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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE
E GESTÃO DO TRABALHO
DIOLÍGELA RUBERT DALEPIANE
SENSIBILIZAÇÃO DOS SUPERVISORES REGIONAIS
PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE:
um desafio necessário
Itajaí 2011
DIOLÍGELA RUBERT DALEPIANE
SENSIBILIZAÇÃO DOS SUPERVISORES REGIONAIS
PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE:
um desafio necessário
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissionalizante em Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Luiz Roberto Agea Cutolo
Itajaí 2011
DIOLÍGELA RUBERT DALEPIANE
SENSIBILIZAÇÃO DOS SUPERVISORES REGIONAIS
PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE:
um desafio necessário
Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de mestre, e
aprovada pelo Programa de Mestrado Profissionalizante em Saúde e Gestão do
Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí.
Área de concentração: Saúde e Gestão do Trabalho
Itajaí, 26 de julho de 2011.
Prof. Dr. Luiz Roberto Agea Cutolo
Universidade do Vale do Itajaí Orientador
Profª Drª Elisete Navas Sanches Próspero Universidade do Vale do Itajaí
Membro
Prof. Dr. Marco Aurélio Da Ros Universidade Federal de Santa Catarina
Membro
Meu reconhecimento especial,
aos supervisores regionais que participaram
como “sujeitos desta pesquisa”, o meu muito obrigada
por acreditarem na incessante busca pelo conhecimento.
AGRADECIMENTOS
Deus, força inexplicável, imprescindível e infinita. Sem Ele nada seria
possível!
Nery e Iria, meus pais. Sempre presentes em minha vida! Regis e Kamilla,
Cindy, Giovanna e Maria Luísa, minha família. Simplesmente Amo vocês.
Cutolo, meu orientador. Por aceitar o desafio e com paciência imensurável
dispensou todo apoio e conhecimento para a concretização deste trabalho num
convívio familiar e muito proveitoso. Com certeza um presente amigo na minha
vida!
Pathy, companheira das orientações. Apoio e incentivo mútuo e, a amizade
sincera presente em nossos corações.
Amigos, amigas, as Pink‟s, por serem simplesmente tão amigos (as),
torcendo e incentivando. Impagáveis companhias inclusive no silêncio.
Equipe de profissionais do Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do
Trabalho da UNIVALI, pelo suporte incondicional.
Enfermeiras da Estratégia Saúde da Família Paulo Pedro Mayerle, pelo
apoio e incentivo. Aos acadêmicos de Enfermagem pela compreensão e
colaboração durante a realização deste.
Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS) – de Blumenau, SC. Por
acreditarem na proposta oportunizando a realização deste.
No fundo da prática científica existe um discurso
que diz: nem tudo é verdadeiro, mas em todo lugar
e a todo o momento existe uma verdade a ser dita
e a ser vista, uma verdade adormecida, mas que,
no entanto, está à espera de nossa mão
para ser desvelada.
A nós, cabe a boa perspectiva, o ângulo correto, os
instrumentos necessários, pois de qualquer
maneira, ela está presente aqui e em todo lugar.
(Paul-Michel Foucault)
RESUMO
DALEPIANE, Diolígela Rubert. Sensibilização dos supervisores regionais para a promoção da saúde: um desafio necessário. Itajaí, 2011. 59 f. Dissertação
(Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho) - Programa de Pós-Graduação em Saúde e Gestão do Trabalho, Universidade do Vale do Itajaí.
A organização dos processos de trabalho em saúde tem sido pautada sobre o novo modelo da Estratégia Saúde da Família e também nas ações que buscam promover a saúde do indivíduo e da comunidade na qual está inserido. Para a operacionalização do trabalho é fundamental que haja uma consonância entre os profissionais das Unidades de Saúde e da Gestão. O propósito desta sensibilização foi oferecer subsídios para realização da Promoção da Saúde junto às suas equipes, com vistas a melhoria da qualidade de vida e saúde da comunidade no município de Blumenau, SC. O desenvolvimento do trabalho transcorreu em fevereiro do corrente ano, através de três oficinas embasadas na Teoria da Problematização e estruturadas no Arco de Maguerez caracterizando uma pesquisa qualitativa. Participaram os seis supervisores regionais dessas equipes de saúde, os quais respondem a todas as áreas de cobertura da Estratégia de Saúde da Família deste município. O resultado pautou-se na construção de instrumentos aplicáveis na realidade vivenciada, embasados pelos determinantes sociais para as equipes da Estratégia Saúde da Família frente à Promoção da Saúde.
Palavras-chave: Promoção de Saúde. Programa Saúde da Família. Gestor de Saúde.
ABSTRACT
DALEPIANE, Diolígela Rubert. Regional awareness of supervisors for health promotion: a necessary challenge. Itajaí, 2011. 59 f. Dissertation (Masters in
Health and Work Management) - Graduate Program in Health and Work Management, University of Vale do Itajai.
The organization of work processes in health has been based on the new model of the Family Health Strategy and also in actions that seek to promote the health of the individual and the community in which it is inserted. For implementation of the work is vital to have a line between professionals from Health Units and Management. The purpose of this awareness was to provide subsidies for implementation of health promotion with their teams, with a view to improving the quality of life and health of the community in the city of Blumenau, SC. The development work took place in February of this year, through three workshops based in the Theory of Curriculum and structured on the Arch of Maguerez featuring a qualitative research. Attended the six regional supervisors of these health teams, which meet all the coverage areas of the Family Health Strategy in this municipality. The result was based on the construction of instruments applicable in the real situation, based the social determinants for the teams of the Family Health Strategy forward the Promotion of Health. Key words: Health Promotion. Family Health Program. Health Manager.
LISTA DE SIGLAS
AG - Ambulatório Geral
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
ESF - Estratégia Saúde da Família
INPS - Instituto Nacional de Previdência Social
MS - Ministério da Saúde
PIB – Produto Interno Bruto
PNPS - Política Nacional de Promoção da Saúde
PSF - Programa de Saúde da Família
SC - Santa Catarina
SEMUS - Secretaria Municipal de Saúde
SUS - Sistema Único de Saúde
UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10
2 MARCO TEÓRICO ............................................................................................ 12
2.1 MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE ................................................................. 14
2.2 MODELO BIOMÉDICO ...................................................................................... 14
2.3 REFORMA SANITÁRIA ...................................................................................... 16
2.4 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ............................................................................ 16
2.5 AÇÕES INTEGRADAS À SAÚDE ...................................................................... 18
2.6 PROMOÇÃO DA SAÚDE ................................................................................... 19
2.7 PROMOÇÃO E PREVENÇÃO ............................................................................ 20
3 PERCURSO METODOLÓGICO ........................................................................ 22
3.1 LOCAL DA PESQUISA ....................................................................................... 22
3.2 SUJEITOS DA PESQUISA ................................................................................. 23
3.3 ASPÉCTOS ÉTICOS .......................................................................................... 24
3.4 INSTRUMENTOS DA PESQUISA ...................................................................... 24
3.4.1 Oficinas ........................................................................................................... 24
3.4.2 Teoria da problematização ............................................................................. 25
3.4.3 Etapas do processo ........................................................................................ 26
3.4.4 Análise dos dados .......................................................................................... 26
ARTIGO CONCLUSIVO............................................................................................ 27
4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 42
REFERENCIAS ......................................................................................................... 44
APÊNDICE ................................................................................................................ 48
APÊNDICE 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............. 49
ANEXOS ................................................................................................................... 50
ANEXO 1 - LOCAL DO ESTUDO ............................................................................. 51
ANEXO 2 - PARECER .................. ........................................................................... 52
ANEXO 3 - TERMO DE ANUÊNCIA DA INSTITUIÇÃO ........................................... 56
ANEXO 4 - PUBLICAÇÃO DE ARTIGO ................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO
[...] não há como alcançar, nem aproximadamente,
algo como uma „realidade absoluta‟: na medida em que o conhecimento
avança, ele transforma, por sua vez, a realidade.
(FLECK, 2010, p. 14)
Sensibilizar os supervisores regionais quanto a Promoção da Saúde através
da concepção de práticas de saúde, está atrelado às mudanças adotadas pelo
Ministério da Saúde. O novo modelo proposto de Atenção Primária em 1994,
através da criação do Programa de Saúde da Família1 teve por finalidade efetivar
a descentralização e a participação social como princípios do Sistema Único de
Saúde (SUS), (OLIVEIRA, 2006). Esta aproximação da oferta dos serviços de
saúde deve estar relacionada às reais necessidades da população local, assim
como os municípios devem aumentar sua participação na gestão do serviço de
saúde juntamente com os demais níveis do governo.
Partindo do pressuposto de que trabalhadores de saúde devem ser
considerados sujeitos construtores do conhecimento, com potencialidades de
desenvolverem-se e aderirem a projetos de transformação, a revisão conceitual
buscou contemplar referenciais que contemplem este estudo. A compreensão do
processo que originou a criação do SUS e do Programa de Saúde da Família
(PSF) faz-se necessário para um melhor desempenho das atividades pelos
profissionais. Assim como, do novo modelo de se pensar em saúde, na família, na
participação social e na educação em saúde que, surgiram com a
institucionalização dos mesmos e suas conseqüências para a atenção básica da
saúde no Brasil.
A relevância da capacitação dos recursos humanos na área da saúde
pública está pautada na proposta deste estudo com vistas a contribuir para uma
reflexão referente às atribuições/competências do Supervisor Regional da
Estratégia Saúde da Família (ESF). Este processo visa fornecer subsídios para
1 Programa de Saúde da Família – estratégia de reorganização dos serviços de saúde priorizando
as ações de promoção, proteção e recuperação de indivíduos e famílias, de forma integral e contínua. Hoje reconhecido como ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA.
11
discussões acerca da construção de novas práticas buscando atender as
necessidades dos usuários da ESF. A escolha destes sujeitos culminou por estes
serem enfermeiros e também gestores, hoje, por cargos comissionados, no papel
de “Supervisores Regionais das Equipes de Saúde da Família” e, podem
potencializar iniciativas de Promoção da Saúde nos seus supervisionados, desde
que empoderados. Estas práticas quando voltadas para a Promoção da Saúde
(ações de Promoção da Saúde melhoram as condições sanitárias) e prevenção
de doenças asseguram a qualidade e a acessibilidade aos serviços de saúde.
O envolvimento de ações diretas na comunidade, elencando as prioridades e
buscando nortear planos de ação eficazes para a melhoria das condições de vida
requer conhecimentos vinculados aos determinantes sociais. Neste sentido, cabe
destacar a responsabilidade do governo, tanto em nível local como nacional,
atuando de forma a oferecer condições mínimas para que a saúde se dê na
integralidade (ou na sua totalidade) (WHO, 1984 apud SÍCOLI; NASCIMENTO,
2003).
A proposta de trabalho que gerou a dissertação de mestrado teve como
objetivo desenvolver competências de Promoção da Saúde nos Supervisores
Regionais das equipes da Estratégia Saúde da Família do Município de Blumenau
– Santa Catarina (SC). Este estudo ainda propôs identificar as percepções dos
supervisores regionais em relação à concepção de saúde e Promoção da Saúde;
pontuar os instrumentos/ferramentas utilizados para estimular a Promoção da
Saúde junto aos profissionais e estes com a população adscrita; identificar os
impedimentos para a consolidação de ações de Promoção da Saúde e, as
possibilidades para a concretização destas ações; desenvolver estratégias de
articulação para a efetivação das ações definidas, e fornecer subsídios que
possam resultar em ações práticas (instrumentos) aplicáveis na Atenção Primária
com vistas à Promoção da Saúde.
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2 MARCO TEÓRICO
Esta abordagem conceitual propõe apresentar um breve histórico da
constituição do Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto sistema unificado,
universal, integral, equânime e hierarquizado de saúde resultante das lutas dos
movimentos sociais que aconteceram no Brasil nas décadas de setenta e oitenta
e, institucionalizado pela Carta Magna e pelas Leis Orgânicas da Saúde 8080 e
8142 de 1990 (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990).
A Estratégia de Saúde da Família e suas especificidades também fazem
parte desta abordagem, bem como a importância da educação em saúde e a
participação dos gestores/supervisores de saúde por, considerá-los norteadores
na construção dessa pesquisa.
Historicamente, a atenção à saúde no Brasil tem investido na programação e
efetivação de políticas de promoção, proteção e recuperação da saúde. Há, pois,
um grande esforço na consolidação deste modelo de atenção à saúde que
priorize ações de melhoria da qualidade de vida dos sujeitos (BRASIL, 2006).
A publicação da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) - Portaria
687, 30/03/2006 - ratifica o compromisso do Ministério da Saúde (MS) na
ampliação e qualificação das ações de Promoção da Saúde nos serviços e na
gestão do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2006).
Desse modo, modificar a formação e a gestão do trabalho em saúde não
pode ser considerado questões simplesmente técnicas, já que envolvem
mudanças nas relações, nos processos, nos atos de saúde e, principalmente, nas
pessoas.
A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde é uma proposta de
ação estratégica que visa contribuir, para transformar e qualificar a atenção à
saúde, a organização das ações e dos serviços, os processos formativos, as
práticas de saúde e as práticas pedagógicas. A implantação desta Política implica
num trabalho entre o sistema de saúde (em suas várias esferas de gestão) e as
instituições de ensino, envolvendo ações e serviços da gestão setorial, atenção à
saúde e controle social.
Atualmente para o MS a relação entre ensino e sistema de saúde, tem se
diferenciado, ou seja, da arquitetura do organograma para entrar na dinâmica da
roda. A noção de gestão colegiada, como nas rodas dos jogos infantis, coloca a
13
todos como participantes de uma operação conjunta em que todos usufruem o
protagonismo e a produção coletiva (BRASIL, 2004b).
Propõe-se que o processo de capacitação dos supervisores da saúde
busque como referência as necessidades de saúde das pessoas e da população,
da gestão setorial e do controle social em saúde e tenham como objetivos a
transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho
sendo estruturados a partir da problematização deste processo de trabalho.
Essa articulação poderá trazer subsídios para a produção de material
educativo e informativo coerente com a cultura dos movimentos e grupos
populacionais propiciando a eficácia da Educação e Promoção da Saúde.
Para Merhy (2007), o modo de operar os serviços de saúde é definido como
um processo de produção do cuidado. É um serviço peculiar, fundado numa
intensa relação interpessoal, dependente do estabelecimento de vínculo entre os
envolvidos para a eficácia do ato. Por ser de natureza dialógica e dependente,
constitui-se também num processo pedagógico de ensino-aprendizagem.
Quanto à relação entre práticas de saúde e o modelo assistencial, Merhy
(2007), discute que o modelo assistencial cria missões diferenciadas para
estabelecimentos de saúde aparentemente semelhantes, as quais se traduzem
em diretrizes operacionais bem definidas.
Nesta perspectiva, para se pensar em um novo modelo assistencial de
saúde centrado no usuário, é fundamental re-significar o processo de trabalho.
Essa re-significação exige mudança da finalidade desse processo, que passa a
ser a produção do cuidado visando à independência do sujeito, orientada pelo
princípio da integralidade e requerendo, como ferramentas, a interdisciplinaridade,
a intersetorialidade, o trabalho em equipe, a humanização dos serviços e a
criação de vínculos supervisor/profissional/usuário/equipe de saúde.
Tendo em vista esta abordagem, o MS criou em 1994, o Programa de Saúde
da Família, hoje Estratégia Saúde da Família, como forma de confronto aos
limites do modelo assistencial dominante centrado na doença e no hospital,
passando a priorizar as ações de Proteção e Promoção da Saúde dos indivíduos
e da família, de forma integral e contínua (BRASIL, 2006).
O método de trabalho do supervisor envolvido nesta abordagem do MS
implica em realizar um bom planejamento, ofertando com flexibilidade melhorias
na coordenação, controle de processos e administração, inovando e buscando a
14
melhor solução para os problemas e uma tomada de decisão coerente. A
liderança aplicada pelo enfermeiro perante a equipe e o trabalho realizado com
esta, reflete diretamente na qualidade do resultado, e quem ganha é a população.
Trevizan et al. (2002) ressalta que o gerenciamento da enfermagem deve
ser baseado em valores da profissão, em seu código de ética e nos direitos aos
pacientes, não se limitando somente ao feixe de regras, mas a humanização do
trabalho organizado, realizando um cuidado humano qualificado, guiado pelo
respeito, por livre consentimento e pela promoção do paciente como um
protagonista e sujeito do cuidado.
A enfermagem vem discutindo e aprimorando-se sobre as questões
gerenciais de serviços de saúde, além de habilidades relativas à comunicação e
ao relacionamento interpessoal. O desenvolvimento dos trabalhadores é uma
constante nas atuais abordagens gerenciais, preconizando ao líder enfermeiro,
impulsionar o desenvolvimento dos indivíduos, estimulando a criatividade e
satisfação no trabalho (FERNANDES et al., 2003).
Esta nova filosofia de trabalho implica em alguma resistência por parte dos
integrantes do processo de mudanças: gestores/supervisores, profissionais de
saúde e beneficiários. Portanto, a assimilação vem acontecendo, mas não de uma
forma imediata e generalizada como deveria. Faz-se ainda, necessário, tempo
para que as práticas de Promoção da Saúde sejam concebidas e disseminadas e
que, os reflexos sobre os indicadores de saúde tornem-se mais significativos.
2.1 MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE
Os modelos de atenção à saúde correspondem à dimensão técnica das
práticas de saúde como sendo uma maneira de organizar os meios de trabalho
(saberes e instrumentos), ajustar técnicas e tecnologias para resolver esses
problemas e atender as necessidades de saúde individuais e coletivas.
Incorporam uma dialética que orientam as intervenções técnicas sobre os
problemas e necessidades de saúde.
2.2 MODELO BIOMÉDICO
Pereira et al. (2007) ressalta que a saúde dos brasileiros começou a mudar a
15
partir da Constituição de 1988 que preparou a introdução do SUS, dando um
arcabouço jurídico e administrativo a saúde e se completou apenas em 1990,
mais especificamente em 19 de setembro com a aprovação da Lei 8.080 que
ditava o seguinte:
Art. 3º - A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer, o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País (BRASIL, 1990, s/p).
Até então o país tinha dois modelos de Atenção: o modelo Assistencial
Médico-Privatista, que tratava apenas da doença, sendo o médico o protagonista
e o hospital o cenário, e o modelo Assistencial Sanitarista que se preocupava
apenas com a prevenção, através de campanhas, programas especiais, vigilância
epidemiológica e sanitarista, onde o sujeito era sanitarista. Porém, esses modelos
visavam apenas à doença, ou seja, nenhum deles se preocupava com a
Promoção da Saúde, assim por mais que eles gastassem dinheiro na tentativa de
eliminar a doença, nunca iriam alcançar este objetivo, pois não basta curar e
prevenir, é preciso promover a saúde (AQUINO, 2001).
Contrapondo-se a esse modelo médico assistencialista privatista, o qual
privilegiava a prática médica curativa especializada e individualista, em detrimento
da saúde pública, surgiu em meados da década de setenta, o Movimento
Sanitário. Da Ros (1991) traçou um breve histórico desse Movimento no Brasil e
em Santa Catarina.
Segundo o referido autor, na década de setenta começaram a se constituir
movimentos, que se contrapunham a um modelo claramente privilegiado do setor
privado, da medicina liberal, com modalidade hospitalar de atendimento. Na
Previdência, surgiu o chamado “setor publicista”, no Ministério da Saúde, com a
inclusão de jovens sanitaristas nos quadros técnicos desse ministério surgiram os
“preventivistas”. Com isso, nos ambientes acadêmicos foram surgindo novos
debates sobre a relação saúde/realidade social, fomentados pelo aparecimento
de teses de base marxistas e pela mobilização estudantil em prol das camadas
menos favorecidas da população brasileira.
É através destes “preventivistas” que surgem os primeiros rumores da
Reforma Sanitária.
16
2.3 REFORMA SANITÁRIA
O governo militar que apostava cada vez mais nos privilégios do complexo
médico-industrial resistiu até 1974, com a crise mundial do petróleo. A partir daí,
verifica a insustentabilidade do modelo e propõe inclusive, de forma contraditória,
alternativas defendidas pelo modelo contra-hegemônico, como tentativa de
manter sua legitimidade no poder, e desta forma iniciam-se os embates entre o
complexo Médico-Industrial e o Movimento Sanitário (jovens sanitaristas, “setor
publicista” do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), academia,
movimento estudantil, bem como os de médicos residentes e de alguns sindicatos
médicos) (DA ROS, 1991).
Segundo Nogueira (2002), a expressão: “reforma do setor saúde”, vem
sendo utilizada nos países de economia capitalista, desde os anos de 1970, para
indicar as transformações que vêm se processando nos modelos organizacionais
de atenção à saúde. A reforma tem sido definida como um processo de mudança
contínua e sistemática em um ou mais segmentos do sistema público de saúde.
O grande marco do movimento de Reforma Sanitária acontece com a
realização da VIII Conferência Nacional de Saúde (BRASIL, 1986), que pela
primeira vez conta com a participação popular, marcando o período de
redemocratização do país. O relatório desta conferência culmina com a criação do
Sistema Único de Saúde, promulgado na nova Constituição de 1988, e
regulamentado em 1990 através das Leis Orgânicas da Saúde (LOS) nº. 8.080/90 e
nº. 8.142/90 (BRASIL, 1990).
2.4 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
O SUS surge com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na
assistência à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a
qualquer cidadão. Como princípios doutrinários e organizativos fundamentam-se
(BRASIL, 1988):
a) Universalidade: deve garantir o acesso às ações e serviços de saúde,
gratuitamente, a todos os brasileiros conforme suas necessidades, sem
preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;
b) Equidade: trata-se de um princípio de justiça social, com ações e
serviços priorizados para as pessoas ou grupos em situação de risco,
17
condições de vida e de saúde; Starfield (2002) aponta que, a forma pela
qual a atenção primária está sendo formulada, pode ser traduzida como
uma prestação de serviços, enfatizando o modo adequado de sua
administração e propender uma melhoria das estratégias dos serviços de
saúde, cuja base envolve a efetividade e a equidade como pontos
principal.
c) Regionalização e hierarquização de serviços: os serviços devem ser
organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a
determinada área geográfica, com definição e conhecimento da clientela,
e garantidos através do sistema de referência e contra-referência;
d) Descentralização: é a redistribuição de poder e responsabilidades entre
os três níveis de governo, dotando principalmente o município para
tomada de decisões quanto às ações necessárias à saúde de sua
população;
e) Participação Social: participação representativa da população no
processo decisório e no controle dos serviços. Estimular a organização e
a participação da comunidade para o efetivo exercício de controle social
na gestão do sistema através das Conferências de Saúde e dos
Conselhos de Saúde;
f) Integralidade: pressupõe ações intersetoriais que tenham repercussão
na saúde e qualidade de vida dos indivíduos, principalmente relacionadas
com as ações de Promoção da Saúde através da participação dos
profissionais e da comunidade. É um ato que faz parte da condição
humana de ser social, é uma ação política e educativa, não é um produto,
é um processo.
Esse princípio é nuclear na consolidação do SUS e, desperta em si, três
compreensões que não são aprofundadas na Constituição de 1988.
A primeira compreensão diz respeito da magnitude do entendimento de que
toda pessoa é um ser indivisível, biográfico, familial e social. O segundo aspecto é
o aspecto operacional dentro da organização do SUS e, parte do princípio de que
todas as unidades prestadoras do serviço, com seus diversos graus de
complexidade componentes da rede de atenção, também formam um todo
indivisível. Podem-se incluir aqui as relações intersetoriais das unidades com
18
diferentes organizações da sociedade. O terceiro aspecto parte de um sentido
primordial – essencial – da integralidade que é o sentido que diz respeito à
necessidade do usuário (CUTOLO, 2007).
Nessa perspectiva e sem descartar a probabilidade operacional, podemos
dizer que as ações integradas de saúde compõem o sentido de integralidade.
a) Cada pessoa é um todo indivisível;
b) Ações de promoção, proteção e recuperação também são um todo
indivisível;
c) As unidades de saúde, com diversos níveis de complexidade, também
são indivisíveis;
d) O homem é um ser integral, biopsicossocial e será atendido em uma
visão holística por um sistema também integral.
2.4 AÇÕES INTEGRADAS A SAÚDE
Como mencionei um dos sentidos operacionais da integralidade, é o de
ações integradas à saúde. E, entende-se por Ações Integradas da Saúde um
rosário de intervenções baseadas em distintas concepções de saúde e doença:
a) Promoção da saúde
b) Proteção da Saúde
c) Prevenção de doenças
d) Recuperação da saúde
e) Reabilitação da saúde
Entende-se por reabilitação a ação em saúde pautada na atenção a
indivíduos que sofreram uma seqüela secundária a um agravo de saúde.
Entende-se por recuperação da saúde ações voltadas ao diagnóstico e ao
tratamento de agravos, sejam eles agudos ou crônicos.
Já a prevenção de doenças refere-se ao conjunto de intervenções no meio
ecológico/ambiental com finalidades de redução de exposição ao risco.
A proteção da saúde refere-se a ações que fortalecem a resistência, a
resiliência de indivíduos e populações para se manterem saudáveis.
Por último, a Promoção da Saúde, último elemento das Ações Integradas da
Saúde, refere-se a um conjunto de ações baseadas nos determinantes sociais do
19
processo saúde e doença.
2.5 PROMOÇÃO DA SAÚDE
As medidas de promoção são aplicadas, fundamentalmente, na melhoria das
condições de vida de grupos populacionais específicos, apoiando-se amplamente
em atividades de Educação e Comunicação em Saúde e na formulação de
“Políticas Públicas Saudáveis” nas três esferas de governo. Um dos
compromissos das políticas públicas deve ser o de medir e difundir o impacto
destas na saúde, em linguagem que os diferentes grupos sociais possam com
facilidade compreender.
Para tanto, a Carta de Otawa propõe cinco eixos de ação para a Promoção
da Saúde:
a) Idealização de políticas públicas saudáveis: tendo a equidade em
saúde e a justiça social como enfoques primordiais. “Escolhas saudáveis
são mais fáceis de realizar”;
b) Criação de ambientes favoráveis: por meio da proteção do meio
ambiente e conservação dos recursos naturais, além da criação de
ambientes que favoreçam a saúde, como o local de trabalho, o lar, a
escola, o lazer – perceber que, uma mudança em nosso estilo de vida
possa significar ter saúde, ou poder ser mais saudável;
c) Fortalecimento da ação comunitária: participação comunitária concreta
e efetiva no desenvolvimento de prioridades, na tomada de decisão, na
definição de estratégias e na implementação das ações de Promoção da
Saúde, visando a melhoria das condições de saúde;
d) Desenvolvimento de habilidades pessoais: através da socialização da
informação e da Educação em Saúde, aumentando as opções para que
as populações possam exercer maior controle sobre sua própria saúde;
e) Reorientação dos serviços de saúde: esta ação necessita,
principalmente, da mudança de atitude e do conhecimento sobre
Promoção da Saúde por parte dos profissionais, além do provimento de
serviços assistenciais. (OPAS/OMS, 1986)
20
2.5 PROMOÇÃO E PREVENÇÃO
Buss (2003) aponta algumas diferenças conceituais dispostas no quadro 1
a seguir, modificado:
Promoção da
Saúde
- Busca modificar positivamente as condições de vida; - Aponta para a transformação do processo individual de
tomada de decisão em busca de uma melhor qualidade de vida e saúde;
- Orienta para o fortalecimento comunitário com decisões coletivas visando o favorecimento das condições de bem estar e saúde.
Prevenção de agravos à saúde
- Orienta-se para as ações de detecção;
- Controle e enfraquecimento dos fatores de risco de uma determinada enfermidade.
Quadro 1 - Diferenças conceituais Fonte: adaptado de Buss (2003).
De acordo com o estilo de pensamento de Buss (2003), Czeresnia e Freitas
(2003) apontam que as ações preventivas orientam-se para evitar o surgimento
de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência, através do
conhecimento epidemiológico. Estruturam-se através de projetos de educação
sanitária, com divulgação de informação científica e recomendações normativas
de mudanças de hábitos.
Em conformidade aos autores citados, a Promoção da Saúde refere-se a
medidas que possam proporcionar melhoria à saúde e ao bem-estar geral, não
conduzindo especificamente a uma doença ou desordem. A utilização de estratégias
para a transformação das condições de vida e de trabalho possa/devam influenciar
na resolução dos problemas de saúde, demandando uma abordagem intersetorial.
Esta última definição demonstra a ligação existente entre a Promoção da Saúde e o
entendimento dos determinantes e da determinação social do processo saúde-
doença.
Maeyama e Cutolo (2010) ao abordarem a teoria fleckiana atribuem ao estilo
de pensamento integral muita afinidade com a determinação social. Apontam que
“no entendimento da integralidade, a causação biológica e o condicionamento
ambiental estão subordinados a determinação social do processo saúde-doença”.
Relatam também que não basta proteger, recuperar e reabilitar a saúde do
21
indivíduo/comunidade, mas que as ações de saúde devem pontuar a melhoria nas
condições de vida destes.
Para clarear esta articulação da Promoção da Saúde frente à determinação
social e determinantes sociais Buss e Pellegrini (2007, p.81) referenciam que:
O principal desafio dos estudos sobre as relações entre determinantes sociais e saúde consiste em estabelecer uma hierarquia de determinações entre os fatores mais gerais de natureza social, econômica, política e as mediações através das quais esses fatores incidem sobre a situação de saúde de grupos e pessoas, já que a relação de determinação não é uma simples relação direta de causa-efeito. É através do conhecimento deste complexo de mediações que se pode entender, por exemplo, por que não há uma correlação constante entre os macroindicadores de riqueza de uma sociedade, como o PIB, com os indicadores de saúde.
De certa maneira, o objetivo geral das ações de promoção e de prevenção,
pode ser assim resumido:
Para a prevenção, evitar a enfermidade é o objetivo final e, portanto, a ausência de doenças seria um objetivo suficiente. Para a promoção da saúde, o objetivo contínuo é um nível ótimo de vida e de saúde; portanto, a ausência de doenças não é suficiente, já que perante qualquer nível de saúde registrado em um indivíduo sempre haverá algo a ser feito para promover um nível de saúde melhor e condições de vida mais satisfatórias (BUSS, 2003, p. 33, grifos meu).
Concordo com Maeyama (2006) quando este conclui que, a parte conceitual
das diferenças pode estar bem definida. No entanto, a clareza pode não estar tão
precisa quando o enfoque é a parte prática das ações de promoção e prevenção,
sobretudo no que tange a educação em saúde, que pode ter um fim específico de
prevenção ou pode ser uma prática com objetivo claro do empoderamento
individual ou das comunidades, induzindo seu foco para a Promoção da Saúde.
22
3 PERCURSO METODOLÓGICO
Considerando que o objetivo da pesquisa é Sensibilizar os Supervisores
Regionais das equipes de saúde da Estratégia Saúde da Família para a
Promoção da Saúde baseados na realidade em que vivem, julguei a pesquisa
qualitativa como a mais indicada, visto que se preocupa com a realidade que não
pode ser quantificada. Ela trabalha com os sentidos, significados, ou seja, com a
vivência e experiência pessoal dos envolvidos no processo. Desta forma, após
avaliar a concepção destes em relação ao tema em questão, busquei
proporcionar informações, através de oficinas, as quais resultaram em ações
práticas (instrumentos) aplicáveis na Atenção Primária com vistas a Promoção da
Saúde (seguindo seus eixos e atributos) à população, através de profissionais
mais qualificados.
3.1 LOCAL DA PESQUISA
O local do estudo teve como escolha, o Serviço de Saúde do Município de
Blumenau, SC. O Município está localizado a leste do Estado de Santa Catarina,
na região do Médio Vale do Itajaí (ANEXO 1).
O Município de Blumenau está entre os 20 municípios catarinenses
habilitados pelo Ministério da Saúde na Gestão Plena do Sistema de Saúde,
desde 1998, sendo assim, responsável pela execução e o controle das Ações
Básicas de Saúde, de Educação em Saúde, de Vigilância Epidemiológica, de
Vigilância Nutricional, de Vigilância Sanitária e de Saúde do Trabalhador
(BLUMENAU, 2011).
A abrangência da ESF no município de Blumenau está próxima de 70% da
cobertura populacional, perfazendo um total de 61 equipes. A Secretaria
Municipal de Saúde (SEMUS), com vistas a facilitar a resolubilidade de suas
ações, definiu viabilizar o gerenciamento da Rede Básica de Saúde por regiões.
Criadas a partir da Lei Municipal Complementar nº 301 de 2000, as suas áreas de
atuação gerencial correspondem às regiões: Centro, Fortaleza, Itoupavas,
Badenfurt, Velha, Garcia e Escola Agrícola, que se articulam em torno de um
Ambulatório Geral (AG) (BLUMENAU, 2011).
23
De acordo com o modelo de territorialização adotado pela Secretaria, cada
ESF tem a referência/contra-referência em atendimento especializado (pediatria,
ginecologia, odontologia) no Ambulatório Geral (AG) de sua região (total de 07
AGs) (BLUMENAU, 2011).
O auditório da SEMUS serviu de local para a realização das oficinas, as
quais transcorreram no período de uma semana, em dias alternados,
compreendendo 12 horas.
3.2 SUJEITOS DA PESQUISA
Para a escolha dos sujeitos da pesquisa, foi considerado que, os
Supervisores Regionais são também profissionais multiplicadores do
conhecimento. Consequentemente, gerar competências de Promoção da Saúde
teve por intuito promover uma reflexão crítica e uma avaliação sobre as iniciativas
de formação e de desenvolvimento e ainda, estimular articulações como atos
estratégicos para ampliar as probabilidades de inovação das ações que estão
sendo desencadeadas como objetivo essencial da Promoção de Saúde.
No município de Blumenau, SC, são designados Supervisores Regionais de
Saúde os profissionais responsáveis por uma determinada região composta por
Equipes da Estratégia Saúde da Família (em média, um supervisor para cada 7 a
9 equipes). As atividades por estes desenvolvidas referem-se a interagir, junto
aos profissionais da ESF, de forma a subsidiar atitudes/atividades que possam
ser desenvolvidas junto à população e a própria equipe; estimulá-los a aprimorar
seus conhecimentos visando a Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças; as
questões burocráticas que envolvem as equipes da ESF e, como elo entre a ESF
e a SEMUS2.
A participação dos seis (06) supervisores atuantes das sete regiões de
cobertura da ESF (a região da Velha e Escola Agrícola são supervisionados pelo
mesmo supervisor) teve como propósito envolvê-los e sensibilizá-los para as
práticas da Promoção da Saúde junto às equipes e à clientela adscrita.
2 Informações colhidas oralmente com a Gerência de Saúde, devido à ausência de registros documentais das informações (SEMUS).
24
3.3 ASPÉCTOS ÉTICOS
A pesquisa foi encaminhada ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) para apreciação, e em reunião no dia
30/07/2010 foi aprovado com o Parecer 208/10 (ANEXO 2). Uma cópia do projeto
de pesquisa foi enviada para a Secretaria Municipal de Saúde de Blumenau, SC.
As questões éticas foram estabelecidas através da autorização formal da
Instituição e dos participantes assinando um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE 1). Os sujeitos da pesquisa foram informados sobre a
possibilidade de desistirem do estudo a qualquer tempo se assim o desejarem, e
sobre a garantia do anonimato e sigilo das informações colhidas, além do acesso
aos resultados da investigação.
Os dados serão devolvidos aos sujeitos da pesquisa e à instituição. Os
relatos obtidos são confidenciais e, portanto, não foram utilizados os nomes dos
participantes em nenhum momento.
3.4 INSTRUMENTOS DA PESQUISA
3.4.1 Oficinas
A área de domínio educacional prevê que a força de trabalho em saúde
pública deve estar preparada para compartilhar, com seus pares e outros
profissionais de saúde, o conhecimento e a experiência que possuem. Estes
devem contribuir para a satisfação das sempre presentes necessidades de
aprendizagem. Ao mesmo tempo, devem aumentar suas capacidades para
aprenderem por si mesmas e transmitir, à instituição, a disposição de estarem
abertas à aprendizagem permanente (VANZIN; NERY, 1998).
Em sua Tese de Doutorado, Da Ros (2000 apud MAEYAMA e CUTOLO,
2010), assinala que a educação em saúde, quando fundamentada numa prática
libertadora pode trabalhar com o conceito de saúde da determinação social. Neste
contexto e, em conformidade com a Promoção da Saúde que através das práticas
educativas tem por objetivo capacitar os indivíduos para que possam ser capazes
de realizar suas escolhas, tendo autonomia para tal, desde que empoderados.
Um novo saber pode ser construído através da problematização entre o
educador e o educando, numa prática baseada no diálogo e no companheirismo,
25
ambos se educam gerando um conhecimento crítico e reflexivo (FREIRE, 2005).
A teoria da problematização através da dinâmica de grupos norteadas pelo
Arco de Maguerez (BORDENAVE e PEREIRA, 1982) serviu de instrumento para
o desenvolvimento das oficinas.
3.4.2 Teoria da problematização
A Teoria da Problematização tem como objetivo efetivar a cadeia dialética de
ação-reflexão-ação, ou dito de outra maneira, a relação prática-teoria-prática,
tendo como ponto de partida e de chegada a realidade social.
A primeira referência para essa Teoria é o Método do Arco, de Charles
Maguerez, conforme apresento na figura 1, modificado:
Figura 1 - Representação esquemática das etapas da Teoria da Problematização Fonte: adaptado de Bordenave e Pereira (1982).
Nesse esquema constam cinco etapas que se desenvolvem a partir da
realidade ou um recorte da realidade: observação da realidade; pontos-chave;
teorização; hipóteses de solução e aplicação à realidade (prática).
Têm-se proposto a Teoria da Problematização como metodologia de ensino,
de estudo e de trabalho, para ser utilizada sempre que seja oportuno, em
situações em que os temas estejam relacionados com a vida em sociedade.
26
3.4.3 Etapas do processo
As oficinas foram realizadas conforme cronograma de desenvolvimento da
Instituição e acordado com a pesquisadora, no período de 21 a 25 de fevereiro de
2011, intercalando os dias das oficinas com dias de estudos, com duração de
quatro horas cada encontro, totalizando 12 horas.
Como moderadora destas, contei com o apoio de uma aluna da graduação
em Enfermagem, a qual desenvolveu as atividades de secretariado: registro das
atividades (gravada e escrita), fotografias, controle de tempo, entre outras coisas.
As gravações das oficinas foram transcritas na íntegra e após, registradas em
diário de campo.
3.4.4 Análise dos dados
O objetivo final não é trabalhar com análises descritivas. Minha contribuição
será com o relato da concepção, construção e desenvolvimento do processo
sensibilizatório realizado com os sujeitos da pesquisa quanto a Promoção da
Saúde.
ARTIGO CONCLUSIVO
Sensibilização dos supervisores regionais para a promoção da saúde:
um desafio necessário
Diolígela Rubert Dalepiane* Luiz Roberto Agea Cutolo**
RESUMO: A Promoção da Saúde, por ser muito confundida com a Prevenção de Doenças
fomentou o entender deste processo na Atenção Primária embasado no novo modelo da
Estratégia Saúde da Família e também nas ações que buscam promover a saúde do
indivíduo e da comunidade na qual está inserido. O propósito deste trabalho foi oferecer
subsídios para aplicação da Promoção da Saúde junto às equipes, intermediadas pelos
supervisores regionais, com vistas à melhoria da qualidade de vida e saúde da
comunidade no município de Blumenau, SC. Três encontros transcorreram sob a forma
de oficinas estruturadas na Teoria da Problematização, caracterizando uma pesquisa
qualitativa. Participaram os seis supervisores regionais das Equipes da Estratégia Saúde
da Família. Proporcionar a estes a definição da Promoção da Saúde resultou na edificação
de instrumentos coligados aos determinantes sociais e aplicáveis na realidade vivenciada
pelas equipes da Estratégia Saúde da Família junto à comunidade adscrita.
Palavras-chave: Promoção de Saúde. Programa Saúde da Família. Gestor de Saúde.
RAISING AWARENESS OF HEALTH PROMOTION AMONG REGIONAL
SUPERVISORS: a necessary challenge
ABSTRACT: Because the subject of health promotion is often confused with disease
prevention, an understanding of the former was promoted in primary
healthcare, based on the new Family Health Strategy model, and also on actions that
seek to promote the health of the individual and the wider community in which he or
she lives. The purpose was to provide support for the implementation of Health
Promotion by the teams, mediated by supervisors, in order to improve the quality of
life and health of the community in the town of Blumenau, in the State of
* Mestranda do Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, SC. E-mail: <diolird@gmail.com>. ** Doutor em Educação. Professor do Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, SC. E-mail: <cutolo@univali.br>
Santa Catarina. Three workshops were held, structured on Theory of Problematisation,
characterizing this as a qualitative study. Six regional supervisors of the Family Health
Teams attended the meetings. Providing the supervisors with a real definition of
Health Promotion resulted in the construction of tools based on the need of society
that was applicable to the reality experienced by the Family Health Strategy teams
and the community in question.
Key words: Health Promotion. Family Health Program. Health Manager.
Sensibilización de los supervisores regionales para la promoción
de la salud: un desafío necesario.
RESUMEN: La Promoción de la Salud, que por veces se confunde con la Prevención de
Enfermedades, fomentó el entendimiento de este proceso de Atención Primaria basado
en el nuevo modelo de la Estrategia Salud de la Familia y, también, en las acciones que
buscan promover la salud del individuo y el la comunidad en la cual está insertado. El
propósito de este trabajo/estudio fue ofrecer subsidios para la aplicación de la Promoción
de la Salud junto a los equipos, intermediados por los supervisores regionales, con vistas
a una mejor calidad de vida y salud de la comunidad, en el municipio de Blumenau,
Santa Catarina. Se realizaron tres encuentros, bajo la forma de talleres, estructurados en
la Teoría de la Problematización, caracterizando una investigación cualitativa.
Participaron los seis supervisores regionales de los Equipos de la Estrategia Salud de la
Familia. Proporcionar a estes la definición de Promoción de la Salud resultó en la
edificación de instrumentos coligados a los determinantes sociales y aplicables en la
realidad vivenciada por los equipos de la Estrategia Salud de la Familia unto a comunidad
adscrita.
Palabras - clave: Promoción de la Salud. Programa Salud de la Familia. Gestor de Salud.
1 INTRODUÇÃO
A proposta do Ministério da Saúde, em relação às mudanças das políticas e ações
da Promoção da Saúde e dos determinantes sociais, vêm ao encontro à proposta deste
trabalho que propôs Sensibilizar os Supervisores Regionais das equipes da Estratégia
Saúde da Família do município de Blumenau, Santa Catarina (SC) quanto à Promoção da
Saúde.
29
O modelo proposto de Atenção Primária em 1994, através da criação do Programa de
Saúde da Família (PSF)3 teve por finalidade efetivar a descentralização e a participação
social como princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).(1) Esta aproximação da oferta dos
serviços de saúde deve estar relacionada às reais necessidades da população local, assim
como os municípios devem aumentar sua participação na gestão do serviço de saúde
juntamente com os demais níveis do governo.
Partindo do pressuposto de que, trabalhadores de saúde devem ser considerados
sujeitos construtores do conhecimento, com potencialidade de desenvolverem-se e
aderirem a projetos de transformação, a revisão conceitual buscou contemplar
referenciais que orientam este trabalho.(2-15) A compreensão do processo que originou a
criação do SUS, bem como, do novo modelo de se pensar em saúde na família, na
participação social e na educação em saúde surgiram com a institucionalização dos
mesmos e suas conseqüências para a Atenção Básica da Saúde no Brasil.
A relevância da capacitação, com vistas a contribuir para uma reflexão referente à
Promoção da Saúde pelos Supervisores Regionais das equipes da Estratégia Saúde da
Família (ESF) visa fornecer subsídios para discussões acerca da construção de novas
práticas buscando atender as necessidades dos usuários da ESF. A escolha por estes
profissionais firmou-se por serem enfermeiros e também gestores, hoje, por cargo
comissionado, no papel de “Supervisores Regionais das Equipes da Estratégia da Saúde
da Família”. Através deste conhecimento podem potencializar iniciativas de Promoção da
Saúde nos seus supervisionados. Estas práticas quando voltadas para a Promoção da
Saúde (ações de Promoção da Saúde melhoram as condições sanitárias) e prevenção de
doenças asseguram a qualidade e a acessibilidade aos serviços de saúde.
Através do desenvolvimento de ações diretas na comunidade é possível elencar as
prioridades e nortear planos de ações eficazes para a melhoria das condições de vida
mas, para que isto ocorra requer conhecimento profissional vinculado aos determinantes
sociais. Neste sentido, cabe destacar a responsabilidade do governo, tanto em nível local
como nacional, atuando de forma a oferecer condições mínimas para que a saúde se dê
na integralidade (ou na sua totalidade).(15)
A proposta de trabalho que gerou a dissertação de mestrado teve como objetivo
3 Programa de Saúde da Família – estratégia de reorganização dos serviços de saúde
priorizando as ações de promoção, proteção e recuperação de indivíduos e famílias, de forma integral e contínua. Hoje reconhecido como ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA.
30
desenvolver competências de Promoção da Saúde nos Supervisores Regionais das
equipes da Estratégia Saúde da Família do Município de Blumenau, SC. Este estudo ainda
propôs identificar as concepções dos supervisores regionais em relação à concepção de
saúde e Promoção da Saúde; pontuar os instrumentos/ferramentas utilizados para
estimular a Promoção da Saúde junto aos profissionais e estes com a população adscrita;
identificar os impedimentos para a concretização de ações de Promoção da Saúde;
identificar as possibilidades para a concretização destas ações; desenvolver estratégias
de articulação para a concretização de ações de Promoção da Saúde e fornecer subsídios
que possam resultar em ações práticas (instrumentos) aplicáveis na Atenção Primária
com vistas a Promoção da Saúde.
2 PERCURSO METODOLÓGICO
Considerando que o objetivo da pesquisa é Sensibilizar os Supervisores Regionais
das equipes de saúde da Estratégia Saúde da Família para a Promoção da Saúde
baseados na realidade em que vivem, julguei a pesquisa qualitativa como a mais
indicada, visto que se preocupa com a realidade que não pode ser quantificada. Ela
trabalha com os sentidos, significados, ou seja, com a vivência e experiência pessoal dos
envolvidos no processo(16). Desta forma, após avaliar a concepção destes em relação ao
tema em questão, proporcionei informações, através de oficinas, que resultaram em
ações práticas (instrumentos) aplicáveis na Atenção Primária com vistas a Promoção da
Saúde (seguindo seus eixos e atributos) à população, através de profissionais mais
qualificados.
O estudo teve como escolha o Serviço de Saúde (SEMUS) do Município de
Blumenau, SC. O auditório da SEMUS serviu de local para a realização das oficinas.
Para a escolha dos sujeitos da pesquisa, foi considerado que os Supervisores
Regionais são também profissionais multiplicadores do conhecimento, tendo como
propósitos profissionais mais envolvidos e sensibilizados para a prática da Promoção da
Saúde junto à clientela adscrita. Participaram os seis (06) supervisores atuantes das sete
regiões de cobertura da ESF (a região da Velha e Escola Agrícola é supervisionada pelo
mesmo supervisor).
No município de Blumenau, SC, são designados Supervisores Regionais de Saúde
os profissionais responsáveis por uma determinada região composta por Equipes da
Estratégia Saúde da Família (em média, um supervisor para cada 7 a 9 equipes). As
31
atividades por estes desenvolvidas referem-se a interagir, junto aos profissionais da ESF,
de forma a subsidiar atitudes/atividades que possam ser desenvolvidas junto à população
e a própria equipe; estimulá-los a aprimorar seus conhecimentos visando a Promoção da
Saúde e Prevenção de Doenças; as questões burocráticas que envolvem as equipes da
ESF e, como elo entre a ESF e a SEMUS4.
A abrangência da ESF no município de Blumenau está próxima de 70% da
cobertura populacional, perfazendo um total de 61 equipes(17). De acordo com o modelo
de territorialização adotado pela Secretaria, cada ESF tem a referência/contra-referência
em atendimento especializado (pediatria, ginecologia, odontologia) no Ambulatório Geral
(AG) de sua região (total de 07 AGs).(17)
Neste aspecto, a área de domínio educacional prevê que a força de trabalho em
saúde pública deve estar preparada para compartilhar, com seus pares e outros
profissionais de saúde, o conhecimento e a experiência que possuem no intuito de
contribuírem para a satisfação das sempre presentes necessidades de aprendizagem. Ao
mesmo tempo, devem aumentar suas capacidades para aprenderem por si mesmas e
transmitir, à instituição, a disposição de estarem abertas à aprendizagem permanente(18).
Cada „saber‟, portanto, elaborar seu próprio „estilo de pensamento‟, com base no qual compreende os problemas e os direciona para seus objetivos. Mas a escolha do problema determina a maneira de enxergá-lo na observação do objeto. A „verdade‟ detectada, portanto, é relativa ao objetivo tencionado do
saber(7).
Desta forma, a Teoria da Problematização tem como objetivo efetivar a cadeia
dialética de ação-reflexão-ação, ou dito de outra maneira, a relação prática-teoria-
prática, tendo como ponto de partida e de chegada a realidade social. A primeira
referência para essa Teoria é o Método do Arco, de Charles Maguerez(19).
Este método consta de cinco etapas que se desenvolvem a partir de um recorte da
realidade: observação da realidade; pontos-chave; teorização; hipóteses de solução e
aplicabilidade (prática).
A Teoria da Problematização através da dinâmica de grupos norteadas pelo Arco de
Maguerez(20) serviu de instrumento para o desenvolvimento das oficinas.
4 Informações colhidas oralmente com a Gerência de Saúde, devido à ausência de registros documentais das informações (SEMUS).
32
2.1 ETAPAS DO PROCESSO = RESULTADOS
As oficinas foram realizadas no período de 21 a 25 de fevereiro de 2011 conforme
cronograma de desenvolvimento da Instituição, acordado com a pesquisadora
intercalando os dias das oficinas com dias de estudos, com duração de quatro horas cada
encontro, totalizando 12 horas.
Como moderadora contei com o apoio de uma acadêmica de Enfermagem de uma
Instituição de Ensino de Blumenau, a qual desenvolveu as atividades de secretariado:
registro das atividades (filmado, gravado, fotografado e escrito), controle de tempo,
entre outras coisas. As gravações das oficinas foram transcritas na íntegra e após,
registradas em diário de campo.
2.2 OS ENCONTROS
Iniciar uma atividade envolve sentimentos e expectativas, positivas e porque não,
negativas, tanto do condutor quanto dos atores convidados. A preocupação em relação à
proposta de trabalho e, o interesse destes em participar causou-me ansiedade.
Decorrido o momento de apresentação oficial da proposta baseada na
“Sensibilização” quanto a Promoção da Saúde, oportunizo uma dinâmica para abordar o
assunto proposto. A “dinâmica da caixa” compreende questões dispostas em uma caixa
fechada que, em sincronia musical, passa de mão em mão e, quando a música faz uma
pausa, a pessoa que estiver com a caixa em mãos deverá abri-la e retirar uma das
questões, e consequentemente respondê-la. No decorrer da música permaneci de costas
para que a escolha acontecesse aleatoriamente.
As questões estavam relacionadas ao processo saúde-doença como forma de
compreender os conceitos prévios dos supervisores regionais. Assim descritas: conceitue
Doença, conceitue Saúde, conceitue Prevenção de Doença, conceitue Promoção da
Saúde, o que você entende por Equidade, o que você entende por Integralidade, o que
você entende por Reabilitação da Saúde, quais os instrumentos que você utiliza junto as
suas ESF para a Promoção da Saúde.
Destaco que, durante a dinâmica, o primeiro tópico retirado estava relacionado a
conceituar “Saúde” e o último a “Promoção da Saúde”. Isto proporcionou uma seqüência
33
de informações e depoimentos voltados ao objetivo deste trabalho, a Promoção da
Saúde.
Com os conceitos explicitados embasados na literatura, a proposta sugerida foi de,
voltar o olhar criticamente para a realidade em que estão inseridos. A partir destes,
visualizar os problemas relacionados à Promoção da Saúde, elencar os principais e
registrar de forma sistematizada. Ofereci um caderno de apoio para cada participante, no
qual solicitei que fizessem seus registros complementares. Ao término das oficinas e,
com o consentimento destes, me emprestaram seus cadernos para que pudesse
aproveitar “todas” as informações ali registradas, e aplicá-las no processo da conclusão
deste trabalho.
2.3 AS EXPECTATIVAS
A perspectiva existente em relação à participação/interesse dos supervisores nas
oficinas foi abrandada quando da demonstração deste interesse em entender a Promoção
da Saúde e sua aplicabilidade. Afirmação esta, por considerarem uma das ações mais
difíceis de serem trabalhadas na Estratégia da Saúde da Família pelo fato de, realmente,
não entenderem a Promoção da Saúde, não notarem a Promoção da Saúde na sua
integralidade. Continuavam, ainda, muito focados na doença e no tratamento, o que os
impedia de conceber o conceito e as ações da Promoção da Saúde.
Alguns pontos elencados por eles merecem destaque em relação a não acontecer a
Promoção da Saúde: falta de planejamento das ações; profissionais não atualizados, não
empoderados; déficit de profissionais; comunidade não empoderada; equipes não
comprometidas; ausência de vínculo equipe/comunidade/conselho local.
Mediante estas colocações pode-se evidenciar que, todos os setores estão em
desajustes, desintegrados, o que entra em discordância com o que preconiza o Ministério
da Saúde, o qual nos orienta para a integralidade dos serviços em prol da comunidade.
Este permeia que os determinantes sociais busquem a melhoria da qualidade de vida e
saúde, inclusive a criação de ambientes favoráveis para vida, promovendo a saúde.
Nos diálogos percebeu-se também que, ainda havia dificuldade para articular o
conceito de Promoção da Saúde. Referenciaram que a Promoção da Saúde deveria estar
focada nas crianças, ainda sadias, evitando o aparecimento de doenças. Isto deixou claro
que, no cotidiano, a Prevenção de Doenças e a Proteção à Saúde estavam mais
34
presentes.
Uma vez exposto, um breve conceito das Ações Integradas à Saúde enfatizando a
Promoção da Saúde, questionei o porquê do foco no ser saudável? Após breve reflexão
relatam que, independente de ser saudável ou portador de um agravo, todos temos
direito à qualidade de vida, ou a sua melhoria. Complementam que até então, a zona de
conforto deles prevalecia/permanecia; por que se envolveriam com as questões em prol
dos determinantes sociais?!
Referenciam ainda que, o tema proposto lhes chamou a atenção justamente por
isso: até onde vai a nossa responsabilidade social enquanto profissionais da saúde? O
que realmente podemos fazer para promovermos saúde do indivíduo? O que é prioritário
na Saúde Pública: Prevenção da doença ou a Promoção da Saúde?
Embalados por estes questionamentos pude expressar que nossa responsabilidade
vai além dos muros da ESF. Deve estar no convívio com a comunidade, na participação
do Conselho Local e principalmente com as famílias. O comprometimento enquanto
profissionais foca-se em promover a saúde do indivíduo/comunidade em todo seu
contexto social.
Ao findar este diálogo com os supervisores, estes voltaram o olhar para a realidade
na qual estão inseridos e trabalharam com as questões problematizadoras, os pontos-
chave, elencando-as. Como apoio, disponibilizei um artigo impresso sobre a Promoção da
Saúde da Família (14) e, outros relacionados estavam disponíveis via e-mail. Acordamos
que, embasados nestes referenciais teóricos, no próximo encontro, estaríamos
articulando estas questões problematizadas sob a forma de hipóteses e soluções.
Nova expectativa estabelecida: será que os supervisores irão ler o artigo
recomendado? Entenderam o propósito das oficinas?
2.4 A SURPRESA
A leitura prévia realizada pelos supervisores me surpreendeu. O reflexo foi à
participação destes neste encontro. Esta leitura trouxe leveza para complementar as
informações necessárias, articular as hipóteses de soluções e nortear os planos de ação
relacionados à Promoção da Saúde, aplicáveis na realidade. Destaco um deles:
“promoção é quando conseguimos fazer a mudança no estilo de vida, de valores sociais,
mudança de comportamento da sociedade. Passamos a perceber que a determinação
35
social é que faz a diferença entre prevenção e promoção.” Nota-se ainda uma visão
comportamentalista na fala dos participantes, porém conseguem esboçar uma co-relação
aos determinantes sociais.
Ao questionar estes supervisores, num segundo momento, em relação à Promoção
da Saúde, referenciaram que “tinham um conceito misturado quanto à prevenção e a
promoção, entendiam como uma coisa só!”
Mesmo que os supervisores tivessem alguma reflexão crítica relacionada às Ações
Integradas à Saúde, o não entendimento quanto à Promoção da Saúde tornou-se,
evidentemente, um fator “estressante” no desenvolver das atividades propostas.
A necessidade de continuamente mostrar que a Promoção da Saúde está
diretamente coligada aos determinantes sociais e as Ações Integradas da Saúde e que,
não depende exclusivamente dos gestores, dos profissionais e da comunidade foi à tarefa
mais complicada junto aos supervisores. Mostrar que, isso depende ainda do conjunto de
esforços multiestratégicos com pactuação intersetorial e integral para sua concretização,
também fez parte desse processo. Isto consolida a intenção da proposta pautada neste
aspecto, o de não haver o entendimento, principalmente, dos profissionais em relação à
Promoção da Saúde.
Uma colocação que marcou foi “você conseguiu nos deixar incomodados, nos
cutucou num ponto que deixávamos de lado por não termos conhecimento para realizá-
lo, e hoje vemos que, enquanto profissionais podemos fazer algo a mais pela nossa
equipe, nossa comunidade!”
Expresso que é uma pequena contribuição, um “cutucar na zona de conforto”, mas,
se conseguir sensibilizá-los em relação à Promoção da Saúde e, que cada um torne-se
multiplicador deste processo, com certeza meu objetivo teria sido alcançado.
Valorizo a presença deles, voluntariamente, por ser um pequeno/grande passo.
Querer aprender mais, envolver-se no processo é mais que um diferencial. E, neste
momento consigo visualizar um maior comprometimento social pelos supervisores.
Nesta perspectiva, encerramos este encontro deixando acordado que estaremos
pactuando as atividades direcionadas à aplicabilidade das ações propostas,
caracterizadas pela flexibilidade, pela pluralidade e pela abrangência destas, no próximo
encontro.
36
2.5 O COMPROMISSO
Ao sintetizar as questões da teorização e formular as hipóteses de soluções
aplicáveis na prática, uma vez que não adianta querer idealizar algo não viável, não
aplicável na realidade em que estamos inseridos, na Atenção Primária, se faz necessário
considerar que precisamos contar com o trabalho em equipe e que esta, esteja
comprometida com sua comunidade.
Partimos então do pressuposto que neste momento devemos trabalhar em cima da
realidade norteada pelas hipóteses e na formulação de um plano de ação. O que
podemos fazer enquanto multiplicadores? Qual o plano de ação viável para
concretizarmos nossas ações? Qual o nosso compromisso com a comunidade,
com o meio em relação à Promoção da Saúde?
Confesso que, ainda permeia o conceito de, a promoção estar focada no indivíduo
sadio. Mas, em contrapartida, a maioria coloca que nestes encontros conseguiram
absorver a essência da promoção a qual envolve o todo, que trabalha com os
determinantes sociais, que busca promover uma mudança no estilo de pensamento dos
indivíduos. Entenderam que devemos Promover a Saúde buscando uma melhor qualidade
de vida para o indivíduo/comunidade fundamentadas nas políticas e ações e no
envolvimento, na mobilização dos profissionais dos diversos setores – da
intersetorialidade.
Não surpresa, com as colocações dos supervisores nesta etapa do processo,
saliento que, a mudança somente acontece quando trabalhamos esta em nós mesmos
num primeiro momento; que devemos ter criatividade em articular soluções para os
fatos; e conhecer a clientela, seu meio, é mais que necessário.
Destaco ainda, que o plano de ação primordial, na visão dos supervisores, é
promover encontros de leitura, reflexão e discussão com as equipes multiprofissionais e
as equipes da ESF sobre a Promoção da Saúde. Uma vez conhecedores deste conceito
poderão desenvolver melhor suas atividades junto à clientela adscrita e trabalhar os
determinantes sociais em prol de sua melhoria.
2.6 MUDANÇA NO ESTILO DE PENSAMENTO
37
Referenciam isto agora, por também compreenderem a Promoção da Saúde.
Conseguem visualizar a amplitude do conceito e sua aplicabilidade junto à
equipe/comunidade. Percebem que o começar não deva ser somente pelos profissionais
que estão na ponta. Mas, que através da mudança de nossas atitudes, tanto dos gestores
quanto da comunidade buscar-se-á um melhor entendimento e consequentemente, a
própria melhoria.
Entendem ainda que, quando passamos a ter conhecimento do assunto proposto
torna-se mais fácil desenvolver o processo da mudança no estilo de pensamento.
2.7 SÍNTESE PROPOSITIVA
a) Entendimento do conceito: Como proposta inicial de sensibilizar os
supervisores regionais em relação à Promoção da Saúde, pode-se assegurar que
estes absorveram o conceito. Afirmação esta vivenciada através da participação
efetiva nas oficinas.
b) Correlação entre determinantes sociais e Promoção da Saúde: Isto ficou
claro quando referenciaram que a Promoção da Saúde está diretamente coligada
aos determinantes sociais. Conseguiram idealizar o conceito de Promoção da
Saúde.
c) Identificaram-se como multiplicadores: Após saírem da zona de conforto e
perceberem que as mudanças não dependem de um, mas de um contexto,
sentiram que poderiam fazer mais pelas equipes/comunidades.
d) Reprodução das oficinas junto aos seus supervisionados: A forma como
abordei o tema foi tão expressiva entre os supervisores que, não tiveram
dúvidas em articular como plano de ação, a reprodução do conteúdo, também
em forma de oficinas, a suas equipes.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A idealização desta proposta de sensibilização juntos aos profissionais da Atenção
Primária é resultado da vivência como supervisora de estágio nas equipes da ESF. A
38
evidência de que as ações de Promoção da Saúde não aconteciam e o fato dos
determinantes sociais voltarem-se somente para a prevenção de doenças, me inquietava.
Entendo que as atividades, na Estratégia da Saúde da Família, quando realizadas
com conhecimento e multiplicadas pelos profissionais envolvidos resultam em ações, que
priorizam a melhoria da qualidade de vida da comunidade promovendo a saúde.
O trabalho com os supervisores regionais das ESF do município de Blumenau
mostra-nos num primeiro momento, que os profissionais não desenvolvem as atividades
correlacionadas aos determinantes sociais. Os motivos são vários, destacando a falta de
entendimento e manejo com o tema e também, por estes profissionais não estarem
plenamente envolvidos com as questões da comunidade onde atuam. Conclui-se que não
haviam instrumentos aplicáveis por não haver o entendimento sobre a Promoção da
Saúde.
Conforme mencionado por um supervisor, “a Promoção da Saúde é o pior tema
para trabalhar”, pois “pensamos que estamos fazendo a promoção da saúde, mas, na
verdade, faz-se prevenção de doenças”. O conceito acaba sendo distorcido e mal
utilizado pelos profissionais refletindo na comunidade adscrita.
Centrada no objetivo de sensibilizar os supervisores, no decorrer das oficinas, estes
começaram a “olhar” sistematizadamente suas atitudes, atividades e o próprio
conceito/discurso quanto à Promoção da Saúde. Já no primeiro encontro pode-se
perceber a inquietação em relação ao tema proposto. Instala-se a proposta de mudança
no estilo de pensamento nestes profissionais voltada para a Promoção da Saúde.
Embasados na literatura proposta, retornam, num segundo momento, com o
conceito melhor estruturado em relação à Promoção da Saúde. Mesmo com pequenas
distorções, ajustadas, no terceiro momento desenvolveram instrumentos/estratégias
operacionais para aplicar junto às equipes pelas quais são responsáveis.
Deste modo, uma oficina caracteriza a elaboração de um documento síntese,
produto das reflexões no decorrer desta. Tal documento propôs ser a base para
potencializar o planejamento de ações de Promoção da Saúde dos Supervisores
Regionais, junto às equipes da ESF que lhe são de responsabilidade.
O enfoque nos determinantes sociais sobreveio devido os supervisores regionais
estarem ainda focados mais na prevenção de agravos do que na Promoção da Saúde
39
propriamente dita. Isto limitou o aprofundar dos conceitos e aplicações da determinação
social.
Devo considerar que melhorar conceitos não é uma tarefa fácil para ser idealizada
num curto período, porém, acredito ter atingido o objetivo principal envolto na
Sensibilização, uma vez que, tais reflexões instigaram a pensar/agir embasadas na
literatura e, estes profissionais mostraram-se mais encorajados quanto à verdadeira
prática da Promoção da Saúde.
Desta forma e, mediante aos fatos vivenciados posso afirmar que:
a) Há dificuldade de concretização de práticas de Promoção da Saúde.
b) Um dos problemas maiores para a não efetivação de práticas da Promoção da
Saúde é o conceito de Promoção da Saúde.
c) Uma das parcelas responsáveis por essa não efetivação são as Coordenadorias
Regionais.
d) Parto do princípio de que, uma vez sensibilizadas Coordenadorias Regionais, eu
posso de alguma forma, indiretamente, sensibilizar o profissional da ponta.
40
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42
4 CONCLUSÃO
A idealização desta proposta de sensibilização junto aos profissionais da
Atenção Primária é resultado da minha vivência como supervisora de estágio nas
equipes da ESF.
A evidência de que as ações de Promoção da Saúde não aconteciam e, que
o foco dos determinantes sociais voltava-se somente para a prevenção de
doenças me deixava incomodada.
Entendo que as atividades, na Estratégia da Saúde da Família, quando
realizadas com conhecimento e multiplicadas pelos profissionais envolvidos
resulta em ações, que priorizam a melhoria da qualidade de vida da comunidade
promovendo a saúde.
O trabalho com os supervisores regionais das ESF do município de
Blumenau mostra-nos num primeiro momento, que os profissionais não
desenvolvem as atividades correlacionadas aos determinantes sociais por vários
motivos destacando, a falta de entendimento e manejo com o tema e também, por
estes profissionais não estarem plenamente envolvidos com as questões da
comunidade onde atuam. Não havia instrumentos aplicáveis por não haver o
entendimento sobre a Promoção da Saúde.
Centrada no objetivo de sensibilizar os supervisores, no decorrer das
oficinas, pode-se perceber a inquietação e a percepção destes, os quais
começaram a “olhar” sistematizadamente suas atitudes, atividades e o próprio
conceito/discurso quanto à Promoção da Saúde. Instala-se a proposta de
mudança no estilo de pensamento nestes profissionais voltada para a Promoção
da Saúde.
Consequentemente, gerar competências de Promoção da Saúde teve por
intuito promover uma reflexão crítica e uma avaliação sobre as iniciativas de
formação e de desenvolvimento e ainda, estimular articulações como atos
estratégicos para ampliar as probabilidades de inovação das ações que estão
sendo desencadeadas.
Deste modo, uma oficina caracteriza a elaboração de um documento
síntese, produto das reflexões geradas através desta. Tal documento propôs ser a
base para programar o planejamento de ações de Promoção da Saúde dos
43
Supervisores Regionais, junto às equipes da ESF que lhe são de
responsabilidade.
Devo considerar que melhorar conceitos não é uma tarefa fácil para ser
idealizada num curto período, porém, acredito ter atingido o objetivo principal
envolto na Sensibilização, uma vez que, tais reflexões instigaram a pensar/agir
embasadas na literatura e, estes profissionais mostraram-se mais empoderados
quanto à verdadeira prática da Promoção da Saúde.
44
REFERENCIAS
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48
APÊNDICE
49
APÊNDICE 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma. Manter-se-á o sigilo dos envolvidos na pesquisa. Título do Projeto: SENSIBILIZAÇÃO DOS SUPERVISORES REGIONAIS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE: um desafio necessário.
Pesquisadores Responsáveis: Diolígela Rubert Dalepiane, Luiz Roberto Agea Cutolo Telefone para contato: (47) 8447-0022 – diolird@gmail.com
Considerando-se a necessidade do desenvolvimento de estratégias de
relações intersetoriais para melhor desempenho de ações de Promoção da Saúde no campo da Saúde Coletiva, este projeto pretende sensibilizar os Supervisores Regionais das Unidades de Saúde da Estratégia Saúde da Família quanto a Promoção da Saúde. Estas oficinas seguirão a lógica da teoria problematizadora (reflexão sobre o processo de trabalho- prática- teoria-prática). As informações geradas nas oficinas serão consolidadas por meio de registro em diário de campo e gravação de áudio. Sendo analisadas, classificadas e categorizadas a luz de referenciais teóricos da área. Após a consolidação dos resultados das oficinas, dar-se-á a devolutiva dos dados aos participantes e à instituição colaboradora.
Com a realização desta pesquisa pretende-se desenvolver competências de Promoção da Saúde nos Supervisores Regionais das Equipes da Estratégia Saúde da Família do município de Blumenau - SC.
- Nome do Pesquisador: Luiz Roberto Agea Cutolo - Assinatura do Pesquisador: - Nome do Pesquisador: Diolígela Rubert Dalepiane - Assinatura do Pesquisador: CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO Eu,_________________________,RG________________,CPF______________. Abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Que, por se tratar de uma pesquisa acadêmica, não haverá remuneração de qualquer espécie, na qual se caracteriza por uma pesquisa de caráter voluntário. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto acarrete penalidades. Local e data: _________________________________________________________ Nome: _____________________________________________________________ Assinatura do Sujeito ou Responsável: ____________________________________ Telefone para contato: _________________________________________________
50
ANEXOS
51
ANEXO 1 - LOCAL DO ESTUDO
Mapa da Região do Estudo - Município de Blumenau-SC
Fonte: Maps (2011, site).
52
ANEXO 2 - PARECER CONSUBSTANCIADO DE PROJETO DE PESQUISA
53
54
55
56
ANEXO 3 - TERMO DE ANUÊNCIA DA INSTITUIÇÃO
57
ANEXO 4 - PUBLICAÇÃO DE ARTIGO
Atualizada 30 de março de 2011.
POLITICA EDITORIAL
A Revista Eletrônica de Enfermagem (REE), disponível no site http://www.fen.ufg.br/revista/, é um periódico de acesso aberto, gratuito e trimestral, destinado à divulgação arbitrada da produção científica na área de Ciências da Saúde com ênfase na Enfermagem.
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PROCESSO DE AVALIAÇÃO
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Sendo aprovados na etapa preliminar, os manuscritos são encaminhados para apreciação do seu conteúdo. Para tanto, utiliza-se o modelo peer review, de forma a garantir o sigilo quanto à identidade dos consultores e dos autores. A análise do texto é feita com base no instrumento de avaliação da Revista. Os pareceres encaminhados pelos consultores são analisados pela Comissão Editorial quanto ao cumprimento das normas de publicação, conteúdo e pertinência. Após esse processo são enviados aos autores com indicação de aceitação, reformulação ou recusa.
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Não serão admitidos acréscimos ou alterações após o envio para composição editorial e fechamento do número.
PROCESSO DE SUBMISSÃO
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58
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ESTRUTURA DO ARTIGO Os manuscritos devem ser estruturados de forma convencional,
contemplando os itens introdução, métodos, resultados, discussão e conclusão. O conteúdo do texto deve expressar contribuições do estudo para o avanço do conhecimento na área da enfermagem.
Introdução: texto breve, que apresente de forma clara e objetiva o problema
estudado, fundamentado em referencial teórico pertinente e atualizado. Deve ser enfatizada a relevância da pesquisa em razão de lacunas do conhecimento
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identificadas e sua justificativa. Ao final devem-se apresentar os objetivos da pesquisa.
Métodos: Definir tipo de estudo, local e período em que a pesquisa foi
realizada. Apresentar fonte de dados, delimitando, no caso da população estudada, os critérios para inclusão e exclusão e seleção do número de sujeitos. Detalhar procedimentos de coleta e fundamentos da análise de dados, incluindo-se conteúdo dos instrumentos de coleta de dados. Pesquisas realizadas no Brasil devem explicitar cuidados éticos, informando aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para pesquisas com seres humanos e numero de aprovação da pesquisa em comitê de ética em pesquisa. Autores estrangeiros devem informar os procedimentos adotados no país de origem da pesquisa.
Resultados: devem ser apresentados de forma clara e objetiva, sem incluir interpretações ou comentários pessoais. Resultados expressos em tabelas e figuras são encorajados, evitando-se a repetição das informações em forma de texto.
Discussão: deve ser concebida a partir dos dados e resultados obtidos, enfatizando as inovações decorrentes da investigação, evitando-se a repetição de informações apresentadas em seções anteriores (introdução, método e resultados). Todos os resultados devem ser discutidos, devendo-se buscar apoio em referencial teórico estritamente pertinente, atualizado e que permita identificar concordâncias e divergências com outras pesquisas já publicadas.
Conclusão: texto articulado a partir dos objetivos do estudo, fundamentado nas evidências encontradas a partir da investigação. Deve mostrar claramente o alcance do estudo, iniciando-se por conclusões gerais que possam ser detalhadas e fundamentadas ao longo do item. Se pertinente podem ser apresentadas limitações identificadas e lacunas decorrentes da realização da investigação. Generalizações, quando pertinentes, são incentivadas.
FORMATAÇÃO DO MANUSCRITO
Formato .doc; Papel tamanho A4; Margens de 2,5 cm; Letra tipo Verdana, tamanho 10; Espaçamento 1,5 entre linhas em todo o texto; Parágrafos alinhados em 1,0 cm.
INSTRUÇÕES PARA O PREPARO DOS MANUSCRITOS Título: Deve ser apresentado em alinhamento justificado, em negrito,
conciso, informativo em até 15 palavras. Use maiúsculo somente na primeira letra do título que deve ser apresentada nas versões da língua portuguesa, inglesa e espanhola. Não utilizar abreviações no título e no resumo. A sequência de apresentação dos mesmos deve ser iniciada pelo idioma em que o artigo estiver escrito.
Autoria:
A autoria dos manuscritos deve expressar a contribuição de cada uma das pessoas listadas como autores, no que se refere, à concepção e planejamento do projeto de pesquisa, obtenção ou análise e interpretação dos dados, redação e revisão crítica.
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A identificação de cada autor deve ser feita somente pelo sistema de submissão.
Devem ser apresentadas as seguintes informações: nome(s) completo(s) do(s) autor(es), formação universitária, titulação, instituição de origem e e-mail, preferencialmente, institucional.
Resumo: Deve ser apresentado na primeira página do trabalho, com no
máximo 150 palavras, nas versões em português, inglês (abstract) e espanhol (resumen), na mesma sequência do titulo.
Descritores: Ao final do resumo devem ser apontados de 3 a 5 descritores que servirão para indexação dos trabalhos. Para tanto os autores devem utilizar os “Descritores em Ciências da Saúde” da Biblioteca Virtual em Saúde (http://decs.bvs.br/).
Siglas e abreviações: Para o uso de siglas e abreviações, os termos por extenso, aos quais estas correspondem, devem preceder sua primeira utilização no texto, a menos que sejam unidades de medidas padronizadas.
Notas de rodapé: deverão ser indicadas por asteriscos, iniciadas a cada
página e restritas ao mínimo indispensável. Ilustrações: São permitidas, no máximo, seis tabelas ou figuras que devem
estar inseridas no corpo do texto logo após terem sido mencionadas pela primeira vez. Os títulos de tabelas e figuras devem conter informações precisas, indicando local do estudo e ano a que se referem os dados. As ilustrações e seus títulos devem estar centralizados e sem recuo, não ultrapassando o tamanho de uma folha A4.
Citações: Para citações “ipsis literis” de referências deve-se usar aspas na
sequência do texto. As citações de falas/depoimentos dos sujeitos da pesquisa deverão ser apresentadas em letra tamanho 10, em estilo itálico e na sequência do texto.
Referências:
Não ultrapassar 20 referências. Estas devem representar e sustentar o estado da arte sobre o tema, serem atualizadas e procedentes, preferencialmente, de periódicos qualificados.
Deve-se evitar o uso de dissertações, teses, livros, documentos oficiais e resumos em anais de eventos. A exatidão das informações nas referências é de responsabilidade dos autores.
Quando enviadas fora das normas é motivo de atraso no processo de avaliação do manuscrito.
No texto devem ser numeradas consecutivamente na ordem em que forem mencionadas pela primeira vez, identificadas por números arábicos sobrescritos entre parênteses, sem espaços da última palavra para o parêntese, sem menção aos autores.
Ao fazer a citação sequencial de autores, separe-as por um traço ex. (1-3); quando intercalados utilize vírgula ex. (2,6,11).
As regras de referência da REE têm como base as normas adotadas pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (estilo Vancouver), publicadas no ICMJE - Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals (http://www.icmje.org/index.html).
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Agradecimentos e Financiamentos: Agradecimentos e/ou indicação das
fontes a apoio de pesquisa deve ser informada ao final do artigo.
EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS
Artigos em periódicos Estrutura: Autores. Titulo do artigo. Titulo do periódico. Ano de
publicação;Volume(Número):Páginas.
Observações: 1. Após o ano de publicação, não usar espaços. 2. Usar os títulos abreviados oficiais dos periódicos. Para abreviatura de
periódicos consultar: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?Db=journals&Cmd=DetailsSearch&Term=currentlyindexed[All].
3. Ao listar artigos com mais de seis autores, usar a expressão et al após o sexto autor.
Artigo em periódico científico
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Artigo em uma língua diferente do português, inglês e espanhol Hirayama T, Kobayashi T, Fujita T, Fujino O. [A case of severe mental retardation with blepharophimosis, ptosis, microphthalmia, microcephalus, hypogonadism and short stature-the difference from Ohdo blepharophimosis syndrome]. No To Hattatsu. 2004;36(3):253-7. Japanese. Artigo sem dados do autor
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Com único autor Demo P. Auto-ajuda: uma sociologia da ingenuidade como condição humana. 1st ed. Petrópolis: Vozes; 2005. Organizador, editor, compilador como autor Brigth MA, editor. Holistic nursing and healing. Philadelphia: FA Davis Company; 2002. Capítulo de livro Medeiros M, Munari DB, Bezerra ALQ, Alves MA. Pesquisa qualitativa em saúde: implicações éticas. In: Ghilhem D, Zicker F, editors. Ética na pesquisa em saúde: avanços e desafios. Brasília: Letras Livres UnB; 2007. p. 99-118. Instituição como autor Secretaria Executiva, Ministério da Saúde. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios e conquista. Brasília (Brasil): Ministério da Saúde, 2000. 44 p. Livro com tradutor Stein E. Anorectal and colon diseases: textbook and color atlas of proctology. 1st Engl. ed. Burgdorf WH, translator. Berlin: Springer; c2003. 522 p. Livro disponível na Internet Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos; Ministério da Saúde. Por que pesquisa em saúde? Série B. Textos Básicos de Saúde. Série Pesquisa para Saúde: Textos para Tomada de Decisão [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2007 [cited 2009 Mar 09]. Available from: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pq_pes quisa_em_saude.pdf. Monografia, dissertação e tese Monografia Tonon FL, Silva JMC. O processo de enfermagem e a teoria do autocuidado de Orem no atendimento ao paciente submetido à cirurgia de próstata:
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