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SISTEMA DE MEMÓRIA TRANSACIONAL E DESEMPENHO:
UM ESTUDO DA RELAÇÃO PARA MELHORAR A GESTÃO ESTRATÉGICA
Área temática: Gestão Estratégica e Organizacional
Suzete Lizote
lizote@univali.br
Miguel Verdineli
nupad@univali.br
Francine Neves
fneves@univali.br
Resumo: A globalização dos mercados tem induzido deslocar o eixo do valor das empresas dos ativos tangíveis para
os intangíveis e nesta nova situação a geração e aquisição de conhecimento são fundamentais para ter vantagens
competitivas e crescimento permanente. Contudo há um aspecto tão importante quanto esse, é o referido a como as
firmas estocam e recuperam o conhecimento, chamado sistema de memória transacional (TMS). Neste contexto a
presente pesquisa objetiva analisar se o sistema que as empresas prestadoras de serviços contábeis têm se relaciona
positivamente com seu desempenho organizacional (DO). O estudo distingue-se como quantitativo e de natureza
aplicada, tendo sido os dados levantados numa survey com questionário. O tratamento estatístico incluiu comparações
de médias pelo teste t e análise de variância, o uso da análise fatorial exploratória e confirmatória e a modelagem em
equações estruturais. Os resultados obtidos mostraram que os respondentes têm percepções estatisticamente iguais
para ambos os constructos ao considerar seu gênero. Do mesmo modo as organizações não se diferenciam ao levar em
conta o tipo de administração, mas sim há diferenças para a percepção do desempenho segundo seu tamanho.
Empresas maiores declaram ter maior desempenho. A modelagem em equações estruturais permitiu verificar que a
relação conjecturada confirmou-se. Para a amostra processada o sistema de memória transacional associa-se positiva
e significativamente com o desempenho organizacional nos escritórios de contabilidade.
Palavras-chaves:
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
Nas pesquisas sobre administração estratégica das organizações um dos temas mais recorrente é
o estudo do desempenho, seja ele medido de maneira objetiva, com dados reais, ou de modo subjetivo,
a partir da percepção dos gestores. Vários têm sido os determinantes abordados e na atualidade, como
consequência do crescente valor que possui o conhecimento, vêm ganhando importância os ativos
intangíveis. Dentre eles, um aspecto que tem sido considerado com bastante atenção é a aprendizagem
organizacional, mas pouco se tem pesquisado acerca de como esse conhecimento se armazena e se
recupera dentro das organizações.
A globalização dos mercados tem induzido deslocar o eixo do valor das empresas dos ativos
tangíveis para os intangíveis. Em particular para a valorização do ser humano, enquanto detentor do
conhecimento, um recurso fundamental desta era econômica, como fora colocado por Stewart (1998,
p. 14) “Nesta nova era, a riqueza resulta do conhecimento”.
Toda organização possui seu capital humano, mas o êxito empresarial passa também por outros
condicionantes, entre os quais se destacam suas capacidades dinâmicas. Sem dúvidas a capacidade de
absorção de conhecimento, ou seja, a “capacidade de uma empresa em reconhecer o valor da
informação nova, externa, assimilá-la e aplicá-la para fins comerciais é fundamental para suas
capacidades inovadoras” (COHEN; LEVINTHAL, 1990, p. 128) constitui um dos pilares do sucesso.
No entanto, esse conhecimento precisa ser estocado num sistema eficiente e eficaz que possibilite sua
recuperação e uso pelos membros das equipes de trabalho. Isto implica em um mecanismo básico ou
um microprocesso das capacidades dinâmicas que se conhece como sistema de memória transacional
(ARGOTE; REN, 2012).
No caso das empresas prestadoras de serviços contábeis um fato comum é a alta taxa de
turnover que nelas se verifica. A rotatividade dos colaboradores que constituíram os sujeitos desta
pesquisa se reflete na relação que há entre o tempo na profissão comparado com o tempo na empresa
em que atualmente trabalha. Portanto, a gestão estratégica de pessoas é importante para ter vantagens
competitivas sustentáveis nessas organizações.
No contexto descrito surge a seguinte pergunta de pesquisa: Que relações se verificam entre o
sistema de memória transacional que dispõem os escritórios de contabilidade e o desempenho
organizacional que relatam ter? No intuito de dar resposta a tal questionamento estabeleceram-se os
seguintes objetivos específicos: 1) mensurar o sistema de memoria transacional; 2) aferir o
desempenho organizacional das empresas por meio de uma medida subjetiva; e, 3) Avaliar se o
sistema de memoria transacional mostra relação com o desempenho organizacional.
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Com o presente estudo buscou-se obter evidências empíricas respeito das relações entre os
construtos analisados. Sua consecução, além de original para as organizações foco da pesquisa, possui
relevância prática para a melhoria do funcionamento dos escritórios. Por outro lado, as proposições de
articulações teóricas, ainda pouco trabalhadas em estudos empíricos da realidade brasileira, justificam
o interesse acadêmico.
A seguir desta introdução, é apresentado o marco teórico definido. Na seção seguinte se detalha
o material e métodos utilizados, seguidos da descrição e análise dos dados. Por último, são feitas as
considerações finais e disponibilizado o referencial bibliográfico citado no texto.
2 MARCO TEÓRICO
Nesta seção apresenta-se o marco teórico definido como necessário à compreensão da
abordagem adotada. Após o tratamento do constructo sistema de memória transacional formula-se a
hipótese da relação conjeturada para a amostra obtida nos escritórios de contabilidade. Por fim, se
discorre sobre o tema desempenho organizacional.
2.1 SISTEMA DE MEMÓRIA TRANSACIONAL
As empresas prestadoras de serviços contábeis, pelas atividades que desenvolvem, têm no seu
capital humano o diferencial competitivo que pode determinar seu sucesso no mercado. No entanto,
existem outros ativos intangíveis que podem influenciar o desempenho, por exemplo, a orientação
empreendedora que as empresas manifestem e as capaciadades dinâmicas que possuam.
Apesar de existir diversos argumentos a favor de que as capaciades dinâmicas são importantes
na consecução de melhores desempenhos, por exemplo, ao construir e reconfigurar o posicionamento
dos recursos (EISENHARDT; MARTIN, 2000), as rotinas operacionais (ZOLLO; WINTER, 2002) ou
a capacidade operacional (HELFAT; PETERAF, 2003), os mecanismos pelos quais eles ocorrem não
são bem compreendidos (ZOTT, 2003). Adicionalmente, também não está claro o que significa
precisamente o constructo capacidades dinâmicas (CINICI et al., 2011).
Teece, Pisano e Shuen (1997, p. 516) o definiram como a “capacidade das empresas integrar,
construir e reconfigurar competências internas e externas para enfrentar condições ambientais que
mudam rapidamente”. Já na obra de Helfat et al. (2007, p. 1) se define como “a capacidade de uma
organização para criar propositadamente, estender ou modificar sua base de recursos.” Essas
conceituações se referem a capacidade que possuem as organizações para realocar ou reconfigurar seus
recursos, adaptando-se às mudanças que acontecem no ambiente.
Nesta perspectiva diversos autores tem sugerido pesquisar quais são os microprocessos ou
mecanismos básicos que atuam no desenvolvimento das capacidades dinâmicas (SPENDER; GRANT,
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1996; ARGOTE; INGRAM, 2000; TEECE, 2007). E ao considerar a importância que o conheciento
tem para o trabalho que realizam os escritórios de contabilidade, o sistema de memoria transacional
(Transactional memory system, TMS na sua sigla em inglês) pode ser considerado, como sugerido por
Argote e Ren (2012), um desses microprocessos.
O TMS se descreve como a “divisão cooperativa do trabalho para aprender, lembrar e
comunicar conhecimento” de uma equipe (LEWIS, 2003, p. 587), conformando um sistema. Ou seja, a
“memória transacional deriva de indivíduos para formar um sistema de processamento de informações
do grupo que, eventualmente, pode voltar a ter uma profunda influência sobre os participantes
individuais” da equipe (WEGNER, 1986, p. 191).
As estruturas do TMS têm sido relacionadas com a gestão do conhecimento do grupo. Assim,
quando nele se estabelece um TMS insuficiente surgem dificuldades em distribuir o conhecimento
compartilhado de forma eficaz (HUANG; HUANG, 2007). Compartir o conhecimento individual
permite dispor de um entendimento comum sobre a tarefa a desenvolver e, desse modo, torna-se mais
fácil coordenar as atividades ao criar um relacionamento sinergético entre os colaboradores.
Segundo Moreland et al. (1996) a especialização, credibilidade e a coordenação são dimensões
ou componentes do TMS e, desde essa compreensão foi desenvolvido por Lewis (2003) uma escala
para sua mensuração. A especialização faz referência à tendência dos membros da equipe de adquirir,
armazenar e poder recuperar aspectos específicos do conhecimento, especializados e complementares a
outros que possuem o demais integrantes. A especialização constitui a parte central do sistema,
melhorando a exatidão dele ao facilitar a identificação dos membros que detem essa parcela do
conhecimento (AUSTIN, 2003). A credibilidade se corresponde à confiança em que os membros do
grupo dispensam nos conhecimentos que lhes são disponibilizados por outros integrantes, tornando-se
fundamental para a complentariedade dos conhecimentos. Por fim, a coordenação faz referência ao
trabalho harmonioso e eficiente que se desenvolve na execução de uma tarefa.
Como fora demonstrado por Ren et al. (2006) o TMS é beneficioso em ambientes estáveis, mas
possui maior importância nos dinâmicos, quando os problemas mudam com frequência. Equipes com
TMS bem desenvolvido, conforme os achados de Gino et al. (2010), têm demostrado maior
criatividade na resolução de problemas e na execução de projetos.
As equipes dos escritórios terão um desempenho melhor na medida em que seu capital humano
tenha melhores atributos educacionais e conhecimentos, bem como muita experiência e competência.
Porém, é preciso que entre seus membros se estabeleça um sistema de memória transacional bem
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desenvolvido. Em vista disto, pode-se conjecturar que existe uma relação positiva entre o TMS e o
desempenho, contituíndo a hipótese desta pesquisa:
H1: O sistema de memória transacional relaciona-se positivamente com o desempenho.
2.2 DESEMPENHO ORGANIZACIONAL
A avaliação de desempenho é um instrumento fundamental na gestão empresarial considerando
o dinamismo do ambiente competitivo no qual as empresas estão inseridas. Para Olson, Slater e Hult
(2005) o desempenho das entidades é determinado pela forma eficaz e eficiente de implementar suas
estratégias de negócios, sobretudo como adotam comportamentos de orientação ao cliente, analisam
seus concorrentes, percebem e adotam as inovações pertinentes, e como lidam com os custos de
gestão. Machado, Machado e Holanda (2007), por sua vez, afirmam que sua mensuração é um
instrumento capaz de permitir um gerenciamento eficaz da empresa, e este é dependente de uma série
de variáveis, como bases informativas, critérios, conceitos e princípios adotados.
As empresas, segundo Nascimento et al. (2011) precisam desenvolver processos gerenciais que
as auxiliem na avaliação do seu desempenho. Nesta linha de pensamento Petri (2005, p. 39) destaca
que os gestores devem “buscar formas de medir e de avaliar a eficiência, a eficácia, a efetividade, a
qualidade, a produtividade, a inovação, a lucratividade a, entre outras características.”.
Dutra (2003) salienta que, os gestores de uma organização, sem as medidas de desempenho não
possuem fundamentos sólidos para:
a) comunicar a seus colaboradores as expectativas de desempenho esperada pela organização;
b) saber o que está acontecendo em cada área de atuação da empresa;
c) identificar os aspectos deficientes e/ou ineficazes no desempenho da firma, gerando
oportunidade de eliminação ou revisão dos mesmos;
d) fornecer feedback aos colaboradores que demonstrarem um desempenho aquém do
planejado;
e) identificar os aspectos que apresentam melhor desempenho; e,
f) tomar decisões baseadas em informações sólidas, transparentes que possam ser justificadas.
O desempenho pode ser mensurado através de duas perspectivas: primeiramente como conceito
subjetivo, o qual está relacionado ao desempenho das organizações segundo a sua própria expectativa
(PELHAM; WILSON, 1996) ou relativamente à competição. A segunda perspectiva é analisá-lo pelo
método objetivo, baseado em medidas absolutas de desempenho (CHAKRAVARTHY, 1996). No
presente estudo, por trabalhar com a percepção dos gerentes, trata-se de uma análise subjetiva.
Corroborando com a opção de análise subjetiva, Perin e Sampaio (1999), apresentaram um
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artigo onde se demonstra a validade do uso de indicadores subjetivos (de percepção) e objetivos do
tipo self-report, como alternativa viável para o caso de inexistência de dados secundários confiáveis.
Segundo Wang e Ang (2004), na maioria dos estudos desta natureza, as medidas subjetivas de
desempenho são escolhidas porque as pequenas empresas dispõem de poucas informações objetivas e
os dados contábeis ou inexistem ou são de difícil interpretação.
Para Coelho et al. (2008) os indicadores de desempenho, além de serem uma ferramenta
gerencial, tornaram-se uma medida estratégica de sobrevivência das organizações. Entretanto,
melhorias de desempenho exigem mudanças também nos sistemas de mediação e gestão utilizados
pelas empresas, pois é impossível atingir a excelência empresarial controlando apenas as medidas
financeiras do passado, visto que os gestores necessitam de indicadores sobre vários aspectos do
ambiente e do desempenho organizacional.
3 MATERIAL E MÉTODOS
O material para o estudo foi obtido em uma amostra não aleatória, através de um questionário
de autopreenchimento aplicado aos gerentes, coordenadores e assistentes de empresas prestadoras de
serviços contábeis do Estado de Santa Catarina. O instrumento de coleta de dados esteve composto por
22 asseverações, a serem respondidas através de uma escala Likert de concordância de 7 pontos, indo
desde discordo totalmente (1) até concordo plenamente (7), e 6 questões para obter dados dos
respondentes e dos escritórios.
Os dois blocos principais do questionário compreendiam os constructos: sistema de memória
transacional (TMS) e desempenho organizacional (DO). O primeiro bloco destinava-se a registrar os
componentes especialização, credibilidade e coordenação do TMS, por meio de 5 itens para cada um
deles. Já com o segundo bloco se mensurava a percepção sobre o DO utilizando 7 indicadores.
Todos os dados obtidos foram digitados numa planilha eletrônica Excel®, onde inicialmente se
fez o pré-processamento deles segundo as indicações de Hair Jr. et al. (2009). Observou-se que
existiam 12 dados faltantes nos 202 questionários recebidos, mas como não foi reconhecida a
ocorrência de nenhum padrão foram preenchidos com o valor da mediana do item considerado. A
seguir, avaliaram-se os outliers usando a função gráfica Box-Plot do software Statistica®, com a que
foram reconhecidos 26. Ao igual que com os dados faltantes se verificou que não seguiam algum
padrão e optou-se por mantê-los. Não se registraram erros de digitação. Como resultado dos
procedimentos descritos a base de dados inicial ficou composta por 202 respondentes e 28 variáveis.
Os métodos estatísticos usados para comparar médias foram o teste t e análise de variância. A
Anova realizada foi univariada e, portanto muito robusta frente às violação de normalidade e
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homocedasticidade (HARRIS, 1975). Já os métodos multivariados empregados para avaliar as relações
entre os constructos foram análise fatorial exploratória (AFE), análise fatorial confirmatória (AFC) e
modelagem de equações estruturais (MEE). Os softwares usados foram o Statistica®, SPSS® e
AMOS®.
Antes de realizar as análises fatoriais foi calculado o coeficiente alfa de Cronbach para cada
constructo considerado e a correlação do item com o total, conforme o procedimento sugerido por
Churchill Jr. (1979). Observou-se também a correlação média inter itens e, usaram-se o teste de
Kaiser, Olkin e Meyer (KMO) e o de Bartlett para confirmar com outras técnicas a factibilidade de
empregar a análise fatorial. Na AFE fez-se a extração por componentes principais, que não requer
multinormalidade, sendo os fatores extraídos segundo o critério de Kaiser para matrizes de correlação,
que implica em considerar somente os autovalores maiores do que 1.
Outras restrições empregadas foram que as cargas fatoriais fossem maiores ou iguais do que
0,70 em módulo e a comunalidade maior ou igual que 0,5. A variância extraída pelo fator no caso de
unidimensionalidade devia ser maior ou igual que 50%. Depois desses procedimentos a base ficou com
21 variáveis. Incluem-se nela as 6 variáveis referidas às informações individuais e empresariais junto
com as 9 o sistema de memória transacional e 6 o desempenho. Com a finalidade de avaliar a
normalidade da distribuição dessas variáveis selecionadas e ao levar em conta que os dados provinham
de escalas Likert, efetuaram-se os cálculos da assimetria e curtose (HAIR Jr. et al., 2009). Finney e
DiStefano (2006) afirmam que dados com coeficientes de até 2 de assimetria e até 7 de curtose, em
módulo, podem ser considerados quase normais.
Confirmado que cada fator extraído representava uma dimensão do constructo ou a ele próprio,
com três ou mais itens, foi desenvolvida a análise fatorial confirmatória (AFC) empregando-se o
programa AMOS®. Colocou-se como restrição que os indicadores deviam ter um coeficiente
padronizado entre o indicador e o constructo avaliado de, no mínimo, 0,50. A AFC corrige possíveis
deficiências do modelo exploratório e conduz a uma maior certeza das hipóteses que devem ser
contrastadas através de modelos que expliquem os inter-relacionamentos existentes na estrutura de um
questionário. Neste estudo utilizou-se a AFC para validar o modelo de mensuração de modo individual
para cada dimensão do constructo e, a seguir, para o constructo considerando todas suas dimensões.
Finalmente se validou o modelo geral de mensuração entre os constructos TMS e DO, cuja associação
se pretendia examinar.
A análise da relação conjecturada foi realizada através da modelagem de equações estruturais,
também com o software AMOS®. A função principal da MEE e a especificação e estimação de
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modelos de relações lineares entre variáveis. Esta técnica oferece a possibilidade de investigar quão
bem as variáveis preditoras explicam a variável dependente e também é possível identificar qual das
variáveis preditoras é a mais importante (KLINE, 2011).
4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
Com os dados da amostra obtida, que compreendeu 202 questionários válidos e 28 variáveis,
previamente a efetuar as análises fatoriais se realizaram os procedimentos descritos na seção anterior.
Assim, seguindo o sugerido por Churchill Jr. (1979) se avaliou a confiabilidade através do alfa de
Cronbach e as correlações do item com o total. Computou-se também o valor médio da correlação
inter itens para confirmar a adequação dos dados. Os resultados obtidos se apresentam na Tabela 1,
onde consta ainda o valor do teste de Kaiser, Olkin e Meyer (KMO) que serve para certificar a
factibilidade de efetuar uma análise fatorial.
Tabela 1 - Indicadores de factibilidade de efetuar uma análise fatorial com os constructos considerados.
* significa que para o número de itens foi ajustado para obter valores satisfatórios.
Constructo Dimensão Número
de itens α de Cronbach
Correlação K-M-O
Item-total Inter-itens
TMS
Especialização 3 * 0,7949 > 0,4 0,506 0,706
Credibilidade 3 * 0,7818 > 0,5 0,557 0,617
Coordenação 3 * 0,8523 > 0,65 0,669 0,644
DO Desempenho 6 * 0,9420 > 0,55 0,729 0,876
Fonte: Dados da pesquisa.
Espera-se para o KMO valores acima de 0,7, mas podem-se aceitar valores maiores do que 0,6.
Os resultados do teste de Bartlett não se apresentam na Tabela uma vez que todos eles foram
significativos (p<0,001).
Dando sequência se efetuaram as análises fatoriais exploratórias através das quais se fizeram
outros ajustamentos na base de dados resultando no numero final de itens por dimensão de cada
constructo considerado. Calculada a assimetria e a curtose verificou-se que nenhum dos valores
ultrapassa os limites que foram sugeridos por Finney e DiStefano (2006), conforme se apresenta na
Tabela 2. Portanto, pode-se aceitar que a distribuição pode ser considerada quase normal.
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Tabela 2 – Cálculo das medidas descritivas dos itens selecionados nas análises fatoriais exploratórias.
Constructo Variável Média Desv.Pad. Assimetria Curtose
TMS
ES1 5,296 1,436 -0,547 -0,824
ES3 5,370 1,580 -0,677 -0,486
ES5 5,346 1,450 -0,486 -0,511
CR1 6,123 0,890 -0,727 -0,071
CR2 5,840 1,114 -0,851 0,329
CR3 6,043 1,042 -1,957 5,977
CO1 6,148 0,879 -1,016 1,051
CO2 5,840 1,125 -1,109 0,576
CO4 6,191 1,084 -1,338 0,872
DO
DO1 5,383 1,201 -0,079 -1,317
DO2 5,574 1,085 -0,060 -1,279
DO4 5,728 1,131 -0,308 -1,305
DO5 5,802 1,157 -0,458 -1,253
DO6 5,802 1,215 -0,455 -1,384
Fonte: dados da pesquisa.
Definidas a variáveis que foram utilizadas na análise de dados fez-se uma comparação de
médias para cada constructo. Para tanto, a variáveis dependentes foram as somatórias das pontuações
atribuídas aos indicadores selecionados de cada constructo. Na comparação entre respondentes se usou
como variável categórica o gênero e para contrastar as empresas empregou-se o tipo de administração
que elas têm: familiar ou profissional. Em nenhum dos testes t se verificaram diferenças ligadas ao
gênero do sujeito da pesquisa ou ao tipo de gestão empresarial para nenhum dos constructos.
Ao considerar o tamanho do escritório, que se categorizou em pequeno (até 49), médio (de 50 a
99) e grande (com 100 ou mais funcionários), o contraste das médias fez-se empregando a análise de
variância. Nas comparações simultâneas, conforme se apresenta na Figura 1, houve diferenças para o
desempenho [F (2, 199) = 4,6322; p = 0,01081].
Os contrastes das comparações pareadas foram efetuadas com o teste de Tukey para número
desigual de observações. O resultado obtido mostrou que as empresas grandes têm pontuações médias
maiores do que as pequenas. Por sua vez as empresas médias não se diferenciam nem das grandes nem
das pequenas (Tabela 3).
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Figura 1 – Anova do desempenho considerando o tamanho das firmas como preditores.
Grandes Pequenas Médias
31
32
33
34
35
36
37
38
Som
a p
ontu
ações
do D
ese
mpenho
Fonte: dados da pesquisa.
A seguir foram feitas as análises fatoriais confirmatórias para validar os modelos de
mensuração, tanto individualmente para cada dimensão do TMS quanto para esse constructo e para o
desempenho. Todos os itens selecionados na fase exploratória foram mantidos para os procedimentos
ulteriores.
Tabela 3 – Valores das médias e de significância nas comparações pareadas pelo teste de Tukey para número desigual de
elementos.
Média 29,981 27,581 27,513
Tamanho Grande Média Pequena
Grande 0,144444 0,028907
Média 0,144444 0,998447
Pequena 0,028907 0,998447
Fonte: dados da pesquisa.
Na Figura 2 se exibe o modelo estrutural e se mostram os valores padronizados das relações
mensuradas.
Figura 2 – Modelo estrutural das relações entre o sistema de memória transacional, com suas dimensões de especialização,
credibilidade e coordenação e o desempenho organizacional.
Fonte: dados da pesquisa.
Ao analisar a relação entre o sistema de memória transacional e o desempenho confirma-se que
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ela é significativamente positiva, como se exibe na Tabela 5. Estes primeiros resultados para realidade
dos escritórios de contabilidade além da importância acadêmica tem valor prático, pois ratifica a
necessidade de manter as equipes de trabalho e evitar a rotatividade.
Tabela 5 – Coeficientes calculados na modelagem de equações estruturais e sua significância. ***: p <0.001.
Relação Coeficiente Significância
Especialização TMS 0,60593 ***
Credibilidade TMS 0,95271 ***
Coordenação TMS 0,75481 ***
DESEMPENHO TMS 0,50911 ***
Fonte: Dados da pesquisa.
Para que os dados encontrados pela MEE sejam considerados relevantes, o modelo deve
encontrar sustentabilidade com relação aos índices de ajustamento. Dentre os indicadores mais
utilizados podem-se citar:
1) Qui-quadrado (χ²): medida de diferença que serve para comparar matrizes de covariância
observada e estimada. Sendo o Qui-quadrado, portanto uma medida de erro espera-se que se
encontrem valores não significativos (p > 0,05). Tal significância determinaria o ajuste correto do
modelo.
2) Qui quadrado dividido pelos graus de liberdade (χ² / g.l.): Em algumas amostras, com um
número elevado de casos Hair et al. (2009) comenta que a significância não deve ser levada em conta,
mas sim o valor do próprio Qui-quadrado dividido pelo número de graus de liberdade, devendo este
ser menor do que 5.
3) Root Mean Square Error of Aproximation (RMSEA): semelhante ao RMR, mas leva em
consideração ainda os Graus de Liberdade. Valores abaixo de 0,08 são desejáveis.
4) Non-Normed Fit Index (NNFI): idêntico ao NFI, embora leve em consideração um ajuste
para a complexidade. Também se esperam valores acima de 0,90.
5) Comparative Fit Index (CFI): é um índice que compara o modelo estimado e o modelo nulo.
Variação entre 0 e 1, com valores acima de 0,90 desejáveis.
6) Root Mean Squares Residual (RMR): mede as discrepâncias entre as covariâncias
encontradas e observadas. Valores próximos a 0 indicam ajuste perfeito, mas valores abaixo de 0,10
são bem aceitos.
Os dados analisados do modelo estrutural exibido na Figura 2 chegaram à solução depois de 10
iterações e os índices que mensuram o ajuste do modelo foram razoáveis, com alguns valores
adequados e outros sem alcançar os valores recomendados. Eles foram: χ² = 570,403; χ²/g.l. = 5,023;
RMSEA = 0,081; NNFI = 0,874; CFI = 0,916; e, RMR = 0,142.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em correspondência com o objetivo geral da pesquisa a investigação centrou-se na análise das
associações entre o sistema de memória transacional (TMS) e o desempenho organizacional (DO) dos
escritórios de contabilidade. Com base no referencial teórico foi proposta uma hipótese que postulava
uma relação positiva. Inicialmente fizeram-se algumas análises para saber se o gênero ou o tipo de
gestão que essas organizações têm influenciava na percepção dos respondentes sobre os constructos.
Os testes de comparações de médias efetuados não mostraram diferenças significativas nem para o
TMS nem para o DO.
Contudo, pelo tamanho da organização foram comprovadas diferenças na comparação
simultânea da medida de desempenho. Verificou-se que as firmas maiores foram as que declaram ter
melhor desempenho se contrastadas com as empresas pequenas.
Em relação à hipótese conjecturada, que o TMS tem relação positiva com o desempenho, foi
desenvolvida a modelagem em equações estruturais para avaliar os coeficientes de covariância
gerados. Como exibido nos resultados todos os coeficientes de covariação foram estatisticamente
significativos, tanto os que relacionam o TMS com suas dimensões quanto o que associa o sistema de
memória transacional com o desempenho organizacional.
Os índices de ajustamento, que se empregam como uma medida de avaliação da validez da
modelagem, permitiram aceitar o resultado. Embora todos os índices não tenham alcançado os valores
recomendados alguns deles sim o fizeram e os outros estiveram bastante próximos e se tomaram como
satisfatórios. Portanto, a hipótese postulada considerou-se confirmada.
Sugere-se que novas pesquisas ampliem a base de dados incluindo mais escritórios de
contabilidade e que a amostragem seja probabilística. Desse modo será possível generalizar os
resultados obtidos. Também cabe sugerir a inclusão de outros constructos importantes para a gestão
estratégica das entidades, como a orientação empreendedora ou a capacidade absortiva de
conhecimentos.
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REFERÊNCIAS
ARGOTE, L.; INGRAM, P. Knowledge transfer: a basis for competitive advantage in firms.
Organizational Behavior and Human Decision Processes, v. 82, p. 150-169, 2000.
ARGOTE, L.; REN, Y. Transactive memory systems: a microfoundation of dynamic capabilities.
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AUSTIN, J. R. Transactive memory in organizational groups: the effects of content, consensus,
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