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TEORIA DO TIPO
RELAÇÃO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE: TEORIAS
Existem 4 teorias discutindo essa relação:
1. Teoria da Autonomia ou Absoluta Independência
2. Teoria da Indiciariedade ou "Ratio Cognoscendi"
3. Teoria da Absoluta Dependência ou "Ratio Essendi
4. Teoria dos Elementos Negativos do Tipo
Prof: Dr. Luís Roberto Zagonel
TEORIA DO TIPO
RELAÇÃO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE:
TEORIAS
Existem 4 teorias discutindo essa relação:
1. Teoria da autonomia ou absoluta independência a
tipicidade não gera nenhum juízo de valor no âmbito da ilicitude,
ou seja, a tipicidade não mantém qualquer relação com a
ilicitude, sendo o fato típico é analisado, sob essa perspectiva,
independentemente da ilicitude. Assim, por exemplo, legítima
defesa é um fato típico justificado, um fato típico não ilícito.
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TEORIA DO TIPO
2. Teoria da Indiciariedade ou "Ratio Cognoscendi" A
tipicidade e a antijuridicidade se mantém independentes, porém
agora haverá uma presunção relativa de que o fato que já recebeu
adequação típica incriminadora. A adequação do fato típico e ilícito
ocorrem de forma provisória até que possa ocorrer a
apresentação de uma excludente de ilicitude. Assim, o ônus da
prova compete ao réu, que deve comprovar a presença de uma
descriminante, e não à acusação que deve provar a sua ausência.
***É a doutrina que predomina no ordenamento
jurídico. ***
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TEORIA DO TIPO
3. Teoria da absoluta dependência ou "Ratio Essendi a
ilicitude é a essência da tipicidade, não havendo ilicitude, não
haverá tipicidade. Trata-se do chamado TIPO TOTAL DO INJUSTO.
onde o fato típico só se mantém como tal se também for ilícito.
Agora não haverá apenas o indício de que o fato típico é
antijurídico, ocorre a certeza; é uma junção dos dois elementos
que se tornaram um bloco único e inseparável. Importante anotar
que o ônus da comprovação da descriminante deixa de ser da
defesa, ou seja, passa a ser da acusação a comprovação de todos
os substratos do crime.
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TEORIA DO TIPO
4. Teoria dos elementos negativos do tipo Por essa
doutrina, chega-se à mesma conclusão da anterior (ratio essendi),
porém, por caminhos diferentes. A antijuridicidade encontra-se
no interior do tipo penal que ao ser aferido em um único
momento faz com que ocorra a tipicidade, se ocorrer uma “causa
de justificação” a tipicidade será eliminada.
Nas palavras de Fernando Capez: “As causas de exclusão da
ilicitude devem ser agregadas do tipo como requisito negativo do
tipo.
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TEORIA DO TIPO
TIPICIDADE CONGLOBANTE,
ANTINORMATIVIDADE E
ANTIJURIDICIDADE
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TEORIA DO TIPO
TIPICIDADE CONGLOBANTE
A teoria da tipicidade conglobante considera que para que o
fato seja típico, deve-se analisar outros elementos, portanto a
tipicidade passará a analisar outros aspectos além daqueles
previstos no tipo penal.
Basicamente entende que não se pode considerar como
típica uma conduta que é fomentada ou tolerada pelo Estado.
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TIPICIDADE PENAL = TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE CONGLOBANTE
TIPICIDADE CONGLOBANTE = ANTINORMATIVIDADE + TIPICIDADE MATERIAL.
TEORIA DO TIPO
ANTINORMATIVIDADE toda conduta contrária às
normas e as suas determinações. Constitui elemento integrante
da tipicidade conglobante, que por sua vez integra o próprio
fato típico." A antinormatividade traduz uma conduta não
fomentada ou não exigida pelo Estado. Busca resolver conflitos
aparentes da manifestação da vontade do Estado.
ANTIJURIDICIDADE relação de contrariedade
estabelecida entre a conduta do agente e o ordenamento
jurídico.
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TEORIA DO TIPO
1º Ex: Um policial que em legítima defesa efetua disparos que
matam um assaltante armado, em tese comete um homicídio
doloso, um fato típico, porém tal conduta não será ilícita, já
que a legítima defesa é causa de exclusão de ilicitude. Já para
a teoria conglobante, o mesmo fato será atípico, pois falta o
elemento antinormatividade exigido para caracterizar a
tipicidade.
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TEORIA DO TIPO
2º Ex: Um pai que do exercício do poder familiar (previsto
no ECA e no Código Civil) coloca o filho de castigo
trancado no quarto. Em tese, esse pai estaria cometendo o
crime de cárcere privado, mas em razão do Estado fomentar
que os pais eduquem seus filhos por meio do exercício do
poder familiar é afastada a tipicidade da conduta em razão da
ausência de antinormatividade.
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TEORIA DO TIPO
TIPOS COMISSIVOS DOLOSOS
É um tipo complexo, formado por uma parte objetiva e uma
parte subjetiva. A ação é o núcleo do tipo – todo crime
possui um verbo que dá a dinâmica. Tal ação também deve
ocasionar um resultado. O que liga a ação ao resultado é o
nexo de causalidade (definido no artigo 13, caput, CP).
O nexo da causalidade dever estar controlado pelo
indivíduo que realiza a ação. O indivíduo deve ter noção do
nexo de causalidade e deve almejar esse resultado.
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TEORIA DO TIPO
TIPO OBJETIVO DOS CRIMES COMISSIVOS DOLOSOS
1. CONCEITO é o conjunto de caracteres objetivos ou materiais
do tipo legal de delito.
2. COMPOSIÇÃO: a) núcleo + elementos secundários (sujeitos
ativo e passivo; objeto da ação; bem jurídico; resultado; nexo
causal entre conduta e resultado; circunstâncias de tempo, lugar,
meio, modo de execução)
Vontade o tipo objetivo representa a exteriorização da
vontade, refletindo portanto uma realidade externa.
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TEORIA DO TIPO
TIPO SUBJETIVO DOS CRIMES COMISSIVOS
DOLOSOS
O tipo subjetivo compreende determinadas representações
anímicas, psicológicas ou psíquicas do sujeito ativo, presentes
no momento em que realiza a condta típica. Em outras
palavras: são circunstâncias que pertencem ao campo
psíquico-espiritual e ao mundo de representação do autor.
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TEORIA DO TIPO
TIPO SUBJETIVO DOS CRIMES COMISSIVOS
DOLOSOS
1. Elemento subjetivo geral: dolo
2. Elemento subjetivo especial do tipo ou
elmento subjetivo especial do injusto (“dolo
especial”)
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TEORIA DO TIPO
TIPO SUBJETIVO DOS CRIMES COMISSIVOS DOLOSOS
2.1 Delitos de intenção criminaliza a conduta que tenha a
intenção de gerar um resultado vedado pelo ordenamento. Ex.:
Extorsão mediante sequestro. “ Art. 159 - Sequestrar pessoa
com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate”. Se não
houver “o fim de obter qualquer vantagem” pode se converte
no crime de cárcere privado “Art. 148 - Privar alguém de sua
liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado.”
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TEORIA DO TIPO
TIPO SUBJETIVO DOS CRIMES COMISSIVOS
DOLOSOS
2.2 Delitos de tendência há um propósito do agente que
só se consuma por força de motivos externos à sua vontade. Ex.
são os crimes contra a honra, pois não basta a calúnia, a injúria
ou a difamação, é necessário que a vítima, de fato, se sinta
ofendido.
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TEORIA DO TIPO
TIPO SUBJETIVO DOS CRIMES COMISSIVOS
DOLOSOS
2.3 Especiais motivos de agir não pertencem ao tipo,
stricto senso, pois eles definem a cominação da penal (redução
ou diminuição). Ex.: homicídio. Se comete por “motivo de
relevante valor social ou moral” tem a pena diminuída de um
sexto a um terço; se comete por “motivo fútil”, é ampliada de
12 a 30 anos (pena “normal” é de 6 a 20).
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TEORIA DO TIPO
TIPO SUBJETIVO DOS CRIMES COMISSIVOS
DOLOSOS
2.4 Momentos especiais de ânimo é rejeitado por parte
da doutrina, pois implica em retornar ao direito penal do autor.
O tipo penal leva em consideração estado anímico que tanto
pode ser do fato quanto da pessoa, o que é um risco à
condenação da pessoa. Ex.: “Art. 122 - Induzir ou instigar
alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: I -
se o crime é praticado por motivo egoístico”.
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TEORIA DO TIPO
DOLO
1. CONCEITO artigo 18 , inciso I, do CP
Só se pode querer o que se conhece – logo, o dolo é formado por
uma ação que pode ocasionar o resultado e, o indivíduo sabia disso.
2. ELEMENTOS DO DOLO:
2.1 Consciência ou Representação: a) conduta (núcleo); b) resultado
(naturalístico) e jurídico); c) nexo causal entre conduta e resultado;
objetivo do crime; d) meios empregados e conseqüências
necessárias da conduta delituosa.
2.2 Vontade – é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.
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TEORIA DO TIPO
3. TEORIAS DO DOLO
Principais teorias:
3.1 Teoria da vontade dolo é a vontade consciente de querer praticar
a infração penal. É a teoria que abrange o dolo direto.
3.2 Teoria da representação fala-se em dolo sempre que a previsão
do resultado for possível, e, ainda assim, decide continuar a conduta.
3.3 Teoria do consentimento fala-se em dolo sempre que o agente
tiver a previsão do resultado como possível, e, ainda assim, decide
continuar a conduta, assumindo o risco de produzí-lo.
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TEORIA DO TIPO
3. TEORIAS DO DOLO
3.4 Teoria da probabilidade ou da cognição para a
existência do dolo, o autor deve entender o fato como
provável e não somente como possível para a lesão do bem
jurídico. Se o agente considerava provável o resultado (dolo
eventual), se o considerava como meramente possível (culpa
consciente). Essa é a teoria que distingue o dolo eventual da
culpa consciente.
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TEORIA DO TIPO
4. ESPÉCIES DE DOLO
4.1 DOLO DIRETO (imediato)
Abrangido pela teoria da vontade
4.1 a) De 1º grau é aquele que o resultado corresponde à
meta optada pelo agente, seu objetivo principal, ou seja, a
finalidade preípua de atuar.
Ex: Pedro quer matar José. Dessa maneira, Pedro vai até a
casa de José e dispara 2 tiros de arma de fogo, o matando.
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TEORIA DO TIPO
4. ESPÉCIES DE DOLO
4.1 b) De 2º grau o agente prevê determinado resultado, e
seleciona meios para vê-lo realizado. A vontade do agente abrange
os efeitos colaterais necessários, ou indispensáveis em virtude dos
meios escolhidos pelo agente, para realizar o fim almejado.
Ex: “A” quer matar “B”, e para isso coloca uma bomba no avião
que “B” está com outros passageiros. Ocorre o dolo de 1º grau
com relação a “B” (resultado principal) e dolo de 2º grau com
relação aos demais passageiros (efeitos colaterais).
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TEORIA DO TIPO
4. ESPÉCIES DE DOLO
4.2 DOLO EVENTUAL significa que o autor considera
seriamente como possível a realização do tipo legal e se
conforma com ela. O agente não quer diretamente a realização
do tipo, mas a aceita como provável – assume o risco da
produção do resultado (parte final do artigo 18 do CP).
Ex: João, químico, manipula fórmulas para substâncias
alimentícias sem as devidas precauções relativas à
contaminação. Embora sabedor do perigo, continua a agir e
acaba, assim, causando lesão à saùde dos consumidores.
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TEORIA DO TIPO
TEORIA DA CONGRUÊNCIA
1. TIPO CONGRUENTE tipo subjetivo (dolo) abrange
toda a conduta objetivamente descrita. Não exige qualquer
requisito subjetivo especial ou transcendental do agente (além
do dolo). Em outras palavras, não exige qualquer intenção
especial além do dolo normal do crime. Ex: homicídio simples
(art. 120, caput, CP).
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TEORIA DO TIPO
TEORIA DA CONGRUÊNCIA
2. TIPO INCONGRUENTE exige além do dolo uma
intenção especial, um requisito subjetivo transcendental. Ex:
crime de extorsão. (art. 158 CP).
O tipo incongruente divide-se em:
2.1 Por excesso subjetivo
2.2 Por excesso objetivo
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TEORIA DO TIPO
TEORIA DA CONGRUÊNCIA
2.1 Por excesso subjetivo: o tipo subjetivo (dolo) vai além
da conduta objetivamente descrita. São os casos de crimes com
elementos subjetivos diversos do dolo: crimes tentados.
2.2 Por excesso objetivo: o tipo subjetivo vai aquém da
conduta descrita. São casos de crimes culposos: crimes
qualificados pelos resultados, crimes preterintencionais.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
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1. CONCEITO É o erro que incide sobre a representação
do fato, impedindo a formação do dolo (lembre-se que o dolo
é constituído de dois elementos – representação do fato
(momento intelectivo) e vontade de concretizá-lo (momento
volitivo) e, via de consequência, a adequada representação dos
elementos objetivos do tipo.
TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
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Artigo 20 do CP – “O erro sobre elemento constitutivo do
tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por
crime culposo, se previsto em lei.”
Há um defeito de congruência, ante o não aperfeiçoamento
do tipo subjetivo.
TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO 2. CLASSIFICAÇÃO:
2.1 ESSENCIAL o erro recai sobre a elementar do tipo
penal.
Subdivide-se em:
2.1 a) Escusável
2.1 b) Inescusável
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
2.1 a) Escusável (invencível) – exclui o dolo e a culpa - art.
20, caput, 1ª parte e § 1, 1ª p. CP.
Quando não pode ser evitado pelo cuidado objetivo do agente, ou
seja, qualquer pessoa, na situação em que se encontrava o agente,
incidiria em erro.
Ex: Caçador sozinho, perdido na selva que, à noite, avista vulto
vindo em sua direção e dispara sua arma em direção ao que
supunha ser um animal bravio, matando outro caçador que passava
pelo local.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime
exclui o dolo.
É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
2.1 b) Inescusável (vencível) – exclui o dolo mas não a culpa –
art. 20, caput, 2ª parte e § 1º, 2ª parte do CP.
Quando pode ser pela observância do cuidado objetivo pelo agente,
ocorrendo o resultado por imprudência ou negligência.
Ex: Tio e sobrinho saem para uma caçada, cansados de esperar pela
presa o sobrinho resolve sair para buscar água. Ao retornar, já no
crepúsculo vespertino, seu tio acha que é sua caça e sem tomar as
cautelas necessárias, acaba atirando. Ao se dirigir ao corpo da suposta
presa, percebe que é na verdade o seu sobrinho. Neste caso o tio
responde por homicídio culposo.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
culposo, se previsto em lei.
Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato
é punível como crime culposo.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO 2. CLASSIFICAÇÃO:
2.2 ACIDENTAL erro recai sobre dados secundários ou acessórios
da figura típica. Atua com a consciência do fato, errando a respeito de
um dado não essencial de delito ou quanto à maneira de execução.
Subdivide-se em:
2.2 a) Erro sobre o objeto
2.2 b) Erro sobre a pessoa
2.2 c) Erro na execução
2.2 d) Resultado diverso do pretendido
2.2 e) Erro provocado por terceiro
2.2 f) Descriminantes putativas
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
2.2 a) Erro sobre o objeto
Ocorre o erro sobre o objeto quando o agente supõe que sua
conduta recai sobre determinada coisa e na realidade recai sobre
outra.
Ex: Agente que furta o carro de “A” supondo que pertence a “B”:
Perante o Direito Penal, o erro sobre o objeto é irrelevante, pois de
qualquer forma o agente responde pelo crime.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
2.2 b) Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º do CP)
“§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão
as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.”
Ocorre quando há erro de representação. O agente, atuando erroneamente,
atinge uma pessoa supondo tratar-se da qual pretendia ofender. Exemplo: o
agente atira em “A” pensando tratar-se de “B”.
Entretanto, o erro sobre a pessoa não exclui o crime (não isenta de pena), pois
a norma penal não tutela pessoa determinada, mas todas as pessoas.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
O agente responderá penalmente como se tivesse praticado o crime
contra a pessoa pretendida, ainda que a vítima efetiva seja outra. Assim,
não devem ser considerados os dados subjetivos da vítima efetiva, mas
sim esses dados com relação à vítima virtual, que o agente pretendia
atingir. Exemplo: o agente, pretendendo matar “A”, atira e mata o
próprio irmão. Não incidirá sobre o fato a agravante genérica do art.
61, II, alínea “e”, do Código Penal. Nas hipóteses inversas, pretendendo
o agente matar o próprio irmão e, por erro de representação, matando
um terceiro, responderá criminalmente como se tivesse matado o
próprio irmão, incidindo sobre o fato, nesse caso, a agravante genérica
citada.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
2.2 c) Erro na execução (aberratio ictus)
Ocorre no mecanismo da ação, ou seja, na fase de execução do delito,
quando o agente, pretende atingir uma pessoa, por desvio no golpe,
atinge outra não pretendida, ou mesmo ambas.
Como o próprio nome indica, o erro na execução do crime pode
derivar de vários fatores resultantes da inabilidade do agente em
executar o delito ou de outro caso fortuito. Exemplos: erro de
pontaria no disparo de arma de fogo, movimento da vítima no
momento do tiro, defeito apresentado pela arma de fogo no momento
do disparo etc.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
O aberratio ictus é uma modalidade de erro acidental, não
excluindo a tipicidade do fato. Vem prevista no art.73 do Código
Penal.
“Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o
agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge
pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra
aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código.
No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia
ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.”
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
Formas de erro de execução:
c.1) aberratio ictus com unidade simples, ou com resultado único –
1º parte do art. 73 do CP
“Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao
disposto no § 3º do art. 20 deste Código.
Existe um só delito, doloso, pois a tentativa contra a vítima virtual resta
absorvida pelo crime consumado contra a vítima efetiva.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
c.II) aberratio ictus com unidade complexa, ou resultado duplo–
2º parte do art. 73 do CP
“[...] No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender,
aplica-se a regra do art. 70 deste Código.”
Nesses casos, existem dois crimes, por exemplo: um homicídio doloso (tentando
ou consumado) em relação à vítima que pretendia atingir e um homicídio culposo
ou lesão corporal culposa em relação ao terceiro.
Nessa hipótese, o Código Penal adota a unidade de conduta criminosa, aplicando a
regra do concurso formal – art.70 do Código Penal Brasileiro.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
2.2 d) Resultado diverso do pretendido (aberratio delicti )
Ocorre no mecanismo de ação, na fase de execução do delito,
quando o agente, pretendendo atingir um bem jurídico, e atinge
outro diverso.
A Aberratio criminis também é uma modalidade de erro acidental
e não exclui a tipicidade do fato. Vem previsto no art. 74 do
Código Penal.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
Ocorrerá nas seguintes hipóteses:
A) O agente quer atingir uma coisa e acaba atingindo uma pessoa.
Responderá nesse caso pelo resultado homicídio ou lesão corporal a
título de culpa, porque essa modalidade de elemento subjetivo é prevista
para esse delito.
B) O agente quer atingir uma pessoa e atinge uma coisa. Não existe
crime de dano culposo, daí porque o agente somente responde por
tentativa de homicídio ou tentativa de lesão corporal, se cabível.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
Ocorrerá nas seguintes hipóteses:
C) O agente que atingir uma pessoa, vindo a atingir esta e também
uma coisa. Responde apenas pelo resultado produzido na pessoa,
pois não existe dano culposo.
D) O agente que atingir uma coisa, vindo a atingir esta e também
uma pessoa. Responde pelos crimes de dano (doloso) e homicídio
ou lesão corporal culposa em concurso formal. Aplica-se a pena do
crime mais grave, com o acréscimo de 1/6 até 1/2.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
Enquanto na aberratio ictus o desvio recai sobre a pessoa vítima do
crime, na aberratio delicti o desvio recai sobre o objeto jurídico do
crime, ou seja, na primeira, embora errando no golpe, a ofensa
continua a mesma, mudando apenas a gravidade da lesão; na
segunda, existe um resultado de natureza diversa do pretendido,
com a consequente mudança de título do crime.
A solução é a seguinte: se ocorrer o resultado diverso do que foi
querido pelo agente, responderá este por culpa, se o fato for
previsto como crime culposo. Se ocorrer também o resultado
previsto pelo agente, aplica-se a regra do concurso formal.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
2.2 e) Erro provocado por terceiro (art. 20, § 2º CP)
“§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.”
Essa determinação pode ser:
A) Dolosa quando o terceiro induz o agente a incidir em erro.
Exemplo clássico da doutrina é o terceiro que entrega arma municiada ao
agente, fazendo-o crer que se encontrava desmuniciada, induzindo-o a
dispará-la em direção á vítima, matando-a. Nesse caso, o agente induzido
não responderá por homicídio culposo. O terceiro provocador do erro
responderá criminalmente por homicídio doloso.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
2.2 e) Erro provocado por terceiro (art. 20, § 2º CP)
B) Culposa quando o terceiro age com culpa, induzindo o agente
a incidir em erro por imprudência, negligência ou imperícia. Outro
exemplo largamente difundido na doutrina é o do terceiro que,
imprudentemente, sem verificar se a arma se encontrava induzindo-o
a dispará-la em direção á vítima, matando-a. Nesse caso, o agente não
responde de por crime algum, se o erro for escusável. Se o erro for
inescusável, o agente induzido responderá por homicídio culposo. O
terceiro provocador do essencial homicídio culposo.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
2.2 f) Descriminantes putativas (art. 20, §1º, 1º parte CP)
§ 1. º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.
As descriminantes putativas ocorrem quando o sujeito, levado a erro
pelas circunstâncias do caso concreto, supõe agir em face de uma causa
excludente de ilicitude (estado de necessidade, de legítima defesa, de
estrito cumprimento do dever legal ou do exercício regular de direito)
Isentam o agente de pena, em razão da suposição de fato que, se
presente, tornaria legítima a ação.
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TEORIA DO TIPO
ERRO DE TIPO
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RELEMBRANDO Caso o erro recaia sobre
elementar do tipo penal tem-se erro de tipo essencial;
caso o erro recaia sobre dados secundários ou
acessórios da figura típica (elementos acidentais do
delito ou sobre a conduta de sua execução), tem-se
um erro de tipo acidental.
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