120 assinaturas);

    Da Cmara Municipal de Santa Maria, RS.

    Ofcio

    Da Cmara dos Deputados, n 1.036, encaminhando autgrafo do seguinte projeto.

    PROJETO DE LEI DA CMARA

    N 87, DE 1961

    (N 3.928-B, de 1958, na Cmara)

    D nova redao ao n 2, da letra b, do artigo 102 do Estatuto dos Militares Decreto-lei n 9.698, de 2 de setembro de 1946, e d outras providncias.

    O Congresso Nacional decreta: Art. 1 Os artigos 102 e 103 do Estatuto dos

    Militares passam a ter as seguintes redaes: "Art. 102 Nenhum militar poder contrair

    matrimnio no primeiro ano de servio". "Art. 103 Os alunos de escola de formao de

    oficiais e os da Escola Preparatria, submetidos ao regime de internato, no podem contrair matrimnio".

    Art. 2 Esta lei entrar em vigor na data de sua publicao, revogadas as disposies em contrrio.

    Cmara dos Deputados, em 29 de junho de 1961.s Comisses de Constituio e Justia e de

    Segurana Nacional.

    PARECER N 276,DE 1961

    Da Comisso de Constituio e Justia, sbre

    o Projeto de Resoluo n 64, de 1960, que dis-

  • 5 pe sbre as instalaes destinadas ao Presidente do Senado Federal e d outras providncias.

    Relator: Sr. Jefferson de Aguiar. A Comisso Diretora submete

    considerao do Senado o Projeto de Resoluo n 64, de 1960, que autoriza a instalao do Gabinete do Vice-Presidente da Repblica para o exerccio de suas funes de Presidente desta Casa.

    A Mesa dever providenciar a incluso de verba no Oramento, anualmente, no subanexo do Senado Federal, para a manuteno do Gabinete que se pretende instalar.

    Nada obsta a aprovao do projeto que constitucional.

    Sala das Comisses, 2 de fevereiro de 1961. Lourival Fontes, Presidente. Jefferson de Aguiar, Relator. Silvestre Pricles. Aloysio de Carvalho. Ruy Carneiro. Daniel Krieger. Milton Campos. Lima Teixeira.

    PARECER

    N 277, DE 1961

    Da Comisso de Finanas sbre o Projeto de Resoluo n 64, de 1960, que dispe sbre instalaes destinadas ao Presidente do Senado Federal, e d outras providncias.

    Relator: Sr. Joaquim Parente. A douta Comisso Diretora, tendo em vista as

    relevantes funes outorgadas pela Constituio Federal ao Presidente do Senado, apresentou o presente projeto de lei, propondo que lhe sejam destinadas rea e instalaes adequadas ao exerccio de seu mandato, na parte do Palcio do Congresso Nacional sob a jurisdio desta Casa Legislativa.

    Determina, ainda, o projeto que, de conformidade com o que dispem

    o Regulamento de Secretaria e as Resolues que o completam, o Gabinete do Presidente do Senado dispor do indispensvel pessoal, devendo, outrossim, a Comisso Diretora providenciar, anualmente, a incluso no Oramento da Unio, das dotaes necessrias manuteno do referido Gabinete e execuo dos servios nle compreendidos.

    Na justificativa da proposio, declara a Comisso Diretora desta Casa que tais medidas se impem, a fim de se disciplinar a matria, atravs de um diploma legal, atendendo-se a que, em face da duplicidade das funes do titular da presidncia desta Casa, no dispe le, nesta Capital, como no Rio de Janeiro, de gabinete prprio e de instalaes especiais destinados ao exerccio de suas funes estritamente ligadas Vice-Presidncia da Repblica.

    Esta Comisso, julgando oportunas e necessrias as providncias tomadas pela douta Comisso Diretora, de opinio que o Projeto de Resoluo deve ser aprovado.

    Sala das Comisses, em 8 de junho de 1961. Daniel krieger, Presidente. Joaquim Parente, Relator. Saulo Ramos. Rui Palmeira. Fernandes Tvora. Lima Teixeira. Nogueira da Gama. Barros Carvalho. Vitorino Freire. Dix-Huit Rosado. Lopes da Costa.

    PARECER

    N 278, DE 1961

    Da Comisso de Finanas, ao Projeto de Lei do Senado n 7, de 1959, que dispe sbre a franquia postal e telegrfica para os Partidos Polticos Nacionais.

    Relator: Sr. Mem de S. O projeto de lei em apro retorna a

    esta Comisso com o parecer que sbre le ofereceu o Ministrio da Viao e Obras Pblicas (Departamento dos Correios e Telgra-

  • 6 fos) a requerimento aprovado pelo Plenrio do Senado, em sesso de 7 de novembro de 1959.

    Ora, o parecer daquele Ministrio coincide rigorosamente, pela sugesto nle contida, com a emenda n 2, apresentada ao projeto pela douta Comisso de Transportes, Comunicaes e Obras Pblicas.

    A Comisso de Finanas, ao emitir seu parecer, aprovado em 14 de outubro de 1959, apenas com o voto vencido do eminente Senador Caiado de Castro, autor do projeto, j havia apreciado a emenda mencionada, recusando-lhe sua aprovao pelas longas razes aduzidas.

    Assim sendo, repetindo a sugesto do Ministrio da Viao e Obras Pblicas, o teor de uma emenda j rejeitada por esta Comisso, estamos diante de matria vencida, no havendo matria ou argumentos novos a examinar.

    Sala das Comisses, em 31 de maio de 1961. Daniel Krieger, Presidente. Mem de S, Relator. Joaquim Parente. Lopes da Costa. Fernandes Tvora. Fausto Cabral. Nogueira da Gama. Barros Carvalho. Dix-Huit Rosado.

    PARECER

    N 279, DE 1961

    Da Comisso de Constituio e Justia sbre o Projeto de Decreto Legislativo n 3, de 1961 (n 62-A-61, na Cmara), que mantm o ato do Tribunal de Contas da Unio denegatrio de registro ao contrato celebrado entre o Ministrio da Justia e Negcios Interiores e a firma "Emprsa de Engenharia Ceip Ltda.", para construo de um telheiro para matana de gado na Escola Agrcola Arthur Bernardes, em Viosa, Minas Gerais.

    Relator: Sr. Nogueira da Gama. Examinando em sesso de 29 de dezembro

    de 1953 as clusulas do trmo de contrato celebrado entre a Diviso de Obras do Departamento de Administrao do Ministrio da Justia e Negcios Interiores e a firma "Emprsa de Engenharia Ceip Ltda.", para construo de um telheiro para matana de gado na Escola Agrcola Arthur Bernardes, em Viosa, Estado de Minas Gerais, o Tribunal de Contas da Unio, no obstante dito contrato decorrer de concorrncia pblica regularmente realizada e de terem sido observadas as prescries legais com a apresentao dos documentos requeridos, houve por bem recusar-lhe registro, em face da impossibilidade da execuo dos servios contratuais dentro de sua vigncia.

    Comunicada ao Ministrio da Justia a deciso denegatria de registro e expirado o prazo legal, foi aqule ato encaminhado apreciao do Congresso Nacional na forma da Constituio Federal, tendo em vista que a referida Secretaria deixou decorrer o prazo estabelecido no art. 57, da Lei, n 830, de 1949, sem que se valesse da faculdade prevista para interposio de qualquer recurso.

    Os fundamentos da recusa do registro pelo Tribunal de Contas so inteiramente procedentes e encontram arrimo em disposio legal que rege a matria.

    A Comisso de Justia manifesta-se, assim, pela aprovao do projeto, do ponto de vista jurdico-constitucional.

    Sala das Comisses, em 10 de maio de 1961. Jefferson de Aguiar, Presidente. Nogueira da Gama, Relator. Daniel Krieger. Ary Vianna. Joo Villasbas. Aloysio de Carvalho. Heribaldo Vieira. Venncio Igrejas.

  • 7

    PARECER N 280, DE 1961

    Da Comisso de Finanas sbre o Projeto de

    Decreto Legislativo n 3, de 1961 (n 62-A-61, na Cmara), que mantm o Ato do Tribunal de Contas da Unio denegatrio de registro de contrato celebrado entre o Ministrio da Justia e Negcios Interiores e a firma "Emprsa de Engenharia Ceip Ltda.", para Construo de um telheiro para matana de gado na Escola Agrcola Arthur Bernardes, em Viosa, Minas Gerais.

    Relator: Sr. Joaquim Parente. Ao examinar as clusulas contratuais do

    trmo firmado entre a Diviso de Obras do Departamento de Administrao do Ministrio da Justia e Negcios Interiores e a firma "Emprsa de Engenharia Ceip Ltda.", em que esta emprsa se comprometia construir um telheiro para matana de gado na Escola Agrcola Arthur Bernardes, em Viosa, no Estado de Minas Gerais, o Tribunal de Contas da Unio resolveu negar-lhe registro, tendo em vista a impossibilidade da execuo dos servios programados no contrato dentro de sua vigncia.

    Reconheceu o Tribunal de Contas da Unio o cumprimento das formalidades indispensveis legalidade do contrato, como a realizao da concorrncia pblica e a apresentao dos documentos exigidos.

    No obstante, feita a comunicao ao Ministrio da Justia do ato denegatrio sob o fundamento acima mencionado, deixou esta Secretaria expirar o prazo legal previsto no art. 57, da Lei n 830, de 1949, sem que fsse interposto qualquer recurso.

    Reconheceu a douta Comisso de Constituio do Senado que as razes da recusa de registro do cita-

    do contrato encontram fundamento jurdico nas disposies legais que regem a matria.

    Esta Comisso, do ponto de vista de sua competncia, nada encontra que possa impugnar a resoluo do Egrgio Tribunal de Contas da Unio, manifestando-se, assim, favorvel aos trmos do presente Projeto de Decreto Legislativo.

    Sala das Comisses, em 8 de junho de 1961. Daniel Krieger, Presidente. Joaquim Parente, Relator. Rui Palmeira. Saulo Ramos. Mem de S. Fernandes Tvora. Lima Teixeira. Nogueira da Gama. Victorino Freire. Dix-Huit Rosado. Lopes da Costa.

    PARECER

    N 281, DE 1961

    Da Comisso de Constituio e Justia ao Projeto de Lei da Cmara n 130, de 1959, na Cmara n 3.691-B, de 1958, que institui o "Dia do Trabalhador nas Minas de Carvo".

    Relator: Sr. Lima Guimares. O Projeto n 130, de 1959, institui o dia do

    trabalhador nas minas de carvo, dia que ser celebrado em 4 de dezembro de cada ano.

    Manda ainda, o projeto, que a Comisso Executiva do Plano Nacional do Carvo regulamentar a lei e organizar anualmente o programa das festividades para aqule dia.

    Justificando o projeto, seu autor, o Deputado Antnio Carlos assim se pronuncia: "O dia 4 de dezembro de cada ano, dia de Sta. Brbara, os trabalhadores nas Minas de Carvo do Pas, costumam realizar solenidades religiosas, cvicas e sociais comemorativas das rudes e laboriosas atividades a que se dedicam com extremo sacrifcio. A tradio, por isso j consagrou tal data como o Dia dos Mineiros, Dia dos Trabalhadores nas Minas de Car-

  • 8 vo". E mais adiante: "O projeto que ora submetemos elevada considerao da Cmara dos Deputados, visa completar o reconhecimento que a Nao deve aos bravos trabalhadores nas Minas de Carvo".

    Em nosso Pas, constitui verdadeira mania a instituio de dias dedicados a diversas atividades. Temos o dia do soldado, dos comercirios, dos industririos, dos bancrios, dos namorados, dos pais, das mes, da ptria, da Repblica, de Caxias, de Deodoro, do Trabalho, de tudo. O dia do trabalho alcana todas as classes de trabalhadores.

    Se comearmos a especificar as atividades trabalhistas, o ano ser pequeno para a distribuio dos dias.

    Teremos amanh que atribuir dias aos carpinteiros, pedreiros, ferreiros, mecnicos, teceles etc.

    Seria um nunca acabar de dias feriados. No encontro razes plausveis para o

    atendimento do projeto, embora lhe reconhea a constitucionalidade.

    Sala das Comisses, em 30 de maro de 1960 Lourival Fontes, Presidente. Lima Guimares, Relator. Argemiro de Figueiredo. Rui Carneiro. Attlio Vivacqua. Milton Campos. Menezes Pimentel. Joo Villasbas.

    PARECER

    N 282, DE 1961

    Da Comisso de Legislao Social, sbre o Projeto de Lei da Cmara n 130, de 1959 (Projeto de Lei n 3.691-B, de 1958, na Cmara), que institui o "Dia do Trabalhador nas Minas de Carvo".

    Relator: Sr. Paulo Fender. O presente projeto, de autoria do Sr. Deputado

    Antnio Carlos, institui o "Dia do Trabalhador nas Minas de Carvo", fixando o dia 4 de

    dezembro de cada ano, para a sua celebrao. Enviado o projeto ao Senado, recebeu parecer

    contrrio da Comisso de Constituio e Justia, que acompanhou unnimemente o parecer de seu Relator, o Senador Lima Guimares, figura de relvo no Partido Trabalhista Brasileiro e de cujo desaparecimento ainda hoje se ressente o Senado.

    Embora considerando constitucional o projeto, o Senador Lima Guimares no encontrou razes que justificassem a sua aprovao, fazendo sentir, com propriedade, o verdadeiro barateamento dessas homenagens que se pretendem prestar descabidamente, a cada classe especfica de atividade.

    Reconhecendo a procedncia da argumentao do saudoso Senador, e nos termos do parecer aprovado pela Comisso de Constituio e Justia, esta Comisso opina pela rejeio do projeto.

    Sala das Comisses, em 9 de maro de 1961. Lima Teixeira, Presidente. Paulo Fender, Relator. Menezes Pimentel. Ruy Carneiro. Caiado de Castro. Lobo da Silveira.

    PARECER

    N 283, DE 1961

    Da Comisso de Finanas, ao Projeto de Lei da Cmara n 130, de 1959 (na Cmara n 3.691-B, de 1958), que institui o "Dia do Trabalhador nas Minas de Carvo".

    Relator: Sr. Saulo Ramos. O Projeto de Lei da Cmara n 130, de 1959,

    ora sob o nosso exame, institui o "Dia do Trabalhador nas Minas de Carvo", a celebrar-se em 4 de dezembro de cada ano.

    Pelos trmos do art. 93 do Regimento Interno, que fixa a competncia desta Comisso, verificamos que o assunto escapa sua alada,

  • 9 isto , a matria no influi na despesa ou na receita pblica, deixando esta Comisso de oferecer parecer sobre o projeto.

    Sala das Comisses, em 30 de maio de 1961. Daniel Krieger, Presidente. Saulo Ramos, Relator. Mem de S. Silvestre Pricles. Joaquim Parente. Rui Palmeira. Lopes da Costa. Victorino Freire. Dix-Huit Rosado.

    PARECER

    N 284, DE 1961

    Da Comisso de Constituio e Justia, sbre o Projeto de Lei do Senado nmero 18, de 1960, que autoriza a emisso de selos postais comemorativos da transformao do atual Distrito Federal em Estado da Guanabara.

    Relator: Sr. Caiado de Castro. No menos importante nem menos

    significativo do que a criao de Braslia, a 21 de abril do corrente ano, foi o advento, na mesma data, do Estado da Guanabara, em que se transformou o Rio de Janeiro, ou melhor, o antigo Distrito Federal.

    Com crca de trs milhes e meio de habitantes, com a segunda renda do Pas, com os seus conceituados centros de estudo e de cultura, com as suas gloriosas tradies polticas, com as suas belezas sem par, com o seu povo bravo e generoso, o Rio, corao e crebro do Brasil, sempre aspirou a autonomia que s agora conquistou com a transferncia da metrpole para o planalto central.

    Elevado categoria de Estado, o antigo Distrito Federal ter, de agora em diante, como unidade autnoma, papel da maior responsabilidade, pois, se de um lado perdeu os foros de capital no deixou, como Estado da Guanabara, sob o ponto

    de vista poltico e cultural, de ocupar uma posio de vanguarda no seio da Federao.

    II. Nada mais justo e oportuno, portanto, que festejar-se o evento, na realidade de uma relevncia mpar, e tal o objetivo do presente projeto, que autoriza o Poder Executivo a emitir, pelo Ministrio da Viao e Obras Pblicas Departamento Nacional dos Correios e Telgrafos uma srie de selos postais comemorativos da transformao do antigo Distrito Federal em Estado da Guanabara.

    III. Sendo o projeto meramente autorizativo, nada h, do ponto de vista constitucional e Jurdico, que o invalide.

    Cabe observar, porm, que o seu art. 1 fala em transformao "do atual Distrito Federal em Estado da Guanabara" como teria de ser, uma vez que o projeto foi apresentado em 13 de abril de 1960, antes da data da mudana.

    Ora, para ser transformado em lei agora, depois da transferncia da capital, preciso atualiz-lo, substituindo-se a palavra "atual" por "antigo".

    Isso psto, opinamos pela aprovao do projeto, com a seguinte:

    EMENDA 1 (CCJ)

    Ao art. 1: Onde est: "atual Distrito Federal". Diga-se: "antigo Distrito Federal". o nosso parecer. Sala das Comisses, 13 de julho de 1960.

    Lourival Fontes, Presidente. Caiado de Castro, Relator. Attlio Vivacqua. Menezes Pimentel. Joo Viilasbas. Francisco Gallotti.

    PARECER

    N 285, DE 1961

    Da Comisso de Transportes, Comunicaes e Obras Pblicas

  • 10 sbre Projeto de Lei do Senado n 18, de 1960, que autoriza a emisso de selos postais comemorativos da transformao do Distrito Federal em Estado da Guanabara.

    Relator: Sr. Francisco Gallotti. O projeto merece aprovao. Os festejos de centenrios de cidades e

    comemoraes de centenrios de nascimento de ilustres brasileiros tm merecido edies filatlicas; como no ser autorizada a emisso de selos proposta para a comemorao da criao do Estado da Guanabara? Justa manifestao.

    Pela aprovao. Sala das Comisses, em 27 de Outubro de

    1960. Francisco Gallotti, Presidente e Relator. Eugnio Barros, Ary Vianna. Victorino Freire. Fausto Cabral. Coimbra Bueno.

    PARECER

    N 286, DE 1961

    Da Comisso de Finanas sbre o Projeto de Lei do Senado n 18, de 1960, que autoriza a emisso de selos postais comemorativos da transformao do Distrito Federal em Estado da Guanabara.

    Relator: Sr. Saulo Ramos. De autoria do saudoso Senador Attlio

    Vivacqua, o presente projeto autoriza o Poder Executivo a emitir uma srie de selos postais comemorativos da transformao do antigo Distrito Federal em Estado da Guanabara.

    A proposio foi amplamente justificada pelo seu autor, com o brilho a que todo o Senado estava acostumado e que constituiu sempre a marca indelvel da atuao de Attlio Vivacqua em nossa vida pblica e, sobretudo, nas lides parlamentares. Com relao ao presente projeto, ento, o eminente represen-

    tante espiritossantense, no colocou, apenas, em favor do mesmo, a sua inteligncia, mas, tambm, o amor que sempre dedicou ao Rio de Janeiro, de cuja autonomia foi destacado e indmito defensor e por cuja transformao em Estado no despendeu menos esforos, escravo que era da Constituio.

    O projeto, meramente autorizativo, recebeu emenda de redao da Comisso de Constituio e Justia e encontra guarida nesta Comisso, semelhana de tantos outros que no sofreram objeo de nossa parte.

    Pela aprovao. Sala das Comisses, em 8 de junho de

    1961. Daniel Krieger, Presidente. Saulo Ramos, Relator. Mem de S. Joaquim Parente. Rui Palmeira. Fernandes Tvora. Lima Teixeira. Nogueira da Gama. Barros Carvalho.

    Telegramas

    Do Sr. Jos Nilson Villaa, de Ouro Prto,

    Minas Gerais, nos seguintes trmos: Dr. Joo Goulart Presidente Senado Federal Braslia DF De Ouro Prto MG 12-6-61 855 Solicitamos esclarecida interveno V. Exa. no

    sentido aprovao Senado Federal Projeto 2.028 regulamentao profisso gelogos vg j que intersses pessoais tentam derrub-lo com flagrante prejuzo para o desenvolvimento nacional curso Geologia. Jos Nilson villaa.

    Do Sr. Paulo Pessoa Guerra, Presidente da Assemblia Legislativa do Estado de Pernambuco, nos seguintes trmos:

  • 11 De Recife Exmo. Sr. Presidente Senado Federal. Palcio do Congresso Braslia DF Atendendo aprovao Requerimento 3.213

    Autoria Deputado Nivaldo Machado vg tenho honra transmitir Vossa Excelncia mais veemente aplo vg sentido ser dado integral apoio projeto regulamenta profisso gelogo vg j aprovado Cmara Deputados vg ora tramitao essa Casa Congresso Nacional pt Atenciosas saudaes pt Paulo Pessoa Guerra pt Presidente Assemblia Legislativa Pernambuco.

    Do Grmio Politcnico rgo, dos alunos da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo, nos seguintes trmos:

    Exmo. Sr. Senador Auro de Moura Andrade Senado Federal Braslia DF Em nome Grmio Politcnico rgo Alunos da

    Escola Politcnica Universidade de So Paulo tomando conhecimento lei regulamentao gelogos teria sido aprovada Cmara Deputados consideramos diversos dispositivos grandemente nocivos expanso indstria mineral brasileira vg inclusive por colidir legislao regulamentao profisso engenheiros pt Vimos encarecer Vossencia necessidade completo reexame projeto com audincia rgos interessados vg inclusive centros representativos alunos cursos engenharia minas tdas escolas mantm tais cursos pt Saudaes Ats Presidente Grmio Politcnico Wander Miranda de Camargo.

    Da Diretoria do Centro Moraes Rgo, rgo dos ex-alunos e professres dos cursos de engenheiros de minas e metalurgia, da Escola Politcnica de So Paulo, nos seguintes trmos:

    Presidente do Senado Dr. Joo Goulart Braslia DF Nome Centro Moraes Rgo rgo ex-alunos

    professres Cursos Engenheiros Minas Metalurgistas Escola Politcnica Universidade So Paulo tomando conhecimento lei regulamentao gelogos teria sido aprovada Cmara Deputados consideramos diversos dispositivos grandemente nocivos expanso indstria mineral brasileira vg inclusive por colidir legislao regulamentao profisso engenheiros pt Vimos encarecer Vossa Excelncia necessidade completo reexame projeto com audincia rgos interessados vg inclusive Centros Representativos cursos engenharia minas tdas escolas mantm tais cursos Saudaes atenciosas Presidente Srgio Benfica Secretrio Ricardo Teixeira Mendes Milton Luiz Gabrieli Diretoria.

    Ofcios

    Ns. 65 e 12, de 1961, do Conselho Federal de

    Engenharia e Arquitetura do Ministrio do Trabalho Indstria e Comrcio e da Federao Brasileira de Associaes de Engenheiros, nos seguintes trmos:

    MINISTRIO DO TRABALHO INDSTRIA E

    COMRCIO

    Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura Ofcio n 65 Em 23 de junho de 1961. Exmo. Sr. Senador Auro Moura Andrade. M. D. Presidente em exerccio do Senado

    Federal. Braslia Distrito Federal. Tenho a honra de passar s mos de V.

    Exa. a cpia do parecer aprovado pelo Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura na sua sesso n 584 referente situao dos

  • 12

    Gelogos, cujo Projeto n 2.028-A tramita pelo Congresso Nacional.

    Cumpre-me esclarecer a V. Exa. que ste Conselho no foi consultado sbre o assunto como acontece freqentemente em relao aos projetos que envolvem intersse das classes regulamentadas.

    Assim, solicito a colaborao de V. Exa. para que seja adotada uma providncia capaz de conciliar todos os intersses em causa.

    Aproveito o ensejo para apresentar a V. Exa. os meus protestos de alta estima e elevada considerao. a) J. Tolentino Carvalho Presidente.

    Parecer da Comisso Instituda para estudar a

    situao dos gelogos

    A Comisso designada pelo Sr. Presidente para estudar a situao dos gelogos face Resoluo n 120, cuja vigncia est suspensa por deciso tomada pelo Conselho Federal na sesso n 544, de 20-4-59 e do Projeto de Lei n 2.028-A, ora em tramitao no Congresso Nacional deliberou aps sucessivas reunies, fsse recomendada ao Plenrio a seguinte orientao.

    1) A elaborao de uma minuta de projeto-lei em trmos semelhantes aos dos engenheiros sanitaristas, que adaptado hiptese, ficaria com a seguinte redao:

    O Presidente da Repblica: Fao saber que o Congresso Nacional decreta

    e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1 A especializao de engenheiro-

    gelogo ou de gelogo fica includa na enumerao do art. 16 do Decreto-lei 8.620, de 10 de janeiro de 1946.

    Art. 2 Esta lei entrar em vigor na data de sua publicao, revogadas as disposies em contrrio.

    2) sse projeto poderia ser apresentado como substitutivo ao que est em discusso na Cmara Federal com a vantagem de que, uma vez transformado em lei, daria en-

    sejo ao Conselho nos trmos do art. 17 do Decreto-lei 8.620, de fixar as atribuies atravs de Resoluo, desta vez com base legal, observadas as formalidades necessrias, constantes do aludido preceito.

    o nosso parecer. S. M. J. do Conselho. Rio de Janeiro, 12 de junho de 1961. aa)

    Luciano Jacques de Moraes Luiz Gioseffi Jannuzzi Durval Coutinho Lbo.

    FEDERAO BRASILEIRA DE ASSOCIAES DE

    ENGENHEIROS Ofcio n 12-61. Rio de Janeiro 21 de junho de 1961 Excelentssimo Senhor Vice-Presidente do

    Senado. Temos a honra de solicitar a Vossa

    Excelncia a gentileza de providenciar para que, na tramitao por essa alta Casa Legislativa do Projeto n 2.028-60 que regula a profisso de gelogo e que j foi aprovado pela egrgia Cmara dos Deputados seja ouvido o Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura, entidade fiscalizadora do exerccio profissional e rgo do Ministrio do Trabalho, para um melhor esclarecimento do assunto.

    Agradecendo a Vossa Excelncia a ateno que dispensar a solicitao que ora formulamos, aproveitamos o ensejo para expressar nossos protestos de elevado apro e distinta considerao. a) F. Saturnino de Brito Filho Presidente.

    Telegrama

    Do Senhor Jos Magalhes Pinto, Governador do Estado de Minas Gerais, agradecendo a manifestao de pesar apresentada pelo Senado Federal ao Estado de Minas Gerais, pela morte do Senhor Levindo Coelho.

  • 13

    Carta Do Senhor Paulo Baeta Neves, Presidente,

    em exerccio, do Partido Trabalhista Brasileiro, agradecendo as condolncias apresentadas pelo Senado pelo falecimento do Senhor Danton Coelho.

    O SR. PRESIDENTE: Est finda a Ieitura do Expediente. (Pausa).

    Da Comisso Organizadora do VII Congresso Nacional da Mocidade Presbiteriana Independente do Brasil a Presidncia recebeu convite, extensivo aos Srs. Senadores, para sse conclave a realizar-se na cidade de Campinas de 6 a 12 do corrente ms.

    Continua a hora do Expediente. H oradores inscritos. Tem a palavra o nobre Senador Novaes Filho. O SR. NOVAES FILHO (*): Sr. Presidente,

    por vrias vzes tenho exercitado a tribuna, a fim de chamar a ateno dos Podres competentes para as grandes deficincias em que se debate a zona rural brasileira, demonstrando as dificuldades tremendas que os agricultores vencem todos os anos para o cumprimento de suas tarefas, na vida econmica do Pas.

    Os homens da cidade, em geral os que observam os quadros agrcolas debruados sbre as janelas citadinas, onde h garantias, confrto, condies de sade, de instruo, de divertimento, enfim, os requisitos indispensveis a que a vida transcorra como realmente deve, no avaliam os terrveis obstculos com que defrontam os homens que mourejam pelos campos do Brasil, batidos de sol a sol, cavando e semeando a terra.

    Sr. Presidente, se qualquer dos nossos homens estudiosos, dos observadores citadinos, dos jornalistas, __________________ (*) No foi revisto pelo orador.

    dos homens de Imprensa e de pensamento, dos que escrevem com tanto brilho e que lanam idias to generosas, marchasse para o interior, sobretudo digo eu, para o interior do Nordeste, zona que bem de perto conheo e sbre cujas dificuldades tenho a maior autoridade para falar, certamente volveria s suas tendas de trabalho intelectual, decepcionados pelo encontro de uma vida cheia de obstculos.

    No Sul do Pas, Sr. Presidente, a economia se apresenta em outros moldes pela maior facilidade de crdito e existncia de uma rde bancria particular que penetra o interior atravs de suas agncias. O mercado consumidor oferece outras possibilidades, a aquisio de mquinas e adubos talvez seja bem mais fcil e nesses grandes Estados que se apresentam com receitas compensadoras nos quadros arrecadadores da Unio o panorama sem dvida diferente e mais confortador.

    No Nordeste, porm, e no Norte do Brasil porque falando dos problemas e dificuldades agrcolas no h como separar o Nordeste do extremo Norte as deficincias so imensas para os agricultores.

    Essa observao ainda escapa, infelizmente, a certos comentadores apressados que assestam as suas crticas acentuadas sbre os homens que mourejam nos campos.

    No Brasil, at hoje no se conseguiu organizar o crdito agrcola. Os que exercem atividade na lavoura buscam financiamento sob dificuldades imensas, terrveis, e quando ste lhe chega escasso e a juros altos.

    O SR. PAULO FENDER: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. NOVAES FILHO: Com satisfao. O SR. PAULO FENDER: J declarei desta

    tribuna que o agricultor, para conseguir financiamento no

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    Banco do Brasil ou no Banco de Crdito da Amaznia, se v obrigado a provar que le no necessita, porque as condies exigidas com relao ao patrimnio garantidor do emprstimo e as dificuldades a que V. Exa. se refere to judiciosamente so imensas.

    O SR. NOVAES FILHO: Sou muito grato ao aparte de V. Exa. que constitui sem dvida, depoimento dos mais valiosos.

    Realmente, mesmo os agricultores de cultura mais elevada, quando recorrem ao Banco do Brasil recolhem essa decepo a que aludiu o nobre representante do Par, devido s exigncias que obedecem a uma burocracia complicada com vrias provas, certides e garantias de modo a que o agricultor se v tomado de desnimo.

    Os lavradores pequenos e mdios tm as dificuldades normais decorrentes do prprio atraso em viagens s Capitais dos Estados para encaminhamento normal dos processos de financiamento no Banco do Brasil. sses nem l chegam, porque o buscam muitas vzes, sob a garantia das colheitas, ajustando-as a preos que resultam quase sempre em prejuzos, dada a majorao das cotaes do artigo da sua produo que sobem na poca da colheita; usam dsse recurso ou no tero com que movimentar as suas atividades agrcolas nas entre-safras.

    Dou ao Senado um depoimento prprio, um depoimento at melanclico das dificuldades existentes. Eu que me considero um agricultor adiantado no na tcnica, nem no volume da produo mas adiantado em esprito, em inteligncia, em traquejo, em conhecimento dos meios comerciais do Pas prefiro financiar-me perante a indstria aucareira, qual vendo as canas que planto e cultivo, do que ir em busca de financiamento junto ao Banco do Brasil.

    O SR. PAULO FENDER: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. NOVAES FILHO: Com todo o prazer.

    O SR. PAULO FENDER: Por ocasio do esfro despendido, durante a guerra, para suprimento da borracha, o Banco da Amaznia financiava aos seringalistas. ste financiamento se operava sbre a colheita, como diz V. Exa.; mas o preo de compra estipulado pelo Banco era um preo vil. Ento, o financiado vendia a sua produo na fronteira da Bolvia, como contrabando, e pagava o financiamento ao Banco, desviando o produto brasileiro do Banco da Borracha, o seu estocador natural. Isto porque, na operao dos emprstimos, as exigncias so de tal ordem que no estimulam o agricultor, com relao safra que espera vender a bom preo. Quando o financiamento feito o preo da safra um, por ocasio da colheita o preo j outro; ento com melancolia v o financiado a sua safra entregue ao Banco para que ste venha a auferir grandes lucros.

    O SR. NOVAES FILHO: Muito obrigado pela interveno do nobre Senador Paulo Fender.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. NOVAES FILHO: Com muito prazer.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Agricultor como V. Exa. e identificado com os problemas da lavoura, quero tambm dar o meu depoimento. Os financiamentos feitos pelo Banco do Brasil ou atravs da Carteira de Crdito Agrcola no atendem aos reclamos da agricultura nacional. Primeiro, porque os juros so altos e os prazos curtos e ainda porque quase sempre as exigncias de documentos comprobatrios e garantias so tais que desanimam

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    aqules que pretendem financiamento nas entre-safras. Formaram-se as Cooperativas no Estado de V. Exa., e no meu, sobretudo para a cana-de-acar. Com esta medida a situao torna-se, ainda, mais fcil, porque segurado da Cooperativa, obtm o lavrador emprstimos a juros mdicos e a prazo longo. Se em tdas as lavouras do Pas houvesse cooperativas organizadas certamente que haveria mais intersse para aumentar a produo e estmulo agricultura.

    O SR. NOVAES FILHO: V. Exa. toca num ponto dos mais interessantes, o da organizao cooperativista, nica medida capaz de tornar menos fracos os pequenos. V. Exa. h de concordar comigo que, mesmo essa iniciativa to louvvel no vem atingindo no Brasil aos objetivos desejados. O Banco Nacional Cooperativista, organizado sob tantas esperanas, como que desvirtuou a sua rota, e hoje faz mais transaes de ordem comercial, a prazos mais curtos, talvez a juros melhores, preterindo as transaes normais de rgo cooperativista destinado ao financiamento da lavoura.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: verdade. O SR. NOVAES FILHO: Assim, quer

    no mundo financiador cooperativista que poderia, realmente, trazer resultados extraordinrios, quer atravs do Banco do Brasil, de cuja Carteira de Crdito Agrcola e Industrial, se retirssemos a denominao de "agrcola", no haveria mal algum, dada a nenhuma expresso da parte agrcola o Banco Nacional de Crdito Cooperativo funciona de modo a beneficiar alguns agricultores, mas no agricultura. Esta a verdade. Ao passo que a indstria, no. Sabemos que a indstria no Brasil, vem sendo, em todos os tempos, bem assistida. Malgrado algumas dificuldades, tem

    facilidade de crdito, apoio ostensivo do Govrno da Repblica e dos Govrnos Estaduais, dispensa de impostos e reduo de obrigaes fiscais. Tudo se lhe faculta, inclusive a importao de mquinas do exterior, at bem pouco tempo com certos privilgios cambiais. Quem apontar quaisquer emprsas agrcolas do Brasil a que se conferissem tais favores? A agricultura se debate em meio a verdadeira penria, e , no Brasil, um milagre! Os agricultores produzem sem crdito agrcola organizado, sem uma rde de estabelecimentos de crdito que penetre o interior levando dinheiro fcil e barato aos lavradores, na quase totalidade homens ignorantes e atrasados, que temem freqentar os centros citadinos.

    Sr. Presidente, se os homens do campo produzem e ainda criam o Brasil a riqueza que temos muitas das nossas indstrias tm por matria-prima produtos agrcolas sses homens realizam um verdadeiro milagre.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. NOVAES FILHO: Recebo, com muita honra, o aparte de Vossa Excelncia.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: V. Exa. tem razo. Desde o Govrno do Presidente Getlio Vargas se pretendia separar as atividades industriais e agrcolas da Carteira de Crdito Agrcola e Industrial do Banco do Brasil. Considerava-se, com muita razo, que os emprstimos industriais absorviam completamente a Carteira, que funcionava mais em razo dles e com desprzo dos emprstimos agrcolas. Infelizmente, no se efetuou a separao e at hoje continua a Carteira de Crdito Agrcola e Industrial. Por outro lado, as instituies de crdito no Pas e V. Exa. cita a do crdito cooperativo tambm no assistem, absolutamente, ao agricul-

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    tor, porque o prazo nuo. Onde se viu emprestar dinheiro a agricultores, para amortizao do capital ao fim de um ano, justamente quando se faz a colheita, e no raro se perde a produo daquele ano, e alm disso a juros altos? Preconizei, ento, desta tribuna que se organizassem cooperativas para financiar aos seus associados, aos prprios agricultores. As consideraes de V. Exa. sbre o crdito agrcola so judiciosas e preciso que o Govrno da Repblica atente bem para o problema. Do contrrio, continuar em completo descaso a vida rural.

    O SR. NOVAES FILHO: Sr. Presidente, o problema agrcola do Brasil muito grave, e poucos o conhecem de perto.

    Os comentrios que se fazem sbre a agricultura e o que se exige dos agricultores, muito alm das suas possibilidades financeiras, vem criando clima de odiosidade contra os homens que mourejam nos campos.

    Se, entretanto anotem bem os Srs. Senadores, os Poderes Pblicos no adotarem medidas de amparo e assistncia lavoura do Brasil, como de justia, a agricultura brasileira, sobrecarregada dos mesmos nus, das mesmas despesas e das mesmas obrigaes atribudas indstria, em meio a condies to precrias, caminhar para o caos e para a completa desordem econmica.

    Sr. Presidente, reputo do mais alto sentido de justia e dever de brasileiro, chamar a ateno, da tribuna do Parlamento, para a situao de penria em que se encontram os agricultores brasileiros, abandonados, vivendo pelos campos prpria custa e relegados prpria sorte, a fim de que, amanh, se lhes atribuirmos obrigaes, s quais no podero em absoluto fazer face, no se diga que houve surprsa, por falta de aviso ou de advertncia.

    A vida nos campos do Brasil, a no ser, como disse de incio, em algumas privilegiadas unidades da Federao, pelo clima, pelas condies ambientes, pela imigrao e prpria riqueza da terra, vida de tormentos e de grandes dificuldades.

    Em todo o Norte do Brasil, excetuados, talvez, os cultivadores de cacau, na Bahia, pois possvel que nesse setor haja progresso, independncia financeira e tranquilidade, nos demais setores agrcolas de todo o Norte do Pas no vai nas minhas palavras qualquer exagro 90% dos agricultores vivem apreensivos com o prazo dos dbitos, hipotecas, juros altos, vencimentos de ttulos, muitas vzes sem saberem como atender s obrigaes contradas.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. NOVAES FILHO: Com prazer. O SR. LIMA TEIXEIRA: Inegvelmente a

    lavoura do cacau, mais rendosa que a do acar-de-cana, est possvelmente em p de igualdade com a do caf. Entretanto, no h, no momento, nenhum agricultor, salvo talvez os da regio Sul, So Paulo ou Rio Grande do Sul, em situao satisfatria. No Nordeste, a lavoura canavieira atravessa fase das mais difceis, no s em conseqncia da falta de crdito, como do preo vil que se paga, ainda agora, pela tonelada de cana. Quanto lavoura do cacau, os preos baixaram considervelmente, tambm na Bahia. Com referncia ao caf, assistimos, a todo momento, s reclamaes dos cafeicultores. Mesmo as grandes lavouras sofrem tremenda crise e no contam com o crdito agrcola que possibilitaria aos agricultores a ampliao das culturas. Logo, sem incidir em rro, pode V. Exa. afirmar que tda a lavoura nacional passa por srias dificuldades, neste instante.

  • 17 O SR. NOVAES FILHO: Muito grato pelo

    aparte do nobre representante da Bahia que tanto se tem empenhado neste Plenrio, pela soluo dos problemas agrcolas nacionais e cujo depoimento prestigia minhas modestas consideraes.

    Sr. Presidente, hoje, no Brasil, tudo o que h de antiptico, hostil e repelente recai sobre a lavoura. Entra-se em qualquer casa comercial e, sem reclamaes mesmo porque no adiantaria faz-las adquirem-se os produtos manufaturados que nos vm das indstrias por preos que se elevam constantemente, inclusive tecidos, artigos to indispensvel ao pobre para a sua vestimenta quanto os gneros de alimentao.

    Tudo desce e sobe " la volont". S os produtos agrcolas so vigiados, diriamente acompanhados pela mais rigorosa fiscalizao. No se pergunta se o preo das mercadorias, entregues aos mercados consumidores, est remunerando com justia os agricultores. Importa apenas saber que so produtos originrios dos campos e que por isso tm que sofrer tda sorte de compresso, procedente ou improcedente.

    O lavrador, no Brasil, um verdadeiro pria, homem sem defesa que no merece qualquer considerao dos Podres competentes. Essa a verdade. Alm de tudo, enfrenta os maiores tropeos para conseguir o financiamento das suas atividades. Desconhece a assistncia tcnica. As sementes boas, quando lhe vm s mos, por preos altssimos, o adubo custa-lhe os olhos da cara.

    Tudo isso j normal. Para que regalias, assistncia e financiamento aos que mourejam no campo? les que vivam por l com o candeeiro a querosene, as pssimas condies sanitrias, longe da instruo para os filhos, isolados pela falta de comunicao, numa vida triste cuja nica alegria o trabalho cotidiano! Que por l consumam suas energias, trabalhando de

    sol a sol, para que as cidades tenham vida mais farta, melhor abastecidas a preos abaixo do justo, apesar dos reclamos do produtor nacional.

    Sr. Presidente, chamo a ateno dos Srs. Senadores, presentes e ausentes para ste problema da mais alta gravidade. Desassistidos por completo, os agricultores s conhecem o Poder Pblico atravs do fisco inexorvel. Assim, est-se criando no Brasil uma mentalidade estranha: os agricultores brasileiros so considerados uma classe forte, econmicamente falando, uma classe em boas condies, capaz de competir com a indstria. Esta, entretanto, como j acentuei, pela sua prpria atividade, tem contado com outros recursos, outros elementos de vida, obtendo sempre dos Podres competentes, tda assistncia. absurdo, pois, querer equiparar a agricultura que morre de fome, a uma indstria florescente, em vrios setores de atividade. Ultimamente muitos centros tomaram notvel impulso custa da prpria agricultura, que contribuiu grandemente para os imensos favores financeiros, cambiais e alfandegrios obtidos pelos parques industriais.

    Sr. Presidente, Srs. Senadores, atentem bem para a injustia dessa equiparao que se pretende estabelecer entre a agricultura e a indstria nacionais para que amanh sbre a lavoura no recaiam os mesmos nus e as mesmas obrigaes que pesam sbre a indstria. A agricultura no pode, absolutamente, suport-los. Quando, porm, disso se aperceberem os Pderes Pblicos, talvez j seja tarde e agricultura no restar seno sucumbir diante de exigncias para as quais no foi preparada pois no contou com os favores nem com a assistncia concedidos indstria.

    preciso ainda que os parlamentares se advirtam da grande distncia existente entre agricultores e industriais. Quase sempre o in-

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    dustrial se situa numa cidade ou s proximidades dela. Como natural, tem boa equipe de auxiliares, guarda-livros etc., tudo lhe fcil. J os agricultores vivem perdidos pelo interior do Brasil. So homens atrasados, muitas vzes ignorantes e que no tm para quem apelar, pois esto a imensas distncias das cidades.

    Logo, querer a legislao brasileira tenham sses homens as mesmas obrigaes e encargos que pesam sbre o industrial, ser criar uma situao tumulturia e injusta para o meio agrcola brasileiro. A agricultura tem que ser tratada em outras condies, por outros caminhos, e no com a simplicidade com que se pretende trat-la, no Brasil; classe desamparada, pobre, ignorante, est sendo equiparada a uma classe bem assistida, adiantada, que vive em meio civilizao.

    Essa advertncia, que reflete o meu esprito de justia eu a fao, sobretudo, pelos deveres que tenho para com a lavoura do Brasil por conhecer de perto as dificuldades em que ela se debate.

    Sr. Presidente, Pernambuco um Estado moderno, um Estado exemplo, se considerarmos que uma das menores Unidades da Federao, encravada no polgono das scas, com uma populao de mais de quatro milhes de habitantes, e apresenta um bom parque industrial e uma lavoura que se renova atravs de modernos processos de fertilizao e de irrigao. Tudo isso representa esfro gigantesco do pequeno Estado e do seu nobre povo, de que muito me orgulho.

    Cito Pernambuco, claro, nos quadros do Nordeste do Brasil.

    Pois bem, Sr. Presidente, eu teria dificuldade em dar uma porcentagem de agricultores pernambucanos, no que fssem abandonados, no que fssem ricos, mas que ao menos sbre les no pesassem as apreenses e desgostos das dvidas contradas, no para a dissipao,

    no para o prazer, no para o luxo, mas para a manuteno plena das suas atividades agrcolas.

    Por conhecer de perto sse quadro, que me permito solicitar do Senado da Repblica que sempre foi uma Casa ponderada, onde pontificam homens provenientes de todos os centros de atividades nacionais, que medite bem sbre as afirmaes que ora fao. Afirmaes que no so apressadas, tampouco levianas, mas, sim, o testemunho do meu zlo pelas coisas do Brasil e, principalmente, do meu desejo de que os agricultores brasileiros no se vejam amanh atropelados, nem chamados ao cumprimento de deveres que no se achem em condies de satisfazer.

    Era o que tinha a dizer. (Muito bem! Muito bem! Palmas).

    Em meio ao discurso do Sr. Novaes Filho o Sr. Moura Andrade deixa a Presidncia, assumindo-a o Sr. Cunha Mello.

    O SR. PRESIDENTE: Continua a hora do Expediente.

    Tem a palavra o nobre Senador Lima Teixeira. O SR. LIMA TEIXEIRA (*): Senhor

    Presidente, minhas primeiras palavras so de saudao minha terra, pelo transcurso, ontem, da data histrica para ela e para o Brasil do 2 de julho.

    Na Bahia foi selada nossa independncia. L se travou, como bem escreveu Castro Alves na sua ode nos "Cus da Bahia", a grande batalha, a batalha final para a expulso das tropas de Madeira que ali se haviam fixado, na qual tiveram papel decisivo as figuras j incorporadas nossa histria de Lord Cockrane, Labatu. Em Cabrito e Piraj, locais que ficaram como marcos imorredouros daquela luta, se assentou, definitivamente, a independncia do Brasil.

    __________________ (*) No foi revisto pelo orador.

  • 19 Sob a inspirao dessa data, quero tecer

    algumas consideraes a respeito de um artigo que ontem tive ensejo de ler no "Jornal do Brasil", sbre o papel do Congresso.

    Vemos, Senhor Presidente, o Senhor Jnio Quadros, que tanto se manifestou contra a rlha na Imprensa e no Rdio, abjurar dos propsitos esposados como Governador de So Paulo e tolher, por meio dessa medida, a liberdade de pensamento.

    Diz o "Jornal do Brasil", em seu comentrio: (Lendo)

    "O CONGRESSO Tem o Congresso Nacional uma excepcional

    oportunidade de afirmao neste momento em que a Presidncia da Repblica parece querer enfeixar em suas mos os podres que so seus e os que no so. As notcias que nos chegaram de Braslia, nas ltimas horas, sbre o projeto de lei que regula a radiodifuso, so promissoras. Temos, finalmente, a impresso de que o Congresso comea a reagir e a retomar o papel que lhe cabe de Poder desarmado materialmente mas de grande autoridade moral. O substitutivo apresentado pelo Deputado Nicolau Tuma, da UDN, e que resulta de uma adaptao inteligente dos projetos dos Senhores Prado Kelly, da UDN, e Srgio Magalhes, do PTB, parece-nos de grande convenincia para a garantia da liberdade de expresso no Pas. um instrumento que acabar com a censura, a no ser na eventualidade da decretao do estado de stio, e que procura disciplinar o uso das emissoras oficiais. Tira a questo da radiodifuso do alcance do Ministrio da Justia, entregando-a a um Conselho Nacional de Telecomunicaes, formado por nomes de alto valor. E constitui, no Congresso, uma comisso mista para zelar pela liberdade de informao e de ex-

    presso do pensamento atravs do rdio e da televiso.

    As noticias de Braslia afirmam que haver quorum para a votao dsse projeto, que j est tramitando, na Cmara, em regime de urgncia. A prpria votao do regime de urgncia foi sem a menor dvida uma advertncia de que o Congresso comea a levantar a cabea e a reafirmar a sua independncia. A Cmara que iniciou sse movimento no sentido de preservar as liberdades bsicas no Pas, s merece, neste momento, o apoio de todos os cidados conscientes. Alis, vrios deputados, entre os quais podemos destacar os Srs. Chagas Freitas, do PSP, e Antnio Carlos Magalhes, da UDN, tm criticado as incurses arbitrrias do Govrno no problema das liberdades fundamentais desde que foi baixado o decreto do Presidente Jnio Quadros. sse instrumento que os membros do Govrno passaram a chamar de mera consolidao de dispositivos j existentes, tem tdas as caractersticas do decreto-lei. Houvesse embaixo outra assinatura, e teramos a impresso de que estvamos em pleno Estado Nvo, com o Departamento de Imprensa e Propaganda em funcionamento.

    E por falarmos no DIP, vemo-nos forados a chamar a ateno do Congresso para outro problema que comea a surgir. O Senhor Pedroso Horta, Ministro da Justia, acaba de afirmar, pela televiso (talvez haja uma certa ironia no uso por um Ministro e para isso, de um meio de divulgao onde no mais podem ser transmitidas notcias de tendncia alarmista), que o Govrno est interessado em reabrir a questo da Lei de Imprensa. Quer o Govrno acabar com os abusos da liberdade de imprensa. o caso de se perguntar que abusos so sses que ningum os conhece. Poucas vzes neste Pas um Presidente da Repblica foi to bem tratado pela imprensa quanto o Senhor Jnio

  • 20

    Quadros. Se h algum que no tem o direito de reclamar contra sses abusos (que, afinal, so hipotticos) o Presidente da Repblica.

    De um modo geral, a imprensa no publica notcias que atentem contra o pudor, no ataca a honra pessoal dos membros do Govrno, no publica artigos insultuosos, no faz pregao contra as instituies democrticas. H erros eventuais, mas no marcam uma tendncia nem demonstram um propsito deliberado.

    J chegou a hora de o Congresso perguntar por que o Presidente Jnio Quadros se preocupa tanto com o que a imprensa e o rdio publicam ou deixam de publicar. A impresso que se generaliza a de que o Govrno est tentando, prvia e progressivamente, calar os seus crticos, silenciar as vozes independentes, fazer a orquestrao do noticirio e dos comentrios em todos os jornais e estaes de rdio e televiso. A imprensa no precisa de uma lei especial. O rdio e a televiso no se podem transformar em simples transmissores da Voz do Brasil. O Congresso precisa agir e reagir na preservao das liberdades democrticas. Se o fizer, ter o apoio e a gratido de todos os que, sinceramente prezam o regime.

    Sr. Presidente, j, agora, o Presidente da Repblica, atravs das declaraes do Ministro Pedroso Horta, no est s no propsito de interferir nas estaes de rdio, vai alm, S. Exa. pretende tomar posio contra a Imprensa. Entretanto, no tenho conhecimento de um Presidente da Repblica que tivesse tido maior noticirio pela Imprensa e que fsse mais aplaudido do que o Sr. Jnio Quadros.

    Se nos dermos ao trabalho de folhear qualquer jornal, encontraremos sempre uma palavra de estmulo, de solidariedade, de apoio aos atos de S. Exa. No entanto o Sr. Jnio Quadros procura retribuir a

    essa prova de confiana da Imprensa Brasileira, interferindo na liberdade de imprensa.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Com satisfao. O SR. DANIEL KRIEGER: Da

    argumentao de V. Exa. imagino que, mesmo quando os jornais no o elogiam, o Presidente da Repblica toma medidas contra a imprensa. No pensamos assim; entendemos que deve haver plena liberdade de imprensa com uma correspondente responsabilidade.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Meu caro colega, atravs do JORNAL DO BRASIL o articulista alega que os propsitos do Govrno, talvez fssem o contrle, pelo fato da imprensa dar sempre destaque a atos do Sr. Jnio Quadros, e eu me referia maneira, que me parece injusta, de controlar um noticirio que dava largas aos atos de Sua Excelncia.

    Ora, Sr. Presidente, comeamos a ficar apreensivos. Sabemos que o noticirio do Congresso muito escasso, h o propsito e mesmo cogitao de se propr meios de melhor divulgar, aos Estados, os discursos aqui proferidos.

    O encorajador artigo que acabo de ler j constitui uma prova de que o Legislativo no est indiferente aos ltimos atos do Presidente da Repblica, mesmo sbre o da rdio-comunicaes que mereceu tantos debates na Cmara dos Srs. Deputados.

    O SR. HERIBALDO VIEIRA: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Concedo o aparte a Vossa Excelncia.

    O SR. HERIBALDO VIEIRA: O Congresso nunca estve indiferente vigilncia das liberdades pblicas.

  • 21 Haja vista que no Govrno passado, foi apresentado na Cmara dos Deputados o Projeto Prado Kelly para evitar os abusos do poder sbre a imprensa, o rdio e a televiso. O Congresso repito nunca deixou de estar vigilante na defesa das liberdades pblicas e agora o que se v o ressurgimento do projeto que as fras majoritrias, do Govrno passado, haviam calado.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Indiferentes estiveram Vossas Excelncias.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: V. Exa est tocando no assunto que eu desejava. Quando o Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira tomou, no a iniciativa porque no partira de S. Exa. mas de figuras do Govrno, deciso de proceder reforma da legislao da imprensa, fui um dos escolhidos, como Parlamentar, para figurar na Comisso, incumbida de estud-la juntamente com outros Lderes de Bancadas na ocasio era Lder da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro. Reunidos sob a presidncia do Ministro da Justia de ento, o saudoso Senador Nereu Ramos, teve o Senador Cunha Mello ensejo de apresentar vrias sugestes e o atual Ministro do Supremo Tribunal, que fra chefe da Casa Civil do Presidente da Repblica, fazia parte daquela Comisso.

    Sr. Presidente, a grita na imprensa foi muito grande, quando o que se pretendia era to smente evitar a licenciosidade. J os comentrios e as crticas resvalavam para o terreno pessoal, mas a crtica foi to forte, tantos foram os que se levantaram, que o Presidente da Repblica, sempre pronto a atender s reivindicaes, s reclamaes, partissem elas de onde partissem tal era o feitio do Presidente Juscelino Kubitschek que pouco a pouco a Comisso, entendeu que no seria conveniente alterar, naquele mo-

    mento, a legislao em vigor. Os que mais se levantavam na ocasio eram justamente os nossos opositores de hoje, os combativos senadores e deputados da Unio Democrtica Nacional.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Que continuam coerentes. V. Exas. que ficaram indiferentes por que no aprovaram o projeto de Rdio que teve a colaborao dos Senadores Joo Villasbas e Mem de S.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Ento, S. Exas. deveriam estar acordes com as determinaes do Presidente Jnio Quadros que vem justamente ferir aqules pontos contra os quais S. Exas. se insurgiram nas duas Casas do Congresso.

    O SR. DANIEL KRIEGER: V. Exas. constituem a Maioria do Congresso. Promovam V. Exas. que tero nossa solidariedade, no desejamos outra coisa seno assegurar as liberdades pblicas.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Folgo, Sr. Presidente, em registrar, com muito agrado, a declarao do eminente Senador gacho...

    O SR. DANIEL KRIEGER: V. Exa. no poderia esperar outra coisa.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: ...que deixa, de uma vez por tdas claro a esta, como outra Casa do Congresso, que usou da palavra um Deputado da Unio Democrtica Nacional que criticou acerbamente o ato do Sr. Presidente da Repblica, o Sr. Antnio Carlos.

    O SR. DANIEL KRIEGER: V. Exa. precisa fazer uma distino: o Presidente da Repblica usa, agora, leis e decretos vindos do passado e que V. Exas. no fizeram cumprir. V. Exas. que so Maioria do Congresso Nacional, modifiquem-nos, e desde que as modificaes assegurem direitos que a Constituio Brasileira confere, V. Exas. tero a

  • 22 solidariedade de tda a Unio Democrtica Nacional.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Sr. Presidente, vejo, hoje, com agrado para mim e para a Maioria desta Casa, que os eminentes colegas, representantes da Unio Democrtica Nacional, tambm no admitem se ponha em prtica atos que foram to criticados.

    O SR. DANIEL KRIEGER: E com os quais V. Exas. como Maioria concordaram.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Os eminentes colegas constituam a Oposio, nesta Casa.

    O SR. HERIBALDO VIEIRA: A incoerncia de parte de V. Exa.; ns continuamos na mesma linha.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: No vejo razo para tanto entusiasmo de V. Exas. na defesa do Sr. Presidente da Repblica.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Tenho entusiasmo porque veremos no Sr. Jnio Quadros um Governo moralizador, que institui clima de moralidade pblica no Brasil, procura resolver a situao econmica e financeira do Pas. E, por isso, temos entusiasmo em defend-lo.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Inerentes personalidade humana, honradez e dignidade no so para louvar, num Presidente da Repblica.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Mas, neste Pas, lamentvelmente constituem exceo.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Cometeria injustia. Seria injustia quem admitisse que um Presidente da Repblica na curul presidencial, praticasse quaisquer deslizes.

    Sr. Presidente, todo o Pas percebe que o Sr. Jnio Quadros pratica atos corriqueiros: moralizar ou mandar fazer sindicncias.

    O SR. MEM DE S: Se preciso moralizar, no corriqueiro.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: a atitude normal de qualquer Govrno e no merece elogio especial, pois se trata de cumprimento do dever.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Se h necessidade de abrir inquritos, que houve transgresses da lei; se houve transgresses da lei, que houve transgressores.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: At que os inquritos se concluam...

    O SR. MEM DE S: V. Exa. no acredita em nada; So Tom.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: O Presidente Jnio Quadros pressuroso em abrir inquritos, redigir bilhetes e dar despachos.

    Confesso, Sr. Presidente, que em muitos casos S. Exa. tem razo e procede como quem deseja acertar. Erra porm muito o Sr. Presidente da Repblica pela pressa com que d despachos e fixa prazos para assuntos que demandam tempo. S. Exa. mais se preocupa em despachar e fazer bilhetes do que em organizar planos de Govrno. Desconheo qualquer plano de Govrno do Sr. Jnio Quadros, por exemplo, no setor da agricultura.

    O SR. HERIBALDO VIEIRA: Qual o plano do Govrno Kubitschek para a agricultura? O maior crtico do Govrno passado por falta de plano para desenvolvimento da agricultura tem sido Vossa Excelncia.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Sr. Presidente, vejo com certo desprzo, alguns atos do Presidente da Repblica. S. Exa. iniciou o Govrno preocupando-se com a indumentria dos funcionrios pblicos. Depois, dando a impresso de guardar algum rancor antigo investiu contra a classe de funcionrios pblicos, que entendeu deveriam traba-

  • 23 lhar em dois turnos como se isso aumentasse a sua produtividade.

    Julgou ainda que os diplomatas ganhavam muito e reduziu os vencimentos dos que com o encargo de representar o Brasil no Exterior, devem apresentar-se com dignidade.

    No satisfeito, S. Exa. resolveu interferir no Turfe e at nas rinhas de galo, acabando com elas.

    Pergunto, agora, se o Sr. Jnio Quadros praticou ato qualquer de govrno no sentido do progresso do Pas?

    Em praa pblica, dizia S. Exa. que era exagerado o custo de vida, mas depois de eleito, dobrou-o. Hoje, o pobre mais pobre, e os salrios no chegam para as despesas mais urgentes de um trabalhador.

    Como ento, dizer que o Sr. Jnio Quadros faz bom govrno?

    Na esfera internacional, nota-se a dubiedade de S. Exa. no tem segurana. No sei nem V. Exas. sabem, que rumos seguiremos.

    O SR. HERIBALDO VIEIRA: O Partido de V. Exa, apia a poltica externa do Sr. Jnio Quadros e se declara de acrdo, neste particular, com o Sr. Presidente da Repblica e ainda assim V. Exa. se mostra temeroso dos rumos que venha a tomar!

    O SR. LIMA TEIXEIRA: No afirmo que o Partido Trabalhista Brasileiro contra ou a favor, mas que S. Exa. no tem segurana. Certa ocasio, declarou e eu duvidei que ia reatar as relaes comerciais do Brasil com a Unio Sovitica e no o fz. Acreditei que talvez reatasse as relaes diplomticas mas at agora, nem uma nem outra.

    Tomado de entusiasmo por Fidel Castro, S. Exa. visitou a Ilha de Cuba, em companhia do Senador Afonso Arinos e alguns Deputados.

    O SR. MEM DE S: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Com muito prazer. O SR. MEM DE S: Creio que se viagem a

    Cuba compromete um candidato, o Vice-Presidente da Repblica, Sr. Joo Goulart, no deve ir China Comunista.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Note bem V. Exa., no declarei que o fato compromete um candidato, mas que o Sr. Jnio Quadros tinha entusiasmo por Cuba no princpio, e pelo Sr. Fidel Castro. Hoje, no sei se S. Exa. ter o mesmo comportamento.

    O SR. MEM DE S: Todos ns tivemos entusiasmo pelo Sr. Fidel Castro.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Houve tambm um convite para que Tito visitasse o Brasil. Depois o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro fz declaraes veementes e as coisas comearam a modificar-se.

    O SR. MEM DE S: Permite V. Exa. outro aparte?

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Peo a V. Exa. que me permita concluir o pensamento.

    Hoje, vivemos um clima de indeciso sem saber quais os rumos do Brasil, na poltica internacional, nem quais os caminhos que segue o Pas. Concedo o aparte ao nobre Senador Mem de S.

    O SR. MEM DE S: Desejo apenas dizer a Exa. que o entusiasmo por Fidel Castro foi partilhado por todos os democratas do mundo, naquela fase em que o lder cubano representou a reao democrtica contra a tirania torpe de Batista. Nessa ocasio que houve a visita a Cuba do Sr. Jnio Quadros, ento candidato Presidncia da Repblica. De l para c, muita coisa aconteceu. Agora, V. Exa. dizer que desconhece os rumos da poltica internacional do Brasil no

  • 24 deixa bem o eminente colega. O Ministro das Relaes Exteriores estve na Cmara dos Deputados e no Senado Federal e exps de forma cabal e completa, a posio do Brasil no caso de Cuba. Creio que V. Exa., como eu e todos, aprova a orientao adotada. O Brasil se manifestou contrrio interferncia militar, poltica, ideolgica e econmica, em respeito ao princpio da no interveno. Assim a orientao do Brasil est dita e redita!

    O SR. LIMA TEIXEIRA: No concordamos com a instalao do Comunismo em Cuba.

    O SR. MEM DE S: Claro, e tambm o Presidente Jnio Quadros. As declaraes de S. Exa. contra o Comunismo so sinceras e peremptrias.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: No sabemos, hoje, qual o regime de Fidel Castro.

    O SR. MEM DE S: No caso, no interessa saber. Somos contra a interveno em Cuba, o que interessa.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: V. Exa. acha que devemos cruzar os braos?...

    O SR. MEM DE S: Somos contra a interveno, como fomos contra a interferncia da Rssia na Hungria!

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Devemos deixar que o inimigo se aproxime bastante sem nos mover, por causa de princpios?

    O SR. MEM DE S: Divirjo da orientao do Govrno inclusive da do querido amigo, Chanceler Afonso Arinos, quando alega o princpio da autodeterminao dos povos. Sou contra a interveno por uma questo de prudncia internacional, de amor paz e de intersse em evitar a interferncia de um Estado

    em outro. No aceito o princpio, porm, quando h ditadura e tirania...

    O SR. LIMA TEIXEIRA: V. Exa. comea a se aproximar do ponto de vista que defendo.

    O SR. MEM DE S: Quero lembrar porm, que V. Exa. no pode dizer, sob pena de ficar muito mal perante a opinio pblica, que ignora a poltica do Brasil, no campo internacional. Ela est reiteradamente definida, desde a Mensagem do Presidente da Repblica at as declaraes mais expressas e explcitas, e assim consubstanciada: primeiro o Brasil contra a interveno econmica, poltica, militar e ideolgica de um Pas em outro; segundo pelo reatamento das relaes comerciais e diplomticas com todos os pases e povos do mundo. No h coisa mais clara!

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Acha ento V. Exa. que no se pode aplicar o princpio da autodeterminao dos povos em Cuba, onde no h eleies, conforme declarou o ditador Fidel Castro?

    O SR. MEM DE S: Devo corrigir. Entendo que no se deve invocar ste princpio.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Gostaria de saber se V. Exa. est contra a aplicao deste princpio em Cuba?

    O SR. MEM DE S: No devemos invoc-lo, porque onde h tirania e totalitarismo no h, evidentemente a autodeterminao dos povos. Concordo com a concluso de no haver interveno de um pas em outro, pois do contrrio se estabeleceria um ambiente de conflagrao que muito rpidamente, determinaria uma convulso mundial. Se por exemplo, os Estados Unidos da Amrica do Norte intervierem em Cuba, a Rssia poderia intervir na

  • 25 Grcia e na Turquia. Seria a Terceira Guerra. mundial, seria o fim. De modo que sou contra a interveno. Neste ponto, apio, como todos, o princpio da autodeterminao.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Ainda bem que encontramos um ponto em comum, Senador Mem de S. Alis, a pergunta que formulei ao Sr. Ministro Afonso Arinos, quando aqui estve, foi neste sentido, isto , indaguei se se aplicava a Cuba o princpio de autodeterminao dos povos. Creio que estamos em bom caminho.

    O SR. MEM DE S: Concordo com a concluso do querido amigo, Chanceler Afonso Arinos, no com a premissa. No diga, porm, V. Exa que no sabe qual a orientao do Brasil na poltica internacional.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Neste particular, alis, no h unanimidade nos Partidos.

    O SR. MEM DE S: Claro. O SR. LIMA TEIXEIRA: Na Unio

    Democrtica Nacional, por exemplo, o Sr. Carlos Lacerda defende uma posio diametralmente oposta ao Sr. Jnio Quadros.

    O SR. NOVAES FILHO: A est a beleza da democracia.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Permite o nobre orador um aparte?

    O SR. LIMA. TEIXEIRA: Com muito prazer.

    O SR. DANIEL KRIEGER: No Partido de V. Exa. tambm o Sr. Leonel Brizolla fz declaraes muito interessantes, primeiro dizendo que o Govrno do Sr. Juscelino Kubitschek foi de engodo e de compra de conscincias, segundo se manifestando francamente favorvel ao Sr. Fidel Castro.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: No duvido. Um Partido ao qual os representantes se subordinam cegamente, sem poder divergir, no Partido. H o jogo de ideais, h competies e cada um diz o que sente sem comprometer, claro a disciplina do Partido.

    Muitas vzes no concordo com o ponto de vista sustentado pelo meu Partido. As vzes aceito-o com reservas, naturalmente procurando no prejudicar a disciplina partidria, mas manifesto sempre minha opinio francamente.

    Sr. Presidente, transcrevemos ste artigo nos Anais, pois j tempo de o Congresso adotar atitudes francas e decisivas na defesa sobretudo da Constituio. Sempre sustentei que o Sr. Jnio Quadros, para se tornar um Presidente realizador, teria que deixar de mo o impulso dado pelo Sr. Juscelino Kubitschek indstria, e caminhar para a lavoura. Assim agindo, estar S. Exa. amparando um setor que precisa realmente ser dinamizado.

    O Sr. Presidente da Repblica comeou falando muito bem. Dizia-se no propsito de levar a efeito a reforma agrria e de junto as instituies de crdito promover facilidades para financiamento agrcola a longo prazo e juros baratos.

    Principiou at querendo ajudar os pequenos agricultores e os posseiros, aqules que arrendam terras e fazem, atravs dsses arrendamentos pequenas lavouras. Quanto ao Sr. Francisco Julio, que aqui tivemos ensejo de criticar, o Sr. Presidente Jnio Quadros mostra-se desejoso de solucionar, no Estado de Pernambuco, o problema criado com as Ligas Camponesas. No ser porm perseguindo ou prendendo o Sr. Francisco Julio que se vai resolver a questo.

    No! As Ligas Camponesas so um reflexo do que ocorre no Nordeste. Demos crdito ao pequeno agricultor, ajudmo-lo a cuidar de

  • 26 sua gleba e a trabalhar convenientemente.

    Ontem por coincidncia conheci o Deputado Francisco Julio e, homem franco e leal que sou, no me contive e perguntei a S. Exa. se comunista, se defende ideais comunistas e do que se constituem as Ligas Camponesas. O Deputado pernambucano tambm com franqueza, respondeu: "Senador, no sou comunista. Criei as Ligas Camponesas para aglutinar os pequenos agricultores sobretudo os rendeiros, que no recebem qualquer assistncia governamental, com a finalidade de defend-los". E a minha indagao de que consistem essas Ligas, como conseguiu aglutinar aquela gente e de que pregao fz para reunir tantos homens, Francisco Julio me respondeu com uma simplicidade que confesso, me encantou. Disse-me que colocou inicialmente, um advogado nas glebas, para defender os pequenos agricultores que viam suas propriedades invadidas, ou tinham posses negadas por falta de financiamento ou se viam ameaados de expulso de suas casas por parte dos proprietrios. O advogado, baseado na prpria lei, comeou a defender os pequenos agricultores; em pouco tempo, aqules que estavam desamparados se foram aglutinando de tal forma que julgou conveniente criar Ligas Camponesas em outros municpios.

    Conseguiu, por ltimo, mdico para visitao aos doentes. Afirmou o Deputado Francisco Julio que nada mais fz do que isso. E concluiu:

    Senhor Senador aglutinei stes homens para que pudessem realmente defender seus direitos e vez por outra, os reunia. Primeiro eram vinte, depois cinqenta e mais adiante cem. Fazia-lhes exposio sbre os casos em que poderiam ter o amparo da lei e isso, como conseqncia, originou a criao das glebas. No sou homem extremista, no tenho qualquer ligao com o comunismo.

    Sr. Presidente, Senhores Senadores, confesso a V. Exa. e aos meus nobres colegas: o cidado que tem convices comunistas, jamais o nega. O comunista convicto no renega sua ideologia.

    O SR. FERNANDES TVORA: V. Exa. d licena para um aparte?

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Pois no. O SR. FERNANDES TVORA: Nunca vi

    um comunista convicto que no escondesse a sua qualidade de comunista, para iludir a humanidade.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Confesso, nobre Senador Fernandes Tvora, que nunca vi um que escondesse e a respeito j fiz comentrios. O assunto, entretanto, pode ser solucionado pelo Govrno desde que assista as populaes rurais, realmente abandonadas. E no haveria mais o receio de agitao comunista que preocupou at ao representante do Presidente John Kennedy, Sr. Adiai Stevenson, quando de sua visita Amrica Latina, que encarou o fato como pregao comunista.

    Tenho a impresso de que se o Govrno assistir aquelas populaes, essa situao ser sanada.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Com prazer. O SR. DANIEL KRIEGER: Entende V.

    Exa. que da competncia do Govrno assistir e do seu poder resolver essa situao. Por que, ento, o Sr. Juscelino Kubitschek, a quem V. Exa. tanto endeusa, no resolveu o problema?

    O SR LIMA TEIXEIRA: Explico a V. Exa.: o Presidente Juscelino Kubitschek organizou um

  • 27 programa de metas realmente louvvel e lanou-se campanha...

    O SR. FERNANDES TVORA: H metas maiores do que essa?

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Permita-me esclarecer a V. Exa.: O ex-Presidente desenvolveu primeiro a indstria, incentivou-a e at mesmo lhe deu precedncia.

    O SR. FERNANDES TVORA: sse, nobre colega, foi o rro.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Passou ento ao setor da agricultura. Neste ponto, cumpre assinalar que a abertura de estradas concorre para o desenvolvimento da agricultura porque permite o escoamento em grande escala da produo. Onde no h estradas no adianta produzir.

    O Presidente Juscelino Kubitschek, realmente, iniciou a sua meta abrindo estradas em todos os sentidos, para depois promover a segunda o desenvolvimento da agricultura.

    O SR. FERNANDES TVORA: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Com muito prazer. O SR. FERNANDES TVORA: O grande

    rro do Presidente Juscelino Kubitschek foi exatamente ste: cuidou de desenvolver uma grande indstria num Pas que no tinha ainda capacidade agrcola para sustent-la. Deveria em primeiro lugar e V. Exa. h de concordar comigo porque agricultor desenvolver realmente o campo para preparar a base sem a qual nenhuma indstria pode medrar. ste foi o seu grande engano. S. Exa. implantou a indstria de automveis, abriu estradas, construiu estaleiros etc., mas a gente do campo sempre desprezada continua vindo para a metrpole, acarretando um proble-

    ma insolvel com a criao de favelas. O SR. LIMA TEIXEIRA: O grande

    mal o nobre Senador Fernandes Tvora no disse. O grande mal foi no trmos modificado a Constituio, para permitir a reeleio do ex-Presidente. Hoje, ao invs do Sr. Jnio Quadros estaria no poder o Sr. Juscelino Kubitschek dando nfase Agricultura, completando as suas metas.

    O SR. FERNANDES TVORA: A agricultura devia ter vindo em primeiro lugar. Este o seu grande rro: sempre o carro adiante dos bois.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: No sei se prpriamente foi rro: talvez no o tenha sido.

    O SR. FERNANDES TVORA: Claro que foi.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Pergunte V. Exa. aos paulistas se foi rro a atitude do Presidente Juscelino Kubitschek.

    O SR. HERIBALDO VIEIRA: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Pois no. O SR. HERIBALDO VIEIRA: V. Exa. tem

    razo quando aplaude o Sr. Juscelino Kubitschek pelo estado de abandono em que deixou a agricultura do Pas. (Riso).

    O SR. LIMA TEIXEIRA: A interpretao de V. Exa. muito interessante. Ignoro ter feito qualquer declarao que permitisse essa interpretao de V. Exa. V. Exa advogado...

    O SR. HERIBALDO VIEIRA: V. Exa. quando falava sbre a agricultura do Pas, elogiava o Govrno do Sr. Juscelino Kubitschek.

  • 28

    O SR. PRESIDENTE (fazendo soar os tmpanos): Lembro ao nobre orador que o tempo de que dispe est esgotado.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Concluirei Sr. Presidente.

    Saudava a minha terra pelo transcurso do dia 2 de julho e, imbudo dsse sentimento de independncia, passei a comentar os atos do Sr. Jnio Quadros, que comea a cercear a liberdade, atravs de contrle do Rdio e da Televiso, e, j agora segundo o articulista, se prepara para investir contra a Imprensa.

    Fao votos para que S. Exa. no enverede por sse mau caminho, porque, neste caso, com grande prazer o afirmo, todos ns, o Partido Trabalhista Brasileiro e o Partido Social Democrtico, nos uniremos, e at a aguerrida Unio Democrtica Nacional...

    O SR. DANIEL KRIEGER: Que sempre est na vanguarda.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: iremos luta e o Sr. Jnio Quadros ter que recuar.

    Acredito que recuar, que no ir adiante, so os meus votos. Aqui vai uma advertncia a S. Exa.: ainda tempo de evitar a unio de todos os Partidos na defesa das liberdades pblicas.

    Essas, Sr. Presidente, as consideraes que desejava fazer. Tda vez que o Sr. Jnio Quadros praticar erros, voltarei tribuna para critic-los; mas tda vez que S. Exa. acertar, poder contar com os meus aplausos. (Muito bem).

    O SR. PRESIDENTE: Est terminada a hora do Expediente.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Peo a palavra, Sr. Presidente, como Lder da Minoria.

    O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra o nobre Senador Daniel Krieger, como Lider da Minoria.

    O SR. DANIEL KRIEGER (*): Sr. Presidente, Srs. Senadores, sinto-me constrangido em responder ao discurso do eminente Senador Lima Teixeira e o fao to smente porque S. Exa. se encontra investido das funes de Lder da Maioria no Senado.

    Se no fsse essa circunstncia, eu no ocuparia a tribuna, Sr. Presidente, Srs. Senadores, porque so profundamente inconsistentes os argumentos que S. Exa. usou.

    Dividiu sua orao em trs partes, tendo falado, na primeira, sbre o cerceamento das liberdades do rdio e da imprensa, atendo-se leitura de um artigo e subscrevendo, assim, opinio alheia.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: A de um rgo da imprensa, dos mais conceituados.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Sr. Presidente, S. Exa. usou, como acaba de dizer, opinio de um rgo da imprensa brasileira dos mais autorizados, mas creio que deveria falar por le, porque ningum deveria ser mais autorizado, nesta Casa, do que o Lder da Maioria.

    O fato do Lder da Maioria no expender pensamento prprio, Sr. Presidente e Srs. Senadores, d a sensao dolorosa do vazio, parece que no encontramos um intrprete para nossos pensamentos, parece que no temos idia, que as idias fogem das palavras, fazendo com que as palavras procurem as idias.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Permite V. Exa. um aparte?

    O SR. DANIEL KRIEGER: Embora no incio do meu discurso, concedo o aparte. V. Exa. tem todos os direitos.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: V. Exa. acha que transcrevendo e comentando h desaire, digamos, para a prpria imprensa, a autorizada impren- __________________ (*) No foi revisto pelo orador.

  • 29 sa que representa o pensamento popular e que, eu aceitando ste artigo, no tenho idia prpria, mesmo se as idias do jornal coincidem com as minhas?

    O SR. DANIEL KRIEGER: Desaire para a imprensa jamais poderia ser, pelo contrrio, a imprensa deve sentir-se profundamente honrada em que um Senador da Repblica, investido das funes de Lder da Maioria, transcreva artigo de um de seus rgos.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Ento onde est a opinio de V. Exa. em contrrio?

    O SR. DANIEL KRIEGER: O que digo, sustento e reafirmo que o Lder da Maioria deveria, quando falasse e o lder deve falar em Exa. teria de preceder o seu disprimir idias prprias, quando no as idias do seu Partido ou da coligao que representasse.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: O conceito emitido pelo jornal aqule que aceitamos, inclusive Vossa Excelncia.

    O SR. DANIEL KRIEGER: Eu aceito, e h uma profunda coerncia na minha aceitao, mas V. Exa. teria de proceder o seu discurso das palavras do Bispo So Remgio: "Queima o que adoraste e adora o que queimaste".

    Porque ns continuamos fiis aos nossos ideais. No recuamos um milmetro sequer de nossas convices. Somos favorveis mais absoluta e integral liberdade de imprensa, acompanhada, naturalmente, da plena responsabilidade.

    sse o ideal, Sr. Presidente e sinto, com satisfao, que V. Exa. est comungando comigo. o ideal daqueles que tm no corao a centelha jurdica que brilhou e se imortalizou entre os romanos, que vem at hoje iluminando a conscincia dos povos.

    Sr. Presidente e Srs. Senadores, na primeira parte do seu discurso o eminente Senador Lima, Teixeira nada mais fz que repetir acusao levantada numa sesso do Senado, diminuta em nmero, contra a Unio Democrtica Nacional. No estava eu presente, mas acorro agora pressuroso, como seu lder, para dar-lhe integral e cabal resposta.

    O meu Partido no nega o seu passado, pelo contrrio, -lhe permanentemente fiel, como pretende ser fiel a seu futuro, porque ns temos uma viso do presente e uma viso do futuro de nossa ptria. Queremos que ela permanea nas trilhas democrticas e que ao povo sejam asseguradas tdas as liberdades, porque s dentro de um regime de liberdade os homens decentes e dignos podem conviver.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Muito bem, V. Exa. est de inteiro acrdo com as idias que expendi.

    O SR. DANIEL KRIEGER: O que lamento, Sr. Presidente, que aqules que ontem ajudaram arrolhar a imprensa, aqules que se negaram a dar um instituto ao radio, aqules que viviam sombra do poder, com le concordando sempre, venham agora acusar os homens que nasceram para a liberdade, que no nasceram no ventre das ditaduras, mas que nasceram no corao da oposio do Brasil, como ns, os udenistas.

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Acontece que, na legislao, nunca interferimos para fechar estaes de radio.

    O SR. DANIEL KRIEGER: V. Exa. esquece que foi proibido de comparecer a tdas as estaes de rdio do Brasil o eminente Governador do atual Estado da Guanabara. Por que? Porque fazia as mais veementes e severas crticas ao Sr. Juscelino Kubitschek.

  • 30

    O SR. LIMA TEIXEIRA: Mas, no foram fechadas.

    O SR. DANIEL KRIEGER: No foram fechadas porque foram coagidas, concessionrias que so a tal no permitir, sob pena de cassao. Esta a triste realidade que precisa ser dita e no sero palavras maviosas que iro encobrir a verdade. A verdade surge como um sol atravs das nuvens iluminando as conscincias e indicando os rumos.

    Sr. Presidente e Srs. Senadores, aproveito o ensejo, como disse inicialmente, para dizer que a Unio Democrtica Nacional fiel ao seu passado. Votar sempre a favor de tdas as medidas destinadas a assegurar a plena liberdade da imprensa e do rdio...

    O SR. HERIBALDO VIEIRA: Muito bem. O SR. DANIEL KRIEGER: ...exigindo,

    porm, a plena responsabilidade. J dizia Kant, o regime democrtico aqule

    em que o arbtrio de um pode coexistir com o arbtrio dos outros, segundo o princpio universal da Liberdade.

    Sr. Presidente, esta a primeira parte. Se fracos houve, se timoratos houve, se interesseiros houve, no foi nesta Bancada, e nela no existir nunca quem seja assim. Queremos uma Democracia plena e livre, e seremos contra todos aqules que tentem investir contra ela.

    O SR. HERIBALDO VIEIRA: Muito bem. O SR. DANIEL KRIEGER: Sr. Presidente, a

    segunda parte do discurso de S. Exa. versou a poltica internacional.

    Criticou-se a viagem do eminente Presidente da Repblica quando, ainda candidato, foi a Cuba, acompanhado de diversos homens pblicos do Brasil, que merecem o res-

    peito e a confiana de tda a Nao brasileira. O SR. FERNANDES TVORA: Foi a

    convite. O SR. DANIEL KRIEGER: No incio, a

    insurreio de Cuba apresentava tdas as caractersticas de um movimento de libertao. Era justo que todos os pases